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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA JOÃO VICTOR RODRIGUES DA SILVA COSTA OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

JOÃO VICTOR RODRIGUES DA SILVA COSTA

OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro

2015

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JOÃO VICTOR RODRIGUES DA SILVA COSTA

OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do Certificado de Especialista em

Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro

2015

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Ficha Catalográfica

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica.

Curso de Especialização em Engenharia Urbana

Os Desafios da Mobilidade Urbana da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro

por João Victor Rodrigues da Silva Costa – Rio de Janeiro, 2015.

90 p. Trabalho de Conclusão – 2015

1. Mobilidade Urbana. 2. Transportes. 3. Rio de Janeiro

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JOÃO VICTOR RODRIGUES DA SILVA COSTA

OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro

2015

____________________________________________________

Orientador, Profa. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/Poli/UFRJ

______________________________________________________

Coordenador, Profa. Rosane Martins Alves, D. Sc. PEU/Poli/UFRJ

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AGRADECIMENTOS

Primordialmente, eu agradeço a Deus, o meu pai, meu conselheiro, meu guarda, minha

fortaleza, minha fonte de sabedoria e amado de minha alma. Agradeço ao Senhor por me

conceder saúde, determinação, sabedoria, inteligência, persistência, coragem e força para

concluir essa Pós-graduação.

A minha mãe MARTA RODRIGUES que me ensinou que o bem mais precioso que o

ser humano pode ter é o conhecimento. Que sempre esteve ao meu lado, me incentivando, me

encorajando, me apoiando e me ajudando a realizar esse sonho em minha vida.

A minha irmã ISABELLA RODRIGUES que tem se mostrado, além de companheira,

amiga, estando ao meu lado nos momentos de dificuldade.

A minha orientadora e coordenadora ROSANE MARTINS que foi um instrumento nas

mãos de Deus para me abençoar com uma bolsa de estudos quando eu ainda era apenas um

estudante do último ano de engenharia. Sem esta bolsa, talvez eu não teria condições de cursar

essa Pós-graduação.

A todos os amigos que contribuíram para essa conquista. A todos que torceram pela

minha vitória, que oraram por mim e que permaneceram ao meu lado até o fim,

independentemente das circunstâncias.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Cadeia de relações na prestação dos serviços. ......................................................... 18

Figura 2 - Trânsito na cidade do Rio de Janeiro ....................................................................... 29

Figura 3 - Variação da quantidade de domicílios brasileiros com posse de veículos privados

entre 2008 e 2012 ..................................................................................................................... 30

Figura 4 - Percentual de trabalhadores com tempo de percurso casa-trabalho superior a 60

minutos (60%) .......................................................................................................................... 31

Figura 5 - Localização da cidade Rio de Janeiro ...................................................................... 33

Figura 6 - Relevo da zona sul do Rio de Janeiro. ..................................................................... 35

Figura 7 - Lagoa Rodrigo de Freitas ......................................................................................... 36

Figura 8 - Praia de Copacabana ................................................................................................ 37

Figura 9 - Jardim Botânico ....................................................................................................... 39

Figura 10 - Cenário da rede de transportes 2012 ...................................................................... 40

Figura 11 - Eixos de transporte e densidade populacional na RMRJ ....................................... 40

Figura 12 - Viagens segundo o modo motorizado e não-motorizado....................................... 42

Figura 13 - Distribuição horária de viagens – transporte coletivo ........................................... 42

Figura 14 - Viagens diárias por município de origem .............................................................. 43

Figura 15 - Viagens diárias realizadas por modo para a RMRJ ............................................... 43

Figura 16 - Frota de automóveis – Região Metropolitana do Rio de Janeiro (2001 a 2012)....48

Figura 17 - BRS como solução para agilizar o transporte público no Rio de Janeiro .............. 50

Figura 18 - Modelo de BRT ..................................................................................................... 54

Figura 19 - Mapa do Corredor Transoeste................................................................................ 55

Figura 20 - 14 km de faixa segregada para BRT entre Av. Ayrton Senna e Av. Salvador

Allende ..................................................................................................................................... 55

Figura 21 - 1.100 m de túneis paralelos no maciço da Pedra Branca com rebatedores de

luminosidade solar .................................................................................................................... 56

Figura 22 - Mapa do Corredor Transcarioca ............................................................................ 57

Figura 23 - Mapa do Corredor Transolímpico.......................................................................... 58

Figura 24 - Mapa do Corredor Transbrasil ............................................................................... 59

Figura 25 - Modelo de Veículo Leve de Transporte (VLT) ..................................................... 61

Figura 26 - Linhas consolidadas do VLT ................................................................................. 62

Figura 27 - Diagrama das atuais estações ................................................................................. 65

Figura 28 - Estações da futura Linha 3 do metrô ..................................................................... 66

Figura 29 - Linha 4 ................................................................................................................... 67

Figura 30 - Ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas ...................................................... 78

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Capitais brasileiras com a maior quantidade de carros por habitante. .................... 30

Tabela 2 - Viagens realizadas por modo principal ................................................................... 41

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8

1.1 – Considerações Iniciais sobre o Problema .......................................................................... 8

1.2 - Objetivo .............................................................................................................................. 9

1.3 - Justificativa ........................................................................................................................ 9

1.4 - Metodologia ..................................................................................................................... 11

1.5 – Estrutura do Trabalho ...................................................................................................... 11

2 – MOBILIDADE URBANA ................................................................................................. 14

2.1 – História do Transporte Público Urbano no Brasil ........................................................... 14

2.2 – Mobilidade Urbana e Inclusão Social .............................................................................. 16

2.3 – Mobilidade Urbana, Transportes e Sustentabilidade ....................................................... 19

2.4 – O Plano de Mobilidade - PLANMOB ............................................................................. 25

2.5 – A Mobilidade Urbana no Brasil....................................................................................... 28

3 – MOBILIDADE URBANA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ................................... 32

3.1 – Características .................................................................................................................. 32

3.1.1 – Posições Geográficas e População ............................................................................... 33

3.1.2 – Dimensões e Relevo ..................................................................................................... 34

3.1.3 – Rios e Lagoas ............................................................................................................... 35

3.1.4 – Litoral ........................................................................................................................... 36

3.1.5 – Ilhas .............................................................................................................................. 37

3.1.6 – Clima ............................................................................................................................ 38

3.1.7 – Meio Ambiente ............................................................................................................. 38

3.2 – O Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDTU 2012) ................................................... 39

3.3 – Crise da Mobilidade no Rio de Janeiro ........................................................................... 46

3.4 – Projetos de Transporte de Massa ..................................................................................... 49

3.4.1 – BRS ............................................................................................................................... 49

3.4.2 – BRT .............................................................................................................................. 52

3.4.2.1 – Transoeste .................................................................................................................. 54

3.4.2.2 –Transcarioca................................................................................................................ 56

3.4.2.3 – Transolímpica ............................................................................................................ 57

3.4.2.4 – Transbrasil ................................................................................................................. 59

3.4.3 – VLT .............................................................................................................................. 60

3.4.4 – Metrô ............................................................................................................................ 64

3.4.4.1 – Linha 3 ....................................................................................................................... 66

3.4.4.2 – Linha 4 ....................................................................................................................... 67

3.4.4.3 – Linha 5 ....................................................................................................................... 68

3.4.5 – Trem ............................................................................................................................. 69

3.4.5.1 – Modernização das Estações de Trem da Supervia..................................................... 71

3.4.5.2 – Linha Santa Cruz - Itaguaí ......................................................................................... 73

3.5 – Porto Maravilha e Mobilidade Sustentável ..................................................................... 73

3.6 - Propostas .......................................................................................................................... 76

4 - CONCLUSÃO .................................................................................................................... 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................87

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1.INTRODUÇÃO

1.1 – Considerações iniciais sobre o problema

A mobilidade urbana tornou-se um dos principais desafios das metrópoles mundiais. Se,

ao longo dos séculos, a evolução dos meios de transporte sempre esteve ao lado do

desenvolvimento econômico, da estrada de ferro à indústria automobilística, a equação tem

assumido novas variáveis. As cidades estão revendo seus modelos, descobrindo alternativas e

estratégias sustentáveis de crescimento.

A mobilidade é um tema amplo que ultrapassa a discussão sobre o trânsito, envolvendo

questões relativas à história da ocupação dos territórios, ao crescimento econômico-social do

país e às políticas públicas. Ela tem impacto direto sobre a saúde e a qualidade de vida das

pessoas através dos principais problemas como congestionamentos, conflitos de diferentes

modos de transporte, redução da segurança para os pedestres, aumento da poluição do ar e

sonora, redução de áreas verdes devido ao espaço para estacionamentos e ampliação de vias

para circulação dos veículos motorizados. Sugerindo assim, novas formas de pensar e agir para

garantir um modelo sustentável para a sociedade.

Esse processo de transformação no Brasil ocorreu na década de 1950 através da

urbanização que sempre esteve associada ao aumento do número de veículos. Antes o transporte

público era baseado em bondes e trens, mas com o passar dos anos houve um aumento

considerável na frota de ônibus como serviço de transporte público. Além da urbanização sem

planejamento, um dos motivos que levou o Brasil a chegar nesse ponto crítico da mobilidade foi

a adoção de políticas públicas como a redução do imposto para compra de veículos,

privilegiando o transporte individual motorizado.

Pode-se dizer que a ausência de mobilidade mais eficiente não gera somente

consequências negativas na qualidade de vida das pessoas, mas também na economia do país

devido ao aumento de tempo de deslocamento de casa para o trabalho, fator que gera prejuízo

para as empresas pela redução de desempenho dos funcionários, seja pelo atraso ou pelo

cansaço. E diante de todas essas informações, a cidade que foi escolhida para representar todos

esses desafios da Mobilidade Urbana foi o Rio de Janeiro que, apesar da crise que tem vivido,

também tem adotado soluções para melhorar os deslocamentos e o padrão de vida da população.

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1.2 – Objetivo

Identificar os principais problemas da mobilidade urbana na cidade do Rio de Janeiro e

contextualizá-la de forma a minimizar os impactos gerados pela deficiência dos transportes

públicos de massa como ônibus, metrô e trem, afim de que se torne uma cidade mais sustentável.

1.3 – Justificativa

A cidade do Rio de Janeiro é uma das cidades mais visitadas no mundo, não somente

por sua beleza, pelo seu povo hospitaleiro e por sua cultura, mas também por ter sido uma das

cidades-sede da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e por ser a primeira cidade sul-americana

a sediar uma Olimpíada.

O Rio de Janeiro é a Unidade da Federação do Brasil, em que 74% dos fluminenses

(quase 12 milhões de pessoas) residem na região metropolitana (RMRJ), a qual possui uma taxa

de urbanização de 99,5%, desses, 55% trabalham no município do Rio, com forte fluxo de

pessoas entre as outras cidades e a capital, tornando a questão da mobilidade urbana crucial

para o desenvolvimento fluminense. Soma-se a esse quadro a enorme expressão de sua capital,

vitrine do Brasil para o mundo. A cidade do Rio de Janeiro, enquanto sede de grandes eventos,

como os jogos da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo de Futebol em 2014

e, futuramente, das Olimpíadas e Paraolimpíadas em 2016, representando assim, palco para

intervenções urbanísticas, especialmente no setor de transportes.

A mobilidade é tema de grande importância para o desenvolvimento das cidades,

amplamente estudado, principalmente em suas relações com o transporte público de massa

focando cidades mais sustentáveis onde cada vez mais intenciona-se desestimular o uso do

transporte individual motorizado, que contribui com as emissões de carbono e sendo assim indo

contra ao que se pretende combater para um futuro mais promissor em termos de saúde e

qualidade de vida à população.

O uso excessivo de automóveis e demais veículos automotores, movidos por

combustíveis fósseis, comprometem a qualidade do ar urbano com emissões de gases e material

particulado na atmosfera. Fora a poluição sonora que pode causar estresse, e com isso, interferir

na comunicação oral, perturbar o sono, o descanso e o relaxamento, impedir a concentração, a

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aprendizagem, e criar estado de cansaço e tensão que podem afetar significativamente o sistema

nervoso e cardiovascular.

O congestionamento no Rio apresenta problemas críticos. Segundo relatório da

TomTom, empresa holandesa de tecnologia de transporte, o Rio de Janeiro tem o terceiro pior

trânsito do mundo, perdendo apenas para Moscow e Istambul. De acordo com pesquisas, a

geografia do Rio de Janeiro condena seus motoristas, pois o problema é físico, não há como

escapar de algumas vias, sendo que de um lado é montanha e de outro é o mar.

Apesar da ausência de transporte público coletivo eficiente, a Prefeitura do Rio de

Janeiro tem tentado amenizar todo esse transtorno através da implantação de corredores, faixas

e trilhos como BRS (Bus Rapid System), BRT (Bus Rapid Transit) e VLT (Veículo Leve sobre

Trilhos) que além de oferecer uma alternativa de viagem mais rápida para os seus

usuários, reduz a emissão de gás carbônico.

A maioria das obras-de-arte (como pontes e viadutos), rodovias, ferrovias, hospitais e

escolas públicas, hidrelétricas e linhas de transmissão, dentre outras, foi projetada e construída

na década de 1940, quando começaram as grandes obras rodoviárias (vias Dutra e Anchieta,

entre outras), siderúrgicas (CSN) e hidrelétricas (Henry Borden, da década de 1930, e Ilha

Solteira, do final da década de 1960).

Por conta da ausência de investimentos e de uma política permanente de manutenção na

infraestrutura, hoje o Rio de Janeiro, em obras antigas passa pela seguinte situação, de forma

geral:

- Ferragens expostas, eflorescências e vegetação crescendo em estruturas de viadutos;

- Túneis com problemas estruturais: vigas parcialmente danificadas, ferragens expostas e

oxidadas;

- Concreto protendido em péssimo estado na base do tabuleiro e nas vigas são problemas

aparentes de pontes;

- Estrutura de contenção com armaduras expostas e enferrujadas, oferecendo riscos de

deslizamento;

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- Arquibancadas do autódromo estão com estrutura metálica enferrujada e o concreto com

armaduras expostas;

- Rua de acesso ao autódromo e à Vila Olímpica apresenta buracos em diversos trechos.

1.4 – Metodologia

Os procedimentos adotados para coleta de dados foram a pesquisa bibliográfica, através

de consultas em livros, artigos, órgãos públicos como a Prefeitura e Estado do Rio de Janeiro,

sites, pesquisas baseadas na insatisfação pública por transportes coletivos de massa mais

eficientes, reportagens e legislações, como a lei 12.587/2012, que contemplam a mobilidade

urbana. Posteriormente, a pesquisa de estudo de caso sobre o agravamento da crise da

mobilidade urbana do Rio de Janeiro, principalmente no setor de transportes coletivos de massa.

O objeto deste estudo é delimitado a partir da deficiência dos transportes coletivos de

massa no Rio de Janeiro, causando grandes congestionamentos, acidentes de trânsito,

desigualdade social, impacto negativo na economia e outros, proporcionando baixa qualidade

de vida. Esses dados foram demonstrados através de figuras e tabelas, demonstrando o alto

fluxo de pessoas, automóveis e transportes coletivos que transitam na cidade do Rio de Janeiro.

A lei 12.587/2012 foi abordada na monografia de forma a integrar e impulsionar a ação

conjunta dos três níveis de governo, com devida participação dos órgãos representativos da

sociedade no planejamento, fiscalização e avaliação do serviço de transporte coletivo.

Ressaltando, com base nesta lei, a prioridade aos modos de transporte coletivo a pé e não-

motorizados nos investimentos públicos, o incentivo à criação de novos serviços de transporte

coletivo urbano e a melhoria da integração entre os transportes e uso do solo.

1.5 – Estrutura do Trabalho

Capítulo 1 – Introdução

O Capítulo 1 faz uma introdução ao tema, traz os objetivos do trabalho, justificativa,

metodologia utilizada na pesquisa e apresenta a composição dos capítulos que compõe os

assuntos aqui apresentados.

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Capítulo 2 – Mobilidade Urbana

Nesse capítulo é abordada a história do transporte público de massa no Brasil, de modo

a demonstrar a importância da locomoção não somente de pessoas, mas de objetos também

desde 1838, em que surgiu o primeiro serviço de transporte público, na cidade do Rio de Janeiro.

A inclusão social está inserida nesse capítulo por esta ser de forma desigual quando se trata de

transporte público. O item 2.2 relata as deficiências da relação inclusão social e mobilidade,

contornando com medidas de acessibilidade para todos, independentemente de posições sociais,

econômicas e políticas. No item 2.3 é abordado as cidades e deslocamentos de veículos

motorizados como foco do planejamento no início do século XX, o que acarretou no

crescimento populacional desordenado como os aglomerados subnormais, no crescimento dos

congestionamentos e no crescimento da indústria automobilística, que agravou ainda mais a

situação com a desvalorização dos veículos não motorizados. A questão dos deslocamentos

não-motorizados é evidenciada nesse capítulo, o que colabora na sustentabilidade social,

segurança, confiança, democracia e liberdade. Já no item 2.4, a abordagem é o Plano de

Mobilidade Urbana, que instituído pela Ministério das Cidades, é um instrumento que efetiva a

aplicação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujos princípios, objetivos e diretrizes

são descritos na lei 12.587/2012. E para finalizar, o item 2.5 relata a realidade da mobilidade

urbana no Brasil, abordando os principais problemas e conflitos enfrentados pelas grandes

cidades brasileiras.

Capítulo 3 – Mobilidade Urbana da Cidade do Rio de Janeiro

No item 3.1 são abordadas as características da cidade do Rio de Janeiro, como: posição

geográfica, população, dimensões, relevo, rios e lagoas, litoral, ilhas, clima e meio ambiente. O

Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU), abordado no item 3.2, é relatado como um

estudo criterioso que detalha um sistema de transporte estruturado e integrado para a promoção

de uma melhor qualidade de vida para a população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,

propondo medidas para o benefício da mesma. Já o item 3.3 aborda a crise da mobilidade urbana

na cidade do Rio de Janeiro, levando em consideração as origens e os principais efeitos desse

conflito. Um gráfico foi anexado para mostrar a preferência da população pelos automóveis, o

que só agrava a mobilidade com aumento dos congestionamentos em avenidas e ruas sem

infraestruturas, dificultando a locomoção dos transportes públicos que, por sinal, não

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apresentam eficiência. Por conta do Rio de Janeiro ser sede das Olimpíadas 2016, algumas

medidas estão sendo providenciadas e dentre elas estão os projetos dos transportes públicos de

massa, relatados no item 3.4, que são a ampliação do BRS (Bus Rapid System), de linhas do

metrô (Linha 3, Linha 4 e Linha 5) e da modernização de estações do trem, e a implantação do

VLT (Veículo Leve de Transporte), do BRT (Bus Rapid Transit) e de seus respectivos

corredores como Transoeste, Transcarioca, Transbrasil e Transolímpica. No item 3.5, o Porto

Maravilha é abordado como um projeto de reestruturação e mobilidade urbana da Prefeitura do

Rio de Janeiro que revitaliza a Região Portuária da cidade, incluindo as principais obras e

impactos. Nesse item, a abordagem do desenvolvimento da região é baseada na

sustentabilidade, com a reestruturação de ruas, praças e avenidas, trazendo melhoria na

qualidade de vida como melhoria no transporte público, dentre eles a implantação do VLT. Já

no item 3.6, é relatada as propostas para a solução ou, pelo menos, a minimização dos impactos

da mobilidade urbana deficiente, principalmente no setor de transportes públicos de massa, na

cidade do Rio de Janeiro, tomando como base a mobilidade urbana sustentável que visa o acesso

a bens e serviços de maneira eficiente para todos os habitantes da área urbana, protegendo o

meio ambiente, o patrimônio cultural e os ecossistemas.

Capítulo 4 – Conclusão

Esse capítulo apresenta as conclusões do presente trabalho, reforçando novamente a

importância da mobilidade sustentável em relação à saúde dos habitantes das cidades, no que

diz respeito às questões ambientais. Comenta também sobre propostas sustentáveis, sobre metas

em termos de transporte público que podem ser implantadas, transportes não-motorizados,

mudanças de hábito da população, como medidas sustentáveis para diminuir os

congestionamentos.

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2. MOBILIDADE URBANA

2.1 – História do Transporte Público no Brasil

O transporte público de massa, é um meio de transporte fornecido por empresas públicas

ou privadas destinado ao deslocamento de pessoas de um ponto para outro, sejam esses pontos

da mesma cidade ou não. As áreas urbanas de médio e grande porte geralmente são dotadas de

algum tipo de transporte coletivo, seja administrado pela prefeitura local ou através de

concessão de licenças muitas vezes subsidiadas.

De acordo com Raymundo (2013) foi em 1838 no Rio de Janeiro que surgiu o primeiro

serviço de transporte público do Brasil, antes dos bondes à tração animal e da própria ferrovia.

Dois “ônibus” a tração animal, de dois andares, construídos no país, constituíram a linha Centro

- São Cristóvão, servindo os bairros de Botafogo e Engenho Velho. Não esquecendo que o

primeiro transporte coletivo se iniciou em 1662 na França, criado por Pascal e funcionou por

15 anos até o Parlamento restringir o uso apenas àqueles que tivessem “condições” já que a

tarifa foi aumentada de cinco para seis centavos, segundo Naganuma (2015).

Na época, os ônibus à tração animal sofreram forte oposição dos proprietários dos carros

de praça e das carruagens de aluguel que operavam como principais meios de transporte,

naquela época, no Rio de Janeiro. Segundo Raymundo (2013) implantar serviços públicos de

transporte de passageiros dependia dos pequenos empreendedores privados locais, habilitados

e capacitados, que se ofereciam ao governo para obter uma concessão da operação e exploração

comercial por tempo determinado.

A primeira linha de bondes a tração animal surgiu no Rio de Janeiro em 1859, liderada

por Thomas Cochrane, que posteriormente foi substituída em 1862 por tração a vapor. Porém

a empresa de Cochrane não conseguindo superar as dificuldades financeiras faliu em 1866.

Raymundo (2013) relata que o primeiro bonde elétrico no Brasil começou a operar em

1892, no Rio de Janeiro, pela Companhia de Ferro-Carril do Jardim Botânico e já em São Paulo

sua operação iniciou em 1900 pela Companhia Viação Paulista que faliu no ano seguinte, sendo

seus bens adquiridos pela “The São Paulo Tramway, Light and Power Company Ltd.”, ou Light

como veio a ser conhecida. Os bondes elétricos, juntamente às ferrovias de 1860/1870

implantadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, inspiraram as primeiras mudanças no marco

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regulatório do transporte público de passageiros, passando a constar os direitos e deveres dos

contratos.

O primeiro serviço de ônibus a gasolina operado no Brasil foi no Rio de Janeiro em

1908 pela empresa de Otávio da Rocha Miranda. Infelizmente a iniciativa fracassou, porém nos

anos seguintes com pequenas empresas e empresas individuais com proprietários com um único

veículo os serviços de ônibus melhoraram.

Nas maiores cidades brasileiras, de acordo com Raymundo (2013), nas décadas de 1920

a 1940 houve o início da ascensão dos ônibus e o ápice do bonde elétrico, chegando a ter 1.800

km de redes de linhas de bondes. Neste período, em maior quantidade, com relativa

agressividade, crescente poder político e expressão econômica, as operadoras privadas de

ônibus passam a concorrer com os bondes. Estes últimos começavam a apresentar sinais de

exaustão técnica, operacional e tecnológica, mas, principalmente, de inviabilidade do negócio,

dado que os contratos originais, embora bem estruturados, continham uma lacuna insuperável:

não havia previsão para correção das tarifas. Mesmo considerando que a inflação era baixa e

que os investimentos iniciais estavam completamente amortizados, criou-se uma armadilha

para os bondes, só desarmada, de forma incompleta, nas décadas de 1950 a 1970, pois o advento

da Segunda Guerra Mundial retardou esse desfecho. No caso da cidade de São Paulo, para dar

forma “organizada” à crescente expansão dos ônibus, criou-se, em 1926, o primeiro

regulamento dos serviços públicos de ônibus urbanos do Brasil, que, de maneira desigual no

tempo e conteúdo, atingiu, até a década de 1960, praticamente todos os municípios brasileiros.

Neste período, a concorrência direta dos ônibus impactou os bondes, acelerando sua

deterioração.

Foi nas décadas de 1950 e 1960 que as cidades brasileiras adotaram o ônibus como

principal modo de transporte público, tendo sido criadas empresas públicas, ou a operação se

dava diretamente pelos municípios ou então eram outorgadas permissões ou autorizações,

precedidas ou não de licitações, para operadoras privadas. A Lei das Concessões na década de

1990 e a privatização da esmagadora maioria das empresas públicas de transporte, como

decorrência da política neoliberal, pouco alteraram o quadro geral. Predominavam, como até

hoje, operadoras privadas, remuneradas por tarifa única paga pelos passageiros, calculada por

planilha tarifária que reproduz o custo direto momentâneo, com baixo ou nenhum nível de

subsídio, pouco ou nenhum estímulo à qualidade e à produtividade e certa leniência no controle

e na fiscalização da execução dos compromissos contratados ou acordados.

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As sementes do processo de incentivo ao transporte individual, cujo auge se dá agora,

foram lançadas e adubadas pela indústria automobilística brasileira, nascida na década de 1950,

no âmbito do período desenvolvimentismo do governo Juscelino Kubitscheck, associado ainda

à construção civil, siderurgia, produção de aço e refino do petróleo, no tardio processo de

industrialização, preparado ao longo da ditadura Vargas, entre 1930 e 1945.

2.2 – Mobilidade Urbana e Inclusão Social

Sabe-se que o Brasil é um país desigual e que essa iniquidade não é apenas de renda e

oportunidades, mas também de acesso aos serviços públicos essenciais, o que também ocorre

nos transportes urbanos. Nos últimos anos, a divulgação de estudos e pesquisas a respeito das

condições de mobilidade urbana das populações de baixa renda e o descaso social do acesso

aos serviços de transporte coletivo nas grandes cidades introduziu o tema nas discussões das

políticas públicas.

De acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (2009), as

condições de Mobilidade Urbana no Brasil são precárias devido à falta de planejamento em

relação à destinação de recursos para o transporte público coletivo e o necessário envolvimento

da população usuária em propor soluções.

A falta de oferta de transporte público de massa de qualidade acaba acarretando a

preferência do uso do transporte individual, gerando congestionamentos. A frota de automóveis

tem aumentado nas últimas décadas em quantidade bastante elevada e o aumento do número de

vias não ocorreu de forma a tender a esta demanda, o que contribui, também para o aumento do

congestionamento no trânsito nas médias e principalmente nas grandes cidades.

Percebe-se que a política de Mobilidade Urbana no Brasil carece de melhorias, como

maior oferta de serviços de transporte coletivo e de condições de acessibilidade urbana da

população. Segundo Gomide (2006), a Mobilidade tem papel importante para a efetividade das

políticas sociais, já que contribui para o acesso da população aos equipamentos básicos e para

igualdade de oportunidades, pois não é suficiente oferecer atendimento de saúde gratuito se não

há opções viáveis de transporte público para acesso ao local de destino.

Existem medidas que aperfeiçoam a inclusão social na Mobilidade Urbana e dentre elas

está o subsídio ao transporte coletivo. Gomide (2006) relata que o vale-transporte é uma

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variante da subvenção ao usuário, financiado pelos empregadores, sendo beneficiários indiretos

dos serviços de transporte coletivo. Já a subvenção à operação pode se dar por diversos modos:

pela produção (com base na quilometragem produzida, ou número de passageiros

transportados), preços dos insumos (subsídio aos combustíveis, por exemplo), renúncia fiscal,

entre outros. Contudo, todas as maneiras apresentam vantagens e desvantagens.

O vale-transporte, criado por lei federal em 1985, foi uma solução criativa para lidar

com tais desafios, na medida em que transfere aos empregadores a responsabilidade do

financiamento dos gastos mensais de transporte coletivo de seus empregados que excederem a

6% de seus salários. Mas, como foi visto, o benefício contempla apenas os trabalhadores com

carteira assinada. Assim, existe a necessidade de expandir o benefício do vale-transporte para

os trabalhadores de baixa renda do mercado informal e os desempregados. Nesse contexto, uma

proposta a ser considerada seria a concessão de tarifas subsidiadas para esses segmentos

utilizando-se do Cadastro Único. A operacionalização de tal benefício seria similar ao vale-

transporte, com a venda dos bilhetes subsidiados para o público-alvo com base em cotas

mensais. A implantação de tal tipo de programa teria, ainda, o efeito de complementar os

programas sociais existentes, contribuindo para a efetividade de seus resultados.

Gomide (2006) esclarece que as atuais isenções e descontos na tarifa do transporte

coletivo para determinados segmentos (idosos, estudantes, pessoas com deficiência, carteiros,

policiais, etc.) são financiados por subsídios cruzados. Isso significa que são os demais usuários

que financiam tais segmentos. Muitas vezes, isso provoca distorções, pois acontecem casos em

que uma pessoa mais pobre (um desempregado, por exemplo), quando paga uma tarifa sem

descontos, subsidia a tarifa de uma pessoa em melhores condições financeiras (um estudante de

classe média, por exemplo).

O relatório sobre o desenvolvimento mundial de 2004 do Banco Mundial indicou que

os serviços públicos atendem melhor os mais pobres quando as comunidades estão no centro

da sua prestação, por exemplo, quando os usuários participam da especificação da qualidade,

quantidade e avaliação dos serviços que recebem. A redução dos tempos de espera, a melhoria

do acesso físico às redes, o aumento do conforto e dentre outros benefícios, podem ser

conseguidos por meio do “empoderamento” dos usuários e da promoção da participação, e o

controle social. O empoderamento, nesse caso, é a conscientização e a participação com relação

a dimensões da vida social.

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Figura 1 – Cadeia de relações na prestação dos serviços.

Fonte: Gomide (2006).

Gomide (2006) descreve que na cadeia de relações na prestação dos serviços na forma

de um triângulo na Figura 1, cada vértice representa um segmento dessa cadeia como poder

concedente, prestadores e usuários. A cadeia de relações se baseia numa única direção: do poder

concedente, que define e especifica os serviços para as empresas que os executam sob

fiscalização. Os usuários pagam e recebem pelos serviços.

Um fato histórico muito importante que não se pode deixar de citar nesse item é que a

política habitacional reforçou a exclusão social e a segregação espacial dos mais pobres, ao

destinar-lhes moradias precárias em periferias distantes desprovidas de serviços e equipamentos

urbanos essenciais. Tal política teve como efeito o aumento das distâncias a serem percorridas

e a produção de áreas vazias ou pouco adensadas no meio das cidades. Isso inviabiliza a oferta

eficiente de transporte coletivo.

A acessibilidade urbana pode ser melhorada tanto por melhores condições de

mobilidade, com meios de transportes mais rápidos, eficientes e adequados, quanto pela melhor

distribuição no espaço urbano das atividades econômicas e sociais, pela redução das distâncias

a serem percorridas, propõe Gomide (2006). Por isso, fica evidente a relação entre as políticas

de transporte e uso do solo urbano. Apesar disso, uma análise da realidade de diversas cidades

brasileiras, que demonstra uma incipiente integração entre essas duas políticas.

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De acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (2009), a

Mobilidade Urbana pode ser inclusiva, sustentável social e ambientalmente, moderna e

inteligente, de forma a melhorar a circulação nas cidades e a vida dos que nela vivem, atraindo

mais investimentos e melhorias. Sua gestão deve ser compartilhada, participativa, democrática

e integrada às demais políticas de desenvolvimento urbano. Para tudo isso, é preciso aumentar

a atuação organizada da sociedade em torno da Mobilidade Urbana sustentável que pode ser

vista através de ações sobre o uso e ocupação do solo, e sobre a gestão dos transportes visando

proporcionar acesso aos bens e serviços de uma forma eficiente para todos os habitantes, e

assim, mantendo ou melhorando a qualidade de vida da população atual sem prejudicar a

geração futura.

2.3 – Mobilidade Urbana, Transportes e Sustentabilidade

De acordo com Biagini (2014), no século XX surgiu um modelo de planejamento que

focava mais nas formas das cidades e seus deslocamentos nos veículos motorizados que na

paisagem natural, incluindo a própria paisagem humana. O foco do planejamento urbano no

transporte motorizado quase extinguiu a vida urbana em alguns países desenvolvidos, e nos

países com economias menos desenvolvidas a falta de prioridade pelo transporte não-

motorizado impôs a este modal condições muito adversas, favorecendo a falta de acessibilidade,

desconforto e riscos às pessoas.

Com o passar dos anos, além do descaso ao transporte não-motorizado, o foco do

desenho da cidade ao transporte motorizado individual foi aumentando, e a oferta de transporte

não regulamentado pelo governo, agravando os congestionamentos. Por outro lado, o

crescimento desordenado como os aglomerados subnormais (loteamentos irregulares e favelas)

impõe demandas de deslocamentos fora do planejado.

A realidade do Brasil não é diferente, pois segundo a Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro (2015) o Brasil tornou-se peça importante da engrenagem industrial mundial,

pois está entre os 10 maiores produtores e consumidores de automóvel do planeta. Sua

participação na produção mundial de veículos chegou a 3% da indústria global em 2005,

deixando para trás a Inglaterra e Itália. Diante disso, pode-se imaginar o cenário da Mobilidade

Urbana no Brasil.

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Segundo a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2015), no começo do

século XX, o Brasil ainda era um país dependente da agricultura, em termos econômicos. Após

à revolução na década de 30, Getúlio Vargas implantou novas metas políticas e sociais que

iriam fomentar o que viria a ser alargada para as indústrias no Brasil. No início, a indústria

automobilística brasileira apenas montava carros, pois nada era produzido no país. Automóveis

e ônibus vinham desmontados e as fábricas tinham que juntar as partes. Uma das primeiras

montadoras foi a Grassi que desde 1908 montava carrocerias de ônibus.

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Brasil tinha uma frota de automóveis

envelhecida, já que as fábricas norte-americanas tinham focado toda a produção em veículos

militares. Desta forma, empresas locais passaram a ter que suprir o mercado de reposição de

peças, iniciando assim a indústria de autopeças.

De acordo com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2015) entre 1945

a 1952, o Brasil passou a ser um importador de automóveis, a inflação galopante contribuía

para tornar os produtos importados mais interessantes, sendo o período em que o país gastou

mais em automóveis do que em petróleo e trigo, produtos também importados. Mas, para a

implantação de indústria automobilística no país era necessário o investimento em maquinário,

matérias-primas diversas e principalmente criar meios para a produção de energia, além disso,

uma das medidas tomada pelo governo foi a restrição da importação de veículos. Portanto, em

1953 saiu do papel a fábrica da Volkswagen em São Paulo, assim como a Mercedes-Benz e

Wills-Overland também erguiam suas fábricas em São Paulo. O ABC paulista oferecia

incentivos fiscais às fábricas, entretanto, o grande avanço só viria com a formação do GEIA -

Grupo Executivo da Indústria Automobilística.

Duas empresas estatais foram determinantes para a criação da indústria automobilística

brasileira: a Petrobras, fundamental para a produção de petróleo e derivados, e a CSN,

responsável por alavancar a siderurgia no país.

Faria (2012) relata que foi em 1956 que a indústria automobilística iniciou no Brasil, na

cidade de Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São Paulo, com o início da fabricação da Romi-

Isetta pelas indústrias Romi S.A. O Romi-Isetta foi o primeiro automóvel de passeio fabricado

no Brasil. A estratégia de publicidade adotada tinha como objetivo expor o modelo a diferentes

públicos. Algumas peças publicitárias foram criadas com alvo no público feminino, como o

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anúncio de uma mulher saindo de uma gaiola para entrar no Romi-Isetta, com dizeres "agora

sou livre".

A abertura da economia brasileira na década de 90 afetou profundamente o setor

automobilístico; o então presidente Fernando Collor queria modernizar a indústria, promovendo

a concorrência aberta, entretanto, não foi estabelecido qualquer mecanismo de defesa contra as

importações e nenhum preparo feito por parte das empresas nacionais. Como consequência, a

abertura de mercado exigiu uma remodelação completa das estratégias vigentes, a fim de se

adaptarem às novas regras do mercado. Durante o período em que as importações ficaram

proibidas foi cultivada a produção de modelos locais, gerando enorme defasagem tecnológica,

provocada principalmente pela falta de investimento e pela barreira na entrada de novas

tecnologias.

A partir do final dos anos 90, segundo a Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro (2015), a estratégia das empresas automobilísticas brasileiras se concentrou na

construção de novas fábricas, mais modernas e com a intenção de competir também no

Mercosul. Essas plantas são grandes complexos industriais em que diversos fornecedores de

autopeças estão integrados à cadeia produtiva; as fábricas de automóveis adotaram, portanto,

um sistema desverticalizado, bem diferente do adotado na década anterior, criando maior

integração entre as fábricas e autopeças, fortalecendo a relação cliente-fornecedor, virtualmente

funcionando como uma grande empresa.

Empresas como a VW, Ford, Renault, Peugeot/Citroen, GM e até mesmo a Toyota e a

Honda operam de forma desverticalizada, através do modelo de produção conhecido como just-

in-time, na qual as partes integrantes do veículo chegam à fábrica somente na hora de sua

utilização, minimizando gastos com estocagem de material, portanto, as empresas estão

tentando reduzir seus custos, não importando em que faixa do mercado atue.

Hoje o setor automotivo é o de maior importância econômica no Brasil e compreende,

além dos automóveis de passeio e veículos comerciais leves, caminhões, ônibus e maquinas

agrícolas como tratores, colheitadeiras, retroescavadeiras e cultivadores motorizados. Por outro

lado, os grandes aglomerados urbanos brasileiros amargam congestionamentos cada vez

maiores. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), circulam

pelas ruas e estradas do país cerca de 45 milhões de veículos, entre eles automóveis, caminhões,

motocicletas, tratores e ônibus. A região Sudeste concentra 24 milhões de veículos, e desses, 6

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milhões transitam nos 17.000 quilômetros de vias da cidade de São Paulo. Além da capital

paulista, Rio de Janeiro, Brasília e Recife são algumas das capitais que não suportam mais os

frequentes engarrafamentos. O trânsito excessivo nas grandes cidades provoca consequências

muito mais graves do que os atrasos e transtornos enfrentados diariamente pelos motoristas.

Biagini (2014) relata que a Mobilidade não é alcançada de forma igual por todos, pois

o acesso a ela varia segundo fatores como a idade, renda, sexo, habilidade motora, capacidade

de entendimento de mensagens, restrições de capacidades individuais de forma temporária ou

definitiva, e ainda varia conforme o local e o horário.

Pode-se dizer que a preferência pelo automóvel traz graves consequências para o meio

ambiente, seja pelos resíduos lançados na atmosfera, pela poluição sonora, pela complexidade

do planejamento de circulação, pelo alto custo financeiro que é responsável pela exclusão de

pessoas ao acesso aos meios de transporte coletivo ou particular por razões econômicas e

sociais.

Castañon (2008) esclarece que o Brasil reconheceu o crescimento das cidades e as

dificuldades que existem em relação à mobilidade em todos os médios e grandes centros

urbanos, e para melhor atendê-los foi criado o Ministério das Cidades, em 2003, com o objetivo

de articular as ações do Governo Federal em torno dos múltiplos problemas que afetam homens

e mulheres que habitam as cidades e se ressentem do acesso equitativo aos benefícios da vida

urbana, entre eles a mobilidade com segurança, fator de inclusão social que também pertence à

Mobilidade Urbana Sustentável.

Biagini (2014) comenta que o Plano Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU)

apresenta dez diretrizes para o desenvolvimento urbano com vistas a Mobilidade Sustentável

que são:

1. Diminuir a necessidade de viagens motorizadas: com desconcentração dos empregos,

equipamentos e serviços, ocupação dos vazios urbanos e desenvolvimento de centralidades;

2. Repensar o desenho urbano: com foco na qualidade e segurança do espaço urbano para as

pessoas em detrimento de soluções exclusivas de tráfego;

3. Repensar a circulação de veículos: prioridade aos modais coletivos;

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4. Desenvolver os meios não motorizados de transporte: infraestrutura para os ciclistas,

integrando-os aos modais coletivos;

5. Reconhecer a importância do deslocamento dos pedestres: tratar o espaço público de maneira

a dar qualidade e incentivo a esses tipos de deslocamento;

6. Otimização das viagens motorizadas de forma a reduzir os impactos ambientais da

mobilidade urbana;

7. Garantir a acessibilidade universal;

8. Priorizar o transporte público coletivo no sistema viário, ampliando sua participação nas

viagens e sua atratividade;

9. Intermodalidade;

10. Estruturação dos órgãos de planejamento e gestão da mobilidade.

A mobilidade não-motorizada, também conhecida como mobilidade ativa ou

mobilidade suave é uma forma de mobilidade em que os meios de transporte ativos mais usados

são andar a pé e de bicicleta que são centrais para o desenvolvimento da mobilidade e de cidades

sustentáveis, segundo MOBILIDADE... (2015). Todavia outros se enquadram como patins,

skate, patinetes, cadeiras de rodas, etc.

A mobilidade não-motorizada promovida predominantemente em meios urbanos e

dentro de políticas públicas municipais, faz parte da mobilidade sustentável, onde se dá uma

maior ênfase à ocupação do espaço público para esplanadas, parques, jardins, logradouros,

espaços pedonais mais amplos e espaço público descongestionado de tráfego rodoviário.

Enquanto a motorização ampliou muito a capacidade de deslocamento da minoria das

pessoas que utilizam o automóvel individual, esta ocupação do espaço urbano fez com que

diminuísse as oportunidades de caminhar ou pedalar da maioria das pessoas que acabaram com

menor liberdade de deslocamento e sem opções efetivas.

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De acordo com Biagini (2014) aspectos como topografia e clima são essenciais para o

planejamento da mobilidade não motorizada. Infelizmente, em algumas cidades esta política

pode não ser realista, pois em algumas áreas podem causar um grande desconforto como:

- Locais de topografia montanhosa não são atrativos, e onde é possível, necessitam de

infraestrutura especial como os pedais que impulsionam os ciclistas;

- Locais muito frios precisam de limpeza constante para retirada de neve;

- Locais mais quentes é importante que seja oferecido ao ciclista local para banho, troca de

roupa e para beber água.

Segundo o Brasil (2007), o Ministério das Cidades considera como objetivo do

desenvolvimento de suas políticas a inclusão da bicicleta entre os meios de transporte como

recursos para a implantação do conceito de Mobilidade Urbana Sustentável, e como forma de

redução do custo da mobilidade e como inclusão das pessoas na sociedade.

Cabe destacar que o espaço urbano no Brasil em geral prioriza o transporte motorizado,

não somente na quantidade de área disponível a este modal ou hierarquia viária. É comum

verificar-se em áreas urbanas mais precárias, que a prioridade é dada ao leito carroçável e na

maioria das vezes as pistas de automóveis são asfaltadas antes da construção das calçadas. Estas

muitas vezes nunca são pavimentadas ou até mesmo são inexistentes.

A falta de atenção às calçadas e ciclovias é um grande problema nas cidades. O tráfego

de pedestres e de bicicletas economiza muito espaço na cidade, pois as ciclovias têm capacidade

de circulação cinco vezes maior que uma pista de automóveis, de acordo com Biagini (2014).

E na calçada circulam vinte vezes mais pessoas do que dentro dos automóveis nas faixas de

veículos. E em termos de área de estacionamento, onde cabe um carro cabem dez bicicletas.

Caminhar, além de ser um meio de transporte, pode ser considerado potencial para se realizar

outras atividades ou até mesmo uma ocasião social como passeatas pela paz e contra violência,

marchas, manifestações, etc.

Um dado alarmante é que os pedestres representam entre 40 e 50% das vítimas de

acidentes de trânsito, que na sua maioria são crianças e idosos. Sendo assim é fundamental que

seja dado o status adequado à circulação de pedestres, incluindo-o como parte importante do

sistema de circulação da cidade.

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Em muitos países, o uso da bicicleta tem sido incentivado como uma das grandes

alternativas para a economia de combustível. Os movimentos ecológicos defendem bastante o

transporte por bicicleta, por considerá-lo o modo ecologicamente correto, uma vez que não é

poluente e não consome energia não renovável.

Há diversas formas de incentivo ao uso da bicicleta: implantando infraestrutura, pintura

de faixas exclusivas nas ruas (ciclofaixas), implantação de vias exclusivas para bicicletas

(ciclovias), sinalização especial, prioridade nos cruzamentos, implementação de

estacionamentos cobertos e dotados de dispositivos para prender bicicletas, etc.

Para que a estratégia seja efetiva é necessário que o tráfego de bicicletas esteja integrado

no plano geral de transportes. É importante que além da oferta de bicicletários seguros nos

locais de atração de viagens e nas estações de transporte coletivo, seja possível levar bicicletas

nos trens, metrôs ou ônibus urbanos, de forma a combinar as viagens com bicicletas e transporte

público. Além disso, é necessário que os locais de trabalho incluam instalações como

estacionamento para bicicletas, vestiários e chuveiros, como suporte ao ciclista.

Inclusive, “Massa Crítica”, ou “Critical Mass” é o nome de um movimento de ciclistas

que em várias cidades do mundo visa promover a cultura da bicicleta, bem como conscientizar

os motoristas em relação à segurança no trânsito.

O tratamento adequado para os deslocamentos não-motorizados considerando as

pessoas e a vida urbana colabora para a “sustentabilidade social, segurança, confiança,

democracia e liberdade”. E contribui para que a cidade seja um ponto de encontro para

diferentes grupos sociais, de variada idade, renda, status, religião ou etnia, que compartilham o

espaço urbano em suas atividades diárias, o que aproxima as pessoas e dá noção da “composição

e a universalidade da sociedade”.

2.4 – O Plano de Mobilidade – PLANMOB

Plano de Mobilidade Urbana, que foi instituído pela Secretaria de Mobilidade do

Ministério das Cidades, é um instrumento que efetiva a aplicação da Política Nacional de

Mobilidade Urbana, cujos princípios, objetivos e diretrizes são descritos na Lei 12.587/2012.

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Art. 1o A Política Nacional de Mobilidade Urbana é instrumento da política de

desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art. 182 da

Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de transporte

e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do

Município.

Parágrafo único. A Política Nacional a que se refere o caput deve atender ao previsto

no inciso VII do art. 2o e no § 2o do art. 40 da Lei no 10.257,de 10 de julho de 2001

(Estatuto da Cidade).

Art. 2o A Política Nacional de Mobilidade Urbana tem por objetivo contribuir para o

acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam

para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento

urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de

Mobilidade Urbana. (BRASIL, 2012).

Percebe-se a partir da citação acima que Mobilidade Urbana é um avanço na maneira

tradicional de tratar, isoladamente, o trânsito, o planejamento e a regulação do transporte

coletivo, a logística de distribuição das mercadorias, a construção da infraestrutura viária, das

calçadas e assim por diante. Em seu lugar, deve-se adotar uma visão sistêmica sobre toda a

movimentação de bens e de pessoas, envolvendo todos os modos e todos os elementos que

produzem as necessidades destes deslocamentos. Sob esta ótica, de acordo com Brasil (2007),

foram definidos dez princípios para o planejamento da mobilidade, considerando também sua

relação com o planejamento urbano:

1. Diminuir a necessidade de viagens motorizadas;

2. Repensar o desenho urbano;

3. Repensar a circulação de veículos;

4. Desenvolver os meios não motorizados de transporte;

5. Reconhecer a importância do deslocamento dos pedestres;

6. Reduzir os impactos ambientais da mobilidade urbana;

7. Propiciar mobilidade às pessoas com deficiência e restrição de mobilidade;

8. Priorizar o transporte público coletivo;

9. Promover a integração dos diversos modos de transporte;

10. Estruturar a gestão local.

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O PLANMOB é instrumento de orientação da política urbana que faz parte do arcabouço

normativo e diretivo que a cidade dispõe para lidar com o processo de consolidação, renovação

e controle da expansão urbana, logo, dele se exige que contenha, no campo da mobilidade, as

diretrizes que fundamentam a ação pública em transporte, delimitam os espaços de circulação

dos modos de transporte, incluindo as prioridades, regulam a relação com os agentes privados,

provedores de serviços de transporte e disciplinam o uso público dos espaços de circulação.

De acordo com Biagini (2014), o PLANMOB (Plano de Mobilidade Urbana) deverá ser

elaborado em todos as cidades acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais

obrigados à elaboração do Plano Diretor. Deverá ser elaborado no prazo máximo de 3 (três)

anos, e ser integrado ao plano diretor municipal, vigente ou em elaboração. Caso não atendam

o prazo ficam impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade

urbana. Deve ser realizada a revisão e atualização deste plano em até 10 (dez) anos.

Segundo Brasil (2007), o Ministério das Cidades propõe que o PLANMOB deve

analisar e propor diretrizes, ações e projetos para:

- A infraestrutura da circulação motorizada e não motorizada das pessoas e das mercadorias,

incluindo: calçadas, travessias, passarelas, passagens inferiores, escadarias, ciclovias, terminais

de ônibus, estacionamentos públicos, píers, pistas de rolamento, viadutos, túneis e demais

elementos físicos;

- A funcionalidade da circulação, definindo as regras de apropriação da infraestrutura viária

pelos diferentes modos de transporte e a regulamentação de seu uso;

- A organização, o funcionamento e a gestão dos serviços de transporte público e da política de

mobilidade urbana, com especial atenção ao transporte coletivo.

O Plano deverá ter mais atenção no transporte não-motorizado e no planejamento dos

deslocamentos a pé e por bicicleta nos municípios sem sistema de transporte público coletivo

ou individual. Deverão integrar políticas de mobilidade, associadas a “instrumentos de controle

urbano, parcelamento e uso e ocupação do solo, controle ambiental, desenvolvimento

econômico e inclusão social” (BRASIL, 2007).

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O Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana

(BRASIL, 2007) especifica os seguintes princípios relativos ao uso e à ocupação do solo e aos

índices de aproveitamento, que irão determinar o adensamento populacional:

- Miscigenação de usos: maior flexibilidade de combinação de usos em convivências não

nocivas, como combinar o uso residencial, comercial, de serviços e pequenas indústrias não

poluentes;

- Controle de usos nocivos: as atividades poluentes de impactos negativos na vizinhança,

devem guardar distanciamento de outros usos, mas contar com infraestrutura viária para

transporte de carga e acessibilidade aos trabalhadores;

- Controle da densidade populacional: de maneira a permitir o adensamento em áreas

infraestruturadas e evitar a expansão horizontal ampliando a área urbanizada;

- Controle da expansão urbana: novos loteamentos e parcelamentos deverão atender a

critérios que consideram a disponibilidade de infraestrutura, sistema viário e de transporte

público. Além disso, deve-se promover a ocupação dos vazios urbanos.

2.5 – A Mobilidade Urbana no Brasil

Grande desafio, atualmente, é oferecer um transporte de qualidade, uma grande área

para pedestres e ciclistas, e boa infraestrutura para transportes coletivos e individuais nas

grandes cidades brasileiras.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (2014), muitos países desenvolvidos reduziram os

problemas da mobilidade por meio de medidas que priorizam o transporte público,

principalmente o de alta capacidade, fornecendo alternativas de boa qualidade ao transporte

individual. Já os países subdesenvolvidos que vivem num processo de urbanização

desordenada, como o Brasil, o uso do carro está crescendo de maneira insustentável, tanto pela

falta de transporte público de qualidade quanto pela questão cultural do carro representar um

status social.

De acordo com Pena (2015) nos últimos anos a discussão sobre a mobilidade urbana no

Brasil vem se acirrando cada vez mais, haja vista que a maior parte das grandes cidades do país

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vem encontrando dificuldades em desenvolver meios para diminuir a quantidade de

congestionamentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em áreas centrais dos espaços

urbanos. Trata-se, também, de uma questão ambiental, pois o excesso de veículos nas ruas gera

mais poluição, interferindo em problemas naturais e climáticos em larga escala e também nas

próprias cidades, a exemplo do aumento do problema das ilhas de calor.

Os principais problemas enfrentados pelas cidades em relação à mobilidade, segundo

Fundação Getúlio Vargas (2014), são: congestionamentos, conflitos de diferentes modos de

transporte, redução de segurança dos pedestres, aumento da poluição do ar e sonora. Como

consequência, ocorre a redução de áreas verdes devido à presença de estacionamentos e

ampliação de vias para circulação de veículos motorizados. Todos esses fatores têm contribuído

para a queda da qualidade de vida nos centros urbanos.

No Brasil, a grande transformação da mobilidade das pessoas aconteceu a partir da

década de 1950. O processo de urbanização esteve sempre associado ao aumento do número de

veículos e o transporte público era baseado, principalmente, em bondes e trens. Com o passar

do tempo, houve incremento na frota de ônibus como serviço de transporte público.

Para Alves e Raia Júnior (2011), o aumento do uso de veículos como carros e motos se

deve à má qualidade do transporte público no Brasil, ao aumento da renda média do brasileiro

nos últimos anos, à redução de impostos por parte do Governo Federal sobre produtos

industrializados (o que inclui os carros), à concessão de mais crédito ao consumidor e à herança

histórica da política rodoviarista do país.

Figura 2 - Trânsito na cidade do Rio de Janeiro.

Fonte: Pena (2015).

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Figura 3 – Variação da quantidade de domicílios brasileiros com posse de veículos privados entre 2008 e 2012.

Fonte: Fundação Getúlio Vargas (2014).

A Figura 3 demonstra o privilégio dos brasileiros pelos transportes individuais

motorizados devido à adoção de políticas urbanas, como a redução do imposto para compra de

veículos.

Entre os anos de 2002 e 2012, segundo dados do Observatório das Metrópoles, enquanto

a população brasileira aumentou 12,2%, o número de veículos registrou um crescimento de

138,6%. Há cidades no país que apresentam uma média de menos de dois habitantes para cada

carro.

Tabela 1 - Capitais brasileiras com a maior quantidade de carros por habitante.

Fonte: Pena (2015).

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Pode-se dizer que de acordo com Pena (2015) na tabela acima há alguns exemplos de

capitais que contam com uma grande quantidade de veículos para cada habitante. Esses dados

são apenas um indicativo geral e não uma realidade em si, haja vista que leva em consideração

apenas o número de carros registrados e não o total de veículos que realmente circulam nessas

cidades, desconsiderando aqueles veículos registrados em cidades vizinhas e que também

circulam nessas capitais.

A falta de mobilidade gera consequências negativas não apenas para a qualidade de vida

da população, mas também para a economia. Por exemplo, na área de saúde, a previdência

social é diretamente afetada pela ocorrência de acidentes, que, muitas vezes, tornam o cidadão

dependente do Estado. Também se pode mencionar o grande aumento do tempo de

deslocamento de casa para o trabalho, fator que gera prejuízo para empresas devido a uma

potencial redução de desempenho dos funcionários, seja por atrasos ou pelo cansaço. Os tempos

médios de deslocamento casa/trabalho no Brasil podem ser visualizados na Figura 4. Como

citado anteriormente, a preocupação com a mobilidade não é exclusividade do Brasil ou de

países em desenvolvimento, apenas. Diversas soluções vêm sendo adotadas ao redor do mundo,

tecnológicas ou não, em busca de um melhor padrão de mobilidade urbana.

Figura 4 - Percentual de trabalhadores com tempo de percurso casa-trabalho superior a 60 minutos (60%).

Fonte: Fundação Getúlio Vargas (2014).

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Segundo Pena (2015) é preciso ampliar os debates, regulamentando ações públicas para

o interesse da questão, tais como a difusão dos fóruns de mobilidade urbana e a melhoria do

Estatuto das Cidades, com ênfase na melhoria da qualidade e da eficiência dos deslocamentos

por parte das populações.

Como exemplo de solução não tecnológica, vale citar a medida adotada nos Estados

Unidos, que criou, em diversas regiões, faixas exclusivas para veículos com mais de uma

pessoa. Outro exemplo são as faixas exclusivas de ônibus, adotadas em diversos países,

incluindo o Brasil, que busca priorizar o transporte público. Novos planejamentos urbanos,

voltados para o transporte público, são fundamentais para resolver os problemas de mobilidade.

De acordo com Fundação Getúlio Vargas (2014) há diversas soluções como:

- Em Amsterdã foi criado um aplicativo para compartilhamento de veículos, em que uma pessoa

que não possui carro pode alugar de outros que se encontrem num local próximo e que não

esteja utilizando o veículo no momento. Toda a transação se dá pelo aplicativo, gerando uma

facilidade tanto para o proprietário, quanto para o locatário. Outro exemplo são os aplicativos

de táxi, nos quais o cliente pode localizar o táxi mais próximo e fazer a solicitação pelo celular,

tornando mais fácil a utilização desse transporte;

- Em Birmingham, no Reino Unido, os postes de luz coletam informações do tempo;

- Na Noruega, as pessoas deixam “tweets” a respeito de suas experiências em pontos de ônibus,

ou seja, os indivíduos interagem cada vez mais com as cidades que habitam.

3 – MOBILIDADE URBANA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

3.1 – Características

A cidade do Rio de Janeiro, uma das mais conhecidas no mundo, é a capital do Estado

do Rio de Janeiro, a segunda maior metrópole da República Federativa do Brasil e a quarta

maior da América Latina. Situada no sudeste do país, foi capital do Império Português na época

das invasões de Napoleão, capital do Império do Brasil e capital da República até a inauguração

da cidade de Brasília na década de 60.

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Considerada um dos maiores centros econômicos, culturais e financeiros do país, sendo

internacionalmente conhecida por diversos ícones culturais e paisagísticos, como o Pão de

Açúcar, a estátua do Cristo Redentor (uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno), as praias

de Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca, entre outras, o Estádio do Maracanã, bem como por

eventos como o Réveillon na praia de Copacabana (um dos maiores do planeta) e por seu

Carnaval.

De acordo com GEOGRAFIA... (2015) e RIO... (2015), as características da cidade são

distribuídas, como apresentado a seguir.

3.1.1 – Posição Geográfica e População

Com 6,45 milhões de habitantes e expectativa de vida de 73,2 anos (estimativa

IBGE/2014), a cidade do Rio de Janeiro situa-se a 22ª54´23´´ de latitude sul e 43º 10´21´´ de

longitude oeste, de acordo com RIO... (2015). É a capital do Estado do Rio de Janeiro, com

16,46 milhões de habitantes, na Região Sudeste do Brasil. Ao Norte limita-se com vários outros

municípios do Estado, sendo ao sul banhada pelo Oceano Atlântico, a leste pela Baía de

Guanabara e a oeste pela Baía de Sepetiba. Suas divisas marinhas são mais extensas que as

terrestres.

Figura 5 – Localização da cidade Rio de Janeiro. Fonte: RIO... (2015).

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3.1.2 - Dimensões e Relevo

O Município do RJ estende-se 70 km de leste a oeste e 44 km de norte a sul, e tem uma

área da ordem de 1.255 km², incluindo as ilhas e as águas continentais.

Segundo GEOGRAFIA... (2015), o relevo carioca está filiado ao sistema da Serra do

Mar, recoberto pela floresta da Mata Atlântica. É caracterizado por contrastes marcantes,

montanhas e mar, florestas e praias, paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas

extensas, formando um quadro paisagístico de rara beleza que tornou o Rio de Janeiro

mundialmente conhecido como a Cidade Maravilhosa. De acordo com GEOGRAFIA... (2015),

o Rio apresenta três importantes grupos montanhosos, mais alguns conjuntos de serras menores

e morros isolados como:

- Maciços e Pontos Culminantes: Pedra Branca / Pico da Pedra Branca (1025 m), Tijuca / Pico

da Tijuca (1022 m) e Gericinó / Pico do Guandu (964 m);

- Serras: Engenho Novo e Misericórdia;

- Morros isolados: Pão de Açúcar, Viúva e Inhoaíba;

- Colinas: Outeiro da Glória;

- Planícies: Guaratiba, Jacarepaguá e Campo Grande;

- Restingas: Copacabana, Ipanema, Leblon, Marambaia e Jacarepaguá;

- Esporões: Cara de Cão ou São João e Ponta do Joá;

- Tômbolos (restinga arenosa desenvolvida pela deposição de correntes litorâneas entre a costa

e uma ilha que pode ser submersa em maré alta): Pontal de Sernambetiba e Arpoador.

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Figura 6 – Relevo da zona sul do Rio de Janeiro.

Fonte: GEOGRAFIA... (2015).

3.1.3 – Rios e Lagoas

De acordo com a Secretaria de Turismo (2015), o maior rio carioca é o Cabuçu ou

Piraquê, que deságua na Baía de Sepetiba após um percurso de 22 km. Os mais conhecidos são:

Carioca - o primeiro a ser utilizado no abastecimento da população, rio histórico, hoje quase

que totalmente canalizado, e o Cachoeira por ser o formador das mais belas cascatas da Floresta

da Tijuca (como a Cascatinha Taunay e o Salto Gabriela). O rio Guandu, do município vizinho,

é o curso d´água de maior importância que abastece a cidade de água potável.

A maior lagoa é a de Jacarepaguá que tem torno de 11 km² de área. A de Marapendi tem

da ordem de 3700 m² e a de Lagoinha, na Baixada de Jacarepaguá, tem cerca de 170 m².

A Lagoa Rodrigo de Freitas, antiga Lagoa de Sacopenapã, uma das paisagens mais belas

do Rio, é constituída por uma área de aproximadamente 2,4 km² na forma de um coração, que

se tornou famoso e conhecido como o “Coração do Rio”.

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Figura 7 – Lagoa Rodrigo de Freitas.

Fonte: GEOGRAFIA... (2015).

3.1.4 – Litoral

Segundo a Secretaria de Turismo (2015), a extensão de 246 km, divide-se em três

setores:

- Baía de Guanabara: é a baía de maior extensão, mais recortada e a de ocupação mais antiga,

sendo que o setor carioca vai da foz do Rio São João de Meriti até o Pão de Açúcar. Pouco

profunda e de geografia que tem sido alterada pelos inúmeros aterros realizados, apresenta

numerosas ilhas, com destaque para as ilhas de Paquetá, Brocoió e Governador. Considerando-

se a sua barra como uma linha imaginária que se estende da ponta de Copacabana até à ponta

de Itaipu, esta sofre um estreitamento entre a ponta da Fortaleza de São João, na cidade do Rio

de Janeiro, e a ponta da Fortaleza de Santa Cruz, na de Niterói, com uma largura aproximada

de 1.600 metros. As profundidades médias na baía são de 3 m na área do fundo, cerca de 8 m

na altura da Ponte Rio-Niterói e de 17 m no canal de entrada da barra. Na área do fundo, onde

deságuam a maior parte dos rios, o acúmulo de sedimentos constituiu manguezais, envoltos

pela vegetação própria da Mata Atlântica.

- Setor Oceânico (banhado pelo Oceano Atlântico): vai do Pão de Açucar até a Barra da

Guaratiba. Quando as ramificações dos Maciços da Tijuca e da Pedra Branca se aproximam do

litoral, sua costa é alta; quando se afastam, sua costa é baixa. Torna-se retilínea nas regiões

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planas, onde aparecem belas praias de restingas, e recortada junto às regiões montanhosas.

Destacam-se no litoral oceânico duas praias: a da Barra da Tijuca com 18 km e a de Copacabana

com 4,15 km de extensão, por sua beleza e fama internacional.

Figura 8 – Praia de Copacabana.

Fonte: RIO... (2015).

- Baía de Sepetiba: forma o terceiro setor, que vai da Barra de Guaratiba até a foz do Rio

Guandu; é pouco recortado e apresenta um único acidente geográfico importante; a Restinga de

Marambaia. Nele se destacam três praias: Sepetiba, Pedra de Guaratiba e Barra de Guaratiba.

A ocupação humana neste trecho é menos densa, pois apresenta grandes áreas pantanosas,

cobertas de manguezais. É zona de colônias de pesca.

3.1.5 – Ilhas

As ilhas ocupam uma área da ordem de 37 km² e a maioria se encontra na Baía de

Guanabara. Porém há também as que ficam na costa atlântica e as da Baía de Sepetiba.

De acordo com GEOGRAFIA... (2015), as principais ilhas da Baía de Guanabara são

Laje, Villegaignon, Fiscal, Enxadas, Governador (a maior ilha, com 30 km²), Paquetá e Ilha do

Fundão. As principais do litoral atlântico são Cotunduba (em frente à Praia de Copacabana),

Arquipélago das Cagarras (em frente a Ipanema), Rasa (com um importante farol), Arquipélago

da Redonda (fora da barra, à esquerda), Arquipélago das Tijucas (em frente à Barra da Tijuca),

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Palmas e Peças (entre o Pontal Tim Maia, antigo Sernambetiba, e a Praia Funda) e Frade (junto

à Barra de Guaratiba). Já as principais ilhas da Baía de Sepetiba são Bom Jardim, Nova, Cavado,

Guaraquessaba, Tatu e Pescaria.

3.1.6 – Clima

É do tipo tropical, quente e úmido, com variações locais devido às diferenças de altitude,

vegetação e proximidades do oceano, segundo GEOGRAFIA... (2015). A temperatura média

anual é de 22º C, com médias diárias elevadas no verão (de 30º C a 32º C); as chuvas variam

de 1.200 a 1.800 mm anuais. Nos quatro meses do chamado alto verão (de dezembro a março)

os dias muito quentes são sempre seguidos de tardes luminosas, quando em geral caem chuvas

fortes e rápidas, trazendo noites frescas e estreladas.

3.1.7 – Meio Ambiente

Com 1.255 km² de área urbana, em meio à topografia acidentada, a cidade do Rio de

Janeiro possui uma orla marítima extensa, duas baías, 72 praias, formações rochosas, três

maciços importantes, e é irrigada por centenas de rios, canais e lagoas, de acordo com RIO...

(2015). Sua diversidade topográfica se estende à cobertura vegetal: florestas recobrem encostas

e espécies remanescentes da mata atlântica são preservadas no Parque Nacional da Tijuca; mata

de baixada, restingas e manguezais são preservadas nas áreas de proteção ambiental de Grumari

e Prainha.

Embora a cidade tenha uma considerável área urbana, cresceu em volta da Floresta da

Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, na qual continua mantendo valiosos remanescentes

de seus ecossistemas originais, mesmo tendo sido replantada no séc. XIX, segundo RIO...

(2015).

Aos poucos os ecossistemas foram sendo protegidos por uma legislação ambiental e

uma grande quantidade de parques, reservas e áreas de proteção ambiental foram sendo criados

para garantir sua conservação. Dentre as Unidades de Conservação Ambiental cadastradas,

destacam-se: Parque Nacional da Tijuca, Jardim Botânico, Aterro do Flamengo (nome popular

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do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes), Quinta da Boa Vista, Campo de Santana, Pão de

Açúcar, Morro da Urca, Morro do Leme, Parque Municipal do Penhasco Dois Irmãos, Parque

da Catacumba, Parque da Cidade, Bosque da Barra, Parque Estadual da Pedra Branca e Parque

Ecológico do Mendanha.

Figura 9 – Jardim Botânico.

Fonte: Secretaria de Turismo (2015).

3.2 – Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU 2012)

Concentrando mais de 70% da população de todo estado, a Região Metropolitana do

Rio de Janeiro (RMRJ) apresenta uma estrutura heterogênea de diferentes padrões urbanísticos

e sociais, cuja expansão coincidiu com os eixos naturais configurados pela topografia, que por

sua vez definiram os principais corredores de circulação.

De acordo com a Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro

(2014), a oferta de transporte é caracterizada pela existência de vários modos distintos, na

maioria das situações, em competição direta pela captação dos usuários, sem nenhum esquema

de priorização para os sistemas de transporte coletivo e com níveis de integração muito baixos.

Os sistemas regulamentados operam sem explorar as reais vocações de cada modal e, ainda,

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enfrentam a concorrência dos sistemas alternativos. Um exemplo disso é o transporte sobre

trilhos cuja vocação natural é de ser um modal de alta capacidade e que na RMRJ, apesar de

contar com uma extensa rede de aproximadamente 255 km, transporta apenas 7% das viagens

motorizadas.

Apesar da existência de estudos, planos e projetos para os diversos setores que integram

o sistema de transportes, a escassez de recursos aliada à falta de ações articuladas por parte dos

organismos encarregados de sua gestão e operação, conduziu a RMRJ a uma situação de

extrema ineficiência quanto ao desempenho dos transportes.

Figura 10 – Cenário da rede de transportes 2012.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

Figura 11 – Eixos de transporte e densidade populacional na RMRJ.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

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Conforme resultados da pesquisa origem-destino feita pela Secretaria do Estado de

Transportes (2015), são realizadas no total 19,9 milhões de viagens diárias, sendo 12,5 milhões

motorizadas. Destas, a participação do transporte coletivo é de 74% e o transporte particular de

26%. Pode-se dizer que há uma clara distorção no aproveitamento das tecnologias específicas

para o transporte de massa, sendo um reflexo da falta de investimentos nos sistemas de alta

capacidade, especialmente ao longo da primeira metade da década de 90, e na ausência de

políticas objetivando a racionalização e a complementaridade dos modos de transporte, além

das descontinuidades e indefinições que os próprios modelos institucional, financeiro e

organizacional geraram.

Tendo em vista que o atual sistema de transporte na RMRJ exige intervenções

significativas, foi diagnosticada pela Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, a

necessidade do planejamento e da programação de investimentos para o setor.

Tabela 2 - Viagens realizadas por modo principal.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

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Figura 12 – Viagens segundo o modo motorizado e não-motorizado.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

Figura 13 – Distribuição horária de viagens – transporte coletivo.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

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Figura 14 – Viagens diárias por município de origem.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

Figura 15 – Viagens diárias realizadas por modo para a RMRJ.

Fonte: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014).

O Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,

segundo Secretaria do Estado de Transportes (2015), é um estudo criterioso que detalha um

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sistema de transporte estruturado, justo, racional, integrado e eficaz para a promoção de uma

melhor qualidade de vida para a população. Teve seu início a partir de março de 2002, sendo

executado pelo consórcio LOGIT-OFICINA-JGP, com a participação de técnicos da

Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística – CENTRAL e com a

colaboração da Secretaria Estadual de Transportes – SECTRAN e de outros órgãos municipais

e estaduais.

Este Plano Diretor propõe:

- O diagnóstico da situação atual da demanda e oferta dos transportes da RMRJ;

- A formulação de alternativas que visem a racionalização do sistema de transporte da RMRJ,

com especial ênfase à política de integração intermodal física e tarifária;

- A formulação de uma política de investimentos em infraestrutura viária e nos transportes

coletivos;

- O fornecimento de um instrumental que permita implementar um processo permanente de

planejamento.

De acordo com Secretaria do Estado de Transportes (2014), estudos de planejamento de

transportes desenvolvidos em décadas passadas não tem mais a capacidade de representar a

situação metropolitana vigente e, consequentemente, não podem ser usados na projeção de

cenários e na identificação dos desejos de deslocamento da população. Foram estudos de

importância relevante, mas por não terem sido atualizados e realimentados, deixaram de

acompanhar, as profundas transformações na Região Metropolitana do Rio de Janeiro,

especialmente no que se refere ao crescimento observado em bairros da Zona Oeste do Rio, a

implantação de novas e importantes ligações rodoviárias, tais como a Via Light e as Linhas

Amarela e Vermelha, e a significativa alteração institucional, em função da concessão à

iniciativa privada da operação dos sistemas metroviário, ferroviário e aquaviário.

Tanto o PIT (Plano Integrado de Transportes do Metrô/RJ, 197579), quanto o PTM

(Plano de Transporte de Massa, 199095), apresentam uma excessiva agregação de seus

zoneamentos na Zona Oeste, chegando a ser crítico no que tange à Barra da Tijuca e a

Jacarepaguá. Enquanto que, o PIT utilizou na geração de suas matrizes de viagem dados

retirados de pesquisa de campo (entrevistas domiciliares e origem/destino) realizadas pelo

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Metrô/RJ, no biênio 197576, em todos os modais de transporte na RMRJ (carros particulares,

barcas/aerobarcos, trens urbanos, ônibus, etc.), o PTM obteve as suas matrizes de viagem em

pesquisa de campo junto às linhas de ônibus, pesquisas domiciliares e contagens de tráfego

(volumétricas e seletivas).

Conforme a Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (2014)

relatou sobre a montagem de um modelo de transportes, foi construída uma rede de simulação

e modelos de previsão de demanda altamente detalhados que permitiram análises com bastante

acuidade das alternativas de intervenção e operação testadas. Estas alternativas foram objeto

também, de avaliações ambientais e econômico-financeiras, que nortearam a definição do

conjunto de soluções recomendado pelo Plano.

De acordo com Secretaria do Estado de Transportes (2015), foram estabelecidas as

diretrizes que nortearam o desenvolvimento deste Plano para os seguintes modelos presentes

em um sistema de transporte urbano:

- Modelo Operacional: diretrizes voltadas à operação e gestão dos serviços de transporte

público, refletindo o compromisso com a convivência harmônica e complementar dos

diferentes modos e das sub-redes existentes;

- Modelo de Infraestrutura de Transporte: diretrizes voltadas à priorização e a viabilização da

articulação entre os diversos sistemas de transporte coletivo;

- Modelo Tecnológico: diretrizes focadas na implantação de um sistema integrado de

transportes;

- Modelo Tarifário: diretrizes para a viabilização de uma rede única de transporte coletivo

integrada e tarifas justas;

- Modelo Institucional: diretrizes para a ordenação e participação dos diversos órgãos

envolvidos na operação do sistema de transporte;

- Modelo de Infraestrutura Viária: diretrizes voltadas para a seleção de projetos visando atender

as futuras demandas e o partilhamento entre os transportes individual e coletivo.

Além disso, foi elaborada uma política tarifária baseada no conceito de distância de

linhas e integração entre modos de transporte buscando mais equilíbrio como:

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- Alternativa Investimento Pleno: inclui uma rede básica de metrô com a implantação das seis

linhas previstas e o projeto TransPAN (sistema sobre trilhos concebido para o atendimento aos

Jogos Panamericanos e acesso aos aeroportos), a otimização do sistema ferroviário, um sistema

tronco-alimentado de ônibus e nova política tarifária. Com relação aos investimentos viários

são consideradas todas as intervenções de natureza metropolitana;

- Alternativa Sem Integração: refere-se à alternativa anterior, com a situação de competição

entre os modos e política tarifária sem integração como ocorre atualmente;

- Alternativa Linha 6: refere-se ao de Investimento Pleno sem considerar o projeto TransPAN;

- Alternativa TransPAN: refere-se ao projeto TransPAN no lugar das Linhas 5 e 6 do Metrô;

- Alternativa T5 e TR6: inclui o corredor de ônibus T5 e corredor troncal de ônibus TR6 no

lugar da Linha 6 do Metrô;

- Alternativa Investimento Mínimo: considera, em relação à situação atual, a complementação

da Linha 2 (trecho Estácio-Praça XV), a implantação da Linha 3 do Metrô excetuando a

travessia sob a Baía da Guanabara, a otimização do sistema ferroviário e um sistema de

corredores de ônibus no lugar das Linhas 4, 5 e 6 do Metrô. No sistema viário a principal

intervenção se refere ao Anel Viário do município do Rio de Janeiro;

- Alternativa Investimento Mínimo – Transporte Coletivo: refere-se à alternativa anterior sem

os investimentos no sistema viário.

3.3 – Crise da Mobilidade no Rio de Janeiro

A crise de mobilidade urbana da cidade do Rio de Janeiro ameaça a qualidade de vida

da população. O uso excessivo de automóveis e demais veículos automotores, movidos a

combustíveis fósseis, comprometem não somente a qualidade do ar urbano com emissões de

gases e material particulado na atmosfera, mas também comprometem o deslocamento na

cidade, tornando-os longos com frequentes engarrafamentos.

Os habitantes da cidade do Rio de Janeiro não experimentaram de forma efetiva,

condições consideradas de alto nível de qualificação em seu deslocamento cotidiano, que

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ofereçam alternativas diversificadas para minimizar os problemas enfrentados pela população

na rotina de deslocamentos no cumprimento das suas diversas. A situação atual pode ser

considerada como crise da mobilidade à medida em que há evidências de uma piora também

nas condições de acessibilidade e circulação no espaço urbano. De acordo com Rodrigues

(2014), as principais origens dessa piora estão relacionadas:

- Ao crescimento de transportes motorizados;

- Às deficiências do transporte coletivo, que inclui a falta de investimento em transporte de

massa;

- À desregulamentação do setor de transporte público;

- À generalização de formas precárias e inseguras de transporte.

E os efeitos principais são:

- O aumento dos congestionamentos e do tempo de viagem;

- O crescimento dos acidentes de trânsito;

- O aumento na desigualdade de condições de mobilidade entre os grupos sociais.

Bógus e Ribeiro (2013) afirmam que a crise da mobilidade e seu agravamento

acontecem, antes de tudo, por uma crise do transporte coletivo e uma reafirmação do modelo

rodoviarista que alcança seus limites com o grande aumento de automóvel e motocicletas.

Porém, na RMRJ, de 1999 a 2005, o transporte coletivo diminuiu de 29 % em termos de

frequentação (em números de viagens) enquanto a porcentagem dos passageiros que se

deslocam de trem ou metrô não tem passado do 5% nas duas últimas décadas. Além disso, essa

insuficiência estrutural de serviços ferroviários na metrópole do Rio de Janeiro se traduz por

um sistema de transporte por ônibus cuja oferta não é adequadamente distribuída em função

das necessidades da região metropolitana.

Especialmente em anos mais recentes, ocorreu um crescimento explosivo no número de

automóveis, sobretudo nas grandes cidades, como pode se observar na imagem abaixo:

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Figura 16 - Frota de automóveis – Região Metropolitana do Rio de Janeiro (2001 a 2012).

Fonte: Rodrigues (2014).

Os efeitos da crise são múltiplos e se verificam em diferentes graus segundo as

características próprias da cidade observada. Uma característica, porém, que compartilham as

principais regiões metropolitanas brasileiras é um aumento nas distâncias residência – trabalho

e, consequentemente, nos tempos e tipos de deslocamentos diários em um ambiente de

profundas desigualdades socioespaciais. No entanto, não é só um aumento nas distâncias que

provocou um aumento dos tempos de deslocamentos, já que os congestionamentos estão cada

vez mais presentes em um número crescente de lugares.

Nesse caso, mais uma vez é necessário destacar à explosão da motorização individual,

cujo crescimento tem apresentado resultados negativos para a saúde e o bem-estar da população,

e à falta de investimentos em sistemas de transporte coletivo de massa.

De acordo com Bógus e Ribeiro (2013) houve no Brasil, nos últimos anos, um

crescimento no número de acidentes de trânsito, principalmente aqueles envolvendo

motociclistas, inclusive com vítimas fatais e aumento da poluição. A tendência nacional de

vitimização no trânsito, nos últimos anos, está marcada pela queda na mortalidade de pedestres,

pela manutenção das taxas de ocupantes de automóveis, por um incremento leve nas mortes de

ciclistas e violento aumento na letalidade de motociclistas.

Mas para a grande parte o transporte público ineficiente continua sendo a única opção

de deslocamento em um espaço urbano onde o mercado de trabalho se organiza cada vez mais

na escala metropolitana, exigindo assim grandes deslocamentos em longas distâncias, muitas

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vezes transpondo os limites municipais. É importante ressaltar que a posse de automóvel

continua concentrada nas áreas onde residem as classes mais altas de renda; ou seja, justamente

nas áreas mais bem servidas pelo sistema de transporte público. Em grande parte da periferia

metropolitana a posse de pelo menos um automóvel no domicilio não chega a 35%. Enquanto

em outras áreas da Zonal Sul, o percentual de domicílios nos quais há a posse de pelo menos

um automóvel é mais de 75%,

Infelizmente, esse fenômeno atinge uma etapa delicada, no momento em que a cidade

foi sede da Copa Mundial de Futebol em 2014 e se prepara para ser sede das Olimpíadas em

2016.

De acordo com Rodrigues (2014), em face dessa realidade somada ao quadro atual de

transporte insuficiente, como sistema de trens urbanos e metropolitanos muito aquém de suas

necessidades por exemplo, a prefeitura, o governo do estado e o governo federal uniram forças

em prol da necessidade de ampliação e renovação da rede de mobilidade urbana e também na

criação de novos modais de transporte, como o BRT e VLT. Além desses haverá a

modernização nas linhas do metrô e do trem, em benefício não somente da cidade, mas também

de toda região metropolitana do Rio de Janeiro.

3.4 – Projetos de Transporte de Massa

3.4.1 – BRS

BRS (Bus Rapid System) é um serviço de ônibus rápido que foi implantado em 21 ruas

da cidade do Rio de Janeiro, começando pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, ruas

Barata Ribeiro e Raul Pompeia. Depois foi inaugurado no Centro da Cidade nas Avenidas

Presidente Antônio Carlos, Primeiro de Março, Rio Branco e Presidente Vargas.

Segundo BUS... (2015), sua operação começou em 2011 e sua função é otimizar o

transporte coletivo por ônibus através de corredores preferenciais e escalonamento de paradas

em pontos de ônibus. Os corredores podem ter uma ou duas faixas de tráfego e são localizadas

no lado direito da pista, identificados por sinalização horizontal e vertical, no caso da cidade do

Rio de Janeiro por uma faixa contínua azul, como mostra na imagem abaixo. Na faixa pode

trafegar apenas os ônibus do transporte público e táxis com passageiros. Automóveis que

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trafegam na faixa podem ser autuados por fiscalização eletrônica, exceto em trechos específicos

para conversão a direita e entrada em garagens.

Figura 17 - BRS como solução para agilizar o transporte público no Rio de Janeiro.

Fonte: Noticias Automotivas (2015).

De acordo com Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (2015), as linhas são divididas

em:

- BRS 1: são as linhas radiais do Consórcio Intersul (cor amarela) e ligam a Zona Sul ao Centro,

com pontos de parada na Nossa Senhora de Copacabana, na Barata Ribeiro e na Raul Pompeia;

- BRS 2: são as demais linhas do Consórcio Intersul (cor amarela) com pontos de parada na

Nossa Senhora de Copacabana, na Barata Ribeiro e na Raul Pompeia;

- BRS 3: são as linhas que chegam a Copacabana operadas por outros consórcios. As linhas que

vêm do Consórcio Internorte são identificadas pela cor verde, do Consórcio Santa Cruz pela

cor vermelha e do Consórcio Transcarioca pela cor azul;

- BRS 4: são as linhas do Consórcio Internorte que vão até o Centro do Rio;

- BRS 5: são as linhas dos consórcios Santa Cruz e Transcarioca que chegam ao Centro sem ter

que passar pela Zona Sul.

De acordo com BUS... (2015), os corredores do BRS na cidade do Rio de Janeiro são:

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- Região Sul:

BRS Copacabana: compreende a Avenida Nossa Senhora de Copacabana; Ruas Barata

Ribeiro e Raul Pompeia; Avenida Princesa Isabel e Avenida Lauro Sodré;

BRS Ipanema/Leblon: compreende a Rua Prudente de Moraes e Avenida General San

Martin e Avenida Ataulfo de Paiva e Rua Visconde de Pirajá;

BRS Botafogo: compreende a Rua São Clemente e Humaitá (BRS São Clemente) e Rua

Humaitá, Voluntários da Pátria e Praia de Botafogo (BRS Voluntários).

- Região Norte:

BRS Méier: compreende a Rua 24 de Maio (BRS 24 de Maio) e Rua Hermengarda, Rua

Padre Roma, Rua Maria Antônia, Rua General Belegarde e Avenida Marechal Rondon

(BRS Marechal Rondon);

BRS Tijuca: compreende a Rua Doutor Satamani, Avenida Heitor Beltrão e Rua Conde

de Bonfim.

- Região Sul:

BRS Carioca: começa na Rua Hadock Lobo e tem termino na Avenida Almirante

Barroso;

BRS Estácio: começa na Rua Frei Caneca e termina no Largo do Estácio, se ligando

com o BRS Tijuca;

BRS Presidente Vargas: abrange toda a via, em ambos sentidos e pistas (laterais e

centrais);

BRS Rio Branco/Presidente Antônio Carlos/Primeiro de Março: compreende a Avenida

Rio Branco (sentido Sul) e a Avenida Presidente Antônio Carlos e Rua Primeiro de

Março (sentido Norte).

A frota tem um adesivo no vidro da frente para identificação. São diversos pontos de

parada sinalizados por placas e adesivos. Em cada ponto desses, além dos números BRS, há

uma lista com o número, a origem e o destino das linhas de ônibus, e um mapa com a localização

de todos os pontos. Lembrando que os motoristas dos ônibus foram treinados a não parar fora

dos pontos.

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Este serviço visa reduzir os congestionamentos, e aumentar os níveis de segurança viária

e da velocidade operacional, de 13 km/h para 24 km/h. Os clientes ganharão redução nos

tempos de deslocamento de até 40%. A preocupação com a sustentabilidade do meio ambiente

também está incluída no projeto. Com a otimização da frota de ônibus, haverá redução de

emissão de gases poluentes e a redução do consumo de combustíveis.

De acordo com Notícias Automotivas (2015), dentro do conceito BRS, câmeras de vídeo

são instaladas ao longo da via para identificar os veículos que nela adentrarem. Não há proibição

para outros veículos rodaram na faixa, desde que estejam entrando ou saindo de vagas de

estacionamento ou garagem, além de virar na transversal para acessar outra rua. Mesmo assim,

os veículos comuns não podem rodar mais do que uma quadra, sob pena de multa.

O sistema já dá alguns resultados na cidade. Na Avenida Nossa Senhora de Copacabana

o tempo de viagem dos ônibus foi reduzido de 40 minutos para apenas 15 minutos. Os carros

perderam em média apenas 2 minutos com a faixa exclusiva do BRS. Outro detalhe do conceito

é que os ônibus não precisam de nenhuma adaptação, utilizando escadas comuns e cobrança

interna de tarifa.

3.4.2 – BRT

Criado no Brasil e exportado para diversas cidades como Bogotá, Pequim e

Johanesburgo, o BRT (Bus Rapid Transit), segundo Pinto (2013), consiste num sistema de

transporte público com ônibus articulados que circulam em vias segregadas e, por isso, operam

em velocidade maior do que uma linha de ônibus comum. O pacote de melhorias para a Copa

e as Olimpíadas inclui os BRTs Transcarioca, Transoeste, Transolímpica e Transbrasil.

No Rio, após uma eleição no jornal Extra, o novo corredor viário da região foi batizado

pelos leitores como Ligeirão.

Pinto (2013) apresenta os seguintes itens como modelo de operação dos BRTs:

- Faixas únicas exclusivas para ônibus e pista adicional para ultrapassagem nas estações;

- Alta capacidade;

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- Sistema troncal com veículos alimentadores;

- Operação monitorada para garantir segurança e otimização do sistema;

- Bilhetagem fora dos veículos;

- Plataformas com embarque em nível e acesso para deficientes físicos;

- Integração tarifária entre linhas e serviços alimentadores.

De acordo com Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (2015), os

benefícios do BRT são:

- Custo e tempo de implantação inferior ao Metrô;

- Reduzida necessidade de desapropriação porque pode trafegar por vias existentes;

- Flexibilidade na adequação da capacidade do transporte ao longo do dia e integração com

outros modais;

- Veículos maiores reduzem tamanho da frota e sistema alimentador reduz sobreposição de

linhas;

- Rápido embarque e desembarque;

- Veículos que menos poluentes e mais silenciosos;

- Climatizado, traz mais conforto aos usuários.

Há dois tipos de BRT, os paradores que param em todas as estações, e o expresso que

para em algumas poucas mais urbanas integradas. Dentre suas características, pode-se dizer que

as portas ficam no lado esquerdo, que o piso é elevado a 95 cm do solo e em nível com a estação,

que tem a capacidade de pelo menos 160 passageiros com ar condicionado e que não tem catraca

interna.

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Figura 18 – Modelo de BRT.

Fonte: Pinto (2013).

O BRT constitui-se de quatro corredores, com um total de 150 quilômetros e 165

estações, que são:

3.4.2.1 - Transoeste

O Corredor Transoeste, cujo custo foi de 770 milhões de reais, é a principal conexão

entre a região oeste do Rio de Janeiro (Barra, Campo Grande e Santa Cruz) e alguns bairros da

zona norte, próximos à Avenida Brasil. O sistema foi inaugurado em junho de 2012 com 56 km

de extensão e 35 terminais de paradas para ônibus articulado, chamado de "Ligeirão",

beneficiando cerca de 220 mil pessoas por dia, de acordo com Consórcio BRT Rio (2015).

No corredor, há 9 pontos de integração e 74 estações em toda sua extensão. Atualmente

a velocidade dos ônibus que operam no trecho da implantação do Transoeste é de 25km/h, mas

a expectativa é que o corredor passará a operar a 34km/h.

Além dos ônibus articulados, com linhas expressas e paradoras, seu corredor central

contará com linhas complementares, operadas com ônibus menores nos bairros periféricos.

Segundo Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (2015), a Transoeste está

dividida em cinco percursos: no denominado trecho zero da obra, que será construído quando

a Linha 4 do metrô for inaugurada, o corredor vai se estender por seis quilômetros do Jardim

Oceânico, onde fará integração com o Metrô, até o Terminal Alvorada. Os ônibus articulados

circularão pelas faixas centrais da Avenida das Américas e farão parada nas estações instaladas

sobre o canteiro central.

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Figura 19 – Mapa do Corredor Transoeste.

Fonte: Pinto (2013).

Figura 20 - 14 km de faixa segregada para BRT entre Av. Ayrton Senna e Av. Salvador Allende.

Fonte: Pinto (2013).

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Figura 21 - 1.100 m de túneis paralelos no maciço da Pedra Branca com rebatedores de luminosidade solar.

Fonte: Pinto (2013).

3.4.2.2 - Transcarioca

O Corredor Transcarioca será o primeiro corredor de transporte de alta capacidade no

sentido transversal da cidade e uma das principais ligações entre o Aeroporto Internacional Tom

Jobim e a Barra da Tijuca, atendendo também a outros bairros como Madureira e Penha,

importantes regiões da cidade. Os projetos básicos e executivos foram concluídos e as obras

contratadas em março de 2011. O projeto operacional prevê um sistema tronco-alimentado,

reduzindo em mais de 60% o tempo gasto no trajeto entre a Barra da Tijuca e a Ilha do

Governador, e beneficiando cerca de 400 mil pessoas por dia.

Segundo Pinto (2013), a previsão é de que o Transcarioca tenha três terminais de

integração e 45 estações, com distância média entre elas de 812,5 m, tendo uma extensão total

de 39 km. No trecho, a velocidade atual é de 17 km/h, mas a expectativa é que o corredor passe

a operar a 29 km/h. Também são previstas medidas de melhoria da acessibilidade, com o

alargamento das vias para os automóveis (inclusive viadutos). No projeto está previsto a

construção de nove pontes, dois mergulhões e dez viadutos.

Para a implantação do Corredor Transcarioca, a maior parte dos recursos tem como fonte

o governo federal. De acordo com Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos

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(2015), a contrapartida dos governos estadual e Municipal será de R$200 milhões. As obras

iniciaram em março de 2011, com recursos municipais. As desapropriações necessárias à

implantação do corredor terão recurso da ordem de R$ 300 milhões.

Figura 22 – Mapa do Corredor Transcarioca.

Fonte: Pinto (2013).

3.4.2.3 – Transolímpica

O projeto de construção da via Transolímpica ligará a Barra da Tijuca à Deodoro dois

bairros da Zona Oeste que deverão abrigar grande número de complexos esportivos.

De acordo com Pinto (2013) a nova via expressa atravessará seis bairros e terá 26

quilômetros de extensão, com três faixas para veículos em cada sentido e uma faixa central

exclusiva para o sistema de Bus Rapid Transit (BRT) em cada sentido. A projeção inicial é que

50 mil veículos irão trafegar diariamente pela via. O sistema BRT consiste em ônibus

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articulados, com capacidade para 160 passageiros e estações exclusivas de embarque e

desembarque.

O BRT da Transolímpica será integrado ainda aos trens da Supervia em Deodoro e

Magalhães Bastos, criando uma opção hoje inexistente entre esses meios de transporte. Outro

ponto de integração será no trevo entre a Estrada dos Bandeirantes e a Avenida Salvador

Allende, por onde passará o BRT Transcarioca. No Recreio dos Bandeirantes, o corredor

também será interligado ao BRT Transoeste.

Considerada a maior obra da cidade nos últimos 30 anos, a Transolímpica vai criar novas

vias e cortará os bairros da Barra, Recreio dos Bandeirantes, Camorim, Curicica, Taquara,

Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e Deodoro, beneficiando diretamente mais de

400 mil moradores da região e se consolidando como uma opção à Linha Amarela para quem

vive na Baixada Fluminense e nas regiões próximas à Avenida Brasil, de acordo com

Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (2015).

Figura 23 – Mapa do Corredor Transolímpico.

Fonte: Pinto (2013).

Os ônibus articulados, com capacidade para 160 passageiros ou mais cada um, serão

divididos em expresso e parador, de acordo com a quantidade de estações no caminho. Todos

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os veículos, em torno de 60, terão ar condicionado, portas no lado esquerdo e piso elevado a 90

centímetros do solo alinhado com as estações, que serão 17 entre a Barra e Deodoro. O

Consórcio formado por Invepar, Odebrecht Transport e CCR, chamado Rio Olímpico, venceu

o leilão do projeto da Ligação Transolímpica, realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro, com

uma proposta de R$ 57,97 milhões.

3.4.2.4 – Transbrasil

O BRT Transbrasil será uma importante conexão da Baixada Fluminense e o centro do

Rio de Janeiro por vias alimentadoras. O projeto básico está concluído e o edital de licitação

das obras teve contratação das obras em 2012, segundo Associação Nacional das Empresas de

Transportes Urbanos (2015). O Transbrasil terá 4 terminais de integração e 28 estações, com

distância média entre elas de 1.350 m. Com a implantação dos corredores, a velocidade

operacional dos ônibus será maior. No trecho de implantação do Corredor Transbrasil a

velocidade atual dos ônibus é de 23km/h, mas existe a expectativa que o corredor passará a

operar a 36km/h, segundo Pinto (2013).

O Governo Federal anunciou a liberação do financiamento para a execução da obra,

orçada em R$ 1,3 bilhão. A previsão é de que as obras durem 36 meses. O corredor terá 32

quilômetros, com 4 terminais, 28 estações e 15 passarelas. A expectativa é de que sejam

atendidos 900 mil passageiros por dia, sendo o BRT que provavelmente terá maior demanda

entre todos já projetados e implantados no mundo, de acordo com Consórcio BRT Rio (2015).

Figura 24 – Mapa do Corredor Transbrasil.

Fonte: Pinto (2013).

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Faz parte do projeto também mais de 30 mil metros quadrados de pontes e viadutos, o

alargamento das pistas laterais da Av. Brasil entre de Irajá e Guadalupe e a construção de um

mergulhão de acesso ao Aeroporto Santos Dumont, preservando o patrimônio paisagístico do

Aterro do Flamengo.

3.4.3 – VLT

O VLT é uma espécie de trem urbano de passageiros, cujo equipamento e infraestrutura

são tipicamente mais “leves” que a usada em sistemas metropolitanos ou ferroviários de longo

curso, por isso são chamados de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT). O VLT está atualmente

em construção na cidade do Rio de Janeiro e seu objetivo é integrar o centro da cidade, o

Aeroporto Santos Dumont e a Barca Rio-Niterói à região portuária da cidade. A previsão é de

que o sistema esteja em funcionamento até 2016 nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro,

retirando pelo menos 60% dos ônibus e 15% dos carros que circulam atualmente no centro da

cidade, de acordo com VLT... (2015).

Segundo Pandino (2014), é uma solução que muitos países encontraram para diminuir

significativamente o impacto no trânsito das grandes cidades. O VLT é um meio de transporte

que não causa engarrafamentos nem ocupa espaço no trânsito, apesar de dividir uma parte do

espaço público. Não polui, tem visual moderno e está há tempos em operação, com sucesso, em

mais de 400 cidades nos cinco continentes, como Paris (França), Rotterdam (Holanda), Tunis

(Tunísia), Charlotte (Estados Unidos), Barcelona (Espanha), Changchun (China) e outros.

A Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (2013) afirma que o VLT Carioca funcionará

24 horas, sete dias por semana, e terá integração total com o Aeroporto Santos Dumont, barcas,

trens, metrô, ônibus e BRTs. Além da mobilidade urbana, o carioca passa a contar com um

transporte de qualidade ecologicamente correto, trazendo desenvolvimento econômico e

ambiental para a cidade. Com a revitalização da Região Portuária, a construção de novos

imóveis residenciais e comerciais propiciarão a criação de maiores oportunidades de emprego

e gerarão renda, projetando um cenário de melhorias para a região e para o entorno.

Vale ressaltar que a implantação do VLT tem um custo, a longo prazo, menor quando

comparado a outros meios de transporte sobre trilhos e, por ser um veículo não poluente, gera

retorno também em qualidade de vida para a população.

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O VLT é um veículo ecologicamente correto, pois será um dos primeiros do mundo

projetado totalmente sem catenárias (cabos para captar energia elétrica em fios suspensos), pois

o abastecimento de energia será feito pelo sistema APS (alimentação pelo solo), que é uma

espécie de terceiro trilho, já implantado com sucesso em diversas cidades europeias. Na prática,

trata-se de um sistema de alimentação de energia pelo solo combinado a um supercapacitor

(uma fonte de energia embarcada). Além disso, o VLT possui piso rebaixado, que garante uma

melhor acessibilidade aos vagões e ar-condicionado de última geração, mantendo o clima

interno entre 20° e 24°c.

Figura 25 – Modelo de Veículo Leve de Transporte (VLT).

Fonte: Pandino (2014).

Os condutores do VLT serão profissionais altamente capacitados e treinados, com

intuito de proporcionar a melhor experiência, em termos de conforto, aos usuários, sempre

destacando aspectos de segurança e serviço ao cliente. As primeiras cinco unidades do VLT

estão em fase de produção na França e a partir da transferência da tecnologia do fabricante para

a Concessionária do VLT Carioca, todos os demais veículos serão produzidos no Brasil.

De acordo com VLT... (2015) o Rio de Janeiro terá 42 estações, sendo quatro delas

intermodais, fechadas, como uma estação de metrô, localizadas na Rodoviária Novo Rio,

Estação das Barcas, Aeroporto Santos Dumont e Central do Brasil. As demais serão abertas,

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como as estações da Supervia. Além disso outras estações ficarão nas adjacências das estações

Cinelândia, Estação Presidente Vargas e Carioca do Metrô Rio e do Teleférico da Providência.

Figura 26 – Linhas consolidadas do VLT.

Fonte: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (2013).

Segundo Pandino (2014), o itinerário do VLT Carioca, que poderá variar entre 3 e 15

minutos, foi definido considerando dois aspectos:

- A utilização desse sistema como uma das principais ações de mobilidade da Operação Urbana

Porto Maravilha;

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- A função de interligação da Região Portuária com a área central de negócios de forma rápida,

segura e eficiente, uma vez que quando todas as linhas estiverem em operação, a capacidade do

sistema chegará a 300 mil passageiros por dia.

Após a realização da licitação de escolha da empresa que realizará a obra e operará o

sistema, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (2013) afirma que decidiu alterar parte do

projeto para atender a uma demanda do Instituto de Arquitetos do Brasil. O sistema deixará de

passar pela Avenida Rio Branco, uma das principais da cidade, para trafegar pela paralela Rua

1º de Março. A mudança foi feita porque a segunda abriga uma série de prédios de importante

valor histórico, como o Paço Imperial, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e

a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, sendo incompatível com o tráfego de ônibus pesados do

BRT Transbrasil, que passaria pelo local. Assim, o BRT foi transferido para a avenida Rio

Branco e o VLT para a rua 1ª de Março.

De acordo com VLT... (2015) a licitação foi realizada no dia 30 de abril de 2013, onde

ganhou o consórcio formado pela CCR (24,4375%), Invepar (24,4375%), OTP - Odebrecht

Transportes (24,4375%), Riopar Participações, sócia do Grupo CCR na CCR Barcas

(24,4375%), Benito Roggio Transporte (2%) e RATP do Brasil Operações (0,25%). O grupo

será responsável por construir, operar e realizar a manutenção dos sistemas durante 25 anos. As

obras foram iniciadas em 2012, antes mesmo da licitação do sistema. A concessionária que

administra a região portuária iniciou o trabalho de limpeza e reabertura do antigo Túnel da

Marítima, um túnel construído ainda no período do Brasil Império para o trânsito de trens entre

o porto e a Central do Brasil.

Serão ao todo 26 km que alcançarão pontos importantes da região, como o Aeroporto

Santos Dumont, a Estação das Barcas na Praça XV, a Cidade do Samba, o Píer Mauá e a

Rodoviária Novo Rio. As obras contarão com dois trechos. O primeiro, entre a futura Vila de

Mídia das Olimpíadas de 2016, a rodoviária, a Praça Mauá e o Aeroporto Santos Dumont deve

ficar pronto até 2015. O restante, na metade de 2016, ainda antes dos jogos.

A previsão é de que as seis linhas estejam em operação até 2016. A implantação do novo

meio de transporte tem custo avaliado em R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 535 milhões financiados por

recursos federais, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e R$ 632

milhões viabilizados por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP).

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3.4.4 – Metrô

O Metrô do Rio de Janeiro, que opera desde 5 de março de 1979, é o segundo metrô

mais movimentado em número de usuários por dia no país, transportando diariamente cerca de

780 mil passageiros, totalizando cerca de 280 milhões por ano.

Com 36 estações distribuídas em duas linhas, também é o terceiro mais extenso do

Brasil, possuindo uma malha total de 41 km, ficando atrás dos sistemas paulistano (de 78,4 km)

e brasiliense (de 42,38 km). Em 2011 as tarifas do Metrô do Rio de Janeiro foram apontadas

como as mais altas do país.

De acordo com Wikipedia (2015) o sistema metroviário do Rio de Janeiro conta

atualmente com duas linhas em funcionamento (linha 1 e 2), uma em licitação (linha 3) e uma

em construção (linha 4). Já a linha 5 está em fase de licitação de projeto, ou seja, em fase de

estudo, mas a expectativa do governo estadual é que em 2016 quatro linhas estejam em

funcionamento. O sistema tem integração física com ônibus expressos e com os trens da

Supervia. A integração tarifária inclui além destes, os ônibus urbanos e intermunicipais, e as

barcas.

A Linha 1 (Uruguai - General Osório), de cor laranja, está em operação desde 1979, e

liga as proximidades da rua Uruguai no bairro da Tijuca na Zona Norte à Praça General Osório,

no bairro de Ipanema, passando por 20 estações. Em seu traçado passa pelo Centro e principais

bairros da Zona Sul, sendo o principal acesso às praias de Copacabana e Ipanema. O trecho

entre a Central e a Estação Botafogo é compartilhado, durante os dias úteis com a Linha 2. Nos

fins de semana a integração entre as duas se dá unicamente na Estação Estácio. Já a Linha 2

(Pavuna - Botafogo), de cor verde, está em operação desde 1981 e liga a Pavuna, bairro no

extremo norte do município do Rio de Janeiro próximo a Baixada Fluminense, ao bairro de

Botafogo, passando por 26 estações. Em seu traçado passa pelo Centro e por parte da Zona Sul.

O trecho entre a Central e a Estação Botafogo é compartilhado, durante os dias úteis com a

Linha 1. Nos fins de semana a integração entre as duas se dá unicamente na Estação Estácio. A

Estação Cidade Nova fica, portanto, fechada.

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Figura 27 – Diagrama das atuais estações.

Fonte: Wikirio (2015).

Apesar dessa infraestrutura, o Metrô Rio tem apresentado muitos problemas referentes

à superlotação, mal funcionamento do ar-condicionado, paradas bruscas, ausência de intervalos

padrões entre os metrôs, etc. Tudo isso decorrente da falta de investimentos e sucateamento dos

vagões. Devido às Olimpíadas 2016 no Rio de Janeiro, o Metrô Rio com o Estado do Rio se

comprometeram em aumentar e modernizar a frota de metrô com mais de 114 composições,

incluindo 38 quilômetros divididos nas linhas 3 e 4, e 20 estações, totalizando 4 linhas e 55

estações. Há a linha 5, porém encontra-se em licitação de projeto.

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3.4.4.1 – Linha 3

De acordo com a Associação Abaporu (2012), a Linha 3 (Araribóia - Guaxindiba) está

atualmente em processo de licitação e será responsável pela integração entre Niterói e São

Gonçalo, com possível extensão até Itaboraí, onde está sendo construído o Comperj (Complexo

Petroquímico do Rio de Janeiro). Os investimentos públicos totalizam R$ 1,734 bilhão.

Figura 28 – Estações da futura Linha 3 do metrô.

Fonte: Associação Abaporu (2012).

A linha 3 começa na estação Araribóia, em um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer,

prevendo um estacionamento e garagem para pequenos atendimentos e reparos no bairro

Barreto, em Niterói, e um Centro de Manutenção em Guaxindiba, em São Gonçalo. A outra

estação terminal é Guaxindiba, próxima à BR-101, que permitirá a integração com os

municípios de Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Magé, garantindo o deslocamento até Niterói e

Rio de Janeiro. No total, são 22 km, sendo 17,7 km em viadutos e 4,3 km em superfície, ligados

por 14 estações.

Segundo a Associação Abaporu (2012), o metrô irá garantir o deslocamento de

aproximadamente 1,7 milhão de pessoas dos municípios beneficiados, calculando que 70% dos

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usuários da linha 3 terão como destino a cidade do Rio de Janeiro, utilizando a estação

Araribóia.

3.4.4.2 – Linha 4

A Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca — Ipanema) vai transportar, a

partir de 2016, mais de 300 mil pessoas por dia e retirar das ruas cerca de 2 mil veículos por

hora/pico. De acordo com Consórcio Construtor Rio Barra (2015) serão seis estações: Jardim

Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz, e

aproximadamente 16 quilômetros de extensão.

De acordo com Consórcio Construtor Rio Barra (2015) a Linha 4 do Metrô entrará em

operação no primeiro semestre de 2016, após passar por uma fase de testes. Será possível ir da

Barra a Ipanema em 15 minutos e, da Barra ao Centro, em 34 minutos. O projeto é um dos

compromissos do Governo do Estado do Rio de Janeiro com o Comitê Olímpico Internacional

(COI) por ocasião dos Jogos Olímpicos.

Figura 29 – Linha 4.

Fonte: Consórcio Construtor Rio Barra (2015).

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A estação Jardim Oceânico terá três acessos, segundo Consórcio Construtor Rio Barra

(2015). Na Avenida Armando Lombardi, o acesso Lagoa, na pista sentido Recreio, fica entre a

Unimed e a antiga Drogasmil. Já o acesso Mar, no sentido Zona Sul, está próximo à esquina da

Rua Fernando de Matos. O terceiro será na área de conexão da Estação Jardim Oceânico com

a Transoeste, para receber os passageiros do sistema BRT.

A estação São Conrado terá estação no início do bairro, com três acessos: um na Estrada

da Gávea, em frente ao supermercado Extra, outro na Avenida Niemeyer (próximo à Igreja

Universal da Rocinha), e o terceiro na Avenida Aquarela do Brasil (onde funcionava a antiga

concessionária Itavema). A estação Gávea terá dois acessos: um na Avenida Padre Leonel

Franca e outro na Rua Marquês de São Vicente, ambos na altura da PUC-Rio. A estação Antero

de Quental, no Leblon, terá dois acessos voltados para a Rua General Urquiza e para a Avenida

Bartolomeu Mitre. A estação Jardim de Alah terá dois acessos no Leblon: um na esquina da

Avenida Borges de Medeiros com a Avenida Ataulfo de Paiva, em frente ao canal do Jardim

de Alah, e outro na Ataulfo de Paiva com a Rua Almirante Pereira Guimarães. A estação Nossa

Senhora da Paz, em Ipanema, terá dois acessos na praça: um pela Rua Joana Angélica e outro

pela Rua Maria Quitéria.

Lembrando que haverá ainda a expansão da Estação General Osório, que passará a ter

duas plataformas de embarque e desembarque.

3.4.4.3 – Linha 5

A Linha 5 será uma das linhas do Metrô do Rio de Janeiro que ligará o bairro da Gávea,

na Zona Sul da cidade, ao Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. Sua construção,

prevista para ser iniciada em 2016 após os Jogos Olímpicos de 2016, deve aproveitar o tatuzão

atualmente utilizado para a construção da linha 4, que chegará ao bairro da Gávea, onde está

em construção uma estação com capacidade para receber duas linhas de metrô, de acordo com

Bastos (2014).

O projeto preliminar foi elaborado por técnicos do Governo do Estado do Rio de Janeiro

e prevê um traçado com cerca de 10 km com 9 estações, das quais a Estação Gávea já está sendo

construída para comportar a nova linha e a Estação Carioca, já em operação, que seria expandida

para comportar outra linha.

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A partir do projeto preliminar, elaborado pelo Governo do Estado, está sendo licitado

desde meados de 2014 a empresa que realizará os estudos detalhados, ambientais, de demanda

e de impacto do projeto, orçados inicialmente em R$ 35 milhões. Quatro grupos apresentaram

propostas que estão sendo avaliadas pela Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com Bastos (2014), a estação na Gávea estará preparada para receber duas

linhas de metrô. Sua obra deve se encerrar em 2017, após as Olimpíadas. Nela será possível

fazer o transbordo com a Linha 4, rumo a Barra da Tijuca ou aos bairros do Leblon, Ipanema e

Copacabana, por exemplo. A estação está sendo erguida nas imediações da PUC-Rio. Já em

frente ao Jockey Club Brasileiro, a estação ficaria abaixo da Praça Santos Dummont. Durante

as obras de construção seria necessário fechar a praça, bem como parte dos gramados do Jockey.

Bastos (2014) afirma que a localização da estação no Jardim Botânico dependerá dos

estudos do projeto detalhado da linha, ainda em realização. Quanto em Humaitá, a previsão é

de que se localize nas imediações do Espaço Cultural Sérgio Porto, exigindo a desapropriação

de um posto de gasolina vizinho ao equipamento cultural. Localizada na divisa dos bairros de

Humaitá e Botafogo, nas proximidades da Cobal do Humaitá, a construção da estação exigirá

o fechamento do Largo dos Leões e o desvio da Rua São Clemente. No bairro de Botafogo, a

estação ficaria onde hoje é um motel, na entrada da. Em Laranjeiras a estação seria na Rua das

Laranjeiras nas imediações do Fluminense Football Club e do Palácio Guanabara. Em Santa

Teresa a estação ficaria abaixo do Largo dos Guimarães, onde para a construção seria necessária

a desapropriação de pelo menos cinco imóveis. E para finalizar, a previsão da ampliação da

estação Carioca é de que seja construída no subsolo da Catedral Metropolitana do Rio de

Janeiro. A estação já dispõe de um nível ocioso, mas os técnicos do governo descartaram o seu

uso por ele já estar destinado a expansão da linha 2, e por ser necessário uma curva muito

acentuada após a Estação Santa Teresa.

3.4.5 - Trem

Com 280 quilômetros de via férrea, a Supervia (empresa criada pelo consórcio então

vencedor da licitação, Consórcio Espanhol Bolsa 2000, que recebeu do Governo do Estado do

Rio de Janeiro a concessão por 25 anos, renováveis por mais 25 anos, para operação comercial

e manutenção da malha ferroviária urbana de passageiros da região metropolitana do Rio de

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Janeiro) transporta passageiros por 12 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

como Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São

João de Meriti, Belford Roxo, Japeri, Magé, Paracambi e Guapimirim, de acordo com

SUPERVIA (2015).

Segundo SUPERVIA (2015), a empresa transporta uma média de 620 mil usuários/dia,

viajando em 175 trens, por uma malha de 270 quilômetros e 102 estações, ao longo de doze

municípios da região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 2011, a formação societária da

Supervia mudou com a aquisição de 60% da concessionária por parte da Odebrecht Transport

e 40% por um fundo de investimento estrangeiro parceiro. Após a transação envolvendo a

chegada da Odebrecht, o contrato de concessão da Supervia foi prorrogado pelo Governo do

Estado do Rio de Janeiro por mais 25 anos, sendo válido até 2048.

Os trens chegam nas 102 estações da empresa em viagens distribuídas em oito ramais.

Segundo o site da Supervia, para alcançar o maior número de viagens e atender a população

nos diferentes horários, os trens seguem programações diferenciadas:

- Trens Paradores: são aqueles que realizam paradas para embarque e desembarque em todas as

estações por onde passam;

- Trens Expressos: atualmente, são trens dos ramais Japeri e Santa Cruz que no trecho entre

Central e Deodoro só realizam paradas na estação Madureira e Maracanã. Apenas em dias úteis;

- Trens semidiretos do ramal Japeri: param em todas as estações entre Japeri e Deodoro; entre

Deodoro e Central do Brasil, só fazem paradas nas estações de transferência (Silva Freire,

Madureira, Cascadura e Engenho de Dentro). Serviço somente aos sábados até às 14h sentido

Japeri e 9h sentindo Central;

- Trens semidiretos do ramal Santa Cruz: param em todas as estações entre Santa Cruz e

Deodoro; entre Deodoro e Central do Brasil, só fazem paradas nas estações de transferência

(São Francisco Xavier, Silva Freire, Engenho de Dentro, Cascadura e Madureira). Serviço

somente aos sábados até às 14h sentido Santa Cruz e 9h sentindo Central.

Um dos principais problemas da Supervia é a falta de isolamento dos 280 quilômetros

da via férrea que cortam a capital e outros 11 municípios. Os muros construídos para isolar

trechos da ferrovia são repletos de buracos, abertos para a passagem de pedestres e veículos.

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Esses buracos também servem de refúgio a usuários de drogas e vândalos. A invasão

dos trilhos por pessoas, carros e animais provoca paralisações, atrasos e acidentes. A segurança

de estações próximas a favelas é outro problema grave, pois muitas delas são usadas como

ponto de venda para traficantes e cambistas. Ainda hoje, os vigilantes das estações têm de

chamar a polícia, o que provoca retaliações. Técnicos da Supervia já encontraram evidências

de sabotagem em locomotivas, além de pedaços de lona em cabos elétricos, o que provoca a

paralisação dos trens. Se a parada durar muitos minutos num dia de calor, os passageiros

abandonam os vagões. Quando há pessoas nos trilhos, a linha tem de ser paralisada por questões

de segurança.

Os passageiros têm reclamado cada vez mais da Supervia, alegando que os trens são

sujos, mal conservados, com problemas de manutenção e sem ventilação. Mesmo a Supervia

rebatendo tudo isso, os passageiros sempre mostram sua insatisfação com a infraestrutura dos

trens, apontando como defasados, com a pintura descascada, sem ar condicionado e com janelas

que não abrem.

Apesar disso, a cidade do Rio de Janeiro sediará as Olimpíadas e Paraolimpíadas de

2016, e a Supervia será um dos modais mais importantes da capital durante a disputa dos jogos

nos meses de agosto e setembro, de acordo com SUPERVIA (2015). Com o objetivo de oferecer

mais conforto e segurança aos passageiros de trem já estão sendo providenciados a

modernização das estações de trem da Supervia e a criação de uma nova linha, Santa Cruz –

Itaguaí.

3.4.5.1 – Modernização das Estações de Trem da Supervia

Com o objetivo de oferecer mais conforto e segurança aos passageiros de trem e atender

aos padrões definidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), estão sendo investidos R$

260 milhões em obras de reforma e modernização de seis estações ferroviárias fluminenses,

contando com a criação de estações intermodais (trem - BRT) também como a de Olaria,

Bonsucesso, Madureira, etc. De acordo com o Estado do Rio de Janeiro (2015), o projeto é uma

parceria da Supervia com o Governo de Estado, através de termo assinado em agosto de 2014,

para a readequação de investimentos em prol de melhorias na infraestrutura do sistema

ferroviário.

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As estações situadas próximas a locais que sediarão competições dos Jogos seguirão aos

padrões internacionais de acessibilidade e infraestrutura, em moldes semelhantes ao projeto da

Estação Intermodal do Maracanã, inaugurada em julho de 2014. Segundo o Estado do Rio de

Janeiro (2015), as estações que estão sendo modernizadas são:

– Estação São Cristóvão: será intermodal, com ligação direta com o metrô. O projeto

contempla a reordenação da infraestrutura ferroviária com a implementação de seis novas

linhas, construção de três plataformas e de mezanino, instalação de três elevadores e três

escadas rolantes, criação de passarelas de acesso (com conexão à Quinta da Boa Vista) e

sinalização podotátil (para portadores de necessidades especiais visuais). Estruturas vazadas

permitirão o aumento de ventilação e a entrada de luz natural.

– Estação Engenho de Dentro: além da revitalização do mezanino atual, o espaço ganhará um

novo, que será mais próximo ao estádio do Engenhão. O projeto inclui a instalação de seis

elevadores, rampas de acesso, obras de nivelamento das plataformas, reforma dos banheiros e

modernização da iluminação. A cobertura da estação, que é tombada pelo Instituto Rio

Patrimônio da Humanidade, também passará por reforma. O local terá capacidade para receber

até 26 mil passageiros por dia, o dobro da quantidade atual.

- Estação Deodoro: o local recebe obras para ampliação e reordenação do mezanino, além da

construção de nova bilheteria e espaços para lojas comerciais. Os banheiros serão reformados

e o projeto ainda prevê a instalação de seis elevadores e seis escadas rolantes na estação, que

ganhará iluminação LED e integração com o terminal BRT Transbrasil.

- Estação Magalhães Bastos: em fase final de projeto, o local receberá novos acessos, terá o

mezanino ampliado e a fachada reformada. Haverá obras para instalação de elevadores,

coberturas nas plataformas e para nivelamento das mesmas, adaptando os espaços para as

dimensões dos novos trens. A iluminação na estação será toda revitalizada e os passageiros

contarão com sinalização podotátil.

- Estação Vila Militar: para aprimorar a acessibilidade, serão construídas novas rampas de

acesso e serão instalados elevadores. O projeto ainda abrangerá a recuperação da fachada, a

ampliação do mezanino, a modernização do sistema de iluminação com instalação de lâmpadas

LED e implantação de piso podotátil. Nas plataformas, haverá obras para nivelamento e a

instalação de uma cobertura para abrigar os passageiros.

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- Estação Ricardo de Albuquerque: serão realizadas obras de reforma e adequação de

fachada, adaptação da passagem subterrânea, instalação de cobertura na plataforma e de

elevadores, além de implantação de piso podotátil.

3.4.5.2 – Linha Santa Cruz – Itaguaí

A linha Santa Cruz - Itaguaí esteve ativa entre os anos de 1986 a 1990. Em 1996, durante

a privatização do sistema Flumitrens, constava no contrato que a Supervia seria responsável

pela reativação desta linha, porém esta reativação nunca ocorreu. Em 2007, de acordo com a

LINHA.... (2015), a Central anunciou o interesse na reativação das linhas de Barrinha e Itaguaí.

Porém sob a nova direção, a Supervia anunciou a construção e a reinauguração da referida linha

até 2015. Terá uma extensão em torno, de 11 km e passará por 5 estações: Santa Cruz, João

XXIII, São Francisco, Distrito Industrial e Itaguaí, sendo que estas 4 últimas citadas ainda se

encontram em projeto.

3.5 – Porto Maravilha e Mobilidade Sustentável

De acordo com Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de

Janeiro (2015), a Operação Urbana Porto Maravilha é um projeto de reestruturação e

mobilidade urbana da Prefeitura do Rio de Janeiro, pela lei municipal nº 101/2009, que tem o

objetivo de revitalizar a Região Portuária da cidade que sofreu grande degradação por falta de

incentivo às indústrias e residências desde os anos 60. O projeto prevê o desenvolvimento da

região baseado nos princípios de sustentabilidade, com a reestruturação de ruas, praças e

avenidas, trazendo melhoria na qualidade de vida dos atuais e futuros moradores. Além das

obras, o projeto é responsável pelos serviços de coleta de lixo, calçamento e iluminação na

região até 2026. O custo total da operação é da ordem de R$ 8 bilhões. A operação urbana

abrange uma área de 5 milhões m² e a previsão é de que toda a região seja revitalizada até 2016.

Os limites das obras do Porto Maravilha se enquadram entre as Avenidas Presidente

Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco, e Francisco Bicalho. Segundo a Companhia de

Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (2015). A operação implanta

conceitos modernos de mobilidade urbana na Região Portuária, sendo uma referência para toda

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a cidade. Em eixo viário importante, a área recebe o fluxo de veículos que chega de várias

direções da Região Metropolitana, integrando as zonas Norte, Sul e Centro, além do próprio

tráfego local.

O novo sistema substitui o conjunto Avenida Rodrigues Alves e Elevado da Perimetral

por duas novas grandes vias, Binário do Porto e Expressa, o que privilegia o transporte público

coletivo, valorizando a ideia de morar próximo do trabalho, já que há previsão de construções

de habitação, cria mais espaços para pedestres, implanta ciclovias, contempla recursos de

acessibilidade e integra os meios de locomoção na área. Serão reurbanizadas mais 5 milhões de

m², 70 km de vias, reconstruídas 700 km de redes de infraestrutura urbana como água, esgoto,

iluminação, drenagem e telecomunicações, implementadas 17 km de ciclovias e 15.000 árvores

plantadas. O ícone da requalificação da área é a construção do Museu do Amanhã, com

inauguração prevista para 2015. Também na Praça Mauá foi inaugurado em 2013 o Museu de

Arte do Rio (MAR), que junto da Escola do Olhar se tornou referência para a arte e o

conhecimento. O Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), com aproximadamente 28 quilômetros de

vias, entra nesse sistema e conecta BRT Transbrasil, rodoviária, metrô, trens, barcas, teleférico,

aeroporto e terminal marítimo de passageiros.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro

(CDURP) é a gestora da prefeitura na Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha, cabendo

a ela a articulação entre os demais órgãos públicos.

Para promover um ambiente urbano saudável e sustentável no Porto Maravilha, novas

edificações devem obedecer a parâmetros específicos como afastamento e recuo adequados

entre as novas construções, economia de consumo de água e reaproveitamento de águas pluviais

e servidas, economia e geração local de energias limpas, uso de aquecimento solar, uso de

telhados verdes e/ou reflexivos do aquecimento solar, maximização da ventilação e iluminação

natural, uso de materiais com certificação ambiental e facilitação de acesso e uso de bicicletas.

Os principais serviços, de acordo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da

Região do Porto do Rio de Janeiro (2015), são a manutenção e conservação de monumentos

turísticos, históricos e geográficos como conservação e manutenção do sistema viário,

manutenção da sinalização de trânsito, instalação e conservação de bicicletários, conservação e

manutenção de áreas verdes e praças, manutenção e reparo de iluminação pública e calçadas,

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execução de serviços de limpeza urbana, implantação de coleta seletiva de lixo e manutenção

da rede de drenagem.

Como principais obras destacam-se:

- Demolição do Elevado da Perimetral (4,8 km);

- Construção de 4,8 km de túneis;

- Reurbanização de 70 km de vias e 650.000 m² de calçadas;

- Implementação e reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana: Sistemas de água,

saneamento, drenagem, energia, gás natural, iluminação pública e telecomunicações;

- Substituição do conjunto Avenida Rodrigues Alves e Elevado da Perimetral pelas novas vias

Expressa e Binário do Porto;

- Implantação de 17 km de ciclovias;

- Passeio público de 3.450m de extensão e 215.062m²;

- Plantio de 15.000 árvores, além das compensações das retiradas no processo das obras, de

acordo com as especificações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC).

E como principais impactos, pode-se destacar a título de previsão:

- Aumento da população de 32 mil para 100 mil habitantes em 10 anos;

- Aumento da área verde de 2,46% para 10,96%;

- Aumento na capacidade de fluxo de tráfego;

- Redução da poluição do ar e sonora, com retirada da Perimetral, implantação do Veículo Leve

sobre Trilhos (VLT), de ciclovias e redução do transporte pesado na área;

- Aumento da permeabilidade do solo;

- Aumento e melhoria da qualidade da oferta de serviços públicos;

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- Transformação da região em referência para a cidade.

3.6 - Propostas

Apesar de todos esses projetos acima descritos fomentarem a mobilidade, cidadania e

inclusão social por meio da universalização do acesso ao transporte público de qualidade, a

cidade do Rio de Janeiro necessita alcançar medidas sustentáveis para solucionar grande parte

dos impactos causados pela ineficiência dos transportes de massa. O Rio de Janeiro precisa de

mais ações estruturantes para o sistema de transportes que apoiem a qualificação e ampliação

de infraestrutura de mobilidade urbana para que se torne sustentável.

O sistema de mobilidade urbana sustentável assegura o acesso a bens e serviços de

maneira eficiente para todos os habitantes da área urbana, de forma a proteger o meio ambiente,

o patrimônio cultural e os ecossistemas para a presente geração, preservando as gerações

futuras.

Para a obtenção de um sistema de transportes sustentável é preciso:

- Fornecer acesso às necessidades básicas da população;

- Assegurar a saúde humana e do ecossistema;

- Promover a equidade, tanto para a geração atual quanto para as sucessivas gerações;

- Ser acessível, equitativo e eficaz;

- Oferecer escolhas quanto ao modo de transporte;

- Suportar uma economia competitiva e equilibrada;

- Limitar as emissões de resíduos;

- Utilizar taxas de recursos que permitam sua renovação ou substituição;

- Minimizar os impactos sobre o uso do solo e a geração de ruídos.

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A mobilidade urbana sustentável também exige ações para redução da necessidade de

viagens, diminuindo suas distâncias e incentivando maior eficiência do sistema de transportes.

Um planejamento de transporte mais sustentável apoia a redução da dependência do automóvel,

por sua utilização em níveis muito elevados, pela orientação do uso do solo e pela falta de

alternativas nas viagens, já que a dependência do automóvel impõe vários custos econômicos,

sociais e ambientais.

Com base na mobilidade urbana sustentável, as propostas para tornar a cidade do Rio

de Janeiro mais sustentável, principalmente em relação aos transportes de massa, são:

- Ampliação, padronização, fiscalização e manutenção de ciclovias e calçadas: andar de

bicicleta e andar a pé são os principais meios de transporte da mobilidade ativa, também

conhecida como mobilidade não-motorizada. Esta, além de ser a mobilidade de menor custo,

saudável e prática, promove a saúde pública, a redução dos gases poluentes e a redução do

ruído.

A cidade do Rio de Janeiro já tem uma malha cicloviária e um projeto de ampliação em

execução, permitindo o Rio de Janeiro ter 450 km de malha cicloviária. Porém, atualmente há

em torno de 400 km e para atingir a meta proposta pela prefeitura para 2016, é preciso criar

mais 50 km de pistas. Apesar disso, vários problemas são encontrados nas vias já existentes

como buracos, postes e árvores que atrapalham o bom fluxo de bicicletas e lixeiras bloqueando

as vias. Há também a necessidade de segurança e sinalização necessárias para garantir e

estimular o seu uso também de forma integrada a outros modais.

Diante disso, pode-se dizer que projetos de ampliação não são suficientes, sendo

necessário padronizar, fiscalizar e reparar as ciclovias existentes.

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Figura 30 – Ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas.

Fonte: Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (2014).

As calçadas do Rio de Janeiro também são alvos de críticas pelos pedestres, pois são

invadidas por carros, caçambas, ambulantes, bancas de revista, pontos de ônibus, mesas e

cadeiras de estabelecimentos comerciais, além de serem de má qualidade e não atenderem às

normas e às exigências mínimas de acessibilidade. Fora a ausência de rampas para o acesso de

pessoas deficientes, ausência de padronização cuja faixa de pedestre deveria ter no mínimo

1,20m de largura segundo a NBR, e a ausência de fiscalização da administração pública. Por

conta disso, é necessária a ampliação, padronização, fiscalização e manutenção das calçadas da

cidade do Rio de Janeiro.

Pode-se afirmar que se cidade do Rio de Janeiro apresentasse ciclovias e calçadas com

melhor infraestrutura, segurança, padronização, higiene e fiscalização, o número de pessoas,

que fazem uso da caminhada e/ou da bicicleta como modos de transporte únicos ou

complementares para seus destinos (trabalho, estudo, lazer, etc.), aumentaria

significativamente. Isso impactaria na redução do uso do transporte individual motorizado,

consequentemente diminuiria os congestionamentos, possibilitando gradativamente que fosse

alcançada uma mobilidade mais equilibrada e sustentável.

- Aumento da frota e ampliação de corredores e faixas do BRT (Bus Rapid Transit) e

BRS (Bus Rapid System): mesmo o BRT (Bus Rapid Transit) sendo um projeto que visa

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interligar a Região Metropolitana do Rio de Janeiro através de corredores expressos para ônibus

e BRS, um conjunto de intervenções cuja destinação de faixas exclusivas são para ônibus em

conjunto, os dois tem sido alvos de reclamações pela população do Rio de Janeiro,

principalmente em horários de pico, como ônibus lotados, grandes intervalos de tempo, falta de

ar condicionado e dificuldades para embarque. Por conta disso, é necessário o aumento da frota

dos ônibus BRT e BRS. E para evitar maiores congestionamentos, é preciso ampliar os

corredores e faixas também.

- Novas ligações e estações hidroviárias: A CCR Barcas é uma empresa de transporte

aquaviário, brasileira, do estado do Rio de Janeiro. Opera linhas de transporte nos municípios

do Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Niterói e Mangaratiba. No dia 2 de julho de 2012, o Grupo

CCR assumiu o controle acionário da concessionária Barcas S/A, adquirindo 80% das ações da

empresa. Com a chegada da CCR, um dos maiores grupos privados de concessões de

infraestrutura da América Latina, a concessionária passa a se chamar CCR Barcas, marcando o

início de uma nova fase para esse transporte de massa, que tem 177 anos de existência.

De acordo com a CCR Barcas (2015), ela é a única concessionária de serviços públicos

dedicada à operação de transporte de massa no modal aquaviário, com direito de atuação no

Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é a quarta maior em operação de transporte aquaviário

de passageiros no mundo, navegando cerca de 640 mil quilômetros por ano e transportando, em

média, 110 mil passageiros por dia. A concessionária tem 24 embarcações, 1.100 colaboradores

e opera seis linhas em cinco estações e três pontos de atracação. A frota de 24 embarcações é

composta de 15 catamarãs e nove barcas tradicionais. As embarcações transportam 29 milhões

de passageiros por ano, nas seis linhas oferecidas pela empresa.

Segundo a CCR Barcas (2015), ela opera em cinco estações: Praça XV, Praça Araribóia,

Cocotá, Paquetá e Charitas. Na Divisão Sul, 3 pontos de atracação fazem parte da operação nas

linhas que servem à Ilha Grande (Abraão), Mangaratiba e Angra dos Reis.

Além de ter a maior tarifa de transporte público do Rio de Janeiro (R$ 5,00), o serviço

prestado pela empresa é frequentemente alvo de reclamações por parte de seus milhares de

usuários, tendo em vista a ocorrência usual de grandes filas de espera, grande concentração de

usuários nas estações, e também a falta de um sistema eficaz de circulação de ar em dias altas

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temperaturas. Apesar das alegações por parte da concessionária de que investe no

melhoramento do serviço, a maioria dos usuários apresenta grande insatisfação. Tal situação é

agravada pela falta de concorrência na exploração do serviço.

Mesmo com tantas insatisfações, as barcas não deixam de ser uma solução para

minimizar os impactos de transporte do Rio de Janeiro. Observa-se que alguns municípios da

Região Metropolitana são banhados pela Baía de Guanabara, sendo estes com habitantes que

mais transitam para o Rio de Janeiro em busca de melhores oportunidades como trabalho e

estudo. Grande parte do congestionamento do Rio de Janeiro é causado por pessoas oriundas

da Região Metropolitana, a maioria é usuária de transporte público e o restante de veículos

individuais como automóveis e motos.

Pode-se dizer que com a implantação de novas ligações e estações hidroviárias, não

somente no Rio, mas também nas cidades da Região Metropolitana, milhares de veículos seriam

retirados das estradas, principalmente da Ponte Rio-Niterói, Avenida Brasil, Rodovia

Washington Luiz, Linha Vermelha e Avenida das Américas, que são uma das avenidas mais

congestionadas da cidade.

Para o sistema Firjan, a melhoria da mobilidade urbana na Região Metropolitana do Rio

passa também pela criação de novas ligações hidroviárias. Estudo do Sistema Firjan indica que

novas ligações hidroviárias são viáveis e poderão tirar das ruas mais de cem mil carros,

diminuindo os prejuízos causados com os engarrafamentos.

Novas linhas divididas entre os eixos da Baía de Guanabara e da Barra da Tijuca podem

absorver 272.400 viagens de passageiros por dia, o equivalente à circulação de 100.900 carros.

De acordo com estudos, a redução na extensão diária dos congestionamentos chegaria a 84,1

quilômetros, e a diminuição no custo anual causado pelo tempo perdido no trânsito, em especial

durante a distribuição de cargas e pela perda de produtividade dos trabalhadores, seria de R$

11,2 bilhões.

As novas estações devem ser em Itaipú (Niterói), São Gonçalo, Magé, Duque de Caxias,

Ribeira (Ilha do Governador), Galeão (Ilha do Governador), Ilha do Fundão, Botafogo e Barra

da Tijuca. Contando com as estações existentes, ambas devem apresentar variedade de linhas:

- Praça XV x Praça Araribóia (Centro – Niterói);

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- Praça XV x Charitas (Niterói);

- Praça XV x Itaipú (Niterói);

- Praça XV x Paquetá;

- Praça XV x São Gonçalo;

- Praça XV x Magé;

- Praça XV x Duque de Caxias;

- Praça XV x Cocotá;

- Praça XV x Ribeira;

- Praça XV x Galeão;

- Praça XV x Ilha do Fundão;

- Praça XV x Botafogo;

- Praça XV x Barra da Tijuca;

- Praça Araribóia x Itaipú;

- Praça Araribóia x Botafogo;

- Praça Araribóia x Galeão;

- Charitas x Botafogo;

- Galeão x Botafogo.

Vale lembrar que na linha Praça XV x Barra da Tijuca, as embarcações devem ser

próprias para navegação em mar aberto. Já a estação, deve ser próxima ao Terminal Alvorada,

para a conexão com as estações do BRT e do metrô.

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- Planejamento urbano eficiente, evitando o crescimento desordenado: O planejamento

urbano é certamente um dos principais fatores para a remoção de boa parte dos problemas de

mobilidade no Rio de Janeiro. Isso é especialmente verdade no Brasil, pois, de maneira geral,

as cidades nasceram e cresceram com pouco ou nenhum planejamento, tornando o processo

mais longo, difícil e dispendioso.

O planejamento urbano do Rio de Janeiro deve passar por:

- Criação de vias troncais concatenadas com as demais vias do complexo urbano;

- Racionalização do tráfego através do estabelecimento de regras para acessos, estacionamentos

e horários;

- Concentração regional de atividades, buscando tornar mais autônomas as diversas regiões, e

reduzindo as movimentações de maior distância;

- Construção de ciclovias protegidas, especialmente nas regiões mais planas;

- Criação de um Plano Cicloviário Municipal;

- Indução da desconcentração de atividades ao longo do dia, por meio de horários flexíveis, de

forma a reduzir os picos de fluxos de pessoas e cargas;

- Política eficaz de implantação e manutenção de calçadas com largura e constituição adequadas

de acordo com as normas da ABNT, e também em atendimento aos portadores de necessidades

especiais;

- Criação de pontos concentradores e dispersores de cargas que permitam racionalizar em

grande escala a movimentação de cargas de entrada e saída;

- Melhoria da iluminação pública.

- Manutenção dos sistemas de metrô, trem e expansão do VLT (Veículo Leve sobre

Trilhos): além das expansões já em andamento do metrô, trem são modais de transporte de

massa de alto custo de implantação. A mobilidade sustentável visa modos de transporte de custo

menos elevado, bem como, estimular a integração entre os existentes e o estímulo por mudanças

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de hábito por parte do usuário mediante ofertas mais atraentes e sustentáveis, visando o

transporte público de massa de qualidade.

- Tarifas com preços mais acessíveis à população: o Rio de Janeiro é um município que

apresenta altas tarifas de transporte público no Brasil, o que poderia ser revisto para que não

representasse um impacto tão grande em termos de custo para a população.

Há o Bilhete Único que é um sistema de bilhetagem eletrônica que unifica em apenas

um sistema, toda a bilhetagem dos meios de transportes, gerando assim benefícios aos seus

usuários, como a tarifa (atual) de R$ 5,90 em que o usuário pode viajar em até 2 meios de

transporte diferentes (ônibus, vans legalizadas, trens, barcas e metrô) em até duas horas e meia,

desde que um deles faça a integração entre municípios. O benefício vale também para quem

usa apenas um transporte intermunicipal que custe acima de R$ 5,90. Porém, por conta dos

congestionamentos muitas pessoas perdem o desconto do segundo transporte em horários de

pico. Portanto, o Bilhete Único precisa ser mais flexível, em termos de tempo, para que seu uso

possa ser mais eficiente e atender melhor às necessidades da população de baixa renda que são

seus maiores beneficiários.

Medidas como, menores tarifas, sem que reflitam na queda da qualidade dos serviços,

que ainda não são o ideal, teriam que ser revistas nos transportes públicos de massa, de forma

geral, garantindo à população igualdade social, segurança, pontualidade, e intermodalidade no

transporte público promovendo melhores condições em qualidade de vida.

- Políticas públicas de mobilidade sustentável: o processo de urbanização brasileiro

apresentado nos últimos 40 anos e o crescimento de viagens motorizadas, principalmente por

meios individuais de transporte, ajudaram a fomentar um quadro de externalidades negativas

no tocante à mobilidade urbana. No Rio de Janeiro é cada vez mais comum deseconomias

geradas pelo maior tempo gasto nos deslocamentos, aumento do consumo de combustível,

crescimento da emissão de poluentes com reflexos negativos na saúde, maior custo operacional,

aumento das tarifas do transporte público e aumento de acidentes de trânsito. Esta situação

aponta para uma condição insustentável de deslocamento que pode acabar ajudando a

comprometer a qualidade de vida da população urbana do Rio de Janeiro. O planejamento e a

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implantação de políticas, não somente no Rio de Janeiro, mas no país, que promovam formas

mais sustentáveis de mobilidade urbana estão na ordem do debate, por conta das fortes

recomendações em investimento no transporte público e na promoção de modos não

motorizados como forma de melhorar a mobilidade urbana nas cidades, e promover ambientes

mais sustentáveis.

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4 - CONCLUSÃO

As décadas de crescimento desordenado desacompanhado de infraestrutura e

planejamento adequados, aliados ao expressivo aumento da frota rodoviária circulante,

contribuíram para o atual cenário de crise na mobilidade urbana na cidade do Rio de Janeiro.

Com a omissão dos agentes públicos na implantação de políticas públicas efetivas para a

reversão deste cenário, a tendência de agravamento do quadro se mantém, refletida pela

expectativa do crescimento populacional e de crescimento de frota de transporte rodoviário.

Por conta da Copa Mundial 2014 e das Olimpíadas de 2016, o Rio de Janeiro passa por

uma série de transformações referentes à mobilidade, principalmente. Porém, a cidade ainda se

encontra em crise devido ao crescimento desordenado com uso expressivo de transportes

motorizados individuais, deficiências do transporte coletivo que incluem a falta de

investimentos, ausência de infraestrutura para comportar todos os veículos, inclusive os

transportes coletivos, e ineficiência do planejamento urbano. Os principais impactos

observados são: grandes congestionamentos em horários de pico, ou não, principalmente na

Avenida Brasil, Ponte Rio-Niterói, Avenida Francisco Bicalho, Linha Vermelha, Linha

Amarela e Avenida das Américas, crescimento de acidentes de trânsito, aumento da

desigualdade social, impacto negativo na economia e decaimento na qualidade de vida por conta

de doenças como stress, hipertensão, lesões por repetição de movimentos, bronquite, infarto,

distúrbios auditivos e outros.

Apesar do estabelecimento das diretrizes necessárias ao tratamento das questões da

mobilidade por meio da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei 12.587), do Plano Diretor

de Mobilidade Urbana (PDTU) e do Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro (aprovado

pela Lei Complementar Nº 111 de 2011), o Rio de Janeiro e toda a Região metropolitana

apresenta seu corpo técnico ainda em quantidade incompatível para acompanhar de forma

ampla e efetiva as questões de mobilidade. Além disso, convivem com a escassez de recursos

para implantação de melhorias nos sistemas de transportes, dependendo de verbas federais para

a realização de estudos de viabilidade e execução de obras. Projetos de implantação do VLT

(Veículo Leve sobre Trilhos), BRT (Transporte Rápido por Ônibus) e os projetos de ampliação

do metrô, trem, estavam em discussão há alguns anos e devido aos problemas já citados, só

entraram em vigor após a confirmação da FIFA de que o Brasil seria sede da Copa Mundial.

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Pode-se afirmar que o Rio de Janeiro necessita da adoção de medidas mais sustentáveis,

que apresentem propostas destinadas a garantir uma mobilidade baseada em padrões que visem

acessibilidade para todos em relação aos serviços, bens e oportunidades, atuando com segurança

e efetividade na melhoria das condições ambientais, na redução da poluição e na qualificação

dos espaços públicos. Como medidas que poderiam contribuir como soluções ou, pelo menos,

para minimização dos problemas da mobilidade urbana no Rio de Janeiro pode-se citar a

ampliação e manutenção de ciclovias e calçadas, o aumento da frota e ampliação de corredores

e faixas do BRT e do BRS, novas ligações e estações hidroviárias, um planejamento urbano

eficiente, expansão do sistema VLT, tarifas com preços mais acessíveis à população e políticas

públicas que incentivem mais efetivamente a mobilidade e o desenvolvimento urbano.

Desta forma, tais medidas representam um desafio a ser enfrentado pelas autoridades e

também pela população, que precisa começar a mudar o pensamento, a partir do momento que

sejam oferecidas opções com segurança e qualidade para que haja um convencimento pela troca

do transporte individual pelo público, complementado por caminhada e bicicleta, os meios mais

sustentáveis e de menor custo. Os congestionamentos seriam reduzidos, melhorando o fluxo

nas vias, consequentemente diminuiria o tempo das viagens. Calçadas de melhor qualidade

atendendo aos padrões de acessibilidade normatizados e ciclovias seguras, integradas ao

transporte público, que também tiraria parte considerável de automóveis das ruas, estimularia

o uso por parte da população. E de forma ampla e integrada todo o conjunto contribuiria para

uma mobilidade mais sustentável.

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