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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FREDERICO HANNA
SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: O CASO DO SETOR DE
PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL
RIO DE JANEIRO
2012
i
Frederico Hanna
SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo e gás no Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Administração.
Orientador: Cesar Gonçalves Neto
Rio de Janeiro
2012
ii
HANNA, Frederico.
SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo e
gás no Brasil.
156 f: il.
Dissertação (Mestrado em Administração) – UFRJ – Instituto COPPEAD
de Administração, Rio de Janeiro, 2005.
Orientador: Cesar Gonçalves Neto
1. Sistemas Nacionais de Inovação. 2. Indústria de Petróleo e Gás. 3.
Inovação Tecnológica. 4. Administração – Dissertações. I. Neto, Cesar
Gonçalves. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD
de Administração. III. Título.
iii
Frederico Hanna
SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do
setor de petróleo e gás no Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Administração.
Aprovada por:
______________________________________________
Cesar Gonçalves Neto, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ
______________________________________________
Denise Lima Fleck, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ
______________________________________________
José Geraldo Pereira Barbosa, D. Sc. – MADE/UNESA
Rio de Janeiro
Junho de 2012
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Cesar Gonçalves Neto, pela amizade, dedicação e competência,
sempre me dando devida atenção e depositando confiança no meu trabalho.
Aos meus pais, pela motivação, pela oportunidade de ter uma boa formação e pela
orientação em todos os momentos, e à minha irmã, pelo constante apoio.
Ao meu gerente da Petrobras, José Carlos Parreira, que me permitiu frequentar as
últimas aulas do mestrado, acreditando no valor da capacitação profissional.
À Aline Mello Torres, que me ajudou a conseguir as respostas para o questionário da
pesquisa junto às empresas participantes, e aos demais colegas de trabalho que me
incentivaram a concluir esta pesquisa.
Aos meus colegas de COPPEAD, tanto da turma de 2010 quanto da turma de 2011,
pela amizade durante o curso. À minha amiga Monique Stony, pelo companheirismo e
estímulo ao longo do curso de mestrado. À Camila Monte, à Marta Garcia e ao Pedro
Dvorsak, pela ajuda que me deram no desenvolvimento da pesquisa.
Aos meus amigos Bruno Santos, Daniella Costa e Natasha Galotta, que me ajudaram a
validar o questionário deste estudo.
Aos funcionários da COPPEAD, pela paciência e pelo apoio durante todo o curso,
fazendo desta instituição um lugar especial e agradável de estudar.
Aos profissionais das diversas empresas que se dispuseram a responder a esta
pesquisa, tornando possível este trabalho.
v
RESUMO
HANNA, Frederico. SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo
e gás no Brasil. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
O setor de petróleo e gás no Brasil encontra-se diante de uma grande oportunidade e,
ao mesmo tempo, de um desafio histórico. As atividades relacionadas à extração de
hidrocarbonetos no país, especialmente no segmento offshore, vêm crescendo de forma
acelerada, criando condições para que o parque de fornecedores da cadeia de petróleo e gás se
desenvolva e se consolide como supridor competitivo nacional. Tais empresas esbarram,
entretanto, em certas limitações que inibem a aceleração do processo de inovação no país.
Nesse contexto, o objetivo do presente estudo é analisar o Sistema Nacional de
Inovação do setor de petróleo e gás e identificar os aspectos mais desenvolvidos e os fatores
limitadores da atuação das empresas fornecedoras da cadeia de petróleo no Brasil, traçando
uma avaliação dos principais aspectos de um construto teórico, baseado na premissa de que
compreender os enlaces entre os atores envolvidos na inovação é a chave para melhorar o
desempenho da utilização da tecnologia.
As dificuldades e facilidades das empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás
foram avaliadas neste trabalho sob a perspectiva de Barbosa (2005), que entende a
participação das empresas em um Sistema Nacional de Inovação como se manifestando em
seis dimensões da empresa com: (i) o Setor Produtivo; (ii) o Setor Público; (iii) o Sistema de
C&T; (iv) o Sistema Educacional; (v) o Sistema Financeiro; e (vi) o Setor Externo.
Os resultados desta pesquisa permitiram identificar que o Setor Produtivo brasileiro
parece estar equipado para responder aos desafios impostos pelo crescimento do setor de
petróleo e gás no país, no entanto ainda existem lacunas no SNI que necessitem ser
preenchidas, especialmente com relação ao Sistema Educacional. Tal dimensão é
possivelmente o maior problema no país, sendo também a dimensão pior avaliada dentro da
pesquisa, com quase todos os aspectos com baixo nível de desenvolvimento. O Sistema
Financeiro foi outra dimensão que apresentou baixo nível de desenvolvimento nos aspectos
analisados, principalmente devido à percepção negativa das empresas de menor porte.
Palavras-chave: Sistemas Nacionais de Inovação, Indústria de Petróleo e Gás, Inovação
Tecnológica.
vi
ABSTRACT
HANNA, Frederico. SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo
e gás no Brasil. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
The oil and gas sector in Brazil is facing a great opportunity and yet a historic
challenge. Activities related to the extraction of hydrocarbons in the country, especially in the
offshore segment, are growing rapidly, which creates conditions for oil and gas firms to
develop and to consolidate as national competitive suppliers. Such companies stumble,
however, under certain limitations that inhibit the acceleration of innovation in this country.
The objective of this study is to analyze the National Innovation System (NIS) in the
oil and gas sector and to identify the most developed and the most limiting factors of the
companies that integrate the oil and gas supply chain in Brazil. Also, this work aims to
evaluate and characterize the key aspects of a NIS theoretical construct, based on the premise
that understanding the links between the actors involved in innovation process is the key to
improving the performance in managing technology.
The difficulties and conveniences of the enterprises were evaluated in this work from
the perspective of Barbosa (2005), who divides the participation of a firm in a NIS in six main
relationships with: (i) the Productive Sector; (ii) the Public Sector, (iii) the T&S System; (iv)
the Educational System, (v) the Financial System, and (vi) the External Sector.
The results of this research have identified that the Brazilian productive sector seems
to be equipped to respond to the challenges posed by the growth of the oil and gas in the
country, however there are still gaps in the NIS that need to be filled, especially regarding the
Educational System. This dimension is probably the biggest problem in the country, and also
the dimension with the lowest scores in the survey, with almost all aspects presenting low
level of development. The Financial System is another dimension that showed a low level of
development in the aspects analyzed, mainly due to the negative perception of smaller firms.
Key words: National Innovation Systems, Oil and Gas Industry, Technological Innovation.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Investimentos em P&D (% das receitas) – serviços e equipamentos de E&P .......... 2
Figura 2 – Grau de inovatividade – novos produtos no mercado nacional ................................ 3
Figura 3 – Evolução dos preços do petróleo - Brent ................................................................ 10
Figura 4 – Evolução das reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar)............ 11
Figura 5 – Plataformas de produção de petróleo e gás ............................................................. 15
Figura 6 – Caracterização das principais atividades da cadeia offshore que requerem inovação
.................................................................................................................................................. 19
Figura 7 – Modelo padrão de Sistema Nacional de Inovação .................................................. 28
Figura 8 – Esquema conceitual da participação de empresas em um Sistema de Inovação
Nacional .................................................................................................................................... 34
Figura 9 – Vinte campos com maior produção de petróleo e gás no Brasil ............................. 40
Figura 10 – Macroprocessos de análise do mercado de bens e serviços para E&P ................. 41
Figura 11 – Evolução da área explorada através de exploração sísmica no Brasil .................. 43
Figura 12 – Detalhamento das frotas de drillers offshore ........................................................ 46
Figura 13 – Evolução do faturamento de cinco empresas EPCistas estudadas pelo Prominp . 52
Figura 14 – Principais centros de P&D das maiores empresas de equipamentos submarinos e
de superfície .............................................................................................................................. 57
Figura 15 – Políticas Públicas de Incentivo ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás no
Brasil ......................................................................................................................................... 60
Figura 16 – Dispêndios em P&D e projetos de infraestrutura (2008-2010) ............................. 64
Figura 17 – Etapas do desenvolvimento tecnológico do setor de petróleo e gás ..................... 65
Figura 18 – Investimento público e privado em P&D (% em relação ao PIB) ........................ 67
Figura 19 – O Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás ............................... 77
Figura 20 – O relacionamento das empresas no Sistema Brasileiro de Inovação no setor de
petróleo e gás ............................................................................................................................ 77
Figura 21 – Delimitação da pesquisa quantitativa .................................................................... 79
Figura 22 – Médias do Setor Produtivo por segmento de atuação da empresa ........................ 92
Figura 23 – Médias do Setor Produtivo por porte da empresa ................................................. 93
Figura 24 – Médias do Setor Público por segmento de atuação da empresa............................ 96
Figura 25 – Médias do Sistema de C&T por segmento de atuação da empresa..................... 100
Figura 26 – Médias do Sistema de C&T por porte da empresa .............................................. 102
Figura 27 – Médias do Sistema de C&T por participação de capital estrangeiro .................. 103
Figura 28 – Médias do Sistema Educacional por segmento de atuação da empresa .............. 104
Figura 29 – Médias do Sistema Financeiro por segmento de atuação da empresa ................ 107
Figura 30 – Médias do Sistema Financeiro por porte da empresa ......................................... 109
viii
Figura 31 – Médias do Sistema Financeiro por participação de capital estrangeiro .............. 110
Figura 32 – Médias do Setor Externo por segmento de atuação da empresa ......................... 112
Figura 33 – Médias do Setor Externo por participação de capital estrangeiro ...................... 114
Figura 34 – Médias por dimensão do SNI ............................................................................. 114
Figura 35 – Importância dos relacionamentos das empresas fornecedoras no SNI no setor de
petróleo e gás ......................................................................................................................... 120
ix
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Quatro principais tecnologias do setor de petróleo e gás ...................................... 17
Quadro 2 – Definições de Sistema Nacional de Inovação........................................................ 23
Quadro 3 – Dimensões básicas do Sistema Nacional de Inovação .......................................... 31
Quadro 4 – Navios de aquisição de dados de exploração de petróleo e gás no país
(Maio/2011) .............................................................................................................................. 44
Quadro 5 – Principais players da construção naval offshore brasileira .................................... 54
Quadro 6 – Capacidade produtiva dos principais players da construção naval offshore
brasileira ................................................................................................................................... 54
Quadro 7 – Número de empresas selecionadas para a pesquisa por segmento do setor de
petróleo e gás ............................................................................................................................ 83
Quadro 8 – Metodologia de análise das dimensões do SNI na visão das parapetrolíferas....... 84
Quadro 9 – Provas estatísticas não paramétricas ...................................................................... 85
Quadro 10 – Segmentação em grupos por variável demográfica ............................................. 87
Quadro 11 – Distribuição das empresas por porte .................................................................... 89
Quadro 12 – Distribuição das empresas por participação de capital estrangeiro (PCE) .......... 89
Quadro 13 – Distribuição das empresas por segmento de atividade ........................................ 90
Quadro 14 – Médias das respostas relativas ao Setor Produtivo .............................................. 91
Quadro 15 – Teste Kruskal Wallis do Setor Produtivo para variáveis demográficas .............. 94
Quadro 16 – Médias das respostas relativas ao Setor Público ................................................. 95
Quadro 17 – Teste Kruskal Wallis do Setor Público para variáveis demográficas .................. 97
Quadro 18 – Médias das respostas relativas ao Sistema de C&T ............................................ 98
Quadro 19 – Teste Kruskal Wallis do Sistema de C&T para variáveis demográficas ........... 101
Quadro 20 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema de C&T por
porte e PCE ............................................................................................................................. 101
Quadro 21 – Médias das respostas relativas ao Sistema Educacional .................................... 103
Quadro 22 – Teste Kruskal Wallis do Setor Educacional para variáveis demográficas ........ 106
Quadro 23 – Médias das respostas relativas ao Sistema Financeiro ...................................... 106
Quadro 24 – Teste Kruskal Wallis do Sistema Financeiro para variáveis demográficas ....... 108
Quadro 25 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema Financeiro por
porte e PCE ............................................................................................................................. 109
Quadro 26 – Médias das respostas relativas ao Setor Externo ............................................... 111
Quadro 27 – Teste Kruskal Wallis do Setor Externo para variáveis demográficas ............... 113
Quadro 28 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para a variáveis do Setor Externo por PCE
................................................................................................................................................ 113
Quadro 29 – Grau de importância das fontes de inovação do SNI......................................... 115
x
Quadro 30 – Grau de importância dos impedimentos à inovação do SNI ............................. 117
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ................................................................................................... 1
1.2 OBJETIVO ........................................................................................................................................ 4
1.3 RELEVÂNCIA ................................................................................................................................... 4
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................. 6
1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................ 6
2 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO E GÁS .................................................................... 8
2.1 AS ORIGENS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE NO BRASIL ..................................... 8
2.2 A ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO OFFSHORE NO BRASIL ......................................... 11
2.3 O PAPEL DA INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE .................. 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................................... 21
3.1 ANÁLISE DE SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO ...................................................................... 27
3.2 MÉTODO DE ANÁLISE PROPOSTO ................................................................................................. 33
4 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS36
4.1 SETOR PRODUTIVO ....................................................................................................................... 36
4.1.1 Empresas Operadoras ........................................................................................................... 38
4.1.2 Fornecedores Diretos ............................................................................................................ 40
4.2 SETOR PÚBLICO ............................................................................................................................ 59
4.3 SISTEMA DE C&T ......................................................................................................................... 63
4.4 SISTEMA EDUCACIONAL ............................................................................................................... 68
4.5 SISTEMA FINANCEIRO ................................................................................................................... 71
4.6 SETOR EXTERNO ........................................................................................................................... 73
4.7 RESUMO ........................................................................................................................................ 75
5 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 79
5.1 POPULAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................................. 81
5.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ................................................................................................ 81
5.3 COLETA DE DADOS ....................................................................................................................... 83
5.4 ANÁLISES PROPOSTAS NO ESTUDO .............................................................................................. 84
5.4.1 Análise Descritiva ................................................................................................................. 84
5.4.2 Teste Kruskal Wallis .............................................................................................................. 85
6 RESULTADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA ........................................................................ 88
6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................................. 88
6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................................................... 90
xii
6.2.1 Setor Produtivo ..................................................................................................................... 90
6.2.2 Setor Público ........................................................................................................................ 94
6.2.3 Sistema de C&T .................................................................................................................... 98
6.2.4 Sistema de Educacional ...................................................................................................... 103
6.2.5 Sistema Financeiro ............................................................................................................. 106
6.2.6 Setor Externo ...................................................................................................................... 110
6.2.7 Resumo da Análise das Dimensões .................................................................................... 114
6.2.8 Fontes de Inovação ............................................................................................................. 115
6. 2.9 Impedimentos à Inovação .................................................................................................. 116
7 RESUMO E CONCLUSÕES ..................................................................................................... 119
7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................... 119
7.2 PRINCIPAIS ASPECTOS LIMITADORES DAS DIMENSÕES ANALISADAS ....................................... 121
7.3 FATORES MAIS DESENVOLVIDOS DAS DIMENSÕES ANALISADAS .............................................. 124
7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ......................................................................................................... 125
7.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................................................................... 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 127
APÊNDICES .............................................................................................................................. 138
APÊNDICE I – PRINCIPAIS ASPECTOS A SEREM ANALISADOS POR DIMENSÃO DO SNI ................... 138
APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA QUANTITATIVA ........................................................ 140
APÊNDICE III – FILTROS PARA A SELEÇÃO DAS PESQUISAS (CADASTRO ONIP) ............................ 147
APÊNDICE IV – CARTA CONVITE ENVIADA ÀS EMPRESAS ............................................................. 149
APÊNDICE V – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA ................................................................ 150
APÊNDICE VI – RESULTADOS DA ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................ 151
APÊNDICE VII – GRÁFICOS DE CAIXAS ........................................................................................... 154
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
As propriedades do petróleo na natureza fazem da exploração e produção deste
combustível fóssil uma atividade de grande complexidade técnica, uma vez que inclui um
grande número de tecnologias interdependentes e emprega uma base de conhecimento muito
extensa. No entanto, até bastante recentemente, a tecnologia utilizada no setor de upstream da
indústria do petróleo e gás manteve-se relativamente pouco sofisticada. Somente nas últimas
décadas tem havido evolução rápida e aplicações da tecnologia na indústria (BOHI, 1997).
A significativa motivação no uso de tecnologias avançadas no setor upstream da
indústria do petróleo deriva, em especial, das pressões da concorrência para reduzir custos e
dos preços de petróleo e gás relativamente baixos. Além disso, com a recente preocupação
para as alterações climáticas, a inovação tecnológica tornou-se crucial na redução das
emissões no setor upstream (PERSAUD et al., 2003).
O fato é que, tendo em vista que o petróleo é um produto não renovável, seus custos
de exploração e produção tendem a se elevar no longo prazo, uma vez que as melhores
reservas de petróleo vão se exaurindo. Nesse sentido, as inovações tecnológicas são o
principal meio que as empresas de petróleo podem movimentar contra essa tendência de
aumento das dificuldades para produção de hidrocarbonetos, principalmente no que diz
respeito à profundidade em que se encontram as novas reservas de petróleo e gás. Quanto
mais profundo encontra-se o combustível fóssil em relação à superfície, mais complexos se
tornam processos básicos de exploração e produção de petróleo, tais como: interpretação
sísmica, completação e perfuração de poços, ancoramento de unidades e logística de produção
(PERSAUD et al., 2003).
Nesse contexto, as operadoras de poços de petróleo no Brasil constituem atores
fundamentais do processo de inovação. As principais empresas operadoras atuantes em
território nacional, especialmente a Petrobras, concordam que as dificuldades de exploração e
produção desse combustível fóssil podem ser ultrapassadas ao longo dos próximos anos,
principalmente por meio de esforços que estão sendo envidados pelo Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) e por uma rede de
universidades, centros de pesquisa, laboratórios e fornecedores (BNDES, 2010). Além das
dificuldades tecnológicas, há ainda o desafio de produzir combustíveis fósseis a uma distância
2
de 170 km da costa brasileira, alastrando-se ao longo de uma faixa de aproximadamente 800
km de extensão do litoral dos estados do Espírito Santo e de Santa Catarina (BNDES, 2010).
Por outro lado, estas novas descobertas de poços de petróleo também representam
grandes incentivos tecnológicos às empresas parapetrolíferas1 nacionais e internacionais. A
Figura 1, desenvolvida por um estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados
(2009) sugere que, no Brasil, as empresas parapetrolíferas que já possuem anos de experiência
no mercado de serviços e equipamentos de E&P empregam percentuais de receita
consideráveis no desenvolvimento de atividades de pesquisa e desenvolvimento. Assim, é
possível verificar, por exemplo, que empresas fornecedoras que trabalham no segmento de
“informação de reservatórios” empregam, em geral, de 3% a 6,5% de suas receitas em P&D,
enquanto as empresas de “infraestrutura e instalação” utilizam 0,5% de suas receitas em
atividades inovativas.
Figura 1 – Investimentos em P&D (% das receitas) – serviços e equipamentos de E&P
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
Tais empresas passaram a enxergar a tecnologia como a principal meio para atuação
no mercado mundial de petróleo. Em geral, nessas empresas, o desenvolvimento tecnológico é
impulsionado pelos conhecimentos acumulados, pelos acordos com institutos de P&D e pelo
recrutamento dos melhores cientistas do mercado (BAIN & COMPANY E TOZZINI
FREIRE ADVOGADOS, 2009).
1 Empresas fornecedoras de bens e serviços no setor de petróleo e gás.
3
Ainda nesse contexto, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e
Gás (Prominp) elaborou, em 2008, um relatório que procurou identificar o grau de
inovatividade dos fornecedores da indústria do petróleo em relação à média da indústria
brasileira.
Segundo resultados da pesquisa, dentro das empresas fornecedoras da indústria de
petróleo, o grau de inovatividade é maior que a média da indústria brasileira. Além disso, o
estudo aponta que o desempenho inovador das empresas fornecedoras da indústria de petróleo
é sensivelmente melhor quando comparado com a indústria petroleira total. A Figura 2 reforça
essa afirmativa, ao mostrar o predomínio da capacidade inovativa das fornecedoras da
indústria de petróleo em praticamente todas as faixas de tamanho de empresas (representadas
pelo número de funcionários).
Figura 2 – Grau de inovatividade – novos produtos no mercado nacional
Fonte: PROMINP (2008a)
Dado este alto grau de inovatividade, é possível inferir que estas corporações
fornecedoras são difusoras de progresso técnico. A figura apresentada acima reforça o
predomínio da capacidade inovativa das fornecedoras da indústria de petróleo em
praticamente todas as faixas de tamanho. No eixo vertical está representada a soma das
inovações identificadas sobre o total de produtos lançados no mercado nacional,
demonstrando um melhor ou pior desempenho em inovação (PROMINP, 2008a). Nesse
0
10
20
30
40
50
60
Total Até 100 De 100 a200
DE 200 a500
500 ou mais
%
Fornecedores da Indústria Petroleira Indústria Petroleira Total
4
sentido, com relação às inovações de produto no mercado nacional, as grandes empresas
fornecedoras são ainda mais inovadoras.
1.2 OBJETIVO
O panorama apresentado anteriormente põe em destaque, não só as particularidades da
indústria nacional de petróleo, mas também o papel fundamental que as empresas
parapetrolíferas apresentam nesse contexto.
Assim sendo, buscaremos analisar, neste trabalho, o Subsistema Nacional de Inovação
do setor brasileiro de exploração e produção de petróleo e gás, com base em dois objetivos
principais:
Mapear e caracterizar, através da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação (SNI),
as principais dimensões e respectivos fatores integrantes do Sistema Nacional de
Inovação de suporte às atividades de exploração e produção do setor de petróleo e
gás.
Avaliar, na percepção de gerentes de empresas fornecedoras do setor, a eficácia do
Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás, levantando as facilidades
(fatores mais desenvolvidos) e dificuldades (aspectos limitadores) destas empresas
no contexto do SNI.
Para isso, são propostas duas formas de análise ao longo deste estudo: (a) uma revisão
da teoria, que procurará caracterizar as principais dimensões do Sistema Brasileiro de
Inovação de suporte às atividades de exploração e produção de petróleo e (b) uma análise
quantitativa do tipo survey, aplicada às empresas fornecedoras de bens e serviços do setor de
petróleo e gás, buscando avaliar as facilidades e dificuldades das empresas parapetrolíferas no
Sistema de Inovação Brasileiro.
1.3 RELEVÂNCIA
Segundo DOE (2010), o Brasil será o país não pertencente à OPEP com maior
aumento na produção em 2035 comparado aos níveis produzidos em 2007. O forte
crescimento da produção convencional do Brasil resultará, em parte, do aumento da produção
de campos para os quais expansões estão planejadas ou em andamento. Resultará também de
5
descobertas recentes nas bacias de Campos e Santos, incluindo as de Tupi, Guará e Iara, que
tanto adicionam à produção de médio e longo prazo, quanto sugerem a presença de outros
grandes campos de mesma formação na região.
Nesse contexto, a descoberta de petróleo em grande volume na camada de pré-sal vem
estimulando a reflexão – principalmente entre os diversos atores que compõem o SNI do setor
de petróleo e gás brasileiro – sobre temas relacionados à exploração e produção de
combustíveis fósseis em águas ultraprofundas. Portanto, esta pesquisa busca contribuir com
conteúdo e avaliação do atual estágio de inovação deste setor no país.
É possível, ainda, destacar que este estudo, por analisar as condições estruturais para o
desenvolvimento do setor nacional de petróleo e gás, possui integral sinergia com as
necessidades apresentadas pelo país, estando integrada, inclusive, aos interesses do mercado e
do governo brasileiro.
Além disso, há ainda uma falta de abordagem da inovação setorial aplicada ao setor de
petróleo e gás no Brasil. Existem estudos sobre a indústria brasileira de petróleo que
reconhecem a importância de redes de inovação e de conhecimento para o desenvolvimento
setorial (PELLEGRIN, 2005; DANTAS e BELL, 2009). No entanto, há uma carência de
estudos que retratem o arranjo institucional que está por trás da dinâmica de inovação da
indústria de exploração e produção em águas ultraprofundas e sua evolução desde a quebra do
monopólio da Petrobras, em 1997.
Por meio da utilização da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação, será possível
identificar os principais problemas do Sistema Brasileiro de Inovação de suporte às atividades
de exploração e produção do setor de petróleo e gás, com base nas empresas fornecedoras do
setor. Dessa forma, poderão ser identificadas ações a serem empregadas futuramente para
melhorar a condição atual do país no suporte à criação, produção e disseminação de
conhecimento na exploração e produção de petróleo e gás brasileiro.
Em função dos desafios e das oportunidades que as descobertas petrolíferas do pré-sal
irão conferir ao Sistema Brasileiro de Inovação de suporte às atividades de E&P, os resultados
obtidos neste trabalho poderão contribuir, futuramente, para o entendimento do potencial de
desenvolvimento da indústria no território brasileiro, apontando as principais ações que
podem ser empregadas para que o Brasil se torne um dos centros globais de excelência da
indústria de E&P de petróleo.
6
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Para a delimitação do estudo, serão utilizados três principais critérios: espacial,
temporal e populacional. Por este ser um estudo social eminentemente empírico, é preciso
delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o fenômeno em estudo ocorre (GIL,
1987). Por se tratar de um estudo sobre o Sistema Nacional de Inovação, consideraremos,
aqui, o território nacional como escopo de atuação espacial da pesquisa.
Outro critério de delimitação é o temporal (GIL, 1987), isto é, o período em que o
fenômeno a ser estudado será restringido. Podemos definir a realização da pesquisa situando
nosso objeto no tempo presente, com evidências teóricas baseadas no histórico do setor de
petróleo e gás no Brasil.
Por fim, a população do estudo consiste na definição de quem será objeto da pesquisa.
A população do estudo dependerá da área de conhecimento na qual ele se insere e no
propósito de cada pesquisa (GIL, 1987). Neste caso, a população do estudo será formada,
essencialmente, por empresas fornecedoras do setor de petróleo e gás. Com relação à seleção
dos respondentes do questionário da pesquisa, foi delimitado o levantamento a diretores e
gerentes de alto nível hierárquico da empresa, especialmente da área de produção ou de
tecnologia (Diretor da empresa, Gerente da área funcional Produção/Operação ou Gerente da
área de Tecnologia).
1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Este trabalho está estruturado em sete capítulos. No primeiro, é apresentada uma
contextualização do problema da pesquisa, sendo descritos seus objetivos, sua relevância e a
organização do estudo.
O capítulo 2 é dedicado à contextualização do setor brasileiro de petróleo e gás e
aborda as origens de tal indústria no Brasil, as principais atividades envolvidas na exploração
e produção do petróleo e, especialmente, o papel da inovação no setor.
O capítulo 3 é dedicado à revisão da literatura, no qual se realiza uma revisão da teoria
existente sobre Sistemas Nacionais de Inovação, sendo feita uma discussão sobre sua
aplicabilidade à análise do setor de petróleo e gás no Brasil.
O capítulo 4 oferece uma visão do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo
e gás, traçando um panorama de sua situação atual. Verificam-se, assim, as ações que vêm
7
sendo tomadas para seu fortalecimento. Ainda no capítulo 4, são apresentadas metodologias
de análise de Sistemas Nacionais de Inovação, mostrando as diferentes visões e premissas
utilizadas pelos autores.
O capítulo 5 tem por objetivo apresentar a ferramenta de análise utilizada no estudo e
sua fundamentação teórica.
No capítulo 6, por sua vez, são apresentados os resultados da pesquisa e a análise dos
resultados obtidos.
Por fim, o capítulo 7 dedica-se à apresentação das conclusões do trabalho e sugestões
para pesquisas futuras.
8
2 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO E GÁS
A exploração de petróleo no Brasil é uma atividade bastante tradicional, já que as
primeiras iniciativas do gênero ocorreram ainda no século XIX. A princípio, o foco inicial da
pesquisa geológica era em áreas terrestres, mas, com o tempo, os estudos mais propícios
concentraram-se no mar (BNDES, 2010). O crescimento das atividades de exploração e
produção de petróleo offshore, a partir do final da década de 60, começa a ser visualizado
como um importante conjunto de mudanças técnicas associadas, em decorrência das
condições específicas da atuação em águas profundas (DANTAS, 1999).
Desde então, o Brasil conseguiu reduzir seu grau de dependência da importação de
petróleo. Além disso, na década de 90, houve uma mudança no marco regulatório com a Lei
do Petróleo, que permitiu a entrada de novos atores no mercado de petróleo e gás (BNDES,
2010).
Atualmente, o Brasil encontra-se em um período bastante otimista no que se refere ao
setor de petróleo e gás, já que, recentemente, o país saiu de uma posição de dependência de
importação de petróleo, alcançando a autossuficiência na produção de combustíveis fósseis.
No futuro, em função das descobertas na nova fronteira do pré-sal e das inovações
tecnológicas desenvolvidas no setor de petróleo e gás nacional, o Brasil poderá tornar-se um
relevante exportador de petróleo e derivados no mercado internacional (BNDES, 2010).
2.1 AS ORIGENS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE NO BRASIL
Mundialmente, a indústria offshore teve seu surgimento ocorrido entre os anos 1930
na Venezuela e da década de 1950 no Golfo do México. Desde então, a exploração começou a
se expandir para o Mar do Norte e formou o primeiro pull de empresas nesta segmentação,
destacando-se Shell, Exxon, Texaco e AGIP (FURTADO, 1996).
No Brasil, já havia o conhecimento de que o país possuía reservas de petróleo em
profundidade marítima desde o final da década de 1950, mesmo sem haver uma definição
precisa dos locais. A sustentação dessa hipótese aconteceu quando da descoberta do primeiro
poço offshore em 1968, no Campo de Guaricema (SE), e da primeira perfuração, também em
1968, na Bacia de Campos, no campo de Garoupa (RJ). Entretanto, tais descobrimentos não
surtiram maior efeito, pelo fato de as tecnologias existentes não serem condizentes com a
realidade brasileira da época (COM CIÊNCIA, 2002).
9
Nesse sentido, para que o país conseguisse entrar nesta segmentação da indústria do
petróleo, o desenvolvimento de novas tecnologias consistia na única opção. A Petrobras
iniciou, então, um movimento tecnológico original, por meio da proposta do sistema de
produção flutuante. Diante da falta do conhecimento científico necessário para tal empreitada
– e do desafio de explorar poços de petróleo de aproximadamente 1.000 metros de
profundidade – o Brasil teve de suprir tal espaço na experiência internacional, onde mesmo
que de maneira ainda incipiente, já havia conhecimento em tecnologia offshore (NETO e
COSTA, 2007).
Pode-se dizer que o Segundo Choque do Petróleo – ocorrido em 1979 – foi o grande
turning point do setor petrolífero no Brasil. Isto porque, nesse período, o país adotou duas
políticas energéticas bastante concretas em resposta ao aumento do preço do petróleo: o
lançamento de programas de substituição de derivados de petróleo por fontes energéticas
nacionais – como o Proálcool – e o crescimento da produção interna de petróleo através da
intensificação dos esforços de prospecção offshore (EPE, 2007).
A partir de 1980, a Petrobras marcou de forma permanente sua liderança mundial em
E&P em águas profundas, bem como seu padrão internacional de desenvolvimento
tecnológico (Douglas Westwood, 2002 apud Canelas, 2004). Sendo assim, a produção
nacional de petróleo saltou de 9,3 para 28 Mtep2 entre 1980 e 1985. Isto colaborou
terminantemente para diminuir os gastos com as entradas líquidas de petróleo, que tombaram
para 3,9 bilhões de dólares em 1985 – mais de 30 pontos percentuais de redução –,
caracterizando um relevante esforço de ajuste ao choque do petróleo (EPE, 2007).
No ano de 1986, ocorreu o Contrachoque do Petróleo – conforme pode ser observado
na Figura 3 – quando os preços caíram pela metade dos patamares observados na época. No
período de preços baixos, a tecnologia voltou a ser um fator efetivo de lucratividade das
empresas de petróleo. Sendo assim, no Brasil, passou a ser essencial reduzir os custos de
produção, de forma a evitar perdas com os investimentos realizados no período de altos
preços dos combustíveis fósseis.
2 Milhões de Tonelada Equivalente de Petróleo.
10
Figura 3 – Evolução dos preços do petróleo - Brent3
Fonte: NONNENBERG (2004)
Na década de 90, mais um evento marcaria a indústria de petróleo e gás nacional,
principalmente no que se refere ao montante de investimentos e ao desenvolvimento de
atividades inovativas no setor. Isto porque, com a aprovação da Emenda Constitucional nº
9/95 e da Lei nº 9.478/97, houve abertura da indústria brasileira de petróleo, gerando um
fluxo significativo de investimentos por parte de um grande número de empresas entrantes no
segmento de E&P. Estes investimentos foram somados aos já consideráveis investimento que
vinham sendo realizado pela Petrobras nesta atividade (CANELAS, 2005).
No fim de 2009, as reservas totais de petróleo do Brasil foram contabilizadas em 21,1
bilhões de barris, o que constitui um aumento de 1,3% em comparação a 2008 – refletindo
uma taxa de crescimento anual de 5,6% nos últimos 10 anos (ANP, 2010).
No mesmo ano, o país ocupava a 16ª posição no ranking mundial quanto às reservas
provadas de petróleo. Dentre essas, 92,8% se localizavam em mar, com destaque para o Rio
de Janeiro, que detinha 87% das reservas provadas offshore e 80,7% do total (ANP, 2010). No
entanto, caso as estimativas de reservas na camada do pré-sal se confirmem – entre 70 bilhões
e 100 bilhões de barris –, a nova área exploratória fará o Brasil passar para algo em torno da
10ª colocação entre as maiores reservas de petróleo e gás do mundo, se situando próximo de
3 Brent é uma classificação de petróleo cru que se subdivide em Brent Crude, Brent Doce Leve, Oseberg e
Forties. O Brent Crude é originário do Mar do Norte.
11
países como Venezuela e Nigéria. Sendo assim, o país passaria a uma posição de exportador
líquido de petróleo (BNDES, 2010).
A evolução das reservas provadas de petróleo, por localização, desde o ano 2000 até o
ano de 2009 pode ser observada na Figura 4. A partir desta, é possível reconhecer o potencial
de exploração offshore no Brasil e a tendência de concentração das atividades de exploração e
produção de combustíveis fósseis no país em águas profundas.
Figura 4 – Evolução das reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar)
Fonte: ANP (2010)
Após 2009, o Plano de Negócios da Petrobras previu investimentos nos campos do
pré-sal de aproximadamente US$ 28 bilhões para uma produção de 219 mil bpd4 de petróleo e
7 milhões de m³/dia de gás natural em 2013. Os campos do pré-sal responderão por quase
todo o acréscimo da produção de petróleo entre 2013 e 2020 (BNDES, 2010).
2.2 A ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO OFFSHORE NO BRASIL
No Brasil, a cadeia de valor de petróleo e gás pode ser subdividida basicamente em
três principais segmentos: exploração e produção; refino; e vendas e marketing (BAIN &
COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Nesta pesquisa, optar-se-á por analisar exclusivamente o processo de inovação no
segmento de exploração e produção (E&P), principalmente porque os requisitos de
4 Barris por dia.
12
equipamentos e serviços ao desenvolvimento da camada de pré-sal, nos próximos anos,
estarão concentrados neste elo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009). Além disso, a predominância de atividades exploração offshore no Brasil fez com que,
nos últimos anos, a Petrobras realizasse investimentos expressivos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) para a produção de hidrocarbonetos em águas profundas e
ultraprofundas, o que tem direcionado as ações de inovação do setor especialmente para o
segmento de E&P (IPEA, 2010).
Segundo Canelas (2004), o segmento E&P é o mais relevante da cadeia petrolífera no
que tange a riscos, barreiras à entrada, montante de capital requerido e, especialmente, à
geração de valor agregado. Ainda, a exploração de petróleo pode ser caracterizada como uma
atividade fundamentalmente arriscada e de custo elevado. Isto torna o negócio do petróleo
bastante restrito, permitindo que apenas empresas capazes de se expor a um nível de risco
elevado possam participar.
Segundo Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), a cadeia de E&P pode
ser estruturada com base no ciclo de vida do campo petrolífero. Os objetivos buscados em
cada uma dessas etapas do ciclo de vida de um campo de petróleo são distintos:
Exploração: Conjunto de operações ou atividades destinadas a fazer a avaliação de
áreas, com vistas à identificação de jazidas de petróleo. Visa buscar, identificar e
quantificar novas reservas de petróleo e gás no país.
Desenvolvimento: Conjunto de atividades com vistas a adequar o campo para as
atividades de produção de petróleo. Busca planejar a abordagem e definir os recursos
necessários para a produção que maximizem a rentabilidade de uma reserva, incluindo
toda a preparação para a etapa de produção.
Produção: Conjunto de atividades de extração de petróleo de uma jazida e de preparo
para o seu transporte. Propõe-se a extrair o petróleo e gás de uma reserva com intuito
de maximizar sua vida útil.
2.2.1 Exploração
Pode-se considerar a tomada de informação de reservatórios como o primeiro grupo de
atividades da cadeia de E&P. O propósito deste segmento consiste em identificar reservatórios
de hidrocarbonetos, estimando suas características por meio de modelos.
13
As técnicas empregadas pelos geólogos nesse processo baseiam-se na utilização de
medições gravimétricas, magnéticas e sísmicas (HYNE, 2001):
Exploração gravimétrica: metodologia pela qual são empregados sensores de campo
gravitacional que visam avaliar anomalias causadas pelas variações de densidade de
corpos adjuntos à superfície, sendo possível detectar principalmente domos de sal e
arrecifes calcários.
Exploração magnética: método que identifica as variações do campo magnético
terrestre por meio de magnetômetros. Esta técnica é utilizada especialmente para
detectar variações na profundidade e composição das rochas do embasamento.
Exploração sísmica: procedimento que permite a coleta de informações sobre a
composição, o conteúdo de fluidos e a extensão e geometria das camadas de rocha no
subsolo. Atualmente, é a metodologia mais difundida de exploração.
Nos últimos anos, uma inovação radical foi introduzida na tecnologia sísmica – a
sísmica 3D –, que permitiu um aumento da velocidade e precisão da exploração. Tal
tecnologia permite a construção de modelos matemáticos em computador, capaz de
desenvolver mapas das estruturas geológicas, com um nível de informação muito superior à
sísmica tradicional (FURTADO, 1998).
Derivada desta tecnologia, também já se encontra disponível para operação atualmente
a sísmica 4D, que usa várias inspeções sísmicas 3D num período de tempo para traçar os
fluxos de fluidos que atravessam o reservatório. O campo de Marlim da Petrobras, na Bacia
de Campos, é um dos melhores exemplos de como a tecnologia 4D pode ser incorporada em
decisões de gestão do reservatório. No entanto, por ser um método relativamente recente, a
sísmica 4D ainda goza de uma participação pequena, o que faz com que esta permaneça à
sombra da tecnologia que a gerou (OIL & GAS TECHNOLOGY, 2010).
Baseando-se em diversas fontes de mercado, pode-se estimar que os valores de
investimento no Brasil em serviços sísmicos para os próximos cinco anos serão da ordem de
US$3 bilhões a US$5 bilhões, ou seja, entre cinco e dez navios realizarão atividades de
aquisição sísmica (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009). Apesar
dessas estimativas, em novembro de 2008, apenas quatro navios – todos de fornecedores
internacionais – realizavam exploração sísmica no país.
14
2.2.2 Desenvolvimento
Depois de realizado o processamento dos dados da exploração sísmica, a empresa
operadora tem em seu poder um modelo teórico descritivo do reservatório possivelmente
presente em determinada área. Confirmada a existência do reservatório, a perfuração de novos
poços de desenvolvimento pode ser requerida.
No caso de campos offshore, de acordo com as condições do local e principalmente a
profundidade da lâmina de água, usam-se diferentes tipos de plataformas de perfuração
(BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009):
Submersíveis (fixas): plataformas que operam lâminas d’água até 25 metros, cujas
estruturas de sustentação são apoiadas no leito. Têm formato de balsa, capacidade de
flutuação para facilitar o traslado e se enchem de água ao atingirem a posição correta;
Autoelevatórias (jackups): plataformas que operam em profundidades de até 170
metros, com casco flutuante e pernas retráteis, que são abaixadas até o leito marinho,
elevando o casco acima do nível da água e reduzindo, desta forma, a influência das
ondas e da correnteza.
Semissubmersíveis: plataformas utilizadas em profundidades de até 3.000 metros, que
não possuem estrutura de suporte em contato com o leito. Desta forma, para garantir a
estabilidade, fazem uso de estruturas submersíveis, sistemas de ancoragem e sistemas
dinâmicos de posicionamento.
Navios sonda (drill ships): navios dotados de sistema dinâmicos de posicionamento e
estabilidade que podem operar em profundidades de água de até 3.000 metros. Estes
navios têm maior mobilidade que as plataformas, mas são menos estáveis.
Praticamente todas as sondas de perfuração atualmente em utilização no país são de
propriedade de empresas parapetrolíferas, ou seja, empresas fornecedoras das empresas do
setor de petróleo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009). Os
contratos de perfuração entre as operadoras e as prestadoras de serviços instituem as
características técnicas exatas do trabalho de perfuração, sendo o preço estabelecido por
profundidade perfurada ou por dia de operação da sonda.
É claro que, na etapa de desenvolvimento, além do esforço de perfuração, também se
deve considerar o conjunto de serviços efetuados no poço desde o momento em que a broca
15
atinge o topo da zona produtora até o instante em que o poço entra em produção. Isso porque,
mais do que garantir a resistência estrutural do poço em si, para que este comece a operar, é
necessário desenvolver uma série de atividades, chamadas de completação, que consistem na
instalação de tubulação de produção, na realização de testes de produção e na preparação final
do revestimento (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
2.2.3 Produção
Após o revestimento e a completação dos poços de petróleo, uma infraestrutura
adequada precisa ser instalada para que a produção possa ser iniciada. De acordo com o
cenário brasileiro apresentado anteriormente, este estudo focará o entendimento de produção
offshore. A infraestrutura de produção offshore é constituída tanto das plataformas de
produção propriamente ditas, assim como de todos os equipamentos indispensáveis para a
ligação desta com os poços.
Existem diversos tipos de plataforma de produção, e a profundidade do leito marinho é
um dos principais critérios de escolha entre cada um deles, conforme ilustrado na Figura 5.
Nesse contexto, o estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009) classificam
as plataformas de exploração offshore em dois tipos principais: plataformas fixas e
plataformas flutuantes.
Figura 5 – Plataformas de produção de petróleo e gás
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
16
Para aplicação em águas rasas é viável a utilização de plataformas fixas, cujas
estruturas de suporte são posicionadas diretamente no leito do mar. Existem basicamente dois
tipos de plataforma fixas: plataformas fixas – que possuem estruturas de sustentação rígidas –
e plataformas oscilantes – que proporcionam armações em forma de estrela, consentindo
movimentos oscilatórios.
Em águas mais profundas, não é possível a construção de plataformas fixas e,
portanto, empregam-se plataformas flutuantes. Existem basicamente cinco tipos de
plataformas flutuantes:
TLP (Tension Leg Platform): armações flutuantes ancoradas por cabos de aço sob alta
pressão ao leito do mar, garantindo elevada estabilidade (de 450 a 2.150 metros).
Mini-TLP: apesar de seguir as características da TLP, tem atuação em menor escala,
possibilitando a produção de reservas menores (de 150 a 1.100 metros).
SPAR: grande cilindro com um deck em sua parte superior montado em sua
localização por meio de ancoragem (de 600 a 3.050 metros).
FPSS (Floating Production Semi-Submersible): estruturas apoiadas em tanques que
são em parte cheios de água, garantindo estabilidade em águas agitadas e profundas
(de 200 a 1.700 metros).
FPSO (Floating Production, Storage and Off-take vessels): navios convertidos ou
construídos especialmente para a produção de petróleo (de 60 a 2.600 metros).
Uma vez explorado e desenvolvido o campo de petróleo, inicia-se a produção
comercial de óleo. Neste caso, um ponto importante que influencia diretamente a capacidade
sustentada de produção de petróleo é o custo de extração, que está intimamente associado a
fatores como a qualidade do óleo cru, a localização geográfica do campo e o grau de
desenvolvimento deste (EPE, 2007). Segundo dados do IPEA (2010), no caso brasileiro,
verifica-se visivelmente um aumento desses custos de extração nos últimos anos. Tais custos
mais do que dobraram nos últimos cinco anos, refletindo não somente um cenário de escassez
mundial de equipamentos e serviços, como também a expansão da fronteira petrolífera em
direção a áreas mais inóspitas – no caso brasileiro, a exploração offshore em profundidades
cada vez maiores.
17
2.3 O PAPEL DA INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE
Atualmente, uma ampla gama de tecnologias está sendo prevista para a exploração e
produção de petróleo e gás, tais como as avaliações de reservatório, a engenharia de
reservatórios e as técnicas de perfuração. Persaud, Kumar e Kumar (2003) identificam quatro
tecnologias principais do setor de petróleo e gás, capazes de tornar possível a exploração de
hidrocarbonetos em áreas mais remotas. São elas: sísmica 3D, perfuração horizontal,
tecnologia offshore e tecnologia de areias petrolíferas. Segundo os autores, a perfuração
horizontal e a sísmica 3D podem ser consideradas inovações radicais, dado o número de
outros desenvolvimentos gerados a partir destas.
É claro que, por ser um estudo realizado no ano de 2003, algumas dessas tecnologias
já se desenvolveram e se encontram em novo patamar de evolução inovativa. É o caso, por
exemplo, da sísmica 3D, que – conforme apresentado anteriormente – já possui uma
tecnologia sucessora, a sísmica 4D. É importante ressaltar, no entanto, que apesar de
constituir a tecnologia mais moderna em termo de exploração de poços de petróleo, a sísmica
4D representa somente 3% do mercado (OIL & GAS TECHNOLOGY, 2010), o que, de
maneira geral, ainda torna válido o estudo de Persaud, Kumar e Kumar (2003) nos dias de
hoje.
Globalmente, as quatro principais tecnologias abordadas são bastante complementares
em muitos aspectos, e são adaptáveis a diversas situações. O Quadro 1 é um resumo da
descrição, aplicação e impacto destas tecnologias.
Quadro 1 – Quatro principais tecnologias do setor de petróleo e gás
Tipos de Tecnologia Descrição e Aplicação Impacto
Sísmica 3D
Utiliza ondas de som para
fornecer a inferência sobre a
estrutura e propriedades das
camadas de rocha subterrâneas.
Melhora a capacidade de
localizar novas jazidas de
hidrocarbonetos, reduzindo o
número de perfurações.
Perfuração horizontal
Interseção lateral nos
reservatórios – em vez de partir
de cima, em comparação com
poços verticais.
Aumenta a produtividade e
flexibilidade, principalmente em
áreas offshore ambientalmente
mais sensíveis.
Exploração offshore
Uma grande variedade de
métodos existe, incluindo navios
de perfuração, métodos de
perfuração direcional,
plataformas de produção, poços
submarinos de controle remoto e
gasodutos submarinos.
Torna possível a exploração e
desenvolvimento de poços de
petróleo em água mais profunda
do que 1.000 metros.
18
Tecnologia de areias petrolíferas
Existem várias técnicas para
realizar a extração como, por
exemplo, o Steam Assisted
Gravity Drainage System
(SAGD) – inovação que utiliza
dois poços horizontais (um para
vapor e outro para produção).
Aumento da recuperação,
redução significativa dos custos
e redução das emissões.
Fonte: Adaptado de PERSAUD, KUMAR e KUMAR (2003)
No Brasil, as perspectivas de desenvolvimento nas reservas petrolíferas trazidas pelas
descobertas do pré-sal colocam um claro desafio inovativo para a indústria petrolífera
brasileira, especialmente à Petrobras, à medida que se faz necessário não somente acessar os
hidrocarbonetos, mas também efetivar a sua extração a custos viáveis em termos econômicos
(IPEA, 2010).
De certa forma, as atividades de exploração e produção de petróleo na camada do pré-
sal não constituem propriamente uma novidade na indústria petrolífera. Na última década,
experiências de sucesso na exploração e produção de óleo em camada do pré-sal no Golfo do
México indicam a relativa viabilidade em lidar com os desafios impostos por este limite
exploratório. No entanto, apesar deste histórico positivo da indústria no âmbito global,
algumas particularidades dos reservatórios do pré-sal brasileiro indicam um contexto de
muitos desafios, que podem ser reunidos em cinco áreas, segundo estudo do IPEA (2010):
Caracterização e engenharia de reservatórios: interpretação da sísmica, caracterização
interna dos reservatórios, factibilidade técnica da injeção de gás e água para
recuperação secundária e geomecânica das rochas adjacentes em estágio de depleção.
Completação e perfuração de poços: desvios de poços na zona salitre e gerenciamento
do CO2, altamente corrosivo para os materiais.
Engenharia submarina: qualificação dos risers5 para operação em profundidade de
2.200 metros, considerando o CO2 e a elevada pressão.
Unidades flutuantes de produção: ancoramento das unidades, considerando
profundidade de 2.200 metros, e conexões com o sistema de risers.
Logística para o gás associado: criação de materiais para equipamentos expostos a
fluxos gasíferos com elevadas concentrações de CO2 e de dutos com mais de 18
polegadas em profundidade de 2.200 metros.
5 Tubulações flexíveis que levam petróleo e gás do poço às plataformas.
19
Estes desafios técnicos acabam delineando grandes diretrizes de mudanças para a
indústria petrolífera nacional, tais como a necessidade de procurar soluções inovadoras – e
não somente adaptar tecnologias já estabelecidas – e a importância de aproveitar tais desafios
para fomentar o desenvolvimento da indústria parapetrolífera nacional (IPEA, 2010).
Por fim, é interessante concluirmos este capítulo com um resumo das principais
atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, capazes de demandar
ações inovativas ao longo da cadeia de E&P.
A partir da Figura 6 – elaborada com base no estudo de Fernández e Musso (2011) –, é
possível perceber que existem atividades que requerem desenvolvimento de novas tecnologias
relacionadas às três etapas do ciclo de vida de um poço de petróleo. No entanto, enquanto nas
fases de exploração e desenvolvimento existe um grande esforço inovativo no investimento
em tecnologias sísmicas, de perfuração, de completação e de fabricação de equipamentos, na
fase de produção propriamente dita, a inovação concentra-se basicamente na construção de
plataformas de produção.
Figura 6 – Caracterização das principais atividades da cadeia offshore que requerem inovação
Fonte: Adaptado de FERNÁNDEZ e MUSSO (2011)
Furtado (1998) também considera a importância das fases de exploração e
desenvolvimento de poços de petróleo em seu trabalho, ao afirmar que é na criação de
sistemas de perfuração de grandes profundidades que se encontra o principal desafio
tecnológico da indústria de petróleo offshore. Tais sistemas de perfuração encontram-se
presentes tanto na etapa de exploração – quando as sondas de perfuração são construídas –,
quanto na etapa de desenvolvimento – quando a perfuração é, de fato, realizada.
20
No caso brasileiro – com as descobertas do pré-sal –, os desafios para a exploração e
desenvolvimento dos poços de petróleo tornaram-se ainda maiores, dado que as reservas do
cluster do pré-sal estão situadas a uma profundidade de mais de seis mil metros, sendo que
cerca de dois mil metros são de camada de sal.
Ainda tornam-se necessários, portanto, avanços técnicos para a extração do petróleo
que permitam o desvio de poços na zona salitre e o gerenciamento do CO2, altamente
corrosivo para os materiais (IPEA, 2010). Segundo estudo do BNDES (2010), há uma série de
dificuldades para extrair os hidrocarbonetos depositados na camada do pré-sal, dentre as quais
se destacam:
A plasticidade e a solubilidade da camada do pré-sal, que vão demandar tecnologias
novas para manutenção da estabilidade do poço.
O fato de que os hidrocarbonetos estão depositados em rochas carbonáticas, ambiente
pouco conhecido, já que a experiência nacional concentra-se nas rochas de arenito.
As elevadas condições de temperatura e pressão em que se encontram as reservas, com
presença de gás carbônico em grande volume.
Tais dificuldades – aliadas ao fato de que perfurar uma camada de dois mil metros de
sal não é uma tarefa simples – acabam demandando que se empreguem materiais e
ferramentas especiais, com novas tecnologias e diferentes inovações.
21
3 REVISÃO DE LITERATURA
Esta pesquisa baseia-se na abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação
(FREEMAN, 1987; LUNDVALL et al., 1998; NELSON e NELSON, 2002), segundo a qual o
desempenho inovativo de um país, região ou mesmo um setor não pode ser avaliado
enfocando apenas os esforços e as realizações das empresas individualmente. Conforme esse
conceito, a inovação é um processo que resulta da interação entre os players da mesma
natureza ou de diferentes naturezas institucionais.
Embora seja uma abordagem relativamente recente, é interessante conceber os
Sistemas Nacionais de Inovação como um esforço intelectual antigo. Talvez, o ponto de
partida dessa análise sejam os estudos sobre a divisão do trabalho de Adam Smith – o
primeiro autor a considerar a importância da ciência e da tecnologia no processo de divisão do
trabalho –, em 1776. Entretanto, em suas pesquisas, Adam Smith não considerava inovação e
desenvolvimento de competências como processos sistêmicos (LUNDVALL et al., 2002). Foi
Friedrich List, em 1841, o primeiro a abordar o conceito de Sistemas Nacionais de Produção e
Aprendizagem, levando em conta um amplo conjunto de instituições nacionais – incluindo
aqueles envolvidos na educação e na formação –, bem como infraestruturas – como redes para
o transporte de pessoas e mercadorias (FREEMAN, 1995).
Mais tarde, o conceito de inovação foi introduzida pela primeira vez na literatura
econômica por Schumpeter (1934, apud Furtado et al., 2011), que argumentou que a inovação
era a principal causa do desenvolvimento econômico e também do desequilíbrio no sistema
econômico. O autor classificou em “desruptivas” as inovações que causavam uma
descontinuidade no equilíbrio econômico, creditando aos empresários a responsabilidade
pelas inovações. Em seus estudos posteriores, Schumpeter reconheceu que a inovação não era
só conduzida individualmente por empresas. Muitos investidores e financiadores fomentavam
a inovação, assumindo o risco de criar novos recursos monetários para financiar a inovação.
Essa visão, no entanto, restringia-se à inovação para o setor empresarial (FURTADO et al.,
2011).
Somente na década de 1980 o conceito de Sistema de Inovação foi efetivamente
introduzido na literatura por Lundvall (1985) – ainda assim, sem o adjetivo “nacional”
adicionado a ela – com o objetivo de capturar as relações e interações entre os institutos de
pesquisa, laboratórios de empresas e universidades na produção do conhecimento.
Finalmente, em 1987, Freeman – em uma tentativa de explicar que a inovação por parte das
empresas não poderia ser explicada sem a compreensão de questões políticas, sociais e
22
institucionais que se manifestaram a nível nacional – utiliza pela primeira vez a expressão
Sistema Nacional e Inovação. Segundo o autor, o SNI visa integrar vários tipos de
organização com diferentes racionalidades institucionais no processo de inovação.
Por definição, os sistemas de inovação não abrangem apenas empresas e laboratórios
de P&D, mas também órgãos do governo, de educação e de formação, organizações de
crédito, políticas industriais e de ciência e tecnologia, instituições e regras etc. Todos estes
elementos estão preocupados com a geração e difusão do conhecimento para a inovação
dentro de um sistema econômico nacional (FREEMAN, 1987).
Um ano após a publicação do trabalho de Freeman (1987) sobre a inovação no Japão,
Lundvall (1988) continuou trabalhando na mesma direção dos SNI, porém com maior foco
nas interações entre as empresas, sobretudo usuários e fornecedores. Segundo o autor, as
empresas não se encontravam isoladas dentro do sistema e precisavam de uma grande
quantidade de conhecimento de outras empresas.
Outro autor seguramente importante para o desenvolvimento do conceito de SNI foi
Nelson, que ainda na década de 1980 propôs a comparação do sistema dos EUA de ciência e
tecnologia com outros sistemas nacionais (LUNDVALL et al., 2002).
Assim, quando Freeman, Nelson e Lundvall se reuniram em um grande projeto sobre a
mudança técnica e da teoria econômica, foi desenvolvido um livro com quatro seções sobre
Sistemas Nacionais de Inovação (LUNDVALL et al., 2002). Mais recentes referências-padrão
sobre os sistemas nacionais de inovação são os três livros editados por Lundvall, Nelson e
Edquist na década de 1990 (LUNDVALL, 2007).
Desde a década de 1980, a literatura internacional documenta a crescente influência da
abordagem SNI. Várias organizações supranacionais – notadamente a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) – têm absorvido ou estão começando a
usar o conceito SNI como parte integrante da sua perspectiva analítica (LUNDVALL, 2002).
Atualmente, o conceito de SNI tem sido importante na justificativa de como o
crescimento econômico pode ser desenvolvido e sustentado. No entanto, encontrar uma
demarcação clara do Sistema Nacional de Inovação na literatura não é uma questão fácil.
Atualmente, como não há nenhuma definição consensual acerca de um Sistema Nacional de
Inovação (OECD, 1997), várias definições já foram propostas, tais como:
23
Quadro 2 – Definições de Sistema Nacional de Inovação
Autor e ano Definição de Sistema Nacional de Inovação
Freeman, 1987 “… a rede de instituições dos setores público e privado cujas atividades e
interações iniciam, importam, modificam e difundem novas tecnologias.”
Lundvall, 1992
“… os elementos e relações que interagem na produção, difusão e utilização de
conhecimento novo e economicamente útil (...) e que estão localizados dentro
ou radicados no interior das fronteiras de uma nação.”
Nelson, 1993 “... um conjunto de instituições cujas interações determinam o desempenho
inovador (...) das empresas nacionais.”
Patel e Pavitt, 1994
“... as instituições nacionais, as suas estruturas de incentivo e de suas
competências, que determinam a taxa e a direção da aprendizagem tecnológica
(ou o volume e a composição das atividades geradoras de mudança) em um
país.”
Metcalfe, 1995
“... conjunto de instituições distintas que conjuntamente e individualmente
contribuem para o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias e que
constituem o quadro no qual os governos formam e programam políticas
destinadas a influenciar o processo de inovação. Como tal, é um sistema de
instituições interconectadas para criar, armazenar e transferir os conhecimentos,
habilidades e artefatos que definem as novas tecnologias.”
Fonte: Adaptado de OECD (1997)
Sendo assim, podemos concluir – com base nas propostas de diversos autores – que o
SNI constitui um conjunto de diferentes atores, tais como empresas, centros de P&D, centros
educacionais, agências governamentais e financeiras que cooperem no processo de
desenvolvimento tecnológico, de forma que a inovação não consiste em uma iniciativa isolada
por uma única empresa, mas resultante da interação de diversas instituições.
O surgimento do conceito de Sistemas de Inovação e suas peculiaridades já foi
contemplado na obra de diversos autores, tais como Charles Edquist, na década de 90. Em um
de seus trabalhos, Edquist e Hommen (1999) enumeram nove características para as
abordagens de Sistemas Nacionais de Inovação, conforme apresentadas a seguir:
Inovação e processos de aprendizagem são o foco. A inovação tecnológica é um
“processo de aprendizagem”, já que pressupõe a produção de novos
conhecimentos ou a combinação de elementos existentes de conhecimento.
24
Adotam uma perspectiva holística e interdisciplinar. Os SNI são holísticos no
sentido de que tentam abranger uma ampla gama dos determinantes da inovação.
Ainda, são interdisciplinares no sentido de que incluem, não só fatores
econômicos, mas também fatores organizacionais, políticos e sociais.
Empregam perspectivas históricas. Como os processos de inovação se
desenvolvem ao longo do tempo e incluem a influência de muitos fatores e
processos de feedback, estes são mais bem estudados em termos de co-evolução do
conhecimento, da inovação, organizações e instituições.
Salientam as diferenças entre os sistemas, em vez da otimização dos sistemas. Já
que a visão de Sistemas de Inovação está fixada na singularidade de cada
localidade, há mais enfoque em desvendar as diferenças entre os sistemas de
inovação do que na descoberta de um sistema ótimo.
Enfatizam interdependência e não-linearidade. As empresas quase nunca inovam
isoladamente, mas sim interagem mais ou menos próximas com outras
organizações.
Abrangem tecnologias de produtos e inovações organizacionais. Essa
característica é baseada no entendimento de que o desenvolvimento de um
conceito de inovação diferenciado consiste, necessariamente, em compreender os
relacionamentos complexos entre crescimento, emprego e inovação.
Enfatizam o papel central das instituições. Como as instituições constituem as
principais produtoras dos fluxos geradores do processo inovativo, dá-se especial
atenção a estas no estudo dos Sistemas de Inovação.
Ainda são associados com difusão conceitual. Ainda existe associação a conceitos
difusos, plurais e muitas vezes ambíguos. Assim, o desenvolvimento futuro do
conceito de SNI envolverá um progresso do atual estado de “pluralismo
conceitual” a um estado de especificação clara dos principais conceitos.
São esquemas conceituais em vez de teorias formais. A abordagem de Sistemas de
Inovação baseia-se prioritariamente no desenvolvimento de frameworks
conceituais – em vez de fundamentar-se em teorias formais –, fato principalmente
derivado de sua matriz evolucionária.
Com base nessas particularidades, conclui-se que, de fato, as abordagens de Sistemas
de Inovação preveem o envolvimento de atores e de políticas públicas de forma muito mais
25
cuidadosa e detalhada do que na abordagem inovativa linear. Isto porque, segundo os modelos
lineares de inovação – utilizados durante o período pós Segunda Guerra Mundial –, o
desenvolvimento inovativo aplicado à ciência desencadeia um fluxo unidirecional, que vai
desde a pesquisa científica básica até a aplicação comercial propriamente dita, de forma
bastante simplista. Enquanto isso, os Sistemas Nacionais de inovação pressupõem que as
diversas instituições (públicas e privadas) e processos de aprendizado têm implicações para o
desenvolvimento de estratégias corporativas e políticas de inovação (EDQUIST e HOMMEN,
1999).
Recentemente, o conceito de diferenças nacionais em capacitações inovativas
determinando desempenho nacional foi contestado, com o argumento de que as coligações
transnacionais estão mudando a face da economia mundial rumo à globalização. Em geral,
alguns autores afirmam que as fronteiras nacionais são fluídas, dentro de uma economia inter-
relacionada. Nesse caso, a ação das empresas transnacionais tenderia a integrar as fronteiras
dos principais países, o que acabaria enfraquecendo o conceito de inovação por meio do SNI
(PELLEGRIN, 2005).
Ludvall et al. (2002) defende, entretanto, que ainda é útil trabalhar com sistemas
nacionais como objeto analítico, à medida que as nações existem como entidades políticas,
com suas próprias agendas relacionadas com a inovação. Em outro estudo, embora
reconhecendo que a transferência de tecnologia internacional seja a principal fonte de avanço
tecnológico nos estágios iniciais do desenvolvimento industrial, Kim (1980) esclarece que a
eficaz assimilação de tecnologia demanda esforços locais, já que o conhecimento não está
totalmente disponível e também porque a tecnologia precisa de esforços de adaptação para
operar com eficiência.
Outro tipo de abordagem da natureza inovativa da indústria nacional se relaciona ao
conceito de Sistemas Setoriais de Inovação (SSI). Nas últimas décadas, em especial, tem
havido crescente preocupação sobre a geração endógena de inovação em determinados setores
da economia e sobre como os esforços tecnológicos e capacidades podem contribuir com
processo de desenvolvimento tecnológico. Conforme Malerba (2004):
“Um Sistema Setorial de Inovação e Produção é um conjunto de produtos novos e
estabelecidos para usos específicos e o conjunto de agentes de mercado que se
relacionam por meio de interações comerciais e não comerciais para a criação,
produção e venda desses produtos” (Malerba, 2002:250).
26
Fica claro, portanto, que o SSI foca a inovação em um setor específico uma visão
multidimensional, integrada e dinâmica de setores, a fim de analisar a inovação. Nesse
sentido, se afasta do conceito tradicional de setor utilizado na economia industrial, porque
examina outros agentes – além de empresas –, colocando ênfase tanto nas atividades não-
comerciais, como nas interações de mercado, enfocando os processos de transformação do
sistema, e não considerando os limites setoriais como estáticos (MALERBA, 2002).
De fato, o conceito dos Sistemas Setoriais de Inovação (SSI) complementa a
abordagem dos Sistemas de Inovação Nacional e Regional. Na abordagem de Chung (2004),
por exemplo, o SSI é transversal aos Sistemas Regionais de Inovação, sendo compreendido
pelo Sistema Nacional de Inovação. O autor considera, ainda, que os Sistemas Regionais de
Inovação podem ser uma ferramenta para formular os Sistemas Setoriais de Inovação, já que
as regiões podem concentrar setores industriais específicos para o desenvolvimento de suas
economias.
Segundo Malerba (2004), a adoção de uma abordagem setorial deriva da hipótese de
que empresas heterogêneas – mas que tendem a utilizar tecnologias semelhantes – buscam
bases de conhecimento análogas e estão situadas em um mesmo ambiente institucional,
compartilhando alguns traços organizacionais comuns e desenvolvendo padrões de
aprendizado, comportamento e formas organizacionais semelhantes. Neste estudo, mais
especificamente, torna-se relevante entender a abordagem de SSI, já que dentro do setor de
petróleo e gás nacional se estabelecem relações de fornecimento de cadeia produtiva, e, por
consequência, desenvolvem-se potenciais interações entre clientes e fornecedores, no sentido
da difusão tecnológica.
Por se tratar de um estudo essencialmente setorial, analisaremos o Sistema Nacional
de Inovação sob a ótica da indústria de petróleo e gás brasileira. Ao longo deste trabalho,
portanto, chamaremos o SNI estudado de Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e
gás.
Com base na revisão de literatura proposta nessa seção, fica claro que o conceito de
Sistemas Nacionais de Inovação tem sido importante para esclarecer como o crescimento
econômico se desenvolve e se sustenta dentro de um país. Talvez, a maior contribuição dessa
abordagem para o estudo do avanço tecnológico consista na forma sistêmica da inovação,
indicando visivelmente a existência de movimentos nacionais impactados pelo contexto
socioinstitucional nos quais seus diversos agentes interagem.
27
3.1 ANÁLISE DE SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO
Com o objetivo de compreender melhor a dinâmica do desenvolvimento tecnológico
no ambiente econômico, devemos procurar entender como as inovações específicas de um
país estão entrelaçadas dentro do sistema global. Nesse contexto, alguns autores
desenvolveram modelos de análise de Sistemas Nacionais de Inovação, que levam em
consideração as dinâmicas e os principais atores que interagem na geração sistêmica da
inovação.
Lundvall (1992) realiza um dos primeiros esforços nesse sentido, ao afirmar que um
SNI seria composto por instituições e relacionamentos que interagem na produção de novos
conhecimentos. Entre os componentes deste sistema, destaca-se a estrutura produtiva do país,
já que a própria definição de inovação – primeira aplicação comercial de um produto ou
processo – pressupõe a existência de empresas.
A partir do trabalho de Lundvall (1992), diversas análises foram realizadas visando
entender a complexidade da geração da inovação no contexto nacional. O que esses estudos
têm em comum é a tentativa de descrever e comparar as mais importantes instituições,
organizações, atividades e interações dos agentes públicos e privados que participam ou
influenciam o processo de inovação de um país.
Desde o final dos anos 1990, por exemplo, o quadro conceitual representado na Figura
7 serve como uma concepção dominante de muitos estudos sobre sistemas nacionais de
inovação.
A figura demonstra os blocos principais de um SNI em um cenário político e prático,
incluindo empresas, universidades e outras organizações públicas de pesquisa. A interação é
representada pelas setas que se referem à aprendizagem interativa e difusão do conhecimento.
O bloco “demanda” diz respeito ao nível e qualidade de demanda que pode ser um fator de
atração para as empresas inovarem. Finalmente, as instituições são representadas em blocos
de construção "condições" e "infraestrutura", incluindo diversas leis, políticas e regulamentos
relacionados à ciência, tecnologia e empreendedorismo (POLT et al., 2001).
28
Figura 7 – Modelo padrão de Sistema Nacional de Inovação
Fonte: GROENEWEGEN e STEEN (2006)
A partir das referências utilizadas na concepção desse modelo conceitual, foi
desenvolvido um dos frameworks mais relevantes para a análise de Sistemas Nacionais de
Inovação, quando Bartholomew (1997) propôs uma abordagem para a análise da
biotecnologia.
Assim como Lundvall (1992), a autora concorda que a acumulação de conhecimento é
o ponto central do SNI. Em seu esquema conceitual, Bartholomew (1997) cria duas
dimensões de interação do conhecimento – instituições de P&D e indústria –, que entrariam
em contato, formando o fluxo de conhecimento da nação. Além disso, coloca que o contexto
institucional pode intervir diretamente no comportamento do setor, fazendo com que o fluxo
de conhecimento seja determinado por fatores internos ao espaço geográfico da nação. Por
outro lado, a utilização de conhecimento externo também influenciaria o processo de difusão
tecnológica, já que participa da formação do estoque de conhecimento na indústria.
Para concretizar sua análise, Bartholomew (1997) aplica seu framewok em diferentes
países – Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Alemanha –, buscando traçar características
particulares para os modelos de desenvolvimento tecnológico no setor. Isto porque as
Demanda•Consumidores e Produtores
Infraestrutura
Condições
Firmas Sistemas
de
Educação
Interação
•Regras financeiras e
informação
•Direito de propriedade
intelectual
•Conselho de
inovação
•Padrões
•Treinamento
vocacional
•Universidades
•Organizações
de Pesquisa
Públicas
•Pesquisa Política
•Organizações
•Intermediário do
conhecimento
•Grandes
empresas
(multinacionais)
•Pequenas e
médias empresas
•Empresas
iniciantes
•Regras de
financiamento
•Impostos
•Mobilidade dos
trabalhadores
•Incentivos
internacionais
•Empreendedorismo
•Regras
•TIC
Institutos de Pesquisa
Intermediários
Knowledge Brokers(intermediários do conhecimento)
Suporte à
inovação
Normatização
técnica e legal
29
diferenças entre os países e seus contextos nacionais em termos de cultura e organização
industrial fazem com que os modelos de SNI não sejam adaptáveis a todo o mundo (Nelson e
Rosenberg, 1993).
Com base nessa premissa, Liu e White (2001) propuseram um modelo genérico para
analisar sistemas de inovação, baseado em cinco atividades fundamentais: pesquisa (pesquisa
básica, desenvolvimento e engenharia), implementação (fabricação), consumo (consumidores
do produto), educação (capacitação de trabalhadores no processo produtivo) e sinergia (aporte
de conhecimento complementar). Os autores pretendiam, mais do que apenas descrever o
papel do desempenho dos atores, instituições e políticas constituintes do SNI, focar em
determinadas características do sistema, incluindo a forma como as atividades são distribuídas
dentro deste, suas fronteiras e mecanismos de coordenação.
Segundo os autores, existem três elementos determinantes na estruturação dos SNI:
atores primários, atores secundários e instituições. Atores primários são as organizações que
realizam uma das cinco atividades fundamentais identificadas. Atores secundários são
organizações que afetam o comportamento e a interação entre os atores primários. Já as
instituições são o conjunto de práticas, regras e outras organizações que guiam ou restringem
o comportamento dos atores.
A partir da estruturação dessas informações sobre o SNI, seria possível, então, realizar
uma análise comparativa entre os diferentes sistemas de inovação. Para isso, os autores
identificaram três fatores básicos, que foram analisados de forma descritiva no estudo: a
estrutura, a dinâmica e o desempenho da indústria nacional. No estudo de Liu e White (2001),
essa análise é realizada na China, um país que passou por grandes transformações culturais e
econômicas após o processo de abertura econômica, a partir dos anos 80.
Outro aspecto dos Sistemas Nacionais de Inovação a ser considerado pode estar
relacionado à natureza do processo de inovação nos países em desenvolvimento. Desde a
década de 80, tem havido crescente preocupação sobre a geração de inovação em países
menos desenvolvidos e sobre como os esforços tecnológicos podem contribuir com processo
de catching-up (FURTADO et al., 2011).
Talvez, a principal diferença entre os modelos de Sistemas Nacionais de Inovação
conduzidos em países desenvolvidos e os frameworks conceituais elaborados para estudo em
nações em desenvolvimento seja o reconhecimento de que, no segundo caso, a transferência
de tecnologia internacional é a principal fonte de progresso tecnológico nos estágios iniciais
30
do desenvolvimento industrial. No caso do Brasil, por exemplo, em especial no setor de
petróleo e gás, fica claro que a efetiva absorção de tecnologia requer esforços de assimilação
do conhecimento externo, além da adaptação local para que a tecnologia possa operar
eficazmente.
Sob essa perspectiva, Intarakumnerd et al. (2002) desenvolveram um estudo que
buscou entender os SNI em países em desenvolvimento, usando a Tailândia como estudo de
caso. Ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos – em que o SNI acompanha o
progresso econômico da nação –, o Sistema Nacional de Inovação tailandês não é compatível
com seu nível de desenvolvimento econômico, já que, apesar de o país ter passado de um
sistema agrícola para uma economia industrial, seu SNI manteve-se fragilizado.
Segundo os autores, no contexto tailandês, não basta apenas analisar os atores
constituintes do SNI do país, mas também examinar a interação entre eles, que, em geral, são
fracas e fragmentadas. Nesse sentido, são destacados sete tipos de relacionamento entre
usuários, empresas, governo e universidades, que tentam explicar os principais gargalos
existentes no Sistema de Inovação Tailandês: (a) fraco relacionamento entre produtores e
usuários; (b) fraca cooperação entre empresas de mesma indústria ou de indústrias
relacionadas; (c) fraco relacionamento entre subsidiárias e a matriz de empresas
transnacionais em território tailandês; (d) fraca cooperação entre universidades e indústria; (e)
fraca relação entre empresas industriais e organizações públicas de P&D; (f) políticas de
capacitação do governo limitadas no estímulo à capacitação técnica profissional; e (g)
incentivos governamentais fiscais e financeiros não eficazes no estímulo à demanda por
investimentos no setor privado.
A fragilidade dos relacionamentos entre os principais atores do SNI da Tailândia
podem ser úteis para identificar, no presente trabalho, os gargalos do Sistema de Inovação
Brasileiro de petróleo e gás, principalmente pela semelhança histórica industrial entre os dois
países. Assim como a Tailândia, o Brasil teve sua estrutura econômica alterada – nas últimas
décadas – para uma no qual o setor industrial ganhou significativa importância. No entanto,
apesar do ritmo de exportação de produtos manufaturados pelos dois países ter aumentado nas
últimas décadas, grande parte do território dessas duas nações ainda está voltada para as
atividades agrícolas.
Outro exemplo foi um estudo recente desenvolvido por Furtado et al. (2011), que
procurou analisar o Sistema de Inovação Sucroalcooleiro Brasileiro. Segundo os autores, o
31
sucesso nacional na produção de cana-de-açúcar não pode ser entendido como baseado apenas
nas vantagens brasileiras relacionadas à natureza do solo e ao clima propício ao cultivo da
cana-de-açúcar, mas sim como o resultado de esforços que culminaram em uma trajetória
positiva de aprendizado tecnológico. O artigo avalia os aspectos-chave do sistema de
inovação construído ao redor da indústria sucroalcooleira nacional, por meio de um
framework conceitual que considera, particularmente, políticas de P&D e inovação e
estratégias dos principais players do setor, incluindo moinhos de cana, fornecedores,
instituições de pesquisa públicas e privadas e agências governamentais.
Com base na constatação de que os SNI seriam formados não apenas por instituições
nacionais, mas também por relacionamentos e interações entre estas instituições
(LUNDVALL, 1992), Barbosa (2005) desenvolveu um estudo que visou verificar a qualidade
da participação de uma empresa no Sistema Nacional de Inovação em que está inserida, por
meio de indicadores que refletissem a qualidade e a intensidade de suas relações no sistema.
Segundo o autor, tão relevante como a capacitação de uma empresa em inovação
tecnológica, são também as externalidades produzidas por seus relacionamentos com os
demais integrantes do SNI. Tais relacionamentos definem as seis dimensões da participação
de uma empresa na construção e operação de um SNI, conforme apresentado no Quadro 3:
Quadro 3 – Dimensões básicas do Sistema Nacional de Inovação
Dimensões do SNI Características
Relacionamento da empresa
com outras empresas
nacionais.
Canais de comunicação estabelecidos pela empresa para a troca,
principalmente, de estoques de conhecimento com outras empresas.
Relacionamento da empresa
com o Setor Público.
Órgãos públicos são capazes de regulamentar ações de empresas
produtoras. Em alguns casos, funcionam, ainda, como clientes, com
grande poder de barganha em relação às empresas.
Relacionamento da empresa
com o Sistema Nacional de
Ciência e Tecnologia (C&T).
Instituições privadas e públicas de P&D e universidades.
Relacionamento da empresa
com o Sistema Nacional de
Educação.
Atividades de transmissão de conhecimento para os profissionais da
empresa que trabalham em inovações tecnológicas e conhecimento de
domínio público através da pesquisa universitária.
Relacionamento da empresa
com o Sistema Financeiro
Nacional.
Mercado de capitais ou sistema baseado em crédito. Propiciam, no caso
do primeiro, um ambiente menos hostil às inovações, e, no caso do
segundo, maiores possibilidades de transferência de conhecimento entre
tomadores e instituições de crédito.
Conhecimento estrangeiro.
Assimilação e operacionalização de tecnologias sofisticadas, vindas do
exterior. Requerem alguma capacidade nativa de P&D, mesmo que esta
seja voltada basicamente para adaptações em produtos e processos.
Fonte: O autor com base em BARBOSA (2005)
32
Como proposta do estudo, Barbosa (2005) deu atenção especial às empresas de capital
estrangeiro com atuação no território brasileiro, que segundo o autor, formam um subconjunto
importante em termos de participação na economia nacional.
Por fim, vale destacar alguns trabalhos que optaram por contextualizar Sistemas de
Inovação no setor de petróleo e gás. Furtado (1997), por exemplo, realizou um estudo sobre
os SNI na indústria de petróleo francesa, com foco na importância das políticas públicas e nos
padrões setoriais de mudança tecnológica para o SNI.
De acordo com o autor, as políticas públicas desempenham um papel decisivo na
constituição dos sistemas de inovação, notadamente quando o setor privado não é forte o
suficiente para assumir a liderança e quando a cooperação entre empresas não é comum, até
mesmo dentro das fronteiras nacionais. A política do governo pode, então, criar condições
favoráveis para essa cooperação, desempenhando um papel ativo de criação das ligações que
faltam no sistema.
Outro estudo, realizado por Persaud et al. (2003), trata da inovação no setor upstream
do setor de petróleo e gás canadense. Nesse trabalho, assim como no artigo de desenvolvido
por Furtado (1997), há o reconhecimento de que, especialmente no setor de petróleo e gás, o
governo tem papel importante, principalmente por meio de parcerias, políticas e suporte para
P&D.
O artigo também dá importância à necessidade de capacitação da força de trabalho no
setor. Segundo os autores, o treinamento pode determinar a diferença entre sucesso e fracasso
nas atividades relacionadas ao petróleo, principalmente por conta dos altos custos dos
equipamentos e processos relacionados à exploração e produção – que exigem capacitação
para que possam ser operados. Desta forma, sem empregados qualificados, significativos
investimentos podem se perder no uso da tecnologia.
Além disso, em território canadense, dada a concentração regional da indústria de
petróleo e gás, há significativas oportunidades de inovação no setor. Isto porque os esforços
cooperativos são requeridos pela indústria, pelo governo e mesmo pelas universidades de
forma a direcionar esforços do setor e a focar capacitações nas áreas mais promissoras.
No Brasil, a cooperação entre empresas fornecedoras e operadoras é destaque no
estudo de Silvestre e Dalcol (2009). Nesse trabalho, os autores analisam o resultado de um
estudo empírico envolvendo 10 empresas localizadas na Bacia de Campos – uma das maiores
aglomerações nacionais de exploração de petróleo –, com o objetivo de verificar se a
33
proximidade geográfica é um fator que favorece a inovação de empresas aglomeradas,
fazendo uso das abordagens de clusters e de Sistemas de Inovação. Os autores indicam a
existência de um grupo de empresas no qual a proximidade funcionam como um fator
positivo no desenvolvimento das atividades de inovação.
3.2 MÉTODO DE ANÁLISE PROPOSTO
Neste trabalho, tomaremos como base o modelo utilizado por Barbosa (2005), que
leva em consideração as seis dimensões da participação de uma empresa na construção e
operação de um SNI.
A escolha do modelo apresentado pelo autor se dá principalmente por dois motivos.
Primeiramente, porque o padrão de análise proposto por Barbosa (2005) consegue percorrer
as diversas dimensões do Sistema Nacional de Inovação, com foco principal no papel
inovativo das empresas atuantes no país. Desta forma, conseguiríamos, a partir deste modelo,
alcançar o primeiro objetivo deste trabalho.
Em segundo lugar, porque tal framework – apesar de ter sido utilizado na obra do
autor com aplicação no setor químico – também se adequa ao setor de petróleo e gás, dada a
grande participação de empresas estrangeiras no segmento de exploração e produção nacional.
Além disso, tal perspectiva nos permitiria avaliar especificamente a participação das
empresas fornecedoras de bens e serviços no SNI, possibilitando, assim, a concretização do
segundo objetivo deste estudo.
Na Figura 8, é apresentado o esquema gráfico que configurará a análise que se
pretende realizar do Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás. Com base na
revisão de literatura proposta em seu estudo, Barbosa (2005) desenvolve seu modelo na
consideração de que a acumulação de conhecimento é o mais importante processo dentro de
um SNI, e de que o conhecimento é o recurso mais importante que tal sistema oferece à
economia nacional. Assim, o Sistema Nacional de Inovação seria composto por elementos e
relacionamentos que interagem na produção, difusão e utilização econômica de novo
conhecimento útil e o Setor Produtivo seria a dimensão mais relevante dentro do sistema. O
modelo proposto por Barbosa (2005) é composto, basicamente, por seis dimensões de
participação da empresa na construção e operação de um Sistema Nacional de Inovação.
34
Figura 8 – Esquema conceitual da participação de empresas em um Sistema de Inovação Nacional
Fonte: BARBOSA (2005)
A primeira dimensão tratada seria o relacionamento da empresa com outras o próprio
Setor Produtivo, ou seja, com outras empresas que têm atuação em território nacional. Esses
relacionamentos são marcados por trajetórias tecnológicas e blocos de desenvolvimento
específicos de cada país.
A segunda dimensão diz respeito ao relacionamento da empresa com o Setor Público.
Além de ser o maior utilizador de inovação em termos nacionais, o Setor Público ainda possui
papel regulador, fornecendo políticas e orientações ao sistema de inovação.
O relacionamento da empresa nacional com o Sistema de Nacional de Ciência e
Tecnologia (C&T) é o foco de atenção da terceira dimensão, formada por instituições públicas
e privadas de P&D e por universidades. Em geral, laboratórios industriais e grandes empresas
de P&D têm importante papel no desenvolvimento e comercialização de grandes tecnologias,
enquanto as universidades delimitam seu foco na concepção de pequenas invenções, que
poderão ser levadas futuramente ao mercado.
A quarta dimensão trazida no modelo de Barbosa (2005) trata do relacionamento da
empresa com o Sistema Nacional de Educação. Em geral, quando falamos de educação,
35
estamos tratando da pesquisa universitária, que produz tanto atividades de transmissão de
conhecimento para empresas como cria conhecimento de domínio público.
A quinta dimensão diz respeito ao relacionamento da empresa com o Sistema
Financeiro Nacional, que promovem um ambiente propício à inovação por meio de um forte
mercado de capitais ou mesmo do desenvolvimento de atividades de geração de crédito. Em
geral, instituições públicas de financiamento são relevantes atores no processo inovativo do
país, já que financiam grande parte das pesquisas que pretendem lançar invenções no
mercado.
Por fim, temos como sexta dimensão o relacionamento da empresa com o Setor
Externo, ou seja, a importação de conhecimento estrangeiro. Principalmente no setor de
petróleo e gás, esta dimensão é de grande importância, já que um percentual considerável de
tecnologia utilizada nos processos de exploração e produção do petróleo advém do
conhecimento importado de outros países.
Barbosa (2005) considera, ainda, três variáveis intervenientes (mediadoras) do
fenômeno estudado. São elas: ambiente organizacional da empresa, resultado do esforço da
empresa em atividades de inovação tecnológica e autonomia da empresa para condução de
atividades de inovação tecnológica. Segundo o autor:
“Com relação à variável de pesquisa 7 (Ambiente Organizacional da Empresa), ela é
formada por fatores de natureza organizacional que concorrem para o sucesso de
desenvolvimento de produtos em organizações (CALANTONE et al., 1997). Por sua
vez, a variável de pesquisa 8 (Resultado do Esforço da Empresa em Atividades de
Inovação Tecnológica) é formada por indicadores usuais de resultado de inovação
tecnológica, grande parte deles utilizados pela ANPEI (Associação Nacional de
Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Industriais). No que concerne à variável de
pesquisa 9 (Autonomia da Empresa para Condução de Atividades Próprias de
Inovação Tecnológica), ela é composta por fatores de natureza estratégica que
condicionam a autonomia de uma empresa, para a condução de atividades próprias de
inovação tecnológica” (BARBOSA, 2005).
Neste trabalho, a utilização do modelo de Barbosa (2005) será feita em duas diferentes
etapas: no capítulo 4 as variáveis de 1 a 6 servirão de base para a descrição dos principais
atores e arranjos institucionais de um SNI que exercem influência, atualmente, na realização
de atividades de E&P no Brasil; já no capítulo 5, o modelo do autor fundamentará a estrutura
básica para a elaboração do questionário que será aplicado às empresas fornecedoras do
seguimento de E&P de petróleo e gás.
36
4 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS
Segundo Pellegrin (2005), o Sistema Brasileiro de Inovação do Setor de Petróleo e
Gás é resultante de uma série de movimentos históricos que envolvem políticas públicas,
programas e ações de governo, da iniciativa privada e de organizações não governamentais,
além de investimentos públicos e privados, entre outros fatores que contribuíram para que se
alcançasse sua posição atual.
Com base nessa perspectiva e na literatura existente sobre Sistemas de Inovação
Nacionais, identificaremos, a partir de agora, os principais atores, arranjos institucionais e
práticas do Sistema Brasileiro de Inovação de petróleo e gás sob o ponto de vista de suas seis
principais dimensões identificadas no esquema conceitual proposto por Barbosa (2005): Setor
Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema de Educação, Sistema Financeiro e Setor
Externo.
4.1 SETOR PRODUTIVO
Segundo Lundvall (2007), as empresas são as unidades que desempenham o papel
mais importante no sistema inovativo, já que constituem os principais responsáveis por levar
ao mercado o resultado final do processo de inovação e dos fluxos de conhecimento do SNI.
Lundvall (2001) sugere que as empresas inovam em um procedimento de colaboração,
já que não existe empresa que reúna todos os elementos necessários para o desenvolvimento
de um novo produto ou serviço. Assim, dentro do Setor Produtivo, as empresas não são
isoladas e precisam de uma grande quantidade de conhecimento de outras empresas para que
se sustentem no mercado. Tanto utilizadores como produtores de bens de capital devem
interagir de perto com a produção efetiva das novas tecnologias (LUNDVALL, 1988).
O elo upstream do setor de petróleo e gás ressalta essa ideia de cooperação entre
empresas exploradoras e fornecedoras, já que grande parte da inovação desenvolvida advém
dos departamentos de P&D das empresas fornecedoras, em conjunto com as grandes empresas
de E&P com atuação nacional (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009; PROMINP, 2008a). Dantas (1999) apoia essa afirmação ao declarar que, na atividade
offshore, um ponto particularmente relevante na análise do processo de capacitação
tecnológica diz respeito ao necessário envolvimento dos diversos agentes e instituições –
empresas de petróleo, fornecedores e aparato técnico-científico – no desenvolvimento de
novos conceitos, produtos e serviços. Em decorrência, a coordenação dos esforços inovativos
37
referente a este conjunto de instituições é, certamente, um fator analítico fundamental para a
discussão.
Nesse contexto de cooperação dentro do Setor Produtivo, Tidd, Bessant e Pavitt
(1997) relacionam algumas formas de colaboração para aquisição de tecnologia de outras
organizações: subcontratação, licenciamento de tecnologia, consórcio de pesquisa, alianças
estratégicas, “joint ventures” e associação em rede. Silvestre e Dalcol (2007) apontam para a
forte presença desta última forma de colaboração na indústria de petróleo.
De forma geral, a associação em rede pode apresentar algumas vantagens dentro de
determinados setores. Como principal vantagem, Tidd, Bessant e Pavitt (1997) apontam o
acesso ao aprendizado por meio de relacionamentos com outras organizações. Tais
relacionamentos podem trazer, ainda, custos menores em transações, o que faz com que uma
empresa prefira negociar tecnologia com membros da própria rede. Figueiredo (2003), ao
destacar que as conexões de conhecimento, quando bem estabelecidas, podem contribuir para
o processo de aprendizagem das firmas, permitindo que estas adquiram capacitações
tecnológicas para enfrentar os desafios impostos pelo mercado e realizar mudanças
tecnológicas e inovações.
Outro aspecto relevante a ser apontado sobre a inovação no Setor Produtivo do setor
de petróleo foi levantado por Furtado (1997). Segundo o autor, podemos encontrar, na
indústria do petróleo, grandes diferenças de regimes de apropriação de acordo com a posição
na cadeia produtiva. Nas atividades de upstream – foco desse estudo – o grau de
apropriabilidade é fraco, principalmente por causa da natureza interativa do processo de
inovação entre as grandes empresas de E&P e as empresas especialistas. A estratégia das
empresas petrolíferas é aumentar a concorrência entre os fornecedores, a fim de reduzir o seu
poder de barganha.
Segundo Pellegrin (2005):
“O sistema setorial de inovação da indústria do petróleo e o gás natural é formado por
um conjunto de atores heterogêneos (empresas, instituições de pesquisa, governo)
articulados entre si. Esse sistema conta, pelo lado produtivo, com dois grupos distintos
de empresas. As operadoras assumem as diversas etapas da cadeia produtiva do
petróleo e do gás natural, que vai da extração à distribuição do produto final
processado. Os fornecedores constituem um grupo heterogêneo de empresas que
fornece uma vasta gama de bens, de materiais a equipamentos complexos, e prestam
uma grande diversidade de serviços de apoio à produção, mais ou menos
especializados” (PELLEGRIN, 2005).
38
Com base nas ideias apresentadas por Pellegrin (2005), classificaremos, a partir de
agora, as empresas do setor de petróleo e gás em dois diferentes tipos: empresas operadoras,
com atuação no território brasileiro – dentre as quais se destaca a Petrobras – e fornecedores
diretos, atuantes em toda a cadeia produtiva de petróleo. A seguir, caracterizaremos o escopo
de atuação de cada um desses grupos de empresas, destacando seu papel e contribuição no
Sistema Nacional de Inovação.
4.1.1 Empresas Operadoras
A década de 1990 marcou o fim no monopólio legal da Petrobras na exploração e
produção de petróleo no Brasil, com a aprovação da Lei do Petróleo – em 1997. Nesse ano,
foi criada – pela Lei 9.478 – a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), com a finalidade de promover a regulação, a contratação e a fiscalização das
atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo.
No cumprimento de suas funções, a ANP tem realizado a concessão de blocos para
exploração por meio licitações públicas, chamadas rodadas de licitações. As empresas
interessadas nos blocos de uma rodada recebem dados técnicos, sumários geológicos e demais
informações de todas as bacias e setores oferecidos (SILVA e AMARAL, 2009). Desta forma,
abriu-se a possibilidade de atuação de outras empresas operadoras no país, o que elevou o
montante de investimentos e o consequente desenvolvimento de atividades inovativas no
setor.
Em um trabalho realizado por Furtado (2002), que visava analisar a mudança
institucional provocada pela quebra do monopólio da Petrobras sobre a exploração de petróleo
no país, o autor divide a atuação da principal operadora de campos de petróleo do país em
dois momentos: a fase I, quando a Petrobras era a única empresa exploradora de jazidas de
hidrocarbonetos em território nacional, e a fase II, após a quebra do monopólio legal.
Na fase I, a Petrobras exercia a maior parte das funções do sistema setorial de
inovação, o que dava maior convergência a essa rede de inovação. Em geral, tal rede era
bastante eficiente, principalmente porque como a estatal era o ator que planejava, financiava,
executava, e usava o conhecimento gerado, os fornecedores de bens e serviços acabavam
utilizando uma linguagem comum. O problema, nesse caso, era a perda da diversidade
tecnológica, resultado da centralização das atividades em um único ator. Assim, a Petrobras
consistia o polo mais desenvolvido, enquanto as instituições acadêmicas e as empresas
39
fornecedoras tinham uma posição mais frágil no sistema. Além disso, durante os anos 90,
verificou-se uma tendência da Petrobras de buscar associações com empresas estrangeiras em
seu Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas (Procap) para desenvolver
tecnologia, deixando de lado os fornecedores nacionais (FURTADO, 2002).
Já na fase II, com a quebra do monopólio da Petrobras, passou a existir o risco de que
a estatal viesse a deixar de lado algumas das missões que lhe foram atribuídas. Em
decorrência da quebra do monopólio, a Petrobras poderia abandonar sua lógica de atuação
como empresa pública para assumir o papel de companhia submetida à concorrência.
Antecipando essa ameaça, foi criado o CTPetro6, que reformulou a o arranjo institucional
vigente na fase I (FURTADO, 2002).
As rodadas de licitação promovidas pela ANP entre 1999 e 2009 fizeram com que 68
operadoras realizassem atividades exploratórias nas bacias sedimentares brasileiras no fim de
2009. Nesse contexto, dos 404 blocos exploratórios sob concessão em atividade, 113 estavam
sendo explorados somente pela Petrobras, 175 pelas demais operadoras e 116 por parcerias
entre Petrobras e outras operadoras (ANP, 2010).
Segundo o Relatório da Produção de Petróleo e Gás Natural, elaborado mensalmente
pela ANP – referente ao mês de março de 2011 –, atualmente 43 operadoras exploram
petróleo e gás em território nacional. Apesar disso, a Petrobras ainda é responsável por 92,2%
da produção de petróleo e por 96,9% de gás natural no Brasil. Depois da Petrobras, os maiores
produtores de petróleo no Brasil são a americana Chevron, a anglo-holandesa Shell, a
japonesa Frade e a indiana ONGC.
Tal constatação fica ainda mais evidente quando analisamos a Figura 9, que apresenta
os vinte campos com maior produção de petróleo e gás natural no país. Destes, somente os
campos de Frade e Ostra não estão sob o domínio da Petrobras. Assim, apesar das novas
empresas entrantes no segmento de E&P, a capacidade inovativa no setor de petróleo e gás
nacional ainda está concentrada na Petrobras. Isto porque a maturação dos investimentos em
projetos de exploração e produção – em especial em campos offshore – leva, em média, oito
anos. A Shell e Chevron, por exemplo, são empresas que já figuravam como produtoras em
6 Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural, criado em 1999, tem o objetivo de “estimular a inovação na cadeia
produtiva do setor de petróleo e gás natural, a formação e qualificação de recursos humanos e o desenvolvimento
de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do
País, visando ao aumento da produção e da produtividade, à redução de custos e preços e à melhoria da
qualidade dos produtos do setor” (FINEP, 2011).
40
2005 e, no médio prazo, especialistas concordam que a tendência é que a rivalidade no setor
seja ampliada (FERNANDES, ARAÚJO e CAPOBIANCO, 2005).
Figura 9 – Vinte campos com maior produção de petróleo e gás no Brasil
Fonte: ANP (2011b)
4.1.2 Fornecedores Diretos
O relatório “Infraestrutura Econômica no Brasil: diagnósticos e perspectivas para
2025” sugerem a existência de uma tendência de aumento do volume de compras da Petrobras
até 2025, em conformidade com as projeções de expansão da produção e do consumo
domésticos de petróleo e de gás natural. Cria-se, então, uma oportunidade interessante para
que o parque de fornecedores se desenvolva e se consolide como supridor competitivo,
inclusive em termos internacionais (IPEA, 2010).
Segundo Furtado (2002), a terceirização das atividades das operadoras para
fornecedores especializados é um processo antigo na indústria do petróleo e deve-se à grande
heterogeneidade de conhecimentos e de competências que precisam ser mobilizadas na
produção e processamento de petróleo e gás natural. Oliveira (2008) corrobora essa ideia ao
afirmar que a existência de redes de fornecedores é uma das principais características da
indústria do petróleo e gás no Brasil. Tais redes são estabelecidas a partir da necessidade criar
vínculos para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que
entrarão em uso na indústria. Desta forma, as empresas fornecedoras de bens e serviços
acabam se especializando na área e, muitas vezes, para determinadas operadoras.
41
No caso específico do Brasil, Oliveira (2008) aponta, ainda, duas fontes de
colaboração inovativa que são facilmente identificáveis entre as empresas operadoras e as
empresas fornecedoras de bens e serviços: (a) inspeções realizadas que forçam as empresas a
fazer modificações em seus processos produtivos e seguir padrões e normas definidos
externamente e (b) desenvolvimento de um produto elaborado pela operadora por intermédio
de seu centro de pesquisa e que precisa encontrar uma unidade produtora.
Segundo Prominp (2008a), a maior diferença da indústria de fornecedores do setor de
petróleo para a indústria total parece estar relacionada à intensidade de colaboração. De
acordo com o estudo, pouco mais de 25% da indústria fornecedora de petróleo apresenta
colaboração, contra menos de 4% da indústria total. Essa intensidade de colaboração acaba
funcionando como insumo relevante para o processo inovador, desenvolvendo, desta forma,
um ambiente mais propício à inovação entre os participantes desta rede de fornecedores
(OLIVEIRA, 2008).
Para a análise dos fornecedores diretos da indústria brasileira de petróleo e gás,
tomaremos como base o estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), que
subdivide estas empresas em oito diferentes segmentos primários: informação de
reservatórios, contratos de perfuração, serviços e equipamentos de perfuração, revestimento e
completação dos poços, infraestrutura e instalação, produção e manutenção, desativação e
apoio logístico No presente estudo, agruparemos tais segmentos em cinco macroprocessos:
Figura 10 – Macroprocessos de análise do mercado de bens e serviços para E&P
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
Não consideraremos neste trabalho o segmento de “desativação” – encerramento da
produção de um poço –, por entendermos que este não pertence à atividade de exploração e
produção de petróleo. Da mesma forma, desconsideraremos o segmento de “apoio logístico” –
transporte de insumos, equipamentos e pessoas –, por avaliarmos ser uma área de suporte, que
não está diretamente relacionada à exploração.
Informação de
Reservatórios
Perfuração
de Poços
Revestimento e
Completação InfraestruturaProdução e
Manutenção
11 22 33 44 55
42
A partir de agora, analisaremos mais intimamente cada um dos cinco macroprocessos
propostos, buscando observar a conjuntura do setor, as principais empresas que nele atuam, a
forma como a P&D são conduzidas internamente e as possíveis redes de inovação existentes
entre tais empresas fornecedoras e as grandes empresas operadoras. Ainda, para alguns dos
macroprocessos de análise, trataremos também dos principais inputs advindos dos segmentos
de equipamentos apresentados no estudo do Prominp (2008a), que identifica alguns
segmentos produtivos de relevância econômica e importância estratégica para o
desenvolvimento do setor de petróleo e gás brasileiro no momento atual.
4.1.2.1 Informação de Reservatórios
A indústria da sísmica desempenha um papel bastante relevante dentro da cadeia
produtiva do petróleo. Nesse segmento, tecnologias e técnicas mais recentes têm permitido a
realização de novas descobertas – como o pré-sal – e um melhor entendimento e interpretação
das características dos reservatórios. Isto vem possibilitando às empresas operadoras
aperfeiçoar a produção tanto de áreas recém-descobertas como de poços mais maduros
(REVISTA TN PETRÓLEO, 2010).
Em geral, as empresas de petróleo contratam empresas especializadas para este tipo de
levantamento ou adquirem os dados diretamente de empresas que já realizaram este estudo.
Desta forma, há um mercado bastante amadurecido de dados sísmicos no país, que vem se
desenvolvendo cada vez mais com o avanço da tecnologia no segmento (REVISTA TN
PETRÓLEO, 2010).
O segmento de serviços sísmicos é um grupo relevante de serviços e equipamentos de
E&P, constituindo 6% da receita de prestadores na cadeia completa. Dentro desse segmento,
os investimentos em P&D são bastante representativos e visam, especialmente, aumentar a
precisão da informação – melhorando a qualidade da informação entregada –, diminuir os
tempos de estudo para entregar resultados aos clientes mais rapidamente e aumentar a
produtividade das frotas (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
As atividades da indústria da sísmica no Brasil iniciaram-se no final na década de
1950, com aparelhamentos analógicos. Nos anos 60, o método sísmico de reflexão passou a
ser ferramenta básica na exploração de petróleo e, anos mais tarde, com auxílio da sísmica, foi
descoberto o primeiro campo de petróleo na plataforma continental brasileira. Mas foi nos
anos 70 que a província petrolífera de Campos foi descoberta, utilizando levantamentos
sísmicos 2D. A utilização de sísmica 3D – já abordada anteriormente neste estudo – foi outro
43
momento importante para marcar os anos 80 (REVISTA TN PETRÓLEO, 2010).
Atualmente, existem navios sísmicos equipados de equipamentos automatizados capazes de
fazer um levantamento de dados sísmicos de grandes extensões com custo relativamente
baixo em período razoável de tempo.
A partir da Lei 9.478 de 1997 – que derrubou o monopólio da exploração de petróleo
no Brasil por parte da Petrobras – os levantamentos sísmicos se intensificaram, com as
empresas de aquisição de dados realizando levantamentos não exclusivos. Deste então, os
investimentos em aquisição de dados sísmicos marítimos para exploração de petróleo no
Brasil alcançaram 200 milhões de dólares ao ano, o que constituiu um aumento maior que
200% em relação à média da década anterior sob o monopólio da Petrobras (ONIP, 2003a). A
Figura 11 também ilustra esse crescimento acentuado, em especial na sísmica offshore, após a
liberalização ocorrida em 1997:
Figura 11 – Evolução da área explorada através de exploração sísmica no Brasil
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
Em 1998, a ANP concedeu autorizações a algumas empresas internacionais de
geofísica para execução de trabalhos 2D e 3D. Na época, sete empresas foram autorizadas
para trabalhos de 2D e sete empresa – quase as mesmas – receberam autorização para
levantamentos de 3D. Deste então, praticamente todas as áreas da margem continental
brasileira foram levantadas por essas empresas. Em geral, tais empresas internacionais reúnem
as competências mais completas da cadeia produtiva da sísmica de reflexão (ONIP, 2003a).
44
No momento, estão instalados no Brasil os fornecedores de serviços sísmicos de maior
relevância mundial, destacando-se empresas como a Schlumberger (por meio da
WesternGeco), a CGGVeritas e a Petroleum Geo-Service (PGS). Os escritórios dessas
companhias destinam-se fundamentalmente ao relacionamento com as companhias de
petróleo para a venda de serviços de aquisição e processamento, já que as efetivas
competências técnicas de todas essas empresas encontram-se no exterior (BAIN &
COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Segundo o relatório “Embarcações autorizadas a realizar atividades de aquisição de
dados relacionados com a atividade do petróleo e do gás natural” da Direção de Portos e
Costas (DPC, 2011), seis embarcações estão autorizadas a conduzir serviços de aquisição no
país, conforme ilustrado no Quadro 4. Destas, é válido destacar que todas são internacionais
com razões sociais no país – restrição da ANP – e que todos estes navios são de bandeira
estrangeira.
Quadro 4 – Navios de aquisição de dados de exploração de petróleo e gás no país (Maio/2011)
Nome da embarcação Empresa afretadora Bandeira
Geco Diamond WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá
Ramform Sovereign PGS Suporte Logístico de Serviços Ltda Singapura
Ramform Valiant PGS Investigação Petrolífera Ltda Bahamas
Western Monarch WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá
Wstern Neptune WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá
WG Tasman WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Chipre
Fonte: DPC (2011)
Apesar da predominância de empresas geofísicas internacionais atuantes no Brasil, é
possível observar um movimento recente de desenvolvimento de tecnologias em território
nacional, em um esforço para enfrentar os desafios encontrados pelas empresas operadoras de
poços de petróleo instaladas no país. Isto porque as propriedades da exploração de petróleo no
Brasil são bastante peculiares, fazendo com que a proximidade entre operadoras e
fornecedoras seja vantajosa para o desenvolvimento de novas soluções – especialmente para a
extração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. A CGGVeritas, por exemplo,
buscou instalar, em 2010, três centros de tecnologia no país: dois centros de processamento
45
dedicados ao 4D, em Macaé e no Rio de Janeiro, e um centro de tecnologia, no Rio de Janeiro
(REVISTA TN PETRÓLEO, 2010), o que implica uma colaboração tecnológica com alguns
operadores, mas também com universidades de alto nível existentes no país. Nesse caso, a
participação dos especialistas locais é essencial para que se formulem conhecimento e
experiência próprios.
Finalmente, é válido destacar a importância do segmento de informação de
reservatórios para o setor de exploração e produção de petróleo no Brasil. A rigor, seu valor
se acentua à medida que o custo de uma perfuração malsucedida é cada vez maior e que a
falta de capacidade do segmento acaba fazendo com que as operadoras esperem por mais
tempo para realizar os estudos de exploração (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE
ADVOGADOS, 2009).
Assim, para que o segmento seja sustentável no longo prazo, torna-se necessário
assegurar a capacidade dos fornecedores de serviços sísmicos. Deve-se, portanto, impulsionar
as indústrias ligadas à exploração sísmica: a indústria de construção naval, a mão-de-obra
local e a indústria de equipamentos. Esta situação destaca que, não somente as grandes
operadoras de petróleo necessitam dos fornecedores de bens e equipamentos, mas também os
próprios fornecedores de serviços acabam criando certa dependência desse mercado, o que
torna ainda mais complexo o Setor Produtivo do setor de petróleo e gás (BAIN &
COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
4.1.2.2 Perfuração de Poços
Para a perfuração dos poços de petróleo e gás, são empregadas sondas de perfuração,
que podem ser montadas em estruturas terrestres ou marítimas. O conjunto da sonda, da
estrutura offshore e dos equipamentos é conhecido por plataforma de perfuração (BAIN &
COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
A perfuração é uma tecnologia-chave para exploração e produção de petróleo, já que o
esforço de perfuração pode representar entre 40% e 80% dos custos totais de exploração
(Almeida, 2002). As sondas, de forma geral, pertencem às empresas parapetrolíferas
especializadas – também chamadas drillers –, sendo alugadas às empresas operadoras. Desta
forma, os equipamentos podem ser utilizados por diversas empresas ao redor do mundo, o que
maximiza sua utilização (CONOWAY, 1999). As sondas de perfuração são contratadas por
período determinado, com poucas possibilidades de flexibilidade do prazo de contratação,
principalmente por conta do aumento da taxa de utilização das plataformas nos últimos anos.
46
Nesse contexto, é interessante destacar que a taxa de aluguel diária desses equipamentos pode
chegar a 500 mil dólares (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009),
de acordo com local e com a data em que o contrato de locação foi firmado (RODRIGUES,
2007).
Ainda, segundo Rodrigues (2007), a perfuração de um poço exige uma ampla
coordenação de atividades, que devem ser realizadas de maneira continuada, podendo trazer
custos elevados nos casos de paralisação da operação. Esta atividade é intensa em mão-de-
obra – em especial quando lida com brocas – exigindo constante conexão dos tubos de
perfuração. No mundo, existiam, em 2009, 722 plataformas de perfuração, das quais somente
17% – ou seja, 126 embarcações – estavam aptas a operar em águas profundas e
ultraprofundas. Essas frotas estão dispersas pelo mundo, e muitos drillers chegam a alocar
entre 6 e 18% da sua capacidade para o Brasil (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE
ADVOGADOS, 2009).
Figura 12 – Detalhamento das frotas de drillers offshore
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
Com as descobertas do pré-sal, fica cada vez mais evidente a necessidade de
plataformas de perfuração do tipo drillships, capazes de perfurar lâminas d’água de grande
profundidade, com maior alcance que as sondas submersíveis e auto eleváveis (jackups).
Nesse contexto, evidências apontadas por Iooty (2008) indicam que todas as sondas de
perfuração em águas profundas que chegarão ao mercado entre 2008 e 2010 já estarão
comprometidas, não restando sonda alguma para oportunidades que venham surgir nos
47
próximos anos. Sendo assim, para atender à demanda do pré-sal, a Petrobras já divulgou as
licitações para a construção de novas sondas de perfuração e FPSOs (BNDES, 2011).
É interessante notar também que existiam, em território nacional, somente 11 sondas
de perfuração (do tipo drillship) atuantes em 2011, sendo todas estas operadas por empresas
estrangeiras (RIGZONE, 2011). Além disso, das 60 plataformas de perfuração que operam em
no Brasil, apenas 18% estão sob a gestão de empresas nacionais. Nos últimos anos, novas
fusões e aquisições fizeram com que o mercado mundial de perfuração de poços de petróleo
se concentrasse em poucas empresas multinacionais, tais como Pride, Noble, Diamond e
Transocean, que dominam mundialmente as operações de perfuração. Esta situação reduz o
poder comercial das operadoras brasileiras, já que a oferta de serviços de perfuração encontra-
se cada vez mais concentrada, com tendências de piorar (PROMINP, 2004).
Atualmente, duas principais empresas brasileiras atuam no mercado de drilling:
Queiroz Galvão e Schahin. A Queiroz Galvão possui seis plataformas semissubmersíveis, das
quais quatro encontram-se em operação no país. Já a Schahin detém dois navios-sonda
operando para a Petrobras em águas nacionais, sendo o mais recente o Vitória 10000,
construído na Coréia do Sul e entregue em 2010. A empresa encomendou ainda mais dois
navios sonda para águas ultraprofundas, que estão sendo construídos no estaleiro da Samsung
(RIGZONE, 2011).
A atuação nacional nas atividades de perfuração do setor de petróleo e gás é bastante
restrita quando consideramos a fabricação das plataformas de perfuração. A quantidade de
fabricantes envolvida na construção de plataformas de perfuração é limitada, principalmente
quando avaliamos apenas águas profundas e ultraprofundas. Hoje, 80% das plataformas de
águas profundas e ultraprofundas são construídas em estaleiros coreanos e cingapurianos
(BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Visando criar condições para que a construção de plataformas de última geração no
Brasil seja técnica e economicamente viável, a diretoria da Petrobras aprovou recentemente a
construção das primeiras sete sondas brasileiras – de um total de 28 – para perfuração
marítima, prioritariamente para poços do pré-sal, sendo o restante dos equipamentos também
produzido no país. O vencedor do primeiro lote da licitação foi o Estaleiro Atlântico Sul,
localizado no em Pernambuco. Assim, a Petrobras espera seguir o exemplo das plataformas de
produção, que atualmente são integralmente produzidas no país, dentro dos parâmetros de
qualidade reconhecidos mundialmente (PORTAL BRASIL, 2011).
48
É interessante ressaltar que, mesmo sendo ainda pequena a participação das empresas
nacionais no negócio de drilling, casos como o da norueguesa Seadrill – que detém cerca de
10% da frota de perfuração brasileira – ilustram que é possível estimular o desenvolvimento
de empresas nacionais a se tornam drillers no mercado mundial. O sucesso norueguês deve-se
especialmente às regras estabelecidas pelo governo do país, que garantiram a competitividade
da indústria local em um tempo em que diversos fornecedores externos tinham interesse em
atuar na Noruega (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Um exemplo desses tipos de regras foi o estabelecimento do Registro Internacional de
Navios Noruegueses (NIS), que permitiu a operadores de navios noruegueses condições
operacionais mais flexíveis. Navios registrados sob o NIS poderiam, por exemplo, escolher
entre tripulações norueguesas ou não (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE
ADVOGADOS, 2009).
Além dos equipamentos utilizados diretamente na plataforma, existem ainda diversas
outras ferramentas/equipamentos essenciais para a atividade de perfuração. Em geral, os
fornecedores desses equipamentos e insumos também disponibilizam ao mercado serviços
específicos vinculados à venda dos mesmos. Estes subsegmentos podem ser classificados em
dois grupos, de acordo com a importância e sofisticação dos serviços fornecidos: (a)
consumíveis e ferramentas de perfuração de menor tecnologia; e (b) serviços de perfuração de
alto conteúdo tecnológico (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009).
O primeiro grupo contempla subsegmentos que disponibilizam majoritariamente
ferramentas de menor tecnologia – tanto por venda, como por aluguel ou serviço – tais como
brocas de perfuração, lamas de perfuração, ferramentas de poço, aluguel de ferramentas,
serviço de pesca e controle de sólidos. Neste caso, os cinco maiores players – Smith
International, Halliburton, Baker Hughes, National Oilwell Varco e Weatherford – capturaram
66% das receitas em 2007 (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009).
Já o segundo grupo engloba subsegmentos baseados em oferta de serviços com alto
conteúdo tecnológico, tais como perfuração direcional, perfilagem convencional, perfilagem
durante a perfuração e registro de lamas. As quatro maiores empresam atuantes neste
subsegmento são: Schlumberger, Halliburton, Baker Hughes e Weatherford, que
concentraram 78% das receitas desse grupo em 2007 (BAIN & COMPANY e TOZZINI
FREIRE ADVOGADOS, 2009).
49
Para garantir a demanda desses equipamentos no país futuramente, será preciso
utilizar, inevitavelmente, serviços e equipamentos de grandes empresas internacionais.
Grande parte dessas empresas está percebendo no Brasil um potencial de investimentos,
estabelecendo escritórios comerciais, ou mesmo cogitando realizar desenvolvimento
tecnológico no país. De acordo com o estudo realizado por Bain & Company e Tozzini Freire
Advogados (2009), os centros de P&D das principais empresas que desenvolvem consumíveis
e ferramentas de perfuração de menor tecnologia para serviços de perfuração encontram-se
localizados em polos de desenvolvimento da indústria, sendo algumas atividades de pesquisa
utilizadas nas localizações de manufatura. Por outro lado, o P&D das empresas que realizam
serviços de perfuração de alto conteúdo tecnológico é realizado em polos de desenvolvimento
reconhecidos na indústria, como Houston, Aberdeen e Stavanger. No entanto, algumas líderes
de mercado – como Schlumberger e Halliburton – começaram a descentralizar suas
atividades, buscando estabelecer nova oferta de cientistas.
4.1.2.3 Revestimento e Completação de Poços
O conjunto de operações de preparação do poço para produção de óleo ou gás é
denominado completação. O primeiro passo para a completação de um poço de petróleo é a
confecção de tubos de aço para revestimento e tubulação de produção (OCTG). Descidos pelo
interior do revestimento de produção, esses tubos têm como finalidades básicas a condução
dos fluidos produzidos até a superfície, protegendo o revestimento contra fluidos agressivos e
pressões elevadas (THOMAS, 2001).
Na produção de tubos, as quatro maiores empresas atuantes são a Tenaris, a V&M, a
Tubes, a US Steel e a TMK, que representam 75% do faturamento do setor. O estudo
desenvolvido pelo Prominp (2008a), que realizou entrevistas com três importantes fabricantes
de tubos, conexões e flanges atuantes no Brasil, aponta que a relevância do setor de petróleo e
gás entre as empresas estudadas varia entre 30% e 60%. Não apenas o setor de petróleo e gás
seria o maior mercado individual, mas também o melhor em termos financeiros no contexto
das empresas analisadas.
O passo seguinte à confecção do tubo consiste no revestimento e instalação do tubo de
produção, preparando o poço para que este possa entrar em produção, e conferindo, assim,
uma proteção estrutural que permite a extração dos hidrocarbonetos. Geralmente, as
operadoras utilizam prestadores de serviços, responsáveis por revestir e instalar tubos de
produção (THOMAS, 2001).
50
Este é um dos subsegmentos menos concentrados dentre os relacionados à atividade de
revestimento e completação de poços, com 58% das receitas relativas a quatro empresas:
Weatherford, Frank’s Casing Crew & Rentals, BJ Services e TESCO. As três maiores
empresas desse setor são de origem norte-americana, atuando internacionalmente e prestando
serviços no Brasil (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
É claro que, visando à garantia da plena capacidade de produção do poço, são
necessários, decorrente do processo de completação, diversos equipamentos, tais como
vedadores permanentes ou reutilizáveis, conjuntos vedadores, suportes de revestimento,
equipamentos de completação multilateral, sistemas de completação inteligente e tubulação
expansível. Em 2007, as receitas do subsegmento de equipamentos de completação chegaram
a US$6,8 bilhões (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Em geral, as plantas de produção dessas empresas estão localizadas próximas dos
centros de produção de petróleo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009). No país, apesar de não existirem unidades fabris ou centros de P&D para esse tipo de
equipamento, as líderes deste subsegmento têm presença comercial e técnica no Brasil,
visando fornecer os produtos mais adequados para cada caso (BAIN & COMPANY e
TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
O último passo no processo de revestimento e completação dos poços de petróleo é o
bombeamento de substâncias através do revestimento ou tubulação de produção do poço em
alta pressão, promovendo a cimentação (THOMAS, 2001). Segundo Bain & Company e
Tozzini Freire Advogados (2009), esse serviço também engloba o aluguel de equipamentos,
além da venda de cimentos, fluidos e outros insumos necessários para estimulação.
Atualmente, o subsegmento de bombeamento de pressão é o maior dentre os subsegmentos de
revestimento e completação de poços, com receitas em 2007 que representaram cerca de 40%
do total do segmento. Além disso, tal subsegmento apresenta uma das maiores concentrações
do segmento, com as três maiores empresas representando 75% do total do subsegmento.
Mesmo verificando a queda de concentração de receitas nos últimos oito anos, é esperado que
as empresas líderes ainda mantenham controle sobre um grande porcentual de receitas no
futuro, já que os investimentos em P&D são um fator relevante, que dificulta a entrada de
novas empresas (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
As operadoras também contam com fornecedores que disponibilizam equipamentos e
equipes especializadas para realizar testes de coluna, testes de superfície e testes de pressão. A
Schlumberger é a atual líder deste mercado, fornecendo estes serviços em diversos países,
inclusive no Brasil. As atividades de pesquisa e desenvolvimento de equipamentos
51
relacionados a este subsegmento estão centralizadas no seu centro de tecnologia e produto de
Houston (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
4.1.2.4 Infraestrutura
Uma infraestrutura própria para que seja iniciada a produção do petróleo e do gás
natural depois de realizada a perfuração, revestimento e completação do poço, deve ser
instalada. Em geral, as empresas operadoras adquirem ativos de infraestrutura por meio de
dois tipos diferentes de parcerias: contratos de leasing e contratos de construção (BAIN &
COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Esse é um mercado bastante concentrado, com as seis maiores empresas mundiais
sendo responsáveis por cerca de 80% das receitas em 2007. Outra forma que as operadoras
têm de dispor de ativos para a produção é por meio dos contratos de construção de
plataformas. Quando uma empresa operadora contrata uma empresa para construir uma
plataforma, costuma deixá-la responsável pelo detalhamento do projeto (engineering),
suprimento (procurement), construção e montagem (construction) do empreendimento (BAIN
& COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Desta forma, é estabelecido um contrato chamado de EPC e a empresa contratada é
chamada de EPCista, que atua, em geral, desde o projeto até a instalação da plataforma
(REVISTA PETROBRAS, 2009). Nesse tipo de contratação, as empresas responsabilizam-se
pela entrega da unidade de produção em condições de operar, assumindo o risco sobre todo o
processo de construção, sobre os equipamentos a serem instalados e sobre o prazo de entrega
da unidade produtiva em conformidade com o projeto inicial (PROMINP, 2008a).
Mundialmente, o subsegmento EPC é bastante fragmentado, já que, neste, sete
empresas detêm 65% da participação nas receitas e a líder – a italiana Saipem –, 15%.
O contrato EPCista é algo recente no país, nascendo a partir da criação de projetos
mais complexos para a indústria nacional do petróleo. Nos últimos anos, as empresas EPCs
nacionais apresentaram um forte crescimento. A Figura 13 apresenta a evolução do
faturamento de cinco das empresas EPCistas entrevistadas para o estudo do Prominp (2008a).
Percebe-se, com base na figura, que em quatro dos cinco casos o faturamento das
empresas cresceu a taxas bastante altas entre 2002 e 2006 – o único caso de estabilidade é de
uma empresa que decidiu não atuar na indústria do petróleo. Ao mesmo tempo, o estudo
aponta uma grande expectativa de ampliação do faturamento a partir de 2010, sugerindo que
52
as empresas estariam se preparando para o crescimento da indústria do petróleo (PROMINP,
2008a).
Figura 13 – Evolução do faturamento de cinco empresas EPCistas estudadas pelo Prominp
Fonte: PROMINP (2008a)
É possível notar que as empresas que se definem como EPCistas reúnem capacitações
diferentes entre si: algumas têm na engenharia o seu principal ativo, enquanto outras são
empresas de construção, cujo principal ativo consiste no canteiro de obras e na sua capacidade
de montagem. Os formatos de contrato EPC adotados no país são, muitas vezes, consórcios de
empresas que reúnem competências complementares, outras vezes são empresas de
competências similares, mas que necessitam de escala para, por exemplo, reduzir o risco
(PROMINP, 2008a).
Com relação ao fornecimento de peças e componentes que constituem uma plataforma
de petróleo, Prominp (2008a) destaca que a estrutura de custos de produção de navios de uma
embarcação offshore típica em um estaleiro europeu é constituída por 15% de aço, entre 15 e
18,75% de maquinários, entre 37,5% e 45% de sistemas marítimos e acessórios e, finalmente,
por 25% de custos relativos à produção no estaleiro. Fica claro, portanto, que as despesas de
componentes adquiridos de fornecedores são, em geral, próximas a 75% dos custos totais da
produção, o que evidencia ainda mais a importância do segmento de navipeças para o
mercado de construção naval.
Geralmente, a rede de fornecedores pode ser constituída a partir de empresas nacionais
ou internacionais. Apesar das dificuldades da indústria nacional, o estudo do Priminp (2008a)
mostra que, mesmo com alguns casos de desatualização tecnológica, os EPCistas
0
500
1000
1500
2000
Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E
R$
Milh
õe
s
2002
2006
2010
53
manifestaram interesse em constituir relações internas em detrimento das relações com
empresas estrangeiras.
Em termos de distribuição espacial, o mercado de navipeças mundial é liderado por
empresas europeias. No caso europeu, a capacitação da indústria está relacionada à fabricação
de grandes navios de cruzeiro com elevado nível de especialização em países como
Alemanha, Finlândia, França e Itália (PROMINP, 2008a). No Brasil, boa parte das peças
utilizadas em plataformas ainda é importada, mas existe uma mudança em curso neste quadro.
Enquanto em 2000 o setor gerava cerca de 2 mil empregos diretos, em 2010, essa quantidade
chegava a 47 mil (PORTOS E NAVIOS, 2010). Isto porque, com a demanda crescente nos
estaleiros, a indústria de equipamentos para navios também se movimenta visando
acompanhar o mercado.
A evolução do setor de petróleo e gás, nos últimos anos, tem ainda desencadeado forte
recuperação da indústria de construção naval, principalmente pelos contratos com a indústria
do petróleo e pelo discurso político do governo federal, que aponta para a necessidade de
retomada de investimentos no setor (CUNHA, 2006). Assim, apesar de os principais canteiros
de obras dos maiores construtores mundiais estarem localizados no Japão, na Coréia do Sul,
na China e em alguns países da Europa, os estaleiros nacionais estão repletos de encomendas
recentes.
O ramo de construção e montagem tem, atualmente, os grandes estaleiros nacionais
como principais empresas atuantes nesta área. Tais empresas possuem, além de forte
capacitação em engenharia, ativos fixos que podem ser usados na construção de plataformas
no Brasil, o que garante vantagem competitiva relevante no setor. Atualmente, existe uma
tendência de algumas dessas empresas formarem consórcios com empresas de engenharia
para a constituição de um EPC (PROMINP, 2008a).
Os quinze principais estaleiros nacionais são apresentados no Quadro 5, listados em
ordem decrescente pela área construída. Atualmente, o maior estaleiro do país – em área
destinada à construção e montagem de navios – é o Atlântico Sul, criado em 2005. Tendo
como sócios os grupos Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e a empresa PJMR, o
empreendimento é um marco na revitalização da indústria naval no Brasil, resultando de
investimentos de R$ 1,8 bilhão e gerando capacidade instalada de processamento da ordem de
160 mil toneladas de aço por ano (ATLÂNTICO SUL, 2011).
54
Quadro 5 – Principais players da construção naval offshore brasileira
Estaleiros Estado Process. de aço
(mil t./ ano)
Área
(mil m²) Diques Carreiras Cais
Atlântico Sul PE 160 1500 1 2 2
Estaleiro da Bahia BA 110 750 1 1 2
BrasFels RJ 50 410 1 3 2
Sermetal RJ 60 400 1 - 4
Mauá RJ 40 334 1 1 4
Renave-Enavi RJ 40 200 4 - 1
Inace CE 15 180 - 1 1
Itajaí SC 15 177 - 1 1
Navship SC 15 175 - 1 2
Eisa RJ 50 150 - 2 1
Rio Nave RJ 50 150 - 2 4
STX RJ 15 120 1 1 1
Rio Maguari PA 6 120 2 - -
UTC RJ - 112 - - 2
Rio Grande RS 30 100 1 1 1
Fonte: SINAVAL (2009)
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e
Offshore (Sinaval), havia diversos projetos de construção de plataformas em andamento sendo
realizados por estaleiros nacionais no ano de 2009. Destacam-se, no Quadro 6, os principais
estaleiros responsáveis por cada tipo de empreendimento:
Quadro 6 – Capacidade produtiva dos principais players da construção naval offshore brasileira
Tipos de projeto Estaleiros
Plataformas (FPSO,
semissubmersíveis, módulos e
navios-sondas)
BrasFels; Mauá; Atlântico Sul; Rio Grande; QUIP; UTC; Mac
Laren Oil.
Petroleiros, de produtos e gaseiros EISA; Atlântico Sul; Mauá; Itajaí; Rio Nave; Renave-Enavi;
Estaleiro da Bahia
Porta-contêineres e graneleiros EISA; Atlântico Sul; Mauá; Itajaí; Rio Nave; Renave-Enavi
Navios de apoio marítimo,
rebocadores, empurradores, barcaças,
chatas, etc.
STX; Aliança; Wilson, Sons; Sermetal, Navship; TWB; Detroit;
Inace; Rio Maguari; Superpesa; Cassinú; Transnave; São
Miguel
Fonte: SINAVAL (2009)
É válido ainda destacar que o setor de construção e montagem atuante no segmento do
petróleo e gás obteve novo impulso com a criação do Prominp e a consequente priorização de
investimentos a serem realizados no Brasil em relação ao exterior. Fundado em 2003, seus
55
estudos já desenvolveram políticas concretas de desenvolvimento setorial, como a criação de
centros de excelência e redes de cooperação. O estudo realizado pelo próprio Prominp
(2008a) autentica esta afirmação ao lembrar que, em 2004, quando a Petrobras realizou US$
6,6 bilhões de investimento, a indústria de construção naval brasileira obteve uma receita
líquida de vendas de R$ 3,5 bilhões (PROMINP, 2008a).
No entanto, apesar do incentivo à utilização de esforços nacionais na condução de
empreendimentos de plataformas de petróleo, é necessário destacar a fragilidade tecnológica
ainda existente nos subsegmentos de engenharia, construção e montagem do país.
Atualmente, existe uma defasagem entre a indústria nacional de EPC e a existente no mundo
(PROMINP, 2006), causada principalmente pelo gap criado ao longo dos anos em que houve
desaceleração desses investimentos no país.
4.1.2.5 Produção e Manutenção
Enfim, depois de concluída a infraestrutura para a produção, torna-se necessário ainda
instalar equipamentos e serviços diretamente relacionados à produção e à manutenção da
infraestrutura. Em 2007, as receitas deste segmento representavam 13% das receitas totais de
equipamentos e serviços para exploração e produção de campos de petróleo, com US$29
bilhões envolvidos (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Neste trabalho, consideraremos dentro do segmento de produção e manutenção três
tipos de bens/serviços principais: equipamentos de superfície, equipamentos submarinos e
serviços de manutenção de poços.
Equipamentos de Superfície
Os equipamentos de superfície funcionam como controle para a vazão de petróleo/gás
dos poços de produção. Esses equipamentos são posicionados acima da superfície e
interligados aos poços por tubulações, independentemente de ser um poço offshore em águas
rasas ou onshore.
Segundo Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), os principais tipos de
equipamentos de superfície são:
Cabeça ou topo do revestimento/tubo: estruturas que permitem a conexão do tubo
condutor e os equipamentos de superfície.
56
Árvores-de-natal: aparelho colocado acima da cabeça ou topo do revestimento/tubo,
capaz de controlar o fluxo de hidrocarbonetos do poço.
Sistemas de fechamento de segurança: sistemas automáticos de fechamento de
válvulas que garantem a operação segura do sistema de produção.
Medidores e equipamento de controle de fluxo: sistema temporário de válvulas,
tubulações e coletores necessários para os serviços de injeção de pressão ou de lamas
no poço.
Dentro do mercado de equipamentos de superfície, seis das empresas concentram
cerca de 80% das vendas totais às operadoras ou fornecedoras de infraestrutura. São elas:
Cameron, FMC Technologies, Vetco International, Aker Solutions, John Wood Group e Dril-
Quip (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Equipamentos Submarinos
O principal objetivo dos equipamentos submarinos é controlar a vazão de petróleo dos
poços de produção. Em geral, tais equipamentos se diferenciam dos equipamentos de
superfície pelo fato de a maior parte das componentes do sistema completo estar submersa.
O setor de equipamentos submarinos para a indústria do petróleo é um dos mais
dinâmicos produtiva e tecnologicamente, especialmente no Brasil. Tanto que sua identificação
não é uma tarefa fácil, já que os produtos específicos são, em sua maioria, constituintes de um
conjunto nem sempre homogêneo quanto às suas características tecnológicas (PROMINP,
2008a).
Dentre os produtos constituintes da linha de equipamentos submarinos utilizadas na
exploração e produção de poços de petróleo, o estudo realizado pelo Prominp (2008a)
identifica três equipamentos mais relevantes: a árvore de natal molhada – que cumpre a
mesma função que nos sistemas de produção de superfície, mas neste caso se encontra
submersa –, os umbilicais – fios e mangueiras de união entre o sino e a unidade de
lançamento – e as linhas flexíveis – tubos por onde passa o petróleo ou gás produzido.
Com relação às árvores de natal molhadas, Prominp (2008a) aponta uma evolução
relevante das vendas dessa linha de produtos entre os anos 2003 e 2004, com aumento de 34%
no período, o que evidencia o salto produtivo do setor de petróleo e gás nacional nos últimos
anos. Quanto ao conteúdo local de seus insumos, a produção da árvore de natal molhada
57
apresenta um coeficiente alto – 75% do custo total –, apesar de as empresas produtoras desse
equipamento serem majoritariamente estrangeiras.
No que diz respeito à produção de umbilicais, atualmente, as três principais empresas
produtoras destes equipamentos são responsáveis por cerca de 85% da oferta no mercado
brasileiro. Ainda, o conteúdo local da produção de umbilicais é muito baixo, determinado por
uma elevada importação de insumos (PROMINP, 2008a).
Já no que se refere a linhas flexíveis, a mais importante empresa com atuação no país é
estrangeira responsável por cerca de 60% do fornecimento local para a indústria do petróleo.
A produção das linhas flexíveis é viabilizada com alto conteúdo local – 90%,
aproximadamente – e a pequena parte importada dos insumos é representada por polímeros
externos e alguns aços que não apresentam fornecedores no mercado doméstico (PROMINP,
2008a).
Como pode ser observado na Figura 14, as principais empresas mundiais do
subsegmento de equipamentos submarinos – subseas – possuem centros de pesquisa e
desenvolvimento com localização próxima, dentre as quais se destacam: Houston, Perth, Rio
de Janeiro, Aberdeen, Cingapura, Emirados Árabes Unidos e Noruega. Há ainda uma
tendência de localização associada aos centros de manufatura, ou seja, áreas de elevada
demanda (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
Figura 14 – Principais centros de P&D das maiores empresas de equipamentos submarinos e de superfície
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
58
Apesar da centralização das atividades de P&D no exterior, as empresas, em geral,
praticam um relacionamento próximo com as operadoras de petróleo. Isso acaba sendo um
fator essencial para o desenvolvimento de soluções específicas para problemas na esfera da
produção de cada localidade. No caso específico de uma das empresas fabricantes de linhas
flexíveis entrevistadas pelo Prominp (2008a), o desenvolvimento tecnológico é realizado no
exterior, resultado da estratégia mundial do grupo. Contudo, o entrevistado expôs que é
comum a participação de engenheiros brasileiros em alguns grupos de trabalho, fazendo parte
da estratégia corporativa de treinamento e especialização da mão-de-obra.
Até 2010, não havia nenhum player nacional que produzisse equipamentos subsea. A
Odebrecht Óleo e Gás (OOG) é a primeira a se estruturar para atuar nessa área, trabalhando
com umbilicais, risers e linhas de fluxos. Com isso, a empresa pretende servir às operadoras
em toda a cadeia do upstream (GÁS BRASIL, 2010).
Assim, graças ao crescimento do setor de petróleo e gás no Brasil previsto para os
próximos anos, é possível afirmar que a demanda brasileira do segmento de produção será
bastante representativa. Neste contexto, Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009)
destacam que os fornecedores de tais equipamentos já estão localizados no Brasil, inclusive
com processos fabris instalados no país. A Cameron, por exemplo, tem centros de manufatura
no Rio de Janeiro e em Taubaté. Enquanto isso, a FMC Technologies possui um centro de
manufatura e P&D no Rio de Janeiro e a Technip apresenta uma planta de manufatura de
tubulação de fluxo flexível em Vitória, de spoolbases em Macaé e um centro de pesquisa e
desenvolvimento no Rio de Janeiro.
Manutenção
O segmento de manutenção de poços engloba uma vasta gama de serviços de
manutenção e reparos a poços (Spears & Associates, 2008 apud Bain & Company e Tozzini
Freire Advogados, 2009). As empresas neste ramo fornecem as equipes e equipamentos
necessários para os serviços de manutenção, além das plataformas de workover.
Este subsegmento representou 14% das receitas do segmento de produção e
manutenção e é formado por três principais empresas mundiais (BAIN & COMPANY e
TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009): A empresa norte-americana Key Energy Services
fornece uma significativa amplitude de serviços de intervenção e manutenção, realizando
operações em países relevantes para a produção de petróleo e gás, como México, Colômbia,
Rússia e Argentina (KEY ENERGY SERVICES, 2011). Já a Nabors é especializada em
59
contratos de perfuração que operava inicialmente no norte dos Estados Unidos e Canadá.
Atualmente, opera também em outros continentes, como Ásia e África, por meio de sua
grande frota plataformas de perfuração e de workover (NABORS, 2011). Por fim, a Basic
Energy Services tem suas operações desenvolvidas majoritariamente nos Estados Unidos,
onde atende a diversas empresas de petróleo e gás. Esta é uma empresa cujo foco está nos
serviços de manutenção de poços, apesar de oferecer outros serviços relacionados à
exploração e produção de poços de petróleo (BASIC ENERGY, 2011).
4.2 SETOR PÚBLICO
As instituições públicas têm papel importante na formação e, ainda mais, no
funcionamento dos Sistemas de Inovação. De fato, como a cooperação entre as empresas não
é natural, o Setor Público pode desenvolver condições favoráveis para essa colaboração,
desempenhando um importante papel ao criar as ligações que faltam no sistema (FURTADO,
1997).
Barbosa (2005) afirma que o Setor Público também possui importante papel de usuário
no Sistema Nacional de Inovação. Assim, sua demanda influencia a capacidade de inovações
das empresas em duas dimensões, a quantitativa e a qualitativa. Um determinado nível de
demanda quantitativa é condição para o investimento em P&D por parte das empresas
privadas. Com relação à dimensão qualitativa da demanda, a ausência de usuários públicos
competentes pode enfraquecer a capacidade de inovação entre os fornecedores ao longo
prazo, ou mesmo inibir uma utilização eficiente de novas oportunidades tecnológicas
(BARBOSA, 2005).
Segundo Nelson (1993), a inovação em um Sistema Nacional depende basicamente da
interação entre o Setor Público e o setor privado. Enquanto a esfera pública seria responsável
pela circulação de conhecimento, produzindo conhecimento explícito, o setor privado
produziria mais conhecimento tácito, que é mais facilmente apropriável.
Pellegrin (2005), em seu estudo sobre as Redes de Inovação no setor de petróleo e gás
nacional, afirma que são doze os principais atores que compõem a dimensão do Sistema
Nacional de Inovação do setor no âmbito do Estado e das organizações de fomento da
indústria: o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Ministério de Minas e Energia (MME), a
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Agência de Promoção de
60
Exportações e Investimentos (APEX), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (INPI) e o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INMETRO), a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Rede Brasil de Tecnologia (RBT). Neste trabalho,
consideraremos a FINEP como ator do Sistema Financeiro – já que esta consiste,
especificamente, em uma financiadora de projetos de inovação (FINEP, 2011) – e o INPI
como ator do Sistema de Ciência e Tecnologia – por consistir em um instituto de propriedade
intelectual, cujo propósito principal é estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico
(INPI, 2011).
“O Setor Público, em sua ação reguladora, delimita o espaço de manobra para as
atividades de inovação em empresas” (BARBOSA, 2005), podendo ocorrer de diferentes
formas, tais como fixação de padrões técnicos, fixação de datas para entrada em vigor destes
padrões, tipo de instrumento utilizado e adequação a padrões internacionais (GREGERSEN,
1992). Assim, além dos principais atores constituintes do Setor Público, também fazem parte
dessa dimensão alguns elementos institucionais, como leis e políticas públicas, que são
importantes para compreender a aprendizagem coletiva dentro das fronteiras do país. Segundo
Furtado (1997), as políticas públicas têm papel determinante na constituição dos Sistemas de
Inovação, especialmente quando o setor privado não é forte o suficiente para assumir a
liderança.
Figura 15 – Políticas Públicas de Incentivo ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás no Brasil
Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)
61
Ao longo dos anos, tais políticas foram determinantes para a indústria petrolífera
brasileira criar as principais instituições de inovação e para a forma de cooperação e
coordenação entre os laboratórios públicos de P&D e centros de empresas existentes no país.
Desta forma, podemos classificá-las em quatro diferentes grupos, conforme apresentado na
Figura 15: Desenvolvimento da Cadeia de Valor, Estrutura, Geração e Transferência de
Conhecimento e, finalmente, Fatores Humanos. Ainda, dentro desses grupos, as políticas
públicas podem estar relacionadas a ações de legislação, mecanismos de regulamentação,
políticas do executivo ou mesmo programas de financiamento.
De fato, no setor de petróleo e gás no Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) exerce papel fundamental, já que responsabiliza-se pela
regulamentação das atividades industriais, visando garantir o balanceamento econômico e
comercial do setor. Assim, a ANP regula e estabelece regras através de portarias, instruções e
resoluções, além de promover licitações e celebrar contratos em nome da União com as
operadoras em atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás
natural, fiscalizando as atividades das indústrias reguladas (ANP, 2011a).
Além da regulamentação setorial, a ANP também estabelece a obrigatoriedade de
certificação de conteúdo local, como forma de incentivar o crescimento e desenvolvimento de
fornecedores nacionais. Em águas profundas, por exemplo, onde estarão concentrados os
maiores investimentos no setor petrolífero nacional, pode-se admitir que a indústria nacional
esteja estruturada para atender a sua demanda de bens e serviços num percentual mínimo de
20% para a exploração e 33% para o desenvolvimento da produção. Assim, caso não sejam
cumpridos os compromissos de aquisição local impostos pela ANP, a operadora deverá pagar
à Agência Nacional uma quantia proporcional ao valor das compras que seriam necessárias
para atingir os percentuais compromissados (ONIP, 2005).
É possível perceber – com base na figura previamente apresentada – que, dentre as
políticas mostradas, muitas são resultado de projetos gerados pelo Programa de Mobilização
da Indústria Nacional do Petróleo. O Prominp foi arquitetado pelo Ministério das Minas e
Energia com o objetivo o fortalecer a indústria nacional de bens e serviços da área de petróleo
e gás. Busca-se, com isso, maximizar a participação da indústria nacional no fornecimento de
bens e serviços, atendendo demandas nacionais e internacionais (PROMINP, 2011). Esse
62
programa é, possivelmente, o movimento mais relevante para os fornecedores do setor de
petróleo já realizado no país (PELLEGRIN, 2005).
Com relação ao desenvolvimento da cadeia de valor de petróleo e gás no Brasil, vale
destacar também o esforço desenvolvido com a instituição do REPETRO. Tal ação é um
regime de tributação instituído pelo Ministério da Fazenda com o objetivo de reduzir a carga
fiscal de equipamentos específicos para serem importados para utilização nas atividades de
pesquisa e exploração de petróleo e gás natural (REPETRO, 2011). Para igualar as condições
de concorrência quanto aos tributos – entre fornecedores nacionais e estrangeiros –, o
REPETRO permite a exportação fictícia do produto nacional, visando estimular os
investimentos nas indústrias de petróleo e gás e de fornecedores, admitindo-se a isenção dos
impostos federais e, em tese, dos estaduais (MARZANI, FURTADO e GUERRA, 2003).
Outro papel importante exercido pelos atores do Setor Público considerado neste
trabalho – apesar de não estar explicitado na Figura 15 – é a influência que estes exercem
sobre a elaboração de leis de promoção da inovação na cadeia de petróleo e gás. Segundo List
(1841, apud Freeman, 1995), a coordenação do estado, por meio de políticas industriais e
tecnológicas é a base do SNI, promovendo as condições adequadas para o seu
desenvolvimento.
A política brasileira de inovação tem como arcabouços legais a Lei da Inovação e a
Lei do Bem, amparadas pela ação das agências de governo, que buscam atender à
complexidade do Sistema Brasileiro de Inovação. Tais iniciativas devem preservar a
propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, fomentando constantemente o
desenvolvimento de atividades inovativas no país (BNDES, 2010).
A Lei de Inovação, estabelecida em 2004, determinou mecanismos para a promoção
da inovação no Brasil, criando condições para a constituição de parcerias estratégicas e de
cooperação entre universidades, institutos de pesquisa públicos e as empresas (MCT, 2007).
Em seu artigo 1º, esta lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica no ambiente produtivo, visando à capacitação e ao alcance da autonomia
tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país (BRASIL, 2011). Já a Lei do Bem, criada
em 2005, concede um conjunto de incentivos fiscais às atividades de P&D em empresas no
país, tais como reduções de Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido relativos a investimentos feitos em atividades de P&D por empresas que trabalham
sob o sistema de apuração do lucro real. (MCT, 2007).
63
4.3 SISTEMA DE C&T
O Sistema Nacional de C&T pode ser entendido como sendo formado por laboratórios
e centros de pesquisa de empresas e universidades e por organizações de P&D públicas e
privadas (BARBOSA, 2005). Esses atores são fundamentais no desenvolvimento das
capacitações das instituições de pesquisa e desenvolvimento do país, tento especial
importância no processo de inovação.
Para OECD (1997), a qualidade dos atores constituintes do Sistema Nacional de C&T
é fundamental para o Sistema Nacional de Inovação, pois estes não produzem apenas
conteúdos genéricos e pesquisa básica para a indústria, mas também novos métodos e
instrumentos de análise. Assim, é fundamental que os investimentos em pesquisa básica e
aplicada sejam realizados em abundância para que haja um bom aproveitamento do
conhecimento gerado por todo o sistema (BARTHOLOMEW, 1997).
Ainda, Freeman e Soete (1997) destacam a importância das parcerias de empresas com
centros de pesquisa de universidades ou institutos públicos de pesquisa. Em seu trabalho, os
autores mostram que o relacionamento direto do pessoal destas empresas com seus pares, em
universidades, agências e laboratórios públicos é o mais importante método de acesso aos
resultados da pesquisa pública no país hospedeiro.
No âmbito das organizações de pesquisa e desenvolvimento, destacam-se alguns
atores atuantes no setor de petróleo e gás localizados em território nacional. São eles: o
Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e
laboratórios de P&D, especialmente vinculados a universidades públicas, e o Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Na área de geociências e extração de petróleo no
Brasil, Suzigan e Albuquerque (2008) identificam duas instituições de pesquisa de grande
importância para o país: a COPPE/UFRJ e o CEPETRO/Unicamp. A partir de agora,
abordaremos mais profundamente o papel cada um dos atores desse sistema.
O Cenpes, que coordena o sistema tecnológico da Petrobras, desempenha papel
relevante no processo que levou à concretização do conhecimento tecnológico da Petrobras,
tendo contribuído, desta forma, para a própria descoberta de petróleo e gás natural na camada
pré-sal em 2007. As linhas de pesquisa desenvolvidas no Centro de Pesquisas podem ser
subdivididas em sete principais áreas: (a) Geociências, (b) Geoengenharia e Engenharia de
Poço, (c) Engenharia de Produção, (d) Abastecimento e Biocombustíveis, (e) Gás, Energia e
64
Desenvolvimento Sustentável, (f) Engenharia Básica (destinada à diretoria de Engenharia e
Produção), (g) Engenharia Básica (destinada às diretorias de Abastecimento e Gás e Energia)
(PETROBRAS, 2011).
Somente no período que vai de 2007 a 2009, o Cenpes foi responsável por um
dispêndio de 4,8 bilhões de reais em atividades de pesquisa e desenvolvimento, dos quais,
cerca de 60% foram relativos ao segmento de exploração e produção (IPEA, 2010). No
mesmo período, cerca de R$ 1,2 bilhão foram direcionados pelo Cenpes a universidades e
institutos de pesquisa nacionais, parceiros da Petrobras na constituição de infraestrutura
experimental, na qualificação de técnicos e pesquisadores e no desenvolvimento de projetos
de pesquisa (REVISTA PETROBRAS, 2010).
Figura 16 – Dispêndios em P&D e projetos de infraestrutura (2008-2010)
Fonte: PETROBRAS (2011)
A partir da Figura 16, é interessante notar também que no período de 2008 a 2010
quase 20% dos dispêndios em P&D do Cenpes foram voltados para parcerias com empresas
nacionais, o que coloca em destaque a participação do Setor Produtivo – especialmente as
empresas parapetrolíferas – no desenvolvimento de pesquisas do setor de petróleo e gás.
Os investimentos do Cenpes trazem resultados positivos tanto para o setor de petróleo
como para a própria Petrobras. Em 2010, o ranking das “50 Empresas Mais Inovadoras do
Mundo”, elaborado pela revista Bloomberg Business Week, aponta a Petrobras como a 41ª
empresa mais inovadora, sendo a única do hemisfério sul a fazer parte da lista (BUSINESS
WEEK, 2010).
44%
29%
19%
8%
Exclusivamente internos
Em parceria com instituições deensino e pesquisa nacionais
Em parceria com empresasnacionais
Em parceria com instituições depesquisa e empresas no exterior
65
Nesse sentido, no contexto atual, as companhias de engenharia e de montagem são
dependentes dos projetos básicos elaborados na Petrobras e os relacionamentos entre os
fornecedores da indústria e o Sistema Nacional de Inovação são ainda delicados e frágeis
(OLIVEIRA, 2008). A Figura 17 ilustra de forma clara essa situação, mostrando que a
Petrobras atua de forma bastante forte nas atividades de P&D internas, desenvolvendo tanto a
pesquisa básica como a aplicada e atuando também no desenvolvimento experimental. Já as
atividades de desenvolvimento de novos produtos e processos, produção e comercialização,
apesar da participação da estatal como input para o processo, são realizadas majoritariamente
por empresas fornecedoras.
Figura 17 – Etapas do desenvolvimento tecnológico do setor de petróleo e gás
Fonte: PROMINP (2008b)
Dentro do setor de petróleo e gás, outra instituição de grande importância é o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas. O IPT – instituto vinculado à Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – é um dos maiores centros de
pesquisa do país, atuando fundamentalmente em inovação, pesquisa e desenvolvimento,
serviços tecnológicos, contemplando diferentes segmentos, tais como energia, transportes,
petróleo e gás, meio ambiente, construção civil e segurança (IPT, 2011).
No setor de petróleo e gás, o IPT desenvolve competências da engenharia naval,
corrosão, mecânica pesada, e engenharia de dutos, com projetos voltados para as demandas da
Pesquisa Básica Pesquisa AplicadaDesenvolvimento
ExperimentalProdução Comercialização
Indúst
ria
Petr
obra
sU
niv
ers
idades
P&D
Agenda
Tecnológica
(CENPES)
Demanda por
Produtos e
Processos
P&D
Interno
Novos
produtos e
processos
Aplicação
produtos e
processos
Desenvolvimento de
novos produtos e
processos
Termos de
Cooperação
(Área de Materiais)
Atores
Etapas do Ciclo de Desenvolvimento Tecnológico
FINEP
Recursos Próprios
Retroalimentação do Processo
Inovação
Recursos de P&D
Recursos de
P&D
Recursos de P&D
FINEP
Recursos Próprios
66
cadeia de produção do setor. Atualmente, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas é a “maior
instituição no Estado de São Paulo em prestação de serviços para a Petrobras, com uma
carteira de projetos da ordem de R$ 80 milhões” (IPT, 2011).
Com relação aos centros de pesquisa originários de universidades federais, vale
destacar a atuação da COPPE, maior complexo laboratorial do Brasil na área de engenharia,
contando atualmente com 116 laboratórios de pesquisa. Um marco na história da instituição
aconteceu em 1977, quando foi assinado o acordo de colaboração entre a Petrobras e a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A COPPE passou, então, a realizar pesquisas
em diferentes áreas de interesse para o setor, particularmente nas atividades offshore. Por
meio de programas de engenharia civil, oceânica, metalúrgica e materiais, a COPPE também
tem participação na formação de recursos humanos e no desenvolvimento de estudos que
viabilizem a exploração e exploração do setor petróleo e gás no país (COPPE, 2011).
Dentre as linhas de pesquisa da COPPE relacionadas ao setor de petróleo e gás,
podemos destacar: (a) Estruturas e Sistemas Offshore, (b) Integridade Estrutural na Indústria
de Petróleo e Gás, (c) Materiais para a Indústria de Petróleo e Gás, (d) Engenharia Submarina,
(e) Sistemas Petrolíferos, (f) Sistemas Computacionais Orientados à Indústria do Petróleo, (g)
Sistemas Flutuantes Oceânicos, (h) Sensoriamento Remoto por Radar, (i) Geoacústica,
Propagação de Ondas Sísmicas e Acústica no Oceano e (j) Posicionamento Dinâmico,
Robótica Submarina, Sistema de Controle e Automação (COPPE, 2011).
Vale ressaltar também a atuação de outro laboratório de pesquisas vinculado a uma
universidade: o CEPETRO, outra instituição de relevância para o setor de petróleo e gás
nacional, vinculada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Criado em 1987, com
apoio da Petrobras, conta atualmente com um Departamento de Engenharia de Petróleo e um
Curso de Mestrado em Engenharia de Petróleo, ambos na Faculdade de Engenharia Mecânica.
Também faz parte do CEPETRO o LabPetro – Laboratório Kelsen Valente Serra –,
construído com os recursos da parceria entre a Unicamp e Petrobras, que tem como meta
atender as demandas atuais de pesquisa e serviços na área de escoamento de petróleo
(CEPETRO, 2011).
Apesar das instituições que compõem o Sistema de C&T do setor de petróleo e gás no
Brasil e do estímulo às atividades inovativas no país, ainda há muito a ser feito para
desenvolver a estrutura do Sistema Brasileiro de Inovação. Um estudo do BNDES (2010)
aponta que, embora existam recentes iniciativas de apoio à inovação e da elevação do
67
dispêndio privado em P&D em relação ao PIB, de 0,51% para 0,65% em cinco anos, a
posição do país é inferior à de outros países quando se comparam os investimentos em P&D
em relação ao PIB (BNDES, 2010).
A Figura 18 mostra que, enquanto no Brasil os gastos governamentais em pesquisa e
desenvolvimento são maiores que os gastos privados em relação ao PIB, o mesmo não
acontece com outros países que são referência em P&D. Sendo assim, no Brasil, embora o
SNI possua instrumentos e agências preparadas, um arcabouço institucional estruturado e
condições econômicas favoráveis ao investimento, os grandes desafios atuais estão na
coordenação desse sistema (BNDES, 2010), fomentando, especialmente, a participação do
setor privado no desenvolvimento de ações inovativas.
Figura 18 – Investimento público e privado em P&D (% em relação ao PIB)
Fonte: BNDES (2010)
Segundo Arundel (2003), os melhores indicadores para examinar a produtividade do
Sistema de C&T de um país são o nível de crescimento do número de publicações e de
patenteamento de descoberta no campo da ciência analisado. Ross et al. (2005) confirmam
essa ideia, ao afirmar que nos países com SNI mais desenvolvidos, a maioria dos
investimentos em pesquisa e desenvolvimento – e um maior número de pedidos de patentes –
são realizados por empresas, sendo este um fator de análise relevante no entendimento dos
Sistemas Nacionais de Inovação.
Neste contexto, destaca-se o INPI, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), responsável principalmente por
68
registrar marcar e conceder patentes. O INPI possui importância fundamental para o SNI no
contexto do setor de petróleo e gás, já que, ao emitir patentes, permite que empresas
previnam-se de que competidores copiem e vendam suas inovações a um preço mais baixo,
uma vez que aqueles não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do
produto (INPI, 2011).
4.4 SISTEMA EDUCACIONAL
O Sistema Educacional é formado essencialmente por universidades e organizações
públicas patrocinadas pelo Estado. Sua principal função é formar e treinar pessoas em
habilidades decisivas ao desenvolvimento, absorção e uso de tecnologias (LUNDVALL,
2001). Assim, essa é a dimensão que capacita a mão-de-obra nacional e que desenvolve
pesquisadores capazes de suportar as atividades de pesquisa desenvolvidas dentro do território
nacional.
Destacam-se como principais atores dessa dimensão: as Universidades Federais e
Estaduais, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e as
instituições de treinamento e capacitação industrial de mão-de-obra. Cabe a esses atores o
papel de transferência de conhecimento às empresas e de participação cooperativa nos
projetos, principalmente com desenvolvimento de recursos humanos qualificados – que
constitui um dos principais elementos de sustentação da política de Ciência, Tecnologia e
Inovação.
Segundo Suzigan e Albuquerque (2008), uma característica marcante dos sistemas
nacionais de novação imaturos – como o brasileiro – é o frágil padrão de interação entre
universidades e empresas. Os autores argumentam que, apesar de haver instituições de
pesquisa e ensino consolidadas no Brasil, estas não conseguem mobilizar pesquisadores,
cientistas e engenheiros capazes de satisfazer as necessidades do SNI (RAPINI et al., 2009).
Segundo Persaud et al. (2003), o treinamento pode determinar a diferença entre
sucesso e fracasso nas atividades relacionadas ao petróleo, principalmente por conta dos altos
custos dos equipamentos e processos relacionados – que exigem capacitação para que possam
ser operados. No caso do setor de petróleo e gás, no entanto, a Petrobras é uma clássica
parceira de instituições acadêmicas e universidades, estabelecendo, no ano de 2006, 1.521
convênios e contratos com 120 universidades e institutos de pesquisa brasileiros, como a
69
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (FINEP, 2006).
No campo acadêmico da área de sísmica, por exemplo, um estudo da Organização
Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), realizado em 2003, destaca que, há algumas
décadas, determinadas universidades brasileiras foram instigadas pela Petrobras a criar
competências em geofísica e em sísmica de reflexão. A primeira delas foi a Universidade
Federal da Bahia (UFBA), que desde os nos 60 vem oferecendo treinamento a geofísicos
dentro e fora da Petrobras. Nos anos 70 e 80 a UFBA chegou a possuir um Centro de
processamento de Dados Sísmicos e suscitou capacitações para os estudos teóricos de
geofísica. Anos depois, tais competências foram implantadas também na Universidade
Federal do Pará (UFPA), porém mais direcionadas para geofísica de poço. Mesmo assim, a
UFPA buscou também desenvolver estudos teóricos e acadêmicos para suportar a sísmica de
reflexão.
No caso brasileiro, a formação de recursos humanos associada à inovação tecnológica
é um elemento essencial para viabilizar o suprimento de óleo e gás natural para as próximas
décadas (SUSLICK e IATCHUK, 2006). Um estudo realizado pelo IPEA (2011) apoia essa
afirmativa ao revelar que o setor que engloba a extração e o refino de petróleo e gás é
atualmente o mais intensivo no uso de engenheiros e profissionais relacionados. A
participação destes profissionais no total de sua força de trabalho mais do que dobrou período
1986-2009 (IPEA, 2011).
Mas apesar desse crescimento observado da mão-de-obra necessária no setor nos
últimos anos, o Brasil ainda precisa lidar com a falta de recursos humanos preparados para a
aceleração de seu desenvolvimento, já que, com o aquecimento da economia, existe pronta
necessidade de profissionais capacitados para atuação no setor de petróleo e gás nacional. De
fato, o país ainda se encontra muito atrás de outras nações com crescimento expressivo nos
últimos anos, como é o caso da Coréia do Sul e da Índia. Segundo dados apresentados pelo
Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (SINICON, 2010), o Brasil forma 23
mil engenheiros por ano, enquanto a Índia coloca no mercado cerca de 200 mil destes
profissionais no mercado. Suzigan e Albuquerque (2008) apontam como o principal motivo
para tal escassez da qualificação da mão-de-obra o início tardio, limitado e problemático da
construção das instituições de pesquisa e ensino superior no Brasil.
70
Talvez, uma das áreas mais impactadas com a falta de mão-de-obra qualificada no
setor de petróleo e gás seja o segmento de construção e montagem, que necessita tanto de
técnicos quanto de profissionais de nível superior. Nesse contexto, o relatório do projeto E7P
27.4, elaborado pelo Prominp (2009), realizou um estudo sobre o segmento, traçando uma
comparação entre a situação brasileira e a estrangeira, no que diz respeito a procedimentos,
instalações e mão-de-obra. A principal conclusão da pesquisa com relação ao emprego da
mão-de-obra é a de que o setor nacional apresenta defasagem em relação à disponibilidade de
profissionais nas empresas internacionais. No que diz respeito aos profissionais de nível
superior, observou-se uma disponibilidade maior de engenheiros na Ásia – inclusive com
doutorado.
Como resposta à falta de profissionais qualificados no setor de petróleo e gás, o
governo está criando programas para desenvolver a capacitação de trabalhadores nessa
indústria. A Petrobras, por exemplo, está realizando um esforço significativo sustentado pela
criação da Universidade Petrobras. Atualmente, estudam na instituição cerca de mil
funcionários ao ano em cursos de iniciação e reciclagem (GALL, 2011). Nesse sentido,
podemos citar ainda outros esforços governamentais relevantes, principalmente no que diz
respeito a cargos de nível técnico (ensimo médio), tais como o Programa de Mobilização da
Indústria Nacional (Prominp) – cujo objetivo é capacitar operários para a Petrobras –, o
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) – que oferece
milhões de vagas até 2014 em escolas técnicas e institutos federais –, a Escola Técnica Aberta
do Brasil (E-Tec) – para ensino à distância de 263 mil alunos até 2014 – e o Programa de
Ensino no Exterior (GALL, 2011). Ainda, a ANP criou, em 1999, o Programa de Recursos
Humanos (PRH) visando estimular a complementação curricular de cursos universitários e de
educação profissional de nível médio com disciplinas de especialização no setor de petróleo e
gás. Desde à criação do programa foram concedidas aproximadamente quatro mil bolsas
(SUSLICK e IATCHUK, 2006). Como sugere Lundvall (2007), programas para capacitar
trabalhadores devem sempre ter uma perspectiva de longo prazo, com vistas a antecipar as
necessidades econômicas futuras.
No meio acadêmico, notícias recentes mostram um aumento expressivo do número das
bolsas do CNPq concedidas pelo governo. Ainda, iniciativas como a ampliação do sistema
universitário federal visando o aumento do mercado de trabalho de mestres e doutores têm
sido empreendidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em conjunto com o Ministério da
Educação (MCT, 2007). A Capes também desempenha papel importante na consolidação da
71
pós-graduação stricto sensu no país, atuando na consolidação do quadro atual, bem como para
o dimensionamento de ações de fomento (CAPES, 2011).
4.5 SISTEMA FINANCEIRO
“A existência de um Sistema Financeiro forte e desenvolvido configura-se como uma
necessidade inata de ambientes em que se busca desenvolver a inovação” (Santos, 2008).
Especialmente no segmento de exploração e produção de petróleo e gás, cujas atividades são
intensivas em capital e os investimentos são de elevado risco, torna-se necessária a
participação de fontes externas de financiamento, capazes de arcar com parte das despesas
provenientes de máquinas e equipamentos, ou mesmo de atividades de P&D. Nesse sentido, o
Sistema Financeiro é outra dimensão com forte importância para o Sistema Nacional de
Inovação.
Tironi (2005) destaca a existência de variados mecanismos de financiamento a
atividades de inovação, além de grande diversidade de instituições com o papel de prestar este
tipo de serviço, desde bancos comerciais, mercado de capitais e agências de fomento. No
âmbito dos agentes financeiros públicos, Pellegrin (2005) considera três principais atores,
capazes de financiar as atividades inovativas do setor de petróleo e gás: o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB) e os Bancos
Regionais de Desenvolvimento. Para este trabalho, consideraremos também como entidade
desta dimensão a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que possui a capacidade de
financiar ações de inovação, essenciais para o aumento da competitividade do setor
empresarial (FINEP, 2011).
É papel dos agentes financeiros o financiamento de atividades como pesquisa e
desenvolvimento, projeto, prototipagem, testes e ensaios, cabendo-lhes estruturar fundos de
fomento que viabilizem atividades de inovação bem como fundos de investimento do tipo
capital de risco. O CTPetro foi o primeiro desses fundos a ser implantado, com os seguintes
objetivos: (a) estimular a inovação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, (b)
formar e qualificar os recursos humanos e (c) desenvolver projetos em parceria entre
empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do país
(FINEP, 2011). Em geral, os fundos setoriais nacionais são reservas de fomento à inovação
que começaram a ser implantados no país a partir de 1999, propostos – entre outros atores –
pela Financiadora de Estudos e Projetos (PELLEGRIN, 2005).
72
A FINEP foi criada em julho de 1967, para institucionalizar o Fundo de
Financiamento de Estudos de Projetos e Programas, instituído em 1965 (FINEP, 2011). É uma
empresa pública federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia de grande
importância para o Sistema Financeiro do SNI de petróleo e gás. Segundo o website da
financiadora, sua principal missão é:
“Promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento
público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos
tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas” (FINEP, 2011).
Atualmente, a FINEP tem capacidade para financiar todo o sistema de Ciência,
Tecnologia e Inovação, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis – assim
como outros instrumentos –, o que proporciona à financiadora poder de indução de atividades
de inovação (FINEP, 2011).
Outro exemplo de ação do governo para o financiamento a empresas do setor foi
arquitetado pelo Prominp, por meio da antecipação de recebíveis. Em suma, a iniciativa
propõe a oferta de recursos financeiros com taxas mais competitivas aos fornecedores da
indústria nacional (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).
No segmento de E&P, um dos grandes desafios de política industrial é o
fortalecimento da cadeia produtiva de fornecimento offshore, tornando-a competitiva
internacionalmente. Logo, o desafio é utilizar os principais atores do Sistema Financeiro para
a capacitação da indústria, que só pode ser movimentada com base em grandes dispêndios e
investimentos.
O BNDES, com as exigências de conteúdo nacional mínimo e o financiamento à
modernização do parque industrial brasileiro, constitui, atualmente, o principal instrumento de
financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos da
economia. O apoio do banco é feito através de financiamentos a projetos de investimentos,
aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Ainda, o BNDES opera no
fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas, financiando projetos que
colaborem para o desenvolvimento do país (BNDES, 2011).
Com as novas perspectivas de produção do pré-sal, o BNDES se reestruturou em 2009
para se adequar e atender com mais eficiência o setor de petróleo e gás, contando atualmente
com um único departamento para tratar de todos os assuntos relacionados à cadeia produtiva
do setor. Além disso, foram criados programas para o desenvolvimento da engenharia
73
nacional e o estabelecimento de pesquisa e desenvolvimento nas empresas nacionais, como o
Pró-Engenharia e as linhas Capital Inovador e Inovação Tecnológica (BNDES, 2010).
Segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica 2008 do IBGE (2010), nas indústrias
extrativas – como é o caso da extração de petróleo offshore –, 15% das fontes de
financiamento de terceiros para atividades de P&D advêm do setor privado e apenas 4% do
Setor Público. Esses dados comprovam que, na realização das atividades de financiamento,
além das instituições de financiamento públicas, é importante considerarmos também os
institutos privados, tais como os bancos comerciais. Assim, devem ser buscados mecanismos
alternativos à ação governamental, ou seja, formas de envolver a iniciativa privada
(especialmente bancos privados) no desenvolvimento da inovação (OECD, 1999 apud
SANTOS, 2008).
4.6 SETOR EXTERNO
Por fim, não podemos deixar de considerar a atuação do Setor Externo sobre o Sistema
Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás. Esta dimensão foi posicionada no modelo
para dar o entendimento de que o relacionamento com instituições e tecnologias estrangeiras
está relacionado diretamente ao desenvolvimento dos fatores apresentados anteriormente.
Diferenças históricas e sociais fazem com que empresas de diferentes países utilizem
diferenciadamente a colaboração internacional entre empresas para a aquisição de novas
tecnologias (MANSFIELD, 1988). Sendo assim, a utilização de tecnologias estrangeiras pode
ser essencial para que empresas de países com desenvolvimento tardio alcancem o estágio de
empresas localizadas em países de desenvolvimento anterior (HIKINA e AMSDEN,1994).
Nesse contexto, a internacionalização dos fluxos de conhecimento traz diversos
benefícios, tais como: aquisição de bens de capital e de produtos intermediários de alta
tecnologia; aplicação de patentes ainda não estabelecidas no país por empresas; alianças entre
empresas; e promoção de investimento externo direto nas instituições (OECD, 1997).
Segundo Lundvall (2001), tanto no âmbito regional quanto no âmbito nacional, redes
de relacionamento com o mundo exterior são essenciais para manter na vanguarda do
conhecimento e podem ser concretizadas entre as pessoas, entre institutos de pesquisa ou até
mesmo entre as nações. Nesse contexto, as parcerias entre empresas podem ser consideradas
mais usuais, especialmente na forma de venda de produtos e utilização de redes de
distribuição (SANTOS, 2008). Assim, tanto as empresas operadoras de poços de petróleo
74
como as empresas parapetrolíferas podem manter relacionamentos comerciais com outros
países para a aquisição de matérias-primas, bens de capital ou insumos manufaturados de alta
tecnologia que não são encontrados em território nacional ou mesmo que são fabricados no
exterior a preço mais baixo.
Ainda, a parceria entre institutos de pesquisa de diferentes nações também consiste em
um mecanismo hábil para estabelecer a colaboração e o diálogo direto entre cientistas,
capazes de compartilhar experiências e conhecimento (SANTOS, 2008). No passado, por
exemplo, a Petrobras chegou a enviar centenas de seus geólogos e engenheiros ao exterior
para estudos avançados, podendo assim reunir os informações que viabilizassem as
descobertas em águas profundas. Outro exemplo mais recente é o caso do Estaleiro Atlântico
Sul, que mandou 22 brasileiros para a Coreia para aprender os métodos de produção do
estaleiro da Samsung (GALL, 2011).
De fato, o relacionamento com o Setor Externo ainda está muito atrelado à Petrobras,
maior empresa operadora de poços de petróleo no país ainda nos dias de hoje. Desta forma,
para entendermos o contexto da participação do Setor Externo no contexto nacional do setor,
é necessário remeter ao início da exploração e produção de petróleo em águas profundas no
país, na década de 70. Nessa época, empresas de engenharia e centros de pesquisa europeus e
americanos já trabalhavam na criação de tecnologias de exploração que, se tivessem sido
adotadas prontamente pela Petrobras, tornariam o país bastante dependente das empresas
estrangeiras.
A opção da Petrobras, na época, foi escolher o desenvolvimento dentro do Brasil, por
meio do Programa de Capacitação em Águas Profundas (Procap), criado em 1986. Assim,
para desenvolver os meios necessários à exploração, foram criadas tecnologias inovadoras
adequadas à realidade brasileira, tais como as plataformas semi-submersíveis, que
substituíram as plataformas fixas – muito caras para as regiões profundas (FINEP, 2006).
Como continuação para o primeiro programa, foi criado o segundo Procap que apontou para o
envolvimento da empresa no desenvolvimento de conhecimento de fronteira. Estes esforços
foram acompanhados pelo gradual enfraquecimento dos elos com os parceiros locais
(FREITAS e FURTADO, 1999).
Atualmente, grande parte dos projetos de pesquisa realizados pela Petrobras é feita
com parceiros externos. Segundo dados da companhia, apenas 44% destes são realizados
exclusivamente com pessoal próprio, o restante é realizado em parceria com empresas
75
nacionais, com instituições de pesquisa e empresas no exterior ou com instituições de ensino e
pesquisa nacionais (MACAÉ OFFSHORE, 2010). Assim, muitas das empresas (operadoras e
fornecedoras) que constituem o Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás são
estrangeiras, com matrizes localizadas, geralmente, fora do país.
Em decorrência das novas descobertas de petróleo no Brasil, uma quantidade
representativa de empresas fornecedoras de bens e serviços está procurando empresas
operadoras para estabelecer parcerias comerciais. A Petrobras, por exemplo, tem construído
novos centros de pesquisa no país com o intuito de desenvolver relacionamentos de longo
prazo. No Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –
localizado próximo ao Cenpes – já estão sendo construídos centros de Pesquisa e
Desenvolvimento de quatro importantes fornecedores de equipamentos e serviços para o setor
de petróleo e gás, tais como Schlumberger, Baker Hughes, FMC Technologies e Usiminas.
Além dessas, outras empresas tais como Cameron, Halliburton, Technip, V&M e Weatherford
estão seguindo o mesmo caminho, com previsão de instalação de seus centros de pesquisa em
outros locais do Brasil (REVISTA PETROBRAS, 2010).
Tal perspectiva nos permite perceber que o Setor Externo tem um peso grande para
este estudo, sendo fundamental para o entendimento do processo inovativo dentro do território
brasileiro. Apesar disso, políticas já existentes do governo – como o Prominp – indicam o
reconhecimento por parte do governo da importância de criar condições sustentáveis de oferta
competitiva de bens e serviços para o setor petrolífero nacional. Nesse contexto, medidas de
controle do conteúdo local no fornecimento de bens e serviços do setor de petróleo e gás já
começaram a surtir efeitos. Em 2003, a indústria brasileira forneceu por 57% dos
equipamentos e serviços contratados pela Petrobras, enquanto em 2008, o índice médio de
conteúdo nacional nas compras da estatal aumentou para 75%, gerando cerca de 430 mil
empregos diretos (IPEA, 2010).
4.7 RESUMO
A partir da análise realizada neste capítulo acerca do Sistema Nacional de Inovação do
setor de petróleo e gás, torna-se interessante propormos, a partir de agora, um framework
capaz de sintetizar as inter-relações entre os blocos principais do Sistema em um cenário
nacional, incluindo empresas, universidades e outras organizações públicas de pesquisa.
Na
76
Figura 19, é proposto um framework baseado no trabalho de Groenewegen e Steen
(2006), que apresenta a interação entre os seis componentes do SNI identificados no trabalho
de Barbosa (2005).
De fato, o Sistema de C&T aparece no esquema como uma dimensão central do
Sistema, interagindo tanto com o Setor Produtivo – empresas que inovam com base na
pesquisa básica e aplicada desenvolvida pelos institutos de pesquisa – quanto com o Sistema
Educacional – universidades que fornecem recursos intelectuais à indústria. Em termos de
infraestrutura, o Setor Público aparece como o principal responsável por desenvolver regras e
ações de suporte à inovação e de direito à propriedade intelectual. Ainda, cria as principais
condições para que se desenvolva o SNI no setor de petróleo e gás, especialmente através de
regras, instituições e agentes reguladores e fiscalizadores.
O Sistema Financeiro e o Setor Externo também surgem no esquema como criadores
de condições para o funcionamento do SNI. O primeiro, como agente financiador e criador de
regras para financiamento, com o suporte do Setor Público. Já o segundo, através de
incentivos internacionais, uma vez que o relacionamento com instituições e tecnologias
estrangeiras está relacionado diretamente ao desenvolvimento do SNI.
Finalmente, o bloco “demanda”, por ser também um fator de atração para as empresas
inovarem, é representado no modelo tanto por consumidores finais como pelas empresas
operadoras. Conforme visto anteriormente neste trabalho, as grandes empresas operadoras de
poços de petróleo no Brasil atuam como consumidoras dos produtos e serviços prestados
pelas empresas parapetrolíferas (fornecedores diretos), que exercem papel fundamental para o
desenvolvimento da inovação no setor.
77
Figura 19 – O Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás
Fonte: Adaptado de BARBOSA (2005) e GROENEWEGEN e STEEN (2006)
Com base nos relacionamentos destacados no esquema, é possível perceber que as
empresas atuantes no SNI do setor de petróleo e gás estabelecem relação com as seis
dimensões propostas neste estudo: Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema
Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo. A Figura 20 ilustra tais relacionamentos e
aproxima-se bastante do esquema apresentado por Barbosa (2005), ilustrado anteriormente na
Figura 8.
Figura 20 – O relacionamento das empresas no Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás
Fonte: O autor
78
No Sistema Financeiro e no Setor Externo, em geral, o relacionamento acontece sob a
forma de impostos, regras ou incentivos, já que estas dimensões são consideradas condições
para o funcionamento do SNI, baseando-se no trabalho de Groenewegen e Steen (2006) e na
revisão de literatura desenvolvida neste estudo.
Assim, a partir do framework desenvolvido na Figura 20, foi elaborado um quadro de
referências – apresentado no Apêndice I, que resume os principais aspectos a serem avaliados
em cada uma das dimensões do SNI e que suportará a elaboração do questionário utilizado
neste estudo.
79
5 METODOLOGIA
Com base em estudos mencionados previamente nesse trabalho – como os do Prominp
(2008a) e o da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009) –, podemos concluir que
o papel das empresas fornecedoras no setor de petróleo é fundamental para o processo de
inovação. Sendo assim, focaremos nossos esforços no entendimento dos fornecedores diretos
no Sistema Nacional de Inovação, mais especificamente no segmento de Exploração e
Produção, buscando compreender as principais facilidades e dificuldades encontradas por
essas companhias no SNI do setor de petróleo e gás. De fato, é importante termos uma visão
da percepção dos fornecedores diretos das empresas operadoras sobre o SNI como um todo, já
que, conforme apresentado anteriormente neste trabalho, tais empresas podem ser
consideradas motores para a inovação no setor.
Com base nos objetivos do estudo proposto, a Figura 21 apresenta o escopo de análise
deste trabalho, sugerindo que, dentro do setor de petróleo e gás, focaremos especificamente
no domínio da exploração e produção, onde atuam tanto empresas operadoras, fornecedores
diretos e demais fornecedores da cadeia de petróleo e gás. Assim, o foco, neste estudo, serão
as empresas parapetrolíferas fornecedoras diretas das empresas operadoras, atuantes em cinco
segmentos específicos: Informação de Reservatórios, Perfuração de Poços, Revestimento e
Completação, Infraestrutura e Produção e Manutenção.
Figura 21 – Delimitação da pesquisa quantitativa
Fonte: O autor
Empresas Operadoras
Fornecedores Diretos
Demais fornecedores
Exploração e Produção
RefinoVendas e
Marketing
Informação de Reservatórios
Perfuração de Poços
Revestimento e Completação
Infraestrutura
Produção e Manutenção
80
Nos capítulos anteriores, buscamos atingir o primeiro objetivo deste estudo, que
consistia em mapear e caracterizar, através da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação
(SNI), as principais dimensões e respectivos fatores integrantes do Sistema Nacional de
Inovação de suporte às atividades de exploração e produção do setor de petróleo e gás,
traçando um panorama do atual Sistema Nacional de Inovação no Brasil no setor de petróleo e
gás, e buscando também apresentar a importância da participação das empresas fornecedoras
nesse contexto. Além disso, a análise do SNI do setor nos permitiu – em um segundo
momento – levantar evidências para a elaboração do questionário da pesquisa quantitativa, ou
seja, identificar as principais dimensões do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo
e gás, verificando as variáveis mais relevantes a serem avaliadas na perspectiva das empresas
fornecedoras da cadeia de petróleo e gás.
O passo seguinte deste estudo foi, então, a realização de uma pesquisa do tipo survey.
Gil (1987) define tal tipo de levantamento como a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer. A análise dos resultados a pesquisa quantitativa tem como
propósito fundamental servir de base para avaliar, na percepção de gerentes de empresas
fornecedoras do setor, a eficácia do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás,
levantando as facilidades (fatores mais desenvolvidos) e dificuldades (aspectos limitadores)
destas empresas no contexto do SNI. Isto porque, segundo Intarakumnerd et al. (2002), não
basta apenas analisar os atores constituintes do SNI do país, mas também examinar a
interação entre eles, que, em geral, são fracas e fragmentadas.
As maiores vantagens das técnicas quantitativas, segundo Gil (1987), dizem respeito
ao conhecimento direto da realidade – o que torna a investigação mais livre de opiniões e do
subjetivismo dos pesquisadores –, à economia e rapidez e, finalmente, à possibilidade de
quantificação dos dados – permitindo correlações e outros procedimentos estatísticos. O
método, no entanto, apresenta algumas limitações observadas pelo autor, tais como: a ênfase
nos aspectos perceptivos, a pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais
e a limitada apreensão do processo de mudança.
Para a realização de uma pesquisa do tipo survey, é necessário o planejamento prévio
da população e da amostra que se pretende estudar, bem como do instrumento de coleta de
dados que se pretende utilizar, como será tratado a partir de agora.
81
5.1 POPULAÇÃO DO ESTUDO
Segundo Roesch (1999), uma população é um grupo de pessoas ou empresas que se
interessa entrevistar para o propósito de um estudo. A população da presente pesquisa é
composta por 281 empresas fornecedoras diretas de bens e serviços para as atividades
upstream do setor. Tais empresas foram selecionadas a partir do Cadastro de Fornecedores de
Bens e Serviços da ONIP, de acesso aberto a usuários que realizarem cadastro no site. Tal
cadastro tem por objetivo fornecer informações sobre as empresas instaladas no país
qualificadas fornecerem bens e serviços ao setor de petróleo e gás (ONIP, 2012).
A amostra constituiu-se de empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de bens
relacionados a pelo menos uma cinco macroprocessos de análise do mercado de bens e
serviços para E&P – mostradas previamente na Figura 10 –, que possuíam endereço
eletrônico e contato telefônico. Sendo assim, o foco da análise deste estudo são os
fornecedores diretos do setor de petróleo e gás upstream, ou seja, empresas que lidam
diretamente com as empresas que detêm o direito de explorar poços de petróleo no país.
Segundo Vergara (1997), os sujeitos são as pessoas que fornecem os dados que a
pesquisa necessita. Aqui, os sujeitos da pesquisa foram os diretores e gerentes de alto nível
hierárquico da empresa, especialmente da área de produção ou de tecnologia (Diretor da
empresa, Gerente da área funcional Produção/Operação ou Gerente da área de Tecnologia)
das empresas estudadas.
5.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Segundo Roesch (1999), o instrumento mais utilizado em pesquisas quantitativas,
especialmente em pesquisas de grande escala, é o questionário. Para a coleta dos dados foi
utilizado um questionário – presente no Apêndice II –, dividido em três diferentes seções.
A primeira seção do questionário é composta por perguntas preliminares, que dizem
respeito às informações gerais das empresas que participaram da pesquisa. Nesta etapa, foi
requerido que os participantes informassem dados como porte e percentual de capital
estrangeiro da empresa. Foi solicitado, ainda, que cada respondente enquadrasse sua empresa
em um dos cinco macroprocessos relativos à atividade de exploração e produção de petróleo e
gás no Brasil, conforme apresentado no item 4.1.2 deste trabalho.
82
A segunda seção da ferramenta de pesquisa foi estruturada com base na análise sobre o
Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás, que apontou seis principais vertentes
de relacionamento dentro do SNI: Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema
Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo. Como o propósito desta pesquisa foi avaliar
facilidades e dificuldades das empresas fornecedoras no contexto do SNI, a análise dos
relacionamentos com os diversos atores do Sistema foi a melhor forma encontrada para que
este objetivo fosse alcançado.
Assim, a partir do framework desenvolvido na Figura 20, foi elaborado um quadro de
referências – apresentado no Apêndice I. Para cada um dos aspectos apresentados neste
quadro, foi preparada uma pergunta fechada, a ser respondida no questionário. Foi solicitado,
então, que cada participante atribuísse uma nota variando de 1 a 6 por sentença, indicando, em
menor ou maior grau, a intensidade com que concordava com as afirmativas relativas ao
posicionamento da empresa dentro do Sistema Nacional de Inovação. A escala Likert de 6
(seis) pontos foi utilizada para que os respondentes, mesmo que tivessem uma opinião
intermediária sobre algum dos tópicos da pesquisa, expressassem se esta é melhor classificada
como positiva ou negativa.
Visando aumentar a qualidade da análise, foi criada, ainda, a terceira seção do
questionário da pesquisa. Nesta, foi solicitado que os respondentes ordenassem, em ordem
decrescente de relevância – do mais relevante para o menos relevante –, as principais fontes
de conhecimento e inovação da empresa, além de seus principais impedimentos e dificuldades
à inovação dentro do setor de petróleo e gás. As questões referentes à terceira seção do
questionário da pesquisa foram elaboradas com base na revisão bibliográfica e nos principais
aspectos levantados anteriormente sobre o SNI do setor de petróleo e gás.
O interesse em entender as principais fontes de conhecimento do Sistema Nacional de
Inovação do setor de petróleo e gás advém das ideias de Lundvall (1992) e Bartholomew
(1997), que sugerem a acumulação de conhecimento como ponto central do SNI. Ainda, o
levantamento das dificuldades das empresas parapetrolíferas no setor de petróleo e gás é
fundamental para o entendimento das fragilidades e gargalos mais relevantes no contexto
Sistema Nacional de Inovação.
O ranqueamento das principais fontes de conhecimento e dificuldades das empresas
parapetrolíferas, agregado à avaliação realizada, possibilitou uma visão mais fiel do SNI do
setor de petróleo e gás, na visão das empresas parapetrolíferas.
83
5.3 COLETA DE DADOS
Após a inclusão da pesquisa em um site da Internet, foi realizado um pré-teste do
instrumento para o qual foram convidados a participar dois profissionais da Petrobras, dois
mestrandos da COPPEAD, dois profissionais de empresas fornecedoras de bens e serviços
para empresas operadoras de poços de petróleo no país, um funcionário do BNDES e um
funcionário da FINEP. Os oito participantes aceitaram realizar o pré-teste e as sugestões
foram incorporadas ao questionário e à página desenvolvida para a coleta de dados. Segundo
Easterby-Smith, Thorpe e Lowe (1991, apud Carneiro, 2005) o pré-teste “permite verificar se
as questões do instrumento de coleta de dados estão compreensíveis, (...), se a sequência das
questões está adequada e se há questões de difícil entendimento”.
O Quadro 7 mostra a quantidade de empresas selecionadas para o estudo, por
segmento do setor de petróleo e gás. Para a seleção das empresas, foram utilizados
determinados filtros no Cadastro de Fornecedores da ONIP, conforme mostrado no Apêndice
III.
Quadro 7 – Número de empresas selecionadas para a pesquisa por segmento do setor de petróleo e gás
Segmento da Indústria de Petróleo Nº Empresas
Selecionadas
Informação de Reservatórios 53
Perfuração de Poços 36
Revestimento e Completação 26
Infraestrutura 196
Produção e Manutenção 39
Fonte: O autor
Como algumas empresas estavam envolvidas com atividades relacionadas a mais de
um segmento de análise, vale destacar que tivemos, de fato, 281 empresas selecionadas para a
pesquisa. O primeiro contato com essas empresas analisadas foi feito por e-mail (Apêndice
IV) ou telefone, solicitando que informassem o contato de um gerente de alto nível
hierárquico da área funcional de produção (chefe de produção, gerente de produção, diretor da
unidade etc.) da empresa. Em seguida, a pesquisa foi enviada aos gerentes identificados –
também por e-mail (Apêndice V), que tiveram o prazo de dois meses para responder o
questionário.
84
Os resultados da pesquisa quantitativa deste estudo são apresentados com detalhes no
capítulo 6.
5.4 ANÁLISES PROPOSTAS NO ESTUDO
5.4.1 Análise Descritiva
Após o processo de coleta das respostas, foram calculadas as médias das avaliações,
sendo estabelecidas pontuações para a classificação de cada uma das dimensões do SNI (Setor
Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema de Educação, Sistema Financeiro e Setor
Externo) da seguinte forma:
Quadro 8 – Metodologia de análise das dimensões do SNI na visão das parapetrolíferas
Intensidade de Eficácia Nota
Nível muito baixo de desenvolvimento/interesse 1 a 1,99
Nível baixo de desenvolvimento/interesse 2 a 2,99
Nível médio de desenvolvimento/interesse 3 a 3,99
Bom nível de desenvolvimento/interesse 4 a 4,99
Alto nível de desenvolvimento/interesse 5 a 5,99
Fonte: O autor
Nesta análise, optou-se pelo cálculo da média aritmética, por ser esta a forma mais
simples e efetiva de se obter uma visão geral do SNI do setor de petróleo e gás, por
dimensões. Desta forma, dá-se a mesma importância a todas as empresas, independente do
porte das mesmas ou de qualquer outro critério adotado. Em uma primeira análise, tomamos
os valores agregados das respostas, para avaliar como as empresas fornecedoras da cadeia de
petróleo e gás percebem o Sistema Nacional de Inovação. Realizamos ainda, análises das
médias abertas por grupos de respondentes de três diferentes formas: (1) por porte; (2) por
participação de capital estrangeiro; e (3) por segmento de atuação da empresa.
Para a análise dos grupos relacionados ao porte, foram considerados três agregados: o
primeiro, denominado “Pequeno Porte”, é composto por empresas classificadas na pesquisa
como “microempresas” e “pequenas empresas”; o segundo, denominado “Médio Porte”, é
85
formado pelas “médias empresas” e, finalmente, o terceiro, denominado “Grande Porte”, é
constituído por “médio-grandes empresas” e “grandes empresas”.
Já para a avaliação das respostas com base na participação de capital estrangeiro das
empresas (PCE), foram considerados dois agregados: o primeiro para empresas com PCE <=
50% (87 empresas) e o segundo para empresas com PCE > 50% (13 empresas).
Finalmente, na análise por segmento de atuação da empresa, foram calculadas as
médias dos valores atribuídos a cada variável de pesquisa para cinco segmentos de atuação
das empresas pesquisadas: Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP),
Revestimento e Completação (RC), Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM).
5.4.2 Teste Kruskal Wallis
Após a análise das médias obtidas para os grupos de respondentes (porte, participação
de capital estrangeiro e segmento de atuação), tornou-se necessário investigar se havia
diferenças estatisticamente significativas entre as médias obtidas por estes grupos para cada
uma das dimensões avaliadas no SNI.
Este estudo recorreu, então, à estatística não paramétrica, que representa um conjunto
de ferramentas de uso mais adequado em pesquisas onde não se conhece bem a distribuição
da população e seus parâmetros. Os testes não paramétricos são classificados de acordo com o
nível de mensuração e o número de grupos que se pretende relacionar:
Quadro 9 – Provas estatísticas não paramétricas
Nível de
Mensuração Uma amostra
Duas amostras K amostras
Amostras
relacionadas
Amostras
independentes
Amostras
relacionadas
Amostras
independentes
Nominal
Prova
Binomial
Prova Qui-
quadrado de
uma amostra
Prova de Mc
Nemar
Prova de Fisher
Prova Qui-
quadrado para 2
amostras
independentes
Prova Q de
Cochran
Prova Qui-
quadrado para
k amostras
independentes
Ordinal
Prova de
Kolmogorov-
Smirnov para
uma amostra
Prova de
iterações para
uma amostra
Prova dos
sinais
Prova de
Wilcoxon
Prova U de
Mann-Whitney
Prova de
Kolmogorov-
Smirnov para 2
amostras
Prova de iterações
de Wald-
Wolfowitz
Prova de Kruskal-
Wallis
Prova de
Friedman
Prova de
extensão da
mediana
Prova de
Kruskal-
Wallis
86
Intervalar
Prova de
Walsh
Prova de
aleatoriedade
para pares
Prova de
aleatoriedade de 2
amostras
independentes
Fonte: Adaptado de SIEGEL (1975)
O Teste Kruskal Wallis é um teste não paramétrico utilizado para comparar
distribuições de probabilidade de duas ou mais amostras independentes, em que a hipótese
nula (H0) representa que as distribuições de probabilidade das amostras são idênticas e a
hipótese alternativa (Ha) – que ao menos duas distribuições de probabilidade são diferentes
(McCLAVE et al., 1998).
Os testes não paramétricos se caracterizam pelo fato de que as interferências realizadas
não pressupõem que as amostras utilizadas originem-se de quaisquer famílias conhecidas de
distribuição de dados (McCLAVE et al., 1998), como é o caso da presente pesquisa.
Segundo Hair et al. (2006), o pesquisador pode enfrentar a necessidade de
compreender a extensão e o caráter das diferenças existentes entre dois ou mais grupos para
uma ou mais variáveis. Neste caso, o pesquisador precisa compreender como os valores estão
distribuídos em cada grupo e se há diferenças suficientes entre os grupos para suportar a
significância estatística. O autor indica como método para análise das diferenças entre os
grupos o gráfico de caixas, conhecido como Box-Plot.
Com o intuito de identificar a existência de diferenças significativas entre a avaliação
das dimensões do SNI considerando as variáveis demográficas, foram feitos agrupamentos
dos respondentes conforme o Quadro 10, apresentado a seguir:
87
Quadro 10 – Segmentação em grupos por variável demográfica
Variável
Demográfica Grupos Identificados
Quantitativo
(%)
Porte da
Empresa
Pequeno porte 49%
Médio porte 24%
Grande porte 27%
Participação de
capital
estrangeiro
PCE <= 50% 87%
PCE >50% 13%
Segmento de
atuação
Informação de reservatórios 11%
Perfuração de poços 7%
Revestimento e completação 10%
Infraestrutura 38%
Produção e manutenção 34%
Fonte: O autor
Desta forma, obtiveram-se três grupos para a variável “porte da empresa”, dois grupos
para a variável “PCE” e, finalmente, cinco grupos para a variável “segmento de atuação”.
88
6 RESULTADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA
Ao todo, 281 empresas foram selecionadas para a pesquisa, sendo obtida uma amostra
de 100 empresas que participaram efetivamente do estudo, o que representa aproximadamente
36% de participação. As pessoas responsáveis por responder à pesquisa foram, em grande
parte, sócios, membros da alta diretoria das empresas ou gerentes das áreas de
produção/operações e tecnologia.
Neste capítulo, inicialmente foi feita uma caracterização da amostra, com o objetivo de
apresentar os perfis das empresas respondentes da pesquisa. Em seguida, algumas análises
foram feitas a partir dos dados disponíveis.
6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Para esta análise, utilizou-se a primeira parte do questionário (perguntas de 1 a 3),
como forma de apresentar o perfil das empresas participantes. As três perguntas eram de
resposta obrigatória.
A pergunta a respeito ao porte da empresa tinha cinco opções de escolha, assim como
o critério de classificação adotado por BNDES (2012), baseado na Receita Operacional Bruta
(ROB) das empresas e aplicável a todos os setores. Por Microempresa entende-se empresa
com ROB menor ou igual a R$ 2,4 milhões, enquanto que por Pequena Empresa pressupõe-se
empresa com ROB maior do que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões. A Média
Empresa é aquela que possui ROB maior do que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90
milhões, enquanto que a Média-Grande Empresa possui ROB maior do que R$ 90 milhões e
menor ou igual a R$ 300 milhões. Finalmente, a Grande Empresa é aquela que possui ROB
maior do que R$ 300 milhões.
O resultado obtido na pesquisa aponta que a maioria das empresas que responderam a
pesquisa era de pequeno porte. É interessante notar que a população do estudo também é
formada, em sua maior parte, por empresas de pequeno porte. Uma justificativa para isso é o
fato de o Cadastro da ONIP ter como objetivo fornecer informações sobre as empresas
qualificadas instaladas no Brasil para o fornecimento de bens e serviços ao setor de petróleo e
gás. Neste caso, grande parte das companhias interessadas em se cadastrar são empresas
menores, que buscam serem contatadas por grandes operadoras ou mesmo fornecedores
nacionais, em busca de novos subfornecedores, como pode ser observado no Quadro 11.
89
Quadro 11 – Distribuição das empresas por porte
Porte da Empresa Amostra População
Qtde % Qtde %
Microempresa 12 12% 45 16%
Pequena Empresa 37 37% 79 28%
Média Empresa 24 24% 56 20%
Média-Grande Empresa 5 5% 42 15%
Grande Empresa 22 22% 59 21%
Fonte: O autor
Também foi perguntado às empresas participantes sobre o percentual de capital
estrangeiro constituído por cada uma delas. Dentre as participantes, 87 são empresas com
PCE <= 50% e 13 são empresas com PCE > 50%. De fato, a população do estudo também é
constituída, em sua maior parte, por empresas com baixa participação de capital estrangeiro.
Quadro 12 – Distribuição das empresas por participação de capital estrangeiro (PCE)
Percentual de Participação de
Capital Estrangeiro
Amostra População
Qtde % Qtde %
0 a 24% 86 86% 210 75%
25% a 50% 1 1% 16 6%
51% a 100% 13 13% 55 19%
Fonte: O autor
Foi perguntada aos respondentes dos questionários a principal área de atuação da
empresa dentro do contexto do setor de petróleo. Assim, como se pode observar no Quadro
13, estas empresas concentraram-se, predominantemente, na área de infraestrutura e produção
e manutenção, seguindo a tendência observada no Quadro 7, que relaciona a quantidade de
empresas selecionadas para participar da pesquisa. Neste caso, a comparação com a
população do estudo não é tão precisa, pois o cadastro da ONIP permite que a empresa atue
em todos os segmentos de atividade utilizados na pesquisa. Desta forma, o somatório da
coluna “Qtde” da “População” equivale a 350, que é maior do que 281. Mesmo assim, os
percentuais mostraram-se relativamente próximos aos esperados.
90
Quadro 13 – Distribuição das empresas por segmento de atividade
Segmento de Atividade na
Indústria de Petróleo
Amostra População
Qtde % Qtde %
Informação de Reservatórios 11 11% 53 15%
Perfuração de Poços 7 7% 36 10%
Revestimento e Completação 10 10% 26 7%
Infraestrutura 38 38% 196 56%
Produção e Manutenção 34 34% 39 11%
Fonte: O autor
6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
No questionário aplicado neste estudo, foi solicitado que as empresas participantes
atribuíssem grau de 1 a 6 às questões da pesquisa que vão de 1 a 30. As médias das respostas
obtidas estão dispostas nos quadros a seguir. De maneira geral, as avaliações realizadas pelos
diferentes grupos de empresa foram relativamente distintas, dependendo do segmento de
atuação, do porte e do percentual de capital estrangeiro da empresa, como veremos
posteriormente. Além disso, o nível de dispersão das respostas pode não ser considerado tão
baixo, já que, em geral, todos os aspectos analisados possuíram desvio-padrão maior que um.
Os resultados mais detalhados, com todas as médias das respostas por variável demográfica,
estão presentes no Apêndice VI.
6.2.1 Setor Produtivo
O Setor Produtivo foi a que apresentou a maior média global na pesquisa (4,17), com
destaque para a realização de parcerias, tanto com empresas operadoras como com
parapetrolíferas e fornecedoras. Este fator corrobora a afirmação de Oliveira (2008), segundo
a qual a indústria fornecedora do petróleo apresenta cooperação relevante com outras
empresas e esse deve ser o principal fator explicativo da inovatividade do setor.
O Quadro 14 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas
para esta dimensão de análise:
91
Quadro 14 – Médias das respostas relativas ao Setor Produtivo
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,75 1,63
Redes industriais de conhecimento 4,21 1,40
Parcerias com operadoras 4,67 1,61
Parcerias com outras empresas parapetrolíferas 4,52 1,44
Parcerias com empresas fornecedoras 4,68 1,34
Fonte: O autor
As redes industriais de conhecimento dizem respeito a relacionamentos entre firmas,
onde a atenção é focada no fluxo de informações e troca de conhecimento, que pode ocorrer
mesmo sem uma contrapartida de fluxo comercial de mercadorias. A boa média obtida para
esta variável pode ser explicada por Figueiredo (2003), ao destacar que as conexões de
conhecimento, quando bem estabelecidas, podem contribuir para o processo de aprendizagem
das firmas, permitindo que estas adquiram capacitações tecnológicas para enfrentar os
desafios impostos pelo mercado e realizar mudanças tecnológicas e inovações.
A parceria com operadoras foi outro aspecto bem avaliado dentro do Setor Produtivo,
mostrando que o papel das operadoras no estabelecimento da inovação é muito importante
para o setor. Talvez, tal importância ocorra devido à função das operadoras na coordenação
do processo produtivo. Nesse sentido, Oliveira (2008) argumenta que:
“(...) a Petrobras vem exercendo funções de monitoração das práticas de produção e
consolidação de tecnologia industrial básica em dois segmentos: válvulas e city gates
e flanges e conexões. Ao mesmo tempo, desenvolve novos produtos em conjunto com
seus fornecedores, sendo empresas dos segmentos de turbinas e compressores
exemplos desse tipo de qualificação” (Oliveira, 2008).
A média obtida de 4,52 para a variável relacionada à parceria entre empresas
parapetrolíferas advém da necessidade natural da cadeia de fornecedores do setor de criar
vínculos para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que
entrarão em uso na indústria (OLIVEIRA, 2008).
Finalmente, a boa avaliação alcançada para a variável que diz respeito à parceria com
fornecedoras pode ser explicada principalmente porque, conforme visto anteriormente neste
estudo, a existência de redes de fornecedores é uma das principais características da indústria
do petróleo e gás no Brasil. Tais redes são estabelecidas a partir da necessidade criar vínculos
92
para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que entrarão em uso
na indústria (OLIVEIRA, 2008).
Segundo Prominp (2008a), a maior diferença da indústria de fornecedores do setor de
petróleo para a indústria total parece estar relacionada à intensidade de colaboração. Essa
intensidade de colaboração acaba funcionando como insumo relevante para o processo
inovador, desenvolvendo, um ambiente mais propício à inovação entre os participantes desta
rede de fornecedores (OLIVEIRA, 2008).
O único quesito que apresentou baixo nível de interesse (segundo o critério
estabelecido no Quadro 8) no contexto do Setor Produtivo foi aquisição de tecnologia de
outras empresas nacionais. A média atribuída a essa variável da pesquisa (2,75) pode estar
relacionada a um maior nível de utilização de tecnologia estrangeira, e não nacional.
Esse comportamento pode variar dependendo do segmento de atuação da empresa,
conforme apresentado na Figura 22.
Figura 22 – Médias do Setor Produtivo por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
O segmento de Perfuração de Poços parece ser o que adquire mais tecnologia de outras
empresas brasileiras, enquanto o segmento que diz respeito à Informação de Reservatórios é o
que menos considera fundamental a utilização de tecnologia de outras empresas do país (com
contratação de serviços de assistência técnica e com pagamento de royalties).
93
Dentro do Setor Produtivo, também é interessante notar que aspectos como a aquisição
de tecnologia de outras empresas, associação em redes industriais de conhecimento, parcerias
com operadoras e parapetrolíferas mostraram-se mais fortes em empresas de pequeno e médio
porte, conforme apresentado na Figura 23:
Figura 23 – Médias do Setor Produtivo por porte da empresa
Fonte: O autor
A partir das análises realizadas acima, torna-se válido verificar se existem diferenças
significativas entre as respostas dos grupos de respondentes em relação às variáveis
demográficas. Desta forma, buscamos verificar se o porte, a participação de capital
estrangeiro e o segmento de atuação influenciam a percepção das empresas sobre o Setor
Produtivo.
Neste caso, precisa-se compreender como os valores estão distribuídos em cada grupo
e se há diferenças suficientes entre os grupos para suportar a significância estatística. Hair et
al. (2006) indicam como método para análise das diferenças entre os grupos o gráfico de
caixas, conhecido como Box-Plot, conforme apresentado no Apêndice VII. No entanto, para
confirmar este exame visual, aplicou-se o Teste Kruskal Wallis, que examina a diferença entre
as medianas, conforme mostrado a seguir:
1
2
3
4
5
6
Aquisição de tecnologiade outras empresas
Redes industriais deconhecimento
Parcerias comoperadoras
Parcerias com empresasparapetrolíferas
Parcerias com empresasfornecedoras
Pequeno Médio Grande
94
Quadro 15 – Teste Kruskal Wallis do Setor Produtivo para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Setor
Produtivo
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 1,666
gl 2
Sig. 0,435
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 0,361
gl 1
Sig. 0,548
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 5,776
gl 4
Sig. 0,217
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Com base no Quadro 15, observa-se que a dimensão Setor Produtivo não apresenta
diferenças significativas de avaliação das empresas de acordo com as variáveis demográficas
consideradas. Concluímos, portanto, que apesar de haver diferença entre as médias das
respostas das empresas, especialmente no que diz respeito ao porte da empresa e ao segmento
de atuação, não houve evidências que comprovassem estatisticamente a diferença entre as
respostas dos grupos para essa dimensão.
6.2.2 Setor Público
Dando continuidade à análise das diferentes dimensões do Sistema Nacional de
Inovação do setor de petróleo e gás, avaliaremos, a partir de agora, as médias obtidas nas
variáveis do Setor Público, relacionadas a legislação, regulamentação e políticas do executivo
para o setor. Nesta dimensão, observaremos também o papel do governo no fomento às ações
de estímulo à propriedade intelectual.
Os scores obtidos na pesquisa caracterizam o Setor Público como a segunda dimensão
mais desenvolvida do SNI, com média global 3,49. Todas as médias obtidas situam-se entre
3,32 e 3,82, o que qualifica o Setor Público como uma dimensão de médio desenvolvimento
no Sistema Nacional de Inovação.
95
Quadro 16 – Médias das respostas relativas ao Setor Público
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Legislação 3,49 1,68
Regulamentação 3,32 1,59
Políticas do Executivo 3,40 1,65
Atuação do Prominp 3,82 1,53
Propriedade intelectual 3,44 1,38
Fonte: O autor
No contexto do setor de petróleo e gás, os mecanismos legais instituídos pelo Setor
Público e o regime tributário vigente devem incentivar a política de desenvolvimento
nacional. Segundo Lundvall (2007), o governo deve criar um ambiente fiscal propício às
inovações, com leis tributárias flexíveis para corporações que estejam em processo inicial de
desenvolvimento, buscando também facilitar o processo de importação de tecnologias,
principalmente máquinas e equipamentos. Nesse sentido, as empresas que participaram da
pesquisa atribuíram média 3,49 à variável “legislação” no contexto do setor de petróleo e gás.
Essa foi a pergunta que obteve maior desvio-padrão dentro do Setor Público, o que aponta
relativa heterogeneidade na opinião dos respondentes.
Segundo a perspectiva de Liu e White (2001), o sistema regulatório seria resultado dos
mecanismos de manutenção e ajustamento das relações entre as instituições, sendo de extrema
importância para a sustentação das atividades econômicas. Apesar disso, a média obtida para
a variável referente à regulamentação do setor foi a menor dentre as médias referentes ao
Setor Público (3,32). Vale destacar que a tal variável foi medida, no contexto do setor de
petróleo e gás, por meio do desempenho da ANP – agência que deve possuir uma ação de
regulação estável, garantido o equilíbrio competitivo e econômico do setor.
Outro fator de grande importância no contexto do Setor Público são as políticas de
estímulo desenvolvidas pelo governo. Segundo Furtado (1997), as políticas públicas
desempenham um papel decisivo na constituição dos sistemas de inovação, notadamente
quando o setor privado não é forte o suficiente para assumir a liderança e quando a
cooperação entre empresas não é comum, até mesmo dentro das fronteiras nacionais. Nesse
sentido, as políticas públicas do setor de petróleo e gás devem ser eficazes e influenciar
positivamente a atuação das empresas no mercado. Segundo List (1841, apud Freeman,
1995), a coordenação do estado, por meio de políticas industriais e tecnológicas é a base do
96
SNI, promovendo as condições adequadas para o seu desenvolvimento. A variável que propôs
mensurar o grau de desenvolvimento das políticas do executivo obteve média igual a 3,40,
com desvio-padrão de 1,65.
Com relação às médias obtidas, é interessante destacar que as empresas que produzem
equipamentos para Produção e Manutenção (PM) percebem de forma mais positiva as ações
do governo. Por outro lado, o segmento de Perfuração de Poços (PP) é o que se sente menos
favorecido com aspectos como a legislação, regulamentação e as políticas do executivo,
conforme ilustra a Figura 24:
Figura 24 – Médias do Setor Público por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
Ainda no contexto de políticas públicas, vale também destacar a atuação do Prominp.
Esta variável foi a que obteve maior média dentre as questões relativas ao Setor Público, o
que demonstra que as empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás enxergam, em geral,
os projetos do Prominp de forma positiva, agindo em benefício da cadeia de fornecedores do
setor. Tal resultado corrobora a opinião de Pellegrin (2005), segundo o qual o Prominp é,
possivelmente, o movimento mais relevante para os fornecedores do setor de petróleo já
realizado no país (PELLEGRIN, 2005).
Finalmente, é importante considerar – ainda na perspectiva do Setor Público – a
garantia de propriedade intelectual. No Brasil, a política de inovação tem como arcabouços a
1
2
3
4
5
6Legislação
Regulamentação
Políticas do ExecutivoAtuação do Prominp
Propriedade intelectual
IR PP RC IE PM
97
Lei da Inovação e a Lei do Bem, amparadas pela ação das agências de governo, que buscam
atender à complexidade do Sistema Brasileiro de Inovação. Tais iniciativas devem preservar a
propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, fomentando constantemente o
desenvolvimento de atividades inovativas no país (BNDES, 2010).
Segundo Ross et al. (2005), um sistema de proteção da propriedade intelectual é fator
determinante para motivar o processo inovador, principalmente nas empresas. Apesar disso, a
questão relativa à preservação da propriedade intelectual foi a que obteve a terceira menor
média na dimensão (3,44). Nesse sentido, Santos (2008) identifica que, talvez, um dos
principais problemas relacionados à propriedade intelectual no país seja o tempo para a
criação de patentes é extenso, impedindo que o pesquisador ou a empresa usufrua todos os
seus benefícios.
Visando verificar se havia diferenças estatisticamente significantes entre os grupos de
respondentes no que diz respeito às três variáveis demográficas consideradas no estudo para o
Setor Público, os resultados desta dimensão também foram plotados em Box-Plots (Apêndice
VII), seguindo-se o Teste Kruskal Wallis, apresentado no Quadro 17:
Quadro 17 – Teste Kruskal Wallis do Setor Público para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Setor
Público
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 4,310
gl 2
Sig. 0,116
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 3,190
gl 1
Sig. 0,074
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 3,087
gl 4
Sig. 0,543
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Os resultados evidenciam que estatisticamente o porte, a participação de capital
estrangeiro e o segmento de atuação não determinam diferenças de percepção das empresas
analisadas com relação ao Setor Público, a um nível de significância de 5%. Apesar disso, há
98
diferenças quando comparamos empresas com diferentes níveis de participação de capital
estrangeiro a um nível de significância de 7,4% e quando comparamos empresas de diferentes
portes a um nível de significância de 11,6%.
6.2.3 Sistema de C&T
Segundo OECD (1997), a qualidade dos atores constituintes do Sistema de C&T é
fundamental para o Sistema Nacional de Inovação, pois estes não produzem apenas conteúdos
genéricos e pesquisa básica para a indústria, mas também novos métodos e instrumentos de
análise. Sendo assim, a intensificação do fluxo de conhecimento entre os segmentos
produtivos e a infraestrutura de P&D é fundamental para o sucesso do movimento inovativo
do segmento de petróleo e gás e, consequentemente, de sua competitividade econômica. Essa
interação é especialmente necessária com as empresas de engenharia (OLIVEIRA, 2008),
como é o caso das parapetrolíferas analisadas.
O Quadro 18 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas
para o Sistema de C&T analisado:
Quadro 18 – Médias das respostas relativas ao Sistema de C&T
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Pesquisa básica e aplicada 3,25 1,45
Parcerias com centros de pesquisa de
universidades 3,58 1,55
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,33 1,52
Atuação do INPI 3,14 1,33
Registro de patentes e publicações científicas 3,26 1,62
Fonte: O autor
Segundo Oliveira (2008), existe atualmente no país uma limitada experiência na
elaboração de projeto básico, conhecimento que está atualmente concentrado na Petrobras.
Torna-se relevante, portanto, verificar se, no contexto do setor de petróleo e gás, a
infraestrutura dos centros de pesquisa nacionais (como o CENPES) supre a demanda de
desenvolvimento de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada das empresas
parapetrolíferas. Dentro do Sistema do C&T, essa foi a variável que obteve a segunda menor
média (3,25). Assim, é essencial que os investimentos em pesquisa básica e aplicada sejam
99
concretizados em abundância para que haja um bom aproveitamento do conhecimento gerado
por todo o sistema (BARTHOLOMEW, 1997).
As parcerias com centros de pesquisa de universidades foi o quesito mais bem
avaliado no contexto do Sistema de C&T, com média 3,58. Apesar disso, este score não
reflete um bom nível de desenvolvimento para o quesito, o que vai ao encontro do que
sugerem Suzigan e Albuquerque (2008), ao afirmarem que uma característica marcante dos
sistemas nacionais de novação imaturos – como o brasileiro – é o frágil padrão de interação
entre universidades e empresas. Assim, apesar de existirem instituições de pesquisa e ensino
consolidadas no Brasil, estas não conseguem mobilizar pesquisadores, cientistas e
engenheiros capazes de satisfazer às necessidades do SNI (RAPINI et al., 2009).
Assim como a parceria das parapetrolíferas com centros de pesquisa de universidades,
também é importante que sejam estabelecidos relacionamentos com institutos públicos de
pesquisa, principalmente os especializados no setor de petróleo e gás. Nesse contexto,
Freeman e Soete (1997) destacam a importância das parcerias de empresas com institutos
públicos de pesquisa, revelando que o relacionamento direto do pessoal destas empresas com
seus pares, em laboratórios públicos é o mais importante método de acesso aos resultados da
pesquisa pública no país hospedeiro. A média obtida nesta variável foi de 3,33, inferior à
media obtida para o relacionamento das empresas com centros de pesquisa de universidades.
Dentro do Sistema de C&T, o INPI possui importância fundamental, já que, ao emitir
patentes, permite que empresas previnam-se de que competidores copiem e vendam suas
inovações a um preço mais baixo, uma vez que aqueles não foram onerados com os custos da
pesquisa e desenvolvimento do produto (INPI, 2011). A média obtida para esta variável da
pesquisa foi de 3,14, a menor dentro do Sistema de C&T.
Conforme relata Arundel (2003), os melhores indicadores para examinar a
produtividade do Sistema de C&T de um país são o nível de crescimento do número de
publicações e de patenteamento de descoberta no campo da ciência analisado. Nesse sentido,
a média obtida para essa variável (3,26) sugere que, de forma geral, as patentes e publicações
são incentivadas nas empresas, porém com médio nível de desenvolvimento. Essa foi a
variável de maior desvio-padrão da dimensão, o que pode indicar maior variação de
percepção entre as empresas, dependendo do segmento de atuação das mesmas.
O Sistema de Ciência e Tecnologia apresentou médias próximas para os cinco
segmentos considerados na pesquisa. Nesse sentido, algumas percepções merecem ser
100
destacadas: o segmento de Perfuração de Poços (PP) é o que se relaciona mais positivamente
com centros de pesquisa e universidades, enquanto o segmento de Revestimento e
Completação (RC) é o que menos desenvolve este tipo de atividade. O segmento de
Informação de Reservatórios (IR) é o que mais se preocupa com registro de patentes e
publicações científicas, enquanto o segmento de Infraestrutura (IE) foi o que apresentou
menor média para esta variável, conforme ilustrado na Figura 25.
Figura 25 – Médias do Sistema de C&T por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
O desenvolvimento mediano observado no contexto do Sistema de C&T nessa
pesquisa pode ser preocupante, principalmente em setores como o de petróleo e gás, em que a
falta de capacitação tecnológica induz a persistência de lacunas de fornecimento (OLIVEIRA,
2008).
Finalmente, antes de encerrarmos a análise do Sistema de C&T, torna-se válido
verificar se existem diferenças significativas nas respostas desta dimensão. O Quadro 19
resume os resultados obtidos, revelando que as empresas respondentes apresentam diferenças
significativas em suas respostas quando comparamos seu porte e a sua participação de capital
estrangeiro. Sendo assim, somente a variável demográfica “segmento de atuação” não
influencia a percepção das empresas respondentes sobre o Sistema de C&T.
101
Quadro 19 – Teste Kruskal Wallis do Sistema de C&T para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Sistema
de C&T
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 7,606
gl 2
Sig. 0,022**
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 4,093
gl 1
Sig. 0,043**
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 0,488
gl 4
Sig. 0,975
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Havendo diferença significativa entre os grupos no que diz respeito às variáveis
demográficas relacionadas ao porte e à participação de capital estrangeiro, é interessante
realizarmos o Teste Kruskal Wallis individualmente, para cada uma das variáveis que
compõem o Sistema de C&T na pesquisa aplicada. O Quadro 20 resume os resultados
obtidos:
Quadro 20 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema de C&T por porte e PCE
Variável
Demográfica Variáveis da Pesquisa
Teste
Estatístico gl Sig.
Porte
Pesquisa básica e aplicada 4,825 2 0,09
Parcerias com centros de pesquisa de universidades 7,129 2 0,028**
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 7,605 2 0,022**
Atuação do INPI 3,290 2 0,193
Registro de patentes e publicações científicas 1,355 2 0,508
Participação
de Capital
Estrangeiro
Pesquisa básica e aplicada 1,321 1 0,250
Parcerias com centros de pesquisa de universidades 4,912 1 0,027**
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 2,351 1 0,125
Atuação do INPI 1,427 1 0,232
Registro de patentes e publicações científicas 2,638 1 0,104
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Das cinco variáveis apresentadas, duas apresentam diferenças significativas com
relação ao porte da empresa e uma apresenta diferença significativa com relação à
102
participação de capital estrangeiro a um nível de significância de 5%. Estatisticamente, a
percepção das empresas sobre as variáveis “parcerias com centros de pesquisa de
universidades” e “parcerias com institutos públicos de pesquisa” difere com relação ao porte
da empresa. De fato, as empresas de maior porte desenvolvem maior relaciona mento com
tais estabelecimentos de pesquisa, conforme apresentado na Figura 26. Ainda, é possível
perceber que quanto maior o porte desta, melhor a percepção da empresa, de forma geral,
sobre o Sistema de C&T.
Figura 26 – Médias do Sistema de C&T por porte da empresa
Fonte: O autor
Com relação à variável demográfica “participação de capital estrangeiro”, apenas a
variável “parcerias com centros de pesquisa de universidades” apresentou diferença
significativas de avaliação. De forma geral, as empresas com mais de 50% de capital
estrangeiro percebem o Sistema de C&T de forma mais negativa que as empresas de capital
nacional, como apresentado na Figura 27. Isto talvez ocorra devido a um relacionamento
menos intenso das empresas estrangeiras com o Sistema de Inovação Brasileiro,
principalmente no que diz respeito a parcerias com centros de pesquisa de universidades.
103
Figura 27 – Médias do Sistema de C&T por participação de capital estrangeiro
Fonte: O autor
6.2.4 Sistema de Educacional
Conforme discutido anteriormente neste estudo, o Sistema Educacional é formado por
universidades e organizações públicas patrocinadas pelo Estado. Sua principal função é
formar e treinar pessoas em habilidades decisivas ao desenvolvimento, absorção e uso de
tecnologias (LUNDVALL, 2001). Segundo Persaud et al. (2003), o treinamento pode
determinar a diferença entre sucesso e fracasso nas atividades relacionadas ao petróleo,
principalmente por conta dos altos custos dos equipamentos e processos relacionados – que
exigem capacitação para que possam ser operados. Desta forma, sem empregados
qualificados, significativos investimentos podem se perder no uso da tecnologia.
Apesar disso, a avaliação do Sistema Educacional de suporte às atividades do setor de
petróleo e gás foi o que apresentou os piores resultados, com média global equivalente a 2,70.
O Quadro 21 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas:
Quadro 21 – Médias das respostas relativas ao Sistema Educacional
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Mão-de-obra técnica 2,21 1,27
Mão-de-obra de ensino superior 2,39 1,17
Mão-de-obra com pós-graduação 2,29 1,14
Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,34 1,25
Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,25 1,24
Fonte: O autor
104
As três primeiras variáveis avaliadas no contexto do Sistema Educacional foram:
disponibilidade de mão-de-obra técnica (ensino médio), de mão-de-obra com ensino superior
e de mão-de-obra com graduação para o setor. Esses três quesitos apresentaram média menor
do que 2,99, caracterizando um baixo nível de desenvolvimento no Brasil. Assim, apesar de,
no caso brasileiro, a formação de recursos humanos associada à inovação tecnológica ser um
elemento essencial para viabilizar o suprimento de óleo e gás natural para as próximas
décadas (SUSLICK e IATCHUK, 2006), as empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e
gás encontram dificuldade para contratar profissionais nessa área. Suzigan e Albuquerque
(2008) apontam como o principal motivo para tal escassez da qualificação da mão-de-obra o
início tardio, limitado e problemático da construção das instituições de pesquisa e ensino
superior no Brasil. Nesse sentido, Oliveira (2008) destaca que o incentivo ao estabelecimento
de acordos tecnológicos entre empresas de engenharia e Universidade, assim como a
formação de quadros no exterior e a constituição de alianças com empresas internacionais
podem ser um importante reforço à especialização da mão-de-obra no país (OLIVEIRA,
2008).
Com relação à disponibilidade de mão-de-obra, no Sistema Educacional, os segmentos
de Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP) percebem como mais crítica a
falta de mão-de-obra de ensino superior. Por outro lado, no segmento de Infraestrutura (IE), a
variável de menor média foi a disponibilidade de mão-de-obra operacional técnica, ou seja,
com ensino médio, conforme destacado na Figura 28.
Figura 28 – Médias do Sistema Educacional por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
1
2
3
4
5
6Mão-de-obra técnica
Mão-de-obra de ensinosuperior
Mão-de-obra com pós-graduação
Instituições decapacitação do setor de
P&G
Programas do governode capacitação de mão-
de-obra
IR PP RC IE PM
105
Ainda segundo as médias obtidas, os segmentos de Revestimento e Completação (RC)
e Produção e Manutenção (PM) são os que apresentam, em geral, menor dificuldade na
aquisição de mão-de-obra.
A criação e o fortalecimento de instituições de treinamento industrial também é um
ponto bastante salientado na literatura de SNI. Assim, as instituições de capacitação do setor
de petróleo e gás seriam essenciais atualmente, à medida que buscam, de forma diversificada,
atender à demanda do setor de petróleo e gás nacional. Esta foi a variável de melhor avaliação
no âmbito do Setor Educacional, mostrando que, hoje, o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) propõe um
direcionamento direto e eficaz ao mercado de trabalho. Segundo OECD (1997), instituições
de treinamento industrial são importantes para manutenção do crescimento econômico das
nações, logo, interferem diretamente no SNI.
Por fim, vale verificar, na pesquisa, a percepção da eficácia de alguns esforços
governamentais voltados para o desenvolvimento de recursos humanos (como o PROMINP, o
PRONATEC, o E-Tec etc.) na disponibilidade de mão-de-obra qualificada no setor. Como
sugere Lundvall (2007), estas devem sempre ter uma perspectiva de longo prazo, com vistas a
antecipar as necessidades econômicas futuras. Nesse contexto, a média obtida de 3,25 –
segunda maior para o setor – aponta que as empresas parapetrolíferas percebem positivamente
os esforços governamentais que visam reduzir a defasagem de mão-de-obra disponível no
setor.
Com base nos resultados obtidos nessa dimensão, fica claro que modificações
estruturais no Sistema Educacional brasileiro são essenciais para o fortalecimento do SNI,
com consequências benéficas para o setor de petróleo e gás.
Finalmente, buscou-se verificar também para esta dimensão se existem diferenças
significativas entre as respostas dos grupos de respondentes em relação às variáveis
demográficas, conforme apresentado no Quadro 22, através do Teste Kruskal Wallis.
106
Quadro 22 – Teste Kruskal Wallis do Setor Educacional para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Sistema
Educacional
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 0,696
gl 2
Sig. 0,706
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 0,013
gl 1
Sig. 0,910
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 2,047
gl 4
Sig. 0,727
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Percebe-se, portanto, que o porte, a participação de capital estrangeiro e o segmento de
atuação das empresas não diferenciam a percepção das mesmas sobre o Sistema Educacional.
6.2.5 Sistema Financeiro
O Sistema Financeiro é um dos aspectos mais importantes para o desenvolvimento de
atividades de inovação no SNI. O Brasil, como país em desenvolvimento, é carente em
recursos, logo, investir da forma correta e motivar o setor privado nesse processo é essencial.
Quadro 23 – Médias das respostas relativas ao Sistema Financeiro
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Programas de financiamento 3,35 1,42
Financiamento público 2,60 1,40
Financiamento privado 3,31 1,51
Financiamento por meio do mercado de capitais 2,57 1,37
Agências de financiamento voltadas para inovação 2,81 1,50
Fonte: O autor
Nesta dimensão, as médias obtidas variaram entre 2,63 e 3,35, sugerindo que o Setor
Financeiro enquadra-se no padrão de baixo desenvolvimento, com média igual a 2,93.
Principalmente no setor de petróleo e gás, cujas atividades são intensivas em capital e
os investimentos são de elevado risco, é necessária criação de programas de financiamento do
governo, capazes de tornar viável o investimento em máquinas, equipamentos e atividades de
107
pesquisa e desenvolvimento. Este foi o de maior média (3,35) da dimensão, mostrando que,
em geral, as empresas do setor enxergam como benéficos os programas existentes. Um
exemplo é o Progredir, lançado em 2011 pela Petrobras, que funciona como um projeto de
financiamento para diversos os níveis de fornecedores da cadeia de petróleo e gás
(PETROBRAS, 2011). Outro caso é a Antecipação de Recebíveis do Prominp, que se propõe
a oferecer recursos financeiros com taxas mais competitivas aos fornecedores da indústria
nacional de petróleo e gás natural (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE
ADVOGADOS, 2009).
Com relação à facilidade de financiamento, foram avaliadas três formas principais de
crédito: público, privado e por meio do mercado de capitais. Com base nos resultados da
pesquisa, o setor financeiro privado investidor é considerado fator fundamental dentro do
SNI. Este foi um fator bem avaliado (média 3,31), demonstrando que, em geral, as empresas
do setor de petróleo e gás recorrem mais ao setor privado quando necessitam de
financiamento. O financiamento público e o financiamento por meio do mercado de capitais
apresentaram médias muito próximas (2,60 e 2,57, respectivamente), porém quase 1 ponto
abaixo do financiamento privado. Essa diferença de percepção justifica-se pelo fato de bancos
de fomento, como o BNDES, e o próprio mercado de capitais atuarem mais diretamente com
projetos industriais de grande porte, estando um pouco mais distantes das empresas de
pequeno porte. Quando analisamos os segmentos separadamente, podemos perceber que o
financiamento privado é o mais relevante em todos os casos (Figura 29).
Figura 29 – Médias do Sistema Financeiro por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
1
2
3
4
5
6
Programas deFinanciamento
Financiamento público
Financiamento privadoFinanciamento por meiodo mercado de capitais
Agências definanciamento voltadas
para inovação
IR PP RC IE PM
108
O financiamento público também se mostrou presente no setor de Perfuração de Poços
(PP), mas é bastante raro no caso do segmento de Informação de Reservatórios (IR).
Ainda, buscou-se, nesta pesquisa, verificar a percepção das empresas fornecedoras da
cadeia de petróleo e gás sobre as agências de financiamento voltadas para a inovação. O
resultado da avaliação demonstrou baixo grau de desenvolvimento para esta variável, com
média 2,81. Esta avaliação reflete a percepção das empresas parapetrolíferas com relação ao
trabalho de agências como a FINEP no desenvolvimento de pequenas e médias empresas no
país, que buscam fomentar e desenvolver novas iniciativas no setor.
Por fim, tornou-se válido verificar se existem diferenças significativas nas respostas
obtidas das empresas para as três variáveis demográficas do estudo com relação ao Sistema
Financeiro. Os resultados obtidos propõem que as variáveis “porte da empresa” e
“participação de capital estrangeiro” influenciam a percepção dos fornecedores diretos sobre o
SNI do setor de petróleo e gás, mais especificamente no que diz respeito ao Sistema
Financeiro, conforme apresentado no Quadro 24:
Quadro 24 – Teste Kruskal Wallis do Sistema Financeiro para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Sistema
Financeiro
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 12,944
gl 2
Sig. 0,002*
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 4,366
gl 1
Sig. 0,037**
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 2,388
gl 4
Sig. 0,665
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
No Quadro 25, estão apresentadas todas as variáveis pertencentes à dimensão Sistema
Financeiro e os resultados do Teste Kruskal Wallis individual, para cada uma destas variáveis,
abertas por “porte da empresa” e por “participação de capital estrangeiro”. É possível
compreender que a percepção das empresas sobre as variáveis “financiamento público”,
109
“financiamento por meio do mercado de capitais” e “agências de financiamento voltadas para
a inovação” varia com o porte.
Quadro 25 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema Financeiro por porte e PCE
Variável
Demográfica Variáveis da Pesquisa
Teste
Estatístico gl Sig.
Porte da
Empresa
Programas de Financiamento 4,736 2 0,094
Financiamento público 8,805 2 0,012**
Financiamento privado 4,985 2 0,083
Financiamento por meio do mercado de capitais 9,965 2 0,007*
Agências de financiamento voltadas para inovação 9,666 2 0,008*
Participação
de Capital
Estrangeiro
Programas de Financiamento 0,675 1 0,411
Financiamento público 1,256 1 0,262
Financiamento privado 2,398 1 0,122
Financiamento por meio do mercado de capitais 6,955 1 0,008*
Agências de financiamento voltadas para inovação 1,059 1 0,303
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Ainda, quanto maior o porte da empresa, melhor a percepção desta sobre o Sistema
Financeiro como um todo, o que aponta novamente para o fato de que as empresas de grande
porte conseguem financiamentos de forma mais fácil que as de menor porte.
Figura 30 – Médias do Sistema Financeiro por porte da empresa
Fonte: O autor
110
Torna-se válido também avaliar as variáveis de cada uma das dimensões que
apresentaram variação de percepção das empresas analisadas com relação ao percentual de
capital estrangeiro. Com relação ao Sistema Financeiro, somente a variável “financiamento
por meio do mercado de capitais” apresentou diferença significativa entre os dois grupos de
respondentes. Em geral, assim como ocorre com o Sistema de C&T, a percepção das
empresas de capital estrangeiro é mais negativa sobre o Sistema Financeiro. Apenas com
relação à percepção sobre a facilidade de obtenção de “financiamento privado” a média obtida
pelas empresas estrangeiras foi maior que a média das empresas de capital nacional.
Figura 31 – Médias do Sistema Financeiro por participação de capital estrangeiro
Fonte: O autor
6.2.6 Setor Externo
Segundo Lundvall (2001), redes de relacionamento com o Setor Externo são
fundamentais para manter na vanguarda do conhecimento, podendo ser realizadas entre
diferentes tipos de atores, como empresas, pessoas, institutos de pesquisa ou até mesmo entre
as nações.
Visando avaliar o grau de desenvolvimento do relacionamento das empresas
parapetrolíferas com o Setor Externo, foram propostas questões relacionadas a cinco variáveis
que, segundo a literatura, são capazes de aferir o grau de desenvolvimento dessa dimensão no
Sistema Nacional de Inovação. As médias das respostas obtidas são apresentadas no Quadro
26.
111
Quadro 26 – Médias das respostas relativas ao Setor Externo
Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão
Cooperação com outros países 4,06 1,59
Importação 3,04 1,91
Exportação 1,72 1,23
Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,31 1,49
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 3,09 1,74
Fonte: O autor
Iniciamos nossa análise com o aspecto “cooperação com outros países”, que foi
avaliado pelas empresas como de bom nível de desenvolvimento (4,06). É possível perceber,
portanto, que há um esforço significativo no país para o estabelecimento de parcerias
internacionais no setor, que refletem no fortalecimento dos produtos/processos desenvolvidos
em empresas nacionais.
A média obtida para a variável “importação” foi de 3,04, situando-se bem acima da
média da variável “exportação”. Uma das possíveis explicações esse caso é descrita por
Oliveira (2008), segundo o qual a instabilidade dos investimentos do setor de petróleo
nacional produz vales e picos profundos na curva de demanda de equipamentos, induzindo os
fornecedores a programar sua capacidade de oferta em patamar significativamente abaixo da
demanda média, tornando inevitáveis níveis elevados de importação nos períodos de pico.
Já a variável “exportação” foi a que obteve menor média entre todas as perguntas
avaliadas na pesquisa (1,72), sendo a única da pesquisa a indicar nível muito baixo de
desenvolvimento. Este é um ponto que, definitivamente, deve ser desenvolvido no SNI.
Segundo Oliveira (2008), “é preciso que as empresas sejam menos dependentes da demanda
do mercado brasileiro, pois as exportações podem atuar como importante fonte de redução
dos efeitos nocivos das flutuações agudas na curva de demanda doméstica de equipamentos”.
Finalmente, é válido observar o intercâmbio de pesquisadores nacionais e estrangeiros
no contexto das empresas parapetrolíferas, representadas pelas duas últimas variáveis da
pesquisa. Nesse contexto, fica claro que é mais comum o envio de pesquisadores nacionais ao
exterior (média 3,09) do que a utilização de pesquisadores estrangeiros no país (média 2,31).
As parcerias estabelecidas e os projetos internacionais desenvolvidos no país podem propiciar
um grande intercâmbio entre os pesquisadores nacionais e os estrangeiros, contribuindo para a
troca de conhecimento, bem como para a evolução das pesquisas nacionais (SANTOS, 2008).
112
É possível, por fim, observar – com base nas análises abertas por PCE – que as
empresas de capital estrangeiro mantêm um relacionamento muito mais forte com o Setor
Externo do que as empresas nacionais. As primeiras importam e exportam mais, além de
praticarem intercâmbio de pesquisadores de forma mais recorrente.
Analisando as médias abertas por segmento de atuação, o segmento de Informação de
Reservatórios (IR) foi o que apresentou as maiores médias com relação ao Setor Externo,
tanto com relação à cooperação com outros países, como com relação à importação de bens e
intercâmbio de pesquisadores.
Figura 32 – Médias do Setor Externo por segmento de atuação da empresa
Fonte: O autor
Com o objetivo de verificar se havia diferenças estatisticamente significativas entre os
grupos de respondentes no que diz respeito às três variáveis demográficas consideradas no
estudo para o Setor Público, os resultados desta dimensão também foram plotados em Box-
Plots (Apêndice VII), seguindo-se o Teste Kruskal Wallis, apresentado no Quadro 27. Com
base nos resultados, foi possível constatar que a variável demográfica “participação de capital
estrangeiro” tem influência sobre a percepção dos fornecedores diretos sobre o Setor Externo,
enquanto o “porte da empresa” e o “segmento de atuação” não geram influências
significativas a um nível de 5% de significância. Apesar disso, tanto o porte quanto o
segmento de atuação mostraram-se significantes a níveis de 5,5% e 10,7%.
113
Quadro 27 – Teste Kruskal Wallis do Setor Externo para variáveis demográficas
Variável
Demográfica Teste
Setor
Externo
Porte da
Empresa
Teste
Estatístico 5,816
gl 2
Sig. 0,055
Participação
de capital
estrangeiro
Teste
Estatístico 8,121
gl 1
Sig. 0,004*
Segmento de
atuação
Teste
Estatístico 7,617
gl 4
Sig. 0,107
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Torna-se válido também avaliar as variáveis de cada uma das dimensões do Setor
Externo que apresentaram variação de percepção das empresas analisadas com relação ao
percentual de capital estrangeiro.
Quadro 28 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para a variáveis do Setor Externo por PCE
Variável
Demográfica Variáveis da Pesquisa
Teste
Estatístico gl Sig.
Participação
de Capital
Estrangeiro
Cooperação com outros países 1,674 1 0,196
Importação de bens 5,484 1 0,019**
Exportação de bens 9,832 1 0,002*
Utilização de pesquisadores estrangeiros 8,667 1 0,003*
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 3,388 1 0,066
*sig. < 0,01; **sig. < 0,05
Fonte: O autor
Sendo assim, no que diz respeito ao Setor Externo, três das cinco variáveis referentes a
essa dimensão apresentaram diferenças significativas com relação ao percentual de capital
estrangeiro da empresa. São elas: “importação de bens”, “exportação de bens” e “utilização de
pesquisadores estrangeiros”. De fato, como pode ser observado na Figura 33, o
114
relacionamento das empresas estrangeiras com o Setor Externo é mais intenso do que o
relacionamento das empresas nacionais, o que pode justificar o resultado.
Figura 33 – Médias do Setor Externo por participação de capital estrangeiro
Fonte: O autor
6.2.7 Resumo da Análise das Dimensões
De forma a resumir os resultados encontrados nos três quadros apresentados
anteriormente, foram calculadas as médias de cada uma das cinco variáveis relativas às seis
dimensões de estudo para todas as empresas que participaram do estudo. O resultado é
apresentado na Figura 34.
Figura 34 – Médias por dimensão do SNI
Fonte: O autor
115
Utilizando o critério apresentado no capítulo 5 (Quadro 8), podemos observar que
nenhuma das dimensões do Sistema de Inovação do setor de petróleo e gás no Brasil
apresenta nível muito baixo de desenvolvimento, porém três das seis dimensões avaliadas
apresentam nível baixo de desenvolvimento, como é o caso do Sistema Financeiro, Sistema
de Educacional e Setor Externo. O Setor Público e o Sistema de C&T apresentaram um nível
médio de desenvolvimento e, finalmente, o Setor Produtivo apresentou um bom nível de
desenvolvimento.
6.2.8 Fontes de Inovação
Na última seção do questionário, pedimos para que os respondentes ordenassem – de 1
a 6, sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante – os fatores que favorecem a inovação
e geração de conhecimento. Cada um dos itens que deveriam ser classificados dizia respeito a
uma das dimensões consideradas neste estudo como componentes do SNI. A partir de então,
foram calculadas as médias, apresentadas no Quadro 29, como forma de ranquear as
dimensões do SNI em grau de importância como fonte de inovação e geração de
conhecimento.
Quadro 29 – Grau de importância das fontes de inovação do SNI
Dimensão do SNI Fontes de Inovação Grau de
Importância
Setor Produtivo
Clientes, fornecedores ou outras empresas parapetrolíferas
(especificação técnica do produto, contratos de cooperação
equipamentos, insumos etc.).
4,28
Sistema
Educacional Universidades, centros de treinamento e mão-de-obra qualificada 3,90
Sistema Financeiro Recursos financeiros e financiamentos obtidos junto a instituições
financeiras públicas e/ou privadas. 3,60
Sistema de C&T Investimentos em P&D e transferência de tecnologia – uso de
patentes, assistência técnica 3,24
Setor Público Leis e políticas públicas que facilitem a aprendizagem coletiva
dentro das fronteiras do país 3,10
Setor Externo Parcerias com empresas ou institutos de pesquisa estrangeiros 2,88
Fonte: O autor
Os resultados obtidos revelam que o Setor Produtivo é, de fato, o mais relevante para o
SNI do setor, com média 4,28, seguido pelo Setor Educacional, com média 3,90, e pelo
116
Sistema Financeiro, com média 3,60. Esse resultado ressalta a importância da interação com
as diferentes empresas que fazem parte do setor para a obtenção de informações tecnológicas.
Tal resultado indica também a importância de ser preservado o papel das operadoras
como coordenadores do processo inovativo, exercido atualmente pela Petrobras. Tal aspecto
merece atenção à medida que os EPCistas estão adquirindo importância na coordenação dos
projetos do setor de petróleo e gás, sem que a questão da coordenação do processo inovativo
esteja embutida no conjunto de suas atividades (OLIVEIRA, 2008).
Outro aspecto relevante a ser destacado no quadro acima é o fato de que as atividades
de pesquisa e desenvolvimento (P&D) sejam consideradas pelos fornecedores do setor de
petróleo e gás como apenas a quarta principal fonte de conhecimento tecnológico para os,
com média 3,24. Tal resultado corrobora a afirmação de Oliveira (2008), segundo o qual a
principal fonte de conhecimentos tecnológicos dos fornecedores é o aprendizado na produção
(learning-by-doing). O fato de o aprendizado na produção aparecer como uma das principais
fontes de conhecimento é de certa forma positivo, pois indica que as firmas dedicam parte do
seu tempo de produção para adquirir informações tecnológicas. No entanto, não se podem
deixar de lado as atividades de P&D, caso contrário o conhecimento tecnológico adquirido
ficaria restrito às atividades correntes da empresa (OLIVEIRA, 2008).
Ao final do ranking, identificamos o Setor Público e o Setor Externo como as
dimensões menos relevantes do SNI, com médias 3,10 e 2,88, respectivamente. O fato de o
Setor Externo aparecer como a dimensão de menor importância no processo de inovação do
SNI de petróleo e gás é bastante curioso, à medida que, em geral, os fornecedores da indústria
desenvolvem forte interação com agentes no exterior, com o objetivo de adquirir informações
tecnológicas, tanto mediante transferência de conhecimento intra-firma, no caso das empresas
multinacionais, quanto através de contratos de permuta de conhecimento do exterior, no caso
de empresas nacionais (OLIVEIRA, 2008). Tal resultado, no entanto, pode estar atrelado às
medidas de controle do conteúdo local no fornecimento de bens e serviços do setor, que vem
sendo bastante estimulada nos últimos anos.
6. 2.9 Impedimentos à Inovação
O mesmo procedimento realizado para determinar as principais fontes de inovação do
setor de petróleo e gás também foi utilizado para identificar os principais fatores que
restringem a inovação, quando pedimos que os respondentes da pesquisa ordenassem – de 1 a
117
6, sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante – os impedimentos à inovação e geração
de conhecimento. Os resultados são apresentados no Quadro 30:
Quadro 30 – Grau de importância dos impedimentos à inovação do SNI
Dimensão do SNI Impedimentos à Inovação e Geração do Conhecimento Grau de
Importância
Setor Público Leis, políticas públicas e tributação direta e indireta (ICMS,
CONFINS, Sistema REPETRO etc.) 4,24
Sistema
Educacional
Indisponibilidade de mão-de-obra especializada (experiência,
qualificação) e tempo necessário para a capacitação. 4,17
Sistema Financeiro Indisponibilidade de recursos financeiros e/ou dificuldade de
financiamento. 3,58
Sistema de C&T Deficiências na infraestrutura tecnológica do país e defasagem
tecnológica nacional. 3,45
Setor Produtivo Dificuldade de cooperação entre empresas do setor 2,79
Setor Externo Barreiras de importação/exportação com o mercado externo. 2,77
Fonte: O autor
Percebemos, com base na análise do quadro, que o Setor Público é o que estabelece as
maiores barreiras à inovação, por meio de leis, políticas públicas e tributação direta e indireta.
Com base nas médias apresenadas anteriormente para as variáveis “legislação” e
“regulamentação” e “políticas do executivo”, que foram, em geral, maiores que 3,0,
entendemos que a tributação tenha sido fator decisivo para posicionar o Setor Público como
dimensão de maior impedimento à inovação no setor. Destaca-se, neste contexto, a questão do
REPETRO, que, segundo Oliveira (2008), cria um ambiente de pouca isonomia entre as
empresas domésticas e as localizadas fora do país. O autor salienta que os problemas com
esse sistema de tributação se iniciam pelo fato de diferentes estados serem envolvidos no
fornecimento, o que gera obstáculos de diversas naturezas para a isenção do ICMS. Assim,
mesmo nas situações em que a isenção é obtida, o uso dos créditos de ICMS não é
assegurado. A segunda dificuldade apresentada pelo REPETRO seria a complexidade de sua
legislação.
Outro fator de destaque no impedimento à inovação no setor de petróleo e gás é a
indisponibilidade de mão-de-obra especializada. Este resultado era esperado, com base nas
médias obtidas quando avaliamos anteriormente as diferentes variáveis constituintes do
Sistema Educacional. As respostas obtidas apontaram como fatores críticos para essa
118
dimensão a indisponibilidade de mão-de-obra nos diferentes níveis de escolaridade,
caracterizando um baixo nível de desenvolvimento no Brasil para essa dimensão.
Na sequência, aparecem como impedimentos à inovação o Setor Financeiro
(indisponibilidade de recursos e/ou dificuldade de financiamento), com média 3,58 e o Setor
de Ciência e Tecnologia (deficiência na infraestrutura tecnológica do país e defasagem
tecnológica nacional), com média 3,45.
A dificuldade de cooperação entre as empresas no setor aparece como um dos
impedimentos menos relevantes ao setor, com média 2,79. Este resultado era esperado, dado
que, conforme discutido anteriormente, a interação com as diferentes empresas é recorrente
no setor para a obtenção de informações tecnológicas.
Finalmente, o Setor Externo aparece como a dimensão de menor impedimento à
inovação, à medida que, segundo os respondentes da pesquisa, as barreiras à importação e
exportação não são os maiores impedimentos à geração de conhecimento. Esse resultado pode
ser positivo pelo lado da aceleração da capacitação tecnológica no país, mas negativo por uma
perspectiva de desenvolvimento com base em expertise nacional. Nesse sentido, não se pode
ignorar a importância da abertura da economia brasileira como instrumento de estímulo à
maior capacitação tecnológica da indústria brasileira. Deve-se, entretanto, tomar cuidado com
a velocidade e o grau de abertura adequado, temas que deveriam ser objeto de estudos
permanentes por parte do governo brasileiro (MARZANI, FURTADO e GUERRA, 2003).
119
7 RESUMO E CONCLUSÕES
O setor de petróleo e gás no Brasil encontra-se diante de uma grande oportunidade e,
ao mesmo tempo, de um desafio histórico. Como pudemos observar ao longo do estudo, as
atividades relacionadas à extração de hidrocarbonetos no país, especialmente no segmento
offshore, vêm crescendo de forma acelerada, criando condições para que o parque de
fornecedores da cadeia de petróleo e gás se desenvolva e se consolide como supridor
competitivo nacional.
As empresas parapetrolíferas são tidas como difusoras de progresso técnico no setor e,
com relação às inovações de produto no mercado nacional, como grandes fontes de inovação
para o setor de petróleo e gás (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,
2009; PROMINP, 2008a). Tais empresas esbarram, entretanto, em certas limitações que
inibem a aceleração do processo de inovação no país.
O objetivo do presente estudo foi analisar o SNI de petróleo e gás e identificar os
aspectos mais desenvolvidos e os fatores limitadores da atuação das empresas fornecedoras da
cadeia de petróleo no Brasil, traçando uma avaliação dos principais aspectos de um construto
teórico, elaborado com base na literatura de Sistemas Nacionais de Inovação, baseado na
premissa de que compreender os enlaces entre os atores envolvidos na inovação é a chave
para melhorar o desempenho da utilização da tecnologia.
Nesse contexto, as dificuldades e facilidades das empresas parapetrolíferas foram aqui
avaliadas na perspectiva de Barbosa (2005), que entende a participação das empresas em um
sistema nacional de inovação como se manifestando em seis dimensões da empresa: (i) com
outras empresas; (ii) com o Setor Público; (iii) com o Sistema de C&T; (iv) com o Sistema de
Educação; (v) com o Sistema Financeiro; e (vi) com o Setor Externo.
Os resultados desta pesquisa permitiram identificar que o Setor Produtivo brasileiro
parece estar equipado para responder aos desafios impostos pelo crescimento do setor de
petróleo e gás no país, no entanto ainda existem lacunas no SNI que necessitem ser
preenchidas. Os principais aspectos que devem ser mais bem trabalhados em cada sistema e
os pontos de maior destaque dentro da pesquisa realizada são apresentados a seguir.
7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA
Os resultados da pesquisa quantitativa realizada nos levam a propor um novo esquema
conceitual que sintetize o funcionamento do SNI, segundo a percepção das empresas
120
parapetrolíferas. O esquema apresentado na Figura 35 visa representar, após a análise das
seções anteriores, como tais empresas percebem o Sistema Nacional de Inovação, com base
na importância das diferentes dimensões constituintes e nas dificuldades impostas por cada
uma delas.
Nesse contexto, as empresas fornecedoras aparecem no centro do esquema, por serem
de fundamental importância para o funcionamento do Sistema Nacional de Inovação,
consistindo também no foco deste estudo. Tais empresas podem ser divididas em cinco
segmentos: Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP), Revestimento e
Completação (RC), Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM).
Figura 35 – Importância dos relacionamentos das empresas fornecedoras no SNI no setor de petróleo e
gás
Fonte: O autor
Conforme retratado anteriormente neste trabalho, as empresas atuantes no SNI do
setor de petróleo e gás estabelecem relação com as seis dimensões propostas neste estudo:
121
Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema Educacional, Sistema Financeiro e
Setor Externo.
O Setor Produtivo é aquele formado por empresas operadoras de poços de petróleo e
fornecedoras diretas, que atuam tanto no desenvolvimento de equipamentos e estruturas
quanto na produção propriamente dita. O Sistema de C&T aparece no esquema como uma
dimensão responsável pelos esforços de P&D no contexto nacional e o Sistema Educacional,
formado por universidades e institutos de capacitação, fornece os recursos intelectuais
necessários à indústria. O Setor Público aparece como o principal responsável por
desenvolver regras e ações de suporte à inovação e de direito à propriedade intelectual,
criando também condições para que se desenvolva o SNI no setor de petróleo e gás.
Finalmente, o Sistema Financeiro e o Setor Externo também surgem no esquema como
criadores de condições para o funcionamento do SNI, sendo o primeiro um agente financiador
e criador de regras para financiamento e o segundo desenvolvedor de incentivos
internacionais.
De forma gráfica, as dimensões foram representadas com diferentes tamanhos,
conforme o grau de importância atribuído a estas na seção 3 da pesquisa. Assim, o Setor
Produtivo é tido como a dimensão de maior importância, seguido pelo Sistema Educacional e
pelo Sistema Financeiro. Ainda, foram atribuídas cores às diferentes dimensões, de acordo
com o nível de desenvolvimento observado a partir das médias obtidas na pesquisa. Desta
forma, quanto mais escura for a dimensão, maior seu grau de maturidade, segundo a
percepção das empresas parapetrolíferas, no desenvolvimento da inovação do setor. As setas
pontilhadas indicam que existe diferença de percepção sobre as dimensões Sistema de C&T,
Sistema Financeiro e Setor Externo com relação às variáveis demográficas relacionadas ao
porte (Sistema C&T e Sistema Financeiro) e à participação de capital estrangeiro (Sistema de
C&T, Sistema Financeiro e Setor Externo).
7.2 PRINCIPAIS ASPECTOS LIMITADORES DAS DIMENSÕES ANALISADAS
Esta seção busca apresentar as principais dificuldades (aspectos limitadores) das
dimensões do SNI do setor de petróleo e gás, com base na percepção das empresas
parapetrolíferas. Nesse contexto, apresentaremos também algumas recomendações de
natureza prática, organizadas a partir de percepções e reflexões com base na literatura e nos
122
resultados da pesquisa quantitativa aplicada, podendo contribuir, futuramente, para dinamizar
os relacionamentos dentro do Sistema de Inovação Brasileiro.
O Sistema Educacional é possivelmente o maior problema no país, sendo também a
dimensão pior avaliada dentro da pesquisa, com quase todos os aspectos com baixo nível de
desenvolvimento. As principais deficiências identificadas aqui se relacionam à baixa
disponibilidade de mão-de-obra, tanto operacional como em nível superior ou com pós-
graduação na área tecnológica. Tais resultados permitem-nos, portanto, perceber que
oportunidades para realizar desenvolvimento tecnológico no país podem ser perdidas em
função da formação acadêmica principiante da força de trabalho.
O Sistema de C&T é considerado dimensão central em diversos modelos de SNI. No
caso do setor de petróleo e gás, no entanto, as atividades voltadas para P&D não são
consideradas a principal fonte de conhecimento tecnológico da indústria. O que realmente
movimenta a inovação no SNI – segundo a percepção das empresas fornecedoras do setor de
petróleo e gás – é o learning-by-doing. O fato de o aprendizado na produção aparecer como
uma das principais fontes de conhecimento é vantajoso por um lado, já que indica que as
firmas dedicam parte do seu tempo de produção para desenvolver novas tecnologias, porém a
falta de investimento em atividades de pesquisa pode fazer com que o conhecimento
tecnológico fique restrito às atividades correntes da empresa. Na pesquisa realizada, o Sistema
de C&T apresentou nível médio de desenvolvimento, havendo espaço para evoluções nas
relações entre empresas e institutos de pesquisa. Ainda, os resultados da pesquisa indicam que
o papel das empresas no registro de patentes e publicações científicas ainda não se encontra
em nível adequado.
Nesse sentido, pode ser estabelecido estímulo especial para a instalação de
laboratórios de P&D e para a formulação de projetos que envolvam fornecedores. Um esforço
bastante relevante está sendo realizado com o objetivo de aumentar a participação e
capacitação da indústria nacional no segmento EPC no Brasil. O Centro de Excelência em
EPC (CE-EPC) – fundado em 2008 – é um exemplo disso, já que tem como meta levar a
indústria da cadeia de EPC brasileira a um estágio de competitividade internacional, contando
com a participação de universidades e centros de pesquisa brasileiros (REVISTA
PETROBRAS, 2009). O foco do CE-EPC é aumentar a competitividade da indústria nacional
na implantação de contratos EPC de instalações de óleo e gás, por meio do aporte de:
melhores práticas de gestão, tecnologia de ponta na elaboração das atividades, formação de
123
pessoal e identificação de oportunidades e recomendação para modernização da infraestrutura
existente (PROMINP, 2006).
Ainda com relação ao Sistema de C&T, pode-se intensificar a relação entre as
empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás e a infraestrutura tecnológica existente no
país. O estreitamento desses laços é fundamental, pois o desenvolvimento de atividades de
pesquisa em universidades e centros de pesquisa por si só, sem o envolvimento empresarial,
pode não ser suficiente para gerar uma dinâmica de inovação.
O Sistema Financeiro tem papel determinante no ritmo do desenvolvimento
tecnológico de um país, especialmente em atividades realizadas pelo setor de petróleo e gás,
que exige dispêndios consideráveis em todos os seus segmentos. Nesta pesquisa, entretanto, o
Sistema Financeiro apresentou baixo nível de desenvolvimento nos aspectos analisados,
principalmente por conta da percepção negativa das empresas de pequeno e médio porte. Isto
porque, de fato, as empresas de grande porte obtêm financiamentos de forma mais fácil do
que as demais empresas do SNI. Com relação às formas de financiamento praticadas no setor,
o financiamento privado foi mais frequentemente observado. De forma geral, as agências
governamentais de financiamento à inovação tecnológica não foram consideradas bem
preparadas para ação no setor e os bancos de fomento à inovação também não foram muito
bem avaliados pelas empresas.
Com relação ao Setor Público, o principal problema identificado foi a questão
tributária, capaz de inibir a competitividade na indústria. Faz-se necessário, portanto, existir
uma igualdade de condições em termos de carga tributária para que as empresas nacionais
possam competir com os fornecedores externos, na busca de um fortalecimento da indústria
nacional. Além disso, as políticas de inovação – determinantes no processo de evolução de
qualquer nação em termos tecnológicos – ainda podem ser desenvolvidas, bem como o
sistema de patenteamento existente no país, que pode ser considerado ainda muito lento e
ineficiente para os padrões mundiais.
Apesar de constituir a dimensão mais desenvolvida do SNI analisado, o Setor
Produtivo também apresenta alguns aspectos que podem ser melhorados no contexto do setor
de petróleo. Assim, uma maior aproximação das empresas, especialmente as produtoras de
tecnologia, de seus parceiros e concorrentes no processo inovativo ainda pode ser
desenvolvida, agregando suas capacitações e seus recursos e gerando maior transmissão de
conhecimento no SNI do setor de petróleo e gás.
124
Finalmente, com relação ao Setor Externo foi identificado grande desbalanceamento
entre importações e exportações. Enquanto o volume de importações mantém-se relevante
para o setor, as exportações são quase insignificantes dentre as empresas fornecedoras da
cadeia de petróleo e gás, sendo muito mais representativas nas empresas estrangeiras. Essa
situação pode ser explicada, em parte, por conta de alguns obstáculos colocados aos
fornecedores nacionais, tais como a heterogeneidade competitiva da indústria e o papel da
indústria naval no Brasil, que praticamente parou por vários anos no país. Nesse sentido, as
políticas industriais hoje devem estar voltadas para aumentar a competitividade das empresas
brasileiras e a sua inserção internacional através do aumento das exportações e a substituição
competitiva das importações. Ainda, é preciso criar canais para a entrada dos fornecedores
domésticos nos mercados externos, tarefa que exige das associações empresariais um papel
ativo na identificação de mercados potenciais, inclusive apoiando-se nas unidades de negócio
da Petrobras no exterior.
7.3 FATORES MAIS DESENVOLVIDOS DAS DIMENSÕES ANALISADAS
Esta seção busca apresentar as principais facilidades (fatores mais desenvolvidos) das
dimensões do SNI do setor de petróleo e gás, com base na percepção das empresas
parapetrolíferas.
Nesse contexto, o Setor Produtivo foi o fator melhor analisado na pesquisa, cujo
desempenho está diretamente relacionado ao grau de cooperação do setor. De fato, a indústria
fornecedora da cadeia de petróleo e gás no país apresenta cooperação relevante com outras
empresas e esse pode ser o principal fator explicativo da inovatividade desse tipo de indústria.
Este resultado pode ser explicado também pelo papel da Petrobras no SNI, que adota termos
de cooperação com os fornecedores como mecanismo de coordenação e formação de sua rede.
Além disso, com base na revisão de literatura realizada neste estudo, podemos concluir que
nosso parque industrial é diversificado e há clara disposição das empresas para investir na
ampliação de capacidade instalada.
As médias obtidas na pesquisa ao Setor Público classificam esta dimensão como de
médio desenvolvimento no contexto do setor de petróleo e gás. Este resultado pode ser
atribuído, em parte, ao papel das políticas públicas estabelecidas a partir de projetos do
Prominp, que agem em benefício da cadeia de fornecedores da indústria.
125
Já no Sistema de C&T, como pontos de maior destaque pode ser destacada a parceria
com centros de pesquisa e universidades, o que propicia uma maior transmissão de
conhecimento e, por consequência, tem impacto positivo no processo de desenvolvimento do
SNI do setor de petróleo e gás no Brasil.
7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A pesquisa desenvolvida tem apenas caráter exploratório, não tendo objetivo algum de
ser definitiva na análise do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás. Nesse
sentido, algumas limitações são apresentadas pelo estudo. Primeiramente, existe uma
disparidade entre o número de respondentes dos segmentos avaliados: as empresas
respondentes dos segmentos de Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM)
representaram mais da metade dos respondentes. Apesar de estas representarem maior número
também no Cadastro da ONIP, de onde os contatos foram extraídos, uma melhor distribuição
dos grupos respondentes seria conveniente para comparação das visões apresentadas no
estudo. Mais especificamente, seria interessante aumentar o número de empresas
respondentes para o segmento de Perfuração de Poços (PP).
Outra limitação da pesquisa foi o método de avaliação utilizado. Uma análise
qualitativa dos sistemas, mais voltada para as instituições, talvez pudesse apresentar
problemas mais específicos de cada dimensão, além dos baseados na literatura já existente.
Podemos citar ainda como limitação do estudo o recorte nela realizado, que se propôs
a avaliar somente a fração upstream do setor de petróleo e gás nacional, não engloba todas as
atividades desenvolvidas no setor. Os segmentos de refino e distribuição, por exemplo, que
fazem parte da segmentação downstream do SNI, também são de grande importância e
poderiam ser considerados para uma análise mais concreta.
Finalmente, é importante destacar o fato de que esta pesquisa está presa a um período
histórico, podendo não ser mais válida como resultado de avaliação do SNI no setor de
petróleo e gás para os próximos anos, o que gera necessidade de novas pesquisas.
7.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
A necessidade de novas pesquisas complementares a esta pode ser cogitada,
principalmente através dos resultados obtidos. De fato, o levantamento feito aqui neste
126
trabalho é bastante geral e, para termos uma melhor noção de ações pontuais a serem tomadas
no modelo proposto neste trabalho, novas pesquisas devem ser realizadas.
Em primeiro lugar, podem ser realizados estudos específicos de cada uma das
dimensões apresentadas (Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema
Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo), fazendo com que as deficiências aqui
citadas sejam mais bem compreendidas e que as ações propostas sejam mais bem
direcionadas.
Pode ser válida a utilização, em pesquisas futuras, do mesmo framework de análise
para outras nações, estabelecendo comparações entre países ou regiões econômicas. Ainda, o
framework utilizado nesta pesquisa pode ser adaptado para aplicação em outros setores da
indústria nacional.
Finalmente, podem ser realizadas pesquisas de caráter mais qualitativo, como estudos
de caso de instituições/empresas atuantes no setor, que poderão, futuramente, auxiliar no
entendimento das relações entre os fluxos estabelecidos dentro do SNI.
127
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14/06/2011.
THOMAS, José E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro, RJ. Editora
Interciência, 2001.
TIDD J., BESSANT J., PAVITT K. Managing innovation: integrating technological,
market and organizational change. Chichester: John Wiley & Sons, 1997.
TIRONI, L. F. Política de Inovação Tecnológica: escolhas e propostas baseadas na PINTEC.
São Paulo em Perspectiva. Vol. 19, N. 1, p. 46-53. Jan/Mar, 2005.
137
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São
Paulo: Atlas, 1998.
138
APÊNDICES
APÊNDICE I – PRINCIPAIS ASPECTOS A SEREM ANALISADOS POR DIMENSÃO DO SNI
Dimensão
do SNI Aspectos a serem analisados Autores
Setor
Produtivo
Aquisição de tecnologia de outras empresas Lundvall (1988), Lundvall (2001)
Redes industriais de conhecimento
Tidd, Bressant e Pavit (1997),
Silvestre e Dalcol (2007),
Figueiredo (2003)
Parcerias com operadoras Dantas (1999), Oliveira (2008)
Parcerias com outras empresas parapetrolíferas Dantas (1999), Oliveira (2008)
Parcerias com empresas fornecedoras Dantas (1999), Oliveira (2008)
Setor
Público
Legislação List (1841), BNDES (2010),
REPETRO (2011)
Regulamentação Barbosa (2005), ANP (2001a)
Políticas do Executivo Furtado (1997)
Atuação do Prominp Prominp (2011), Pellegrin (2005)
Propriedade intelectual BNDES (2010)
Sistema de
Ciência e
Tecnologia
Pesquisa básica e aplicada OECD (1997), Bartholomew
(1997)
Parcerias com centros de pesquisa de
universidades Freeman e Soete (1997)
Parcerias com institutos públicos de pesquisa Freeman e Soete (1997)
Atuação do INPI INPI (2011)
Registro de patentes e publicações científicas Arundel (2003), Ross et al. (2005)
Sistema
Educacional
Mão-de-obra técnica Suslick e Iatchuk (2006)
Mão-de-obra de ensino superior IPEA (2011), Rapini et al. (2009),
FINEP (2006)
Mão-de-obra com pós-graduação Rapini et al. (2009), Suslick e
Iatchuk (2006)
Instituições de capacitação do setor de petróleo e
gás Suzigan e Albuquerque (2008)
Programas do governo de capacitação de mão-de-
obra
Gall (2011), Suslick e Iatchuck
(2006), Lundvall (2007)
Sistema
Financeiro
Programas de Financiamento FINEP (2011), Pellegrin (2005)
Financiamento público Tironi (2005), Pellegrin (2005)
Financiamento privado Tironi (2005), IBGE (2010),
OECD (1999)
Financiamento por meio do mercado de capitais Tironi (2005)
Agências de financiamento voltadas para
inovação FINEP (2011)
139
Setor
Externo
Cooperação com outros países
OECD (1997), Lundvall (2011),
Mansfield (1988), Hikina e
Amsden (1994)
Importação de matéria-prima, bens de capital e
insumos de alta tecnologia IPEA (2010)
Exportação de matéria-prima, bens de capital e
insumos de alta tecnologia IPEA (2010)
Utilização de pesquisadores estrangeiros Gall (2011), Santos (2008)
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior Gall (2011), Santos (2008)
140
APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA QUANTITATIVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
PESQUISA SOBRE O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DO SETOR DE
PETRÓLEO E GÁS
O Instituto COPPEAD de Administração está desenvolvendo um estudo sobre a atuação das
empresas fornecedoras do segmento upstream no Sistema Nacional de Inovação do Setor de
Petróleo e Gás.
Essa pesquisa está sob orientação do Professor Cesar Gonçalves e possui fins exclusivamente
acadêmicos. Todas as informações fornecidas serão consideradas estritamente confidenciais e
tratadas sempre de forma agregada.
Este questionário é composto de 3 perguntas preliminares e 32 sentenças relacionadas a
atitudes, procedimentos, atividades e recursos que buscam caracterizar a forma como a sua
empresa está inserida no setor de Petróleo e Gás brasileiro. Para submeter suas respostas,
clique no botão localizado ao final de cada bloco de sentenças. Caso prefira continuar o
questionário mais tarde, é possível sair da página e retomar de onde parou. Basta apenas
acessar o link recebido por e-mail do mesmo computador, onde as respostas dadas ficam
armazenadas.
Agradecemos desde já pelo seu tempo e cooperação.
Frederico Hanna [email protected]
Departamento de Operações, Tecnologia e Logística
Instituto COPPEAD de Administração
SEÇÃO 1 – PERGUNTAS PRELIMINARES
A. Porte da empresa, com relação à Receita Operacional Bruta (ROB) anual:
( ) Microempresa ROB menor ou igual a R$ 2,4 milhões
( ) Pequena Empresa ROB maior do que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões
( ) Média Empresa ROB maior do que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões
( ) Média-Grande Empresa ROB maior do que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões
141
( ) Grande Empresa ROB maior do que R$ 300 milhões
B. Participação de capital estrangeiro na empresa:
( ) 0% a 24%
( ) 25% a 50%
( ) 51% a 100%
C. Segmento principal da indústria de petróleo e gás ao qual a empresa pertence:
( ) Informação de reservatórios Levantamento e processamento de informações marítimas e geofísicas
( ) Perfuração de poços Fabricação de materiais e realização de serviços de perfuração em poços de
petróleo
( ) Revestimento e completação Fabricação, manutenção e operação de equipamentos e materiais de
completação e estimulação de poços
( ) Infraestrutura Projeto, suprimento, construção e montagem de plataformas de pefuração e
produção
( ) Produção e manutenção Fabricação, manutenção e operação de equipamentos de superfície e
submarinos
SEÇÃO 2 – SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO
Para cada uma das sentenças, atribua graus de concordância de 1 a 6 – sendo 1 discordo
totalmente e 6 concordo totalmente – às informações apresentadas.
SEÇÃO 2.1 – SETOR PRODUTIVO BRASILEIRO
1. A aquisição de tecnologia de outras empresas brasileiras, com contratação de serviços de
assistência técnica e com pagamento de royalties, é fundamental para a sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
2. A associação a redes industriais de conhecimento, nas quais o interesse é focado mais na
troca de conhecimento do que em trocas comerciais, é importante para a garantia da
competitividade da sua empresa no longo prazo.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
142
3. A realização de parcerias com operadoras de poços de petróleo (Petrobras, Chevron,
Shell etc.) no desenvolvimento ou melhoria de produtos/processos é importante para as
atividades de inovação da sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
4. A realização de parcerias com outras empresas parapetrolíferas (fornecedoras de bens e
serviços relacionados ao setor de petróleo e gás) no desenvolvimento ou melhoria de
produtos/processos é importante para as atividades de inovação da sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
5. A realização de parcerias com fornecedoras da sua empresa no desenvolvimento ou
melhoria de produtos/processos é importante para as atividades de inovação da sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
SEÇÃO 2.2 – SETOR PÚBLICO BRASILEIRO
6. Os mecanismos legais instituídos pelo Setor Público (como a Obrigatoriedade de
Certificação de Conteúdo Local) e o regime tributário vigente incentivam a política de
desenvolvimento do setor e, consequentemente, da sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
7. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) possui uma
ação de regulação estável, garantindo o equilíbrio competitivo e econômico do setor de
petróleo e gás, no qual a sua empresa está inserida.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
8. As políticas do Poder Executivo para o setor de petróleo e gás (Capacitação de
Fornecedores, Financiamento de Pesquisas, Formação de Pesquisadores etc.) são eficazes e
influenciam positivamente a atuação da sua empresa no mercado.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
9. As politicas públicas estabelecidas a partir de projetos do PROMINP (Plano Nacional
de Qualificação Profissional, Criação de Centros de Excelência e Redes de Cooperação etc.)
são eficazes e agem em benefício da cadeia de fornecedores do setor de Petróleo e Gás
brasileiro.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
10. O país faz valer em seu território as leis (Lei da Inovação, Lei do Bem etc.) que preservam
a propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, incentivando as atividades
inovativas da sua empresa.
143
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
SEÇÃO 2.3 – SISTEMA BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
11. A infraestrutura dos centros de pesquisa nacionais (como o CENPES) supre a demanda de
desenvolvimento de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada da empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
12. A qualidade dos centros de pesquisa de universidades do país (COPPE/UFRJ etc.)
estimula o desenvolvimento de parcerias da sua empresa com tais instituições em atividades
de desenvolvimento (ou melhoria) de produtos e/ou processos.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
13. A qualidade dos institutos públicos de pesquisa (IPT - Instituto de Pesquisas
Tecnológicas - etc.) estimula o desenvolvimento de parcerias da sua empresa com tais
instituições em atividades de desenvolvimento ou melhoria de produtos e/ou processos.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
14. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) cria um sistema de Propriedade
Intelectual que estimula a inovação no setor de Petróleo e Gás.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
15. O registro de patentes e as publicações científicas são estimulados na sua empresa para
manter a competitividade no setor de Petróleo e Gás.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
SEÇÃO 2.4 – SISTEMA BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO
16. O governo investe os recursos necessários no ensino primário e secundário, criando
condições de disponibilidade e de desenvolvimento de técnicos (ensino médio) para o setor
de Petróleo e Gás.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
17. Os investimentos no ensino superior são suficientes para disponibilizar quantidade
suficiente de profissionais de nível superior que atuarão no setor de Petróleo e Gás (e na sua
empresa).
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
144
18. A sua empresa adquire, sem dificuldades, empregados com mestrado e/ou doutorado em
área tecnológica.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
19. O Brasil possui instituições de treinamento industrial (com o SENAI) competentes e
diversificadas para atender à demanda do setor de Petróleo e Gás nacional e da sua empresa
com qualidade.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
20. Alguns esforços governamentais voltados para o desenvolvimento de recursos
humanos (como o PROMINP, o PRONATEC, o E-Tec etc.) são eficazes e influenciam
positivamente a disponibilidade de mão-de-obra qualificada no setor.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
SEÇÃO 2.5– SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO
21. Os programas de financiamento do Governo (Antecipação de Recebíveis – do
PROMINP –, Progredir – da Petrobras –, BNDES petróleo e gás etc.) viabilizam o
investimento no setor através de crédito.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
22. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento
de produtos/processos quando recorre ao Setor Público (BNDES, Bancos de
Desenvolvimento etc.).
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
23. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento
de produtos/processos quando recorre ao setor bancário privado.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
24. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento
de produtos/processos quando recorre ao mercado de capitais.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
25. No país, existem agências de financiamento especializadas no investimento das
atividades de inovação tecnológica da sua empresa (FINEP, etc.) que suprem a necessidade da
sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
145
SEÇÃO 2.6– SETOR EXTERNO
26. Parcerias de cooperação com outros países beneficiam o desenvolvimento ou melhoria
de produtos e/ou processos da sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
27. Sua empresa importa matérias-primas, bens de capital ou insumos de alta tecnologia
(aqueles derivados de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada) do exterior de forma
recorrente.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
28. Sua empresa exporta matérias-primas, bens de capital ou insumos de alta tecnologia
(aqueles derivados de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada) para o exterior de forma
recorrente.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
29. A utilização de pesquisadores estrangeiros é um fator que contribui para a geração de
inovação na sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
30. O envio de pesquisadores nacionais para outros países é um fator que contribui para a
geração de inovação na sua empresa.
( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6
SEÇÃO 3 – ANÁLISE DOS ASPECTOS GERAIS
A. Ordene, de forma crescente (sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante), os fatores
que favorecem a inovação para a sua empresa dentro do setor brasileiro de petróleo e gás:
( ) Clientes, fornecedores ou outras empresas parapetrolíferas (especificação
técnica do produto, contratos de cooperação equipamentos, insumos etc.).
( ) Leis e políticas públicas que facilitem a aprendizagem coletiva dentro das
fronteiras do país
( ) Investimentos em P&D e transferência de tecnologia – uso de patentes,
assistência técnica
( ) Universidades, centros de treinamento e mão-de-obra qualificada
( ) Recursos financeiros e financiamentos obtidos junto a instituições financeiras
públicas e/ou privadas.
( ) Parcerias com empresas ou institutos de pesquisa estrangeiros
146
B. Ordene, de forma crescente (sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante), os
seguintes impedimentos à inovação e geração de conhecimento:
( ) Dificuldade de cooperação entre empresas do setor
( ) Leis, políticas públicas e tributação direta e indireta (ICMS, CONFINS,
Sistema REPETRO etc.)
( ) Deficiências na infraestrutura tecnológica do país e defasagem tecnológica
nacional.
( ) Indisponibilidade de mão-de-obra especializada (experiência, qualificação) e
tempo necessário para a capacitação.
( ) Indisponibilidade de recursos financeiros e/ou dificuldade de financiamento.
( ) Barreiras de importação/exportação com o mercado externo.
147
APÊNDICE III – FILTROS PARA A SELEÇÃO DAS PESQUISAS (CADASTRO ONIP)
INFORMAÇÃO DE RESERVATÓRIOS
SERVIÇOS
o Serviços Técnicos Especializados
Levantamento e Processamento de Aerolevantamento
Levantamento e Processamento de Batimetria (correntes, marés, ondas e medições por
radioisótopos)
Levantamento e Processamento de Batimetria, Varredura Lateral, Sísmica Rasa e
Amostragem Superficial do Fundo do Mar
Levantamento e Processamento de Posicionamento Marítimo
Levantamento e Processamento de Sensoriamento Remoto
Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico
Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico Convencional
Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico por Satélites
Levantamento Sísmico Marítimo.
Levantamentos Geofísicos e Perfuração Geotécnica com afretamento de embarcações;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) de Outros Métodos Geofísicos;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Gravimetria Aérea;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Gravimetria;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Magnetometria Aérea;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Magnetometria;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Marítima
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Terrestre de Reflexão;
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Terrestre de Refração
Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica;
PERFURAÇÃO DE POÇOS
MATERIAIS
o Materiais de Perfuração para Cabeça de Poço Submarino
o Materiais de Perfuração para Uso em Cabeça de Poço de Superfície
o Acessórios para Coluna de Perfuração de Poços de Petróleo
o Brocas e Alargadores para Perfuração de Poços de Petróleo
SERVIÇOS
o Perfuração de Poços de Petróleo
o Serviços com Sondas de Produção em Poços de Petróleo e Correlatos
REVESTIMENTO E COMPLETAÇÃO
MATERIAIS
o Materiais de Completação
SERVIÇOS
o Manutenção e Operação de Equipamentos e Materiais de Completação, Restauração e
Estimulação de Poços
Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação - Assistência Técnica
Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação - Operação com Fluídos Aerados
Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Estocagem e Carregamento de Materiais
Sólidos a Granel (inclusive cimento)
Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Manutenção de Equipamentos de Fluídos
Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Manutenção e Operação de Unidades de
Filtração de Fluído de Completação
Manutenção/Reparo de "Riser" de Completação
Manutenção/Reparo de Árvore de Natal Convencional
Manutenção/Reparo de Arvore de Natal Molhada, Suspensor de Coluna, Ferramentas
Associadas, "Terminal Head" e BOP de "Workover"
Manutenção/Reparo de Camisa Deslizante "Sliding Sleeve"
Manutenção/Reparo de Carretel ou Bobina para Umbilical.
Manutenção/Reparo de Controle Hidráulico de ANM e Correlatos
o Assistência Técnica de Completação, Restauração, Estimulação e Pescaria em Poços de Petróleo
e Correlatos
148
INFRAESTRUTURA
SERVIÇOS
o Construção, Manutenção e Reparo Naval
PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO
MATERIAIS
o Equipamentos de Produção para Cabeça de Poço Submarino
o Equipamentos de Produção para Cabeça de Poço de Superfície
o Equipamentos de Propulsão
o Equipamentos de Controle Remoto p/ Operação Submarina e Componentes
SERVIÇOS
o Manutenção/Reparo de Ferramentas de Veículo de Operação Remota (ROV) e Correlatos
o Manutenção/Reparo de Ferramentas para Operação com Unidades de Arame
o Manutenção/Reparo de Guincho de Arame e Cabo
o Manutenção/Reparo de Junta de Expansão e Separação Selante (TSR) e Receptáculo Polido
Selante (PBR)
o Manutenção/Reparo de Mangueira de Aço, tipo "Chiksan"
o Manutenção/Reparo de Motores a Diesel de Unidades Móveis ou Portáteis de Operação com
Arame "Wireline"
o Manutenção/Reparo de Obturador Duplo Recuperável para Bombeio Centrífugo Submerso-BCS
o Manutenção/Reparo de Obturadores Recuperáveis Hidráulico, Hidrostático, Mecânico e de
"Gravel Packing"
o Manutenção/Reparo de Preventor de Erupção de Superfície (BOP)
o Manutenção/Reparo de Preventor de Erupção Submarino (BOP Submarino)
o Manutenção/Reparo de Umbilical de Sistemas de Controle Hidráulico
o Manutenção/Reparo de Válvulas de Segurança de Subsuperfície (DHSV)
o Obtenção de Permissões para Levantamentos Sísmicos com Avaliação de Danos
o Operação com "Sonolog" e Dinamômetro em Poços de Petróleo e Correlatos
o Operação de ROV
o Operações de Instalações de Superfície para Testes de Formação / Produção, Operações com
Árvores Submarinas de Teste de Operações Correlatas
o Perfilagem de Produção
o Perfilagem Elétrica, Acústica, Radioativa e Geométrica
o Inspeção Eletromagnética, Limpeza e Testes em Tubos, Comandos, Subs, Hastes de Bombeio e
outras Ferramentas Tubulares de Perfuração e Produção - Marítimo
o Inspeção Eletromagnética, Limpeza e Testes em Tubos, Comandos, Subs, Hastes de Bombeio e
outras Ferramentas Tubulares de Perfuração e Produção - Terrestre
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Gas Lift); Válvulas de Pé; Niples de
Assentamento de Válvulas de Pé;
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Moto-Gerador ou Turbo-Gerador) de
Bombeio Centrífugo Submerso-BCS
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Transformador para Bombeio Centrífugo
Submerso-BCS);
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Bombeio de Cavidade Progressiva-BCP
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Bombeio Mecânico - Unidade de
Bombeio
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Mandril de "Gas Lift"
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Válvulas de "Gas Lift"
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial de Produção (Intermittor Gas Lift; Bean and
Choke);
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS; Cabo
Chato, "Pot head", Cabo Elétrico de Subsuperfície, Mandril Elétrico e "Pigtail"
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS;
Motor, Bomba, Protetor e Separador
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS;
Quadro de Comando e Caixa de Junção
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Mecânico; Bomba Alternativa de
Subsuperfície, Válvula de Pé e "Stuffing Box" de Bombeio
o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Mecânico; Haste de Bombeio
149
APÊNDICE IV – CARTA CONVITE ENVIADA ÀS EMPRESAS
Carta nº1 – Solicitação de dados do respondente
Prezado(a),
Sou mestrando e pesquisador do Instituto COPPEAD/UFRJ e estou desenvolvendo uma
pesquisa sobre a participação das empresas fornecedoras de bens e serviços do setor de
petróleo e gás no Sistema Nacional de Inovação.
Preciso do contato de um Diretor da empresa, um Gerente da área funcional
Produção/Operação ou um Gerente da área de Tecnologia da sua empresa. Para tanto, solicito
que me informe o nome, e-mail e um telefone do contato para que eu possa explicar o
objetivo da pesquisa.
Certo de sua colaboração, agradeço a atenção.
Atenciosamente,
Frederico Hanna
Pesquisador COPPEAD/UFRJ
(21) 9274-3188
150
APÊNDICE V – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA
Carta nº2 – Convite à Participação na Pesquisa
Prezado (a) senhor (a) <nome do executivo>,
O Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro solicita
sua participação na pesquisa "Sistemas Nacionais de Inovação: O Caso da Indústria de
Petróleo e Gás no Brasil". A pesquisa está sendo conduzida pelo pesquisador Frederico
Hanna, orientado pelo Prof. Dr. Cesar Gonçalves Neto.
O objetivo da pesquisa é investigar as principais facilidades e dificuldades das empresas
fornecedoras de bens e serviços de petróleo no Sistema Nacional de Inovação.
Para participar da pesquisa, por favor, clique no link: <link> e preencha o formulário nele
contido.
Desde já agradecemos sua colaboração.
Atenciosamente,
Frederico Hanna
Pesquisador COPPEAD/UFRJ
(21) 9274-3188
151
APÊNDICE VI – RESULTADOS DA ANÁLISE DESCRITIVA
MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR PORTE DA EMPRESA
Aspectos Analisados Pequeno Médio Grande
Setor Produtivo
Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,76 2,92 2,59
Redes industriais de conhecimento 4,29 4,38 3,93
Parcerias com operadoras 4,80 4,67 4,44
Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,76 4,50 4,11
Parcerias com empresas fornecedoras 4,63 4,71 4,74
Setor Público
Legislação 3,33 3,38 3,89
Regulamentação 2,92 3,50 3,89
Políticas do Executivo 3,33 3,04 3,85
Atuação do Prominp 3,69 3,67 4,19
Propriedade intelectual 3,41 3,04 3,85
Sistema de Ciência e Tecnologia
Pesquisa básica e aplicada 3,04 3,08 3,78
Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,29 3,42 4,26
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,12 3,00 4,00
Atuação do INPI 3,00 3,00 3,52
Registro de patentes e publicações científicas 3,12 3,21 3,56
Sistema Educacional
Mão-de-obra técnica 2,39 2,04 2,04
Mão-de-obra de ensino superior 2,22 2,50 2,59
Mão-de-obra com pós-graduação 2,16 2,46 2,37
Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,37 3,25 3,37
Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,08 3,29 3,52
Sistema Financeiro
Programas de Financiamento 3,31 2,92 3,81
Financiamento público 2,31 2,46 3,26
Financiamento privado 3,02 3,33 3,81
Financiamento por meio do mercado de capitais 2,41 2,13 3,26
Agências de financiamento voltadas para inovação 2,73 2,25 3,44
Setor Externo
Cooperação com outros países 3,86 4,25 4,26
Importação de bens 2,71 2,79 3,85
Exportação de bens 1,61 1,38 2,22
Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,00 2,25 2,93
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 2,82 3,21 3,48
152
MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO (PCE)
Aspectos Analisados PCE
<=50%
PCE
>50%
Setor Produtivo
Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,79 2,46
Redes industriais de conhecimento 4,26 3,85
Parcerias com operadoras 4,66 4,77
Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,60 4,00
Parcerias com empresas fornecedoras 4,67 4,77
Setor Público
Legislação 3,43 3,92
Regulamentação 3,21 4,08
Políticas do Executivo 3,33 3,85
Atuação do Prominp 3,75 4,31
Propriedade intelectual 3,37 3,92
Sistema de Ciência e Tecnologia
Pesquisa básica e aplicada 3,18 3,69
Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,45 4,46
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,24 3,92
Atuação do INPI 3,08 3,54
Registro de patentes e publicações científicas 3,16 3,92
Sistema Educacional
Mão-de-obra técnica 2,23 2,08
Mão-de-obra de ensino superior 2,39 2,38
Mão-de-obra com pós-graduação 2,31 2,15
Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,33 3,38
Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,21 3,54
Sistema Financeiro
Programas de Financiamento 3,30 3,69
Financiamento público 2,53 3,08
Financiamento privado 3,22 3,92
Financiamento por meio do mercado de capitais 2,43 3,54
Agências de financiamento voltadas para inovação 2,76 3,15
Setor Externo
Cooperação com outros países 3,98 4,62
Importação de bens 2,86 4,23
Exportação de bens 1,54 2,92
Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,11 3,62
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 2,97 3,92
153
MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR SEGMENTO DE ATUAÇÃO
Aspectos Analisados IR PP RC IE PM
Setor Produtivo
Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,18 4,14 2,90 2,79 2,56
Redes industriais de conhecimento 4,27 4,43 3,90 4,34 4,09
Parcerias com operadoras 4,36 5,71 5,40 4,55 4,47
Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,00 5,00 4,80 4,53 4,50
Parcerias com empresas fornecedoras 4,73 5,57 4,50 4,76 4,44
Setor Público
Legislação 3,00 3,29 3,70 3,45 3,68
Regulamentação 3,09 2,29 3,70 3,21 3,62
Políticas do Executivo 3,64 2,57 4,40 3,39 3,21
Atuação do Prominp 3,91 3,29 4,30 3,82 3,76
Propriedade intelectual 3,73 3,43 3,90 3,39 3,26
Sistema de Ciência e Tecnologia
Pesquisa básica e aplicada 3,09 3,57 3,60 3,18 3,21
Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,73 3,86 3,40 3,45 3,68
Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,36 3,29 3,30 3,42 3,24
Atuação do INPI 3,18 3,00 3,10 3,24 3,06
Registro de patentes e publicações científicas 4,09 2,86 4,10 2,79 3,35
Sistema Educacional
Mão-de-obra técnica 2,36 1,86 2,50 1,92 2,47
Mão-de-obra de ensino superior 1,91 2,00 2,60 2,47 2,47
Mão-de-obra com pós-graduação 2,55 2,43 2,00 2,29 2,26
Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,00 2,86 3,40 3,21 3,68
Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,09 3,00 3,10 3,32 3,32
Sistema Financeiro
Programas de Financiamento 3,00 3,00 2,90 3,66 3,32
Financiamento público 1,45 3,14 2,10 2,79 2,79
Financiamento privado 2,82 3,71 2,90 3,24 3,59
Financiamento por meio do mercado de capitais 2,55 2,71 2,70 2,47 2,62
Agências de financiamento voltadas para inovação 2,82 2,29 3,00 2,92 2,74
Setor Externo
Cooperação com outros países 4,82 4,14 4,00 4,08 3,79
Importação de bens 3,82 4,29 3,10 2,50 3,12
Exportação de bens 1,82 1,86 1,60 1,66 1,76
Utilização de pesquisadores estrangeiros 3,09 3,00 2,40 2,16 2,06
Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 4,36 3,57 2,90 2,71 3,06
154
APÊNDICE VII – GRÁFICOS DE CAIXAS
BOX-PLOT (PORTE DA EMPRESA)
155
BOX-PLOT (PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO)
156
BOX-PLOT (SEGMENTO DE ATUAÇÃO)