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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute
RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA
EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA
ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE
PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL
CURITIBA
2016
RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA
EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA
ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE
PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Turismo no Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Turismo Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Marcelo Chemin
CURITIBA
2016
Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR
V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o
caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016
178 f
Orientador Prof Dr Marcelo Chemin
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute
1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal
do Paranaacute I Tiacutetulo
CDD 3384791
Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute
Lugar de encantos mil
No litoral sul do meu Brasil
E aos seus vendedores ambulantes
Agradecimentos
Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor
(THE SECRET)
Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir
alcanccedilar esse objetivo
Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa
Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por
me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr
Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr
Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos
Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr
Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus
preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa
Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene
Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e
aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos
compartilhados
Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e
materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a
mim e a minha pesquisa na fase inicial
Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e
me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais
distantes que possam parecer
Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR
Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui
Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR
campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e
incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen
Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
18
seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
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estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
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ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
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aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
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geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
37
interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
38
Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
39
malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
40
Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
64
A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
65
criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
77
1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
78
tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
79
hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
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157
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional
RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA
EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA
ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE
PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL
Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Turismo no Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Turismo Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Marcelo Chemin
CURITIBA
2016
Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR
V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o
caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016
178 f
Orientador Prof Dr Marcelo Chemin
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute
1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal
do Paranaacute I Tiacutetulo
CDD 3384791
Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute
Lugar de encantos mil
No litoral sul do meu Brasil
E aos seus vendedores ambulantes
Agradecimentos
Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor
(THE SECRET)
Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir
alcanccedilar esse objetivo
Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa
Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por
me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr
Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr
Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos
Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr
Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus
preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa
Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene
Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e
aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos
compartilhados
Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e
materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a
mim e a minha pesquisa na fase inicial
Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e
me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais
distantes que possam parecer
Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR
Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui
Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR
campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e
incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen
Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
18
seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
22
estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
25
ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
27
aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
30
geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
37
interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
38
Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
39
malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
40
Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
64
A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
65
criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
77
1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
78
tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
79
hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
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157
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional
Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR
V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o
caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016
178 f
Orientador Prof Dr Marcelo Chemin
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute
1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal
do Paranaacute I Tiacutetulo
CDD 3384791
Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute
Lugar de encantos mil
No litoral sul do meu Brasil
E aos seus vendedores ambulantes
Agradecimentos
Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor
(THE SECRET)
Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir
alcanccedilar esse objetivo
Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa
Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por
me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr
Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr
Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos
Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr
Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus
preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa
Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene
Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e
aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos
compartilhados
Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e
materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a
mim e a minha pesquisa na fase inicial
Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e
me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais
distantes que possam parecer
Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR
Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui
Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR
campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e
incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen
Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
18
seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
22
estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
25
ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
27
aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
30
geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
37
interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
38
Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
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malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
40
Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
64
A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
65
criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
77
1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
78
tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
79
hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
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157
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional
Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute
Lugar de encantos mil
No litoral sul do meu Brasil
E aos seus vendedores ambulantes
Agradecimentos
Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor
(THE SECRET)
Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir
alcanccedilar esse objetivo
Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa
Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por
me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr
Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr
Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos
Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr
Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus
preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa
Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene
Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e
aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos
compartilhados
Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e
materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a
mim e a minha pesquisa na fase inicial
Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e
me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais
distantes que possam parecer
Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR
Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui
Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR
campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e
incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen
Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
18
seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
22
estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
25
ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
27
aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
30
geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
37
interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
38
Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
39
malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
40
Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
64
A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
65
criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
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1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
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tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
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hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
REFEREcircNCIAS
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional
Agradecimentos
Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor
(THE SECRET)
Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir
alcanccedilar esse objetivo
Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa
Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por
me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr
Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr
Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos
Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr
Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus
preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa
Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene
Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e
aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos
compartilhados
Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e
materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a
mim e a minha pesquisa na fase inicial
Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e
me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais
distantes que possam parecer
Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR
Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui
Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR
campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e
incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen
Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
18
seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
22
estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
25
ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
27
aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
30
geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
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interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
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Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
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malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
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Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
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A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
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criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
77
1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
78
tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
79
hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
REFEREcircNCIAS
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APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional
Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do
Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem
crescimento pessoal e profissional
Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos
vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias
que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa
Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia
para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e
minha irmatilde Luiza
Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter
compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo
Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos
muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos
aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel
de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana
Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza
Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter
esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto
Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho
A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do
mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da
pesquisa
Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)
RESUMO
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees
Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)
ABSTRACT
The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs
Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS
PESQUISAS DE COOLEY 53
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO
PARANAacute 74
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO
PARANAacute 76
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA
20132014 108
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash
TEMPORADA20142015 109
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO
DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA
NA SEDE DA AVAPAR 110
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE
VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES
PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE
COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 116
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE
PONTAL DO PARANAacute 117
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA
PESQUISA DE COOLEY 52
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM
EMPREENDIMENTO 59
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO
ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE
AMBULANTE 105
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132
QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (1) 138
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E
DIFICULDADES INICIAIS (2) 139
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS
EM INTERVALOS 129
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE
VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS
ABSOLUTOS) 130
LISTA DE SIGLAS
AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute
AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute
BDE - Base de Dados do Estado
CEM - Centro de Estudos do Mar
DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento
ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias
GEM - Global Entrepreneurship Monitor
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social
MEI - Micro Empreendedor Individual
MTUR - Ministeacuterio do Turismo
OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense
PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe
SETU - Secretaria de Estado do Turismo
UFPR - Universidade Federal do Paranaacute
USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 17
2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20
211 Elementos de uma histoacuteria 21
212 Turismo em balneaacuterios 25
213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28
214 Sazonalidade turiacutestica 32
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42
221 Empreendedorismo e o empreendedor 42
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54
224 Empreendedorismo informal 62
3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77
313 A oferta turiacutestica 79
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de
investigaccedilatildeo 88
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO 99
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes 102
411 AVAPAR 103
412 Prefeitura Municipal 106
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas 113
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento
Empreendedor de vendedores ambulantes 117
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores
ambulantes 129
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute 131
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144
51 Limitaccedilotildees no estudo 147
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147
REFEREcircNCIAS 149
APEcircNDICES 157
ANEXOS 170
17
1 INTRODUCcedilAtildeO
Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande
desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute
desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al
2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo
laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui
familiares e amigos residindo no municiacutepio
Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO
2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido
ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute
uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral
paranaense (IPARDESBDE 2011)
A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em
alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees
resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001
CASTELLI 1986)
Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao
aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem
satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado
informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um
empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo
dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as
recompensas (HISRICH e PETERS 2004)
Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas
comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo
os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de
trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)
Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no
acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e
recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo
informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma
oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do
municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou
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seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades
como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes
despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo
Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de
qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita
contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e
dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da
UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros
pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos
privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento
dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio
Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta
pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash
PR ndash Brasil
Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2
Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento
empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como
estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes
estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado
Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta
introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a
pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o
balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao
19
entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como
a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade
turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do
litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o
empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de
empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento
consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas
consequecircncias conceitos e suas abordagens
No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se
a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas
caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos
geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda
satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para
alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e
meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados
No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os
resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro
subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os
resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os
resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa
Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da
pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
20
2 REVISAtildeO DA LITERATURA
Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O
capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e
Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas
abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da
atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute
21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO
Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por
estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a
praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos
verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser
levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se
estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a
sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de
ociosidade (SAMPAIO 2006a)
O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a
gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio
para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por
exemplo o empreendedorismo informal
Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos
de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash
Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os
temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do
empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos
devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno
21
Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas
contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos
turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais
Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos
balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando
ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso
A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da
urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos
equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico
Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a
literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos
Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em
balneaacuterios mariacutetimos
Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos
municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo
busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a
presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense
211 Elementos de uma histoacuteria
As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da
ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry
(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO
Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos
processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural
Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do
seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo
original o uso medicinal
Para Urry (2001) os balneaacuterios
Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se
22
estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)
Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo
socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave
praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando
iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira
metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da
segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida
como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de
consumo e de transformaccedilatildeo
O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que
surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a
qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros
balneaacuterios (URRY 2001)
Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos
defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos
medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge
associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social
(MACHADO 2000)
O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as
classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades
medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem
natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)
Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram
realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja
caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar
apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave
devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por
URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A
praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias
atuais (URRY 2001 p 35)
1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967
2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990
23
A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe
menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para
a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos
balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era
de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do
seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse
crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes
fluxos de pessoas (PEARCE 2003)
Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o
aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per
capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da
Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa
visto que ainda de acordo com o referido autor
Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)
Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios
como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das
horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que
compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo
das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a
dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo
ocioso para descanso e lazer
Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios
de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em
1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos
para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e
voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que
natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios
3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980
24
No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de
proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de
transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo
significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos
(URRY 2001)
Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo
livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees
como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e
organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela
populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou
a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas
passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os
orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo
XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias
viagens de feacuterias
O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no
litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY
2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade
onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos
A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave
sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)
Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele
que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais
e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um
motivo para viajar durante as feacuterias
Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol
Machado (2000) afirma que
Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)
O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo
pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a
25
ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY
2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo
de massa nos resorts costeiros
De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido
desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses
resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o
turismo
212 Turismo em balneaacuterios
Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e
referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade
onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante
o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa
relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de
Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo
Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e
PANOSSO NETTO 2012)
De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais
geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o
relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo
Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam
que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para
entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os
elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam
existir
De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute
similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)
afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de
merrdquo o qual
26
Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)
Pearce (2003 p 285) complementa
A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo
Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica
outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos
em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos
onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para
uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)
De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio
Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente
Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso
relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos
balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam
para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem
Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de
acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja
27
aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou
esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo
que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que
permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos
A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o
custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um
determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo
periacuteodo em um hotel
O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis
faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e
consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)
Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos
balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda
de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na
criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes
clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns
destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o
recebimento dos visitantes
Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos
formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os
empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais
como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens
caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo
Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou
a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes
poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e
souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do
consumo desses produtos
28
213 Urbanizaccedilatildeo e economia
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da
economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores
determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo
Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma
que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil
as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves
ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte
para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees
radicais
O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona
costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo
tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias
de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da
populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)
Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma
que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do
lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas
como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos
pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e
porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas
regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE
2003)
No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza
segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo
das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo
como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou
natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma
breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees
29
Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)
O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua
implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de
dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de
pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com
adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo
das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos
altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)
Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente
observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo
trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar
terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo
satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade
financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos
como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees
informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos
a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado
Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como
urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como
Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim
Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso
exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte
da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o
municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios
30
geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo
de veraneio
A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano
de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo
Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul
do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de
diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)
Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica
opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos
finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda
e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem
inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)
Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida
pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo
da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande
devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande
concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute
seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical
Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua
formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo
(2002 p 201)
1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas
Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e
extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente
por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de
ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma
ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do
litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos
costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista
31
panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas
pelos donos das residecircncias
No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com
caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer
alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas
(MACEDO 2002)
O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois
abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que
proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos
repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor
complementa que
Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)
A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e
puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente
elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a
serem implantados (MACEDO 2002)
Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na
morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por
PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito
Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao
Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como
O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)
Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que
o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico
4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research
2 (4) 1970 P 213-25
32
Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma
imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos
vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa
de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como
estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de
promover o destino (PEARCE 2003)
214 Sazonalidade turiacutestica
A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas
enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode
ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a
ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em
outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)
Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado
Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o
mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a
sazonalidade
Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas
atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em
determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano
Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de
Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade
turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos
periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo
Butler (1994) define o turismo sazonal como
Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)
33
Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa
estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos
(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5
Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a
sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e
concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica
independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos
Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)
Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar
inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver
atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos
aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico
reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA
2001)
Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade
(FIGURA 1)
5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria
comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo
34
FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA
FONTE MOTA (2001 p 99)
Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca
principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios
poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia
De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens
turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos
sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos
semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados
tambeacutem de maneira quantitativa
A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)
Sazonalidade Turiacutestica
Causas Efeitos
Feacuterias Escolares
Tempo Livre
Fatores Mercadoloacutegicos
(concorrecircncia moda baixa
segmentaccedilatildeo de produtos)
Fatores Ambientais
(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)
Fatores ecoloacutegicos
(clima furacotildees etc)
Fatores Econocircmicos
(variaccedilotildees no cacircmbio poder
aquisitivo etc)
Fatores Estruturais
(violecircncia epidemias etc)
Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico
Incentiva o mercado
informal
Inflaccedilatildeo no nuacutecleo
receptor
Pode gerar prostituiccedilatildeo
Degradaccedilatildeo do meio
ambiente
Desemprego
Queda no faturamento de
empresas turiacutesticas
Compromete a qualidade
no atendimento
Altera promoccedilotildees dos
produtos turiacutesticos
Altera preccedilos dos produtos
turiacutesticos
35
O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de
fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo
anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo
estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca
importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O
comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio
social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de
feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e
formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)
Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da
demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que
se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo
Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de
baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo
da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando
menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por
outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo
Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)
A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem
a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte
temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser
encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda
durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal
passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos
Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por
pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o
periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja
natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo
Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e
conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se
36
refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em
balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento
dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no
que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade
receptora bem como aos seus visitantes
215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute
O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete
municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e
Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao
estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o
desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes
em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em
1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI
et al 2006 PIERRI 2003)
Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o
mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km
(PIERRI 2003)
As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto
espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)
Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)
As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia
A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo
considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO
2006a)
Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos
coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas
37
interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da
baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)
As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na
respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto
fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir
do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da
rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que
liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas
(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por
SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a
uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias
agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)
Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por
Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a
Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que
envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal
do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)
Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua
condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea
determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)
Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias
Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais
caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca
do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e
a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )
Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)
A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada
do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste
e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da
praia como estrada (BIGARELLA 1999)
O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local
conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de
6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982
7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001
38
Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo
assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido
(BIGARELLA 1999)
Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste
localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria
do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba
conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)
A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato
pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de
Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa
paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica
ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi
retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)
Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram
novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato
que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local
Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo
A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945
Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram
esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem
destaque
Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia
Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a
partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da
39
malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de
canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e
Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em
1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os
dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a
Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a
ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo
que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA
1999)
A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos
frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para
visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos
mosquitos (ESTEVES 2011)
O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a
Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila
nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem
alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte
dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que
tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)
Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo
impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e
demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi
perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente
do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em
expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um
crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12
milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960
Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo
e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que
simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa
aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi
significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo
de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)
40
Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o
loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute
Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois
extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a
Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute
(SAMPAIO 2006a)
Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de
loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas
estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)
A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser
percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o
local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez
loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955
(SAMPAIO 2006b)
De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da
intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados
nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e
COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)
equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente
nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de
largura
Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a
ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a
verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro
pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com
destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as
edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977
consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a
Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)
Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de
sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de
8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral
observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p
41
1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses
(ESTEVES 2011)
Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do
automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de
acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)
Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que
diferenciam nos balneaacuterios
O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento
O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes
comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no
interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e
Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de
1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK
2000)
Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos
espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde
devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias
restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes
empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio
refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES
2011)
42
22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL
Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o
empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento
abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus
conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas
Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como
essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo
destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro
objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo
informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio
turiacutestico dos vendedores ambulantes
O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado
nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do
empreendedorismo informal que seraacute assim designado
Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em
estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos
221 Empreendedorismo e o empreendedor
Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto
quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre
traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e
entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para
designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema
de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas
as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave
ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)
43
Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo
pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o
oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que
possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender
mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos
fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva
(DORNELAS 2001)
Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido
como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos
mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos
geralmente do governo ou do paiacutes
No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o
empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor
estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou
fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do
empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)
De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon
importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos
criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem
fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur
era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas
No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram
diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no
mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a
referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos
(DOLABELA 1999)
De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca
o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima
(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu
processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos
9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755
44
sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva
considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos
empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de
mudanccedilas
Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do
empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION
1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o
empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante
para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico
Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do
seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes
ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os
empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo
definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados
planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo
sempre a serviccedilo do capitalista
Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no
Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo
de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo
inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado
natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das
medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no
acircmbito acadecircmico ou educacional
Para o GEM (2013)
Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)
10
SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11
SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934
45
Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e
busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de
rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado
que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo
apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde
O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)
Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como
fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em
que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor
como um modelo a ser seguido
O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades
regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos
empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e
comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver
aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a
cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da
cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)
Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de
pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o
status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores
conhecidos
Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera
autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade
onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra
o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento
econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a
economia (DOLABELA 2008)
Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de
conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos
formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que
46
o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo
elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que
O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)
Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich
e Peters (2004 p 29) que se expressam
Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)
O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca
quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro
refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e
para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo
necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve
os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da
aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente
dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser
empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo
pessoal
Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao
empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter
complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)
para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria
uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo
(p 24)
47
222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do
empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o
empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion
(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e
Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os
psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento
humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a
criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)
Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro
estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema
de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento
empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa
independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte
de autoridade formal
Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de
1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das
ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que
ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios
modelosrdquo (FILION 1999 p 9)
Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu
em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu
doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de
Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a
problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento
destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado
para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar
(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte
12
WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13
MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961
48
responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por
BARTEL 2010)
Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo
influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou
amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos
comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)
ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com
o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as
caracteriacutesticas do comportamento empreendedor
O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma
profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de
realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no
empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de
realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo
planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas
comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da
motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor
(BARTEL 2010)
A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um
empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser
desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a
oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)
Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas
desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados
(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade
envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor
qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-
se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis
(BARTEL 2010)
Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por
14
MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15
MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16
MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971
49
a) Competir por criteacuterios proacuteprios
b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia
c) Objetivar a realizaccedilatildeo
d) Usar feedback
e) Visar metas de longo prazo
f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos
g) Habilidade em tomar iniciativa
h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade
i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a
oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia
Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade
de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas
sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos
empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando
as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em
a) Estabelecer laccedilos de amizades
b) Ser aceito
c) Fazer parte de grandes grupos sociais
d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas
Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram
uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos
(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)
De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e
disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e
caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo
necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo
atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade
a) Executam accedilotildees poderosas
b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas
50
c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social
d) Superaccedilatildeo
A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)
desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de
cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram
identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que
englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder
A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras
conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de
McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria
Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1
51
NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA
Realizaccedilatildeo
Busca de Oportunidades e iniciativa
Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio
Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos
Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias
Persistecircncia
Assumir responsabilidade pessoal
Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar
Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia
Comprometimento
Para concluir um trabalho colabora com os demais
Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo
Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia
Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato
Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade
Correr riscos calculados
Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees
Avaliar as alternativas e calcular riscos
Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados
Planejamento
Estabelecimento de metas
Metas de curto prazo mensuraacuteveis
Metas de longo prazo claras e especiacuteficas
Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal
Busca de informaccedilotildees
Investigar novo produtoserviccedilo
Consultar especialista
Obter informaccedilotildees
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
Manteacutem registros para tomar decisotildees
Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais
Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos
Poder
Persuasatildeo e rede de contatos
Desenvolver e manter relaccedilotildees
Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas
Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos
Independecircncia e autoconfianccedila
Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores
Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros
Confianccedila na sua proacutepria capacidade
QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS
FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34
52
Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram
pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO
2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho
desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)
1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao
2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle
3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq
4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero
5 Casson 2 McBer 19 Tay
6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons
7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White
QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE
COOLEY
FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)
Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2
que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas
ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por
BARTEL 2010)
17
COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991
53
FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE
COOLEY
Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo
representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland
FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)
Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas
comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa
de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas
estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland
(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade
assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila
(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas
54
desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam
sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas
Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na
perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as
direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas
comportamentais essenciais para empreendedores
223 A criaccedilatildeo de empreendimentos
De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas
empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por
necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo
possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com
o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo
caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e
decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de
emprego e renda (GEM 2013)
Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por
necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor
questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo
elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo
empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa
de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta
necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro
Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a
criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns
Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade
55
Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para
empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades
de cada pessoa
De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer
devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou
a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o
crescimento de um empreendimento
Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o
processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)
FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)
Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas
com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de
algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos
necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos
calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo
sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)
56
Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de
criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que
acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio
Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um
empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute
realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa
Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas
1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash
Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada
(FIGURA 4)
FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)
As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo
apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o
referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a
obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte
se inicie
Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais
difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua
viabilidade
18
LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002
57
A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de
Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e
registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que
sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e
competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)
Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como
consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios
poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento
em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)
A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave
gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma
superando dificuldades encontradas
Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do
desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a
oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar
o empreendimento
58
FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)
O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo
de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo
propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu
empreendimento
Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a
oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda
etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas
informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar
experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los
avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute
adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na
implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de
59
Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute
chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo
Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo
para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation
Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi
realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre
2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir
da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em
dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation
drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo
organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo
faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento
ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE
BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de
criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados
O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque
Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2
Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)
Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo
Atividades
1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio
2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio
3 Decisatildeo de criar o empreendimento
1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios
2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing
3 Captaccedilatildeo de recursos
4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)
5 Registro da marca ou patente
1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral
ao empreendimento
3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos
4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos
5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios
6 Primeiras vendas
1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing
2 Vendas 3 Alcance do
ponto de equiliacutebrio
4 Planejamento formal
5 Gestatildeo
QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)
De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo
primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de
negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o
60
negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo
do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de
recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente
No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites
legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou
parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos
primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas
No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e
Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento
formal e gestatildeo do empreendimento
Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos
proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion
(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um
processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de
criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo
das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees
que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)
O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo
alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade
(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de
decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios
(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo
de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e
se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele
conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)
Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios
(QUADRO 4)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION
1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados
2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas
3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente
4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto
QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)
61
O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos
esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na
maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que
otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina
Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem
possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no
modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez
de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation
as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)
O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises
competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a
competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez
enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como
alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a
competiccedilatildeo em um determinado mercado
A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-
existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de
causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a
experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal
fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais
apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do
tempo
O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao
inveacutes de prever um futuro
A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida
que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que
eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados
Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados
em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na
medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual
na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo
Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de
racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)
62
Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs
categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os
empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles
conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em
eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever
Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para
outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles
possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se
tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do
tempo
No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional
atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode
ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para
alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)
As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave
outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes
momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento
(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)
O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-
se no effectuation
224 Empreendedorismo informal
Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que
distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo
Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores
formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a
informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e
periacuteodo temporal agrave que se refere
Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional
sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do
63
tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas
causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia
De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de
Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo
sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre
desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a
partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para
o Programa Mundial do Emprego
O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos
ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem
como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do
produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e
convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de
emprego e renda
A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da
economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da
OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que
foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de
anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa
e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)
Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a
esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de
renda observadas no local
Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do
conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que
caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior
parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e
da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para
Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta
autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs
interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em
sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a
mesma linha de Cacciamali (1983)
64
A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o
qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos
informais por
Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)
Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre
tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor
tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que
utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando
menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de
trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como
vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital
financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento
Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de
organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo
consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento
econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica
governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave
medida que o crescimento econocircmico se espalhe
Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de
estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses
economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego
e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o
setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a
ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou
deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo
juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter
autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para
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criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de
acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal
(CACCIAMALI 1983)
Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer
em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico
vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de
dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais
Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)
apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal
Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do
setor informal e o entendem como aquele que
Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)
Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica
Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de
desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento
demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto
empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias
Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que
natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de
trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores
ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge
com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)
Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de
atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas
muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula
(CACCIAMALI 1983)
A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal
e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da
66
piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave
medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor
informal tende a se reduzir
Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua
abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor
informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo
(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a
condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade
As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo
as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal
competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as
segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os
trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983
SOARES 2008)
Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute
sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da
demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores
poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo
Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI
1983)
Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica
global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as
desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais
sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas
(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem
subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma
visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo
natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal
subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto
por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a
trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para
esses gruposrdquo (p 24)
67
O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada
ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p
24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos
econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de
tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na
esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das
organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma
Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)
Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem
natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa
visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de
forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento
econocircmico (SOARES 2008)
Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o
entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da
produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse
conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo
da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo
informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes
caracteriacutesticas
I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado
II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo
III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo
IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda
68
que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir
V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar
VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)
A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que
praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em
andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o
fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o
conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e
a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento
do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se
refere aos seus postos de trabalho
Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o
mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo
a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de
um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz
com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados
ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem
informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir
Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser
analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo
do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)
Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as
trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado
que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras
interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor
para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do
trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo
parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade
da informalidade como algo positivo
69
Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do
entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em
estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional
No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por
amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo
do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios
de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos
domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento
das unidades produtivas
A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees
para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil
Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e
a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com
o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou
em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da
15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que
considera que
Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida
Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo
As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo
A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e
A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)
70
Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal
Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)
Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o
modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a
produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou
existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal
pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente
de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em
Cacciamali (1983) e Soares (2008)
Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA
face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as
interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta
traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de
construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade
desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a
Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando
crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no
Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo
mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o
comeacutercio ambulante
Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns
indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista
isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do
mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que
a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores
utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade
devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor
Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais
por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como
tradicional (formal)
71
A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e
Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping
Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados
afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras
oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente
por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio
Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos
comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que
mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser
encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico
sobre determinadas atividades informais
O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado
como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem
com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal
accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando
diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de
impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a
aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do
que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de
produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos
empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela
referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores
Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o
empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo
buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da
inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas
de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda
Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo
onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no
setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos
investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo
tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao
perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as
atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos
72
Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que
objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se
formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados
possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos
benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio
Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo
levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por
necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam
tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se
enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um
empreendimento informal por necessidade ou vice versa
Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e
Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode
oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade
pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente
o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua
subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja
este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a
pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo
as atividades de maneira definitiva
Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave
atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das
principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial
identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores
ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses
empreendimentos informais
73
3 MATERIAL E MEacuteTODOS
Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo
apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e
a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da
ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade
A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados
na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem
como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos
abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e
instrumentos de coletas de dados
31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos
geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do
municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do
empreendedorismo informal na localidade
311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos
Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na
microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute
(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba
Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral
do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)
74
FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e
Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de
Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)
Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla
oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria
75
de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso
rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do
Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao
municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute
a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP
2010)
A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de
1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem
sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio
Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei
estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de
Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE
2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI
2003 PIERRI et al 2006)
Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi
subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de
facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas
BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE
Praia de Leste
Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc
Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha
Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery
Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios
Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami
Praia de Pontal do
Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo
Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto
QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)
19
DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005
76
A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser
observada na FIGURA 8
FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute
FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)
Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352
habitantes
A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo
que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio
vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de
veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro
No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a
novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente
com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio
acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma
companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da
populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE
2011)
Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)
em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais
77
1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas
com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32
salaacuterios miacutenimos
De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde
foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo
ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se
em domiciacutelios de segunda residecircncia
312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense
Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo
no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de
Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual
mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees
turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios
Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do
Paranaacute (PDTIS-LP)
Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma
regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram
estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte
e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos
municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)
Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do
Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do
Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas
O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos
e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais
tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral
do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria
e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia
O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes
e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos
78
tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou
utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi
interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois
perfis de visitantes
A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de
fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de
Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo
destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo
aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de
fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas
que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)
No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam
costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico
possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo
visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local
afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar
A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender
porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o
contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se
nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute
A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da
Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos
municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de
entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo
foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil
do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se
assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute
De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do
Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades
representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e
chegando a 163 em 2006
O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o
automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria
seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de
79
hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado
nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado
Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos
entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu
para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006
Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a
primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre
343 anos em 2004 e 394 anos em 2006
O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e
US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no
municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias
Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio
urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica
infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico
seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico
sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram
variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a
infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para
802 em 2006
313 A oferta turiacutestica
A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da
demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste
principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da
oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em
sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo
de veratildeo (PDTIS-LP)
Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do
Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave
Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se
entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica
80
Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de
um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui
Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do
Paranaacute (AMLIPA)
A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos
e serviccedilos turiacutesticos
O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais
atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre
os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha
Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito
Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca
principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas
que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o
terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel
Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do
Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento
permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo
representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da
Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)
Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo
destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito
parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em
pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes
Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal
do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos
de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de
informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica
Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de
Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de
ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006
sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos
estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo
de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do
setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos
81
estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de
funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos
ofertados nos empreendimentos
Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como
nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos
estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40
dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de
R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se
nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria
luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo
refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os
frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute
praticada pelos restaurantes da categoria luxo
O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios
litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto
aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo
de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal
projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades
de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas
Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do
Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio
comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de
funcionamento torna-se incerto
Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense
foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de
turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos
equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados
por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum
deles em Pontal do Paranaacute
Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de
investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas
de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de
um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do
Paranaacute 97 eram microempresas
82
32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS
Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos
selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa
Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados
com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na
escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo
de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para
qual o estudo se dirige
O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos
escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do
meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de
investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais
adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando
for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)
Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas
respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na
TABELA 1
TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA
Elemento Escolha para pesquisa
Abordagem Qualitativa e Quantitativa
Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso
Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias
Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios
Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado
Amostragem Natildeo probabiliacutestica
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem
explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na
referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada
elemento tambeacutem seratildeo expostas
83
321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa
As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento
necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no
tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)
Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o
pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados
que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)
Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de
pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou
mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa
A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees
abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado
que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo
(CRESWELL 2010 p 26)
Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e
eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as
variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em
uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o
pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do
estudo (LAVILLE E DIONE 1999)
Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa
qualitativa
84
TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA
Autor Caracteriacutesticas
Bryman20
(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator
Denzin e Lincoln21
(2006)
Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados
Cassell e Simon22
(1994)
Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto
Wolcott23
(1975) apud Borman et al
24 (1986)
O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa
Patton25
(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo
Silverman26
(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos
Creswell27
(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados
Miles e Huberman28
(1994)
A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto
Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador
Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores
FONTE MASSUKADO (2008)
A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que
menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de
responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o
objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a
pesquisa se classifica como qualitativa
Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por
TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo
considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e
pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas
20
BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21
DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22
CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23
WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24
BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25
PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26
SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27
CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28
MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994
85
estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o
uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser
contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como
vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a
possibilidade de generalizaccedilatildeo
O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem
quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador
usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos
Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais
evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente
(CRESWELL 2013)
Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que
possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador
com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)
Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a
ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa
322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa
Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de
meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um
direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de
pesquisa (CRESWELL 2010)
Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se
como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um
meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa
um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)
Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso
ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas
tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a
86
um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso
investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da
dinacircmica presente em um determinado localrdquo
O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para
realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto
meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais
grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)
A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida
em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma
investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade
e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e
o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte
da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso
ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado
Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado
Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)
Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo
de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece
quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este
entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em
estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a
loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de
dados
Para Laville e Dionne (1999 p 156)
Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca
87
Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as
questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle
sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto
da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo
para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de
questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)
Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos
contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo
impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que
tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade
de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees
(YIN 2010)
Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que
A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)
Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute
inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e
elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)
O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa
tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser
limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)
O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico
pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que
especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que
essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees
para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia
podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria
Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e
descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o
assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a
88
intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum
conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)
Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele
que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de
uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de
subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo
onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a
anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)
As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas
como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de
vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia
dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes
estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada
uma
323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo
Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na
estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de
investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)
De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas
para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas
abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados
audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para
essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de
entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico
Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)
recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees
89
fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa
emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento
Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve
seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)
a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um
encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um
estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos
entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos
As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos
especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3
TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS
Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo
1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
Documentaccedilatildeo e entrevista Informal
2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio estruturado
3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Entrevista semi-estruturada
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou
pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento
ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa
estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso
Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para
compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a
Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso
Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de
caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de
acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam
sempre precisos ou possam ser imparciais
Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na
Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em
paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal
90
pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais
estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas
A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a
entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em
que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com
o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de
uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca
coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo
Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a
qual
Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)
Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem
direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem
perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas
Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a
obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica
eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento
humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados
Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os
participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os
participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o
tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento
Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para
o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou
informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista
semi estruturada ou semi-padronizada
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e
soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta
91
de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de
entrevista na qual
O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor
Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida
e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de
entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a
identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se
investiga (GIL 2008)
A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos
exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo
pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo
que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste
tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)
Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo
estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa
permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as
pessoas usam para falar do assunto
Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo
estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo
liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes
que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo
Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os
informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice
presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do
Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo
das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do
municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do
Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos
92
vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da
atividade comercial na praia
A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo
especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie
de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o
entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE
1999 p 188)
Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma
relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua
realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador
faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o
entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do
questionamento
Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua
verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la
menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees
de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma
resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se
certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um
contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a
exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees
suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)
Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua
gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio
turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada
como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se
um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo
sobre os instrumentos de coleta de dados
As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por
telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE
1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-
se as entrevistas face a face
93
Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se
contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O
planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para
atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave
amostragem
Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as
visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a
estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees
fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como
ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)
De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma
teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas
a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas
sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento
presente ou passado []rdquo
Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas
que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo
mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem
ser mais facilmente analisadas
Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente
onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com
sua opiniatildeo
Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios
a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado
94
O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse
estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes
ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde
o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada
a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)
Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-
se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para
identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para
identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses
questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos
de coleta de dados
324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises
Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos
objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da
estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar
instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo
Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem
ser vistos na TABELA 4
TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO
1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
--- ---
2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes
Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland
apud Bartel (2010)
ANEXO 1 ANEXO 2
3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)
ANEXO 5
FONTE Elaborado pela Autora (2015)
95
Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de
organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube
utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou
informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone
moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas
Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo
foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar
aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores
ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista
Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um
questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio
foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel
O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado
para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este
questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez
caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de
Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada
uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo
1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os
respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os
descrevesse em cada afirmaccedilatildeo
Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados
foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada
caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia
correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de
informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico
persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada
conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)
29
MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972
96
Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica
comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al
(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa
avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo
realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las
Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este
questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o
quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem
favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de
avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO
4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade
possiacutevel
Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi
elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em
Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do
Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)
PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Controle de Recursos
Quem eles satildeo
O que eles conhecem
Quem eles conhecem
Clareza de objetivos iniciais
Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais
QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)
Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi
aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste
roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente
foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem
do Effectuation
30
PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001
97
325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica
Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma
populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum
se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se
impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser
entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas
caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum
chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da
populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse
universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)
A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a
alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees
relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)
Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que
permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo
rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo
probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos
elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do
julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo
Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando
Mattar (2010)
1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)
Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta
fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios
98
do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados
contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido
A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser
justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica
eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o
pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator
facilidade operacional eacute requerido
Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou
intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil
(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando
serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a
pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1
Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo
probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o
pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de
alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se
caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em
estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo
(GIL 2008)
Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato
(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas
como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra
entre seis e trinta
99
4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E
OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E
DISCUSSAtildeO
Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de
campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral
desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do
Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo
Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada
pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No
entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo
foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de
contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da
secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da
instituiccedilatildeo
A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015
durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal
com seu presidente
Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista
informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da
palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi
realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava
realizando a palestra no local
O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de
2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia
sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento
empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80
(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil
empreendedor
100
Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao
preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no
mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da
AVAPAR
A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios
Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2
(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de
comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de
comportamento empreendedor
Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor
foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)
questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram
considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como
formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as
respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo
de um participante
O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores
ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos
vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema
respectivamente
Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas
informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas
vistorias
Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do
acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores
ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e
aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo
101
dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das
vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores
ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo
de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos
Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes
para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede
da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a
pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo
foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas
residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do
vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave
sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados
A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua
concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No
entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve
a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante
Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em
marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam
aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por
telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas
agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com
entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor
ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem
posteriormente
Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR
para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram
indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e
fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos
vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados
natildeo atenderam ao telefone
Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)
102
de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de
entrevistas
Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na
sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato
telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as
realizados por telefone em meacutedia trinta minutos
Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de
Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das
licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio
Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da
AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei
Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi
ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local
de trabalho
Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros
satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os
resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa
41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes
Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de
cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em
uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados
103
411 AVAPAR
A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)
foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que
desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em
sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema
em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um
presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco
conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do
conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por
serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece
em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho
(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)
De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR
(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do
Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas
as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante
apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante
de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio
que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas
menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante
autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel
Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a
renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-
determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos
vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade
como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano
para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores
ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo
associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada
104
Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece
o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as
atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas
pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero
limite de 551 vagas ao ano
Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o
periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados
considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande
procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi
menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800
associados
De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que
natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as
atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura
Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os
associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista
de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se
associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o
pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo
Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo
geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a
escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da
realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis
conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do
Paranaacute
Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio
foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash
Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com
a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de
setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio
ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos
Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute
105
FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no
seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de
escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado
Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor
ambulante podem ser observados no QUADRO 7
ATIVIDADES
SETORES TOTAL
1 2 3 4
1 Bebidas 45 40 25 15 125
2 Caldo de cana 05 05 03 03 16
3 Churros e crepes 16 14 09 09 48
4 Coco verde 15 15 10 08 48
5 Espetinho 03 03 03 03 12
6 Milho verde 12 08 05 05 30
7 Pastel 12 12 05 05 34
8 Pipoca 02 02 02 02 08
9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10
10 Raspadinha 05 04 04 02 15
11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08
12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57
13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20
14 Sorvetes 45 31 24 20 120
TOTAL 196 160 105 90 551
QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)
106
Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze
produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do
nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o
cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas
Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os
associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o
cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha
Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos
oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados
A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros
equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com
computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com
uma aacuterea externa para lazer
A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze
anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de
eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na
manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo
Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de
existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas
sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria
associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente
412 Prefeitura Municipal
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de
1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores
ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o
municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute
Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal
responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a
107
Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o
periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o
modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes
elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de
identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de
produtos
Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da
Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos
cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede
da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e
conforme as atividades indicadas
Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04
de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a
classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de
residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel
Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila
condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados
para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo
(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo
conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do
comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000
As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas
onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos
pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo
para renovaccedilatildeo da licenccedila
Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o
setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas
referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1
(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde
Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela
31
Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015
108
FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas
emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e
intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade
como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila
De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as
licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de
01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do
Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de
Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os
vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo
portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas
de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes
109
FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um
total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas
apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades
como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade
eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que
atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero
de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos
O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1
passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio
quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da
manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes
De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria
e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de
novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e
controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711
de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema
Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo
proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo
processo administrativo
110
O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de
Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre
Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal
sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute
obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica
impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal
Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos
procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para
transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma
adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e
prevenccedilatildeo agrave dengue
FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005
Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou
quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e
acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo
Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos
recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)
111
FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas
levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de
Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos
que seratildeo nele comercializados
Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que
esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao
consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou
milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no
momento do consumo
Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos
eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante
durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia
Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo
dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para
acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente
Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes
quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos
Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente
Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como
pelo registro do recebimento dos selos de vistoria
112
FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA
15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato
seguinte
FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
113
De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos
vendedores ambulantes quando em atividade na praia
Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir
do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a
desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob
efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas
matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento
dos produtos
A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por
residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR
se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor
ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal
para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em
apreensatildeo das mercadorias do praticante
413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash
Instituiccedilotildees envolvidas
A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16
114
FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos
candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos
ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo
dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e
qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo
Cadastro
Departamento
de Cadastro e
Tributaccedilatildeo
Departamento
de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica
Fiscalizaccedilatildeo
Vistoria dos carrinhos
e equipamentos
Treinamento
Vigilacircncia agrave Sauacutede
Coacutedigo de Sauacutede
do Paranaacute Lei 621 de 18 de
Novembro de 2005
Expediccedilatildeo das
licenccedilas
Uniformes
115
Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR
Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e
Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os
candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo
passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do
Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria
Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de
recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para
que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de
identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e
Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como
vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)
116
FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que
utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas
constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda
exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo
vendedor ambulante
117
FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores
ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na
Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um
determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia
seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A
permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao
peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes
devido ao desgaste fiacutesico destes
Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e
equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia
42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor
de vendedores ambulantes
Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de
vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo
especiacutefico da pesquisa
Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil
socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento
118
empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees
respectivamente
421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes
Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)
homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)
anos (GRAacuteFICO 1)
1 3
5
6
7
32
ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80
GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades
no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade
entre os entrevistados
O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado
no GRAacuteFICO 2
119
5
13
1
3
23
SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO
DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar
casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros
Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)
responderam que natildeo tecircm filhos
Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes
residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3
5
4
3322
1
1
1 22 1
PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute
PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA
CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY
BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA
GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de
residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa
120
Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave
cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes
O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)
respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da
capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2
(dois) respondentes
Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem
por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR
LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR
Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR
Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do
Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem
nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos
respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa
questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do
Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4
4
8
5
21
3
4
ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal
do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos
A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5
121
1
7
311
13 1
ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP
ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP
NAtildeO ESTUDOU
GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram
o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade
visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do
Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado
Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de
seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo
A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de
lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a
profissatildeo de policial militar
As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma
agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico
caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13
(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)
respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada
uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora
empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica
Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os
levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante
Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser
observados no GRAacuteFICO 6
122
6
82
8
1 2
GANHAR MAIS
DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO
APOSENTADORIA BAIXA
INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE
OUTRA RAZAtildeO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras
para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia
liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes
cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo
adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar
O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser
observados no GRAacuteFICO 7
5
2
313111
1
9
1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS
5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS
20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
123
Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor
ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)
respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em
Pontal do Paranaacute
Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em
outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de
trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados
responderam
Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma
das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor
de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico
cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista
de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras
Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa
da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs
respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo
respondeu a essa questatildeo
Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico
emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro
emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e
serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa
pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados
No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)
respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)
pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal
questionamento
Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes
podem ser observados no GRAacuteFICO 8
124
9
11
2
22
1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute
4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9
respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na
ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave
Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes
predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em
vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e
em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes
Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes
costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde
os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa
125
24
7
2
8
3 2
TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO
FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS
FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no
periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por
24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes
A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da
pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10
12
6
1
8
8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas
por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes
126
Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que
trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo
empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)
pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo
Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma
7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17
(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse
questionamento
Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de
vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a
justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para
um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5
(cinco) respondentes
Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter
estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)
pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira
assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta
de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)
pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta
Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes
dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11
7
3
333
3
11 1 1 1
BEBIDAS SORVETES ESPETINHO
CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA
COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE
SALGADOS PIZZA NO CONE
GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
127
Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos
respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem
os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de
acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto
Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados
e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12
183
51
LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute
LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO
NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da
pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de
Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3
(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do
Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados
que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de
Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo
respondeu a essa questatildeo
A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos
respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13
128
21
2
3 1
RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE
CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM
GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram
obter os produtos com recursos proacuteprios
Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada
dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi
respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de
R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O
retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores
mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno
financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram
os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$
25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)
pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao
retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por
23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a
ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode
ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos
vendedores ambulantes
129
422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes
As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos
na TABELA 5
TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS
INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES
151 ndash 175 2
176 ndash 200 6
201 ndash 225 9
226 - 250 3
TOTAL 20
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem
alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores
ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos
Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma
pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos
respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos
ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees
consideradas como altas
As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas
de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o
questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA
6
130
TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)
CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS
MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA
Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880
Persistecircncia 14 23 1905
Comprometimento 15 25 1995
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845
Correr riscos calculados 14 21 1750
Estabelecimento de metas 9 25 2060
Busca de informaccedilotildees 13 22 1890
Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760
Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535
Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto
que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas
era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees
obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi
identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e
maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas
As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e
organizadas na TABELA 7
TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)
CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA
Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875
Conjunto de Planejamento 1903
Conjunto de Poder 1843
FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de
comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do
conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do
conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos
de um ponto natildeo sendo considerada como significativa
131
43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal
do Paranaacute
Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do
processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs
foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas
residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As
entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as
entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As
entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas
A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na
sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises
Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos
recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de
seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos
disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO
que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de
seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS
Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos
empreendedores a partir de Quem eles satildeo
132
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1
Informan
te Sexo
Idade
Est Civil
Filhos Escolaridade Cidade origem
Ano que
mudou para
Pontal
Balneaacuterio onde mora
I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava
- PR 1997 Ipanema
I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted
Comp Cafelacircndia ndash
PR 1999
Praia de Leste
I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted
Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema
I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted
Comp Paranaguaacute ndash
PR 2007 Pontal do Sul
I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema
I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe
2001 Shangri-laacute
QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do
sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um
eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio
Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco
informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e
Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-
se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do
Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E
WERNECK 2000)
Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores
entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados
residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio
Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul
133
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2
Informante Motivos que levaram a morar
em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia
I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos
Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar
Natildeo
I-2 Falecircncia de empresa familiar na
cidade de origem
Agricultores e empreendedores
familiares Sim os pais
I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Agricultores Natildeo
I-4 Casamento Matildee ndash do lar
Pai ndash pescador Natildeo
I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o
marido Matildee ndash do lar
Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e
filho
I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute
diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel
e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa
familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute
outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo
o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do
Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa
Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro
entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do
sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo
entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta
entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da
quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados
afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma
empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em
sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho
Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o
empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a
empreender
134
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10
CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM
Informante Experiecircncia Profissional
Tem outra atividade remunerada ou fonte de
renda Treinamentos realizados
I-1 Farmaacutecia garccedilom e
exeacutercito Eacute aposentado
Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos
do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
I-2 Agricultor e
empreendedor em empresa familiar
Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e
como seguranccedila em danceteria
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos
em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira
Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute
Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e
lanchonete
Venda de salgados para festas
Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede
I-6 Vendedor ambulante
em Salvador e adestrador de catildees
Pedreiro Armador de ferragens e
Vigilacircncia agrave Sauacutede
QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados
trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia
desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias
indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho
no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos
gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender
utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido
anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento
Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho
remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades
ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria
motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar
de serviccedilos gerais venda de salgados para festas
135
Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os
informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da
AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos
aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e
atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens
Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a
ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11
CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM
Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo
versus Competiccedilatildeo
Fornecedores
I-1
Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo
da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidores de
bebidas de Pontal do PR
I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
de Pontal do PR
I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo
ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo
Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas
em Pontal do PR
I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal
do PR
I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio
onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo
Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do
Paranaacute
I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa
QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente
a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)
como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de
empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela
realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio
das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016
(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os
vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das
entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e
construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica
136
Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do
Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores
ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para
o crescimento de empreendimentos formais locais
A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser
observada no QUADRO 12
CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS
Informante
Ano iniacutecio atividades
como ambulante
Info ou conhec sobre a
atividade
Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de
trabalho
I-1 1997 Natildeo
Observou que haviam poucos vendedores
ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada
de veratildeo
I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor
ambulante
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de
veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na
noite de virada de ano
I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo
vendedor ambulante com quem trabalha
Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a
Paacutescoa
I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo
com outro trabalho
Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a
temporada
I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade
Quinta a saacutebado durante a temporada
I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade
Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa
QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor
ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros
trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003
Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma
informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do
Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que
no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos
disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito
de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou
mesmo fazer parcerias
137
Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades
como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de
obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no
empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se
empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a
necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes
existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os
informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade
visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do
Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que
seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui
11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores
ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de
pagamento
Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes
cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento
de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim
quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das
entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave
popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela
eacute o mais popular ou um dos mais populares
O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui
principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de
semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais
foram organizadas no QUADRO 13
138
TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS
Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento
inicial Realiza controle financeiro
I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos
I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em
caderno
I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio
I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio
I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e
lucro
I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio
QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias
diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo
considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante
Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores
ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial
na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle
financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo
de seus gastos eou lucros
As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e
dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)
Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais
comprados pelos turistas
Principais reclamaccedilotildees dos turistas
I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o
carrinho da praia Todos Qualidade do produto
I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro
Todos Qualidade do produto
I-3 Calor troco em dinheiro colocar e
tirar o carrinho da praia Bebidas
Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os
turistas
I-4 Calor Coco verde e
bebidas Qualidade do produto
I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto
I-6 Transporte dos produtos de
distribuidor ateacute sua residecircncia
Alimentos como milho verde
pamonha e pastel Preccedilo alto
QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
139
As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante
a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido
ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o
carrinho e transporte dos produtos devido ao peso
Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que
seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os
produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde
pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes
informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute
comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus
proacuteprios produtos
As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados
pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo
considerado como alto
ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)
Informante O que espera para o futuro do turismo em
Pontal do Paranaacute
Futuro da atividade de vendedor ambulante no
municiacutepio
Futuro profissional perspectivas
I-1
Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na
orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Aposentadoria
I-2 Que o poder puacuteblico
realize investimentos na orla mariacutetima
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-3 Investimento do poder
puacuteblico
Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de
quiosques na praia
Natildeo tem perspectivas
I-4 Investimento no turismo
pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade
por mais alguns anos
Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra
I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair
mais turistas
Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Controlar as financcedilas e alugar uma sala
comercial para vender espetinhos e salgados
I-6 Investimentos e
manutenccedilatildeo na orla mariacutetima
Atividade continue sendo realizada no municiacutepio
Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR
412) e montar um comeacutercio
QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)
140
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam
que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico
municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio
Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1
2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques
na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores
ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O
informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4
pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5
acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores
ambulantes
Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1
mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e
descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo
tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a
medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute
e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo
que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa
como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados
44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute
Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura
Municipal de Pontal do Paranaacute
A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em
atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute
responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e
fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia
141
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores
ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute
consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade
defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade
informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na
produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como
elemento positivo
Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa
espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos
vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa
atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos
os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade
A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e
Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou
seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade
informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio
econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores
ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo
O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores
ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10
da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a
expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio
mesmo sendo sazonal
Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por
conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e
que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de
semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio
caracterizando tal atividade como sazonal
No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)
as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no
empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem
empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a
partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo
142
que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)
respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para
encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes
apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade
Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo
objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo
gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as
justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir
o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19
(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam
outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram
que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda
Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo
de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos
27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico
trabalham por conta proacutepria
Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a
realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos
resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da
atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos
As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como
fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves
parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3
sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os
entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando
parcerias
Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam
seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo
ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso
ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores
ambulantes
Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem
Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro
143
incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre
os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que
futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os
empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque
Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no
municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel
apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento
Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria
positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos
oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos
turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem
aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de
manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques
podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes
A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores
ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor
informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por
outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico
indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como
vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo
apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de
empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local
Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as
caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas
altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos
de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse
puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver
suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos
comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo
diretamente refletidos no empreendimento
144
5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as
peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do
empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se
caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -
Brasil
O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da
sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades
econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo
de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos
informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal
Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o
empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores
ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda
trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade
turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de
criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes
O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram
coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade
comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos
informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos
referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor
utilizando questionaacuterios
Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia
dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende
aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute
conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a
economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE
(2015)
145
A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do
Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A
AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade
onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas
disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado
pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros
satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de
Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos
carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia
Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de
vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo
Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo
As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende
a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores
trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o
periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva
ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece
paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio
ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor
formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)
Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus
empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a
proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os
recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles
conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a
abordagem Effectuation
De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes
trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica
fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um
trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como
elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a
afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a
partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)
146
Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem
perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser
explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta
elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja
impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter
expectativas de tal expansatildeo
Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal
natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo
ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio
socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem
e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta
contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo
faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio
Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos
vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute
desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado
generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo
pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para
os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao
desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os
empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los
quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual
garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado
Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial
turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como
por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o
descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se
ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio
estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial
Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores
investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no
litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental
geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se
147
constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como
ineacutedito
51 Limitaccedilotildees no estudo
Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e
descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo
de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao
tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo
Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves
caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados
utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite
generalizaccedilotildees
Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as
entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente
aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos
vendedores ambulantes
52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras
A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de
abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do
litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e
Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes
tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que
sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute
Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil
socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de
Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo
possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados
148
A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos
entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro
tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de
aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes
Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos
ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados
o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas
Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as
instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas
residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo
MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de
resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial
para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na
atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio
Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores
ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma
garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar
a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de
Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador
para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor
ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante
149
REFEREcircNCIAS
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157
APEcircNDICES
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158
158
APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE
CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS
Informante 1
O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se
criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo
exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se
para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar
aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os
filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o
empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia
O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde
se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede
realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na
sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de
panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista
Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas
como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem
utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor
comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como
vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um
carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e
da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses
itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os
proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor
trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio
O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar
como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia
em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar
no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses
159
produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe
desconto por comprar em grande quantidade
O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997
Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu
balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade
comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e
ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de
trabalhar como vendedor ambulante
Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente
desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo
O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais
praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com
estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha
com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio
das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de
bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira
temporada de trabalho
O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem
um controle formal de entradas e saiacutedas
Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como
vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na
areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores
ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja
mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao
seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo
O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute
melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima
Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor
ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos
ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de
adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se
aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu
uma data para tal accedilatildeo
160
Informante 2
O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos
estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do
Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute
Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma
empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como
agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia
como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2
trabalha como vendedor ambulante desde 1999
Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da
famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de
van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em
danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou
foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de
Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas
desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja
ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais
cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando
ficam sem produtosrdquo
Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois
acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu
proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com
capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor
ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras
no municiacutepio de Pontal do Paranaacute
O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de
1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia
nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo
No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de
161
uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)
O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou
seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao
cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha
ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada
quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo
O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante
utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor
inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros
dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle
financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais
trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as
receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas
FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)
As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a
trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o
carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o
troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas
162
de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como
vendedor ambulante
De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia
pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um
produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo
Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos
turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo
relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando
ldquonatildeo estaacute geladardquo
Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute
que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter
medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave
colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos
vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo
Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma
que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele
a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da
exposiccedilatildeo solarrdquo
Informante 3
O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no
Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o
ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o
falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo
haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades
como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015
O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e
realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor
ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No
periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante
163
Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a
aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse
empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se
ajudarrdquo
Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por
incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute
saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado
pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo
O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a
trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da
AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute
emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno
financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente
necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo
O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na
atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar
o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas
sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a
bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave
ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo
Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do
Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor
ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de
implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem
perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo
164
Informante 4
A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no
Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido
morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai
pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia
Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute em 2015
A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como
cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal
do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de
semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro
trabalho
Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora
ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e
afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo
entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma
bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades
A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de
2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como
vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante
decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que
exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar
somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no
restante do ano continuar com seu outro emprego
A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e
segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque
tem a cara da praiardquo
165
A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando
capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros
dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo
dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade
Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no
trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo
solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu
Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia
satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da
qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo
estaacute geladordquo
Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam
realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do
trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e
espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para
complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera
continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a
rendardquo
Informante 5
A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos
estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado
do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013
A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees
meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a
informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um
filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do
Paranaacute no ano de 2015
A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e
atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados
para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de
166
veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela
comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia
Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de
Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que
mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no
entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de
seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que
ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra
mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um
carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano
adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido
que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de
telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar
pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de
forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo
Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em
2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar
onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A
empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora
ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra
caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e
ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria
comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que
outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de
quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo
periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo
A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e
teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das
atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do
tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade
de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e
167
recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar
ningueacutemrdquo
Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se
relaciona ao uso do carrinho a qual menciona
Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)
Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos
vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por
causa do ldquopreccedilo altordquo
Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a
ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o
comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do
trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores
ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade
como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro
profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e
alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada
pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados
Informante 6
O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho
estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora
desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O
informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa
Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de
empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia
O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como
adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar
168
para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor
ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o
entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo
pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo
trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante
desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em
apenas dois anos
O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave
Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e
Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR
O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e
trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo
Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina
que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado
Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi
produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho
maior
O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor
ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do
Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o
rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor
ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor
ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas
o bom mesmo eacute o divertimentordquo
O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo
precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute
comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e
natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como
vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa
O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro
proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo
O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de
seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante
169
A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades
como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para
comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos
Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores
ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal
reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos
vendedores ambulantes
O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e
manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue
sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende
comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio
170
ANEXOS
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS 173
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs 176
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS 178
171
ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL
1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino
2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro
3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos
4 Onde mora Balneaacuterio
5 Cidade e estado onde nasceu
6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute
7 Grau de escolaridade
( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou
( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo
( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto
( ) Ensino teacutecnico
( ) Ensino Superior
8 Qual a profissatildeo dos seus pais
Pai
Matildee
9 Por que decidiu ser vendedor ambulante
( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego
( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa
( ) outra razatildeo Qual
10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos
11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo
12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho
13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo
14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro
15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo
16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante
17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar
( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada
( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho
18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas
19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo
20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo
21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo
22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo
Por quecirc
23 Quais produtos vocecirc vende
172
24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende
( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute
Qual municiacutepio
( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio
Estado
( ) Outro Qual
25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender
( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo
( ) Outra forma Qual
26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$
Por semana R$ Por mecircs R$
Por temporada R$
Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual
173
ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS
EMPREENDEDORAS
Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo
1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre
2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees
3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente
todas as orientaccedilotildees
1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre
QUESTAtildeO VALOR
1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas
2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo
3 Termino meu trabalho a tempo
4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente
5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final
6 Gosto de pensar no futuro
7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles
8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples
9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees
10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar
11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente
12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir
13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo
14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo
174
15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho
16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito
17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida
18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando
19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa
20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas
21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas
22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero
23 Gosto de desafios e novas oportunidades
24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa
25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega
26 Aborreccedilo-me quando perco tempo
27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar
28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito
29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees
30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam
31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas
32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso
33 Tive fracassos no passado
34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro
35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades
36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho
37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las
38 Executo tarefas arriscadas
39 Conto com um plano claro de vida
40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer
175
41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os
42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema
43 O trabalho que realizo eacute excelente
44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas
45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado
46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas
47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo
48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho
49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas
50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais
51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos
52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro
53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar
54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente
55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo
176
ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO
DAS CCEs
INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses
Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente
2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE
3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(1) (12) (23) (34) (45)
Busca de oportunidades e iniciativa
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(2) (13) (24) (35) (46)
Persistecircncia
______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______
(3) (14) (25) (36) (47)
Comprometimento
______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______
(4) (15) (26) (37) (48)
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(5) (16) (27) (38) (49)
Correr riscos calculados
______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______
(6) (17) (28) (39) (50)
Estabelecimento de metas
______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(7) (18) (29) (40) (51)
Busca de informaccedilotildees
______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______
(8) (19) (30) (41) (52)
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(9) (20) (31) (42) (53)
Persuasatildeo e rede de contatos
______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______
(10) (21) (32) (43) (54)
Independecircncia e autoconfianccedila
______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______
(11) (22) (33) (44) (55)
Fator de correccedilatildeo
177
ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS
INSTRUCcedilOtildeES
1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para
determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma
Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para
poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo
2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo
Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE
de acordo com o nuacutemero abaixo
24 ou 25 7
22 ou 23 5
20 ou 21 3
19 ou menos 0
3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias
FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA
Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo
Original
Fator de
Correccedilatildeo
Total
Corrigido
Busca de oportunidades e iniciativa - =
Persistecircncia - =
Comprometimento - =
Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =
Correr riscos calculados - =
Estabelecimento de metas - =
Busca de informaccedilotildees - =
Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =
Persuasatildeo e rede de contatos - =
Independecircncia e autoconfianccedila - =
178
ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE
EMPREENDIMENTOS
Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem
Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o
trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas
marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)
Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc
procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e
onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante
Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor
ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo
de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar
Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo
Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em
quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou
temporada Como faz esse controle
Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo
em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional