114
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO PERCEPÇÕES DE FRANQUEADORES BRASILEIROS QUANTO À INTERNACIONALIZAÇÃO DE SUAS EMPRESAS CLÁUDIO TRINDADE SIMÕES DA MOTTA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PROFª ANGELA DA ROCHA ORIENTADORA RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO 1998

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICASINSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO

PERCEPÇÕES DE FRANQUEADORES BRASILEIROS QUANTO ÀINTERNACIONALIZAÇÃO DE SUAS EMPRESAS

CLÁUDIO TRINDADE SIMÕES DA MOTTA

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

PROFª ANGELA DA ROCHAORIENTADORA

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILMARÇO 1998

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

2

PERCEPÇÕES DE FRANQUEADORES BRASILEIROS QUANTO ÀINTERNACIONALIZAÇÃO DE SUAS EMPRESAS

CLÁUDIO TRINDADE SIMÕES DA MOTTA

Dissertação submetida ao corpo docente do COPPEAD - INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO da Universidade Federal doRio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau deMestre em Ciências (M.Sc.).

Aprovada por :

______________________________________________ Profª. Angela da Rocha Presidente da Banca

______________________________________________ Profª. Rebecca Arkader COPPEAD - UFRJ

______________________________________________ Prof. Valdecy Faria Leite FACC / UFRJ

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILMARÇO 1998

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

3

AGRADECIMENTOS

À Professora e amiga Angela da Rocha, pela paciência, incentivo e pela

orientação didática e inteligente, imprescindíveis para a conclusão deste trabalho.

A todos os professores e funcionários do COPPEAD que, com sua competência e

profissionalismo, ajudam a manter a excelência deste Centro de Pesquisas,

motivo de orgulho para os alunos que por ali passaram.

À Jorge, Eliane, Simone e Alexandre pelo apoio e incentivo nos momentos

difíceis.

À Juliana, pelo amor, afeto e compreensão.

À Allemander, pela amizade, conselhos e orientações extremamente úteis e

motivadoras.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

4

MOTTA, Cláudio Trindade Simões da.

Percepções de franqueadores brasileirosquanto à internacionalização de suas empresas/Cláudio Trindade Simões da Motta. Rio de Janeiro:UFRJ/COPPEAD, 1998,

113p. il.

Dissertação - Universidade Federal do Rio deJaneiro - COPPEAD.

1. Franquia. 2. Internacionalização. 3. Tese(Mestrado - COPPEAD/UFRJ). I. Título.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

5

RESUMO DA TESE APRESENTADA AO COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOSREQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EMCIÊNCIAS (M.Sc.)

PERCEPÇÕES DE FRANQUEADORES BRASILEIROS QUANTO ÀINTERNACIONALIZAÇÃO DE SUAS EMPRESAS

CLÁUDIO TRINDADE SIMÕES DA MOTTAMARÇO/1998

ORIENTADORA : PROFª. ANGELA DA ROCHA

PROGRAMA : ADMINISTRAÇÃO

O presente estudo procurou verificar se a percepção de obstáculos por

empresas franqueadoras que consideraram a entrada no mercado internacional

possui alguma relação com determinadas características das empresas, como

tamanho, ramo de atividade, número total de lojas e número de lojas próprias e

franqueadas.

Foram utilizados dados coletados através de questionários estruturados

enviados a 806 empresas franqueadoras brasileiras. Posteriormente foi realizada

uma análise linear de discriminantes, com o objetivo de testar as seis hipóteses

do estudo.

Os resultados obtidos permitiram concluir que o tamanho das empresas

pesquisadas, medido pelo número de funcionários, parece estar associado à

percepção do risco de operação em mercados externos. Empresas maiores

percebem este obstáculo como sendo muito mais importante no processo

decisório sobre a abertura de lojas no exterior do que as empresas menores.

Concluiu-se também que o percentual de lojas próprias em relação ao

número total de lojas parece estar associado à falta de experiência internacional

da empresa. Empresas com menor percentual de lojas próprias percebem este

obstáculo como sendo muito menos importante no processo decisório sobre a

abertura de lojas no exterior do que as empresas com percentual maior de lojas

próprias.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

6

ABSTRACT OF THE THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIALFULFILMENT FOR THE DEGREE OF MASTER IN SCIENCE (M.Sc.)

PERCEPTIONS OF BRAZILIAN FRANCHISORS DUE TO THEINTERNATIONALIZATION OF THEIR COMPANIES

CLÁUDIO TRINDADE SIMÕES DA MOTTAMARCH/1998

CHAIRWOMAN : PROF. ANGELA DA ROCHA

DEPARTMENT : ADMINISTRATION

The present study aimed to verify whether the perception of obstacles by

franchisors that considered to entry in international markets is related to company

characteristics, such as size, industry, total number of stores and number of

owned and franchised stores.

Data was collected using structured questionnaires sent to 806 Brazilian

franchisors. A linear discriminant analysis was performed to test the six

hypotheses of the study.

Results led to conclude that company size, measured by number of

employees, seems to be associated to the perception of operational risks in

external markets. Larger companies consider this obstacle as being much more

important in the decision process of opening new stores in external markets than

smaller companies.

The study also concluded that the percentage of owned stores in relation to

the total number of stores seems to be associated to the lack of international

experience of the company. Companies with lower percentage of owned stores

perceived this obstacle as being much less important in the decision process of

opening new stores in external markets than the companies with higher

percentage of owned stores.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

7

SUMÁRIO

Página

CAPÍTULO I 9

1 - Objetivos da pesquisa e importância do estudo 10

I.1 - Objetivos da pesquisa 10

I.2 - Importância do estudo 10

I.3 - Organização do estudo 14

CAPÍTULO II 15

II - Revisão de Literatura 16

II.1 - O processo de Internacionalização de empresas

17

II.2 - O sistema de franquias como forma de internacionalização 22

II.2.1 - A franquia com sistema vertical de marketing 22

II.2.2 - Conceituação e classificação do sistema de franquias 24

II.2.2.1 - Conceitos de franquia 24

II.2.2.2 - Conceito de franquia formatada 27

II.2.3 - Vantagens e desvantagens do sistema de franquias 29

II.2.3.1 - Vantagens do sistema de franquias 29

II.2.3.2 - Desvantagens do sistema de franquias 34

II.3 - Internacionalização da Franquia 35

II.3.1 - Motivos para as empresas se internacionalizarem 35

II.3.2 - Formas de internacionalização 45

II.3.3 - O processo de internacionalização do sist. de franquias 49

II.3.4 - Barreiras e problemas para a internacionalização do

sistema de franquias 51

II.4 - Esquema conceitual 56

CAPÍTULO III 57

III - Metodologia da Pesquisa 58

III.1 - Método de pesquisa 59

III.2 - Problema de pesquisa 59

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

8

III.3 - Hipóteses do estudo 60

III.4 - Definição das variáveis 61

III.5 - Escolha das empresas 63

III.6 - Fontes de informação 64

III.7 - Coleta de dados 65

III.8 - Análise de dados 66

III.9 - Limitações do estudo 69

CAPÍTULO IV 71

IV - Análise dos resultados 72

IV.1 - Análise Descritiva 72

IV.1.1 - Ramo de atividade 72

IV.1.2 - Tamanho da empresa 73

IV.1.3 - Quantidade de lojas total/própria/franqueada 74

IV.1.4 - Percentual de lojas próprias em relação ao total de lojas75

IV.1.5 - Considerações sobre abertura de lojas em outro país 76

IV.1.6 - Percepção de obstáculos por empresas que considera-

ram a entrada no mercado internacional, tendo ou não

lojas no exterior 77

IV.1.7 - Percepção de obstáculos por empresas que considera-

ram a entrada no mercado internacional mas não tem

lojas no exterior 80

IV.1.8 - Motivos que levaram à abertura de lojas no exterior 83

IV.2 - Teste de Hipóteses 85

CAPÍTULO V 97

V - Sumário e conclusões 98

V.1 - Sumário do estudo 98

V.2 - Conclusões 100

V.3 - Sugestões para pesquisas futuras 103

BIBLIOGRAFIA 104

ANEXOS 108

ANEXO 1 - Questionário estruturado enviado às empresas franquea-

doras 109

ANEXO 2 - Carta enviada às empresas franqueadoras 112

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

9

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

10

I - OBJETIVOS DA PESQUISA E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Neste capítulo são apresentados os objetivos desta pesquisa e a

relevância do estudo, fazendo-se uma análise do sistema de franquias na

economia mundial e mostrando o potencial de seu crescimento no Brasil e no

exterior. Ao final do capítulo apresenta-se a organização do estudo

I.1 - OBJETIVOS DA PESQUISA

Com a atual globalização da economia é natural que muitas empresas

franqueadoras brasileiras considerem a possibilidade de expandir suas atividades

para o exterior. O presente estudo procura verificar se a percepção de

obstáculos por empresas franqueadoras que consideraram a entrada no mercado

internacional possui alguma relação com determinadas características das

empresas, como por exemplo o tamanho da empresa, o ramo de atividade, o

número total de lojas, e o número de lojas próprias e franqueadas.

O estudo se insere no projeto “O Processo de Internacionalização de

Empresas Brasileiras” do COPPEAD/UFRJ, vinculado ao PRONEX - Programa de

Apoio a Núcleos de Excelência da FINEP/CNPq/CAPES.

I.2 - IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Segundo as palavras de William B. Cherkasky - in Mauro [1] - , presidente

da IFA (International Franchising Association), "Arriscaria adiantar que o Brasil

será um dos cinco maiores mercados mundiais de franquias ao final deste século.

Progride agressivamente, desenvolvendo muitos sistemas próprios de franquia

em nível nacional, ao mesmo tempo em que abre sua economia para

franqueadores estrangeiros. De forma similar à de seus primos norte-americanos,

os franqueadores brasileiros tornar-se-ão internacionais no futuro próximo".

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

11

Segundo a IFA - International Franchising Association - o franchising

representa hoje um faturamento mundial de cerca de US$ 4,5 trilhões,

apresentando-se, segundo Mauro [1], como a maior inovação do marketing no

pós-guerraescala .

Nos EUA, segundo a publicação "Franchising in Economy" de 1991 - in

Mauro [1] - o franchising representa mais de 1/3 das vendas do varejo, com um

volume anual de vendas de mais de US$ 700 bilhões, com previsão de chegar a

40% das vendas no varejo no ano 2000. Neste país é aberta uma nova franquia a

cada 17 minutos, de um total de mais de 4000 franqueadores.

No Brasil, segundo a publicação Pequenas Empresas Grandes Negócios,

existem 806 empresas franqueadoras. Apesar de estar atrasado alguns anos em

relação aos países desenvolvidos, o franchising apresenta um intenso

desenvolvimento em nosso país.

De acordo com Mauro [1], outra oportunidade que se vislumbra, a médio

prazo, é a ida de franqueadores brasileiros para o exterior, principalmente EUA e

Europa. Os franqueadores melhor estabelecidos no mercado interno terão

maiores chances de ir para o exterior, sem abrir flancos significativos atrás de si.

Exige-se, entretanto, visão estratégica e conhecimento mais profundo das táticas

de expansão internacional para ser bem sucedido nessa tarefa.

Mauro [1] afirma que a criação, por meio de iniciativa brasileira, da FLAF -

Federação Latino-Americana de Franchising - deverá acelerar a expansão de

franqueadores brasileiros para a América Latina e vice-versa.

Segundo Ackerman, Bush & Justis [1], a literatura acerca do uso do

franchising como uma maneira de entrar em mercados internacionais é escassa.

Isto pode em parte ser atribuído ao relativamente pequeno número de estudiosos

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

12

com um interesse em franchising ou à relativa escassez de dados publicados

acerca do franchising. Pode ser também devido à novidade desta estratégia de

entrada em comparação àquela de investimento externo direto e exportação.

Mauro [1] atenta para o fato de que, na América do Sul, além do Brasil,

apenas o Chile, a Venezuela e a Argentina estão se desenvolvendo bem em

relação ao sistema de franchising.

O Autor afirma que Uruguai e Colômbia são os próximos países a terem

um desenvolvimento mais intenso. Com o Mercosul deverá haver um incremento

significativo na expansão de redes brasileiras para a Argentina e Uruguai.

Em um estudo realizado pela revista Pequenas Empresas Grandes

Negócios em outubro e dezembro de 1993 a respeito das áreas onde se darão as

expansões das redes de franquia em 1994, observa-se que, para o exterior, a

expansão será de apenas 1%, como mostra a Figura I.1. Isto mostra o baixo

movimento de empresas franqueadoras brasileiras rumo à internacionalização.

Figura I.1 - O Mapa da Expansão

Sudeste51,5%

Nordeste10,1%

Norte1,0%

Brasil24,2%

Centro-Oeste6,1%

Exterior1,0%

Sul 6,1%

NOTA : “Brasil” corresponde a qualquer região do Brasil, não especificada.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

13

No Quadro I.1 pode ser verificado o alto potencial para abertura de

franquias em nosso país, uma vez que entre os sete países apresentados o Brasil

é aquele que possui o maior número de habitantes por unidade de franquia, com

15.000 habitantes por unidade, ao passo que nos Estados Unidos - país que mais

unidades franqueadas possui - esta relação é de apenas 700 habitantes por

unidade.

Como nos países vizinhos ao Brasil (Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile,

entre outros) o sistema de franquias encontra-se no mesmo grau de

desenvolvimento que em nosso país ou até mais atrasado, o potencial para

abertura de franquias no exterior é ainda maior.

Quadro I.1

O Franchising no Mundo

País Número Total deFranquias

Número de Habitantespor Unidade

EUA 390.000 700

Japão 61.000 1.900

Canadá 22.000 1.200

França 18.000 3.100

Alemanha 18.500 3.300

Inglaterra 10.000 5.600

Brasil 10.000 15.000Dados de 1990 / valores arredondados.

Fonte : CEAF - Centro de Estudos Avançados de Franchising, in Mauro, cap. 7, pag. 74.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

14

I.3 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo está dividido em 5 capítulos.

O capítulo introdutório trata dos objetivos da pesquisa e da importância do

atividade franqueadora no mundo, bem como de seu potencial de expansão no

Brasil.

No capítulo II é realizada a revisão de literatura sobre o tema, tanto a nível

nacional como internacional.

No capítulo III está descrita a metodologia da pesquisa, onde são

apresentadas todas as etapas do estudo, desde o problema e as perguntas de

pesquisa até a parte prática de escolha de empresas, envio de questionários,

coleta e análise de dados.

O capítulo IV trata dos resultados obtidos e no capítulo V são apresentados

o sumário e as conclusões da pesquisa.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

15

CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

16

II - REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo, faz-se uma revisão da literatura sobre o processo de

internacionalização de empresas e sobre o sistema de franquias como uma forma

de internacionalização.

Em primeiro lugar foram reunidas informações a respeito do processo de

internacionalização de empresas.

O tópico seguinte discute o sistema de franquias visto como um sistema

vertical de marketing, sua conceituação e classificação e suas vantagens e

desvantagens.

Em seguida são apresentadas as informações sobre a internacionalização

da franquia, abordando os motivos, as formas e o processo de

internacionalização. Trata-se também das barreiras e dos problemas encontrados

na abertura de franquias.

No último tópico é apresentado um esquema conceitual, procurando

condensar os temas abordados na revisão de literatura, que será avaliado através

de um estudo longitudinal, baseado em uma survey a empresas franqueadoras

brasileiras.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

17

II.1 - O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A maioria dos estudos a respeito dos processos de internacionalização

existentes na literatura se concentra em macro fatores de mercado, como, por

exemplo, sua saturação e a atração de nichos não preenchidos em mercados

estrangeiros. Embora estes macro fatores sejam importantes, os micro fatores a

nível organizacional não podem ser relegados a segundo plano, devendo receber

igual atenção.

Nesse sentido, segundo Whitehead (1992), "a transferência dos negócios

de varejo para o exterior pode requerer significativas mudanças organizacionais

de maneira a desenvolver estruturas gerenciais apropriadas para sustentar o

crescimento internacional". (p. 76) Exemplos destas mudanças seriam a

transmissão de poder da unidade central para as unidades em operação nos

mercados individuais e a mudança de controles nacionais centralizados para

estruturas mais flexíveis.

Existem na literatura alguns modelos dos processos de internacionalização

de empresas, que surgiram no contexto dos estudos sobre marketing

internacional.

O processo de internacionalização de uma empresa individual é

intimamente associado à pesquisa realizada por Johanson & Wiedersheim-Paul

(1975) e Johanson & Vahlne (1977), chamado de Modelo de Internacionalização

Uppsala (Uppsala Internationalization Model, U-model) ou Modelo Incremental de

Internacionalização.

Andersen (1993) afirma que "Johanson & Wiedersheim-Paul (1975)

caracterizam quatro diferentes maneiras de entrar em um mercado internacional,

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

18

onde os sucessivos estágios representam maiores graus de envolvimento

internacional" (p. 210). O autor apresenta os seguintes estágios :

estágio 1 : não existem atividades de exportação regulares;

estágio 2 : exportação através de representantes independentes (agentes);

estágio 3 : estabelecimento de uma filial (subsidiária) de vendas no exterior;

estágio 4 : unidades de produção no exterior.

Um pressuposto básico, segundo Andersen (1993), é que "o conhecimento

do mercado e o comprometimento com o mercado afetam tanto as decisões de

comprometimento quanto a maneira como as decisões correntes são tomadas - e

estas, por sua vez, modificam o conhecimento e o comprometimento com o

mercado". (p. 211)

O conceito de comprometimento com o mercado é composto por dois

fatores. O primeiro deles é a quantidade de recursos comprometidos, que poderia

ser operacionalizado como o tamanho do investimento no mercado, como por

exemplo recursos de marketing e de pessoal. O segundo fator é o grau do

comprometimento, que se refere à dificuldade de encontrar um uso alternativo

para os recursos e transferi-los para este uso alternativo.

O Modelo Incremental tem recebido algumas críticas no que diz respeito à

sua aplicabilidade, vista por alguns autores como sendo bastante restrita.

Segundo Root (1987), por exemplo, as empresas de serviços não poderiam

aplicar este modelo, pois elas não podem produzir em um país e exportar para

outro. Uma alternativa para este tipo de empresa seria o investimento direto no

exterior ou a adoção de um sistema de franquias internacional.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

19

Os Modelos Seqüenciais de Estágios de Exportação, também chamados

de Modelos de Internacionalização Relacionados à Inovação (Inovation-Related

Internationalization Models, I-models) partem do princípio, segundo Andersen

(1993), de que a decisão de internacionalização é considerada como uma

inovação para a empresa. As principais diferenças entre os modelos referem-se

ao número de estágios e à descrição de cada estágio, como pode ser observado

no Quadro II.1.

Bilkey & Tesar (1977) estabelecem seis estágios, que vão crescendo

gradativamente desde a inexistência de interesse da gerência em exportar até a

exploração, por parte da gerência, da praticabilidade de exportação para outros

países psicologicamente mais distantes.

Cavusgil (1980), em seu modelo de cinco estágios, parte das vendas

realizadas estritamente no mercado doméstico até o estágio no qual a gerência

constantemente faz escolhas em alocar recursos limitados entre os mercados

doméstico e externo. Os estágios intermediários compreendem a pré-exportação,

o envolvimento experimental e o envolvimento ativo, no qual a exportação direta

para novos países aumenta em volume de vendas.

Czinkota (1982) apresenta um modelo dividido em seis estágios sucessivos

relacionados ao interesse, por parte da empresa, em atividades de exportação :

completamente desinteressada, parcialmente interessada, empresa exploradora,

empresa experimental, pequenos exportadores experientes e grandes

exportadores experientes.

Reid (1981), por sua vez, divide seu modelo em cinco estágios que variam

desde a consciência/percepção da exportação até a sua aceitação, passando

pela intenção, experimentação e avaliação das atividades de exportação.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

20

Quadro II.1

Uma Revisão dos Modelos-I

Bilkey and Tesar

(1977)

Cavusgil

(1980)

Czinkota

(1982)

Reid

(1981)

1 A gerência não estáinteressada em

exportar

Marketing doméstico :a empresa vendesomente para omercado interno

Empresacompletamentedesinteressada

Consciência deexportação: problemade reconhecimento de

oportunidade,despertada anecessidade

2 A gerência pretendeatender ordens não-solicitadas, mas não

esforça-se em explorara praticabilidade da

exportação ativa

Estágio pré-exportação: a empresa

procura porinformações e avalia a

praticabilidade deexportar

Empresaparcialmenteinteressada

Intenção de exportar:motivação, atitudes,

crenças e expectativassobre a exportação

3 A gerência ativamenteexplora a

praticabilidade daexportação ativa

Envolvimentoexperimental: a

empresa começa aexportar de formalimitada a alguns

paísespsicologicamente

próximos

Empresaexploradora

Experiência deexportação:

experiência pessoal deexportação limitada

4 A empresa exporta deforma experimentalpara alguns paísespsicologicamente

próximos

Envolvimennto ativo:exportação para novos

países - exportaçãodireta - aumenta emvolume de vendas

Empresaexperimental

Avaliação daexportação: resultados

do engajamento naexportação

5 A empresa é umexportador experiente

Envolvimentoconfiado: a gerência

constantementerealiza escolhas em

alocar recursos entremercados domésticos

e externos

Pequenoexportadorexperiente

Aceitação daexportação: adoção daexportação / rejeição

da exportação

6 A gerência explora apraticabilidade de

exportar para outrospaíses

psicologicamente maisdistantes

Grandeexportadorexperiente

fonte : adaptado de Andersen, O. On the Internationalization Process of Firms : A Critical Analysis. Journal of International Business Studies, Vol. 24, N°2, p. 209-231, 1993.

Para Andersen (1993), tanto os modelos-U como os modelos-I "podem

convenientemente ser considerados como orientados para o comportamento". E

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

21

acrescenta que, "baseado nos argumentos dos autores dos modelos, o modelo

gradual do processo de internacionalização das empresas pode principalmente

ser atribuído a duas razões :

• a falta de conhecimento da empresa, especialmente conhecimento empírico, e

• a incerteza associada à decisão de internacionalizar-se". (p. 212)

A principal limitação do Modelo Seqüencial relaciona-se ao fato de que, por

um lado, as empresas apresentam diferentes comportamentos exportadores que

podem ser classificados nos diferentes estágios propostos mas, por outro, não

existem evidências empíricas que comprovem que as empresas realmente

passem pelos diferentes estágios de forma seqüencial.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

22

II.2 - O SISTEMA DE FRANQUIAS COMO FORMA DE INTERNACIONA-

LIZAÇÃO

II.2.1 - A FRANQUIA COMO SISTEMA VERTICAL DE MARKETING

Mauro (1994) apresenta duas definições de sistemas verticais de

marketing. A primeira delas afirma que "são redes gerenciadas profissionalmente

e programadas de maneira centralizada, preconcebidas para adquirir economias

de escala e o máximo de impacto no mercado".

A segunda, de acordo com Davidson (1975), define tais sistemas como

sendo "redes de estabelecimentos coordenadas horizontalmente e alinhadas

verticalmente, gerenciadas como um sistema". Os estabelecimentos em cada

nível operariam numa escala ótima, isto é, as funções de marketing dentro do

sistema seriam desempenhadas no nível mais vantajoso possível.

Ainda segundo Mauro, são três os tipos de subsistemas verticais de

marketing:

• sistemas administrativos : muito usados por grandes empresas, onde um alto

nível de liderança deve ser exercido sobre os canais. Embora não haja um

contrato formal, a empresa administradora dá suporte gerencial aos membros da

rede, ditando padrões e oferecendo serviços;

• sistemas corporativos : usados quando a empresa deseja obter o máximo

controle possível sobre o canal. A principal vantagem é que a empresa determina

a expansão e penetração para novos mercados, além de serem exercidos altos

graus de controle de vendas e preços. As desvantagens são um maior número de

empregados em todos os níveis e deseconomias de escala no gerenciamento de

informações, de pessoal e de controle de estoques;

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

23

• sistemas contratuais : as relações entre os participantes da organização são

regidas por contratos. Existem três tipos de sistemas contratuais, que são:

- cooperativas de compra, onde a operação de atacado é administrada pelos

próprios varejistas;

- cadeias voluntariamente patrocinadas por um atacadista, onde existe

cooperação entre varejistas e um atacadista, que incluem acordos de preços e

serviços; a iniciativa de formar a cadeia parte do atacadista, que permanece

como uma unidade independente;

- sistemas de franchising, que serão conceituados a seguir.

Segundo Kotler (1993), a concorrência no varejo brevemente passará a ser

entre os sistemas verticais de marketing, e não mais entre os canais

independentes.

O sistema de franquias se localizaria como sendo um subsistema dos

sistemas contratuais, conforme mostrado na figura II.1 :

FIGURA II.1

Sist.

Administrativos

Sist.

Corporativos

Sist.

Contratuais

Cooperativade Compra

Cadeias VoluntariamentePatrocinadas por um Atacadista

Sistemade Franquias

Sist. Verticais de Marketing

fonte : Hardy & Magrath apud Mauro (1994)

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

24

II.2.2 - CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA DE

FRANQUIAS

Apesar do crescente interesse e da grande publicidade a respeito do

sistema de franquias, este não pode ser considerado um fenômeno

completamente novo. Para Hoffman & Preble (1991) "a origem do sistema de

franquias estaria na Idade Média, quando o Rei João da Inglaterra concedeu

franquias aos coletores de taxas" (p. 74). Outros autores citam os cervejeiros

ingleses do século dezoito como sendo os verdadeiros pioneiros do franchising

moderno. Eles criaram um sistema de contratos vinculados com os donos dos

bares que permanecem difundidos até hoje. Ainda segundo Hoffman & Preble

(1991), "a grande difusão do sistema de franquias, entretanto, deu-se por volta de

1850 nos Estados Unidos, quando a Singer Sewing Machine Company começou

a vender produtos a seus próprios vendedores, que em troca deveriam encontrar

novos mercados para a empresa" (p. 74).

II.2.2.1 - CONCEITOS DE FRANQUIA

De acordo com Mauro (1994), o sistema de franquias "é um tipo de canal

de distribuição contratual, isto é, as relações interorganizacionais são

formalizadas, freqüentemente, com um contrato registrado" (p. 40). Assim, o

sistema de franquias "permite à empresa que o adota (franqueador) utilizar-se de

recursos da própria rede (franqueado) no seu processo de expansão. O controle

sobre o canal seria bastante intenso não só pelo contrato, mas também pela

própria sistemática operacional adotada" (p. 41). Para o autor, o sistema de

franquias "é uma evolução dos sistemas de canais de distribuição; é uma

evolução do varejo, por meio da formação de redes mais profissionalizadas". (p.

70)

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

25

As franquias, na verdade, passaram por um processo de evolução. No

início, havia apenas o fornecimento de produtos, sem que fosse dada qualquer

assistência ao franqueado pelo franqueador. Atualmente, além do produto

propriamente dito, o franqueador passa para o franqueado todo o conhecimento

necessário para a condução do negócio , de maneira que a unidade franqueada

reflita os mesmos padrões de operação, desempenho e qualidade de produtos ou

serviços que a unidade do franqueador.

O autor fornece ainda três definições sobre o sistema de franquias,

segundo três pontos de vista diferentes:

• Do ponto de vista do franqueador, a franquia "é um sistema de distribuição onde

existe uma aproximação maior entre os participantes do sistema, visando

aumento da eficiência em relação à concorrência e buscando um equilíbrio de

resultados entre os seus membros, numa relação de longo prazo".

• Do ponto de vista do franqueado, a franquia "é simplesmente uma maneira de se

estabelecer um negócio".

• Do ponto de vista prático, a franquia "é um sistema por meio do qual uma

empresa possuidora de know-how de produção e/ou distribuição de determinado

produto ou serviço, sendo também normalmente possuidora de marca

conceituada, cede a terceiros, possuidores de capital, o direito exclusivo de

distribuição de seus produtos ou serviços, em determinado local ou região, por

determinado período fixado, seguindo seus padrões de operação. Assim, esse

terceiros comporão um de seus canais de distribuição de produtos e/ou serviços".

Já Seltz (1982) define o sistema de franquias como sendo "um arranjo de

organizações onde um fabricante de um produto ou serviço concede direitos

exclusivos para empreendedores locais independentes conduzirem negócios de

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

26

uma maneira pré-determinada em um determinado lugar em um especificado

período de tempo".

De acordo com Ayling (1988), o sistema de franquias "é uma forma de

marketing e distribuição na qual o franqueador concede a um indivíduo ou

pequena empresa, o franqueado, o direito de fazer negócios de uma maneira

prescrita durante um certo período de tempo, em um lugar especificado".

Para Ackerman, Bush & Justis (1994) "o sistema de franquias é

efetivamente um caso especial de licenciamento no qual o franqueador fornece o

uso de uma marca registrada ou marca de serviço, assistência na abertura do

negócio, treinamento para o franqueado e outros conhecimentos especializados

em troca de uma taxa de royalty". (p. 56)

Segundo Hoffman & Preble (1991), o sistema de franquias é mais

adequado para empresas que desejam perseguir uma estratégia global - vender

essencialmente o mesmo produto ou serviço em todos os seus mercados. O

sistema de franquia internacional permitiria a uma empresa evitar os problemas

de altos custos de transporte, tarifas e cotas associados à exportação e seria

menos custoso que outras formas de envolvimento direto.

Uma definição jurídica a respeito do sistema de franquias é fornecida por

Bradley (1991), que o vê como um sistema de marketing com quatro

características distintas:

"1. Uma relação contratual na qual o franqueador autoriza o franqueado a

conduzir negócios sob um nome pertencente ou associado com o franqueador e

de acordo com um formato de negócio estabelecido pelo franqueador;

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

27

2. Controle pelo franqueador sobre a maneira na qual o franqueado conduz o

negócio;

3. Fornecimento de assistência ao franqueado pelo franqueador na condução do

negócio tanto anteriormente ao início da operação do negócio como através do

período do contrato;

4. O franqueado possui seu negócio que é uma entidade separada daquela do

franqueador; o franqueado fornece e arrisca seu próprio capital". (p. 328)

Como se pode ver, as definições incluem os conceitos do sistema de

franquia como um canal de distribuição e como uma autorização para o uso de

marca conceituada por terceiros. Algumas definições enfatizam a relação

contratual entre o franqueador e o franqueado, enquanto outras chamam a

atenção para o controle que o franqueador deve exercer sobre o franqueado de

maneira que a qualidade do produto ou serviço prestado seja mantida.

II.2.2.2 - CONCEITO DE FRANQUIA FORMATADA

Uma forma relativamente nova de franquia, responsável pelo seu

crescimento nos EUA e em outros países é o business format franchising, ou

franquias de negócio formatadas. Segundo Preble (1992), "este tipo de sistema

de franquias inclui algo mais do que simplesmente prover o franqueado com

produto, serviço e marca registrada. Todo o negócio formatado é incluído :

estratégia e plano de marketing, padrões e manuais de operação, controle de

qualidade e um permanente canal de comunicação e assistência". (p. 187)

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos (1988b, p.3) define a

franquia de negócio formatado como "caracterizada por um permanente

relacionamento de negócios entre franqueador e franqueado que inclui não só o

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

28

produto, serviço e marca registrada, mas todo o conceito do negócio em si - um

plano e uma estratégia de marketing, manuais de operação e padrões, controle

de qualidade e um processo contínuo de assistência".

Welch (1992) afirma que "na franquia de negócio formatado um contínuo

relacionamento entre franqueador e franqueado é estabelecido no qual todo o

método do negócio é transferido, bem como os direitos a produtos relevantes,

marcas registradas, patentes e assim por diante". (p. 90)

A franquia de negócio formatado pode ser comparada a um outro tipo de

franquia, mais antiga e menos completa, chamada de franquia de produto e nome

de marca, que envolve a transferência de direitos chaves ao franqueado para

usar um nome particular e vender produtos associados com aquele nome, mas

sem a transferência do completo sistema de negócios. Assim, a grande vantagem

da franquia de negócio formatado é proporcionar aos franqueados que não

possuam experiência no gerenciamento do negócio uma permanente assistência

e um completo programa de treinamento por parte do franqueador. Além disso, o

franqueado tem a oportunidade de operar com despesas de propaganda e

marketing compartilhadas por um grande grupo, diminuindo consideravelmente os

custos relativos à divulgação da marca do produto ou serviço a ser

comercializada.

Da perspectiva do franqueador, Welch (1992) acrescenta que a franquia de

negócio formatado "é uma maneira de assegurar melhores padrões através da

rede, ou melhor controle em geral sem a necessidade de envolvimento

operacional direto, assegurando entretanto que o conceito do negócio no qual o

sistema é baseado pode operar em diversas localidades". (p. 90)

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

29

Como se pode ver, as definições sobre a franquia de negócio formatado

enfatizam a assistência e o treinamento prestados aos franqueados, procurando

suprir a falta de experiência gerencial e, ao mesmo tempo, garantir a qualidade

do produto ou do serviço oferecido por toda a rede.

II.2.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA DE FRANQUIAS

II.2.3.1 - Vantagens do Sistema de Franquias

Mauro (1994) afirma que o sistema de franquias "permite um crescimento

relativamente rápido da empresa, com volume de capital inferior ao de outras

alternativas de desenvolvimento de negócio e com um controle adequado do

canal de distribuição de seus produtos e/ou serviços". (p. 13)

Bradley (1991) ressalta quatro vantagens específicas de uma franquia em

comparação à operação de um negócio independente :

• "A marca registrada de uma franquia e o produto vendido são valiosos e o

franqueado está disposto a pagar alguma coisa para vender estes produtos ou

serviços;

• O franqueador geralmente dá recomendações gerenciais ao franqueado;

• O franqueador geralmente torna o capital disponível ao franqueado de alguma

forma, como por exemplo contraindo conjuntamente um empréstimo bancário ou

comprando a planta e fazendo um leasing ao franqueado;

• Na medida em que os franqueados estão mais próximos de serem empregados

do que empresários, eles podem simplesmente carecer do capital humano

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

30

necessário para abrir um negócio sem a substancial assistência dos

franqueadores". (p. 331)

Bescós (1990) analisa, no contexto da economia espanhola, os principais

atrativos para que o comerciante independente associe-se a uma cadeia de

franquia :

• aquisição de um know-how profissional avançado;

• um know-how já testado;

• uma imagem de marca com notoriedade no mercado;

• competitividade por redução de gastos de compras através do franqueador;

• a rede proporciona um acesso mais fácil a fontes de financiamento;

• promoção e publicidade a um nível elevado, inviável à independente.

Mauro (1994) aponta como principais vantagens do sistema de

franquias para o franqueador :

• "permite penetração de mercado rápida e intensiva;

• permite a expansão internacional com maior facilidade;

• permite a ocupação de pontos comerciais estratégicos;

• normalmente o franqueado é alguém da própria comunidade, o que lhe permite

maior aceitação e melhor desempenho, principalmente pelo maior conhecimento

do mercado local" (p. 104).

Para o autor, além de reduzir barreiras culturais, sociais e mercadológicas,

o sistema de franquias traz outras vantagens a nível internacional :

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

31

• "reduz o risco para o franqueador estrangeiro;

• aumenta a velocidade de expansão internacional;

• divulgação e proteção de marca no exterior;

• exploração de mercados em melhor situação econômica;

• rápida penetração em novos mercados;

• expansão de conceitos pequenos, mas revolucionários;

• economia internacional de escala" (p. 175).

Segundo Bescós (1990), "a franquia internacional se apresenta como um

sistema que oferece a empresários dinâmicos maiores possibilidades de

crescimento com menores riscos" (p. 165). O autor acrescenta que a capacidade

que o sistema de franquias possui de invadir mercados exteriores de forma mais

dinâmica deriva, em grande parte, da maior flexibilidade e adaptabilidade da

franquia, em relação aos outros métodos mais clássicos.

Preble (1992) afirma que as vantagens da utilização de uma estratégia de

sistema de franquia, para o franqueador, são acesso ao capital a um baixo risco,

divisão dos riscos com os franqueados, rápida penetração de mercado a um

custo relativamente mais baixo do que estabelecer um sistema de distribuição

próprio, economias de escala e uma força de trabalho motivada composta por

empreendedores individuais.

O autor acredita que, para o franqueado, a estratégia de sistema de

franquias proporciona uma oportunidade de entrar em um negócio a um custo

menor com um produto/serviço ou uma marca aprovados. Além disso, o

franqueador freqüentemente proporciona assistência gerencial no que diz

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

32

respeito à localização do negócio, projeto da loja, procedimentos operacionais,

compras e promoções.

Bond (1989) endossa as vantagens do sistema de franquias em relação às

atividades de negócio independentes através de uma pesquisa a respeito da taxa

de sobrevivência após cinco anos de operação de 92% para negócios

franqueados contra 23% para negócios independentes.

As vantagens do sistema de franquias apresentadas por diversos autores

encontram-se resumidas no Quadro II.2.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

33

Quadro II.2

Resumo das Vantagens do Sistema de Franquias

VANTAGENS AUTORES

Rápido crescimento da empresa, comcontrole adequado do canal dedistribuição

Mauro (1994); Bescós (1990)

Comercialização de marca valorizada Bradley (1991); Bescós (1990)

Suporte gerencial do franqueador aofranqueado

Bradley (1991); Preble (1992)

Facilidade de acesso a fontes definanciamento

Bradley (1991); Bescós (1990)

Aquisição de know-how avançado etestado

Bescós (1990)

Rápida penetração de mercado Mauro (1994); Preble (1992)

Crescimento com menores riscos Mauro (1994); Bescós (1990); Preble(1992)

Expansão internacional facilitada Mauro (1994); Bescós (1990)

Permite ocupação de pontos comerciaisestratégicos

Mauro (1994)

Divulgação e proteção de marca noexterior

Mauro (1994)

Economias de escala Mauro (1994); Preble (1992)

Força de trabalho motivada Preble (1992)

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

34

II.2.3.2 - Desvantagens do Sistema de Franquias

As desvantagens dos sistemas de franquia encontradas na literatura são

muito pequenas se comparadas às vantagens. Mesmo assim, autores como

Bradley (1991) afirmam que "o maior problema que as empresas com nomes de

marca valiosos encontram na adoção de sistemas de franquia é o controle da

ação de agentes através da organização para assegurar o continuado valor da

marca registrada". (p. 332)

Em outras palavras, uma grande desvantagem é o risco que os

franqueadores correm de ver suas marcas desvalorizadas, decorrentes da má

administração do negócio por parte dos franqueados. Desta preocupação resulta

o alto grau de controle exercido pelos franqueadores sobre a operação do

negócio por parte dos franqueados, bem como a crescente preocupação e

atenção dispensada ao processo de seleção de franqueados. De qualquer

maneira, o controle exercido sobre a rede de franqueados é, sem dúvida, menor

do que aquele exercido sobre uma rede própria.

Outras desvantagens apontadas por Mauro (1994) são : "menor

flexibilidade na operação dos negócios, maior limitação no uso de canais

alternativos de distribuição e riscos de litígios legais". (p. 106)

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

35

II.3 - INTERNACIONALIZAÇÃO DA FRANQUIA

A tendência atual de globalização de mercados com a conseqüente

formação de blocos econômicos, tem aumentado a importância de estudos

acerca da internacionalização de empresas. Procuraremos abordar neste tópico

como se dá este processo através da internacionalização de franquias,

analisando os motivos que levam as empresas a buscar o crescimento através da

globalização de suas atividades, bem como as formas e processos de

internacionalização. Serão analisadas também as barreiras e os problemas

encontrados neste processo.

II.3.1 - MOTIVOS PARA AS EMPRESAS SE INTERNACIONALIZAREM

Na literatura sobre franquia, pouca atenção tem sido dada aos motivos

pelos quais as empresas decidem internacionalizar suas atividades. O principal

estudo a esse respeito, realizado por Aydin & Kacker (1990) junto a

franqueadores norte-americanos, procurou determinar através de uma survey

com uma amostra de 71 respondentes os motivos pelos quais a maioria dos

franqueadores não desejavam expandir suas atividades para os mercados

internacionais e se possuíam planos para a expansão internacional.

São discutidos no artigo os atributos dos franqueadores que estão

planejando internacionalizar-se, sendo esperado, a princípio, que fatores como a

falta de experiência, habilidade e familiaridade com mercados internacionais

influenciem as decisões dos franqueadores acerca da expansão internacional.

No que diz respeito à influência do tamanho da empresa, a literatura

consultada pelos autores afirma ser geralmente reconhecido que expandir-se

para mercados externos requer grande quantidade de recursos e esforços e é

mais arriscado do que se expandir no mercado doméstico. Assim, empresas

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

36

maiores poderiam melhor absorver o risco adicional da expansão internacional e

devotar mais recursos a esta atividade; elas seriam então mais inclinadas a

considerar expandir-se internacionalmente. Similarmente, empresas com

coberturas adequadas nos seus mercados domésticos poderiam considerar

mercados internacionais mais facilmente do que empresas que ainda não

alcançaram tal cobertura. No entanto, os resultados da pesquisa mostraram que,

contrariamente ao esperado, "franqueadores menores, medidos pelo volume de

vendas, indicaram um maior desejo de internacionalizar-se do que os maiores

franqueadores". (p. 49)

Nesse sentido, Mascarenhas (1986) afirma que pequenas empresas

desenvolvem mercados internacionais para escapar a pressões competitivas no

mercado doméstico. Desta forma, embora a proximidade física e a similaridade

de hábitos e costumes sejam motivos que exerçam grande influência no processo

de internacionalização, para pequenas empresas a existência de mercados onde

as oportunidades de crescimento sejam grandes torna-se um fator decisivo para a

expansão internacional.

No que diz respeito à influência da cobertura do mercado, os autores

partiram da hipótese de que empresas que ainda não cobrissem o mercado

norte-americano adequadamente estariam menos inclinadas a considerar a

expansão internacional. As respostas obtidas na pesquisa confirmaram esta

expectativa, indicando que, quanto menor o número de estados cobertos, menor

a probabilidade de um franqueador pensar em expansão internacional.

O número total de distribuidores franqueados em uma operação também

estaria correlacionado positivamente com a intenção de ir para o exterior. De fato,

franqueadores com maiores números de distribuidores estavam mais propensos a

ter planos para expansão internacional do que aqueles com menor número de

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

37

distribuidores. Os autores sugerem que à medida em que se ganha experiência

no gerenciamento de maior número de franqueados, o franqueador torna-se mais

seguro da habilidade de gerenciar também operações estrangeiras.

Os autores estudam também os motivos pelos quais as empresas norte-

americanas não se internacionalizam, sendo freqüentemente observado que o

tamanho absoluto e as oportunidades do mercado norte-americano atrasam o

processo de internacionalização destas empresas. A maioria das empresas

espera até que esgotem as oportunidades de crescimento no mercado doméstico

ou até que comecem a encarar forte competição internamente antes de entrar em

mercados estrangeiros.

Embora o estudo de Aydin & Kacker seja bastante valioso, uma limitação

decorrente do uso de questionários pode ter sido a proposição de um número

limitado de alternativas, havendo portanto a possibilidade de que outros motivos

existentes para a não-internacionalização não tenham sido pesquisados.

Preble (1992) afirma que empresas que estão operando com sucesso e de

uma maneira inovadora em seu mercado doméstico são freqüentemente

motivadas a estabelecer um sistema de franquia pelas vantagens competitivas

que este sistema pode oferecer. Isto é particularmente verdadeiro, segundo o

autor, para pequenas empresas que estão operando sob condições de rápido

crescimento de mercado mas estão em uma fraca posição competitiva devido à

sua pequena participação de mercado relativa.

Assim, é sugerido que caso estas empresas desejem aumentar a

disponibilidade de produtos e/ou serviços, elas estão em uma posição favorável

para estabelecer uma estratégia de desenvolvimento de mercado através da

adoção de um sistema de franquias. A adoção de um sistema de franquias vai de

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

38

encontro à afirmação de Digman (1986), de que "o sistema de franquias permite

que a empresa cresça rapidamente, aumente sua participação de mercado e

melhore sua posição competitiva, ao mesmo tempo em que satisfaz as restrições

de recursos". (p. 207)

Preble (1992) comparou três estudos (Hackett, 1976; Walker, 1989; Walker

e Etzel, 1973) a respeito das motivações para início da expansão internacional de

sistemas de franquias norte-americanas, conforme mostrado no Quadro II.3.

Algumas motivações-chave para este processo, segundo o autor, foram as

seguintes :

• "empresas que foram questionadas ou receberam propostas de franqueados

existentes ou potenciais" foi citado nos três estudos;

• "o potencial do mercado externo" foi citado em dois estudos;

• "proximidade" ou "similaridade" de mercados foi citado em dois estudos.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

39

Quadro II.3

Motivações para Início de Expansão Internacional

Razões / Considerações Principais

Estudo 1ª 2ª 3ª

Hackett (1976) Mercadopotencial alto

estabelecer o nomeda empresa emmercados-chave

Proposta defranqueadosexistentes ou

potenciais

Walker (1989) pedido deinformação depretendentes

Proximidade dosEUA

Similaridades aosEUA

Walker & Etzel(1973)

Proximidade dosEUA

pedido deinformação defranqueadospotenciais

MercadoPotencial

fonte : adaptado de Preble, J.F., Global Expansion : The Case of U.S. Fast-Food Franchisors. Journal of Global Marketing, Vol. 6(1/2), 1992, pp. 192.

Bescós (1990) afirma que "o desenvolvimento e a internacionalização de

franquias são maiores em países de maior nível de vida, onde se encontram

mercados de consumo muito desenvolvidos, com um suporte publicitário e de

marketing elevados" (p. 174). O autor acrescenta que "existem vários motivos

para a escolha do sistema de franquia como via de penetração nos mercados

exteriores, e o primeiro deles seria sua rapidez associada à sua flexibilidade". (p.

164)

Segundo Bescós (1990), as motivações que favorecem a

internacionalização de uma rede de franquias são as seguintes :

• "interesse nacional : os intercâmbios econômicos com o exterior se vêem

favorecidos;

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

40

• economias de escala : o incremento no volume de vendas maximiza a

rentabilidade da rede;

• imagem competitiva : ocorre a melhoria do interesse competitivo da franquia em

novos mercados;

• incremento da notoriedade : ocorre a melhoria da imagem de marca da empresa;

• melhoria do know-how : produz-se um feed-back informativo com novas

abordagens, novas informações e novos mercados;

• divisão de riscos : a divisão de riscos comerciais e políticos é uma importante

consequência da presença de uma cadeia de franquia em vários países". (p. 159)

Para o autor, as motivações correspondentes a diversos tipos de negócio

que uma empresa poderia utilizar para entrar em mercados exteriores são

mostradas no Quadro II.4.

Quadro II.4

Modalidades de Negócio e Motivações para Implantação no Exterior

MODALIDADE DE NEGÓCIO MOTIVAÇÕES

venda de mercadorias independência vendedor-comprador

assistência técnica cooperação

licenciamento exportar patente-marca

joint venture investimentos conjuntos

filial exportar a empresa

franquia exportar a marca e o know how

fonte : adaptado de Bescós, M. Factoring y Franchising : Nuevas Técnicas de Dominio de los Mercados Exteriores. Madrid : Ediciones Pirámide, 1990. 263p.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

41

Ackerman, Bush & Justis (1994) estudaram até que ponto as atitudes e

comportamentos dos executivos-chefe exercem maior influência na decisão de

internacionalizar a empresa do que o próprio tamanho e características da

empresa. Em contraste a estudos anteriores, os resultados obtidos sugerem

fortemente que as atitudes dos gerentes, em oposição às características

individuais da empresa, são indicadores mais fortes da probabilidade da empresa

franquear num ambiente internacional.

Duas atitudes gerenciais geralmente aumentam a probabilidade das

empresas internacionalizarem suas operações : o desejo de expandir e o desejo

de aumentar os lucros. Para os autores, a transição a operações internacionais

deve ser mais fácil para um franqueador do que para empresas adotando outras

estratégias de expansão, uma vez que maiores mudanças na estrutura

organizacional não são necessariamente exigidas.

Hackett (1976), por sua vez, descobriu que o desejo de explorar mercados

potenciais foi a força mais importante nas decisões dos franqueadores para

internacionalizar suas operações.

Trankhiem (1979) afirma que as principais razões apresentadas pelos

franqueadores para entrar nos mercados internacionais são aumento das vendas

e dos lucros, expansão de mercado e um desejo de ser conhecido como uma

empresa internacional.

Já Aydin & Kacker (1990) observaram que quase metade dos

respondentes de sua pesquisa sentiam que existiam amplas oportunidades

dentro dos Estados Unidos, e que a expansão internacional era portanto

desnecessária.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

42

Wiedersheim-Paul et alli. (1978) observaram atividades pré-exportação e

descobriram que as atitudes do tomador de decisões possuíam uma influência

marcante na decisão de uma empresa iniciar esforços em direção à

internacionalização e que o progresso desta atividade, em contrapartida,

influenciava as atitudes do tomador de decisões.

Eroglu (1992) argumenta que um fator que hipoteticamente afeta o

comportamento de início de atividades de exportação é o agente de mudança,

tanto interno como externo. Enquanto os agentes de mudança externos referem-

se àqueles interesses externos à empresa (tais como associações industriais,

bancos, agências governamentais e outras empresas), agentes de mudança

internos tendem a ser membros da alta gerência que estão interessados em

exportação.

O autor desenvolveu um modelo conceitual sobre o processo de

internacionalização do sistema de franquias, caracterizando dois tipos de

determinantes para o processo de internacionalização : os organizacionais

(internos à empresa) e os ambientais (externos à empresa).

Dentro dos determinantes organizacionais estão :

• tamanho da empresa : é proposto que sistemas de franquia maiores atribuam

menores riscos ao processo de internacionalização;

• experiência no negócio : é proposto que quanto maior a experiência

operacional acumulada do sistema de franquias, menor a quantidade de risco

percebido associado à sua internacionalização;

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

43

• orientação internacional da alta gerência : é proposto que quanto maior a

orientação internacional da alta gerência de um sistema de franquias, menor os

riscos percebidos associados à sua expansão internacional;

• tolerância ao risco da alta gerência : a habilidade da alta gerência em absorver

riscos parece ser mais crítica no sistema de franquias do que, por exemplo, na

exportação, uma vez que requer um maior envolvimento do que simplesmente o

preenchimento de uma ordem de exportação;

• percepção pela alta gerência da vantagem competitiva da empresa : assume-se

a hipótese de possuir uma relação positiva com os benefícios percebidos com a

internacionalização. Assim, à medida que a alta gerência percebe um aspecto da

empresa e/ou dos seus produtos de ser competitivos, se não superiores, os

benefícios percebidos com a internacionalização serão maiores.

Dentro das determinantes ambientais estão :

• pressões competitivas domésticas : é esperado que o aumento da saturação e

das pressões competitivas do mercado doméstico resultarão em maiores

benefícios percebidos associados à internacionalização;

• influência dos agentes de troca externos : é proposta a hipótese de que a

extensão e a natureza (facilitadora versus inibidora) de instituições de agentes de

troca externos afetam a importância e a probabilidade dos benefícios associados

com a internacionalização de um sistema de franquias;

• favorabilidade percebida do ambiente externo : é proposta a hipótese de ser

negativamente relacionada a percepções de risco e positivamente relacionada

aos benefícios percebidos da internacionalização. Em geral, quanto maior forem

as flutuações nas dimensões políticas, econômicas e culturais, maior será o risco

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

44

da realização de atividades de negócios no país-alvo e menor o desejo de entrar

neste mercado.

Os motivos apresentados por diversos autores para as empresas se

internacionalizarem encontram-se resumidos no Quadro II.5.

Quadro II.5

Resumo dos Motivos para as Empresas se Internacionalizarem

MOTIVOS AUTORES

Escapar a pressões competitivas nomercado doméstico

Mascarenhas (1986); Aydin & Kacker(1990); Eroglu (1992)

Proximidade física e similaridade dehábitos e costumes

Mascarenhas (1986); Walker (1989);Walker & Etzel (1973)

Existência de mercados com grandeoportunidades de crescimento

Mascarenhas (1986); Hackett (1976);Walker & Etzel (1973)

Percepção pela gerência de vantagenscompetitivas oferecidas pelo sistema defranquias

Preble (1992); Eroglu (1992)

Pedido de informação e propostas depretendentes

Hackett (1976); Walker (1989);Walker & Etzel (1973)

Economias de escala e divisão de riscos Bescós (1990)

Desejo, por parte dos gerentes, deexpandir e aumentar os lucros

Ackerman, Bush & Justis (1994),Trankhiem (1979)

Desejo de reconhecimento internacional /melhoria da imagem da empresa

Trankhiem (1979); Hackett (1976);Bescós (1990)

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

45

II.3.2 - FORMAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Preble (1992) mostra que as maiores empresas de fast-food norte-

americanas têm utilizado três maneiras para entrar em mercados estrangeiros.

A primeira forma de internacionalização é o estabelecimento de uma

subsidiária, na qual as potenciais vantagens para o franqueador seriam melhor

conhecimento do mercado local, aumento do controle e menor divisão dos lucros.

Assim, a abertura de uma subsidiária "seria uma alternativa a ser empregada em

países onde não existam barreiras legais ao seu estabelecimento, a distância

cultural seja pequena e o franqueador possua recursos suficientes para serem

investidos em um país onde os riscos políticos e econômicos sejam percebidos

como pequenos". (p. 194)

A segunda forma de internacionalização é a abertura de uma joint venture,

alternativa a ser empregada em países onde a distância cultural seja

relativamente grande e existam altos níveis de riscos políticos e econômicos.

A terceira forma de internacionalização seria o estabelecimento de uma

franquia master, freqüentemente permitida em países onde as regulamentações

governamentais são relativamente restritivas.

A franquia master é mencionada por diversos autores como sendo uma

das melhores formas de internacionalização. Segundo Bescós (1990), a franquia

master "é o sistema mais popular e rápido utilizado para a expansão

internacional" (p. 170). A franquia master outorga uma licença de exclusividade

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

46

real para um país ou região, e então o franqueador master terá a missão de

selecionar e formar a rede de franqueados.

Mauro (1994), por sua vez, afirma que a franquia master "é normalmente

utilizada para a expansão internacional, facilitando a entrada em mercados pouco

conhecidos e com baixo investimento" (p. 101). Uma estratégia sugerida seria

estabelecer uma unidade franqueada piloto no exterior, com opção, por parte do

franqueado, de compra da licença master. O interessante neste tipo de franquia

seria que "o franqueado master conhece muito melhor seu mercado do que o

franqueador estrangeiro, e terá maior facilidade em adaptar o conceito a seu

país". (p. 175)

Normalmente, o franqueado master assume todas os direitos e

responsabilidades de estabelecer franquias em um país ou grande território,

sendo treinado pela empresa com o objetivo de assumir o papel do franqueador

no seu país vendendo franquias a subfranqueados ou abrindo suas próprias lojas.

Preble (1992) afirma que "quando o nível de risco econômico e político no país a

ser instalada a franquia for alto, a franquia master é uma boa alternativa para que

se consiga um envolvimento mais profundo". (p. 196)

Segundo Hoffman & Preble (1991), a desvantagem para os franqueadores

é que os franqueados master possuem maior poder de barganha, podendo vir a

resistir a mudanças estratégicas ditadas pelos primeiros.

Claramente, o sistema de franquias como estratégia de expansão

apresenta vantagens tanto para pequenas empresas como para grandes

empresas, que utilizam este sistema para solucionar problemas de escassez de

recursos financeiros e gerenciais. De acordo com Contractor (1981), sistemas de

franquias pequenos podem ter sucesso internacionalmente quando os

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

47

franqueados locais contribuem com experiência financeira, gerencial e de

marketing.

Para Gilman (1992), existem três maneiras de varejistas norte-americanos

estabelecerem um sistema de franquia no exterior :

"- venda de franquias individuais no exterior: a empresa americana permanece

sendo o franqueador e abre um escritório no respectivo país;

- escolha de um franqueador master: o varejista norte-americano transfere seu

conhecimento do negócio a um franqueador master, que passa a ter o direito e a

responsabilidade pelos acordos dentro da área geográfica. O franqueador master

sub-franquia as unidades, ou as dirige independentemente, com a empresa

americana recebendo uma percentagem das vendas;

- estabelecendo uma joint venture: um parceiro é encontrado, e monta-se uma

empresa independente, com o franqueador mantendo uma percentagem da

propriedade. A nova entidade passa a ser o franqueador master". (p. 70)

No que diz respeito à escolha dos parceiros locais, Preble (1992) afirma

que estes devem ser escolhidos cuidadosamente após longa e extensa procura,

uma vez que eles são responsáveis por transplantar os valores e procedimentos

da organização. Este aprendizado tornar-se-ia mais fácil com o uso de manuais

de operação detalhados da empresa e através de um extensivo treinamento on-

the-job. O autor observa ainda que "alcançar o mesmo nível de alta qualidade do

produto ou serviço no exterior é fundamental para o franqueador, mas tem

freqüentemente sido um problema, ao menos inicialmente". (p. 201)

As principais formas de internacionalização apresentadas por diversos

autores encontram-se resumidas no Quadro II.6.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

48

Quadro II.6

Resumo das Principais Formas de Internacionalização

FORMA DEINTERNACIO-NALIZAÇÃO

CARACTERÍSTICAS AUTORES

Subsidiária permite melhor conhecimento do mercadolocal, aumento do controle e menor divisãodos lucros

Preble (1992)

Joint venture empregada em locais onde exista grandedistância cultural e altos riscos políticos eeconômicos

monta-se uma empresa independente, ofranqueador mantém uma percentagem dapropriedade

Preble (1992)

Gilman (1992)

Franquiamaster

empregada em locais onde asregulamentações governamentais sejamrestritivas; empregada em locais ondeexistam altos riscos políticos e econômicos

franqueador master seleciona e forma redede franqueados

ideal para entrar em mercados poucoconhecidos e que exijam baixosinvestimentos

o franqueador master passa a ter o direito e aresponsabilidade pelos acordos dentro daárea geográfica

Preble (1992)

Bescós (1990)

Mauro (1994)

Gilman (1992)

Franquiasindividuais noexterior

a empresa do país de origem permanecesendo o franqueador e abre um escritório nopaís de destino

Gilman (1992)

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

49

II.3.3 - O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DO SISTEMA DE

FRANQUIAS

A expansão global através do sistema de franquias requer um

planejamento cuidadoso no que diz respeito aos mercados e ajustes às

condições locais.

De acordo com Mauro (1994), "a empresa deve avaliar com profundidade

seu negócio, antes de avaliar o sistema de franquias ou qualquer outra alternativa

de canal de distribuição". Desta forma, "deve ser feito um planejamento

estratégico, que permitirá avaliar com clareza o negócio frente às condições de

mercado e desenvolver alternativas para seu crescimento saudável" (p. 21).

Bescós (1990) afirma que "a seleção e prospecção de mercados

favoráveis no exterior fazem parte de um programa a médio e, inclusive, a longo

prazo". Deste modo, o autor aponta as seguintes ações iniciais :

• "obtenção de informação junto aos consultores de franquia;

• obtenção de informação junto aos organismos estatais e privados,

associações nacionais de franquias, etc;

• preparação de um dossiê informativo legal e econômico sobre o país

estrangeiro objeto da implantação". (p. 160)

Bescós (1990) sugere a realização, por parte da empresa franqueadora, de

duas análises de mercado preliminares, com a finalidade de avaliar as

possibilidades de sucesso da franquia em um país estrangeiro. Existe, segundo o

autor, "a possibilidade de que seja necessário um estudo técnico ou investigação

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

50

de mercado mais detalhada a ser realizada por empresa especializada, ou em

colaboração com o franqueado master". (p. 167)

A primeira análise é um estudo geral de áreas, preparatório para um plano

de introdução em um determinado país, e abrange os seguintes aspectos :

administração, imóveis, propriedade intelectual e industrial, legislação sobre

sucursais e filiais (se necessária ou não a constituição de sociedade), impostos e

controles de câmbios e aduanas.

Para o autor, estas informações indicam a viabilidade da

internacionalização das atividades de uma maneira preliminar, sendo portanto

necessário realizar uma segunda análise, que consiste de uma investigação de

áreas-chave como : imagem, benefícios, serviço de gerenciamento (taxas de

royalties, por exemplo), sistema de contabilidade, programa de formação, seleção

de pessoal, programa de desenvolvimento (unidades-piloto), pesquisa de

mercado (produto/serviço) e contrato/manuais operacionais.

Preble (1992) afirma que um importante fator a ser considerado na

entrada em mercados internacionais é o timing do início da expansão

internacional. Nesse sentido, podemos supor que a maioria das empresas deveria

adquirir uma significativa experiência doméstica antes de internacionalizar-se.

Walker (1989), em uma pesquisa comparando a expansão

internacional versus a expansão doméstica dos sistemas de franquias norte-

americanos, observou que a maioria (86 em 141) de seus respondentes possuía

no mínimo cinco anos de experiência no sistema de franquias e/ou no mínimo

100 unidades operando no mercado doméstico (78 de 139 sistemas de franquia

pesquisados) antes de expandir-se internacionalmente. Estas informações

parecem confirmar as proposições de Welch vistas anteriormente, de que as

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

51

empresas devem levar vários anos antes de adquirir bastante experiência e tomar

a decisão de internacionalizar-se.

Segundo Welch (1992), é provável que um reflexo do ambiente mais

competitivo do sistema de franquias global seja o fato de que alguns

franqueadores estejam comprando redes existentes em outros países, ao invés

de tentar construí-las do nada. O autor afirma que a oferta de bons pontos de

varejo em qualquer mercado não é inesgotável, de maneira que a aquisição de

uma rede de franquias existente pode ser o melhor caminho para a obtenção de

imóveis bem posicionados, constituindo-se assim em uma importante etapa do

processo de internacionalização.

Um outro parâmetro muito importante no processo de internacionalização

através do sistema de franquias, segundo Mauro (1994), "é a escolha do

território, pois, de um lado, dá ao franqueador a condição de determinar seu

potencial de franquias e, por outro, dá ao franqueado condições de trabalhar num

mercado local com potencial adequado ao seu investimento e sem a invasão de

outras unidades do franqueador ou de outros franqueados". (p. 134)

O autor recomenda ainda que seja feito um plano de abertura de unidades,

uma vez que "saber onde abrir é tão importante quanto o cronograma de

abertura" e "uma unidade mal sucedida por localização inadequada de praça ou

ponto comercial pode comprometer o plano todo". (p. 136)

II.3.4 - BARREIRAS E PROBLEMAS PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO

DO SISTEMA DE FRANQUIAS

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

52

O processo de internacionalização através do sistema de franquias pode

encontrar algumas barreiras, sendo muitas vezes necessário uma adaptação às

condições do país no qual a franquia será estabelecida. Hoffman & Preble (1991)

citam alguns problemas típicos da expansão internacional através do sistema de

franquias :

• os direitos de operar em grandes territórios, ou países inteiros, são geralmente

concedidos pelos governos locais somente após anos de negociação;

• a escolha dos pontos comerciais é difícil devido aos escassos dados

demográficos em alguns países;

• o controle governamental sobre a mídia requer novas técnicas de marketing.

Os autores afirmam que os franqueadores internacionais devem

desenvolver métodos criativos para resolver os problemas de operação de

franquias em países estrangeiros, podendo por exemplo realizar integração para

trás caso as fontes de fornecimento locais não atendam às especificações e

realizar pequenas variações nos produtos de maneira a adequar-se aos gostos

locais.

Presume-se que quanto maior forem as semelhanças entre o país de

origem da franquia e o país no qual ela irá ser estabelecida, mais fácil será

preservar as políticas e os modos de operação do franqueador. Estas

semelhanças podem ser culturais, políticas, econômicas, de idiomas e de valores,

além da proximidade entre o país de origem do franqueador e o país do

franqueado, e certamente servirão de incentivo para a internacionalização através

da abertura de franquias. Contrariamente, fatores como a existência de amplas

oportunidades de crescimento no mercado interno, a falta de experiência

internacional, recursos financeiros limitados e o risco de operação em mercados

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

53

externos parecem inibir o processo de internacionalização através do sistema de

franquias.

Bescós (1990) acredita que a franquia internacional possui áreas

problemáticas que convém analisar antes de se entrar em um determinado

território. Segundo o autor, os principais erros em que se pode incorrer seriam

aqueles que dizem respeito aos seguintes pontos :

• "tempo : em geral, existe uma tendência em subestimar o tempo necessário para

a instalação da franquia. Parece aconselhável um prazo médio de dois anos;

• recursos humanos e investimento : seria um erro não alocar recursos humanos e

financeiros suficientes, pensando que seriam áreas a serem cobertas pelos

franqueados;

• território : existem diferenças sociais, culturais, econômicas e de estilo de vida

que devem ser avaliadas antes da entrada;

• franqueados : deve ser programada uma cuidadosa seleção". (p. 167)

De acordo com Welch (1992), "enquanto existe um preparo pelos

franqueadores de realizar pequenos ajustes, maiores modificações representam

um tipo de ameaça a todo o sistema". (p. 87) Isto, segundo o autor, transmite um

grau de rigidez às operações de franquias em mercados externos e aumenta a

dificuldade de responder a variações entre e dentro dos mercados, especialmente

diante de diferentes taxas de mudança. Welch (1992) afirma que "as empresas

que utilizam a franquia internacional estão na vanguarda do debate sobre

padronização versus adaptação ao marketing global". (p. 87)

Welch & Luostarinen (1988) afirmam que uma das razões da relutância em

adotar o sistema de franquias como uma forma alternativa de operações

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

54

estrangeiras é o fato de que ele é visto como uma técnica especialista, e que um

conhecimento considerável é necessário antes que ele possa ser efetivamente

empregado. Não obstante, o resultado de divergentes usos internacionalmente

parece gerar um crescente interesse no seu potencial papel na

internacionalização, ao lado da série de outras técnicas disponíveis.

As principais barreiras e problemas apresentadas por diversos autores

para a internacionalização do sistema de franquias encontram-se resumidas no

Quadro II.7.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

55

Quadro II.7

Resumo das Principais Barreiras e Problemas para

a Internacionalização do Sistema de Franquias

BARREIRAS E PROBLEMAS AUTORES

Dificuldade de concessão de direitos deoperação

Hoffman & Preble (1991)

Dificuldade de escolha de pontos comerciais Hoffman & Preble (1991)

Excesso de controle governamental sobre amídia

Hoffman & Preble (1991)

Amplas oportunidades de crescimento nomercado interno

Hoffman & Preble (1991)

Falta de experiência internacional Hoffman & Preble (1991)

Recursos humanos e financeiros limitados Hoffman & Preble (1991);Bescós (1990)

Risco de operação em mercados externos Hoffman & Preble (1991)

Subestimação do tempo para a instalação dafranquia

Bescós (1990)

Diferenças sociais, culturais, econômicas ede estilos de vida

Bescós (1990)

Seleção de franqueados Bescós (1990)

Dificuldade de resposta a variações entre edentro dos mercados

Welch (1992)

Sistema de franquias ser visto como umatécnica especialista

Welch & Luostarinen (1988)

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

56

II.4 - ESQUEMA CONCEITUAL

O presente estudo busca verificar se existe relação entre a percepção de

obstáculos por empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior, e diversas características das empresas

franqueadoras. Cada uma das seis hipóteses foi testada analisando-se o grau de

influência percebido pela empresa franqueadora em relação a dez variáveis

discriminantes, conforme o esquema conceitual abaixo.

HIPÓTESE 2

HIPÓTESE 3

HIPÓTESE 4

HIPÓTESE 5

HIPÓTESE 6

HIPÓTESE 1

PERCEPÇÃO DE

OBSTÁCULOS

10 variáveis

CARACTERÍSTICAS

DAS EMPRESAS

Tamanho da

Empresa

% Lojas Próprias/

Nº Total de Lojas

Ramo de

Atividade

Nº Total de

Lojas

Nº Lojas

Próprias

Nº Lojas

Franqueadas

Este modelo será avaliado com base nos resultados das análises descritiva

e discriminante apresentadas no capítulo IV.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

57

CAPÍTULO III

METODOLOGIA DA PESQUISA

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

58

III - METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo é apresentada a metodologia da pesquisa. Inicialmente será

abordado o método de pesquisa utilizado - trata-se de um estudo longitudinal,

baseado em uma survey junto a empresas franqueadoras brasileiras - e em

seguida o plano de pesquisa, que teve as seguintes etapas :

• Problema de pesquisa;

• Hipóteses do estudo;

• Definição das variáveis;

• Escolha de empresas;

• Fontes de informação;

• Coleta de dados;

• Análise de dados.

Por fim serão discutidas as limitações do estudo.

Este trabalho se insere no projeto “O Processo de Internacionalização de

Empresas Brasileiras” do COPPEAD/UFRJ, vinculado ao PRONEX - Programa de

Apoio a Núcleos de Excelência da FINEP/CNPq/CAPES.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

59

III.1 - MÉTODO DE PESQUISA

Um fator a ser observado na escolha do método de pesquisa diz respeito a

um problema operacional. Ao planejar ou iniciar uma pesquisa, o pesquisador

procura ter uma idéia do universo a ser pesquisado, e com base no tamanho

deste universo pode ser descartada de início a utilização de uma pesquisa

quantitativa, se o número de pessoas ou empresas a serem investigadas não for

suficientemente grande para a realização de abordagens estatísticas.

Em nossa pesquisa, sabíamos desde o início que o número de empresas

brasileiras franqueadoras era suficientemente grande para justificar a aplicação

de um questionário enviado pelo correio de maneira que, com base nos

questionários respondidos, fosse possível analisar estatisticamente as hipóteses

do estudo.

III.2 - PROBLEMA DE PESQUISA

Muitas empresas franqueadoras brasileiras, com a globalização da

economia, já consideraram ou vem considerando a expansão de suas atividades

para o exterior. Pouco se sabe dos obstáculos percebidos por estas empresas

neste processo, tenham elas aberto ou não lojas no exterior. Esta pesquisa

pretende contribuir para suprir tais lacunas.

Esta pesquisa pretendia, também, analisar os motivos relacionados à

abertura de lojas no exterior por empresas franqueadoras. No entanto, devido ao

pequeno número de casos obtido, não foi possível realizar testes de hipóteses.

Optou-se, então, por apenas descrever os resultados encontrados.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

60

III.3 - HIPÓTESES DO ESTUDO

As hipóteses do estudo foram formuladas buscando identificar quais as

barreiras e problemas encontrados no processo de internacionalização das

franquias.

Hipótese 1

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o tamanho da empresa, medido pelo número de funcionários.

Hipótese 2

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o percentual de lojas próprias/número total de lojas da empresa.

Hipótese 3

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o ramo de atividade da empresa (produto ou serviço).

Hipótese 4

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número total de lojas da empresa.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

61

Hipótese 5

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número de lojas próprias da empresa.

Hipótese 6

Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas que

consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número de lojas franqueadas da empresa.

III.4 - DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Para o teste das seis hipóteses foram definidas dez variáveis

discriminantes que deveriam ser analisadas por empresas que já consideraram a

abertura de lojas próprias ou franqueadas em outro país, possuindo ou não lojas

no exterior. Estas variáveis foram extraídas dos diversos estudos apresentados

no capítulo II, e são :

• A falta de experiência internacional da empresa;

• A limitação de recursos humanos e financeiros da empresa para operar em outro

país;

• O risco de operação em mercados externos;

• As diferenças sociais, culturais, econômicas e de estilos de vida;

• A imagem de produtos brasileiros no exterior (no que diz respeito a preço e

qualidade);

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

62

• A complexidade da legislação brasileira sobre comércio exterior para uma

operação de franquia;

• O aumento da demanda no mercado brasileiro, prejudicando o atendimento ao

mercado externo;

• A dificuldade de encontrar pontos comerciais adequados;

• A dificuldade de encontrar franqueados adequados;

• A concessão, por parte do país estrangeiro, de direitos de operação para a loja

franqueada.

O respondente deveria indicar qual o grau de influência de cada uma

destas variáveis na decisão da empresa de abrir ou não lojas no exterior, de

acordo com a escala apresentada abaixo :

1 = não teve influência nenhuma;

2 = teve pouca influência;

3 = teve alguma influência;

4 = teve muita influência;

5 = teve influência decisiva.

Havia mais dez variáveis que não serão utilizadas na análise discriminante

para o teste das seis hipóteses e deveriam ser respondidas apenas por empresas

que já possuem lojas próprias ou franqueadas no exterior :

• Escapar a pressões dos concorrentes no mercado brasileiro;

• Proximidade física de outros países;

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

63

• Semelhança de hábitos e costumes entre o Brasil e o país estrangeiro;

• Existência de mercados externos com grandes oportunidades de crescimento;

• Pedidos de informação e propostas de candidatos a franqueados;

• Economias de escala;

• Redução de custos através de maior nº de lojas;

• Desejo da empresa de expandir e/ou aumentar os lucros;

• Desejo da empresa se tornar conhecida em outros países;

• Redução do risco de operar em um único mercado.

III.5 - ESCOLHA DE EMPRESAS

Para participar de nosso estudo a empresa deveria ser de origem nacional

e, evidentemente, franqueadora. Optamos por excluir do estudo empresas

franqueadoras que são master-franqueados de empresas de origem estrangeira,

pois nosso principal interesse era descobrir como empresas nacionais vêem o

processo de internacionalização, e não como empresas estrangeiras vêem o

Brasil como opção para exportar suas atividades. Além disso, um master-

franqueado brasileiro certamente não poderia responder às perguntas sobre

internacionalização, pois a marca com a qual trabalha já existe em outros países

e a decisão de internacionalizar as atividades não é sua, e sim do franqueador

estrangeiro.

Também retiramos do estudo empresas que comercializam seus produtos

ou serviços via Internet por acharmos que este tipo de comércio eletrônico,

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

64

devido a suas peculiaridades, merece um estudo específico. Todos estes

questionários excluídos aparecem no Quadro III.1 como “questionários não-

válidos”.

Convém ressaltar, entretanto, que os questionários foram enviados para

todas as empresas constantes na nossa fonte de consulta (descrita no próximo

ítem). Durante o processo de verificação de cada questionário é que constatou-se

que entre os respondentes haviam master-franqueados de franquias

internacionais, que pelos motivos acima expostos deveriam ser retirados do

estudo.

III.6 - FONTES DE INFORMAÇÃO

Como fonte de informação de empresas franqueadoras consultamos a

ABF - Associação Brasileira de Franchising - com o objetivo de ter acesso a seu

cadastro. Esta associação não dispunha, na ocasião, de cadastro atualizado das

empresas franqueadoras. A alternativa foi procurar um consultor da área de

franchising, que indicou a publicação “Pequenas Empresas Grandes Negócios”,

da Editora Globo, disponível em bancas de jornal.

Tal publicação listava 806 empresas franqueadoras (de origem nacional e

estrangeira) e possuía todos os dados necessários - razão social, ramo de

atividade, endereço e pessoa para contato - e foi utilizada como nossa fonte de

consulta.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

65

III.7 - COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita através do envio de questionários estruturados

pelo correio (uma cópia do questionário encontra-se no Anexo 1). Com a

aplicação do questionário procuramos coletar informações que nos permitisse a

realização da análise descritiva e da análise discriminante, que estão detalhadas

no próximo capítulo.

Para aumentar a probabilidade de respostas, enviamos o questionário com

um envelope pré-selado e com etiqueta do destinatário, de maneira que o

respondente tivesse o máximo de comodidade para responder à nossa

solicitação. Além disso, havia a possibilidade de enviar a resposta por fax.

Acompanhou o questionário uma carta da orientadora apresentando o

objetivo da pesquisa e solicitando a colaboração das empresas franqueadoras

(Anexo 2).

Todos estes cuidados acabaram garantindo um índice de resposta de

13,0%, como pode ser visto no Quadro III.1 abaixo.

Quadro III.1

Índices de Resposta aos Questionários

Quantidade de questionários enviados 806 % sobre questionários

enviados

Total de questionários respondidos 105 13,0

Questionários válidos 90 11,1

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

66

Questionários não-válidos 15 1,9

III.8 - ANÁLISE DE DADOS

Para a análise dos dados, tanto do tipo descritiva quanto discriminante, foi

utilizado o software SPSS - Statistical Package for the Social Sciences, adotando-

se o nível se significância de 5% para rejeição da hipótese nula.

Inicialmente foi feita uma análise estatística descritiva de todas as variáveis

do estudo. Em seguida foi realizada uma análise linear de discriminantes para

testar as seis hipóteses descritas anteriormente, através dos métodos direto e

passo-a-passo.

Na aplicação desta análise alguns casos foram eliminados por conterem

missing values (alguns questionários, mesmo sendo considerados válidos, não

apresentavam respostas a uma ou mais perguntas). Dessa forma foram sempre

considerados os “percentuais válidos”, que não consideram no universo de

respostas as perguntas não respondidas.

A principal finalidade da análise discriminante é distinguir entre dois ou

mais grupos exclusivos, com base em um conjunto de variáveis previamente

definido, através da verificação da hipótese de que as médias desses são iguais.

O processo de análise discriminante pode ser resumido em 6 etapas :

1. Seleção das variáveis : são analisadas as diferenças entre os grupos,

examinando-se as médias de cada variável de acordo com seu grupo específico e

o desvio padrão correspondente.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

67

2. Formulação da função discriminante : são estimados os coeficientes da

função discriminante, que é desenvolvida através da combinação linear das

variáveis independentes. É necessária a divisão randômica da amostra em dois

grupos : um grupo utilizado para a formulação da função discriminante e outro

grupo utilizado para a realização do teste da validade da função obtida.

3. Estimação dos coeficientes da equação : o software SPSS permite a

utilização do método direto e do método stepwise - passo a passo. Este último foi

o utilizado, no qual as variáveis independentes são testadas antes de sua

inclusão na definição da função discriminante.

4. Validação do poder de previsão da função discriminante encontrada : uma

boa função discriminante evidencia uma variabilidade entre grupos grande

quando comparada com aquela interna a cada grupo.

A estatística Lambda de Wilks fornecida pelo SPSS testa a hipótese nula

de que as médias dos grupos são equivalentes. Os valores menores de Lambda

de Wilks são preferidos por indicarem funções com grande variabilidade entre

grupos e pouca variabilidade dentro de cada grupo. Ao se transformar o Lambda

de Wilks em uma variável com distribuição qui-quadrada é possível avaliar o nível

de significância observado. Para o estudo em questão, adotamos o nível de

significância de 5% (p<0,05) para rejeição da hipótese de que as médias dos

grupos são equivalentes.

Entretanto, cabe ressaltar que o teste da hipótese nula não implica na

avaliação da efetividade da classificação via função discriminante. A efetividade

da função pode ser avaliada pela matriz de classificação, que mostra o número

de casos classificados correta e incorretamente por grupo, bem como o

percentual total das classificações corretas. Assim, pode-se considerar que a

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

68

distância entre grupos é inversamente proporcional ao número encontrado de

classificações incorretas.

5. É feito o teste da função discriminate em outro conjunto de dados através

do split da amostra original, com o objetivo de garantir a confiabilidade dos

coeficientes e a validade da função discriminante.

6. Compara-se, inclusive nos splits da amostra, a proporção de classificações

corretas com o nível probabilisticamente esperado, de maneira que a função

discriminante só se justifica se seus resultados forem melhores que aqueles

obtidos por mera probabilidade. À medida em que isto acontece, os coeficientes

crescem em relevância e confiabilidade.

Segundo Hair et al. (1979), para comparar a precisão da classificação

obtida com aquela probabilisticamente esperada, quando os grupos são de

tamanhos diferentes, é preciso aplicar a seguinte equação :

Cpro = (p) (p) + (1-p) (1-p), onde :

Cpro = proporção probabilisticamente esperada

p = proporção de indivíduos no Grupo 1

1-p = proporção de indivíduos no Grupo 2.

O valor de Cpro é comparado com a média calculada dos casos não

selecionados e corretamente classificados no split da amostra, para evitar uma

medida superestimada da efetividade da função.

7. Por fim, Lawson (1980) aponta algumas limitações que, quando possível,

devem ser levadas em consideração . O autor considera importante uma

avaliação crítica da definição do número e da constituição dos grupos e da

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

69

escolha das variáveis independentes diferenciadoras, uma vez que no decorrer

da análise, novos agrupamentos podem entrar em evidência ou variáveis

aparentemente fracas podem demonstrar um elevado grau de diferenciação. O

autor alerta ainda para a instabilidade do modelo no decorrer do tempo, dado que

a maioria dos estudos de análise discriminante não incorpora elementos

temporais.

III.9 - LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Como em todo questionário enviado e respondido pelo correio, corre-se o

risco de existir, entre os respondentes, algumas dúvidas que, não podendo ser

solucionadas junto aos pesquisadores, podem gerar respostas que não exprimam

o que o respondente realmente pensa.

Alguns autores apresentam desvantagens e limitações das pesquisas

realizadas pelo correio. Crisp (1957) destaca que as pesquisas pelo correio são

relativamente inflexíveis se comparadas, por exemplo, com entrevistas pessoais.

Segundo o autor, se algum erro for detectado durante uma entrevista o mesmo

pode ser corrigido imediatamente pelo entrevistador, ao passo que no caso do

questionário enviado pelo correio tal ajuste não seria possível. O autor também

aponta que o questionário utilizado em uma pesquisa pelo correio pode ser mais

curto e simples que aquele utilizado em uma entrevista pessoal. Por fim, salienta

que não é possível determinar se as respostas marcadas pelo respondente são

unicamente suas ou se suas opiniões sofreram influências de outras pessoas.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

70

Wentz (1972) aponta como desvantagens da pesquisa pelo correio a demora

em receber os questionários respondidos, além do fato de que as respostas

podem ser tendenciosas em favor de pessoas com especial interesse no assunto,

que estariam mais propensas a respondê-los.

Segundo D’Amico (1969), a quantidade de questionários respondidos em

uma pesquisa pelo correio pode ser muito pequena. Ele salienta que aqueles que

respondem o questionário podem não ser representativos da população

pesquisada.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

71

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

72

IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados inicialmente os resultados da análise

descritiva das variáveis do estudo. Em seguida são analisados os testes das seis

hipóteses, utilizando-se a análise linear de discriminantes onde, para as variáveis

de maior poder discriminante, são comentados os resultados obtidos.

IV.1 - ANÁLISE DESCRITIVA

Apresentam-se a seguir as freqüências absoluta e relativa obtidas para as

variáveis do estudo.

IV.1.1 - RAMO DE ATIVIDADE

As empresas franqueadoras entrevistadas apresentaram a seguinte

distribuição no que se refere ao ramo de atividade (Quadro IV.1) :

66,3% eram franqueadores de produtos, tais como sorvetes, pães, doces e

alimentos em geral, roupas e acessórios, fast-food, produtos naturais e

esotéricos, produtos óticos, perfumes e cosméticos.

33,7% eram franqueadores de serviços, tais como limpeza de roupas, serviços de

informática, hotelaria, ensino de idiomas e informática, turismo, limpeza de

escritórios e residências.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

73

Quadro IV.1

Ramo de Atividade

Freqüência Absoluta FreqüênciaRelativa

Produtos 59 66,3

Serviços 30 33,7

TOTAL 89 100

Dos 90 questionários válidos, 1 não respondeu a esta pergunta.

IV.1.2 - TAMANHO DA EMPRESA

Procuramos classificar as empresas franqueadoras de acordo com o seu

tamanho, separando-as de acordo com o número de funcionários. As empresas

entrevistadas apresentaram a seguinte distribuição (Quadro IV.2) :

17,3% das empresas possuem de 1 a 10 funcionários;

34,7% das empresas possuem de 11 a 50 funcionários;

28,0% das empresas possuem de 51 a 150 funcionários e

20,0% das empresas possuem mais de 150 funcionários.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

74

Quadro IV.2

Tamanho da Empresa

Nº Funcionários Freqüência Absoluta Freqüência Relativa

1 a 10 13 17,3

11 a 50 26 34,7

51 a 150 21 28,0

+ 150 15 20,0

TOTAL 75 100,0

Dos 90 questionários válidos, 15 não responderam a esta pergunta.

IV.1.3 - QUANTIDADE DE LOJAS TOTAL/PRÓPRIA/FRANQUEADA

Outro tipo de classificação relacionou as empresas franqueadoras de

acordo com o total de lojas e a quantidade de lojas próprias e franqueadas, como

pode ser visto no Quadro IV.3.

Podemos destacar que 86,2% das empresas pesquisadas possuem de 1 a

10 lojas próprias e 50,6% possuem de 1 a 10 lojas franqueadas.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

75

Quadro IV.3

Total de Lojas e Quantidade de Lojas Próprias e Franqueadas

Total de Lojas Lojas Próprias Lojas Franqueadas

Nº Lojas Fr. Abs. Fr. Relat. Fr. Abs. Fr. Relat. Fr. Abs. Fr. Relat.

1 a 10 34 39,1 75 86,2 44 50,6

11 a 50 29 33,3 8 9,2 20 23,0

51 a 150 13 15,0 2 2,3 12 13,8

151 a 500 8 9,2 1 1,2 8 9,2

+ 501 3 3,4 1 1,1 3 3,4

TOTAL 87 100,0 87 100,0 87 100,0

Dos 90 questionários válidos, 3 não responderam a esta pergunta.

IV.1.4 - PERCENTUAL DE LOJAS PRÓPRIAS EM RELAÇÃO AO TOTAL DE

LOJAS

Procuramos estudar junto às empresas franqueadoras o percentual de

lojas próprias em relação ao total de lojas, e o Quadro IV.4 indica que mais da

metade das empresas pesquisadas (51,7%) possuem 1 loja própria para no

mínimo 4 lojas franqueadas.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

76

Quadro IV.4

% Lojas Próprias/Total de Lojas

% Lojas Próprias/Total de Lojas Fr. Abs. Fr. Relat.

0% a 20,0% 45 51,7

20,1% a 40,0% 10 11,5

40,1% a 70,0% 14 16,1

+ 70,1% 18 20,7

TOTAL 87 100,0

Como dos 90 questionários válidos 3 não haviam respondido às

quantidades de Nº Total de Lojas e Nº Lojas Próprias, não foi possível calcular a

percentagem de Lojas Próprias/Total de Lojas para 3 questionários.

IV.1.5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE ABERTURA DE LOJAS EM OUTRO PAÍS

As empresas franqueadoras entrevistadas apresentaram a seguinte

distribuição no que diz respeito a abertura de lojas em outro país :

31,1% das empresas nunca consideraram a abertura de lojas em outro país;

55,6% das empresas já consideraram a abertura de lojas em outro país mas

ainda não possuem lojas no exterior;

13,3% das empresas já possuem lojas no exterior.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

77

Quadro IV.5

Considerações sobre Abertura de Lojas no Exterior

CONSIDERAÇÕES SOBRE LOJAS NO EXTERIOR Fr. Abs. Fr. Relat.

Nunca foi considerado pela empresa 28 31,1

Já foi considerado mas ainda não possui lojas no exterior 50 55,6

Já tem lojas no exterior 12 13,3

TOTAL 90 100,0

Todos os 90 questionários válidos responderam a esta pergunta.

IV.1.6 - PERCEPÇÃO DE OBSTÁCULOS POR EMPRESAS QUE CONSIDERA-

RAM A ENTRADA NO MERCADO INTERNACIONAL, TENDO OU NÃO

LOJAS NO EXTERIOR

Procuramos pesquisar como empresas franqueadoras que já consideraram

a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no exterior, encaram

cada uma das variáveis descritas no Quadro IV.6.

Podemos destacar que 61,3% das empresas pesquisadas acham que “A

limitação de recursos humanos e financeiros de sua empresa para operar em

outro país” possui muita influência ou influência decisiva na decisão de

internacionalizar suas atividades.

Algumas variáveis foram consideradas como não tendo influência ou tendo

pouca influência na decisão de entrar no mercado internacional, dentre as quais

destacamos :

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

78

- “As diferenças sociais, culturais, econômicas e de estilos de vida“ não teve

influência ou teve pouca influência para 53,2% das empresas pesquisadas;

- “A imagem de produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a preço e

qualidade” não teve influência ou teve pouca influência para 77,4% das empresa

pesquisadas;

- “A complexidade da legislação brasileira sobre comércio exterior para uma

operação de franquia” não teve influência ou teve pouca influência para 53,2%

das empresa pesquisadas;

- “O aumento da demanda no mercado brasileiro, prejudicando o atendimento ao

mercado externo” não teve influência ou teve pouca influência para 69,4% das

empresa pesquisadas;

- “A dificuldade de encontrar pontos comerciais adequados” não teve influência

ou teve pouca influência para 74,2% das empresa pesquisadas;

- “A concessão, por parte do país estrangeiro, de direitos de operação para a loja

franqueada” não teve influência ou teve pouca influência para 69,4% das

empresa pesquisadas.

Por fim foi verificado que para 58,1% das empresas “A dificuldade de

encontrar franqueados adequados” possui muita influência ou influência decisiva

na decisão de entrar no mercado internacional.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

79

Quadro IV.6

Percepção de Obstáculos por Empresas que Consideraram a Entrada noMercado Internacional, Tendo ou não Lojas no Exterior

VARIÁVEIS VALORES % RELATIVOS À INFLUÊNCIA

Não teve Pouca Alguma Muita Decisiva MÉDIA MEDIANA MODA

A falta de experiênciainternacional de sua empresa 22,6 25,8 16,1 12,9 22,6 2,911 3,0 2,0

A limitação de recursoshumanos e financeiros desua empresa para operar emoutro país

8,0 14,5 16,1 24,2 37,1 3,565 3,75 5,0

O risco de operação emmercados externos 16,1 27,4 24,2 22,6 9,7 2,887 3,0 3,0

As diferenças sociais,culturais, econômicas e deestilos de vida

29,0 24,2 17,7 17,8 11,3 2,645 2,5 3,0

A imagem de produtosbrasileiros no exterior (noque diz respeito a preço equalidade)

50,0 27,4 6,5 9,7 6,4 2,048 1,75 1,0

A complexidade dalegislação brasileira sobrecomércio exterior para umaoperação de franquia

33,8 19,4 12,9 16,2 17,7 2,702 2,5 1,0

O aumento da demanda nomercado brasileiro,prejudicando o atendimentoao mercado externo

61,3 8,1 4,8 14,5 11,3 2,145 1,5 1,0

A dificuldade de encontrarpontos comerciaisadequados

50,0 24,2 11,3 9,7 4,8 2,065 1,75 1,0

A dificuldade de encontrarfranqueados adequados 20,9 14,6 6,5 19,4 38,7 3,323 3,75 5,0

A concessão, por parte dopaís estrangeiro, de direitosde operação para a sua lojafranqueada

51,6 17,8 9,7 12,9 8,0 2,169 1,5 1,0

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

80

IV.1.7 - PERCEPÇÃO DE OBSTÁCULOS POR EMPRESAS QUE CONSIDERA-

RAM A ENTRADA NO MERCADO INTERNACIONAL MAS NÃO TEM

LOJAS NO EXTERIOR

Em seguida pesquisamos as mesmas variáveis descritas no item anterior

somente junto a empresas franqueadoras que já consideraram a entrada no

mercado internacional mas não possuem lojas no exterior. Os resultados desta

análise foram similares aos resultados da análise anterior, confirmando as

percepções das empresa em relação às variáveis apresentadas.

Assim como aconteceu na análise anterior, também foi verificado um alto

percentual (66,0%) de empresas pesquisadas que acham que “A limitação de

recursos humanos e financeiros de sua empresa para operar em outro país”

possui muita influência ou influência decisiva na decisão de internacionalizar suas

atividades.

Similarmente à análise anterior algumas variáveis novamente foram

consideradas como não tendo influência ou tendo pouca influência na decisão de

entrar no mercado internacional, dentre as quais destacamos :

- “As diferenças sociais, culturais, econômicas e de estilos de vida” não teve

influência ou teve pouca influência para um alto percentual (60,0%) de empresas

pesquisadas;

- “A imagem de produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a preço e

qualidade” não teve influência ou teve pouca influência para a grande maioria

(84,0%) das empresas pesquisadas;

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

81

- “O aumento da demanda no mercado brasileiro, prejudicando o atendimento ao

mercado externo” não teve influência ou teve pouca influência para 70,0% das

empresas pesquisadas;

- “A dificuldade de encontrar pontos comerciais adequados” não teve influência

ou teve pouca influência para 74,0% das empresas pesquisadas;

- “A concessão, por parte do país estrangeiro, de direitos de operação para a loja

franqueada” não teve influência ou teve pouca influência para a 70,0% das

empresas pesquisadas.

Por fim foi verificado que para o mesmo percentual de empresas

pesquisadas no item anterior (58,0%) “A dificuldade de encontrar franqueados

adequados” possui muita influência ou influência decisiva na decisão de entrar no

mercado internacional.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

82

Quadro IV.7

Percepção de Obstáculos por Empresas que Consideraram a Entrada no

Mercado Internacional mas não Tem Lojas no Exterior

VARIÁVEIS VALORES % RELATIVOS À INFLUÊNCIA

Não teve Pouca Alguma Muita Decisiva MÉDIA MEDIANA MODA

A falta de experiênciainternacional de sua empresa 22,0 22,0 16,0 14,0 26,0 3,05 3,0 1,5

A limitação de recursoshumanos e financeiros desua empresa para operar emoutro país

8,0 8,0 18,0 24,0 42,0 3,71 4,0 5,0

O risco de operação emmercados externos 18,0 26,0 26,0 22,0 8,0 2,85 3,0 3,0

As diferenças sociais,culturais, econômicas e deestilos de vida

34,0 26,0 12,0 20,0 8,0 2,51 2,25 1,0

A imagem de produtosbrasileiros no exterior (noque diz respeito a preço equalidade)

54,0 30,0 6,0 4,0 6,0 1,93 1,5 1,0

A complexidade dalegislação brasileira sobrecomércio exterior para umaoperação de franquia

34,0 22,0 10,0 16,0 18,0 2,68 2,5 1,0

O aumento da demanda nomercado brasileiro,prejudicando o atendimentoao mercado externo

64,0 6,0 0,0 16,0 14,0 2,17 1,5 1,0

A dificuldade de encontrarpontos comerciaisadequados

56,0 18,0 10,0 10,0 6,0 2,03 1,5 1,0

A dificuldade de encontrarfranqueados adequados 24,0 12,0 6,0 16,0 42,0 3,32 4,0 5,0

A concessão, por parte dopaís estrangeiro, de direitosde operação para a sua lojafranqueada

50,0 20,0 10,0 10,0 10,0 2,18 1,75 1,0

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

83

IV.1.8 - MOTIVOS QUE LEVARAM À ABERTURA DE LOJAS NO EXTERIOR

Por fim pesquisamos as empresas franqueadoras que já consideraram a

entrada no mercado internacional e já possuem lojas no exterior. Este estudo foi

feito considerando-se outras variáveis, descritas no Quadro IV.8.

Como o universo de empresas que efetivamente possuem lojas no exterior

é pequeno, optamos por apresentar no Quadro seguinte as freqüências absolutas

para cada uma das variáveis.

Algumas variáveis foram consideradas como tendo muita influência ou

influência decisiva na decisão de entrar no mercado internacional, dentre as quais

destacamos :

- A “Existência de mercados externos com grandes oportunidades de

crescimento” teve muita influência ou influência decisiva para 7 empresas

pesquisadas;

- O “Desejo da empresa de expandir e/ou aumentar os lucros” teve muita

influência ou influência decisiva para 11 empresas pesquisadas;

- O “Desejo da empresa se tornar conhecida em outros países” teve muita

influência ou influência decisiva para 9 empresas pesquisadas.

Verificou-se também que para 9 empresas pesquisadas “Escapar a

pressões dos concorrentes no mercado brasileiro” não teve influência ou teve

pouca influência, assim como esta mesma percepção em relação a “Proximidade

física de outros países” foi encontrada em 7 empresas.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

84

Finalmente verificamos que 6 empresas pesquisadas acham que a

“Redução de custos através de maior nº de lojas” ” não teve influência ou teve

pouca influência.

Quadro IV.8

Motivos que Levaram à Abertura de Lojas no Exterior

VARIÁVEIS VALORES % RELATIVOS À INFLUÊNCIA

Não teve Pouca Alguma Muita Decisiva MÉDIA MEDIANA MODA

Escapar a pressões dosconcorrentes no mercadobrasileiro

5 4 0 1 0 1,7 1,5 1,0

Proximidade física de outrospaíses 4 3 1 1 1 2,2 2,0 1,0

Semelhança de hábitos ecostumes entre o Brasil e opaís estrangeiro

2 0 3 2 3 3,3 3,25 3,0

Existência de mercadosexternos com grandesoportunidades decrescimento

0 1 2 3 4 3,9 4,0 4,0

Pedidos de informação epropostas de candidatos afranqueados

2 3 1 3 1 2,9 2,75 4,0

Economias de escala 2 2 2 1 2 2,778 3,0 1,0

Redução de custos atravésde maior nº de lojas 5 1 2 1 1 2,1 1,5 1,0

Desejo da empresa deexpandir e/ou aumentar oslucros

0 0 0 6 5 4,364 4,0 4,0

Desejo da empresa se tornarconhecida em outros países 0 1 1 3 6 4,182 4,5 5,0

Redução do risco de operarem um único mercado 2 1 1 3 3 3,3 3,75 1,0

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

85

Dos 90 questionários válidos 3 não responderam à variável “Economias deescala” e 1 não respondeu às variáveis “Desejo da empresa de expandir e/ouaumentar os lucros” e “Desejo da empresa se tornar conhecida em outrospaíses”. Para as demais variáveis, dos 90 quastionários válidos 2 nãoapresentaram resposta.

IV.2 - TESTE DE HIPÓTESES

Teste da Hipótese 1

Hipótese 1 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o tamanho da empresa, medido pelo número de funcionários.

Foi realizado o teste da hipótese 1 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o número

de funcionários da seguinte forma :

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior, e que tenham até 50 funcionários. Este

grupo foi formado por 26 empresas;

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior, e que tenham mais de 50 funcionários.

Este grupo foi formado por 24 empresas.

O resultado do teste de hipóteses permitiu rejeitar a hipótese nula,

obtendo-se um lambda de Wilks de 0,8554, qui-quadrado de 7,421 com 1 grau de

liberdade e probabilidade de 0,0064 de se haver erroneamente rejeitado a

hipótese nula.

Uma variável foi selecionada pelo método passo a passo : “Risco de

operação em mercados externos”. A média obtida para o Grupo 1 foi de 2,63 (ou

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

86

seja, equivalente a “Teve pouca influência”) e para o Grupo 2 a média foi de 3,40

(ou seja, equivalente a “Teve muita influência”).

Isto significa dizer que “O risco de operação em mercados externos” é

percebido de forma significativamente diferente pelos dois grupos, com as

empresas maiores considerando-o muito mais importante no processo decisório

sobre a abertura de lojas no exterior do que as empresas menores.

Poderíamos interpretar este resultado levando-se em conta que as

empresas “maiores” (com mais de 50 funcionários) já devem possuir uma

operacionalização mais complexa que as empresas “menores” (com menos de 50

funcionários) no âmbito nacional. Assim, parece razoável que as empresas

“maiores” entendam que , ao internacionalizar suas atividades, os riscos de

operação poderiam aumentar, uma vez que suas atividades estariam sendo

desenvolvidas em um ambiente desconhecido se comparado ao ambiente

doméstico.

Foi feita uma nova análise, dividindo-se a amostra aleatoriamente em duas

partes. Utilizou-se a primeira parte da amostra para gerar uma nova equação

discriminante, que foi aplicada à segunda metade. Calculou-se então a

percentagem de casos corretamente classificados, que foi de 53,85%, o que

significa uma melhora de 7,7% sobre a proporção probabilisticamente esperada

de 50,0%, obtida aplicando-se a fórmula :

Cpro = (p)(p) + (1-p)(1-p)

Para o Grupo 1 = 13 casos = 50,0%;

Para o Grupo 2 = 13 casos = 50,0%;

Cpro = 50,0%

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

87

Teste da Hipótese 2

Hipótese 2 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o percentual de lojas próprias em relação ao número total de lojas da

empresa.

Foi realizado o teste da hipótese 2 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o

percentual de lojas próprias em relação ao número total de lojas da empresa, da

seguinte forma :

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham um percentual de lojas

próprias em relação ao número total de lojas de até 40%. Este grupo é

composto por 40 empresas;

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham um percentual de lojas

próprias em relação ao número total de lojas de mais de 40%. Este grupo é

composto por 19 empresas.

O resultado do teste de hipóteses permitiu rejeitar a hipótese nula,

obtendo-se um lambda de Wilks de 0,8604, qui-quadrado de 8,419 com 2 graus

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

88

de liberdade e probabilidade de 0,0149 de se haver erroneamente rejeitado a

hipótese nula.

Duas variáveis foram selecionadas pelo método passo a passo. A primeira

delas foi “ A dificuldade de encontrar pontos comerciais adequados”, cujas

médias obtidas foram 2,30 (equivalente a “Teve pouca influência”) para o Grupo 1

e 1,66 (equivalente a “Não teve influência”) para o Grupo 2.

Este obstáculo, embora apresente médias para os Grupos 1 e 2

significativamente diferentes, possui uma amplitude de diferença muito pequena,

pois as expressões correspondentes às médias dos grupos - “Teve pouca

influência” (Grupo 1) e “Não teve influência” (Grupo 2) - denotam que houve

proximidade nas percepções dos 2 grupos.

A segunda variável selecionada foi “A falta de experiência internacional da

empresa”, cujas médias obtidas foram 2,68 (equivalente a “Teve pouca

influência”) para o Grupo 1 e 3,37 (equivalente a “Teve muita influência”) para o

Grupo 2.

Podemos observar que o obstáculo “A falta de experiência internacional da

empresa” é percebido de forma significativamente diferente pelos dois grupos,

com as empresas que possuem percentual de lojas próprias sobre o número total

de lojas de mais de 40% (Grupo 2) considerando-o muito mais importante do que

aquelas com percentual de lojas próprias sobre o número total de lojas de até

40% (Grupo 1).

Uma interpretação para estes resultados seria que as empresas que

possuem um alto percentual de lojas próprias em relação ao número total de lojas

(Grupo 2) teriam a tendência de exercer um maior controle sobre as unidades

próprias e franqueadas, mesmo que estas lojas estivessem localizadas no

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

89

exterior. Isto provavelmente se daria através do estabelecimento de mais

unidades próprias, o que reforçaria sua característica de alto percentual de lojas

próprias em relação ao número total de lojas, de maneira que “A falta de

experiência internacional da empresa” é visto como um obstáculo de muita

importância, pois a dificuldade da falta de experiência não seria delegada a um

franqueado, e sim a uma unidade própria.

Além disso, empresas com pequeno percentual de lojas próprias em

relação ao número total de lojas podem não se importar com a falta de

experiência internacional da empresa, pois teriam a tendência de suprir esta

deficiência com um franqueado local, de maneira que esta variável não exerceria

influência na decisão de internacionalizar as atividades da empresa.

Na análise seguinte, ao se dividir a amostra utilizando-se o split-half, não

se obteve resultados significativos.

Teste da Hipótese 3

Hipótese 3 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o ramo de atividade da empresa (produto ou serviço).

Foi realizado o teste da hipótese 3 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o ramo de

atividade da empresa (produto ou serviço) da seguinte forma :

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que comercializem produtos. Este grupo

foi formado por 38 empresas;

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

90

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que comercializem serviços. Este grupo

foi formado por 23 empresas.

O resultado do teste de hipóteses permitiu rejeitar a hipótese nula,

obtendo-se um lambda de Wilks de 0,7431, qui-quadrado de 17,223 com 2 graus

de liberdade e probabilidade de 0,0002 de se haver erroneamente rejeitado a

hipótese nula.

Duas variáveis foram selecionadas pelo método passo a passo. A primeira

delas foi “A complexidade da legislação brasileira sobre comércio exterior para

uma operação de franquia”, que apresentou média 3,18 (equivalente a “Teve

alguma influência”) para o Grupo 1 e média 1,93 (equivalente a “Teve pouca

influência”) para o Grupo 2.

A segunda variável selecionada foi “A imagem dos produtos brasileiros no

exterior no que diz respeito a preço e qualidade”, que apresentou média 2,39

(equivalente a “Teve pouca influência”) para o Grupo 1 e média 1,48 (equivalente

a “Não teve influência”) para o Grupo 2.

Podemos observar que a variável “A complexidade da legislação brasileira

sobre comércio exterior para uma operação de franquia”, embora apresente

médias significativamente diferentes, possui uma pequena amplitude de

diferença, já que as empresas que comercializam produtos tiveram média 3,18

(equivalente a “teve alguma influência“) e as empresas que comercializam

serviços tiveram média 1,93 (equivalente a “teve pouca influência“ na decisão de

entrar no mercado internacional).

Da mesma maneira, embora as médias dos Grupos 1 e 2 sejam

significativamente diferentes para a variável “A imagem dos produtos brasileiros

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

91

no exterior no que diz respeito a preço e qualidade”, a amplitude da diferença

também é pequena, já que o Grupo 1 - empresas que comercializem produtos -

teve média 2,39 (equivalente a “Teve pouca influência”) e o Grupo 2 - empresas

que comercializam serviços - teve média 1,48 (equivalente a “Não teve

influência”).

É natural que “A imagem dos produtos brasileiros no exterior no que diz

respeito a preço e qualidade” não tenha exercido influência sobre empresas de

serviços. No entanto, como os produtos brasileiros tradicionalmente não possuem

boa imagem de qualidade no exterior, causa espanto este obstáculo ter exercido

“pouca influência” no processo decisório para internacionalização das empresas

que comercializam produtos. Teríamos duas interpretações para este resultado.

A primeira delas seria que as empresas pesquisadas podem trabalhar com

produtos de excelente qualidade, bem acima da média de qualidade dos produtos

nacionais, daí o fato de não existir preocupação quanto à imagem de seus

produtos.

A segunda interpretação seria que, quando se pensa em internacionalizar

as atividades de uma empresa franqueadora brasileira, é provável que os

primeiros estudos sejam feitos junto aos países vizinhos do Mercosul. Neste

caso, a imagem quanto à qualidade dos produtos brasileiros não seria tão

questionada quanto se o país no qual a empresa fosse expandir suas atividades

fosse, por exemplo, os Estados Unidos ou um país europeu.

Ao dividir a amostra aleatoriamente em duas partes para a realização de

uma nova análise utilizou-se a primeira parte da amostra para gerar uma nova

equação discriminante, que foi aplicada à segunda metade. Calculou-se então a

percentagem de casos corretamente classificados, que foi de 70,0%, o que

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

92

significa uma melhora de 40,0% sobre a proporção probabilisticamente esperada

de 50,0%, que foi obtida aplicando-se novamente a fórmula :

Cpro = (p)(p) + (1-p)(1-p)

Para o Grupo 1 = 15 casos = 50,0%;

Para o Grupo 2 = 15 casos = 50,0%;

Cpro = 50,0%

Teste da Hipótese 4

Hipótese 4 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número total de lojas da empresa.

Foi realizado o teste da hipótese 4 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o número

total de lojas, da seguinte forma :

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham até 10 lojas. Este grupo foi

formado por 18 empresas;

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham mais de 10 lojas. Este grupo

foi formado por 41 empresas.

O resultado do teste de hipóteses permitiu rejeitar a hipótese nula,

obtendo-se um lambda de Wilks de 0,9349, qui-quadrado de 3,806 com 1 grau de

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

93

liberdade e probabilidade de 0,0511 de se haver erroneamente rejeitado a

hipótese nula.

Uma variável foi selecionada pelo método passo a passo : “A imagem dos

produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a preço e qualidade”. A média

obtida para o Grupo 1 foi 1,58 (equivalente a “Não teve influência”) e para o

Grupo 2 a média encontrada foi 2,22 (equivalente a “Teve pouca influência”).

Como aconteceu em outras hipóteses, embora as médias dos Grupos 1 e

2 sejam significativamente diferentes para a variável selecionada, a amplitude da

diferença também é pequena, uma vez que para empresas com até 10 lojas o

obstáculo “A imagem dos produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a

preço e qualidade” não teve influência, e para empresas com mais de 10 lojas

este obstáculo teve pouca influência no processo decisório de

internacionalização.

Ao se realizar a análise do tipo split-half, os resultados obtidos não

permitiram testar a função discriminante, já que as variáveis não se qualificaram

para a análise.

Teste da Hipótese 5

Hipótese 5 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número de lojas próprias da empresa.

Foi realizado o teste da hipótese 5 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o número

de lojas próprias da empresa, da seguinte forma :

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

94

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham até 10 lojas próprias. Este

grupo foi composto por 49 empresas.

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham mais de 10 lojas próprias.

Este grupo foi composto por 10 empresas.

O resultado do teste de hipóteses permitiu rejeitar a hipótese nula,

obtendo-se um lambda de Wilks de 0,9286, qui-quadrado de 4,188 com 1 grau de

liberdade e probabilidade de 0,0407 de se haver erroneamente rejeitado a

hipótese nula.

A variável “A complexidade da legislação brasileira sobre comércio exterior

para uma operação de franquia” foi selecionada pelo método passo a passo. A

média obtida para o Grupo 1 foi 2,56 (equivalente a “Teve pouca influência”) e

para o Grupo 2 a média encontrada foi 3,55 (equivalente a “Teve muita

influência”).

Isto significa dizer que este obstáculo é percebido de forma bastante

diferente pelos dois grupos, com as empresas com maior número de lojas

próprias considerando-o muito mais importante do que as empresas com menor

número de lojas próprias.

Ao dividir a amostra aleatoriamente em duas partes para a realização de

uma nova análise utilizou-se a primeira parte da amostra para gerar uma nova

equação discriminante, que foi aplicada à segunda metade. Calculou-se então a

percentagem de casos corretamente classificados, que foi de 67,86%, o que

significa uma decréscimo de 10,12% sobre a proporção probabilisticamente

esperada de 75,5%. Como, ao se realizar o split da amostra, verificou-se que o

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

95

resultado da proporção de classificações corretas (67,86%) é pior que o nível

probabilisticamente esperado (75,5%), a função discriminante não se justifica.

A proporção probabilisticamente esperada foi obtida aplicando-se mais

uma vez a fórmula :

Cpro = (p)(p) + (1-p)(1-p)

Para o Grupo 1 = 24 casos = 85,71%;

Para o Grupo 2 = 4 casos = 14,29%;

Cpro = (85,71%)(85,71%) + (14,29%)(14,29%) = 75,5%

Teste da Hipótese 6

Hipótese 6 : Existe uma relação entre a percepção de obstáculos por empresas

que consideraram a entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no

exterior, e o número de lojas franqueadas da empresa.

Foi realizado o teste da hipótese 6 utilizando-se a análise linear de

discriminantes - método stepwise. Os grupos foram divididos segundo o número

de lojas franqueadas da empresa, da seguinte forma :

• Grupo 1: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham até 10 lojas franqueadas.

Este grupo foi formado por 25 empresas;

• Grupo 2: empresas que consideraram a entrada no mercado internacional,

possuindo ou não lojas no exterior e que tenham mais de 10 lojas franqueadas.

Este grupo foi formado por 34 empresas.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

96

Os resultados do teste de hipóteses não permitiram rejeitar a hipótese

nula.

Apresenta-se a seguir o Quadro IV.9, com o sumário do teste de hipóteses.

Quadro IV.9

Sumário do Teste de HipótesesHipótese Resultado do Teste Variáveis Selecionadas

1 significativo

p = 0,0064

“Risco de operação em mercados externos”

Grupo 1 : pouca influência

Grupo 2 : muita influência

2 significativo

p = 0,0149

“Dificuldade de encontrar pontos comerciais adequados”

Grupo 1 : pouca influência

Grupo 2: não teve influência

“A falta de experiência internacional da empresa”

Grupo 1: pouca influência

Grupo 2: muita influência

3 significativo

p = 0,0002

“A complexidade da legislação brasileira s/ com. exteriorp/ uma operação de franquia”

Grupo 1 : alguma influência

Grupo 2: pouca influência

“A imagem de prod . brasileiros no exterior no que dizrespeito a preço e qualidade”

Grupo 1: pouca influência

Grupo 2: não teve influência

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

97

4 significativo

p = 0,0511

“A imagem de prod . brasileiros no exterior no que dizrespeito a preço e qualidade”

Grupo 1: não teve influência

Grupo 2: pouca influência

5 significativo

p = 0,0407, mas afunção

discriminante nãose justifica

“A complexidade da legislação brasileira s/ com. exteriorp/ uma operação de franquia”

Grupo 1 : pouca influência

Grupo 2: muita influência

6 não significativo não houve variável selecionada

CAPÍTULO V

SUMÁRIO E CONCLUSÕES

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

98

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

99

V - SUMÁRIO E CONCLUSÕES

V.1 - SUMÁRIO DO ESTUDO

O objetivo deste estudo foi verificar se existe alguma relação entre a

percepção de obstáculos por empresas franqueadoras que consideraram a

entrada no mercado internacional, possuindo ou não lojas no exterior, e

determinadas características das empresas : tamanho, ramo de atividade,

número total de lojas, número de lojas próprias e franqueadas e percentual de

lojas próprias em relação ao número total de lojas da empresa.

Foram formuladas seis hipóteses, sendo que cada uma delas foi testada

analisando-se o grau de influência percebido pela empresa franqueadora em

relação a dez variáveis discriminantes, que foram extraídas dos diversos estudos

apresentados na revisão de literatura.

O teste da primeira hipótese permitiu rejeitar a hipótese nula, verificando-

se que as empresas maiores (com mais de 50 funcionários) perceberam “O risco

de operação em mercados externos” como sendo muito mais importante no

processo decisório sobre a abertura de lojas no exterior do que as empresas

menores (com menos de 50 funcionários).

O teste da segunda hipótese também rejeitou a hipótese nula, embora

tanto as empresas com um prercentual de lojas próprias em relação ao número

total de lojas de até 40% como aquelas com mais de 40% tenham apresentado

uma proximidade nas percepções em relação à “Dificuldade de encontrar pontos

comerciais adequados” (“pouca influência”/“não teve influência” no processo

decisório de internacionalização).

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

100

Já “A falta de experiência internacional da empresa” foi percebido de forma

significativamente diferente pelos dois grupos, com as empresas que possuem

percentual de lojas próprias sobre o número total de lojas de mais de 40%

considerando-o muito mais importante do que aquelas com percentual de lojas

próprias sobre o número total de lojas de até 40%.

Para a terceira hipótese também houve rejeição da hipótese nula, embora

tanto as empresas que comercializam produtos quanto aquelas que

comercializam serviços tenham apresentado uma proximidade nas percepções

em relação à “Complexidade da legislação brasileira sobre comércio exterior para

uma operação de franquia” (“alguma influência”/“pouca influência”) e à “Imagem

dos produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a preço e qualidade”

(“pouca influência”/“não teve influência” no processo decisório de

internacionalização).

O teste da quarta hipótese permitiu rejeitar a hipótese nula, embora tanto

as empresas com até 10 lojas quanto aquelas com mais de 10 lojas tenham

apresentado uma proximidade nas percepções em relação à “Imagem dos

produtos brasileiros no exterior no que diz respeito a preço e qualidade” (“não

teve influência”/“pouca influência” no processo decisório de internacionalização).

Nos testes da quinta e da sexta hipóteses os resultados não permitiram

rejeitar a hipótese nula.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

101

V.2 - CONCLUSÕES

O presente estudo chegou às seguintes conclusões :

O tamanho das empresas pesquisadas, medido pelo número de

funcionários, parece estar associado à percepção do risco de operação em

mercados externos, de maneira que empresas com mais de 50 funcionários

percebem este obstáculo como sendo muito mais importante no processo

decisório sobre a abertura de lojas no exterior do que as empresas com menos

de 50 funcionários.

Assim, as empresas com mais de 50 funcionários parecem confirmar o

estudo de Hoffman & Preble (1991) descrito no item II.3.4 (Barreiras e Problemas

para a Internacionalização do Sistema de Franquias) da Revisão de Literatura,

que afirma que o risco de operação em mercados externos parece inibir o

processo de internacionalização através do sistema de franquias.

O percentual de lojas próprias em relação ao número total de lojas parece

estar associado à falta de experiência internacional da empresa, de maneira que

empresas com até 40% de lojas próprias percebem este obstáculo como sendo

muito menos importante no processo decisório sobre a abertura de lojas no

exterior do que as empresas com mais de 40% de lojas próprias.

O fato de as empresas com até 40% de lojas próprias em relação ao

número total de lojas perceberem a falta de experiência internacional como

menos importante no processo decisório de internacionalizar suas atividades não

está de acordo com o estudo de Hoffman & Preble (1991) anteriormente

mencionado.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

102

Ao se pesquisar tanto o número de lojas próprias, quanto o número de

lojas franqueadas da empresa, e suas relações com a percepção de obstáculos à

internacionalização não foram obtidos resultados significativos.

No entanto, a relação entre tanto o ramo de atividade quanto o número

total de lojas da empresa e a percepção de obstáculos à internacionalização de

franquias, embora estatisticamente significativa para alguns obstáculos

específicos, não foi capaz de explicar a posição de diferentes empresas sobre o

conjunto de obstáculos à internacionalização de suas franquias.

É possível especular sobre os motivos pelos quais isto teria ocorrido. Em

primeiro lugar, outras variáveis, que não aquelas estudadas, podem ter maior

influência sobre as percepções dos entrevistados quanto à internacionalização de

suas franquias, como, por exemplo, variáveis relativas aos valores, atitudes e

comportamento do dirigente das empresas, variáveis estas que não poderiam ser

avaliadas com a metodologia empregada neste estudo.

Em segundo lugar, é possível que muitos respondentes não tivessem

considerado em profundidade a questão da internacionalização de suas

empresas, afetando assim as respostas dadas.

O estudo não chegou a conclusões significativas quanto aos motivos que

levam à internacionalização de franquias, pois apenas 12 entre os 90

respondentes com questionários válidos já haviam instalado lojas no exterior.

Mesmo assim, há alguns indícios valiosos para posteriores investigações sobre o

tema. Por exemplo, um motivo indicado pela quase totalidade dos respondentes

foi o “Desejo da empresa de expandir e/ou aumentar os lucros”, que teve muita

influência ou influência decisiva no processo decisório para internacionalização

das atividades das empresas pesquisadas.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

103

Também chamou atenção o “Desejo da empresa se tornar conhecida em

outros países”, que teve muita influência ou influência decisiva para a maioria

das empresas pesquisadas, ao passo que “Escapar a pressões dos concorrentes

no mercado brasileiro” não teve influência ou teve pouca influência para a

maioria.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

104

V.3 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Ao longo do desenvolvimento deste estudo algumas questões foram

identificadas como sendo pertinentes a um estudo mais detalhado.

A primeira delas refere-se à necessidade de uma análise mais profunda

das empresas que expandiram internacionalmente suas atividades através da

abertura de franquias em países vizinhos, buscando verificar os principais

elementos motivadores bem com as principais dificuldades encontradas neste

processo.

Com o fortalecimento das relações comerciais entre os países do Mercosul

é natural que grandes franqueadores norte-americanos busquem internacionalizar

suas atividades para os países vizinhos ao Brasil. Assim, outra sugestão seria um

estudo de competitividade confrontando empresas franqueadoras brasileiras e

norte-americanas, identificando os pontos fortes e fracos de cada uma delas.

Outro estudo poderia suprir a lacuna identificada por Huszagh, Huszagh &

McIntyre [1], que diz respeito ao entendimento teórico de como variáveis do tipo

experiência, tamanho e categoria de produto/serviço diferem entre franqueadores

focados para o mercado doméstico e internacional.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

105

BIBLIOGRAFIA

Ackerman, D.J. et al. Determinants of Internationalization of Franchise

Operations by US Franchisors. International Marketing Review, Vol. 11,

N°4, p. 56-68, 1994.

Andersen, O. On the Internationalization Process of Firms : A Critical Analysis.

Journal of International Business Studies, Vol. 24, N°2, p. 209-231, 1993.

Andrews, E.L. European Franchisors go Global. Europe, p. 18-19, Junho 1988.

Aydin, N.; Kacker, M. International Outlook of US-based Franchisers.

International Marketing Review, Vol. 7, N°2, p. 43-53, 1990.

Ayling, D. Franchising in the U.K. The Quarterly Review of Marketing, Summer,

pp. 19-24, 1988. Apud Bradley, F. International Marketing Strategy. New

York : Prentice Hall, 1991. 554p.

Bescós, M. Factoring y Franchising : Nuevas Técnicas de Dominio de los

Mercados Exteriores. Madrid : Ediciones Pirámide, 1990. 263p.

Bilkey, W.J.; Tesar, G. The Export Behavior of Smaller Wisconsin Manufacturing

Firms. Journal of International Business Studies, Vol. 9, Spring-Summer, p. 93-

98, 1977.

Bradley, F. International Marketing Strategy. New York : Prentice Hall, 1991.

554p.

Cavusgil, S.T. On the Internationalization Process of Firms. European Research,

Vol. 8, November, p. 273-281, 1980.

Contractor, F. The Role of Licensing in International Strategy. Columbia Journal

of World Business, Vol. 16, Winter, pp. 73-83, 1981. Apud Huszagh, S.M.;

Huszagh, F.W.; McIntyre, F.S. International Franchising in the Context of

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

106

Competitive Strategy and the Theory of the Firm. International Marketing

Review, Vol. 9, N°5, p. 5-18, 1992.

Crisp, Richard D. Marketing Research. New York : McGraw-Hill, 1957. cap. 2,

pp. 193-194.

Czinkota, M.R. Export Development Strategies : US Promotion Policies. New

York : Praeger Publishers, 1982.

D’Amico, Victor L. Marketing Research. Toronto : McGraw -Hill, 1969. cap. 4, pp.

38.

Davidson, W.R.; Doody, A.F.; Sweeney,D.J. Retailing Management. 4th ed. New

York : The Ronald Press Company, 1975. cap. 3, pp. 68-70.

Digman, L.A. Strategic Management : Concepts, Decisions, Cases. Business

Publications, Inc., Plano, TX. 1986.

Eroglu, S. The Internationalization Process of Franchise Systems : A Conceptual

Model. International Marketing Review, Vol. 9, N°5, p. 19-30, 1992.

Gilman, A.L. Franchising : an International Frontier. Chain Store Age Executive,

Vol. 68, N°6, p. 70, 1992.

Hair Jr., J.F.; Anderson, R.E.; Tatham, R.L.; Grablowsky, B.J. Multivariate Data

Analysis With Readings. New Jersey: Prentice Hall, 1979.

Hardy, K. Marketing Channel Management. Glenview : Scott, Foresman and

Company, 1988.

Hoffman, R.C.; Preble, J.F. Franchising : Selecting a Strategy for Rapid Growth.

Long Range Planning, Vol. 24, N°4, p. 74-85, 1991.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

107

Huszagh, S.M.; Huszagh, F.W.; McIntyre, F.S. International Franchising in the

Context of Competitive Strategy and the Theory of the Firm. International

Marketing Review, Vol. 9, N°5, p. 5-18, 1992.

Johanson, J.; Vahlne, J.E. The Internationalization Process of the Firm - A Model

Knowledge Development and Increasing Foreign Market Commitments.

Journal of International Business Studies, Vol. 8, Spring-Summer, p. 23-32,

1977.

Johanson, J.; Wiedersheim-Paul, F. The Internationalization of the Firm - Four

Swedish Cases. Journal of Management Studies, Vol. 12, N°3, p. 305-322,

1975.

Kotler, P.; Armstrong, G. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro : Prentice-Hall,

1993. cap. 14, pp. 248-251.

Lawson, R. Discriminant Analysis: An Aid to Market Segment Description.

European Journal of Marketing, v.14, p. 387-396, July 1980.

Mascarenhas, B. International Strategies of Non-Dominant Firms. Journal of

International Business Studies, Vol. 17, Spring, pp. 1-25, 1986. Apud

Huszagh, S.M.; Huszagh, F.W.; McIntyre, F.S. International Franchising in

the Context of Competitive Strategy and the Theory of the Firm. Op cit.

Mauro, P.C. Guia do Franqueador : Como Crescer Através do Franchising. São

Paulo: Nobel, 1994. 260p.

Preble, J.F. Global Expansion : The Case of U.S. Fast-Food Franchisors.

Journal of Global Marketing, Vol. 6(1/2), p. 185-205, 1992.

Reid, S.D. The Decision-Maker and Export Entry and Expansion. Journal of

International Business Studies, Vol. 12, Fall, p. 101-112, 1981.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

108

Root, F. Entry Strategies for International Markets. Lexington, MA, Lexington

Books, 1987.

Salmon, W.J.; Tordjman, A. The Internationalization of Retailing. International

Journal of Retailing, Vol. 4, N°2, p. 3-15, 1989.

Seltz, D.B. The Complete Book of Franchising, Addison-Wesley, Reading, MA.

1982, pp. 1-8. Apud Preble, J.F. Global Expansion : The Case of U.S. Fast-

Food Franchisors. Op cit.

Welch, L.S. Developments in International Franchising. Journal of

GlobalMarketing, Vol. 6(1/2), p. 81-96, 1992.

Welch, L.S.; Luostarinen, R. Internationalization : Evolution of a Concept. Journal

of General Management, Vol. 14, N°2 (Winter), p. 34-55, 1988. Apud Welch,

L.S. Developments in International Franchising. Op. cit.

Wentz, Walter B. Marketing Research : Management and Methods. New York :

Harper & Row, Publishers, Inc., 1972. cap. 5, pp. 83.

Withane, S. Franchising and Franchisee Behavior : An Examination of Opinions,

Personal Characteristics, and Motives of Canadian Franchisee Entrepreneurs. `

Journal of Small Business Management, Vol. 29, N°1, p. 22-29, 1991.

Whitehead, M.B. Internationalization of Retailing : Developing New Perspectives.

European Journal of Marketing, Vol. 26, N°8/9, p. 74-79, 1992.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

109

ANEXOS

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

110

ANEXO 1 - Questionário estruturado enviado àsempresas franqueadoras

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000
Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000
Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

113

ANEXO 2 - Carta enviada às empresas franqueadoras

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE … · ... O processo de internacionalização do sist ... sistema de franquias na economia mundial e mostrando o ... de mais de 4000

114

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1997.

Prezado senhor,

O Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - COPPEAD -

da Universidade Federal do Rio de Janeiro, preocupado com as grandes

questões relativas à globalização e seus impactos sobre a economia brasileira,

está desenvolvendo importante estudo sobre a internacionalização das empresas

brasileiras da área de franquia. Este trabalho se insere em pesquisa desenvolvida

pelo CIMaR - Consortium for International Marketing Research, uma associação

de pesquisadores de vários países, ao qual serão apresentados os resultados

desta pesquisa.

Neste sentido, gostaríamos de contar com sua colaboração, preenchendo

o questionário em anexo e devolvendo-nos por correio no envelope pré-selado

que o acompanha, ou por fax (021-270-1890 ou 021-270-3848), à atenção da

Profª Angela da Rocha - Núcleo de Excelência em Negócios Internacionais.

Agradecemos desde já sua contribuição, que permitirá reunir sua

experiência à de outras grandes empresas brasileiras. Todas as informações

prestadas por V. Sa. serão consideradas estritamente confidenciais e os

resultados apresentados de forma agregada, de forma a tornar impossível a

identificação de respostas individuais.

Estamos certo de que sua participação permitirá uma melhor compreensão

da situação das empresas brasileiras franqueadoras.

Cordialmente,

Profª Dra. Angela da Rocha

Coordenadora do Núcleo de Excelência em Negócios Internacionais

Pesquisadora do CIMaR