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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEÁRIOS MARÍTIMOS: O CASO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURÍSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANÁ PARANÁ - BRASIL CURITIBA 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANAacute

RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA

EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA

ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE

PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL

CURITIBA

2016

RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA

EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA

ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE

PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Turismo no Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Turismo Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Marcelo Chemin

CURITIBA

2016

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR

V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o

caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016

178 f

Orientador Prof Dr Marcelo Chemin

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute

1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal

do Paranaacute I Tiacutetulo

CDD 3384791

Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute

Lugar de encantos mil

No litoral sul do meu Brasil

E aos seus vendedores ambulantes

Agradecimentos

Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor

(THE SECRET)

Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir

alcanccedilar esse objetivo

Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa

Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por

me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr

Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr

Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos

Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr

Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus

preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa

Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene

Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e

aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos

compartilhados

Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e

materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a

mim e a minha pesquisa na fase inicial

Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e

me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais

distantes que possam parecer

Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR

Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui

Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR

campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e

incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen

Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

75

de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

76

A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

BARTEL Gonter Anaacutelise da Evoluccedilatildeo das Caracteriacutesticas Comportamentais Empreendedoras dos Acadecircmicos do Curso de Administraccedilatildeo de uma IES Catarinense 2010 107 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Administraccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo Universidade Regional de Blumenau Blumenau BIGARELLA Joatildeo Joseacute Matinho Homem e Terra Reminiscecircncias 3 Ed Curitiba Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba 2009 BORGES C SIMARD G FILION L J Venture Creation Processes in Quebec Research Findings 2004-2005 Working Paper 2005-07 HEC Montreal May BUTLER R Seasonality in tourism Issues and problems In SEATON Tourism the state of the art Chichester UK John Wiley and Sons p 332-339 1994 CACCIAMALI Maria Cristina Setor Informal Urbano e Formas de Participaccedilatildeo na Produccedilatildeo Satildeo Paulo Instituto de Pesquisas Econocircmicas da Faculdade de Economia e Administraccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo 1983 CASTELLI Geraldo Turismo e marketing uma abordagem hoteleira Porto Alegre Sulina 1986 CRESWELL John W Projeto de Pesquisa Meacutetodos Qualitativo Quantitativo e Misto 3 Ed Porto Alegre Artmed 2010 CRESWELL John W Pesquisa de meacutetodos mistos 2ed Porto Alegre Penso 2013 CRUZ C A B O desenvolvimento do mercado informal como elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores Revista Cientiacutefica do ITPAC Araguaiacutena v7 n4 Pub1 Outubro 2014 DEGEN Ronald Jean O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial Satildeo Paulo McGraw-Hill 1989

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157

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

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RAQUEL DOS SANTOS VIEIRA

EMPREENDEDORISMO INFORMAL EM BALNEAacuteRIOS MARIacuteTIMOS O CASO DA

ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES DE

PONTAL DO PARANAacute ndash PARANAacute - BRASIL

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do grau de Mestre em Turismo no Curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Turismo Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute Orientador Prof Dr Marcelo Chemin

CURITIBA

2016

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR

V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o

caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016

178 f

Orientador Prof Dr Marcelo Chemin

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute

1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal

do Paranaacute I Tiacutetulo

CDD 3384791

Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute

Lugar de encantos mil

No litoral sul do meu Brasil

E aos seus vendedores ambulantes

Agradecimentos

Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor

(THE SECRET)

Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir

alcanccedilar esse objetivo

Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa

Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por

me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr

Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr

Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos

Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr

Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus

preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa

Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene

Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e

aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos

compartilhados

Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e

materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a

mim e a minha pesquisa na fase inicial

Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e

me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais

distantes que possam parecer

Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR

Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui

Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR

campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e

incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen

Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

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de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

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A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

BARTEL Gonter Anaacutelise da Evoluccedilatildeo das Caracteriacutesticas Comportamentais Empreendedoras dos Acadecircmicos do Curso de Administraccedilatildeo de uma IES Catarinense 2010 107 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Administraccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo Universidade Regional de Blumenau Blumenau BIGARELLA Joatildeo Joseacute Matinho Homem e Terra Reminiscecircncias 3 Ed Curitiba Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba 2009 BORGES C SIMARD G FILION L J Venture Creation Processes in Quebec Research Findings 2004-2005 Working Paper 2005-07 HEC Montreal May BUTLER R Seasonality in tourism Issues and problems In SEATON Tourism the state of the art Chichester UK John Wiley and Sons p 332-339 1994 CACCIAMALI Maria Cristina Setor Informal Urbano e Formas de Participaccedilatildeo na Produccedilatildeo Satildeo Paulo Instituto de Pesquisas Econocircmicas da Faculdade de Economia e Administraccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo 1983 CASTELLI Geraldo Turismo e marketing uma abordagem hoteleira Porto Alegre Sulina 1986 CRESWELL John W Projeto de Pesquisa Meacutetodos Qualitativo Quantitativo e Misto 3 Ed Porto Alegre Artmed 2010 CRESWELL John W Pesquisa de meacutetodos mistos 2ed Porto Alegre Penso 2013 CRUZ C A B O desenvolvimento do mercado informal como elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores Revista Cientiacutefica do ITPAC Araguaiacutena v7 n4 Pub1 Outubro 2014 DEGEN Ronald Jean O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial Satildeo Paulo McGraw-Hill 1989

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157

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS …

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo Cristiane Rodrigues da Silva ndash CRB 91746 Biblioteca de Ciecircncias Humanas ndash UFPR

V658e Vieira Raquel dos Santos Empreendedorismo Informal em Balneaacuterios Mariacutetimos o

caso da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brasil Raquel dos Santos Vieira ndash Curitiba 2016

178 f

Orientador Prof Dr Marcelo Chemin

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Turismo) ndash Setor de Ciecircncias Humanas Universidade Federal do Paranaacute

1 Turismo 2 Empreendedorismo 3 Turismo ndash Pontal

do Paranaacute I Tiacutetulo

CDD 3384791

Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute

Lugar de encantos mil

No litoral sul do meu Brasil

E aos seus vendedores ambulantes

Agradecimentos

Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor

(THE SECRET)

Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir

alcanccedilar esse objetivo

Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa

Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por

me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr

Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr

Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos

Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr

Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus

preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa

Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene

Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e

aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos

compartilhados

Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e

materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a

mim e a minha pesquisa na fase inicial

Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e

me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais

distantes que possam parecer

Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR

Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui

Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR

campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e

incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen

Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

75

de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

76

A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

BARTEL Gonter Anaacutelise da Evoluccedilatildeo das Caracteriacutesticas Comportamentais Empreendedoras dos Acadecircmicos do Curso de Administraccedilatildeo de uma IES Catarinense 2010 107 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Administraccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo Universidade Regional de Blumenau Blumenau BIGARELLA Joatildeo Joseacute Matinho Homem e Terra Reminiscecircncias 3 Ed Curitiba Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba 2009 BORGES C SIMARD G FILION L J Venture Creation Processes in Quebec Research Findings 2004-2005 Working Paper 2005-07 HEC Montreal May BUTLER R Seasonality in tourism Issues and problems In SEATON Tourism the state of the art Chichester UK John Wiley and Sons p 332-339 1994 CACCIAMALI Maria Cristina Setor Informal Urbano e Formas de Participaccedilatildeo na Produccedilatildeo Satildeo Paulo Instituto de Pesquisas Econocircmicas da Faculdade de Economia e Administraccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo 1983 CASTELLI Geraldo Turismo e marketing uma abordagem hoteleira Porto Alegre Sulina 1986 CRESWELL John W Projeto de Pesquisa Meacutetodos Qualitativo Quantitativo e Misto 3 Ed Porto Alegre Artmed 2010 CRESWELL John W Pesquisa de meacutetodos mistos 2ed Porto Alegre Penso 2013 CRUZ C A B O desenvolvimento do mercado informal como elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores Revista Cientiacutefica do ITPAC Araguaiacutena v7 n4 Pub1 Outubro 2014 DEGEN Ronald Jean O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial Satildeo Paulo McGraw-Hill 1989

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156

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157

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS …

Dedico esse trabalho agrave Pontal do Paranaacute

Lugar de encantos mil

No litoral sul do meu Brasil

E aos seus vendedores ambulantes

Agradecimentos

Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor

(THE SECRET)

Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir

alcanccedilar esse objetivo

Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa

Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por

me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr

Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr

Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos

Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr

Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus

preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa

Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene

Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e

aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos

compartilhados

Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e

materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a

mim e a minha pesquisa na fase inicial

Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e

me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais

distantes que possam parecer

Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR

Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui

Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR

campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e

incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen

Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

75

de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

76

A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

BARTEL Gonter Anaacutelise da Evoluccedilatildeo das Caracteriacutesticas Comportamentais Empreendedoras dos Acadecircmicos do Curso de Administraccedilatildeo de uma IES Catarinense 2010 107 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Administraccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo Universidade Regional de Blumenau Blumenau BIGARELLA Joatildeo Joseacute Matinho Homem e Terra Reminiscecircncias 3 Ed Curitiba Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba 2009 BORGES C SIMARD G FILION L J Venture Creation Processes in Quebec Research Findings 2004-2005 Working Paper 2005-07 HEC Montreal May BUTLER R Seasonality in tourism Issues and problems In SEATON Tourism the state of the art Chichester UK John Wiley and Sons p 332-339 1994 CACCIAMALI Maria Cristina Setor Informal Urbano e Formas de Participaccedilatildeo na Produccedilatildeo Satildeo Paulo Instituto de Pesquisas Econocircmicas da Faculdade de Economia e Administraccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo 1983 CASTELLI Geraldo Turismo e marketing uma abordagem hoteleira Porto Alegre Sulina 1986 CRESWELL John W Projeto de Pesquisa Meacutetodos Qualitativo Quantitativo e Misto 3 Ed Porto Alegre Artmed 2010 CRESWELL John W Pesquisa de meacutetodos mistos 2ed Porto Alegre Penso 2013 CRUZ C A B O desenvolvimento do mercado informal como elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores Revista Cientiacutefica do ITPAC Araguaiacutena v7 n4 Pub1 Outubro 2014 DEGEN Ronald Jean O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial Satildeo Paulo McGraw-Hill 1989

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157

APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS …

Agradecimentos

Eu fluo para o meu futuro com um espiacuterito de gratidatildeo e amor

(THE SECRET)

Agrave Deus aos Deuses e ao Universo pela generosidade em me permitir

alcanccedilar esse objetivo

Agrave UFPR e ao PPGTUR por mais essa etapa

Ao meu orientador Dr Marcelo Chemin pela paciecircncia em me orientar e por

me auxiliar na concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos professores do PPGTUR Dr Miguel Bahl Dra Cinthia Abrahatildeo Dr

Daniel Telles Dr Joseacute Elmar Feger Dr Marcelo Chemin Dra Maacutercia Nakatani Dr

Vander Valduga Dr Joseacute Gacircndara por todos os ensinamentos

Aos membros da banca de qualificaccedilatildeo e defesa Dr Joseacute Elmar Feger Dr

Fernando Gimenez Dr Claudio Nogas Dr Claacuteudio Rojo por disponibilizarem seus

preciosos tempos e conhecimentos para contribuir com minha pesquisa

Aos colegas de mestrado Lauren Thaisa (in memorian) Cida Milene

Angeacutelica Cissa Cassiano Roberta Bruna Sandra Seacutergio Angela Sandro Pedro e

aos amigos acadecircmicos que fiz durante esse periacuteodo por todos os momentos

compartilhados

Ao colega e amigo Marino Lacay por todos os momentos de reflexatildeo e

materiais compartilhados Agradeccedilo imensamente por dedicar seu precioso tempo a

mim e a minha pesquisa na fase inicial

Agrave Jussara Arauacutejo (in memorian) por me incentivar a continuar estudando e

me mostrar que jamais devo desistir dos meus sonhos e objetivos por mais

distantes que possam parecer

Aos professores do Bacharelado em Gestatildeo e Empreendedorismo da UFPR

Litoral que me incentivaram a chegar ateacute aqui

Aos coordenadores do Programa Bom Negoacutecio Paranaacute ndash nuacutecleo UNESPAR

campus Paranaguaacute Prof Claacuteudio Nogas e Profordm Cleverson Molinari pelo apoio e

incentivo e aos colegas consultores e consultores assistentes Juliana Suelen

Lilian Patrick Luiz Gislaine Geovana e Jhonatan pelo apoio e amizade

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

75

de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

76

A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

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APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAQUEL DOS SANTOS …

Aos empreendedores participantes do curso de Gestatildeo Empresarial do

Programa Bom Negoacutecio Paranaacute pela troca de experiecircncias e por me proporcionarem

crescimento pessoal e profissional

Aos membros da AVAPAR Francisco Ecircnio Brasil Luacutecia e da Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute Lucimara Luciano Ocimar Ivanildo Heacutelisson e aos

vendedores ambulantes pela acolhida e por compartilharem suas vidas e histoacuterias

que contribuiacuteram imensamente para a concretizaccedilatildeo dessa pesquisa

Aos meus familiares pela compreensatildeo dos meus momentos de ausecircncia

para que esse sonho pudesse ser alcanccedilado em especial agrave minha matildee Niura e

minha irmatilde Luiza

Agrave minha prima Eacuterica Cabral por todo amor e admiraccedilatildeo e por ter

compartilhado comigo momentos de pesquisa de campo

Aos amigos queridos que estiveram ao meu lado durante esses dois anos

muito obrigada por me ouvirem e compartilharem das minhas alegrias dos

aprendizados das anguacutestias e dos artigos Lorena Catantildeo Lucas Thomaz Michel

de Carvalho Simone Moraes Evandro Zanini Thacircnia Luiz Paula Vosiak Mariana

Malheiros Joseanair Hermes Nadrielli Lemos Lindrielli Rocha Roseli Souza

Katherine Gonccedilalves Que seria de mim sem vocecircs hein Certamente devo ter

esquecido algum nome Mas meu carinho e gratidatildeo eacute tatildeo grande quanto

Aos amigos distantes agradeccedilo pelo apoio e carinho

A todas as pessoas que passaram pela minha vida durante o periacuteodo do

mestrado desde minha mudanccedila de Cascavel para Curitiba ateacute a finalizaccedilatildeo da

pesquisa

Existe uma lenda segundo a qual a oportunidade eacute como um velho saacutebio barbudo baixinho e careca que passa ao seu lado Normalmente vocecirc natildeo nota passando Quando percebe que ele pode lhe ajudar tenta desesperadamente correr atraacutes do velho e com as matildeos tenta tocaacute-lo na cabeccedila para abordaacute-lo Mas quando finalmente vocecirc toca na cabeccedila do velho ela estaacute toda cheia de oacuteleo e seus dedos escorregam sem conseguir segurar o velho que vai embora [] Os empreendedores de sucesso agarram o velho com as duas matildeos logo no primeiro instante usufruindo o maacuteximo que podem de sua sabedoria (DORNELAS 2001 p 42-43)

RESUMO

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute com populaccedilatildeo de 24352 habitantes (IBGE 2015) integra a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute e apresenta como uma de suas principais caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo ou sazonalidade de veraneio originaacuteria do turismo de lazer ou sol e praia importante atividade econocircmica deste municiacutepio balneaacuterio O aumento de turistas no periacuteodo de temporada de veratildeo estimula ciclicamente a criaccedilatildeo de empreendimentos informais para dar suporte ao mercado formal Neste contexto encontram-se os vendedores ambulantes que disputam um total de 551 vagas anuais para desenvolver atividades desta natureza Essa pesquisa objetivou analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasil Para alcanccedilar o objetivo proposto foram definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes A pesquisa estaacute delineada como estudo de caso e foi desenvolvida em quatro etapas A primeira consistiu em entrevistas com a AVAPAR Na segunda etapa foram aplicados os questionaacuterios referentes agraves caracteriacutesticas socioeconocircmicas e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes a terceira etapa consistiu em entrevista com a Prefeitura Municipal e na quarta etapa foram realizadas as entrevistas sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo dos empreendimentos dos vendedores ambulantes Os resultados apontaram que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR que realiza os cadastros e a Prefeitura Municipal no acircmbito do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo responsaacutevel pela emissatildeo de licenccedilas e do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica que realiza o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede a vistoria e a fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos dos vendedores ambulantes Os vendedores ambulantes desempenham suas atividades no balneaacuterio onde residem e escolhem os produtos para comercializaccedilatildeo no momento do cadastro da AVAPAR Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor iniciaram suas atividades por oportunidade ou necessidade informaram apreccedilo pela funccedilatildeo exercida desinteresse por outro emprego e pelo viacutenculo formal da carteira assinada Os entrevistados sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos trabalham em cooperaccedilatildeo realizando parcerias Relataram receio com a possiacutevel implantaccedilatildeo de quiosques na praia equipamentos interpretados como grandes ameaccedilas agrave suas funccedilotildees

Palavras-chave Empreendedorismo Informal Balneaacuterios Turismo Vendedores ambulantes Pontal do Paranaacute (PR)

ABSTRACT

The municipality of Pontal do Paranaacute with 24352 habitants (IBGE 2015) is part of the Touristic Region of the Coast of Paranaacute and one of its main characteristics is the seasonality of visitation or seasonality of summer originally of leisure or sun and beaches tourism one important economic activities of the municipality The touristic flow increases during the summer due to the informal venture creation and the assistance supply to formal market Amongst them there are the street vendors that dispute annually 551 vacancies to work in it This study intends to analyze the informal entrepreneurship related to the touristic business activity of street vendors of the resort municipality of Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute ndash Brazil To achieve this goal the specific objectives were 1 To identify the forms of touristic business activityrsquos organization related to the street vendors 2 To identify characteristics of socioeconomic profile and of entrepreneurial behavior and 3 To analyze aspects of the process of informal venture creation of street vendors The research is outlined as a study case and was developed in four steps The first consisted in interviews with the AVAPAR In the second step the questionnaires about social and economic and entrepreneurial behaviorrsquos characteristics was applied In the third step made the interview with the Municipal Government and in the fourth step were realized the interviews about the aspects of the process of informal venture creation of street vendors results revealed that the touristic business activities of street vendors on the municipality of Pontal do Paranaacute are organized by two institutions AVAPAR which makes the stakeholders registers and the Municipal Government on the framework of two departments The Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo is responsible for the issuance of licenses to the street vendors and the Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica is in charge of the Healthy Surveillance training the inspection and the supervision of the street vendorsrsquo trolleys The street vendors develop their activities on the resorts where they reside and choose the products for commercialization on AVAPARrsquos register The street vendors present an entrepreneurial profile and usually start their activities by opportunity or necessity They expressed appreciation by activity disinterest for other job and by employment relationships of the signed portfolio The interviewed about the aspects of venture creation process working in cooperation through partnerships They reported fear with the possible kiosksrsquo implantation at the beach cause this machines are interpreted as large threat to functionsrsquo theirs

Key-words Informal entrepreneurship Resorts Tourism Street vendors Pontal do Paranaacute (PR)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA 34

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS

PESQUISAS DE COOLEY 53

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR 55

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR 56

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO 58

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO

PARANAacute 74

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute 74

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO

PARANAacute 76

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE 105

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA

20132014 108

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash

TEMPORADA20142015 109

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO

DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA

NA SEDE DA AVAPAR 110

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE

VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 111

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE 112

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES

PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA 112

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE

COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES 114

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 116

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE

PONTAL DO PARANAacute 117

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 161

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS 51

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA

PESQUISA DE COOLEY 52

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM

EMPREENDIMENTO 59

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION 60

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute 75

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO

ROTEIRO DE ENTREVISTAS 96

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE

AMBULANTE 105

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 132

QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 133

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM 134

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM 135

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS 136

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS 138

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (1) 138

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E

DIFICULDADES INICIAIS (2) 139

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA 82

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA 84

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS 89

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 94

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS

EM INTERVALOS 129

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS) 130

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE

VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS

ABSOLUTOS) 130

LISTA DE SIGLAS

AMLIPA - Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do Paranaacute

AVAPAR - Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute

BDE - Base de Dados do Estado

CEM - Centro de Estudos do Mar

DNOS - Departamento Nacional de Obras e Saneamento

ENDEPRAIAS - Empresa de Desenvolvimento das Praias

GEM - Global Entrepreneurship Monitor

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econocircmico e Social

MEI - Micro Empreendedor Individual

MTUR - Ministeacuterio do Turismo

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PDTIS-LP - Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense

PREALC - Programa Regional do Emprego para Ameacuterica Latina e Caribe

SETU - Secretaria de Estado do Turismo

UFPR - Universidade Federal do Paranaacute

USAID - Agecircncia de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 20

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO 20

211 Elementos de uma histoacuteria 21

212 Turismo em balneaacuterios 25

213 Urbanizaccedilatildeo e economia 28

214 Sazonalidade turiacutestica 32

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute 36

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL 42

221 Empreendedorismo e o empreendedor 42

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor 47

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos 54

224 Empreendedorismo informal 62

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 73

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute 73

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos 73

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense 77

313 A oferta turiacutestica 79

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 82

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa 83

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa 85

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de

investigaccedilatildeo 88

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises 94

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica 97

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO 99

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes 102

411 AVAPAR 103

412 Prefeitura Municipal 106

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas 113

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento

Empreendedor de vendedores ambulantes 117

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes 118

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores

ambulantes 129

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute 131

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute 140

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 144

51 Limitaccedilotildees no estudo 147

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras 147

REFEREcircNCIAS 149

APEcircNDICES 157

ANEXOS 170

17

1 INTRODUCcedilAtildeO

Estudar Pontal do Paranaacute eacute ao mesmo tempo um prazer e um grande

desafio Trata-se do mais jovem dos municiacutepios do litoral do estado do Paranaacute

desmembrado do Municiacutepio de Paranaguaacute em 1997 (PIERRI 2003 PIERRI et al

2006) e o local onde a autora residiu no periacuteodo de 1999 a 2012 desenvolvendo

laccedilos afetivos com o local e com seus moradores sendo que esta ainda possui

familiares e amigos residindo no municiacutepio

Pontal do Paranaacute integra a regiatildeo turiacutestica do Litoral do Paranaacute (SAMPAIO

2006b) e tem como uma das suas caracteriacutesticas a sazonalidade de visitaccedilatildeo devido

ao turismo de lazer ou sol e praia (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) que eacute

uma das principais atividades econocircmicas desse municiacutepio praiano do litoral

paranaense (IPARDESBDE 2011)

A sazonalidade pode ser definida como um fenocircmeno que acontece em

alguns periacuteodos e em outros natildeo Pode ser entendida ainda como flutuaccedilotildees

resultantes do aumento e reduccedilatildeo da demanda pelo mercado (MOTA 2001

CASTELLI 1986)

Nos meses de temporada de veraneio de dezembro a fevereiro devido ao

aumento do nuacutemero de visitantes que se deslocam dos seus municiacutepios de origem

satildeo criados no municiacutepio de Pontal do Paranaacute empreendimentos no mercado

informal para dar suporte ao mercado formal no atendimento aos turistas Um

empreendimento pode ser entendido como um processo de criar algo novo

dedicando tempo e esforccedilo necessaacuterio assumindo riscos e recebendo as

recompensas (HISRICH e PETERS 2004)

Grande parte desses empreendimentos informais atua na aacuterea de vendas

comercializando produtos como alimentos bebidas e souvenires dentre estes estatildeo

os vendedores ambulantes ou seja aqueles que natildeo possuem um ponto fixo de

trabalho (SULZBACH DENARDIN e FELISBINO 2012)

Movida pela curiosidade de conhecer as peculiaridades deste municiacutepio no

acircmbito do empreendedorismo e buscando um meio de se afastar dos temas e

recortes mais tradicionais pesquisados viu-se na dinacircmica do empreendedorismo

informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes uma

oportunidade de investigaccedilatildeo Trata-se de um recorte relevante para a economia do

municiacutepio compreendendo aproximadamente 10 de sua populaccedilatildeo ocupada ou

18

seja de 5110 pessoas ocupadas (IBGE 2015) 551 estatildeo desenvolvendo atividades

como vendedores ambulantes Todavia essa atividade comercial passa por vezes

despercebida aos olhares comuns e de poliacuteticas de qualificaccedilatildeo apoio e incentivo

Nesse contexto a seguinte questatildeo define o problema de pesquisa Como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

A relevacircncia dessa pesquisa pode ser destacada devido agrave inexistecircncia de

qualquer pesquisa acadecircmica ou cientiacutefica realizada especificamente sobre o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute classificando-a como ineacutedita

contando-se as seguintes bases de dados consultadas banco de teses e

dissertaccedilotildees da UFPR e Revistas Cientiacuteficas de Programas de Poacutes-Graduaccedilatildeo da

UFPR De outro modo seus resultados podem despertar o interesse de outros

pesquisadores para o tema bem como serem utilizados por oacutergatildeos puacuteblicos

privados e da sociedade civil para realizaccedilatildeo de melhorias e o desenvolvimento

dessa atividade comercial e de finalidade turiacutestica no municiacutepio

Dirigindo-se a explorar em profundidade o caso do comeacutercio turiacutestico dos

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute delineou-se como objetivo geral desta

pesquisa analisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash

PR ndash Brasil

Estatildeo definidos como objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2

Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento

empreendedor de vendedores ambulantes e 3 Analisar aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Para alcanccedilar os objetivos pretendidos a pesquisa estaacute delineada como

estudo de caso em que para cada objetivo especiacutefico foram utilizadas diferentes

estrateacutegias de coleta de dados com vistas a explorar o tema investigado

Essa pesquisa estaacute dividida em cinco capiacutetulos sendo o primeiro esta

introduccedilatildeo No segundo capiacutetulo eacute realizada revisatildeo da literatura que embasou a

pesquisa Esse capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos o primeiro aborda o

balneaacuterio como destino turiacutestico onde satildeo trabalhados temas pertinentes ao

19

entendimento do empreendedorismo informal em destinos turiacutesticos litoracircneos como

a evoluccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos urbanizaccedilatildeo e economia sazonalidade

turiacutestica e mais especificamente como se deu a balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do

litoral do Paranaacute No segundo subcapiacutetulo eacute abordado o empreendedorismo e o

empreendedorismo informal onde satildeo descritos conceitos e definiccedilotildees de

empreendedor e empreendedorismo as caracteriacutesticas de comportamento

consideradas essenciais ao empreendedor o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos e uma visatildeo geral do empreendedorismo informal suas causas

consequecircncias conceitos e suas abordagens

No terceiro capiacutetulo Materiais e Meacutetodos em primeiro momento trabalha-se

a aacuterea de estudo como forma de contextualizaacute-la Para isso satildeo abordadas

caracteriacutesticas do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute como aspectos

geograacuteficos histoacutericos e socioeconocircmicos sua demanda e oferta turiacutestica Ainda

satildeo apresentados nesse capiacutetulo os Meacutetodos e Procedimentos utilizados para

alcanccedilar os objetivos pretendidos para a pesquisa como abordagem estrateacutegia e

meacutetodo de investigaccedilatildeo amostragem e instrumentos de coleta de dados

No quarto capiacutetulo Discussatildeo dos Resultados satildeo apresentados os

resultados obtidos a partir da pesquisa de campo Esse capiacutetulo divide-se em quatro

subcapiacutetulos onde em cada um dos trecircs primeiro subcapiacutetulos satildeo descritos os

resultados para cada objetivo especiacutefico e no quarto subcapiacutetulo satildeo descritos os

resultados referentes ao objetivo geral da pesquisa

Por fim no quinto e uacuteltimo capiacutetulo satildeo apresentadas as conclusotildees da

pesquisa as limitaccedilotildees e recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

20

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

Nesse Capiacutetulo eacute apresentada a literatura que embasou a pesquisa O

capiacutetulo divide-se em dois subcapiacutetulos O balneaacuterio como destino turiacutestico e

Empreendedorismo e empreendedorismo informal O entendimento dos temas

abordados em cada um dos subcapiacutetulos eacute essencial para a compreensatildeo da

atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute

21 O BALNEAacuteRIO COMO DESTINO TURIacuteSTICO

Em espaccedilos litoracircneos o uso balneaacuterio atualmente eacute definido pelo desejo por

estar a beira-mar e pelos banhos de mar o relaxamento o caminhar na areia a

praacutetica de esportes tendo nas praias seu local de realizaccedilatildeo e sobretudo nos

verotildees seu periacuteodo de efetivaccedilatildeo Duas caracteriacutesticas determinantes devem ser

levadas em consideraccedilatildeo ao estudar tal tema primeiramente o interesse em se

estabelecer junto agraves praias gerando a ocupaccedilatildeo das orlas e segundo a

sazonalidade turiacutestica que intercala periacuteodos de alta visitaccedilatildeo com periacuteodos de

ociosidade (SAMPAIO 2006a)

O entendimento da dinacircmica socioeconocircmica dos balneaacuterios litoracircneos e a

gradativa consolidaccedilatildeo destes espaccedilos como destinos turiacutesticos torna-se necessaacuterio

para a compreensatildeo de fenocircmenos que acontecem em seus domiacutenios como por

exemplo o empreendedorismo informal

Diante disso esse subcapiacutetulo estaacute dividido em cinco seccedilotildees 1 ndash Elementos

de uma histoacuteria 2 - Turismo em balneaacuterios 3 ndash Urbanizaccedilatildeo e economia 4 ndash

Sazonalidade turiacutestica e 5 - A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute Os

temas abordados nesse capiacutetulo estatildeo diretamente ligados agraves causas do

empreendedorismo informal em um destino turiacutestico litoracircneo e foram escolhidos

devido a sua relevacircncia no entendimento desse fenocircmeno

21

Na primeira seccedilatildeo Turismo em balneaacuterios satildeo descritas caracteriacutesticas

contemporacircneas dos balneaacuterios bem como o entendimento de como esses destinos

turiacutesticos proporcionam a criaccedilatildeo de empreendimentos informais

Na segunda seccedilatildeo Elementos de uma histoacuteria eacute descrita a evoluccedilatildeo dos

balneaacuterios mariacutetimos desde o seacuteculo XVIII ateacute os dias atuais seacuteculo XXI dando

ecircnfase nos seus diferentes usos ateacute chegar ao uso de lazer e descanso

A terceira seccedilatildeo Urbanizaccedilatildeo e economia aborda caracteriacutesticas da

urbanizaccedilatildeo nos balneaacuterios com ecircnfase nas ocupaccedilotildees de segunda residecircncia e dos

equipamentos turiacutesticos criados especialmente para atender esse puacuteblico

Na quarta seccedilatildeo aborda-se o tema da Sazonalidade Turiacutestica segundo a

literatura um dos principais desafios enfrentados por destinos turiacutesticos litoracircneos

Discute-se tambeacutem causas consequecircncias e implicaccedilotildees da sazonalidade em

balneaacuterios mariacutetimos

Finaliza-se esse capiacutetulo com uma seccedilatildeo sobre a balnearizaccedilatildeo dos

municiacutepios do litoral do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa Nessa seccedilatildeo

busca-se descrever os elementos citados nas seccedilotildees anteriores bem como a

presenccedila de cada um deles na balnearizaccedilatildeo do Litoral Paranaense

211 Elementos de uma histoacuteria

As manifestaccedilotildees do turismo de massa tecircm sido explicadas a partir da

ldquoindustrializaccedilatildeo do seacuteculo XIXrdquo (URRY 2001 p 34) na Europa e na Inglaterra Urry

(2001) ao realizar uma anaacutelise histoacuterica dos balneaacuterios mariacutetimos em sua obra ldquoO

Olhar do Turistardquo dedica atenccedilatildeo ao crescimento desses balneaacuterios em virtude dos

processos de industrializaccedilatildeo e transformaccedilatildeo urbana tecnoloacutegica e cultural

Conforme Urry (2001) o uso balneaacuterio se multiplicou na Europa a partir do

seacuteculo XVIII onde se desenvolveram balneaacuterios mariacutetimos tendo como razatildeo

original o uso medicinal

Para Urry (2001) os balneaacuterios

Surgiram de caracteriacutesticas particulares da industrializaccedilatildeo do seacuteculo XIX e do crescimento de novos modos de acordo com os quais se organizou e se

22

estruturou o prazer em uma sociedade baseada em larga escala nas classes industriais (URRY 2001 p 34)

Machado (2000) em estudo em que realiza uma anaacutelise e interpretaccedilatildeo

socioloacutegica de comportamentos e dos processos sociais de atribuiccedilatildeo de sentidos agrave

praia na Europa afirma que natildeo eacute possiacutevel indicar com rigor no tempo quando

iniciou o desejo de frequentar a praia visto que durante o seacuteculo XVIII e a primeira

metade do seacuteculo XIX a praia era utilizada com finalidades medicinais Jaacute da

segunda metade do seacuteculo XIX ateacute a segunda metade do seacuteculo XX a praia era tida

como lugar de aventura e seduccedilatildeo e desde meados do seacuteculo XX como um local de

consumo e de transformaccedilatildeo

O primeiro balneaacuterio costeiro da Inglaterra foi Scarborough em 1626 que

surgiu a partir do encontro de uma fonte na praia que propiciava aacutegua mineral a

qual era usada para banhos medicinais e para beber assim como em outros

balneaacuterios (URRY 2001)

Vaacuterios outros balneaacuterios foram se desenvolvendo a medida que meacutedicos

defendiam os efeitos desejaacuteveis de tomar as aacuteguas ou fazer a cura com os banhos

medicinais A gecircnese dos banhos de mar e do desejo de estadia agrave beira mar surge

associada ao comportamento de uma elite e como praacutetica de distinccedilatildeo social

(MACHADO 2000)

O haacutebito do banho de mar aumentou consideravelmente agrave medida que as

classes profissionais e mercantis comeccedilaram a acreditar nas propriedades

medicinais do banho de mar que fazia com que suas enfermidades melhorassem

natildeo somente ao tomar suas aacuteguas mas tambeacutem ao banhar-se nelas (URRY 2001)

Os banhos medicinais ocorriam frequentemente no inverno e eram

realizados a partir da ldquoimersatildeordquo (HERN1 1967 citado por URRY 2001) ou seja

caiacutedas no mar estruturadas e ritualizadas as quais eram indicadas para tratar

apenas graves estados de sauacutede e soacute poderiam ser realizadas posteriormente agrave

devida preparaccedilatildeo e conselhos de um corpo meacutedico (SHILDS2 1990 citado por

URRY 2001) Geralmente o banhista entrava nu na aacutegua para realizar a imersatildeo A

praia era mais um lugar de ldquocurardquo do que ldquode prazerrdquo como eacute desfrutada nos dias

atuais (URRY 2001 p 35)

1 HERN A The Seaside Holiday London Cresset Press 1967

2 SHIELDS R Places in the Margin London Routledge 1990

23

A medida que os banhos de mar se tornaram mais acessiacuteveis para a classe

menos favorecida representada pela classe trabalhadora tornou-se mais difiacutecil para

a classe dominante restringir o acesso desse puacuteblico dito como improacuteprio aos

balneaacuterios e agrave delimitar o uso balneaacuterio apenas para a classe dominante como era

de costume Dessa forma houve raacutepido crescimento dos balneaacuterios entre o final do

seacuteculo XVIII e o decorrer do seacuteculo XIX sendo que o fator que propiciou esse

crescimento foi o extenso litoral europeu o qual era capaz de comportar grandes

fluxos de pessoas (PEARCE 2003)

Segundo Urry (2001) que estudou o balneaacuterio inglecircs condiccedilotildees como o

aumento do bem estar econocircmico devido agrave quadruplicaccedilatildeo da renda nacional per

capita no seacuteculo XIX e a raacutepida urbanizaccedilatildeo das cidades de pequeno porte da

Europa provocaram um crescimento raacutepido dessa nova forma de lazer de massa

visto que ainda de acordo com o referido autor

Um dos efeitos da transformaccedilatildeo econocircmica demograacutefica e espacial da pequena cidade do seacuteculo XIX foi produzir comunidades da classe trabalhadora que se auto-regulavam as quais mantinham relativa autonomia em relaccedilatildeo agraves novas ou antigas instituiccedilotildees da sociedade mais ampla Essas comunidades foram importantes para o desenvolvimento de formas de lazer da classe trabalhadora que eram relativamente segregadas especializadas e institucionalizadas (URRY 2001 p37)

Uma precondiccedilatildeo para a realizaccedilatildeo do turismo de massa nos balneaacuterios

como propotildeem Cunningham3 (1980 citado por URRY 2001) foi a modificaccedilatildeo das

horas diaacuterias de trabalho e da natureza do trabalho realizado por operaacuterios que

compunham a classe meacutedia baixa das induacutestrias inglesas visto que houve reduccedilatildeo

das jornadas diaacuterias e semanais de trabalho e que esses trabalhadores passaram a

dispor de dias e ateacute semanas de folga o que os possibilitava utilizar esse tempo

ocioso para descanso e lazer

Outra precondiccedilatildeo para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios

de acordo com Urry (2001) foi a melhoria dos meios de transporte visto que em

1844 o Ato Ferroviaacuterio de Gladstone possibilitou custo acessiacutevel aos deslocamentos

para as classes sociais menos favorecidas e aleacutem disso tornou-se possiacutevel ir e

voltar de alguns balneaacuterios no mesmo dia reduzindo os custos das viagens jaacute que

natildeo era necessaacuterio arcar com o custo de pernoite nos balneaacuterios

3 CUNNINGHAM H Leisure in the Industrial Revolution London Croom Helmm 1980

24

No periacuteodo entre as duas grandes guerras o aumento do nuacutemero de

proprietaacuterios de carros aumentou consideravelmente assim como o uso de

transporte de ocircnibus e o crescimento do uso do transporte aeacutereo contribuindo

significativamente para o crescimento do turismo de massa nos balneaacuterios mariacutetimos

(URRY 2001)

Conforme Urry (2001) a partir do momento que as pessoas tinham tempo

livre de seus trabalhos e devido agraves melhorias dos meios de transporte instituiccedilotildees

como igrejas bares e clubes da Inglaterra passaram a adquirir pacotes de viagens e

organizar excursotildees e sendo estas instituiccedilotildees conhecidas e frequentadas pela

populaccedilatildeo gerava viacutenculo de confianccedila com a classe menos favorecida que passou

a aderir a praacutetica de viajar em excursotildees Os proprietaacuterios das induacutestrias inglesas

passaram a incentivar seus trabalhadores na realizaccedilatildeo de viagens de lazer e ateacute os

orientavam sobre como fazer a organizaccedilatildeo da viagem Com isso no final do seacuteculo

XIX famiacutelias da classe trabalhadora estavam aptas a organizar suas proacuteprias

viagens de feacuterias

O uso balneaacuterio voltado ao lazer teve como cidade pioneira Brighton no

litoral Sul da Inglaterra sendo esta a primeira praia dedicada ao prazer (URRY

2001) Em Brighton no final do seacuteculo XIX acontecia o carnaval tiacutepico da cidade

onde as pessoas tinham este como um momento de exibicionismo de seus corpos

A pele bronzeada passou a ser associada agrave suposta espontaneidade e agrave

sensualidade natural atribuiacuteda aos negros (URRY 2001)

Conforme Urry (2001 p 60) ldquoO corpo ideal passou a ser visto como aquele

que eacute bronzeadordquo Ponto de vista esse que foi difundido nas diversas classes sociais

e o resultado foi que muitos pacotes turiacutesticos o apresentavam como se fosse um

motivo para viajar durante as feacuterias

Referindo-se a passagem dos banhos de mar para os banhos de sol

Machado (2000) afirma que

Na praia luacutedica o mais importante eacute lsquoolharrsquo os corpos dos outros e lsquoser olhadorsquo Nesse jogo de olhares que eacute um jogo de poderes o lsquobanho de solrsquo torna-se um ritual indispensaacutevel em detrimento do lsquobanho de marrsquo (MACHADO 2000 p 214)

O mar que inicialmente era responsaacutevel pelos banhos de cura foi substituiacutedo

pelo sol que proporcionava sauacutede e atraccedilatildeo Aleacutem disso o banho de sol passou a

25

ser visto como uma forma de aproximaccedilatildeo das pessoas com a natureza (URRY

2001) A praacutetica do banho de sol e do banho de mar como lazer favoreceu o turismo

de massa nos resorts costeiros

De acordo com Pearce (2003) o turismo de massa propiciou um raacutepido

desenvolvimento de resorts em larga escala Cabe enfatizar que muitos desses

resorts do seacuteculo XIX foram planejados e desenvolvidos exclusivamente para o

turismo

212 Turismo em balneaacuterios

Os balneaacuterios podem variar de cidades pequenas a grandes regiotildees e

referem-se a lugares com grande influecircncia da aacutegua em sua forma e disponibilidade

onde os turistas podem encontrar produtos e serviccedilos dos quais necessitam durante

o periacuteodo de feacuterias Vaacuterias terminologias tecircm sido utilizadas para se referir a essa

relaccedilatildeo entre segmento e determinada configuraccedilatildeo geograacutefica como Turismo de

Sol e Mar Turismo Litoracircneo Turismo de Praia Turismo de Balneaacuterio Turismo

Costeiro (MTUR 2010) Resorts Costeiros (PEARCE 2003) e Resorts (LOHMANN e

PANOSSO NETTO 2012)

De acordo com Lohmann e Panosso Netto (2012 p 373) ldquoDe forma mais

geneacuterica um resort pode ser considerado um lugar utilizado para a recreaccedilatildeo e o

relaxamento atraindo sobretudo visitantes de feacuteriasrdquo

Lohmann e Panosso Netto (2012) e Pearce (2003) concordam e apontam

que satildeo trecircs os fatores que precisam ser levados em consideraccedilatildeo para

entendimento das particularidades dos resorts as caracteriacutesticas locais os

elementos turiacutesticos existentes no local e as demais funccedilotildees urbanas que possam

existir

De acordo com Pearce (2003) a estrutura baacutesica dos resorts costeiros eacute

similar em diferentes resorts diferindo apenas nos detalhes Pearce (2003 p 284)

afirma ainda que o aspecto estrutural baacutesico eacute o ldquode frente para o marrdquo ou ldquofront de

merrdquo o qual

26

Consiste basicamente de uma associaccedilatildeo em paralelo entre uma praia e eventualmente um porto aleacutem de um passeio uma estrada ou rodovia e uma primeira linha de edificaccedilotildees que incluem as formas mais densas e caras de acomodaccedilotildees e um nuacutecleo de lojas bares e restaurantes voltados para os turistas Uma variaccedilatildeo nas acomodaccedilotildees quanto agrave altura densidade e preccedilo se daacute logo atraacutes da faixa agrave beira-mar agrave medida que os hoteacuteis caros e os apartamentos de alto padratildeo cedem lugar a hoteacuteis menores e mais baratos pousadas casas de praia e campings fundindo-se a acomodaccedilotildees residenciais e a outras funccedilotildees urbanas (Pearce 2003 p 284 285)

Pearce (2003 p 285) complementa

A forma linear do resort junto agrave costa ou da cidade agrave beira-mar reflete a sua orientaccedilatildeo em direccedilatildeo ao centro principal de atraccedilotildees que eacute a praia A gradaccedilatildeo no uso do solo e a densidade a contar da praia eacute em larga medida uma resposta agraves forccedilas econocircmicas Em geral as terras mais proacuteximas dos atrativos detecircm os maiores alugueacuteis o que gera uma ocupaccedilatildeo mais intensiva dos terrenos Afastando-se desses lugares os preccedilos caem e a densidade diminui viabilizando as formas de acomodaccedilatildeo de retorno mais baixo

Com o passar dos anos os resorts foram adquirindo aleacutem da funccedilatildeo turiacutestica

outras funccedilotildees como a funccedilatildeo residencial O uso balneaacuterio em espaccedilos litoracircneos

em parte da costa brasileira causa ocupaccedilotildees caracterizadas por assentamentos

onde as segundas residecircncias satildeo predominantes localizadas proacuteximas agrave orla para

uso temporaacuterio (ESTEVES 2011)

De acordo com Sampaio (2006a p 170) o uso balneaacuterio

Traz consigo duas caracteriacutesticas determinantes primeiro o interesse do estabelecimento junto agraves praias do que tem derivado a apropriaccedilatildeo de suas orlas (o que natildeo ocorria por outros usos) e segundo a sazonalidade do que decorrem a presenccedila concentrada em certos periacuteodos ndash nas vilegiaturas notadamente mas tambeacutem nos feriados e finais de semana ndash e o vazio na maior parte do tempo o que produz por sua vez a ociosidade de sua base construiacuteda ndash habitaccedilotildees comeacutercio serviccedilos e infra-estruturas teacutecnicas e sociais ndash nessas ausecircncias e particularmente em paiacuteses ou regiotildees subdesenvolvidos a sobrecarga e a incapacidade de atendimento nos picos de frequecircncia com consequecircncias especialmente graves para o meio ambiente

Cabe ressaltar que o uso balneaacuterio a que se refere Sampaio (2006a) eacute o uso

relacionado agraves atividades de veraneio onde haacute centros urbanos proacuteximos aos

balneaacuterios e parte dos residentes desses centros satildeo os veranistas que se deslocam

para os balneaacuterios mariacutetimos nos periacuteodos ociosos de suas cidades de origem

Os veranistas que usufruem balneaacuterios satildeo divididos em dois tipos de

acordo com Macedo (2002) o primeiro tipo eacute o veranista-proprietaacuterio ou seja

27

aquele que possui casa ou apartamento no local e o frequenta em temporadas eou

esporadicamente o segundo eacute o veranista-hoacutespede que compreende o indiviacuteduo

que aluga uma casa ou apartamento para temporada ou fim de semana e que

permanece no local por periacuteodos que em geral natildeo satildeo muito longos

A praacutetica do veranista-hoacutespede conflita com o setor hoteleiro visto que o

custo de locaccedilatildeo de uma residecircncia para permanecircncia de uma famiacutelia por um

determinado periacuteodo de tempo eacute inferior ao custo de permanecircncia pelo mesmo

periacuteodo em um hotel

O turismo de segunda residecircncia possibilita a geraccedilatildeo de interminaacuteveis

faixas de urbanizaccedilatildeo ao longo da costa e um constante processo de expansatildeo e

consolidaccedilatildeo das atividades turiacutesticas costeiras (MACEDO 2002)

Segundo anaacutelise histoacuterica de Pearce (2003) a massificaccedilatildeo do turismo nos

balneaacuterios tornou necessaacuteria a realizaccedilatildeo de investimentos para atender a demanda

de pessoas que se deslocavam ateacute esses destinos Isso comumente acarretou na

criaccedilatildeo de inuacutemeros pequenos empreendimentos como pousadas restaurantes

clubes e campings onde boa parte era voltada ao puacuteblico menos favorecido e alguns

destes apresentavam condiccedilotildees precaacuterias o que natildeo era um empecilho para o

recebimento dos visitantes

Pearce (2003 p 292) tambeacutem orienta que aleacutem dos empreendimentos

formais os quais podem ser chamados de tradicionais existiam ainda os

empreendimentos informais para atender a demanda de turistas nos balneaacuterios tais

como ldquoas tendas dos ambulantes de souvenires ladeando uma ou mais passagens

caminhos que conduzem dessa rua ateacute a praia e vendedores na proacutepria areiardquo

Tais estudos permitem observar que o uso do espaccedilo da orla da praia passou

a ter finalidade econocircmica e comercial No caso de vendedores ambulantes estes

poderiam ir ateacute os banhistas para oferecer produtos como alimentos bebidas e

souvenires algo cocircmodo aos banhistas por dispensar locomoccedilatildeo na hora do

consumo desses produtos

28

213 Urbanizaccedilatildeo e economia

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentadas caracteriacutesticas da urbanizaccedilatildeo e da

economia dos balneaacuterios mariacutetimos elementos que se constituem como fatores

determinantes para a ocorrecircncia da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes empreendimentos informais que satildeo o foco deste estudo

Em estudo sobre as paisagens litoracircneas brasileiras Macedo (2002) afirma

que ateacute o seacuteculo XIX entre as diversas estruturas paisagiacutesticas existentes no Brasil

as aacutereas costeiras foram os espaccedilos que se apresentaram como mais adequados agraves

ocupaccedilotildees humanas abrigaram cidades portos e plantaccedilotildees e serviram como ponte

para exploraccedilatildeo e interiorizaccedilatildeo do territoacuterio ou seja sofreram transformaccedilotildees

radicais

O seacuteculo XX marcou o iniacutecio de uma nova forma de ocupaccedilatildeo da zona

costeira ateacute entatildeo de caraacuteter urbano produtivo e agriacutecola Essa forma de ocupaccedilatildeo

tambeacutem urbana eacute destinada basicamente para o veraneio para o turismo de feacuterias

de amplos contingentes sociais compreendendo os segmentos mais ricos da

populaccedilatildeo brasileira (MACEDO 2002)

Pearce (2003) ao estudar a estrutura espacial nos resorts costeiros afirma

que a atraccedilatildeo dos balneaacuterios mariacutetimos que em princiacutepio se baseava no encanto do

lugar aos poucos teve suas funccedilotildees tradicionais sendo substituiacutedas por novas

como por exemplo o uso dos portos antes ocupados apenas por barcos

pesqueiros passou a ser dividido com iates e lanchas A separaccedilatildeo entre praia e

porto contribuiu para o agrupamento de segundas residecircncias principalmente nas

regiotildees de penhascos circundantes e nas zonas mais para o interior (PEARCE

2003)

No seacuteculo XXI a urbanizaccedilatildeo turiacutestica de segunda residecircncia se caracteriza

segundo Macedo (2002) como o mais importante fator de transformaccedilatildeo e criaccedilatildeo

das paisagens ao longo da costa brasileira tanto em termos de escala e dimensatildeo

como em abrangecircncia visto que corresponde a milhares de quilocircmetros lineares ou

natildeo de ocupaccedilatildeo das faixas de terra proacuteximas ao mar O mesmo autor faz uma

breve descriccedilatildeo dessas ocupaccedilotildees

29

Constroe-se ao longo da costa uma urbanizaccedilatildeo em geral de estrutura muito simples calcada na casa isolada do lote cercada de jardins de acabamento ateacute modesto entrecortada em pontos determinados por segmentos verticalizados ora estruturados por preacutedios altos com dez vinte ou mais andares ora por preacutedios baixos (em geral com natildeo mais de quatro andares em pontos nos quais uma legislaccedilatildeo urbaniacutestica qualquer restringiu por um motivo ou outro o gabarito das edificaccedilotildees) (MACEDO 2002 p 182)

O tipo de urbanizaccedilatildeo citado exige mudanccedilas radicais para sua

implementaccedilatildeo como erradicaccedilatildeo da vegetaccedilatildeo nativa arruamento e destruiccedilatildeo de

dunas e areias retificaccedilatildeo de riachos aterramentos de lagos e desmontes de

pequenos morros Efeitos ambientais satildeo sentidos a meacutedio e longo prazo com

adensamento urbano impermeabilizaccedilatildeo do solo constante e exagerada poluiccedilatildeo

das aacuteguas em eacutepocas de temporada e o sombreamento de praias pela projeccedilatildeo dos

altos preacutedios de apartamentos (MACEDO 2002)

Conforme Macedo (2002) conflitos sociais satildeo concentrados e facilmente

observados principalmente na localizaccedilatildeo dos bairros de moradia da populaccedilatildeo

trabalhadora que vive em funccedilatildeo do veraneio em aacutereas mais distantes do mar

terras mais baratas ou ateacute de propriedade do Estado ou Municiacutepio Essas aacutereas natildeo

satildeo as mais indicadas para moradia mas satildeo ocupadas devido agrave fragilidade

financeira que impossibilita a aquisiccedilatildeo ou locaccedilatildeo de residecircncias em lugares tidos

como apropriados agrave moradia ou seja jaacute totalmente urbanizados Essas ocupaccedilotildees

informais bastante precaacuterias em sua infraestrutura tendem com o passar dos anos

a se consolidar sendo reconhecidas legalmente pelo Estado

Nos destinos litoracircneos as formas de ocupaccedilatildeo satildeo classificadas como

urbano balneaacuterio ou urbano recreativo definidos por Macedo (2002 p 195) como

Extensos trechos da costa ocupados por loteamentos primordialmente destinados a segunda residecircncia ou veraneio situados em municiacutepios cuja atividade urbana principal estaacute prioritariamente voltada ao turismo ou em subuacuterbios mais afastados das grandes cidades em geral capitais de estado que satildeo edificadas para tal fim

Tais aacutereas apresentam caracteriacutesticas proacuteprias devido ao uso

exclusivamente sazonal sendo a principal o total desvinculamento de grande parte

da sua populaccedilatildeo de veranistas (donos da maior parte das residecircncias) com o

municiacutepio em que estatildeo instaladas suas propriedades visto que estes proprietaacuterios

30

geralmente residem em municiacutepios distantes do lugar onde possuem sua habitaccedilatildeo

de veraneio

A ocupaccedilatildeo de segunda residecircncia se configura como um fenocircmeno urbano

de larga escala primeiramente a partir dos anos 1950 e 1960 nos Estados de Satildeo

Paulo e Rio de Janeiro e no iniacutecio do seacuteculo XXI estava espalhado do norte ao sul

do paiacutes ocupando aacutereas extensas tanto agrave beira mar como nas aacuteguas interiores de

diversos estuaacuterios (MACEDO 2002)

Para muitos veranistas a aquisiccedilatildeo de um terreno na praia pode ser a uacutenica

opccedilatildeo econocircmica de se conseguir habitar mesmo que somente no veratildeo ou aos

finais de semana uma casa cercada por jardins ou arvoredos e ter quintal varanda

e churrasqueira visto que o alto valor da terra urbana em sua cidade de origem

inviabilizaria a concretizaccedilatildeo de tal desejo (MACEDO 2002)

Tanto nas aacutereas mais utilizadas como nas mais populares a regra seguida

pela maioria dos loteamentos de segunda residecircncia da orla nacional eacute a construccedilatildeo

da habitaccedilatildeo isolada cercada por jardins Em locais onde a demanda eacute grande

devido a fatores como acessibilidade oferta de diversidade de lazer e grande

concentraccedilatildeo de turistas em atividades como festas e compras essa regra natildeo eacute

seguida podendo se observar um processo de verticalizaccedilatildeo muitas vezes radical

Os assentamentos turiacutesticos praianos seguem dois princiacutepios baacutesicos na sua

formaccedilatildeo principalmente referente aos seus arruamentos de acordo com Macedo

(2002 p 201)

1 Possuir uma organizaccedilatildeo em funccedilatildeo de uma via principal de acesso seja ela uma rodovia ou uma simples via urbana que ocorre sempre paralela agrave praia Em aacutereas de costotildees eacute normal o assentamento ocorrer a medida que o relevo permite mantendo-se ou natildeo junto a esta via principal 2 Natildeo ter o seu sistema viaacuterio principal ligado agrave praia No caso o acesso agrave praia eacute feito por vias secundaacuterias ou caminhos de pedestres que por vezes estendem-se por aacutereas ajardinadas

Esse tipo de loteamento que exige para sua implantaccedilatildeo aacutereas planas e

extensas espalha-se ao longo das praias sobre terrenos ocupados anteriormente

por areias dunas e matas de restinga O esgotamento de possibilidades de

ocupaccedilatildeo e a necessidade de novos empreendimentos vecircm provocando uma

ampliaccedilatildeo expressiva de aacutereas jaacute ocupadas direcionando em muitos trechos do

litoral para ocupaccedilatildeo de aacutereas de costatildeo Essa alternativa de ocupaccedilatildeo dos

costotildees apesar de apresentar custo mais elevado ao usuaacuterio proporciona vista

31

panoracircmica e privacidade aleacutem do acesso agraves praias que acabam sendo privatizadas

pelos donos das residecircncias

No seacuteculo XXI o uso da orla e das praias para o lazer se apresenta com

caracteriacutesticas de grandes parques lineares nos quais a populaccedilatildeo busca um lazer

alternativo e muitas vezes o uacutenico possiacutevel agraves atividades cotidianas urbanas

(MACEDO 2002)

O espaccedilo da praia constitui-se um tipo de parque urbano moderno pois

abriga aacuteguas areias e vegetaccedilatildeo elementos paisagiacutesticos naturais que

proporcionam as mesmas funccedilotildees sociais de lazer de um parque como jogos

repouso caminhadas contemplaccedilatildeo e encontros (MACEDO 2002) O mesmo autor

complementa que

Apesar de ter como principal objetivo o banho de mar o visitante tambeacutem carece da existecircncia de bares restaurantes e outros estabelecimentos de apoio que satildeo instalados ao longo das diversas praias para atender agraves suas necessidades (MACEDO 2002 p 203)

A apropriaccedilatildeo social exige equipamentos diferentes para cada situaccedilatildeo e

puacuteblico alvo variando de organizaccedilotildees muito simples ruacutesticas ateacute outras altamente

elaboradas cabendo ao destino receptor a decisatildeo dos tipos de equipamentos a

serem implantados (MACEDO 2002)

Pearce (2003) cita estudo sobre os efeitos dos padrotildees de consumo na

morfologia do resort que de acordo com Stansfield e Rickert4 (1970 citado por

PEARCE 2003) distingue as funccedilotildees comerciais gerais encontradas no Distrito

Central de Negoacutecios e as mais especiacuteficas as quais estatildeo agrupadas junto ao

Distrito de Negoacutecios Recreativos definido como

O agregador linear de restaurantes de orientaccedilatildeo sazonal com diversos estandes de especialidades gastronocircmicas lojas de doces e toda uma variedade de lojas de artigos de luxos e de suvenires que satisfazem as necessidades de compras como forma de lazer para o visitante (STANSFIELD e RICKERT 1970 p 215 citado por PEARCE 2003 p 291)

Stansfield e Rickert (1970 citado por PEARCE 2003) observam ainda que

o Distrito de Negoacutecios Recreativos eacute um fenocircmeno social e econocircmico

4 Stansfield C A e Rickert J E The Recreational Business District Journal of Leisure Research

2 (4) 1970 P 213-25

32

Os conflitos sociais satildeo visiacuteveis no que se refere agrave manutenccedilatildeo de ldquouma

imagem turiacutestica saudaacutevelrdquo (PEARCE 2003 p 295) visto que a eliminaccedilatildeo dos

vendedores de rua a expulsatildeo ou realocaccedilatildeo das casas mais pobres e a tentativa

de remover ou melhorar a pobreza tanto quanto possiacutevel satildeo tidas como

estrateacutegias para favorecer a criaccedilatildeo de boas impressotildees turiacutesticas a fim de

promover o destino (PEARCE 2003)

214 Sazonalidade turiacutestica

A sazonalidade tem sido identificada como um dos principais problemas

enfrentados pelo setor de turismo (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012) e pode

ser definida em seu sentido contextual como um periacuteodo determinado para a

ocorrecircncia de um fenocircmeno ou seja ldquoaquele que ocorre em alguns periacuteodos e em

outros natildeordquo (MOTA 2001 p 98)

Para Castelli (1986) a sazonalidade eacute uma consequecircncia do mercado

Quando o mercado recebe estiacutemulos faz a demanda crescer Contudo quando o

mercado recebe bloqueios que o fazem retrair provoca flutuaccedilotildees ou seja a

sazonalidade

Conforme Ruschmann (1990) a sazonalidade turiacutestica eacute causada pelas

atividades turiacutesticas no espaccedilo e no tempo ou seja a concentraccedilatildeo do turismo em

determinadas regiotildees em temporadas que tem duraccedilatildeo relativamente curtas no ano

Scheuer (2010) ao estudar a sazonalidade no municiacutepio turiacutestico de

Guaratuba no litoral do Estado do Paranaacute - Brasil afirma que a sazonalidade

turiacutestica eacute considerada como a concentraccedilatildeo dos fluxos turiacutesticos em curtos

periacuteodos do ano originando picos de atividades que satildeo relacionadas ao turismo

Butler (1994) define o turismo sazonal como

Um desequiliacutebrio temporal no fenocircmeno turiacutestico que pode ser expresso em termos de dimensotildees tais como nuacutemero de visitantes despesas de visitantes traacutefego nas autoestradas e outras formas de transporte emprego e ingressos em atraccedilotildees (BUTLER 1994 p 332 traduccedilatildeo da autora)

33

Eacute na sazonalidade que se apoiam os conceitos de alta meacutedia e baixa

estaccedilotildees ou temporadas e suas respectivas tendecircncias de preccedilos de serviccedilos

(BARROS 1998) a partir da demanda turiacutestica5

Para Mota (2001) as variaacuteveis consideradas como determinantes para a

sazonalidade satildeo feacuterias escolares e dos trabalhadores poder aquisitivo e

concentraccedilatildeo espaccedilo-temporal A ocorrecircncia da sazonalidade turiacutestica

independente da variaacutevel ocasiona consequecircncias em niacuteveis diversos

Gera desemprego mortalidade em microempresas queda no faturamento de empresas turiacutesticas alteraccedilatildeo no sistema de gestatildeo compromete a qualidade no atendimento modifica a poliacutetica promocional do produto turiacutestico altera preccedilos exige maior flexibilidade administrativa etc (MOTA 2001 p 98)

Para Wahab (1991) a sazonalidade da demanda turiacutestica pode causar

inflaccedilatildeo na comunidade receptora visto que se a demanda crescer e a oferta tiver

atingido sua capacidade maacutexima natildeo conseguindo satisfazer a demanda os preccedilos

aumentam Os empreendimentos inseridos ou relacionados ao setor turiacutestico

reagem pela venda de seus produtos e serviccedilos em um mercado sazonal (MOTA

2001)

Mota (2001 p 99) sistematiza relaccedilotildees de causa e efeito da sazonalidade

(FIGURA 1)

5 Demanda turiacutestica a partir de Kotler (1994 p 220) define-se como ldquoVolume total que seria

comprado por um grupo de consumidores em determinada aacuterea geograacutefica em um periacuteodo de tempo definido em um ambiente de mercado definido sob um determinado programa de marketingrdquo

34

FIGURA 1 - CAUSAS E EFEITOS DA SAZONALIDADE TURIacuteSTICA

FONTE MOTA (2001 p 99)

Dentre os fatores que provocam a sazonalidade Mota (2001) destaca

principalmente a ecologia e o cacircmbio mas cita ainda guerras epidemias distuacuterbios

poliacuteticos crises de abastecimento falta de seguranccedila moda e concorrecircncia

De acordo com Barros (1998) os processos de dinacircmica das paisagens

turiacutesticas que ocorrem ao longo dos anos tecircm vinculados em si mesmos os ciclos

sazonais (anuais) e os ciclos de fins de semana (ciclos semanais) Os ciclos

semanais podem ser facilmente observados qualitativamente e determinados

tambeacutem de maneira quantitativa

A determinaccedilatildeo quantitativa pode ser feita atraveacutes de gastos expressos em moeda ou de fatos expressos em nuacutemeros absolutos ou taxas tais como volumes de pernoites de alimentaccedilotildees servidas de alugueacuteis e serviccedilos para entretenimento de fluxo de veiacuteculos de passageiros etc (BARROS 1998 p 72)

Sazonalidade Turiacutestica

Causas Efeitos

Feacuterias Escolares

Tempo Livre

Fatores Mercadoloacutegicos

(concorrecircncia moda baixa

segmentaccedilatildeo de produtos)

Fatores Ambientais

(guerras situaccedilotildees poliacuteticas etc)

Fatores ecoloacutegicos

(clima furacotildees etc)

Fatores Econocircmicos

(variaccedilotildees no cacircmbio poder

aquisitivo etc)

Fatores Estruturais

(violecircncia epidemias etc)

Alto Fluxo Turiacutestico Baixo Fluxo Turiacutestico

Incentiva o mercado

informal

Inflaccedilatildeo no nuacutecleo

receptor

Pode gerar prostituiccedilatildeo

Degradaccedilatildeo do meio

ambiente

Desemprego

Queda no faturamento de

empresas turiacutesticas

Compromete a qualidade

no atendimento

Altera promoccedilotildees dos

produtos turiacutesticos

Altera preccedilos dos produtos

turiacutesticos

35

O comportamento sazonal anual do turismo em uma aacuterea depende de

fatores naturais e culturais Os fatores naturais satildeo influenciados pela sucessatildeo

anual das estaccedilotildees Em condiccedilotildees tropicais como na maior parte do Brasil o ciclo

estacional em geral deriva da sucessatildeo da estaccedilatildeo chuvosa e da estaccedilatildeo seca

importante no ritmo da demanda por balneaacuterios mariacutetimos ou fluviais O

comportamento sazonal do turismo drasticamente influenciado pelo calendaacuterio

social econocircmico e cultural tendo sua influencia a partir da eacutepoca do calendaacuterio de

feacuterias escolares eacutepoca de pagamentos adicionais datas de eventos religiosos e

formaccedilatildeo de sequecircncia de dias livres ndash feriados (BARROS 1998)

Segundo Lage e Milone (1998 p 61) ldquoa existecircncia da sazonalidade da

demanda turiacutestica de curto prazo por temporada prejudica a oferta turiacutestica o que

se torna um problema seacuterio para o desenvolvimento da atividaderdquo

Conforme Lohmann e Panosso Netto (2012 p 434-435) nos periacuteodos de

baixa estaccedilatildeo alguns serviccedilos podem ser reduzidos ou descontinuados em funccedilatildeo

da falta de demanda ocasionada pela reduccedilatildeo no nuacutemero de turistas gerando

menores vagas de trabalho formal aos residentes da comunidade receptora Por

outro lado nos periacuteodos de alta estaccedilatildeo

Muitas vezes emprega-se matildeo de obra temporaacuteria para atender ao pico de visitantes fazendo com que a qualidade e a habilidade desses trabalhadores nem sempre sejam adequadas jaacute que eles natildeo satildeo devidamente treinados (LOHMANN e PANOSSO NETTO 2012 p 434-435)

A demanda decorrente do aumento do nuacutemero de turistas favorece tambeacutem

a criaccedilatildeo de negoacutecios no mercado informal (MOTA 2001) em sua maior parte

temporaacuterio Observa-se que esses negoacutecios informais temporaacuterios podem ser

encarados pelos residentes como uma uacutenica possibilidade de obtenccedilatildeo de renda

durante o ano visto que por natildeo obterem uma vaga de emprego no mercado formal

passam os meses de baixa temporada de visitaccedilatildeo do municiacutepio ociosos

Podem ser vistos ainda como uma alternativa de aumento de renda por

pessoas que atuam no mercado formal e conciliam duas ocupaccedilotildees durante o

periacuteodo de alta temporada O fato de uma destas ocupaccedilotildees ser informal ou seja

natildeo gerar viacutenculo de trabalho propicia tal conciliaccedilatildeo

Diante do exposto conclui-se que o entendimento da sazonalidade e

conhecimento das suas causas geradoras torna-se um fator importante no que se

36

refere a possibilidades de amenizaccedilatildeo de seus efeitos na comunidade receptora Em

balneaacuterios mariacutetimos esse entendimento age como fator decisivo para o aumento

dos efeitos positivos derivados da sazonalidade e reduccedilatildeo dos fatores negativos no

que se refere a maior bem estar econocircmico social e cultural na comunidade

receptora bem como aos seus visitantes

215 A balnearizaccedilatildeo dos municiacutepios do litoral do Paranaacute

O litoral paranaense eacute formado do ponto de vista administrativo por sete

municiacutepios Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e

Pontal do Paranaacute A aacuterea total que compreende esses municiacutepios pertencia ao

estado de Satildeo Paulo ateacute meados do seacuteculo XVIII tendo primeiramente o

desmembramento de Paranaguaacute em 1648 e posteriormente os demais (Morretes

em 1841 Antonina em 1857 Guaratuba e Guaraqueccedilaba em 1947 Matinhos em

1968) sendo que Pontal do Paranaacute foi o uacuteltimo a se desmembrar em 1997 (PIERRI

et al 2006 PIERRI 2003)

Satildeo municiacutepios proacuteximos a capital do Estado Curitiba sendo Antonina o

mais proacuteximo distante 63 km da capital e Guaraqueccedilaba o mais distante 158 km

(PIERRI 2003)

As primeiras procuras pelos balneaacuterios do Estado do Paranaacute enquanto

espaccedilo de prazer datam da deacutecada de 1920 do seacuteculo XX (BIGARELLA 1999)

Mas nessa eacutepoca segundo Sampaio (2006a p 172)

As cidades litoracircneas natildeo costeiras se localizam no interior da planiacutecie as cidades costeiras nos interiores das baiacuteas e o sistema viaacuterio tem traccedilados que buscam o interior se afastando da orla por visarem ao primeiro planalto onde se encontra Curitiba a capital do Estado e ponto de articulaccedilatildeo com a hinterlacircndia

A regiatildeo litoracircnea apresentava nessa eacutepoca portanto uma ocupaccedilatildeo

considerada como configurada de maneira desfavoraacutevel agraves praias (SAMPAIO

2006a)

Dos quatro municiacutepios costeiros existentes constituiacutedos como pontos

coloniais Antonina Paranaguaacute e Guaraqueccedilaba estatildeo localizados em aacutereas

37

interiores do complexo da baiacutea de Paranaguaacute e Guaratuba na porccedilatildeo vestibular da

baiacutea homocircnima (SAMPAIO 2006a)

As cidades mais importantes da regiatildeo litoracircnea Paranaguaacute e Antonina na

respectiva ordem e os mais importantes portos estaduais eram ligados ao planalto

fixando um uacutenico eixo de comunicaccedilatildeo com Curitiba Eixo esse constituiacutedo a partir

do seacuteculo XVI pelos caminhos coloniais e reforccedilado a partir da construccedilatildeo da

rodovia da Graciosa que liga Curitiba a Antonina no seacuteculo XIX e pela ferrovia que

liga Curitiba a Paranaguaacute que consolidou esse ponto no transporte de cargas

(RFFSA6 1982 citado por SAMPAIO 2006a WACHOWICZ7 2001 citado por

SAMPAIO 2006a) Na segunda metade do seacuteculo XIX Paranaguaacute ainda se ligava a

uma estrada secundaacuteria apenas carroccedilaacutevel vinculada a um conjunto de colocircnias

agriacutecolas de imigrantes italianos situadas na serra da Prata (BIGARELLA 1999)

Guaraqueccedilaba e Guaratuba faziam sua ligaccedilatildeo com o planalto por

Paranaguaacute pois natildeo eram atendidas por estradas Guaraqueccedilaba se ligava a

Paranaguaacute por navegaccedilatildeo e Guaratuba por um trajeto mais complicado que

envolvia a travessia da baiacutea de Guaratuba por canoa trajeto pela praia ateacute o Pontal

do Sul e uso de canoas novamente para chegar a Paranaguaacute (SAMPAIO 2006a)

Guaratuba foi o primeiro nuacutecleo urbano proacuteximo a orla da praia devido a sua

condiccedilatildeo geograacutefica de dispor de um porto natural logo na entrada da sua baiacutea

determinando sua localizaccedilatildeo (SAMPAIO 2006a)

Na segunda metade do seacuteculo XIX as orlas das praias continuavam vazias

Em suas extensotildees encontravam-se instaladas apenas populaccedilotildees tradicionais

caboclos remanescentes da miscigenaccedilatildeo do carijoacute que habitava a regiatildeo na eacutepoca

do descobrimento e em pequenas colocircnias ao longo da costa dedicava-se a pesca e

a agricultura de subsistecircncia com o colonizador europeu (BIGARELLA 1999 )

Esses caboclos satildeo conhecidos ainda como caiccedilaras (ESTEVES 2011)

A partir de 1926 o acesso as praias foi provido com a abertura da Estrada

do Mar (atual PR-407) que possibilitava a ligaccedilatildeo de Paranaguaacute com Praia de Leste

e propiciou aos veiacuteculos automotores o acesso a sua extensatildeo fazendo uso da

praia como estrada (BIGARELLA 1999)

O primeiro assentamento balneaacuterio aconteceu no mesmo ano em um local

conhecido como Matinho localizado haacute pouco mais de 3 km ao norte da baiacutea de

6 RFFSA - REDE FERROVIAacuteRIA FEDERAL SA Cataacutelogo do Museu Ferroviaacuterio de Curitiba 1982

7 WACHOWICZ R Histoacuteria do Paranaacute 9 ed Curitiba Imprensa Oficial do Paranaacute 2001

38

Guaratuba junto a um pontal rochoso Logo com a formaccedilatildeo do segundo

assentamento Matinho constituiu o balneaacuterio de Matinhos como ficou conhecido

(BIGARELLA 1999)

Em 1928 constituiacuteram-se os loteamentos da Vila Balneaacuteria Praia de leste

localizada no ponto de encontro da Estrada do Mar com a orla e o da Vila Balneaacuteria

do Morro do Cayobaacute em 1930 localizado na face norte da baiacutea de Guaratuba

conhecida como Balneaacuterio de Caiobaacute (BIGARELLA 1999)

A Vila Balneaacuteria Praia de Leste natildeo se desenvolveu na eacutepoca Esse fato

pode ser explicado pela sua localizaccedilatildeo Ao contraacuterio das Vilas Balneaacuterias de

Matinhos e Caiobaacute localizadas proacuteximas da serra da Prata uacutenico trecho da costa

paranaense onde o complexo da serra do mar aproxima-se da orla oceacircnica

ocorrendo nascentes de aacutegua potaacutevel para atender tais balneaacuterios Essa Vila soacute foi

retomada nos anos de 1950 (SAMPAIO 2006a)

Durante as deacutecadas de 1920 1930 e 1940 do seacuteculo XIX natildeo surgiram

novos balneaacuterios e os dois iniciais Matinhos e Caiobaacute progrediram lentamente fato

que pode ser entendido a partir de questotildees de niacutevel mundial e de niacutevel local

Segundo Sampaio (2006a p 174) a niacutevel mundial cabe atenccedilatildeo

A quebra da bolsa de Nova York (1929) cuja crise econocircmica atinge diretamente o principal produto de exportaccedilatildeo brasileiro o cafeacute base da economia nacional precipitando o fim da Repuacuteblica Velha (1930) os embates constitucionalistas (1932-1934) a assim chamada ldquointentona comunistardquo (1935) e o Estado Novo (1937) E em 1939 eclode a II Grande Guerra que se estenderaacute ateacute 1945

Quanto agraves razotildees de niacutevel local ocorridas na eacutepoca e que condicionaram

esse quadro conforme Sampaio (2006a p 174-175) ao menos duas merecem

destaque

Uma foi o problema sanitaacuterio constituiacutedo sobretudo pelo impaludismo que grassava em toda a regiatildeo litoracircnea e pela helmintiacutease que embora infectasse tipicamente a populaccedilatildeo dos caboclos poderia alcanccedilar as famiacutelias banhistas e especialmente as crianccedilas e a outra a precariedade das comunicaccedilotildees que tornava as viagens bastante difiacuteceis e sujeitas a transtornos e riscos o que se agravava para se ir a Guaratuba que exigia apoacutes o percurso pela praia ateacute Caiobaacute o trajeto ateacute a Prainha jaacute no interior da baiacutea para ali se tomarem as canoas para sua travessia

Na deacutecada de 1940 eacute observada uma superaccedilatildeo parcial desses problemas a

partir de investimentos puacuteblicos realizados nos balneaacuterios como a erradicaccedilatildeo da

39

malaacuteria a partir de uma seacuterie de accedilotildees dentre elas a construccedilatildeo de um conjunto de

canais de dragagem pelo receacutem-criado Departamento Nacional de Obras e

Saneamento (DNOS) a construccedilatildeo da estrada que ligava Matinhos a Caiobaacute em

1942 que apesar de apenas 3 km de extensatildeo qualificou o trecho e valorizou os

dois balneaacuterios Foram construiacutedas em 1948 a estrada que liga Praia de Leste a

Matinhos eliminando a necessidade do trajeto pela praia e a estrada que permitiu a

ligaccedilatildeo de Guaratuba a Curitiba por terra e ao Estado de Santa Catarina permitindo

que esse balneaacuterio tivesse a presenccedila do automoacutevel pela primeira vez (BIGARELLA

1999)

A erradicaccedilatildeo da malaacuteria gerou ainda uma mudanccedila nos haacutebitos dos

frequentadores do litoral que passaram a ter no veratildeo sua eacutepoca preferida para

visitaccedilatildeo em vez do inverno que era preferido pelos banhistas por existir menos

mosquitos (ESTEVES 2011)

O local mais procurado no litoral do Paranaacute devido agrave facilidade de acesso a

Ilha do Mel durante a Segunda Guerra Mundial foi considerada aacuterea de seguranccedila

nacional e muitas casas principalmente as que pertenciam a famiacutelias de origem

alematilde foram desapropriadas e utilizadas para aquartelamento de tropas Parte

dessas famiacutelias passou a frequentar os balneaacuterios de Caiobaacute e Matinhos que

tiveram o acesso facilitado pela criaccedilatildeo da Estrada do Mar (ESTEVES 2011)

Conforme estudo de Sampaio (2006a) a partir da deacutecada de 1950 um novo

impulso eacute gerado agrave ocupaccedilatildeo balneaacuteria devido a uma curvatura econocircmica e

demograacutefica associada ao otimismo natural do poacutes-guerra Nesse sentido foi

perceptiacutevel o crescimento econocircmico advindo da produccedilatildeo agriacutecola principalmente

do cafeacute desenvolvida no Estado do Paranaacute nas aacutereas receacutem-ocupadas e em

expansatildeo no chamado norte novo Por outro lado segundo este autor houve um

crescimento significativo da populaccedilatildeo no Estado do Paranaacute que em 1940 era de 12

milhatildeo passou para 21 milhotildees em 1950 e para 42 milhotildees em 1960

Decorrente da expansatildeo agriacutecola no Estado fez-se necessaacuteria a construccedilatildeo

e pavimentaccedilatildeo de rodovias para exportar a produccedilatildeo pelo Porto de Paranaguaacute que

simultaneamente facultaraacute o acesso agraves praias para uma populaccedilatildeo significativa

aleacutem da oriunda de Curitiba e Paranaguaacute que iniciou a ocupaccedilatildeo balneaacuteria e que foi

significativamente aumentada No iniacutecio da deacutecada de 1950 apoacutes o lanccedilamento da

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul mais precisamente em 1951 principiou a ocupaccedilatildeo

de todo o litoral sul estadual (ao sul da baiacutea de Paranaguaacute) (SAMPAIO 2006b)

40

Simultaneamente no outro extremo da planiacutecie litoracircnea lanccedilou-se o

loteamento da Cidade de Caiubaacute (BIGARELLA 1999) que unia Matinhos e Caiobaacute

Dessa forma a orla da planiacutecie de Praia de Leste passou a ter em seus dois

extremos projetos de apropriaccedilatildeo significativos para o uso balneaacuterio De um lado a

Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul e do outro a Cidade Balneaacuteria de Caiubaacute

(SAMPAIO 2006a)

Apoacutes o lanccedilamento desses balneaacuterios seguiu-se um processo de

loteamentos abrangendo as orlas das duas planiacutecies as quais apoacutes trecircs deacutecadas

estavam praticamente ocupadas (SAMPAIO 2006a)

A intensidade da ocupaccedilatildeo balneaacuteria no Estado do Paranaacute pode ser

percebida pelo fato de que na eacutepoca de 1950 no trecho entre o pontal do Sul e o

local onde a Estrada do Mar toca a orla (Praia de Leste) foram lanccedilados dez

loteamentos aleacutem da Cidade Balneaacuteria Pontal do Sul sete deles ateacute 1955

(SAMPAIO 2006b)

De acordo com Sampaio (2006a) o demonstrativo mais significativo da

intensidade com que se deu a ocupaccedilatildeo balneaacuteria foi o nuacutemero de lotes cadastrados

nas prefeituras litoracircneas que em 1983 era de cento e dez (110) mil (CARNEIRO e

COELHO8 1984 citado por SAMPAIO 2006a) o que segundo o autor (2006b)

equivaleria a uma mancha se a ocupaccedilatildeo fosse imaginada distribuiacuteda igualmente

nos 562 km das orlas das duas planiacutecies com aproximadamente dez quadras de

largura

Datam da deacutecada de 1970 dois fatos marcantes relacionados com a

ocupaccedilatildeo e a urbanizaccedilatildeo Um deles iniciado na deacutecada de 1960 em Caiobaacute foi a

verticalizaccedilatildeo das edificaccedilotildees onde inicialmente ocorreu a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

pavimentos e posteriormente surgiram construccedilotildees mais altas em Matinhos com

destaque para Caiobaacute e em Guaratuba sendo que em Pontal do Paranaacute as

edificaccedilotildees raramente passavam de quatro pavimentos O outro fato foi em 1977

consistindo na inauguraccedilatildeo da PR-402 trecho asfaltado ligando Praia de leste a

Pontal do Sul (SAMPAIO 2006b)

Na deacutecada de 1980 consolidou-se nos municiacutepios do litoral sul o turismo de

sol e praia A expansatildeo de novos loteamentos balneaacuterios persiste na deacutecada de

8 CARNEIRO C G COELHO G B Elementos para o desenho do meio urbano litoral

observaccedilotildees colhidas da experiecircncia paranaense In SEMINAacuteRIO SOBRE DESENHO URBANO DO BRASIL 1 1984 Brasiacutelia Anais Brasiacutelia 1984 32 p

41

1990 e surgem ainda ocupaccedilotildees irregulares nos balneaacuterios litoracircneos paranaenses

(ESTEVES 2011)

Um fator importante na ocupaccedilatildeo dos balneaacuterios foi a popularizaccedilatildeo do

automoacutevel devido agrave facilidades de aquisiccedilatildeo que aliada agrave criaccedilatildeo de estradas de

acesso aos balneaacuterios contribuiu para sua expansatildeo (ESTEVES 2011)

Para Sampaio (2006b p 68) dentre as caracteriacutesticas existentes que

diferenciam nos balneaacuterios

O curso da ocupaccedilatildeo foi o mesmo nos diferentes trechos da orla no que diz respeito agrave modalidade de assentamento Seratildeo sempre parcelamentos do solo na forma de loteamentos ndash chamados balneaacuterios ndash com predominacircncia quase absoluta de localizaccedilatildeo com frente para a praia e no mais das vezes sem continuaccedilatildeo continente adentro por outro loteamento

O adensamento da ocupaccedilatildeo da orla aliado ao fluxo intenso de imigrantes

comeccedilaram a ser ocupadas aacutereas consideradas menos nobres localizadas no

interior da planiacutecie como por exemplo os bairros de Piccedilarras em Guaratuba e

Tabuleiro em Matinhos Essa configuraccedilatildeo da ocupaccedilatildeo consolidou na deacutecada de

1990 a Aacuterea de Ocupaccedilatildeo Contiacutenua do Litoral do Paranaacute (MOURA E WERNECK

2000)

Com a saturaccedilatildeo das aacutereas disponiacuteveis para ocupaccedilatildeo balneaacuteria novos

espaccedilos foram ensejados como as Ilhas do Mel das Peccedilas e Superagui onde

devido ao forte apelo ambiental a ocupaccedilatildeo turiacutestica por segundas residecircncias

restaurantes pousadas dentre outros avanccedilou significativamente Muitos destes

empreendimentos comerciais funcionavam apenas na temporada de veraneio

refletindo no niacutevel de empregos devido a sazonalidade do turismo (ESTEVES

2011)

42

22 EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDORISMO INFORMAL

Esse capiacutetulo compreende a base teoacuterica desta investigaccedilatildeo sobre o

empreendedorismo e o empreendedorismo informal Em um primeiro momento

abordam-se o empreendedorismo e o empreendedor em sua forma tradicional seus

conceitos definiccedilotildees e caracteriacutesticas

Eacute dada ecircnfase agraves caracteriacutesticas de comportamento consideradas como

essenciais ao empreendedor bem como as etapas do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos utilizados para analisar tais organizaccedilotildees Esses dois temas seratildeo

destacados por constituiacuterem parte do segundo objetivo especiacutefico e o terceiro

objetivo especiacutefico dessa pesquisa Na sequecircncia aborda-se o empreendedorismo

informal seu histoacuterico conceitos definiccedilotildees causas e efeitos bem como o comeacutercio

turiacutestico dos vendedores ambulantes

O empreendedorismo em sua forma tradicional formal seraacute designado

nessa pesquisa apenas como empreendedorismo a fim de diferenciaacute-lo do

empreendedorismo informal que seraacute assim designado

Nesta pesquisa utilizam-se metodologias comumente empregadas em

estudos sobre empreendedorismo na sua forma tradicional a respeito das

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor e o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos

221 Empreendedorismo e o empreendedor

Conceituar empreendedorismo e o empreendedor eacute uma tarefa um tanto

quanto complexa por se tratarem de temas subjetivos As duas palavras satildeo livre

traduccedilotildees dos vocaacutebulos de origem francesa entrepreneurship (DOLABELA 1999) e

entrepreneur (DORNELAS 2001) respectivamente onde o primeiro eacute utilizado para

designar estudos relativos ao empreendedor seu perfil suas origens seu sistema

de atividades e seu universo de atuaccedilatildeo (DOLABELA 1999) no qual estatildeo contidas

as ideias de iniciativa e inovaccedilatildeo (DOLABELA 2008) e o segundo refere-se agrave

ldquoaquele que assume riscos e comeccedila algo novordquo (DORNELAS 2001 p 27)

43

Dornelas (2001) entende que o primeiro uso do termo empreendedorismo

pode ser creditado a Marco Polo que tentou estabelecer uma rota comercial para o

oriente Marco Polo como empreendedor assinou um contrato com um homem que

possuiacutea dinheiro (conhecido contemporaneamente como capitalista) para vender

mercadorias deste assumindo papel ativo no que se refere a correr todos os riscos

fiacutesicos e emocionais enquanto o capitalista assumia os riscos de maneira passiva

(DORNELAS 2001)

Conforme Dornelas (2001) na Idade Meacutedia o empreendedor era definido

como algueacutem que gerenciava projetos e produccedilotildees natildeo assumindo grandes riscos

mas apenas gerenciando os projetos utilizando-se de recursos disponiacuteveis vindos

geralmente do governo ou do paiacutes

No seacuteculo XVII ocorreram os primeiros indiacutecios das relaccedilotildees entre o

empreendedorismo e assumir riscos jaacute que nesta eacutepoca o empreendedor

estabelecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviccedilo ou

fornecer produtos sendo que qualquer lucro ou prejuiacutezo era exclusivamente do

empreendedor pois os preccedilos eram geralmente tabelados (DORNELAS 2001)

De acordo com Dornelas (2001) e Dolabela (1999) Richard Cantillon

importante economista e escritor do seacuteculo XVII eacute considerado como um dos

criadores do termo empreendedorismo jaacute que foi um dos primeiros a diferenciar o

empreendedor tido como aquele que assumia riscos do capitalista que era quem

fornecia o capital Dolabela (1999) explica que nessa eacutepoca a palavra entrepreneur

era utilizada para designar o indiviacuteduo que incentivava brigas

No seacuteculo XVIII finalmente o empreendedor e o capitalista foram

diferenciados possivelmente devido ao iniacutecio da industrializaccedilatildeo que ocorria no

mundo (DORNELAS 2001) No final deste seacuteculo o termo empreendedor passou a

referir-se agrave pessoa que criava e gerenciava projetos e empreendimentos

(DOLABELA 1999)

De acordo com Cantillon9 (1755 citado por DOLABELA 1999) nessa eacutepoca

o termo empreendedor era referecircncia agraves pessoas que compravam mateacuteria prima

(geralmente produtos agriacutecolas) e as vendiam a terceiros apoacutes o seu

processamento identificando uma oportunidade de negoacutecios e assumindo riscos

9 CANTILLON R Essay sur la nature du commerce en geacuteneacuteral London Fetcher Gyler 1755

44

sobre ela Say10 (1803 citado por DOLABELA 1999) em outra perspectiva

considerou que o desenvolvimento econocircmico eacute o resultado da criaccedilatildeo de novos

empreendimentos e que o empreendedor eacute algueacutem que inova e eacute agente de

mudanccedilas

Filion (1999) considera Say e Cantillon como os precursores do

empreendedorismo mas afirma que foi Schumpeter11 (1934 citado por FILION

1999 e DOLABELA 2008) que deu projeccedilatildeo ao tema associando definitivamente o

empreendedor ao conceito de inovaccedilatildeo e apontando-o como elemento importante

para alcanccedilar o desenvolvimento econocircmico

Segundo anaacutelise de Dornelas (2001) entre o final do seacuteculo XIX e iniacutecio do

seacuteculo XX os empreendedores foram com frequecircncia confundidos com os gerentes

ou administradores sendo que essa confusatildeo se estende ateacute os dias atuais onde os

empreendedores satildeo analisados apenas do ponto de vista econocircmico sendo

definidos como aqueles que organizam a empresa pagam os empregados

planejam dirigem e controlam accedilotildees que satildeo desenvolvidas na organizaccedilatildeo

sempre a serviccedilo do capitalista

Para Dolabela (1999 2008) o termo empreendedorismo popularizou-se no

Brasil a partir da deacutecada de 1990 sendo interpretado como sinocircnimo de constituiccedilatildeo

de empresas O autor (2008) chama a atenccedilatildeo para o fato de que qualquer accedilatildeo

inovadora corresponde a um ato de empreendedorismo e que pode ser praticado

natildeo somente no acircmbito empresarial ou de negoacutecios que tem no dinheiro uma das

medidas de desempenho mas tambeacutem no acircmbito puacuteblico no terceiro setor e no

acircmbito acadecircmico ou educacional

Para o GEM (2013)

Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criaccedilatildeo de um novo empreendimento como por exemplo uma atividade autocircnoma uma nova empresa ou a expansatildeo de um empreendimento existente Eacute importante destacar que o foco principal eacute o indiviacuteduo empreendedor mais do que o empreendimento em si (GEM 2013 p 5)

10

SAY J B Traiteacute drsquoeacuteconomie politique ou simple exposition de la manieacutere dont se forment se distribuent et se consomment les richesses (1803) Translation Treatise on political economy on the production distribution and consumption of wealth New York Kelley 1964 First ed 1827 11

SCHUMPETER J A The theory of Economic Development Cambridge MA Harvard Business University Press 1934

45

Dolabela (2008 p 23) propotildee que ldquoo empreendedor eacute algueacutem que sonha e

busca transformar seu sonho em realidaderdquo Cabe destacar que na linguagem de

rotina o sonho a que se refere Dolabela (2008) eacute o sonho que se sonha acordado

que pode ser definido como um objetivo viaacutevel de ser alcanccedilado tratando-se natildeo

apenas de um fenocircmeno econocircmico mas social onde

O empreendedor eacute um ser social produto do meio em que vive (eacutepoca e lugar) Se uma pessoa vive em um ambiente em que ser empreendedor eacute visto como algo positivo teraacute motivaccedilatildeo para criar seu proacuteprio negoacutecio (DOLABELA 2008 p 23)

Dessa forma Dolabela (2008) caracteriza ainda o empreendedorismo como

fenocircmeno cultural visto que empreendedores nascem por influecircncia do meio em

que vivem e sempre tem algueacutem que os influencia que eacute visto pelo empreendedor

como um modelo a ser seguido

O empreendedorismo eacute ainda um fenocircmeno local onde existem cidades

regiotildees e paiacuteses mais ou menos empreendedores que outros e que o perfil dos

empreendedores varia de um lugar para outro Como fenocircmeno coletivo e

comunitaacuterio o empreendedorismo implica a ideia de sustentabilidade por envolver

aleacutem de indiviacuteduos suas comunidades regiotildees e paiacuteses tendo como fundamento a

cidadania visando construir o bem estar coletivo do espiacuterito comunitaacuterio da

cooperaccedilatildeo (DOLABELA 2008)

Filion (1999) e Dolabela (1999) afirmam que maior seraacute o nuacutemero de

pessoas que iratildeo escolher o empreendedorismo como opccedilatildeo de carreira conforme o

status simboacutelico sendo uma tendecircncia seguir modelos de empreendedores

conhecidos

Para o indiviacuteduo que empreende a realizaccedilatildeo de accedilatildeo empreendedora gera

autonomia auto-realizaccedilatildeo e torna possiacutevel a busca pelo sonho jaacute para a sociedade

onde estaacute inserido o empreendedorismo pode ser encarado como uma arma contra

o desemprego tendo o empreendedor como responsaacutevel pelo crescimento

econocircmico e desenvolvimento social o qual faz uso da inovaccedilatildeo para dinamizar a

economia (DOLABELA 2008)

Conforme Dolabela (1999) ser empreendedor vai aleacutem do acuacutemulo de

conhecimento relaciona-se a introduccedilatildeo de valores atitudes comportamentos

formas de percepccedilatildeo do mundo e de si mesmos voltando-se para atividades em que

46

o risco a capacidade de inovar perseverar e de conviver com a incerteza satildeo

elementos indispensaacuteveis Nesse sentido o referido autor entende que

O empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econocircmico gerando e distribuindo riquezas e benefiacutecios para a sociedade Por estar constantemente diante do novo o empreendedor evolui atraveacutes de um processo interativo de tentativa e erro avanccedila em virtude das descobertas que faz as quais podem se referir a uma infinidade de elementos como novas oportunidades novas formas de comercializaccedilatildeo vendas tecnologia gestatildeo [] (DOLABELA 1999 p 45)

Adota-se para esse estudo como um conceito geral o defendido por Hisrich

e Peters (2004 p 29) que se expressam

Empreendedorismo eacute o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforccedilo necessaacuterio assumindo os riscos financeiros psiacutequicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfaccedilatildeo e independecircncia econocircmica e pessoal (HISRICH e PETERS 2004 p 29)

O conceito de Hisrich e Peters (2004) segundo os referidos autores destaca

quatro aspectos baacutesicos indiferente da aacuterea de atuaccedilatildeo do indiviacuteduo O primeiro

refere-se ao processo de criaccedilatildeo de algo novo e de valor para o empreendedor e

para seu puacuteblico alvo O segundo enfatiza a dedicaccedilatildeo de tempo e esforccedilo

necessaacuterios para que o indiviacuteduo alcance os objetivos almejados O terceiro envolve

os riscos incididos sejam eles financeiros psicoloacutegicos ou sociais dependendo da

aacuterea de atuaccedilatildeo os quais satildeo inerentes a qualquer atividade natildeo plenamente

dominada pelo empreendedor O quarto aspecto eacute atribuiacutedo agrave gratificaccedilatildeo de ser

empreendedor as quais estatildeo relacionadas com a independecircncia e satisfaccedilatildeo

pessoal

Nesta pesquisa se daacute maior ecircnfase ao primeiro aspecto referente ao

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos e ao quarto aspecto referente ao

empreendedor estudado em termos de caracteriacutesticas comportamentais De caraacuteter

complementar adotam-se ainda para esse estudo as definiccedilotildees de Dolabela (2008)

para empreendedor e empreendedorismo empresarial ou seja o ldquoindiviacuteduo que cria

uma empresa qualquer que seja elardquo (p 25) e o ato ou iniciativa de ldquoabrir empresasrdquo

(p 24)

47

222 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

Segundo Dolabela (1999) e Filion (1999) haacute duas correntes dentro do

empreendedorismo a primeira eacute a corrente dos economistas que associaram o

empreendedor e o empreendedorismo agrave inovaccedilatildeo Essa corrente segundo Filion

(1999) teve significativas contribuiccedilotildees dos escritores e economistas Cantillon Say e

Shumpeter A segunda corrente eacute a dos comportamentalistas compreendendo os

psicoacutelogos psicanalistas socioacutelogos e outros especialistas do comportamento

humano que enfatizam aspectos relativos agraves atitudes comportamentais como a

criatividade e a intuiccedilatildeo (FILION 1999)

Nesta segunda corrente conforme Filion (1999) Max Weber foi o primeiro

estudioso a se interessar em estudar o empreendedor Weber12 identificou o sistema

de valores como um elemento fundamental para explicaccedilatildeo do comportamento

empreendedor pois via o empreendedor como inovador como pessoa

independente no qual seu papel de lideranccedila nos negoacutecios compreendia uma fonte

de autoridade formal

Contudo coube ao psicoacutelogo David Clarence McClelland na deacutecada de

1960 as primeiras contribuiccedilotildees ao empreendedorismo do ponto de vista das

ciecircncias comportamentais pois demonstrou que o ser humano eacute um ser social e que

ldquoeacute razoaacutevel pensar que os seres humanos tendem a reproduzir seus proacuteprios

modelosrdquo (FILION 1999 p 9)

Bartel (2010) apresenta a biografia de David Clarence McClelland Nasceu

em 1917 e ingressou em Harvard em 1956 15 anos apoacutes a conclusatildeo de seu

doutorado em Psicologia na Universidade de Yale Ingressou na Universidade de

Boston em 1987 onde permaneceu ateacute 27 de marccedilo de 1998 quando devido a

problemas cardiacuteacos veio a oacutebito Esse pesquisador deu ecircnfase ao comportamento

destacando que o indiviacuteduo atinge seus objetivos e sucesso se estiver motivado

para tal Identificou a motivaccedilatildeo para realizaccedilatildeo ou o impulso para melhorar

(MCCLELLAND 196113 citado por BARTEL 2010) como sendo em parte

12

WEBER Max The protestant ethic and the spirit of capitalism Translated by Talcott Parsons London Allen amp Unwin 1930 13

MCCLELLAND D C The Achievement Society Princeton D Van Nostrand Co 1961

48

responsaacutevel pelo crescimento econocircmico (MCCLELLAND 197214 citado por

BARTEL 2010)

Dolabela (2008) e Filion (1999) mencionam que empresaacuterios de sucesso satildeo

influenciados por empreendedores do seu ciacuterculo de relaccedilotildees seja famiacutelia ou

amigos ou por liacutederes ou figuras importantes que satildeo tidos como modelos

comportamentais a serem seguidos McClelland15 (1951 citado por BARTEL 2010)

ao destacar o papel de homens de negoacutecios na sociedade e suas contribuiccedilotildees com

o desenvolvimento econocircmico enfatiza a importacircncia em identificar as

caracteriacutesticas do comportamento empreendedor

O traccedilo de personalidade foi um tema estudado por McClelland de forma

profunda demonstrando em seus estudos que a necessidade especiacutefica de

realizaccedilatildeo estaacute presente e gera estrutura motivacional diferenciada no

empreendedor O referido autor complementa que aleacutem da necessidade de

realizaccedilatildeo as pessoas tambeacutem satildeo motivadas pelas necessidades de afiliaccedilatildeo

planejamento e poder e desenvolveu sua teoria sobre as caracteriacutesticas

comportamentais empreendedoras baseando-se na crenccedila que o estudo da

motivaccedilatildeo contribui significativamente para o entendimento do empreendedor

(BARTEL 2010)

A necessidade de realizaccedilatildeo impulsiona os empreendedores a iniciar um

empreendimento testar seus limites e fazer um bom trabalho e pode ser

desenvolvida a qualquer momento da vida levando-se em conta o desejo e a

oportunidade (MCCLELLAND citado por BARTEL 2010)

Indiviacuteduos que apresentam essa necessidade dedicam mais tempo a tarefas

desafiadoras e preferem depender de habilidades proacuteprias para alcanccedilar resultados

(MCCLELLAND e WINTER 197116 citado por BARTEL 2010) Tal necessidade

envolve aceitaccedilatildeo das habilidades e tendecircncia a tomar iniciativa e obter melhor

qualidade produtividade crescimento e lucratividade onde os indiviacuteduos colocam-

se em situaccedilotildees altamente competitivas com metas realistas e executaacuteveis

(BARTEL 2010)

Conforme Bartel (2010 p 32-33) os empreendedores caracterizam-se por

14

MCCLELLAND D C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 15

MCCLELLAND D C The Personality New York William Sloane 1951 16

MCCLELLAND D C WINTER D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971

49

a) Competir por criteacuterios proacuteprios

b) Encontrar um padratildeo de excelecircncia

c) Objetivar a realizaccedilatildeo

d) Usar feedback

e) Visar metas de longo prazo

f) Formular estrateacutegias para superar obstaacuteculos

g) Habilidade em tomar iniciativa

h) Procurar e alcanccedilar qualidade lucratividade e produtividade

i) Aprender com a persistecircncia e compromisso a tomada de risco a

oportunidade o potencial e a qualidade e eficiecircncia

Conforme Bartel (2010 p 33) a filiaccedilatildeo eacute a demonstraccedilatildeo da necessidade

de estabelecer manter ou reestabelecer relaccedilotildees emocionais com outras pessoas

sendo resultado da capacidade de planejamento nas soluccedilotildees criativas em planos

empresariais e operacionais metas objetivos informaccedilotildees e feedbacks reforccedilando

as caracteriacutesticas do indiviacuteduo em

a) Estabelecer laccedilos de amizades

b) Ser aceito

c) Fazer parte de grandes grupos sociais

d) Preocupar-se com o rompimento de relaccedilotildees interpessoais positivas

Na necessidade relacionada ao poder os empreendedores demonstram

uma grande preocupaccedilatildeo em exercer o poder sobre os outros indiviacuteduos

(MCCLELLAND 1971 citado por BARTEL 2010)

De acordo com Bartel (2010) essa necessidade deve ser controlada e

disciplinada de forma a contribuir para o benefiacutecio da organizaccedilatildeo como um todo e

caracteriza-se por melhorar a capacidade individual encontrar cooperaccedilatildeo

necessaacuteria influenciar e negociar buscando-se estrateacutegias eficientes e cooperaccedilatildeo

atraveacutes de uma rede de contatos Indiviacuteduos com tal necessidade

a) Executam accedilotildees poderosas

b) Despertam reaccedilotildees emocionais nas pessoas

50

c) Preocupam-se com a reputaccedilatildeo status e posiccedilatildeo social

d) Superaccedilatildeo

A partir dessa teoria McClelland (1961 citado por BARTEL 2010)

desenvolveu um instrumento para que pudesse medir o potencial empreendedor de

cada uma das dez caracteriacutesticas de comportamento empreendedor que foram

identificadas em empresaacuterios bem sucedidos de vaacuterios contextos culturais que

englobam as necessidades de realizaccedilatildeo afiliaccedilatildeo planejamento e poder

A esquematizaccedilatildeo das caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras

conforme instrumento de mensuraccedilatildeo desenvolvido pela empresa de consultoria de

McClelland (McBeer e Company) juntamente com a Agecircncia para o

Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e a consultoria

Management Systems Internacional (MSI) pode ser observada no QUADRO 1

51

NECESSIDADE CARACTERIacuteSTICA EMPREENDEDORA

Realizaccedilatildeo

Busca de Oportunidades e iniciativa

Aproveita oportunidades fora do comum para abrir um negoacutecio

Desenvolve accedilotildees para expandir o negoacutecio a novas aacutereas produtos ou serviccedilos

Realizar coisas antes do solicitado ou antes de forccedilado pelas circunstacircncias

Persistecircncia

Assumir responsabilidade pessoal

Agir diante de um obstaacuteculo e conseguir superar

Enfrentar os desafios com mudanccedilas de estrateacutegia

Comprometimento

Para concluir um trabalho colabora com os demais

Manter os clientes satisfeitos colocando em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo acima do lucro a curto prazo

Para completar uma tarefa faz um sacrifiacutecio pessoal

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

Accedilotildees para atingir ou superar os padrotildees de excelecircncia

Busca fazer o melhor mais raacutepido e mais barato

Assegurar que o trabalho atenda aos padrotildees de qualidade

Correr riscos calculados

Desafios ou riscos moderados nas situaccedilotildees

Avaliar as alternativas e calcular riscos

Accedilotildees para reduzir os riscos e controlar os resultados

Planejamento

Estabelecimento de metas

Metas de curto prazo mensuraacuteveis

Metas de longo prazo claras e especiacuteficas

Metas e objetivos desafiantes com significado pessoal

Busca de informaccedilotildees

Investigar novo produtoserviccedilo

Consultar especialista

Obter informaccedilotildees

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

Manteacutem registros para tomar decisotildees

Revisar planos levando em conta os resultados obtidos e mudanccedilas circunstanciais

Planejar dividindo tarefas maiores em sub tarefas com prazos definidos

Poder

Persuasatildeo e rede de contatos

Desenvolver e manter relaccedilotildees

Utilizar estrateacutegias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas

Utilizar pessoas chave para atingir seus proacuteprios objetivos

Independecircncia e autoconfianccedila

Manter o ponto de vista diante da oposiccedilatildeo ou dos resultados desanimadores

Autonomia em relaccedilatildeo a normas e controle dos outros

Confianccedila na sua proacutepria capacidade

QUADRO 1 - CARACTERIacuteSTICAS COMPORTAMENTAIS EMPREENDEDORAS

FONTE McClelland D C Winter D J Motivating economic achievement New York Free Press 1971 amp McClelland C C A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972 adaptado para o SEBRAE Empretec in Bartel 2010 p 34

52

Outros autores da corrente comportamentalista tambeacutem realizaram

pesquisas sobre as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor No QUADRO

2 pode ser observada a relaccedilatildeo de autores considerados em um trabalho

desenvolvido por Cooley17 (1991 citado por BARTEL 2010)

1 Akhouri e Bhattach 8 Hornaday e Abboud 15 Pareek e Rao

2 Begley e Boyd 9 Hornaday e Bunker 16 Pickle

3 Brockaus 10 Indian Institute of Management 17 Quednaq

4 Bruce 1 KHIC 18 Shapero

5 Casson 2 McBer 19 Tay

6 East-West Center 3 Meridith Nelson e Neck 20 Timmons

7 Gasse 4 Miner e Smith 21 Welsh e White

QUADRO 2 - AUTORES DAS CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESQUISA DE

COOLEY

FONTE Adaptado de COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 28)

Cada uma das colunas do QUADRO 3 representa um autor do QUADRO 2

que destaca o empreendedor em uma ou mais das vinte caracteriacutesticas relacionadas

ao comportamento empreendedor conforme pesquisa de Cooley (1991 citado por

BARTEL 2010)

17

COOLEY L Entrepreneurship training and strengthening of entrepreneurial performance Mphil Thesis Cranfield Institute of Tecnology Cranfield UK 1991

53

FIGURA 2 - CARACTERIacuteSTICAS EMPREENDEDORAS IDENTIFICADAS NAS PESQUISAS DE

COOLEY

Cinza representa as caracteriacutesticas referentes a cada autor citado no QUADRO 2 e em preto satildeo

representadas as caracteriacutesticas defendidas por McClelland

FONTE COOLEY (1991 p 115) in BARTEL (2010 p 29)

Observa-se a partir do QUADRO 3 que das 20 (vinte) caracteriacutesticas

comportamentais utilizadas pelos 21 (vinte e um) autores de acordo com a pesquisa

de Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as 6 (seis) caracteriacutesticas mais citadas

estatildeo entre as 10 (dez) caracteriacutesticas empreendedoras defendidas por McClelland

(1972 citado por BARTEL 2010) Satildeo elas necessidade de realizaccedilatildeo e qualidade

assumir riscos ter iniciativa resolver problemas ter independecircncia e autoconfianccedila

(BARTEL 2010) Conforme Cooley (1991 citado por BARTEL 2010) as pesquisas

54

desenvolvidas por McClelland sobre as caracteriacutesticas empreendedoras continuam

sendo as mais amplas e rigorosas pesquisas empiacutericas

Diante do exposto adota-se para essa pesquisa como recursos na

perspectiva de instrumentos e guias para uma anaacutelise sobre esse assunto as

direccedilotildees de David Clarence McClelland de que satildeo dez as caracteriacutesticas

comportamentais essenciais para empreendedores

223 A criaccedilatildeo de empreendimentos

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2013) as pessoas

empreendem por necessidade ou por oportunidade Os empreendedores por

necessidade satildeo aqueles que iniciam um empreendimento autocircnomo por natildeo

possuiacuterem melhores oportunidades de obtenccedilatildeo de renda abrindo um negoacutecio com

o objetivo de gerar renda Enquanto os empreendedores por oportunidade satildeo

caracterizados como aqueles que identificam uma oportunidade de negoacutecio e

decidem empreender mesmo com a possibilidade de obtenccedilatildeo de alternativas de

emprego e renda (GEM 2013)

Para Gimenez (2013) os fatores que levam um indiviacuteduo a empreender por

necessidade ou oportunidade podem ter uma explicaccedilatildeo antecedente Tal autor

questiona se ldquoa frustraccedilatildeo e a vontade de romper com a situaccedilatildeo vividardquo (p 13) satildeo

elementos que podem ajudar a compreender melhor os motivos para accedilatildeo

empreendedora De acordo com o referido autor uma pessoa pode tomar a iniciativa

de empreender por ter uma necessidade de mudar a sua vida sendo esta

necessidade natildeo apenas de caraacuteter financeiro

Para Degen (1989 p 15) existem vaacuterios motivos que levam as pessoas a

criarem seu proacuteprio negoacutecio dentre os mais comuns

Vontade de ganhar muito dinheiro mais do que seria possiacutevel na condiccedilatildeo de empregado desejo de sair da rotina e levar suas proacuteprias ideias adiante vontade de ser seu proacuteprio patratildeo e natildeo ter de dar satisfaccedilotildees a ningueacutem sobre seus atos a necessidade de provar a si e aos outros do que eacute capaz de realizar um empreendimento e o desejo de desenvolver algo que traga benefiacutecios natildeo soacute para si mas para a sociedade

55

Degen (1989) complementa que para cada pessoa os motivos para

empreender satildeo uma miscelacircnea dos motivos citados somados a particularidades

de cada pessoa

De acordo com Dornelas (2001) a decisatildeo de empreender pode ocorrer

devido a fatores externos sejam eles ambientais ou sociais agraves aptidotildees pessoais ou

a uma mistura de todos esses fatores considerados como criacuteticos para a criaccedilatildeo e o

crescimento de um empreendimento

Na FIGURA 3 satildeo apresentados alguns dos fatores que mais influenciam o

processo empreendedor segundo estudo de Moore (1986)

FIGURA 3 - FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE MOORE (1986) adaptado por DORNELAS (2001)

Compreendendo o conjunto das atividades funccedilotildees e accedilotildees associadas

com a criaccedilatildeo de novas empresas o processo empreendedor envolve a criaccedilatildeo de

algo novo e de valor requer dedicaccedilatildeo comprometimento de tempo e esforccedilos

necessaacuterios ao crescimento da empresa e exige ousadia que se assumam riscos

calculados que as decisotildees tomadas sejam criacuteticas e que as falhas e erros natildeo

sejam motivos para o empreendedor desanimar (DORNELAS 2001)

56

Para Liao e Welsch18 (2002) citado por Onozato (2007) o processo de

criaccedilatildeo de empresas consiste na sequecircncia temporal de eventos de atividades que

acontecem quando um empreendedor cria seu novo negoacutecio

Para Borges Simard e Filion (2005) o processo de criaccedilatildeo de um

empreendimento compreende o conjunto das atividades que o empreendedor iraacute

realizar para conceber organizar e lanccedilar uma empresa

Para Dornelas (2001) o processo empreendedor compreende quatro etapas

1 ndash Identificar e avaliar a oportunidade 2 ndash Desenvolver o Plano de Negoacutecios 3 ndash

Determinar e captar recursos necessaacuterios e 4 ndash Gerenciar a empresa criada

(FIGURA 4)

FIGURA 4 - ETAPAS DO PROCESSO EMPREENDEDOR FONTE HISRICH (1998) adaptado por DORNELAS (2001)

As fases do processo empreendedor apontadas por Dornelas (2001) satildeo

apresentadas de maneira sequencial mas cabe ressaltar que de acordo com o

referido autor elas podem acontecer de maneira sobreposta onde natildeo haacute a

obrigatoriedade de que nenhuma seja completamente concluiacuteda para que a seguinte

se inicie

Para Dornelas (2001) identificar e avaliar uma oportunidade eacute a etapa mais

difiacutecil pois envolve conhecimento de mercado e experiecircncia para analisar sua

viabilidade

18

LIAO Jianwen WELSCH Harold The temporal patterns of venture creation process an exploratory study Frontiers of Entrepreneurship Research United States Massachusetts 2002

57

A segunda fase do processo consiste no desenvolvimento do Plano de

Negoacutecios envolvendo uma seacuterie de conceitos que devem ser entendidos e

registrados de maneira escrita formando um documento de poucas paacuteginas que

sintetize a empresa suas estrateacutegias de negoacutecio mercado de atuaccedilatildeo e

competidores geraccedilatildeo de receitas entre outros (DORNELAS 2001)

Na terceira fase a determinaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios aconteceraacute como

consequecircncia do Plano de Negoacutecios Jaacute a captaccedilatildeo dos recursos necessaacuterios

poderaacute ser feita de vaacuterias formas e atraveacutes de fontes distintas como financiamento

em bancos economias pessoais ou familiares ou investidores (DORNELAS 2001)

A quarta e uacuteltima etapa gerenciamento da empresa relaciona-se ao agrave

gestatildeo diaacuteria da empresa com vistas ao crescimento e expansatildeo da mesma

superando dificuldades encontradas

Para Degen (1989) a criaccedilatildeo de um empreendimento depende do

desenvolvimento pelo empreendedor de trecircs etapas (FIGURA 5) 1 ndash Identificar a

oportunidade do negoacutecio 2 ndash Desenvolver o conceito do negoacutecio e 3 ndash Implementar

o empreendimento

58

FIGURA 5 - ETAPAS DA CRIACcedilAtildeO DE UM NEGOacuteCIO PROacutePRIO FONTE DEGEN (1989 p 17)

O formato ciacuteclico da representaccedilatildeo segundo o referido autor tem o objetivo

de ordenar as ideias dos empreendedores e este formato de curto-circuito criativo

propiacutecia ao empreendedor moldar o processo de acordo com a necessidade do seu

empreendimento

Conforme Degen (1989) a primeira etapa consiste em identificar a

oportunidade do negoacutecio e realizar a coleta de informaccedilotildees sobre ele A segunda

etapa refere-se ao desenvolvimento do conceito de negoacutecio baseando-se nas

informaccedilotildees coletadas na etapa anterior onde deve-se identificar os riscos buscar

experiecircncias similares para avaliar esses riscos adotar medidas para reduzi-los

avaliar o potencial de lucro e crescimento e definir a estrateacutegia competitiva que seraacute

adotada para o empreendimento Por fim a terceira e uacuteltima etapa consiste na

implementaccedilatildeo do empreendimento comeccedilando pela elaboraccedilatildeo do Plano de

59

Negoacutecios passando pela definiccedilatildeo das necessidades de recursos e suas fontes ateacute

chegar a sua completa operacionalizaccedilatildeo

Labrecque Borges Simard e Filion (2005a 2005b) propuseram um modelo

para estudar o Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos (Venture Creation

Processes) apoacutes estudos sobre o tema A primeira aplicaccedilatildeo desse modelo foi

realizada em um estudo sobre os empreendimentos do Quebec no Canadaacute entre

2004 e 2005 por Borges Simard e Filion (2005) Os dados que foram obtidos a partir

da realizaccedilatildeo da pesquisa dos empreendimentos do Quebec foram organizados em

dois documentos No primeiro intitulado como ldquoRecherche sur la creacuteation

drsquoentreprises ndash Partie A - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE BORGES et al 2005a) satildeo

organizadas as informaccedilotildees sobre os empreendimentos como tamanho regiatildeo

faturamento formaccedilatildeo e fontes de financiamentos O segundo documento

ldquoRecherche sur la creacuteation drsquoentreprises ndash Partie B - Donneacuteesrdquo (LABRECQUE

BORGES et al 2005b) eacute composto pela pesquisa sobre os estaacutegios do processo de

criaccedilatildeo dos empreendimentos pesquisados

O modelo do Processo de Criaccedilatildeo de Empreendimentos de Labrecque

Borges Simard e Filion (2005a 2005b) eacute dividido em quatro estaacutegios 1 Iniciaccedilatildeo 2

Preparaccedilatildeo 3 Lanccedilamento e 4 Consolidaccedilatildeo (QUADRO 3)

Estaacutegio Iniciaccedilatildeo Preparaccedilatildeo Lanccedilamento Consolidaccedilatildeo

Atividades

1 Identificaccedilatildeo da oportunidade de negoacutecio

2 Reflexatildeo e desenvolvimento da ideia de negoacutecio

3 Decisatildeo de criar o empreendimento

1 Elaboraccedilatildeo do Plano de Negoacutecios

2 Conclusatildeo da Pesquisa de marketing

3 Captaccedilatildeo de recursos

4 Criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros)

5 Registro da marca ou patente

1 Tracircmites legais 2 Dedicaccedilatildeo integral

ao empreendimento

3 Organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos

4 Desenvolvimentos dos primeiros produtos de serviccedilos

5 Contrataccedilatildeo de funcionaacuterios

6 Primeiras vendas

1 Atividades de Promoccedilatildeo e Marketing

2 Vendas 3 Alcance do

ponto de equiliacutebrio

4 Planejamento formal

5 Gestatildeo

QUADRO 3 - ESTAacuteGIOS E ATIVIDADES DO PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE UM EMPREENDIMENTO FONTE BORGES SIMARD e FILION (2005) traduzido pela Autora (2015)

De acordo com Borges Simard e Filion (2005) no estaacutegio de iniciaccedilatildeo

primeiro estaacutegio procura-se evidenciar a identificaccedilatildeo de uma oportunidade de

negoacutecio a reflexatildeo e o desenvolvimento da ideia do negoacutecio e a decisatildeo de criar o

60

negoacutecio pelo empreendedor O estaacutegio de preparaccedilatildeo eacute composto pela elaboraccedilatildeo

do Plano de Negoacutecios a conclusatildeo da pesquisa de marketing a captaccedilatildeo de

recursos a criaccedilatildeo do time empresarial (parceiros) e o registro da marca ou patente

No estaacutegio de lanccedilamento terceiro estaacutegio satildeo enfatizados os tracircmites

legais a dedicaccedilatildeo dos empreendedores ao empreendimento se seraacute integral ou

parcial a organizaccedilatildeo de instalaccedilotildees e equipamentos o desenvolvimento dos

primeiros produtos e serviccedilos a contrataccedilatildeo de funcionaacuterios e as primeiras vendas

No quarto estaacutegio consolidaccedilatildeo estatildeo posicionadas as atividades de promoccedilatildeo e

Marketing vendas alcance do ponto de equiliacutebrio do fluxo de caixa planejamento

formal e gestatildeo do empreendimento

Contraacuteria agrave loacutegica claacutessica ou causal de criaccedilatildeo de empreendimentos

proposta por Degen (1989) Dornelas (2001) e Labrecque Borges Simard e Filion

(2005) Saras Sarasvathy propotildee que a criaccedilatildeo de um empreendimento seja um

processo effectual ao qual denominou Effectuation De acordo com o processo de

criaccedilatildeo Effectuation ldquoo empreendedor tem um papel central no processo de criaccedilatildeo

das empresas e eacute parte de um ambiente dinacircmico envolvendo muacuteltiplas decisotildees

que satildeo interdependentes e simultacircneasrdquo (PELOGIO et al 2011 p4)

O Effectuation pode ser definido como um modelo de tomada de decisatildeo

alternativo ao modelo claacutessico que eacute baseado no princiacutepio da causalidade

(PELOGIO et al 2011 PELOGIO et al 2013) Enquanto nos modelos claacutessicos de

decisatildeo eacute objetivado um determinado efeito e concentra-se na seleccedilatildeo dos meios

(recursos) para que se possa alcanccedilar o efeito desejado por outro lado no modelo

de decisatildeo Effectuation orienta-se a considerar um conjunto de meios (recursos) e

se concentra na seleccedilatildeo entre efeitos possiacuteveis de serem criados com aquele

conjunto de meios (PELOGIO et al 2011)

Sarasvathy (2001a 2001b) resume o modelo effectual em quatro princiacutepios

(QUADRO 4)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION

1ordm PRINCIacutePIO Perdas aceitaacuteveis em vez de retornos esperados

2ordm PRINCIacutePIO Alianccedilas estrateacutegicas em vez de anaacutelises competitivas

3ordm PRINCIacutePIO Exploraccedilatildeo sobre contingecircncias em vez de utilizar conhecimento preacute existente

4ordm PRINCIacutePIO Controlar um futuro imprevisiacutevel em vez de prever um futuro incerto

QUADRO 4 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION FONTE Elaborado pela autora (2015)

61

O primeiro princiacutepio estaacute relacionado agraves perdas aceitaacuteveis ao inveacutes de retornos

esperados onde enquanto os modelos baseados na causalidade satildeo baseados na

maximizaccedilatildeo do potencial retorno de uma decisatildeo selecionando estrateacutegias que

otimizem a relaccedilatildeo meiosretorno no processo effectual o empreendedor determina

Inicialmente um niacutevel aceitaacutevel de perda e experimenta quantas estrateacutegias forem

possiacuteveis considerando os recursos disponiacuteveis Nesse caso o empreendedor no

modelo effectual prefere estrateacutegias que possibilitem mais opccedilotildees no futuro em vez

de usar estrateacutegias que maximizam retornos esperados no presente No Effectuation

as estrateacutegias satildeo emergentes e natildeo preditivas (FAIA ROSA E MACHADO 2014)

O segundo princiacutepio eacute o das alianccedilas estrateacutegicas ao inveacutes de anaacutelises

competitivas Nos modelos de causalidade enfatizam-se anaacutelises detalhadas sobre a

competiccedilatildeo em um determinado mercado Jaacute no modelo effectual por sua vez

enfatizam-se alianccedilas estrateacutegicas e preacute-comprometimento com stakeholders como

alternativa para eliminar eou reduzir incertezas e construir barreiras que reduzam a

competiccedilatildeo em um determinado mercado

A exploraccedilatildeo de contingecircncias ao inveacutes da utilizaccedilatildeo de conhecimento preacute-

existente se constitui no terceiro princiacutepio Conforme tal princiacutepio modelos de

causalidade podem ser preferiacuteveis quando o conhecimento preacute-existente a

experiecircncia pessoal e o domiacutenio de uma nova tecnologia representam a principal

fonte de vantagem competitiva Entretanto o modelo effectual pode ser mais

apropriado para explorar contingecircncias que surgem inesperadamente ao longo do

tempo

O quarto princiacutepio estaacute relacionado a controlar um futuro imprevisiacutevel ao

inveacutes de prever um futuro

A loacutegica do controle explorado no modelo effectual estaacute presente agrave medida

que os recursos baacutesicos disponiacuteveis no iniacutecio da empresa (ldquoQuem eu sourdquo ldquoO que

eu seirdquo e ldquoquem eu conheccedilordquo) satildeo analisados

Assim processos decisoacuterios fundamentados na causalidade satildeo baseados

em aspectos previsiacuteveis para um futuro incerto ou seja tem como loacutegica que na

medida em que se pode prever o futuro se pode controlaacute-lo Jaacute no modelo effectual

na medida em que se pode controlar o futuro natildeo haacute necessidade de prevecirc-lo

Nessa direccedilatildeo a racionalidade do Effectuation eacute categorizada como um modo de

racionalidade alternativo agrave racionalidade claacutessica causal (SARASVATHY 2001b)

62

Conforme Sarasvathy (2001a 2001b) o processo Effectuation parte de trecircs

categorias baacutesicas de recursos identidade conhecimento e redes sociais Os

empreendedores iniciam por que eles satildeo o que eles conhecem e quem eles

conhecem de maneira a imaginar coisas que eles possam realizar refletindo em

eventos futuros que eles possam controlar em vez de prever

Na sequecircncia os empreendedores passam a divulgar seu projeto para

outras pessoas de modo a obter retornos de como proceder com coisas que eles

possivelmente poderiam fazer As pessoas do seu ciacuterculo de contatos podem se

tornar parceiros comprometidos com o desenvolvimento do projeto ao longo do

tempo

No Effectuation o empreendedor apresenta-se como um agente relacional

atuando em Networks e redes sociais e pode construir artefatos de mercado Pode

ainda atuar como agente transformador de recursos em artefatos ou meios para

alcanccedilar objetivos e criar oportunidades (MACHADO E NASSIF 2014)

As loacutegicas causal e effectual apesar de serem opostas natildeo excluem uma agrave

outra sendo que o empreendedor pode utilizar cada uma delas em diferentes

momentos do processo de criaccedilatildeo e desenvolvimento de um empreendimento

(GONZAacuteLEZ ANtildeEZ MACHADO 2011)

O terceiro objetivo dessa pesquisa referente ao processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes seraacute investigado baseando-

se no effectuation

224 Empreendedorismo informal

Ao referir-se ao empreendedorismo informal pode-se observar que o que

distingue o formal do informal a princiacutepio satildeo as normas juriacutedicas instituiacutedas pelo

Estado a partir das quais satildeo estabelecidos direitos trabalhistas aos trabalhadores

formais (MELO e SOUTO 2012) A discussatildeo que trata sobre uma definiccedilatildeo para a

informalidade eacute ampla e sua interpretaccedilatildeo varia de acordo com a regiatildeo ou paiacutes e

periacuteodo temporal agrave que se refere

Busca-se nessa seccedilatildeo trazer definiccedilotildees no acircmbito nacional e internacional

sobre a informalidade a partir de interpretaccedilotildees de diferentes autores acerca do

63

tema com a finalidade de entender a existecircncia desse fenocircmeno bem como suas

causas e consequecircncias sua importacircncia e contribuiccedilatildeo para a economia

De acordo com Cacciamali (1983) e Soares (2008) a denominaccedilatildeo de

Mercado de Trabalho Informal foi utilizada pela primeira vez em 1971 em um estudo

sobre Gana por Keith Hart o qual foi apresentado em uma conferecircncia sobre

desemprego urbano na Aacutefrica Contudo Cacciamali (1983) destaca a interpretaccedilatildeo a

partir dos estudos realizados pela Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) para

o Programa Mundial do Emprego

O mencionado Programa iniciou em 1969 e tinha como um de seus objetivos

ldquopropor estudos sobre estrateacutegias de desenvolvimento econocircmico que observassem

como variaacutevel chave a criaccedilatildeo de empregos ao inveacutes do crescimento raacutepido do

produtordquo (CACCIAMALI1983 p 17) Dele derivou um conjunto de missotildees e

convecircnios internacionais em paiacuteses diversos que buscam analisar questotildees de

emprego e renda

A definiccedilatildeo e natureza do setor informal e suas relaccedilotildees com o conjunto da

economia tem um marco importante para delimitaccedilatildeo teoacuterica situado no relatoacuterio da

OIT sobre Emprego e Renda no Kenya (CACCIAMALI 1983) A conceituaccedilatildeo que

foi apresentada nesse relatoacuterio tinha como objetivo ldquoconstruir uma categoria de

anaacutelise que descrevesse as atividades geradoras de uma renda relativamente baixa

e aglutinasse os grupos de trabalhadores mais pobres no meio urbanordquo (p 17-18)

Na sequecircncia a partir de poliacuteticas puacuteblicas de emprego e renda direcionadas a

esses grupos se poderia atenuar sua situaccedilatildeo de pobreza e desigualdades de

renda observadas no local

Cacciamali (1983) adota o relatoacuterio do Kenya como marco para discussatildeo do

conceito do setor informal por este detalhar mais precisamente as condiccedilotildees que

caracterizariam atividades e trabalhadores informais e pela sua influecircncia na maior

parte dos estudos realizados pela OIT referecircncia em missotildees em paiacuteses da Aacutefrica e

da Aacutesia ou em trabalhos realizados pelo Programa Regional do Emprego para

Ameacuterica Latina e Caribe (PREALC) na Ameacuterica Latina e pelo Banco Mundial Esta

autora descreve trecircs interpretaccedilotildees sobre o mercado informal Essas trecircs

interpretaccedilotildees seratildeo complementadas com a interpretaccedilatildeo de Soares (2008) que em

sua obra ldquoTrabalho Informal da funcionalidade agrave subsunccedilatildeo ao capitalrdquo segue a

mesma linha de Cacciamali (1983)

64

A primeira interpretaccedilatildeo trata da origem da definiccedilatildeo do setor informal o

qual eacute delimitado sob a oacutetica da produccedilatildeo e caracteriza os empreendimentos

informais por

Apresentarem a organizaccedilatildeo da produccedilatildeo com pouco capital com uso de teacutecnicas pouco complexas e intensivas de trabalho e com pequeno nuacutemero de trabalhadores fossem remunerados eou membros da famiacutelia Aleacutem disso tais estabelecimentos natildeo eram alvo de poliacutetica governamental tinham dificuldades para obtenccedilatildeo de creacuteditos e atuavam em mercados competitivos (CACCIAMALI 1983 p 18)

Nessa interpretaccedilatildeo Cacciamali (1983) aponta uma dualidade entre

tradicional e moderno ou protegido e desprotegido (SOARES 2008) onde o setor

tradicional setor formal eacute visto como um conjunto de atividades econocircmicas que

utilizam tecnologias na produccedilatildeo otimizando seu processo produtivo e utilizando

menos matildeo de obra o que gera um excesso de matildeo de obra ociosa no mercado de

trabalho Frente a isso o setor moderno ao abrigar o setor informal apresenta como

vantagem a maximizaccedilatildeo do emprego de matildeo de obra sem requerer capital

financeiro exagerado e pressatildeo sobre a folha de pagamento

Observa-se que a distinccedilatildeo entre formal e informal estaacute na forma de

organizaccedilatildeo da produccedilatildeo sendo que as atividades do setor informal satildeo

consideradas como modernas criadas pelo proacuteprio processo de desenvolvimento

econocircmico e seu funcionamento precaacuterio eacute fruto da discriminaccedilatildeo da poliacutetica

governamental que se baseia no pressuposto de que o setor deveraacute desaparecer agrave

medida que o crescimento econocircmico se espalhe

Essa corrente de interpretaccedilatildeo chama a atenccedilatildeo para a necessidade de

estudar estas formas de organizaccedilatildeo informais da produccedilatildeo em paiacuteses

economicamente atrasados para buscar pontos de apoio para poliacuteticas de emprego

e renda que intentassem elevar o padratildeo de vida dessas populaccedilotildees Diante disso o

setor informal que era delimitado pela forma de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo passou a

ser definido pelos indiviacuteduos que estatildeo abaixo de um determinado niacutevel de renda ou

deteacutem caracteriacutesticas que lhe impotildeem baixo niacutevel de renda como ocupaccedilatildeo viacutenculo

juriacutedico tipo de estabelecimento e caracteriacutesticas do mercado de trabalho

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Conclui-se que segundo essa corrente o setor informal apresenta caraacuteter

autocircnomo ou complementar ao restante da economia podendo se expandir para

65

criar empregos e melhorar a distribuiccedilatildeo de renda diante da proacutepria capacidade de

acumulaccedilatildeo agrave oferta de trabalho disponiacutevel ou juntamente com o setor formal

(CACCIAMALI 1983)

Soares (2008) salienta que a informalidade eacute um fenocircmeno que pode ocorrer

em paiacuteses desenvolvidos e subdesenvolvidos independente do sistema econocircmico

vigente No entanto eacute mais visiacutevel nos paiacuteses perifeacutericos em funccedilatildeo da relaccedilatildeo de

dependecircncia e submissatildeo destes aos paiacuteses centrais

Na segunda corrente de pensamento descrita por Cacciamali (1983)

apresenta-se a interpretaccedilatildeo do PREALC sobre o empreendedorismo informal

Estudos da OIT para a Ameacuterica Latina partem da conceituaccedilatildeo original a cerca do

setor informal e o entendem como aquele que

Agrupa todas as atividades de baixo niacutevel de produtividade os trabalhadores independentes (exceccedilatildeo feita aos profissionais liberais) e empresas muito pequenas ou natildeo organizadas A demanda de matildeo-de-obra natildeo obedece a uma definiccedilatildeo teacutecnica de postos de trabalho disponiacuteveis De fato o niacutevel de emprego ou melhor o nuacutemero de pessoas ocupadas depende neste mercado da magnitude da forccedila de trabalho natildeo absorvida pelo Setor Formal da economia e das oportunidades que tecircm essas pessoas de produzir ou vender alguma coisa que lhes retribua alguma renda (CACCIAMALI 1983 p 21)

Para a referida autora de acordo com os Estudos da OIT para a Ameacuterica

Latina a atribuiccedilatildeo da origem do Setor Informal eacute dada ao padratildeo de

desenvolvimento capitalista que gerava poucos empregos e aliado ao crescimento

demograacutefico criava um excedente de matildeo de obra que necessitava se auto

empregar para sua sobrevivecircncia e de suas famiacutelias

Na Ameacuterica Latina a raacutepida urbanizaccedilatildeo aumentou o fluxo de migrantes que

natildeo eram ocupados nas atividades formais seja pela pequena oferta de vagas de

trabalho nestas atividades ou pelas habilidades natildeo adequadas dos trabalhadores

ao padratildeo de qualificaccedilatildeo exigido pelo setor moderno O mercado informal surge

com o intuito de ocupar essa matildeo de obra excedente (CACCIAMALI 1983)

Nesse contexto o setor informal caracteriza-se como um conjunto de

atividades pouco capitalizadas que satildeo estruturadas em base a unidades produtivas

muito pequenas de baixo niacutevel tecnoloacutegico e organizaccedilatildeo formal escassa ou nula

(CACCIAMALI 1983)

A partir dessa definiccedilatildeo estudos do PREALC afirmam que os setores formal

e informal participam de um mesmo mercado onde o segundo estaria na base da

66

piracircmide hieraacuterquica da atividade econocircmica devido agrave heterogeneidade estrutural Agrave

medida que a economia se diversifica o espaccedilo econocircmico ocupado pelo setor

informal tende a se reduzir

Soares (2008) ao referir-se a essa corrente de interpretaccedilatildeo destaca sua

abordagem legalista a qual procura ldquodelimitar o fenocircmeno da expansatildeo do setor

informal pelo atendimento ou natildeo das legislaccedilotildees fiscal trabalhista e da previdecircnciardquo

(p 90) Ou seja para definir se a atividade eacute formal ou informal nessa visatildeo a

condiccedilatildeo constitui-se na legalidade ou ilegalidade da atividade

As atividades informais satildeo classificadas em funcionais ou marginais sendo

as primeiras exercidas a niacuteveis de produtividade permitindo ao setor informal

competir com a concorrecircncia capitalista devendo ser estimuladas para tal Jaacute as

segundas tendem ao desaparecimento raacutepido restando pensar em qualificar os

trabalhadores de forma a capacitaacute-los para outras ocupaccedilotildees (CACCIAMALI 1983

SOARES 2008)

Apesar de o setor informal natildeo se expandir de forma permanente natildeo estaacute

sujeito agrave distinccedilatildeo Sua expansatildeo ou regressatildeo dependem do ritmo de expansatildeo da

demanda da escala miacutenima de operaccedilotildees das economias de escala e dos fatores

poliacuteticos As unidades que compotildeem esse setor podem ser lucrativas no curto prazo

Poreacutem no longo prazo tendem a perder participaccedilatildeo no mercado (CACCIAMALI

1983)

Esta corrente propotildee a integraccedilatildeo do setor informal agrave poliacutetica econocircmica

global a partir da distribuiccedilatildeo do excedente e alocaccedilatildeo de recursos Ao contraacuterio as

desigualdades tenderatildeo a aumentar Sugere ainda que as atividades informais

sejam analisadas em funccedilatildeo da competitividade do mercado onde estatildeo inseridas

(CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

A terceira visatildeo apresentada por Cacciamali (1983) mostra uma abordagem

subordinada onde os setores formal e informal natildeo podem ser encarados como uma

visatildeo dual da realidade por corresponderem a expressotildees de relaccedilotildees de produccedilatildeo

natildeo isoladas Ou seja haacute interdependecircncia entre os dois setores estando o informal

subordinado ao formal Nessa interpretaccedilatildeo ldquoo Setor Informal passa a ser composto

por conjunto de trabalhadores por conta proacutepria unidades de produccedilatildeo em base a

trabalho familiar ajudantes eou trabalhadores que ocasionalmente trabalham para

esses gruposrdquo (p 24)

67

O setor informal eacute ainda considerado como ldquoesfera de produccedilatildeo subordinada

ao padratildeo e ao processo de desenvolvimento capitalistardquo (CACCIAMALI 1983 p

24) Essa subordinaccedilatildeo ao setor formal eacute evidenciada na ocupaccedilatildeo dos espaccedilos

econocircmicos no acesso as mateacuterias-primas e equipamentos implantaccedilatildeo de

tecnologia acesso ao creacutedito relaccedilotildees de troca viacutenculos de subcontrataccedilatildeo e na

esfera da produccedilatildeo ou circulaccedilatildeo E pode provocar destruiccedilatildeo e recriaccedilatildeo das

organizaccedilotildees informais (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Essa conceituaccedilatildeo visualiza o setor informal como uma

Forma dinacircmica de produccedilatildeo que natildeo se ateacutem agrave produccedilatildeo de mercadorias e serviccedilos de maacute qualidade que visa atender somente mercados de baixa renda e nem a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas tradicionais (CACCIAMALI 1983 p 24)

Esse setor se desenvolve e se moderniza na produccedilatildeo capitalista poreacutem

natildeo apresenta caracteriacutesticas que lhe capacite crescimento sustentado Nessa

visatildeo defende-se o pressuposto de que a intervenccedilatildeo poliacutetica deve ser vista de

forma global natildeo somente ao setor informal mas ao processo de crescimento

econocircmico (SOARES 2008)

Sobre a terceira corrente de interpretaccedilatildeo CACCIAMALI (1983) defende o

entendimento da produccedilatildeo informal como um conjunto de formas de organizaccedilatildeo da

produccedilatildeo natildeo baseado no trabalho assalariado para seu funcionamento Esse

conjunto ocupa os espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas formas de organizaccedilatildeo

da produccedilatildeo capitalista que sofrem contiacutenuos deslocamentos pela accedilatildeo da produccedilatildeo

informal Essas formas de produccedilatildeo em siacutentese apresentam as seguintes

caracteriacutesticas

I O produtor direto eacute o possuidor dos instrumentos de trabalho eou de estoque de bens para realizaccedilatildeo de seu trabalho e se insere na produccedilatildeo sob a forma simultacircnea de patratildeo e empregado

II Ele emprega a si mesmo e pode lanccedilar matildeo de trabalho familiar ou de ajudantes como extensatildeo do seu proacuteprio trabalho obrigatoriamente participa diretamente da produccedilatildeo e conjuga essa atividade como aquela de gestatildeo

III O produtor direto vende seus serviccedilos ou mercadorias e recebe um montante de dinheiro que eacute utilizado principalmente para consumo individual e familiar e para manutenccedilatildeo da atividade econocircmica e mesmo que o indiviacuteduo aplique seu dinheiro com o sentido de acumular a forma como se organiza a produccedilatildeo com apoio no proacuteprio trabalho em geral natildeo lhe permite tal acumulaccedilatildeo

IV A atividade eacute dirigida pelo fluxo de renda que a mesma fornece ao trabalhador e natildeo por uma taxa de retorno competitiva eacute desta renda

68

que se retira os salaacuterios dos ajudantes ou empregados que possam existir

V Nessa forma de produzir natildeo existe viacutenculo impessoal e meramente de mercado entre os que trabalham ndash entre estes encontra-se com frequecircncia a matildeo de obra familiar

VI O trabalho pode ser fragmentado em tarefas mas isso natildeo impede ao trabalhador apreender todo o processo que origina o produto ou serviccedilo final processo este muitas vezes descontiacutenuo ou intermitente seja pelas caracteriacutesticas da atividade pelo mercado ou em funccedilatildeo do proacuteprio produtor (CACCIAMALI 1983 p 28-29)

A partir das caracteriacutesticas citadas a referida autora observa que

praticamente natildeo existe acumulaccedilatildeo eou saltos tecnoloacutegicos quanto a atividade em

andamento Nota-se ainda que para os indiviacuteduos que trabalham por conta proacutepria o

fato de estes possuiacuterem a propriedade dos instrumentos de trabalho o

conhecimento e o controle do processo de trabalho a habilidade para a realizaccedilatildeo e

a apropriaccedilatildeo do produto confere-lhes um domiacutenio maior sobre o desenvolvimento

do trabalho se comparado aos trabalhadores assalariados do setor formal no que se

refere aos seus postos de trabalho

Segundo anaacutelise de Cacciamali (1983) e Soares (2008) a medida que o

mercado se amplia e que o fator tecnoloacutegico movimenta a produtividade permitindo

a exploraccedilatildeo dos mercados de bases capitalistas a produccedilatildeo informal se desloca de

um setor para outro de acordo com as necessidades do cenaacuterio econocircmico e faz

com que algumas atividades informais tenham seus niacuteveis de produccedilatildeo alargados

ou reduzidos podendo ateacute deixar de existir para que outras atividades tambeacutem

informais sejam criadas fazendo com que o setor informal jamais deixe de existir

Diante disso Cacciamali (1983) afirma que ldquoo setor informal tem de ser

analisado em funccedilatildeo do niacutevel de desenvolvimento alcanccedilado e do vigor do padratildeo

do ritmo de expansatildeo e reproduccedilatildeo capitalistardquo (p 30)

Para Soares (2008) essa visatildeo apresenta maior coerecircncia ao comparar as

trecircs visotildees apresentadas com a realidade Visto que nessa corrente foi identificado

que a informalidade natildeo seria algo passageiro como apontaram as outras

interpretaccedilotildees ao afirmarem a necessidade de poliacuteticas publicas para esse setor

para que ele deixasse de existir Nessa corrente concluiu-se que a expansatildeo do

trabalho informal natildeo se dava pela sua subordinaccedilatildeo ao capitalismo mas sendo

parte dele e inseridas na produccedilatildeo moderna e por fim constatou-se a funcionalidade

da informalidade como algo positivo

69

Apoacutes apresentar as correntes de interpretaccedilatildeo e a modificaccedilatildeo do

entendimento da informalidade seratildeo apresentadas definiccedilotildees utilizadas em

estudos sobre o setor informal no acircmbito nacional

No estudo intitulado Economia Informal Urbana o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2006) realizou uma pesquisa em acircmbito nacional por

amostra de domiciacutelios situados na aacuterea urbana visando captar o papel e agrave dimensatildeo

do setor informal na economia brasileira como forma de identificar os proprietaacuterios

de negoacutecios informais que atuam em pelo menos uma atividade de trabalho nos

domiciacutelios onde residem e a partir deles investigar caracteriacutesticas de funcionamento

das unidades produtivas

A referida pesquisa foi planejada com a finalidade de produzir informaccedilotildees

para o estudo e planejamento do desenvolvimento socioeconocircmico do Brasil

Nesse sentido e partindo do pressuposto de que a composiccedilatildeo a natureza e

a magnitude do setor informal variam em diferentes regiotildees e paiacuteses de acordo com

o niacutevel de desenvolvimento e a estrutura das suas economias o IBGE (2006) adotou

em seu estudo uma definiccedilatildeo de setor informal baseando-se nas recomendaccedilotildees da

15ordf Conferecircncia de Estatiacutesticos do Trabalho promovida pela OIT em 1993 que

considera que

Para delimitar o acircmbito do setor informal o ponto de partida eacute a unidade de produccedilatildeo econocircmica ndash entendida como unidade de produccedilatildeo ndash e natildeo o trabalhador individual ou a ocupaccedilatildeo por ele exercida

Fazem parte do setor informal as unidades econocircmicas natildeo-agriacutecolas que produzem bens e serviccedilos com o principal objetivo de gerar emprego e rendimento para as pessoas envolvidas sendo excluiacutedas aquelas unidades engajadas apenas na produccedilatildeo de bens e serviccedilos para autoconsumo

As unidades do setor informal caracterizam-se pela produccedilatildeo em pequena escala baixo niacutevel de organizaccedilatildeo e pela quase inexistecircncia de separaccedilatildeo entre capital e trabalho enquanto fatores de produccedilatildeo

A ausecircncia de registros embora uacutetil para propoacutesitos analiacuteticos natildeo serve de criteacuterio para a definiccedilatildeo do informal na medida em que o substrato da informalidade se refere ao modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e natildeo ao seu status legal ou agraves relaccedilotildees que mantecircm com as autoridades puacuteblicas Havendo vaacuterios tipos de registro esse criteacuterio natildeo apresenta uma clara base conceitual natildeo se presta agrave comparaccedilotildees histoacuterica e internacional e pode levantar resistecircncia junto aos informantes e

A definiccedilatildeo de uma unidade econocircmica como informal natildeo depende do local onde eacute desenvolvida a atividade produtiva da utilizaccedilatildeo de ativos fixos da duraccedilatildeo das atividades das empresas (permanente sazonal ou ocasional) e do fato de tratar-se da atividade principal ou secundaacuteria do proprietaacuterio da empresa (IBGE 2006 p 12)

70

Assim o IBGE (2006) definiu que pertencem ao setor informal

Todas as unidades econocircmicas que desenvolvem atividades natildeo-agriacutecolas de propriedade de trabalhadores por conta proacutepria e de empregadores com ateacute 5 empregados moradores de aacutereas urbanas sejam elas a atividade principal de seus proprietaacuterios ou atividades secundaacuterias (IBGE 2006 p 12)

Considerando que o IBGE (2006) adota como elemento de classificaccedilatildeo o

modo de organizaccedilatildeo e funcionamento da unidade econocircmica e leva em conta a

produccedilatildeo em pequena escala e o baixo niacutevel de produccedilatildeo onde a legalidade ou

existecircncia de registros natildeo satildeo consideradas como criteacuterio para definir se eacute informal

pode-se considerar que a definiccedilatildeo adotada estaacute situada dentro da terceira corrente

de interpretaccedilatildeo sobre a informalidade anteriormente apresentada com base em

Cacciamali (1983) e Soares (2008)

Outra conceituaccedilatildeo utilizada foi a de Silva (1999) que em seu estudo ldquoA

face informal dos serviccedilos o caso do comeacutercio ambulante no Rio de Janeirordquo as

interpretaccedilotildees sobre informalidade satildeo complementares pois cada uma apresenta

traccedilos reais da informalidade atual Com isso tal autor destaca a dificuldade de

construir uma conceituaccedilatildeo precisa de informalidade devido agrave heterogeneidade

desse setor Diante disso o referido autor sugere analisar a interaccedilatildeo entre a

Economia Informal nas suas diversas abordagens e o setor que vem demonstrando

crescimento mais expressivo em termos de postos de trabalho natildeo apenas no

Brasil mas em todo mundo o Setor de Serviccedilos Cabe entender essa interaccedilatildeo

mais especificamente do ponto de vista empregatiacutecio destacando-se entatildeo o

comeacutercio ambulante

Cruz (2014 p5) considera a informalidade como um ldquomeio que alguns

indiviacuteduos criaram para garantir sua renda mensalrdquo mas ressalta que vista

isoladamente a informalidade eacute um conceito insuficiente para explicar a dinacircmica do

mercado de trabalho brasileiro contemporacircneo A referida autora pondera ainda que

a informalidade apresenta definiccedilotildees variadas pois muitos empreendedores

utilizam-se da informalidade por necessidade ou ateacute mesmo por oportunidade

devido a visatildeo de criar seu proacuteprio negoacutecio ou seja se tornar um empreendedor

Observa-se diante disso a necessidade de classificar os empreendedores informais

por necessidade ou oportunidade assim como no empreendedorismo dito como

tradicional (formal)

71

A visatildeo de Cruz (2014) pode ser ilustrada a partir da pesquisa de Potrich e

Ruppenthal (2013) que estudaram os vendedores ambulantes do Shopping

Independecircncia em Santa Maria ndash RS Se por um lado 278 dos entrevistados

afirmaram que a iniciativa empreendedora informal se deu devido agrave falta de outras

oportunidades de emprego por outro 266 afirmaram empreender informalmente

por vontade de ter o proacuteprio negoacutecio

Para Noronha (2003) a informalidade depende de redes sociais Sem elos

comunitaacuterios natildeo seriam possiacuteveis contratos informais Um bom indiacutecio de que

mecanismos sociais satildeo requeridos para selar contratos informais pode ser

encontrado em muitas cidades do mundo onde haacute o controle de um grupo eacutetnico

sobre determinadas atividades informais

O empreendedorismo informal eacute apontado por Cruz (2014) por um lado

como algo prejudicial visto que os usuaacuterios do mercado informal natildeo contribuem

com a receita tributaacuteria do paiacutes acarretando em prejuiacutezos aos cofres puacuteblicos Tal

accedilatildeo segundo a referida autora desencadeia uma seacuterie de problemas afetando

diretamente a populaccedilatildeo do paiacutes que seria beneficiada com a arrecadaccedilatildeo de

impostos pagos pela economia formal do paiacutes Assim o governo eacute forccedilado a

aumentar os impostos que seratildeo pagos pelos empreendedores formais aleacutem do

que o aumento de impostos gera aumento de custos e consequentemente de

produtos e serviccedilos que serviraacute como empecilho para abertura de novos

empreendimentos Por outro lado o empreendedorismo informal eacute apontado pela

referida autora como um elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores

Eacute notaacutevel que autores contemporacircneos venham se dedicando a pesquisar o

empreendedorismo informal por diferentes perspectivas Silva (2008) em seu estudo

buscou captar de que modo o discurso em favor do empreendedorismo e da

inclusatildeo social impactaram a questatildeo da informalidade e a concepccedilatildeo das poliacuteticas

de enfrentamento da pobreza e da geraccedilatildeo de trabalho e renda

Jaacute Gomes Freitas e Capelo Junior (2005) ao se dedicarem a um estudo

onde buscaram avaliar as condiccedilotildees para o desenvolvimento de novos negoacutecios no

setor informal obtiveram resultados que apontam a necessidade de novos

investimentos que visem apoiar e incentivar essas atividades pois embora o estudo

tenha identificado que os empreendedores apresentem caracteriacutesticas inerentes ao

perfil empreendedor os recursos disponiacuteveis o ambiente que os circunda e as

atividades organizacionais natildeo satildeo desenvolvidos

72

Em outro estudo Lacerda e Teixeira (2013) a partir de uma pesquisa que

objetivou identificar que vantagens motivam os empreendedores individuais a se

formalizarem com a adoccedilatildeo da Lei 12808 obtiveram os seguintes resultados

possuir CNPJ alvaraacutes e registros poder atuar em ponto comercial ter cobertura dos

benefiacutecios previdenciaacuterios reduccedilatildeo tributaacuteria e poder contratar um funcionaacuterio

Identifica-se que alguns estudos sobre empreendedorismo informal natildeo

levam em consideraccedilatildeo a separaccedilatildeo dos empreendimentos informais por

necessidade e por oportunidade como apontados por Cruz (2014) e generalizam

tais empreendimentos utilizando-se de uma abordagem uacutenica que pode se

enquadrar para um empreendimento informal por oportunidade mas natildeo para um

empreendimento informal por necessidade ou vice versa

Cita-se como exemplo a formalizaccedilatildeo abordada no estudo de Lacerda e

Teixeira (2013) que para um empreendedor informal por oportunidade pode

oferecer muitas vantagens poreacutem para o empreendedor informal por necessidade

pode natildeo apresentar vantagens por se tratar de uma atividade onde possivelmente

o empreendedor busca um retorno imediato de recursos financeiros para sua

subsistecircncia ateacute conseguir uma ocupaccedilatildeo no mercado formal de trabalho ou seja

este encara o empreendedorismo informal como algo temporaacuterio natildeo tendo a

pretensatildeo de expandir seu empreendimento nem mesmo continuar desenvolvendo

as atividades de maneira definitiva

Nesse estudo optou-se por analisar a interaccedilatildeo da informalidade relativa agrave

atividade comercial dos vendedores ambulantes no acircmbito do turismo uma das

principais atividades econocircmicas do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para alcanccedilar esse intuito faz-se necessaacuteria uma anaacutelise do fenocircmeno do

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes buscando analisar as formas de organizaccedilatildeo dessa atividade comercial

identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e empreendedor dos vendedores

ambulantes bem como analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo desses

empreendimentos informais

73

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

Esse capiacutetulo estaacute dividido em duas seccedilotildees A primeira seccedilatildeo refere-se ao

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute aacuterea de estudo dessa pesquisa onde seratildeo

apresentados os aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos do municiacutepio e

a oferta e a demanda turiacutestica informaccedilotildees relevantes para o entendimento da

ocorrecircncia do fenocircmeno do empreendedorismo informal nessa localidade

A segunda seccedilatildeo composta pela metodologia e os procedimentos utilizados

na pesquisa apresenta os passos adotados para realizaccedilatildeo desse estudo bem

como expotildeem os motivos que levaram a adotar cada um dos procedimentos

abordagem meacutetodo de pesquisa estrateacutegia de investigaccedilatildeo amostragem e

instrumentos de coletas de dados

31 AacuteREA DE ESTUDO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

Essa seccedilatildeo busca propiciar o entendimento de como os aspectos histoacutericos

geograacuteficos e socioeconocircmicos assim como a oferta e a demanda turiacutestica do

municiacutepio em estudo satildeo determinantes para a ocorrecircncia do fenocircmeno do

empreendedorismo informal na localidade

311 Aspectos histoacutericos geograacuteficos e socioeconocircmicos

Localizado integralmente na planiacutecie costeira de Praia de Leste na

microrregiatildeo do Litoral do estado do Paranaacute o municiacutepio de Pontal do Paranaacute

(FIGURA 6) juntamente com mais seis municiacutepios (Antonina Guaraqueccedilaba

Guaratuba Matinhos Morretes e Paranaguaacute) formam a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral

do Paranaacute (SAMPAIO 2006b) (FIGURA 7)

74

FIGURA 6 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DO MUNICIacutePIO DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

FIGURA 7 - REGIAtildeO TURIacuteSTICA DO LITORAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

Pontal do Paranaacute faz divisa com o municiacutepio de Paranaguaacute a oeste e

Matinhos ao sul Eacute margeado pelo Oceano Atlacircntico a leste e pela baiacutea de

Paranaguaacute ao norte (SAMPAIO 2006b)

Da capital do Estado do Paranaacute Curitiba ateacute Praia de Leste ponto da orla

oceacircnica de Pontal do Paranaacute mais proacuteximo da capital haacute uma distacircncia rodoviaacuteria

75

de aproximadamente 100 km (DER19 2005 in SAMPAIO 2006b) O principal acesso

rodoviaacuterio a Pontal do Paranaacute e aos municiacutepios da regiatildeo litoracircnea do Estado do

Paranaacute eacute a Rodovia Federal BR 277 considerada o eixo central que leva ao

municiacutepio de Pontal do Paranaacute a partir da ligaccedilatildeo com a PR 407 que liga Paranaguaacute

a Praia de Leste e a PR 412 que liga Praia de Leste a Pontal do Sul (PDTIS-LP

2010)

A histoacuteria poliacutetica de Pontal do Paranaacute teve importantes fatos por volta de

1983 a partir de tentativas de emancipaccedilatildeo que apesar de natildeo terem sido bem

sucedidas despertaram na populaccedilatildeo o desejo da criaccedilatildeo de um novo municiacutepio

Em 1995 aconteceu aprovaccedilatildeo popular atraveacutes de plebiscito o que resultou na lei

estadual nordm 8915 de 20121995 que elevou Pontal do Paranaacute agrave categoria de

Municiacutepio Em 01011997 Pontal do Paranaacute desmembrou-se de Paranaguaacute (IBGE

2015) tornando-se o mais jovem dos municiacutepios do Litoral do Paranaacute (PIERRI

2003 PIERRI et al 2006)

Conforme o Plano Diretor de Pontal do Paranaacute o territoacuterio do municiacutepio foi

subdividido em sete bairros (QUADRO 5) conhecidos como balneaacuterios a fim de

facilitar a identificaccedilatildeo por parte da populaccedilatildeo e turistas

BAIRRO AacuteREA QUE ABRANGE

Praia de Leste

Compreendendo os loteamentos Monccedilotildees Iracematilde Beltrami Jardim Canadaacute Santa Mocircnica Recanto do Uirapuru Praia de Leste Guarujaacute Condomiacutenios e Residecircncias Vila Jacarandaacute Las Vegas Miramar Mirassol Satildeo Carlos Irapuan Patrick II Satildeo Joseacute Luciane Praia Bela Majoraine Miami e Ipecirc

Santa Terezinha Compreendendo os loteamentos Canoas Atlacircntica Itapoatilde Primavera Porto Fino e Guarapari e a aacuterea do Moitinha

Praia de Ipanema Compreendendo os loteamentos Ipanema Leblon Andaraiacute Grajauacute Carmery

Praia de Shangri-laacute Compreendendo os loteamentos Shangri-laacute e Chaacutecara Dois Rios

Praia de Atami Compreendendo os loteamentos de Marisa e Atami

Praia de Pontal do

Sul Compreendendo os loteamentos de Pontal do Sul e Ponta do Poccedilo

Bairro do Porto Compreendendo a regiatildeo do porto

QUADRO 5 - BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE PDTIS-LP (2010) adaptado pela Autora (2015)

19

DER ndash Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paranaacute Mapa Poliacutetico Rodoviaacuterio do Estado do Paranaacute 2005

76

A localizaccedilatildeo de cada um dos sete bairros de Pontal do Paranaacute pode ser

observada na FIGURA 8

FIGURA 8 - LOCALIZACcedilAtildeO GEOGRAacuteFICA DOS BAIRROS DE PONTAL DO PARANAacute

FONTE SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCACcedilAtildeO (SMED 2015 adaptado pela Autora 2015)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE 2015)

Pontal do Paranaacute possui uma aacuterea de 199847 kmsup2 e populaccedilatildeo estimada de 24352

habitantes

A economia do municiacutepio eacute baseada em atividades relacionadas ao turismo

que emprega boa parte da populaccedilatildeo fixa e atrai pessoas de fora do municiacutepio

vindas ateacute mesmo de outros estados do Brasil durante o periacuteodo de temporada de

veraneio que compreende os meses de dezembro a fevereiro

No periacuteodo considerado como baixa temporada dos meses de marccedilo a

novembro a economia caracteriza-se pela pesca e dinamiza-se esporadicamente

com a realizaccedilatildeo de pequenos e meacutedios eventos A atividade industrial no municiacutepio

acontece no Balneaacuterio de Pontal do Sul onde estaacute instalada uma unidade de uma

companhia que fabrica plataformas para exploraccedilatildeo de petroacuteleo e emprega parte da

populaccedilatildeo local de acordo com a demanda de trabalho existente (IPARDESBDE

2011)

Conforme as Estatiacutesticas do Cadastro Central de Empresas do IBGE (2015)

em Pontal do Paranaacute haacute um total de 1164 unidades de empresas locais das quais

77

1106 estatildeo atuantes O pessoal ocupado total do municiacutepio eacute de 5110 pessoas

com 3679 pessoas assalariadas e o salaacuterio meacutedio mensal no municiacutepio eacute de 32

salaacuterios miacutenimos

De acordo com os dados do censo demograacutefico de 2010 do IBGE onde

foram recenseados 27336 domiciacutelios 20165 satildeo domiciacutelios particulares natildeo

ocupados sendo que destes 17695 satildeo de uso ocasional ou seja constituem-se

em domiciacutelios de segunda residecircncia

312 Demanda turiacutestica no contexto do litoral paranaense

Com o iniacutecio da implementaccedilatildeo do Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo

no Estado do Paranaacute em 2003 que seguiu as diretrizes do Programa de

Regionalizaccedilatildeo ldquoRoteiros do Brasilrdquo e os criteacuterios da divisatildeo administrativa estadual

mediante accedilotildees de planejamento participativo foram definidas nove regiotildees

turiacutesticas sendo uma delas o Litoral do Paranaacute composto por sete municiacutepios

Antonina Guaraqueccedilaba Guaratuba Matinhos Morretes Paranaguaacute e Pontal do

Paranaacute (PDTIS-LP)

Em 2008 o Programa de Regionalizaccedilatildeo do Turismo estabeleceu mais uma

regiatildeo turiacutestica no Estado do Paranaacute passando a dez regiotildees e em 2013 foram

estabelecidas mais quatro regiotildees passando a quatorze (SECRETARIA do Esporte

e do Turismo 2015) A inclusatildeo de novas regiotildees natildeo impactou alteraccedilotildees nos

municiacutepios que compotildeem a Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute (PDTIS-LP)

Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentaacutevel do

Litoral Paranaense (PDTIS-LP) eacute possiacutevel organizar os municiacutepios do Litoral do

Paranaacute em dois grupos conforme as caracteriacutesticas de visita dos turistas

O primeiro grupo composto pelos municiacutepios praianos Guaratuba Matinhos

e Pontal do Paranaacute constitui um destino onde seus visitantes permanecem por mais

tempo mas gastam menos diariamente em relaccedilatildeo aos outros municiacutepios do litoral

do Paranaacute Esse grupo eacute composto por visitantes que preferem ficar em casa proacutepria

e em sua grande maioria viajam com a famiacutelia

O segundo grupo eacute composto pelos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes

e Paranaguaacute e representam os locais onde os turistas permanecem por menos

78

tempo gastam mais diariamente preferem como hospedagem hoteacuteis e pousadas ou

utilizam campings e geralmente viajam sozinhos O municiacutepio de Antonina foi

interpretado no referido plano como posicionado na linha de transiccedilatildeo entre os dois

perfis de visitantes

A distinccedilatildeo identificada nos dois grupos de municiacutepios implica no niacutevel de

fidelidade de retorno dos turistas ao litoral Observa-se que os municiacutepios de

Matinhos Guaratuba e Pontal do Paranaacute que compreendem o primeiro grupo satildeo

destinos em que os visitantes retornam mais de uma vez ao ano Jaacute com relaccedilatildeo

aos municiacutepios de Guaraqueccedilaba Morretes e Paranaguaacute segundo grupo o niacutevel de

fidelidade apresentado pelos turistas eacute menor e esses destinos atraem mais turistas

que visitam o destino pela primeira vez (PDTIS-LP)

No primeiro grupo pode ser observado que seus visitantes apresentam

costumes menos aventureiros e que tendem a preservar seu ambiente domeacutestico

possuindo casa no litoral do Paranaacute Por outro lado no segundo grupo estatildeo

visitantes aventureiros que buscam contato direto com a natureza e a cultura local

afastando-se do ambiente domeacutestico e familiar

A partir da identificaccedilatildeo dessas caracteriacutesticas eacute possiacutevel compreender

porque as motivaccedilotildees mais apresentadas pelos turistas do litoral do Paranaacute satildeo o

contato com o sol a praia e a natureza e de que forma esses fatores constituem-se

nos atrativos mais valorizados e visitados da Regiatildeo Turiacutestica do Litoral do Paranaacute

A Secretaria de Estado do Turismo (SETU 2008) a partir do Estudo da

Demanda Turiacutestica do Litoral do Paranaacute obteve dados sobre a demanda turiacutestica nos

municiacutepios do Litoral do Paranaacute no periacuteodo de 2000 a 2006 com a realizaccedilatildeo de

entrevistas com os visitantes Destaca-se inicialmente que dados atualizados natildeo

foram encontrados poreacutem tais dados satildeo essenciais para a compreensatildeo do perfil

do visitante do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute que de acordo com esse estudo se

assemelha ao perfil dos visitantes do litoral do Paranaacute

De acordo com o referido estudo acima de 60 dos visitantes de Pontal do

Paranaacute eram procedentes de Curitiba Os turistas vindos de outras cidades

representaram mais de 20 de 2000 a 2004 decrescendo nos anos seguintes e

chegando a 163 em 2006

O meio de transporte mais utilizado foi o ocircnibus de 2002 a 2004 e o

automoacutevel nos demais anos O tipo de hospedagem mais utilizado foi a casa proacutepria

seguida pela hospedagem em casa de parentes e amigos que ultrapassou o meio de

79

hospedagem casa proacutepria em 2004 O terceiro tipo de hospedagem mais utilizado

nesse municiacutepio eacute casa ou apartamento alugado

Quanto ao modo de viajar o estudo apontou que em 2000 831 dos

entrevistados viajavam com a famiacutelia Esse nuacutemero caiu para 575 em 2004 subiu

para 672 em 2005 e foi registrado em 636 no ano de 2006

Conforme o estudo 90 dos entrevistados informaram que natildeo era a

primeira vez que visitavam o municiacutepio Os visitantes apresentaram idades entre

343 anos em 2004 e 394 anos em 2006

O gasto meacutedio diaacuterio dos visitantes de Pontal do Paranaacute foi entre US$9 e

US$12 de 2000 a 2005 e aumentou em 2006 para US$16 A permanecircncia meacutedia no

municiacutepio foi de aproximadamente 85 dias

Com relaccedilatildeo aos itens de infraestrutura avaliados (artesanato comeacutercio

urbano comeacutercio na rodovia entretenimentolazer informaccedilatildeo turiacutestica

infraestrutura de acesso limpeza puacuteblica restaurantes saneamento baacutesico

seguranccedila puacuteblica serviccedilo de hospedagem serviccedilo de sauacutede serviccedilo telefocircnico

sinalizaccedilatildeo turiacutestica transporte coletivo e vida noturna) esses apresentaram

variaccedilotildees durante o periacuteodo crescendo e decrescendo De acordo com o estudo a

infraestrutura de acesso merece destaque pois passou de 395 em 2002 para

802 em 2006

313 A oferta turiacutestica

A sazonalidade no Litoral do Paranaacute pode ser explicada sob a oacutetica da

demanda pela eacutepoca em que os turistas estatildeo dispostos a viajar que consiste

principalmente no final do ano e periacuteodo de feacuterias e feriados Jaacute sob a oacutetica da

oferta a sazonalidade relaciona-se aos tipos de atrativos ofertados no litoral que em

sua maioria satildeo aqueles ligados ao sol e praia mais procurados tambeacutem no periacuteodo

de veratildeo (PDTIS-LP)

Com relaccedilatildeo agraves condiccedilotildees institucionais da Prefeitura Municipal de Pontal do

Paranaacute para o turismo no municiacutepio a anaacutelise da estrutura administrativa limita-se agrave

Secretaria de Turismo Cultura Induacutestria e Desenvolvimento Econocircmico Pode-se

entender que o municiacutepio natildeo possui gestatildeo estruturada da atividade turiacutestica

80

Conforme o PDTIS-LP (2010) o municiacutepio de Pontal do Paranaacute participa de

um Foacuterum Regional dos Secretaacuterios e Dirigentes Municipais de Turismo e possui

Plano Municipal de Turismo elaborado pela Associaccedilatildeo dos Municiacutepios do Litoral do

Paranaacute (AMLIPA)

A oferta turiacutestica de Pontal do Paranaacute envolve os atrativos os equipamentos

e serviccedilos turiacutesticos

O municiacutepio de Pontal do Paranaacute apresenta atrativos naturais e culturais

atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas ou artiacutesticas bem como eventos permanentes Dentre

os atrativos naturais destacam-se os balneaacuterios de Praia de Leste Santa Terezinha

Shangri-laacute Ipanema e Pontal do Sul e a Floresta Estadual do Palmito

Dentre os atrativos naturais citados Pontal do Paranaacute se destaca

principalmente pelo Balneaacuterio de Pontal do Sul com praias de areias claras e finas

que recebe aacuteguas da Baiacutea de Paranaguaacute onde estatildeo instaladas marinas e o

terminal de barcos que levam agrave Ilha do Mel

Os atrativos culturais satildeo representados pela Estrada Ecoloacutegica do

Guaraguaccedilu e pelo Sambaqui do Guaraguaccedilu A Festa do Caranguejo eacute o evento

permanente do Municiacutepio As atraccedilotildees teacutecnicas cientiacuteficas e artiacutesticas satildeo

representadas pelo Arquipeacutelago de Currais e pelo Centro de Estudos do Mar da

Universidade Federal do Paranaacute - UFPR (PDTIS-LP 2010)

Observa-se que dentre os atrativos do municiacutepio de Pontal do Paranaacute satildeo

destacados os balneaacuterios que apresentam caracteriacutesticas geograacuteficas muito

parecidas entre si Essa similaridade e a homogeneidade natural se refletem em

pouca diversidade de atraccedilotildees para novos visitantes

Com relaccedilatildeo aos equipamentos e serviccedilos turiacutesticos o municiacutepio de Pontal

do Paranaacute apresenta um total de 39 sendo 22 meios de hospedagem 12 serviccedilos

de alimentaccedilatildeo 3 comeacutercios turiacutesticos (venda de artesanatos) e 2 Postos de

informaccedilotildees O municiacutepio natildeo possui nenhuma agecircncia turiacutestica

Conforme o PDTIS-LP (2010) com relaccedilatildeo aos meios de hospedagem de

Pontal do Paranaacute similar aos dos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute a taxa de

ocupaccedilatildeo das unidades habitacionais ficou com meacutedia de 20 entre 2002 a 2006

sendo considerada como baixa O valor meacutedio cobrado por mais de 50 dos

estabelecimentos eacute de R$ 100 natildeo sendo identificado uma praacutetica de diferenciaccedilatildeo

de tarifas para o periacuteodo de baixa temporada Foi evidenciada baixa qualificaccedilatildeo do

setor para atendimento aos visitantes sendo que mais de 60 dos

81

estabelecimentos natildeo exigem experiecircncia e conhecimento teacutecnico na contrataccedilatildeo de

funcionaacuterios Por fim evidenciou-se que haacute uma baixa diversificaccedilatildeo dos serviccedilos

ofertados nos empreendimentos

Com relaccedilatildeo ao serviccedilo de alimentaccedilatildeo em Pontal do Paranaacute assim como

nos demais municiacutepios do litoral do Paranaacute os preccedilos praticados em 50 dos

estabelecimentos concentram-se na faixa entre R$10 e R$ 25 por pessoa Em 40

dos estabelecimentos preccedilo encontra-se entre R$26 e R$50 e no restante acima de

R$ 50 por pessoa Quase a totalidade dos serviccedilos de alimentaccedilatildeo enquadram-se

nas categorias simples ou meacutedia sendo que somente 5 pertencem agrave categoria

luxo Quanto agrave caracterizaccedilatildeo dos serviccedilos 587 dos serviccedilos mais praticados satildeo

refeiccedilotildees agrave la carte e 363 self service tendo como principais especialidades os

frutos do mar (57) e cozinha caseira (598) A cozinha internacional (112) eacute

praticada pelos restaurantes da categoria luxo

O lazer e o comeacutercio turiacutestico em Pontal do Paranaacute e nos demais municiacutepios

litoracircneos consistindo no setor de entretenimento atende tanto aos turistas quanto

aos moradores tendo suas principais atividades de lazer concentradas no periacuteodo

de alta temporada de veratildeo e inseridas no projeto estadual ldquoViva o Veratildeordquo Tal

projeto busca reforccedilar a seguranccedila informaccedilatildeo e fiscalizaccedilatildeo e promover atividades

de lazer em locais de maior movimentaccedilatildeo de pessoas

Referente aos Pontos de Informaccedilotildees Turiacutesticas o municiacutepio de Pontal do

Paranaacute conta com uma unidade Seu horaacuterio de funcionamento acontece em horaacuterio

comercial no periacuteodo de temporada No periacuteodo fora de temporada seu horaacuterio de

funcionamento torna-se incerto

Segundo a pesquisa realizada pelo PDTIS-LP (2010) no litoral paranaense

foi evidenciada uma carecircncia de profissionais com formaccedilatildeo especiacutefica na aacuterea de

turismo ou seja de matildeo de obra qualificada para atender os turistas nos

equipamentos mencionados Haacute alguns cursos na aacuterea de turismo que satildeo ofertados

por instituiccedilotildees puacuteblicas e privadas nos municiacutepios do litoral do Paranaacute mas nenhum

deles em Pontal do Paranaacute

Outra dificuldade encontrada na referida pesquisa eacute a baixa capacidade de

investimento dos empresaacuterios devido principalmente agrave predominacircncia de empresas

de pequeno porte de gestatildeo familiar onde segundo o IPARDES (2008) em 2005 de

um total de 2186 estabelecimentos comerciais vinculados ao turismo no litoral do

Paranaacute 97 eram microempresas

82

32 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Nesta seccedilatildeo seratildeo apresentados a metodologia e os procedimentos

selecionados para realizaccedilatildeo desta pesquisa

Esta pesquisa tem sua estrutura procedimentos e abordagens planejados

com base em Creswell (2010) e Yin (2010) Para Creswell (2010) a decisatildeo geral na

escolha do tipo de metodologia baseia-se na natureza do problema ou na questatildeo

de pesquisa tratada nas experiecircncias pessoais dos pesquisadores e no puacuteblico para

qual o estudo se dirige

O planejamento de uma pesquisa deve envolver os seguintes elementos

escolha da abordagem a ser utilizada (qualitativa quantitativa ou mista) definiccedilatildeo da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo de acordo com a abordagem escolhida seleccedilatildeo do

meacutetodo de pesquisa de acordo com a abordagem e com a estrateacutegia de

investigaccedilatildeo escolhidas escolha dos instrumentos de coleta de dados mais

adequados de acordo com os objetivos do estudo e com os passos citados e quando

for o caso definir uma amostragem de pesquisados (CRESWELL 2010)

Em atenccedilatildeo agraves orientaccedilotildees de Creswell (2010) os elementos e suas

respectivas escolhas para consecuccedilatildeo desta pesquisa estatildeo apresentados na

TABELA 1

TABELA 1 - ELEMENTOS ESCOLHIDOS PARA ESTA PESQUISA

Elemento Escolha para pesquisa

Abordagem Qualitativa e Quantitativa

Meacutetodo de Pesquisa Estudo de Caso

Estrateacutegias de investigaccedilatildeo ndash Fontes de evidecircncias

Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios

Instrumentos de Coleta de Dados Questionaacuterios estruturados e roteiro semi-estruturado

Amostragem Natildeo probabiliacutestica

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

Cada um dos elementos apresentados na TABELA 1 seraacute mais bem

explicado em uma seccedilatildeo especiacutefica na sequecircncia em que satildeo apresentados na

referida tabela Suas caracteriacutesticas e as justificativas pela escolha de cada

elemento tambeacutem seratildeo expostas

83

321 Abordagem Qualitativa e Quantitativa

As pesquisas desenvolvidas nas diversas aacutereas do conhecimento

necessitam de regras e processos que delimitem o objeto de estudo no espaccedilo e no

tempo ou seja um meacutetodo cientiacutefico (MASSUKADO 2008)

Contudo o meacutetodo cientiacutefico pode variar de acordo com o enfoque ao qual o

pesquisador objetiva estudar um fato sendo diretamente dependente aos resultados

que se deseja obter (MASSUKADO 2008 CRESWELL 2010)

Um elemento primaacuterio a ser definido na elaboraccedilatildeo de um planejamento de

pesquisa eacute a abordagem da pesquisa a qual pode ser qualitativa quantitativa ou

mista As abordagens qualitativa e quantitativa foram escolhidas para esta pesquisa

A primeira eacute estruturada em termos do uso de palavras ou do uso de questotildees

abertas e caracteriza-se como ldquoum meio para explorar e para entender o significado

que os indiviacuteduos ou os grupos atribuem a um problema social ou humanordquo

(CRESWELL 2010 p 26)

Jaacute a segunda eacute estruturada pelo uso de nuacutemeros ou de questotildees fechadas e

eacute considerada ldquoum meio para testar teorias objetivas examinando a relaccedilatildeo entre as

variaacuteveisrdquo (CRESWELL 2010 p 26) Tais abordagens quando utilizadas juntas em

uma mesma pesquisa podem ser complementares onde cada uma iraacute ajudar o

pesquisador agrave sua maneira a cumprir a tarefa de extrair significaccedilotildees essenciais do

estudo (LAVILLE E DIONE 1999)

Massukado (2008) elenca caracteriacutesticas (TABELA 2) da pesquisa

qualitativa

84

TABELA 2 - CARACTERIacuteSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA

Autor Caracteriacutesticas

Bryman20

(1984) Compromisso em ver o mundo social do ponto de vista do ator

Denzin e Lincoln21

(2006)

Ecircnfase sobre as qualidades das entidades e sobre processos e os significados

Cassell e Simon22

(1994)

Permite que o pesquisador com o avanccedilo de sua pesquisa altere a natureza de sua intervenccedilatildeo em resposta agrave natureza mutante do contexto

Wolcott23

(1975) apud Borman et al

24 (1986)

O pesquisador eacute notadamente o instrumento de pesquisa

Patton25

(2002) Os dados tipicamente eclodem durante a ida a campo

Silverman26

(2000) Os meacutetodos utilizados exemplificam a crenccedila de que eles podem sustentar um entendimento mais profundo do fenocircmeno social que os meacutetodos quantitativos

Creswell27

(2003) Eacute fundamentalmente interpretativo o que permite que o pesquisador conduza a interpretaccedilatildeo dos dados

Miles e Huberman28

(1994)

A narrativa natildeo possui formatos fixos deve combinar elegacircncia teoacuterica com uma descriccedilatildeo crediacutevel do objeto

Patton (2002) A confiabilidade recai sobre a competecircncia habilidade e o rigor do pesquisador

Creswell (2003) A validade eacute utilizada para sugerir estabelecendo se as descobertas estatildeo em conformidade com o ponto de vista do pesquisador do participante ou dos leitores

FONTE MASSUKADO (2008)

A opccedilatildeo por adotar a abordagem qualitativa se baseia em Godoy (1995) que

menciona que na escolha da abordagem deve-se levar em conta a possibilidade de

responder a questatildeo de pesquisa Aleacutem disso quando se utilizam dados com o

objetivo de ilustrar e discutir um fenocircmeno natildeo acontecendo anaacutelises estatiacutesticas a

pesquisa se classifica como qualitativa

Algumas caracteriacutesticas da pesquisa quantitativa satildeo apontadas por

TANAKA e MELO (2001) eacute objetiva por buscar descrever significados natildeo

considerados como inerentes aos objetos permite uma abordagem focalizada e

pontual sua coleta de dados eacute realizada atraveacutes da obtenccedilatildeo de respostas

20

BRYMAN A The debate between quantitative and qualitative research a question of method or epistemology The British Journal of Sociology Mar 1984 35 1 p 75-92 21

DENZIN N K LINCOLN Y S (org) O planejamento da pesquisa qualitativa teorias e abordagens Porto Alegre Artmed 2006 22

CASSELL C SYMON G Qualitative methods in organizational research a practical guide London Sage Publications 1994 23

WOLCOTT H F Transforming qualitative data Description analysis and interpretation Thousand Oaks CA Sage 1994 24

BORMAN K M LeCOMPTE M D GOETZ J P Ethnographic and qualitative research design and why it doesnt work The American Behavioral Scientist SepOct 1986 30 1 p 42-57 25

PATTON M Q Qualitative research and evaluation methods California Sage 2002 26

SILVERMAN D Doing qualitative research a practical handbook London Sage 2000 27

CRESWELL J W Research design qualitative quantitative and mixed method approaches Thousand Oaks California Sage 2003 28

MILES MB HUBERMAN A M Qualitative data analysis an expanded sourcebook California Sage 1994

85

estruturadas e apresenta resultados generalizaacuteveis Segundo os referidos autores o

uso da abordagem quantitativa eacute indicada para avaliar resultados que podem ser

contados e expressos em nuacutemeros taxas ou proporccedilotildees e apresenta como

vantagens a possibilidade de anaacutelise direta o fato de ter forccedila demonstrativa e a

possibilidade de generalizaccedilatildeo

O uso da abordagem qualitativa compensa as fragilidades da abordagem

quantitativa e o contraacuterio tambeacutem eacute verdadeiro pois proporciona ao pesquisador

usar tipos variados de coleta de dados tanto qualitativos quanto quantitativos

Assim a combinaccedilatildeo das abordagens qualitativas e quantitativas propicia mais

evidecircncias para um estudo do que tais abordagens quando usadas isoladamente

(CRESWELL 2013)

Quanto aos objetivos a pesquisa se apresenta como exploratoacuteria visto que

possui a pretensatildeo de abordar um tema natildeo totalmente dominado pelo pesquisador

com a finalidade de aprofundar conhecimentos (GIL 2002)

Posterior agrave definiccedilatildeo da abordagem que se iraacute utilizar o elemento seguinte a

ser definido no planejamento de uma pesquisa eacute o meacutetodo de pesquisa

322 Estudo de caso como meacutetodo de pesquisa

Os meacutetodos de pesquisa se referem aos tipos de projetos ou modelos de

meacutetodos sejam eles quantitativos qualitativos ou mistos que propiciam um

direcionamento especiacutefico aos procedimentos a serem seguidos em um projeto de

pesquisa (CRESWELL 2010)

Considerando que este estudo tem como objetivo geral ldquoanalisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo adota-se

como meacutetodo de pesquisa o estudo de caso que segundo Creswell (2010) eacute um

meacutetodo de pesquisa em que ldquoo pesquisador explora profundamente um programa

um evento uma atividade um processo ou um ou mais indiviacuteduosrdquo (p 38)

Segundo Laville e Dionne (1999 p 155) a denominaccedilatildeo de estudo de caso

ldquorefere-se evidentemente ao estudo de um caso talvez o de uma pessoa mas

tambeacutem o de um grupo de uma comunidade de um meio ou entatildeo faraacute referecircncia a

86

um acontecimento especial uma mudanccedila poliacutetica um conflitordquo O caso

investigado nesse estudo eacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Para Eisenhardt (1989 p 534) o estudo de caso ldquofoca no entendimento da

dinacircmica presente em um determinado localrdquo

O estudo de caso eacute uma das formas possiacuteveis de ser utilizado para

realizaccedilatildeo de pesquisa de ciecircncia social Eacute usado em muitas situaccedilotildees enquanto

meacutetodo de pesquisa para contribuir no conhecimento de fenocircmenos individuais

grupais sociais organizacionais poliacuteticos e relacionados (YIN 2010)

A definiccedilatildeo de estudo de caso segundo Yin (2010) pode ser estabelecida

em duas partes A primeira trata da finalidade do estudo de caso como uma

investigaccedilatildeo empiacuterica que ldquoinvestiga um fenocircmeno contemporacircneo em profundidade

e em seu contexto de vida real especialmente quando os limites entre o fenocircmeno e

o contexto natildeo satildeo claramente evidentesrdquo (p 39) De acordo com a segunda parte

da definiccedilatildeo a investigaccedilatildeo do estudo de caso

ldquoEnfrenta a situaccedilatildeo tecnicamente diferenciada em que existiratildeo muito mais variaacuteveis de interesse do que pontos de dados e como resultado

Conta com muacuteltiplas fontes de evidecircncia com os dados precisando convergir de maneira triangular e como outro resultado

Beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposiccedilotildees teoacutericas para orientar a coleta e anaacutelise de dadosrdquo (CRESWELL 2010 p 40)

Pode-se observar que de acordo com as duas partes da definiccedilatildeo de estudo

de caso propostas por Yin (2010) o uso dessa estrateacutegia de investigaccedilatildeo acontece

quando se deseja entender em profundidade um fenocircmeno da vida real poreacutem este

entendimento engloba condiccedilotildees contextuais importantes para esse fenocircmeno em

estudo Do mesmo modo observa-se a abrangecircncia do meacutetodo o qual envolve a

loacutegica da pesquisa as teacutecnicas de coleta de dados e as abordagens da anaacutelise de

dados

Para Laville e Dionne (1999 p 156)

Se um pesquisador se dedica a um dado caso eacute muitas vezes porque ele tem razotildees para consideraacute-lo como tiacutepico de um conjunto mais amplo do qual se torna o representante que ele pensa que esse caso pode por exemplo ajudar a melhor compreender uma situaccedilatildeo ou um fenocircmeno complexo ateacute mesmo um meio uma eacutepoca

87

Para Yin (2010) o estudo de caso eacute o meacutetodo escolhido quando ldquoa) as

questotildees lsquocomorsquo ou lsquopor quersquo satildeo propostas b) o investigador tem pouco controle

sobre os eventos c) o enfoque estaacute sobre um fenocircmeno contemporacircneo no contexto

da vida realrdquo (p 22) Esse autor destaca que ldquoa primeira e mais importante condiccedilatildeo

para a diferenciaccedilatildeo entre vaacuterios meacutetodos de pesquisa eacute classificar o tipo de

questatildeo de pesquisa sendo feitardquo (p 31)

Esse meacutetodo eacute preferido quando se trata do estudo de eventos

contemporacircneos quando os comportamentos relevantes para o estudo satildeo

impedidos de manipulaccedilatildeo O estudo de caso apresenta uma forccedila exclusiva no que

tange a profundidade do estudo jaacute que possibilita a utilizaccedilatildeo de ampla variedade

de fontes de evidecircncias tais como documentos artefatos entrevistas e observaccedilotildees

(YIN 2010)

Nesse sentido Laville e Dionne (1999) argumentam que

A vantagem mais marcante dessa estrateacutegia de pesquisa repousa eacute claro na possibilidade de aprofundamento que oferece pois os recursos se veem concentrados no caso visado natildeo estando o estudo submetido agraves restriccedilotildees ligadas agrave comparaccedilatildeo do caso com outros casos (LAVILLE E DIONNE 1999 p 156)

Os referidos autores complementam que ldquotal investigaccedilatildeo permitiraacute

inicialmente fornecer explicaccedilotildees no que tange diretamente ao caso considerado e

elementos que lhe marcam o contextordquo (LAVILLE E DIONNE 1999 p 155)

O estudo de caso eacute conhecido comumente como um meacutetodo de pesquisa

tipicamente qualitativo mas tal meacutetodo permite incluir detalhes ou ateacute mesmo ser

limitado a evidecircncias quantitativas (YIN 2010)

O estudo de caso apresentado nesta pesquisa caracteriza-se como uacutenico

pois conforme Yin (2010) representa o caso criacutetico no teste de uma teoria que

especifica um conjunto claro de proposiccedilotildees assim como as circunstacircncias em que

essas proposiccedilotildees satildeo consideradas verdadeiras preenchendo todas as condiccedilotildees

para o teste da hipoacutetese O caso uacutenico pode confirmar desafiar ou ampliar a ideia

podendo contribuir para a formaccedilatildeo do conhecimento e da teoria

Quanto ao tipo esse estudo de caso se classifica como exploratoacuterio e

descritivo O primeiro eacute indicado quando natildeo se tem muito conhecimento sobre o

assunto consistindo em um primeiro contato com o fenocircmeno estudado com a

88

intenccedilatildeo de realizar descobertas jaacute o segundo eacute indicado quando jaacute se tecircm algum

conhecimento sobre o assunto e pretende-se descrevecirc-lo (YIN 2010)

Este estudo de caso caracteriza-se ainda como integrado ou seja aquele

que envolve mais de uma unidade de anaacutelise tendo sua atenccedilatildeo dirigida a mais de

uma subunidade Esse tipo de estudo de caso ao permitir a integraccedilatildeo de

subunidades de anaacutelise possibilita o desenvolvimento de um projeto mais complexo

onde essas subunidades podem acrescentar oportunidades significativas para a

anaacutelise extensiva favorecendo os insights ao caso uacutenico (YIN 2010)

As subunidades de anaacutelise neste estudo satildeo trecircs e podem ser entendidas

como os objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes e

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de

vendedores ambulantes que foram assim definidas considerando-se a relevacircncia

dos resultados dos objetivos especiacuteficos para o caso estudado e as diferentes

estrateacutegias de investigaccedilatildeo e instrumentos de coleta de dados utilizados para cada

uma

323 Documentaccedilatildeo Entrevistas e Questionaacuterios como estrateacutegias de investigaccedilatildeo

Aleacutem da abordagem e do meacutetodo de pesquisa outro elemento importante na

estrutura de uma pesquisa eacute a estrateacutegia de coleta de dados ou estrateacutegia de

investigaccedilatildeo a qual envolve as formas de coleta anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

propostos no estudo pelo pesquisador (CRESWELL 2010)

De acordo com Creswell (2010) as estrateacutegias de investigaccedilatildeo adequadas

para as pesquisas de abordagem qualitativas satildeo meacutetodos emergentes pesquisas

abertas dados de entrevistas dados de observaccedilatildeo dados de documentos e dados

audiovisuais anaacutelise de texto e imagem interpretaccedilatildeo de temas e de padrotildees Para

essa pesquisa satildeo utilizadas as seguintes estrateacutegias qualitativas dados de

entrevistas dados de documentos e registro fotograacutefico

Jaacute para as pesquisas de abordagem quantitativa Creswell (2010)

recomenda o uso de levantamentos e experimentos utilizando-se questotildees

89

fechadas abordagens predeterminadas e dados numeacutericos Nessa pesquisa

emprega-se como estrateacutegia quantitativa o levantamento

Para Yin (2010 p 127) a coleta de dados em um estudo de caso deve

seguir trecircs princiacutepios ldquoa) o uso de muacuteltiplas fontes de evidecircncia natildeo apenas uma b)

a criaccedilatildeo de um banco de dados do estudo de caso e c) a manutenccedilatildeo de um

encadeamento de evidecircnciasrdquo De acordo com esse autor as evidecircncias de um

estudo de caso podem resultar de seis fontes documentos registros em arquivos

entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo participante e artefatos fiacutesicos

As estrateacutegias de investigaccedilatildeo utilizadas em cada um dos objetivos

especiacuteficos (unidades de anaacutelises) podem ser observadas na TABELA 3

TABELA 3 ndash ESTRATEacuteGIAS DE INVESTIGACcedilAtildeO ADOTADAS

Objetivo Especiacutefico Estrateacutegias de Investigaccedilatildeo

1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

Documentaccedilatildeo e entrevista Informal

2 Identificar caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio estruturado

3 Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Entrevista semi-estruturada

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

A primeira estrateacutegia de investigaccedilatildeo utilizada foi a documentaccedilatildeo ou

pesquisa documental Para Laville e Dionne (1999 p166) o termo documento

ldquodesigna toda fonte de informaccedilotildees jaacute existenterdquo Os referidos autores apontam essa

estrateacutegia de investigaccedilatildeo como sendo frequentemente de faacutecil acesso

Flick (2009) indica que os documentos podem ser instrutivos para

compreender a realidade social em contextos institucionais e considera que a

Internet pode ser um tipo especial de documento devido agrave facilidade de acesso

Conforme Yin (2010) o uso mais importante dos documentos em estudos de

caso consiste em corroborar e aumentar a evidecircncia de outras fontes Ainda de

acordo com o referido autor os documentos satildeo uacuteteis mesmo que natildeo sejam

sempre precisos ou possam ser imparciais

Nessa pesquisa iniciou-se a investigaccedilatildeo a partir de pesquisa documental na

Internet no site institucional da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute e em

paacuteginas da rede social Facebook relacionadas ao municiacutepio Destaca-se que tal

90

pesquisa inicial foi de fundamental importacircncia para delimitaccedilatildeo das demais

estrateacutegias de investigaccedilatildeo a serem utilizadas

A segunda estrateacutegia de investigaccedilatildeo adotada para essa pesquisa eacute a

entrevista que pode ser definida segundo Gil (2008 p 109) como uma ldquoteacutecnica em

que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com

o objetivo de obtenccedilatildeo dos dados que interessam a investigaccedilatildeordquo Trata-se se de

uma forma de interaccedilatildeo social uma forma de diaacutelogo em que uma das partes busca

coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informaccedilatildeo

Essa estrateacutegia de investigaccedilatildeo foi escolhida devido a sua flexibilidade a

qual

Eacute bastante adequada para a obtenccedilatildeo de informaccedilotildees acerca do que as pessoas sabem crecircem esperam sentem ou desejam pretendem fazer ou fizeram bem como acerca de suas explicaccedilotildees ou razotildees a respeito das coisas procedentes (GIL 2008 p 109)

Para Yin (2010) as entrevistas tem como pontos fortes o fato de serem

direcionadas focando diretamente os toacutepicos do estudo de caso e o fato de serem

perceptiacuteveis fornecendo inferecircncias e explanaccedilotildees causais percebidas

Para Gil (2008) as entrevistas apresentam algumas vantagens possibilita a

obtenccedilatildeo de dados referentes a diversos aspectos da vida social eacute uma teacutecnica

eficiente para a obtenccedilatildeo de dados em profundidade sobre o comportamento

humano e os dados obtidos podem ser classificados e quantificados

Para Creswell (2010) a entrevista eacute um meacutetodo de pesquisa uacutetil quando os

participantes natildeo podem ser observados diretamente Nesse meacutetodo os

participantes podem fornecer informaccedilotildees histoacutericas que venham contribuir com o

tema investigado e ao pesquisador eacute permitido controlar a linha de questionamento

Foram realizadas entrevistas nos objetivos especiacuteficos 1 e 3 sendo que para

o objetivo especiacutefico 1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes empregou-se a entrevista natildeo estruturada ou

informal e para o objetivo especiacutefico 3 - Analisar o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantes foi utilizada a entrevista

semi estruturada ou semi-padronizada

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute o ldquomenos estruturado possiacutevel e

soacute se distingue da simples conversaccedilatildeo porque tem como objetivo baacutesico a coleta

91

de dadosrdquo (GIL 2008 p 111) Segundo Laville e Dionne (1999 p 190) eacute um tipo de

entrevista na qual

O entrevistador apoia-se em um ou vaacuterios temas e talvez em algumas perguntas iniciais previstas antecipadamente para improvisar em seguida suas outras perguntas em funccedilatildeo de suas intenccedilotildees e das respostas obtidas de seu interlocutor

Nesse sentido a ausecircncia de estrutura da entrevista pode ser desenvolvida

e ampliada sempre em funccedilatildeo das necessidades do projeto Nesse tipo de

entrevista busca-se obter uma visatildeo geral do problema pesquisado bem como a

identificaccedilatildeo de aspectos de personalidade do entrevistado sobre o tema que se

investiga (GIL 2008)

A entrevista natildeo estruturada ou informal eacute recomendada nos estudos

exploratoacuterios os quais visam a abordar realidades pouco conhecidas pelo

pesquisador ou proporcionar uma visatildeo proacutexima do problema pesquisado sendo

que este papel exploratoacuterio eacute frequentemente reconhecido como caracteriacutestico deste

tipo de entrevista (LAVILLE E DIONNE 1999 GIL 2008)

Neste contexto Laville e Dionne (1999) propotildeem que a entrevista natildeo

estruturada ou informal poderaacute abrir o caminho a novos domiacutenios da pesquisa

permitindo descobrir por exemplo perguntas fundamentais ou termos que as

pessoas usam para falar do assunto

Conforme Gil (2008) realizam-se as entrevistas informais ou natildeo

estruturadas com informantes chave sejam eles especialistas no tema em estudo

liacutederes formais ou informais personalidades destacadas entre outros participantes

que o pesquisador julgue como mais apropriado para tal exploraccedilatildeo

Nesta pesquisa no que se refere ao objetivo especiacutefico em destaque os

informantes chave escolhidos para entrevista informal foram o presidente o vice

presidente e a secretaacuteria da Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do

Paranaacute (AVAPAR) o chefe de Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute responsaacutevel pela emissatildeo

das licenccedilas para trabalhar como vendedor ambulante no comeacutercio turiacutestico do

municiacutepio e fiscais do Departamento de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica do

Municiacutepio de Pontal do Paranaacute responsaacuteveis pela realizaccedilatildeo da palestra sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede aos vendedores ambulantes pela vistoria dos carrinhos dos

92

vendedores ambulantes e pela fiscalizaccedilatildeo dos vendedores ambulantes quando da

atividade comercial na praia

A entrevista semi estruturada ou semipadronizada escolhida para o objetivo

especiacutefico de nuacutemero 3 ndash ldquoAnalisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos informais de vendedores ambulantesrdquo eacute composta por uma ldquoseacuterie

de perguntas abertas feitas verbalmente em uma ordem prevista mas na qual o

entrevistador pode acrescentar perguntas de esclarecimentordquo (LAVILLE E DIONNE

1999 p 188)

Para Gil (2008 p 112) a entrevista semi estruturada se constitui de uma

relaccedilatildeo de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de sua

realizaccedilatildeo De acordo com o referido autor neste tipo de entrevista o entrevistador

faz perguntas diretas e deixa o entrevistado responder livremente podendo o

entrevistador intervir de forma ldquosutilrdquo caso o entrevistado se afaste dos objetivos do

questionamento

Neste tipo de entrevista em funccedilatildeo da hipoacutetese e das exigecircncias de sua

verificaccedilatildeo o pesquisador reduz o caraacuteter estruturado da entrevista a fim de tornaacute-la

menos riacutegida podendo conservar a padronizaccedilatildeo das perguntas sem impor opccedilotildees

de respostas aos entrevistados Ao permitir que o entrevistado possa formular uma

resposta pessoal obteacutem-se uma ideia melhor do que este realmente pensa e se

certifica sobre o tema investigado jaacute que a flexibilidade deste meacutetodo permite um

contato mais iacutentimo entre entrevistador e entrevistado favorecendo assim a

exploraccedilatildeo em profundidade de seus saberes bem como de suas representaccedilotildees

suas crenccedilas e valores (LAVILLE E DIONNE 1999)

Considerando que o terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa tem em sua

gecircnese caraacuteter exploratoacuterio descritivo sobre os aspectos referentes ao processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos de vendedores ambulantes que trabalham no comeacutercio

turiacutestico de Pontal do Paranaacute a entrevista semi padronizada pode ser identificada

como adequada Para realizaccedilatildeo das entrevistas deste objetivo especiacutefico utiliza-se

um roteiro para entrevista (ANEXO 3) Tal roteiro seraacute melhor descrito na seccedilatildeo

sobre os instrumentos de coleta de dados

As formas mais comuns de se realizar as entrevistas satildeo face a face por

telefone por grupo focal ou via e-mail (CRESWELL 2010 LAVILLE E DIONNE

1999 GIL 2008) A fim de alcanccedilar o objetivo especiacutefico 1 desta pesquisa realizou-

se as entrevistas face a face

93

Para realizaccedilatildeo das entrevistas por contato direto no campo necessita-se

contudo ter cautela no que se refere agrave amostragem (LAVILLE E DIONNE 1999) O

planejamento para decisatildeo do tamanho da amostragem a ser entrevistada para

atingir o objetivo especiacutefico 3 (trecircs) pode ser verificado na seccedilatildeo que se refere agrave

amostragem

Ainda referindo-se as estrateacutegias de investigaccedilatildeo qualitativas durantes as

visitas de campo foram realizados registros fotograacuteficos

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes a

estrateacutegia de investigaccedilatildeo escolhida foi o questionaacuterio estruturado com questotildees

fechadas o qual pressupotildee hipoacuteteses e questotildees fechadas que apresentam como

ponto de partida as referecircncias do pesquisador (MINAYO 1999)

De acordo com Gil (2008 p 121) pode-se definir o questionaacuterio como uma

teacutecnica de ldquoinvestigaccedilatildeo composta por um conjunto de questotildees que satildeo submetidas

a pessoas com o propoacutesito de obter informaccedilotildees sobre conhecimento crenccedilas

sentimentos valores interesses expectativas aspiraccedilotildees temores comportamento

presente ou passado []rdquo

Gil (2008) classifica o questionaacuterio ainda como uma lista fixa de perguntas

que apresenta sua ordem e redaccedilatildeo invariaacutevel para todos os entrevistados e satildeo

mais comumente utilizados por conferir maior uniformidade agraves respostas e poderem

ser mais facilmente analisadas

Os questionaacuterios satildeo em sua maioria propostos por escrito ao respondente

onde este teraacute que ler os questionamentos e em seguida responder de acordo com

sua opiniatildeo

Gil (2008 p 122) indica algumas vantagens dos questionaacuterios

a) possibilita atingir grande nuacutemero de pessoas mesmo que estejam dispersas numa aacuterea geograacutefica muito extensa jaacute que o questionaacuterio pode ser enviado por correio b) implica menores gastos com o pessoal posto que o questionaacuterio natildeo exige o treinamento dos pesquisadores c) garante o anonimato das respostas d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente e) natildeo expotildee os pesquisados agrave influecircncia das opiniotildees e do aspecto pessoal do entrevistado

94

O levantamento estrateacutegia de investigaccedilatildeo quantitativa adotada para esse

estudo ldquoapresenta uma descriccedilatildeo quantitativa ou numeacuterica de tendecircncias atitudes

ou opiniotildees de uma populaccedilatildeo estudando-se uma amostra dessa populaccedilatildeordquo onde

o pesquisador poderaacute generalizar ou fazer afirmaccedilotildees sobre a populaccedilatildeo estudada

a partir dos resultados da amostra (CRESWELL 2010 p 178)

Esse objetivo especiacutefico se divide em dois subitens caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Para tanto fez-

se necessaacuterio o uso de dois questionaacuterios para alcanccedilar tal objetivo o primeiro para

identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico (ANEXO 1) e o segundo para

identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor (ANEXO 2) Esses

questionaacuterios seratildeo mais bem detalhados na seccedilatildeo que se refere aos instrumentos

de coleta de dados

324 Instrumentos de coleta de dados e anaacutelises

Para a realizaccedilatildeo da coleta de dados em uma pesquisa dependendo dos

objetivos que se pretende investigar dos resultados que se deseja alcanccedilar da

estrateacutegia de investigaccedilatildeo e do meacutetodo de pesquisa adotados podem-se utilizar

instrumentos de coleta de dados para auxiliar no processo

Os instrumentos de coleta de dados escolhidos para essa pesquisa podem

ser vistos na TABELA 4

TABELA 4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

OBJETIVO ESPECIacuteFICO INSTRUMENTO ANEXO

1 - Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

--- ---

2 - Identificar caracteriacutesticas de perfil social e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantes

Questionaacuterio adaptado de Silva (1999) Questionaacuterio de David Clarence McClelland

apud Bartel (2010)

ANEXO 1 ANEXO 2

3 - Analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

Roteiro baseado em Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011)

ANEXO 5

FONTE Elaborado pela Autora (2015)

95

Para o objetivo especiacutefico de nuacutemero 1 ldquoIdentificar as formas de

organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantesrdquo natildeo coube

utilizar instrumento de coleta de dados pois se utiliza entrevista natildeo estruturada ou

informal As entrevistas foram gravadas com auxiacutelio de um aparelho de telefone

moacutevel posteriormente foram transcritas e analisadas

Para o objetivos especiacutefico de nuacutemero 2 ldquoIdentificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de vendedores ambulantesrdquo

foram adotados questionaacuterios estruturados e para o objetivo especiacutefico 3 ldquoAnalisar

aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores

ambulantesrdquo foi adotado um roteiro semiestruturado para entrevista

Para identificar as caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico foi utilizado um

questionaacuterio adaptado de Silva (1999) (ANEXO 1) As respostas do questionaacuterio

foram tabuladas com auxiacutelio do software Microsoft Office Excel

O questionaacuterio de David Clarence McClelland apud Bartel (2010) foi utilizado

para identificar as caracteriacutesticas de comportamento empreendedor Este

questionaacuterio eacute composto por 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees relacionadas agraves dez

caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras que compotildeem os conjuntos de

Realizaccedilatildeo Planejamento e Poder (McClelland29 1972 in Bartel 2010) Para cada

uma das afirmaccedilotildees podia-se responder a partir de uma escala de 1 a 5 sendo

1=nunca 2=raras vezes 3=algumas vezes 4=usualmente e 5=sempre Os

respondentes foram orientados a escolher uma variante de resposta que melhor os

descrevesse em cada afirmaccedilatildeo

Posterior agrave atribuiccedilatildeo das pontuaccedilotildees pelos entrevistados os resultados

foram transferidos para uma folha (ANEXO 3) para calcular a pontuaccedilatildeo de cada

caracteriacutestica comportamental (busca de oportunidades e iniciativas persistecircncia

correr riscos calculados exigecircncia de qualidade comprometimento busca de

informaccedilotildees estabelecimento de metas planejamento e monitoramento sistemaacutetico

persuasatildeo e rede de contatos e independecircncia e autoconfianccedila) e de cada

conjuntos de caracteriacutesticas (realizaccedilatildeo planejamento e poder)

29

MCCLELLAND David Clarence A sociedade competitiva realizaccedilatildeo e progresso social Rio de Janeiro Expressatildeo e Cultura 1972

96

Podia-se alcanccedilar uma pontuaccedilatildeo maacutexima em cada caracteriacutestica

comportamental de 25 pontos De acordo com Paletta30 (2001) citado por Feger et al

(2008) natildeo haacute uma pontuaccedilatildeo tida como ideal poreacutem a partir dos resultados dessa

avaliaccedilatildeo pode-se indicar em quais caracteriacutesticas os entrevistados devem ou natildeo

realizar capacitaccedilotildees e treinamentos objetivando melhoraacute-las

Dentre as 55 (cinquenta e cinco) afirmaccedilotildees que compotildeem este

questionaacuterio haacute um conjunto de 5 (cinco) afirmaccedilotildees que dirigem-se a identificar o

quanto o entrevistado pode ter se valorizado afim de apresentar uma imagem

favoraacutevel das suas caracteriacutesticas comportamentais empreendedoras no teste de

avaliaccedilatildeo Caso isso aconteccedila poderaacute ser aplicado um fator de correccedilatildeo (ANEXO

4) permitindo assim a obtenccedilatildeo de resultados o mais proacuteximo da realidade

possiacutevel

Para analisar aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais de vendedores ambulantes terceiro objetivo especiacutefico desta pesquisa foi

elaborado um roteiro (ANEXO 5) para entrevista semi estruturada baseado em

Sarasvathy adaptado de Pelogio (2011) O roteiro segue os princiacutepios do

Effectuation conforme Sarasvathy (QUADRO 6)

PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Controle de Recursos

Quem eles satildeo

O que eles conhecem

Quem eles conhecem

Clareza de objetivos iniciais

Toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais

QUADRO 6 PRINCIacutePIOS DO EFFECTUATION PARA ELABORACcedilAtildeO DO ROTEIRO DE ENTREVISTAS FONTE Elaborado Pela Autora (2016)

Foi realizado um preacute-teste em novembro de 2015 e em seguida o roteiro foi

aprimorado As entrevistas realizadas face a face e por telefone a partir deste

roteiro foram gravadas utilizando-se um aparelho de telefone moacutevel posteriormente

foram transcritas (APEcircNDICE 1) e devidamente analisadas conforme a abordagem

do Effectuation

30

PALETTA Marco Antocircnio Vamos abrir uma pequena empresa um guia praacutetico para abertura de novos negoacutecios Campinas SP Editora Aliacutenea 2001

97

325 Amostragem Natildeo-Probabiliacutestica

Nas pesquisas sociais eacute comum o uso de uma pequena parte de uma

populaccedilatildeo a fim de representar toda esta populaccedilatildeo ou universo Esse uso comum

se daacute devido agrave grande dimensatildeo do conjunto que se deseja estudar tornando-se

impossiacutevel examinaacute-lo em sua totalidade O universo ou populaccedilatildeo pode ser

entendido como ldquoo conjunto definido de elementos que possuem determinadas

caracteriacutesticasrdquo (GIL 2008 p 90) Jaacute a pequena parte mencionada como comum

chamamos de amostra que eacute entendida como um ldquosubconjunto do universo ou da

populaccedilatildeo por meio do qual se estabelecem ou se estimam as caracteriacutesticas desse

universo ou populaccedilatildeordquo (GIL 2008 p 91)

A ideia baacutesica de amostragem refere-se ldquoa coleta de dados relativos a

alguns elementos da populaccedilatildeo e a sua anaacutelise que pode proporcionar informaccedilotildees

relevantes sobre toda a populaccedilatildeordquo (MATTAR 1996 p 128)

Quanto ao tipo a amostragem pode ser classificada como probabiliacutestica que

permite generalizaccedilatildeo da populaccedilatildeo a partir de uma amostra (MATTAR 1996) satildeo

rigorosamente cientiacuteficos e se baseiam nas leis estatiacutesticas (GIL 2008) ou natildeo

probabiliacutestica que segundo Mattar (1996 p 132) ldquoeacute aquela em que a seleccedilatildeo dos

elementos da populaccedilatildeo para compor a amostra depende ao menos em parte do

julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campordquo

Nesta pesquisa a amostragem natildeo probabiliacutestica foi adotada considerando

Mattar (2010)

1 ndash Quando a obtenccedilatildeo de uma amostra de dados que reflitam precisamente a populaccedilatildeo natildeo seja o propoacutesito principal da pesquisa Se natildeo houver intenccedilatildeo de generalizar os dados obtidos na amostra para a populaccedilatildeo entatildeo natildeo haveraacute preocupaccedilotildees quanto agrave amostra ser mais ou menos representativa da populaccedilatildeo 2 ndash Quando haacute limitaccedilotildees de tempo recursos financeiros materiais e lsquopessoasrsquo necessaacuterias para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa com amostragem probabiliacutesticardquo (MATTAR 1996 p 157)

Para Gil (2008) a amostragem natildeo probabiliacutestica natildeo apresenta

fundamentaccedilatildeo estatiacutestica ou matemaacutetica satildeo unicamente dependentes de criteacuterios

98

do pesquisador Satildeo mais criacuteticas em relaccedilatildeo agrave validade dos seus resultados

contudo apresentam vantagens mormente quanto ao custo e tempo despendido

A decisatildeo de utilizar amostragem natildeo probabiliacutestica pode ainda ser

justificada em Oliveira (2001) a qual menciona que a amostragem natildeo probabiliacutestica

eacute utilizada comumente quando se trata de uma populaccedilatildeo homogecircnea quando o

pesquisador natildeo possui conhecimentos suficientes ou ainda quando o fator

facilidade operacional eacute requerido

Utilizam-se neste estudo a amostragem natildeo probabiliacutestica por tipicidade ou

intencional e por acessibilidade ou conveniecircncia A primeira de acordo com Gil

(2008) eacute aquela em que se escolhem pessoas chave para entrevistar julgando

serem essas as pessoas mais adequadas para coleta de informaccedilotildees para a

pesquisa Este tipo de amostragem foi utilizada para atingir o objetivo especiacutefico 1

Para atingir os objetivos especiacuteficos 2 e 3 foi utilizada a amostragem natildeo

probabiliacutestica por acessibilidade ou conveniecircncia Nesse tipo de amostragem o

pesquisador seleciona elementos acessiacuteveis considerando que estes possam de

alguma forma representar o universo estudado Esse tipo de amostragem se

caracteriza como o tipo de amostragem menos rigoroso e eacute geralmente aplicado em

estudos exploratoacuterios ou qualitativos onde natildeo se requer elevado niacutevel de precisatildeo

(GIL 2008)

Para o objetivo especiacutefico 3 considerou-se ainda a orientaccedilatildeo de Turato

(2013) de que em uma pesquisa qualitativa em se tratando do uso de entrevistas

como estrateacutegia de investigaccedilatildeo o nuacutemero adequado de entrevistados se encontra

entre seis e trinta

99

4 EMPREENDEDORISMO INFORMAL ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA E

OS VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute RESULTADOS E

DISCUSSAtildeO

Nesse capiacutetulo satildeo apresentados os dados resultantes dos trabalhos de

campo e da fase de anaacutelise e interpretaccedilatildeo como forma de atingir o objetivo geral

desta pesquisa ldquoanalisar o empreendedorismo informal relativo agrave atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do

Paranaacute ndash PR ndash Brasilrdquo

Em um primeiro momento entre outubro e dezembro de 2014 foi realizada

pesquisa documental atraveacutes da qual verificou-se a existecircncia da AVAPAR No

entanto a partir do telefone de contato encontrado na referida fonte de pesquisa natildeo

foi possiacutevel estabelecer contato com a instituiccedilatildeo Dessa forma a partir da rede de

contatos pessoais da pesquisadora foi possiacutevel acessar o contato telefocircnico da

secretaacuteria da AVAPAR a qual forneceu o contato telefocircnico do presidente da

instituiccedilatildeo

A primeira aproximaccedilatildeo com a AVAPAR aconteceu em janeiro de 2015

durante uma visita agrave sede da Associaccedilatildeo onde foi realizada uma entrevista informal

com seu presidente

Em um segundo momento em outubro de 2015 foi realizada entrevista

informal com o vice-presidente e com a secretaacuteria da AVAPAR na ocasiatildeo da

palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foi

realizada ainda uma entrevista informal com a fiscal sanitaacuteria municipal que estava

realizando a palestra no local

O primeiro contato com vendedores ambulantes aconteceu em outubro de

2015 durante a mesma palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pela vigilacircncia

sanitaacuteria na sede da AVAPAR Nessa ocasiatildeo foram aplicados os questionaacuterios

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil soacutecio econocircmico e de comportamento

empreendedor (objetivo especiacutefico 2) Foram entregues juntos (grampeados) 80

(oitenta) questionaacuterios de perfil soacutecio econocircmico e 80 (oitenta) questionaacuterios de perfil

empreendedor

100

Os vendedores ambulantes presentes foram orientados quanto ao

preenchimento dos questionaacuterios no momento da entrega e instruiacutedos a entregar no

mesmo dia apoacutes o preenchimento ou ateacute a semana seguinte para a secretaacuteria da

AVAPAR

A pesquisadora teve um retorno de 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 23 (vinte e trecircs) de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor na data da entrega dos questionaacuterios

Posteriormente a pesquisadora recebeu da secretaria da AVAPAR um total de 2

(dois) questionaacuterios de caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 2 (dois) de

comportamento empreendedor totalizando 27 (vinte e sete) questionaacuterios de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e 25 (vinte e cinco) questionaacuterios de

comportamento empreendedor

Cinco dos questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor

foram invalidados por natildeo estarem totalmente preenchidos Assim 20 (vinte)

questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram

considerados vaacutelidos e analisados Cabe mencionar que um questionaacuterio de

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e um questionaacuterio de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram utilizados nessa etapa da pesquisa como

formulaacuterios ou seja a pesquisadora leu cada uma das questotildees e anotou as

respostas do pesquisado Essa accedilatildeo se fez necessaacuteria devido a natildeo alfabetizaccedilatildeo

de um participante

O segundo terceiro e quarto contatos da pesquisadora com vendedores

ambulantes aconteceram em novembro de 2015 durante vistorias dos carrinhos dos

vendedores ambulantes realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica nos Balneaacuterios de Shangri-laacute Pontal Sul e Ipanema

respectivamente

Durante as vistorias do Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica acompanhadas pela pesquisadora foram realizadas entrevistas

informais com dois fiscais sanitaacuterios e uma assistente administrativa envolvidos nas

vistorias

Ainda durante as referidas vistorias foi possiacutevel a partir do

acompanhamento da pesquisadora realizar uma aproximaccedilatildeo com os vendedores

ambulantes onde foram solicitados seus contatos telefocircnicos mediante convite e

aceitaccedilatildeo para participar da entrevista sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo

101

dos empreendimentos informais de vendedores ambulantes Na ocasiatildeo das

vistorias foram abordados aproximadamente 50 (cinquenta) vendedores

ambulantes dos quais 11 (onze) aceitaram participar da entrevista sobre o processo

de criaccedilatildeo de empreendimentos e forneceram seus contatos telefocircnicos

Na sequecircncia a pesquisadora fez contato com os vendedores ambulantes

para agendar as entrevistas Um total de onze entrevistas foram agendadas na sede

da AVAPAR ou na residecircncia do vendedor ambulante conforme acordo com a

pesquisadora no entanto apenas trecircs foram realizadas As demais entrevistas natildeo

foram realizadas pelos seguintes motivos trecircs que haviam sido agendadas nas

residecircncias dos empreendedores foram demarcadas por questotildees pessoais do

vendedor ambulante e os outros cinco vendedores ambulantes natildeo compareceram agrave

sede da AVAPAR (local combinado) nos horaacuterios agendados

A primeira entrevista realizada consistiu em um preacute-teste e apoacutes sua

concretizaccedilatildeo foram delineados pequenos ajustes no roteiro de entrevista No

entanto como os ajustes foram miacutenimos tal entrevista natildeo foi descartada e natildeo teve

a necessidade de complementaccedilatildeo de informaccedilotildees sobre o informante

Uma segunda tentativa de concretizaccedilatildeo das entrevistas foi realizada em

marccedilo de 2016 por telefone onde os oito vendedores ambulantes que haviam

aceitado participar das entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

foram contatados para participarem novamente da entrevista mas dessa vez por

telefone Uma entrevista foi realizada logo no primeiro contato e outras duas

agendadas Ao retornar por telefone para os dois vendedores ambulantes com

entrevistas agendadas outra entrevista foi realizada e o terceiro vendedor

ambulante natildeo atendeu ao telefone no dia e horaacuterio agendado para entrevista e nem

posteriormente

Dessa forma realizou-se contato telefocircnico ao vice-presidente da AVAPAR

para indicaccedilatildeo de vendedores ambulantes para participar da entrevista Foram

indicados pelo vice-presidente da AVAPAR trecircs vendedores ambulantes e

fornecidos seus contatos telefocircnicos No primeiro contato telefocircnico com um dos

vendedores ambulantes foi realizada mais uma entrevista Os outros dois contatados

natildeo atenderam ao telefone

Assim encerrou-se a etapa de entrevistas sobre o processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos com seis entrevistados seguindo a orientaccedilatildeo de Turato (2000)

102

de no miacutenimo seis informantes na pesquisa qualitativa quando se faz uso de

entrevistas

Das seis entrevistas realizadas trecircs foram realizadas face a face (uma na

sede da AVAPAR e duas nas residecircncias dos entrevistados) e trecircs por contato

telefocircnico As entrevistas face a face tiveram em meacutedia uma hora de duraccedilatildeo e as

realizados por telefone em meacutedia trinta minutos

Em dezembro de 2015 foi realizada entrevista da Prefeitura Municipal de

Pontal do Paranaacute com o Chefe do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas responsaacutevel pelo controle emissatildeo e entrega das

licenccedilas e camisetas para os vendedores ambulantes do municiacutepio

Durante as visitas de campo foram consultados documentos institucionais da

AVAPAR (Estatuto Social) e da Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute (Lei

Municipal para o comeacutercio ambulante temporaacuterio) e realizado registro fotograacutefico Foi

ainda realizado registro fotograacutefico dos vendedores ambulantes na praia seu local

de trabalho

Esse capiacutetulo eacute composto por quatro subcapiacutetulos onde nos trecircs primeiros

satildeo expostos os resultados referentes a cada objetivo especiacutefico e no uacuteltimo os

resultados alcanccedilados para o objetivo geral da pesquisa

41 Formas de organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes

Estatildeo envolvidas na atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes de Pontal do Paranaacute duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute As atividades atribuiccedilotildees e responsabilidades de

cada uma dessas instituiccedilotildees seratildeo apresentadas em uma respectiva seccedilatildeo Em

uma terceira seccedilatildeo seratildeo apresentadas as anaacutelises dos resultados

103

411 AVAPAR

A Associaccedilatildeo dos Vendedores Ambulantes de Pontal do Paranaacute (AVAPAR)

foi fundada em 07101997 e se enquadra na categoria de associaccedilatildeo privada que

desenvolve atividades de defesa de direitos sociais A instituiccedilatildeo estaacute instalada em

sede proacutepria localizada na Travessa Solimotildees nuacutemero 12 balneaacuterio de Ipanema

em Pontal do Paranaacute (ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

A AVAPAR conta em seu conselho diretor com onze membros sendo um

presidente um vice presidente dois secretaacuterios dois tesoureiros e cinco

conselheiros A cada dois anos eacute realizada uma nova eleiccedilatildeo para os membros do

conselho e podem se candidatar pessoas envolvidas com a AVAPAR seja por

serem associados ou por terem realizado algum tipo de parceria A eleiccedilatildeo acontece

em Assembleia Geral Ordinaacuteria sempre na primeira quinzena do mecircs de junho

(ESTATUTO DA AVAPAR 2016)

De acordo com o presidente da AVAPAR e com o Estatuto da AVAPAR

(2016) os interessados em atuar como vendedores ambulantes em Pontal do

Paranaacute precisam se associar agrave AVAPAR para receberem as licenccedilas que satildeo

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute Podem se associar apenas

as pessoas residentes no municiacutepio haacute pelo menos seis meses mediante

apresentaccedilatildeo de documento de identidade cadastro de pessoa fiacutesica comprovante

de residecircncia em nome do titular e tiacutetulo de eleitor do titular sendo que eacute obrigatoacuterio

que o candidato a associado seja eleitor do municiacutepio de Pontal do Paranaacute Pessoas

menores de 18 anos e maiores de 14 poderatildeo se associar agrave AVAPAR mediante

autorizaccedilatildeo por escrito do pai ou responsaacutevel

Segundo o presidente e o vice presidente da AVAPAR o cadastro e a

renovaccedilatildeo do cadastro dos associados satildeo realizados anualmente em periacuteodo preacute-

determinado pela AVAPAR Primeiramente acontece a renovaccedilatildeo do cadastro dos

vendedores ambulantes associados ou seja pessoas que jaacute desenvolvem atividade

como vendedor ambulante e que pretendem renovar seu cadastro por mais um ano

para continuarem desenvolvendo a atividade Isso prioriza os vendedores

ambulantes jaacute associados sendo que haacute casos de vendedores ambulantes que satildeo

associados desde 1997 quando a associaccedilatildeo foi fundada

104

Apoacutes o periacuteodo de renovaccedilatildeo de cadastro dos associados antigos acontece

o periacuteodo de cadastramento dos interessados em se associar para iniciarem as

atividades como vendedores ambulantes Dessa forma as vagas natildeo preenchidas

pelos associados antigos satildeo direcionadas aos novos candidatos dentro do nuacutemero

limite de 551 vagas ao ano

Segundo o atual presidente da AVAPAR o nuacutemero de associados para o

periacuteodo de 2014 a 2015 foi de 600 excedendo o nuacutemero limite de associados

considerado adequado pela associaccedilatildeo e pela Prefeitura Municipal devido a grande

procura dos interessados em atuar como vendedores ambulantes Mas ainda foi

menor que o nuacutemero de associados do ano anterior 2014 que chegou agrave 800

associados

De acordo como o presidente e o secretaacuterio da AVAPAR os associados que

natildeo realizam a renovaccedilatildeo anual de seus cadastros natildeo podem mais exercer as

atividades como vendedores ambulantes pois as licenccedilas emitidas pela Prefeitura

Municipal satildeo vaacutelidas apenas para o periacuteodo de uma temporada Assim os

associados que deixam de renovar seus cadastros precisam esperar em uma lista

de espera para que possam voltar a se associar e obter novas licenccedilas Para se

associar agrave AVAPAR ou efetuar a renovaccedilatildeo anual de cadastro eacute necessaacuterio o

pagamento de uma taxa no valor de R$ 4000 reais agrave associaccedilatildeo

Conforme o presidente e o vice presidente da AVAPAR a distribuiccedilatildeo

geograacutefica dos associados para atuaccedilatildeo como vendedores ambulantes bem como a

escolha dos produtos que seratildeo comercializados por eles eacute definida no momento da

realizaccedilatildeo ou renovaccedilatildeo do cadastro de acordo com as vagas disponiacuteveis

conforme a Lei Municipal que dispotildeem sobre o comeacutercio ambulante em Pontal do

Paranaacute

Para um controle e fiscalizaccedilatildeo mais efetivos dos ambulantes o municiacutepio

foi dividido em quatro setores de atuaccedilatildeo Setor 1 ndash Praia de Leste Setor 2 ndash

Ipanema Setor 3 ndash Shangri-laacute e Setor 4 ndash Pontal do Sul (FIGURA 9) De acordo com

a Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005 Decreto nordm 5322 de 04 de

setembro de 2015 a definiccedilatildeo e autorizaccedilatildeo dos locais para o exerciacutecio do comeacutercio

ambulante eacute de competecircncia da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo e Assuntos

Fundiaacuterios e do Departamento Municipal de Urbanismo de Pontal do Paranaacute

105

FIGURA 9 ndash SETORES PARA EXERCIacuteCIO DE COMEacuteRCIO AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

O associado cadastrado dispotildee de autorizaccedilatildeo para atuaccedilatildeo exclusiva no

seu setor podendo sofrer penalidades caso descumpra essa regra O criteacuterio de

escolha do setor eacute de acordo com o balneaacuterio de residecircncia do associado

Os produtos e as vagas disponiacuteveis para comercializaccedilatildeo como vendedor

ambulante podem ser observados no QUADRO 7

ATIVIDADES

SETORES TOTAL

1 2 3 4

1 Bebidas 45 40 25 15 125

2 Caldo de cana 05 05 03 03 16

3 Churros e crepes 16 14 09 09 48

4 Coco verde 15 15 10 08 48

5 Espetinho 03 03 03 03 12

6 Milho verde 12 08 05 05 30

7 Pastel 12 12 05 05 34

8 Pipoca 02 02 02 02 08

9 Mini pizza pizza pedaccedilo 03 03 02 02 10

10 Raspadinha 05 04 04 02 15

11 Salada de frutas frutas 02 02 02 02 08

12 Salgados doces tapiocas e patildees 26 16 06 09 57

13 Aluguel de cadeiras e guarda sol 05 05 05 05 20

14 Sorvetes 45 31 24 20 120

TOTAL 196 160 105 90 551

QUADRO 7 ndash NUacuteMERO DE VAGAS POR SETOR PARA CADA ATIVIDADE AMBULANTE FONTE PONTAL DO PARANAacute (2016)

106

Observa-se que os vendedores ambulantes podem escolher dentre quinze

produtos para comercializaccedilatildeo O criteacuterio de escolha dos produtos depende do

nuacutemero de vagas disponiacuteveis no momento do cadastro ou seja quem realiza o

cadastro antes tem mais opccedilotildees de escolhas

Os demais escolhem a partir das vagas ainda disponiacuteveis Assim os

associados antigos realizando a renovaccedilatildeo de cadastro em periacuteodo que antecede o

cadastro dos novos associados tecircm maiores opccedilotildees de escolha

Segundo o presidente da AVAPAR a instituiccedilatildeo eacute mantida com os recursos

oriundos da taxa de cadastramento e renovaccedilatildeo de cadastro paga pelos associados

A sede da associaccedilatildeo eacute constituiacuteda de um amplo salatildeo com cozinha e banheiros

equipados conta com um escritoacuterio informatizado e uma lan house com

computadores com acesso agrave internet para uso dos associados contando ainda com

uma aacuterea externa para lazer

A sede eacute proacutepria da associaccedilatildeo e foi adquirida haacute aproximadamente quinze

anos O espaccedilo e estrutura da AVAPAR satildeo ainda locados para realizaccedilatildeo de

eventos como bingos e bailes da terceira idade gerando recursos para auxiliar na

manutenccedilatildeo da associaccedilatildeo

Ainda de acordo com o presidente da AVAPAR ao longo dos 19 anos de

existecircncia da associaccedilatildeo natildeo haacute registros de realizaccedilatildeo de pesquisas acadecircmicas

sobre os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute bem como sobre a proacutepria

associaccedilatildeo se tornando um nicho a ser explorado cientificamente

412 Prefeitura Municipal

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute no periacuteodo de

1995 a 1997 a responsabilidade por controlar a atividade comercial dos vendedores

ambulantes era da Empresa de Desenvolvimento das Praias ndash ENDEPRAIAS pois o

municiacutepio ainda natildeo havia se desmembrado de Paranaguaacute

Com a emancipaccedilatildeo de Pontal do Paranaacute a partir do ano de 1998 tal

responsabilidade passou a ser do proacuteprio municiacutepio Posterior a isso foi instituiacuteda a

107

Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 referente ao comeacutercio ambulante durante o

periacuteodo de temporada de veratildeo no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Cabe ao Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo31 determinar o

modelo padratildeo e cor da vestimenta de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes

elaborar o crachaacute de identificaccedilatildeo dos vendedores ambulantes e definir o padratildeo de

identificaccedilatildeo dos carrinhos meios ou equipamentos utilizados para transporte de

produtos

Conforme o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da

Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute apoacutes o encaminhamento dos

cadastros realizados pela AVAPAR para a Prefeitura Municipal eacute divulgado na sede

da Prefeitura Municipal um edital com a classificaccedilatildeo dos inscritos por setor e

conforme as atividades indicadas

Conforme a Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04

de setembro de 2015 haacute trecircs criteacuterios de desempate que satildeo seguidos para a

classificaccedilatildeo maior tempo de atuaccedilatildeo como vendedor ambulante maior tempo de

residecircncia no municiacutepio e condiccedilatildeo socioeconocircmica menos favoraacutevel

Os candidatos classificados satildeo convocados para expediccedilatildeo da licenccedila

condicionada agrave vistoria e liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos utilizados

para preparo transporte ou acondicionamento de produtos para comercializaccedilatildeo

(que seraacute informada e agendada pelo Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo

conforme Calendaacuterio de Vistoria no momento da convocaccedilatildeo) e apresentaccedilatildeo do

comprovante de pagamento da taxa de licenccedila agrave Prefeitura no valor de R$10000

As licenccedilas dos vendedores ambulantes satildeo representadas por carteirinhas

onde constam os dados do vendedor ambulante como nome documentos

pessoais setor de atuaccedilatildeo produto comercializado validade da licenccedila e periacuteodo

para renovaccedilatildeo da licenccedila

Tais carteirinhas (FIGURA 10) satildeo emitidas por cores de acordo com o

setor de atuaccedilatildeo do ambulante As cores mudam de ano para ano As carteirinhas

referentes agrave temporada de veratildeo 20152016 apresentam as seguintes cores Setor 1

(Praia de Leste) ndash Azul Setor 2 (Ipanema) - Rosa Setor 3 (Shangri-laacute) ndash Verde

Setor 4 (Pontal do Sul) ndash Amarela

31

Conforme Lei N 621 de 18 de Novembro de 2005 Decreto nordm5322 de 04 de setembro de 2015

108

FIGURA 10 ndash CARTEIRINHA DE VENDEDOR AMBULANTE ndash TEMPORADA 20132014 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute as licenccedilas

emitidas pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute satildeo individuais e

intransferiacuteveis ou seja somente o titular tem autorizaccedilatildeo para exercer atividade

como vendedor ambulante nas areias do municiacutepio portando essa licenccedila

De acordo com a Lei Municipal do comeacutercio ambulante temporaacuterio as

licenccedilas satildeo emitidas para o periacuteodo de temporada de veratildeo tendo sua validade de

01 de dezembro ateacute 31 de marccedilo No entanto conforme o Chefe de Divisatildeo do

Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de

Pontal do Paranaacute responsaacutevel pelo controle de emissatildeo das licenccedilas os

vendedores ambulantes tem autorizaccedilatildeo para trabalhar apoacutes o dia 31 de marccedilo

portando a mesma licenccedila Aleacutem das licenccedilas a Prefeitura fornece ainda camisetas

de uniforme (FIGURA 11) para os vendedores ambulantes

109

FIGURA 11 ndash CAMISETAS DOS VENDEDORES AMBULANTES ndash TEMPORADA20142015 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com dados da Prefeitura Municipal em Pontal do Paranaacute haacute um

total de 3050 (trecircs mil e cinquenta) vendedores ambulantes cadastrados mas

apenas 750 (setecentos e cinquenta) estatildeo ativos desenvolvendo as atividades

como vendedor ambulante O nuacutemero de vendedores ambulantes ativos na atividade

eacute referente agraves pessoas cadastradas na AVAPAR e na Prefeitura Municipal e que

atuam na atividade comercial em um ano ou eu outro natildeo se referindo ao nuacutemero

de vendedores ambulantes que atuam fixamente nos demais anos

O controle sanitaacuterio da atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute de acordo com o fiscal sanitaacuterio 1

passou a ser realizado no ano de 2001 pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica estimulado pelas reclamaccedilotildees dos turistas do municiacutepio

quanto agrave higiene dos carrinhos dos vendedores ambulantes bem como da

manipulaccedilatildeo inadequada de produtos pelos ambulantes

De acordo com esse fiscal o Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria

e Epidemioloacutegica segue o Coacutedigo de Sauacutede do Paranaacute Lei nordm 13331 de 23 de

novembro de 2011 que dispotildee sobre a organizaccedilatildeo regulamentaccedilatildeo fiscalizaccedilatildeo e

controle das accedilotildees dos serviccedilos de sauacutede no Estado do Paranaacute e Decreto Nordm 5711

de 5 de maio de 2002 que regula a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema

Uacutenico de Sauacutede no acircmbito do Estado do Paranaacute estabelece normas de promoccedilatildeo

proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e dispotildee sobre as infraccedilotildees sanitaacuterias e respectivo

processo administrativo

110

O Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica de

Pontal do Paranaacute eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de palestra educativa sobre

Vigilacircncia agrave Sauacutede (FIGURA 12) para os vendedores ambulantes Conforme o fiscal

sanitaacuterio 2 que realizou a palestra em outubro de 2015 a referida palestra eacute

obrigatoacuteria aos candidatos agrave vendedores ambulantes Sem ela o candidato fica

impossibilitado de obter o selo de vistoria expedido pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Municipal

Durante a palestra os vendedores ambulantes satildeo orientados quanto aos

procedimentos baacutesicos de Vigilacircncia agrave Sauacutede dos carrinhos utilizados para

transportar seus produtos no momento de venda bem como quanto agrave forma

adequada de manipulaccedilatildeo de alimentos que seratildeo comercializados por eles e

prevenccedilatildeo agrave dengue

FIGURA 12 ndash PALESTRA SOBRE VIGILAcircNCIA Agrave SAUacuteDE REALIZADA PELO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA NA SEDE DA AVAPAR FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Conforme o artigo 13 da Lei Municipal nordm 621 de 18 de novembro de 2005

Decreto nordm 5322 de 04 de setembro de 2015 ldquocabe ao Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica vistoriar e liberar veiacuteculos carrinhos ou

quaisquer outros meios ou equipamentos utilizados para preparo transporte e

acondicionamento dos produtos a serem comercializadosrdquo

Os carrinhos considerados aptos para a comercializaccedilatildeo de produtos

recebem um selo de vistoria (FIGURA 13)

111

FIGURA 13 ndash SELO DE VISTORIA DO DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

De acordo com os fiscais sanitaacuterios 1 e 3 as vistorias satildeo realizadas

levando em consideraccedilatildeo as orientaccedilotildees sanitaacuterias apresentadas no Coacutedigo de

Sauacutede do Paranaacute Os itens analisados nos carrinhos diferem conforme os produtos

que seratildeo nele comercializados

Os carrinhos de bebidas e sorvetes satildeo em sua maioria mais simples jaacute que

esses produtos natildeo necessitam de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao

consumidor diferente por exemplo de um carrinho de cachorro quente tapioca ou

milho verde os quais necessitam ser aquecidos preparados ou montados no

momento do consumo

Conforme a Vigilacircncia sanitaacuteria um item obrigatoacuterio para todos os carrinhos

eacute a saiacuteda de aacutegua (FIGURA 14) para higienizaccedilatildeo das matildeos do vendedor ambulante

durante o trabalho na praia Os itens analisados nos carrinhos pela Vigilacircncia

Sanitaacuteria no momento da vistoria satildeo estrutura e pintura do carrinho adequaccedilatildeo

dos locais de armazenamento dos produtos e caixas de isopor para

acondicionamento de bebidas que devem ser trocadas anualmente

Durante a vistoria os fiscais sanitaacuterios orientam os vendedores ambulantes

quanto a possiacuteveis melhorias que possam ser realizadas futuramente nos carrinhos

Durante o processo de vistoria dos carrinhos de vendedores ambulantes pelo

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica um Assistente

Administrativo eacute responsaacutevel pelo controle dos carrinhos vistoriados bem como

pelo registro do recebimento dos selos de vistoria

112

FIGURA 14 ndash SAIacuteDA DE AacuteGUA DE CARRINHO DE VENDEDOR AMBULANTE FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

A natildeo liberaccedilatildeo dos carrinhos meios e equipamentos pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica durante as vistorias (FIGURA

15) implica no indeferimento da licenccedila solicitada e convocaccedilatildeo do candidato

seguinte

FIGURA 15 ndash VISTORIAS DOS CARRINHOS DOS VENDEDORES AMBULANTES PELO DEPARTAMENTO DE VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA E EPIDEMIOLOacuteGICA FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

113

De acordo como o Chefe de Divisatildeo do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo da Secretaria Municipal de Financcedilas de Pontal do Paranaacute a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute representada pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica eacute responsaacutevel pela fiscalizaccedilatildeo dos

vendedores ambulantes quando em atividade na praia

Conforme a Assistente Administrativa envolvida na organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes tal fiscalizaccedilatildeo eacute realizada a partir

do deslocamento de um grupo de fiscais agraves areias do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

para verificar se todos os vendedores ambulantes estatildeo devidamente autorizados a

desempenhar as atividades bem como se os vendedores ambulantes estatildeo sob

efeito de aacutelcool ou tabagismo se apresentam ferimento exposto (principalmente nas

matildeos) se estatildeo com tosse as condiccedilotildees do carrinho na praia e o acondicionamento

dos produtos

A fiscalizaccedilatildeo acontece ainda por parte dos proacuteprios associados que por

residirem em um municiacutepio pequeno e por frequentarem as atividades da AVAPAR

se conhecem Assim se avistarem algueacutem praticando atividade como vendedor

ambulante e que natildeo seja associado agrave AVAPAR informam a Prefeitura Municipal

para verificaccedilatildeo de possiacuteveis irregularidades que quando comprovadas resultam em

apreensatildeo das mercadorias do praticante

413 Organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes ndash

Instituiccedilotildees envolvidas

A organizaccedilatildeo da atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute estaacute sistematizada na FIGURA 16

114

FIGURA 16 ndash REPRESENTACcedilAtildeO DA ORGANIZACcedilAtildeO DA ATIVIDADE COMERCIAL TURIacuteSTICA DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

A AVAPAR eacute a instituiccedilatildeo responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos

candidatos a vendedores ambulantes bem como agrave renovaccedilatildeo dos cadastros dos

ambulantes antigos mediante recolhimento de taxa Apoacutes a renovaccedilatildeo e realizaccedilatildeo

dos cadastros os candidatos devem participar de momento de aperfeiccediloamento e

qualificaccedilatildeo mediante palestra sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizada pelo

Cadastro

Departamento

de Cadastro e

Tributaccedilatildeo

Departamento

de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica

Fiscalizaccedilatildeo

Vistoria dos carrinhos

e equipamentos

Treinamento

Vigilacircncia agrave Sauacutede

Coacutedigo de Sauacutede

do Paranaacute Lei 621 de 18 de

Novembro de 2005

Expediccedilatildeo das

licenccedilas

Uniformes

115

Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR

Os cadastros realizados pela AVAPAR satildeo encaminhados para a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute que iraacute a partir do Departamento de Cadastro e

Tributaccedilatildeo e seguindo a Lei 621 de 18 de novembro de 2005 convocar os

candidatos classificados para desenvolver a atividade Os candidatos deveratildeo

passar pela vistoria dos carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica pautada no Coacutedigo de Sauacutede do

Paranaacute onde os aprovados recebem um selo de vistoria

Apoacutes a aprovaccedilatildeo na vistoria realizada pelo Departamento de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica os candidatos devem apresentar o comprovante de

recolhimento da taxa municipal no Departamento de Cadastro e Tributaccedilatildeo para

que possam ser expedidas as licenccedilas Juntamente com as carteirinhas de

identificaccedilatildeo os classificados recebem do Departamento Municipal de Cadastro e

Tributaccedilatildeo os uniformes para que possam desenvolver as atividades na praia como

vendedores ambulantes (FIGURA 17 e 18)

116

FIGURA 17 VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Podemos ver nas imagens (FIGURA 17) carrinhos de estruturas que

utilizam bicicletas carrinhos emprestados aos vendedores por empresas

constituiacutedas a partir de parcerias e um carrinho com estrutura especiacutefica construiacuteda

exclusivamente para essa atividade sendo estes passiacuteveis de locomoccedilatildeo pelo

vendedor ambulante

117

FIGURA 18 ndash VENDEDORES AMBULANTES EM ATIVIDADE NA PRAIA DE PONTAL DO PARANAacute FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

Na Figura 18 podem ser observados exemplos de carrinhos de vendedores

ambulantes com estruturas de maior dimensatildeo que os carrinhos apresentados na

Figura 17 Esses carrinhos geralmente satildeo instalados diariamente em um

determinado ponto da praia e permanecem ali durante o dia podendo no dia

seguinte ser instalado em outro local dentro do seu setor de atuaccedilatildeo A

permanecircncia desses carrinhos em um mesmo local durante o dia se daacute devido ao

peso dos carrinhos Sua locomoccedilatildeo seria inviaacutevel aos vendedores ambulantes

devido ao desgaste fiacutesico destes

Durante o periacuteodo de temporada de veratildeo o Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica realiza fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos e

equipamentos dos vendedores ambulantes em atividade na areia da praia

42 Caracteriacutesticas de Perfil Socioeconocircmico e de Comportamento Empreendedor

de vendedores ambulantes

Nesse subcapiacutetulo seratildeo apresentados os resultados referentes agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de comportamento empreendedor de

vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute referentes ao segundo objetivo

especiacutefico da pesquisa

Foram validados e analisados 27 (vinte e sete) questionaacuterios de perfil

socioeconocircmico e 20 (vinte) questionaacuterios de caracteriacutesticas de comportamento

118

empreendedor cujos resultados seratildeo apresentados em duas seccedilotildees

respectivamente

421 Perfil Socioeconocircmico dos vendedores ambulantes

Responderam ao questionaacuterio de perfil socioeconocircmico um total de 10 (dez)

homens e 17 (dezessete) mulheres com idades entre 18 (dezoito) e 80 (oitenta)

anos (GRAacuteFICO 1)

1 3

5

6

7

32

ATEacute 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 61 - 70 71 - 80

GRAacuteFICO 1 ndash IDADE DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 18 (dezoito) respondentes apresentaram idades

no intervalo 31 (trinta e um) a 60 (sessenta) anos representando expressividade

entre os entrevistados

O estado civil dos vendedores ambulantes participantes pode ser observado

no GRAacuteFICO 2

119

5

13

1

3

23

SOLTEIRO CASADO VIUacuteVO

DIVORCIADO UNIAtildeO ESTAacuteVEL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 2 ndash ESTADO CIVIL DE VENDEDORES AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que um total de 13 (treze) respondentes declararam estar

casados seguidos de 5 (cinco) que declararam estar solteiros

Dentre os respondentes 22 (vinte e dois) afirmaram ter filhos e 5 (cinco)

responderam que natildeo tecircm filhos

Os balneaacuterios de Pontal do Paranaacute onde os vendedores ambulantes

residem pode ser visualizado no GRAacuteFICO 3

5

4

3322

1

1

1 22 1

PRAIA DE LESTE IPANEMA SHANGRI-LAacute

PONTAL DO SUL GRAJAUacute SANTA TEREZINHA

CHAacuteCARA SAtildeO PEDRO LEBLON CARMERY

BELTRAMI GUARAPARI PRIMAVERA

GRAacuteFICO 3 ndash BALNEAacuteRIOS ONDE MORAM OS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que foi identificada heterogeneidade quanto ao balneaacuterio de

residecircncia dos vendedores ambulantes que participaram da pesquisa

120

Quando questionados quanto agraves suas cidades de origem coube destaque agrave

cidade de Curitiba indicada como cidade de origem por 7 (sete) dos respondentes

O Municiacutepio de Paranaguaacute foi indicado como cidade de origem por 3 (trecircs)

respondentes O Municiacutepio de Colombo localizado na regiatildeo metropolitana da

capital do Estado do Paranaacute Curitiba foi indicado como cidade de origem por 2

(dois) respondentes

Os seguintes municiacutepios e estados foram indicados como cidade de origem

por um respondente cada Minas Gerais RondonPR Pato BrancoPR

LisboaPortugal Porto AlegreRS Rio do SulSC LajinhaMG Faxinal do CeacuteuPR

Minador do NegratildeoAL MorretesPR Trecircs PassosRS Alagoas JabotiPR IbaitiPR

Nota-se expressividade de respondentes de origem de cidades do Estado do

Paranaacute bem como pode-se observar que a maioria dos respondentes tem origem

nos Estados do Sul do Brasil Paranaacute Santa Catarina e Rio Grande do Sul Um dos

respondentes do questionaacuterio sobre o perfil socioeconocircmico natildeo respondeu a essa

questatildeo O tempo de residecircncia dos entrevistados no municiacutepio de Pontal do

Paranaacute pode ser observado no GRAacuteFICO 4

4

8

5

21

3

4

ATEacute 1 2 A 5 6 A 10 11 A 15 16 A 20 20 A 25 NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 4 ndash TEMPO DE RESIDEcircNCIA DE VENDEDORES AMBULANTES EM PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Pode-se observar que 17 (dezessete) dos respondentes moram em Pontal

do Paranaacute por um periacuteodo de tempo de ateacute 10 (dez) anos

A escolaridade dos respondentes pode ser visualizada no GRAacuteFICO 5

121

1

7

311

13 1

ENS BAacuteSICO INC ENS BAacuteSICO COMP ENS FUND COMP

ENS MEacuteDIO COMP ENS TEacuteCNICO COMP ENS SUPERIOR COMP

NAtildeO ESTUDOU

GRAacuteFICO 5 ndash ESCOLARIDADE DE VENDEDORES AMBULANTES DE PONTAL DO PARANAacute FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 11 (onze) vendedores ambulantes respondentes concluiacuteram

o Ensino Meacutedio Por outro lado 8 (oito) apresentaram baixo grau de escolaridade

visto que 7 (sete) dos respondentes afirmaram ter estudado ateacute a conclusatildeo do

Ensino Baacutesico e 1 (um) declarou natildeo ter estudado

Na sequecircncia os respondentes foram questionados quanto agrave profissatildeo de

seus pais Um total de 14 (quatorze) participantes natildeo responderam a essa questatildeo

A profissatildeo do pai foi respondida por 13 (treze) respondentes A profissatildeo de

lavrador foi indicada por 4 (quatro) respondentes Dois respondentes indicaram a

profissatildeo de policial militar

As seguintes profissotildees foram apontadas por um respondente cada uma

agricultor auxiliar de serviccedilos gerais funcionaacuterio puacuteblico gari farmacecircutico

caminhoneiro e pedreiro Quanto agrave profissatildeo da matildee obteve-se resposta de 13

(respondentes) Cabe destaque agrave ocupaccedilatildeo de dona do lar indicada por 6 (seis)

respondentes As profissotildees a seguir foram indicadas por um respondente cada

uma lavradora agricultora costureira teacutecnica em enfermagem zeladora

empregada domeacutestica e funcionaacuteria puacuteblica

Os participantes da pesquisa foram questionados sobre a razatildeo que os

levou agrave decisatildeo de atuarem na atividade comercial turiacutestica de vendedor ambulante

Nessa questatildeo ofereceram-se opccedilotildees de respostas Os resultados podem ser

observados no GRAacuteFICO 6

122

6

82

8

1 2

GANHAR MAIS

DIFICULDADE DE ENCONTRAR EMPREGO

APOSENTADORIA BAIXA

INDEPENDEcircNCIA AUTONOMIA LIBERDADE

OUTRA RAZAtildeO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 6 ndash RAZOtildeES PARA TRABALHAR COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que as razotildees que foram mais apontadas como motivadoras

para trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoindependecircncia autonomia

liberdaderdquo e ldquodificuldade de encontrar empregordquo indicadas por 8 (oito) respondentes

cada Seguidas por ldquoganhar maisrdquo indicada por 6 (seis) respondentes A razatildeo

adicional mencionada por um dos respondentes foi ajudar um familiar

O tempo de trabalho como vendedor ambulante dos respondentes pode ser

observados no GRAacuteFICO 7

5

2

313111

1

9

1 ANO 2 ANOS 3 ANOS 4 ANOS

5 ANOS 7 ANOS 9 ANOS 18 ANOS

20 ANOS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 7 ndash TEMPO DE TRABALHO COMO VENDEDOR AMBULANTE FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

123

Observa-se que 14 (quatorze) dos respondentes trabalham como vendedor

ambulante a ateacute 5 (cinco) anos Dentre os demais pesquisados um total de 9 (nove)

respondentes natildeo indicaram o tempo que trabalham como vendedor ambulante em

Pontal do Paranaacute

Todos os 27 (vinte e sete) respondentes afirmaram jaacute terem trabalhado em

outra atividade Quando perguntados qual havia sido seu uacuteltimo emprego antes de

trabalhar como vendedor ambulante um total de 17 (dezessete) pesquisados

responderam

Dois indicaram terem trabalhado como auxiliar de serviccedilos gerais Cada uma

das demais ocupaccedilotildees foi indicada por um pesquisado cobrador de ocircnibus coletor

de reciclados agricultor funcionaacuterio puacuteblico vendedora montador cenograacutefico

cozinheiro impressor off set auxiliar de cozinha teacutecnico em enfermagem analista

de comunicaccedilatildeo vendedor de calccedilados professor motorista mestre de obras

Dos 27 (vinte e sete) vendedores ambulantes que participaram dessa etapa

da pesquisa 23 (vinte e trecircs) afirmaram jaacute ter trabalhado com carteira assinada Trecircs

respondentes indicaram que nunca tiveram carteira assinada e um pesquisado natildeo

respondeu a essa questatildeo

Quando perguntados se o trabalho como vendedor ambulante era seu uacutenico

emprego 18 (dezoito) indicaram que sim Sete respondentes afirmaram ter outro

emprego sendo que 5 (cinco) indicaram sua outra atividade auxiliar de cozinha e

serviccedilos gerais coletor de reciclados costureira motorista mestre de obras Essa

pergunta natildeo foi respondida por 2 (dois) pesquisados

No que se refere agrave busca por outro emprego atualmente 6 (seis)

respondentes afirmaram estar buscando outra ocupaccedilatildeo 19 (dezenove)

pesquisados indicaram natildeo buscar outro emprego e 2 (dois) natildeo responderam tal

questionamento

Os setores onde os respondentes trabalham como vendedores ambulantes

podem ser observados no GRAacuteFICO 8

124

9

11

2

22

1 - PRAIA DE LESTE 2 - IPANEMA 3 - SHANGRI-LAacute

4 - PONTAL DO SUL NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 8 ndash SETORES DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que a maioria dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio socioeconocircmico trabalham nos Setores 1 - Praia de Leste (9

respondentes) e 2 - Ipanema (11 respondentes) Cabe mencionar aqui que na

ocasiatildeo da aplicaccedilatildeo do referido questionaacuterio durante a palestra sobre Vigilacircncia agrave

Sauacutede realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR estavam presentes os vendedores ambulantes

predominantemente dos Setores 1 e 2 visto que a referida palestra acontece em

vaacuterias datas devido ao nuacutemero de vendedores ambulantes que atuam por ano e

em cada data satildeo convocados vendedores ambulantes de setores diferentes

Ao perguntar sobre os periacuteodos em que os vendedores ambulantes

costumam trabalhar (GRAacuteFICO 9) foram oferecidas alternativas de respostas onde

os respondentes poderiam escolher mais de uma alternativa

125

24

7

2

8

3 2

TODOS OS DIAS DA TEMPORADA FINAIS DE SEMANA O ANO TODO

FINAIS DE SEMANA NA TEMPORADA FERIADOS

FEacuteRIAS DE JULHO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 9 ndash PERIacuteODOS DE TRABALHO DOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que os respondentes costumam trabalhar principalmente no

periacuteodo de temperada de veratildeo Sendo que esta opccedilatildeo de resposta foi indicada por

24 (vinte e quatro) dos 27 (vinte e sete) respondentes

A quantidade de horas que os vendedores ambulantes respondentes da

pesquisa trabalham por dia pode ser observada no GRAacuteFICO 10

12

6

1

8

8 HORAS 10 HORAS 12 HORAS NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 10 ndash HORAS DIAacuteRIAS TRABALHADAS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que 12 (doze) respondentes afirmaram trabalhar 8 (oito) horas

por dia o que eacute considerado como adequado conforme as normas vigentes no paiacutes

126

Dos vendedores ambulantes pesquisados 22 (vinte e dois) indicaram que

trabalham por conta proacutepria enquanto 3 (trecircs) respondentes indicaram que satildeo

empregados de algueacutem como vendedores ambulantes Os outros 3 (trecircs)

pesquisados natildeo responderam agrave essa questatildeo

Com relaccedilatildeo agrave contribuiccedilatildeo para a previdecircncia social de maneira autocircnoma

7 (sete) dos vendedores ambulantes pesquisados afirmaram contribuir 17

(dezessete) afirmaram natildeo contribuir e 3 (trecircs) natildeo responderam agrave esse

questionamento

Os pesquisados foram interrogados se gostariam de mudar do trabalho de

vendedor ambulante para um emprego com carteira assinada e foram convidados a

justificar seus motivos Oito respondentes alegaram que gostariam de mudar para

um emprego com carteira assinada Seguranccedila financeira foi o motivo indicado por 5

(cinco) respondentes

Os outros motivos foram citados cada um por um respondente para ter

estabilidade pelos benefiacutecios para exercer profissatildeo Por outro lado 14 (quatorze)

pesquisados indicaram que natildeo gostariam de mudar para um trabalho com carteira

assinada Os motivos foram indicados por trecircs respondentes salaacuterio eacute baixo gosta

de ter negoacutecio proacuteprio gosta de ser vendedor ambulante Os outros 7 (sete)

pesquisados natildeo responderam agrave essa pergunta

Os produtos comercializados pelos vendedores ambulantes participantes

dessa etapa da pesquisa podem ser observados no GRAacuteFICO 11

7

3

333

3

11 1 1 1

BEBIDAS SORVETES ESPETINHO

CHURROS CHURROS E CREPES TAPIOCA

COCO VERDE RASPADINHA MILHO VERDE

SALGADOS PIZZA NO CONE

GRAacuteFICO 11 ndash PRODUTOS COMERCIALIZADOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

127

Apresentou-se diversidade dos produtos comercializados pelos

respondentes da pesquisa Cabe lembrar que os vendedores ambulantes definem

os produtos que iratildeo comercializar no momento do cadastro na AVAPAR e de

acordo com as vagas disponiacuteveis para cada setor e produto

Os municiacutepios onde os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

adquirem seus produtos para comercializaccedilatildeo foram respondidos pelos pesquisados

e podem ser visualizados no GRAacuteFICO 12

183

51

LOJA MERCADO OUARMAZEacuteM DE PONTAL DO PARANAacute

LOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO DO LITORAL DOPARANAacuteLOJA MERCADO OU ARMAZEacuteM DE OUTRO MUNICIacutePIO

NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 12 ndash LOCAL DE AQUISICcedilAtildeO DE PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Destaca-se que 18 (dezoito) vendedores ambulantes que participaram da

pesquisa indicaram adquirir seus produtos para comercializaccedilatildeo no Municiacutepio de

Pontal do Paranaacute onde residem e desenvolvem suas atividades de trabalho Os 3

(trecircs) respondentes que indicaram adquirir seus produtos em outro municiacutepio do

Litoral do Paranaacute indicaram o municiacutepio de Paranaguaacute e dos 5 (cinco) pesquisados

que indicaram tal aquisiccedilatildeo em outro municiacutepio 3 (trecircs) citaram o Municiacutepio de

Curitiba e os outros 2 (dois) o Municiacutepio de Colombo Um dos pesquisados natildeo

respondeu a essa questatildeo

A forma de obtenccedilatildeo dos produtos tambeacutem foi questionada aos

respondentes Os resultados podem ser vistos no GRAacuteFICO 13

128

21

2

3 1

RECURSOS PROacutePRIOS PATRAtildeO FORNECE

CONSIGNACcedilAtildeO NAtildeO RESPONDERAM

GRAacuteFICO 13 ndash OBTENCcedilAtildeO DOS PRODUTOS PELOS VENDEDORES AMBULANTES FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que um total de 21 (vinte e um) respondentes mencionaram

obter os produtos com recursos proacuteprios

Os valores de retornos financeiros diaacuterio semanal mensal e por temporada

dos vendedores ambulantes foi questionado O retorno financeiro diaacuterio foi

respondido por 5 (cinco) pesquisados sendo que dois indicaram o valor de

R$50000 um indicou R$5000 um indicou R$10000 e um indicou R$15000 O

retorno financeiro semanal foi respondido por 2 (dois) pesquisados Os valores

mencionados foram R$25000 e R$35000 Um respondente indicou o retorno

financeiro mensal O valor mencionado foi R$78800 Quatro pesquisados indicaram

os valores de retorno financeiro por temporada Dois citaram R$ 4mil um citou R$

25 mil e o outro R$ 9 mil Essa questatildeo natildeo foi respondida por 22 (vinte e dois)

pesquisados quanto ao retorno diaacuterio por 25 (vinte e cinco) respondentes quanto ao

retorno semanal por 26 (vinte e seis) respondentes quanto ao retorno mensal e por

23 (vinte e trecircs) respondentes quanto ao retorno por temporada Infere-se aqui que a

ausecircncia de resposta para essa questatildeo por boa parte dos empreendedores pode

ter consequecircncia na ausecircncia de controle financeiro dos empreendimentos dos

vendedores ambulantes

129

422 Caracteriacutesticas de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes

As pontuaccedilotildees totais obtidas pelos vendedores ambulantes nas

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor foram organizadas por intervalos

na TABELA 5

TABELA 5 ndash PONTUACcedilAtildeO TOTAL DOS VENDEDORES AMBULANTES DIVIDIDAS EM INTERVALOS

INTERVALOS DE PONTUACcedilAtildeO NUacuteMERO DE RESPONDENTES

151 ndash 175 2

176 ndash 200 6

201 ndash 225 9

226 - 250 3

TOTAL 20

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

De um total de 250 (duzentos e cinquenta) pontos possiacuteveis de serem

alcanccedilados pelos respondentes conforme a metodologia escolhida os vendedores

ambulantes respondentes atingiram uma pontuaccedilatildeo meacutedia de 205 6 pontos

Verifica-se que mais da metade dos respondentes 12 (doze) atingiram uma

pontuaccedilatildeo superior a 201 (duzentos e um) pontos Verifica-se ainda que 2 (dois) dos

respondentes tiveram uma pontuaccedilatildeo de ateacute 175 (cento e setenta e cinco) pontos

ou seja os demais 18 (dezoito) empreendedores obtiveram pontuaccedilotildees

consideradas como altas

As pontuaccedilotildees miacutenima maacutexima e meacutedia para cada uma das caracteriacutesticas

de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes que responderam o

questionaacuterio elaborado por McClelland foram calculadas e organizadas na TABELA

6

130

TABELA 6 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES (EM NUacuteMEROS ABSOLUTOS)

CCE PONTUACcedilOtildeES OBTIDAS

MIacuteNIMA MAacuteXIMA MEacuteDIA

Busca de oportunidades e iniciativa 10 24 1880

Persistecircncia 14 23 1905

Comprometimento 15 25 1995

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia 10 24 1845

Correr riscos calculados 14 21 1750

Estabelecimento de metas 9 25 2060

Busca de informaccedilotildees 13 22 1890

Planejamento e monitoramento sistemaacuteticos 11 21 1760

Persuasatildeo e rede de contatos 8 21 1535

Independecircncia e autoconfianccedila 17 25 2150

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Analisa-se que as meacutedias obtidas para as caracteriacutesticas foram altas visto

que a pontuaccedilatildeo maacutexima que se poderia alcanccedilar em cada uma das caracteriacutesticas

era de 25 (vinte e cinco) pontos No entanto cabe destacar que as pontuaccedilotildees

obtidas pelos pesquisados foram consideradas como heterogecircneas jaacute que foi

identificada variaccedilatildeo de pelo menos 7 (sete) pontos entre as pontuaccedilotildees miacutenimas e

maacuteximas obtidas para cada uma das caracteriacutesticas

As pontuaccedilotildees referentes a cada um dos conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor realizaccedilatildeo planejamento e poder foram calculadas e

organizadas na TABELA 7

TABELA 7 ndash CARACTERIacuteSTICAS DE COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DE VENDEDORES AMBULANTES POR CONJUNTO (EM NUacuteMEROS MEacuteDIOS ABSOLUTOS)

CONJUNTO DE CCEs MEacuteDIA

Conjunto de Realizaccedilatildeo 1875

Conjunto de Planejamento 1903

Conjunto de Poder 1843

FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

As pontuaccedilotildees obtidas para os trecircs conjuntos de caracteriacutesticas de

comportamento empreendedor foram proacuteximas A diferenccedila entre a meacutedia do

conjunto de planejamento que apresentou a maior pontuaccedilatildeo (1903 pontos) e do

conjunto de poder que apresentou a menor pontuaccedilatildeo (1843 pontos) foi de menos

de um ponto natildeo sendo considerada como significativa

131

43 Processo de criaccedilatildeo de empreendimentos dos vendedores ambulantes de Pontal

do Paranaacute

Foram entrevistados seis vendedores ambulantes sobre os aspectos do

processo de criaccedilatildeo de empreendimentos Das seis entrevistas realizadas trecircs

foram realizadas face a face uma na sede da AVAPAR e as outras duas nas

residecircncias dos entrevistados e as outras trecircs foram realizadas por telefone As

entrevistas realizadas face a face tiveram duraccedilatildeo meacutedia de uma hora e as

entrevistas realizadas por telefone tiveram duraccedilatildeo meacutedia de 30 minutos As

entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas

A transcriccedilatildeo das entrevistas pode ser visualizada no APEcircNDICE 1 Na

sequecircncia seratildeo apresentadas as respectivas anaacutelises

Segundo a abordagem Effectuation os empreendedores utilizam-se dos

recursos disponiacuteveis para desenvolver seus empreendimentos na fase inicial de

seus negoacutecios ou seja a loacutegica do controle eacute muito explorada Os recursos

disponiacuteveis aos empreendedores segundo a loacutegica effectual satildeo ldquoQuem satildeordquo ldquoO

que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados no iniacutecio de

seus trabalhos como vendedores ambulantes foram organizados em QUADROS

Nos QUADROS 8 e 9 podem ser observados os recursos disponiacuteveis aos

empreendedores a partir de Quem eles satildeo

132

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 1

Informan

te Sexo

Idade

Est Civil

Filhos Escolaridade Cidade origem

Ano que

mudou para

Pontal

Balneaacuterio onde mora

I-1 Masc 62 Casado 2 Ens Meacuted Inc Guarapuava

- PR 1997 Ipanema

I-2 Masc 52 Casado 2 Ens Meacuted

Comp Cafelacircndia ndash

PR 1999

Praia de Leste

I-3 Masc 44 Solteiro 0 Ens Meacuted

Comp Borrazoacutepolis 2001 Ipanema

I-4 Fem 38 Casada 2 Ens Meacuted

Comp Paranaguaacute ndash

PR 2007 Pontal do Sul

I-5 Fem 58 Casada 5 Ens Meacuted Inc Rondon ndash PR 2013 Ipanema

I-6 Masc 40 Casado 1 Ens Baacutes Inc Estado de Sergipe

2001 Shangri-laacute

QUADRO 8 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 1 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Dos empreendedores entrevistados quatro satildeo do sexo masculino e dois do

sexo feminino tem idades entre 38 e 62 anos Cinco satildeo casados e tecircm filhos e um

eacute solteiro e natildeo tem filhos Trecircs dos entrevistados estudaram Ensino Meacutedio

Completo dois Ensino Meacutedio Incompleto e um Ensino Baacutesico Incompleto Cinco

informantes satildeo naturais de cidades do Paranaacute Guarapuava Cafelacircndia e

Borrazoacutepolis Paranaguaacute e Rondon e um eacute natural do Estado do Sergipe Observa-

se que o fato dos entrevistados natildeo serem naturais do Municiacutepio de Pontal do

Paranaacute nos adverte ao fluxo de imigrantes no Litoral do Paranaacute (MOURA E

WERNECK 2000)

Os anos de chegada em Pontal do Paranaacute dos empreendedores

entrevistados foram 1997 1999 2007 2013 e dois em 2001 Dois dos entrevistados

residem no Balneaacuterio Ipanema um no Balneaacuterio Praia de Leste um no Balneaacuterio

Shangri-laacute e um no Balneaacuterio Pontal do Sul

133

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO - 2

Informante Motivos que levaram a morar

em Pontal do PR Ocupaccedilatildeo dos Pais Empreendedor na famiacutelia

I-1 Qualidade de vida clima natildeo ter que pagar aluguel mais tranquilo para criar os filhos

Pai ndash garccedilom Matildee ndash do lar

Natildeo

I-2 Falecircncia de empresa familiar na

cidade de origem

Agricultores e empreendedores

familiares Sim os pais

I-3 Morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Agricultores Natildeo

I-4 Casamento Matildee ndash do lar

Pai ndash pescador Natildeo

I-5 Recomendaccedilotildees meacutedicas para o

marido Matildee ndash do lar

Pai ndash madeireiro Sim cunhada irmatildeo e

filho

I-6 Divoacutercio da primeira esposa Agricultores Natildeo QUADRO 9- CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES SAtildeO ndash 2 FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Os motivos que levaram os entrevistados a morarem em Pontal do Paranaacute

diferiram Um deles apontou a qualidade de vida o clima natildeo tem que pagar aluguel

e por ser mais tranquilo pra criar os filhos outro apontou a falecircncia de empresa

familiar na cidade de origem como motivo para se mudar para Pontal do Paranaacute

outro para morar com a irmatilde apoacutes o falecimento da matildee Uma indicou como motivo

o casamento uma indicou que se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para seu marido e um indicou como motivo para mudanccedila para Pontal do

Paranaacute o divoacutercio da primeira esposa

Os pais dos entrevistados tinham as seguintes ocupaccedilotildees do primeiro

entrevistado o pai era garccedilom e agrave matildee era do lar os pais do segundo terceiro e do

sexto informantes foram agricultores e posteriormente os pais do segundo

entrevistado foram empreendedores familiares as matildees da quarta e da quinta

entrevistadas eram do lar o pai da quarta entrevistada era pescador e o pai da

quinta entrevistada era madeireiro Dois dos empreendedores entrevistados

afirmaram ter casos de empreendedores na famiacutelia o informante 2 que teve uma

empresa familiar com os pais e a informante 5 que tecircm como empreendedores em

sua famiacutelia a cunhada o irmatildeo e o filho

Dois dos entrevistados corroboram com o que aponta Dolabela (2008) que o

empreendedor eacute um ser cultural onde pode ser incentivado ou influenciado a

empreender

134

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoO que eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 10

CONTROLE DE RECURSOS O QUE ELES CONHECEM

Informante Experiecircncia Profissional

Tem outra atividade remunerada ou fonte de

renda Treinamentos realizados

I-1 Farmaacutecia garccedilom e

exeacutercito Eacute aposentado

Vigilacircncia agrave Sauacutede aproveitamento dos resiacuteduos

do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

I-2 Agricultor e

empreendedor em empresa familiar

Egrave funcionaacuterio puacuteblico onde trabalha como motorista de van escolar trabalha como garccedilom em restaurantes e

como seguranccedila em danceteria

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-3 Pedreiro jardineiro encanador e reparos

em geral Pedreiro Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-4 Auxiliar de serviccedilos gerais e cozinheira

Auxiliar de serviccedilos gerais em empresa de Pontal do Paranaacute

Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-5 Proprietaacuteria de restaurantes e

lanchonete

Venda de salgados para festas

Cozinheira e Vigilacircncia agrave Sauacutede

I-6 Vendedor ambulante

em Salvador e adestrador de catildees

Pedreiro Armador de ferragens e

Vigilacircncia agrave Sauacutede

QUADRO 10 ndash CONTROLE DE RECURSOS ndash O QUE ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Com relaccedilatildeo agrave experiecircncia profissional dos empreendedores entrevistados

trecircs deles jaacute tinham experiecircncia como empreendedor sendo que um deles jaacute havia

desenvolvido atividades como vendedor ambulante em outra regiatildeo As experiecircncias

indicadas pelos empreendedores foram distintas como farmaacutecia garccedilom trabalho

no exeacutercito pedreiro jardineiro encanador reparos em geral auxiliar de serviccedilos

gerais cozinheira e adestrador de catildees Observa-se a tendecircncia em empreender

utilizando-se conhecimentos teacutecnicos e experiecircncia empreendedora adquirido

anteriormente reduzindo riscos para o empreendimento

Todos os informantes afirmaram ter outra fonte de renda ou trabalho

remunerado que conciliam com as atividades de vendedor ambulante As atividades

ou fontes de rendas mencionadas pelos empreendedores foram aposentadoria

motorista de van escolar (funcionaacuterio puacuteblico) garccedilom seguranccedila pedreiro auxiliar

de serviccedilos gerais venda de salgados para festas

135

Quanto aos treinamentos cursos e capacitaccedilotildees realizados todos os

informantes afirmaram ter efetivado o treinamento de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da

AVAPAR Trecircs informantes mencionaram ter realizado ainda os seguintes cursos

aproveitamento do resiacuteduo do coco panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e

atendimento ao turista cozinheira e armador de ferragens

Os recursos disponiacuteveis aos empreendedores entrevistados relacionados a

ldquoQuem eles conhecemrdquo foram organizados no QUADRO 11

CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM

Informante Parcerias Cooperaccedilatildeo

versus Competiccedilatildeo

Fornecedores

I-1

Possui 11 carrinhos Ajuda pessoas interessadas em trabalhar como vendedor ambulante pagando as taxas para emissatildeo

da licenccedila fornecendo o carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidores de

bebidas de Pontal do PR

I-2 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

de Pontal do PR

I-3 Taxas para emissatildeo da licenccedila pagas pelo

ambulante com quem trabalha carrinho emprestado e produtos em consignaccedilatildeo

Cooperaccedilatildeo Distribuidor de bebidas

em Pontal do PR

I-4 Consignaccedilatildeo dos produtos Cooperaccedilatildeo Distribuidor de Pontal

do PR

I-5 Fidelidade com mercado do municiacutepio

onde recebe desconto Cooperaccedilatildeo

Primeiro ndash Curitiba Atual ndash Pontal do

Paranaacute

I-6 Natildeo realiza parcerias Competiccedilatildeo Distribuidor de SC que entrega diariamente o produto em sua casa

QUADRO 11 ndash CONTROLE DE RECURSOS QUEM ELES CONHECEM FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Sobre o item de Controle de Recursos Quem eles conhecem ficou evidente

a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas apontada por Sarasvathy (2001a 2001b)

como de fundamental importacircncia para empreendedores no processo de criaccedilatildeo de

empreendimentos Effectuation As alianccedilas estrateacutegicas satildeo evidenciadas pela

realizaccedilatildeo de parcerias pelos empreendedores informantes accedilatildeo realizada no iniacutecio

das atividades e que se estende ateacute o periacuteodo de temporada de veratildeo 20152016

(atual) A realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas estimula a cooperaccedilatildeo entre os

vendedores ambulantes e stakeholders outro elementos identificado a partir das

entrevistas com os informantes e que contribui para eliminar e reduzir incertezas e

construir barreiras que reduzam a competiccedilatildeo desta atividade comercial turiacutestica

136

Os fornecedores de cinco informantes satildeo do municiacutepio de Pontal do

Paranaacute A aquisiccedilatildeo de produtos para comercializaccedilatildeo pelos vendedores

ambulantes em Pontal do Paranaacute contribui para o giro de capital no municiacutepio e para

o crescimento de empreendimentos formais locais

A clareza de objetivos iniciais dos vendedores ambulantes pode ser

observada no QUADRO 12

CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS

Informante

Ano iniacutecio atividades

como ambulante

Info ou conhec sobre a

atividade

Iniacutecio das atividades Produtos e horaacuterio de

trabalho

I-1 1997 Natildeo

Observou que haviam poucos vendedores

ambulantes trabalhando no balneaacuterio onde morava

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha durante a temporada

de veratildeo

I-2 1999 Natildeo Oferta de uma licenccedila para trabalhar como vendedor

ambulante

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Trabalha na temporada de

veratildeo alguns finais de semana durante o ano e na

noite de virada de ano

I-3 2015 Sim Foi incentivado pelo

vendedor ambulante com quem trabalha

Bebidas ndash faacutecil manipulaccedilatildeo Temporada de veratildeo ateacute a

Paacutescoa

I-4 2015 Sim Atividade temporaacuteria baixo investimento conciliaccedilatildeo

com outro trabalho

Coco verde ndash produto popular Finais de semana durante a

temporada

I-5 2015 Sim Turismo Espetinho ndash praticidade

Quinta a saacutebado durante a temporada

I-6 2003 Sim Experiecircncia na atividade Milho verde ndash praticidade

Do Feriado de Sete de Setembro ateacute a Paacutescoa

QUADRO 12 ndash CLAREZA DE OBJETIVOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

Observa-se que trecircs dos informantes iniciaram as atividades como vendedor

ambulante no ano de 2015 sendo sua primeira temporada de atividades Os outros

trecircs entrevistados iniciaram suas atividades nos anos 1997 1999 e 2003

Dois dos informantes entrevistados indicaram que natildeo tinham nenhuma

informaccedilatildeo ou conhecimento sobre a atividade de vendedor ambulante em Pontal do

Paranaacute Estas afirmaccedilotildees corroboram com Sarasvathy (2001a 2001b) que diz que

no Effectuation os empreendedores iniciam suas atividades com os recursos

disponiacuteveis e entatildeo passam a divulgar seu projeto para outras pessoas com o intuito

de receber retornos de como proceder com accedilotildees que eles poderiam realizar ou

mesmo fazer parcerias

137

Os motivos que levaram os empreendedores a desenvolverem atividades

como vendedores ambulantes ao ver tal atividade como uma possibilidade de

obtenccedilatildeo de renda diferiram Como apontado por Cruz (2014) no

empreendedorismo informal assim como no empreendedorismo formal pode-se

empreender por oportunidade ou necessidade No caso dos entrevistados a

necessidade fica mais evidente nos Informantes 2 e 4 Nos demais informantes

existe a necessidade de empreender por complementaccedilatildeo de renda no entanto os

informantes identificaram na atividade de vendedor ambulante uma oportunidade

visto que poderiam complementar suas rendas a partir de outra atividade O caso do

Empreendedor 1 eacute o mais evidente de oportunidade ou de ter transformado o que

seria uma necessidade em oportunidade pois conforme este informante ele possui

11 carrinhos e auxilia pessoas a iniciarem suas atividades como vendedores

ambulantes onde recebe uma porcentagem do lucro das vendas como forma de

pagamento

Referente aos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes

cinco dos informantes levam a praticidade de manipulaccedilatildeo do produto no momento

de entrega ao cliente na praia em consideraccedilatildeo no momento de sua escolha Assim

quanto menor a manipulaccedilatildeo maior a preferecircncia pelo produto Uma das

entrevistadas escolhe o produto a partir da opiniatildeo proacutepria com relaccedilatildeo agrave

popularidade dos produtos entre os turistas escolhendo o produto que segundo ela

eacute o mais popular ou um dos mais populares

O periacuteodo em que os informantes desenvolvem atividades se constitui

principalmente no periacuteodo de temporada de veraneio feriados e alguns finais de

semana quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

As informaccedilotildees referentes agrave toleracircncia agraves perdas e investimentos iniciais

foram organizadas no QUADRO 13

138

TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS

Informante Investimento inicial Recuperaccedilatildeo investimento

inicial Realiza controle financeiro

I-1 Recursos proacuteprios Primeira temporada Tem noccedilatildeo de seus gastos

I-2 Recursos proacuteprios Primeira temporada Sim utilizando planilhas em

caderno

I-3 Natildeo teve --- Natildeo considera necessaacuterio

I-4 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Anota o lucro diaacuterio

I-5 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo de seus gastos e

lucro

I-6 Recursos proacuteprios Primeiros dias de atividade Tem noccedilatildeo do lucro diaacuterio

QUADRO 13 ndash TOLERAcircNCIA AgraveS PERDAS E INVESTIMENTOS INICIAIS FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

O informante 3 natildeo realizou investimento inicial pois contou com parcerias

diversas para comeccedilar as atividades de vendedor ambulante Este informante natildeo

considera necessaacuterio ter controle financeiro da atividade de vendedor ambulante

Os outros cinco informantes iniciaram as atividades como vendedores

ambulantes com recursos proacuteprios e afirmaram ter recuperado o investimento inicial

na primeira temporada de atividades Dentre estes o informante 2 realiza controle

financeiro atraveacutes de planilhas em um caderno e os demais informantes tem noccedilatildeo

de seus gastos eou lucros

As informaccedilotildees referentes agrave alavancagem sobre contingecircncias ndash surpresas e

dificuldades iniciais foram organizadas nos QUADROS 14 e 15

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1)

Informante Surpresas e dificuldades Produtos mais

comprados pelos turistas

Principais reclamaccedilotildees dos turistas

I-1 Enfrentar o calor colocar e tirar o

carrinho da praia Todos Qualidade do produto

I-2 Exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da praia cooperaccedilatildeo entre os ambulantes troco em dinheiro

Todos Qualidade do produto

I-3 Calor troco em dinheiro colocar e

tirar o carrinho da praia Bebidas

Qualidade do produto e a falta de atenccedilatildeo com os

turistas

I-4 Calor Coco verde e

bebidas Qualidade do produto

I-5 Aprender a usar o carrinho Pastel Preccedilo alto

I-6 Transporte dos produtos de

distribuidor ateacute sua residecircncia

Alimentos como milho verde

pamonha e pastel Preccedilo alto

QUADRO 14 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (1) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

139

As principais dificuldades enfrentadas pelos vendedores ambulantes durante

a atividade satildeo o calor e exposiccedilatildeo solar colocar e tirar o carrinho da praia devido

ao seu peso troco em dinheiro colaboraccedilatildeo entre os ambulantes aprender a usar o

carrinho e transporte dos produtos devido ao peso

Os informantes 1 e 2 indicaram que todos os produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes satildeo aceitos pelos turistas natildeo existindo um produto que

seja mais comprado que os outros Os demais informantes apontaram que os

produtos mais comprados pelos turistas satildeo bebidas coco verde milho verde

pamonha e pastel Cabe destacar que dentre produtos os citados por estes

informantes como os mais comprados pelos turistas apenas o pastel natildeo eacute

comercializado pelo informante que o citou Os demais informantes indicaram seus

proacuteprios produtos

As principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto aos produtos comercializados

pelos vendedores ambulantes se referem agrave qualidade do produto e ao preccedilo

considerado como alto

ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2)

Informante O que espera para o futuro do turismo em

Pontal do Paranaacute

Futuro da atividade de vendedor ambulante no

municiacutepio

Futuro profissional perspectivas

I-1

Que o turismo melhore e que a Prefeitura Municipal realize investimentos na

orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Aposentadoria

I-2 Que o poder puacuteblico

realize investimentos na orla mariacutetima

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-3 Investimento do poder

puacuteblico

Tem medo que a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de

quiosques na praia

Natildeo tem perspectivas

I-4 Investimento no turismo

pelo setor puacuteblico Pretende atuar na atividade

por mais alguns anos

Continuar com seu trabalho e fazer ldquobicosrdquo para obter renda extra

I-5 Colaboraccedilatildeo para atrair

mais turistas

Realizaccedilatildeo de mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Controlar as financcedilas e alugar uma sala

comercial para vender espetinhos e salgados

I-6 Investimentos e

manutenccedilatildeo na orla mariacutetima

Atividade continue sendo realizada no municiacutepio

Comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR

412) e montar um comeacutercio

QUADRO 15 ndash ALAVANCAGEM SOBRE CONTINGEcircNCIAS ndash SURPRESAS E DIFICULDADES INICIAIS (2) FONTE ELABORADO PELA AUTORA (2016)

140

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute os informantes esperam

que sejam realizados investimentos na orla mariacutetima e no turismo pelo poder puacuteblico

municipal com vistas a atrair mais turistas para o municiacutepio

Quanto ao futuro da atividade dos vendedores ambulantes os informantes 1

2 e 3 tem medo que a atividade deixe de existir devido agrave implantaccedilatildeo de quiosques

na praia o que implicaria segundo estes em desemprego para muitos vendedores

ambulantes que natildeo teriam condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque O

informante 6 espera que atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

continue sendo desenvolvida no municiacutepio de Pontal do Paranaacute O informante 4

pretende continuar atuando na atividade de vendedor ambulante e o informante 5

acredita que deveriam ser realizadas mais parcerias entre os vendedores

ambulantes

Quando questionados quanto ao seu futuro profissional o informante 1

mencionou que pretende se aposentar da atividade de vendedor ambulante e

descansar visto que ele jaacute eacute aposentado pelo exeacutercito Os informantes 2 e 3 natildeo

tem perspectivas ou seja natildeo tem um plano ou pretensatildeo e fazem suas escolhas a

medida que as possibilidades aparecem A informante 4 espera continuar como estaacute

e os informantes 5 e 6 pretendem ter seus empreendimentos em ponto fixo sendo

que a informante 5 pretende continuar vendendo o mesmo produto que comercializa

como vendedora ambulante o espetinho e pretende ainda vender salgados

44 Notas sobre o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute

Em Pontal do Paranaacute a atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes eacute organizada a partir de duas instituiccedilotildees a AVAPAR e a Prefeitura

Municipal de Pontal do Paranaacute

A AVAPAR eacute responsaacutevel pela realizaccedilatildeo do cadastro dos interessados em

atuar como vendedor ambulante no municiacutepio enquanto a Prefeitura Municipal eacute

responsaacutevel pela realizaccedilatildeo de treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede pela vistoria e

fiscalizaccedilatildeo dos carrinhos atraveacutes do departamento Municipal de Vigilacircncia

141

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica e pela expediccedilatildeo das licenccedilas para os vendedores

ambulantes atraveacutes do Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

A organizaccedilatildeo dessa atividade comercial turiacutestica em Pontal do Paranaacute eacute

consistente e se alinha a terceira corrente de interpretaccedilatildeo sobre informalidade

defendida por Cacciamali (1983) e Soares (2008) que afirma que a atividade

informal natildeo acontece subordinada ao capitalismo mas como parte dele inserido na

produccedilatildeo moderna constatando-se assim a funcionalidade da informalidade como

elemento positivo

Essa corrente de interpretaccedilatildeo afirma ainda que a atividade informal ocupa

espaccedilos econocircmicos natildeo ocupados pelas atividades formais como eacute o caso dos

vendedores ambulantes que recebem uma licenccedila especiacutefica para desenvolver essa

atividade que acontece desde os primoacuterdios no municiacutepio sendo que todos os anos

os praticantes se preparam e esperam para desenvolver tal atividade

A terceira corrente de interpretaccedilatildeo defendida por Cacciamali (1983) e

Soares (2008) afirma ainda que o setor informal acontece subordinado ao formal ou

seja os dois acontecem paralelamente como parte do capitalismo onde a atividade

informal se desloca de um mercado para outro conforme a necessidade do cenaacuterio

econocircmico Nesse caso o cenaacuterio econocircmico da atividade dos vendedores

ambulantes se altera com a chegada do periacuteodo de temporada de veratildeo

O nuacutemero de pessoas que desenvolvem atividades como vendedores

ambulantes no municiacutepio de Pontal do Paranaacute compreende aproximadamente 10

da populaccedilatildeo ocupada deste municiacutepio segundo o IBGE (2015) demonstrando a

expressividade dessa atividade de empreendedorismo informal para o municiacutepio

mesmo sendo sazonal

Os vendedores ambulantes satildeo caracterizados como trabalhadores por

conta proacutepria que empregam a si mesmos (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008) e

que trabalham em sua maioria no periacuteodo de temporada de veratildeo e alguns finais de

semana e feriados durante o ano quando haacute fluxo de turistas no municiacutepio

caracterizando tal atividade como sazonal

No empreendedorismo formal dito como tradicional segundo o GEM (2013)

as pessoas empreendem por oportunidade ou por necessidade Da mesma forma no

empreendedorismo informal Cruz (2014) aponta que as pessoas tambeacutem

empreendem por oportunidade ou necessidade Esse fato pocircde ser evidenciado a

partir de alguns dados obtidos na pesquisa de campo Como por exemplo o motivo

142

que levou os vendedores ambulantes a desenvolver tal atividade onde 8 (oito)

respondentes do perfil socioeconocircmico apontaram que foi a dificuldade para

encontrar emprego ou seja uma necessidade Por outro lado 8 (oito) respondentes

apontaram a independecircncia autonomia e agrave liberdade ou seja uma oportunidade

Observa-se ainda que dos 27 (vinte e sete) respondentes no segundo

objetivo especiacutefico do estudo sobre o perfil socioeconocircmico indicaram que natildeo

gostariam de mudar para um trabalho com carteira assinada sendo que as

justificativas foram apontadas por trecircs informantes salaacuterio baixo apreccedilo por possuir

o proacuteprio negoacutecio e por apreciar a ocupaccedilatildeo de vendedor ambulante Um total de 19

(dezenove) dos 27 (vinte e sete) pesquisados indicaram ainda que natildeo buscam

outro emprego no momento sendo que 18 (dezoito) dos respondentes apontaram

que tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica fonte de renda

Considera-se ainda que a informalidade pode ser um elemento de geraccedilatildeo

de empreendedores como apontado por Cruz (2014) visto que 22 (vinte e dois) dos

27 (vinte e sete) respondentes do questionaacuterio sobre perfil socioeconocircmico

trabalham por conta proacutepria

Noronha (2003) assinala que as redes sociais satildeo essenciais para a

realizaccedilatildeo das atividades informais Essa afirmaccedilatildeo pocircde ser constatada a partir dos

resultados obtidos da entrevista sobre o processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

de vendedores ambulantes onde os trecircs entrevistados afirmaram que souberam da

atividade de vendedor ambulante atraveacutes de algueacutem de sua rede de contatos

As alianccedilas estrateacutegicas apontadas por Sarasvathy (2001a 2001b) como

fator fundamental para a criaccedilatildeo de empreendimentos ficaram evidentes quanto agraves

parcerias realizadas pelos empreendedores entrevistados no objetivo especiacutefico 3

sobre os aspectos do processo de criaccedilatildeo de Empreendimentos onde os

entrevistados afirmaram trabalhar mais de maneira cooperativa realizando

parcerias

Como apontado por Sarasvathy (2001a 2001b) os empreendedores iniciam

seus empreendimentos a partir dos recursos disponiacuteveis ou seja ldquoQuem eles satildeordquo

ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles conhecemrdquo Cabe destaque para o recurso

ldquoQuem eles conhecemrdquo evidenciado pela realizaccedilatildeo de parcerias dos vendedores

ambulantes

Sarasvathy (2001a 2001b) aponta ainda que dentro da abordagem

Effectuation eacute preferiacutevel controlar um futuro imprevisiacutevel ao inveacutes de prever um futuro

143

incerto Trecircs dos vendedores ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre

os aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos relataram ter medo que

futuramente a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

implantaccedilatildeo de quiosques na praia o que geraria desemprego para os

empreendedores que natildeo tivessem condiccedilotildees financeiras de adquirir um quiosque

Segundo a Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute haacute um projeto no

municiacutepio para a implantaccedilatildeo dos quiosques mas sua aprovaccedilatildeo soacute seraacute possiacutevel

apoacutes a aprovaccedilatildeo do Plano Diretor do Municiacutepio Conforme o Departamento

Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica a implantaccedilatildeo de quiosques seria

positiva no que se refere agrave higiene e sauacutede principalmente para os produtos

oferecidos na praia que precisam de manipulaccedilatildeo no momento de entrega aos

turistas como os alimentos os quais precisam ser mantidos refrigerados ou serem

aquecidos Com relaccedilatildeo agraves bebidas e os alimentos que natildeo precisam de

manipulaccedilatildeo como os sorvetes natildeo haacute necessidade de ficar em quiosques

podendo continuar sendo comercializados por vendedores ambulantes

A falta de perspectivas quanto ao progresso profissional dos vendedores

ambulantes entrevistados no objetivo especiacutefico sobre os aspectos do processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos nos remete ao que aponta Soares (2008) que o setor

informal natildeo apresenta elementos que lhe permita crescimento sustentado Por

outro lado cabe citar que os respondentes do questionaacuterio socioeconocircmico

indicaram em sua maioria que adquirem os produtos para comercializaccedilatildeo como

vendedores ambulantes em estabelecimentos do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

Assim se de um lado a atividade dos vendedores ambulantes sendo informal natildeo

apresenta possibilidade de crescimento por outro contribui com o crescimento de

empreendimentos do proacuteprio municiacutepio fazendo o capital financeiro girar no local

Os vendedores ambulantes que responderam ao questionaacuterio sobre as

caracteriacutesticas de comportamento empreendedor obtiveram meacutedias consideradas

altas para cada uma das caracteriacutesticas assim como para cada um dos conjuntos

de caracteriacutesticas indicando assim a presenccedila de perfil empreendedor desse

puacuteblico Essa constataccedilatildeo eacute positiva no que se refere agrave possibilidade de desenvolver

suas atividades de maneira a atrair mais turistas visto que os aspectos

comportamentais do empreendedor assim como seus valores pessoais satildeo

diretamente refletidos no empreendimento

144

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Essa pesquisa foi motivada pela curiosidade da autora em entender as

peculiaridades do Municiacutepio de Pontal do Paranaacute no acircmbito do turismo e do

empreendedorismo e apresentou como questatildeo para investigaccedilatildeo como se

caracteriza o empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash Paranaacute -

Brasil

O empreendedorismo informal nesse municiacutepio eacute decorrente da

sazonalidade originaacuteria do turismo de sol e praia uma das principais atividades

econocircmicas do municiacutepio onde a partir do aumento do fluxo de turistas no periacuteodo

de temporada de veratildeo haacute a necessidade de criaccedilatildeo desses empreendimentos

informais para dar assistecircncia aos empreendimentos do mercado formal

Nesse contexto o objetivo geral adotado para esse estudo foi analisar o

empreendedorismo informal relativo agrave atividade comercial turiacutestica dos vendedores

ambulantes do municiacutepio balneaacuterio de Pontal do Paranaacute ndash PR Adotaram-se ainda

trecircs objetivos especiacuteficos 1 Identificar as formas de organizaccedilatildeo da atividade

turiacutestica dos vendedores ambulantes 2 Identificar caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor e 3 Analisar o processo de

criaccedilatildeo de empreendimentos informais de vendedores ambulantes

O estudo de caso foi o meacutetodo escolhido para essa investigaccedilatildeo Foram

coletados dados qualitativos referentes agraves formas de organizaccedilatildeo da atividade

comercial turiacutestica e aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos

informais dos vendedores ambulantes a partir de entrevistas e dados quantitativos

referentes agraves caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e perfil empreendedor

utilizando questionaacuterios

Destaca-se a partir dos resultados da pesquisa de campo a importacircncia

dessa atividade comercial turiacutestica para a economia do Municiacutepio que compreende

aproximadamente 10 da populaccedilatildeo ocupada do municiacutepio de Pontal do Paranaacute

conforme o IBGE (2015) reafirmando a importacircncia do turismo de sol e praia para a

economia do municiacutepio como jaacute indicada por Sampaio (2006a 2006b) e IBGE

(2015)

145

A atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes de Pontal do

Paranaacute estaacute organizada por duas instituiccedilotildees AVAPAR e Prefeitura Municipal A

AVAPAR realiza inicialmente o cadastro dos interessados em atuar na atividade

onde estes escolhem os produtos que iratildeo comercializar considerando as vagas

disponiacuteveis Em seguida recebem treinamento sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado

pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Os cadastros

satildeo encaminhados para a Prefeitura Municipal que a partir do Departamento de

Cadastro e Tributaccedilatildeo iraacute classificar os candidatos e convocar para a vistoria dos

carrinhos e equipamentos realizada pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia

Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica Apoacutes a vistoria os aprovados recebem um selo de

vistoria e estatildeo aptos a receber as licenccedilas para a atividade expedidas pelo

Departamento Municipal de Cadastro e Tributaccedilatildeo

As licenccedilas satildeo vaacutelidas no periacuteodo de dezembro a marccedilo que compreende

a temporada de veratildeo e devem ser renovadas anualmente Os vendedores

trabalham comumente no periacuteodo de temporada de veratildeo visto que esse eacute o

periacuteodo em haacute maior fluxo de turistas no municiacutepio A atividade informal respectiva

ao comeacutercio turiacutestico de vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute acontece

paralelamente ao setor formal como parte da dinacircmica econocircmica desse municiacutepio

ou seja como parte do capitalismo tomando um espaccedilo natildeo ocupado pelo setor

formal (CACCIAMALI 1983 SOARES 2008)

Os vendedores ambulantes de Pontal do Paranaacute iniciaram seus

empreendimentos informais por necessidade ou oportunidade acordando com a

proposiccedilatildeo de Cruz (2014) e utilizaram no inicio de seus empreendimentos os

recursos disponiacuteveis ldquoQuem eles satildeordquo ldquoO que eles conhecemrdquo e ldquoQuem eles

conhecemrdquo acordando com a afirmaccedilatildeo de Sarasvathy (2001a 2001b) para a

abordagem Effectuation

De acordo com os dados da pesquisa de campo os vendedores ambulantes

trabalham por conta proacutepria tem na atividade de vendedor ambulante sua uacutenica

fonte de renda natildeo buscam outro emprego e natildeo gostariam de mudar para um

trabalho com carteira assinada Esses empreendedores tecircm as redes sociais como

elemento essencial para a realizaccedilatildeo das atividades informais compactuando com a

afirmaccedilatildeo de Noronha (2003) e priorizam a realizaccedilatildeo de alianccedilas estrateacutegicas a

partir de parcerias como defendido no Effectuation por Saravathy (2001a 2001b)

146

Os vendedores ambulantes apresentaram perfil empreendedor mas natildeo tem

perspectivas e expectativas quanto ao seu futuro profissional Isso pode ser

explicado por Soares (2008) que afirma que o setor informal natildeo apresenta

elementos que permita crescimento sustentado para os empreendimentos ou seja

impossibilita os empreendedores de expandirem suas atividades ou ao menos de ter

expectativas de tal expansatildeo

Se por um lado a atividade dos vendedores ambulantes por ser informal

natildeo apresenta possibilidades de expansatildeo por outro por ser realizada em paralelo

ao setor formal e considerando que os respondentes do questionaacuterio

socioeconocircmico apontaram que adquirem seus produtos no municiacutepio onde residem

e desenvolvem as atividades como vendedores ambulantes tal atividade apresenta

contribuiccedilatildeo para o crescimento dos empreendimentos locais visto que essa accedilatildeo

faz com que o capital financeiro resultante da atividade permaneccedila no municiacutepio

Considerando as peculiaridades da atividade comercial turiacutestica dos

vendedores ambulantes a qual estaacute inserida no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute

desde antes de sua emancipaccedilatildeo do municiacutepio de Paranaguaacute eacute inadequado

generalizar quanto agrave possibilidade de formalizaccedilatildeo ou natildeo visto que a formalizaccedilatildeo

pode gerar vantagens para os empreendedores por oportunidade enquanto que para

os vendedores por necessidade pode gerar uma limitaccedilatildeo quanto ao

desenvolvimento de apenas uma atividade enquanto fonte de renda Para os

empreendedores por necessidade considera-se como mais adequado orientaacute-los

quanto agrave contribuiccedilatildeo para a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma a qual

garantiria a eles os benefiacutecios de um trabalhador assalariado

Observa-se que natildeo haacute nenhuma preocupaccedilatildeo quanto a atividade comercial

turiacutestica dos vendedores ambulantes no que se refere ao cuidado ambiental como

por exemplo os impactos gerados por essa atividade nas praias do municiacutepio e o

descarte de resiacuteduos oriundos da atividade dos vendedores ambulantes Observa-se

ainda que apesar de instituiccedilotildees ambientalistas estarem instaladas no municiacutepio

estatildeo natildeo possuem relaccedilatildeo alguma com a referida atividade comercial

Espera-se que esse estudo se torne um estiacutemulo para outros pesquisadores

investigarem sobre a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes no

litoral do Paranaacute sob diferentes perspectivas como econocircmica ambiental

geograacutefica administrativa ou poliacutetica Considerando que o presente estudo se

147

constitui-se em uma pesquisa pioneira sobre o tema este caracteriza-se como

ineacutedito

51 Limitaccedilotildees no estudo

Essa pesquisa utilizou como meacutetodo o estudo de caso exploratoacuterio e

descritivo que visa estudar um fenocircmeno em seu contexto real buscando o maacuteximo

de fontes de evidecircncias Assim as principais limitaccedilotildees encontradas referiram-se ao

tempo e custo despendidos para realizaccedilatildeo das visitas de campo

Os levantamentos realizados no segundo objetivo especiacutefico referente agraves

caracteriacutesticas de perfil socioeconocircmico e de perfil empreendedor foram alcanccedilados

utilizando-se amostragem natildeo probabiliacutestica por conveniecircncia que natildeo permite

generalizaccedilotildees

Destaca-se a resistecircncia encontrada pela pesquisadora para realizar as

entrevistas com os vendedores ambulantes no terceiro objetivo especiacutefico referente

aos aspectos do processo de criaccedilatildeo de empreendimentos informais dos

vendedores ambulantes

52 Recomendaccedilotildees para pesquisas futuras

A pesquisa realizada nessa dissertaccedilatildeo de mestrado teve como aacuterea de

abrangecircncia o Municiacutepio de Pontal do Paranaacute um dos municiacutepios balneaacuterios do

litoral paranaense Assim poderiam ser estudados os Municiacutepios de Matinhos e

Guaratuba visto que a atividade comercial turiacutestica dos vendedores ambulantes

tambeacutem eacute despercebida aos olhares comuns nesses municiacutepios e supotildee-se que

sejam expressivas assim como em Pontal do Paranaacute

Sugere-se a realizaccedilatildeo do levantamento das caracteriacutesticas de perfil

socioeconocircmico e de comportamento empreendedor dos vendedores ambulantes de

Pontal do Paranaacute com uma amostra maior de empreendedores se natildeo o universo

possibilitando generalizaccedilatildeo dos resultados

148

A possibilidade de implantaccedilatildeo de quiosques na praia apontada pelos

entrevistados e pela Prefeitura Municipal de Pontal do Paranaacute se constitui em outro

tema possiacutevel de ser pesquisado onde se poderia analisar a viabilidade de

aquisiccedilatildeo de quiosques pelos atuais vendedores ambulantes

Outro toacutepico passiacutevel de ser analisado eacute o entendimento por parte dos

ambulantes de que haacute aceitaccedilatildeo dos turistas quanto aos produtos comercializados

o que constitui oportunidade de investigaccedilatildeo via percepccedilatildeo dos turistas

Poderia se investigar as inter-relaccedilotildees entre os vendedores ambulantes as

instituiccedilotildees que organizam a atividade (AVAPAR e Prefeitura Municipal) turistas

residentes e as instituiccedilotildees ambientalistas instaladas no municiacutepio (Associaccedilatildeo

MarBrasil e Centro de Estudos do Mar ndash UFPR) com o descarte e recolhimento de

resiacuteduos derivados da atividade e dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes bem como analisar os impactos gerados por essa atividade comercial

para o ambiente costeiro e ainda os impactos que podem vir a ser gerados na

atividade com a implantaccedilatildeo de um terminal portuaacuterio previsto para o municiacutepio

Por fim sugere-se analisar a viabilidade de orientaccedilatildeo aos vendedores

ambulantes para a contribuiccedilatildeo com a Previdecircncia Social de maneira autocircnoma

garantindo assim os direitos que teria um trabalhador assalariado ou ainda analisar

a possibilidade de formalizaccedilatildeo desses empreendedores a partir da modalidade de

Micro Empreendedor Individual (MEI) Cabe ressaltar que o MEI seria um limitador

para a realizaccedilatildeo de outras atividades em paralelo com as atividades de vendedor

ambulante pois eles ficariam restritos ao comeacutercio ambulante

149

REFEREcircNCIAS

BARTEL Gonter Anaacutelise da Evoluccedilatildeo das Caracteriacutesticas Comportamentais Empreendedoras dos Acadecircmicos do Curso de Administraccedilatildeo de uma IES Catarinense 2010 107 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Administraccedilatildeo) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo Universidade Regional de Blumenau Blumenau BIGARELLA Joatildeo Joseacute Matinho Homem e Terra Reminiscecircncias 3 Ed Curitiba Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba 2009 BORGES C SIMARD G FILION L J Venture Creation Processes in Quebec Research Findings 2004-2005 Working Paper 2005-07 HEC Montreal May BUTLER R Seasonality in tourism Issues and problems In SEATON Tourism the state of the art Chichester UK John Wiley and Sons p 332-339 1994 CACCIAMALI Maria Cristina Setor Informal Urbano e Formas de Participaccedilatildeo na Produccedilatildeo Satildeo Paulo Instituto de Pesquisas Econocircmicas da Faculdade de Economia e Administraccedilatildeo da Universidade de Satildeo Paulo 1983 CASTELLI Geraldo Turismo e marketing uma abordagem hoteleira Porto Alegre Sulina 1986 CRESWELL John W Projeto de Pesquisa Meacutetodos Qualitativo Quantitativo e Misto 3 Ed Porto Alegre Artmed 2010 CRESWELL John W Pesquisa de meacutetodos mistos 2ed Porto Alegre Penso 2013 CRUZ C A B O desenvolvimento do mercado informal como elemento de geraccedilatildeo de novos empreendedores Revista Cientiacutefica do ITPAC Araguaiacutena v7 n4 Pub1 Outubro 2014 DEGEN Ronald Jean O empreendedor fundamentos da iniciativa empresarial Satildeo Paulo McGraw-Hill 1989

150

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APEcircNDICES

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS 158

158

APEcircNDICE 1 TRANSCRICcedilAtildeO ENTREVISTAS ASPECTOS DO PROCESSO DE

CRIACcedilAtildeO DE EMPREENDIMENTOS

Informante 1

O informante 1 eacute do sexo masculino tem 62 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Guarapuava mas se

criou na Cidade de Curitiba ambas no Estado do Paranaacute Eacute aposentado pelo

exeacutercito Mora haacute 19 anos no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute Mudou-se

para Pontal do Paranaacute pela qualidade de vida pelo clima por natildeo ter que pagar

aluguel e por ser segundo o entrevistado um local mais tranquilo para criar os

filhos Seu pai trabalhava como garccedilom e sua matildee como dona do lar Segundo o

empreendedor natildeo haacute nenhum empreendedor em sua famiacutelia

O empreendedor trabalhou em farmaacutecia como garccedilom e no exeacutercito onde

se aposentou O entrevistado jaacute realizou treinamentos sobre Vigilacircncia agrave Sauacutede

realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na

sede da AVAPAR capacitaccedilatildeo sobre como aproveitar o resiacuteduo do coco curso de

panificaccedilatildeo capelania evangeacutelica e atendimento ao turista

Esse empreendedor possui onze carrinhos para comercializaccedilatildeo de bebidas

como vendedor ambulante Ele faz parceria com pessoas para trabalharem

utilizando seus carrinhos em troca de uma porcentagem do lucro O empreendedor

comenta que ldquopessoas conhecidas que tenham interesse em trabalhar como

vendedor ambulante mas que natildeo apresentem condiccedilotildees financeiras de adquirir um

carrinho e os produtos para comercializaccedilatildeo aleacutem de pagar as taxas da AVAPAR e

da Prefeitura Municipalrdquo entram em contato com ele pois ele ldquofornece todos esses

itens e oportuniza condiccedilatildeo para essas pessoas trabalharemrdquo Segundo ele satildeo os

proacuteprios interessados que o procuram para realizar a parceria Esse empreendedor

trabalha de forma cooperativa ajudando e sendo ajudado quando necessaacuterio

O entrevistado adquiriu os dois primeiros carrinhos de bebidas para trabalhar

como ambulante a partir de ldquoum negoacutecio em um gravador portaacutetil mais uma quantia

em dinheirordquo Esses foram os carrinhos que ele e a esposa utilizaram para trabalhar

no iniacutecio O empreendedor soacute vende bebidas desde que iniciou e adquire esses

159

produtos para comercializaccedilatildeo em distribuidoras do municiacutepio onde recebe

desconto por comprar em grande quantidade

O entrevistado trabalha como vendedor ambulante desde o ano de 1997

Quando iniciou as atividades haviam poucos ambulantes trabalhando no seu

balneaacuterio ldquoeram 17 Hoje satildeo 35rdquo Segundo o entrevistado essa eacute uma atividade

comercial rentaacutevel ldquose a condiccedilatildeo climaacutetica for favoraacutevelrdquo ao turismo de sol e praia e

ldquose o vendedor ambulante se dedicar ao trabalhordquo O informante 1 afirma gostar de

trabalhar como vendedor ambulante

Segundo ele a atividade comercial de vendedor ambulante era ldquototalmente

desconhecida antes de comeccedilar a trabalharrdquo

O entrevistado decidiu trabalhar com bebidas por segundo ele ldquoser mais

praacutetico por natildeo precisar de manipulaccedilatildeordquo O empreendedor 1 natildeo trabalha com

estoque ou seja ldquovai comprando agrave medida que as bebidas vatildeo acabandordquo Trabalha

com recursos proacuteprios derivados de economias pessoais e familiares desde o iniacutecio

das atividades tem investimento meacutedio de R$ 300 reais para encher um carrinho de

bebidas e afirma ter recuperado todo o valor investido inicialmente na primeira

temporada de trabalho

O empreendedor tem ldquouma noccedilatildeo de seu gasto e seu lucrordquo mas natildeo tem

um controle formal de entradas e saiacutedas

Conforme o entrevistado as principais dificuldades do trabalho como

vendedor ambulante satildeo enfrentar o calor na praia e colocar e tirar o carrinho na

areia Segundo o informante 1 todos os produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na praia apresentam procura ou seja ldquonatildeo haacute um produto que seja

mais comprado do que outrordquo A principal reclamaccedilatildeo dos turistas com relaccedilatildeo ao

seu produto eacute ldquoquando a bebida natildeo estaacute geladardquo

O empreendedor espera que no futuro o turismo de Pontal do Paranaacute

melhore e que a Prefeitura Municipal faccedila investimentos na orla mariacutetima

Conforme o entrevistado seu maior medo quanto ao trabalho do vendedor

ambulante eacute a implantaccedilatildeo de quiosques na areia o que impossibilitaria que muitos

ambulantes continuassem trabalhando por natildeo apresentarem condiccedilatildeo financeira de

adquirir um quiosque Quanto ao seu futuro profissional o informante 1 pretende se

aposentar como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute mas ainda natildeo definiu

uma data para tal accedilatildeo

160

Informante 2

O informante 2 eacute do sexo masculino tem 52 anos eacute casado tem dois filhos

estudou o Ensino Meacutedio completo eacute natural da cidade de Cafelacircndia no Estado do

Paranaacute e mora desde 1999 no Balneaacuterio de Praia de Leste em Pontal do Paranaacute

Esse empreendedor se mudou para Pontal do Paranaacute devido agrave falecircncia de uma

empresa de sua famiacutelia em sua cidade de origem Seus pais trabalharam como

agricultores e em seguida tiveram uma empresa familiar Ele jaacute tinha eacute experiecircncia

como empreendedor pois trabalhava na empresa da famiacutelia O empreendedor 2

trabalha como vendedor ambulante desde 1999

Esse empreendedor trabalhou como agricultor e trabalhou na empresa da

famiacutelia Atualmente eacute funcionaacuterio puacuteblico municipal onde trabalha como motorista de

van escolar Trabalha ainda como garccedilom em restaurantes e como seguranccedila em

danceterias aos finais de semana O uacutenico curso ou palestra de que ele participou

foi o curso de Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de

Vigilacircncia Sanitaacuteria e Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 2 trabalha em parceria com um distribuidor de bebidas

desde 2006 onde todos os dias ele pega as bebidas em consignaccedilatildeo ou seja

ldquodevolve o que natildeo vender e fica com o lucro do diardquo Ele trabalha de forma mais

cooperativa onde ldquoempresta produtos aos vendedores ambulantes na praia quando

ficam sem produtosrdquo

Esse empreendedor busca ajudar os demais vendedores ambulantes pois

acredita que poderaacute precisar de ajuda tambeacutem O empreendedor construiu seu

proacuteprio carrinho para trabalhar como vendedor ambulante e iniciou seu trabalho com

capital proacuteprio oriundo de economias pessoais No iniacutecio do trabalho como vendedor

ambulante o empreendedor comprava seus produtos em mercados e distribuidoras

no municiacutepio de Pontal do Paranaacute

O empreendedor comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante no ano de

1999 ano que chegou ao municiacutepio de Pontal do Paranaacute Ateacute entatildeo ele ldquonatildeo sabia

nada sobre o trabalho de vendedor ambulanterdquo

No terceiro dia em que eu estava em Pontal do Paranaacute me ofereceram uma licenccedila para trabalhar como vendedor ambulante Como eu precisava de

161

uma fonte de renda aceitei a licenccedila e fui buscar conhecer sobre o trabalho como vendedor ambulante (INFORMANTE 2 2015)

O empreendedor decidiu vender bebidas ldquopela facilidade de manuseiordquo ou

seja por esse produto natildeo precisar ser manipulado no momento de entrega ao

cliente O empreendedor adquire os produtos conforme necessidade Ele trabalha

ldquonos dias de temporada de veratildeo alguns finais de semana depois da temporada

quando haacute fluxo de turistas e na noite de virada de anordquo

O empreendedor 2 comeccedilou a trabalhar como vendedor ambulante

utilizando capital proacuteprio derivado de economias pessoais Segundo ele o valor

inicial investido no trabalho de vendedor ambulante foi recuperado nos primeiros

dias de trabalho Esse empreendedor possui em um caderno planilhas de controle

financeiro (FIGURA 19) do trabalho como vendedor ambulante e dos demais

trabalhos que concilia com essa atividade comercial Nas planilhas ele controla as

receitas de seus trabalhos e agraves saiacutedas resultantes de suas despesas

FIGURA 19 ndash CONTROLE FINANCEIRO DO EMPREENDEDOR 2 FONTE PESQUISA DE CAMPO (2015)

As dificuldades encontradas pelo empreendedor 2 quando comeccedilou a

trabalhar como vendedor ambulante foram ldquoa exposiccedilatildeo ao sol colocar e tirar o

carrinho da areia devido ao peso do carrinho a cooperaccedilatildeo entre os ambulantes e o

troco de dinheirordquo Durante o ano o empreendedor vai guardando moedas e ceacutedulas

162

de valor pequeno para usar como troco de dinheiro quando estaacute trabalhando como

vendedor ambulante

De acordo com esse empreendedor todos os produtos oferecidos na praia

pelos vendedores ambulantes satildeo comprados pelos turistas ou seja ldquonatildeo haacute um

produto que venda mais ou um produto que venda menosrdquo

Ainda de acordo com esse empreendedor as principais reclamaccedilotildees dos

turistas com relaccedilatildeo ao comeacutercio ambulante em Pontal do Paranaacute estatildeo

relacionadas agrave qualidade do produto Por exemplo a temperatura da bebida quando

ldquonatildeo estaacute geladardquo

Esse empreendedor espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute

que o poder puacuteblico municipal realize investimentos na orla do municiacutepio e relata ter

medo que no futuro a atividade de vendedor ambulante deixe de existir devido agrave

colocaccedilatildeo de quiosques na praia o que ldquosignifica desemprego para muitos

vendedores ambulantes que natildeo tem condiccedilatildeo de adquirir um quiosquerdquo

Do seu futuro profissional o empreendedor natildeo tem perspectivas Afirma

que continuaraacute trabalhando ldquoateacute quando seu corpo aguentarrdquo visto que segundo ele

a atividade de vendedor ambulante ldquoeacute cansativa devido ao peso do carrinho e da

exposiccedilatildeo solarrdquo

Informante 3

O informante 3 eacute do sexo masculino tem 44 anos eacute solteiro natildeo tem filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Borrazoacutepolis no

Estado do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde o

ano de 2001 Ele se mudou para Pontal do Paranaacute para morar com a irmatilde apoacutes o

falecimento da matildee Seus pais eram agricultores e segundo o empreendedor natildeo

haacute nenhum empreendedor na famiacutelia Esse empreendedor iniciou as atividades

como vendedor ambulante em Pontal do Paranaacute em 2015

O informante 3 jaacute trabalhou como pedreiro jardineiro encanador e

realizando manutenccedilatildeo e reparos em geral Ele ldquotrabalha auxiliando um vendedor

ambulante na distribuiccedilatildeo de bebidas para outros ambulantes desde 2006rdquo No

periacuteodo de temporada de veratildeo trabalha apenas como vendedor ambulante

163

Conforme o entrevistado o uacutenico treinamento que ele realizou eacute o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O empreendedor 3 utiliza um carrinho emprestado para trabalhar e a

aquisiccedilatildeo dos produtos para comercializaccedilatildeo eacute realizada em consignaccedilatildeo Esse

empreendedor trabalha de forma cooperativa pois acredita que ldquotodos precisam se

ajudarrdquo

Este empreendedor decidiu trabalhar como vendedor ambulante por

incentivo do ambulante com quem ele jaacute trabalha e optou por vender bebidas ldquopor jaacute

saber como manusear o produto e pela praticidade na manipulaccedilatildeordquo O entrevistado

pretende trabalhar ateacute a Paacutescoa de 2016 ldquose houver fluxo de turistas na praiardquo

O informante 3 natildeo precisou investir um capital inicial para comeccedilar a

trabalhar como vendedor ambulante visto que as taxas da Prefeitura Municipal e da

AVAPAR foram pagas pelo ambulante com quem ele jaacute trabalhava o carrinho eacute

emprestado e as bebidas satildeo adquiridas em consignaccedilatildeo Dessa forma o retorno

financeiro que ele obtiver seraacute lucro O empreendedor afirma que ldquonatildeo sente

necessidade de fazer o controle financeiro por se tratar de uma atividade simplesrdquo

O empreendedor 3 cita que as principais dificuldades encontradas na

atividade de vendedor ambulante satildeo o calor ter troco em dinheiro e colocar e tirar

o carrinho da areia Segundo ele o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes satildeo as bebidas e as principais reclamaccedilotildees dos turistas

sobre o comeacutercio ambulante quanto ao produto que comercializa eacute quando a

bebida ldquonatildeo estaacute geladardquo e quanto ao comeacutercio ambulante em geral se refere agrave

ldquofalta de atenccedilatildeo do vendedor ambulante com o turistardquo

Este empreendedor espera que no futuro o poder puacuteblico de Pontal do

Paranaacute invista no turismo do municiacutepio Quanto ao futuro do trabalho como vendedor

ambulante o entrevistado tem medo que deixe de existir devido agrave possibilidade de

implantaccedilatildeo de quiosques na praia Sobre seu futuro profissional natildeo tem

perspectivas ele ldquoaceita os trabalhos que lhe satildeo oferecidosrdquo

164

Informante 4

A Informante 4 eacute do sexo feminino tem 38 anos eacute casada tem dois filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Completo eacute natural da cidade de Paranaguaacute e mora no

Balneaacuterio de Pontal do Sul em Pontal do Paranaacute desde o ano de 2007

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute porque casou e seu marido

morava no municiacutepio de Pontal do Paranaacute Sua matildee era dona do lar e seu pai

pescador e segundo a informante natildeo existe nenhum empreendedor em sua famiacutelia

Esta empreendedora iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute em 2015

A Informante 4 jaacute trabalhou como auxiliar de serviccedilos gerais e como

cozinheira Atualmente ela trabalha com serviccedilos gerais em uma empresa de Pontal

do Paranaacute e pratica atividades como vendedora ambulante apenas nos finais de

semana no periacuteodo da temporada pois assim consegue conciliar com seu outro

trabalho

Conforme a entrevistada o uacutenico treinamento que ela realizou foi o curso de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

A Informante 4 adquire os produtos para comercializaccedilatildeo como vendedora

ambulante diariamente em consignaccedilatildeo com um fornecedor de Pontal do Paranaacute e

afirma trabalhar de forma cooperativa pois segundo ela ldquonatildeo existe competiccedilatildeo

entre os ambulantesrdquo A entrevistada utiliza enquanto vendedora ambulante uma

bicicleta com caixa de isopor que ela mesma adaptou para as atividades

A entrevistada comeccedilou a trabalhar como vendedora ambulante no ano de

2015 e segundo ela ldquopor conhecer algumas pessoas que trabalham como

vendedores ambulantes jaacute tinha algum conhecimento sobre atividaderdquo A informante

decidiu trabalhar como vendedora ambulante por ser uma ldquoatividade temporaacuteria que

exige baixo custo para comeccedilarrdquo e afirma que dessa forma consegue trabalhar

somente aos finais de semana durante o periacuteodo de temporada de veraneio e no

restante do ano continuar com seu outro emprego

A entrevistada comercializa coco verde como vendedora ambulante e

segundo ela escolheu esse produto ldquopor ser um produto que o turista gosta porque

tem a cara da praiardquo

165

A Informante 4 iniciou suas atividades como vendedora ambulante utilizando

capital financeiro proacuteprio e recuperou o valor investido inicialmente nos primeiros

dias de trabalho Segundo a entrevistada ela anota o lucro diaacuterio da comercializaccedilatildeo

dos produtos sendo esta sua uacutenica forma de controle financeiro da atividade

Segundo a entrevistada 4 a principal dificuldade que ela encontrou no

trabalho como vendedora ambulante foi o calor e para se proteger da exposiccedilatildeo

solar ela afirma fazer uso de protetor solar e chapeacuteu

Conforme entrevistada os produtos que os turistas mais compram na praia

satildeo o coco verde e as bebidas e as reclamaccedilotildees dos turistas giram em torno da

qualidade do produto por exemplo quando o coco verde que ela comercializa ldquonatildeo

estaacute geladordquo

Do futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera que sejam

realizados investimentos no turismo por parte do setor puacuteblico Quanto ao futuro do

trabalho como vendedor ambulante a entrevistada afirma ter gostado da atividade e

espera continuar trabalhando como vendedora ambulante por mais alguns anos para

complementar sua renda Jaacute quanto ao seu futuro profissional a entrevistada espera

continuar com o seu trabalho durante o ano e podendo ldquofazer bicos para aumentar a

rendardquo

Informante 5

A informante 5 eacute do sexo feminino tem 58 anos eacute casada tem 5 filhos

estudou ateacute o Ensino Meacutedio Incompleto eacute natural da cidade de Rondon no Estado

do Paranaacute e mora no Balneaacuterio de Ipanema em Pontal do Paranaacute desde 2013

A entrevistada se mudou para Pontal do Paranaacute por recomendaccedilotildees

meacutedicas para o seu marido Sua matildee era do lar e seu pai era madeireiro Segundo a

informante haacute casos de empreendedores na famiacutelia como a cunhada o irmatildeo e um

filho A entrevistada iniciou as atividades como vendedora ambulante em Pontal do

Paranaacute no ano de 2015

A informante 4 jaacute foi proprietaacuteria de dois restaurantes e uma lanchonete e

atualmente concilia o trabalho de vendedora ambulante com vendas de salgados

para festas A empreendedora entrevistada trabalha todos os dias da temporada de

166

veratildeo na praia e em alguns dias durante o inverno no periacuteodo noturno ela

comercializa seus produtos em uma rua proacutexima de sua residecircncia

Conforme a entrevistada ela realizou curso de cozinheira e o treinamento de

Vigilacircncia agrave Sauacutede realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

Seus primeiros fornecedores eram da cidade de Curitiba onde seu filho que

mora em Curitiba levou alguns produtos para ldquocomeccedilar a fazer os espetinhosrdquo no

entanto atualmente a empreendedora adquire os produtos para preparaccedilatildeo de

seus espetinhos em um supermercado do balneaacuterio onde reside onde ela diz que

ldquocomo o dono jaacute me conhece e sabe que eu soacute compro dele ele faz mais barato pra

mimrdquo Para comercializaccedilatildeo de seus espetinhos a empreendedora utiliza um

carrinho que ela considera como pequeno mas que pretende para o proacuteximo ano

adquirir um carrinho maior A entrevistada adquiriu o carrinho atraveacutes de seu marido

que ldquopegou o carrinho como parte de pagamento de um serviccedilo de conserto de

telhado porque a mulher que pediu para ele consertar natildeo tinha dinheiro para pagar

pelo serviccedilo naquele mecircs soacute no mecircs que vemrdquo A entrevistada busca trabalhar de

forma cooperativa por acredita que dessa forma ldquopode ter melhores resultadosrdquo

Quando comeccedilou a desenvolver atividades como vendedora ambulante em

2015 o uacutenico conhecimento que ela tinha sobre esta atividade era sobre o lugar

onde teria que se cadastrar para se candidatar a uma vaga a AVAPAR A

empreendedora decidiu comeccedilar a desenvolver atividades como vendedora

ambulante pois segundo ela ldquomoro em uma cidade turiacutestica e vem muito turista pra

caacute Entatildeo por que eu natildeo posso colocar espetinho pra vender para os turistas e

ganhar um dinheirinho com issordquo A empreendedora decidiu ainda que iria

comercializar espetinhos porque segundo ela ldquoespetinho seria mais praacutetico do que

outros alimentos como pastelrdquo O periacuteodo que a entrevistada costuma trabalhar eacute de

quinta a saacutebado durante o periacuteodo de temporada de veratildeo por segundo ela ser ldquoo

periacuteodo que tem mais turistas na praiardquo

A Informante 4 iniciou suas atividades utilizando capital financeiro proacuteprio e

teve retorno do investimento inicial nos primeiros dias de trabalho No iniacutecio das

atividades a empreendedora anotava as entradas e saiacutedas mas no decorrer do

tempo ela decidiu abrir uma poupanccedila e depositar todo o rendimento da atividade

de vendedora ambulante No entanto ela tem uma noccedilatildeo geral de quanto gasta e

167

recebe diariamente e segundo ela ldquodaacute pra lucrar de 30 a 40 sem explorar

ningueacutemrdquo

Segundo a entrevistada a principal dificuldade encontrada na atividade se

relaciona ao uso do carrinho a qual menciona

Um dia esquecemos que tinha farinha embaixo do carrinho e colocamos aacutegua para apagar a brasa e molhou tudo [] satildeo aquelas dificuldades de marinheiro de primeira viagem mas agora a gente jaacute sabe (INFORMANTE 5)

Segundo a informante 5 o produto que os turistas mais compram dos

vendedores ambulantes na praia eacute o pastel e as reclamaccedilotildees dos turistas satildeo por

causa do ldquopreccedilo altordquo

Quanto ao futuro do turismo em Pontal do Paranaacute a entrevistada espera a

ldquocolaboraccedilatildeo de todos tanto poliacutetico quanto dos empreendimentos imobiliaacuterios e o

comeacutercio em geralrdquo para atrair mais turistas para o municiacutepio Quanto ao futuro do

trabalho de vendedor ambulante a informante espera que os vendedores

ambulantes faccedilam mais parcerias entre si e diz que jaacute viu melhoras na atividade

como a implantaccedilatildeo de banheiros quiacutemicos na praia Quanto ao seu futuro

profissional a empreendedora diz que ldquoa ideia eacute fazer o controle nas financcedilas e

alugar uma portinha comercial no final de 2016 ou 2017rdquo pois a entrevistada

pretende trabalhar em um ponto fixo comercializando espetinhos e salgados

Informante 6

O Informante 6 eacute do sexo masculino tem 40 anos eacute casado tem 1 filho

estudou ateacute a quarta seacuterie do Ensino Baacutesico eacute natural do Estado do Sergipe e mora

desde 2001 no Balneaacuterio de Shangri-laacute no Municiacutepio de Pontal do Paranaacute O

informante se mudou para Pontal do Paranaacute apoacutes o divoacutercio da sua primeira esposa

Os pais do entrevistado eram agricultores e segundo ele natildeo haacute nenhum caso de

empreendedor ou empresaacuterio na famiacutelia

O entrevistado trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e como

adestrador de catildees em Sergipe e em Satildeo Paulo onde morou antes de se mudar

168

para Pontal do Paranaacute Atualmente ele concilia as atividades de vendedor

ambulante com o trabalho de pedreiro Durante o periacuteodo de baixa temporada o

entrevistado trabalha como pedreiro e na temporada segundo ele ldquoquando eu natildeo

pego algum serviccedilo grande eu trabalho como ambulante se natildeo aiacute eu natildeo

trabalhordquo O entrevistado complementa que trabalha como vendedor ambulante

desde 2003 e que natildeo desenvolveu atividades como vendedor ambulante em

apenas dois anos

O entrevistado jaacute realizou cursos de armador de ferragens e de Vigilacircncia agrave

Sauacutede que eacute realizado pelo Departamento Municipal de Vigilacircncia Sanitaacuteria e

Epidemioloacutegica na sede da AVAPAR

O Informante natildeo realiza parcerias para o trabalho de vendedor ambulante e

trabalha de forma competitiva pois acredita que ldquoprecisa superar os concorrentesrdquo

Quanto aos produtos que comercializa satildeo oriundos do Estado de Santa Catarina

que ldquotem um rapaz que entregardquo diariamente o produto na casa do entrevistado

Segundo o entrevistado seu primeiro carrinho para o comeacutercio ambulante foi

produccedilatildeo proacutepria mas um tempo depois o entrevistado comprou um carrinho

maior

O entrevistado afirma que jaacute conhecia sobre a atividade de vendedor

ambulante devido agrave sua experiecircncia em Salvador Quanto agrave atividade em Pontal do

Paranaacute ele comenta ldquoestava num ponto de ocircnibus conversando com um rapaz e o

rapaz me explicou que a AVAPAR estava fazendo inscriccedilatildeo para vendedor

ambulante Aiacute eu fui laacute e fizrdquo Sobre os rendimentos da atividade de vendedor

ambulante ele complementa ldquotem vez que daacute dinheiro e outras vezes natildeo daacute Mas

o bom mesmo eacute o divertimentordquo

O empreendedor decidiu vender milho verde pela praticidade e por natildeo

precisar de manipulaccedilatildeo no momento da entrega ao cliente Segundo ele jaacute

comercializou pastel quando trabalhou como vendedor ambulante em Salvador e

natildeo gostou da experiecircncia Este entrevistado costuma desenvolver atividades como

vendedor ambulante entre o feriado de sete de setembro e a Paacutescoa

O empreendedor entrevistado iniciou suas atividades com capital financeiro

proacuteprio e afirma ter recuperado o valor investido no segundo dia de comercializaccedilatildeo

O Informante 6 natildeo realiza um controle financeiro formal mas afirma ter noccedilatildeo de

seu lucro diaacuterio com a atividade de vendedor ambulante

169

A principal dificuldade que o Informante 6 encontrou no iniacutecio das atividades

como vendedor ambulante eacute relacionada ao transporte dos produtos para

comercializaccedilatildeo devido ao peso dos produtos

Conforme o Informante os produtos mais comprados pelos vendedores

ambulantes satildeo os alimentos como milho verde pamonha e pastel e a principal

reclamaccedilatildeo dos turistas eacute referente ao preccedilo dos produtos comercializados pelos

vendedores ambulantes

O Informante 6 espera que no futuro sejam realizados investimentos e

manutenccedilotildees na orla municipal e que atividade de vendedor ambulante continue

sendo realizada no municiacutepio Do seu futuro profissional o entrevistado pretende

comprar um terreno proacuteximo da avenida (PR 412) e montar um comeacutercio

170

ANEXOS

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL 171

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS 173

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs 176

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS 177

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS 178

171

ANEXO 1 FORMULAacuteRIO - PERFIL SOCIAL

1 Idade Sexo ( )masculino ( )feminino

2 Estado civil ( )solteiro ( )casado ( )outro

3 Tem filhos ( )sim ( )natildeo Quantos

4 Onde mora Balneaacuterio

5 Cidade e estado onde nasceu

6 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute

7 Grau de escolaridade

( )Ensino baacutesico 1ordf a 4ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) natildeo estudou

( )Ensino fundamental 5ordf a 8ordf seacuterie do 1ordm grau ( ) completo

( ) Ensino Meacutedio 2ordm grau ( ) incompleto

( ) Ensino teacutecnico

( ) Ensino Superior

8 Qual a profissatildeo dos seus pais

Pai

Matildee

9 Por que decidiu ser vendedor ambulante

( ) ganhar mais ( ) dificuldade de encontrar emprego

( ) independecircncia autonomia liberdade ( ) aposentadoria baixa

( ) outra razatildeo Qual

10 Haacute quanto tempo trabalha como ambulante anos

11 Jaacute trabalhou em outra atividade ( )sim ( )natildeo

12 Qual foi seu uacuteltimo trabalho

13 Jaacute teve carteira assinada ( )sim ( )natildeo

14 Este eacute seu uacutenico emprego ( )sim ( )natildeo Qual eacute o outro

15 Atualmente procura outro emprego ( )sim ( )natildeo

16 Em qual balneaacuterio de Pontal do Paranaacute vocecirc trabalha como ambulante

17 Em quais periacuteodos vocecirc costuma trabalhar

( ) Todos os dias da temporada ( ) apenas finais de semana na temporada

( ) finais de semana o ano todo ( ) feriados ( ) feacuterias de julho

18 Quantas horas em meacutedia vocecirc trabalha por dia horas

19 Vocecirc eacute empregado de algueacutem ( )sim ( )natildeo

20 Vocecirc trabalha por conta proacutepria ( )sim ( )natildeo

21 Vocecirc contribui atualmente para a previdecircncia social ( )sim ( )natildeo

22 Vocecirc gostaria de mudar para um emprego com carteira assinada ( )sim ( )natildeo

Por quecirc

23 Quais produtos vocecirc vende

172

24 De onde vecircm os produtos que vocecirc vende

( ) Loja mercado ou armazeacutem de Pontal do Paranaacute

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio do Litoral do Paranaacute

Qual municiacutepio

( ) Loja mercado ou armazeacutem de outro municiacutepio Qual municiacutepio

Estado

( ) Outro Qual

25 Como vocecirc obteacutem os produtos para vender

( ) Recursos proacuteprios ( ) O patratildeo fornece ( ) Consignaccedilatildeo

( ) Outra forma Qual

26 Quanto vocecirc ganha liacutequido em meacutedia por dia R$

Por semana R$ Por mecircs R$

Por temporada R$

Gostaria de fazer algum comentaacuterio ou observaccedilatildeo Qual

173

ANEXO 2 FORMULAacuteRIO DE AVALIACcedilAtildeO DAS CARACTERIacuteSTICAS CENTRAIS

EMPREENDEDORAS

Este questionaacuterio se constitui de 55 afirmaccedilotildees breves Leia cuidadosamente cada afirmaccedilatildeo e decida qual descreve vocecirc da melhor forma (considere como vocecirc eacute hoje e natildeo como gostaria de ser) Seja honesto consigo mesmo Lembre-se de que ningueacutem faz tudo corretamente nem mesmo eacute desejaacutevel que se saiba fazer tudo

1 Selecione o nuacutemero que corresponde agrave afirmaccedilatildeo que o descreve 1= nunca 2= raras vezes 3= algumas vezes 4= usualmente 5= sempre

2 Anote o nuacutemero selecionado na linha agrave direita de cada afirmaccedilatildeo Eis aqui um exemplo Mantenho-me calmo em situaccedilotildees tensas 2_ A pessoa que respondeu nesse exemplo selecionou o nuacutemero ldquo2rdquo para indicar que a afirmaccedilatildeo a descreve apenas em raras ocasiotildees

3 Algumas das afirmaccedilotildees podem ser similares mas nenhuma eacute exatamente igual 4 Favor designar uma classificaccedilatildeo numeacuterica para todas as afirmaccedilotildees 5 Este questionaacuterio se constitui de diferentes etapas de sequecircncia leia atentamente

todas as orientaccedilotildees

1 = nunca 2 = raras vezes 3 = algumas vezes 4 = usualmente 5 = sempre

QUESTAtildeO VALOR

1 Esforccedilo-me para realizar as coisas que devem ser feitas

2 Quando me deparo com um problema difiacutecil levo muito tempo para encontrar a soluccedilatildeo

3 Termino meu trabalho a tempo

4 Aborreccedilo-me quando as coisas natildeo satildeo feitas devidamente

5 Prefiro situaccedilotildees em que posso controlar ao maacuteximo o resultado final

6 Gosto de pensar no futuro

7 Quando comeccedilo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informaccedilotildees possiacuteveis antes de dar prosseguimento agrave eles

8 Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples

9 Consigo que os outros apoiem minhas recomendaccedilotildees

10 Tenho confianccedila que posso ser bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar

11 Natildeo importa com quem fale sempre escuto atentamente

12 Faccedilo as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham de me pedir

13 Insisto vaacuterias vezes para conseguir que as pessoas faccedilam o que desejo

14 Sou fiel agraves promessas que faccedilo

174

15 Meu rendimento no trabalho eacute melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho

16 Envolvo-me com algo novo soacute depois de ter feito todo o possiacutevel para assegurar o seu ecircxito

17 Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida

18 Procuro conselho das pessoas que satildeo especialistas no ramo em que estou atuando

19 Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa

20 Natildeo perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas

21 Mudo a maneira de pensar se outros discordam energicamente dos meus pontos de vistas

22 Aborreccedilo-me quando natildeo consigo o que quero

23 Gosto de desafios e novas oportunidades

24 Quando algo se interpotildeem entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa

25 Se necessaacuterio natildeo me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega

26 Aborreccedilo-me quando perco tempo

27 Considero minhas possibilidades de ecircxito ou fracasso antes de comeccedilar atuar

28 Quanto mais especiacuteficas forem minhas expectativas em relaccedilatildeo ao que quero obter na vida maiores seratildeo minhas possibilidades de ecircxito

29 Tomo decisotildees sem perder tempo buscando orientaccedilotildees

30 Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que faria caso sucedam

31 Conto com pessoas influentes para alcanccedilar minhas metas

32 Quando estou executando algo difiacutecil e desafiador tenho confianccedila em meu sucesso

33 Tive fracassos no passado

34 Prefiro executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro

35 Quando me deparo com seacuterias dificuldades rapidamente passo para outras atividades

36 Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforccedilo de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho

37 Nunca fico totalmente satisfeito com a forma como satildeo feitas as coisas sempre considero que haacute uma maneira melhor de fazecirc-las

38 Executo tarefas arriscadas

39 Conto com um plano claro de vida

40 Quando executo um projeto para algueacutem faccedilo muitas perguntas para assegurar-me de que entendi o que quer

175

41 Enfrento os problemas na medida em que surgem em vez de perder tempo antecipando-os

42 Para alcanccedilar minhas metas procuro soluccedilotildees que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

43 O trabalho que realizo eacute excelente

44 Em algumas ocasiotildees obtive vantagens de outras pessoas

45 Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado

46 Tenho diferentes maneiras de enfrentar obstaacuteculos que se apresentam para a obtenccedilatildeo de minhas metas

47 Minha famiacutelia e vida pessoal satildeo mais importantes para mim do que as datas de entrega de trabalho determinadas por mim mesmo

48 Encontro a maneira mais raacutepida de terminar os trabalhos tanto em casa quanto no trabalho

49 Faccedilo coisas que as outras pessoas consideram arriscadas

50 Preocupo-me tanto em alcanccedilar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais

51 Conto com vaacuterias fontes de informaccedilatildeo ao procurar ajuda para a execuccedilatildeo de tarefas e projetos

52 Se determinado meacutetodo para enfrentar um problema natildeo der certo recorro a outro

53 Posso conseguir que pessoas com firmes convicccedilotildees e opiniotildees mudem seu modo de pensar

54 Mantenho-me firme em minhas decisotildees mesmo quando as outras pessoas se opotildeem energicamente

55 Quando desconheccedilo algo natildeo hesito em admiti-lo

176

ANEXO 3 FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO DO QUESTIONAacuteRIO PADRAtildeO DE AVALIACcedilAtildeO

DAS CCEs

INSTRUCcedilOtildeES 1 Anote os valores no questionaacuterio de acordo com os nuacutemeros entre parecircnteses

Observe que os nuacutemeros satildeo consecutivos nas colunas Ou seja a resposta nordm 2 encontra-se logo abaixo a resposta nordm 1 e assim sucessivamente

2 Atenccedilatildeo faccedila as somas e subtraccedilotildees designadas em cada fileira para poder completar a pontuaccedilatildeo de cada CCE

3 Suas pontuaccedilotildees podem necessitar de correccedilatildeo Verifique as uacuteltimas instruccedilotildees Avaliaccedilatildeo das afirmaccedilotildees Pontuaccedilatildeo CCEs

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(1) (12) (23) (34) (45)

Busca de oportunidades e iniciativa

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(2) (13) (24) (35) (46)

Persistecircncia

______ + ______ + ______ + ______ - ______ + 6 = ______

(3) (14) (25) (36) (47)

Comprometimento

______ + ______ + ______ + ______ + ______ + 0 = ______

(4) (15) (26) (37) (48)

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(5) (16) (27) (38) (49)

Correr riscos calculados

______ - ______ + ______ + ______ + ______ +6 = ______

(6) (17) (28) (39) (50)

Estabelecimento de metas

______ + ______ - ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(7) (18) (29) (40) (51)

Busca de informaccedilotildees

______ + ______ + ______ - ______ + ______ + 6 = ______

(8) (19) (30) (41) (52)

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(9) (20) (31) (42) (53)

Persuasatildeo e rede de contatos

______ - ______ + ______ + ______ + ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Independecircncia e autoconfianccedila

______ - ______ - ______ - ______ + ______ + 18 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

Fator de correccedilatildeo

177

ANEXO 4 FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUACcedilAtildeO DAS CCErsquoS

INSTRUCcedilOtildeES

1 O fator de correccedilatildeo (o total da soma das respostas 11 22 33 44 e 55) eacute utilizado para

determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente favoraacutevel de si mesma

Se o total for maior que 20 entatildeo o total da pontuaccedilatildeo das 10 CCEs deve ser corrigido para

poder dar uma avaliaccedilatildeo mais precisa da pontuaccedilatildeo das CCEs do indiviacuteduo

2 Empregue os seguinte nuacutemeros para fazer a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo

Se o Fator de Correccedilatildeo for Faccedila a correccedilatildeo da pontuaccedilatildeo de cada CCE

de acordo com o nuacutemero abaixo

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3 No passo seguinte vocecirc poderaacute fazer as correccedilotildees necessaacuterias

FOLHA DE PONTUACcedilAtildeO CORRIGIDA

Caracteriacutesticas Pontuaccedilatildeo

Original

Fator de

Correccedilatildeo

Total

Corrigido

Busca de oportunidades e iniciativa - =

Persistecircncia - =

Comprometimento - =

Exigecircncia de qualidade e eficiecircncia - =

Correr riscos calculados - =

Estabelecimento de metas - =

Busca de informaccedilotildees - =

Planejamento e monitoramento sistemaacutetico - =

Persuasatildeo e rede de contatos - =

Independecircncia e autoconfianccedila - =

178

ANEXO 5 ROTEIRO EFFECTUATION ndash PROCESSO DE CRIACcedilAtildeO DE

EMPREENDIMENTOS

Controle de recursos Quem satildeo 1 Sexo 2 Idade 3 Estado civil 4 Nuacutemero de filhos 5 Escolaridade 6 Cidade de origem 7 Haacute quanto tempo mora em Pontal do Paranaacute 8 Em qual balneaacuterio mora 9 Motivos que o levaram a morar em Pontal do Paranaacute 10 Qual era a ocupaccedilatildeo de seus pais 11 Existe algum empresaacuterioempreendedor em sua famiacutelia ou ciacuterculo de amigos Quem

Controle de recursos O que elas conhecem 12 Fale-me um pouco sobre sua formaccedilatildeo e experiecircncia profissional 13 Qual seu uacuteltimo emprego Quanto tempo trabalhou laacute Porque saiu de laacute 14 Vocecirc tem alguma outra atividade remunerada atualmente Qual Como concilia com o

trabalho como ambulante 15 Em quais aacutereas jaacute participou de curso palestra ou treinamento (administraccedilatildeo vendas

marketing gestatildeo de pessoas gestatildeo financeira turismo atendimento ao puacuteblico vigilacircncia sanitaacuteria outra)

Controle de recursos Quem elas conhecem 16 Vocecirc trabalha com algum parceiro Como e porque essas parcerias iniciaram Vocecirc

procurou outros parceiros ao mesmo tempo Por quecirc 17 Vocecirc trabalha de forma mais cooperativa ou competitiva Por quecirc 18 Descreva seus primeiros e atuais fornecedores de produtos para vendas e sobre como e

onde adquiriu seu carrinho para trabalhar como vendedor ambulante

Clareza de Objetivos iniciais 19 Em que ano comeccedilou a trabalhar como ambulante 20 Vocecirc dispunha de algum conhecimento ou informaccedilatildeo sobre o trabalho como vendedor

ambulante 21 Quando e como vocecirc viu na atividade de vendedor ambulante uma possibilidade de obtenccedilatildeo

de renda Como foi o iniacutecio das suas atividades 22 Como vocecirc decidiu quais e quanto de produtos iria vender e o periacuteodo em que iria trabalhar

Vocecirc fez algum tipo de pesquisa para tomar essa decisatildeo

Toleracircncia agraves perdas e Investimentos iniciais 23 De onde veio o capital para iniciar suas atividades 24 Vocecirc jaacute recuperou o valor investido inicialmente para trabalhar como ambulante Se natildeo em

quanto tempo espera recuperar 25 Vocecirc tem controle financeiro de quanto gasta e quanto recebe por dia mecircs ano ou

temporada Como faz esse controle

Alavancagem sobre contingecircncias ndash Surpresas e dificuldades iniciais 26 Que surpresas dificuldades surgiram no seu caminho Como vocecirc lidou com isso 27 Quais os produtos que os turistas mais compram dos vendedores ambulantes 28 Quais as principais reclamaccedilotildees dos turistas quanto ao comeacutercio ambulante como um todo

em geral em Pontal do Paranaacute 29 O que vocecirc espera para o futuro do turismo em Pontal do Paranaacute 30 E do trabalho de vendedor ambulante nesse municiacutepio 31 O que vocecirc espera do seu futuro profissional

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