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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO ANA PAULA ARAÚJO MACIEL GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS EM EVENTOS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVÉS DA TÉCNICA MOMENTO DA VERDADE. NATAL 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · do Festival Folclórico de Parintins/AM e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ, utilizando-se a técnica

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TURISMO

    ANA PAULA ARAJO MACIEL

    GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE

    COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE

    DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA

    MOMENTO DA VERDADE.

    NATAL

    2015

  • ANA PAULA ARAJO MACIEL

    GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE

    COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE

    DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA

    MOMENTO DA VERDADE.

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito obrigatrio para a obteno do ttulo de Mestre em Turismo na rea de Gesto.

    Orientador: Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr.

    NATAL

    2015

  • Catalogao da Publicao na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

    Arajo-Maciel, Ana Paula.

    Gesto da qualidade dos servios em eventos: uma anlise comparativa do festival folclrico de Parintins/AM e do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro/RJ atravs da tcnica momento da verdade / Ana Paula Arajo Maciel. - Natal, 2015.

    188f: il. Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros.

    Dissertao (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Cincias Sociais Aplicadas. Programa de Ps-graduao em Turismo.

    1. Turismo de evento Brasil Dissertao. 2. Gesto - Qualidade

    dos Servios - Dissertao. 3. Festival Folclrico - Parintins/AM - Dissertao. 4. Desfile - Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ Dissertao. I. Medeiros, Carlos Alberto Freire. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Ttulo. RN/BS/CCSA CDU 338.48-61(81)

    :

  • ANA PAULA ARAJO MACIEL

    GESTAO DA QUALIDADE DOS SERVIOS EM EVENTOS: UMA ANLISE

    COMPARATIVA DO FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS/AM E DO DESFILE

    DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO/RJ ATRAVS DA TCNICA

    MOMENTO DA VERDADE.

    Natal, 11 de dezembro de 2015.

    Banca Examinadora:

    _________________________________________________

    Prof. Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr. Orientador

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN-Brasil

    __________________________________________________

    Prof. Lissa Valria Fernandes Ferreira, Dra. Examinador- Interno

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN-Brasil

    __________________________________________________

    Prof. Slvio Jos de Lima Figueiredo, Dr. Examinador-Externo

    Universidade Federal do Par Belm-PA-Brasil

  • Este trabalho foi desenvolvido com o apoio do Governo do Estado do

    Amazonas, por meio da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Amazonas

    (FAPEAM), com a concesso de bolsa de estudo do Programa RH Mestrado-Fluxo

    Contnuo.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus nosso Pai e Jesus Cristo nosso Senhor, por

    permitirem esse milagre que foi o mestrado na minha vida. Na verdade foi um

    mestrado de vida. Aprendizado contnuo, dia aps dia, de autoconhecimento e

    renovao da minha f.

    Foram dois anos de muitas alegrias, conquistas e de muitas tristezas, alm

    da dor, solido e saudade. Mistura de sentimentos que me fizeram refletir, repensar

    e perdoar. Alis, perdoar algum de verdade como se voc tirasse um fardo de

    areia das costas. Perdoei algum que havia prometido que jamais perdoaria em

    hiptese alguma por causa de sua ausncia a vida inteira, meu pai biolgico. Ele

    nem sabe, mas o perdoei. Fao questo de registrar aqui esse perdo porque

    perdoar faz bem pra alma e pro corao.

    Quando estamos longe de casa tudo acontece. Adoeci e quase ningum

    soube, nem mesmo meu orientador. Aproximei-me mais de Deus e estou muito feliz

    por isso. Eu te amo Jesus!

    minha me-av Nair Maciel (in memoriam) que no est presente de corpo

    para me d um abrao, mas que com certeza est muito feliz por essa vitria.

    minha rainha, minha me Rose Maciel a quem amo muito e que nunca

    mediu esforos para me apoiar em tudo que fiz e que planejei para minha vida.

    Obrigada por ter custeado quase todos os gastos que tive em todas as fases da

    pesquisa de campo, minha metrocnio. Obrigada principalmente por suas

    oraes, por seu amor, carinho e confiana. Eu te amo muito me!

    Ao meu noivo Carlos Jnior pelo companheirismo, amor e pacincia para

    esperar a concluso do mestrado e a toda sua famlia que sempre me tratam como

    filha.

    A todos os meus familiares, tios e tias, primos e primas, por terem

    contribudo com muito carinho, amor, fora e ajuda financeira que custearam o

    transporte do meu carro para Natal no primeiro ano do mestrado. Alm das

    passagens areas para Parintins na segunda fase da pesquisa de campo,

    especialmente a tia Antnia Sampaio, Conceio Sampaio, Lus Maciel, Grace

    Maciel, Ana Lcia Maciel.

  • Ao meu orientador Prof. Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros ao qual serei

    eternamente grata por sua confiana, pacincia, ensinamentos e carinho em todas

    as orientaes.

    A toda equipe do PPGTUR da UFRN, ao coordenador Wilker Nbrega, Vice

    Coordenadora Valria, e aos demais professores do programa que pude conhecer,

    conviver e aprender muito, em especial ao meu orientador Carlos Alberto Medeiros,

    ao Professor Mauro Lemmuel que desde o incio demonstrou muito carinho por

    minha pessoa e que no incio nos recebeu de braos abertos, a Professora Kerlei

    Sonaglio que tambm desde o incio nos deu muita fora e apoio, ao Professor Slvio

    Figueiredo pela parceria e orientaes fundamentais em alguns trabalhos,

    professora Leilianne Barreto que me orientou no estgio de docncia, professora

    Lissa Valria sempre muito atenciosa e carinhosa, aos demais professores que tive

    a honra de conhecer e aprender muito, Professor Srgio Marques, Lus Mendes e

    Secretria Juliane Medeiros que sempre se mostrou prestativa e atenciosa e a quem

    tenho um carinho enorme.

    A todos os colegas do mestrado da turma 2014.1 mais conhecida como

    templates que mesmo com as diferenas pessoais, mas com unio, foram

    fundamentais para chegar at aqui, em especial a minha eterna chefinha e irm de

    corao Jenniffer Ribeiro, se no fosse por ela no teria chegado at aqui, afinal ela

    me convidou para participarmos da seleo do mestrado. Aos demais templates:

    Juliana Rodrigues e sua famlia, Amada Tavares, Ivanise Borges, Andressa

    Ramalho, Iracy Wanderley, Dbora Urano, Jailson Medeiros, Jos da Paz, Islaine

    Cristiane, Anglicque Cochand, Pedro Brito, Lucilia Moraes, Ednaja Moura e ao

    nosso querido Lord Wilton Nobre, amo muito cada um de vocs.

    Ao doutorando em Turismo da UFRN e grande amigo Cleber Augusto e seu

    companheiro Breno Rodrigues pelo incentivo, carinho, fora e apoio fundamental na

    reta final do mestrado.

    Aos meus amigos de Manaus que mesmo distantes de corpos, no deixaram

    enviar via whatsapp mensagens de carinho e apoio: minha amiga Michelle Sales que

    foi praticamente minha secretria em Manaus, resolvendo alguns probleminhas

    que apareceram; grande amiga e muito querida Santana Duarte, que com muito

    carinho topou ser minha procuradora oficial para resolver todas as situaes que

    surgissem durante todo esse tempo do mestrado; minha mana Jane Gato por suas

    oraes e torcida; Sandra Santos que carinhosamente me ajudou na construo da

  • proposta do projeto da seleo do mestrado; ao meu grande amigo Walter

    Saldanha, o cabeo, que todos os dias lembrou-se de mim, mandando bom dia

    e muitas mensagens de apoio e fora.

    As amigas de Manaus mais que especiais Aline Santana (minha Xuxuuuuu)

    e a Jeane Pereira (Je querida), que comearam juntas conosco essa histria do

    mestrado e que infelizmente no vieram as quatro. Amo vocs.

    A todas as pessoas que me acolheram durante toda essa jornada do

    mestrado, a tia Ftima de Natal e sua famlia, Tyeme Ribeiro e famlia. Na pesquisa

    de campo do Rio de Janeiro, agradeo a Clia Gadelha que me recebeu em sua

    residncia, Sueli Moraes e Carlos de Moraes que me deram todo apoio no

    Sambdromo. Em Parintins, Lourdes Rodrigues que articulou minha estada na

    primeira fase da pesquisa de campo, a Clrley Glria e sua famlia por me receberem

    em sua casa, ao Aldo Albuquerque pelo apoio na logstica. A querida amiga Nazar

    de guila pelo apoio e torcida, carinho e ateno na segunda fase da pesquisa de

    campo, sem seu apoio no teria conseguido.

    A toda equipe dos bois-bumbs Caprichoso e Garantido que me receberam

    em Parintins e em Manaus e, que com muito carinho gravaram as entrevistas.

    Um salve especial a todos os Parintinenses, que durante essa jornada da

    pesquisa me ensinaram muito sobre Parintins e o Festival, pude sentir o sentimento

    de cada um que conversei a respeito da festa. Povo guerreiro, batalhador e muito,

    muito criativo. Viva os Parintinenses! Viva o Amazonas! Viva o boi de Parintins!

    A todo o time da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, o qual tenho

    muito orgulho de j ter feito parte, em especial ao Dr. Robrio Braga, Mimosa Paiva,

    Elizabeth Cantanhede, Cristiana Brando, Nazarene Maia, Luciana Baltar, Rosa

    Capote, Lucy Santos, Suzy Osaqui, Cristian Pio e Thas Vasconcelos, Andressa

    Oliveira, Nestor Ribeiro, toda equipe da Diretoria de Eventos, Liceu de Artes e

    Ofcios Cludio Santoro - Unidades Manaus e Parintins. Cultura! Cultura! Cultura!

    s professoras da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) Cludia

    Menezes e Cristiane Barroncas pela fora, torcida e carinho.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio

    com o aporte financeiro, fundamental para com a pesquisa, a colaboradora Srta.

    Thaiane Santos pela ateno e carinho durante todo o acompanhamento para com

    os bolsistas desta fundao.

    E a todos que direta ou indiretamente contriburam para este estudo.

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a Deus, minha me e av Nair Arajo Maciel (in

    memoriam), minha me Rose Mary Arajo Maciel, ao meu noivo Carlos Jnior e

    sua famlia e, a todos os meus familiares pelo apoio incondicional.

    minha amiga, companheira para todas as horas e eterna chefinha que

    amo muito, Jenniffer Ribeiro da Silva.

    Aos meus amigos que se fizeram presente nos momentos mais importantes

    da minha vida durante essa jornada do mestrado.

    E a todos que direta ou indiretamente contriburam para este estudo.

  • Para os campees do servio, o cliente tudo o alfa e o mega, o comeo e o fim.

    (Karl Albrecht)

  • RESUMO

    Os eventos no mundo so motivadores no turismo e figura relevante no

    desenvolvimento e comercializao dos planos da maioria dos destinos. Para sua

    realizao, necessitam de infraestrutura especfica, e tm como contrapartida

    promover benefcios localidade receptora. Para o sucesso dos mesmos, contam

    com servios essenciais oferecidos aos clientes. O objetivo central deste estudo

    Analisar a gesto da qualidade dos servios no Festival Folclrico de Parintins AM

    e no Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro RJ e mostrar como se

    encontra o nvel da qualidade dos referidos eventos na viso dos participantes que

    consumiram os servios. Como objetivos especficos, foram traados 3 objetivos: a)

    Caracterizar o Festival Folclrico de Parintins/AM e o Desfile das Escolas de Samba

    do Rio de Janeiro/RJ; b) Identificar e analisar os atributos de qualidade de servios

    do Festival Folclrico de Parintins/AM e Desfile das Escolas de Samba do Rio de

    Janeiro/RJ, utilizando-se a tcnica Momento da Verdade; c) Comparar o Festival

    Folclrico de Parintins/AM com o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

    (RJ), de acordo com os atributos de qualidade dos servios identificados e

    analisados. A metodologia est disposta por um estudo de carter exploratrio-

    descritivo, de abordagem qualitativa, com observao participante, utilizando-se do

    ciclo do servio da tcnica Momento da Verdade para observar cada etapa do

    mesmo. O instrumento de coleta de dados utilizado foi anlise de contedo. Foram

    realizadas entrevistas semiestruturadas com os atores envolvidos no planejamento,

    organizao e operacionalizao dos dois eventos, alm das entrevistas com o

    pblico presente. Como resposta aos objetivos estabelecidos, pode-se concluir que

    o nvel de qualidade dos servios oferecidos no Festival Folclrico de Parintins

    encontra-se insatisfatrio em alguns pontos dos momentos da verdade analisados.

    Observou-se ainda que h limitaes que dificultam a prestao do servio com o

    nvel de qualidade.

    Palavras-chave: Qualidade dos Servios. Eventos. Festival Folclrico de

    Parintins/AM. Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ.

  • ABSTRACT

    Events in the world are significant motivators in tourism and relevant figure in the

    development and marketing plans of most destinations. For its realization, requires

    specific infrastructure, and promote benefits are offset to the receiving location. For

    the success thereof, they have essential services offered to customers. The main

    objective of this study refers to examine the attributes of service quality in the

    Folkloric Festival of Parintins / AM and show how the event is the level of quality as

    perceived by participants who consumed the services. Specific goals were set three

    objectives: a) Characterize the Folkloric Festival of Parintins / AM and the Samba

    Schools Parade of Rio de Janeiro / RJ; b) Identify and analyze the Folk Festival of

    the quality of service attributes of Parintins / AM and Samba Schools Parade of Rio

    de Janeiro / RJ, using the Moment of Truth technique; c) Compare the Folkloric

    Festival of Parintins / AM with Samba Schools Parade of Rio de Janeiro (RJ),

    according to the quality attributes of the identified and analyzed services. The

    methodology is prepared for qualitative analysis, descriptive exploratory, direct

    observation, using the Moment of Truth technical service cycle to observe every step

    of it. Semi-structured interviews were conducted with actors involved in the planning,

    organization and operation of the two events, in addition to interviews with the local

    public. As response to stated objectives, it can be concluded that the level of quality

    of services offered in Parintins Folklore Festival is unsatisfactory in some points of

    the analyzed real time. It was also observed that there are limitations that hinder the

    provision of the service to the level of quality.

    Keywords: Events. Quality of Services. Folk Festival of Parintins/AM. Samba

    Schools Parade of Rio de Janeiro/RJ

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Grfico 01: Posio do Brasil no ranking mundial dos pases que realizaram eventos internacionais (2010-2014) ....................................................................................... 37 Figura 01: Mapa de localizao do municpio de Parintins/AM ................................ 47

    Tabela 01: Investimentos do Festival Folclrico de Parintins no perodo de 2011 a 2015 ......................................................................................................................... 50 Tabela 02: Investimentos da empresa Coca-Cola (patrocinadora mster) no perodo de 2013 a 2015 ........................................................................................................ 51 Figura 02: Ciclo do Servio 74

    Figura 03: Mapa de acesso ao Bumbdromo 91

    Figura 04: Mapa do Sambdromo e arredores do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ .................................................................................................... 105 Fluxograma 01: Ciclo dos servios observados no Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro .................................................. 136

  • LISTA DE IMAGENS

    Imagens 01 e 02: Apresentao dos Bois Caprichoso e Garantido ......................... 49

    Imagens 03 e 04: Logomarcas dos patrocinadores do evento ................................. 52

    Imagens 05, 06 e 07: Logomarca dos patrocinadores (Coca-Cola, Bradesco e Brahma) .................................................................................................................... 52 Imagens 08 e 09: Bumbdromo de Parintins antes e depois da reforma 54

    Imagem 10: Relgio de marcao do tempo de apresentao no Bumbdromo ..... 99

    Imagem 11: Alegorias dos Bois Garantido e Caprichoso ...................................... 100

    Imagens 12, 13 e 14: Cabine dos jurados no Bumbdromo de Parintins .............. 102

    Imagem 15: Relgio de marcao do tempo de apresentao no Sambdromo ... 109

    Imagem 16: Cabine dos jurados no Sambdromo do Rio de Janeiro ................... 113

    Imagens 17 e 18: Site da LIESA e link de vendas dos ingressos........................... 116

    Imagens 19, 20 e 21: Sites confiveis para compra de ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 117 Imagens 22 e 23: Sites dos Bois Caprichoso e Garantido ..................................... 118

    Imagens 24 e 25: Site da Tucunar Turismo (agncia e operadora oficial do Festival de Parintins) ........................................................................................................... 120 Imagens 26, 27 e 28: Procedimento de entrega dos ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 124 Imagens 29, 30 e 31: Procedimento de entrega dos ingressos do Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ..................................................................... 124 Imagens 32 e 33: Procedimento de entrega dos ingressos do Festival Folclrico de Parintins .................................................................................................................. 125 Imagens 34 e 35: Entrada no Sambdromo do Rio de Janeiro/RJ e Bumbdromo de Parintins/AM ............................................................................................................ 128 Imagens 36 e 37: Local de acomodao do pblico nas arquibancadas do Sambdromo e Bumbdromo ................................................................................. 129 Imagens 38 e 39: Fast Food do Bobs ................................................................... 133

    Imagens 40, 41 e 42: Bares do Bumbdromo de Parintins .................................... 134

    Imagem 43: Equipe de limpeza na arena do Bumbdromo de Parintins ................ 143

    Imagens 44 e 45: reas de concentrao das Galeras dos Bois Caprichoso e Garantido................................................................................................................. 144 Imagens 46, 47 e 48: Lixeiras e equipe de limpeza no Sambdromo do Rio de Janeiro .................................................................................................................... 145 Imagens 49 e 50: Placas de sinalizao da entrada principal do Bumbdromo de Parintins .................................................................................................................. 146 Imagens 51, 52 e 53: Sinalizao dos camarotes e toaletes do Bumbdromo de Parintins .................................................................................................................. 146 Imagens 54, 55 e 56: Placas de sinalizao da entrada principal do Sambdromo do Rio de Janeiro ......................................................................................................... 147 Imagens 57 e 58: Placas de sinalizao dentro do Sambdromo no desfile do Rio de Janeiro................................................................................................................ 148

  • Imagem 59: Segurana no Bumbdromo de Parintins ........................................... 149

    Imagens 60, 61 e 62: Placas indicativas de sada de emergncia no Bumbdromo de Parintins ............................................................................................................. 149 Imagens 63, 64 e 65: Esquema de segurana do Sambdromo do Rio de Janeiro150

    Imagens 66 e 67: Policiamento no entorno do Sambdromo do Rio de Janeiro .... 151

    Imagem 68: Sistema de iluminao e sonorizao do Bumbdromo de Parintins . 152

    Imagens 69, 70 e 71: Acessibilidade do Bumbdromo de Parintins ....................... 153

    Imagens 72 e 73: Aeroporto Jlio Belm em Parintins/AM .................................... 156

    Imagens 74 e 75: Aeroporto Jlio Belm em Parintins/AM .................................... 156

    Imagens 76 e 77: Sistema de iluminao e sonorizao do Sambdromo do Rio de Janeiro .................................................................................................................... 159

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 01: Cidades brasileiras que realizaram at dois eventos internacionais em 2014 .......................................................................................................................... 37 Quadro 02: Escolas de Samba do Grupo: srie A .................................................... 43

    Quadro 03: Escolas de Samba do Grupo Especial e data de fundao ................... 44

    Quadro 04: Eventos em nvel municipal e estadual realizados no Estado do Amazonas ................................................................................................................. 46 Quadro 05: Evoluo do conceito de qualidade ....................................................... 57

    Quadro 06: Dimenses iniciais e finais da qualidade dos servios ......................... 60

    Quadro 07: As cinco dimenses da qualidade e suas caractersticas ...................... 61

    Quadro 08: Fatores que levaram os clientes a mudarem de empresa prestadoras de servios 62 Quadro 09: Conceitos de servios 67

    Quadro 10: Caractersticas dos servios .................................................................. 68

    Quadro 11: Cinco nveis de comprometimento das empresas com a qualidade dos servios 68 Quadro 12: Sete pecados em servios 69

    Quadro 13: Trs momentos da verdade vivenciados pelos clientes e suas possveis consequncias 73 Quadro 14: Caractersticas especiais das empresas campes de qualidade em servios 74 Quadro 15: Universo da pesquisa ............................................................................ 79

    Quadro 16: Relao dos rgos envolvidos na realizao do festival de Parintins e suas funes 93 Quadro 17: Ordem de apresentao e horrio de cada boi-bumb em 2015 96

    Quadro 18: Tempo mnimo e mximo de apresentao dos bois bumbs 98

    Quadro 19: Critrios estabelecidos para alguns itens de julgamento 99

    Quadro 20: Itens de julgamentos e suas definies ............................................... 101

    Quadro 21: Blocos de julgamento e suas especialidades ...................................... 102

    Quadro 22: Ordem de apresentao e horrio do Desfile das Escolas de Samba da Srie A .................................................................................................................... 106 Quadro 23: Ordem de apresentao e horrio do Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial 106 Quadro 24: Tempo do desfile das agremiaes ..................................................... 108

    Quadro 25: Critrios obrigatrios das Escolas de Samba da Srie A .................... 109

    Quadro 26: Critrios obrigatrios das Escolas de Samba do Grupo Especial........ 110

    Quadro 27: Critrios, definies e concepo de julgamento dos Jurados ............ 111

    Quadro 28: Membros representantes da comisso integrada para apurao do Desfile das Escolas de Samba ................................................................................ 114

  • Quadro 29: Sistematizao comparativa dos servios oferecidos no Festival Folclrico de Parintins e o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ......... 137 Quadro 30: Comparativo das caractersticas do Bumbdromo de Parintins e o Sambdromo do Rio de Janeiro ............................................................................. 159 Quadro 31: Comparativo das particularidades do Festival de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro .............................................................. 160 Quadro 32: Evoluo do Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ....................................................................................... 161 Quadro 33: Expresses utilizadas para identificar os elementos do Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ........ 162 Quadro 34: Comparativo dos valores para participao no Festival Folclrico de Parintins e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro ............................. 163 Quadro 35: Sistematizao das recomendaes ou sugestes para a qualidade dos servios do Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro 169

  • LISTA DE SIGLAS

    ABEOC - Associao Brasileira de Empresas de Eventos

    AMAZONASTUR Empresa Estadual de Turismo do Amazonas

    BVEP - Business Visits & Events Partnership / Associao Internacional de

    Congressos e Convenes

    EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatsitca

    ICCA - International Congress and Convention Association / Associao

    Internacional de Congressos e Convenes

    IFAM - Instituto Federal do Amazonas

    G.R.E.S Grmio Recreativo Escola de Samba

    LAENA - Laboratrio de Anlises Espaciais Prof. Dr. Thomas Peter Hurthienne

    LIERJ Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

    LIESA Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

    OMT Organizao Mundial do Turismo

    RIOTUR - Empresa de Turismo do Municpio de Rio de Janeiro

    SEC Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas

    SECTUR Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Parintins

    SETUR Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro

    TURISRIO Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro

    UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ...................................................................................................... 19

    1.1 APRESENTAES DO TEMA E QUESTO PROBLEMA ................................ 19

    1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 25

    1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 33

    2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 34

    2.1 TURISMO, EVENTOS E FESTIVAIS ................................................................. 34

    2.2 GESTO DA QUALIDADE ................................................................................. 56

    2.3 SERVIOS E A TCNICA MOMENTO DA VERDADE ..................................... 67

    3 PROCEDIMENTOS MEOTDOLGICOS .............................................................. 77

    3.1 CARACTERIZAO DO ESTUDO .................................................................... 77

    3.2 UNIVERSO DA PESQUISA ............................................................................... 78

    3.3 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 80

    3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................ 85

    3.5 ANLISE DE DADOS ......................................................................................... 86

    4 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS ................................................... 88

    4.1 OS FESTIVAIS FOLCLRICOS BRASILEIROS ............................................... 88

    4.1.1 O Festival Folclrico de Parintins/AM ......................................................... 88

    4.1.2 O Desfile das Escolas de Samba Carnaval do Rio de Janeiro/RJ ........ 103

    4.2 A QUALIDADE DOS SERVIOS NOS EVENTOS .......................................... 115

    4.3 SISTEMATIZAO DA COMPARAO DOS SERVIOS OFERECIDOS NO

    FESTIVAL FOLCLRICO DE PARINTINS E NO DESFILE DAS ESCOLAS DE

    SAMBA DO RIO DE JANEIRO ............................................................................... 137

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 166

    REFERNCIAS ...................................................................................................... 172

    APNDICES .......................................................................................................... 179

    ANEXOS ................................................................................................................ 185

  • 19

    1 INTRODUO

    Neste captulo introdutrio est inserida a apresentao da temtica

    proposta, a partir da contribuio de autores que abordam questes relativas aos

    temas turismo, eventos, festivais e a gesto da qualidade, dando nfase aos

    aspectos da qualidade dos servios em eventos. Nesta seo esto inseridos ainda

    o problema de pesquisa e os objetivos delineados para o trabalho.

    1.1 APRESENTAO DO TEMA E QUESTO PROBLEMA

    Os eventos no mundo tem sido um dos aspectos que contribuem para o

    desenvolvimento turstico das localidades. So motivadores importantes no turismo

    e figura representativa no desenvolvimento e comercializao dos planos da maioria

    dos destinos. Para sua efetivao, necessitam de infraestrutura especfica, e tm

    como contrapartida promover benefcios localidade receptora.

    Os papis e impactos do planejamento e realizao de eventos dentro do

    turismo so cada vez mais importantes para a competitividade do destino, sendo

    vistos como diferencial na deciso dos turistas sobre que lugares a visitar (Getz,

    2008).

    Com os avanos tecnolgicos, a sociedade habituou-se a lidar com

    transformaes resultantes do processo de globalizao. O ambiente de negcios

    tem sido mais dinmico, as empresas esto mais exigentes e tm adotado mtodos

    administrativos novos (Santos, 2010; Zucco, 2012). As organizaes tm investido

    no aprimoramento de seus produtos e servios e aplicado tcnicas de gesto que

    envolve a utilizao de uma srie de estratgias de marketing para obter vantagens

    competitivas.

    O surgimento da internet intensificou esse processo, devido difuso da

    informao e da comunicao em tempo real. Os equipamentos e aparelhos

    sofisticados de fcil acesso como computadores, celulares, satlites e entre outros

    facilitaram nesse processo (Rocha, Magalhes & Paiva, 2012).

    No setor de turismo no diferente e requer um nvel mais elevado de

    profissionalizao nas atividades refletindo na competncia dos gestores, para

    perceber as diferentes variveis que determinam a oferta de produtos e servios

    com excelncia e enfrentar as mudanas da concorrncia.

  • 20

    O turismo por ser uma atividade diretamente ligada interao social

    acompanha a evoluo tecnolgica que est inserida na sociedade (Krippendorf,

    2009). Assim, as mudanas no comportamento e no estilo de vida tendem a

    provocar profundo impacto na evoluo do turismo, pois pressionam a diversificao

    das ofertas tursticas e indicam a necessidade de desenvolver novas estratgias de

    atrao para responder s expectativas dos turistas.

    Os eventos culturais e os festivais tm proporcionado aos destinos sedes a

    oportunidade de promover a atividade turstica, haja vista que os participantes

    tambm so consumidores dos servios tursticos das localidades que visitam para

    participar de um evento, demonstrando, assim, a profunda integrao entre esses

    eventos e o turismo (Melo, Arajo-Maciel & Figueiredo, 2015).

    Diante dessa visibilidade, o tema festival est atrelado aos eventos e,

    tambm estimula o interesse dos pesquisadores da temtica, principalmente por

    renovar periodicamente o fluxo de visitantes e o ciclo da vida de uma comunidade

    que vem sendo observada com uma longa trajetria histrica a incorporar as

    tradies. Tm florescido novamente na sociedade contempornea e se proliferado

    de maneira evidente devido seu potencial turstico (Prentice & Andersen, 2003;

    Grsoy, Kim, Kendal & Uysal, 2004; Quinn, 2009).

    Tambm denominados de eventos programados, os festivais, objeto deste

    estudo, alm de ser importante para a dinmica social dos lugares onde ocorrem,

    destacam-se porque so desenvolvidos na perspectiva da promoo da cultura da

    localidade, tornando-se atrao turstica e estabelecendo uma oportunidade de

    mostrar as particularidades tnicas e culturais do destino (McKercher, Mei e Tse

    2006).

    Os festivais tm aumentado cada vez mais o nmero de turistas dos

    destinos sede, esto consolidados em nvel regional e acabam transformando-se em

    megaevento em nvel nacional e internacional. Pereira (2013, p. 98) explica que isso

    ocorre na medida em que particularidades regionais alavancam a produo e o

    desenvolvimento de centros receptores e a partir do momento em que eventos

    como festivais e celebrao atrelados tradio e aos costumes locais, por serem

    diferenciados, transformam-se em valores referenciais, constituindo-se em

    catalisadores para a movimentao de visitantes.

    Os festivais, enquanto eventos programados e parte das manifestaes

    culturais de uma sociedade, promovem, valorizam e preservam os patrimnios

  • 21

    tursticos, culturais, histricos e ambientais de uma determinada localidade, cidade,

    estado, regio, ou at mesmo um pas. (Zucco, 2012).

    As empresas e os profissionais da rea de eventos precisam estar atentos

    s novas tecnologias lanadas no mercado, j que os consumidores do produto

    turstico a cada dia esto mais exigentes, e a todo o momento procuram informaes

    sobre as novidades do mercado (Arajo-Maciel, Souza, & Mendes-Filho, 2015).

    O acesso e o compartilhamento das informaes via internet, por meio de

    comentrios, vdeos e fotos empoderam o cliente e potencializam sua capacidade

    decisria, ao ponto das empresas e os servios tursticos se adequarem as suas

    vontades (OConnor, 2001; Mendes Filho & Tan, 2008; Mendes Filho, 2014).

    A liberdade que a internet trouxe, possibilitou ao usurio criar mecanismos

    para expressar opinies e relatos a respeitos de suas experincias, sobretudo no

    que se refere a sua satisfao e frustraes com os servios tursticos, atravs dos

    chamados Comentrios Gerados pelo Usurio (CGU). (Mendes Filho & Tan, 2008;

    Ayeh, Au & Law, 2013; Mendes Filho, 2014; Mendes Filho & Carvalho, 2014; Silva &

    Mendes Filho, 2014).

    Diante disso, as empresas de uma forma geral, esto focadas nas

    expectativas dos clientes, tendo preocupao constante de procurar as melhores

    formas de atend-los, criando e tentando manter vnculos duradouros com seu

    pblico (Zucco, 2012).

    Considerando o cenrio exposto, o modo de como esses festivais so

    realizados e operacionalizados no podem ser esquecidos. A ateno deve ser

    voltada para o gerenciamento das etapas do planejamento, organizao e

    operacionalizao de um evento, visando como resultado o servio oferecido com

    qualidade para o sucesso do evento como todo.

    As cinco dimenses do modelo SERVQUAL, foram estudadas neste

    trabalho, como: aspectos tangveis, confiabilidade, sensibilidade, segurana e

    empatia que so identificadas para comparao entre o servio esperado e o

    recebido (Parasuraman, Zeithaml & Berry, 1988) e sero desenvolvidos ao longo do

    trabalho.

    Diante desse contexto, mostra-se relevante analisar as cinco dimenses da

    qualidade dos servios em eventos, para compreender a dinmica de gesto de

    eventos.

  • 22

    Os destinos no mundo inteiro tem se preparado para o planejamento e

    organizao de eventos, tanto para a captao como para realizao de eventos

    programados como o caso dos festivais por exemplo.

    No Brasil no tem sido diferente, prova disso o caso de So Paulo que no

    ano de 2014 ganhou o prmio da World Festival & Event City (IFEA) na cidade de

    Kansas (EUA), tendo o reconhecimento de destino que no mede esforos para

    proporcionar um ambiente propcio para eventos e festivais bem sucedidos. Este

    selo IFEA reconhece cidades exemplares no mundo inteiro que superam as

    expectativas. Alm de So Paulo outros destinos tambm foram premiados, como

    Dubai nos Emirados rabes, Dublin, Ohio e Filadlfia nos Estados Unidos,

    Newcastle e Sydney na Austrlia, segundo a Associao Brasileira de Empresas de

    Eventos (ABEOC, 2014).

    A cidade do Rio de Janeiro tem sido apontada como uma das maiores

    produtoras de espetculos e grandes eventos, com resultados positivos e

    expressivos sobre a economia da localidade. Este impacto resulta principalmente no

    turismo, com aumento significativo na taxa de ocupao dos hotis. O rveillon e as

    verses do Rock in Rio corroboram para a vocao carioca para a realizao de

    grandes eventos musicais (Matos e Britto, 2014).

    O carnaval carioca que possui mais de 100 anos de existncia, se destaca

    no s devido ao desfile das escolas de samba, mas tambm por conta do

    calendrio de eventos nesse perodo, o qual conta com mais de 100 blocos de

    carnaval de rua, proporcionando grande visibilidade ao pas. Evento este j

    consolidado como de excelncia, a cada ano o fluxo de turistas ampliado,

    ultrapassando 1 milho de visitantes por ano.

    No Amazonas, o ms de junho marca o calendrio festivo do Estado por

    realizar uma das maiores festas folclricas da Regio Norte do Brasil, o Festival

    Folclrico de Parintins, cuja realizao acontece no ltimo final de semana do ms

    de junho, durante trs dias no municpio de Parintins, localizado a 369 km em linha

    reta da cidade de Manaus. Os bois bumbs Garantido (vermelho) e Caprichoso

    (azul) se apresentam na arena do Centro Cultural Amazonino Mendes o

    Bumbdromo.

    O Festival Folclrico de Parintins uma das manifestaes mais expressivas

    na divulgao da cultura amazonense, especialmente por seu valor imaterial

  • 23

    representativo da cultura local, sendo o ano de 2015 comemorado a 50 edio do

    evento.

    Mesmo com a grandiosidade que o Festival de Parintins se tornou, o mesmo

    promovido atualmente e, muitas questes referentes sua realizao na

    perspectiva de servios precisam ser analisadas e melhoradas. Diante de

    entrevistas informais realizadas com os turistas presentes no municpio e residentes,

    na fase exploratria dessa pesquisa, foram relatadas situaes como: a insatisfao

    com a qualidade de diversos servios oferecidos no evento, questes ligadas

    diretamente a logstica do prprio evento, infraestrutura da cidade e do aeroporto, o

    preo elevado das passagens areas, dos ingressos, das bebidas e alimentos

    comercializados dentro do bumbdromo e outros.

    Dessa forma, tornou-se necessrio realizar um estudo comparativo entre o

    Desfile do Rio de Janeiro e o Festival de Parintins, referenciando o Desfile carioca

    como um caso de sucesso e excelncia, a fim de verificar como se encontra a

    qualidade dos servios no Festival de Parintins. Para posteriormente, em outros

    estudos, o festival aprimorar seus atributos existentes e agregar valor com o

    aprendizado destas melhores prticas do desfile. As duas festas possuem

    semelhana no que diz respeito a estrutura fsica do local onde ambos so

    realizados, na operacionalizao e logstica e, nos servios oferecidos aos

    visitantes, como os relacionados venda de ingressos, traslado ao Sambdromo e

    Bumbdromo, tickets de consumo, venda de fantasias, entre outros.

    Entende-se que os dois eventos possuem formatos diferentes, o desfile

    passa pela avenida do samba, ou seja, corrido e, o Festival de Parintins acontece

    em formato de espetculo, em uma arena. No entanto, mesmo com as diferenas de

    formato, necessitou-se dessa comparao devido s demais caractersticas serem

    semelhantes, como por exemplo, a espetacularizao do evento, uma vez que

    ambos so eventos culturais, folclricos e consolidados no Brasil, movimentam a

    economia do destino, so injetados investimentos de valores expressivos nos

    mesmos, tanto por parte do setor pblico quanto por parte dos patrocinadores

    privados, contribuem para com a sociedade dos seus destinos, alm dos atributos

    dos servios oferecidos serem tambm semelhantes.

    A comunidade parintinense participa somente na construo do espetculo,

    ou seja, na preparao do boi de arena do festival. Os artesos, alegoristas,

    figurinistas, cenografistas do municpio e demais artistas e profissionais so

  • 24

    contratados pelos bois para fazerem esse trabalho. So contratados ainda pelas

    empresas que atuam na operacionalizao do evento para trabalhar nos servios de

    limpeza do Bumbdromo, recepo, segurana e outros. O fato que no

    planejamento, na organizao e na realizao do evento, a comunidade no

    participa diretamente. Inclusive isso tem sido pauta de discusso em audincias

    pblicas no municpio. Relatam que no so ouvidas, criticam a organizao do

    festival e a empresa licitada para venda dos ingressos. Descrevem ainda que os

    servios bsicos de sade, de segurana, de abastecimento de gua e de energia

    s melhoram a partir dos 15 dias que antecedem o evento, durante a realizao da

    festa e at 10 dias aps o evento.

    Com base no exposto, surgiram inquietaes na pesquisadora para

    investigar mais a fundo os servios do Festival de Parintins, levando em

    considerao todo investimento no evento e mobilizao desses servios. Surgiram

    alguns questionamentos fundamentais para investigao: Como e por quem os

    servios do Festival de Parintins so organizados? Por qu? Quem so as pessoas

    que executam esses servios? Como esses servios esto sendo executados? E

    qual a avalio dos clientes, visitantes e/ou turistas do festival sobre o servio que

    est sendo prestado?

    Dessa maneira, formulou-se a questo problema que norteou todo este

    estudo: Qual o nvel de qualidade dos servios percebidos pelos consumidores

    (colaboradores, usurios) do Festival Folclrico de Parintins AM e do Desfile

    das Escolas de Samba do Rio de Janeiro?

  • 25

    1.2 JUSTIFICATIVA

    A qualidade dos servios prestados o que diferencia um evento no mundo

    cada vez mais competitivo e globalizado. Para se obter um bom resultado exige-se

    planejamento, organizao e dinamismo.

    Em pases como a Austrlia, o fazer eventos j virou tradio e os estudos

    nesta temtica esto avanados, conforme destaca Lohmann e Panosso Neto

    (2012).

    Vrias universidades esto oferecendo o curso de gesto de eventos,

    como o caso da Victoria University, em Melbourne, da Southern Cross University,

    na Gold Coast e na University of Technology Sydney, em Sydney.

    No Brasil no tem sido diferente, com o crescimento da captao de eventos

    nacionais e internacionais para o pas, as empresas esto cada vez mais exigentes

    e o sucesso do evento depende do desempenho de cada colaborador no servio

    designado.

    Embora a qualidade de um servio seja no mnimo obrigatria, os servios

    ainda deixam a desejar. As empresas de servios de eventos ainda tm a

    necessidade de contratar uma mo-de-obra qualificada e capacitada para realizarem

    seus servios com resultados de qualidade e manter o padro de excelncia dos

    mesmos.

    Essa necessidade est mencionada no relatrio do II Dimensionamento

    Econmico da Indstria de Eventos no Brasil (ABEOC, 2013; SEBRAE, 1992) aonde

    as empresas relatam a dificuldade em obter atendimento qualificado para suas

    demandas, principalmente em servios de tecnologia, devido s limitaes de

    compreenso, pelos fornecedores, acerca das atividades relacionadas ao setor de

    eventos. Est mencionada ainda no relatrio a constatao de que os clientes esto

    mais experientes e exigentes, aumentando a busca por qualidade.

    As empresas esto percebendo os eventos como negcios de alta

    rentabilidade, logo os servios automaticamente esto atrelados a isso. Esses

    servios podem ser divididos em etapas, formando um ciclo. Cada etapa deste ciclo

    significa um momento da verdade vivenciado pelo cliente. O ciclo do servio

    constitui-se numa espcie de mapa de todos esses momentos da verdade (Gianesi

    & Correa, 1996).

  • 26

    Na gesto de um evento no diferente, cada etapa do servio forma um

    representao de todos os momentos da verdade vivenciados pelo cliente ao

    receber o servio. Visando minimizar as dificuldades na gesto dos eventos, muitas

    instituies privadas e pblicas tem se preocupado em oferecer cursos de

    capacitao para o pblico que tem interesse em se qualificar nesta rea.

    A Associao Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), as

    universidades, as faculdades tem oferecido cursos para capacitao e formao

    profissional nesta rea de gesto de eventos, em nvel de graduao e cursos de

    extenso. A ABEOC/RS, por exemplo, oferece o curso, e uma parceria com a

    Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) sob a coordenao da

    presidente da ABEOC/RS, Ana Cludia Bitencourt.

    Os Institutos Federais do Brasil possuem o curso tcnico de turismo e dentro

    da grade curricular esto inseridas as disciplinas de eventos. Nos institutos federais

    que no possuem o curso de turismo, como o caso do Instituto Federal do

    Amazonas (IFAM), h apenas cursos de curta durao de organizao de eventos,

    mas nada diretamente ligado a gesto do mesmo.

    O segmento de eventos est atrelado ao turismo e vem apresentando cada

    vez mais um crescimento contnuo e expressivo nos ltimos anos, sendo fonte de

    receita desejada e planejada por muitos destinos tursticos internacionais e

    nacionais.

    O desenvolvimento desse setor proporciona a entrada de novas receitas,

    gerao de postos de trabalho, refletindo diretamente na movimentao econmica

    do turismo no pas e nas cidades. No Reino Unido, por exemplo, o setor de eventos

    de negcios tem sido uma potncia econmica, principalmente em termos de

    gerao de emprego e receita fiscal do governo (ABEOC, 2015).

    De acordo com o Business Visits & Events Partnership (BVEP1, 2015), os

    gastos anuais das pessoas que frequentam eventos corporativos, juntamente com

    os organizadores de eventos do Reino Unido, alm das conferncias, festivais,

    concertos, exposies, espetculos esportivos, e outros programas de viagens de

    incentivo, so de aproximadamente 39.100.000.000 (Trinta e nove milhes e cem

    mil libras esterlinas). O setor de eventos o 16 maior empregador do Reino Unido,

    1 Disponvel em: http://www.businessvisitsandeventspartnership.com/

  • 27

    possuem 530 mil pessoas diretamente empregadas, sendo mais que o dobro da

    indstria de telecomunicaes.

    No Brasil os eventos de negcios movimentaram nos ltimos anos R$ 209,2

    (Duzentos e nove bilhes e duzentos milhes de reais) em 2013, representando

    participao do setor de 4,32% do PIB, tem um crescimento de 14% ao ano

    (ABEOC, 2013). Isso tem instigado cada vez mais os pesquisadores para

    entendimento do fenmeno, no s os estudiosos do turismo, mas de outras reas

    do conhecimento como a economia, antropologia, geografia, administrao e outras.

    Quatro destinos do pas concentram pouco mais da metade dos eventos

    internacionais realizados, a maioria na regio sudeste, onde So Paulo a capital

    que mais capta e sedia esses eventos.

    Os dados da International Congress and Convention Association (ICCA2,

    2015) mostram que o Brasil foi colocado em 10 lugar como um dos principais

    destinos no mundo para esse tipo de turismo, tendo um total de 256 eventos

    internacionais realizados em 2014.

    O levantamento do ICCA mostra que o nmero de cidades brasileiras que

    receberam eventos internacionais em 2014 cresceu em relao a 2013, mesmo que

    timidamente. No ano de 2014 foram 61 eventos internacionais e em 2013 foram 55,

    apenas 6 eventos a mais que no ano anterior.

    Um dos motivos que vem destacando o Brasil no cenrio internacional nos

    ltimos anos a realizao dos megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo

    realizada em 2014 e as Olimpadas que acontecero em 2016, desde quando foram

    escolhidas como cidades sedes.

    Outros eventos internacionais tambm contribuem para essa visibilidade

    internacional do pas, como o caso dos festivais de msica. O Rock in Rio3, por

    exemplo, foi criado em 1985, tendo seis edies realizadas na capital Rio de Janeiro

    e outras edies realizadas na Europa (Portugal e Espanha, Lisboa e Madrid). Neste

    ano de 2015 comemorou 30 anos de realizao.

    2 Associao Internacional de Congressos e Convenes - representa os principais especialistas em

    organizar, transportar e acomodar reunies e eventos internacionais, e compreende quase 1.000 empresas e organizaes associadas em mais de 90 pases em todo o mundo. 3 Festival de Msica criado no Brasil, em 1985, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de

    Jacarepagu. O festival foi criado logo aps a ditadura militar, poca que o pas passava por transformaes, rumo a democracia. Foi a primeira vez um pas da Amrica do Sul sediou um evento musical desse tipo. Disponvel em: http://rockinrio.com/rio/

  • 28

    O Festival de msica LollaPalooza4 Brasil chegar em sua quinta edio no

    ano de 2016. Surgiu em Chicago, em 1991, percorreu vrias cidades norte-

    americanas e no ano de 2011 o Chile recebeu a primeira edio fora dos Estados

    Unidos. Em 2012, Brasil e Argentina entraram na rota do festival.

    Neste ano de 2015 a quarta edio foi realizada no Brasil, na cidade de So

    Paulo, no Autdromo de Interlagos. Contou com mais de 50 atraes musicais, com

    um total de 56 horas de shows. O pblico presente foi de 136 mil pessoas em dois

    dias de festival, sendo 66 mil no sbado e 70 mil no domingo.

    O LollaPalooza Brasil alm da msica, conta ainda com a participao de

    Chefs com comidas de todos os tipos e j virou tradio no festival. Possui ainda

    dentro do festival, o Kidzapalooza, um espao especialmente criado para as

    crianas, com apresentao de bandas e artistas. O festival em 2015 aconteceu

    ainda na Alemanha e em 2016 a Colmbia ser o sexto pas a receber a verso do

    LollaPalooza.

    O Tomorrowland5 Brasil outro festival de msica eletrnica internacional

    que ganhou verso brasileira. Foi criado na Blgica em 2005, na cidade de Boom

    em Bruxelas e j ganhou o prmio de melhor evento musical em 2012, 2014 e 2015.

    O festival continua tendo sua edio principal na Blgica, mas ganhou a verso

    brasileira no ano de 2015 para celebrar os 10 anos do evento.

    Na celebrao dos 10 anos do Tomorrowland em 2014, na Blgica, 400 mil

    ingressos foram vendidos, e esgotaram-se em apenas cinco minutos. Foram

    registrados 68 mil ingressos vendidos no Brasil em menos de 47 segundos. Talvez

    esse fato deve ter chamado a ateno dos organizadores para a realizao da

    verso brasileira.

    Sua verso brasileira foi realizada no ms de maio de 2015, na cidade de

    It/So Paulo, com a presena de mais de 150 artistas. A prxima edio j est

    marcada para o ms de abril de 2016, no Parque Maeda, novamente em It/SP.

    Todos os trs festivais de msicas explicitados anteriormente contam com a

    montagem de uma megaestrutura de servios para realizao dos mesmos. So

    montados geralmente em parques ou em uma rea verde distante dos grandes

    centros.

    4 Festival de Msica criado em Chicago em 1991. Disponvel em: http://www.lollapaloozabr.com/

    5 Festival de Msica criado na Blgica em 2005. Disponvel em: http://www.tomorrowlandbrasil.com/

  • 29

    Alm dos festivais internacionais de msica, acontecem ainda no Brasil

    eventos culturais na maioria das regies que possuem grande fora e contribuem

    para a visibilidade do pas e que so de grande relevncia para os destinos.

    Esses eventos culturais, como as festas tradicionais, mostram para o mundo

    as potencialidades de um pas em desenvolvimento, assim como seus atrativos

    culturais e naturais, a gastronomia, o artesanato, a diversidade de folclore, as festas

    populares e outros.

    Na regio sudeste e sul concentram-se os eventos culturais mais conhecidos

    internacionalmente, mas isso no quer dizer que nas outras regies no sejam,

    que nessas regies possuem maior fora, como o caso do Carnaval do Rio de

    Janeiro e de So Paulo. Acontecem ainda o Rodeio de Barretos, a Oktoberfest em

    Blumenau e outros. Nas demais regies acontecem o So Joo em Campina

    Grande, o Crio de Nazar em Belm, o Festival Folclrico de Parintins no

    Amazonas e outros.

    A realizao de todos estes eventos explicitados movimenta diretamente

    todo o trade turstico no destino, principalmente o setor de servios bsicos do local,

    contribui para o aumento de investimentos nas cidades, movimenta a economia,

    gera empregos diretos e indiretos mesmo que somente no perodo do evento, alm

    de aumentar o nmero visitante e turista.

    O Festival Folclrico de Parintins o evento de maior visibilidade do Estado

    do Amazonas e vem sendo bastante discutido no somente nos estudos tursticos,

    mas em outras reas do conhecimento, como a geografia, economia, administrao,

    sociologia, cincias sociais, e tem instigado os pesquisadores.

    Patrcio (2007) investigou uma reportagem de tema amaznico Festival

    Folclrico de Parintins. Sua tese foi intitulada Na ilha do boi de pano: uma

    reportagensaio para alm do dogma da objetividade jornalstica.

    Azevedo Filho (2013) dando nfase na geografia, Amaznia, comunidade,

    folclore e espao, elaborou a tese foi intitulada A produo e a percepo do turismo

    em Parintins, Amazonas. Nogueira (2013), fez na sua tese uma abordagem sobre a

    espetacularizao do imaginrio amaznico no boi-bumb de Parintins.

    J Frana (2014) abordou em sua dissertao intitulada Festival Folclrico

    de Parintins: impactos socioambientais na percepo dos atores locais, questes

    sobre eventos, turismo, sustentabilidade e impactos socioambientais.

  • 30

    Alm de teses e dissertaes outros estudos referentes ao Festival de

    Parintins foram publicados em formatos de artigos com nfase no folclore, no

    espao, territrio, desenvolvimento local, religiosidade, a insero da marca Coca-

    Cola no evento, anlise das toadas como promoo ambiental, comparao das

    alegorias e anlise cultural do festival com as do desfile das escolas de samba

    carioca, relao da cultura popular com a mdia, articulao de festas populares da

    Amaznia que possuem caractersticas em recorrncias do festival (Cavalcanti,

    2002; Fernandes, 2002; Biriba, 2008; Brito & Ribeiro, 2009; Pasini, 2010; Oliveira,

    2011; Cavalcanti, 2011; Furlanetto, 2011; Souza & Anjos, 2012; Furlanetto & Filizola,

    2012; Catalo & Nogueira, 2013; Souza, Farina, Costa, Silva & Romeiro, 2014) e

    outros.

    Mesmo com as pesquisas acima citadas, este estudo se faz necessrio e

    relevante porque apesar ter como objeto de estudo o Festival de Parintins, trata de

    aspectos diferentes do que vem sendo pesquisado ao longo dos anos, uma vez que

    discute a qualidade dos servios oferecidos no festival, com o enfoque voltado a

    gesto, ao funcionamento do evento e a relao da expectativa do cliente com o

    servio prestado, usando a tcnica de outra rea, como o Momento da Verdade,

    muito utilizada na rea temtica da administrao.

    Na verdade so poucas as pesquisas que contemplam a qualidade dos

    servios no turismo ou em eventos. Zucco (2012) abordou em sua tese intitulada As

    relaes entre as dimenses motivao para viajar, fontes de informao utilizadas e

    qualidade percebida dos servios por turistas de festivais: um estudo sobre a

    Oktoberfest de Blumenau e de Munique, um estudo com enfoque em marketing de

    servios, controle de qualidade no turismo e aspectos econmicos do turismo.

    Vasconcelos (2014), com objetivo criar dimenses, componentes e itens

    para avaliar a gesto da qualidade em servios tursticos, defendeu sua tese cujo

    ttulo foi Dimenses, componentes e itens de avaliao da Gesto da Qualidade em

    servios tursticos. A relevncia terica deste estudo pde proporcionar mais

    alcance no delineamento do turismo de eventos. Est relacionada com a perspectiva

    de melhorar as aes gerenciais direcionadas aos servios dos eventos. Teve como

    diferencial a utilizao da tcnica Momento da Verdade durante a observao, o

    experimento de cada etapa do ciclo de um servio, permitindo a percepo da

    relao entre fornecedor e cliente.

    Uma das relevncias sociais apoiadas na pesquisa a de que as mesmas

  • 31

    contribuem para o embasamento em fortalecer o direcionamento no setor eventos

    cultural do Estado do Amazonas, pois possui um calendrio anual de eventos,

    melhorando a qualidade dos servios nesses eventos, de acordo com sua

    necessidade.

    Contribui com os planejadores e organizadores destes festivais, no que se

    refere questo da gesto do servio oferecido, a importncia de como alcanar e

    manter o sucesso do evento.

    A motivao para escolha do tema surgiu a partir da relao profissional

    entre a experincia na execuo do Festival nos anos de 2012 e 2013, e de

    trabalhos realizados na implantao e instalao do Liceu de Artes e Ofcios Claudio

    Santoro Unidade Parintins, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do

    Amazonas. Alm disso, devido a elaborao de um estudo sobre o evento na

    concluso da especializao em Gesto e Produo de Eventos pela Universidade

    do Estado do Amazonas.

    O presente trabalho se justifica com base nas inquietaes que surgiram

    sobre a satisfao do cliente do festival, a manuteno da imagem positiva do

    destino Parintins e a possibilidade da festa sair do cunho regional e se consolidar em

    nvel nacional, principalmente por existir poucos trabalhos cientficos com os

    aspectos da temtica desta proposta, uma vez que a academia tem papel relevante

    na problemtica e soluo de questes deste tipo, fazendo um diagnstico do

    ambiente em estudo e em seguida propondo solues para possveis problemas.

    Pretendeu-se com este estudo contribuir para o aprimoramento da qualidade de

    servio prestado em eventos culturais, como o caso do Festival de Parintins.

    Este estudo est dividido em cinco captulos. O primeiro captulo contempla

    a introduo, fundamental para apresentao da temtica e contextualizao do

    problema da pesquisa, as justificativas para o desenvolvimento e os respectivos

    objetivos.

    O segundo captulo rene a fundamentao terica que embasaram as

    etapas do estudo. Inicia-se com a seo Turismo, Eventos e Festivais. Na sequncia

    ser abordado o contexto terico de Gesto da Qualidade, dando nfase em

    qualidade de servios. Posteriormente, na seo seguinte, a teoria dos servios,

    dando nfase na tcnica Momento da Verdade.

    O terceiro captulo apresenta os procedimentos metodolgicos utilizados

    para realizao da pesquisa.

  • 32

    No quarto captulo esto expostos os resultados do estudo com as anlises

    da pesquisa de campo do Festival Folclrico de Parintins e Desfile das Escolas de

    Samba do Rio de Janeiro, informaes gerenciais e relativos organizao dos

    mesmos, alm da anlise e comparao dos dois eventos.

    O quinto e ltimo captulo est destinado s consideraes finais,

    concluses analticas, recomendaes para as duas festas aprimorarem seus

    servios, as lacunas do estudo e na sequncia as referncias, apndices e anexos.

  • 33

    1.3 OBJETIVO

    Nesta seo esto estabelecidos os objetivos da pesquisa.

    OBJETIVO GERAL

    Analisar a gesto da qualidade dos servios no Festival Folclrico de

    Parintins AM e no Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro RJ e mostrar

    como se encontra o nvel da qualidade dos referidos eventos na viso dos

    participantes que consumiram os servios.

    OBJETIVOS ESPECFICOS

    a) Caracterizar o Festival Folclrico de Parintins/AM e o Desfile das Escolas

    de Samba do Rio de Janeiro/RJ;

    b) Identificar e analisar os atributos de qualidade de servios do Festival

    Folclrico de Parintins/AM e Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro/RJ,

    utilizando-se a tcnica Momento da Verdade;

    c) Comparar o Festival Folclrico de Parintins/AM com o Desfile das Escolas

    de Samba do Rio de Janeiro (RJ), de acordo com os atributos de qualidade dos

    servios identificados e analisados.

  • 34

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Neste captulo apresenta-se o referencial terico da pesquisa mediante a

    consulta a vrios autores do turismo, eventos, festivais, gesto da qualidade,

    qualidade dos servios, servios e tcnica momento da verdade, elaborado aps a

    leitura de mltiplas fontes.

    2.1 TURISMO, EVENTOS E FESTIVAIS

    O turismo, nas localidades onde se instala, tem se apresentado como uma

    expressiva atividade no mbito econmico e social. Se planejado de forma coesa,

    proporciona benefcios significativos. Porem, pode tambm causar problemas de

    carter social. Mas independente disso, a atividade turstica tm relevncia no

    mundo (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).

    Independente das inseguranas no cenrio econmico mundial nos ltimos

    anos, segundo dados da Organizao Mundial do Turismo (OMT, 2015), no ano de

    2014, foi registrado um crescimento de 4,7 % no nmero de turistas que viajaram

    pelo mundo em comparao ao ano de 2013. Ao todo foram 51 milhes de pessoas

    a mais em busca de conhecer novos lugares, revisitar locais e sabores, ou descobrir

    outras culturas, at mesmo visitar amigos ou fazer compras, totalizando cerca de

    US$ 1 trilho de dlares no ano passado.

    No Brasil, independentemente das escassas aes de planejamento que

    conseguiram resultado, a atividade turstica vem possibilitando aos destinos, uma

    alternativa de desenvolvimento social e econmico (Melo, Arajo-Maciel, &

    Figueiredo, 2015).

    O turismo tem sido organizado no Brasil, como uma significativa atividade

    econmica e social. Considerando-se que o pas possui em sua ampla extenso,

    constitui-se de ambientes naturais e culturais que cativam qualquer indivduo a

    conhec-las, dessa forma, o turismo est se apoderando desses espaos (Melo,

    Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).

    Entretanto, no basta ter apenas elementos atrativos aos olhos dos

    visitantes para o desenvolvimento da atividade turstica, necessita-se de poltica

    pblica que garanta esse desenvolvimento de uma forma sustentvel, tendo em

  • 35

    conta que, com a consolidao do turismo como atividade de carter relevante

    economicamente, inicia-se o surgimento de contratempos aos envolvidos no seu

    desenvolvimento, havendo a necessidade da criao e implantao de diretrizes

    especficas para a atividade, de forma que haja uma regulao com vistas a

    proporcionar melhores condies aos indivduos direta ou indiretamente ligados a

    ela (Azevedo, Figueiredo, Nbrega, & Maranho, 2013).

    Apesar de o turismo poder causar impactos negativos aos espaos

    tursticos, ele tem mostrado que um recurso reprodutor de riquezas. Segundo o

    Ministrio do Turismo (MTUR, 2013), a atividade turstica tem se destacado com

    participao de 3,7% no produto interno bruto, com uma taxa de crescimento de

    32,4% entre os anos de 2003 e 2009, maior do que a taxa de crescimento da

    economia do pas com 24,6%.

    No se pode pensar no turismo somente como gerador de receitas,

    principalmente devido a fragilidade dessa economia apoiada somente no setor

    turstico, do que em uma economia multisetorial, como apontada por Krippendorf

    (2001). mais do que isso, promover uma atividade que satisfaa os anseios de

    todos os envolvidos, principalmente da comunidade receptora do local, promovendo

    e executando polticas que envolvam os residentes nos debates e decises ligados a

    gesto dos destinos tursticos (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).

    O Brasil tem estudado meios de fomentar o desenvolvimento do turismo em

    sua totalidade, independente das suas fragilidades. Uma comprovao disso a

    criao do MTUR em 2003. Vm sendo implantados planos e programas para

    atender as exigncias de todos os atores do cenrio turstico nacional. Pode-se

    destacar como uma das principais aes, a implementao do Plano Nacional de

    Turismo (PNT) e do Programa de Regionalizao do Turismo (PRT). Porm,

    necessita-se ainda de resultados que tenham eficincia mais notria e, que priorize

    o turismo como uma atividade de desenvolvimento do bem-estar da sociedade e no

    apenas como mecanismo de gerao de renda (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo,

    2015).

    Os eventos tm contribudo para o desenvolvimento do turismo. Tem

    possibilitado aos destinos sedes a oportunidade de impulsionar a atividade turstica,

    uma vez que os participantes ou espectadores dos eventos tambm so os

    consumidores dos servios tursticos nas localidades onde acontecem. Pois alm de

  • 36

    participar do evento, podem ainda participar de outras atividades paralelas a aquela

    que efetivamente motivou sua viagem (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015).

    Independente de qual seja o tipo do evento, um destino turstico deve

    concordar que os eventos so mecanismos de subsdio no fomento atividade do

    turismo, independente de qual seja o tipo de evento (Melo, Arajo-Maciel, &

    Figueiredo, 2015). Com a relevncia deste segmento, o governo federal incluiu os

    eventos nas polticas de turismo, cujo objetivo a captao de eventos

    internacionais como elemento estratgico para diminuir os efeitos da sazonalidade

    turstica nas localidades (Amorim, 2003).

    Os eventos internacionais e as manifestaes que se evidenciem como

    consumidora dos elementos que formam o turismo, seja de estrutura ou de servios,

    contribuem para minimizar os impactos da sazonalidade. Deve-se fortalecer a

    poltica nacional de turismo no que diz respeito aos eventos, festivais, dentre outras

    manifestaes em nvel nacional. Uma vez que so eles que movimentam o pas

    durante os doze meses do ano, apesar de reconhecer os eventos internacionais

    projetam ainda mais o destino Brasil (Melo, Arajo-Maciel, & Figueiredo, 2015). O

    nmero de eventos internacionais vem crescendo no pas e, segundo dados do

    ICCA (2014), o Brasil tem ficado h quatro anos entre os dez primeiros pases que

    realizam eventos (como congressos, feiras, seminrios e outros) a nvel

    internacional, conforme pode ser observado no grfico 1 a seguir.

  • 37

    Grfico 01 - Posio do Brasil no ranking mundial de pases que realizam eventos internacionais (2010 2014)

    Fonte: ICCA, 2012; 2013; 2014.

    No grfico anterior, possvel verificar que a poltica pblica de captao de

    eventos internacionais vem mostrando resultados positivos, sendo o ano de 2012, a

    melhor colocao do Brasil nesse levantamento de dados.

    Brito e Fontes (2002) contribuem tambm dando nfase a importncia dos

    eventos para atividade turstica. Para as autoras:

    Qualquer evento que rena clientela de diferentes localidades cria oportunidade de viagens na medida em que as pessoas se deslocam para participar de um congresso ou exposio, por exemplo, geralmente aproveitando a ocasio para passeios e compras, o que favorece a utilizao mais ampla dos bens, atrativos e servios da cidade (Brito & Fontes, 2002, p. 74).

    Dentre as cidades brasileiras, tambm segundo os dados do ICCA (2014),

    So Paulo e Rio de Janeiro tm sido as cidades que mais realizaram eventos, sendo

    at dois eventos internacionais, conforme pode ser verificado no quadro 01 a seguir.

    Quadro 01: Cidades brasileiras que realizaram at dois eventos internacionais em 2014 Ranking Cidade Estado Nmero de Eventos (ano)

    1 So Paulo SP 66

    2 Rio de Janeiro RJ 64

    3 Foz Do Iguau PR 16

    Braslia DF

    4 Salvador BA 14

    5 Fortaleza CE 11

    Natal RN

  • 38

    Do ponto de vista conceitual, Albar (2014) discorre que os eventos so

    aqueles acontecimentos que surgem da necessidade e motivao concreta, que

    pode ser profissional, social, cultural e a partir da surgem os festivais, as

    cerimnias, as celebraes de casamento, as feiras de turismo e outras. Para

    autora, os estes eventos so ferramentas estratgicas usadas nos planos de

    marketing das empresas e das organizaes, com o objetivo comercial final de obter

    benefcios.

    Getz (2008) classifica os eventos em diferentes tipos, sendo suas principais

    categorias de eventos, as celebraes culturais (como festivais, carnavais, paradas,

    religiosas), artsticas e de entretenimento (concerto e outras performances,

    exibies, cerimnias de premiao), de negcios e comerciais (feiras, exposies,

    convenes, reunies e conferncias), de competies esportivas (profissionais e

    amadoras), educacionais e cientficas (seminrios e workshops, congressos e

    conferncias), polticas e comemorativas do Estado (inauguraes, investiduras,

    visitas de personalidades importantes), recreacionais (esporte ou jogos para

    diverso), e eventos privados (casamentos e festas sociais).

    Em relao ao nmero de participantes os eventos podem ser classificados

    em: Pequeno at 150 participantes; Mdio entre 150 e 500 participantes; Grande

    acima de 500 participantes; Megaevento acima de 5.000 mil participantes. Para

    ser considerado um megaevento, alm dos nmeros de participantes, deve

    6 Florianpolis SC 9

    Porto Alegre RS

    7 Recife PE 6

    8 Curitiba PR 4

    9

    Belo Horizonte MG 3 Campinas SP

    Gramado RS

    Joo Pessoa PB

    10

    Belm PA 2

    Bzios RJ

    Goinia GO

    Londrina PR

    Manaus AM

    Ouro Preto MG

    Pirenpolis GO

    Santa Maria RS

    Santos SP

    Fonte: ICCA, 2014.

  • 39

    apresentar caractersticas e peculiaridades que esse tipo de evento possui (Matias,

    2010, p.107).

    Os eventos ganham realce como estimuladores do desenvolvimento turstico

    e instigam pesquisadores interessados em compreender seus impactos e

    desdobramentos no cosmo socioeconmico contemporneo. Considerando que

    esses eventos constituem um mix de marketing, entretenimento, lazer, artes e

    negcios, Funari e Pinsky (2003, p. 53) enfatizam que, pela sua importncia no

    contexto social, cultural, econmico e poltico da cidade e regio e, em alguns casos

    at mesmo do pas, podemos denomin-los de agentes do patrimnio histrico-

    cultural.

    Os eventos programados ou planejados so fenmenos espao-temporais e

    cada um particular em virtude das interaes que se travam entre a configurao,

    as pessoas e os elementos de gesto, incluindo design e programa. Alguns so

    realizados para a celebrao pblica (esta categoria inclui as chamadas festas da

    comunidade, que normalmente contm uma variedade de atividades em sua

    programao, cujo objetivo promover o orgulho cvico e o sentimento de coeso),

    enquanto outros so previstos para fins de concorrncia, diverso, entretenimento,

    negcios ou socializao. Um dos mais importantes diferenciais dos eventos alude

    ao fato de que os apelos nunca so os mesmos e as pessoas simplesmente tm que

    estar l para desfrutar a experincia totalmente nica (Getz, 2008).

    Entre os diferentes tipos de eventos programados, McKercher, Mei e Tse

    (2006) destacam os festivais, objeto de estudo desta pesquisa que, regra geral, so

    desenvolvidos com objetivo de promoo da cultura local como atrao turstica,

    constituindo uma oportunidade para mostrar a herana do destino, as tradies

    locais, as peculiaridades tnicas e culturais. Quinn (2009), quando destaca o fato de

    que os festivais renovam periodicamente o fluxo de vida de uma comunidade,

    observa que, com uma longa trajetria histrica a incorporar as tradies de vrios

    passados, eles tm florescido tambm na sociedade contempornea e se proliferado

    de maneira evidente. Em funo do potencial turstico dos festivais, essa

    comprovao tambm feita por Grsoy, Kim, Kendal e Uysal (2004), e Prentice e

    Andersen (2003).

    Os trs motivos mais bvios para a popularidade dos festivais como espao

    de promoo turstica so acentuados por Felsenstein e Fleischer (2003): 1) a

    capacidade de aumentar a demanda para o turismo local; 2) festivais de sucesso

  • 40

    ajudam a recriar a imagem de um lugar ou contribuir para sua insero no mapa do

    turismo; e 3) o posicionamento estratgico de um festival no calendrio do turismo

    local colabora para aumentar a capacidade turstica.

    Com resultado, essa modalidade de turismo potencializada por festas e

    festivais que vm maximizando seu poder de atrair turistas, a ponto de se tornarem

    megaeventos de sucesso nacional e internacional. Segundo Pereira (2003, p. 98),

    isso acontece na medida em que particularidades regionais alavancam a produo

    e o desenvolvimento de centros receptores e quando eventos como festivais e

    celebrao atrelados tradio e aos costumes locais, por serem diferenciados,

    transformam-se em valores referenciais, constituindo-se em catalisadores para a

    movimentao de visitantes.

    Os eventos culturais so aqueles que se organizam com a finalidade de

    estimular e proporcionar a cultura, quer um concerto ou uma exposio de obras de

    arte. Tem como finalidade preservar os costumes, as tradies, e o conhecimento de

    uma cultura particular (Albar, 2014).

    Vivenciar a cultura de um povo no interior do Brasil significa a observar as

    manifestaes dos diversos padres culturais do pas. Quando a cultura aparece

    como festa ligada ou no a religies populares, absolutamente tem-se o aspecto do

    acontecimento cultural, do evento cultural, do festival (Melo, Arajo-Maciel, &

    Figueiredo, 2015).

    A cultura de um povo, seu modo de vida, os afazeres do cotidiano, resultam

    nas questes histricas que se constroem, incluindo as aes intangveis do

    pensamento e sentimento de cada indivduo (Santos, 1994; Valle; Queiroz, 1988),

    nessa perspectiva que diferencia os indivduos e os lugares. Assim, a cultura

    proporciona a particularidade da raa de uma comunidade, sendo a formadora de

    identidade destes, tornando-se fator de atratividade no turismo.

    As festas, celebraes e rituais sempre estiveram presentes em diferentes

    culturas, desde as mais primitivas pocas. A explicao usada por Contrera e Moro

    (2008: 1-12) referente mega dos eventos designada como uma soluo

    publicitria que seduz o pblico concentrao massiva em um mesmo espao. A

    estrutura e a intensidade das festas e celebraes foram modificadas na

    Modernidade, dentro do contexto da cultura de massa e da esttica por ela imposta.

    Uma nova percepo de mundo consolidou-se no sculo XX por uma

    proposta repleta de urgncias cotidiana. O homem contemporneo recebe

  • 41

    estimulaes nervosas e mergulha numa profuso de imagens e textos,

    hiperestmulo da nova dinmica da vida humana urbana, permeada pela velocidade

    associada multiplicao desenfreada dos contatos mediatizados (Contera & Moro,

    2008: 2).

    Na verdade, h uma interferncia da atividade turstica nas festas, que se d

    quando transforma o brincante em atrativo turstico, produto turstico, ou seja, como

    mercadoria. Com isso, alguns rituais comeam a desaparecer, alm de outros

    estarem prestes a acabar e os que ainda esto sendo alterados, devido a relao

    dos brincantes da festa com o pblico. So justamente nesses momentos que ela

    comea a atrair mais pessoas para assistir seus ritos (Figueiredo, 1999).

    Um exemplo representativo no Brasil o Carnaval do Rio de Janeiro, por

    meio do Desfile das Escolas de Samba cariocas que se tornou de fama internacional

    h anos, dando grande visibilidade ao pas, que ser o evento de padro de

    excelncia deste estudo.

    uma das capitais que mais recebe eventos em todo o mundo, tanto de

    pequeno quanto de megaeventos, eles podem ser de ordem poltica, acadmica,

    esportiva, artstica, entre tantas outras. Alm da oportunidade de confraternizao,

    esses eventos representam importante fonte de divisas e de negcios. Nos ltimos

    tempos tambm tm sido utilizados para consolidar polticas pblicas de segurana,

    como vemos nas coberturas jornalsticas dos jornais impressos entre os ltimos

    meses de 2009 e os primeiros de 2010 (Barbosa, 2011).

    O Rio de Janeiro representado em todo o mundo por uma srie de

    caractersticas da ordem do belo e, ao mesmo tempo, por uma variedade de

    questes ligadas violncia. Reconhecida como uma cidade de festas e com um

    povo sorridente, comumente associado a eventos como o Rveillon e o Carnaval.

    Atualmente, esses so dois momentos da cidade em que ela reencontra sua

    autoestima, to em baixa no resto do ano devido aos problemas de misria,

    violncia urbana, habitao, trnsito. Nesses dois perodos, a metrpole recebe

    milhares de visitantes e se alegra com isso.

    Atravs de uma perspectiva cultural, o desfile festivo foi o centro articulador

    da formao das escolas de samba no Rio de Janeiro. As escolas surgem na

    dcada de 1920, e no incio dos anos 30, o desfile as agregava numa competio

    em cujo contexto era definir uma forma artstica prpria. Durante o sculo XX, o

    desfile propiciou cidade um canal de expresso e mediao de processos

  • 42

    sociolgicos importantes tais como a expanso da cidade rumo aos subrbios e

    periferia, a expanso das camadas mdias e populares e sua interao, a

    importncia crescente do jogo do bicho nas camadas populares (Cavalcanti, 2002).

    Sob a perspectiva organizacional, pelo ngulo das relaes estabelecidas

    entre o rito e a cidade, a competio carnavalesca gerou, com o correr dos anos, um

    sistema ritual apto a incorporar novas escolas (surgidas em diferentes bairros da

    cidade e seus arredores) e a eliminar escolas antigas (que, ou combinaram-se

    formando novas, ou simplesmente desapareceram) (Cavalcanti, 2002).

    Segundo Da Matta (1997), a escola de samba uma organizao coletiva

    mas que permite o destaque, essa forma extrema de individualismo. Nesse mundo

    carnavalesco, a fantasia, segundo Costa (2001, p.206) mais que o disfarce que

    esconde, o ato que revela a vastido do imaginrio, usando o material mais vulgar,

    mais inesperado, e transformando-o em objetos de comovente beleza. Para o autor,

    a fantasia como fazer resplandecer de uma sucata o brilho inesperado de uma joia

    rara, destacando alguns elementos que se transformam em coisas imaginveis,

    como por exemplo, as rolhas de garrafa, tampinhas, bacias, latas vazias, serragem,

    sacos plsticos, caixas de sapatos.

    O autor descreve ainda que o barraco, o lugar onde o carnaval das

    escolas de samba toma forma, na verdade no s uma forma, mas o perfil do

    prprio carnaval. Para Costa (2001), todas as informaes ancestrais grande caldo

    cultural que anima a arte popular do pas, so juntadas no barraco.

    O primeiro concurso oficial das escolas de samba aconteceu em 1935, e a

    Portela, antigamente denominada Vai como Pode, venceu com o enredo O samba

    dominando o mundo (Costa, 2001).

    Costa (2001) discorre sobre o trajeto das escolas de samba. Esse trajeto foi

    criado nas senzalas, entre lembranas de uma terra distante, do sofrimento e

    humilhao dos impostos na travessia no desejada, na impiedade dos leiles, e na

    saga que comeava a ser vivida naquela poca. Tudo isso teria que ter sido contado

    depois na forma de canto e dana. Sua existncia sintetiza o resultado de todas as

    manifestaes que foram-se somando ao longo dos anos, com a organizao social

    e artstica.

    A escola de samba nasceu nos arredores do morro de So Carlos, no largo

    do Estcio de S, no final da dcada de 1920. Costa (2001) relata que era ponto de

    encontro de compositores, bons malandros, bambas que no levavam desaforo para

  • 43

    casa, e l batiam o ponto (expresso da poca) e curtiam suas noites bomias. Um

    sujeito importante dessa poca, foi Ismael Silva, declarando em diversas entrevistas

    que tinha sido o criador da expresso escola de samba, sempre afirmando que

    Quem inventou a expresso escola de samba fui eu, explicando que dali saem os

    professores, os professores do samba.

    O surgimento das escolas de samba passou a ser o grande diferencial do

    carnaval carioca. Foram elaborados conceitos e mudanas, e a viso esttica

    desenvolveu-se seguindo padres onde diversos valores esto envolvidos.

    Do ponto de vista musical, instrumental, coreogrfico e plstico, a escola de

    samba, ao longo do tempo, se separou das noites bomias vividas por Ismael e

    outros, como j mencionado anteriormente, e foi passando por significativas

    transformaes.

    O desfile o grande polo de atrao do carnaval carioca, afirma Santos

    (2001), tanto para o bem quanto para o mal, diz o autor. Eleito a condio de melhor

    espetculo da Terra, mobiliza os meios de comunicao do Brasil e do exterior,

    segundo o autor, proporcionando investimentos financeiros, projeta os artistas e

    modelos que esto iniciando a sua carreira profissional, socialites e polticos

    carentes. Com a decadncia das chamadas grandes sociedades na dcada de

    1950, o evento comeou a ser consolidado, herdou a importncia das alegorias de

    impacto e dos carros alegricos crticos da poca.

    Do ponto de vista artstico, a forma do desfile completou-se na dcada de

    1950. Data de ento a definio do perfil atual e caracterstico cuja base a escolha

    anual de um tema, logo desenvolvido como enredo. A transformao do enredo

    nas linguagens plstica e visual das fantasias e alegorias, e rtmico-musical do

    samba-enredo, comanda a confeco do desfile. Conforme o ano caminha, esse

    processo rene cada vez mais gente, alcanando a plenitude no rito, uma

    celebrao de toda a cidade na qual o crculo social de cada escola alcana o seu

    mximo.

    Com a primeira transmisso pela TV Continental em 1960, iniciou-se um

    novo ciclo, rompendo com alguns aspectos da formulao vigente no perodo. Nesta

    poca, a escola Salgueiro, revolucionou a esttica da escola, segundo Costa (2001),

    modificou a cara do desfiles, ousando um novo tipo de enredo, adotando como

    carnavalescos Marie-Louise e Dirceu Nery, Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues

    e Newton S, grandes nomes do carnaval.

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    Segundo a histria contada por Costa (2001), depois do golpe militar de

    1964 e com o fechamento dos partidos polticos, no Rio de Janeiro, o futebol e a

    escola de samba passaram a ser as vlvulas de escape que restaram para exploso

    do sentimento popular. A classe mdia que na poca era arredia e no iam as

    quadras e nem desfilavam, passaram a incluir os ensaios nos seus programas de

    lazer do fim de semana.

    Ainda segundo a histria contada por Costa (2001), em 1984 foi inaugurada

    a passarela do samba, ou sambdromo, mais conhecido popularmente. Era ideia

    antiga de um dos fundadores da escola de samba Imperatriz Leopoldinense,

    chamado Amaury Jrio, persistente trabalhador pela causa do samba e das escolas

    de samba do Rio de Janeiro, mas no viveu para ver seu sonho tornado realidade.

    Darcy Ribeiro reuniu os traos do arquiteto Oscar Niemeyer e a deciso do ento

    governador da poca Leonel Brizola e concretizaram o sambdromo. Para o autor,

    no despontar do sculo XXI, as escolas de samba do uma resposta e uma

    demonstrao de que o destino pode ser modificado, assim como aconteceu com o

    desfile e a cidade do Rio de Janeiro.

    Atualmente, a festa abarca duas divises, totalizando cerca de vinte e nove

    escolas de samba, que integram a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio

    de Janeiro (LIESA) fundada em 24 de julho de 1984 e a Liga das Escolas de Samba

    do Rio de Janeiro (LIERJ) fundada aps o carnaval de 2012.

    A primeira liga, do grupo especial, abrange doze escolas (ver quadro 02)

    desfilam na passarela do samba nas noites de domingo e segunda-feira. O outro

    grupo, denominado grupo Srie A (que so os antigos grupos de acesso A e B)

    desfilam nas noites de sexta e sbado, antecedendo o desfile do grupo especial e,