74
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS - CB PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA O IMPACTO DA REMOÇÃO DE PEIXES SOBRE A DINÂMICA E ESTRUTURA DOS GRUPOS FUNCIONAIS FITOPLANCTÔNICOS EM UM LAGO RASO TROPICAL DURANTE UMA SECA SEVERA Mariana Rodrigues Amaral da Costa Natal RN 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · batalha e dedicação em criar eu e meu irmão, sempre tentando prover o melhor e acreditando na nossa educação. Qualquer

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

ii

MARIANA RODRIGUES AMARAL DA COSTA

O IMPACTO DA REMOÇÃO DE PEIXES SOBRE A DINÂMICA E

ESTRUTURA DOS GRUPOS FUNCIONAIS FITOPLANCTÔNICOS EM UM

LAGO RASO TROPICAL DURANTE UMA SECA SEVERA

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Ecologia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial à obtenção do título

de Mestre em Ecologia.

Orientadora: Profa. Dra. Vanessa Becker

NATAL- RN

2014

iii

MARIANA RODRIGUES AMARAL DA COSTA

O IMPACTO DA REMOÇÃO DE PEIXES SOBRE A DINÂMICA E

ESTRUTURA DOS GRUPOS FUNCIONAIS FITOPLANCTÔNICOS EM UM

LAGO RASO TROPICAL DURANTE UMA SECA SEVERA

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Ecologia da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial à obtenção do título

de Mestre em Ecologia.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Profa. Dra. Vera Lucia de M. Huszar

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

_________________________________________________

Prof. Dr. José Luiz de Attayde

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

________________________________________________

Profa. Dra. Vanessa Becker - Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

NATAL- RN

2014

iv

Aos meus pais, Solange e Moab,

Apoiadores incondicionais da minha educação,

Sempre batalhando para eu ir além,

Obrigada por me incentivarem.

Amos vocês.

v

“Um dia alguém atinou que depois da fartura das chuvas minguavam as águas,

Os rebanhos fanavam as carnes e as plantações murchavam o verde e em amarelo caiam

mortas as folhas. Daí, a precisão de guardar as águas. Em um lugar qualquer um

córrego se estreitava entre duas ombreiras. E quando tapado, o rio se espraiou em lago,

guardando as águas daquele dia para o amanhã de outros dias.”

Oswaldo Lamartine de Faria, escritor sertanista (1919 -2007)

vi

Agradecimentos

Meus agradecimentos ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia, à

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e às seguintes instituições que

possibilitaram o sucesso da pesquisa: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade) pelo financiamento do projeto, à CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pela concessão da bolsa de mestrado.

A minha querida orientadora, Dra. Vanessa Becker, não apenas uma super

orientadora, uma mãe, uma amiga, psicóloga, e até mesmo como já a chamaram, “uma

leoa”, que defende e acredita na capacidade da cria. Obrigada pela atenção, pelos

cuidados, pelos ensinamentos acadêmicos e pessoais, pelas oportunidades oferecidas,

pela paciência e até mesmo pelas “broncas”, que me ajudaram a crescer pessoalmente e

profissionalmente.

Ao José Luiz de Attayde, Coca, muito obrigada pela confiança. Você é um

exemplo de pesquisador e ser humano: generoso, simples, inteligente e competente. Se

um dia eu conseguir alcançar 1/3 da sua essência, serei uma pessoa mais feliz.

A professora Odete Rocha da UFSCAR, um doce de pessoa, pelo seu carinho,

cuidado e disponibilidade em ajudar a todos. Obrigado pelas contribuições no meu

trabalho.

A professora Vera Huszar, do Museu Nacional, agradeço a atenção e

hospitalidade de quando estive no Rio de Janeiro. Sua visão da ciência me ajudou a

colocar a cereja do bolo no meu trabalho.

Ao Leonardo Rosa, por gentilmente confeccionar o mapa de localização da área

de estudo.

Aos amigos de laboratório do LARHISA (Laboratório de Recursos Hídricos e

Saneamento Ambiental): Conceição, Thársia, Ângela, Gustavo, Larissa, Dani, Kátia,

Érika, Jurandir, Neuciano, Iagê, Laíssa, Anderson e Luciana. Com vocês o dia-a-dia é

sempre mais divertido.

vii

Aos amigos do LEA (Laboratório de Ecologia Aquática), DOL (Departamento

de Oceonografia e Limnologia) e LAMAq, em especial a equipe do Projeto ESEC

Seridó: Fabiana Araújo, Maria Marcolina, Gabi Moura, Pablo Rubim, Danyhelton

Dantas, Wanessa Sousa, Bárbara Bezerra e Leonardo Teixeira. Obrigada não apenas

pela ajuda no campo, no laboratório, na estatística, no planejamento, na parte

intelectual, nas farras e etc., mas também pela AMIZADE, vocês já possuem um lugar

especial no meu coração. Foi amor à primeira vista!

A Viviane Medeiros, minha “pupila” atrevida, pela ajuda na preparação do

material de coleta, no campo, no laboratório, no microscópio e na lavagem de vidraria

(hahaha). Obrigada pela companhia.

A minha turma da pós, trade-off, Fabíola, Anna, Luiz, Rato, Cíntia, Guido,

Alina, Talita, João, Bernardo, Hada, Amarylis e todos aqui já citados anteriormente.

Com vocês tudo parecia mais simples, divertido e animado. Vocês são demais.

As minhas amigas desde a infância, Juliana, Lara, Katyúrcia e Lidiane, e aos

meus amigos desde a adolescência, Felipe Costela, Gabriel, Naiyan, Fernanda e Hellen,

gostaria de compartilhar com vocês mais esse momento importante da minha vida.

A COEDUC e aos meus amigos Coeducais, onde estudei durante minha infância

e adolescência, vocês ajudaram a formar a pessoa que sou hoje. Levo vocês sempre

comigo.

A minha família da biologia, em especial Franzinha, Tanágara, Layse, Daniel,

Marilia, Jaci, Lara, Raquel, Ariana, George e Jamilly, por todas as aventuras vividas.

Sei que fiz amigos para a vida inteira.

Agradeço aos meus pais, Moab Amaral e Solange Rodrigues, por toda a grande

batalha e dedicação em criar eu e meu irmão, sempre tentando prover o melhor e

acreditando na nossa educação. Qualquer sucesso nosso é o sucesso de vocês.

A toda minha família, em especial a minha vó Rosa Rodrigues, que além de ser

vó é minha madrinha, portanto, é minha mãe 2 vezes. Ao meu avô João Batista, em

memória, estimulador da minha criatividade desde minha infância, sou feliz de poder ter

convivido com você. A minha tia Lilian Rodrigues, exemplo de competência, dedicação

e tranquilidade, a primeira doutora da família. A minha tia Simone e tio Jr. pelo carinho.

viii

Ao meu irmão José Rodolfo, que pode não saber, mas me incentiva a buscar ser sempre

uma pessoa melhor.

A Francisca, que me criou como a filha que ela não pôde criar. Foi o meu

primeiro abraço quando eu soube que passei no vestibular, estava comigo na minha na

minha formatura, quando passei no mestrado e agora em mais essa conquista. Sou muito

grata a todo o seu amor, carinho e dedicação a mim e minha família.

Por fim, uma pessoa muito especial na minha vida e fundamental nessa

conquista, meu “namorido”, Gentil. Obrigada pelo carinho, companheirismo, amor,

dedicação e tudo o mais. Por ter me incentivado a fazer a prova do mestrado, ter me

presenteado com bibliografia para estudar, me abastecido com balinhas de goma

açucaradas e café nos momentos difíceis, ter me ajudado muitas vezes a reduzir a

prolixidade do meu texto, ter assistido todas as minhas apresentações, treinos e sempre,

sempre me apoiado com bom humor e sensatez. Eu te amo todos os dias mais do que

ontem.

Eu, por Gentil Santos.

ix

SUMÁRIO

página

Lista de figuras .................................................................................................................x

Lista de Tabelas ..............................................................................................................xii

Resumo...........................................................................................................................xiii

Abstract............................................................................................................................xv

1. Introdução...................................................................................................................1

1.1 Eutrofização e restauração de lagos rasos ......................................................1

1.2 Dinâmica e estrutura de grupos funcionais fitoplanctônicos em ecossistemas

rasos ......................................................................................................................3

1.3 Regime hidrológico de regiões semiáridas e sua importância para dinâmica

do fitoplâncton ......................................................................................................5

2. Justificativa do trabalho .............................................................................................6

3. Hipótese geral ............................................................................................................7

3.3 Hipóteses específicas............................................................................................7

4. Objetivo geral.............................................................................................................7

5. Área de estudo............................................................................................................7

5.1 Lago artificial da ESEC...................................................................................9

5.2 Lago artificial Pocinhos.................................................................................10

Anexo I ...............................................................................................................11

6. Capítulo 1 : O impacto da remoção de peixes sobre a dinâmica e a estrutura dos

grupos funcionais fitoplanctônicos em um lago raso tropical no semiárido

brasileiro. ............................................................................................................12

7. Capítulo 2: Water level reduction caused by severe drought may either increase

or decrease phytoplankton biomass and cyanobacteria dominance in shallow

lakes……………………………………………………………………………33

8. Considerações finais............................................................................................50

9. Referências..........................................................................................................52

x

Lista de figuras

______________________________________________________________________

Fig. 1- Localização geográfica do município de Serra Negra do Norte, com destaque

para os lagos artificiais da ESEC-Seridó e Pocinhos, na fazenda Solidão. A área em

verde é a Estação Ecológica do Seridó. (Fonte: Leonardo Rosa)......................................8

Fig. 2 Lago da ESEC durante o período chuvoso (Fonte: Mariana Costa).......................9

Fig. 3- Lago da ESEC durante período seco (Fonte: Mariana Costa)...............................9

Fig. 4 Área de criação de gado no entorno do lago artificial da Estação Ecológica do

Seridó (ESEC) (Fonte: Mariana Costa)...........................................................................10

Fig. 5 – Lago Pocinhos durante estação chuvosa (Fonte: Mariana Costa).....................10

Fig. 6- Lago Pocinhos durante estação seca (Fonte: Mariana Costa)..............................10

Anexo I - Mapas batimétricos dos lagos artificiais (a) ESEC e (b) Pocinhos, mostrando

as medições de profundidade dos lagos...........................................................................11

Fig. 7- Localização geográfica do município de Serra Negra do Norte, com destaque

para os lagos artificiais da ESEC-Seridó e Pocinhos, na fazenda Solidão. A área em

cinza demarcada é a Estação Ecológica do Seridó (Fonte: Leonardo Rosa)...................16

Fig. 8 – Precipitação total dos anos de 2012 e 2013 para a cidade de Serra Negra do

Norte/RN. As barras escuras indicam a precipitação acumulada (mm), a linha clara

indica a média histórica de chuvas para a região e a caixa pontilhada indica o período

estudado (Fonte: EMPARN))..........................................................................................19

Fig. 9. Dinâmica temporal das propriedades físicas da água: Zona eufótica (A),

Turbidez (B), sólidos em suspensão inorgânicos (C) e orgânicos (D) durante o

experimento de biomanipulação dos peixes. A linha tracejada indica a separação dos

períodos pré-manipulação e pós-manipulação. O valor de P calculado através da análise

de intervenção randomizada............................................................................................20

Fig. 10. Dinâmica temporal das propriedades químicas da água: Fósforo Total (A),

Nitrogênio Inorgânico dissolvido (B), Nitrogênio Total (C) para o experimento de

biomanipulação dos peixes. A linha tracejada indica a separação dos períodos pré-

manipulação e pós-manipulação. O valor de p calculado através da análise de

intervenção randomizada.................................................................................................21

Fig. 22. Biomassa e composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos durante o

período de estudo: Biomassa total (A) e biomassa relativa (B) durante o experimento de

biomanipulação dos peixes. A linha tracejada indica a separação dos períodos pré-

xi

manipulação e pós-manipulação. O valor de P calculado através da análise de

intervenção randomizada.................................................................................................22

Fig. 23- Dinâmica temporal da comunidade fitoplanctônica. Clorofila-a (A), biomassa

total (B), riqueza de espécies (C) e diversidade de espécies (D) durante o experimento

de biomanipulação dos peixes.. A linha tracejada indica a separação dos períodos pré-

manipulação e pós-manipulação. O valor de p calculado através da análise de

intervenção randomizada.................................................................................................23

Fig. 24. Análise de Componentes Principais (ACP) dos grupos funcionais

fitoplanctônicos no lago artificial da ESEC durante o experimento de biomanipulação,

dos peixes. Grupos funcionais: (SN, L0, J, F, Y, W1, W2, C).........................................24

Fig. 25- Modelo esquematizado mostrando as principais variáveis ambientais e as

mudanças nos grupos funcionais fitoplanctônicos mais representativos em biomassa

relativa, antes e depois da aplicação da técnica de biomanipulação no lago artificial da

ESEC......................................................................................................................................................27

Fig. 26. Location of Serra Negra do Norte city and the artificial lakes (ESEC and

Pocinhos). The gray region marked is the Seridó Ecological Station.............................36

Fig. 27. Monthly precipitation in Serra Negra do Norte (dark bars) and historical

average (gray line), the dark line indicates the study period…………………………...38

Fig. 28. Vertical profile of water temperature (ºC) and dissolved oxygen (mg L-1

) for

ESEC lake………………………………………………………………………………38

Fig. 29. Vertical profile of water temperature (ºC) and dissolved oxygen (mg L-1

) for

Pocinhos lake…………………………………………………………………………...39

Fig.30. Temporal variation of maximum depth (Zmax) (dark bars), euphotic zone (Zeu)

(gray bars) and the ratio Zeu/Zmax, (line) for ESEC and Pocinhos lake………………39

Fig.31.Composition and biomass of phytoplankton functional groups for ESEC and

Pocinhos………………………………………………………………………………...42

Fig. 32. Redundancy analysis (RDA) scores applied to biological and environmental

variables in ESEC lake. Sample units = months of the year. S1, SN, Y, W1, W2 are the

functional groups Zeu= Euphotic zone, Turb= Turbidity., ISS= Inorganic Suspended

Solids, OSS= Organic suspended solids and DIN= Dissolved Inorganic Nitrogen. …..43

Fig. 33 Redundancy analysis (RDA) scores applied to biological and environmental

variables in Pocinhos lake. Sample units = months of the year. S1, SN, C, F are the

functional groups Zeu= Euphotic zone, Turb= Turbidity, .OSS= Organic Suspended

Solids, DIN= Dissolved Inorganic Nitrogen…………………………………………...44

xii

Lista de Tabela

Table 1 – Means and ranges of environmental variables in ESEC and Pocinhos lake

during drought………………………………………………………………………….40

Table 2 – Phytoplankton species with their taxonomic and functional groups………...41

xiii

Resumo

A eutrofização artificial é uma das grandes ameaças à qualidade ambiental de

ecossistemas aquáticos em todo o mundo. As expectativas dos cenários climáticos

futuros para regiões áridas e semiáridas são períodos de secas mais intensas e

frequentes, aumentando ainda mais o risco de eutrofização e de florações de

cianobactérias. Muitas técnicas de restauração de lagos eutrofizados foram propostas

para reduzir as cargas de nutrientes e melhorar a qualidade da água. Uma técnica

bastante utilizada é a biomanipulação por remoção de peixes que vêm se mostrando

eficiente em lagos eutróficos de regiões temperadas. Trabalhamos a hipótese de que a

remoção de peixes bentívoros bioturbadores reduz a biomassa total do fitoplâncton e

altera a composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos, refletindo na melhora da

qualidade da água. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar o impacto da

biomanipulação na dinâmica e estrutura dos grupos funcionais fitoplanctônicos e na

qualidade da água. Aplicamos a técnica da biomanipulação no lago artificial ESEC,

região semiárida do nordeste brasileiro e analisamos as variáveis físicas e químicas da

água e a dinâmica dos grupos funcionais fitoplanctônicos, mensalmente durante o

período de novembro de 2012 a agosto de 2013. Com a remoção dos peixes

bioturbadores, observamos um aumento significativo na zona eufótica, na riqueza de

espécies fitoplanctônicas e o recrutamento de grupos funcionais fitoplanctônicos de

algas verdes (grupos F e J) indicadoras de boa qualidade ambiental. Porém, não

observamos diferenças significativas na concentração de fósforo total e na biomassa e

diversidade fitoplanctônica. O efeito da seca severa na região durante o estudo foi

evidente, proporcionando uma redução drástica no nível de água que influenciou na

disponibilidade de recursos e afetou a comunidade fitoplanctônica antes da

biomanipulação. Para avaliar o efeito de uma seca severa sobre a dinâmica dos grupos

funcionais fitoplanctônicos e testar se períodos de seca são favoráveis à dominância de

cianobactérias, estudamos dois lagos artificiais vizinhos (ESEC e Pocinhos) no

semiárido tropical durante maio de 2012 a fevereiro de 2013. Observamos uma

diferenciação temporal das variáveis abióticas e do fitoplâncton causada pela seca

severa. Ambos os lagos apresentaram redução de 2 metros do nível da água e aumento

nos valores de condutividade, turbidez, nas concentrações de nutrientes e redução da

transparência da água, durante o período da seca severa. Porém, a comunidade

fitoplanctônica respondeu diferente às condições ambientais dependendo da

xiv

profundidade de cada lago. O mais profundo (Pocinhos) aumentou a biomassa total do

fitoplâncton e apresentou dominância do grupo funcional de cianobactérias

heterocitadas formadoras de floração (grupo SN) e o lago menos profundo (ESEC)

reduziu a biomassa total e apresentou dominância de grupos funcionais de algas

flageladas com metabolismo mixotrófico (grupos W1 e W2). Sumarizando, o

conhecimento sobre os efeitos da biomanipulação por remoção de peixes bentívoros

bioturbadores em um lago raso no semiárido tropical ainda é incipiente e o estudo

possui limitações devido ao evento de seca prolongada durante o período de estudo.

Sendo assim, é necessário um monitoramento em longo prazo para investigar os reais

efeitos da biomanipulação no funcionamento do ecossistema. Além disso, períodos de

seca podem ter efeitos antagônicos (aumento ou redução) na biomassa total, bem como

na composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos, que nem sempre levará à

dominância de cianobactérias.

Palavras-chave: Biomanipulação, Eutrofização, Lagos Rasos Artificiais, Redução do

nível de água, Cianobactérias, Euglenóides.

xv

Abstract

The artificial eutrophication is one of the biggest threat for the quality of aquatic

ecosystems in the whole world. The expectations for the future climatic scenarios in arid

and semi-arid regions are intense and frequent droughts enhancing the risk of

eutrophication and cyanobacterial blooms. Restoration techniques of eutrophic lakes

were proposed to reduce nutrient loading and improve the water quality. A successful

technique used in temperate regions is the biomanipulation by benthivorous fish

removal. Our hypothesis is that the benthivorous fish removal reduces phytoplankton

total biomass and change the composition of phytoplankton functional groups,

improving water quality. The aim of the study was evaluate the impact of

biomanipulation on phytoplankton functional groups and in the water quality. We

applied the technique of biomanipulation in the artificial lake ESEC, in a semi-arid

region of Brazil and analyzed the physical and chemical variables and the dynamic of

phytoplankton functional groups monthly during November 2012 to August 2013. With

the removal of benthivorous fish we observed a significant increase of the euphotic

depth, phytoplankton richness and the recruitment of green algae (groups F and J),

indicators of good water quality. However, we did not observe significant differences

on total phosphorous concentration and on phytoplankton biomass and diversity. The

drought effect in the region during the study was evident, promoting a drastic reduction

on water level which influenced the availability of resource and affected phytoplankton

community before the biomanipulation. To evaluate the effect of severe drought on the

dynamic of phytoplankton functional groups and test if the drought periods are

favorable to dominance of cyanobacterial groups, we studied two artificial neighbors

lakes (ESEC and Pocinhos) in a semi-arid tropical region during May 2012 to February

2013. We observed a temporal differentiation of biotic and abiotic variables caused by

drought. Both lakes presented reduction of 2 meters of water level and increase on

conductivity, turbidity, nutrients concentration and a reduction on water transparency,

during the severe drought. The deeper lake (Pocinhos) increased phytoplankton total

biomass and presented cyanobacterial functional group dominance (group SN) and the

shallower lake (ESEC) reduced phytoplankton total biomass and presented dominance

of mixotrophic and flagellate functional groups (groups W1 e W2). Summarizing, the

knowledge of the effects of benthivorous fish removal in semi-arid tropical lakes still

unknown and this study had limitations caused by the impact of drought. Thus, it is

xvi

necessary a long term monitoring to investigate the real effects of biomanipulation on

the functioning of the studied ecosystems. Otherwise, periods of drought could have

opposite effects (increase or reduction) on total biomass and composition of

phytoplankton functional groups. Drought not always leads to dominance of

cyanobacterial groups.

Key-words: Biomanipulation, Eutrophication, Artificial shallow lakes, Water level

reduction, Cyanobacteria, Euglenoids.

1

1. Introdução

1.1 Eutrofização e restauração de lagos rasos

A eutrofização é caracterizada como um processo natural de enriquecimento dos

ecossistemas aquáticos por acréscimo nas concentrações de nutrientes, resultando em

mudanças significativas na estrutura e função dos ecossistemas (Dodds et. al., 2009). Os

principais nutrientes envolvidos nesse processo são o nitrogênio e o fósforo, pois suas

taxas de disponibilidade na água podem favorecer ou limitar o crescimento dos

produtores primários (Pearl, 2009). Os potencias efeitos da eutrofização são redução da

transparência da água, depleção de oxigênio, redução da diversidade de espécies e

aumento da biomassa de fitoplâncton, principalmente das espécies potencialmente

tóxicas e não palatáveis (Smith & Schindler, 2009). Esses aspectos levam à degradação

da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos, diminuindo seu valor econômico e

social.

Lagos e reservatórios rasos possuem comportamentos semelhantes em relação

aos processos ecológicos básicos internos (Straškraba & Tundisi, 1999). Esses sistemas

estão constantemente expostos à ação dos ventos, sendo isso suficiente para misturar

com frequência as camadas d’água, tendendo a manter o corpo aquático não

estratificado na maior parte do tempo (Padisák & Reynolds, 2003). Outra consequência

da escassa profundidade é o sedimento estar próximo à superfície da água, o que

aumenta a importância da reciclagem de nutrientes e torna esses sistemas rasos capazes

de suportar uma alta produção primária (Padisák & Reynolds, 2003, Søndergaard et al.,

2003).

O crescimento populacional humano e o aumento dos impactos das atividades

antrópicas, como a urbanização e agricultura intensa, proporcionam uma grande entrada

de nutrientes para os ecossistemas aquáticos (Smith & Schindler 2009). Lagos e

reservatórios rasos estão confinados tipicamente em áreas planas e sofrem bastante

influência do uso e ocupação da bacia hidrográfica, e por essa razão tornam-se bastante

vulneráveis à eutrofização (Istvánovics & Somlyódy, 1999).

Atualmente, a eutrofização é considerada uma das principais ameaças à

qualidade ambiental dos corpos aquáticos no mundo inteiro, e grandes esforços vêm

sendo realizados com o intuito de combater suas causas e efeitos. Para isso, várias

técnicas de restauração de ecossistemas eutróficos foram propostas, baseadas

principalmente em manipulação química (Jeppensen et al., 2005, Jeppensen et al., 2007,

2

Oosterhout & Lürling, 2011, Lürling & Faassen, 2012) e manipulação biológica

(Jeppensen et. al., 2007, Beklioglu et. al., 2008, Søndergaard et al., 2008, Heerdt et al.,

2007), além da redução da entrada de nutrientes para os corpos aquáticos.

A manipulação da estrutura trófica dos ecossistemas aquáticos, denominada

biomanipulação, é comumente usada com sucesso em regiões temperadas (Jeppesen et

al., 2007, Søndergaard et al., 2007, Søndergaard et al., 2008). A técnica foi proposta

primeiramente por Shapiro et al., (1975), e pode ser definida como uma reestruturação

das comunidades biológicas a fim de alcançar uma resposta favorável do ambiente. As

principais respostas esperadas com a biomanipulação são a redução da biomassa

fitoplanctônica, o aumento da transparência da água e uma maior biodiversidade

aquática (Perrow et. al., 1997, Jeppensen et al., 2007). A abordagem da biomanipulação

está baseada na teoria da cadeia trófica e é regulada pelos controles ascendentes e

descendentes. Alguns exemplos de métodos de biomanipulação são o estoque de

piscívoros (Berg, Søndergaard & Jeppesen, 1997), remoção seletiva de peixes

planctívoros e bentívoros (Søndergaard et al., 2008) e introdução ou remoção de

vegetação aquática (Agostinho et al., 2003).

A comunidade de peixes bentívoros é considerada um fator chave que pode

influenciar negativamente no estado de boa qualidade ambiental da água, pois pode

atuar na regulação da cascata trófica por duas vias: i) Controle descendente (top-down),

reduzindo a densidade do zooplâncton e invertebrados aquáticos, atenuando a pressão

de herbivoria e favorecendo o crescimento do fitoplâncton. (Scheffer et. al., 1998); ii)

Controle ascendente (bottom-up), atuando na ressuspensão do sedimento e

translocamento de nutrientes do sedimento para a coluna d’água, favorecendo o

crescimento do fitoplâncton (Okun et. al., 2008). Ambas as situações podem favorecer

o risco de eutrofização.

A biomanipulação é uma estratégia de restauração de lagos eutróficos utilizada

para causar uma perturbação extrema no ecossistema com intuito de mudar de um

estado túrbido para um estado claro (Scheffer, et al.,1993). Uma técnica de

biomanipulação comumente usada é a remoção seletiva de peixes planctívoros e/ou

bentívoros, modificando a cadeia trófica (Prokopkin et. al., 2006, Søndergaard et. al.,

2008, Pedusaar et. al., 2010). Os impactos e mecanismos envolvidos na biomanipulação

da estrutura trófica em escala ecossistêmica são bastante conhecidos em regiões

temperadas (Jeppesen et. al., 2005, Søndergaard et. al., 2007, Jyväsjärvi et. al., 2013).

Entretanto, nos trópicos não há muito conhecimento sobre se essa técnica pode ser

3

considerada eficiente (Jeppesen et. al., 2007, Starlling, et. al., 2002), além de ser difícil

prever e mensurar seus efeitos devido às diferenças na estrutura trófica dos ambientes

tropicais em relação aos temperados. Dessa forma, a biomanipulação de lagos tropicais

pode não ter os mesmos efeitos positivos que nos ambientes temperados (Moss et. al.,

2004, Jeppesen et. al., 2007). Vários fatores podem explicar essa imprevisibilidade, tais

como a maior riqueza de espécies (Lazzaro, 1997); maior estoque de peixes onívoros;

menor tamanho corporal do zooplâncton (Branco et. al., 1997, Garcia et. al., 2002) e

ocorrência de florações fitoplanctônicas mais duradoras devido à adaptação desses

organismos ao clima quente (Soares et. al., 2009).

1.2 Dinâmica e estrutura de grupos funcionais fitoplanctônicos em

ecossistemas rasos

A flutuação da composição e biomassa do fitoplâncton depende da escala de

tempo, frequência e duração do evento. O seu conhecimento pode ser um indicador

eficiente das alterações naturais ou antrópicas nos ecossistemas aquáticos (Reynolds,

1990). Além disso, o fitoplâncton possui curto tempo de geração, o que auxilia na

compreensão de fatores importantes como, por exemplo, sucessão ecológica e

diversidade de espécies, tornando a comunidade fitoplanctônica um bom descritor da

qualidade ambiental da água e dos ecossistemas em geral (Moura et. al., 2007).

A dinâmica do fitoplâncton em sistemas rasos é afetada pelo movimento da

água, o que influencia na disponibilidade dos principais recursos- luz e nutrientes

(Reynolds, 1999). A ação do vento e da comunidade de peixes pode ressuspender o

sedimento e afetar a comunidade fitoplanctônica de duas maneiras distintas:

Aumentando a turbidez e a dispersão da luz, inibindo o crescimento da biomassa algal

(Wahl et. al., 2011) ou acelerando o mecanismo de retorno dos recursos, principalmente

fósforo, para a coluna d’água, favorecendo o crescimento da biomassa algal (Okun et.

al., 2007, Scheffer, 1997). Essa interação entre sedimento e coluna d’água pode fazer

com que se manifestem efeitos dependentes da profundidade, transparência da água e

tamanho das partículas em suspensão (Reynolds, 2006).

Os mecanismos de seleção das espécies de fitoplâncton em lagos e reservatórios

são variáveis, isto é, dependem das condições ambientais e da habilidade das espécies

em sobreviver efetivamente sob tais condições. A competitividade das espécies

depende: i) da habilidade para as células crescerem mais rápido do que outras espécies;

4

ii) do tamanho do inóculo inicial; iii) dos processos de dispersão; iv) da flutuação na

coluna d’água; e v) das defesas contra herbivoria (Reynolds, 1999). As diferentes

condições ambientais regidas por fatores físicos (temperatura, regime de luz e mistura),

químicos (nutrientes e oxigênio dissolvido) e biológicos (herbivoria) possibilitaram ao

fitoplâncton instituir estratégias de vida diretamente relacionadas com a eficiência de

alocação de recursos (Reynolds, 2006). A investigação desses fatores é importante para

a compreensão da ecologia do fitoplâncton, incluindo processos como seleção de habitat

e substituição de espécies.

Para compreender melhor como o sistema é organizado e para distinguir

diferenças no fluxo de energia e na estrutura das comunidades, os ecólogos vêm

trabalhando com os papéis funcionais e com as adaptações estruturais das espécies

(Reynolds et. al., 2002). Para isso, foram propostas algumas abordagens a fim de

agrupar o fitoplâncton em grupos funcionais, com o intuito de melhor predizer a

composição da comunidade fitoplanctônica em relação às condições ambientais

(Reynolds et al., 2002, Salmaso & Padisák, 2007, Mieleitner et al., 2008, Kruk et al.,

2010). Duas abordagens atuais e comumente utilizadas são a abordagem dos Grupos

Funcionais de Reynolds e os Grupos Funcionais Baseados na Morfologia (GFBM).

A abordagem dos Grupos Funcionais Baseados na Morfologia (GFBM),

proposta por Kruk et al., 2010, agrupa as espécies fitoplanctônicas fundamentando-se

exclusivamente na morfologia dos organismos, utilizando traços morfológicos

facilmente mensuráveis. Portanto, é considerada simples e possui apenas 7 grupos

funcionais. Estudos mostram que a abordagem GFBM é uma boa ferramenta para

relacionar os grupos funcionais às condições ambientais (Kruk et al., 2011, Kruk &

Segura, 2012) e predizer o estado trófico de lagos (Pacheco et al., 2010).

Reynolds (1997) propôs uma classificação das espécies de fitoplâncton baseada

nas suas unidades básicas funcionais. A abordagem funcional agrupa as espécies,

geralmente em grupos polifiléticos, considerando traços morfológicos, fisiológicos e

ecológicos similares, que lhes permitem tolerar condições ambientais também similares

(Reynolds et. al., 2002). Essas condições atuam como filtros ambientais de forma a

selecionar grupos de espécies que compartilham características adaptativas semelhantes

(Reynolds, 1998). Essa abordagem nos permite classificar as espécies em grupos

diretamente relacionados com as funções do ecossistema (Brasil & Huszar, 2011).

Atualmente, a abordagem classifica as espécies em 40 grupos funcionais, identificados

por códigos alfanuméricos, de acordo com Reynolds et al., (2002) e atualizado por

5

Padisák et al., (2009). Estudos utilizando a abordagem dos grupos funcionais do

fitoplâncton têm fornecido informações importantes em várias regiões do mundo:

regiões temperadas (Huszar et. al., 2003), mediterrâneas (Becker et. al., 2010, Naselli-

Flores & Barone, 2012), subtropicais (Crossetti et al., 2012, Kruk et. al., 2002) e

tropicais (Fonseca e Bicudo, 2007, Dantas et. al., 2010 Barbosa, et al., 2011) e mostram

que essa abordagem nos permite uma melhor compreensão das relações e mecanismos

ecológicos em resposta às condições ambientais do que apenas a descrição dos grupos

taxonômicos.

1.3 Regime hidrológico de regiões semiáridas e sua importância para a

dinâmica do fitoplâncton

O clima semiárido está distribuído em todos os continentes do mundo e é

caracterizado por um regime de chuvas escassas e irregulares, concentradas em poucos

meses do ano e com grande variabilidade interanual. A precipitação anual é inferior à

evapotranspiração potencial, levando a um déficit hídrico durante a maior parte do ano,

o que influencia diretamente na disponibilidade de água da região. Para suprir a

demanda de água, foram construídos reservatórios no mundo inteiro, com diversos

propósitos, mas principalmente para abastecimento público, irrigação e agricultura

intensiva (Istvánovics & Somlyódy, 1999). Em regiões áridas e semiáridas,

reservatórios moderadamente profundos podem se tornar rasos devido à deficiência na

precipitação, à intermitência dos rios e tributários e à alta demanda por água,

comportando-se, assim, como lagos rasos durante a maior parte do ano (Naselli-Flores,

1999).

Condições hidrológicas, como eventos de precipitação e flutuação do nível de

água, são fatores ambientais importantes para o funcionamento de ecossistemas

aquáticos que influenciam na dinâmica do fitoplâncton e nos ciclos biogeoquímicos

(Beklioglu at al., 2007, Zohary et. al., 2010). A disponibilidade de nutrientes e o estado

trófico de regiões áridas e semiáridas são controlados pela quantidade e periodicidade

de chuvas (Beklioglu et. al., 2008). Durante períodos de seca, os processos internos dos

lagos possuem papel mais importante do que o aporte externo, pois nutrientes podem

ser concentrados na coluna d’água e aumentar a importância da ressuspensão do fósforo

estocado no sedimento (Beklioglu et. al., 2007). Os efeitos da seca em ecossistemas

aquáticos e na dinâmica fitoplanctônica são numerosos e complexos. A seca pode levar

6

à redução do nível de água e, consequentemente, aumentar a reciclagem de nutrientes,

turbidez, salinidade e condutividade (Bouvy et al., 2003), além de afetar a composição e

biomassa da comunidade fitoplanctônica (Beaver et. al., 2013, Rojo et. al., 2012).

Estudos sobre a dinâmica do fitoplâncton em regiões semiáridas sugerem que florações

duradoras de cianobactérias durante a maior parte do ano devem-se aos efeitos da seca

nos corpos aquáticos (Bouvy et. al., 1999, Naselli-Flores et. al., 2007, Dantas et. al.,

2012).

O cenário futuro, em relação à natureza, prevê a intensificação de eventos

climáticos extremos (e.g secas prolongadas e intensas inundações), (IPCC, 2007). As

expectativas para o semiárido direcionam as atenções para períodos de secas mais

severas, com intensas florações de cianobactérias (Marengo et al., 2010, Roland et al.,

2012). O conhecimento sobre a estrutura e dinâmica das comunidades fitoplanctônicas

durante eventos de seca extrema são pouco compreendidos; portanto, são necessários

estudos para entender os padrões e estratégias das espécies de fitoplâncton durante esses

eventos, de forma a promover conhecimentos essenciais para poder mitigar as ameaças

à qualidade ambiental de ecossistemas aquáticos, como a eutrofização.

2. Justificativa do trabalho

A restauração de ecossistemas aquáticos eutróficos por remoção seletiva de

peixes planctívoros e/ou bentívoros é bastante conhecida nas regiões temperadas, porém

pouco se conhece sobre seus impactos e eficiência nos trópicos. O caráter inovador do

trabalho surge da lacuna de experimentos com biomanipulação realizados em um lago

inteiro (escala real) na região tropical semiárida, bem como de verificar os efeitos na

estrutura dos grupos funcionais do fitoplâncton. O estudo se justifica por contribuir para

um melhor entendimento da estrutura e funcionamento de sistemas rasos, baseado na

dinâmica do fitoplâncton e das variáveis limnológicas. Contribui, portanto, com

aspectos teóricos modernos sobre ecologia do fitoplâncton para o semiárido brasileiro e

mundial.

Além de testar a eficiência da biomanipulação em um lago no semiárido tropical,

nosso trabalho também mostra como as condições climáticas extremas podem

influenciar no funcionamento e estrutura de um sistema raso eutrófico. Embora existam

conhecimentos sedimentados sobre o processo de eutrofização e métodos de restauração

para combatê-la, pouco se conhece a respeito da interação das alterações climáticas e a

7

eutrofização, especificamente em eventos de seca severa, e como esse fato poderia

interferir no processo de recuperação de um ecossistema aquático.

3. Hipótese Geral

A biomanipulação, por remoção seletiva de peixes bentívoros bioturbadores, altera a

dinâmica e a estrutura dos grupos funcionais fitoplanctônicos, reduzindo a biomassa

algal e melhorando a qualidade da água.

3.3 Hipóteses específicas

Os grupos funcionais tolerantes a ambientes eutrofizados são substituídos por

grupos tolerantes a ambientes com alta transparência da água e baixas

concentrações de nutrientes, após a remoção dos peixes bentívoros.

A biomanipulação, por remoção seletiva de peixes bentívoros bioturbadores,

aumenta a diversidade de espécies fitoplanctônicas;

Períodos de seca favorecem a eutrofização e florações de grupos funcionais de

cianobactérias formadoras de florações.

4. Objetivo Geral

Avaliar o impacto da remoção de peixes bentívoros bioturbadores (Prochilodus

brevis e Oreochromis niloticus) sobre a dinâmica e estrutura dos grupos funcionais

fitoplanctônicos em um lago raso artificial da região semiárida tropical, durante um

evento de seca severa.

5. Área de Estudo

Para avaliar o impacto da biomanipulação na estrutura dos grupos funcionais

fitoplanctônicos, foi estudado o lago artificial ESEC, localizado no município de Serra

Negra do Norte, região semiárida do nordeste brasileiro, estado do Rio Grande do Norte

(Figura 1). E para avaliar o efeito de uma seca severa sobre a dinâmica dos grupos

funcionais fitoplanctônicos, além do lago artificial da ESEC também foi estudado o

lago Pocinhos, localizado na mesma região. Ambos pertencem à bacia hidrográfica

Piranhas-Açu, que possui cerca de 44.600 km2

e são delimitados pelos rios Espinharas e

8

Sabugi. O clima da região é tropical semiárido, descrito pela classificação de Kottek

(2006) como sendo do BS’h’(tipo estepe), caracterizado por deficiência e irregularidade

de chuvas e por apresentar altas temperaturas variando entre máxima de 33º C e a

mínima de 22º C. A precipitação média anual é de 733,7 mm, concentrada nos meses de

janeiro a maio, com um déficit hídrico anual de 1.697 mm. (Empresa de Pesquisa

Agropecuária do RN, 1993-2013).

Fig. 1- Localização geográfica do município de Serra Negra do Norte, com destaque para os lagos

artificiais da ESEC-Seridó e Pocinhos, na fazenda Solidão. A área em verde é a Estação Ecológica do

Seridó. (Fonte: Leonardo Rosa)

A rede hidrográfica da região estudada é constituída, em sua maioria, por rios

intermitentes ou temporários que se mantêm secos na maior parte do ano e nascem em

áreas do terreno cristalino. Durante os períodos de chuva, os principais rios que

abastecem os lagos artificiais estudados são os rios da Serra, do Logradouro, da

Umburana e Bento Correa (Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó, 2004).

9

5.1 Lago artificial da ESEC

O experimento de biomanipulação foi conduzido no lago artificial da Estação

Ecológica do Seridó (ESEC-Seridó) (6º34’49,3” S; 37º15´20” W). Ele está situado

dentro de uma Unidade de Conservação, pertencente à categoria de Estação Ecológica

(ESEC); é considerado pequeno e raso, com profundidade média de 2,0 m e máxima

entre 1,5m a 4,5m durante o período de estudo (Anexo 1). Devido à irregularidade de

chuvas, os corpos aquáticos dessa região sofrem bastante com a flutuação do nível de

água entre as estações chuvosas e secas (Figuras 2 e 3).

A área de entorno do lago artificial apresenta vegetação ciliar com espécies

arbustivas características da região e áreas com influência humana, como a própria sede

da ESEC e uma fazenda privada com criação de gado, as quais contribuem para o

aumento de material alóctone para dentro do corpo aquático (Fig. 4).

Fig. 2 Lago da ESEC durante o período chuvoso

Fig. 3- Lago da ESEC durante período seco

10

Fig. 4 Área de criação de gado no entorno do lago artificial da Estação Ecológica do Seridó (ESEC)

5.2 Lago Artificial Pocinhos

O lago artificial Pocinhos (6º34’42,49’’S; 37º19’47,5” W) está situado na

Fazenda Solidão, uma fazenda privada próxima à ESEC do Seridó. O lago também é

pequeno e raso, tem profundidade média de 3 m e profundidade máxima entre 2,0m a

6,0 m durante o período de estudo (Anexo 1). Pocinhos persiste em anos muito secos,

apesar da redução drástica do nível da água no lago artificial (Figuras 5 e 6). A área de

entorno apresenta vegetação ciliar com espécies herbáceas e gramíneas, assim como

alguns arbustos.

Fig. 5 – Lago Pocinhos durante estação chuvosa

Fig. 6- Lago Pocinhos durante estação seca

11

ANEXO 1

Mapas batimétricos dos lagos artificiais (a) ESEC e (b) Pocinhos, mostrando as medições de

profundidade dos lagos.

a b

12

O impacto da remoção de peixes sobre a dinâmica e a estrutura dos grupos

funcionais fitoplanctônicos em um lago raso tropical no semiárido brasileiro

Costa, M.R.A, Attayde, J.L. & Becker, V.

Resumo

1. A eutrofização é considerada uma das maiores ameaças à qualidade ambiental dos

ecossistemas aquáticos na atualidade. Muitos esforços vêm sendo realizados para

combater os efeitos da eutrofização e restaurar os ecossistemas aquáticos.

2. A biomanipulação por remoção de peixes é uma técnica eficiente de restauração de

lagos eutróficos de regiões temperadas. Não há muito conhecimento sobre a

eficiência dessa técnica, porquanto há diferenças na estrutura trófica entre as duas

regiões.

3. Hipotetizamos que a remoção de peixes reduz a biomassa total do fitoplâncton e

altera a composição de grupos funcionais, reflexo da melhora da qualidade da água.

Nosso objetivo foi avaliar o impacto da biomanipulação através da retirada de peixes

bentívoros bioturbadores na estrutura dos grupos funcionais fitoplanctônicos e na

qualidade da água de um lago raso artificial na região semiárida tropical.

4. Aplicamos a técnica da biomanipulação no lago artificial ESEC, região semiárida do

nordeste brasileiro, e analisamos as variáveis físicas e químicas da água e a dinâmica

dos grupos funcionais fitoplanctônicos mensalmente durante o período de novembro

de 2012 a agosto de 2013.

5. Com a remoção dos peixes bioturbadores, observamos um aumento significativo na

zona eufótica, na riqueza de espécies fitoplanctônicas e o recrutamento de grupos

funcionais fitoplanctônicos de algas verdes (grupos F e J), indicadoras de boa

qualidade ambiental. Porém não observamos diferenças significativas na

concentração de fósforo total, na biomassa e diversidade fitoplanctônica devido à

biomanipulação.

6. Os efeitos da biomanipulação de peixes em um lago raso no semiárido tropical ainda

são incipientes e possuem limitações devido ao evento de seca prolongada durante o

período de estudo, sendo necessário um monitoramento em longo prazo para

investigar os reais efeitos da biomanipulação no funcionamento do ecossistema.

Palavras-chave: eutrofização, biomanipulação, ecossistemas rasos, lago artificial,

análise de intervenção randomizada.

13

Introdução

A eutrofização é caracterizada como um processo natural de enriquecimento dos

ecossistemas aquáticos por acréscimo nas concentrações de nutrientes, resultando em

mudanças significativas na estrutura e função dos ecossistemas (Dodds et. al., 2009). Os

principais nutrientes envolvidos nesse processo são o nitrogênio e o fósforo, pois suas

taxas de disponibilidade na água podem favorecer ou limitar o crescimento dos

produtores primários e a formação de biomassa (Pearl, 2009). Os potencias efeitos da

eutrofização são redução da transparência da água, depleção de oxigênio, redução da

diversidade de espécies, aumento da biomassa de fitoplâncton, principalmente das

espécies potencialmente tóxicas e não palatáveis para o zooplâncton (Smith &

Schindler, 2009). Esses aspectos levam à degradação da qualidade ambiental dos

ecossistemas aquáticos, diminuindo seu valor econômico e social. À medida que a

concentração de nutrientes aumenta nos ecossistemas aquáticos, há, frequentemente,

uma mudança na comunidade fitoplanctônica, favorecendo a dominância por

cianobactérias formadoras de florações (O’Neil et. al., 2012).

O crescimento populacional humano e o aumento dos impactos das atividades

antrópicas, como a urbanização e a agricultura, vêm acelerando o processo de

eutrofização por todo o mundo, surgindo uma crescente preocupação em relação às

consequências e formas de mitigação do problema (Jeppesen et. al., 2007, Smith &

Schindler, 2009, Naselli-Flores, 2011). Assim, foram propostas várias técnicas de

restauração de lagos eutróficos, baseadas em manipulação química ou biológica, para

melhorar a qualidade ambiental dos ecossistemas.

A manipulação da estrutura trófica dos ecossistemas aquáticos, denominada

biomanipulação, foi proposta primeiramente por Shapiro et al. (1975), e pode ser

definida como uma reestruturação das comunidades biológicas a fim de alcançar uma

resposta favorável do ambiente. Essa técnica tem como base a regulação da cascata

trófica (controles ascendente e descendente). As principais respostas esperadas com a

biomanipulação são a redução da biomassa fitoplanctônica, o aumento da transparência

da água e uma maior biodiversidade aquática (Perrow et. al., 1997, Jeppensen et al.,

2007). A comunidade de peixes é considerada fator chave, a qual influencia no

estabelecimento de um melhor estado de qualidade ambiental, pois pode atuar na

regulação da cascata trófica por duas vias: i) Controle descendente (top-down),

reduzindo as abundâncias do zooplâncton e invertebrados aquáticos, atenuando a

14

pressão de herbivoria e favorecendo o crescimento do fitoplâncton. (Scheffer et. al.,

1998, Olin, et al., 2006); ii) Controle ascendente (bottom-up), atuando na ressuspensão

do sedimento, liberando nutrientes para a coluna d’água e favorecendo o crescimento

do fitoplâncton (Okun et. al., 2007, Jeppesen, et al., 2007). Os impactos e mecanismos

envolvidos na biomanipulação da estrutura trófica em escala ecossistêmica são bastante

conhecidos em regiões temperadas (Jeppesen et. al., 2005, Søndergaard et. al., 2007,

Jyväsjärvi et. al., 2013). Entretanto, nos trópicos não há muito conhecimento sobre se

essa técnica pode ser considerada eficiente, tendo em vista as diferenças na estrutura

trófica entre ambientes temperados e tropicais (Meerhoff, et al., 2007, Jeppesen et. al.,

2007, Starlling, et. al., 2002). As consequências dos métodos de biomanipulação em

lagos tropicais são difíceis de prever e podem não ter os mesmos efeitos positivos sobre

a qualidade da água que nos ambientes temperados (Moss et. al., 2004). Vários fatores

podem explicar essa imprevisibilidade nos trópicos, tais como: a maior riqueza de

espécies (Lazzaro, 1997); maior estoque de peixes onívoros; menor tamanho corporal

do zooplâncton (Branco et. al., 1997, Garcia et. al., 2002) e ocorrência de florações de

fitoplâncton, principalmente de cianobactérias, mais duradoras, devido à adaptação

desses organismos ao clima quente (Soares et. al., 2012).

A consequente degradação da qualidade de água requer o aperfeiçoamento de

seu gerenciamento e recuperação, e para isso é necessário o conhecimento consistente

sobre estrutura das comunidades dos organismos aquáticos e dos fatores que controlam

sua dinâmica espacial e temporal (Costa et. al., 2009). Variações na composição e

biomassa do fitoplâncton podem ser indicadores sensíveis de alterações naturais ou

antrópicas nos ecossistemas aquáticos (Padisák, 1992).

O conhecimento das flutuações na composição e biomassa fitoplanctônica pode

ser um indicador eficiente das alterações naturais ou antrópicas nos ecossistemas

aquáticos, que depende muito da escala de tempo, frequência e duração do evento

(Reynolds, 1990). Além disso, o fitoplâncton possui curto tempo de geração, o que

auxilia na compreensão de processos importantes como, por exemplo, sucessão

ecológica e diversidade de espécies, tornando a comunidade fitoplanctônica um bom

descritor da qualidade ambiental e dos ecossistemas aquáticos em geral (Moura et. al.,

2007).

As diferentes condições ambientais regidas por fatores físicos (temperatura,

regime de luz e mistura), químicos (nutrientes e oxigênio dissolvido) e biológicos

(herbivoria) possibilitaram ao fitoplâncton instituir estratégias de vida diretamente

15

relacionadas com a eficiência de alocação de recursos (Reynolds, 2006). A investigação

desses fatores é importante para a compreensão da ecologia do fitoplâncton, incluindo

processos como seleção de habitat e substituição de espécies. Para entender melhor

como o sistema é organizado e para distinguir diferenças no fluxo de energia e na

estrutura das comunidades, os ecólogos vêm trabalhando com os papéis funcionais e

com as adaptações estruturais das espécies (Reynolds et. al., 2002). Para isso, foram

propostas algumas abordagens a fim de agrupar o fitoplâncton em grupos funcionais

com o intuito de melhor predizer a composição da comunidade fitoplanctônica em

relação às condições ambientais (Reynolds et al., 2002, Salmaso & Padisák, 2007,

Mieleitner et al., 2008, Kruk et al., 2010). Duas abordagens atuais e comumente

utilizadas são a abordagem dos Grupos Funcionais de Reynolds e os Grupos Funcionais

Baseados na Morfologia (GFBM).

A abordagem dos Grupos Funcionais Baseados na Morfologia (GFBM),

proposto por Kruk et al., 2010, agrupa as espécies fitoplanctônicas fundamentando-se

exclusivamente na morfologia dos organismos e utilizando traços morfológicos

facilmente mensuráveis. Portanto, é considerada simples e possui apenas 7 grupos

funcionais. Estudos mostram que a abordagem GFBM é uma boa ferramenta para

relacionar os grupos funcionais às condições ambientais (Kruk et al., 2011, Kruk &

Segura, 2012) e predizer o estado trófico de lagos (Pacheco et al., 2010).

Reynolds, 1997, propôs uma classificação das espécies de fitoplâncton baseada

nas suas unidades básicas funcionais. A abordagem funcional agrupa as espécies,

geralmente em grupos polifiléticos, considerando traços morfológicos, fisiológicos e

ecológicos similares, que lhe permite tolerar condições ambientais também similares

(Reynolds et. al., 2002). Devemos considerar essas condições ambientais atuando como

filtros ambientais, de forma a selecionar grupos de espécies que compartilham

características adaptativas semelhantes (Reynolds, 1988). Há um crescente interesse em

agrupar as espécies em grupos funcionais, visto que essa abordagem nos permite uma

melhor compreensão das relações e mecanismos ecológicos em resposta às condições

ambientais (Becker et. al., 2009, Dantas et. al., 2010, Fonseca, et. al., 2011, Brasil &

Huszar, 2011, Crossetti et. al., 2013).

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o impacto da remoção de

peixes bentívoros bioturbadores sobre a dinâmica e estrutura dos grupos funcionais

fitoplanctônicos em um lago raso artificial no semiárido tropical. Para isso, testamos a

hipótese de que a biomanipulação melhora a qualidade da água, refletindo na redução da

16

biomassa fitoplanctônica e mudança na composição de grupos funcionais, resultando

em uma substituição de grupos funcionais tolerantes a ambientes eutrofizados para

grupos que habitam ambientes com alta transparência da água.

Material e Métodos

Realizamos o experimento de biomanipulação no lago artificial da Estação

Ecológica do Seridó (ESEC-Seridó) (6º34’49,3”S; 37º15´20”W), localizado no

município de Serra Negra do Norte, região semiárida do nordeste brasileiro, Estado do

Rio Grande do Norte, inserido na bacia hidrográfica Piranhas-Assu. A precipitação

média anual para a região é de 733,7 mm, concentrada nos meses de janeiro a maio,

com um déficit hídrico anual de 1.697 mm (Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN,

1993-2013). O lago artificial é considerado raso, com profundidade média de 2,0 m e

máxima entre 1,5m a 4,5, e profundidade máxima variando entre 1,5m a 4,0m durante o

período de estudo. O lago artificial encontra-se parcialmente localizado dentro de uma

unidade de conservação, porém possui atividades agropecuárias em seu entorno,

provenientes de uma fazenda particular vizinha.

Fig. 1- Localização geográfica do município de Serra Negra do Norte, com destaque para os lagos

artificiais da ESEC-Seridó. A área em cinza demarcada é a Estação Ecológica do Seridó (Fonte: Leonardo

Rosa).

17

Amostragem e Análise de Amostras

Monitoramos o lago artificial mensalmente, durante os meses de novembro de

2012 a agosto de 2013. Coletamos amostras de água em oito pontos ao longo do lago

com auxílio de tubo coletor de PVC com 2 m de altura, as amostras foram integradas

reduzindo a um ponto. Em cada ponto foi realizado um perfil vertical de temperatura

(ºC) e oxigênio dissolvido (mg/L), em intervalos a cada 0,5 metro de profundidade.

Mensuramos os valores de turbidez e condutividade, utilizando equipamentos

específicos: turbidímetro (AP2000) e condutivímetro (Tec-4MP), respectivamente.

Medimos a transparência da água pela profundidade de extinção do disco de Secchi e

calculamos a zona eufótica (Zeu) como sendo 2,7 vezes o valor da transparência (Cole,

1994). Utilizamos a razão zona eufótica e profundidade máxima (Zeu/Zmax) para inferir

disponibilidade de luz na coluna d’água (Jensen et. al., 1994).

Imediatamente após a coleta, filtramos as amostras de água, utilizando filtros de

fibra de vidro (VWR) 1,2 μm para as análises de fósforo solúvel reativo (FRS),

nitrogênio inorgânico dissolvido (NID), clorofila-a e sólidos em suspensão.

Determinamos o FRS através da reação com reagente composto de molibdato, ácido

sulfúrico, ácido ascórbico e antimônio trivalente (Murphy & Rilley, 1962) e

determinamos o NID (NO2, NO3, NH4) através do analisador de carbono/TN TOC-V

(Shimatzu). Utilizamos as amostras não filtradas para análise de fósforo total (PT)

determinado pela oxidação, utilizando persulfato (Valderrama, 1981) e nitrogênio total

(NT) através do analisador de carbono/TN TOC-V (Shimatzu).

Determinamos as concentrações de sólidos suspensos totais, inorgânicos e

orgânicos, de acordo com a técnica de secagem a 103 - 550ºC. Para determinar as

concentrações de sólidos inorgânicos em suspensão, os filtros foram incinerados em

mufla a 550°C e determinamos os sólidos orgânicos suspensos (SSO) pela diferença dos

sólidos suspensos totais (SST) e sólidos inorgânicos suspensos (SSI) (APHA, 1998).

Determinamos as concentrações de clorofila-a espectrofotometricamente (ʎ 665 e 750)

após a extração dos pigmentos com etanol 95% (Jespersen & Christoffersen 1988).

Identificamos as populações fitoplanctônicas sempre que possível em nível de

espécie, examinamos em microscópio óptico, através da análise de características

morfológicas e morfométricas. Para análise quantitativa, estimamos a abundância

fitoplanctônica (ind.mL-1

) segundo Utermöhl (1958) em microscópio invertido Leica, a

400X. Enumeramos os indivíduos (células, colônias, cenóbios, filamentos) em campos

18

aleatórios (Uhelinger, 1964). Calculamos o biovolume (mm3L

-1) a partir de modelos

geométricos aproximados (Hillebrand et. al., 1999), assumindo a unidade de peso fresco

expressa em massa (mg.L-1

), conforme Wetzel & Likens (2000). Definimos as espécies

abundantes como aquelas que contribuem com mais de 5% da biomassa total e os

grupos funcionais fitoplanctônicos estabelecidos a partir das bases propostas por

Reynolds et. al. (2002) e Padisák et. al. (2009). Estimamos a diversidade de espécies

(H´) pelo índice de Shannon-Weaver (Shannon & Wiener, 1963), baseado na biomassa

e expressa em bits por miligrama.

Remoção dos peixes

Aplicamos a técnica de biomanipulação por remoção seletiva dos peixes no mês

de março de 2013, utilizando redes de espera, abrangendo uma área total de 603,6m2No

mesmo mês e ano foi realizado um grande arrasto, abrangendo toda a área do lago. A

biomassa total de peixes removida foi de 5796 kg. A captura foi dominada pela espécie

nativa com hábito bentívoro Prochilodus brevis, vulgarmente conhecida como

Curimatã, correspondendo a 87% da biomassa total removida, seguido pelas espécies:

ilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (8%), Piau, Leporinus piau (4%) e a Traíra,

Hoplias malabaricus (1%).

Análise estatística

Para comparar e identificar diferenças significativas não ao acaso (p <0,05) entre

os períodos pré-manipulação e pós-manipulação, utilizamos a análise de intervenção

randomizada (RIA), realizando 10.000 randomizações (Carpenter, 1989). O período

pré-manipulação compreendeu os meses de novembro de 2012 a fevereiro de 2013 e o

período pós-manipulação compreendeu os meses de março a agosto de 2013.

Utilizamos o programa R version 2.13.1 (2011) para realizar a análise de intervenção

randomizada.

Realizamos a Análise de Componentes Principais (ACP) utilizando os dados

(transformados em log10 (x+1)) de biomassa dos grupos funcionais fitoplanctônicos para

verificar as relações entre as variáveis limnológicas e os pontos amostrais e identificar

diferenças temporais e espaciais durante o período estudado. Para tal, utilizamos o

programa PC-ORD® v.6 (McCune & Mefford, 2011).

19

Resultados

Cenário Meteorológico

Os anos de 2012 e 2013 foram marcados por uma seca prolongada na região

semiárida do estado do Rio Grande do Norte (Fig.2). A precipitação total acumulada

durante o estudo foi de 259 mm e 301 mm, respectivamente para os anos de 2012 e

2013, valores abaixo da média histórica para a região, que é em torno de 659 mm.

Fig. 2 – Precipitação total dos anos de 2012 e 2013 para a cidade de Serra Negra do Norte/RN. As barras

escuras indicam a precipitação acumulada (mm), a linha clara indica a média histórica de chuvas para a

região e a caixa pontilhada indica o período estudado. (Fonte: EMPARN)

Cenário Limnológico

Observamos diferenças entre os períodos pré e pós-manipulação para as

variáveis físicas do lago artificial: zona eufótica, sólidos suspensos inorgânicos (SSI) e

sólidos suspensos orgânicos (SSO) (Fig.3 A, C e D). Não houve diferença nos valores

de turbidez entre os períodos (Fig. 3B). A análise de intervenção randomizada (RIA)

mostrou diferença significativa para a zona eufótica (Zeu) (P <0,014), apresentando

aumento considerável no período pós-manipulação, chegando a alcançar uma coluna

d’água quatro vezes mais iluminada do que no período pré-manipulação (Fig. 3A). Os

valores de sólidos em suspensão orgânicos e inorgânicos apresentaram redução

significativa no período pós-manipulação, P <0,014 e <0,002, respectivamente (Fig. 3C

e D).

20

Fig. 3. Dinâmica temporal das propriedades físicas da água: Zona eufótica (A), Turbidez (B), sólidos em

suspensão inorgânicos (C) e orgânicos (D) durante o experimento de biomanipulação dos peixes. A linha

tracejada indica a separação dos períodos pré-manipulação e pós-manipulação. O valor de P calculado

através da análise de intervenção randomizada.

Em relação à dinâmica temporal dos nutrientes, o período pós-manipulação não

apresentou diferenças significativas para o fósforo total (PT) (P >0,264), apesar de uma

leve tendência à redução, concentrada nos meses entre maio a julho 2013, mas em

agosto já existiu um aumento nos valores de PT (Fig. 4A). Houve redução significativa

na concentração do nitrogênio inorgânico dissolvido (NID) (P <0,041) no período pós-

manipulação (Fig. 4B) e aumento significativo na concentração do nitrogênio total (NT)

(P <0,043) (Fig.4C).

21

Fig. 4. Dinâmica temporal das propriedades químicas da água: Fósforo Total (A), Nitrogênio Inorgânico

dissolvido (B), Nitrogênio Total (C) durante o experimento de biomanipulação dos peixes. A linha

tracejada indica a separação dos períodos pré-manipulação e pós-manipulação. O valor de p calculado

através da análise de intervenção randomizada.

22

Dinâmica do fitoplâncton

Em relação à composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos, o lago

artificial ESEC apresentou 8 (oito) grupos funcionais descritores da comunidade (SN,

L0, J, F, Y, W1, W2, C), distribuídos em 29 espécies durante todo o período do estudo.

A maior contribuição foi dos grupos de algas flageladas com características

mixotróficas W1 e W2, nos períodos pré-manipulação (87%) e pós-manipulação (69%).

Entretanto, no período pós-manipulação, aumentou a contribuição dos grupos de algas

verdes (F e J) de 1% no período pré-manipulação para 17% no período pós-

manipulação. A dinâmica temporal da biomassa e composição dos grupos funcionais

fitoplanctônicos estão representadas na figura 5 e mostra a dominância de W1 e W2

durante todo o período estudado e o recrutamento das algas verdes coloniais F e J.

Fig. 5 – Gráfico de biomassa e composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos durante o período de

estudo: Biomassa total (A) e biomassa relativa (B) durante o experimento de biomanipulação dos peixes.

A linha tracejada indica a separação dos períodos pré-manipulação e pós-manipulação. O valor de P

calculado através da análise de intervenção randomizada.

23

A análise de intervenção randomizada não mostrou diferenças significativas nas

concentrações de clorofila-a e na biomassa total fitoplanctônica entre os períodos pré e

pós-manipulação (Fig. 6A e B). Os valores médios de clorofila e biomassa total

permaneceram baixos em todo o período de estudo. A riqueza de espécies do

fitoplâncton aumentou significativamente no período pós-manipulação (P < 0,023) (Fig.

6C) e a diversidade de espécies fitoplanctônicas mostrou diferença marginalmente

significativa entre os períodos (P < 0,061) (Fig. 6D).

Fig. 6- Dinâmica temporal da comunidade fitoplanctônica. Clorofila-a (A), biomassa total (B), riqueza de

espécies (C) e diversidade de espécies (D) durante o experimento de biomanipulação dos peixes. A linha

tracejada indica a separação dos períodos pré-manipulação e pós-manipulação. O valor de P calculado

através da análise de intervenção randomizada.

A análise de componentes principais (ACP), utilizando 8 grupos funcionais

fitoplanctônicos, explicou 86,8% da variabilidade dos dados nos primeiros dois eixos

(eixo 1 71,8%; eixo 2 15,0%). Os grupos funcionais mais importantes na ordenação do

eixo 1 foram: SN (0,44), J (0,58), F (0,62), C (0,46), Y (-0,54) e W1 (-0,83). Em relação

ao eixo 2, o grupo funcional mais importantes em sua ordenação foi apenas L0 (0,65) .

Os resultados do eixo 1 da ACP dos grupos funcionais apresentou uma tendência

24

temporal separando os períodos pré e pós-manipulação. O período pré-manipulação

apresentou maior relação com os grupos funcionais de flageladas W1 e Y e o período

pós-manipulação apresentou correlação com os grupos funcionais SN, J, F e C (Fig. 7).

O eixo 1 apresentou a tendência temporal dos grupos funcionais fitoplanctônicos devido

à remoção dos peixes bioturbadores no lago da ESEC.

Fig. 7 - Análise de Componentes Principais (ACP) dos grupos funcionais fitoplanctônicos no lago

artificial da ESEC durante o experimento de biomanipulação, dos peixes. Grupos funcionais: (SN, L0, J,

F, Y, W1, W2, C).

Discussão

Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito da remoção de peixes bentívoros

bioturbadores sobre a qualidade da água e sobre a biomassa e composição dos grupos

funcionais fitoplanctônicos em um lago artificial no semiárido tropical durante um

período de seca. Nossos resultados mostram uma tendência à melhoria na qualidade da

água através do aumento significativo de sua transparência e o recrutamento de grupos

25

de algas verdes coloniais que são sensíveis à pouco luz e alta concentração de

nutrientes.

A região do semiárido brasileiro é caracterizada por possuir um regime de

chuvas escassas e irregulares, concentradas em poucos meses do ano e com grande

variabilidade interanual, levando a um déficit hídrico na região, o que torna esses

ambientes susceptíveis a longos períodos de estiagem (Silva, 2007). O ano de 2012, na

região semiárida do Rio Grande do Norte, foi marcado por um prolongamento mais

acentuado do período seco, com valores de chuvas acumulados abaixo da média

histórica para a região. Tal cenário agravou as condições do lago artificial estudado,

explicando os altos valores nas concentrações de nutrientes, na condutividade e

turbidez, principalmente no início do estudo (novembro de 2012 a fevereiro de 2013).

Essas condições afetaram a composição e biomassa fitoplanctônica.

A principal espécie de peixe removida do lago foi a Prochilodus brevis

(Curimatã), é uma espécie nativa do nordeste brasileiro que habita preferencialmente o

fundo dos ecossistemas aquáticos. A espécie se alimenta do plâncton quando jovem e ao

atingir a idade adulta apresenta hábito alimentar iliófago, ingerindo matéria orgânica,

restos de animais e vegetais (Dourado, 1981). A atividade de peixes bentívoros é

conhecida por ressuspender o sedimento e translocar nutrientes e material em

particulado do fundo para a coluna d’água (Schindler et al., 1996; Vanni, 1996),

afetando os processos biogeoquímicos e as interações tróficas do ecossistema (Persson

& Svensson, 2006). A remoção de aproximadamente cinco toneladas de Curimatã levou

a uma redução da ressuspensão do sedimento pela atividade dos peixes bentívoros

bioturbadores, refletindo na redução significativa do material em suspensão (orgânicos e

inorgânicos) e consequente aumento na transparência da água, alcançando o máximo de

72% da coluna d’água iluminada no mês de julho de 2013.

Parte do fósforo contido nos ecossistemas aquáticos está estocado no sedimento;

os peixes com hábitos bentívoros podem atuar, portanto, como lançadores de fósforo

para a coluna d’água por ressuspensão do sedimento (Scheffer, 1998). Entretanto, a

remoção dos peixes bentívoros bioturbadores não foi suficiente para reduzir

significativamente a concentração de fósforo total do lago artificial da ESEC. Há uma

tendência à redução das concentrações de fósforo, porém essa redução parece não se

manter ao longo do tempo. Duas possíveis explicações para esse fato é que a remoção

dos peixes não foi suficiente para reduzir o fósforo total significativamente ou outros

mecanismos de retroalimentação de fósforo no sistema podem estar atuando, como, por

26

exemplo, a ação dos ventos e a entrada de fósforo alóctone proveniente dos ambientes

terrestres (Søndergaard et al., 2002). Estudos conduzidos em mais de 70 lagos na

Dinamarca e Holanda mostraram que os efeitos mais fortes nos níveis de fósforo e

nitrogênio total são obtidos após quatro a seis anos da remoção dos peixes, por

conseguinte há a necessidade de se investigar a estabilização desses nutrientes em longo

prazo (Søndergaard et al., 2002).

A dinâmica dos grupos funcionais fitoplanctônicos em ecossistemas rasos é

afetada pelo movimento da água, o que influencia na disponibilidade dos principais

recursos para o fitoplâncton – luz e nutrientes (Reynolds, 1999). No lago artificial da

ESEC, a disponibilidade de luz mostrou ser o principal fator direcionador dos grupos

funcionais fitoplanctônicos. A pouca disponibilidade de luz, devido aos altos valores de

material em suspensão no lago antes da biomanipulação, explicou a baixa biomassa

fitoplanctônica e a dominância de grupos funcionais de algas flageladas e com

metabolismo mixotrófico (grupos W1 e W2). A redução do material particulado em

suspensão (orgânico e inorgânico), devido à remoção dos peixes, levou a um aumento

considerável na transparência da água, representada pela zona eufótica, com isso houve

uma mudança na composição e biomassa relativa dos grupos funcionais, com o

recrutamento dos grupos funcionais de algas verdes coloniais indicadoras de boa

qualidade ambiental (F e J) (Fig. 8).

Os grupos funcionais W1 e W2, no nosso estudo foram representados

principalmente pelas espécies de euglenóides, Euglena spp. e Trachelomonas spp.,

respectivamente, encontradas habitando principalmente o fundo de lagos mesotróficos

e com alto material orgânico (Reynolds et al., 2002). Assim como os grupos W1 e W2,

os representantes do grupo Y também são flagelados com características mixotróficas,

estes são tolerantes à baixa disponibilidade de luz (Reynolds et al., 2002). O grupo F

possui representantes de grandes algas verdes coloniais sem motilidade, apresenta alta

amplitude de luz, com maior funcionamento das células em águas claras e são tolerantes

à mistura (Reynolds et al., 2002). As algas do grupo J também são representadas por

algas verdes sem motilidade, sendo de pequenas colônias e principalmente de

Chlorococcales como, por exemplo, espécies do gênero Coelastrum, sendo sensíveis a

condições de baixa luz (Reynolds et al., 2002). Portanto, a abordagem dos grupos

funcionais fitoplanctônicos explicou bem a variabilidade do fitoplâncton sobre

diferentes condições ambientais do sistema no nosso estudo (Fig. 8).

27

Fig. 8- Modelo esquematizado mostrando as principais variáveis ambientais e as mudanças nos grupos

funcionais fitoplanctônicos mais representativos em biomassa relativa, antes e depois da aplicação da

técnica de biomanipulação no lago artificial da ESEC.

Apesar de não encontrarmos diferenças significativas na biomassa total

fitoplanctônica, representada pelos valores de clorofila-a e biovolume, e na diversidade

de espécies fitoplanctônicas, podemos observar um moderado sinal positivo da

biomanipulação no aumento de riqueza de espécies fitoplanctônicas e no recrutamento

de grupos funcionais de algas verdes coloniais (F e J) após a remoção dos peixes

bentívoros bioturbadores. Entretanto, os resultados sobre o impacto da remoção desses

peixes em um lago raso no semiárido tropical na dinâmica dos grupos funcionais

fitoplanctônicos e na qualidade da água ainda são incipientes e possuem limitações

devido ao evento de seca prolongada durante o período de estudo, sendo necessário um

monitoramento em longo prazo para investigar os reais efeitos da biomanipulação no

funcionamento do ecossistema.

28

Referências

APHA (1998) Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th edn.

American Public Health Association, Washington DC.

Becker, V., Huszar, V.L.M. & Crosseti, L.O. (2009) Responses of phytoplankton

functional groups to the mixing regime in a deep subtropical reservoir,

Hydrobiologia, 628, 137–151.

Branco, C.W.C., T. Aguiaro, F.A. Esteves & E.P. Caramaschi (1997) Food sources of

the Teleost Eucinostomus argenteusin two coastal lagoons of Brazil. Studies on

Neotropical Fauna & Environment, 32, 33–40.

Brasil, J. & Huszar, V.L.M. (2011) O papel dos traços funcionais na ecologia do

fitoplâncton continental. Oecologia Australis, 15(4), 799-83.

Carpenter, S.R., Frost, T.M., Heisey, D. & Kratz, T.K. (1989) Randomized

Intervention Analysis and interpretation of Whole-Ecossystem experiments.

Ecology, 70, 1142-1152.

Cole, G.A. (1994) Textbook of Limnology. Waveland Press, Illinois.

Costa, I.A.S.D., Cunha, S.R.D.S., Panosso, R.D.F., Araújo, M.F.F.D., Melo, J.L.D.S. &

Eskinazi Sant’Anna, E.M. (2009) Dinâmica de cianobactérias em reservatórios

eutróficos do semi-árido do Rio Grande do Norte. Oecologia. Brasiliensis, 13(2),

382-401.

Crossetti, L.O., Becker, V., Cardoso, L.D.S., Rodrigues, L.R., Costa, L.S., & Motta-

Marques, D. (2012) Is phytoplankton functional classification a suitable tool to

investigate spatial heterogeneity in a subtropical shallow lake?.Limnologica-Ecology

and Management of Inland Waters, 43(3), 157-163.

Dodds W.K., Bouska W.W., Eitzmann J.L., Pilger T.J., Pitts K.L., Riley A.J.,

Schloesser J.T. & Thornbrugh J.D. (2009) Eutrophication of U.S. freshwaters:

analysis of potential economic damages. Environmental science and technology, 43

(1), 12-19.

Dourado, O.F. (1981) Principais peixes e crustáceos dos açudes controlados pelo

DNOCS. Convênio SUDENE/DNOCS. 40p. Fortaleza.

Empresa de Pesquisa em Agropecuária do Rio Grande do Norte (1993-2013)

Monitoramento pluviométrico. Disponível em

http://189.124.135.176/monitoramento/monitoramento.php Acesso em: Julho 2013.

29

Fonseca, B.M. & Bicudo, C.E.M. (2011) Phytoplankton seasonal and vertical variations

in a tropical shallow reservoir with abundant macrophytes (Ninféias Pond, Brazil).

Hydrobiologia, 665, 229–245.

García, P.R., Nandini, S., Sarma, S.S.S., Valderrama, E.R., Cuesta, I., & Hurtado, M.D.

(2002) Seasonal variations of zooplankton abundance in the freshwater reservoir

Valle de Bravo (Mexico). In: Advances in Mexican Limnology: Basic and Applied

Aspects (Eds Alcocer, J. & Sarma, S.S.S.), pp. 99-108. Vol. 163. Springer

Netherlands.

Hillebrand, H., Dürselen, C. D., Kirschtel, D., Pollingher, U., & Zohary, T. (1999)

Biovolume calculation for pelagic and benthic microalgae. Journal of

Phycology, 35(2), 403-424.

Jensen P., Jeppesen E., Olrik K. & Kristensen P. (1994) Impact of nutrients and

physical factors on the shift from cyanobacterial to chlorophyte dominance in

shallow Danish lakes. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 51,

1692–1699.

Jeppesen E., Sondergaard M., Jensen J.P., Havens K.E., Anneville O., Carvalho L.et al.

(2005) Lake responses to reduced nutrient loading- an analysis of contemporary

long-term data from 35 case studies. Freshwater Biology, 50, 1747–1771.

Jeppesen, E., Meerhoff, M., Jaconbesen, B.A, Hansen, R.S., Søndergaard, M., Jensen,

J.P., et al. (2007) Restoration of shallow lakes by nutrient control and

biomanipulation—the successful strategy varies with lake size and climate.

Hydrobiologia, 581, 269–285.

Jespersen, A.M. & Christoffersen, K. (1988) Measurements of chlorophyll-a from

phytoplankton using ethanol as extraction solvent. Hydrobiologia, 109, 445-454.

Jyväsjärvi, J., Immonen H., Ogmander, P., Ogmander, H., Heikkihämäläinen &

Karjalainen, J. (2013) Can lake restoration by fish removal improve the status of

profundal macroinvertebrate assemblages? Freshwater Biology, 58(6), 1149-1161.

Kruk, C., Mazzeo, N., Lacerot, G., & Reynolds, C.S. (2002) Classification schemes for

phytoplankton: a local validation of a functional approach to the analysis of species temporal

replacement. Journal of plankton Research, 24(9), 901-912.

Kruk, C., Huszar, V.L.M., Peeters, E.T., Bonilla, S., Costa, L., Lürling, M., Scheffer, M. et al

(2010) A morphological classification capturing functional variation in

phytoplankton. Freshwater Biology, 55(3), 614-627.

30

Kruk, C., Peeters, E.T.H.M., Van Nes, E.H., Huszar, V.L.M., Costa, L.S., & Scheffer, M.

(2011) Phytoplankton community composition can be predicted best in terms of

morphological groups. Limnology and Oceanography, 56(1), 110.

Kruk, C., & Segura, A.M. (2012) The habitat template of phytoplankton morphology-based

functional groups. Hydrobiologia, 698(1), 191-202.

Lazzaro, X., (1997) Do the trophic cascade hypothesis and classical biomanipulation

approaches apply to tropical lakes and reservoirs? Verhandlungen der Internatio-nale

Vereinigung der Limnologie, 26, 719–730.

Mccune, B. & Mefford, M. J., (2011) PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data.

version 6.0. MjM Software Design, Oregon.

Meerhoff, M., Clemente, J. M., Mello, D., Teixeira, F., Iglesias, C., Pedersen, A. R., &

Jeppesen, E. (2007) Can warm climate‐related structure of littoral predator

assemblies weaken the clear water state in shallow lakes?. Global Change

Biology, 13(9), 1888-1897.

Mieleitner, J., Borsuk, M., Bürgi, H.R., & Reichert, P. (2008) Identifying functional groups of

phytoplankton using data from three lakes of different trophic state. Aquatic Sciences, 70(1),

30-46.

Moss, B., Stephen, D., Balayla, D.M., Becares, E., Collings, S.E., Fernandez-Alaez, C. et al.

(2004) Continental-scale patterns of nutrient and fish effects on shallow lakes: synthesis of a

pan-European mesocosm experiment. Freshwater Biology, 49, 1633–1649.

Moura, A.N, Bittencourt-Oliveira, M.C., Dantas, E.W., Arruda-Neto, J.D.T. (2007)

Phytoplankton associations: a tool to understanding dominance events in a tropical

Brazilian resevoir. Acta Botanica brasilica. 21 (3) 641-648.

Murphy, J. & Rilley J.P. (1962) A modified single-solution method for the

determination of phosphate in natural waters. Analytica Chimica Acta, 27, 31-36.

Naselli-Flores, L. (2011) Mediterranean Climate and Eutrophication of Reservoirs:

Limnological Skills to Improve Management. In: Eutrophication: Causes,

Consequences and Control. (Eds A.A. Ansari et al ), pp 131-142. Cap. 6. Springer,

Texas.

O’Neil, J.M., Davis, T.W., Burford, M.A., Gobler, C.J. (2012) The rise of harmful

cyanobacteria blooms: The potential roles of eutrophication and climate change.

Harmful Algae, 14, 313–334.

Okun, N., Brasil, J., Attayde, J.L. & Costa, I.A.S. (2008) Omnivory does not prevent

trophic cascades in pelagic food webs. Freshwater Biology, 53, 129-138.

31

Padisák, J., Crossetti, L. O., & Naselli-Flores, L. (2009) Use and misuse in the

application of the phytoplankton functional classification: a critical review with

updates. Hydrobiologia, 621(1), 1-19.

Padisák J (1992) Seasonal succession of phytoplankton in a large shallow lake (Balaton,

Hungary)—a dynamic approach to ecological memory, its possible role and

mechanisms. Journal of Ecology, 80, 217–230.

Pearl, H.W. (2009) Controlling Eutrophication along the Freshwater–Marine

Continuum: Dual Nutrient (N and P) Reductions are Essential. Estuaries and

Coasts, 32, 593–601.

Perrow, M.R., Meijer, M., Dawindowicz, P. & Coops, H, (1997) Biomanipulation in

shallow lakes: State of the art. Hydrobiologia, 342, 355-365.

Persson A. & Svensson, J.S.M. (2006) Effects of benthivorous fish on biogeochemical

processes in lake sediments. Freshwater Biology. 51, 1298–1309.

Reynolds, C.S. (1990) Temporal scales of variability in pelagic environments and the

response of phytoplankton. Freshwater Biology, 23, 25-53.

Reynolds, C.S. (1998) What factors influence the species composition of

phytoplankton in lakes of different trophic status? Hydrobiologia, 369/370, 11-26.

Reynolds, C.S. (1997) Vegetation process in the pelagic: a model for ecosystem theory. In:

Excellence in Ecology (Ed Kinne, O.) ECI, Oldendorf.

Reynolds, C.S. (1999) Phytoplankton assemblages in reservoirs. In:Theoretical

reservoir ecology and its applications.(Eds Tundisi, J. G. & M. Straškraba), pp 439-

456. Backhuiss Pub/Brazilian Academy os Sciences, São Paulo.

Reynolds, C.S.; Huszar, V.L.M.; Kruk, C.; Naselli-Flores, L. & Melo, S. (2002)

Towards a functional classification of the freshwater phytoplankton. Journal of

Plankton Research, 24 (5), 417-428.

Reynolds, C.S. (2006) The Ecology of Phytoplankton (Ecology, Biodiversity and

Conservation). Cambridge University Press, Cambridge.

Salmaso, N. & Padisák, J. (2007) Morpho-functional groups and phytoplankton development in

two deep lakes (Lake Garda, Italy and Lake Stechlin, Germany).Hydrobiologia, 578(1), 97-

112.

Scheffer, M. (1998) Ecology of Shallow Lakes. Chapman & Hall, London.

Schindler D.E., Carpenter S.R., Cottingham K.L., He X., Hodgson J.R., Kitchell J.F. &

Soranno P.A. (1996) Foodweb structure and littoral zone coupling to pelagic trophic

cascades. In: Food Webs: Integration of Pattern and Dynamics (Eds G.A. Polis &

K.O. Winemiller), pp. 96–105. Chapman & Hall, New York.

32

Shannon, C.E. & Weaver, W. (1963) The mathematical theory of communication.

Illinois. University Press, Urbana, IL.

Shapiro J., Lamarra V. & Lynch M. (1975) Biomanipulation: an ecosystem approach to

lake restoration. In: Water Quality Management through Biological Control (Eds P.

L.Brezonik and J. L.Fox). University of Florida. Gainesville.

Silva, R.M. (2007). Entre o combate à seca e a convivência com o semiárido: políticas

públicas e transição paradigmática., Revista Econômia do Nordeste. 38 (3), 466-485.

Fortaleza

Smith, V.H & Schindler, D.W. (2009) Eutrophication science: where do we go from here?

Trends in Ecology and Evolution, 24, 201-207.

Soares, M.C., Marinho, M.M, Azevedo, S.M.O.F, Branco, C.W.C. & Huszar, V.L.M. (2012)

Eutrophication and retention time affecting spatial heterogeneity in a tropical reservoir.

Limnologica-Ecology and Management of Inland Waters, 42(3), 197-203.

Søndergaard, M., Jeppesen, E., Lauridsen, T. L., Skov, C., Van Nes, E. H.,

Roijackers.,et al. (2007) Lake restoration: successes, failures and long‐term

effects. Journal of Applied Ecology, 44(6), 1095-1105.

Starling, F., Lazzaro, X., Cavalcanti C. & Moreira, R. (2002) Contribution of

omnivorous tilapia to eutrophication of a shallow reservoir: evidence from a fish

kill. Freshwater Biology, 47, 2443–2452.

Uhelinger, V. (1964) Étude statistique des méthodes de dénobrement planctonique. Archival

Science, 17, 121-123.

Utermöhl, H. (1958). Zur vervollkommung der quantitativen phytoplankton - methodik.

Mitteilungen der internationale Vereinigung für Theoretische und Angewandte Limnologie,

9, 1-38.

Valderrama, J.C. (1981) The simultaneous analisys of total nitrogen and phosphorus in natural

waters. Marine chemistry, 10, 109-122.

Vanni M.J. (1996) Nutrient transport and recycling by consumers in lake food webs:

implications for algal communities. In: Food Webs: Integration of Pattern and

Dynamics (Eds G.A. Polis & K.O. Winemiller), pp. 81–95. Chapman & Hall, NY.

Wetzel, R.G & Likens, G.E. (2000) Limnological Analyses, 3rd edn. Springer, New York

33

ARTIGO 2

Water level reduction caused by severe drought may

either increase or decrease phytoplankton biomass and

cyanobacteria dominance in shallow lakes

34

Water level reduction caused by severe drought may either increase or decrease

phytoplankton biomass and cyanobacteria dominance in shallow lakes

Costa, M.R.A, Attayde, J.L & Becker, V.

Abstract

Drought leads to water level reduction which is an important driving factor of

phytoplankton dynamics through influences on availability of resources.

Our study aims to evaluate the effects of a severe drought on the dynamics of

phytoplankton biomass and composition as functional groups. We hypothesized

that drought periods are favorable to cyanobacteria bloom forming assemblages.

Water samples were collected between May 2012 and February 2013 in two

shallow man-made lakes (ESEC and Pocinhos) in a tropical semiarid region of

Brazil.

In both lakes, the severe drought was related to the reduction of the water level

and light availability, increase of turbidity, conductivity and nutrients (C, N, P).

However, phytoplankton dynamics in the severe period showed a different

behavior depending on the depth of the man-made lakes: the shallower

decreased the biomass with dominance of flagellates groups (W1, W2, Y) and

the deeper increased biomass with dominance of cyanobacteria group (SN).

To sum up, our study revealed that the effect of severe drought in tropical

systems in semiarid shallow lakes lead to a reduction of the water level,

increasing nutrients, but increasing or decreasing the inorganic turbidity,

depending on the depth of the shallow lakes. These effects reflected in distinct

behaviors of phytoplankton biomass and composition, as collapse and increase.

Contradicting expectations, our data showed that drought period not always is

favorable to cyanobacterial blooms.

Keywords: Water Level Reduction, Inorganic Turbidity, Shallow Lakes,

Cyanobacteria, Cylindrospermopsis raciborskii, Euglenoids.

35

Introduction

Drought is recognized as an ecological perturbation in ecosystems. There

appears to exist two types of droughts depending on the type and periodicity of the

disturbance (Lake, 2003): the predictable, marked by seasonality (Naselli-Flores &

Barone, 1998; Rojo, 2012) and the unpredictable droughts marked by prolonged decline

in precipitation and unexpected changes in ecosystems properties (Bouvy et al., 2003;

Garcia-Jurado et. al., 2012). Climate change may lead to prolonged periods of drought

which, especially in arid and semiarid regions, induce water level fluctuation (WLF)

that can act as driving factor of phytoplankton community (Zohary et al., 2010,

O’Farrel et al., 2011). Lakes in semi-arid regions are mostly shallow and nutrient

availability in lakes is controled by periodic rainfalls (Beklioglu et. al., 2008). In

shallow lakes the WLF affect the volume to sediment surface ratio more than in deep

lakes hence the water level reduction increase nutrients concentrations enhancing the

risk on cyanobacterial blooms (Beklioglu et al., 2007, Naselli-Flores et. al., 2007).

Phytoplankton species have life strategies to survive in different environmental

conditions (Reynolds, 1998). Physical (e.g. light availability, mixing regime), chemical

(e.g. nutrients) and biological factors (e.g. herbivory) are recognized to be the main

drivers of phytoplankton functional groups (Reynolds, 2006). The investigation of these

factors is important to understand phytoplankton ecology, including relevant process in

species replacement and habitat selection. Using morphological, physiological and

ecological traits, Reynolds et al. (2002) proposed a functional classification of

freshwater phytoplankton. This approach supplies important information about the

dynamics of the species and habitat selection, being widely employed around the world

(Becker et al., 2010, Crossetti et al., 2013, Huszar et al., 2003, Kruk et al., 2002).

Studies carry out on phytoplankton dynamic in semi-arid regions (e.g Bouvy et.

al., 1999, Naselli-Flores et. al., 2007, Dantas et. al., 2012) have shown cyanobacterial

blooms during most of the year as a consequences of drought. Brazilian semi-arid is

naturally stressed by low precipitation and negative water balance and the expectations

about the climatic change scenario for this region is the intensification of extreme

events (e.g prolonged droughts) (Marengo, 2010). The effects of severe droughts on

phytoplankton structure and dynamics still unclear and more studies are needed to

understand the patters and strategies of phytoplankton during extreme events, giving

knowledge to mitigate threats to ecological water quality, as eutrophication.

36

Considering that climatic regime has important effects on the ecosystems,

especially in shallow semi-arid lakes, our study aims to evaluate the effects of droughts

on the dynamics of phytoplankton biomass and composition as functional groups. We

will access the patterns and strategies in phytoplankton replacement related to the

consequences of prolonged droughts in two systems in Brazilian semi-arid region. In

light of these conditions, we hypothesized that severe periods of drought are favorable

to cyanobacterial bloom-forming functional groups.

2. Materials and methods

2.1 Study site

The man-made lakes ESEC (6º34’49,3” S; 37º15´20” W) and Pocinhos (S

(6º34’42,49’’S; 37º19’47,5” W) are located in Brazilian Northeast (Fig. 1). They are

neighbor shallow lakes on the same watershed with maximum depth of 4.0 and 6.0 m,

respectively. The regional climate is tropical semi-arid (BS’h’ according to Kottek et.

al., 2006 classification), characterized by irregularity of rainfalls, high

evapotranspiration rates and negative water balance. The mean annual precipitation is

733 mm and the rainy season is concentrated only in five months, generally from

January to May. The precipitation data was provided by EMPARN (Local Agriculture

Company).

Fig.1. Location of Serra Negra do

Norte city and the artificial lakes

(ESEC and Pocinhos). The gray

region marked is the Seridó

Ecological Station

37

2.2 Sampling and analysis

We sampled out monthly from May 2012 to February 2013, at eight sampling

sites, being four in the littoral zone and four in the limnetic zone, and integrated from

the whole water column for each lake. We integrated the samples from limnetic and

littoral zone for nutrients, chlorophyll and phytoplankton community. We measured the

depth profile of water temperature and dissolved oxygen at each half meter using a

portable oxygen meter (Instrutherm MO-900). We fixed the phytoplankton samples

with acetic solution of lugol.

We measured the values of conductivity, turbidity and pH by specific portable

equipments (conductivity, turbidity and pH meter). We calculated the euphotic zone

(Zeu) as 2.7 times the Secchi depth (Cole, 1994) and the ratio euphotic zone/maximum

depth ( Zeu/Zmax) was used as a proxy of light availability (Jensen et. al., 1994).

We analyzed the dissolved inorganic nitrogen (DIN) (NO2, NO3, NH4) and total

nitrogen (TN) using a carbon analyzer TOC-V Shimadzu with a TN analyzer attached,

total phosphorus (TP) and soluble reactive phosphorus (SRP) by spectrophotometric

method (Valderrama, 1981) and (Murphy & Riley,1962) respectively. We filtered the

water through glass fiber filter (VWR) for chlorophyll-a and inorganic and organic

suspended solids (ISS, OSS). We extracted chlorophyll-a with ethanol 95% and

measured by spectophotometry (Jespersen & Cristoffersoen, 1988) inorganic suspended

solids (ISS) were ignited to constant weight at 550ºC and organic suspended solids were

ignited to constant weight at 100ºC (APHA, 1998).

We identified the phytoplankton populations whenever possible at species level

and counted using an inverted microscope (Utermöhl, 1958). We calculated the algal

biovolume (mm3L

-1) using formulae for geometric shapes (Hillebrand et. al., 1999) and

expressed the fresh-weight unit in mass (mg.L-1

) (Wetzel and Likens, 2000). We

defined as descriptor species those whose contribution was >5% of total algal biomass

and classified them into functional groups using the criteria of Reynolds et al. (2002)

and Padisák et. al., (2009).

We plotted the temperature and dissolved oxygen depth-lines using SURFER®

v.8, using data interpolation Kriging method. We performed a redundancy analysis

(RDA) to evaluate the relationship between phytoplankton functional groups and

environmental factors and tested its significance with Monte Carlo testing (999

permutations) using PC-ORD® v.6 (McCune & Mefford, 2011). For the ordination

38

analysis, we transformed the abiotic and biological data by (log10 (x+1)). In the RDA

analyzes we included turbidity, Zeu, NID, SRP and ISS.

3. Results

3.1. Limnological Scenario

The semiarid region of Brazilian northeast was marked by a prolonged drought

during the year 2012. Total precipitation in the study period was 299 mm while the

historical average for the same period is 825 mm (Fig. 2).

Fig.2. Monthly precipitation in Serra Negra do Norte (dark bars) and historical average (gray line), the

dark line indicates the study period.

Temperature and dissolved oxygen vertical profiles allowed us to identify a

homogenous condition in ESEC lake during all the studied period (Fig. 3). The vertical

profile for Pocinhos also showed thermal homogeneity but oxygen stratification during

all studied period (Fig. 4).

Fig. 3. Vertical profile of water temperature (ºC) and dissolved oxygen (mg L-1

) for ESEC lake

39

Fig. 4. Vertical profile of water temperature (ºC) and dissolved oxygen (mg L-1

) for Pocinhos lake.

Due to the lack of precipitation, the water column decreased two meters in both

systems, ranging about 4 to 2 m in ESEC lake and from 6 to 4 meters in Pocinhos lake.

The availability of light in the water column decreased through time for both systems.

In January and February 2013 Zeu/Zmax was lower than 10% for ESEC and 20% for

Pocinhos (Fig.5).

Fig.5. Temporal variation of maximum depth (Zmax) (dark bars), euphotic zone (Zeu) (gray bars) and the

ratio Zeu/Zmax, (line) for ESEC and Pocinhos lake.

Physical and chemical conditions were distinguished in two periods that we

called drought 1 (from May 2012 to October 2012) and drought 2 (from November

2012 to February 2013) mainly driven by the prolonged drought (Table 1). The mean

values of turbidity and conductivity were higher in drought 2 for both systems and the

nitrogen dynamics followed the same pattern. Dissolved inorganic nitrogen (DIN) and

total nitrogen (TN) reached the highest values in drought 2. Although the nutrients were

high over all the period, the chlorophyll-a in ESEC abruptly decreased from a mean

40

value 64.20 to 31.0 μg.L-1

, the opposite happened in Pocinhos, increasing from 34.4 to

75.7 μg.L-1

(Table 1).

Table 1 – Means and ranges of environmental variables in ESEC and Pocinhos lake during drought.

ESEC POCINHOS

Drought 1 Drought 2 p-value Drought 1 Drought 2 p-value

Mean Mean Mean Mean

TºC of water 26.6 27.8 0,012 26.9 28.0 0,185

pH 7.3 7.4 0,376 7.66 8.0 0,024

Turb (NTU) 18 85 0,008 5.2 26.5 0,000

ISS (mg.L-1

) 5.5 20.2 0,039 5.29 1.74 0,029

OSS(mg.L-1

) 13.5 12.6 0,080 13.31 12.61 0,001

Cond (µScm-1) 220 289 0,003 193.5 268.8 0,001

DO (mg.L) 5.9 4.3 0,069 6.7 6.05 0,038

TN (μg.L-1

) 2433 3501 0,327 2018 3331 0,189

DIN (μg.L-1

) 1500 2125 0,007 1405 2106 0,170

TP (μg.L-1

) 98.37 103.9 0,847 50.8 55.4 0,803

SRP (μg.L-1

) 6.9 16.6 0,004 4.6 5.1 0,746

Chlα (μg.L-1

) 64.20 31.0 0,006 34.3 75.7 0,013

TºC = temperature, DO= dissolved oxygen, Cond= conductivity, TN=total nitrogen, DIN= dissolved

inorganic nitrogen, TP= Total phosphorous, SRP=Soluble reactive phosphorous, Chla= chlorophyll-a, ISS=

Inorganic Suspended Solids and OSS= Organic Suspended Solids. P-value is the results for t test.

3.2 Phytoplankton composition and dynamics

Phytoplankton biomass and composition and the process of groups replacement

were analyzed using the functional groups. Twenty-nine (29) species of algal were

identified in ESEC lake members of seven major taxonomic categories and 14

functional groups. The nine descriptor species (>5% of the total biomass) were

members of five functional groups (SN, S1, W1, W2, Y) in ESEC (Table 2). In Pocinhos

lake was identified 33 species of algal belonging to seven major taxonomic groups and

15 functional groups. There were four descriptor species members of four functional

groups (C, SN, S1, F) (Table 2).

The total biomass behavior was distinguished for the two lakes, while the total

biomass abruptly decreased in ESEC lake during drought 2, it gradually increased in

Pocinhos in the same period (Fig. 6). There was also an opposite pattern of a

phytoplankton functional groups replacement in the lakes. The dominant group in ESEC

shifted from SN to a co-dominance of W1, W2 and Y while the dominant and co-

41

dominant groups in Pocinhos changed from S1, C and F to a state dominated by the

group SN.

Table 2 – Phytoplankton species with their taxonomic and functional groups

Functional

Group

ESEC

Functional

Group

POCINHOS

Phytoplankton Species Taxonomic Group Phytoplankton Species Taxonomic

Group

C Cyclotella striata Bacillariophyceae

C Cyclotella striata* Bacillariophyceae

F Kirchneriella contorta Chlorophyceae

D Nitzschia sp.

Bacillariophyceae

J Tetraedron minimum

Scenedesmus smitii,

Crucigenia quadrata

Chlorophyceae

F Botryococcus braunii, *

Kirchneriella contorta

Chlorophyceae

K Cyanodictyon imperfectum Cyanobacteria J Coelastrum microporum

Coelastrum sp.

Scenedesmus sp.

Chlorophyceae

L0 Merismopedia punctata

Merismopedia tenuissima

Cyanobacteria K Cyanodictyon imperfectum

Aphanocapsa sp.

1. Synechocystis sp.

Cyanobacteria

P Closterium sp.

Staurastrum sp.

Penales sp.

Zygnematophyceae

Dinophyceae

L0 Merismopedia punctata

Merismopedia tenuissima

Cyanobacteria

S1 Planktolyngbya limnetica *

Planktolyngbya contorta

Cyanobacteria P Closterium sp.

Staurastrum sp.

Penales sp.

Chlorophyceae

Dinophyceae

SN Cylindrospermopsis

raciborskii*

Cyanobacteria S1 Planktolyngbya limnetica*

Planktolyngbya contorta

Cyanobacteria

W1 Euglena sp. *

Euglenophyceae SN Cylindrospermopsis

raciborskii*

Cyanobacteria

W2 Trachelomonas spp.*

Trachelomonas volvocina *

Strombomonas sp.

Euglenophyceae

TC Gloeocapsa sp .

Chlorophyceae

X1 Monoraphidium contortum Chlorophyceae W1 Euglena sp. Euglenophyceae

X2 Cryptomonas pyrenoidifera

Chroomonas cf. acuta

Rhodomonas minuta

Cryptophyceae W2 Trachelomonas volvocina Euglenophyceae

Y Cryptomonas obovata *

Cryptomonas spp. *

Cryptomonas marsonii *

Gymnodinium sp. *

Cryptophyceae

Dinophyceae

X1 Monoraphidium contortum Chlorophyceae

X2 Cryptomonas pyrenoidifera

Chroomonas acuta

Cryptophyceae

Y Cryptomonas sp.

Cryptomonas marsonii

Gymnodinium sp.

Cryptophyceae

Dinophyceae

* descriptor species (>5% of total biomass)

42

Fig.6. Composition and biomass of phytoplankton functional groups for ESEC and Pocinhos.

The RDA ordination results for ESEC lake using five functional groups (SN, S1,

W1, W2, Y) and five environmental variables (Zeu, Turbidity, ISS, OSS and DIN) are

shown in Figure 7. The first two axis explained 81.7% of species-environmental

variables relation (axis 1= 72.8.0%, axis 2= 9.0%), and the Monte Carlo testing

indicated that the relationship were significant (P<0.003). The RDA showed a temporal

differentiation with two distinguished periods (Drought 1 and 2). Drought 1 it is related

to the cyanobacteria bloom-forming functional groups (groups SN and S1) and with

higher light availability (0,61) and organic suspended solids (0,71). Drought 2 was

related with the functional groups W1, W2 and Y, all groups with mixotrophic traits, and

with higher turbidity (-0,88), inorganic suspended solids (-0,67) and nitrogen (DIN)

(0,71).

43

Fig. 7 Redundancy analysis (RDA) scores applied to biological and environmental variables in ESEC

lake. Sample units = months of the year. S1, SN, Y, W1, W2 are the functional groups Zeu= Euphotic zone,

Turb= Turbidity., ISS= Inorganic Suspended Solids, OSS= Organic suspended solids and DIN=

Dissolved Inorganic Nitrogen.

The RDA ordination results for Pocinhos lake using four functional groups (C,

SN, S1 and F) and four environmental variables (Zeu, Turbidity, DIN and OSS) are

shown in Figure 8. The first two axis explained 62,1% of species-environmental

variables relationship ( axis 1=55.1, axis 2= 6.9), the Monte Carlo test indicated that the

relationship were significant (p<0.003). The RDA from Pocinhos showed the same

pattern of temporal differentiation. Drought 1 was mostly related to the functional group

C, represented by Cyclotella striata, with higher light availability, Zeu (-0,90). Drought

2 was related to the groups SN, S1 and F, and also related to higher nitrogen (0,53),

turbidity (0.93) and with OSS (0,92).

Drought effect

44

Fig. 8 Redundancy analysis (RDA) scores applied to biological and environmental variables in Pocinhos

lake. Sample units = months of the year. S1, SN, C, F are the functional groups Zeu= Euphotic zone, Turb=

Turbidity, .OSS= Organic Suspended Solids, DIN= Dissolved Inorganic Nitrogen.

4. Discussion

In this paper we aimed to evaluate the effects of an unusual drought on the

dynamics of phytoplankton biomass and composition with increase of cyanobacteria

and we found different behavior depending on depth of the man-made lakes: the

shallower decreased the biomass with dominance of flagellates and the deeper increased

biomass with dominance of cyanobacteria.

Drought periods leads to a deterioration of the water physical and chemical

conditions, increasing turbidity and nutrient concentrations, reducing water transparency

and enhancing the risk of cyanobacterial blooms (Bouvy et. al., 2003, Roland et. al.,

2012). In our study the water level (WL) reduction was the main factor acting upon the

dynamics of the phytoplankton biomass and composition in both studied systems. It

showed strong implications on the resource availability decreasing light and increasing

nutrients in both systems. The effect of WL reduction was more drastic in ESEC lake

where the inorganic suspended solids (ISS) increased 5-fold than in Pocinhos lake

where ISS decreased 3-fold. The turbidity in lakes could be caused by different mineral

substances, including clays of distinct mineralogies from eroding soils,

resuspended bottom sediments, glacial flours, and calcite precipitates (Cuker, Gama

Drought effect

45

& Burkholder, 1990). The differences in organic and inorganic turbidity between ESEC

and Pocinhos are probably due the differences on kind of soils. ESEC is characterized

by a chromic luvisol soil, a mineral soil with presence of clay, and Pocinhos is

characterized by a litholic neossolo, comprising organic matter with loam texture

(EMBRAPA, 1971). Some studies show inorganic turbidity to favor flagellated algae

(Cuker, 1987) and organic turbidity related to cyanobacterial algae (Hart, 1987, Allende

et al., 2009). Studies showed that sediment-ressuspension by benthivorous fish can

increase phytoplankton biomass through nutrient translocation (Rozeen et. al., 2007) or

inhibit it through the decrease of the availability of light increasing inorganic turbidity

(Wahl et. al., 2011). Therefore, the role of ISS (inorganic turbidity) was crucial to

distinguish the two periods of the two lakes.

The increase of the inorganic turbidity during the severe drought caused a shift

in phytoplankton composition in ESEC lake from cyanobacteria groups (SN, S1) to

functional groups of flagellate (W1, W2, Y). The flagellate groups have been found in

the water layer near the bottom in different shallow lakes (Reynolds et. al., 2002;

Ibãnez, 1998). When the WL decreased it affected the volume to sediment surface ratio

in the lake explaining the appearance of the groups W1 and W2. Also, the potentially

high organic matter was an important factor for the bottom-dweller groups once they are

adapted to mixotrophic conditions (Reynolds et al., 2002). The low light availability

was favorable for Y groups, represented by small cryptomonads (Reynold et al., 2002).

On the other hand, the higher turbidity in Pocinhos was effect of the higher algal

biomass. The phytoplankton composition pattern found in Pocinhos lake was opposite

of ESEC. The replacement of phytoplankton functional groups in Pocinhos was from C

and F groups to a dominance of SN and S1 functional groups. The group F, represented

by colonial green algae, is able to grow in systems with high light availability and is

sensitive to nutrient enrichment and the appearance of C group, from diatoms of small

size, was explained by their efficient light-harvesting in the whole water column

(Reynolds et al. 2002). The nutrient enrichment and light reduction were the main

driving factors for the changes in phytoplankton biomass and composition, shifting

from C and F to the cyanobacteria bloom-forming groups, SN and S1, which are tolerant

to low light.

In light of all mentioned above, our study highlights that the concept of

phytoplankton functional groups can be useful to a better understand of phytoplankton

dynamics, providing information on algal strategies and theirs and sensitivities.

46

The semi-arid region in Brazil experienced a severe drought during 2012,

known as the worst drought in the last 30 years (Brazilian National Water Agency) and

our results showed an unusual behavior of phytoplankton community contradicting the

expectations about the climatic change scenario- increase of eutrophication in warmer

climates, like semiarid regions, leads to cyanobacterial blooms (Marengo et al., 2010;

Roland et al., 2012). In summary, our study revealed that the effect of severe drought in

nearby systems in semiarid region lead to a reduction of the water level, increasing

nutrients, but increasing or decreasing the inorganic turbidity, depending on the depth of

the shallow lakes, and not always favoring cyanobacterial blooms.

References

Allende, L., Tell, G., Zagarese, H., Torremorell, A., Pérez, G., Bustingorry, J. et al.

(2009) Phytoplankton and primary production in clear-vegetated, inorganic-turbid,

and algal-turbid shallow lakes from the pampa plain

(Argentina). Hydrobiologia, 624(1), 45-60.

APHA (1998) Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th edn.

American Public Health Association, Washington DC.

Becker, V., Caputo, L., Ordóñez, J., Marcé, R., Armengol, J., Crossetti, L. O., &

Huszar, V.L.M (2010) Driving factors of the phytoplankton functional groups in a

deep Mediterranean reservoir. Water research, 44(11), 3345-3354.

Beklioglu, M., Romo, S., Kagalou, I., Quintana, X., & Bécares, E. (2007) State of the

art in the functioning of shallow Mediterranean lakes: workshop conclusions.

Hydrobiologia, 584(1), 317-326.

Beklioglu, M., & Tan, C.O. (2008) Restoration of a shallow Mediterranean lake by

biomanipulation complicated by drought. Fundamental and Applied

Limnology/Archiv für Hydrobiologie, 171(2), 105-118.

Bouvy, M., Molica, R., De Oliveira, S., Marinho, M., & Beker, B. (1999) Dynamics of

a toxic cyanobacterial bloom (Cylindrospermopsis raciborskii) in a shallow reservoir

in the semi-arid region of northeast Brazil. Aquatic Microbial Ecology, 20(3), 285-

297.

Bouvy, M., Nascimento, S. M., Molica, R. J., Ferreira, A., Huszar, V., & Azevedo, S.

M. (2003) Limnological features in Tapacurá reservoir (northeast Brazil) during a

severe drought. Hydrobiologia, 493(1-3), 115-130.

Cole, G.A. (1994) Textbook of Limnology. Waveland Press, Illinois: 412 p.

47

Crosseti, L.O., Becker, V., Cardoso, L.S., Rodrigues, L.R., Costa, L.S. & Motta-

Marques, D. (2012). Is phytoplankton functional classification a suitable tool to

investigate spatial heterogeneity in a subtropical shallow lake? Limnologica -

Ecology and Management of Inland Waters, 43(3), 157-163.

Cuker, B.E. (1987) Field experiment on the influences of suspended clay and P on the

plankton of a small lake. Limnology and Oceanography, 32, 840-847.

Cuker, B.E., Gama, P.T., & Burkholder, J.M. (1990) Type of suspended clay influences

lake productivity and phytoplankton community response to phosphorus

loading. Limnology and Oceanography, 35(4), 830-839.

Dantas, Ê.W., Bittencourt-Oliveira, M.D.C., & Moura, A.D.N. (2012) Dynamics of

phytoplankton associations in three reservoirs in northeastern Brazil assessed using

Reynolds’ theory. Limnologica-Ecology and Management of Inland Waters, 42(1),

72-80.

Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (1971) Levantamento exploratório –

Reconhecimento de solos do Estado do Rio Grande do Norte. Disponível em <

http://www.uep.cnps.embrapa.br/solos/index.php?link=rn> Acesso em: Maio 2014.

Empresa de Pesquisa em Agropecuária do Rio Grande do Norte (1993-2013)

Monitoramento pluviométrico. Disponível em

http://189.124.135.176/monitoramento/monitoramento.php Acesso em: Julho 2013.

García-Jurado, F., de Vicente, I., Galotti, A., Reul, A., Jiménez-Gómez, F., & Guerrero,

F. (2012) Effect of drought conditions on plankton community and on nutrient

availability in an oligotrophic high mountain lake. Arctic, Antarctic, and Alpine

Research, 44(1), 50-61.

Hart, R. C. (1987) Population dynamics and production of five crustacean

zooplankton in a subtropical reservoir during years of contrasting turbidity.

Freshwater Biology. 18, 287-318.

Hillebrand H., Durselen C.-D., Kirschtel D., Pollingher U. & Zohary T. (1999)

Biovolume calculation for pelagic and benthic microalgae. Journal of Phycology, 35,

403–424.

Huszar, V.L.M., Kruk, C., Caraco, N., (2003) Steady-state assemblages of

phytoplankton in four temperate lakes (NE USA). Hydrobiologia, 502, 97-109.

Ibanez, M.D.S.R. (1997) Phytoplankton composition and abundance of a central

Amazonian floodplain lake. Hydrobiologia, 362(1-3), 79-83.

Jensen P., Jeppesen E., Olrik K. & Kristensen P. (1994) Impact of nutrients and

physical factors on the shift from cyanobacterial to chlorophyte dominance in

48

shallow Danish lakes. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 51,

1692–1699.

Jespersen, A.M. & Christoffersen, K. (1988) Measurements of chlorophyll-a from

phytoplankton using ethanol as extraction solvent. Hydrobiologia, 109, 445-454.

Kottek, M., Grieser, J., Beck, C., Rudolf, B., & Rubel, F. (2006) World map of the

Koppen-Geiger climate classification updated. Meteorologische Zeitschrift,15(3),

259-263.

Kruk, C., Mazzeo, N., Lacerot, G., Reynolds, C.S. (2002) Classification schemes of

phytoplankton: selecting an ecological approach for the analysis of species temporal

replacement. Journal of Plankton Research, 24, 901-912.

Lake, P.S. (2003) Ecological effects of perturbation by drought in flowingwaters.

Freshwater biology, 48(7), 1161-1172.

Marengo, J.A., Ambrizzi, T., Da Rocha, R.P., Alves, L.M., Cuadra, S.V., Valverde, M. C. et al.

(2010) Future change of climate in South America in the late twenty-first century:

intercomparison of scenarios from three regional climate models. Climate Dynamics, 35(6),

1073-1097.

Mccune, B. & Mefford, M. J., (2011) PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data.

version 6.0. MjM Software Design, Oregon.

Murphy, J. & Rilley J.P. (1962) A modified single-solution method for the

determination of phosphate in natural waters. Analytica Chimica Acta, 27, 31-36.

Naselli-Flores, L. N., & Barone, R. (1998) Phytoplankton dynamics in two reservoirs

with different trophic state (Lake Rosamarina and Lake Arancio, Sicily, Italy). In:

Phytoplankton and Trophic Gradients (Eds Cobelas, M.A., Reynolds, C.S., Castillo,

P.S. & Kristiansen, J.), pp. 163-178. Developments in Hydrobiology, Vol. 129,

Springer Netherlands.

Naselli‐Flores, L., Barone, R., Chorus, I., & Kurmayer, R. (2007) Toxic cyanobacterial

blooms in reservoirs under a semiarid Mediterranean climate: the magnification of a

problem. Environmental toxicology, 22(4), 399-404.

O’Farrell, I., Izaguirre, I., Chaparro, G., Unrein, F., Sinistro, R., Pizarro, H., et al.

(2011) Water level as the main driver of the alternation between a free-floating plant

and a phytoplankton dominated state: a long-term study in a floodplain lake. Aquatic

sciences, 73(2), 275-287.

Padisák, J. & Reynolds, C.S (1998) Selection of phytoplankton associations in lake

Balaton, Hungary, in response to eutrophication and restoration measures, with

special reference to the cyanoprokariotes. Hydrobiologia, 384, 41–53.

49

Padisák, J., Crossetti, L. O., & Naselli-Flores, L. (2009) Use and misuse in the

application of the phytoplankton functional classification: a critical review with

updates. Hydrobiologia, 621(1), 1-19.

Reynolds, C.S. (1998) What factors influence the species composition of phytoplankton

in lakes limitation in hypereutropic waters. Hydrobiologia, 369-370, 11-26.

Reynolds, C.S.; Huszar, V.L.M.; Kruk, C.; Naselli-Flores, L. & Melo, S. (2002)

Towards a functional classification of the freshwater phytoplankton. Journal of

Plankton Research, 24 (5), 417-428.

Reynolds C.S. (2006) The Ecology of Phytoplankton (Ecology, Biodiversity and

Conservation). Cambridge University Press, Cambridge.

Rojo, C., Álvarez-Cobelas, M., Benavent-Corai, J., Barón-Rodríguez, M.M. & Rodrigo,

M.A. (2012) Trade-offs in plankton species richness arising from drought: insights

from long-term data of a National Park wetland (central Spain). Biodiversity and

Conservation, 21(10), 2453-2476.

Roland, F., Huszar, V. L. M., Farjalla, V. F., Enrich-Prast, A., Amado, A. M., &

Ometto, J.P.H.B. (2012) Climate change in Brazil: perspective on the

biogeochemistry of inland waters. Brazilian Journal of Biology, 72(3), 709-722.

Roozen, F. C., Lürling, M., Vlek, H., Van Der Pouw Kraan, E. A., Ibelings, B.W., &

Scheffer, M. (2007) Resuspension of algal cells by benthivorous fish boosts

phytoplankton biomass and alters community structure in shallow lakes. Freshwater

biology, 52(6), 977-987.

Utermöhl, H. (1958) Zur vervollkommung der quantitativen phytoplankton - methodik.

Mitteilungen der internationale Vereinigung für Theoretische und Angewandte

Limnologie, 9: 1-38.

Valderrama, J.C. (1981) The simultaneous analisys of total nitrogen and phosphorus in

natural waters. Marine chemistry, 10, 109-122.

Wahl, D.H., Wolfe, M.D., Santucci Jr, V.J., & Freedman, J.A. (2011) Invasive carp and

prey community composition disrupt trophic cascades in eutrophic ponds.

Hydrobiologia, 678(1), 49-63.

Wetzel, R.G & Likens, G.E. (2000) Limnological Analyses, 3rd edn. Springer, New

York.

Zohary, T., Padisák, J., & Naselli-Flores, L. (2010) Phytoplankton in the physical

environment: beyond nutrients, at the end, there is some light. Hydrobiologia,

639(1), 261-269.

50

8. Considerações finais

Nossos resultados indicam que o evento de seca severa altera os fatores físicos e

químicos de qualidade da água e a estrutura da comunidade fitoplanctônica, refletindo

numa mudança na biomassa e composição dos grupos funcionais fitoplanctônicos. Esse

evento de seca afetou os resultados do experimento de biomanipulação através da

remoção seletiva de espécies de peixes bentívoros bioturbadores. Entretanto,

conseguimos observar uma tendência à melhoria na qualidade da água através do

aumento significativo da transparência da água e o recrutamento de grupos de algas

verdes coloniais após a biomanipulação.

A flutuação do nível de água é frequentemente associada a mudanças no clima e

direciona alterações nos processos e padrões ecológicos dos ecossistemas aquáticos

(Wantzen et al., 2008). Estudos mostram a influência do clima na flutuação do nível

d’água e como isso afeta profundamente a estrutura biológica e as funções dos corpos

aquáticos, especialmente na comunidade fitoplanctônica (Naselli-Flores & Barone,

2005; O’Farrell et al., 2011). Lagos rasos sofrem bastante influência da flutuação do

nível d’água. O principal fator direcionador da comunidade fitoplanctônica nos lagos

estudados foi a redução do nível da água causada pela seca severa, refletindo numa

mudança nos principais recursos para o fitoplâncton – luz e nutrientes.

Observamos resultados distintos entre os lagos estudados, onde o lago Pocinhos,

o mais profundo, aumentou a biomassa fitoplanctônica e dominância do grupo funcional

de cianobactérias fixadoras de nitrogênio formadoras de florações (SN) com a redução

do nível da água. Porém, os efeitos da seca estudados para o lago da ESEC foram

contrastantes com a literatura e com as expectativas climáticas futuras, não

corroborando a nossa hipótese de que os efeitos da seca favorecem cianobactérias

formadoras de floração. A redução do nível da água, causada pela seca, influenciou a

estabilidade do sistema, atingindo um nível crítico de turbidez inorgânica, isso resultou

na redução da biomassa total fitoplanctônica e na mudança da composição de grupos

funcionais para o lago da ESEC. Portanto, a dominância de cianobactérias nem sempre

é favorecida pelo efeito da seca e depende da profundidade dos lagos.

Concluímos que o impacto da remoção dos peixes bentívoros bioturbadores em

um lago raso no semiárido tropical sob a dinâmica dos grupos funcionais

fitoplanctônicos e qualidade da água ainda são incipientes e possuem limitações devido

ao evento de seca prolongada durante o período de estudo, sendo necessário um

51

monitoramento em longo prazo para investigar os reais efeitos da biomanipulação no

funcionamento do ecossistema. Além disso, eventos extremos de seca causam redução

do nível de água e pode ter efeitos imprevisíveis sob a comunidade fitoplanctônica.

Embora existam conhecimentos sedimentados sobre o processo de eutrofização e

métodos de restauração para combatê-la, pouco se conhece a respeito da interação das

alterações climáticas e a eutrofização, especificamente em eventos de seca severa, e

como este fato pode interferir no processo de restauração de um ecossistema aquático.

Dessa forma, se dá a necessidade de se estudar o efeito de eventos climáticos extremos e

sua importância para o funcionamento dos ecossistemas aquáticos.

52

Referências

Agostinho, A.A., Gomes L.C & Ferreira Jr. H.J. (2003) Relações entre macrófitas

aquáticas e fauna de peixes. In: Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. (Eds

Thomaz, S.M. & L.M. Bini), pp. 261–279. EDUEM, Maringá.

Barbosa, L.G., Barbosa, P.M.M., & Barbosa, F.A.R. (2011) Vertical distribution of

phytoplankton functional groups in a tropical shallow lake: driving forces on a diel

scale. Acta Limnologica Brasiliensia, 23(1), 63-73.

Beaver, J.R., Jensen, D.E., Casamatta, D.A., Tausz, C.E., Scotese, K.C., Buccier, K.M.,

& Renicker, T.R. (2013) Response of phytoplankton and zooplankton communities

in six reservoirs of the middle Missouri River (USA) to drought conditions and a

major flood event. Hydrobiologia, 705(1), 1-17.

Becker, V., Caputo, L., Ordóñez, J., Marcé, R., Armengol, J., Crossetti, L.O., & Huszar,

V.L.M. (2010) Driving factors of the phytoplankton functional groups in a deep

Mediterranean reservoir. Water Research, 44(11), 3345-3354.

Beklioglu, M., Romo, S., Kagalou, I., Quintana, X. & Bécares, E. (2007) State of the art

in the functioning of shallow Mediterranean lakes: workshop conclusions.

Hydrobiologia, 584(1), 317-326.

Beklioglu, M., & Tan, C.O. (2008) Restoration of a shallow Mediterranean lake by

biomanipulation complicated by drought. Fundamental and Applied

Limnology/Archiv für Hydrobiologie, 171(2), 105-118.

Berg, S., Jeppesen, E. & Søndergaard, M. (1997) Pike (Esox lucius L.) stocking as a

biomanipulation tool. 1. Effects on the fish population in Lake Lyng (Denmark).

Hydrobiologia, 342/343, 311–318.

Bouvy, M., Molica, R., De Oliveira, S., Marinho, M., & Beker, B. (1999) Dynamics of

a toxic cyanobacterial bloom (Cylindrospermopsis raciborskii) in a shallow reservoir

in the semi-arid region of northeast Brazil. Aquatic Microbial Ecology, 20(3), 285-

297.

Bouvy, M., Nascimento, S.M., Molica, R.J., Ferreira, A., Huszar, V.L.M., & Azevedo,

S.M. (2003) Limnological features in Tapacurá reservoir (northeast Brazil) during a

severe drought. Hydrobiologia, 493(1-3), 115-130.

Branco, C.W.C., Aguiaro, T., Esteves, F.A. & Caramaschi, E.P. (1997) Food sources of

the Teleost Eucinostomus argenteusin two coastal lagoons of Brazil. Studies on

Neotropical Fauna & Environment, 32, 33–40.

Brasil, J & Huszar, V.L.M. (2011) O papel dos traços funcionais na ecologia do

fitoplâncton continental. Oecologia Australis, 15(4), 799-83.

53

Crossetti, L.O., Becker, V., Cardoso, L.D.S., Rodrigues, L.R., da Costa, L.S., &

Motta-Marques, D. (2013) Is phytoplankton functional classification a suitable tool

to investigate spatial heterogeneity in a subtropical shallow lake?.Limnologica-

Ecology and Management of Inland Waters, 43(3), 157-163.

Crossetti, L.O., & Bicudo, C.E.D.M. (2008) Phytoplankton as a monitoring tool in a

tropical urban shallow reservoir (Garças Pond): the assemblage index application.

Hydrobiologia, 610(1), 161-173.

Dantas, Ê. W., Moura, A.D.N., Bittencourt-Oliveira, M.D.C., Arruda Neto, J.D.D.T., &

Cavalcanti, A.D.D.C. (2008) Temporal variation of the phytoplankton community at

short sampling intervals in the Mundaú reservoir, Northeastern Brazil. Acta Botanica

Brasilica, 22(4), 970-982.

Dantas, Ê.W., Bittencourt-Oliveira, M.D.C., & Moura, A.D.N. (2012) Dynamics of

phytoplankton associations in three reservoirs in northeastern Brazil assessed using

Reynolds’ theory. Limnologica-Ecology and Management of Inland Waters, 42(1),

72-80.

Dodds W.K., Bouska W.W., Eitzmann J.L., Pilger T.J., Pitts K.L., Riley A.J.,

Schloesser J.T. & Thornbrugh J.D. (2009). Eutrophication of U.S. freshwaters:

analysis of potential economic damages. Environmental science and technology, 43

(1), 12-19.

Fonseca, B.M. & Bicudo, C.E.M. (2011) Phytoplankton seasonal and vertical variations

in a tropical shallow reservoir with abundant macrophytes (Ninféias Pond, Brazil).

Hydrobiologia, 665, 229–245.

García, P.R., Nandini, S., Sarma, S.S.S., Valderrama, E.R., Cuesta, I., & Hurtado, M.D.

(2002) Seasonal variations of zooplankton abundance in the freshwater reservoir

Valle de Bravo (Mexico). In: Advances in Mexican Limnology: Basic and Applied

Aspects (Eds Alcocer, J. & Sarma, S.S.S.), pp. 99-108. Vol. 163. Springer

Netherlands.

Heerdt ter, G., & Hootsmans, M. (2007).Why biomanipulation can be effective in peaty

lakes. Hydrobiologia, 584(1), 305-316.

Huszar, V.L.M, Kruk, C., & Caraco, N. (2003) Steady-state assemblages of

phytoplankton in four temperate lakes (NE USA). In: Phytoplankton and Equilibrium

Concept: The Ecology of Steady-State Assemblages (Eds Naselli-Flores, J., Padisák,

J. & Dokulil, M.T), pp. 97-109. Vol 172. Springer Netherlands.

Istvánovics, V. & Somlyódy, L. (1999) Limnological differences between a shallow

prereservoir and a shallow lake. A case study of the Upper Kis-Balaton Reservoir

and Lake Balaton. In: Theoretical reservoir ecology and its applications. (Eds

Tundisi JG, Straškraba M), International Institute of Ecology, Brazilian Academy of

Sciences and Backhuys Publishers, Leiden.

54

IPCC Climate Change (2007) Impacts, Adaptation an Vulnerability. Contribution of

Working Group II to the Fourth Assessment Report of the Intergovernamental Painel

on Climate Change. pp 976. Cambridge University Press, Cambridge, UK.

Jeppesen E., Sondergaard M., Jensen J.P., Havens K.E., Anneville O., Carvalho L.et al.

(2005) Lake responses to reduced nutrient loading- an analysis of contemporary

long-term data from 35 case studies. Freshwater Biology, 50, 1747–1771.

Jeppesen, E., Meerhoff, M., Jaconbesen, B.A, Hansen, R.S., Søndergaard, M., Jensen,

J.P., et al. (2007) Restoration of shallow lakes by nutrient control and

biomanipulation - the successful strategy varies with lake size and climate.

Hydrobiologia, 581, 269–285.

Jyväsjärvi, J., Immonen H., Ogmander, P., Ogmander, H., Heikkihämäläinen &

Karjalainen, J. (2013) Can lake restoration by fish removal improve the status of

profundal macroinvertebrate assemblages? Freshwater Biology, 58(6), 1149-1161.

Kottek, M., Grieser, J., Beck, C., Rudolf, B., & Rubel, F. (2006) World map of the Koppen-

Geiger climate classification updated. Meteorologische Zeitschrift, 15(3), 259-263.

Kruk, C., Mazzeo, N., Lacerot, G., & Reynolds, C.S. (2002) Classification schemes for

phytoplankton: a local validation of a functional approach to the analysis of species temporal

replacement. Journal of plankton Research, 24(9), 901-912.

Kruk, C., Huszar, V.L.M., Peeters, E.T., Bonilla, S., Costa, L., Lürling, M., Scheffer, M. et al

(2010) A morphological classification capturing functional variation in

phytoplankton. Freshwater Biology, 55(3), 614-627.

Kruk, C., Peeters, E.T.H.M., Van Nes, E.H., Huszar, V.L.M., Costa, L.S., & Scheffer, M.

(2011) Phytoplankton community composition can be predicted best in terms of

morphological groups. Limnology and Oceanography, 56(1), 110.

Kruk, C., & Segura, A.M. (2012) The habitat template of phytoplankton morphology-based

functional groups. Hydrobiologia, 698(1), 191-202.

Lazzaro, X., (1997) Do the trophic cascade hypothesis and classical biomanipulation

approaches apply to tropical lakes and reservoirs? Verhandlungen der Internatio-nale

Vereinigung der Limnologie, 26, 719–730.

Lürling, M., & Faassen, E.J. (2012) Controlling toxic cyanobacteria: Effects of dredging and

phosphorus-binding clay on cyanobacteria and microcystins. Water research, 46(5), 1447-

1459.

Marengo, J.A., Ambrizzi, T., Da Rocha, R.P., Alves, L.M., Cuadra, S.V., Valverde, M. C. et al.

(2010) Future change of climate in South America in the late twenty-first century:

55

intercomparison of scenarios from three regional climate models. Climate Dynamics, 35(6),

1073-1097.

Mieleitner, J., Borsuk, M., Bürgi, H.R., & Reichert, P. (2008) Identifying functional groups of

phytoplankton using data from three lakes of different trophic state. Aquatic Sciences, 70(1),

30-46.

Moss, B., Stephen, D., Balayla, D.M., Becares, E., Collings, S.E., Fernandez-Alaez, C.

et al. (2004) Continental-scale patterns of nutrient and fish effects on shallow lakes:

synthesis of a pan-European mesocosm experiment. Freshwater Biology, 49, 1633–

1649.

Moura, A.N, Bittencourt-Oliveira, M.C., Dantas, E.W., Arruda-Neto, J.D.T. (2007)

Phytoplankton associations: a tool to understanding dominance events in a tropical

Brazilian resevoir. Acta Botanica brasilica. 21 (3) 641-648.

Naselli-Flores, L. (1999) Limnological aspects of Sicilian reservoirs: a comparative

ecosystemic approach. In: Theoretical Reservoir Ecology and its Applications.(Eds

Tundisi, J. G. & M. Straškraba), pp 283-311. Backhuys Publishers, Leiden.

Naselli-Flores, L., & Barone, R. (2005) Water-level fluctuations in Mediterranean

reservoirs: setting a dewatering threshold as a management tool to improve water

quality. Hydrobiologia, 548(1), 85-99.

Naselli‐Flores, L., Barone, R., Chorus, I., & Kurmayer, R. (2007) Toxic cyanobacterial

blooms in reservoirs under a semiarid Mediterranean climate: the magnification of a

problem. Environmental toxicology, 22(4), 399-404.

Naselli-Flores, L., & Barone, R. (2012) Phytoplankton dynamics in permanent and

temporary Mediterranean waters: is the game hard to play because of hydrological

disturbance? Hydrobiologia, 698(1), 147-159.

Okun, N., Brasil, J., Attayde, J.L. & Costa, I.A.S. (2008) Omnivory does not prevent

trophic cascades in pelagic food webs. Freshwater Biology, 53, 129-138.

van Oosterhout, F., & Lürling, M. (2011) Effects of the novel ‘Flock & Lock’lake

restoration technique on Daphnia in Lake Rauwbraken (The Netherlands). Journal of

plankton research, 33(2), 255-263.

Padisák, J. & Reynolds, C.S. (2003) Shallow lakes: the absolute, the relative, the

functional and the pragmatic. Hydrobiologia, 506(1-3), 1-11.

Padisák, J., Crossetti, L.O., & Naselli-Flores, L. (2009) Use and misuse in the

application of the phytoplankton functional classification: a critical review with

updates. Hydrobiologia, 621(1), 1-19

56

Pearl, H.W. (2009) Controlling Eutrophication along the Freshwater–Marine

Continuum: Dual Nutrient (N and P) Reductions are Essential. Estuaries and Coasts,

32, 593–601.

Pedusaar, T. Sammalkorpi, I., Hautala, A., Salujõe, J., Jarvalt, A. & Pihlak, M. (2010)

Shifts in water quality in a drinking water reservoir during and after the removal of

cyprinids. Hydrobiologia, 649, 95–106.

Perrow, M.R., Meijer, M., Dawindowicz, P. & Coops, H, (1997) Biomanipulation in

shallow lakes: State of the art. Hydrobiologia, 342, 355-365.

Prokopkin I.G., Gubanov, V.G., Gladyshev, M.I., (2006) Modelling the effect of

planktivorous fish removal in a reservoir on the biomass of cyanobacteria.

Ecological Modelling, 190, 419–431.

Reynolds, C.S. (1990) Temporal scales of variability in pelagic environments and the

response of phytoplankton. Freshwater Biology, 23, 25-53.

Reynolds, C.S. (1998) What factors influence the species composition of

phytoplankton in lakes of different trophic status? Hydrobiologia, 369/370, 11-26.

Reynolds, C.S. (1997) Vegetation process in the pelagic: a model for ecosystem theory. In:

Excellence in Ecology (Ed Kinne, O.) ECI, Oldendorf.

Reynolds, C.S. (1999) Phytoplankton assemblages in reservoirs. In:Theoretical

reservoir ecology and its applications.(Eds Tundisi, J. G. & M. Straškraba), pp 439-

456. Backhuiss Pub/Brazilian Academy os Sciences, São Paulo.

Reynolds, C.S.; Huszar, V.L.M.; Kruk, C.; Naselli-Flores, L. & Melo, S. (2002)

Towards a functional classification of the freshwater phytoplankton. Journal of

Plankton Research, 24 (5), 417-428.

Reynolds, C.S. (2006) The Ecology of Phytoplankton (Ecology, Biodiversity and

Conservation). Cambridge University Press, Cambridge.

Rojo, C., Álvarez-Cobelas, M., Benavent-Corai, J., Barón-Rodríguez, M.M., &

Rodrigo, M.A. (2012) Trade-offs in plankton species richness arising from drought:

insights from long-term data of a National Park wetland (central Spain). Biodiversity

and Conservation, 21(10), 2453-2476.

Roland, F., Huszar, V.L.M., Farjalla, V.F., Enrich-Prast, A., Amado, A.M., & Ometto,

J.P.H.B. (2012) Climate change in Brazil: perspective on the biogeochemistry of

inland waters. Brazilian Journal of Biology, 72(3), 709-722.

57

Salmaso, N. & Padisák, J. (2007) Morpho-functional groups and phytoplankton development in

two deep lakes (Lake Garda, Italy and Lake Stechlin, Germany).Hydrobiologia, 578(1), 97-

112.

Scheffer, M., Hosper, S. H., Meijer, M.L., Moss, B., & Jeppesen, E. (1993) Alternative

equilibria in shallow lakes. Trends in ecology & evolution, 8(8), 275-279.

Scheffer, M., Rinaldi, S., Gragnani, A., Mur, L.R., & van Nes, E.H. (1997) On the

dominance of filamentous cyanobacteria in shallow, turbid lakes. Ecology, 78(1),

272-282.

Scheffer, M. (1998) Ecology of Shallow Lakes. Chapman & Hall, London.

Shapiro J., Lamarra V. & Lynch M. (1975) Biomanipulation: an ecosystem approach to

lake restoration. In: Water Quality Management through Biological Control (Eds P.

L.Brezonik and J. L.Fox). University of Florida. Gainesville.

Smith, V.H & Schindler, D.W. (2009) Eutrophication science: where do we go from here?

Trends in Ecology and Evolution, 24, 201-207.

Soares, M. C. S., Rocha, M. D. A., Marinho, M. M., Azevedo, S. M., Branco, C. W., &

Huszar, V.L.M (2009) Changes in species composition during annual cyanobacterial

dominance in a tropical reservoir: physical factors, nutrients and grazing

effects. Aquatic Microbial Ecology, 57(2), 137-149.

Soares, M.C., Marinho, M.M, Azevedo, S.M.O.F, Branco, C.W.C. & Huszar, V.L.M. (2012)

Eutrophication and retention time affecting spatial heterogeneity in a tropical reservoir.

Limnologica-Ecology and Management of Inland Waters, 42(3), 197-203.

Søndergaard, M., Jensen, J.P., & Jeppesen, E. (2003) Role of sediment and internal

loading of phosphorus in shallow lakes. Hydrobiologia, 506(1-3), 135-145.

Søndergaard, M., Jeppesen, E.., Lauridsen, T.L., Skov, C., Van Nes, E., Roijackers, R.,

et al. (2007) Lake restoration: successes, failures and long-term effects. Journal of

Applied Ecology, 44, 1095–1105.

Søndergaard, M., Liboriussen, L., Pedersen, A.R., Jeppesen E., (2008) Lake

Restoration by Fish Removal: Short- and Long-Term Effects in 36 Danish Lakes.

Ecosystems, 11, 1291–1305.

Starling, F., Lazzaro, X., Cavalcanti, C. & Moreira, R. (2002) Contribution of

omnivorous tilapia to eutrophication of a shallow reservoir: evidence from a fish kill.

Freshwater Biology, 47, 2443–2452.

Straškraba, M., & Tundisi, J.G. (1999) Reservoir ecosystem functioning: theory and

application. In: Theoretical reservoir ecology and its applications. (Eds Tundisi, J.

58

G. & M. Straškraba), pp. 565-597. Backhuiss Pub/Brazilian Academy of Sciences,

São Paulo.

Wahl, D.H., Wolfe, M.D., Santucci Jr, V.J., & Freedman, J.A. (2011) Invasive carp and

prey community composition disrupt trophic cascades in eutrophic

ponds. Hydrobiologia, 678(1), 49-63.

Wantzen, K. M., Rothhaupt, K. O., Mörtl, M., Cantonati, M., László, G., & Fischer, P.

(2008) Ecological effects of water-level fluctuations in lakes: an urgent issue (pp. 1-

4). Springer Netherlands.

Zohary, T., Padisák, J. & Naselli-Flores, L. (2010) Phytoplankton in the physical

environment: beyond nutrients, at the end, there is some light.

Hydrobiologia, 639(1),261-269.