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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA LUAN DAVID PEREIRA DO NASCIMENTO DIMENSIONANDO O VALOR PÚBLICO: proposta de indicadores de desempenho para um centro acadêmico de uma universidade pública através do Public Value Scorecard. CURRAIS NOVOS 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · Jesus, Andréa Cristina Santos de. II. Título. RN/UF/BSCN CDU 35:37 . 2 LUAN DAVID PEREIRA DO NASCIMENTO DIMENSIONANDO O

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

LUAN DAVID PEREIRA DO NASCIMENTO

DIMENSIONANDO O VALOR PÚBLICO: proposta de indicadores de desempenho para um

centro acadêmico de uma universidade pública através do Public Value Scorecard.

CURRAIS NOVOS

2017

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LUAN DAVID PEREIRA DO NASCIMENTO

DIMENSIONANDO O VALOR PÚBLICO: proposta de indicadores de desempenho para um

centro acadêmico de uma universidade pública através do Public Value Scorecard.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito final para obtenção do título de

Especialista em Administração Pública.

Orientadora: Profª Drª Andréa Cristina Santos de Jesus

CURRAIS NOVOS

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES Currais Novos

Nascimento, Luan David Pereira do.

Dimensionando o valor público: proposta de indicadores de

desempenho para um centro acadêmico de uma universidade pública

através do Public Value Scorecard / Luan David Pereira do Nascimento. - 2017.

56 f.: il. color.

Monografia (especialização) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Curso de

Especialização em Administração Pública. Currais Novos, RN, 2017.

Orientador: Profª. Drª. Andréa Cristina Santos de Jesus.

1. Administração pública - Monografia. 2. Valor público -

Monografia. 3. Public Value Scorecard - Monografia. 4. Educação -

Monografia. I. Jesus, Andréa Cristina Santos de. II. Título.

RN/UF/BSCN CDU 35:37

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LUAN DAVID PEREIRA DO NASCIMENTO

DIMENSIONANDO O VALOR PÚBLICO: proposta de indicadores de desempenho para um

centro acadêmico de uma universidade pública através do Public Value Scorecard.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito final para obtenção do título de

Especialista em Administração Pública.

Aprovado em 16 de outubro de 2017.

Profª Draª Andréa Cristina Santos de Jesus

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo total

responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio

Grande do Norte - UFRN, a Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo.

Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade

intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º,

consignam, respectivamente:

§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem

autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4

(quatro) anos, e multa, (...).

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz

no país, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou

cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.

Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei

responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integra l

ou parcial do trabalho.

Currais Novos-RN, 16 de outubro de 2017.

Luan David Pereira do Nascimento

Mat. 20162004829

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Aos colegas de Caicó que me

acompanharam durante essa jornada.

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RESUMO

Em curso nas últimas décadas, a reforma gerencialista promoveu importantes alterações no

serviço público de diversas nações e trouxe o foco para a busca pela eficiência, pelo

atendimento as demandas da sociedade e pela descentralização das ações estatais, além de

introduzir as práticas de accountability, compliance e transparência. Mais do que apenas buscar

a eficácia de tais ações, a teoria do valor público quer mensurar o impacto das políticas públicas

perante a população. Desta forma, propõem-se indicadores de desempenho para um Centro

Acadêmico de uma universidade pública federal brasileira com base no Public Value

Scorecard, ferramenta criada pelo professor Mark Moore em 2003 que tem como escopo aferir

o valor público que as organizações entregam a sociedade. Para isso, realizou-se uma pesquisa

documental nos registros institucionais do lócus de pesquisa para mapear os valores que são

importantes para a entidade analisada, além de uma pesquisa com a alta direção, significat iva

para avaliar como a gestão prioriza tais variáveis. Chegou-se a um conjunto de indicadores com

base nas diretrizes propostas por Moore que podem estimar o valor público das ações efetuadas

pelos administradores da unidade, com a ressalva de que tais indicadores podem ser detalhados

e refinados ainda mais se outros stakeholders puderem ser escutados, tais como a comunidade

acadêmica.

Palavras-chaves: Valor público. Public Value Scorecard. Indicadores de desempenho.

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ABSTRACT

In the last decades, managerialism reform promoted important changes in the public service of

several nations and brought the focus to the search for efficiency, meeting the demands of

society and the decentralization of state actions, as well as introducing the practices of

accountability, compliance transparency. More than just seeking the efficacy of such actions,

public value theory wants to measure the impact of public policies on the population. Thus,

performance indicators are proposed for an Academic Center of a Brazilian federal public

university based on the Public Value Scorecard, a tool created by Professor Mark Moore in

2003 that aims to measure the public value that organizations deliver to society. For this

purpose, a documentary research was carried out in the institutional records of the research

locus to map the values that are important to the analyzed entity, in addition to a survey with

the top management, to assess how management prioritizes such variables. We arrived at a set

of indicators based on the guidelines proposed by Moore that can estimate the public value of

actions carried out by unit administrators, with the proviso that such indicators can be further

refined and refined if other stakeholders can be heard, such as the academic community.

Keywords: Public value. Public Value Scorecard. Performance indicators.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 – Importância das ações direcionadas para o valor público

Ilustração 2 – Modelo de retorno das ações efetuadas por organizações públicas

Ilustração 3 – Triângulo estratégico do Public Value Scorecard

Ilustração 4 – Etapas de pesquisa

Ilustração 5 – Organograma do Centro A

Ilustração 6 – Matriz SWOT do Centro A

Ilustração 7 – Evolução orçamentária do Centro A. Valores em reais

Ilustração 8 – Cadeia de valor proposta para a unidade

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Indicadores de valor público

Quadro 2 – Indicadores de suporte e autorização

Quadro 3 – Indicadores de capacidade operacional

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 10

1.2 OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO 14

2.1 A NECESSIDADE DE UMA GESTÃO PÚBLICA EFICAZ 14

2.2 UMA FERRAMENTA PARA MENSURAR O DESEMPENHO:

BALANCED SCORECARD

17

2.3 UMA NOVA ALTERNATIVA: PUBLIC VALUE SCORECARD 22

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA 26

3.1 MÉTODO 26

3.1 LÓCUS DE PESQUISA 27

4 RESULTADOS 34

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS 34

4.2 PROPOSTA DE INDICADORES DE DESEMPENHO 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 48

REFERÊNCIAS 49

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO – INSTRUMENTO DE COLETA DE

DADOS COM A ALTA GESTÃO

53

ANEXO A - AUTORIZAÇÃO PARA USO DO INSTRUMENTO DE

COLETA DE DADOS

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1 INTRODUÇÃO

Esta seção apresenta ao leitor, em apartada síntese, as mudanças estruturais ocorridas

na Administração Pública nas últimas décadas com o advento do new public management.

Depreende-se que tal recurso tem como objetivo caracterizar o ambiente de mudanças

conjunturais em curso hodiernamente, culminando na problemática, na hipótese de pesquisa e

nos objetivos gerais e específicos desse trabalho.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As políticas públicas traduzem a forma como o Estado se aproxima dos seus cidadãos.

Trata-se de um conjunto de atividades que possuem um escopo, um público-alvo e um efeito

(impacto) que se deseja atingir sobre determinada área. Elas se constituem no principa l

instrumento de ação governamental e é a partir delas que o cidadão efetivamente detém a

percepção sobre a forma como o gestor público administra, aplica e articula os recursos

provenientes da sociedade.

Deste modo, é mister repensar a forma de avaliação de tais ações governamentais, em

um contexto marcado por vicissitudes e instabilidades que ocorreram nas últimas décadas sobre

a dinâmica da atuação estatal. O declínio das políticas keynesianas trouxe um novo paradigma

na configuração do Estado, a partir do momento que a doutrina expansionista de “bem-estar

social” foi paulatinamente questionada pelos ideais do liberalismo econômico, da redução da

atuação estatal, da desregulamentação dos mercados e da efetividade da atuação pública. Esse

cenário está marcado por uma maior participação e interferência dos cidadãos nas decisões dos

administradores governamentais, culminando assim em um novo olhar sobre o impacto que tais

condutas trazem, a longo prazo, para a população.

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Em âmbito brasileiro, essa conjectura traz um desafio adicional, considerando a ampla

descentralização estatal1, a baixa efetividade do controle social2 e a desídia administrativa com

o patrimônio público, o que culmina em alto índice de corrupção no seio estatal.3 Essas

características traduzem a forma de desenvolvimento da Administração Pública, que saiu de

um modelo patrimonial, transitou pela centralização dos processos por meio de uma burocracia

weberiana e agora se reestrutura para atender as demandas do cidadão-cliente através do new

public management.

Implantado na metade da década de 90, o gerencialismo brasileiro ou a “nova

administração pública” acompanhou o movimento internacional de redução do papel do Estado

que já acontecia desde a década de 70 na Europa e na América do Norte. Capitaneado por

Bresser-Pereira, então Ministro da Administração e Reforma do Estado do Governo Fernando

Henrique Cardoso, a reestruturação estatal foi marcada por grandes entregas dos serviços

públicos ao setor privado, contratualização, adoção de concessões e regulamentação, reforma

de direitos no serviço público, extinção de órgãos, entidades e empresas públicsa, além da

adotar diretrizes de responsabilização e eficiência – princípio constitucional emendado na

Constituição de 1988.

A alta disfunção burocracia estatal, advinda da miríade histórica dos modelos gerencia is

da Administração Pública, a pressão dos usuários (stakeholders) por uma maior qualidade nos

prestação dos serviços, a escassez de recursos e a falta de planejamento4, impõem uma reflexão

crítica sobre as formas de planejar e avaliar as ações estatais, o que inclui aventar a adoção de

técnicas que possam mapear a percepção da população sobre os serviços públicos executados

pelos agentes públicos.

1 O modelo federativo imposto pela Constituição de 1988 trouxe uma grande descentralização da execução das

políticas públicas entre os três entes federais, estaduais e municipais, o que dificultou a aproximação dos serviços

públicos com os cidadãos. Mais informações, ver: RIBEIRO, Patrícia Tavares . A descentralização da ação

governamental no Brasil dos anos noventa: desafios do ambiente político-institucional. Ciência & Saúde

Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 819-828, 2009. e LEITE. Cristiane Kerches da Silva. FONSECA. Francisco.

Federalismo e Políticas Sociais no Brasil: impasses da descentralização pós -1988. Revista O&S, Salvador, v. 18,

n. 56, p. 99-117, 2011. 2 Ferreti et al.(2016) aduzem que nas políticas públicas de saúde, por exemplo, o controle social é desconhecido

por parcela considerável da população brasileira. Mais informações, ver: FERRETI, Fátima. et al. Participação da

comunidade na gestão e controle social da política de saúde. Tempus, Actas de Saúde Coletiva, Brasília, v. 10,

n. 3, p. 51-67, set. 2016. 3 O Brasil ainda mantém traços de uma administração patrimonialista, o que pode acarretar um maio r índice de

corrupção no Estado. Para mais informações, ver: MATIAS-PEREIRA. José. Administração pública comparada:

uma avaliação das reformas administrativas do Brasil, EUA e União Européia. Revista de Administração

Pública. Rio de Janeiro, v.42, n. 1, pag. 61-82, jan/fev. 2008. 4 CARNEIRO, R., MENICUCCI, TMG. Gestão pública no século XXI: as reformas pendentes. In : FUNDAÇÃO

OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 - prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro :

desenvolvimento, Estado e políticas de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de

Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2013. Vol. 1. pag. 135-194.

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Atualmente, tal realidade impõe novos desafios para os administradores públicos, que

devem não apenas demonstrar a eficiência ou qualidade do gasto público, mas também o efeito

que a ação estatal gera sobre a vida da população. Desta forma, surge à problemática: “Como

avaliar o impacto das ações das organizações públicas?”

Para mensurar tais implicações, Mark H. Moore, professor da Universidade de Harvard,

propõe as linhas gerais do Public Value Scorecard, um conjunto de diretrizes que devem ser

consideradas ao se mensurar o impacto das ações impostas pela Administração Pública e por

organizações não-governamentais.

1.1 OBJETIVOS E IMPORTÂNCIA

Este trabalho tem como escopo propor indicadores de desempenho de gestão com base

na ferramenta Public Value Scorecard para um Centro Acadêmico de uma universidade pública

federal brasileira, considerando o contexto local e a necessidade de se mensurar a efetividade

das ações executadas pelos administradores públicos.

Para se atingir tal objetivo, insta discorrer sobre a teoria do valor público, além do

movimento gerencialista presente na Administração Pública no Brasil e em alguns países

europeus e da América do Norte. Posteriormente, parte-se para o detalhamento de algumas

ferramentas que podem ser utilizadas para avaliar a gestão pública: balanced scorecard e public

value scorecard. O intuito aqui é comparar tais ferramentais e verificar qual melhor se encaixa

na avaliação da ação pública. Pretende-se ainda analisar os resultados de um instrumento de

coleta de dados e estruturar uma cadeia de valor como forma de se demonstrar a relação entre

o monitoramento das variáveis e a geração do valor público.

O public value scorecard , ferramenta proposta para esse trabalho, é um novo

instrumento de avaliação de organismos públicos e não governamentais que pode servir como

base para avaliação da “efetividade” das ações governamentais. Efetividade é aqui entendida

como a capacidade de a organização produzir o resultado que a sociedade espera. (SANDER,

1982) A importância do monitoramento das políticas públicas é defendida por Rolland (2015),

que afirma que o uso de indicadores, avaliações e estatísticas se constituem em condições sine

qua non para se administrar no setor público.

Ressalta-se que a medição de desempenho pode retratar a atual performance das

organizações, processo de construção que por si só impõe uma sistemática de reflexão e

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desdobramento da missão, visão e valores, na compreensão dos objetivos macros pela alta

gestão e pelos colaboradores e propicia o aprendizado da organização em face das mudanças

conjunturais do ambiente em que atua. (MAIA, OLIVEIRA E MARTINS, 2008)

Ilustração 1 – Importância das ações direcionadas para o valor público.

Fonte: Autor

A inepta eficiência dos modelos administrativos burocráticos que foram aplicados nos

sistemas de gestão públicos nas últimas décadas impõe uma nova forma de repensar a miríade

de controles existentes nesses sistemas, deslocando o foco do “processo em si” para

“resultados” e para o cliente-cidadão, que anseia por serviços públicos de qualidade. Rezende

(2009) sustenta que sistemas orientados para accountability (responsabilização), credibilidade

e desenvolvimento gerencial estão alinhadas as novas tendências de governança pública.

Busca pelo valor público

Análise e desdobramento da

missão , metas e objetivos

Indicadores, avaliações estatísticas

Monitoramento adequado

Aprendizado organizacional

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico apresenta a evolução do new public management de forma

detalhada, com vistas a situar o leitor sobre o movimento gerencialista em curso nos países da

Europa e América do Norte a partir da década de 1970. Entender esse recorte justifica a

importância da profissionalização da gestão pública orientada para as demandas da sociedade.

Além disso, apresenta-se, de forma sucinta, a ferramenta Balanced Scorecard, idealizada

precipuamente para o setor privado e adaptada para o setor público. Por fim, detalha-se o Public

Value Scorecard, ferramenta criada com o objetivo de mensurar o “valor público” nas

organizações públicas e não governamentais.

2.1 A NECESSIDADE DE UMA GESTÃO PÚBLICA EFICAZ

Moore e Khagram (2004) aduzem que o ponto de partida para entender o public value

(“valor público”) é a alegação de que, da mesma forma que o objetivo de um gerente que atue

em uma empresa privada é gerar valor privado, ou seja, “econômico”, no setor público, o

objetivo é criar valor público, ou seja, “social”. Mais do que apenas mensurar os índices

financeiros de economicidade ou eficiência, o administrador público deve mensurar o impacto

dessas ações na vida dos cidadãos. (MOORE, 2002). Desta forma, depreende-se que o valor

público pode ser descrito como a contribuição de determinada entidade para a sociedade.

A noção de valor público, formada nos anos 90, está atrelada diretamente ao surgimento

de movimentos reformistas de gestão da Administração Pública que remontam ao final da

década de 70, especialmente nos Estados Unidos e Reino Unido. (DRABACH, 2010) No

período pós-segunda guerra mundial, as nações – nomeadamente as da América do Norte e

Europa – experimentavam um alto crescimento econômico, com grande intervenção do Estado

na conjectura econômica e social, grande parte advento das políticas keynesianistas e do welfare

state. (GLADE, 2007)

No entanto, na esteira da crise do petróleo, que se arrastou por boa parte da década de

70 e abalou parte das economias desenvolvidas, tais intervenções começaram a ser

questionadas. Some-se a isso o gradativo aumento de impostos para sustentar o serviço público,

o “aparente” estado de ingovernabilidade com grandes problemas originários do conflito global

e as significativas transformações culturais e tecnológicas em curso, que culminaram em

gradativas medidas para a transformação da máquina pública. Tal cenário teve como contexto

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político o afloramento de governos neoliberais5 – nomeadamente Ronald Reagan (Estados

Unidos) e Margareth Thatcher (Reino Unido) – (ABRUCIO, 1997), influenciado pela

disparidade da eficiência entre as iniciativas públicas e privadas e da burocracia weberiana

predominante até então, considerada limitante e centralizadora em seus próprios processos e

procedimentos, não atendendo as demandas dos contribuintes. (POLLIT, 1990)

Abrucio (1997) afirma que o managerialism britânico focou inicialmente na redução de

pessoal e de custos gerais. Além disso, o movimento promoveu uma autonomia das agências

estatais britânicas, desnacionalizou e privatizou empresas públicas, buscou a definição de

papéis e atribuições das agências executivas por meio da técnica de administração por

resultados (APO), além de promover uma descentralização estatal através da delegação de

responsabilidades. Todas essas ações tiveram como escopo buscar uma maior eficiência na ação

estatal. Aduz ainda o autor que os Estados Unidos não obtiveram o mesmo sucesso da

empreitada britânica (corte de custos e pessoal), o que culminou posteriormente em um maior

foco nos repasses do orçamento federal estadunidense aos governos locais, o que trouxe um

relativo êxito da reforma americana durante esse período.

Tais práticas, baseadas fortemente na lógica de mercado, apresentavam suas limitações,

não se adaptando totalmente ao setor público. (VIEIRA, 1997) Desta forma, Abrucio (1997)

argumenta que no final da década de 80 houve uma paulatina transição da mera busca pela

eficiência para a efetividade dos serviços públicos, focado na qualidade e nas aspirações do

cliente-cidadão. Ainda no Reino Unido, o Citizen’s Charter, espécie de carta de serviços

voltada ao cidadão, cujo compromisso era demonstrar as metas de qualidade dos serviços

públicos (DOPICO, GUZMAN E GUZMAN, 2007), ilustra bem essas mudanças, que passava

a considerar a satisfação do “cliente”. (JUSTEN, 2003) A descentralização das

responsabilidades – como forma de aproximação da decisão aos jurisdicionados – e a

“contratualização” – ou seja, parcerias público-privadas – além de concessões – dos serviços

públicos a particulares – foram às características predominantes dessa etapa, que é chamada

pela literatura de consumerism.

A noção de “cliente” e a excessiva busca pela eficiência introduzida pelo consumerism

foi o ponto de discordância entre os teóricos do gerencialismo, já que a terminologia “cliente”

remete ao “individual”, enquanto que o termo “cidadão” remonta a um ideário de coletividade.

5 Ressalte-se que o gerencialismo não pode ser considerado característico de governos neoliberais. Na década de

80, por exemplo, o Partido Trabalhista da Austrália promoveu reformas de cunho gerencialista na Administração

Pública daquele país. Mais informações, ver: HOOD, Christopher. A Public Management for All Seasons?. Public

Administration, v. 69, n. 7, p. 3-19.2008.

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Com isso, o Public Service Orientation (PSO) emergiu na segunda metade da década de 90

para resgatar a noção do “espaço público” e de proximidade dos serviços ao cidadão, não como

um meio de escolha, mas sim de transformação das políticas públicas por aqueles que a

recebem. (ABRUCIO, 1997) Nesse sentido, Guimarães (2000, p. 129) assevera que o PSO

(...) pode ser caracterizado por uma grande ênfase na qualidade do serviço e na análise

custo/benefício, baseada no propósito de alcançar a excelência dos serviços públicos ;

ações visando a trazer o poder de volta dos grupos nomeados para os grupos eleitos;

a menor valorização do “paradigma do mercado” como elemento norteador da

prestação dos serviços públicos. Inclui também o desenvolvimento do trabalho

comunitário, a avaliação de demandas sociais e a garantia da participação popular

na formulação de políticas e na avaliação dos serviços públicos . (Grifo nosso)

Com isso, o PSO traz novas reflexões sobre o paradigma gerencial, como

responsabilização, qualidade, transparência, compliance e justiça. (ABRUCIO, 1997). Tais

práticas estão sendo paulatinamente incorporadas nas gestões públicas modernas durante as

duas últimas décadas, propagando-se não só na Europa e nos Estados Unidos, mas também nas

economias em desenvolvimento, a exemplo do Brasil.

No Estado brasileiro, as primeiras diretrizes do gerencialismo foram introduzidas no

primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995, tendo com maior expoente o

economista Luiz Carlos Bresser-Pereira. Como Ministro da Administração Federal e Reforma

do Estado – MARE, Bresser-Pereira tinha como escopo encampar uma reforma de cunho

gerencialista – em curso nos países desenvolvidos – para a Administração Pública brasileira. O

Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado foi o principal norteador dessas mudanças,

que reunia objetivos e diretrizes envoltas nos conceitos de eficácia e eficiência – para Bresser-

Pereira, sinônimos de governança – com orientação voltada para o cidadão. Além disso, o

documento defendia uma restrição da atuação estatal para àqueles serviços considerados

essenciais e propunha uma descentralização das ações locais e regionais sob responsabilidade

da União para Estados e Municípios, fomentando a parceria entre esses entes. (MARE, 1995)

A Reforma Administrativa estava inserida em um contexto maior – plano de governo –

, que previa ainda as reformas tributárias e da previdência social. O próprio Bresser-Pereira

chega a afirmar que, como Ministro, só teve êxito na reforma do serviço público, cujo ápice se

deu com a promulgação da Emenda Constitucional nº 19, de 1998, que mudou substancialmente

o serviço público federal. A Emenda 19 trouxe ao ordenamento jurídico, por exemplo, a criação

de agências executivas e organizações sociais – que descentralizam o cumprimento de parte dos

serviços públicos –, os contratos de gestão, a extinção da obrigatoriedade do Regime Jurídico

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Único para os servidores da União6 e introduziu a “eficiência” como princípio basilar da

Administração Pública brasileira. (BRESSER-PEREIRA, 1999) Ainda segundo Bresser-

Pereira (1999) foram introduzidos orientações para a qualidade total (total quality control) e de

desmonopolização de serviços considerados não essenciais – a exemplo das telecomunicações.

Matias-Pereira (2008) argumenta que houve significativos avanços na Administração

Pública brasileira nas últimas duas décadas, através da adoção de técnicas e ferramentas do

setor privado que foram transpostos para a Administração Pública. Acentua, contudo, a

fragmentação das mudanças impostas, a desarticulação política na condução da reforma do

Estado e o foco predominante em “ajustes fiscais”, o que traria, em proscênio, um influxo para

o desmantelamento dos serviços públicos. Além disso, aduz o autor que o Brasil possui um

modelo híbrido que transita entre os resquícios do patrimonialismo e da burocracia e que as

demais nações que implantaram o new public management ainda possuem dificuldade de

avaliar os benefícios das reformas efetuadas.

Desse modo, a administração pública brasileira ainda precisa avançar e incorporar as

novas práticas dos modelos administrativos das últimas décadas, que trazem um enfoque para

o planejamento estratégico, para a eficiência e para a liberação de recursos mediante a

performance.7 Urge, no entanto, pensar não só em ferramentas ou técnicas que promovam as

mudanças, mas também trazer um enfoque em novas formas de medir e mensurar o impacto

das atividades, ações e políticas públicas estatais, de forma a se quantificar a real viabilidade

das ações operadas pelos agentes públicos.

2.2 UMA FERRAMENTA PARA MENSURAR O DESEMPENHO: BALANCED

SCORECARD

Robert Kaplan e David Norton desenvolveram na década de 90 o Balanced Scorecard

– BSC, uma ferramenta originalmente direcionada ao setor privado que retirava o foco dos

6 Eficácia suspensa pela Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2135, de 2007, sem julgamento do mérito até a

data de publicação deste trabalho. Para mais informações, ver: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Plenário

suspende artigo da Constituição sobre contratações de servidores públicos (atualizada) . Disponível em: < http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=70650>. Acessado em 01 set 2017. 7 As universidades públicas federais brasileiras, por exemplo, necessitam atender os requisitos da Matriz OCC

(Orçamento Custeio e Capital) para angariar recursos de investimento e custeio no Orçamento Geral da União.

Para mais informações, ver: BRASIL. Decreto nº 7.233, de 19 de julho de 2010. Diário Oficial [da] Repúbl ica

Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 jul 2010. Seção 1, p. 29514.

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índices exclusivamente financeiros de mensuração do desempenho organizacional – realidade

dominante até então – para transitar em outras variáveis igualmente importantes, como as

perspectivas dos clientes, dos processos de negócios e do aprendizado e crescimento

institucional. Importa ressaltar que o BSC retirou o foco dos indicadores exclusivamente ex-

post – aqueles que são mensuráveis após a ocorrência do evento – para aqueles que ocorrem

concomitante e antes do evento (ex ante).

O BSC trabalha sob a égide de quatro perspectivas, sendo uma focada em medidas

financeiras, considerada principal, e as outras três em medidas não financeiras. Cada

perspectiva é composta de um número variável de indicadores e referências, que são definidas

de acordo com o micro e o macroambiente da organização, com o objetivo de avaliar o

desempenho corporativo. (KAPLAN E NORTON, 1996) Kaplan e Norton (1997) afirmam que

o BSC tem como foco aninhar o planejamento estratégico com as operações na medida em que

desdobra e demonstra quais metas devem ser alcançados para se atingir os objetivos estratégicos

da organização.

A perspectiva “financeira” do BSC remonta a sustentabilidade contábil da empresa ao

longo do tempo e pode ser interpelada em duas variáveis: receita e produtividade (eficiênc ia

operacional). (KAPLAN E NORTON, 2000) A perspectiva dos “clientes” se refere ao

monitoramento do público-alvo de atuação da empresa e do mercado de atuação, enquanto que

os “processos internos” dissertam sobre a otimização dos processos para a consecução das

perspectivas anteriormente citadas. (PRIETO et. al, 2006) Por fim, “aprendizado e

crescimento” é a perspectiva que traduz a forma como a empresa utiliza seu conhecimento para

gerar um desenvolvimento a longo prazo. (NISEMBAUM, 2000)

Houve diversas tentativas de adaptar o modelo para a seara pública brasileira. Ruas

(2003) formulou indicadores estratégicos com base nas perspectivas do BSC para um instituto

de fomento à pesquisa tecnológica vinculado ao governo do Estado de São Paulo. Os

indicadores propostos pelo autor, fortemente ajustados, foram baseados nas quatro perspectivas

do BSC e incluem índices de satisfação do cliente, apoio às políticas públicas, difusão do

conhecimento, participação na elaboração de normas técnicas, receitas em pesquisa e

desenvolvimento, tempo de pesquisadores dedicados a atividades administrativas, entre outros.

Ghelman e Costa (2005) estruturaram um modelo baseado no BSC mudando

significativamente as perspectivas impostas pela ferramenta original, sendo que as

características predominantemente privadas foram transformadas para a realidade pública em

seis perspectivas de avaliação: pessoas e modernização administrativa (aprendizado e

crescimento no original), finanças e orçamento (finanças, no original), processos internos,

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clientes e sociedade/cidadão (novas categorias). Concluem os autores que qualquer modelo de

mensuração do desempenho na Administração Pública deve contemplar requisitos atrelados à

eficiência, eficácia e efetividade.

Niven (2005, citado por Leite e Rezende, 2010) modelou uma proposta de BSC

direcionado para a Administração Pública brasileira com foco nos resultados e centrada no

cliente-cidadão. Nesse modelo, a perspectiva de “clientes” é substituída pelo “cidadão”, ao

passo que os demais eixos mantêm nomes congêneres ao modelo original, mas sempre voltados

ao encontro da realidade pública. Salione (2013), por outro lado, apresentou uma estruturação

do BSC como ferramenta a ser usada pela Administração Pública na avaliação de desempenho

nos contratos com organizações sociais de interesse público – OSCIP’s.

Em levantamento realizado nos tribunais de contas dos estados e municípios brasileiros,

Silva e Mario (2015) verificaram que há uma predominância da ferramenta BSC nos sistemas

de planejamento ou avaliação daquelas entidades. Aduzem os autores que a metodologia

sempre é adaptada à realidade de cada entidade, o que muda substancialmente as perspectivas

de avaliação dos macroprocessos estratégicos daqueles órgãos de controle.

Em âmbito internacional, Bolívar, Hernández e Rodríguez (2010) aplicaram o BSC para

uma agência pública espanhola de serviços esportivos. Os autores reconheceram a importânc ia

da ênfase em medidas não-financeiras para avaliação do desempenho em organizações públicas,

apesar de criticarem a possível falta de indicadores quanto a qualidade e o desempenho da

gestão em si. Northcott e Taulapapa (2010) afirmam que em virtude de as organizações públicas

possuírem uma dificuldade de definir objetivos estratégicos, talvez o potencial do BSC para

auxiliar a tomada de decisão possa não ser reconhecido. Em casos selecionados, Pucek e Spacek

(2014) verificaram que o BSC clarifica os objetivos institucionais para aqueles que executam

as atividades e ações. No entanto, afirmam os autores que alguns aspectos do BSC foram

incompreensíveis para os gestores, especialmente no binômio entre concorrentes e parceiros.

Por fim, ressaltam que boa parte da aplicação do BSC foi suspensa em virtude de mudanças

políticas.

Percebem-se, dessa forma, variadas tentativas de adaptar o modelo para a realidade

pública, algumas com relativo sucesso de aplicação. No entanto, a falta de uma matriz

originalmente desenvolvida e com foco para as necessidades da Administração Pública

permanece. Apesar de dar o merecido crédito à ferramenta idealizada por Kaplan e Norton,

Moore (2003) apresenta três argumentos contrários à utilização do BSC em organizações sem

fins lucrativos.

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O primeiro argumento é que, por mais que as perspectivas do BSC enfatizem medidas

não-financeiras de desempenho (processos internos, clientes e aprendizado e crescimento), o

foco central da ferramenta continua precipuamente no crescimento dos lucros. Ou seja, todas

as perspectivas continuam convergindo para o aumento da lucratividade (“perspectiva

financeira”), o que difere totalmente da realidade pública. (MOORE, 2003) Kaplan e Norton –

continua Moore – até afirmaram em trabalhos posteriores que a ferramenta poderia ser aplicada

nas organizações públicas concentrando-se na “missão” das organizações em vez do “lucro”.

No entanto, para Moore, o BSC enfatizou as medidas não-financeiras não com o objetivo

precípuo de cumprir a missão da empresa, mas sim com o escopo final de maximizar os ganhos

financeiros. Ou seja, as medidas financeiras, por si só, não poderiam sustentar o crescimento

das organizações privadas a longo prazo, residindo aí a natureza conceitual da inaplicabilidade

da ferramenta em organizações públicas e não governamentais. (MOORE, 2003) Para encerrar

o primeiro argumento, o autor sugere que a melhor maneira de medir o valor criado por

organizações públicas é desenvolver indicadores baseados na missão.

A segunda alegação é a noção de “clientes”. Moore argumenta que toda empresa privada

deve promover a satisfação dos seus clientes. Em paralelo com as organizações públicas, o

“cliente” seria o cidadão, público-alvo de determinada política ou ação pública. É aqui que

reside à problemática. Quando os financiadores (Estado, agências de fomento, por exemplo)

injetam recursos orçamentários em determinada entidade pública, elas não querem apenas a

“satisfação” do cidadão, mas também a geração de um impacto (efetividade) das ações

governamentais na realidade local ou nacional. (MOORE, 2003). Para exemplificar, o autor cita

que os financiadores de uma política de qualificação de pessoas desempregadas não querem

obter apenas a “satisfação” do cidadão, mas também gerar impacto econômico na distribuição

de renda e fomentar a economia. Nesse contexto, a forma de promover a “satisfação” dos

clientes difere significativamente nas iniciativas pública e privada.

Nas organizações clássicas privadas, o modelo de produção é aquele onde os

financiadores (acionistas, por exemplo) injetam recursos para a produção de bens e serviços

com o objetivo de “satisfazer” o consumidor final, que por sua vez paga pelo produto, bem ou

serviço, que retorna para os financiadores. Dessemelhante, ocorre com as organizações públicas

e não-governamentais, que devem monitorar o retorno não só para os financiadores, mas

também a própria sociedade.

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Ilustração 2 – Modelo de retorno das ações efetuadas por organizações públicas

Fonte: Autor

Em organizações públicas, o produto ou serviço “ofertado” é direcionado ao cliente-

cidadão ou a própria sociedade (“clientes”), que retorna para a própria sociedade e para os

financiadores ou provedores daquelas ações (tais como agências de fomento) ou o Estado (por

meio de ministérios, secretarias ou departamentos) em forma de “valor público”. Tais atores

são considerados por Moore (2003) como upstream costumers (“clientes a montante”), ou seja,

atores que possuem interesse na efetividade das ações, não em forma de “lucro”, mas de

“impacto” (propagação das ações). Desta forma, a identificação destes atores se constitui no

fator-chave para a sobrevivência das organizações públicas.

Por fim, a terceira premissa é a concepção de “vantagem competitiva” imbuída no BSC.

Moore (2003) argumenta que existe uma irresolução para as instituições públicas ao definirem

se o objetivo destas é estabelecer um diferencial em relação a outras organizações públicas ou

se o escopo na verdade seria fortalecer aquela determinada área de atuação (educação superior,

cultura, saúde, por exemplo), em uma “rede de cooperação mútua” entre as entidades.

Obviamente, as entidades e órgãos públicos competem entre si para obterem mais recursos no

orçamento central. O autor destaca, no entanto, que as organizações sem fins lucrativos devem

ser parceiras na resolução dos problemas, já que dificilmente uma única entidade consegue

resolver os problemas de determinada área, considerando que as organizações públicas

possuem recursos escassos. (MOORE, 2003). Com isso, sugere que as instituições públicas

devem formar parcerias, para que os problemas possam ser resolvidos ou mitigados juntos.

É nesse cenário que Moore (2003) propõe uma avaliação por meio de indicadores

baseados na missão, com o objetivo de mensurar o valor público, ou seja, o impacto das ações

••

Financiadores

Estado

Governo

•Produção

Produto

Serviço

Cliente-cidadão

Sociedade

Valor público

Retorno

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e políticas desencadeadas pelas organizações sem fins lucrativos e pelos órgãos

governamentais.

2.3 UMA NOVA ALTERNATIVA: PUBLIC VALUE SCORECARD

Mark H. Moore, professor da Kennedy School, vinculada a Universidade de Harvard,

lançou em 2003 as bases do Public Value Scorecard, ferramenta com o objetivo de avaliar o

desempenho da gestão na administração pública e mensurar o impacto das políticas públicas na

sociedade. Moore (2003) propõe a avaliação do desempenho da organização pública ou não-

governamental com base em três diretrizes, que formam uma espécie de círculo de valor

(“strategic triangle”), as quais ele chama de “public value strategy”.

A primeira variável dessa estratégia se chama “social mission” (missão social) e,

argumenta o autor, trata do objetivo final da organização, ou seja, a missão, o propósito para o

qual a organização foi criada. Está relacionada com o “valor supremo” que a organização deseja

alcançar. Nas empresas privadas, o “valor” seria a geração de lucros para os acionistas; na

administração pública, ao contrário, a geração de valor está diretamente relacionada a um fim

“social”. (MOORE, 2003) Deste modo, a avaliação do “public value” passa pela avaliação do

cumprimento da missão da organização. O próprio Moore, mais tarde, alargou a abrangência

da terminologia de “social mission” para “public value”, por entender que todas as atividades

da organização pública geram valor público. (MOORE, 2012)

O segundo ponto do triângulo é “legitimacy & support” (legitimidade e suporte). Essa

variável reside no fato de que a organização pública precisa ter atenção a aqueles que a

financiam – na figura dos upstream costumers, ou seja, as entidades que dão “suporte” as

políticas a serem executadas (Estado, agências de fomento, dentre outros), bem como aos

beneficiários das ações, que recorrem e procuram os serviços ou produtos ofertados. Para

Moore, esses atores “legitimam” as atividades desenvolvidas pela organização. (MOORE E

KHAGRAM, 2004) Para corroborar tal argumento, Moore (2003) afirma que as organizações

públicas não podem simplesmente se autodenominar criadoras de valor público, mas elas

devem ser legitimadas, reconhecidas pela efetividade das suas ações pelo usuário final (cliente-

cidadão) e também pelos financiadores, em um verdadeiro processo de aprovação e

assentimento das ações desenvolvidas.

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O último princípio é “organizational capabilities” (capacidade organizacional) e faz

referência não só aos recursos que a organização dispõe para atingir seus objetivos, mas também

as parcerias com outras organizações congêneres com o intuito de se criar ou aumentar o

impacto das ações em determinado setor (MOORE, 2003). Esse elemento é importante

considerando que os recursos são limitados e frequentemente não é possível resolver todos os

problemas sozinho ou com uma única ação isolada (MOORE, 2012). Estruturado, o triângulo

estratégico assume a seguinte forma:

Ilustração 3 – Triângulo estratégico do Public Value Scorecard

Fonte: adaptado de Moore (2003)

Moore (2003) assevera que há uma “pirâmide de valores” com objetivos, metas e

estratégias que, juntos, permitem o reconhecimento das ações que são necessárias para se

alcançar a “missão social”. No entanto, nem sempre é fácil definir essas ações, pois a missão

geralmente é algo intangível que é difícil de mensurar. (MOORE, 2003) Para mitigar tal

problema, o autor recomenda

(...) for example, is that the general ideas of mission define the "ends" of the

organization (i.e. the valued results), while the more particular goals and objectives

describe the "means" the organization relies upon to achieve the desired results. A

handy way to think about this conception is that there is some kind of "value chain"

or "logic model" that specifies the relationship between desired outcomes on one

hand, and the resources, processes, activities, and outputs that are required to achieve

the desired results.. (MOORE, 2003, pag.13)

Valor público

Legitimidade e suporte

Capacidade organizacional

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Desta forma, a criação de uma “cadeia de valor” ou um “modelo lógico” que demonstre

a ligação entre os objetivos e metas (que são mais facilmente mensuráveis) e a missão pode se

constituir em um meio efetivo de se chegar ao valor público. Esse tipo de mapeamento permite

demonstrar a organização como o engajamento em tais objetivos e metas podem contribuir para

a efetividade das políticas macro estratégicas, com a posterior criação de pulic value. Contudo,

Moore (2003) acentua que os indicadores não devem avaliar apenas os resultados (a posteriori),

mas especialmente de forma contínua e monitorada (concomitante), o que permite revisar e

ajustar o processo durante a execução.

Esse monitoramento também deve ser direcionado para a “capacidade organizaciona l”,

que não deve levar em conta somente a própria organização, mas também os “parceiros”, ou

seja, as entidades que também atuam naquele setor. Moore (2003) distingue a terminologia

“capacidade operacional” em vez de “capacidade organizacional” ressaltando que no setor

público as organizações trabalham conjuntamente para a resolubilidade do problema a ser

enfrentado, sendo coparticipes e influenciadoras nos resultados gerados pelas organizações do

setor. Por fim, Moore (2003) destaca a importância do monitoramento dos stakeholders – todos

aqueles que financiam as atividades organizacionais, que trabalham na organização, que

mantêm relacionamento ou que são impactados por ela –, que devem ser pensados como um

meio de “suporte e legitimidade” para se atingir a missão e não como um fim em si. Cada

categoria de stakeholders podem ser isoladas em uma “conta de acreditação” que podem ser

mensuradas pela quantidade e pela qualidade das relações interinstitucionais.

Apesar de ser uma ferramenta relativamente recente (criada em 2003), existem algumas

experiências de aplicação, a exemplo de Azevedo (2012), que propôs um sistema de avaliação

de desempenho para uma entidade sem fins lucrativos brasileira com base nas questões de Otley

(1999). Afirma a autora que o PVS não necessita de planejamento estratégico para executa- lo,

apesar de ser recomendado o fazê-lo, considerando que os objetivos estratégicos são os

balizadores necessários para verificar se as metas mensuradas pelos indicadores foram atingidas

ou não.

Viscusi, Castelli e Batini (2014) elaboraram um “framework” (quadro com estrutura de

ferramentas, métodos e técnicas) para iniciativas de transparência e dados abertos de governos

da Europa meridional com diversos indicadores que foram criados através das variáveis de

“bem-estar social” e “capacidade organizacional”. Tais indicadores possuem o intuito de se

avaliar o “valor social” – termo cunhado pelos autores para uma ação que agrega valor e gera

impacto em determinada variável.

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Já Portulhak e Espejo (2014), após aplicarem o PVS em um hospital universitár io

público, ressaltaram que a quantidade de indicadores aumenta conforme a complexidade da

atividade e recomenda, para esses casos, que a unidade mantenha um bom número de

indicadores para aferir corretamente a criticidade de todos os processos da organização.

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3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

3.1 MÉTODO

O desenvolvimento do trabalho foi realizado no período de 01 de agosto a 13 de outubro

de 2017, sendo planejado em três etapas. A primeira etapa foi à realização de uma pesquisa

documental em registros institucionais e artigos sobre os temas “public value”, “public value

scorecard” e “new public management” nos repositórios Scientific Electronic Library Online

(SCIELO) e Directory of Open Access Journals (DOAJ), bem como de livros sobre o tema

“valor público” na Biblioteca Central Zila Mamede, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Pádua (1997, p. 62) define a pesquisa documental como aquela que “é realizada a partir

de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos

(...)”.

Priorizou-se tal método de pesquisa por ser de baixo custo, de fácil pesquisa e por não

exigir um contato prévio com os sujeitos da pesquisa. (Gil, 2002) Guba e Linconl (1981)

asseveram que a pesquisa documental serve ainda para ratificar ou validar as informações

coletadas por outro instrumento de dados, que será descrito a seguir.

Para refinar a construção dos indicadores de desempenho (objetivo deste trabalho),

buscou-se um instrumento de coleta de dados, optando-se por um questionário dirigido a

direção da unidade pesquisada. Gil (1999, p. 128) diz que tal ferramenta é estruturada “por um

número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por

objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações

vivenciadas etc.” Cabe ressaltar que o questionário foi escolhido em detrimento da entrevista

em virtude da distância geográfica entre o pesquisador e a direção da unidade.

O questionário foi adaptado com base no estudo de Azevedo (2012) sobre valor público,

sendo detalhado conforme o Apêndice A. A autorização de uso do instrumento de coleta de

dados está contida no Anexo A. O instrumento foi enviado para a direção da unidade, via e-

mail, após contato telefônico introdutório sobre a questão de trabalho, sendo respondido no

mesmo dia. Composto majoritariamente por questões abertas, evidencia-se que a pesquisa

possui um caráter qualitativo, ao permitir a análise das respostas empreendidas pela direção do

centro acadêmico pesquisado. Corroborando tal assertiva, Denzin e Lincoln (2006) afirmam

que a pesquisa qualitativa pressupõe uma análise de algum fenômeno sob alguma ótica ou visão

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em particular, com o escopo de entender as dinâmicas ou relações entre os atores que participam

da ação.

Com o instrumento de coleta de dados preenchido pela direção (sujeitos da pesquisa),

passou-se a terceira etapa, ou seja, ao detalhamento dos resultados do questionário e a

estruturação dos indicadores de desempenho, conforme as diretrizes propostas por Moore

(2003). Para realizar a correlação entre a missão organizacional e os indicadores a serem

propostos, formulou-se uma cadeia de valor conforme ensina Porter (1985). Pretendeu-se aqui

tão somente sugerir os indicadores e o valor público (impacto) que os monitoramentos destas

variáveis podem trazer ao centro acadêmico pesquisado.

Ilustração 4 – Etapas de pesquisa

Fonte: Autor

3.2 LÓCUS DE PESQUISA

O lócus da pesquisa é um centro acadêmico de uma universidade pública federal brasileira

– esta unidade será nomeada aqui como “Centro A”. O Centro A é um dos 08 (oito) Centros

Acadêmicos que compõe a universidade federal investigada.8 Na estrutura hierárquica, os

centros acadêmicos são unidades organizacionais que congregam diversos departamentos

acadêmicos, com o escopo de executar as ações de ensino, pesquisa e extensão.9 O Centro A é

a única unidade da instituição no interior do Estado e se desdobra em dois campi – localizados

8 UFRN. Resolução nº 004/95-CONSUNI. Cria o Centro Regional (...) e os Departamentos Acadêmicos

respectivos. Boletim, Natal, RN, 28 abr. 1995. Disponível em: <

https://sigrh.ufrn.br/sigrh/downloadArquivo?idArquivo=97268&key=0db43c70e7d5484f218c9fd8138c8f21>.

Acesso em: 30 nov. 2016. 9 Estatuto da UFRN. Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH, Natal. Disponível em:

<https://sigrh.ufrn.br/sigrh/public/colegiados/anexos/estatuto_ufrn_2009.pdf>. Acesso em: 30 nov 2016.

Pesquisa documental

•Documentos institucionais

•Valor público

Aplicação do instrumento de coleta de dados

• Questionário

Detalhamento e proposição dos indicadores

•Cadeia de valor

•Indicadores

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nas cidades de Caicó e Currais Novos.10 Esse caráter desconcentrado promove um desafio

adicional aos gestores do centro, em virtude da distância da Administração Central –

aproximadamente 280 quilômetros, localizada em Natal – e entre os campi – aproximadamente

100 quilômetros.

O centro possui 1.496 alunos de graduação (dados de junho de 2017) divididos em 13

(cursos) de graduação: administração, letras – português e espanhol –, turismo (Campus Currais

Novos), além de ciências contábeis, direito, história – licenciatura e bacharelado -, geografia –

licenciatura e bacharelado –, matemática, pedagogia e sistemas de informação (Campus

Caicó).11 No âmbito da pós-graduação em sentido estrito, são dois cursos: Programa de Pós-

Graduação em Geografia (em parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes),

instalado em Caicó, e o Programa de Pós-Graduação em Letras, instalado em Currais Novos. O

Centro A é subdivido em 08 (oito) departamentos acadêmicos, sendo 02 (dois) em Currais

Novos: Letras (DLC) e Ciências Sociais e Humanas (DCSH) e 06 (seis) em Caicó: Ciências

Exatas e Aplicadas (DCEA), Direito (DIR), Educação (DEDUC), Geografia (DGC), História

(DHC) e Computação e Tecnologia (DCT).12

O atual normativo regimental interno da unidade data de 200713 que impõe a

estrutura organizacional da figura a seguir.

10 UFRN. Resolução 08/07-CONSUNI. Aprova o Regimento Interno do Centro de Ensino (...). Boletim, Natal,

RN, 19 dez 2007. Disponível em: < https://sigrh.ufrn.br/sigrh/

downloadArquivo?idArquivo=77959&key=407670428b61171fd5ee94b091736790>. Acesso em: 30 nov. 2016. 11 Consulta de Cursos - Graduação. Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA, Natal.

Disponível em: < https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/curso/lista.jsf?nivel=G&aba=p-graduacao>. Acesso em: 30

nov 2016. 12 Departamentos da UFRN. Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas - SIGAA, Natal.

Disponível em: < https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/departamento/lista.jsf?aba=p-academico>. Acesso em: 30 nov

2016. 13 UFRN. Resolução 08/07. Aprova o Regimento Interno do Centro de Ensino (...). Boletim, Natal, RN, 19 dez

2007. Disponível em: <

https://sigrh.ufrn.br/sigrh/downloadArquivo?idArquivo=77959&key=407670428b61171fd5ee94b091736790>.

Acesso em: 30 nov. 2016.

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Ilustração 5 – Organograma do Centro A

Fonte: Autor

O Conselho Deliberativo do Centro é o órgão máximo de deliberação desta unidade, com

funções consultivas e normativas sobre matérias acadêmicas, científicas, culturais, artísticas,

administrativas, orçamentárias, financeiras e de recursos humanos do Centro A. A Direção de

Centro, por outro lado, é o órgão executivo, encarregado do planejamento, da superintendênc ia,

da coordenação, da avaliação e do controle de todas as atividades desta Unidade da Instituição.

As assessorias competem prestar auxílio à Direção em questões de ordem administrat iva,

acadêmica, financeira, patrimonial e de infraestrutura.

A Secretaria Geral é o órgão central do sistema administrativo do Centro, tendo funções

de controle de protocolo e arquivo, transporte, gestão de pessoas e planejamento. Os demais

setores se encarregam de funções específicas de orçamento e finanças, gestão do patrimônio ,

tecnologia da informação, bibliotecas, laboratórios e almoxarifado. Além disso, há uma unidade

Conselho Deliberativo

Direção de Centro

Assessorias

Secretaria Geral

Almoxarifado

Patrimônio

Setor de Execução

Orçamentária

Bibliotecas Setoriais

Museu

Departamentos

Coordenações

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suplementar, um museu, localizado no centro do município Caicó, fora do campus. Dentro

dessa estrutura estão alocados 55 servidores integrantes da carreira técnico-administrativa em

educação e 158 servidores da carreira do magistério superior, incluindo aí efetivos e

temporários. (set/2017)14

A missão da universidade e, por consequência, do Centro A é

“(...) educar, produzir e disseminar o saber universal, preservar e difundir as artes e a

cultura, e contribuir para o desenvolvimento humano, comprometendo -se com a

justiça social, a sustentabilidade socioambiental, a democracia e a cidadania.” (UFRN,

2010)15

Não há missão ou visão oficializadas para a instituição. Desta forma, para avaliar o

ambiente macro e micro-organizacional, propõe-se uma análise pela matriz SWOT, que permite

emitir uma “radiografia” da situação atual da organização. A utilidade da ferramenta está em

oferecer uma avaliação do ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (ameaças

oportunidades), “que quando interconectadas fornecem uma base sólida na tomada de uma

decisão.” (GONÇALVES et al. 2010, p. ) A principal utilidade desta ferramenta é permitir

identificar “o grau em que as forças e fraquezas atuais são relevantes para, e capazes de, lidar

com as ameaças ou capitalizar as oportunidades” no ambiente onde a organização atua”.

(JOHANSSON E SCHOLES, 2007) O resultado da análise SWOT é mostrado a seguir.

14 Total de técnicos e docentes por unidade. Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos - SIGRH,

Natal. Disponível em: <https https://sigrh.ufrn.br/sigrh/public/home.jsf>. Acesso em: 01 set 2017. 15 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Plano de Desenvolvimento Institucional

2010-2019. Disponível em: < http://www.ufrn.br/resources/documentos/pdi/PDI-2010-2019-final.pdf>. Acesso

em: 01 set 2017.

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31

Ilustração 6 – Matriz SWOT do Centro A

Fonte: Autor

PO NTO S FORTES

•GESTÃO MACRO

• - Acessibilidade da gestão

• - Estrutura organizacional mais flexível e menos ‘engessada’, permitindo inovações

•ESTRUTURA FÍSICA

• - Reformas estruturais recentes nos blocos de aulas e laboratórios

• - Instalações físicas nova de apoio ao ensino, como auditório e laboratórios de pós-graduação

•GESTÃO DE PESSOAS

• - Proximidade (física) entre os colaboradores de trabalho, permitindo uma maior agilidade nos processos

PONTOS FRACOS

•GESTÃO MACRO

• - Distanciamento e falta de autonomia em relação à Administração Central

• - Pulverização da gestão em dois campi (Caicó e Currais Novos)

• - Falta de padronização dos processos organizacionais

• - Comunicação organizacional

•ACADÊMICO

• - Baixa quantidade de projetos de pesquisa e extensão

• - Quantidade incipiente de cursos stricto sensu (mestrado e doutorado)

• - Falta de cursos vocacionados para o desenvolvimento socio-econômico da região

•ORÇAMENTO E FINANÇAS

• - Recursos limitados (se comparados a outros Centros)

•GESTÃO DE PESSOAS

• - Baixa retenção de servidores técnico-administrativos

• - Dificuldades de retenção de professores doutores

• - Rotatividade de pessoal (turnover)

• - Baixo quantitativo de servidores

•ESTRUTURA FÍSICA

• - Estrutura física deficiente nos prédios administrativos

• - Falta de equipe, equipamentos e estrutura de segurança nos Campi

OPORTUNIDADES

•ACADÊMICO

• - Aumento da quantidade de projetos de pesquisa e extensão, voltados e integrados com a comunidade

• - Criação de novos cursos (graduação, mestrado e doutorado) vocacionados para a região

• - Oportunidades de financiamento junto à entidades de fomento (ex: FINEP, CAPES)

•GESTÃO MACRO

• - Oportunidade de uma maior descentralização da gestão junto à Administração Central

AMEAÇAS

• IMPACTO ORÇAMENTÁRIO

• - Crise econômica com diminuição de recursos

•LEIS, REGULAMENTOS E NORMAS

• - Disfunções burocráticas e procedimentos demorados

•GESTÃO MACRO

• - Dificuldades da Política de Interiorização pela Administração Central (alheio ao Centro A)

•POLÍTICO-SOCIAL

• - Falta de políticas públicas para conter a evasão escolar em virtude das condições socio-econômicas dos alunos da região

• - Falta de segurança nos Campi

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Depreende-se que o fator orçamentário é um dos maiores riscos a continuidade da gestão

do Centro A, sobretudo quando se verifica nas resoluções de distribuições dos recursos

orçamentários que o Centro A é um dos últimos Centros em termos de recursos orçamentár ios.

Abaixo uma série histórica do período 2010-2017:

Ilustração 7 – Evolução orçamentária do Centro A. Valores em reais (R$).

Fonte: Autor

Em 2010, o orçamento do Centro A era de R$ 738.445, o mais baixo entre os Centros

Acadêmicos existentes até então, já que nesse mesmo ano todos os outros Centros já possuíam

um orçamento de despesas correntes acima de R$ 1 mi.16

Em 2014, o Conselho de Administração (CONSAD) da universidade instituiu a

Resolução nº 060/2014, que definiu novos critérios para a distribuição orçamentária dos

recursos de despesas correntes entre os Centros Acadêmicos e Unidades Acadêmicas

Especializadas da instituição. A resolução prevê um período de 04 (quatro) anos, a contar de

2014, para adequação das unidades aos critérios do novo modelo e instituiu um Fundo de

Compensação Orçamentária, que cobrirá eventuais perdas dos Centros e Unidades (em relação

ao orçamento de 2014) que obtiverem um decréscimo após a aplicação do modelo.17

16 O orçamento interno de distribuição de “outras despesas correntes” demonstra que o Centro A era o único Centro

Acadêmico da instituição que não tinha atingido um orçamento da ordem de R$ 1 mi no ano de 2010. Para mais

informações, ver: UFRN. Resolução 010/2010-CONSAD. Aprova a distribuição interna do orçamento da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, para o exercício financeiro de 2010. Boletim, Natal, RN,

20 mai 2010. Disponível em:

<https://sigrh.ufrn.br/sigrh/downloadArquivo?idArquivo=297115&key=31d618810501e47f0a7d356ca3ff2536>.

Acesso em: 01 set. 2017. 17 A resolução 060/2014-CONSAD prevê 07 (sete) critérios para distribuição dos recursos orçamentários entre as

unidades da instituição. São contemplados esforço acadêmico, número de alunos, área construída, ações de

2010

738.445

2011

1.105.058

2012

1.286.305

2013

1.350.620

2014

1.496,513

2015

1.496,513

2016

1.496,513

2017

1.496,513

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Nesse sentido, com a execução do modelo (2015, 2016, 2017) o Centro A obteve valores

abaixo do orçamento de 2014, o que exigiu o acionamento do Fundo de Compensação

Orçamentária para compensação das eventuais perdas. Como o limite para compensação é o

valor do orçamento de 2014, o Centro A manteve os valores do orçamento de 2014. Isso é um

ponto fraco que torna necessária a adoção de medidas para se atingir os critérios da referida

resolução, o que consequentemente fomentará a adoção de mecanismos de expansão do ensino,

pesquisa e extensão.18

pesquisa, extensão, entre outros. Mais informações, ver: UFRN. Resolução 060/2014-CONSAD. Institui modelo

para distribuição dos recursos orçamentários de custeio entre os Centros Acadêmicos e as Unidades Acadêmicas

Especializadas da UFRN. Boletim, Natal, RN, 29 dez 2014. Disponível em: <https

https://sigrh.ufrn.br/sigrh/downloadArquivo?idArquivo=2314481&key=ea49fc578593936229b46ba721e5f05a>.

Acesso em: 01 set. 2017 18 Idem

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4 RESULTADOS

Nesta etapa apresentam-se os resultados com o detalhamento das respostas do

instrumento de coleta de dados (questionário) aplicado para a alta direção da unidade, bem

como dos indicadores de desempenho propostos para a unidade. Apresenta-se ainda uma

correlação dos indicadores propostos através de uma cadeia de valor. Os dados coletados na

entrevista (questionário do Apêndice A) serviram de insumo para elaboração dos indicadores

de desempenho.

4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

A primeira necessidade constatada pelo instrumento de coleta de dados é a falta de uma

missão, visão e valores específicos para a unidade, tendo em vista que as realidades locais dos

campi em estudo são completamente diferentes da Administração Central da instituição,

localizada na capital. Com base na realidade local e nas pretensões da atual direção, propõe-se

a seguinte missão: “fomentar o progresso socioeconômico da região através da promoção do

ensino, pesquisa e extensão, sempre integrados as demandas e necessidades da comunidade e

da realidade local, promovendo a justiça social, a cultura regional e o desenvolvimento

nacional”.

Essa proposta reflete a missão institucional (da universidade como um todo), mas

preserva as características e o valor regional do Centro naquela comunidade. Os valores são

aqueles comportamentos, atitudes e virtudes celebradas pela comunidade acadêmica e que

contribuem para uma melhor eficiência nos processos de alcance de metas. Os valores

propostos, com base nos resultados do instrumento de coleta de dados e do Plano de

Desenvolvimento Institucional19 são: “cultura transparente”, “orientação para resultados”,

“participação da comunidade nas decisões”, “humanização das relações”, “diversidade de

opiniões”, “fortalecimento dos canais de comunicação” e “fomento a interiorização”.

19 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE. Plano de Desenvolvimento Institucional

2010-2019. Disponível em: < http://www.ufrn.br/resources/documentos/pdi/PDI-2010-2019-final.pdf>. Acesso

em: 01 set 2017.

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A alta direção afirmou que utiliza o plano de gestão, de caráter quadrienal, para articula r

e fazer cumprir tais objetivos. Ocorre, no entanto, que o Plano de Gestão se assemelha a uma

política institucional, com diretriz e metas, sem qualquer detalhamento de operacionalização

das ações. Da mesma forma, a gestão atual informou que não há qualquer tipo de ferramenta

que mensure o alcance dos objetivos, apenas uma prestação de contas realizada anualmente

perante aos conselhos deliberativos da unidade e da universidade. Questionado sobre a conduta

em caso de não atingimento das metas, a direção informou que em tal cenário geralmente são

construídas forças-tarefas com o intuito de se atingir os objetivos propostos.

Quanto as receitas e despesas, verificou-se que a unidade depende fortemente de

recursos do Tesouro Nacional, repassados através do Ministério da Educação, além de alguns

recursos específicos oriundos de agências de fomento, tais como a Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP). Em virtude da atual conjuntura – crise econômica vigente em 2017 –, os

recursos orçamentários foram contingenciados, o que pode dificultar o cumprimento das metas

institucionais.20 Esse cenário acabou forçando a unidade a adotar ações de economia de

recursos, tais como reutilização de água dos ares condicionados, reaproveitamento de materia is

para fabricação de utensílios (mesas, cadeiras), instituição de racionamento de água e luz, dentre

outros.

A publicização dos gastos é realizada por meio da Lei de Acesso à Informação, através

do Portal da Transparência do Governo Federal. No portal institucional da unidade são

apresentadas algumas informações de interesse público, tais como os cursos, os contatos e os

oferecidos pelo Centro Acadêmico. Esses serviços, por sua vez, são o ensino de graduação e

pós-graduação, as pesquisas acadêmicas voltadas para o desenvolvimento da ciência, da região,

do mercado, do corpo discente e docente e da sociedade, além de projetos de pesquisa e

extensão, que possuem como escopo a integração entre a comunidade externa e a universidade.

Usufruem desta gama de serviços 1.496 alunos de graduação e 195 de pós-graduação,

majoritariamente das cidades do entorno e da microrregião de atuação da unidade (89%, na

graduação), com renda familiar de até 02 (dois) mínimos (66%, no caso da graduação), com

faixa etária de 18 a 25 anos (59%) com predominância do sexo feminino (52%, graduação).21

Além destes discentes, podem ser considerados como “clientes” finais em determinadas ações

20 Os recursos orçamentários foram contingenciados na ordem de R$ 42,1 bi. Para mais informações ver:

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO. Contingenciamento do

orçamento de 2017 será de R$ 42,1 bilhões. Disponível em:

<http://www.planejamento.gov.br/noticias/contingenciamento-do-orcamento-de-2017-sera-de-r-42-1-bilhoes>.

Acessado em 01 set 2017. 21Dado de 2016. Pesquisa realizada por esse autor durante o período de cadas tramento de ingressantes da graduação

em fevereiro de 2016.

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outros órgãos públicos, como os poderes executivos municipais das cidades do entorno,

agências de financiamento e o Ministério da Educação. O mercado de trabalho e a própria

sociedade, que podem se beneficiar de determinadas ações de pesquisa e extensão, também

podem ser enquadrados nessa categoria de público-alvo. Estes clientes também são parceiros

em algumas ações executadas pela unidade. Os serviços ofertados pelo centro são gratuitos, a

exceção da pós-graduação lato sensu (em sentido amplo), como cursos de especializações.

A unidade acadêmica objeto de estudo se desmembra em dois campi e fica localizada

em municípios diferentes – Caicó e Currais Novos, no Estado do Rio Grande do Norte –,

distantes 100 quilômetros um do outro, e possuem uma infraestrutura constituída por blocos de

aulas, bibliotecas, setores administrativos, laboratórios, anfiteatro e auditórios. Estão em curso

– em 2017 – obras de acessibilidade –– no Campus Caicó e de pavimentação em Currais Novos.

Os blocos de aula do Campus Caicó possuem menos de 10 anos de construção, com

climatização e disponibilidade de recursos multimídia. No caso de Currais Novos, os blocos de

aulas foram adaptados da estrutura de uma antiga escola agrícola estadual, mas os mesmos

recursos – multimídia e climatização – existentes no campus Caicó. O raio de influência e

atuação dos campi se estende por toda a mesorregião central do Rio Grande do Norte,

contribuindo, segundo a alta direção, para a formação de pessoal qualificado para o mercado de

trabalho, culminando na diminuição das disparidades socioeconômicas presentes na região e no

aumento da escolarização da população.

Em relação à gestão de pessoas, os colaboradores da unidade são servidores públicos,

por força da Constituição Federal de 1988. Desta forma, gozam de estabilidade empregatíc ia

após três anos de efetivo exercício. São distribuídos em duas classes – docência e atividade de

apoio (denominadas de magistério superior e técnico-administrativa em educação). Ambas as

carreiras possuem um plano de cargos e salários que preveem progressões ao longo do tempo.

Quanto aos benefícios sociais, fazem jus ao auxílio-alimentação, auxílio-transporte e auxílio-

creche.

Apesar do vencimento básico das carreiras estarem acima do mercado privado, a

remuneração (especialmente dos técnicos) é uma das menores do serviço público federal22, o

22 Em 2014, o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão informou

que o vencimento básico da carreira técnico-administrativa em educação é a menor do serviço público federal (R$

1.034,00 por mês em 2014). Em comparação, a dos Juízes do Tribunais Regionais do Trabalho é uma das maiores,

segundo o levantamento, na ordem de R$ 22.911,00 mensais. Para mais informações, ver: NASCIMENTO.

Bárbara. Salários entre servidores do Distrito Federal chegam a variar entre 2.115%. Correio Brasiliense.

Disponível em:

<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2014/01/19/internas_economia,408582/salarios -

entre-servidores-do-distrito-federal-chegam-a-variar-em-2-115.shtml>. Acessado em: 05 out. 2017.

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37

que pode impactar na continuidade das ações em execução no centro acadêmico. Outro

problema é a rotatividade (turnover) dos docentes e técnicos, já que muitos não são da região

de atuação da unidade, o que importa em frequentes mudanças de pessoal.

Na celeridade e eficiência da gestão administrativa, há um delay (atraso) dos processos

administrativos em curso na unidade em virtude da baixa autonomia administrativa em assuntos

que estão fora da órbita de competência do Centro. Desta forma, grande parte dos processos é

direcionada para a administração central, o que aumenta consideravelmente o tempo de

resolução dos processos administrativos de qualquer natureza. Afirma a alta direção, contudo,

que há uma maior possibilidade de se mudar a gestão, já que a cultura e a estrutura

organizacional das unidades do interior são mais enxutas, o que permite uma maior flexibilidade

para implantação de mudanças.

Quanto à menção na mídia, a direção informou que o centro ocasionalmente é citado em

websites e blogs regionais, geralmente com menções a processos seletivos promovidos pela

unidade acadêmica, concorrências dos certames ou o ganho de premiações pelos alunos. Além

disso, há citações episódicas, geralmente positivas, noticiando as parcerias promovidas com

outras entidades do poder público ou privado. Uma ação sugerida pela alta direção é a criação

de uma Política de Interiorização, que contemple as reais necessidades dos campi do interior.

Somente desta forma, aduz a direção, poderão ser criadas ações estruturantes para a expansão

dos cursos de graduação e pós-graduação, além da infraestrutura e dos recursos humanos.

4.2 PROPOSTA DE INDICADORES DE DESEMPENHO

A definição dos indicadores de desempenho se dará conforme os critérios estabelecidos

por Moore (2003), que desdobra os três ramos do Public Value Scorecard em “expansão do

suporte e autorização”, “criando valor público” e “construindo capacidade operacional”. O

primeiro paradigma envolve o monitoramento das relações com órgãos ou entidades que

financiam a atividade da organização, a prospecção ou expansão dessas relações, a definição

dos papeis e as relações entre os voluntários/colaboradores da organização, a percepção da

imagem organizacional, a recepção e a legitimidade perante o público-alvo, o relacionamento

com órgãos de controle, a reputação na mídia e a credibilidade com os diversos atores da

sociedade civil (stakeholders). (LEE E NOWELL, 2014)

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A construção de “capacidade organizacional” envolve condições inerentes à análise de

eficácia e eficiência dos procedimentos, da produtividade, do “moral” e do desenvolvimento do

staff e da diretoria, além do processo de aprendizado e inovação organizacional. (FERLIE E

ONGARO, 2015) Por sua vez, a criação do valor público envolve a análise do cumprimento da

missão e visão organizacionais e das metas estratégias, a correlação entre objetivos, atividades,

entradas, saídas dos processos organizacionais e efeitos decorrentes das atividades e a

percepção de alcance dos resultados. (BROMELL, 2012) A construção de uma missão própria

para a unidade, dessa forma, constitui um pilar fundamental para avaliação dos impactos das

ações promovidas, já que ela é a grande norteadora da evolução das metas da organização.

Definida a missão e a forma como esses objetivos serão desenvolvidos, é necessário

elencar de que forma como a “unidade” deseja estar em um horizonte de médio e longo prazo.

Disto, propõe-se uma visão de médio prazo: “tornar os processos mais eficientes, em termos de

gestão, infraestrutura e educação”. Para a missão de longo prazo, sugere-se: “consolidar-se

como referência em ensino, pesquisa e extensão na região, tornando-se um espaço aberto à

sociedade e integrado com a comunidade, governo e mercado”.

Com isto, pode-estruturar uma cadeia de valor que permita visualizar de forma global o

escopo dos indicadores a serem propostos. A escolha pelo PVS não foi por acaso, já que a

ferramenta possibilita consolidar o monitoramento de todos os macroprocessos da unidade.

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Ilustração 8 – Cadeia de valor proposta para a unidade

Fonte: Autor

O ensino, pesquisa e extensão, tripé basilar de atuação das universidades federais

brasileiras23 são considerados as principais atividades da unidade estudada. É a partir deles que

a instituição consegue atingir seus objetivos organizacionais e é por isso que há uma ênfase na

monitoração (geração de indicadores) desses processos para quantificar a geração do valor

público no componente “criando valor público”. Para suportar tais atividades, uma série de

processos de apoio promovem sustentação aos processos finalísticos e também necessitam de

monitoramento. É aí que entra a construção da “capacidade operacional”, ao permitir que as

atividades principais possam ser executadas com os recursos necessários para serem exitosas.

Além disso, a cooperação e a participação de outros agentes, externos à organização, são

fundamentais para o auxílio das atividades prestadas pela instituição.

Para a concepção dos indicadores, observaram-se alguns critérios de criação previstos

na literatura. Seth (2010) afirma que os indicadores devem possuir ao menos as seguintes

23 O Art. 207 da Constituição Federal Brasileira de 1988 aduz que “as universidades gozam de autonomia didático-

científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade

entre ensino, pesquisa e extensão.” Para mais informações, ver: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acessado em: 10 out 2017.

Sociedade

Ensino

Pesquisa

Extensão

Gestão de Pessoas

Parcerias

Orçamento

Eficiência operacional

Gestão da qualidade

Gestão Administrativ

a

Fomentar o progresso socioeconômico da região através da promoção do ensino, pesquisa e extensão, sempre integrados as demandas e necessidades da comunidade e da realidade local, promovendo a justiça social, a cultura regional e o desenvolvimento nacional.

Geração de va lor público

Consolidação da

interiorização

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características: a) ser específico, ou seja, possui um escopo específico, evitando dubiedade; b)

critérios claros de mensuração; c) ser alcançável ou possuir uma meta atingível; d) ser relevante

para a mensuração do desempenho da organização; e) permitir um recorte temporal.

Quadro 1 – Indicadores de valor público

Mapeando o valor público

Indicador Objetivo Valor público

Conceito de Curso (CC) Verificar a qualidade acadêmica e de

infraestrutura dos cursos de graduação e

pós-graduação, segundo critérios

oficiais do Ministério da Educação e da

Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Determinar a qualidade da formação

do corpo discente para o mercado de

trabalho e para a sociedade.

Conceito Preliminar de

Curso (CPC)

Conceito de

Recomendação da CAPES

Número de alunos de

graduação ingressantes

Permite verificar o índice de retenção

dos cursos de graduação e pós -

graduação (ingressantes x concluintes),

o que pode subsidiar a proposição de

políticas de fixação dos discentes nos

campi.

Verificar a quantidade de profissionais

que são disponibilizados para o

mercado de trabalho e para a

sociedade.

Número de alunos de

graduação concluintes

Número de alunos de pós-

graduação em sentido

estrito ingressantes

Número de alunos de pós-

graduação em sentido

estrito concluintes

Número de alunos de

graduação ingressantes

por meio de regime de

cotas

Número de alunos de

graduação concluintes por

meio de regime de cotas

Número de alunos de

graduação ingressantes de

escola pública

Número de alunos de

graduação concluintes de

escola pública

Número de candidaturas

em cursos de graduação

Permite verificar a atratividade dos

cursos de graduação e pós-graduação em

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41

Indicador Objetivo Valor público

Número de candidaturas

em cursos de pós-

graduação em sentido

estritito

oferta nos processos seletivos unificados

(Sistema de Seleção Unificada) e de

vagas residuais.

Verificar se as demandas da sociedade

estão contempladas nos cursos

ofertados (demanda x oferta)

Número de candidaturas

em cursos de pós-

graduação em sentido

amplo

Número de professores

participantes de ações de

pesquisa ou extensão

Verificar o cumprimento do tripé

“ensino-pesquisa-extensão” previsto na

Constituição Federal de 1988.

Verificar o cumprimento dos requisitos

de distribuição orçamentária previstos na

Resolução nº 060/2014-CONSAD, que

condicionou a distribuição de recursos

orçamentários para as unidades ao

atendimento de uma série de requisitos,

entre eles, número de professores,

servidores e discentes em ações de

pesquisa ou extensão.

Averiguar a participação da

comunidade acadêmica no

desenvolvimento científico das

ciências.

Desenvolvimento de habilidades

práticas dos discentes.

Número de discentes

participantes de ações de

pesquisa ou extensão

Número de laboratórios ou

núcleos que prestam

serviços para a

comunidade externa

Conhecimento dos laboratórios que

prestam serviços à comunidade externa.

Verificar quais unidades geram recursos

para manutenção dos laboratórios

oriundos dos serviços ofertados à

comunidade externa.

Autoconhecimento organizacional sobre

os serviços prestados.

Sociedade beneficiada pelos serviços

prestados.

Aumento da integração universidade-

sociedade.

Promoção de eventos

culturais na região de

atuação

Verificar o número de ações culturais e

de desenvolvimento pessoal para a

sociedade prevista na missão da

universidade.

Promover ações culturais, de

cidadania e de desenvolvimento

pessoal para a população.

Aumento da integração universidade-

sociedade.

Promoção de cursos de

formação complementares

abertos à população da

região

Número de pesquisas com

investigação na área

socioambiental da região

de atuação

Verificar o número de ações de pesquisa

integradas diretamente ao contexto

socioambiental da região.

Proposição de soluções para o

contexto socioambiental da região.

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42

Indicador Objetivo Valor público

O desenvolvimento socioambiental é

uma ação prevista na missão da

instituição.

Parceria com órgãos não

governamentais de

promoção da justiça e da

cidadania

Número de parcerias com outros órgãos

governamentais e não governamentais

para promoção de ações voltadas para a

justiça, a cidadania e a sustentabilidade

ambiental, ações previstas na missão da

universidade.

Sociedade beneficiada pelas ações de

promoção da justiça, cidadania e

sustentabilidade ambiental.

Parceria com órgãos das

esferas federal, estadual

ou municipal que tenham

como objetivo a justiça, a

cidadania, o

desenvolvimento humano

e a sustentabilidade

ambiental.

Percepção da comunidade

acadêmica sobre a

qualidade dos cursos

ofertados

Aferimento da percepção da comunidade

acadêmica (servidores, docentes e

discentes) sobre a qualidade dos cursos,

através de pesquisa aplicada.

Identificação da satisfação da

comunidade com o serviço prestado

pela instituição.

Fonte: Autor

Os indicadores desta primeira seção foram concebidos à luz da missão institucional da

universidade, conjuntamente com a missão proposta para a unidade. Desta forma, os índices de

qualidade de cursos, de candidatos ingressantes e concluintes, além da penetração das cotas,

permitem uma maior avaliação da disseminação da educação na comunidade e do saber

universal (primeiro objetivo).

Os indicadores de que medem a promoção ou a formação de parcerias na área de artes

e cultura abarcam o cuidado que a instituição deve possuir com as tradições, saberes, crenças e

hábitos populares. Além disso, o pilar do “desenvolvimento humano”, previsto na missão, está

contemplado com a mensuração das ações de pesquisa e extensão, que medem não só a

quantidade de pessoas da comunidade acadêmica participantes, mas também para a comunidade

externa (indicadores de laboratórios abertos à comunidade e quantidade de cursos proferidos

para este público).

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43

Quadro 2 – Indicadores de suporte e autorização

Mensurando o suporte a autorização

Indicador Objetivo Valor público

Propostas de projetos acadêmicos

submetidos a agências de

fomento/apoio

Mensurar a quantidade de

propostas de projetos acadêmicos

ou projetos de pesquisa submetidos

(ou em parceria) com agências de

fomento ou fundações de apoio.

Permitem ver o engajamento da

comunidade acadêmica na

contribuição para o

desenvolvimento do corpo

acadêmico e discente. As propostas

permitem ainda prospectar o

relacionamento com as agências de

fomento/apoio.

Propostas de projetos de pesquisa

submetidos a agências de fomento

Número de projetos ou programas

acadêmicos com financiamento de

agências de fomento

Mensurar a quantidade de projetos

acadêmicos e de pesquisa em

parceria com outras instituições em

curso ou em andamento na

unidade.

Os projetos acadêmicos e de

pesquisa permitem uma maior

aproximação da universidade com

a sociedade e o mercado de

trabalho.

Permitem a extensão das práticas

dos discentes voltados em serviços

para a sociedade. As propostas

permitem ainda prospectar o

relacionamento com as agências de

fomento/apoio.

Número de projetos ou programas

de pesquisa com financiamento de

agências de fomento

Projetos de pesquisa aprovados

pelo órgão competente da

instituição

Verificar a quantidade de projetos

de pesquisa ou extensão aprovados

no órgão competente (ex: Pró-

Reitoria de Pesquisa e Extensão) da

universidade.

Averiguar a participação da

comunidade acadêmica no

desenvolvimento científico das

ciências.

Desenvolvimento de habilidades

práticas dos discentes .

Projetos de extensão aprovados

pelo órgão competente da

instituição

Menção na mídia local, regional ou

nacional

Quantidade de citações a unidade

nas principais mídias locais,

regionais ou nacionais.

Identificação da satisfação da

comunidade com o serviço

prestado pela instituição. Menção negativa na mídia

Atendimento as solicitações dos

órgãos de controle interno

(Auditoria Interna e CGU) e

externo TCU, MPF) dentro do

prazo.

Verificar o nível de atendimento as

solicitações dos órgãos de controle

dentro do prazo.

Manter um bom relacionamento

com órgãos de fiscalização.

Incentivar a transparência passiva

das ações da Administração

Pública.

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Indicador Objetivo Valor público

Informações institucionais

disponível em sítio na rede mundial

de computadores

Quantidade de informações

institucionais da unidade

(telefones, endereços, história,

execução orçamentária, portarias,

resoluções, dentre outros)

disponível a todos os cidadãos.

Incentivar a transparência ativa das

ações da Administração Pública.

Número de parcerias em eventos,

pesquisa ou extensão com outros

órgãos da Administração Pública

federal, estadual e municipal

Parcerias efetivas (organização de

evento, conferências, palestras,

disponibilização de recursos

orçamentários ou humanos, etc) ou

em apoio logístico

(disponibilização de auditório,

anfiteatro, serviço de limpeza,

Material didático, etc) com outros

órgãos da Administração Pública,

organizações não governamentais e

empresas privadas.

Aumento da integração

universidade-sociedade.

Aumento do fluxo de

relacionamento com o mercado de

trabalho e outros órgãos da

Administração Pública.

Número de parcerias em eventos,

pesquisa ou extensão com

empresas do mercado privado

Clima organizacional positivo

entre os colaboradores

Realização de pesquisas de clima

organizacional que meçam o nível

de satisfação entre os

colaboradores da unidade

Um clima favorável pode

contribuir para a qualidade do

atendimento realizado pelos

colaboradores a sociedade.

Menor nível de adoecimento e

rotatividade (turnover), o que pode

contribuir para a continuidade dos

serviços públicos.

Processos administrativos

disciplinares e sindicâncias

concluídos nos prazos legais

Número de processos dentro dos

trâmites legais de investigação

contra condutas imorais ou

antiéticas, conforme prevê a

legislação vigente.

Permite passar uma cultura de

intolerabilidade quanto a

comportamentos que infrinjam as

normas éticas da instituição.

Fonte: Autor

Os indicadores desta seção foram criados com base nas relações existentes entre a

unidade e as entidades que potencialmente podem arregimentar parcerias com a instituição.

Disto, foram privilegiados indicadores tanto da iniciativa privada, quanto da iniciativa pública,

considerando a necessidade de uma maior aproximação da universidade com o contexto local.

Igualmente, foram propostos critérios de transparência (através das informações

disponíveis no sítio institucional), de qualidade de vida no trabalho (clima organizacional) e de

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conformidade as normas éticas (número de investigações contra comportamentos considerados

inaceitáveis pela comunidade acadêmica).

Quadro 3 – Indicadores de capacidade operacional

Verificando a capacidade operacional

Indicador Objetivo Valor público

Exequibilidade

orçamentária mensal

Adequação dos gastos da unidade com a

receita orçamentária prevista e

autorizada.

Exequibilidade orçamentária anual

projetada se refere à projeção das

despesas ao longo do ano, de modo que

permita identificar por meio das

despesas mensais se o gasto

orçamentário planejado será executado

sem déficit até o fim do ano (controle

concomitante).

Permite identificar se a unidade opera

com déficits orçamentários, o que

pode denotar uma falta de

racionalização dos gastos. Ou o

contrário, que a unidade necessita de

mais recursos para sustentar suas

operações.

Exequibilidade

orçamentária anual real

Exequibilidade

orçamentária anual

projetada

Economicidade de

recursos orçamentários

Superávit orçamentário, verificado na

comparação entre as receitas e as

despesas.

Indica que a gestão da unidade possui

condições de realizar ações e tarefas

com menores recursos orçamentários.

Desenvolvimento

orçamentário

Adoção de ações de crescimento das

receitas orçamentários, previsto na

Resolução nº 060/2014-CONSAD, com

indicação do aumento das receitas

atreladas ao atendimento dos requisitos

da referida resolução.

Por meio das ações de crescimento da

receita, permite um melhor

desenvolvimento das ações e tarefas

executadas pela unidade, o que

permite a expansão dos serviços,

beneficiando de maneira mais

adequada a sociedade.

Carga horária dos

departamentos atrelados

ao Centro

Quantificar o esforço docente no ensino,

o que pode implicar no aumento de

recursos orçamentários, um dos

requisitos previsto na Resolução nº

060/2014-CONSAD.

Percepção da comunidade

acadêmica sobre a

infraestrutura física dos

Campi

Realização de pesquisas que meçam o

nível de satisfação sobre a infraestrutura

física dos Campi.

Uma estrutura adequada permite

atender aos anseios dos cidadãos,

através de uma estrutura que comporte

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Indicador Objetivo Valor público

de maneira adequada as necessidades

do cliente-cidadão.

Tempo dos processos e

procedimentos

administrativos

Identificação do tempo de resolução dos

processos, especialmente os

considerados críticos.

A identificação do tempo processual

permite ao cidadão saber quando a sua

demanda será atendida, além de

provocar uma análise, por parte da

Administração, sobre a racionalização

dos procedimentos e a mitigação de

entraves ou riscos aos processos.

Cargos com papeis de

trabalho definidos

(descrição e análise de

cargos)

Número de cargos com atribuições,

responsabilidades e requisitos definidos.

Permite a mitigação de conflitos, ao

definir claramente as

responsabilidades de cada

colaborador.

Contribui para uma melhor prestação

de serviços para a comunidade, pois há

como cobrar os deveres de cada

colaborador na execução dos

processos.

Quantidade de funções

gratificadas e cargos de

direção ou assessoramento

disponíveis

Número de funções de confiança ou

cargos de direção disponíveis na

unidade. Quantidade de servidores

pertencentes a um plano de carreira.

Oportunização de crescimento e

aprimoramento profissional dos

funcionários, o que pode refletir em

uma maior satisfação no trabalho.

Servidores pertencentes a

um plano de carreira e

desenvolvimento de

pessoal

Número de mediações de

conflito entre servidores

Número de mediações de conflito

realizadas por profissionais habilitados

(administradores, psicólogos

organizacionais ou direção) que

permitam quantificar os conflitos intra-

organizacionais existentes.

A mediação do conflito permite um

maior desenvolvimento do ambiente

organizacional, o que pode refletir na

prestação de serviços aos usuários.

Número de servidores que

participaram ao menos de

uma capacitação

presencial

Desenvolvimento profissional contínuo

e oportunidade de profissionalização dos

colaboradores envolvidos nos processos

organizacionais.

Servidores mais qualificados

permitem um maior desenvolvimento

dos processos de trabalho, o que pode

beneficiar os usuários atendidos.

Número de capacitações

presenciais nos Campi

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Indicador Objetivo Valor público

Número de servidores

com titulações acima do

exigido para o cargo

Número de servidores em

processo de capacitação

(especialização, mestrado,

doutorado ou pós-

doutorado)

Servidores participantes

de ações de pesquisa ou

extensão

Quantificar o esforço docente no ensino,

o que pode implicar no aumento de

recursos orçamentários, um dos

requisitos previsto na Resolução nº

060/2014-CONSAD.

Envolvimento do corpo de

colaboradores em ações que podem

fomentar o desenvolvimento da

ciência, a resolução de problemas

(pesquisa) e a aproximação dos

servidores com a comunidade

(extensão).

Capacitação sobre o tema

“ética” para a alta direção

e os colaboradores

Número de servidores, especialmente da

alta direção, capacitados e aptos a

desenvolver a reflexão ética,

promovendo as melhores ações que

atendam o interesse público.

Alta direção e colaboradores

comprometidos com a cidadania e a

justiça no desenvolvimento das

atividades e processos da unidade.

Fonte: Autor

Apesar da construção de indicadores voltados ao cumprimento da missão ser essenciais,

ressalta-se que parâmetros financeiros (exequibilidade orçamentária) são imprescindíveis para

se verificar a saúde financeira da unidade e eles foram contemplados na verificação da

capacidade operacional. Além disso, foi incluída a eficiência dos processos em tramitação da

unidade, da capacitação do corpo de colaboradores para executarem as atividades (aprendizado

da organização) e a disseminação sobre a ética na alta direção.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os indicadores exercem um papel fundamental na mensuração do desempenho

operacional das organizações. Mark Moore sugere indicadores baseados na missão e no valor

público das políticas efetuadas pelas entidades públicas. Nesse sentido, as diretrizes propostas

pelo autor são fundamentais para se analisar a missão (aonde se quer chegar) com o escopo de

se formular indicadores que, de facto, mensurem o “valor” das ações. No caso do lócus de

pesquisa, essas diretrizes teóricas se traduziram em um conjunto de indicadores que permitem

a alta direção mensurar se os objetivos macro estratégicos estão sendo cumpridos.

Em virtude da infinidade de indicadores, sugere-se que a unidade priorize alguns

indicadores (mais importantes) para acompanha-los de forma mais efetiva e que podem

impactar diretamente no cumprimento dos objetivos. Para isso, a alta direção deve realizar um

esforço conjunto de reflexão com seus colaboradores e o público-alvo (quem recebe as ações)

para que a priorização atenda aos anseios do cliente-cidadão. Essa sugestão acaba

transparecendo uma limitação desse trabalho, que não ouviu tais atores, o que poderia culminar

em um maior refinamento na proposição dos indicadores.

Não esgotando o tema, propõe-se em futuras pesquisas a decomposição dos indicadores

de desempenho, através da criação de metas e planos de ações, como forma de operacionalizar

o ciclo planejamento-ação-controle. Orienta-se, nesse sentido, um mapeamento dos processos,

desdobrando-os em subprocessos e atividades, identificando quais atividades são críticas e

podem impactar diretamente nos objetivos e na imagem institucional.

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53

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

COM A ALTA GESTÃO24

Sr(a). Dirigente,

O presente questionário tem o objetivo de mensurar quais são as prioridades da gestão para

atingir os objetivos organizacionais. Ou seja, o que é mais importante para o cumprimento

missão institucional. Com a priorização, pretende-se elaborar indicadores de desempenho

para determinar o valor público (impacto) das ações governamentais.

1. Abaixo, apresenta-se a missão institucional da universidade. Marque, em nível de

importância, as atividades que devem ser desenvolvidas por essa unidade.

Quesito Muito

Importante Importante Regular

Pouco

Importante

Nada

importante

Educar, produzir e

disseminar o saber

universal.

Preservar e difundir as artes

e a cultura.

Contribuir para o

desenvolvimento humano.

Comprometimento com a

justiça social.

Comprometimento com a

sustentabilidade

socioambiental.

Comprometimento com a

democracia e a cidadania.

2. Qual a população-alvo específica dessa instituição? Tipo do sujeito e localização

geográfica? (separar por serviço)

3. Quais as formas de acompanhamento que vocês utilizam ou poderiam ser

utilizadas para saber se as metas estão sendo atingidas e se estão de acordo

24 Baseado no estudo de Azevedo (2012).

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com a missão social da instituição?

4. Quando vocês não conseguem atingir as metas, quais são as medidas para

retomar as condições do processo? Em caso de não atingir as metas, como

vocês identificam os fatores que influenciaram nesse resultado?

5. A instituição já possui uma missão. Qual o objetivo (missão) desta unidade

especificamente?

6. Quais ações são desenvolvidas para alcançar essa missão (citada anteriormente)?

7. A unidade acompanha regularmente o alcance dos objetivos institucionais?

8. Como são mensurados os alcances dos objetivos?

9. Ocorreram muitos problemas éticos? Como são resolvidos os conflitos éticos

existentes?

10. Existe alguma definição ou limite de gastos? Como é feita?

11. Como vocês apresentam os resultados/metas dos serviços da unidade para o

Governo, para a sociedade e parceiros?

12. Como vocês apresentam os resultados/metas dos serviços da unidade para o

governo e para a sociedade e parceiros?

13. Quais as fontes de financiamento da unidade?

14. Como você percebe a estrutura física da unidade para o desenvolvimento do

trabalho proposto?

15. Existe alguma ação para minimizar ou evitar desperdício? Quais ações poderiam

ser executadas?

16. Os salários por categoria profissional estão acima, abaixo ou na média dos

praticados no mercado de trabalho?

17. Quais os benefícios financeiros e não financeiros que o funcionário recebe para

trabalhar nessa instituição?

18. Como você avalia a satisfação dos trabalhadores, dos parceiros e dos usuários

em relação à unidade?

19. Que serviços ou parceiros ajudam vocês?

20. A unidade foi citada pela mídia no último ano de forma positiva ou negativa?

21. A unidade recebeu algum tipo de reconhecimento público das atividades

realizadas? Quais?

22. Quais os tipos de mídias utilizadas da unidade para divulgação dos resultados ou

trabalho realizado

23. Os serviços são pagos ou gratuitos? Os serviços pagos têm valor acima, abaixo

ou na média dos praticados no mercado? Quem tem direito aos serviços?

24. Qual o tempo de espera para ter acesso aos serviços?

25. Como devemos avaliar o que promove a aprendizagem contínua?

26. Como a unidade estimula e apoia ideias de inovação?

27. Quais as ações que podem ser realizadas para melhorar o serviço prestado?

28. Quais ações de fomento da interiorização estão planejadas e em curso para a unidade?

29. Como os serviços da unidade influenciam na vida das pessoas?

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ANEXO A – AUTORIZAÇÃO PARA USO DE INSTRUMENTO DE COLETA DE

DADOS