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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS - CCJE COPPEAD - Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR COM RELAÇÃO A MARCAS DE CERVEJA: UM ESTUDO ENTRE UNIVERSITÁRIOS VANESSA ZOGHAIB TANURE Mestrado em Administração Orientadora: Profª Ângela da Rocha Rio de Janeiro, RJ - Brasil Março de 2002

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO … RESUMO DA TESE APRESENTADA À COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (M. Sc.)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS - CCJE

COPPEAD - Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR COM RELAÇÃO A MARCAS DE

CERVEJA: UM ESTUDO ENTRE UNIVERSITÁRIOS

VANESSA ZOGHAIB TANURE

Mestrado em Administração

Orientadora: Profª Ângela da Rocha

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Março de 2002

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR COM RELAÇÃO A MARCAS DE

CERVEJA: UM ESTUDO ENTRE UNIVERSITÁRIOS

VANESSA ZOGHAIB TANURE

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PÓS-

GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COPPEAD, COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS (M.

Sc.)

APROVADA POR

_____________________________

PROFª ÂNGELA DA ROCHA

COPPEAD/UFRJ

PRESIDENTE DA BANCA

_____________________________

PROFª LETÍCIA CASOTTI

COPPEAD/UFRJ

_____________________________

PROF VALDECY LEITE

FACC/UFRJ

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Março de 2002

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Tanure, Vanessa Zoghaib

Comportamento do consumidor com relação a marcas de

cerveja: um estudo entre universitários/ Vanessa Zoghaib Tanure.

Rio de Janeiro: COPPEAD, 2002.

xi, 108 p.

Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPEAD

1. Marketing 2. Valor da marca 3. Comportamento

do consumidor. I. Título

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por terem me incentivado a terminar o mestrado.

Ao Maurício pela paciência e ajuda na fase final da pesquisa.

À professora Ângela da Rocha pelo conhecimento e objetividade com os quais me

ajudou a realizar esta tese.

Aos funcionários da COPPEAD que colaboraram com simpatia e amizade,

especialmente ao pessoal da Secretaria e da Biblioteca.

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RESUMO DA TESE APRESENTADA À COPPEAD/UFRJ COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS (M. Sc.)

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR COM RELAÇÃO A MARCAS DE

CERVEJA: UM ESTUDO ENTRE UNIVERSITÁRIOS

VANESSA ZOGHAIB TANURE

MARÇO DE 2002

ORIENTADOR: Profª Ângela da Rocha

Este estudo pretendeu contribuir para o entendimento do conceito de brand equity a

partir de um estudo do consumo e das percepções dos consumidores com relação a

determinadas marcas de cerveja. Teve como objetivo explorar se é possível diferenciar

os consumidores que preferem distintas marcas de cerveja a partir de suas

características demográficas, freqüência de uso e das características consideradas mais

importantes no produto.

Para a obtenção dos dados, foi realizada uma survey junto a uma amostra de

conveniência de estudantes universitários.

Os resultados mostraram que, de modo geral, as medidas do valor da marca encontram-

se correlacionadas. Os resultados obtidos não permitiram rejeitar a hipótese nula, não

sendo encontradas diferenças no perfil dos consumidores de cerveja com preferência por

distintas marcas de cerveja.

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ABSTRACT OF THE THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS A PARTIAL

FULLFILMENT OF THE REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER OF

SCIENCE (M. Sc.)

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR COM RELAÇÃO A MARCAS DE

CERVEJA: UM ESTUDO ENTRE UNIVERSITÁRIOS

VANESSA ZOGHAIB TANURE

MARÇO DE 2002

Chaiman: Profª. Ângela da Rocha

Department: Administration

This study aimed to contribute to the understanding of the brand equity concept based

on a survey of consumer's consumption and perceptions of certain beer brands. It

intended to investigate if it is possible to discriminate consumers that prefer specific

beer brands by their demographic characteristics, frequency of usage and those

characteristics considered more importants in the product.

Information was collected through a survey applied to a convenience sample of

university students.

The results indicate that different measurements of brand equity are correlated. Based on

the results obtained, it was not possible to reject the null hypothesis. In fact, beer

consumers that prefer distinct beer brands do not differ significantly.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Brand Equity ................................................................................................... 28

Figura 2: Conhecimento da Marca ................................................................................. 32

Figura 3: Dimensões da Marca da Young & Rubicam................................................... 43

Figura 4 – Framework da Young & Rubicam: Força versus Estatura............................ 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Percentuais dos indicadores quanto à força da marca................................... 41

Tabela 2 – Brand Equity Ten.......................................................................................... 46

Tabela 3 – Sumário de medidas para avaliação do brand equity ................................... 54

Tabela 4 – Situações relevantes para estratégias de pesquisa (Yin, 1989, p.17) ............ 60

Tabela 5 - Variáveis Demográficas ................................................................................ 69

Tabela 6: Hábitos de Consumo de Cerveja .................................................................... 70

Tabela 7: Características Importantes em uma Cerveja.................................................. 71

Tabela 8: Conhecimento de Marca de Cervejas - Espontâneo ....................................... 73

Tabela 9: Conhecimento de Marca de Cervejas - Induzido............................................ 74

Tabela 10: Preferência por Marca de Cervejas - Espontâneo......................................... 76

Tabela 11: Marca da Última Cerveja que Bebeu - Espontâneo...................................... 77

Tabela 12: Marcas de Cerveja que já Experimentou - Induzido..................................... 78

Tabela 13: Sabor............................................................................................................. 79

Tabela 14: Preço ............................................................................................................. 79

Tabela 15: Qualidade...................................................................................................... 80

Tabela 16: Satisfação com a Marca ................................................................................ 81

Tabela 17: Características do Produto e Consumo......................................................... 82

Tabela 18: Variáveis que medem o Brand Equity .......................................................... 83

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Tabela 19: Correlações para top-of-mind, última compra e preferência......................... 84

Tabela 20: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Skol ........................................................................................................ 85

Tabela 21: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Brahma................................................................................................... 85

Tabela 22: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Cerpa ...................................................................................................... 86

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SUMÁRIO

1 O PROBLEMA .................................................................................................................................1

1.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................1

1.2 OBJETIVO........................................................................................................................................3

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO................................................................................................................4

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ..............................................................................................................6

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO.............................................................................................................6

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................8

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................8

2.1 DEFINIÇÕES DE MARCA ..................................................................................................................8

2.2 HISTÓRIA DA MARCA.....................................................................................................................10

2.3 A MARCA .....................................................................................................................................11

2.4 VANTAGENS DA MARCA................................................................................................................14

2.4.1 Do ponto de vista do consumidor .......................................................................................14

2.4.2 Do ponto de vista da empresa .............................................................................................15

2.5 DESVANTAGEM DA MARCA ...........................................................................................................16

2.6 CLASSIFICAÇÃO.............................................................................................................................17

2.7 DECISÕES DE MARCA ....................................................................................................................17

2.8 CONSTRUÇÃO DA MARCA..............................................................................................................21

2.9 BRAND EQUITY (VALOR DA MARCA)..............................................................................................22

2.10 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO...............................................................................................33

2.11 CRÍTICAS ÀS METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO ...........................................................................56

3 METODOLOGIA...........................................................................................................................58

3.1 MÉTODO DE PESQUISA..................................................................................................................58

3.2 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA ........................................................................................61

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3.3 MARCAS ESTUDADAS ...................................................................................................................62

3.4 DETERMINAÇÃO DA POPULAÇÃO E DA AMOSTRA .........................................................................63

3.5 COLETA DE DADOS .......................................................................................................................63

3.6 ANÁLISE DE DADOS ......................................................................................................................66

3.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO...............................................................................................................67

4 RESULTADOS ...............................................................................................................................68

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA....................................................................................................................68

4.1.1 Variáveis Demográficas......................................................................................................68

4.1.2 Hábitos de Consumo...........................................................................................................69

4.1.3 Conhecimento, Consumo e Preferência por Marcas ...........................................................70

4.1.4 Atributos, Benefícios e Atitudes percebidos nas Marcas....................................................78

4.2 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ...............................................................................................................83

4.3 TESTE DA HIPÓTESE 1.......................................................................................................................87

4.4 TESTE DA HIPÓTESE 2.......................................................................................................................87

5 CONCLUSÕES...............................................................................................................................89

5.1 SUMÁRIO DO ESTUDO.......................................................................................................................89

5.2. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................................................90

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................92

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO ................................................................................................................98

ANEXO 2- PLANO DE CODIFICAÇÃO ............................................................................................101

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1 O PROBLEMA

1.1 Introdução

“ Se a empresa fosse dividida, eu lhe daria os bens, a fábrica e os

equipamentos e ficaria com a marca – eu teria muito mais

sucesso que você” (John Stuart, ex-Chairman da Quaker Oats

Ltd.)

Qual é o valor de uma marca? O que aconteceria com a Coca-Cola se ela perdesse seu

nome mas mantivesse todos os outros ativos associados a seu negócio?

A década de 80 presenciou não apenas uma mudança na maneira pela qual a

organização encarava a marca de seus produtos ou serviços como também o

aparecimento de novos conceitos e metodologias que visavam quantificar o valor que a

marca tinha para a empresa.

Anteriormente a esta época, a marca era vista apenas como uma ferramenta gerencial de

marketing. Seu significado era rapidamente associado com mais um dentre tantos

atributos do produto que objetivavam o acréscimo do volume de vendas da empresa. O

método de avaliação de valor da marca não ia além de uma simples tentativa de

apuração, muitas vezes sem propósito, metodologias ou objetivos definidos.

Tal fato mudou quando se percebeu que o poder da marca se estendia muito além do

objetivo único de aumentar as vendas. Na verdade, seu papel é bem maior do que

apenas o de uma ferramenta de marketing. E, conforme a marca foi conquistando cada

vez maior importância, as empresas perceberam que poderiam estar subestimando um

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ativo de potencial e valor significativos e, por conseguinte, conduzindo de maneira

errada as decisões estratégicas da empresa.

A marca é um ativo da organização com valor econômico que cria riqueza para os

acionistas da empresa (Aaker, 1996). Esse novo entendimento sobre a marca começou a

tomar força quando o cenário mundial foi palco de uma onda de fusões e aquisições no

meio dos anos 80.

A primeira avaliação da marca de uma empresa teria ocorrido em 1988 (Marketing

Week, 1998). Neste ano, a Ranks Howis McDougall solicitou tal tipo de análise para

combater uma oferta de takeover hostil por parte da Goodman Fielder Wattie, visto

considerarem o valor oferecido subestimado. De posse de tal informação, a RHM

conseguiu evitar a venda da empresa, enfatizando a premissa de que sua marca era um

ativo importante e, como tal, deveria também ser mensurada para cálculo do valor da

companhia.

Desde então, a avaliação e o gerenciamento do chamado brand equity vem se tornando

assunto de grande interesse na literatura. Vários pesquisadores vem estudando o assunto

e definindo brand equity em diferentes aspectos, abrangendo desde o fluxo de caixa

incremental até a conscientização, credibilidade e associações positivas atribuídas pelos

consumidores à marca (Dawar, 1998).

Conforme Farquhar (1989), brand equity é o valor adicionado pela marca ao produto.

Diversas têm sido as tentativas de desenvolver métodos críticos que atribuam um valor

financeiro às marcas, tanto para estabelecer um preço de venda para estas, quanto para

incluí-las nos balanços das empresas sob a forma de ativos intangíveis (Kapferer,

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Murphy apud Uncles, 1996). Espera-se que daqui a 10 anos o brand equity seja um

cálculo essencial nestes balanços.

A idéia de que o brand equity é um componente essencial da lucratividade já se

encontra difundida entre grandes empresas de países desenvolvidos. Entretanto, não há

ainda uma metodologia única que permita auferir o quanto do valor da empresa deve-se

a sua marca. Existem vários sistemas de mensuração propostos e a adoção de um único

não é considerada tarefa simples. O importante seria estabelecer uma metodologia

acurada que levasse em consideração não apenas as variáveis a influenciarem o poder da

marca junto ao consumidor mas também as mudanças que pudessem vir a ocorrer em

seu valor no decorrer do ciclo de vida do produto ou serviço.

Nos últimos 10 anos, estudos acadêmicos e matérias em revistas especializadas no

exterior têm surgido justamente com este propósito: analisar as metodologias para a

construção, mensuração e gerenciamento do brand equity (veja-se, por exemplo, Aaker,

1991; Keller, 1998, Farquhar, 1989).

No Brasil, o tema brand equity ainda é de estudo recente, não tendo sido identificados

estudos brasileiros sobre o tema.

1.2 Objetivo

Este estudo tem como objetivo contribuir para o entendimento do conceito de brand

equity a partir de um estudo do consumo e das percepções dos consumidores com

relação a determinadas marcas de cerveja. Para tal, escolheu-se testar três diferentes

marcas de cerveja.

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A presente tese analisou três questões relacionadas ao comportamento do consumidor.

A primeira delas investigava se existe associação entre diferentes medidas de brand

equity de marcas de cerveja. Em seguida, pesquisou-se se os consumidores

universitários manifestam, ou não, preferência por diferentes marcas de cerveja. Por

fim, a última questão examinava se os consumidores poderiam ser diferenciados a partir

de suas características demográficas, freqüência de uso e das características

consideradas principais no produto.

1.3 Relevância do Estudo

O valor financeiro de mercado de uma empresa provém do valor presente líquido de

uma série de fluxos de caixa futuros gerados a partir de seus ativos tangíveis e

intangíveis, descontados a uma taxa apropriada ajustada ao risco percebido (Copeland,

Koller, Murrin,1994). Esses ativos permitem à empresa construir vantagens

competitivas, obtendo um retorno sobre o capital investido superior à média do

mercado.

O valor da empresa é função, então, não somente dos ativos tangíveis, como também

dos intangíveis, onde se classifica a marca. Dado que esta é um ativo com poder de

gerar ganhos futuros, pode-se afirmar que seu valor irá refletir-se no valor de mercado

da empresa, bem como no valor de suas ações (Kerin e Sethuraman, 1998).

Visto que a marca pode contribuir para o aumento dos fluxos de caixa e lucros da firma,

as empresas podem ser vistas como mais valiosas em termos financeiros quando

possuem uma marca de sucesso do que quando não a têm. Como conseqüência, isso se

traduz em maior valor para o acionista.

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Quando bem gerenciada, a marca desempenha papel fundamental nas estratégias de

marketing, contribuindo para aumentar a vantagem competitiva da empresa no mercado

em que esta atua. Isto ocorre porque estratégias e táticas baseadas na marca podem

ocasionar resultados positivos junto ao consumidor, fortalecendo um relacionamento

que, no longo prazo, pode-se traduzir em maiores lucros.

De modo geral, o estudo do brand equity é impulsionado por duas motivações. Uma é

financeira, que busca uma estimativa de valor da marca mais acurada guiada por

objetivos contábeis (inclusão da marca no balanço) ou para fins de fusões e aquisições.

A outra é estratégica e visa melhorar a produtividade das atividades de marketing,

baseando-se nas percepções do consumidor sobre a marca.

O brand equity vem então justamente enfatizar o importante papel que a marca

desempenha nas estratégias de marketing (Keller, 1998). Isto porque uma marca forte

possibilita à empresa cobrar um pouco mais ou conquistar uma participação de mercado

maior. Estas duas resultantes se traduzem em fluxo de caixa incremental, contribuindo

para a riqueza da companhia.

Considerando-se que não foram identificados estudos sobre o tema brand equity no

Brasil, acredita-se que seja uma excelente oportunidade pesquisar um assunto que

começa a despertar o interesse do mercado. Espera-se ainda que esta dissertação

contribua não apenas para maior esclarecimento sobre o tema como também desperte o

interesse para outros estudos.

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1.4 Delimitação do Estudo

O campo de estudo em que se baseou este trabalho necessitou ser delimitado para que o

mesmo fosse factível. A justificativa para a existência de delimitações advém desta

dissertação não se propor a estudar temas que não estejam relacionados a seu objetivo

central.

Outra delimitação deste estudo advém do tipo de amostra escolhido. Como tratou-se de

uma amostra de conveniência, do tipo não-probabilística, o conjunto analisado pode

apresentar vieses, restringindo a possibilidade de generalização dos resultados para a

população de estudantes. Não existe garantia de que a amostra seja representativa da

população pesquisada.

Com relação ao estudo do brand equity, o trabalho preocupou-se em avaliar os aspectos

relativos à percepção do consumidor sobre marcas, e não a estudar o seu valor do ponto

de vista financeiro.

1.5 Organização do Estudo

No primeiro capítulo desta tese é apresentada a introdução do estudo, destacando a

importância do tema nos dias atuais. Em seguida, são definidos os objetivos e perguntas

da pesquisa e, por último, discute-se a relevância do estudo e suas delimitações.

O segundo capítulo é dedicado à revisão da literatura que serviu de alicerce à produção

do estudo. Fez-se um levantamento sobre os conceitos fundamentais relacionados à

marca e sobre o brand equity. No final, são apresentadas as metodologias de avaliação e

suas críticas.

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O terceiro capítulo é dedicado à descrição da metodologia utilizada para a coleta e

análise dos dados.

No quarto capítulo são apresentados os resultados obtidos com o presente estudo,

realizando-se ainda o teste das hipóteses.

No quinto capítulo faz-se um sumário do estudo, apresentam-se as conclusões, bem

como as sugestões para pesquisas futuras.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo possui como objetivo rever a literatura que existe sobre marca e brand

equity. Inicialmente, apresentam-se as definições, história, vantagens e desvantagens da

marca, sua classificação, as decisões de marca e sua construção. Em seguida, discute-se

o brand equity, apresentando suas definições, metodologias de avaliação e críticas

quanto aos métodos.

Introdução

Os produtos e serviços hoje competem acirradamente em um mercado complexo e

globalizado. Basta ir a um supermercado para se verificar a existência de milhares de

produtos à disposição do consumidor. Soma-se a isso o número expressivo de anúncios

que os meios de comunicação de massa trazem diariamente. Diante de tal acúmulo de

informação, a marca deve servir ao objetivo de permitir ao produto identificar-se frente

ao consumidor e distinguir-se das demais ofertas (Lynn, 1969; Keller, 1998). Ela exerce

uma função de extrema importância no processo de compra, representando um valor

claro na mente de quem a compra.

2.1 Definições de Marca

De acordo com a definição da American Marketing Association, marca é “ um nome,

termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar

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bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de

concorrentes” (AMA, 1960).

Outras definições, apresentadas pela AMA (1960) são as seguintes:

• marca nominal é a parte que pode ser pronunciada ou verbalizada;

• logotipo é a parte não pronunciável mas reconhecida, como símbolos, desenhos,

coloridos ou letras distintivas;

• marca registrada é aquela, no todo ou em parte, que possui proteção legal, “porque

é capaz de apropriação exclusiva”, ou seja, é propriedade da empresa que a detém.

Ela protege os direitos exclusivos de quem possui a marca ou o logotipo (Kotler,

1984).

Embora estas distinções pareçam puramente técnicas, são de extrema importância para

as empresas, uma vez que estas despendem significativos montantes na promoção,

gerenciamento e proteção de suas marcas (McCarthy, 1978).

A tarefa de gerenciar com sucesso uma marca é bastante complexa, mas bem antes disso

a empresa passa por uma etapa complicada, que é a de escolher o nome da marca. Enis

(1977) propõe as seguintes orientações para a seleção de uma marca nominal:

• que sugira benefícios, funcionalidades ou qualidades do produto;

• que seja fácil de escrever, lembrar e pronunciar;

• que seja distintiva;

• que não contenha conotações negativas;

• que não tenha restrições legais.

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2.2 História da marca

O uso da marca remonta à antiguidade. No antigo Egito, os tijolos eram fabricados com

símbolos que permitiam sua identificação, enquanto na Grécia ocorreram utilizações de

marca no mundo da arte, onde escultores e dramaturgos colocaram seus nomes nas

peças que produziam. Mais tarde, durante a Renascença, pintores e escultores célebres

continuaram a identificar suas obras com seu nome (Kotler, 1984; Tavares, 1998).

A marca em produtos de consumo surgiu mais tarde, quando a produção de bens, após

uma queda no começo da Idade Média, teve um reaquecimento, devido ao fato de as

aldeias feudais começarem a comercializar produtos entre si. Surgiram, nesta época, as

guildas artesanais e comerciais, associações que visavam controlar a quantidade e

qualidade da produção. Este controle era praticado a partir da colocação por parte do

produtor da marca de seu ofício ou saguão artesanal em seus produtos. Além do

propósito de restringir a produção, se necessário, a marca servia para identificar

produtos de má qualidade e aplicar sanções nos produtores infratores, funcionando

como uma proteção ao consumidor (McCarthy, 1978).

Foi apenas no século XVI que se deu o aparecimento das marcas registradas, quando

destiladores de uísque escoceses embarcavam a bebida em barris de madeira que

possuíam o nome do fabricante marcado a fogo na parte superior. Essas marcas não

apenas identificavam o produto junto ao consumidor como também impediam que

taverneiros substituíssem a bebida por outra de qualidade inferior (Farquhar, 1989).

No século XVIII, os nomes dos fabricantes ou produtores foram substituídos por nomes

de animais, de lugares de origem do produuto ou de pessoas famosas, com o propósito

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de fortalecer a associação do nome da marca com o produto. O objetivo era facilitar-

lhes a lembrança e diferenciá-los da concorrência. No século seguinte, a marca foi

utilizada com o propósito de aumentar o valor percebido do produto por intermédio de

tais associações (Tavares, 1998).

Atualmente, em economias industrializadas maduras, quase todos os produtos são

associados a uma marca. Denominam-se genéricos aqueles produtos que não possuem

esta característica. Tratam-se de produtos que muitas vezes não possuem, além de

marca, nome próprio, sendo identificados pela sua função ou pelo princípio ativo. A

grande atratividade destes produtos deve-se ao fato de eles terem menor custo para o

consumidor. Ainda assim, sua penetração é difícil visto eles não poderem ser associados

justamente a uma marca.

2.3 A Marca

“O que distingue um produto com marca de um similar sem marca e lhe

concede valor é o somatório total das percepções e sentimentos dos

consumidores sobre os atributos e performance do produto, sobre o nome da

marca e seu significado e sobre a empresa à qual a marca está associada“

(Achenbaum apud Keller, 1998, p. 5)

Há na literatura extensa gama de definições para marca, que incluem “imagem ou

personalidade identificável associada a um produto”, “relacionamento que o consumidor

tem com o produto” ou “valor extra que o consumidor está disposto a pagar pelo

produto” (Davis, 1995, p.68). Para Farquhar (1989), a marca é o nome, logotipo, design

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ou símbolo que eleva o valor de um produto para além de seu propósito ou benefício

funcional.

É indiscutível que a marca evoca associações na mente dos consumidores. Os

fundamentos da marca são baseados nestas associações mentais que os consumidores

fazem sobre ela e que as torna distintas (Dyson, Farr, Hollis, 1996). Isto equivale a

dizer que a marca conjuga associações, tanto de ordem funcional quanto emocional, na

mente de quem a consome, associações estas que concedem à marca uma identidade.

Esta identidade é uma combinação de diversos elementos, dentre os quais constam

nome, caracteres, símbolos, logotipos, cores, formas e mitos (Uncles, 1996). Sendo

assim, uma marca é escolhida quando a sua imagem vem ao encontro de necessidades,

valores ou estilo de vida do consumidor (Chernatony, 1991).

Keller (1998) afirma que o conceito de marca pode ser aplicado a produtos (por

exemplo, automóvel Mercedes), serviços (United Airlines), lojas (Bloomingdale’s),

pessoas (Michael Jordan), lugares (a cidade de Paris), organizações (Cruz Vermelha) ou

idéias (liberdade de expressão).

A marca representa para o consumidor a promessa de receber um conjunto de

características, benefícios e atributos, trazendo em si uma garantia de qualidade (Kotler,

1998). Ou seja, na marca o consumidor enxerga segurança e consistência.

Há ainda uma ótica holística sob a qual a marca pode ser analisada, na qual ela é

considerada a soma de todos elementos do marketing mix: produto, preço, promoção e

distribuição (Styles e Ambler apud Ambler e Styles, 1996).

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13

Esta ótica holística define a marca como sendo a promessa implícita no pacote de

atributos que o consumidor compra ao adquirir o produto. Tais atributos podem ser

reais ou ilusórios, racionais ou emocionais, tangíveis ou não (Ambler, 1992).

A marca adiciona novas dimensões e significados ao produto – racionais ou emocionais

- de forma a diferenciá-lo de outros fabricados para satisfazer a mesma necessidade

(Keller, 1998). Quando bem-sucedida, a marca consegue até transformar uma

commodity em propriedade, como é o caso das águas minerais (Biel, 1993).

Com o propósito de superar a falta de informação sobre o produto e reduzir o risco da

compra, consumidores utilizam símbolos para inferir sobre a qualidade do produto ou

outra informação relevante que não pode ser obtida antes do consumo propriamente

dito. A marca desempenha este papel de símbolo, não apenas para os consumidores

como também para as empresas (Dawar, 1993).

Segundo Kotler (1998), o desafio para a empresa que quer promover e gerenciar uma

marca de sucesso é desenvolver um conjunto consistente de significados para ela. Deste

modo, a marca pode ser vista como algo bastante complexo, que pode ter os seguintes

significados para o consumidor:

1. atributos – pode “trazer à mente” determinadas características do produto;

2. benefícios – proporciona vantagens funcionais, emocionais ou ambas;

3. valores – transmite também os valores da empresa que fabrica os produtos;

4. cultura – pode representar a cultura da sociedade na qual o bem ou serviço é

produzido;

5. personalidade – pode “dizer” algo sobre quem está utilizando o produto;

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6. usuário – pode sugerir o tipo de pessoa que vai consumi-la.

A marca bem-sucedida, gerenciada com propriedade, pode representar um emblema que

transmita credibilidade e atraia atenção quando da entrada da empresa em uma nova

indústria, categoria de produto ou país (Morris, 1996).

2.4 Vantagens da marca

É importante salientar que a marca proporciona vantagens tanto para os consumidores

quanto para as empresas.

2.4.1 Do ponto de vista do consumidor

A marca se constitui em importante fonte de informação na tomada de decisão do

consumidor. Sua existência facilita e torna possível a seleção de produtos ou serviços,

que passam a ser identificados no meio de infinitas ofertas. Assim, através do

reconhecimento da marca, os consumidores satisfeitos podem com facilidade obter o

produto novamente (McCarthy, 1978, Dalrymple & Parsons, 1976). Keller (1998)

também vê a marca como possível redutor dos diversos riscos relacionados à decisão de

compra: riscos funcionais, físicos, financeiros, sociais, psicológicos e de perda de

tempo.

Além disso a marca representa garantia de qualidade e segurança, desempenhando um

papel de redutor de riscos, podendo assegurar satisfação ao consumidor com mais

regularidade (McCarthy, 1978; Rosemberg, 1977; Keller, 1998). Deste ponto de vista, a

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marca pode significar “superioridade”, associando rapidamente o produto a uma série de

benefícios.

Outra vantagem da marca diz respeito ao status que ela pode proporcionar àquele que a

consome. Marcas conhecidas e de prestígio possuem um valor simbólico que comunica

características de quem as usa, como se a posse do produto transferisse para o

consumidor uma parte de seu prestígio (McCarthy, 1978).

Contudo, o grau de importância da marca para quem a consome pode variar dados

alguns fatores como, por exemplo, a freqüência da compra, o valor relativo do bem ou

serviço ou se é possivel perceber os benefícios e qualidades do produto antes ou após

efetuada a compra (Rocha e Christensen, 1999).

2.4.2 Do ponto de vista da empresa

Uma das principais vantagens da marca é que esta pode criar no consumidor um

sentimento de lealdade pelo produto, que pode inclusive se estender para outros

produtos da empresa. Esta característica é de singular importância em mercados onde

há acirrada competição, pois cria uma base fiel de consumidores que são de vital

importância para manutenção do market share da empresa (McCarthy, 1978).

Segundo McCarthy (1978), outro ponto forte da utilização de uma marca é que esta,

quando reconhecida, permite que se cobre um preço mais alto que a concorrência. Isso

já foi verificado em várias pesquisas, onde inúmeros consumidores declaram estar

dispostos a pagar mais pelo produto quando têm a garantia de sua qualidade. Nas

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palavras de Rosemberg (1977), a marca “ajuda a promover uma imagem única do

produto que pode permitir uma diferenciação de preço” (p. 288).

A marca pode tanto favorecer a segmentação de mercado como solidificar e promover o

nome e a imagem de uma empresa, ajudando inclusive na introdução de novos produtos

no mercado (McCarthy, 1978).

Partindo-se do pressuposto de que a marca facilita a compra por parte do consumidor,

reduzindo inclusive o tempo de venda, ela pode ser vista como um estímulo à repetição

da compra, reduzindo assim os custos de promoção da empresa (McCarthy, 1978).

Rosemberg (1977) define isso como uma vantagem promocional, na medida em que

quando a marca está solidamente enraizada junto ao consumidor, as campanhas

promocionais podem ser menos dispendiosas e mais eficazes.

Outra das razões pela qual a marca é importante refere-se a que ela identifica o produto

para o consumidor, permitindo que a empresa esquematize e implante um programa de

marketing significativo (Enis, 1977).

Por fim, a marca encoraja a utilização do mecanismo de pré-venda, reduz a necessidade

de contato pessoal no momento da venda e pode simplificar a introdução de novos

produtos pela empresa (Dalrymple e Parsons, 1976).

2.5 Desvantagem da marca

Apesar de não se constituir verdadeiramente em desvantagem, a marca nominal passa

por um perigo que é o de se identificar com um produto a tal ponto que se torne nome

genérico para tal classe de produto. Exemplos de casos como este são aspirina,

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querosene, fórmica, náilon, gilete. Nas situações em que isto acontece, a marca passa a

ser de uso comum, tornando-se propriedade pública, não propiciando mais proteção

legal nem as vantagens mencionadas anteriormente, pois o proprietário perde os direitos

sobre ela (Enis, 1977; McCarthy, 1978).

2.6 Classificação

Conforme Rocha e Christensen (1999), a marca pode ser classificada em função do tipo

de relacionamento com os consumidores. Uma categorização proposta é a seguinte:

• marca de excelência – aquela que “inspira confiança” graças a seu desempenho

impecável;

• marca de identidade – aquela com a qual o consumidor se identifica, motivado por

sua personalidade ou estilo de vida;

• marca de aventura – aquela visionária, que se situa no limiar das mudanças sociais

ou de caráter tecnológico;

• marca ícone – aquela associada ao sonho do consumidor e até mesmo suas fantasias.

2.7 Decisões de marca

São várias as decisões que se devem tomar em relação à marca (Kotler, 1998). Algumas

delas dizem respeito a:

1. o produto deve ou não ter marca - do ponto de vista da empresa, o desenvolvimento

de uma marca para o produto oferece vantagens atraentes: facilita o processamento de

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pedidos, o rastreamento do produto e a detecção de problemas, oferece proteção legal

para o caso de marca registrada, possibilita fidelização e segmentação de mercados

(Kotler, 1998).

2. usar marca do fabricante ou do distribuidor – o produto pode ser comercializado

sob a marca do fabricante ou do distribuidor/varejista, neste segundo caso sendo

conhecida como marca própria1. Uma das razões fundamentais para que um fabricante

produza sob sua marca e sob marca própria é a maior utilização de sua capacidade

instalada e eventual ganho de escala (McCarthy, 1978; Rocha e Christensen, 1999). A

utilização da marca do fabricante é atraente, pois permite que o produto seja

comercializado por toda a rede varejista e possibilita a adoção de campanhas de

propaganda a nível nacional (Dalrymple e Parsons, 1976). Embora sua margem de

contribuição seja menor, pois geralmente há grande competição de preços, seu volume

de vendas tende a ser superior (Rosemberg, 1977; Dalrymple & Parsons, 1976).

Enquanto isso, o uso de marca do distribuidor possibilita a venda de produtos a um

preço menor, com maiores margens, quase sempre com maior destaque no ponto de

venda (Rosemberg, 1977). Basicamente a marca do varejista é vista como

“caracterizando produtos essenciais” (McCarthy, 1978, p. 454).

3. escolha de nome para a marca – há quatro tipos de decisões que podem ser

adotadas, a saber:

3.1. marca individual – na qual cada novo produto possui um nome. Sua vantagem

consiste no fato de que a empresa não fica com sua reputação vinculada à

1 Do inglês: private brand

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aceitação do bem (Kotler, 1998). É a escolha apropriada quando produtos da

mesma empresa são de qualidade variável ou distintamente diferentes, quando a

qualidade e o preço mais elevados de um produto devem ser protegidos ou

quando se lança um produto menos caro para enfrentar a concorrência. Esta

estratégia também possui a vantagem de estimular a competição entre gerências

de produtos dentro da empresa (McCarthy, 1978).

3.2. marca global – quando todos os produtos são comercializados sob uma única

marca. É aconselhável quando os produtos são da mesma qualidade e natureza,

desenvolvendo um sentimento de confiaça do consumidor em relação à “marca

familiar” (McCarthy, 1978). Se por um lado possui como vantagens facilitar a

introdução de um novo produto junto ao consumidor e canal de distribuição e o

fato de a propaganda de um produto promover a venda de todos itens que

carregam a mesma marca, como desvantagem há a dificuldade em se criar e

manter uma identidade para cada produto sob esta estratégia (Dalrymple e

Parsons, 1976).

3.3. marca separada por família de produtos – com esta estratégia, cada linha de

produto tem seu próprio nome e imagem, evitando confusão (Rosemberg,

1977).

3.4. marca da empresa combinada com marca do produto – quando a marca da

empresa está vinculada à do produto. Neste caso, o bem carrega um nome que

une sua imagem à reputação da empresa (Rosemberg, 1977). Para Kotler

(1984), o nome da empresa legitima e a marca distingue o produto.

4. estratégia de marca – aqui também existem quatro tipos de escolha, sendo elas:

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4.1. extensão de linha de produtos – na qual a empresa introduz novos itens na

categoria de produtos que já existe, sob a mesma marca. São novos sabores,

formas, cores, aromas, ingredientes, embalagens, dentre outras características

(Kotler, 1998).

4.2. extensão de marca – tanto para Aaker e Keller (1990), quanto para Kotler

(1998), esta estratégia envolve o uso de uma marca já estabelecida para entrar

em uma nova categoria de produtos. As vantagens decorrem da associação com

a marca já estabelecida, que possibilita, por exemplo, que o produto novo

receba rápido reconhecimento e aceitação, como também facilita a entrada da

empresa em novas categorias de produto e diminui os custos de propaganda

(Kotler, 1998). Contudo, a extensão de marca somente deve ser implementada

quando todos os produtos apresentam a mesma qualidade, caso contrário há o

risco de destruir a imagem da marca junto aos consumidores.

4.3. multimarca – são novas marcas lançadas na mesma categoria de produtos.

Rosemberg (1977) observa que, neste caso, duas ou mais marcas da mesma

empresa competem entre si. Este tipo de estratégia é atraente quando os

fabricantes lutam por espaço nas prateleiras dos varejistas, pois uma empresa

com várias marcas expostas deixa menos espaço para a concorrência. Também

entre as vantagens constam: a pouca fidelidade do consumidor a apenas uma

marca, a possibilidade de estar presente em mercados segmentados e, da mesma

forma que na questão da marca individual, a competição dentro da empresa

fabricante (Kotler, 1984).

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4.4. nova marca – quando a empresa cria uma nova marca para um produto a ser

lançado em uma nova categoria. Uma das razões para tal fato consiste em a

empresa considerar que nenhuma de suas marcas atuais é apropriada para o

novo lançamento (Kotler, 1998).

2.8 Construção da marca

Um estudo realizado pela Young & Rubicam (Rocha e Christensen, 1999) procurou

determinar como se desenvolve o processo de construção de uma marca de sucesso.

Conforme este trabalho, a marca atravessa quatro estágios sucessivos na mente do

consumidor, a saber:

• diferenciação – quando a companhia procura mostrar ao consumidor que aquela

marca tem algo único a oferecer, que nenhuma outra consegue igualar, que ela é

distinta e possui personalidade;

• relevância – se manifesta quando o consumidor percebe as razões que o fazem

comprar a marca, relacionando-se ao grau em que esta atende as suas necessidades;

• estima – estágio que traduz uma ligação emocional entre a marca e o consumidor e

procura criar o apreço destes pelas características da primeira;

• familiaridade ou conhecimento – quando o consumidor conhece a fundo os atributos

de uma marca, o que ela significa e representa.

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2.9 Brand equity (Valor da Marca)

O termo brand equity era empregado por publicitários americanos no início da década

de 80, tendo sido a partir de então adotado pelo mundo acadêmico (Barwise apud

Ambler e Styles, 1996). O crescente interesse na avaliação de marcas surgiu em meados

desta mesma década, quando percebeu-se que bens intangíveis, embutidos na marca e

freqüentemente fora dos balanços das empresas, eram na realidade fontes de riqueza

tangíveis (Kerin e Sethuraman, 1998).

As pesquisas sobre este tema são relativamente recentes e focam-se principalmente em

sua definição e avaliação (Dawar, 1998). O conceito de brand equity que vem sendo

debatido na literatura ressaltou a importância de se ter uma visão de longo prazo quanto

ao gerenciamento da marca dentro do programa de marketing das empresas (Wood,

2000).

Enquanto há 20 anos atrás sequer havia um entendimento comum sobre o que era brand

equity, hoje existe uma diversidade de definições sobre o tema. Segundo Wood (2000),

várias delas consideram o brand equity como sendo uma questão estratégica, embora

freqüentemente implícita.

Algumas destas definições são:

• brand equity refere-se aos ativos residuais que resultaram dos efeitos das atividades

de marketing associadas à marca realizadas no passado (Rangaswamy et al apud

Teas e Grapentine, 1996);

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• brand equity é o valor adicionado que é atribuído ao nome da marca e que não é

capitalizado pelo desempenho da marca em seus atributos funcionais (Sikri apud

Teas e Grapentine, 1996);

• brand equity é o efeito diferencial que o conhecimento da marca provoca na resposta

do consumidor ao programa de marketing (Keller, 1993);

• brand equity pode ser avaliado através do fluxo de caixa incremental obtido através

da associação da marca ao produto (Farquhar, 1989);

• brand equity, do ponto de vista da percepção do consumidor, é o valor adicionado ao

produto ou serviço em conseqüência da associação destes com a marca (Aaker,

1996). O brand equity resulta da conscientização da marca, lealdade e percepção de

qualidade por parte do consumidor e de um conjunto de símbolos e associações que

constroem uma base para vantagens competitivas e ganhos futuros (Aaker, 1991);

• brand equity é definido em termos dos efeitos de marketing atribuídos

exclusivamente à marca. Por exemplo, quando determinados resultados derivam do

marketing de um produto por causa de sua marca e que não aconteceriam se o

produto não possuísse tal marca (Keller, 1993).

Uma visão geralmente aceita sobre brand equity é que este representa, do ponto de vista

do consumidor, o valor de um produto ou serviço além daquele que resultaria de um

produto ou serviço idêntico porém sem marca. Ou ainda, significa o grau em que o

nome da marca por si só adiciona valor à oferta (Leuthesser, Kohli, Harich, 1995).

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Considerado sob uma perspectiva financeira, brand equity refere-se à riqueza

proveniente dos fluxos de caixa e lucros incrementais obtidos pela associação de uma

marca a um produto ou serviço (Kerin e Sethuraman, 1998).

Visto sob a perspectiva do comportamento do consumidor, a importância do conceito de

brand equity advém do impacto que a marca causa na avaliação do consumidor sobre o

produto ou serviço, de maneira tal que pode ser entendido como um influenciador do

comportamento de compra (Teas e Grapentine, 1996).

Basicamente, o brand equity deriva de uma confiança depositada pelo consumidor em

uma marca maior do que aquela relativa a seus competidores. Esta confiança se traduz

tanto em lealdade por parte do consumidor quanto em sua disposição a pagar um preço

premium pelo produto ou serviço (Lassar, Mittal, Sharma, 1995).

Keller (1993) enfatiza que talvez o ativo mais valioso para uma empresa, no sentido de

melhorar seus esforços de marketing, seja o conhecimento sobre a marca criado na

mente do consumidor, oriundo dos investimentos passados da empresa em programas de

marketing. O conceito de brand equity pressupõe ainda que os gastos realizados com

marketing no passado foram investimentos, e não custos, que resultaram neste valioso

ativo.

De acordo com Tavares (1998), o significado de brand equity reside na mente dos

consumidores, baseia-se no conhecimento destes sobre a marca, em sua “habilidade para

reconhecê-la, para lembrar de terem-na visto antes, para associá-la com várias

mensagens, atributos, benefícios e experiências e usar esse conhecimento de maneira a

favorecer sua escolha no processo decisório.” (p. 194).

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O brand equity é atualmente reconhecido como um dos ativos mais importantes que a

empresa possui (Aaker, 1991; Keller, 1993). Um ativo intangível de grande valor para a

empresa, sobretudo se levado em consideração que, diferentemente do ativo tangível, o

intangível não pode ser duplicado pela concorrência.

Biel (1993) afirma que o brand equity “lida com o valor, normalmente definido em

termos econômicos, de uma marca para além do patrimônio físico associado a sua

fábrica.” (p. 73, grifo do autor). O brand equity inclui não apenas o valor econômico da

marca mas também seu potencial de gerar caixa e lucros a longo prazo (Rocha e

Christensen, 1999). Isto indica que ele está relacionado com o fluxo de caixa adicional

obtido pela empresa através da associação da marca com o produto.

Ainda segundo Biel (1993), embora não seja uma definição completa, pode-se entender

o brand equity como o ágio pago pelo consumidor ao adquirir um produto ou serviço

com marca vis-à-vis o mesmo produto ou serviço sem marca. Ou seja, é o valor

adicionado que uma marca conquista.

Já Ambler e Styles (1996), observando que a empresa pode optar entre auferir lucros

hoje ou acumulá-los para o futuro, afirmam que o brand equity é, em essência, esta

reserva de riqueza que irá render em período futuro. Desta maneira, definem brand

equity como sendo a associação de todos os padrões de comportamento e atitudes

acumuladas na mente dos consumidores, canais de distribuição e demais agentes

envolvidos, a qual irá aumentar os lucros futuros e os fluxos de caixa de longo prazo.

Lassar et alli (1995) afirmam que há cinco considerações importantes para a definição

do brand equity. Primeiramente, brand equity refere-se às percepções dos

consumidores mais do que a qualquer outro indicador. Em segundo lugar, refere-se a um

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valor global associado à marca. Em terceiro, este valor global deriva do nome da marca

e não apenas de aspectos físicos. Quarto, o brand equity não é absoluto, mas relativo à

concorrência. E, por último, ele influencia positivamente o desempenho financeiro.

Com base nestas considerações, Lassar et alli (1995) definem brand equity como sendo

o aumento das vantagens percebidas que o nome da marca confere ao produto. Ou seja,

é a percepção por parte do consumidor sobre a superioridade geral do produto com a

marca em questão quando comparado a outras marcas.

De acordo com Kotler (1998), algumas das vantagens competitivas decorrentes de um

alto brand equity são: menores custos de marketing, dada a lealdade e conscientização

do consumidor; maior poder de barganha junto a distribuidores e varejistas, já que os

consumidores esperam encontrar a marca no ponto de venda; e possibilidade de cobrar

um preço mais caro ou lançar extensões de marca mais facilmente, devido à qualidade

percebida no produto. Já Farquhar (1989) considera como vantagens, além da

oportunidade de lançamento de extensões de marca, a elasticidade em relação a pressões

promocionais dos concorrentes e a criação de barreiras de entrada de competidores.

Os componentes que orientam o brand equity são, de acordo com Davis e Douglass

(1995): a lealdade do consumidor, a percepção de valor que este tem sobre a marca, sua

inclinação para comprar o produto e o posicionamento geral da marca.

Aaker (1991, 1996, 1997) observa que o brand equity é um conjunto de ativos (e

passivos) vinculados a uma marca que aumentam (ou diminuem) o valor proporcionado

por um produto ou serviço ao consumidor e à empresa. Esse conjunto de ativos,

fortemente ligado ao nome e/ou símbolo da marca, é considerado pelo autor a base do

brand equity e pode ser agrupado em cinco categorias:

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• Lealdade à marca – quando o consumidor gosta e está satisfeito com a marca.

Reduz a vulnerabilidade da marca às campanhas da concorrência e fortalece o poder

de comercialização da empresa, visto que os consumidores esperam a

disponibilidade da marca;

• Conscientização (awareness) da marca – o consumidor geralmente dá preferência

àquela marca que lhe é familiar, pois essa característica se traduz em qualidade e

confiança no produto;

• Qualidade percebida – é uma característica importante, embora subjetiva, cujo

conceito pode variar entre as empresas e na percepção do consumidor;

• Associações da marca – podem criar atitudes positivas, credibilidade, pré-

disposições e uma série de outras reações na mente do consumidor, de forma a

impulsioná-lo a consumir determinada marca;

• Outros ativos ligados à marca – são as patentes, marcas registradas e canais de

relacionamentos, que impedem ou previnem que a concorrência eroda os demais

componentes (Aaker, 1991).

Os componentes do brand equity criam valor para o consumidor pois o ajudam a

interpretar, processar e armazenar uma vasta quantidade de informações sobre o produto

e a marca. A satisfação em usar a marca pode aumentar devido às associações e

qualidade percebida. A experiência passada com o produto ou a familiaridade do

consumidor com a marca e seus atributos podem também influenciar a decisão de

compra (Aaker, 1991).

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O brand equity também cria valor para as empresas, gerando fluxo de caixa adicional.

Isto acontece pois o brand equity pode intensificar a lealdade e programas para atrair ou

recuperar consumidores, permite a adoção de preços premium, que se refletem em altas

margens, influencia o canal de distribuição, permite o crescimento através de extensões

de marca e fornece vantagens competitivas que criam uma barreira para a concorrência

(Aaker, 1991).

A Figura 1 a seguir sintetiza as cinco categorias nas quais o brand equity é baseado e o

subseqüente valor criado para o consumidor e a empresa.

Figura 1: Brand EquityFonte: Aaker (1991)

Lealdade à Marca

Conscientização daMarca

QualidadePercebida

Associações daMarca

Outros ativosligados à Marca

BRAND EQUITYNome

Símbolo

Cria valor para oconsumidor aumentandosua:• Interpretação e

processamento dainformação

• Confiança na decisãode compra

• Satisfação no uso

Cria valor para o empresaaumentando:• Eficiência e eficácia

do programa demarketing

• Lealdade à marca• Preços e margens• Extensão de marca• Poder de negociação• Vantagens

competitivas

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Conforme Chen (2001), dentre as cinco categorias de ativos listadas por Aaker, a mais

importante para se construir brand equity são as associações de marca. A

conscientização da marca, segundo o autor, é um ativo necessário mas não suficiente

para um alto brand equity. Isto porque uma marca pode ser bem conhecida devido a sua

má qualidade. No entanto, uma marca forte deve possuir maior grau conscientização do

que uma fraca.

Quanto à lealdade à marca, Chen (2001) afirma que esta é acentuada pelas demais

categorias de ativos. A qualidade percebida, as associações e a conscientização

fornecem razões para se comprar o produto e afetam a satisfação do usuário, resultando

em lealdade. Contudo, a lealdade à marca é por vezes excluída da conceitualização do

brand equity, porque os consumidores podem ter o hábito de consumir uma determinada

marca sem pensar muito no porquê. Por último, o autor considera a qualidade percebida

como um tipo de associação de marca.

Keller (1993,1998), por sua vez, centrou seus estudos no brand equity baseado no

consumidor, estabelecido como o efeito diferencial que o conhecimento da marca

provoca na resposta do consumidor ao programa de marketing do produto ou serviço. O

brand equity sob o ponto de vista do consumidor existe quando este apresenta um alto

nível de conhecimento e familiaridade com a marca e possui na mente associações

fortes, favoráveis e únicas com esta (Keller, 1998).

Nesta concepção, o conhecimento da marca é fundamental para o brand equity baseado

no consumidor. O conhecimento da marca pode ser definido conforme dois

componentes, a conscientização da marca e a imagem da marca, fatores de extrema

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importância visto influenciarem o que vem à mente quando um consumidor reflete sobre

uma marca.

A conscientização é relacionada com a força da marca na mente dos consumidores e

reflete-se na habilidade destes em identificar a marca sob diferentes condições. É

composta por:

• Reconhecimento da marca - relacionado com a habilidade do cliente em

corretamente distinguir a marca como tendo sido vista anteriormente;

• Recall da marca - relacionado com a habilidade do cliente em recordar a marca

quando mencionada uma determinada categoria de produtos, as necessidades

satisfeitas por esta categoria ou algum outro tipo de sugestão.

A imagem é conceitualizada como sendo as percepções sobre a marca refletidas pelas

associações existentes na mente dos consumidores. Uma imagem positiva é gerada

quando se obtêm associações fortes, favoráveis e únicas com a marca. Estas três

dimensões exercem um papel crítico na determinação do efeito diferencial no qual o

brand equity é fundamentado.

As associações serão mais fortes quanto mais o cliente pense profundamente sobre uma

informação do produto e a relacione ao conhecimento que já possui da marca.

Associações favoráveis são aquelas desejadas pelo consumidor e satisfeitas pelo

produto, criadas através do convencimento de que a marca possui benefícios e atributos

que irão suprir suas necessidades. Já as únicas dizem respeito a associações distintas

que não são compartilhadas com a concorrência.

Há três diferentes tipos de associações de marca, classificadas nas seguintes categorias:

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! Atributos - são as caraterísticas descritivas que distinguem um produto ou serviço.

Podem ser:

• Relacionados ao produto - referentes à composição física do produto ou ao

requerimento do serviço;

• Não relacionados ao produto - referentes aos aspectos externos ao produto ou

serviço ligados à compra ou ao consumo, como, por exemplo, preço,

embalagem, visão do usuário (que tipo de consumidor utiliza o produto ou

serviço) ou visão do uso (aonde e em que situação o produto ou serviço é

utilizado).

! Benefícios - são os valores que os consumidores associam aos atributos, ou seja,

aquilo que eles julgam que o produto ou serviço lhes dará. Inclui benefícios:

• Funcionais - correspondem às vantangens intrínsecas do produto e

geralmente estão correlacionados aos atributos relacionados ao produto;

• Experimentais - referem-se ao que se sente em consumir o produto e também

correlacionam-se aos atributos relacionados ao produto. Atendem

necessidades experientes, como, por exemplo, satisfação sensorial;

• Simbólicos - relacionam-se às vantangens extrínsecas do produto e

correlacionam-se aos atributos não relacionados ao produto. Estão ligados às

necessidades de aprovação social, expressão pessoal ou auto-estima.

! Atitudes - responsáveis pela formação da base do comportamento de compra, são as

avaliações gerais do consumidor sobre a marca.

As dimensões do conhecimento da marca são sintetizadas na Figura 2.

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Figura 2: Conhecimento da MarcaFonte: Keller (1998)

Benefício

Atitudes

Conhecimentoda marca

Conscientização

Reconhecimento

Recall

Imagem

Tipos deAssociações

Favorabilidadedas Associações

Força dasAssociações

Unicidade dasAssociações

Atributos

Não relacionadosao produto

Relacionados aoproduto

Preço

Embalagem

Visão dousuário

Visão douso

Funcional

Experimental

Simbólico

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Para saber se a marca apresenta brand equity positivo ou negativo, é preciso comparar a

resposta do consumidor ao produto e seu marketing nos casos em que a marca é

identificada e não-identificada. Se o consumidor é mais favorável ao produto quando

sua marca é identificada, diz-se que esta apresenta brand equity positivo. Caso

contrário, pode-se dizer que a marca apresenta brand equity negativo (Keller, 1993).

2.10 Metodologias de avaliação

O brand equity é multidimensional e deve ser avaliado constantemente, pois muda

durante os diferentes estágios de desenvolvimento da marca. Existem atualmente uma

série de possíveis metodologias que visam avaliar e gerenciar o brand equity, cada uma

utilizando variáveis, premissas e tipos de critérios próprios.

Alguns pesquisadores questionam se as empresas deveriam todas utilizar a mesma

metodologia de avaliação de brand equity ou escolher cada uma a que melhor lhe

convier. A adoção de uma metodologia padrão seria de extrema valia quando se

objetivasse uma comparação entre as empresas. No entanto, é preciso salientar que cada

empresa possui um objetivo próprio, que a guia rumo a metas de desempenho

particulares. O essencial é que todos os modelos levem em consideração as mudanças

que ocorrem no brand equity ao longo dos anos (Simons, 1997).

A avaliação do brand equity abrange duas dimensões: a empresa, onde se localizam as

vendas, o lucro e o market share, e o consumidor, onde estão o conhecimento, atitudes e

comportamento em relação à marca (Tavares, 1998).

Cada metodologia de avaliação de brand equity existente se constitui em um conjunto

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de procedimentos de pesquisa destinados a fornecer informações acuradas, atualizadas e

relevantes sobre a marca. O modelo teórico adotado por cada empresa gera resultados

que tornam possível aos tomadores de decisão traçar melhores decisões táticas no curto

tempo e estratégicas no longo prazo. Estes sistemas de medição possibilitam à empresa

obter um conhecimento mais aprofundado de quais são as características da marca que

compõem seu brand equity e também quais seus efeitos.

Algumas das metodologias existentes para mensuração do brand equity são

apresentadas a seguir.

Método de Simon e Sullivan (I) 2

Utiliza dados agregados da companhia como um todo e calcula o brand equity como

sendo o fluxo de caixa adicional obtido pela empresa devido a seus investimentos em

marcas. O método baseia-se no orçamento para propaganda, participação, idade e

ordem de entrada no mercado. Críticas a essa metodologia surgiram devido a sua

inadequação em calcular o brand equity para apenas uma marca em empresas que

possuem mais de uma e à utilização de dados financeiros de desempenho (Park e

Srinivasan, 1994, Tavares, 1998).

2 Simon & Sullivan propuseram quatro metodologias de avaliação de brand equity.

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Método de Simon e Sullivan (II)

Calcula variações no brand equity utilizando o preço de mercado das ações. Baseia-se

na suposição de que o mercado de ações irá ajustar o valor da empresa de forma a

refletir perspectivas futuras da marca. A primeira etapa deste método consiste em

calcular o valor de mercado da empresa, o qual é função do preço e número de ações.

Deste valor, subtrai-se o custo de reposição dos ativos tangíveis.

Tendo o resultado, os ativos intangíveis são então divididos em três componentes: brand

equity, o valor dos fatores não ligados à marca, tais como P&D e patentes, e o valor dos

fatores industriais, como regulamentação e concentração. O brand equity é avaliado em

função da idade da marca e entrada no mercado3, da propaganda acumulada e da

participação atual na propaganda do mercado (Aaker, 1991).

Método de Simons

Indica três dimensões através das quais a marca pode ser analisada: a primeira é a

“brand quality”, a qual reflete a relevância das associações da marca, sua estima,

liderança e popularidade percebida; a segunda é a “brand quantity”, que inclui

penetração, lealdade, índices de satisfação, conscientização, participações de vendas;

por fim, há o “brand future”, que reflete o potencial de crescimento da marca, seu

preparo para as mudanças de mercado, que podem ser novas legislação, tecnologia,

padrões de consumo e estrutura de comércio.

3 Uma marca mais antiga possui maior valor.

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Para avaliar o brand equity deve-se comparar o desempenho da marca nas dimensões

mencionadas em relação a seus competidores. Acrescenta ainda que avaliações devem

ser feitas ao longo da vida do produto para acompanhar se o brand equity está

crescendo, diminuindo ou se permanece constante (Simons, 1997).

Método de Green e Srinivasan

Avalia o brand equity incluindo a marca como um fator no método de conjoint analysis

realizado a nível individual. Ao optar pelo nível individual ao invés do agregado ou

segmentado, torna-se possível incorporar indicadores individuais para calcular a média e

o desvio-padrão do brand equity em qualquer segmento de interesse no mercado. A

avaliação individual, diferentemente da agregada, também facilita estimar a participação

de mercado adicional e o preço premium atribuídos ao brand equity. No entanto, este

método não fornece entendimentos sobre os fatores que compõem o brand equity (Park

e Srinivasan, 1994).

Método de Kamakura e Russell

Calcula o brand equity através de uma análise de segmentação a partir de dados obtidos

por meio de scanners. Este método primeiro estima as preferências pela marca dentro

do segmento em que esta atua, removendo possíveis efeitos de propaganda recente ou

promoções de preço. Depois, obtêm-se estimativas do brand equity dentro do

segmento, computado na forma dos resíduos de uma equação de regressão, relacionando

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as preferências pela marca ajustadas ao preço com os demais atributos do produto

objetivamente mensurados.

Park e Srinivasan observam que, embora esta metodologia possua a vantagem de não

estar fundamentada em métodos subjetivos baseados em survey e sim nas escolhas reais

dos consumidores na hora da compra, ela é limitada, pois o cálculo do brand equity

restringe-se ao segmento em que a marca atua e o modelo estatístico utilizado tenderia a

atenuar a real variação de valor entre as marcas4. Outro fator limitante desta abordagem

refere-se ao fato de que ela não separa o valor estimado nos fatores que compõem o

brand equity (Park e Srinivasan, 1994).

Método de Park e Srinivasan

Baseado em pesquisa que avalia o brand equity do ponto de vista individual de cada

consumidor e oferece indicações sobre seus componentes. Esta metodologia

fundamenta-se em um modelo de preferência por multiatributos e fornece uma avaliação

de brand equity a nível individual. Ela utiliza procedimentos de pesquisa para obter de

cada indivíduo sua preferência por marcas tanto em termos globais como relacionada

aos multiatributos do produto (características e benefícios) baseados em níveis de

atributos objetivamente medidos.

4 Por exemplo: se houver tantos atributos quanto marcas, todos os brand equities

tenderão a zero.

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Após graduar as duas preferências, o modelo subtrai a segunda preferência da primeira

para inferir avaliações sobre o brand equity. Esta metodologia divide o brand equity em

componentes baseados em atributos e não baseados em atributos. Enquanto os

primeiros captam o impacto causado pelas atividades de construção da marca na

percepção de atributos por parte do consumidor, os não baseados em atributos capturam

as associações com a marca não relacionadas aos atributos do produto (por exemplo, a

imagem masculina transmitida pelo Homem de Marlboro) (Park e Srinivasan, 1991).

Método de Coopers and Lybrand

Avalia o brand equity comparando o preço premium praticado por um produto com

marca com o preço de um produto sem marca (Farquhar, 1989).

Método de Davis Haigh

Denominado Brand Value Added (BVA), baseia-se em pesquisa tradicional,

questionários e entrevistas. Haigh acredita que é possível estimar a contribuição de uma

marca através da identificação das forças que atuam na demanda, dentro do segmento de

mercado. Este método inclui as seguintes análises:

• Economic Value Added (EVA) – onde a posição da marca, receita, custo e

capital são calculados para projeção de fluxo de caixa de 5 a 10 anos. O

EVA é o lucro inteiramente incorporado à marca após alocação dos custos de

overhead.

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• Eliminação das marcas próprias produzidas pela empresa – o lucro do

cálculo do fluxo descontado deve relacionar-se apenas à marca que está

sendo avaliada. Caso a empresa fabrique também marcas próprias, os dados

referentes a estas devem ser eliminados da avaliação.

• Remuneração do capital – deve-se utilizar uma taxa de desconto adequada

para os ativos tangíveis da empresa – como o sistema de distribuição, as

plantas industriais e os estoques – a fim de evitar que a marca seja sub ou

superavaliada.

• Taxação – a taxa de desconto é aplicada sobre o lucro após impostos, dando

uma taxa para o EVA histórico e estimado atribuível aos ativos intangíveis

(Marketing, 1998).

Método Interbrand

Uma das metodologias mais conhecidas, avalia o brand equity segundo a perspectiva do

negócio, o mercado e as percepções dos consumidores. Este método usa em sua análise

sete critérios, que são quantificados e ponderados. Esses indicadores são:

• Liderança – a marca líder em seu mercado é mais poderosa, proporciona

maior retorno sobre o investimento, tem maior força e é mais estável que as

demais.

• Estabilidade – as marcas que usufruem de maior lealdade por parte dos

consumidores, desenvolvem melhor reputação e constróem permanência são

aquelas presentes no mercado há mais tempo.

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• Mercado – as marcas são mais valorizadas quando atuam em mercados em

crescimento, visto proporcionarem maior nível de lucratividade ou serem

mais estáveis.

• Internacionalidade ou dispersão geográfica – aquelas marcas que já são

comercializadas e aceitas em mercados internacionais possuem maior valor

do que as que estão restritas ao mercado nacional ou regional. Em parte isto

ocorre por causa da economia de escala.

• Tendência de mercado – indica a capacidade que a marca possui de se

manter importante e relevante para os consumidores, como também de se

atualizar. Reflete a perspectiva futura da marca.

• Apoio – desde que consistente, qualitativa e quantitativamente significativo,

o apoio financeiro contribui para valorizar a marca.

• Proteção legal – uma marca vale mais de acordo com sua capacidade de se

manter distinta dos concorrentes. A solidez da proteção da marca pelo

registro legal é crítica para sua força (Aaker, 1996, Tavares, 1998).

As ponderações atribuídas a cada um destes critérios na avaliação da força da marca são

apresentadas na Tabela 1.

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Tabela 1 – Percentuais dos indicadores quanto à força da marca.

Indicador Percentual

Liderança 25 %

Estabilidade 15 %

Mercado 10 %

Internacionalidade 25 %

Tendência de mercado 10 %

Apoio 10 %

Proteção legal 5 %

A utilização de critérios que se refiram também ao mercado, e não somente à percepção

do consumidor, é interessante porque se aproxima mais do estabelecimento de um valor

financeiro para a marca. Este método usa a classificação das marcas para determinar um

multiplicador a ser aplicado nos ganhos das empresas (Aaker, 1996).

Método de Young & Rubicam

Um dos mais conhecidos, denominado Brand Asset Valuator, avaliou o brand equity de

450 marcas internacionais e mais de 8.000 regionais, em 24 países. Nesta pesquisa,

cada marca foi avaliada através de um questionário com 32 itens, aplicado a

consumidores, que incluía, além de um conjunto de escalas sobre a personalidade da

marca, quatro aspectos elementares, a saber:

• Diferenciação – visa avaliar se a marca é distinta em relação às outras

existentes no mercado. É o primeiro passo no processo de construção de

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uma marca, pois fornece ao consumidor a base para seleção. Do mesmo

modo, a perda da diferenciação é o indício elementar de que uma marca forte

está desaparecendo. Caso não exista diferenciação entre as marcas, o brand

equity tende a ser baixo.

• Relevância – descreve a adequação pessoal da marca para o consumidor,

avaliando se esta possui relevância pessoal. Caso a relevância para um

segmento seja baixa, a marca não conseguirá uma grande base de

consumidores. Mas conforme o crescimento vá ocorrendo, o volume de

vendas também aumenta. A relevância ajuda a solidificar a razão de comprar

e continuar comprando. Há forte associação entre este item e penetração de

mercado.

• Estima – avalia se a marca possui uma boa imagem e se é considerada pelo

consumidor como a melhor em sua classe. Este item é uma combinação de

qualidade percebida com percepções de crescimento ou declínio em

popularidade da marca. Representa o primeiro nível de resposta do

consumidor que impulsiona o consumo da marca.

• Conhecimento – visa avaliar não apenas a conscientização que o consumidor

tem sobre a marca, mas também sua compreensão sobre em que ela se apóia

e aquilo que representa. O conhecimento, por sua vez, apresenta uma alta

correlação com a experiência (Aaker, 1996; Tavares, 1998).

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As marcas desenvolvem-se seqüencialmente ao longo desas dimensões, conforme a

Figura 3 ilustra.

Figura 3: Dimensões da Marca da Young & RubicamFonte: Aaker (1996)

O produto obtido pela multiplicação da diferenciação com a relevância é a força da

marca. A marca deve possuir estas duas características para ser sólida, porém não é

fácil obter altos índices em ambas. Já a estima multiplicada pelo conhecimento resulta

na estatura da marca.

Após estas avaliações, é possível construir um framework, denominado power grid,

apresentado na Figura 4, que relaciona a força com a estatura da marca.

DIFERENCIAÇÃO

RELEVÂNCIA

ESTIMA

CONHECIMENTO

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Figura 4 – Framework da Young & Rubicam: Força versus EstaturaFonte: Aaker (1996)

A marca que for alta nestas duas dimensões possui o maior brand equity. Já aquela que

for baixa em ambas possivelmente é uma marca que está começando; caso ela

permaneça por muito tempo neste quadrante provavelmente não será bem-sucedida no

longo prazo. A marca que tiver baixa estatura e alta força é uma marca de nicho sólida

ou apresenta significativa possibilidades de crescimento, através especialmente de um

maior conhecimento. Por sua vez, a marca que possuir alta estatura e baixa força é uma

marca cansada, geralmente porque não tem ou perdeu diferenciação (Aaker, 1996).

Método da Total Research

Seu processo de avaliação do brand equity, denominado Equitrend, é baseado em um

pequeno conjunto de questões simples porém eficazes, reunidas em um questionário

respondido por consumidores sobre sua percepção a respeito das marcas em diversas

categorias de produto. Esta metodologia baseia-se na mensuração de três componentes

do brand equity:

Estatura da Marca

Força da Marca

Baixa

Baixa

Alta

Alta

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• Saliência – o percentual de consumidores que possui opinião a respeito da

marca.

• Qualidade percebida – é a média da avaliação em qualidade atribuída pelos

consumidores que têm opinião a respeito da marca. É altamente associada à

confiança, predileção, orgulho e desejo de recomendar a marca a outras

pessoas. A qualidade é mensurada através da utilização de uma escala de 11

pontos que varia de ilustre a inaceitável.

• Satisfação do usuário - é a média da avaliação em qualidade recebida pela

marca entre os consumidores que a utilizam com maior freqüência. Fornece

indícios sobre a força da marca entre os consumidores mais fiéis (Aaker,

1996, Tavares, 1998).

Estes três componentes são então combinados para formar um score de brand equity.

Método de Aaker

Denominada Brand Equity Ten, esta metodologia procurou estabelecer um sistema de

medidas para avaliar o brand equity que pudesse ser aplicado em diferentes classes de

produtos e mercados múltiplos. Os indicadores selecionados para compor o método

deveriam preencher os seguintes critérios: refletir o brand equity, incluindo seus

componentes (lealdade, conscientização (awareness), qualidade percebida, associação e

propriedade de outros ativos); refletir as reais forças que guiam o mercado; ser sensitivo,

detectando mudanças no brand equity; e poder ser aplicado com relação a marcas,

categorias de produtos e mercados.

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O Brand Equity Ten baseia-se em dez medidas, agrupadas em cinco categorias,

conforme Tabela 2. Estas medidas podem constar, ou não, separadamente ou em

conjunto, na avaliação do brand equity, dependendo da sua pertinência à análise. Por

isso, modificações que ajustem o modelo ao contexto são consideradas bem vindas.

Tabela 2 – Brand Equity Ten

Lealdade

1. Preço Premium

2. Satisfação/Lealdade

Qualidade Percebida/Liderança

3. Qualidade Percebida

4. Liderança/Popularidade

Associação/Diferenciação

5. Valor Percebido

6. Personalidade da Marca

7. Associações Organizacionais

Conscientização (Awareness)

8. Conscientização (awareness) da marca

Comportamento do Mercado

9. Market Share

10. Preço de mercado e cobertura de distribuição

Enquanto as quatro primeiras categorias representam a percepção do consumidor sobre a

marca em referência aos quatro componentes do brand equity, a última inclui medidas

de comportamento do mercado.

Lealdade – é uma dimensão fundamental do brand equity. Representa uma barreira de

mercado, possibilita a adoção de preço premium, fornece tempo para responder a

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alguma inovação lançada pela concorrência e defende a marca contra competições de

preço prejudiciais. Os indicadores de lealdade são:

1. Preço Premium – refere-se ao montante que o consumidor está disposto a pagar pela

marca em comparação com outra marca que ofereça os mesmos benefícios. Talvez

seja a melhor medida isolada do brand equity, visto que captura diretamente a

lealdade dos consumidores da maneira mais relevante: caso seja leal, o cliente está

disposto a pagar mais, se não estiver disposto a isto, o nível de lealdade é baixo.

O modelo sugere que se segmente o mercado conforme a lealdade como uma forma

de melhor avaliar os resultados, tanto na análise deste item como nos demais. Desta

forma, o mercado pode ser dividido entre os consumidores leais à marca, os não

leais e os não consumidores, sendo que cada grupo terá, evidentemente, uma

percepção diferente do brand equity.

O preço premium é definido sempre em relação a um único ou a um conjunto de

competidores, claramente especificados. Pode-se determinar o preço premium

perguntando ao consumidor o quanto mais ele está disposto a pagar pela marca ou

utilizando conjoint analysis, que apresenta ao consumidor uma série de escolhas

simples, que são analisadas em conjunto a fim de determinar a importância das

diferentes dimensões. No final, emerge um preço associado à marca. Uma variável

é considerada de pouco valor na avaliação do brand equity se tiver pouco impacto

no preço premium.

As críticas a este indicador referem-se ao fato de o preço premium ser definido em

relação a um ou a um conjunto de concorrentes, tornando necessário o

estabelecimento de vários conjuntos de aferição no caso de haver muitas marcas no

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mercado. E ainda assim, algum concorrente importante pode ser esquecido.

Também pode haver problemas de interpretação no caso da marca possuir

competidores diferentes em diferentes mercados ou existir restrições legais ou forças

de mercado que impossibilitem diferenças de preço.

2. Satisfação do Consumidor/Lealdade – esta medida é um indicador direto da

propensão do consumidor a se prender a uma marca e deve ser avaliada junto ao

cliente que tenha usado o produto dentro de certo tempo, por exemplo, os últimos

seis meses. Ela avalia a experiência de utilização do ponto de vista do consumidor.

Pode-se, por exemplo, fazer perguntas ao consumidor sobre intenção de compra ou

solicitar que identifique aquelas marcas que considera aceitáveis.

A principal limitação desta medida é o fato de não poder ser aplicada a não

consumidores, falhando, então, em avaliar a extensão do brand equity além da sua

base de consumidores.

Qualidade Percebida e Liderança – os indicadores são:

3. Qualidade Percebida – um dos componentes do brand equity que afeta de modo

direto o preço premium, a elasticidade de preço e o retorno de ações, também é

altamente relacionado às variáveis de benefícios funcionais. Pode ser aplicado ao

longo de classes de produtos. Sua medição pode ser através de escalas do tipo:

Em comparação com marcas alternativas, esta marca:

• possui: alta qualidade x qualidade média x qualidade inferior.

• é: melhor x uma das melhores x uma das piores x a pior.

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• possui: qualidade consistente x qualidade inconsistente.

O problema deste indicador está em envolver a estruturação de um competidor ou

um conjunto deles de referência por parte daquele que está respondendo à pesquisa.

Torna-se útil, neste caso, ajudar o respondente através de sugestões sobre uma

estrutura de referência apropriada. Outra medida útil é monitorar este indicador

através das três divisões de lealdade (leais, não leais, não consumidores), pois a

interpretação das respostas de cada um deverá ser diferentemente analisada. Por fim,

esta medida também não é muito eficaz quando se deseja avaliar as inovações da

concorrência.

4. Liderança e Popularidade – esses indicadores consideram a dinâmica do mercado.

A liderança reflete a síndrome do "número um", na qual se um montante

considerável de clientes está consumindo a marca de forma a torná-la líder em

vendas, ela deve ter seu mérito. Mensura a dinâmica de aceitação pelos

consumidores, refletindo sua busca frenética por novidades no mercado, como

também mede as inovações dentro de uma classe de produtos, indicando se a marca

está se atualizando em termos tecnológicos. A liderança incorpora as dimensões de

tamanho do mercado, popularidade e inovação e pode ser avaliada através de

escalas que questionem se a marca é:

• a líder x uma das líderes x não é uma das líderes.

• crescente em popularidade.

• inovadora, a primeira que oferece avanços nos produtos.

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O principal problema da liderança reside em ela não ser fácil de avaliar, além de ser

mal-documentada e pesquisada.

Associação e Diferenciação – se a marca não é percebida diferenciadamente, não

poderá, por exemplo, implementar uma estratégia de preço premium por muito tempo

nem estabelecer um preço que possibilite uma margem atrativa. Os indicadores são:

5. Valor percebido – uma das funções da identidade da marca é gerar uma proposta de

valor, geralmente envolvendo benefícios funcionais. Tal proposta é essencial para

as marcas, pois aquela que não gera valor é vulnerável à concorrência. Esta medida

pode ser aplicada ao longo de classes de produtos e avalia se a marca oferece um

valor adequado ao dinheiro despendido e se há razões para que o consumidor a

adquira em detrimento da concorrência. O valor auferido fornece um indicativo do

sucesso alcançado pela marca na criação da proposta de valor. Entretanto, esta

medida é sensível ao conjunto de marcas utilizado para comparação e é bastante

relacionado aos benefícios funcionais e à utilidade prática de se comprar e

consumir a marca.

6. Personalidade da marca – fornece um link com os benefícios emocionais e uma

base para a diferenciação da marca e o relacionamento consumidor-marca. Aplica-

se principalmente a marcas que possuem pouca diferenciação física e são

consumidas em ambientes sociais, onde a marca pode fazer uma declaração sobre o

cliente, indicando algo a respeito de quem a consome.

A personalidade de uma marca abarca dimensões específicas exclusivas da mesma,

portanto pode haver dimensões que são relevantes a uma marca e outras que não.

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Por isso, para se avaliar a personalidade da marca de diversos produtos, utilizam-se

medidas que reflitam a existência de uma personalidade forte, porém que não sejam

específicas do produto, como por exemplo:

• a marca possui personalidade.

• a marca é interessante.

• tem-se uma clara imagem do tipo de consumidor que usaria a marca.

Deve-se analisar com cuidado este item, pois nem todas as marcas possuem

personalidade, principalmente aquelas posicionadas em relação aos benefícios

funcionais ou ao valor, podendo levar a conclusões distorcidas.

7. Associações organizacionais – analisa a organização em sua totalidade -

funcionários, valores e programas – como fornecedora de suporte à marca. Este

critério é indicado nos casos em que as marcas existentes são similares em relação a

seus atributos, quando a empresa é visível ou quando a marca da corporação está

envolvida. Associações organizacionais freqüentemente reconhecidas como base

para diferenciação e escolha da marca incluem: preocupação com o consumidor,

presença de espírito inovador e bem sucedido, desenvolvimento de visão,

orientação para a comunidade, posicionamento como um global player e busca de

um padrão de qualidade. Uma escala para esta medida seria:

• esta marca é de uma empresa em que se pode confiar.

• a empresa por trás da marca merece admiração.

• a empresa associada a esta marca possui credibilidade.

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O sistema de medidas de diferenciação e associação pode ser complementado com

indicadores sobre a habilidade da marca em construir diferenciação. Há que se

observar, contudo, que as associações organizacionais podem não ser importantes para

todas as marcas, e indicadores irrelevantes por vezes são mal interpretados.

Conscientização (awareness) – visa avaliar o nível de conscientização e entendimento

que o consumidor possui a respeito da marca. Apresenta como indicador:

8. Conscientização (awareness) da marca – este componente pode influenciar

percepções e atitudes em relação à marca, podendo ser um indicador na escolha da

marca e construção de lealdade. Reflete a saliência da marca na mente do

consumidor e seu conhecimento sobre ela. Pode ser avaliada nos seguintes níveis:

reconhecimento, recall, top-of-mind, domínio da marca, conhecimento da marca,

familiaridade com a marca.

Visto o nível de conhecimento a ser medido variar entre as marcas e classes de

produto, a comparação torna-se difícil. Como os níveis de conhecimento da marca

podem ser influenciados pela utilização de símbolos sugestivos e imagens visuais, é

interessante avaliar também a conscientização a respeito destes. Pode-se usar

questões do tipo “o que vem à mente quando a marca é mencionada” ou expor o

respondente a uma série de imagens e perguntar qual delas ele reconhece.

Comportamento do mercado – inclui medidas de mercado, não sendo necessária a

aplicação de surveys, como nos casos anteriores. Seus indicadores são:

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9. Market share – é uma medida disponível e acurada que fornece uma indicação

sobre a posição da marca junto aos consumidores. Sua principal dificuldade refere-

se ao fato de ser influenciada por estratégias de curto prazo que podem corroer o

brand equity. Outro problema refere-se à dificuldade de definir a classe de produto

e o conjunto de competidores que farão parte da avaliação.

10. Preço de mercado e cobertura de distribuição – enquanto o preço de mercado

relativo pode ser entendido como o preço médio pelo qual a marca foi vendida

durante o mês dividido pelo preço médio pelo qual todas as marcas naquela classe

de produto foram vendidas, a cobertura de distribuição pode ser mensurada através

do percentual de pontos de venda que possuem a marca e o percentual de pessoas

que têm acesso a eles.

Com o propósito de facilitar o registro e análise das informações que serão obtidas

durante a análise, Aaker (1996) propõe que seja realizado um sumário de medidas que

organize a avaliação. A construção deste sumário envolve definir quais serão as

medidas que constarão da avaliação, quais serão os pesos de cada medida, como estas

serão combinadas e correlacionadas e quais concorrentes formarão o conjunto de

comparação. O fundamental é construir o modelo mais relevante para a marca

envolvida, ou o conjunto delas.

Um exemplo de sumário foi desenhado por Aaker (1996) e pode ser visto na Tabela 3.

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Tabela 3 – Sumário de medidas para avaliação do brand equity

Lealdade 1. Preço Premium

- Para um produto x, a marca y estabeleceu um preço $. Quanto a mais você estariadisposto a pagar pela marca z em vez da y?

- Para um produto x, você preferiria a marca y a $ ou a z a $ + 1.

- A marca y teria que custar ___% menos que a z para que eu mude de marca

2. Satisfação/Lealdade (entre os que usaram a marca)

- Me considero insatisfeito, satisfeito, maravilhado.

- A marca atingiu minhas expectativas.

- A marca é a única, é uma das duas, das três ou das várias que eu consumo.

- Você compraria a marca em uma próxima oportunidade?

- Você recomendaria a marca?

Qualidade Percebida/Liderança

3. Qualidade Percebida

- Em comparação com outras, esta marca é:

• De alta qualidade.

• Consistentemente de alta qualidade.

• A melhor, uma das melhores, uma das piores, a pior.

4. Liderança/Popularidade

- Em comparação com outras, esta marca é:

• Crescente em popularidade.

• Líder em sua categoria.

• Respeitada pelas inovações.

Associação/Diferenciação

5. Valor Percebido

- A marca vale quanto custa.

- Há uma razão para comprar esta marca e não outras.

6. Personalidade da Marca

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- A marca tem personalidade.

- A marca é interessante.

- Tenho uma imagem clara do tipo de pessoa que consome esta marca.

- A marca tem uma história

7. Associações Organizacionais

- Nesta marca eu confio.

- Admiro a marca e organização.

- Ficaria orgulhoso de fazer negócios com a marca ou organização.

Conhecimento

8. Conhecimento da marca

- Diga as marcas existentes nesta classe de produto.

- Já ouviu falar sobre esta marca?

- Você tem uma opinião sobre esta marca?

- Você está familiarizado com esta marca?

Comportamento do Mercado

9. Market Share

- Participação de mercado baseada em dados sobre o uso da marca

10. Preço de mercado e cobertura de distribuição

- Preço de mercado relativo.

- Percentual de lojas que possuem a marca.

- Percentual de consumidores que têm acesso à marca.

Método de Keller

Keller (1998) apresenta duas abordagens, complementares e preferencialmente

utilizadas juntas, para se avaliar o brand equity baseado no consumidor.

A primeira é indireta e busca estimar potenciais fontes do brand equity através da

avaliação do conhecimento da marca. É vantajosa para se identificar quais aspectos do

conhecimento produzem o efeito diferencial que fundamenta o brand equity. Dada a

natureza multidimensional do conhecimento da marca, utiliza-se um sistema de medidas

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múltiplos que possibilite avaliar todos os aspectos deste, estimando a conscientização e

as caraterísticas e relações existentes entre as associações da marca.

A conscientização da marca pode ser estimada através de técnicas quantitativas,

aplicando-se uma série de medidas de memória, assistidas ou não, utilizadas para testar

o reconhecimento e recall da marca. Já as características das associações são avaliadas

empregando-se técnicas qualitativas (como livres associações) e técnicas projetivas

(como conclusão de sentenças e interpretação de imagens). A análise das relações entre

as associações, por sua vez, inclui a comparação das características destas associações.

A segunda abordagem é direta, avaliando o impacto que o conhecimento da marca causa

na resposta do consumidor ao programa de marketing do produto ou serviço. É útil

quando se deseja estudar os resultados e benefícios que surgem do efeito diferencial do

brand equity. Os dois métodos mais utilizados para avaliação são o comparativo e o

holístico. O primeiro pode empregar abordagens baseadas na marca (como o blind test),

baseadas no marketing, ou uma combinação das duas, utilizando conjoint analysis. Já o

segundo método adota abordagens residuais ou de valor estimado.

2.11 Críticas às metodologias de avaliação

Há grande discussão na literatura sobre a diversidade das metodologias de avaliação

existentes. De acordo com Simons (1997), cada diferente método de avaliação do brand

equity possui mérito e valor próprio. Entretanto, conforme este assunto comece a

despertar maior interesse, tanto no meio acadêmico quanto por parte das empresas,

tornar-se-á necessária a escolha de uma metodologia única para avaliação de brand

equity. Os métodos hoje existentes refletem o passado recente da marca, no máximo

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seu presente, sem incorporar um sistema de medidas que avalie seu potencial futuro.

Contudo, há quem não compartilhe desta opinião. Para Ambler (1998), a procura por

um sistema único de avaliação de brand equity não é vantajosa. Uma vez que os

ambientes competitivos das empresas são diferentes entre si e o processo de procura é

mais importante que a própria solução, o desenvolvimento de uma metodologia única

pode ser mal orientado.

Ressalta-se ainda que várias metodologias utilizam medidas cujo foco é o consumidor.

Embora estes sejam de fundamental importância, não se pode deixar de avaliar demais

stakeholders, como acionistas e distribuidores, igualmente importantes para a

construção do brand equity (Simons, 1997).

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3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a metodologia adotada nesta tese. Primeiramente, discute-se o

método de pesquisa utilizado, enunciando-se, logo após, as hipóteses do estudo.

Em seguida, as variáveis operacionais e outras variáveis são descritas, sendo também

apresentados a população e a amostra, o instrumento de coleta de dados utilizado no

estudo e sua utilização e o método estatístico empregado na análise dos dados.

Por fim, discutem-se as limitações deste trabalho.

3.1 Método de Pesquisa

“ O método científico de pesquisa é um conjunto de passos

específica e claramente determinados para obtenção de um

conhecimento, passos estes aceitos pelas pessoas que estudaram e

militaram na área em que foi realizada a pesquisa (Campomar apud

Selltiz et alii, 1991, p.95).”

Traduzindo-se em poucas palavras, a metodologia é a maneira através da qual o

conhecimento obtido empiricamente é legitimado.

A escolha do método a ser utilizado vai depender dos objetivos que se pretende alcançar

com a pesquisa.

Existem diversos métodos que podem ser empregados nas pesquisa em Ciências

Sociais, dentre eles: estudo de casos, experimentos, surveys, história e análise de

arquivos (empregados em estudos econômicos). Cada método apresenta vantagens e

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desvantagens e o que vai definir qual o mais adequado a ser utilizado em cada estudo

são as seguintes condições:

- o tipo de pergunta de pesquisa proposto;

- o controle que o pesquisador possui sobre o evento;

- o foco em evento contemporâneo ou histórico (Yin, 1989).

Um esquema de categorização para o tipo de perguntas da pesquisa compreende

perguntas do tipo: “quem”, “o que”, “onde”, “como”, “por que”, “quanto”.

Conforme proposto por Yin (1989), quando a pergunta é do tipo “quem”, “o que”,

“onde” e “quanto”, são mais indicadas surveys e análise de arquivos. Essas

metodologias são vantajosas quando se procura descrever a frequência do evento ou

predizer seus resultados. Se a pergunta for do tipo “como” e “por que”, indica-se a

adoção de estudo de casos, experimentos e histórias, visto lidarem com o contexto e

tempo no qual o evento se manifesta.

Tendo estabelecido o tipo de pergunta do estudo, analisam-se as próximas condições,

que dizem respeito ao grau de controle do pesquisador sobre o evento e se este é

histórico ou atual. No caso de perguntas do tipo “como” e “por que”, quando o

pesquisador não possui controle sobre evento acontecido no passado, a estratégia mais

adequada é histórica, que se baseia então em fontes documentais. Já o estudo de caso é

preferível ao se analisar um evento sobre o qual o pesquisador também não pode

manipular, mas o qual é contemporâneo. Neste tipo de pesquisa, além do levantamento

de dados de documentos, o pesquisador pode coletar evidências através de observação

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direta e entrevistas. A Tabela 4 relaciona as condições descritas anteriormente com a

estratégia de pesquisa mais favorável.

Tabela 4 – Situações relevantes para estratégias de pesquisa (Yin, 1989, p.17)

Estratégia Tipo de pergunta Possui controle

sobre o evento?

O evento é

contemporâneo?Estudo de Caso “como”, “por que” Não possui Sim

Experimento “como”, “por que” Possui Sim

Survey “o que”, “quem”,

“onde”, “quanto”

Não possui Sim

História “como”, “por que” Não possui Não

Análise de Arquivo “o que”, “quem”,

“onde”, “quanto”

Não possui Sim e Não

É importante ressaltar que tais estratégias não são mutuamente excludentes. Contudo,

dependendo do evento pesquisado, uma apresenta maiores vantagens que as demais.

A presente tese é um estudo descritivo, de natureza quantitativa, denominada survey. De

acordo com Freitas et alii (2000), survey seria o método através do qual se obtêm dados

ou informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de

pessoas, apontado como representante de uma população alvo, por intermédio de um

instrumento de pesquisa, geralmente um questionário.

A survey é particularmente indicada quando se deseja obter informações sobre atitudes e

percepções dos consumidores (Aaker, Kumar e Day, 1998). Ela possui como uma de

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suas maiores vantagens a versatilidade, já que se adequa a utilizações em contextos

diversos e a uma numerosa variedade de tópicos e de respondentes.

Além disso, a survey torna possível apreender uma avaliação, global ou parcial, sobre os

respondentes, no que diz respeito a produtos e serviços e suas características.

3.2 Perguntas e Hipóteses da Pesquisa

O objetivo geral desta pesquisa foi traduzido nas seguintes perguntas de pesquisa:

1. Diferentes medidas de brand equity de marcas de cerveja – objetivas e perceptuais –

encontram-se associadas entre si?

2. Os consumidores universitários manifestam preferência por diferentes marcas de

cerveja?

3. Em que medida essa preferência está associada às características do consumidor, ao

consumo e a percepções de características do produto?

O presente estudo testa duas hipóteses substantivas, enunciadas a seguir:

Hipótese 1 – Os consumidores no segmento de estudantes universitários que preferem

distintas marcas de cerveja diferenciam-se entre si a partir de suas

características demográficas, freqüência de uso e das características

consideradas mais importantes no produto.

Hipótese 2 – Os consumidores no segmento de estudantes universitários que em sua

última compra adquiriram diferentes marcas de cerveja diferenciam-se

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entre si a partir de suas características demográficas, freqüência de uso e

das características consideradas mais importantes no produto.

O teste das hipóteses foi aplicado às hipóteses nulas, enunciadas como se segue:

Hipótese Nula 1 – Os consumidores no segmento de estudantes universitários que

preferem distintas marcas de cerveja não se diferenciam entre si a partir de

suas características demográficas, freqüência de uso e das características

consideradas mais importantes no produto.

Hipótese Nula 2 – Os consumidores no segmento de estudantes universitários que em

sua última compra adquiriram diferentes marcas de cerveja não se

diferenciam entre si a partir de suas características demográficas,

freqüência de uso e das características consideradas mais importantes no

produto.

3.3 Marcas Estudadas

O primeiro passo para a elaboração da pesquisa foi selecionar as três marcas de cerveja

que seriam analisadas. Para as marcas serem elegíveis, elas teriam que obedecer às

seguintes características:

• tratar-se de empresas estabelecidas no Brasil;

• cujas marcas sejam conhecidas no mercado brasileiro;

• sendo concorrentes diretos, isto é, competindo no mesmo mecado;

De posse da lista das marcas de cerveja que se encaixavam neste perfil, optou-se por

escolher as seguintes:

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• Brahma

• Skol

• Cerpa

3.4 Determinação da População e da Amostra

A população pesquisada é constituída por estudantes universitários consumidores de

cerveja na cidade do Rio de Janeiro.

Decidiu-se utilizar uma amostra de conveniência, do tipo não-probabilística, composta

por estudantes universitários que estivessem cursando as faculdades de Administração,

Comunicação Social e Educação Física da Universidade Estácio de Sá. Em cada grupo

foram entregues 100 questionários, perfazendo um total geral de 300 questionários.

Destes 300 questionários, 9 não foram devolvidos ao final. Assim, a amostra final foi

composta por 291 questionários devidamente preenchidos, sendo assim distribuída:

• Administração - 36%

• Comunicação Social - 33%

• Educação Física - 31%

3.5 Coleta de Dados

De acordo com Boyd e Westfall (1972), o questionário é o instrumento de coleta de

dados em pesquisa de mercado mais largamente empregado, além de ser o método mais

eficaz quando se deseja coletar conhecimentos, opiniões e intenções. Por intermédio do

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questionário, os dados são obtidos através de perguntas a respondentes que se presume

ter a informação almejada.

As vantagens do questionário incluem seu baixo custo, sua rapidez e, principalmente,

sua versatilidade. Graças a esta última característica, praticamente qualquer questão de

pesquisa de marketing pode ser tratada do ponto de vista de um questionário (Boyd e

Westfall, 1972).

Tendo em vista as características da pesquisa, escolheu-se empregar como instrumento

de coleta de dados um questionário auto-administrado com o pesquisador presente. Este

foi elaborado utilizando-se como referência um questionário de avaliação baseado nas

percepções do consumidor, encontrado em Keller (1998).

Para subsidiar o desenvolvimento do questionário, foi realizada uma pesquisa

exploratória com 20 jovens, alunos do mestrado do COPPEAD. Após se verificar se o

respondente consumia cerveja, pedia-se a este que respondesse a duas perguntas:

• Quando você pensa em cerveja o que vem a sua mente?

• Quais as características que você considera importantes em uma cerveja?

As respostas obtidas nesta pesquisa ajudaram na formulação de questões do questionário

aplicado.

O questionário foi dividido em três partes. A primeira examina os dados demográficos

do respondente e seu hábito de consumo. A segunda parte contém perguntas

espontâneas sobre conhecimento, consumo e preferências por marcas de cerveja. Já a

terceira é composta por perguntas induzidas que analisam o conhecimento, consumo e

preferência com relação à Brahma, Skol e Cerpa.

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Primeiramente, foi feito um pré-teste, informal, com o intuito de clarear alguns detalhes

quanto à facilidade de compreensão do questionário. O objetivo do pré-teste, conforme

Aaker e Day (1980), é identificar e corrigir possiveis deficiências, verificando-se se o

assunto em cada questão está perfeitamente claro.

Boyd e Westfall (1972) afirmam que ninguém elabora um questionário tão bom ao

ponto de melhoramentos não serem revelados no pré-teste. Ainda segundo este autores,

o pré-teste é melhor realizado quando feito através de acompanhamento pessoal. Isto

ocorre pois deste modo a pessoa que está aplicando o questionário pode observar

reações e atitudes do respondente, bem como dificuldades, confusão ou resistência por

parte deste.

A fim de se obter uma melhor eficácia do pré-teste, é aconselhável que os respondentes

deste sejam representativos da amostra da pesquisa. A amostragem para o pré-teste

pode variar entre 15 e 25 respondentes (Aaker e Day, 1980).

A partir do resultado obtido no pré-teste, mudanças pertinentes são feitas no

questionário, desde modificação de questões até sua eliminação ou inclusão (Boyd e

Westfall, 1972).

O pré-teste do questionário foi então realizado com uma amostra de 23 estudantes do

curso de Fotografia da Universidade Estácio de Sá. Com base nos resultados obtidos,

foram feitos pequenos ajustes no questionário final.

O questionário final encontra-se no Anexo 1.

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3.6 Análise de Dados

Após a coleta dos dados, elaborou-se uma plano de codificação e passou-se, em seguida,

à fase de codificação dos questionários. O plano de codificação encontra-se no Anexo

2. Os dados obtidos foram então analisados usando-se o programa SPSS - Statistical

Package for the Social Sciences.

Inicialmente foi feita uma análise descritiva, utilizando-se freqüências, com o propósito

de explorar os dados e estudar sua distribuição.

Em seguida, utilizou-se freqüências e análise de correlação para realizar uma avaliação

do brand equity das três marcas de cerveja. O objetivo da análise de correlação foi

determinar se as várias medidas estariam associadas, respondendo-se à primeira

pergunta de pesquisa. Utilizou-se o coeficiente de correlação de Spearman, uma vez que

parte dos dados eram categóricos. Adotou-se o nível de significância de 0,05.

Finalmente, realizou-se o teste das duas hipóteses relativas às duas últimas perguntas de

pesquisa. Para tal utilizou-se a análise linear de discriminante, método direto. Esta

análise é utilizada para dois fins: para descrever o perfil de grupos e para fins preditivos.

No presente estudo, a análise discriminante foi utilizada para estudar o perfil dos

consumidores de cerveja agrupados pela marca de preferência. Embora tenham sido

estudadas três marcas de cerveja, o teste de hipóteses foi feito apenas com duas –

Brahma e Skol – devido ao pequeno número de observações no caso da cerveja Cerpa.

Adotou-se igualmente o nível de significância de 0.05 para a rejeição da hipótese nula.

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3.7 Limitações do Estudo

No processo de realização deste estudo, determinadas limitações podem fortuitamente

ter desvirtuado os resultados no preenchimento do questionário.

Segundo Boyd e Westfall (1972), o próprio método de coleta de dados escolhido

(questionário) já traz em si algumas desvantagens. São elas, por exemplo, a má vontade

ou o comprometimento do respondente em fornecer informações, sua inabilidade em

classificar coerentemente as questões propostas e a influência que o método de

questionário pode ter sobre ele. Soma-se a isto, no caso desta pesquisa, a pouca

experiência do respondente com a marca analisada ou seu total desconhecimento desta.

Outra limitação do estudo advém do fato de se ter utilizado uma amostra de

conveniência, por restrições de tempo. O conjunto pesquisado pode apresentar vieses,

limitando a possibilidade de generalização dos resultados para a população estudantil,

visto que pode conter características e hábitos de consumo próprios somente daqueles de

perfil semelhante. Não há garantias de que a amostra seja representativa da população

pesquisada.

Uma limitação adicional refere-se a que não foi possível obter dados de market share ou

vendas das marcas analisadas para o público de estudantes universitários do Rio de

Janeiro, o que seria um importante complemento às percepções dos consumidores.

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4 RESULTADOS

Este capítulo tem como objetivo apresentar a análise dos resultados obtidos no presente

estudo. Inicialmente, apresenta-se a análise descritiva dos dados, incluindo o cálculo de

freqüência relacionadas às variáveis demográficas, aos hábitos de consumo, ao

conhecimento, consumo e preferência por marcas e aos atributos percebidos nas marcas.

Em seguida, faz-se o teste de hipóteses.

4.1 Análise Descritiva

Esta análise foi baseada em medidas de estatística descritiva, calculando-se as

freqüências absolutas e relativas das respostas de cada uma das perguntas do

questionário.

4.1.1 Variáveis Demográficas

A maior parte da amostra (87%) é composta por pessoas com menos de 30 anos de

idade, sendo que destes 47% têm menos de 21 anos de idade. Pode-se afirmar então que

a amostra é, em sua quase totalidade, composta por jovens. Isto pode ser explicado em

parte pelo fato de a pesquisa ter sido feita em um ambiente universitário, onde a grande

maiorua é formada por pessoas jovens, entre 18 e 28 anos.

A distribuição por sexo é praticamente igual, com ligeira predominância do número de

mulheres. Outra característica da amostra refere-se à renda familiar mensal, onde 67%

dos respondentes classificam-se no intervalo entre R$ 1.001 a 5.000.

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Estes valores podem ser observados na Tabela 5 a seguir:

Tabela 5 - Variáveis Demográficas

Variáveis FreqüênciaAbsoluta

FreqüênciaRelativa (%)

Faixa Etária

até 20 anos

de 21 a 30 anos

mais de 30 anos

não responderam

135

115

39

2

47

40

13

-

Sexo

masculino

feminino

não responderam

125

164

2

43

57

-

Renda Familiar Mensal

até R$ 1.000

de 1.001 a 2.500

de 2.501 a 5.000

mais de 5.000

não responderam

33

94

88

58

18

12

35

32

21

-

4.1.2 Hábitos de Consumo

Ao se questionar quanto copos de cerveja o respondente tomava por semana, 46%

responderam que consumiam cerveja somente de vez em quando, isto é, menos de uma

vez por semana, como pode ser verificado na Tabela 6. Isto causou certa surpresa, pois

inicialmente tinha-se a idéia de que os jovens seriam grandes consumidores de cerveja.

Da amostra analisada, 89 pessoas, ou seja, 30% do total, não são consumidores de

cerveja, embora tenham conhecimento geral sobre elas. Devido a este fato, as análises

freqüenciais seguintes foram feitas excluindo-se o montante de respondentes que não

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consomem cerveja.

Ainda, a quantidade relativa de pessoas que podemos chamar "grandes consumidores",

isto é, aqueles que declararam que costumam beber mais de 6 copos de cerveja por

semana, não ultrapassa os 13%.

Tabela 6: Hábitos de Consumo de Cerveja

Copos de cerveja quebebe por semana

FreqüênciaAbsoluta

FreqüênciaRelativa (%)

nenhum

menos de 1

de 1 a 5

de 6 a 10

mais de 10

não responderam

89

133

31

17

21

0

30

46

11

6

7

-

4.1.3 Conhecimento, Consumo e Preferência por Marcas

Primeiramente o objetivo era identificar as características que o consumidor considera

mais importantes encontrar em uma cerveja, solicitando-se aos respondentes que

marcassem apenas três alternativas. As opções consistiam, conforme classificação de

Keller (1998), de atributos e benefícios. Os atributos eram de dois tipos: relacionados à

composição física do produto - sabor, leveza/suavidade, teor alcóolico - e não

relacionados à composição física do produto - preço, temperatura, embalagem, marca.

Já os benefícios, de natureza funcional, incluíam matar a sede, não provocar dor de

cabeça.

A Tabela 7 mostra os resultados obtidos, classificados conforme a ordem de grandeza.

Temperatura, sabor e leveza foram as respostas mais freqüentes. De acordo com esta

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tabela, a marca não teria grande relevância como sendo uma das três principais

características que o consumidor procura em uma cerveja quando comparada com os

demais atributos. Somente 17% dos respondentes consideraram esta alternativa. É

possivel afirmar também que a embalagem não é fator preponderante para distinguir

uma cerveja.

Em síntese, as características consideradas mais importantes foram as relacionadas aos

atributos, tanto relacionados ao produto (sabor e leveza/suavidade) quando não

relacionados ao produto (temperatura).

Tabela 7: Características Importantes em uma Cerveja

Características FreqüênciaAbsoluta

FreqüênciaRelativa (%)

temperatura

sabor

leveza/suavidade

não provocar dor de cabeça

preço

marca

matar a sede

pouco teor alcóolico

embalagem

não responderam

163

136

106

80

41

34

21

19

5

3

81

67

52

40

20

17

10

9

2

-

Foi realizado um teste espontâneo sobre conhecimento de marcas de cerveja, onde o

respondente devia listar três marcas que fossem de seu conhecimento. Os resultados

obtidos encontram-se na Tabela 8, formatada de forma a apresentar as marcas e suas

respectivas freqüências quando citadas em 1º, 2º e 3º lugar.

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72

De um modo geral, as marcas Skol, Brahma e Antarctica foram as mais lembradas. O

somatório das três perfaz um total de 90% das marcas citadas em 1º lugar, 81% das em

2º lugar e 68% das em 3º lugar. Tal fato indica que estas três cervejas possuem alto grau

de recall da marca.

No ranking das marcas citadas em 1º e 2º lugar, as demais são inexpressivas, ao passo

que no ranking das citadas em 3º lugar, a Kaiser obteve 9%, a Boehmia 7% e a Bavaria

e Schincariol 4% cada. Algumas marcas, como Cerpa, Budweiser, Heineken, Itaipava,

Cintra, Sol e Corona, aparecem apenas como traço nesta estatística.

A Skol foi a marca mais lembrada em 1º lugar, atingindo mais de 70% das respostas

válidas, um número considerável.

Se examinarmos os resultados obtidos pela Skol nas três posições, podemos constatar

que ela foi lembrada por 92,5% dos respondentes. O mesmo raciocínio aplicado à

Brahma e Antarctica gera como resultado 71% e 76% , respectivamente.

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73

Tabela 8: Conhecimento de Marca de Cervejas - Espontâneo

Conhecimento de Marcas - EspontâneoCitada em 1º Citada em 2º Citada em 3º

Marcas de Cerveja

FAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat % Skol

Brahma

Antarctica

Miller

Boehmia

Kaiser

Bavaria

Cerpa

Budweiser

Heineken

Itaipava

Cintra

Sol

Schincariol

Corona

não responderam

146

18

18

5

5

4

1

1

1

1

1

1

-

-

-

0

72

9

9

2,5

2,5

2

0,5

0,5

0,5

0,5

0,5

0,5

-

-

-

-

25

75

65

6

8

7

6

-

1

1

-

1

4

3

-

0

12,5

37

32

3

4

3,5

3

-

0,5

0,5

-

0,5

2

1,5

-

-

16

51

70

5

14

18

8

1

5

1

1

1

1

8

1

1

8

25

35

2,5

7

9

4

0,5

2,5

0,5

0,5

0,5

0,5

4

0,5

-

A Tabela 9, a seguir, refere-se ao conhecimento específico e induzido das três marcas

avaliadas neste estudo: Brahma, Skol e Cerpa.

Conforme pode ser verificado, é possível afirmar que os respondentes conhecem as

marcas Brahma e Skol, pois ambas perfizeram um total de 100% das respostas

afirmativas. Esta ocorrência vem constatar que estas duas cervejas possuem alto grau de

reconhecimento da marca. Tal fato não é difícil de entender, pois as duas são marcas

nacionais, presentes em um número considerável de pontos de venda e com atividades

de propaganda e marketing agressivos no país.

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74

A Cerpa, por sua vez, que obteve 52% das respostas afirmativas, é uma marca local

(paraense) que há relativamente pouco tempo chegou ao mercado do Rio de Janeiro.

Embora possua 40% do mercado da região norte (dado obtido no site da própria

empresa), a Cerpa ainda não se tornou conhecida no Rio de Janeiro, nem se tem notícia

de suas atividades de propaganda neste mercado.

Tabela 9: Conhecimento de Marca de Cervejas - Induzido

Conhecimento de Marcas - InduzidoMarcas de CervejaFAbsoluta FRelativa (%)

Brahma não responderam

Skol não responderam

Cerpa não responderam

2011

2020

1046

100-

100-

52-

Aos respondentes também coube listar, por ordem de preferência, quais as três marcas

de cerveja que preferiam comprar, conforme mostrado na Tabela 10.

Mais uma vez, as marcas mais citadas foram Skol, Brahma e Antarctica. Este conjunto

obteve 89% do total das marcas citadas em 1º lugar, 78% do total em 2º lugar e 73% do

3º lugar.

No ranking das marcas citadas em 1º, as demais não são significativas. Já no ranking

das citadas em 2º lugar, a Miller aparece com 9% da preferência e no do 3º lugar, a

Boehmia obteve 8% e a Kaiser 6%

É interessante salientar que os dados obtidos nesta tabela são coerentes com aqueles

verificados na Tabela 8. As marcas que não obtiveram uma colocação expressiva na

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75

análise do conhecimento espontâneo de marcas de cerveja mantiveram o mesmo padrão

quanto à preferência. Também aquelas que apareciam como traço continuaram o sendo,

pois se não são sequer conhecidas, não têm como serem preferidas.

Novamente a Skol foi a marca mais lembrada em 1º lugar, atingindo exatos 70% das

respostas válidas, mostrando ser uma marca de grande participação neste segmento de

mercado.

Ao analisar-se com atenção os resultados obtidos pela Skol nas três posições, percebe-se

que o total ultrapassa os 100%. Isto ocorreu pois alguns respondentes, querendo

ratificar sua preferência pela marca, marcaram Skol como preferida em 1º, 2º e 3º lugar.

A análise do total de respostas favoráveis à Brahma e Antarctica perfaz,

respectivamente, 62% e 74%.

Note que a Cerpa, uma das marcas avaliadas nesta tese, nem entrou na lista da

preferência por marca.

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76

Tabela 10: Preferência por Marca de Cervejas - Espontâneo

Preferência por Marcas - EspontâneoCitada em 1º Citada em 2º Citada em 3º

Marcas de Cerveja

FAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat % Skol

Brahma

Antarctica

Kaiser

Boehmia

Miller

Bavaria

Budweiser

Heineken

Itaipava

Cintra

Sol

Schincariol

Corona

não responderam

129

16

18

-

6

6

1

-

2

-

-

6

-

-

18

70

9

10

-

3

3

1

-

1

-

-

3

-

-

-

38

53

45

4

8

15

4

1

-

-

1

3

2

1

27

22

30

26

2

4,5

9

2

0,5

-

-

0,5

2

1

0,5

-

19

38

61

10

13

5

4

3

3

2

1

2

2

-

39

12

23

38

6

8

3

2,5

2

2

1

0,5

1

1

-

-

Seguindo a tendência até aqui verificada, constatou-se que Skol também aparece como a

marca da última cerveja consumida. Sua preponderância neste item é vultosa, sendo

quase sete vezes maior que a segunda colocada. A Tabela 11 lista as freqüências de

todas as marcas de cerveja mencionadas como última consumida.

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77

Tabela 11: Marca da Última Cerveja que Bebeu - Espontâneo

Última que Bebeu - EspontâneoMarcas de CervejaFAbsoluta FRelativa (%)

Skol

Antarctica

Brahma

Sol

Boehmia

Miller

Kaiser

Bavaria

Budweiser

Schincariol

Corona

não responderam

126

19

15

4

3

3

2

1

1

1

1

26

72

11

8

2

2

2

1

0,5

0,5

0,5

0,5

-

A Tabela 12, a seguir, traz os resultados obtidos quando indagou-se aos respondentes se

eles já haviam consumido as marcas Brahma, Skol e Cerpa.

A grande maioria já experimentou a cerveja Brahma ou Skol, o que não é inesperado,

visto serem duas marcas bastante conhecidas no mercado de cerveja. Contudo, apenas

34% afirmou já ter consumido a Cerpa, fato este que também não surpreende,

lembrando que somente 52% das respostas válidas afirmaram conhecer esta marca.

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78

Tabela 12: Marcas de Cerveja que já Experimentou - Induzido

Marcas Experimentadas - InduzidoMarcas de CervejaFAbsoluta FRelativa (%)

Brahma não responderam

Skol não responderam

Cerpa não responderam

1942

2000

6912

96-

99-

34-

4.1.4 Atributos, Benefícios e Atitudes percebidos nas Marcas

O objetivo agora é analisar exclusivamente as três marcas alvo desta pesquisa - Brahma,

Skol e Cerpa - avaliando os atributos, benefícios e atitudes que os consumidores

associam, ou não, com cada marca específica. Foram avaliados quatro aspectos:

atributo relacionado ao produto (sabor) , atributo não relacionado ao produto (preço),

benefício funcional (qualidade) e atitude (satisfação com a marca)

Primeiramente, pediu-se que os respondentes graduassem, em uma escala que ia de

excelente a péssimo, o aspecto Sabor com relação a cada uma das três marcas estudadas.

Os resultados, indicados na Tabela 13, mostraram que a marca Skol é a única vista

como sendo de sabor excelente. A Brahma, segundo os mesmos dados, teria um sabor

razoável, enquanto que o sabor da Cerpa se classificaria como sendo de razoável a

péssimo.

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79

Tabela 13: Sabor

Brahma Skol CerpaSaborFAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat %

1

2

3

4

5

não responderam

9

51

94

33

13

5

4

26

48

15

7

-

119

45

16

11

6

5

60

23

8

6

3

-

12

16

29

27

24

94

10

15

27

25

23

-

* medido em escala de 5 pontos, onde 1= excelente e 5 = péssimo

O segundo aspecto a ser avaliado foi o Preço, numa escala que variava o valor de alto a

baixo. Conforme a percepção dos respondentes, a Brahma é tida como uma cerveja cujo

preço é médio ou está um pouco acima da média. Contudo, a mesma análise para a Skol

verificou que, dada a distribuição próxima entre os valores alto, um pouco acima da

média e médio, a cerveja Skol é percebida como não tendo um valor baixo. Já a Cerpa,

por sua vez, é tida como de preço médio tendendo a baixo. Estas informações podem

ser observadas na Tabela 14.

Tabela 14: Preço

Brahma Skol CerpaPreçoFAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat %

1

2

3

4

5

não responderam

17

67

81

23

6

8

9

34

42

12

3

-

55

60

67

10

4

6

28

31

34

5

2

-

12

14

38

22

23

93

11

13

35

20

21

-

* medido em escala de 5 pontos, onde 1= alto e 5 = baixo

O aspecto agora medido é a Qualidade, variando de alta a baixa. A única marca que

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80

obteve predominância no nível “alta” foi a Skol, concentrando neste grau 51% das

respostas válidas. Outros 32% consideram-na uma cerveja de qualidade acima da

média, o que a classifica, no geral, como muito bem conceituada neste item.

A Brahma foi considerada uma cerveja de qualidade média tendendo a melhor e a

Cerpa, de média a pior. Estes dados constam da Tabela 15.

Tabela 15: Qualidade

Brahma Skol CerpaQualidadeFAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat %

1

2

3

4

5

não responderam

19

58

84

26

7

8

10

30

43

13

4

-

101

63

25

5

2

6

51

32

13

3

1

-

12

17

30

25

23

95

11

16

28

23

22

-

* medido em escala de 5 pontos, onde 1= alta e 5 = baixa

Também se avaliou a satisfação geral do consumidor com cada uma das marcas. Os

dados obtidos estão em concordância com os já analisados e são distribuídos conforme a

Tabela 16. A Skol é a que supre melhor as necessidades do cliente, satisfazendo

plenamente 52% dos respondentes. Mais uma vez, a Brahma foi considerada mediana, e

a Cerpa não obteve sucesso no que se refere a satisfazer o cliente.

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81

Tabela 16: Satisfação com a Marca

Brahma Skol CerpaSatisfaçãoFAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat %

1

2

3

4

5

não responderam

11

50

87

36

12

6

6

26

44

18

6

-

101

51

30

9

3

8

52

26

15

5

2

-

10

14

31

26

27

94

9

13

29

24

25

-

* medido em escala de 5 pontos, onde 1= alta e 5 = baixa

Por fim, requisitou-se que os respondentes indicassem quais as alternativas que melhor

descrevessem cada marca de cerveja e seus usuários. As características a serem

analisadas incluíam: atributos relacionados ao produto (leve, encorpada, baixo teor

alcóolico), atributos não relacionados ao produto (consumida por jovens, por mulheres,

por homens, boa para encontro social com amigos), benefícios funcionais (não amarga

na boca, não provoca dor de cabeça) e se a marca era conhecida. Os resultados são

apresentados na Tabela 17.

A Skol é a marca melhor avaliada em todos os aspectos. Ela possui associações fortes e

favoráveis tanto em relação aos atributos quanto aos benefícios, além de ter sua marca

bem conhecida.

A Brahma, por sua vez, teve uma avaliação considerada média. Sua análise quanto aos

benefícios e às características relacionadas e não ao produto foi de mediana para baixo,

porém é uma marca bem conhecida no mercado.

Enquanto isso, a Cerpa é uma cerveja sobre a qual o consumidor ainda não tem muita

informação (vide número de respostas não válidas). O reflexo disto é o baixo

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82

conhecimento da marca.

Tabela 17: Características do Produto e Consumo

Brahma Skol CerpaCaracterístcaFAbsol FRelat % FAbsol FRelat % FAbsol FRelat %

Do Produto

leve de beber não responderam

encorpada não responderam

não amarga não responderam

baixo teor alcóolico não responderam

marca conhecida não responderam

não dá dor de cabeça não responderam

Do Consumo

consumida por jovens não responderam

consumida por mulheres não responderam

consumida por homens não responderam

boa para encontro social não responderam

4922

8045

4543

3597

15713

4157

10721

9523

13320

6523

27-

51-

28-

33-

83-

28-

59-

53-

73-

36-

16521

9445

14342

7095

17811

13155

17819

16621

17118

16623

91-

60-

89-

65-

93-

89-

97-

92-

93-

93-

24113

21122

16121

26145

21109

21130

16111

20114

442112

22113

27-

26-

20-

46-

23-

29-

18-

23-

47-

25-

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83

4.2 Análise de Correlação

Apresenta-se a seguir, na Tabela 18, uma relação das medidas utilizadas nesse estudo

para avaliação do brand equity junto ao segmento de estudantes universitários.

Tabela 18: Variáveis que medem o Brand Equity

Variáveis Brahma Skol Cerpa

Indice de Conhecimento da Marca(% de consumidores e não consumidores de cerveja quedeclararam conhecer a marca em questão induzida – p.9)

Indice de Share-of-Mind(% dos que declararam conhecer a marca quandosolicitados que informassem 3 marcas conhecidas – p.5)

Indice de Top-of-Mind(% dos que declararam a marca em primeiro lugar emrecordação espontânea – p.5)

Indice de Experimentação(% de consumidores de cerveja que já experimentaram amarca – p.10)

Indice de Ultima Compra(% de consumidores que declararam espontaneamentecomo marca da última cerveja que bebeu – p.6)

Indice de Preferência pela Marca(% de consumidores que declararam preferir a marca –p.7)

Indice de Satisfação com a Marca(% de consumidores que declararam as opções 1+2 paraas p.11, 12 e 13, item 4, relativas à percepção desatisfação com a marca como sendo alta/baixa em umaescala de diferencial semântico de 5 pontos)

Indice de Satisfação com Atributos Intrínsecos(% de consumidores que declararam as opções 1+2 paraas p.11, 12 e 13, item 1, relativas à percepção de saborcomo sendo excelente/péssimo em uma escala dediferencial semântico de 5 pontos)

100%

71%

9%

96%

8%

9%

32%

31%

100%

93%

72%

99%

72%

70%

78%

83%

52%

1%

0.5%

34%

0%

0%

21%

25%

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84

Indice de Percepção de Preço(% de consumidores que declararam as opções 4+5relativas à percepção do preço como sendo alto/baixo emuma escala de diferencial semântico de 5 pontos – p.11,12e 13, item 2)

Indice de Percepção de Qualidade(% de consumidores que declararam as opções 1+2relativas à percepção do preço como sendo alto/baixo emuma escala de diferencial semântico de 5 pontos – p.11,12e 13, item 3)

15%

40%

7%

83%

41%

27%

Para efeitos de análise do brand equity, uma vez determinados os índices para sua

avaliação, realizou-se uma análise de correlação, utilizando o coeficiente de correlação

de Spearman, com vistas a identificar quais dessas medidas estariam correlacionadas.

As análises foram feitas para:

- os índices de top-of-mind, última compra e preferência para as três marcas

(Tabela 19);

- os índices de experimentação, satisfação com a marca, satisfação com atributos

intrínsecos, percepção de preço e percepção de qualidade para as três marcas

(Tabela 20 e 21 e 22).

Tabela 19: Correlações para top-of-mind, última compra e preferência.

Variáveis Top-of-Mind Última Compra Preferência

Top-of-MindÚltima Compra 0,377**

Preferência 0,195* 0,631**

*significativas ao nível de 0.05 **significativas ao nível de 0.01

Como se pode verificar, as medidas analisadas encontram-se significativamente

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85

correlacionadas, sendo a correlação entre Última Compra e Top-of-Mind moderada; a

correlação entre Última Compra e Preferência forte; e a correlação entre Top-of-Mind e

Preferência fraca.

Tabela 20: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Skol

Variáveis ExperimentaçãoSkol

Satisfação c/atributosSkol

Percepçãode preçoSkol

PercepçãodequalidadeSkol

Satisfaçãoc/ marcaSkol

Experimentação SkolSatisfação c/atributos Skol

-0,105

Percepção depreço Skol

-0,094 0,211**

Percepção dequalidade Skol

-0,109 0,751** 0,167*

Satisfação c/marca Skol

0,065 0,706** 0,214** 0,731**

*significativas ao nível de 0.05 **significativas ao nível de 0.01

Tabela 21: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Brahma

Variáveis ExperimentaçãoBrahma

Satisfação c/marcaBrahma

Satisfaçãoc/ atributosBrahma

Percepçãode preçoBrahma

Percepção dequalidadeBrahma

ExperimentaçãoBrahmaSatisfação c/atributos Brahma

-0,030

Percepção depreço Brahma

-0,001 0,303**

Percepção dequalidadeBrahma

-0,041 0,696** 0,280**

Satisfação c/marca Brahma

-0,067 0,659** 0,195** 0,658**

*significativas ao nível de 0.05 **significativas ao nível de 0.01

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86

Tabela 22: Correlações para experimentação, satisfação, atributos, preço,

qualidade Cerpa

Variáveis ExperimentaçãoCerpa

Satisfação c/marca Cerpa

Satisfaçãoc/ atributos

Cerpa

Percepçãode preçoCerpa

Percepção dequalidadeCerpa

ExperimentaçãoCerpaSatisfação c/marca Cerpa

-0,403**

Satisfação c/atributos Cerpa

-0,291** 0,600**

Percepção depreço Cerpa

-0,423** 0,902** 0,661**

Percepção dequalidade Cerpa

-0,403** 0,827** 0,509** 0,803**

**significativas ao nível de 0.01

Como se pode verificar das três últimas tabelas, a correlação entre as variáveis

perceptuais Satisfação com a Marca, Satisfação com Atributos, Percepção de Preços e

Percepção de Qualidade para as três marcas é positiva, significativa e em geral

moderada ou forte, sugerindo que essas variáveis, na realidade, estão medindo a mesma

coisa.

Já no que se refere às correlações entre as variáveis perceptuais do brand equity e o

índice de experimentação da marca, esta associação só é significativa (e moderada) no

caso da cerveja Cerpa.

De forma geral, portanto, a avaliação do brand equity permite afirmar que:

- a marca Skol destaca-se consistentemente em todas as medidas como sendo a de

mais elevado valor dentro do segmento de estudantes universitários;

- as diversas medidas de brand equity mostram-se, de forma geral,

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correlacionadas.

4.3 Teste da Hipótese 1

Os consumidores no segmento de estudantes universitários que preferem

distintas marcas de cerveja diferenciam-se entre si a partir de suas

características demográficas, freqüência de uso e das características

consideradas mais importantes no produto.

Para o teste da Hipótese 1 utilizou-se a análise linear de discriminantes, método direto.

Não foi possível rejeitar a hipótese nula, de que os consumidores poderiam ser

diferenciados a partir de suas características, freqüência de uso e características

percebidas como importantes no produto. Obteve-se um lambda de Wilks de 0,901, qui-

quadrado de 12,969 com 14 graus de liberdade e probabilidade de 0,529 de se rejeitar

erroneamente a hipótese nula.

4.4 Teste da Hipótese 2

Os consumidores no segmento de estudantes universitários que em sua

última compra adquiriram diferentes marcas de cerveja diferenciam-se

entre si a partir de suas características demográficas, freqüência de uso e

das características consideradas mais importantes no produto.

Também neste caso não foi possível rejeitar a hipótese nula, não sendo possível afirmar

que esses grupos de consumidores podem ser diferenciados a partir de suas

características, freqüência de uso e características do produto percebidas. Obteve-se um

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lambda de Wilks de 0,914, qui-quadrado de 10,878 com 14 graus de liberdade e

probabilidade de 0,696 de rejeição errônea da hipótese nula.

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5 CONCLUSÕES

Neste capítulo faz-se um sumário do estudo, apresentam-se as conclusões, bem como as

sugestões para futuras pesquisas.

5.1 Sumário do Estudo

Este estudo teve como objetivo contribuir para o entendimento do conceito de brand

equity a partir de um estudo do consumo e das percepções dos consumidores com

relação a determinadas marcas de cerveja. O objetivo geral do estudo foi traduzido em

três perguntas de pesquisa:

- Diferentes medidas de brand equity de marcas de cerveja – objetivas e

perceptuais – encontram-se associadas entre si?

- Os consumidores universitários manifestam preferência por diferentes marcas de

cerveja?

- Em que medida essa percepção está associada a suas características, ao consumo

e a percepções de características do produto?

Primeiramente, fez-se uma revisão de literatura sobre o tema, levantando-se os

conceitos fundamentais relacionados à marca e ao brand equity, apresentando suas

metodologias de avaliação e críticas.

Foram formuladas duas hipóteses. Enquanto a primeira buscava verificar se os

consumidores que preferiam marcas distintas de cerveja diferenciavam-se entre si a

partir de suas características demográficas, freqüência de uso e das características

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consideradas mais importantes na cerveja, a segunda verificava se essas diferenças se

davam a partir da escolha da marca adquirida na última ocasião de consumo.

Os resultados do estudo mostraram a existência de correlações significativas entre

diversas medidas de brand equity, sugerindo que não se trata de medidas independentes.

O teste das duas hipóteses não permitiu rejeitar as hipóteses nulas, não sendo possível

afirmar que os consumidores das marcas analisadas se diferenciam a partir de suas

características, uso do produto e características percebidas no mesmo.

5.2. Conclusões e Sugestões para Pesquisas Futuras

Este estudo apresenta uma série de limitações que impedem a generalização dos

resultados para a população pesquisada, sendo a principal delas o uso de uma amostra

de conveniência. Apesar disso, é possível chegar a algumas conclusões preliminares,

que deverão ser testadas em outros estudos, utilizando amostras aleatórias.

A principal e mais interessante conclusão do estudo refere-se à existência de correlações

significativas entre as várias medidas utilizadas para medir o brand equity. Na literatura

existente sobre o tema, sugere-se a utilização de diversas medidas, variando porém

substancialmente, em cada proposta, o número de medidas utilizadas, a natureza dessas

medidas e sua combinação ou não em um único índice. Alguns dos sistemas de

ponderação propostos, inclusive, são excessivamente simplistas e não apresentam claro

suporte, teórico ou empírico, para sua adoção.

Ao encontrar correlações, inclusive bastante fortes, entre diversas variáveis que medem

o brand equity, pode-se sugerir que o mesmo possa ser medido através de um número

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pequeno de medidas, ou, até mesmo, por uma única medida. Essa sugestão deverá ser

testada em outros estudos, que utilizem amostras probabilísticas e que sejam feitos em

outros segmentos da população, de modo a verificar se esses resultados são específicos

da amostra utilizada ou da população pesquisada.

Um segundo resultado, associado ao anterior, é a extrema consistência entre os

resultados obtidos por cada uma das marcas na avaliação geral do brand equity. Uma

marca em particular, a Skol, destacou-se consistentemente como sendo a de mais alto

valor junto ao segmento de estudantes universitários, superando com ampla vantagem a

marca Cerpa e a marca Brahma, esta última considerada como uma das líderes de

mercado, respondendo provavelmente pela maior parcela dos gastos de propaganda e

promoção acumulados nos últimos anos.

Finalmente, as variáveis utilizadas neste estudo relativas a características do

consumidor, freqüência de uso e percepção de características do produto não foram

capazes de diferenciar aqueles que preferem e que compram as marcas Brahma e Skol.

Isto não significa, naturalmente, que esses consumidores não possam ser diferenciados,

mas apenas que, com a amostra específica desse estudo, colhida em uma população

específica - a de estudantes universitários do Rio de Janeiro - essas variáveis não

discriminaram os dois grupos. Outros estudos, utilizando essas e outras variáveis de

segmentação (demográficas, psicográficas, de benefícios etc.), poderão encontrar

resultados distintos.

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ANEXO 1 - Questionário

Este questionário tem por objetivo estudar a opinião dos consumidores jovens sobre marcas de cerveja como parte de uma

tese de Mestrado do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por favor, responda às

perguntas seguintes, manifestando sua opinião sobre o assunto. Não é preciso identificar-se. Muito obrigada!

Curso: � Medicina � Letras � ArquiteturaDados Pessoais1. Idade: _______ anos2. Sexo: � masculino � feminino3. Renda familiar mensal: � até R$ 1000,00 � de 2.501 a 5.000,00 � de 1.001 a 2.500,00 � mais de 5.000,004. Quantos copos de cerveja você costuma tomar por semana? � nenhum � só toma cerveja de vez em quando, ou seja, menos de uma vez por semana � de 1 a 5 copos por semana � de 6 a 10 copos por semana � mais de 10 copos por semana

Conhecimento de Marcas de Cerveja5. Cite três marcas de cerveja que você conheça:

1ª. _____________________________2ª. _____________________________3ª. _____________________________

6. Qual a marca da última cerveja que você tomou? _________________________________7. Quais as três marcas de cerveja que você prefere comprar? (por ordem de preferência)

1ª. _____________________________2ª. _____________________________3ª. _____________________________

8. Marque as três características que você considera mais importantes em uma cerveja.� temperatura � leveza/suavidade� sabor � matar a sede� marca � não provocar dor de cabeça� pouco teor alcóolico � preço

� embalagem

Gostaríamos de ter sua opinião agora sobre três marcas específicas de cerveja, Brahma, Skol eCerpa.

9. Você conhece as marcas de cerveja...Brahma................... � sim � nãoSkol....................... � sim � nãoCerpa..................... � sim � não

10. Você já experimentou as marcas de cerveja...Brahma................... � sim � nãoSkol....................... � sim � nãoCerpa..................... � sim � não

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11. Indique a sua opinião sobre a marca de cerveja BRAHMA, considerando os aspectosindicados na escala. Marque com um “X” no intervalo da escala que melhor expressa suaopinião.Sabor............ excelente|_______|_______|_______|_______|_______|

péssimo 1 2 3 4 5

Preço………… alto|_______|_______|_______|_______|_______| baixo 1 2 3 4 5

Qualidade.... alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

Satisfação com a marca........ alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

12. Indique a sua opinião sobre a marca de cerveja SKOL, considerando os aspectos indicadosna escala. Marque com um “X” no intervalo da escala que melhor expressa sua opinião.Sabor............ excelente|_______|_______|_______|_______|_______|

péssimo 1 2 3 4 5

Preço………… alto|_______|_______|_______|_______|_______| baixo 1 2 3 4 5

Qualidade.... alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

Satisfação com a marca........ alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

13. Indique a sua opinião sobre a marca de cerveja CERPA, considerando os aspectosindicados na escala. Marque com um “X” no intervalo da escala que melhor expressa suaopinião.Sabor............ excelente|_______|_______|_______|_______|_______|

péssimo 1 2 3 4 5

Preço………… alto|_______|_______|_______|_______|_______| baixo 1 2 3 4 5

Qualidade.... alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

Satisfação com a marca........ alta|_______|_______|_______|_______|_______| baixa 1 2 3 4 5

14. Indique, para cada marca de cerveja, quais as alternativas que melhor descrevem cadacerveja e seus usuários: (ATENÇÃO: Marque tantas alternativas quantas desejar; se for o caso,pode marcar a mesma característica para mais de uma marca).

Brahma Skol Cerpa Características� � � suave, leve, fácil de beber� � � encorpada� � � não amarga na boca� � � baixo teor alcoólico� � � marca conhecida� � � não provoca dor de cabeça� � � é consumida por jovens� � � é consumida por mulheres� � � é consumida por homens� � � boa para encontro social com amigos� � � (outra característica)__________________________

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ANEXO 2- Plano de Codificação

Nome da Variável Descrição da Variável Pergunta do Questionário

NUMERO número do questionário -

CURSO 1= Administração -2= Comunicação3= Educação Física

IDADE (anos) p.19= não respondeu

SEXO 0= masculino p.21= feminino9= não respondeu

RENDA 1= até R$ 1.000 p.32= de 1.001 a 2.5003= de 2.501 a 5.0004= mais de 5.0009= não respondeu

COPOS 0= nenhum p.41= só de vez em quando3= de 1 a 58= de 6 a 1015= mais de 1099= não respondeu

MARCA1 1= Brahma p.52= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava

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16= Cintra-1 = não respondeu

MARCA2 1= Brahma p.52= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

MARCA3 1= Brahma p.52= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

ULTIMA 1= Brahma p.62= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol

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9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

PREFER1 1= Brahma p.72= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

PREFER2 1= Brahma p.72= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

PREFER3 1= Brahma p.7

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2= Antarctica3= Skol4= Cerpa5= Boehmia6= Miller7= Kaiser8= Sol9= Bavaria10= Budweiser11= Schincariol12= Corona13= Heineken14= Caracu15= Itaipava16= Cintra-1 = não respondeu

TEMPERAT 0= não p.81= sim9 = não respondeu

SABOR 0= não p.81= sim9 = não respondeu

MARCA 0= não p.81= sim9 = não respondeu

POUCOALC 0= não p.81= sim9 = não respondeu

EMBALAGE 0= não p.81= sim9 = não respondeu

LEVEZA 0= não p.81= sim9 = não respondeu

MATARSEDE 0= não p.81= sim9 = não respondeu

SEMDORCB 0= não p.81= sim

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9 = não respondeu

PRECO 0= não p.81= sim9 = não respondeu

CBRAHMA 0= não p.91= sim9= não respondeu

CSKOL 0= não p.91= sim9= não respondeu

CCERPA 0= não p.91= sim9= não respondeu

EBRAHMA 0= não p.101= sim9= não respondeu

ESKOL 0= não p.101= sim9= não respondeu

ECERPA 0= não p.101= sim9= não respondeu

SABORBR 1= excelente p.112= muito bom3= razoável4= ruim5= péssimo9= não respondeu

PRECOBR 1= alto p.112= um pouco acima da média3= médio4= um pouco abaixo da média5= baixo9= não respondeu

QUALIBR 1= alta p.112= um pouco acima da média3= média

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4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

SATISBR 1= alta p.112= um pouco acima da média3= média4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

SABORSK 1= excelente p.122= muito bom3= razoável4= ruim5= péssimo9= não respondeu

PRECOSK 1= alto p.122= um pouco acima da média3= médio4= um pouco abaixo da média5= baixo9= não respondeu

QUALISK 1= alta p.122= um pouco acima da média3= média4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

SATISSK 1= alta p.122= um pouco acima da média3= média4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

SABORCP 1= excelente p.132= muito bom3= razoável4= ruim5= péssimo9= não respondeu

PRECOCP 1= alto p.13

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2= um pouco acima da média3= médio4= um pouco abaixo da média5= baixo9= não respondeu

QUALICP 1= alta p.132= um pouco acima da média3= média4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

SATISCP 1= alta p.132= um pouco acima da média3= média4= um pouco abaixo da média5= baixa9= não respondeu

A1BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A2BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A3BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A4BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A5BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A6BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A7BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

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A8BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A9BRAHMA 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

A10BRAHM 0= não p.141= sim9= não respondeu à p. 14

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