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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO ENGENHARIA URBANA CARIN KUTCHMA POUJO ACESSIBILIDADE E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL: UM PARADIGMA NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO ENGENHARIA URBANA

CARIN KUTCHMA POUJO

ACESSIBILIDADE E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL: UM PARADIGMA NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Rio de Janeiro

2012

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CARIN KUTCHMA POUJO

ACESSIBILIDADE E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL: UM PARADIGMA NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Monografia de Fim do CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA como parte dos requisitos necessários à obtenção do título em Especialista em Engenharia Urbana.

Rio de Janeiro

2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica. Curso de

Especialização em Engenharia Urbana. Acessibilidade e Construção Sustentável: um Paradigma na Habitação

de Interesse Social. Tema a ser abordado por Carin Kutchma Poujo – Rio de Janeiro, 2012

80 p. Monografia de Fim de Curso – 2012

1.Acessibilidade 2. Sustentabilidade 3. Habitação de Interesse Social

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CARIN KUTCHMA POUJO

ACESSIBILIDADE E CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL:

UM PARADIGMA NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Objetivo: Trabalho para aprovação do curso

Curso: ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

Data de aprovação em _____ / _____ / _____

____________________________________________ Prof Orientador:

Profa. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc, UFRJ

__________________________________________ Prof. Coordenador:

Profa. Rosane Martins Alves, D.Sc., UFRJ

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DECLARAÇÃO

A Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola Politécnica, representada

neste documento pela Sra. Rosane Martins Alves, autoriza a divulgação de

informações e dados coletados em sua organização, na elaboração do

Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado: Acessibilidade e Construção

Sustentável: um Paradigma na Habitação de Interesse Social, realizada pela

aluna Carin Kutchma Poujo do Curso de Especialização em Engenharia

Urbana, da Escola Politécnica, com objetivos de publicação e/ou divulgação

em veículos acadêmicos.

Rio de Janeiro, ________ de ______________________ de 2012.

________________________________________________

Rosane Martins Alves

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TERMO DE COMPROMISSO

A aluna Carin Kutchma Poujo, do Curso Especialização em Engenharia

Urbana, da Escola Politécnica, realizado pela Universidade Federal do Rio de

Janeiro – Escola Politécnica, no período de 05/2009 a 07/2011, declara que o

conteúdo desta monografia é autentico e de autoria exclusiva.

Rio de Janeiro, de _31__ de Agosto 2012.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus e a minha amada família.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar, a Deus, por me dar o dom da vida.

Agradeço o apoio e incentivo do meu esposo Pedro, da minha mãe Aurea e

da minha irmã Aline. Principalmente ao meu querido pai Nazareno que está comigo,

em todo tempo, incentivando e me ajudando a crescer pessoal e profissionalmente.

Obrigada pelo amor e dedicação de todos vocês.

A professora Rosane Martins Alves, D.Sc, que me deu a oportunidade de

cursar esta pós e foi atenciosa todo o tempo. A professora Elaine Garrido Vazquez,

D.Sc, que aceitou me orientar e a sua paciência. Também agradeço a todos os

professores que compartilharam seus conhecimentos.

Aos queridos colegas de turma pelas conversas no intervalo, troca de

experiências, ajuda nos trabalhos, emails etc. Obrigada pelo carinho do todos. Só

posso desejar muito sucesso.

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RESUMO

Com o passar dos anos, vem crescendo o número de habitantes nas áreas

urbanas. Para oferecer moradias a população de baixa renda e atender suas

necessidades, foram criados diversos programas para construção de Habitações de

Interesse Social (HIS). Esta estratégia da política pública também é para promover a

Inclusão Social. Para isso, a habitação deve atender as necessidades de cada

indivíduo proporcionando-o entendimento no seu papel perante a sociedade e

oferecendo moradia digna.

Um dos principais problemas na HIS é o baixo padrão das moradias e a

redução dimensional o que, muitas vezes, impossibilita o acesso físico a pessoas

com restrições como, por exemplo, as Pessoas Portadoras de Deficiência (PPDs) e

os idosos.

Este trabalho tem como premissa mostrar que é possível projetar HIS

sustentável e principalmente acessível, considerando as necessidades básicas dos

usuários, independentemente de suas características físicas, cognitivas ou

sensoriais. Retirando barreiras físicas do traçado urbano o que possibilita o acesso

universal ao espaço público e as moradias.

Como resultado, espera-se contribuir para que os conjuntos habitacionais

com HIS sejam projetados seguindo os princípios do Desenho Universal (DU),

respeitando a diversidade das pessoas e suas diferentes necessidades, utilizando

materiais sustentáveis na construção, e assim oferecer: qualidade arquitetônica e

construtiva da habitação; qualificação do espaço urbano acessível proporcionando

melhor qualidade de vida a todos os moradores.

Palavras chaves: Acessibilidade, Sustentabilidade, Habitação de Interesse Social.

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ABSTRACT

Through the years, the number of inhabitants is getting expanded on urban

areas. To provide dwelling for low income population and atend their needings, it've

been created Social Interest Habitation Building (HIS) programs. This politic

estrategy works to advance Social Inclusion. For that, the habitation must make sure

each one necessities, making understending their part in the society and giving

decent habitation.

One of the most important problems in HIS program is the dweling low model

and dimensional reducion of them, what sometimes, makes impossible the fisic

acess to restrictioned people, for example, people with desabilities and seniors.

This paper work has the premise to show that is possible design HIS

sustainable and acessible, considering the users basic necessities, cognitives and

sensorials. Getting fisic limits off the urban design and making possible the public

universal acess to the public area and habitation.

As result, its hoped the contribuition for the low income housing in HIS

program being projected in Universal Design (DU) rules, respecting the people

diversity and diferent needings,using sustentable materials on construction, and this

way ofer: arquitecture and construtive quality of habitation; qualification of acessible

urban space , promoving better life quality for all dwellers.

Keyword: Acessibility, Suatentability, Social Interest Habitation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Regras relativas ao FAR 31

Quadro 2 – Regras para as Entidades construírem 33

Figura 1 – Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé 43

Figura 2 – Cadeira de rodas 43

Figura 3 – Largura para deslocamento em linha reta 43

Figura 4 – Área de manobra 180° 47

Figura 5 – Módulo de referência 47

Figura 6 – Circulação mínimo de 90 cm largura 48

Figura 7 – Portas mínimo de 80 cm largura 48

Figura 8 – Rampa de acesso à casa inserida a partir do alinhamento do lote 49

Figura 9 – Sala com disposições dos moveis e áreas livres adequadas 50

Figura 10 – Janela com alcance visual adequado 50

Figura 11 – Quarto de solteiro 51

Figura 12 – Quarto de casal 51

Figura 13 – Planta baixa Banheiro 52

Figura 14 – Perspectiva Banheiro 53

Figura 15 – Planta baixa Cozinha 54

Figura 16 – Perspectiva Cozinha 54

Figura 17 – Planta baixa Área de Serviço 55

Figura 18 – Área Comum Condomínio 57

Figura 19 – Área Comum Condomínio 62

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I .............................................................................................................. 15

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ........................................................................... 15

1.1.1 Tempo Caminho ............................................................................................ 16

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................ 18

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 18

CAPÍTULO II ............................................................................................................. 19

2 HABITAÇÃO ....................................................................................................... 19

2.1 UM LAR ............................................................................................................ 19

2.2 HABITAÇÃO: É PARA A VIDA TODA .............................................................. 19

2.3 POLÍTICAS HABITACIONAIS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS ............ 20

2.3.1 História da Habitação Social no Brasil ....................................................... 21

2.4 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ........................................................ 25

2.4.1 Legislação ..................................................................................................... 25

2.4.1.1 Lei nº 11.977, de 07 de Julho de 2009 .......................................................... 25

2.4.1.2 Lei nº 12.424, de 16 de Junho de 2011 (partes)............................................ 28

2.4.1.3 Portaria nº 610, de 26 de dezembro de 2011 (partes) .................................. 28

(Reserva de, no mínimo, 3% das unidades para idosos e deficientes) ........ 28

2.4.2 Cartilha PMCMV – O Programa .................................................................... 30

2.4.2.1 Famílias com renda até 03 salários mínimos (400 mil unidades) .................. 31

2.4.2.1.1 Fundo de Arrendamento Residencial – FAR ............................................ 31

2.4.2.1.2 PMCMV Entidades ................................................................................... 32

2.4.2.1.3 Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) - Grupo 01 .................... 34

2.4.2.1.4 PMCMV para municípios com população até 50 mil habitantes ............... 34

2.4.3 Famílias com renda até 06 salários mínimos (400 mil unidades) ............. 35

2.4.3.1 Programa Nacional de Habitação Urbano (PNHR)........................................ 35

2.4.3.2 Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) - Grupo 2 e 3 ..................... 36

2.4.3.2.1 Famílias com renda de 6 a 10 salários mínimos (200 mil unidades) ........ 36

2.4.4 Financiamentos do FGTS com os benefícios adicionais de redução dos custos de seguro e acesso ao Fundo Garantidor da Habitação .............. 36

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CAPÍTULO III ............................................................................................................ 37

3 ACESSIBILIDADE .............................................................................................. 37

3.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................. 37

3.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES ............................................................................ 37

3.2.1 Normas Técnicas e Leis ............................................................................... 37

3.3 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES SOBRE ACESSIBILIDADE ................................... 39

3.4 PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS ........................................................... 42

3.5 CONCEITO DE DESENHO UNIVERSAL - DU ................................................. 44

3.6 ACESSIBILIDADE URBANA ............................................................................. 45

3.6.1 Passeio Público ............................................................................................ 45

3.6.2 Travessias: Traffic Calming ......................................................................... 45

3.7 APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO ................................................................. 46

3.7.1 Unidade Habitacional ..................................................................................... 46

3.7.1.1 Desenho Universal na Unidade Habitacional ................................................ 46

3.7.1.1.1 Parâmetros de referência específicos ........................................................ 47

3.7.2 Áreas Comuns Condominiais........................................................................ 56

3.7.2.1 Desenho Universal nas Áreas Comuns Condominiais .................................. 56

3.7.2.2 Diretrizes para as Áreas Comuns Condominiais .......................................... 57

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 63

4 SUSTENTABILIDADE ........................................................................................ 63

4.1 CONCEITUAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE ................................................... 63

4.2 CERTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO AMBIENTAL ................................................. 63

4.3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 64

4.4 CASA ECOLÓGICA ......................................................................................... 66

4.5 MATERIAIS ECOLÓGICOS – ECOPRODUTOS .............................................. 68

4.5.1 Estrutura ........................................................................................................ 68

4.5.2 Cobertura ....................................................................................................... 69

4.5.3 Pisos ............................................................................................................... 70

4.5.4 Paredes .......................................................................................................... 71

4.5.5 Portas ............................................................................................................. 72

4.5.6 Pinturas e Revestimentos .............................................................................. 72

4.5.7 Iluminação ...................................................................................................... 73

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CAPÍTULO V ............................................................................................................. 74

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 76

FONTES DE PESQUISA .......................................................................................... 79

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CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O cidadão possui direito e deveres perante a sociedade da qual faz parte e

participa. Possui como principais direitos o acesso à moradia, saúde, educação,

trabalho, lazer e principalmente o direito de ir e vir. Mas para que seus direitos

sejam exercidos, há a necessidade de que se respeitem os princípios de

independência, autonomia e dignidade, de forma coletiva e individual.

As discussões sobre a consolidação de uma sociedade inclusiva vêm

tomando espaço em diversos segmentos da nossa sociedade. Faz-se necessária a

criação de novas políticas públicas e privadas. Há novas políticas para o setor dos

transportes, educação, sistema de saúde, prestação de serviços públicos, mas o

direito a uma habitação digna e eficiente esta sendo esquecido.

A habitação tem papel fundamental na inclusão social e mostra a necessidade

em reformular os padrões atuais seguidos para criação do espaço físico e sua

influência em vários setores da vida econômica, social, privada e cultural da

população de baixa renda. Ela é um referencial na vida do morador, onde este,

juntamente com sua família, se sente protegido no seu espaço privado e tem

liberdade para expressar sua cultura e definir seu papel dentro da sociedade em que

vive.

A Fundação João Pinheiro (2006) identifica as unidades destinadas à

população de baixa renda como aqueles domicílios que apresentam carência de

infraestrutura, com adensamento excessivo de moradores, problemas de natureza

fundiária, alto grau de depreciação ou sem unidade sanitária domiciliar exclusiva –

características relacionadas às especificidades da construção e que trazem

consequências diretas para a qualidade de vida de seus moradores.

Um fator que pode contribuir, diretamente, para péssima qualidade das

habitações é o custo da construção. O custo na construção civil sempre foi discutido,

pois tem o objetivo de aumentar a competitividade, qualidade e, principalmente, o

lucro. Os projetistas, quase sempre, adotam soluções tradicionais sem avaliar

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melhor os projetos, pois receiam que o empreendimento se torne inviável devido às

implicações no orçamento.

A produção da Habitação de Interesse Social (HIS) deve obedecer a

parâmetros financeiros que viabilizem sua construção. Embora não exista o

interesse pelo lucro, quanto menos for gasto na produção, maior será o número de

pessoas que poderão ser beneficiadas.

No caso das HIS, o projeto de arquitetura deve difundir maneiras de construir

econômica, com menor impacto ambiental e maiores ganhos sociais. Uma

alternativa para construir com baixo custo é a utilização de materiais recicláveis. A

Construção Civil, atualmente, vem se preocupando muito com a excessiva

quantidade de material desperdiçado durante e no final da obra.

O projeto de arquitetura para HIS será sempre criativo, econômico e acessível

a partir do momento em que o profissional designado para fazê-lo tenha bons

conhecimentos técnicos e entenda as normas estabelecidas pela ABNT e pelo

Desenho Universal.

1.1.1 Tempo Caminho

A trajetória política habitacional brasileira se dá entre 1930 e 2011. Em 1937

foi dado inicio ao financiamento em larga escala de moradias para trabalhadores

com a criação do Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs) que atuou até 1964

quando foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH). Anterior a criação do BNH,

em 1946 foi criada a Fundação da Casa Popular (FCP) que foi o primeiro Órgão

Federal Brasileiro cuja finalidade era centralizar a política de habitação.

Na década de 60 houve um crescimento explosivo da demanda por habitação

urbana que gerou um déficit habitacional. O Sistema Financeiro de Habitação (SFH)

foi implantado em uma tentativa de conter este déficit. Ainda nesta década foi criada,

a partir da Lei 5107/66, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Em

1973 foram instituídos o Plano Nacional de Habitação Popular (PlanHab) e o

Sistema Brasileira de Habitação Popular cuja atuação se dava através das

Companhias de Habitação (COHABs) estaduais.

No inicio dos anos 80 o SFH entrou em crise acompanhando a recessão

econômica que tomava conta do país. O SFH passa por uma profunda

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reestruturação e o BNH é instinto. O Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio

Ambiente (MDU) assume a função de formular proposta política habitacional. A

Caixa Econômica Federal (CEF) fica encarregada da administração do passivo e

ativo, do pessoal e dos bens móveis e imóveis do BNH, bem como a gestão do

FGTS.

A partir de 1995, depois de anos de paralisação, os financiamentos de

habitação são retomados. Foram lançados vários programas como: Pró-moradia,

Programa de Carta de Crédito, Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), Programa

Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), Programa de

Arrendamento Residencial (PAR).

O século XXI inicia com a aprovação do Estatuto da Cidade que cria novos

instrumentos para viabilizar a regularização fundiária e fazer valer a função social da

propriedade. A partir de 2005 a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das

Cidades coordena a elaboração do Plano Nacional de Habitação (PlanHab).

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV) a pobreza caiu 50,64% entre 2002 e

2010. Isso levou a criação da ‘nova classe média’, que com maior poder de compra

deu mais dinamismo à economia. O mercado imobiliário brasileiro vive um momento

de aquecimento, puxado pelo acesso mais fácil a Linhas de Crédito, pela redução

dos juros e pelo crescimento econômico.

A CEF lança, em 2009, o Selo Casa Azul Caixa par diferenciar e reconhecer

os empreendimentos que adotam soluções sustentáveis de projeto e construção. O

selo dividi-se em três níveis e estabelece critérios de pontuação que consideram

desde a qualidade do entorno e a orientação para melhor aproveitamento da

incidência solar, ate o sistema de gerenciamento de resíduos utilizados na obra.

Neste mesmo ano foi criado o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) que se

propõe a reduzir em 14% o déficit habitacional do país e construir 1 milhão de casas

para famílias com renda de ate 10 salários mínimos.

Em 2010 a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU)

começa a incorporar conceitos de sustentabilidade nas obras e nos projetos dos

conjuntos habitacionais do Estado de São Paulo.

A presidente Dilma Rousseff, em 2011, apresenta a segunda fase do

Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) com a meta audaciosa de assegurar

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que dois milhões de brasileiros poderão desfrutar do sonho da casa própria até

2014.

1.2 OBJETIVO

O desejo de ter um abrigo ou um lugar para morar faz parte dos sonhos do

ser humano desde os primórdios quando as famílias buscavam abrigos em

cavernas. O tempo passou, mas o desejo pelo abrigo continua fazendo parte dos

planos das famílias deste século.

Baseado neste fato este trabalho tem por objetivo relatar o que vem

acontecendo ao longo do tempo na busca pela casa própria e de tudo que envolve

este tema. A localização da casa, toda infraestrutura que é oferecida, a qualidade na

construção com aproveitamento de materiais reciclados, e a acessibilidade ao

empreendimento como um todo.

O PMCMV foi o tema escolhido para ser analisado e dentro das informações

coletadas mostrar o que pode ser proposto, dentro do programa, para oferecer

construções sustentáveis e principalmente acessíveis.

1.3 JUSTIFICATIVA

Os temas habitação, acessibilidade e construção sustentável vêm sendo cada

dia mais pesquisado e levado a sério pelos incorporadores e construtores. A

população, independente da sua renda, esta a procura da casa própria que atenda

as suas necessidades e de sua família. Mas além de procurar por uma casa bem

localizada, com toda infraestrutura, é importante que esta casa seja acessível a

qualquer tipo de pessoa, seja ela idosa ou tenha alguma dificuldade de locomoção, e

seja construída com material reaproveitado da obra ou de outros meios, o que

contribui e muito para o meio ambiente.

O motivo da realização deste trabalho é a preocupação com a inclusão social

e a preservação do meio ambiente através da construção sustentável dentro dos

empreendimentos para baixa renda e classe média que são atendidos no PMCMV.

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CAPÍTULO II

2 HABITAÇÃO

2.1 UM LAR

Ao iniciar um estudo para propor uma

habitação é interessante que o profissional

pense que aquele projeto é o sonho de uma

família que, na grande maioria, terá uma única

oportunidade para comprar sua casa própria.

“As casas são o ambiente da vida familiar, onde as ações, humores e hábitos

dizem respeito apenas a nós mesmos e a nossos próximos” (DUARTE, 2003).

Martucci e Basso (2002) conceituam habitação como sendo “a casa e a

moradia integradas ao espaço urbano com todos os elementos que este possa

oferecer”. Temos que considerá-la e analisá-la, trabalhando através do conceito de

habitat, integrando o interno com o externo, ou seja, pautando-se em elementos que

se relacionam com a vida das pessoas e suas respectivas relações sociais, políticas,

econômicas, históricas, ideológicas, etc. (MARTUCCI; BASSO, 2002).

2.2 HABITAÇÃO: É PARA A VIDA TODA

A habitação projetada deve ser adaptada ou adaptável, para que possa se

adequar ao uso dos moradores em qualquer fase de suas vidas. Essa preocupação

é relevante, pois podem acontecer eventualidades na vida de algum dos moradores

ocasionando uma delimitação permanente (nascença, doença, acidente), temporária

(gravidez, cirurgia) ou evolutiva (idosos).

Com o passar dos anos, a tendência é que o Brasil se torne um país com um

grande número de idosos. A expectativa de vida está aumentando o que nos leva a

necessidade de adaptarmos as habitações para atender essa população. Outro fator

que também pode levar a necessidade de adaptação é o grande número de

acidentes com veículos. Muitos, quando não perdem a vida, ficam com limitações

permanentes o que leva a urgência em adaptar a casa. Essas adaptações precisam

ser rápidas e sem muito custo, como por exemplo: vãos de portas com no mínimo

“Espaço original, referência primeira de vida, o Lar é para onde todo ser humano volta ou quer voltar. Rural, urbano, com quintal, nas alturas, é sempre para lá que a família retorna num ritual de vida, na busca pela identidade, privacidade e pertencimento” (PALERMO, 2009).

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80cm, interruptores e tomadas em alturas acessíveis, colocação de barras de apoio,

pisos antiderrapantes, etc. Quando o projeto é concebido pensando nestes itens a

habitação se torna adaptável. Por isso que o Desenho Universal (DU) é

extremamente importante na concepção do projeto de uma habitação, isto o torna

inclusivo.

O Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (Habitat) define

moradia adequada da seguinte forma: “Moradia adequada é mais do que um teto

sobre a cabeça. Também significa privacidade adequada; espaço adequado;

acessibilidade física; segurança adequada; segurança de posse; estabilidade

estrutural e durabilidade; iluminação, aquecimento e ventilação adequados;

infraestrutura básica adequada, como equipamentos de água, esgoto e coleta de

lixo; qualidade ambiental e fatores relacionados à saúde apropriados; bem como

localização adequada e acessível ao trabalho e outros equipamentos básicos: tudo

deve estar disponível a custos acessíveis. A adequação deve ser determinada

conjuntamente com a população em questão. Tendo em mente a perspectiva para o

desenvolvimento gradual” (Agenda Habitat, parágrafo 60).

2.3 POLÍTICAS HABITACIONAIS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

Foi democratizando o acesso a habitação para as camadas mais carentes da

população que o governo resolveu os desafios enfrentados ao longo dos anos. Até a

década de 30 apenas o setor privado construiu moradias no Brasil. Com o aumento

da população e a urbanização intensa nas grandes cidades a intervenção estatal foi

inevitável. Desde então diversas políticas foram discutidas e elaboradas visando

solucionar esta questão.

Muitos conjuntos habitacionais foram construídos por todo o país. Mas a ideia

de universalizar moradias adequadas nunca esteve tão próxima ao sucesso. No

passado recente as habitações construídas no país, não utilizavam nenhuma linha

de credito governamental. A autoconstrução era o tipo predominante de método

construtivo. O déficit de habitações necessárias para que cada família viva com

dignidade é um indicador negativo que foi estimado em 2010, em 5,8 milhões de

unidades.

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A habitação desempenha papeis importantes no âmbito social, ambiental e

econômico. No social o abrigo para a família é um dos fatores de seu

desenvolvimento. No ambiental faz-se necessário a inclusão no ambiente urbano

dando direito à infraestrutura, educação, saúde, dentre outros, analisando o impacto

sobre os recursos naturais disponíveis. E no âmbito econômico a habitação

influencia diretamente na construção civil oferecendo oportunidades de emprego,

gerando renda e mobilizando vários setores da economia local fomentando os

mercados imobiliários e de bens e serviços.

2.3.1 História da Habitação Social no Brasil

A história da habitação popular no Brasil teve início no fim do século XIX.

Diferente do que vivemos hoje, a grande maioria da população era rural onde as

famílias dos escravos moravam. “Em consequência da abolição da escravatura, o

governo adota uma política de crédito mais liberal, de dinheiro barato, que vai ser a

causa imediata do período de tumultuoso crescimento econômico conhecido pelo

nome de encilhamento” (Singer, op.cit. p.45; 1889-1990).

A “Era Vargas”, iniciada com o chamado governo provisório de Getúlio Vargas

(1390-1934), inaugurava uma nova maneira de governar e também uma nova forma

de comportamento entre as classes dominantes dominadas – era o chamado

populismo, que se estendia até a instalação dos governos militares, em 1964.

Vendo-se impelido a atender a algumas das reinvindicações populares,

principalmente quanto à necessidade de “equipamentos coletivos que – pelo menos

aparentemente – trouxessem benefícios às classes trabalhadoras”, o Governo

Vargas iniciou a sua intervenção nos serviços afetos aos setores de habitação,

saúde e educação (Schürmann, 1978, p.23).

Nas grandes cidades, não só a classe operaria, mas também partes da classe

média viveram em cortiços muitas vezes insalubres.

Trata-se do momento em que o Estado brasileiro passa a intervir tanto no

processo de produção como no mercado de aluguel, abandonando a postura de

deixar a questão da construção, comercialização, financiamento e locação

habitacional às ‘livres forças do mercado’, que vigorou até então. Esta nova postura

do Estado brasileiro na questão da habitação é parte integrante da estratégia muito

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mais ampla, colocada em prática pelo governo Vargas, de impulsionar a formação e

fortalecimento de uma sociedade de cunho urbano-industrial, capitalista, mediante

uma forte intervenção estatal em todos os âmbitos da atividade econômica (Oliveira,

1971).

O “Estado Empreendedor” realizou intervenções de forma direta no mercado

habitacional com a utilização dos recursos das Caixas de Aposentadoria e Pensões

(CAPs), cujo modelo de funcionamento seria base para a criação dos Institutos de

Aposentadoria e Pensão (IAPs). As 47 CAPs que existiam em 1930, tinham cerca

de 140 mil associados (Werna et al., 204, p.110) e os recursos captados pelo

sistema previdenciário, antes destinados exclusivamente para assegurar a

aposentadoria dos trabalhadores, passariam a ser aplicados também na produção

de moradias para as famílias de associados (Habitação popular no Brasil, 2006,

p.37).

A “Lei do Inquilinato” foi outra faceta da interferência do Estado para regular o

mercado imobiliário rentista, decretando em 1942 o congelamento dos aluguéis.

Essa forma de intervenção estatal na provisão de moradia propiciou inúmeras

distorções nas relações entre inquilinos e proprietários, o que levou a edição de

várias alterações na legislação ao longo dos 22 anos de vigência do congelamento

(Habitação popular no Brasil, 2006, p.37).

Bonduki (op.cit, p.245) comenta que a prolongada existência da Lei do

Inquilinato talvez tenha sido determinada por razões distintas, pelo jogo dos

interesses que asseguraram a sua providencia, em que teria pesado mais a sua

preocupação com relação aos inquilinos.

As ações do governo federal no plano habitacional, desde o período da

República Velha (1919-1930), restringiram-se à concessão de favores fiscais aos

particulares para investimento em habitações para aluguel ou para venda. Do

governo de Epitácio Pessoa (1919/1922) destaca-se um decreto (n° 4.209, de

11/12/1920) que autorizava o Poder Executivo a promover a construção de casas

para aluguel a “operários e proletários” (Aragão, 199, p.57; Werna et al, 2004, p. 110

- Habitação popular no Brasil, 2006, p.38).

No governo Dutra (1946/1951) foi intensa a produção habitacional financiada

pelos IAPs, cujo sucesso e expressivo volume de recursos financeiros serviram para

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fomentar os arranjos políticos que levaram à criação da Fundação da Casa Popular

(FCP), cuja atuação, entretanto, foi marcada por dificuldades financeiras. De todo

modo, é naquela época que se encontram as primeiras sementes do modelo de

provisão habitacional no país, o que viria a se constituir no Sistema Financeiro da

Habitação (SFH) - (Habitação popular no Brasil, 2006, p.39).

O SFH foi criado em 1964 com o objetivo de minimizar a carência habitacional

baseado na concessão de credito com fontes próprias. Ele utilizava recursos das

cadernetas de poupança e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A

partir do momento em que o SFH passou a tratar a habitação como, uma mercadoria

a ser produzida e comercializada nos moldes capitalistas, surgiram as Companhias

Habitacionais (COHABs) que existem até hoje. As COHABs estabeleceram o vinculo

entre o recurso de SFH e camadas mais pobres da população, com capital originado

do Sistema Federal.

No ano de 1974, o BNH determina que as COHABs passem a construir

unidades habitacionais para famílias dentro da faixa de renda entre 3 a 10 salários

mínimos. Mas essa ação fez com que os empreendimentos construídos perdessem

a característica social.

Na década de 1980, com a recessão econômica, a SFH entrou em crise. A

população não conseguia mais arcar com os custos dos contratos, o que fez

aumentar a inadimplência. O governo tentou intervir, minimizando os reajustes das

prestações. Em 1986, o BNH foi extinto e o SFH reformulado. O BNH atuou por 22

anos utilizando recursos do FGTS para moradias populares e do Sistema Brasileiro

de Poupança e Empréstimo (SBPE) para moradias realizadas pelo governo Collor.

Já no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criada a Política Nacional de

Habitação (PNH), onde os municípios eram agentes promotores da habitação

popular e a União voltada somente para as funções normativas e reguladoras. Em

seguida foram lançados outros programas como o Pró-Moradia (financiado pelo

FGTS) e o Habitar Brasil (recursos do Orçamento Geral da União). Nesta mesma

época surge a Carta de Crédito – FGTS que atendia a população com renda familiar

ate 12 (doze) salários mínimos dando a opção de utilizar o recurso na aquisição de

imóvel, terreno ou material de construção.

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Novos programas foram criados, como o Programa de Arrendamento

Residencial (PAR) em 1999 que priorizava as famílias com renda até 06 (seis)

salários mínimos, sob a forma de arrendamento com a opção de compra no final do

contrato. Também na década de 90 foi criado o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI)

que veio para ajudar diminuir a inadimplência já que o morador tornava-se

proprietário do imóvel após quitação do financiamento. O SFI, ainda hoje, é

incipiente no Brasil e tem fraca participação no total dos financiamentos para o setor

habitacional.

A década de 90 foi marcada por outros acontecimentos no país como a

disseminação do desenvolvimento sustentável. Aconteceram dois eventos

importantes: a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento

(Junho de 1992-RJ) onde foi aprovada a Agenda 21; e a Conferencia das Nações

Unidas sobre Estabelecimentos Humanos – Habitat II (Junho de 1996 – Istambul,

Turquia) onde o direito a habitação e melhoria nas condições de vida nos centros

urbanos e zonas rurais era o ponto principal. Ainda no ano de 1996, foi

implementado o Programa da Qualidade da Construção Habitacional de São Paulo

(QUALIHAB). Na Conferencia realizada na Turquia, foi assinada a Carta de Istambul

e através dela, em 1998,deu-se inicio ao Programa Brasileiro da Qualidade e

Produtividade do Habitat (PBQP-H) que tem por objetivo melhorar a qualidade do

habitat e modernizar sua produção. Neste programa destaca-se o Sistema de

Qualificação de Empresas de Serviços e Obras (SiQ), que propõe a qualificação das

empresas de forma evolutiva e cujo o ultimo nível resulta na certificação do sistema

de gestão da qualidade.

O século XXI vem mostrar a falta de articulação dos programas habitacionais

com a política de desenvolvimento urbano e os problemas gerados. E a partir deste

novo século, surgem as principais ações implementadas durante o governo Lula. O

Ministério das Cidades foi criado em 2003 e responde pela Política Setorial de

Habitação, de acordo com a concepção de desenvolvimento urbano integrado, ou

seja, a habitação faz parte de um conjunto que da direito a casa, infraestrutura,

saneamento, mobilidade, transporte coletivo, equipamentos e serviços urbanos e

sociais, buscando garantir o direito à cidade.

O Plano Nacional de Habitação (PlanHab), criado entre 2007 e 2009, foi

desenvolvido como um planejamento estratégico visando o ano de 2023 e suas

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ações são focadas nos financiamentos e subsídios, arranjos institucionais, cadeia

produtiva da construção civil e estratégias urbano-fundiárias.

Em 2009, foi criado o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) com duas

metas ambiciosas: construir um milhão de habitações ate 2011 (1ª fase) para a

população com renda de até 10 salários mínimos e, ao mesmo tempo dinamizar a

construção civil. O programa prevê aplicação de subsídios e a parceria inédita entre

União, estados, municípios, empreendedores e movimentos sociais. Do PlanHAb

foram introduzidas algumas medidas para a redução do custo da habitação como a

desoneração tributaria para habitação de interesse social, o barateamento do seguro

e do fundo garantidor. O programa atingiu sua meta, pelo menos no papel, mesmo

tendo que superar alguns desafios como a localização dos novos empreendimentos

em áreas muitas vezes desconectadas da malha urbana. Em 2011, cerca de um

milhão de contratos haviam sido firmados.

A presidente Dilma Rousseff, lançou em Junho de 2011, a segunda fase do

PMCMV com o objetivo de construir dois milhões de moradias para famílias de baixa

e media renda. Mas o maior desafio será cumprir as metas do PMCMV: construir

três milhões de habitações até 2014.

2.4 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

2.4.1 Legislação

2.4.1.1 Lei nº 11.977, de 07 de Julho de 2009

Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e a

regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o

Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de

1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257,

de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de agosto de 2001;

e dá outras providências.

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de

PRESIDENTE DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

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CAPÍTULO I - DO PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA – PMCMV

Seção I - Da Estrutura e Finalidade do PMCMV

Art. 1o O Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV compreende:

I – o Programa Nacional de Habitação Urbana - PNHU;

II – o Programa Nacional de Habitação Rural - PNHR;

III – a autorização para a União transferir recursos ao Fundo de Arrendamento

Residencial - FAR e ao Fundo de Desenvolvimento Social - FDS;

IV – a autorização para a União conceder subvenção econômica tendo em

vista a implementação do PMCMV em Municípios com população de até 50.000

(cinquenta mil) habitantes;

V – a autorização para a União participar do Fundo Garantidor da Habitação

Popular - FGHab; e

VI – a autorização para a União conceder subvenção econômica ao Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

Art. 2o O PMCMV tem como finalidade criar mecanismos de incentivo à

produção e à aquisição de novas unidades habitacionais pelas famílias com renda

mensal de até 10 (dez) salários mínimos, que residam em qualquer dos Municípios

brasileiros.

Art. 3o Para a definição dos beneficiários do PMCMV, devem ser respeitadas,

além das faixas de renda, as políticas estaduais e municipais de atendimento

habitacional, priorizando-se, entre os critérios adotados, o tempo de residência ou de

trabalho do candidato no Município e a adequação ambiental e urbanística dos

projetos apresentados.

§ 1o Em áreas urbanas, os critérios de prioridade para atendimento devem

contemplar também:

I – a doação pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios de

terrenos localizados em área urbana consolidada para implantação de

empreendimentos vinculados ao programa;

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27

II – a implementação pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios

de medidas de desoneração tributária, para as construções destinadas à habitação

de interesse social;

III – a implementação pelos Municípios dos instrumentos da Lei no 10.257, de

10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade), voltados ao controle da retenção das

áreas urbanas em ociosidade.

§ 2o (VETADO)

§ 3o Terão prioridade como beneficiários os moradores de assentamentos

irregulares ocupados por população de baixa renda que, em razão de estarem em

áreas de risco ou de outros motivos justificados no projeto de regularização

fundiária, excepcionalmente tiverem de ser relocados, não se lhes aplicando o

sorteio referido no § 2o.

Seção III - Do Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR

Seção IV - Das Transferências de Recursos por parte da União e da

Subvenção para Municípios de Pequeno Porte

Seção V - Do Fundo Garantidor da Habitação Popular – FGHab

Seção VI - Da Subvenção Econômica ao Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social – BNDES

Seção VII - Disposições Complementares

CAPÍTULO II - DO REGISTRO ELETRÔNICO E DAS CUSTAS E EMOLUMENTOS

CAPÍTULO III - DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE ASSENTAMENTOS

URBANOS

Seção I - Disposições Preliminares

Seção II - Da Regularização Fundiária de Interesse Social

Seção III - Da Regularização Fundiária de Interesse Específico

Seção IV - Do Registro da Regularização Fundiária

Seção V - Disposições Gerais

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28

CAPÍTULO IV - DISPOSIÇÕES FINAIS

2.4.1.2 Lei nº 12.424, de 16 de Junho de 2011 (partes)

Altera a Lei no 11.977, de 07 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa

Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos

localizados em áreas urbanas, as Leis nos 10.188, de 12 de fevereiro de 2001, 6.015,

de 31 de dezembro de 1973, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 4.591, de 16 de

dezembro de 1964, 8.212, de 24 de julho de 1991, e 10.406, de 10 de janeiro de

2002 - Código Civil; revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.197-43, de 24 de

agosto de 2001; e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 9º, 11, 13, 14, 18, 20, 29, 42, 43, 47, 50,

51, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 60, 65, 73, 79, 80 e 82 Lei nº 11.977, de 7 de julho de

2009;

Art. 2º A Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, passa a vigorar acrescida dos

seguintes arts. 5º-A, 6º-A, 6º-B, 43-A, 44-A, 60-A, 71-A, 73-A, 79-A, 81-A, 82-A, 82-B

e 82-C.

2.4.1.3 Portaria nº 610, de 26 de dezembro de 2011 (partes)

(Reserva de, no mínimo, 3% das unidades para idosos e deficientes)

Dispõe sobre os parâmetros de priorização e o processo de seleção dos

beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV.

O MINISTRO DE ESTADO DAS CIDADES, no uso das atribuições que lhe

conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, o

inciso III do art. 27 da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, o art. 3º do Anexo I do

Decreto no 4.665, de 3 de abril de 2003, e considerando a Lei n° 11.977, de 7 de

julho de 2009, e o disposto no § 1º do art. 3º do Decreto n° 7.499, de 16 de junho de

2009, resolve:

Art. 1º Estabelecer, na forma do Anexo desta Portaria, os parâmetros de

priorização e as condições e procedimentos para a seleção dos beneficiários do

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Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV, no âmbito do Programa Nacional de

Habitação Urbana - PNHU.

Art. 2º Revogar a Portaria MCIDADES nº 140, de 5 de abril de 2010,

publicada no Diário Oficial da União de 6 de abril de 2010, Seção 1, página 83.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ANEXO

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA – PMCMV

2. CADASTRO DE CANDIDATOS

2.1 Os candidatos devem estar inscritos nos cadastros habitacionais do Distrito

Federal, estados, municípios.

2.1.1 O disposto no subitem anterior não se aplica às operações realizadas por

meio da transferência de recursos ao FDS.

2.2 Os dados cadastrais do candidato devem contemplar as informações

necessárias à aplicação dos critérios de seleção.

2.3 A inscrição dos interessados deverá ser gratuita.

4. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS

Para fins de seleção de candidatos serão observados critérios nacionais e

adicionais, conforme segue:

4.1 Critérios nacionais, conforme o disposto na Lei 11.977, de 7 de julho de 2009:

a) famílias residentes em áreas de risco ou insalubres ou que tenham sido

desabrigadas;

b) famílias com mulheres responsáveis pela unidade familiar; e

c) famílias de que façam parte pessoas com deficiência.

5. PROCESSO DE SELEÇÃO DOS CANDIDATOS

O processo seletivo nortear-se-á pelo objetivo de priorização ao atendimento

de candidatos que se enquadrem no maior número critérios nacionais e adicionais

de seleção.

5.2 Deverá ser reservado, no mínimo, três por cento das unidades habitacionais

para atendimento aos idosos, conforme disposto no inciso I do art. 38 da Lei

no 10.741/2003, e suas alterações - Estatuto do Idoso;

5.6 Das unidades habitacionais, de cada empreendimento, na ausência de

percentual superior fixado em legislação municipal ou estadual, serão

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reservadas pelo menos 3% (três por cento) para atendimento a pessoa com

deficiência ou cuja família façam parte pessoas com deficiência, que figurará

no cadastro de todos candidatos além de cadastro específico.

5.6.1 Caso a aplicação do percentual resulte em número fracionado, este deverá

ser elevado até o primeiro número inteiro subseqüente.

5.6.2 O candidato que ainda não tenha comprovado a condição indicada no subitem

5.6, junto ao Ente Público, responsável pela indicação da demanda, deverá

fazê-lo apresentando atestado médico que comprove a deficiência alegada e

que contenha a espécie, o grau ou nível da deficiência e a Classificação

Internacional de Doenças - CID.

5.6.2.1 O Ente Público deverá encaminhar à instituição financeira ou agente

financeiro, responsável pela contratação da operação, documentação que

comprove a deficiência alegada e que contenha a espécie, o grau ou nível da

deficiência e a CID.

5.6.3 Observados os critérios de seleção, nacionais e locais, deverá ser elaborado

cadastro específico dos candidatos, pessoa com deficiência ou de cuja família

façam parte pessoas com deficiência, que se enquadram nas regras do

programa, em ordem decrescente de hierarquização.

5.6.3.1 Havendo empate na hierarquização deverá ser efetuado sorteio para

desempate.

5.6.4 As unidades habitacionais reservadas que não forem destinadas por falta de

candidato, pessoa com deficiência ou de cuja família façam parte pessoas

com deficiência, na lista elaborada conforme descrito no subitem 5.6.3, serão

destinadas aos demais candidatos.

2.4.2 Cartilha PMCMV – O Programa

O Programa Minha Casa Minha Vida tem como finalidade criar mecanismos

de incentivo à produção e compra de novas unidades habitacionais pelas famílias

com renda mensal de até 10 salários mínimos, que residam em qualquer município

brasileiro.

Para que o PMCMV construa moradias adequadas e bem localizadas é

essencial à participação ativa dos municípios mobilizando instrumentos em seus

Planos Diretores que favoreçam a disponibilidade de bons terrenos para o programa,

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especialmente para famílias com renda de 0 a 6 salários mínimos. Este Programa

tem como meta construir um milhão de habitações. Abaixo formas de atendimento.

2.4.2.1 Famílias com renda até 03 salários mínimos (400 mil unidades)

2.4.2.1.1 Fundo de Arrendamento Residencial – FAR

Nesta faixa de renda as unidades habitacionais são construídas e depois

vendidas às famílias selecionadas com seguintes condições: haverá contribuição

mensal do beneficiário (10% da renda, sendo o mínimo de R$ 50,00, por um período

de 10 anos); nas operações do FAR os agentes financeiros poderão dispensar a

contratação do seguro MIP e DFI. Abaixo, quadro explicativo:

Regras

1

O governo estadual ou municipal assina o Termo de Adesão com a CAIXA e a partir desse

momento a CAIXA passa a receber propostas de aquisição de terreno e produção de

empreendimentos para análise junto com a documentação necessária;

2

Estados e Municípios, a partir dos cadastros existentes, indicam à CAIXA as famílias a

serem beneficiadas, de acordo com os critérios de elegibilidade e seleção definidos para o

Programa;

3 As construtoras apresentam projetos às superintendências regionais da CAIXA, podendo

fazê-los em parceria com estados, municípios;

4 Após análise simplificada, a CAIXA contrata a operação;

5 A execução das obras do empreendimento é realizada pela construtora contratada pela

CAIXA, que se responsabiliza pela entrega dos imóveis concluídos e legalizados;

6 Após a conclusão da obra os imóveis são adquiridos pelas famílias beneficiadas

diretamente na CAIXA.

Quadro 1 – Regras relativas ao FAR Fonte: Cartilha PMCMV

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O manual da CAIXA determina que os projetos de condomínios e loteamentos

devam ter no mínimo as seguintes características:

a) Inserção na malha urbana;

b) Existência prévia de infraestrutura básica que permita as ligações

domiciliares de abastecimento de água, esgotamento sanitário, energia

elétrica, via de acesso e transportes públicos;

c) Existência de infraestrutura para a coleta de lixo e drenagem urbana;

d) Existência ou ampliação dos equipamentos e serviços relacionados à

educação, saúde e lazer;

e) Loteamentos: limite de 500 unidades habitacionais;

f) Condomínios: limite de 250 unidades habitacionais.

Quando os conjuntos forem realizados em loteamentos, que ainda não são

servidos de infraestrutura, o valor de investimento pode compreender os custos com

a infraestrutura externa aos lotes adquiridos.

2.4.2.1.2 PMCMV Entidades

Esta modalidade consiste no financiamento às famílias com renda de até 03

salários mínimos, organizadas por entidades sem fins lucrativos (cooperativas,

associações, etc.) com as seguintes condições:

1) 10% da renda familiar durante 10 anos, corrigido anualmente pela TR;

2) Sem entrada e sem pagamento durante a obra;

3) Nas operações do FAR e do FDS os agentes financeiros poderão

dispensar a contratação do seguro MIP e DFI.

Nesta modalidade os recursos são alocados no Fundo de Desenvolvimento

Social – FDS, com Distribuição regional pelo déficit. Compreende:

a) Aquisição de terreno e construção de unidade habitacional;

b) Construção em terreno próprio ou de terceiros;

c) Aquisição de imóvel novo;

d) Aquisição e Requalificação de imóvel.

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As construções poderão ser feitas por administração direta; empreitada

global; mutirão assistido e autoconstrução. Seguem as regras:

Regras

1 As Entidades sem fins lucrativos se habilitam previamente no Ministério das Cidades;

2 As Entidades habilitadas apresentam projetos à CAIXA, podendo fazê-lo em parceria com

estados e municípios;

3 Após a conclusão da análise, a CAIXA envia ao Ministério das Cidades a relação de

projetos para seleção;

4 O Ministério das Cidades seleciona e comunica o resultado à CAIXA

5 As Entidades sem fins lucrativos apresentam a demanda a ser atendida para a CAIXA;

6 A agência da CAIXA efetua a análise para enquadramento da demanda.

7 A CAIXA contrata a operação, libera recursos conforme cronograma e acompanha a

execução da obra.

Quadro 2 – Regras para as Entidades construírem Fonte: Cartilha PMCMV

Requisitos para os empreendimentos:

a) Municípios com população superior a 300.000 habitantes ou capitais

estaduais e municípios inseridos em Regiões Metropolitanas: 200

unidades habitacionais (UH) por empreendimento;

b) Município com população entre 50.001 a 300.000 habitantes: 150 UH por

empreendimento se concentrada ou 50 UH dispersas;

c) Município com população entre 50.000 a 20.001 habitantes: 100 UH por

empreendimento se concentrada ou 50 UH dispersas;

d) Município com população igual ou inferior a 20.000 habitantes: 50 UH por

empreendimento se concentrada ou 25 UH dispersas;

e) A situação fundiária e dominial deve ser regular ou em processo de

regularização;

f) Terreno parcelado, loteado ou desmembrado, abertura de vias e

logradouros públicos, com matrícula própria e RI, conforme previsto na

Lei nº. 6.766/79;

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g) Área inserida, contígua ou isolada da malha urbana, desde que definido

no plano diretor municipal, e com infraestrutura básica de água, energia

elétrica, acesso viário, soluções de esgoto sanitário e serviços públicos

essenciais de transporte e coleta de lixo;

h) Infraestrutura externa executada e/ou a ser executada.

2.4.2.1.3 Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) - Grupo 01

Esta modalidade consiste no financiamento aos agricultores e trabalhadores

rurais, organizados de forma associativa por entidades sem fins lucrativos ligadas ao

meio rural (Cooperativas, Associações, etc.) ou às famílias de agricultores familiares

com renda bruta anual familiar de até R$ 10.000, organizadas de forma associativa

por entidades sem fins lucrativos ligadas ao meio rural (cooperativas, associações,

etc.), contemplando subsídio, assistência técnica e trabalho técnico social.

Os beneficiários poderão ter as seguintes condições de financiamento: 04%

do valor da operação em parcelas anuais, em até 04 anos; sem entrada e sem

pagamento durante a obra; sem cobrança de seguro.

Compreende: construção de unidade habitacional nova.

As construções poderão ser feitas por administração direta; empreitada

global; mutirão assistido e autoconstrução. Os Requisitos para os Empreendimentos

são: gleba rural classificada como de pequena propriedade, com área total ou fração

ideal com até quatro módulos fiscais; deve contar com infraestrutura mínima

compreendendo: vias de acesso, soluções de abastecimento de água; solução de

esgotamento sanitário e energia elétrica; limite de 50 unidades habitacionais por

proposta, sendo no mínimo 03 unidades habitacionais.

2.4.2.1.4 PMCMV para municípios com população até 50 mil habitantes

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2.4.3 Famílias com renda até 06 salários mínimos (400 mil unidades)

2.4.3.1 Programa Nacional de Habitação Urbano (PNHR)

Esta modalidade tem como objetivo subsidiar a produção e compra de imóvel

para os segmentos populacionais com renda familiar mensal de até 06 salários

mínimos.

Compreende: construção ou compra de novas unidades habitacionais em

áreas urbanas; requalificação de imóveis já existentes em áreas consolidadas (não

foi regulamentado até o momento).

No caso de compra de novas unidades habitacionais em áreas urbanas, os

recursos destinam-se ao financiamento de empresas da construção civil do mercado

imobiliário para a produção destas habitações.

As famílias poderão adquirir os imóveis com as seguintes condições: subsídio

parcial em financiamentos com recursos do FGTS, com redução dos custos do

seguro; acesso ao Fundo Garantidor e comprometimento de até 20% da renda para

pagamento da prestação.

Abaixo regras para financiamento voltado a pessoa jurídica:

a) As construtoras ou incorporadoras apresentam projetos de

empreendimentos às superintendências regionais da CAIXA;

b) A CAIXA realiza pré-análise e autoriza o lançamento e comercialização;

c) Após a conclusão da análise e comprovação da comercialização mínima

exigida, é assinado o Contrato de Financiamento à Produção;

d) Durante a obra a CAIXA financia o beneficiário;

e) Concluído o empreendimento, a construtora/incorporadora entrega as

unidades aos beneficiários.

Requisitos para os empreendimentos:

a) Os projetos para esta modalidade deverão ter valor de avaliação

compatível com a faixa de renda prioritária, mas não têm especificação

padrão determinada;

b) Cada módulo terá no máximo 500 unidades.

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2.4.3.2 Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) - Grupo 2 e 3

(* esta modalidade não será abordada pois a cartilha trata mais particularmente da

produção intraurbana).

2.4.3.2.1 Famílias com renda de 6 a 10 salários mínimos (200 mil unidades)

2.4.4 Financiamentos do FGTS com os benefícios adicionais de redução dos custos de seguro e acesso ao Fundo Garantidor da Habitação

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37

CAPÍTULO III

3 ACESSIBILIDADE

3.1 CONCEITUAÇÃO

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, ONU, cerca de

10% da população dos países em desenvolvimento é constituída por pessoas

portadoras de algum tipo de deficiência. A Organização Mundial da Saúde, OMS,

calcula que esse número chegue a mais de 600 milhões de pessoas no planeta. No

Brasil, segundo o Censo 2000 do IBGE, estima-se em quase 15% da população ou

algo em torno de 25 milhões.

Durante décadas a grande maioria dessas pessoas foi colocada à margem da

sociedade, confinada em instituições ou dentro de suas próprias casas. A partir dos

anos 60 começaram a surgir os primeiros movimentos organizados de portadores de

deficiência, que iniciaram a luta pelos seus direitos através de diversas associações.

Desde então suas reivindicações foram sendo arduamente conquistadas e

passaram a ser traduzidas em forma de leis. Hoje contamos com ampla legislação –

nos âmbitos federal, estadual e municipal – que garante a essa expressiva parcela

da população o direito de acesso ao trabalho, educação, esporte, saúde, lazer,

cultura, reabilitação, transporte, habitação etc., e que deve ser definitivamente

cumprida e respeitada. (GUIA DE LEGISLAÇÃO PARA PESSOAS PORTADORAS

DE DEFICIENCIA, pg.05).

3.2 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES

3.2.1 Normas Técnicas e Leis

ABNT NBR 9050:2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaço

e equipamentos urbanos;

ABNT NBR 9283:1986 - Mobiliário urbano – Classificação;

ABNT NBR 9284:1986 - Equipamento urbano – Classificação;

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LEI N° 10.048 DE 08 DE NOVEMBRO DE 2000. Da prioridade de

atendimentos as pessoas que especifica, e dá outras providências;

LEI N° 10.098 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. Estabelece normas

gerais e critério básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras

providências;

LEI N° 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001. Regulamenta os arts. 182 e

183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política

urbana e dá outras providências (Estatuto da cidade);

LEI N° 10.741, DE 1° DE OUTUBRO DE 2003 – Estatuto do Idoso.

LEI Nº 11.263, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2002. (Projeto de lei nº 295,

DE 1999, da deputada Célia Leão - PSDB). Estabelece normas e critérios

para a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida, e dá outras providências;

LEI FEDERAL N°. 7.853 DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. DIREITO DAS

PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA. Dispõe sobre o apoio às

pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a

Coordenadoria Nacional para integração da Pessoa Portadora de

Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos

ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público,

define crimes, e dá outras providências;

DECRETO Nº 3.298, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. Regulamenta a

Lei n° 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional

para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as

normas de proteção, e dá outras providências;

DECRETO Nº 5.296 DE 02 DE DEZEMBRO DE 2004. Regulamenta as

Leis n° 10.048, de 08 de novembro de 2000, que dá prioridade de

atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de

2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção

da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida, e dá outras providências.

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3.3 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES SOBRE ACESSIBILIDADE

Segundo a ABNT NBR 9050:2004, seguem algumas definições relativas à

acessibilidade:

Acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e

entendimento para a utilização com segurança e autonomia de

edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos;

Acessível: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou

elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por

qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo

acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação;

Adaptável: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou

elemento cujas características possam ser alteradas para que se torne

acessível;

Adaptado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou

elemento cujas características originais foram alteradas posteriormente

para serem acessíveis;

Adequado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou

elemento cujas características foram originalmente planejadas para serem

acessíveis;

Área de aproximação: Espaço sem obstáculos para que a pessoa que

utiliza cadeira de rodas possa manobrar, deslocar-se, aproximar-se e

utilizar o mobiliário ou o elemento com autonomia e segurança;

Área de transferência: Espaço necessário para que uma pessoa utilizando

cadeira de rodas possa se posicionar próximo ao mobiliário para o qual

necessita transferir-se;

Barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental: Qualquer elemento

natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência

ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano;

Calçada: Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não

destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e,

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quando possível, à implantação de mobiliário, sinalização, vegetação e

outros fins - Código de Trânsito Brasileiro;

Calçada rebaixada: Rampa construída ou implantada na calçada ou

passeio, destinada a promover a concordância de nível entre estes e o

leito carroçável;

Circulação externa: Espaço coberto ou descoberto, situado fora dos

limites de uma edificação, destinado à circulação de pedestres. As áreas

de circulação externa incluem, mas não necessariamente se limitam a,

áreas públicas, como passeios, calçadas, vias de pedestres, faixas de

travessia de pedestres, passarelas, caminhos, passagens, calçadas

verdes e pisos drenantes entre outros, bem como espaços de circulação

externa em edificações e conjuntos industriais, comerciais ou residenciais

e centros comerciais;

Deficiência: Redução, limitação ou inexistência das condições de

percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de

utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e

elementos, em caráter temporário ou permanente;

Desenho universal: Aquele que visa atender à maior gama de variações

possíveis das características antropométricas e sensoriais da população;

Equipamento urbano: Todos os bens públicos e privados, de utilidade

pública, destinados à prestação de serviços necessários ao

funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder

público, em espaços públicos e privados;

Espaço acessível: Espaço que pode ser percebido e utilizado em sua

totalidade por todas as pessoas, inclusive aquelas com mobilidade

reduzida;

Faixa elevada: Elevação do nível do leito carroçável composto de área

plana elevada, sinalizada com faixa de travessia de pedestres e rampa de

transposição para veículos, destinada a promover a concordância entre

os níveis das calçadas em ambos os lados da via;

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Guia de balizamento: Elemento edificado ou instalado junto aos limites

laterais das superfícies de piso, destinado a definir claramente os limites

da área de circulação de pedestres, perceptível por pessoas com

deficiência visual;

Impraticabilidade: Condição ou conjunto de condições físicas ou legais

que possam impedir a adaptação de edificações, mobiliário,

equipamentos ou elementos à acessibilidade;

Linha-guia: Qualquer elemento natural ou edificado que possa ser

utilizado como guia de balizamento para pessoas com deficiência visual

que utilizem bengala de rastreamento;

Mobiliário urbano: Todos os objetos, elementos e pequenas construções

integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não,

implantados mediante autorização do poder público em espaços públicos

e privados;

Passeio: Parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso

separada por pintura ou elemento físico, livre de interferências, destinada

à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas -

Código de Trânsito Brasileiro;

Pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, temporária ou

permanentemente, tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o

meio e de utilizá-lo. Entende-se por pessoa com mobilidade reduzida, a

pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante entre outros;

Piso cromo-diferenciado: Piso caracterizado pela utilização de cor

contrastante em relação ás áreas adjacentes e destinado a constituir guia

de balizamento ou complemento de informação visual ou tátil, perceptível

por pessoas com deficiência visual;

Piso tátil: Piso caracterizado pela diferenciação de textura em relação ao

piso adjacente, destinado a constituir alerta ou linha guia, perceptível por

pessoas com deficiência visual;

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Rampa: Inclinação da superfície de piso, longitudinal ao sentido de

caminhamento. Consideram-se rampas aquelas com declividade igual ou

superior a 5%;

Rota acessível: Trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecta

os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa

ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive

aquelas com deficiência. A rota acessível externa pode incorporar

estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres,

rampas, etc. A rota acessível interna pode incorporar corredores, pisos,

rampas, escadas, elevadores etc.;

Tecnologia assistiva: Conjunto de técnicas, aparelhos, instrumentos,

produtos e procedimentos que visam auxiliar a mobilidade, percepção e

utilização do meio ambiente e dos elementos por pessoas com

deficiência;

Visitável: Parte de unidade residencial, ou de unidade para prestação de

serviços, entretenimento, comércio ou espaço cultural de uso público que

contenha pelo menos um local de convívio social acessível e um sanitário

unissex acessível.

3.4 PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS

(ABNT NBR 9050:2004) Para a determinação das dimensões referenciais,

foram consideradas as medidas entre 5% a 95% da população brasileira, ou seja, os

extremos correspondentes a mulheres de baixa estatura e homens de estatura

elevada. Foram adotadas as seguintes siglas com relação aos parâmetros

antropométricos:

1) M.R. – Módulo de referência;

2) P.C.R. – Pessoa em cadeira de rodas;

3) P.M.R. – Pessoa com mobilidade reduzida;

4) P.O. – Pessoa obesa;

5) L.H. – Linha do horizonte.

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Pessoas em pé

Figura 1 – Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé Fonte: ABNT NBR 9050 (2004, p.5)

Pessoas em cadeira de rodas (P.C.R)

Figura 2 – Cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050 (2004, p.6)

Área de circulação

Figura 3 – Largura para deslocamento em linha reta Fonte: ABNT NBR 9050 (2004, p.7)

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3.5 CONCEITO DE DESENHO UNIVERSAL - DU

O conceito de Desenho Universal (DU) foi criado nos Estados Unidos, em

1963, e tem como objetivo considerar a diversidade humana e garantir a

acessibilidade a todos os componentes dos ambientes, tais como edificações, áreas

urbanas, mobiliários, comunicações, etc. São princípios do desenho universal: uso

equiparável (para pessoas com diferentes capacidades); uso flexível (com leque

amplo de preferências e habilidades); simples e intuitivo (fácil de entender);

informação perceptível (comunica eficazmente a informação necessária); tolerante

ao erro (que diminui riscos de ações involuntárias); com pouca exigência de esforço

físico; e tamanho e espaço para o acesso e o uso (CREA-RJ apud BRASIL, 2007,

a).

Sobre os conceitos de DU, Demirbilek (2004) diz que as casas devem prover

soluções para as distinções em capacidade, habilidades e necessidades diárias na

moradia e diz que “se uma casa é inadequada para as necessidades das pessoas

que nela moram, nunca será um lar”. O mesmo autor relata que dados de projeto

demonstram que características físicas e psicológicas das pessoas podem promover

uma qualidade de vida independente, segura, utilizável e atrativa na residência. O

“universal design” é um conceito que se estende a uma ampla diversidade de

usuários que possam interagir com o ambiente construído (SANDHU, 2001;

STEINFEL, 1993; apud DEMIRBILEK, 2004).

O Decreto Federal n° 5.296/04, artigo 10°, determina que “a concepção e a

implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios

do Desenho Universal”. A diferença entre uma habitação com Desenho Universal e

uma adaptada a pessoas com deficiência está na concepção do projeto. A

habitação adaptada é voltada para pessoas com deficiência, seguindo a NBR

9050/04. Desta forma, utiliza-se o Desenho Universal para tornar um projeto

adaptável, ou seja, uma habitação que pode ser utilizada por qualquer pessoa,

inclusive com deficiência.

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3.6 ACESSIBILIDADE URBANA

3.6.1 Passeio Público

Pessoas que usam cadeiras de rodas e outros dispositivos para locomoção

sempre se deparam, nas calçadas, com sérios transtornos tais como ressaltos,

buracos, pisos irregulares que causam forte trepidação, calçadas rebaixadas fora

dos padrões recomendáveis, além de outros obstáculos como bancas de jornal,

frades, jardineiras, postes, árvores e demais equipamentos urbanos, quase sempre

mal posicionados. Os motivos são: projetos mal concebidos, execução descuidada e

o emprego de materiais inadequados.

No caso dos cadeirantes, o esforço e desconforto causam muitos problemas

de saúde, principalmente danos à coluna, superando o limite de vibrações e

choques suportáveis pelo corpo humano em determinado limite de tempo,

estabelecidos em normas como na NBR 9050/04 há um subitem 6.1.1 (pisos) que

cita: “Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob

qualquer condição, que não provoquem trepidação em dispositivos com rodas

(cadeira de rodas e carrinho de bebê)”.

Para atender a norma são apresentadas soluções técnicas de projeto e

execução que buscam facilidade e baixo custo de manutenção, durabilidade,

segurança e acessibilidade, economia e conforto e, por último, qualidade.

3.6.2 Travessias: Traffic Calming

Trata-se de um conjunto de conceitos, técnicas e dispositivos, que tem sido

aceito em países europeus, nos EUA, Austrália e no Brasil, capaz de proteger as

áreas urbanas dos efeitos nocivos do tráfego de veículos, desde que aplicado de

forma adequada ao ambiente. Foi desenvolvido, originalmente, para melhorar as

condições de segurança nas vias, seus efeitos ambientais positivos podem ser

considerados de forma mais abrangente. A segurança viária é hoje considerada um

importante aspecto ambiental, relacionado à segregação urbana e também por conta

das possíveis reduções de outros impactos.

As idéias envolvendo esta técnica surgiram na década de 60, na cidade de

Delft, Holanda, quando os técnicos e planejadores urbanos, voltados para a melhoria

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da qualidade de vida dos moradores perceberam que não bastava a proposição de

ações voltadas para o aperfeiçoamento das moradias. Assim, como forma de atuar

no ambiente externo, propuseram medidas para redução da velocidade veicular

através do uso de determinados dispositivos e de alterações nos lay-outs das vias.

Desta forma, estabeleceram um novo espaço urbano chamado de woonerf ou

“quintal comunitário” onde pedestres e veículos dividiam a mesma superfície. Assim

é possível, através deste conjunto de técnicas, tornar a circulação a pé no ambiente

viário menos restritiva.

3.7 APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO

Entendido o significado de DU e todas as normas que envolvem um projeto

acessível, é possível aplica-los. Abaixo, seguem as diretrizes do manual de DU -

Habitação de Interesse Social para projetos (SEH - São Paulo, 2010 – p.:il-).

3.7.1 Unidade Habitacional

3.7.1.1 Desenho Universal na Unidade Habitacional

Uma unidade habitacional com Desenho Universal deve oferecer espaços

adequados, com acessos e ambientes bem dimensionados, que propiciem conforto,

segurança e bem-estar por meio de um bom desempenho térmico, acústico e

ambiental. Para isso, o projeto precisa prever sistemas construtivos que permitam a

flexibilização dos espaços com a remoção e/ou relocação de vedos internos, sem

que isso implique reformas estruturais. Além disso, deve prever a possibilidade do

usuário fixar equipamentos e mobiliários nas paredes, como barras de segurança,

por exemplo. Outros aspectos que o projeto deve contemplar são: adequação de

vãos de portas e largura dos corredores; correta solução de abertura de portas e

janelas; facilidade de manobra e acesso às janelas em todos os ambientes, a partir

do módulo de referência; soluções adequadas para ventilação; correta

intercomunicação entre ambientes e locação dos pontos de comando (alturas

apropriadas para todos os usuários); instalação de interruptores paralelos e/ou

intermediários para quartos e corredores; pontos para instalação de campainhas

com sinais sonoros e/ou luminosos; reserva de área para instalação de elevadores

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ou plataformas; adequação na altura de visibilidade nas áreas de estar; instalação

de revestimentos antiderrapantes; especificação de metais sanitários adequados; e

instalação de bancadas nas áreas molhadas.

3.7.1.1.1 Parâmetros de referência específicos

Os parâmetros de referência específicos, expostos a seguir, devem ser

previstos e aplicados aos ambientes das unidades habitacionais, em consonância

com a proposta do Desenho Universal. As dimensões e larguras mínimas e máximas

apresentadas observam as normas técnicas e legislações pertinentes.

a) Área de manobra e Módulo de Referência

O usuário deve poder entrar e sair de frente dos ambientes, o que implica

projetar espaços que permitam uma manobra de 180º. Tal manobra exige uma

dimensão mínima de 1,20m por 1,50m. Considerando a necessidade de contemplar

o público-alvo da forma mais ampla possível, o módulo de referência adotado para a

definição de fluxos (dimensões mínimas e máximas) é o espaço virtualmente

ocupado por uma cadeira de rodas: 0,80m x 1,20m.

Figura 4 – Área de manobra 180° Figura 5 – Módulo de referência Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.37)

b) Desníveis

Para desníveis situados nos acessos externos das unidades habitacionais

devem ser previstas condições de implantação de patamares e rampas que

permitam o acesso adequado do usuário e protejam os espaços internos da

incidência de chuvas.

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c) Flexibilização dos ambientes

Os sistemas construtivos das edificações e o caminhamento das instalações

prediais devem prever a possibilidade de remodelação de ambientes internos, sem

comprometimento estrutural. Assim, dormitórios e banheiro, por exemplo, poderão

ter suas dimensões ampliadas, adequando-se às necessidades que eventualmente

surjam ao longo da vida do usuário.

d) Circulações e passagens internas

As circulações e passagens internas devem ter dimensões, forma e materiais

que permitam ao usuário realizar o percurso adequado livre de obstáculos em todos

os ambientes da unidade habitacional. Para isso, o projeto deve contemplar: Faixa

livre de circulação de, no mínimo, 90 cm de largura em corredores e passagens com

extensão superior a 40 cm; Portas com largura livre mínima de 80 cm.

Figura 6 – Circulação mínimo de 90 cm largura Figura 7 – Portas mínimo de 80 cm largura Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.55)

e) Pisos

De preferência, os pisos devem ser contínuos e livres de obstáculos, com

superfície antiderrapante e antitrepidante.

3.7.1.2 Diretrizes para a Unidade Habitacional

As diretrizes apresentadas a seguir aplicam-se aos ambientes das unidades

habitacionais, incluindo suas áreas privativas internas e externas.

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3.7.1.2.1 Do alinhamento do lote à edificação

Todo o trajeto de pedestres, desde o passeio público até a edificação, deve

ser feito através de uma faixa de circulação contínua, livre e desimpedida, com piso

antiderrapante e com largura mínima de 90 cm. Caso seja necessário prever o uso

de rampas, não devem ter mais que 8,33% de declividade (1:12), sendo preferível

uma rampa com comprimento maior e declividade menor. Como estabelece a NBR

9050/04, para até 5% de declividade não há necessidade de corrimãos, cuja

acomodação deve ser solucionada internamente ao lote. O nível de acesso da

rampa à residência deve estar situado em qualquer cota entre o ponto mais baixo e

o mais alto da testada do lote. Da mesma forma, a acomodação e a declividade da

rampa deverão ser solucionadas internamente ao lote, até atingir o acesso à

residência.

Figura 8 – Rampa de acesso à casa inserida a partir do alinhamento do lote Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.57)

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a) Sala

Deve ter dimensões e forma que permitam a disposição e o uso adequado de,

no mínimo, uma mesa, mobiliário para sentar e espaço de convivência social, de

modo a possibilitar que o usuário de cadeira de rodas disponha de: Área de

aproximação ao mobiliário, à janela e a eventual terraço, com alcance e manuseio

de todos os dispositivos de comando e equipamentos; Área de manobra com

amplitude mínima de 180°, para entrar e sair de frente; Espaço para circulação entre

móveis de, no mínimo, 80 cm; Área de visibilidade situada a, no máximo 60 cm, de

altura do piso, permitindo alcance visual para uma pessoa sentada.

Figura 9 – Sala com disposições dos moveis e áreas livres adequadas Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.58)

Figura 10 – Janela com alcance visual adequado Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.59)

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b) Dormitórios

Pelo menos um dormitório deve ter dimensões e forma que permitam a

disposição e o uso adequado prioritariamente para uma cama de casal e armário

para roupas, de modo a possibilitar que o usuário de cadeira de rodas disponha de:

área de aproximação ao armário, à janela e a eventual terraço, com alcance e

manuseio de todos os dispositivos de comando e equipamentos; área de

transferência lateral à cama (casal); área de manobra com amplitude mínima de

180°, para entrar e sair de frente; Espaço para circulação entre móveis de, no

mínimo, 80 cm; Espaço para aproximação e transferência para camas (solteiro).

Figura 11 – Quarto de solteiro Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.60)

Figura 12 – Quarto de casal Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.61)

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c) Banheiro

Deve ter dimensões e forma que permitam a disposição e o uso adequado de

vaso sanitário, chuveiro, lavatório, bem como espaço de armazenagem para

produtos de higiene pessoal, de modo a possibilitar que o usuário de cadeira de

rodas disponha de: Área de aproximação frontal ao lavatório, com 25 cm sob a

louça; Lavatório de embutir sobre bancada, contendo torneira de mesa com

comando adequado, conforme item “Instalações hidráulicas”. O comando da torneira

deve ficar a uma distância máxima de 50 cm da borda da bancada; Área de

transferência frontal, diagonal e lateral à bacia sanitária; Área de transferência

lateral, externa ao box do chuveiro; Box com dimensão mínima de 90 cm X 95 cm;

Área de manobra com amplitude mínima de 180°, para entrar e sair de frente;

Materiais construtivos capazes de suportar a fixação de barras de sustentação em

todas as paredes.

Figura 13 – Planta baixa Banheiro

Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.62)

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Figura 14 – Perspectiva Banheiro Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.63)

d) Cozinha

Deve ter dimensões e forma que permitam a disposição e o uso adequado de,

no mínimo, um fogão, uma geladeira e uma pia, assim como espaço de

armazenagem para utensílios de cozinha, ingredientes e alimentos, de modo a

possibilitar que o usuário de cadeira de rodas disponha de: Área de aproximação

lateral ao fogão e à geladeira, com espaço que possibilite ao usuário de cadeira de

rodas posicionar-se lateralmente à frente desses equipamentos; Área de

aproximação frontal ou lateral e local de armazenamento para utensílios de cozinha

e alimentos; Área de aproximação frontal à pia, com espaço livre de 25 cm sob o

móvel; Pia com tampo reforçado, na altura máxima de 85 cm, a partir do piso, e

torneira de mesa com comando adequado, conforme item “Instalações hidráulicas”.

O comando da torneira deve ficar distante, no máximo, 50 cm da borda da bancada;

Área de manobra com amplitude mínima de 180°, para entrar e sair de frente.

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Figura 15 – Planta baixa Cozinha Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.64)

Figura 16 – Perspectiva Cozinha Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.65)

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e) Área de serviço

Deve ter dimensões e forma que permitam a disposição e o uso adequado de,

no mínimo, um tanque, uma lavadora de roupas e varal, de modo a possibilitar que o

usuário de cadeira de rodas disponha de: Área de aproximação frontal ao tanque

com 25 cm de espaço livre sob a louça; Tanque com coluna e fixação adequada;

Alcance manual da torneira do tanque, com distância máxima do comando de 50

cm; Área de aproximação à máquina de lavar roupa, de modo que a cadeira de

rodas possa posicionar-se lateralmente à frente do eletrodoméstico.

Figura 17 – Planta baixa Área de Serviço Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.66)

3.7.1.2.2 Instalações e outras informações

a) Instalações hidráulicas

Os registros de pressão e de gaveta devem estar situados entre 40 cm e 1,2

m de altura, a partir do piso acabado. As torneiras da pia e lavatórios devem ser de

bancada, instaladas a uma distância máxima de 50 cm da borda, para o adequado

alcance manual de seus comandos. Os volantes de torneiras, registros e outros

deverão ser do tipo cruzeta ou alavanca.

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b) Instalações elétricas

As tomadas devem estar situadas a uma altura entre 40 cm e 1,2 m do piso

acabado. Interruptores e campainhas devem estar locados a, no máximo, 1 m de

altura do piso acabado. Quadros de luz, interfones e comandos de equipamentos

elétricos devem estar posicionados a uma altura máxima de 1,2 m do piso acabado.

Em corredores, dormitórios e sala, devem ser instalados comandos paralelos.

c) Comunicação

Devem ser previstos pontos para eventual instalação de campainha e

interfone com sinal sonoro e luminoso na sala, dormitórios, banheiro, cozinha e área

de serviço. A numeração das unidades habitacionais deve ser em relevo e braile e

estar instalada nos batentes ou vedos adjacentes ao lado da maçaneta, a uma altura

entre 90 cm e 1,2 m, preferencialmente a uma distância máxima de 15 cm da

maçaneta ou campainha.

d) Diversos

Comandos de janelas e alavancas de portas, entre outros, devem estar

situados entre 60 cm e 1,2 m de altura do piso acabado. Maçanetas de portas

devem estar entre 80cm e 1m do piso acabado.

e) Caixilhos

Devem ser previstos caixilhos que garantam alcance manual para uma

pessoa sentada.

3.7.2 Áreas Comuns Condominiais

3.7.2.1 Desenho Universal nas Áreas Comuns Condominiais

O Desenho Universal aplicado às áreas comuns condominiais deve criar

espaços adequados às necessidades de todos os usuários. Devem ser requisitos do

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projeto itens como segurança, conforto e bom desempenho na fruição,

deslocamento adequado e usufruto dos espaços comuns, construídos ou não.

Essas áreas devem prever passeios com revestimentos, largura, elementos

de apoio e declividade adequados; interligação dos estacionamentos às demais

áreas comuns e entre elas; sinalizações, guarda-corpos e corrimãos, entre outros

recursos.

3.7.2.2 Diretrizes para as Áreas Comuns Condominiais

Para que um espaço seja considerado acessível, deve reunir as condições

necessárias para ser utilizado de forma cômoda por todos os usuários, levando-se

em consideração os parâmetros técnicos previstos na NBR 9050/04. Além disso, as

diretrizes apresentadas a seguir devem ser contempladas.

Figura 18 – Área Comum Condomínio Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.70)

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a) Portão de entrada de pedestres

Os portões de entrada dos condomínios e as portas de acesso aos edifícios

devem ter, pelo menos, uma folha com largura mínima de 80 cm e largura mínima

total de 1,2 m.

b) Comandos

As campainhas locadas na portaria dos condomínios, botoeiras de elevadores

e demais comandos de uso comum devem estar situados entre 80 cm e 1,2 m de

altura, a partir do piso acabado, e conter sinalização em relevo detectável por

pessoas com deficiência visual.

c) Guarita

Se existente na portaria do condomínio, deve possuir dimensões que

atendam aos mesmos parâmetros definidos para a unidade habitacional no que se

refere às áreas de manobra, de transferência e de aproximação, bem como à altura

dos comandos.

d) Passeios

O projeto do condomínio deve prever rotas acessíveis que interliguem o

portão de acesso à porta de entrada de todas as edificações, bem como às áreas de

estacionamento e às demais áreas de uso comum, cobertas ou descobertas. Todo o

trajeto, do passeio público até as edificações, deve contemplar: Circulação de

pedestres livre e desimpedida, com largura mínima de 1,2 m. O mobiliário de uso

comum e postes de iluminação não podem obstruir a faixa de circulação de

pedestres em sua largura mínima; Materiais antiderrapantes. Caso se trate de

revestimento cerâmico, deve atender ao coeficiente de atrito mínimo; Em passeios

amplos e calçadões onde não houver guia de balizamento, deve-se prever

sinalização tátil direcional para pessoas com deficiência visual, bem como

sinalização tátil de alerta em áreas de circulação de veículos, em conformidade com

a NBR 9050/04 e demais normas técnicas de acessibilidade vigentes; Escadas com

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corrimão, conforme NBR 9050/04; Acesso por rampas às áreas comuns, conforme

NBR 9050/04; Travessias com passeios rebaixados nas vias internas. Como

alternativa, recomenda-se utilizar faixas de travessias elevadas (Traffic Calmig), a

fim de garantir percursos acessíveis em todo o condomínio.

e) Áreas de lazer descobertas

O acesso e o uso dos equipamentos disponíveis nos espaços de lazer devem

ser garantidos conforme dimensionamentos e especificações estabelecidos no item

“Passeios”. Em playgrounds, deve-se assegurar o acesso aos brinquedos por uma

rota acessível. Um dos equipamentos de lazer, no mínimo, deve ser inclusivo.

f) Circulação de veículos

As áreas de circulação de veículos devem conter sinalização e/ou obstáculo

físico que promovam a proteção do pedestre.

g) Estacionamentos

A circulação de pedestres deve ocorrer em faixa livre e desimpedida, com

largura mínima de 1,2 m. Do total de vagas, 2% devem ser destinadas a pessoas

com deficiência e 5% a idosos, salvo legislação específica mais restritiva. Tais vagas

devem estar conectadas à rota acessível e com maior proximidade possível dos

acessos às unidades habitacionais. Para empreendimentos sem oferta de vagas,

deve-se prever área de embarque e desembarque acessível, em local adequado.

h) Áreas de convivência cobertas

Centros de Apoio ao Condomínio, salão de festas, entre outros equipamentos

de convivência, devem seguir as exigências estabelecidas pela NBR 9050/04 e

contemplar áreas de manobra, de transferência e de aproximação conforme as

diretrizes definidas para as unidades habitacionais.

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i) Halls de acesso

Halls de entrada devem seguir as diretrizes referentes às áreas de manobra,

de transferência e de aproximação definidas para as unidades habitacionais, bem

como as determinações da NBR 9050/04. O acesso a escadas e elevadores deve

ser livre e desimpedido. O piso dos halls de acesso deve ser antiderrapante. No

caso de revestimento cerâmico, deve atender ao coeficiente de atrito mínimo

estabelecido.

j) Comunicação

Andares, blocos e unidades habitacionais devem ter numeração tátil,

posicionada em relevo e braile, a uma altura entre 90 cm e 1,2 m, a partir do piso,

em local adequado.

k) Desníveis

Os projetos devem propor, preferencialmente, desnível zero entre os

ambientes internos das áreas comuns cobertas. Para desníveis superiores a 1,5 cm,

situados em acessos externos, portões de acesso ao condomínio ou portas de

acesso aos edifícios, devem ser implantados patamares e rampas nos termos da

NBR 9050/04. Tais recursos garantem ao usuário um acesso seguro e protegem os

espaços internos das incidências da chuva.

l) Circulações verticais

O acesso a escadas e elevadores deve ser livre e desimpedido, e ter largura

mínima de 1,2 m, além de atender às normas de segurança pertinentes. Para

condomínios verticais, deve ser destinado espaço para instalação de, no mínimo, um

elevador por edifício, a fim de assegurar uma circulação vertical acessível, mesmo

que futura. Em consonância com essas diretrizes, as legislações e normas técnicas

específicas pertinentes também devem ser atendidas.

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m) Sanitários e vestiários nas áreas comuns

Para esses ambientes, o projeto deve observar as determinações da NBR

9050/04.

n) Rampas

As rampas de pedestres devem seguir os parâmetros técnicos previstos na

NBR 9050/94, com largura mínima de 1,2 m e revestimento antiderrapante. Para

piso cerâmico, atender ao coeficiente de atrito estabelecido.

o) Escadas

As escadas devem obedecer aos parâmetros técnicos previstos na

NBR9050/04, com largura mínima de 1,2m e revestimento antiderrapante. Para piso

cerâmico, observar o coeficiente de atrito estabelecido.

p) Plataformas

As plataformas devem atender às exigências estabelecidas pela

NBR15655-1, bem como às legislações municipais e estaduais vigentes.

q) Elevadores e plataformas de uso específico

A escolha do tipo de equipamento de transporte a ser instalado nas áreas

comuns condominiais deve levar em consideração as dimensões mínimas para a

utilização adequada do usuário de cadeira de rodas. Para os demais requisitos,

atender às normas técnicas vigentes e legislações pertinentes.

r) Recomendações

O projeto do condomínio residencial deve levar em consideração: A redução

das distâncias entre acesso principal, áreas de estacionamento e acesso às

unidades; A aplicação de travessias em nível para pedestres nos cruzamentos entre

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pista de rolamento de automóveis e passeio dos transeuntes; A acessibilidade em

todo o pavimento térreo das edificações, de uso privativo ou comum; A iluminação

adequada das áreas comuns, especialmente patamares de escadas e rampas, a fim

de proporcionar segurança e conforto.

Figura 19 – Área Comum Condomínio Fonte: Diretrizes do DU na HIS – SP (2010, p.73)

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CAPÍTULO IV

4 SUSTENTABILIDADE

4.1 CONCEITUAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE

A primeira definição de

desenvolvimento sustentável foi cunhada pelo

Brundtland Report, em 1987, afirmando que

desenvolvimento sustentável é aquele que

atende às necessidades do presente, sem

comprometer o atendimento às necessidades

das gerações futuras.

Nas décadas seguintes, grandes conferências mundiais foram realizadas,

como a Rio’92, no Rio de Janeiro, em 1992, e a Rio+10, em Johannesburgo, em

2002. Nessas reuniões, protocolos internacionais foram firmados a fim de rever as

metas e elaborar mecanismos para o desenvolvimento sustentável. O desafio global

de melhorar o nível de consumo da população mais pobre e diminuir a pegada

ecológica e o impacto ambiental dos assentamentos humanos no planeta foi o

grande tema em debate.

No final da década de 1980 e início da década de 1990, as questões de

sustentabilidade chegaram à agenda da arquitetura e do urbanismo de forma

incisiva, trazendo novos paradigmas.

4.2 CERTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Os métodos para avaliação ambiental de edifícios surgiram na década de

1990 na Europa, EUA e Canadá com a intenção de encorajar o mercado a obter

níveis superiores de desempenho ambiental. Pelo fato das agendas ambientais

serem diferenciadas, os métodos empregados em outros países não devem ser

utilizados sem as devidas adaptações, incluindo a definição dos requisitos de

sustentabilidade que devam ser atendidos pelos edifícios no Brasil.

Vários países possuem um sistema de avaliação de edifícios. No Brasil, o

atestado de boa conduta ambiental e social mais difundido é o sistema americano

“É extremamente importante que o profissional tenha em mente que todas as soluções encontradas não são perfeitas, sendo apenas uma tentativa de busca em direção a uma arquitetura mais sustentável. Com o avanço tecnológico sempre surgirão novas soluções mais

eficientes.” (YEANG,1999)

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LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (USGBC, 2006). Outro

sistema de certificação para empreendimentos sustentáveis é o AQUA (Alta

Qualidade Ambiental) que foi adaptada para atender as características ambientais

do país. Há mais alguns sistemas de avaliação importantes como: o sistema

americano LEED 2009 for Neighborhood Development (Leed Neighborhood, 2009);

o sistema inglês BREEAM – Building Establishment Assessment Method (BRE,

2006); o francês HQE – Haute Qualité Environnementale (CSTB, 2006); e o japonês

CASBEE – Comprehensive Assessment System for Building Environmental

Efficiency (JSBC, 2007).

4.3 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

As cidades são as maiores responsáveis pelo consumo de materiais, água e

energia, e em um futuro próximo, continuarão a produzir grandes impactos negativos

sobre o meio natural. Muitos destes impactos negativos são gerados pelo setor da

construção civil, que responde por 40% do consumo mundial de energia e por 16%

da água utilizada no mundo. De acordo com dados do Worldwatch Institute, a

construção de edifícios consome 40% das pedras e areia utilizados no mundo por

ano, além de ser responsável por 25% da extração de madeira anualmente.

O conceito de Construção Sustentável baseia-se no desenvolvimento de

modelos que permitam à construção civil enfrentar e propor soluções aos principais

problemas ambientais de nossa época, sem renunciar à moderna tecnologia e a

criação de edificações que atendam as necessidades de seus usuários.

A adoção de soluções ambientalmente sustentáveis na construção não

acarreta em um aumento de preço, principalmente quando adotadas durante as

fases de concepção do projeto. Os principais benefícios são: redução dos custos de

investimento e de operação; valorização do produto; redução dos riscos; maior

produtividade e saúde do usuário; novas oportunidades de negócios.

Alguns princípios básicos devem nortear o projeto: seleção de materiais

atóxicos, recicláveis e reutilizáveis; minimização e redução de resíduos; valorização

da inteligência nas edificações para otimizar o uso; fontes alternativas de energia;

redução do consumo de água; etc.

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Exemplo de uma Construtora que atualmente segue estes princípios é a RJZ

Cyrela. A empresa criou uma Cartilha de Acessibilidade e Sustentabilidade a ser

seguida em seus projetos. Segue algumas informações criativas e fáceis de serem

seguidas durante a obra:

a) Projetos para Produção

Os projetos para produção de formas de madeira, alvenarias de vedação, kits

hidráulicos, contrapiso e fachada garantem o planejamento prévio dos serviços,

evitando tomadas de decisão em obra e retrabalho. Benefícios: aumento de

qualidade, otimização do uso de recursos (material, mão de obra e equipamentos) e

redução da geração de resíduos.

b) Desenvolvimento Tecnológico

A empresa mantém uma sistemática para conduzir o desenvolvimento

tecnológico de materiais, métodos e processos construtivos e assegurar a correta

implantação de inovações tecnológicas. Essa sistemática envolve a análise de

fatores ambientais. Na aprovação de um produto, por exemplo, é avaliado qual será

o resíduo gerado e o impacto para o empreendimento.

c) Gestão de Resíduos

A empresa aplica uma metodologia para gestão dos resíduos nos canteiros

de obras, integrada ao Sistema de Gestão da Qualidade. O objetivo principal é que

os resíduos que não podem ser evitados devam estar em condições de reutilização

ou reciclagem. Ao final do processo, o que precisar realmente ser descartado tem

sua destinação compromissada. Para se ter ideia da abrangência do programa de

gestão de resíduos da empresa, em 2008, de 20 empreendimentos em média foram

recolhidos mais de 1.700 m³ dos principais resíduos recicláveis, papel e plástico, que

correspondem a aproximadamente 270 caçambas de papel e 160 de plástico. Além

disso, os resíduos como alvenaria, concreto e gesso tiveram sua destinação

compromissada para áreas licenciadas.

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4.4 CASA ECOLÓGICA

A casa ecológica, além de beneficiar o meio ambiente, garante o bem estar

de seu usuário fazendo bem para a saúde, para o bolso e para o planeta.

Ainda seguindo a Cartilha de Acessibilidade e Sustentabilidade da RJZ Cyrela

abaixo seguem informações para as habitações:

a) Instalação de medidores individuais de gás e água

Benefícios: redução do desperdício de água pelo estímulo ao consumo

consciente, proporcionando a diminuição do consumo de energia elétrica pelo menor

volume de água bombeado para o reservatório superior; contas de água e esgoto

dos apartamentos baseadas em consumos reais; identificação de vazamentos de

difícil percepção; maior satisfação dos moradores.

b) Dispositivos economizadores de água

Serão instaladas, em todos os lavabos e vestiários das áreas comuns,

torneiras com temporizadores e bacias sanitárias com caixas acopladas com duplo

acionamento (para dejetos líquidos e para dejetos sólidos). Benefícios: redução do

consumo de água, pois evita que a torneira fique ligada sem necessidade;

adequação do consumo de água para descarga à sua real utilização.

c) Dispositivos economizadores de energia elétrica

O sistema de iluminação das escadas e halls sociais e de serviço serão

controlados por equipamentos do tipo sensor de presença, mantendo as lâmpadas

acesas somente enquanto houver pessoas no ambiente. Benefícios: redução na

conta de energia do condomínio.

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d) Infraestrutura para coleta seletiva de lixo

Serão entregues no empreendimento dois depósitos de lixo para seleção e

armazenamento de materiais que possam ser reciclados. Benefícios: redução do

volume de lixo enviado para os aterros sanitários; possibilidade de geração de

receita ao condomínio; possibilidade de geração de empregos diretos; redução dos

gastos públicos com limpeza urbana.

e) Central de coleta de óleo de cozinha usado

Disponibilização de um recipiente para coleta de óleo de cozinha utilizado em

cada empreendimento e o contato de ONGs que o retiram e transformam em sabão.

Benefícios: reduz a poluição das águas, pois 1 litro de óleo é capaz de poluir 1.000

litros de água; possibilidade de geração de receita para o condomínio; redução da

possibilidade de entupimento das caixas de gordura e tubulações do

empreendimento; redução do custo do tratamento de água pelo município.

f) Central de coleta de pilhas e baterias usadas

Um local para coleta de pilhas e baterias usadas será disponibilizado em cada

empreendimento e o contato de ONGs que retiram e destinam adequadamente o

produto. Benefícios: redução da possibilidade de contaminação do meio ambiente

com os metais pesados.

g) Bicicletário

Haverá espaço destinado ao estacionamento de bicicletas dos moradores e

funcionários dos condomínios. Benefícios: melhora da qualidade de vida das

pessoas que utilizam a bicicleta para a prática de exercícios; diminuição da

população que utiliza transporte público e pode utilizar bicicletas para chegar ao

trabalho e aos condomínios.

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4.5 MATERIAIS ECOLÓGICOS – ECOPRODUTOS

Ecoprodutos são todos os materiais de origem artesanal ou industrializada,

que sejam não poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e a saúde dos seres

vivos, contribuindo para o Desenvolvimento Sustentável. Abaixo segue lista com

alguns materiais e tecnologias sustentáveis e as áreas onde podem ser utilizados:

4.5.1 Estrutura

a) Tijolo modular de solo-cimento

Tijolo composto de solo, cimento e água. Os furos permitem a passagem de

instalações, evitando quebras e desperdício de material. O encaixe pode ser feito

com agilidade e maior precisão, reduzindo o tempo de execução da obra. Uso:

alvenaria estrutural; vedações externas e internas. Vantagens: utiliza, em grande

parte, matéria-prima renovável. É fabricado com prensa hidráulica e dosadores, o

que permite manter um alto padrão na qualidade; não passa pelo processo de

queima o que evita o desmatamento e consequentemente a poluição do ar.

b) Bambu

Bambus de diâmetros variados e várias espécies como: Phyllostachis aurea

(Bambu Mirim), Phyllostachis pubescens (Bambu Mossô ), Phyllostachis nigra

(Bambu Nigra ), Dendrocalamus giganteus (Bambu Gigante). Uso: construtivos

(taipa de sopapo, armadura de solo-cimento, etc.) e estruturais; elementos

decorativos (painéis, luminárias, faixas decorativas, etc.). Vantagens: recurso

renovável de rápido crescimento. Não poluente, pelo contrário, a planta possui alta

capacidade de conversão de CO2 em O2. É uma planta muito resistente, possível

de ser cultivada em solos ruins.

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4.5.2 Cobertura

a) Ecotop

Matéria-prima: 25% alumínio e 75% plástico PEBD (polietileno de baixa

densidade) originários de tubos de creme dental, embalagens e resíduos pós-

industrial - 100% reciclado pós-produção podendo ser reciclado inúmeras vezes.

Alguns produtos:

Telhas onduladas, dimensões: telha = 2,20x0,90x0,006m e cumeeira = 2,20 x

1,00m. Uso: em coberturas. Vantagens: reduzem o calor do ambiente em até 30%

em relação às telhas de fibrocimento; não gera poluentes na sua fabricação; não há

perda de matéria-prima na fabricação; extremamente leves; absolutamente

impermeável, não propaga chamas (testada pelo IPT) e não são afetadas pela

exposição à luz solar (raios UV).

Placas – são muito versáteis. Uso: substituem madeiras e aglomerados em

muitas aplicações e podem ser pintadas. Vantagens: construção civil – tapumes,

fechamentos de obras, construção de canteiros, bandejas de proteção; arquitetura –

forros, divisórias, box para banheiros.

b) Ecotelhado

O Ecotelhado é um jardim suspenso, também conhecido como telhado verde.

Esse tipo de cobertura vegetal pode ser instalada em cobertura de prédios (laje) ou

sobre telhados convencionais. É possível fazer um telhado com grama ou com

plantas; já vem vegetado e é de baixa manutenção. Benefícios: aumento da

biodiversidade; redução da velocidade de escoamento da água da chuva na fonte

(telhado); aumento da retenção da água da chuva na fonte (drenagem urbana);

limpeza da água pluvial, contribuindo para redução da poluição; redução da emissão

de carbono, atenuante da poluição do ar; diminuição da temperatura do micro e

macro ambiente externo; conforto térmico e acústico para ambientes internos;

diminui a amplitude térmica; inclusão social aumentando a oportunidade de convívio

com a natureza em diferentes locais; contribui significativamente na pontuação de

certificações como LEED.

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4.5.3 Pisos

a) Madeira de demolição e reaproveitamento

Pisos e portas, painéis e bancadas feitos em madeiras de reaproveitamento

de sobras de pisos de madeira certificada para exportação. São utilizadas madeiras

como jatobá, cumarú, ipê, maria rosa, etc. Os pisos são aplicados com cola PU à

base de água da Sika, que permite que o piso se movimente sem descolar do

contrapiso.

b) Piso drenante e fulget

Ecologicamente correta, o Piso Drenante é a melhor opção para o

aproveitamento de áreas que necessitem de permeabilidade, sem restringi-lo.

Novidade exclusiva que utiliza o concreto (sinônimo de segurança e durabilidade),

incorporando em seu conteúdo fibras naturais e agregados minerais de excelente

qualidade. A peça pré-moldada apresenta altíssima capacidade drenante, superior a

91%, e é antiderrapante, evitando o empoçamento sobre as peças graças a sua alta

permeabilidade, diminuindo significativamente a impermeabilização do solo.

Produzido nos tamanhos 11x22x06cm; 25x25x06cm; 40x40x06cm; 50x50x05cm;

60x60x06cm e 77x77x07cm, possuindo uma ampla cartela de cores, com opção de

uma textura superficial Fulgê, característica esta que expõe as cores originais das

pedras incorporadas. Sem necessidade de mão-de-obra especializada, uma vez

que as peças drenantes podem ser colocadas e retiradas uma a uma com extrema

facilidade.

c) Ecopavimento

O Ecopavimento é um pavimento permeável constituído de grelhas

alveoladas de plástico reciclado que se caracteriza por permitir a passagem de água

e ar. É, basicamente, uma calçada ecológica ou estacionamento ecológico. Tem um

impacto ambiental positivo ao ajudar na prevenção das enchentes, redução das ilhas

de calor, recarga dos aqüíferos subterrâneos e manutenção das vazões dos cursos

d'água nas épocas de seca e controle da poluição do pluvial. Suporta o peso do

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tráfego evitando a compactação da base permitindo a passagem de água e evitando

a morte do sistema radicular de gramados. O pavimento permeável aumenta a

evapotranspiração, diminuindo o calor urbano. O pavimento ecológico permeável

aumenta a retenção de água da chuva evitando a poluição de rios pelo arraste de

partículas e nutrientes por enxurradas. Utilização: pavimento permeável em

estacionamentos, pavimento interno de condomínios; calçada permeável em todos

os lugares. Vantagens: se difere dos sistemas de pavimento convencionais por

apresentar melhor desempenho no ponto de vista ambiental, estético e econômico

do que similares. Além de ser o pavimento permeável que menos acumula calor,

com menor índice de reflexão. Retém água da chuva evitando poluição em corpos

receptores.

Benefícios: retenção da água da chuva na base e subsolo evitando

redimensionamento da rede pluvial; aumenta a filtragem e tratamento da água da

chuva com retenção de sólidos em suspenção, fósforo, nitrogênio e hidrocarbonetos;

diminuição do calor urbano.

4.5.4 Paredes

a) Placas madeira mineralizada

Matéria-prima: utiliza, em parte, matéria-prima renovável. Emissões: não

libera formaldeídos (como o compensado e MDF). Custo: baixo custo de transporte

e montagem. Uso: vedação, divisórias, forros, isolamento termo-acústico, lajes.

b) Placas de cortiça reciclada

Material reciclado feito de tecido vegetal composto de 30% de cortiça extraída

da casca do sobreiro e 70% reciclada de rolhas. Uso: revestimento de paredes.

Vantagens: possui um bom desempenho termo-acústico.

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c) Ecoparede

Ecoparede, muito conhecido como jardim de parede, pode ser utilizado tanto

na fachada externa como no interior da casa. Esse sistema tem como função:

aumento da biodiversidade; reduz a emissão de carbono atenuante da poluição do

ar; diminui a temperatura tanto do micro quanto do macro ambiente externo pelo

controle da energia solar; conforto térmico e acústico para ambientes internos;

diminui a amplitude térmica; inclusão social aumentando a oportunidade de convívio

com a natureza em diferentes locais; embelezamento dos centros urbanos; contribui

significativamente na pontuação de certificações como LEED.

4.5.5 Portas

a) Madeira reciclada

Formados de chapa de ripas de madeira reciclada e coladas. Uso: mobiliário

e portas. Vantagens: utiliza descarte de madeira de marcenarias.

4.5.6 Pinturas e Revestimentos

a) Tintas de terra naturais

Seu principal componente é a terra crua. Disponível em sete cores: terracota,

cerâmico, amarelo, verde, chocolate, preto, branco. Uso: pintura e textura em

paredes internas e externas. Vantagens: a aplicação em paredes internas

proporciona um ambiente mais saudável por não fechar os poros das superfícies,

permitindo um equilíbrio da umidade relativa do ar. A aplicação em paredes

externas auxilia o retardamento da passagem da temperatura externa para o interior,

melhorando as condições térmicas do ambiente interno. A cor não desbota.

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4.5.7 Iluminação

a) Leds

Chip emissor de luz que também é chamado de “Solid State Lighting”. Os

módulos a led substituem as lâmpadas dicróicas e fluorescentes, são montados com

potentes emissores de luz (leds) de alto brilho e são projetadas para superar a

iluminação convencional através de suas características de baixo consumo e alta

durabilidade. Vantagens: aparelho cm duração de 15 anos sem manutenção. Seu

raio luminoso é livre de UV e de calor e seu tamanho compacto proporciona maior

flexibilidade nos projetos. Uma tecnologia que supera a iluminação convencional,

gerando uma economia que varia de 50 a 80%.

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CAPÍTULO V

5 CONCLUSÃO

O tema Acessibilidade e Sustentabilidade vêm sendo, a cada dia, mais

debatido quando se fala em habitação. A população tem mais consciência dos seus

direitos e vem cobrando do Governo soluções para os problemas mais comuns com

relação a esses temas.

A Construção Civil vem gerando habitações e infraestrutura urbanas

inadequadas devido ao uso de materiais de baixa qualidade nas obras, o que

compromete a qualidade de vida da população, principalmente a de baixa renda. A

modernização do setor gera um impacto social significativo quando amplia o acesso

a moradias de qualidade e torna o meio urbano um ambiente mais sustentável.

É possível reduzir os custos com as unidades habitacionais, obtendo melhoria

nas construções destas, quando se diminui o desperdício de materiais e melhora-se

a qualidade das construtoras. Assim, espera-se que, uma parcela maior da

população, possa ser atendida com os recursos dos financiamentos habitacionais e

isto contribuirá para a redução do déficit habitacional.

Atualmente, a Caixa Econômica Federal (CEF) está incentivando as

empresas a usarem materiais sustentáveis nos empreendimentos do Programa

Minha Casa Minha Vida. Vários quesitos de sustentabilidade estão sendo seguidos,

como por exemplo, telhado verde, captação de água de chuva, aquecimento solar,

coleta e reciclagem dos resíduos sólidos. Utilizando-se, principalmente, da criação

de áreas verdes dentro do empreendimento, com a recomendação de arborização,

numa proporção de uma árvore para cada casa. A CEF criou o Selo Casa Azul

CAIXA, que promove a conscientização de empreendedores e moradores sobre as

vantagens das construções sustentáveis, através do incentivo ao uso racional de

recursos naturais na construção dos empreendimentos habitacionais.

A Acessibilidade vem ganhando força e sendo parte integrante dos novos

empreendimentos habitacionais apoiada pelas Normas e principalmente pelas Leis

que obrigam os empreendedores a lançarem condomínios com reserva de unidades

para idosos.

O setor da Construção Civil está dentro do processo de transformação da

sociedade e da economia brasileira. O conceito de Acessibilidade e Sustentabilidade

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integra aspectos econômico-financeiros, físicos, culturais e socioambientais, ou seja,

traz o desafio de construir cidades que proporcionem a inclusão de todos os seus

moradores com boas condições de vida.

Há muito a se fazer, já que as iniciativas dos Governos Federal, Estadual e

Municipal, para estimular o setor da construção são tímidas, mas acredita-se que o

PMCMV possa contribuir para um grande avanço. O Brasil pode ter mais resultados,

o que falta é disseminar o conhecimento e informação, tanto para o público

consumidor, quanto para as incorporadas e construtoras. Havendo a cooperação de

todos, será possível construir cidades acessíveis e sustentáveis para as próximas

gerações.

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