Upload
buidieu
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS
QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS
LÍLIA CALHEIROS DE OLIVEIRA BARRETTO
MICROENCAPSULAMENTO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EXTRAÍDOS DE
RESÍDUO DO PROCESSAMENTO DE CAJU (Anacardium occidentale L.)
RIO DE JANEIRO
2015
LÍLIA CALHEIROS DE OLIVEIRA BARRETTO
MICROENCAPSULAMENTO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EXTRAÍDOS DE
RESÍDUO DO PROCESSAMENTO DE CAJU (Anacardium occidentale L.)
Orientadoras
Professora Suely Pereira Freitas, D.Sc.
Professora Jane de Jesus da Silveira Moreira, D.Sc.
Virgínia Martins da Matta, D.Sc.
RIO DE JANEIRO
2015
Aos meus pais, José Carlos Santana e Ida Maria Calheiros.
Ao meu esposo, Eduardo Faro Barretto.
Às minhas orientadoras, Suely Freitas, Jane Moreira e Virgínia da Matta.
Dedico esta tese.
AGRADECIMENTOS
Algum doutorando prestes a alcançar este almejado título ousou escrever suas notas de
agradecimento sem evitar que lágrimas caíssem? Todo sonho tem seu preço ou todo projeto,
caso assim desejem chamá-lo. Ao deixar a minha amada Aracaju, esposo, pais, irmão, avós,
tios e amigos, trouxe comigo a esperança do novo. Crescer em um ambiente desafiador. Ser
surpreendentemente acolhida por aqueles a quem denomino anjos.
Nossa evolução profissional exige muito mais que estudo, trabalho e suor, pois
somente através das pessoas e dos relacionamentos que conquistamos, vencemos nossas lutas
diárias. Aproveito então estas páginas iniciais da minha tese de doutorado para detalhar e
mostrar-lhes que ela não é exclusivamente minha. Sua construção está baseada em mãos
estendidas, abraços afetuosos e vínculos fraternos.
Primeiramente, gostaria de registrar a vocês, cariocas, que nada se compara a viver em
uma cidade onde o Cristo Redentor está sempre de braços abertos a nos receber. Agradeço a
Deus por todas as bênçãos e proteção no decorrer dessa imensa estrada. Sejam nos dias felizes
ou naqueles em que precisamos de mais força e perseverança, basta olhar para o alto e
lembrar que Ele continua a nos resguardar.
Faço das palavras de uma colega mestra quando da sua defesa sobre os seus: “Aos
meus pais, que nunca mediram esforços sobre a minha educação”. Feliz daquele que os tem
ao seu lado. Meu reconhecimento, amor e respeito à minha mãe, Ida Maria, e ao meu pai, José
Carlos.
Ao meu amado esposo, Dudu, que confiou e apostou neste sonho junto comigo. A
ausência em tantos momentos hoje é recompensada com a concretização deste sonho. Volto
para casa feliz, aliviada e, sobretudo, realizada. À Família Barretto, em nome dos meus
sogros, Sr. Eduardo e D. Ana, que muito me apoiaram nesta jornada.
À minha prima querida, Marília, que abriu as portas do seu lar e me recebeu com tanto
carinho, delicadeza e consideração. A vinda para o Rio não seria a mesma se você não
estivesse aqui.
À Profa. Dra. Suely Pereira Freitas, minha orientadora, pessoa de alma iluminada e
competência singular. Obrigada por me aceitar como sua aluna, presente divino em sê-la. Sou
eternamente grata por tudo o que fez por mim.
À Profa. Dra. Jane de Jesus da Silveira Moreira, grande amiga que vem
acompanhando a minha história desde o mestrado. Você é inspiração para muitos. Te admiro
e desejo que nossos caminhos continuem se cruzando sempre. Obrigada por, mais uma vez,
participar desta trajetória.
À Dra. Virgínia Martins da Matta, por ter abraçado este desafio comigo. Agradeço
pela atenção, confiança, amizade e, principalmente, pela paciência em sempre me receber nos
meus momentos de desespero e insegurança.
Ao Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe, onde os primeiros
passos desse estudo foram dados. Às colegas Karina Magna Leão, Ana Virgínia Figueiredo e
Lúcia Calumby, registro meus sinceros agradecimentos.
À Embrapa Agroindústria de Alimentos que propiciou toda a infraestrutura de plantas
e laboratórios para que este projeto pudesse ser concluído.
Aos profissionais Dra. Renata Tonon, Dra. Leda Gottschalk, Dra. Regina Nogueira,
Dr. Edmar Penha, Dra. Flávia Gomes, Dra. Renata Torrezan, Dra. Ana Carolina Sampaio e
Dra. Melícia Galdeano, pela atenção em escutar as minhas dúvidas, respondê-las e sugerir
novos caminhos que contribuíram para a progressão desta tese.
À cordialidade e dedicação do Dr. Ronoel Godoy e sua equipe, em nome de Sidney
Pacheco, Manuela Santiago, Renata Borguini e Luzimar Nascimento.
Aos técnicos e analistas sempre prontos para ajudar Agnelli Holanda, Sérgio Pontes,
Luiz Fernando Menezes, William Ferreira, Érika Fraga e Mariana Mattos. Aos colegas de
laboratório, Diego e Nátali. Foi uma grande honra trabalhar, aprender e conviver com vocês.
Muito obrigada.
Tive a graça de ser presenteada com sua amizade. Minha querida “chefe”, Ana Paula
Gil Cruz, obrigada pela cooperação, solicitude e apreço. Guardarei com muito carinho todos
os momentos que vivenciamos juntas.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro, à Escola de Química e ao Programa de pós-
graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos. Com muito orgulho, visto a
camisa desta instituição. Aos colegas de curso, em especial à Marcella Souza, Nina Silva,
Leilson Oliveira e Regina de Paula.
Às Professoras que participaram da banca de qualificação desta tese, Dra. Maria Alice
Zarur Coelho, Dra. Sônia Couri e Dra. Mônica Pagani. Agradeço pelas observações e
sugestões que muito contribuíram para o aprimoramento deste estudo.
Aos docentes que compõem a banca de defesa, Dra. Maria Antonieta Peixoto Gimenes
Couto, Dr. Ricardo de Andrade Medronho, Dra. Cíntia Alessandra Matiucci Pereira, Dr.
Ricardo Sposina Sobral Teixeira e Dr. Marcelo Augusto Gutierrez Carnelossi, agradeço pela
leitura e sugestões que enriqueceram o encerramento desta tese.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
bolsa de estudos, suporte essencial para o estudante brasileiro de pós-graduação.
À Universidade Federal de Sergipe, berço da minha formação acadêmica. Ao
Departamento de Tecnologia de Alimentos, em nome dos Professores Gabriel Silva, João
Antônio Santos e Antônio Martins. À amiga Tamy Andrade, registro minha gratidão pela
parceria de trabalho e pesquisa.
Finalmente, à cidade do Rio de Janeiro que sempre me recebeu com “aquele abraço”
tão lindamente eternizado por Gilberto Gil. Ao inesquecível bairro de Copacabana, onde
aprendi e senti o verdadeiro significado de ser carioca. Sentirei saudades.
Muito obrigada!
RESUMO
BARRETTO, Lília Calheiros de Oliveira. Microencapsulamento de compostos fenólicos
extraídos de resíduo do processamento de caju (Anacardium occidentale L.). Rio de Janeiro,
2015. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) – Escola de
Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
O êxito dos alimentos funcionais permanece como uma tendência global no âmbito da
indústria de alimentos, que inova constantemente quanto ao desenvolvimento destas
especialidades. Este estudo visou elaborar um extrato microencapsulado rico em compostos
fenólicos extraídos de resíduos provenientes do beneficiamento do pedúnculo do caju que
possa ser aplicado como ingrediente alimentício funcional. Foram aplicadas duas rotas
tecnológicas (hidroetanólica e hidrólise enzimática), a fim de avaliar as melhores condições
de extração dos compostos antioxidantes. A partir de um delineamento experimental 3³ do
tipo Box-Behnken, foram analisados os parâmetros pH, proporção solvente:bagaço e
porcentagem de etanol na solução para a extração hidroetanólica. Os fatores avaliados,
utilizando-se a enzima comercial Celluclast® 1.5 L para a hidrólise enzimática, foram: tempo
de trituração da amostra, proporção solvente:bagaço e concentração da enzima. Os parâmetros
de operação associados aos mais altos valores de atividade antioxidante, para ambos os
processos, foram escolhidos para avaliar as curvas de cinética de extração hidroetanólica e
enzimática. Nesta aplicou-se uma combinação das enzimas Celluclast® e β-glicosidase. A
rota hidroetanólica foi aplicada para obtenção do extrato microencapsulado por atomização.
Foram aplicados os agentes encapsulantes maltodextrina e goma arábica na concentração de
15 % (m/m). O produto microencapsulado apresentou comportamento higroscópico ajustado
pelo modelo de GAB (R² = 0,99). O diâmetro das micropartículas variou entre 1,98 e 20,2
µm, com destaque para a morfologia esférica e superfície rugosa. O perfil de compostos
fenólicos presentes no extrato microencapsulado foi mantido se comparado com a matéria-
prima, sendo identificados os seguintes ácidos fenólicos e flavonoides: ácido gálico, rutina,
quercetina e isoquercetina. Os dados de estabilidade indicaram que os compostos fenólicos
foram preservados até 45 dias, apresentando uma redução de 12 % a partir dos 60 dias de
estocagem. A rota hidroetanólica do processamento do bagaço do caju é uma alternativa
potencial para a separação de compostos fenólicos com possível ação biológica sobre a saúde
humana. A produção comercial deste extrato poderá contribuir para a agregação de valor à
cadeia agroindustrial do pseudofruto do caju.
Palavras-chave: Anacardium occidentale L., endoglucanase, β-glicosidase, extração
hidroetanólica, atomização.
ABSTRACT
BARRETTO, Lília Calheiros de Oliveira. Microencapsulamento de compostos fenólicos
extraídos de resíduo do processamento de caju (Anacardium occidentale L.). Rio de Janeiro,
2015. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) – Escola de
Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
The success of functional foods remains a global trend within the food industry which
constantly innovates due to the development of these specialties. This study aimed to develop
a microencapsulated extract rich in phenolic compounds obtained from the cashew apple
processing that can be applied as a functional food ingredient. Two technological routes were
applied (hydroethanolic extraction and enzymatic hydrolysis) to evaluate the best process
conditions for phenols extraction. A 3³ Box-Behnken experimental design was used to
evaluate the influence of the parameters pH, solvent:substrate ratio and ethanol concentration
for hydroethanolic extraction. The factors evaluated, using the commercial enzyme
Celluclast® 1.5 L for enzymatic hydrolysis were: grinding time, solvent:substrate ratio and
enzyme concentration. Parameters associated with the highest antioxidant activity values for
both processes were chosen to assess kinetics curves for hydroethanolic and enzymatic
extraction, where a combination of Celluclast® and β-glucosidase enzymes was applied.
Hydroethanolic route presented higher response values for extraction of phenolic compounds
and this was the technology applied to obtain the microencapsulated extract by spray drying.
The encapsulating agents maltodextrin and arabic gum were used at a 15 % concentration
(w/w). The microencapsulated product presented a hygroscopic behavior set by GAB model
(R² = 0.99). The microparticles diameter ranged from 1.98 to 20.2 µm presenting spherical
morphology and rough surface. The phenolic compounds profile was retained in the powder
when compared to the raw material. The following phenolic acids and flavonoids were
identified: gallic acid, rutin, quercetin and isoquercetin. Stability data indicated that phenolic
compounds have been preserved up to 45 days and a decrease of 12 % was registered after 60
days of storage. Hydroethanolic route for the cashew apple residue is a potential technology
for phenolic compounds separation, which possibly present biological action on human
health. Commercial production of this extract may contribute to adding value to agroindustrial
chain of cashew apple.
Keywords: Anacardium occidentale L., endoglucanase, β-glucosidase, hydroethanolic
extraction, atomization.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1. Cajus, com respectiva identificação da amêndoa e do pseudofruto. ........................ 25
Figura 2. Rota simplificada do ácido chiquímico, destacando a produção de compostos
fenólicos. Fonte: Adaptado de Mann (1987). ........................................................................... 28
Figura 3. Estrutura química de alguns flavonoides: (a) flavona; (b) flavonol; (c) flavanona e
(d) isoflavona. Fonte: Adaptado de Testai (2015). ................................................................... 29
Figura 4. Estruturas químicas de alguns ácidos fenólicos: (a) ácido protocatecuico; (b) ácido
cafeico; (c) ácido gálico; (d) ácido siríngico e (e) ácido clorogênico. Fonte: Adaptado de
Andjelkovic et al. (2006). ......................................................................................................... 30
Figura 5. Reações catalisadas pelas celulases. (1) Ação das endoglucanases e liberação de
oligossacarídeos; (2) ação das exoglucanases com formação da celobiose e (3) ação da β-
glicosidase, ou celobiase, e obtenção de glicose. Fonte: Adaptado de Farinas (2011). ........... 37
Figura 6. Sistema simplificado de um atomizador, com destaque para: (1) entrada do ar
aquecido; (2) câmara de secagem; (3) ciclone; (4) saída de ar frio e (5) saída do produto seco.
As setas vermelhas indicam a circulação do ar de secagem e as amarelas destacam a
circulação do produto. Fonte: Adaptado de GEA (2015). ........................................................ 41
Figura 7. Isoterma de sorção típica de um produto alimentício. Fonte: Andrade, Lemus e
Pérez (2011). ............................................................................................................................. 46
Figura 8. Diagrama simplificado do processo de obtenção do bagaço de caju. ...................... 51
Figura 9. Obtenção de bagaço de caju em escala piloto, com destaque para as operações: (a)
recepção da matéria-prima; (b) despolpamento do pedúnculo; (c) trituração do bagaço e (d)
embalagem a vácuo. ................................................................................................................. 52
Figura 10. Diagrama esquemático do sistema de atomização da Buchi. Fonte: Zareifard et al.
(2012). ...................................................................................................................................... 61
Figura 11. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento Box-Behnken. ............................... 71
Figura 12. Gráficos de Pareto – Planejamento Box-Behnken referente à extração
hidroetanólica para as respostas de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por ABTS·+
(b), com relação aos parâmetros pH (X1), proporção solvente:bagaço (X2) e porcentagem de
etanol na solução (X3)............................................................................................................... 72
Figura 13. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
extração hidroetanólica para as respostas de fenólicos totais (FT), relacionando os parâmetros:
S:B vs. pH (a) e S:B vs. porcentagem de etanol na solução (b). .............................................. 73
Figura 14. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
extração hidroetanólica para as respostas de atividade antioxidante (ABTS·+
), relacionando os
parâmetros: S:B vs. pH (a) e S:B vs. porcentagem de etanol na solução (b). .......................... 74
Figura 15. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS•+
) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento fatorial 2². ..................................... 77
Figura 16. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ORAC) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento fatorial 2². ..................................... 77
Figura 17. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à extração hidroetanólica
em função dos resultados de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por ABTS·+
(b), com
relação aos parâmetros proporção solvente:bagaço (X1) e porcentagem de etanol na solução
(X2). .......................................................................................................................................... 78
Figura 18. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à extração hidroetanólica
em função dos resultados de atividade antioxidante por ORAC, com relação aos parâmetros
proporção solvente:bagaço (X1) e porcentagem de etanol na solução (X2). ............................ 79
Figura 19. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS•+
) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento Box-Behnken. .................................... 82
Figura 20. Gráficos de Pareto – Planejamento Box-Behnken referente à hidrólise enzimática
em função dos resultados de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por ABTS·+
(b), com
relação aos parâmetros tempo de trituração do bagaço (X1); proporção solvente:bagaço (X2) e
concentração da enzima (X3). ................................................................................................... 83
Figura 21. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
hidrólise enzimática para fenólicos totais relacionando os parâmetros: S:B vs. tempo de
trituração (a) e S:B vs. enzima (%; b.s.) (b). ............................................................................ 84
Figura 22. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
hidrólise enzimática para atividade antioxidante por ABTS•+
relacionando os parâmetros: S:B
vs. tempo de trituração (a) e S:B vs. enzima (%; b.s.) (b). ....................................................... 85
Figura 23. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento fatorial 2². ........................................... 88
Figura 24. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ORAC) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento fatorial 2². ........................................... 89
Figura 25. Gráfico de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à hidrólise enzimática em
função dos resultados de fenólicos totais, com relação aos parâmetros proporção
solvente:bagaço (X1) e concentação de enzima (X2). ............................................................... 89
Figura 26. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à hidrólise enzimática em
função dos resultados de atividade antioxidante por ABTS·+
(a) e ORAC (b), com relação aos
parâmetros proporção solvente:bagaço (X1) e concentação de enzima (X2). ........................... 90
Figura 27. Cinética do transporte de compostos fenólicos no processo de extração
hidroetanólica do bagaço de caju.............................................................................................. 91
Figura 28. Cinética de extração hidroetanólica de fenólicos totais ajustada pelo modelo de
Fick, onde Y = (X – Xeq)/(X0 – Xeq). ........................................................................................ 92
Figura 29. Curva de distribuição normal entre os valores observados e os estimados pelo
modelo obtido para a cinética de extração hidroetanólica. ....................................................... 93
Figura 30. Cinética do transporte de compostos fenólicos no processo de extração enzimática
do bagaço de caju. .................................................................................................................... 94
Figura 31. Extrato microencapsulado derivado do bagaço de caju. ........................................ 98
Figura 32. Cromatogramas do extrato microencapsulado (a) e bagaço liofilizado (b) de caju e
principais compostos fenólicos identificados por CLAE-DAD. ............................................ 100
Figura 33. Cromatogramas do extrato microencapsulado (a) e bagaço liofilizado (b), ambos
hidrolisados, e principais compostos fenólicos identificados por CLAE-DAD. .................... 101
Figura 34. Regiões ampliadas do cromatograma do extrato microencapsulado de caju
hidrolisado. Intervalo de corrida entre 0,0 e 4,0 minutos (a) e 22,0 e 26,0 minutos (b),
destacando os picos das substâncias ácido gálico, isoquercetina e quercetina. ...................... 102
Figura 35. Espectro de absorção a 270 nm do pico que apareceu aos 10,7 minutos no
cromatograma do extrato microencapsulado de caju. ............................................................ 103
Figura 36. Distribuição do tamanho de partículas por difração a laser do extrato
microencapsulado de caju no tempo zero de estocagem. ....................................................... 106
Figura 37. Análise morfológica das microcápsulas derivadas do extrato do bagaço de caju
microencapsulado por atomização. Aumento de 1000x (a) e 2000x (b). ............................... 107
Figura 38. Comparação das micrografias dos agentes encapsulantes: goma arábica (a1) e
maltodextrina (b1) com dados reportados por Santos, Fávaro-Trindade e Grosso (2005) (a2) e
Otálora et al. (2015) (b2). ........................................................................................................ 108
Figura 39. Micrografias da polpa de caju desidratada por atomização contendo 15 % de goma
arábica com ar aquecido a 140 °C (B) e 150 °C (C). Ampliação de 1200 vezes. Fonte: Moraes
(2014). .................................................................................................................................... 109
Figura 40. Isoterma de sorção a 25 °C do extrato microencapsulado de caju com 15 % de
maltodextrina e goma arábica (1:1; m/m) ajustada pelo modelo de GAB. ............................ 111
Figura 41. Cinética de degradação dos compostos fenólicos totais durante os 60 dias de
estocagem do extrato microencapsulado de caju. ................................................................... 113
Figura 42. Balanço de massa global para produção do extrato de caju microencapsulado... 113
QUADROS
Quadro 1. Composição centesimal do pseudofruto do caju in natura. ................................... 25
Quadro 2. Compostos fenólicos e carotenoides em polpa e bagaço de caju. .......................... 33
Quadro 3. Frações de ácidos fenólicos livres (AFL), esterificados solúveis (AFS) e insolúveis
(AFI) presentes no bagaço e no extrato bruto concentrado do pedúnculo de caju (EBC). ...... 33
Quadro 4. Teores de ácido ascórbico, fenólicos totais e proantocianidinas de caju
minimamente processado e estocado em diferentes temperaturas por 24 horas. ..................... 34
Quadro 5. Concentração de compostos fenólicos em polpa de caju. ...................................... 35
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Delineamento fatorial Box-Behnken para a extração hidroetanólica com as
variáveis independentes originais e codificadas. ...................................................................... 53
Tabela 2. Planejamento fatorial completo 2² para a extração hidroetanólica com as variáveis
independentes originais e codificadas. ..................................................................................... 54
Tabela 3. Delineamento fatorial Box-Behnken para a hidrólise enzimática com as variáveis
independentes originais e codificadas. ..................................................................................... 56
Tabela 4. Planejamento fatorial completo 2² para a hidrólise enzimática com as variáveis
independentes originais e codificadas. ..................................................................................... 57
Tabela 5. Gradiente de eluição empregado na determinação dos compostos fenólicos em
CLAE-DAD. ............................................................................................................................. 65
Tabela 6. Soluções salinas e suas respectivas atividades de água. .......................................... 68
Tabela 7. Resultados do planejamento Box-Behnken referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de fenólicos totais, atividade antioxidante por ABTS·+
e respectivos valores
estimados pelo modelo. ............................................................................................................ 70
Tabela 8. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de fenólicos totais e respectivos valores estimados pelo modelo. ........................... 75
Tabela 9. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de ABTS·+
e ORAC e respectivos valores estimados pelo modelo. ........................ 75
Tabela 10. Composição dos açúcares do bagaço do caju. ....................................................... 79
Tabela 11. Quantificação da atividade enzimática das enzimas aplicadas. ............................. 80
Tabela 12. Resultados da hidrólise enzimática com Celluclast® 1.5 L para as análises de
fenólicos totais e ABTS·+
e respectivos valores estimados pelo modelo. ................................ 81
Tabela 13. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à hidrólise enzimática –
Respostas de fenólicos totais e respectivos valores estimados1. .............................................. 87
Tabela 14. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à hidrólise enzimática –
Respostas de ABTS•+
e ORAC e respectivos valores estimados1. ........................................... 87
Tabela 15. Respostas de fenólicos totais para os ensaios em série da extração enzimática e
hidroetanólica. .......................................................................................................................... 96
Tabela 16. Dados da concentração do extrato hidroetanólico por evaporação rotativa. ......... 97
Tabela 17. Eficiência do microencapsulamento por atomização do extrato proveniente do
bagaço do caju. ......................................................................................................................... 99
Tabela 18. Estruturas químicas, espectros e tempos de retenção dos compostos identificados
nos extratos analíticos antes e após hidrólise ácida e comparação com os respectivos padrões.
................................................................................................................................................ 104
Tabela 19. Distribuição do tamanho das micropartículas do extrato microencapsulado de caju
no tempo zero de estocagem. .................................................................................................. 106
Tabela 20. Parâmetros estimados para o modelo de distribuição de tamanho de partícula
RRB. ....................................................................................................................................... 107
Tabela 21. Parâmetros de ajuste da isoterma de sorção do extrato microencapsulado de caju
no tempo zero de estocagem. .................................................................................................. 110
Tabela 22. Estabilidade do extrato microencapsulado de caju em termos de fenólicos totais e
atividade antioxidante. ............................................................................................................ 112
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAPH – Dicloreto de 2,2’-azobis(2-amidinopropano);
ABTS – 2,2´-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico);
AGE – Ácido gálico equivalente;
b.s. – Base seca;
CMC – Carboximetilcelulose;
COPPE – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia;
DE – Dextrose equivalent;
DPPH – 2,2–Difenil–1–picril–hidrazila;
EC – Enzyme commission of the International Union of Biochemistry and Molecular Biology;
FRAP – Ferric Reducing Antioxidant Power;
FT – Fenólicos totais;
FW – Fresh weight;
IQ – Instituto de Química;
LDL – Low density lipoprotein;
m.s. – Massa seca;
MEV – Microscopia eletrônica de varredura;
mmHg – Milímetros de mercúrio;
MSR – Metodologia de superfície de resposta;
n.d. – Não detectado;
ORAC – Oxigen radical absorbance capacity;
PEAD – Polietileno de alta densidade;
ppm – Partes por milhão;
RSM – Response surface methodology;
SET – Single electron transfer;
TEAC – Trolox equivalent antioxidant capacity;
TROLOX – Ácido 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano-2-carboxílico.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 21
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 23
2.1 Geral ............................................................................................................................... 23
2.2 Específicos ...................................................................................................................... 23
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 24
3.1 Caju (Anacardium occidentale L.) ............................................................................... 24
3.2 Derivados e coprodutos do processamento do caju ................................................... 25
3.3 Compostos fenólicos ...................................................................................................... 27
3.3.1 Compostos fenólicos de interesse na formulação de alimentos funcionais ....... 31
3.3.2 Compostos fenólicos presentes no pseudofruto do caju ...................................... 32
3.4 Tecnologias para aumentar a disponibilidade de compostos fenólicos .................... 35
3.4.1 Extração enzimática ............................................................................................... 36
3.4.2 Extração hidroetanólica ......................................................................................... 39
3.5 Microencapsulamento de extratos vegetais ricos em compostos bioativos .............. 40
3.5.2 Caracterização de extratos microencapsulados .................................................. 44
3.5.2.1 Distribuição do tamanho de partículas .............................................................. 44
3.5.2.2 Morfologia ......................................................................................................... 45
3.5.2.3 Isotermas de sorção ........................................................................................... 45
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 49
4.1 Material .......................................................................................................................... 49
4.1.1 Matéria-prima ........................................................................................................ 49
4.1.2 Reagentes................................................................................................................. 49
4.1.3 Insumos ................................................................................................................... 49
4.2 Procedimento experimental ......................................................................................... 50
4.2.1 Obtenção do bagaço de caju .................................................................................. 50
4.2.2 Extração dos compostos fenólicos ......................................................................... 52
4.2.2.1 Extração hidroetanólica ..................................................................................... 52
4.2.2.2 Extração enzimática ........................................................................................... 55
4.2.3 Cinética de extração dos compostos fenólicos...................................................... 57
4.2.3.1 Cinética de extração hidroetanólica ................................................................... 57
4.2.3.2 Cinética de extração enzimática ........................................................................ 59
4.2.4 Processo de extração em série: Extração enzimática seguida da extração
hidroetanólica .................................................................................................................. 59
4.2.5 Concentração por evaporação a vácuo................................................................. 60
4.2.6 Microencapsulamento por atomização ................................................................ 60
4.2.7 Estabilidade dos extratos microencapsulados ..................................................... 62
4.3 Métodos analíticos ......................................................................................................... 62
4.3.1 Identificação dos açúcares presentes no bagaço do caju .................................... 62
4.3.2 Atividade enzimática .............................................................................................. 63
4.3.3 Determinação do teor de compostos fenólicos totais ........................................... 63
4.3.3.1 Identificação dos compostos fenólicos .............................................................. 64
4.3.4 Atividade antioxidante pelo método ABTS·+
....................................................... 65
4.3.5 Atividade antioxidante pelo método ORAC ........................................................ 66
4.3.6 pH............................................................................................................................. 66
4.3.7 Sólidos totais ........................................................................................................... 66
4.3.8 Distribuição do tamanho de partícula .................................................................. 67
4.3.9 Morfologia ............................................................................................................... 68
4.3.10 Isotermas de sorção .............................................................................................. 68
4.4 Análise dos dados .......................................................................................................... 69
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 70
5.1 Extração dos compostos fenólicos ............................................................................... 70
5.1.1 Extração hidroetanólica – Planejamento Box-Behnken ..................................... 70
5.1.2 Extração hidroetanólica – Planejamento fatorial completo 22........................... 74
5.1.3 Extração enzimática ............................................................................................... 79
5.1.3.1 Caracterização dos açúcares presentes no bagaço do caju ................................ 79
5.1.3.2 Quantificação da atividade enzimática .............................................................. 80
5.1.3.3 pH ...................................................................................................................... 81
5.1.3.4 Hidrólise enzimática – Planejamento Box-Behnken ......................................... 81
5.1.3.5 Hidrólise enzimática – Planejamento fatorial completo 22 ............................... 86
5.2 Cinética de extração dos compostos fenólicos ............................................................ 91
5.2.1 Cinética de extração hidroetanólica ..................................................................... 91
5.2.2 Cinética de extração enzimática............................................................................ 94
5.4 Concentração por evaporação a vácuo ....................................................................... 97
5.5 Microencapsulamento por atomização ....................................................................... 97
5.5.1 Identificação dos compostos fenólicos .................................................................. 99
5.5.2 Distribuição do tamanho de partículas .............................................................. 106
5.5.3 Morfologia ............................................................................................................. 107
5.5.4 Isotermas de sorção .............................................................................................. 110
5.5.5 Estabilidade do extrato microencapsulado de caju ........................................... 111
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 114
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................................... 115
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 116
1 Introdução
21
1. INTRODUÇÃO
A indústria brasileira de beneficiamento do caju está alicerçada na comercialização da
castanha, produto de alto valor agregado e de grande interesse para o mercado externo. A
região Nordeste é a principal produtora desta fruta e também grande consumidora dos
derivados do seu pseudofruto, a exemplo de sucos, polpas, néctares, sorvetes e doces.
No melhor cenário de aproveitamento do pedúnculo, a indústria absorve 20 % de toda
a produção desta matéria-prima. Ainda assim, o despolpamento do caju gera elevados
volumes de resíduos, com destaque para o bagaço de caju, o qual consiste em uma biomassa
rica em fibras, açúcares e vitaminas. Em menor escala, este é aproveitado regionalmente para
produção de outros derivados como hambúrgueres, biscoitos e farinhas.
Alternativas inovadoras para o aproveitamento de resíduos agroindustriais vêm sendo
estudadas, preconizando tecnologias e diretrizes que possam ser aplicadas pelas cadeias
produtoras de forma a integrar as linhas de produção. Estas atitudes contribuem tanto para a
preservação do meio ambiente, com redução do descarte dos refugos produzidos, quanto para
a geração de renda e consequente desenvolvimento econômico. Neste contexto, para um
melhor aproveitamento dos resíduos procedentes do processamento da polpa de caju, uma
nova abordagem deve ser considerada.
Os alimentos funcionais e os nutracêuticos estão entre os principais avanços do
mercado de alimentos industrializados. Continuamente surgem nas gôndolas de todo o mundo
novidades que sugerem a promoção da saúde e bem-estar daqueles que os consomem, sejam
nas formas prébióticas, probióticas ou simbióticas. Além do diferencial em termos de adição
de fibras, bactérias benéficas e frutooligossacarídeos, a aplicação de compostos bioativos em
alimentos propõe a substituição de aditivos sintéticos e melhoria do desempenho do
organismo humano.
Assim, um desafio atual da indústria de alimentos funcionais refere-se à
disponibilização de compostos bioativos extraídos de matrizes de baixo valor comercial,
valorizando a cadeia de processamento destas matérias-primas. Para que os compostos
bioativos possam estar disponíveis para o organismo, faz-se necessário aperfeiçoar os
processos de extração e purificação destas substâncias a partir de fontes naturais. Rotas
biotecnológicas, como as enzimáticas e as fermentativas, têm sido bastante aplicadas para este
fim.
1 Introdução
Além da viabilização de técnicas de extração financeiramente eficientes, outra etapa
desafiante para a indústria refere-se à concentração dos bioativos e sua respectiva oferta, seja
sob a forma de ingredientes de alto valor agregado ou de produtos sofisticados, que atendem a
nichos específicos de mercado.
Operações como ultrafiltração, liofilização e extração com fluido supercrítico são
aplicadas em pequena escala, pois apresentam altos custos de processo e manutenção. Em
maiores proporções, destaca-se o microencapsulamento por atomização, não somente por ser
economicamente viável em comparação às tecnologias citadas anteriormente, como também
por disponibilizar produtos de alta estabilidade com massas e volumes reduzidos.
Os principais compostos bioativos presentes no pseudofruto do caju são os compostos
fenólicos, com destaque para os ácidos fenólicos (p.ex., ácido gálico e ácido p-cumárico) e os
flavonoides (p.ex., miricetina-3-o-glicosídeo, quercetina-3-o-glicosídeo, quercetina-3-o-
galactosídeo e kaempferol-3-o-glicosídeo) (BATAGLION et al., 2015; MICHODJEHOUN-
MESTRES et al., 2009; BRITO et al., 2007).
Apesar de estudos anteriores destacarem quais os principais compostos presentes no
caju, as técnicas mais apropriadas para disponibilizar estes bioativos na forma de ingredientes
alimentícios ainda foram pouco exploradas. Algumas publicações mais recentes,
desenvolvidas pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza/CE), destacaram o
aproveitamento do bagaço do caju para a obtenção de pigmentos carotenoides (ABREU et al.,
2013).
Integrar a obtenção de produtos ricos em compostos fenólicos com o aproveitamento
de resíduos agroindustriais é uma solução sustentável que contribui diretamente com os
desafios de diferentes cadeias agrícolas e industriais (ZEPKA; MERCADANTE, 2009;
AZEREDO et al., 2006). Motivado por este desafio, o presente projeto visa aproveitar a
biomassa residual do processamento do suco de caju para a extração de compostos fenólicos,
por meio de diferentes rotas, e concentrá-los por microencapsulamento para obter um produto
rico em compostos fenólicos que possa ser aplicado como ingrediente funcional na indústria
alimentícia.
2 Objetivos
23
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Produzir um extrato microencapsulado concentrado em compostos fenólicos extraídos
do resíduo do processamento do pseudofruto do caju que apresente potencial antioxidante
para ser empregado na indústria alimentícia como ingrediente funcional.
2.2 Específicos
1. Obter extratos ricos em compostos fenólicos utilizando operações de extração
enzimática e hidroetanólica;
2. Caracterizar os extratos quanto ao teor de compostos fenólicos totais e atividade
antioxidante;
3. Concentrar os extratos;
4. Microencapsular os extratos concentrados;
5. Caracterizar os extratos microencapsulados quanto ao teor de compostos fenólicos
totais, atividade antioxidante, distribuição de tamanho de partícula, morfologia,
higroscopia e identificação dos principais compostos fenólicos;
6. Avaliar a estabilidade dos extratos microencapsulados quanto ao teor de compostos
fenólicos totais e atividade antioxidante.
3 Revisão Bibliográfica
24
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Caju (Anacardium occidentale L.)
O cajueiro é uma planta tropical, originária do Brasil, e produzida também na Índia,
Vietnã, Moçambique e Nigéria. O agronegócio do caju no mundo movimenta,
aproximadamente, 2,4 bilhões de dólares por ano. O Brasil apresenta uma área plantada
superior a 750 mil hectares, que responde por mais de 95 % da produção nacional, sendo os
estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte os principais produtores (OLIVEIRA et al.,
2002; IBGE, 2013).
A peculiaridade da indústria de beneficiamento de caju é que ela está voltada
essencialmente para o mercado externo. A demanda de países de alta renda per capita pela
amêndoa tem sido estável ou até ascendente nos últimos anos. Por essa razão, além de gerar
empregos no campo e na indústria, a exportação da amêndoa da castanha constitui uma
importante fonte de receita, com destaque para o estado do Ceará, cuja cadeia produtiva
alimenta um extenso parque industrial (ANDRADE NETO, 2006).
A produção nacional da castanha de caju gerou divisas da ordem de 130 milhões de
dólares anuais, entre os anos de 2012 e 2015, somente com a exportação. Estados Unidos,
Holanda e Canadá são os principais mercados consumidores deste produto, responsáveis por
cerca de 70 % das importações (SECEX/MDIC, 2015). Apesar da importância dessa atividade
agroindustrial, observa-se que o seu potencial econômico permanece pouco explorado
(OLIVEIRA; IPIRANGA, 2009).
O caju é constituído por duas partes: a castanha, que é o fruto propriamente dito, e o
pedúnculo floral ou pseudofruto, como apresentado na Figura 1 (LIMA et al., 2011). O
pedúnculo é a parte comestível in natura do caju e representa cerca de 90 % da massa total.
Os 10 % restantes correspondem ao fruto, de onde se extraem a amêndoa da castanha de caju
(ACC) e o líquido da castanha de caju (LCC) (PAIVA; GARRUTI; SILVA NETO, 2011).
A amêndoa, parte comestível da castanha após processo de torrefação ou fritura, é rica
em gorduras, proteínas, carboidratos, fósforo e ferro (BRASIL, 2009; MOURA, 2009). O
LCC é matéria-prima básica para a fabricação de vernizes, tintas, plásticos, lubrificantes e
inseticidas. Já o tanino, extraído da película da amêndoa, é muito utilizado na indústria
3 Revisão Bibliográfica
química, a exemplo da produção de resinas e curtimento de pele animal (BATTESTIN;
MATSUDA; MACEDO, 2004).
Figura 1. Cajus, com respectiva identificação da amêndoa e do pseudofruto.
O pseudofruto do caju apresenta estrutura carnosa e suculenta e é utilizado na
elaboração de polpas, sucos, néctares, refrigerantes, sucos clarificados (cajuína) e doces, em
escala industrial ou artesanal (MEDEIROS et al., 2012). O pseudofruto apresenta em sua
composição vitaminas, sais minerais, ácidos orgânicos e carboidratos, constituindo-se como
uma importante fonte nutricional (LAVINAS et al., 2006). A composição centesimal do
pseudofruto do caju está apresentada no Quadro 1.
Quadro 1. Composição centesimal do pseudofruto do caju in natura.
Componente (g.100g-1
) Resultado
Umidade 84,34
Proteínas 1,43
Lipídios 0,55
Resíduo mineral fixo 0,25
Carboidratos totais 13,43
VET (kcal.100g-1
) 64,4
VET: Valor energético total. Fonte: Adaptado de Alves, Alves e Naves (2013).
3.2 Derivados e coprodutos do processamento do caju
O caju é uma fruta ícone da economia do Nordeste, entretanto, o desenvolvimento de
derivados do pseudofruto do caju ainda é pouco explorado pela agroindústria que se dedica
principalmente ao beneficiamento por processos tecnológicos tradicionais. Sua importância
social e econômica têm merecido intensos esforços dos governos, instituições de pesquisa,
Foto
: L
ília
Bar
rett
o.
Castanha
Pseudofruto
3 Revisão Bibliográfica
desenvolvimento e inovação (PD&I) e de organizações não governamentais que buscam
garantir a competitividade deste agronegócio (ROCHA et al., 2010).
Mesmo considerando o pioneirismo brasileiro da industrialização do pedúnculo do caju,
que tem o suco como principal produto com uma produção na ordem de 70 mil toneladas/ano,
esta economia absorve apenas 20 % da produção anual, devido aos desafios apresentados para
conservação dos pseudofrutos, como alto grau de perecibilidade e dificuldades na colheita
(SILVA NETO, 2011).
Supondo-se que a relação média entre o pseudofruto e a castanha é de 90:10 (m/m), é
possível estimar que um pomar que produza 200 quilos de castanha por hectare, por exemplo,
renderá, em paralelo, 1800 quilos do pseudofruto. Já a viabilidade do pedúnculo está baseada
nos valores pagos atualmente pelas multinacionais (R$ 0,50 por quilo de pedúnculo), o que
significa R$ 900,00 por hectare somente em pedúnculo, que era anteriormente desperdiçado.
Somando este valor ao rendimento obtido com 200 quilos da castanha, vendida a R$ 1,50 por
quilo, chega-se a R$ 1,2 mil, ou seja, quatro vezes mais do que o valor pago apenas pela
produção da castanha. Este saldo financeiro contribui para o aumento da renda dos produtores
e consequente fortalecimento da cadeia produtora deste fruto (FERREIRA, 2012).
O processamento do pseudofruto do caju vem atraindo investimentos de
multinacionais por ser uma matéria-prima de baixo custo que pode contribuir para a redução
de despesas operacionais, aumentando a competitividade se comparada com outras frutas
tropicais. Os novos consumidores da classe média emergente de todo o planeta apresentam
uma demanda progressiva por novos produtos estimulando as companhias de alimentos a
experimentar em larga escala sabores e ingredientes cujo apelo, até recentemente, era apenas
local (STROMAUG, 2014).
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem desenvolvido
tecnologias, serviços e processos agroindustriais de derivados do caju, a exemplo de vinhos,
compotas, doces em massa, geleias, mel clarificado e rapadura (PAIVA; GARRUTI; SILVA
NETO, 2011).
O bagaço de caju é o principal resíduo obtido industrialmente após a extração da polpa
ou suco, podendo ser reprocessado em prensa expeller (do tipo parafuso sem fim) para
redução do tamanho da fibra (LIMA et al., 2014). Sucos probióticos (PEREIRA; MACIEL;
RODRIGUES, 2011), bebidas fermentadas (ARAÚJO et al., 2011b); reestruturados
empanados (OLIVEIRA et al., 2011); hambúrgueres (LIMA; BRUNO; SOUZA NETO,
3 Revisão Bibliográfica
2011) e geleias (ASSIS et al., 2007) são alguns exemplos de aplicações do bagaço caju na
produção de derivados alimentícios de maior valor agregado.
A extração de compostos funcionais presentes no pedúnculo também tem sido
reportada em trabalhos científicos que visam o aproveitamento do bagaço de caju como fonte
de oligossacarídeos prebióticos (RABELO; FONTES; RODRIGUES, 2009); frutose e glicose
(KUILA et al., 2011) e concentrado proteico (CAMPOS et al., 2005). Dentre outros produtos
que utilizaram esta biomassa como matéria-prima principal, destacam-se: bioetanol
(SHENOY et al., 2011); biogás (LEITÃO et al., 2011); enzimas (RODRIGUES; PINTO;
GONÇALVES, 2008) e xilitol (PAIVA et al., 2014).
3.3 Compostos fenólicos
Uma expressiva parte das propriedades benéficas de frutas, vegetais e grãos tem sido
atribuída a compostos químicos bioativos não nutrientes, comumente denominados de
fitoquímicos. As frutas, por exemplo, apresentam entre 5.000 e 25.000 fitoquímicos
individuais (ACOSTA-ESTRADA; GUTIÉRREZ-URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014).
A constatação de que dietas ricas em frutas e vegetais, como as da população
mediterrânea contemporânea e asiática, reduzem o risco de doenças crônicas não
transmissíveis (p.ex. inflamações crônicas, doenças cardiovasculares, câncer e diabetes)
impulsionou pesquisas que relatam quais são os principais compostos bioativos atuantes em
alvos fisiológicos específicos e que, dessa forma, interferem nos processos patogênicos dessas
doenças. Dentre os compostos bioativos que apresentam efeitos protetores para a saúde
humana, destacam-se os compostos fenólicos (BASTOS; ROGERO, ARÊAS, 2009;
CROZIER; JAGANATH; CLIFFORD, 2009; BORGES et al., 2010; ACOSTA-ESTRADA;
GUTIÉRREZ-URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014).
Os compostos fenólicos são metabólitos secundários amplamente distribuídos no reino
vegetal. Estruturalmente, são definidos como substâncias que possuem um anel aromático
com um ou mais substituintes hidroxílicos (BRAVO, 1998). Os compostos fenólicos são
comumente encontrados em plantas, sejam comestíveis ou não, e têm sido reportados por
apresentarem efeitos biológicos múltiplos, incluindo atividade antioxidante (KAHKONEN et
al., 1999).
A rota do ácido chiquímico (Figura 2) é responsável pela biossíntese de diversos
compostos fenólicos nas plantas, incluindo ácidos fenólicos, flavonoides e taninos
3 Revisão Bibliográfica
condensados (STARCEVIC et al., 2008; MAEDA; DUDAREVA, 2012). Nesta rota,
carboidratos simples derivados da glicólise e da via das pentoses-fosfato são convertidos em
aminoácidos aromáticos, fenilalanina e triptofano, resultando nos compostos fenólicos
(MANDAL; CHAKRABORTY; DEY, 2010).
Figura 2. Rota simplificada do ácido chiquímico, destacando a produção de compostos
fenólicos. Fonte: Adaptado de Mann (1987).
Os compostos fenólicos podem ser classificados pelo número e arranjo dos seus
átomos de carbono. Os fenólicos que ocorrem naturalmente nos tecidos das plantas podem ser
classificados em dois grupos: os flavonoides e os não flavonoides (CROZIER; JAGANATH;
CLIFFORD, 2009).
O grupo dos flavonoides inclui mais de 8.000 compostos identificados e apresenta
como principais alimentos-fonte frutas e hortaliças, chás, cacau e soja (TAPAS; SAKARKA;
KAKDE, 2008). Os flavonoides são biossintetizados a partir das rotas do acetato ou do ácido
chiquímico, resultando em uma estrutura do tipo C6-C3-C6, a qual consiste de dois anéis
aromáticos e um anel heterocíclico (benzopirano) (JAGER; SAABY, 2011).
D-glicose
Fosfoenolpiruvato
Eritrose-4-fosfato
Deoxi-d-heptolusonato-
7-fosfato
Ácido 3-
dihidroquínico
Ácido 5-
dihidrochiquímicoÁcido chiquímico
Ácido 5-
fosfochiquímico
Ácido gálico
3-enolpiruvilchiquimato-
5-fosfato
Ácido
corísmico
Ácido
prefênico
Ácido
fenilpirúvicoFenilalanina
Ácido cinâmico
Ácido benzoico
Ácido salicílicoÁcido p-
hidroxibenzoico
Ácido p-cumárico Ácido cafeico Ácido ferúlico
p-cumaroil-CoA Chalconas
Malonil-CoA
Flavanona
Isoflavonas Flavonas
Dihidrokaempferol
Flavan-3-ol
Kaempferol
Dihidroquercetina
Quercetina
DihidromiricetinaMiricetina
3 Revisão Bibliográfica
De acordo com os graus de insaturação e oxidação do anel benzopirano, os
flavonoides são divididos em diversas classes. Em frutas e vegetais, estes compostos podem
apresentar estruturas complexas, devido à ocorrência comum dos flavonoides como derivados
glicosilados, onde um ou mais grupos hidroxila estão combinados a açúcares (REPOLLES;
HERRERO-MARTINEZ; RAFOLS, 2006).
Dentre os flavonoides presentes em alimentos, destacam-se as antocianinas, que
podem ser encontradas em alguns cereais e tubérculos (cebola roxa, berinjela, repolho,
rabanete) e, principalmente, em frutas vermelhas como cereja, morango, ameixa, uva, amora,
framboesa e açaí (ARAÚJO et al., 2011a; FERNANDES et al., 2014).
Outros flavonoides relevantes pelo potencial bioativo são as flavanonas, presentes nas
frutas cítricas (PETERSON et al., 2006; PLAZA et al., 2011); os flavanóis, encontrados no
cacau e chocolate (BORGES et al., 2011; MA et al., 2011); os flavonóis, encontrados em chás
e frutas (HOFFMANN-RIBANI; HUBER; RODRIGUEZ-AMAYA, 2009) e as isoflavonas,
as quais ocorrem principalmente na soja e em seus derivados (WEI, 2012; XIAO, 2012).
As catequinas integram o grupo dos flavanóis e são largamente encontradas em chás,
especialmente no chá verde, com destaque para os compostos catequina, galocatequina,
epicatequina, epigalocatequina, epicatequina galato e epigalocatequina galato
(MATSUBARA; RODRIGUEZ-AMAYA, 2006; SENGER; SCHWANKE; GOTTLIEB,
2010). As estruturas químicas de alguns flavonoides estão apresentadas na Figura 3.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3. Estrutura química de alguns flavonoides: (a) flavona; (b) flavonol; (c) flavanona e
(d) isoflavona. Fonte: Adaptado de Testai (2015).
3 Revisão Bibliográfica
Os compostos fenólicos não flavonoides são subdividos em ácidos fenólicos e os
hidroxilados dos estilbenos, lignanas e cumarinas (RENTZSCH; WILKENS;
WINTERHALTER, 2009). Os ácidos fenólicos são compostos derivados do ácido
hidroxibenzoico e do ácido hidroxicinâmico (GIADA, 2013). Dentre os de destaque
encontrados em fontes alimentícias naturais, estão os ácidos cafeico, ferúlico, clorogênico,
elágico, sinápico e p-cumárico (YANG et al., 2001). Alguns destes compostos estão
apresentados na Figura 4.
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Figura 4. Estruturas químicas de alguns ácidos fenólicos: (a) ácido protocatecuico; (b) ácido
cafeico; (c) ácido gálico; (d) ácido siríngico e (e) ácido clorogênico. Fonte:
Adaptado de Andjelkovic et al. (2006).
Os compostos hidroxilados dos estilbenos englobam um grande grupo de bioativos
presentes nas plantas, no entanto poucos destes compostos são encontrados na dieta humana, a
exemplo do trans-resveratrol (trans- 3,5,4'–trihidroxistilbeno) e do seu glicosídeo natural, o
trans-piceido. Sua estrutura é caracterizada por dois anéis benzeno ligados por um etileno, o
qual forma uma estrutura planar de anéis separados por uma dupla ligação (KASIOTIS et al.,
2013). Os teores de estilbenos reportados em alimentos são geralmente menores que outros
compostos fenólicos, como flavonoides e taninos (XIE; BOLLING, 2014).
3 Revisão Bibliográfica
As hidroxicumarinas ou hidroxibenzopironas, lactonas derivadas do ácido o-
hidroxicinâmico, são encontradas nos órgãos das plantas e geralmente acumulam-se em
sementes, raízes, órgãos reprodutivos e células epidérmicas. Podem existir nas células nas
formas livres ou conjugadas a açúcares através de ligações glicosídicas (PETRUL’OVÁ-
PORACKÁ et al., 2013; WITAICENIS et al., 2013).
Ressalta-se que os compostos fenólicos exibem propriedade antioxidante reconhecida
sobre mecanismos tais como complexação de íons metálicos, captura de radicais livres,
decomposição de peróxidos, doação de elétrons ou do hidrogênio, inativação de espécies
reativas de oxigênio, absorção de radiações ultravioleta, entre outros (ANDRADE et al.,
2015).
3.3.1 Compostos fenólicos de interesse na formulação de alimentos funcionais
Os alimentos funcionais vêm sendo desenvolvidos por mais de 30 anos e rapidamente
se tornaram itens básicos de consumo nos mercados internacionais. O termo “alimento
funcional” foi primeiramente conceituado no Japão em 1984 (MARTIROSYAN; SINGH,
2015).
Como definição geral, os alimentos funcionais são descritos como aqueles que podem
proporcionar benefícios adicionais à saúde, além do seu valor nutricional básico (DIPLOCK
et al., 1999; SIRÓ et al., 2008). A adição de componentes que apresentem propriedades de
melhoria das condições fisiológicas, ou de redução do risco de evolução de certas doenças, é o
procedimento mais usual para a produção dos alimentos funcionais (HAO; BETA, 2012).
Os compostos fenólicos podem ser aplicados na indústria de alimentos como
ingredientes funcionais, uma vez que apresentam capacidade antioxidante (ACOSTA-
ESTRADA; GUTIÉRREZ-URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014). Esta peculiaridade vem
sendo explorada para aumentar a funcionalidade de alguns alimentos, com efeito potencial à
saúde humana. Outra utilidade destes fitoquímicos refere-se à substituição de aditivos
sintéticos, como o butil-hidroxi-anisol (BHA) e o butil-hidroxi-tolueno (BHT), os quais são
reportados como substâncias nocivas associadas à exposição prolongada e evidência do
aparecimento de câncer em ratos e macacos (BRANEN, 1975; BAUER; HARBAUM-
PIAYDA; SCHWARZ, 2012).
No contexto da aplicação de compostos fenólicos extraídos de resíduos de frutas,
Lavelli et al. (2015) desenvolveram um purê de tomate fortificado com fibras antioxidantes
3 Revisão Bibliográfica
provenientes da casca da uva. Çam, Içyer e Ergodan (2014) produziram sorvetes enriquecidos
com compostos fenólicos extraídos da casca da romã e Sriwattana et al. (2015) elaboraram
uma bebida de morango concentrada fortificada com extrato da semente da longana, fruta
similar à pitomba brasileira.
Bebidas enriquecidas com compostos fenólicos, por exemplo, podem fornecer
combinações pretendidas de compostos fenólicos biodisponíveis, o que normalmente exigiria
um consumo de vários tipos de alimentos derivados de vegetais (BORGES et al., 2010).
Dionísio et al. (2015) reportaram que uma bebida funcional desenvolvida com polpa de caju e
batata yacón apresentaram propriedades hipoglicêmicas com potencial para o controle da
diabetes em ratos.
Dentre outros exemplos de alimentos funcionais enriquecidos com compostos
fenólicos, citam-se: farinha de soja enriquecida com antocianinas e outros fenólicos do mirtilo
(ROOPCHAND et al., 2013); chocolates com flavonoides extraídos da framboesa
(BELŠČAK-CVITANOVIĆ et al., 2012); chá verde pronto para beber enriquecido com
epigalocatequina galato (BAZINET et al., 2010) e vinhos produzidos a partir de uvas que
passaram por enriquecimento prévio do teor de resveratrol (BARREIRO-HURLE;
COLOMBO; CANTOS-VILLAR, 2008).
A incorporação de compostos fenólicos em produtos alimentícios, com o objetivo de
atribuir ou ampliar sua funcionalidade em termos de capacidade antioxidante, envolve o uso
de extratos concentrados obtidos, em geral, por microencapsulamento (ÇAM; IÇYER;
ERGODAN, 2014) e liofilização (ALEMÁN et al., 2015). Também são aplicados
ingredientes provenientes de operações de menor custo, como extratos aquosos
(GUNATHILAKE; RUPASINGHE; PITTS, 2013; BAIANO et al., 2015) e farinhas
(SECZYK; SWIECA; GAWLIK-DZIKI, 2015).
3.3.2 Compostos fenólicos presentes no pseudofruto do caju
O pseudofruto do caju é uma fonte importante de compostos fenólicos. Silva et al.
(2014) caracterizaram os teores de compostos fenólicos e de carotenoides na polpa e no
resíduo de caju fresco (Quadro 2) e verificaram maiores teores de antocianinas e de
flavonoides no bagaço do caju do que na polpa, sugerindo um potencial de utilização deste
coproduto para produção de suplementos nutracêuticos, aditivos alimentares ou produtos
farmacêuticos.
3 Revisão Bibliográfica
Quadro 2. Compostos fenólicos e carotenoides em polpa e bagaço de caju.
Análises Polpa Bagaço
Fenólicos totais (mg AGE.100 g-1
base seca) 5286,5a
6588,4b
Antocianinas (mg.100 g-1
base seca) 7,6a
14,7b
Flavonoides (mg.100 g-1
base seca) n.d. 44,9
β-caroteno (µg.100 g-1
base seca) 454,2a 179,1
b
Resultados expressos como média ± desvio-padrão (n = 3). n.d.: não detectado. Valores em uma mesma linha
que não são seguidos por uma mesma letra diferem significativamente entre si (p < 0,05). Fonte: Adaptado de
Silva et al. (2014).
O potencial antioxidante do caju também está relacionado com a presença de ácidos
fenólicos, dentre eles o ácido anacárdico, composto encontrado no Ginkgo biloba e associado
ao tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares (HAMAD; MUBOFU, 2015;
AGOSTINI-COSTA et al., 2004). Broinizi et al. (2007) identificaram oito ácidos fenólicos no
pedúnculo do caju, sendo quatro derivados do ácido hidroxibenzoico (gálico, protocatecuico,
gentíssico e salicílico) e quatro derivados do ácido hidroxicinâmico (caféico, ferúlico,
cinâmico e p-cumárico), como apresentado no Quadro 3. Neste estudo, o ácido salicílico foi o
composto mais abundante em todas as frações, seguido do ácido p-cumárico.
Quadro 3. Frações de ácidos fenólicos livres (AFL), esterificados solúveis (AFS) e insolúveis
(AFI) presentes no bagaço e no extrato bruto concentrado do pedúnculo de caju
(EBC).
Ácidos fenólicos Bagaço (mg.g
-1) EBC (mg.g
-1)
AFL AFS AFI AFL AFS
Salicílico 1270 984 610 1660 741
Cinâmico - 0,1 - 19,6 0,2
Gentíssico - 0,1 - - 38,3
Protocatecuico - 0,2 - - 0,1
p-cumárico 20 0,1 0,01 145,2 0,1
Gálico 0,04 36 0,1 31,4 33,6
Ferúlico 0,02 0,05 0,03 0,15 0,05
Caféico 0,1 0,04 0,04 0,05 0,05
Total 2,8 mg AGE.100g-1
10,4 mg AGE.100g-1
EBC obtido por extração com éter etílico, etanol e água. AGE – ácido gálico equivalente. Fonte: Adaptado de
Broinizi et al. (2007).
3 Revisão Bibliográfica
Ao caracterizar duas diferentes variedades de caju provenientes da região de Yucatán,
México, Moo-Huchin et al. (2014) obtiveram resultados superiores para o caju vermelho
quando comparado ao amarelo: 54,2 % mais compostos fenólicos totais, 57,3 % mais
antocianinas e 481,42 % mais flavonoides totais.
Brito et al. (2007) também reportaram altos teores de flavonoides glicosilados quando
quantificaram flavonoides em caju por cromatografia líquida com arranjo de diodo e
espectrometria de massa e ionização por eletrospray, com destaque para os açúcares: 3-o-
galactosídeo, 3-o-glicosídeo, 3-o-ramnosídeo, 3-o-xilopiranosídeo, 3-o-arabinopiranosídeo e
3-o-arabinofuranosídeo, derivados da quercetina e da miricetina.
Em estudo sobre mudanças nos níveis de compostos bioativos e na capacidade
antioxidante de caju minimamente processado, Queiroz et al. (2011) avaliaram os teores de
ácido ascórbico, compostos fenólicos totais e proantocianidinas do caju submetido a
diferentes temperaturas de estocagem. Os resultados reportados por esses autores estão
apresentados no Quadro 4. Observou-se que, após 24 horas, as frutas mantidas a 2 °C, 27 °C e
40 °C não apresentaram uma diferença significativa (p < 0,05) dos compostos avaliados.
Destaca-se também que os valores iniciais obtidos para as proantocianidinas foram mantidos
estáveis a 2 °C e 27 °C, contudo houve uma redução de 25 % para a amostra mantida a 40 °C
em comparação ao controle, provavelmente devido à degradação destes compostos em
temperaturas elevadas.
Quadro 4. Teores de ácido ascórbico, fenólicos totais e proantocianidinas de caju
minimamente processado e estocado em diferentes temperaturas por 24 horas.
Condições de
estocagem
Ácido ascórbico
(mg.100g-1
)
Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
) Proantocianidinas
(mg.100g-1
) Solúveis Hidrolisáveis
Controle 163,3ª 12,8ª 18,5ª 9,3ª
2 °C 143,3b 14,5ª 21,0ª 8,5ª
27 °C 100,5c 17,0ª 21,2ª 8,4ª
40 °C 109,4c 10,5ª 16,9ª 2,5
b
AGE – ácido gálico equivalente. Resultados expressos como média ± desvio-padrão de dois experimentos
independentes (n = 2). Letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si de acordo com o
teste de Tukey ao nível de probabilidade de 5 %. Fonte: Adaptado de Queiroz et al. (2011).
Bataglion et al. (2015) desenvolveram um método de cromatografia líquida de ultra
eficiência acoplada a espectrometria de massa utilizando eletronebulização (electrospray
3 Revisão Bibliográfica
ionization) e quantificaram oito compostos fenólicos na polpa de caju, sendo a miricetina o
principal composto identificado. Os resultados deste estudo estão apresentados no Quadro 5.
Quadro 5. Concentração de compostos fenólicos em polpa de caju.
Compostos Concentração (µg.g-1
PL)
Ácido gálico 148,5
Ácido protocatecuico 2,7
Galato de etila 4,2
Ácido p-cumárico 2,5
Miricetina 192,0
Quercetina 23,1
Luteolina 3,7
Kaempferol 1,7
Total 378,4
PL – polpa liofilizada. Fonte: Adaptado de Bataglion et al. (2015).
3.4 Tecnologias para aumentar a disponibilidade de compostos fenólicos
A disponibilidade de compostos fenólicos é uma característica importante, já que esta
varia amplamente entre os diversos compostos. Não necessariamente os mais abundantes em
nossa dieta, ou os que apresentam maior capacidade antioxidante in vitro, são os mais
biodisponíveis. Um composto com alta atividade antioxidante pode, ao ser ingerido, ser pouco
absorvido, intensamente metabolizado ou rapidamente eliminado, resultando em baixa
atividade biológica. Ainda, os metabólitos produzidos pela atividade digestiva ou hepática
podem ser completamente inativos ou apresentar capacidade antioxidante maior que o
composto original (MANACH et al., 2004).
O consumo de compostos fenólicos livres ou conjugados depende do impacto à saúde
desejado. Na dieta humana, os compostos fenólicos conjugados podem apresentar, inclusive,
atividade preventiva contra o câncer de colón. Por outro lado, as formas livres são mais
rapidamente absorvidas no estômago e no intestino delgado e distribuídas por todo o corpo
com outros benefícios à saúde, como atividades de inibição contra a oxidação do colesterol
LDL (ACOSTA-ESTRADA; GUTIÉRREZ-URIBE; SERNA-SALDÍVAR, 2014).
Alguns flavonoides podem ser absorvidos pela rota gastrointestinal, desde que não
estejam glicosilados, e os glicosídeos podem ser absorvidos no intestino delgado, desde que
3 Revisão Bibliográfica
não estejam ligados a açúcares, tais como a ramnose, os quais só podem ser hidrolisados pela
microbiota do intestino grosso (cólon) (MANACH et al., 2004).
Uma estratégia para modificar a biodisponibilidade dos compostos presentes em
alimentos e extratos vegetais é promover a hidrólise visando aumentar a concentração das
substâncias ativas de interesse (GERMANO et al., 2006). Alguns estudos reportaram
diferenças na atividade e na biodisponibilidade de extratos vegetais hidrolisados e não
hidrolisados (RIVELLI, 2010). A quercetina, por exemplo, apresenta maior capacidade
antioxidante quando comparada à sua forma glicosilada (MUROTA; TERAO, 2003).
Diversas tecnologias de extração de compostos fenólicos a partir de fontes naturais
vêm sendo aperfeiçoadas com o objetivo de preservar as características desses compostos
como, por exemplo, alta pressão hidrostática (JUN et al., 2009); campo elétrico de alta
voltagem (BOUSSETTA et al., 2012); extração sólido-líquido (BUCIC-KOJIC et al., 2007);
extração líquido-líquido (BABU; RASTOGI; RAGHAVARAO, 2008); extração enzimática
(ZHANG et al., 2013); ultrassom (D’ALESSANDRO et al., 2012); membranas poliméricas
(SARMENTO et al., 2008) e ultrafiltração (NAWAZ et al., 2006).
Apesar de muitos processos de extração de bioativos a partir de diferentes fontes
naturais serem desenvolvidos, na maioria dos casos, compostos remanescentes são
encontrados interligados a suas respectivas matrizes, especialmente açúcares presentes nos
tecidos vegetais. Dessa forma, aplicam-se processos de biotransformação que são capazes de
clivar as ligações químicas entre os compostos fenólicos e os açúcares, elevando a
concentração de compostos fenólicos livres (NETTO, 2012). Dentre os processos de
biotransformação, destacam-se a fermentação e a hidrólise enzimática.
3.4.1 Extração enzimática
A extração de compostos fenólicos assistida por enzimas é um processo
biotecnológico que tem atraído a atenção de muitas pesquisas científicas nos últimos anos.
Este processo pode aumentar a recuperação destes bioativos, além de preservar as suas
propriedades funcionais (GOMEZ-GARCIA; MARTINEZ-AVILA; AGUILAR, 2012). No
mecanismo da hidrólise enzimática, as enzimas que degradam a parede celular vegetal
(celulases, hemicelulases e pectinases, por exemplo) tornam os materiais intracelulares mais
acessíveis para extração (LI; SMITH; HOSSAIN, 2006).
3 Revisão Bibliográfica
Na parede celular vegetal, microfibrilas de celulose estão integradas em uma matriz,
ligadas principalmente por hemicelulose e pectina. Algumas células vegetais podem conter
também lignina, um polímero de natureza não-polissacarídica (NUTT, 2006).
As enzimas do complexo celulolítico (celulases) são hidrolases que catalisam a
clivagem das ligações glicosídicas e são classificadas de acordo com seu local de atuação no
substrato celulósico. As endoglucanases (EC 3.2.1.4) agem de forma aleatória, clivando
ligações β-1,4, dentro da molécula da celulose. As celobiohidrolases (exoglucanases; EC
3.2.1.91) removem as unidades de celobiose a partir das extremidades da cadeia da celulose.
As β-glicosidases (EC 3.2.1.21), ou celobiases, clivam a celobiose e de pequenos
polissacarídeos em duas unidades de glicose (LEE et al., 2002; HAHN-HAGERDAL, et al.
2006). A ação destas enzimas está apresentada na Figura 5.
Figura 5. Reações catalisadas pelas celulases. (1) Ação das endoglucanases e liberação de
oligossacarídeos; (2) ação das exoglucanases com formação da celobiose e (3)
ação da β-glicosidase, ou celobiase, e obtenção de glicose. Fonte: Adaptado de
Farinas (2011).
Em contrapartida, a hidrólise de ligninas e hemiceluloses gera açúcares e subprodutos,
principalmente difenóis, derivados de fenilpropano, cetonas, furfural e ácido acético
(ODEGA; PETRI, 2010).
Celulose
2
Celobiose Glicose
1
3
3 Revisão Bibliográfica
Por ser um material lignocelulósico (18 % de celulose; 27 % de hemicelulose e 24 %
de lignina, em média), ao bagaço de caju é possível aplicar preparações enzimáticas
celulolíticas e hemicelulolíticas a fim de obter as melhores condições de hidrólise e,
consequentemente, um aumento considerável na extração dos compostos fenólicos (LIMA et
al., 2012; ROCHA et al., 2014; COSTA et al., 2015).
Preparações enzimáticas com atividade pectinolítica foram aplicadas para aumentar a
concentração de compostos fenólicos e modificar o perfil de antocianinas em vinhos tintos
(PARDO et al., 1999; BARREIRO; CHARAMELO; GONZÁLEZ-NEVES, 2006). A enzima
tanase, obtida da Paecilomyces variotii, foi utilizada na clivagem de ligações glicosídicas dos
compostos fenólicos presentes no suco de laranja (FERREIRA et al., 2013).
Para remover grupos terminais dos flavonoides presentes em chá mate, chá verde e
sucos de laranja e limão, Gonzáles-Barrio et al. (2004) avaliaram a atuação das enzimas
hespiridinase, naringinase, glicosidase e β-galactosidase. Fernández, Vega e Aspé (2015)
extraíram proantocianidinas de cascas e sementes de uvas a partir da hidrólise enzimática
utilizando três enzimas (pectinase, celulase e tanase), além de uma combinação enzimática
entre elas, para aumentar as concentrações de compostos fenólicos e reduzir a massa molar
das proantocianidinas extraídas.
Barbosa et al. (2010) reportaram o uso de um complexo enzimático pectinolítico para
obtenção de carotenoides provenientes do bagaço do caju, onde obtiveram um ganho
percentual global de 48 %, indicando uma ação considerável da pectinase na extração de
pigmentos de caju.
A enzima comercial ROHAPECT®PTE (atividade celulase, glucanase e xilanase) foi
utilizada em sementes de canola para liberação de compostos fenólicos, tocoferóis e
fosfolipídios, os quais estão relacionados à prevenção e tratamento de doenças crônicas,
cardio e neurodegenerativas, envelhecimento, câncer e artrite reumatoide (LI; SMITH;
HOSSAIN, 2006).
Segundo Hsieh e Graham (2001), as β-glicosidases (EC 3.2.1.21) são um grupo de
enzimas presentes em diversos sistemas celulares de plantas e de animais. Estas enzimas são
capazes de clivar as ligações β-glicosídicas de di e/ou oligossacarídeos ou outros conjugados
de glicose. Este grupo de enzimas tem sido foco de muitos estudos recentes em função da sua
importância em diversos processos biotecnológicos.
3 Revisão Bibliográfica
Wie et al. (2007) verificaram a ação da β-glicosidase proveniente de Aspergillus niger
na modificação de glicosídeos de saponinas de Platycodon grandiflorum, resultando no
aumento da atividade biológica destes compostos. Além disso, as β-glicosidases têm sido
empregadas com sucesso em estudos de hidrólise de glicosídeos fenólicos, como por
exemplo, os presentes em óleo de oliva (VIERHUIS et al., 2001), vinhos (LA TORRE et al.,
2004; TODARO et al., 2008) e soja (YANG et al., 2009).
3.4.2 Extração hidroetanólica
Os compostos fenólicos podem ser extraídos por vários solventes orgânicos, como o
metanol e o etanol, sendo este o método mais comum para isolar antioxidantes naturais, seja
por técnicas de extração sólido-líquido (JOKIC et al., 2010) ou extração líquido-líquido
(BABU; RASTOGI; RAGHAVARAO, 2008).
A operação unitária denominada extração sólido-líquido envolve uma separação
baseada na dissolução preferencial de um ou mais componentes provenientes de uma matriz
sólida que migram para um solvente líquido. Assim, o processo de extração ocorre como
resultado do efeito da seletividade do solvente para com o soluto, sendo necessário avaliar
qual solvente de extração será aplicado, considerando suas propriedades físico-químicas,
custo e toxicidade (TAKEUCHI et al., 2009).
Paz et al. (2015) obtiveram extratos hidroetanólicos com alta atividade antioxidante e
antibacteriana a partir de oito frutas tropicais (açaí, acerola, cajá, goiaba, graviola, manga,
abacaxi e tamarindo) previamente liofilizadas adicionando-as a uma solução de etanol:água
(1:1; v/v) a uma rotação de 100 min-1
por 1 hora em incubadora do tipo shaker a 25 °C. Os
extratos foram centrifugados (4000 min-1
por 30 minutos), filtrados e concentrados em
rotaevaporador a 40 °C e 40 bar.
Antocianinas e outros compostos fenólicos presentes no bagaço do mirtilo (Vaccinium
ashei) foram extraídos com uma solução hidroalcoólica (20 % etanol; v/v) e relação
substrato:solvente de 1:10 (massa:volume). Esta extração foi realizada a 22 °C por 24 horas,
sob agitação de 300 min-1
e o extrato foi posteriormente microencapsulado para avaliação de
suas possíveis propriedades promotoras de saúde (FLORES et al., 2015). Anteriormente, o
mesmo autor havia reportado três sistemas de solventes (acetona, etanol e metanol) também
para extração de antocianinas do mirtilo (FLORES et al., 2014).
3 Revisão Bibliográfica
Ham, Kim e Lim (2015) reportaram o uso de uma solução de etanol (50 %; v/v) para
obter um extrato rico em compostos fenólicos que atuasse como fonte natural de antioxidantes
a partir da farinha da casca da castanha-da-índia e obtiveram as maiores taxas de recuperação
quando utilizaram essa solução a uma temperatura de 82 °C por 30 minutos. Os autores
destacaram também que as menores taxas de recuperação desses compostos foram observadas
para o uso de água pura como solvente na temperatura de 25 °C, durante o mesmo intervalo
de tempo.
O uso de etanol na extração de antioxidantes também foi apresentado por Viacava,
Roura e Agüero (2015), os quais utilizaram metodologia de superfície de resposta (MSR) para
aperfeiçoar a obtenção de fenólicos da alface, sendo as melhores condições de processo
alcançadas quando foi utilizada uma solução de etanol 70 % (v/v) à temperatura de 32 °C por
2 horas.
Andrade et al. (2015) utilizaram os solventes orgânicos metanol e acetona para estudo
da extração de compostos fenólicos do resíduo da agroindústria do beneficiamento do caju e
descreveram que estes fitoquímicos foram eficientemente extraídos quando aplicada uma
solução de acetona:água (55:45; m/m) por 30 minutos a 30 °C e rotação de 150 min-1
,
resultando em um extrato com alta capacidade de sequestro de radicais DPPH.
Resíduos de solventes, como metanol ou acetona, podem permanecer nos produtos e
provocar toxicidade se ingeridos. Em contrapartida, o etanol é um solvente compatível com
alimentos e pode ser reduzido ou eliminado por processos de evaporação e secagem em spray
dryer ou liofilizador (FLORES et al., 2015). Assim, o álcool etílico permanece como mais
indicado para obtenção de extratos ricos em compostos fenólicos derivados do bagaço de caju
e que apresentem grau alimentício.
3.5 Microencapsulamento de extratos vegetais ricos em compostos bioativos
A tecnologia associada à modificação da liberação de princípios ativos, como
fármacos e pesticidas, corantes e aromatizantes é vasta. Entre essas operações, os sistemas
matriciais poliméricos são amplamente aplicados na forma de micropartículas (SUAVE et al.,
2006).
O microencapsulamento, ou microencapsulação, aplicado na industrialização de
alimentos, é definido como o processo onde ingredientes alimentícios podem ser estocados
dentro de uma cápsula microscópica para proteção ou liberação posterior dos seus
3 Revisão Bibliográfica
componentes. Mais especificamente, a microencapsulação envolve pequenas partículas, um
líquido ou um gás no interior de uma camada ou de uma matriz. Tradicionalmente, este
processo não produz cápsulas maiores que três milímetros (JACOBS, 2014).
Dentre as técnicas de microencapsulação, destaca-se a secagem por atomização,
também conhecida como spray drying (MASTERS, 1994). O sistema de atomização é bem
estabelecido, direto e relativamente de baixo custo. Uma configuração tradicional de um
atomizador está apresentada na Figura 6.
Figura 6. Sistema simplificado de um atomizador, com destaque para: (1) entrada do ar
aquecido; (2) câmara de secagem; (3) ciclone; (4) saída de ar frio e (5) saída do
produto seco. As setas vermelhas indicam a circulação do ar de secagem e as
amarelas destacam a circulação do produto. Fonte: Adaptado de GEA (2015).
(1) (2) (4)
(5)
(3)
3 Revisão Bibliográfica
Neste equipamento, o líquido é atomizado em gotículas na parte superior da câmara de
secagem, escoando através de uma corrente de ar aquecido. Ambos, gotículas e ar, seguem na
mesma direção ou em direções opostas, em escoamento convectivo concorrente ou
contracorrente, respectivamente. A fase líquida é rapidamente aquecida e as moléculas do
líquido são transportadas para a superfície da gotícula e então transferidas para a fase gasosa.
As partículas em forma de pó são transportadas para um ciclone sendo coletadas no tanque de
produto, enquanto que o gás é dissipado para a atmosfera ou reciclado (JACOBS, 2014).
A proteção proporcionada pela parede polimérica das microcápsulas aumenta a
estabilidade de inúmeros compostos químicos e, consequentemente, o tempo de prateleira de
muitos produtos alimentícios, o que torna o processo de microencapsulação de grande
interesse para a indústria de alimentos. A seleção dos parâmetros de produção das
microcápsulas, bem como a definição do material formador da parede, dependem da função
que as microcápsulas desempenharão, do tamanho desejado, do meio de liberação e do
material a ser encapsulado (LEIMANN, 2008).
Na maioria dos processos de atomização na indústria de alimentos são utilizadas
formulações aquosas. Neste caso, o agente encapsulante, também denominado de material de
parede, deve ser solúvel em água, facilitando a dispersão deste na solução que alimentará o
sistema (LEIMANN, 2008).
Diversos agentes encapsulantes, como maltodextrina, amido modificado, goma
arábica, carboximetilcelulose (CMC), proteína isolada do soro de leite, proteína de soja e
zeína (proteína extraída do milho), vêm sendo utilizados no microencapsulamento de
derivados alimentícios. Dentre esses materiais, destacam-se a goma arábica e a maltodextrina
(BOONCHU; UTAMA-ANG, 2015; FLORES et al., 2015; SAIKIA; MAHNOT;
MAHANTA, 2015).
A goma arábica (goma acácia) é um exsudado das árvores de acácia (Acacia senegal e
Acacia seyal). As regiões mais importantes de crescimento das espécies desta árvore e nas
quais se produzem as melhores gomas são o Sudão e a Nigéria (BE MILLER; HUBER,
2010). Consiste principalmente de polissacarídeos de alta massa molar e seus sais de cálcio,
magnésio e potássio, os quais por hidrólise liberam arabinose, galactose, ramnose e ácido
glicurônico (FAO, 1999). Este material de parede apresenta boas propriedades emulsificantes
e reológicas atribuídas à fração proteica inerente à sua estrutura química (YADAV et al.,
2007; MONTENEGRO et al., 2012).
3 Revisão Bibliográfica
A maltodextrina é um oligossacarídeo de custo relativamente reduzido quando
comparado à goma arábica (PAI et al., 2015). Apresenta baixa higroscopicidade, sendo assim
um eficiente agente carreador (TONON; BRABET; HUBINGER, 2009). Quando usadas
como agente encapsulante, as maltodextrinas com baixo teor de dextrose equivalente (p. ex.,
MD 5) estão relacionadas a maiores temperaturas de colapso (perda da estrutura) do que
aquelas que apresentam teores mais elevados de dextrose equivalente (p. ex., MD 20)
(ISLAM et al., 2016).
Se comparada com a maltodextrina, a goma arábica apresenta elevado custo e
ocasionalmente tem sua importação comprometida pela dificuldade de fornecimento,
relacionada a problemas climáticos, econômicos e políticos da região africana produtora
(ANDRADE et al., 2013). Por isso, é comum a utilização de misturas de goma arábica com
diferentes materiais de parede, como maltodextrina, amidos modificados ou mesmo com
proteínas, que são materiais que apresentam boa capacidade de emulsificação, podendo suprir
a ausência de goma arábica na encapsulação de ingredientes (CARNEIRO, 2011).
Zheng et al. (2011) microencapsularam extratos fenólicos de bayberry (Myrica faya)
utilizando celulose etílica como material de cobertura. Por tecnologia de atomização,
Krishnaiah, Sarbatly e Nithyanandam (2012) produziram microcápsulas a partir da Morinda
citrifolia L. com alta atividade antioxidante, especialmente para aquelas onde somente a
maltodextrina foi utilizada quando comparada com outro material de parede utilizado, sendo
este a goma carragena.
Todisco, Costa e Clemente (2015) microencapsularam e avaliaram a estabilidade dos
compostos bioativos presentes na polpa de seriguela (Spondias purpurea L.). A polpa seca foi
obtida pela atomização de uma solução contendo 90 % da polpa integral da seriguela e 10 %
de maltodextrina (dextrose equivalente = 20), sendo o atomizador operado nas seguintes
condições: temperatura de entrada de 120 °C; temperatura de saída de 80 °C e fluxo de
alimentação de 240 mL.h-1
. Por outro lado, quando a maltodextrina foi utilizada como único
agente encapsulante para extratos de antocianinas extraídas do bagaço da uva, foram
verificadas perdas de material na câmara de secagem do atomizador e consequente
escurecimento do pigmento devido à caramelização dos açúcares (VALDUGA et al., 2008).
Bastos et al. (2012) produziram microencapsulados de suco de caju por técnica de
atomização utilizando isolados da proteína de quitosana e obtiveram alta estabilidade físico-
3 Revisão Bibliográfica
química (teor de vitamina C e análise de cor) deste novo material, que pode ser aplicado na
indústria como ingrediente alimentício.
Oliveira (2008) aplicou a goma de cajueiro (GC) como substituto de maltodextrinas
para produzir suco de caju atomizado e obteve resultados promissores para a proporção
coadjuvantes de secagem:sólidos de caju de 5:1 (m/m) e substituição de MD por GC de 50 %.
Já Moreira et al. (2009) propuseram utilizar a maltodextrina e a goma do cajueiro na
proporção de 20:80 (m/m), respectivamente, para produção de um extrato em pó da polpa de
acerola de baixa higroscopicidade por tecnologia de atomização.
Extratos microencapsulados ricos em compostos bioativos também podem ser
utilizados como aditivos alimentares naturais, sendo aplicados na elaboração de sorvetes
(ÇAM; IÇYERT; ERDOGAN, 2014), iogurtes (MARTINS et al., 2014), hambúrgueres
(SPINELLI et al., 2014) e óleos vegetais (CHATTERJEE; BHATTACHARJEE, 2013).
Também são reportadas aplicações de extratos antioxidantes microencapsulados na área de
cosméticos (BARROSO et al., 2014).
Assim, a operação de microencapsulamento por atomização é bastante apropriada para
estabilizar e estender a vida de prateleira dos compostos fenólicos (ÇAM; IÇYER;
ERGODAN, 2014). Além disso, os compostos fenólicos encapsulados também podem ser
usados na produção de aditivos alimentares naturais (CILEK et al., 2012).
3.5.2 Caracterização de extratos microencapsulados
3.5.2.1 Distribuição do tamanho de partículas
Existem múltiplas formas de representação do tamanho de uma partícula. Como a
esfera é uma forma regular e possui expressões matemáticas simples para cálculo de área e
volume em função de uma única dimensão característica (diâmetro) então as dimensões das
partículas irregulares são, em geral, relacionadas com o diâmetro da esfera equivalente de
mesma área superficial, volume ou massa (MASSARANI, 2002).
A difração a laser é uma técnica que mede as distribuições de tamanho das partículas
por medição da variação angular na intensidade da luz difundida à medida que um feixe de
laser interage com as partículas dispersas da amostra. Partículas grandes dispersam a luz em
pequenos ângulos em relação ao feixe de laser e partículas pequenas dispersam a luz em
ângulos grandes. Os dados sobre a intensidade da dispersão angular são então analisados para
3 Revisão Bibliográfica
calcular o tamanho das partículas responsáveis por criar o padrão de dispersão, com base na
teoria de difusão da luz de Mie. O tamanho das partículas é indicado como o diâmetro de uma
esfera de volume equivalente (PARIA; LIMA; PEREIRA, 2015).
3.5.2.2 Morfologia
A visualização das características superficiais e tamanhos de partículas torna-se
evidente ao se examinar as micrografias obtidas a partir de equipamentos específicos, como o
microscópio eletrônico de varredura (MEV). O princípio de um MEV consiste em utilizar um
feixe de elétrons de pequeno diâmetro para explorar a superfície de uma amostra, ponto a
ponto, por linhas sucessivas e transmitir o sinal do detector a uma tela catódica cuja varredura
está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe incidente (DEDAVID; GOMES;
MACHADO, 2007).
Por um sistema de bobinas de deflexão, o feixe pode ser guiado de modo a varrer a
superfície da amostra segundo uma malha retangular. O sinal de imagem resulta da interação
do feixe incidente com a superfície da amostra. O sinal recolhido pelo detector é utilizado
para modular o brilho do monitor, permitindo o registro das observações (DEDAVID;
GOMES; MACHADO, 2007). Assim, o MEV forma imagens bidimensionais e de grande
efeito plástico, com uma notável profundidade de foco, permitindo avaliar a forma e a
superfície das micropartículas geradas por diferentes processos, a exemplo da secagem por
atomização (RITTER; MIOTTO, 2006).
3.5.2.3 Isotermas de sorção
Entre todos os fenômenos que regem a mobilidade de substâncias em meios porosos e
aquosos, o transporte difusivo de uma fase móvel (líquida ou gasosa) para uma fase sólida é
um fenômeno de interesse universal. Essa é a razão pela qual a isoterma, uma curva que
descreve a distribuição de uma substância entre duas fases, é uma ferramenta importante para
representar e prever a mobilidade desta substância no meio (LIMOUSIN et al., 2007).
A isoterma de sorção de alimentos descreve a relação termodinâmica entre a atividade
de água e o teor de umidade no equilíbrio de um produto a uma temperatura e pressão
constantes. As isotermas de sorção, também chamadas de curvas de equilíbrio higroscópico,
podem ser geradas por processos de adsorção ou dessorção, sendo a diferença entre estas duas
3 Revisão Bibliográfica
curvas definida como histerese (RESENDE et al., 2006; ANDRADE; LEMUS; PÉREZ,
2011).
Em materiais porosos, as isotermas de equilíbrio resultantes quase sempre apresentam
um formato do tipo sigmoidal, como apresentado na Figura 7, o qual pode ser dividido em
três partes. Na primeira etapa, onde a umidade relativa é baixa, as moléculas de água se
acumulam em uma camada na superfície dos poros (monocamada). Quando todas as
superfícies dos poros estão cobertas com uma camada das moléculas, a formação da próxima
camada se inicia. A transição é marcada pelo fato da curva apresentar o comportamento de
uma reta. A espessura da camada de água adsorvida aumenta para uma terceira ou quarta
camada com aumento da umidade dos poros. Finalmente, a condensação capilar é o último
mecanismo a ocorrer. O equilíbrio atingido durante um processo de secagem resulta em uma
isoterma de dessorção. Já o equilíbrio estabelecido durante o aumento da umidade relativa do
ar, ou seja, quando o material adquire umidade do ambiente, gera uma isoterma de adsorção.
As isotermas de dessorção sempre se encontram acima das isotermas de adsorção sob uma
mesma temperatura (HANSEN, 1986).
Figura 7. Isoterma de sorção típica de um produto alimentício. Fonte: Andrade, Lemus e
Pérez (2011).
Assim, quando um alimento é exposto a certa umidade, ele perde ou ganha água para
ajustar sua própria umidade a uma condição de equilíbrio com o ambiente (PARK; BIN;
Umidade relativa (%)
Teo
r d
e u
mid
ad
e (%
)
Adsorção
Dessorção
3 Revisão Bibliográfica
BROD, 2001). Nessa situação, a pressão parcial de vapor de água sobre o alimento iguala-se à
pressão de vapor de água no ar que circunda o alimento (CELESTINO, 2010).
Diversos modelos teóricos, semiteóricos e empíricos que descrevem o comportamento
de sorção de alimentos têm sido propostos pela literatura científica (YANNIOTIS;
BLAHOVEC; 2009). Na maioria dos trabalhos reportados na literatura, a escolha do modelo
mais apropriado se baseia no grau de ajuste dos dados experimentais e no significado físico do
modelo. Segundo Medeiros et al. (2006), os modelos cinéticos podem ser divididos em: (i)
modelos baseados na monocamada (modelo BET); modelos baseados em multicamadas ou
filme condensado (modelo GAB) e modelos semi-empíricos (p. ex., modelos Chirife e
Iglesias).
A equação de Brunauer, Emmett e Teller, conhecida como equação de BET (Equação
1), é recomendada para o ajuste de isotermas de sorção de alimentos, todavia este modelo
apresenta um intervalo limitado de atividade de água (0,3 ≤ aw ≤ 0,4). Duas constantes são
obtidas a partir da equação de BET, nomeadas de teor de umidade na monocamada (Xm) e
constante de ajuste (C). Apesar das limitações da análise de adsorção deste modelo, o
conceito da monocamada de BET norteia vários aspectos de interesse relacionados à secagem
de alimentos (TIMMERMANN; CHIRIFE; IGLESIAS, 2001; FADINI et al., 2006).
onde,
Xe – umidade de equilíbrio;
aw – atividade de água;
Xm – conteúdo de umidade na monocamada molecular;
C – constante de ajuste do modelo.
Por apresentar um número razoável de parâmetros (três), a equação de GAB
(Guggenheim-Anderson-deBoer) é utilizada para representar os dados experimentais em um
intervalo de atividade de água (aw) de interesse prático em alimentos (0,1 ≤ aw ≤ 0,9). Este é
um modelo relativamente simples e seus parâmetros possuem um significado físico (PEDRO;
TELIS-ROMERO; TELIS, 2010). O modelo de GAB é matematicamente expresso pela
Equação 2 (MAROULIS; TSARNI; MARINOS-KOURIS, 1988).
(Eq. 1)
3 Revisão Bibliográfica
onde,
Xe – umidade de equilíbrio;
aw – atividade de água;
Xm – conteúdo de umidade na monocamada molecular;
C e K – constantes de ajuste do modelo.
Para as diferentes condições de atividade de água, torna-se possível avaliar o
comportamento higroscópico de um produto mantido a uma mesma temperatura, obtendo-se
assim uma isoterma de sorção de umidade característica (FADINI et al., 2006).
(Eq. 2)
4 Material e Métodos
49
4. MATERIAL E MÉTODOS
O procedimento experimental e as determinações analíticas foram realizadas nas
seguintes instituições: (i) Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ); (ii) Laboratório
Bioetanol do IQ/COPPE/UFRJ; (iii) Laboratório de Processamento de Matérias-Primas
Vegetais da EQ/UFRJ; (iv) Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA/UFS) e (v)
Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe (ITPS).
4.1 Material
4.1.1 Matéria-prima
Cajus frescos da espécie Anacardium occidentale L. foram adquiridos no Centro de
Abastecimento (CEASA) do Rio de Janeiro/RJ, sendo provenientes do município de
Petrolina/PE. As frutas foram transportadas para a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ)
para obtenção do bagaço.
4.1.2 Reagentes
Todos os reagentes químicos utilizados apresentaram grau analítico. Os reagentes
Folin–Ciocalteu (2N), 2,2´-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) (ABTS), dicloreto
de 2,2’-azobis(2-amidinopropano) (AAPH), ácido 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano-2-
carboxílico (TROLOX), ácido gálico (pureza >98%) e os padrões cromatográficos (grau
CLAE) do ácido gálico, rutina, quercetina e isoquercetina foram adquiridos da Sigma
Chemical Co. (St. Louis, MO, EUA).
Os padrões dos açúcares D(+)-galactose, D(+)-glicose, D(+)-xilose, D(+)-manose,
D(+)-arabinose (pureza > 99,0 %) e a acetonitrila (grau CLAE) foram adquiridos na Merck
Millipore (Rio de Janeiro, Brasil). O álcool etílico P.A. (95 %), o álcool isopropílico P.A., a
acetona P.A., o ácido fosfórico P.A. e o carbonato de cálcio P.A. foram fornecidos pela Vetec
Química Fina Ltda. (Rio de Janeiro, Brasil). O cartucho Oasis® HLB foi adquirido na Waters
(Rio de Janeiro, Brasil). A água foi purificada em sistema Milli-Q (Millipore, Bedford, EUA).
4.1.3 Insumos
O ácido tricloroisocianúrico 6 % foi adquirido na Solint (São Paulo, Brasil). As
enzimas Celluclast® 1.5 L, uma celulase obida do fungo filamentoso Trichoderma reesei, foi
4 Material e Métodos
adquirida na Novozymes (Dinamarca); e o extrato enzimático rico em β-glicosidase, obtido a
partir do fungo filamentoso Aspergillus awamori, conforme descrito por Gottschalk, Oliveira
e Bon (2010), foi cedido gentilmente pelo Laboratório Bioetanol do IQ/COPPE/UFRJ. Os
agentes encapsulantes aplicados foram maltodextrina DE5 (Globe® 1805,Corn Products
Brasil) e goma arábica instantânea (Vetec Química Fina Ltda., Brasil). Os filtros de seringa
(0,2 µm; diâmetro de 13 mm), com membrana de poliamida, foram adquiridos na Chromafil®
(Macherey-Nagel, Duren, Alemanha).
4.2 Procedimento experimental
4.2.1 Obtenção do bagaço de caju
Os cajus foram lavados em água corrente e imersos por 15 minutos em solução com
princípio ativo do ácido tricloroisocianúrico 6 %, equivalente a uma concentração de cloro
livre de 50 mg.L-1
, sendo então lavados em água corrente para eliminação do resíduo de cloro.
Os pedúnculos foram separados manualmente das castanhas e fracionados em pedaços na
etapa de corte. A trituração foi realizada em liquidificador semi-industrial (Tron, São Paulo,
Brasil) para obtenção da polpa de caju, a qual foi separada do bagaço por peneiramento (20
mesh).
O bagaço retido na peneira foi prensado manualmente utilizando-se uma bolsa filtrante
(modelo F-Screen, Technical Filter, São Paulo, Brasil) para remoção do excesso de líquido
(polpa), simulando as condições de processos industriais. O bagaço prensado foi condicionado
em embalagens de polipropileno e congelado em freezer a -18 °C até o momento das análises
de caracterização e da realização dos experimentos. Estas etapas estão ilustradas no diagrama
apresentado na Figura 8.
Para a obtenção de maiores volumes de bagaço, necessário quando da preparação do
extrato concentrado para secagem em atomizador, realizou-se o despolpamento do pedúnculo
em despolpadeira de frutas em escala piloto com capacidade de processamento de 500 kg.h-1
e
tela de 1,5 mm de abertura (Bonina, 0.25df, Bahia, Brasil).
O bagaço foi posteriormente homogeneizado em processador de alimentos
multifuncional com capacidade de operação de 7 kg por lote (Cutter mixer, modelo GUM-12,
Geiger, Paraná, Brasil), também em escala piloto (Figura 9). O bagaço triturado foi
acondicionado em embalagens PEBD (polietileno de baixa densidade) seladas a vácuo em
4 Material e Métodos
seladora semiautomática (modelo 200B II, Selovac, São Paulo, Brasil). Todas as amostras
foram armazenadas em câmara fria a -20 °C até o momento da realização dos processos ou
análises.
Figura 8. Diagrama simplificado do processo de obtenção do bagaço de caju.
Matéria-prima
Seleção
Descastanhamento
Lavagem
Sanificação
Corte
Trituração
Prensagem
Bagaço
Embalagem
Polpa
Estocagem
4 Material e Métodos
(a) (b)
(c) (d)
Figura 9. Obtenção de bagaço de caju em escala piloto, com destaque para as operações: (a)
recepção da matéria-prima; (b) despolpamento do pedúnculo; (c) trituração do
bagaço e (d) embalagem a vácuo.
4.2.2 Extração dos compostos fenólicos
Duas rotas tecnológicas específicas foram aplicadas visando obter o melhor
rendimento de extração de compostos fenólicos totais. As rotas utilizadas foram: (i) extração
sólido-líquido em uma mistura binária de etanol e água como solvente e (ii) extração
enzimática.
4.2.2.1 Extração hidroetanólica
Para selecionar a melhor condição da extração hidroetanólica, foi realizado um
delineamento fatorial incompleto 33do tipo Box-Behnken com triplicata no ponto central, de
acordo com a Tabela 1. As variáveis de resposta analisadas foram o teor de compostos
fenólicos totais e a capacidade antioxidante (ABTS·+
).
4 Material e Métodos
Os fatores operacionais pH (X1), proporção solvente:bagaço (m/m; X2) e porcentagem
de álcool etílico na solução (X3) foram avaliados. Os níveis aplicados para o pH variaram
entre 3,0 e 6,0; e a proporção solvente:bagaço variou entre 1:1 e 3:1. O teor de etanol aplicado
(30 % a 70 %, com 50 % no ponto central) foi baseado em dados reportados na literatura
(POMPEU; SILVA; ROGEZ, 2009; CRUZ et al., 2013).
A influência do pH foi avaliada com o objetivo de confirmar a relevância deste
parâmetro na extração dos compostos fenólicos do bagaço de caju, conforme reportado por
Pérez-Jiménez e Saura-Calixto (2006). Para ajuste do pH, foram utilizados ácido fosfórico e
carbonato de cálcio, para reduzi-lo ou aumentá-lo, respectivamente.
Tabela 1. Delineamento fatorial Box-Behnken para a extração hidroetanólica com as
variáveis independentes originais e codificadas.
Ensaio
Variáveis codificadas Variáveis originais
X1 X2 X3
pH S:B Etanol
(%)
1 -1 -1 0 3,0 1:1 50
2 1 -1 0 6,0 1:1 50
3 -1 1 0 3,0 3:1 50
4 1 1 0 6,0 3:1 50
5 -1 0 -1 3,0 2:1 30
6 1 0 -1 6,0 2:1 30
7 -1 0 1 3,0 2:1 70
8 1 0 1 6,0 2:1 70
9 0 -1 -1 4,5 1:1 30
10 0 1 -1 4,5 3:1 30
11 0 -1 1 4,5 1:1 70
12 0 1 1 4,5 3:1 70
13 0 0 0 4,5 2:1 50
14 0 0 0 4,5 2:1 50
15 0 0 0 4,5 2:1 50
Onde S:B é a proporção solvente:bagaço (m/m).
Após seleção dos principais parâmetros, foram realizados novos ensaios aplicando-se
um planejamento fatorial completo 2², com triplicata no ponto central, para a extração
4 Material e Métodos
hidroetanólica considerando como fatores independentes a proporção solvente:bagaço (m/m;
X1) e porcentagem de etanol na solução (X2). Os níveis empregados para a proporção
solvente:bagaço variaram entre 2:1 e 3:1. A proporção de etanol aplicada variou entre 30 % e
70 %, conforme ilustrado na Tabela 2. Além do teor de compostos fenólicos totais e atividade
antioxidante pelo método ABTS·+
, obteve-se também como variável de resposta a capacidade
antioxidante pelo método ORAC.
Tabela 2. Planejamento fatorial completo 2² para a extração hidroetanólica com as variáveis
independentes originais e codificadas.
Ensaio Variáveis codificadas Variáveis originais
X1 X2 S:B Etanol (%)
1 -1 -1 2:1 30
2 1 -1 3:1 30
3 -1 1 2:1 70
4 1 1 3:1 70
5 0 0 2,5:1 50
6 0 0 2,5:1 50
7 0 0 2,5:1 50
Onde S:B é a proporção solvente:bagaço (m/m).
Para ambos os planejamentos, 20 gramas do bagaço foram pesados em erlenmeyers de
250 mL e a solução de extração correspondente a cada ensaio foi adicionada à respectiva
amostra. Os erlenmeyers foram tampados e transferidos para incubadora shaker de bancada
(modelo CT-712T, CIENTEC, Brasil) com agitação orbital (150 min-1
) para o planejamento
Box-Behnken. As hidrólises referentes ao planejamento fatorial 2² foram realizadas em
incubadora shaker de bancada (modelo 50, Thermo Scientific™ Precision, EUA) com
agitação de 90 min-1
.
A temperatura escolhida para ambos os planejamentos (50 °C) refere-se se à
temperatura de máxima atividade enzimática, que será apresentado posteriormente. Após 120
minutos, período de incubação idêntico ao da extração enzimática, os sólidos em suspensão
foram reduzidos através de filtração em funil de Buchner com papel de filtro quantitativo e os
extratos obtidos foram acondicionados em frascos âmbar e mantidos congelados a -18 °C até
o momento das análises.
4 Material e Métodos
4.2.2.2 Extração enzimática
Para avaliação da melhor condição de extração enzimática, foi realizado inicialmente
um delineamento fatorial incompleto 33do tipo Box-Behnken com triplicata no ponto central,
como apresentado na Tabela 3, similar ao da extração hidroetanólica. Os fatores avaliados
foram: (i) tempo de trituração da amostra – X1; (ii) proporção solvente:bagaço (m/m) – X2 e
(iii) concentração da enzima – X3, obtendo-se como variáveis de resposta o teor de compostos
fenólicos totais e a capacidade antioxidante (ABTS·+
).
A trituração do bagaço de caju foi realizada com a finalidade de romper a sua estrutura
fibrosa, de modo a facilitar a atuação dos catalisadores enzimáticos. O tempo de trituração foi
determinado mediante processamento do bagaço fresco em multiprocessador de alimentos
(modelo HC32, Black & Decker, Brasil) por intervalos de tempo de 0 minutos (sem
trituração) a 4 minutos (nível 1 do planejamento). As proporções solvente:bagaço foram as
mesmas adotadas para a extração hidroetanólica, variando de 1:1 a 3:1.
Para os testes do delineamento, utilizou-se o preparado enzimático comercial
Celluclast® 1.5 L. A proporção adicionada variou entre 10 % e 20 % em base seca da amostra
(323,4 e 646,7 UI de endoglucanase por grama de preparado enzimático, respectivamente)
(YANG et al., 2011). A enzima foi diluída no volume correspondente da solução aquosa
extratora de cada ensaio antes de ser adicionada ao bagaço previamente pesado (20 gramas
para cada amostra) e acondicionado em erlenmeyers de 250 mL. Os erlenmeyers foram
tampados e transferidos para incubadora shaker de bancada (modelo CT-712T, CIENTEC,
Brasil) com agitação orbital (150 min-1
). A temperatura foi mantida em 50 °C e o pH não foi
alterado.
O tempo de extração enzimática de 2 horas foi escolhido com base nos dados
reportados por Macedo et al. (2015) e Leitão et al. (2011). Após incubação, as amostras foram
aquecidas a 100 °C por 5 minutos e resfriadas em banho de gelo para inativação da enzima
(CÂMARA; MORAES, 2012). Os sólidos em suspensão foram separados através de filtração
em funil de Buchner com papel de filtro quantitativo e os extratos obtidos foram
acondicionados em frascos âmbar e mantidos congelados a -18 °C até o momento das
análises.
4 Material e Métodos
Tabela 3. Delineamento fatorial Box-Behnken para a hidrólise enzimática com as variáveis
independentes originais e codificadas.
Ensaio
Variáveis codificadas Variáveis originais
X1 X2 X3 Trituração
(minutos) S:B
Enzima
(% b.s.)
1 -1 -1 0 0 1:1 15
2 1 -1 0 4 1:1 15
3 -1 1 0 0 3:1 15
4 1 1 0 4 3:1 15
5 -1 0 -1 0 2:1 10
6 1 0 -1 4 2:1 10
7 -1 0 1 0 2:1 20
8 1 0 1 4 2:1 20
9 0 -1 -1 2 1:1 10
10 0 1 -1 2 3:1 10
11 0 -1 1 2 1:1 20
12 0 1 1 2 3:1 20
13 0 0 0 2 2:1 15
14 0 0 0 2 2:1 15
15 0 0 0 2 2:1 15
Onde S:B é a proporção solvente:bagaço (m/m) e b.s. representa a concentração da enzima em termos de base
seca da amostra.
Após a análise estatística dos dados obtidos no planejamento experimental Box-
Behnken, optou-se por um segundo delineamento do tipo fatorial completo. O preparado
enzimático comercial foi substituído por um extrato rico em β-glicosidase, enzima atuante no
rompimento da celobiose (YANG et al., 2009; SHIN; NAM; OH, 2013). As hidrólises foram
realizadas em incubadora shaker de bancada (modelo 50, Thermo Scientific™ Precision,
EUA) com agitação de 90 min-1
.
Assim como no planejamento realizado com o preparado enzimático Celluclast® 1.5
L, a temperatura foi mantida em 50 °C e o pH da solução não foi alterado. Após 120 minutos,
as amostras foram aquecidas a 100 °C por 5 minutos e resfriadas em banho de gelo para
inativação enzimática (CÂMARA; MORAES, 2012). Os sólidos em suspensão foram
separados através de filtração em funil de Buchner com papel de filtro quantitativo e os
4 Material e Métodos
extratos obtidos foram acondicionados em frascos âmbar e mantidos congelados a -18 °C até
o momento das análises. As proporções solvente:bagaço (X1) variaram entre 2:1 e 3:1 (m/m) e
as concentrações do extrato enzimático (X2) foram mantidas entre 10 % e 20 % em base seca
da amostra (84,3 e 168,6 UI de β-glicosidase por grama de preparado enzimático,
respectivamente) (Tabela 4). As variáveis de resposta obtidas foram teor de fenólicos totais e
atividade antioxidante pelos métodos ABTS·+
e ORAC.
Tabela 4. Planejamento fatorial completo 2² para a hidrólise enzimática com as variáveis
independentes originais e codificadas.
Ensaio Variáveis codificadas Variáveis originais
X1 X2 S:B Enzima (% b.s.)
1 -1 -1 2:1 10
2 1 -1 3:1 10
3 -1 1 2:1 20
4 1 1 3:1 20
5 0 0 2,5:1 15
6 0 0 2,5:1 15
7 0 0 2,5:1 15
Onde S:B é a proporção solvente:bagaço (m/m) e b.s. representa a concentração da enzima em termos de base
seca da amostra.
4.2.3 Cinética de extração dos compostos fenólicos
4.2.3.1 Cinética de extração hidroetanólica
Para a determinação da cinética da extração hidroetanólica, sete ensaios foram
conduzidos em incubadora shaker de bancada (modelo 50, Thermo Scientific™ Precision,
EUA) com agitação de 90 min-1
por 0, 20, 40, 60, 80, 100 e 120 minutos, empregando-se os
parâmetros operacionais previamente selecionados após a análise estatística dos dados
experimentais. Após cada intervalo de tempo, as amostras foram filtradas em funil de Buchner
e os extratos obtidos foram avaliados quanto ao teor de compostos fenólicos totais.
Os dados cinéticos foram ajustados à segunda lei de difusão de Fick (Equação 3) para
se obter o coeficiente de difusão dos compostos nas condições operacionais do melhor ensaio
(PINHO; PRAZERES, 2008). Assumindo que as partículas do bagaço do caju apresentam
formato plano e que a variação da concentração dos compostos fenólicos ocorreu
4 Material e Métodos
unidirecionalmente, por transporte difusivo, a Equação 3 pode ser simplificada para a
Equação 4.
onde,
C – concentração do soluto (mg.L-1
);
Def – Difusividade efetiva (m2.s
-1);
t – tempo (s);
z – direção do transporte de massa (m).
Definindo Y como unidade adimensional e resolvendo a equação diferencial, por meio
de algoritmos de estimação não linear, obtém-se a solução expressa em uma série
convergente, conforme Equação 5.
onde,
Y – adimensional (concentração de fenólicos totais não extraídos no tempo t / concentração
máxima de fenólicos totais disponíveis para extração);
– concentração de fenólicos totais média;
Xeq – concentração de fenólicos totais no equilíbrio;
X0 – concentração de fenólicos totais no instante inicial;
i – número de termos na série;
L – semi-espessura da amostra (m).
A determinação da eficiência da extração foi calculada em relação aos teores de
compostos fenólicos totais, obtidos durante os 120 minutos de incubação em shaker,
paralelamente ao estudo da cinética.
(Eq. 3)
(Eq. 4)
(Eq. 5)
4 Material e Métodos
4.2.3.2 Cinética de extração enzimática
A cinética de extração enzimática foi avaliada misturando-se o preparado enzimático
comercial Celluclast® 1.5 L e o extrato rico em β-glicosidase na proporção 1:1 (m/m).
Aplicou-se a melhor condição de extração enzimática obtida no planejamento fatorial
completo 2², sendo 2:1 (m/m) a proporção solvente:bagaço e 10 % a concentração total da
mistura enzimática, expressa em base seca da amostra. Neste ponto ressalta-se que, embora a
proporção solvente:bagaço de 2:1 (m/m) tenha sido indicada no estudo estatístico como
suficiente atingir altas respostas em termos de compostos fenólicos totais e atividade
antioxidante, utilizou-se a proporção de 2,5:1 (m/m) nesta etapa, para facilitar a dispersão do
bagaço de caju no meio aquoso.
Oito ensaios foram conduzidos em incubadora shaker de bancada (modelo 50, Thermo
Scientific™ Precision, EUA) com agitação de 90 min-1
e temperatura de 50 °C pelos
intervalos de tempo de 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 horas. Após os ciclos de tempo previamente
determinados para cada ensaio, realizou-se a inativação enzimática de cada amostra
aquecendo-as a 100 °C por 5 minutos e resfriando-as em banho de gelo (CÂMARA;
MORAES, 2012).
Os sólidos em suspensão foram filtrados em funil de Buchner e os extratos obtidos
foram avaliados quanto ao teor de compostos fenólicos totais. Os dados cinéticos foram
ajustados à segunda Lei de Difusão de Fick, seguindo o mesmo procedimento estabelecido na
cinética de extração hidroetanólica. Relacionou-se a eficiência da extração com o teor de
compostos fenólicos totais quantificados durante as 6 horas de incubação em shaker.
4.2.4 Processo de extração em série: Extração enzimática seguida da extração
hidroetanólica
A partir dos resultados alcançados no estudo da cinética de extração enzimática, foi
aplicado um novo procedimento de extração de compostos fenólicos do bagaço de caju, o qual
combinava a hidrólise enzimática seguida da extração com etanol. Neste procedimento, o
bagaço de caju foi inicialmente submetido à extração enzimática (Celluclast®:β-glicosidase
na proporção 1:1 m/m) por 3 horas. A proporção solvente:bagaço utilizada na primeira fase
foi de 1,25:1 (m/m). Posteriormente, etanol foi adicionado à mistura e a extração com este
solvente foi estendida por mais 1 hora de processo. Nesta segunda etapa, adicionou-se o
4 Material e Métodos
solvente necessário para atingir a proporção solvente:bagaço de 2,5:1 (m/m), a mesma
utilizada no estudo anterior.
A eficiência do processo em série (Teste A) foi avaliada comparando-a com as
extrações enzimática e hidroetanólica isoladas (Testes B e C, respectivamente) e com um
branco (água:bagaço; 2,5:1 m/m), monitorando-se o teor de fenólicos totais em cada teste e
respectivas taxas de recuperação destes compostos (Equação 6).
Para cada processo, foram estabelecidas 4 horas totais de extração em incubadora
shaker de bancada (modelo 50, Thermo Scientific™ Precision, EUA) a 90 min-1
de agitação e
temperatura de 50 °C. O período total de 4 horas de extração foi escolhido a partir dos dados
cinéticos dos processos isolados: 3 horas na etapa de hidrólise enzimática e 1 hora na extração
hidroetanólica.
4.2.5 Concentração por evaporação a vácuo
O extrato hidroetanólico selecionado, com teor de sólidos solúveis da ordem de 3,0
°Brix, foi concentrado por evaporação a vácuo para viabilizar a secagem por atomização. A
concentração ocorreu em um evaporador rotativo (modelo RV 10, IKA, São Paulo, Brasil)
com banho-maria ajustado para 70 °C, rotação do balão de 70 min-1
, sistema de refrigeração
vertical e pressão de 700 mmHg, controlada por uma bomba de vácuo acoplada ao sistema. O
processo foi conduzido de forma a se obter uma solução concentrada com teor de sólidos
solúveis totais de 6,0 °Brix.
4.2.6 Microencapsulamento por atomização
A operação de microencapsulamento foi conduzida em escala laboratorial utilizando-
se um mini spray dryer (modelo B290, Buchi, Flawil, Suíça). Um diagrama esquemático
deste equipamento está apresentado na Figura 10. As condições de operação foram definidas
com base em Santiago (2014) e Silva et al. (2013), com destaque para: (i) temperatura do ar
de entrada de 160 °C (± 5 °C); (ii) temperatura do ar de saída de 90 °C (± 5 °C); (iii) pressão
de atomização de 5,0 bar; (iv) vazão média do ar de secagem de 700 L.h-1
; (v) vazão média de
alimentação de 17 mL.min-1
. Ao extrato previamente concentrado, foi adicionada
(Eq. 6)
4 Material e Métodos
maltodextrina (DE5) e goma arábica na proporção 1:1 e concentração de 15 % (m/m), de
acordo com Silva et al. (2013).
Figura 10. Diagrama esquemático do sistema de atomização da Buchi. Fonte: Zareifard et al.
(2012).
O rendimento do processo foi calculado por meio da Equação 7, como reportado por
Rocha et al. (2014). Este parâmetro é útil para avaliar a preservação dos compostos fenólicos
durante a secagem por atomização (PAINI et al., 2015).
onde,
A – massa do produto (pó) seco;
B – teor de sólidos totais da solução alimentadora.
A eficiência do microencapsulamento foi calculada de acordo com a Equação 8,
utilizando-se os resultados finais e iniciais dos compostos fenólicos totais (CHATTERJEE;
BHATTACHARJEE, 2013).
Duto de
entrada de ar
Painel de
controle
Ciclone de
saída do ar
Ciclone de
separação
Coletor do
produto
Câmara de
secagem
Bico de
aspersão
(Eq. 7)
(Eq. 8)
4 Material e Métodos
4.2.7 Estabilidade dos extratos microencapsulados
Os extratos microencapsulados foram acondicionados em embalagens laminadas e
seladas a vácuo, sendo estocados em estufa incubadora (modelo MA-415, Marconi, São
Paulo) a 25 °C por um período de 60 dias. Os extratos em pó foram avaliados ao longo desse
período em intervalos regulares de tempo (15 dias), quanto ao teor de compostos fenólicos
totais e capacidade antioxidante.
4.3 Métodos analíticos
4.3.1 Identificação dos açúcares presentes no bagaço do caju
Realizou-se a caracterização da parede celular do bagaço do caju em termos de
identificação e quantificação de carboidratos de acordo com o protocolo estabelecido pelo
NREL (National Renewable Energy Laboratory) e reportado por Sluiter et al. (2008).
Resumidamente, o bagaço de caju previamente liofilizado foi submetido à hidrólise com ácido
sulfúrico (72 %; v/v) por 60 minutos em banho a 30 ± 2 °C. As amostras foram diluídas a uma
concentração de ácido de 4 % e autoclavadas (121 °C por 1 hora). Após resfriamento, foram
filtradas a vácuo, sendo o filtrado neutralizado com carbonato de cálcio (5,0 ≤ pH ≤ 6,0) e
centrifugado (3.000 min-1
por 10 minutos). O sobrenadante foi separado e filtrado em filtro
0,2 µm em vials específicos para a cromatografia líquida.
Utilizou-se um cromatógrafo líquido de alta eficiência (ULTIMATE 3000, Thermo
Scientific Ltda., EUA) acoplado com um detector de índice de refração RI-101, Shodex,
Japão). O sistema de colunas utilizado era composto por cartucho deashing (4,6 mm × 30
mm, BioRad, EUA), pré-coluna Aminex Carbo P (4,6 mm × 30 mm, BioRad, EUA) e coluna
analítica Aminex HPX-87P (7,8 mm × 300 mm, BioRad, EUA).
As condições cromatográficas utilizadas foram: (i) fase móvel composta por água
deionizada (Milli-Q) grau reagente tipo I, apresentando, no mínimo, 18,0 megaohm.cm de
resistividade, desgaseificada e filtrada em filtro de 0,2 μm com fluxo de 0,6 mL.min-1
; (ii)
temperatura do forno de 80°C; (iii) temperatura do post-column cooler de 45ºC; (iv)
temperatura do amostrador automático de 15ºC; (v) temperatura do detector de 45ºC e (vi)
tempo de corrida de 22 minutos, como reportado por Sluiter et al. (2008). Os cálculos de
conversão da glicose em celulose (Equação 9) e das pentoses e hexoses em hemicelulose
foram realizados conforme descrito por Costa et al. (2015).
4 Material e Métodos
4.3.2 Atividade enzimática
As enzimas utilizadas neste estudo (Celluclast® 1.5 L e extrato enzimático rico em β-
glicosidase) foram analisadas quanto à atividade enzimática de CMCase e β-glicosidase. Para
a dosagem da CMCase (endoglucanase; EC 3.2.1.4), utilizou-se a metodologia descrita por
Ghose (1987). Resumidamente, a quantificação desta enzima ocorre pela dosagem dos
açúcares redutores produzidos pela degradação de carboximetilcelulose (CMC).
A determinação da atividade da β-glicosidase (1,4 β-D-glicosidase; EC 3.2.1.21) foi
realizada pela quantificação da glicose liberada na reação, utilizando-se celobiose como
substrato (WANDERLEY, 2012), de acordo com a metodologia proposta por Ghose (1987).
A quantificação da concentração de glicose foi realizada em analisador bioquímico (YSI
2700, Tecnal, Brasil).
Para ambas as atividades enzimáticas, foram utilizados controles da reação
colorimétrica para descontar as contribuições do extrato enzimático (branco da enzima) e do
substrato (branco da reação), separadamente, dos valores de absorbância obtidos (BASSO;
GALLO; BASSO, 2010). Considerou-se 01 unidade internacional (UI) equivalente à
quantidade de enzima capaz deliberar 1 µmol de açúcar redutor (glicose) por minuto nas
condições do teste (GONÇALVES, 2010).
4.3.3 Determinação do teor de compostos fenólicos totais
Os teores de compostos fenólicos totais foram determinados pelo método
colorimétrico baseado no procedimento descrito inicialmente por Singleton e Rossi (1965) e
modificado por Georgé et al. (2005), utilizando-se ácido gálico como padrão de referência. Os
extratos foram inicialmente diluídos em acetona P.A. (7 %; v/v) durante 30 minutos. Parte do
extrato acetônico foi submetida a uma extração em fase sólida em cartucho Oasis® HLB (fase
estacionária copolímero de poli-[divinilbenzenoN-vinilpirrolidona]) para remoção dos
compostos interferentes solúveis em água (açúcares redutores e ácido ascórbico).
(Eq. 9)
4 Material e Métodos
500 µL de cada extrato (antes e após eluição em cartucho) foram utilizados para
reação com 2,5 mL do reagente Folin-Ciocalteu previamente diluído em água (1:10; v/v). Esta
mistura foi incubada por 2 minutos em temperatura ambiente. Em seguida, 2 mL de carbonato
de sódio (75 g.L-1
) foram adicionados e a nova mistura foi então incubada por 15 minutos a
50°C e finalmente resfriada em banho de gelo.
A absorbância (760 nm) de ambos os extratos foi medida imediatamente após o
resfriamento das amostras em espectrofotômetro UV/Visível (Bioespectro, modelo SP-200,
Curitiba, Brasil). O teor de compostos fenólicos totais foi expresso em mg de ácido gálico
equivalente.100 g-1
de amostra. A linearidade da curva padrão de ácido gálico foi obtida entre
50 e 500 mg.L-1
, que corresponde a valores de absorbância entre 0,1 e 0,6.
4.3.3.1 Identificação dos compostos fenólicos
A análise de perfil dos compostos fenólicos presentes no extrato microencapsulado de
caju no tempo zero de estocagem e no bagaço de caju in natura, previamente desidratado em
liofilizador de bancada por 24 horas (modelo L-101, Liotop, São Carlos, Brasil), foi realizada
por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detector de arranjo de diodos
(DAD), segundo Godoy et al. (2013).
A preparação das amostras envolveu o uso de solução de extração metanol:água
(80:20, v/v) e aquecimento por 2,5 horas a 65°C. Após resfriamento, a cada amostra foram
adicionados 600 µL de solução de hidrólise NaOH 2 M, sendo agitadas vigorosamente em
vortex. Em seguida, foram adicionados 200 µL de ácido acético glacial e os extratos foram
novamente agitadas em vortex, sendo então filtrados com papel de filtro quantitativo e
transferidos para vial específico (2 mL) para injeção no cromatógrafo. Uma alíquota de 1 mL
de cada amostra foi utilizada para uma posterior hidrólise ácida, sendo adicionado 1 mL de
ácido clorídrico concentrado (P.A.). Essa mistura foi incubada a 85 °C por 30 minutos.
Assim, foram preparadas dois tipos de amostras para a caracterização cromatográfica (pré e
pós-hidrólise ácida). O objetivo da hidrólise ácida foi clivar as ligações glicosídicas para
liberar os compostos fenólicos que se apresentavam inicialmente glicosilados (MATTILA;
KUMPULAINEN, 2002).
Para a realização das análises cromatográficas, utilizou-se um cromatógrafo líquido
Alliance 2695 da Waters®, com detector de arranjo de diodos (DAD) 2996 da Waters® de
210 a 400 nm, coluna Thermo BDS Hypersil® C18 (100 × 4,6 mm × 2,4 μm); fase móvel: (A)
4 Material e Métodos
solução aquosa de ácido fosfórico a 1,5 % e (B) acetonitrila em modo gradiente (Tabela 5);
fluxo de 1,0 mL.min-1
; temperatura da coluna de 30°C; volume de injeção de 5 μL e tempo de
corrida de 30 minutos. A identificação dos compostos fenólicos, especificamente flavonoides
e ácidos fenólicos, foi realizada pela comparação dos tempos de retenção e dos espectros de
absorção na região do ultravioleta (UV; 270 nm) com os respectivos padrões comerciais
(SANTIAGO, 2014).
4.3.4 Atividade antioxidante pelo método ABTS·+
Para a avaliação da atividade antioxidante pelo método ABTS·+
, utilizou-se a
metodologia descrita por Re et al. (1999). O radical ABTS·+
foi diluído em etanol até se obter
uma medida de absorbância da ordem de 0,700 (± 0,02) a um comprimento de onda de 734
nm. A capacidade antioxidante da amostra foi calculada com relação à atividade do
antioxidante sintético Trolox (ácido 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano-2-carboxílico), nas
mesmas condições do método e os resultados foram expressos em capacidade antioxidante
equivalente ao Trolox (μM TEAC.g-1
de amostra). As leituras de absorbância foram realizadas
em espectrofotômetro UV/Visível (Bioespectro, modelo SP-200, Curitiba, Brasil).
Tabela 5. Gradiente de eluição empregado na determinação dos compostos fenólicos em
CLAE-DAD.
Tempo (min) Ácido fosfórico (1,5 %; v/v) Acetonitrila
1 0,01 95 % 5 %
2 6 95 % 5 %
3 8 88 % 12 %
4 12 88 % 12 %
5 18 80 % 20 %
6 22 70 % 30 %
7 23 40 % 60 %
8 25 40 % 60 %
9 26 95 % 5 %
10 30 95 % 5 %
4 Material e Métodos
4.3.5 Atividade antioxidante pelo método ORAC
Para a quantificação da atividade antioxidante pelo método in vitro ORAC, utilizou-se
a metodologia proposta por Zulueta, Esteve e Frígola (2009), onde a leitura da fluorescência
foi realizada a 37 °C e os comprimentos de onda de excitação e emissão foram de 485 nm e
525 nm, respectivamente. As soluções de fluoresceína (78 nM) e AAPH (dicloreto de 2,2’-
azobis(2-amidinopropano; 221 mM) foram preparadas com solução tampão de fosfato de
sódio (75 mM; pH 7,4). Para cada análise, preparava-se também uma curva padrão de Trolox
(ácido 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromano-2-carboxílico). Utilizou-se um leitor de
microplacas Infinite (modelo 200, TECAN, Suíça) no modo fluorescência. Os dados de leitura
em relação ao tempo foram registrados em planilha do software Excel. A partir do programa
Graph Pad and Prism, foram obtidas as áreas abaixo das curvas relacionadas ao decaimento
da fluorescência das amostras.Os resultados foram expressos em µM TEAC.g-1
de amostra.
4.3.6 pH
A medida do pH foi realizada utilizando segundo a metodologia descrita pelo Instituto
Adolfo Lutz (Item/Método 017/IV, 2008).
4.3.7 Sólidos totais
A análise de sólidos totais foi realizada segundo a metodologia descrita pelo Instituto
Adolfo Lutz (Item/Método 015/IV, 2008), com base nos métodos padrões da AOAC (2000).
As amostras foram pesadas em cápsulas de vidro previamente aquecidas a 105 °C, por 2
horas, sob pressão reduzida, e resfriadas em dessecador até a temperatura ambiente. As
cápsulas contendo as amostras foram aquecidas em estufa a 105 °C por 24 horas, esfriadas em
dessecador até a temperatura ambiente e pesadas. Esta operação foi repetida até obtenção do
peso constante das amostras. O teor de sólidos totais foi calculado utilizando-se a Equação 10.
onde,
CAf – massa da cápsula com amostra no peso constante;
CA0 – massa da cápsula sem amostra;
m0 – massa da amostra inicial.
(Eq. 10)
4 Material e Métodos
4.3.8 Distribuição do tamanho de partícula
A distribuição do tamanho de partícula foi medida em um analisador de difração a
laser (Microtrac, modelo S3500, Estados Unidos). Uma pequena amostra do extrato de caju
microencapsulado foi suspendida em isopropanol com agitação magnética. A distribuição do
tamanho de partícula foi monitorada durante cada medição até o momento em que as leituras
sucessivas tornaram-se constantes (TONON; BRABET; HUBINGER, 2010). Esta técnica foi
aplicada no extrato microencapsulado de caju no tempo zero de estocagem, com o objetivo de
avaliar a estabilidade física das micropartículas e, principalmente, a possibilidade de
aglomeração (PELISSARI, 2014).
Os resultados desta análise foram ajustados aos modelos de distribuição de tamanho de
partículas Rosin-Rammler-Bennet (RRB; ROSIN; RAMMLER, 1933) e Gates-Gaudim-
Shumann (GGS; SCHUMANN, 1940). O modelo RRB apresenta dois parâmetros ajustáveis
(n e d’) e relaciona o diâmetro da partícula (dp) com a fração de partículas com diâmetros
menores que dp, como descrito na Equação 11.
onde,
Y – fração de partículas menor que um diâmetro dp;
dp – diâmetro da partícula (µm);
d’ – parâmetro que quantifica o diâmetro da partícula para Y = 0,632;
n – parâmetro adimensional que define a forma da curva de distribuição granulométrica.
Analogamente ao modelo RRB, o ajuste GGS caracteriza-se por possuir dois
parâmetros de ajuste (n e d’), conforme apresentado na Equação 12.
onde:
d’ – parâmetro que quantifica o diâmetro da partícula para Y = 1,0.
(Eq. 11)
(Eq. 12)
4 Material e Métodos
4.3.9 Morfologia
A morfologia das micropartículas foi observada em microscópio eletrônico de
varredura (Hitachi, modelo TM-3000, Japão). Pequenas quantidades do extrato
microencapsulado de caju no tempo zero de estocagem foram fixadas na superfície de fitas
dupla face e aderidas em compartimento metálico específico do equipamento. A morfologia
foi observada sistematicamente utilizando-se ampliações de 500, 1000, 2000 e 3000 vezes
(ALMEIDA et al., 2014).
4.3.10 Isotermas de sorção
A umidade de equilíbrio do extrato microencapsulado de caju foi determinada pelo
método gravimétrico estático, aplicando-se cinco soluções salinas supersaturadas que
correspondiam aos teores de atividade de água (aw) variando entre 0,093 e 0,903, conforme
apresentado na Tabela 6 (CATELAM; TRINDADE; ROMERO, 2011). Água pura também
foi utilizada para conferir uma atividade de água igual a 1,0.
Tabela 6. Soluções salinas e suas respectivas atividades de água.
Solução salina Atividade de água (aw)
Cloreto de lítio (LiCl) 0,093
Cloreto de magnésio (MgCl2) 0,327
Cloreto de potássio (KCl) 0,438
Cloreto de sódio (NaCl) 0,753
Cloreto de bário (BaCl2) 0,903
Fonte: Catelam; Trindade e Romero (2011).
Amostras em triplicata foram pesadas (aproximadamente 1 g cada) em pequenos
recipientes plásticos e armazenadas em dessecadores fechados hermeticamente, de forma que
o conteúdo permanecesse isolado do ambiente externo. Cada dessecador continha uma
solução salina específica. O tempo para atingir o equilíbrio, baseado no peso constante das
amostras, foi de oito dias e a temperatura do ambiente foi mantida em 25 °C (± 1 °C). As
umidades de equilíbrio em base seca foram calculadas pela Equação 13.
(Eq. 13)
4 Material e Métodos
em que:
Xe – umidade de equilíbrio em base seca (b.s.);
me – massa da amostra quando atingido o equilíbrio (g);
ms – massa seca da amostra (g).
Os parâmetros foram estimados pelo ajuste dos modelos GAB e BET aos dados
experimentais utilizando-se uma regressão não linear pelo algoritmo Hook-Jeeves e Quasi-
Newton com o auxílio do software Statistica (versão 8.0, StatSoft, Inc., Tulsa, EUA). O
coeficiente de determinação (R2), entre as respostas observadas e os valores previstos pelo
modelo, foi utilizado como critério para avaliar o ajuste do modelo aos dados experimentais.
4.4 Análise dos dados
Todas as determinações foram realizadas em triplicata. As médias dos valores
encontrados foram submetidas à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey ao nível de 5
% de probabilidade utilizando o programa estatístico Statistica (versão 8.0, StatSoft, Inc.,
Tulsa, EUA). Os resultados da atividade antioxidante pelo método ORAC foram analisados
pelo programa GraphPad and Prism (versão 5.0, GraphPad Software, San Diego, CA, EUA).
O coeficiente de Pearson foi utilizado para avaliar a correlação entre os teores de fenólicos
totais e a atividade antioxidante dos extratos utilizando o programa Microsoft Excel (versão
2007, Microsoft Corporation, EUA), como descrito por Infante et al. (2013) e Spagolla et al.
(2009).
5 Resultados e Discussão
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Extração dos compostos fenólicos
5.1.1 Extração hidroetanólica – Planejamento Box-Behnken
A quantificação dos compostos fenólicos totais e da atividade antioxidante (ABTS·+
)
das amostras obtidas na extração hidroetanólica, segundo delineamento experimental Box-
Behnken, está apresentada na Tabela 7.
Tabela 7. Resultados do planejamento Box-Behnken referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de fenólicos totais, atividade antioxidante por ABTS·+
e respectivos
valores estimados pelo modelo.
Exp.
pH
S:B
Etanol
(%)
Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
)
ABTS·+
(µM TEAC.g-1
)
Valores
encontrados
Valores
estimados
Valores
encontrados
Valores
estimados
1 3,0 1:1 50 127,3 118,2 5,8 7,7
2 6,0 1:1 50 132,8 130,9 7,3 6,0
3 3,0 3:1 50 343,5 350,4 14,3 13,7
4 6,0 3:1 50 359,0 363,1 12,1 12,0
5 3,0 2:1 30 223,3 227,2 12,3 10,9
6 6,0 2:1 30 239,0 239,8 8,7 9,2
7 3,0 2:1 70 234,7 233,0 12,0 12,1
8 6,0 2:1 70 248,7 245,6 9,6 10,3
9 4,5 1:1 30 121,5 126,5 5,9 6,1
10 4,5 3:1 30 368,5 358,7 11,4 12,1
11 4,5 1:1 70 126,4 132,4 8,1 7,2
12 4,5 3:1 70 365,7 364,5 13,3 13,2
13 4,5 2:1 50 242,3 241,1 11,2 11,4
14 4,5 2:1 50 236,3 241,1 12,5 11,4
15 4,5 2:1 50 244,8 241,1 10,5 11,4
Exp. – Experimento; AGE – ácido gálico equivalente; S:B – proporção solvente:bagaço (m/m) e TEAC –
capacidade antioxidante equivalente ao Trolox.
5 Resultados e Discussão
A análise de correlação de Pearson mostrou uma correlação linear positiva (r = 0,821;
p < 0,05) entre os compostos fenólicos e a atividade antioxidante (ABTS·+
), como apresentado
na Figura 11. Observou-se um aumento linear da capacidade de reduzir o radical ABTS·+
em
função do aumento do teor de fenólicos totais. Os resultados obtidos corroboram com o
estudo apresentado por Vieira et al. (2011), que avaliaram o teor de fenólicos totais e a
atividade antioxidante de polpas de frutas, dentre elas a de caju, destacando que as polpas que
apresentaram os maiores teores de fenólicos totais foram as que apresentaram a maior
atividade antioxidante, tanto utilizando o radical DPPH, quanto o radical ABTS·+
.
Figura 11. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento Box-Behnken.
Os gráficos de Pareto (Figura 12) representam os efeitos estimados dos parâmetros pH
(X1), proporção solvente:bagaço (X2) e porcentagem de etanol na solução (X3) sobre o teor de
fenólicos totais e atividade antioxidante pelo método ABTS·+
, respectivamente. O
comprimento de cada barra é proporcional ao efeito padronizado. As barras que ultrapassam a
linha vertical correspondem aos efeitos estatisticamente significativos a um nível de 95 % de
confiança (CALADO; MONTGOMERY, 2003). A proporção solvente:bagaço apresentou
uma alta significância estatística para a resposta teor de compostos fenólicos totais e foi a
única variável significativa para os resultados da atividade antioxidante (ABTS·+
).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
100 200 300 400
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
AB
TS
+
(µM
TE
AC
.g-1
)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
5 Resultados e Discussão
(b)
Figura 12. Gráficos de Pareto – Planejamento Box-Behnken referente à extração
hidroetanólica para as respostas de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por
ABTS·+
(b), com relação aos parâmetros pH (X1), proporção solvente:bagaço (X2)
e porcentagem de etanol na solução (X3).
A Figura 13 apresenta o gráfico de superfície de resposta referente à interação entre a
proporção solvente:bagaço (X2) e o pH (X1), quando a porcentagem de etanol foi mantida fixa
no ponto central (50 %; m/m) tendo como resposta o teor de fenólicos totais. Observou-se
também a interação entre a proporção solvente:bagaço (X2) e porcentagem de etanol na
solução (X3), quando o pH foi mantido em 4,5. Os maiores teores de fenólicos totais (> 350
5 Resultados e Discussão
mg GAE.100g-1
) foram observados quando a proporção solvente:bagaço estava acima do
ponto central (2:1; m/m).
(b)
Figura 13. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
extração hidroetanólica para as respostas de fenólicos totais (FT), relacionando os
parâmetros: S:B vs. pH (a) e S:B vs. porcentagem de etanol na solução (b).
Os gráficos de superfície de resposta para a atividade antioxidante (ABTS·+
) estão
apresentados na Figura 14. Os valores de pH não apresentaram influência sobre a atividade
antioxidante, entretanto as maiores respostas foram obtidas quando utilizou-se a proporção
solvente:bagaço acima de 2:1 (m/m), assim como foi observado para os compostos fenólicos
S:B pH
S:B Etanol (%)
5 Resultados e Discussão
totais. Maiores respostas também foram registradas quando a proporção de etanol na solução
estava acima do ponto central (50 %; m/m).
(a)
(b)
Figura 14. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
extração hidroetanólica para as respostas de atividade antioxidante (ABTS·+
),
relacionando os parâmetros: S:B vs. pH (a) e S:B vs. porcentagem de etanol na
solução (b).
5.1.2 Extração hidroetanólica – Planejamento fatorial completo 22
Após análise estatística dos resultados do planejamento Box-Behnken, um novo
planejamento foi executado considerando apenas os parâmetros proporção solvente:bagaço
S:B pH
S:B Etanol (%)
5 Resultados e Discussão
(X1) e concentração de etanol na solução (X2). Os resultados para as análises de fenólicos
totais e atividade antioxidante, pelos métodos ABTS·+
e ORAC, estão apresentados nas
Tabelas 8 e 9, respectivamente.
Tabela 8. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de fenólicos totais e respectivos valores estimados pelo modelo.
Exp.
S:B Etanol
(%)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1
)
Valores encontrados Valores estimados
1 2:1 30 312,0 375,3
2 3:1 30 400,1 463,4
3 2:1 70 637,5 700,8
4 3:1 70 503,7 567,0
5 2,5:1 50 609,0 526,6
6 2,5:1 50 611,8 526,6
7 2,5:1 50 612,3 526,6
Exp. – Experimento; AGE – ácido gálico equivalente e S:B – proporção solvente:bagaço (m/m).
Tabela 9. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à extração hidroetanólica –
Respostas de ABTS·+
e ORAC e respectivos valores estimados pelo modelo.
Exp.
S:B
Etanol
(%)
ABTS·+
(µM TEAC.g-1
) ORAC (µM TEAC.g-1
)
Valores
encontrados
Valores
estimados
Valores
encontrados
Valores
estimados
1 2:1 30 2,3 2,7 3,1 3,8
2 3:1 30 2,7 3,0 3,9 4,6
3 2:1 70 4,2 4,5 6,1 6,8
4 3:1 70 3,3 3,6 4,1 4,8
5 2,5:1 50 3,9 3,4 5,2 5,0
6 2,5:1 50 3,9 3,4 5,7 5,0
7 2,5:1 50 3,9 3,4 5,9 5,0
Exp. – Experimento; S:B – proporção solvente:bagaço (m/m) e TEAC – capacidade antioxidante equivalente ao
Trolox.
Foi observada uma baixa relação entre os valores de fenólicos totais estimados pelo
modelo e os obtidos experimentalmente, entretanto houve concordância para os resultados da
capacidade antioxidante pelos métodos ABTS·+
e ORAC. Ressalta-se que maiores teores de
fenólicos totais foram observados para o ensaio 3 do planejamento (637,5 mg AGE.100g-1
),
5 Resultados e Discussão
bem como para a triplicata do ponto central (~ 611,0 mg AGE.100g-1
), como apresentado na
Tabela 13. Comparando-se estes resultados com o obtido para a extração aquosa (122,9 mg
AGE.100g-1
), obtido nas mesmas condições do ponto central do planejamento fatorial 2²,
observou-se que as extrações hidroetanólicas contribuíram para aumentar a eficiência de
obtenção dos compostos fenólicos presentes no bagaço de caju.
Vieira et al. (2011) reportaram concentrações de fenólicos totais para extratos aquoso
e hidroalcoólico (20 % de etanol) obtidos da polpa de caju de 201,6 e 165,1 mg AGE.100g-1
de polpa, respectivamente, sugerindo que uma expressiva parte dos compostos fenólicos
apresenta alta polaridade, sendo portanto mais hidrossolúveis. Este comportamento, todavia,
não foi confirmado neste estudo, onde concentrações superiores a 50 % de etanol resultaram
em maiores teores de fenólicos totais no extrato obtido do bagaço do caju.
Ainda, na metodologia utilizada por Vieira et al. (2011), a extração foi conduzida
durante 1 hora e em temperatura ambiente, o que sugere que a ampliação do tempo para 2
horas e, principalmente, o aumento da temperatura para 50 °C favoreceram a extração dos
compostos fenólicos, obtendo-se um aumento de extração de 5,2 vezes para o ensaio de maior
resposta (ensaio 3; 637,5 mg AGE.100g-1
) e de 4,9 vezes para o valor médio do ponto central
(611,0 mg AGE.100g-1
), quando comparado à extração aquosa (122,9 mg AGE.100g-1
). Desse
modo, tanto o tempo, quanto a temperatura, foram fatores relevantes na obtenção de fenólicos
totais provenientes do bagaço do caju.
Infante et al. (2013) obtiveram extratos hidroalcoólicos (etanol:água; 80:20 v/v), em
temperatura ambiente, de bagaço de caju liofilizado e determinaram o teor de fenólicos totais
(1067,0 mg AGE.100g-1
m.s.) e atividade antioxidante pelos métodos DPPH (68,6 µM
TEAC.g-1
m.s.) e FRAP (219,03 µmol sulfato ferroso.g-1
m.s.), sugerindo que resíduos
agroindustriais, como o bagaço de caju, são capazes de preservar quantidades significativas de
substâncias antioxidantes. Os resultados reportados por esses autores são superiores aos
obtidos no presente trabalho (Tabela 12), o que pode ser explicado pelas características
iniciais das amostras, uma vez que foram utilizadas amostras liofilizadas enquanto que, neste
estudo, empregou-se bagaço de caju in natura.
A análise de correlação de Pearson mostrou uma correlação linear positiva (r = 0,994;
p < 0,05) entre os compostos fenólicos e a atividade antioxidante (ABTS·+
) para o
planejamento fatorial completo 2², como apresentado na Figura 15. Houve um aumento linear
da capacidade antioxidante (ABTS·+
) relacionada a uma maior concentração de fenólicos
5 Resultados e Discussão
totais. O mesmo comportamento foi reproduzido, quando comparado o teor de fenólicos totais
com a atividade antioxidante pelo método ORAC, com um coeficiente correlação de Pearson
de 0,961 (Figura 16). Infante et al. (2013) obtiveram um coeficiente de correlação de Pearson
de 0,97 entre fenólicos totais e DPPH e de 0,78 entre fenólicos totais e FRAP.
Figura 15. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS•+
) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento fatorial 2².
Figura 16. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ORAC) dos
extratos hidroetanólicos obtidos a partir do planejamento fatorial 2².
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
300 400 500 600 700
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
AB
TS
+
(µM
TE
AC
.g-1
)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
r = 0,994
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
300 400 500 600 700
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
OR
AC
(µM
TE
AC
.g-1
)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
r = 0,961
5 Resultados e Discussão
De acordo com os gráficos de Pareto (Figuras 17 e 18), nenhum dos parâmetros
avaliados, bem como as respectivas interações, foram estatisticamente significativos, ou seja,
não apresentaram efeito sobre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante por ABTS·+
e
ORAC. Isto indica que os intervalos selecionados para os fatores proporção solvente:bagaço
entre 2:1 e 3:1 (m/m) e porcentagem de etanol na solução entre 30 % e 70 %, estão,
provavelmente, na região mais favorável para as respostas avaliadas.
(b)
Figura 17. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à extração hidroetanólica
em função dos resultados de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por
ABTS·+
(b), com relação aos parâmetros proporção solvente:bagaço (X1) e
porcentagem de etanol na solução (X2).
5 Resultados e Discussão
Figura 18. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à extração hidroetanólica
em função dos resultados de atividade antioxidante por ORAC, com relação aos
parâmetros proporção solvente:bagaço (X1) e porcentagem de etanol na solução
(X2).
5.1.3 Extração enzimática
5.1.3.1 Caracterização dos açúcares presentes no bagaço do caju
A concentração dos monômeros identificados por cromatografia líquida de alta
eficiência, após hidrólise ácida do bagaço do caju, está apresentada na Tabela 10, totalizando
42,98 % de carboidratos presentes nesta biomassa.
Tabela 10. Composição dos açúcares do bagaço do caju.
Monômeros Concentração referente
à biomassa total (%)
Concentração referente
aos açúcares totais (%)
Glicose (%) 34,7 ± 0,6 80,8
Xilose (%) 1,5 ± 0,1 3,5
Galactose (%) 3,2 ± 0,2 7,5
Arabinose (%) 2,6 ± 0,1 6,1
Manose (%) 0,9 ± 0,04 2,1
Total 43,0 100
5 Resultados e Discussão
A quantificação de açúcares no bagaço do caju mostrou que este apresenta celulose,
hemicelulose e lignina em sua composição. Especificamente, foram obtidos 31,57 % de
celulose, 7,43 % de hemicelulose e 15,5 % de lignina, em termos de base seca da amostra.
Costa et al. (2015) obtiveram os seguintes resultados para a composição do bagaço de caju:
20,6 % de celulose; 10,2 % de hemicelulose; 35,3 % de lignina; 7,8 % de minerais; e 1,6 % de
cinzas, referentes à massa seca do bagaço. A alta porcentagem de lignina reportada por Costa
et al. (2015) pode estar relacionada com a metodologia analítica de identificação utilizada por
estes autores, a qual é aplicada para materiais lignocelulósicos mais complexos, (p. ex., cana-
de-açúcar).
A composição em açúcares foi determinante na escolha de enzimas celulolíticas
(Celluclast® 1.5 L e extrato enzimático rico em β-glicosidase) para a hidrólise do bagaço de
caju, com o objetivo de clivar ligações glicosídicas, tanto para liberação da glicose, quanto
dos compostos fenólicos conjugados à parede celular vegetal (ACOSTA-ESTRADA et al.,
2014; KRENEK; BARNES; TALCOTT, 2014). Leitão et al. (2011) também aplicaram
preparados enzimáticos comerciais de celulase e β-glicosidase para promover a hidrólise do
bagaço de caju com o objetivo de decompor a celulose, hemicelulose e pectina presentes na
estrutura desta biomassa.
5.1.3.2 Quantificação da atividade enzimática
A enzima comercial Celluclast® 1.5 L e o preparado enzimático obtido a partir do
fungo Aspergillus awamori foram analisados quanto às atividades enzimáticas de
endoglucanase e β-glicosidase. Os resultados estão apresentados na Tabela 11. Ressalta-se,
como esperado, uma diferença significativa de atividade em β-glicosidase entre os dois
complexos enzimáticos estudados.
Tabela 11. Quantificação da atividade enzimática das enzimas aplicadas.
Enzima Atividade enzimática
Celluclast® 1.5 L 1077,91 UI.g-1
para endoglucanase
Celluclast® 1.5 L 40,81 UI.g-1
para β-glicosidase
Extrato enzimático (A. awamori) 0,593UI.g-1
para endoglucanase
Extrato enzimático (A. awamori) 281,0 UI.g-1
para β-glicosidase
5 Resultados e Discussão
5.1.3.3 pH
O pH obtido para o bagaço de caju in natura foi de 4,73, apresentando-se na faixa
ótima das enzimas utilizadas neste estudo (4,5 < pH <5,0) (GOTTSCHALK; OLIVEIRA;
BOM, 2010; NOVOZYMES LATIN AMERICA LTDA.).
5.1.3.4 Hidrólise enzimática – Planejamento Box-Behnken
Os resultados determinados para fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) na
hidrólise enzimática do bagaço do caju, utilizando-se o preparado enzimático comercial
Celluclast® 1.5 L, estão apresentados na Tabela 12.
Tabela 12. Resultados da hidrólise enzimática com Celluclast® 1.5 L para as análises de
fenólicos totais e ABTS·+
e respectivos valores estimados pelo modelo.
Exp.
Trituração
(minutos)
S:B
Enzima1
(%, b.s.)
Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
)
ABTS·+
(µM TEAC.g-1
)
Valores
encontrados
Valores
estimados
Valores
encontrados
Valores
estimados
1 0 1:1 15 282,9 346,6 2,6 2,4
2 4 1:1 15 271,2 271,0 2,5 3,4
3 0 3:1 15 676,6 537,6 4,6 4,0
4 4 3:1 15 386,6 462,1 5,1 5,0
5 0 2:1 10 497,8 461,8 2,4 2,9
6 4 2:1 10 483,0 386,2 4,9 3,9
7 0 2:1 20 213,4 324,7 2,4 2,7
8 4 2:1 20 227,7 249,2 3,5 3,7
9 2 1:1 10 235,8 271,6 3,1 2,4
10 2 3:1 10 365,6 462,6 2,8 4,0
11 2 1:1 20 233,8 134,6 2,1 2,1
12 2 3:1 20 359,2 325,6 4,2 3,8
13 2 2:1 15 515,1 511,8 2,9 3,0
14 2 2:1 15 525,5 511,8 3,1 3,0
15 2 2:1 15 494,8 511,8 3,1 3,0
1Concentrações da enzima Celluclast® variaram entre 10 % e 20 % em termos de base seca da amostra,
equivalente a 323,4 e 646,7 UI de endoglucanase, respectivamente. Exp. – Experimento; AGE – ácido gálico
equivalente; S:B – proporção solvente:bagaço (m/m) e TEAC – capacidade antioxidante equivalente ao Trolox.
5 Resultados e Discussão
De acordo com a análise de correlação de Pearson, observou-se uma fraca correlação
(r = 0,42; p < 0,05) entre os compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante (ABTS·+
),
após a hidrólise enzimática com a Celluclast® (Figura 19). Este comportamento indica que,
apesar da presença de compostos fenólicos nos extratos enzimáticos obtidos, estes não estão
diretamente relacionados com sua atuação antioxidante.
Figura 19. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS•+
) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento Box-Behnken.
Observou-se também que em determinados pontos do planejamento experimental
foram quantificados teores menores de fenólicos totais que apresentaram alta capacidade
antioxidante, como, por exemplo, para o ensaio 4 (386 mg AGE.100g-1
para fenólicos totais e
5,14 µM TEAC.g-1
para atividade antioxidante por ABTS·+
). O desempenho desta hidrólise
divergiu do verificado na extração hidroetanólica em termos de linearidade entre fenólicos
totais e atividade antioxidante (ABTS·+
).
Considerando apenas o teor de compostos fenólicos totais, a maior resposta foi obtida
no ensaio de número 3 (676,6 mg AGE.100g-1
), seguida do ponto central (511,8 mg
AGE.100g-1
), as quais foram 3,2 e 2,4 vezes maiores, respectivamente, quando comparados
ao extrato aquoso (209,6 mg AGE.100g-1
), obtido nas mesmas condições do ponto central.
Os gráficos de Pareto (Figura 20) apresentam os efeitos estimados dos parâmetros
tempo de trituração do bagaço (X1); proporção solvente:bagaço (X2) e concentração da
enzima (X3) sobre o teor de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) dos
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
200 300 400 500 600 700
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
AB
TS
+
(µM
TE
AC
.g-1
)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
r = 0,42
5 Resultados e Discussão
extratos enzimáticos. Os parâmetros proporção solvente:bagaço (X2) e concentração da
enzima (X3) influenciaram significativamente os teores de fenólicos totais, enquanto que, em
termos de capacidade antioxidante (ABTS·+
), somente o parâmetro proporção solvente:bagaço
(X2) foi significativo.
(a)
(b)
Figura 20. Gráficos de Pareto – Planejamento Box-Behnken referente à hidrólise enzimática
em função dos resultados de fenólicos totais (a) e atividade antioxidante por
ABTS·+
(b), com relação aos parâmetros tempo de trituração do bagaço (X1);
proporção solvente:bagaço (X2) e concentração da enzima (X3).
Os gráficos de superfície de resposta referentes às interações entre os parâmetros
avaliados estão apresentados nas Figuras 21 e 22. Os maiores valores de resposta para
5 Resultados e Discussão
fenólicos totais e atividade antioxidante por ABTS·+
foram obtidos quando o parâmetro
proporção solvente:bagaço estava acima do ponto central (2:1 a 3:1; m/m). Por sua vez, o
tempo de trituração da amostra não foi significativo para as variáveis de resposta consideradas
neste estudo.
(a)
(b)
Figura 21. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
hidrólise enzimática para fenólicos totais relacionando os parâmetros: S:B vs.
tempo de trituração (a) e S:B vs. enzima (%; b.s.) (b).
Tempo
(min)
S:B
S:B Enzima (%)
5 Resultados e Discussão
(a)
(b)
Figura 22. Gráficos de Superfície de Resposta – Planejamento Box-Behnken referente à
hidrólise enzimática para atividade antioxidante por ABTS•+
relacionando os
parâmetros: S:B vs. tempo de trituração (a) e S:B vs. enzima (%; b.s.) (b).
Macedo et al. (2015) investigaram a influência de complexos enzimáticos celulolíticos
e pectinolíticos na hidrólise do bagaço de caju para obtenção de carotenoides e obtiveram um
aumento de 79 % destes compostos quando aplicaram a enzima comercial Pectinex Batch AR
(Novozymes Latin America Ltda.), a qual apresentava uma alta atividade de pectinesterase.
Entretanto, estes autores também reportaram uma recuperação de carotenoides totais na
ordem de 70 % quando utilizaram uma mistura entre a Pectinex Batch AR e a Celluclast® na
S:B Tempo
(min)
S:B
Enzima (%)
5 Resultados e Discussão
proporção 1:1 (m/m), evidenciando uma ação de sinergismo entre enzimas do complexo
pectinolítico e celulolítico.
Costa et al. (2015) relataram o uso simultâneo de um complexo celulolítico (NS22074,
Novozymes) e uma β-glicosidase (NS50010, Novozymes) para hidrólise do bagaço de caju,
obtendo rendimentos de 76,2 % e 33,1 % para os monômeros glicose e xilose,
respectivamente. Todavia, no estudo conduzido por Costa et al. (2015) o tempo de hidrólise
estabelecido foi de 72 horas. Leitão et al. (2011) reportaram a aplicação de um complexo
enzimático (mistura de arabinase, β-glucanase, celulase, hemicelulase, pectinase e xilanase;
NS 50012 da Novozymes) a uma concentração de 2.000 ppm (b.s.) e tempo de hidrólise de 2
horas para obter maiores taxas de liberação de açúcares redutores do bagaço de caju seco.
5.1.3.5 Hidrólise enzimática – Planejamento fatorial completo 22
A partir dos resultados observados no planejamento Box-Behnken, foi proposto um
novo planejamento estatístico (fatorial completo 2²), com modificação do complexo
enzimático, utilizando-se um preparado enzimático produzido em escala de bancada e rico em
β-glicosidase, com o objetivo de favorecer a hidrólise da parede celular e, como
consequência, aumentar os teores de fenólicos totais e atividade antioxidante.
Os parâmetros razão solvente:bagaço (X1) e concentração de enzima (X2) foram
avaliados. Os resultados obtidos para fenólicos totais e atividade antioxidante pelos métodos
ABTS·+
e ORAC estão apresentados nas Tabelas 13 e 14, respectivamente. Constatou-se uma
forte relação entre os valores de fenólicos totais estimados pelo modelo e os obtidos
experimentalmente, assim como para os resultados da capacidade antioxidante pelos métodos
ABTS·+
e ORAC.
Quando comparado aos resultados obtidos no processo de extração hidroetanólica,
observou-se que a adição das enzimas não foi eficaz para a liberação dos compostos fenólicos
nas condições operacionais analisadas. Ainda, comparando-se o valor médio do teor de
fenólicos totais no ponto central (294,3 mg AGE.100g-1
) com o extrato aquoso (123,0 mg
AGE.100g-1
), obteve-se um aumento de 2,4 vezes, valor idêntico ao determinado no
planejameno Box-Behnken.
5 Resultados e Discussão
Tabela 13. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à hidrólise enzimática –
Respostas de fenólicos totais e respectivos valores estimados1.
Exp.
S:B Enzima
(%; b.s.)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1
)
Valores encontrados Valores estimados
1 2:1 10 271,8 285,1
2 3:1 10 235,0 248,3
3 2:1 20 297,6 310,9
4 3:1 20 248,4 261,7
5 2,5:1 15 291,6 276,5
6 2,5:1 15 293,5 276,5
7 2,5:1 15 297,7 276,5
1Concentrações do preparado enzimático rico em β-glicosidase variaram entre 10 % e 20 % em termos de base
seca da amostra, equivalente a 84,3 e 168,6 UI de β-glicosidase, respectivamente. Exp. – Experimento; AGE –
ácido gálico equivalente; S:B – proporção solvente:bagaço (m/m).
Tabela 14. Resultados do planejamento fatorial 2² referentes à hidrólise enzimática –
Respostas de ABTS•+
e ORAC e respectivos valores estimados1.
Exp.
S:B
Enzima
(%; b.s.)
ABTS·+
(µM TEAC.g-1
) ORAC (µM TEAC.g-1
)
Valores
encontrados
Valores
estimados
Valores
encontrados
Valores
estimados
1 2:1 10 2,5 2,8 6,1 5,7
2 3:1 10 1,5 1,7 2,6 2,1
3 2:1 20 2,7 2,9 5,5 5,1
4 3:1 20 1,8 2,0 4,8 4,4
5 2,5:1 15 2,6 2,3 4,0 4,3
6 2,5:1 15 2,7 2,3 3,5 4,3
7 2,5:1 15 2,6 2,3 3,7 4,3
1Concentrações do complexo enzimático rico em β-glicosidase variaram entre 10 % e 20 % em termos de base
seca da amostra, equivalente a 84,3 e 168,6 UI de β-glicosidase, respectivamente. Exp. – Experimento; S:B –
proporção solvente:bagaço (m/m) e TEAC – capacidade antioxidante equivalente ao Trolox.
Obteve-se uma correlação linear positiva (r = 0,965; p < 0,05) entre o teor de
compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante (ABTS·+
), como apresentado na Figura
23. Isto indica que houve um aumento da capacidade antioxidante (ABTS·+
) do extrato, ao
mesmo tempo em que a concentração de compostos fenólicos totais cresceu.
5 Resultados e Discussão
Figura 23. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ABTS·+
) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento fatorial 2².
No entanto, quando relacionados os resultados obtidos para fenólicos totais e atividade
antioxidante pelo método ORAC (Figura 24), foi constatada uma fraca correlação de Pearson
(r = 0,233; p < 0,05), sugerindo um comportamento similar ao da hidrólise enzimática com
Celluclast® onde, em determinadas condições, foram observados teores menores de fenólicos
com capacidade antioxidante mais alta. Como os princípios dos dois métodos de determinação
da atividade antioxidante são distintos, podem ocorrer diferenças nas respostas, porém estes
são dados que necessitam de estudos mais aprofundados, avaliando-se também o perfil de
compostos fenólicos correspondente.
Os gráficos de Pareto (Figuras 25 e 26) demonstraram que nenhum dos parâmetros
avaliados, e respectivas interações, foi estatisticamente significativo, ou seja, no intervalo
estudado, não foram registrados efeitos significativos sobre o teor de fenólicos totais e na
atividade antioxidante, medida por ABTS·+
e ORAC. Dessa forma, a proporção
solvente:bagaço (X1) entre 2:1 e 3:1 (m/m) e a concentação de enzima (X2) entre 10 % e 20 %
(b.s.) se encontram, provavelmente, na região operacional mais favorável para a extração de
compostos fenólicos totais.
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
220 240 260 280 300 320
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
AB
TS
+(µ
M T
EA
C.g
-1)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
r = 0,965
5 Resultados e Discussão
Figura 24. Relação entre o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante (ORAC) dos
extratos enzimáticos obtidos a partir do planejamento fatorial 2².
Figura 25. Gráfico de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à hidrólise enzimática em
função dos resultados de fenólicos totais, com relação aos parâmetros proporção
solvente:bagaço (X1) e concentação de enzima (X2).
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
220 240 260 280 300 320
Ati
vid
ade
anti
oxid
ante
OR
AC
(µM
TE
AC
.g-1
)
Fenólicos totais (mg AGE.100g-1)
r = 0,233
5 Resultados e Discussão
(a)
(b)
Figura 26. Gráficos de Pareto – Planejamento fatorial 2² referente à hidrólise enzimática em
função dos resultados de atividade antioxidante por ABTS·+
(a) e ORAC (b), com
relação aos parâmetros proporção solvente:bagaço (X1) e concentação de enzima
(X2).
Estes resultados sugerem que a hidrólise enzimática com o preparado enzimático rico
em β-glicosidase contribuiu para a liberação de compostos fenólicos em menores quantidades,
mas que apresentaram atividade antioxidante relevante. Com o objetivo de alcançar respostas
superiores às obtidas neste planejamento experimental, o extrato enzimático comercial
5 Resultados e Discussão
Celluclast® 1.5 L e o preparado rico em β-glicosidase foram utilizados simultaneamente no
estudo da cinética de extração dos compostos fenólicos por rota enzimática.
5.2 Cinética de extração dos compostos fenólicos
5.2.1 Cinética de extração hidroetanólica
Os parâmetros aplicados no estudo da cinética de extração hidroetanólica foram
selecionados a partir das condições experimentais da maior resposta, obtidas no planejamento
fatorial completo 2². Utilizou-se a proporção solvente:bagaço 2:1 (m/m), no entanto optou-se
por aplicar uma concentração de etanol na solução de 50 % ao invés de 70 %, já que não
houve diferença significativa entre as respostas dos teores de compostos fenólicos totais no
planejamento fatorial 2². Além disso, uma redução de 20 % na concentração de etanol implica
diretamente em economia de processo, pois menos insumo será utilizado. A curva da cinética
de extração hidroetanólica está apresentada na Figura 27.
Figura 27. Cinética do transporte de compostos fenólicos no processo de extração
hidroetanólica do bagaço de caju.
A curva cinética da extração hidroetanólica foi ajustada a um polinômio de segunda
ordem, obtendo-se um coeficiente de regressão (R²) igual a 0,94. De acordo com a equação
polinomial de segundo grau (Equação 14), onde 540,8 é a interseção da curva no eixo y (x = t
= 0), a qual apresenta seu ponto máximo quando a derivada é nula, resolve-se:
y = -0,0086x2 + 1,883x + 540,8R² = 0,9406
500
550
600
650
700
0 20 40 60 80 100 120
Fen
ólico
s to
tais
(mg A
GE
.100g
-1)
Tempo (minutos)
5 Resultados e Discussão
, então
Portanto, o maior valor na concentração de fenólicos totais foi obtido após 100
minutos de processo (19,86 % superior em relação ao tempo zero). A partir de 107 minutos,
não se observou uma variação significativa das respostas monitoradas. Assim, definiu-se este
intervalo como limite superior para a extração hidroetanólica de compostos fenólicos do
bagaço de caju aplicando-se as condições operacionais previamente determinadas neste
estudo.
Comparando-se os valores absolutos dos compostos fenólicos totais, após 80 minutos
(633,5 mg AGE.100g-1
) e 100 minutos (636,0 mg AGE.100g-1
) de extração, considerou-se
que o período de tempo de 80 minutos seria suficiente para atingir altos valores de resposta,
além de reduzir o tempo de processo, refletindo em redução de custos inerentes à operação.
Pelo método dos mínimos quadrados, ajustou-se um modelo cinético à solução da segunda lei
de Fick (Figura 28), sendo obtido um valor de coeficiente de difusão (Def) de 3,68 × 10-10
m².s-1
. Observou-se também uma distribuição normal entre os valores observados e os
estimados pelo modelo, como apresentado na Figura 29.
Figura 28. Cinética de extração hidroetanólica de fenólicos totais ajustada pelo modelo de
Fick, onde Y = (X – Xeq)/(X0 – Xeq).
(Eq. 14)
(Eq. 15)
(Eq. 16)
Y
T (min)
5 Resultados e Discussão
Figura 29. Curva de distribuição normal entre os valores observados e os estimados pelo
modelo obtido para a cinética de extração hidroetanólica.
Teoh e Mashitah (2013) reportaram um valor de coeficiente de difusão de 1,96 × 10-10
m².s-1
e 1,76 × 10-10
m².s-1
quando avaliaram a extração hidroetanólica (metanol:água; 70 %
v/v) de compostos bioativos obtidos de cogumelos (Schizophyllum commune e Pycnoporus
sanguineus, respectivamente).
Em estudo sobre a cinética de extração de compostos fenólicos a partir da uva por
processo de ultrassom, Tao, Zhang e Sun (2014) relataram valores de coeficiente de difusão
na ordem de 10-11
m².s-1
. Ferreira (2013) obteve um coeficiente de difusão de 1,50 × 10-15
m².s-1
quando avaliou a extração de fibras solúveis a partir do bagaço da uva branca
Chardonnay. Mascheroni et al. (2013) reportaram valores na ordem de 10-13
m².s-1
para a
difusividade de compostos de própolis em embalagens para alimentos com propriedades
antimicrobianas.
Verificou-se, portanto, que o valor do coeficiente de difusão foi superior ou da mesma
ordem de grandeza que os reportados na literatura para diferentes compostos bioativos,
evidenciando o potencial de aplicação do bagaço de caju na produção de ingredientes
funcionais relativos à presença de compostos fenólicos.
Val
ore
s obse
rvad
os
Valores estimados
5 Resultados e Discussão
5.2.2 Cinética de extração enzimática
O uso simultâneo do preparado enzimático Celluclast® 1.5 L e do extrato rico em β-
glicosidase favoreceu o rompimento da parede celular do bagaço do caju. Portanto, a hipótese
de que a celulase (endoglucanase) agiria como um catalisador auxiliar na hidrólise da
celulose, facilitando a clivagem da celobiose pela β-glicosidase, foi confirmada nas condições
operacionais selecionadas. No entanto, o teor de fenólicos totais obtido por extração
enzimática foi ainda inferior (394,6 mg AGE.100g-1
para 3 horas de extração) ao obtido no
processo hidroetanólico (633,5 mg AGE.100g-1
para 80 minutos de extração).
O comportamento da liberação dos compostos fenólicos totais do bagaço de caju para
o solvente aquoso por hidrólise enzimática aplicando-se a enzima Celluclast® e o extrato rico
em β-glicosidase na proporção de 1:1 (m/m), indicou que, após um período aproximado de
3,5 horas de hidrólise, as taxas de difusão reduziram. Portanto, este foi o intervalo de tempo
recomendado para o processo, com taxa de recuperação da ordem de 342 % em comparação
com o valor inicial. Como apresentado na Figura 30, o decréscimo da quantificação de
fenólicos totais pode estar associado a períodos mais longos de tempo que repercutiram na
instabilidade destes compostos.
Figura 30. Cinética do transporte de compostos fenólicos no processo de extração enzimática
do bagaço de caju.
A cinética de extração enzimática se ajusta a um polinômio de segunda ordem e o
coeficiente de regressão (R²) obtido foi 0,90. De acordo com a equação polinomial de
y = -21,5x2 + 157,0x + 97,1R² = 0,9
0
100
200
300
400
0 2 4 6
Fen
ólico
s to
tais
(mg A
GE
.100g
-1)
Tempo (h)
5 Resultados e Discussão
segundo grau (Equação 17), onde 97,1 é a interseção da curva no eixo y (x = t = 0), a qual
apresenta seu ponto máximo quando a derivada é nula, resolve-se:
Assim, o intervalo de tempo onde foram obtidos os maiores teores de compostos
fenólicos totais, de acordo com as condições operacionais definidas para a hidrólise
enzimática, foi de 3,65 horas. Entretanto, em termos de significância estatística (p < 0,05), os
valores de resposta quantificados no intervalo de tempo de 3 horas não se diferenciaram,
sendo então estipulada esta duração de tratamento enzimático para o desenvolvimento das
etapas posteriores. Ressalta-se que o valor do coeficiente de difusão obtido (4,12 × 10-10
m².s-
1) foi similar ao calculado na cinética de extração hidroetanólica (3,68 × 10
-10 m².s
-1).
Fasawang e Anprung (2014) reportaram uma maior recuperação de açúcares redutores
quando ampliaram o tempo de hidrólise enzimática de 0,5 para 4 horas, utilizando uma
pectinase comercial (Pectinex® Ultra SP-L), com o objetivo de aumentar o rendimento de
extração de compostos bioativos, inicialmente glicosilados, presentes na polpa de lichia.
Fernández, Vega e Aspé (2015) estabeleceram um ciclo de extração de 3 horas para
avaliar a ação das enzimas pectinase, celulase e tanase com a finalidade de extrair
proantocianidinas a partir de sementes e cascas de uva. Apesar do impacto econômico
negativo que uma alta concentração enzimática pode causar a um processamento industrial,
eles destacaram que, ao aplicar uma dosagem de 10 %, expressa em termos de base seca da
amostra, constataram um efeito favorável na liberação dos fenólicos em questão.
O estudo conduzido, que preconizou a aplicação de complexos enzimáticos com a
finalidade de aumentar o rendimento da extração de compostos fenólicos do bagaço de caju,
gerou resultados ainda não conclusivos e que demandam uma continuidade, de forma a
viabilizar esta tecnologia, testada em escala de bancada, para a realidade da indústria
alimentícia, considerando não somente moderações econômicas em termos de investimentos
que propiciem o aproveitamento deste resíduo como também promovam o desenvolvimento
tecnológico da indústria brasileira diretamente envolvida no beneficiamento do caju.
(Eq. 17)
(Eq. 18)
(Eq. 19)
5 Resultados e Discussão
5.3 Processo de extração em série: Extração enzimática seguida da extração
hidroetanólica
Os teores de fenólicos totais dos extratos obtidos nos processos de extração em série
(Teste A), extração enzimática (Teste B), extração hidroetanólica (Teste C) e do branco, bem
como as respectivas taxas de recuperação destes compostos, estão apresentados na Tabela 15.
O período de extração foi de 4 horas, mantido em todos os testes. Como no estudo
cinético da extração enzimática, a melhor resposta foi alcançada no tempo de 4 horas, este
tempo foi estabelecido para que a etapa de hidrólise enzimática do Teste A tivesse a mesma
duração. Adicionalmente, a proporção solvente:bagaço permaneceu 2,5:1, a mesma aplicada
na extração enzimática isolada.
Tabela 15. Respostas de fenólicos totais para os ensaios em série da extração enzimática e
hidroetanólica.
Teste Descrição S:B Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
)
Recuperação
(%)
A 3 horas – Celluclast:β-glicosidase
1
1 hora – Etanol (50 %)
1,25:1
1,25:1 496,4 167 %
B 4 horas – Celluclast:β-glicosidase1 2,5:1 212,0 14 %
C 4 horas – Etanol (50 %) 2,5:1 563,5 203 %
Branco 4 horas – Água 2,5:1 186,1 -
AGE – ácido gálico equivalente. 1Proporção Celluclast:β-glicosidase de 1:1 (m/m). S:B – Proporção
solvente:bagaço (m/m).
De acordo com as taxas de recuperação dos compostos fenólicos, notou-se que,
mesmo com a integração da hidrólise enzimática com a extração hidroetanólica, respeitando-
se o balanço de massa e os parâmetros operacionais para todos os testes, a operação que
envolveu somente a extração hidroetanólica manteve-se como a mais competitiva para
produzir extratos ricos em compostos fenólicos provenientes do bagaço do caju.
Assim, para a realização das etapas subsequentes, utilizou-se o extrato hidroetanólico
elaborado nas condições operacionais selecionadas para o estudo da cinética de extração, isto
é, proporção solvente:bagaço de 2:1 (m/m), concentração de etanol na solução de 50 % e
tempo de extração de 80 minutos a 50 °C em incubadora shaker.
5 Resultados e Discussão
5.4 Concentração por evaporação a vácuo
A Tabela 16 apresenta os dados do processo de concentração do extrato hidroetanólico
do bagaço de caju, submetido a concentração por evaporação rotativa sob pressão reduzida
(700 mmHg) a 70 °C e agitação de 70 min-1
. Neste procedimento, o solvente foi evaporado e
recuperado por condensação utilizando-se resfriamento em banho de gelo. O rendimento do
extrato concentrado obtido foi de 61,32 %. Como esperado, o teor de compostos fenólicos
totais no extrato concentrado foi 67,84 % maior que no extrato hidroetanólico, valor
proporcional à remoção do solvente.
Tabela 16. Dados da concentração do extrato hidroetanólico por evaporação rotativa.
Amostra Massa (g) Fenólicos totais (mg AGE.100g-1
)1
Extrato hidroetanólico 1.060,0 259,56 ± 20,67
Extrato concentrado 650,0 435,65 ± 19,66
Solvente recuperado 300,0 -
1Resultados expressos como média ± desvio padrão (n = 3); AGE – ácido gálico equivalente.
5.5 Microencapsulamento por atomização
Os agentes encapsulantes maltodextrina e goma arábica foram adicionados ao extrato
concentrado na proporção 1:1 (m/m), obtendo-se uma mistura denominada de solução
alimentadora, onde 15 % equivaliam à massa do agente encapsulante. A quantidade de sólidos
totais foi então elevada de 2,78 g.100g-1
para 12,43 g.100g-1
. Esta solução alimentadora
apresentou um teor de sólidos solúveis de 19,1 °Brix.
O rendimento do processo de microencapsulamento por atomização foi de,
aproximadamente, 60 %. O balanço de massa das correntes de entrada e saída sugerem que
houve perda de material na câmara de secagem por retenção do material nas paredes. Ainda
assim, o rendimento obtido foi superior ao reportado por Santiago (2014), de 50 %, quando
desidratou suco de romã por atomização. Neste trabalho, foi ressaltado que as formulações
contendo goma arábica apresentaram maior facilidade de recolhimento do pó aderido às
paredes do equipamento. Esta característica reforça a escolha deste agente encapsulante na
produção do microencapsulado proveniente da extração hidroetanólica do bagaço de caju,
onde também foi possível recolher o produto aderido ao coletor do atomizador (Figura 31).
5 Resultados e Discussão
Figura 31. Extrato microencapsulado derivado do bagaço de caju.
Silva et al. (2014) também recomendaram o uso da goma arábica (15 %; m/m) como o
agente encapsulante mais efetivo na preservação de compostos bioativos presentes no camu-
camu, em comparação com a maltodextrina. Contudo, as limitações econômicas relacionadas
com a aquisição da goma arábica, como alto custo e restrições de disponibilidade, motivam
estudos que a substituem por outros materiais, a exemplo da maltodextrina (MOREIRA et al.,
2009).
De acordo com Valduga et al. (2008), as melhores condições de retenção de
antocianinas totais a partir do bagaço da uva “Isabel” foram obtidas quando aplicadas
proporções iguais de goma arábica e maltodextrina (50:50) na concentração de 30 % (m/m).
Como a goma arábica aumenta a temperatura de transição vítrea (Tg) do pó, os autores
observaram que este agente encapsulante propiciou uma menor perda do material por
aderência às paredes do coletor do equipamento.
Ferrari et al. (2011) compararam o uso da maltodextrina (DE 20) com a goma arábica
para microencapsular suco de amora por atomização e reportaram que ambos apresentaram
uma retenção de antocianinas acima de 70 %.
De acordo com o balanço de massa do processo de microencapsulamento, como
apresentado na Tabela 17, destaca-se que a eficiência desta operação, em termos de fenólicos
totais em base seca de amostra, foi de 78,4 %. Paini et al. (2015) reportaram valores de
eficiência de microencapsulamento de compostos fenólicos extraídos do bagaço de azeitona
entre 65 e 77 %.
5 Resultados e Discussão
Davidov-Pardo, Arozarena e Marín-Arroyo (2013) destacaram a aplicação de
maltodextrina no microencapsulamento de extratos de semente de uva e registraram eficiência
de processo variando de 68 a 91 %. Este resultado indica que é possível modificar alguns
parâmetros operacionais, como vazão e temperatura do ar e vazão de alimentação, quando se
deseja aumentar a recuperação do produto final.
Tabela 17. Eficiência do microencapsulamento por atomização do extrato proveniente do
bagaço do caju.
Amostra Sólidos totais
(g.100g-1
)
Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
)1 Eficiência (%)
Base úmida Base seca
Solução alimentadora 12,4 435,7 ± 19,6 35,1 78,4
Extrato microencapsulado 99,2 2725,7 ± 86,6 27,5
1Resultados expressos como média ± desvio padrão (n = 3); AGE – ácido gálico equivalente.
5.5.1 Identificação dos compostos fenólicos
Foram identificados quatro compostos fenólicos (ácido gálico, rutina, isoquercetina e
quercetina) no extrato microencapsulado de caju (Figura 32), sendo estes característicos deste
pseudofruto e previamente reportados pela literatura (MAHAJAN; CHAUDHARI, 2012;
MICHODJEHOUN-MESTRES et al., 2009; BRITO et al., 2007).
A caracterização cromatográfica do bagaço de caju in natura, submetido à
desidratação por liofilização está apresentada na Figura 32. Comparando-se os cromatogramas
obtidos, observou-se que o perfil cromatográfico foi mantido, mesmo após a submissão do
bagaço de caju a processos que envolveram o uso de solvente orgânico (etanol) a temperatura
de 50 °C por 80 minutos, além do aquecimento em evaporador rotativo a 70 °C e secagem por
atomização a 160 °C.
Os cromatogramas das amostras hidrolisadas (hidrólise ácida) estão apresentados na
Figura 33. As regiões ampliadas dos picos identificados nas amostras hidrolisadas estão
demonstradas na Figura 34. O pico da rutina não apareceu nas amostras submetidas à
hidrólise. Além disso, o pico da quercetina apresentou-se mais evidente nas amostras
hidrolisadas.
5 Resultados e Discussão
Figura 32. Cromatogramas do extrato microencapsulado (a) e bagaço liofilizado (b) de caju e
principais compostos fenólicos identificados por CLAE-DAD.
AU
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
Tempo (minutos)
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Áci
do
gáli
co
Der
ivad
o d
o á
cid
o
hid
roxib
enzo
ico
Ru
tin
a
Isoq
uer
ceti
na
Qu
erce
tin
a
AU
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
Tempo (minutos)
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Áci
do g
áli
co
Der
ivad
o d
o á
cid
o
hid
roxib
enzo
ico
Ru
tin
a
Isoq
uer
ceti
na
Qu
erce
tin
a
(a)
(b)
5 Resultados e Discussão
Figura 33. Cromatogramas do extrato microencapsulado (a) e bagaço liofilizado (b), ambos
hidrolisados, e principais compostos fenólicos identificados por CLAE-DAD.
AU
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Tempo (minutos)
0,00 5,00
10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Áci
do g
áli
co
Der
ivad
o d
o á
cid
o h
idro
xib
enzo
ico
Qu
erce
tin
a
Isoq
uer
ceti
na
(a)
AU
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Tempo (minutos)
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Áci
do g
áli
co
Der
ivad
o d
o á
cid
o h
idro
xib
enzo
ico
Isoq
uer
ceti
na
Qu
erce
tin
a
(b)
5 Resultados e Discussão
(a)
(b)
Figura 34. Regiões ampliadas do cromatograma do extrato microencapsulado de caju
hidrolisado. Intervalo de corrida entre 0,0 e 4,0 minutos (a) e 22,0 e 26,0 minutos
(b), destacando os picos das substâncias ácido gálico, isoquercetina e quercetina.
Como a rutina é um flavonoide glicosídico da quercetina (BECHO; MACHADO;
GUERRA, 2009), é possível confirmar que a solução de ácido clorídrico atuou na hidrólise da
AU
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
22,0 23,0 24,0 25,0
Isoquercetina
Quercetina
Tempo (minutos)
AU
-0,08
-0,04
0,00
0,04
0,08
0,12
0,16
0,20
Tempo (minutos)
1,50 2,00 2,50 3,00 3,50
Ácido gálico
5 Resultados e Discussão
212,2
272,6
376,3 396,8 411,3 440,4 462,3
484,2
532,9 547,6 568,4
AU
-0,004
0,000
0,004
0,008
0,012
nm 220,0 300,0 380,00 460,00 540,00
rutina, liberando a quercetina. Dessa forma, comprova-se a presença da rutina no extrato
microencapsulado de caju.
Constatou-se ainda, de acordo com os cromatogramas apresentados na Figura 33, que
um composto específico, apesar de não ter sido identificado por comparação de espectros de
absorção com o padrão, foi destacado por aparecer no tempo de retenção próximo aos 10,7
minutos para as duas amostras. Denominou-se esta substância como derivada do ácido
hidroxibenzoico, visto que os espectros de absorção desses picos eram muito similares aos
espectros dos ácidos gálico e siríngico (Figura 35), os quais são também procedentes desta
substância, de acordo com a rota do ácido chiquímico (HELENO et al., 2015).
Figura 35. Espectro de absorção a 270 nm do pico que apareceu aos 10,7 minutos no
cromatograma do extrato microencapsulado de caju.
Na Tabela 18, estão apresentadas as estruturas químicas, tempos de retenção e
espectros de absorção (UV/Visível a 270 nm) dos padrões comerciais do ácido gálico e dos
flavonoides rutina, quercetina e isoquercetina, bem como os tempos de retenção e espectros
obtidos nos cromatogramas gerados nas análises do extrato microencapsulado de caju e
comparação com o bagaço de caju in natura previamente liofilizado. Algumas das
propriedades biológicas dessas substâncias também são abordadas a seguir.
AU
0,000
0,004
0,008
Tempo (minutos)
9,0 10,0 11,0 12,0
5 Resultados e Discussão
Tabela 18. Estruturas químicas, espectros e tempos de retenção dos compostos identificados
nos extratos analíticos antes e após hidrólise ácida e comparação com os
respectivos padrões.
Composto Espectros de absorção da região do UV (270 nm)
Extrato Extrato hidrolisado Padrão
Ácido gálico
Derivado do ácido
hidroxibenzoico
N/A
Rutina
N/A
Isoquercetina
Quercetina
N/A – Não se aplica.
2,955 Extracted
215,8
271,4
376,3411,3440,4462,3484,2
532,9 568,4
AU
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
0,030
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
2,941 Extracted
214,6
272,6
355,0 430,7473,2486,6 545,1
AU
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
0,030
0,032
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
3,120 Extracted
215,8
271,4
462,3484,2 568,4
AU
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
10,698 Extracted
212,2
272,6
376,3396,8411,3440,4462,3
484,2
532,9
568,4
AU
-0,004
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
10,601 Extracted
215,8
273,8
388,4423,4468,3486,6
545,1 583,1
AU
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
19,462 Extracted
254,8
358,4
411,3440,4462,3
484,2
532,9
568,4
AU
-0,008
-0,006
-0,004
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
19,215 Extracted
255,9
353,8
AU
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
21,589 Extracted
254,8
346,6
411,3440,4462,3
484,2
532,9
568,4
AU
-0,010
-0,008
-0,006
-0,004
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
22,314 Extracted
253,6364,3
468,3486,6
545,1583,1
AU
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
0,040
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
19,771 Extracted
254,8
352,6
455,0 486,6
AU
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
24,811 Extracted
254,8 376,3
440,4462,3
484,2
532,9
568,4
AU
-0,010
-0,008
-0,006
-0,004
-0,002
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
0,024
0,026
0,028
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
24,785 Extracted
254,8 364,3
468,3486,6
545,1 583,1
AU
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,080
0,090
0,100
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
24,780 Extracted
214,6
253,6
363,3
AU
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
3,60
3,80
nm
250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00 600,00
24,8 min
19,5 min 19,2 min
10,7 min 10,6 min
3,0 min 2,9 min 3,1 min
21,6 min 22,3 min 19,8 min
24,8 min 24,8 min
5 Resultados e Discussão
Verificou-se que o extrato microencapsulado derivado do bagaço de caju obtido no
presente trabalho apresentou capacidade antioxidante caracterizada pela presença de ácidos
fenólicos e flavonoides característicos de frutas, os quais podem apresentar propriedades
funcionais quando para o organismo humano.
O ácido gálico apresenta um alto potencial antioxidante e ampla biodisponibilidade.
Tanto o ácido gálico, quanto seus derivados destacam-se pelo comportamento antioxidante
originando uma gama de atividades biológicas, incluindo antitumoral, antimicrobiana,
antimelanogênica e anticolesterolêmica (BADHANI; SHARMA; KAKKAR, 2015). A
presença do ácido gálico na polpa, casca e bagaço de caju foi previamente reportada na
literatura científica (BATAGLION et al., 2015; MOO-HUCHIN et al., 2015; BROINIZI et
al., 2007). Ressalta-se que o processo de secagem por atomização preservou a integridade
desta substância, o que é favorável para a manutenção do potencial antioxidante do extrato
microencapsulado de caju.
A quercetina, um dos flavonoides mais estudados, pertence ao grupo dos flavonois,
juntamente com o kaempferol. Acredita-se que a quercetina pode atuar na proteção contra
algumas doenças degenerativas, pois previne a peroxidação lipídica (BONA, 2010; BENTZ,
2009). A rutina, ou quercetina-3-O-rutinosídeo, é um flavonol que apresenta a propriedade de
sequestrar radicais livres (NIJVELDT et al., 2001). Sua ingestão em concentrações toleradas
por humanos e ratos está associada à inibição de trombose (JASUJA et al., 2012). Embora a
quercetina-3-O-rutinosídeo seja uma forma importante da quercetina encontrada nos
alimentos, a sua biodisponibilidade é de apenas 20 % quando comparada com a quercetina-4’-
glicosídeo. A quercetina-3-O-rutinosídeo pode ser transformada em quercetina-3-glicosídeo
(isoquercetina) pela perda da molécula de ramnose. A quercetina-3-o-glicosídeo e 4’-
glicosídeo apresentam alta biodisponibilidade (BEHLING et al., 2004).
O método cromatográfico utilizado nesta identificação (CLAE-DAD) é vantajoso, pois
prevê a aquisição de espectros em múltiplos comprimentos de onda, todavia somente é
possível identificar um determinado composto comparando-o ao espectro de um padrão
externo. Em situações onde os padrões não estão disponíveis, recomenda-se aplicar outros
métodos, quando disponível, em especial a identificação cromatográfica por espectrometria de
massa (PACHECO et al., 2015; LANÇAS, 2009).
5 Resultados e Discussão
5.5.2 Distribuição do tamanho de partículas
A distribuição do tamanho de partículas do extrato de caju microencapsulado está
apresentada na curva da Figura 36, onde se observa uma distribuição unimodal do tipo normal
ou Gaussiana. Este perfil distributivo também foi reportado por Silva et al. (2012) em
secagem por atomização de suco de camu-camu.
Figura 36. Distribuição do tamanho de partículas por difração a laser do extrato
microencapsulado de caju no tempo zero de estocagem.
O diâmetro médio e a variação do tamanho das micropartículas estão apresentados na
Tabela 19.
Tabela 19. Distribuição do tamanho das micropartículas do extrato microencapsulado de caju
no tempo zero de estocagem.
Distribuição de tamanho Diâmetro (µm)1
D10 1,98 ± 0,02
D50 7,81 ± 0,03
D90 20,20 ± 0,40
Diâmetro volumétrico médio 11,17 ± 0,34
1Resultados expressos como média ± desvio padrão (n = 3). D10, D50 e D90 correspondem, respectivamente, a 10
%, 50 % e 90 % das partículas com diâmetros máximos especificados na coluna diâmetro.
Estes valores estão dentro do esperado para processos de microencapsulamento de
extratos vegetais por atomização, os quais podem variar entre 10 e 100 µm (NUNES et al.,
2015). Estudos que aplicaram condições operacionais similares reportaram tamanho médio de
5 Resultados e Discussão
partículas de 13 a 16 µm para polpas de amora e açaí, respectivamente (TONON, 2009;
FERRARI; RIBEIRO; AGUIRRE, 2012).
Os dados experimentais foram mais bem ajustados ao modelo RRB, apresentando
coeficiente de correlação linear R² = 0,95. De acordo com o método dos mínimos quadrados,
os parâmetros do modelo foram determinados, sendo obtidos os resultados apresentados na
Tabela 20.
Tabela 20. Parâmetros estimados para o modelo de distribuição de tamanho de partícula
RRB.
Parâmetros n d'
Valores 1,20 14,63
5.5.3 Morfologia
Na Figura 37 estão apresentadas as imagens microscópicas das partículas do extrato de
caju microencapsulado (ampliadas 1000 e 2000 vezes). As partículas mostraram-se
predominantemente esféricas, com superfície rugosa e sem presença de rachaduras, no entanto
é possível observar que algumas apresentaram superfície completamente lisa.
(a) (b)
Figura 37. Análise morfológica das microcápsulas derivadas do extrato do bagaço de caju
microencapsulado por atomização. Aumento de 1000x (a) e 2000x (b).
O aspecto rugoso das microcápsulas é esperado em processos de secagem por
atomização e está relacionado com a redução do tamanho das partículas que se expandem ao
serem aquecidas e retraem ao resfriar rapidamente (DAVIDOV-PARDO; AROZARENA;
MARÍN-ARROYO, 2013). Morfologias similares também foram reportadas por Nunes et al.
5 Resultados e Discussão
(2015) para microencapsulamento de extratos aquosos de erva-mate utilizando maltodextrina
como agente encapsulante.
Tonon, Brabet e Hubinger (2009) reportaram a prevalência do aspecto rugoso na
superfície do suco de açaí em pó microencapsulado por atomização aplicando-se temperatura
do ar de secagem de 170 °C. Em contrapartida, grande parte das microcápsulas secas a 202 °C
apresentaram uma superfície lisa, indicando que o aumento da temperatura favorece a
obtenção de microcápsulas com esta característica, o que poderia aprimorar os atributos de
escoamento do material. No entanto, temperaturas elevadas favorecem a degradação de
compostos bioativos presentes nestas matérias-primas, o que não é desejável quando o
interesse é preservá-los por longos períodos de estocagem.
Uma comparação das micrografias dos agentes encapsulantes goma arábica e
maltodextrina com dados reportados na literatura está apresentada na Figura 38.
(a1) (a2)
(b1) (b2)
Figura 38. Comparação das micrografias dos agentes encapsulantes: goma arábica (a1) e
maltodextrina (b1) com dados reportados por Santos, Fávaro-Trindade e Grosso
(2005) (a2) e Otálora et al. (2015) (b2).
5 Resultados e Discussão
A goma arábica é caracterizada por apresentar concavidades com níveis diferentes de
profundidade, além de agrupamento de microcápsulas de tamanhos variados. Neste material
de parede, as partículas também possuem superfície rugosa. Observou-se que a maltodextrina
apresentou formato e tamanho irregulares, como também reportado por Otálora et al. (2015).
Esta caracterização sugere que houve uma homogeneização adequada entre o extrato
concentrado de caju, proveniente da extração hidroetanólica, com os materiais de parede
maltodextrina e goma arábica, promovendo assim o encapsulamento dos compostos fenólicos.
Moraes (2014) produziu polpa desidratada de caju por atomização e utilizou goma
arábica nas concentrações de 15 % e 25 % (m/m) com temperaturas de entrada de 140 °C e
150 °C. De acordo com os resultados da morfologia, por microscopia eletrônica de varredura
(MEV), o autor destacou que o tratamento com concentração de 15 % (m/m) do agente
carreador resultou em partículas grandes, amorfas e com forte atração entre si, enquanto que o
aumento da concentração de goma arábica para 25 % (m/m) resultou em partículas com
características semelhantes, mas que se apresentavam mais dispersas (Figura 39).
Figura 39. Micrografias da polpa de caju desidratada por atomização contendo 15 % de goma
arábica com ar aquecido a 140 °C (B) e 150 °C (C). Ampliação de 1200 vezes.
Fonte: Moraes (2014).
As micrografias obtidas neste trabalho apresentaram menor aglomeração das
micropartículas se comparadas com aquelas reportadas por Moraes (2014). Este
comportamento pode estar relacionado com o uso da goma arábica como agente encapsulante,
confirmando relatos da literatura (MONTENEGRO et al., 2012). Ressalta-se também que
houve semelhança entre as micrografias, relacionada ao tamanho diversificado das partículas,
5 Resultados e Discussão
bem como a presença de formas irregulares, incluindo a existência de partículas com
superfície rugosa.
5.5.4 Isotermas de sorção
O modelo de GAB foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais de sorção do
extrato microencapsulado de caju. Os parâmetros do modelo estão apresentados na Tabela 21,
bem como o coeficiente de regressão (R²). Moura et al. (2004) também reportaram que o
modelo de GAB foi o que melhor descreveu os dados da isoterma de sorção para a polpa de
caju.
Tabela 21. Parâmetros de ajuste da isoterma de sorção do extrato microencapsulado de caju
no tempo zero de estocagem.
Modelo T (°C) Parâmetros
C K Xm R²
GAB 25 22,06 -18,56 0,050 0,99
A isoterma de sorção de água do extrato microencapsulado de caju está apresentada na
Figura 40, podendo ser classificada como do tipo III de acordo com a definição da IUPAC
(1985), característica de microencapsulados ricos em carboidratos.
5 Resultados e Discussão
Figura 40. Isoterma de sorção a 25 °C do extrato microencapsulado de caju com 15 % de
maltodextrina e goma arábica (1:1; m/m) ajustada pelo modelo de GAB.
A curva apresentou um comportamento linear no intervalo de aw entre 0,1 e 0,5, no
qual se registrou uma pequena variação da umidade de equilíbrio. A partir da aw superior a
0,5, a curva apresenta um comportamento exponencial típico de produtos de baixa
higroscopicidade na temperatura ambiente. A redução da higroscopicidade está relacionada
com a presença da goma arábica, conforme reportado por Oliveira, Costa e Afonso (2014) e
Oliveira et al. (2013).
5.5.5 Estabilidade do extrato microencapsulado de caju
Após os 60 dias de armazenamento do extrato microencapsulado, observou-se uma
redução de 12 % do teor de compostos fenólicos totais e de 40 % e 34 % da atividade
antioxidante pelos métodos ABTS·+
e ORAC, respectivamente (Tabela 22), sugerindo que a
utilização de embalagem laminada e submetida a vácuo não foi satisfatória para a preservação
destes compostos. A temperatura de 25 °C também pode ter contribuído para o aumento da
velocidade de degradação destes bioativos. Entretanto, para os mesmos parâmetros, os
resultados não diferiram significativamente até os 45 dias de estocagem. Assim, foi possível
garantir a estabilidade do produto durante este período. Ainda de acordo com a Tabela 21,
destaca-se que o teor de sólidos totais reduziu em 4 %, confirmando que o extrato
C:1C:2 C:3
C:4
C:5
C:6
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
aw
0
1
Ueq
C:1C:2 C:3
C:4
C:5
C:6
5 Resultados e Discussão
microencapsulado produzido apresentou baixa higroscopicidade, pois houve pequeno
aumento da umidade do produto.
Tabela 22. Estabilidade do extrato microencapsulado de caju em termos de fenólicos totais e
atividade antioxidante.
Tempo
(dias)
Fenólicos totais
(mg AGE.100g-1
)
ABTS·+
(µM TEAC.g-1
)
ORAC
(µM TEAC.g-1
)
Sólidos totais
(g.100g-1
)
0 2747,6ª 24,7a 41,1ª 99,2
15 2724,6ª 20,3ª 38,9ª 98,9
30 2632,9ª 19,6ª 35,7ª 98,3
45 2492,7ª,b 17,5
a,b 31,7ª
,b 96,9
60 2410,4b 14,9
b 27,1
b 94,8
Respostas expressas em termos de base seca da amostra. Letras iguais na mesma coluna não diferem
significativamente entre si de acordo com o teste de Tukey ao nível de probabilidade de 5 %.
Correlacionando-se as respostas obtidas para o teor de compostos fenólicos totais e as
de atividade antioxidante pelos métodos ABTS·+
e ORAC (Tabela 21) observou-se que,
quando o teor de compostos fenólicos decresceu, a capacidade antioxidante do extrato
microencapsulado também reduziu linearmente, apresentando coeficiente correlação de
Pearson de 0,98 tanto entre fenólicos totais e atividade antioxidante por ABTS·+
, quanto entre
fenólicos totais e atividade antioxidante por ORAC.
A degradação dos compostos fenólicos totais apresentou-se como uma cinética de
primeira ordem (Figura 41), com coeficiente de regressão linear superior a 0,90 (R² = 0,95).
Este comportamento está de acordo com os dados apresentados por Tonon, Brabet e Hubinger
(2010) referentes ao estudo de estabilidade de antocianinas no suco de açaí microencapsulado
durante os primeiros 60 dias de estocagem tanto a 25 °C quanto a 35 °C.
5 Resultados e Discussão
Figura 41. Cinética de degradação dos compostos fenólicos totais durante os 60 dias de
estocagem do extrato microencapsulado de caju.
Os resultados do estudo de estabilidade conferem ao produto uma qualidade para a sua
comercialização com restrição para o tempo de armazenamento de até 45 dias. Por fim,
realizou-se também um balanço de massa global considerando todas as etapas operacionais
apresentadas neste estudo (Figura 42). A partir de 1 (uma) tonelada de caju fresco, estimou-se
uma produção de 22,3 kg de extrato microencapsulado.
Figura 42. Balanço de massa global para produção do extrato de caju microencapsulado.
y = -116,04x + 2889,9
R² = 0,9537
2000
2200
2400
2600
2800
0 dias 15 dias 30 dias 45 dias 60 dias
Fen
óli
cos
tota
is
(mg
AG
E.1
00g
-1)
Tempo (dias)
Caju
Bagaço
Extrato hidroetanólico
Extrato concentrado
Microencapsulado
1 ton
270 kg
491,4 kg
301,2 kg
22,3 kg
6 Conclusões
6. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que é possível obter um extrato
rico em compostos fenólicos a partir do bagaço residual da extração do suco de caju.
Na proporção solvente:bagaço 2:1 (m/m); porcentagem de etanol na solução de 50 %
(m/m) e tempo de extração de 80 minutos, obteve-se um extrato com elevado teor de
compostos fenólicos com taxa de recuperação de cerca de 200 %.
O uso do etanol na solução extratora foi importante para aumentar a eficiência do
processo de extração dos compostos fenólicos se comparado com a hidrólise enzimática.
Adicionalmente, o processo em série (hidrólise enzimática seguida da extração
hidroetanólica) não favoreceu a recuperação dos compostos fenólicos.
O uso da goma arábica e maltodextrina no microencapsulamento do extrato do bagaço
do caju contribuiu para a preservação dos compostos fenólicos, com destaque para o ácido
gálico e para os flavonoides rutina, quercetina e isoquercetina.
O estudo de estabilidade validou os processos de extração hidroetanólica,
concentração por evaporação rotativa e secagem por atomização para o aproveitamento do
resíduo do processamento do caju, sendo adequados para a obtenção de compostos fenólicos,
agregando valor a este coproduto. No entanto, para aumentar a vida de prateleira do extrato
microencapsulado, novas condições de armazenamento deverão ser avaliadas.
A rota hidroetanólica foi adequada para a obtenção de um extrato a partir do coproduto
do processamento do caju, concentrado em compostos bioativos, e com possível ação
biológica sobre a saúde humana.
As condições operacionais desenvolvidas neste estudo sinalizam uma viabilidade
técnica para produção de um extrato microencapsulado funcional, de modo a contribuir para a
agregação de valor à cadeia agroindustrial de beneficiamento do pseudofruto do caju.
7 Sugestões para trabalhos futuros
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Os resultados obtidos são promissores, entretanto, novos estudos podem ainda ser
realizados visando o aperfeiçoamento do processo e a obtenção do produto em escala
comercial. Para isto, sugere-se:
1. Aperfeiçoar a hidrólise enzimática por meio de um pré-tratamento apropriado do
bagaço ou combinação de outros biocatalisadores. Em paralelo, aprofundar estudo de
caracterização da estrutura do bagaço do caju, que justifique a utilização de outros
preparados enzimáticos (p.ex., pectinases);
2. Avaliar outras técnicas de concentração do extrato hidroetanólico, como o uso de
membranas que pode contribuir para a redução do consumo de energia;
3. Utilizar a cromatografia líquida acoplada com espectrometria de massa para
identificação e quantificação dos compostos fenólicos presentes no extrato
microencapsulado;
4. Realizar avaliação da atividade biológica in vitro do extrato microencapsulado;
5. Aplicar o extrato microencapsulado em um produto alimentício, por exemplo, sucos
ou bebidas isotônicas, e analisar a interação entre os compostos fenólicos e o produto
final. Paralelamente, avaliar as características sensoriais do produto desenvolvido;
6. Reproduzir o processo de microencapsulamento em escala piloto para obter dados para
ampliação de escala.
8 Referências
8. REFERÊNCIAS
ABREU, F.P. et al. Cashew apple (Anacardium occidentale L.) extract from by-product of
juice processing: A focus on carotenoids. Food Chemistry, v. 138, n. 1, p. 25-31, 2013. DOI:
10.1016/j.foodchem.2012.10.028.
ACOSTA-ESTRADA, B.A.; GUTIÉRREZ-URIBE, J.A.; SERNA-SALDÍVAR, S.O. Bound
phenolics in foods, a review. Food Chemistry, v. 152, p. 46-55, 2014. DOI:
10.1016/j.foodchem.2013.11.093. DOI: 10.1016/j.foodchem.2013.11.093.
AGOSTINI-COSTA, T.S. et al. Teores de ácido anacárdico em pedúnculos de cajueiro e em
oito clones de Anacardium occidentalevar. nanum disponíveis no Nordeste do Brasil. Ciência
Rural, v. 34, n. 4, p. 1075-1080, 2004.
ALCÂNTARA, S.R.; ALMEIDA, F.A.C.; SILVA, F.L.H. Emprego do bagaço seco do
pedúnculo do caju para posteriorutilização em um processo de fermentação semi-sólida.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.9, n.2, p.137-142, 2007.
ALEMÁN, M. et al. Antioxidative effect of lipophilized caffeic acid in fish oil
enrichedmayonnaise and milk. Food Chemistry, v. 167, p. 236-244, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2014.06.083.
ALMEIDA, J.F. et al. Atividade antioxidante in vitro e microencapsulação por spray drying
de extrato hidroalcoólico de sálvia (Salvia officinalis L.).Revista Brasileira de Pesquisa em
Alimentos, v. 5, n. 2, p. 41-49, 2014. DOI: 10.14685/rebrapa.v5i2.170.
ALVES, M.S.O.; ALVES, A.M.; NAVES, M.M.V. Compostos bioativos e atividade
antioxidante de pseudofrutos de caju arbóreo do Cerrado. Revista do Instituto Adolfo Lutz,
v. 72, n. 4, p. 327-331, 2013.
AL-MUHTASEB, A.H.; McMINN, W.A.M.; MAGEE, T.R.A. Moisture sorption isotherm
characteristics of food products: a review. IChemE, v. 80, 2002.
ANDJELKOVIC, M. et al. Iron-chelation properties of phenolic acids bearingcatechol and
galloyl groups. Food Chemistry, v. 98, p. 23-31, 2006. DOI:
10.1016/j.foodchem.2005.05.044.
ANDRADE NETO, J.C. Competitividade na pequena produção agroindustrial: estudo na
agroindústria da castanha de caju. 2006. 78 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2006.
8 Referências
ANDRADE, K.C.S. et al. Goma de cajueiro (Anacardium occidentale): avaliação das
modificações químicas e físicas por extrusão termoplástica. Polímeros, v. 23, n. 5, p. 667-
671, 2013. DOI: 10.4322/polimeros.2013.004.
ANDRADE, R.A.M.S. et al. Optimization of the extraction process of polyphenols from
cashew apple agro-industrial residues. Food Science and Technology, v. 35, n. 2, p. 354-360,
2015. DOI: 10.1590/1678-457X.6585.
ANDRADE, R.D.P.; LEMUS, R.M.; PÉREZ, C.E.C. Models of sorption isotherms for
food:uses and limitations. Revista de la Facultad de Química Farmacéutica, v. 18, n. 3, p.
325-334, 2011.
ARAÚJO, M.C.P. et al. Effect of enzymatic treatment on the viscosity of raw juice and
anthocyanins content in the microfiltrated blackberry juice. Desalination and Water
Treatment, v. 27, p. 37-41, 2011a. DOI: 10/5004/dwt.2011.2042.
ARAÚJO, S.M. et al. Biotechnological process for obtaining new fermented products from
cashew apple fruit by Saccharomyces cerevisiae strains. Journal of Industrial Microbiology
and Biotechnology, v. 38, n. 9, p. 1161-1169, 2011b. DOI: 10.1007/s10295-010-0891-6.
ARTS, I.C.W.; HOLLMAN, P.C.H. Polyphenols and disease risk in epidemiologic studies.
The American Journal of Clinical Nutrition, v. 81, n. 1, p. 317-325, 2005.
ASSIS, M.M.M. et al. Processamento e estabilidade de geleia de caju. Revista Ciência
Agronômica, v. 38, n. 1, p. 46-51, 2007.
AZEREDO, H.M.C. et al. Avaliação do impacto de pré-tratamentos sobre a extração de
carotenoides por prensagem sequencial de bagaço de caju. Boletim do Centro de Pesquisa e
Processamento de Alimentos, v. 24, n. 2, p. 397-404, 2006.
BABU, B.R.; RASTOGI, N.K.; RAGHAVARO, K.S.M.S. Liquid–liquid extraction of
bromelain and polyphenol oxidase using aqueous two-phase system. Chemical Engineering
and Processing: Process Intensification, v. 47, n. 1, p. 83–89, 2008. DOI:
10.1016/j.cep.2007.08.006.
BADHANI, B.; SHARMA, N.; KAKKAR, R. Gallic acid: a versatile antioxidant with
promising therapeutic and industrial applications. The Royal Society of Chemistry
Advances, v. 5, p. 27540-27557, 2015. DOI: 10.1039/c5ra01911g.
8 Referências
BAIANO, A. et al. Physical and sensory properties of bread enriched with phenolic aqueous
extracts from vegetable wastes. Czech Journal of Food Sciences, v. 33, n. 3, p. 247-253,
2015. DOI: 10.17221/528/2014-CJFS.
BAKOWSKA-BARCZAK, A.M.; KOLODZIEJCZYK, P.P. Black currant polyphenols: their
storage stability and microencapsulation. Industrial Crops and Products, v. 34, p. 1301-
1309, 2011. DOI: 10.1016/j.indcrop.2010.10.002.
BALASUNDRAM, N.; SUNDRAM, K.; SAMMAN, S. Phenolic compounds in plants and
agri-industrial by-products: Antioxidant activity, occurrence, and potential uses. Food
Chemistry, v. 99, n. 1, p. 191-203. DOI: 10.1016/j.foodchem.2005.07.042.
BARBOSA, M.M. Obtenção de carotenoides e flavonoides a partir do bagaço do
pedúnculo do caju por maceração enzimática. 2010. 110 p. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Química), Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2010.
BARREIRO, L. CHARAMELO, D.; GONZÁLES-NEVES, G. Perfil antociánico y
composición fenólica de vinos Tannat elaborados con adición de enzimas pectolíticas.
Revista de la Facultad de Ciencias Agrarias, v. 38, n. 2, p. 9-18, 2006.
BARREIRO-HURLE, J.; COLOMBO, S.; CANTOS-VILLAR, E. Is there a market for
functional wines? Consumer preferences and willingness to pay for resveratrol-enriched red
wine. Food Quality and Preference, v. 19, n. 4, p. 360-371, 2008. DOI:
10.1016/j.foodqual.2007.11.004.
BARREIROS, A.L.B.S.; DAVID, J.M.; DAVID, J.P. Estresse oxidativo: relação entre
geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química. Nova, v. 29, n. 1, p. 113-123,
2006.
BARROS, A. et al. Grape stems as a source of bioactive compounds: application towards
added-value commodities and significance for human health. Phytochemistry Reviews, p. 1-
11, 2015. DOI: 10.1007/s11101-015-9421-5.
BARROSO, M.R. et al. Exploring the antioxidant potential of Helichrysum stoechas (L.)
moench phenolic compounds for cosmetic applications: Chemical characterization,
microencapsulation and incorporation into a moisturizer. Industrial Crops and Products, v.
53, p. 330-336, 2014. DOI: 10.1016/j.indcrop.2014.01.004.
BASSANI, D.C., NUNES, D.S.; GRANATO, D. Optimization of phenolics and flavonoids
extraction conditions and antioxidant activity of roasted yerba-mate leaves (Ilex
8 Referências
paraguariensis A. St.-Hil., Aquifoliaceae) using response surface methodology. Anais da
Academia Brasileira de Ciências, v. 86, n. 2, p. 923-933, 2014. DOI: 10.1590/0001-
3765201420130019.
BASSO, T.P.; GALLO, C.R.; BASSO, L.C. Atividade celulolítica de fungos isolados de
bagaçode cana‑de‑açúcar e madeira em decomposição. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v. 45, n. 11, p. 1282-1289, 2010. DOI: 10.1590/S0100-204X2010001100008.
BASTOS, D.H.M.; ROGERO, M.M.; ARÊAS, J.A.G. Mecanismos de ação de compostos
bioativos dos alimentos no contexto de processos inflamatórios relacionados à obesidade.
Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 53, n. 5, p. 646-656, 2009.
DOI: 10.1590/S0004-27302009000500017.
BASTOS, D.S. et al. Microencapsulation of cashew apple (Anacardium occidentale, L.) juice
using a new chitosan–commercial bovine whey protein isolate system in spray drying. Food
and Bioproducts Processing, v. 90, n. 4, p. 683-692, 2012. DOI: 10.1016/j.fbp.2012.04.005.
BATTESTIN, V.; MATSUDA, K.L.; MACEDO, A.G. Fontes e aplicações de taninos e
tanases em alimentos. Alimentos e Nutrição, v. 15, n. 1, p. 63-72, 2004.
BATAGLION, G.A. Determination of the phenolic composition from Brazilian tropical
fruitsby UHPLC–MS/MS. Food Chemistry, v. 180, p. 280-287, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2015.02.059.
BAUER, J.L.; HARBAUM-PIAYDA, B.; SCHWARZ, K. Phenolic compounds from
hydrolyzed and extracted fiber-rich by-products. LWT – Food Science and Technology, v.
47, p. 246-254, 2012. DOI: 10.1016/j.lwt.2012.01.012.
BAZINET, L. et al. Effect of process unit operations and long-term storage on catechin
contents in EGCG-enriched tea drink. Food Research International, v. 43, n. 6, p. 1692-
1701, 2010. DOI: 10.1016/j.foodres.2010.05.015.
BECHO, J.R.M.; MACHADO, H.; GUERRA, M.O. Rutina: estrutura, metabolismo e
potencial farmacológico. Revista Interdisciplinar de Estudos Experimentais, v. 1, n. 1, p.
21-25, 2009.
BEHLING, E.B. et al. Flavonoide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas. Alimentos e
Nutrição, v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004.
8 Referências
BELŠČAK-CVITANOVIĆ, A. et al. Innovative formulations of chocolates enriched with
plant polyphenols from Rubus idaeus L. leaves and characterization of their physical,
bioactive and sensory properties. Food Research International, v. 48, n. 2, p. 820-830, 2012.
DOI: 10.1016/j.foodres.2012.06.023.
BENTZ, A.B. A Review of Quercetin: chemistry, antioxidant properties, and bioavailability.
Journal of Young Investigators, 2009. Dispnível em: <http://www.jyi.org/issue/a-review-of-
quercetin-chemistry-antioxidant-properties-and-bioavailability/>. Acesso em: 11 out. 2015.
BERTIN, L. et al. Recovery of high added value natural polyphenols from actual olive mill
wastewater through solid phase extraction. Chemical Engineering Journal, v. 171, n. 3, p.
1287-1293, 2011. DOI: 10.1016/j.cej.2011.05.056.
BONA, S. Proteção antioxidante da quercetina em fígado de ratos cirróticos. 2010. 64 p.
Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas). Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2010.
BONILLA, J. et al. Recent patents on the application of bioactive compounds in food: a short
review. Current Opinion in Food Science, v. 5, p. 1–7, 2015. DOI:
10.1016/j.cofs.2015.05.012.
BOONCHU, T.; UTAMA-ANG, N. Optimization of extraction and microencapsulation of
bioactive compounds from red grape(Vitis vinifera L.) pomace. Journal of Food Science and
Technology, v. 52, n. 2, p. 783-792, 2015. DOI: 10.1007/s13197-013-1079-7.
BORGES, G. et al. Bioavailability of multiple components following acute ingestion of a
polyphenol-rich juice drink. Molecular Nutrition & Food Research, v.54, n. 2, p. 268-277,
2010. DOI 10.1002/mnfr.200900611.
BORGES, G.S.C. et al. Optimization of the extraction of flavanols and anthocyanins from the
fruit pulp of Euterpe edulis using the response surface methodology. Food Research
International, v. 44, n. 3, p. 708-715, 2011. DOI: 10.1016/j.foodres.2010.12.025.
BOUSSETTA, N. et al. Scale-up of high voltage electrical discharges for polyphenols
extraction from grape pomace: effect of the dynamic shock waves. Innovative Food Science
and Emerging Technologies, v.16, p. 129-136, 2012. DOI: 10.1016/j.ifset.2012.05.004.
BRANEN, A.L. Toxicology and biochemistry of butylated hydroxyanisole and butylated
hydroxytoluene. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v. 52, n. 2, p 59-63, 1975.
8 Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa Nº 62,
de 15 de dezembro de 2009. Regulamento Técnico da Amêndoa da Castanha de Caju.
Dezembro, 2009.
BRAVO, L. Polyphenols: chemistry, dietary sources, metabolism, and nutritional
significance. Nutrition Reviews, v.56, n. 11, p.317–333, 1998.
BRITO, E. et al. Determination of the flavonoid components of cashew apple (Anacardium
occidentale L.) by LC-DAD-ESI/MS. Food Chemistry, v. 105, n. 3, p. 1112-1118, 2007.
DOI: 10.1016/j.foodchem.2007.02.009.
BROINIZI, P.R.B. et al. Avaliação da atividade antioxidante dos compostos fenólicos
naturalmente presentes em subprodutos do pseudofruto de caju (Anacardium occidentale L.).
Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n. 4, p. 902-908, 2007.
BUCHI. Mini Spray Dryer B-290: technical data sheet. 2015. Disponível em:
<http://static1.buchi.com/sites/default/files/downloads/B-290_Data_Sheet_en_D.pdf>.
Acesso em: 22 jun 2015.
BUCIC-KOJIC, A. et al. Study of solid–liquid extraction kinetics of total polyphenols from
grape seeds. Journal of Food Engineering, v. 81, n. 1, p. 236-242, 2007. DOI:
10.1016/j.jfoodeng.2006.10.027.
CÂMARA, M.M.; MORAES, F.F. Avaliação do pré-tratamento de bagaço de cana por
peróxido de hidrogênio alcalino: susceptibilidade da biomassa à hidrólise enzimática e
acessibilidade às enzimas. In: VII Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 2012,
Campo Mourão-PR. Anais do VII Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 2012.
CAMPOS, A.R.N. et al. Enriquecimento protéico do bagaço do pendúnculo de caju por
cultivo semi-sólido. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 5, n. 2, 2005.
ÇAM, M.; IÇYER, N.C.; ERDOGAN, F. Pomegranate peel phenolics: Microencapsulation,
storage stabilityand potential ingredient for functional food development. LWT – Food
Science and Technology, v. 55, p. 117-123, 2014. DOI: 10.1016/j.lwt.2013.09.011.
CARDOSO, A.M.R. et al. Características físico-químicas de sucos de frutas industrializados:
estudo in vitro. Odonto; v. 21, p. 9-17, 2013. DOI: 10.15603/2176-1000/odonto.v21n41-
42p9-17.
8 Referências
CARNEIRO, H.C.F. Microencapsulação de óleo de linhaça por spray drying: influência
da utilização de diferentes combinações de materiais de parede. 2011. 113 p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Alimentos). Universidade Estadual de Campinas. Campinas.
2011.
CATELAM, K.T.; TRINDADE, C.S.F.; ROMERO, J.T. Water adsorption isotherms and
isosteric sorption heatof spray-dried and freeze-dried dehydrated passion fruit pulp with
additives and skimmed milk. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1196-1203, 2011.
CELESTINO, S.M.C. Princípios de secagem de alimentos. Documentos n° 276.
Planaltina/DF: Embrapa, 2010.
CELLI, G.B.; PEREIRA-NETTO, A.B.; BETA, T. Comparative analysis of total phenolic
content, antioxidant activity, and flavonoids profile of fruits from two varieties of Brazilian
cherry (Eugenia uniflora L.) throughout the fruit developmental stages. Food Research
International, v. 44, n. 8, p. 2442-2451, 2011. DOI: 10.1016/j.foodres.2010.12.036.
CHANDRASEKARA, A.; SHAHIDI, F. Content of insoluble bound phenolics in millets and
theircontribution to antioxidant capacity. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.
58, p. 6706-6714, 2010. DOI: 10.1021/jf100868b.
CHATTERJEE, D.; BHATTACHARJEE, P. Comparative evaluation of the antioxidant
efficacy of encapsulated andun-encapsulated eugenol-rich clove extracts in soybean oil:
Shelf-life andfrying stability of soybean oil. Journal of Food Engineering, v. 117, p. 545-
550, 2013. DOI: 10.1016/j.jfoodeng.2012.11.016.
CHATTERJEE, D.; BHATTACHARJEE, P. Comparative evaluation of the antioxidant
efficacy of encapsulated andun-encapsulated eugenol-rich clove extracts in soybean oil: shelf-
life andfrying stability of soybean oil. Journal of Food Engineering, v. 117, p. 545-550,
2013. DOI: 10.1016/j.jfoodeng.2012.11.016.
CHERNG, J.; CHIANG, W.; CHIANG, L. Immunomodulatory activities of common
vegetables and spices of Umbelliferae and its related coumarins and flavonoids. Food
Chemistry, v. 106, n. 3, p. 944-950, 2008. DOI: 10.1016/j.foodchem.2007.07.005.
CHIANG, H. et al. Coffea arabica extract and its constituents prevent photoaging by
suppressing MMPs expression and MAP kinase pathway. Food and Chemical Toxicology, v.
49, n. 1, p. 309-318, 2011. DOI: 10.1016/j.fct.2010.10.034.
8 Referências
CILEK, B. et al. Microencapsulation of phenolic compounds extracted from sourcherry
pomace: effect of formulation, ultrasonication time and core to coating ratio. European Food
Research and Technology, v. 235, p. 587-597, 2012. DOI: 10.1007/s00217-012-1786-8.
COSTA, J.A. et al. Enhanced enzymatic hydrolysis and ethanol production from cashew
apple bagasse pretreated with alkaline hydrogen peroxide. Bioresource Technology, v. 179,
p. 249-259, 2015. DOI: 10.1016/j.biortech.2014.11.010.
CROZIER, A.; JAGANATH, I.B.; CLIFFORD, M.N. Dietary phenolics: chemistry,
bioavailability and effects on health. Natural Product Reports, v. 26, n. 8, p. 1001-1043.
2009. DOI: 10.1039/b802662a.
CRUZ, A.P.G.; CABRAL, L.M.C.; TORRES, A.G. Avaliação da extração de compostos
fenólicos do bagaço de vinho tinto por meio de planejamento experimental. In: XIX
Congresso Brasileiro De Engenharia Química, v. 1; Búzios. 2012.
CUPERSMID, L. et al. Linhaça: composição química e efeitos biológicos. e-Scientia, v. 5, n.
2, p. 33-40, 2012.
D’ALESSANDRO, L.G. et al. Ultrasound assisted extraction of polyphenols from black
chokeberry. Separation and Purification Technology, v. 93, n. 1, p. 42-47, 2012. DOI:
10.1016/j.seppur.2012.03.024.
DAVIDOV-PARDO, G.; AROZARENA, I.; MARÍN-ARROYO, M.R. Optimization of a
wall material formulationto microencapsulate a grape seed extract using a mixturedesign of
experiments. Food and Bioprocess Technology, v. 6, p. 941–951, 2103. DOI:
10.1007/s11947-012-0848-z.
DIONÍSIO, A.P. et al. Cashew-apple (Anacardium occidentale L.) and yacon (Smallanthus
sonchifolius) functional beverage improve the diabetic state in rats. Food Research
International, v. 77, p. 171-176, 2015. DOI: 10.1016/j.foodres.2015.07.020.
DIPLOCK, A.T. et al. Editors. Scientific Concepts of Functional Foods in Europe -
Consensus Document. British Journal of Nutrition, v. 81, n. 1, p.1-27, 1999.
EMBRAPA. Embrapa Agroindústria Tropical. Sistemas de produção: cultivo do cajueiro.
Versão eletrônica, n. 1. 2003. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.
embrapa.br/FontesHTML/Caju/CultivodoCajueiro/>. Acesso em: 29 jul. 2013.
8 Referências
FADINI, A.L. et al. Isotermas de sorção de umidade eestudo de estabilidade de
macadâmiasdrageadas. Brazilian Journal of Food Techonology, v. 9, n. 2, p. 83-88, 2006.
FAO. FAOSTAT. Disponível em: <http://faostat.fao.org>. Acesso em: 30 jul. 2013.
FARINAS, C.S. A parede celular vegetal e as enzimas envolvidas na sua degradação.
Documentos, n. 54. São Carlos: Embrapa Instrumentação, 2011, 16 p.
FASAWANG, N.; ANPRUNG, P. Antioxidant and prebiotic activity of
enzymaticallyhydrolyzed lychee fruit pulp. Food Technology and Biotechnology, v. 52, n. 3,
p. 300-306, 2014.
FERNANDES, I. et al. Bioavailability of anthocyanins and derivatives. Journal of
Functional Foods, v. 7, p. 54-66, 2014. DOI: 10.1016/j.jff.2013.05.010.
FERNÁNDEZ, K.; VEGA, M.; ASPÉ, E. An enzymatic extraction of proanthocyanidins from
País grape seeds and skins. Food Chemistry, v. 168, p. 7-13, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2014.07.021.
FERRARI, C.C. et al. Spray drying of blackberry juice using maltodextrin or gum arabic
as carrier agents. In: VI International Symposium “Towards a Sustainable Food Chain”,
Nantes-FR. Anais do VI International Symposium “Towards a Sustainable Food Chain”.
Nantes, 2011.
FERRARI, C.C.; RIBEIRO, C.P.; AGUIRRE, J.M. Secagem por atomização de polpa de
amora-pretausando maltodextrina como agente carreador. Brazilian Journal of Food
Techonology, v. 15, n. 2, p. 157-165, 2012. DOI: 10.1590/S1981-67232012005000009.
FERREIRA, C.P.S. Extração em meio aquoso e concentração por processos de
membranas de fibras solúveis a partir do bagaço de uva branca. 2013. 97 p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Química). Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, 2013.
FERREIRA, L.R. et al. Improving the chemopreventive potential of orange juice by
enzymatic biotransformation. Food Research International, v. 51, n. 2, p. 526-535, 2013.
DOI: 10.1016/j.foodres.2013.01.018.
FERREIRA, P.T.M. Suco do caju é nova mira das indústrias: depoimento. 2012.
Disponível em: <http://www.oestadoce.com.br/economia/suco-do-caju-e-nova-mira-das-
industrias>. Acesso em: 25 out. 2015.
8 Referências
FLORES, F.P. et al. In vitro release properties of encapsulated blueberry (Vaccinium
ashei)extracts. Food Chemistry, v. 168, p. 225-232, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2014.07.059.
FLORES, F.P. et al. Total phenolics content and antioxidant capacities of microencapsulated
blueberry anthocyanins during in vitro digestion. Food Chemistry, v. 153, p. 272-278, 2014.
DOI: 10.1016/j.foodchem.2013.12.063.
GARRUTI, D.S. et al. Assessment of aroma impact compounds in a cashew apple-based
alcoholic beverage by GC-MS and GC-olfactometry. LWT – Food Science and Technology,
v. 39, n. 4, p. 372-377, 2006. DOI: 10.1016/j.lwt.2005.02.006.
GEORGÉ, S. et al. Rapid determination of polyphenols and vitamin C inplant-derived
products. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 1370-1373, 2005. DOI:
10.1021/jf048396b.
GERMANO, M.P. et al. Evaluation of the antioxidant properties and bioavailability of free
and bound phenolic acids from Trichilia emetic Vahl. Journal of Ethnopharmacology, v.
105, p. 368-373, 2006.
GHOSE, T.K. Measurement of cellulase activities. Pure and Applied Chemistry, v. 59, p.
257-268, 1987.
GIADA, M.L.R. Food phenolic compounds: main classes, sources and their antioxidant
power, oxidative stress and chronic degenerative diseases – A role for antioxidants, InTech,
2013. DOI: 10.5772/51687.
GODOY, R.L.O. et al. Metodologia Científica: Identificação e quantificação deflavonoides
na polpa de umbu por cromatografia líquida de alta eficiência. Comunicado Técnico online nº
196. Rio de Janeiro/RJ: EMBRAPA, 2013.
GOMEZ-GARCIA, R.; MARTINEZ-AVILA, G.C.G.; AGUILAR, C.N. Enzyme-assisted
extraction of antioxidative phenolics from grape (Vitis vinifera L.) residues. 3 Biotech, v. 2, p.
297-300, 2012. DOI: 10.1007/s13205-012-0055-7.
GONÇALVES, D.L. Produção de álcool combustível a partir de hidrolizados enzimáticos
de bagaço de cana-de-açúcar por leveduras industriais e leveduras fermentadoras de
xilose. 2010. 70 p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia), Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 2010.
8 Referências
GONZÁLEZ-BARRIO, R. et al. Production of bioavailable flavonoid glucosides in fruit
juices and green tea by use of fungal α-l-rhamnosidases. Journal of Agricultural and Food
Chemistry, v. 52, n. 20, p. 6136-6142, 2004. DOI: 10.1021/jf0490807.
GOTTSCHALK, L.M.F.; OLIVEIRA, R.A.; BON, E.P.S. Cellulases, xylanases, β-
glucosidase and ferulic acid esterase produced by Trichoderma and Aspergillus act
synergistically in the hydrolysis of sugarcane bagasse. Biochemical Engineering Journal, v.
51, p. 72-78, 2010. DOI: 10.1016/j.bej.2010.05.003.
GUGLIUCCI, A. et al. Caffeic and chlorogenic acids in Ilex paraguariensis extracts are the
main inhibitors of AGE generation by methylglyoxal in model proteins. Fitoterapia, v. 80, n.
6, p. 339-344, 2009.
GUINÉ, R.P.F. et al. Effect of drying on total phenolic compounds, antioxidant activity, and
kinetics decay in pears. International Journal of Fruit Science, v. 15, n. 2, p. 173-186, 2-15.
DOI: 10.1080/15538362.2015.1017073.
GUNATHILAKE, K.D.P.P.; RUPASINGHE, H.P.V.; PITTS, N.L. Formulation and
characterization of a bioactive-enriched fruit beverage designed for cardio-protection. Food
Research International, v. 52, p. 535-541, 2013. DOI: 10.1016/j.foodres.2013.02.051.
HAHN-HAGERDAL, B. et al. Bio-ethanol – the fuel of tomorrow from the residues of today.
Trends in Biotechnology, v. 24, n.12, p. 549-556. DOI: 10.1016/j.tibtech.2006.10.004.
HAM, J.; KIM, H.; LIM, S. Antioxidant and deodorizing activities of phenolic components
inchestnut inner shell extracts. Industrial Crops and Products, v. 73, p. 99-105, 2015. DOI:
10.1016/j.indcrop.2015.04.017.
HAMAD, F.B.; MUBOFU, E.B. Potential biological applications of bio-based anacardic
acidsand their derivatives. International Journal of Molecular Sciences, v. 16, p. 8569-
8590, 2015. DOI: 10.3390/ijms16048569.
HAO, M.; BETA, T. Development of Chinese steamed bread enriched in bioactive
compounds from barley hull and flaxseed hull extracts. Food Chemistry, v. 133, p. 1320-
1325, 2012. DOI: 10.1016/j.foodchem.2012.02.008.
HELENO, S.A. et al. Bioactivity of phenolic acids: metabolites versus parent compounds: a
review. Food Chemistry, v. 173, p. 501-513, 2015. DOI: 10.1016/j.foodchem.2014.10.057.
8 Referências
HERAS-RAMÍREZ, M.E. et al. Effect of blanching and drying temperature on polyphenolic
compound stability and antioxidant capacity of apple pomace. Food and Bioprocess
Technology, v. 5, p. 2201-2210, 2012. DOI: 10.1007/s11947-011-0583-x.
HOFFMANN-RIBANI, R.; HUBER, L.S.; RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Flavonols in fresh
and processed Brazilian fruits. Journal of Food Composition and Analysis, v. 22, n. 4, p.
263-268, 2009. DOI: 10.1016/j.jfca.2008.12.004.
HSIEH, M. C.; GRAHAM, T. L. Partial purification and characterization of a soybean β -
glucosidase with high specific activity towards isoflavone conjugates. Phytochemistry, v. 58,
p. 995–1005, 2001. DOI: 10.1016/S0031-9422(01)00380-6.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 31 jul. 2013.
IERI, F.; PINELLI, P.; ROMANI, A. Simultaneous determination of anthocyanins, coumarins
and phenolic acids infruits, kernels and liqueur of Prunus mahaleb L. Food Chemistry, v.
135, p. 2157-2162, 2012. DOI: 10.1016/j.foodchem.2012.07.083.
INFANTE, J. et al. Atividade antioxidante de resíduos agroindustriais de frutas tropicais.
Brazilian Journal of Food and Nutrition, v. 24, n. 1, p. 87-91, 2013.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ.Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos - São
Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008, p. 1020. Versão eletrônica.
ISLAM, M.Z. et al. Effect of vacuum spray drying on the physicochemical properties,water
sorption and glass transition phenomenon of orange juicepowder. Journal of Food
Engineering, v. 169, p. 131-140, 2016. DOI: 10.1016/j.jfoodeng.2015.08.024.
JACOBS, I.C. Atomization and spray-drying processes. In: GAONKAR, A. et al.
Microencapsulation in the food industry: a practical implementation guide. San Diego:
Academic Press, 2014. p. 47-56.
JAGER, A.K.; SAABY, L. Flavonoids and the CNS. Molecules, v. 16, p. 1471-1485, 2011.
DOI: 10.3390/molecules16021471.
JANAKIRAM, N.B.; MOHAMMED, A.; RAO, C.V. Sea cucumbers metabolites as potent
anti-cancer agent. Marine Drugs, v. 13, p. 2909-2923, 2015. DOI: 10.3390/md13052909.
8 Referências
JASUJA, R. et al. Protein disulfide isomerase inhibitors constitute a new class of
antithrombotic agents. The Journal of Clinical Investigation, v. 122, n. 6, p. 2104-2113,
2012. DOI: 10.1172/JCI61228.
JOKIC, S. et al. Modelling of the process of solid-liquid extraction of total polyphenols from
soybeans. Czech Journal of Food Sciences, v. 28, n. 3, p. 206-212, 2010.
JUN, X. et al. Characterization of polyphenols from green tea leaves using a high hydrostatic
pressure extraction. International Journal of Pharmaceutics, v. 382, n. 1-2, p. 139-143,
2009. DOI: 10.1016/j.ijpharm.2009.08.023.
KAHKONEN, M.P. et al. Antioxidant activity of plant extracts containing phenolicc
ompounds. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 47, p. 3954-3962, 1999.
KASIOTIS, K.M. et al. Resveratrol and related stilbenes: their anti-aging and anti-
angiogenicproperties. Food and Chemical Toxicology, v. 61, p. 112-120, 2013. DOI:
10.1016/j.fct.2013.03.038.
KRENEK, K.A.; BARNES, R.C.; TALCOTT, S.T. phytochemical composition and effects of
commercial enzymes on the hydrolysis of gallic acid glycosides in mango (Mangifera indica
L. cv. ‘Keitt’) pulp. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 62, p. 9515-9521,
2014. DOI: dx.doi.org/10.1021/jf5031554.
KRISHNAIAH, D.; SARBATLY, R.; NITHYANANDAM, R. Microencapsulation of
Morinda citrifolia L. extract by spray-drying. Chemical Engineering Research and Design,
v. 90, n. 5, p. 622-632, 2012. DOI: 10.1016/j.cherd.2011.09.003.
KUILA, A. et al. Process optimization for aqueous extraction of reducing sugar from cashew
apple bagasse: a potential, low cost substrate. Food Science and Technology, v. 44, n. 1, p.
62-66, 2011. DOI: 10.1016/j.lwt.2010.06.005.
KUMAR, S.; PANDEY, A.K. Chemistry and biological activities of flavonoids: an overview.
The Scientific World Journal, v. 2013, p. 1-16, 2013. DOI: 10.1155/2013/162750.
LA TORRE, G.L. et al. Improvement on enzymatic hydrolysis of resveratrol glucosides in
wine. Food Chemistry, v. 85, n. 2, p.259–266, 2004. DOI: 10.1016/j.foodchem.2003.06.019.
LANÇAS, F.M. A Cromatografia líquida moderna e a espectrometria de massas:finalmente
“compatíveis”?. Scientia Chromatographica, v. 1, n. 2, p. 35-61, 2009.
8 Referências
LAVELLI, V. et al. Tuning physical properties of tomato pureeby fortification with grape
skin antioxidant dietary fiber. Food and Bioprocess Technology, v. 8, n. 8, p. 1668-1679,
2015. DOI: 10.1007/s11947-015-1510-3.
LAVINAS, F.C. et al. Estudo da estabilidade química e microbiológica do suco de caju in
natura armazenado em diferentes condições de estocagem. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 26, n. 4, p. 875-883, 2006.
LEE, J.H. et al. Determination of the variations in levels of phenolic compounds in soybean
(Glycine max Merr.) sprouts infected by anthracnose (Colletotrichum gloeosporioides).
Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 93, n. 12, p. 3081-3086, 2013. DOI:
10.1002/jsfa.6142.
LEE, R.L. et al. Microbial cellulose utilization: fundamentals and biotechnology.
Microbiology and Molecular Biology Reviews, v.66, p.506-577, 2002. DOI:
10.1128/MMBR.66.3.506-577.2002.
LEIMANN, F.V. Microencapsulação de óleo essencial de capim limão utilizando o
processo de coacervação simples. 2008. 115 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Química). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
LEITÃO, R.C. et al. Produção de biogás a partir do bagaço do caju. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, n. 51. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2011, 43 p.
LI, B.; SMITH, B.; HOSSAIN, M. Extraction of phenolics from citrus peels: I. Solvent
extraction method. Separation and Purification Technology, v. 48, n. 2, p. 182–188, 2006.
DOI: 10.1016/j.seppur.2005.07.005.
LIMA, F. et al. Avaliação físico-química de sucos de caju. In: I Semana Acadêmica de
Engenharia de Alimentos de Pombal, 2012, Pombal-PB. Anais da I Semana Acadêmica de
Engenharia de Alimentos de Pombal. Mossoró: Caderno Verde de Agroecologia e
Desenvolvimento Sustentável, 2011. v. 1.
LIMA, F.C.S. et al. Chemical composition of the cashew apple bagasse and potential use for
ethanol production. Advances in Chemical Engineering and Science, v. 2, p. 519-523,
2012. DOI: 10.4236/aces.2012.24064.
LIMA, J.R.; BRUNO; L.M.; SOUZA NETO, M.A.S. Estabilidade durante armazenamento de
hambúrguer vegetal elaborado à base de caju. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n.
43. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2011, 20 p.
8 Referências
LIMOUSIN, et al. Sorption isotherms: A review on physical bases, modeling and
measurement. Applied Geochemistry, v. 22, p. 249-275, 2007. DOI:
10.1016/j.apgeochem.2006.09.010.
LUO, C. et al. Identification and quantification of free, conjugate and total phenolic
compounds in leaves of 20 sweet potato cultivars by HPLC–DAD andHPLC–ESI–MS/MS.
Food Chemistry, v. 141, p. 2697-2706, 2013. DOI: 10.1016/j.foodchem.2013.05.009.
MA, X. et al. Polyphenolic compounds and antioxidant properties in mango fruits. Scientia
Horticulturae, v. 129, n. 1, p. 102-107, 2011. DOI: 10.1016/j.scienta.2011.03.015.
MACEDO, M. et al. Influence of pectinolyttic and cellulotyc enzyme complexes on cashew
bagasse maceration in order to obtain carotenoids. Journal of Food Science and
Technology, v. 52, n. 6, p. 3689-3693, 2015. DOI: 10.1007/s13197-014-1411-x.
MAEDA, H.; DUDAREVA, N. The shikimate pathway and aromatic amino acid biosynthesis
in plants. Annual Review of Plant Biology, v. 63, p. 73-105, 2012. DOI: 10.1146/annurev-
arplant-042811-105439.
MAHAJAN, S.K.; CHAUDHARI, R.Y. Quantification of total polyphenolic, flavonoidal
content and antioxidant activities of leaves of Anacardium occidentale L. (Anacardiaceae).
International Journal of Pharmaceutical Research, v. 4, n. 1, p. 37-40, 2012.
MAISUTHISAKUL, P.; PASUK, S.; RITTHIRUANGDEJ, P. Relationship between
antioxidant properties and chemical composition of some Thai plants. Journal of Food
Composition and Analysis, v. 21, p. 229-240, 2008. DOI: 10.1016/j.jfca.2007.11.005.
MALACRIDA, C.R.; MOTTA, S. Compostos fenólicos totais e antocianinas em suco de uva.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 25, n. 4, p. 659-664, 2005.
MANACH, C. et al. Polyphenols: food sources and bioavailability. American Journal of
Clinical Nutrition, v. 79, n. 5, p. 727-747, 2004.
MANDAL, S.M.; CHAKRABORTY, D.; DEY, S. Phenolic acids act as signaling molecules
in plant-microbe symbioses. Plant Signaling & Behavior, v. 5, n. 4, p. 359-368, 2010.
MANN J. Secondary Metabolism. Oxford:Clarendon Press, 1987. 374 p.
MAROULIS, Z.B.; TSARNI, E.; MARINOS-KOURIS, D. Application of the GAB model to
the moisture sorption isotherms for dried fruits. Journal of Food Engineering, v. 7, p. 63-78,
1988.
8 Referências
MARTINS, A. et al. Phenolic extracts of Rubus ulmifolius Schottflowers: characterization,
microencapsulation and incorporation into yogurts as nutraceutical sources. Food &
Function, v. 5, p. 1091-1100, 2014. DOI: 10.1039/c3fo60721f.
MARTIROSYAN, D.M.; SINGH, J. A new definition of functional food by FFC: what makes
a new definition unique? Functional Foods in Health and Disease, v. 5, n. 6, p. 209-223,
2015.
MASSARANI, G. Fluidodinâmica em Sistemas Particulados. 2 ed. Rio de Janeiro: E-
Papers, 2002. 152 p.
MASCHERONI, E. et al. An alternative encapsulation approach for production of active
chitosan–propolis beads. International Journal of Food Science and Technology, v. 49, p.
1401-1407, 2014. DOI: 10.1111/ijfs.12442.
MATSUBARA, S.; RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Teores de catequinas e teaflavinas em chás
comercializados no Brasil. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 2, p. 401-407, 2006.
MEDEIROS, M.J.M. et al. Aceitação sensorial e qualidade microbiológica de trufas de caju
obtidas artesanalmente. Holos, v. 2, p. 77-86, 2012.
MICHODJEHOUN-MESTRES, L. et al. Monomeric phenols of cashew apple (Anacardium
occidentale L.). Food Chemistry, v. 112, n. 4, p. 851-857, 2009. DOI:
10.1016/j.foodchem.2008.06.056.
MOO-HUCHIN, V.M. et al. Antioxidant compounds, antioxidant activity and phenolic
content in peel from three tropical fruits from Yucatan, Mexico. Food Chemistry, v. 166, p.
17-22, 2015. DOI: 10.1016/j.foodchem.2014.05.127.
MOO-HUCHIN, V.M. et al. Determination of some physicochemical characteristics,
bioactivecompounds and antioxidant activity of tropical fruits from Yucatan, Mexico. Food
Chemistry, v. 152, p. 508-515, 2014. DOI: 10.1016/j.foodchem.2013.12.013.
MORAES, F.P. et al. Impacto da secagem convectiva sobre os compostos bioativos e
atividade antioxidante do resíduo de caju (Anacardium occidentale L.). In: XX Congresso
Brasileiro de Engenharia Química, 2014, Florianópolis-SC. Anais do XX Congresso
Brasileiro de Engenharia Química, 2014.
MORAES, F.P. et al. Polpa desidratada de caju amarelo (Anacardium occidentale L.) por
atomização em spray dryer: caracterização físico-química, bioativa e estudo da vida de
8 Referências
prateleira do produto. 2014. 122 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química),
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
MOREIRA, G.E.G. et al. Physical properties of spray dried acerola pomace extract as
affected by temperature and drying aids. LWT - Food Science and Technology, v. 42, p.
641-645, 2009. DOI: 10.1016/j.lwt.2008.07.008.
MOURA, R. Frutas e saúde: combinação perfeita. Revista do Centro Nacional de
Agroindústria Tropical, n. 131, p.5, 2009.
MUNOZ, O. et al. Effects of enzymatic treatment on anthocyanic pigments from grapes skin
from chilean wine. Food Chemistry, v. 87, n. 4, p. 487–490, 2004. DOI:
10.1016/j.foodchem.2003.12.024.
MUROTA, K.; TERAO, J. Antioxidative flavonoid quercetin: implication of its intestinal
absorption and metabolism. Archives of Biochemistry and Biophysics, v. 417, p. 12-17,
2003. DOI: 10.1016/S0003-9861(03)00284-4.
NAWAZ, H. et al. Extraction of polyphenols from grape seeds and concentration by
ultrafiltration. Separation and Purification Technology, v. 48, n. 2, p. 176-181, 2006. DOI:
10.1016/j.seppur.2005.07.006.
NETTO, C.G. Enzima potencializa propriedades anticancerígenas do suco de laranja. Jornal
da Unicamp, Campinas, p. 4, 12 nov. 2012. Disponível em:
<http://www.unicamp.br/unicamp/ju/546/enzima-potencializa-propriedades-anticancerigenas-
do-suco-de-laranja>. Acesso em 05 abr 2015.
NIJVELDT, R.J. et al. Flavonoids: a review of probable mechanisms of action and potential
applications. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 74, p. 418-425, 2001.
NUNES, G.L. et al. Microencapsulation of freeze concentrated Ilex paraguariensis extract by
spray drying. Journal of Food Engineering, v. 151, p. 60-68, 2015. DOI:
10.1016/j.jfoodeng.2014.10.031.
ODEGA, T.L.; PETRI, D.F.S. Hidrólise enzimática de biomassa. Química Nova, v. 33, n. 7,
p. 1549-1558, 2010.
OLIVEIRA, D.S. et al. Vitamina C, carotenoides, fenólicos totais e atividade antioxidante de
goiaba, manga e mamão procedentes da Ceasa do Estado de Minas Gerais. Acta
Scientiarum, v. 33, n. 1, p. 89-98, 2011. DOI: 10.4025/actascihealthsci.v33i1.8052.
8 Referências
OLIVEIRA, L.C. et al. Caracterização de reestruturados empanados produzidos a partir
de resíduos da indústria de caju. In: II Congresso do Instituto Nacional de Frutos Tropicais,
2011, Recife-PE. Anais do II Congresso do Instituto Nacional de Frutos Tropicais, 2011.
OLIVEIRA, L.G.L.; IPIRANGA, A.S.R. Sustentabilidade e inovação na cadeia produtiva do
caju no Ceará. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 7, n. 2, p. 252-272, 2009.
OLIVEIRA, M.A. Avaliação da influência de adjuvantes de secagem sobre as
propriedades de suco de caju atomizado. 2008. 63 p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia
de Alimentos). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2008.
OLIVEIRA, R.A.; OLIVEIRA, W.P.; PARK, K.J. Determinação da difusividade efetiva de
raiz de chicória. Engenharia Agrícola, v. 26, n. 1, p. 181-189, 2006. DOI: 10.1590/S0100-
69162006000100020.
OLIVEIRA, V.H. et al. Cultivo do cajueiro anão precoce. 1 ed. Fortaleza: Embrapa
Agroindústria Tropical, 2002, 40 p.
OTÁLORA, M.C. et al. Microencapsulation of betalains obtained from cactus fruit(Opuntia
ficus-indica) by spray drying using cactus cladode mucilage and maltodextrin as
encapsulating agents. Food Chemistry, v. 187, p. 174-181, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2015.04.090.
PACHECO, S. et al. História da cromatografia líquida. Revista Nacional de Química, v. 7,
n. 4, p. 1225-1271, 2015.
PAGANI, M.M. Obtenção de suco de acerola (Malpighia emarginata D.C.) concentrado e
pós estáveis através da integração dos processos de separação por membranas e
microencapsulação por atomização. 2010. 161 p. Tese (Doutorado em Ciência de
Alimentos), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
PAI, D.A. et al. Resistant maltodextrin as a shell material for encapsulation of
naringin:Production and physicochemical characterization. Journal of Food Engineering, v.
161, p. 68-74, 2015. DOI: 10.1016/j.jfoodeng.2015.03.037.
PAINI, M. et al. Microencapsulation of phenolic compounds from olive pomace usingspray
drying: A study of operative parameters. LWT - Food Science and Technology, v. 62, p.
177-186, 2015. DOI: 10.1016/j.lwt.2015.01.022.
8 Referências
PAIVA, F.F.A.; GARRUTTI, D.S.; SILVA NETO, R.M. Aproveitamento industrial do
caju. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2000. 85 p.
PAIVA, L.A. et al. Estudo do aproveitamento do bagaço de caju residual da produção de
xilitol como adsorvente do corante reativo azul BF-R. In: XX Congresso Brasileiro de
Engenharia Química, 2014, Florianópolis-SC. Anais do XX Congresso Brasileiro de
Engenharia Química, 2014.
PARDO, F. et al. Effect of diverse enzyme preparations on the extraction and evolution of
phenolic compounds in red wines. Food Chemistry, v. 67, n. 2, p. 135-142, 1999. DOI:
10.1016/S0308-8146(99)00080-1.
PAZ, M. et al. Brazilian fruit pulps as functional foods and additives: evaluationof bioactive
compounds. Food Chemistry, v. 172, p. 462-468, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2014.09.102.
PELISSARI, J.R. Efeito da encapsulação de licopeno na sua estabilidade e
biodisponibilidade. 2014. 92 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos),
Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2014.
PEREIRA, A.L.F.; MACIEL, T.C.; RODRIGUES, S. Probiotic beverage from cashew apple
juice fermented with Lactobacillus casei. Food Research International, v. 44, n. 5, p. 1276-
1283, 2011. DOI: 10.1016/j.foodres.2010.11.035.
PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. Effect of solvent and certain food constituents
on different antioxidant capacity assays. Food Research International, v. 39, p. 791-800,
2006. DOI: 10.1016/j.foodres.2006.02.003.
PETERSON, J. et al. Flavanones in grapefruit, lemons, and limes: a compilation and review
of the data from the analytical literature. Journal of Food Composition and Analysis, v. 19,
p. 74-80, 2006. DOI: 10.1016/j.jfca.2005.12.009.
PETRUL’OVÁ-PORACKÁ, V. et al. Coumarins of Matricaria chamomilla L.: aglycones and
glycosides. Food Chemistry, v. 141, p. 54-59, 2013. DOI: 10.1016/j.foodchem.2013.03.004.
PINELO, M.; ZORNOZA, B.; MEYER, A.S. Selective release of phenols from apple skin:
mass transfer kinetics duringsolvent and enzyme-assisted extraction. Separation and
Purification Technology, v. 63, p. 620-627, 2008. DOI: 10.1016/j.seppur.2008.07.007.
8 Referências
PINHO, M.N.; PRAZERES, D.M. Fundamentos de Transferência de Massa. Lisboa: IST
PRESS, 2008.
PLAZA, L. et al. Carotenoid and flavanone content during refrigerated storage of orange juice
processed by high-pressure, pulsed electric fields and low pasteurization.LWT – Food
Science and Technology, v. 44, n. 4, p. 834-839, 2011. DOI: 10.1016/j.lwt.2010.12.013.
POMPEU, D.R.; SILVA, E.M.; ROGEZ, H. Optimisation of the solvent extraction of
phenolic antioxidants from fruits of euterpe oleracea using response surface methodology.
Bioresource Technology, v. 100, p. 6076-6082, 2009. DOI: 10.1016/j.biortech.2009.03.083.
QUEIROZ, C. et al. Polyphenol oxidase activity, phenolic acid composition and browningin
cashew apple (Anacardium occidentale L.) after processing. Food Chemistry, v. 125, p. 128-
132, 2011. DOI: 10.1016/j.foodchem.2010.08.048.
QUETTIER-DELEU, C. et al. Phenolic compounds and antioxidant activities of buckwheat
(Fagopyrum esculentum Moench) hulls and flour. Journal of Ethnopharmacology, v. 72, p.
35-42. 2000.
RABELO, M.C.; FONTES, C.P.M.L.; RODRIGUES, S. Enzyme synthesis of
oligosaccharides using cashew apple juice as substrate. Bioresource Technology, v. 100, n.
23, p. 5574-5580, 2009. DOI: 10.1016/j.biortech.2009.06.060.
RE, R. et al. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization
assay. Free Radical Biology and Medicine, v.26, p.1231–1237, 1999. DOI: 10.1016/S0891-
5849(98)00315-3.
RENTZSCH, M.; WILKENS, A.; WINTERHALTER, P. Non-flavonoid phenolic
compounds. In: MORENO-ARRIBAS, M.V.; POLO, M.C.Wine Chemistry and
Biochemistry. Nova Iorque: Springer, 2009. p. 509-527. DOI: 10.1007/978-0-387-74118-5.
REPOLLES, C.; HERRERO-MARTINEZ, J.M.; RAFOLS, C. Analysis of prominent
flavonoid aglycones by high-performance liquid chromatography using a monolithic type
column. Journal of Chromatography A, v. 1131, p. 51-57, 2006. DOI:
10.1016/j.chroma.2006.07.012.
RESENDE, O. et al. Isotermas e calor isostérico de sorção do feijão. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 26, n. 3, p. 626-631, 2006.
8 Referências
RITTER, M.R.; MIOTTO, T.S. Micromorfologia da superfície do fruto de espécies de
Mikania Willd. (Asteraceae) ocorrentes no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta
Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 241-247, 2006.
RIVELLI, D.P. Biodisponibilidade, distribuição tecidual e atividade antioxidante do
extrato hidroetanólico de Llex paraguariensis hidrolisado e não hidrolisado. 2010. 60 p.
Tese (Doutorado em Fármaco e Medicamentos), Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.
ROCHA, A.S. et al. Ethanol from cashew apple bagasse by enzymatic hydrolysis. Chemical
Engineering Transactions, v. 37, p. 361-366, 2014. DOI: 10.3303/CET1437061.
ROCHA, M.V.P. et al. Enzymatic hydrolysis and fermentation of pretreated cashew apple
bagasse with alkali and diluted sulfuric acid for bioethanol production. Biochemistry and
Biotechnology, v. 155, n. 3, p. 104-114, 2009. DOI: 10.1007/s12010-008-8432-8.
ROCHA, R. et al. Desenvolvimento Regional Sustentável: Fruticultura Caju. Brasília:
Fundação Banco do Brasil, 2010. 44 p.
RODRIGUES, T.H.S.; PINTO, G.A.S.; GONÇALVES, L.R.B. Effects of inoculum
concentration, temperature, and carbon sources on tannase production during solid state
fermentation of cashew apple bagasse. Biotechnology and Bioprocess Engineering, v. 13, n.
5, p. 571-576, 2008. DOI: 10.1007/s12257-008-0014-7.
RODRIGUES, T.H.S.; PINTO, G.A.S.;. GONÇALVES, L.R.B. Effects of inoculum
concentration, temperature, and carbon sources on tannase production during solid state
fermentation of cashew apple bagasse. Biotechnology and Bioprocess Engineering, v. 13, n.
5, p. 571-576, 2008.
ROOPCHAND, D.E. et al. Blueberry polyphenol-enriched soybean flour reduces
hyperglycemia, body weight gain and serum cholesterol in mice. Pharmacological Research,
v. 68, n. 1, p. 59-67, 2013. DOI: 10.1016/j.phrs.2012.11.008.
ROSIN, P.; RAMMLER, E. The laws governing the fineness of powdered coal. Journal of
the Institute of Fuel, v. 7, p. 29-36, 1933.
ROSSI, P.D. et al. Grape variety related trans-resveratrol induction affects Aspergillus
carbonarius growth and ochratoxin A biosynthesis. International Journal of Food
Microbiology, v. 156, n. 2, p. 127-132, 2012. DOI: 10.1016/j.ijfoodmicro.2012.03.013.
8 Referências
RUFINO, M.S.M. et al. Metodologia Científica: Determinação da atividade antioxidante
total em frutas pela captura do radical livre ABTS+.Comunicado Técnico online nº 128.
Fortaleza/CE: EMBRAPA, 2007.
RUFINO, M.S.M. et al. Metodologia Científica: Determinação da atividade antioxidante
total em frutas pela captura do radical livre DPPH. Comunicado Técnico online nº 127.
Fortaleza/CE: EMBRAPA, 2007.
SAIKA, S.; MAHNOT, N.K.; MAHANTA, C.L. Optimisation of phenolic extraction from
Averrhoa carambola pomaceby response surface methodology and its microencapsulation by
spray and freeze drying. Food Chemistry, v. 171, p. 144-152, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem. 2014.08.064.
SANTIAGO, M.C.P.A. Avaliação de processos para obtenção de produtos ricos em
antocianinas utilizando suco de romã (Punica granatum L.). 2014. 135 p. Tese (Doutorado
em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos). Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
SANTIAGO, M.C.P.A. Avaliação via cromatografia líquida de alta eficiência do efeito da
microfiltração do suco da amora-preta (Rubus spp.) sobre a composição de suas
antocianinas majoritárias. 2010. 92 p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Processos
Químicos e Bioquímicos). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
SANTOS, A.B.; FÁVARO-TRINDADE, C.S.; GROSSO, C.R.F. Preparo e caracterização de
microcápsulas de oleoresina depáprica obtidas por atomização. Ciência e Tecnologia de
Alimentos, v. 25, n. 2, p. 322-326, 2005.
SARMENTO, L.A.V. et al. Extraction of polyphenols from cocoa seeds and concentration
through polymeric membranes. The Journal of Supercritical Fluids, v. 45, n. 1, p. 64-69,
2008. DOI: 10.1016/j.supflu.2007.11.007.
SARRIÁ, B. et al. Effects of bioactive constituents in functional cocoa products on
cardiovascular health in humans. Food Chemistry, v. 174, p. 214-218, 2015. DOI:
10.1016/j.foodchem.2014.11.004.
SCHUHMANN, R.Jr. Principles of comminution, I. Size distribution and surface calculation.
The American Institute of Mining, Metallurgical, and Petroleum Engineers, Technical
Publication n° 1189, 1940.
8 Referências
SECEX/MDIC. Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Plataforma Aliceweb. Consulta de dados de exportação da
castanha de caju. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em 13
jan. 2016.
SECZYK, T.; SWIECA, M.; GAWLIK-DZIKI, U. Changes of antioxidant potential of pasta
fortified with parsley (Petroselinum crispum Mill.) leavesin the light of protein-phenolics
interactions. Acta Scientiarum Polonorum Technologia Alimentaria, v. 14, n. 1, p. 29-36,
2015. DOI: 10.17306/J.AFS.2015.1.3.
SENGER, A.E.V.; SCHWANKE, C.H.A.; GOTTLIEB, M.G.V. Chá verde (Camellia
sinensis) e suas propriedades funcionais nasdoenças crônicas não transmissíveis. Scientia
Medica, v. 30, n. 4, p. 292-300, 2010.
SHENOY, D. et al. A study on bioethanol production from cashew apple pulp and coffee pulp
waste. Biomass and Bioenergy, v. 35, n. 10, p. 4107-4111, 2011. DOI:
10.1016/j.biombioe.2011.05.016.
SHIN, K.; NAM, H.; OH, D. Hydrolysis of flavanone glycosides by β‑glucosidase
fromPyrococcus furiosus and its application to the production offlavanone aglycones from
citrus extracts. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 61, p. 11532-11540, 2013.
DOI: 10.1021/jf403332e.
SILVA NETO, R.M. Embrapa. Pedúnculo. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.
embrapa.br/gestor/caju/arvore/CONT000fr3sbpu402wyiv80084arlaeog5af.html>. Acesso em:
31 jul. 2013.
SILVA, L.M.R. et al. Quantification of bioactive compounds in pulps and by-productsof
tropical fruits from Brazil. Food Chemistry, v. 143, p. 398-404, 2014. DOI:
10.1016/j.foodchem.2013.08.001.
SILVA, N.K. et al. Influence of shell material on vitamin C content, total phenolic
compounds, sorption isotherms and particle size of spray-dried camu-camu juice. Fruits, v.
68, n. 3, p. 175-183, 2013. DOI: 10.1051/fruits/2013065.
SINGLETON,V.L.; ROSSI, J.A. Colorimetry of total phenolics with phosphomolybdic
phosphotungstic acid reagents. American Journal of Enology and Viticulture, v. 16, p.
144-158, 1965.
8 Referências
SIRÓ, I. et al. Functional food. Product development, marketing and consumer acceptance—
A review. Appetite, v. 51, p. 456-467, 2008. DOI:10.1016/j.appet.2008.05.060.
SLUITER, A. et al. Determination of structural carbohydrates and lignin in biomass.
Technical Report NREL/TP-510-42618. National Renewable Energy Laboratory, Golden,
Colorado, EUA. Disponível em: <http://www.nrel.gov/biomass/pdfs/42618.pdf>. Acesso em:
03 de mai 2015.
SOARES, D.S. et al. Aproveitamento de soro de queijo para produção de iogurte probiótico.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.63, n.4, p. 996-1002, 2011.
SOBHANA, A. et al. Blending of cashew apple juice with fruit juices and spices for
improving nutritional quality and palatability. Acta Horticulturae, v. 1080, p. 369-375, 2015.
SPAGOLLA, L.C. et al. Extração alcoólica de fenólicos e flavonóides totais demirtilo
“Rabbiteye” (Vaccinium ashei)e sua atividade antioxidante. Revista de Ciências
Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 30, n. 2, p. 59-64, 2009.
SPINELLI, S. et al. Microencapsulated propolis to enhance the antioxidant properties of fresh
fish burgers. Journal of Food Process Engineering, 2015. DOI: 10.1111/jfpe.12183.
SRIWATTANA, S. et al. Development of a concentrated strawberry beverage fortified with
longan seed extract. Chiang Mai University Journal of Natural Sciences, v. 14, n. 2, p.
175-188, 2015. DOI: 10.12982/cmujns.2015.0080.
STARCEVIC, A. et al. Enzymes of the shikimic acid pathway encoded in the genome of a
basal metazoan, Nematostella vectensis, have microbial origins. Proceedings of the National
Academy of Sciences, v. 105, n. 7, p. 2533-2537, 2008. DOI: 10.1073/pnas.0707388105.
STROMAUG, S. Pepsi aposta em produção de suco de caju na Índia para baratear
produtos. Mercado, 2014. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/08/1500431-pepsi-aposta-em-producao-de-
suco-de-caju-na-india-para-baratear-produtos.shtml>. Acesso em: 20 out 2015.
SUAVE, J. et al. Microencapsulação: inovação em diferentes áreas. Revista Saúde e
Ambiente, v. 7, n. 2, p. 12-20, 2006.
TAKEUCHI, T. et al. Low-pressure solvent extraction (solid-liquid extraction, microwave
assisted, and ultrasound assisted) from condimentary plants. In: MEIRELES, M.A.A.
Extracting Bioactive Compounds for Food Products, CRC Press, 2009. p. 137-218.
8 Referências
TAO, Y.; ZHANG, Z.; SUN, D. Kinetic modeling of ultrasound-assisted extraction of
phenoliccompounds from grape marc: Influence of acoustic energy densityand temperature.
Ultrasonics Sonochemistry, v. 21, p. 1461-1469, 2014. DOI:10.1016/j.ultsonch.2014.01.029.
TAPAS, A.R.; SAKARKAR, D.M.; KAKDE, R.B. Flavonoids as nutraceuticals: a review.
Tropical Journal of Pharmaceutical Research, v. 7, n. 3, p. 1089-1099, 2008.
TEOH, Y.P.; MASHITAH, M.D. Effect of solvent and kinetic study for solid-liquid
extraction of bioactive compounds from Schizophyllum commune and Pycnoporus
sanguineus. Solids and Structures, v. 2, n. 4, p. 57-62, 2013.
TESTAI, L. Flavonoids and mitochondrial pharmacology: A new paradigm for
cardioprotection. Life Sciences, v. 135, p. 68–76, 2015. DOI: 10.1016/j.lfs.2015.04.017.
THAIPONG, K. et al. Comparasion of ABTS, DPPH, FRAP and ORAC assays for estimating
antioxidant activity from guava fruit extracts. J Food Compost, v. 19, p. 669-675, 2006.
TIMMERMANN, E.O.; CHIRIFE, J.; Iglesias, H.A. Water sorption isotherms of foods and
foodstuffs: BET or GAB parameters? Journal of Food Engineering, v. 48, p. 19-31, 2001.
TODARO, A. et al. Increase of trans-resveratrol in typical Sicilian wine using β-Glucosidase
from various sources. Food Chemistry, v. 107, n. 4, p. 1570-1575, 2008. DOI:
10.1016/j.foodchem.2007.09.075.
TODISCO, K.M.; COSTA, J.M.C.; CLEMENTE, E. Alterations in carotenoids, phenolic
compounds, flavonoids and ascorbic acid contentsin red mombin (Spondias purpurea L.)
microencapsulated pulp. Journal of Food, Agriculture & Environment, v. 13, n. 1, p. 24-
28, 2015.
TONON, R.V. Secagem por atomização do suco de açaí: Influência das variáveis de
processo, qualidade e estabilidade do produto. 2009. 212 p. Tese (Doutorado em
Engenharia de Alimentos), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
TONON, R.V.; BRABET, C.; HUBINGER, M.D. Anthocyanin stability and antioxidant
activity of spray-dried acai (Euterpe oleracea Mart.) juice produced with different carrier
agents. Food Research International, v. 43, p. 907-914, 2010.
TONON, R.V.; BRABET, C.; HUBINGER, M.D. Influência da temperatura do ar de secagem
e da concentração de agente carreador sobre as propriedades físico-químicas do suco de açaí
em pó. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 2, p. 444-450, 2009.
8 Referências
VALDUGA, E. et al. Extração, secagem por atomização e microencapsulamento de
antocianinas do bagaço da uva Isabel (Vitis labrusca). Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 5,
p. 1568-1574, 2008.
VALGAS, L. Influência de variáveis de processamento sobre as propriedades elétricas
de varistores de SnO2 atomizados via “spray dryer”. 2007. 68 p. Tese (Doutorado em
Engenharia e Ciência dos Materiais), Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.
VERGARA, C.M.A.C. et al. Prebiotic effect of fermented cashew apple (Anacardium
occidentale L.) juice.LWT – Food Science and Technology, v. 43, n. 1, p. 141-145, 2010.
DOI: 10.1016/j.lwt.2009.06.009.
VIACAVA, G.E.; ROURA, S.I.; AGUERO, M.V. Optimization of critical parameters during
antioxidants extraction frombutterhead lettuce to simultaneously enhance polyphenols
andantioxidant activity. Chemometrics and Intelligent Laboratory Systems, v. 146, p. 47-
54, 2015. DOI: 10.1016/j.chemolab.2015.05.002.
VIEIRA, L.M. et al. Fenólicos totais e capacidade antioxidantein vitro de polpas de frutos
tropicais. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, n. 3, p. 888-897, 2011.
VIERHUIS, E. et al. Effect of enzyme treatment during mechanical extraction of olive oil on
phenolic compounds and polysaccharides. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.
49, n. 3, p.1218-1223, 2001. DOI: 10.1021/jf000578s.
WANDERLEY, M.C.A. Hidrólise enzimática de bagaço de cana-de-açúcar em batelada
alimentada para produção de etanol por Saccharomyces cerevisiae UFPEDA 1238 em
processos SHF. 2012. 97 p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia Industrial),
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2012.
WANG, L. et al. Column-chromatographic extraction and separation of polyphenols, caffeine
and theanine from green tea. Food Chemistry, v. 131, n. 4, p. 1539-1545, 2012. DOI:
10.1016/j.foodchem.2011.09.129.
WEI, P. et al. Systematic review of soy isoflavone supplements on osteoporosis inwomen.
Asian Pacific Journal of Tropical Medicine, v. 5, n. 3, p. 243-248, 2012. DOI:
10.1016/S1995-7645(12)60033-9.
WIE, H.J. et al. Enzymatic modification of saponins from Platycodon grandiflorum with
Aspergillus niger. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, n. 22, p. 8908-8913,
2007. DOI: 10.1021/jf0716937.
8 Referências
WITAICENIS, A. et al. Antioxidant and intestinal anti-inflammatory effects of plant-
derivedcoumarin derivatives. Phytomedicine, v. 21, n. 3, p. 240-246, 2014. DOI:
10.1016/j.phymed.2013.09.001.
WYMAN, C.E. et al. Comparative sugar recovery and fermentation data following
pretreatmentof poplar wood by leading technologies. Biotechnology Progress, v. 25, n. 2,
2009.
XIAO, C.W. et al. Protease inhibitor activities and isoflavone content in commercial soymilks
andsoy-based infant formulas sold in Ottawa, Canada. Journal of Food Composition and
Analysis, v. 25, p. 130-136, 2012. DOI: 10.1016/j.jfca.2011.10.001.
XIE, L.; BOLLING, B.W. Characterization of stilbenes in California almonds (Prunus dulcis)
byUHPLC–MS. Food Chemistry, v. 148, p. 300-306, 2014. DOI:
10.1016/j.foodchem.2013.10.057.
YADAV, M.P. et al. Chemical investigation of the structural basis of the emulsifying activity
of gum arabic. Food Hydrocolloids, v. 21, p. 297-308, 2007. DOI:
10.1016/j.foodhyd.2006.05.001.
YANG, B. et al. Enzymatic hydrolysis of cellulosic biomass. Biofuels, v. 2, n. 4, p. 421-450,
2011. DOI: 10.4155/BFS.11.116.
YANG, C.S. et al. Inhibition of carcinogenesis by dietarypolyphenolic compounds. Annual
Review of Nutrition, v. 21, p. 381-406, 2001.
YANG, S. et al. Hydrolysis of soybean isoflavone glycosides by a thermostable b-
glucosidasefrom Paecilomyces thermophila. Food Chemistry, v. 115, p. 1247-1252, 2009.
DOI: 10.1016/j.foodchem.2009.01.038.
YANNIOTIS, S.; BLAHOVEC, J. Model analysis of sorption isotherms. LWT - Food
Science and Technology, v. 42, p. 1688-1695, 2009. DOI: 10.1016/j.lwt.2009.05.010.
ZAREIFARD, M.R. et al. A feasibility study on the drying of lime juice:the relationship
between the key operating parametersof a small laboratory spray dryer and product quality.
Food and Bioprocess Technology, v. 5, p. 1896-1906, 2012. DOI: 10.1007/s11947-011-
0689-1.
8 Referências
ZEPKA, L.Q.; MERCADANTE, A.Z. Degradation compounds of carotenoids formed during
heating of a simulated cashew apple juice. Food Chemistry, v. 117, n. 1, p. 28-34, 2009.
DOI:10.1016/j.foodchem.2009.03.071.
ZHANG, G. et al. Optimization of microwave-assisted enzymatic extraction of polyphenols
from waste peanut shells and evaluation of its antioxidant and antibacterial activities in vitro.
Food and Bioproducts Processing, v. 91, n. 2, p. 158-168, 2013. DOI:
10.1016/j.fbp.2012.09.003.
ZHENG, L. et al. Microencapsulation of bayberry polyphenols by ethyl cellulose: preparation
and characterization. Journal of Food Engineering, v. 104, n. 1, p. 89-95, 2011. DOI:
10.1016/j.jfoodeng.2010.11.031.
ZULUETA, A.; ESTEVE, M.J.; FRÍGOLA, A. ORAC and TEAC assays comparison to
measure the antioxidant capacityof food products. Food Chemistry, v. 114, p. 310-316, 2009.
DOI: 10.1016/j.foodchem.2008.09.033.