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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
CLARISSA FAVERO DEMEDA
ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DOS TRANSPORTADORES DE GLICOSE 1 E 3
EM CARCINOMAS EPIDERMÓIDES DE LÁBIO INFERIOR E SUA RELAÇÃO
COM PARÂMETROS CLÍNICO-PATOLÓGICOS
Natal - RN
2012
CLARISSA FAVERO DEMEDA
ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DOS TRANSPORTADORES DE GLICOSE 1 E 3
EM CARCINOMAS EPIDERMÓIDES DE LÁBIO INFERIOR E SUA RELAÇÃO
COM PARÂMETROS CLÍNICO-PATOLÓGICOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como parte
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Patologia Oral
Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto
Co-Orientador: Prof. Dr. Cassiano Francisco Weege Nonaka
Natal - RN
2012
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Demeda, Clarissa Favero.
Estudo da imunoexpressão dos transportadores de glicose 1 e 3 em carcinomas epidermóides de lábio inferior e sua relação com parâmetros clínico-patológicos / Clarissa Favero Demeda. – Natal, RN, 2012.
140 f.; il.
Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto.
Co-orientador: Prof. Dr. Cassiano Francisco Weege Nonaka.
Dissertação (Mestrado em Patologia Oral) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
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“O que fizeres de bom ecoará para sempre. Mesmo que te desconheçam, as futuras gerações te abençoarão o esforço. E onde estiveres, experimentarás indefinível sensação de paz. As tuas boas obras hão de sobreviver contigo”.
Carlos Baccelli
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Aos meus pais (Sergio e Clenice) que sempre foram meus exemplos de superação,
coragem e perseverança. Com eles aprendi que nada é impossível, basta lutar e se dedicar.
Aos meus irmãos (Vinícius e Vanessa) companheiros nas horas difíceis e boas, por
sempre estarem ao meu lado e me apoiando nas minhas decisões.
Ao meu grande amor e futuro marido, Rodrigo Vilar, pelo apoio incondicional que
sempre tem me dado e pelo seu companheirismo. Por sempre compreender quando não pude
estar presente.
Essa conquista só foi possível com a ajuda de vocês!!
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“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não
fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As
facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as
críticas nos auxiliam muito.”
Chico Xavier
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Agradeço, primeiramente, a Deus e aos Irmãos de luz, que sempre guiaram meu
caminho, e nunca me deixaram desistir, por mais difícil que cada conquista pareça ser.
“Toda escritura inspirada por Deus é proveitosa...” – Paulo (II Timóteo, 3:16).
Aos meus pais pelo apoio, amor e suporte. Sem as suas palavras e carinhos não
conseguiria seguir em frente. Aos meus irmãos pelas boas risadas e pelas boas brigas, que
sempre nos ensinam a lidar melhor com a vida e pelas palavras de conforto. Minha família
sempre será meu alicerce!
A Rodrigo, meu querido, nosso amor superou grandes obstáculos, desde os tempos de
graduação até hoje, com sua ajuda aprendi a ser uma pessoa melhor, a ser mais justa,
compreensiva e aprender que sou capaz. Essas qualidades são suas, com você ao meu lado
pude aflorá-las em mim a cada dia. Muito obrigada!
A minha tia Clezita, por ser minha segunda mãe. Sempre presente quando precisei e
por sempre torcer pelas minhas vitórias. A Cristiane, D. Cida e Gabriel, mesmo longe penso
em vocês como minha família, o amor e o acolhimento que recebi de vocês em Bauru sempre
estão comigo.
As amigas, Natalia, Débora, Roberta, Isabel, Danielle que estão sempre comigo,
desde nossa infância, por dividirem momentos de descontração e amizade.
Agradeço, especialmente, ao Profº Drº Leão Pereira Pinto, meu orientador para vida.
Pessoa batalhadora, competente, atenciosa e exemplo de dedicação à profissão. Muito
obrigada por me mostrar o caminho da investigação científica e o amor por lecionar.
Ao Profº Drº Cassiano Francisco Weege Nonaka por ter compartilhado comigo a
idéia desse estudo. Pelos inúmeros ensinamentos, pelos seus puxões de orelha, por ter
despertado em mim a autocrítica e a dedicação em tudo aquilo que faço. Sua ajuda foi
fundamental para a conclusão desse trabalho. Certamente, os conhecimentos adquiridos ao
longo desses dois anos jamais serão esquecidos.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral pelo apoio,
sempre! A Profª Drª Lélia Batista, pelo exemplo de dedicação e amor a patologia oral, sem
os quais a pós-graduação não seria a mesma. A Prof. Drª Roseana Almeida de Freitas, pela
excelente coordenação, pelas palavras e conhecimentos compartilhados. A Profª Drª Lélia
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Maria por sua doçura e maneira harmoniosa de conquistar a todos. As Profªs Drªs Márcia
Miguel e Éricka Janine, por sempre estimularem a nossa busca pelo conhecimento e
crescimento acadêmico. Ao Profº Drº Costinha, pelo ótimo convívio e pelos incentivos. A
Profª Drª Ana Miriam, pelos conhecimentos transmitidos, para que possamos atender melhor
aos nossos pacientes. A Profª Drª Hébel Cavalcanti por sua simpatia e exemplo de luta.
Aos meus amigos da turma de mestrado, Edilmar, Dmitry, Pedro Carlos e Lucileide,
muito obrigada pelos momentos de convivência e pelas trocas de ensinamentos!! As minhas
queridas “xuxus” Ana Luiza, Bárbara, Denise, Natália e Rose!! Nada teria sido tão intenso
e tão agradável sem a convivência com vocês! Muito obrigada por estarem ao meu lado
nesses dois anos, vocês foram meus presentes durante essa trajetória, ajudaram a fazer os
dias difíceis mais alegres e fáceis. Desejo muito sucesso para todos! Que Deus os abençoe!!
Aos doutorandos: Keila, Águida, Joabe, Felipe, Emeline, Adriana, Fernando,
Marcelo, Pedro Paulo, Nazareno, Emília, Maiara, Rodrigo, Stefânia, Alessandra e Cida!
Pelos momentos de alegria, descontração e conhecimentos que dividimos. Agradeço, em
especial, a Cyntia e Ana Rafaela, por terem me ajudado com a escolha dos blocos e com o
desenvolvimento da pesquisa, pelos conselhos e conhecimentos divididos.
Aos funcionários, Canindé, Sandrinha, Gracinha, Lurdinha, Idel, Hévio, Ricardo e
Patrícia. Muito obrigada pela participação nesse período de aprendizagem, a ajuda de vocês
é fundamental para execução de nossas pesquisas.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio
financeiro para o desenvolvimento desse trabalho.
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RESUMO
O Carcinoma epidermóide (CE) está entre as lesões mais comuns localizadas na região
de cabeça e pescoço e apesar dos avanços nas modalidades de tratamento, o prognóstico ainda
é pobre. As células malignas apresentam um aumento na absorção de glicose, processo esse
mediado pelos transportadores de glicose (GLUTs). O aumento da expressão de GLUT 1 e
GLUT 3 encontra-se relacionado com o comportamento agressivo dessa lesão. O objetivo
desse estudo consistiu em avaliar, através de estudo imuno-histoquímico, a expressão dos
GLUTs 1 e 3 em CE de lábio inferior. A amostra foi composta por 40 casos de CE de lábio
inferior, dos quais 20 apresentavam metástase linfonodal regional e os 20 restantes com
ausência de metástase. Foram avaliados os percentuais de células imunomarcadas no front de
invasão e no centro do tumor, esses resultados foram relacionados com a presença e ausência
de metástase linfonodal, estadiamento clínico TNM e gradação histológica. O percentual de
marcação citoplasmática/membranar para GLUT 1 variou de 77,35% a 100%, já para GLUT 3
esse valor variou de 0,79% a 100%. Quanto à marcação nuclear para GLUT 1, este percentual
variou de 0 a 0,42%, no entanto, GLUT 3 apresentou apenas um caso com marcação nuclear.
Apesar da expressiva marcação das células tumorais frente aos marcadores estudados, não foi
possível observar relação estatisticamente significativa entre as variáveis estudadas e os
marcadores analisados, independente da região avaliada. Contudo, foi observada moderada
correlação positiva estatisticamente significativa entre as imunoexpressões
citoplasmática/membranar de GLUT 1 no front de invasão e no centro do tumor (r=0,679;
p<0,001). De forma similar, foi constatada moderada correlação positiva entre as
imunoexpressões nucleares de GLUT 1 no front de invasão e no centro tumoral(r=0,547;
p<0,001). Para GLUT 3, também foi observada moderada correlação positiva entre as
imunoexpressões membranar/ citoplasmática dessa proteína no front de invasão e no centro
tumoral (r=0,589; p<0,001). Foi observado, ainda, que a imunoexpressão de GLUT 1 em
relação a GLUT 3 foi maior tanto no front de invasão (p < 0,001) como no centro do tumor (p
<0,001). A partir desses resultados, conclui-se que a hipóxia tumoral é uma característica
marcante no CE de lábio inferior e GLUT 1 pode ser o principal responsável pela captação de
glicose para o interior das células malignas.
Palavras-chave: Carcinoma epidermóide; Neoplasia Labial; Proteínas
transportadoras; Estadiamento de Neoplasias; Imunoistoquímica.
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ABSTRACT
The Epidermoid Carcinoma (EC) is the most common lesions located in the region of
the head and neck and, despite advances in treatment modalities, the prognosis is still poor.
The malignant cells show an increase in glucose uptake, process mediated by glucose
transporters (GLUTs). Increased expression of GLUT 1 and GLUT 3 is related to the
aggressive behavior of this lesion. The aim of this study was to evaluate, through
immunohistochemistry, the expression of GLUTs 1 and 3 in EC of the lower lip. The sample
consisted of 40 cases of EC of the lower lip, of which 20 had regional lymph node metastasis
and the remaining 20 with absence of metastasis. The percentages of immunostained cells in
front of tumor invasion and in the center of tumor were evaluated. These results were related
to the presence and absence of lymph node metastasis, TNM classification and histological
grading. The percentage of cytoplasmic/membranous expression of GLUT 1 ranged from
77.35% to 100%, while for GLUT 3 this value ranged from 0.79% to 100%. As for nuclear
staining for GLUT 1, this percentage ranged from 0 to 0.42%, however. GLUT 3 showed only
one case with nuclear staining. Despite the significant expression of tumor cells related to the
proteins studied, we observed no statistically significant relationship between the variables
and the antibodies analyzed, regardless of the region evaluated. However, there was a
moderate positive correlation between cytoplasmic/membranous immunoexpressions of
GLUT 1 in invasion front and in the tumor center (r = 0.679, p <0.001). Similarly, moderate
positive correlation was found between the nuclear immunoexpressions of GLUT 1 in the
invasion front and in the tumor center (r = 0.547, p <0.001). For GLUT 3, was also observed
a moderate statistically significant positive correlation between cytoplasmic/membranous
expression in tumor invasion front and in tumor center (r = 0.589, p <0.001). We also
observed that the immunoreactivity for GLUT 1 was higher than GLUT 3 expression in
invasion front (p <0.001) and tumor center (p <0.001). From these results, this study suggests
that tumor hypoxia is a remarkable characteristic of the EC of the lower lip and GLUT 1 may
be primarily responsible for glucose uptake into the interior of the malignant cells.
Keywords: Squamous Cell Carcinoma; Lip Cancer; Transport Proteins; Sataging of
Neoplasms; Immunohistochemistry.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Figura 1. Estrutura bidimensional dos GLUTs......................................................... 41
Figura 2. Modelo simplificado da estrutura do GLUT 1.......................................... 47
Figura 3. CE de lábio inferior de baixo grau, bem diferenciado. (H/E, 100×)......... 91
Figura 4. CE de lábio inferior de alto grau, pobremente diferenciado. (H/E,
200×).......................................................................................................... 91
Figura 5. Fotomicrografia demonstrando padrão de expressão de GLUT 1
localizado na periferia das ilhas tumorais. (ADVANCETM, 200×)........... 92
Figura 6. Fotomicrografia demonstrando padrão de expressão de GLUT 1
localizado no centro das ilhas tumorais*. (ADVANCETM, 100×)............ 92
Figura 7. Fotomicrografia demonstrando o padrão de expressão de GLUT 3 no
centro das ilhas tumorais. (ADVANCETM, 200×)..................................... 93
Figura 8. Fotomicrografia demonstrando a intensidade de expressão moderada de
GLUT 3 nas ilhas tumorais. (ADVANCETM, 200×)................................. 93
Figura 9. Fotomicrografia demonstrando expressão citoplasmática/membranar de
GLUT 1. (ADVANCETM, 200×)............................................................... 94
Figura 10. Fotomicrografia demonstrando expressão nuclear (seta) de GLUT 1.
(ADVANCETM, 200×)............................................................................... 94
Figura 11. Fotomicrografia demonstrando expressão citoplasmática/membranar de
GLUT 3. (ADVANCETM, 200×)............................................................... 95
Figura 12. Fotomicrografia demonstrando expressão nuclear de GLUT 3.
(ADVANCETM, 200×)............................................................................... 95
Quadro 1. Localização tecidual das principais isoformas de GLUT e suas
características funcionais........................................................................... 43
Quadro 2. Sistema de estadiamento clínico TNM para o CE de lábio, preconizada
por SOBIN; WITTEKIND (2002)............................................................. 58
Quadro 3. Categorias de estadiamento clínico TNM para o CE de lábio,
preconizadas por SOBIN; WITTEKIND (2002)....................................... 59
Quadro 4. Sistema de gradação histológica de malignidade no “front” de invasão
proposto por Bryne (1998)........................................................................ 60
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Quadro 5 Sistemade gradação histológica, proposto pela OMS (CARDESA et al.,
2005).......................................................................................................... 60
Quadro 6. Especificidade, nº catálogo, fabricante, diluição, recuperação antigênica
e tempo de incubação dos anticorpos primários a serem utilizados no
estudo.........................................................................................................� 63
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LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Distribuição dos casos de carcinoma de lábio inferior, segundo sexo e
faixa etária dos pacientes, de acordo com a presença e ausência de
metástase. Natal-RN 2012........................................................................
67
Tabela 2. Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior,
segundo o estadiamento clínico TNM, de acordo com a presença e
ausência de metástase. Natal – RN, 2012................................................. 68
Tabela 3. Análise morfológica e gradação histológica de malignidade (BRYNE,
1998) dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior sem
metástase. Natal-RN, 2012....................................................................... 69
Tabela 4. Análise morfológica e gradação histológica de malignidade (BRYNE,
1998) dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior com
metástase. Natal-RN, 2012....................................................................... 70
Tabela 5. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau
histológico de malignidade (BRYNE, 1998) em relação à metástase
linfonodal. Natal – RN, 2012.................................................................... 71
Tabela 6. Distribuição absoluta e relativa da relação entre o estadiamento clínico
TNM e a gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998). Natal –
RN, 2012................................................................................................... 71
Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da relação
entre estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade
(BRYNE, 1998). Natal – RN, 2012.......................................................... 72
Tabela 8. Distribuição absoluta e relativa do grau histológico de malignidade
(CARDESA et al., 2005) em relação à metástase linfonodal. Natal –
RN, 2012................................................................................................... 72
Tabela 9. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau
histológico de malignidade (CARDESA et al., 2005) em relação à
metástase linfonodal. Natal – RN, 2012................................................... 72
Tabela 10. Distribuição absoluta e relativa da relação entre a gradação histológica de malignidade (CARDESA et al., 2005) e o estadiamento clínico TNM. Natal – RN, 2012........................................................................... 73
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Tabela 11. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau
histológico de malignidade (CARDESA et al., 2005) em relação ao
estadiamento clínico TNM. Natal – RN, 2012......................................... 73
Tabela 12. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de
marcação para GLUT 1 em relação à metástase linfonodal e ao
estadiamento clínico TNM. NATAL – RN, 2012..................................... 74
Tabela 13. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de
marcação para GLUT 1 em relação às gradações histológicas de
malignidade. NATAL – RN, 2012............................................................ 75
Tabela 14. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de
marcação para GLUT 3 em relação à metástase linfonodal e ao
estadiamento clínico TNM. NATAL – RN, 2012..................................... 76
Tabela 15. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de
marcação para GLUT 3 em relação às gradações histológicas de
malignidade. NATAL – RN, 2012............................................................ 76
Tabela 16. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT 1 no front de
invasão e no centro tumoral em relação à metástase linfonodal. Natal,
RN – 2012................................................................................................. 77
Tabela 17. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro
tumoral em relação à metástase linfonodal. Natal, RN – 2012................. 78
Tabela 18. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de
invasão e no centro tumoral em relação à metástase linfonodal. Natal,
RN – 2012................................................................................................. 79
Tabela 19. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em relação ao estadiamento clínico TNM. Natal, RN – 2012...................................................................................... 80
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Tabela 20. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro
tumoral em relação ao estadiamento clínico TNM. Natal, RN – 2012..... 81
Tabela 21. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de
invasão e no centro tumoral em relação ao estadiamento clínico TNM.
Natal, RN – 2012...................................................................................... 82
Tabela 22. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-1 no front de
invasão e no centro tumoral em relação à gradação histológica de
malignidade (BRYNE, 1998). Natal, RN – 2012..................................... 83
Tabela 23. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro
tumoral em relação em relação à gradação histológica de malignidade
(BRYNE, 1998). Natal, RN – 2012.......................................................... 84
Tabela 24. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de
invasão e no centro tumoral em relação em relação à gradação
histológica de malignidade (BRYNE, 1998). Natal, RN – 2012.............. 85
Tabela 25. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-1 no front de
invasão e no centro tumoral em relação à gradação histológica de
malignidade (CARDESA et al., 2005). Natal, RN – 2012....................... 86
Tabela 26. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em relação em relação à gradação histológica de malignidade (CARDESA et al., 2005). Natal, RN – 2012............................................ 87
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Tabela 27. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma
dos postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual
de positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de
invasão e no centro tumoral em relação em relação à gradação
histológica de malignidade (CARDESA et al., 2005). Natal, RN –
2012........................................................................................................... 88
Tabela 28. Tamanho da amostra, valor estatístico para o coeficiente de correlação
de Spearman (r) e significância estatística (p) entre as imunoexpressões
citoplasmática/membranar e nuclear de GLUT 1 e GLUT 3 no front de
invasão e no centro tumoral. Natal, RN – 2012........................................ 89
Tabela 29. Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior de
acordo com os postos dos percentuais de imunoexpressão
citoplasmática/ membranar de GLUT 1 e GLUT 3 no front de invasão e
no centro tumoral. Natal, RN – 2012........................................................ 90
Tabela 30. Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior de
acordo com os postos dos percentuais de imunoexpressão nuclear de
GLUT 1 no front de invasão e no centro tumoral. Natal, RN – 2012....... 90
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
� AMP Do inglês Adenosine monophosphate, traduzido como
monofosfato de adenosina.
� ATP Do inglês Adenosine triphosphate, traduzido como trifosfato de
adenosina.
� BSA Do inglês bovin serum albumin, traduzido como albumina de soro
bovino.
� CE Carcinoma epidermóide.
� CEO Carcinoma epidermóide oral.
� C-MYC Fator de transcrição responsável pela regulação de 15% de todos
os genes.
� CO Câncer oral.
� DNA Do inglês, deoxyribonucleic acid, traduzido como ácido
desoxirribonucléico.
� fMLP Do inglês formylmethionyl-leucil-fenilalanina, traduzido como
formilmetionil-leucil-fenilalanina.
� GLUT Do inglês glucose transporter, traduzido como transportador de
glicose.
� GLUT 1-14 Diferentes isoformas dos transportadores de glicose.
� HIF-1� Do inglês Hypoxia inducible factor - 1�, traduzido como fator
induzido por hipóxia- 1�.
� HepG2 Linhagem celular de hepatocarcinoma humano.
� INCA Instituto Nacional do Câncer.
� kD Do inglês kilodaltan, traduzido como quilodálton.
� Km Constante de Michaelis.
� LDHA Do inglês, Lactate dehydrogenase A, traduzido como lactato
desidrogenase A.
� mM miliMol.
� MS Ministério da Saúde.
� mRNA Do inglês menseger ribonucleic acid, traduzido como ácido ribonucléico mensageiro.
� Na+ Íons sódio.
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� NER Do inglês, Nucleotide excision route, traduzido como via de excisão de nucleotídeo.
� OMS Organização Mundial de Saúde.
� P53 Gene supressor tumoral.
� PHA Fitohemaglutinina.
� RAS Oncogene transdutor de sinal extracelular.
� SRC Oncogene responsável pela regulação do crescimento celular.
� TNM Do inglês Tumor-Node-Metastasis, refere-se ao sistema de
estadiamento clínico que avalia o tamanho do tumor,
envolvimento do linfonodo regional e envolvimento por
metástases à distância.
� UICC União Internacional Contra o Câncer.
� UV Termo referente à radiação ultravioleta.
� UVA Radiação ultravioleta tipo A.
� UVB Radiação ultravioleta tipo B.
� UVC Radiação ultravioleta tipo C.
� VEGF Do inglês Vascular endothelial growth factor, traduzido como
fator de crescimento endotelial vascular.
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SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 27
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................... 30
2.1 CARCINOMA EPIDERMÓIDE ORAL................................................... 31
2.2 CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÁBIO E CONSIDERAÇÕES
CLÍNICO-PATOLÓGICAS......................................................................
33
2.3 TRANSPORTADORES DE GLICOSE.................................................... 39
2.3.1 Estruturas dos GLUTs............................................................................ 40
2.3.2 Metabolismo da glicose no câncer.......................................................... 44
2.3.3 GLUT 1..................................................................................................... 46
2.3.4 GLUT 3..................................................................................................... 47
2.3.5 Expressão dos GLUTs 1 e 3 no câncer................................................... 49
3 PROPOSIÇÃO......................................................................................... 54
4 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 56
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS................................................................... 56
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO........................................................ 56
4.3 POPULAÇÃO............................................................................................ 57
4.4 AMOSTRA................................................................................................ 57
4.4.1 Critérios de inclusão da amostra............................................................ 57
4.4.2 Critérios de exclusão da amostra............................................................ 57
4.5 ESTADIAMENTO CLÍNICO TNM PARA CE LÁBIO
INFERIOR.................................................................................................
58
4.6 ESTUDO MORFOLÓGICO..................................................................... 59
4.7 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO....................................................... 61
4.7.1 Método imuno-histoquímico................................................................... 61
4.7.2 Análise imuno-histoquímica.................................................................... 63
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................ 64
5 RESULTADOS........................................................................................ 67
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.................................................... 67
5.2 ASPECTOS MORFOLÓGICOS............................................................... 68
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�
5.3 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS.......................................... 74
5.3.1 Análise da descritiva expressão de GLUT 1 e GLUT 3........................ 74
5.3.2 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto à presença ou ausência de metástase..............................................................................................
77
5.3.3 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto à presença ou ausência de metástase..............................................................................................
78
5.3.4 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto ao estadiamento clínico
TNM..........................................................................................................
80
5.3.5 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto ao estadiamento clínico
TNM........................................................................................................
81
5.3.6 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto à gradação histológica, proposta por Bryne (1998)......................................................................
82
5.3.7 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto à gradação histológica, proposta por Bryne (1998)......................................................................
84
5.3.8 Avaliação da relação da expressão de GLUT 1 quanto à gradação
histológica, proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005)....................
85
5.3.9 Avaliação da relação da expressão de GLUT 3 quanto à gradação
histológica, proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005)....................
87
5.3.10 Avaliação da correlação entre as imunoexpressões de GLUT 1 e GLUT 3.....................................................................................................
88
6 DISCUSSÃO............................................................................................. 97
7 CONCLUSÕES........................................................................................ 112
REFERÊNCIAS....................................................................................... 114
APÊNDICES............................................................................................ 131
ANEXOS................................................................................................... 139
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1 INTRODUÇÃO
O carcinoma epidermóide oral (CEO) é uma neoplasia maligna que se origina no
epitélio pavimentoso estratificado (BRENER et al, 2007), compreendendo cerca de 95% de
todas as lesões que acometem a região de cabeça e pescoço. Trata-se da lesão maligna mais
comumente encontrada no lábio inferior (ZINI; CZERNINSK; SAGAN-COHEN, 2010).
Quando o diagnóstico é realizado em estágios iniciais, o carcinoma epidermóide (CE)
de lábio inferior possui prognóstico favorável, com índice de sobrevida maior que 90% em
acompanhamento de 5 anos. A metástase em linfonodos regionais envolve cerca de 5 a 20%
de todos os casos diagnosticados (ZITSCH; LEE; SMITH, 1999). Os pacientes que
desenvolvem metástases cervicais tardias possuem pior prognóstico, considerando que apenas
30% a 70% atingem a sobrevida de 5 anos (HASSON, 2008).
Os tumores malignos em crescimento requerem a formação de vasos sanguíneos para
aumento na taxa de respiração e absorção de nutrientes (KUNKEL et al., 2007). A medida
que as células crescem, a demanda de energia aumenta, induzindo a formação de novos vasos,
com o objetivo de aumentar a quantidade de nutrientes e oxigênio disponíveis, possibilitando
seu desenvolvimento (ZHOU et al., 2008). Entretanto, esses processos não conseguem
acompanhar o crescimento das células neoplásicas, resultando em áreas de hipóxia
(MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005). Desta forma, as células neoplásicas passam por
mudanças para que possam se adaptar e sobreviver sob essas condições, o que pode levar a
um fenótipo mais agressivo, resultando em invasão e metástase (CHOI et al., 2007).
A regulação da expressão das proteínas transportadoras de glicose desempenha um
papel vital no fornecimento de glicose e outros açúcares nas células metabolicamente ativas
(MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005). Os transportadores de glicose (GLUTs) 1 e 3 foram
detectados em diversos tecidos humanos o que sugeriu serem eles os principais responsáveis
pela absorção de glicose (FUKUZUMI et al., 2000; MEDINA; OWEN, 2002; MENESES et
al., 2002; THORENS; MUECKLER, 2010). A superexpressão dessas proteínas já foi
identificada em diversos tumores malignos, como os carcinomas de pulmão (YOUNES et al.,
1997), mama (KANG et al., 2002), cólon (HARBER et al., 1998), esôfago (TOHMA et al.,
2005) e ovário (RUDLOWSKI et al., 2004). Em CEOs, tem sido observada uma associação
entre a superexpressão de GLUT 1 e a presença de metástase linfonodal e episódios de
recorrência (OLIVER et al., 2004).
28 �
Poucos estudos procuraram avaliar a associação de GLUT 1 e 3 com o CEO e, até o
momento, não há estudos na literatura sobre a expressão dessas duas proteínas no CE de lábio
inferior. Desta forma, o presente estudo se propõe avaliar a imunoexpressão dos GLUTs 1 e 3
em CEs de lábio inferior, com o objetivo de relacionar esses resultados com os aspectos
clínico-patológicos, em relação a presença e ausência de metástase em linfonodos regionais,
estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade. Por meio desta
investigação, pretende-se obter dados que facilitem a compreensão do comportamento
biológico da lesão estudada, bem como a utilização desses marcadores como indicadores do
prognóstico da doença.
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30 �
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CARCINOMA EPIDERMÓIDE ORAL –
O câncer oral (CO) é um termo genérico que inclui tumores de diferentes tecidos
(WARNAKULASURIYA, 2009). É uma importante causa de morbidade e mortalidade em
todo o mundo (CASAL et al., 2010; ZINI; CZERNINSK; SAGAN-COHEN, 2010), cuja
incidência pode variar de acordo com a localização geográfica (BATISTA et al., 2010). Em
2004, cerca de 67.000 novos casos foram registrados nos países da União Européia (BOYLE;
FERLAY, 2005). No Brasil, o CO corresponde em média a 3% de todas as lesões malignas
(INCA, 2010).
O CEO também denominado carcinoma de células escamosas, carcinoma
escamocelular ou carcinoma espinocelular, corresponde a aproximadamente 90% de todos os
COs (BRENER et al. 2007). Trata-se de uma neoplasia maligna que se origina do epitélio de
revestimento afetando tanto a cavidade oral quanto o vermelhão do lábio (BATISTA et al.,
2010). Mundialmente, é um problema de saúde pública, contando com mais de 274.000 novos
casos diagnosticados por ano (PARKIN et al., 2002). Na Europa Central, a mortalidade atinge
cerca de 29 - 40 a cada 100.000 habitantes (DOBROSSY et al., 2004). Nos Estados Unidos,
essa lesão é diagnosticada em aproximadamente 12.000 americanos, resultando na morte de
mais de 5.000 pessoas por ano (KUPFERMAN; MYERS et al., 2006).
Na América do Sul, a maior incidência é no Brasil, apresentando-se numa proporção
de 8,3 a cada 100.000 habitantes. Corresponde ao sexto tumor mais comum, representando
2,6% de todas as malignidades, sendo que esse é o nono mais letal (MAROCCHIO et al.,
2010). Segundo estimativas realizadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2010
ocorreram cerca de 14.120 novos casos, dentre esses, 10.330 acometendo homens e o restante
em mulheres. Em relação à mortalidade, estima-se que chegará a uma faixa de 6.214 mortes
em todo o país.
Estudos apontam que o CEO é o sexto câncer mais comum no sexo masculino e o
nono em relação ao sexo feminino (INCA, 2010; OLIVEIRA; SILVA; ZUCOLOTO, 2006;
31 �
BRENER et al., 2007). Em todo o Brasil, os maiores valores das taxas médias anuais de
ocorrência da doença, ajustadas por idade a cada 100 mil homens, foram constatadas em São
Paulo (1997-1998: 7,6), Distrito Federal (1996-1998: 6,6) e Salvador (1997-2001: 4,6). Na
população feminina, as maiores taxas foram observadas em Natal (1998-1999: 3,3), São Paulo
(1997-1998: 2,3) e João Pessoa (1999-2000: 1,8) (INCA, 2010).
Dados epidemiológicos mostram que os pacientes acima de 40 anos são os mais
acometidos pelo CEO, apresentando maior incidência com o decorrer da idade (NEVILLE et
al., 2009). A incidência dessa neoplasia, em adultos jovens e mulheres, vêm crescendo
segundo levantamentos feitos na última década (OLIVEIRA; SILVA; ZUCOLOTO, 2006;
CURADO; HASHIBE, 2009; CASAL et al., 2010).
As variações nas taxas de incidência e mortalidade para o CEO podem variar de
acordo com a região e mesmo dentro de cada país. Essas variações ocorrem, principalmente,
pelas diferenças de hábitos, características sócio-econômicas, expectativa de vida, fatores
ambientais, cor da pele e qualidade de assistência médica nas diversas regiões (BRENER et
al.,2007). Costumes como, mascar e fumar tabaco, com ou sem o consumo de álcool, podem
agravar a ocorrência e distribuição da doença (ZINI; CZERNINSK; SAGAN-COHEN, 2010).
A carcinogênese oral é um processo complexo e multifásico que requer a
desestabilização de vários sistemas de controle e reparo que coordenam o comportamento das
células, envolvendo a ativação sequencial de oncogenes e, inativação de genes supressores de
tumores, numa população clonal de células (SCHLIEPHAKE et al., 2003; BETTENDORF;
PIFFKÒ; BÀNKFALVI, 2004). Tanto fatores extrínsecos, quanto intrínsecos podem estar
envolvidos nesse processo (SCULLY; BAGAN, 2009). Os três principais fatores
carcinogênicos são: os agentes químicos (fumo e álcool), físicos (radiação) e infecciosos
(vírus oncogênicos), responsáveis pela alteração da estrutura dos genes de diversas maneiras,
promovendo, por conseguinte, múltiplas alterações no genoma. O acúmulo dessas alterações
genéticas conduz ao desequilíbrio no ciclo celular, gerando danos ao DNA celular e a perda
do controle da divisão celular, favorecendo uma instabilidade nos genes (NAGPAL; DAS,
2003; CHOI, 2006).
Estima-se que a associação entre o uso de tabaco e o consumo de álcool aumenta a
ocorrência do CO em aproximadamente 80% (HERRERO et al., 2003). Outros fatores, como
o papiloma vírus humano, podem estar relacionados, particularmente para os carcinomas de
orofaringe em pacientes jovens (D’SOUZA et al., 2007). A radiação ultravioleta (UV) está
relacionada apenas com o surgimento de carcinomas em lábio (WARNAKULASURIYA et
al., 2009). Pacientes diagnosticados com CEO que tenham sido cronicamente expostos ao uso
32 �
do tabaco e álcool, possuem maior risco de recorrência e de aparecimento de novas lesões
primárias (BATISTA et al., 2010).
Clinicamente, o CEO pode ser caracterizado como uma lesão exofítica, apresentando
formação de massa fungiforme, papilar ou verrucosa, por vezes podendo se apresentar de
forma endofítica ou ulcerada (CAMPISI et al., 2006). Esta neoplasia ocorre principalmente na
língua e lábios, podendo acometer outros sítios como assoalho bucal, mucosa jugal, gengiva e
palato (KERDPON; SRIPLUNG, 2001; CHIDZONGA; MAHOMVA, 2006; JERJES et al.,
2010). A localização anatômica tem sido considerada fator de influência no prognóstico,
considerando-se que o tumor apresenta comportamento clínico diferente, conforme a região
acometida (DIB et al., 1994; COSTA et al., 2002). Lesões em língua com estadiamento
clínico T2 são mais prováveis de recorrer. A metástase está intimamente relacionada com a
proximidade anatômica com linfonodos cervicais (BATISTA et al., 2010).
Costa et al. (2002) observaram uma maior incidência do CE em lábio inferior, seguido
pela língua, assoalho bucal, palato mole e mucosa jugal. Brener et al. (2007) observaram que
a mucosa jugal foi o sítio mais acometido em pacientes acima de 60 anos. No entanto, em
pacientes jovens a lesão foi mais prevalente na língua, podendo ou não estar associada ao
assoalho bucal.
Em estudo realizado para investigar a existência da correlação entre o estadiamento
clínico TNM, localização anatômica e o prognóstico do CEO, Costa et al. (2008) observaram
que os pacientes com lesões localizadas em lábio inferior encontravam-se predominantemente
no estágio I, enquanto que aquelas em língua apresentavam-se em estágio III e IV. A maioria
dos casos acometendo o palato mole e assoalho bucal foram classificados como T4. Esses
achados sugerem que estas localizações possuem o pior prognóstico.
Histologicamente, o CEO caracteriza-se como uma proliferação de células epiteliais,
dispostas isoladamente ou em grupos celulares, podendo formar cordões e ninhos que
invadem o tecido conjuntivo. As células neoplásicas exibem hipercromatismo, pleomorfismo
nuclear e celular, aumento do número de figuras de mitose, típicas ou atípicas (NEVILLE et
al., 2009).
33 �
2.2 CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÁBIO INFERIOR E CONSIDERAÇÕES
CLÍNICO – PATOLÓGICAS –
O termo carcinoma de lábio é usado para se referir a tumores malignos que se
originam na porção do vermelhão (BARNES et al., 2005). O CE de lábio é uma das lesões
malignas mais frequentes da região de cabeça e pescoço, representando 95% de todos os casos
diagnosticados nesta localização (VARTANIAN et al., 2004), apresentando menor
agressividade, com índice de mortalidade que varia de 10 a 15% (KADEMANI, 2007).
O câncer de lábio é mais frequente em indivíduos de raça branca do sexo masculino,
entre a sexta e sétima décadas de vida (HASSON, 2008). Sua etiologia está relacionada com a
exposição crônica à radiação UV (LUNA-ORTIZ,et al., 2004; BATISTA et al., 2010). O sítio
mais frequentemente envolvido é o lábio inferior (CASAL et al., 2010), provavelmente
devido a sua localização anatômica ser mais exposta a radiação solar que a do lábio superior,
que é naturalmente mais protegido (BATISTA et al., 2010). Portanto, a exposição aos raios
UV leva a uma maior ocorrência do CE de lábio. O grau de risco para o desenvolvimento de
neoplasias malignas depende do tipo de radiação UV, da intensidade de exposição e da
quantidade de melanina na pele. A porção UV do espectro solar pode ser dividida em três
comprimentos de onda: UVA (315 nm – 400 nm), UVB (280 nm – 315 nm) e UVC (100 nm –
280 nm). Dentre estas, acredita-se que a UVB é responsável pela indução de tumores. A
radiação é responsável pela inibição da divisão celular, indução de mutações e, quando em
dose suficiente, morte celular (VISSCHER; WALL, 1998).
Para Xavier et al. (2009) a carcinogênese de lábio inferior constitui um modelo de
fotocarcinogênese, esse autor sugere que essa neoplasia parece surgir a partir de uma queilite
actínica, que constitui um lesão potencialmente maligna. A queilite actínica trata-se de uma
lesão de origem inflamatória e potencialmente maligna causada pela exposição prolongada e
crônica aos raios solares (BARNES et al., 2005; CAVALCANTI et al., 2008) e encontra-se
localizada principalmente no lábio inferior (NEVILLE et al., 2009).
A carcinogenicidade da radiação UVB é atribuída à formação de dímeros de
pirimidina no DNA. Em condições normais, esse tipo de lesão é corrigida pela via de excisão
de nucleotídeos (NER), a qual consiste em cinco etapas: 1. Reconhecimento da lesão do
DNA; 2. incisão da hélice lesada em ambos os lados da lesão; 3. remoção do nucleotídeo
lesado; 4. síntese de um retalho de nucleotídeo; e 5. sua ligação. A exposição solar excessiva
sobrecarrega a capacidade da via NER, em função disto, parte da lesão do DNA não é
34 �
removida. Os raios UVB também provocam mutações nos oncogenes e nos genes supressores
de tumor, como RAS e P53 (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2010). O tempo necessário para a
ocorrência de transformação maligna induzida pelo sol varia entre 20 a 30 anos, mas tal
evolução pode acontercer mais rápido em alguns indivíduos (SOUZA et al., 2010).
Outro fator importante na etiologia do CE de lábio é o tabaco, pois o ato de fumar ou
mascar pode ocasionar reações oxidativas nos tecidos, resultando na produção de radicais
livres. A presença de oxigênio reativo pode causar danos às proteínas, carboidratos, lipídios e
DNA, gerando mutações e alteração do ciclo celular. As nitrosaminas, que são compostos
químicos presentes no tabaco, são os principais responsáveis pelos efeitos carcinógenos do
cigarro (LEITE; GUERRA; MELO, 2005). Fatores como susceptibilidade genética também
estão associados ao desenvolvimento da lesão (SOUZA et al. 2010).
Clinicamente, o CE de lábio inferior apresenta-se como uma lesão ulcerada de bordas
elevadas, endurecidas, rígidas, localizadas mais comumente na região lateral do lábio inferior,
local onde o paciente fumante apoia o cigarro. Ao exame microscópico, observa-se a presença
de células epiteliais com característica de malignidade, apresentando individualmente,
pleomorfismo celular e nuclear, alteração na relação núcleo-citoplasma, hipercromatismo,
disceratose, podendo apresentar ocasionais formações de pérolas córneas, nucléolos
proeminentes e figuras de mitose típicas e atípicas. A forma de crescimento pode variar de
pequenas ilhas e células individuais dispersas no estroma, até lençóis e cordões de células
epiteliais. Essas alterações são comuns a todas as lesões de CE, no entanto, quando localizado
em lábio inferior, pode-se observar a presença de degeneração basofílica das fibras colágenas,
o que caracteriza a elastose solar (HASSON, 2008; NEVILLE et al., 2009; SOUZA et al.,
2010).
O CE de lábio inferior, usualmente, tem um bom prognóstico, possivelmente como
resultado de um diagnóstico precoce, devido à localização do tumor e também pela baixa taxa
de metástase em linfonodos regionais (VARTANIAN et al., 2003). Essa lesão é, ainda, mais
facilmente percebida pelo paciente, favorecendo uma intervenção mais precoce (OLIVEIRA;
SILVA; ZUCOLOTO, 2006; MORSELLI et al., 2008). Quando a metástase linfonodal é
detectada, há uma significante queda no índice de sobrevida do paciente (HASSON, 2008).
A cirurgia é o tratamento de escolha para o CE de lábio inferior. A ressecção é o
procedimento cirúrgico mais indicado e depende do tamanho do tumor (NEVILLE et al.,
2009). Diferentes tipos de técnicas podem ser utilizadas, sendo que as lesões iniciais podem
ser tratadas tanto por criocirurgia como pela vermelhectomia. Para tumores relativamente
35 �
superficiais, as cirurgias que comprometem a estética e a função oral podem ser
contraindicadas (VENNES, 2001).
Associado a essas condutas pode ser realizado o esvaziamento cervical, mesmo na
ausência de metástases clinicamente identificáveis, pois a taxa de metástases ocultas é
superior a 30% (VANTANION et al., 2004). Não há consenso em relação a uma adequada
margem cirúrgica para os CEs de lábio. As recomendações podem variar de 3 a 10 mm. A
radioterapia tem sido usada em lesões mais avançadas, nas quais a cirurgia poderia resultar
em perda da função e estética. A radioterapia adjuvante tem demonstrado benefícios em
reduzir a recorrência local, esta por sua vez, está indicada nos casos de margens positivas,
invasão perineural e quando há evidência de metástase linfonodal (BABINGTON, et al.,
2003).
A taxa reduzida de mortalidade em pacientes com CE de lábio pode ser explicada pela
menor quantidade de vasos sanguíneos e linfáticos que se apresentam nessa localização
anatômica, podendo influenciar numa evolução menos agressiva do tumor (OLIVEIRA;
SILVA; ZUCOLOTO, 2006). As variáveis que vêm se mostrando importantes na
sobrevivência do câncer de lábio incluem tamanho do tumor, gradação tumoral, metástase em
linfonodo regional e recorrência da doença (ONERSI et al., 2000). Outros fatores, como idade
e modalidade de tratamento, também têm sido citadas como influentes no curso da lesão
(SOUZA et al., 2010).
A metástase à distância relacionada ao CE de lábio é muito rara e pode ser esperada
em casos de tumores avançados e com comprometimento de linfonodos regionais no
momento do diagnóstico. A sua incidência varia de 0,5-2% e costuma ser mais frequente nos
pulmões, nos ossos e no fígado. O estágio clínico IV é o grupo com maior risco de ocorrência
da lesão. Todos os pacientes com envolvimento linfonodal possuem um risco de
aproximadamente 10% de desenvolver metástase à distância (BETKA, 2001).
Vahtsevanos et al. (2007) realizaram uma análise retrospectiva de 186 casos
diagnosticados como CE de lábio e observaram que apenas 2,14% dos pacientes tiveram
metástase óssea a distância e um caso apresentou comprometimento de linfonodos axilares.
Estas lesões se encontravam nos estágios clínicos II-IV. O tempo para o desenvolvimento de
metástase óssea é, em média, de 13-35 meses e pode ser atribuída ao manejo inadequado
inicial ou ao comportamento clínico agressivo do tumor.
No entanto, para Hasson et al (2008), o risco de metástase para lesões localizadas em
lábio inferior é considerado nulo nos tumores que mostrarem invasão com espessura menor
36 �
que 2 mm, uma vez que esse risco é baixo para lesões entre 2-6 mm e alto para àquelas que
apresentarem valores acima de 6 mm.
O sistema de estadiamento clínico (TNM) utilizado para classificação dos tumores
malignos foi desenvolvido por Pierre Denoix, entre os anos de 1943 e 1952. É um sistema
universalmente aceito, utilizado para descrever a extensão anatômica do tumor. Foi
desenvolvido através da observação de que o prognóstico e o tratamento estão relacionados à
extensão do tumor no sítio primário (T), assim como para linfonodos regionais (N) e
avaliação da presença ou ausência de metástase à distância (M) (KREPPEL et al, 2010). Há
muitos anos o sistema de estadiamento clínico dos tumores TNM tem sido o padrão de
classificação adotado para caracterizar os tumores, propor a terapia mais adequada e, assim,
estimar a sobrevida dos pacientes. Os tumores presentes na cavidade oral e orofaringe devem
ser classificados antes do tratamento e após a ressecção para que se obtenha uma significante
informação prognóstica (LOURENÇO et al., 2007).
A partir de 1950, a União Internacional Contra o Câncer (UICC), juntamente com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), nomeou comitês para que este sistema fosse
aprimorado (SOBIN; WITTEKIND, 2002). De acordo com a sexta edição da UICC, o
carcinoma da cavidade oral pode exibir mais de 40 combinações de extensão do tumor no
sítio primário, metástase em linfonodos regionais e à distância, o que oferece uma detalhada
descrição da sua extensão anatômica. Entretanto, para propósitos de tabulação e análise, uma
sumarização é necessária para obtenção de números homogêneos e categorias distintas em
relação à sobrevida. Desta forma, essas informações são reduzidas aos estadiamentos I, II, III,
IV (IVa, IVb e IVc) (KREPPEL, et al., 2010).
Os métodos de gradação histológica para os CEOs surgiram na tentativa de explicar o
comportamento biológico discrepante de tumores com características clínicas semelhantes.
Broders, em 1920, propôs uma gradação histológica baseada no grau de diferenciação celular,
sendo totalmente dissociada da história clínica. Ao longo dos anos, essa técnica foi sendo
aprimorada. Jakobsson et al. (1973) adotaram parâmetros que consideravam tanto a população
celular tumoral quanto a interface entre as células tumorais e o tecido do hospedeiro. Já em
1984, Anneroth e Hansen criaram um sistema multifatorial de gradação de malignidade com o
objetivo de propor uma gradação que não se restringisse apenas à avaliação das células
tumorais, o que teria um significado limitado e, em muitos casos, insuficiente para ser
utilizado como base para o prognóstico e tratamento (LOURENÇO et al., 2007).
Em 1989, Bryne et al. introduziram um novo método de gradação histopatológica.
Esse método é baseado em modificações do sistema proposto por Anneroth, Batsakis e Luna
37 �
(1987). Para a realização dessa gradação, foram utilizados espécimes de CEO provenientes de
biópsias excisionais, nos quais foram considerados os seguintes parâmetros: grau de
ceratinização, pleomorfismo celular, número de mitoses, padrão de invasão e infiltrado
inflamatório. Apenas as áreas mais invasivas, caracterizadas como front de invasão, foram
gradadas. Nessa nova classificação, as lesões recebem escores para cada uma das
características histopatológicas analisadas. Ao final, eles são somados, fornecendo o grau de
malignidade do tumor, em que um escore alto indica um prognóstico pobre.
Bryne (1998) publicou uma revisão de seus estudos anteriores, no qual aprimorou o
seu sistema de gradação histopatológica, retirando o parâmetro “figuras de mitose”. Este
sistema mostrou ser uma importante ferramenta de prognóstico, sugerindo que a gradação do
front de invasão é um dado valioso para análise histológica. Nesta área há um menor grau de
diferenciação e um maior grau de dissociação celular do que as encontradas nas demais partes
do tumor. As regiões mais centrais e superficiais são menos relevantes para o comportamento
tumoral. Nesse novo sistema são analisadas, semi-quantitativamente, as seguintes
características morfológicas: grau de ceratinização, pleomorfismo nuclear, padrão de invasão
e a resposta inflamatória. Para cada parâmetro é atribuído um escore, que ao final é somado,
fornecendo o grau de malignidade do tumor. Esse método de gradação pode ser usado como
rotina, em espécimes submetidos a biópsia excisional e corados pela técnica
hematoxilina/eosina que incluam a zona de transição e o estroma tumoral. A autora conclui
que o sistema de gradação utilizando a análise do front de invasão, possui um alto valor
prognóstico como suplemento ao sistema de estadiamento clínico TNM.
A classificação histopatológica proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005) baseou-
se no grau de diferenciação celular e permitiu o agrupamento dos CEs em três categorias:
pouco, moderadamente e bem diferenciados. Os bem diferenciados foram assim denominados
quando sua arquitetura tecidual se assemelhou a um padrão normal do epitélio pavimentoso.
Já àqueles que se mostraram pouco diferenciados, caracterizaram-se pelo predomínio de
células imaturas, numerosas mitoses atípicas, bem como mínima ceratinização. Os CEs
moderadamente diferenciados apresentam pleomorfismo nuclear, atividade mitótica e pouca
ceratinização (LOURENÇO et al., 2007; CASAL et al., 2010).
Costa et al. (2002) realizaram estudo para investigar a existência de correlação entre o
estadiamento clínico TNM, a gradação histológica de malignidade proposta por Bryne (1998)
e a localização anatômica do CEO em 120 casos, concluindo que existe uma correlação
positiva entre os sistemas e esta pode ser evidenciada, também, entre o TNM e a localização
anatômica da lesão.
38 �
O valor da gradação histológica prosposta por Bryne et al. (1989), foi avaliado por
Sawair et al. (2003) em 102 casos de CE intraoral. Análises multivariadas mostraram que o
escore total de gradação foi associado com a sobrevida global, enquanto que o padrão de
invasão tumoral foi o achado mais valioso para estimar o envolvimento de linfonodos
regionais. O número de linfonodos positivos foi fortemente associado à recidiva regional,
enquanto que a modalidade de tratamento e as margens cirúrgicas foram relacionadas com
recidiva local. Os autores concluíram que a gradação histológica pode ser confiável e auxiliar
no plano de tratamento.
Em 2005, Costa et al. observaram, em estudo retrospectivo, uma correlação
estatisticamente significante do estadiamento clínico TNM com o grau de ceratinização,
pleomorfismo nuclear e infiltrado linfoplasmocitário, indicando que as áreas invasivas podem
ser primariamente responsáveis pelo comportamento clínico do tumor, sugerindo que esses
achados podem ter um papel importante para a escolha da terapia do CEO.
Larsen et al. (2009) avaliaram o valor prognóstico das características histológicas do
CEO relacionadas ao tumor primário. Para avaliação, foi utilizado o método de gradação
histológica proposta por Bryne (1998). Os parâmetros invasão neural e vascular, como
proposto por Anneroth, Batsakis e Luna (1987), foram avaliados separadamente. Os autores
observaram que a profundidade do tumor e a gradação histológica de malignidade são fortes
fatores prognósticos para metástase linfonodal, independentemente de outros achados
histológicos. Tanto o diâmetro como as margens tumorais podem ser fatores de previsão para
recorrência local na cavidade oral.
Batista et al. (2010) avaliaram 91 casos de CEO, dos quais 37 acometeram o lábio. Os
autores observaram que para os CEs de lábio, os estágios I e II foram os mais predominantes,
enquanto que, para as lesões intraorais, foram o T3 e T0. É válido ressaltar que o
estádiamento clínico III foi o mais comumente encontrado. Uma significante porcentagem
(33,3%) dos pacientes com CE intraoral, classificados como T1 e T2, apresentaram metástase
em linfonodos cervicais sendo que 18,7% foram a óbito. Já nos casos de CE localizados no
lábio, não foram observadas metástases ou mortes. Estas lesões apresentaram,
histopatologicamente, um maior número de casos com intenso infiltrado inflamatório peri-
tumoral, quando comparados aos casos de carcinomas intraorais, sugerindo uma melhor
resposta do organismo para os casos localizados em lábio. Com esses resultados, sugere-se
que os CEs de lábio apresentam características clínicas e microscópicas distintas dos CEs
intraorais, refletindo assim, um melhor prognóstico.
39 �
2.3 TRANSPORTADORES DE GLICOSE –
O transporte de glicose é fundamental para o metabolismo energético celular. A
habilidade da membrana plasmática em transportar glicose é uma característica comum a
todas as células, desde uma simples bactéria até um neurônio altamente especializado. A via
glicolítica é empregada por todos os tecidos para degradação de glicose e fornecimento de
energia, na forma de trifosfato de adenosina (ATP), bem como de intermediários para outras
vias metabólicas (SCHEEPERS; JOOST; SCHURMANN, 2004; KUMAR; ABBAS;
FAUSTO, 2010).
A glicose proveniente da dieta é transferida para o lúmen do intestino delgado e,
juntamente com a sintetizada pelo corpo, deve ser transportada da circulação para as células
alvo (MEDINA; OWEN, 2002). Entretanto, essa molécula não possui capacidade de se
difundir através dos poros da membrana, visto que seu peso molecular é de 180 g/mol, e o
peso máximo das partículas permeáveis é cerca de 100 g/mol. Desta forma, por tratar-se de
um composto hidrofílico, necessita da participação de proteínas específicas para seu
transporte, as quais compreendem dois grupos: os co-transportadores de glicose, que são
dependentes de íons sódio (Na+) e os transportadores de glicose (GLUTs), que se
caracterizam pela independência de Na+. Esses grupos são distintos estrutural e
funcionalmente (WOOD; TRAYHUM, 2003; SILVA, 2005).
Em algumas regiões, como nos túbulos proximais dos rins e no intestino delgado, o
transporte da glicose é exclusivamente dependente de Na+ e independente da influência de
insulina. (ALBERTS et al., 2009). Os GLUTs são as proteínas mais comumente estudadas
dentre os sistemas de transporte de glicose. Suas funções são independentes de energia, pois
têm a capacidade de transportar seu substrato, mesmo na presença de uma baixa concentração
do gradiente Na+, tornando-se mais efetivas quando a célula é exposta a um nível
razoavelmente constante do substrato (MUECKLER, 1994).
As células do tecido adiposo e muscular, por exemplo, possuem grandes estoques
intracelulares de GLUTs. Essas proteínas são estocadas em endossomos especializados até
que a célula seja estimulada por hormônios, como a insulina, a aumentar a razão de captação
de glicose. Então, vesículas de transporte brotam a partir dos endossomos e entregam grandes
quantidades dos transportadores para a membrana plasmática aumentando a entrada de
energia para o meio intracelular (ALBERTS et al., 2009). Uma vez liberadas essas proteínas
transportadoras, a glicose na célula por meio de difusão facilitada. A velocidade do transporte
40 �
de glicose, bem como de alguns outros monossacarídeos, é aumentada em 10 a 20 vezes pela
insulina, em relação à observada em sua ausência (SILVA, 2005).
Os GLUTs formam passagens seletivas entre o sangue, os fluidos extracelulares e o
citoplasma. A distribuição de toda a glicose sanguínea poderia ser controlada por uma
expressão tecido/específica e pela regulação das diferentes isoformas de GLUTs com
diferentes propriedades cinéticas. Este cenário parece demonstrar, pelo menos, em parte, o
mecanismo pelo qual a glicose é devidamente distribuída entre as diversas células e tecidos do
corpo, em diferentes condições metabólicas (MEDINA; OWEN, 2002).
2.3.1 Estrutura dos GLUTs –
Os GLUTs são proteínas intrínsecas da membrana, que se expressam de acordo com o
tecido nos quais se encontram e respondem à regulação metabólica e hormonal. Conforme a
demanda e a utilização de energia, a quantidade de transportadores pode variar (JUNG et al,
1998). Cada grupo de transportadores possui propriedades cinéticas únicas, caracterizando
suas funções e sua distribuição nos diferentes tecidos. A maioria das células expressa um
número diferente de GLUTs em proporções distintas (SILVA, 2005).
O primeiro transportador a ser isolado foi GLUT 1. Tal proteína foi encontrada na
linhagem celular HepG2, derivada de hepatoma humano, a qual exibe características
semelhantes às dos hepatócitos (MUECKLER et al. 1985). A identificação de outros
membros se deu nos 5 anos seguintes, acrescentando mais cinco isoformas (GLUT 1-4) e um
transportador de frutose (GLUT 5) (WOOD; TRAYHURN, 2003). O ritmo em que essas
novas proteínas foram identificadas e classificadas por grupos independentes gerou confusão
na sua terminologia (JOOST et al., 2002). Após inúmeras discussões, chegou-se a um
consenso, e os catorze membros descobertos foram denominados GLUT1-14 (THORENS;
MUECKLER, 2010).
Todas as isoformas compartilham características moleculares semelhantes, tendo um
domínio transmembrana longo e altamente conservado, associado a um domínio
citoplasmático menos conservado e assimétrico, e um extracelular (JUNG et al, 1998). O fato
do domínio transmembrana dividir uma estrutura similar entre os diferentes GLUTs sugere
que o formato do canal de transporte de glicose é basicamente idêntico entre as isoformas.
Entretanto, as sequências específicas de aminoácidos encontradas nos domínios
41 �
citoplasmáticos e extracelulares indicam que eles são responsáveis pela regulação
tecido/específica da função de transporte (MUECKLER, 1994; MEDINA; OWEN, 2002;
MACHADO; SCHAAN; SERAPHIM, 2006). A estrutura molecular básica dos GLUTs é
apresentada na Figura 1 (MACHADO; SCHAAN; SERAPHIM, 2006).
O domínio transmembrana é composto por 12 segmentos hidrofóbicos, inseridos na
porção lipídica da membrana plasmática, cujos aminoácidos formam alfa-hélices, contendo
um caminho preenchido por água por onde o substrato se movimenta. Esses segmentos estão
unidos por alças. O domínio citoplasmático contém um segmento N-terminal curto, uma alça
citoplasmática e um segmento C-terminal longo. Entre as diferentes isoformas de GLUT as
sequências transmembrana são homólogas, enquanto que as alças de conexão e as terminações
são altamente heterólogas, determinando as especificidades de cada uma (MEDINA; OWEN,
2002; MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005).
Figura 1. Estrutura bidimensional dos GLUTs. FONTE: Adaptado de
Machado;Schaan, Seraphim, 2006.
Estudos têm examinado as propriedades cinéticas das diversas isoformas e vêm
utilizando análogos de glicose, como o Fluor-Desoxiglicose e 3-Metilglicose, para o seu
rastreamento, pois a glicose é rapidamente metabolizada e o seu transporte nem sempre pode
ser analisado e delimitado (MEDINA; OWEN, 2002; TIAN et al., 2003). Essas análises
demonstraram que, em situações de equilíbrio, a constante de Michaelis (Km) para 3-O-
metilglicose para GLUT 1 é de 16.9-26.2 miliMol (mM), enquanto que, nas mesmas
42 �
condições, GLUT 4 tem Km de 1,8-4,8 mM e GLUT 3 tem Km de 10,6 mM. Isso significa
que os GLUTs 3 e 4 têm maior afinidade pela glicose do que a GLUT 1, garantindo o
transporte máximo de glicose para os tecidos que contém essa isoforma, mesmo quando sua
concentração está baixa (MEDINA; OWEN, 2002; SIMPSON et al, 2008).
A família de proteínas GLUT caracteriza-se por apresentar numerosos resíduos de
glicina e triptofano, os quais são considerados essenciais para a função dos GLUTs (JOOST et
al., 2002). Características estruturais e funcionais individuais de cada membro desta família
ainda não estão totalmente elucidadas. Os GLUT são categorizados em 3 classes (I-III), que
apresentam sequências de aminoácidos em comum (JOOST et al., 2002; WOOD;
TRAYHUM, 2003, MACHEDA ROGERS; BEST, 2005).
A classe I dos GLUTs contém as isoformas de GLUT 1-4 e 14 e caracteriza-se pela
sua estrutura, função e distribuição tecidual. O GLUT 1 é expresso particularmente no cérebro
(incluindo a barreira hematoencefálica) e eritrócitos. Níveis moderados são observados no
tecido adiposo, muscular e hepático. GLUT 3 tem uma alta afinidade por glicose e isso é
consistente com sua presença em tecidos onde a sua demanda é considerável, como por
exemplo o cérebro (WOOD; TRAYHUM, 2003). Durante o desenvolvimento embrionário, o
GLUT 3 está presente nas células que dão origem à placenta, no estágio de blastocisto e, após
a implantação (THORENS; MUECKLER, 2010). O GLUT 14 encontra-se expresso em
testículos e é uma proteína com alto grau de similaridade com GLUT 3. No entanto, seu papel
específico no metabolismo da glicose ainda é desconhecido (WU; FREEZE, 2002).
A classe II inclui o transportador de frutose (GLUT 5), GLUT 7 e GLUT 9
(THORENS; MUECKLER, 2010). No que diz respeito a classe III, sabe-se que compreende 5
membros: GLUT 6, GLUT 8, GLUT 10, GLUT 12 e GLUT 13. Uma característica dessa
classe é a localização da glicosilação na alça 9. Essa glicosilação localiza-se na alça 1 nas
outras duas classes e tem se mostrado funcionalmente importante para o GLUT 1 (WOOD;
TRAYHUM, 2003).
A expressão de diversas isoformas dos GLUTs em tecidos diferentes é um reflexo das
distintas características dos vários transportadores e é responsável pelo alto grau de
especificidade no controle da absorção de glicose em diferentes condições fisiológicas
(WOOD; TRAYHUM, 2003). O quadro 1 ilustra os principais representantes das três classes
da família GLUT e seus diferentes sítios de expressão.
A expressão dos GLUTs é regulada por diversos hormônios, como estrógeno,
glicocorticóides e hormônios da tireóide. A exposição prolongada à insulina, como acontece
no diabetes tipo II, por exemplo, pode gerar um aumento nos níveis de GLUT 1, o que resulta
43 �
em uma maior transcrição de ácido ribonucléico mensageiro (mRNA) e em sua meia-vida
(MUECKLER, 1994; MEDINA; OWEN, 2002). O estrógeno pode ser responsável pelo
aumento da atividade metabólica, o que gera uma maior concentração de GLUT 1, com
consequente aumento no transporte de glicose (CAMPBELL; FEBBRAIO, 2001). No que diz
respeito aos glicocorticóides, observou-se que eles podem induzir a resistência à insulina. O
uso da dexametasona, por exemplo, resulta na diminuição na expressão de GLUT 1 em até
30%, o que possivelmente gera uma menor absorção de glicose (SAKODA et al., 2000).
Isoforma Classe Localização Características funcionais
do transporte
GLUT 1 I Eritrócitos, cérebro Glicose
GLUT 2 I Fígado, pancreas,
intestine
Glicose (baixa afinidade);
Frutose
GLUT 3 I Cérebro, células
inflamatórias
Glicose (alta afinidade)
GLUT 4 I Coração, cérebro,
músculos
Glicose (alta afinidade)
GLUT 5 II Intestino, testículos,
rins
Frutose, glicose ( baixa
afinidade)
GLUT 6 III Cérebro, baço,
leucócitos
Glicose
GLUT 7 II Nd* Nd*
GLUT 8 III Testículos, cérebro, Glicose
GLUT 9 II Fígado, rim Nd*
GLUT 10 III Fígado e pancreas Glicose
Quadro 1. Localização tecidual das principais isoformas de GLUT e suas características
funcionais. Nd*: Não determinado. FONTE: Adaptado de MEDINA; OWEN
(2002).
44 �
2.3.2 Metabolismo da glicose no câncer –
O primeiro estágio no metabolismo da glicose é chamado de glicólise. Trata-se de um
processo anaeróbico, no qual uma molécula de glicose é convertida em glicose – 1,6 –
bifosfato, gerando duas moléculas de piruvato, com produção de 2 moléculas de ATP. Em
presença de oxigênio, ou seja, em condições de normóxia, esse produto é convertido, no
interior da mitocôndria, pela atuação do complexo piruvato desidrogenase a dióxido de
carbono. Nesse processo, a porção acetil da enzima acetil-CoA, que por sua vez é responsável
pelo início do ciclo de Krebs, tem como resultado a produção de cerca de 30 moléculas de
ATPs. Na ausência de oxigênio, ou seja, em situações de hipóxia, o piruvato é convertido, no
citosol, pela enzima lactato desidrogenase (LDHA), a lactato, o qual será transportado para o
meio extracelular. (GATENBY; GILLIS, 2004; ORTEGA et al., 2009).
As células em estado metabólico altamente ativo, como as células tumorais, requerem
uma demanda de energia aumentada, necessitando de oxigênio para gerar energia, a partir da
glicose e outros substratos, através da fosforilação oxidativa (ZHOU et al., 2008; KUMAR;
ABBAS; FAUSTO, 2010). Além da geração de energia, as altas taxas de fluxo glicolítico em
células cancerígenas são necessárias para produção de moléculas precursoras que levam a
biossíntese de nucleotídeos, fosfolipídeos para membrana e outros componentes requeridos
durante a divisão celular (RUDLOWSKI et al., 2004; MARÍN-HERNÁNDEZ et al., 2010).
As células malignas possuem metabolismo acelerado e por isso, requerem aumento na
produção de ATP. O primeiro mecanismo para maior captação de energia é a formação de
novos vasos sanguíneos, os quais aumentam a quantidade de nutrientes e oxigênio disponíveis
e, assim, possibilitam o seu crescimento. Apesar disso, a angiogênese não consegue
acompanhar o crescimento das células neoplásicas, o que resulta então, em áreas de hipóxia
no microambiente tumoral (MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005).
O primeiro ponto de ataque da hipóxia é a respiração aeróbica celular, isto é, a
fosforilação oxidativa que ocorre nas mitocôndrias. À medida que a tensão de oxigênio dentro
da célula cai, há perda da fosforilação oxidativa com consequente diminuição da geração de
ATP, o que exerce efeitos difusos sobre muitos sistemas da célula. (KUMAR; ABBAS;
FAUSTO, 2010). A mudança para o metabolismo anaeróbico é controlada por metabólitos
das vias energéticas que atuam sobre as enzimas glicolíticas. A redução de ATP celular e
elevação associada do monofosfato de adenosina (AMP) estimulam as atividades de
fosfofrutoquinase e fosforilase. Isso resulta em uma taxa aumentada de glicólise anaeróbica,
45 �
que visa manter as fontes de energia da célula gerando ATP através do metabolismo de
glicose derivado do glicogênio. (GATENBY; GILLIES, 2004).
A conversão da glicose em ácido lático na presença de oxigênio é conhecida como
“Efeito de Warburg”. Este fenômeno foi primeiramente descrito em 1920, por Otto Warburg
levando a hipótese que as células tumorais poderiam possuir uma disfunção bioenergética nas
mitocôndrias, levando a um metabolismo alterado da glicose (ORTEGA et al., 2009). Uma
vez que a fosforilação oxidativa ocorre no interior da mitocôndria, diversos estudos têm
procurado estabelecer uma associação entre o comprometimento bioenergético mitocondrial e
o metabolismo da glicose (UNWIN et al., 2003; ISIDORO et al., 2005). Observou-se assim,
que o ciclo de Krebs, em tumores malignos, mostra-se defeituoso na conversão para o citrato,
o que impede a sua progressão (MARÍN-HERNÁNDEZ et al., 2010).
Gatenby e Gillies (2004) sugerem que a glicólise anaeróbica presente no câncer
persiste mesmo em condições de normóxia e sua correlação com a agressividade tumoral
indica que o fenótipo glicolítico confere uma significante vantagem proliferativa durante a
evolução do câncer.
Diversos mecanismos têm sido propostos para explicar o aumento da regulação da
glicólise anaeróbica, principalmente aqueles que envolvem a ativação de oncogenes e/ou
inativação de genes supressores de tumores, que incidem na atividade glicolítica. O gene C-
MYC, por exemplo, é conhecido por ativar a maioria dos genes de enzimas glicolíticas, como
a LDHA e, também, o GLUT 1, para aumentar a produção de lactato e melhorar a captação de
glicose, respectivamente (MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005).
O ambiente hipóxico, promove expressão do fator induzido por hipóxia 1� (HIF-1�)
responsável por mediar a resposta celular frente às baixas concentrações de oxigênio, atuando
como indutor de genes, como os que regulam o fator de crescimento endotelial vascular
(VEGF), GLUT e hexoquinase II (LU; FORBES; VERNAS, 2002). O aumento constitutivo
dos níveis de HIF-1� é associado ao aumento de consumo de glicose. Sugere-se que o
fenótipo maligno no câncer pode estar associado à desregulação desta proteína e a diminuição
na sua expressão diminui a sobrevivência em resposta a hipóxia (SEMENZA, 2003).
Um aumento persistente na glicólise resulta no acúmulo de fosfatos inorgânicos e
lactato, o que torna o microambiente celular ácido. As células normais não possuem
mecanismos para se adaptar a acidose extracelular, tornando-se impossibilitadas de sobreviver
nessas condições, enquanto que as células tumorais continuam a se proliferar (MEDINA;
OWEN, 2002). O ácido lático liberado pelas células tumorais possui capacidade mutagênica e
clastogênica, possibilitando a inibição do reparo ao DNA. Além disto, pode estar envolvido
46 �
na translocação dos GLUTs para a membrana plasmática, o que causa um aumento na
utilização de glicose pelas células. Assim, a demanda de energia é satisfeita por um aumento
na absorção de açúcar, que é acompanhada por uma maior expressão dos GLUTs
(MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005).
2.3.3 GLUT 1-
O GLUT 1 é uma proteína com peso molecular de 45-55 quilodáltons (kDa),
amplamente distribuída e expressa em numerosos tecidos adultos ou fetais, embora
frequentemente em baixas concentrações, e por vezes em associação com outras isoformas. É
também chamado de transportador de glicose de eritrócitos (MUECKLER, 1994; MEDINA;
OWEN, 2002). Seu gene está localizado no cromossomo 1p34.3 (KLEPPER; VOIT, 2002).
Este membro da família GLUT foi isolado em 1977 por Kasahara e Hinke, a partir da
membrana de eritrócitos humanos. Isso foi possível, pois esta proteína compreende cerca de
5% do total da membrana das células vermelhas, a maior concentração encontrada dos
GLUTs.
No adulto, é expressa principalmente em hepatócitos, particularmente aqueles que
circundam as vênulas hepáticas terminais. Um dos mais importantes papéis desta proteína é o
de promover o transporte de glicose em várias células formando uma barreira entre o tecido
corporal e o suprimento sanguíneo (CARRUTHERS, 2009).
Sugere-se que a estrutura dimensional do GLUT 1 é composta por inúmeras hélices
anfipáticas agrupadas na membrana, formando a parede de uma estrutura semelhante a um
barril contendo “poros” (Figura 2). Hidroxilas e amidas contendo cadeias laterais de
aminoácidos poderiam fornecer sítios para formação de pontes de hidrogênio entre a proteína
e a glicose. As propriedades gerais e cinéticas dos transportadores de membrana sugerem que
este “poro” pode não representar um caminho contínuo de substrato através da bicamada
lipídica. Assim, a sua passagem pode ser bloqueada em uma extremidade a qualquer instante.
Este é o pressuposto básico do modelo de conformação alternada para o transporte de glicose,
que afirma que os sítios de ligação, ou um sítio único, carregados ou descarregados de
substrato, são alternadamente expostos em uma das faces da membrana (MUECKLER;
MAKEPEACE, 2009).
47 �
O GLUT 1 é a isoforma mais encontrada no feto, o que reflete na observação de que
sua expressão é induzida pelo crescimento como uma consequência do aumento de energia e
da necessidade de biossíntese das células em divisão. Esse transportador é mais abundante na
infância e na fase de desenvolvimento (SILVA, 2005). A expressão do GLUT 1 tem se
mostrado aumentada quando em presença de insulina, hormônios de crescimento e hormônios
da tireóide. Na presença de níveis elevados de glicose sanguínea ocorre um aumento na
expressão de GLUT 1 para sua maior captação (MUECKLER, 1994; SILVA, 2005).
A superexpressão de GLUT 1 é frequentemente induzida por oncogenes, como o RAS
e SRC, durante a carcinogênese. Esta indução parece estar relacionada com a menor sobrevida
dos pacientes e pode ser importante para o crescimento tumoral (RUDLOWSKI et al., 2004;
MACHEDA; ROGERS; BEST, 2005; OHBA et al., 2010).
MMMMMM
Figura 2. Modelo da estrutura de GLUT 1. As cadeias laterais de aminoácidos
hidrofóbicos são representadas pela letra “H”. As cadeias laterais polares são
indicadas pelos símbolos -,+, �. FONTE: MUECKLER (1994)
2.3.4 GLUT 3-
O GLUT 3 é a isoforma mais encontrada nas células do parênquima cerebral do
adulto. Sua expressão foi detectada em diversas células humanas com requerimento de glicose
bem específicos, incluindo espermatozóides, embriões pré-implantados, células brancas do
sangue e uma gama de linhagens celulares de carcinomas. Encontra-se localizado no
48 �
cromossomo 12p13.3 (MUECKLER et al, 1994; MENESES et al., 2007; TSUKIOKA et al.,
2007;), como os localizados no cérebro (BOADO; BLACK; PARDRIGE, 1994), ovário
(YOUNES, et al. 1997), pulmão (ITO et al., 1998), intestino (NOGUCHI et al., 1999), mama
(MATSUZU et al., 2004) e na tireóide (SIMPSON et al., 2008).
Inicialmente, pensava-se que apenas GLUT 1 era responsável pelo transporte de
glicose no cérebro. Com a descoberta do clone de GLUT 3 ficou aparente que este órgão não
depende exclusivamente de GLUT 1. Estas proteínas são independentes de insulina, pois
mesmo na sua ausência, um transporte mínimo de glicose para as células pode ser mantido.
GLUT 3 está envolvido na captação de substrato mesmo na presença de baixas concentrações,
funcionando de forma mais eficaz que as outras isoformas. No cérebro, local onde há uma
menor concentração de glicose, há uma maior expressão de GLUT 3. (MUECKLER, 1994;
SILVA, 2005; SIMPSON et al., 2008).
A primeira observação de GLUT 3 em linhagem celular de células brancas ocorreu
quando se pesquisava a expressão desta proteína no cérebro humano (MANTYCH et al.,
1992). Posteriormente, foi demonstrada sua presença em linfócitos humanos,
monócitos/macrófagos, neutrófilos e plaquetas (THORENS; MUECKLER, 2010). Sua
localização é intracelular e pode ser recrutada para membrana plasmática após a ativação
celular. A insulina pode induzir esse processo nos linfócitos B e nos monócitos, porém é
incapaz nos linfócitos T e neutrófilos (FU et al, 2004). Ativadores apropriados como,
lipopolissacarídeos e formilmethionil-leucil-fenilalanina (fMLP) para neutrófilos e
monócitos/macrófagos, fitohemaglutinina (PHA) para linfócitos, podem ser responsáveis pela
ativação de GLUT 3 nas células brancas. Sua expressão também pode ser observada nas
plaquetas e o recrutamento de GLUT 3 para a membrana plasmática é estimulado pela
trombina (SIMPSON et al., 2008).
Um modelo para expressar a estrutura molecular desta proteína ainda não foi bem
estabelecido, e pode ser caracterizado pela presença de um alça extracelular, um segmento N-
terminal próximo a membrana e resíduos centrais de glicina. Como os outros membros de sua
classe possuem uma N-glicosilação na alça 1, essa característica é requerida para manter alta
afinidade no transporte de glicose (MUECKLER; MAKEPEACE, 2009).
A segunda região de interesse para esta proteína é a alça intracelular 6, que possui um
segmento terminal COOH em proximidade com o local de saída do “poro” do transportador.
A sequência de aminoácidos da família GLUT diverge, neste ponto, o que pode determinar a
disposição deste segmento relativo ao “poro” ou sua flexibilidade e, portanto, o transporte
cinético. No caso de GLUT 3 humano, esses segmentos incluem um pequeno número de
49 �
aminoácidos, principalmente a glicina, e resíduos capazes de ligar hidrogênio à glicose
(SIMPSON et al., 2008). GLUT 3 possui alta afinidade por glicose, quando comparado com
demais membros da sua classe (JOOST et al., 2002).
Um dos primeiros estudos in vivo, realizado por Bondy et al. (1992), demonstrou que
a expressão de mRNA para GLUT 3 foi muito baixa no cérebro de ratos pré-natais, enquanto
que a isoforma GLUT 1 foi predominante em células progenitoras neurais. GLUT 3 foi
detectado em células neuronais que tinham migrado para o córtex cerebral, o que poderia estar
relacionado a maturação neuronal e o estabelecimento de conexões sinápticas. O
estabelecimento de conectividade sináptica e da comunicação impulsiona a maior demanda de
energia para o cérebro (MCEWIN; REAGAN, 2004). Simpson, Carruther e Vanucci (2004)
demonstraram, que tanto GLUT 1 como GLUT 3 aumentam com a maturação cerebral,
juntamente com o aumento da utilização de glicose cerebral.
Em cada tipo de célula, a translocação de GLUT 3 ocorre em resposta ao aumento
substancial na necessidade de energia durante a ativação celular. No caso das plaquetas, por
exemplo, a ativação da trombina induz uma cascata de eventos dependentes de energia,
processo que, rapidamente triplica o consumo de ATP, levando a sua escassez na mitocôndria.
Este é reposto através da glicólise e, assim, a diminuição na concentração de energia
favorecerá a captação de glicose através de GLUT 3 (MACHEDA; ROGERS; BEST, et al.,
2005).
2.3.5 Expressão dos GLUTs 1 e 3 no câncer –
Nas células malignas não só há um aumento dos GLUTs constitutivamente expressos,
mas também pode haver a expressão de isoformas que normalmente não são encontradas em
um determinado tecido. Por exemplo, GLUT 3 é expresso no câncer de pulmão, ovário e
gástrico, mas não nos tecidos normais correspondentes (YOUNES et al., 1997). GLUT 1 é o
transportador de glicose mais expresso na maioria dos tumores e tem demonstrado relação
com um pobre prognóstico. A sua superexpressão permite o crescimento das células tumorais
sob condições de hipóxia (OLIVER et al., 2004), e tem sido encontrada em diversas linhagens
de canceres, incluindo carcinoma cervical, de ovário, coloretal, cerebral, mamário, entre
outros (RUDLOWSKI et al., 2003; MACHEDA; ROGERS; BEST 2005).
50 �
Em 1998, Grover-McKay et al., observaram, em estudos in vitro, com linhagens de
células de câncer de mama, associação entre o potencial invasivo e um nível aumentado da
proteína GLUT 1, ao mesmo tempo em que a expressão de outras isoformas de GLUT
diminuíram. Este estudo demonstrou, ainda, que a diferenciação para um fenótipo menos
agresivo leva a uma redução de 33% na expressão de GLUT 1 e de 40% na taxa máxima de
transporte de glicose.
Em células normais, GLUT 1 é o principal transportador de glicose quando os níveis
circulantes de glicose estão na faixa de 1-5 mM. No entanto, em situações de hipóxia e
diminuição do fluxo sanguíneo, o aumento da regulação de GLUT 1, bem como de outros
membros da família, como GLUT 3, poderia trazer uma vantagem de sobrevivência para as
células cancerígenas, aumentando a captação de glicose em ambientes de baixa concentração.
(MENESES et al., 2008).Diversos estudos vêm tentando relacionar a superexpressão de
GLUT 1 e 3 com o comportamento biológico agressivo nos tumores. Entretanto, o papel das
diferentes isoformas de GLUT no câncer humano ainda é incerto. (ZHOU et al., 2008;
FENSKE et al., 2009; AYALA et al., 2010).
Rudlowski et al. (2005) realizaram estudo no qual observaram expressão imuno-
histoquímica de GLUT 1 e GLUT 3 em tumores malignos e benignos de ovário. Esses autores
observaram positividade para GLUT 1 em carcinomas invasivos, embora a intensidade da
expressão dessa proteína não tenha sido associada ao subtipo histológico, estadiamento
clínico TNM do tumor e à sobrevida. Já para GLUT 3, observou-se sua fraca marcação
presente tanto em câncer de ovário, quanto em tumores benignos.
Zhou et al (2008) avaliaram a expressão imuno-histoquímica e genética de GLUT 1 e
3, em 38 casos de carcinomas de cabeça e pescoço, com o objetivo de determinar o
comportamento biológico desses tumores. Os níveis de expressão gênica para GLUT 1 e
GLUT 3 foram significativamente altos, quando comparados com o tecido normal adjacente à
lesão, o que poderia resultar num importante aumento da absorção de glicose pelas células
malignas. A elevada imunoexpressão de GLUT 1 foi associada com um índice de sobrevida
pobre, de apenas 3 anos em 62% dos casos. Assim, os autores concluíram que GLUT 1 possui
papel principal na captação de glicose nos carcinomas de cabeça e pescoço. No entanto, não
houve imunomarcação para a proteína GLUT 3, em nenhum dos casos, apesar da sua
expressão gênica ter sido observada. Desta forma, a expressão gênica de GLUT 3 entra em
contradição com seu nível de marcação imuno-histoquímica. Os autores acreditam que a
presença de expressão gênica de GLUT 3 está relacionada com à presença de células
inflamatórias localizadas ao redor dos tumores e não à sua expressão nas células neoplásicas.
51 �
Mochizuki et al. (2001) observaram que GLUT 1 e 3 foram fortemente expressos em
tumores malignos e em tecidos inflamatórios. O nível de expressão de GLUT 1 é maior em
tecidos tumorais, com um padrão de marcação predominantemente membranar, embora
também possa ser observado no citoplasma. Por sua vez, o GLUT 3 possui uma maior
expressão em lesões inflamatórias. (AIRLEY et al., 2001; ZHOU et al., 2008).
Em estudo para avaliar a expressão de GLUT 1 e 3 em CEOs tratados cirurgicamente,
Tian et al. (2004) observaram que a marcação para GLUT 1 esteve presente em 94,7% dos
casos, principalmente nos tumores bem diferenciados. Em relação à GLUT 3, expressiva parte
das lesões (84,2%) apresentaram marcação positiva, com predomínio nos CEOs de alto grau,
entretanto, nenhuma relação foi encontrada entre os padrões de marcação, diferenciação do
tumor e o estadiamento clínico TNM.
Ayala et al (2010), demonstraram a associação das características clínico-patológicas
de 142 casos de CEO com o padrão de expressão imuno-histoquímica das proteínas GLUT 1
e 3. A superexpressão de GLUT 1 foi observada em 50,3% dos casos, com padrão de
marcação membranar. A expressão nuclear foi observada em 49,7% dos casos analisados. O
GLUT 1 mostrou significante associação com o consumo de álcool. A superexpressão de
GLUT 3 foi detectada em 21,1% dos casos e a sua marcação membranar demonstrou
associação com o estadiamento clínico avançado dos tumores e o baixo índice de sobrevida. O
padrão de marcação foi mais evidente nas áreas neoplásicas centrais, bem como ao redor de
áreas necróticas. Esta localização distante do suprimento sanguíneo reitera o conceito de que a
expressão destas proteínas é induzida pela hipóxia (OLIVER et al., 2004).
A hipóxia tumoral leva a uma radioresistência e aumento na incidência de metástase
(GATENBY; GILLIES, 2004). A hipóxia é um fator determinante na resposta para
quimioterapias convencionais (KOUKOURAKIS et al, 2002). Isso é devido, em parte, a
dependência de oxigênio para sua citotoxicidade, mas também, à inerente quimiorresistência
que ocorre em consequência das mudanças no ciclo celular observadas na hipóxia tumoral
(OLIVER et al, 2004). Kunkel et al. (2007) avaliaram a marcação imuno-histoquímica de
GLUT 1 em 40 espécimes de biópsia de CEO que sofreram radioterapia prévia. A média do
índice de marcação foi de 64,2%. Contudo, os tumores que tiveram expressão imuno-
histoquímica maior que 65% de células imunomarcadas demonstraram maior resistência à
radiação. A sobrevida foi maior para àqueles pacientes que expressaram baixos índices de
marcação. Este estudo sugere que a proteína GLUT 1 pode ser um importante marcador para
indicar a radiorresistência em CEO e a modulação do transporte de glicose no tumor pode ser
uma nova estratégia para aumentar a efetividade da radioterapia nestas lesões.
52 �
Ohba et al. (2010) avaliaram a imunoexpressão de GLUT 1 no front de invasão em 24
casos de CEO. As análises dos resultados mostraram que todos os espécimes avaliados
obtiveram correlação entre a expressão de GLUT 1 e a profundidade do tumor. A taxa de
sobrevida dos pacientes foi significativamente menor entre àqueles cujos tumores
apresentaram maior expressão dessa proteína. Nenhuma associação significativa foi
observada entre a intensidade de marcação, idade e sexo do paciente, tamanho do tumor ou
metástase linfonodal. Os autores concluíram que os tumores com maior profundidade de
invasão e maior expressão de GLUT 1 possuem um pior prognóstico em decorrência de
metástases linfonodais, recorrência ou metástases a distância.
Para Eckert et al. (2008) os critérios utilizados atualmente para prognóstico como,
estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade podem não ser suficientes
para uma exata predição do CEO. Em estudo para avaliar a expressão da proteína GLUT 1 em
CEO, os autores avaliaram 42 espécimes. Desses, 32 casos mostraram fraca marcação para
GLUT 1, enquanto que 10 tumores tiveram imunoexpressão variando de moderada a forte. A
superexpressão dessa proteína está associada a um risco de 4,9 vezes maior do paciente ir a
óbito, quando comparados com os casos de fraca marcação. Esses resultados demonstram que
GLUT 1 pode ser um importante marcador prognóstico, para auxiliar na decisão terapêutica.
Diante do exposto, os autores observaram que há uma forte necessidade de desenvolver
estudos para a utilização de novos marcadores. Os GLUTs podem permitir a análise, em
estágios iniciais, do status de hipóxia tumoral para uma correta avaliação do prognóstico e
estratégia terapêutica.
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54 �
3 PROPOSIÇÃO
O presente estudo se propõe avaliar a imunoexpressão dos GLUTs 1 e 3 em CEs de
lábio inferior, com o objetivo de relacionar esses resultados com os aspectos clínico-
patológicos, em relação a presença e ausência de metástase em linfonodos regionais,
estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade. Por meio desta
investigação, pretende-se obter dados que facilitem a compreensão do comportamento
biológico da lesão estudada, bem como a utilização desses marcadores como indicadores do
prognóstico da doença.
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56 �
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
A presente pesquisa foi submetida à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Liga
Norte Riograndense Contra o Câncer (LNRCC), do qual recebeu aprovação conforme parecer
de número: 082/082/2011 (ANEXO A). Os sujeitos desta pesquisa assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 1), dando ciência de sua participação no
estudo.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O estudo em questão, caracterizou-se como uma pesquisa retrospectiva e descritiva,
caracterizada pela observação, análise, registro e quantificação das expressões dos GLUTs 1 e
3, por meio de imuno-histoquímica, em uma série de casos de CE de lábio inferior,
relacionando-os com os aspectos clínico-patológicos abordados no estudo.
4.3 POPULAÇÃO
A população objeto deste estudo foi constituída pelos casos de CE de lábio inferior no
período de 2004/2010, registrados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz
Antônio, Natal- RN.
57 �
4.4 AMOSTRA
A amostra foi constituída de 40 espécimes de CE de lábio inferior, dos quais 20
apresentaram metástase linfonodal regional, confirmada por meio de exame histopatológico, e
os 20 restantes encontram-se isentos de metástase linfonodal regional. As informações
inerentes ao estadiamento clínico TNM dos tumores foram obtidas dos respectivos
prontuários médicos, os quais permaneceram no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital
Dr. Luiz Antônio, Natal- RN, assim como, o material biológico resultante da terapêutica
cirúrgica instituída. Os dados clínicos foram anotados em fichas apropriadas (APÊNDICE 2).
4.4.1 Critérios de inclusão da amostra
Foram incluídos na amostra, os casos de CE de lábio inferior tratados por excisão
cirúrgica, sem radioterapia ou quimioterapia prévia, desde que os prontuários médicos dos
pacientes tivessem todos os dados clínicos necessários ao estudo. Para esta pesquisa, foram
considerados os espécimes que apresentaram quantidade suficiente de material biológico para
análise da gradação histológica de malignidade e estudo imuno-histoquímico.
Especificamente para constituição do grupo dos tumores com metástase linfonodal regional,
foram incluídos apenas os casos cujas metástases foram confirmadas por exame
histopatológico.
4.4.2 Critérios de exclusão da amostra
Os casos que não se ajustaram às exigências dos critérios de inclusão foram excluídos
da amostra.
58 �
4.5 ESTADIAMENTO CLÍNICO TNM PARA CE DE LÁBIO INFERIOR
Para o estadiamento clínico dos CE de lábio inferior, foram utilizados os parâmetros
elencados na sexta edição da Classificação TNM dos Tumores Malignos (SOBIN;
WITTEKIND, 2002), os quais são apresentados nos Quadros 2 e 3. Os dados inerentes ao
estadiamento clínico TNM foram coletados nos prontuários médicos dos pacientes tratados no
Hospital Dr. Luiz Antônio, Natal-RN, e anotados em fichas apropriadas (APÊNDICE 2).
T – TUMOR PRIMÁRIO TX Tumor primário não pode ser avaliado
T0 Não há evidência de tumor primário Tis Carcinoma in situ T1 Tumor com 2 cm ou menos em sua maior dimensão
T2 Tumor com mais de 2 cm e até 4 cm em seu diâmetro maior T3 Tumor com mais de 4 cm em sua maior dimensão T4a Tumor que invade estruturas adjacentes: cortical óssea, nervo alveolar inferior, assoalho
da boca ou pele da face (queixo ou nariz) T4b Tumor que invade o espaço mastigador, lâminas pterigóides, base do crânio ou artéria
carótida interna
N – LINFONODOS REGIONAIS NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais
N1 Metástase em um único linfonodo homolateral, com 3 cm ou menos em sua maior dimensão
N2 N2a – Metástase em um único linfonodo homolateral com mais de 3 cm e até 6 cm em sua maior dimensão N2b – Metástase em linfonodos homolaterais múltiplos, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão N2c - Metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhum deles com mais de 6 cm em sua maior dimensão
N3 Metástase em linfonodo com mais de 6 cm em sua maior dimensão
M – METÁSTASE À DISTÂNCIA MX Metástase à distância não pode ser avaliada M0 Ausência de metástase à distância M1 Presença de metástase à distância
Quadro 2. Sistema de estadiamento clínico TNM para o CE de lábio, preconizado por
SOBIN, WITTENKIND (2002).
59 �
ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO TNM
0 Tis N0 M0 I T1 N0 M0 II T2 N0 M0 III T1, T2
T3 N1 N0, N1
M0 M0
IVA
T1, T2, T3 T4a
N2 N0, N1, N2
M0 M0
IVB Qualquer T T4b
N3 Qualquer N
M0 M0
IVC Qualquer T Qualquer N M1
Quadro 3. Categorias de estadiamento clínico TNM para o CE de lábio, preconizado por
SOBIN, WITTENKIND (2002).
4.6 ESTUDO MORFOLÓGICO
A amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina, foi submetida
a novos cortes com 5µm de espessura, os quais, por sua vez, foram estendidos em lâminas de
vidro e submetidos à coloração de rotina da hematoxilina e eosina. Sob microscopia de luz
(Olympus CX31, Olympus Japan Co., Tokyo, JPN), os espécimes de CE de lábio inferior
foram examinados com aumentos de 100× e 400×. Após esta fase, foi realizada análise da
gradação histológica de malignidade dos espécimes, no front de invasão tumoral, de acordo
com o sistema proposto por Bryne (1998) (Quadro 4). Foi realizada ainda, gradação
histológica proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005), para essa análise toda a extensão da
lesão foi avaliada (Quadro 5).
60 �
Aspectos Morfológicos
Escore de Malignidade
1 2 3 4
Grau de Ceratinização
Altamente ceratinizado
(mais de 50% das células)
Moderadamente ceratinizado (20 a 50% das células)
Mínima ceratinização (5 a 20% das células)
Nenhuma ceratinização (0 a 5%
das células)
Pleomorfismo Nuclear
Pouco pleomorfismo nuclear (mais de 75% das
células maduras)
Moderado pleomorfismo
nuclear (50 a 75% das células maduras)
Abundante pleomorfismo (25 a 50% das células
maduras)
Pleomorfismo nuclear extremo (0 a 25% das
células maduras)
Padrão de Invasão
Bordas infiltrativas
bem delimitadas
Cordões, bandas e/ ou trabéculas
sólidas infiltrativas
Pequenos grupos ou cordões de
células infiltrativas
(N>15)
Dissociação celular difusa e pronunciada, em pequenos grupos
e/ou células individuais (N<15)
Infiltrado Inflamatório
Intenso Moderado Escasso Ausente
Quadro 4. Sistema de gradação histológica de malignidade no “front” de invasão proposto
por Bryne (1998).
Gradação histológica – OMS
Parâmetros Características
Pouco diferenciado Predomínio de células imaturas Numerosas mitoses típicas e atípicas Mínima ceratinização
Moderadamente diferenciado Certo grau de pleomorfismo nuclear e atividade mitótica Pouca ceratinização
Bem diferenciado Arquitetura tecidual semelhante ao padrão normal do epitélio escamoso
Quadro 5. Sistema de gradação histológica proposto pela OMS (CARDESA et al., 2005).
Para a gradação histológica proposta por Bryne (1998), os escores obtidos em cada um
dos parâmetros foram somados, obtendo-se, dessa forma, o escore final de malignidade do
caso. As lesões que apresentaram escores finais entre 4 e 8 foram classificadas como de baixo
grau de malignidade. Por sua vez, os tumores com escore final igual ou superior a 9 foram
classificados como de alto grau de malignidade (SILVEIRA et al., 2010). Já para a gradação
histológica proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005) foi avaliado o grau de diferenciação
61 �
celular em toda a extensão do tumor. Posteriormente, os casos foram classificados como:
Pobremente diferenciados, moderadamente diferenciados ou bem diferenciados.
Destaca-se que as gradações histológicas de malignidade foram realizadas por dois
examinadores previamente treinados, sem que os mesmos tivessem conhecimento sobre os
dados clínicos da lesão. Os casos nos quais as gradações histológicas de malignidade,
determinadas pelos examinadores, encontravam-se discordantes foram resolvidos por
consenso. Os dados referentes as gradações histológicas de malignidade foram anotados em
fichas apropriadas (APÊNDICE 3).
4.7 ESTUDO IMUNO-HISTOQUÍMICO
4.7.1 Método imuno-histoquímico
A amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina, foi submetida
a cortes com 3µm de espessura, os quais foram estendidos em lâminas de vidro devidamente
preparadas com adesivo à base de organosilano (3-aminopropiltrietoxisilano, Sigma Chemical
Co., St. Louis, MO, USA). Posteriormente, o material foi submetido ao método da
imunoperoxidase pela técnica baseada em polímeros de dextrano (ADVANCETM
HRP, Dako
North America Inc., Carpinteria, CA, USA), utilizando os anticorpos monoclonais anti-GLUT
1 e anti-GLUT 3 (Quadro 6).
Como controle interno, foram utilizados os eritrócitos existentes em cada espécime
para o anticorpo anti-GLUT 1 e as células inflamatórias adjacentes ao tumor para o anticorpo
anti-GLUT 3. O controle negativo consistiu na substituição do anticorpo primário por
albumina de soro bovino (BSA) a 1% em solução tampão.
A técnica utilizada seguiu o protocolo descrito abaixo:
� Desparafinização: 2 banhos em xilol, à temperatura ambiente (10 minutos cada);
� Re-hidratação em cadeia descendente de etanóis:
• Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
• Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
• Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
62 �
• Álcool etílico 95°GL (5 minutos);
• Álcool etílico 80°GL (5 minutos);
� Remoção de pigmentos formólicos com hidróxido de amônia a 10% em etanol 95°, à
temperatura ambiente (10 minutos);
� Lavagem em água corrente (10 minutos)
� Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
� Recuperação antigênica (Quadro 6);
� Lavagem em água corrente (10 minutos);
� Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
� Duas incubações dos cortes em solução de peróxido de hidrogênio 3% 10 volumes, em
proporção de 1/1, para o bloqueio da peroxidase endógena tecidual (10 minutos cada);
� Lavagem em água corrente (10 minutos);
� Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
� Incubação dos cortes com anticorpos primários, em solução diluente (Antibody diluent
with background reducing components, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA);
� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
� Incubação com anticorpo secundário (ADVANCETM
HRP Link, Dako North America Inc.,
Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos);
� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
� Incubação com anticorpo polimerizado à peroxidase (ADVANCETM
HRP Enzyme, Dako
North America Inc., Carpinteria, CA, USA), à temperatura ambiente (30 minutos);
� Duas passagens em solução de Tween 20 a 1% em TRIS-HCl pH 7,4 (5 minutos cada);
� Revelação da reação com solução cromógena de 3,3-diaminobenzidina (Liquid DAB+
Substrate, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA) (7 minutos);
� Lavagem em água corrente (10 minutos);
� Passagens rápidas em água destilada (2 trocas);
� Contracoloração com hematoxilina de Mayer, à temperatura ambiente (5 minutos);
� Lavagem em água corrente (10 minutos);
� Desidratação em cadeia ascendente de etanóis:
• Álcool etílico 80°GL (2 minutos);
• Álcool etílico 95°GL (2 minutos);
• Álcool etílico absoluto I (5 minutos);
63 �
• Álcool etílico absoluto II (5 minutos);
• Álcool etílico absoluto III (5 minutos);
� Três passagens em xilol (2 minutos cada);
� Montagem em resina Permount® (Fisher Scientific Inc., Fair Lawn, NJ, USA).
Especificidade Nº catálogo Fabricante Diluição Recuperação
Antigênica Incubação
GLUT 1 GTX 15309 Gene Tex 1:400 Citrato, pH 6,0
Pascal, 121ºC, 3 min 60 minutos
GLUT 3 GTX 15311 Gene Tex 1:400 Citrato, pH 6,0
Pascal, 121ºC, 3 min 60 minutos
Quadro 6. Especificidade, nº catálogo, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos anticorpos primários a serem utilizados no estudo.
4.7.2 Análise imuno-histoquímica
Após o processamento dos cortes histológicos e tratamento imuno-histoquímico, cada
espécime foi analisado sob microscopia de luz (Olympus CX41, Olympus Japan Co., Tokyo,
JPN), por dois examinadores previamente treinados.
A análise da expressão do GLUT 1 e GLUT 3 foi realizada de forma semi-
quantitativa, adaptando-se a metodologia utilizada no estudo de Ohba et al. (2010).
Primeiramente, ao longo do front de invasão e do centro do tumor, sob aumento de 40×,
foram selecionados 5 campos de maior imunorreatividade aos anticorpos anti-GLUT 1 e anti-
GLUT 3, para cada uma das regiões analisadas. Sob aumento de 200×, cada um destes
campos foi fotomicrografado (Olympus EVOLT E-330, Olympus Japan Co., Tokyo, JPN) e
as imagens obtidas foram transferidas para um computador através do sistema Olympus
MasterTM 2.
Com auxílio do programa Imaging Processing and Analysis in Java (ImageJ®,
National Institute of Mental Health, Bethesda, Maryland, USA), em cada um destes campos,
foi realizada contagem de cada uma das células tumorais que exibiram marcação simultânea
citoplasmática e/ou membranar, marcação nuclear e as células negativas. Com os dados
64 �
obtidos, para cada caso, foi estabelecido o total de células avaliadas, a partir da sua soma e
posteriormente, foram estabelecidos os percentuais de células tumorais exibindo positividade.
Os dados obtidos com essa avaliação foram anotados em fichas apropriadas (APÊNDICE 4).
Posteriormente, foi realizada a análise do padrão de marcação para os anticorpos anti-
GLUT 1 e anti-GLUT 3 nas ilhas tumorais. Sob um aumento de 40× e 200× as lesões foram
analisadas ao longo de toda sua extensão, quanto à presença de marcação na periferia das
ilhas tumorais, no centro, bem como na periferia/centro do tumor. Os dados referentes a esses
achados foram anotados em fichas apropriadas (APÊNDICE 5).
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos pela técnica imuno-histoquímica foram digitados em planilha
eletrônica Excel (Microsoft Excel 2010®
) e posteriormente exportados para o programa
Statistical Package for the Social Sciences (versão 17.0; SPSS Inc., Chicago, IL, USA), onde
foram feitas as análises estatísticas apropriadas.
Para verificar possíveis diferenças entre o percentual de marcação de GLUT 1 e
GLUT 3 em relação ao estadiamento clínico, os casos pertencentes aos estágios I e II foram
reunidos em um único grupo, bem como aqueles correspondentes aos estágios III e IV.
De forma semelhante, os dados referentes à gradação histológica de malignidade
proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005) também foram agrupados, o primeiro grupo
correspondendo às lesões bem diferenciadas e o segundo caracterizado pelas lesões
moderadamente/pobremente diferenciadas.
A análise dos aspectos clínicos e morfológicos, bem como do padrão de marcação nas
ilhas tumorais para os anticorpos anti-GLUT 1 e anti-GLUT 3, foi realizada através do teste
não-paramétrico exato de Fisher.
Para análise do percentual de células positivas em relação aos aspectos clínico-
patológicos, foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney.
O teste de correlação de Spearman foi utilizado para avaliar possíveis correlações
entre as imunoexpressões de GLUT 1 e GLUT3 nos carcinomas epidermóides de lábio
inferior.
O teste não-paramétrico de Wilcoxon foi utilizado para avaliar possíveis diferenças
entre as expressões de GLUT 1 e GLUT 3, no front de invasão e no centro tumoral.
65 �
Para todos os testes utilizados, o nível de significância foi estabelecido em 5%
(p<0,05).
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5 RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra deste estudo foi constituída por 40 casos de carcinoma epidermóide de
lábio inferior, dos quais 20 apresentaram presença de metástase e os 20 restantes com
ausência de metástase. Constatou-se que 67,5% dos pacientes eram do sexo masculino,
estabelecendo uma proporção homem:mulher de 2:1. A sétima década de vida foi a faixa
etária que mostrou maior prevalência, com uma média de idade de 67,5 anos (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição dos casos de carcinoma de lábio inferior, segundo sexo e faixa etária
dos pacientes, de acordo com a presença e ausência de metástase. Natal-RN 2012.
Dados clínicos Ausência de metástase Presença de metástase TOTAL
n % n % n %
Sexo
Feminino 7 35 6 30 13 32,5
Masculino 13 65 14 70 27 67,5
TOTAL 20 100 20 100 40 100
Faixa etária n % n % n %
21 - 30 anos 1 5 0 0 1 2,5
31 - 40 anos 1 5 0 0 1 2,5
41 - 50 anos 1 5 3 15 4 10
51 - 60 anos 3 15 4 20 7 17,5
61 - 70 anos 8 40 3 15 11 27,5
71 - 80 anos 3 15 5 25 8 20
81 - 90 anos 2 10 4 20 6 15
91 - 100 anos 1 5 1 5 2 5
TOTAL 20 100 20 100 40 100
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral - UFRN
68 �
Dentre os casos estudados, houve uma maior ocorrência do estágio II do estadiamento
clínico TNM (32,5%), seguido dos estágios III (27,5%) e IV (27,5%). Nas lesões com
metástase linfonodal, observou-se que 55% dos casos correspondiam ao estágio IV. Para o
grupo das lesões sem metástase, constatou-se um predomínio do estágio II, representando
65% dos casos analisados (TABELA 2).
Tabela 2.� Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior, segundo o
estadiamento clínico TNM, de acordo com a presença e ausência de metástase.
Natal – RN, 2012.
Estadiamento
clínico
Ausência de metástase Presença de metástase Total
n % n % n %
Estágio I 5 25 0 0 5 12,5
Estágio II 13 65 0 0 13 32,5
Estágio III 2 10 9 45 11 27,5
Estágio IV 0 0 11 55 11 27,5
TOTAL 20 100 20 100 40 100
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
5.2 ASPECTOS MORFOLÓGICOS
Frente à avaliação morfológica dos casos, destacou-se a presença de hipercromatismo
celular, alteração da relação núcleo/citoplasma, pleomorfismo celular e nuclear, disceratose
com formações de pérolas córneas, figuras de mitose típicas e atípicas e nucléolos
proeminentes. Quanto ao padrão de invasão, pode-se perceber a presença de um crescimento
invasivo, em forma de lençóis de células epiteliais malignas com bordas infiltrativas, bem
como a presença de cordões sólidos e crescimento celular isolado. Observou-se, ainda,
infiltrado inflamatório variando de escasso a severo. Os parâmetros utilizados para gradação
histológica de malignidade, proposta por Bryne (1998), assim como os escores atribuídos a
cada lesão encontram-se nas Tabelas 3 e 4.
69 �
Tabela 3. Análise morfológica e gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998) dos
casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior sem metástase. Natal-RN, 2012.
Caso
Aspectos Morfológicos Escore
Total Gradação Grau de
ceratinização
Pleomorfismo
nuclear
Padrão de
invasão
Infiltrado
inflamatório
1 3 3 2 1 9 Alto grau
2 2 2 2 1 7 Baixo grau
3 1 2 2 2 7 Baixo grau
4 2 2 3 2 9 Alto grau
5 2 3 1 2 8 Baixo grau
6 3 2 2 2 9 Alto grau
7 2 2 3 1 8 Baixo grau
8 1 2 3 1 7 Baixo grau
9 1 2 3 1 7 Baixo grau
10 2 2 2 1 6 Baixo grau
11 2 1 3 2 8 Baixo grau
12 2 3 1 1 7 Baixo grau
13 2 2 2 1 7 Baixo grau
14 1 3 2 1 7 Baixo grau
15 3 3 1 1 8 Baixo grau
16 1 3 3 1 8 Baixo grau
17 1 2 2 1 6 Baixo grau
18 4 2 4 1 11 Alto grau
19 2 2 2 2 8 Baixo grau
20 3 3 1 1 8 Baixo grau
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
70 �
Tabela 4. Análise morfológica e gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998) dos
casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior com metástase. Natal-RN, 2012.
Caso
Aspectos Morfológicos Escore
Total Gradação Grau de
ceratinização
Pleomorfismo
nuclear
Padrão de
invasão
Infiltrado
inflamatório
1 4 3 3 3 13 Alto grau
2 1 4 4 1 10 Alto grau
3 4 2 2 2 10 Alto grau
4 2 3 3 1 9 Alto grau
5 3 3 2 1 9 Alto grau
6 4 2 2 1 9 Alto grau
7 1 1 2 1 5 Baixo grau
8 2 1 2 2 7 Baixo grau
9 2 2 2 1 7 Baixo grau
10 3 2 4 2 11 Alto grau
11 4 1 3 2 9 Alto grau
12 4 3 2 1 10 Alto grau
13 4 3 4 1 12 Alto grau
14 4 2 1 2 9 Alto grau
15 2 2 2 1 7 Baixo grau
16 1 3 2 1 7 Baixo grau
17 3 3 4 2 12 Alto grau
18 4 3 4 1 12 Alto grau
19 2 2 2 1 7 Baixo grau
20 3 3 4 1 11 Alto grau
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
Dos 40 casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior avaliados pela gradação
histológica de malignidade, proposta por Bryne (1998), 22 foram classificados como baixo
grau de malignidade (Figura 3), representando 55% do total da amostra. Avaliando os
carcinomas sem metástase, 80% das lesões foram caracterizadas como baixo grau. Já para os
casos com presença de metástase, 70% apresentaram alto grau de malignidade (Figura 4). O
teste exato de Fisher revelou associação estatisticamente significativa entre as lesões com alto
grau de malignidade e a presença de metástase (p=0,004) (Tabela 5).
71 �
Tabela 5. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau histológico de
malignidade (BRYNE, 1998) em relação à metástase linfonodal. Natal – RN,
2012.
Metástase
Gradação histológica Total
n (%) p Baixo grau
n (%)
Alto grau
n (%)
Ausente 16 (80,0) 4 (20,0) 20 (100,0) 0,004
Presente 6 (30,0) 14 (70,0) 20 (100,0)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
Ao relacionar esse sistema de gradação histológica de malignidade com o
estadiamento clínico TNM, observou-se que, dentre as lesões de baixo grau o estágio II foi o
mais prevalente, enquanto que nos casos com alto grau de malignidade o estágio clínico III foi
o mais evidente (Tabela 6).
Tabela 6. Distribuição absoluta e relativa da relação entre o estadiamento clínico TNM e a
gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998). Natal – RN, 2012.
Estadiamento
clínico
Gradação histológica Total
n (%) Baixo Grau
n (%)
Alto Grau
n (%)
Estágio I 4 (80,0) 1 (20,0) 5 (100,0)
Estágio II 10 (76,9) 3 (23,1) 13 (100,0)
Estágio III 3 (27,3) 8 (72,7) 11 (100,0)
Estágio IV 5 (45,5) 6 (54,5) 11 (100,0)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
A maioria das lesões que se encontravam nos estágios I e II foram classificadas como
baixo grau de malignidade, enquanto que a maior proporção dos casos correspondentes às
lesões de alto grau encontravam-se nos estágios III e IV. O teste exato de Fisher verificou
associação estatisticamente significativa entre o grau de malignidade do tumor e o
estadiamento clínico TNM (p=0,012) (Tabela 7).
72 �
Tabela 7. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística da relação entre
estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade (BRYNE,
1998). Natal – RN, 2012.
Estadiamento clínico Gradação histológica
Total n (%)
p Baixo grau n (%)
Alto grau n (%)
Estágio I e II 14 (77,8) 4 (22,2) 18 (100,0) 0,012 Estágio III e IV 8 (36,4) 14 (63,6) 22 (100,0) Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
A avaliação da gradação histológica de malignidade, proposta pela OMS (CARDESA
et al., 2005), demonstrou que 50% dos casos sem metástase foram bem diferenciados (Figura
3). Contudo, 65% dos casos com metástase eram moderadamente diferenciados (Tabela 8). O
teste exato de Fisher revelou associação estatisticamente significativa entre as lesões
moderadamente/ pobremente diferenciadas (Figura 4) e a presença de metástase (p=0,014)
(Tabela 9).
Tabela 8. Distribuição absoluta e relativa do grau histológico de malignidade (CARDESA et
al., 2005) em relação à metástase linfonodal. Natal – RN, 2012.
Metástase Gradação histológica
Total n (%)
BD n (%)
MD n (%)
PD n (%)
Ausente 10 (50,0) 8 (40,0) 2 (10,0) 20 (100,0) Presente 2 (10,0) 13 (65,0) 5 (25,0) 20 (100,0) Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
Tabela 9. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau histológico de
malignidade (CARDESA et al., 2005) em relação à metástase linfonodal. Natal –
RN, 2012.
Metástase Gradação histológica de malignidade OMS
Total n (%)
p BD n (%)
MD/ PD n (%)
Ausente 10 (50,0) 10 (50,0) 20 (100,0) 0,014 Presente 2 (10,0) 18 (90,0) 20 (100,0) Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
73 �
A Tabela 10 demonstra a distribuição dos casos de acordo com a gradação histológica
de malignidade proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005) e o estadiamento clínico TNM.
Pode-se observar que 88,8% dos casos moderadamente/ pobremente diferenciados encontram-
se nos estágios III e IV. O teste exato de Fisher não evidenciou associação estatisticamente
significativa entre as variáveis (p=0,093) (Tabela 11).
Tabela 10. Distribuição absoluta e relativa da relação entre a gradação histológica de
malignidade (CARDESA et al., 2005) e o estadiamento clínico TNM. Natal –
RN, 2012.
Estadiamento
clínico
Gradação histológica de malignidade OMS Total
n (%) BD
n (%)
MD
n (%)
PD
n (%)
Estágio I 3 (60,0) 2 (40,0) 0 (0,0) 5 (100,0)
Estágio II 5 (38,5) 6 (46,2) 2 (15,4) 13 (100,0)
Estágio III 2 (18,2) 8 (72,7) 1 (9,1) 11 (100,0)
Estágio IV 2 (18,2) 5 (45,5) 4 (36,4) 11 (100,0)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
Tabela 11. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do grau histológico de
malignidade (CARDESA et al., 2005) em relação ao estadiamento clínico TNM.
Natal – RN, 2012.
Estadiamento
clínico
Gradação histológica de malignidade OMS Total
n (%)
p
BD
n (%)
MD/ BD
n (%)
Estágio I e II 8(44,4) 10 (55,6) 18 (100,0) 0,093
Estágio III e IV 4 (18,2) 18 (81,8) 22 (100,0)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN.
74 �
5.3 RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS
5.3.1 Análise descritiva da expressão de GLUT 1 e GLUT 3
A expressão de GLUT 1 foi observada em todos os casos. Verificou-se que o padrão
de marcação mais evidente se encontrava localizado na periferia das ilhas tumorais,
apresentando intensidade forte (Figura 5). No entanto, a porção central apresentava-se
marcada fracamente, com as áreas de ceratinização demonstrando uma marcação variando de
fraca a ausente. Constatou-se ainda, casos em que a marcação era observada tanto na periferia,
quanto no centro das ilhas tumorais (Figura 6). O teste do Qui-quadrado não revelou
associação estatisticamente significativa do padrão de marcação para GLUT 1 com a
metástase linfonodal (p = 0,338) ou com o estadiamento clínico TNM (p=0,185) (Tabela 12).
Tabela 12. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de marcação
para GLUT 1 em relação à metástase linfonodal e ao estadiamento clínico TNM.
NATAL – RN, 2012.
Parâmetros
Padrão de marcação para GLUT 1 Total
n (%) P Periferia
n (%)
Centro
n (%)
Periferia e centro
n (%)
Metástase
Ausente 16 (80,0) 3 (15,0) 1(5,0) 20 (100) 0,338
Presente 12 (60,0) 7 (35,0) 1 (5,0) 20 (100)
Estadiamento
Estágio I e II 15(83,3) 2 (16,7) 0 (0,0) 18 (100) 0,185
Estágio III e IV 13 (59,1) 7 (31,8) 2 (9,1) 22 (100)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN.
Na Tabela 13 podemos observar a relação entre a gradação histológica de malignidade
(BRYNE, 1998) e o padrão de marcação para GLUT 1 na ilhas tumorais. O teste do Qui-
quadrado não revelou associação estatisticamente significativa entre as variáveis analisadas
75 �
(p=0,522). Quando utilizada a gradação histológica de malignidade proposta pela OMS
(CARDESA et al., 2005), também não foi evidenciada associação estatisticamente
significativa, por meio do teste do Qui-quadrado (Tabela 13) (p=0,632).
Tabela 13. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de marcação
para GLUT 1 em relação às gradações histológicas de malignidade. NATAL –
RN, 2012.
Gradação histológica
Padrão de marcação para GLUT 1 Total
n (%) p Periferia
n (%)
Centro
n (%)
Periferia e centro
n (%)
Bryne (1998)
Baixo grau 17 (77,3) 4 (18,2) 1 (4,5) 22 (100) 0,522
Alto grau 11 (61,1) 6 (33,3) 1 (5,6) 18 (100)
Cardesa et al. (2005)
BD 9 (78,0) 2 (16,7) 1 (8,3) 12 (100,0) 0,632
MD/ PD 19 (67,9) 8 (28, 6) 1 (3,6) 28 (100,0)
Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
A marcação para GLUT 3 foi predominantemente mais fraca, quando comparada com
a imunomarcação para GLUT 1. Os casos apresentando positividade para o anticorpo anti-
GLUT 3 demonstraram uma discreta marcação no centro das ilhas tumorais (figura 7). De
uma forma geral, a intensidade de marcação para esta proteína foi fraca, com escassos casos
apresentando marcação moderada (figura 8). Nas regiões centrais onde foi observada a
presença de áreas necróticas houve maior expressão de GLUT 3, com intensidade de
marcação forte. O teste do Qui-quadrado não revelou associação estatisticamente significativa
do padrão de marcação para GLUT 3 com a metástase linfonodal (p = 0,889) ou com o
estadiamento clínico TNM (p=0,675) (Tabela 14).
76 �
Tabela 14. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de marcação
para GLUT 3 em relação à metástase linfonodal e ao estadiamento clínico TNM.
NATAL – RN, 2012.
Variável
Padrão de marcação para GLUT 3 Total
n (%) P Periferia
n (%)
Centro
n (%)
Periferia e centro
n (%)
Metástase
Ausente 3 (15,0) 14 (70,0) 3 (15,0) 20 (100) 0,889
Presente 2 (10,0) 15 (75,5) 2 (15,0) 20 (100)
Estadiamento
Estágio I e II 3 (16,7) 13 (72,2) 2 (11,1) 18 (100,0) 0,675
Estágio III e IV 2 (9,1) 16 (72,7) 4 (18,2) 22 (100,0)
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
Na Tabela 15 podemos observar a relação entre a gradação histológica de malignidade
proposta por Bryne (1998) e o padrão de marcação para GLUT 3 na ilhas tumorais. O teste do
Qui-quadrado não revelou associação estatisticamente significativa entre as variáveis
analisadas (p=0,346). De forma similar, o teste do Qui-quadrado não revelou associação
estatisticamente significativa entre o padrão de marcação para GLUT 3 e a gradação
histológica proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005) (p=0,266) (Tabela 15).
Tabela 15. Distribuição absoluta e relativa e significância estatística do padrão de marcação
para GLUT 3 em relação às gradações histológicas de malignidade. NATAL –
RN, 2012.
Gradação histológica Padrão de marcação para GLUT 3
Total n (%)
P Periferia n (%)
Centro n (%)
Periferia e centro n (%)
Bryne (1998) Baixo grau 4 (18,2) 14 (63,6) 4 (18,2) 22 (100,0) 0,346 Alto grau 1 (5,6) 15 (83,3) 2 (11,1) 18 (100,0) Cardesa et al. (2005) BD 3 (25,0) 7 (58,3) 2 (16,7) 12 (100,0) 0,266 MD/ PD 2 (7,1) 22 (78,6) 4 (14,3) 28 (100,0)
Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
77 �
5.3.2 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto à presença ou ausência de
metástase
A análise da expressão de GLUT 1 no front de invasão tumoral revelou, para o grupo
dos carcinomas sem metástase, percentuais de positividade citoplasmática/ membranar
(Figura 9) que variaram de 77,35% a 100,0%, com mediana de 96,19%. No grupo das lesões
com metástase, estes percentuais variaram de 88,56% a 99,62%, com mediana de 97,79%. No
centro tumoral, os carcinomas sem metástase revelaram percentuais de positividade
citoplasmática/membranar para GLUT 1 que variaram de 95,67% a 99,99%, com mediana de
96,30%. Nos tumores com metástase, os percentuais variaram de 85,24% a 99,98%, com
mediana de 96,43%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney não revelou diferença
estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão citoplasmática/ membranar
de GLUT 1 entre as lesões com e sem metástase linfonodal, tanto no front de invasão (p =
0,372) como no centro tumoral (p = 0,903) (Tabela 16).
Tabela 16. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT 1 no front de invasão e no
centro tumoral em relação à metástase linfonodal. Natal, RN – 2012.
Localização/
Metástase n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma
dos
postos
U p
Front de invasão
Presente 20 97,79 95,06–98,62 22,15 443,00 167,00 0,372
Ausente 20 96,19 91,83–98,54 18,85 377,00
Centro tumoral
Presente 20 96,43 93,63–98,36 20,28 405,50 195,50 0,903
Ausente 20 96,30 92,75–98,95 20,73 414,50
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
A avaliação dos percentuais de positividade nuclear para GLUT 1 (Figura 10), no front
de invasão tumoral, revelou, para o grupo dos carcinomas sem metástase, uma variação de 0%
78 �
a 0,39%, com mediana de 0,09%. Nas lesões com metástase, os percentuais variaram de 0% a
0,42%, com mediana de 0,03%. No centro tumoral, os percentuais de positividade nuclear
para GLUT 1, nos carcinomas sem metástase, variaram de 0% a 0,36%, com mediana de
0,06%. Nos tumores com metástase, estes percentuais variaram de 0% a 0,24%, com mediana
de 0,02%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir diferença
estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão nuclear de GLUT 1 entre as
lesões com e sem metástase linfonodal, tanto no front de invasão (p = 0,062) como no centro
tumoral (p = 0,320) (Tabela 17).
Tabela 17. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em
relação à metástase linfonodal. Natal, RN – 2012.
Localização/
Metástase n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U P
Front de invasão
Presente 20 0,03 0,00–0,16 17,08 341,50 131,50 0,062
Ausente 20 0,09 0,06–0,22 23,93 478,50
Centro tumoral
Presente 20 0,02 0,00–0,10 18,68 373,50 163,50 0,320
Ausente 20 0,06 0,01–0,10 22,33 446,50
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.3 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto à presença ou ausência de
metástase
A análise da expressão de GLUT 3 no front de invasão tumoral revelou, para o grupo
dos carcinomas sem metástase, percentuais de positividade citoplasmática/membranar (Figura
11) que variaram de 1,49% a 95,39%, com mediana de 26,88%. Nos tumores com metástase,
estes percentuais variaram de 0,05% a 96,70%, com mediana de 23,98%. Na análise do centro
tumoral, a expressão de GLUT 3 revelou para os carcinomas sem metástase, percentuais de
imunopositividade citoplasmática/ membranar que variaram de 0,79% a 100,0%, com
79 �
mediana de 30,34%. Nos casos com metástase, os percentuais variaram de 4,68% a 85,65%,
com mediana de 19,05%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir
diferença estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão
citoplasmática/membranar de GLUT 3 entre as lesões com e sem metástase linfonodal, tanto
no front de invasão (p = 0,482) como no centro tumoral (p = 0,499) (Tabela 18).
Tabela 18. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de invasão e no
centro tumoral em relação à metástase linfonodal. Natal, RN – 2012.
Localização/
Metástase n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
Presente 20 23,98 10,91–50,83 19,20 384,00 174,00 0,482
Ausente 20 26,88 10,69–62,63 21,80 436,00
Centro tumoral
Presente 20 19,05 12,51–44,97 19,25 385,00 175,00 0,499
Ausente 20 30,34 15,16–61,12 21,75 435,00
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
�
�
Em relação à imunoexpressão nuclear de GLUT 3 (Figura 12), constatou-se
positividade em apenas 1 caso de carcinoma epidermóide de lábio inferior. Esta lesão foi
caracterizada pela presença de metástase linfonodal regional, categorizada com estadiamento
clínico III. Pela gradação histológica, proposta por Bryne (1998) foi classificada como alto
grau de malignidade, e segundo Cardesa et al. (2005), apresenta-se moderadamente
diferenciada. No caso em questão, observou-se percentual de positividade de 68,26% no front
de invasão tumoral e de 86,06% no centro tumoral, para todas as variáveis analisadas. Como
apenas este caso revelou imunopositividade nuclear para GLUT 3, não foram realizadas
análises estatísticas sobre a imunoexpressão desta proteína nessa localização celular.
80 �
5.3.4 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto ao estadiamento clínico TNM
A análise da expressão de GLUT 1 no front de invasão tumoral revelou, para o grupo
dos carcinomas com estadiamento clínico I/II, percentuais de positividade citoplasmática/
membranar que variaram de 77,35% a 100,0%, com mediana de 95,55%. Para os tumores
com estadiamento III/IV, os percentuais variaram de 88,56% a 99,62%, com mediana de
97,79%. No centro tumoral, a análise da expressão de GLUT 1 revelou para os carcinomas
com estadiamento clínico I/II, percentuais de positividade citoplasmática/membranar que
variaram de 86,45% a 99,99%, com mediana de 96,64%. Para o estadiamento clínico III/IV,
estes percentuais variaram de 85,24% a 99,98%, com mediana de 96,27%. O teste não-
paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir diferença estatisticamente significativa nos
percentuais de imunoexpressão citoplasmática/membranar de GLUT 1 entre o estadiamento
clínico TNM I/II e III/IV, tanto no front de invasão (p = 0,341) como no centro tumoral (p =
0,523) (Tabela 19).
Tabela 19. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT-1 no front de invasão e no
centro tumoral em relação ao estadiamento clínico TNM. Natal, RN – 2012.
Localização/
Estadiamento n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
Estágio I/II 18 95,55 91,34–98,65 18,56 334,00 163,00 0,341
Estágio III/IV 22 97,79 95,64–98,56 22,09 486,00
Centro tumoral
Estágio I/II 18 96,64 94,80–99,05 21,81 392,50 174,50 0,523
Estágio III/IV 22 96,27 93,46–97,95 19,43 427,50
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
A avaliação dos percentuais de positividade nuclear para GLUT 1, localizada no front
de invasão tumoral, revelou, para os carcinomas com estadiamento clínico I/II, percentuais
81 �
que variaram de 0,00% a 0,39%, com mediana de 0,10%. Nos tumores com estadiamento
clínico III/IV, estes percentuais variaram de 0,00% a 0,42%, com mediana de 0,03%. O teste
não-paramétrico de Mann-Whitney revelou existir diferença estatisticamente significativa nos
percentuais de imunoexpressão nuclear de GLUT 1 entre o estadiamento clínico TNM I/II e
III/IV (p = 0,041) (Tabela 20).
No centro tumoral, os percentuais de positividade nuclear para GLUT 1 revelaram,
para os carcinomas com estadiamento clínico I/II, percentuais que variaram de 0% a 0,36%,
com mediana de 0,06%. Em relação ao estadiamento clínico III/IV, os percentuais variaram
de 0% a 0,24%, com mediana de 0,02%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney não
revelou diferença estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão nuclear de
GLUT 1 entre o estadiamento clínico TNM I/II e III/IV (p = 0,286) (Tabela 20).
Tabela 20. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em
relação ao estadiamento clínico TNM. Natal, RN – 2012.
Localização/
Estadiamento n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
Estágio I/II 18 0,10 0,06–0,25 24,64 443,50 123,50 0,041
Estágio III/IV 22 0,03 0,00–0,16 17,11 376,50
Centro tumoral
Estágio I/II 18 0,06 0,02–0,10 22,67 408,00 159,00 0,286
Estágio III/IV 22 0,02 0,00–0,10 18,73 412,00
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.5 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto ao estadiamento clínico TNM
A análise da expressão de GLUT 3 no front de invasão tumoral revelou, para os
carcinomas com estadiamento clínico I/II, percentuais de positividade
citoplasmática/membranar que variaram de 1,49% a 95,39%, com mediana de 26,62%. Para o
82 �
estadiamento clínico III/IV, os percentuais variaram de 0,05% a 96,70%, com mediana de
26,54%. No centro tumoral, os carcinomas com estadiamento clínico I/II revelaram
percentuais de positividade citoplasmática/ membranar para GLUT 3 que variaram de 0,79%
a 100%, com mediana de 30,34%. Para as lesões com estadiamento clínico III/IV, os
percentuais variaram de 4,68% a 92,49%, com mediana de 19,59%. O teste não-paramétrico
de Mann-Whitney não revelou diferença estatisticamente significativa nos percentuais de
imunoexpressão citoplasmática/membranar de GLUT 3 entre o estadiamento clínico TNM I/II
e III/IV, tanto no front de invasão (p = 0,892) como no centro tumoral (p = 0,786) (Tabela
21).
Tabela 21. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de invasão e no
centro tumoral em relação ao estadiamento clínico TNM. Natal, RN – 2012.
Localização/
Estadiamento n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
Estágio I/II 18 26,62 10,40–58,38 20,78 374,00 193,00 0,892
Estágio III/IV 22 26,54 11,39–53,89 20,27 446,00
Centro tumoral
Estágio I/II 18 30,34 11,59–49,87 21,06 379,00 188,00 0,786
Estágio III/IV 22 19,59 12,57–46,67 20,05 441,00
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.6 Avaliação da expressão de GLUT 1 quanto à gradação histológica, proposta
por Bryne (1998)
A análise do percentual de células imunomarcadas para GLUT 1 em relação à
gradação histológica de malignidade, no front de invasão tumoral, revelou para os carcinomas
com baixo grau de malignidade, percentuais de positividade membranar/citoplasmática que
variaram de 77,35% a 100,0%, com mediana de 96,85%. Para as lesões de alto grau de
malignidade, estes percentuais variaram de 88,56% a 99,43%, com mediana de 97,02. No
83 �
centro tumoral, os carcinomas apresentando baixo grau de malignidade revelaram percentuais
de positividade citoplasmática/ membranar para GLUT 1 que variaram de 88,81% a 99,99%,
com mediana de 96,64%. Para os tumores classificados como alto grau de malignidade, os
percentuais variaram de 85,24% a 99,25%, com mediana de 95,93%. O teste não-paramétrico
de Mann-Whitney revelou não existir diferença estatisticamente significativa nos percentuais
de imunoexpressão membranar/citoplasmática de GLUT 1 entre as lesões de baixo e alto grau
de malignidade, tanto no front de invasão (p = 0,447) como no centro tumoral (p = 0,071)
(Tabela 22).
Tabela 22. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT-1 no front de invasão e no
centro tumoral em relação à gradação histológica de malignidade (BRYNE,
1998). Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
Baixo grau 22 96,85 93,06–99,49 21,77 479,00 170,00 0,447
Alto grau 18 97,02 92,17–98,33 18,94 341,00
Centro tumoral
Baixo grau 22 96,64 95,75–99,45 23,52 517,50 131,50 0,071
Alto grau 18 95,93 92,46–97,65 16,81 302,50
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
A avaliação dos percentuais de positividade nuclear para GLUT 1, localizada no front
de invasão tumoral, no grupo de carcinoma correspondente as lesões de baixo grau de
malignidade, revelou percentuais que variaram de 0,0% a 0,35%, com mediana de 0,06%.
Para as lesões de alto grau, os percentuais variaram de 0,0% a 0,42%, com mediana de 0,08%.
No centro tumoral, os percentuais de positividade nuclear para GLUT 1 no grupo de baixo
grau, variaram de 0% a 0,36%, com mediana de 0,03%. Em relação ao grupo das lesões com
alto grau de malignidade, os percentuais variaram de 0% a 0,36%, com mediana de 0,07%. O
teste não-paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir diferença estatisticamente
significativa nos percentuais de imunoexpressão nuclear de GLUT 1 entre as lesões de baixo e
84 �
alto grau de malignidade, tanto no front de invasão (p = 0,373) como no centro tumoral (p =
0,345) (Tabela 23).
Tabela 23. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em
relação em relação à gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998).
Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U P
Front de invasão
Baixo grau 22 0,06 0,00–0,16 19,02 418,50 165,50 0,373
Alto grau 18 0,08 0,02–0,18 22,31 401,50
Centro tumoral
Baixo grau 22 0,03 0,00–0,10 18,93 408,00 163,50 0,345
Alto grau 18 0,07 0,01–0,13 22,42 412,00
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN
5.3.7 Avaliação da expressão de GLUT 3 quanto à gradação histológica, proposta
por Bryne (1998)
A avaliação da expressão de GLUT 3 no front de invasão tumoral revelou, para o
grupo dos carcinomas classificados como de baixo grau de malignidade, percentuais de
imunopositividade citoplasmática/membranar que variaram de 1,49% a 96,70%, com mediana
de 26,74%. Para lesões de alto grau, os percentuais variaram de 0,05% a 70,29%, com
mediana de 21,64%. No centro tumoral, os carcinomas de baixo grau de malignidade
apresentaram percentuais de positividade citoplasmática/ membranar para GLUT 3 que
variaram de 0,79% a 100%, com mediana de 28,71%. Para os tumores de alto grau, os
percentuais variaram de 4,68% a 92,49%, com mediana de 30,65%. O teste não-paramétrico
de Mann-Whitney não revelou diferença estatisticamente significativa nos percentuais de
imunoexpressão citoplasmática/membranar de GLUT 3 entre as lesões de baixo e alto grau de
85 �
malignidade, tanto no front de invasão (p = 0,384) como no centro tumoral (p = 0,550)
(Tabela 24).
Tabela 24. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/membranar para GLUT-3 no front de invasão e no
centro tumoral em relação em relação à gradação histológica de malignidade
(BRYNE, 1998). Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U P
Front de invasão
Baixo grau 22 26,74 16,95–57,15 21,95 483,00 166,00 0,384
Alto grau 18 21,64 10,65–53,89 18,72 337,00
Centro tumoral
Baixo grau 22 28,71 10,09–53,74 19,50 429,00 176,00 0,550
Alto grau 18 30,65 15,34–44,52 21,72 391,00
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.8 Avaliação da relação da expressão de GLUT 1 quanto à gradação
histológica, proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005)
A análise do percentual de células imunomarcadas para GLUT 1 em relação à
gradação histológica proposta pela OMS (CARDESA, et al., 2005) no front de invasão
tumoral, revelou para os carcinomas bem diferenciados, percentuais de positividade
membranar/ citoplasmática que variaram de 77,35% a 99,62%, com mediana de 96,85%. Para
os tumores moderadamente/ pobremente diferenciados, esse percentual variou de 88,56% a
100%, com mediana de 97,02%. No centro tumoral, os carcinomas bem diferenciados
revelaram percentuais de positividade citoplasmática/ membranar para GLUT 1 que variaram
de 88,81% a 99,98%, com mediana de 96,08%. Os percentuais, para as lesões
moderadamente/ pobremente diferenciadas, variaram de 85,24% a 99,99%, com mediana de
96,46%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir diferença
estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão membranar/ citoplasmática
86 �
de GLUT 1 entre as lesões bem diferenciadas e as moderadamente/ pobremente diferenciadas,
tanto no front de invasão (p = 0,965) como no centro tumoral (p = 0,906) (Tabela 25).
Tabela 25. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/ membranar para GLUT-1 no front de invasão e no
centro tumoral em relação à gradação histológica de malignidade (CARDESA et
al., 2005). Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U p
Front de invasão
BD 12 96,85 91,59–99,23 20,38 244,50 166,50 0,965
MD/ PD 28 97,02 93,44–98,51 20,55 575,50
Centro tumoral
BD 12 96,08 92,75–99,29 20,83 250,00 164,00 0,906
MD/ PD 28 96,46 93,63–98,52 20,36 570,00
Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
A avaliação dos percentuais de positividade nuclear para GLUT 1, localizada no front
de invasão tumoral, no grupo de carcinomas bem diferenciados, revelou percentuais que
variaram de 0% a 0,35%, com mediana de 0,07%. Para os tumores moderadamente e
pobremente diferenciados, os percentuais variaram de 0% a 0,42%, com mediana de 0,06%.
No centro tumoral, os percentuais de positividade nuclear para GLUT 1 nas lesões bem
diferenciadas variaram de 0% a 0,42%, com mediana de 0,07%. Esse percentual, para os
carcinomas moderadamente e pobremente diferenciados, variou de 0% a 0,36%, com mediana
de 0,03%. O teste não-paramétrico de Mann-Whitney revelou não existir diferença
estatisticamente significativa nos percentuais de imunoexpressão nuclear de GLUT 1 entre as
lesões bem diferenciadas e as moderadamente/ pobremente diferenciadas, tanto no front de
invasão (p = 0,976) como no centro tumoral (p = 0,533) (Tabela 26).
87 �
Tabela 26. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade nuclear para GLUT-1 no front de invasão e no centro tumoral em
relação em relação à gradação histológica de malignidade (CARDESA et al.,
2005). Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U P
Front de invasão
BD 12 0,07 0,00–0,21 20,42 245,00 167,00 0,976
MD/ PD 28 0,06 0,00–0,16 20,54 575,00
Centro tumoral
BD 12 0,07 0,00–0,13 22,25 267,00 147,00 0,533
MD/ PD 28 0,03 0,01–0,10 19,75 553,00
Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.9 Avaliação da relação da expressão de GLUT 3 quanto à gradação
histológica, proposta pela OMS (CARDESA et al., 2005)
A avaliação da expressão de GLUT 3 no front de invasão tumoral revelou, para os
carcinomas bem diferenciados, percentuais de positividade citoplasmática/ membranar que
variaram de 1,49% a 96,70%, com mediana de 49,20%. Nos tumores moderadamente/
pobremente diferenciados, os percentuais variaram de 0,05% a 92,03%, com mediana de
25,61%. No centro tumoral, os carcinomas bem diferenciados revelaram percentuais de
positividade citoplasmática/ membranar para GLUT 3 que variaram de 0,79% a 92,49%, com
mediana de 25,02%. Nas lesões moderadamente/ pobremente diferenciadas, os percentuais
variaram de 3,07% a 100%, com mediana de 29,86%. O teste não-paramétrico de Mann-
Whitney revelou não existir diferença estatisticamente significativa nos percentuais de
imunoexpressão citoplasmática/ membranar de GLUT 3 entre as lesões bem diferenciadas e
moderadamente/pobremente diferenciadas, tanto no front de invasão (p = 0,316) como no
centro tumoral (p = 0,791) (Tabela 27).
�
88 �
Tabela 27. Tamanho da amostra, mediana, quartis 25 e 75, média dos postos, soma dos
postos, estatística U e significância estatística (p) para o percentual de
positividade citoplasmática/ membranar para GLUT-3 no front de invasão e no
centro tumoral em relação em relação à gradação histológica de malignidade
(CARDESA et al., 2005). Natal, RN – 2012.
Localização/
Gradação n Mediana Q25-Q75
Média dos
postos
Soma dos
postos U P
Front de invasão
BD 12 49,20 7,65–72,76 23,33 280,00 134,00 0,316
MD/ PD 28 25,61 10,75–50,83 19,29 540,00
Centro tumoral
BD 12 25,02 7,63–75,64 19,75 237,00 159,00 0,791
MD/ PD 28 29,86 13,52–43,72 20,82 583,00
Legenda: BD – Bem diferenciado; MD – Moderadamente diferenciado; PD – Pobremente diferenciado.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
5.3.10 Avaliação da correlação entre as imunoexpressões de GLUT 1 e GLUT 3
Foram analisadas possíveis correlações entre as imunoexpressões de GLUT 1 e GLUT
3, nas regiões de front de invasão e no centro do tumor, nos carcinomas epidermóides de lábio
inferior. O teste de correlação de Spearman revelou moderada correlação positiva
estatisticamente significativa entre as imunoexpressões citoplasmática/membranar de GLUT 1
no front de invasão e no centro tumoral (r = 0,679; p < 0,001). De forma similar, foi
constatada moderada correlação positiva estatisticamente significativa entre as
imunoexpressões nucleares de GLUT 1 no front de invasão e no centro tumoral (r = 0,547; p
< 0,001). Em relação ao GLUT 3, foi observada moderada correlação positiva
estatisticamente significativa entre as imunoexpressões membranar/ citoplasmática desta
proteína no front de invasão e no centro tumoral (r = 0,589; p < 0,001) (Tabela 28).
89 �
Tabela 28. Tamanho da amostra, valor estatístico para o coeficiente de correlação de
Spearman (r) e significância estatística (p) entre as imunoexpressões
citoplasmática/ membranar e nuclear de GLUT 1 e GLUT 3 no front de invasão
e no centro tumoral. Natal, RN – 2012.
GLUT 1 cito/
memb front
GLUT 1 cito/
memb centro
GLUT 1 nuc
front
GLUT 1 nuc
centro
GLUT 3 cito/
memb front
GLUT 3 cito/
memb centro
GLUT 1 cito/
memb front
r
p
0,679
< 0,001
- 0,244
0,128
- 0,154
0,342
- 0,075
0,645
0,042
0,795
GLUT 1 cito/
memb centro
r
p
- 0,288
0,072
- 0,164
0,311
0,052
0,749
- 0,029
0,858
GLUT 1 nuc
front
r
p
0,547
< 0,001
- 0,045
0,783
0,088
0,589
GLUT 1 nuc
centro
r
p
- 0,038
0,814
- 0,010
0,949
GLUT 3 cito/
memb front
r
p
0,589
< 0,001
GLUT 3 cito/
memb centro
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
Legenda: GLUT 1 cito/memb front – Imunoexpressão citoplasmática/ membranar de GLUT 1 no front tumoral
GLUT 1 cito/memb centro-Imunoexpressão citoplasmática/ membranar de GLUT 1 no centro tumoral
GLUT 1 nuc front – Imunoexpressão nuclear de GLUT 1 no front tumoral
GLUT 1 nuc centro – Imunoexpressão nuclear de GLUT 1 no centro tumoral
GLUT 3 cito/memb front – Imunoexpressão citoplasmática/ membranar de GLUT 3 no front tumoral
GLUT 3 cito/memb centro – Imunoexpressão citoplasmática/ membranar de GLUT 3 no centro tumoral
90 �
Foram analisadas, ainda, possíveis diferenças entre as imunoexpressões de GLUT 1 e
GLUT 3 no front de invasão e no centro tumoral. O teste não paramétrico de Wilcoxon
revelou maior imunoexpressão de GLUT 1 em relação a GLUT 3, tanto no front de invasão
(p<0,001) como no centro do tumor (p<0,001) (TABELA 29). Por outro lado, não foi
observada diferença estatisticamente significativa na imunoexpressão nuclear de GLUT 1
entre as regiões de front de invasão e centro tumoral (p=0,077) (Tabela 30).
Tabela 29. Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior de acordo com
os postos dos percentuais de imunoexpressão citoplasmática/ membranar de
GLUT 1 e GLUT 3 no front de invasão e no centro tumoral. Natal, RN – 2012.
Localização
Postos
p* GLUT 1 > GLUT 3
n (%)
GLUT 1 < GLUT 3
n (%)
GLUT 1 = GLUT 3
n (%)
Front de invasão 39 (97,5) 1 (2,5) 0 (0,0) < 0,001
Centro tumoral 39 (97,5) 1 (2,5) 0 (0,0) < 0,001
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
* Wilcoxon signed rank test.
Tabela 30. Distribuição dos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior de acordo com
os postos dos percentuais de imunoexpressão nuclear de GLUT 1 no front de
invasão e no centro tumoral. Natal, RN – 2012.
Postos
p* GLUT 1 front >
GLUT 1 centro
n (%)
GLUT 1 front <
GLUT 1 centro
n (%)
GLUT 1 front =
GLUT 1 centro
n (%)
22 (55,0) 14 (35,0) 4 (10,0) 0,077
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral/ UFRN.
* Wilcoxon signed rank test.
91 �
�
Figura 3. CE de lábio inferior de baixo grau, bem diferenciado. (H/E, 100×)
�
Figura 4. CE de lábio inferior de alto grau, pobremente diferenciado. (H/E, 400×)
92 �
�
Figura 5. Fotomicrografia demonstrando padrão de expressão de GLUT 1
localizado na periferia das ilhas tumorais. (ADVANCETM, 200×)
*
*
�
Figura 6. Fotomicrografia demonstrando padrão de expressão de GLUT 1
localizado no centro das ilhas tumorais *. (ADVANCETM, 100×)
93 �
�
Figura 7. Fotomicrografia demonstrando padrão de expressão de GLUT 3 no
centro das ilhas tumorais. (ADVANCETM, 200×)
�Figura 8. Fotomicrografia demonstrando a intensidade de expressão moderada
de GLUT 3 (ADVANCETM, 200×)
94 �
�
Figura 9. Fotomicrografia demonstrando expressão citoplasmática/membranar
de GLUT 1 (ADVANCETM, 200×)
�
Figura 10. Fotomicrografia demonstrando expressão nuclear (seta) de GLUT 1.
(ADVANCETM, 200×)
95 �
�
Figura 11. Fotomicrografia demonstrando expressão citoplasmática/membranar
de GLUT 3 (ADVANCETM, 200×)
�
Figura 12. Fotomicrografia demonstrando expressão nuclear de GLUT 3.
(ADVANCETM, 200×)
�
�
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97 �
6 DISCUSSÃO
O CEO é uma importante causa de morbidade e mortalidade que ocorre em todo o
mundo. No Brasil, corresponde a 3% de todas as neoplasias malignas, representando o oitavo
tipo de câncer mais comum (SILVERMAN, 2001; BATISTA et al., 2010). De acordo com
estimativas do INCA, em 2010 surgiram cerca de 14.120 novos casos. Desses, 73%
acometeram o sexo masculino. Para fins epidemiológicos e clinico-patológicos, o câncer oral
pode ser dividido em 3 categorias: carcinomas da cavidade oral, dos lábios (superior e
inferior) e carcinoma derivado da orofaringe. Os tumores intra-orais e os de orofaringe são os
mais comuns entre os homens, com uma proporção de 2:1 (NEVILLE; TERRY; DAY, 2002).
O foco deste estudo foi avaliar as lesões localizadas exclusivamente em lábio inferior.
O CE de lábio corresponde a 90% de todos os tumores da cavidade oral. Essa lesão
afeta, predominantemente, homens caucasianos (99,4%), com pico de incidência entre a
sétima e oitava décadas de vida (GUTIÉRREZ-PASCUAL, et al., 2011). A etiopatogenia do
CE de lábio é influenciada por diversos fatores, como exposição excessiva à radiação UV, o
tabaco, predisposição genética e a progressão de lesões pré-cancerígenas (queilite actínica e
xeroderma pigmentoso). O lábio inferior é o sítio anatômico mais acometido, essa maior
incidência está relacionada a sua maior exposição solar, quando comparado com o lábio
superior (SALGARELI et al., 2009).
Com o intuito de avaliar a incidência da CE de lábio, Czerninski, Zini e Sgan-Cohen
(2010) analisaram todos os casos de neoplasias malignas localizadas na região de cabeça e
pescoço no período de 1970-2006. O número total de casos diagnosticados como CE de lábio
foi de 4337, que correspondem a 66,5% de todos os casos de câncer oral. Em 2006, Oliveira,
Silva, Zucoloto, avaliaram 340 casos de CE e observaram que a localização mais prevalente
foi a língua, seguida do assoalho bucal e lábio inferior. A divergência encontrada entre
diversos estudos demonstra que a prevalência do CE de lábio inferior difere geograficamente.
Sua prevalência é mais relevante em países tropicais e pode ser fortemente influenciada por
fatores sócio-econômicos e culturais (SOUZA et al., 2010).
No presente estudo, constatou-se uma maior prevalência da lesão em pacientes do
sexo masculino (67,5%) na sétima década de vida, com uma idade média de 67,5 anos. Esses
achados são condizentes com diversos estudos descritos na literatura (VARTANIAN et al.,
2004; KORNEVS et al., 2005; WARNAKULASURIYA, 2009; CARVALHO et al, 2011).
98 �
O prognóstico do CE de lábio inferior é excelente. Diante de um diagnóstico precoce,
90% dos pacientes atingem uma sobrevida de 5 anos. No entanto, é estimado que 5-20% dos
pacientes pode desenvolver metástase linfonodal. O tamanho do tumor, a diferenciação
celular, a profundidade de invasão e a presença de invasão vascular e perineural são os
principais fatores de risco para metástase (HASSON, 2008).
Na tentativa de esclarecer o comportamento biológico dos carcinomas, os autores têm
procurado desenvolver sistemas de gradação histológica de malignidade que possam melhorar
a compreensão a respeito das lesões, com o intuito de adotar as medidas terapêuticas mais
indicadas (BRODERS, 1920; BRYNE et al., 1989; BRYNE, 1998; CARDESA et al., 2005).
O sistema de estadiamento clínico TNM vem sendo amplamente utilizado para definir a
extensão do tumor e determinar as opções de tratamento, apresentando inúmeras qualidades
por avaliar as características fundamentais do câncer como: extensão local, disseminação
regional e metástase à distância (COSTA et al., 2001; SAWAIR et al., 2003).
Em 2010, Kreppel e colaboradores realizaram estudo para avaliar o impacto no
prognóstico do estadiamento clínico TNM e concluíram que este método é válido como
indicador de prognóstico em relação à sobrevida livre da doença. O estadiamento clínico
TNM pode tratar-se de um dos melhores indicadores de prognóstico para o CEO
(HERMANECK et al., 1996; COSTA et al., 2000). Para Carinci et al.(1999), bem como para
Lacy e colaboradores (1999), a classificação TNM possui forte correlação com o prognóstico
do CEO, no entanto, para Dib e colaboradores (1994), o estadiamento TNM é um indicador
de prognóstico importante apenas nos seus extremos, os estágios I e IV, apresentando falhas
nos estágios intermediários.
Nesta pesquisa, pode-se observar uma maior incidência do estágio II entre os casos de
CE de lábio inferior sem metástase. Contudo, naquelas lesões que apresentaram envolvimento
linfonodal, o estágio IV foi o mais prevalente. Esse fato pode ser explicado em virtude do
estudo possuir uma amostra intencional, composta por 20 casos de CE de lábio inferior com
envolvimento de linfonodos regionais e 20 casos de CE de lábio inferior com ausência de
metástase. Entretanto, os achados estão em concordância com o estudo de Souza et al. (2010),
os quais observaram associação entre a ausência de metástase linfonodal e os estadiamentos
clínicos T1 e T2. Já para as lesões metastáticas, os estágios T3 e T4 foram os mais
encontrados.
Uma das críticas relativas ao estadiamento clínico TNM é o fato de não utilizar as
características histológicas dos tumores como auxiliares na predição do prognóstico. Desta
forma, tem sido proposta a associação da gradação histológica de malignidade com o
99 �
estadiamento clínico para prever o comportamento tumoral e a escolha do tratamento
(SAWAIR, 2003).
Bryne et al. (1989) desenvolveram um sistema de gradação histológica baseado no
front de invasão tumoral, já que nessa área há uma perda da adesão celular, resultando na
progressão tumoral. Diante do fato de que as neoplasias malignas são constituídas de
populações celulares heterogêneas, percebeu-se que as células tumorais das áreas mais
invasivas diferem das demais áreas, apresentando um comportamento mais agressivo. Esse
sistema, inicialmente, procurou avaliar os seguintes parâmetros: grau de ceratinização,
pleomorfismo celular, número de figuras de mitoses, padrão de invasão e infiltrado
inflamatório. Em 1998, Bryne propôs um aprimoramento de seu estudo retirando o parâmetro
“figuras de mitose”. Esse método é de fácil avaliação e reprodutibilidade, apresentando-se
como um importante fator de prognóstico, podendo ser usado como um suplemento ao
estadiamento clínico TNM (BRYNE, 1998; BÀNKFALVI; PIFFKO, 2000).
Em nosso estudo, utilizamos o método de gradação histológica de malignidade
proposto por Bryne (1998), por estarmos de acordo com o autor a respeito da importância do
front de invasão tumoral como uma importante ferramenta de prognóstico. Dentre os casos
avaliados no presente estudo, observou-se que 80% das lesões com ausência de envolvimento
linfonodal foram classificadas como tumores de baixo grau de malignidade. Já naquelas que
apresentaram comprometimento de linfonodos regionais, 70% tratavam-se de lesões de alto
grau de malignidade. Quando esses dados foram comparados, por meio do teste exato de
Fisher, percebeu-se uma associação estatisticamente significativa em relação à presença ou
ausência de metástase e o grau histológico de malignidade (p=0,004). Desta forma, conclui-se
que as lesões de alto grau apresentam maior frequência de envolvimento linfonodal do que as
lesões de baixo grau de malignidade. Esses dados estão em concordância com os resultados de
Abreu et al. (2004).
Foi analisado, ainda, o método de gradação histológica de malignidade proposto pela
OMS (CARDESA et al., 2005). Esse método é baseado no grau de diferenciação celular, no
qual os tumores são classificados como bem diferenciados, moderadamente diferenciados e
pobremente diferenciados. As lesões bem diferenciadas lembram o epitélio de mucosa
normal. Já as moderadamente diferenciadas apresentam pleomorfismo nuclear distinto e
atividade mitótica, usualmente apresentando escassa ceratinização. Nos tumores pobremente
diferenciados, há uma predominância de células imaturas, com numerosas figuras de mitose
típicas e atípicas. (CARDESA et al., 2005; LOURENÇO et al., 2007).
100 �
Apesar de alguns autores acreditarem que os métodos de gradação histológica de
malignidade possui capacidade prognóstica limitada (DIB et al., 1994; YAZDI; KHALILI,
1999) quando comparado ao padrão de invasão, em nosso estudo observamos que a maioria
dos casos os quais apresentavam metástase foram identificados como
moderadamente/pobremente diferenciados e encontravam-se entre os estadiamentos clínicos
III e IV. No entanto, não foi encontrada relação estatisticamente significativa entre as
variáveis estudadas.
Ao comparar os estadiamentos clínicos com a gradação histológica de malignidade de
Bryne (1998), utilizada em nosso estudo, pode-se constatar que as lesões de alto grau de
malignidade estavam classificadas em estádios mais avançados (estádios III e IV),
observando-se associação estatisticamente significativa entre esses achados (p=0,012).
Autores relatam a estreita correlação entre o estadiamento clínico TNM e a gradação
histológica de malignidade (OLIVER; HELFRICK; GARD, 1996; NETO; QUADROS,
1998). Para Oliver; Helfrick; Gard (1996) há um aumento no índice de mortalidade do CEO
nos estágios mais avançados do estadiamento clínico (T3 e T4), apresentando um pior
prognóstico quando comparados com as lesões nos estágios T1 e T2.
Chang e colaboradores (2010) testaram a validade do padrão de invasão tumoral e a
gradação histológica de malignidade como fatores de prognóstico. O padrão de invasão foi
associado à presença de metástase à distância e com a recorrência do tumor. Entretanto, não
houve correlação significante entre a gradação histológica de malignidade e os parâmetros
clínicos como sexo, tamanho e extensão do tumor. Já a gradação histológica de malignidade e
o padrão de invasão tumoral foram associados à sobrevida, concluindo, desta forma, que estes
são parâmetros de prognósticos.
Em estudo sobre a correlação entre a classificação TNM, gradação histológica e
localização anatômica em CEO, Costa e colaboradores (2005) constataram que a maioria dos
casos classificados clinicamente como T1 e T2 exibiram gradação histológica de malignidade
entre grau 1 e 2. Os casos classificados clinicamente como T3 exibiram gradação histológica
de malignidade entre grau 2 e 3. Os autores concluíram que o estadiamento clínico TNM teve
uma correlação estatisticamente significativa com o grau de ceratinização, pleomorfismo
nuclear e infiltrado linfoplasmocitário, bem como com os escores de malignidade. Desta
maneira, as áreas invasivas do tumor podem ser primariamente responsáveis pelo
comportamento clínico do tumor.
Capote Moreno et al. (2010) avaliaram 402 casos de CEO e CE de orofaringe com o
intuito de verificar os fatores de prognóstico que poderiam influenciar na metástase
101 �
linfonodal. Características como padrão de invasão, gradação histológica, status da margem e
invasão perineural foram correlacionados com metástase contralateral. Esses achados
demonstraram que esses parâmetros podem ser importantes fatores de prognóstico.
Os tumores malignos possuem necessidades metabólicas especiais para o
desenvolvimento tumoral (DANG; SEMENZA, 1999). Diversos estudos têm mostrado
evidências a respeito do metabolismo anormal da glicose nas células cancerígenas
(GATENBY, GILLIES, 2008; ORTEGA, 2009; MARÍN-HERNÁNDEZ, 2010). Esse
fenômeno pode ser explicado por inúmeros mecanismos, entre os quais as mudanças genéticas
relacionadas à alta taxa de proliferação celular, o que gera um aumento no seu metabolismo
(VANDER HEIDEN; CANTLEY; THOMPSON, 2009). Outra importante razão para
mudanças no metabolismo é a adaptação das células ao microambiente tumoral. Devido ao
rápido crescimento tumoral, áreas de hipóxia são frequentemente encontradas
(RADEMAKERS et al., 2011). A hipóxia ocorre em tumores onde a distância para o
suprimento sanguíneo é maior que 100-200 µm. Desta forma, a sobrevida do tumor depende,
em parte, da habilidade de recrutar novos vasos sanguíneos através de fatores angiogênicos,
bem como da capacidade das células tumorais realizarem glicólise anaeróbica como principal
fonte de energia (DANG, SEMENZA, 1999). Clinicamente relevante, a hipóxia tem sido
detectada em 50% de todos os tumores (VAUPEL, MAYER, HÖCKEL, 2004).
Usualmente, a hipóxia é uma característica importante em tumores sólidos e
carcinomas de cabeça e pescoço avançados, com influência negativa no prognóstico
(KAANDERS et al., 2002; JASSEN et al., 2004). Diversos fatores podem contribuir para a
hipóxia tumoral, incluindo: inabilidade da angiogênese em acompanhar o desenvolvimento
tumoral, crescimento vascular desorganizado resultando em áreas isquêmicas e, por fim, o
aumento da pressão hidrostática no interior do tumor, resultando na compressão
microvascular (HELDIN et al., 2004). É comumente aceito que as células cancerígenas
mantenham o seu metabolismo glicolítico aumentado para se adaptar às condições de hipóxia.
Tem sido proposto que o fluxo de glicose pode melhorar a eficiência da sua utilização pelas
células, em um microambiente no qual sua concentração é limitada. Desta maneira, esse
processo representa uma adaptação metabólica das células cancerígenas (KONDOH, 2008).
A hipóxia e o aumento do transporte de glicose para o interior celular pode ser uma
marca importante para o câncer e é regulada por diversos marcadores, como os GLUTs
(VANDER HEIDEN; CANTLEY; THOMPSON, 2009). Os GLUTs 1 e 3 são responsáveis
por mediar a absorção da glicose nas células cancerígenas, regulando o metabolismo
energético (CARVALHO et al., 2011). Estudos recentes demonstraram que o aumento na
102 �
expressão desses marcadores tem sido encontrado em diversos tumores, incluindo: mama,
pulmão, ovário, entre outros (RUDLOWSK et al., 2004; MENESES et al., 2007;
ANDERSEN et al., 2010). E, ainda, estão relacionados ao comportamento biológico agressivo
dos tumores (CHUNG et al., 2004). Com base nessas observações, o presente estudo buscou
avaliar a imunoexpressão de GLUT 1 e 3 em CEs de lábio inferior, com o intuito de obter
uma melhor compreensão do comportamento biológico da lesão estudada, bem como a
utilização desses marcadores como indicadores do prognóstico da doença.
Na presente pesquisa foi avaliado o padrão de marcação para GLUT 1 e 3 nas ilhas
tumorais. Em relação a GLUT 1, foi observado que a maioria dos casos apresentavam
expressão de GLUT 1 mais marcante na periferia dos tumores e ausência de marcação nas
áreas de ceratinização. Nas ilhas tumorais que apresentavam células pouco diferenciadas, a
porção interna também se apresentava fortemente marcada. Esses dados estão de acordo com
os achados na literatura (REISSER et al., 1999; KUNKEL et al., 2003; ZHOU et al., 2007; LI
et al., 2010). No entanto, não encontramos relação estatisticamente significativa entre as
variáveis estudadas, presença ou ausência de metástase, estadiamento clínico TNM e gradação
histológica de malignidade (BRYNE, 1998; CARDESA et al., 2005). Esses resultados
também foram encontrados em carcinoma localizado no ovário, endométrio e coloretal
(HARBER et al., 1998; WANG et al., 2000; KALIR et al., 2002).
Todavia, muitos estudos têm demonstrado que o padrão de marcação para GLUT 1
deve ser mais evidente nas áreas neoplásicas centrais, bem como ao redor de áreas necróticas,
como os observados em carcinomas cervicais e de pulmão (AIRLEY et al., 2001; MAROM et
al., 2001; TSUKIOKA et al., 2007). Isso se deve ao fato dessa localização encontrar-se mais
distante do suprimento sanguíneo. Assim sendo, a hipóxia induziria uma maior expressão
dessa proteína (OLIVER et al., 2004; AYALA et al., 2010). Kunkel e colaboradores (2007)
acreditam que a distinta localização da marcação de GLUT 1 encontrada, não pode ser
explicada pelo menor gradiente de concentração de oxigênio entre o tumor e o estroma.
Reisser et al. (1999) observaram que as concentrações de glicogênio no interior das
células era responsável por alterações na absorção de glicose. Desta forma, as células que
apresentam fraca marcação para GLUT 1 ou até mesmo ausência nas áreas centrais do tumor
estariam utilizando seus estoques de glicogênio para produção de energia, demonstrando que
o mecanismo de transporte facilitado da glicose pode mudar para o metabolismo intracelular
do estoque de glicogênio. Assim, a concentração de glicogênio parece ser inversamente
proporcional à expressão de GLUT 1 (GROBHOLZ et al., 1994; ECKERT et al., 2008;
OHBA et al., 2009).
103 �
Nosso estudo avaliou ainda o padrão de expressão para GLUT 3 nas ilhas tumorais,
tendo constatado que este transportador se encontra presente no centro das ilhas, resultado
oposto ao observado em GLUT 1. Assim, pode-se supor que GLUT 3 possui papel principal
na absorção de glicose nessa região, a qual se encontra distante do suprimento sanguíneo. A
necessidade aumentada de captação de substrato irá favorecer a expressão de determinados
tipos de GLUTs. Desta forma, GLUT 3 será expresso pelas células que possuem necessidade
energética aumentada. As populações celulares que apresentam esse fenótipo são melhores
adaptadas para manter a absorção de substrato, mesmo em concentrações muito baixas. Isso
se deve por GLUT 3 possuir uma maior afinidade pela glicose, em consequência de um baixo
Km (GATENBY; GILLIES, 2004; SIMPSON et a., 2008).
No presente estudo, pode-se observar que todos os casos avaliados obtiveram
marcação positiva para as proteínas estudadas, indicando o aumento no consumo de glicose
pelas células do carcinoma epidermóide de lábio inferior, processo necessário para
proliferação celular e que reflete a necessidade energética das células malignas e a sua
adaptação a condições adversas (OLIVER et al., 2004).
Para um melhor estudo dos casos, as lesões foram avaliadas no centro tumoral, o qual
corresponde à região central dos tumores, e no front de invasão tumoral. A região central do
tumor encontra-se distante do suprimento sanguíneo, presente no estroma, e desta forma, essa
região poderia ter uma necessidade aumentada de absorção de glicose. Para Rademakers et al.
(2011), a expressão de GLUT 1 pode aumentar à medida que as células distanciam-se dos
vasos sanguíneos. Esse padrão reflete a importância deste marcador na via glicolítica em
condições de hipóxia. No entanto, o front de invasão tumoral representa a região onde há um
aumento na proliferação celular (BRYNE, 1998), o que permite especular que essas células
poderiam apresentar um aumento na necessidade de absorção de glicose, mediado por GLUTs
(KATO et al., 2007).
Em nossa pesquisa, as regiões foram analisadas quanto à localização celular da
marcação, seja ela membranar/citoplasmática ou nuclear para ambos os marcadores. Para
GLUT 1, a região com predomínio de marcação foi a citoplasmática/membranar, tanto no
centro, quanto no front de invasão tumoral. Os testes estatísticos não revelaram significância
estatística em relação às variáveis estudadas, presença ou ausência de metástase, estadiamento
clínico TNM e gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998; CARDESA et al., 2005).
Todavia, obteve-se uma alta porcentagem de marcação, como pode ser observado em nossos
resultados, demonstrando o aumento no fluxo glicolítico para o interior celular, através do
104 �
transporte facilitado realizado por GLUT 1. O tamanho da amostra pode ter favorecido a
ausência de significância estatística para os fatores clínico-patológicos avaliados.
A positividade de GLUT 1 nas células malignas revelada pela imuno-histoquímica
indica um aumento na capacidade proliferativa e na necessidade energética. O aumento no
consumo de energia é necessário para a proliferação tumoral e reflete na sua adaptação a
condições adversas. Apesar disso, as consequências do aumento no transporte da glicose
ainda não estão completamente elucidadas (OLIVER et al., 2004).
Roh e colaboradores (2009) avaliaram a importância prognóstica dos marcadores de
hipóxia em 43 casos de carcinomas de língua apresentando estadiamento clínico T2. Foram
realizadas análises de correlação entre os achados clínico-patológicos e os marcadores de
hipóxia. O GLUT 1 foi correlacionado apenas com a espessura do tumor e envolvimento
linfonodal, sugerindo que essa proteína pode ser usada como um fator preditivo de metástase
linfonodal em pacientes com carcinoma de língua. De forma semelhante ao nosso estudo, os
autores concluíram que a pequena quantidade de casos avaliados pode ter contribuído para os
resultados de forma negativa, pois foram incluídos apenas os casos de CE de língua em
pacientes no estágio T2.
Baer et al. (2002) observaram uma superexpressão de GLUT 1 em 100% dos 48 casos
de carcinoma de laringe, para esses autores, GLUT 1 não pode ser utilizado como um
indicador de prognóstico e a sua expressão não influencia os índices de sobrevida. A
descoberta de que GLUT 1 é abundantemente expresso pelo CE mostra-se semelhante aos
achados da nossa pesquisa e esses resultados têm sido detectados, também, em quase todos os
casos de CE de pele e pulmão (YOUNES et al., 1997; ITO et al., 1998).
O GLUT 1 é altamente expresso em CE de cabeça e pescoço. A sua expressão
aumenta gradativamente em lesões displásicas e é sustentada em lesões estabelecidas como o
CE, indicando que mudanças bruscas nos níveis de GLUT 1 representam eventos iniciais
durante o desenvolvimento do CE de cabeça e pescoço (REISSER et al., 1999). Em contraste
aos achados anteriores, Carvalho et al. (2011) constataram que GLUT 1 é um marcador
confiável para o diagnóstico de lesões pré-malignas da região orofaríngea e o aumento na sua
expressão em CEO é associado com pobre prognóstico. De forma semelhante, Andersen et al.
(2010) verificaram a correlação entre o aumento da expressão de GLUT 1 e o grau histológico
de malignidade e pobre sobrevida em carcinoma de pulmão. Em seu estudo, a marcação para
GLUT 1 foi predominantemente homogênea e localizada na membrana celular.
Ohba et al. (2010) revelaram em seu estudo que a expressão de GLUT 1 no front de
invasão tumoral foi correlacionada com a profundidade de invasão do CEO. Todavia, não
105 �
foram encontradas correlações positivas da expressão desse marcador com metástase
linfonodal, idade, gênero, sítio de localização do tumor e tamanho tumoral, de forma
semelhante aos nossos achados.
A introdução da técnica de tomografia por emissão de pósitrons (PET) utilizando
análogos de glicose, como o FDG, criou uma nova possibilidade para avaliação de lesões
malignas. O estudo de Nguyen e colaboradores (2007) demonstrou que a absorção de FDG é
um marcador de prognóstico mais importante para carcinoma de pulmão do que a avaliação
da expressão de GLUT 1.
Kunkel et al. (2007) observaram que as lesões de CEO com um índice de marcação
superior a 65% para GLUT 1 apresentavam uma maior radiorresistência. A sobrevida foi
maior para aqueles pacientes com baixa expressão desse marcador. Nesse estudo, diversos
padrões de marcação celular foram observados, incluindo citoplasmática ou membranar, ou
ainda, a combinação desses dois padrões. Entretanto, a localização celular da marcação não
foi associada à resposta à radiação nem ao curso clínico da lesão. Eckert e colaboradores
(2008) também não observaram relação entre a intensidade de marcação de GLUT 1 com a
gradação histológica de malignidade do CEO, estadiamento clínico e a presença de metástase
linfonodal.
Eckert et al. (2011) avaliaram a co-expressão de GLUT 1 e HIF-1� em CEO. Os
autores não observaram associação entre a expressão de GLUT 1 com a localização do tumor,
estadiamento clínico, gradação histológica de malignidade e o tipo de ressecção cirúrgica e
tratamento. Contudo, a expressão de GLUT 1 mostrou-se relacionada à recorrência da lesão e,
ainda, aqueles pacientes que apresentaram um baixa expressão de GLUT 1 tiveram um risco
diminuído de recorrência, enquanto que aqueles com maior expressão desse transportador
tiveram um risco de 68.4% de recorrência. O estudo da co-expressão de GLUT 1 e HIF-1�
demonstrou que GLUT 1 pode afetar o prognóstico da lesão de uma maneira dependente ou
independente de HIF-1�. Isso ocorre, pois as células malignas objetivam obter uma maior
quantidade de glicose. A localização celular de sua marcação foi encontrada em diversas
regiões simultaneamente.
Na presente pesquisa, foi avaliada, ainda, a presença de marcação para GLUT 3 em
casos de CE de lábio inferior. Esse marcador tem mostrado-se importante em células que
apresentam necessidades específicas de absorção de glicose (SIMPSON et al., 2008). De uma
forma geral, a marcação para GLUT 3 foi menor do que a de GLUT 1. Todas os casos
analisados apresentaram positividade para GLUT 3, no entanto, não se pôde encontrar relação
estatisticamente significativa entre as variáveis estudadas: presença ou ausência de metástase,
106 �
estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade (BRYNE, 1998;
CARDESA et al., 2005), com a expressão deste marcador, independente da região avaliada,
seja ela o centro ou o front tumoral. A escassa quantidade de casos analisados pode estar
relacionada a esses resultados. De forma semelhante ao GLUT 1, a localização celular
predominante de marcação para GLUT 3 foi a citoplasmática/membranar. A expressão de
GLUT 3 é mais restrita que a de GLUT 1, tanto em tecidos benignos, quanto em malignos, e
poucos tumores apresentam superexpressão para GLUT 3 (YOUNES ET AL., 1996).
Uma ampla variedade de estudos tem demonstrado uma forte relação entre GLUT 3, a
carcionogênese, o desenvolvimento tumoral e o pior prognóstico de uma gama de lesões
(AIRLEY; MOBASHERI, 2007; RIEDL et al., 2007). Para uma ótima absorção de glicose,
adaptações celulares adicionais podem ser requeridas à medida que há um aumento na
necessidade de consumo de energia. A competição celular por este recurso energético
limitado aumenta a expressão de diversos marcadores e favorece um fenótipo com uma
acentuada expressão de GLUTs. Essa superregulação é observada na carcinogênese de câncer
gástrico, carcinoma de mama e orofaríngeo (YOUNES et al., 1997; GROVER-MCKAY et al.,
1998; SAKASHITA et al., 2001). Tanto GLUT 1, quanto GLUT 3 podem estar envolvidos
nos mecanismos que favorecem o crescimento tumoral (TIAN et al., 2004).
Com o objetivo de determinar o significado biológico da expressão de GLUT 1 e
GLUT 3 em carcinomas de pulmão, Younes et al. (1997) observaram que 100% do casos
diagnosticados como CE foram positivos para GLUT 1, enquanto que apenas 24%
apresentaram-se positivos para GLUT 3. Foi observado, ainda, que 25% dos casos positivos
para GLUT 1 também foram positivos para GLUT 3. Esta positividade para GLUT 1 pode
indicar que a superexpressão de GLUT 3 em carcinoma de pulmão ocorre após expressão de
GLUT 1. A superexpressão desses marcadores foi correlacionada com o baixo índice de
sobrevida dos pacientes, principalmente nos tumores bem e moderadamente diferenciados.
Apesar dos resultados negativos para GLUT 1 encontrados por Baer e colaboradores
(2002), os autores observaram que a imunorreatividade para GLUT 3 em CE de laringe
constitui um significante indicador de prognóstico. Esses achados confirmam que, para alguns
tumores, a positividade para GLUT 3 possui implicações mais sérias no prognóstico dos
pacientes do que a positividade para GLUT 1. Contudo, Zhou et al. (2007) não observaram a
presença da expressão de GLUT 3 pela técnica imuno-histoquímica em carcinomas de cabeça
e pescoço. No entanto, esses autores constataram que os genes para GLUT 1 e GLUT 3 são
comumente expressos nessas lesões. Esses resultados levam à conclusão de que a expressão
elevada de GLUT 1 tem como papel principal o aumento de absorção de glicose nos
107 �
carcinomas de cabeça e pescoço. Além desses achados, a expressão de GLUT 1 pode ser
correlacionada com o envolvimento linfonodal e estadiamento clínico.
Tian et al. (2004) consideram que níveis elevados de GLUT 1 e 3 podem contribuir
para o acúmulo de FDG em CEO. Esses autores observaram que 94% das lesões avaliadas
apresentavam marcação membranar para GLUT 1. Já para GLUT 3, 84% dos tumores foram
positivos. Foi verificada correlação positiva entre a expressão de GLUT 1 e a agressividade
do tumor. Todavia, não foram encontradas relações entre o padrão de expressão e a
diferenciação do tumor e o estadiamento clínico. Para Mellanen e colaboradores (1994), os
níveis de expressão dos genes dos GLUTs variam de acordo com o grau de malignidade do
CE. Para as lesões de alto grau, observa-se maiores índices de GLUT 1, enquanto que GLUT
3 apresenta-se em menor quantidade nas lesões de baixo grau.
Ayala e colaboradores (2010) também avaliaram o potencial de prognóstico de GLUT
1 e GLUT 3 em CEO. Esses autores constataram uma elevada marcação de GLUT 1
localizada na membrana e no citoplasma em 50% dos casos analisados. Em relação à GLUT
3, sua expressão foi detectada em 21% das lesões. A expressão membranar de GLUT 3 foi
associada ao estadiamento clínico avançado dos tumores, bem como com a sobrevida livre da
doença desfavorável. Desta forma, aqueles indivíduos os quais apresentaram elevados níveis
de GLUT 3 tiveram um maior risco de recorrência. Vale ressaltar ainda que, para ambas as
proteínas, não houve associação entre o sítio primário do tumor e o envolvimento linfonodal.
Também não foram encontradas relações entre as expressões de GLUT 1 e GLUT 3 nos CEO.
Higash et al. (1997) avaliaram 34 tumores localizados no pâncreas, dentre os quais
adenocarcinoma ductal e cistoadenocarcinoma mucinoso, no entanto, não encontraram casos
positivos para GLUT 3. Em contraste, Marom et al. (2001) constataram positividade para
GLUT 3 em 56% dos casos de carcinoma de pulmão avaliados.
Além da predominante marcação citoplasmática/membranar para GLUT 1 e 3, esta
pesquisa constatou, ainda, a presença de marcação nuclear, com percentuais que variaram de
0% a 0,42%, em relação a expressão de GLUT 1. A expressão nuclear de GLUT 1 foi
encontrada, de uma forma geral, nos casos com menor grau de agressividade, ou seja, aquelas
lesões com ausência de metástase linfonodal, bem diferenciadas e categorizadas no
estadiamento clínico I/II. No entanto, não foi possível observar relação estatisticamente
significativa entre esses achados, em razão da escassa presença de marcação nuclear nas
lesões avaliadas. Observou-se ainda que a marcação nuclear de GLUT 1 foi maior no front de
invasão tumoral. Esse aspecto pode ser justificado de acordo com Bryne (1998) o qual afirma
que os tumores consistem de populações celulares heterogêneas no front de invasão tumoral.
108 �
Em relação à GLUT 3, apenas um caso apresentou marcação nuclear. Essa lesão, de
natureza agressiva, foi caracterizada como de alto grau, moderadamente diferenciada,
apresentando presença de metástase linfonodal com estadiamento clínico III. Estudos
complementares incluindo um número maior de casos são necessários para uma melhor
compreensão acerca desses achados.
De forma semelhante, Ayala e colaboradores (2010) também observaram a presença
de marcação nuclear em 49,7% dos espécimes positivos para GLUT 1. Esses resultados
demonstraram associação significante com o consumo de álcool. Os autores constataram uma
marcação constante e bem delimitada. Assim, acredita-se que existe a possibilidade de
expressão nuclear dessa proteína. Até o momento, não há estudos que justifiquem a presença
de marcação nuclear de GLUT 1 e 3 em tumores. A alta demanda energética das células
tumorais proliferativas pode estar relacionada a esses achados.
Atualmente, tem sido sugerida a presença de danos mitocondriais nas células
cancerígenas, constituindo a perda de função mitocondrial alvo de grande interesse
(ORTEGA et al., 2009). Otto Warburg (1956) foi o primeiro a sugerir que, mesmo em
presença de oxigênio, as células cancerígenas consomem grandes quantidades de energia e
produzem lactato, em contraste com as células normais. Perdas na função bioenergética das
mitocôndrias podem ser responsáveis pelo metabolismo alterado do oxigênio. Tem sido
demonstrado que essas alterações promovem a descarboxilação do piruvato para acetona,
inibindo a oxidação do piruvato pela desidrogenase. Desta forma, o ciclo de Krebs, nos
tumores, torna-se truncado, impedindo a progressão do metabolismo aeróbico da glicose (BI
et al., 2006; DEBERARDINIS et al., 2008).
Deficiências nos complexos de enzimas da cadeia respiratória e da fosforilação
oxidativa nas células cancerígenas tem sido descritas como importantes fatores na perda de
função mitocondrial. Além disso, alterações ultraestruturais profundas podem ser observadas
e uma série de mutações vem sendo encontradas no DNA mitocondrial em diferentes tipos de
carcinomas (CAREW; HUANG, 2002). Pode-se sugerir que a expressão nuclear dos GLUTs
nas lesões estudadas é , de alguma forma, resultado de mutações presentes nas mitocôndrias,
as quais levariam a uma perturbação no metabolismo energético das células, podendo ser
responsável pela translocação dessas proteínas para o núcleo. Pode-se dizer, ainda, que os
fatores responsáveis pela transcrição dos GLUTs, como o HIF-1�, os quais se encontram
ativados no interior do núcleo celular, podem sofrer alterações genéticas inerentes às células
cancerígenas, podendo ser responsáveis pela expressão precoce dessas proteínas no núcleo e
109 �
não apenas na membrana celular. Entretanto, é necessária a realização de novos estudos, com
uma maior quantidade de casos, para uma melhor investigação desses achados.
Um fato interessante encontrado neste estudo foi a constação da marcação para GLUT
1 e GLUT 3 de forma homogênea em relação às regiões do tumor avaliadas, bem como o seu
percentual de expressão semelhante em todas as regiões do tumor, seja ela no front ou no
centro tumoral. Desta forma, foi possível observar correlação positiva estatisticamente
significativa entre a expressão citoplasmática/membranar de GLUT 1 no front de invasão e no
centro tumoral. De forma semelhante, obteve-se correlação positiva estatisticamente
significativa entre a expressão nuclear de GLUT 1. Para GLUT 3, observou-se correlação
positiva entre as expressões citoplasmática/membranar, no front de invasão e no centro
tumoral. Esses achados sugerem que, as expressões dos GLUTs não são alteradas em
decorrência da região do tumor, seja ela no front de invasão, ou no centro tumoral,
demonstrando que quando há aumento na expressão de GLUT 1 e 3 no front de invasão, essa
superexpressão também ocorrerá no centro tumoral.
Para Vaupel, Thews, Hoeckel (2001), a hipóxia tumoral pode ser classificada,
também, como hipóxia por difusão limitada, podendo ser causada por um aumento nas
distâncias de difusão, resultando na privação crônica de oxigênio e nutrientes. Na maioria dos
tumores essa situação coexiste com a hipóxia aguda e, como consequência, os tumores
desenvolvem um fenótipo mais agressivo, podendo apresentar uma maior expressão de
proteínas responsáveis pela captação de glicose. Wouters et al. (2004) afirmam que, na
maioria dos tumores, os níveis de oxigênio são heterogêneos, diferindo de uma região para
outra, em contraste com os achados do nosso estudo. Contudo, de forma descritiva, observou-
se que as células epiteliais malignas que se apresentavam dispersas de forma isolada no
estroma tumoral exibiram uma marcação para GLUT 1 mais fraca quando em proximidade
aos vasos sanguíneos, em comparação com aquelas presentes no interior do tumor.
Warburg (1956) observou que a privação de oxigênio é danosa para a respiração
celular. Se um tecido embrionário, por exemplo, for exposto à deficiência de oxigênio por
algumas horas e a seguir os níveis de oxigênio são repostos, cerca de 50% ou mais da
respiração celular continuará comprometida. A causa dessa destruição é a ausência de energia.
A carcinogênese pode ser responsável por essa injúria ao metabolismo energético. É
entendido que a inibição da respiração aeróbica permanece nas células, mesmo após o
aumento na concentração de oxigênio e continua através das divisões celulares seguintes. Não
obstante, a glicólise anaeróbica possui uma capacidade inferior de produzir energia. Desta
110 �
forma, pode haver a necessidade da maior expressão de proteínas capazes de captar glicose
para o interior da célula, aumentando, assim, a absorção desse substrato.
Para Gatenby e Gillies (2004), o aumento da glicólise no câncer representa uma
solução evolutiva para o crescimento em ambientes restritos e sua persistência em tumores
malignos primários ou metastáticos indica que ela continua a conferir vantagens proliferativas
às células, mesmo estando totalmente transformadas. Assim, os autores sugerem que a
glicólise aumentada é um componente essencial para o fenótipo maligno e, portanto, uma
característica do câncer. Concluem ainda que o aumento na absorção de glicose e o controle
do fluxo glicolítico é dependente da superexpressão dos GLUTs 1 e 3, bem como das
hexoquinases I e II.
Os marcadores prognósticos como estadiamento clínico TNM, gradação histológica de
malignidade e presença ou ausência de metástase podem não ser suficientes para uma exata
predição do prognóstico do CEO. Como consequência, é importante o desenvolvimento de
novas pesquisas para a descoberta de novos marcadores. No momento, o estudo dos GLUTs 1
e 3 tem se mostrado promissor. No entanto, os mecanismos responsáveis pela entrada de
glicose nas células cancerígenas ainda permanecem pouco esclarecidos. A hipóxia tumoral é
um importante fator ambiental no controle da expressão dos GLUTs (HARRIS, 2002).
Contudo, a função dos GLUTs 1 e 3 na carcinogênese do CE ainda é controversa, e até o
momento não se tem conhecimento de outros estudos que relacionem a expressão desses
marcadores com o CE de lábio inferior. Sendo assim, faz-se necessário a realização de novas
pesquisas para maiores esclarecimentos a respeito da importância de GLUT 1 e 3 com o
prognóstico dessas lesões.
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7 CONCLUSÕES
Frente aos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que:
1– A hipóxia tumoral é uma característica marcante no CE de lábio inferior e a super-
expressão de GLUT 1 sugere que esse transportador é o principal responsável pela captação
de glicose para o interior das células epiteliais malignas do tumor, indicando aumento na
necessidade energética na lesão estudada;
2 – A localização da marcação celular predominante, tanto para GLUT 1 quanto para
GLUT 3, foi a citoplasmática/membranar demonstrando que esses marcadores são
responsáveis por mediar o transporte de glicose para meio intracelular, possibilitando, assim,
o seu metabolismo;
3 – Apesar da expressão imuno-histoquímica de GLUT 1 ser mais evidente que a de
GLUT 3 no CE de lábio inferior, não foi observada associações estatisticamente
significativas, entre as expressões desses marcadores com a presença e ausência de metástase
linfonodal, estadiamento clínico TNM e gradação histológica de malignidade;
4 – GLUT 1 encontra-se predominantemente expresso na periferia das ilhas tumorais,
enquanto que a marcação para GLUT 3 está localizada no centro do tumor. Assim, sugere-se
que esses transportadores estão envolvidos com a captação de glicose nas regiões que
apresentam uma maior demanda energética;
5 – Foi observada correlação positiva estatisticamente significativa entre a expressão
citoplasmática/membranar e nuclear de GLUT 1 no front de invasão e no centro tumoral,
enquanto que, para GLUT 3, observou-se correlação positiva apenas entre as expressões
citoplasmática/membranar, no front de invasão e no centro tumoral. Esses achados nos levam
a acreditar que a região tumoral, seja ela front de invasão ou centro, não influencia no padrão
de expressão de GLUT 1 e GLUT 3.
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131
APÊNDICE 1 –
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DOS TRANSPORTADORES DE GLICOSE 1 E 3 EM CARCINOMAS EPIDERMÓIDES DE LÁBIO INFERIOR E SUA RELAÇÃO
COM PARÂMETROS CLÍNICO-PATOLÓGICOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A) OBJETIVO E JUSTIFICATIVA DA PESQUISA:
Obrigado (a) pela sua participação como voluntário (a) em nossa pesquisa.
A presente pesquisa tem por objetivo desenvolver um estudo para avaliar a presença
de proteína relacionadas com a maior agressividade do Carcinoma Epidermóide de Lábio
inferior em pacientes atendidos no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e no Serviço de
Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio, em Natal-RN.
B) RISCOS POSSÍVEIS E BENEFÍCIOS ESPERADOS:
Os sujeitos desta pesquisa não serão expostos a nenhum risco, visto que os mesmos
não serão chamados para execução da pesquisa, em nenhum momento. Esclareço que os
benefícios esperados envolvem o melhor conhecimento da doença, do perfil da população do
Rio Grande do Norte acometida pelo carcinoma epidermóide de lábio e, por conseguinte, um
tratamento mais adequado, sendo que os resultados obtidos serão publicados para o
conhecimento na literatura científica pertinente.
C) PROCEDIMENTOS:
Para realização desta pesquisa, serão coletados os dados clínicos contidos nos
prontuários (fichas clínicas) no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e laudos
histopatológicos arquivados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz
Antônio. Será realizado também, um processamento laboratorial das peças cirúrgicas
coletadas, no Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
132
D) RESSARCIMENTO:
Não está previsto nenhum ressarcimento ou indenização para os participantes desta
pesquisa, uma vez que o estudo será realizado com dados obtidos em prontuários (fichas
clínicas) e laudos histopatológicos, que se encontram arquivados nos Serviços de Cirurgia de
Cabeça e Pescoço, e, de Anatomia Patológica do Hospital Dr. Luiz Antônio, respectivamente,
além de análise das lâminas será realizada através da técnica imuno-histoquímica e western
blot processadas no Laboratório do Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de
Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
E) ACESSO ÀS INFORMAÇÕES:
Você poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, mesmo que
tenha assinado este Termo de Consentimento. As informações obtidas de cada participante
são confidenciais e somente serão usadas com o propósito científico, sem divulgação de
nomes. O pesquisador, os demais profissionais envolvidos nesse estudo e o Comitê de Ética
em Pesquisa da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer (LNRCC), terão acesso aos
arquivos dos participantes, para verificação de dados, sem, contudo, violar a parte
confidencial.
E) CONSENTIMENTO:
Declaro que, após ter lido e compreendido as informações contidas neste documento,
concordo em participar deste estudo. Portanto, autorizo o uso dos dados contidos nos
prontuários e nos laudos histopatológicos já mencionados, além da análise imuno-
histoquímica de fragmento da minha peça cirúrgica, sem o que fica prejudicada a utilização
dos prontuários e laudos para os fins especificados.
Autorizo também a publicação do referido trabalho, de forma escrita, sem citar meu
nome. Concedo também o direito do uso para fins de ensino e divulgação em revistas
científicas, desde que mantido o sigilo sobre minha identidade. Estou ciente que minha
participação deverá ser de livre e espontânea vontade.
Em caso de alguma dúvida sobre a conduta ética nesta pesquisa posso entrar em
contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer
(LNRCC), pelos telefones 4009-5494 / 4009-5440 ou com o próprio pesquisador no endereço
já mencionado ou, ainda, no Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, localizado no
Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço supracitado, pelo telefone (84)
3215.4108.
133
Natal, _____/_____/_____.
Concordo com os termos deste documento, razão pela qual estou de acordo:
Nome do paciente: _______________________________________________________
Endereço:______________________________________________________________
RG: ________________ Órgão expedidor: _____________ CPF:__________________
Assinatura: _____________________________________________________________
________________________________________________
Professor Dr. Leão Pereira Pinto
(Pesquisador responsável)
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OBSERVAÇÃO: Segue, em anexo, envelope com endereço para remessa desta correspondência após a sua assinatura.
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134
APÊNDICE 2– Ficha para coleta de dados clínicos referentes aos casos de carcinoma epidermóide de lábio inferior.
CASO Nº do registro Sexo Idade Presença ou ausência de metástase
Estadiamento TNM
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135
APÊNDICE 3– Ficha para coleta de dados referentes à análise da gradação histológica de malignidade dos carcinomas epidermóides de lábio inferior.
CASO Grau de ceratinização
Pleomorfismo nuclear
Padrão de Invasão
Infiltrado inflamatório
Escore Total Gradação
Histológica Bryne (1998)
Gradação Histológica OMS (CARDESA et al.,
2005)
136
APÊNDICE 4– Ficha para coleta de dados referentes à análise do percentual de células tumorais imunopositivas para GLUT 1 e 3 nos carcinomas epidermóides de lábio infeior.
Legenda: M – Marcação membranar e/ou citoplasmática; M+C + N– Marcação membranar e/ou citoplasmática e nuclear; Neg – Ausência de marcação
Anticorpo: ( ) GLUT 1 ( ) GLUT 3
Região tumoral: ( ) Front de invasão ( ) Centro tumoral
CAMPO/ CASO
1 2 3 4 5 TOTAL M+C M+C+N Neg M+C M+C+N Neg M+C M+C+N Neg M+C M+C+N Neg M+C M+C+N Neg M+C M+C+N Neg
137
APÊNDICE 5 – Ficha para coleta de dados referente ao padrão de marcação nas ilhas tumorais.
Anticorpo: ( ) GLUT 1 ( ) GLUT 3
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ANEXO A- Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer.
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