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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDUC CAMPUS DE CAICÓ WELMA MARIA DA SILVA O FANTÁSTICO MUNDO DA FANTASIA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA CAICÓ RN 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - … · de uma ou outra forma estiveram comigo, contribuindo e me ajudando a crescer. ... Ao mencionar a palavra multissérie, apesar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDUC

CAMPUS DE CAICÓ

WELMA MARIA DA SILVA

O FANTÁSTICO MUNDO DA FANTASIA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA –

ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA

CAICÓ – RN

2015

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WELMA MARIA DA SILVA

O FANTÁSTICO MUNDO DA FANTASIA NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA –

ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título em Licenciada em Pedagogia.

Orientador: Prof. Me. Gisonaldo Arcanjo de Sousa.

CAICÓ – RN

2015

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À minha família, com todo meu carinho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, minha fonte de sabedoria, pelo amor incondicional, pelo

dom da vida e pela realização de sonhos e promessas;

Em especial a minha mãe Maria José, e ao meu padrasto Severino, por todo

zelo, conselhos, paciência e dedicação, não poupando esforços para me ajudar;

agradeço-lhes por todo amor e carinho;

Ao meu irmão, meus dois sobrinhos e todos os familiares que

compartilharam comigo os prazeres e as dificuldades desta jornada;

Aos colegas de turma Ana Santana, Alcimária, Cleane, Luzania, Isabela,

Daniel e Ilda, aquelas que sempre estiveram juntos e prontos para ajudar, nos

momentos mais complicados, dentro e fora da universidade;

Em especial a Daniel e Ana, pela importante contribuição na conclusão

deste trabalho;

A companheira do Projeto de Pesquisa, e às professoras dos estágios, pelas

ricas trocas de experiências;

Ao professor e orientador Gisonaldo Arcanjo de Sousa, que sempre me

auxiliou em tudo, com paciência nas orientações e sempre incentivando, com isso

tornou possível à conclusão desta monografia;

Aos Professores Nazineide e Felipe pela presença na banca e ricas

contribuições neste trabalho;

A todos os professores do Curso de Pedagogia e todos os sujeitos das

Instituições de Ensino, campo de estágio e pesquisa, que foram tão importantes na

minha formação acadêmica;

Enfim, agradeço a todos que fizeram ou fazem parte do meu universo, que

de uma ou outra forma estiveram comigo, contribuindo e me ajudando a crescer.

Muito obrigada!

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Quem convive com crianças sabe o quanto elas gostam

de escutar a mesma história várias vezes, pelo prazer de

reconhecê-la, de apreendê-la em seus detalhes, de cobrar

a mesma sequência e de antecipar as emoções que teve

da primeira vez. Isso evidencia que a criança que escuta

muitas histórias pode construir um saber sobre a

linguagem escrita (RCNEI, VOL. 3, p.143).

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo investigar como se dá a contação de história no processo de ensino-aprendizagem de alunos dos níveis IV e V, sala de aula esta multisserida, da Escola Municipal Frei Damião, Caicó/RN; visa, também, investigar como é realizada a contação de história na Educação Infantil no ensino e sua influência na aprendizagem do aluno. A pesquisa se deu através de investigação qualitativa, através de consecutivas observações e aplicação de questionários. Na fundamentação teórica e metodológica, mantém-se um diálogo com obras de pesquisadores que possuem produções neste campo, entre eles, Brasil (1998), Piaget (1967), Feba e Souza (2011), Colomer (2007), Coelho (1991), Freire (1996), entre outros. Isso porque as narrativas orais, especialmente as que têm por suporte a contação de história, como foi o caso deste estudo, condensam em si outros falares e caminhos significativos para a leitura, aprendizagem e compreensão de si e do mundo. A partir dos resultados desta pesquisa foi possível perceber que a leitura de histórias infantis na sala de aula da docente dos níveis IV e V, é um instrumento pedagógico que propicia à criança inúmeras possibilidades de se desenvolver, ajudando na interação e instigando na imaginação, garantindo-se, com isso, o enriquecimento do processo educacional do aluno sob uma perspectiva de incentivar na construção de sujeitos críticos e reflexivos.

PALAVRAS-CHAVE: Contação de história; Ensino-aprendizagem; Processo

educacional.

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ABSTRACT

This study aims to investigate how the storytelling in the teaching- learning process

of the students levels IV and V , classroom this multisserida , the Municipal School

Frei Damião , Caicó / RN ; also aims to find out if and how teacher performance

during storytelling influences in the student interest in reading other books and how

this happens The research was made through qualitative research , for consecutive

observations and questionnaires. In the theoretical and methodological basis , it

remains a dialogue with works of researchers who have productions in this field ,

including, Brasil (1998), Piaget (1967), Feba e Souza (2011), Colomer (2007),

Coelho (1991), Freire (1996), among others. This is because the oral narratives ,

especially those whose support storytelling , as was the case of this study , condense

itself other speak and meaningful ways for reading, learning and understanding of

themselves and the world. From the results of this research it was revealed that the

reading children's stories on teacher classroom levels IV and V , is a pedagogical tool

which provides numerous opportunities for children to develop , helping the

interaction and instigating the imagination , ensuring herself, thereby enriching the

student's educational process from a perspective that enhance the construction of

critical and reflective subjects.

KEYWORDS: Storytelling ; Teaching and learning ; Educational process.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................09

1.1 Metodologia..........................................................................................................11 1.2 Justificativa...........................................................................................................13

1.3 Problemática.........................................................................................................13

1.4 Objetivos...............................................................................................................14

2 CONTAR HISTÓRIAS PARA NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................15

2.1 A arte de contar histórias......................................................................................15

2.2 A técnica do educador na educação infantil.........................................................16

2.3 Era uma vez... Contar histórias para aprender....................................................19

2.4 A contação de histórias como tática na educação...............................................21

2.5 A estimulação da leitura, primeiro contato com as letras.....................................23

3 REFLETINDO SOBRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA PRÁTICA

DOCENTE..................................................................................................................26

3.1 A contação de história na Escola Municipal Frei Damião: Os métodos da

professora dos níveis IV e V.......................................................................................26

3.2 Instrumentos de coleta de dados.........................................................................31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................42

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................44

APÊNDICES ..............................................................................................................49

APÊNDICES I ............................................................................................................50

APÊNDICES II ..........................................................................................................52

APÊNDICES III ..........................................................................................................54

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa busca observar e analisar a contação de história direcionada

e desenvolvida na Educação Infantil nos níveis IV e V, na Escola Municipal Frei

Damião, localizada na Rua Pedro Araújo nº 375, no bairro Frei Damião, Zona Oeste

da cidade de Caicó/RN, área periférica da referida cidade.

A pesquisa elaborada para este projeto se constitui a partir de levantamento

de dados e através de estudos de cunhos bibliográfico, histórico e exploratório, que

possibilitaram uma compreensão ampliada a respeito da contação de histórias; tem

o intuito de investigar como acontece a interação entre professor, aluno e a história

contada. Conforme Silva (2003, p.57), “bons livros poderão ser presentes e grandes

fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos

poderá ser uma excelente conquista para toda a vida”.

Pode-se dizer que o contato com as histórias infantis é um momento

oportuno para convidar o pequeno leitor a participar de um processo interativo, visto

que as crianças, nessa faixa etária, necessitam ser despertadas para uma

aprendizagem mais lúdica e prazerosa. Justifica-se a pesquisa pensando nas

possibilidades de que o livro infantil pode contribuir de forma significativa para o

desenvolvimento da oralidade e percepções simbólicas na criança, e a partir da

observação da realidade educacional emanadas do Estágio da Educação Infantil.

O que motivou esta pesquisa foi a realização do estágio na Educação

Infantil, efetivado pela autora. No qual foram conduzidas algumas sessões de

contação de história, onde se observou o envolvimento das crianças com o texto

narrado e as reações dos alunos como risos, desconfortos, tristeza, indiferença

diversas que a atividade nelas instigava, entre outras manifestações de sentimentos,

que eram comuns durante cada sessão. Ouvidos e corpos atentos para escutar e

não somente para ouvir, como usualmente acontece no cotidiano das demais aulas.

Foi a partir desse período que surgiu o interesse em estudar e pesquisar

essa temática. Em face dessas questões, a identificação e análise das possíveis

consequências da contação de história para o desenvolvimento dos leitores, que se

encontram nos anos iniciais de sua formação, mais especificamente das crianças do

Ensino Infantil, e das atitudes e desempenho dos professores frente a essa

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contação, parecem relevantes para que se atinjam os objetivos propostos para este

trabalho, conforme já foi mencionado anteriormente.

Portanto, o presente trabalho objetiva compreender como se dá a contação

de história na Educação Infantil no ensino e aprendizagem do aluno, em uma sala

de aula na referida escola, mas busca, também, especificamente, identificar as

percepções e construções simbólicas desenvolvidas pelas crianças, a partir da

leitura de imagens das histórias contadas, do contato com o objeto-livro e das suas

diversas formas de aprendizagem, que a contação de história envolve.

Esta é uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, onde serão utilizados

entrevistas e questionários, a partir de observações para investigar e organizar os

dados encontrados. Dessa forma, procuram-se identificar ações e comportamentos

que descrevam o tipo de relacionamento entre professor e aluno em sala de aula.

Assim sendo Bogdan e Biklen (1994, p.16), afirmam que “as estratégias mais

representativas da investigação qualitativa e que melhor ilustram as características

anteriormente referidas, são a observação participante e a entrevista em

profundidade”.

Outra razão que causou o anseio desta pesquisa foi o trabalho da educadora

dos níveis IV e V: uma sala de aula multisseriada, da instituição anteriormente

citada, que sempre utiliza a contação de histórias como “instrumento” de auxílio

durante suas aulas. Observando suas ações, percebeu-se a importância de enfatizar

em uma experiência pedagógica inédita e com relevância social. Assim, confiar nas

experiências práticas da professora colaborou de forma significativa, para responder

a questões fundamentais do tema de investigação que está sendo proposto neste

trabalho.

Ao mencionar a palavra multissérie, apesar da referida escola da pesquisa

não ser considerada multisseriada, existe a necessidade de citar brevemente as

reflexões que foram ampliadas, ao longo da história até o conceito tal qual se

conhece atualmente. Ideia que partiu das classes multisseriadas e alcançou o nível

das escolas multisseriadas devido à necessidade da existência de toda uma

estrutura física, característica muito presente na educação do campo.

Conforme é citado por Santos e Moura (2010, p.41), “as classes

multisseriadas surgiram no Brasil após a expulsão dos Jesuítas, vinculadas ao

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Estado, ou sem esse vínculo, mas convivendo, no tempo com os professores

ambulantes que, de fazenda em fazenda, ensinavam as primeiras letras”. Assim, os

professores desse período reuniam crianças de várias localidades próximas e

ensinavam-lhes a ler, escrever e a contar. Esse fato ocorreu até o surgimento oficial

das classes multisseriadas por meio do governo imperial, propostas pela Lei Geral

do Ensino em 1827. Santos e Moura (2010) citam ainda outros autores, mencionam

o fato de que essa lei determinava que em quaisquer lugares onde houvesse um

número satisfatório de pessoas deveriam existir, então, as escolas de primeiras

letras.

A partir do século XIX, segundo Ghiraldelli Jr. (2001), foi pela Lei de outubro

de 1827 que o Estado incentivou a adoção do Método de Ensino de Lancaster, o

primeiro método oficial de ensino implementado no Brasil, que utilizava o meio de

ensino da monitoria como forma de garantir a aprendizagem de todos os estudantes

de diferentes níveis de aprendizagem e idades, presentes numa mesma classe.

No período da República, em meados da década de 1920, houve o aumento

da existência dos Grupos Escolares como símbolo da modernização educacional,

principalmente nas cidades, e se organizavam de modo seriado, separando os

estudantes por sexo, faixa etária e níveis de aprendizado esperados para cada fase.

1.1 Metodologia

Pretende-se realizar esta análise partindo da hipótese de que a ação de

contar histórias deveria ser desenvolvida no espaço escolar, não apenas com seu

caráter lúdico, muitas vezes exercitado em momentos estanques da prática, como

também na hora do conto ou da leitura, mas precisaria entrar (e permanecer) na sala

de aula, como uma prática que enriquecedora para a docente, ao mesmo tempo em

que promova conhecimentos e aprendizagens múltiplas e significativas.

De acordo com André (1995, p.37-38), através basicamente da observação

participante, “o pesquisador vai procurar entender a cultura, usando para isso uma

metodologia que envolve registro de campo, entrevistas, análises de documentos,

fotografias e gravações, haja vista os dados serem considerados sempre

inacabados”. O observador não pretende comprovar teorias nem fazer “grandes”

generalizações, pois o que se busca é, sim, descrever a situação, compreendê-la,

revelar seus múltiplos significados e deixar que o leitor decida se as interpretações

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podem ou não ser generalizáveis, com base em sua sustentação teórica e sua

plausibilidade.

O início da pesquisa se deu através de três observações: a primeira

aconteceu na terceira semana de aula do primeiro semestre do ano letivo de 2015, e

a segunda observação se deu duas semanas após a primeira observação de uma

aula de contação de histórias ministrada pela docente do nível IV e V, a qual serviu

para observar a interação dos alunos antes, durante e depois das histórias contadas.

Em seguida foi feita uma entrevista oral com a mesma, vinculada à pesquisa

empírica com abordagem qualitativa, para sondar a rotina de como e com que

frequência é trabalhado esse suporte pedagógico em sua sala de aula. Já na

segunda observação, foi aplicado um questionário elaborado antecipadamente

(Apêndice I), voltado ao interesse da investigação, em que a docente dos níveis

citados acima relatou sua atitude e opinião sobre a contação de histórias, e se a

utilização desse mecanismo tem contribuído na aprendizagem dos alunos. E na

terceira observação, foi também aplicado outro questionário ao término da aula

relacionado à sala de aula multisseriada (Apêndice II).

Segundo Gil (1999, p.114), “A observação sistemática é frequentemente

utilizada em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos

ou o teste de hipóteses”. Nas pesquisas desse tipo, o pesquisador sabe quais os

aspectos da comunidade ou grupo que são significativos para alcançar os objetivos

pretendidos, e, por essa razão, elabora previamente um plano de observação

sistemática que pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório. [...]. Como já

foi indicado, na observação sistemática, o pesquisador antes da coleta de dados,

elabora um plano específico para a organização e o registro das informações, o que

implica estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da

situação.

Na terceira semana do mês de abril ocorreu uma entrevista com quatro pais

ou responsáveis dos alunos do nível IV e V (Apêndice III), para sondar a opinião dos

mesmos, em relação à contação de história no desenvolvimento da aprendizagem

de seus filhos.

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1.2 Justificativa

A contação de histórias1 propicia à criança inúmeras possibilidades de se

desenvolver, pois promove a interação, instiga a imaginação e também é a

oportunidade que muitas crianças têm de ter contato com livros. As crianças, em

geral, têm muito interesse por histórias. Nesse sentido, a escolha deste trabalho cria

uma situação de estudo, organização e pesquisa muito envolvente para elas,

contribuindo, assim, para que se envolva em todas as etapas da pesquisa e também

na construção do produto final. Entende-se que, quando um educador utiliza o conto

na sala de aula, está favorecendo uma aprendizagem, como a oralidade e a

interação, com mais significância para seus alunos.

Dessa forma, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de

reavivarmos a importância da arte de contar histórias em uma sala de aula

multisseriada da Educação Infantil nos níveis IV e V, utilizando a mesma como um

recurso pedagógico. Cremos que o estudo da temática é de importância para o

campo educacional, especialmente considerando a etapa da Educação Infantil,

tendo em vista que é nesse período em que as crianças dão início a sua vida escolar

e despertam para uma consciência leitora, algo que precisa ser estimulado na

escola e fora dela.

1.3 Problemática

A situação problema levantada para a construção da pesquisa foi: qual o

papel da contação de história na Educação Infantil e a sua função no processo de

ensino e aprendizagem? Com que frequência se utiliza esse método em sala de

aula?

Perante o exposto, espera-se que este estudo faça progredir o

conhecimento na área e nas discussões referentes à literatura infantil e à pedagogia,

suscitando novas pesquisas que possam abordar essa problemática.

1 Alguns professores consideram sinônimos conto e contação de histórias. Assim, neste trabalho, optou-se também por

considerar sinônimos embora haja diferenças enormes entre uma tipologia e outra.

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1.4 Objetivos

O objetivo geral é investigar como é realizada contação de histórias em uma

sala de aula na Educação infantil e sua influência no ensino-aprendizagem da

criança.

Desse modo, para atingir esse objetivo, tornou-se eficaz elaborar outros

objetivos mais específicos:

Averiguar a influência da história infantil na aprendizagem do aluno;

Investigar como se dá a contação de história na sala de aula;

Tornar a hora do conto um momento de prazer.

A introdução adentra os principais conceitos analisados, além do escopo

metodológico. No primeiro capítulo, “Contar histórias para aprender”, apresenta-se o

referencial teórico, abordando alguns autores que defendem e apoiam a contação de

histórias na Educação Infantil. No segundo e último capítulo, intitulado “Refletindo

sobre a contação de história na prática docente”, relata-se as observações da ação

docente dos níveis IV e V, sala de aula multisseriada, e como a docente conta

histórias infantis aos seus alunos, os recursos utilizados na hora da contação e a

interação da criança por meio dessa contação.

Os dados obtidos serão comparados com as respostas advindas de análise

dos questionários aplicados durante a pesquisa. Finaliza-se o trabalho monográfico

apresentando a conclusão e os resultados preliminares.

Com este estudo, tentamos adentrar nesse mundo de fantasia,

compreendendo a prática docente na arte da contação de história para alunos da

Educação Infantil. Visamos observar suas táticas para motivar a leitura e,

consequentemente, a escrita, através dos livros infantis. Portanto, procuramos obter

alguns pontos, mostrar as possibilidades educativas da contação de histórias,

motivando a criança do Ensino Infantil, e, ainda, averiguar de que maneira essa

professora pode dinamizar a aprendizagem.

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2 CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Com base na fundamentação em teóricos que estudam a temática

abordada, confirmou-se por meio das investigações que a contação de história na

sala de aula da Educação Infantil, aparece dando contribuições significativas e

influenciando no processo de aprendizagem do aluno.

Diante das discussões em torno da relevância desta temática, busca-se o

embasamento teórico para confirmar nossas impressões frente às investigações.

Corroborando com isso, Feba e Souza (2011, p.08) relatam que “a literatura se

mostre como uma realidade possível, ativadora da imaginação e do conhecimento

de outro e de si mesmo”; com isso, a criança passa a conhecer novos gostos e

pensamentos através do que está lendo ou ouvindo de um narrador.

Segundo Piaget (1967, p. 87) “A convivência em grupo possibilita um

intercâmbio de pontos de vista, e, portanto, um exercício de objetividade que

contribui para a descentração do pensamento da criança”, pois o trabalho em grupo

ajuda o aluno a dar importância à convivência com o outro. Assim, não se pode

deixar de citar o Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998,

p.141) que diz: “A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo

por meio da escuta da leitura do professor”. Também é de suma importância citar

Colomer (2007, p.102) e Coelho (1991, p. 63), que falam da “estimulação,

intervenção, mediação...” que a literatura está para a criança ligada aos sistemas de

educação imperantes no grupo social.

Esses são alguns dos principais teóricos que servem de base para este

estudo, e que vêm enriquecer esta pesquisa e aprofundar cada vez mais este tema

abordado, tratando sobre a relação entre a contação de história e a pedagogia.

2.1 A arte de contar histórias

A contação de histórias é uma prática milenar que teve seu início desde os

primórdios da humanidade por meio da tradição oral. Salienta-se, contudo, que as

primeiras obras literárias destinadas ao público infanto-juvenil surgiram no século

XVIII, quando a criança deixou de ser vista como um adulto em miniatura e passou a

ser considerada diferente do adulto, com necessidades e características próprias.

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Essa arte do contar e recontar história amplia o universo literário, desperta o

interesse pela leitura e estimula a imaginação através da construção de imagens

interiores, pois narrar histórias é um fato cotidiano, presente na vida das pessoas

das mais diferentes classes sociais, sendo transmitido pelos antepassados. Para

Leardini (2006, p.26) o ato de contar histórias é uma forma de “encantar crianças e

adultos com a magia que representa”.

O costume de ouvir e de contar história está presente em nossa cultura,

aproximando-nos do universo da leitura e escrita, ampliando o vocabulário e

estimulando o imaginário. O conto é uma tipo de texto de suma importância nas

nossas vidas, porque através dele conhecemos acontecimentos, adquirimos

conhecimentos e nos despertamos para o incentivo a leitura. Por meio das histórias,

podemos levar as crianças a viajarem no tempo e refletirem sobre as mesmas,

contribuindo assim para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Na Educação

Infantil, a arte de contar história deve se fazer presente, pois pode fazer com que as

crianças desenvolvam a fala, a interação, a troca de diálogo, dentre outros, o que

contribui para a socialização de todos.

Dessa maneira, para uma melhor compreensão acerca do universo retratado,

ler histórias para as crianças pode tornar-se mais prazeroso a partir de algum tipo de

ilustração: gravuras, desenhos, fantoches e a música, que também se mostra um

instrumento muito interessante. Para Ferreira (2007, p.9), “as histórias ilustradas e

cantadas são de grande incentivo e encantamento para torná-las mais atraentes e

fáceis de serem assimiladas”.

2.2 A técnica do educador na Educação Infantil

A educação é um aspecto fundamental no desenvolvimento do ser humano,

pois é o meio pelo qual é assegurado às outras gerações aquilo que um

determinado grupo aprendeu. Portanto, “só uma educação que tenta para uma

cultura realmente cívica partilhada por todos poderá impedir que as diferenças

continuem a gerar desigualdades e as particularidades a inspirar inimizades”

(STAVENHAGEM, 2001, p.250).

A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, durante muito

tempo permaneceu dentro de um caráter assistencialista, e só nas últimas décadas

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a função pedagógica vem destacando-se aos poucos. No entanto, o desafio

encarado diante da assunto é exatamente a superação da dicotomia entre o cuidar e

o educar.

Efetivamente, a definição social da primeira infância como objetivo pedagógico inclui também condições objetivas – demanda de guarda e cuidado das crianças menores de 5 anos – como consequência da inserção das mulheres no mercado de trabalho e das transformações na organização familiar decorrente dessa inserção. Foram as mudanças nas condições de guarda e na socialização das crianças que possibilitaram a definição da infância como objeto pedagógico – um tempo de preparação e de transmissão cultural – no qual a criança é o aprendiz intelectual ao qual devem ser dirigidas práticas de atividades intelectuais adequadas à sua idade. Tal fato supõe, por sua vez, a definição mais precisa da criança que se quer educar, ou seja, uma definição das potencialidades da criança e das matérias a serem ensinadas, tarefa conferida ao desenvolvimento e difusão dos conhecimentos psicológicos (MORAES, 2005, p. 91).

Anteriormente, a expectativa da educação para criança nesta faixa etária

não era voltada para um ensino que tivesse em vista a capacidade de leitura e

escrita do aluno. Na realidade, nesta modalidade de ensino, a instituição seria um

lugar de socialização do ensino e de lazer, e os estudos voltados para a Educação

Infantil, apresentou necessidade da relação aprendizagem-sociabilidade.

Considerando a fase transitória pela qual passam creches e pré-escolas na busca por uma ação integrada que incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p.7).

Educação Infantil é, assim, compreendida como a fase de 0 aos 5 anos, LDB

9394/96, tempo em que as primeiras experiências são vivenciadas e os estímulos

que são postos têm maior influência sobre o desenvolvimento da criança. Nessa

faixa etária, apresentam um mundo cheio de possibilidades, de vida e de vontade de

aprender.

Perante isso, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

volume I, (BRASIL, 1998), ainda aponta como deve se organizar a prática da

Educação Infantil, a partir dos seguintes objetivos:

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Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações; descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social; estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração no espaço coletivo (ibid., p.63).

Diante disso, para que um trabalho seja efetivado com maior significado, é

preciso que os profissionais da Educação Infantil, desenvolvam maiores

competências e habilidades dentro deste aspecto. Assim sendo:

[...] ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação (ibid., p. 41).

O profissional que trabalha com crianças deve ser, portanto, muito dinâmico

em seu exercício, sabendo que nessa fase da vida da criança o cuidar ainda se

apresenta como essencial, mas que aos poucos as práticas educativas devem ser

implantadas em seu cotidiano, construindo uma educação que vai além da que é

recebida na família. Assim, esse profissional deve ser preparado para saber que as

condições de trabalho são bastante adversas e sua ação “polivalente” deve lhe

ajudar a saber lidar com várias circunstâncias diante das crianças; e, acima de tudo,

saber que ensinar exige empenho e escuta.

A prática docente, segundo Freire (1996), deve ser, uma possibilidade de

estimular várias perguntas, sem mentir para seus alunos, buscando ao máximo

prepará-los para muitas situações da vida. E, ainda, ensinar exige escutar.

Se na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e

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criticamente o outro, fala com ele, mesmo que, em certas condições, precise falar dele. (ibid., p. 113).

Desse modo, o docente tem que estar convicto de suas ações, além de ser

um excelente ouvinte, uma vez que contar histórias para as crianças é algo

extremamente importante na Educação Infantil, apresentando-se como recurso que

permite ao professor trabalhar os conteúdos e desenvolver práticas de leitura e

escrita a partir dos textos literários.

2.3 Era uma vez... Contar histórias para aprender

O ato de contar história é possível em todas as fases de desenvolvimento do

ser humano, compreendendo que quando se conta história, não se enxerga apenas

as marcas das palavras, traços ou imagens plásticas, mas se faz pelo significado

que se aprende a lhes atribuir. Em sua opinião o ser humano se comporta por uma

das características da espécie humana (VYGOTSKY, 1984), qual seja a capacidade

de atribuir significados e a compreender símbolos e signos.

Contar histórias para crianças desenvolve o gosto pela leitura e proporciona

a aprendizagem de forma prazerosa. Cada faixa etária tem um gosto por um tipo de

história ou livro, devendo ser estimulados desde cedo pelos pais ou quando não

existir esta possibilidade, pela escola. A apresentação de livros e a contação de

histórias para crianças devem ser desenvolvidas através de atividades que

envolvam os pequenos e prendam sua atenção tanto quanto os brinquedos.

Dessa forma, o uso do texto literário adquire, então, um caráter exemplar e

tem sua especificidade enquanto arte.

É preciso, pois, uma correção de rumo, no sentido de propiciar as crianças experiências de leitura enriquecedora, em que a literatura se mostre como uma realidade possível, ativadora da imaginação e do conhecimento de outro e de si mesmo. (FEBA E SOUZA, 2011, p.08).

É importante notar que, nas concepções das autoras, contar histórias infantis

para seus alunos é uma possibilidade de conduzi-los para o hábito da leitura, pois

quando se conta histórias que chamem a atenção, devido ao prazer e ao

encantamento que experimentaram, não só desejarão ouvi-las novamente, como

também despertará o desejo de lê-las, e, posteriormente, sentirão vontade de buscar

outras semelhantes. Nessa direção, Sandroni e Machado assim destacam:

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As crianças, além de devotarem uma enorme atenção à história (e o professor sabe o quanto isso significa em termos de audição reflexiva, estímulo à imaginação e organização do pensamento!), sentem-se estimuladas a ler os livros por si mesmas ou a buscar outros sobre o mesmo assunto (SANDRONI E MACHADO, 1986, p. 25).

A escola deve valorizar assim a leitura literária por entender que a contação

promove conhecimentos que vai além da simples aquisição de informações

estabelecidas pelo texto.

A prática de narrar historias é uma das formas agregadas pelo professor em

seu trabalho com a leitura em sala de aula; e é muito comum essa prática na

Educação Infantil, onde os alunos ainda não dominam a escrita, apenas são

capazes de ler imagens, e o que está em seu entorno. Entretanto, no decorrer da

escolarização futura, esse aprendizado raramente ocorre e deixa a desejar. O que

se observa é o domínio da leitura de textos escritos sobre as demais vezes, dentre

estas a de contar histórias.

O ambiente social e as condições de vida da criança desempenham

importantes ações nesse processo, uma vez que recebe estímulos que vão

promover seu desenvolvimento. Abramovich apud Barcellos (1995, p.16) relatam

que “as emoções que as histórias bem contadas são capazes de provocar nas

crianças”.

Desse modo, ouvir histórias é viver um momento de prazer, de divertimento

dos melhores... É encantamento, maravilha, sedução... O livro da criança que ainda

não lê, é a história contada. E ela é (ou pode ser) ampliadora de referenciais,

postura colocada, inquietude provocada, emoção deflagrada, suspense a ser

resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas,

caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas e as mil

maravilhas mais que a história provoca... (desde que seja boa). Contar histórias é

uma arte! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é

nem remotamente declamação ou teatro. Ela é o uso simples e harmônico da voz.

Assim, a criatividade nesse estágio é algo importante para a criança, devido

ao fato de desejar romper com as estruturas, estabelecendo novas relações com o

mundo do faz de conta.

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Essas mudanças, reflexo da construção da estrutura operatória, são

possíveis, dada a vida grupal que alimenta as atividades da criança a partir do

período anterior.

A convivência em grupo possibilita um intercâmbio de pontos de vista, e, portanto, um exercício de objetividade que contribui para a descentração do pensamento da criança. São as experiências de cooperação que possibilitam o início da reflexão, como forma de discussão interiorizada (PIAGET, 1967 p. 87).

A contação de história possibilita o desenvolvimento das relações no

ambiente escolar, pois refletem experiências e valores da comunidade em que a

criança se encontra.

Diante disso, pode-se perceber que contar história não pode ser empregado

em sala de aula como algo vazio de objetivos, pois existem nessa atividade

diferentes oportunidades de construir o conhecimento do aluno, já que o mesmo

deve ter oportunidades de vivenciar a leitura e a escrita, pois a partir do contato com

diversos materiais escritos passa a entender suas funções, tipo de grafia, etc.,

levando-se em consideração que a leitura e a escrita são importantes na escola e

fora dela, e não somente dentro da própria instituição, uma vez que convivemos em

sociedade.

Entende-se ser imprescindível que os professores de todos os anos

escolares, (re) conheçam que contar histórias é fundamental para a formação dos

alunos enquanto leitores. Todavia, faz-se necessário que essa importância não fique

só no discurso, já que deve ser tecida no dia a dia escolar, ano após ano.

2.4 A contação de histórias como tática na educação

A contação de histórias pode beneficiar de maneira significativa a prática

docente na educação infantil e no ensino fundamental, pois, como se sabe, a escuta

de histórias estimula a imaginação, educa, instrui, desenvolve habilidades

cognitivas, dinamiza o processo de leitura e escrita, além de ser uma atividade

interativa que potencializa a linguagem infantil.

Assim, a criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por

meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada

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uma das palavras, porque ouvir um texto já é uma forma de leitura (BRASIL, op. Cit.,

p.141). Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil:

A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações com a sua forma de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence (ibid., p. 143).

Ler é mais do que dizer o que está escrito no papel, é tentar adivinhar,

compreender o que o autor quis nos transmitir com aquelas palavras. A leitura vai

muito além do que o autor pode expressar com as palavras impressas no texto, pois

cada um que lê dará uma interpretação, buscando um sentido, um significado

diferente diante da leitura de mundo que cada um tem. Brandão et al (2009)

argumenta em prol da literatura no mundo escolar:

Diante disso, reconhece-se a necessidade da presença constante da literatura infantil na escola, cabendo aos professores estabelecerem uma relação de prazer entre a criança e o livro, levando em conta o desenvolvimento da criança. Para isso, deve-se abrir um espaço para a expressão livre, apresentando a leitura de uma forma estimulante, despertando o interesse das crianças e tornando os livros tão acessíveis e prazerosos quanto os brinquedos. (BRANDÃO, 2007, p.120)

Sendo assim, quando se conta uma história, é importante expor os

conhecimentos prévios sobre o assunto, ao objetivo a que está sendo proposta

aquela leitura, além das expectativas dos receptores acerca do que está sendo lido,

pois, mesmo quem não consegue decifrar a escrita, diante de um texto que lhe é

lido, ou mesmo um não verbal, consegue expressar suas ideias prévias e

compreender ou não o texto que lhe foi apresentado.

A voz tem uma função elocutória e, durante uma contação, deve ser

modulada de acordo com o que está se narrando. Coelho (1986) assinala que

devemos levar em consideração aos seguintes aspectos: intensidade, clareza e

conhecimento. A intensidade está ligada ao timbre de voz. Entonação e ritmo

devem-se adequar as emoções que o contador quer compartilhar e instigar em seus

ouvintes. A clareza, por seu lado, diz respeito a uma boa dicção e correção da

linguagem. O conhecimento, enfim, depende do aprofundamento do contador no

campo da literatura no qual pretende trabalhar.

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O epistemólogo suíço, Jean Piaget (1896-1980), já dizia que quando a

criança entra em contato com novas experiências, ouvindo ou vendo coisas que

para ela são novidades, acaba inserindo esses conteúdos às estruturas cognitivas

que possuía anteriormente, construindo significados e, assim, ampliando o seu

conhecimento, somando o novo ao que já vivenciou.

2.5 A estimulação da leitura, primeiro contato com as letras

Diante do tema abordado, são apontados meios pelos quais o estímulo pela

leitura aos alunos se dá de maneira positiva, visando ao desempenho satisfatório

principalmente no que se refere a interação na hora da história contada.

“Estímulo”, “intervenção”, “mediação”, “familiarização” ou “animação” são termos associados constantemente com a leitura no âmbito escolar, bibliotecário ou de outras instituições públicas e que se repetem sem cessar nos discursos educativos. Todos esses termos se referem à intervenção dos adultos encarregados de „apresentar‟ os livros às crianças (COLOMER, 2007, p.102).

A partir dessa afirmativa, descuidar do caráter plural que a educação tem,

em particular da leitura do aluno, é andar na contramão de uma educação que se

deseja ser plena, que veja o educando como um ser global.

Como aponta SILVA (2006 a) no entanto em se tratando da recomendação

da leitura de textos literários, o gosto em ler, e os encaminhamentos metodológicos

são essenciais por parte dos educadores para que a mediação seja eficiente, é um

dos responsáveis mais importantes na formação do educando.

É necessário que educadores, pedagogos, pais, enfim, todos aqueles que

exerçam a função de mediadores da leitura para a criança, estejam cientes de que o

grande problema da desmotivação para a leitura, não está na ausência do prazer em

ouvir, e sim na ausência de instrumentos e da interposição destes instrumentos.

É fator determinante, também, que, como mediadores, disponham de

conhecimentos teóricos sobre Leitura e Literatura, sobre os acervos disponíveis,

sobre os efeitos dos julgamentos da mídia, para que possam exercer de maneira

efetiva o papel que lhes compete na formação de leitores.

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Para tanto, é papel das escolas oferecer espaços adequados para que

ocorra o encontro entre o leitor e os livros.

[...] cumpre à escola proporcionar espaços que favoreçam a criança a encontrar-se com o livro, sem cobranças desnecessárias, de modo que a leitura seja incorporada na vida da criança como tantas outras convivências importantes para o seu desenvolvimento (SILVA, 2006a, p.95).

Considerando todos os aspectos possíveis de serem alcançados pela

atividade da leitura de história, cabe ao mediador e à escola proporcionar situações

agradáveis de leitura para que futuramente estes pequenos leitores busquem, por si

só, seus caminhos literários, usufruindo daquilo que veio ao encontro de suas

buscas e a sensação de prazer em ler.

Atualmente a diversidade de livros é enorme, e na sala de aula essa

pluralidade de gêneros é de grande valia para o professor, que pode proporcionar ao

aluno muitas oportunidades para aprender a ler e escrever.

Uma das principais propostas de inserção do aluno no mundo da leitura é a inserção deste aluno no mundo letrado. É participar de momentos de leitura, mesmo não sabendo ler convencionalmente, é oportunizar a ele o contato com textos diversos e significativos socialmente, é fazer leitura de “ouvidos”, ou seja, alguém lê o texto para ele. A leitura ouvida é uma das maneiras positivas do aprendiz compreender que o que está sendo lido está ali, no texto, a história, está ali escrita e pode ser descoberta como uma mágica, é entrar no mundo dos autores, é apossar-se da sua criação: o texto (OLIVEIRA, 2008, p.95).

Segundo o RCNEI, “o trabalho educativo pode, assim, criar condições para

as crianças conhecerem, descobrirem e ressignificarem novos sentimentos, valores,

ideias, costumes e papeis” (BRASIL, op. Cit., p.11). Nessa fase é preciso interagir

com a diversidade de textos escritos, compreender os usos que são feitos desses

textos e, principalmente, participar dos atos de leitura na prática. Conforme Oliveira

(2008), “a leitura como prática social é um meio e não um fim, fora da escola não se

decodifica letra por letra, palavra por palavra, leem-se textos significativos, com

objetivos claros; quem escreveu, por que escreveu, a quem se destina o texto”.

Compreende-se também que, através dos livros e das histórias que

encantam e fascinam o seu imaginário, as crianças, são instigadas a criarem e a

imaginar diante das ideias que lhes são lançadas pelo narrador, levando-as a uma

ressignificação da história ouvida.

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Dessa forma, o RCNEI (op. Cit., p.122) expõe que “para aprender a ler e a

escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual:

precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma

ela representa graficamente a linguagem”. No entanto, a leitura feita na escola deve

estar relacionada com as vivências fora dela, para que a criança entenda o sentido

que a mesma tem além da forma como é expressa graficamente, e isso possibilite a

busca por novos saberes e fazeres em relação a essa prática.

Perante isso, é de extrema importância na Educação Infantil desenvolver

atividades junto às crianças, que as possibilitem o gosto pela leitura e que dessa

forma, possam compreender o processo de escrita, entender o porquê se escreve

daquela forma, como se escreve e para quê. Atividades que podem ser estimuladas

através da contação de histórias, na “hora do círculo”, “ou hora do conto”, ou como

se queira designar o momento.

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3 REFLETINDO SOBRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA PRÁTICA DOCENTE

3.1 A contação de história na Escola Municipal Frei Damião: Os métodos da

professora dos níveis IV e V

A contação de histórias é uma arte bastante recorrente em escolas de

Educação Infantil. Melo (2009, p.127) afirma que: “[...] as práticas pedagógicas, na

educação infantil, parecem considerar apenas o tempo referente às atividades

planejadas [...]”. Assim, através da contação de história, o aluno se abarca em um

“mundo lúdico da aprendizagem”, aprende brincando e envolve-se na mágica das

palavras.

As observações referentes à docente dos níveis IV e V, em sua ação

pedagógica na sala de aula multisseriada aconteceu da seguinte forma: a mesma

segue uma rotina: rezar, cantar, calendário (dia da semana e a data do dia),

contagem dos alunos (quantos meninos e meninas vieram no dia)... Entende-se

como atividades de rotina aquelas que devem ser realizadas diariamente. Isso não

significa que se deve transformar o dia a dia escolar em uma planilha com atividades

rígidas e inflexíveis, mas sim adequar as atividades diárias ao ritmo da instituição,

das crianças e do professor. Portanto, a rotina pode e deve sofrer modificações e

inovações quantas vezes forem necessárias durante o ano letivo.

A rotina é compreendida como uma categoria pedagógica da Educação Infantil que opera como uma estrutura básica organizadora da vida cotidiana diária em certo tipo de espaço social, creches ou pré-escola. Devem fazer parte da rotina todas as atividades recorrentes ou reiterativas na vida cotidiana coletiva, mas nem por isso precisam ser repetitivas (BARBOSA, 2006, p. 201).

A rotina diária da professora mostra-se bastante atualizada com as

propostas de ensino contemporâneo, de modo a inserir os alunos no mundo das

palavras e despertar neles o desejo pela leitura. Busca mostrar a leitura como algo

prazeroso, e que pode e deve fazer parte do dia a dia do aluno. Pode-se perceber

que, em suas aulas, a docente enfatiza estilos de dinamizar a sua ação pedagógica,

apresentando materiais diversos como: caixa surpresa, fantoches, palitoche (picolé),

tapete, álbum seriado, etc., buscando atrair a atenção dos alunos para que

entendam a história contada e compreendam o que ali está escrito.

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O “cantinho da leitura” ou a hora da “rodinha” é o termo designado pela

professora para o encontro destinado à contação de história. Nas observações a

mesma contou três histórias, a primeira foi “Livros dos números, bichos e flores” de

Cléo Busatto (2011). De início, a docente explorou junto com os alunos a capa,

permitindo que interagissem com perguntas e colocações, falando sobre as cores e

figuras; logo após a mesma trouxe uma caixa com objetos da história, cada aluno

retirava e falava o item e a quantidade; a todo instante tentava, durante a contação,

relacionar os fatos que aconteciam na trama com a vida dos alunos.

O livro narra a história de um girassol, duas abelhas, três passarinhos,

quatro joaninhas, cinco minhocas, seis jacintos, sete borboletas, oito lesmas e nove

formigas. Trabalha tarefas diversificadas, contação de histórias, literatura, escrita,

leitura, adição, subtração, animais, meio ambiente, desenho, dramatização e cores.

Ao término da contação, foi discutido de que se trata a história, quem conhece os

animais, as plantas e os números.

Figura 1 – Capa do livro “Livro dos números, bichos e flores” de Cléo Busatto e

ilustrado por Flávio Fargas Fonte: Foto do Autor (2015)

A segunda história contada na observação seguinte foi “A galinha choca,” de

Mary França e Eliardo França (2015). De início exploraram a capa, para discutir as

imagens e o título, citando os autores da história. Esse livro está dividido em partes;

assim, cada momento da história contada era exposto na lousa, para que os alunos

pudessem identificar cada período e passagem da história. A todo instante a

docente interagia com os alunos, para saber quem conhecia os animais

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“personagens” da história. Esta obra relata, a história de uma galinha que pede um

favor aos seus vizinhos, a pata, o jabuti, a pomba e o coelho, para vigiarem seu

ninho enquanto ela ia catar minhocas; ao retornar, porem encontrou um ovo a mais

e de cor diferente, que era de pato. Essa contação fala dos animais, os números e

as cores. Nesse dia a professora trabalhou com os alunos os números de um a oito,

pois alguns alunos estão com dificuldades.

Figura 2 – Capa do livro “A galinha choca” de Mary Franca e Eliardo França

Fonte: Foto do Autor (2015)

A terceira foi uma história retirada da internet, em folha, “O coelho que não

queria estudar” de autoria desconhecida. Esse contação foi escolhida pela docente

por estar na semana da páscoa, sendo importante discutir o significado das palavras

“ovo e coelho” durante as festividades da páscoa; e para mostrar aos seus alunos a

importância de ir à escola. O conto expõe que o coelhinho Juquinha não queria

estudar, enquanto os seus amigos (os animais) todos tinham ido à escola. Em um

certo dia, Juquinha chegou a casa e tinha um convite para ele participar de um

piquenique. Como não sabia ler, achou que não tinha sido convidado, e todos os

seus colegas estavam participando.

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A partir desse dia Juquinha percebeu que deve ir à escola todos os dias,

para aprender a ler e escrever, e fazer novas amizades.

.

Figura 3 – História retirada da internet “O coelho que não queria estudar”

de autor desconhecido Fonte: Foto do Autor (2015)

A docente relata que dá início à semana com uma história, para com isso

desenvolver atividades e brincadeiras durante esse período, de acordo com a

história contada. Nessa ocasião, os alunos podem ter maior interação. É necessário

destacar que as crianças se sentem mais à vontade nesses momentos

proporcionados pela professora.

Esse tipo de estratégia propicia maior entrosamento dos alunos com as

histórias contadas, como também motiva a participação nas aulas, uma vez que a

“rodinha” tem um sentido pedagógico, lúdico, e foi o modo encontrado pela

professora para trabalhar as práticas de leitura e escrita na sala de aula. Esse

momento chama muito a atenção pelas figuras e também pelo seu conteúdo, pois os

alunos são curiosos em saber o que está posto ali; além de entender a história, os

olhos brilham a cada capítulo ou cena, que trazem uma inovação, uma surpresa,

fascinando e instigando a imaginação.

Percebe-se, nesse instante, a interação que há entre professor e alunos,

pois estes questionam sobre tudo, e a professora procura responder sobre questões

indagadas. Dessa forma, prática dialógica propicia benefícios para as crianças em

relação ao ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, além de aproximá-las das

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outras áreas do conhecimento, ampliando seu repertório cognitivo, despertando

suas potencialidades, dependendo das intervenções do docente.

Alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos (MEDEIROS, 2005, p.4).

Assim, em relação à contação de história, o professor tem que conhecer a

história, estudá-la, captar a mensagem que nela está implícita, para que possa, a

partir daí, escolher a melhor forma de apresentá-la às crianças. Para Coelho (1997,

p.31), “Estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou recurso de apresentá-

la”. Quando passa a envolver o lúdico, os alunos de qualquer faixa etária e,

principalmente os da Educação Infantil, se aproximam e se encantam com maior

facilidade diante do que lhe é ensinado.

Nesse sentido, Coelho (ibid., p.14) mostra que antes de contar a história,

precisamos saber que trata-se de assunto interessante e bem explanado, “[...] a

linguagem deve ser correta, de bom gosto, simples, sem ser vulgar nem rebuscada”.

Além dos aspectos ressaltados, a contação estimula o artista que há dentro do

professor, levando-o a se expressar de formas diversas, visto que ele deixa de ser o

professor naquela ocasião e se torna um amigo de infância, um colega das crianças,

pelo jeito com que se posta na narrativa.

Nesse sentido, o diálogo na sala de aula é muito importante, e a professora

dos níveis IV e V utiliza adequadamente essa prática na momento da rodinha,

trocando experiências e conhecimentos, antes, durante e após a contação.

As crianças aprendem que esperar mais tempo até ter sua vez de interagir, reconhecer a linguagem narrativa e podem até reproduzir a história que escutaram, fazem predições sobre a continuação da história, aprendem a prestar atenção, adquirem conceitos sobre o que está impresso, e imitam o modelo de leitor do adulto (TEBEROSKY e COLOMER, 2003, p.24).

O momento da história é algo que incita muito a curiosidade das crianças,

pois elas se sentem confortáveis para indagar à professora em muitas questões,

além de inventarem uma nova história perante a que lhes foi apresentada.

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3.2 Instrumentos de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada na Escola Municipal Frei Damião nos dias

12/03, 25/03, e 07/04/2015 por meio de questionários dirigidos à professora dos

níveis IV e V, da Ensino Infantil. Para Marconi e Lakatos (2005, p. 203),

"questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série

ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito sem a presença do

entrevistador". Ao final da aplicação dos questionários, foram realizadas entrevistas

aleatória com pais, para investigar se seu filho gosta de ouvir histórias. Para Gil (op.

Cit., p. 120), "a entrevista por pautas apresenta certo grau de estruturação, já que se

guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao

longo de seu curso".

Abaixo, transcreve-se a questionário feita com a professora:

Para você qual a importância da contação de história na Educação

Infantil?

É despertar a criatividade das crianças através da fantasia, do faz de

conta, uma vez que provoca nelas emoções, sensações,

sentimentos diversos. Através da contação de história, a criança

desenvolve melhor a oralidade, aprende a ouvir...

Pela resposta da docente, a contação na Educação Infantil é importante para

desenvolver diversos aspectos nas crianças como a curiosidade, na discussão, e em

tudo que se refere à aprendizagem, principalmente o ambiente da sala de aula, que

estabelece um espaço intersubjetivo, onde acontecem interações entre aluno-aluno

e professor-aluno. Portanto, emergem e se constituem modos de sociabilidade que

são ampliados e transformados no cotidiano de suas práticas coletivas.

Como elenca COELHO (1997) a história aquieta serena, prende atenção,

informa, socializa e educa. O compromisso do narrador é com a história, enquanto

fonte de sofisticação de necessidades básicas das crianças. Se elas escutarem

desde pequeninas, gostarão de livros, vindo a descobrir neles histórias como

aquelas que lhes eram contadas.

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A cada semana a docente traz uma história nova para contar para suas

crianças, com diversificados recursos, o livro de pano, a caixa mágica... A leitura

realizada é logo no início da aula em uma roda de conversa ou no cantinho da

leitura, sempre interagindo sobre o que as crianças aprenderam com a história.

Dando continuidade a análise do questionário:

Quais os dias em que você utiliza a contação de história para seus

alunos, em sala de aula?

Geralmente nas segundas ou terças-feiras, faço a contação

utilizando “recursos”, nos demais dias da semana conto histórias,

contudo, sem tantos recursos, ou conforme necessidade ou

interesse das crianças.

Assim como a professora relata, as histórias contadas em sala de aula são

de acordo com as necessidades dos alunos, como foi o caso da dificuldade de

alguns em relação aos números, que foi trabalhado no conto “Livros dos números,

bichos e flores”, que destaca os números de um a nove. A história é instrumento

facilitador para as crianças compreenderem com mais facilidade o que está sendo

exposto. É preciso que o professor tenha uma base, sobre a contação, capaz de

analisar os livros infantis selecionando o que pode interessar às crianças e decidindo

sobre elementos que sejam úteis para a ampliação do seu conhecimento.

Nesse sentido BRASIL (1998) revela que a intenção de fazer com que as

crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que

o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente

agradável e convidativo à escuta atenta a história contada.

Por que você, em sua prática docente, resolveu contar de história na

sala de aula?

Porque além de chamar a atenção das crianças, elas se interessam

mais, ou seja, são estimuladas a tomarem gosto pela leitura desde

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cedo, a se desenvolverem melhor em vários aspectos como:

criatividade, desempenho, formação de valores, entre outros...

Na opinião da docente, em sua prática a contação prende a atenção dos

seus alunos, fazendo com que eles se interessem cada vez mais pela leitura, assim

desenvolvendo sua imaginação.

O docente precisa apresentar em seu planejamento períodos dedicados à

contação de histórias, estimulando seus alunos a gostarem de ler e escrever e se

tornarem uma geração de leitores e escritores que veem nas histórias um meio de

interação, diversão e aprendizagem.

Como diz Coelho (1997, p.10) “a história faz todos sorrirem, a aula passa a

ser uma divertida brincadeira e até gente grande volta a ser criança, como ela

mesma fala se „até gente grande volta a ser criança gosta de história, imaginem as

crianças‟”.

Na sua opinião, este tipo de prática docente influencia no processo

de ensino-aprendizagem dos alunos da Educação Infantil? Por quê?

Com certeza. A importância da contação de história no processo de

ensino-aprendizagem traz inúmeros benefícios, permite ao professor

a contextualizar os conteúdos escolares numa abordagem dinâmica,

lúdica, prazerosa e num processo interdisciplinar. Faz a criança

apropriar-se de um mundo encantado, mágico, com grandes

possibilidades de enriquecer sua linguagem, desenvoltura,

produção...

A história contada proporciona à criança a liberdade de criar e recriar,

posteriormente fazer debates sobre a história contada do seu jeito e maneiras, e

como relata a docente, traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento de ensino-

aprendizagem dos alunos.

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Continuando...

Essa é a primeira vez que você atua como professora de sala

multisseriada?

Não, já trabalhei na zona rural.

As salas multisseriadas não deixaram de existir, a partir de então até os dias

atuais, nas escolas isoladas da zona rural onde um dos aspectos predominantes era

e continua sendo a baixa densidade demográfica, tendo como consequência um

baixo número de estudantes, o que inviabilizava a criação de classes seriadas e tem

se tornado motivo para a busca da extinção destas. Segundo a Nota Técnica Sobre

o Programa Escola Ativa (D‟AGOSTINI et. al., 2011, p. 1), “estas escolas

podem/devem se organizar de forma a superar a seriação e a fragmentação do

conhecimento, oportunizando um trabalho por ciclos de aprendizagem”.

Qual a diferença das salas de aula regulares para as multisseriadas?

Existem muitas diferenças, entre elas, o dinamismo maior, o

professor deve planejar suas aulas respeitando as especificidades

de cada turma.

A sala de aula multisseriada exigir que o docente seja mais dinâmico, que

organize seu planejamento de acordo com cada ano. O plano anual além de dar

subsídios ao professor, contribui para uma organização da escola como um todo.

Como a escola sempre está recebendo indivíduos com diferentes culturas, a cada

dia vem se discutindo melhoramentos no processo do planejamento no espaço

escolar para que a mesma possa atender às necessidades do público que está

recebendo, e que esteja adequada às constantes transformações no ambiente

escolar.

A metodologia do planejamento escolar condiz no cenário da educação

como um trabalho docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em

termos da sua organização e coordenação dos objetivos propostos e adequação no

decorrer do processo de ensino.

Segundo Libâneo (1994, p. 222), o planejamento tem muita importância por

tratar-se de: “Um processo de racionalização, organização e coordenação da ação

docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”.

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Como você faz para planejar a aula, dar preferência mais ao nível IV

ou ao V?

Não existe um nível de preferência, o “grau” de “exigência” ou até

mesmo de conhecimento/ troca depende da necessidade e realidade

de cada turma.

Pelo relato da docente e pelo o que se pôde observar em suas aulas, em

relação à qualidade de ensino oferecido por uma sala de aula multisseriada, as

crianças apresentam as mesmas chances de qualquer outro aluno que estuda em

salas seriadas, e apesar da sala de aula ser multisseriada não interfere e nem

prejudica seus alunos em nada, principalmente no ensino-aprendizagem. Sendo

assim, percebe-se a importância do planejamento no ambiente escolar para

viabilizar uma prática docente que vise ao êxito do processo educativo. Acreditamos

que para realizar um bom planejamento é preciso buscar conhecimento, fazer

pesquisas, para que o mesmo seja feito de forma adequada à realidade do espaço.

Paulo Freire (1996, p. 16) diz que: “Pesquiso para constatar, constatando,

intervenho intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer e o que ainda não

conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

Em sua opinião, qual o principal desafio, em trabalhar em uma sala

de aula multisseriada?

Atender a todos os alunos com a mesma qualidade e necessidade

exigida em cada nível de escolaridade.

A partir do depoimento da professora dos níveis IV e V, entende-se que não

há uma receita pronta para o desenvolvimento de uma prática pedagógica eficaz, o

que temos são reflexões pautadas nas experiências e tentativas com resultados

satisfatórios e, muitas vezes, falhos do trabalho em sala de aula, pois todo

planejamento é flexível. Neste aspecto, Libâneo (2002, 73) diz que: “O aprender a

ser professor, na formação inicial ou continuada, se pauta por objetivos de

aprendizagem que incluem as capacidades e competências esperadas no exercício

profissional do professor”.

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Continuando...

Quais os problemas enfrentados em uma sala multesseriada, no

desenvolvimento do ensino-aprendizagem dos alunos?

A priori, as técnicas necessárias para determinados assuntos, pois

nem sempre se adequa a todos, administração de tempo,

direcionamento das tarefas...

Esse aspecto atribui, portanto, a importância do papel da escola e da

orientação do professor possibilitada pela linguagem. Assim, a aprendizagem é

idealizada como um processo de construção compartilhada, uma construção social,

onde a ação do professor é o de sempre atuar no desenvolvimento potencial do

aluno para levá-lo, por meio da aprendizagem, a um desenvolvimento real. Com

base em estudos Vigotski (1998), aprendizagem promove o desenvolvimento, e que

o bom ensino é aquele que apresenta uma orientação prospectiva, ou seja, dirigida

ao que o aluno ainda não é capaz de fazer sozinho, mas já é capaz de fazer com

auxílio de outro.

A contação de histórias, em sua opinião, contribui para o

desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, em uma sala

multisseriada?

Com certeza, em qualquer sala a contação de história enriquece a

aprendizagem.

Assim sendo a contação de histórias é fundamental para a formação e a

aprendizagem das crianças, pois ouvir histórias contribui para o desenvolvimento da

aprendizagem e para que o indivíduo seja um bom ouvinte e um bom leitor,

mostrando um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão do

mundo. De acordo com Coelho (1986, p. 27), “a literatura infantil é, antes de tudo,

literatura: ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o

homem, a vida, através da palavra; na verdade, ela funde os sonhos com a e a vida

com prática”. As crianças, à medida que se desenvolvem, devem aprender passo a

passo a se entenderem melhor, e, com isso, tornam-se mais capazes de entender

os outros, propiciando uma interação satisfatória e significativa.

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Você trabalha a interação entre os grupos? Qual (quais) a (s) tarefa

(s) que mais se interagem?

Sim. A contação de história utilizando recursos pedagógicos

aumenta a interação deles.

A docente cria uma situação de comunicação entre os alunos com um

propósito educativo, procurando meios e caminhos; de acordo com o que a situação

e a classe pedem, ela intervém pouco, muito ou nada, colocando os alunos como

sujeitos de sua própria reflexão, utilizando-se da curiosidade natural.

O professor deve constantemente esforçar-se em buscar estas

possibilidades e tentar uma discussão dos diversos temas, trazendo-os para os dias

de hoje, para os problemas atuais, tornando o ensino e a relação professor e aluno

proveitosos. Sendo assim Libâneo (1994, p. 56) afirma que “o ato pedagógico pode

ser, então, definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais

tanto no nível do intrapessoal como no nível de influência do meio, interação esta

que se configura numa ação exercida sobre os sujeitos”.

Você tem recursos didáticos, apoio da instituição, para trabalhar com

seus alunos?

Sim. Dentro da realidade, a escola geralmente se dispõe a ajudar no

que for necessário.

O apoio da instituição é bastante presente na sala de aula, apesar de

algumas dificuldades que a educação enfrenta. Nessa escola toda a equipe ampara

os docentes no que for possível. A escola, como qualquer instituição, trabalha para

quer seus objetivos sejam atingidos, cada parte precisa executar bem as respectivas

funções. Os professores são os responsáveis pelo ensino dos conteúdos

curriculares, mas os demais funcionários também participam do processo

educacional, dando o suporte necessário para que a aprendizagem aconteça. São

diversos os servidores que exercem as funções de apoio pedagógico. Segundo

Oliveira (2002), ao mesmo tempo em que as reformas educacionais proporcionaram

a descentralização, a qual resultou em maior autonomia da escola, elas

sobrecarregaram de trabalho e rotinas administrativas as unidades escolares.

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ENTREVISTA COM OS PAIS

Seu filho gosta de ouvir histórias infantis?

Pais I: Sim.

Pais II: Sim, pois a professora comenta que ele presta atenção.

Pais III: Sim.

Pais IV: Sim. Não só de ouvir como também de contar.

É muito importante na formação de qualquer criança ouvir muitas histórias.

Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser um leitor é ter

todo um caminho de descobertas e de compreensão do mundo, absolutamente

infinito. Oliveira (1996, p. 28) identifica os aspectos prazerosos que a literatura

infantil propicia, denominando-a de leitura-prazer, em se tratando de obra literária

para crianças, é aquela capaz de provocar riso, emoção e empatia com a história,

fazendo o leitor voltar mais vezes ao texto para sentir as mesmas emoções.

Seu filho, ao chegar em casa, comenta se ouviu alguma história

infantil na escola? Qual a expressão deles?

Pais I: Comentam na maioria das vezes, e demonstra uma

expressão muito boa.

Pais II: Não, pois ele é muito tímido.

Pais III: Sempre comenta sobre a história que ouve na escola, e a

expressão dela é muito boa.

Pais IV: Sim, meu filho comenta que a professora contou uma

história de príncipe, de chapeuzinho vermelho... E ele adora.

Pelos relatos dos pais o que deu para percebe é que seus filhos adoram

quando ouve histórias na escola, com exceção de um que não comenta em casa,

mas é bastante observador na hora da contação e faz comentários sempre que a

professora o pergunta algo, apesar de ser muito tímido. De acordo com Abramovich

(2001, p. 17), “É através de uma história que se pode descobrir outros lugares,

outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica...”

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Ouvir história é algo extremamente importante para qualquer criança, porque por

meio de ouvi-las a criança aprende a ser um leitor, o que trará para ela condições

para compreender o mundo.

Pois quanto mais cedo à criança tiver contatos com livros e perceber o

prazer que a leitura produz, maior é a probabilidade de nela nascer de maneira

espontânea, o amor aos livros. Desde muito cedo, a criança gosta de ouvir a história

de sua vida, uma das mais importantes para ela. Toda história que contamos para

uma criança mexe com ela, produz emoções e provoca reações.

Vocês, os pais, tem o abito de contar história infantil ao(s) seu(s)

filho(s) em casa? Quais as que ele gosta mais de ouvir?

Pais I: Muito difícil, mas meu filho gosta de adora escutar a história

de “chapeuzinho vermelho”.

Pais II: Não. Pois não sei ler.

Pais III: Sim, gosto de contar histórias para meu filho, e ele gosta

muito de ouvir “chapeuzinho vermelho”.

Pais IV: Sim, mas eu quem crio e conta as histórias para eles, pois

não gosta de ouvir os contos que já conhece. Estou sempre

inventando novas histórias.

Pelos relatos a maioria dos pais contam histórias infantis aos seus filhos,

com direito até de criar histórias. Isso é muito importante para o desenvolvimento

escolar da criança, o incentivo e o interesse dos pais no que se refere ao

aprendizado de seu filho. Com isso Fernandes (2001, p. 42) afirma que “... a família

também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os

primeiros ensinantes e as atitudes destes frente às emergências de autoria, se

repetidas a modalidades de aprendizagem dos filhos”.

Porquanto como sabemos acompanhar a criança até a escola não é

sinônimo de acompanhar sua vida escolar, hoje em dia a ausência, a falta de

comprometimento dos pais com vida escolar de seus filhos considerando esta

interação, entre envolvimento dos pais junto à escola um fator importantíssimo que

contribui para a formação integral do aluno/filho.

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Seu filho tem o costume de te pedir para lhe contar uma história?

Pais I: Sim, mas não sou muito de conta histórias para meu filho.

Pais II: Não, mas sempre ele brinca com livros em casa.

Pais III: Sim, muitas vezes.

Pais IV: Não sempre, às vezes quando estamos deitados na cama

brincando de historinha, é que pedem.

Logo o contato da criança com o livro infantil não deve esta presente

somente na escola, mas também em casa, pois o aluno passa mais tempo fora do

que dentro da escola. Como diz Oliveira (1996, p. 27) “a literatura infantil deveria

estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos

contribuem para o seu desenvolvimento. Um, para o desenvolvimento biológico:

outro, para o psicológico”. A história infantil, dentro de seu mundo imaginário, trata

de relações e situações reais, que a criança não pode entender sozinha. Nesse

contexto, a Contação de Histórias oferece ao leitor, além do caráter estético, o

caráter pedagógico, possibilitando a ele, o desdobramento de suas capacidades

intelectuais, sem que para isso precise montar e desmontar palavras e decodificar

símbolos.

Na sua opinião a contação de história influencia no desenvolvimento

da aprendizagem do seu filho? Justifique?

Pais I: Sim, pois eles ficam mais sabidos.

Pais II: Sim, porque a criança tem o abito de gostar de ler, e a leitura

faz mais gosto na vida delas.

Pais III: Sim, porque elas aprendem muita coisa com as histórias.

Pais IV: Sim, pois cada vez que eles escutam histórias de desenho,

conto... eles ficam mais curiosos e querem sempre descobrir, mais e

mais sobre a história que está sendo contada. E isto estimula a

mente, o pensamento, fazendo com que eles fiquem cada vez mais

inteligentes.

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A contação de histórias pode contribuir para a construção do conhecimento

e da aprendizagem, pois a aprendizagem se processa quando trocamos nosso

conhecimento com alguém, através de estímulos recebidos em uma determinada

“situação” e influenciados pela busca deste conhecimento seja ele causado por

fatores internos ou externos ao seu cotidiano. Assim para Vygotsky (1989) é pela

interiorização de sistemas de signos, produzidos culturalmente, que se dá o

desenvolvimento cognitivo. Assim a contação proporciona a criança um

entendimento de mundo, favorecendo seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e

social.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho trata-se da contação de histórias, em uma sala

multisseriada da Educação Infantil na Escola Municipal Frei Damião, analisou os

desafios e possibilidades da contação de histórias na prática pedagógica da

professora no que se refere ao incentivo da contação no desenvolvimento no ensino-

aprendizagem dos alunos, identificando as percepções e contribuições simbólicas

desenvolvidas pelas mesmas, a partir da leituras de imagens das histórias contadas,

do contato com o livro e de suas diversas formas de aprendizagem, que a história

infantil envolve.

A contação de histórias na educação infantil é um dos instrumentos

pedagógicos de fundamental importância que deve ser valorizado, pois a mesma

contribui para o desenvolvimento da criança em vários aspectos como a imaginação

criativa, expressando sua opinião, e a interação por meio da história contada.

Proporciona ainda momentos de prazer, quebrando a rotina diária da sala de aula,

trazendo novidades com recursos diversos como os fantoches, a caixa mágica,

dentre outros e, ao mesmo tempo, serve de alicerce dentro do processo de

aprendizagem.

O papel do docente é fundamental em uma contação de história na sala de

aula, percebe-se ainda ao observar que a mesma estimula o aluno a imaginar,

criando maneiras e formas criativas, discutindo o que acontece, as cores, os

personagens, enfim, proporcionando a interação entre os alunos na hora da

contação, incentivando-os a gostarem de histórias e que nesse momento elas se

percebam inclusas na história. A maneira como se conta histórias aos seus alunos

de 4 e 5 anos, sem perder o foco da aprendizagem, preservando o ambiente e

utilizando o espaço da sala de aula é importante.

A contação de história deve ter espaço garantido na Educação Infantil,

tornando-se parte da rotina da sala, fazendo com que o professor não se acomode

com a situação e deixe de criar e utilizar diversas maneiras que contribuam para

esse momento tão importantes para os alunos, pois eles ficam na expectativa no

momento do cantinho da leitura.

A história contada em sala de aula é de grande contribuição para o processo

de ensino-aprendizagem das crianças dos níveis IV e V, pode-se ainda perceber que

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a contação de história envolvendo outros elementos como a música, a brincadeira

contribuem juntos para um melhor desempenho do aluno na aprendizagem.

Enfim, pode-se considerar que os resultados desta pesquisa, no que se

refere, que a contação de história incentiva no desenvolvimento do ensino e da

aprendizagem, influenciando a criança na leitura, pois cada vez que escutam

histórias desperta cada vez mais a curiosas e querem sempre descobrir mais e mais

sobre a história contada. Sendo assim foram muito importante os resultados para

minha pesquisa, pois foram evidentes as influências da prática da contação de

histórias como instrumento de socialização e aprendizagem das crianças dos níveis

IV e V da Educação Infantil.

Espera-se, então, que os frutos do trabalho da professora da escola

historicamente de um dos bairros mais carentes da cidade de Caicó-RN, possam ser

colhidos daqui a algum tempo. E que estes também propaguem a alegria de contar e

ouvir histórias, permitindo-se ser autor de seu próprio tempo.

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aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.

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APÊNDICES:

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS DE CAICÓ

CURSO DE PEDAGOGIA

Caro (a) respondente,

Este questionário é um instrumento de coleta de dados da pesquisa exigida para a

disciplina Monografia II, como requisito para a conclusão da graduação sob a

orientação do professor Ms. Gisonaldo Arcanjo de Sousa. Tem por objetivo

identificar e analisar o processo de ensino e aprendizagem que a contação de

histórias influencia nos alunos dos Níveis IV e V na Escola Municipal Frei Damião.

Obrigada pela colaboração!

QUESTIONÁRIO

1. Dados de identificação:

Nome: _________________________________________________________

Formação: ______________________________________________________

Há quanto tempo ensina na instituição? _______________________________

Há quanto tempo ensina na Educação Infantil? _________________________

2. Para você qual a importância da contação de história na Educação Infantil?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Quais os dias que você utiliza contação de história para seus alunos, em sala de

aula?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Por que você, em sua prática docente, resolveu contar história na sala de aula?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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5. Na sua opinião, este tipo de prática docente influencia no processo de ensino-

aprendizagem dos alunos da Educação Infantil? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS DE CAICÓ

CURSO DE PEDAGOGIA

Caro (a) respondente,

Este questionário é um instrumento de coleta de dados da pesquisa exigida para a

disciplina Monografia II, como requisito para a conclusão da graduação sob a

orientação do professor Ms. Gisonaldo Arcanjo de Sousa. Tem por objetivo

identificar e analisar o processo de ensino e aprendizagem que a contação de

histórias influencia nos alunos dos Níveis IV e V na Escola Municipal Frei Damião.

Obrigada pela colaboração!

QUESTIONÁRIO

1. Essa é a primeira vez que você atua como professora de sala multisseriada?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Qual a diferença das salas de aula regulares para as multisseriadas?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Como você faz para planejar a aula, dar preferência mais ao nível IV ou ao V?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. Em sua opinião, qual o principal desafio, em trabalhar em uma sala de aula

multisseriada?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Quais os problemas enfrentados em uma sala multesseriada, no desenvolvimento

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de ensino-aprendizagem dos alunos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6. A contação de histórias, em sua opinião, contribui para o desenvolvimento da

aprendizagem dos alunos, em uma sala multisseriada?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7. Você trabalha a interação entre os grupos? Qual (quais) a (s) tarefa (s) que mais

se interagem?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8. Você tem recursos didáticos, apoio da instituição, para trabalhar com seus

alunos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS DE CAICÓ

CURSO DE PEDAGOGIA

Caro (a) respondente,

Esta entrevista é um instrumento de coleta de dados da pesquisa exigida para a

disciplina Monografia II, como requisito para a conclusão da graduação sob a

orientação do professor Ms. Gisonaldo Arcanjo de Sousa. Tem por objetivo

identificar e analisar o processo de ensino e aprendizagem que a contação de

histórias influencia aos alunos dos Níveis IV e V na Escola Municipal Frei Damião.

Obrigada pela colaboração!

ENTREVISTA PARA OS PAIS

1- 1. Seu filho gosta de ouvir histórias infantis?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Seu filho, ao chegar a casa, comenta se ouviu alguma história infantil na escola?

Qual a expressão dele?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2- 3. Vocês, os pais, têm o hábito de contar história infantil ao(s) seu(s) filho(s) em

casa? Quais as de que eles mais gostam de ouvir?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3- 4. Seu filho tem o costume de te pedir para lhe contar uma história?

___________________________________________________________________

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4- 5. Na sua opinião, a contação de história influencia no desenvolvimento da

aprendizagem do seu filho? Justifique.

___________________________________________________________________

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