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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ALAMIR MUNCIO COMPAGNONI
“AULA-VISITA” AO MUSEU PARANAENSE: NARRATIVA E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA.
Curitiba, 2008
1
ALAMIR MUNCIO COMPAGNONI
“AULA-VISITA” AO MUSEU PARANAENSE: NARRATIVA E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA.
Material Didático apresentado ao (PDE) Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná e ao Núcleo Regional de Educação de Curitiba.
Orientadora: PROFª.DR. Maria Auxiliadora Schmidt
Co-orientador: Prof. Denílson Roberto Schena
CURITIBA, 2008
2
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 03
2 APRENDER A NARRAR A HISTÓRIA A PARTIR DA “AULA-VISITA” AO
MUSEU. ................................................................................................................ 04
2.1 NARRATIVA E CONSCIÊNCIA HISTORICA.................................................. 08
3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 12
3.1 ELEMENTOS DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA QUE SERÃO UTILIZADOS PARA
O DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO.......................................................... 12
3.2 CONTEÚDO................................................................................................... 12
3.3 MUSEU ONDE OCORRERÁ A VISITA.......................................................... 13
3.4 POPULAÇÃO ALVO........................................................................................ 15
3.5 ATIVIDADES PARA O/A ALUNO/A SOBRE A INVESTIGAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS PRÉVIOS.............................................................................. 16
3.6 PREPARANDO-SE PARA APRENDER HISTÓRIA COM A “AULA-VISITA” AO
MUSEU PARANAENSE........................................................................................ 18
3.7 PESQUISA DURANTE A “AULA-VISITA” AO MUSEU PARANAENSE.......... 19
3.8 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DOS OJETOS................................................... 20
3.9 TRABALHO EM SALA DE AULA APÓS A “AULA-VISITA” AO MUSEU
PARANAENSE...................................................................................................... 22
3.10 PRODUÇÃO DE NARRATIVAS HISTÓRICAS............................................. 22
4 CONCLUSÃO..................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 29
3
Programa de Desenvolvimento Educacional – SEED IES: Universidade Federal do Paraná Elaboração de Material Didático: Unidade Temática. Orientadora: Drª. Maria Auxilia Schmidt Co-orientador: Denílson Roberto Schena Professor PDE: Alamir Muncio Compagnoni Dezembro/2008 TÍTULO: “AULA-VISITA” AO MUSEU PARANAENSE: NARRATIVA E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA. 1. INTRODUÇÃO
Fonte: Autor. (Foto da frente do Museu Paranaense). O Presente estudo tem como objetivo explorar o pensamento histórico dos
alunos/as do Colégio Estadual Professor Luiz Carlos de Paula e Souza em
situação de Museu. Ao utilizar o Museu e seus objetos para estudar o passado,
pretende-se observar se os estudantes desenvolvem o pensamento histórico e
4
são capazes de produzirem narrativas históricas com consciência histórica. Na
investigação prévia realizada no Colégio constatou-se, que a maioria absoluta dos
sujeitos estudantes da 5ª série, nunca foram a um museu.
2 APRENDER A NARRAR A HISTÓRIA A PARTIR DA “AULA-VISITA” AO MUSEU. A “aula-vista” ao museu não pode ser improvisada. Ela precisa ser planejada
e discutida com os alunos/as, destacando-se os aspectos do conteúdo ou o tema
que será trabalhado, o significado do museu, os interesses e a participação ativa
do aluno/a enquanto sujeito na produção do conhecimento histórico, manifestada
em forma de uma narrativa histórica, após a “aula-vista” ao museu. (SCHMIDT e
CAINELLI, 2004, p. 123).
O ensino de História a partir das “aulas-vistas” aos museus, mantém ligado
por laços fortes dois pontos Inseparáveis: conhecer o passado e o método de se
chegar a ele. Ou seja, conhecer e experienciar como se faz para desvendar os
acontecimentos do passado é tão importante para todo estudante, criança,
adolescente ou jovem do Ensino Fundamental e do Médio, quanto conhecer o
ponto de vista de um determinado historiador, sobre os fatos considerados
históricos pela tradição do ensino e da pesquisa. Cada vez mais essa
compreensão está sendo consolidada pela ciência histórica e pela prática do
ensino da disciplina de História. Trata-se de compreender que a importância do
estudo da História não é conhecer tudo o que aconteceu no mundo no passado,
até porque isso é impossível. A importância maior do conhecimento histórico é
desenvolver no sujeito uma orientação temporal, que pode ser traduzida na
capacidade de “relacionar os sentidos do passado com as suas próprias atitudes
perante o presente e a projeção do futuro” (BARCA, 2004, p. 134-135).
Nessa perspectiva significa a transformação do processo de pesquisa em
aprendizagem da História. É reconhecer o aluno como sujeito que age sobre seu
aprendizado, não só recebe conhecimentos prontos. A criança/aluno/a estudante
participa da construção do mundo e do conhecimento. O ensino assim pensado
5
requer entre outros pressupostos o uso do documento histórico para o estudo da
História.
Cabe ainda dizer que nessa perspectiva de Educação Histórica, o
objeto/documento do museu não é visto como prova do real (do passado), tão
pouco é tomado como mera ilustração do discurso do texto didático. O uso do
objeto histórico como documento na “aula-visita” ao museu é visto na sua
dimensão de evidência histórica, pela qual o estudante precisa aprender a fazer
perguntas.
O conteúdo histórico deste material didático – “Os povos indígenas e suas
culturas na história do Paraná”. Esse Conteúdo será estudado através da “aula-
visita” ao Museu Paranaense. Os objetos que serão estudados no Museu
Paranaense sobre a vida dos povos indígenas na História do Paraná, durante a
“aula-visita”, assim como todas as demais formas de documentos históricos, eles
não podem ser vistos como prova do passado, nem a forma narrativa de como
estão expostos, como descrição fiel do que aconteceu. O estudante precisa saber
que ali tem a mão de quem selecionou os objetos, de quem ordenou os objertos, a
exposição e, que os objetos não estão ali de forma neutra. É necessário aprender
a fazer perguntas aos objetos.
Percebe-se assim, que os objetos dos museus a serem utilizados como
documentos na aprendizagem da História possuem conceito amplo. De acordo
com as Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica, da Educação
Pública do Estado do Paraná: “as imagens, livros, jornais, histórias em quadrinhos,
fotografias, pinturas, gravuras, museus, filmes, músicas são documentos que
podem ser transformados em materiais didáticos de grande valia na constituição
do conhecimento histórico” (PARANÁ, 2006, p. 52). Ressalte-se que a palavra
documento ao abarcar uma gama tão variada da produção cultural humana
suscita, pelo menos, duas interpretações: os materiais produzidos com a intenção
didática ou com objetivo de “comunicar conteúdos ou informações sobre
determinadas disciplinas”; outro tipo é constituído pelos “fragmentos ou indícios de
situações já vividas” (SCHMIDT e CAINELLI, 2004, p. 90).
6
A escolha do conteúdo: Os povos indígenas e suas culturas na história do
Paraná, para ser estudada a partir da “aula-visita” ao Museu Paranaense atende,
antes de tudo, à preocupação do uso dos “objetos/documentos” sobre a vida dos
índios como método de investigação. Através da “aula-visita” os objetos sobre a
vida dos índios do Museu Paranaense serão tratados, então, como um tipo entre
as várias formas em que se apresentam os documentos históricos.
Na atualidade de acordo com o ICOM1, Museu é uma instituição
permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu
desenvolvimento, aberta ao público, que se ocupa da aquisição, conservação,
pesquisa, transmissão de informações e exposição dos testemunhos materiais dos
indivíduos e seu meio ambiente, para o estudo, educação e recreação.
Como se observa na definição do ICOM, o museu pode ser considerado uma
instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a serviço da sociedade e de seu
desenvolvimento. É uma instituição aberta ao público, a qual adquire, conserva
pesquisa, comunica e exibem evidências materiais do homem e de seu ambiente
para fins de pesquisa, educação e lazer. Nesse sentido, o museu tem grande
significado pedagógico, e as “aulas-visitas” nele realizadas adquirem importância
para no ensino da História. Uma “aula-visita” ao museu é condicionada pelos
aspectos relacionados com a escola e com aqueles próprios do museu. E pode-se
dizer ainda, a “aula-visita” ao museu aguça o olhar a mente dos meninos/as
estudantes.
No que se refere à escola, a “aula-visita” deve ser articulada com o
conteúdo que está sendo trabalhado, como definimos anteriormente e também
com os interesses dos alunos e do professor. A finalidade da “aula-visita” precisa
ser, essencialmente articulada com os interesses dos alunos, e o professor
exercerá o papel de provocador entre o conhecimento histórico, o conteúdo
trabalhado em classe e os objetos do museu. Muitas vezes, o aluno “vê” o museu
com os olhos do professor. Por isso, uma nova atitude diante do museu é
importante principalmente porque, na sociedade contemporânea, algumas
concepções de museu têm influenciado a postura de professores e alunos. Existe
1 ICOM – Conselho Internacional de Museu.
7
a idéia de museu como lugar de depósito de coisas do passado, no qual os alunos
fazem as “aulas-visitas” para acumular conhecimento, quanto melhor. Nesse caso
o professor/a usa o museu para reforçar e ampliar os conteúdos já aprendidos no
livro didático ou nas aulas, e o objetivo, então não é aprender ou conhecer nada
de novo. Corre-se o risco de murchar àquele olhar aguçado curioso, cheio de
perguntas. (SCHMIDT e CAINELLI, 2004, p.123 Adaptado de BLANCO, 1994).
Acredita-se nas potencialidades educativas dos museus para o ensino da
História. O museu surge como um dos lugares que pode induzir favoravelmente a
aprendizagem. Sendo um espaço atraente e estimulante, que convida ao exercício
da imaginação histórica. Há muito tempo os professores das mais variadas
escolas e séries levam seus alunos/as aos museus, para complementar as
atividades realizadas em sala de aula. No entanto, uma concepção mais
contemporânea exige que não seja apenas uma visita e sim uma “aula-visita” ao
museu. Que seja enriquecida com aplicação de uma metodologia em que o aluno
possa participa de forma ativa, da construção de seu conhecimento. Neste caso o
professor/a indicará o aluno/a no método de investigação histórica e no uso do
próprio museu, na perspectiva de incentivar a pesquisa, a observação e a
construção do próprio saber que será manifestado através da narrativa, ao invés
de respostas prontas.
Nessa direção a escola deve ir ao museu e orientar certo olhar aos objetos.
Assim é possível, estudar e pesquisar, ver que a função do museu, é também de
nos construir uma consciência sobre o tempo. O aluno/a, não pode ver os objetos,
apenas como guardiões da memória, mas ele deve ser visto como provocador da
história e formador da consciência histórica, criando sentidos de orientação no
tempo, experienciação do passado e interpretação histórica.
O museu pode ser visto pela escola como patrimônio cultural, e os objetos
como documentos históricos, como nos diz Blanco: “el objeto portado de
información se converte en un documento, en una fuente de dados tal como lo es
el documento escrito”. (BLANCO 1994, P. 8). Todos sabem que os museus
expõem objetos materiais e que é está a sua característica essencial e peculiar.
Nesse aspecto ele tem grandes possibilidades para a educação histórica.
8
É importante enfatizar que a cultura material presente nos museus, está
constituída por objetos e qualquer objeto pode ser considerado portador de uma
informação sobre o passado. Este fato lhe dá valor de documento com
características determinadas, pois, dizer de uma maneira indireta, os objetos nos
falam das necessidades humanas, das relações humanas, dos costumes e
crenças dos homens de sociedades passadas e atuais, sobretudo as que não têm
escritas. (BLANCO, 1994). O objeto portador de informação se converte em uma
fonte de dados em um documento, como os documentos escritos. Ao estudarmos
os restos materiais encontramos em cada objeto um marco temporal, uma
evidência de que ali há história. (BLANCO, 1994).
2.1 NARRATIVA E CONSCIÊNCIA HISTÓRICA.
Foi escolhida a narrativa como forma da manifestação histórica do
pensamento dos/as alunos/as, após a “aula-visita” ao Museu Paranaense, porque
se acredita que a história tem uma natureza narrativistica, é por meio dela que se
vê a cognição histórica, os elementos históricos, como mudança, permanência,
temporalidade, a articulação presente/ passado/futuro. Rüsen (1993), coloca que
quando se narra, narra à ação intencional do sujeito. A ação é sempre intencional
do agir humano que narra a partir do lugar onde está. (AULA. SCHMIDT, 2008).
Optou-se ainda por trabalhar nesta Unidade Temática com a Narrativa e a
Consciência Histórica, por estar de acordo com as Diretrizes Curriculares para o
Ensino de História nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Meio.
Como a consciência histórica é um norteador desta pesquisa, é de
fundamental importância à contribuição de RÜSEN (2001) para se entender a
importância da narrativa na sua formação, pois é pela narrativa que se expressa a
consciência histórica. Rüsen apresenta a consciência histórica como uma forma
de consciência humana que está relacionada com a vida humana prática.
Argumenta que um dos elementos dessa consciência é o tempo, pois o homem,
quando estabelece um quadro comparativo do que experimenta como mudança
de si mesmo e de seu mundo, precisa fundamentar-se no seu tempo para que
9
possa realizar intenções do seu agir. Ele, no entanto vai, além disso, porque o
homem “com suas intenções e nelas, projeta o tempo como algo que não lhe é
dado na experiência” (p.58). Nesse sentido, distingue tempo natural de tempo
humano, onde o tempo natural é experimentado como um obstáculo ao agir,
sendo vivido pelo homem como uma mudança sua e do mundo, o que se opõem a
ele. Ou seja, nesta dimensão, a experiência do tempo é experimentada como
perturbador da ordem de processos temporais da vida humana prática. O nosso
nascimento e a nossa morte são exemplos desse tempo natural e só pode ser
compreendido mediante interpretação do próprio ser humano.
No tempo humano, “as intenções e as diretrizes do agir são representadas e
formuladas como um processo temporal organizado da vida humana prática”
RÜSEN, (2001, p.60). O nosso tempo é projetado como intenção e tem influência
sobre o agir humana, pois os homens se auto-afirmam e buscam nele obter
reconhecimento. Está mudança do tempo natural em tempo humano consiste na
interpretação da experiência do tempo, relacionada à intenção que se tem quanto
ao mesmo. Aqui aparece um ato que se constitui na consciência histórica, pois:
“Trata-se de evitar que o homem, nesse processo de transformação, se perca nas
mudanças do seu mundo e de si mesmo e de, justamente, encontrar-se no
“tratamento” das mudanças experimentadas (sofridas) do mundo e de si próprio. A
consciência histórica é, pois, guiada pela intenção de dominar o tempo que é
experimentado pelo homem como ameaça de perder-se na transformação do
mundo e dele mesmo. O pensamento histórico é, por conseguinte, ganho de
tempo, e o conhecimento histórico é o tempo ganho”. (RÜSEN, 2001, P.60).
Rüsen, nesse ponto, questiona como o resultado da consciência histórica
pode ser descrita como uma operação unitária da consciência, como um processo
coerente de pensamento? Sua resposta para tal questionamento, sintetiza-se no
ato da fala, da escrita, quando falamos ou escrevemos estamos narrando. Porém,
aponta, mas não discute se a consciência histórica se constitui sempre mediante a
narrativa. Destaca, no entanto que condições devem ser satisfeitas na operação
mental da narrativa, para que esta possa ser considerada como constitutiva da
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consciência histórica. Propõe uma tríplice diferenciação para especificar a
operação intelectual da narrativa no mundo da vida prática.
Em primeiro, vem à narrativa como constitutiva da consciência histórica, a
que recorre a lembranças para interpretar as experiências de mudanças temporais
passadas do homem e de seu mundo. Neste sentido:
“O passado é, então, como uma floresta para dentro das quais os
homens, pela narrativa histórica, lançam seu clamor, a fim de
compreenderem, mediante o que dela ecoa o que lhes é presente sob a
forma de experiência do tempo (mais precisamente: o que mexe com
eles) e poderem esperar e projetar um futuro com sentido” (RÜSEN,
2001, p. 62).
No entanto Rüsen lembra que não é somente pela lembrança que se
recupera o passado. Seja qual for o modo em que à consciência histórica penetra
o passado, como no itinerário dos arquivos da memória, o impulso para esse
retorno é sempre dado pelas experiências do tempo presente. Ou seja, a
consciência histórica é o local em que o passado é levado a falar este só vem a
falar quando questionado; e a questão que o faz falar origina-se da carência de
orientação na vida prática atual diante das experiências no tempo. Mas é a
lembrança interpretativa que faz presente o passado, na contemporaneidade.
Em segundo vem à idéia de representação de continuidade, que define como
a íntima interdependência entre passado, presente e futuro e que serve a
orientação da vida humana prática atual. É nesta integração que a narrativa
histórica torna presente o passado, sempre em uma consciência de tempo na qual
passado, presente e futuro integrados, constituem-se a consciência histórica.
“A narrativa histórica organiza essa relação estrutural das três
dimensões temporais com representações de continuidade, nas quais
insere o conteúdo experiencial da memória, a fim de poder interpretar as
experiência do tempo presente e abrir as perspectivas de futuro em
função das quais se podem agir intencionalmente. A narrativa histórica
constitui a consciência histórica como relação entre interpretação do
passado, entendimento do presente e expectativa do futuro mediada por
uma representação abrangente da continuidade”. (RÜSEN, 2001, p.65).
11
A terceira especificação da narrativa se forma nos critérios determinantes
das representações de continuidade, a narrativa como operação intelectual,
decisiva para a constituição da consciência histórica. O elemento unificador no
processo da relação presente, passado e futuro, mediante a narrativa é a
resistência do ser humano a perda de si e de seu esforço de auto-afirmação, e se
constitui como identidade. “A narrativa é um meio de constituição da identidade”.
(p. 66). A conclusão do autor compreende as operações da vida prática como
formadoras da consciência histórica:
(...) “A consciência histórica constitui-se mediante a operação, genérica e
elementar da vida prática, do narrar, com a qual os homens orientam seu
agir e sofrer no tempo. Mediante a narrativa histórica são formuladas
representações da continuidade da evolução temporal dos homens e de
seu mundo, instituidoras de identidade, por meio da memória, e inseridas,
como determinação de sentido, no quadro de orientação da vida prática
humana”. (RÜSEN, p. 66, p.67).
O Autor propõem na estrutura das narrativas, há tipos de consciência
histórica entre as quais o sujeito se movimenta ou não, em processos de mudança
que podem ter motivações externas e/ou internas. Rüsen (1992, pp. 30-33)
desenvolveu a seguinte tipologia de consciência histórica: tradicional, exemplar,
critica e genética. Rüsen (1992, p. 34) desenvolveu sua tipologia com base em
argumentos teóricos e aponta para a necessidade de confrontá-las com
evidências empíricas.
3 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
O professor/a deve conhecer, antecipadamente, o Museu Paranaense, sua
finalidade, a exposição, os objetos. Como o Museu se organiza para a “aula-
12
visita”, como é o horário de funcionamento, o número de alunos/as que podem ir
por “aula-vista”, a necessidade de acompanhante ou guias.
Na escola o professor/a deve se preocupar, antes de tudo, organizar junto
com a direção da escola e com corpo pedagógico. A contratação do ônibus, o
pagamento, o horário de saída e chegada do ônibus. O dia da “aula-visita” ao
museu, à reorganização do horário das aulas na escola, para que as turmas do
professor/a, que vai a “aula-visita” ao museu não fiquem sem aula.
3.1 ELEMENTOS DA EDUCAÇÃO HISTÓRICA QUE SERÃO UTILIZADOS PARA
O DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO.
■ Investigação dos conhecimentos prévios dos/as alunos/as.
■ Produção de narrativas históricas.
■ Consciência histórica.
3.2 CONTEÚDO.
■ Os povos indígenas e suas culturas na história do Paraná.
A opção de introduzir estudos de indígenas é relevante por terem sido os
primeiros habitantes das terras brasileiras e, até hoje, terem conseguido manter
formas de relações sociais diferentes das que são predominantes no Brasil. A
preocupação em identificar os grupos indígenas que habitam ou habitavam a
região próxima do convívio dos alunos é a de possibilitar a compreensão da
existência de diferenças entre os próprios grupos indígenas, com especificidades
de costumes, línguas diferentes, evitando criar a imagem do índio único e sem
história. O conhecimento sobre os costumes e as relações sociais de povos
indígenas possibilita aos alunos dimensionarem, em um tempo longo, as
mudanças ocorridas naquele espaço onde vivem e, ao mesmo tempo,
conhecerem costumes, relações sociais e de trabalho diferentes do seu cotidiano.
13
Fonte: Autor (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, objetos dos Tupis-
guaranis).
3.3 MUSEU ONDE OCORRERÁ A VISITA.
■ Museu Paranaense.
Fonte: Autor. (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, sobre a primeira sede do
Museu).
14
Idealizado por Agostinho Ermelino de Leão e José Candido Murici, o Museu
Paranaense foi inaugurado no dia 25 de setembro de 1876, no Largo da Fonte,
hoje Praça Zacarias, em Curitiba. Com um acervo de 600 peças, entre objetos,
artefatos indígenas, moedas, pedras, insetos, pássaros e borboletas, eram então,
o primeiro no Paraná e o terceiro no Brasil. Em 1882, de particular transformou-se
em órgão oficial de governo. Deixa de ser um simples depósito para ser um centro
de instrução e pesquisa, propiciando a vinda de “missões científicas” para o
Paraná. Desde a sua inauguração o Museu Paranaense ocupou seis sedes, até
fixar-se na atual, o Palácio São Francisco.
Sua nova sede está estruturada para a realização de projetos e atividades
culturais, atingindo os diversos segmentos sociais. Possui laboratórios, biblioteca,
auditório, além de salas de exposições permanentes e exposições temporárias.
Entre as fixas, destacam-se a Sala Palácio São Francisco, que enfoca a história
dos governos entre 1938 a 1953, a Sala Índios do Brasil, e a Sala Vladimir Kozák,
homenageando como um dos grandes pesquisadores dos indígenas habitantes
das terras paranaenses.
O maior destaque está no Pavilhão da História do Paraná que faz a “linha do
tempo” desde a pré-história, 8000 anos antes da época atual, até o início do
século XX, com a integração dos imigrantes ao nosso Estado. Sala São Francisco,
Sala dos Governantes, Sala Índios do Brasil, Sala Vladimir Kozák e Pavilhão da
História do Paraná, que possibilita visualizar materiais desde as primeiras
ocupações humanas, datadas em cerca de 10.000 anos atrás, no que hoje é
denominado Estado do Paraná, até ao início do século XX.
O serviço de monitoria procura atender ao público em geral, o Museu
Paranaense oferece serviço de visita orientada direcionada a segmentos como:
estudantes, grupo de trabalhadores de empresas e outros. As visitas orientadas
são agendadas no Departamento Educativo pelo fone (41) - 3304 3318.
15
Fonte: Autor. (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, objetos dos índios Xetá).
3.4 POPULAÇÃO ALVO.
■Alunos/as da atual 5ª série, que com a mudança da lei, passarão a fazer parte do
6º ano das séries finais do Ensino fundamental.
16
Fonte: Autor. (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, tradição Tupi-Guarani,
funerária secundária).
3.5 ATIVIDADES PARA O/A ALUNO/A SOBRE A INVESTIGAÇÃO DOS
CONHECIMENTOS PRÉVIOS.
17
Colégio
Professor (a):
Data: ___/___/___
Disciplina: Ano Letivo:
Série/Curso: Turma Idade
Aluno/a:
3.5.1Registre sua opinião: a) Meio através dos qual você acredita que se pode aprender História. ____________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Você acha que os objetos dos museus podem ser utilizados como documentos para aprender história? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.5.2 Imagine-se um historiador e escreva uma narrativa histórica contando a um amigo sobre: “A vida dos povos indígenas e suas culturas na história do Paraná”. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
18
3.6 PREPARANDO-SE PARA APRENDER HISTÓRIA COM A “AULA-VISITA” AO
MUSEU PARANAENSE.
O roteiro de visita monitorada da exposição do Museu Paranaense deve
ater-se a sala que tem os objetos da história do Paraná, possibilitando um olhar
atento em cada objeto, a discussão, a investigação de vários pontos dos objetos
para chegar ao, contudo: “Os povos indígenas e suas culturas na história do
Paraná”. Pode-se ainda discutir a partir dos objetos: Como viviam os primeiros
grupos habitantes do Paraná? Que regiões ocupavam? Quais as suas formas de
subsistência? Do que se alimentavam? Como se relacionavam com o meio
ambiente em que viviam? Quais as suas formas de representação e celebração?
Como caçavam? Como pescavam? Como eram seus objetos? Quem utilizava o
objeto? Qual a utilidade do objeto? Quem fabricava o objeto? Como era fabricado
o objeto? De que períodos históricos são? Os povos indígenas são todos iguais?
Quais os nomes dados a estes povos? De que período histórico são esses povos
indígenas? Quais eram as suas organizações políticas e religiosas?
Fonte: Autor. (Foto tirada no Museu Paranaense, objeto funerária secundária).
19
3.7 PESQUISA DURANTE A “AULA-VISITA” AO MUSEU PARANAENSE
Os alunos/as farão à “aula-visita”, acompanhados pelo seu professor/a de
História e orientados pelos monitores/as do Museu. Devem ouvir atentamente a
narrativa do monitor/a, olhar a narrativa na exposição dos objetos e questionar
sobre os objetos, sobre o grupo de objetos.
Após o roteiro realizado pela monitoria da exposição do Museu Paranaense
sobre os objetos dos índios paranaenses. Os/as alunos/as terão um tempo livre,
para refazer o roteiro do museu segundo o seu interesse e escolher cinco (ou
mais) objetos de diferentes datas e tipos, anotar e desenhar nas fichas que o
professor/a elaborou e distribuiu aos alunos em sala antes da “aula-visita”.
Fonte: Autor. (Foto tirada no Museu Paranaense, imagens dos prédios que o
Museu ocupou).
3.8 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DOS OJETOS
20
Colégio
Professor (a):
Data: ___/___/___
Disciplina: Ano Letivo:
Série/Curso: Turma Idade
Aluno/a:
DESENHAR O TIPO DE OBJETO
DESCRIÇÃO IDENTIFICANDO DO OBJETO
DATA DO OBJETO
PERGUNTAS AO OBJETO.
1
2
3
4
5
21
3.8.1 Tipo de objeto. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.8.2 Descrição identificando o objeto. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.8.3 Ano, década, século ou milênio do objeto. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.8.4 Perguntas ao objeto. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
22
3.9 TRABALHO EM SALA DE AULA APÓS A “AULA-VISITA” AO MUSEU
PARANAENSE.
Em sala de aula, o professor organizará e orientará os/as alunos/as em
equipe. Na equipe os/as alunos e alunas, vão discutir, analisar as fichas, ampliar e
melhorar o desenho dos objetos anotados no Museu Paranaense e, com os
desenhos e a escrita sobre os objetos, produzirão um (cartaz e/ou pôster),
mostrando algo sobre:
a) Tecnologia e função de cada um desses objetos;
b) Gostos, hábitos, necessidades, valores e condição social das pessoas que os
construíram;
c) Semelhanças e contrastes entre as épocas em que esses objetos eram
utilizados e a atualidade;
d) Diferentes povos que construíram os objetos.
Após a produção do (cartaz e/ou pôster), as equipes apresentarão a turma,
que selecionará uma equipe para apresentar as outras turmas. Ao final dos
trabalhos, todas as equipes irão fixar os (cartazes e/ou pôsteres) em ambiente
público da escola, formando um painel, para socializar com toda a escola o seu
estudo, sobre: “Os Povos Indígenas e suas Culturas na História do Paraná”;
realizado a partir da “aula-visita” ao Museu Paranaense.
3.10 PRODUÇÃO DE NARRATIVAS HISTÓRICAS.
Após os alunos/as terem produzido os cartazes e/ou pôsteres, apresentado
e organizado o painel, o professor/a, em sala de aula, distribuirá uma folha (como
o exemplo abaixo) para cada aluno/a, solicitando novamente que escrevam uma
narrativa histórica.
23
Colégio
Professor (a):
Data: ___/___/___
Disciplina: Ano Letivo:
Série/Curso: Turma idade
Aluno/a:
Imagine-se um historiador que foi ao Museu Paranaense e, escreva uma narrativa histórica contando a um amigo sobre: “A vida dos povos indígenas e suas culturas na história do Paraná”. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
24
Na aula seguinte o/a professor/a após ter analisado todas as narrativas dos
alunos/as e comparado com as dos conhecimentos prévios. Deve devolver para
cada aluno/a as duas narrativas, estes deverão ler e também comparar e se
pronunciar sobre as diferenças que eles observaram, entre a primeira “narrativa
dos conhecimentos prévios” e a “narrativa após o estudo principal”, como foi o seu
crescimento em relação aos conhecimentos históricos após a “aula-visita” ao
Museu Paranaense. Falar para a turma da importância daquele conhecimento
histórico na sua vida e a respeito daquela metodologia da “aula-visita” ao Museu
para aprender história.
4 CONCLUSÃO.
Fonte: Autor. (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, arte rupestre e artefatos
de pedra).
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Para concluir o estudo o professor/a, distribuirá dois textos aos alunos/as,
encaminhando a visão historiográfica de um historiador paranaense e um texto
com a visão do colonizador português sobre o conteúdo em estudo. Os alunos/as
deverão ler e debater com o professor/a a narrativa do historiador e a do
colonizador comparando com dos alunos/as. Para esse debate sugerimos
algumas questões no final dos textos. Mas, nada impede que outras questões
sejam levantas.
Texto 1
O INDÍGENA PARANAENS
Os índios do Paraná pertenciam a duas grandes áreas culturais: a da
floresta tropical e a marginal. No primeiro grupo está a grande família tupi-guarani,
com suas inúmeras tribos, e no segundo a maior parte da família dos gês.
Segundo Kurt Nimuendajú, as principais tribos dessas duas áreas culturais
estavam assim distribuídas em território paranaense:
Os tupis predominavam no litoral e a noroeste e oeste do Estado. Foram estes
índios os primeiros e entrar em contato com os portugueses.
Dos gês, destacaram-se os caigangues e os xokléngs (botocudos). Esta área
cultural não chegou a ser bem estudada pelos etnógrafos no Paraná, o que deixa
uma lacuna no estudo da pré-história paranaense. O estudo dos indígenas torna-
se bastante complicado devido a suas freqüentes correrias pelo sertão, o que leva
muitas vezes a grandes dificuldades para a localização de uma tribo, e mesmo a
confundir as tribos entre si. (p. 10)
DIFERENÇAS ENTRE OS TUPIS E OS GÊS
Os portugueses em seus contatos com os nativos entendiam-se melhor com
os tupis-guaranis do que com os gês. Deve-se isso ao fato de serem os tupis-
guaranis em geral mais adiantados do que os gês. As técnicas utilizadas pelos
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primeiros, na confecção de seus utensílios, eram muito mais adiantadas do que as
dos gês. É verdade que as duas nações encontravam-se ainda no estágio da
pedra polida, mas incontestavelmente os tupis eram os mais adiantados. Tinham
sua subsistência assegurada pela agricultura. Plantavam milho, mandioca,
algodão e fumo. Não conheciam o arado, mas plantavam em covas, abertas ao
chão com paus pontudos. Suas roças duravam de 5 a 6 anos num determinado
lugar, até esgotarem a caça ao redor, mudando-se então para outras paragens
mais propícias.
Sua alimentação era completada com os produtos de coleta, quais sejam:
frutas, raízes, larvas, mel, erva-mate, jerivá etc.
Desenvolveu o tupi-guarani uma cerâmica bastante adiantada,
confeccionando abundante quantidade de recipientes e vasilhas de barro cozido.
Fabricavam ainda cestas e peças variadas, com fibras e taquaras. Utilizavam-se
do algodão nativo para fazerem fio, com o qual realizavam magníficos trabalhos
de tecelagem, dos quais se destacam a rede embalar (eni) e tecidos bastante
aperfeiçoados. Suas ocas (cabanas) eram feitas de estacas cobertas com folhas
de palmeira ou butiá.
Entretanto, uma das maiores conquistas dos tupis-guaranis foi o domínio da
técnica da eliminação do ácido dihidrocianídrico, muito venenoso, existente na raiz
da mandioca. A utilização de tal técnica possibilitou a fabricação de farta
quantidade de farinha da mesma, facilitando enormemente a alimentação. (p. 11)
DIVISÃO DO TRABALHO
Na sociedade tribal do índio paranaense, um dos elementos que mais
chamou a atenção do homem branco foi à divisão do trabalho entre o homem e a
mulher.
Era a mulher quem realizava todo o trabalho doméstico. Preparava a
comida, cuidava das crianças, confeccionava as peças de cerâmica, fazia a
farinha de mandioca, trançava a rede e cuidava da plantação. O homem, por sua
vez, dedicava-se a interesses da caça, da pesca, da derrubada do mato para as
mulheres plantarem, da fabricação de armas, da construção das ocas e das
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pirogas; eram também os responsáveis pela segurança da tribo. (WACHOWICZ,
Ruy). História do Paraná. 9 ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001. (Brasil
Diferente)
Texto 2
NARRATIVA DO COLONIZADOR.
A língua deste gentio toda pela Costa he, huma: carece de três letras –
sciliet, não se acha nella F, nem L, nem R, cousa digna de espanto, porque assi
não tem Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e
desordenadamente.
Estes índios andam nus sem cobertura alguma, assi machos como fêmeas;
não cobrem parte nenhuma de seu corpo, e trazem descoberto quanto à natureza
lhes deu. Vivem todos em aldêas, pode haver em cada huma sete, oito casas, as
quaes são compridas feitas à maneira de cordoarias; e cada huma dellas está
cheia de gente duma parte e doutra, e cada huma por si tem sua estância e sua
rede armada em que dorme, e assi estão juntos huns dos outros por ordem, e pelo
meio da casa fica hum caminho aberto para se servirem. Não há como digo entre
elles nenhum Rei, nem Justiça, somente em cada aldeã tem hum principal que he
como capitão, ao qual obedecem por vontade e não por força; morrendo este
principal fica seu filho no mesmo lugar; não serve doutra cousa se não de ir elles à
guerra, e conselha-los como se hão de haver na peleja, mas não castiga seus
erros nem manda sobrelles cousa alguma contra sua vontade. Este principal tem
três, quatro mulheres, a primeira tem em mais conta, e faz della mais caso que da
outras. Isto tem por estado e por honra. Não adorão cousa alguma nem têm pera
si que há na outra vida gloria pera os bons, e pena para os maos, tudo cuidão que
se acaba nesta e que as almas fenecem como os corpos, e assi vivem
bestialmente sem ter conta, nem peso, nem medida. (GANDAVO, Pero de
Magalhães. Tratado da Terra do Brasil – História da Província Santa Cruz. Belo
Horizonte: Ed. Itatiaia, São Paulo: Ed. Da USP, 1980, p. 52-53).
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1 – Comparando o texto 1, o texto 2 e a narrativa do aluno/a o que se destaca em
cada uma das narrativas em relação à visão cultural, social, econômica e tribal dos
povos indígenas?
2 – Na atualidade quais são as condições culturais, sociais, econômicas e tribais
na vida desses povos indígenas da sociedade paranaense?
3 – Quais diferenças que ocorreram na hora da elaboração da narrativa histórica
do colonizador em relação à narrativa histórica do aluno e do historiador
paranaense?
Acredita-se que essa atividade de ir ao museu com a “aula-visita” em
contexto de aprendizagem é significativa para as crianças e adolescentes que
compreenderão a História de forma elaborada e com agrado, pois quando os
alunos/as são envolvidos em temas e metodologias que respeitam a natureza da
História, estes a consideram interessante e aprendem.
Fonte: Autor. (Foto tirada dentro do Museu Paranaense, objetos dos índios Jê).
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REFERÊNCIAS BARCA, Isabel. Aula Oficina: do projeto à avaliação. In: Para uma educação histórica de qualidade. Actas das IV Jornadas internacionais de Educação Histórica. Braga (PT): Ed. Universidade do Minho, 2004. BARCA, Isabel. Educação Histórica e Museus. Actas das Segundas Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Braga – 2003. BARCA, Isabel. Educação histórica, cidadania e inclusão social. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora; STOLTS, Tânia (Orgs.). Educação, cidadania e inclusão social. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2006. BLANCO, Ángela García. Didáctica Del Museo. El descubrimeiento de los objetos. Ediciones de La Torre, Madrid, 1994. BITTENCOURT, Circe. O Saber Histórico na Sala de Aula. Editora, Contexto, 2005. GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil – História da Província Santa Cruz. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, São Paulo: Ed. Da USP, 1980. PARANÁ, SECRETRARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO/SUED. Diretrizes curriculares de História para a Educação Básica. Disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/pdf/t_historia.pdf>, Acesso em 28 jul. 2007. RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do Objeto. O museu no ensino de história. Chapecó: Argos, 2004. RÜSEN, Jörn. Razão Histórica. Teoria da História: os fundamentos da ciência histórica. Editora, UNB, 2001. RÜSEN, Jörn. El desarollo de la competência narrativa em el Aprendizaje histórico. Uma hipótesis Ontogenetica relativa à la consciência moral. In. Buenos Aires: FLACSO, Revista Propuesta Educativa Ano 4, n. 7, ox. 1992. SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Construindo a relação Conteúdo método no ensino de História. Curitiba. Texto fornecido pela autora em curso aos professores de História da Rede Municipal de Araucária. 1999. SCHMIT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. Editora Scipione, 2004. WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. 9 ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001. (Brasil Diferente) SCHMIDT, Maria Auxiliadora: CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004. PARANAENSE, Museu. Estudos e fotografias realizadas pelo autor no próprio local.