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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM NÚCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM HOSPITALAR ANTONIA MARIA DOS SANTOS SILVA REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A PACIENTES NA HEMODIÁLISE RIO DE JANEIRO 2017

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY

    COORDENAO DE PS-GRADUAO

    CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

    NCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM HOSPITALAR

    ANTONIA MARIA DOS SANTOS SILVA

    REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A

    PACIENTES NA HEMODILISE

    RIO DE JANEIRO

    2017

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE CINCIAS DA SADE

    ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY

    COORDENAO DE PS-GRADUAO

    CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

    NCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM HOSPITALAR

    REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A

    PACIENTES NA HEMODILISE

    Dissertao de Mestrado em Enfermagem da Escola

    de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal

    do Rio de Janeiro (UFRJ), Ncleo de Pesquisa

    Enfermagem Hospitalar do Departamento de

    Enfermagem Mdico Cirrgica.

    Aluna:

    Antonia Maria dos Santos Silva

    Orientadora:

    Prof. Dr. Slvia Teresa Carvalho de Araujo

    RIO DE JANEIRO

    2017

  • ANTONIA MARIA DOS SANTOS SILVA

    REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A

    PACIENTES NA HEMODILISE

    Dissertao de Mestrado em Enfermagem da Escola de

    Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio

    de Janeiro (UFRJ), Ncleo de Pesquisa Enfermagem

    Hospitalar do Departamento de Enfermagem Mdico

    Cirrgica.

    Aprovada em 30 de maro de 2017.

    Banca examinadora:

    Prof. Dr. SLVIA TERESA CARVALHO DE ARAUJO

    Escola de Enfermagem Anna Nery - UFRJ

    Prof. Dr. CLEOTILDE GARCIA-REZA

    Universidad Autonoma del Estado de Mexico

    Prof. Dr. FRANCES VALRIA DA COSTA E SILVA

    Faculdade de Enfermagem - UERJ

    Prof. Dr. JAQUELINE DA SILVA

    Escola de Enfermagem Anna Nery UFRJ

    Prof. Dr. JOYCE ARIMATEA BRANCO

    Faculdade de Enfermagem - UERJ

    Rio de Janeiro

    2017

  • DEDICATRIA

    A todos que me querem bem.

  • AGRADECIMENTOS

    Inicialmente a Deus que colocou pessoas especiais na minha vida que trouxeram

    oportunidades para o meu desenvolvimento.

    Prof. Dr. Silvia, minha orientadora, que alm dos ensinamentos forneceu apoio, amizade,

    pacincia, compreenso e estmulo, contribuindo imensamente para o meu desenvolvimento

    profissional e pessoal.

    minha famlia, especialmente minha me Adalvia, com seu apoio; ao meu esposo Edson

    com seu amor e compreenso de dividir o nosso quarto como ambiente de estudos; aos meus

    filhos Ananssa, Raphael e Ananda pelo apoio e principalmente pela ajuda nas atividades de

    informtica.

    todos os professores que compartilharam saberes e experincias, agradeo por mostrar o

    lado acadmico da Enfermagem.

    Aos colegas do grupo de estudos CEHCAC, especialmente Dris, Viviane, Alessandra,

    Bruna, Albert, Keila e Lidiane, pelo apoio, ajuda e dicas cientficas.

    Aos colegas de trabalho pelo incentivo.

    Aos funcionrios enfermeiros do HUCFF que me receberam muito bem.

    s secretrias da ps-graduao da EEAN e do CEP pela colaborao.

    Ao pessoal do HESFA e da EEAN, em especial da biblioteca setorial da ps-graduao, os

    vigilantes e os colaboradores dos servios gerais pelo atendimento atencioso.

  • Devemos ser livres no nico lugar onde no podemos ser prisioneiros

    Augusto Cury

  • RESUMO

    SILVA, A.M.S. Registros de Enfermagem: o planejamento dos cuidados a pacientes

    na hemodilise. 2017. 141f. Dissertao (Mestrado em Enfermagem) Escola de

    Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.2017

    Introduo: No pronturio do paciente os registros de enfermagem constituem uma

    forma de comunicao entre as equipes de enfermagem e multiprofissional na rea da sade.

    Durante a sesso de hemodilise so realizadas anotaes dos cuidados diretos ao paciente

    portador de Doena Renal Crnica. No hospital cenrio o Processo de Enfermagem

    informatizado est institucionalizado em todos os setores, com exceo do setor de

    hemodilise, ainda preenchido de forma manual. O presente estudo visa demonstrar como os

    registros de enfermagem esto sistematizados no setor de terapia renal substitutiva constituem

    demonstrativos do raciocnio diagnstico no planejamento da assistncia de enfermagem

    atuante no servio. Objetivos: analisar como a sistematizao dos registros refletem as

    intervenes nos cuidados de enfermagem institudos no servio de hemodilise, analisar

    como os registros levantados nos impressos institucionais refletem as intervenes de

    enfermagem na hemodilise e discutir como os registros se relacionam com a linguagem

    diagnstica de enfermagem preconizada como uma das etapas da sistematizao exigida.

    Metodologia: estudo de abordagem quantitativa, qualitativa descritiva e exploratria, com

    base na pesquisa dos registros de enfermagem do setor de hemodilise um hospital

    universitrio de grande porte, inicialmente explanados em planilhas de sistema Excel e

    posteriormente analisados no Programa R. os dados pesquisados em quarenta e oito

    pronturios ativos nos meses de junho e julho de dois mil e dezesseis. Resultados: observado

    nos registros analisados, as anotaes que indicavam os fatores relevantes necessrios para

    que o enfermeiro realizasse o planejamento da assistncia (diagnstico e intervenes)

    durante as sesses de hemodilise. Concluso: Nos registros levantados foram identificados

    os fatores que contribuem para a formulao do planejamento de enfermagem e concludo que

    o enfermeiro que atua em um setor complexo tem que apresentar peculiaridades para

    documentar em um pequeno espao para registro, a sistematizao e os diagnsticos que no

    esto claramente identificados devido falta de formulrio especfico, mas est implcito nas

    diversos registros realizados.

    Palavras chave: Registros de enfermagem. Hemodilise. Diagnsticos de enfermagem

  • ABSTRACT

    SILVA, A.M.S Nursing records: planning the care of patients on hemodialysis. Dissertation

    (Master in Nursing) Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de

    Janeiro. 2017

    Introduction: In the patient's chart, nursing records are a form of communication between the

    nursing and multiprofessional teams in the health area. During the hemodialysis session,

    direct care notes are made to the patient with Chronic Renal Disease. In the scenario hospital

    the computerized Nursing Process is institutionalized in all sectors, with the exception of the

    hemodialysis sector, still filled manually The present study aims to demonstrate how the

    nursing records are systematized in the renal replacement therapy sector are demonstrative of

    the diagnostic reasoning in the planning of the nursing care in the service. Objectives: to

    analyze how the systematization of records reflect the interventions in nursing care instituted

    in the hemodialysis servicee to analyze how the records collected in the institutional forms

    reflect nursing interventions in hemodialysis and to discuss how the records relate to the

    recommended diagnostic nursing language as one of the required systematization steps.

    Methodology: descriptive and exploratory qualitative and quantitative study, based on the

    research of the nursing records of the hemodialysis sector, in a large university hospital .

    Initially explained in Excel worksheets and later analyzed in Program R. Results:data were

    searched in forty-eight active charts in the months of June and July of two thousand and

    sixteen. Observing in the records, the annotations that indicated the relevant factors necessary

    for the nurse to perform care planning (diagnosis and interventions).Conclusion: The

    collected records identified the factors that contribute to the formulation of nursing planning

    and concluded that the nurse works in a complex sector due to its therapeutic characteristic

    that requires speed in the interventions and consequently the systematization is not clearly

    elaborated, but is implicit in the various observations made.

    Key words: Nursing records. Hemodialysis. Nursing Diagnosis

  • RESUMEN

    SILVA, A.M.S. Los registros de enfermera: la planificacin de la atencin a los

    pacientes en hemodilisis. Disertacin (Maestra en Enfermera). Escola de Enfermagem

    Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.2017

    Introduccin: En los registros mdicos del paciente, registros de enfermeira son una forma de

    comunicacin entre el personal de enfermera y multidisciplinaria en la salud. Durante la

    hemodilisis notas de las sesiones se hacen de la atencin directa a los pacientes con

    enfermedad renal crnica. En el ambito hospitalrio, el proceso de enfermera informatizado

    que ha sido institucionalizada en todos los sectores, con la excepcin de la unidad de

    hemodilisis del hospital, todava llena manualmente. Este estudio pretende demostrar cmo

    los registros de enfermera estn sistematizadas en el sector RRT. son declaraciones de

    razonamiento diagnstico en la planificacin del servicio de atencin de enfermera activo.

    Objetivos: Analizar la sistematizacin de los registros reflejan las intervenciones en los

    cuidados de enfermera establecidas en el servicio de hemodilises Analizar cmo se plantean

    en los registros institucional impresa reflejan las intervenciones de enfermera en hemodilisis

    el lenguaje de diagnstico de enfermera recomendado como uno de los pasos necesarios

    sistematizacin Metodologa: Estudio, cuantitavo, cualitativo, descriptivo y exploratorio,

    basado en la investigacin de los registros de enfermera del sector de la hemodilisis un gran

    hospital universitario. Resultados: Se realiz un estudio de cuarenta y ocho registros activos

    en junio y julio de dos mil diecisis, la observacin de los registros, anotaciones que indican

    los factores relevantes necesarios para que las enfermeras realizan la planificacin de la

    atencin (diagnstico e intervencin). Conclusin: En los registros fueron identific los

    factores que contribuyen a la formulacin de la planificacin de enfermeiraSe lleg a la

    conclusin de que la enfermera acta en un sector complejo, debido a su funcin teraputica

    que requiere velocidad en las intervenciones y por lo tanto, en su forma actual (pequeo

    espacio para grabar), la sistematizacin no es claramente redactado, pero est implcita en las

    diferentes observaciones.

    Descriptores: Registros de enfermera. La hemodilisis. Los diagnsticos de enfermeira.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 anotaes dos sinais vitais temperatura..............................................................44

    Tabela 02 anotaes sobre mensurao do peso corporal......................................................45

    Tabela 03 anotaes sobre observaes de edema.................................................................46

    Tabela 04 anotaes sobre mensurao da presso arterial...................................................46

    Tabela 05 anotaes sobre alteraes do apetite....................................................................47

    Tabela 06 anotaes sobre avaliao de funo renal residual..............................................48

    Tabela 07 anotaes sobre avaliao de exames laboratoriais hematcrito.......................48

    Tabela 08 anotaes sobre avaliao de exames laboratoriais glicemia.............................49

    Tabela 09 anotaes sobre grau de ansiedade........................................................................49

    Tabela 10 anotaes sobre sobre dor apresentada pelo paciente...........................................50

    Tabela 11 anotaes sobre alteraes das eliminaes intestinais.........................................50

    Tabela 12 anotaes sobre alteraes intestinais apresentadas pelos pacientes....................51

    Tabela 13 anotaes abordando padres de sono alterado.................................................. .51

    Tabela 14 anotaes sobre avaliaes do estado de sade.................................................. .52

    Tabela 15 anotaes sobre sensao de desconforto pelo paciente.................................... ..53

    Tabela 16 anotaes sobre alteraes de concentrao apresentadas pelo paciente..............53

    Tabela 17 anotaes sobre alteraes na rotina observadas...................................................54

    Tabela 18 anotaes sobre funo motora do paciente..........................................................54

    Tabela 19 anotaes sobre traumas apresentados pelos pacientes.........................................55

    Tabela 20 anotaes sobre comportamento alterado apresentado pelo paciente...................55

    Tabela 21 anotaes sobre padro de higiene apresentado pelo paciente..............................56

    Tabela 22 alterao sobre alterao na marcha apresentado pelo paciente...........................56

    Tabela 23 anotaes sobre seguimento de instrues dadas ao paciente...............................57

    Tabela 24 anotaes sobre comportamento indeciso apresentado pelo paciente...................57

    Tabela 25 anotaes sobre alteraes de relacionamento com a equipe de enfermagem......58

    Tabela 26 anotaes sobre alteraes de viso e audio apresentadas pelo paciente..........58

    Tabela 27 anotaes sobre alteraes no equilbrio corporal apresentados pelo paciente.....59

  • Tabela 28 anotaes sobre exame fsico realizados no paciente pelo enfermeiro.................59

    Tabela 29 anotaes sobre tremores apresentados pelo paciente...........................................60

    Tabela 30 anotaes sobre hbitos de tabagismo do paciente 60

    Tabela 31 anotaes sobre o turgor da pele do paciente 61

    Tabela 32 anotaes sobre peso ps dilise 61

    Tabela 33 - anotaes sobre a idade do paciente 62

    Tabela 34 anotaes sobre as funes cognitivas do paciente 62

    Tabela 35 anotaes sobre uso de drogas pelo paciente 63

    Tabela 36 anotaes sobre a expresso facial do paciente 63

    Tabela 37 anotaes sobre estado de hidratao do paciente 64

    Tabela 38 anotaes sobre auto-estima apresentada pelo paciente 64

    Tabela 39 anotaes sobre o estado de imunizao do paciente 65

    Tabela 40 anotaes sobre agitao e apatia apresentados pelo paciente 65

    Tabela 41 anotaes sobre controle inadequado da glicemia 66

    Tabela 42 anotaes de intervenes junto prescrio mdica pelo enfermeiro............... ..66

    Tabela 43 anotaes sobre intervenes em curativos pelo enfermeiro................................67

    Tabela 44 anotaes sobre orientaes prescritas por enfermeiros.......................................67

    Tabela 45 anotaes sobre comunicao interdisciplinar sobre o paciente...........................68

    Tabela 46 anotaes sobre intervenes relacionado locomoo do paciente....................68

    Tabela 47 anotaes sobre prescrio do enfermeiro relativas ao repouso de pacientes.......69

    Tabela 48 anotaes sobre intervenes relativas ultrafiltrao.........................................69

    Tabela 49 anotaes sobre conduta do paciente balana....................................................70

    Tabela 50 anotaes sobre observaes de frequncia de pacientes ao tratamento...............70

    Tabela 51 demonstrativo dos dados coletados.......................................................................72

    Tabela 52 fatores do diagnstico em frequncia simples e relativa.......................................78

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CBA CONSRCIO BRASILEIRO DE ACREDITAO

    CFM CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

    CIPE CLASSIFICAO PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM

    COFEN CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM

    DE DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM

    DRC - DOENA RENAL CRNICA

    EEAN ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY

    EPI EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL

    FAV FSTULA ARTERIO VENOSA

    KDOQI KIDNEY DISEASE OUTCOME QUALITY INITIATIVE

    MEDTRAK -SOFTWARE DE GERENCIAMENTO DE PRTICA MDICA

    NANDA - NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION

    NFK NATIONAL KIDNEY FOUNDATIONS

    NHB NECESSIDADES HUMANAS BSICAS

    NIC CLASSIFICAO DAS INTERVENES DE ENFERMAGEM

    NOC CLASSIFICAO DOS RESULTADOS DE ENFERMAGEM

    ONA ORGANIZAO NACIONAL DE ACREDITAO

    PE PROCESSO DE ENFERMAGEM

    PTFE - POLITETRAFLUOETILENO

    SAE SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM

    SBN SOCEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA

    SIDA SNDROME DA DEFICINCIA ADQUIRIDA (AIDS)

    SUS SISTEMA NICO DE SADE

    TRS TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA

    UFRJ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

  • SUMRIO

    1 INTRODUO...................................................................................................................16

    1.1 OBJETO DE ESTUDO.......................................................................................................19

    1.2 QUESTO NORTEADORA.............................................................................................20

    1.3 DELIMITAO DO TEMA..............................................................................................20

    1.4 OBJETIVOS.......................................................................................................................21

    1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA................................................................................21

    1.6 CONTRIBUIES DO ESTUDO....................................................................................22

    2 BASES CONCEITUAIS.....................................................................................................24

    2.1 A PESSOA, A DOENA RENAL E A TERAPIA SUBSTITUTIVA..............................24

    2.2 FORMAO PROFISSIONAL, PLANEJAMENTO E LEGISLAO DA

    ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA

    HEMODILISE.......................................................................................................................26

    2.3 DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM: UM ITEM ESSENCIAL DA

    SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NA

    HEMODILISE......................................................................................................................28

    2.4 COMUNICAO ESCRITA NA HEMODILISE: O REGISTRO EM DESTAQUE...31

    3 CAMINHO METODOLGICO........................................................................................35

    3.1 MTODO............................................................................................................................35

    3.2 CENRIO...........................................................................................................................35

    3.3 ETAPAS DE PRODUO................................................................................................36

    3.4 ANLISE............................................................................................................................39

    3.5 DESAFIOS DA PESQUISA..............................................................................................39

    3.6 ASPECTOS TICOS..........................................................................................................40

    4 RESULTADOS, ANLISE E DISCUSSO.....................................................................41

    4.1 RESULTADOS...................................................................................................................41

    4.2 DISCUSSO E ANLISES..............................................................................................65

    4.3 RECOMENDAES.........................................................................................................80

    5 CONCLUSO......................................................................................................................83

    REFERNCIAS......................................................................................................................86

    APNDICE A - Cronograma de atividades.........................................................................91

  • APNDICE B - Autorizao para pesquisa em pronturio clnico...................................92

    APNDICE C Instrumento de coleta de dados................................................................93

    APNDICE D Parecer consubstanciado do CEP...........................................................101

    APNDICE E - Termo de confidencialidade....................................................................105

    APNDICE F Aceite do artigo 1......................................................................................106

    APNDICE G Artigo 1......................................................................................................107

    APNDICE H Aceite do artigo 2......................................................................................121

    APNDICE I Artigo 2.......................................................................................................122

    APNDICE J Pronturio..................................................................................................137

    APNDICE K Folha mensal de prescrio de dilise....................................................139

    APNDICE L Declarao de Instituio Coparticipante..............................................141

    APNDICE M Carta de anuncia para autorizao de pesquisa.................................142

  • 16

    CAPTULO 1

    1 INTRODUO

    A comunicao no servio de enfermagem realizada atravs dos registros que tem

    por finalidade assegurar a continuidade das informaes nas vinte e quatro horas da

    assistncia entre os membros da equipe multidisciplinar e a enfermagem.

    A escolha do tema registros de enfermagem vem da experincia da autora, atuando

    desde mil novecentos e oitenta e cinco com o atendimento a pacientes portadores de Doena

    Renal Crnica (DRC), submetidos hemodilise, nos servios de Terapia Substitutiva Renal

    (TRS), em estabelecimentos pblicos e privados, e do uso de pronturio eletrnico aplicado

    para a rea de nefrologia, que facilita o registro da assistncia em um ambiente dinmico em

    que as intercorrncias devem ser minimizadas e atendidas prontamente e seu registro

    realizado preferencialmente imediatamente aps a atividade a ser registrada.

    Atuando em diferentes espaos foi possvel observar que o uso contnuo de pronturio

    eletrnico com itens especficos para a rea de nefrologia no algo comum nas instituies

    por onde atuei, ou conheci. E em todas elas foram constatadas que o registro facilita a

    assistncia prestada e preserva a memria documental sobre a interveno realizada. A

    importncia dos registros favorece aos profissionais recorrer histria clnica e evolutiva para

    assistncia dos pacientes; ajudam a definir estratgias, estabelecer decises clnicas e

    gerenciais; so, ainda, critrios de avaliao de qualidade da prestao do servio de sade.

    Os registros permitem estabelecer a continuidade dos cuidados no momento que possibilitam

    equipe multiprofissional compartilhar informaes sobre as aes e os resultados

    decorrentes dos cuidados implementados. (DOMICIANO et al, 2010).

    Os registros pautados na legislao especfica, atendem resoluo 358 do Conselho

    Federal de Enfermagem (COFEN), que dispe sobre a Sistematizao da Assistncia de

    Enfermagem e, ao consider-los como uma das etapas que a compe, podem apontar como as

    intervenes se apresentam no atendimento durante a sesso de hemodilise.

    A comunicao escrita na rea da enfermagem se d por meio das anotaes

    registradas no pronturio do paciente. Florence Nightingale destacou a importncia da

    observao, ensinou a observar o que era importante ou no, os sintomas que poderiam

    indicar melhora ou piora da enfermidade, as negligncias, o que poderia ser revertido e

    indicava que todas essas informaes deveriam ser relatadas ao mdico e, ela prpria

    registrou com cautela as suas observaes e utilizou-as para estabelecer as suas intervenes.

  • 17

    Seu discpulo, Carrijo, definiu que os registros servem para comunicar e compartilhar

    informaes relativas ao paciente, (OGUISSO, 2011).

    Segundo o artigo primeiro da Resoluo COFEN 429/2012: responsabilidade e

    dever dos profissionais da Enfermagem registrar, no pronturio do paciente e em outros

    documentos prprios da rea, seja em meio de suporte tradicional (papel) ou eletrnico, as

    informaes inerentes ao processo de cuidar e ao gerenciamento dos processos de trabalho,

    necessrias para assegurar a continuidade e a qualidade da assistncia Sendo assim, os

    registros de enfermagem constituem um instrumento de comunicao do cuidado entre os

    profissionais da equipe de enfermagem, entre a enfermagem e a equipe multiprofissional. So

    importantes tambm para o paciente ter aceso s informaes do seu tratamento.

    Geralmente os registros de cuidados diretos ao paciente em cada sesso de

    hemodilise so realizados em formulrios impressos que compem o pronturio

    individualizado, contendo colunas sequenciadas realizadas por cada servio prestador, porm

    mantendo os itens fundamentais para lanamento dos registros relativos aos dados pessoais e

    clnicos do paciente. Dentre esses dados temos o peso seco, peso de entrada e sada,

    temperatura axilar, local de acesso, presso arterial horria, doses de anticoagulante,

    medicamentos e lquidos administrados, meta de ultrafiltrao e espao reservado ao registro

    das intercorrncias e evoluo mdica e de enfermagem.

    A essncia da prtica de enfermagem o Processo de Enfermagem (PE), que indica

    as aes de um trabalho profissional constituindo uma tecnologia, um conhecimento a ser

    utilizado e a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) um mtodo de aplicar esse

    processo.

    Para Paulina Kurcgant, (1991) a sistematizao da assistncia importante como

    agente na comunicao, pois o seu registro serve de intercomunicao para toda a equipe

    prestar o atendimento individualizado e contnuo. Ao escrever Notes on Nursing (1859),

    Florence Nightingale deixou clara a importncia da observao detalhada dos doentes e do

    ambiente, bem como o registro dessas observaes para desenvolver o conhecimento sobre os

    fatores que influenciavam na promoo da cura.

    A identificao de evidncias que indiquem os problemas de enfermagem (as

    necessidades e o grau de dependncia), constituem uma das competncias do enfermeiro,

    sendo necessrio um olhar atento por parte do profissional, para captar com sensibilidade e ter

    a capacidade de comunicar para transmitir a percepo da realidade. A educao sistemtica

    durante a graduao permite que o graduando de enfermagem tenha a aquisio de

    experincias de forma ordenada; ampliando a capacidade de apreender com as experincias

  • 18

    prticas e experincias tericas prpria da rea possibilitando-lhe assim a pensar e agir

    conforme um comportamento adquirido atravs da aprendizagem e assimilao de contedo

    com vistas a desenvolver aes de enfermagem adequadas, (OGUISSO e MORBIN, 2011;

    COTRIM e PARISI, 1984).

    Da mesma forma ocorre com o profissional de enfermagem que dispe de

    possibilidades de constante atualizao e em sua formao tm contato com diferentes

    tecnologias que cumulativamente possibilitaro o desenvolvimento e refinamento do

    raciocnio clnico para atuao nas situaes que exijam assertividade para definir as aes de

    cuidado (DOMICIANO, 2010).

    Em mais de trs dcadas de assistncia direta a pacientes portadores de doena renal

    observo o avano tecnolgico proporcionado ao enfermeiro para o planejamento da

    assistncia e a possibilidade de, em posse dos dados do histrico de sade-doena clnica e da

    observao direta, definir estratgias de atendimento para fornecer uma boa assistncia e

    principalmente documentar essa interveno.

    Em terapia renal substitutiva, a dinmica do cuidado envolve aes de diagnstico,

    atendimento e tratamento ao paciente renal, que so executadas de forma concomitantes s

    equipes de enfermagem, medicina, assistncia social, nutrio, psicologia; e em servios que

    o dispem: musicoterapia.

    Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), Resoluo 1638/2002, o pronturio

    do paciente um conjunto de informaes (sinais e imagens) registradas a partir de fatos,

    acontecimentos e situaes sobre a sade do paciente e a assistncia a ele prestada. um

    documento de carter legal, cientfico e sigiloso; que possibilita a comunicao entre os

    membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistncia. O pronturio do

    paciente serve como fonte para pesquisa por interessados em histria das doenas ou pelos

    doentes do ponto de vista clnico, biomdico, sociolgico, antropolgico, de enfermagem e de

    outras cincias afins.

    Com a adoo dos programas de informtica especficos para os servios de terapia

    renal substitutiva, as evidncias mais comuns so apresentadas, e de acordo com a sua

    experincia, seu olhar apurado, associado s informaes da histria pregressa do paciente,

    cabe ao enfermeiro a documentao dos diagnsticos estabelecidos. Figueiredo (2009),

    explica que a realizao de diagnsticos de enfermagem difcil, principalmente por conta da

    importao de ideias que no advm da nossa prtica.

    Em passagem pelo setor de hemodilise do hospital cenrio, em atividade de ensino

    com graduandos de enfermagem em dois mil e quinze; chamou-me a ateno na hemodilise,

  • 19

    que os diagnsticos de enfermagem pareciam reduzidos ou inexistentes na forma escrita,

    comparado a listagem existente em literatura, principalmente em um hospital de atendimento

    a situaes complexas, com pessoal de enfermagem especializado, atuantes em situaes

    documentadas em pesquisas.

    Vale destacar que s intervenes de enfermagem, segundo o COFEN, devem estar

    relacionadas a linguagem diagnstica independente do tratamento ao cliente, com ou sem

    doena renal e verificamos, que embora haja programa informatizado incluindo prescries de

    enfermagem na Instituio, essas no esto especificamente utilizadas dentro da unidade de

    hemodilise durante a sesso dialtica.

    A presente pesquisa prope um mergulho atento sobre os registros que ocorrem em

    todas as etapas da assistncia na hemodilise para verificar como os saberes e prticas dispe

    de linguagem diagnstica no planejamento do cuidado de enfermagem clientela atendida no

    setor de TRS.

    1.1 OBJETO DO ESTUDO

    Constituem o objeto do estudo os registros dos cuidados diretos de Enfermagem na

    hemodilise pacientes submetidos terapia renal substitutiva em um hospital de grande

    porte da cidade do Rio de Janeiro, por considerar que esses registros evidenciam a prtica

    diria do planejamento da assistncia.

    A Resoluo COFEN 272/2002 determina que a SAE dever ser registrada

    formalmente no pronturio do paciente. Sendo assim os enfermeiros buscam formas de

    documentar o processo de enfermagem no pronturio de forma simples, adaptadas e excluindo

    etapas, mas ficando a impresso de um cuidado no humanizado ou no individualizado.

    (CHAVES, 2009). A tendncia a informatizao no ambiente hospitalar e os profissionais

    da sade devem estar preparados para manusear esta ferramenta tanto na assistncia direta

    como na rea administrativa e a cooperao entre quem necessita do sistema e quem vai

    desenvolv-lo. (LEO et al, 2008).

    Nas instituies de sade j esto disponibilizados programas de informtica

    especficos para gerenciar o pronturio eletrnico em servios de terapia renal substitutiva,

    com o objetivo de: alm da documentao da atividade da assistncia de hemodilise,

    organizar o faturamento das contas, prover dados para auditorias e arquivamento de

    informaes do paciente. Em relao ao uso desta ferramenta pela enfermagem com o

    objetivo de sistematizao da assistncia durante a sesso de hemodilise, esse tipo de

  • 20

    programa pode disponibilizar o preenchimento de pgina destinada com os dados a serem

    compilados pelo enfermeiro, ficando a cargo do profissional a insero do diagnstico e das

    intervenes no programa ou formulrio de anotao.

    Acompanhando a dinmica dos atuais programas, a atividade de registrar assistncia

    prestada ao paciente deve ser realizada em tempo hbil para o cuidado ser prestado e

    registrado adequadamente a fim de completar o pronturio preenchido ao final de cada sesso

    dialtica, notificando aa intercorrncias e atendendo resoluo 358/2009 do COFEN, que

    dispe sobre a SAE em todos os setores onde ocorra assistncia de enfermagem.

    1.2 QUESTO NORTEADORA

    Para responder o objeto registros de cuidados diretos de Enfermagem ao paciente em

    hemodilise foram traados como questes norteadoras da pesquisa:

    Como o enfermeiro registra as etapas de sua assistncia na unidade de

    hemodilise?

    Quais so os diagnsticos de enfermagem mais prevalentes nessa clnica?

    Quais so as intervenes especficas para cada diagnstico de enfermagem?

    1.3 DELIMITAO DO TEMA

    A observao da assistncia prestada e dos registros de enfermagem, de como o

    enfermeiro planeja os cuidados de enfermagem aos pacientes submetidos hemodilise,

    poderia ser um item administrativo descrito, considerando a expertise na especialidade e na

    vasta experincia da autora no atendimento pacientes portadores de doena renal.

    Entretanto, para manter a vigilncia epistemolgica, a imparcialidade da

    pesquisadora sobre o objeto, foi buscado um distanciamento cientfico para a preciso do

    fenmeno a ser investigado e para assegurar a confiabilidade dos dados. Outro caminho para

    esse conhecimento, poderia ter sido a busca sobre o assunto at mesmo por consulta a outros

    profissionais de notrio saber; (muitos especialistas, mestres e doutores na rea). Mas, optou-

    se por adentrar no cenrio escolhido para uma observao constante e ampliada durante as

    atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem e o mergulho na leitura e releitura dos

    registros do dia a dia para chegar aos resultados apresentados e analisados no captulo quatro.

    A investigao sobre os registros da enfermagem pode colocar em relevo o valor e a

    importncia do registro e pode nos permitir uma avaliao sobre as condies reais do

  • 21

    processo de enfermagem para recomendaes que possam auxiliar melhor a sistematizao

    realizada por enfermeiros na rea clnica da nefrologia.

    Pode-se destacar que os registros tanto podem auxiliar na informatizao das

    prescries e dos registros de evoluo; como tornar o enfermeiro mais crtico na sua

    avaliao (desde o momento da recepo do paciente at sua sada do setor de hemodilise),

    assim como na avaliao diria tanto do ponto de vista clnico, legal e para fins de

    faturamento.

    Como o resultado da pesquisa proposta pode contribuir para a prtica de outros

    profissionais e de outras instituies, cito:

    Juntar consistncia terica e relevncia social na direo de, no

    processo de anlise, direcionar a reflexo e os resultados para descobrir

    ou compreender aspectos da realidade que necessitam de interveno,

    orientando-os para nveis de especificidade. MINAYO (2014)

    A fim de justificar meu objeto enfatizo o cuidado, que segundo Boff (2014), possui a

    funo de prevenir danos futuros e regenerar os danos passados com o intuito de reforar a

    vida, zelando pelas condies fsico-qumicas, ecolgicas, sociais e espirituais para permitir a

    reproduo da vida e sua evoluo, e o registro , portanto, a prova daquilo que realizamos

    durante o nosso planto.

    1.4 OBJETIVOS

    Foi traado como objetivo geral:

    - Analisar como a sistematizao dos registros refletem as intervenes nos cuidados

    de enfermagem institudos no servio de hemodilise em um hospital pblico universitrio de

    grande porte;

    Como objetivos especficos:

    - Levantar os registros de enfermagem realizados nos impressos institudos no

    servio de hemodilise em um hospital universitrio;

    - Analisar como os registros levantados nos impressos institucionais refletem as

    intervenes de enfermagem na TRS;

    - Discutir como os registros se relacionam com a linguagem diagnstica de

    enfermagem preconizada como uma das etapas da sistematizao pelo COFEN (Conselho

    Federal de Enfermagem).

  • 22

    1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA

    No cenrio escolhido, hospital pblico de grande porte, universitrio, com pronturio

    eletrnico amplamente utilizado pela enfermagem e com sistematizao da assistncia

    implantado, foi constatado que na hemodilise o registro da assistncia feito de forma

    manual, diferindo do modelo adotado no setor de internao da mesma especialidade

    (nefrologia), onde dispe de plataforma informatizada e sistematizada para facilitar o

    processo de enfermagem no dia a dia hospitalar, ou seja, o mesmo paciente possui formas de

    registro de sua assistncia diferenciada se estiver internado e sendo submetido ao tratamento

    de hemodilise; sendo assim o registro digital da sistematizao da assistncia se limita ao

    setor de internao, excluindo as sesses de dilise peritoneal e hemodilise.

    A verificao das condies propostas se justifica pela anlise promovida em

    diferentes registros de enfermagem, destacando como as intervenes so registradas e

    sistematizadas nos servios de hemodilise que so classificados como terapia de alta

    complexidade devido possibilidade de alto consumo de servios assistenciais. A terapia

    renal substitutiva oferecida pelo Sistema nico de Sade (SUS).

    1.6 CONTRIBUIES DO ESTUDO

    Esta pesquisa busca contribuir para a disseminao do conhecimento em relao aos

    registros na rea de enfermagem em Nefrologia, sempre necessrio nos campos de atuao,

    principalmente nas unidades de hemodilise; dando abertura a este espao para novas

    discusses em todos os nveis de ateno sade, caracterizando assim troca de saberes.

    As contribuies fortalecero o acervo cientfico do grupo de pesquisa

    Comunicao em Enfermagem Hospitalar Clientes de Alta Complexidade (CEHCAC), do

    Ncleo de Pesquisa Enfermagem Hospitalar (NUPENH), Departamento de Enfermagem

    Mdico Cirrgica; da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), da Universidade Federal

    do Rio de Janeiro (UFRJ); e colaborar como produo cientfica de Enfermagem nesse

    cenrio especfico (hemodilise). Pretende-se que se torne um ponto de interesse por parte dos

    enfermeiros no que diz respeito ao seus registros, bem como aos aspectos assistenciais na

    hemodilise. A anlise dos registros dever servir para nortear as intervenes de cuidado, o

    que confere maior comprometimento com o cuidar sistematizado.

  • 23

    A aplicabilidade da avaliao do registro na prtica assistencial do enfermeiro, na

    anamnese e exame fsico simplificado, bem como na evoluo diria de enfermagem,

    proporciona reanlise dos processos assistenciais nas unidades de hemodilise. A construo

    de roteiro informatizado sobre registro no cuidado ao paciente em hemodilise faz parte da

    proposta final com vistas a divulgao dos resultados.

    Espera-se que os resultados permitam reflexo sobre registros de modo a contribuir

    para ampliar o alcance da informatizao para o setor de hemodilise, visto que o pronturio

    eletrnico uma realidade na instituio. Dispor dos registros sistematizados sobre o cuidado

    prestado ao paciente em sua permanncia na terapia substitutiva renal consolida o processo de

    cuidado continuamente durante todo o atendimento de sade.

    Para solucionar a falta de registro no programa informatizado existente na

    instituio, mas no adotado na hemodilise, poderiam ser propostas duas solues: adquirir

    um dos programas disponveis no mercado que permitem relacionar evidncias e

    possibilidade de diagnstico, relacionando-os s evidncias observadas, mas demanda

    investimento, licitao, pesquisa de mercado ou implantao de um programa prprio,

    adequado realidade do setor, e que os resultados dessa investigao podero servir como

    base terica inicial mudana.

  • 24

    CAPTULO 2

    2 BASES CONCEITUAIS

    2.1 A PESSOA, A DOENA RENAL E A TERAPIA SUBSTITUTIVA

    Colocar a pessoa no centro das questes que envolve sade e doena no coisa

    fcil, principalmente quando nossa formao profissional est voltada para os sistemas

    orgnicos. Mais difcil ainda colocar em relevo o registro sobre cuidados de enfermagem

    pautados na prtica assistencial no contexto da hospitalizao, em espcie na terapia de

    hemodilise, cujas pessoas atendidas apresentam insuficincia renal crnica.

    A insuficincia renal ocorre quando os rins no conseguem mais operar parcialmente

    ou totalmente, ou seja, deixando de filtrar e eliminar os resduos presentes no sangue, funo

    necessria para manuteno da homeostase. A doena renal pode ser de carter agudo ou

    crnico, de acordo com o carter extensivo da leso renal.

    Se o paciente for diagnosticado com insuficincia renal crnica - leso de carter

    irreversvel - surge a necessidade de: encaminh-lo para terapias com o intuito de suprir a

    funo excretora dos rins (terapia substitutiva renal TRS); regularizar a sua alimentao; e,

    administrar frmacos com o objetivo de substituir a funo secretora desse rgo. O processo

    mais utilizado para tratar esses enfermos a hemodilise (SOUSA, 2014).

    A National Kidney Foundations (NFK) Kidney Disease Outcome Quality Initiative

    sugeriu o estadiamento da doena renal crnica desde o estgio mais leve (Grau 1) at o

    estgio 5D (o mais grave), levando em considerao a taxa de filtrao glomerular estimada

    normalizada para a superfcie corporal. (BARRETO et al. 2014). No estgio em que a

    filtrao glomerular insuficiente para manuteno do bem-estar do paciente instituda a

    dilise; quando no cabe mais a instituio de intervenes nas causas passveis de correo e

    reduo dos fatores de risco; o que preconizado nas fases iniciais da doena. As causas

    principais da insuficincia renal crnica so as glomerulonefrites crnicas, o diabetes mellitus

    e a hipertenso arterial sistmica (SCHORR, 2004), sendo comorbidades relevantes para o

    planejamento da assistncia de enfermagem.

    De acordo com o censo de dilise finalizado em dois mil e quatorze pela Sociedade

    Brasileira de Nefrologia (SBN), nas setecentos e quinze unidades de dilise ativas com

    programa crnico cadastradas no Brasil, existiam poca mais de cento e doze mil portadores

    de insuficincia renal crnica em tratamento de hemodilise, sendo assistidos pela

  • 25

    enfermagem, demonstrando que a demanda para informatizao dos registros da assistncia

    de enfermagem na hemodilise constitui uma realidade em mbito nacional.

    A hemodilise a terapia utilizada quando o enfermo tem o diagnstico de doena

    renal crnica ou aguda e tem a finalidade de depurar o sangue de resduos metablicos

    indesejveis - ureia, creatinina, entre outros, e do excesso de lquidos. Todo o processo ocorre

    num meio extracorpreo que com uma bomba sangunea, recircula o sangue atravs de

    artrias e veias sintticas (denominados circuitos) conectadas a um dialisador com um

    compartimento duplo em que o sangue circula por membrana semipermevel envolvida por

    soluo de dilise em um dispositivo plstico denominado dialisador (local responsvel pelas

    trocas sanguneas com o dialisado) a fim de substituir a funo dos rins (e sua recuperao,

    quando possvel) a partir de fenmenos fsico-qumicos, dentre esses: difuso e ultra filtrao

    (RIELLA, 2008).

    A periodicidade das sesses de hemodilise varia conforme a necessidade metablica

    e a mdia que o procedimento acontea normalmente trs vezes por semana, com durao

    mdia de quatro horas. A hemodilise um tratamento invasivo ao paciente, devido,

    principalmente, ao uso de cateteres vasculares ou agulhas que tornam o tratamento

    desconfortvel, demandando assistncia direta de enfermagem e prontido para atendimento

    de intercorrncias (DAUGIRDAS, 2008).

    Herdman e Kamitsuru (2015) listam os seguintes itens inerentes ao paciente portador

    de doena renal em Diagnsticos de enfermagem da NANDA (2015-17: definies e

    classificaes): estilo de vida sedentrio nos intervalos das sesses, comportamento de falta

    de adeso, falha em alcanar resultados, falta s sesses de dilise, vmitos, no aceitao da

    mudana no estado de sade; ausncia de interesse em melhorar comportamentos de sade,

    alterao no paladar, diarreia, monitorao inadequada da glicemia, ingesta de lquido

    excessivo, edema, ganho de peso em um curto perodo, inquietao, alterao no padro

    respiratrio, eliminao urinria diminuda, alteraes no apetite, aumento na frequncia

    cardaca, diminuio do enchimento venoso, fraqueza, pele/mucosas secas, perda sbita de

    peso (perda excessiva de lquidos durante a sesso), sede, alterao na ausculta

    cardaca/pulmonar, alterao no hematcrito, ansiedade, inquietao, constipao, cefaleia,

    dor abdominal, informao de alteraes nas fezes (mudana no padro intestinal informada),

    indigesto, urgncia intestinal, distrbios no padro de sono (sonolncia), estado de sade

    comprometido, energia insuficiente, desconforto aos esforos, alterao na concentrao,

    cansao, capacidade prejudicada para manter as rotinas habituais; letargia, funo motora

    alterada; extremos de idade, infeco, trauma, hipertenso, dor em extremidades; alterao no

  • 26

    padro de higiene, alteraes nas funes cognitivas, comportamentos inapropriados

    (agitao, hostilidade, apatia), seguimento inadequado de instrues, comportamento

    indeciso, contato visual insatisfatrio, culpa, enfrentamento ineficaz da doena, desesperana,

    estar irrequieto, agonia, angstia, apreenso, incerteza, anorexia, tremores, imunizao,

    anemia.

    2.2 FORMAO PROFISSIONAL, PLANEJAMENTO E LEGISLAO DA

    ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA -

    HEMODILISE

    Na formao profissional do enfermeiro, durante a graduao, espera-se que

    professores tenham a oportunidade de ministrar contedo relativo a especialidade de

    nefrologia, essencial ao cuidado dessa clientela com doena renal. E, na especializao, para

    fortalecimento do contedo comum ministrado durante a graduao, faz-se necessria aulas

    por diferentes mtodos de ensino, como simulao, estudo de caso; e oferecimento de

    atividades de estgio, proporcionando a oportunidade de estimular o pensamento crtico,

    compartilhar conhecimentos e identificar o que importante saber nessa clnica de cuidados

    especiais e complexos de sade-doena.

    Uma boa formao profissional confere ao enfermeiro conhecimentos especficos para

    justificar a tomada de deciso adequada, qual seja: identificao, priorizao dos problemas

    que necessitam interveno imediata, implementao das aes para corrigir ou minimizar os

    riscos sade (CHAVES, 2009).

    Estudos sobre prevalncia de diagnsticos de enfermagem e de seus indicadores em

    populaes especficas, como a populao dos pacientes renais, so importantes para auxiliar

    a prtica clnica dos enfermeiros. A especializao na rea traz ao enfermeiro conhecer

    caractersticas inerentes sua assistncia especfica, possibilita que ao conhecer a realidade

    dos diagnsticos de enfermagem presentes em determinada populao e seus indicadores mais

    comuns, facilite o planejamento das intervenes, resultando na prestao de uma assistncia

    adequada e com resultados eficazes.

    Atravs da Resoluo do COFEN, a sistematizao realizada nos estabelecimentos de

    sade, pblico ou privado, em que ocorra o cuidado profissional de enfermagem e o avano

    das tecnologias da informao e a produo de literatura sobre cuidados de enfermagem

    fornecem subsdios para a transferncia de conhecimentos para o planejamento dos cuidados a

    pacientes submetidos hemodilise; com isso, imprescindvel que o enfermeiro registre em

  • 27

    pronturio a sua avaliao sobre as necessidades do paciente, assegurando a continuidade da

    assistncia.

    Tratando-se de um setor complexo, onde a particularidade do tratamento envolve

    acesso direto ao sangue do paciente (o risco iminente), exigindo especializao, atitude atenta,

    assertividade, iniciativa e conhecimento tcnico; e se torna relevante a atuao do enfermeiro

    no processo de enfermagem, facilitando a aproximao entre profissional e o indivduo a ser

    cuidado, assim como o registro eficiente das intercorrncias, de uma forma dinmica e

    prtica.

    Para destacar a legislao da assistncia, ressalta-se a Portaria n 389 de 13 de maro

    de 2014 que define como diretrizes o desenvolvimento de medidas que garantam a difuso

    das aes e cuidados pessoa com doena renal crnica em todos os pontos de ateno da

    linha de cuidado, bem como a comunicao entre os servios de sade para promoo do

    cuidado compartilhado.

    Mesmo com a portaria 389/2014 a RDC 154 de junho de 2004 que estabelece o

    regulamento tcnico para o funcionamento dos servios de dilise, continua sendo base para o

    funcionamento todo servio de TRS e nela preconiza que o servio deve estabelecer, por

    escrito, em conjunto com o responsvel o Programa de Preveno e Controle de Infeco em

    Servios de Sade (PCPIEA), uma rotina de funcionamento, assinada pelo mdico

    responsvel tcnico e pelo enfermeiro responsvel tcnico pelo servio de hemodilise,

    compatvel com as exigncias tcnicas previstas neste regulamento onde destacamos os

    seguintes itens: procedimentos de enfermagem, controle e atendimento de intercorrncias,

    controle dos parmetros de eficcia do tratamento dialtico.

    O ato de diagnosticar uma atividade privativa do enfermeiro; sua atuao durante a

    sesso de hemodilise exige atitudes e aes pautadas no conhecimento especializado. Para

    Alfaro-Lefreve (1996, apud CHAVES 2009), o enfermeiro frente constante necessidade de

    tomada de decises complexas, necessita utilizar o pensamento crtico para realizar

    julgamentos clnicos baseados nas evidncias e no mtodo cientfico.

    Para alcanar uma assistncia de enfermagem especializada, o enfermeiro deve-se

    utilizar do planejamento como base de suas funes administrativas, de pesquisa, ensino e

    assistenciais, alm de suporte para realizao de mudanas. Essa pesquisa objetiva indicar que

    o enfermeiro durante a sesso de hemodilise, com suas limitaes de tempo, aplica o

    processo de enfermagem durante a assistncia.

    O mbito dessa pesquisa ocorre na Nefrologia, mais especificamente no ambiente de

    hemodilise, onde o enfermeiro atua durante todo o processo de atendimento ao paciente com

  • 28

    doena renal submetido ao tratamento de depurao das escrias nitrogenadas adquiridas na

    alimentao e no funcionamento do organismo, sendo necessrio registrar a assistncia para

    fins de manuteno do pronturio, comprovao do atendimento e registro das respostas do

    paciente para evoluo e acompanhamento.

    2.3 DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM: UM ITEM ESSENCIAL DA

    SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODILISE

    Define-se a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) como

    metodologia que organiza o trabalho profissional quanto ao mtodo, pessoal e instrumentos,

    tornando possvel a operacionalizao do processo de enfermagem. E esse processo orienta o

    cuidado de enfermagem e a documentao da prtica profissional. A operacionalizao e a

    documentao evidenciam a contribuio da enfermagem na ateno sade da populao,

    aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional (COFEN, 2009). Esse

    movimento permite que o enfermeiro reconhea sua assistncia permeando um conhecimento

    tcnico-cientfico coerente na identificao das necessidades do cliente na hemodilise,

    agindo nas intercorrncias, coordenando a assistncia e mantendo o funcionamento do setor.

    A sistematizao da assistncia de enfermagem ao cliente submetido terapia renal

    substitutiva favorece ao profissional de enfermagem a garantir a qualidade dos cuidados

    proporcionados ao portador de doena renal crnica submetido hemodilise trazendo

    segurana ao procedimento.

    Para contribuir com a assertiva sobre a importncia do registro da clnica do portador

    de doena renal, em 2011, o Consrcio Brasileiro de Acreditao (CBA, 2010), junto

    Organizao Nacional de Acreditao (ONA) e representando a Joint Commission

    International (JCI) publicou o Manual Internacional de Acreditao Hospitalar, que define

    padres para a assistncia hospitalar e inclui metas internacionais de segurana do paciente.

    Um dos critrios pontuados no manual a avaliao do paciente e descreve que o

    enfermeiro deve analisar o estado de sade do cliente focando aspectos biopsicossociais e

    econmicos, promovendo a elaborao de um plano de cuidados especficos para o indivduo.

    Diante disso, uma avaliao por parte do enfermeiro que inclua o estado do cliente se faz

    necessria para compreender fatores desencadeadores que influenciam nas respostas relativas

    doena e ao seu tratamento, facilitando a elaborao do diagnstico de enfermagem.

    A estruturao do mtodo de trabalho em enfermagem, evoluiu no decorrer do

    tempo, chegando a sistematizao da assistncia, processo de enfermagem, taxonomia da

  • 29

    North American Nursing Diagnoses Association (NANDA), Classificao dos Resultados

    (NOC), Classificao das Intervenes de Enfermagem (NIC), processo de enfermagem

    informatizado, corrobora a experincia da aplicabilidade do conhecimento e a compreenso

    do resultado obtido (CHAVES, 2009).Classificao Internacional para a Prtica de

    Enfermagem (CIPE) ou pode estar baseado na Teoria de Enfermagem das Necessidades

    Humanas Bsicas (NHB) proposta por Wanda Horta e Joo Mohana.

    Diagnstico de Enfermagem (DE) uma parte do processo de cuidar, uma das etapas

    do processo de enfermagem. Figueiredo (2009) cita Paim: diagnstico uma abordagem mais

    individualizada do paciente, centrando nas suas necessidades bsicas, nos seus problemas

    identificados. Herdman e Kamitsuru (2015), definem o De como um julgamento clnico sobre

    uma resposta ou vulnerabilidade humana a uma condio de sade. O DE possui como

    elementos o fator que contribui para um resultado; o fenmeno identificado na pessoa

    cuidada; o risco que constitui num perigo, ou possibilidade de perigo (FIGUEIREDO, 2009) e

    na Taxonomia da NANDA, descritor ou modificador e foco diagnstico.

    O planejamento da assistncia a terceira etapa do processo de enfermagem e consiste

    em estabelecer prioridades frente aos diagnsticos identificados, fixar os resultados esperados,

    determinar as intervenes de enfermagem e garantir o registro do plano de cuidados

    (CHAVES, 2009). No setor de hemodilise, devido urgncia de suas aes, as aes de

    cuidado devem ter respostas imediatas e no cessar at os resultados esperados ficarem

    evidentes.

    Aps a consulta, e seguindo a prescrio, o cliente deve ser encaminhado para realizar

    sua primeira sesso de hemodilise, conforme a prescrio mdica e deve ser coletado

    material para exames laboratoriais principalmente para definio (caso no tenha sido

    realizada) do padro de doenas infecciosas como hepatite e sndrome da imunidade adquirida

    (SIDA), que implicam em condies diferenciadas para isolamento e reutilizao dos

    dialisadores (capilar). Nem sempre a consulta de enfermagem prvia e exames so possveis

    e a prescrio do tratamento ao paciente em carter emergencial faz com que o processo de

    enfermagem ocorra concomitantemente ao atendimento na sala de hemodilise levando-se em

    considerao protocolos de isolamentos para pacientes sem sorologia definida que implica em

    no reuso de material e desinfeco especial do rim artificial aps o uso.

    Foram relacionadas as evidncias conforme os diferentes autores citaram para

    definio dos seus diagnsticos de enfermagem em unidades de terapia renal substitutiva,

    modalidade hemodilise. Alguns foram encontrados repetidos, pois foram mantidas as

    citaes originais e como forma de descrever o ponto de partida utilizado para definir os

  • 30

    fatores a serem observados nos registros de enfermagem que foram pesquisados.

    Em Diagnsticos de enfermagem em pacientes submetidos hemodilise, Poveda et

    al (2014), listaram percepo sensorial perturbada (viso), fadiga, padro de sono alterado,

    dor aguda, baixa autoestima, risco de glicemia instvel, no aderncia, volume excessivo de

    lquidos, risco de desequilbrio eletroltico, eliminao urinria afetada, mobilidade fsica

    diminuda e risco de infeco.

    Mendona et al (2013) citam em Diagnsticos de enfermagem de pacientes

    hemodialticos em uso de cateter duplo lumen: hipotermia, risco de quedas, insnia, falta de

    conhecimento sobre a doena, dor crnica, percepo sensorial perturbada (audio), proteo

    ineficaz, baixa autoestima situacional, dficit no autocuidado, integridade da pele prejudicada,

    constipao, risco de leses, percepo sensorial prejudicada (tctil), nutrio desequilibrada

    (menos que as necessidades corporais) e diarreia; risco de sndrome por estresse por

    mudanas, integridade tissular prejudicada, risco de trauma vascular, estilo de vida sedentrio,

    dbito cardaco diminudo e medo.

    Frazo et al (2012) em outro trabalho atravs da comparao dos diagnsticos da

    NANDA com o modelo terico de adaptao de Sister Callista Roy evidenciam os

    diagnsticos risco de infeco, volume de lquido excessivo, hipotermia, edema, mobilidade

    fsica prejudicada, mobilidade andar e/ou coordenao restritos, integridade da pele

    prejudicada, dor crnica, percepo sensorial perturbada (visual auditiva e ttil), fadiga, baixa

    autoestima e diarreia como diagnsticos identificados.

    Em observao aos fatores e diagnsticos listados, muitos no se encaixam nas

    observaes a serem realizadas por enfermeiros durante a sesso de hemodilise a no ser que

    ocorresse uma consulta de enfermagem prvia a cada sesso de tratamento, o que no

    constitui rotina nos centros de dilise; a consulta de enfermagem inicial e subsequentemente

    mensal a nvel ambulatorial; mas as observaes pelo enfermeiro nas repetidas sesses

    constituem subsdios para julgamentos clnicos por parte do profissional. O registro de

    enfermagem visa destacar os itens de avaliao e respostas clnicas do indivduo atendido e

    constar de seus registros quando alteraes, intensas ou no, ocorrem.

    Com a identificao dos fatores relevantes ao diagnstico de enfermagem inerentes ao

    profissional que atua em hemodilise foi construdo instrumento de coleta de dados para

    identificao dos fatores a serem pesquisados nos pronturios O reconhecimento dos

    diagnsticos de enfermagem, alm de facilitar a associao entre os dados clnicos e o

    cuidado de enfermagem, eleva a qualidade da assistncia.

  • 31

    O diagnstico de Enfermagem um julgamento clnico sobre uma resposta humana a

    condies de sade /processos de vida ou a uma vulnerabilidade; para efeito de roteiro de

    anlise dos registros foram listados os fatores comuns aos principais diagnsticos de

    enfermagem observados nos pacientes portadores de doena renal em terapia renal

    substitutiva modalidade hemodilise presentes na literatura pesquisada nas bases de dados

    (CHAVES, 2009).

    2.4 COMUNICAO ESCRITA NA HEMODILISE: O REGISTRO EM

    DESTAQUE

    O processo comunicacional envolve emisso, compreenso e recepo de mensagens

    verbais e no verbais, e a comunicao uma competncia a ser desenvolvida pelo

    enfermeiro. Como indica o documento que define as Diretrizes Curriculares do Curso de

    Enfermagem - Comunicao: os profissionais de sade devem ser acessveis e devem manter

    a confidencialidade das informaes a eles confiadas, na interao com outros profissionais de

    sade e o pblico em geral. O processo da comunicao envolve comunicao verbal, no

    verbal e habilidades de escrita e leitura; alm do domnio de, pelo menos, uma lngua

    estrangeira e de tecnologias de comunicao e informao.

    necessrio ao enfermeiro o desenvolvimento da competncia em comunicao, e

    na unidade de terapia substitutiva renal (TRS) existem particularidades na comunicao

    escrita que remetem s intervenes de enfermagem (registro da prtica assistencial),

    responsabilidades legais (manuteno dos registros no pronturio do paciente atualizados),

    segurana do paciente (melhoria da comunicao entre profissionais), avaliao do servio

    (processo de acreditao hospitalar de servios) e na comunicao humana para o

    relacionamento interpessoal, seja ele entre os profissionais de sade, os pacientes e gestores

    em mbito regional ou nacional, objetivando demonstrar a necessidade do desenvolvimento

    de competncias em comunicao no profissional especializado em enfermagem em

    nefrologia, que como qualquer indivduo comunica-se todo o tempo, atravs dos sentidos

    corporais (ARAUJO, 2000).

    Alm disso, o conhecimento acumulado sobre os indivduos no longo convvio do

    tratamento permite registrar como se comportam, durante as sequenciadas sesses. Ao

    considerar as caractersticas pessoais manifestadas no comportamento, torna-se possvel a

    identificao de uma srie de problemas relevantes manifestados por alteraes fisiolgicas

    significativas. Conhec-los e identific-los a partir dos comportamentos possibilita uma

  • 32

    interveno precoce nas situaes de alguma mudana, e podem impedir/prevenir

    complicaes futuras e que precisam ser registradas em pronturio.

    Machado Neto (2012), indica que a comunicao profissional escrita deve ser

    precedida da apreenso de conceitos e atitudes necessrios para o desenvolvimento de

    raciocnio ao processo de comunicao; pr-requisito para cumprir objetivos fundamentais

    como facilitar a organizao e estruturao do raciocnio para comunicar por escrito, facilitar

    a expresso da capacidade e da competncia de quem comunica atravs de qualquer tipo de

    documentao profissional com qualidade e produtividade.

    A comunicao escrita est presente nas atividades de enfermagem em todas as

    unidades de assistncia e nas unidades de Terapia Renal Substitutiva o preenchimento de

    pronturios, formulrios, comunicaes de glosa, escalas, tabelas, constitui ferramenta de

    gesto para controle, avaliao e informao do servio prestado.

    Muitas intercorrncias sobre o cuidado e o planejamento das atividades so

    registradas e nesse setor faz-se necessrio inclusive o consentimento livre e esclarecido

    assinado a cada dilise na forma de autorizao ao procedimento de dilise, dentre eles

    destacamos o controle de infeco, registro de controle do reprocessamento de dialisadores,

    desinfeco do tratamento da gua, manuteno do pronturio do paciente atualizado e,

    porque no destacar ainda a necessidade do registro sobre o processo de aprendizado do

    paciente para o autocuidado.

    Lembrar que o usurio tem o direito de ter acesso ao seu pronturio e o enfermeiro

    deve proporcionar condies para a compreenso dos seus registros, que devem estar

    presentes de forma completa.

    Outros itens importantes acompanham os registros em pronturio, tais como

    comunicao interdisciplinar, comunicao de estatsticas necessrias vigilncia sanitria e

    comunicao de eventos adversos.

    Nos registros de enfermagem, a documentao dos cuidados integra terminologias

    padronizadas (termos que representam conceitos reconhecidos por uma determinada profisso

    como relevantes para a prtica), estruturada pelo processo de enfermagem que podem utilizar

    os sistemas de classificao vigentes

    Diante da necessidade do registro para nortear o cuidado de enfermagem, vale

    destacar que o pronturio do paciente uma fonte de informaes clnicas e administrativas

    para tomadas de deciso e um meio de comunicao compartilhado entre os profissionais da

    equipe de sade (COFEN, 2012), e, por isso, o registro sobre as condies clnicas do

  • 33

    cliente, deve estar contido em pronturio para direcionar a ateno s intervenes da equipe

    multiprofissional.

    No registro de enfermagem podemos encontrar elementos importantes que

    contenham informaes objetivas e subjetivas sobre o cliente e fornecem indcios para o

    cuidado de enfermagem, em prol de um planejamento adequado s suas necessidades de

    sade.

    Sabe-se que o registro de enfermagem possui carter legal em situaes

    administrativas teis para fins de auditoria, fins jurdico e tambm imprescindvel para o

    faturamento dos gastos. Tambm podem ser fontes de informaes necessrias para pesquisas

    cientficas, epidemiolgicas e de indicadores de sade, com vista s melhorias de processos

    assistenciais e administrativos e, nesse sentido, o registro da evoluo realizada auxilia a

    equipe de sade a elucidar situaes que possam indicar agravos sade do prprio paciente e

    assim intervir de modo que novas complicaes no venham surgir com a mesma intensidade.

    Todo servio de dilise deve manter um pronturio para cada paciente, com todas as

    informaes sobre o tratamento dialtico, sua evoluo e intercorrncias. Os pronturios

    devem estar preenchidos, de forma clara e precisa, atualizados, assinados e datados pelo

    profissional responsvel por cada atendimento. Na hemodilise, essa atividade torna-se uma

    atividade complexa pois h a diviso do planto em turnos, na maioria dos centros de dilise e

    o atendimento pela enfermagem de um grupo de pacientes de cada vez, exigindo registros

    mltiplos e reviso de todas as anotaes realizadas pela equipe no caso do enfermeiro lder.

    Os pronturios devem estar acessveis para autoridade sanitria e outros representantes

    dos rgos gestores do SUS e de convnios; e para consulta dos clientes ou seus responsveis,

    desde que asseguradas s condies de sigilo previstas no cdigo de tica mdica e de direito

    e de deontologia de enfermagem, alm das previstas no cdigo de Defesa do Consumidor.

    O pronturio escrito do paciente composto com preenchimento dos campos com os

    dados do paciente: histrico, diagnstico principal e secundrio, dados clnicos, prescrio da

    sesso de hemodilise, administrao de medicamentos, controle do acesso vascular,

    vacinao, laudos e exames, controle do dialisador, controle de eventos, clculo de

    indicadores, campos especficos dos servios Mdico, de Enfermagem, Psicologia, Nutrio e

    Servio Social. O pronturio do paciente deve ter registro de sua evoluo clnica e nome dos

    profissionais envolvidos no atendimento. O texto exige que sejam registradas no pronturio

    todas as informaes referentes evoluo clnica e a assistncia prestada ao paciente, assim

    como sejam feitos registros de todos os profissionais envolvidos diretamente no atendimento

    (KURCGANT, 1991).

  • 34

    Os registros de enfermagem preferencialmente devem ocorrer, na medida do possvel

    em tempo real ou logo aps o ocorrido, para prover evidncias da realizao da assistncia

    logo aps a medio de todos os controles da sesso dialtica, exemplo: peso pr-dilise,

    controle de presso arterial a cada hora, peso ps-dilise, intercorrncias dialticas,

    administrao de medicamentos, alm de resultado do teste de resduo do produto qumico

    utilizado na desinfeco dos dialisadores e registro da medida do volume interno das fibras do

    dialisador, (registros sobre o reuso) e material utilizado. Essas informaes devem ser

    legveis, identificveis e recuperveis.

    O enfermeiro deve lanar mo da habilidade mental e da criatividade para olhar

    profundamente para quem cuida e assim tentar captar o que est fora de quem olha e de quem

    olhado. Com o tempo de convvio, alm dos sinais que o corpo indica e conseguimos captar

    (evidncias como sexo, idade, aparncia pessoal, autocuidado, expresso verbal, odor), o

    enfermeiro deve lanar mo de captar a personalidade, o jeito de ser, a simpatia, a capacidade

    cognitiva, a afetividade, o carter e somado histria individual e familiar, faz com que possa

    aplicar sua experincia prtica, compreendendo as situaes. Saber assim, como abordar o

    paciente (KOEPPE & ARAUJO, 2009).

    O estudo da comunicao no verbal possibilita ao profissional perceber os

    sentimentos do paciente, suas dvidas e dificuldades para verbalizar seus problemas e anseios.

    O profissional deve estar atento para compreender que o cliente ou seu corpo tenta dizer

    atravs de expresses no verbais (KOEPPE & ARAUJO, 2009).

  • 35

    CAPTULO 3

    3 CAMINHO METODOLGICO

    3.1 Mtodo

    A experincia da pesquisadora facilitou entender os fenmenos segundo a perspectiva

    do grupo da enfermagem; os quais foram responsveis pelos registros analisados.

    A anlise de documentos um mtodo de coleta de dados onde o pesquisador no

    pode tirar partido da reao do objeto estudado e sendo necessrio um esforo de

    objetividade; elimina a eventualidade de qualquer influncia a ser exercida pela presena ou

    interveno do pesquisador. O documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa

    para o pesquisador, insubstituvel e o testemunho, por pouco que seja, de atividades

    particulares ocorridas. Embora tagarela, o documento permanece surdo (POUPART et al,

    2014).

    Este estudo apresenta uma abordagem qualitativa, quantitativa, descritiva e

    exploratria, com base na pesquisa dos registros de enfermagem que o mtodo que se

    adequa s propostas do estudo, pois permite a obteno de dados atravs do contato direto do

    pesquisador com o material escrito pela enfermagem no prprio contexto vivido, e

    fundamental que o pesquisador conhea e entenda os fenmenos segundo a perspectiva dos

    profissionais do setor. A abordagem quantitativa, quando em conjunto com a qualitativa,

    segundo Minayo (2014), permite uma mais elaborada e completa construo da realidade, ao

    invs de atuarem de forma oposta.

    A pesquisa qualitativa tem sido utilizada para explicar determinadas questes que

    mtodos quantitativos dificilmente poderiam abordar e possibilita fornecer informaes

    contextuais para desvendar o como de um cotidiano de uma determinada cultura

    organizacional (POUPART et al, 2014).

    3.2 Cenrio

    O local de estudo, foi o Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho (HUCFF -

    UFRJ), no servio de terapia renal substitutiva hemodilise, no turno diurno em dias teis

    sequenciais. O total de pronturios analisados foi de quarenta e oito, ativos no perodo de

    coleta; lidos integralmente. A escolha desse cenrio se justificou por ser um hospital de

  • 36

    grande porte, de referncia na nefrologia, com registro da assistncia de enfermagem e

    sistematizao da assistncia implantada na unidade de nefrologia, especificamente no setor

    de internao hospitalar; exceto na hemodilise.

    O paciente internado possui registros de todas as atividades de enfermagem e suas

    intervenes no pronturio eletrnico menos aqueles gerados durante o cuidado nas sesses

    de hemodilise e os pacientes externos da hemodilise possuem apenas pronturio escrito de

    forma manual).

    Os enfermeiros que prestam assistncia so pertencentes unidade de nefrologia

    realizam planto no apenas hemodilise, tendo contato com o programa informatizado do

    hospital, MEDTRAK, que a base do pronturio eletrnico, e permite o acompanhamento

    de todo o fluxo dos pacientes, gerenciando as informaes clnicas e administrativas que

    contm prescries de enfermagem.

    O servio de hemodilise realiza as atividades assistenciais por turnos de dilise

    manh e tarde, com oito mquinas de rim artificial em uso por turno. Relacionado ao

    quantitativo de funcionrios, a equipe composta por enfermeiras diaristas e plantonistas,

    tcnicos de enfermagem diaristas e plantonistas, com carga horria total de 30h semanais e

    escala de 12h de trabalho por 60h de descanso quando plantonistas, totalizando por dia, no

    setor de hemodilise dois enfermeiros (um lder e o chefe do setor) e seis tcnicos de

    enfermagem no planto.. A autorizao de pesquisa em pronturio foi obtida junto direo

    do Hospital atravs de carta de anuncia para autorizao de pesquisa em pronturio.

    3.3 ETAPAS DE PRODUO

    A coleta de dados foi realizada aps a aprovao do projeto nos comits de tica da

    Escola de Enfermagem Anna Nery e da instituio coparticipante atravs da Plataforma

    Brasil, protocolo nmero 1.646.111.

    A pesquisa de campo, com anlise dos registros de enfermagem constantes em

    pronturios ativos no servio de hemodilise, em hospital pblico no estado do Rio de Janeiro

    foi realizada no perodo de junho a julho de 2016. Os registros institucionalizados nos

    pronturios foram analisados em busca de anotaes relevantes que denotassem evidncias

    clnicas ou fatores de risco indicativos de uma resposta humana relativos a um diagnstico de

    enfermagem. Os critrios de incluso foram pronturios ativos de pacientes cadastrados e

    atendidos no programa de dilise de um hospital universitrio no Rio de Janeiro. Por ser uma

    pesquisa em pronturios de pacientes que demandam longo perodo de tratamento foi levado

  • 37

    em considerao registros de funcionrios que usufruam de frias e/ou licenas de curta

    durao no perodo de coleta de dados.

    Para iniciar a coleta de dados foi realizado aprofundamento prvio sobre registros de

    diagnsticos de enfermagem a partir das bases de dados Literatura Latino-Americano e do

    Caribe em Cincias da Sade (LILACS) = 12, Scientific Electronic Library Online (SciELO)

    = 13 , Bases de Dados Especfica da Enfermagem (BDENF) = 13 e Cumulative Index to

    Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) = 33; utilizando os seguintes descritores

    contemplados nos Descritores em Cincias da Sade (DeCs).Diagnstico de enfermagem e

    Hemodilise. A partir da combinao desse descritores foram localizados 71 artigos dos quais

    aps implantar os critrios de incluso texto completo disponvel e excluir os artigos

    repetidos, foram analisados treze artigos em sua totalidade, identificados neles os diagnsticos

    de enfermagem e extrados os fatores relevantes para sua definio pelos enfermeiros do

    setor.

    Foram pesquisados os artigos nas bases de dados mencionadas; a seleo foi

    realizada atravs da leitura dos ttulos e dos resumos selecionados e com as seguintes

    consideraes: texto completo disponvel em portugus, e referentes ao saber/fazer do

    enfermeiro. Aps a seleo dos artigos, houve a leitura minuciosa e enunciao dos DE

    relativos ao paciente e que fossem passveis de identificar durante a sesso de hemodilise.

    Experincias constantes da literatura tambm foram levadas em considerao, onde

    para a informatizao do SAE tornou-se imprescindvel que a padronizao da linguagem

    inerente ao setor fosse capturada e identificada previamente para que, na formulao do

    instrumento ficasse demonstrado que a finalidade seria facilitar para o profissional que

    realizar a anotao identificar a forma de registrar suas observaes e seu processo

    assistencial. A padronizao pressups a utilizao de um conjunto de termos pr-

    estabelecidos (exemplo: peso seco, banho, pesado); que expressaram: situaes do processo

    sade/doena que puderam ser modificadas por intervenes de enfermagem; e resultados

    obtidos com a efetivao dessas aes.

    Foi construdo um instrumento de pesquisa, no qual os fatores obtidos nas referncias

    sobre os diagnsticos mais relevantes no mbito da hemodilise foram listados como

    necessrios para a obteno dos diagnsticos; com esses fatores relevantes: constituiu-se em

    um check-list para registrar as evidncias observadas e pontuar a avaliao de cada item como

    existente, inexistente e existente diferente que foram avaliados como documentados com ou

    sem variao e no documentados.. A elaborao do instrumento de pesquisa facilitou a

    transcrio das observaes e lanamento dos registros e a preparao de um formulrio que

  • 38

    devidamente descreve os itens de interesse que constituiu num prottipo para a

    informatizao do setor.

    O momento para observao dos registros institudos pela enfermagem ocorreu pela

    anlise documental dos pronturios na sala de hemodilise durante as situaes de cuidado

    (sesso dialtica) para visualizao no cenrio escolhido das intervenes registradas pela

    equipe no cuidado com esse cliente em hemodilise que constituem subsdios prescrio de

    enfermagem.

    Foi realizada a anlise documental objetivando identificar a dinmica da produo de

    prescries de enfermagem paralelamente observao no participante da forma de

    produo da prescrio. A observao no participante foi realizada durante as sesses de

    hemodilise, com produo de anotaes e inventrios nos dias de observao sobre as

    situaes vivenciadas e dos registros nos formulrios (comunicao escrita dos enfermeiros).

    Foram verificados os registros de enfermagem durante as sesses de hemodilise,

    captando aqueles referentes ao cuidado de enfermagem prestado durante a mdia de quatro

    horas de assistncia direta ao paciente em cada sesso e identificados nestes registros como a

    assistncia de enfermagem est notificada para atendimento resoluo nmero 358 do

    COFEN.

    Para coleta dos dados foi utilizado caderno para transcrio dos registros de

    enfermagem contidos no pronturio. A pesquisadora teve preocupao e o zelo de colocar-se

    no lugar dos profissionais avaliando a dinmica das rotinas do dia-a-dia de um setor de

    hemodilise e as dificuldades em registrar todas as ocorrncias acontecidas

    concomitantemente aos afazeres e demandas de cuidados que os pacientes requeriam.

    Inicialmente a pr-anlise consistiu na leitura e releitura dos pronturios em arquivo

    corrente a serem analisados e transcrio das anotaes de enfermagem contendo

    representatividade e pertinncia ao tema inicial (planejamento de enfermagem).

    Anlise temtica consistiu em descobrir os ncleos de sentido dos registros em

    pronturios, para pesquisar como eles se apresentavam, qual a frequncia registrada e como

    eles se aproximam ou se distanciam dos diagnsticos e intervenes preconizados em

    literatura.

    Determinou-se a unidade de registro relevantes na pr-anlise e transcritas para uma

    planilha Excel e depois os dados foram tratados em uma operao estatstica com o uso do

    programa R que um programa para clculos estatsticos, onde ocorreu a definio das

    porcentagens e determinao das frequncias relativas e simples. Em seguida houve a

    classificao em categorias em palavras ou expresses significativas do mesmo assunto,

  • 39

    buscando a inteno na anotao; inteno que pode estar clara (documentada) ou no (com

    variao). No caso de inexistncia de documentao foi classificada como no documentada.

    Foi dado nfase comunicao escrita, a qual est registrada em pronturios e a

    anlise buscou demonstrar refletir nos registros da assistncia tambm toda a comunicao

    teraputica desenvolvida no ambiente da dilise. Quanto aos dados de registros a pesquisadora

    levantou os tipos de prescrio de enfermagem realizados e as intervenes relacionadas ao

    diagnstico de enfermagem quando prescritas. Estas ltimas (as prescries) so de interesse

    ao estudo e junto com as demais informaes e sero utilizadas para descrever como os

    enfermeiros responsveis pelas sesses de hemodilise usam o recurso da sistematizao da

    assistncia (avaliao e registro de enfermagem).

    Aps os registros de enfermagem serem lidos pela pesquisadora e transcritas as

    informaes que significavam a existncia de interveno de enfermagem, um julgamento

    clnico ou prescrio de enfermagem propriamente explicitada; foi preenchido o formulrio

    de coleta de dados onde os fatores relevantes aos diagnsticos de enfermagem eram

    classificados como inexistente (no existe anotao sobre esse fator nos registros

    pesquisados), existente (o registro do fator ocorreu com redao explcita) e existente

    modificado (o registro ocorreu de uma forma diferente mas ficou implcita a informao

    desejada). Os registros dos tcnicos de enfermagem foram analisados tambm, pois cabe a

    eles a assistncia direta aos pacientes e o cumprimento das prescries institudas pelo

    enfermeiro responsvel pela elaborao da prescrio.

    Aps definio dos elementos predominantes nos registros foi elaborado formulrio

    para agrupamento dos itens da assistncia divididas por conjunto de ideias comuns para

    melhor gerenciamento das anotaes e visualizao dos dados relevantes.

    3.4 ANLISE

    A segunda fase foi a anlise do material produzido e pesquisado no preenchimento

    do instrumento de coleta de dados descritivo com os fatores relevantes para a prescrio de

    enfermagem na hemodilise. O tratamento dos dados obtidos a fim de situar a comunicao

    escrita das anotaes de enfermagem com os diagnsticos e fatores relacionados pr-

    estabelecidos da literatura, no intuito de correlacionar convergncias, divergncias e

    inexistncias de item sistematizado e da anlise das anotaes mais representativas a cada

    item do formulrio de coleta de dados.

  • 40

    Uma generalizao estatstica (enunciado em termos de porcentagem de casos que

    indica uma doena, ou que em determinada idade a proporo de pessoas sofram de

    determinada doena) que fornea apoio para uma premissa so chamados: argumentos

    indutivos e possuem a capacidade, quando disposio de um profissional de sade, de

    funcionar como fatores para inferir a presena de um determinado problema (LAMBERT E

    BRITTAN, 1972).

    Foi assegurado o anonimato da identificao do pronturio atravs da recodificao

    da identificao do registro analisado e do profissional que o realizou. O material produzido

    ser mantido at a concluso da dissertao e os dados obtidos sero de interesse estritamente

    cientfico, sendo utilizados apenas em eventos, artigos cientficos e na elaborao desta

    dissertao de mestrado.

    3.5 DESAFIOS DA PESQUISA

    Uma das limitaes iniciais foi o tempo necessrio para a adaptao dinmica do

    setor, e debruar na leitura dos diferentes pronturios para pesquisa. A investigao foi a

    partir da leitura dos registros de enfermagem com explorao dos itens de observao da

    comunicao escrita da enfermagem. A frequncia destes registros demonstrou a real noo

    de como se registra o cuidado a partir das prescries do enfermeiro e do cuidado realizado

    pelos tcnicos de enfermagem. Tambm constituiu desafios decifrar a real inteno do

    profissional ao analisar seu registro sem cometer juzo ou julgamento de valor.

    3.6 ASPECTOS TICOS

    Assim instrumentada, a pesquisa foi realizada, aps aprovao do projeto no comit de

    tica e no cenrio cujo ambiente tem uma forma de atendimento prpria, com uma

    comunicao escrita determinada pelo contexto e um modo de cuidar especfico da unidade de

    hemodilise de um hospital de grande porte do Rio de Janeiro. Sendo obedecidos os aspectos

    ticos, conforme previsto no projeto submetido e aprovado pelo Comit de tica e Pesquisa

    da Escola de Enfermagem Anna Nery / Hospital Escola / Universidade Federal do Rio de

    Janeiro e autorizao da Instituio pesquisada. Foi respeitado o sigilo das informaes

    conforme a resoluo 466/2012.

    Considerando a importncia do plano de disseminao do conhecimento produzido, a

    divulgao preliminar dos resultados de investigao da pesquisa foi atendida com a

  • 41

    submisso de artigos com os ttulos Concepo de instrumento para anotao da sesso

    de hemodilise a partir da anlise dos registros de enfermagem em um hospital

    universitrio relato de experincia (Apndice); e Fatores relevantes para o

    diagnstico de enfermagem durante a sesso de hemodilise uma reviso narrativa

    (Apndice ).

    Houve tambm a circulao da produo em eventos cientficos como o IX Seminrio

    Internacional de Pesquisa em Enfermagem (SINPEN), realizado pela EEAN na UFRJ em

    2016.

  • 42

    CAPTULO 4

    4 RESULTADOS, ANLISE E DISCUSSO

    4.1 RESULTADOS

    O enfermeiro, no Brasil possui em sua formao o comprometimento das

    universidades de enfermagem na preparao de um profissional capaz de desenvolver uma

    assistncia integral, organizada e com vistas a qualidade; Pereira et al, (2015), cita que a

    formulao de diagnsticos de enfermagem serve como referncia para a organizao da

    prtica assistencial e estabelecimento da natureza e objetivo da assistncia. Os autores citam

    que a correta compreenso e incluso no cotidiano desta ferramenta permite estabelecimento

    de metas e cuidados de sade especficos para satisfazer as necessidades identificadas no

    indivduo, desenvolvendo habilidades constantes no raciocnio e prtica clnica de cuidados

    eficazes que promova reconhecimento cientfico e tecnolgico pela sociedade enfermagem.

    No Hospital cenrio, o pronturio eletrnico fica disponibilizado em terminais de

    computador presentes na unidade em que exames laboratoriais e laudos de exames de imagem

    podem ser acessados. Como pronturio escrito, na unidade de hemodilise, contm folha de

    rosto de identificao e dados gerais do paciente, relatrio geral da hemodilise, folha de

    controle mensal para acompanhamento do nmero do rim artificial que o paciente utilizou,

    prescrio mdica (tempo da sesso de hemodilise, meta de ultrafiltrao, fluxo de sangue,

    anticoagulao, volume de reposio de soro fisiolgico, perfil de sdio do dialisato),

    anotaes da presso arterial inicial e horria, medi