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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FREDERICO HANNA SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: O CASO DO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL RIO DE JANEIRO 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FREDERICO HANNA

SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: O CASO DO SETOR DE

PETRÓLEO E GÁS NO BRASIL

RIO DE JANEIRO

2012

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Frederico Hanna

SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo e gás no Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto

COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Cesar Gonçalves Neto

Rio de Janeiro

2012

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HANNA, Frederico.

SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo e

gás no Brasil.

156 f: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – UFRJ – Instituto COPPEAD

de Administração, Rio de Janeiro, 2005.

Orientador: Cesar Gonçalves Neto

1. Sistemas Nacionais de Inovação. 2. Indústria de Petróleo e Gás. 3.

Inovação Tecnológica. 4. Administração – Dissertações. I. Neto, Cesar

Gonçalves. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD

de Administração. III. Título.

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Frederico Hanna

SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do

setor de petróleo e gás no Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto

COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada por:

______________________________________________

Cesar Gonçalves Neto, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ

______________________________________________

Denise Lima Fleck, Ph. D. – COPPEAD/UFRJ

______________________________________________

José Geraldo Pereira Barbosa, D. Sc. – MADE/UNESA

Rio de Janeiro

Junho de 2012

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Cesar Gonçalves Neto, pela amizade, dedicação e competência,

sempre me dando devida atenção e depositando confiança no meu trabalho.

Aos meus pais, pela motivação, pela oportunidade de ter uma boa formação e pela

orientação em todos os momentos, e à minha irmã, pelo constante apoio.

Ao meu gerente da Petrobras, José Carlos Parreira, que me permitiu frequentar as

últimas aulas do mestrado, acreditando no valor da capacitação profissional.

À Aline Mello Torres, que me ajudou a conseguir as respostas para o questionário da

pesquisa junto às empresas participantes, e aos demais colegas de trabalho que me

incentivaram a concluir esta pesquisa.

Aos meus colegas de COPPEAD, tanto da turma de 2010 quanto da turma de 2011,

pela amizade durante o curso. À minha amiga Monique Stony, pelo companheirismo e

estímulo ao longo do curso de mestrado. À Camila Monte, à Marta Garcia e ao Pedro

Dvorsak, pela ajuda que me deram no desenvolvimento da pesquisa.

Aos meus amigos Bruno Santos, Daniella Costa e Natasha Galotta, que me ajudaram a

validar o questionário deste estudo.

Aos funcionários da COPPEAD, pela paciência e pelo apoio durante todo o curso,

fazendo desta instituição um lugar especial e agradável de estudar.

Aos profissionais das diversas empresas que se dispuseram a responder a esta

pesquisa, tornando possível este trabalho.

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RESUMO

HANNA, Frederico. SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo

e gás no Brasil. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

O setor de petróleo e gás no Brasil encontra-se diante de uma grande oportunidade e,

ao mesmo tempo, de um desafio histórico. As atividades relacionadas à extração de

hidrocarbonetos no país, especialmente no segmento offshore, vêm crescendo de forma

acelerada, criando condições para que o parque de fornecedores da cadeia de petróleo e gás se

desenvolva e se consolide como supridor competitivo nacional. Tais empresas esbarram,

entretanto, em certas limitações que inibem a aceleração do processo de inovação no país.

Nesse contexto, o objetivo do presente estudo é analisar o Sistema Nacional de

Inovação do setor de petróleo e gás e identificar os aspectos mais desenvolvidos e os fatores

limitadores da atuação das empresas fornecedoras da cadeia de petróleo no Brasil, traçando

uma avaliação dos principais aspectos de um construto teórico, baseado na premissa de que

compreender os enlaces entre os atores envolvidos na inovação é a chave para melhorar o

desempenho da utilização da tecnologia.

As dificuldades e facilidades das empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás

foram avaliadas neste trabalho sob a perspectiva de Barbosa (2005), que entende a

participação das empresas em um Sistema Nacional de Inovação como se manifestando em

seis dimensões da empresa com: (i) o Setor Produtivo; (ii) o Setor Público; (iii) o Sistema de

C&T; (iv) o Sistema Educacional; (v) o Sistema Financeiro; e (vi) o Setor Externo.

Os resultados desta pesquisa permitiram identificar que o Setor Produtivo brasileiro

parece estar equipado para responder aos desafios impostos pelo crescimento do setor de

petróleo e gás no país, no entanto ainda existem lacunas no SNI que necessitem ser

preenchidas, especialmente com relação ao Sistema Educacional. Tal dimensão é

possivelmente o maior problema no país, sendo também a dimensão pior avaliada dentro da

pesquisa, com quase todos os aspectos com baixo nível de desenvolvimento. O Sistema

Financeiro foi outra dimensão que apresentou baixo nível de desenvolvimento nos aspectos

analisados, principalmente devido à percepção negativa das empresas de menor porte.

Palavras-chave: Sistemas Nacionais de Inovação, Indústria de Petróleo e Gás, Inovação

Tecnológica.

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ABSTRACT

HANNA, Frederico. SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO: o caso do setor de petróleo

e gás no Brasil. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto

COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

The oil and gas sector in Brazil is facing a great opportunity and yet a historic

challenge. Activities related to the extraction of hydrocarbons in the country, especially in the

offshore segment, are growing rapidly, which creates conditions for oil and gas firms to

develop and to consolidate as national competitive suppliers. Such companies stumble,

however, under certain limitations that inhibit the acceleration of innovation in this country.

The objective of this study is to analyze the National Innovation System (NIS) in the

oil and gas sector and to identify the most developed and the most limiting factors of the

companies that integrate the oil and gas supply chain in Brazil. Also, this work aims to

evaluate and characterize the key aspects of a NIS theoretical construct, based on the premise

that understanding the links between the actors involved in innovation process is the key to

improving the performance in managing technology.

The difficulties and conveniences of the enterprises were evaluated in this work from

the perspective of Barbosa (2005), who divides the participation of a firm in a NIS in six main

relationships with: (i) the Productive Sector; (ii) the Public Sector, (iii) the T&S System; (iv)

the Educational System, (v) the Financial System, and (vi) the External Sector.

The results of this research have identified that the Brazilian productive sector seems

to be equipped to respond to the challenges posed by the growth of the oil and gas in the

country, however there are still gaps in the NIS that need to be filled, especially regarding the

Educational System. This dimension is probably the biggest problem in the country, and also

the dimension with the lowest scores in the survey, with almost all aspects presenting low

level of development. The Financial System is another dimension that showed a low level of

development in the aspects analyzed, mainly due to the negative perception of smaller firms.

Key words: National Innovation Systems, Oil and Gas Industry, Technological Innovation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Investimentos em P&D (% das receitas) – serviços e equipamentos de E&P .......... 2

Figura 2 – Grau de inovatividade – novos produtos no mercado nacional ................................ 3

Figura 3 – Evolução dos preços do petróleo - Brent ................................................................ 10

Figura 4 – Evolução das reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar)............ 11

Figura 5 – Plataformas de produção de petróleo e gás ............................................................. 15

Figura 6 – Caracterização das principais atividades da cadeia offshore que requerem inovação

.................................................................................................................................................. 19

Figura 7 – Modelo padrão de Sistema Nacional de Inovação .................................................. 28

Figura 8 – Esquema conceitual da participação de empresas em um Sistema de Inovação

Nacional .................................................................................................................................... 34

Figura 9 – Vinte campos com maior produção de petróleo e gás no Brasil ............................. 40

Figura 10 – Macroprocessos de análise do mercado de bens e serviços para E&P ................. 41

Figura 11 – Evolução da área explorada através de exploração sísmica no Brasil .................. 43

Figura 12 – Detalhamento das frotas de drillers offshore ........................................................ 46

Figura 13 – Evolução do faturamento de cinco empresas EPCistas estudadas pelo Prominp . 52

Figura 14 – Principais centros de P&D das maiores empresas de equipamentos submarinos e

de superfície .............................................................................................................................. 57

Figura 15 – Políticas Públicas de Incentivo ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás no

Brasil ......................................................................................................................................... 60

Figura 16 – Dispêndios em P&D e projetos de infraestrutura (2008-2010) ............................. 64

Figura 17 – Etapas do desenvolvimento tecnológico do setor de petróleo e gás ..................... 65

Figura 18 – Investimento público e privado em P&D (% em relação ao PIB) ........................ 67

Figura 19 – O Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás ............................... 77

Figura 20 – O relacionamento das empresas no Sistema Brasileiro de Inovação no setor de

petróleo e gás ............................................................................................................................ 77

Figura 21 – Delimitação da pesquisa quantitativa .................................................................... 79

Figura 22 – Médias do Setor Produtivo por segmento de atuação da empresa ........................ 92

Figura 23 – Médias do Setor Produtivo por porte da empresa ................................................. 93

Figura 24 – Médias do Setor Público por segmento de atuação da empresa............................ 96

Figura 25 – Médias do Sistema de C&T por segmento de atuação da empresa..................... 100

Figura 26 – Médias do Sistema de C&T por porte da empresa .............................................. 102

Figura 27 – Médias do Sistema de C&T por participação de capital estrangeiro .................. 103

Figura 28 – Médias do Sistema Educacional por segmento de atuação da empresa .............. 104

Figura 29 – Médias do Sistema Financeiro por segmento de atuação da empresa ................ 107

Figura 30 – Médias do Sistema Financeiro por porte da empresa ......................................... 109

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Figura 31 – Médias do Sistema Financeiro por participação de capital estrangeiro .............. 110

Figura 32 – Médias do Setor Externo por segmento de atuação da empresa ......................... 112

Figura 33 – Médias do Setor Externo por participação de capital estrangeiro ...................... 114

Figura 34 – Médias por dimensão do SNI ............................................................................. 114

Figura 35 – Importância dos relacionamentos das empresas fornecedoras no SNI no setor de

petróleo e gás ......................................................................................................................... 120

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quatro principais tecnologias do setor de petróleo e gás ...................................... 17

Quadro 2 – Definições de Sistema Nacional de Inovação........................................................ 23

Quadro 3 – Dimensões básicas do Sistema Nacional de Inovação .......................................... 31

Quadro 4 – Navios de aquisição de dados de exploração de petróleo e gás no país

(Maio/2011) .............................................................................................................................. 44

Quadro 5 – Principais players da construção naval offshore brasileira .................................... 54

Quadro 6 – Capacidade produtiva dos principais players da construção naval offshore

brasileira ................................................................................................................................... 54

Quadro 7 – Número de empresas selecionadas para a pesquisa por segmento do setor de

petróleo e gás ............................................................................................................................ 83

Quadro 8 – Metodologia de análise das dimensões do SNI na visão das parapetrolíferas....... 84

Quadro 9 – Provas estatísticas não paramétricas ...................................................................... 85

Quadro 10 – Segmentação em grupos por variável demográfica ............................................. 87

Quadro 11 – Distribuição das empresas por porte .................................................................... 89

Quadro 12 – Distribuição das empresas por participação de capital estrangeiro (PCE) .......... 89

Quadro 13 – Distribuição das empresas por segmento de atividade ........................................ 90

Quadro 14 – Médias das respostas relativas ao Setor Produtivo .............................................. 91

Quadro 15 – Teste Kruskal Wallis do Setor Produtivo para variáveis demográficas .............. 94

Quadro 16 – Médias das respostas relativas ao Setor Público ................................................. 95

Quadro 17 – Teste Kruskal Wallis do Setor Público para variáveis demográficas .................. 97

Quadro 18 – Médias das respostas relativas ao Sistema de C&T ............................................ 98

Quadro 19 – Teste Kruskal Wallis do Sistema de C&T para variáveis demográficas ........... 101

Quadro 20 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema de C&T por

porte e PCE ............................................................................................................................. 101

Quadro 21 – Médias das respostas relativas ao Sistema Educacional .................................... 103

Quadro 22 – Teste Kruskal Wallis do Setor Educacional para variáveis demográficas ........ 106

Quadro 23 – Médias das respostas relativas ao Sistema Financeiro ...................................... 106

Quadro 24 – Teste Kruskal Wallis do Sistema Financeiro para variáveis demográficas ....... 108

Quadro 25 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema Financeiro por

porte e PCE ............................................................................................................................. 109

Quadro 26 – Médias das respostas relativas ao Setor Externo ............................................... 111

Quadro 27 – Teste Kruskal Wallis do Setor Externo para variáveis demográficas ............... 113

Quadro 28 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para a variáveis do Setor Externo por PCE

................................................................................................................................................ 113

Quadro 29 – Grau de importância das fontes de inovação do SNI......................................... 115

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Quadro 30 – Grau de importância dos impedimentos à inovação do SNI ............................. 117

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................................................ 4

1.3 RELEVÂNCIA ................................................................................................................................... 4

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................. 6

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................................ 6

2 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO E GÁS .................................................................... 8

2.1 AS ORIGENS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE NO BRASIL ..................................... 8

2.2 A ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO OFFSHORE NO BRASIL ......................................... 11

2.3 O PAPEL DA INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE .................. 17

3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................................... 21

3.1 ANÁLISE DE SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO ...................................................................... 27

3.2 MÉTODO DE ANÁLISE PROPOSTO ................................................................................................. 33

4 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS36

4.1 SETOR PRODUTIVO ....................................................................................................................... 36

4.1.1 Empresas Operadoras ........................................................................................................... 38

4.1.2 Fornecedores Diretos ............................................................................................................ 40

4.2 SETOR PÚBLICO ............................................................................................................................ 59

4.3 SISTEMA DE C&T ......................................................................................................................... 63

4.4 SISTEMA EDUCACIONAL ............................................................................................................... 68

4.5 SISTEMA FINANCEIRO ................................................................................................................... 71

4.6 SETOR EXTERNO ........................................................................................................................... 73

4.7 RESUMO ........................................................................................................................................ 75

5 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 79

5.1 POPULAÇÃO DO ESTUDO .............................................................................................................. 81

5.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ................................................................................................ 81

5.3 COLETA DE DADOS ....................................................................................................................... 83

5.4 ANÁLISES PROPOSTAS NO ESTUDO .............................................................................................. 84

5.4.1 Análise Descritiva ................................................................................................................. 84

5.4.2 Teste Kruskal Wallis .............................................................................................................. 85

6 RESULTADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA ........................................................................ 88

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................................. 88

6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................................................... 90

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6.2.1 Setor Produtivo ..................................................................................................................... 90

6.2.2 Setor Público ........................................................................................................................ 94

6.2.3 Sistema de C&T .................................................................................................................... 98

6.2.4 Sistema de Educacional ...................................................................................................... 103

6.2.5 Sistema Financeiro ............................................................................................................. 106

6.2.6 Setor Externo ...................................................................................................................... 110

6.2.7 Resumo da Análise das Dimensões .................................................................................... 114

6.2.8 Fontes de Inovação ............................................................................................................. 115

6. 2.9 Impedimentos à Inovação .................................................................................................. 116

7 RESUMO E CONCLUSÕES ..................................................................................................... 119

7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................... 119

7.2 PRINCIPAIS ASPECTOS LIMITADORES DAS DIMENSÕES ANALISADAS ....................................... 121

7.3 FATORES MAIS DESENVOLVIDOS DAS DIMENSÕES ANALISADAS .............................................. 124

7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ......................................................................................................... 125

7.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................................................................... 125

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 127

APÊNDICES .............................................................................................................................. 138

APÊNDICE I – PRINCIPAIS ASPECTOS A SEREM ANALISADOS POR DIMENSÃO DO SNI ................... 138

APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA QUANTITATIVA ........................................................ 140

APÊNDICE III – FILTROS PARA A SELEÇÃO DAS PESQUISAS (CADASTRO ONIP) ............................ 147

APÊNDICE IV – CARTA CONVITE ENVIADA ÀS EMPRESAS ............................................................. 149

APÊNDICE V – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA ................................................................ 150

APÊNDICE VI – RESULTADOS DA ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................ 151

APÊNDICE VII – GRÁFICOS DE CAIXAS ........................................................................................... 154

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

As propriedades do petróleo na natureza fazem da exploração e produção deste

combustível fóssil uma atividade de grande complexidade técnica, uma vez que inclui um

grande número de tecnologias interdependentes e emprega uma base de conhecimento muito

extensa. No entanto, até bastante recentemente, a tecnologia utilizada no setor de upstream da

indústria do petróleo e gás manteve-se relativamente pouco sofisticada. Somente nas últimas

décadas tem havido evolução rápida e aplicações da tecnologia na indústria (BOHI, 1997).

A significativa motivação no uso de tecnologias avançadas no setor upstream da

indústria do petróleo deriva, em especial, das pressões da concorrência para reduzir custos e

dos preços de petróleo e gás relativamente baixos. Além disso, com a recente preocupação

para as alterações climáticas, a inovação tecnológica tornou-se crucial na redução das

emissões no setor upstream (PERSAUD et al., 2003).

O fato é que, tendo em vista que o petróleo é um produto não renovável, seus custos

de exploração e produção tendem a se elevar no longo prazo, uma vez que as melhores

reservas de petróleo vão se exaurindo. Nesse sentido, as inovações tecnológicas são o

principal meio que as empresas de petróleo podem movimentar contra essa tendência de

aumento das dificuldades para produção de hidrocarbonetos, principalmente no que diz

respeito à profundidade em que se encontram as novas reservas de petróleo e gás. Quanto

mais profundo encontra-se o combustível fóssil em relação à superfície, mais complexos se

tornam processos básicos de exploração e produção de petróleo, tais como: interpretação

sísmica, completação e perfuração de poços, ancoramento de unidades e logística de produção

(PERSAUD et al., 2003).

Nesse contexto, as operadoras de poços de petróleo no Brasil constituem atores

fundamentais do processo de inovação. As principais empresas operadoras atuantes em

território nacional, especialmente a Petrobras, concordam que as dificuldades de exploração e

produção desse combustível fóssil podem ser ultrapassadas ao longo dos próximos anos,

principalmente por meio de esforços que estão sendo envidados pelo Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) e por uma rede de

universidades, centros de pesquisa, laboratórios e fornecedores (BNDES, 2010). Além das

dificuldades tecnológicas, há ainda o desafio de produzir combustíveis fósseis a uma distância

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de 170 km da costa brasileira, alastrando-se ao longo de uma faixa de aproximadamente 800

km de extensão do litoral dos estados do Espírito Santo e de Santa Catarina (BNDES, 2010).

Por outro lado, estas novas descobertas de poços de petróleo também representam

grandes incentivos tecnológicos às empresas parapetrolíferas1 nacionais e internacionais. A

Figura 1, desenvolvida por um estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados

(2009) sugere que, no Brasil, as empresas parapetrolíferas que já possuem anos de experiência

no mercado de serviços e equipamentos de E&P empregam percentuais de receita

consideráveis no desenvolvimento de atividades de pesquisa e desenvolvimento. Assim, é

possível verificar, por exemplo, que empresas fornecedoras que trabalham no segmento de

“informação de reservatórios” empregam, em geral, de 3% a 6,5% de suas receitas em P&D,

enquanto as empresas de “infraestrutura e instalação” utilizam 0,5% de suas receitas em

atividades inovativas.

Figura 1 – Investimentos em P&D (% das receitas) – serviços e equipamentos de E&P

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

Tais empresas passaram a enxergar a tecnologia como a principal meio para atuação

no mercado mundial de petróleo. Em geral, nessas empresas, o desenvolvimento tecnológico é

impulsionado pelos conhecimentos acumulados, pelos acordos com institutos de P&D e pelo

recrutamento dos melhores cientistas do mercado (BAIN & COMPANY E TOZZINI

FREIRE ADVOGADOS, 2009).

1 Empresas fornecedoras de bens e serviços no setor de petróleo e gás.

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Ainda nesse contexto, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e

Gás (Prominp) elaborou, em 2008, um relatório que procurou identificar o grau de

inovatividade dos fornecedores da indústria do petróleo em relação à média da indústria

brasileira.

Segundo resultados da pesquisa, dentro das empresas fornecedoras da indústria de

petróleo, o grau de inovatividade é maior que a média da indústria brasileira. Além disso, o

estudo aponta que o desempenho inovador das empresas fornecedoras da indústria de petróleo

é sensivelmente melhor quando comparado com a indústria petroleira total. A Figura 2 reforça

essa afirmativa, ao mostrar o predomínio da capacidade inovativa das fornecedoras da

indústria de petróleo em praticamente todas as faixas de tamanho de empresas (representadas

pelo número de funcionários).

Figura 2 – Grau de inovatividade – novos produtos no mercado nacional

Fonte: PROMINP (2008a)

Dado este alto grau de inovatividade, é possível inferir que estas corporações

fornecedoras são difusoras de progresso técnico. A figura apresentada acima reforça o

predomínio da capacidade inovativa das fornecedoras da indústria de petróleo em

praticamente todas as faixas de tamanho. No eixo vertical está representada a soma das

inovações identificadas sobre o total de produtos lançados no mercado nacional,

demonstrando um melhor ou pior desempenho em inovação (PROMINP, 2008a). Nesse

0

10

20

30

40

50

60

Total Até 100 De 100 a200

DE 200 a500

500 ou mais

%

Fornecedores da Indústria Petroleira Indústria Petroleira Total

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4

sentido, com relação às inovações de produto no mercado nacional, as grandes empresas

fornecedoras são ainda mais inovadoras.

1.2 OBJETIVO

O panorama apresentado anteriormente põe em destaque, não só as particularidades da

indústria nacional de petróleo, mas também o papel fundamental que as empresas

parapetrolíferas apresentam nesse contexto.

Assim sendo, buscaremos analisar, neste trabalho, o Subsistema Nacional de Inovação

do setor brasileiro de exploração e produção de petróleo e gás, com base em dois objetivos

principais:

Mapear e caracterizar, através da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação (SNI),

as principais dimensões e respectivos fatores integrantes do Sistema Nacional de

Inovação de suporte às atividades de exploração e produção do setor de petróleo e

gás.

Avaliar, na percepção de gerentes de empresas fornecedoras do setor, a eficácia do

Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás, levantando as facilidades

(fatores mais desenvolvidos) e dificuldades (aspectos limitadores) destas empresas

no contexto do SNI.

Para isso, são propostas duas formas de análise ao longo deste estudo: (a) uma revisão

da teoria, que procurará caracterizar as principais dimensões do Sistema Brasileiro de

Inovação de suporte às atividades de exploração e produção de petróleo e (b) uma análise

quantitativa do tipo survey, aplicada às empresas fornecedoras de bens e serviços do setor de

petróleo e gás, buscando avaliar as facilidades e dificuldades das empresas parapetrolíferas no

Sistema de Inovação Brasileiro.

1.3 RELEVÂNCIA

Segundo DOE (2010), o Brasil será o país não pertencente à OPEP com maior

aumento na produção em 2035 comparado aos níveis produzidos em 2007. O forte

crescimento da produção convencional do Brasil resultará, em parte, do aumento da produção

de campos para os quais expansões estão planejadas ou em andamento. Resultará também de

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descobertas recentes nas bacias de Campos e Santos, incluindo as de Tupi, Guará e Iara, que

tanto adicionam à produção de médio e longo prazo, quanto sugerem a presença de outros

grandes campos de mesma formação na região.

Nesse contexto, a descoberta de petróleo em grande volume na camada de pré-sal vem

estimulando a reflexão – principalmente entre os diversos atores que compõem o SNI do setor

de petróleo e gás brasileiro – sobre temas relacionados à exploração e produção de

combustíveis fósseis em águas ultraprofundas. Portanto, esta pesquisa busca contribuir com

conteúdo e avaliação do atual estágio de inovação deste setor no país.

É possível, ainda, destacar que este estudo, por analisar as condições estruturais para o

desenvolvimento do setor nacional de petróleo e gás, possui integral sinergia com as

necessidades apresentadas pelo país, estando integrada, inclusive, aos interesses do mercado e

do governo brasileiro.

Além disso, há ainda uma falta de abordagem da inovação setorial aplicada ao setor de

petróleo e gás no Brasil. Existem estudos sobre a indústria brasileira de petróleo que

reconhecem a importância de redes de inovação e de conhecimento para o desenvolvimento

setorial (PELLEGRIN, 2005; DANTAS e BELL, 2009). No entanto, há uma carência de

estudos que retratem o arranjo institucional que está por trás da dinâmica de inovação da

indústria de exploração e produção em águas ultraprofundas e sua evolução desde a quebra do

monopólio da Petrobras, em 1997.

Por meio da utilização da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação, será possível

identificar os principais problemas do Sistema Brasileiro de Inovação de suporte às atividades

de exploração e produção do setor de petróleo e gás, com base nas empresas fornecedoras do

setor. Dessa forma, poderão ser identificadas ações a serem empregadas futuramente para

melhorar a condição atual do país no suporte à criação, produção e disseminação de

conhecimento na exploração e produção de petróleo e gás brasileiro.

Em função dos desafios e das oportunidades que as descobertas petrolíferas do pré-sal

irão conferir ao Sistema Brasileiro de Inovação de suporte às atividades de E&P, os resultados

obtidos neste trabalho poderão contribuir, futuramente, para o entendimento do potencial de

desenvolvimento da indústria no território brasileiro, apontando as principais ações que

podem ser empregadas para que o Brasil se torne um dos centros globais de excelência da

indústria de E&P de petróleo.

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1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Para a delimitação do estudo, serão utilizados três principais critérios: espacial,

temporal e populacional. Por este ser um estudo social eminentemente empírico, é preciso

delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o fenômeno em estudo ocorre (GIL,

1987). Por se tratar de um estudo sobre o Sistema Nacional de Inovação, consideraremos,

aqui, o território nacional como escopo de atuação espacial da pesquisa.

Outro critério de delimitação é o temporal (GIL, 1987), isto é, o período em que o

fenômeno a ser estudado será restringido. Podemos definir a realização da pesquisa situando

nosso objeto no tempo presente, com evidências teóricas baseadas no histórico do setor de

petróleo e gás no Brasil.

Por fim, a população do estudo consiste na definição de quem será objeto da pesquisa.

A população do estudo dependerá da área de conhecimento na qual ele se insere e no

propósito de cada pesquisa (GIL, 1987). Neste caso, a população do estudo será formada,

essencialmente, por empresas fornecedoras do setor de petróleo e gás. Com relação à seleção

dos respondentes do questionário da pesquisa, foi delimitado o levantamento a diretores e

gerentes de alto nível hierárquico da empresa, especialmente da área de produção ou de

tecnologia (Diretor da empresa, Gerente da área funcional Produção/Operação ou Gerente da

área de Tecnologia).

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

Este trabalho está estruturado em sete capítulos. No primeiro, é apresentada uma

contextualização do problema da pesquisa, sendo descritos seus objetivos, sua relevância e a

organização do estudo.

O capítulo 2 é dedicado à contextualização do setor brasileiro de petróleo e gás e

aborda as origens de tal indústria no Brasil, as principais atividades envolvidas na exploração

e produção do petróleo e, especialmente, o papel da inovação no setor.

O capítulo 3 é dedicado à revisão da literatura, no qual se realiza uma revisão da teoria

existente sobre Sistemas Nacionais de Inovação, sendo feita uma discussão sobre sua

aplicabilidade à análise do setor de petróleo e gás no Brasil.

O capítulo 4 oferece uma visão do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo

e gás, traçando um panorama de sua situação atual. Verificam-se, assim, as ações que vêm

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sendo tomadas para seu fortalecimento. Ainda no capítulo 4, são apresentadas metodologias

de análise de Sistemas Nacionais de Inovação, mostrando as diferentes visões e premissas

utilizadas pelos autores.

O capítulo 5 tem por objetivo apresentar a ferramenta de análise utilizada no estudo e

sua fundamentação teórica.

No capítulo 6, por sua vez, são apresentados os resultados da pesquisa e a análise dos

resultados obtidos.

Por fim, o capítulo 7 dedica-se à apresentação das conclusões do trabalho e sugestões

para pesquisas futuras.

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2 A INDÚSTRIA BRASILEIRA DE PETRÓLEO E GÁS

A exploração de petróleo no Brasil é uma atividade bastante tradicional, já que as

primeiras iniciativas do gênero ocorreram ainda no século XIX. A princípio, o foco inicial da

pesquisa geológica era em áreas terrestres, mas, com o tempo, os estudos mais propícios

concentraram-se no mar (BNDES, 2010). O crescimento das atividades de exploração e

produção de petróleo offshore, a partir do final da década de 60, começa a ser visualizado

como um importante conjunto de mudanças técnicas associadas, em decorrência das

condições específicas da atuação em águas profundas (DANTAS, 1999).

Desde então, o Brasil conseguiu reduzir seu grau de dependência da importação de

petróleo. Além disso, na década de 90, houve uma mudança no marco regulatório com a Lei

do Petróleo, que permitiu a entrada de novos atores no mercado de petróleo e gás (BNDES,

2010).

Atualmente, o Brasil encontra-se em um período bastante otimista no que se refere ao

setor de petróleo e gás, já que, recentemente, o país saiu de uma posição de dependência de

importação de petróleo, alcançando a autossuficiência na produção de combustíveis fósseis.

No futuro, em função das descobertas na nova fronteira do pré-sal e das inovações

tecnológicas desenvolvidas no setor de petróleo e gás nacional, o Brasil poderá tornar-se um

relevante exportador de petróleo e derivados no mercado internacional (BNDES, 2010).

2.1 AS ORIGENS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE NO BRASIL

Mundialmente, a indústria offshore teve seu surgimento ocorrido entre os anos 1930

na Venezuela e da década de 1950 no Golfo do México. Desde então, a exploração começou a

se expandir para o Mar do Norte e formou o primeiro pull de empresas nesta segmentação,

destacando-se Shell, Exxon, Texaco e AGIP (FURTADO, 1996).

No Brasil, já havia o conhecimento de que o país possuía reservas de petróleo em

profundidade marítima desde o final da década de 1950, mesmo sem haver uma definição

precisa dos locais. A sustentação dessa hipótese aconteceu quando da descoberta do primeiro

poço offshore em 1968, no Campo de Guaricema (SE), e da primeira perfuração, também em

1968, na Bacia de Campos, no campo de Garoupa (RJ). Entretanto, tais descobrimentos não

surtiram maior efeito, pelo fato de as tecnologias existentes não serem condizentes com a

realidade brasileira da época (COM CIÊNCIA, 2002).

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Nesse sentido, para que o país conseguisse entrar nesta segmentação da indústria do

petróleo, o desenvolvimento de novas tecnologias consistia na única opção. A Petrobras

iniciou, então, um movimento tecnológico original, por meio da proposta do sistema de

produção flutuante. Diante da falta do conhecimento científico necessário para tal empreitada

– e do desafio de explorar poços de petróleo de aproximadamente 1.000 metros de

profundidade – o Brasil teve de suprir tal espaço na experiência internacional, onde mesmo

que de maneira ainda incipiente, já havia conhecimento em tecnologia offshore (NETO e

COSTA, 2007).

Pode-se dizer que o Segundo Choque do Petróleo – ocorrido em 1979 – foi o grande

turning point do setor petrolífero no Brasil. Isto porque, nesse período, o país adotou duas

políticas energéticas bastante concretas em resposta ao aumento do preço do petróleo: o

lançamento de programas de substituição de derivados de petróleo por fontes energéticas

nacionais – como o Proálcool – e o crescimento da produção interna de petróleo através da

intensificação dos esforços de prospecção offshore (EPE, 2007).

A partir de 1980, a Petrobras marcou de forma permanente sua liderança mundial em

E&P em águas profundas, bem como seu padrão internacional de desenvolvimento

tecnológico (Douglas Westwood, 2002 apud Canelas, 2004). Sendo assim, a produção

nacional de petróleo saltou de 9,3 para 28 Mtep2 entre 1980 e 1985. Isto colaborou

terminantemente para diminuir os gastos com as entradas líquidas de petróleo, que tombaram

para 3,9 bilhões de dólares em 1985 – mais de 30 pontos percentuais de redução –,

caracterizando um relevante esforço de ajuste ao choque do petróleo (EPE, 2007).

No ano de 1986, ocorreu o Contrachoque do Petróleo – conforme pode ser observado

na Figura 3 – quando os preços caíram pela metade dos patamares observados na época. No

período de preços baixos, a tecnologia voltou a ser um fator efetivo de lucratividade das

empresas de petróleo. Sendo assim, no Brasil, passou a ser essencial reduzir os custos de

produção, de forma a evitar perdas com os investimentos realizados no período de altos

preços dos combustíveis fósseis.

2 Milhões de Tonelada Equivalente de Petróleo.

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Figura 3 – Evolução dos preços do petróleo - Brent3

Fonte: NONNENBERG (2004)

Na década de 90, mais um evento marcaria a indústria de petróleo e gás nacional,

principalmente no que se refere ao montante de investimentos e ao desenvolvimento de

atividades inovativas no setor. Isto porque, com a aprovação da Emenda Constitucional nº

9/95 e da Lei nº 9.478/97, houve abertura da indústria brasileira de petróleo, gerando um

fluxo significativo de investimentos por parte de um grande número de empresas entrantes no

segmento de E&P. Estes investimentos foram somados aos já consideráveis investimento que

vinham sendo realizado pela Petrobras nesta atividade (CANELAS, 2005).

No fim de 2009, as reservas totais de petróleo do Brasil foram contabilizadas em 21,1

bilhões de barris, o que constitui um aumento de 1,3% em comparação a 2008 – refletindo

uma taxa de crescimento anual de 5,6% nos últimos 10 anos (ANP, 2010).

No mesmo ano, o país ocupava a 16ª posição no ranking mundial quanto às reservas

provadas de petróleo. Dentre essas, 92,8% se localizavam em mar, com destaque para o Rio

de Janeiro, que detinha 87% das reservas provadas offshore e 80,7% do total (ANP, 2010). No

entanto, caso as estimativas de reservas na camada do pré-sal se confirmem – entre 70 bilhões

e 100 bilhões de barris –, a nova área exploratória fará o Brasil passar para algo em torno da

10ª colocação entre as maiores reservas de petróleo e gás do mundo, se situando próximo de

3 Brent é uma classificação de petróleo cru que se subdivide em Brent Crude, Brent Doce Leve, Oseberg e

Forties. O Brent Crude é originário do Mar do Norte.

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países como Venezuela e Nigéria. Sendo assim, o país passaria a uma posição de exportador

líquido de petróleo (BNDES, 2010).

A evolução das reservas provadas de petróleo, por localização, desde o ano 2000 até o

ano de 2009 pode ser observada na Figura 4. A partir desta, é possível reconhecer o potencial

de exploração offshore no Brasil e a tendência de concentração das atividades de exploração e

produção de combustíveis fósseis no país em águas profundas.

Figura 4 – Evolução das reservas provadas de petróleo, por localização (terra e mar)

Fonte: ANP (2010)

Após 2009, o Plano de Negócios da Petrobras previu investimentos nos campos do

pré-sal de aproximadamente US$ 28 bilhões para uma produção de 219 mil bpd4 de petróleo e

7 milhões de m³/dia de gás natural em 2013. Os campos do pré-sal responderão por quase

todo o acréscimo da produção de petróleo entre 2013 e 2020 (BNDES, 2010).

2.2 A ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO OFFSHORE NO BRASIL

No Brasil, a cadeia de valor de petróleo e gás pode ser subdividida basicamente em

três principais segmentos: exploração e produção; refino; e vendas e marketing (BAIN &

COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Nesta pesquisa, optar-se-á por analisar exclusivamente o processo de inovação no

segmento de exploração e produção (E&P), principalmente porque os requisitos de

4 Barris por dia.

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equipamentos e serviços ao desenvolvimento da camada de pré-sal, nos próximos anos,

estarão concentrados neste elo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009). Além disso, a predominância de atividades exploração offshore no Brasil fez com que,

nos últimos anos, a Petrobras realizasse investimentos expressivos em pesquisa e

desenvolvimento (P&D) para a produção de hidrocarbonetos em águas profundas e

ultraprofundas, o que tem direcionado as ações de inovação do setor especialmente para o

segmento de E&P (IPEA, 2010).

Segundo Canelas (2004), o segmento E&P é o mais relevante da cadeia petrolífera no

que tange a riscos, barreiras à entrada, montante de capital requerido e, especialmente, à

geração de valor agregado. Ainda, a exploração de petróleo pode ser caracterizada como uma

atividade fundamentalmente arriscada e de custo elevado. Isto torna o negócio do petróleo

bastante restrito, permitindo que apenas empresas capazes de se expor a um nível de risco

elevado possam participar.

Segundo Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), a cadeia de E&P pode

ser estruturada com base no ciclo de vida do campo petrolífero. Os objetivos buscados em

cada uma dessas etapas do ciclo de vida de um campo de petróleo são distintos:

Exploração: Conjunto de operações ou atividades destinadas a fazer a avaliação de

áreas, com vistas à identificação de jazidas de petróleo. Visa buscar, identificar e

quantificar novas reservas de petróleo e gás no país.

Desenvolvimento: Conjunto de atividades com vistas a adequar o campo para as

atividades de produção de petróleo. Busca planejar a abordagem e definir os recursos

necessários para a produção que maximizem a rentabilidade de uma reserva, incluindo

toda a preparação para a etapa de produção.

Produção: Conjunto de atividades de extração de petróleo de uma jazida e de preparo

para o seu transporte. Propõe-se a extrair o petróleo e gás de uma reserva com intuito

de maximizar sua vida útil.

2.2.1 Exploração

Pode-se considerar a tomada de informação de reservatórios como o primeiro grupo de

atividades da cadeia de E&P. O propósito deste segmento consiste em identificar reservatórios

de hidrocarbonetos, estimando suas características por meio de modelos.

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As técnicas empregadas pelos geólogos nesse processo baseiam-se na utilização de

medições gravimétricas, magnéticas e sísmicas (HYNE, 2001):

Exploração gravimétrica: metodologia pela qual são empregados sensores de campo

gravitacional que visam avaliar anomalias causadas pelas variações de densidade de

corpos adjuntos à superfície, sendo possível detectar principalmente domos de sal e

arrecifes calcários.

Exploração magnética: método que identifica as variações do campo magnético

terrestre por meio de magnetômetros. Esta técnica é utilizada especialmente para

detectar variações na profundidade e composição das rochas do embasamento.

Exploração sísmica: procedimento que permite a coleta de informações sobre a

composição, o conteúdo de fluidos e a extensão e geometria das camadas de rocha no

subsolo. Atualmente, é a metodologia mais difundida de exploração.

Nos últimos anos, uma inovação radical foi introduzida na tecnologia sísmica – a

sísmica 3D –, que permitiu um aumento da velocidade e precisão da exploração. Tal

tecnologia permite a construção de modelos matemáticos em computador, capaz de

desenvolver mapas das estruturas geológicas, com um nível de informação muito superior à

sísmica tradicional (FURTADO, 1998).

Derivada desta tecnologia, também já se encontra disponível para operação atualmente

a sísmica 4D, que usa várias inspeções sísmicas 3D num período de tempo para traçar os

fluxos de fluidos que atravessam o reservatório. O campo de Marlim da Petrobras, na Bacia

de Campos, é um dos melhores exemplos de como a tecnologia 4D pode ser incorporada em

decisões de gestão do reservatório. No entanto, por ser um método relativamente recente, a

sísmica 4D ainda goza de uma participação pequena, o que faz com que esta permaneça à

sombra da tecnologia que a gerou (OIL & GAS TECHNOLOGY, 2010).

Baseando-se em diversas fontes de mercado, pode-se estimar que os valores de

investimento no Brasil em serviços sísmicos para os próximos cinco anos serão da ordem de

US$3 bilhões a US$5 bilhões, ou seja, entre cinco e dez navios realizarão atividades de

aquisição sísmica (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009). Apesar

dessas estimativas, em novembro de 2008, apenas quatro navios – todos de fornecedores

internacionais – realizavam exploração sísmica no país.

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2.2.2 Desenvolvimento

Depois de realizado o processamento dos dados da exploração sísmica, a empresa

operadora tem em seu poder um modelo teórico descritivo do reservatório possivelmente

presente em determinada área. Confirmada a existência do reservatório, a perfuração de novos

poços de desenvolvimento pode ser requerida.

No caso de campos offshore, de acordo com as condições do local e principalmente a

profundidade da lâmina de água, usam-se diferentes tipos de plataformas de perfuração

(BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009):

Submersíveis (fixas): plataformas que operam lâminas d’água até 25 metros, cujas

estruturas de sustentação são apoiadas no leito. Têm formato de balsa, capacidade de

flutuação para facilitar o traslado e se enchem de água ao atingirem a posição correta;

Autoelevatórias (jackups): plataformas que operam em profundidades de até 170

metros, com casco flutuante e pernas retráteis, que são abaixadas até o leito marinho,

elevando o casco acima do nível da água e reduzindo, desta forma, a influência das

ondas e da correnteza.

Semissubmersíveis: plataformas utilizadas em profundidades de até 3.000 metros, que

não possuem estrutura de suporte em contato com o leito. Desta forma, para garantir a

estabilidade, fazem uso de estruturas submersíveis, sistemas de ancoragem e sistemas

dinâmicos de posicionamento.

Navios sonda (drill ships): navios dotados de sistema dinâmicos de posicionamento e

estabilidade que podem operar em profundidades de água de até 3.000 metros. Estes

navios têm maior mobilidade que as plataformas, mas são menos estáveis.

Praticamente todas as sondas de perfuração atualmente em utilização no país são de

propriedade de empresas parapetrolíferas, ou seja, empresas fornecedoras das empresas do

setor de petróleo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009). Os

contratos de perfuração entre as operadoras e as prestadoras de serviços instituem as

características técnicas exatas do trabalho de perfuração, sendo o preço estabelecido por

profundidade perfurada ou por dia de operação da sonda.

É claro que, na etapa de desenvolvimento, além do esforço de perfuração, também se

deve considerar o conjunto de serviços efetuados no poço desde o momento em que a broca

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atinge o topo da zona produtora até o instante em que o poço entra em produção. Isso porque,

mais do que garantir a resistência estrutural do poço em si, para que este comece a operar, é

necessário desenvolver uma série de atividades, chamadas de completação, que consistem na

instalação de tubulação de produção, na realização de testes de produção e na preparação final

do revestimento (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

2.2.3 Produção

Após o revestimento e a completação dos poços de petróleo, uma infraestrutura

adequada precisa ser instalada para que a produção possa ser iniciada. De acordo com o

cenário brasileiro apresentado anteriormente, este estudo focará o entendimento de produção

offshore. A infraestrutura de produção offshore é constituída tanto das plataformas de

produção propriamente ditas, assim como de todos os equipamentos indispensáveis para a

ligação desta com os poços.

Existem diversos tipos de plataforma de produção, e a profundidade do leito marinho é

um dos principais critérios de escolha entre cada um deles, conforme ilustrado na Figura 5.

Nesse contexto, o estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009) classificam

as plataformas de exploração offshore em dois tipos principais: plataformas fixas e

plataformas flutuantes.

Figura 5 – Plataformas de produção de petróleo e gás

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

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Para aplicação em águas rasas é viável a utilização de plataformas fixas, cujas

estruturas de suporte são posicionadas diretamente no leito do mar. Existem basicamente dois

tipos de plataforma fixas: plataformas fixas – que possuem estruturas de sustentação rígidas –

e plataformas oscilantes – que proporcionam armações em forma de estrela, consentindo

movimentos oscilatórios.

Em águas mais profundas, não é possível a construção de plataformas fixas e,

portanto, empregam-se plataformas flutuantes. Existem basicamente cinco tipos de

plataformas flutuantes:

TLP (Tension Leg Platform): armações flutuantes ancoradas por cabos de aço sob alta

pressão ao leito do mar, garantindo elevada estabilidade (de 450 a 2.150 metros).

Mini-TLP: apesar de seguir as características da TLP, tem atuação em menor escala,

possibilitando a produção de reservas menores (de 150 a 1.100 metros).

SPAR: grande cilindro com um deck em sua parte superior montado em sua

localização por meio de ancoragem (de 600 a 3.050 metros).

FPSS (Floating Production Semi-Submersible): estruturas apoiadas em tanques que

são em parte cheios de água, garantindo estabilidade em águas agitadas e profundas

(de 200 a 1.700 metros).

FPSO (Floating Production, Storage and Off-take vessels): navios convertidos ou

construídos especialmente para a produção de petróleo (de 60 a 2.600 metros).

Uma vez explorado e desenvolvido o campo de petróleo, inicia-se a produção

comercial de óleo. Neste caso, um ponto importante que influencia diretamente a capacidade

sustentada de produção de petróleo é o custo de extração, que está intimamente associado a

fatores como a qualidade do óleo cru, a localização geográfica do campo e o grau de

desenvolvimento deste (EPE, 2007). Segundo dados do IPEA (2010), no caso brasileiro,

verifica-se visivelmente um aumento desses custos de extração nos últimos anos. Tais custos

mais do que dobraram nos últimos cinco anos, refletindo não somente um cenário de escassez

mundial de equipamentos e serviços, como também a expansão da fronteira petrolífera em

direção a áreas mais inóspitas – no caso brasileiro, a exploração offshore em profundidades

cada vez maiores.

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2.3 O PAPEL DA INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA NACIONAL DE PETRÓLEO E GÁS OFFSHORE

Atualmente, uma ampla gama de tecnologias está sendo prevista para a exploração e

produção de petróleo e gás, tais como as avaliações de reservatório, a engenharia de

reservatórios e as técnicas de perfuração. Persaud, Kumar e Kumar (2003) identificam quatro

tecnologias principais do setor de petróleo e gás, capazes de tornar possível a exploração de

hidrocarbonetos em áreas mais remotas. São elas: sísmica 3D, perfuração horizontal,

tecnologia offshore e tecnologia de areias petrolíferas. Segundo os autores, a perfuração

horizontal e a sísmica 3D podem ser consideradas inovações radicais, dado o número de

outros desenvolvimentos gerados a partir destas.

É claro que, por ser um estudo realizado no ano de 2003, algumas dessas tecnologias

já se desenvolveram e se encontram em novo patamar de evolução inovativa. É o caso, por

exemplo, da sísmica 3D, que – conforme apresentado anteriormente – já possui uma

tecnologia sucessora, a sísmica 4D. É importante ressaltar, no entanto, que apesar de

constituir a tecnologia mais moderna em termo de exploração de poços de petróleo, a sísmica

4D representa somente 3% do mercado (OIL & GAS TECHNOLOGY, 2010), o que, de

maneira geral, ainda torna válido o estudo de Persaud, Kumar e Kumar (2003) nos dias de

hoje.

Globalmente, as quatro principais tecnologias abordadas são bastante complementares

em muitos aspectos, e são adaptáveis a diversas situações. O Quadro 1 é um resumo da

descrição, aplicação e impacto destas tecnologias.

Quadro 1 – Quatro principais tecnologias do setor de petróleo e gás

Tipos de Tecnologia Descrição e Aplicação Impacto

Sísmica 3D

Utiliza ondas de som para

fornecer a inferência sobre a

estrutura e propriedades das

camadas de rocha subterrâneas.

Melhora a capacidade de

localizar novas jazidas de

hidrocarbonetos, reduzindo o

número de perfurações.

Perfuração horizontal

Interseção lateral nos

reservatórios – em vez de partir

de cima, em comparação com

poços verticais.

Aumenta a produtividade e

flexibilidade, principalmente em

áreas offshore ambientalmente

mais sensíveis.

Exploração offshore

Uma grande variedade de

métodos existe, incluindo navios

de perfuração, métodos de

perfuração direcional,

plataformas de produção, poços

submarinos de controle remoto e

gasodutos submarinos.

Torna possível a exploração e

desenvolvimento de poços de

petróleo em água mais profunda

do que 1.000 metros.

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Tecnologia de areias petrolíferas

Existem várias técnicas para

realizar a extração como, por

exemplo, o Steam Assisted

Gravity Drainage System

(SAGD) – inovação que utiliza

dois poços horizontais (um para

vapor e outro para produção).

Aumento da recuperação,

redução significativa dos custos

e redução das emissões.

Fonte: Adaptado de PERSAUD, KUMAR e KUMAR (2003)

No Brasil, as perspectivas de desenvolvimento nas reservas petrolíferas trazidas pelas

descobertas do pré-sal colocam um claro desafio inovativo para a indústria petrolífera

brasileira, especialmente à Petrobras, à medida que se faz necessário não somente acessar os

hidrocarbonetos, mas também efetivar a sua extração a custos viáveis em termos econômicos

(IPEA, 2010).

De certa forma, as atividades de exploração e produção de petróleo na camada do pré-

sal não constituem propriamente uma novidade na indústria petrolífera. Na última década,

experiências de sucesso na exploração e produção de óleo em camada do pré-sal no Golfo do

México indicam a relativa viabilidade em lidar com os desafios impostos por este limite

exploratório. No entanto, apesar deste histórico positivo da indústria no âmbito global,

algumas particularidades dos reservatórios do pré-sal brasileiro indicam um contexto de

muitos desafios, que podem ser reunidos em cinco áreas, segundo estudo do IPEA (2010):

Caracterização e engenharia de reservatórios: interpretação da sísmica, caracterização

interna dos reservatórios, factibilidade técnica da injeção de gás e água para

recuperação secundária e geomecânica das rochas adjacentes em estágio de depleção.

Completação e perfuração de poços: desvios de poços na zona salitre e gerenciamento

do CO2, altamente corrosivo para os materiais.

Engenharia submarina: qualificação dos risers5 para operação em profundidade de

2.200 metros, considerando o CO2 e a elevada pressão.

Unidades flutuantes de produção: ancoramento das unidades, considerando

profundidade de 2.200 metros, e conexões com o sistema de risers.

Logística para o gás associado: criação de materiais para equipamentos expostos a

fluxos gasíferos com elevadas concentrações de CO2 e de dutos com mais de 18

polegadas em profundidade de 2.200 metros.

5 Tubulações flexíveis que levam petróleo e gás do poço às plataformas.

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Estes desafios técnicos acabam delineando grandes diretrizes de mudanças para a

indústria petrolífera nacional, tais como a necessidade de procurar soluções inovadoras – e

não somente adaptar tecnologias já estabelecidas – e a importância de aproveitar tais desafios

para fomentar o desenvolvimento da indústria parapetrolífera nacional (IPEA, 2010).

Por fim, é interessante concluirmos este capítulo com um resumo das principais

atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, capazes de demandar

ações inovativas ao longo da cadeia de E&P.

A partir da Figura 6 – elaborada com base no estudo de Fernández e Musso (2011) –, é

possível perceber que existem atividades que requerem desenvolvimento de novas tecnologias

relacionadas às três etapas do ciclo de vida de um poço de petróleo. No entanto, enquanto nas

fases de exploração e desenvolvimento existe um grande esforço inovativo no investimento

em tecnologias sísmicas, de perfuração, de completação e de fabricação de equipamentos, na

fase de produção propriamente dita, a inovação concentra-se basicamente na construção de

plataformas de produção.

Figura 6 – Caracterização das principais atividades da cadeia offshore que requerem inovação

Fonte: Adaptado de FERNÁNDEZ e MUSSO (2011)

Furtado (1998) também considera a importância das fases de exploração e

desenvolvimento de poços de petróleo em seu trabalho, ao afirmar que é na criação de

sistemas de perfuração de grandes profundidades que se encontra o principal desafio

tecnológico da indústria de petróleo offshore. Tais sistemas de perfuração encontram-se

presentes tanto na etapa de exploração – quando as sondas de perfuração são construídas –,

quanto na etapa de desenvolvimento – quando a perfuração é, de fato, realizada.

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No caso brasileiro – com as descobertas do pré-sal –, os desafios para a exploração e

desenvolvimento dos poços de petróleo tornaram-se ainda maiores, dado que as reservas do

cluster do pré-sal estão situadas a uma profundidade de mais de seis mil metros, sendo que

cerca de dois mil metros são de camada de sal.

Ainda tornam-se necessários, portanto, avanços técnicos para a extração do petróleo

que permitam o desvio de poços na zona salitre e o gerenciamento do CO2, altamente

corrosivo para os materiais (IPEA, 2010). Segundo estudo do BNDES (2010), há uma série de

dificuldades para extrair os hidrocarbonetos depositados na camada do pré-sal, dentre as quais

se destacam:

A plasticidade e a solubilidade da camada do pré-sal, que vão demandar tecnologias

novas para manutenção da estabilidade do poço.

O fato de que os hidrocarbonetos estão depositados em rochas carbonáticas, ambiente

pouco conhecido, já que a experiência nacional concentra-se nas rochas de arenito.

As elevadas condições de temperatura e pressão em que se encontram as reservas, com

presença de gás carbônico em grande volume.

Tais dificuldades – aliadas ao fato de que perfurar uma camada de dois mil metros de

sal não é uma tarefa simples – acabam demandando que se empreguem materiais e

ferramentas especiais, com novas tecnologias e diferentes inovações.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Esta pesquisa baseia-se na abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação

(FREEMAN, 1987; LUNDVALL et al., 1998; NELSON e NELSON, 2002), segundo a qual o

desempenho inovativo de um país, região ou mesmo um setor não pode ser avaliado

enfocando apenas os esforços e as realizações das empresas individualmente. Conforme esse

conceito, a inovação é um processo que resulta da interação entre os players da mesma

natureza ou de diferentes naturezas institucionais.

Embora seja uma abordagem relativamente recente, é interessante conceber os

Sistemas Nacionais de Inovação como um esforço intelectual antigo. Talvez, o ponto de

partida dessa análise sejam os estudos sobre a divisão do trabalho de Adam Smith – o

primeiro autor a considerar a importância da ciência e da tecnologia no processo de divisão do

trabalho –, em 1776. Entretanto, em suas pesquisas, Adam Smith não considerava inovação e

desenvolvimento de competências como processos sistêmicos (LUNDVALL et al., 2002). Foi

Friedrich List, em 1841, o primeiro a abordar o conceito de Sistemas Nacionais de Produção e

Aprendizagem, levando em conta um amplo conjunto de instituições nacionais – incluindo

aqueles envolvidos na educação e na formação –, bem como infraestruturas – como redes para

o transporte de pessoas e mercadorias (FREEMAN, 1995).

Mais tarde, o conceito de inovação foi introduzida pela primeira vez na literatura

econômica por Schumpeter (1934, apud Furtado et al., 2011), que argumentou que a inovação

era a principal causa do desenvolvimento econômico e também do desequilíbrio no sistema

econômico. O autor classificou em “desruptivas” as inovações que causavam uma

descontinuidade no equilíbrio econômico, creditando aos empresários a responsabilidade

pelas inovações. Em seus estudos posteriores, Schumpeter reconheceu que a inovação não era

só conduzida individualmente por empresas. Muitos investidores e financiadores fomentavam

a inovação, assumindo o risco de criar novos recursos monetários para financiar a inovação.

Essa visão, no entanto, restringia-se à inovação para o setor empresarial (FURTADO et al.,

2011).

Somente na década de 1980 o conceito de Sistema de Inovação foi efetivamente

introduzido na literatura por Lundvall (1985) – ainda assim, sem o adjetivo “nacional”

adicionado a ela – com o objetivo de capturar as relações e interações entre os institutos de

pesquisa, laboratórios de empresas e universidades na produção do conhecimento.

Finalmente, em 1987, Freeman – em uma tentativa de explicar que a inovação por parte das

empresas não poderia ser explicada sem a compreensão de questões políticas, sociais e

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institucionais que se manifestaram a nível nacional – utiliza pela primeira vez a expressão

Sistema Nacional e Inovação. Segundo o autor, o SNI visa integrar vários tipos de

organização com diferentes racionalidades institucionais no processo de inovação.

Por definição, os sistemas de inovação não abrangem apenas empresas e laboratórios

de P&D, mas também órgãos do governo, de educação e de formação, organizações de

crédito, políticas industriais e de ciência e tecnologia, instituições e regras etc. Todos estes

elementos estão preocupados com a geração e difusão do conhecimento para a inovação

dentro de um sistema econômico nacional (FREEMAN, 1987).

Um ano após a publicação do trabalho de Freeman (1987) sobre a inovação no Japão,

Lundvall (1988) continuou trabalhando na mesma direção dos SNI, porém com maior foco

nas interações entre as empresas, sobretudo usuários e fornecedores. Segundo o autor, as

empresas não se encontravam isoladas dentro do sistema e precisavam de uma grande

quantidade de conhecimento de outras empresas.

Outro autor seguramente importante para o desenvolvimento do conceito de SNI foi

Nelson, que ainda na década de 1980 propôs a comparação do sistema dos EUA de ciência e

tecnologia com outros sistemas nacionais (LUNDVALL et al., 2002).

Assim, quando Freeman, Nelson e Lundvall se reuniram em um grande projeto sobre a

mudança técnica e da teoria econômica, foi desenvolvido um livro com quatro seções sobre

Sistemas Nacionais de Inovação (LUNDVALL et al., 2002). Mais recentes referências-padrão

sobre os sistemas nacionais de inovação são os três livros editados por Lundvall, Nelson e

Edquist na década de 1990 (LUNDVALL, 2007).

Desde a década de 1980, a literatura internacional documenta a crescente influência da

abordagem SNI. Várias organizações supranacionais – notadamente a Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) – têm absorvido ou estão começando a

usar o conceito SNI como parte integrante da sua perspectiva analítica (LUNDVALL, 2002).

Atualmente, o conceito de SNI tem sido importante na justificativa de como o

crescimento econômico pode ser desenvolvido e sustentado. No entanto, encontrar uma

demarcação clara do Sistema Nacional de Inovação na literatura não é uma questão fácil.

Atualmente, como não há nenhuma definição consensual acerca de um Sistema Nacional de

Inovação (OECD, 1997), várias definições já foram propostas, tais como:

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Quadro 2 – Definições de Sistema Nacional de Inovação

Autor e ano Definição de Sistema Nacional de Inovação

Freeman, 1987 “… a rede de instituições dos setores público e privado cujas atividades e

interações iniciam, importam, modificam e difundem novas tecnologias.”

Lundvall, 1992

“… os elementos e relações que interagem na produção, difusão e utilização de

conhecimento novo e economicamente útil (...) e que estão localizados dentro

ou radicados no interior das fronteiras de uma nação.”

Nelson, 1993 “... um conjunto de instituições cujas interações determinam o desempenho

inovador (...) das empresas nacionais.”

Patel e Pavitt, 1994

“... as instituições nacionais, as suas estruturas de incentivo e de suas

competências, que determinam a taxa e a direção da aprendizagem tecnológica

(ou o volume e a composição das atividades geradoras de mudança) em um

país.”

Metcalfe, 1995

“... conjunto de instituições distintas que conjuntamente e individualmente

contribuem para o desenvolvimento e a difusão de novas tecnologias e que

constituem o quadro no qual os governos formam e programam políticas

destinadas a influenciar o processo de inovação. Como tal, é um sistema de

instituições interconectadas para criar, armazenar e transferir os conhecimentos,

habilidades e artefatos que definem as novas tecnologias.”

Fonte: Adaptado de OECD (1997)

Sendo assim, podemos concluir – com base nas propostas de diversos autores – que o

SNI constitui um conjunto de diferentes atores, tais como empresas, centros de P&D, centros

educacionais, agências governamentais e financeiras que cooperem no processo de

desenvolvimento tecnológico, de forma que a inovação não consiste em uma iniciativa isolada

por uma única empresa, mas resultante da interação de diversas instituições.

O surgimento do conceito de Sistemas de Inovação e suas peculiaridades já foi

contemplado na obra de diversos autores, tais como Charles Edquist, na década de 90. Em um

de seus trabalhos, Edquist e Hommen (1999) enumeram nove características para as

abordagens de Sistemas Nacionais de Inovação, conforme apresentadas a seguir:

Inovação e processos de aprendizagem são o foco. A inovação tecnológica é um

“processo de aprendizagem”, já que pressupõe a produção de novos

conhecimentos ou a combinação de elementos existentes de conhecimento.

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Adotam uma perspectiva holística e interdisciplinar. Os SNI são holísticos no

sentido de que tentam abranger uma ampla gama dos determinantes da inovação.

Ainda, são interdisciplinares no sentido de que incluem, não só fatores

econômicos, mas também fatores organizacionais, políticos e sociais.

Empregam perspectivas históricas. Como os processos de inovação se

desenvolvem ao longo do tempo e incluem a influência de muitos fatores e

processos de feedback, estes são mais bem estudados em termos de co-evolução do

conhecimento, da inovação, organizações e instituições.

Salientam as diferenças entre os sistemas, em vez da otimização dos sistemas. Já

que a visão de Sistemas de Inovação está fixada na singularidade de cada

localidade, há mais enfoque em desvendar as diferenças entre os sistemas de

inovação do que na descoberta de um sistema ótimo.

Enfatizam interdependência e não-linearidade. As empresas quase nunca inovam

isoladamente, mas sim interagem mais ou menos próximas com outras

organizações.

Abrangem tecnologias de produtos e inovações organizacionais. Essa

característica é baseada no entendimento de que o desenvolvimento de um

conceito de inovação diferenciado consiste, necessariamente, em compreender os

relacionamentos complexos entre crescimento, emprego e inovação.

Enfatizam o papel central das instituições. Como as instituições constituem as

principais produtoras dos fluxos geradores do processo inovativo, dá-se especial

atenção a estas no estudo dos Sistemas de Inovação.

Ainda são associados com difusão conceitual. Ainda existe associação a conceitos

difusos, plurais e muitas vezes ambíguos. Assim, o desenvolvimento futuro do

conceito de SNI envolverá um progresso do atual estado de “pluralismo

conceitual” a um estado de especificação clara dos principais conceitos.

São esquemas conceituais em vez de teorias formais. A abordagem de Sistemas de

Inovação baseia-se prioritariamente no desenvolvimento de frameworks

conceituais – em vez de fundamentar-se em teorias formais –, fato principalmente

derivado de sua matriz evolucionária.

Com base nessas particularidades, conclui-se que, de fato, as abordagens de Sistemas

de Inovação preveem o envolvimento de atores e de políticas públicas de forma muito mais

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cuidadosa e detalhada do que na abordagem inovativa linear. Isto porque, segundo os modelos

lineares de inovação – utilizados durante o período pós Segunda Guerra Mundial –, o

desenvolvimento inovativo aplicado à ciência desencadeia um fluxo unidirecional, que vai

desde a pesquisa científica básica até a aplicação comercial propriamente dita, de forma

bastante simplista. Enquanto isso, os Sistemas Nacionais de inovação pressupõem que as

diversas instituições (públicas e privadas) e processos de aprendizado têm implicações para o

desenvolvimento de estratégias corporativas e políticas de inovação (EDQUIST e HOMMEN,

1999).

Recentemente, o conceito de diferenças nacionais em capacitações inovativas

determinando desempenho nacional foi contestado, com o argumento de que as coligações

transnacionais estão mudando a face da economia mundial rumo à globalização. Em geral,

alguns autores afirmam que as fronteiras nacionais são fluídas, dentro de uma economia inter-

relacionada. Nesse caso, a ação das empresas transnacionais tenderia a integrar as fronteiras

dos principais países, o que acabaria enfraquecendo o conceito de inovação por meio do SNI

(PELLEGRIN, 2005).

Ludvall et al. (2002) defende, entretanto, que ainda é útil trabalhar com sistemas

nacionais como objeto analítico, à medida que as nações existem como entidades políticas,

com suas próprias agendas relacionadas com a inovação. Em outro estudo, embora

reconhecendo que a transferência de tecnologia internacional seja a principal fonte de avanço

tecnológico nos estágios iniciais do desenvolvimento industrial, Kim (1980) esclarece que a

eficaz assimilação de tecnologia demanda esforços locais, já que o conhecimento não está

totalmente disponível e também porque a tecnologia precisa de esforços de adaptação para

operar com eficiência.

Outro tipo de abordagem da natureza inovativa da indústria nacional se relaciona ao

conceito de Sistemas Setoriais de Inovação (SSI). Nas últimas décadas, em especial, tem

havido crescente preocupação sobre a geração endógena de inovação em determinados setores

da economia e sobre como os esforços tecnológicos e capacidades podem contribuir com

processo de desenvolvimento tecnológico. Conforme Malerba (2004):

“Um Sistema Setorial de Inovação e Produção é um conjunto de produtos novos e

estabelecidos para usos específicos e o conjunto de agentes de mercado que se

relacionam por meio de interações comerciais e não comerciais para a criação,

produção e venda desses produtos” (Malerba, 2002:250).

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Fica claro, portanto, que o SSI foca a inovação em um setor específico uma visão

multidimensional, integrada e dinâmica de setores, a fim de analisar a inovação. Nesse

sentido, se afasta do conceito tradicional de setor utilizado na economia industrial, porque

examina outros agentes – além de empresas –, colocando ênfase tanto nas atividades não-

comerciais, como nas interações de mercado, enfocando os processos de transformação do

sistema, e não considerando os limites setoriais como estáticos (MALERBA, 2002).

De fato, o conceito dos Sistemas Setoriais de Inovação (SSI) complementa a

abordagem dos Sistemas de Inovação Nacional e Regional. Na abordagem de Chung (2004),

por exemplo, o SSI é transversal aos Sistemas Regionais de Inovação, sendo compreendido

pelo Sistema Nacional de Inovação. O autor considera, ainda, que os Sistemas Regionais de

Inovação podem ser uma ferramenta para formular os Sistemas Setoriais de Inovação, já que

as regiões podem concentrar setores industriais específicos para o desenvolvimento de suas

economias.

Segundo Malerba (2004), a adoção de uma abordagem setorial deriva da hipótese de

que empresas heterogêneas – mas que tendem a utilizar tecnologias semelhantes – buscam

bases de conhecimento análogas e estão situadas em um mesmo ambiente institucional,

compartilhando alguns traços organizacionais comuns e desenvolvendo padrões de

aprendizado, comportamento e formas organizacionais semelhantes. Neste estudo, mais

especificamente, torna-se relevante entender a abordagem de SSI, já que dentro do setor de

petróleo e gás nacional se estabelecem relações de fornecimento de cadeia produtiva, e, por

consequência, desenvolvem-se potenciais interações entre clientes e fornecedores, no sentido

da difusão tecnológica.

Por se tratar de um estudo essencialmente setorial, analisaremos o Sistema Nacional

de Inovação sob a ótica da indústria de petróleo e gás brasileira. Ao longo deste trabalho,

portanto, chamaremos o SNI estudado de Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e

gás.

Com base na revisão de literatura proposta nessa seção, fica claro que o conceito de

Sistemas Nacionais de Inovação tem sido importante para esclarecer como o crescimento

econômico se desenvolve e se sustenta dentro de um país. Talvez, a maior contribuição dessa

abordagem para o estudo do avanço tecnológico consista na forma sistêmica da inovação,

indicando visivelmente a existência de movimentos nacionais impactados pelo contexto

socioinstitucional nos quais seus diversos agentes interagem.

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3.1 ANÁLISE DE SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO

Com o objetivo de compreender melhor a dinâmica do desenvolvimento tecnológico

no ambiente econômico, devemos procurar entender como as inovações específicas de um

país estão entrelaçadas dentro do sistema global. Nesse contexto, alguns autores

desenvolveram modelos de análise de Sistemas Nacionais de Inovação, que levam em

consideração as dinâmicas e os principais atores que interagem na geração sistêmica da

inovação.

Lundvall (1992) realiza um dos primeiros esforços nesse sentido, ao afirmar que um

SNI seria composto por instituições e relacionamentos que interagem na produção de novos

conhecimentos. Entre os componentes deste sistema, destaca-se a estrutura produtiva do país,

já que a própria definição de inovação – primeira aplicação comercial de um produto ou

processo – pressupõe a existência de empresas.

A partir do trabalho de Lundvall (1992), diversas análises foram realizadas visando

entender a complexidade da geração da inovação no contexto nacional. O que esses estudos

têm em comum é a tentativa de descrever e comparar as mais importantes instituições,

organizações, atividades e interações dos agentes públicos e privados que participam ou

influenciam o processo de inovação de um país.

Desde o final dos anos 1990, por exemplo, o quadro conceitual representado na Figura

7 serve como uma concepção dominante de muitos estudos sobre sistemas nacionais de

inovação.

A figura demonstra os blocos principais de um SNI em um cenário político e prático,

incluindo empresas, universidades e outras organizações públicas de pesquisa. A interação é

representada pelas setas que se referem à aprendizagem interativa e difusão do conhecimento.

O bloco “demanda” diz respeito ao nível e qualidade de demanda que pode ser um fator de

atração para as empresas inovarem. Finalmente, as instituições são representadas em blocos

de construção "condições" e "infraestrutura", incluindo diversas leis, políticas e regulamentos

relacionados à ciência, tecnologia e empreendedorismo (POLT et al., 2001).

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Figura 7 – Modelo padrão de Sistema Nacional de Inovação

Fonte: GROENEWEGEN e STEEN (2006)

A partir das referências utilizadas na concepção desse modelo conceitual, foi

desenvolvido um dos frameworks mais relevantes para a análise de Sistemas Nacionais de

Inovação, quando Bartholomew (1997) propôs uma abordagem para a análise da

biotecnologia.

Assim como Lundvall (1992), a autora concorda que a acumulação de conhecimento é

o ponto central do SNI. Em seu esquema conceitual, Bartholomew (1997) cria duas

dimensões de interação do conhecimento – instituições de P&D e indústria –, que entrariam

em contato, formando o fluxo de conhecimento da nação. Além disso, coloca que o contexto

institucional pode intervir diretamente no comportamento do setor, fazendo com que o fluxo

de conhecimento seja determinado por fatores internos ao espaço geográfico da nação. Por

outro lado, a utilização de conhecimento externo também influenciaria o processo de difusão

tecnológica, já que participa da formação do estoque de conhecimento na indústria.

Para concretizar sua análise, Bartholomew (1997) aplica seu framewok em diferentes

países – Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Alemanha –, buscando traçar características

particulares para os modelos de desenvolvimento tecnológico no setor. Isto porque as

Demanda•Consumidores e Produtores

Infraestrutura

Condições

Firmas Sistemas

de

Educação

Interação

•Regras financeiras e

informação

•Direito de propriedade

intelectual

•Conselho de

inovação

•Padrões

•Treinamento

vocacional

•Universidades

•Organizações

de Pesquisa

Públicas

•Pesquisa Política

•Organizações

•Intermediário do

conhecimento

•Grandes

empresas

(multinacionais)

•Pequenas e

médias empresas

•Empresas

iniciantes

•Regras de

financiamento

•Impostos

•Mobilidade dos

trabalhadores

•Incentivos

internacionais

•Empreendedorismo

•Regras

•TIC

Institutos de Pesquisa

Intermediários

Knowledge Brokers(intermediários do conhecimento)

Suporte à

inovação

Normatização

técnica e legal

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diferenças entre os países e seus contextos nacionais em termos de cultura e organização

industrial fazem com que os modelos de SNI não sejam adaptáveis a todo o mundo (Nelson e

Rosenberg, 1993).

Com base nessa premissa, Liu e White (2001) propuseram um modelo genérico para

analisar sistemas de inovação, baseado em cinco atividades fundamentais: pesquisa (pesquisa

básica, desenvolvimento e engenharia), implementação (fabricação), consumo (consumidores

do produto), educação (capacitação de trabalhadores no processo produtivo) e sinergia (aporte

de conhecimento complementar). Os autores pretendiam, mais do que apenas descrever o

papel do desempenho dos atores, instituições e políticas constituintes do SNI, focar em

determinadas características do sistema, incluindo a forma como as atividades são distribuídas

dentro deste, suas fronteiras e mecanismos de coordenação.

Segundo os autores, existem três elementos determinantes na estruturação dos SNI:

atores primários, atores secundários e instituições. Atores primários são as organizações que

realizam uma das cinco atividades fundamentais identificadas. Atores secundários são

organizações que afetam o comportamento e a interação entre os atores primários. Já as

instituições são o conjunto de práticas, regras e outras organizações que guiam ou restringem

o comportamento dos atores.

A partir da estruturação dessas informações sobre o SNI, seria possível, então, realizar

uma análise comparativa entre os diferentes sistemas de inovação. Para isso, os autores

identificaram três fatores básicos, que foram analisados de forma descritiva no estudo: a

estrutura, a dinâmica e o desempenho da indústria nacional. No estudo de Liu e White (2001),

essa análise é realizada na China, um país que passou por grandes transformações culturais e

econômicas após o processo de abertura econômica, a partir dos anos 80.

Outro aspecto dos Sistemas Nacionais de Inovação a ser considerado pode estar

relacionado à natureza do processo de inovação nos países em desenvolvimento. Desde a

década de 80, tem havido crescente preocupação sobre a geração de inovação em países

menos desenvolvidos e sobre como os esforços tecnológicos podem contribuir com processo

de catching-up (FURTADO et al., 2011).

Talvez, a principal diferença entre os modelos de Sistemas Nacionais de Inovação

conduzidos em países desenvolvidos e os frameworks conceituais elaborados para estudo em

nações em desenvolvimento seja o reconhecimento de que, no segundo caso, a transferência

de tecnologia internacional é a principal fonte de progresso tecnológico nos estágios iniciais

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do desenvolvimento industrial. No caso do Brasil, por exemplo, em especial no setor de

petróleo e gás, fica claro que a efetiva absorção de tecnologia requer esforços de assimilação

do conhecimento externo, além da adaptação local para que a tecnologia possa operar

eficazmente.

Sob essa perspectiva, Intarakumnerd et al. (2002) desenvolveram um estudo que

buscou entender os SNI em países em desenvolvimento, usando a Tailândia como estudo de

caso. Ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos – em que o SNI acompanha o

progresso econômico da nação –, o Sistema Nacional de Inovação tailandês não é compatível

com seu nível de desenvolvimento econômico, já que, apesar de o país ter passado de um

sistema agrícola para uma economia industrial, seu SNI manteve-se fragilizado.

Segundo os autores, no contexto tailandês, não basta apenas analisar os atores

constituintes do SNI do país, mas também examinar a interação entre eles, que, em geral, são

fracas e fragmentadas. Nesse sentido, são destacados sete tipos de relacionamento entre

usuários, empresas, governo e universidades, que tentam explicar os principais gargalos

existentes no Sistema de Inovação Tailandês: (a) fraco relacionamento entre produtores e

usuários; (b) fraca cooperação entre empresas de mesma indústria ou de indústrias

relacionadas; (c) fraco relacionamento entre subsidiárias e a matriz de empresas

transnacionais em território tailandês; (d) fraca cooperação entre universidades e indústria; (e)

fraca relação entre empresas industriais e organizações públicas de P&D; (f) políticas de

capacitação do governo limitadas no estímulo à capacitação técnica profissional; e (g)

incentivos governamentais fiscais e financeiros não eficazes no estímulo à demanda por

investimentos no setor privado.

A fragilidade dos relacionamentos entre os principais atores do SNI da Tailândia

podem ser úteis para identificar, no presente trabalho, os gargalos do Sistema de Inovação

Brasileiro de petróleo e gás, principalmente pela semelhança histórica industrial entre os dois

países. Assim como a Tailândia, o Brasil teve sua estrutura econômica alterada – nas últimas

décadas – para uma no qual o setor industrial ganhou significativa importância. No entanto,

apesar do ritmo de exportação de produtos manufaturados pelos dois países ter aumentado nas

últimas décadas, grande parte do território dessas duas nações ainda está voltada para as

atividades agrícolas.

Outro exemplo foi um estudo recente desenvolvido por Furtado et al. (2011), que

procurou analisar o Sistema de Inovação Sucroalcooleiro Brasileiro. Segundo os autores, o

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sucesso nacional na produção de cana-de-açúcar não pode ser entendido como baseado apenas

nas vantagens brasileiras relacionadas à natureza do solo e ao clima propício ao cultivo da

cana-de-açúcar, mas sim como o resultado de esforços que culminaram em uma trajetória

positiva de aprendizado tecnológico. O artigo avalia os aspectos-chave do sistema de

inovação construído ao redor da indústria sucroalcooleira nacional, por meio de um

framework conceitual que considera, particularmente, políticas de P&D e inovação e

estratégias dos principais players do setor, incluindo moinhos de cana, fornecedores,

instituições de pesquisa públicas e privadas e agências governamentais.

Com base na constatação de que os SNI seriam formados não apenas por instituições

nacionais, mas também por relacionamentos e interações entre estas instituições

(LUNDVALL, 1992), Barbosa (2005) desenvolveu um estudo que visou verificar a qualidade

da participação de uma empresa no Sistema Nacional de Inovação em que está inserida, por

meio de indicadores que refletissem a qualidade e a intensidade de suas relações no sistema.

Segundo o autor, tão relevante como a capacitação de uma empresa em inovação

tecnológica, são também as externalidades produzidas por seus relacionamentos com os

demais integrantes do SNI. Tais relacionamentos definem as seis dimensões da participação

de uma empresa na construção e operação de um SNI, conforme apresentado no Quadro 3:

Quadro 3 – Dimensões básicas do Sistema Nacional de Inovação

Dimensões do SNI Características

Relacionamento da empresa

com outras empresas

nacionais.

Canais de comunicação estabelecidos pela empresa para a troca,

principalmente, de estoques de conhecimento com outras empresas.

Relacionamento da empresa

com o Setor Público.

Órgãos públicos são capazes de regulamentar ações de empresas

produtoras. Em alguns casos, funcionam, ainda, como clientes, com

grande poder de barganha em relação às empresas.

Relacionamento da empresa

com o Sistema Nacional de

Ciência e Tecnologia (C&T).

Instituições privadas e públicas de P&D e universidades.

Relacionamento da empresa

com o Sistema Nacional de

Educação.

Atividades de transmissão de conhecimento para os profissionais da

empresa que trabalham em inovações tecnológicas e conhecimento de

domínio público através da pesquisa universitária.

Relacionamento da empresa

com o Sistema Financeiro

Nacional.

Mercado de capitais ou sistema baseado em crédito. Propiciam, no caso

do primeiro, um ambiente menos hostil às inovações, e, no caso do

segundo, maiores possibilidades de transferência de conhecimento entre

tomadores e instituições de crédito.

Conhecimento estrangeiro.

Assimilação e operacionalização de tecnologias sofisticadas, vindas do

exterior. Requerem alguma capacidade nativa de P&D, mesmo que esta

seja voltada basicamente para adaptações em produtos e processos.

Fonte: O autor com base em BARBOSA (2005)

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Como proposta do estudo, Barbosa (2005) deu atenção especial às empresas de capital

estrangeiro com atuação no território brasileiro, que segundo o autor, formam um subconjunto

importante em termos de participação na economia nacional.

Por fim, vale destacar alguns trabalhos que optaram por contextualizar Sistemas de

Inovação no setor de petróleo e gás. Furtado (1997), por exemplo, realizou um estudo sobre

os SNI na indústria de petróleo francesa, com foco na importância das políticas públicas e nos

padrões setoriais de mudança tecnológica para o SNI.

De acordo com o autor, as políticas públicas desempenham um papel decisivo na

constituição dos sistemas de inovação, notadamente quando o setor privado não é forte o

suficiente para assumir a liderança e quando a cooperação entre empresas não é comum, até

mesmo dentro das fronteiras nacionais. A política do governo pode, então, criar condições

favoráveis para essa cooperação, desempenhando um papel ativo de criação das ligações que

faltam no sistema.

Outro estudo, realizado por Persaud et al. (2003), trata da inovação no setor upstream

do setor de petróleo e gás canadense. Nesse trabalho, assim como no artigo de desenvolvido

por Furtado (1997), há o reconhecimento de que, especialmente no setor de petróleo e gás, o

governo tem papel importante, principalmente por meio de parcerias, políticas e suporte para

P&D.

O artigo também dá importância à necessidade de capacitação da força de trabalho no

setor. Segundo os autores, o treinamento pode determinar a diferença entre sucesso e fracasso

nas atividades relacionadas ao petróleo, principalmente por conta dos altos custos dos

equipamentos e processos relacionados à exploração e produção – que exigem capacitação

para que possam ser operados. Desta forma, sem empregados qualificados, significativos

investimentos podem se perder no uso da tecnologia.

Além disso, em território canadense, dada a concentração regional da indústria de

petróleo e gás, há significativas oportunidades de inovação no setor. Isto porque os esforços

cooperativos são requeridos pela indústria, pelo governo e mesmo pelas universidades de

forma a direcionar esforços do setor e a focar capacitações nas áreas mais promissoras.

No Brasil, a cooperação entre empresas fornecedoras e operadoras é destaque no

estudo de Silvestre e Dalcol (2009). Nesse trabalho, os autores analisam o resultado de um

estudo empírico envolvendo 10 empresas localizadas na Bacia de Campos – uma das maiores

aglomerações nacionais de exploração de petróleo –, com o objetivo de verificar se a

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proximidade geográfica é um fator que favorece a inovação de empresas aglomeradas,

fazendo uso das abordagens de clusters e de Sistemas de Inovação. Os autores indicam a

existência de um grupo de empresas no qual a proximidade funcionam como um fator

positivo no desenvolvimento das atividades de inovação.

3.2 MÉTODO DE ANÁLISE PROPOSTO

Neste trabalho, tomaremos como base o modelo utilizado por Barbosa (2005), que

leva em consideração as seis dimensões da participação de uma empresa na construção e

operação de um SNI.

A escolha do modelo apresentado pelo autor se dá principalmente por dois motivos.

Primeiramente, porque o padrão de análise proposto por Barbosa (2005) consegue percorrer

as diversas dimensões do Sistema Nacional de Inovação, com foco principal no papel

inovativo das empresas atuantes no país. Desta forma, conseguiríamos, a partir deste modelo,

alcançar o primeiro objetivo deste trabalho.

Em segundo lugar, porque tal framework – apesar de ter sido utilizado na obra do

autor com aplicação no setor químico – também se adequa ao setor de petróleo e gás, dada a

grande participação de empresas estrangeiras no segmento de exploração e produção nacional.

Além disso, tal perspectiva nos permitiria avaliar especificamente a participação das

empresas fornecedoras de bens e serviços no SNI, possibilitando, assim, a concretização do

segundo objetivo deste estudo.

Na Figura 8, é apresentado o esquema gráfico que configurará a análise que se

pretende realizar do Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás. Com base na

revisão de literatura proposta em seu estudo, Barbosa (2005) desenvolve seu modelo na

consideração de que a acumulação de conhecimento é o mais importante processo dentro de

um SNI, e de que o conhecimento é o recurso mais importante que tal sistema oferece à

economia nacional. Assim, o Sistema Nacional de Inovação seria composto por elementos e

relacionamentos que interagem na produção, difusão e utilização econômica de novo

conhecimento útil e o Setor Produtivo seria a dimensão mais relevante dentro do sistema. O

modelo proposto por Barbosa (2005) é composto, basicamente, por seis dimensões de

participação da empresa na construção e operação de um Sistema Nacional de Inovação.

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Figura 8 – Esquema conceitual da participação de empresas em um Sistema de Inovação Nacional

Fonte: BARBOSA (2005)

A primeira dimensão tratada seria o relacionamento da empresa com outras o próprio

Setor Produtivo, ou seja, com outras empresas que têm atuação em território nacional. Esses

relacionamentos são marcados por trajetórias tecnológicas e blocos de desenvolvimento

específicos de cada país.

A segunda dimensão diz respeito ao relacionamento da empresa com o Setor Público.

Além de ser o maior utilizador de inovação em termos nacionais, o Setor Público ainda possui

papel regulador, fornecendo políticas e orientações ao sistema de inovação.

O relacionamento da empresa nacional com o Sistema de Nacional de Ciência e

Tecnologia (C&T) é o foco de atenção da terceira dimensão, formada por instituições públicas

e privadas de P&D e por universidades. Em geral, laboratórios industriais e grandes empresas

de P&D têm importante papel no desenvolvimento e comercialização de grandes tecnologias,

enquanto as universidades delimitam seu foco na concepção de pequenas invenções, que

poderão ser levadas futuramente ao mercado.

A quarta dimensão trazida no modelo de Barbosa (2005) trata do relacionamento da

empresa com o Sistema Nacional de Educação. Em geral, quando falamos de educação,

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estamos tratando da pesquisa universitária, que produz tanto atividades de transmissão de

conhecimento para empresas como cria conhecimento de domínio público.

A quinta dimensão diz respeito ao relacionamento da empresa com o Sistema

Financeiro Nacional, que promovem um ambiente propício à inovação por meio de um forte

mercado de capitais ou mesmo do desenvolvimento de atividades de geração de crédito. Em

geral, instituições públicas de financiamento são relevantes atores no processo inovativo do

país, já que financiam grande parte das pesquisas que pretendem lançar invenções no

mercado.

Por fim, temos como sexta dimensão o relacionamento da empresa com o Setor

Externo, ou seja, a importação de conhecimento estrangeiro. Principalmente no setor de

petróleo e gás, esta dimensão é de grande importância, já que um percentual considerável de

tecnologia utilizada nos processos de exploração e produção do petróleo advém do

conhecimento importado de outros países.

Barbosa (2005) considera, ainda, três variáveis intervenientes (mediadoras) do

fenômeno estudado. São elas: ambiente organizacional da empresa, resultado do esforço da

empresa em atividades de inovação tecnológica e autonomia da empresa para condução de

atividades de inovação tecnológica. Segundo o autor:

“Com relação à variável de pesquisa 7 (Ambiente Organizacional da Empresa), ela é

formada por fatores de natureza organizacional que concorrem para o sucesso de

desenvolvimento de produtos em organizações (CALANTONE et al., 1997). Por sua

vez, a variável de pesquisa 8 (Resultado do Esforço da Empresa em Atividades de

Inovação Tecnológica) é formada por indicadores usuais de resultado de inovação

tecnológica, grande parte deles utilizados pela ANPEI (Associação Nacional de

Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Industriais). No que concerne à variável de

pesquisa 9 (Autonomia da Empresa para Condução de Atividades Próprias de

Inovação Tecnológica), ela é composta por fatores de natureza estratégica que

condicionam a autonomia de uma empresa, para a condução de atividades próprias de

inovação tecnológica” (BARBOSA, 2005).

Neste trabalho, a utilização do modelo de Barbosa (2005) será feita em duas diferentes

etapas: no capítulo 4 as variáveis de 1 a 6 servirão de base para a descrição dos principais

atores e arranjos institucionais de um SNI que exercem influência, atualmente, na realização

de atividades de E&P no Brasil; já no capítulo 5, o modelo do autor fundamentará a estrutura

básica para a elaboração do questionário que será aplicado às empresas fornecedoras do

seguimento de E&P de petróleo e gás.

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4 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO NO SETOR DE PETRÓLEO E GÁS

Segundo Pellegrin (2005), o Sistema Brasileiro de Inovação do Setor de Petróleo e

Gás é resultante de uma série de movimentos históricos que envolvem políticas públicas,

programas e ações de governo, da iniciativa privada e de organizações não governamentais,

além de investimentos públicos e privados, entre outros fatores que contribuíram para que se

alcançasse sua posição atual.

Com base nessa perspectiva e na literatura existente sobre Sistemas de Inovação

Nacionais, identificaremos, a partir de agora, os principais atores, arranjos institucionais e

práticas do Sistema Brasileiro de Inovação de petróleo e gás sob o ponto de vista de suas seis

principais dimensões identificadas no esquema conceitual proposto por Barbosa (2005): Setor

Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema de Educação, Sistema Financeiro e Setor

Externo.

4.1 SETOR PRODUTIVO

Segundo Lundvall (2007), as empresas são as unidades que desempenham o papel

mais importante no sistema inovativo, já que constituem os principais responsáveis por levar

ao mercado o resultado final do processo de inovação e dos fluxos de conhecimento do SNI.

Lundvall (2001) sugere que as empresas inovam em um procedimento de colaboração,

já que não existe empresa que reúna todos os elementos necessários para o desenvolvimento

de um novo produto ou serviço. Assim, dentro do Setor Produtivo, as empresas não são

isoladas e precisam de uma grande quantidade de conhecimento de outras empresas para que

se sustentem no mercado. Tanto utilizadores como produtores de bens de capital devem

interagir de perto com a produção efetiva das novas tecnologias (LUNDVALL, 1988).

O elo upstream do setor de petróleo e gás ressalta essa ideia de cooperação entre

empresas exploradoras e fornecedoras, já que grande parte da inovação desenvolvida advém

dos departamentos de P&D das empresas fornecedoras, em conjunto com as grandes empresas

de E&P com atuação nacional (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009; PROMINP, 2008a). Dantas (1999) apoia essa afirmação ao declarar que, na atividade

offshore, um ponto particularmente relevante na análise do processo de capacitação

tecnológica diz respeito ao necessário envolvimento dos diversos agentes e instituições –

empresas de petróleo, fornecedores e aparato técnico-científico – no desenvolvimento de

novos conceitos, produtos e serviços. Em decorrência, a coordenação dos esforços inovativos

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referente a este conjunto de instituições é, certamente, um fator analítico fundamental para a

discussão.

Nesse contexto de cooperação dentro do Setor Produtivo, Tidd, Bessant e Pavitt

(1997) relacionam algumas formas de colaboração para aquisição de tecnologia de outras

organizações: subcontratação, licenciamento de tecnologia, consórcio de pesquisa, alianças

estratégicas, “joint ventures” e associação em rede. Silvestre e Dalcol (2007) apontam para a

forte presença desta última forma de colaboração na indústria de petróleo.

De forma geral, a associação em rede pode apresentar algumas vantagens dentro de

determinados setores. Como principal vantagem, Tidd, Bessant e Pavitt (1997) apontam o

acesso ao aprendizado por meio de relacionamentos com outras organizações. Tais

relacionamentos podem trazer, ainda, custos menores em transações, o que faz com que uma

empresa prefira negociar tecnologia com membros da própria rede. Figueiredo (2003), ao

destacar que as conexões de conhecimento, quando bem estabelecidas, podem contribuir para

o processo de aprendizagem das firmas, permitindo que estas adquiram capacitações

tecnológicas para enfrentar os desafios impostos pelo mercado e realizar mudanças

tecnológicas e inovações.

Outro aspecto relevante a ser apontado sobre a inovação no Setor Produtivo do setor

de petróleo foi levantado por Furtado (1997). Segundo o autor, podemos encontrar, na

indústria do petróleo, grandes diferenças de regimes de apropriação de acordo com a posição

na cadeia produtiva. Nas atividades de upstream – foco desse estudo – o grau de

apropriabilidade é fraco, principalmente por causa da natureza interativa do processo de

inovação entre as grandes empresas de E&P e as empresas especialistas. A estratégia das

empresas petrolíferas é aumentar a concorrência entre os fornecedores, a fim de reduzir o seu

poder de barganha.

Segundo Pellegrin (2005):

“O sistema setorial de inovação da indústria do petróleo e o gás natural é formado por

um conjunto de atores heterogêneos (empresas, instituições de pesquisa, governo)

articulados entre si. Esse sistema conta, pelo lado produtivo, com dois grupos distintos

de empresas. As operadoras assumem as diversas etapas da cadeia produtiva do

petróleo e do gás natural, que vai da extração à distribuição do produto final

processado. Os fornecedores constituem um grupo heterogêneo de empresas que

fornece uma vasta gama de bens, de materiais a equipamentos complexos, e prestam

uma grande diversidade de serviços de apoio à produção, mais ou menos

especializados” (PELLEGRIN, 2005).

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Com base nas ideias apresentadas por Pellegrin (2005), classificaremos, a partir de

agora, as empresas do setor de petróleo e gás em dois diferentes tipos: empresas operadoras,

com atuação no território brasileiro – dentre as quais se destaca a Petrobras – e fornecedores

diretos, atuantes em toda a cadeia produtiva de petróleo. A seguir, caracterizaremos o escopo

de atuação de cada um desses grupos de empresas, destacando seu papel e contribuição no

Sistema Nacional de Inovação.

4.1.1 Empresas Operadoras

A década de 1990 marcou o fim no monopólio legal da Petrobras na exploração e

produção de petróleo no Brasil, com a aprovação da Lei do Petróleo – em 1997. Nesse ano,

foi criada – pela Lei 9.478 – a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), com a finalidade de promover a regulação, a contratação e a fiscalização das

atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo.

No cumprimento de suas funções, a ANP tem realizado a concessão de blocos para

exploração por meio licitações públicas, chamadas rodadas de licitações. As empresas

interessadas nos blocos de uma rodada recebem dados técnicos, sumários geológicos e demais

informações de todas as bacias e setores oferecidos (SILVA e AMARAL, 2009). Desta forma,

abriu-se a possibilidade de atuação de outras empresas operadoras no país, o que elevou o

montante de investimentos e o consequente desenvolvimento de atividades inovativas no

setor.

Em um trabalho realizado por Furtado (2002), que visava analisar a mudança

institucional provocada pela quebra do monopólio da Petrobras sobre a exploração de petróleo

no país, o autor divide a atuação da principal operadora de campos de petróleo do país em

dois momentos: a fase I, quando a Petrobras era a única empresa exploradora de jazidas de

hidrocarbonetos em território nacional, e a fase II, após a quebra do monopólio legal.

Na fase I, a Petrobras exercia a maior parte das funções do sistema setorial de

inovação, o que dava maior convergência a essa rede de inovação. Em geral, tal rede era

bastante eficiente, principalmente porque como a estatal era o ator que planejava, financiava,

executava, e usava o conhecimento gerado, os fornecedores de bens e serviços acabavam

utilizando uma linguagem comum. O problema, nesse caso, era a perda da diversidade

tecnológica, resultado da centralização das atividades em um único ator. Assim, a Petrobras

consistia o polo mais desenvolvido, enquanto as instituições acadêmicas e as empresas

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fornecedoras tinham uma posição mais frágil no sistema. Além disso, durante os anos 90,

verificou-se uma tendência da Petrobras de buscar associações com empresas estrangeiras em

seu Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas (Procap) para desenvolver

tecnologia, deixando de lado os fornecedores nacionais (FURTADO, 2002).

Já na fase II, com a quebra do monopólio da Petrobras, passou a existir o risco de que

a estatal viesse a deixar de lado algumas das missões que lhe foram atribuídas. Em

decorrência da quebra do monopólio, a Petrobras poderia abandonar sua lógica de atuação

como empresa pública para assumir o papel de companhia submetida à concorrência.

Antecipando essa ameaça, foi criado o CTPetro6, que reformulou a o arranjo institucional

vigente na fase I (FURTADO, 2002).

As rodadas de licitação promovidas pela ANP entre 1999 e 2009 fizeram com que 68

operadoras realizassem atividades exploratórias nas bacias sedimentares brasileiras no fim de

2009. Nesse contexto, dos 404 blocos exploratórios sob concessão em atividade, 113 estavam

sendo explorados somente pela Petrobras, 175 pelas demais operadoras e 116 por parcerias

entre Petrobras e outras operadoras (ANP, 2010).

Segundo o Relatório da Produção de Petróleo e Gás Natural, elaborado mensalmente

pela ANP – referente ao mês de março de 2011 –, atualmente 43 operadoras exploram

petróleo e gás em território nacional. Apesar disso, a Petrobras ainda é responsável por 92,2%

da produção de petróleo e por 96,9% de gás natural no Brasil. Depois da Petrobras, os maiores

produtores de petróleo no Brasil são a americana Chevron, a anglo-holandesa Shell, a

japonesa Frade e a indiana ONGC.

Tal constatação fica ainda mais evidente quando analisamos a Figura 9, que apresenta

os vinte campos com maior produção de petróleo e gás natural no país. Destes, somente os

campos de Frade e Ostra não estão sob o domínio da Petrobras. Assim, apesar das novas

empresas entrantes no segmento de E&P, a capacidade inovativa no setor de petróleo e gás

nacional ainda está concentrada na Petrobras. Isto porque a maturação dos investimentos em

projetos de exploração e produção – em especial em campos offshore – leva, em média, oito

anos. A Shell e Chevron, por exemplo, são empresas que já figuravam como produtoras em

6 Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural, criado em 1999, tem o objetivo de “estimular a inovação na cadeia

produtiva do setor de petróleo e gás natural, a formação e qualificação de recursos humanos e o desenvolvimento

de projetos em parceria entre empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do

País, visando ao aumento da produção e da produtividade, à redução de custos e preços e à melhoria da

qualidade dos produtos do setor” (FINEP, 2011).

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2005 e, no médio prazo, especialistas concordam que a tendência é que a rivalidade no setor

seja ampliada (FERNANDES, ARAÚJO e CAPOBIANCO, 2005).

Figura 9 – Vinte campos com maior produção de petróleo e gás no Brasil

Fonte: ANP (2011b)

4.1.2 Fornecedores Diretos

O relatório “Infraestrutura Econômica no Brasil: diagnósticos e perspectivas para

2025” sugerem a existência de uma tendência de aumento do volume de compras da Petrobras

até 2025, em conformidade com as projeções de expansão da produção e do consumo

domésticos de petróleo e de gás natural. Cria-se, então, uma oportunidade interessante para

que o parque de fornecedores se desenvolva e se consolide como supridor competitivo,

inclusive em termos internacionais (IPEA, 2010).

Segundo Furtado (2002), a terceirização das atividades das operadoras para

fornecedores especializados é um processo antigo na indústria do petróleo e deve-se à grande

heterogeneidade de conhecimentos e de competências que precisam ser mobilizadas na

produção e processamento de petróleo e gás natural. Oliveira (2008) corrobora essa ideia ao

afirmar que a existência de redes de fornecedores é uma das principais características da

indústria do petróleo e gás no Brasil. Tais redes são estabelecidas a partir da necessidade criar

vínculos para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que

entrarão em uso na indústria. Desta forma, as empresas fornecedoras de bens e serviços

acabam se especializando na área e, muitas vezes, para determinadas operadoras.

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No caso específico do Brasil, Oliveira (2008) aponta, ainda, duas fontes de

colaboração inovativa que são facilmente identificáveis entre as empresas operadoras e as

empresas fornecedoras de bens e serviços: (a) inspeções realizadas que forçam as empresas a

fazer modificações em seus processos produtivos e seguir padrões e normas definidos

externamente e (b) desenvolvimento de um produto elaborado pela operadora por intermédio

de seu centro de pesquisa e que precisa encontrar uma unidade produtora.

Segundo Prominp (2008a), a maior diferença da indústria de fornecedores do setor de

petróleo para a indústria total parece estar relacionada à intensidade de colaboração. De

acordo com o estudo, pouco mais de 25% da indústria fornecedora de petróleo apresenta

colaboração, contra menos de 4% da indústria total. Essa intensidade de colaboração acaba

funcionando como insumo relevante para o processo inovador, desenvolvendo, desta forma,

um ambiente mais propício à inovação entre os participantes desta rede de fornecedores

(OLIVEIRA, 2008).

Para a análise dos fornecedores diretos da indústria brasileira de petróleo e gás,

tomaremos como base o estudo da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), que

subdivide estas empresas em oito diferentes segmentos primários: informação de

reservatórios, contratos de perfuração, serviços e equipamentos de perfuração, revestimento e

completação dos poços, infraestrutura e instalação, produção e manutenção, desativação e

apoio logístico No presente estudo, agruparemos tais segmentos em cinco macroprocessos:

Figura 10 – Macroprocessos de análise do mercado de bens e serviços para E&P

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

Não consideraremos neste trabalho o segmento de “desativação” – encerramento da

produção de um poço –, por entendermos que este não pertence à atividade de exploração e

produção de petróleo. Da mesma forma, desconsideraremos o segmento de “apoio logístico” –

transporte de insumos, equipamentos e pessoas –, por avaliarmos ser uma área de suporte, que

não está diretamente relacionada à exploração.

Informação de

Reservatórios

Perfuração

de Poços

Revestimento e

Completação InfraestruturaProdução e

Manutenção

11 22 33 44 55

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A partir de agora, analisaremos mais intimamente cada um dos cinco macroprocessos

propostos, buscando observar a conjuntura do setor, as principais empresas que nele atuam, a

forma como a P&D são conduzidas internamente e as possíveis redes de inovação existentes

entre tais empresas fornecedoras e as grandes empresas operadoras. Ainda, para alguns dos

macroprocessos de análise, trataremos também dos principais inputs advindos dos segmentos

de equipamentos apresentados no estudo do Prominp (2008a), que identifica alguns

segmentos produtivos de relevância econômica e importância estratégica para o

desenvolvimento do setor de petróleo e gás brasileiro no momento atual.

4.1.2.1 Informação de Reservatórios

A indústria da sísmica desempenha um papel bastante relevante dentro da cadeia

produtiva do petróleo. Nesse segmento, tecnologias e técnicas mais recentes têm permitido a

realização de novas descobertas – como o pré-sal – e um melhor entendimento e interpretação

das características dos reservatórios. Isto vem possibilitando às empresas operadoras

aperfeiçoar a produção tanto de áreas recém-descobertas como de poços mais maduros

(REVISTA TN PETRÓLEO, 2010).

Em geral, as empresas de petróleo contratam empresas especializadas para este tipo de

levantamento ou adquirem os dados diretamente de empresas que já realizaram este estudo.

Desta forma, há um mercado bastante amadurecido de dados sísmicos no país, que vem se

desenvolvendo cada vez mais com o avanço da tecnologia no segmento (REVISTA TN

PETRÓLEO, 2010).

O segmento de serviços sísmicos é um grupo relevante de serviços e equipamentos de

E&P, constituindo 6% da receita de prestadores na cadeia completa. Dentro desse segmento,

os investimentos em P&D são bastante representativos e visam, especialmente, aumentar a

precisão da informação – melhorando a qualidade da informação entregada –, diminuir os

tempos de estudo para entregar resultados aos clientes mais rapidamente e aumentar a

produtividade das frotas (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

As atividades da indústria da sísmica no Brasil iniciaram-se no final na década de

1950, com aparelhamentos analógicos. Nos anos 60, o método sísmico de reflexão passou a

ser ferramenta básica na exploração de petróleo e, anos mais tarde, com auxílio da sísmica, foi

descoberto o primeiro campo de petróleo na plataforma continental brasileira. Mas foi nos

anos 70 que a província petrolífera de Campos foi descoberta, utilizando levantamentos

sísmicos 2D. A utilização de sísmica 3D – já abordada anteriormente neste estudo – foi outro

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momento importante para marcar os anos 80 (REVISTA TN PETRÓLEO, 2010).

Atualmente, existem navios sísmicos equipados de equipamentos automatizados capazes de

fazer um levantamento de dados sísmicos de grandes extensões com custo relativamente

baixo em período razoável de tempo.

A partir da Lei 9.478 de 1997 – que derrubou o monopólio da exploração de petróleo

no Brasil por parte da Petrobras – os levantamentos sísmicos se intensificaram, com as

empresas de aquisição de dados realizando levantamentos não exclusivos. Deste então, os

investimentos em aquisição de dados sísmicos marítimos para exploração de petróleo no

Brasil alcançaram 200 milhões de dólares ao ano, o que constituiu um aumento maior que

200% em relação à média da década anterior sob o monopólio da Petrobras (ONIP, 2003a). A

Figura 11 também ilustra esse crescimento acentuado, em especial na sísmica offshore, após a

liberalização ocorrida em 1997:

Figura 11 – Evolução da área explorada através de exploração sísmica no Brasil

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

Em 1998, a ANP concedeu autorizações a algumas empresas internacionais de

geofísica para execução de trabalhos 2D e 3D. Na época, sete empresas foram autorizadas

para trabalhos de 2D e sete empresa – quase as mesmas – receberam autorização para

levantamentos de 3D. Deste então, praticamente todas as áreas da margem continental

brasileira foram levantadas por essas empresas. Em geral, tais empresas internacionais reúnem

as competências mais completas da cadeia produtiva da sísmica de reflexão (ONIP, 2003a).

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No momento, estão instalados no Brasil os fornecedores de serviços sísmicos de maior

relevância mundial, destacando-se empresas como a Schlumberger (por meio da

WesternGeco), a CGGVeritas e a Petroleum Geo-Service (PGS). Os escritórios dessas

companhias destinam-se fundamentalmente ao relacionamento com as companhias de

petróleo para a venda de serviços de aquisição e processamento, já que as efetivas

competências técnicas de todas essas empresas encontram-se no exterior (BAIN &

COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Segundo o relatório “Embarcações autorizadas a realizar atividades de aquisição de

dados relacionados com a atividade do petróleo e do gás natural” da Direção de Portos e

Costas (DPC, 2011), seis embarcações estão autorizadas a conduzir serviços de aquisição no

país, conforme ilustrado no Quadro 4. Destas, é válido destacar que todas são internacionais

com razões sociais no país – restrição da ANP – e que todos estes navios são de bandeira

estrangeira.

Quadro 4 – Navios de aquisição de dados de exploração de petróleo e gás no país (Maio/2011)

Nome da embarcação Empresa afretadora Bandeira

Geco Diamond WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá

Ramform Sovereign PGS Suporte Logístico de Serviços Ltda Singapura

Ramform Valiant PGS Investigação Petrolífera Ltda Bahamas

Western Monarch WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá

Wstern Neptune WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Panamá

WG Tasman WesternGeco Serviços de Sísmica Ltda Chipre

Fonte: DPC (2011)

Apesar da predominância de empresas geofísicas internacionais atuantes no Brasil, é

possível observar um movimento recente de desenvolvimento de tecnologias em território

nacional, em um esforço para enfrentar os desafios encontrados pelas empresas operadoras de

poços de petróleo instaladas no país. Isto porque as propriedades da exploração de petróleo no

Brasil são bastante peculiares, fazendo com que a proximidade entre operadoras e

fornecedoras seja vantajosa para o desenvolvimento de novas soluções – especialmente para a

extração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. A CGGVeritas, por exemplo,

buscou instalar, em 2010, três centros de tecnologia no país: dois centros de processamento

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dedicados ao 4D, em Macaé e no Rio de Janeiro, e um centro de tecnologia, no Rio de Janeiro

(REVISTA TN PETRÓLEO, 2010), o que implica uma colaboração tecnológica com alguns

operadores, mas também com universidades de alto nível existentes no país. Nesse caso, a

participação dos especialistas locais é essencial para que se formulem conhecimento e

experiência próprios.

Finalmente, é válido destacar a importância do segmento de informação de

reservatórios para o setor de exploração e produção de petróleo no Brasil. A rigor, seu valor

se acentua à medida que o custo de uma perfuração malsucedida é cada vez maior e que a

falta de capacidade do segmento acaba fazendo com que as operadoras esperem por mais

tempo para realizar os estudos de exploração (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE

ADVOGADOS, 2009).

Assim, para que o segmento seja sustentável no longo prazo, torna-se necessário

assegurar a capacidade dos fornecedores de serviços sísmicos. Deve-se, portanto, impulsionar

as indústrias ligadas à exploração sísmica: a indústria de construção naval, a mão-de-obra

local e a indústria de equipamentos. Esta situação destaca que, não somente as grandes

operadoras de petróleo necessitam dos fornecedores de bens e equipamentos, mas também os

próprios fornecedores de serviços acabam criando certa dependência desse mercado, o que

torna ainda mais complexo o Setor Produtivo do setor de petróleo e gás (BAIN &

COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

4.1.2.2 Perfuração de Poços

Para a perfuração dos poços de petróleo e gás, são empregadas sondas de perfuração,

que podem ser montadas em estruturas terrestres ou marítimas. O conjunto da sonda, da

estrutura offshore e dos equipamentos é conhecido por plataforma de perfuração (BAIN &

COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

A perfuração é uma tecnologia-chave para exploração e produção de petróleo, já que o

esforço de perfuração pode representar entre 40% e 80% dos custos totais de exploração

(Almeida, 2002). As sondas, de forma geral, pertencem às empresas parapetrolíferas

especializadas – também chamadas drillers –, sendo alugadas às empresas operadoras. Desta

forma, os equipamentos podem ser utilizados por diversas empresas ao redor do mundo, o que

maximiza sua utilização (CONOWAY, 1999). As sondas de perfuração são contratadas por

período determinado, com poucas possibilidades de flexibilidade do prazo de contratação,

principalmente por conta do aumento da taxa de utilização das plataformas nos últimos anos.

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Nesse contexto, é interessante destacar que a taxa de aluguel diária desses equipamentos pode

chegar a 500 mil dólares (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009),

de acordo com local e com a data em que o contrato de locação foi firmado (RODRIGUES,

2007).

Ainda, segundo Rodrigues (2007), a perfuração de um poço exige uma ampla

coordenação de atividades, que devem ser realizadas de maneira continuada, podendo trazer

custos elevados nos casos de paralisação da operação. Esta atividade é intensa em mão-de-

obra – em especial quando lida com brocas – exigindo constante conexão dos tubos de

perfuração. No mundo, existiam, em 2009, 722 plataformas de perfuração, das quais somente

17% – ou seja, 126 embarcações – estavam aptas a operar em águas profundas e

ultraprofundas. Essas frotas estão dispersas pelo mundo, e muitos drillers chegam a alocar

entre 6 e 18% da sua capacidade para o Brasil (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE

ADVOGADOS, 2009).

Figura 12 – Detalhamento das frotas de drillers offshore

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

Com as descobertas do pré-sal, fica cada vez mais evidente a necessidade de

plataformas de perfuração do tipo drillships, capazes de perfurar lâminas d’água de grande

profundidade, com maior alcance que as sondas submersíveis e auto eleváveis (jackups).

Nesse contexto, evidências apontadas por Iooty (2008) indicam que todas as sondas de

perfuração em águas profundas que chegarão ao mercado entre 2008 e 2010 já estarão

comprometidas, não restando sonda alguma para oportunidades que venham surgir nos

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próximos anos. Sendo assim, para atender à demanda do pré-sal, a Petrobras já divulgou as

licitações para a construção de novas sondas de perfuração e FPSOs (BNDES, 2011).

É interessante notar também que existiam, em território nacional, somente 11 sondas

de perfuração (do tipo drillship) atuantes em 2011, sendo todas estas operadas por empresas

estrangeiras (RIGZONE, 2011). Além disso, das 60 plataformas de perfuração que operam em

no Brasil, apenas 18% estão sob a gestão de empresas nacionais. Nos últimos anos, novas

fusões e aquisições fizeram com que o mercado mundial de perfuração de poços de petróleo

se concentrasse em poucas empresas multinacionais, tais como Pride, Noble, Diamond e

Transocean, que dominam mundialmente as operações de perfuração. Esta situação reduz o

poder comercial das operadoras brasileiras, já que a oferta de serviços de perfuração encontra-

se cada vez mais concentrada, com tendências de piorar (PROMINP, 2004).

Atualmente, duas principais empresas brasileiras atuam no mercado de drilling:

Queiroz Galvão e Schahin. A Queiroz Galvão possui seis plataformas semissubmersíveis, das

quais quatro encontram-se em operação no país. Já a Schahin detém dois navios-sonda

operando para a Petrobras em águas nacionais, sendo o mais recente o Vitória 10000,

construído na Coréia do Sul e entregue em 2010. A empresa encomendou ainda mais dois

navios sonda para águas ultraprofundas, que estão sendo construídos no estaleiro da Samsung

(RIGZONE, 2011).

A atuação nacional nas atividades de perfuração do setor de petróleo e gás é bastante

restrita quando consideramos a fabricação das plataformas de perfuração. A quantidade de

fabricantes envolvida na construção de plataformas de perfuração é limitada, principalmente

quando avaliamos apenas águas profundas e ultraprofundas. Hoje, 80% das plataformas de

águas profundas e ultraprofundas são construídas em estaleiros coreanos e cingapurianos

(BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Visando criar condições para que a construção de plataformas de última geração no

Brasil seja técnica e economicamente viável, a diretoria da Petrobras aprovou recentemente a

construção das primeiras sete sondas brasileiras – de um total de 28 – para perfuração

marítima, prioritariamente para poços do pré-sal, sendo o restante dos equipamentos também

produzido no país. O vencedor do primeiro lote da licitação foi o Estaleiro Atlântico Sul,

localizado no em Pernambuco. Assim, a Petrobras espera seguir o exemplo das plataformas de

produção, que atualmente são integralmente produzidas no país, dentro dos parâmetros de

qualidade reconhecidos mundialmente (PORTAL BRASIL, 2011).

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É interessante ressaltar que, mesmo sendo ainda pequena a participação das empresas

nacionais no negócio de drilling, casos como o da norueguesa Seadrill – que detém cerca de

10% da frota de perfuração brasileira – ilustram que é possível estimular o desenvolvimento

de empresas nacionais a se tornam drillers no mercado mundial. O sucesso norueguês deve-se

especialmente às regras estabelecidas pelo governo do país, que garantiram a competitividade

da indústria local em um tempo em que diversos fornecedores externos tinham interesse em

atuar na Noruega (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Um exemplo desses tipos de regras foi o estabelecimento do Registro Internacional de

Navios Noruegueses (NIS), que permitiu a operadores de navios noruegueses condições

operacionais mais flexíveis. Navios registrados sob o NIS poderiam, por exemplo, escolher

entre tripulações norueguesas ou não (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE

ADVOGADOS, 2009).

Além dos equipamentos utilizados diretamente na plataforma, existem ainda diversas

outras ferramentas/equipamentos essenciais para a atividade de perfuração. Em geral, os

fornecedores desses equipamentos e insumos também disponibilizam ao mercado serviços

específicos vinculados à venda dos mesmos. Estes subsegmentos podem ser classificados em

dois grupos, de acordo com a importância e sofisticação dos serviços fornecidos: (a)

consumíveis e ferramentas de perfuração de menor tecnologia; e (b) serviços de perfuração de

alto conteúdo tecnológico (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009).

O primeiro grupo contempla subsegmentos que disponibilizam majoritariamente

ferramentas de menor tecnologia – tanto por venda, como por aluguel ou serviço – tais como

brocas de perfuração, lamas de perfuração, ferramentas de poço, aluguel de ferramentas,

serviço de pesca e controle de sólidos. Neste caso, os cinco maiores players – Smith

International, Halliburton, Baker Hughes, National Oilwell Varco e Weatherford – capturaram

66% das receitas em 2007 (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009).

Já o segundo grupo engloba subsegmentos baseados em oferta de serviços com alto

conteúdo tecnológico, tais como perfuração direcional, perfilagem convencional, perfilagem

durante a perfuração e registro de lamas. As quatro maiores empresam atuantes neste

subsegmento são: Schlumberger, Halliburton, Baker Hughes e Weatherford, que

concentraram 78% das receitas desse grupo em 2007 (BAIN & COMPANY e TOZZINI

FREIRE ADVOGADOS, 2009).

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Para garantir a demanda desses equipamentos no país futuramente, será preciso

utilizar, inevitavelmente, serviços e equipamentos de grandes empresas internacionais.

Grande parte dessas empresas está percebendo no Brasil um potencial de investimentos,

estabelecendo escritórios comerciais, ou mesmo cogitando realizar desenvolvimento

tecnológico no país. De acordo com o estudo realizado por Bain & Company e Tozzini Freire

Advogados (2009), os centros de P&D das principais empresas que desenvolvem consumíveis

e ferramentas de perfuração de menor tecnologia para serviços de perfuração encontram-se

localizados em polos de desenvolvimento da indústria, sendo algumas atividades de pesquisa

utilizadas nas localizações de manufatura. Por outro lado, o P&D das empresas que realizam

serviços de perfuração de alto conteúdo tecnológico é realizado em polos de desenvolvimento

reconhecidos na indústria, como Houston, Aberdeen e Stavanger. No entanto, algumas líderes

de mercado – como Schlumberger e Halliburton – começaram a descentralizar suas

atividades, buscando estabelecer nova oferta de cientistas.

4.1.2.3 Revestimento e Completação de Poços

O conjunto de operações de preparação do poço para produção de óleo ou gás é

denominado completação. O primeiro passo para a completação de um poço de petróleo é a

confecção de tubos de aço para revestimento e tubulação de produção (OCTG). Descidos pelo

interior do revestimento de produção, esses tubos têm como finalidades básicas a condução

dos fluidos produzidos até a superfície, protegendo o revestimento contra fluidos agressivos e

pressões elevadas (THOMAS, 2001).

Na produção de tubos, as quatro maiores empresas atuantes são a Tenaris, a V&M, a

Tubes, a US Steel e a TMK, que representam 75% do faturamento do setor. O estudo

desenvolvido pelo Prominp (2008a), que realizou entrevistas com três importantes fabricantes

de tubos, conexões e flanges atuantes no Brasil, aponta que a relevância do setor de petróleo e

gás entre as empresas estudadas varia entre 30% e 60%. Não apenas o setor de petróleo e gás

seria o maior mercado individual, mas também o melhor em termos financeiros no contexto

das empresas analisadas.

O passo seguinte à confecção do tubo consiste no revestimento e instalação do tubo de

produção, preparando o poço para que este possa entrar em produção, e conferindo, assim,

uma proteção estrutural que permite a extração dos hidrocarbonetos. Geralmente, as

operadoras utilizam prestadores de serviços, responsáveis por revestir e instalar tubos de

produção (THOMAS, 2001).

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Este é um dos subsegmentos menos concentrados dentre os relacionados à atividade de

revestimento e completação de poços, com 58% das receitas relativas a quatro empresas:

Weatherford, Frank’s Casing Crew & Rentals, BJ Services e TESCO. As três maiores

empresas desse setor são de origem norte-americana, atuando internacionalmente e prestando

serviços no Brasil (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

É claro que, visando à garantia da plena capacidade de produção do poço, são

necessários, decorrente do processo de completação, diversos equipamentos, tais como

vedadores permanentes ou reutilizáveis, conjuntos vedadores, suportes de revestimento,

equipamentos de completação multilateral, sistemas de completação inteligente e tubulação

expansível. Em 2007, as receitas do subsegmento de equipamentos de completação chegaram

a US$6,8 bilhões (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Em geral, as plantas de produção dessas empresas estão localizadas próximas dos

centros de produção de petróleo (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009). No país, apesar de não existirem unidades fabris ou centros de P&D para esse tipo de

equipamento, as líderes deste subsegmento têm presença comercial e técnica no Brasil,

visando fornecer os produtos mais adequados para cada caso (BAIN & COMPANY e

TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

O último passo no processo de revestimento e completação dos poços de petróleo é o

bombeamento de substâncias através do revestimento ou tubulação de produção do poço em

alta pressão, promovendo a cimentação (THOMAS, 2001). Segundo Bain & Company e

Tozzini Freire Advogados (2009), esse serviço também engloba o aluguel de equipamentos,

além da venda de cimentos, fluidos e outros insumos necessários para estimulação.

Atualmente, o subsegmento de bombeamento de pressão é o maior dentre os subsegmentos de

revestimento e completação de poços, com receitas em 2007 que representaram cerca de 40%

do total do segmento. Além disso, tal subsegmento apresenta uma das maiores concentrações

do segmento, com as três maiores empresas representando 75% do total do subsegmento.

Mesmo verificando a queda de concentração de receitas nos últimos oito anos, é esperado que

as empresas líderes ainda mantenham controle sobre um grande porcentual de receitas no

futuro, já que os investimentos em P&D são um fator relevante, que dificulta a entrada de

novas empresas (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

As operadoras também contam com fornecedores que disponibilizam equipamentos e

equipes especializadas para realizar testes de coluna, testes de superfície e testes de pressão. A

Schlumberger é a atual líder deste mercado, fornecendo estes serviços em diversos países,

inclusive no Brasil. As atividades de pesquisa e desenvolvimento de equipamentos

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relacionados a este subsegmento estão centralizadas no seu centro de tecnologia e produto de

Houston (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

4.1.2.4 Infraestrutura

Uma infraestrutura própria para que seja iniciada a produção do petróleo e do gás

natural depois de realizada a perfuração, revestimento e completação do poço, deve ser

instalada. Em geral, as empresas operadoras adquirem ativos de infraestrutura por meio de

dois tipos diferentes de parcerias: contratos de leasing e contratos de construção (BAIN &

COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Esse é um mercado bastante concentrado, com as seis maiores empresas mundiais

sendo responsáveis por cerca de 80% das receitas em 2007. Outra forma que as operadoras

têm de dispor de ativos para a produção é por meio dos contratos de construção de

plataformas. Quando uma empresa operadora contrata uma empresa para construir uma

plataforma, costuma deixá-la responsável pelo detalhamento do projeto (engineering),

suprimento (procurement), construção e montagem (construction) do empreendimento (BAIN

& COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Desta forma, é estabelecido um contrato chamado de EPC e a empresa contratada é

chamada de EPCista, que atua, em geral, desde o projeto até a instalação da plataforma

(REVISTA PETROBRAS, 2009). Nesse tipo de contratação, as empresas responsabilizam-se

pela entrega da unidade de produção em condições de operar, assumindo o risco sobre todo o

processo de construção, sobre os equipamentos a serem instalados e sobre o prazo de entrega

da unidade produtiva em conformidade com o projeto inicial (PROMINP, 2008a).

Mundialmente, o subsegmento EPC é bastante fragmentado, já que, neste, sete

empresas detêm 65% da participação nas receitas e a líder – a italiana Saipem –, 15%.

O contrato EPCista é algo recente no país, nascendo a partir da criação de projetos

mais complexos para a indústria nacional do petróleo. Nos últimos anos, as empresas EPCs

nacionais apresentaram um forte crescimento. A Figura 13 apresenta a evolução do

faturamento de cinco das empresas EPCistas entrevistadas para o estudo do Prominp (2008a).

Percebe-se, com base na figura, que em quatro dos cinco casos o faturamento das

empresas cresceu a taxas bastante altas entre 2002 e 2006 – o único caso de estabilidade é de

uma empresa que decidiu não atuar na indústria do petróleo. Ao mesmo tempo, o estudo

aponta uma grande expectativa de ampliação do faturamento a partir de 2010, sugerindo que

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as empresas estariam se preparando para o crescimento da indústria do petróleo (PROMINP,

2008a).

Figura 13 – Evolução do faturamento de cinco empresas EPCistas estudadas pelo Prominp

Fonte: PROMINP (2008a)

É possível notar que as empresas que se definem como EPCistas reúnem capacitações

diferentes entre si: algumas têm na engenharia o seu principal ativo, enquanto outras são

empresas de construção, cujo principal ativo consiste no canteiro de obras e na sua capacidade

de montagem. Os formatos de contrato EPC adotados no país são, muitas vezes, consórcios de

empresas que reúnem competências complementares, outras vezes são empresas de

competências similares, mas que necessitam de escala para, por exemplo, reduzir o risco

(PROMINP, 2008a).

Com relação ao fornecimento de peças e componentes que constituem uma plataforma

de petróleo, Prominp (2008a) destaca que a estrutura de custos de produção de navios de uma

embarcação offshore típica em um estaleiro europeu é constituída por 15% de aço, entre 15 e

18,75% de maquinários, entre 37,5% e 45% de sistemas marítimos e acessórios e, finalmente,

por 25% de custos relativos à produção no estaleiro. Fica claro, portanto, que as despesas de

componentes adquiridos de fornecedores são, em geral, próximas a 75% dos custos totais da

produção, o que evidencia ainda mais a importância do segmento de navipeças para o

mercado de construção naval.

Geralmente, a rede de fornecedores pode ser constituída a partir de empresas nacionais

ou internacionais. Apesar das dificuldades da indústria nacional, o estudo do Priminp (2008a)

mostra que, mesmo com alguns casos de desatualização tecnológica, os EPCistas

0

500

1000

1500

2000

Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E

R$

Milh

õe

s

2002

2006

2010

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manifestaram interesse em constituir relações internas em detrimento das relações com

empresas estrangeiras.

Em termos de distribuição espacial, o mercado de navipeças mundial é liderado por

empresas europeias. No caso europeu, a capacitação da indústria está relacionada à fabricação

de grandes navios de cruzeiro com elevado nível de especialização em países como

Alemanha, Finlândia, França e Itália (PROMINP, 2008a). No Brasil, boa parte das peças

utilizadas em plataformas ainda é importada, mas existe uma mudança em curso neste quadro.

Enquanto em 2000 o setor gerava cerca de 2 mil empregos diretos, em 2010, essa quantidade

chegava a 47 mil (PORTOS E NAVIOS, 2010). Isto porque, com a demanda crescente nos

estaleiros, a indústria de equipamentos para navios também se movimenta visando

acompanhar o mercado.

A evolução do setor de petróleo e gás, nos últimos anos, tem ainda desencadeado forte

recuperação da indústria de construção naval, principalmente pelos contratos com a indústria

do petróleo e pelo discurso político do governo federal, que aponta para a necessidade de

retomada de investimentos no setor (CUNHA, 2006). Assim, apesar de os principais canteiros

de obras dos maiores construtores mundiais estarem localizados no Japão, na Coréia do Sul,

na China e em alguns países da Europa, os estaleiros nacionais estão repletos de encomendas

recentes.

O ramo de construção e montagem tem, atualmente, os grandes estaleiros nacionais

como principais empresas atuantes nesta área. Tais empresas possuem, além de forte

capacitação em engenharia, ativos fixos que podem ser usados na construção de plataformas

no Brasil, o que garante vantagem competitiva relevante no setor. Atualmente, existe uma

tendência de algumas dessas empresas formarem consórcios com empresas de engenharia

para a constituição de um EPC (PROMINP, 2008a).

Os quinze principais estaleiros nacionais são apresentados no Quadro 5, listados em

ordem decrescente pela área construída. Atualmente, o maior estaleiro do país – em área

destinada à construção e montagem de navios – é o Atlântico Sul, criado em 2005. Tendo

como sócios os grupos Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e a empresa PJMR, o

empreendimento é um marco na revitalização da indústria naval no Brasil, resultando de

investimentos de R$ 1,8 bilhão e gerando capacidade instalada de processamento da ordem de

160 mil toneladas de aço por ano (ATLÂNTICO SUL, 2011).

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Quadro 5 – Principais players da construção naval offshore brasileira

Estaleiros Estado Process. de aço

(mil t./ ano)

Área

(mil m²) Diques Carreiras Cais

Atlântico Sul PE 160 1500 1 2 2

Estaleiro da Bahia BA 110 750 1 1 2

BrasFels RJ 50 410 1 3 2

Sermetal RJ 60 400 1 - 4

Mauá RJ 40 334 1 1 4

Renave-Enavi RJ 40 200 4 - 1

Inace CE 15 180 - 1 1

Itajaí SC 15 177 - 1 1

Navship SC 15 175 - 1 2

Eisa RJ 50 150 - 2 1

Rio Nave RJ 50 150 - 2 4

STX RJ 15 120 1 1 1

Rio Maguari PA 6 120 2 - -

UTC RJ - 112 - - 2

Rio Grande RS 30 100 1 1 1

Fonte: SINAVAL (2009)

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e

Offshore (Sinaval), havia diversos projetos de construção de plataformas em andamento sendo

realizados por estaleiros nacionais no ano de 2009. Destacam-se, no Quadro 6, os principais

estaleiros responsáveis por cada tipo de empreendimento:

Quadro 6 – Capacidade produtiva dos principais players da construção naval offshore brasileira

Tipos de projeto Estaleiros

Plataformas (FPSO,

semissubmersíveis, módulos e

navios-sondas)

BrasFels; Mauá; Atlântico Sul; Rio Grande; QUIP; UTC; Mac

Laren Oil.

Petroleiros, de produtos e gaseiros EISA; Atlântico Sul; Mauá; Itajaí; Rio Nave; Renave-Enavi;

Estaleiro da Bahia

Porta-contêineres e graneleiros EISA; Atlântico Sul; Mauá; Itajaí; Rio Nave; Renave-Enavi

Navios de apoio marítimo,

rebocadores, empurradores, barcaças,

chatas, etc.

STX; Aliança; Wilson, Sons; Sermetal, Navship; TWB; Detroit;

Inace; Rio Maguari; Superpesa; Cassinú; Transnave; São

Miguel

Fonte: SINAVAL (2009)

É válido ainda destacar que o setor de construção e montagem atuante no segmento do

petróleo e gás obteve novo impulso com a criação do Prominp e a consequente priorização de

investimentos a serem realizados no Brasil em relação ao exterior. Fundado em 2003, seus

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estudos já desenvolveram políticas concretas de desenvolvimento setorial, como a criação de

centros de excelência e redes de cooperação. O estudo realizado pelo próprio Prominp

(2008a) autentica esta afirmação ao lembrar que, em 2004, quando a Petrobras realizou US$

6,6 bilhões de investimento, a indústria de construção naval brasileira obteve uma receita

líquida de vendas de R$ 3,5 bilhões (PROMINP, 2008a).

No entanto, apesar do incentivo à utilização de esforços nacionais na condução de

empreendimentos de plataformas de petróleo, é necessário destacar a fragilidade tecnológica

ainda existente nos subsegmentos de engenharia, construção e montagem do país.

Atualmente, existe uma defasagem entre a indústria nacional de EPC e a existente no mundo

(PROMINP, 2006), causada principalmente pelo gap criado ao longo dos anos em que houve

desaceleração desses investimentos no país.

4.1.2.5 Produção e Manutenção

Enfim, depois de concluída a infraestrutura para a produção, torna-se necessário ainda

instalar equipamentos e serviços diretamente relacionados à produção e à manutenção da

infraestrutura. Em 2007, as receitas deste segmento representavam 13% das receitas totais de

equipamentos e serviços para exploração e produção de campos de petróleo, com US$29

bilhões envolvidos (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Neste trabalho, consideraremos dentro do segmento de produção e manutenção três

tipos de bens/serviços principais: equipamentos de superfície, equipamentos submarinos e

serviços de manutenção de poços.

Equipamentos de Superfície

Os equipamentos de superfície funcionam como controle para a vazão de petróleo/gás

dos poços de produção. Esses equipamentos são posicionados acima da superfície e

interligados aos poços por tubulações, independentemente de ser um poço offshore em águas

rasas ou onshore.

Segundo Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009), os principais tipos de

equipamentos de superfície são:

Cabeça ou topo do revestimento/tubo: estruturas que permitem a conexão do tubo

condutor e os equipamentos de superfície.

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Árvores-de-natal: aparelho colocado acima da cabeça ou topo do revestimento/tubo,

capaz de controlar o fluxo de hidrocarbonetos do poço.

Sistemas de fechamento de segurança: sistemas automáticos de fechamento de

válvulas que garantem a operação segura do sistema de produção.

Medidores e equipamento de controle de fluxo: sistema temporário de válvulas,

tubulações e coletores necessários para os serviços de injeção de pressão ou de lamas

no poço.

Dentro do mercado de equipamentos de superfície, seis das empresas concentram

cerca de 80% das vendas totais às operadoras ou fornecedoras de infraestrutura. São elas:

Cameron, FMC Technologies, Vetco International, Aker Solutions, John Wood Group e Dril-

Quip (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Equipamentos Submarinos

O principal objetivo dos equipamentos submarinos é controlar a vazão de petróleo dos

poços de produção. Em geral, tais equipamentos se diferenciam dos equipamentos de

superfície pelo fato de a maior parte das componentes do sistema completo estar submersa.

O setor de equipamentos submarinos para a indústria do petróleo é um dos mais

dinâmicos produtiva e tecnologicamente, especialmente no Brasil. Tanto que sua identificação

não é uma tarefa fácil, já que os produtos específicos são, em sua maioria, constituintes de um

conjunto nem sempre homogêneo quanto às suas características tecnológicas (PROMINP,

2008a).

Dentre os produtos constituintes da linha de equipamentos submarinos utilizadas na

exploração e produção de poços de petróleo, o estudo realizado pelo Prominp (2008a)

identifica três equipamentos mais relevantes: a árvore de natal molhada – que cumpre a

mesma função que nos sistemas de produção de superfície, mas neste caso se encontra

submersa –, os umbilicais – fios e mangueiras de união entre o sino e a unidade de

lançamento – e as linhas flexíveis – tubos por onde passa o petróleo ou gás produzido.

Com relação às árvores de natal molhadas, Prominp (2008a) aponta uma evolução

relevante das vendas dessa linha de produtos entre os anos 2003 e 2004, com aumento de 34%

no período, o que evidencia o salto produtivo do setor de petróleo e gás nacional nos últimos

anos. Quanto ao conteúdo local de seus insumos, a produção da árvore de natal molhada

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apresenta um coeficiente alto – 75% do custo total –, apesar de as empresas produtoras desse

equipamento serem majoritariamente estrangeiras.

No que diz respeito à produção de umbilicais, atualmente, as três principais empresas

produtoras destes equipamentos são responsáveis por cerca de 85% da oferta no mercado

brasileiro. Ainda, o conteúdo local da produção de umbilicais é muito baixo, determinado por

uma elevada importação de insumos (PROMINP, 2008a).

Já no que se refere a linhas flexíveis, a mais importante empresa com atuação no país é

estrangeira responsável por cerca de 60% do fornecimento local para a indústria do petróleo.

A produção das linhas flexíveis é viabilizada com alto conteúdo local – 90%,

aproximadamente – e a pequena parte importada dos insumos é representada por polímeros

externos e alguns aços que não apresentam fornecedores no mercado doméstico (PROMINP,

2008a).

Como pode ser observado na Figura 14, as principais empresas mundiais do

subsegmento de equipamentos submarinos – subseas – possuem centros de pesquisa e

desenvolvimento com localização próxima, dentre as quais se destacam: Houston, Perth, Rio

de Janeiro, Aberdeen, Cingapura, Emirados Árabes Unidos e Noruega. Há ainda uma

tendência de localização associada aos centros de manufatura, ou seja, áreas de elevada

demanda (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

Figura 14 – Principais centros de P&D das maiores empresas de equipamentos submarinos e de superfície

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

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Apesar da centralização das atividades de P&D no exterior, as empresas, em geral,

praticam um relacionamento próximo com as operadoras de petróleo. Isso acaba sendo um

fator essencial para o desenvolvimento de soluções específicas para problemas na esfera da

produção de cada localidade. No caso específico de uma das empresas fabricantes de linhas

flexíveis entrevistadas pelo Prominp (2008a), o desenvolvimento tecnológico é realizado no

exterior, resultado da estratégia mundial do grupo. Contudo, o entrevistado expôs que é

comum a participação de engenheiros brasileiros em alguns grupos de trabalho, fazendo parte

da estratégia corporativa de treinamento e especialização da mão-de-obra.

Até 2010, não havia nenhum player nacional que produzisse equipamentos subsea. A

Odebrecht Óleo e Gás (OOG) é a primeira a se estruturar para atuar nessa área, trabalhando

com umbilicais, risers e linhas de fluxos. Com isso, a empresa pretende servir às operadoras

em toda a cadeia do upstream (GÁS BRASIL, 2010).

Assim, graças ao crescimento do setor de petróleo e gás no Brasil previsto para os

próximos anos, é possível afirmar que a demanda brasileira do segmento de produção será

bastante representativa. Neste contexto, Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009)

destacam que os fornecedores de tais equipamentos já estão localizados no Brasil, inclusive

com processos fabris instalados no país. A Cameron, por exemplo, tem centros de manufatura

no Rio de Janeiro e em Taubaté. Enquanto isso, a FMC Technologies possui um centro de

manufatura e P&D no Rio de Janeiro e a Technip apresenta uma planta de manufatura de

tubulação de fluxo flexível em Vitória, de spoolbases em Macaé e um centro de pesquisa e

desenvolvimento no Rio de Janeiro.

Manutenção

O segmento de manutenção de poços engloba uma vasta gama de serviços de

manutenção e reparos a poços (Spears & Associates, 2008 apud Bain & Company e Tozzini

Freire Advogados, 2009). As empresas neste ramo fornecem as equipes e equipamentos

necessários para os serviços de manutenção, além das plataformas de workover.

Este subsegmento representou 14% das receitas do segmento de produção e

manutenção e é formado por três principais empresas mundiais (BAIN & COMPANY e

TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009): A empresa norte-americana Key Energy Services

fornece uma significativa amplitude de serviços de intervenção e manutenção, realizando

operações em países relevantes para a produção de petróleo e gás, como México, Colômbia,

Rússia e Argentina (KEY ENERGY SERVICES, 2011). Já a Nabors é especializada em

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contratos de perfuração que operava inicialmente no norte dos Estados Unidos e Canadá.

Atualmente, opera também em outros continentes, como Ásia e África, por meio de sua

grande frota plataformas de perfuração e de workover (NABORS, 2011). Por fim, a Basic

Energy Services tem suas operações desenvolvidas majoritariamente nos Estados Unidos,

onde atende a diversas empresas de petróleo e gás. Esta é uma empresa cujo foco está nos

serviços de manutenção de poços, apesar de oferecer outros serviços relacionados à

exploração e produção de poços de petróleo (BASIC ENERGY, 2011).

4.2 SETOR PÚBLICO

As instituições públicas têm papel importante na formação e, ainda mais, no

funcionamento dos Sistemas de Inovação. De fato, como a cooperação entre as empresas não

é natural, o Setor Público pode desenvolver condições favoráveis para essa colaboração,

desempenhando um importante papel ao criar as ligações que faltam no sistema (FURTADO,

1997).

Barbosa (2005) afirma que o Setor Público também possui importante papel de usuário

no Sistema Nacional de Inovação. Assim, sua demanda influencia a capacidade de inovações

das empresas em duas dimensões, a quantitativa e a qualitativa. Um determinado nível de

demanda quantitativa é condição para o investimento em P&D por parte das empresas

privadas. Com relação à dimensão qualitativa da demanda, a ausência de usuários públicos

competentes pode enfraquecer a capacidade de inovação entre os fornecedores ao longo

prazo, ou mesmo inibir uma utilização eficiente de novas oportunidades tecnológicas

(BARBOSA, 2005).

Segundo Nelson (1993), a inovação em um Sistema Nacional depende basicamente da

interação entre o Setor Público e o setor privado. Enquanto a esfera pública seria responsável

pela circulação de conhecimento, produzindo conhecimento explícito, o setor privado

produziria mais conhecimento tácito, que é mais facilmente apropriável.

Pellegrin (2005), em seu estudo sobre as Redes de Inovação no setor de petróleo e gás

nacional, afirma que são doze os principais atores que compõem a dimensão do Sistema

Nacional de Inovação do setor no âmbito do Estado e das organizações de fomento da

indústria: o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Ministério de Minas e Energia (MME), a

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Agência de Promoção de

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Exportações e Investimentos (APEX), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis (ANP), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o Instituto Nacional de Propriedade

Industrial (INPI) e o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INMETRO), a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Rede Brasil de Tecnologia (RBT). Neste trabalho,

consideraremos a FINEP como ator do Sistema Financeiro – já que esta consiste,

especificamente, em uma financiadora de projetos de inovação (FINEP, 2011) – e o INPI

como ator do Sistema de Ciência e Tecnologia – por consistir em um instituto de propriedade

intelectual, cujo propósito principal é estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico

(INPI, 2011).

“O Setor Público, em sua ação reguladora, delimita o espaço de manobra para as

atividades de inovação em empresas” (BARBOSA, 2005), podendo ocorrer de diferentes

formas, tais como fixação de padrões técnicos, fixação de datas para entrada em vigor destes

padrões, tipo de instrumento utilizado e adequação a padrões internacionais (GREGERSEN,

1992). Assim, além dos principais atores constituintes do Setor Público, também fazem parte

dessa dimensão alguns elementos institucionais, como leis e políticas públicas, que são

importantes para compreender a aprendizagem coletiva dentro das fronteiras do país. Segundo

Furtado (1997), as políticas públicas têm papel determinante na constituição dos Sistemas de

Inovação, especialmente quando o setor privado não é forte o suficiente para assumir a

liderança.

Figura 15 – Políticas Públicas de Incentivo ao desenvolvimento do setor de petróleo e gás no Brasil

Fonte: BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS (2009)

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Ao longo dos anos, tais políticas foram determinantes para a indústria petrolífera

brasileira criar as principais instituições de inovação e para a forma de cooperação e

coordenação entre os laboratórios públicos de P&D e centros de empresas existentes no país.

Desta forma, podemos classificá-las em quatro diferentes grupos, conforme apresentado na

Figura 15: Desenvolvimento da Cadeia de Valor, Estrutura, Geração e Transferência de

Conhecimento e, finalmente, Fatores Humanos. Ainda, dentro desses grupos, as políticas

públicas podem estar relacionadas a ações de legislação, mecanismos de regulamentação,

políticas do executivo ou mesmo programas de financiamento.

De fato, no setor de petróleo e gás no Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustíveis (ANP) exerce papel fundamental, já que responsabiliza-se pela

regulamentação das atividades industriais, visando garantir o balanceamento econômico e

comercial do setor. Assim, a ANP regula e estabelece regras através de portarias, instruções e

resoluções, além de promover licitações e celebrar contratos em nome da União com as

operadoras em atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás

natural, fiscalizando as atividades das indústrias reguladas (ANP, 2011a).

Além da regulamentação setorial, a ANP também estabelece a obrigatoriedade de

certificação de conteúdo local, como forma de incentivar o crescimento e desenvolvimento de

fornecedores nacionais. Em águas profundas, por exemplo, onde estarão concentrados os

maiores investimentos no setor petrolífero nacional, pode-se admitir que a indústria nacional

esteja estruturada para atender a sua demanda de bens e serviços num percentual mínimo de

20% para a exploração e 33% para o desenvolvimento da produção. Assim, caso não sejam

cumpridos os compromissos de aquisição local impostos pela ANP, a operadora deverá pagar

à Agência Nacional uma quantia proporcional ao valor das compras que seriam necessárias

para atingir os percentuais compromissados (ONIP, 2005).

É possível perceber – com base na figura previamente apresentada – que, dentre as

políticas mostradas, muitas são resultado de projetos gerados pelo Programa de Mobilização

da Indústria Nacional do Petróleo. O Prominp foi arquitetado pelo Ministério das Minas e

Energia com o objetivo o fortalecer a indústria nacional de bens e serviços da área de petróleo

e gás. Busca-se, com isso, maximizar a participação da indústria nacional no fornecimento de

bens e serviços, atendendo demandas nacionais e internacionais (PROMINP, 2011). Esse

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programa é, possivelmente, o movimento mais relevante para os fornecedores do setor de

petróleo já realizado no país (PELLEGRIN, 2005).

Com relação ao desenvolvimento da cadeia de valor de petróleo e gás no Brasil, vale

destacar também o esforço desenvolvido com a instituição do REPETRO. Tal ação é um

regime de tributação instituído pelo Ministério da Fazenda com o objetivo de reduzir a carga

fiscal de equipamentos específicos para serem importados para utilização nas atividades de

pesquisa e exploração de petróleo e gás natural (REPETRO, 2011). Para igualar as condições

de concorrência quanto aos tributos – entre fornecedores nacionais e estrangeiros –, o

REPETRO permite a exportação fictícia do produto nacional, visando estimular os

investimentos nas indústrias de petróleo e gás e de fornecedores, admitindo-se a isenção dos

impostos federais e, em tese, dos estaduais (MARZANI, FURTADO e GUERRA, 2003).

Outro papel importante exercido pelos atores do Setor Público considerado neste

trabalho – apesar de não estar explicitado na Figura 15 – é a influência que estes exercem

sobre a elaboração de leis de promoção da inovação na cadeia de petróleo e gás. Segundo List

(1841, apud Freeman, 1995), a coordenação do estado, por meio de políticas industriais e

tecnológicas é a base do SNI, promovendo as condições adequadas para o seu

desenvolvimento.

A política brasileira de inovação tem como arcabouços legais a Lei da Inovação e a

Lei do Bem, amparadas pela ação das agências de governo, que buscam atender à

complexidade do Sistema Brasileiro de Inovação. Tais iniciativas devem preservar a

propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, fomentando constantemente o

desenvolvimento de atividades inovativas no país (BNDES, 2010).

A Lei de Inovação, estabelecida em 2004, determinou mecanismos para a promoção

da inovação no Brasil, criando condições para a constituição de parcerias estratégicas e de

cooperação entre universidades, institutos de pesquisa públicos e as empresas (MCT, 2007).

Em seu artigo 1º, esta lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e

tecnológica no ambiente produtivo, visando à capacitação e ao alcance da autonomia

tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país (BRASIL, 2011). Já a Lei do Bem, criada

em 2005, concede um conjunto de incentivos fiscais às atividades de P&D em empresas no

país, tais como reduções de Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro

Líquido relativos a investimentos feitos em atividades de P&D por empresas que trabalham

sob o sistema de apuração do lucro real. (MCT, 2007).

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4.3 SISTEMA DE C&T

O Sistema Nacional de C&T pode ser entendido como sendo formado por laboratórios

e centros de pesquisa de empresas e universidades e por organizações de P&D públicas e

privadas (BARBOSA, 2005). Esses atores são fundamentais no desenvolvimento das

capacitações das instituições de pesquisa e desenvolvimento do país, tento especial

importância no processo de inovação.

Para OECD (1997), a qualidade dos atores constituintes do Sistema Nacional de C&T

é fundamental para o Sistema Nacional de Inovação, pois estes não produzem apenas

conteúdos genéricos e pesquisa básica para a indústria, mas também novos métodos e

instrumentos de análise. Assim, é fundamental que os investimentos em pesquisa básica e

aplicada sejam realizados em abundância para que haja um bom aproveitamento do

conhecimento gerado por todo o sistema (BARTHOLOMEW, 1997).

Ainda, Freeman e Soete (1997) destacam a importância das parcerias de empresas com

centros de pesquisa de universidades ou institutos públicos de pesquisa. Em seu trabalho, os

autores mostram que o relacionamento direto do pessoal destas empresas com seus pares, em

universidades, agências e laboratórios públicos é o mais importante método de acesso aos

resultados da pesquisa pública no país hospedeiro.

No âmbito das organizações de pesquisa e desenvolvimento, destacam-se alguns

atores atuantes no setor de petróleo e gás localizados em território nacional. São eles: o

Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e

laboratórios de P&D, especialmente vinculados a universidades públicas, e o Instituto

Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Na área de geociências e extração de petróleo no

Brasil, Suzigan e Albuquerque (2008) identificam duas instituições de pesquisa de grande

importância para o país: a COPPE/UFRJ e o CEPETRO/Unicamp. A partir de agora,

abordaremos mais profundamente o papel cada um dos atores desse sistema.

O Cenpes, que coordena o sistema tecnológico da Petrobras, desempenha papel

relevante no processo que levou à concretização do conhecimento tecnológico da Petrobras,

tendo contribuído, desta forma, para a própria descoberta de petróleo e gás natural na camada

pré-sal em 2007. As linhas de pesquisa desenvolvidas no Centro de Pesquisas podem ser

subdivididas em sete principais áreas: (a) Geociências, (b) Geoengenharia e Engenharia de

Poço, (c) Engenharia de Produção, (d) Abastecimento e Biocombustíveis, (e) Gás, Energia e

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Desenvolvimento Sustentável, (f) Engenharia Básica (destinada à diretoria de Engenharia e

Produção), (g) Engenharia Básica (destinada às diretorias de Abastecimento e Gás e Energia)

(PETROBRAS, 2011).

Somente no período que vai de 2007 a 2009, o Cenpes foi responsável por um

dispêndio de 4,8 bilhões de reais em atividades de pesquisa e desenvolvimento, dos quais,

cerca de 60% foram relativos ao segmento de exploração e produção (IPEA, 2010). No

mesmo período, cerca de R$ 1,2 bilhão foram direcionados pelo Cenpes a universidades e

institutos de pesquisa nacionais, parceiros da Petrobras na constituição de infraestrutura

experimental, na qualificação de técnicos e pesquisadores e no desenvolvimento de projetos

de pesquisa (REVISTA PETROBRAS, 2010).

Figura 16 – Dispêndios em P&D e projetos de infraestrutura (2008-2010)

Fonte: PETROBRAS (2011)

A partir da Figura 16, é interessante notar também que no período de 2008 a 2010

quase 20% dos dispêndios em P&D do Cenpes foram voltados para parcerias com empresas

nacionais, o que coloca em destaque a participação do Setor Produtivo – especialmente as

empresas parapetrolíferas – no desenvolvimento de pesquisas do setor de petróleo e gás.

Os investimentos do Cenpes trazem resultados positivos tanto para o setor de petróleo

como para a própria Petrobras. Em 2010, o ranking das “50 Empresas Mais Inovadoras do

Mundo”, elaborado pela revista Bloomberg Business Week, aponta a Petrobras como a 41ª

empresa mais inovadora, sendo a única do hemisfério sul a fazer parte da lista (BUSINESS

WEEK, 2010).

44%

29%

19%

8%

Exclusivamente internos

Em parceria com instituições deensino e pesquisa nacionais

Em parceria com empresasnacionais

Em parceria com instituições depesquisa e empresas no exterior

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Nesse sentido, no contexto atual, as companhias de engenharia e de montagem são

dependentes dos projetos básicos elaborados na Petrobras e os relacionamentos entre os

fornecedores da indústria e o Sistema Nacional de Inovação são ainda delicados e frágeis

(OLIVEIRA, 2008). A Figura 17 ilustra de forma clara essa situação, mostrando que a

Petrobras atua de forma bastante forte nas atividades de P&D internas, desenvolvendo tanto a

pesquisa básica como a aplicada e atuando também no desenvolvimento experimental. Já as

atividades de desenvolvimento de novos produtos e processos, produção e comercialização,

apesar da participação da estatal como input para o processo, são realizadas majoritariamente

por empresas fornecedoras.

Figura 17 – Etapas do desenvolvimento tecnológico do setor de petróleo e gás

Fonte: PROMINP (2008b)

Dentro do setor de petróleo e gás, outra instituição de grande importância é o Instituto

de Pesquisas Tecnológicas. O IPT – instituto vinculado à Secretaria de Desenvolvimento

Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – é um dos maiores centros de

pesquisa do país, atuando fundamentalmente em inovação, pesquisa e desenvolvimento,

serviços tecnológicos, contemplando diferentes segmentos, tais como energia, transportes,

petróleo e gás, meio ambiente, construção civil e segurança (IPT, 2011).

No setor de petróleo e gás, o IPT desenvolve competências da engenharia naval,

corrosão, mecânica pesada, e engenharia de dutos, com projetos voltados para as demandas da

Pesquisa Básica Pesquisa AplicadaDesenvolvimento

ExperimentalProdução Comercialização

Indúst

ria

Petr

obra

sU

niv

ers

idades

P&D

Agenda

Tecnológica

(CENPES)

Demanda por

Produtos e

Processos

P&D

Interno

Novos

produtos e

processos

Aplicação

produtos e

processos

Desenvolvimento de

novos produtos e

processos

Termos de

Cooperação

(Área de Materiais)

Atores

Etapas do Ciclo de Desenvolvimento Tecnológico

FINEP

Recursos Próprios

Retroalimentação do Processo

Inovação

Recursos de P&D

Recursos de

P&D

Recursos de P&D

FINEP

Recursos Próprios

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cadeia de produção do setor. Atualmente, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas é a “maior

instituição no Estado de São Paulo em prestação de serviços para a Petrobras, com uma

carteira de projetos da ordem de R$ 80 milhões” (IPT, 2011).

Com relação aos centros de pesquisa originários de universidades federais, vale

destacar a atuação da COPPE, maior complexo laboratorial do Brasil na área de engenharia,

contando atualmente com 116 laboratórios de pesquisa. Um marco na história da instituição

aconteceu em 1977, quando foi assinado o acordo de colaboração entre a Petrobras e a

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A COPPE passou, então, a realizar pesquisas

em diferentes áreas de interesse para o setor, particularmente nas atividades offshore. Por

meio de programas de engenharia civil, oceânica, metalúrgica e materiais, a COPPE também

tem participação na formação de recursos humanos e no desenvolvimento de estudos que

viabilizem a exploração e exploração do setor petróleo e gás no país (COPPE, 2011).

Dentre as linhas de pesquisa da COPPE relacionadas ao setor de petróleo e gás,

podemos destacar: (a) Estruturas e Sistemas Offshore, (b) Integridade Estrutural na Indústria

de Petróleo e Gás, (c) Materiais para a Indústria de Petróleo e Gás, (d) Engenharia Submarina,

(e) Sistemas Petrolíferos, (f) Sistemas Computacionais Orientados à Indústria do Petróleo, (g)

Sistemas Flutuantes Oceânicos, (h) Sensoriamento Remoto por Radar, (i) Geoacústica,

Propagação de Ondas Sísmicas e Acústica no Oceano e (j) Posicionamento Dinâmico,

Robótica Submarina, Sistema de Controle e Automação (COPPE, 2011).

Vale ressaltar também a atuação de outro laboratório de pesquisas vinculado a uma

universidade: o CEPETRO, outra instituição de relevância para o setor de petróleo e gás

nacional, vinculada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Criado em 1987, com

apoio da Petrobras, conta atualmente com um Departamento de Engenharia de Petróleo e um

Curso de Mestrado em Engenharia de Petróleo, ambos na Faculdade de Engenharia Mecânica.

Também faz parte do CEPETRO o LabPetro – Laboratório Kelsen Valente Serra –,

construído com os recursos da parceria entre a Unicamp e Petrobras, que tem como meta

atender as demandas atuais de pesquisa e serviços na área de escoamento de petróleo

(CEPETRO, 2011).

Apesar das instituições que compõem o Sistema de C&T do setor de petróleo e gás no

Brasil e do estímulo às atividades inovativas no país, ainda há muito a ser feito para

desenvolver a estrutura do Sistema Brasileiro de Inovação. Um estudo do BNDES (2010)

aponta que, embora existam recentes iniciativas de apoio à inovação e da elevação do

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dispêndio privado em P&D em relação ao PIB, de 0,51% para 0,65% em cinco anos, a

posição do país é inferior à de outros países quando se comparam os investimentos em P&D

em relação ao PIB (BNDES, 2010).

A Figura 18 mostra que, enquanto no Brasil os gastos governamentais em pesquisa e

desenvolvimento são maiores que os gastos privados em relação ao PIB, o mesmo não

acontece com outros países que são referência em P&D. Sendo assim, no Brasil, embora o

SNI possua instrumentos e agências preparadas, um arcabouço institucional estruturado e

condições econômicas favoráveis ao investimento, os grandes desafios atuais estão na

coordenação desse sistema (BNDES, 2010), fomentando, especialmente, a participação do

setor privado no desenvolvimento de ações inovativas.

Figura 18 – Investimento público e privado em P&D (% em relação ao PIB)

Fonte: BNDES (2010)

Segundo Arundel (2003), os melhores indicadores para examinar a produtividade do

Sistema de C&T de um país são o nível de crescimento do número de publicações e de

patenteamento de descoberta no campo da ciência analisado. Ross et al. (2005) confirmam

essa ideia, ao afirmar que nos países com SNI mais desenvolvidos, a maioria dos

investimentos em pesquisa e desenvolvimento – e um maior número de pedidos de patentes –

são realizados por empresas, sendo este um fator de análise relevante no entendimento dos

Sistemas Nacionais de Inovação.

Neste contexto, destaca-se o INPI, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), responsável principalmente por

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registrar marcar e conceder patentes. O INPI possui importância fundamental para o SNI no

contexto do setor de petróleo e gás, já que, ao emitir patentes, permite que empresas

previnam-se de que competidores copiem e vendam suas inovações a um preço mais baixo,

uma vez que aqueles não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do

produto (INPI, 2011).

4.4 SISTEMA EDUCACIONAL

O Sistema Educacional é formado essencialmente por universidades e organizações

públicas patrocinadas pelo Estado. Sua principal função é formar e treinar pessoas em

habilidades decisivas ao desenvolvimento, absorção e uso de tecnologias (LUNDVALL,

2001). Assim, essa é a dimensão que capacita a mão-de-obra nacional e que desenvolve

pesquisadores capazes de suportar as atividades de pesquisa desenvolvidas dentro do território

nacional.

Destacam-se como principais atores dessa dimensão: as Universidades Federais e

Estaduais, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e as

instituições de treinamento e capacitação industrial de mão-de-obra. Cabe a esses atores o

papel de transferência de conhecimento às empresas e de participação cooperativa nos

projetos, principalmente com desenvolvimento de recursos humanos qualificados – que

constitui um dos principais elementos de sustentação da política de Ciência, Tecnologia e

Inovação.

Segundo Suzigan e Albuquerque (2008), uma característica marcante dos sistemas

nacionais de novação imaturos – como o brasileiro – é o frágil padrão de interação entre

universidades e empresas. Os autores argumentam que, apesar de haver instituições de

pesquisa e ensino consolidadas no Brasil, estas não conseguem mobilizar pesquisadores,

cientistas e engenheiros capazes de satisfazer as necessidades do SNI (RAPINI et al., 2009).

Segundo Persaud et al. (2003), o treinamento pode determinar a diferença entre

sucesso e fracasso nas atividades relacionadas ao petróleo, principalmente por conta dos altos

custos dos equipamentos e processos relacionados – que exigem capacitação para que possam

ser operados. No caso do setor de petróleo e gás, no entanto, a Petrobras é uma clássica

parceira de instituições acadêmicas e universidades, estabelecendo, no ano de 2006, 1.521

convênios e contratos com 120 universidades e institutos de pesquisa brasileiros, como a

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Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (FINEP, 2006).

No campo acadêmico da área de sísmica, por exemplo, um estudo da Organização

Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), realizado em 2003, destaca que, há algumas

décadas, determinadas universidades brasileiras foram instigadas pela Petrobras a criar

competências em geofísica e em sísmica de reflexão. A primeira delas foi a Universidade

Federal da Bahia (UFBA), que desde os nos 60 vem oferecendo treinamento a geofísicos

dentro e fora da Petrobras. Nos anos 70 e 80 a UFBA chegou a possuir um Centro de

processamento de Dados Sísmicos e suscitou capacitações para os estudos teóricos de

geofísica. Anos depois, tais competências foram implantadas também na Universidade

Federal do Pará (UFPA), porém mais direcionadas para geofísica de poço. Mesmo assim, a

UFPA buscou também desenvolver estudos teóricos e acadêmicos para suportar a sísmica de

reflexão.

No caso brasileiro, a formação de recursos humanos associada à inovação tecnológica

é um elemento essencial para viabilizar o suprimento de óleo e gás natural para as próximas

décadas (SUSLICK e IATCHUK, 2006). Um estudo realizado pelo IPEA (2011) apoia essa

afirmativa ao revelar que o setor que engloba a extração e o refino de petróleo e gás é

atualmente o mais intensivo no uso de engenheiros e profissionais relacionados. A

participação destes profissionais no total de sua força de trabalho mais do que dobrou período

1986-2009 (IPEA, 2011).

Mas apesar desse crescimento observado da mão-de-obra necessária no setor nos

últimos anos, o Brasil ainda precisa lidar com a falta de recursos humanos preparados para a

aceleração de seu desenvolvimento, já que, com o aquecimento da economia, existe pronta

necessidade de profissionais capacitados para atuação no setor de petróleo e gás nacional. De

fato, o país ainda se encontra muito atrás de outras nações com crescimento expressivo nos

últimos anos, como é o caso da Coréia do Sul e da Índia. Segundo dados apresentados pelo

Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (SINICON, 2010), o Brasil forma 23

mil engenheiros por ano, enquanto a Índia coloca no mercado cerca de 200 mil destes

profissionais no mercado. Suzigan e Albuquerque (2008) apontam como o principal motivo

para tal escassez da qualificação da mão-de-obra o início tardio, limitado e problemático da

construção das instituições de pesquisa e ensino superior no Brasil.

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Talvez, uma das áreas mais impactadas com a falta de mão-de-obra qualificada no

setor de petróleo e gás seja o segmento de construção e montagem, que necessita tanto de

técnicos quanto de profissionais de nível superior. Nesse contexto, o relatório do projeto E7P

27.4, elaborado pelo Prominp (2009), realizou um estudo sobre o segmento, traçando uma

comparação entre a situação brasileira e a estrangeira, no que diz respeito a procedimentos,

instalações e mão-de-obra. A principal conclusão da pesquisa com relação ao emprego da

mão-de-obra é a de que o setor nacional apresenta defasagem em relação à disponibilidade de

profissionais nas empresas internacionais. No que diz respeito aos profissionais de nível

superior, observou-se uma disponibilidade maior de engenheiros na Ásia – inclusive com

doutorado.

Como resposta à falta de profissionais qualificados no setor de petróleo e gás, o

governo está criando programas para desenvolver a capacitação de trabalhadores nessa

indústria. A Petrobras, por exemplo, está realizando um esforço significativo sustentado pela

criação da Universidade Petrobras. Atualmente, estudam na instituição cerca de mil

funcionários ao ano em cursos de iniciação e reciclagem (GALL, 2011). Nesse sentido,

podemos citar ainda outros esforços governamentais relevantes, principalmente no que diz

respeito a cargos de nível técnico (ensimo médio), tais como o Programa de Mobilização da

Indústria Nacional (Prominp) – cujo objetivo é capacitar operários para a Petrobras –, o

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) – que oferece

milhões de vagas até 2014 em escolas técnicas e institutos federais –, a Escola Técnica Aberta

do Brasil (E-Tec) – para ensino à distância de 263 mil alunos até 2014 – e o Programa de

Ensino no Exterior (GALL, 2011). Ainda, a ANP criou, em 1999, o Programa de Recursos

Humanos (PRH) visando estimular a complementação curricular de cursos universitários e de

educação profissional de nível médio com disciplinas de especialização no setor de petróleo e

gás. Desde à criação do programa foram concedidas aproximadamente quatro mil bolsas

(SUSLICK e IATCHUK, 2006). Como sugere Lundvall (2007), programas para capacitar

trabalhadores devem sempre ter uma perspectiva de longo prazo, com vistas a antecipar as

necessidades econômicas futuras.

No meio acadêmico, notícias recentes mostram um aumento expressivo do número das

bolsas do CNPq concedidas pelo governo. Ainda, iniciativas como a ampliação do sistema

universitário federal visando o aumento do mercado de trabalho de mestres e doutores têm

sido empreendidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em conjunto com o Ministério da

Educação (MCT, 2007). A Capes também desempenha papel importante na consolidação da

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71

pós-graduação stricto sensu no país, atuando na consolidação do quadro atual, bem como para

o dimensionamento de ações de fomento (CAPES, 2011).

4.5 SISTEMA FINANCEIRO

“A existência de um Sistema Financeiro forte e desenvolvido configura-se como uma

necessidade inata de ambientes em que se busca desenvolver a inovação” (Santos, 2008).

Especialmente no segmento de exploração e produção de petróleo e gás, cujas atividades são

intensivas em capital e os investimentos são de elevado risco, torna-se necessária a

participação de fontes externas de financiamento, capazes de arcar com parte das despesas

provenientes de máquinas e equipamentos, ou mesmo de atividades de P&D. Nesse sentido, o

Sistema Financeiro é outra dimensão com forte importância para o Sistema Nacional de

Inovação.

Tironi (2005) destaca a existência de variados mecanismos de financiamento a

atividades de inovação, além de grande diversidade de instituições com o papel de prestar este

tipo de serviço, desde bancos comerciais, mercado de capitais e agências de fomento. No

âmbito dos agentes financeiros públicos, Pellegrin (2005) considera três principais atores,

capazes de financiar as atividades inovativas do setor de petróleo e gás: o Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB) e os Bancos

Regionais de Desenvolvimento. Para este trabalho, consideraremos também como entidade

desta dimensão a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que possui a capacidade de

financiar ações de inovação, essenciais para o aumento da competitividade do setor

empresarial (FINEP, 2011).

É papel dos agentes financeiros o financiamento de atividades como pesquisa e

desenvolvimento, projeto, prototipagem, testes e ensaios, cabendo-lhes estruturar fundos de

fomento que viabilizem atividades de inovação bem como fundos de investimento do tipo

capital de risco. O CTPetro foi o primeiro desses fundos a ser implantado, com os seguintes

objetivos: (a) estimular a inovação na cadeia produtiva do setor de petróleo e gás natural, (b)

formar e qualificar os recursos humanos e (c) desenvolver projetos em parceria entre

empresas e universidades, instituições de ensino superior ou centros de pesquisa do país

(FINEP, 2011). Em geral, os fundos setoriais nacionais são reservas de fomento à inovação

que começaram a ser implantados no país a partir de 1999, propostos – entre outros atores –

pela Financiadora de Estudos e Projetos (PELLEGRIN, 2005).

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72

A FINEP foi criada em julho de 1967, para institucionalizar o Fundo de

Financiamento de Estudos de Projetos e Programas, instituído em 1965 (FINEP, 2011). É uma

empresa pública federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia de grande

importância para o Sistema Financeiro do SNI de petróleo e gás. Segundo o website da

financiadora, sua principal missão é:

“Promover o desenvolvimento econômico e social do Brasil por meio do fomento

público à Ciência, Tecnologia e Inovação em empresas, universidades, institutos

tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas” (FINEP, 2011).

Atualmente, a FINEP tem capacidade para financiar todo o sistema de Ciência,

Tecnologia e Inovação, combinando recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis – assim

como outros instrumentos –, o que proporciona à financiadora poder de indução de atividades

de inovação (FINEP, 2011).

Outro exemplo de ação do governo para o financiamento a empresas do setor foi

arquitetado pelo Prominp, por meio da antecipação de recebíveis. Em suma, a iniciativa

propõe a oferta de recursos financeiros com taxas mais competitivas aos fornecedores da

indústria nacional (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS, 2009).

No segmento de E&P, um dos grandes desafios de política industrial é o

fortalecimento da cadeia produtiva de fornecimento offshore, tornando-a competitiva

internacionalmente. Logo, o desafio é utilizar os principais atores do Sistema Financeiro para

a capacitação da indústria, que só pode ser movimentada com base em grandes dispêndios e

investimentos.

O BNDES, com as exigências de conteúdo nacional mínimo e o financiamento à

modernização do parque industrial brasileiro, constitui, atualmente, o principal instrumento de

financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos da

economia. O apoio do banco é feito através de financiamentos a projetos de investimentos,

aquisição de equipamentos e exportação de bens e serviços. Ainda, o BNDES opera no

fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas, financiando projetos que

colaborem para o desenvolvimento do país (BNDES, 2011).

Com as novas perspectivas de produção do pré-sal, o BNDES se reestruturou em 2009

para se adequar e atender com mais eficiência o setor de petróleo e gás, contando atualmente

com um único departamento para tratar de todos os assuntos relacionados à cadeia produtiva

do setor. Além disso, foram criados programas para o desenvolvimento da engenharia

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nacional e o estabelecimento de pesquisa e desenvolvimento nas empresas nacionais, como o

Pró-Engenharia e as linhas Capital Inovador e Inovação Tecnológica (BNDES, 2010).

Segundo a Pesquisa de Inovação Tecnológica 2008 do IBGE (2010), nas indústrias

extrativas – como é o caso da extração de petróleo offshore –, 15% das fontes de

financiamento de terceiros para atividades de P&D advêm do setor privado e apenas 4% do

Setor Público. Esses dados comprovam que, na realização das atividades de financiamento,

além das instituições de financiamento públicas, é importante considerarmos também os

institutos privados, tais como os bancos comerciais. Assim, devem ser buscados mecanismos

alternativos à ação governamental, ou seja, formas de envolver a iniciativa privada

(especialmente bancos privados) no desenvolvimento da inovação (OECD, 1999 apud

SANTOS, 2008).

4.6 SETOR EXTERNO

Por fim, não podemos deixar de considerar a atuação do Setor Externo sobre o Sistema

Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás. Esta dimensão foi posicionada no modelo

para dar o entendimento de que o relacionamento com instituições e tecnologias estrangeiras

está relacionado diretamente ao desenvolvimento dos fatores apresentados anteriormente.

Diferenças históricas e sociais fazem com que empresas de diferentes países utilizem

diferenciadamente a colaboração internacional entre empresas para a aquisição de novas

tecnologias (MANSFIELD, 1988). Sendo assim, a utilização de tecnologias estrangeiras pode

ser essencial para que empresas de países com desenvolvimento tardio alcancem o estágio de

empresas localizadas em países de desenvolvimento anterior (HIKINA e AMSDEN,1994).

Nesse contexto, a internacionalização dos fluxos de conhecimento traz diversos

benefícios, tais como: aquisição de bens de capital e de produtos intermediários de alta

tecnologia; aplicação de patentes ainda não estabelecidas no país por empresas; alianças entre

empresas; e promoção de investimento externo direto nas instituições (OECD, 1997).

Segundo Lundvall (2001), tanto no âmbito regional quanto no âmbito nacional, redes

de relacionamento com o mundo exterior são essenciais para manter na vanguarda do

conhecimento e podem ser concretizadas entre as pessoas, entre institutos de pesquisa ou até

mesmo entre as nações. Nesse contexto, as parcerias entre empresas podem ser consideradas

mais usuais, especialmente na forma de venda de produtos e utilização de redes de

distribuição (SANTOS, 2008). Assim, tanto as empresas operadoras de poços de petróleo

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como as empresas parapetrolíferas podem manter relacionamentos comerciais com outros

países para a aquisição de matérias-primas, bens de capital ou insumos manufaturados de alta

tecnologia que não são encontrados em território nacional ou mesmo que são fabricados no

exterior a preço mais baixo.

Ainda, a parceria entre institutos de pesquisa de diferentes nações também consiste em

um mecanismo hábil para estabelecer a colaboração e o diálogo direto entre cientistas,

capazes de compartilhar experiências e conhecimento (SANTOS, 2008). No passado, por

exemplo, a Petrobras chegou a enviar centenas de seus geólogos e engenheiros ao exterior

para estudos avançados, podendo assim reunir os informações que viabilizassem as

descobertas em águas profundas. Outro exemplo mais recente é o caso do Estaleiro Atlântico

Sul, que mandou 22 brasileiros para a Coreia para aprender os métodos de produção do

estaleiro da Samsung (GALL, 2011).

De fato, o relacionamento com o Setor Externo ainda está muito atrelado à Petrobras,

maior empresa operadora de poços de petróleo no país ainda nos dias de hoje. Desta forma,

para entendermos o contexto da participação do Setor Externo no contexto nacional do setor,

é necessário remeter ao início da exploração e produção de petróleo em águas profundas no

país, na década de 70. Nessa época, empresas de engenharia e centros de pesquisa europeus e

americanos já trabalhavam na criação de tecnologias de exploração que, se tivessem sido

adotadas prontamente pela Petrobras, tornariam o país bastante dependente das empresas

estrangeiras.

A opção da Petrobras, na época, foi escolher o desenvolvimento dentro do Brasil, por

meio do Programa de Capacitação em Águas Profundas (Procap), criado em 1986. Assim,

para desenvolver os meios necessários à exploração, foram criadas tecnologias inovadoras

adequadas à realidade brasileira, tais como as plataformas semi-submersíveis, que

substituíram as plataformas fixas – muito caras para as regiões profundas (FINEP, 2006).

Como continuação para o primeiro programa, foi criado o segundo Procap que apontou para o

envolvimento da empresa no desenvolvimento de conhecimento de fronteira. Estes esforços

foram acompanhados pelo gradual enfraquecimento dos elos com os parceiros locais

(FREITAS e FURTADO, 1999).

Atualmente, grande parte dos projetos de pesquisa realizados pela Petrobras é feita

com parceiros externos. Segundo dados da companhia, apenas 44% destes são realizados

exclusivamente com pessoal próprio, o restante é realizado em parceria com empresas

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nacionais, com instituições de pesquisa e empresas no exterior ou com instituições de ensino e

pesquisa nacionais (MACAÉ OFFSHORE, 2010). Assim, muitas das empresas (operadoras e

fornecedoras) que constituem o Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás são

estrangeiras, com matrizes localizadas, geralmente, fora do país.

Em decorrência das novas descobertas de petróleo no Brasil, uma quantidade

representativa de empresas fornecedoras de bens e serviços está procurando empresas

operadoras para estabelecer parcerias comerciais. A Petrobras, por exemplo, tem construído

novos centros de pesquisa no país com o intuito de desenvolver relacionamentos de longo

prazo. No Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –

localizado próximo ao Cenpes – já estão sendo construídos centros de Pesquisa e

Desenvolvimento de quatro importantes fornecedores de equipamentos e serviços para o setor

de petróleo e gás, tais como Schlumberger, Baker Hughes, FMC Technologies e Usiminas.

Além dessas, outras empresas tais como Cameron, Halliburton, Technip, V&M e Weatherford

estão seguindo o mesmo caminho, com previsão de instalação de seus centros de pesquisa em

outros locais do Brasil (REVISTA PETROBRAS, 2010).

Tal perspectiva nos permite perceber que o Setor Externo tem um peso grande para

este estudo, sendo fundamental para o entendimento do processo inovativo dentro do território

brasileiro. Apesar disso, políticas já existentes do governo – como o Prominp – indicam o

reconhecimento por parte do governo da importância de criar condições sustentáveis de oferta

competitiva de bens e serviços para o setor petrolífero nacional. Nesse contexto, medidas de

controle do conteúdo local no fornecimento de bens e serviços do setor de petróleo e gás já

começaram a surtir efeitos. Em 2003, a indústria brasileira forneceu por 57% dos

equipamentos e serviços contratados pela Petrobras, enquanto em 2008, o índice médio de

conteúdo nacional nas compras da estatal aumentou para 75%, gerando cerca de 430 mil

empregos diretos (IPEA, 2010).

4.7 RESUMO

A partir da análise realizada neste capítulo acerca do Sistema Nacional de Inovação do

setor de petróleo e gás, torna-se interessante propormos, a partir de agora, um framework

capaz de sintetizar as inter-relações entre os blocos principais do Sistema em um cenário

nacional, incluindo empresas, universidades e outras organizações públicas de pesquisa.

Na

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76

Figura 19, é proposto um framework baseado no trabalho de Groenewegen e Steen

(2006), que apresenta a interação entre os seis componentes do SNI identificados no trabalho

de Barbosa (2005).

De fato, o Sistema de C&T aparece no esquema como uma dimensão central do

Sistema, interagindo tanto com o Setor Produtivo – empresas que inovam com base na

pesquisa básica e aplicada desenvolvida pelos institutos de pesquisa – quanto com o Sistema

Educacional – universidades que fornecem recursos intelectuais à indústria. Em termos de

infraestrutura, o Setor Público aparece como o principal responsável por desenvolver regras e

ações de suporte à inovação e de direito à propriedade intelectual. Ainda, cria as principais

condições para que se desenvolva o SNI no setor de petróleo e gás, especialmente através de

regras, instituições e agentes reguladores e fiscalizadores.

O Sistema Financeiro e o Setor Externo também surgem no esquema como criadores

de condições para o funcionamento do SNI. O primeiro, como agente financiador e criador de

regras para financiamento, com o suporte do Setor Público. Já o segundo, através de

incentivos internacionais, uma vez que o relacionamento com instituições e tecnologias

estrangeiras está relacionado diretamente ao desenvolvimento do SNI.

Finalmente, o bloco “demanda”, por ser também um fator de atração para as empresas

inovarem, é representado no modelo tanto por consumidores finais como pelas empresas

operadoras. Conforme visto anteriormente neste trabalho, as grandes empresas operadoras de

poços de petróleo no Brasil atuam como consumidoras dos produtos e serviços prestados

pelas empresas parapetrolíferas (fornecedores diretos), que exercem papel fundamental para o

desenvolvimento da inovação no setor.

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77

Figura 19 – O Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás

Fonte: Adaptado de BARBOSA (2005) e GROENEWEGEN e STEEN (2006)

Com base nos relacionamentos destacados no esquema, é possível perceber que as

empresas atuantes no SNI do setor de petróleo e gás estabelecem relação com as seis

dimensões propostas neste estudo: Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema

Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo. A Figura 20 ilustra tais relacionamentos e

aproxima-se bastante do esquema apresentado por Barbosa (2005), ilustrado anteriormente na

Figura 8.

Figura 20 – O relacionamento das empresas no Sistema Brasileiro de Inovação no setor de petróleo e gás

Fonte: O autor

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No Sistema Financeiro e no Setor Externo, em geral, o relacionamento acontece sob a

forma de impostos, regras ou incentivos, já que estas dimensões são consideradas condições

para o funcionamento do SNI, baseando-se no trabalho de Groenewegen e Steen (2006) e na

revisão de literatura desenvolvida neste estudo.

Assim, a partir do framework desenvolvido na Figura 20, foi elaborado um quadro de

referências – apresentado no Apêndice I, que resume os principais aspectos a serem avaliados

em cada uma das dimensões do SNI e que suportará a elaboração do questionário utilizado

neste estudo.

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5 METODOLOGIA

Com base em estudos mencionados previamente nesse trabalho – como os do Prominp

(2008a) e o da Bain & Company e Tozzini Freire Advogados (2009) –, podemos concluir que

o papel das empresas fornecedoras no setor de petróleo é fundamental para o processo de

inovação. Sendo assim, focaremos nossos esforços no entendimento dos fornecedores diretos

no Sistema Nacional de Inovação, mais especificamente no segmento de Exploração e

Produção, buscando compreender as principais facilidades e dificuldades encontradas por

essas companhias no SNI do setor de petróleo e gás. De fato, é importante termos uma visão

da percepção dos fornecedores diretos das empresas operadoras sobre o SNI como um todo, já

que, conforme apresentado anteriormente neste trabalho, tais empresas podem ser

consideradas motores para a inovação no setor.

Com base nos objetivos do estudo proposto, a Figura 21 apresenta o escopo de análise

deste trabalho, sugerindo que, dentro do setor de petróleo e gás, focaremos especificamente

no domínio da exploração e produção, onde atuam tanto empresas operadoras, fornecedores

diretos e demais fornecedores da cadeia de petróleo e gás. Assim, o foco, neste estudo, serão

as empresas parapetrolíferas fornecedoras diretas das empresas operadoras, atuantes em cinco

segmentos específicos: Informação de Reservatórios, Perfuração de Poços, Revestimento e

Completação, Infraestrutura e Produção e Manutenção.

Figura 21 – Delimitação da pesquisa quantitativa

Fonte: O autor

Empresas Operadoras

Fornecedores Diretos

Demais fornecedores

Exploração e Produção

RefinoVendas e

Marketing

Informação de Reservatórios

Perfuração de Poços

Revestimento e Completação

Infraestrutura

Produção e Manutenção

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Nos capítulos anteriores, buscamos atingir o primeiro objetivo deste estudo, que

consistia em mapear e caracterizar, através da teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação

(SNI), as principais dimensões e respectivos fatores integrantes do Sistema Nacional de

Inovação de suporte às atividades de exploração e produção do setor de petróleo e gás,

traçando um panorama do atual Sistema Nacional de Inovação no Brasil no setor de petróleo e

gás, e buscando também apresentar a importância da participação das empresas fornecedoras

nesse contexto. Além disso, a análise do SNI do setor nos permitiu – em um segundo

momento – levantar evidências para a elaboração do questionário da pesquisa quantitativa, ou

seja, identificar as principais dimensões do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo

e gás, verificando as variáveis mais relevantes a serem avaliadas na perspectiva das empresas

fornecedoras da cadeia de petróleo e gás.

O passo seguinte deste estudo foi, então, a realização de uma pesquisa do tipo survey.

Gil (1987) define tal tipo de levantamento como a interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer. A análise dos resultados a pesquisa quantitativa tem como

propósito fundamental servir de base para avaliar, na percepção de gerentes de empresas

fornecedoras do setor, a eficácia do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás,

levantando as facilidades (fatores mais desenvolvidos) e dificuldades (aspectos limitadores)

destas empresas no contexto do SNI. Isto porque, segundo Intarakumnerd et al. (2002), não

basta apenas analisar os atores constituintes do SNI do país, mas também examinar a

interação entre eles, que, em geral, são fracas e fragmentadas.

As maiores vantagens das técnicas quantitativas, segundo Gil (1987), dizem respeito

ao conhecimento direto da realidade – o que torna a investigação mais livre de opiniões e do

subjetivismo dos pesquisadores –, à economia e rapidez e, finalmente, à possibilidade de

quantificação dos dados – permitindo correlações e outros procedimentos estatísticos. O

método, no entanto, apresenta algumas limitações observadas pelo autor, tais como: a ênfase

nos aspectos perceptivos, a pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais

e a limitada apreensão do processo de mudança.

Para a realização de uma pesquisa do tipo survey, é necessário o planejamento prévio

da população e da amostra que se pretende estudar, bem como do instrumento de coleta de

dados que se pretende utilizar, como será tratado a partir de agora.

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81

5.1 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Segundo Roesch (1999), uma população é um grupo de pessoas ou empresas que se

interessa entrevistar para o propósito de um estudo. A população da presente pesquisa é

composta por 281 empresas fornecedoras diretas de bens e serviços para as atividades

upstream do setor. Tais empresas foram selecionadas a partir do Cadastro de Fornecedores de

Bens e Serviços da ONIP, de acesso aberto a usuários que realizarem cadastro no site. Tal

cadastro tem por objetivo fornecer informações sobre as empresas instaladas no país

qualificadas fornecerem bens e serviços ao setor de petróleo e gás (ONIP, 2012).

A amostra constituiu-se de empresas prestadoras de serviços e fornecedoras de bens

relacionados a pelo menos uma cinco macroprocessos de análise do mercado de bens e

serviços para E&P – mostradas previamente na Figura 10 –, que possuíam endereço

eletrônico e contato telefônico. Sendo assim, o foco da análise deste estudo são os

fornecedores diretos do setor de petróleo e gás upstream, ou seja, empresas que lidam

diretamente com as empresas que detêm o direito de explorar poços de petróleo no país.

Segundo Vergara (1997), os sujeitos são as pessoas que fornecem os dados que a

pesquisa necessita. Aqui, os sujeitos da pesquisa foram os diretores e gerentes de alto nível

hierárquico da empresa, especialmente da área de produção ou de tecnologia (Diretor da

empresa, Gerente da área funcional Produção/Operação ou Gerente da área de Tecnologia)

das empresas estudadas.

5.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Segundo Roesch (1999), o instrumento mais utilizado em pesquisas quantitativas,

especialmente em pesquisas de grande escala, é o questionário. Para a coleta dos dados foi

utilizado um questionário – presente no Apêndice II –, dividido em três diferentes seções.

A primeira seção do questionário é composta por perguntas preliminares, que dizem

respeito às informações gerais das empresas que participaram da pesquisa. Nesta etapa, foi

requerido que os participantes informassem dados como porte e percentual de capital

estrangeiro da empresa. Foi solicitado, ainda, que cada respondente enquadrasse sua empresa

em um dos cinco macroprocessos relativos à atividade de exploração e produção de petróleo e

gás no Brasil, conforme apresentado no item 4.1.2 deste trabalho.

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82

A segunda seção da ferramenta de pesquisa foi estruturada com base na análise sobre o

Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás, que apontou seis principais vertentes

de relacionamento dentro do SNI: Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema

Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo. Como o propósito desta pesquisa foi avaliar

facilidades e dificuldades das empresas fornecedoras no contexto do SNI, a análise dos

relacionamentos com os diversos atores do Sistema foi a melhor forma encontrada para que

este objetivo fosse alcançado.

Assim, a partir do framework desenvolvido na Figura 20, foi elaborado um quadro de

referências – apresentado no Apêndice I. Para cada um dos aspectos apresentados neste

quadro, foi preparada uma pergunta fechada, a ser respondida no questionário. Foi solicitado,

então, que cada participante atribuísse uma nota variando de 1 a 6 por sentença, indicando, em

menor ou maior grau, a intensidade com que concordava com as afirmativas relativas ao

posicionamento da empresa dentro do Sistema Nacional de Inovação. A escala Likert de 6

(seis) pontos foi utilizada para que os respondentes, mesmo que tivessem uma opinião

intermediária sobre algum dos tópicos da pesquisa, expressassem se esta é melhor classificada

como positiva ou negativa.

Visando aumentar a qualidade da análise, foi criada, ainda, a terceira seção do

questionário da pesquisa. Nesta, foi solicitado que os respondentes ordenassem, em ordem

decrescente de relevância – do mais relevante para o menos relevante –, as principais fontes

de conhecimento e inovação da empresa, além de seus principais impedimentos e dificuldades

à inovação dentro do setor de petróleo e gás. As questões referentes à terceira seção do

questionário da pesquisa foram elaboradas com base na revisão bibliográfica e nos principais

aspectos levantados anteriormente sobre o SNI do setor de petróleo e gás.

O interesse em entender as principais fontes de conhecimento do Sistema Nacional de

Inovação do setor de petróleo e gás advém das ideias de Lundvall (1992) e Bartholomew

(1997), que sugerem a acumulação de conhecimento como ponto central do SNI. Ainda, o

levantamento das dificuldades das empresas parapetrolíferas no setor de petróleo e gás é

fundamental para o entendimento das fragilidades e gargalos mais relevantes no contexto

Sistema Nacional de Inovação.

O ranqueamento das principais fontes de conhecimento e dificuldades das empresas

parapetrolíferas, agregado à avaliação realizada, possibilitou uma visão mais fiel do SNI do

setor de petróleo e gás, na visão das empresas parapetrolíferas.

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5.3 COLETA DE DADOS

Após a inclusão da pesquisa em um site da Internet, foi realizado um pré-teste do

instrumento para o qual foram convidados a participar dois profissionais da Petrobras, dois

mestrandos da COPPEAD, dois profissionais de empresas fornecedoras de bens e serviços

para empresas operadoras de poços de petróleo no país, um funcionário do BNDES e um

funcionário da FINEP. Os oito participantes aceitaram realizar o pré-teste e as sugestões

foram incorporadas ao questionário e à página desenvolvida para a coleta de dados. Segundo

Easterby-Smith, Thorpe e Lowe (1991, apud Carneiro, 2005) o pré-teste “permite verificar se

as questões do instrumento de coleta de dados estão compreensíveis, (...), se a sequência das

questões está adequada e se há questões de difícil entendimento”.

O Quadro 7 mostra a quantidade de empresas selecionadas para o estudo, por

segmento do setor de petróleo e gás. Para a seleção das empresas, foram utilizados

determinados filtros no Cadastro de Fornecedores da ONIP, conforme mostrado no Apêndice

III.

Quadro 7 – Número de empresas selecionadas para a pesquisa por segmento do setor de petróleo e gás

Segmento da Indústria de Petróleo Nº Empresas

Selecionadas

Informação de Reservatórios 53

Perfuração de Poços 36

Revestimento e Completação 26

Infraestrutura 196

Produção e Manutenção 39

Fonte: O autor

Como algumas empresas estavam envolvidas com atividades relacionadas a mais de

um segmento de análise, vale destacar que tivemos, de fato, 281 empresas selecionadas para a

pesquisa. O primeiro contato com essas empresas analisadas foi feito por e-mail (Apêndice

IV) ou telefone, solicitando que informassem o contato de um gerente de alto nível

hierárquico da área funcional de produção (chefe de produção, gerente de produção, diretor da

unidade etc.) da empresa. Em seguida, a pesquisa foi enviada aos gerentes identificados –

também por e-mail (Apêndice V), que tiveram o prazo de dois meses para responder o

questionário.

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84

Os resultados da pesquisa quantitativa deste estudo são apresentados com detalhes no

capítulo 6.

5.4 ANÁLISES PROPOSTAS NO ESTUDO

5.4.1 Análise Descritiva

Após o processo de coleta das respostas, foram calculadas as médias das avaliações,

sendo estabelecidas pontuações para a classificação de cada uma das dimensões do SNI (Setor

Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema de Educação, Sistema Financeiro e Setor

Externo) da seguinte forma:

Quadro 8 – Metodologia de análise das dimensões do SNI na visão das parapetrolíferas

Intensidade de Eficácia Nota

Nível muito baixo de desenvolvimento/interesse 1 a 1,99

Nível baixo de desenvolvimento/interesse 2 a 2,99

Nível médio de desenvolvimento/interesse 3 a 3,99

Bom nível de desenvolvimento/interesse 4 a 4,99

Alto nível de desenvolvimento/interesse 5 a 5,99

Fonte: O autor

Nesta análise, optou-se pelo cálculo da média aritmética, por ser esta a forma mais

simples e efetiva de se obter uma visão geral do SNI do setor de petróleo e gás, por

dimensões. Desta forma, dá-se a mesma importância a todas as empresas, independente do

porte das mesmas ou de qualquer outro critério adotado. Em uma primeira análise, tomamos

os valores agregados das respostas, para avaliar como as empresas fornecedoras da cadeia de

petróleo e gás percebem o Sistema Nacional de Inovação. Realizamos ainda, análises das

médias abertas por grupos de respondentes de três diferentes formas: (1) por porte; (2) por

participação de capital estrangeiro; e (3) por segmento de atuação da empresa.

Para a análise dos grupos relacionados ao porte, foram considerados três agregados: o

primeiro, denominado “Pequeno Porte”, é composto por empresas classificadas na pesquisa

como “microempresas” e “pequenas empresas”; o segundo, denominado “Médio Porte”, é

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formado pelas “médias empresas” e, finalmente, o terceiro, denominado “Grande Porte”, é

constituído por “médio-grandes empresas” e “grandes empresas”.

Já para a avaliação das respostas com base na participação de capital estrangeiro das

empresas (PCE), foram considerados dois agregados: o primeiro para empresas com PCE <=

50% (87 empresas) e o segundo para empresas com PCE > 50% (13 empresas).

Finalmente, na análise por segmento de atuação da empresa, foram calculadas as

médias dos valores atribuídos a cada variável de pesquisa para cinco segmentos de atuação

das empresas pesquisadas: Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP),

Revestimento e Completação (RC), Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM).

5.4.2 Teste Kruskal Wallis

Após a análise das médias obtidas para os grupos de respondentes (porte, participação

de capital estrangeiro e segmento de atuação), tornou-se necessário investigar se havia

diferenças estatisticamente significativas entre as médias obtidas por estes grupos para cada

uma das dimensões avaliadas no SNI.

Este estudo recorreu, então, à estatística não paramétrica, que representa um conjunto

de ferramentas de uso mais adequado em pesquisas onde não se conhece bem a distribuição

da população e seus parâmetros. Os testes não paramétricos são classificados de acordo com o

nível de mensuração e o número de grupos que se pretende relacionar:

Quadro 9 – Provas estatísticas não paramétricas

Nível de

Mensuração Uma amostra

Duas amostras K amostras

Amostras

relacionadas

Amostras

independentes

Amostras

relacionadas

Amostras

independentes

Nominal

Prova

Binomial

Prova Qui-

quadrado de

uma amostra

Prova de Mc

Nemar

Prova de Fisher

Prova Qui-

quadrado para 2

amostras

independentes

Prova Q de

Cochran

Prova Qui-

quadrado para

k amostras

independentes

Ordinal

Prova de

Kolmogorov-

Smirnov para

uma amostra

Prova de

iterações para

uma amostra

Prova dos

sinais

Prova de

Wilcoxon

Prova U de

Mann-Whitney

Prova de

Kolmogorov-

Smirnov para 2

amostras

Prova de iterações

de Wald-

Wolfowitz

Prova de Kruskal-

Wallis

Prova de

Friedman

Prova de

extensão da

mediana

Prova de

Kruskal-

Wallis

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Intervalar

Prova de

Walsh

Prova de

aleatoriedade

para pares

Prova de

aleatoriedade de 2

amostras

independentes

Fonte: Adaptado de SIEGEL (1975)

O Teste Kruskal Wallis é um teste não paramétrico utilizado para comparar

distribuições de probabilidade de duas ou mais amostras independentes, em que a hipótese

nula (H0) representa que as distribuições de probabilidade das amostras são idênticas e a

hipótese alternativa (Ha) – que ao menos duas distribuições de probabilidade são diferentes

(McCLAVE et al., 1998).

Os testes não paramétricos se caracterizam pelo fato de que as interferências realizadas

não pressupõem que as amostras utilizadas originem-se de quaisquer famílias conhecidas de

distribuição de dados (McCLAVE et al., 1998), como é o caso da presente pesquisa.

Segundo Hair et al. (2006), o pesquisador pode enfrentar a necessidade de

compreender a extensão e o caráter das diferenças existentes entre dois ou mais grupos para

uma ou mais variáveis. Neste caso, o pesquisador precisa compreender como os valores estão

distribuídos em cada grupo e se há diferenças suficientes entre os grupos para suportar a

significância estatística. O autor indica como método para análise das diferenças entre os

grupos o gráfico de caixas, conhecido como Box-Plot.

Com o intuito de identificar a existência de diferenças significativas entre a avaliação

das dimensões do SNI considerando as variáveis demográficas, foram feitos agrupamentos

dos respondentes conforme o Quadro 10, apresentado a seguir:

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87

Quadro 10 – Segmentação em grupos por variável demográfica

Variável

Demográfica Grupos Identificados

Quantitativo

(%)

Porte da

Empresa

Pequeno porte 49%

Médio porte 24%

Grande porte 27%

Participação de

capital

estrangeiro

PCE <= 50% 87%

PCE >50% 13%

Segmento de

atuação

Informação de reservatórios 11%

Perfuração de poços 7%

Revestimento e completação 10%

Infraestrutura 38%

Produção e manutenção 34%

Fonte: O autor

Desta forma, obtiveram-se três grupos para a variável “porte da empresa”, dois grupos

para a variável “PCE” e, finalmente, cinco grupos para a variável “segmento de atuação”.

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6 RESULTADOS DA PESQUISA QUANTITATIVA

Ao todo, 281 empresas foram selecionadas para a pesquisa, sendo obtida uma amostra

de 100 empresas que participaram efetivamente do estudo, o que representa aproximadamente

36% de participação. As pessoas responsáveis por responder à pesquisa foram, em grande

parte, sócios, membros da alta diretoria das empresas ou gerentes das áreas de

produção/operações e tecnologia.

Neste capítulo, inicialmente foi feita uma caracterização da amostra, com o objetivo de

apresentar os perfis das empresas respondentes da pesquisa. Em seguida, algumas análises

foram feitas a partir dos dados disponíveis.

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Para esta análise, utilizou-se a primeira parte do questionário (perguntas de 1 a 3),

como forma de apresentar o perfil das empresas participantes. As três perguntas eram de

resposta obrigatória.

A pergunta a respeito ao porte da empresa tinha cinco opções de escolha, assim como

o critério de classificação adotado por BNDES (2012), baseado na Receita Operacional Bruta

(ROB) das empresas e aplicável a todos os setores. Por Microempresa entende-se empresa

com ROB menor ou igual a R$ 2,4 milhões, enquanto que por Pequena Empresa pressupõe-se

empresa com ROB maior do que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões. A Média

Empresa é aquela que possui ROB maior do que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90

milhões, enquanto que a Média-Grande Empresa possui ROB maior do que R$ 90 milhões e

menor ou igual a R$ 300 milhões. Finalmente, a Grande Empresa é aquela que possui ROB

maior do que R$ 300 milhões.

O resultado obtido na pesquisa aponta que a maioria das empresas que responderam a

pesquisa era de pequeno porte. É interessante notar que a população do estudo também é

formada, em sua maior parte, por empresas de pequeno porte. Uma justificativa para isso é o

fato de o Cadastro da ONIP ter como objetivo fornecer informações sobre as empresas

qualificadas instaladas no Brasil para o fornecimento de bens e serviços ao setor de petróleo e

gás. Neste caso, grande parte das companhias interessadas em se cadastrar são empresas

menores, que buscam serem contatadas por grandes operadoras ou mesmo fornecedores

nacionais, em busca de novos subfornecedores, como pode ser observado no Quadro 11.

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89

Quadro 11 – Distribuição das empresas por porte

Porte da Empresa Amostra População

Qtde % Qtde %

Microempresa 12 12% 45 16%

Pequena Empresa 37 37% 79 28%

Média Empresa 24 24% 56 20%

Média-Grande Empresa 5 5% 42 15%

Grande Empresa 22 22% 59 21%

Fonte: O autor

Também foi perguntado às empresas participantes sobre o percentual de capital

estrangeiro constituído por cada uma delas. Dentre as participantes, 87 são empresas com

PCE <= 50% e 13 são empresas com PCE > 50%. De fato, a população do estudo também é

constituída, em sua maior parte, por empresas com baixa participação de capital estrangeiro.

Quadro 12 – Distribuição das empresas por participação de capital estrangeiro (PCE)

Percentual de Participação de

Capital Estrangeiro

Amostra População

Qtde % Qtde %

0 a 24% 86 86% 210 75%

25% a 50% 1 1% 16 6%

51% a 100% 13 13% 55 19%

Fonte: O autor

Foi perguntada aos respondentes dos questionários a principal área de atuação da

empresa dentro do contexto do setor de petróleo. Assim, como se pode observar no Quadro

13, estas empresas concentraram-se, predominantemente, na área de infraestrutura e produção

e manutenção, seguindo a tendência observada no Quadro 7, que relaciona a quantidade de

empresas selecionadas para participar da pesquisa. Neste caso, a comparação com a

população do estudo não é tão precisa, pois o cadastro da ONIP permite que a empresa atue

em todos os segmentos de atividade utilizados na pesquisa. Desta forma, o somatório da

coluna “Qtde” da “População” equivale a 350, que é maior do que 281. Mesmo assim, os

percentuais mostraram-se relativamente próximos aos esperados.

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Quadro 13 – Distribuição das empresas por segmento de atividade

Segmento de Atividade na

Indústria de Petróleo

Amostra População

Qtde % Qtde %

Informação de Reservatórios 11 11% 53 15%

Perfuração de Poços 7 7% 36 10%

Revestimento e Completação 10 10% 26 7%

Infraestrutura 38 38% 196 56%

Produção e Manutenção 34 34% 39 11%

Fonte: O autor

6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

No questionário aplicado neste estudo, foi solicitado que as empresas participantes

atribuíssem grau de 1 a 6 às questões da pesquisa que vão de 1 a 30. As médias das respostas

obtidas estão dispostas nos quadros a seguir. De maneira geral, as avaliações realizadas pelos

diferentes grupos de empresa foram relativamente distintas, dependendo do segmento de

atuação, do porte e do percentual de capital estrangeiro da empresa, como veremos

posteriormente. Além disso, o nível de dispersão das respostas pode não ser considerado tão

baixo, já que, em geral, todos os aspectos analisados possuíram desvio-padrão maior que um.

Os resultados mais detalhados, com todas as médias das respostas por variável demográfica,

estão presentes no Apêndice VI.

6.2.1 Setor Produtivo

O Setor Produtivo foi a que apresentou a maior média global na pesquisa (4,17), com

destaque para a realização de parcerias, tanto com empresas operadoras como com

parapetrolíferas e fornecedoras. Este fator corrobora a afirmação de Oliveira (2008), segundo

a qual a indústria fornecedora do petróleo apresenta cooperação relevante com outras

empresas e esse deve ser o principal fator explicativo da inovatividade do setor.

O Quadro 14 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas

para esta dimensão de análise:

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91

Quadro 14 – Médias das respostas relativas ao Setor Produtivo

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,75 1,63

Redes industriais de conhecimento 4,21 1,40

Parcerias com operadoras 4,67 1,61

Parcerias com outras empresas parapetrolíferas 4,52 1,44

Parcerias com empresas fornecedoras 4,68 1,34

Fonte: O autor

As redes industriais de conhecimento dizem respeito a relacionamentos entre firmas,

onde a atenção é focada no fluxo de informações e troca de conhecimento, que pode ocorrer

mesmo sem uma contrapartida de fluxo comercial de mercadorias. A boa média obtida para

esta variável pode ser explicada por Figueiredo (2003), ao destacar que as conexões de

conhecimento, quando bem estabelecidas, podem contribuir para o processo de aprendizagem

das firmas, permitindo que estas adquiram capacitações tecnológicas para enfrentar os

desafios impostos pelo mercado e realizar mudanças tecnológicas e inovações.

A parceria com operadoras foi outro aspecto bem avaliado dentro do Setor Produtivo,

mostrando que o papel das operadoras no estabelecimento da inovação é muito importante

para o setor. Talvez, tal importância ocorra devido à função das operadoras na coordenação

do processo produtivo. Nesse sentido, Oliveira (2008) argumenta que:

“(...) a Petrobras vem exercendo funções de monitoração das práticas de produção e

consolidação de tecnologia industrial básica em dois segmentos: válvulas e city gates

e flanges e conexões. Ao mesmo tempo, desenvolve novos produtos em conjunto com

seus fornecedores, sendo empresas dos segmentos de turbinas e compressores

exemplos desse tipo de qualificação” (Oliveira, 2008).

A média obtida de 4,52 para a variável relacionada à parceria entre empresas

parapetrolíferas advém da necessidade natural da cadeia de fornecedores do setor de criar

vínculos para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que

entrarão em uso na indústria (OLIVEIRA, 2008).

Finalmente, a boa avaliação alcançada para a variável que diz respeito à parceria com

fornecedoras pode ser explicada principalmente porque, conforme visto anteriormente neste

estudo, a existência de redes de fornecedores é uma das principais características da indústria

do petróleo e gás no Brasil. Tais redes são estabelecidas a partir da necessidade criar vínculos

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92

para atendimento de requisitos técnicos e de qualidade dos equipamentos que entrarão em uso

na indústria (OLIVEIRA, 2008).

Segundo Prominp (2008a), a maior diferença da indústria de fornecedores do setor de

petróleo para a indústria total parece estar relacionada à intensidade de colaboração. Essa

intensidade de colaboração acaba funcionando como insumo relevante para o processo

inovador, desenvolvendo, um ambiente mais propício à inovação entre os participantes desta

rede de fornecedores (OLIVEIRA, 2008).

O único quesito que apresentou baixo nível de interesse (segundo o critério

estabelecido no Quadro 8) no contexto do Setor Produtivo foi aquisição de tecnologia de

outras empresas nacionais. A média atribuída a essa variável da pesquisa (2,75) pode estar

relacionada a um maior nível de utilização de tecnologia estrangeira, e não nacional.

Esse comportamento pode variar dependendo do segmento de atuação da empresa,

conforme apresentado na Figura 22.

Figura 22 – Médias do Setor Produtivo por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

O segmento de Perfuração de Poços parece ser o que adquire mais tecnologia de outras

empresas brasileiras, enquanto o segmento que diz respeito à Informação de Reservatórios é o

que menos considera fundamental a utilização de tecnologia de outras empresas do país (com

contratação de serviços de assistência técnica e com pagamento de royalties).

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93

Dentro do Setor Produtivo, também é interessante notar que aspectos como a aquisição

de tecnologia de outras empresas, associação em redes industriais de conhecimento, parcerias

com operadoras e parapetrolíferas mostraram-se mais fortes em empresas de pequeno e médio

porte, conforme apresentado na Figura 23:

Figura 23 – Médias do Setor Produtivo por porte da empresa

Fonte: O autor

A partir das análises realizadas acima, torna-se válido verificar se existem diferenças

significativas entre as respostas dos grupos de respondentes em relação às variáveis

demográficas. Desta forma, buscamos verificar se o porte, a participação de capital

estrangeiro e o segmento de atuação influenciam a percepção das empresas sobre o Setor

Produtivo.

Neste caso, precisa-se compreender como os valores estão distribuídos em cada grupo

e se há diferenças suficientes entre os grupos para suportar a significância estatística. Hair et

al. (2006) indicam como método para análise das diferenças entre os grupos o gráfico de

caixas, conhecido como Box-Plot, conforme apresentado no Apêndice VII. No entanto, para

confirmar este exame visual, aplicou-se o Teste Kruskal Wallis, que examina a diferença entre

as medianas, conforme mostrado a seguir:

1

2

3

4

5

6

Aquisição de tecnologiade outras empresas

Redes industriais deconhecimento

Parcerias comoperadoras

Parcerias com empresasparapetrolíferas

Parcerias com empresasfornecedoras

Pequeno Médio Grande

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94

Quadro 15 – Teste Kruskal Wallis do Setor Produtivo para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Setor

Produtivo

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 1,666

gl 2

Sig. 0,435

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 0,361

gl 1

Sig. 0,548

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 5,776

gl 4

Sig. 0,217

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Com base no Quadro 15, observa-se que a dimensão Setor Produtivo não apresenta

diferenças significativas de avaliação das empresas de acordo com as variáveis demográficas

consideradas. Concluímos, portanto, que apesar de haver diferença entre as médias das

respostas das empresas, especialmente no que diz respeito ao porte da empresa e ao segmento

de atuação, não houve evidências que comprovassem estatisticamente a diferença entre as

respostas dos grupos para essa dimensão.

6.2.2 Setor Público

Dando continuidade à análise das diferentes dimensões do Sistema Nacional de

Inovação do setor de petróleo e gás, avaliaremos, a partir de agora, as médias obtidas nas

variáveis do Setor Público, relacionadas a legislação, regulamentação e políticas do executivo

para o setor. Nesta dimensão, observaremos também o papel do governo no fomento às ações

de estímulo à propriedade intelectual.

Os scores obtidos na pesquisa caracterizam o Setor Público como a segunda dimensão

mais desenvolvida do SNI, com média global 3,49. Todas as médias obtidas situam-se entre

3,32 e 3,82, o que qualifica o Setor Público como uma dimensão de médio desenvolvimento

no Sistema Nacional de Inovação.

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Quadro 16 – Médias das respostas relativas ao Setor Público

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Legislação 3,49 1,68

Regulamentação 3,32 1,59

Políticas do Executivo 3,40 1,65

Atuação do Prominp 3,82 1,53

Propriedade intelectual 3,44 1,38

Fonte: O autor

No contexto do setor de petróleo e gás, os mecanismos legais instituídos pelo Setor

Público e o regime tributário vigente devem incentivar a política de desenvolvimento

nacional. Segundo Lundvall (2007), o governo deve criar um ambiente fiscal propício às

inovações, com leis tributárias flexíveis para corporações que estejam em processo inicial de

desenvolvimento, buscando também facilitar o processo de importação de tecnologias,

principalmente máquinas e equipamentos. Nesse sentido, as empresas que participaram da

pesquisa atribuíram média 3,49 à variável “legislação” no contexto do setor de petróleo e gás.

Essa foi a pergunta que obteve maior desvio-padrão dentro do Setor Público, o que aponta

relativa heterogeneidade na opinião dos respondentes.

Segundo a perspectiva de Liu e White (2001), o sistema regulatório seria resultado dos

mecanismos de manutenção e ajustamento das relações entre as instituições, sendo de extrema

importância para a sustentação das atividades econômicas. Apesar disso, a média obtida para

a variável referente à regulamentação do setor foi a menor dentre as médias referentes ao

Setor Público (3,32). Vale destacar que a tal variável foi medida, no contexto do setor de

petróleo e gás, por meio do desempenho da ANP – agência que deve possuir uma ação de

regulação estável, garantido o equilíbrio competitivo e econômico do setor.

Outro fator de grande importância no contexto do Setor Público são as políticas de

estímulo desenvolvidas pelo governo. Segundo Furtado (1997), as políticas públicas

desempenham um papel decisivo na constituição dos sistemas de inovação, notadamente

quando o setor privado não é forte o suficiente para assumir a liderança e quando a

cooperação entre empresas não é comum, até mesmo dentro das fronteiras nacionais. Nesse

sentido, as políticas públicas do setor de petróleo e gás devem ser eficazes e influenciar

positivamente a atuação das empresas no mercado. Segundo List (1841, apud Freeman,

1995), a coordenação do estado, por meio de políticas industriais e tecnológicas é a base do

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SNI, promovendo as condições adequadas para o seu desenvolvimento. A variável que propôs

mensurar o grau de desenvolvimento das políticas do executivo obteve média igual a 3,40,

com desvio-padrão de 1,65.

Com relação às médias obtidas, é interessante destacar que as empresas que produzem

equipamentos para Produção e Manutenção (PM) percebem de forma mais positiva as ações

do governo. Por outro lado, o segmento de Perfuração de Poços (PP) é o que se sente menos

favorecido com aspectos como a legislação, regulamentação e as políticas do executivo,

conforme ilustra a Figura 24:

Figura 24 – Médias do Setor Público por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

Ainda no contexto de políticas públicas, vale também destacar a atuação do Prominp.

Esta variável foi a que obteve maior média dentre as questões relativas ao Setor Público, o

que demonstra que as empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás enxergam, em geral,

os projetos do Prominp de forma positiva, agindo em benefício da cadeia de fornecedores do

setor. Tal resultado corrobora a opinião de Pellegrin (2005), segundo o qual o Prominp é,

possivelmente, o movimento mais relevante para os fornecedores do setor de petróleo já

realizado no país (PELLEGRIN, 2005).

Finalmente, é importante considerar – ainda na perspectiva do Setor Público – a

garantia de propriedade intelectual. No Brasil, a política de inovação tem como arcabouços a

1

2

3

4

5

6Legislação

Regulamentação

Políticas do ExecutivoAtuação do Prominp

Propriedade intelectual

IR PP RC IE PM

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97

Lei da Inovação e a Lei do Bem, amparadas pela ação das agências de governo, que buscam

atender à complexidade do Sistema Brasileiro de Inovação. Tais iniciativas devem preservar a

propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, fomentando constantemente o

desenvolvimento de atividades inovativas no país (BNDES, 2010).

Segundo Ross et al. (2005), um sistema de proteção da propriedade intelectual é fator

determinante para motivar o processo inovador, principalmente nas empresas. Apesar disso, a

questão relativa à preservação da propriedade intelectual foi a que obteve a terceira menor

média na dimensão (3,44). Nesse sentido, Santos (2008) identifica que, talvez, um dos

principais problemas relacionados à propriedade intelectual no país seja o tempo para a

criação de patentes é extenso, impedindo que o pesquisador ou a empresa usufrua todos os

seus benefícios.

Visando verificar se havia diferenças estatisticamente significantes entre os grupos de

respondentes no que diz respeito às três variáveis demográficas consideradas no estudo para o

Setor Público, os resultados desta dimensão também foram plotados em Box-Plots (Apêndice

VII), seguindo-se o Teste Kruskal Wallis, apresentado no Quadro 17:

Quadro 17 – Teste Kruskal Wallis do Setor Público para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Setor

Público

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 4,310

gl 2

Sig. 0,116

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 3,190

gl 1

Sig. 0,074

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 3,087

gl 4

Sig. 0,543

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Os resultados evidenciam que estatisticamente o porte, a participação de capital

estrangeiro e o segmento de atuação não determinam diferenças de percepção das empresas

analisadas com relação ao Setor Público, a um nível de significância de 5%. Apesar disso, há

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diferenças quando comparamos empresas com diferentes níveis de participação de capital

estrangeiro a um nível de significância de 7,4% e quando comparamos empresas de diferentes

portes a um nível de significância de 11,6%.

6.2.3 Sistema de C&T

Segundo OECD (1997), a qualidade dos atores constituintes do Sistema de C&T é

fundamental para o Sistema Nacional de Inovação, pois estes não produzem apenas conteúdos

genéricos e pesquisa básica para a indústria, mas também novos métodos e instrumentos de

análise. Sendo assim, a intensificação do fluxo de conhecimento entre os segmentos

produtivos e a infraestrutura de P&D é fundamental para o sucesso do movimento inovativo

do segmento de petróleo e gás e, consequentemente, de sua competitividade econômica. Essa

interação é especialmente necessária com as empresas de engenharia (OLIVEIRA, 2008),

como é o caso das parapetrolíferas analisadas.

O Quadro 18 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas

para o Sistema de C&T analisado:

Quadro 18 – Médias das respostas relativas ao Sistema de C&T

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Pesquisa básica e aplicada 3,25 1,45

Parcerias com centros de pesquisa de

universidades 3,58 1,55

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,33 1,52

Atuação do INPI 3,14 1,33

Registro de patentes e publicações científicas 3,26 1,62

Fonte: O autor

Segundo Oliveira (2008), existe atualmente no país uma limitada experiência na

elaboração de projeto básico, conhecimento que está atualmente concentrado na Petrobras.

Torna-se relevante, portanto, verificar se, no contexto do setor de petróleo e gás, a

infraestrutura dos centros de pesquisa nacionais (como o CENPES) supre a demanda de

desenvolvimento de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada das empresas

parapetrolíferas. Dentro do Sistema do C&T, essa foi a variável que obteve a segunda menor

média (3,25). Assim, é essencial que os investimentos em pesquisa básica e aplicada sejam

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concretizados em abundância para que haja um bom aproveitamento do conhecimento gerado

por todo o sistema (BARTHOLOMEW, 1997).

As parcerias com centros de pesquisa de universidades foi o quesito mais bem

avaliado no contexto do Sistema de C&T, com média 3,58. Apesar disso, este score não

reflete um bom nível de desenvolvimento para o quesito, o que vai ao encontro do que

sugerem Suzigan e Albuquerque (2008), ao afirmarem que uma característica marcante dos

sistemas nacionais de novação imaturos – como o brasileiro – é o frágil padrão de interação

entre universidades e empresas. Assim, apesar de existirem instituições de pesquisa e ensino

consolidadas no Brasil, estas não conseguem mobilizar pesquisadores, cientistas e

engenheiros capazes de satisfazer às necessidades do SNI (RAPINI et al., 2009).

Assim como a parceria das parapetrolíferas com centros de pesquisa de universidades,

também é importante que sejam estabelecidos relacionamentos com institutos públicos de

pesquisa, principalmente os especializados no setor de petróleo e gás. Nesse contexto,

Freeman e Soete (1997) destacam a importância das parcerias de empresas com institutos

públicos de pesquisa, revelando que o relacionamento direto do pessoal destas empresas com

seus pares, em laboratórios públicos é o mais importante método de acesso aos resultados da

pesquisa pública no país hospedeiro. A média obtida nesta variável foi de 3,33, inferior à

media obtida para o relacionamento das empresas com centros de pesquisa de universidades.

Dentro do Sistema de C&T, o INPI possui importância fundamental, já que, ao emitir

patentes, permite que empresas previnam-se de que competidores copiem e vendam suas

inovações a um preço mais baixo, uma vez que aqueles não foram onerados com os custos da

pesquisa e desenvolvimento do produto (INPI, 2011). A média obtida para esta variável da

pesquisa foi de 3,14, a menor dentro do Sistema de C&T.

Conforme relata Arundel (2003), os melhores indicadores para examinar a

produtividade do Sistema de C&T de um país são o nível de crescimento do número de

publicações e de patenteamento de descoberta no campo da ciência analisado. Nesse sentido,

a média obtida para essa variável (3,26) sugere que, de forma geral, as patentes e publicações

são incentivadas nas empresas, porém com médio nível de desenvolvimento. Essa foi a

variável de maior desvio-padrão da dimensão, o que pode indicar maior variação de

percepção entre as empresas, dependendo do segmento de atuação das mesmas.

O Sistema de Ciência e Tecnologia apresentou médias próximas para os cinco

segmentos considerados na pesquisa. Nesse sentido, algumas percepções merecem ser

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100

destacadas: o segmento de Perfuração de Poços (PP) é o que se relaciona mais positivamente

com centros de pesquisa e universidades, enquanto o segmento de Revestimento e

Completação (RC) é o que menos desenvolve este tipo de atividade. O segmento de

Informação de Reservatórios (IR) é o que mais se preocupa com registro de patentes e

publicações científicas, enquanto o segmento de Infraestrutura (IE) foi o que apresentou

menor média para esta variável, conforme ilustrado na Figura 25.

Figura 25 – Médias do Sistema de C&T por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

O desenvolvimento mediano observado no contexto do Sistema de C&T nessa

pesquisa pode ser preocupante, principalmente em setores como o de petróleo e gás, em que a

falta de capacitação tecnológica induz a persistência de lacunas de fornecimento (OLIVEIRA,

2008).

Finalmente, antes de encerrarmos a análise do Sistema de C&T, torna-se válido

verificar se existem diferenças significativas nas respostas desta dimensão. O Quadro 19

resume os resultados obtidos, revelando que as empresas respondentes apresentam diferenças

significativas em suas respostas quando comparamos seu porte e a sua participação de capital

estrangeiro. Sendo assim, somente a variável demográfica “segmento de atuação” não

influencia a percepção das empresas respondentes sobre o Sistema de C&T.

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101

Quadro 19 – Teste Kruskal Wallis do Sistema de C&T para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Sistema

de C&T

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 7,606

gl 2

Sig. 0,022**

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 4,093

gl 1

Sig. 0,043**

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 0,488

gl 4

Sig. 0,975

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Havendo diferença significativa entre os grupos no que diz respeito às variáveis

demográficas relacionadas ao porte e à participação de capital estrangeiro, é interessante

realizarmos o Teste Kruskal Wallis individualmente, para cada uma das variáveis que

compõem o Sistema de C&T na pesquisa aplicada. O Quadro 20 resume os resultados

obtidos:

Quadro 20 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema de C&T por porte e PCE

Variável

Demográfica Variáveis da Pesquisa

Teste

Estatístico gl Sig.

Porte

Pesquisa básica e aplicada 4,825 2 0,09

Parcerias com centros de pesquisa de universidades 7,129 2 0,028**

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 7,605 2 0,022**

Atuação do INPI 3,290 2 0,193

Registro de patentes e publicações científicas 1,355 2 0,508

Participação

de Capital

Estrangeiro

Pesquisa básica e aplicada 1,321 1 0,250

Parcerias com centros de pesquisa de universidades 4,912 1 0,027**

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 2,351 1 0,125

Atuação do INPI 1,427 1 0,232

Registro de patentes e publicações científicas 2,638 1 0,104

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Das cinco variáveis apresentadas, duas apresentam diferenças significativas com

relação ao porte da empresa e uma apresenta diferença significativa com relação à

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102

participação de capital estrangeiro a um nível de significância de 5%. Estatisticamente, a

percepção das empresas sobre as variáveis “parcerias com centros de pesquisa de

universidades” e “parcerias com institutos públicos de pesquisa” difere com relação ao porte

da empresa. De fato, as empresas de maior porte desenvolvem maior relaciona mento com

tais estabelecimentos de pesquisa, conforme apresentado na Figura 26. Ainda, é possível

perceber que quanto maior o porte desta, melhor a percepção da empresa, de forma geral,

sobre o Sistema de C&T.

Figura 26 – Médias do Sistema de C&T por porte da empresa

Fonte: O autor

Com relação à variável demográfica “participação de capital estrangeiro”, apenas a

variável “parcerias com centros de pesquisa de universidades” apresentou diferença

significativas de avaliação. De forma geral, as empresas com mais de 50% de capital

estrangeiro percebem o Sistema de C&T de forma mais negativa que as empresas de capital

nacional, como apresentado na Figura 27. Isto talvez ocorra devido a um relacionamento

menos intenso das empresas estrangeiras com o Sistema de Inovação Brasileiro,

principalmente no que diz respeito a parcerias com centros de pesquisa de universidades.

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103

Figura 27 – Médias do Sistema de C&T por participação de capital estrangeiro

Fonte: O autor

6.2.4 Sistema de Educacional

Conforme discutido anteriormente neste estudo, o Sistema Educacional é formado por

universidades e organizações públicas patrocinadas pelo Estado. Sua principal função é

formar e treinar pessoas em habilidades decisivas ao desenvolvimento, absorção e uso de

tecnologias (LUNDVALL, 2001). Segundo Persaud et al. (2003), o treinamento pode

determinar a diferença entre sucesso e fracasso nas atividades relacionadas ao petróleo,

principalmente por conta dos altos custos dos equipamentos e processos relacionados – que

exigem capacitação para que possam ser operados. Desta forma, sem empregados

qualificados, significativos investimentos podem se perder no uso da tecnologia.

Apesar disso, a avaliação do Sistema Educacional de suporte às atividades do setor de

petróleo e gás foi o que apresentou os piores resultados, com média global equivalente a 2,70.

O Quadro 21 apresenta um resumo das médias e desvios-padrão das respostas obtidas:

Quadro 21 – Médias das respostas relativas ao Sistema Educacional

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Mão-de-obra técnica 2,21 1,27

Mão-de-obra de ensino superior 2,39 1,17

Mão-de-obra com pós-graduação 2,29 1,14

Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,34 1,25

Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,25 1,24

Fonte: O autor

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104

As três primeiras variáveis avaliadas no contexto do Sistema Educacional foram:

disponibilidade de mão-de-obra técnica (ensino médio), de mão-de-obra com ensino superior

e de mão-de-obra com graduação para o setor. Esses três quesitos apresentaram média menor

do que 2,99, caracterizando um baixo nível de desenvolvimento no Brasil. Assim, apesar de,

no caso brasileiro, a formação de recursos humanos associada à inovação tecnológica ser um

elemento essencial para viabilizar o suprimento de óleo e gás natural para as próximas

décadas (SUSLICK e IATCHUK, 2006), as empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e

gás encontram dificuldade para contratar profissionais nessa área. Suzigan e Albuquerque

(2008) apontam como o principal motivo para tal escassez da qualificação da mão-de-obra o

início tardio, limitado e problemático da construção das instituições de pesquisa e ensino

superior no Brasil. Nesse sentido, Oliveira (2008) destaca que o incentivo ao estabelecimento

de acordos tecnológicos entre empresas de engenharia e Universidade, assim como a

formação de quadros no exterior e a constituição de alianças com empresas internacionais

podem ser um importante reforço à especialização da mão-de-obra no país (OLIVEIRA,

2008).

Com relação à disponibilidade de mão-de-obra, no Sistema Educacional, os segmentos

de Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP) percebem como mais crítica a

falta de mão-de-obra de ensino superior. Por outro lado, no segmento de Infraestrutura (IE), a

variável de menor média foi a disponibilidade de mão-de-obra operacional técnica, ou seja,

com ensino médio, conforme destacado na Figura 28.

Figura 28 – Médias do Sistema Educacional por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

1

2

3

4

5

6Mão-de-obra técnica

Mão-de-obra de ensinosuperior

Mão-de-obra com pós-graduação

Instituições decapacitação do setor de

P&G

Programas do governode capacitação de mão-

de-obra

IR PP RC IE PM

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105

Ainda segundo as médias obtidas, os segmentos de Revestimento e Completação (RC)

e Produção e Manutenção (PM) são os que apresentam, em geral, menor dificuldade na

aquisição de mão-de-obra.

A criação e o fortalecimento de instituições de treinamento industrial também é um

ponto bastante salientado na literatura de SNI. Assim, as instituições de capacitação do setor

de petróleo e gás seriam essenciais atualmente, à medida que buscam, de forma diversificada,

atender à demanda do setor de petróleo e gás nacional. Esta foi a variável de melhor avaliação

no âmbito do Setor Educacional, mostrando que, hoje, o Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) propõe um

direcionamento direto e eficaz ao mercado de trabalho. Segundo OECD (1997), instituições

de treinamento industrial são importantes para manutenção do crescimento econômico das

nações, logo, interferem diretamente no SNI.

Por fim, vale verificar, na pesquisa, a percepção da eficácia de alguns esforços

governamentais voltados para o desenvolvimento de recursos humanos (como o PROMINP, o

PRONATEC, o E-Tec etc.) na disponibilidade de mão-de-obra qualificada no setor. Como

sugere Lundvall (2007), estas devem sempre ter uma perspectiva de longo prazo, com vistas a

antecipar as necessidades econômicas futuras. Nesse contexto, a média obtida de 3,25 –

segunda maior para o setor – aponta que as empresas parapetrolíferas percebem positivamente

os esforços governamentais que visam reduzir a defasagem de mão-de-obra disponível no

setor.

Com base nos resultados obtidos nessa dimensão, fica claro que modificações

estruturais no Sistema Educacional brasileiro são essenciais para o fortalecimento do SNI,

com consequências benéficas para o setor de petróleo e gás.

Finalmente, buscou-se verificar também para esta dimensão se existem diferenças

significativas entre as respostas dos grupos de respondentes em relação às variáveis

demográficas, conforme apresentado no Quadro 22, através do Teste Kruskal Wallis.

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106

Quadro 22 – Teste Kruskal Wallis do Setor Educacional para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Sistema

Educacional

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 0,696

gl 2

Sig. 0,706

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 0,013

gl 1

Sig. 0,910

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 2,047

gl 4

Sig. 0,727

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Percebe-se, portanto, que o porte, a participação de capital estrangeiro e o segmento de

atuação das empresas não diferenciam a percepção das mesmas sobre o Sistema Educacional.

6.2.5 Sistema Financeiro

O Sistema Financeiro é um dos aspectos mais importantes para o desenvolvimento de

atividades de inovação no SNI. O Brasil, como país em desenvolvimento, é carente em

recursos, logo, investir da forma correta e motivar o setor privado nesse processo é essencial.

Quadro 23 – Médias das respostas relativas ao Sistema Financeiro

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Programas de financiamento 3,35 1,42

Financiamento público 2,60 1,40

Financiamento privado 3,31 1,51

Financiamento por meio do mercado de capitais 2,57 1,37

Agências de financiamento voltadas para inovação 2,81 1,50

Fonte: O autor

Nesta dimensão, as médias obtidas variaram entre 2,63 e 3,35, sugerindo que o Setor

Financeiro enquadra-se no padrão de baixo desenvolvimento, com média igual a 2,93.

Principalmente no setor de petróleo e gás, cujas atividades são intensivas em capital e

os investimentos são de elevado risco, é necessária criação de programas de financiamento do

governo, capazes de tornar viável o investimento em máquinas, equipamentos e atividades de

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107

pesquisa e desenvolvimento. Este foi o de maior média (3,35) da dimensão, mostrando que,

em geral, as empresas do setor enxergam como benéficos os programas existentes. Um

exemplo é o Progredir, lançado em 2011 pela Petrobras, que funciona como um projeto de

financiamento para diversos os níveis de fornecedores da cadeia de petróleo e gás

(PETROBRAS, 2011). Outro caso é a Antecipação de Recebíveis do Prominp, que se propõe

a oferecer recursos financeiros com taxas mais competitivas aos fornecedores da indústria

nacional de petróleo e gás natural (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE

ADVOGADOS, 2009).

Com relação à facilidade de financiamento, foram avaliadas três formas principais de

crédito: público, privado e por meio do mercado de capitais. Com base nos resultados da

pesquisa, o setor financeiro privado investidor é considerado fator fundamental dentro do

SNI. Este foi um fator bem avaliado (média 3,31), demonstrando que, em geral, as empresas

do setor de petróleo e gás recorrem mais ao setor privado quando necessitam de

financiamento. O financiamento público e o financiamento por meio do mercado de capitais

apresentaram médias muito próximas (2,60 e 2,57, respectivamente), porém quase 1 ponto

abaixo do financiamento privado. Essa diferença de percepção justifica-se pelo fato de bancos

de fomento, como o BNDES, e o próprio mercado de capitais atuarem mais diretamente com

projetos industriais de grande porte, estando um pouco mais distantes das empresas de

pequeno porte. Quando analisamos os segmentos separadamente, podemos perceber que o

financiamento privado é o mais relevante em todos os casos (Figura 29).

Figura 29 – Médias do Sistema Financeiro por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

1

2

3

4

5

6

Programas deFinanciamento

Financiamento público

Financiamento privadoFinanciamento por meiodo mercado de capitais

Agências definanciamento voltadas

para inovação

IR PP RC IE PM

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108

O financiamento público também se mostrou presente no setor de Perfuração de Poços

(PP), mas é bastante raro no caso do segmento de Informação de Reservatórios (IR).

Ainda, buscou-se, nesta pesquisa, verificar a percepção das empresas fornecedoras da

cadeia de petróleo e gás sobre as agências de financiamento voltadas para a inovação. O

resultado da avaliação demonstrou baixo grau de desenvolvimento para esta variável, com

média 2,81. Esta avaliação reflete a percepção das empresas parapetrolíferas com relação ao

trabalho de agências como a FINEP no desenvolvimento de pequenas e médias empresas no

país, que buscam fomentar e desenvolver novas iniciativas no setor.

Por fim, tornou-se válido verificar se existem diferenças significativas nas respostas

obtidas das empresas para as três variáveis demográficas do estudo com relação ao Sistema

Financeiro. Os resultados obtidos propõem que as variáveis “porte da empresa” e

“participação de capital estrangeiro” influenciam a percepção dos fornecedores diretos sobre o

SNI do setor de petróleo e gás, mais especificamente no que diz respeito ao Sistema

Financeiro, conforme apresentado no Quadro 24:

Quadro 24 – Teste Kruskal Wallis do Sistema Financeiro para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Sistema

Financeiro

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 12,944

gl 2

Sig. 0,002*

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 4,366

gl 1

Sig. 0,037**

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 2,388

gl 4

Sig. 0,665

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

No Quadro 25, estão apresentadas todas as variáveis pertencentes à dimensão Sistema

Financeiro e os resultados do Teste Kruskal Wallis individual, para cada uma destas variáveis,

abertas por “porte da empresa” e por “participação de capital estrangeiro”. É possível

compreender que a percepção das empresas sobre as variáveis “financiamento público”,

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109

“financiamento por meio do mercado de capitais” e “agências de financiamento voltadas para

a inovação” varia com o porte.

Quadro 25 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para as variáveis do Sistema Financeiro por porte e PCE

Variável

Demográfica Variáveis da Pesquisa

Teste

Estatístico gl Sig.

Porte da

Empresa

Programas de Financiamento 4,736 2 0,094

Financiamento público 8,805 2 0,012**

Financiamento privado 4,985 2 0,083

Financiamento por meio do mercado de capitais 9,965 2 0,007*

Agências de financiamento voltadas para inovação 9,666 2 0,008*

Participação

de Capital

Estrangeiro

Programas de Financiamento 0,675 1 0,411

Financiamento público 1,256 1 0,262

Financiamento privado 2,398 1 0,122

Financiamento por meio do mercado de capitais 6,955 1 0,008*

Agências de financiamento voltadas para inovação 1,059 1 0,303

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Ainda, quanto maior o porte da empresa, melhor a percepção desta sobre o Sistema

Financeiro como um todo, o que aponta novamente para o fato de que as empresas de grande

porte conseguem financiamentos de forma mais fácil que as de menor porte.

Figura 30 – Médias do Sistema Financeiro por porte da empresa

Fonte: O autor

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110

Torna-se válido também avaliar as variáveis de cada uma das dimensões que

apresentaram variação de percepção das empresas analisadas com relação ao percentual de

capital estrangeiro. Com relação ao Sistema Financeiro, somente a variável “financiamento

por meio do mercado de capitais” apresentou diferença significativa entre os dois grupos de

respondentes. Em geral, assim como ocorre com o Sistema de C&T, a percepção das

empresas de capital estrangeiro é mais negativa sobre o Sistema Financeiro. Apenas com

relação à percepção sobre a facilidade de obtenção de “financiamento privado” a média obtida

pelas empresas estrangeiras foi maior que a média das empresas de capital nacional.

Figura 31 – Médias do Sistema Financeiro por participação de capital estrangeiro

Fonte: O autor

6.2.6 Setor Externo

Segundo Lundvall (2001), redes de relacionamento com o Setor Externo são

fundamentais para manter na vanguarda do conhecimento, podendo ser realizadas entre

diferentes tipos de atores, como empresas, pessoas, institutos de pesquisa ou até mesmo entre

as nações.

Visando avaliar o grau de desenvolvimento do relacionamento das empresas

parapetrolíferas com o Setor Externo, foram propostas questões relacionadas a cinco variáveis

que, segundo a literatura, são capazes de aferir o grau de desenvolvimento dessa dimensão no

Sistema Nacional de Inovação. As médias das respostas obtidas são apresentadas no Quadro

26.

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111

Quadro 26 – Médias das respostas relativas ao Setor Externo

Variável da Pesquisa Média Desvio-Padrão

Cooperação com outros países 4,06 1,59

Importação 3,04 1,91

Exportação 1,72 1,23

Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,31 1,49

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 3,09 1,74

Fonte: O autor

Iniciamos nossa análise com o aspecto “cooperação com outros países”, que foi

avaliado pelas empresas como de bom nível de desenvolvimento (4,06). É possível perceber,

portanto, que há um esforço significativo no país para o estabelecimento de parcerias

internacionais no setor, que refletem no fortalecimento dos produtos/processos desenvolvidos

em empresas nacionais.

A média obtida para a variável “importação” foi de 3,04, situando-se bem acima da

média da variável “exportação”. Uma das possíveis explicações esse caso é descrita por

Oliveira (2008), segundo o qual a instabilidade dos investimentos do setor de petróleo

nacional produz vales e picos profundos na curva de demanda de equipamentos, induzindo os

fornecedores a programar sua capacidade de oferta em patamar significativamente abaixo da

demanda média, tornando inevitáveis níveis elevados de importação nos períodos de pico.

Já a variável “exportação” foi a que obteve menor média entre todas as perguntas

avaliadas na pesquisa (1,72), sendo a única da pesquisa a indicar nível muito baixo de

desenvolvimento. Este é um ponto que, definitivamente, deve ser desenvolvido no SNI.

Segundo Oliveira (2008), “é preciso que as empresas sejam menos dependentes da demanda

do mercado brasileiro, pois as exportações podem atuar como importante fonte de redução

dos efeitos nocivos das flutuações agudas na curva de demanda doméstica de equipamentos”.

Finalmente, é válido observar o intercâmbio de pesquisadores nacionais e estrangeiros

no contexto das empresas parapetrolíferas, representadas pelas duas últimas variáveis da

pesquisa. Nesse contexto, fica claro que é mais comum o envio de pesquisadores nacionais ao

exterior (média 3,09) do que a utilização de pesquisadores estrangeiros no país (média 2,31).

As parcerias estabelecidas e os projetos internacionais desenvolvidos no país podem propiciar

um grande intercâmbio entre os pesquisadores nacionais e os estrangeiros, contribuindo para a

troca de conhecimento, bem como para a evolução das pesquisas nacionais (SANTOS, 2008).

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112

É possível, por fim, observar – com base nas análises abertas por PCE – que as

empresas de capital estrangeiro mantêm um relacionamento muito mais forte com o Setor

Externo do que as empresas nacionais. As primeiras importam e exportam mais, além de

praticarem intercâmbio de pesquisadores de forma mais recorrente.

Analisando as médias abertas por segmento de atuação, o segmento de Informação de

Reservatórios (IR) foi o que apresentou as maiores médias com relação ao Setor Externo,

tanto com relação à cooperação com outros países, como com relação à importação de bens e

intercâmbio de pesquisadores.

Figura 32 – Médias do Setor Externo por segmento de atuação da empresa

Fonte: O autor

Com o objetivo de verificar se havia diferenças estatisticamente significativas entre os

grupos de respondentes no que diz respeito às três variáveis demográficas consideradas no

estudo para o Setor Público, os resultados desta dimensão também foram plotados em Box-

Plots (Apêndice VII), seguindo-se o Teste Kruskal Wallis, apresentado no Quadro 27. Com

base nos resultados, foi possível constatar que a variável demográfica “participação de capital

estrangeiro” tem influência sobre a percepção dos fornecedores diretos sobre o Setor Externo,

enquanto o “porte da empresa” e o “segmento de atuação” não geram influências

significativas a um nível de 5% de significância. Apesar disso, tanto o porte quanto o

segmento de atuação mostraram-se significantes a níveis de 5,5% e 10,7%.

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113

Quadro 27 – Teste Kruskal Wallis do Setor Externo para variáveis demográficas

Variável

Demográfica Teste

Setor

Externo

Porte da

Empresa

Teste

Estatístico 5,816

gl 2

Sig. 0,055

Participação

de capital

estrangeiro

Teste

Estatístico 8,121

gl 1

Sig. 0,004*

Segmento de

atuação

Teste

Estatístico 7,617

gl 4

Sig. 0,107

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Torna-se válido também avaliar as variáveis de cada uma das dimensões do Setor

Externo que apresentaram variação de percepção das empresas analisadas com relação ao

percentual de capital estrangeiro.

Quadro 28 – Resultado do Teste Kruskal Wallis para a variáveis do Setor Externo por PCE

Variável

Demográfica Variáveis da Pesquisa

Teste

Estatístico gl Sig.

Participação

de Capital

Estrangeiro

Cooperação com outros países 1,674 1 0,196

Importação de bens 5,484 1 0,019**

Exportação de bens 9,832 1 0,002*

Utilização de pesquisadores estrangeiros 8,667 1 0,003*

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 3,388 1 0,066

*sig. < 0,01; **sig. < 0,05

Fonte: O autor

Sendo assim, no que diz respeito ao Setor Externo, três das cinco variáveis referentes a

essa dimensão apresentaram diferenças significativas com relação ao percentual de capital

estrangeiro da empresa. São elas: “importação de bens”, “exportação de bens” e “utilização de

pesquisadores estrangeiros”. De fato, como pode ser observado na Figura 33, o

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114

relacionamento das empresas estrangeiras com o Setor Externo é mais intenso do que o

relacionamento das empresas nacionais, o que pode justificar o resultado.

Figura 33 – Médias do Setor Externo por participação de capital estrangeiro

Fonte: O autor

6.2.7 Resumo da Análise das Dimensões

De forma a resumir os resultados encontrados nos três quadros apresentados

anteriormente, foram calculadas as médias de cada uma das cinco variáveis relativas às seis

dimensões de estudo para todas as empresas que participaram do estudo. O resultado é

apresentado na Figura 34.

Figura 34 – Médias por dimensão do SNI

Fonte: O autor

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115

Utilizando o critério apresentado no capítulo 5 (Quadro 8), podemos observar que

nenhuma das dimensões do Sistema de Inovação do setor de petróleo e gás no Brasil

apresenta nível muito baixo de desenvolvimento, porém três das seis dimensões avaliadas

apresentam nível baixo de desenvolvimento, como é o caso do Sistema Financeiro, Sistema

de Educacional e Setor Externo. O Setor Público e o Sistema de C&T apresentaram um nível

médio de desenvolvimento e, finalmente, o Setor Produtivo apresentou um bom nível de

desenvolvimento.

6.2.8 Fontes de Inovação

Na última seção do questionário, pedimos para que os respondentes ordenassem – de 1

a 6, sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante – os fatores que favorecem a inovação

e geração de conhecimento. Cada um dos itens que deveriam ser classificados dizia respeito a

uma das dimensões consideradas neste estudo como componentes do SNI. A partir de então,

foram calculadas as médias, apresentadas no Quadro 29, como forma de ranquear as

dimensões do SNI em grau de importância como fonte de inovação e geração de

conhecimento.

Quadro 29 – Grau de importância das fontes de inovação do SNI

Dimensão do SNI Fontes de Inovação Grau de

Importância

Setor Produtivo

Clientes, fornecedores ou outras empresas parapetrolíferas

(especificação técnica do produto, contratos de cooperação

equipamentos, insumos etc.).

4,28

Sistema

Educacional Universidades, centros de treinamento e mão-de-obra qualificada 3,90

Sistema Financeiro Recursos financeiros e financiamentos obtidos junto a instituições

financeiras públicas e/ou privadas. 3,60

Sistema de C&T Investimentos em P&D e transferência de tecnologia – uso de

patentes, assistência técnica 3,24

Setor Público Leis e políticas públicas que facilitem a aprendizagem coletiva

dentro das fronteiras do país 3,10

Setor Externo Parcerias com empresas ou institutos de pesquisa estrangeiros 2,88

Fonte: O autor

Os resultados obtidos revelam que o Setor Produtivo é, de fato, o mais relevante para o

SNI do setor, com média 4,28, seguido pelo Setor Educacional, com média 3,90, e pelo

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Sistema Financeiro, com média 3,60. Esse resultado ressalta a importância da interação com

as diferentes empresas que fazem parte do setor para a obtenção de informações tecnológicas.

Tal resultado indica também a importância de ser preservado o papel das operadoras

como coordenadores do processo inovativo, exercido atualmente pela Petrobras. Tal aspecto

merece atenção à medida que os EPCistas estão adquirindo importância na coordenação dos

projetos do setor de petróleo e gás, sem que a questão da coordenação do processo inovativo

esteja embutida no conjunto de suas atividades (OLIVEIRA, 2008).

Outro aspecto relevante a ser destacado no quadro acima é o fato de que as atividades

de pesquisa e desenvolvimento (P&D) sejam consideradas pelos fornecedores do setor de

petróleo e gás como apenas a quarta principal fonte de conhecimento tecnológico para os,

com média 3,24. Tal resultado corrobora a afirmação de Oliveira (2008), segundo o qual a

principal fonte de conhecimentos tecnológicos dos fornecedores é o aprendizado na produção

(learning-by-doing). O fato de o aprendizado na produção aparecer como uma das principais

fontes de conhecimento é de certa forma positivo, pois indica que as firmas dedicam parte do

seu tempo de produção para adquirir informações tecnológicas. No entanto, não se podem

deixar de lado as atividades de P&D, caso contrário o conhecimento tecnológico adquirido

ficaria restrito às atividades correntes da empresa (OLIVEIRA, 2008).

Ao final do ranking, identificamos o Setor Público e o Setor Externo como as

dimensões menos relevantes do SNI, com médias 3,10 e 2,88, respectivamente. O fato de o

Setor Externo aparecer como a dimensão de menor importância no processo de inovação do

SNI de petróleo e gás é bastante curioso, à medida que, em geral, os fornecedores da indústria

desenvolvem forte interação com agentes no exterior, com o objetivo de adquirir informações

tecnológicas, tanto mediante transferência de conhecimento intra-firma, no caso das empresas

multinacionais, quanto através de contratos de permuta de conhecimento do exterior, no caso

de empresas nacionais (OLIVEIRA, 2008). Tal resultado, no entanto, pode estar atrelado às

medidas de controle do conteúdo local no fornecimento de bens e serviços do setor, que vem

sendo bastante estimulada nos últimos anos.

6. 2.9 Impedimentos à Inovação

O mesmo procedimento realizado para determinar as principais fontes de inovação do

setor de petróleo e gás também foi utilizado para identificar os principais fatores que

restringem a inovação, quando pedimos que os respondentes da pesquisa ordenassem – de 1 a

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6, sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante – os impedimentos à inovação e geração

de conhecimento. Os resultados são apresentados no Quadro 30:

Quadro 30 – Grau de importância dos impedimentos à inovação do SNI

Dimensão do SNI Impedimentos à Inovação e Geração do Conhecimento Grau de

Importância

Setor Público Leis, políticas públicas e tributação direta e indireta (ICMS,

CONFINS, Sistema REPETRO etc.) 4,24

Sistema

Educacional

Indisponibilidade de mão-de-obra especializada (experiência,

qualificação) e tempo necessário para a capacitação. 4,17

Sistema Financeiro Indisponibilidade de recursos financeiros e/ou dificuldade de

financiamento. 3,58

Sistema de C&T Deficiências na infraestrutura tecnológica do país e defasagem

tecnológica nacional. 3,45

Setor Produtivo Dificuldade de cooperação entre empresas do setor 2,79

Setor Externo Barreiras de importação/exportação com o mercado externo. 2,77

Fonte: O autor

Percebemos, com base na análise do quadro, que o Setor Público é o que estabelece as

maiores barreiras à inovação, por meio de leis, políticas públicas e tributação direta e indireta.

Com base nas médias apresenadas anteriormente para as variáveis “legislação” e

“regulamentação” e “políticas do executivo”, que foram, em geral, maiores que 3,0,

entendemos que a tributação tenha sido fator decisivo para posicionar o Setor Público como

dimensão de maior impedimento à inovação no setor. Destaca-se, neste contexto, a questão do

REPETRO, que, segundo Oliveira (2008), cria um ambiente de pouca isonomia entre as

empresas domésticas e as localizadas fora do país. O autor salienta que os problemas com

esse sistema de tributação se iniciam pelo fato de diferentes estados serem envolvidos no

fornecimento, o que gera obstáculos de diversas naturezas para a isenção do ICMS. Assim,

mesmo nas situações em que a isenção é obtida, o uso dos créditos de ICMS não é

assegurado. A segunda dificuldade apresentada pelo REPETRO seria a complexidade de sua

legislação.

Outro fator de destaque no impedimento à inovação no setor de petróleo e gás é a

indisponibilidade de mão-de-obra especializada. Este resultado era esperado, com base nas

médias obtidas quando avaliamos anteriormente as diferentes variáveis constituintes do

Sistema Educacional. As respostas obtidas apontaram como fatores críticos para essa

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dimensão a indisponibilidade de mão-de-obra nos diferentes níveis de escolaridade,

caracterizando um baixo nível de desenvolvimento no Brasil para essa dimensão.

Na sequência, aparecem como impedimentos à inovação o Setor Financeiro

(indisponibilidade de recursos e/ou dificuldade de financiamento), com média 3,58 e o Setor

de Ciência e Tecnologia (deficiência na infraestrutura tecnológica do país e defasagem

tecnológica nacional), com média 3,45.

A dificuldade de cooperação entre as empresas no setor aparece como um dos

impedimentos menos relevantes ao setor, com média 2,79. Este resultado era esperado, dado

que, conforme discutido anteriormente, a interação com as diferentes empresas é recorrente

no setor para a obtenção de informações tecnológicas.

Finalmente, o Setor Externo aparece como a dimensão de menor impedimento à

inovação, à medida que, segundo os respondentes da pesquisa, as barreiras à importação e

exportação não são os maiores impedimentos à geração de conhecimento. Esse resultado pode

ser positivo pelo lado da aceleração da capacitação tecnológica no país, mas negativo por uma

perspectiva de desenvolvimento com base em expertise nacional. Nesse sentido, não se pode

ignorar a importância da abertura da economia brasileira como instrumento de estímulo à

maior capacitação tecnológica da indústria brasileira. Deve-se, entretanto, tomar cuidado com

a velocidade e o grau de abertura adequado, temas que deveriam ser objeto de estudos

permanentes por parte do governo brasileiro (MARZANI, FURTADO e GUERRA, 2003).

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7 RESUMO E CONCLUSÕES

O setor de petróleo e gás no Brasil encontra-se diante de uma grande oportunidade e,

ao mesmo tempo, de um desafio histórico. Como pudemos observar ao longo do estudo, as

atividades relacionadas à extração de hidrocarbonetos no país, especialmente no segmento

offshore, vêm crescendo de forma acelerada, criando condições para que o parque de

fornecedores da cadeia de petróleo e gás se desenvolva e se consolide como supridor

competitivo nacional.

As empresas parapetrolíferas são tidas como difusoras de progresso técnico no setor e,

com relação às inovações de produto no mercado nacional, como grandes fontes de inovação

para o setor de petróleo e gás (BAIN & COMPANY e TOZZINI FREIRE ADVOGADOS,

2009; PROMINP, 2008a). Tais empresas esbarram, entretanto, em certas limitações que

inibem a aceleração do processo de inovação no país.

O objetivo do presente estudo foi analisar o SNI de petróleo e gás e identificar os

aspectos mais desenvolvidos e os fatores limitadores da atuação das empresas fornecedoras da

cadeia de petróleo no Brasil, traçando uma avaliação dos principais aspectos de um construto

teórico, elaborado com base na literatura de Sistemas Nacionais de Inovação, baseado na

premissa de que compreender os enlaces entre os atores envolvidos na inovação é a chave

para melhorar o desempenho da utilização da tecnologia.

Nesse contexto, as dificuldades e facilidades das empresas parapetrolíferas foram aqui

avaliadas na perspectiva de Barbosa (2005), que entende a participação das empresas em um

sistema nacional de inovação como se manifestando em seis dimensões da empresa: (i) com

outras empresas; (ii) com o Setor Público; (iii) com o Sistema de C&T; (iv) com o Sistema de

Educação; (v) com o Sistema Financeiro; e (vi) com o Setor Externo.

Os resultados desta pesquisa permitiram identificar que o Setor Produtivo brasileiro

parece estar equipado para responder aos desafios impostos pelo crescimento do setor de

petróleo e gás no país, no entanto ainda existem lacunas no SNI que necessitem ser

preenchidas. Os principais aspectos que devem ser mais bem trabalhados em cada sistema e

os pontos de maior destaque dentro da pesquisa realizada são apresentados a seguir.

7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA

Os resultados da pesquisa quantitativa realizada nos levam a propor um novo esquema

conceitual que sintetize o funcionamento do SNI, segundo a percepção das empresas

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parapetrolíferas. O esquema apresentado na Figura 35 visa representar, após a análise das

seções anteriores, como tais empresas percebem o Sistema Nacional de Inovação, com base

na importância das diferentes dimensões constituintes e nas dificuldades impostas por cada

uma delas.

Nesse contexto, as empresas fornecedoras aparecem no centro do esquema, por serem

de fundamental importância para o funcionamento do Sistema Nacional de Inovação,

consistindo também no foco deste estudo. Tais empresas podem ser divididas em cinco

segmentos: Informação de Reservatórios (IR), Perfuração de Poços (PP), Revestimento e

Completação (RC), Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM).

Figura 35 – Importância dos relacionamentos das empresas fornecedoras no SNI no setor de petróleo e

gás

Fonte: O autor

Conforme retratado anteriormente neste trabalho, as empresas atuantes no SNI do

setor de petróleo e gás estabelecem relação com as seis dimensões propostas neste estudo:

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Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema Educacional, Sistema Financeiro e

Setor Externo.

O Setor Produtivo é aquele formado por empresas operadoras de poços de petróleo e

fornecedoras diretas, que atuam tanto no desenvolvimento de equipamentos e estruturas

quanto na produção propriamente dita. O Sistema de C&T aparece no esquema como uma

dimensão responsável pelos esforços de P&D no contexto nacional e o Sistema Educacional,

formado por universidades e institutos de capacitação, fornece os recursos intelectuais

necessários à indústria. O Setor Público aparece como o principal responsável por

desenvolver regras e ações de suporte à inovação e de direito à propriedade intelectual,

criando também condições para que se desenvolva o SNI no setor de petróleo e gás.

Finalmente, o Sistema Financeiro e o Setor Externo também surgem no esquema como

criadores de condições para o funcionamento do SNI, sendo o primeiro um agente financiador

e criador de regras para financiamento e o segundo desenvolvedor de incentivos

internacionais.

De forma gráfica, as dimensões foram representadas com diferentes tamanhos,

conforme o grau de importância atribuído a estas na seção 3 da pesquisa. Assim, o Setor

Produtivo é tido como a dimensão de maior importância, seguido pelo Sistema Educacional e

pelo Sistema Financeiro. Ainda, foram atribuídas cores às diferentes dimensões, de acordo

com o nível de desenvolvimento observado a partir das médias obtidas na pesquisa. Desta

forma, quanto mais escura for a dimensão, maior seu grau de maturidade, segundo a

percepção das empresas parapetrolíferas, no desenvolvimento da inovação do setor. As setas

pontilhadas indicam que existe diferença de percepção sobre as dimensões Sistema de C&T,

Sistema Financeiro e Setor Externo com relação às variáveis demográficas relacionadas ao

porte (Sistema C&T e Sistema Financeiro) e à participação de capital estrangeiro (Sistema de

C&T, Sistema Financeiro e Setor Externo).

7.2 PRINCIPAIS ASPECTOS LIMITADORES DAS DIMENSÕES ANALISADAS

Esta seção busca apresentar as principais dificuldades (aspectos limitadores) das

dimensões do SNI do setor de petróleo e gás, com base na percepção das empresas

parapetrolíferas. Nesse contexto, apresentaremos também algumas recomendações de

natureza prática, organizadas a partir de percepções e reflexões com base na literatura e nos

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resultados da pesquisa quantitativa aplicada, podendo contribuir, futuramente, para dinamizar

os relacionamentos dentro do Sistema de Inovação Brasileiro.

O Sistema Educacional é possivelmente o maior problema no país, sendo também a

dimensão pior avaliada dentro da pesquisa, com quase todos os aspectos com baixo nível de

desenvolvimento. As principais deficiências identificadas aqui se relacionam à baixa

disponibilidade de mão-de-obra, tanto operacional como em nível superior ou com pós-

graduação na área tecnológica. Tais resultados permitem-nos, portanto, perceber que

oportunidades para realizar desenvolvimento tecnológico no país podem ser perdidas em

função da formação acadêmica principiante da força de trabalho.

O Sistema de C&T é considerado dimensão central em diversos modelos de SNI. No

caso do setor de petróleo e gás, no entanto, as atividades voltadas para P&D não são

consideradas a principal fonte de conhecimento tecnológico da indústria. O que realmente

movimenta a inovação no SNI – segundo a percepção das empresas fornecedoras do setor de

petróleo e gás – é o learning-by-doing. O fato de o aprendizado na produção aparecer como

uma das principais fontes de conhecimento é vantajoso por um lado, já que indica que as

firmas dedicam parte do seu tempo de produção para desenvolver novas tecnologias, porém a

falta de investimento em atividades de pesquisa pode fazer com que o conhecimento

tecnológico fique restrito às atividades correntes da empresa. Na pesquisa realizada, o Sistema

de C&T apresentou nível médio de desenvolvimento, havendo espaço para evoluções nas

relações entre empresas e institutos de pesquisa. Ainda, os resultados da pesquisa indicam que

o papel das empresas no registro de patentes e publicações científicas ainda não se encontra

em nível adequado.

Nesse sentido, pode ser estabelecido estímulo especial para a instalação de

laboratórios de P&D e para a formulação de projetos que envolvam fornecedores. Um esforço

bastante relevante está sendo realizado com o objetivo de aumentar a participação e

capacitação da indústria nacional no segmento EPC no Brasil. O Centro de Excelência em

EPC (CE-EPC) – fundado em 2008 – é um exemplo disso, já que tem como meta levar a

indústria da cadeia de EPC brasileira a um estágio de competitividade internacional, contando

com a participação de universidades e centros de pesquisa brasileiros (REVISTA

PETROBRAS, 2009). O foco do CE-EPC é aumentar a competitividade da indústria nacional

na implantação de contratos EPC de instalações de óleo e gás, por meio do aporte de:

melhores práticas de gestão, tecnologia de ponta na elaboração das atividades, formação de

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pessoal e identificação de oportunidades e recomendação para modernização da infraestrutura

existente (PROMINP, 2006).

Ainda com relação ao Sistema de C&T, pode-se intensificar a relação entre as

empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás e a infraestrutura tecnológica existente no

país. O estreitamento desses laços é fundamental, pois o desenvolvimento de atividades de

pesquisa em universidades e centros de pesquisa por si só, sem o envolvimento empresarial,

pode não ser suficiente para gerar uma dinâmica de inovação.

O Sistema Financeiro tem papel determinante no ritmo do desenvolvimento

tecnológico de um país, especialmente em atividades realizadas pelo setor de petróleo e gás,

que exige dispêndios consideráveis em todos os seus segmentos. Nesta pesquisa, entretanto, o

Sistema Financeiro apresentou baixo nível de desenvolvimento nos aspectos analisados,

principalmente por conta da percepção negativa das empresas de pequeno e médio porte. Isto

porque, de fato, as empresas de grande porte obtêm financiamentos de forma mais fácil do

que as demais empresas do SNI. Com relação às formas de financiamento praticadas no setor,

o financiamento privado foi mais frequentemente observado. De forma geral, as agências

governamentais de financiamento à inovação tecnológica não foram consideradas bem

preparadas para ação no setor e os bancos de fomento à inovação também não foram muito

bem avaliados pelas empresas.

Com relação ao Setor Público, o principal problema identificado foi a questão

tributária, capaz de inibir a competitividade na indústria. Faz-se necessário, portanto, existir

uma igualdade de condições em termos de carga tributária para que as empresas nacionais

possam competir com os fornecedores externos, na busca de um fortalecimento da indústria

nacional. Além disso, as políticas de inovação – determinantes no processo de evolução de

qualquer nação em termos tecnológicos – ainda podem ser desenvolvidas, bem como o

sistema de patenteamento existente no país, que pode ser considerado ainda muito lento e

ineficiente para os padrões mundiais.

Apesar de constituir a dimensão mais desenvolvida do SNI analisado, o Setor

Produtivo também apresenta alguns aspectos que podem ser melhorados no contexto do setor

de petróleo. Assim, uma maior aproximação das empresas, especialmente as produtoras de

tecnologia, de seus parceiros e concorrentes no processo inovativo ainda pode ser

desenvolvida, agregando suas capacitações e seus recursos e gerando maior transmissão de

conhecimento no SNI do setor de petróleo e gás.

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Finalmente, com relação ao Setor Externo foi identificado grande desbalanceamento

entre importações e exportações. Enquanto o volume de importações mantém-se relevante

para o setor, as exportações são quase insignificantes dentre as empresas fornecedoras da

cadeia de petróleo e gás, sendo muito mais representativas nas empresas estrangeiras. Essa

situação pode ser explicada, em parte, por conta de alguns obstáculos colocados aos

fornecedores nacionais, tais como a heterogeneidade competitiva da indústria e o papel da

indústria naval no Brasil, que praticamente parou por vários anos no país. Nesse sentido, as

políticas industriais hoje devem estar voltadas para aumentar a competitividade das empresas

brasileiras e a sua inserção internacional através do aumento das exportações e a substituição

competitiva das importações. Ainda, é preciso criar canais para a entrada dos fornecedores

domésticos nos mercados externos, tarefa que exige das associações empresariais um papel

ativo na identificação de mercados potenciais, inclusive apoiando-se nas unidades de negócio

da Petrobras no exterior.

7.3 FATORES MAIS DESENVOLVIDOS DAS DIMENSÕES ANALISADAS

Esta seção busca apresentar as principais facilidades (fatores mais desenvolvidos) das

dimensões do SNI do setor de petróleo e gás, com base na percepção das empresas

parapetrolíferas.

Nesse contexto, o Setor Produtivo foi o fator melhor analisado na pesquisa, cujo

desempenho está diretamente relacionado ao grau de cooperação do setor. De fato, a indústria

fornecedora da cadeia de petróleo e gás no país apresenta cooperação relevante com outras

empresas e esse pode ser o principal fator explicativo da inovatividade desse tipo de indústria.

Este resultado pode ser explicado também pelo papel da Petrobras no SNI, que adota termos

de cooperação com os fornecedores como mecanismo de coordenação e formação de sua rede.

Além disso, com base na revisão de literatura realizada neste estudo, podemos concluir que

nosso parque industrial é diversificado e há clara disposição das empresas para investir na

ampliação de capacidade instalada.

As médias obtidas na pesquisa ao Setor Público classificam esta dimensão como de

médio desenvolvimento no contexto do setor de petróleo e gás. Este resultado pode ser

atribuído, em parte, ao papel das políticas públicas estabelecidas a partir de projetos do

Prominp, que agem em benefício da cadeia de fornecedores da indústria.

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Já no Sistema de C&T, como pontos de maior destaque pode ser destacada a parceria

com centros de pesquisa e universidades, o que propicia uma maior transmissão de

conhecimento e, por consequência, tem impacto positivo no processo de desenvolvimento do

SNI do setor de petróleo e gás no Brasil.

7.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A pesquisa desenvolvida tem apenas caráter exploratório, não tendo objetivo algum de

ser definitiva na análise do Sistema Nacional de Inovação do setor de petróleo e gás. Nesse

sentido, algumas limitações são apresentadas pelo estudo. Primeiramente, existe uma

disparidade entre o número de respondentes dos segmentos avaliados: as empresas

respondentes dos segmentos de Infraestrutura (IE) e Produção e Manutenção (PM)

representaram mais da metade dos respondentes. Apesar de estas representarem maior número

também no Cadastro da ONIP, de onde os contatos foram extraídos, uma melhor distribuição

dos grupos respondentes seria conveniente para comparação das visões apresentadas no

estudo. Mais especificamente, seria interessante aumentar o número de empresas

respondentes para o segmento de Perfuração de Poços (PP).

Outra limitação da pesquisa foi o método de avaliação utilizado. Uma análise

qualitativa dos sistemas, mais voltada para as instituições, talvez pudesse apresentar

problemas mais específicos de cada dimensão, além dos baseados na literatura já existente.

Podemos citar ainda como limitação do estudo o recorte nela realizado, que se propôs

a avaliar somente a fração upstream do setor de petróleo e gás nacional, não engloba todas as

atividades desenvolvidas no setor. Os segmentos de refino e distribuição, por exemplo, que

fazem parte da segmentação downstream do SNI, também são de grande importância e

poderiam ser considerados para uma análise mais concreta.

Finalmente, é importante destacar o fato de que esta pesquisa está presa a um período

histórico, podendo não ser mais válida como resultado de avaliação do SNI no setor de

petróleo e gás para os próximos anos, o que gera necessidade de novas pesquisas.

7.5 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

A necessidade de novas pesquisas complementares a esta pode ser cogitada,

principalmente através dos resultados obtidos. De fato, o levantamento feito aqui neste

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trabalho é bastante geral e, para termos uma melhor noção de ações pontuais a serem tomadas

no modelo proposto neste trabalho, novas pesquisas devem ser realizadas.

Em primeiro lugar, podem ser realizados estudos específicos de cada uma das

dimensões apresentadas (Setor Produtivo, Setor Público, Sistema de C&T, Sistema

Educacional, Sistema Financeiro e Setor Externo), fazendo com que as deficiências aqui

citadas sejam mais bem compreendidas e que as ações propostas sejam mais bem

direcionadas.

Pode ser válida a utilização, em pesquisas futuras, do mesmo framework de análise

para outras nações, estabelecendo comparações entre países ou regiões econômicas. Ainda, o

framework utilizado nesta pesquisa pode ser adaptado para aplicação em outros setores da

indústria nacional.

Finalmente, podem ser realizadas pesquisas de caráter mais qualitativo, como estudos

de caso de instituições/empresas atuantes no setor, que poderão, futuramente, auxiliar no

entendimento das relações entre os fluxos estabelecidos dentro do SNI.

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APÊNDICES

APÊNDICE I – PRINCIPAIS ASPECTOS A SEREM ANALISADOS POR DIMENSÃO DO SNI

Dimensão

do SNI Aspectos a serem analisados Autores

Setor

Produtivo

Aquisição de tecnologia de outras empresas Lundvall (1988), Lundvall (2001)

Redes industriais de conhecimento

Tidd, Bressant e Pavit (1997),

Silvestre e Dalcol (2007),

Figueiredo (2003)

Parcerias com operadoras Dantas (1999), Oliveira (2008)

Parcerias com outras empresas parapetrolíferas Dantas (1999), Oliveira (2008)

Parcerias com empresas fornecedoras Dantas (1999), Oliveira (2008)

Setor

Público

Legislação List (1841), BNDES (2010),

REPETRO (2011)

Regulamentação Barbosa (2005), ANP (2001a)

Políticas do Executivo Furtado (1997)

Atuação do Prominp Prominp (2011), Pellegrin (2005)

Propriedade intelectual BNDES (2010)

Sistema de

Ciência e

Tecnologia

Pesquisa básica e aplicada OECD (1997), Bartholomew

(1997)

Parcerias com centros de pesquisa de

universidades Freeman e Soete (1997)

Parcerias com institutos públicos de pesquisa Freeman e Soete (1997)

Atuação do INPI INPI (2011)

Registro de patentes e publicações científicas Arundel (2003), Ross et al. (2005)

Sistema

Educacional

Mão-de-obra técnica Suslick e Iatchuk (2006)

Mão-de-obra de ensino superior IPEA (2011), Rapini et al. (2009),

FINEP (2006)

Mão-de-obra com pós-graduação Rapini et al. (2009), Suslick e

Iatchuk (2006)

Instituições de capacitação do setor de petróleo e

gás Suzigan e Albuquerque (2008)

Programas do governo de capacitação de mão-de-

obra

Gall (2011), Suslick e Iatchuck

(2006), Lundvall (2007)

Sistema

Financeiro

Programas de Financiamento FINEP (2011), Pellegrin (2005)

Financiamento público Tironi (2005), Pellegrin (2005)

Financiamento privado Tironi (2005), IBGE (2010),

OECD (1999)

Financiamento por meio do mercado de capitais Tironi (2005)

Agências de financiamento voltadas para

inovação FINEP (2011)

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139

Setor

Externo

Cooperação com outros países

OECD (1997), Lundvall (2011),

Mansfield (1988), Hikina e

Amsden (1994)

Importação de matéria-prima, bens de capital e

insumos de alta tecnologia IPEA (2010)

Exportação de matéria-prima, bens de capital e

insumos de alta tecnologia IPEA (2010)

Utilização de pesquisadores estrangeiros Gall (2011), Santos (2008)

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior Gall (2011), Santos (2008)

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140

APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA QUANTITATIVA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

PESQUISA SOBRE O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO DO SETOR DE

PETRÓLEO E GÁS

O Instituto COPPEAD de Administração está desenvolvendo um estudo sobre a atuação das

empresas fornecedoras do segmento upstream no Sistema Nacional de Inovação do Setor de

Petróleo e Gás.

Essa pesquisa está sob orientação do Professor Cesar Gonçalves e possui fins exclusivamente

acadêmicos. Todas as informações fornecidas serão consideradas estritamente confidenciais e

tratadas sempre de forma agregada.

Este questionário é composto de 3 perguntas preliminares e 32 sentenças relacionadas a

atitudes, procedimentos, atividades e recursos que buscam caracterizar a forma como a sua

empresa está inserida no setor de Petróleo e Gás brasileiro. Para submeter suas respostas,

clique no botão localizado ao final de cada bloco de sentenças. Caso prefira continuar o

questionário mais tarde, é possível sair da página e retomar de onde parou. Basta apenas

acessar o link recebido por e-mail do mesmo computador, onde as respostas dadas ficam

armazenadas.

Agradecemos desde já pelo seu tempo e cooperação.

Frederico Hanna [email protected]

[email protected]

Departamento de Operações, Tecnologia e Logística

Instituto COPPEAD de Administração

SEÇÃO 1 – PERGUNTAS PRELIMINARES

A. Porte da empresa, com relação à Receita Operacional Bruta (ROB) anual:

( ) Microempresa ROB menor ou igual a R$ 2,4 milhões

( ) Pequena Empresa ROB maior do que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões

( ) Média Empresa ROB maior do que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões

( ) Média-Grande Empresa ROB maior do que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões

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141

( ) Grande Empresa ROB maior do que R$ 300 milhões

B. Participação de capital estrangeiro na empresa:

( ) 0% a 24%

( ) 25% a 50%

( ) 51% a 100%

C. Segmento principal da indústria de petróleo e gás ao qual a empresa pertence:

( ) Informação de reservatórios Levantamento e processamento de informações marítimas e geofísicas

( ) Perfuração de poços Fabricação de materiais e realização de serviços de perfuração em poços de

petróleo

( ) Revestimento e completação Fabricação, manutenção e operação de equipamentos e materiais de

completação e estimulação de poços

( ) Infraestrutura Projeto, suprimento, construção e montagem de plataformas de pefuração e

produção

( ) Produção e manutenção Fabricação, manutenção e operação de equipamentos de superfície e

submarinos

SEÇÃO 2 – SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO

Para cada uma das sentenças, atribua graus de concordância de 1 a 6 – sendo 1 discordo

totalmente e 6 concordo totalmente – às informações apresentadas.

SEÇÃO 2.1 – SETOR PRODUTIVO BRASILEIRO

1. A aquisição de tecnologia de outras empresas brasileiras, com contratação de serviços de

assistência técnica e com pagamento de royalties, é fundamental para a sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

2. A associação a redes industriais de conhecimento, nas quais o interesse é focado mais na

troca de conhecimento do que em trocas comerciais, é importante para a garantia da

competitividade da sua empresa no longo prazo.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

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3. A realização de parcerias com operadoras de poços de petróleo (Petrobras, Chevron,

Shell etc.) no desenvolvimento ou melhoria de produtos/processos é importante para as

atividades de inovação da sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

4. A realização de parcerias com outras empresas parapetrolíferas (fornecedoras de bens e

serviços relacionados ao setor de petróleo e gás) no desenvolvimento ou melhoria de

produtos/processos é importante para as atividades de inovação da sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

5. A realização de parcerias com fornecedoras da sua empresa no desenvolvimento ou

melhoria de produtos/processos é importante para as atividades de inovação da sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

SEÇÃO 2.2 – SETOR PÚBLICO BRASILEIRO

6. Os mecanismos legais instituídos pelo Setor Público (como a Obrigatoriedade de

Certificação de Conteúdo Local) e o regime tributário vigente incentivam a política de

desenvolvimento do setor e, consequentemente, da sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

7. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) possui uma

ação de regulação estável, garantindo o equilíbrio competitivo e econômico do setor de

petróleo e gás, no qual a sua empresa está inserida.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

8. As políticas do Poder Executivo para o setor de petróleo e gás (Capacitação de

Fornecedores, Financiamento de Pesquisas, Formação de Pesquisadores etc.) são eficazes e

influenciam positivamente a atuação da sua empresa no mercado.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

9. As politicas públicas estabelecidas a partir de projetos do PROMINP (Plano Nacional

de Qualificação Profissional, Criação de Centros de Excelência e Redes de Cooperação etc.)

são eficazes e agem em benefício da cadeia de fornecedores do setor de Petróleo e Gás

brasileiro.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

10. O país faz valer em seu território as leis (Lei da Inovação, Lei do Bem etc.) que preservam

a propriedade intelectual da empresa e de seus pesquisadores, incentivando as atividades

inovativas da sua empresa.

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143

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

SEÇÃO 2.3 – SISTEMA BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

11. A infraestrutura dos centros de pesquisa nacionais (como o CENPES) supre a demanda de

desenvolvimento de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada da empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

12. A qualidade dos centros de pesquisa de universidades do país (COPPE/UFRJ etc.)

estimula o desenvolvimento de parcerias da sua empresa com tais instituições em atividades

de desenvolvimento (ou melhoria) de produtos e/ou processos.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

13. A qualidade dos institutos públicos de pesquisa (IPT - Instituto de Pesquisas

Tecnológicas - etc.) estimula o desenvolvimento de parcerias da sua empresa com tais

instituições em atividades de desenvolvimento ou melhoria de produtos e/ou processos.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

14. O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) cria um sistema de Propriedade

Intelectual que estimula a inovação no setor de Petróleo e Gás.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

15. O registro de patentes e as publicações científicas são estimulados na sua empresa para

manter a competitividade no setor de Petróleo e Gás.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

SEÇÃO 2.4 – SISTEMA BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO

16. O governo investe os recursos necessários no ensino primário e secundário, criando

condições de disponibilidade e de desenvolvimento de técnicos (ensino médio) para o setor

de Petróleo e Gás.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

17. Os investimentos no ensino superior são suficientes para disponibilizar quantidade

suficiente de profissionais de nível superior que atuarão no setor de Petróleo e Gás (e na sua

empresa).

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

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144

18. A sua empresa adquire, sem dificuldades, empregados com mestrado e/ou doutorado em

área tecnológica.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

19. O Brasil possui instituições de treinamento industrial (com o SENAI) competentes e

diversificadas para atender à demanda do setor de Petróleo e Gás nacional e da sua empresa

com qualidade.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

20. Alguns esforços governamentais voltados para o desenvolvimento de recursos

humanos (como o PROMINP, o PRONATEC, o E-Tec etc.) são eficazes e influenciam

positivamente a disponibilidade de mão-de-obra qualificada no setor.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

SEÇÃO 2.5– SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO

21. Os programas de financiamento do Governo (Antecipação de Recebíveis – do

PROMINP –, Progredir – da Petrobras –, BNDES petróleo e gás etc.) viabilizam o

investimento no setor através de crédito.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

22. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento

de produtos/processos quando recorre ao Setor Público (BNDES, Bancos de

Desenvolvimento etc.).

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

23. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento

de produtos/processos quando recorre ao setor bancário privado.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

24. A sua empresa obtém facilmente recursos financeiros para melhoria ou desenvolvimento

de produtos/processos quando recorre ao mercado de capitais.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

25. No país, existem agências de financiamento especializadas no investimento das

atividades de inovação tecnológica da sua empresa (FINEP, etc.) que suprem a necessidade da

sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

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SEÇÃO 2.6– SETOR EXTERNO

26. Parcerias de cooperação com outros países beneficiam o desenvolvimento ou melhoria

de produtos e/ou processos da sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

27. Sua empresa importa matérias-primas, bens de capital ou insumos de alta tecnologia

(aqueles derivados de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada) do exterior de forma

recorrente.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

28. Sua empresa exporta matérias-primas, bens de capital ou insumos de alta tecnologia

(aqueles derivados de atividades de pesquisa básica e/ou aplicada) para o exterior de forma

recorrente.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

29. A utilização de pesquisadores estrangeiros é um fator que contribui para a geração de

inovação na sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

30. O envio de pesquisadores nacionais para outros países é um fator que contribui para a

geração de inovação na sua empresa.

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6

SEÇÃO 3 – ANÁLISE DOS ASPECTOS GERAIS

A. Ordene, de forma crescente (sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante), os fatores

que favorecem a inovação para a sua empresa dentro do setor brasileiro de petróleo e gás:

( ) Clientes, fornecedores ou outras empresas parapetrolíferas (especificação

técnica do produto, contratos de cooperação equipamentos, insumos etc.).

( ) Leis e políticas públicas que facilitem a aprendizagem coletiva dentro das

fronteiras do país

( ) Investimentos em P&D e transferência de tecnologia – uso de patentes,

assistência técnica

( ) Universidades, centros de treinamento e mão-de-obra qualificada

( ) Recursos financeiros e financiamentos obtidos junto a instituições financeiras

públicas e/ou privadas.

( ) Parcerias com empresas ou institutos de pesquisa estrangeiros

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146

B. Ordene, de forma crescente (sendo 1 o menos importante e 6 o mais importante), os

seguintes impedimentos à inovação e geração de conhecimento:

( ) Dificuldade de cooperação entre empresas do setor

( ) Leis, políticas públicas e tributação direta e indireta (ICMS, CONFINS,

Sistema REPETRO etc.)

( ) Deficiências na infraestrutura tecnológica do país e defasagem tecnológica

nacional.

( ) Indisponibilidade de mão-de-obra especializada (experiência, qualificação) e

tempo necessário para a capacitação.

( ) Indisponibilidade de recursos financeiros e/ou dificuldade de financiamento.

( ) Barreiras de importação/exportação com o mercado externo.

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APÊNDICE III – FILTROS PARA A SELEÇÃO DAS PESQUISAS (CADASTRO ONIP)

INFORMAÇÃO DE RESERVATÓRIOS

SERVIÇOS

o Serviços Técnicos Especializados

Levantamento e Processamento de Aerolevantamento

Levantamento e Processamento de Batimetria (correntes, marés, ondas e medições por

radioisótopos)

Levantamento e Processamento de Batimetria, Varredura Lateral, Sísmica Rasa e

Amostragem Superficial do Fundo do Mar

Levantamento e Processamento de Posicionamento Marítimo

Levantamento e Processamento de Sensoriamento Remoto

Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico

Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico Convencional

Levantamento e Processamento Geodésico e Topográfico por Satélites

Levantamento Sísmico Marítimo.

Levantamentos Geofísicos e Perfuração Geotécnica com afretamento de embarcações;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) de Outros Métodos Geofísicos;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Gravimetria Aérea;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Gravimetria;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Magnetometria Aérea;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Magnetometria;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Marítima

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Terrestre de Reflexão;

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica Terrestre de Refração

Mapeamento e Interpretação (Processamento) Geofísica - Sísmica;

PERFURAÇÃO DE POÇOS

MATERIAIS

o Materiais de Perfuração para Cabeça de Poço Submarino

o Materiais de Perfuração para Uso em Cabeça de Poço de Superfície

o Acessórios para Coluna de Perfuração de Poços de Petróleo

o Brocas e Alargadores para Perfuração de Poços de Petróleo

SERVIÇOS

o Perfuração de Poços de Petróleo

o Serviços com Sondas de Produção em Poços de Petróleo e Correlatos

REVESTIMENTO E COMPLETAÇÃO

MATERIAIS

o Materiais de Completação

SERVIÇOS

o Manutenção e Operação de Equipamentos e Materiais de Completação, Restauração e

Estimulação de Poços

Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação - Assistência Técnica

Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação - Operação com Fluídos Aerados

Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Estocagem e Carregamento de Materiais

Sólidos a Granel (inclusive cimento)

Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Manutenção de Equipamentos de Fluídos

Serviços de Fluídos de Perfuração e Completação; Manutenção e Operação de Unidades de

Filtração de Fluído de Completação

Manutenção/Reparo de "Riser" de Completação

Manutenção/Reparo de Árvore de Natal Convencional

Manutenção/Reparo de Arvore de Natal Molhada, Suspensor de Coluna, Ferramentas

Associadas, "Terminal Head" e BOP de "Workover"

Manutenção/Reparo de Camisa Deslizante "Sliding Sleeve"

Manutenção/Reparo de Carretel ou Bobina para Umbilical.

Manutenção/Reparo de Controle Hidráulico de ANM e Correlatos

o Assistência Técnica de Completação, Restauração, Estimulação e Pescaria em Poços de Petróleo

e Correlatos

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INFRAESTRUTURA

SERVIÇOS

o Construção, Manutenção e Reparo Naval

PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO

MATERIAIS

o Equipamentos de Produção para Cabeça de Poço Submarino

o Equipamentos de Produção para Cabeça de Poço de Superfície

o Equipamentos de Propulsão

o Equipamentos de Controle Remoto p/ Operação Submarina e Componentes

SERVIÇOS

o Manutenção/Reparo de Ferramentas de Veículo de Operação Remota (ROV) e Correlatos

o Manutenção/Reparo de Ferramentas para Operação com Unidades de Arame

o Manutenção/Reparo de Guincho de Arame e Cabo

o Manutenção/Reparo de Junta de Expansão e Separação Selante (TSR) e Receptáculo Polido

Selante (PBR)

o Manutenção/Reparo de Mangueira de Aço, tipo "Chiksan"

o Manutenção/Reparo de Motores a Diesel de Unidades Móveis ou Portáteis de Operação com

Arame "Wireline"

o Manutenção/Reparo de Obturador Duplo Recuperável para Bombeio Centrífugo Submerso-BCS

o Manutenção/Reparo de Obturadores Recuperáveis Hidráulico, Hidrostático, Mecânico e de

"Gravel Packing"

o Manutenção/Reparo de Preventor de Erupção de Superfície (BOP)

o Manutenção/Reparo de Preventor de Erupção Submarino (BOP Submarino)

o Manutenção/Reparo de Umbilical de Sistemas de Controle Hidráulico

o Manutenção/Reparo de Válvulas de Segurança de Subsuperfície (DHSV)

o Obtenção de Permissões para Levantamentos Sísmicos com Avaliação de Danos

o Operação com "Sonolog" e Dinamômetro em Poços de Petróleo e Correlatos

o Operação de ROV

o Operações de Instalações de Superfície para Testes de Formação / Produção, Operações com

Árvores Submarinas de Teste de Operações Correlatas

o Perfilagem de Produção

o Perfilagem Elétrica, Acústica, Radioativa e Geométrica

o Inspeção Eletromagnética, Limpeza e Testes em Tubos, Comandos, Subs, Hastes de Bombeio e

outras Ferramentas Tubulares de Perfuração e Produção - Marítimo

o Inspeção Eletromagnética, Limpeza e Testes em Tubos, Comandos, Subs, Hastes de Bombeio e

outras Ferramentas Tubulares de Perfuração e Produção - Terrestre

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Gas Lift); Válvulas de Pé; Niples de

Assentamento de Válvulas de Pé;

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Moto-Gerador ou Turbo-Gerador) de

Bombeio Centrífugo Submerso-BCS

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial (Transformador para Bombeio Centrífugo

Submerso-BCS);

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Bombeio de Cavidade Progressiva-BCP

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Bombeio Mecânico - Unidade de

Bombeio

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Mandril de "Gas Lift"

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial - Válvulas de "Gas Lift"

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial de Produção (Intermittor Gas Lift; Bean and

Choke);

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS; Cabo

Chato, "Pot head", Cabo Elétrico de Subsuperfície, Mandril Elétrico e "Pigtail"

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS;

Motor, Bomba, Protetor e Separador

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Centrífugo Submerso-BCS;

Quadro de Comando e Caixa de Junção

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Mecânico; Bomba Alternativa de

Subsuperfície, Válvula de Pé e "Stuffing Box" de Bombeio

o Manutenção de Equipamentos de Elevação Artificial; Bombeio Mecânico; Haste de Bombeio

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APÊNDICE IV – CARTA CONVITE ENVIADA ÀS EMPRESAS

Carta nº1 – Solicitação de dados do respondente

Prezado(a),

Sou mestrando e pesquisador do Instituto COPPEAD/UFRJ e estou desenvolvendo uma

pesquisa sobre a participação das empresas fornecedoras de bens e serviços do setor de

petróleo e gás no Sistema Nacional de Inovação.

Preciso do contato de um Diretor da empresa, um Gerente da área funcional

Produção/Operação ou um Gerente da área de Tecnologia da sua empresa. Para tanto, solicito

que me informe o nome, e-mail e um telefone do contato para que eu possa explicar o

objetivo da pesquisa.

Certo de sua colaboração, agradeço a atenção.

Atenciosamente,

Frederico Hanna

Pesquisador COPPEAD/UFRJ

(21) 9274-3188

[email protected]

[email protected]

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150

APÊNDICE V – CONVITE À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA

Carta nº2 – Convite à Participação na Pesquisa

Prezado (a) senhor (a) <nome do executivo>,

O Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro solicita

sua participação na pesquisa "Sistemas Nacionais de Inovação: O Caso da Indústria de

Petróleo e Gás no Brasil". A pesquisa está sendo conduzida pelo pesquisador Frederico

Hanna, orientado pelo Prof. Dr. Cesar Gonçalves Neto.

O objetivo da pesquisa é investigar as principais facilidades e dificuldades das empresas

fornecedoras de bens e serviços de petróleo no Sistema Nacional de Inovação.

Para participar da pesquisa, por favor, clique no link: <link> e preencha o formulário nele

contido.

Desde já agradecemos sua colaboração.

Atenciosamente,

Frederico Hanna

Pesquisador COPPEAD/UFRJ

(21) 9274-3188

[email protected]

[email protected]

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151

APÊNDICE VI – RESULTADOS DA ANÁLISE DESCRITIVA

MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR PORTE DA EMPRESA

Aspectos Analisados Pequeno Médio Grande

Setor Produtivo

Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,76 2,92 2,59

Redes industriais de conhecimento 4,29 4,38 3,93

Parcerias com operadoras 4,80 4,67 4,44

Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,76 4,50 4,11

Parcerias com empresas fornecedoras 4,63 4,71 4,74

Setor Público

Legislação 3,33 3,38 3,89

Regulamentação 2,92 3,50 3,89

Políticas do Executivo 3,33 3,04 3,85

Atuação do Prominp 3,69 3,67 4,19

Propriedade intelectual 3,41 3,04 3,85

Sistema de Ciência e Tecnologia

Pesquisa básica e aplicada 3,04 3,08 3,78

Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,29 3,42 4,26

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,12 3,00 4,00

Atuação do INPI 3,00 3,00 3,52

Registro de patentes e publicações científicas 3,12 3,21 3,56

Sistema Educacional

Mão-de-obra técnica 2,39 2,04 2,04

Mão-de-obra de ensino superior 2,22 2,50 2,59

Mão-de-obra com pós-graduação 2,16 2,46 2,37

Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,37 3,25 3,37

Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,08 3,29 3,52

Sistema Financeiro

Programas de Financiamento 3,31 2,92 3,81

Financiamento público 2,31 2,46 3,26

Financiamento privado 3,02 3,33 3,81

Financiamento por meio do mercado de capitais 2,41 2,13 3,26

Agências de financiamento voltadas para inovação 2,73 2,25 3,44

Setor Externo

Cooperação com outros países 3,86 4,25 4,26

Importação de bens 2,71 2,79 3,85

Exportação de bens 1,61 1,38 2,22

Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,00 2,25 2,93

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 2,82 3,21 3,48

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152

MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO (PCE)

Aspectos Analisados PCE

<=50%

PCE

>50%

Setor Produtivo

Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,79 2,46

Redes industriais de conhecimento 4,26 3,85

Parcerias com operadoras 4,66 4,77

Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,60 4,00

Parcerias com empresas fornecedoras 4,67 4,77

Setor Público

Legislação 3,43 3,92

Regulamentação 3,21 4,08

Políticas do Executivo 3,33 3,85

Atuação do Prominp 3,75 4,31

Propriedade intelectual 3,37 3,92

Sistema de Ciência e Tecnologia

Pesquisa básica e aplicada 3,18 3,69

Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,45 4,46

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,24 3,92

Atuação do INPI 3,08 3,54

Registro de patentes e publicações científicas 3,16 3,92

Sistema Educacional

Mão-de-obra técnica 2,23 2,08

Mão-de-obra de ensino superior 2,39 2,38

Mão-de-obra com pós-graduação 2,31 2,15

Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,33 3,38

Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,21 3,54

Sistema Financeiro

Programas de Financiamento 3,30 3,69

Financiamento público 2,53 3,08

Financiamento privado 3,22 3,92

Financiamento por meio do mercado de capitais 2,43 3,54

Agências de financiamento voltadas para inovação 2,76 3,15

Setor Externo

Cooperação com outros países 3,98 4,62

Importação de bens 2,86 4,23

Exportação de bens 1,54 2,92

Utilização de pesquisadores estrangeiros 2,11 3,62

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 2,97 3,92

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153

MÉDIAS OBTIDAS NA PESQUISA POR SEGMENTO DE ATUAÇÃO

Aspectos Analisados IR PP RC IE PM

Setor Produtivo

Aquisição de tecnologia de outras empresas 2,18 4,14 2,90 2,79 2,56

Redes industriais de conhecimento 4,27 4,43 3,90 4,34 4,09

Parcerias com operadoras 4,36 5,71 5,40 4,55 4,47

Parcerias com empresas parapetrolíferas 4,00 5,00 4,80 4,53 4,50

Parcerias com empresas fornecedoras 4,73 5,57 4,50 4,76 4,44

Setor Público

Legislação 3,00 3,29 3,70 3,45 3,68

Regulamentação 3,09 2,29 3,70 3,21 3,62

Políticas do Executivo 3,64 2,57 4,40 3,39 3,21

Atuação do Prominp 3,91 3,29 4,30 3,82 3,76

Propriedade intelectual 3,73 3,43 3,90 3,39 3,26

Sistema de Ciência e Tecnologia

Pesquisa básica e aplicada 3,09 3,57 3,60 3,18 3,21

Parcerias com centros de pesquisa de universidades 3,73 3,86 3,40 3,45 3,68

Parcerias com institutos públicos de pesquisa 3,36 3,29 3,30 3,42 3,24

Atuação do INPI 3,18 3,00 3,10 3,24 3,06

Registro de patentes e publicações científicas 4,09 2,86 4,10 2,79 3,35

Sistema Educacional

Mão-de-obra técnica 2,36 1,86 2,50 1,92 2,47

Mão-de-obra de ensino superior 1,91 2,00 2,60 2,47 2,47

Mão-de-obra com pós-graduação 2,55 2,43 2,00 2,29 2,26

Instituições de capacitação do setor de petróleo e gás 3,00 2,86 3,40 3,21 3,68

Programas do governo de capacitação de mão-de-obra 3,09 3,00 3,10 3,32 3,32

Sistema Financeiro

Programas de Financiamento 3,00 3,00 2,90 3,66 3,32

Financiamento público 1,45 3,14 2,10 2,79 2,79

Financiamento privado 2,82 3,71 2,90 3,24 3,59

Financiamento por meio do mercado de capitais 2,55 2,71 2,70 2,47 2,62

Agências de financiamento voltadas para inovação 2,82 2,29 3,00 2,92 2,74

Setor Externo

Cooperação com outros países 4,82 4,14 4,00 4,08 3,79

Importação de bens 3,82 4,29 3,10 2,50 3,12

Exportação de bens 1,82 1,86 1,60 1,66 1,76

Utilização de pesquisadores estrangeiros 3,09 3,00 2,40 2,16 2,06

Envio de pesquisadores nacionais ao exterior 4,36 3,57 2,90 2,71 3,06

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APÊNDICE VII – GRÁFICOS DE CAIXAS

BOX-PLOT (PORTE DA EMPRESA)

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BOX-PLOT (PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL ESTRANGEIRO)

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156

BOX-PLOT (SEGMENTO DE ATUAÇÃO)