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1 CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HABILITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL RELAÇÕES PÚBLICAS HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA ANÁLISE DA AMOROSIDADE NA COMUNICAÇÃO, RELACIONADA AO BOI-BUMBÁ PREFERIDO NO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS-AMAZÔNIA Caxias do Sul 2016

ANÁLISE DA AMOROSIDADE NA COMUNICAÇÃO, RELACIONADA … · O Festival Folclórico de Parintins, cidade localizada no estado do Amazonas, nos seus três dias de muita festa, recebe

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HABILITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – RELAÇÕES PÚBLICAS

HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA

ANÁLISE DA AMOROSIDADE NA COMUNICAÇÃO, RELACIONADA AO BOI-BUMBÁ PREFERIDO NO FESTIVAL

FOLCLÓRICO DE PARINTINS-AMAZÔNIA

Caxias do Sul 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA

Monografia de conclusão de Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito para a obtenção do título de Bacharel. Orientador(a): Prof. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista

Caxias do Sul 2016

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HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA

ANÁLISE DA AMOROSIDADE NA COMUNICAÇÃO, RELACIONADA AO BOI BUMBA PREFERIDO O FESTIVAL

FOLCLÓRICO DE PARINTINS-AMAZÔNIA

Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Aprovado em ____ /____ /____

Banca Examinadora

_______________________________ Prof. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista Universidade de Caxias do Sul – UCS _______________________________ Prof. Ms. Fiorenza Zandonade Carnielli Universidade de Caxias do Sul – UCS _______________________________ Prof. Dra. Ramone Mincato Universidade de Caxias do Sul – UCS

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A todas as pessoas que investem na aproximação com novas culturas, por busca de conhecimento e novas experiências. A todos que respeitam o meio ambiente.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades e

caminhos abertos para mim. Sem fé, não chegaria a lugar algum, não teria sonhos

para que pudessem ser almejados.

A minha família, meu pai Valcir Sottoriva, minha mãe Elizete Maria Schiochet

Sottoriva e minha tia Ana Maria Schiochet, que desde o começo, incentivaram-me

na minha carreira e nos meus sonhos. Agradeço principalmente a eles, por poderem

me proporcionar a viagem a Manaus, e acima de tudo, conhecer Parintins, que tanto

amo. Sem ajuda deles, disso, nada poderia ser realizado.

Agradeço à minha orientadora, Prof. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista, por

ser uma luz dentro da minha orientação, por poder dividir com ela o sentimento

amazônico, pelo qual, os dois são apaixonados. Agradeço por todas as palavras de

incentivo e ânimo dadas a mim, por me impulsionar, e, acima de tudo, agradeço por

acreditar em mim.

Por grandes experiências vivenciadas juntos, agradeço à Chiara e ao

Giusepe, filhos da professora. Sem a amizade deles, a cidade de Manaus não seria

igual, pudemos dividir nossas alegrias e até tristezas, em quinze dias que foram uma

aventura pela grande capital do Amazonas. Continuando até hoje esta amizade e

assim planejando futuras viagens juntos.

Agradeço pelas minhas amizades conquistadas em Manaus e Parintins.

Foram peças fundamentais dentro da elaboração e desenvolvimento desta

monografia. Por todo apoio e ajuda na cidade desconhecida para mim.

Agradeço a toda comunidade Parintinense e moradores da capital, que se

disponibilizaram a serem entrevistados por mim. Agradeço por serem meu incentivo,

e pelo compromisso com o povo, de poder mostrar a honra e poder transmitir o

sentimento a mim demonstrado.

A todas as pessoas que estão comigo, agradeço desde o primeiro semestre

da faculdade, por podermos dividir nossas alegrias e nossas tristezas dentro da

Universidade.

Aos meus amigos, agradeço por todo apoio dado, pelas palavras de incentivo,

por me aguentarem falar tanto da monografia e da cidade de Parintins.

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“Muito além desse verde encontre o lugar

Sua razão para existir, sua razão para cuidar

Muito além desse verde a mente vai evoluir

Descubra a Amazônia que vive em ti”

Moisés Amazonas, Lucas Amazonas, Rener Amazonas e Jorge Koide

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RESUMO

A presente monografia, intitulada “Análise da amorosidade na comunicação, relacionada ao Boi-Bumbá preferido no Festival Folclórico de Parintins-Amazônia” busca compreender como a amorosidade, ligada à profissão de Relações Públicas, pode contribuir ao bom andamento de uma organização ou de um evento. Em termos de referencial teórico, nesta monografia foram trabalhados textos de autores como Maria Luiza Cardinale Baptista, Luis Alberto Farias, Margarida Kunsch, Wilson Nogueira. A metodologia aplicada é qualitativa com cunho exploratório. A estratégia metodológica utilizada foi a cartografia dos saberes, correspondendo aos diversos aspectos envolvidos na produção investigativa, começando por saberes pessoais, passando para os saberes teóricos e finalizando com a viagem para a realização de entrevistas com brincantes. Em termos de resultados, a pesquisa aponta para a complexidade de fatores envolvidos na produção do evento, bem como inerentes à dimensão cultural e afetiva do vínculo dos brincantes e o Festival. A amorosidade, como ética da relação, e a força do vínculo dos sujeitos envolvidos chama a atenção e são componentes a serem considerados na reflexão e no trabalho profissional de Relações Públicas.

Palavras-chaves: Amorosidade. Relações Públicas. Festival Folclórico de Parintins.

Boi-Bumbá.

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ABSTRACT

This monograph entitled "Loveliness analysis in communication related to the Boi Bumba preferred in Parintins Festival-Amazon" seeks to understand how the loveliness, linked to the profession of Public Relations can contribute to the smooth running of an organization or a event. In terms of theoretical framework, this monograph were worked texts by authors such as Maria Luiza Cardinale Baptista, Luis Alberto Farias, Margarida Kunsch, Wilson Nogueira. The methodology used is qualitative with exploratory nature. The methodological strategy used was the mapping of knowledge, corresponding to the various aspects involved in the research production, starting with personal knowledge, passing the theoretical knowledge and ending with the trip to conduct interviews with revelers. In terms of results, the research points to the complexity of factors involved in the production of the event, as well as inherent to the cultural and emotional dimension of the relationship of the players and the Festival. The loveliness, such as ethics of the relationship and the bond strength of the subjects involved draws attention and are components to consider in reflection and professional work of Public Relations. Keywords: Loveliness. Public Relations. Parintins Festival. Boi Bumba.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Foto durante a apresentação do Boi Caprichoso em 2012 ....................... 14

Figura 2: Mapa da localização da Floresta Amazônica ............................................ 37

Figura 3: Mapa do estado do Amazonas, onde vemos a cidade de Parintins .......... 39

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LISTA DE FOTOS

Foto 1: Curral do Caprichoso ................................................................................... 25

Foto 2: Curral do Garantido ...................................................................................... 25

Foto 3: Foto aérea da Catedral de Nossa Senhora do Carmo – Parintins-AM ......... 42

Foto 4: Pôr do Sol à beira do Rio Amazonas ........................................................... 43

Foto 5: Foto aérea do Bumbódromo ........................................................................ 48

Foto 6: Marujada (Caprichoso) ................................................................................. 51

Foto 7: Porta-Estandarte do Boi Garantido .............................................................. 52

Foto 8: Sinhazinha da Fazenda do Boi Garantido .................................................... 53

Foto 9: Rainha do Folclore do Boi Caprichoso ......................................................... 54

Foto 10: Cunhã-Poranga do Caprichoso .................................................................. 55

Foto 11: Pajé do Boi Garantido ................................................................................ 56

Foto 12: Item “Galera” do Garantido ........................................................................ 57

Foto 13: Itens do Boi Caprichoso na apresentação de 2015 .................................... 58

Foto 14: Boi Caprichoso ........................................................................................... 59

Foto 15: Boi Garantido ............................................................................................. 62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Faixa Etária .............................................................................................. 65

Tabela 2: Gênero ..................................................................................................... 65

Tabela 3: Localidade ................................................................................................ 66

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Questão 4 .................................................................................................... 66

Quadro 2: Questão 5 .................................................................................................... 70

Quadro 3: Questão 6 .................................................................................................... 74

Quadro 4: Questão 7 .................................................................................................... 78

Quadro 5: Questão 8 .................................................................................................... 83

Quadro 6: Questão 9 .................................................................................................... 87

Quadro 7: Questão 10 .................................................................................................. 91

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA ........................................................................ 17

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 18

2.1 DIÁRIO DE VIAGEM ........................................................................................... 21

3 RELAÇÕES PÚBLICAS ........................................................................................ 28

3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................................................. 28

3.2 DEFINIÇÕES ...................................................................................................... 30

4 AMOROSIDADE .................................................................................................... 34

5 GEOGRAFIA .......................................................................................................... 37

5.1 AMAZÔNIA .......................................................................................................... 38

5.2 AMAZONAS ........................................................................................................ 40

5.3 PARINTINS ......................................................................................................... 41

6 FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS ........................................................... 45

6.1 HISTÓRIA DO BOI-BUMBÁ ................................................................................ 45

6.2 HISTÓRIA DO FESTIVAL ................................................................................... 47

6.3 HISTÓRIA DO BOI GARANTIDO ........................................................................ 60

6.4 HISTÓRIA DO BOI CAPRICHOSO ..................................................................... 63

7 PESQUISAS .......................................................................................................... 66

8 ENTREVISTA SUZAN MONTEVERDE ............................................................... 100

9 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 105

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 111

ANEXO - MONOGRAFIA I...................................................................................... 114

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1 INTRODUÇÃO

A presente monografia aborda as relações subjetivas no Festival Folclórico de

Parintins, na Amazônia, considerando aspectos como a amorosidade e a

comunicação, no estabelecimento dos vínculos com os Bois-Bumbás.

O Festival Folclórico de Parintins, cidade localizada no estado do Amazonas,

nos seus três dias de muita festa, recebe mais de 50 mil turistas, procurando

desbravar novas culturas e conhecer a magnitude do evento. Nas noites do evento,

cada Boi tem duas horas e meia para fazer sua apresentação, com temas

delimitados por eles mesmos. São feitas alegorias para mostrar lendas e contos

amazônicos. (NOGUEIRA, 2014, p.30).

Como informa o Governo do Amazonas (AMAZONAS, 2016a), no 49º Festival

foram investidos na cidade e no evento, mais de 15 milhões de reais. Foram

destinados 2 milhões para melhorias da cidade, 1,5 milhões gastos com os visitantes

para sua boa recepção e 12 milhões foram gastos como patrocínio para os Bois-

Bumbás. O evento acontece em um local destinado a tais apresentações,

denominado Bumbódromo, e tem capacidade para 15 mil pessoas. (NOGUEIRA,

2014. p. 30)

Figura 1: Foto durante a apresentação do Boi Caprichoso em 2012 Fonte: Amazonasemdestaque, 2016.

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Todos nós, temos algo que nos move, que nos faz torcer ou acreditar,

simplificando: fé, em algo que, pode ser religião, uma figura típica e/ou outras

cresças. A “galera” como são intitulados, os torcedores dos Bois, refletem muito isso

na grande fé, na crença, que eles têm por essa figura regional, que tal evento

movimenta a cidade em grandes e autênticas características. Dentre elas, estão as

cores. Exemplo disso é a cor vermelha, que tem como símbolo o coração, do Boi

Garantido, e a azul, que tem a estrela, pertence ao Boi Caprichoso.

Durante os dias de festa, sexta-feira, sábado e domingo, sendo o último final

de semana do mês de junho, às noites, como é delimitado, a “galera”, é um item

avaliado, contando pontos ao Boi. Com placas, chocalhos, pompons, chapéus e até

alegorias, a torcida faz a festa e ao mesmo tempo ajuda seu Boi. Desse modo,

ocorre maior incentivo, por parte dos organizadores, aos torcedores, por assim,

agregarem maior sensibilidade ao seu Boi.

Com forte representatividade local, os sujeitos tornam os itens, sendo eles

estrela, coração, Boi e suas cores respectivamente, elementos essenciais na vida

deles, considerando tais para tudo. Casas são pintadas das cores do seu Boi,

roupas, artigos de decoração, nada pode possuir a cor do Boi contrário, assim

denominado o rival.

Com base nisso, foi feita uma trama decorrente por meio de sujeitos viventes

no local, que tem como característica de vida, um dos Bois-Bumbás. Através do

método qualitativo, pode-se dar sequência à aplicação de entrevistas, a qual

contatara grande parte deste projeto em questão. Foi realizado a Cartografia dos

Saberes, tendo como presencial, as visitas e estudos.

De tal importância, o projeto aplica conhecimentos de Relações Públicas,

sobre a construção da amorosidade das pessoas com o seu Boi e o porquê elas se

interligam, para poder compreender como surge a preferência pelo seu Boi-Bumbá

preferido, assim desafiando o profissional a compreender melhor seu público,

entender o porquê da preferência e exaltação de destinada figura.

O profissional de Relações Públicas ganhou grande visão ao longo dos

últimos anos, através do reconhecimento da população, como uma área de grande

abrangência e de grande impacto na sociedade. A boa análise do público faz uma

boa prática e ramo a seguir dentro de uma organização, sabendo definir alvo e

estratégias.

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Entender o sujeito individualizado, tornou-se outra grande prática das RPs, e

assim, conquistar cada indivíduo com suas diferentes características. No decorrer

diário, aprendemos coisas que nos dão suporte para a vida, pode ser o senso

comum ou o conhecimento científico.

Cultivar e fomentar a cultura são de grande importância para tal Festival

manter-se e, assim, disseminar seu nome e conquistar olhares de outros

investidores e turistas. Estudar e analisar casos, como o que será, tende a aumentar

e não deixar que a cultura tradicionalista daquele povo se acabe.

Como forma de tática dos Bois-Bumbás, a cultura popular é muito

disseminada, pois Parintins tem isso forte e enraizado em cada cidadão. Assim,

devemos fomentar as populações, para que essa tradição passe de pai para filho, e

assim, continue gerando investimento e, acima de tudo, despertando o sentimento

amazônico dentro de cada pessoa. É fundamental para a existência e a

permanência de tradições existentes há mais de 50 anos.

Aos meados de 2001, circularam diversos e-mails, fazendo alusão que a

Amazônia, não seria mais da nação verde e amarela e sim dos Estados Unidos. Mas

isso apenas foi despertado e assim, os monitoramentos tiveram grande aumento,

sendo instaladas câmeras de vigilância pela Amazônia. Destaco nesta parte, por

fazer parte de um povo que ama sua cultura, seu país e suas atrações, que a nossa

floresta amazônica deve ser preservada, sendo assim, um dos grandes objetivos do

Festival Folclórico de Parintins é a defesa da nossa Amazônia e pela área verde de

preservação.

Acredito que esta monografia é de significativo impacto para a comunidade

científica e para estudantes, por assim apresentar um estudo de como o amor e a

comunicação, que cada sujeito tem, interferem em qual Boi a pessoa torce, e assim

ver como desperta tal amorosidade. Destaco a importância do estudo, para assim,

os Bois se posicionarem melhor perante seu público em geral.

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1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA

Certa vez, escutei uma frase que dizia: “As belezas criadas por Deus nos

transmitem paz”. Não me lembro exatamente quem disse. Sou um grande viajador e

conhecedor de lugares pelo mundo, e o local que mais me deixou em paz de espírito

foram as Cataratas de Foz do Iguaçu. Sensação que não consigo descrever, apenas

sentir, sentir Deus e paz de espírito, pela obra criada por Ele.

Foi a partir de poder conhecer essa beleza, que meu sentimento por belezas

criadas por Deus despertou. Assim, comecei uma busca de viagens a lugares com

paisagens naturais, como ocorreu com a viagem a Porto Seguro, em 2014. Trata-se

de outra grande Maravilha, com as praias paradisíacas e suas águas limpas e

claras. Gostei muito de poder mergulhar e conhecer animais que nunca tinha visto.

Minha busca por lugares é sempre crescente e curiosa. Há poucos meses, o

sentimento folclórico e sustentável surgiu dentro de mim como uma inquietação,

gerando o desejo de conhecer a nossa Amazônia. Mas por quê? Na verdade, esse

desejo vem sendo construído há bastante tempo. Sempre fui apaixonado por cultura

e turismo. Há alguns anos, descobri que a Rede Bandeirantes transmitia, ao vivo, o

Festival Folclórico de Parintins. Assisti à transmissão, todos os anos, até 2012, até

que a emissora passou a não transmitir mais. Aí o sentimento amazônico começou e

não parou de crescer.

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2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Destaco primeiramente os objetivos deste trabalho, destacando o objetivo

geral, sendo ele: “Verificar caminhos que os sujeitos fazem ligação por seu Boi

Bumbá preferido, com estudo da comunicação e a amorosidade presente em cada

individuo”. Os objetivos específicos propostos são “Analisar cada Boi Bumbá e seus

brincantes; Discutir os meios que aproximam os sujeitos ao boi; Verificar os motivos

dos vínculos de amorosidade com o boi preferido”

Serão apresentadas, neste capítulo, as formas e métodos utilizados na

realização desta pesquisa. O método utilizado, para a construção deste estudo,

envolve uma pesquisa qualitativa, a qual não é delimitada, sem definição estatística

e, sim, aprofundada no sentido não perceptivo no ser humano.

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se opõem ao pressuposto de que defendem um modelo único de pesquisa para todas as ciências, baseado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes pesquisadores se recusam legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais. Afirmam que as ciências sociais têm sua especificidade, que pressupõe uma metodologia própria. (GOLDENBERG, 2004. p.16-17)

Com tal aplicação, é de grande interesse aplicar essa perspectiva ao Festival

Folclórico de Parintins. Desse modo, é possível uma aproximação com as pessoas,

através do que está no interior, bem como compartilhar histórias vividas. Nesse

sentido, Christiane Kleinubing Godoi, Rodrigo Bandeira-de-Mello e Anielson Barbosa

da Silva (2006, p.96) sustentam, com base em Cassel e Symon (1994), que “Os

pesquisadores, geralmente tendem a construir um relacionamento social com os

membros da organização e, consequentemente, recebem mais insights na sua

compreensão coletiva por compartilhar a experiência ativamente.”

Assim, destaco que este modo de pesquisa faz a compreensão dos

fenômenos, através de dados relatados. Seu aprofundamento é percebido com a

compreensão de certo grupo social, os amantes de Boi-Bumbá e os moradores de

Parintins.

Com a pesquisa exploratória, é que permitimos um elo entre o pesquisador e

seu tema escolhido. Seria o primeiro passo para se conhecer a situação. Sua

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finalidade é definida para criar, alterar e esclarecer ideias e conceitos para a

construção de problemas, para, consequentemente, surgir hipóteses e seguir com

estudos. Para GIL (2002).

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Essas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que essas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intenções. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (GIL, 2002, p. 41).

Em termos operacionais, a estratégia metodológica foi a Cartografia dos

Saberes, a qual, como Maria Luiza Baptista (2014, p. 350) diz que “Trata-se de uma

viagem investigativa em que o pesquisador se reinventa, se re-nova, se re-faz.” Ela

divide em trilhas de pensamentos e aprendizados em que o pesquisador consegue

se organizar e produzir melhor seu conteúdo.

A trilha realizada, primeiramente, é a dos saberes pessoais, que como

Baptista (2014, p. 350). “Quem escolheu um assunto para pesquisar é porque ‘sabe

algo’ sobre isso – mesmo que intuitivamente”, foi com base nisso que escolhi o meu

tema, pois há mais de nove anos assistindo ao Festival, pude construir muitos

conceitos e adquirir muitas informações sobre as apresentações dos Bois, conhecer

a cidade, pois a rede nacional Bandeirantes transmitia, então eram realizadas

matérias televisivas na cidade de Parintins e do Festival, sobre a população, e em

modo geral tudo que se relacionava com o evento de folclore.

A segunda trilha proposta por Baptista (2014, 351), é de buscar material

teórico sobre o assunto. Deve-se buscar autores que tratam do assunto em geral.

Assim, com base em livros e artigos científicos, a pesquisa bibliográfica é

desenvolvida. Para elaborar uma pesquisa, necessita-se de tempo e organização,

para um bom planejamento da pesquisa. Além de livros que abordam o assunto

estudado, foram pesquisados materiais visuais, tais como matérias em jornais locais,

redes sociais, sites oficiais, assim facilitando maior comparação dos Bois-Bumbás.

A terceira e última parte da Cartografia dos Saberes, é o laboratório de

pesquisa, Baptista (2014, p.351) explica que “[...] envolve a criação de situações

para que o pesquisador viva a pesquisa”. Essa vivência pode ser realizada através

da viagem até a Manaus e Parintins, onde foram vivenciadas diversas situações

para relatar neste trabalho.

Através de coleta de dados, com entrevistas presenciais, observações do

posicionamento dos torcedores dos Bois-Bumbás. Isso só foi possível com uma

viagem a Manaus e a Parintins, e assim conhecer e aprofundar o conhecimento

sobre os aspectos específicos desta pesquisa.

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A viagem é a parte que mais destaco como aprendizado, pois vivenciar essa

experiência foi incrível. Todo conhecimento lá adquirido está aqui transcrito, através

do relato do encontro com pessoas, das entrevistas realizadas, de livros trazidos do

Amazonas e outros aspectos lá compreendidos, no cotidiano, em meio a situações

informais.

Com conhecimento prévio da existência de apenas um livro na Biblioteca da

Universidade de Caxias do Sul, senti a necessidade de consultar em mais materiais

no projeto deste trabalho. Então, busquei trazer uma quantidade significativa de

material sobre o Festival e Boi-Bumbá.

Como forma de aplicação, foi realizada uma entrevista presencial, com trinta

pessoas; entre elas, moradores de Manaus e de Parintins, que possuem amor ao

Boi Caprichoso e ao Boi Garantido. Tal pesquisa foi possível através da conexão

Caxinaus, realizada pela professora orientadora, a qual conhece e ministra aulas

para alunos da Universidade Federal do Amazonas-AFUN. Com a ida até Manaus,

foi possível vivenciar a realidade na situação vigente e poder assim, aprofundar

ainda mais minha análise científica.

Acima de todos os conceitos de artigos e livros, há o amor que eu sinto pela

Amazônia e pelo Festival. Isso me motivou muito para a realização desta pesquisa.

Como forma de inspiração, durante a escrita, eram escutadas as músicas dos dois

Bois, através dos DVDs de antigas apresentações. Essa forma fez com que a

produção rendesse cada dia mais.

2.1 DIÁRIO DE VIAGEM

Esta parte, é de grande importância para o desenrolar da pesquisa, pois aqui

será contado um diário de viagem, realizado durante a viagem a Manaus, no qual

estão relatadas todas as experiências vividas em quinze dias.

Criar e manter amizades é uma ação natural dos seres humanos, assim como

promover elos e comunicar-se com os mesmos. O desenrolar dessa história começa

no ano de 2015, quando minha orientadora, a professora Malu, é escolhida para

passarmos o semestre juntos. Nunca imaginei que durante encontros semanais eu

encontraria uma amiga. Assim que decidimos escolher o tema do assunto sobre o

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Festival Folclórico de Parintins, ela comentou que realizava viagens seguidas à

cidade de Manaus, pelo seu trabalho dentro da UFAM (Universidade Federal do

Amazonas), e claro, meu sonho estava tomando forma dentro de meus

pensamentos e, cada vez mais, meu imaginário aumentava.

No mês de novembro a professora me faz a seguinte pergunta “Você não

quer ir pra Manaus comigo em janeiro?”. Eu estava louco para dizer que sim,

quando cheguei em casa, conversei com meus pais e eles disseram que sim. Eles

sempre souberam que sou apaixonado pela Amazônia, então, sabiam que estariam

me presenteando com a realização de um sonho.

No dia 9 de janeiro era o dia do embarque, eu estava muito ansioso, não

dormi a noite toda. Saímos de Antônio Prado, a família toda foi, meu pai, minha mãe

e minha tia, eu podia sentir a felicidade que meus pais estavam sentindo,

misturando-se àquele sentimento de deixar o filho viajar sozinho. Aguardei a

professora e seus filhos chegarem, entramos no embarque e aí se iniciava a

formação de novas amizades.

Saímos de Porto Alegre e fomos a Brasília, esperar o tempo passar, e assim,

embarcarmos a Manaus. Estava perto do meio-dia quando começamos a sobrevoar

o cenário mais belo do mundo, a nossa Floresta Amazônica. Lembro-me de meus

olhos encherem de lágrimas, e olhar para a professora e ela me dizer “é lindo”, eu

estava sem reação, meu sentimento tomou conta, eu queria sentir a energia da

floresta. Assim que o avião pousou, um sentimento de medo e coragem se

misturaram, estava no desconhecido e queria desbravar. Ao sair do aeroporto

enfrentamos um calor de 30ºC.

Como já citei, a ação natural de fazer amigos, de ligações não é em vão. Em

uma sexta-feira, fui até Caxias do Sul para fazer uma conexão com o pessoal de

Manaus através da conexão Caxinaus. Conheci diversas pessoas e avisei que iria

para Manaus, assim, Adriano Rodrigues, Rafael Lopes e eu combinamos de darmos

uma volta no dia da chegada. Pude fazer um tour por Manaus inteira, conhecer o

Teatro Amazonas, o Porto Fluvial, mercado municipal.

Enfrentar as diferenças culturais faz com que hábitos sejam mudados. Eu sou

uma pessoa extremamente amante de churrasco. Ao chegar ao restaurante havia

poucas diversidades de carne de gado, e havia três variedades de peixe, então

provei esses sabores, claro, me apaixonei pelos peixes e seus temperos.

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Segunda pela manhã, combinamos de ir até a UFAM com a professora.

Iniciamos o percurso e, de repente, começamos entrar floresta a dentro, descobri

que a Universidade era dentro da Floresta Amazônica. Chegando lá, conheci Suzan

Monteverde, a qual me ajudou muito com minha pesquisa. A professora estava

trabalhando então eu, a Susan e os dois filhos da Malu, Giuseppe e Chiara, fomos

explorar a UFAM, na esperança de achar algum animal. Susan comentou sobre o

INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que havia um ônibus que

levava lá, então nos três exploradores fomos, mas houve um pequeno detalhe,

pegamos o ônibus errado, tivemos que andar muitas quadras até chegar ao Instituto.

Chegamos cansados e, para nossa surpresa, o INPA estava fechado.

O aplicativo Google Maps era um dos melhores meios de entender as ruas e

os ônibus. À tarde, fomos até a Arena da Amazônia, estádio construído para a Copa

do Mundo, e para nossa surpresa, a arena estava fechada por tempo ilimitado, então

fomos até um shopping.

Numa tarde, fomos conhecer o INPA, novamente nos aventuramos pelos

ônibus da cidade grande. Conhecemos todo o museu, com os peixes bois, animais e

claro, respirar a floresta andando e desbravando locais novos. Acabamos a visita,

fomos ao centro, andamos muito, fomos conhecer o Palácio do Rio Negro, onde no

local se localiza um grande parque para caminhar, andar de bicicleta e, claro, tomar

um suco de Taperebá, uma fruta local. Descansamos e seguimos caminhando,

fomos até o porto da cidade, pois estava quase na hora do pôr-do-sol. Chegando

perto, fomos surpreendidos com uma beleza que não havíamos visto ainda, o

magnífico pôr-do-sol amazônico, ficamos encantados. Andamos por ruas centrais e

conhecemos Manaus pobre, com casas aglomeradas, população necessitada, antes

não vista. Na mesma noite, fomos com o Adriano e Rafael até a Ponta Negra, bairro

da alta sociedade Manaura. Fomos conhecer a praia, a qual é banhada pelo Rio

Negro, e claro, como exploradores inquietos, fomos colocar os pés na água. Aquela

sensação de você estar se molhando no rio, o qual você estudou nas aulas de

Geografia, é inacreditável.

No dia seguinte à visita ao Rio Negro, pegamos um ônibus e fomos ao

Shopping Ponta Negra, andamos por lá e começou a chover. Ficamos tristes, pois

queríamos ir tomar banho no Rio Negro. Após cinco minutos, a chuva parou e

novamente abriu o esplendoroso sol. Ao chegar lá, fomos recebidos com uma

imagem de pura Amazônia, pessoas se banhando no rio, com o sol e todos felizes.

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Perto das seis horas da tarde, começou o pôr-do-sol, fiquei admirando aquele

momento único, sentimento inexplicável, meu coração acelerava, meu olhos se

enchiam de lágrimas, realmente não acreditava que poderia ser real.

No segundo sábado, havíamos programado com a Susan, para irmos a um

ensaio dos Bois-Bumbás de Parintins, era informal, mas era o local certo para

entrevistar amantes de Boi, o ensaio foi no Clube Rio Negro. Ao som das toadas,

pessoas felizes, comecei a ver e imaginar a cidade e o Festival de Parintins.

Entrevistei as pessoas no local mesmo, comecei meio receoso, com ajuda da

Susan. O que não havia entendido é todos lá tinham algo para me contar e estavam

felizes, tinham sentimento em poder dividir histórias de Boi comigo.

Ao domingo de manhã, fomos a uma feira local, chamada Eduardo Ribeiro,

com diversos produtos locais à venda e à tarde fomos ao Rio Negro. Foi um

domingo diferente e, claro, encantado, poder apreciar aquela bela imagem, que mais

parecia uma pintura com movimento. No dia seguinte eu iria viajar para Paritnins,

então estava entusiasmado, terminei de fazer minhas malas, pois segunda iria pegar

um avião para Parintins. Estava com muita emoção.

Segunda-feira, acordei cedo, fui até o aeroporto e não era o mesmo que eu

havia chegado, mas pedi informações, foi então que descobri que havia dois

aeroportos, e, óbvio, eu estava no errado. Por sorte, o aeroporto certo estava ao

lado, cerca de um quilometro. Peguei minha mala e fui andando, pois eu estava

muito adiantado. Assim que despachei as malas, fui informado que o voo atrasaria

uma hora. Chegou às onze horas e trinta minutos, horário que iria decolar, e

novamente, o voo estava atrasado. Detalhe, era a primeira viagem que eu faria

sozinho. Às quatorze horas, recebi a notícia que me deixou em profunda tristeza, o

voo foi cancelado, então, chorei muito, pois não acreditava que isso estava

acontecendo.

Fui fazer o cadastro para ser levado até o hotel que a companhia aérea Azul

iria nos hospedar. Foi então uma grande surpresa, fui levado a um resort gigantesco.

Comecei a explorar o resort, então encontrei um zoológico, não acreditava no que

estava vendo, animais amazônicos tão perto. Fui conhecer as piscinas, e me deparei

com outro animal, a tartaruga da Amazônia, um animal gigante, e os hóspedes

podiam passar e tocar nelas. Fui acompanhar o pôr-do-sol, na beira da praia, era

surpreendido toda vez que o via.

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Pela manhã da terça, fui dar uma volta no minisshopping que havia dentro do

hotel. Logo que chegamos ao aeroporto, embarcamos no avião, começou aí a

realização de um grande sonho.

Há nove anos assisto ao Festival de Parintins pela TV ou pela internet e não

acreditava que estava prestes a conhecer a cidade que despertou em mim o

sentimento amazônico. Coloquei meus fones de ouvido, estava escutando as toadas

dos Bois, assim que o avião decolou, não consegui conter as lágrimas, chorei

durante vinte minutos consecutivos, olhava as curvas que os rios faziam em torno

das belas paisagens escondidas dentro da floresta. Fiquei a viagem toda olhando

pela janela as paisagens encantadoras. Assim que o avião pousou, o piloto falou a

seguinte frase. “desejamos a todos uma tarde azul e vermelha”, senti que estava no

local certo, era isso que eu queria.

Fiquei impressionado com o tamanho do aeroporto, é realmente pequeno, mal

eu sabia que Parintins é parecida com Antônio Prado. Toquei meu voo de volta a

Manaus, por o de outra empresa. Dentro do aeroporto, comecei a perceber a cidade

dividida, a qual haviam telefones públicos, um com o Boi Garantido e outro do

Caprichoso. Como havia falado, a Susan é muito importante, ela avisou os amigos

dela da cidade e então conversei com Simone Brandão, com a qual combinamos

dela me buscar no hotel para conhecermos a cidade e entrevistar as pessoas.

Simone, uma mulher com muita alegria em suas ações, assim começamos a

passear pela ilha. Fomos conhecer o “Curral” do Boi Caprichoso. O sorriso não saía

do meu rosto, entrar lá, parecia uma criança encantada com um presente. Tiramos

diversas fotos, e lá havia um grupo de dançarinos o qual consegui coletar diversas

informações. Após sairmos de lá, fomos até a cidade do Garantido, onde lá há o

“Curral”, o escritório e o pavilhão de alegorias. Poder ver e tocar o trabalho do povo

parintinense foi incrível, ver as alegorias gigantescas, que mal cabem em seus

pavilhões, ver os materias.

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Foto 1: Curral do Caprichoso Fonte: Simone Brandão

Foto 2: Curral do Garantido Fonte: Simone Brandão

No entardecer, fomos conhecer o Bumbódromo, local onde acontece o

Festival nas noites do último final de semana do mês de Junho. Ele estava todo

iluminado, com suas duas cores distintas. À noite, fomos comer em um bar

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conhecido de Simone. Foi lá onde provei umas das maiores delicias experimentadas

na viagem, peixe pirarucu frito ao molho branco com banana caramelizada.

No dia seguinte, comecei andar sem rumo pela cidade. Cheguei até o

Bumbódromo, onde fui informado que estava fechado por quinze dias. Virei as

costas e andei ao redor da grande arena, comecei a chorar, pois não pude entrar e

sentir a emoção. Porém, pude ver de longe as arquibancadas e imaginar toda galera

e o sentimento transmitido. Continuei caminhando, entrevistando e conhecendo

novas pessoas. Cheguei até a catedral da cidade, como católico, entrei, fiz meus

agradecimentos e meus pedidos. Ao meio dia, eu e Simone fomos almoçar à beira

do Rio Amazonas. Comemos peixe assado, apreciando a vista única.

Simone me levou até o aeroporto, porém, no caminho, me levou conhecer o

píer onde as embarcações chegam à cidade e também me levou até o interior de

Parintins. Não digo despedida, foi um até logo dado à Simone e à cidade, pois sei

que vou voltar à cidade que tenho uma grande ligação, chamada Parintins.

Já em Manaus, na quinta-feira, fui até o shopping fazer algumas compras de

produtos locais. À tarde, havia marcado uma entrevista com Susan, para o

desenvolvimento do meu trabalho.

No penúltimo dia, fomos até o centro de ônibus, para conhecermos o Teatro

Amazonas pelo seu interior, e assim poder respirar e conhecer parte da história do

nosso Brasil. Na nossa última tarde, não podíamos deixar de ir ao bairro Ponta

Negra. Fomos até lá, nessas alturas, pegar ônibus estava se tornando rotina. Tomar

banho no Rio Negro, pude recarregar de energias amazônicas, assim trazer tal para

o Sul, e transmitir pura energia à minha família. Quando já era noite, coloquei as

ùltimas roupas na mala e fomos ao aeroporto.

Embarcar e dar tchau àquela experiência a mim proporcionada, não foi fácil,

pois estava voltando com energia e sabendo que tudo aquilo, estava prestes a se

tornar o trabalho de conclusão do meu curso. Quando chegamos em Porto Alegre,

não podia esperar os sorrisos mais sinceros que existem, minha família estava lá,

sentindo orgulho, apenas por eles olharem, e verem que eu estava voltando do meu

sonho, e eles tiverem grande influências nisso.

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3 RELAÇÕES PÚBLICAS

Com um mundo mudando a cada segundo, os sujeitos contemporâneos

tendem a se adaptar constantemente às mudanças repentinas e diárias. Aqui, entra

um grande papel das Relações Públicas: fazer com que haja grande adaptação e

ligação entre os sujeitos e a organização, assim havendo fluxo de informação

constante. É impróprio considerar que as Relações Públicas devem ser pensadas

apenas como uma função empresarial, oriunda de um processo de racionalização

das estruturas corporativas ocorridas no século XX. Nesse âmbito, as Relações

Públicas diferenciam-se da propaganda.

Pensando historicamente, a atividade apareceu e se expandiu em resposta

aos pedidos populares, crises trabalhistas, disputas políticas e, finalmente, ao

criticismo intelectual e jornalístico para com a sua própria ação que surgira nos

Estados Unidos. (MOURA; FOSSATTI, 2011, p. 43)

3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

As Relações Públicas não são algo novo e com pouca influência. Há mais de

100 anos estão presentes na sociedade, fazendo a diferença na vida de muitas

pessoas e empresas. Com a busca de ideais e novas formas de democracia, muitos

operários vão à rua em busca de seus direitos, assim como vemos com o povo

brasileiro, lutando pela democracia do nosso país.

Não é de hoje, essa busca pelos direitos dos operários de empresas. No

início do século XX, a grande euforia por parte dos empregados aumentou, quando

os sindicatos dos trabalhadores começaram a se manifestar. Assim, tal movimento

tomou grande proporção, gerando grande receio, por parte das empresas, e

tornando a opinião pública mais vigente no meio.

Como nos relata Farias (2011, p. 22)

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Na época, o repórter Ivy Lee já demonstrava interesse sobre a política discriminatória que envolvia o mundo dos negócios e das grandes corporações e via potencial de trabalho na humanização das relações entre as empresas e o povo. Com George Parker, agente de imprensa, abre a Parker & Lee Associates, em 1906, para um “serviço de imprensa” [...]

Uma das grandes organizações que estavam com seus operários revoltados

era o Grupo Rockefeller, que sofria com ações horríveis. O grupo também estava

com sua imagem decaída, graças à morte de vinte grevistas de uma de suas

empresas. Assim, havia diversos problemas que poderiam se agravar. Por isso, o

empresário John Rockefeller decidiu contratar Ivy Lee para dar início as práticas de

Relações Públicas (FARIAS, 2011, p.23).

Dentre os pioneiros em Relações Públicas, alem de Ivy Lee, houve outros.

Entre eles pode ser citado, George Creel, o qual teve grande importância, fazendo

parte do poder público nos EUA, tentando convencer as pessoas para que seu país

entrasse na Primeira Grande Guerra Mundial. Outro grande nome, o qual trabalhou

com Creel, foi Edward Bernays, que teve grande influência na disseminação do

nome das Relações Públicas, com a publicação que é considerada por diversos, a

primeira obra da área, em 1923. Foi professor em Nova York, assumindo a disciplina

que se chamava Relações Públicas. Assim, diversas universidades introduziram o

curso de Relações Públicas em suas instituições, sendo a primeira, em 1947, na

cidade de Boston. (FARIAS, 2011, p. 24).

No Brasil, em 1914, a empresa São Paulo Tramway Light and Power Co.,

introduziu o departamento de Relações Públicas, dentre seus setores, sendo o

primeiro a ser considerado no país. Com os cuidados de Eduardo Pinheiro Lobo, o

departamento tinha como função informar o povo paulista sobre as ações realizadas

pela empresa. (FARIAS, 2011, p. 39)

Em 1954, foi criada a primeira Associação Brasileira de Relações Públicas,

seguida pela criação da lei, que formaliza a disciplina, acontecida em 11 de

dezembro de 1967. (KUNSCH, 1997, p. 4).

Com um início com pouco espaço, a profissão sofreu e ainda sofre, pela

restrição no mercado de atuação, que vem sendo conquistado passo a passo.

Vemos que, no passado, as ações que envolviam as Relações Públicas estavam

ligadas ao seu público interno, tendo como ações algumas funções ligadas a mídias

e aos veículos de comunicação da época.

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Kunsch (1997, p.4) nos mostra rumos a serem seguidos pelos profissionais de

Relações Públicas.

As coisas mudaram. Diante de um mundo em transformações, é hora de a categoria assumir corajosamente a sua profissão e tentar traçar-lhe seus novos caminhos, mais amplos e conscientes de que as relações públicas é uma atividade de liberdade, de liderança e da atualidade. Conquistar um novo paradigma democrático de ação é o desafio que exige dos profissionais o conhecimento do que vem sucedendo nas estruturas da maioria das organizações.

Vemos que há mais de 19 anos, as falas de Kunsch (1997, p. 4) nos mostram

os desafios das Relações Públicas, vigentes até hoje. Muitas organizações não

incluem os setores de Relações Públicas, talvez por receio, ou por não conhecerem

a grande área de atuação, e seu alto alcance de resultados das Relações Públicas.

3.2 DEFINIÇÕES

De acordo com Fossati e Moura (2011, p. 45), atualmente, as Relações

Públicas, costumam ser definidas como uma atividade profissional possuidora de um

conjunto de processos, métodos e técnicas de pesquisa e planejamento de relações

com o público, por mais que sobre eles haja discussão.

Às Relações Públicas são voltadas para o público interno das empresas. Há,

no entanto, diversas formas que a profissão pode assumir âmbito empresarial,

podendo assim, aumentar seu poder de atuação. O profissional é capacitado para

atuar dentro e fora da organização, o que amplia seu poder e cria condições para

alcançar o melhoramento como um todo da empresa.

São diversas as funções atribuídas às Relações Públicas, sejam elas de

comunicação interna, eventos ou ainda de comunicação aos seus clientes. Contudo,

há um questionamento coletivo no sentido de se contratar ou de se criar um

departamento de relações dentro de cada organização. Nas palavras de Grunig

(2011, p. 33), “[...] as organizações necessitam de relações públicas porque mantêm

relacionamento com públicos.”. Assim, acontece um fortalecimento entre a

organização e o público a ser atingido.

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O autor Cândido Teobaldo de Souza Andrade (2003, p.41) apresenta as

funções que são básicas relacionadas ao termo em estudo, “Assessoramento,

Pesquisa, Planejamento, Execução (Comunicação) e Avaliação”. Portanto, as

funções básicas da profissão podem abrir novos caminhos, com funções diversas,

mas tendo todas elas ligação com sua base estrutural já citada por Cândido

Teobaldo (2003, p. 41).

O ramo de atuação dos profissionais compreende “uma ligação entre a

organização e os seus públicos, sendo eles quaisquer grupos que tenham interesse

ou impacto real ou potencial sobre as condições da empresa para atingir seus

objetivos”. (FOSSATI e MOURA, 2011, p. 91).

Com outro olhar, vemos Kunsh (1997, p. 9), com sua definição da atuação do

profissional:

[...] pode-se afirmar a multivariedade das funções de relações públicas: estratégia, política, institucional, mercadológica, social, comunitária, cultural, etc., devendo atuar sempre marketing oriented para se poder cumprir os objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacionamento. Portanto, a atividade de relações públicas constitui uma estratégia fundamental para o sucesso das empresas e o profissional que conduz deve ser também uma estrategista da comunicação e do relacionamento.

Estratégia e planejamento são duas palavras que constituem os pilares das

Relações Públicas. Atualmente, o país está em crise, com alto nível de desemprego,

diversas empresas encerrando as atividades, o que evidencia que a situação não

favorece o desenvolvimento econômico do país. Entretanto, a falta de planejamento

e de definição de ações futuras contribuiu para o fechamento das organizações.

Sem planejamento, o futuro é incerto, correndo riscos em qualquer que seja o setor.

Luis Alberto Farias (2011, p. 51-52) salienta a ideia:

A recorrente preocupação com o conceito de planejamento, tão valorizado atualmente, é reflexo da necessidade de errar menos, de obter resultados superiores com diminuição de esforços, de garantir credibilidade para a manutenção de orçamento. Planejar é potencializar resultados. Para as relações públicas é, também, buscar transformar imagem em reputação, construída em longo prazo e por meio de relacionamentos estáveis. Como não há como ter controle sobre tudo, intercorrências, podem dar fim a qualquer

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planejamento. Até mesmo a possibilidade de crises ao longo do caminho deve ser pensada e inserida no planejamento por meio de planos de contingência.

Uma ideia muito usada como termo de comunicação é a de que os

relacionamentos são base para a formulação de ideias e distinções específicas,

sejam elas ligadas a um grupo de amigos ou família. É nesse caminho que surge o

papel de criar um elo entre a empresa e seus diversos públicos envolvidos.

Analisar e compreender os seus públicos é de fundamental importância para

se gerar fidelização do cliente com a marca. Uma pesquisa do porque há tal

fidelização, ou até mesmo um amor próprio com determinada marca ou organização,

pode ser importante para compreender a relação anteriormente citada.

Dentre as funções das Relações Públicas, destaca-se o planejamento,

aplicado para o direcionamento de organização de eventos. Para leigos, um evento

pode ser organizado por qualquer pessoa. Na perspectiva das Relações Públicas,

no entanto, destaco um leque de possíveis variedades a serem estudadas, desde o

pré-evento, o ‘durante’ e seguindo o “pós-evento”. A fim de que todas as ações

sejam executadas com maestria, deve-se ter como palavra-chave o planejamento.

Como definição de Kunsch (2003, p. 207), planejamento é:

Essencialmente o planejamento é uma das funções administrativas, e das mais importantes, que permite estabelecer um curso de ações para atingir objetivos predeterminados, tendo em vista, sobretudo, a futuridade das decisões presentes, a fim de interferir na realidade para transformá-la.

Pequenas cidades da Serra Gaúcha podem ser um exemplo de falta de

investimento em planejamento, mais propriamente, não existem setores com

funções e nome de Relações Públicas, aspecto que não será aprofundado no

estudo. Talvez, o modo de pensar, de tais organizações locais, encaixa-se em uma

rede familiar, a qual, há anos continua no segmento sem investimento, porém Farias

(2011, p. 51) apresenta um contexto de importância:

No mundo organizacional ou em outro qualquer ambiente, inclusive no campo das relações públicas, tudo pode ser feito sem nenhum nível de planejamento. Sem ele, porém, os resultados passam a

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acontecer por conta e risco da sorte e, como se sabe, essa é uma palavra que não tem espaço no território empresarial [...]

Um profissional das Relações Públicas não pode desconsiderar que, na

última década, notou-se uma mudança bastante significativa, no que diz respeito à

comunicação em redes sociais. Assim, a tecnologia da informação ganha um espaço

maior nas atividades de relações públicas, modificando o elo entre as pessoas que

consomem produtos, serviços ou eventos em relação às organizações. Atualmente,

não somente os grandes veículos de imprensa garantem a comunicação eficaz em

relação ao público que pretende atingir (FARIAS, 2011, p. 277).

O consumidor do século XXI expressa suas opiniões, suas expectativas em

diferentes mídias, tornando-se ele mesmo um público comunicador. Esse aspecto

está positivo, mas também desafiador, pois a Comunicação Social ocorre

rapidamente e em grande escala. Assim, a expressão do consumidor é muito

importante, além de outras formas de comunicação já existentes. Por isso, deve ser

levado em conta o que pensam as pessoas envolvidas.

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4 AMOROSIDADE

Começo relatando uma simples pesquisa feita em um Dicionário. Procurei a

palavra amor, pensando encontrar uma simples definição; no entanto, diversos itens

foram mencionados, que estão no eixo desta pesquisa acadêmica.

1 Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.[...] 4 Ser que é amado. 5 Disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém. 6 Entusiasmo ou grande interesse por algo. 7 Coisa que é objeto desse entusiasmo ou interesse. [...] 11 Ligação intensa de caráter filosófico, religioso ou transcendente. 12 Grande dedicação ou cuidado.[...] 16 morrer de amor(es): gostar muito.[...]19 ter amor a: dar importância a. [...]22 Disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém. 23 Entusiasmo ou grande interesse por algo. 24 Coisa que é objeto desse entusiasmo ou interesse. 25 Qualidade do que é suave ou delicado. [...]27 Coisa cuja aparência é considerada positiva ou agradável. 28 Ligação intensa de caráter filosófico, religioso ou transcendente. 29 Grande dedicação ou cuidado. 30 ter amor a: dar importância a. (DICIONARIODOAURELIO, 2016)

Amar é simplesmente entender e reconhecer o outro, através de suas

diferenças e limitações, algo que liga sujeitos e interfere na sociedade em que

vivemos, criando laços e interligando os sujeitos (BAPTISTA, 2010, p. 4)

Amorosidade, termo que mexe no interior das pessoas, faz despertar esse

sentimento que não vemos. Assim o correlacionamos na comunicação diária, como

Baptista (2010, p. 4) diz “[...] compartilhar a ideia de que a comunicação se efetiva,

onde há amorosidade. [...]”.

Ao redor do mundo, digo, em toda parte, o amor se faz presente, em ações

diárias, ou ações que levam anos a se concretizarem, havendo um censo entre os

dois lados ligados por esse amor. Muitas vezes, o amor faz o outro ceder, acatar

conceitos e aceitar com mais respeito e vigor o outro. Vejo hoje, em sentido mais

amplo, como base de um relacionamento, seja ele de amizade, namoro ou família.

Nesse sentido, a palavra confiança passa a ocupar um lugar fundamental, para

seguir em frente; porém, para haver esta ligação de confiar no outro, tem de haver

amor.

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Com base em Maturana (1998), Baptista (2010, p.6) sustenta a ideia, que, ao

decorrer da vida, os acontecimentos são fundamentados no amor existente no

sujeito.

[...] ele define o amor, argumentando sua relação direta com o surgimento da linguagem, que se estabelece na convivência. “As interações recorrentes no amor ampliam e estabilizam a convivência; as interações recorrentes na agressão interferem e rompem a convivência. Por isso, a linguagem, como domínio de coordenações consensuais de conduta, não pode ter surgido na agressão, pois esta restringe a convivência [...]” (MATURANA, 1998, apud BAPTISTA, 2010, p.6)

Os conceitos de amorosidade aliados à comunicação fazem uma grande

diferença na vida da pessoas. Isso se verifica em conversas cotidianas que podem

levar a grandes negócios ou até por parte de amigos e familiares. Vejo, muitas

vezes, como exemplo aqui a ser citado, famílias que não se comunicam e não se

amam. Aí está uma grande ligação da amorosidade e comunicação. Amar é ceder,

aprender, e, acima de tudo, respeitar. Quando há, por parte dos sujeitos, o

entendimento de tal conceito, vemos uma boa ligação entre os termos. Como nos

comprova Baptista (2010, p.5):

Comunicação amorosa implica também em investimento, em lançar mão de tempo, de recursos e capacidades para estar junto, buscando coexistência no campo da produção de significações. Assim, representa mais do que não abandono, mas a busca de ações comuns nos fluxos informativos, de tal modo que estas possibilitem a manutenção dos vínculos que vão se estabelecendo.

Por meio de Maturana (1998, p.22-23), Baptista (2010, p.6), salienta a ideia

do convívio que temos com a amororosidade, no modo de falarmos e conversarmos

com o outro. “As interações recorrentes no amor ampliam e estabilizam a

convivência; as interações recorrentes na agressão interferem e rompem a

convivência. Por isso, a linguagem, como domínio de coordenações consensuais de

conduta, não pode ter surgido na agressão, pois esta restringe a convivência [...]”

Quando falamos em comunicar, diretamente, vemos o fato de interligação, de

passar uma mensagem a outro, ou até mesmo uma conversa. O que Baptista (2010,

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p. 6) nos apresenta é que a comunicação e o amor andam juntos, e não há

separação:

Em outras palavras, não há comunicação sem o acionamento de planos amorosos, de disposição de estar junto, de respeitar-se mutuamente, os tempos, os silêncios, os ritmos, as diferentes ‘miradas’ para as cenas partilhadas. Não há comunicação, sem que o sujeito invista a si mesmo na disposição de compreender o lugar do outro, o campo de produção de universos significacionais.

Como forma prática, vemos que marcas amorosas tendem a se interligar com

maior fundamento com seus consumidores. Quando uma organização tem amor em

suas relações, sejam elas com seus consumidores finais ou com seus funcionários,

tudo gira, seguindo um ciclo de compra, venda, satisfação e retorno à loja. Desta

forma, as práticas de Relações Públicas, se forem produzidas considerando o amor,

podem alcançar objetivos maiores que os esperados.

Hoje as pessoas estão cada vez mais ligadas aos produtos, empresas e

organizações e, assim, o que as organizações “ditam”, as pessoas acabam tentando

adaptar e fazer com que aquilo vire cotidiano em sua vida. As pessoas se interligam

com a marca por quem gostam, pelo seu benefício, status, ou até mesmo conforto.

Este amor pode e leva as pessoas a fazerem o impossível.

O amor é um fator a ser citado, pois como o evento do Festival Folclórico de

Parintins, os torcedores dos dois Bois são apaixonados, ligados a eles, por algum

motivo. Este amor é tão grande, que muitos brigam, mudam suas vidas, pelo simples

e grandioso fato de amor. Trata-se de algo que move a cidade toda, que gera renda,

que atrai turistas e, acima de tudo, que encanta todos que visitam a ilha.

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5 GEOGRAFIA

Serão apresentados aqui aspectos da Floresta Amazônica, que cobre a

maioria do estado do Amazonas, localizado ao Norte do Brasil. A importância dessa

mata para o mundo é muito falada; porém temos de disseminar a ideia de

preservação, de cuidar das nossas riquezas naturais, de um dos grandes berços

culturais do Norte e culturas de toda região.

Compreender a mata para esta pesquisa é muito pouco. Temos que

compreender o cenário em que se localiza o Festival, tal como o seu estado, que é o

Amazonas, e assim conhecer Manaus, capital, que possui um centro com mais de

três milhões de moradores e um centro tecnológico denominado “Zona Franca”.

Uma grande capital, com grandes histórias, concentradas na produção de borracha

e da história do Brasil.

Com uma cultura de Boi-Bumbá muito forte, Parintins, uma ilha, vive em

perfeita harmonia entre seus moradores com a floresta. Povo receptivo, e muito

alegre, foi o que marcou minha visita, uma cidade dividida nas cores azul

(Caprichoso) e vermelho (Garantido), onde, realmente, há muita divisão fomentada

por esses fatores.

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5.1 AMAZÔNIA

Figura 2: Mapa da localização da Floresta Amazônica Fonte: Green Peace, 2016.

Com aulas de Geografia, no Ensino Médio, pude conhecer diversos países e

diversos sistemas de todo mundo, até mesmo do nosso Brasil. Conhecer a

Amazônia faz parte dos meus pensamentos desde a época de primeiro ano do

Ensino Médio, lembro-me de um trabalho sobre tal floresta. Uma frase que escutava

muito no passado, e hoje, pouco se escuta, acredito que seja pelo desmatamento

das florestas, é a seguinte; “ A Amazônia é o pulmão do mundo”.

É considerada uma das três maiores florestas tropicais do mundo, tendo

como aparência um tapete cobrindo sua grande área florestal. Tal floresta abrange

mais áreas de outros países, porém, concentra-se, na maior parte, pertencente ao

Brasil. O clima da região é considerado Equatorial, com períodos de chuvas intensas

e altas temperaturas. Com as trocas de folhas, animais mortos, frutos e outros, seu

solo é considerado arenoso. (BRASILESCOLA, 2016)

Com sua fauna e flora bem diversificadas, encontramos na região, cerca de

2.500 espécies de árvores e 30 mil variedades de plantas e vegetais. De grande

importância mundial, a Floresta Amazônica, tem cerca de 20% de espécies que

estão catalogadas mundialmente. Com um número de 30 milhões de espécies, entre

eles, mamíferos, insetos, anfíbios, peixes, répteis e árvores é possível visualizar uma

grande cadeia alimentar presente na região florestal. (BRASILESCOLA, 2016)

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Com uma grande variedade de água, com base em Valentin (2005, p. 43) “A

bacia amazônica contribui com 20% do total da água doce que é despejada nos

oceanos, chegando a influenciar, através da condensação e precipitação, o clima da

terra.[...]”

O que está de fato muito ligado à floresta, é o constante desmatamento ilegal

dela, ocasionando diversos problemas. Com madeireiras ilegais, a extração de

madeira de qualidade torna-se constante e diária, fazendo assim, o enriquecimento

de muitos. Também, alguns fazendeiros optam pela queimada da floresta, com o

intuito de aumentar seus campos de plantação. Tal situação pude vivenciar na

viagem a Parintins. Com tais problemas, é perceptível, a mudança climática que já

ocorre nas regiões e nos arredores da floresta Amazônica.

Vista por muitos como um local de exploração e meio de ganhar dinheiro, a

floresta tornou-se ganho de muitos, e enriquecimento rápido por parte de alguns.

Porém, essa grande incorporação de empresas na região tem fim. Há uma

estimativa, que, em 40 anos, toda floresta está prestes a ser desmatada. Devem ser

tomadas medidas imediatas em favor da nossa floresta. (BRASILESCOLA, 2016a)

Muitos tentam defender a floresta, no entanto, os grandes proprietários de

locais que ocorrem tais destruições da mata, acabam se achando no direito de

enriquecer à custa da população e da vida de biomas existentes.

Muitas pessoas já foram vítimas de grande violência por tentarem defender a terra, os índios Manokis, por exemplo, foram expulsos do seu território e outros 170 povos que ali residiam. Tudo começou em 1970, quando a ditadura militar decidiu ocupar o território para não correr o risco de perdê-la. Milhares de pessoas, de todos os lugares do país, chegavam para trabalhar nas terras, mas a maioria morria ou voltava para a terra natal por falta de recursos. Os que conseguiram permanecer nas terras fizeram queimadas para cultivar seu alimento. (BRASILESCOLA, 2016a)

Nossa floresta precisa que sejam tomadas medidas rigorosas, quanto a tal

destruição da vegetação e de tudo que há nela. Não só a população local, mas sim

todo o Mundo sofrerá pelas causa do desmatamento da Amazônia.

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5.2 AMAZONAS

Figura 3: Mapa do estado do Amazonas, onde vemos a cidade de Parintins Fonte: Onde Hospedar, 2016.

Sendo o maior estado do Brasil, o Amazonas, possui uma área 1.559.161,682

quilômetros quadrados, e sua população de 3.483,985 habitantes, dos quais

2.755.490 vivem na área urbana e 728.495 na área rural. Tem sua capital, Manaus.

(AMAZONAS, 2016b).

Com seu clima predominante graças à floresta presente no estado, as chuvas

e o calor são característicos da região. Seus volumes de água fluvial são

gigantescos, contendo o maior rio do mundo, o Amazonas.

O rio Amazonas possui 6.570 quilômetros de extensão, e o volume de 100.000 metros cúbicos. Esse rio nasce na Cordilheira dos Andes no Peru, o Amazonas forma-se a partir da junção de dois grandes rios, o Solimões e o Rio Negro, após esse processo o rio atinge 10 quilômetros de largura e sua profundidade pode alcançar cerca de 100metros. Somente a Bacia do Amazonas representa, aproximadamente, 20% de toda reserva de água doce do mundo. (BRASILESCOLA, 2016b)

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Sua economia tem como base os trabalhadores, denominados caboclos, que

fazem parte da extração das principais matérias do Amazonas, sendo elas a

borracha, a castanha-do-pará, calcário e atividades ligadas a madeireiras. Com a

produção de eletrodomésticos e eletrônicos, a Zona Franca em Manaus destaca-se

por tal produção.

Com um grande estado, sua diversidade de culturas é vasta, seja ela no

artesanato, oriunda de objetos, artigos de decoração, com a grande maioria sendo

retiradas da Floresta Amazônica de maneira sustentável.

5.3 PARINTINS

Município localizado no estado do Amazonas, e com proximidade do estado

do Pará, Parintins é uma ilha, na imensidão da Floresta Amazônica. Com uma área

geográfica de 5.952km², cercado pelo Rio Amazonas, a distância fluvial da capital,

Manaus, é de 420km. (PARINTINS, 2016). O IBGE informou dados de 2015, o qual

sua população é de 111.575 habitantes.

A cidade tem como parte do sustento a criação de gado, que com grandes

pastos, é feita a criação do mesmo.

De acordo com a Secretaria Municipal de Abastecimento de Parintins, existem hoje, cerca de 180 mil cabeças de gado branco e búfalos sendo criadas na Ilha. Boa parte da carne consumida na capital do Estado, tem como origem os pastos alagadiços da Ilha [...] ( RODRIGUES, 2006, p.37)

Com, a sua cultura, vemos que o município tomou grandes proporções com o

folclore do Boi-Bumbá, onde, no mês de junho, Parintins enche graças a tal evento

que traz turistas de todas as partes do mundo. (PARINTINS, 2016)

Para chegar à cidade, existem apenas dois meios de transporte; o avião, com

duas empresas aéreas atuando, a Azul e a MAP, ou de barco. Seu povo é de muita

receptividade, sempre alegres, com um sorriso no rosto.

Como cidade onde o Boi-Bumbá tem grande influência, vemos uma cidade

dividida, entre as cores Azul, pertencentes ao Caprichoso e vermelho ao Garantido.

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Expressamente, vemos isso nas casas, no comércio e nas ruas da cidade. Há

também a divisão da cidade, metade pintada de vermelho e a outra pintada de azul,

simbolizando a divisa de bairros. Como afirma Valentin (2005, p. 76).

Geograficamente, a cidade se divide em duas, refletindo a dualidade dos Bois.[...] O Garantido foi fundado na parte da cidade conhecida como Baixa do São José, rio acima [...] Já o Caprichoso foi criado na parte mais abaixo do rio, a leste, na parte mais antiga e mais próxima ao centro da cidade.[...]

Valentin (2005, p.76) ainda apresenta um dado de grande importância existente na

cidade de Parintins.

[...]Dividindo as metades da cidade, numa linha imaginária, estão as duas maiores e mais imponentes construções: a Catedral de Nossa Senhora do Carmo e a arena do Bumbódromo, erguendo-se como duas sentinelas e símbolos máximos dos dois extremos parintinenses: o mais sagrado e o mais profano.

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Foto 3: Foto aérea da Catedral de Nossa Senhora do Carmo – Parintins-AM Fonte: Simone Brandão

Com um grande movimento na economia local, o Boi acaba movimentando,

não só Parintins, mas sim, suas cidades vizinhas, que são: Santarém, Nhamundá,

Juruti, Boa Vista dos Ramos, Urucurituba, Alenquer, Itaituba, Óbidos, Maués,

Barreirinha, Urucará, Maués e também Manaus. (VALENTIN, 2005, p. 79)

Cidade única, com uma visão incrível do pôr-do-sol à beira do Rio Amazonas,

Parintins é a ilha encantada, mágica, e sensitiva, em todos os aspectos presentes.

Tal fato é fácil comprovar pela sua beleza natural, pelo seu povo receptivo, pelos

Bois, que exalam carinho e afetividade aos seus brincantes e visitantes, e também

pela sua religiosidade, muito presente.

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Foto 4: Pôr do Sol à beira do Rio Amazonas Fonte: Simone Brandão

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6 FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS

Para entendermos melhor sua história e tudo que segue até os dias de hoje,

sobre o Festival, vamos conhecer o que é essa festa e o porquê de Boi-Bumbá. Na

ilha Parintins, nos meses de maio e junho, os dois Bois-bumbás, o Garantido, de cor

vermelha e branca, com seu símbolo, o coração, e o Boi Caprichoso, de cor azul e

preta, com o símbolo, estrela, saem pelas ruas, brincando de Boi.

O Festival, em grande magnitude, ocorre sempre na última sexta-feira do mês

de junho, seguindo pelo sábado e domingo, com apresentações dos dois Bois. Com

cinco horas de espetáculo em cada noite, sendo duas horas e meia para cada Boi,

no Bumbódromo, local onde hoje ocorre o Festival.

Com muita festa, alegria e rivalidade, a cidade se divide em dois, assim, não

há limites para os amantes e brincantes de Boi.

6.1 HISTÓRIA DO BOI-BUMBÁ

A brincadeira de Boi-Bumbá é muito presente no Norte e Nordeste do nosso

País, mais tipicamente no mês de junho, ela aparece com mais intensidade, em

função dos Festejos de São João. O autor Valentin (2005, p. 90) apresenta as

primeiras palavras que relatam a brincadeira de Boi no Brasil, sobre a qual, o frei

Miguel do Sacramento, escreveu em seu artigo “A estultice do bumba-meu-boi”, que

foi lançado no Jornal “O Carapuceiro” na cidade de Recife. Criticando o movimento

do Boi, o frei, cita como uma brincadeira de escravos.

Na cidade de Manaus-AM, a brincadeira de Boi é citada em 1859, como um

cortejo, homenageando São Pedro e São Paulo, assim relatado pelo cientista Robert

Christian Berthold Ave Lallemant. Como descrito por ele, havia o Boi, pajé, batuque

e dançarinos. (VALENTIN, 2005, p.9).

O surgimento do Boi-Bumbá no Amazonas, pode-se dar, no final do século

XIX, com a grande procura por emprego na cidade de Manaus, através da

descoberta da borracha, atraindo muitos à cidade, em procura de uma vida melhor.

Com épocas de grande produção, os empregados conseguiam se sustentar, todavia,

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vivendo em periferias. No entanto, em 1876, um britânico levou sementes das

seringueiras e plantou na Inglaterra. Assim, em 1906, começou uma produção em

grande escala de borracha, gerando um grande nível de desemprego e o

fechamento de seringais no interior. (RODRIGUES, 2006, p. 55-57).

Foi no contexto de periferia, onde houve a miscigenação de povos, entre o

povo da Amazônia e os nordestinos. Surgiu aí, entre a mistura, o Boi-Bumbá, tendo

como base a valorização da natureza, os elementos míticos da Amazônia, e as

crenças do caboclo, trabalhador da região. (RODRIGUES, 2006, p. 57)

Na cidade de Parintins, Rodrigues (2006, p. 58) afirma, com base no

historiador Tonzinho Saunier, que inúmeros Bois sugiram em Parintins, por volta de

1910 e 1912, como por exemplo de Bois, Diamantino, Caprichoso, Fita Verde,

Garantido e Ramalhete. Com a urbanização e crescimento da cidade, apenas dois

Bois continuaram os caminhos, sendo eles: o Garantido e Caprichoso.

Vale destacar que a brincadeira de Boi, disseminou-se por todo o Brasil,

assumindo diversas formas, como Valentin (2005, p. 91) apresenta.

Ao de disseminar por todo o Brasil, a brincadeira assumiu formas diversas, cada uma com seu nome: boi-bumbá, no Amazonas e no Pará; bumba-meu-boi, no Maranhão; boi surubim, no Ceará; boi calemba, no Rio Grande do Norte; cavalo-marinho, na Paraíba; bumba de reis ou reis de boi, no Espírito Santo; boi pintadinho no Rio de Janeiro; boi de mamão, em Santa Catarina. [...]

Essa brincadeira de Boi tem uma história por trás, conhecida como auto do

Boi, onde um rico fazendeiro presenteou sua filha, a mais querida, com um Boi. Na

fazenda, o vaqueiro, Pai Francisco, foi encarregado de cuidar do Boi. A esposa de

Pai Francisco, Mãe Catirina, estava grávida e teve o desejo de comer a língua do

Boi mais belo da fazenda, sendo assim, Pai Francisco matou o Boi da filha mais

querida do fazendeiro. Com a descoberta do assassinato, os índios de uma tribo,

são chamados para caçarem Pai Francisco, e assim levá-lo até o fazendeiro. Com

sérias punições e com um grande desespero, ele ressuscita o Boi, com ajuda de um

médico, pajé ou padre, assim havendo variações nessa parte da história,

dependendo da região em que é contada, seguido pela festa da ressurreição do Boi

(VALENTIN, 2005, p. 92-93)

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6.2 HISTÓRIA DO FESTIVAL

Para iniciar a história do Festival, é importante diferenciar duas situações que

ainda ocorrem em Parintins. Há duas formas de manifestações de Boi-Bumbá, como

Nogueira (2014, p.108)

[...] a primeira refere-se ao folguedo de terreiro e de rua, e a segunda, ao boi-bumbá espetáculo. Observo, todavia, que ambas fluem pelos cursos dos atos de “brincar boi” e “assistir ao boi”, nos quais brincantes e espectadores convergem suas energias em proveito da vida do boi de pano. O folguedo acontece nos ensaios, nos currais e nas saídas tradicionais ás ruas, como nas noites dos Santos de Junho, quando o boi-bumbá brinca nas casas que se enfeitam de balões e fogueiras. O boi-espetáculo ocorre no bumbódromo, com três apresentações para galeras (torcedores e simpatizantes) e turistas que aportam em Parintins[...]

No ano de 2015, o Festival Folclórico de Parintins comemorou 50 anos de

trajetória, assim confirmando a sabedoria do parintinense em usar todos os

ingredientes certos e fazer essa mistura que encanta todo povo brasileiro e

estrangeiros que vão até a ilha, conhecer o evento, e se encantam por toda a magia

que acontece nas noites.

Até 1960, os bois não se apresentavam, eles simplesmente brincavam de boi

pelos quintais das casas, recebendo em troca comidas juninas e algum dinheiro.

Seguiam pelas ruas com seus tambores, palminhas, xeque-xeque e seguiam

desafiando um ao outro, até que no encontro das ruas, eles se enfrentavam, como

Andreas Valentin (2005, p.17) afirma que eram verdadeiras guerras campais que

aconteciam, brigas físicas, das quais muitos saíam feridos.

Depois da década de 60, dois organizadores dos dois Bois-Bumbás

resolveram conversar e desviarem as ruas para que não acontecesse o encontro e

assim seguiu, até que o povo começou a perder o amor pelo seu boi. Foi então que

a Juventude Atlética Católica (JAC) se reuniram com os dois brincantes e assim

surgiu o que eles denominaram de primeiro Festival Folclórico de Parintins, na

quadra da JAC, o qual não foi competição oficial, mas os dois bois se consideraram

vencedores daquela competição. (VALENTIN, 2005, p.102)

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O grupo de jovens foi liderado pelo Raimundo Muniz, hoje, falado como

criador do Festival. (RODRIGUES, 2006, p 83)

Foi a partir do segundo festival que começou um investimento maior na

expressão artística dos Bois-Bumbás, e então, nessa segunda competição, houve

jurados, investimento maior em fantasias e adereços. Começou maior adesão de

brincantes, dividindo a cidade em azul e vermelho. Resumindo, começou a ser visto

um lado a ser explorado, que poderia ter forte popularização com passar dos anos

(VALENTIN, 2005, p.103).

Para o segundo festival, no ano de 1966, foram criadas regras e um

regulamento do Festival, para assim ter um vencedor da disputa. Rodrigues (2006,

p.85) apresenta os itens que eram levados em conta no julgamento: “[...] evolução

do boi, rainha da fazenda, opinião pública, Pai Francisco e Mãe Catirina e figuras

engraçadas.[...]”. Esses itens foram quesitos para avaliação até o ano de1972.

Durante oito anos, o Festival se sucedeu na quadra da JAC, mas houve

grande adesão de parintinenses, assim o espaço começou a ficar pequeno e o povo

visualizava sua cultura sendo cada vez mais enraizada, através da cultura popular.

Com tal aumento de brincantes, foi alugado um terreno e eram montadas

arquibancadas para dividir as torcidas, foi aqui onde O Festival passou a ser

realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho, para a apresentação dos dois Bois.

(VALENTIN, 2005, p.19).

Com o aumento constante de pessoas, os bois começaram a evoluir e buscar

matérias e ideias fora do Amazonas. Nomes como Jair Mendes foram de grande

importância para o aumento de tal festival. Valentin (2005) mostra quando o governo

local teve interesse.

Em 1980, a Prefeitura de Parintins assumiu a organização do Festival, conferindo-lhe, pela primeira vez, um caráter oficial. É nessa época, também, que os Bois se organizaram institucionalmente como entidade de direito público e formaram suas respectivas Associações Folclóricas. É quando, ainda, a imprensa, principalmente a de Manaus, começou a se interessar a divulgar o evento (VALENTIN, 2005, p.20)

Após oito anos, com a organização nas mãos da Prefeitura de Parintins, foi

construído o Bumbódromo, um espaço projetado para o Festival. Teve sua

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inauguração no dia 20 de junho de 1988, Andreas Valentin (2005) salienta que foi

um marco, o qual tinha um passado de brincadeira de boi e agora estavam

pensando no futuro com mais tecnologia e avanços.

Nogueira (2014, p. 121) levanta um dado importante sobre a construção do

Bumbódromo, onde, no ano de 1987, o governador do estado, Amazonino Mendes,

convocou o público parintinense para um encontro. O governante fez uma pergunta

ao povo da ilha, sobre o que eles preferiam, se era a construção de hospital, ou um

Bumbódromo novo. Registrado em ata, todo o povo presente levantou os braços

para a construção de um novo bumbódromo, assim, o governador honrou e fez-se a

construção do mesmo. Vemos aqui, uma grande adesão da população à sua cultura.

Foto 5: Foto aérea do Bumbódromo Fonte: Simone Brandão

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A década de 90 pode ser considerada como a consolidação e grande

expansão do Festival Folclórico de Parintins, tornando-se um grande “produto” de

cultura. Houve grande disseminação em Manaus, assim levando as torcidas a

mobilizarem e encherem os ensaios dos Bois, e posteriormente Parintins.

(RODRIGUES, 2006, p.91).

Com a inauguração do Bumbódromo, os bois puderam usar e abusar da

criatividade, e assim atraindo os olhares do governo estadual, recebendo então,

mais incentivo do poder público. A empresa Coca-cola é patrocinadora oficial do

evento desde o ano de 1995, levando assim, mais investimento e divulgando o nome

de Parintins para o Brasil e para o Mundo. (VALENTIN, 2005, p.22).

Vendo o grande espetáculo produzido na cidade, os Bois criaram dentro de

suas agremiações, o setor de Conselho de Arte do Caprichoso em 1996, e a

Comissão de arte do Garantido em 1999, tendo assim o show bussines como

grande ferramenta ao Boi (NOGUEIRA, 2014, p.112-113).

O ano de 1995, ainda sobre comando da prefeitura local, o Festival e a cidade

sofreram muito com o repasse de dinheiro e problemas nos ramos alimentício e

hoteleiro. Foi então que o Governo do estado acabou tomando o Festival e toda

organização do mesmo. No mesmo ano, a Coca-Cola firmou contrato com os Bois,

investindo mais de 4 milhões na festa. Assim, diversos jornais, regionais e nacionais,

voltaram seus olhares à pequena Parintins, assim espalhando seu nome. Os anos

de glória duraram pouco, em 1999, houve um grande declínio no Festival, não há

estudos do porquê, porém são apontadas algumas causas como má administração

dos Bois, denúncias de fraudes no julgamento do Festival, desgaste das músicas

dos Bois. Em 2002, o governo, junto com os Bois e seus patrocinadores, realizaram

um Avaliação Crítica do Festival Folclórico, levantando dados para tentar dar novos

rumos ao evento (RODRIGUES, 2006, p, 91-98).

Com esperança, em 2003, houve a troca do Presidente da República e do

Governador, também dos diretores dos Bois, todos prometendo se comprometer

com o Festival Folclórico. Claramente em 2003, houve mudanças, como a redução

de horas de apresentação dentro da arena, passando assim, a reduzir o

investimento em fantasias e alegorias, no entanto, os relatos de compra do título do

Festival ainda continuaram nesse ano. O marco do Festival, foi a ida do então

presidente da república, Luís Inácio da Silva, o qual foi acompanhado pelo

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Governador eleito, Eduardo Braga. Com tal aparição, a imprensa nacional noticiou e

assim impulsionou o evento. (RODRIGUES, 2006, p.99-101).

Em 2005, como intuito de melhoramento do Festival, houve mudança na data

do Festival, que antes acontecia nos dias 28, 29 e 30 de junho. O evento passou a

acontecer no último final de semana do mês de junho, assim, tentando levar turistas

que não podiam ir durante a semana ao Festival. (VALENTIN, 2005, p.23) Nogueira

(2014, p.123) afirma que “[...] os bois-bumbás Garantido e Caprichoso também

foram se adequando às exigências do mercado.”.

Com a evolução, vemos que mudanças necessárias ocorreram, para que o

evento se tornasse um meio de atração aos turistas. Em 1994, já vemos uma

mudança, perante as toadas, onde o Boi Caprichoso introduziu o teclado.

(NOGUEIRA, 2014, p.149). Hoje, vemos o Boi com outros olhares, para além do

auto do Boi, e sim, com olhares voltados a instigar o povo.

Os artistas envoltos pela sensibilidade que os fazem os brincantes de boi instigaram o mercado e abriram picadas, canais aquáticos e criaram correntes de ar para imaginários sedentos de fluxos imaginários. Por meio do Boi-Bumbá de Parintins, circulam os imaginários amazônicos, estejam eles onde estiverem: na sabedoria popular, na arte, na ciência ou na religião. Com o mercado, o boi-bumbá possibilita a visibilidade da Amazônia por meio do seu imaginário em forma de espetáculo midiático. (NOGUEIRA, 2014, p.158)

Com tal visão ampliada, em relação ao imaginário despertado ao espectador,

os itens que contam pontos, durante a apresentação, também passaram por

mudanças. Alguns itens tiveram uma passagem repentina dentro do Festival, tal

como o Toureiro, Miss do Boi e as Tribos de Tontos, as quais faziam alusão ao

amigo de Zorro, o índio Tonto, referente a Hollywood. (NOGUEIRA, 2014, p. 160)

As mudanças introduziram diversos itens de avaliação. Hoje são 21 itens que

contam pontos ao Boi5. (GARANTIDO; BOICAPRICHOSO, 2016; R7, 2016) São

eles:

Apresentador: É o cerimonialista, ele apresenta ao público e ao júri os

acontecimentos da arena.

5 A descrição desses itens resulta de um longo período de observação do Festival, pela televisão e

consultas a sites oficiais, como garantido e boi caprichoso, bem como uma reportagem veiculada no R7.

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Levantador de Toadas: Podemos dizer o cantor, que conduz a apresentação

com as toadas respectivas aos temas alusivos.

Batucada/Marujada: a banda dos Bois, a qual tocam as toadas com seus

instrumentos. Batucada é denominada pelo Garantido e Marujada pelo Caprichoso.

Foto 6: Marujada (Caprichoso) Fonte: Simone Brandão

Ritual Indígena: através de pesquisa, são levantados dados de um ritual tribal,

com base no contexto folclórico. São avaliados os efeitos e a teatralização.

Porta-Estandarte: representa o pavilhão do Boi, é o símbolo do seu Boi-

Bumbá. É avaliada pela sua elegância, alegria, desenvoltura e também pela

sincronia da dança com o estandarte.

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Foto 7: Porta-Estandarte do Boi Garantido Fonte: Simone Brandão

Amo do Boi: simboliza o dono da fazenda, deve ter boa improvisação de

poemas, com boa dicção para assim versar durante a noite com os temas

apresentados.

Sinhazinha da Fazenda: é a filha do dono da fazenda, ela deve ter graça,

simpatia, deve saudar o Boi e o público.

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Foto 8: Sinhazinha da Fazenda do Boi Garantido Fonte: Simone Brandão

Rainha do Folclore: representa a grande diversidade de culturas existentes

pela manifestação popular, é avaliada pela desenvoltura, incorporação e sua roupa.

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Foto 9: Rainha do Folclore do Boi Caprichoso Fonte: Simone Brandão

Cunhã-Poranga: é a moça mais bela da tribo, uma guerreira, guardiã, é a

expressão da força através da beleza, é avaliada pela desenvoltura e incorporação

da personagem.

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Foto 10: Cunhã-Poranga do Caprichoso Fonte: Simone Brandão

Boi-Bumbá Evolução: é o motivo do Festival, da manifestação popular. Deve

ter os movimentos idênticos de um boi, leveza, encenação, alegria.

Toada: é a música que move o Festival, é avaliada a letra e seu ritmo, criando

laços com o apresentado na arena.

Pajé: é o ser maior da tribo, o curandeiro, o sacerdote, é avaliado pela sua

expressão, incorporação, harmonia e cênica.

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Foto 11: Pajé do Boi Garantido Fonte: Simone Brandão

Tribos Indígenas: é a representação de um grupo Amazônico, é avaliado pela

sincronia, a cênica e fidelidade ao apresentado na arena.

Tuxauas: é o chefe da tribo, é representado e avaliado pela sua indumentária

em seus detalhes.

Figura Típica Regional: é uma forma de homenagear a cultura popular

amazônica, representa um símbolo amazônico.

Alegoria: é o cenário de apresentação, uma forma artística de representação,

sendo avaliado os detalhes, execução, o porte e a estética do mesmo.

Lenda Amazônica: é a ilustração de uma cultura e folclore fictício de uma

região e de um povo. A imaginação e a encenação são elementos de avaliação

neste item.

Vaqueirada: simboliza o guardião do Boi, sendo avaliada a sincronia e a

coreografia.

Galera: é a arquibancada, que impulsiona o Boi, através de coreografias e é

avaliada.

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Foto 12: Item “Galera” do Garantido Fonte: Simone Brandão

Coreografia: é todo o movimento que acontece durante a noite de

apresentação.

Organização e Conjunto Folclórico: com base no espetáculo apresentado,

avalia a ligação de todos os itens em relação ao apresentado.

Os personagens Pai Francisco e Mãe Catirina permanecem no evento, mas

não são avaliados.

Vemos que com os temas delimitados pelos Bois, com certo tempo antes,

são explorados todos os elementos importantes a serem apresentados e a serem

avaliados. Como Nogueira (2014, p. 224) salienta “Todas essas ações, por mais

diversificadas que sejam, devem desaguar na viagem do grande espetáculo, cujo o

combustível é o mundo do imaginário amazônico.[...]”

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Foto 13: Itens do Boi Caprichoso na apresentação de 2015 Fonte: Simone Brandão

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6.3 HISTÓRIA DO BOI GARANTIDO

Foto 14: Boi Caprichoso Fonte: Simone Brandão

O criador do Boi, sendo ele Lindolfo Monteverde, um pescador e com uma

criação vinda de um descentende de escravos, nascido no Bairro São José, bairro

pobre em uma vila de pescadores da cidade de Parintins. (GARANTIDO, 2016a)

Nasceu no dia 2 de janeiro de 1902 e teve sua infância pobre, quando sua

avó contava-lhe histórias de um Boi que, nas noites de São João, dançava para

alegrar a população no Maranhão. Aos 12 anos, Lindolfo reunia amigos para brincar

de Boi, pois na época, crianças e mulheres não podiam participar dos Bois que já

havia na ilha, pois os confrontos físicos eram constantes (RODRIGUES, 2006, p.59-

60).

Com sua mãe não o incentivando, o garoto brincava no quintal de sua casa

com seu Boi improvisado, com uma casca de uma palmeira existente na Amazônia,

chamada curuatá. A história relatada pelo responsável pelo Boi Garantido é que aos

dezoito anos, Lindolfo teve uma doença grave e assim, fez uma promessa a São

João Batista, sendo essa que, caso ele se curasse, enquanto ele estivesse vivo, ele

sairia com um Boi nas ruas para alegrar as pessoas. O feito aconteceu. Então,

desde 13 de junho de 1913, o Boi Garantido sai às ruas. Monteverde era um grande

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mestre no que fazia, ele compunha as toadas, cantor e criava o Boi para sair às

ruas. (RODRIGUES, 2006, p.60)

Sobre as cores, o nome e o símbolo são diversas a histórias contadas, mas

nenhuma dada como certa. Como o nome Garantido, muitos dizem que o Boi de

Lindolfo sai inteiro nos confrontos com os contrários. Outra história é de um

confronto do amo do Caprichoso que cantou “ Esse ano se cuide que vou caprichar

no meu boi!” e seguindo Lindolfo respondeu “ pois capriche no seu, que garanto no

meu!”. São muitas as histórias que permeiam a criação e continuação do Boi

Garantido. (ROGRIGUES, 2006, p 62)

Com os passar dos anos, Lindolfo foi sucedido, porém seu nome perpetuou e

ainda perpetua como um mito para a cidade de Parintins. Cada Boi possui um

slogan que usam como identificação. Nos anos 70, foi intitulado como “Boi do povão”

pelo Paulinho Faria, que foi apresentador por vinte e seis anos. Tal slogan faz

alusão à baixa do São José, local pobre da cidade. (ROGRIGUES, 2006, p 63)

Em 5 de julho de 1979, Lindolfo faleceu, porém a alma e a tradição de seu Boi

seguem até hoje. Com a ajuda de diversas famílias e brincantes, o Boi seguiu ao

longo do tempo, pois as apresentações evoluíam e assim precisavam de um

sustento. Na década de 60, da criação do Festival, Lindolfo já não estava à frente do

Boi, e sim seu filho, João Batista Monte Verde. Na década de 70, o comando saiu da

família Monte Verde e passou para “Os Faria”, formado por um casal, Antônio e

Maria Faria, encantaram-se pelo Boi, tornando-se torcedores. Os filhos do casal logo

entraram no grupo do Boi e seguiram para a diretoria do Boi. Com uma loja na Ilha,

muito dinheiro que entrava nela, era usado para as apresentações do Garantido.

(RODRIGUES, 2006, p. 64-65)

Muitos grupos se formaram dentro do Boi Garantido, alguns até contra a

família dos Faria. No início dos anos de 1990, o Festival começou a alcançar um

patamar maior, com o investimento de diversas empresas, foi aí que esses grupos

viram a hora de assumir o poder e assim transformar o Boi em uma Associação

Folclórica. O fato aconteceu no ano de 1995, quando vendo a necessidade dos

patrocinadores fecharem contrato, surgiu a Associação Folclórica Boi-Bumbá

Garantido, sem fins lucrativos, apenas com o intuito de espalhar a brincadeira de

Boi. (RODRIGUES, 2006, p.66)

No ano de 1999, com o intuito de melhorar as apresentações e conquistar o

título, foi criado, dentro da Associação, a Comissão de Arte, a qual se responsabiliza

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por todo fundamento da apresentação, através de pesquisa e dados coletados,

assim, o Festival tem mais veracidade na apresentação. O resultado desse

investimento, foi a conquista de quatro títulos consecutivos. (RODRIGUES, 2006,

p.67)

Hoje, o Boi é conhecido como o Boi do Povão, e está localizado na rua

Lindolfo Monte Verde, na Baixa do Bairro São José, conhecida como a cidade

Garantido, pois é um espaço enorme que abriga o Curral, pavilhões de criação e

toda parte administrativa. O antigo local onde o Garantido foi fundado, a casa de

Lindolfo, serviu até 2000 como local de ensaio do Boi, hoje, o local ainda possui

grande poder histórico, e todo dia 24 de junho, acontece a ladainha, prometida por

Lindolfo a São João Batista.

Itens Individuais do Boi Garantido (GARANTIDO, 2016):

Apresentador: Israel Paulain, desde 2002;

Levantador de Toadas: Sebastião Júnior, desde 2010;

Amo do Boi: Tony Medeiros, desde 1995;

Porta-Estandarte: Daniela Tapajós, desde 2014;

Sinhazinha da Fazenda: Djidja Cardoso, estreando em 2016;

Rainha do Folclore: Isabelle Nogueira, desde 2015;

Cunhã-Poranga: Verena Ferreira, desde 2015

Boi-Bumbá: Denildo Piçanã, desde 1995;

Pajé: André Nascimento, desde 1999.

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6.4 HISTÓRIA DO BOI CAPRICHOSO

Foto 15: Boi Garantido Fonte: Simone Brandão

Com base em famílias, o Boi segue os traços parecidos com o outro. Odinéia

Andrade é uma pesquisadora de Boi em Parintins e afirma que o Boi surgiu no ano

de 1913, por uma promessa a São João Batista, pela prosperidade na cidade. Os

irmãos Raimundo Cid, Pedro Cid e Felix Cid, instalaram-se em Parintins em busca

de emprego na área do crescimento da borracha, porém, a atividade pesqueira

sobressaiu. Com uma migração pelo estado do Maranhão e do Pará, a pesquisadora

afirma que o Boi teve grande influência, como o bumba-meu-boi do Maranhão e da

Marujada do Pará, que usava vestuário Azul e Branco. (RODRIGUES, 2006, p. 69)

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Como o Garantido, o Boi Caprichoso possui mais de uma história contada

sobre sua história. Outra é contada por Raimundinho Dutra, onde houve uma

reunião para ser criado um novo boi, no ano de 1925. A versão adotada pela

Associação Folclórica Boi-Bumbá Caprichoso. É que havia o Boi Galante, criado por

Emílio Vieira, quando aconteceu um desentendimento dentro da organização, assim,

os irmãos Cid, tendo a promessa de sair com um Boi nas ruas, caso houvesse

prosperidade na cidade de Parintins, assim o fizeram. Assumiram o Boi, em 20 de

outubro de 1913, data oficial da criação deste, mudando o nome para Caprichoso e

também mudando sua carcaça. (RODRIGUES, 2006, p. 70-71)

Com o passar do tempo, muitas famílias e pessoas com grande poder

aquisitivo despertaram o amor ao Caprichoso e assim, houve grande mudança de

pessoas à frente do Boi. Como Odinéia relata, os irmãos Cid, passaram para Emídio

Vieria, após voltou aos Cid, passando para Antônia Boboi, depois Nascimento Cid,

seguindo para Luiz Gonzaga, até o último dono do Boi Luiz Pereira. Esse último,

esteve no grupo do Boi até a década de 70, participando de algumas disputas do

Festival Folclórico. Com a reaproximação de familiares antigos, no início dos anos

80, foi criada a Associação Folclórica Boi-Bumbá Caprichoso. Assim como João

Andrade, Odinéia Andrade, Acinélcio Vieira, Edinelza Cid e outros, assumiram a

frente do Boi e delinearam o futuro do Boi, (RODRIGUES, 2006, p. 72-73)

Esse grupo, além de preparar as apresentações e cuidar da parte artística,

era responsável por toda parte financeira, como levantar fundos, em épocas em que

não havia ajuda do poder público. Assim, eram feitas rifas, quermesses, festas para

a arrecadação de dinheiro ao Boi. Em uma época de troca de curral, Acinélcio

conseguiu com um Vereador, José Maria Pinheiro, a doação de um terreno, para a

construção do Curral Oficial do Boi Caprichoso, que foi inaugurado em 1972. No ano

de 2000, houve investimento do Governo do Estado, passou por reformas e recebeu

o nome de Zeca Xibelão, antigo brincante do Boi. (RODRIGUES, 2006, p. 73-74)

Como já citado, cada Boi possui um slogan, o do Boi Caprichoso vem desde

os anos 70, sendo “O Diamante Negro” e “O Boi de Parintins 1913”, esse

permanecendo até 2002. No ano de 2003, o slogan passou para “Caprichoso: O Boi

da Tradição”. Paulinho Faria, ex-apresentador do Boi Garantido, afirmava o Boi

Caprichoso de ser o “Boi da Elite”, sendo assim, o contrário da tradição de Boi,

surgido nas camadas mais pobres da sociedade. (RODRIGUES, 2006, p. 74-75)

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Na época dos anos 90, planejamento e organização foram as palavras

usadas pelos líderes da época, entre eles; Simão Assayag, Marcia Baranda, Gil

Gonçalvez, Raimundo Viana, Raí Viana, Claudiomiro Carvalho e outros. Porém,

tanta inovação fez com que Caprichoso ficasse sem um título durante quatro anos,

assim, fez o Boi voltar a apostar na tradição e da valorização das tradições do Boi-

Bumbá. Hoje, o Boi passou dos 100 anos de fundação e continua com muita alegria,

sem deixar a tradição de lado, saindo às ruas, em forma de promessa feita pelos

irmãos Cid.

Itens Individuais do Boi Caprichoso (CAPRICHOSO, 2016):

Apresentador: Ornello Reis, estreando em 2016;

Levantador de Toadas: David Assayag, desde 2010;

Amo do Boi: Edmundo Oran, desde 2015;

Porta-Estandarte: Thaisa Brasil, estreando em 2016;

Sinhazinha da Fazenda: Adriane Viana, estreando em 2016;

Rainha do Folclore: Brena Dianná, desde 2009;

Cunhã-Poranga: Maria Azêdo, desde 2007;

Boi-Bumbá: Marquinhos Azevezo, desde 1990;

Pajé: Waldir Santana, desde 1992.

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7 PESQUISAS

Neste capítulo, será apresentada a pesquisa de campo, realizada na viagem

ao Amazonas, no mês de Janeiro de 2016. Foram realizadas 30 entrevistas, dentre

elas, pessoas residentes na capital do estado, Manaus, e outras aplicadas na cidade

de Parintins, onde ocorre o próprio Festival Folclórico de Parintins. Com tal

pesquisa, pudemos analisar a percepção dos brincantes em relação ao seu Boi e ao

Festival, através do viés da amorosidade.

Sem a identificação nominal, será usado o termo Garantido, Caprichoso e

Indiferente, para os questionários respondidos. Todos foram realizados

pessoalmente, com auxílio de um gravador.

As sociedades, não somente os indivíduos, são o que garantem a luta pela

existência na espécie humana e são elas como um todo, aquelas portadoras e que

perpetuam as culturas.(LINTON,1979, p. 65). A partir da consideração do autor já

citada, reafirma-se que as pessoas que vivenciam o Festival são as perpetuadoras

da própria cultura, além das gerações.

Dentre as entrevistas realizadas, busquei compreender as formas de pensar e

ver o Festival de Parintins, em pessoas com idades bem distintas, procurando desde

adolescentes até pessoas que hoje não brincam mais no Boi.

Tabela 1: Faixa Etária

Idade 10 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 4 12 9 2 3

Fonte: Do autor

Aqui vemos destacado, dentre os entrevistados, que a maioria pertence à

faixa etária de 21 a 30 anos. Também a com menor aplicação de questionários é a

entre 40 a 50 anos.

O sexo dos entrevistados, podemos acompanhar na tabela a seguir.

Tabela 2: Gênero

Sexo Masculino Feminino

11 19

Fonte: Do autor

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Há uma maioria feminina que respondeu aos questionários, sendo 19

questionários femininos e 11 questionários masculinos.

Foram entrevistadas pessoas da cidade de Manaus e de Parintins, podemos

acompanhar na tabela a seguir.

Tabela 3: Localidade

Cidade Manaus Parintins

12 18

Fonte: Do autor

As entrevistas na cidade de Manaus foram realizadas com pessoas que

estavam em um evento de Boi. Na cidade de Parintins, as entrevistas aconteceram

em diversos momentos, andando pelas ruas, conversando com comerciantes, nos

currais dos Bois, em conversas de bar e outras situações.

O que é o Festival de Parintins para você?

Garantido 1 Bom, o Festival significa hoje, a nossa cultura e de grande importância aqui pra Amazônia.

Garantido 2 Cultura, minha família me apresentou, minha família é toda de lá, aí é uma alegria que a gente tem, só pra ir pra lá, só curti o festival, é muito bom.

Caprichoso 1 Ele representa pra mim, a minha identidade, minha raiz daqui, do meu estado, porque como eu nasci aqui, tem que valorizar a minha cultura, representa muito bem nessa situação.

Caprichoso 2

Festival de Parintins pra mim é uma cultura regional daqui do meu estado, e que eu vejo que tem muito a crescer, tanto pelo Amazonas quanto pela região Norte e o Brasil, e que está aos poucos se classificando como uma das maiores festas folclóricas dentro da região brasileira do Brasil.

Garantido 3 Pra mim, o Festival de Parintins é uma forma de representar o estado do Amazonas fora, a cultura indígena daqui.

Caprichoso 3 O Festival de Parintins pra mim é uma festa da qual se reúnem os dois Bois, Garantido e Caprichoso, em que não há só uma rivalidade na arena, é o que gera renda pra aquela cidade.

Caprichoso 4 Festival de Parintins é uma coisa assim, inigualável, tá ali no meio da galera, torcer pelo seu Boi, sem explicação.

Garantido 4 Pra mim é o maior espetáculo do Brasil, se não do mundo.

Caprichoso 5 Ah, é tudo, a cidade onde eu nasci, me criei, e é minha origem Parintins, cidade do Boi, uma terra muito querida pra mim.

Caprichoso 6

Festival de Parintins ele traz, ele renova uma cultura, cada ano ele vem trazendo um tema diferente, cada Boi trabalha o ano, pra mostrar aquilo que eles pensam, é uma criatividade, poder mostrar o trabalho deles, a criatividade deles, pra mim é isso.

Garantido 5 Ah,o Festival é tudo, por que é a nossa originalidade e nossa cultura, então eu amo de paixão, eu amo muito mesmo o Festival, é uma coisa que traz riquezas pro nosso estado,

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apesar de muitas pessoas abandonarem hoje as raízes, preferirem outras coisas, mas hoje como você tá vendo aqui, onde você tá, tem muitos amantes do Boi-Bumbá, apesar do público ser pouco, mas realmente aqui as pessoas amam.

Garantido 6

Festival de Parintins é uma junção das lendas, dos contos, da imaginação do povo da região norte, do povo da floresta. Ele reúne, entre dias de festa, numa brincadeira de Boi-Bumbá, toda magia que envolve o folclore, aonde os artistas retratam as lendas em alegorias, aí a gente usa as toadas, que são as músicas pra contar essa história, dentro disso, tem as danças, as contas das crenças, enfim, a verdade, em três dias é contado, como se fosse um livro de história com uma narrativa ao vivo, mais ou menos isso.

Garantido 7 Bom o Festival de Parintins pra mim é uma festa cultural da nossa cidade, inclusive os fundadores do, Boi Garantido, moravam bem próximo a casa da minha mãe.

Caprichoso 7

Pra mim, o Festival de Parintins é uma coisa maravilhosa, onde a magia acontece, quando tu entra pra fazer, acontece, tu se arrepia de todas as maneiras, tu vê tanta gente onde pensam “aquilo não vai dar certo”, quando acaba, aquilo se torna uma coisa tão maravilhosa que muitas vezes, você olha, cara eu não sabia que ia tê capacidade de faze aquilo, eu acho assim, uma coisa tão maravilhosa quando começa o Festival de Parintins.

Caprichoso 8

O Festival pra mim, além de ser um modo de me entreter, é a nossa cultura, e a gente leva isso, como um esporte, um lazer, e claro que a gente carrega no sangue esse nosso jeito parintinense de ser, que é o Festival Folclórico de Parintins.

Caprichoso 9 É uma forma de mostrar a cultura popular pro Brasil, e que atrai muitas pessoas de fora, turistas, que vem todo ano, é um jeito de mostrar que Parintins tem uma cultura forte.

Caprichoso 10 Bom, o Festival de Parintins, é quando uma pessoa, tipo se sente feliz por estar fazendo aquilo, já pra mim Festival é uma coisa maravilhosa.

Caprichoso 11 Festival de Parintins é uma festa muito boa, uma cultura ótima, é onde se vive, e é tranquilo.

Caprichoso 12

Pra mim, o Festival de Parintins significa uma maravilha, porque, aqui é uma coisa que só aqui tem, então eu acho uma coisa muito importante, pra mim, e aqui a gente aprende muita coisa, aqui em Parintins, fora as culturas daqui que também são importantes.

Garantido 8 Festival é cultura de um povo que há anos vem se concretizando aqui na cidade.

Garantido 9

Pra descrever às vezes a gente não tem nem palavras, só que é um evento muito grandioso, antigamente já foi muito mais do que é hoje em dia, mas ainda continua sendo um grande espetáculo.

Caprichoso 13 O Festival de Parintins, ele é a nossa cultura, é a nossa história, é a nossa identidade.

Garantido 10 Pra mim, o Festival é algo assim tão grandioso que ultrapassou as barreiras do mundo, tanto é que é conhecido em todo o mundo, não é só Amazonas e Brasil, é mundo todo.

Caprichoso 14

O Festival de Parintins pra mim é um evento popular que traz, uma alegria, uma divisa de alegrias para o município de Parintins, junto com essa alegria toda, que traz pra Parintins, traz também, divisas financeiras, o povo, a comunidade que vende consegue ganhar dinheiro com essa época, vendendo seus produtos, alugando suas casas, e transportes essas coisas todas.

Garantido 11 Pra mim, o Festival de Parintins é a cultura, que atrai as pessoas de fora, e ajuda muito a população do município, só que

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penso assim, as pessoas aqui no tempo do Festival, elas exploram muito os turistas que vem, porque tudo aumenta o valor, o preço de tudo, então é uma coisa que ajuda muito, que beneficia muito a cidade, mas também, as pessoas daqui não sabem ganhar o dinheiro em cima disso, porque elas já exploram os turistas, as pessoas que vêm de fora, então o Festival pra mim é assim, ajuda muito a cidade, é isso, acho.

Garantido 12

Rapaz, pra mim o Festival, pra mim no caso que eu sou proprietário de hotel, é muito gratificante, que nessa época, eu fico 100% lotado no hotel, e independente de outros do Festival, é uma indústria, que Parintins, tem, que na verdade é os dois Bois, o Garantido e o Caprichoso, e é tudo pra cidade, é o que alavanca todas as economias.

Caprichoso 15

Festival pra mim, pra mim no caso, é um período que, no comércio, onde o movimento aumento, as vendas aumentam, vem muita gente de fora, é a nossa cultura, então o Festival em Parintins é o período que todo comerciante espera que chegue o mês de junho pra que a gente posa ter um lucro melhor, pra mim o Festival significa isso.

Indiferente

Bom, o Festival de Parintins é uma cultura, de bastante tempo, é uma festa que é a principal festa da nossa cidade, que atrai muitos turistas, é uma festa bonita, mas no meu ponto de vista, tem muitos erros negativos, por que atrai muitos investimentos bons na economia, mas na questão social, eu acho existem muitos problemas que vão ficando, quando acaba a festa.

Garantido 13

O Festival de Parintins hoje é o berço cultural, é a nossa representação maior do nosso estado, o Amazonas aqui, e que vem ganhando o mundo com sua cultura, representação indígena, e folclórica do seu povo.

Caprichoso 16

É um tema, a gente usa como renda, daqui que sai a sustentação da minha família, dos meus filhos, tenho filho formado médico, saiu daqui, também sabe trabalhar, e vou formando outras pessoas pra trabalhar.

Quadro 1: Questão 4 Fonte: Do autor

Podemos observar que a grande maioria informou que o Festival Folclórico de

Parintins representa sua cultura. Assim como Caprichoso 1 afirma “Ele representa

pra mim, a minha identidade”. Vemos que muitos têm amor à sua cultura, à cultura

do Amazonas, e que o Festival tem grande representatividade no estado.

Assim como alguns afirmam que o Festival traz uma economia à cidade de

Parintins, como Caprichoso 3 fala “é o que gera renda pra aquela cidade”,

Caprichoso 15 também relata a ideia de comércio e economia “Festival pra mim, pra

mim no caso é um período que, no comércio, onde o movimento aumenta, as

vendas aumentam, vem muita gente de fora, é a nossa cultura, então o Festival em

Parintins é o período que todo comerciante espera que chegue o mês de junho pra

que a gente possa ter um lucro melhor.” Seguindo com base nisso, Garantido 12,

afirma que fica “100% lotado no hotel” nos dias do Festival, assim ele salienta que o

evento “é tudo pra cidade”.

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Vendo outro lado do lucro e da renda, Garantido 11 mostra em sua fala, sobre

as pessoas que aumentam o valor de tudo na época do Festival, “elas exploram

muito os turistas que vêm, tudo aumenta”. Caprichoso 16 mostra uma realidade da

cidade, com base na venda de produtos dos Bois, “ a gente usa como renda, daqui

que sai a sustentação da minha família”. Além dessa parte financeira para a cidade,

Garantido afirma que “traz riquezas pro nosso estado.

Vemos o fato da população se interligar e compreender que o Festival faz

parte da cultura e do dia-a-dia da vida dela. Garantido 1 afirma: “significa hoje, a

nossa cultura e de grande importância aqui pra Amazônia”, também vemos a

compreensão da parte indígena da festa, como Garantido 3 salienta, “ a cultura

indígena daqui”. Vendo este lado, Garantido 13 fala que o Festival é “o berço

cultural” da cidade de Parintins, assim como Caprichoso 13 afirma, “é a nossa

história, é a nossa história, é a nossa identidade.

Garantido 6, nos mostra o Festival como sua formação sendo “uma junção

das lendas, dos contos, da imaginação do povo da região Norte, do povo da

floresta”. Assim vemos Caprichoso 9 falando sobre como essa junção é importante

pois “mostra a cultura popular pro Brasil”.

Como há mais de cinquenta anos, o Festival faz parte da vida de Parintins,

Garantido 8 diz “é a cultura de um povo que há anos vem se concretizando”, e assim

como Caprichoso 14 apresenta “ é um evento popular”, outro, Garantido 7 diz que “

é uma festa cultural da nossa cidade”

Hoje vemos diversas formas de nos entretermos, seja ela em grupos, em

aplicativos de celular, mas em Parintins, além dessas formas, Caprichoso 8 diz que

o Festival é “um modo de entreter, é a nossa cultura, a gente leva isso como um

esporte, um lazer”.

Logo na primeira pergunta, conseguimos ver que o Festival tem grande

importância, em todos os sentidos, conseguimos ver o amor que o povo tem pela

cidade e pelo Festival, como Caprichoso diz “é uma coisa maravilhosa”, também,

seguindo o mesmo, Garantido 2 fala que “é uma alegria que a gente tem” pelo

evento. Para a população o evento tomou tanta magnitude que para Garantido 4 o

Festival se tornou “o maior espetáculo do Brasil”.

Como falamos sobre a junção de lendas e contos, percebo que a magia do

Festival encanta a todos, com Garantido 7 diz “O Festival de Parintins, é uma coisa

maravilhosa, onde a magia acontece”. Assim, muitos turistas, conseguem ver a

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imaginação e a criatividade do povo parintinese, que vai além, surpreende como

Caprichoso 6 fala sobre o evento, onde o Boi se prepara o ano todo para “poder

mostrar o trabalho deles, a criatividade”.

Destaco aqui, como Garantido 6, define o Festival, como “um livro de história

com uma narrativa ao vivo”. Vemos todo o trabalho, o amor da população e dos

trabalhadores pela cidade e pelo Festival, muito esperam chegar esses dias de

festa, seja pra curtir, ou pra ganhar seu sustento. Vemos que todas as pessoas,

falam com orgulho que o Festival é a sua cultura, e eles fazem parte dela, mantendo

a tradição acesa sempre.

Como você conheceu o Festival Boi-Bumbá de Parintins?

Garantido 1 Desde sempre, a minha família participa diretamente do festival, são artistas do Garantido lá em Parintins, e eu praticamente nasci dentro do berço do Garantido, sempre fui.

Garantido 2

Minha família é de lá, meu pai nasceu lá, minha vó, aí ele me apresentou, logo quando eu nasci eu tive que ir viajar pra Parintins pra conhece minha família, me conhecerem, aí desde então eu to lá ainda.

Caprichoso 1

Como eu nasci aqui, ouve-se muito falar dessa cultura, estão já nasci escutando isso, minha mãe, na época, me levava muito nos eventos bovinos aqui na capital, e com o passar do tempo, eu mesmo comecei a gostar e frequentar os eventos.

Caprichoso 2

Através da mídia, através das divulgações que tinha na época, na Rede Amazônica, em mídias, fora que o pessoal falava, o “ah, Boi é legal, tem várias festas lá”, não é só Boi que tem lá durante o Festival, tem vários ritmos, variados pra qualquer tipo, para todas as classes sociais.

Garantido 3 Eu conheci, desde pequena que eu meus irmãos iam, aí eu comecei a pesquisar tudinho, aí eu conheci o Festival.

Caprichoso 3 Meu pai nasceu em Parintins, aí quando ele vai pra lá, eu também vou, aí tenho a oportunidade de estar indo.

Caprichoso 4 Eu conheci assistindo mesmo pela TV, quando era pequeno, menorzinho, eu já comecei a gostar do ritmo do Festival, de tudo.

Garantido 4

Desde pequena a gente, como é daqui de Manaus, já acompanha desde pequeno na TV, as toadas, eu conheci, eu era bem nova ainda, já conheci as toadas, nunca fui pro Festival, mas conheci as toadas e assistia pela TV.

Caprichoso 5

É, a minha infância foi toda lá, eu praticamente me criei lá, no curral do Garantido, na Baixa do São José com ambiente familiar, através da minha vó e do meu avó né, e também através dos meus parentes, dos meus primos que participavam também do folclore.

Caprichoso 6

Através de amigos, dançando em grupo, agora estou dançando no grupo Acaóns da Amazônia, que também mostra um pouco de lá, querendo ou não, eles trazem um pouco de lá pra cá, então assim, é muito prazeroso pra gente representar uma cultura de Parintins.

Garantido 5

Eu tenho descendentes em Parintins, minha família toda é parintinense, e aí, não tem como não conhecer o Festival, nasci em Manaus, mas cresci lá, metade da minha infância, e me criei aqui em Manaus, então tenho sangue parintinense.

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Garantido 6

Na verdade, os vizinhos ouviam muito as toadas, mas aí eu comecei a gostar, comecei a me envolver, e depois quando eu vi, já estava fazendo parte do evento. Assim, quem tá de fora é uma coisa, lá dentro é outra coisa, totalmente diferente, de fora que eu digo como, quem ouve fala, que assiste pela TV, lá dentro é outra realidade, então eu fiquei assim, mais ou menos foi, com uns 12 anos eu comecei a estudar e saber da história.

Garantido 7 Eu conheci através dos ensaios, que eram próximos da minha casa, e eu criança ia pra lá.

Caprichoso 7

Eu conheci o Festival desde pequeno, quando começou a construir aqui, a gente passava, olhava, “que que vai ser aqui mesmo”, aí ninguém sabia, a escolha de Boi não é, entre Caprichoso e Garantido, quando você nasce, você não precisa de família pra dizer “tu vai ser isso, vai ser aquilo”, não, já nasce você, mostrando assim que, “ah eu sou Caprichoso” eu sou por que eu gostei, desde pequeno, você não precisa... não sei explica, você não escolhe uma coisa, acontece.

Caprichoso 8 Pelo fato de eu ser parintinense, desde pequena eu já brinco de Boi aqui no nosso Festival, desde pequena eu brinco.

Caprichoso 9 Praticamente já nasci dançando, eu sou dançarino de palco, já faz 2 anos agora, foi isso.

Caprichoso 10 Bom, foi praticamente por uma amiga, porque pra mim, eu acho que nem existia o Festival, então já foram me convidando e eu fui conhecendo mais a população.

Caprichoso 11 Eu moro aqui, daí fui convidada pra dançar aqui, isso já se passaram 4 anos.

Caprichoso 12 Na verdade eu nasci aqui mesmo, então eu já conheci, desde pequena, mamãe sempre me trazia pra cá, então, desde pequena já fico aqui.

Garantido 8 Nasci em Parintins, a gente já nasce conhecendo essa brincadeira de Boi.

Garantido 9

Bom, sou de Parintins, nasci, vem de berço, minha vó, minha mãe, minha vó, por exemplo, era taca-caseira, então ela sempre estava nesses eventos, participando o tempo todo, ai então já veio da criação.

Caprichoso 13

Bem, quem mora em Parintins, quem é de Parintins, conhece, já nasce no Festival, então meus pais me levavam para os ensaios dos Bois-Bumbás, nos levavam pra arena, onde acontece o Festival, então não tem como você ser parintinense e não se envolve com o Festival.

Garantido 10 É familiar, por que meus pais, meus avós, é questão familiar mesmo.

Caprichoso 14

Eu conheci o Festival de Parintins, quando não era Festival ainda, era simplesmente o Boi de rua, a brincadeira de Boi-Bumbá, de rua, e isso aí eu conheci em 1971, aquela brincadeira de rua que foi evoluindo o pra o que é hoje.

Garantido 11

Eu conheci daqui mesmo, desde pequena, eu me criei aqui praticamente, então eu fui crescendo e vendo, assistindo o Festival, na época não era no Bumbódromo era... aqui era um tablado que se chamava, que era num estádio que ficava tudo arquibancada de madeira, aí depois foi transformando e ficando essa coisa que está agora.

Garantido 12

Cara, isso diz que veio do Maranhão, eu sou parintinense, e quando eu me conheci por gente, já tinha o Festival, mas era coisa pequena, em terreiros, currais que eles chamavam, eu sempre participei, brinquei 22 anos no Garantido, o Festival em si, tomou uma direção muito grande, depois que foi divulgado em redes soais, televisões, alavancou muito nosso Festival.

Caprichoso 15 O Festival, como eu sou daqui, desde pequena a gente vem,

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quando nasce a gente já, já tem o nosso Boi de preferência, no caso, eu sou Caprichoso, tenho preferência pelo Caprichoso, então assim pra mim, eu não uso vermelho de jeito algum, pra mim o Caprichoso é o melhor, então é isso.

Indiferente Por que eu nasci aqui, na cidade e desde pequena, eu ouço no rádio, televisão a cidade fica bem movimentada não tem como não saber.

Garantido 13

Eu moro aqui há muito tempo, sou nascido em Manaus, mas moro aqui desde os 6 anos, e sempre acompanhei o Boi desde criança, e faço parte também, como compositor da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido há 16 anos.

Caprichoso 16 Desde pequeno eu comecei a olhar, pra poder começar a trabalhar também.

Quadro 2: Questão 5 Fonte: Do autor

Perguntados como eles conheceram o Festival de Parintins, as respostas

tiveram grande perspectiva familiar. Garantido 2 diz que “quando eu nasci, eu tive

que viajar pra Parintins pra conhecer minha família”, assim conheceu o evento,

como Garantido 3 afirma “desde pequena, eu e meus irmãos iam” ao Festival brincar

de Boi. Continuando as afirmações desse quesito, Caprichoso 5 diz que com “

ambiente familiar” ela conheceu e brinca no Boi.

Com descendentes e familiares em Parintins, Garantido 5 diz que nasceu em

Manaus, mas se criou na ilha, assim ela conhece o Festival, tal como Caprichoso 8

que diz “desde pequena eu já brinco no Boi aqui no nosso Festival”. Como Garantido

8 relata “a gente já nasce conhecendo”. Para confirmar os aspectos familiares muito

presentes Garantido 8 afirma que “vem de berço”, onde os pais passam as

tradições, como ela mesma diz “já veio da criação”.

Com essa criação vindo de família, vemos a confirmação onde Caprichoso 1

diz que “minha mãe, na época, me levava muito nos eventos bovinos”, confirmando

sobre a sequência de tradições e costumes. Caprichoso 13 relata que “meus pais

me levavam para os ensaios dos Bois”. Tendo um lado como importante, Caprichoso

fala que “desde pequena, a gente vem, quando nasce a gente já, já tem o nosso Boi

de Preferência”, fazendo alusão às famílias mais tradicionais.

Caprichoso 7 faz um belo relato sobre a escolha do Boi, “desde pequeno,

quando começou a construir aqui, a gente passava, olhava, “que que vai ser aqui

mesmo”, aí ninguém sabia, a escolha de Boi não é, entre Caprichoso e Garantido,

quando você nasce, você não precisa de família pra dize “tu vai se isso, vai se

aquilo”, não já nasce você, mostrando assim que, “ah eu sou Caprichoso” eu sou por

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que eu gostei, desde pequeno, você não precisa... não sei explicá, você não escolhe

uma coisa, acontece.”

Há relatos de que foi através da mídia que os entrevistados conheceram o

Festival, como Caprichoso 2, “Através da mídia, através das divulgações que tinha

na época, na Rede Amazônica”. O manauara Caprichoso 4, fala “conheci assistindo

mesmo pela TV”, também da capital, Caprichoso 5 fala “assistia desde pequena

através da TV”. Indiferente nos fala que a cidade fica muito movimentada no Festival

e que “desde pequena ouço na rádio”, assim os Parintinenses não tem como não

saber sobre o Festival.

O amigos, são grande influenciadores em gostos e amores também. Vemos

Caprichoso 10 que nos fala que “foi praticamente, por uma amiga”, como o morador

da Capital, que dança em um grupo do Caprichoso, ele diz que conheceu o Festival

“ Através de amigos, dançando em grupo”. Através da dança, vemos que há grande

ligação da população ao Boi, como Caprichoso 11 que foi “convidada pra dançar” e

continua no Caprichoso há 4 anos.

Garantido 6 nos mostra um jeito diferente de conhecimento do Festival, “os

vizinhos ouviam muito as toadas, mas aí eu comecei a gosta, comecei a me

envolver, e depois quando eu vi, já estava fazendo parte do evento, assim, quem tá

de fora é uma coisa, lá dentro é outra coisa, totalmente diferente, de fora que eu

digo como, quem ouve fala, que assiste pela TV, lá dentro é uma outra realidade”.

As toadas são envolventes e comovem todos que as escutam, mostrando o

sentimento amazônico.

Vemos que as famílias têm seu sustento de eventos e do Boi e do próprio

Festival, assim Garantido 1 nos mostra o papel econômico do Boi e como assim

conheceu ele, “a minha família participa diretamente do Festival, são artistas do

Garantido”. O morador de Parintins conta sua história dentro do boi com seu

conhecimento, “moro aqui desde os 6 anos, e sempre acompanhei o Boi desde

criança, e faço parte também, como compositor da Associação Folclórica Boi-Bumbá

Garantido há 16 anos.” No mesmo sentido, vemos vislumbrar dentro da população, o

sentido do Boi, desde pequeno, como o senhor Caprichoso 16 conta que “desde

pequeno eu comecei a olhar, pra poder começar a trabalhar também”, assim

gerando renda e vendo o futuro promissor.

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Como/qual motivo fez você torcer pelo seu boi?

Garantido 1 Sim, como eu falei, a paixão da minha família, trabalhando no Garantido, eu nasci no meio, cresci já com aquela paixão, fui sempre influenciada, com amor sempre.

Garantido 2 A família, toda família é o motivo de quem está no Garantido até hoje, minha família é toda da Baixa do São José, moram bem pertinho da igreja e eu estou lá ainda.

Caprichoso 1 A galera, a nação azulada na realidade, as toadas são bem feitas, isso me levou a torcer mais pelo Caprichoso.

Caprichoso 2

Por que eu gosto da cor azul, que é a cor do meu Boi, que é azul e do meu time que é São Raimundo, fora as outras cores, que são verdes, do Palmeiras e da minha escola de samba Reino Unido.

Garantido 3

Foi uma professora, que pediu pra a gente fazer uma apresentação na escola e ela mostro as músicas do Garantido, aí eu comecei a gostar mais do Garantido, aí depois que eu fui saber das outras do contrário, só que não favoreceu, sou Garantido mesmo.

Caprichoso 3 Por que meu pai mora na cidade Caprichoso, então desde criança eu brinco de Boi no Caprichoso.

Caprichoso 4 Assim, foi vendo mesmo o Festival, escutando as músicas e eu fui me identificando com o Boi, com as músicas, eu achava legal as coreografias, tudinho, dançar.

Garantido 4 Eu sempre fui Garantido, não sei dizer o motivo, quando e comecei a ouvir as toadas eu me encantei pelo Garantido, mas eu escuto os dois e eu danço os dois também.

Caprichoso 5 As toadas, eu acho muito lindas as toadas do Caprichoso.

Caprichoso 6 É, desde infância, tenho amigos que participavam do Caprichoso, então aquilo foi me contagiando, então aprendi a gostar do Boi.

Garantido 5 Ah, porque ele é lindo, e a minha família toda é da baixa do São José, onde o Garantido foi criado, então eu sou Garantido com coração, alma.

Garantido 6

Na verdade, é uma história engraçada, quando eu comecei a gosta de Boi-Bumbá, eu aprendi a gostar do Caprichoso, que é o Boi preto com a estrela azul na testa, das torcidas azul e banco, pra eu assisti o Caprichoso a primeira vez na arena de Parintins, eu tive que ir pro lado contrário, que seria do Garantido, que é o Boi Branco com o coração na testa, das cores vermelho e branco, da torcida, então pra eu poder assistir o Caprichoso, eu tive que i pra torcida do Garantido, porque lá, quanto um Boi se apresente, o outro não pode, em hipótese nenhuma se manifestar, nenhuma torcida, nenhuma bandeira, nada, então eu fiz isso, mas aí o amor foi tanto, a energia foi tanta, veio os arrepios na pele, a coisa bonita mesmo, que eu acabei virando Garantido, aí eu num ano assisti o Caprichoso e no ano seguinte eu já era Garantido, virada mesmo, de coração.

Garantido 7 Por que justamente era o curralzinho do Boi Garantido que ficava próximo da minha casa.

Caprichoso 7 Surgiu desde pequeno, aí vai, a gente vira dançarino, você faz tudo pelo Boi.

Caprichoso 8

A paixão, porque aqui na nossa cidade, temos dois Bois, então aqui a gente se apaixona de maneira espontânea, assim, desde pequena eu vejo Caprichoso, já fui no contrário, mas o meu sangue é azul e eu sou Caprichoso.

Caprichoso 9 O amor, o orgulho, vestir a camisa azul e branca.

Caprichoso 10 Bom, primeiramente foi pelo Caprichoso, porque, por ele, quando

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eu vi “pô ele é meu Boi”, então já, eu vou torcer pra ele, vou fazer de tudo pra ele ganhar todo ano.

Caprichoso 11 Eu torço pelo Caprichoso, sou apaixonada por esse Boi, desde criancinha, e é aqui que eu tô dançando e amo estar aqui, me faz muito bem.

Caprichoso 12 Eu torço pro Caprichoso, e o amor pelo Caprichoso vem desde pequena, minha família é toda Caprichoso.

Garantido 8 Já vem da minha família, minha família é praticamente toda Garantido, aí já vem de berço, e o amor surgiu brincando de Boi na rua.

Garantido 9 É a família, só que é uma coisa assim, porque muitas têm algumas famílias que tem alguém que é do outro lado, mas acho que na nossa não, sempre aquele amor pelo Boi mesmo.

Caprichoso 13

Porque meus pais sempre me levaram pro Caprichoso, e eu aprendi a gostar, a amar o Caprichoso, então, eu brinco Boi no Caprichoso, eu vou no Garantido, mas eu não consigo, ter o carinho, aquele olhar diferente que eu sinto pelo Caprichoso, pelo Garantido, não existe isso, eu gosto é mesmo do Caprichoso.

Garantido 10

Meu Boi é o Garantido, que é o vermelho, no caso ele é branco, a cor que é vermelha, e acredito que pelo fato da minha família, a maioria, 99% ser Garantido, então isso contribuiu muito pra minha escolha.

Caprichoso 14

Eu torço pro Boi Caprichoso, e esse meu envolvimento com o Boi Caprichoso, vem pela cor, o azul e branco que eu gosto, e também, na minha infância em outra cidade em que eu morei, antes de morar em Parintins, já ouvia falar do Boi- Bumbá Caprichoso, não esse aqui, mas o de lá, então eu já tinha assim, um certo contato com esse nome Caprichoso e aí veio a cor azul e branca que são as cores que eu gosto, então casou tudo.

Garantido 11

Eu torço pro Garantido, o motivo é o coração mesmo, o pulsar do coração, é a emoção que a gente sente que é uma coisa que ninguém consegue explica só quem sente mesmo é que sabe, uma coisa é assim que vem de dentro, ninguém assim “ah você vai ser desse Boi” não, a gente que escolhe pelo coração mesmo, pelo qual ele pulsar mais forte é esse mesmo.

Garantido 12

É que o Garantido tem o Boi Garantido, o Boi vermelho, é o Boi dos menos favorecidos, e o Caprichoso é o Boi da sociedade, Boi da elite, aí fico essa divisão, e eu moro bem na divisa dos Bois, na Rua Cordovil, aí no caso, subindo é Garantido e descendo é Caprichoso, a diferença é eu tô bem na divisa dos Bois.

Caprichoso 15

É eu acredito que seja a cor, e como todo mundo diz, quem é Garantido são os péreche e Caprichoso é o pessoal da elite, até o pessoal do Caprichoso é mais organizado, quando tem as festas nos currais, você observa, mais organizado o Caprichoso, Garantido é um pouco mais bagunçado.

Indiferente Bom eu não torço pra nenhum dos dois, eu acho bonito, mas não tenho um específico.

Garantido 13 Sou torcedor do Garantido, e acho que o motivo foi a paixão pela cor e pelo povo, que o bairro onde eu morro, São José, que torce.

Caprichoso 16 Vai da gente mesmo, por que o Boi é do lado vermelho, mas eu torço pro lado azul, família todinha é azul e branco.

Quadro 3: Questão 6 Fonte: Do autor

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Uma das perguntas realizadas, no qual os olhos dos entrevistados mais

brilhavam, era falar sobre o seu Boi preferido. Quando questionados sobre o motivo

de torcer por um Boi, vemos as respostas em ramos distintos.

Como aspecto família, Caprichoso 3, fala que seu amor surgiu, pois “meus

pais moravam na cidade Caprichoso” assim, desde criança acompanhava a

movimentação do Boi. Caprichoso 7 fala que “surgiu desde pequeno”, e assim o

amor cresceu e faz tudo pelo Boi. Caprichoso 12 relata um fator importante sobre o

amor ao Boi “vem desde pequena, minha família é toda Caprichoso”. Com o mesmo

olhar, vemos Garantido 8, que “vem da minha família, minha família é praticamente

toda Garantido, aí já vem de berço, e o amor surgiu brincando de Boi na rua”.

Vejo o fator do bairro, como um grande influenciador no contexto de Boi

preferido, como Garantido 2 afirma que o fator da família motivou o seu Boi

preferido, ele relata que “minha família é toda da Baixa do São José”, local onde

está localizada a cidade Garantido. Podemos ver o mesmo fator aplicado ao

entrevistado Garantido 5 e Garantido 7, o último, o qual o curral, o local de ensaio,

shows do Boi, ficavam próximo à casa dela.

Como esse amor, carinho pelo seu Boi surge desde pequeno, Caprichoso 13

relata que “meus pais sempre me levavam pro Caprichoso”. Essa paixão pelo boi,

em Garantido 1, surgiu da família, o qual eles são artistas do Boi Garantido, e como

ela relata, “fui sempre influenciada, com amor sempre”. Vemos Caprichoso 6

citando os amigos, o qual ele tem amigos que iam no Boi Caprichoso, assim ele se

interessou e se contagiou.

As cores distintas, azul para Caprichoso e vermelho para o Garantido, são

fatores que influenciam na escolha do Boi. Caprichoso 2 relata sobre seu amor às

cores, “eu gosto das cores azuis, que são as cores do meu Boi, que é azul e do meu

time que é São Raimundo”. A história do Caprichoso 14 também é pela cor e pelo

nome Caprichoso, como mostra “vem pela cor, o azul e branco que eu gosto, e

também, na minha infância em outra cidade que eu morei, antes de morar em

Parintins, já ouvia fala do Boi-Bumbá Caprichoso, não esse aqui, mas o de lá, então

eu já tinha um certo boi com esse nome de Caprichoso e aí veio a cor azul e branca

que são as cores que eu gosto, então casou tudo.

Garantido 13, fala que seu amor surgiu da junção do amor pela cor, o povo do

Boi Garantido e também seu Bairro. Caprichoso 15 nos mostra do porque do seu

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amor “a cor, e como todo mundo diz, quem é Garantido são os pérreche e

Caprichoso é o pessoal da elite”.

As toadas dos Bois, ou seja, as músicas, encantam seus ouvintes, como

relatado. Garantido 3, mostra sua história, um pouco diferente das outras, “Foi uma

professora, que pediu pra gente fazer uma apresentação na escola e ela mostro as

músicas do Garantido, aí eu comecei a gosta mais do Garantido”. Caprichoso 4 dia

que “com as músicas, eu achava legal as coreografias” surgiu seu amor ao Boi

Caprichoso. Garantido 4, sem tanta disputa pelos Bois, mesmo tendo amor pelo

Garantido, ela diz que “comecei a ouvi as toadas eu me encantei pelo Garantido,

mas eu escuto os dois e eu danço os dois também”.

Há fatores de ligação ao Boi preferido, em que os entrevistados tentam

expressar seu sentimento, como Caprichoso 9, que nos relata que foi “o amor, o

orgulho” que teve pelo seu Boi. Vemos Caprichoso 8 relatando que “a gente se

apaixona de maneira espontânea”, dizendo que já foi Garantido, porém “meu sangue

é azul e eu sou Caprichoso”.

Garantido 11 diz que seu amor ao Boi é “o pulsar do coração, é a emoção que

a gente sente, que é uma coisa que ninguém consegue explica”, ele continua

fazendo um relato sobre a escolha do seu Boi, pois muitos dizem pra você ser de

determinado Boi, mas ele diz que “a gente que escolhe pelo coração mesmo, pelo

qual ele pulsa mais forte, é esse mesmo”.

Destaco aqui a história de Garantido 6, “é uma história engraçada, quando eu

comecei a gosta de Boi-Bumbá, eu aprendi a gosta do Caprichoso... pra eu assisti o

Caprichoso a primeira vez na arena de Parintins, eu tive que ir pro lado contrário,

que seria do Garantido..., por que lá, enquanto um Boi se apresenta, o outro não

pode, em hipótese nenhuma se manifestar, nenhuma torcida, nenhuma bandeira,

nada, então eu fiz isso, mas aí o amor foi tanto, a energia foi tanta, veio os arrepios

na pele, a coisa bonita mesmo, que eu acabei virando Garantido, aí eu num ano

assisti o Caprichoso e no ano seguinte, eu já era Garantido, virada mesmo, de

coração.”

Das 30 entrevistas, uma não possui amor a nenhum Boi, como Indiferente

mostra “eu não torço pra nenhum dos Boi”.

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Qual a sua opinião sobre o modo como os meios de comunicação apresentam

informações sobre o Festival Boi-Bumbá de Parintins? Algo que chama sua atenção (internet, TV, rádio...)?

Garantido 1

Hoje em dia, está bem mais abertamente a maneira de entrevistar, através da internet e da televisão, também a nível nacional e internacional, as emissoras transmitindo, a gente mesmo aqui de Manaus, de Parintins, a gente apresenta através das redes sociais para o povo de fora também.

Garantido 2

A mídia, ela divulga bem o Festival, tipo a Crítica ela dá muita força, a Record, antes a Band assumiu o compromisso de divulgar a cultura, é bom, é muito bom a divulgação, às vezes deixa falhas algumas horas na divulgação, mas ajuda muito.

Caprichoso 1

Pra cá pra capital, ela é bem feita, bastante maciça, mas eu acho que, é uma falha muito grande quando essa divulgação é pro exterior ou pra fora do estado, se fala, mas se fala pouco, há divulgação principalmente na época do Festival, pra chamar os turistas, ou principalmente pra quem nasceu aqui no Brasil mesmo, a divulgação é pouca.

Caprichoso 2

Antigamente era bem divulgado, mas agora ultimamente, a mídia está deixando a desejar um pouco, mas elas só veem o Boi muito em cima da hora, e quando colocam a mídia pro Boi, já tá muito em cima, e o Boi acaba sendo esquecido, colocando assim quase que a extinção do folclore do Brasil e da região Norte. Se a mídia colocasse mais atenção, dentro do nosso folclore, assim como o Pará bota o Carimbó, assim como outros estados, o Rio de Janeiro, o Carnaval, o Boi seria muito mais valorizado, tanto pelo pessoal aqui da terra, quanto dos outros estados.

Garantido 3

A minha opinião hoje, estão divulgando pouco o Festival, as pessoas que mais divulgam são só os cantores, os torcedores, grupos que gostam mesmo de Boi, mas a mídia não está muito comunicando e tal, por TV, internet assim, acho pouco o que está sendo divulgado.

Caprichoso 3

Olha, na TV, só aparece, quando, a transmissão do Festival mesmo, final do mês de junho. Assim na rádio, de março a junho, eles reservam horário pros dois Bois apresentarem suas toadas e na internet sempre tem, redes sociais eles informam de eventos de Boi, sempre tem.

Caprichoso 4

Eu sou muito antenado, muito, assim, atendo as divulgações, então pela TV, internet, atualmente mais internet, tem mais coisa, mas assim, Festival pela televisão. O Festival começa no início do ano né, tem os ensaio, tudinho uma temporada, mas tem eventos assim paralelos que é o ano todo.

Garantido 4

A gente que sempre tá aqui no Boi, a gente acha bem ruim, por que a transmissão às vezes é muito ruim, não tem muita divulgação, geralmente aqui todo mundo se conhece porque é aqueles que gostam mesmo, mas quem é de fora que não conhece, eles não chamam as pessoas pra vim, porque acho que não tem muita divulgação, aqui em Manaus.

Caprichoso 5

Ah, são muito bom, eles divulgam através da televisão, eu assisto direto, é um meio de cultura deveria ser mais mostrado, pro povo ter mais informações, ter mais desenvolvimento, é poucas imagens que postam, mas deveria ter mais culturas, mais procedimentos.

Caprichoso 6

Eu acredito que deveria ter mais informações, outras TVs, porque, no Festival apenas aparece só numa TV, deveria ter mais assim, às vezes pessoas, querem ver certa TV, mas não tem aquela disponibilidade, deveria ter mais.

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Garantido 5

O Festival de Parintins, ele já foi muito melhor divulgado, ele já teve muita audiência por conta de governantes, políticos, e outras coisas envolvidas. Ele caiu muito em produção, mas mesmo assim, não deixou os amantes do Boi-Bumbá deixarem de prestigiar, mas hoje na mídia, ele não está sendo tão valorizado como deveria, porque ele é um espetáculo muito lindo, quem não está assistindo está perdendo, com certeza.

Garantido 6

Eu acho ela um pouco falha, na verdade, eu vejo assim, as pessoas ainda priorizam pela grana, e como o festival, entre aspas, ele tem um patrocínio gigantesco de empresas assim, gigantes mundiais, então acredito que visa-se muito dinheiro, e aí entra a desvalorização da terra, porque, geralmente, a gente só dá valor pro que é lá de fora, o que é regional sempre peca, então eu acredito que se não tem dinheiro, não tem como se divulgar, eu penso dessa forma, eu acho falha, eu acho que deveria ter muito, tanto que o pessoal de fora, como você, com certeza conhece, porque alguém falo, alguma tevê alguma coisa na TV rápida, mas as pessoas não entendem o porquê o Pagé, a Cunha-Poranga, porque o Boi, então eu acho um pouco falha sim, quando poderia ser melhor.

Garantido 7

Bom, ultimamente ela está sendo bastante, através dos nossos representantes do Boi-Bumbá Garantido, do Caprichoso também, quando eles vão, eles divulgam bem a nossa cultura.

Caprichoso 7

Bom, pra mim quando ele é divulgado, ele está mostrando, que aqui não é só um interior, está mostrando que aqui também há civilização, que aqui tem pessoas que têm a capacidade de crescer. Muitas vezes, somos chamados pra trabalhar pra fora, Carnaval do Rio de Janeiro, São Paulo, toda nossa criatividade vem daqui, daí mostra pra fora o que somos capazes de fazer.

Caprichoso 8

A gente que é dançarino, a gente vê pela televisão os ensaios da marujada, a gente acompanha, não é só pelo Brasil, mas pelo mundo, que acompanha o Festival, então ele é muito bem divulgado, e muito parabenizado, pelo que nós fazemos aqui.

Caprichoso 9 Eles divulgam através da televisão, através da Record.

Caprichoso 10 Ela é muito divulgada, todos os dias, aqui em Parintins.

Caprichoso 11 Eu vejo uma ótima divulgação, porque não fica só em Parintins, sai para outros estados e divulga muito a nossa cultura.

Caprichoso 12 Eu fico muito feliz, por saber que o Festival de Parintins está sendo divulgado por todo canto do Brasil.

Garantido 8

Confesso que há anos atrás, já tivemos uma divulgação bem maior, hoje em dia já não é tanto, nós não temos mais toda aquela mídia, que um tempo atrás nós tínhamos, já tá um pouco defasado isso.

Garantido 9 São boas, mas poderiam ser melhores, porque às vezes, a divulgação é mais voltada pro Amazonas, acho que devia ser mais expandido pelo Brasil.

Caprichoso 13

O Festival, ele é muito divulgado na nossa região, digamos assim, no Norte, mas falta uma divulgação maior, pra todo o Brasil. É pouco, eu penso que o Festival ele é muito lindo, ele é muito envolvente, mas falta uma mídia maior.

Garantido 10

Eu acredito que nós temos uma boa divulgação, e a internet, ela ajudo muito, ela ajuda muito, tanto é que, um dia desses, foi tocada uma música na Fila Harmônica de... não lembro o local mas quer dizer, é algo que ultrapassa o mundo todo, uma música daqui, parintinense, é “Índio” até a música, a letra, então acredito que a internet, ela tem mais divulgação até que a rádio e a televisão.

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Caprichoso 14

Pois é, com relação à divulgação, eu acredito que ainda temos que fazer mais, mas fazer uma divulgação sincera, uma divulgação séria, correta, passar realmente pro povo que tá fora a realidade, nós não podemos maquiar uma coisa, ultimamente, se passa uma propaganda que na realidade aqui não é, nós estamos perdendo muito com isso, já tivemos oportunidades, inclusive com uma emissora de televisão, que é a Rede Globo, uma potência a nível nacional, a nível mundial nós tivemos essa emissora aqui e deixamos escapar, não sei por conta de que, mas escapou, então essa divulgação tem que ser feita melhor.

Garantido 11

Eu vejo que tem uma divulgação boa, só que assim tem a divulgação boa e tem a negativa. A negativa é o caso daquele que eu falei da exploração, que acontecem muitas coisas que é, é uma coisa boa que acontece, mas ao mesmo tempo, atrai muitas coisas ruins, então eu vejo assim, que tem o lado positivo e tem o lado negativo, tem coisas que os jornais divulgam que são coisas boas e tem as negativas que... a gente que é parintinense, que é daqui, por exemplo eu, eu fico triste saber essas coisas ruins que acontecem, de negativas, porque a gente sente, tá falando de Parintins, do Festival de uma coisa que a gente gosta daqui, da nossa região, então eu acho assim meio chato às vezes.

Garantido 12 Olha, vou te falar, o Festival cresceu muito, tipo da década de 90 pra cá, com as televisões e foi divulgado para o mundo todo, e tá no que tá, tá grandioso o Festival.

Caprichoso 15

Na TV, eu acredito que deveria ser divulgado melhor ainda, por exemplo, quando está passando o Festival, tem emissora que corta muitas imagens, eu acho que deveria ser divulgado melhor.

Indiferente

Bom, eu acho que é uma divulgação muito bonita, e o pessoal que vem, faz um bom comentário, os jornalistas, eles procuram investigar bem. Eu acho que eles fazem uma boa divulgação uma boa apresentação, apesar de não morarem na nossa cidade, mas eles divulgam muito bem pela televisão e pelo rádio.

Garantido 13

Já foi melhor, já teve seus anos de glória o Festival Folclórico, nas décadas de 90, o Boi se expandiu muito através da banda Tic Tac, e outras bandas, Fafá de Belém, hoje falta mais um impulso pra divulgação.

Caprichoso 16 Ele já foi divulgado, agora está caindo, foi 4 anos de “pelha” agora, já foi bem divulgado, muitos nomes, já foi pra São Paulo, Rio de Janeiro, mas agora tá caindo.

Quadro 4: Questão 7 Fonte: Do autor

Quando os entrevistados foram questionados sobre como era a divulgação do

Festival, vemos duas opiniões, há os que falam ser bem divulgado, como

Caprichoso 3 diz que na TV, aparece só em épocas do evento, mas “na rádio, de

março a junho, eles reservam horário pros dois Bois apresentarem suas toadas e na

internet sempre tem, redes sociais eles informam de eventos de Boi”. Caprichoso 4

fala que atualmente, ele visualiza uma divulgação maior pela internet.

Com o pensamento que o Festival é bem divulgado, Caprichoso 8 dia que “vê

pela televisão os ensaios da Marujada”. O Caprichoso 10 diz que em Parintins ela é

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bem divulgada todo dia na cidade, já Caprichoso 11 diz que a divulgação sai da

cidade e vai para outros estados também. Garantido 12 diz “o Festival cresceu

muito, tipo, na década de 90 pra cá com as televisões e divulgado para o mundo”.

Garantido 1 diz que a divulgação acontece “através da internet e da televisão,

também a nível nacional e internacional, as emissoras transmitindo”. Vemos que

Indiferente pensa que é “uma divulgação muito bonita”, pois as pessoas que

comunicam sobre o evento, elas pesquisam para se aprofundar e entender os

acontecimentos.

A internet é uma grande ferramenta de divulgação dos Bois, como Garantido

10 salienta “temos uma boa divulgação e a internet ela ajudo muito”. Com muitos

itens que são julgados nas apresentações, como as moças (cunhã-poranga, rainha

do folclore e outras), Garantido 7 diz que a divulgação “tá sendo bastante, através

dos nossos representantes do Boi”, essas pessoas têm grande poder de influência

assim, com facilidade e sua beleza, levam o nome do Festival e dos Bois ao Brasil, e

a nível mundial.

Há quem diga que a divulgação é boa, porém em alguns aspectos, ela deixa a

desejar. Como Garantido 2 diz que o Festival é bem divulgado pela mídia, porém,

nas horas de falar do Festival na TV ele diz “às vezes, deixa falhas algumas horas

na divulgação”. Vendo os dois lados, Garantido 11 diz que “tem uma divulgação boa,

só que assim, tem a divulgação boa e tem a negativa, a negativa é caso aquele que

eu falei da exploração”.

Caprichoso 1 diz que pra capital há uma boa divulgação, com muitas

informações, porém, como ele diz sobre a divulgação pro Brasil e ao exterior, “é uma

falha muito grande quando essa divulgação é pro exterior ou pra fora do estado, se

fala, mas se fala pouco, há divulgação principalmente na época do festival, pra

chama os turistas, ou principalmente pra quem nasceu aqui no Brasil mesmo, a

divulgação é pouca.” Vemos aqui uma distinção grande.

Vendo o lado contrário, Garantido 13 diz que “falta um impulso para a

divulgação”, pois como ele diz, o Festival teve seus anos grandiosos, como ele diz,

muitas bandas como a de Fafá de Belém engrandeceram o Festival. Caprichoso 16

fala que foram quatro anos, atualmente, de grande trabalho. Vendo as mesmas

ideias, Garantido 8 diz “que há anos atrás, já tivemos uma divulgação bem maior,

hoje em dia, já não é tanto, nós não temos mais toda aquela mídia”.

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Garantido 5, também fala que no passado, ele já foi melhor divulgado e teve

muita audiência, como ele diz, isso aconteceu “por conta de governantes, políticos, e

outras coisas envolvidas”, ele fala que hoje o evento “caiu muito em produção, mas

mesmo assim, não deixo os amantes do Boi-Bumbá deixarem de prestigiar, mas

hoje, na mídia, ele não tá sendo tão valorizado como deveria”

Percebendo que a divulgação é voltada mais para o Amazonas e para a

região Norte, como Garantido 9 e Caprichoso 13 afirmam: o primeiro diz que

“deveria ser mais expandido para o Brasil” e o segundo sustenta a mesma ideia, que

deveria ser divulgado mais para todo o Brasil. Contraposto a esses, Garantido 4 diz

que não há muita divulgação na cidade de Manaus.

Voltando aos aspectos dos itens e grupos de dança dos Bois, Garantido 3 fala

que hoje, o Festival é muito pouco divulgado em mídias, porém como ele fala “as

pessoas que mais divulgam são só os cantores, os torcedores, grupos que gostam

mesmo de Boi, mas a mídia não tá muito comunicando”. Caprichoso 2 fala que com

esta pouca divulgação, “o Boi acaba sendo esquecido, colocando assim quase que a

extinção do folclore do Brasil e da região Norte”.

Falando no aspecto TV, Caprichoso 6 diz que deveria ter outras TVs para

divulgar e informar sobre o Festival. Já na parte de transmissão do evento pela TV,

como Caprichoso 15 fala “deveria ser melhor ainda, por exemplo, quando tá

passando o Festival, tem emissora que corta muitas imagens”, nesse sentido, ele

fala sobre o evento não ser transmitido consecutivamente e sim, cortado em partes.

Sobre a transmissão, Garantido 6 fala que quando passa pela TV, “as pessoas não

entendem o porquê do Pagé, a Cunhã-Poranga, porque o Boi”

Vale destacar duas respostas aqui, a de Caprichoso 14 que diz “acredito que

ainda temos que fazer mais, mas fazer uma divulgação sincera, uma divulgação

séria, correta, passa realmente pro povo que tá fora a realidade, nós não podemos

maquiar uma coisa, ultimamente se passa uma propaganda que na realidade aqui

não é, nós estamos perdendo muito com isso, já tivemos oportunidades, inclusive

com uma emissora de televisão, que é a Rede Globo, uma potência a nível nacional

a nível mundial. Nós tivemos essa emissora aqui e deixamos escapar, não sei por

conta de que, mas escapou, então essa divulgação tem que ser feita melhor.”

Outro comentário em destaque é o de Garantido 6 que fala “o festival, entre

aspas, ele tem um patrocínio gigantesco de empresas assim, gigantes mundiais,

então acredito que se vise muito dinheiro, e aí entra a desvalorização da terra, por

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que, geralmente a gente só dá valor porque é lá de fora, o que é regional sempre

peca, então eu acredito que se não tem dinheiro, não tem como se divulga”. Voltado

para esse lado, sobre a desvalorização, Caprichoso 7 fala que quando ele é

divulgado “ele tá mostrando, que aqui não é só um interior, tá mostrando que aqui

também há civilização, que aqui tem pessoas que têm a capacidade de cresce”.

Você acredita que o trabalho dos meios de comunicação contribui para a imagem favorável do Festival Boi-Bumbá de Parintins?

Garantido 1

Sim, positivamente, porque através da comunicação, a gente atrai os turistas, o que faz a nossa cultura ser reconhecida mundialmente como hoje é, o mundo todo, praticamente conhecer o nosso festival.

Garantido 2

Não, eles influenciam positivamente e negativamente, têm gente, “ah é, pessoal vai lá, mas só vai gasta dinheiro”, mas só sabe depois que vai mesmo, tipo se não conhece, a mídia ela influência muito positivamente pra querer conhecer, mas só vai conhecer mesmo, depois que tu frequentar.

Caprichoso 1 Sim, ela é positiva na realidade, porque, com a divulgação, vai vim turista, vai vim mais renda pra capital, não só pra capital, quanto pra própria Parintins.

Caprichoso 2

Ambos, eu creio que o Festival está um pouco desmoralizado, porque está tendo pouco incentivo agora, por meio da Secretaria da Cultura, eles colocam mais coisas dentro da capital, e esquecem que tem cultura fora de Manaus também. Um exemplo que posso citar é Folclore de Parintins, que é o Festival do Boi, a “Cena de Mariporã”, o folclore da Amazônia não se resume só em Boi, mas também em outras, e isso a Secretaria de Cultura tá faltando a desejar, fazendo que o folclore do Amazonas seja esquecido.

Garantido 3 Sim, quando tenha pouca divulgação, acredito que ele seja divulgado positivamente.

Caprichoso 3 Eu acho que influencia positivamente, por que é uma forma de divulgar o Festival de Parintins.

Caprichoso 4 Com certeza positivamente, chama muito mais o povo pra assisti ou conhecer o Festival, as músicas as histórias dos Bois.

Garantido 4 Positivamente, mas devia ter mais divulgação sobre o Festival e sobre eventos, por exemplo, como esse aí, pra chama mais pessoas.

Caprichoso 5 Positivamente, por que é uma coisa boa, uma coisa que mostra a cultura do nosso Brasil do nosso Amazonas né.

Caprichoso 6 Com certeza positivamente.

Garantido 5

Eu acho que a mídia, depende muito de quem vai falar do Festival, porque tem pessoas que podem falar superbem do Festival, falar maravilhas do que realmente é, mas se tem as pessoas que não favorecem o Festival, claro que elas vão querer falar mal, mas se a mídia, realmente for usada para o bem o Festival crescerá muito, como o Carnaval do Rio de Janeiro.

Garantido 6

Na verdade, acredito que de uma forma geral, não só no Festival, mas como a pauta aqui é o Festival, eu acredito que sim, positivamente, mas sempre tem aquelas pessoas que não gostam de Jesus Cristo, não agrado todo mundo, então tem pessoas que reclamam que não gostam, mas acredito que sim, acredito que influencia sim, tanto positivamente, quanto

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negativamente. A pouca divulgação que a gente ainda tem, ela ajuda sim bastante, se tivesse mais seria bem melhor, a gente vê pelas festas locais que acontecem na cidade, quando você anuncia que vai ter um evento de Boi-Bumbá, é impressionante como lota os eventos. Agora, as pessoas também reclamam, “poxa, eu nem fiquei sabendo, eu nem sabia”, então se tivesse mais divulgação, com certeza.

Garantido 7 Com certeza, positivamente.

Caprichoso 7 A televisão, a internet tudo ajuda a mostrar que a gente não está esquecido.

Caprichoso 8

Os dois, positivamente e negativamente. Positivamente porque é uma maneira bonita de mostrar a nossa Parintins, que é conhecida, o Festival é muito bonito, e de maneira negativa, também, porque tem pessoas que já não gostam, que criticam, que falam mal, mas a gente não pode fazer nada, é uma cultura como qualquer em outra cidade.

Caprichoso 9 Elas influenciam, pra mim, positivamente, acaba arrecadando mais pessoas pro nosso Festival de Parintins, arrecadando, cresce mais o público aqui.

Caprichoso 10 Acho que positivamente.

Caprichoso 11

Sim, influencia, influencia muito, para que, pessoas de fora venham pra cá conhecer a cultura, e muitas pessoas também vem pra exploração, não vem só pra conhecer a cultura, como vem pra faze o mal também.

Caprichoso 12 Eu penso no bom, por um lado e por um outro, por que, muitas pessoas pensam ruim daqui, principalmente das meninas que dançam aqui, pensam coisas ruins.

Garantido 8

Eu acredito que positivamente, tem o lado das pessoas que ainda acham que o Amazonas, num todo, é muito primitivo, só que não, nós mostramos pro mundo, que através da nossa arte e da nossa cultura, que tanto Parintins, quanto Amazonas é bem evoluído.

Garantido 9 Pode, dependendo de como é feita a divulgação, por que tem muitas divulgações que são feitas do modo errado, dando a entender uma outra coisa que é nossa cultura.

Caprichoso 13 Sim, com certeza, positivamente, no caso pra divulgar o Festival, mas a gente tem que ter muito cuidado, pois tem coisas que podem levar pro lado ruim da divulgação.

Garantido 10

Tem os dois lados, porque, tipo assim, a família da minha mãe, ela mora no Rio, eles assistem, eles ficam hiper empolgados, assistindo o Festival, só que nós que moramos aqui, que conhecemos o Festival, quando a gente assiste a gente acha que falta muita coisa a apresentar, porque assim, são algumas coisas que passam, não é uma coisa contínua na noite, eles ficam cortando, acaba prejudicando, mas mesmo assim, as pessoas que assistem acham aquilo maravilhoso, as pessoas que assistem na TV no caso, na mídia.

Caprichoso 14

Interfere, principalmente, como falei quando se faz uma propaganda e que o turista chega aqui e não é aquilo que se passou, ele faz um comentário e esse contrário prejudica e muito, tem prejudicado e muito.

Garantido 11

Sim, influencia, porque a mídia, ela divulga uma coisa, e quem não conhece vai naquilo que é divulgado, tem coisas que é divulgado que realmente é de verdade, acontece mesmo e tem umas que não, que a mídia já aumenta, então é isso.

Garantido 12 Positivamente, com certeza, porque os meios de comunicação, eles trazem o turista pra vim conhecer de perto a história dos Bois-Bumbás.

Caprichoso 15 Positivamente.

Indiferente Com certeza, porque as pessoas vão muito pelo que elas ouvem

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e pelo o que elas veem.

Garantido 13

Acho que influenciam positivamente, através da internet e seus alicerces, é bastante divulgada sim, pela internet, e tem bastante gente que vem através da internet, pelo fato de conhecer a cidade, curiosidade.

Caprichoso 16 Influencia sim, positivo, porque dá o conhecimento lá fora do nosso Festival, é ótimo.

Quadro 5: Questão 8 Fonte: Do autor

Quando questionados sobre o trabalho das mídias, em relação à influência,

positiva ou negativa, que ele pode ter sobre seus expectadores, vemos que alguns

acreditam que possa ser positiva e outros com o pensamento negativo.

Garantido 1, com o pensamento positivo, ele salienta que com a

comunicação, é possível atrair turistas à ilha. Indo pelos mesmos caminhos,

Caprichoso 1 fala que, “com a divulgação, vai vim turista, vai vim mais renda pra

capital, não só pra capital, quanto pra própria Parintins”. Também positivamente,

Caprichoso 4 fala que assim, atrai mais as pessoas a conhecer o Festival.

Enquanto alguns apenas dizem que a divulgação influencia positivamente,

como Caprichoso 3, Caprichoso 5, Caprichoso 6, Garantido 6, Caprichoso 10,

Caprichoso 15 e Caprichoso 16, outro diz que “A televisão, a internet tudo ajuda, a

mostra que a gente não ta esquecido”, são falas de Caprichoso 7, e também

Caprichoso 9 fala que com a divulgação positiva, as pessoas vão à cidade, assim

agregando mais pessoas. Garantido 13 também fala sobre a internet como influência

positiva ao evento, pois desperta a curiosidade de conhecer a cidade.

Vemos que há pessoas que pensam dos dois lados, o positivo e o negativo

através da divulgação. Vemos esse aspecto em Garantido 6, falando que quando há

mais divulgação, atrai mais pessoas aos eventos, e com pouca, muitas pessoas não

sabem sobre os acontecimentos do Boi. Garantido 4, sobre a divulgação de

eventos, também fala que deveriam ser mais divulgados os eventos de Boi, para

assim, arrecadar mais pessoas e dinheiro ao Boi. Garantido 5 aborda o tema,

dependendo das pessoas que falam sobre o Evento, havendo mudança sobre

conceitos próprios das pessoas.

Caprichoso 8 segue as mesmas linhas, vemos que “positivamente e

negativamente, positivamente porque é uma maneira bonita de mostrar a nossa

Parintins, que é conhecida, o Festival é muito bonito, e de maneira negativa,

também, porque tem pessoas que já não gostam, que criticam, que falam mal.”

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Caprichoso 13 fala que sofre influência dos dois lados, porém para que não haja

divulgação negativa, tem que haver muito cuidado com o que é passado à mídia e

pela mídia.

Garantido 2, fala que as pessoas podem pensar que muitos vão a Parintins

apenas pra gastar dinheiro, mas a mídia faz o papel de influenciar as pessoas a

conhecer a cidade e o Festival, porém como ele diz “só vai conhecer mesmo, depois

que tu frequenta”.

Ainda com o pensamento dividido, Caprichoso 11 fala sobre a cultura, a qual,

muitos vão conhecer a mesma da cidade e da região, porém também há o lado que

muitos vão para a exploração, assim vendo os dois lados da influência que a

divulgação tem. Vemos um lado que Garantido 8 apresenta, ele pensa que pode

influenciar positivo, porém “tem o lado das pessoas que ainda acham que o

Amazonas, num todo, é muito primitivo, só que não, nós mostramos pro mundo, que

através da nossa arte e da nossa cultura, que tanto Parintins, quanto Amazonas é

bem evoluído.” Com isso, podemos ver que há muito a ser mostrado na cidade de

Parintins e todo o estado do Amazonas.

Vemos o lado das pessoas que a mídia pode influenciar negativamente, como

Caprichoso 12 fala sobre as meninas dançarem no Boi, que há pessoas que pensam

mal.

Voltado ao Festival, Caprichoso 14 fala que a mídia faz uma propaganda,

porém quando eles vão conhecer é outra realidade, assim como Garantido 11

sustenta “porque a mídia ela divulga uma coisa, e quem não conhece, vai naquilo

que é divulgado”. Sobre a transmissão, Garantido 10 fala que sua família assiste

pela TV, pois moram no Rio de Janeiro, mas ela mesma diz “são algumas coisas

que passam, não é uma coisa contínua na noite, eles ficam cortando, acaba

prejudicando, mas mesmo assim, as pessoas que assistem acham aquilo

maravilhoso”.

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Qual o sentimento de pertencer à “galera” do seu Boi-Bumbá?

Garantido 1

Sim, a galera do Garantido, é uma emoção incrível, só quem está presente pode sentir, é um sentimento inexplicável, na hora tu quer gritar, tu quer torcer, realmente tu não sente cansaço, não existe cansaço quando você está na galera do Garantido.

Garantido 2

É muito bom, eu sei como é, eu danço no corpo de dança do Garantido, no grupo Somos um Show, mas quando chego em Parintins, aí a galera emociona e eu vou pra arquibancada, eu chego cedo, eu frequento um grupo Mancha Vermelha que é um grupo frequente mesmo, são as primeiras pessoas que chegam na fila, e eu estou lá um dia antes do festival, aí pra enfrentar fila, e fica um espaço bom pra enxergar.

Caprichoso 1

A melhor possível, é uma emoção muito grande tensa naquela nação azulada, vendo a apresentação do meu boi, pessoal chorando, se emocionando com aquela maravilhosa apresentação que o nosso Boi apresenta.

Caprichoso 2

Meu irmão, é um amor incondicional, eu estou no Caprichoso há 16, e a minha torcida, a galera é 15, então o que eu conheço, tanto Parintins quanto o Boi, é uma coisa inexplicável, só a pessoa dentro pode explica, porque sabe que lá não é fácil, dentro do Boi, tanto pra você que é da torcida, é artista, sabe que é dureza, e a gente conhece na pele, só a pessoa tanto lá, a gente sabe reconhecer o valor sentimento Caprichoso tanto na pele, sabendo, ficando na fila, sol e chuva lá, a pessoa economizando o dinheiro pra estar lá os três dias do Festival, só sabendo, pra sabe o valor do Caprichoso, ser aguerrido, tanto da nação Caprichoso tanto da vermelha.

Garantido 3 É um sentimento de amor, paixão e felicidade.

Caprichoso 3

O sentimento é único, verdadeiro, você está lá dançando pelo sei Boi, não importa se está chovendo, se está sol, se a fila está grande, o importante é você torcer, ir lá dar seu amor pelo seu Boi.

Caprichoso 4 Ah, inigualável, assim não só pelo Caprichoso e como pelo Garantido, cada um tem um amor pelo seu Boi, se identifica com ele, então estar no meio deles é inigualável.

Garantido 4 Ah,é muita emoção, emoção, emoção mesmo.

Caprichoso 5

Ai, o lado do Boi, meu Boi pretinho, meu Boi azul, é uma emoção que contagia, não contrariando o Garantido né, que também é Boi muito... como é, o Boi do povo né, mas o Caprichoso Boi da elite, com certeza, pra mim, é o melhor.

Caprichoso 6 Bom, esse ano, se Deus quiser, a gente estará lá na torcida, vendo o espetáculo de cada Boi. Sou Caprichoso, mas também não brigo por nenhum, gosto dos dois, e aprecio a cultura.

Garantido 5

Cara é uma emoção muito grande, muito, muito, muito, só quem realmente vive aquilo, sabe dizer o que realmente sente, as palavras não são cabíveis para o sentimento que a gente sente lá, é choro, é emoção, é grito, a gente pula, sente a arquibancada tremer, é lindo, é lindo, não tem palavras que possam expressar isso, só realmente quem sente, até mesmo nós que somos da região, sentimos isso, que somos amantes do Boi-Bumbá, mas não só nós, quem vem de fora, sente essa vibração todinha, e sai daqui apaixonado pela cultura amazonense.

Garantido 6

Olha, eu posso te falá o seguinte. eu trabalho, hoje, no ano de 2016, como backing oficial do Garantido e uma das levantadoras mulheres do Festival, porém eu já trabalhei com os dois Bumbás, gravando os CDs dos dois, e eu posso te falar,

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comecei a minha paixão, no Caprichoso, mas o meu amor é Garantido, e realmente, eu acho que é uma escolha, não é que lá seja melhor, ou aqui seja pior, não é isso, é uma escolha que realmente você faz na vida, você vai numa loja, comprar um perfume, o que te agrada mais você acaba levando, então é mais ou menos isso que aconteceu, Garantido roubou meu coração, e é mais ou menos isso, uma emoção, um sentimento, felicidade, é paixão mesmo, brigar pelas cores, e o Festival é isso, cada um defende sua cor, mas, não porque um é isso, porque é aqui, é coisa de amor mesmo, olhei, me identifiquei, gostei, fiquei.

Garantido 7 O sentimento é único, a gente vai crescendo com aquela coisa, vai criando aquele amor por aquele Boi.

Caprichoso 7 Maravilhoso, aquele calor, a gente faz porque a gente gosta, a gente não é obrigado, a gente não é pago, a gente vai por vontade própria.

Caprichoso 8

Ah, é um sentimento que a gente não consegue explicar, um sentimento que vai muito além, ser torcedora do Caprichoso, ser dançarina do Caprichoso, é um sentimento... é um orgulho pra a gente.

Caprichoso 9 Como já havia falado, o orgulho.

Caprichoso 10 Muito feliz, porque tendo uma família aqui, também ajuda e dá uma força pra segui em frente.

Caprichoso 11 Ah, é uma sensação muito boa, é uma sensação onde a gente chora, grita, vibra e é uma adrenalina totalmente de mais.

Caprichoso 12 É muito bom, um sentimento que não tem nem como explicar, uma coisa muito boa.

Garantido 8 É indescritível, não tem como descrever, só você estando no meio da galera pra sentir a emoção você arrepia, é um pulsar mais forte do coração.

Garantido 9 Um sentimento inexplicável, de tu lá, tu pegar sol, chuva, mas tu está lá, na fila pra entra e torcer.

Caprichoso 13

O sentimento é de amor, amor pelo Festival, amor pelo Caprichoso, é amor naquele momento que o Boi entra na arena, que os itens vão, se desenvolvem ali, a gente quer sempre que dê tudo certo, que sempre seja o melhor, pra ser o campeão, é um amor muito grande que a gente tem pelo nosso Boi.

Garantido 10 Ah, é maravilhoso, eu já participei lá da galera, já saí como item também, puxando uma tribo, já participei da batucada, é algo assim, o coração vem na boca, emocionante.

Caprichoso 14

Pois é, é um sentimento inexplicável, a gente não sabe nem dizer, o quanto é contagiante, emocionante, a gente se emociona, parece que mexe com a tua natureza, é um negócio inexplicável, não posso definir, é uma emoção única.

Garantido 11

Sentimento de ajudar o Boi, a gente vai na arquibancada, no bumbódromo, fica na arquibancada, então a galera é um item que ajuda o boi a ganhar ponto, então é uma coisa, quando você entra ali no bumbódromo, na hora que o Boi vai entrar, eu, por exemplo, quando vou, por exemplo, eu esto assistindo o contrário, que está se apresentando, aí esta tudo normal, quando acaba o contrário aí já vem o Garantido, nossa senhora, coração só falta sair sabe. É uma emoção muito grande.

Garantido 12 Cara é... eu nem sei explicar, é muita, muita emoção, muitas sensações, uma coisa que te leva à loucura, um negócio muito bonito.

Caprichoso 15 É muito bom, uma emoção muito forte, eu fui duas vezes somente pra galera, porque eu não aguento, é muito quente, não tem condições de ficar lá, mas eu com certeza, prefiro torcer pelo

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Caprichoso .

Indiferente

Garantido 13

Cara é uma sensação assim de magia, torcer pelo seu Boi, é a mesma coisa que perguntar pra um corintiano torcê pelo Corinthians, é a mesma coisa pergunta aqui pra um torcedor do Garantido.

Caprichoso 16 Eu não vou pra galera, eu vou é no meio, eu brinco no Boi, isso eu não posso falhar, meus filhos já vão naquele mesmo, também pra brincar no Boi.

Quadro 6: Questão 9 Fonte: Do autor

Com essa pergunta, via o sorriso no rosto dos entrevistados, era uma grande

emoção, eles falarem sobre a amor do seu Boi, era gratificante para eles. A emoção

era visível nessa pergunta. Assim como Garantido 1 diz que é uma “emoção

incrível”, e ainda diz sobre estar no meio da galera “tu quer gritar, tu quer torcer,

realmente tu não sente cansaço”. Garantido 3 define como um “sentimento de amor,

paixão e felicidade”.

Garantido 5 mostra que é uma grande emoção pertencer à galera do seu Boi,

como ele diz “as palavras não são cabíveis para o sentimento que a gente sente lá,

é choro, é emoção, é grito, a gente pula, sente a arquibancada treme, é lindo” e

também fala sobre os turistas, “quem vem de fora sente essa vibração todinha, e sai

daqui apaixonado pela cultura amazonense”.

A definição de orgulho por pertencer à galera vem à tona, Caprichoso 9 define

isso como sua emoção. Caprichoso 8 também segue os mesmo rumos, dizendo que

é “um sentimento que vai muito além” e também “é um orgulho pra gente”. Vemos a

importante fala de Caprichoso 7 sobre o sentimento “Maravilhoso, aquele calor, a

gente faz porque a gente gosta, a gente não é obrigado, a gente não é pago, a gente

vai por vontade própria”.

Estar no meio da galera, simboliza muito para alguns, pois como Garantido 12

diz que é uma emoção, também são “muitas sensações, uma coisa que te leva à

loucura”. Caprichoso 15 fala que é “emoção muito forte” estar no meio da galera,

como Caprichoso 11 diz que essa mistura de sensações acontece porque “a gente

chora, grita, vibra e é uma adrenalina totalmente de mais”.

Pelas palavras, vemos que a sensação deve ser sensacional, pois elas

esperam horas na fila para entrar no bumbódromo, como Garantido 9 fala que é

“sentimento inexplicável, de tu lá tu pega sol, chuva, mas tu tá lá, na fila pra entrá e

torce”, tudo isso pelo amor e estar no meio da arquibancada é expresso pelas falas

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de Garantido 8 “indescritível, não tem como descrever, só você tando no meio da

galera pra senti a emoção, você arrepia, é um pulsar mais forte do coração”

Tal sentimento pelo Boi, mexe com a vida das pessoas, Caprichoso 14

destaca que esse sentimento “sentimento inexplicável, a gente não sabe nem dize, o

quanto é contagiante, emocionante, a gente se emociona com, parece que mexe

com a tua natureza”. Essa sensação de mexer com a natureza das pessoas, é

comum em todos os entrevistados, como vemos em Garantido 2 que fala sobre as

emoções do pessoal, “pessoal chorando, se emocionando com aquela maravilhosa

apresentação”.

Há diversos fatores para as pessoas sentirem e poderem realizar seus

sonhos em relação ao Boi, sejam eles ir a eventos, ou no Festival como Caprichoso

2 diz que tanto para artistas ou para o público “é dureza, a gente conhece na pele,

só a pessoa estando lá, a gente sabe reconhecer o valor do sentimento”, ele fala

isso, pelos fatores que acontecem, seja chuva, sol, problemas financeiros, o Boi e a

galera tem que superar. Como ele mesmo diz, há pessoas que vão em

arquibancadas pagas, lembrando que para a galera, a entrada é gratuita, então ele

fala “ a pessoa economizando o dinheiro pra tá lá, os três dias do Festival”.

“o sentimento é único” como diz Garantido 7, onde também fala que ao longo

da vida, a pessoa cresce com o sentimento e assim criando amor ao Boi, e podendo

fazer de tudo por esse amor. As falas relacionadas ao amor são percebidas em

Caprichoso 13 que “é amor naquele momento que o Boi entra na arena”. Vendo um

lado diferente da galera, Garantido 10 mostra sua história “eu já participei lá da

galera, já saí como item também, puxando uma tribo, já participei da batucada, é

algo assim, o coração vem na boca, emocionante”.

Como a galera é um item que vale pontos ao Boi, e pode decidir o campeão

de um Festival. Garantido 11 fala que o “sentimento de ajudar o Boi, a gente vai na

arquibancada, no bumbódromo, fica na arquibancada, então a galera é um item que

ajuda o boi a ganha ponto”. Essa emoção me contagiou, apenas escutando as

histórias e como Caprichoso 5 fala, “é uma emoção que contagia”. Tão cativante que

faz com que as pessoas não se distraiam”, como Caprichoso 3 fala, “importa de tá

chovendo, se tá sol, se a fila tá grande, o importante é você torcer, ir lá dar seu amor

pelo seu Boi”.

A resposta dada por Garantido 6 é saliente, “comecei a minha paixão, no

Caprichoso, mas o meu amor é Garantido, e realmente, eu acho que é uma escolha,

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não é que lá seja melhor ou aqui seja pior, não é isso, é uma escolha que realmente

você faz na vida, você vai numa loja, compra um perfume, o que te agrada mais

você acaba levando, então foi mais ou menos isso que aconteceu, Garantido roubou

meu coração, e é mais ou menos isso, uma emoção, um sentimento, felicidade, é

paixão mesmo, briga pelas cores, e o Festival é isso, cada um defende sua cor,

mas, não porque um é isso, porque é aqui, é coisa de amor mesmo, olhei me

identifiquei, gostei, fiquei”.

A magia toma conta em todo Festival, como Garantido 13 diz, “é uma

sensação de magia”. Vi estampado na cara das pessoas essa magia, como ele diz,

posso dizer, que fui envolto por tal magia há anos atrás, e o sentimento não acaba,

sempre tem a tendência de defesa a floresta, ao Festival.

Você tem alguma história marcante (curiosa o engraçada) que chame atenção por expressar o seu amor ao Boi? ( Algo que aconteceu com você ou alguém)

Garantido 1

Bom, eu fiz uma loucura pra mim que sou torcedora do Garantido, que foi assistir o Festival da arquibancada do contrário, pelo fato de não conseguir entrar, cheguei um pouco atrasada no bumbódromo, não consegui entrar na arquibancada do Boi Garantido, que é meu Boi, fui correndo em casa, coloquei uma outra camisa e fui pra arquibancada do contrário pra assistir meu Boi se apresentar no Bumbódromo.

Garantido 2

Eu, em 2014, eu cheguei ao meio-dia de um dia antes do festival, peguei chuva, sol, eu batalhei, eu gritei, eu me pintei, eu dancei, eu gritei, eu arrumei, ajudei muito, ano passado em 2015 eu entrei, ajudei, o comando, o pessoal da galera, a empurrar alegoria, ajudei tudo que foi possível, aí isso me marcou muito, aí eu chorei muito, mas foi muito importante pra mim, estar próximo ao meu boi.

Caprichoso 1

Meus amigos na realidade, geralmente o pessoal vai pra galera, lá pra fila, frequentam aquela fila desde manhã cedo e vão pra casa descansar, tenho amigos que, acabou o festival, não vão pra casa, nem descansam, só vai direto pra fila, acampam lá na frente, isso já acho um pouco de mais.

Caprichoso 2

Eu conheço um amigo meu que estava ele indo pro Festival, inclusive ele não está mais entre nós, e ele foi pra Parintins, aí tá, mermão, aí quando chego na hora ele falo, “cadê a mala”, porque sempre tem que fazer a contagem, aí todo mundo saiu, começou a contagem, aí cadê a mala do caboclo, mermão, aí ele não encontrou a mala dele, ele falo “mermão eu não quero saber, eu vou pro Boi”, o manozinho foi embora só com a roupa da pele mesmo, chego lá, mermão ele gritou, brincou, e ainda voltou forrado, que dize que pra brincar não importa dinheiro, não importa se tá com um monte, você tendo amigos, verdadeiros amigo, você vai brincar e não vai falta nada, você deve saber brincar, saber fazer amizades, tanto dentro , saber chegar e saber sair, essa é uma dica e uma história que eu tenho dentro do Boi-Bumbá.

Garantido 3 Sim, eu fui pra Parintins, na gravação do DVD, ano passado, eu fui sem conhecer ninguém, também conheci o Festival ano passado, foi muito legal, foi assim, sem saber de nada sem

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conhecer ninguém.

Caprichoso 3 Sim, eu tenho uma tia que ela já chegou a vender as coisas dela pra ir pro Festival, daqui de Manaus, e ela sempre vai, todo ano.

Caprichoso 4 Assim, uma história marcante não, mas eu, pelo amor ao Caprichoso, eu vou nos eventos, aprendo as coreografias e tudo, tô sempre participando.

Garantido 4

Não, eu particularmente ainda não fui pra Parintins, eu acompanho, estou todo ano nos ensaios, to todo ano nos currais, mas eu ainda não fui pra Parintins, que é o meu sonho, meu e do meu marido, mas um dia, a gente vai.

Caprichoso 5 Não, ainda não, mas se fosse pra cometer, eu cometeria.

Caprichoso 6 Não, não conheço ninguém, e nunca fiz, mas agora pela primeira vez, tenho a oportunidade de dançar e aprender mais.

Garantido 5

Não sei se é tanta loucura assim, teve um ano que eu não fui pra Parintins, não, eu não iria pra Parintins, na verdade, fui deixar minha amiga no barco, aí quando a gente chega no barco, quem vai de barco, sente toda aquela energia, a festa, a brincadeira, tudo, então o coração bateu forte, então eu fui somente com a roupa do corpo, chegando em Parintins, eu comecei a usar a roupa da minha amiga, comprar algumas roupas bem baratinhas, eu saí de Manaus só com a roupa do corpo pra Parintins, sem nada.

Garantido 6

Aconteceu comigo, no ano de 2006 eu fui convidada pra cantar na arena com o Caprichoso, e eu já vinha aí de 10 anos cantando com o Garantido, só que o profissionalismo e outros problemas internos, eu acabei aceitando, essa experiência de fazer em 2006, e vou relatar aqui, quando o Garantido entrou passando o som, apenas o som, eu estava no lado contrário, eu comecei a chorar, porque “ai meu Deus, porque eu tô chorando, é porque eu queria estar lá”, não, foi a música, eram as músicas do Garantido que realmente me apaixonaram, que eu me identifiquei com a minha história, então eu acho que de loucura, eu tive foi isso, eu chorando toda de azul, chorando pelo Garantido.

Garantido 7

De ir cedo pra fila, que aqui tem que ir cedo pra arrumar um lugar bem legal na arquibancada, ir cedo pra lá, e chegar na hora, tu não pode entrar com o alimento e tu se alimentá todo tempo de fora, que quando o Boi entra, a gente está com aquela energia que a gente não sabe de onde vem. É engraçada nossa história, porque ele é do Caprichoso e eu sou do Garantido, então assim, na gestão da dona Márcia, as festas caíam juntas, mesmo dia do Caprichoso era do Garantido, então ele ia pra festa do Boi de e eu ia pra minha, era muito engraçado. Então quando acabava a festa dele, geralmente acabava primeiro, ele ia pra frente do curral me esperava pra acaba a festa do meu, era muito engraçado.

Caprichoso 7

Conhecer, não conheço não, mas quando eu quis entra, foi, tipo assim, eu cheguei e falei: “eu quero participar, só que não tenho a capacidade”, eu não imaginava que eu podia fazer aquilo, meus coordenadores, tudo lá, falaram, “tu quer participar?” aí eu falei “quero”, aí então eu entrei e comecei a fazer arte cênica, aí eu sai lá, achei tão bonito, deu vontade até de chorar quando eu entrei na arena, foi maravilhoso.

Caprichoso 8

Eu já pintei meu cabelo todo de azul, pra sair no Festival, já chorei várias vezes, quando, claro, perdeu, a gente chora quando perde, chora quando ganha, mas a gente é Caprichoso, vale tudo.

Caprichoso 9 É está no meio da galera, que quando começa o primeiro rugido do tambor, a gente se emociona.

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Caprichoso 10 Eu acho que não, porque a única, foi que meu sonho era ser a dançarina do Caprichoso, realizei.

Caprichoso 11 Já, conheço vizinhos que já brigaram, bateram boca, com outras pessoas de outro Boi, pra defender.

Caprichoso 12

Vish, várias, muitas pessoas já fizeram loucuras pelo Boi, gente que dorme na fila, vai no outro dia pra ir na fila, passa fome pra ficar na fila pra ir na arquibancada, é uma emoção ficar lá também.

Garantido 8

Bom, quem é torcedor faz quase todas as loucuras. Eu estava com 40 graus de febre, aí era pra sair com o Boi às ruas, plena 24 de junho, festejando São João, eu queria porque queria ir, e minha mãe não queria deixar, eu esperei ela ir pro canto ver meu Boi passar e eu fugi pelo outro lado, aí quando ela chegou na Praça da catedral eu já estava lá, quase desmaiando, mas tava lá, meu namorado teve que me trazer carregada, já faz um tempinho atrás.

Garantido 9 Eu não tenho nenhuma, mas assim, eu tenho minha prima que dançou, que o amor dela era a dança, que apesar dela ter caído, ela ainda levantou e danço até o final.

Caprichoso 13

Olha, assim, de loucuras, que a gente faz pelo Boi, a que eu fiz é ir pro Bumbódromo, que tem que ir bem cedo, ficar na fila, conseguir ver pra entrar, porque não é todo mundo que entra, então, a gente tem que i cedo, aí fica no sol, na chuva, por que, por incrível que pareça, apesar de junho ser verão, chove, uma das noites tem que chover, um dos dias tem que chover no Festival então a gente pega chuva, e eu fui, que eu nunca tinha ido pra arquibancada geral, que nós chamamos aqui, é onde o povão vai, que é de graça, e a gente tem que pegar lugar pra poder entrar, então pra mim, eu considero isso uma loucura, porque jamais hoje, hoje eu não vou pra arquibancada, mas eu fiz essa loucura de ir, você passa 3 horas pulando, brincando e antes disso, aguentando sol quente, chuva, é tudo

Garantido 10

Assim, além de participar, de ter ido pra galera, de ter participado de algum item lá que contou ponto, no caso, a batucada, e também no caso de item pra puxar uma tribo, tudo isso contou, então isso é muito importante, eu não vou dizer que era meu sonho, mas é uma coisa assim que a gente fica em êxtase, agora sim, essa questão de você ir pra galera, é uma loucura, porque você fica debaixo de chuva, sol, você fica sem se alimentar, tem pessoas que vão de um dia pro outro pra ficar lá, até a hora do Festival, e na hora mesmo, que o Boi esta lá na arena, você não para, você só quer saber de alegria, e de ajudar o Boi a contar ponto lá.

Caprichoso 14

É pois é, eu tive duas participações no Boi Caprichoso, primeiro eu participei como toureiro, era um grupo de rapazes e faziam um quadro no Boi, lembrando as touradas de Madrid e tal, e depois eu por uma carência de pessoas pra fazer um determinado item do Boi, chamado pai Francisco, junto com a mãe Catirina, que foi o casal que deu origem a essa brincadeira, então eu fui fazer esse quadro por uma noite e acabei ficando por 12 anos, então veja um quadro cômico, mas muito sério, você faz um teatro mudo, naquele bumbódromo, naquela imensidão de arena, você passa tanto pros jurados tanto pra plateia o sentimento daquela brincadeira, então eu tive essas passagens aí.

Garantido 11

Tem uma história minha mesmo, assim quando eu era menor, eu até hoje não participo de nada assim, do Boi lá dentro, meu sonho é entrar na Batucada do Garantido. Esse ano acho que vou realizar, aí quando era menor eu tinha muita

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vontade de tocar “palminha” no meio do povo, aí teve uma vez que nós viemos de Barreirinha, na época viemos pra Parintins, aí nós fomos lá pro tablado, na época era o nome, aí lá eu realizei, peguei uma palminha de uma colega que arrumei lá na hora, aí me meti lá no meio e fui bater “palminha”, quando minha mãe me procurou, eu tava lá no meio do pessoal batendo “palminha”, então essa é uma história que foi muito legal, até hoje eu lembro.

Garantido 12

Olha, uma loucura assim, olha tem tantas, que foram, o encontro antigamente, o confronto entre Garantido e Caprichoso, que existia essa rivalidade na antiguidade, hoje não, hoje é menos. Os confrontos, os desafios, fazer uma toada, uma pra cá, uma pra lá, às vezes dava até briga, hoje não, hoje é tranquilo tem a rivalidade sim, mas não tem aquelas de antigamente.

Caprichoso 15

Não conheço, até mesmo porque eu sou uma torcedora eu tenho minha preferência, mas não sou aquela pessoa fanática, mas se me perguntarem, eu tiver que escolher, na hora que tá dando o resultado, logicamente eu estou ali torcendo pro Caprichoso, quando o Caprichoso está perdendo eu fico uma fera, mas eu não sou aquela pessoa de estar brigando.

Indiferente

Bom eu, já ouvi histórias assim de casais que vêm de fora e tipo um torcia pelo Garantido e um pelo Caprichoso então eles ficaram divididos, um foi pra plateia do Garantido e um pra plateia do Caprichoso, eu acho que é uma coisa, que quando a pessoa tem uma emoção muito forte, pelo Bumbá, ela é capaz de qualquer coisa, até de tipo, decidir sobre seu relacionamento.

Garantido 13

Tem vários amigos que vieram pra cá sem nenhum dinheiro no bolso, e foram pedir comida na rua, foram pra fila, ficaram horas e horas, quase 12 horas na fila, sem dinheiro, sem nada.

Caprichoso 16 Loucura, conheço. Conheci um colega que ao roncar do tambor da marujada, no primeiro bate de tambor ele morreu, no primeiro baque, no ensaio.

Quadro 7: Questão 10 Fonte Do autor

O amor movimenta uma vida, é ele que faz com que os sonhos das pessoas

sigam e assim se tornem realidade. Na última pergunta, vejo quanto é o amor pelo

seu Boi, seja Caprichoso ou Garantido, pode transformar a vida e o cotidiano das

pessoas da ilha e de todos os amantes. São muitas loucuras que aconteceram e

ainda acontecem para torcer, para assistir ao Festival de Parintins.

Algumas respostas são relacionadas, como a de ficar na fila durante horas,

para poder entrar no Bumbódromo, para ver seu Boi, assim, Caprichoso 1 fala de

seus amigos, que “acabou o festival, não vão pra casa, nem descansam, só vai

direto pra fila, acampam lá na frente”. Garantido 7 fala que, ir cedo para a fila é uma

de suas loucuras, pois “tu se alimenta todo tempo de fora, que quando o Boi entra a

gente tá com aquela energia que a gente não sabe da onde vem”, essa energia, vem

do coração, do amor que bate mais forte pelo Boi.

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Caprichoso 12 fala que “gente que dorme na fila, vai no outro dia, pra ir na

fila, passa fome pra ficá na fila pra i na arquibancada, é uma emoção fica lá

também”, aqui também vemos como o amor é gratificante, e não há problema de

passar horas e enfrentar outros problemas na fila, o que vale é a emoção. Falando,

também de amigos, Garantido 13 conta uma história, “vários amigos que vieram pra

cá sem nenhum dinheiro no bolso, e foram pedi comida na rua, foram pra fila,

ficaram horas e horas, quase 12 horas na fila, sem dinheiro sem nada”.

Outros, dizem como uma loucura, é estar no meio da galera, como

Caprichoso 13 fala como ser uma de suas loucuras, pois hoje ela não vai mais,

porém como ela conta “você passa 3 horas pulando, brincando e antes disso,

aguentando sol quente, chuva”. Em Caprichoso 9, vemos o mesmo destaque, pois

para ele “tá no meio da galera, que quando começa o primeiro rugido do tambor, a

gente se emociona”. É essa emoção que motiva, certas pessoas a fazerem loucuras,

poder sentirem seus corações vibrarem, sentir o arrepio na pele, pois não importa,

seu amor é maior em tudo. Garantido 2 fala de sua energia e história dentro do seu

Boi, “em 2014 eu cheguei ao meio-dia de um dia antes do festival, peguei chuva, sol,

eu batalhei, eu gritei, eu me pintei, eu dancei, eu gritei, eu arrumei, ajudei muito, ano

passado em 2015, eu entrei, ajudei, o comando, o pessoal da galera, a empurrar

alegoria”. São em ações deste tipo, onde faz movimentar e aumentar o sentimento

pelo Boi”.

A história da moradora de Manaus, Garantido 5 conta sua loucura, “teve um

ano que eu não fui pra Parintins, não, eu não iria pra Parintins, na verdade, fui deixa

minha amiga no barco, aí quando a gente chega no barco, quem vai de barco, sente

toda aquela energia, a festa, a brincadeira, tudo, então o coração bate forte, então

eu fui somente com a roupa do corpo”. Não há como explicar essa energia que eles

tentam explicar. Apenas no olhar dos entrevistados, pude ver sua realização própria

em fazer loucuras. Outro morador da Capital, Garantido 3, conta como foi sua ida

até a ilha, “eu fui pra Parintins, na gravação do DVD, ano passado, eu fui sem

conhecer ninguém”.

Garantido 1 conta até onde pode ir o amor pelo sei Boi, sua história marcante

foi “assisti o festival da arquibancada do contrário, pelo fato de não conseguir entrar,

cheguei um pouco atrasada no Bumbódromo, não consegui entrar na arquibancada

do Boi Garantido, que é meu Boi, fui correndo em casa, coloquei uma outra camisa,

e fui pra arquibancada do contrário pra assisti meu Boi se apresenta no

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Bumbódromo”. Vendo um lado diferente das loucuras aqui destacadas, Caprichoso 5

com que não fez nenhuma loucura, porém, ela cometeria se fosse necessário para

com o seu amor ao Boi.

Vemos a vontade de participar do Boi, presente em Caprichoso 7, que não

acreditava em si, como ele relata “quando eu quis entra, foi, tipo assim eu cheguei e

falei, eu quero participa, só que não tenho a capacidade, eu não imaginava que eu

podia fazer aquilo, meus coordenadores, tudo lá, falaram, “ tu quer participa? ”aí eu

falei “quero”, aí então eu entrei e comecei a faze arte cênica, aí eu sai á, achei tão

bonito, deu vontade até de chora quando eu entrei na arena, foi maravilhoso.” Aqui,

está a valorização da população, de acreditar no seu povo, assim criar artistas que

podem levar o nome de Parintins a outros estados, através do Carnaval, em São

Paulo e Rio de Janeiro.

São muitas as loucuras contadas, algumas até podem parecer fora do

comum, mas o amor vai além. Caprichoso 3 relata o que sua tia fez, “ela já chego a

vende as coisas delas pra i pro Festival, daqui de Manaus, e ela sempre vai, todo

ano”. A loucura de Caprichoso 8 foi pintar seu cabelo todo de azul, cor de seu Boi,

que ela tanto ama. Voltando ao passado, Garantido 12 fala sobre os encontros de

antigamente, nos quais havia brigas físicas, “o confronto entre Garantido e

Caprichoso, que existia essa rivalidade na antiguidade”. Uma história marcante é a

de Caprichoso 16, que conta sobre seu amigo, “conheci um colega que ao roncar do

tambor da marujada, no primeiro bate de tambor ele morreu, no primeiro baque, no

ensaio”.

Garantido 8 conta uma história antiga e seu desejo atual, que envolve a

“palminha”, instrumento musical, onde dois pedaços de madeira são batidos

emitindo som, “meu sonho é entrar na Batucada do Garantido, esse ano acho que

vou realizar, aí quando era menor, eu tinha muita vontade de tocar “palminha” no

meio do povo, aí teve uma vez que nós viemos de Barreirinha, na época viemos pra

Parintins, aí nós fomos lá pro tablado, na época era o nome, aí lá eu realizei, peguei

uma palminha de uma colega que arrumei lá na hora, aí me meti lá no meio e fui

bater “palminha”. Quando minha mãe me procuro eu tava lá no meio do pessoal

batendo “palminha”. Cidades vizinhas à ilha, como Barreirinha, ainda movimentam

turistas e amantes de Boi-Bumbá em Parintins.

Nesse sentido de cidades vizinhas e amantes pelo Boi, Indiferente conta que “

já ouvi histórias assim de casais que, vêm de fora e tipo um torcia pelo Garantido e

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um pelo Caprichoso, então eles ficaram divididos, um foi pra plateia do Garantido e

um pra plateia do Caprichoso”. Como ela fala, o amor é tão forte e pode influenciar

até nas decisões amorosas. Uma das histórias mais marcantes, foi a de Garantido 9,

que “eu tenho minha prima que dança, que o amor dela era a dança, que apesar

dela ter caído, ela ainda levanto e danço até o final”. O amor cria divisas, sejam

sociais ou físicas, como Caprichoso 11 fala que conhece vizinhos que brigaram por

terem Bois diferentes como amor.

Contando sobre a brincadeira de Boi, que acontece nas ruas, Garantido 8,

tem sua história marcante aqui destacada “eu estava com 40 graus de febre, aí era

pra sair com o Boi às ruas, plena 24 de junho, festejando São João, eu queria por

que queria ir, e minha mãe não queria deixar. Eu esperei ela ir pro canto ver meu Boi

passa e eu fugi pelo outro lado, aí quando ela chegou na Praça da catedral eu já

estava lá, quase desmaiando” Fazer parte do Boi, é muito importante para as

pessoas, como a história de Garantido 10 que “além de participar, de ter ido pra

galera, de ter participado de algum item lá que conta ponto, no caso, a batucada, e

também no caso de item pra puxar uma tribo, tudo isso contou, então isso é muito

importante”.

Em Garantido 6, vemos o amor estampado na sua história, “no ano de 2006

eu fui convidada prá cantá na arena com o Caprichoso, e eu já vinha aí de 10 anos

cantando com o Garantido, só que o profissionalismo e outros problemas internos,

eu acabei aceitando, essa experiência de faze em 2006, e vou relatar aqui, quando o

Garantido entro passando o som, apenas o som, eu tava no lado contrário, eu

comecei a chorar, porque “ai meu Deus, porque eu tô chorando, é porque eu queria

tá lá”, não foi a música, eram as músicas do Garantido que realmente me

apaixonaram”

A última história a ser destacada, é a de Caprichoso 14, que há anos marcou

história no Festival, “eu tive duas participações no Boi Caprichoso, primeiro eu

participei como toureiro, era um grupo de rapazes e faziam um quadro no Boi,

lembrando as touradas de Madrid e tal, e depois eu por uma carência de pessoas

pra faze um determinado item do Boi, chamado Pai Francisco, junto com a mãe

Catirina, que foi o casal que deu origem a essa brincadeira, então eu fui fazê esse

quadro por uma noite e acabei ficando por 12 anos, então veja um quadro cômico

mas muito sério, você faz um teatro mundo, naquele bumbódromo, naquela

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imensidão de arena, você passa tanto pros jurados tanto pra plateia o sentimento

daquela brincadeira”.

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8 ENTREVISTA SUZAN MONTEVERDE

Uma das experiências mais empolgantes na viagem foi conhecer Suzan

Monteverde, bisneta do fundador do Boi Garantido, Lindolfo Monteverde. Conheci-a

dentro da Universidade Federal do Amazonas, uma pessoa simples, com grande

vontade e entusiasmo de contar suas histórias de Boi.

Foi então que marquei um encontro com ela para assim, poder conhecê-la e

saber de seus conhecimentos de Boi. A parintinense tem 24 anos, é formada em

Educação Física e Jornalismo pela UFAM, e atualmente, ela cursa mestrado em

Ciência da Comunicação pela mesma instituição.

Na primeira pergunta, questionei-a sobre sua história dentro do Boi Garantido,

e ela, com aquele olhar apaixonado pelo Festival, responde que é uma pessoa

apaixonada pela Festa Folclórica. Nascida em uma família tradicional do Boi

Garantido, os Monteverde que, como afirma ela “se faz tradicional porque ela tem o

sangue do poeta que foi o Lindolfo Monteverde que foi o criador de Boi Garantido,

então para deixar claro que sempre, meu amor vai ser pelo Garantido não pelo

contrário”.

Sobre a interação, relacionada à comunicação, entre Boi e seu Público, e

vice-versa, Suzan fala sobre a Associação Folclórica, da qual é responsável, onde

cada Boi possui a sua. Ela destaca que mesmo os Bois sendo essa Associação,

eles não são preparados como uma empresa, assim há uma falta de gestão dentro

dos Bois, em relação ao dinheiro recebido. Como ela diz, “Parintins é segunda maior

economia do estado, só perde para a capital, em Manaus, e terceiro lugar é Quaraí

onde recebe o gasoduto, Quarai-Manaus que é da empresa Petrobras. Então a

nossa cidade, do contingente de dinheiro que recebe, ela não gere, e isso a grande

parte tem relação com a gestão da associação folclórica, tanto que hoje em dia, o

boi deve a muitas pessoas, tem muitos processos na justiça do trabalho, por não se

atentar essas questões mesmos públicas jurídicas de gestão negócio. ”

Em relação com a comunicação, ela diz que não há um entendimento sobre o

que é comunicação organizacional, público, assim ela diz que é muito deficiente a

comunicação existente dos Bois. Também salienta que não há o entendimento sobre

o público que é sócio da Associação do Garantido, e que muitos não sabem como

são as políticas existentes dentro do Boi, como as comissões surgem, como é feito o

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trajeto do trabalho. Porém, como ela diz, essa atual gestão, tendo como presidente

Adelson Albuquerque, e há uma jornalista em um setor de marketing. No entanto,

ela fala que não vê diferencial e sendo assim, muito deficiente a comunicação entre

Boi e público.

Dentro dos Bois, há denominações diferentes, como a de Comissão de Arte,

como explica Suzan, ela pensa na festa, como será a apresentação do Boi, a

temática, quem serão os artistas, aqui são decididas as alegorias, verificação das

vestes, análise dos contos que serão apresentados durante as noites. Suzan fala

que “Eu não gosto da expressão ópera a céu aberto, para mim é um espetáculo

cênico, litero-musical, porque tem essa preocupação tanto musical quanto literatura

e quanto cênica”.

No lado Caprichoso, o nome para essa parte de pensar a festa, é denominado

Conselho de arte, e ela fala “Ao meu ver, de forma muito empírica o que destoa, o

que diferencia, o Garantido sempre preserva uma questão de muito

tradicionalismo,da história do boi, da história das pessoas. O Caprichoso tem uma

questão revolucionária, o contrário, é sempre muito da exuberância, do brilho então

pra quem acompanha a festa sempre vai ter essas divisão”

Quando perguntada sobre como são divulgados os eventos que acontecem

antes do Festival, ela fala: “Eu vou falar da parte do Garantido. No Garantido tem as

festas principais que aí pra quem é Paritinenses não precisa ter divulgação, sempre

precisa, mas a gente sabe porque são datas tradicionais. Agora se eu não fosse da

cidade seria muito difícil saber, porque não tem essa informação da organização,

daquela associação. Então por exemplo, você que é de fora, de fato pra você estar

bem interado do que acontece, você deve ser amigo de um amigo, que conhece

Parintins e que vive em Parintins, que é fanático pelo boi. Mais é muito difícil de você

encontrar esse tipo de resposta nas mídias, que eles fornecem. No Garantido tem

festa que todo mundo sabe, tem sempre as festa de Boi de rua. Então são

promessas de Santo Antonio, São João Batista, tem promessas de São Pedro e aí

cai dia primeiro de Maio, a outra cai no dia 12 de Junho e 24 de Junho que são

festas que todo mundo sabe que tem no Garantido. E aí no decorrer do ano tem o

lançamento do DVD, CD, festa do vermelho e branco. Mas ainda não são datas

fixas. Então a gente fica sabendo, quando eu moro em Parintins ou Manaus, é

semanas antes, duas semanas antes, três semanas antes, ou quem sabe não tem

divulgação. É como eu te falei nessa comunicação mais oral do amigo e do amigo.

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Conhecer a história de um Boi, é fazer a trajetória dele e conseguir

compreender a história dos antepassados. Suzan diz que não conviveu com seu

bisavô, porém, ela o admira muito, pelo fato de gostar de Cordel, por ele instigar as

pessoas, ele era boêmio, tinha amigos que se reuniam para beber. E o Boi, para ele

era brinquedo de criança, e ao longo do tempo, ganhou imagem, e

consecutivamente, foi ganhando o apego das pessoas. Com um grande aparato

musical, ele tirava versos brincando, assim, os ensaios de Boi, eram realizados no

terreiro de sua casa.

Quando perguntada sobre o sentido de ser história do Boi Garantido, ela

mesma nunca tinha pensado nesta maneira, pois ela faz parte da história, pois ela

levará consigo para sempre. Ela fala que com seus pais e parentes, ela busca

aprender as toadas antigas. Ela sabe que “vou continuar as festas tradicionais do

Boi, porque é um Boi de promessa. Ele conta assim, na minha família conta que ele

(seu bisavô) ficou muito doente, tinha uma articulação muito grande com questão da

guerra que todos homens deveriam servir, ele foi pro fronte, ele foi se alistar e

voltou. Nisso, ficou muito doente e a partir disso, ele fez uma promessa de que, todo

ano o Garantido ia sair às ruas, ia ter brincadeiras. Disso minha família não abre

mão, então enquanto história, eu vou continuar fazendo isso, mesmo morando sabe

se lá Deus onde, mas eu vou voltar e vou fazer. E é uma coisa que eu sempre ajudo,

meus familiares vão também, a gente vai para Parintins. Promove essa festa que

não tem dependência com associação.

As toadas envolvem muito o brincante, então pedi a Suzan se ela tinha

alguma toada que mais a marcava. Ela me explicou que existem quatro quadros de

toadas, “Um tempo foram referência ao boi, à morena, depois referência

preservação da natureza, depois referência personalidade do boi, os itens e depois o

caboclo. ”Assim ela diz que prefere as mais antigas, como a de Nelson que diz “o

Luar quando cai sobre a mata no meu sertão é igual a chuva prata”

Ver o orgulho de pertencer a uma terra tão amada me fez despertar e

perguntar qual o orgulho de ser parintinense a Suzan, e sua resposta foi incrível. “Eu

digo que o Paritinenese, ele acha que é o centro do mundo, ele acha que é o

suprassumo que existe. Eu acho que orgulho tão forte, tipo assim, a gente pode falar

mal de nossa cidade, mas alguém vem falar mal da nossa cidade, que tem muitos

defeitos, a gente não deixa. Aonde quer que vá ou fique ou more, a gente dá um

jeito, que a maioria das pessoas conheça o Boi. A gente tem orgulho muito forte de

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apresentar, de explicar, dizer que participa com batuqueira, como membro de corpo

teatro, como dançarino, enfim, a gente sempre têm orgulho de dizer que participa,

que brinca, que sabe. Eu acho que isso passa muito para pessoas, acho isso,

melhor de Parintins, são os Paritinenses e depois dos Paritinenses é o Boi. Pois é

ele que conquista as vezes. Você teve essa noção, às vezes as pessoas chegam do

nada tem um monte de gente que te abraça, te acolhe, conta conversa, tem um calor

mesmo, enquanto só quando amazônico, mas um calor de querer que a pessoa se

sinta bem. Acho que isso é um diferencial muito grande.

Suzan tem um vasto conhecimento em áreas de Festival, pois faz parte de

sua história e ela conta que “ao meu ve, a partir de 1995 quando o Governo do

estado abraça o Festival de Parintins, enquanto a festa principal do estado, foi

quando o Governo, ele faz a estrutura bumbódramo que antes era feito na JAC”. O

lugar que antes era feito, tinha arquibancadas, era uma quadra de escola. Como ela

fala que, a partir de 1995, “Foi quando eu começo a ver que teve aumento, começo

ser interessante porque, em 95 eu tinha 5 anos. Então eu percebo, ouço, eu leio e

também foi a partir disso, que o governo fez uma política de publicidade da festa, foi

quando ele começou fazer articulações com Brasília. ”

Como ela fala, o Governo teve grande parte influenciadora na divulgação do

Festival. Com essas articulações em Brasília, ela fala que em 1995, o Jornal Correio

Brasiliense, divulgou uma matéria com o título que ela lembra vagamente “Vá de

avião, canoa, barco, mas não perca Parintins, o melhor festival dentro da floresta”.

Foram trabalhos dessa forma que acenderam mais o interesse das pessoas a

visitarem Parintins.

Ela acredita que com essa disseminação, houve a disputa com outras festas

locais, dentro de todo o Brasil, então o Festival tem que ter uma grande diferença e

ela fala disso quando ele “Ainda mais porque se diferencia das outras festas, porque

tem um clamor à Amazônia, um clamor à conservação da natureza, tem a questão

do local, que muito diferente, o que tem diferente no Estado, é o local, e que é bonito

pra se mostrar, no caso aqui a gente vê Parintins”.

Quando chegamos na reta final, pedi para ela deixar algum comentário sobre

a cidade, o Festival e tudo, e ela disso “O Festival Parintins não é um conteúdo que

se vende pela TV, é muito difícil pras pessoas entenderem como funciona. Pela TV,

é preciso que a pessoa vá ao Festival, conheça esse tipo de festa, vá a Parintins pra

entender o sentimento, pra entender as provocações, pra entender pra que chamo

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sempre de contrário não do nome dele(Caprichoso), porque eu escolhi um lado,

porque você é praticamente obrigado a escolher o lado, porque chega em Parintins

e todo mundo pergunta “qual é o teu Boi ”. Então é uma brincadeira divertida , eu

acho se você quer entender Parintins, você tem que ir a Parintins, é a primeira coisa

e depois ao Festival”

Ao fim destentrevista, percebo que o sentimento presente nela é enorme, o

amor à cidade natal, à sua cultura. É esse sentimento que vale destacar, que é

verdadeiro. Como ela fala, que o povo parintinese é muito receptivo, o encontro com

ela e a viagem, pude perceber o quanto o amor gera em torno da cidade e do

Festival.

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9 DISCUSSÃO

Analisar e compreender o evento do Festival Folclórico de Parintins é de

grande importância para a área de Relações Públicas, pois sua área de abrangência

é enorme, vai além do que podemos esperar. É o envolvimento de diversos

conceitos estudados, o planejamento de um evento, a organização dele como um

todo, a comunicação existente, os aspectos culturais a serem valorizados, a

responsabilidade social existente na sociedade amazônica, e acima de tudo, o amor

que envolve os torcedores a brincarem e se motivarem e a ter tanto estímulo ao seu

Boi.

Planejar um evento com um porte gigante como esse, requer muito trabalho e

o envolvimento de muitos fatores que influenciam ao longo do percurso. Vemos o

que Margarida Kunsch (2003, p.216-217) apresenta ao planejamento, como uma

ferramenta de com grande importância dentro das organizações:

[...] o planejamento é realmente imprescindível, para que uma organização possa delinear-se para o futuro e ser uma força ativa constante, já que permite um revigoramento contínuo das atitudes do presente. Quem planeja está atento e acompanha tudo. Isso permite à organização maior integração com o seu universo ambiental, dando-lhe mais condições de sobrevivência e vitalidade como um sistema organizacional.

Um evento que movimenta mais de cinquenta mil turistas à ilha, deve ser

muito bem planejado e manipulado. Nas entrevistas vemos que há um ano de

preparação do Festival, dentro dos Bois, porém há algumas falhas de planejamento

governamental, como na entrevista, foi falado que alguns problemas sociais surgem

pós-festa, levando assim, maior investimento do Governo do Amazonas e da

prefeitura da cidade de Parintins

Dentro dos dois Bois, Garantido e Caprichoso, vemos que a organização

deles, perante o evento e a apresentação é dividida, como Suzan falou, há as

denominações de Conselho de arte e Comissão de arte, que organizam, e pensam,

dentro do Boi, como será a apresentação, as histórias, aqui entra também o papel

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de RP, que faz pesquisar, compreender o meio. O fator pesquisa é muito usado aqui

como base teórica e fundamental para a criação de alegorias, fantasias e tudo.

A importância de se pesquisar, fazer um levantamento de dados, aqui os

dados de tribos amazônicas, seus costumes e tudo, é muito importante, assim, os

jurados podem compreender melhor o tema proposto. Cândido Teobaldo (2003), fala

do conceito de pesquisa:

[...]pode ser conceituada como coleta, qualificação e análise de todos os fatos sobre questões relacionadas com os grupos que podem vir a influenciar os objetivos da organização e o processo de troca de produtos e serviços. (ANDRADE, 2003, p. 63).

Dentro do aspecto comunicação com os públicos e comunicação do próprio

Festival, em propagandas vemos que há alguns problemas a serem entendidos aqui,

como Kunsch (1997, p.190) fala sobre a importância de tal comunicação “[...] o

sucesso estará com as empresas que buscarão uma interação com seus públicos,

medindo o entendimento e a aceitação de suas atitudes passo a passo”.

Nas entrevistas, vemos que muitos reclamam que os eventos não são

divulgados amplamente, onde muitos são divulgados em cima da hora, como Suzan

fala que há muita deficiência desse item nos dois Bois, que há uma falta de

entendimento se seu Público, aqui falando em relação aos Bois com seu Público.

Suzan salienta aqui um papel, ligado à organização da Associação Folclórica, pois

ela não está estruturada como uma empresa, gerando assim, alguns problemas,

como o de comunicação aos seus públicos.

Com relação à divulgação do Festival em si, o papel de Relações Públicas,

deveria entrar com uma grande ação para disseminação deste evento, como

acompanho há certo tempo, a divulgação nacional marcante foi uma propaganda do

Banco Bradesco. Hoje ainda patrocinador do Festival, porém, o Governo deveria

disseminar mais, como os entrevistados falaram, há muito pouca divulgação para o

Brasil todo. Alguns dizem que há uma boa divulgação, porém vejo o lado onde

deveria ser uma divulgação melhor estruturada, fomentando o turismo e as culturas

locais da Amazônia e do próprio evento.

Um líder pode ser um grande influenciador de aspectos a serem divulgados

como Alberto Farias (2011) fala sobre os líderes, “[...] a influência que eles exercem

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sobre os indivíduos pode ser determinante [...]. Falo esse fator, pelo fato do

profissional compreender os líderes, estes cito os itens que são julgados nas

apresentações, a Cunhã-Poranga, Rainha do Folclóre, Porta Estandarte, Sinhazinha

e outros. Eles são atração na cidade, e também fora, são belas mulheres que

encantam e divulgam o nome do Boi e do Festival.

Na parte perante a comunicação, o papel dos RPs deve ser mais incisivo e

ativo, pois, além de problemas como os citados acima, Suzan destaca os eventos

que acontecem antes do evento principal das três noites. São muitos, porém, como

ela diz, esses eventos antes são pouco divulgados. Há datas tradicionais, mas

principalmente, há divulgação oral entre as pessoas, como citado em entrevistas.

Conviver entre árvores da Floresta Amazônica, levanta maior

responsabilidade das empresas com os materiais usados, ela vai além, como Farias

(2011, p.186) sustenta, “A responsabilidade social empresarial é inerente à gênese

da organização, fundamento basilar do ser/existir organizacional”. Lembro que ao

decorrer dos anos assistindo o Festival, e com a visita aos currais de construção de

alegorias dos Bois, os materiais usados como base, são desde, folhas e galhos

secos, penas artificiais e um cuidado com suas raízes sustentáveis.

Um dos fatores que acredito ser um importante a ser compreendido é o fato

de valorização da sua terra. Em cada local de um profissional, seja ele RP, ou de

outra área, o fato de conhecer e compreender as culturas, de um povo, é um fator de

valorização. Falo isto, pelo fato dos amazonenses amarem suas culturas e

demonstrarem compreender que elas são parte de suas vidas, que, sem elas, o

sustento pode não vir, elas são as bases familiares de muitos moradores. Podemos

ver nas entrevistas a sensação de “ser Amazônia” presente nas pessoas. Elas

sentem-se orgulhosas. Como Suzan falou: “Não fale mal de Parintins, os cidadãos

defendem ela com muito orgulho!”.

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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta parte final, serão apresentados os pontos analisados nesta monografia,

assim concluindo o trabalho desenvolvido. Através das entrevistas aqui aplicadas,

pudemos compreender e delinear a conclusão.

Com a análise da amorosidade e a comunicação, termo que interliga e

sustenta tudo ao seu redor, o título dessa monografia, pretendia analisar os dois

termos, com relação ao Boi-Bumbá preferido, isto dentro do Festival Folclórico de

Parintins, através das entrevistas com os brincantes e amantes de Boi.

Primeiramente, foram destacados os aspectos históricos da profissão de

Relações Públicas, contando desde sua base com Ivy Lee, passando para as

delimitações da profissão propriamente dita, tendo assim, a grande abrangência da

área. Para uma situação em que vivemos hoje, é fundamental a presença de

profissionais de Relações Públicas, pois o mundo está interligado através da internet

e seus aparelhos, fazendo, assim, um elo maior com as marcas.

Posteriormente, fazendo uma ligação ao capítulo de RP, a amorosidade vem

em seguida, como abordagem fundamental, pois o amor possibilita compreender o

real sentido da ligação do público e a organização. É o que faz mover os sentidos,

os sentimentos da vida com a organização, tornando parte da vida e, muitas vezes,

se tornando uma necessidade.

Para entrarmos, o Festival Folclórico de Parintins, precisamos compreender o

seu contexto regional; por isso, abordamos também a Floresta Amazônica,

buscando compreender a mata, que se localiza em alguns países. É berço de

inúmeras espécies de fauna e flora, ainda não conhecidas pela humanidade. Um

dos estados em que se localiza essa floresta gigantesca é o Amazonas, estado de

grandes proporções, em parte coberto por mata, tendo como capital Manaus. Até

chegarmos à cidade de Parintins, foi importante conhecer esses aspectos, pelo fato

de compreender sua cultura, sua população, em meio de que situação se encontra o

Festival. Neste capítulo, chegamos à ilha de Parintins, local onde acontece o

Festival propriamente dito, uma cidade encantada e dividida. Esta é a imagem que

levo da cidade.

Seguindo, chegamos ao capítulo que narra a história do Boi-Bumbá, e a sua

essência, que vem dos escravos. É uma das partes que faz com que percebemos a

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alegria do folguedo, que, no mês de junho, movimenta ainda até hoje muitos. Com a

história contada, pudemos compreender como é dada a criação do Festival

Folclórico de Parintins, e entender seu contexto até os dias atuais, compreender a

diferença do azul para o vermelho.

Como parte fundamental desse trabalho, a pesquisa realizada em campo foi a

parte mais importante. Com as 30 entrevistas realizadas, foi possível constatar, de

fato, a parte mais compreensível entre a amorosidade e o Festival de Parintins. É

neste capítulo que percebemos a garra, a força do povo amante de Boi. Assim,

vemos que a ligação, entre brincantes e o Festival, vem de dentro deles,

percebemos o amor presente em suas falas. Outro capítulo trouxe a entrevista com

Suzan Monteverde, que pôde contar como é ser história de um Boi, sendo Bisneta

de Lindolfo Monteverde, criador do Garantido. Sua fala pode mostrar e compreender

mais sobre a história do Boi, a comunicação que os Bois exercem e outros fatores.

Acima de muitos fatores aqui descritos, foi de grande importância sentir na

pele, viver e respirar esse amor que percebemos nos brincantes de Boi. A viagem

realizada para o Amazonas fez despertar dentro de mim um sentimento que há oito

anos estava querendo sair. Poder ver aquela floresta toda, sentir uma energia que

só lá tem, não há explicação para descrever isto. Por fim, destaco que poder

analisar algo que eu tenho grande ligação, foi sensacional. Essa pesquisa acima de

tudo, é escrita por um torcedor amoroso, que tem paixão pelas tradições daquele

povo, que tem orgulho daquela terra.

O amor, analisado com ênfase neste trabalho, é umas das partes mais

pertinentes às Relações Públicas, com ligação aos sujeitos a determinados gostos e

amores. A ligação é tão forte, dos brincantes com os Bois, que o amor pode

movimentar uma vida inteira. Deve-se entender que são criados vínculos com os

brincantes, como Baptista (2010, p.5) fala “[...]é preciso que se estabeleça um

campo de significação, em que os laços intensos vão tramando a relação e

garantindo a permanência. ”Esta permanência é a fidelização do seu público, assim

garantindo o retorno e a boa apresentação do mesmo. É o que se percebe com os

moradores de Parintins. Eles defendem sua cultura, suas tradições, pois há uma

significativa afetividade.

Como diz a frase do livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry,

“se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no

mundo. E eu serei para ti a única no mundo”. Cito essa frase, muito marcante em

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minha vida, pois representa um dos grandes fatores, relacionados à fidelização, seja

ela, em marcas, serviços e outros. Os brincantes são cativados, como eles disseram,

pelas toadas, pelas cores, por fatores familiares. Embora a frase possa ser vista

como ingênua, vale lembrar que ela movimenta mundos, de pessoas, de recursos,

de aspectos comunicacionais e turísticos, com implicações econômicas e até

políticas.

São muitas loucuras que as pessoas podem fazer em relação aos seus

gostos, como citadas nas entrevistas. Elas fazem aflorar o sentimento. As pessoas

não têm medo de falar sobre suas realizações. Assim, o profissional de

Comunicação Social, especialmente de Relações Públicas, deve compreender tudo

que interliga, pois o amor é o viés que costura e ajusta tudo, fazendo a liga, a

sustentação das produções, da vida. É o que ocorre no Festival e no encantamento

que se desencadeia todos os anos, revivendo a história da Amazônia e das

tradições dos bois.

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VALENTIN, Andreas. Contrários: a celebração da rivalidade dos Bois-Bumbás de Parintins. Manaus: Valer, 2005.

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ANEXO - MONOGRAFIA I

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA

DESPERTAR PELO BOI BUMBA PREFERIDO, ANÁLISE DA AMOROSIDADE E TRIBALIZAÇÃO DE INDIVIDUOS PERANTE O FESTIVAL FOLCLÓRICO DE

PARINTINS-AMAZÔNIA

Caxias do Sul 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

HENRIQUE SCHIOCHET SOTTORIVA

DESPERTAR PELO BOI BUMBA PREFERIDO, ANÁLISE DA AMOROSIDADE E TRIBALIZAÇÃO DE INDIVIDUOS PERANTE O FESTIVAL FOLCLÓRICO DE

PARINTINS-AMAZÔNIA

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador(a): Maria Luiza Cardinale

Baptista

Caxias do Sul 2015

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA .................................................................... 5 2 TEMA ................................................................................................................. 6 3 DELIMITAÇÃO DO TEMA/OBJETO DE ESTUDO ............................................ 6 4 FORMUÇÃO DO PROBLEMA .......................................................................... 7 4.1 RELAÇÕES PÚBLICAS ................................................................................... 7 4.2 AMOROSIDADE .............................................................................................. 7 4.3 TRIBALIZAÇÃO ............................................................................................... 8 4.4 FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS-AMAZÔNIA .................................. 9 5. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 11 6. QUESTÃO NORTEADOA ................................................................................. 13 7. OBJETIVOS ...................................................................................................... 14 7.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 14 7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 14 8. METODOLOGIA ............................................................................................... 15 9. REVISÃO BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 17 9.1 OBTENDO RESULTADOS COM RELAÇÕES PÚBLICAS .............................. 17 9.2 PLANEJAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA COMUNICAÇÃO INTEGRADA .......................................................................................................... 17 9.3 CONTRÁRIOS- A CELEBRAÇÃO DA RIVALIDADE DOS BOIS BUNBÁS DE PARINTINS ............................................................................................................ 19 9.4 AMAZÔNIA: ESTRADAS D’ÁGUA ................................................................... 20 9.5 O TEMPO DAS TRIBOS- O DECLINIO DO INDIVIDUALISMO NAS SOCIEDADES DE MASSA .................................................................................... 20 10. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS .......................................................................... 23 11. CRONOGRAMA ............................................................................................. 24 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 25

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1 INTRODUÇÃO

O presente projeto aborda as relações subjetivas no Festival Folclórico de

Parintins, na Amazônia, considerando aspectos como tribalização e amorosidade, no

estabelecimento dos vínculos com os Bois Bumbás.

Todos nós, temos algo que nos move, que nos faz torcer ou acreditar,

simplificando, fé, em algo que, pode ser religião, uma figura típica e outras cresças.

A “galera” como são intitulados os torcedores dos Bois, refletem muito isso, a grande

fé, crença, que eles têm por essa figura regional. Tal, movimenta a cidade em

grande e autêntica características. Sem a cor vermelha, e tendo como símbolo o

coração, do Boi Garantido, e azul e tendo a estrela, pertencendo ao Boi Caprichoso.

Dentro dos dias de festa, sexta-feira, sábado e domingo, sendo o ultimo final

de semana do mês de junho, às noites, como é delimitado, a “galera” é um item

avaliado, contando pontos ao Boi. Com placas, chocalhos, pompom, chapes e até

alegorias, a torcida faz a festa e ao mesmo tempo ajuda seu Boi. Deste modo,

ocorre maior incentivo, por parte dos organizadores, aos torcedores, assim,

agregarem maior sensibilidade ao seu Boi.

Com forte representatividade local, os sujeitos tornam os itens, sendo eles

estrela, coração, Boi e suas cores respectivamente, elementos essenciais na vida

dela, considerando tais para tudo. Casa são pintadas das cores do seu boi, roupas,

artigos de decoração, nada pode possuir a cor do Boi contrário, assim denominado o

rival.

Com base nisso, será feito uma trama decorrente por meio de sujeitos

viventes no local, quem tem como característica de vida um dos Bois Bumbás.

Através do método o qualitativo, pode se dar sequencia a aplicação de formulário, o

qual contatara grande parte deste projeto em questão. Após será realizado um

estudo de caso, tendo como presencial as visitas e estudos.

De tal importância, o projeto aplica conhecimentos de Relações Públicas,

sobre a construção de tribos e o porquê elas se interligam, para poder compreender

como surge a preferência pelo seu Boi Bumba preferido, assim desafiando o

profissional a compreender melhor seu público, entender o por que da preferência e

exaltação de destinada figura.

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1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA

Certa vez, escutei uma frase que dizia: “As belezas criadas por Deus nos

transmitem paz”. Não me lembro exatamente quem disse. Sou um grande viajador e

conhecedor de lugares pelo mundo, e o local que mais me deixou em paz de espírito

foram as Cataratas de Foz do Iguaçu. Sensação que não consigo descrever, apenas

sentir, sentir Deus e paz de espírito, pela obra criada por ele.

Foi a partir de poder conhecer essa beleza, que meu sentimento por belezas

criadas por Deus despertou. Assim, comecei uma busca de viagens a lugares com

paisagens naturais, como ocorreu com a viagem a Porto Seguro, em 2014. Trata-se

de outra grande Maravilha, com as praias paradisíacas e suas águas limpas e

claras. Gostei muito de poder mergulhar e conhecer animais que nunca tinha visto.

Minha busca por lugares é sempre crescente e curiosa. Há poucos meses, o

sentimento folclórico e sustentável surgiu dentro de mim como uma inquietação,

gerando o desejo de conhecer a nossa Amazônia. Mas por quê? Na verdade, esse

desejo vem sendo construído há bastante tempo. Sempre fui apaixonado por cultura

e turismo. Há alguns anos, descobri que a Rede Bandeirantes transmitia ao vivo o

Festival Folclórico de Parintins. Assisti à transmissão, todos os anos, até 2012, até

que a emissora passou a não transmitir mais. Aí o sentimento amazônico começou e

não parou de crescer.

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2 TEMA

Relações Públicas e o Festival Folclórico de Parintins-Amazônia.

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3 DELIMITAÇÃO DO TEMA / OBJETO DE ESTUDO

Amorosidade e tribalização na construção dos vínculos dos sujeitos no

Festival Folclórico de Parintins-Amazônia. Desafios para o trabalho de Relações

Públicas.

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4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

4.1 RELAÇÕES PÚBLICAS

São muitas as definições dadas ao profissional de relações públicas, algumas

das, cito que são de construir uma imagem de uma empresa, interagir com seu

público, compreender a necessidade da população e outras diversas funções

agregadas a profissão.

Kunsch (2002), relata a definição, por ela, sobre as relações públicas.

Para entendermos a verdadeira função das relações públicas no que concerne a administração ou ao gerenciamento da comunicação entre as organizações e seus públicos, consideramos primordiais duas premissas: a primeira é a distinção entre relações públicas e marketing; a segunda, a importância que se deve dar aos fundamentos teóricos dessas duas áreas de conhecimento. São esses pressupostos que devem balizar a prática e o gerenciamento das relações públicas e de marketing nas organizações. Conhecendo a essência de suas teorias, evitar-se-iam confusões e equívocos acerca dos conceitos e da prática desses dois campos. (KUNSCH, 2002, p. 91)

Como profissional de Relações Públicas, ele atua em funções estratégicas

dentro e fora de uma organização, assim sendo denominado como um profissional

responsável pelo relacionamento e comunicação com seus públicos, seja ele interno

ou externo. Caracterizo como função de RP, entender as necessidades de seus

públicos de interesse da organização, assim direcionar suas ações para um nicho de

pessoas com características e gostos parecidos.

Público e organização são duas palavras que se auto interligam dentro da

profissão de Relações Públicas, e assim cabe a ligação, aqui descrita, analisar o

sentimento e o porquê da paixão pelo seu boi de coração, desafiando o profissional

de relações públicas.

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4.2AMOROSIDADE

Começo relatando uma simples pesquisa feita em um Dicionário. Procurei a

palavra amor, pensando encontrar um simples definição a ela, no entanto diversos

itens foram mencionados, que estão no eixo desta pesquisa acadêmica.

1 Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa. [...] 4 Ser que é amado. 5 Disposição dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém. 6 Entusiasmo ou grande interesse por algo. 7 Coisa que é objeto desse dos afetos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém.23 Entusiasmo ou grande interesse por algo. 24 Coisa que é objeto desse entusiasmo ou interesse. 25 Qualidade do que é suave ou delicado. [...]27 Coisa cuja aparência é entusiasmo ou interesse. [...] 11 Ligação intensa de caráter filosófico, religioso ou transcendente. 12 Grande dedicação ou cuidado. [...] 16 morrer de amor(es): gostar muito.[...]19 ter amor a: dar importância a. [...]22 Disposição considerada positiva ou agradável. 28 Ligação intensa de caráter filosófico, religioso ou transcendente. 29 Grande dedicação ou cuidado. 30 ter amor a: dar importância a. (DICIONARIODOAURELIO, 2015)

Amar é simplesmente entender e reconhecer o outro, através de suas

diferenças e limitações, algo que liga sujeitos e interfere na sociedade em que

vivemos, criando laços e interligando os sujeitos (BATISTA, 2014)

Amorosidade, termo que mexe no interior das pessoas, faz despertar esse

sentimento que não vemos, assim o corelacionamos na comunicação diária, assim

como BAPTISTA (p. 4) “[...]compartilhar a idéia de que a comunicação se efetiva,

onde há amorosidade. [...]”.

Com base em MATURANA (1998), BATISTA (2014), sustenta a ideia, que, ao

decorrer da vida, os acontecimentos são fundamentados no amor existente no

individuo.

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[...]ele define o amor, argumentando sua relação direta com o surgimento da linguagem, que se estabelece na convivência. “As interações recorrentes no amor ampliam e estabilizam a convivência; as interações recorrentes na agressão interferem e rompem a convivência. Por isso, a linguagem, como domínio de coordenações consensuais de conduta, não pode ter surgido na agressão, pois esta restringe a convivência [...]” (MATURANA, 1998, p. 22-23). (BATISTA, 2014, p. 6)

4.3TRIBALIZAÇÃO

Os vínculos criados pelos sujeitos, ao decorrer da vida, fazem com que ele

ande em uma tribo distinta. Com seus próprios gostos e interesses, essas tribos,

distintas por Michell Maffessoli, como vivência diária, vistas em cidades, como o

“punk”, moda retro, e outros.

Cada tribo, possui suas normas de conduta, sejam elas subjetivas, que assim

fazem com que as características predominantes em cada individuo se exaltem com

maior vigor. Sejam elas dentro e fora de uma organização, como exemplo: sendo um

sujeito, trabalhador, onde seu local de trabalho comporta um traje social, mas ao sair

da organização, ele, gosta de escutar rock, assim veste-se com camisetas de banda,

e roupas que fazem alusão ao rock.

[...] a pessoa (personna) resenta papeis, tanto dentro de sua atividade profissional quanto no ceio das diversas tribos que participa. Mudando seu figurino, ela vai, de acordo com seus gostos (sexuais, culturais, religiosos, amicais) assumir o seu lugar, a cada dia, nas diversas pesas do theatrum mundi. (MAFFESOLI, 1998 p. 108)

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4.4 FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS-AMAZÔNIA

No ano de 2015 o Festival Folclórico de Parintins comemora 50 anos de

trajetória, assim confirmando a sabedoria do parintinense em usar todos os

ingredientes certos e fazer essa mistura que encanta todo povo brasileiro e

estrangeiros.

Até 1960 os bois não se apresentavam, eles simplesmente brincavam de boi

pelos quintais das casas, recebendo em troca comidas juninas e algum dinheiro em

troca. Seguiam pelas ruas com seus tambores, palminhas, xeque-xeque e seguiam

desafiando um ao outro, até que o encontro das ruas eles se enfretavam, como

Andreas Valentin (2005) afirma que eram verdadeiras guerras campais que

aconteciam, brigas físicas, a qual muitos saiam feridos.

Depois da década de 60, dois organizadores dos dois Boi Bumbás resolveram

conversar e desviarem as ruas para que não acontecesse o encontro e assim

seguiu, até que o povo começou a perder o amor pelo seu boi, foi então que a

Juventude Atlética Católica (JAC) se reuniram com os dois brincantes e assim surgiu

o que eles denominaram de primeiro Festival Folclórico de Parintins, na quadra da

JAC, o qual não foi competição oficial, mas os dois bois se consideram vencedores

daquela competição.

Foi a partir do segundo festival que a começou um investimento maior na

expressão artística dos Bois Bumbás, e então, nessa segunda competição

houveram jurados, investimento maior em fantasias e adereços. Começou maior

adesão de brincantes, dividindo a cidade em azul e vermelho, resumindo, começou

a ser visto um lado a ser explorado, que poderia ter forte popularização com passar

dos anos.

Durante oito anos o festival se sucedeu na quadra da JAC, mas houve grande

adesão de parintinenses, assim o espaço começou a ficar pequeno, e o povo

visualizava sua cultura sendo casa vez mais enraizada, através da cultura popular.

Com tal aumento de brincantes foi alugado um terreno e eram montadas

arquibancadas para dividir as torcidas, foi aqui onde O Festival passou a ser

realizado nos dias 28, 29 e 30 de junho, e não todo o mês.

Com o aumento constante de pessoas, os bois começaram a evoluir e buscar

matérias e ideia fora do Amazônas, nomes com Jair Mendes foram de grande

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importância para o aumento de tal festival. Valentin mostra quando o governo local

teve interesse.

Em 1980, a Prefeitura de Parintins assumiu a organização do Festival, conferindo-lhe, pela primeira vez, um caráter oficial. É nessa época, também, que os Bois se organizaram institucionalmente como entidade de direito público e formaram suas respectivas Associações Folclóricas. É quando, ainda, a imprensa, principalmente a de Manaus, começou a se interessar a divulgar o evento. (VALENTIN, 2005, p. 20)

Após oito anos, com a organização nas mãos da Prefeitura de Parintins, que

foi construído o Bumbodromo, um espaço projetado para o Festival. Teve sua

inauguração no dia 20 de junho de 1988, Andreas Valentin (2005) salienta que foi

um marco, o qual tinha um passado de brincadeira de boi e agora estavam

pensando no futuro com mais tecnologia e avanços.

Com a inauguração do Bumbodromo, os bois puderam usar e abusar da

criatividade, e assim atraindo os olhares do governo estadual, assim recebendo mais

incentivo do poder público. A Coca-cola é patrocinadora oficial do evento desde o

ano de 1995, assim levando mais investimento e divulgando o nome de Parinstins

para o Brasil e o Mundo.

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5 JUSTIFICATIVA

O profissional de relações públicas ganhou grande visão ao longo dos últimos

anos, através do reconhecimento da população, como uma área de grande

abrangência e de grande impacto na sociedade. A boa analise do público faz uma

boa pratica e rumo a seguir dentro de uma organização, sabendo definir alvo e

estratégias.

Entender o sujeito individualizado se tornou outra grande pratica das RPs, e

assim, conquistar cada individuo com suas diferentes características. No decorrer

diário, aprendemos coisas que nos dão suporte para o todo vivermos, pode ser o

senso comum ou o conhecimento cientifico.

A comunidade em que vivemos, ou como Michel Maffesoli (1998) delimita de

tribos, influencia no viver em comunidade e gostos que cada sujeito descobre ao

longo da vida. De tal forma, compreender como surgem as tribos, e o que as

sustenta é de grande importância para as relações públicas. Assim compreender

melhor seu público, fazendo uma análise desde o surgimento pelo compreender até

a continuidade da forma de tribos.

Cultivar e fomentar a cultura é de grande importância para tal se manter e

assim disseminar seu nome e conquistar olharas de outros investidores e turistas.

Estudar e analisar casos, como o que será feio, tente a aumentar e não deixar que a

cultura tradicionalista daquele povo se acabe.

Como forma de tática dos Boi Bumbás, a cultura popular é muito

disseminada, pois Parintins tem isso forte e enraizado dentro de cada cidadão.

Assim fomentar para que essa tradição, passe de pai para filho, e assim continue

gerando investimento e acima de tudo, despertando o sentimento amazônico dentro

de cada pessoa, é fundamental para a existência e a permanecia de tradições

existentes a mais de 50 anos.

Aos meados de 2001, circularam diversos emails, fazendo alusão que a

Amazônia, não seria mais da nação verde e amarela e sim dos Estados Unidos. Mas

isso apenas foi despertado e assim, os monitoramentos tiveram grande aumento,

sendo instaladas câmeras de vigilância pela Amazônia. Destaco nesta parte, por

fazer parte de um povo que ama sua cultura, seu país e suas atrações, que a nossa

floresta amazônica deve ser preservada, sendo assim, um dos grande objetivos do

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Festival Folclórico de Parintins, a defesa da nossa Amazônia e pela área verde de

preservação.

Acredito que esta futura monografia é de significativo impacto para a

comunidade científica e para estudantes, por assim apresentar um estudo de como

o amor e as tribos que cada sujeito tem, interferem em qual boi a pessoa torce, e

assim ver como desperta tal amorosidade e tal agregação a uma tribo pertencente.

Destaco a importância do estudo, para assim os bois se posicionarem melhor

perante seu público ou tribo distinta.

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6 QUESTÃO NORTEADORA

De que forma são despertados os sentimentos que ligam os sujeitos ao

Festival Folclórico de Parintins-Amazônia?

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7 OBJETIVOS

Analisar o despertar dentro de cada individuo, através da amorosidade e da

tribalizaçao em que vivem, os meios que ligam os sujeitos ao Festival Folclórico de

Parintins-Amazônia.

7.1 OBJETIVO GERAL

Verificar caminhos que os sujeitos fazem ligação por seu Boi Bumbá

preferido, com estudo das tribos vigentes e a amorosidade presente em cada

individuo.

7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Analisar cada Boi Bumbá e seus brincantes

- Discutir os meios que aproximam os sujeitos ao boi

- Verificar os motivos dos vínculos de amorosidade com o boi preferido

- Localizar tribos distintas e suas regras, valores e proibições.

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8 METODOLOGIA

O método utilizado, para a construção deste estudo, será feito uma pesquisa

qualitativa, a qual delimitada não é definida estatisticamente e sim aprofundada no

sentido não perceptivo no ser humano.

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se apõem ao pressuposto que defendem um modelo único de pesquisa para todas as ciências, baseado o modelo de estudo das ciências da natureza. Estes pesquisadores se recusam a legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais. Afirmam que as ciências sociais têm sua especificidade, que pressupõe uma metodologia própria. (GOLDENBERG, Mirian. p.16-17)

Com tal aplicação, será de grande interesse aplicar dentro do Festival

Folclórico de Parintins. Explorar cada pessoa através do que está no interior, poder

conpatilhar histórias vividas, como Christiane Kleinubing Godoi, Rodrigo Bandeira-

de-Mello e Anielson Barbosa da Silva (2006, p. 96) sustentam, com base e Cassel e

Symon (1994) que “Os pesquisadores geralmente tendem a construir um

relacionamento social com os membros da organização e, consequentemente

recebem mais insights na sua compreensão coletiva por compartilhar a experiência

ativamente”

Assim destaco que este modo de pesquisa faz a compreensão dos

fenômenos através de dados relatados. Seu aprofundamento é preocupado com a

compreensão de certo grupo social, de tribos distintas e organizações.

Com a pesquisa exploratória é que permitimos um elo de ligação entre o

pesquisador e seu tema escolhido, seria o primeiro passo para se conhecer a

situação. Sua finalidade é definida para criar, alterar e esclarecer ideias e conceitos,

para a construção de problemas para consequentemente surgir hipóteses e seguir

com estudos. Para GIL.

Essas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas tem como objetivo

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principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intenções. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. (GIL, 2002, p. 41).

Com base em livros e artigos científicos, a pesquisa bibliográfica é

desenvolvida. Para elaborar uma pesquisa necessita tempo e organização para um

bom planejamento da pesquisa. Além de livros que abordam o assunto estudado,

serão pesquisados materiais visuais, tais como matérias em jornais locais, redes

sociais, sites oficiais, assim facilitando maior comparação dos Bois Bumbas.

Posteriormente expostas às características da analise, será feito o estudo de

caso, através de coleta de dados com entrevistas presenciais, observações do

posicionamento dos Bois Bumbas, isso será possível com viagem a Manaus para

assim conhecer e explorar mais esta pesquisa.

Para Yin (2005), estudo de caso, será a tática para analisar os

acontecimentos atuais do Bois Bumbas. O autor salienta, que a importância do

estudo é a eficiência do historiador em entender uma série de variedades e

artefatos, documentos,entrevistas evidências, e observações.

Como forma de aplicação, será realizada pesquisa presencial, com cerca de

20 pessoas que possuem amor ao Boi Caprichoso e 20 pessoas do Boi Garantido.

Tal pesquisa será possível através da conexão Caxinaus, realizada pela Professora

Orientanda, a qual conhece e ministra aulas para alunos da Universidade Federal do

Amazonas-AFUN. Com a ida até Manaus, será possível vivenciar a realidade na

situação vigente e poder assim aprofundar ainda mais minha análise científica.

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9 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Alinhar e estabelecer um roteiro de obras a serem estudadas, é de

fundamental importância para desenvolvimento e seguimento de tal monografia.

Destinada como revisão bibliográfica, faz o levantamento de livros e autores para

uma boa referência dos temas a serem estudados e aprofundados.

9.1 OBTENDO RESULTADOS COM RELAÇÕES PÚBLICAS (KUNSCH, 1997)

É evidente falar sobre profissional de Relações Públicas dentro deste projeto.

Destaco a importância relatada com base no livro de Kunch, o qual abrande toda a

área de atuação da profissão.

Nesta obra Kunsch transpassa os caminhos desde os conceitos básicos da

profissão até áreas pouco exploradas. Tal formulação exemplificada no livro, de

forma que, as empresas vem contratando maior gama de profissionais de relações

públicas e comunicação, assim contribuindo com o andamento e bom funcionamento

da organização.

A autora relata também sobre a evolução do mercado de atuação, fazendo

com que o profissional se adapte ao mesmo. Com tal, as empresas tiveram que se

comunicar e compreender melhor seu publico.

No ultimo capitulo de seu livro, escrito por, Maria Aparecida de Paula e Ana

Luísa de Castro Almeida, é abordado o tema “Relações com a comunidade”. Cita,

exemplificada mente, dois modelos de empresas.

Quem analisa os dois últimos vinte anos de relacionamento das empresas brasileiras com as comunidades onde estão instaladas identifica um indiscutível avanço. Há uma década o cenário era outro. De um lado, as iniciativas incipientes de aproximação neste campo, no caso de relações de comunidades, cujo o ambiente era afetado por operações industriais, eram fortemente marcadas por respostas carregadas de um tom paternalista e assistencialista, como herança de décadas de gestão autocrática e fechada.

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De outro lado, um expressivo número de organizações mantinha-se enclausurado e autosuficiente, [...] (KUNSCH, 1997, p. 214)

9.2 PLANEJAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA COMUNICAÇÃO

INTEGRADA (KUNSCH, 2002)

O livro, escrito pela autora Margarida Maria Kunch, que por muitos sintetiza,

com grandeza, a profissão de relações públicas, é de grande base teórica para a

fundamentação deste projeto e consequentemente a monografia. Destaco a

importância dada pela autora, ligando o individuo a organizações.

Esse conjunto diversificado de organizações é que viabiliza todo o funcionamento da sociedade e permite a satisfação de necessidades básicas, como alimentação, saúde, vestuário, transporte, salário, lazer, segurança e habitação. Também nossas necessidades sociais, culturais e de qualidade de vida são atendidas por meio e nas organizações. Enfim, valemo-nos delas para sobreviver, para nos realizar, para ser felizes (KUNSCH, 2002, p.20).

Com uma boa troca de informações entre os bois bumbas com suas torcidas,

e vice-versa, Kunch (2002, p.85-86) mostra diversas formas de fluxos de informação

e comunicação dentro das empresas, podendo ser decrescente, ascendente,

horizontal, transversal e circular.

Outra boa fonte de conhecimento, relacionado ao Boi Bumbá de Parintins, é

quando autora fala sobre a Responsabilidade Social existente dentro das

organizações. Como ela mesmo salienta.

Como se vê, há mais de duas décadas já se defendia que as organizações devem deixar de ser meras unidades econômicas, voltadas apenas para a obtenção de lucros, e se assumir como unidades socais, destacando os aspectos humanos inerentes a seus objetivos gerais e específicos. (KUNSCH, 2002, p. 135-136).

Planejar está na essência da profissão de relações públicas, e como este livro

aborda, em grande parte do livro. A autora destaca o planejamento estratégico,

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salientando a grande variedade de pessoas, sabendo ordenar com atenção e

sensibilidade seu público. Através de monitoramento esse acompanhamento pode

ser feito, como ela mesmo diz, dois ingredientes que não podem faltar, a criatividade

e a ousadia (KUNSCH,2002, p.241).

Como falando antes, tal livro abrange uma vasta área de conhecimentos,

exalto aqui a pesquisa de opinião pública. Por muitos usada para compreender

entender seu público, como nos apresenta Kunsch (2002, p.289) “[...] Só

conhecendo a opinião dos públicos sobre um fato ou problema será possível traçar

estratégias e soluções adequadas.

Ser peça fundamental na vida das pessoas, é transformar uma marca ou

organização, assim muitos planejamentos tem como base, intervir na vida das

pessoas, como Kunsch nos relata. “O papel fundamental do planejamento de

relações públicas é o de exercer um caráter proativo nas ações decorrentes dos

relacionamentos das organizações com seus públicos. ”(KUNSCH, 2002, p. 318)

9.3 CONTRÁRIOS- A CELEBRAÇÃO DA RIVALIDADE DOS BOIS-BUMBÁS DE

PARINTINS (VALENTIN, 2005)

Com pouca representatividade bibliográfica sobre o Festival Folclórico de

Parintins, o livro do ano de 2005. Faz um apanhado geral sobre o evento, trazendo a

tona sua história, diversidade, conflitos e rivalidade dos Bois Bumbás. Tendo como

relatos contados por brincantes dos dois Bois, Caprichoso e Garantido, trazendo

fatos antigos e relacionando com a atual situação que se encontram os Bois, perante

a sociedade Parintinese e ao Mundo.

O livro começa com a história do Festival após, segue com um capítulo sobre

a Amazônia, o qual relata e idolatra as águas, a terra, a cultura cabocla,

relacionando com o passado.

O segundo capitulo, intitulado “Parintins e o Boi Bumbá”, destaco que mais

me chamou atenção foi tal capítulo. Com histórias sobre a cidade e as pessoas que

vivem por lá, ele começa, seguindo, contando como surgiu os dois Bois, até chegar

sobre a evolução da festa, nas noite de festival.

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O boi entra na arena de maneira surpreendente. Carregado por uma alegoria, suspenso por cabos ou ate mesmo do meio da torcida, sua chega é um dos momentos mais emociona tes. É ele quem simboliza o Boi como instituição e é nele que os torcedores personificam suas paixões e suas esperanças. Por isso, é que suas evoluções e galanteios são recebidos com tanto entusiasmo e as habilidades de seus respectivos tripas tão aplaudidas. (VALENTIN, 2005, p.109-110)

Com a analise das torcidas dos Bois Bumbás, que são parte do Festival,

contando nota, destaco aqui o que Valentin destaca em sua obra.

As galeras, as torcidas do Boi, são parte integrante do espetáculo e um dos quesitos de julgamento do Festival. Quando um Boi esta se apresentado, a galera do outro deve permanecer em respeitoso silêncio, numa prova incontestável de civilidade. [...] as galeras ocupam as arquibancadas em grupos organizados, formados, formados por torcedores de Parintins e de Manaus. Com sua paixão e dedicação, são a força populosa dos Bois. Acrescentam à festa um dado novo, criativo e dinâmico. São ensaiadas para incentivar e interagir com seu Boi que está se apresentando na arena. Aos cantos e refrões que ecoam em uníssono no Bumbódromo, soma-se adereços – luzes, pompons, panos, bandeirolas, palminhas de plástico, cartões coloridos – e coreografias especiais, que lembram as ondas e o balancear do banzeiro no rio. [...] (VALENTIN, 2005, p.111-112)

Valentim finaliza seu livro, contando sobre a rivalidade existente entre os dois

Bois. Conta a história do surgimento da palavra contrário, o qual um intitula o outro,

para assim, não pronunciar o nome do Boi concorrente.

Segue explicando as cores do Boi Caprichoso, a cor azul, e o Boi Garantido, a

cor vermelha. Relata também sobre a cidade estar divida entre azul e vermelho,

sendo desde casas até roupas. Termina falando sobre a rivalidade, sendo ela como

celebração dos Bois Bumbás, entrando na arena para essa grande rivalidade, que

movimenta desde comerciantes até grandes patrocinadores, como Coca-Cola, que

comercializa latas azuis na cidade de Parintins, para os torcedores do Boi

Caprichoso.

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9.4 AMAZÔNIA- ESTRADAS D’ÀGUA (MAZZOTTI E MARANGONI, 2014)

Poder conhecer melhor nossa grandiosa Amazônia, maior floresta tropical do

mundo, situada no estado do Amazonas, é fundamental para sustentar esse projeto.

Este livro, conta muito, através de imagens, a realidade vivida pela sociedade

amazonense.

Com uma breve apresentação sobre o livro, traz dados sobre a Amazônia.

A designação de Amazônia deriva de “amazonas”, as guerreiras mitológicas. Segundo a mitologia romana, as amazonas pertenciam a uma tribo liderada pela rainha Hipólita, que não aceitava homens em seu meio social. As crianças do sexo masculino eram mortas ao nascer. Em grego, Amazônia significa “sem seio”, pois a lenda também diz que tais mulheres cortavam essa parte do corpo para melhor manejar arcos. Trazido para a América do Sul pelos conquistadores espanhóis, o mito ganhou força quando tais conquistadores encontraram índias guerreiras. Então, acreditaram que estavam diante das amazonas. (MAZZOTTI E MARANGONI, 2014, p. 23)

Como ponto de inspiração, as imagens contidas no livro trazem consigo uma

frase que faz uma reflexão sobre a vida do povo e assim inspirar-se, como “Com

pontos e nós miúdos, são tecidos os grandes vazios das malhas da vida”

(MAZZOTTI E MARANGONI, 2014, p. 116).

9.5 O TEMPO DAS TRIBOS- O DECLÍNIO DO INDIVIDUALISMO NAS

SOCIEDADES DE MASSA (MAFFESOLI, 1998)

O livro que é divido em seis capítulos, tem seu inicio fazendo relatos da

comunidade emocional, sendo ela a áurea estática uma análise de estudo. Com

base em Webber, Michel tem seu pensamento afirmado e posicionado perante o

assunto. Ele acredita que as pessoas se unem por um sentimentalismo coletivo,

assim, criando vínculos afetivos com os demais sujeitos dentro de uma sociedade,

podem ser mutável ao decorrer do tempo.

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Vivemos em uma sociedade, onde conhecer e fazer contatos está cada vez

mais corriqueiro, assim Mafessoli (1998, p. 21) relata que estamos vivendo em uma

sociedade onde a aura atual é a da estética, assim, fazendo ligação com os outros e

para os outros.

Em seu segundo capítulo, intitulado “A potencia subterrânea”, ele transpassa

caminhos como o “vitalismo”, definido com base em autores como:

Apoiando-se nessa dicotomia W. Worringer elabora sua célebre oposição entre abstração e a empatia (einfuhlung). Em suma tudo que diz respeito à empatia remete a intuição, no que se refere às representações, e ao orgânico no que é da ordem da estruturação. Ou ainda, a partir da ideia de “kunstwollen”, faz-se referência ao povo, à força coletiva que anima, em resumo a esse vitalismo que merece uma atenção particular. (MAFFESOLI, 1998, p. 45).

Continua seguindo os caminhos divididos em “O divino social” e finaliza

falando sobre “A auto-referência popular”.

Dentro do capítulo 3, são abordados os temas “A sociedade contra o Social”.

É no capítulo 4 que destaco a grande presença da tribalização, a qual o autor

sustenta diversas formas de ver esse modo. Como forma de vivencia, estamos

ligados a uma tribo, que convivemos no nosso dia a dia, ela pode ser subjetiva a

qual não percebemos que estamos interligados a ela.

Faço aqui uma resalva, a qual Mafessoli, sustenta a ideia de tribos e o

essencial da vida de interligações.

[...] talvez seja esta a criação, excelência, a criação pura. Quer dizer: as “tribos” de que nos ocupamos podem ter um objetivo, uma finalidade, mas não é isso o essencial. O importante é a energia dispendida para a constituição do grupo como tal. Dessa maneira, elaborar novos modos de viver é uma criação pura para a qual devemos estar atentos. [...] (MAFFESOLI, 1998, p. 136).

Com o capítulo 5, ele aborda “O policulturismo”, definindo que somos uma

mistura de tradições e culturas, assim, não podemos ser racistas, ser sozinhos,

devemos entender que nossa diversidade faz com que nos interliguemos e, assim,

nos adaptarmos e ajustarmos uns aos outros.

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Com o ultimo capítulo, “A proxemia” destaco sobre que vivemos em uma rede

global de interligações. Com o crescente avanço da internet, vemos que a

proximidade mudou de forma gigantesca. Assim, podemos estar ligados a uma tribo

que se que conhecemos, assim vivemos em uma aldeia global, onde há proximidade

de todos. Dentro de uma determinada tribo, podemos ver que seus membros, alem

de pertencerem aquela determinada tribo, também estão ligados a outras formas de

viver e pensar (MAFFESOLI, 1998, p. 104).

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10 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1 INTRODUÇÃO

2 RELAÇÕES PÚBLICAS

2.1 CONCEITO

3 AMOROSIDADE

3.1 CONCEITO

4 TRIBALIZAÇÃO

4.1 CONCEITO

4.2 INFLUÊNCIA CULTURAL

5 FESTIVAL DE PARINTINS

6. PESQUISA

6.1 METODOLOGIA

6.2 UNIVERSO PESQUISADO

7 ANÁLISE

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APÊNDICES

ANEXOS

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11 CRONOGRAMA

Atividades Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Viagem X

Desenvolvimento do

referencial teórico

X X X

Pesquisa X

Metodologia X

Considerações finais X

Preparação da

apresentação

X

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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