137
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE DOUTORADO MAYARA LIMA BARBOSA CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NATAL/RN 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CURSO DE DOUTORADO

MAYARA LIMA BARBOSA

CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE

APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

NATAL/RN

2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

MAYARA LIMA BARBOSA

CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE

APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Doutor em Enfermagem Área de Concentração: Enfermagem na atenção à saúde. Linha de Pesquisa: Desenvolvimento tecnológico em saúde e enfermagem. Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

NATAL/RN

2019

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE

APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS

PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do título de Doutor em Enfermagem Resultado: Aprovada Data: 19 de junho de 2019.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

AGRADECIMENTOS

Após aproximadamente 62.400 km percorridos entre Campina Grande-PB e

Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui

para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria construir esse feito e

percorrer esse longo caminho sozinha.

A Deus, que cuidou de mim por toda a estrada, que me fortaleceu, abençoou-

me e, nas horas mais difíceis, falava ao meu coração “Eu sei bem o que tens vivido,

sei também que tens chorado, eu sei bem que tens sofrido, pois permaneço ao teu

lado, ninguém te Ama como Eu”.

À minha família que, mesmo sem entender muita coisa sobre o que é a pós-

graduação, permaneceu junto a mim. Em especial, à minha Mãe Goretti que ao seu

modo demonstra todo o amor e cuidado comigo. Ao meu Pai Adelson maior

incentivador dos meus estudos, mesmo sem entender porque gosto tanto de

estudar. Ao meu Irmão Helder que me apoiou em tudo durante esse tempo,

inclusive com a criação do produto final desta tese, o objeto virtual de aprendizagem

e toda sua cartela de cores, muito obrigada! E a minha Irmã Danielle que não

esteve presente durante boa parte desse caminho, mas que rezou por mim mesmo

longe.

À Anny, minha amiga-irmã, um presente de Deus da minha vida, sem sua

amizade nada disso estaria acontecendo, só nós sabemos tudo o que passamos

para que eu pudesse chegar até aqui. Meu muito obrigada por tudo, desde as

incansáveis leituras e correções da tese ao suporte de dividir comigo todas as

angústias e felicidades da vida. Não poderia deixar de agradecer à sua família,

Dona Célia, Fernanda e Pedro, que mostrou ser minha família também, me ajudou

quando precisei e rezou por mim.

À minha orientadora, Profa. Dra. Viviane Euzébia, muito obrigada por ter me

acolhido no doutorado e em uma cidade nova e desconhecida e por aceitar meu

tema de estudo. Sua atenção e cuidado comigo ficarão guardados para sempre.

Assim como os ensinamentos, as orientações e o compromisso e a força com que

faz pesquisa e é docente.

À Profa. Dra. Gabriela Costa, minha orientadora da graduação e do

mestrado. A primeira pessoa com quem dividi o sonho de ser doutora e professora

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

e, desde esse dia, contribuiu e construiu junto comigo a minha formação como

pessoa e docente.

Às minhas companheiras de viagens e de vida, Emanuella de Castro

(Manu), Renata Clemente (Tata) e Karolinne Souza (Karol) gostaria de agradecer

por todas as conversas, dicas, estudos compartilhados e os sushis que dividimos

durante esse tempo. À Adriana Amorim (Adri) por todos os cafés divididos e o

apoio compartilhado. Deus foi muito generoso ao colocar cada uma de vocês na

minha vida e no momento certo.

Aos meus amigos Alcides, Cecília e Suzane por dividir comigo essa

caminhada chamada doutorado, por me ensinar sobre paciência e amizade, por me

acolher em uma cidade nova e estarem sempre disponíveis para dividir momentos.

Aos professores que compuseram a banca de defesa, Professora Dra.

Gabriela Maria Cavalcanti Costa, Professor Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior,

Professora Dra. Ana Luisa Petersen Cogo e Professora Dra. Pétala Tuani

Candido de Oliveira Salvador pela disponibilidade em participar e pelas

considerações que contribuíram para o aprofundamento deste trabalho.

Aos que compõem o LABTEC, obrigada por me acolher, por contribuir com

esta tese e seu produto. Guardarei cada corujinha em meu coração, todos os

encontros, formais ou não, tornam-se momentos de aprendizados para a academia

e para a vida.

A todos que fazem o curso de medicina da UNIFACISA, em especial, à

coordenação de curso, às secretárias, ao grupo de Saúde Coletiva e aos

professores dos componentes básico pelo apoio e incentivo durante a minha

formação no curso de doutorado.

A todos os meus amigos que compartilharam comigo essa caminhada,

torceram e rezaram pela vitória, muito obrigada!

À Profa. Dra. Patrícia, você trouxe novas experiências e perspectivas para a

minha vida docente. Muito obrigada pela amizade criada e que será sempre

cultivada.

Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN, que busca o

crescimento da ciência da Enfermagem através da formação e qualificação de

profissionais.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo

apoio financeiro.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

À Secretaria de Estado da Administração Penitenciária/PB, aos

profissionais de saúde da EABP, aos juízes e aos discentes do curso de

Enfermagem/UFRN pela disponibilidade em participar da pesquisa e por todas as

contribuições direcionadas para o aperfeiçoamento do OVA – Saúde penitenciária.

Não seria capaz de agradecer diretamente a todas as pessoas envolvidas.

Dessa forma, quero prestar um agradecimento especial a todos que participaram,

direta ou indiretamente, desse percurso e que contribuíram para a realização desse

sonho. Muito obrigada!

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

“Em qualquer situação, por mais difícil e complicada, mais sofrida ou incompreensível, seguirei em frente reunindo todas as forças para transformar-me cada

vez mais na pessoa que decidi ser.” (Madre Teresa de Calcutá)

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

BARBOSA, M. L. CONSTRUÇÃO, VALIDAÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APOIAR O ENSINO SOBRE A SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE. 2019. 137 f. Tese (Doutorado em Enfermagem). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN), 2019.

RESUMO

Objetivou-se construir, validar e avaliar um Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade. Trata de um estudo metodológico, com abordagem quantitativa, desenvolvido no período de junho/2017 a março/2019, cujas etapas seguiram o modelo proposto por Pasquali: procedimentos teóricos, empíricos e analíticos e os conceitos do Design Instrucional (modelo ADDIE). Os procedimentos teóricos compreenderam a identificação dos conteúdos que compuseram o Objeto Virtual de Aprendizagem, a partir da realização de entrevistas com os profissionais de saúde das Equipes de Atenção Básica Prisional e de uma scoping review. Para a construção da hipermídia foi considerado o referencial de Pasquali para elaboração de conteúdo e a organização seguiu os princípios da Teoria da Aprendizagem Significativa. Nos procedimentos empíricos realizou-se as etapas de validação de conteúdo, com o emprego da Técnica de Delphi. Esta etapa foi realizada com experts através de formulário eletrônico (Google forms) e para a seleção dos juízes adotou-se os critérios adaptados de elegibilidade proposto por Fehring. Nos procedimentos analíticos, procederam-se as análises referentes à concordância e ao Coeficiente de Validade de Conteúdo. A avaliação de usabilidade foi realizada com o público-alvo do Objeto Virtual de Aprendizagem, e utilizou-se a escala System Usability Scale e, de forma complementar, o Suitability Assessment of Materials. As determinações éticas presentes na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitadas. A partir das entrevistas com os profissionais de saúde e dos resultados da revisão de escopo elucidou-se o conteúdo para composição do OVA, alinhando a realidade dos presídios e a literatura disponível com aspectos que favorecem a aprendizagem significativa, a saber: organização e ordenação não arbitrária do conteúdo, inclusão de materiais introdutórios e domínio dos conhecimentos atuais, para posterior introdução de nossos assuntos. A estruturação do Objeto Virtual de Aprendizagem procedeu-se em sete telas, a saber: apresentação, conceitos, aparatos legais, sistema penitenciário, processo de trabalho, publicações e disposições finais/créditos. Os itens que compuseram as telas continham informações sobre texto inicial com boas-vindas, instruções de navegação e botões de acesso às telas de conteúdo, título e apresentação da tela, texto interativo, proposta de exercício e dicas de leitura para aprofundamento, ressalta-se que a presença de tais itens variou de acordo com a necessidade da tela. Após a construção, sucedeu-se a validação de conteúdo, em que participaram na primeira e na segunda rodadas 11 e oito juízes, respectivamente. Após a primeira rodada de Delphi, o Objeto Virtual foi reformulado a partir das sugestões advindas dos experts, que contribuíram para aprofundamento do instrumento educacional. O Objeto Virtual de Aprendizagem foi submetido a Delphi 2, em que a concordância foi de 97,6% e Coeficiente de Validade de Conteúdo igual a 1. Posteriormente, procedeu-se a avaliação de usabilidade, esta foi realizada com 20 alunos de enfermagem, a System Usability Scale obteve média de 82,9 e a Suitability Assessment of Materials de 88,36%. O Objeto Virtual de Aprendizagem – Saúde penitenciária teve seu

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

conteúdo validado e a avaliação de usabilidade foi satisfatória. Nesse sentindo, a futura disponibilização do material educacional poderá fomentar e contribuir para o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade entre os alunos da área da saúde. Palavras-Chaves: Prisões. Profissionais de saúde. Tecnologia educacional. Hipermídia. Enfermagem. Ensino

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

BARBOSA, M. L. DEVELOPMENT, VALIDATION AND EVALUATION OF A VIRTUAL LEARNING OBJECT TO SUPPORT PRISONERS’ HEALTH EDUCATION. 2019. 137 f. Thesis (Doctorate of Nursing). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (RN), 2019.

ABSTRACT The objective was to develop, validate and evaluate a Virtual Learning Object to support prisoners’ health education. It is a methodological study, with a quantitative approach, developed between June/2017 and March/2019, which followed the steps proposed by Pasquali: theoretical, empirical and analytical procedures and the concepts of Instructional Design (ADDIE model). The theoretical procedures included the identification of the contents that composed the Virtual Learning Object from interviews with health professionals of the Prison Basic Attention Teams and a scoping review. For the construction of the hypermedia was considered Pasquali's reference for content elaboration and the organization followed the principles of Significant Learning Theory. In the empirical procedures the content validation steps were carried out using the Delphi technique. This stage was carried out with experts through electronic form (Google forms) and eligibility criteria adapted from what is proposed by Fehring was adopted for the selection of the judges. In the analytical procedures the analyzes were carried out regarding the agreement and the Content Validity Coefficient. The usability assessment was carried out with the target audience of the Virtual Learning Object, using the System Usability Scale and, in a complementary way, the Suitability Assessment of Materials. The ethical determinations proposed in Resolution No. 466/2012 of the National Health Council were respected. From the interviews with the health professionals and the results of the scope review, the content for VLO composition was clarified, aligning the reality of prisons and the available literature with aspects that favor meaningful learning, namely: organization and ordering arbitrary content, inclusion of introductory materials and mastery of current knowledge, for further introduction of our subjects. The structure of the Virtual Learning Object was carried out in seven screens, that were: presentation, concepts, legal apparatus, penitentiary system, work process, publications and final provisions / credits. The items that composed the screens contained information about initial text with welcome, navigation instructions and access buttons to the screens of content, title and screen presentation, interactive text, proposed exercises and reading tips for deep learning, it is worth mentioning that the presence of such items varied according to what was needed in each screen. After the development, content validation followed, in which 11 and then 8 judges participated in the first and second rounds, respectively. After the first round of Delphi, the Virtual Object was reformulated based on suggestions from the experts, which contributed to improvement of the educational tool. The Virtual Learning Object was submitted to Delphi 2, that showed an agreement of 97.6% and Content Validity Coefficient equal to 1. Subsequently, the usability evaluation was carried out with 20 nursing students, the System Usability Scale obtained an average of 82.9% and the Suitability Assessment of Materials of 88.36%. The Virtual Learning Object - Prison Health had its content validated and the usability assessment was satisfactory. In view of this, future availability of this educational material may foster and contribute to health education of prisoners among health students.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

Keywords: Prisons. Health professionals. Educational technology. Hypermedia, Nursing. Teaching

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema representacional da aprendizagem significativa e seus processos relacionados, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019........................................................................................................................ 30

Figura 2 - Relação da Teoria da Aprendizagem Significativa com o Objeto Virtual de Aprendizagem, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019. ................... 34

Figura 3 - Demonstração dos contextos imediato, específico, geral e metacontexto para a saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019........................................................................................................................ 36

Figura 4 - Método de Pasquali et al (2010) aplicado ao desenvolvimento do OVA para subsidiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.............................................................. 45

Figura 5 - Etapas de validação e avaliação durante os procedimentos empíricos, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.............................................

552 Figura 6 - Classes componentes do dendrograma do corpus textual das entrevistas com profissionais que compõem as EABP do estado da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019....................................................................... 60

Figura 7 - Análise de similitude do corpus, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019........................................................................................................................ 64

Figura 8 - Fluxograma para a seleção dos textos dos estudos incluídos na scoping review (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2017.......................... 69

Figura 9 - Score das respostas dos alunos aos itens da System Usability Scale, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019......................................... 89

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estratégias de busca da scoping review, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019 ............................................................................................. 49

Quadro 2 - Critérios empregados no processo de validação do OVA, segundo Pasquali et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019......................... 51

Quadro 3 - Critérios propostos por Fehring (1994) e suas respectivas adaptações, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019... 55

Quadro 4 - Componentes de qualidade indicados por Nielsen nas questões da System Usability Scale, de acordo com Tenório et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019 ............................................................................ 56

Quadro 5 - Caracterização dos estudos incluídos na scoping review segundo título, ano e país de publicação e objetivo do estudo (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019............................................................................. 71

Quadro 6 - Descrição das ações realizadas pela equipe de saúde nas prisões, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.............................................. 74

Quadro 7 - Descrição das facilidades e dificuldades por continente para a realização da assistência à saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.......................................................................................................... 76

Quadro 8 - Telas que compõem o OVA, segundo seu objetivo e itens componentes, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.................................... 82

Quadro 9 - Sugestões dos juízes nos itens considerados parcialmente adequados e inadequados na etapa Delphi 1, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.......................................................................................................... 84

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização da amostra de profissionais de saúde que atuam

no sistema penitenciário da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil,

2019.................................................................................................................... 59

Tabela 2 - Caracterização dos juízes quanto à formação em nível de

graduação e pós-graduação, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019............ 83

Tabela 3 - Nível de concordância e CVC para a avaliação geral do OVA, a

partir dos critérios de Pasquali et al (2010), nas rodadas de Delphi 1 e 2,

Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019........................................................... 83

Tabela 4 - Valores correspondentes as médias de concordância e CVC dos

critérios de Pasquali et al (2010) avaliados pelos juízes nas rodadas Delphi 1

e 2, por tela do OVA, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019......................... 85

Tabela 5 - Respostas dos alunos aos itens adaptados do SAM, Natal, Rio

Grande do Norte, Brasil, 2019............................................................................ 90

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APS Atenção Primária à Saúde

CF Constituição Federal

CHD Classificação Hierárquica Descendente

CNS Conselho Nacional de Saúde

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CSS Cascading Style Sheets

CVC Coeficiente de Validade de Conteúdo

DEPEN Departamento Penitenciário Nacional

EABP Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional

HIV Human Immunodeficiency Virus

HTML HyperText Markup Language

Iramuteq Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes

et de Questionnaires

IVC Índice de Validade de Conteúdo

LEP Lei de Execuções Penais

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OVA Objeto Virtual de Aprendizagem

PNAISP Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas

Privadas de Liberdade no Sistema Prisional

PNCTI Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

PNCTIS Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde

PNSSP Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário

PPL Pessoas Privadas de Liberdade

RAS Rede Assistencial de Saúde

SAM Suitability Assessment of Materials

SEAP-PB Secretaria de Estado de Administração Penitenciária na Paraíba

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SUS Sistema Único de Saúde

TAS Teoria da Aprendizagem Significativa

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação

WWW World Wide Web

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 18 2 JUSTIFICATIVA............................................................................................. .. 23 3 OBJETIVOS........................................................................................... .......... 27 3.1 Objetivo Geral............................................................................................. . 27 3.2 Objetivos Específicos ............................................................................... . 27 4 REFERENCIAL FILOSÓFICO......................................................................... 28 5 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 29 5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa....................................................... 29 5.2 Teoria da Aprendizagem Significativa e o desenvolvimento de um Objeto Virtual de Aprendizagem para a área da saúde.................................. 32 6 ANÁLISE DE CONTEXTO DA SAÚDE PENITENCIÁRIA NO BRASIL.......... 35 7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................... 44 7.1 Caracterização do Estudo........................................................................... 44 7.2 Procedimentos teóricos.............................................................................. 46 7.2.1 Fase Teórica............................................................................................. . 46 7.2.1.1 Entrevistas com os profissionais .................................................................. 46 7.2.1.2 Scoping Review ..................................................................................... 47 7.2.2 Fase Construção do OVA......................................................................... 50 7.2.2.1 Planejamento do conteúdo, Planejamento operacional e Primeira versão do OVA................................................................................................... .. 50 7.3 Procedimentos empíricos e analíticos....................................................... 52 7.3.1 Procedimentos empíricos........................................................................ 52 7.3.2 Procedimentos analíticos......................................................................... 56 7.4 Aspectos Éticos........................................................................................... 57 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 58 8.1 Entrevista com os profissionais da EABP................................................. 58 8.2 Scoping Review............................................................................................ 69 8.3 Construção e Validação de conteúdo do OVA – Saúde penitenciária.... 81 8.4 Avaliação da usabilidade do OVA – Saúde penitenciária........................ 88 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... ... 94 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 96 APÊNDICES........................................................................................................ 107 APÊNDICE A – Roteiro para coleta de dados sociodemográficos dos profissionais de saúde a serem entrevistados............................................... 107 APÊNCICE B – Roteiro para entrevista – Profissionais de Saúde................ 110 APÊNDICE C –Termo de autorização para gravação de voz......................... 111 APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para profissionais de saúde...................................................................................... 113 APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para validação de conteúdo pelos juízes................................................................. 116 APÊNDICE F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Avaliação da usabilidade para os alunos........................................................ 119 APÊNDICE G – Instrumento para Validação de conteúdo – juízes............... 121 APÊNDICE H – Instrumentos para Avaliação de Usabilidade – Público- alvo...................................................................................................................... 124 ANEXOS.............................................................................................................. 127

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

18

1 INTRODUÇÃO

O cuidado à saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), no âmbito

prisional, é assegurado desde a Lei de Execuções Penais (LEP) (BRASIL, 1984).

Dessa forma, embora discreta, desde o momento da publicação da LEP já houve

inserção de profissionais de saúde nas unidades prisionais brasileiras, a fim de

prestar cuidados a essa população. Em momentos, nos quais o estabelecimento não

apresentasse provimentos necessários para a assistência, esta deveria ser oferecida

em outro local, como hospitais e clínicas (LERMEN et al, 2015).

O aumento considerável do número de profissionais de saúde no sistema

penitenciário brasileiro e sua oferta ocorreu a partir do Plano Nacional de Saúde do

Sistema Penitenciário (PNSSP), estabelecido pela Portaria Interministerial nº 1777,

de 09 de setembro de 2003, que trata da primeira legislação específica da saúde

nas prisões brasileiras. O grande desafio do cuidado em saúde no sistema

penitenciário era atuar contra a desassistência, presente no cotidiano das unidades

prisionais, aliada a uma perspectiva intersetorial (BRASIL, 2005).

O PNSSP foi instituído com o intuito de reduzir as injustiças relacionadas à

falta de assistência à saúde no interior das penitenciárias. Para tanto, o Ministério da

Saúde, em iniciativa conjunta ao Ministério da Justiça, reafirmou o compromisso do

Sistema Único de Saúde (SUS) no que concerne à atenção à saúde universal e

equânime, em consonância com o instrumento legal – a Constituição Federal (CF)

de 1988 – que reconhece a saúde como direito fundamental de todos (BRASIL,

1988).

Contudo, a superlotação, a insalubridade e a estrutura física precária das

penitenciárias continuavam a interferir negativamente no acesso da população

penitenciária aos serviços de saúde. Ademais, era fundamental elaborar uma política

pública que garantisse a atenção integral à saúde das PPL em todo o itinerário

carcerário – compreendido como o percurso do indivíduo desde as delegacias,

cadeias públicas, presídios, penitenciárias e demais unidades prisionais – ao

considerar que o PNSSP contemplava apenas a população privada de liberdade em

regime fechado e sentenciada (BRASIL, 2014a).

Assim, após 10 anos da publicação do PNSSP e, em decorrência de sua

avaliação, percebeu-se a necessidade de reformulação da política social, sendo

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

19

criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de

Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), por meio da Portaria Interministerial nº 1,

de 2 de janeiro de 2014 (BRASIL, 2014a).

As diretrizes gerais da PNAISP são a integralidade, a intersetorialidade, a

descentralização, a hierarquização e a humanização. O seu objetivo geral é garantir

o acesso das PPL no sistema prisional ao cuidado integral do SUS. Busca, ainda,

garantir a assistência ou a referência para os diversos tipos de agravos em saúde

que acometem a população carcerária (BRASIL, 2014a).

Para que o desenvolvimento das ações de saúde seja possível e haja a

efetivação da PNAISP, a política prevê que os profissionais de saúde estejam

organizados nas Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional (EABP). As

equipes devem ser constituídas por um médico, um enfermeiro, um técnico em

enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico ou

auxiliar de saúde bucal, com a possibilidade de acréscimo de um profissional de

nível superior (fisioterapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia

ocupacional, nutrição ou enfermagem) e/ou de uma equipe de saúde mental, quando

necessário (BRASIL, 2014a).

Em relação aos profissionais de saúde alocados nas penitenciárias, há os

entraves que se relacionam à garantia de universalidade do direito à saúde, ao

financiamento das ações, à garantia da participação popular, à redefinição do

modelo de atenção à saúde desse grupo populacional e, por fim, à gestão do

trabalho. Ainda, emergem problemas relacionados às especificidades inerentes aos

presídios, em que as limitações estruturais são comuns e interferem negativamente

na assistência ofertada (BRITO et al, 2017).

Ante ao cenário supracitado, é fundamental fornecer subsídios para a atuação

e preparar os graduandos da área de saúde para exercerem suas futuras profissões

nesse âmbito. A partir do treino de habilidade e competências específicas, ao

considerar essa área de atuação dos profissionais.

Nesse sentindo, o fomento de ações educacionais e a

reflexão/aprofundamento sobre a temática devem ser estimulados nos centros na

formação de recursos humanos para o SUS, a fim de contribuir para o

desenvolvimento de competências para a adequada atuação no cenário prisional

(BARBOSA et al, 2014).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

20

Para cooperar com a formação direcionada para o trabalho em saúde e dos

profissionais atuantes nas penitenciárias, entende-se que o uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC) é uma alternativa viável e seu uso tem sido

crescente em meio à sociedade contemporânea (SILVA; SOARES, 2018).

Ao final do século XX, houve um intenso desenvolvimento de tecnologias

voltadas para a informação e a comunicação entre pessoas, com ênfase para a

popularização da World Wide Web (WWW). Desde então, as tecnologias e recursos

digitais alcançaram espaço no cotidiano das pessoas com o objetivo de suprir as

diferentes lacunas e necessidades existentes entre as classes de usuários (LANZI et

al, 2012).

Considerando-se a crescente virtualização das relações interpessoais e o

anseio por informação, que é traduzido pela busca de novas fontes de conhecimento

(LANZI et al, 2012), a inclusão de tecnologias, no processo de ensino e

aprendizagem, tornou-se imperativa nos dias atuais.

Cabe ressaltar que a inserção dessas novas estratégias midiáticas para

conduzir o desenvolvimento do ensino não representa uma atividade simples e o

professor apresenta-se como essencial nesse momento, pois é de sua

responsabilidade a mediação de todo esse processo (SILVA; SOARES, 2018).

É inegável que o emprego das TIC tem se revelado como uma importante

estratégia para a inclusão de artifícios tecnológicos e interativos na construção do

saber, como a utilização de jogos, animações, simulações, entre outros meios do

âmbito digital (GEDIEL; SOARES; OLIVEIRA, 2016). Sua inserção no processo de

aprendizagem é reforçada pela teoria da cibercultura, que contribui para a formação

profissional, sob o prisma da virtualização das relações de aprendizagem (GROSSI;

KOBAYASHI, 2013).

Essa perspectiva é corroborada por Pierre Lévy e sua teoria de sociedade da

cibercultura e ciberespaço. Para esse filósofo “o saber não é uma pirâmide estática,

ele viaja em uma vasta rede móvel de centros de pesquisa, de bancos de dados, de

mídias, associando moléculas e grupos sociais, elétrons e instituições” (LÉVY, 1998,

p.179).

Essa forma dinâmica de ensinar e aprender, compreendida por Lévy, envolve

a interpretação do conteúdo midiático (SILVA; SOARES, 2018), a facilidade de

acesso das pessoas ao conhecimento, uma vez que reduz as barreiras geográficas

existentes (MASSON et al, 2014) e ainda proporciona maior autonomia para o aluno,

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

21

que é estimulado a participar efetivamente do processo de aprendizagem (COSTA;

LUZ, 2015).

Entre as diversas formas de inserção da tecnologia no ensino, destacam-se

os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA). Essa ferramenta digital caracteriza-se

por ser interativa, apresentar suporte multimídia e linguagem hipermídia, ser

reutilizável e apoiar a aprendizagem em diversos níveis de formação (GALLO;

PINTO, 2010).

Seu emprego envolve três princípios positivos: a flexibilidade, relacionada à

reformulação de seus conteúdos, a baixos custos; a interoperabilidade, que permite

seu emprego em qualquer parte do mundo, através da uniformização dos sistemas

de informatização; e a reusabilidade, que se refere à possibilidade de repetição

quanto à sua utilização (ALVAREZ, 2018).

A construção e a utilização de OVA, em consonância com teorias

educacionais aplicadas em todas as etapas de sua construção, torna-o uma

potencial ferramenta para o ensino (COSTA; LUZ, 2015; AVELINO et al, 2016).

Portanto, entende-se que a Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) é uma

importante fundamentação teórica para a construção e utilização do OVA.

A TAS se sustenta nas alterações cognitivas empreendidas após o aluno

relacionar novas informações com aquelas já existentes em sua estrutura cognitiva.

Para tanto, duas condições são essenciais: o novo material deve ser potencialmente

significativo para o aluno e o aluno deve apresentar-se predisposto a aprender

(AUSUBEL, 2002).

O OVA se coloca, portanto, como a expressão de um material potencialmente

significativo, que alia a sua capacidade em explorar as potencialidades dos alunos

envolvidos, de forma autônoma, a partir de relações multidirecionais de

comunicação e de intercâmbio de saberes (ALVAREZ, 2018).

É importante ressaltar que as características do OVA coadunam com o perfil

dos alunos atuais, que apresentam aproximação e consomem naturalmente as

tecnologias e, portanto, buscam por meios digitais de ensino, que propiciem de

modo ativo e participativo a busca por conhecimento, em detrimento de aulas menos

dinâmicas (RIBEIRO et al, 2016).

Isto posto, para o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade a

partir da utilização do OVA seja possível, defende-se a sua utilização como material

de apoio para o ensino presencial, que caracteriza o Blended Learning ou B-learning

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

22

(Ensino híbrido). Essa modalidade apresenta a incorporação de atividades a

distância no ensino presencial e, ainda, possibilita a integração de estratégias de

aprendizagem – baseadas na resolução de problemas e na problematização – de

forma colaborativa, que contribui para a promoção de uma formação para o trabalho

multiprofissional (GOUDOURIS; STRUCHINER, 2015).

Assim, delineou-se como objeto desta pesquisa a construção, validação e

avaliação de um OVA para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de

liberdade. Cuja tese é: o OVA proposto é válido para apoiar o ensino sobre a saúde

penitenciária. E, tem-se como questão norteadora “como deve ser construído,

validado e avaliado um OVA para apoiar o ensino sobre saúde penitenciária?”.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

23

2 JUSTIFICATIVA

A população privada de liberdade encontra-se em situação de vulnerabilidade

e muitos são os fatores que perpetuam essa realidade, como os sociais, os culturais,

os econômicos e os organizacionais das políticas públicas sociais do Estado. Nesse

contexto, as PPL, confinadas no interior das penitenciárias nacionais, são pouco

percebidas pelos governantes e pela sociedade (SOARES FILHO; BUENO, 2016).

Concomitantemente a essa conjuntura, observa-se o sucateamento das

estruturas físicas e o crescimento exponencial do número de PPL, em grande parte

provenientes de classes menos favorecidas economicamente, cenário que contribui

sobremaneira para o lastimável estado de saúde dessa população (SANCHEZ;

LEAL; LAROUZE, 2016).

Sabe-se, ainda, que a condição de saúde se torna mais grave durante o

período do confinamento. A prevalência das doenças entre as PPL, em muitos

casos, apresenta-se superiores àquelas verificadas na população extramuros. Entre

as queixas de saúde mais relatadas no interior dos presídios encontram-se:

problemas do aparelho digestório (constipação, dificuldades digestivas e gastrite);

dificuldade auditiva e visual; doenças respiratórias (sinusite, rinite alérgica e

bronquite crônica); doenças cardíacas (hipertensão arterial); doenças infecciosas

(dengue e tuberculose) e as doenças de pele (úlceras e psoríase) (MINAYO;

RIBEIRO, 2016).

Entretanto, para o enfrentamento desse grave cenário tem-se um sistema de

saúde prisional subfinanciado, insuficientemente equipado, com profissionais pouco

motivados, que utilizam estratégias inadequadas por serem fragmentadas e

essencialmente prescritivas (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Entre as possíveis soluções para essas lacunas observadas no cotidiano das

EABP destaca-se o reconhecimento dos problemas existentes, da constatação das

singularidades que permeiam o exercício profissional no ambiente prisional nacional

(BRITO et al, 2017).

Dessa forma, o fomento do saber na área da saúde penitenciária é capaz de

contribuir para solucionar os problemas evidenciados nessa área. Assim, justifica-se

a construção, a validação e a avaliação de dispositivos para apoiar o ensino sobre a

saúde das PPL. A importância da inclusão desse tema durante a formação

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

24

profissional coaduna com o reconhecimento da complexidade do exercício laboral de

profissionais de saúde no cárcere.

O estudo e a abordagem das práticas assistenciais para essa população,

entre as instituições formadoras, são capazes de fomentar discussão e

compreensão acerca das condições de vida e de saúde das PPL e, por conseguinte,

o desenvolvimento de competências para a execução de atividades para as reais

necessidades dessa população (COSTA et al, 2014; BEZERRA; ASSIS;

CONSTANTINO, 2016).

Estratégias articuladas entre saúde e tecnologia têm-se mostrado como uma

importante solução para tais lacunas verificadas nos centros de formação de

profissionais. Como a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em

Saúde (PNCTIS) que busca delimitar pesquisas, cujos conhecimento e inovação

tecnológica sejam capazes de propiciar melhorias na saúde da população que usa o

SUS (BRASIL, 2008).

Considera-se, então, que a criação de um OVA sobre saúde penitenciária

pode representar uma importante estratégia para o apoio do ensino desse tema

durante a formação na área da saúde.

Em seu texto, a PNCTIS reconhece o número ainda incipiente de iniciativas e

oportunidades que fomentam a capacitação, a partir da ciência, tecnologia e

inovação em saúde, que contribuem para a aplicação da produção científica e da

tecnologia criada no que se refere ao melhoramento dos programas e ações já

existentes no âmbito no SUS (BRASIL, 2008).

A Agenda de prioridades de pesquisa do ministério da saúde também propõe

no eixo 4 o desenvolvimento de tecnologias e inovação em saúde que busquem

aumentar a resolubilidade da APS em áreas vulneráveis, como é reconhecidamente

a saúde em ambiente prisional (BRASIL, 2018a). Desse modo, tecnologias voltadas

para essa temática podem favorecer o acesso às práticas assistenciais e, por

conseguinte, potencializar a resolução dos problemas de saúde entre as PPL.

Ademais, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação

na área da saúde destacam a necessidade de empreender mudanças no que

concerne ao processo de formação dos profissionais, de modo a estimular o trabalho

em equipe em consonância com os serviços de saúde e a comunidade, a partir do

estímulo do pensamento crítico e da capacidade de absorver novos conteúdos de

modos diferentes (BRASIL, 2001).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

25

Esse aspecto encontra-se em conformidade com as potencialidades,

características e concepções do Blended Learning. Essa abordagem compreende a

educação como um processo dinâmico, que incentiva a organização dos conteúdos

e as suas formas de apresentação e de interação em conformidade com as

maneiras de aprender do indivíduo, ao considerar as permanentes transformações

sociais (SOUSA; SCHLÜNZEN JR, 2018).

Suas potencialidades referem-se à ampliação e flexibilização do tempo e

espaço para seu uso, a alta capacidade de interação entre alunos e docentes –

situação que potencializa o diálogo e formação para o trabalho em equipe, elimina

as limitações e transtornos do ensino exclusivamente online e é personalizável

(SOUSA; SCHLÜNZEN JÚNIOR, 2018).

Contudo, o respeito a alguns pré-requisitos é essencial para que o Blended

Learning possa funcionar corretamente, entre os quais se destaca a necessidade da

ampliação da perspectiva dos professores, com recepção positiva para a

implantação dessa abordagem mista de ensino – que pode ser facilitada com a

realização de treinamento; laboratório de informática completo ou possibilidade de

acesso à internet de forma gratuita; pais e/ou responsáveis conscientes e de acordo

com a formação mista e avaliações formativa e contínua interna bem estabelecidas

e delimitadas (LALIMA; DANGWAL, 2017).

Ressalta-se que o propósito da abordagem da aprendizagem híbrida não

recai sobre a troca do ensino tradicional e presencial por uma sala de aula virtual,

sua aplicação pretende a integração entres formas de ensinar e aprender, formais e

informais, ao objetivar que as informações e o conhecimento presentes, dentro e

fora da sala de aula, sejam unificados (SOUSA; SCHLÜNZEN JR, 2018).

O emprego de tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, em

diversos contextos da área da saúde, tem alcançado excelentes resultados. A

utilização de OVA tem se mostrado como facilitador, quando usado nas aulas

presenciais, e promove a motivação dos alunos para a aprendizagem a distância

(MASSON et al, 2014).

Tal situação é possível, pois essas estratégias digitais apresentam ambientes

amigáveis, motivadores e interativos (AVELINO et al, 2016). E, ainda, contribuem

para o desenvolvimento de competências para a prestação da assistência em saúde

mais qualificada (PEREIRA et al, 2014).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

26

Dessa forma, a criação de ciberespaços destinados à formação constitui-se

em importante oportunidade para a ampliação de saberes poucos difundidos, como

saúde das PPL. E ações nesse sentido representarão um avanço para a educação

dos futuros profissionais em saúde e podem contribuir para a melhoria na

assistência oferecida no interior das unidades prisionais brasileiras.

Ante aos aspectos abordados, apreende-se que a saúde das PPL, como

política nacional e, portanto, eixo prioritário de atenção no SUS, deve ser alvo da

PNCTIS. Em que a criação de um dispositivo para a abordagem da temática, nos

centros de formação profissional, apresenta-se como uma significante estratégia

para o fomento da discussão e, por conseguinte, para a melhoria da assistência à

saúde das PPL no País.

Além disso, a produção de um OVA – tecnologia educacional – está em

conformidade com a linha de pesquisa “Desenvolvimento tecnológico em saúde e

enfermagem” do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

27

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Construir, validar e avaliar um Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o

ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade

3.2 Objetivos Específicos

Identificar os itens necessários para compor o Objeto Virtual de

Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de

liberdade;

Construir o Objeto Virtual de Aprendizagem para apoiar o ensino sobre a

saúde das pessoas privadas de liberdade;

Validar o conteúdo do Objeto Virtual de Aprendizagem;

Avaliar a usabilidade do Objeto Virtual de Aprendizagem.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

28

4 REFERENCIAL FILOSÓFICO

O referencial filosófico baseia-se na teoria de sociedade da cibercultura e do

ciberespaço, defendidos pelo filósofo Lévy Pierre, relacionada ao ensino.

O texto foi publicado na revista Saúde e Transformação Social, sob título

“Ciberespaço para produção de conhecimento aos profissionais de saúde no

Sistema prisional” (ANEXO A).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

29

5 REFERENCIAL TEÓRICO

A construção do OVA sobre saúde penitenciária foi estruturada a partir da

Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) por considerar a necessidade de aporte

na área da educação e, ainda, reconhecer o grande potencial desse referencial no

que se refere ao processo de ensino e aprendizagem que se contrapõe ao modelo

mecânico.

Esse referencial encontra-se estruturado em dois subitens, a saber: Teoria da

aprendizagem significativa; e Teoria da aprendizagem significativa e o

desenvolvimento de um objeto virtual de aprendizagem.

5.1 Teoria da Aprendizagem Significativa

A TAS é defendida por David Ausubel, graduado em psicologia e medicina,

com doutorado em Psicologia do Desenvolvimento, que se dedicou a estudar a visão

cognitiva da psicologia educacional (MOREIRA, 2012). Sua teoria afirma que a

aprendizagem significativa se refere ao processo de aprendizagem no qual o

conhecimento novo interage de maneira não literal e intencional com o

conhecimento prévio e relevante, existente na estrutura cognitiva do sujeito

(AUSUBEL, 2000).

A estrutura cognitiva corresponde, então, às informações estabelecidas na

mente do sujeito, cujos elementos são organizados hierarquicamente – entre gerais

e específicos – e mantêm relações complexas e dinâmicas. Assim, a organização

dos elementos na estrutura cognitiva do sujeito é mutável ao longo do tempo e

variável de acordo com o campo do saber (AUSUBEL, 2000).

Na TAS, os elementos que constituem as informações presentes na estrutura

cognitiva do sujeito, portanto componentes de informação prévia, são denominados

subsunçores ou ideias-âncora (AUSUBEL, 2000).

Acerca dos subsunçores, ressalta-se que, embora possam ser considerados

como conceitos, esse dispositivo da estrutura cognitiva não trata apenas de

definições estruturantes, mas podem ser representados por proposições, modelos

mentais, concepções, ideias, representações sociais, entre outros (MOREIRA,

2012).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

30

É importante esclarecer que os primeiros subsunçores de um indivíduo são

pouco estáveis, por terem sido formados a partir de processos contínuos e

dinâmicos de inferência, descobrimento e representação que decorre de diversos

encontros do sujeito com objetos, eventos e conceitos. E, gradativamente, os

subsunçores adquirem níveis crescentes de estabilidade e especificidade em

decorrência de sucessivas aprendizagens significativas e seus processos

relacionados (AUSUBEL, 2000).

A dinamicidade dos subsunçores na estrutura cognitiva decorre de dois

processos: a diferenciação progressiva e a reconciliação integradora. A

diferenciação progressiva refere-se ao modo no qual há concessão de novos

significados a um subsunçor, e ocorre em decorrência de sua utilização frente à

interação com novos conhecimentos. A reconciliação integradora ocorre ao mesmo

tempo da diferenciação progressiva e constitui-se no processo de eliminar as

diferenças entre os conceitos, a partir da resolução de inconsistências (Figura 1)

(AUSUBEL, 2000).

Figura 1 - Esquema representacional da aprendizagem significativa e seus processos relacionados, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

31

Entretanto, para que haja a aprendizagem significativa, Ausubel (2000)

menciona ser fundamental a ocorrência de uma variável e duas condições: o

conhecimento prévio do aluno; o material com caráter potencialmente significativo; e

a predisposição do aluno para aprender, respectivamente.

Dentre esses, o conhecimento prévio consiste na variável isolada de maior

representatividade para a ocorrência da aprendizagem significativa, pois o fenômeno

da ancoragem é dependente da interação entre as informações novas e já presentes

na estrutura cognitiva (AUSUBEL, 2000).

O potencial significativo do material a ser abordado relaciona-se à capacidade

de apresentar significado lógico e ordenamento de ideias que possibilite a relação

intencional e não literal com a estrutura cognitiva do aprendiz (AUSUBEL, 2000).

E a predisposição do aluno em aprender refere-se à necessidade de que sua

estrutura cognitiva apresente subsunçores relevantes para a interação deste com a

nova informação e que este aluno deseje os processos de diferenciação e

integração em sua estrutura cognitiva (AUSUBEL, 2000).

Essa última condição pode deparar-se com um importante entrave: a

inexistência ou o não reconhecimento de subsunçores adequados na estrutura

cognitiva do aprendiz para que haja a ancoragem da nova informação. Nesses

casos, naturalmente ocorre a aprendizagem mecânica.

Contudo, a TAS prevê a possibilidade de criar organizadores prévios, a fim de

promover ancoragem ou fomentar a percepção da relação entre o novo

conhecimento e as ideias já existentes na estrutura cognitiva do sujeito. Os

organizadores prévios são compreendidos como um recurso instrucional, cujas

informações apresentam-se mais abrangentes, gerais e inclusivas que o material

para a aprendizagem significativa (AUSUBEL, 2000).

Os professores apresentam-se como fundamentais quando não há

organizadores prévios ou o não reconhecimento de subsunçores adequados, pois

são capazes de introduzir materiais que poderão servir para a ancoragem e também

podem mediar a percepção do aluno em relação ao conhecimento prévio e a nova

informação e, assim, despertar subsunçores, anteriormente desconsiderados

(SOUSA et al, 2015).

É importante ressaltar que a forma de interação entre a nova informação e

aquela já existente na estrutura cognitiva do sujeito não é única, portanto, pode

ocorrer por subordinação, superordenação e combinatória. A subordinação decorre

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

32

quando novos conhecimentos adquirem significado em conhecimentos prévios

relevantes mais abrangentes e inclusivos. A superordenação ocorre quando os

novos conhecimentos vão sendo adquiridos e envolvidos em processos de

abstração, indução e síntese, que levam os novos conhecimentos a subordinar

aqueles presentes. A combinatória implica na interação com vários outros

conhecimentos, que não são nem mais inclusivos ou específicos (AUSUBEL, 2000).

A aprendizagem significativa pode ser classificada em: representacional,

conceitual e proposicional. A representacional refere-se aos símbolos que

representam significados. A conceitual percebe regularidades em eventos e objetos

que são constituídos por um símbolo. E a proposicional fornece novas ideias

expressas na forma de uma proposição. Assim, os tipos de aprendizagem

representacional e conceituais são pré-requisitos para que ocorra a aprendizagem

proposicional (AUSUBEL, 2000).

Independentemente da forma de interação ou do tipo de aprendizagem

significativa que é desenvolvida, a proposta teórica de Ausubel representa uma

alternativa viável e eficaz para a formação profissional ao considerar sua aplicação

inovadora, a apresentação de novas informações e a elaboração contínua de

conceitos, em consonância com o conhecimento prévio, que visa a retenção e

consolidação das informações (SOUSA et al, 2015).

5.2 Teoria da Aprendizagem Significativa e o desenvolvimento de um Objeto

Virtual de Aprendizagem para a área da saúde

A TAS remete a uma aquisição de conhecimento em uma estrutura

organizada e em uma situação formal de ensino. Por muito tempo, essa situação

formal de ensino era reconhecidamente a sala de aula em moldes tradicionais.

Atualmente, esse cenário é ampliado e pode ser híbrido, a partir da inclusão das TIC

no processo de aprendizagem (MOREIRA, 2012).

O ensino híbrido é uma realidade crescente e presente em diversas áreas de

conhecimento, inclusive na saúde. Isto posto, a utilização conjunta entre as

metodologias de ensino digitais e as TIC subsidiadas pela TAS pode contribuir para

a formação na área de saúde, ao promover a assimilação dos conteúdos e

informações técnicas, teóricas ou inovadoras, a partir de estratégias amplamente

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

33

acessíveis, ativas e flexíveis capazes de modificar as práticas e condutas

direcionadas para o cuidado e a assistência em saúde (TRONCHIN et al, 2015).

Entre as alternativas em que a tecnologia pode ser construída a partir de

aporte didático pedagógico tem-se a elaboração de dispositivos virtuais (SOUSA et

al, 2015), como o OVA.

O OVA é uma ferramenta caracterizada como digital, participativa, flexível e

que estimula o conhecimento e o aprendizado autônomo e independente

(TAMASHIRO; PERES, 2014). Sua introdução é emergente nas instituições

formadoras e se relaciona ao incentivo a uma aprendizagem ativa e significativa

entre os discentes (COSTA; LUZ, 2015).

O desenvolvimento de práticas de ensino mediadas por tecnologia,

associadas às teorias de ensino e aprendizagem, podem contribuir positivamente

para a formação de profissionais (SOUSA et al, 2015). Pois os objetos virtuais

construídos a partir da TAS favorecem a interação entre o conhecimento prévio do

aluno e a nova informação. Destaca-se que os materiais educacionais não são

classificados como significativos ou não significativos, pois o processo relaciona-se

às condições e variáveis que dependem do aprendiz (SOUSA et al, 2015). Contudo,

alguns aspectos no material cooperam com o desenvolvimento da aprendizagem.

A organização dos conteúdos fomenta e potencializa a diferenciação

progressiva e a reconciliação integrativa – processos essenciais para o

desenvolvimento da aprendizagem significativa. Dessa forma, a disposição e a

ordenação das informações no objeto educacional não são realizadas

aleatoriamente, as ideias mais gerais e organizadoras devem ser inicialmente

abordadas e, progressivamente, há a inserção de informações menos inclusivas e

diferenciadas.

Outro aspecto facilitador da aprendizagem significativa e que pode ter

aplicação no OVA denomina-se organizador prévio. Os organizadores prévios –

como já descritos anteriormente, são recursos empregados em situações que os

alunos não apresentam subsunçores adequados – quando colocados como

materiais introdutórios que promovem as ligações do novo assunto com a estrutura

cognitiva do aluno, a fim de construir a base para que haja significação posterior.

Ainda, Ausubel (2000) refere-se à consolidação, relacionada ao domínio dos

conhecimentos atuais, para posterior introdução de novos assuntos. A consolidação

pode ser alcançada a partir da inclusão de exercícios durante o processo de

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

34

aprendizagem. Entre os instrumentos e estratégias que colaboram para a

consolidação, destaca-se a construção dos mapas conceituais ou atividades que

utilizam informações reais para a sua elaboração. E essas estratégias devem ser

aplicadas ao longo do processo, a fim de possibilitar a consolidação, frente a uma

aprendizagem significativa sequencial.

A figura 2 esquematiza as relações entre os aspectos da TAS e do OVA para

favorecer a aprendizagem significativa.

Figura 2 - Relação da Teoria da Aprendizagem Significativa com o Objeto Virtual de Aprendizagem, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Assim, depreende-se que a aplicação de TIC no ensino formal pode e deve

ser estimulada. Contudo, é fundamental que a construção desse material

instrucional esteja em consonância com teorias pedagógicas, a fim de contribuir para

a sua adequabilidade para fins educacionais.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

35

6 ANÁLISE DE CONTEXTO DA SAÚDE PENITENCIÁRIA NO BRASIL

Este capítulo é formado por uma análise de contexto, a partir do referencial

teórico-metodológico de Hinds; Chaves; Cypress (1992).

Para os autores, o contexto corresponde a uma fonte importante de dados

para o pesquisador, pois contribui para o entendimento do fenômeno estudado, uma

vez que há esclarecimento e análise dos aspectos contextuais, suas interações e

sua influência sobre o fenômeno. Nesse método são destacados o contexto

imediato, o específico, o geral e o metacontexto (HINDS; CHAVES; CYPRESS,

1992).

O contexto imediato apresenta como principal característica a imediação,

portanto, refere-se ao presente e aos aspectos relevantes do fenômeno. O contexto

específico relaciona o passado imediato e os aspectos importantes na atualidade. O

contexto geral se qualifica pela construção dos eventos e ações a partir das

interpretações das interações passadas e atuais. E o metacontexto emerge do

conhecimento socialmente construído, que exerce influência direta sobre os

comportamentos e os eventos (HINDS; CHAVES; CYPRESS, 1992).

Em meio ao conteúdo da análise pertinente à saúde prisional brasileira,

emergiram os níveis específicos do contexto, segundo o referencial teórico-

metodológico estabelecido. O contexto imediato discorre sobre as ações de saúde

desenvolvidas junto às PPL; o contexto específico revela os aspectos dos

profissionais de saúde e das unidades prisionais que se relacionam com a saúde

das PPL; o contexto geral relaciona a saúde das PPL e a sociedade; e o

metacontexto exprime as políticas e aparatos legais direcionados à saúde nas

prisões (Figura 3).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

36

Figura 3 - Demonstração dos contextos imediato, específico, geral e metacontexto para a saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

6.1 Metacontexto - Políticas e aparatos legais direcionados à saúde nas

prisões

Há o reconhecimento da responsabilidade do Estado em proteger os direitos

das pessoas, principalmente aquelas que se encontram em situação de

vulnerabilidade e, portanto, estão sob o risco de não os exercer plenamente (VALIM;

DAIBEM; HOSSNE, 2018).

Legalmente a realidade das PPL, que se encontram restritas aos presídios,

seria a manutenção dos demais direitos, como a garantia do cuidado integral de sua

saúde. Contudo, percebe-se que o grande desafio na área da saúde prisional se

constitui no respeito ao direito da saúde e no desenvolvimento de ações que

possibilitem o acesso igualitário e universal nos serviços (VALIM; DAIBEM;

HOSSNE, 2018).

A legislação brasileira específica sobre a sentença ou decisão criminal e

ressocialização da PPL à sociedade é a LEP, nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Essa

lei assegura à PPL todos os direitos que não são atingidos pela sentença. Dessa

forma, a privação de liberdade não extingue o direito à assistência à saúde, que

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

37

inclui a prevenção e o tratamento da doença, a partir de atendimento médico,

farmacêutico e odontológico (BRASIL, 1984).

Posteriormente, o SUS foi criado e a saúde passou a ser universal, integral e

equânime (BRASIL, 1988). O sistema deveria absorver e resolver todos os

problemas de saúde das PPL, apesar disso o SUS não se manteve universal e, essa

população permaneceu à margem do cuidado integral pretendido mesmo em face da

LEP garantir a saúde como um direito da PPL.

Para tentar minimizar as iniquidades em saúde, relacionadas a essa

população, foi criado o PNSSP, através da Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de

setembro de 2003. Tratou-se da primeira iniciativa específica relacionada à saúde

das PPL no Brasil (BRASIL, 2005).

Assim, representou um grande avanço no que concerne ao direito à saúde da

PPL no contexto nacional, ao propor uma iniciativa interministerial, Ministérios da

Saúde e da Justiça, com o estabelecimento de unidades de saúde com equipes

multidisciplinares para atuar no interior dos presídios (VALIM; DAIBEM; HOSSNE,

2018).

O plano objetivava inserir a população – já condenada e que habitava os

presídios nacionais – no SUS, doravante o processo de trabalho de uma equipe

multidisciplinar, formada por médico, enfermeiro, técnico em enfermagem,

odontólogo, técnico em consultório dentário, psicólogo e assistente social, apta a

realizar atenção integral à saúde (BRASIL, 2005).

Após 10 anos de publicação do PNSSP, foi realizada sua avaliação e se

percebeu a necessidade de estabelecimento de uma política pública de saúde, que

fosse capaz de conectar as unidades prisionais à rede pública de atenção à saúde e,

assim, efetivar a inclusão das PPL no SUS (BRASIL, 2014a).

Possivelmente, o grande entrave do plano relacionou-se à falta de

homogeneidade, na realização das ações de saúde, entre as equipes inseridas no

sistema prisional (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018). Para sanar essas lacunas

existentes após a implantação do PNSSP, foi criada a PNAISP, por meio da Portaria

Interministerial nº 1, de 2 de janeiro de 2014.

A PNAISP foi criada para assegurar os avanços obtidos até o momento, criar

metas e reafirmar o direito à saúde das PPL (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018). O

objetivo geral da PNAISP é garantir o acesso às PPL no sistema prisional aos

cuidados integrais no SUS. Para tanto, estabelece em suas diretrizes gerais a

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

38

integralidade; a intersetorialidade; a descentralização; a hierarquização; e a

humanização, no qual o acesso e a atenção à saúde são desenvolvidos por EABP

(BRASIL, 2014a).

Em seu texto, a PNAISP garante o acesso da população privada de liberdade

aos serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS) em todo o itinerário carcerário –

que contempla desde a entrada desse sujeito nas delegacias de polícia ou pelos

distritos policiais, perpassando as cadeias públicas ou pelos centros de detenção

provisória, até o regime fechado em penitenciárias – com o objetivo de realizar

ações integrais e articuladas às necessidades de saúde que emergem dessa

população reclusa (BRASIL, 2014a).

Para que isso fosse possível, a PNAISP propõe que as EABP podem

apresentar-se três conformações diferentes, constituídas de acordo com alguns

critérios, a saber: número de PPL por unidade prisional, vinculação dos serviços de

saúde a uma unidade básica de saúde no território e existência de demandas

referentes à saúde mental (BRASIL, 2014a).

Desse modo, a EABP é formada por um médico, um enfermeiro, um técnico

em enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico ou

auxiliar de saúde bucal. E de acordo com as necessidades de saúde, essa equipe

pode receber profissionais de nível superior (fisioterapia, psicologia, assistência

social, farmácia, terapia ocupacional, nutrição ou enfermagem) e/ou uma equipe de

saúde mental (BRASIL, 2014a).

Em relação ao processo de trabalho desenvolvido pela EABP, este deve estar

em consonância a Atenção Primária à Saúde (APS), desempenhar o papel de “porta

de entrada” e ser “ponto de atenção” da RAS, com o propósito de garantir

assistência à saúde integral e intersetorial, através da assistência direta ou do

processo de referência para todos os diversos tipos de agravos em saúde que

emergem da população carcerária, e que podem ser potencializados em virtude das

condições de confinamento (BRASIL, 2014a).

Embora haja um aparato legal específico e complexo que garanta o direito à

saúde das PPL, muitos são os entraves para que ocorra, de forma homogênea, a

atuação de organismos de fiscalização e defesa dos direitos humanos, como o

Ministério Público, a Defensoria Pública, as Organizações Não Governamentais

(ONGs) e as comissões parlamentares, uma vez que esbarram na indiferença dos

responsáveis e na inércia das instituições (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

39

6.2 Contexto geral – A saúde das PPL e a sociedade

A vulnerabilidade social no Brasil é considerada alta na população em geral e

para àquelas pessoas que se encontram em privação de liberdade a situação é

agravada, pois esse grupo vive à margem da sociedade, com acessibilidade restrita

a serviços e oportunidades, como educação, trabalho e saúde (VALIM; DAIBEM;

HOSSNE, 2018).

Nas instituições prisionais são as condições de confinamentos que

determinam o processo de saúde e adoecimento, assim como a possibilidade de

obter assistência integral (SANTOS et al, 2017a). Dessa forma, são observadas

altas taxas de adoecimento nessa população, o que demonstra fragilidade na

execução das políticas de saúde.

As doenças infectocontagiosas são muito prevalentes, entre as quais se

destaca o risco para a aquisição do bacilo da tuberculose e o desenvolvimento da

doença, que é consideravelmente superior entre as PPL, quando comparado com a

população extramuros (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

As infecções virais representam grande parte das afecções presentes no

ambiente prisional e decorrem da insalubridade das penitenciárias, do

comprometimento da saúde das PPL e do número insuficiente de trabalhadores de

saúde para atender às demandas impostas (CORDEIRO et al, 2018).

Os transtornos mentais são comuns entre as PPL, as incidências de

ansiedade e depressão são altas e relacionam-se à vulnerabilidade a que se

encontram, em decorrência da privação da liberdade, e mudanças significativas do

ponto de vista social e ambiental (CORDEIRO et al, 2018).

Em estudo realizado sobre a saúde mental durante o período de

confinamento, concluiu-se que as condições insalubres nesse momento, o

afastamento do convívio social e a exposição à violência relacionam-se com a

ocorrência importante de casos de ansiedade, estresse, depressão e alteração do

padrão de sono, que incorre em uso indevido e abusivo de medicação psicotrópica

(SANTOS et al, 2017a).

Ao considerar a existência de aparatos legais que garantem a saúde entre

essa população, depreende-se a falta de estratégias e financiamento que consigam

implementar as ações de saúde necessárias (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

40

Outros fatores interferem negativamente sobre o acesso das PPL aos

serviços de saúde. Sabe-se que a definição de qual PPL terá atendimento é

controlada, muitas vezes, por pessoas que não possuem treinamento para acolher

as necessidades, como agentes penitenciários, ou organizado de acordo com a

hierarquia das PPL (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

Somada a essa situação há a invisibilidade e/ou o preconceito que emana da

sociedade em relação a PPL. A população que se encontra fora das penitenciárias

permanece alheia à situação degradante da privação de liberdade, afinal os

estabelecimentos prisionais permanecem afastados dos centros urbanos, que

garante um distanciamento cômodo entre as partes (BARBOSA et al, 2018).

A exclusão social que advém da sociedade também se refere à percepção de

que essas pessoas são essencialmente criminosas e perigosas, portanto, não

devem ter direitos respeitados – incluindo a saúde que é considerada uma regalia e

não um direito.

Além disso, é preciso reconhecer que as pessoas que hoje encontram-se em

presídios, posteriormente, irão receber a liberdade e retornarão ao convívio social, e

necessitarão de condições físicas e mentais para que haja sucesso no processo de

ressocialização (OLIVEIRA et al, 2019). Dessa maneira, a manutenção da saúde

durante a privação de liberdade é condição essencial para o período de convívio

intramuros e também extramuros.

6.3 Contexto específico - Aspectos dos profissionais de saúde e das unidades

prisionais que se relacionam com a saúde das PPL

Em consonância com a realidade precária das penitenciárias, o sistema de

saúde prisional é subfinanciado, subequipado, com profissionais desmotivados e

que utilizam estratégias inadequadas por serem essencialmente prescritivas para

sanar os problemas de saúde enfrentados (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016). Em

consequência à falta de investimentos nas penitenciárias brasileiras, observam-se

diversos outros problemas, como a superlotação, a disseminação de doenças, a

violência e a escassez de recursos humanos e materiais.

Entre os problemas mais graves e evidentes, destaca-se a superlotação –

presente na maioria das unidades prisionais em todo o território nacional – que

suscita outros tantos obstáculos no cenário carcerário. O Departamento

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

41

Penitenciário Nacional (DEPEN), em seu último relatório anual – publicado em 2017

– informa que a população prisional nacional era de 736.712, distribuída em 368.049

vagas, que resulta em uma taxa média de ocupação dos presídios nacionais de

197,5% e corresponde a um déficit de vagas na ordem 358.663 (BRASIL, 2017).

Sobre o crescimento da população penitenciária nacional, o Conselho

Nacional de Justiça traz informações alarmantes. A entidade comunicou que o

número de pessoas reclusas cresce em um valor dez vezes maior que o total da

população brasileira. A população carcerária em 1990 era de 90 mil custodiados, em

2016 o valor era superior a 726 mil, isso representa um aumento superior a 700% no

período (BRASIL, 2017).

A morosidade da justiça tem incidido sobremaneira para o crescimento da

superlotação no cenário prisional brasileiro. As informações afirmam que 40% das

PPL que se encontram em reclusão são considerados presos provisórios, ou seja,

não passaram pelo processo de julgamento e condenação, o que corresponde a

aproximadamente 290 mil pessoas (BRASIL, 2017).

Ainda, o discurso político no Brasil é essencialmente voltado para a

valorização do encarceramento, que acarreta aumento da população privada de

liberdade e que transforma o sistema prisional em um dispositivo de segregação e

de exclusão social (SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

A situação de superlotação vivenciada nas unidades prisionais pode estar

relacionada, também, a não implementação das consultas no momento da admissão

das pessoas no sistema prisional (VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018). Tal situação

contribui para a piora de agravos à saúde pré-existentes e disseminação de doenças

contagiosas.

A taxa de ocupação nas unidades prisionais potencializa a situação de

violência que permeia o cotidiano das PPL e dos profissionais que atuam junto a

essa população, que transitam nesse meio pondo em risco a integridade física e

mental. Esse cenário é multifacetado e relaciona-se a fatores sociais, econômicos e

políticos da dinâmica própria que emerge desses lugares (CORDEIRO et al, 2018).

Por fim, é importante também não negligenciar as necessidades de saúde dos

trabalhadores do serviço penitenciário nacional. No desempenho de suas funções

nas penitenciárias, os profissionais de saúde podem desenvolver transtornos

mentais, como a ansiedade, que resultam em comportamentos agressivos frente a

situação de insegurança e medo vivenciada frequentemente (CORDEIRO et al,

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

42

2018). E os agentes penitenciários, que representam o maior número de

profissionais em contato com as PPL e, portanto, são os mais expostos à situação

de stress e ao de risco de adoecimento por infecções compartilhadas entre as PPL

(SANCHEZ; LEAL; LAROUZE, 2016).

6.4 Contexto imediato - Ações de saúde desenvolvidas para as PPL

As ações de saúde desenvolvidas pela EABP devem envolver atividades de

promoção da saúde, prevenção de doenças e diagnóstico precoce, principalmente

para as doenças e agravos infectocontagiosos (BRASIL, 2014a). Para tanto, o

acolhimento é fundamental para o alcance da integralidade na assistência,

compreendida como uma dimensão do agir profissional, em que os aspectos

objetivos e subjetivos do sujeito e da coletividade são apreendidos, respeitados e

valorizados (VIEGAS; PENNA, 2015).

Assim, a avaliação das condições de saúde no momento da admissão no

presídio é essencial para a saúde individual e coletiva. Contudo, é observado que o

sujeito ao adentrar no sistema não recebe nenhum tipo de informação ou orientação

acerca do serviço e, em decorrência, há prejuízo sobre a saúde dessas pessoas

(VALIM; DAIBEM; HOSSNE, 2018).

Mesmo após a publicação do PNSSP e da PNAISP, as ações de saúde são

fragmentadas, prescritivas e biologicistas, desenvolvidas com base em modelos

ultrapassados e que se assemelham ao preconizado pela LEP, com a oferta de

consultas ambulatoriais, ordenadas pela demanda espontânea, sem considerar o

mapeamento de saúde para o planejamento das atividades e para o

desenvolvimento de programas para a promoção da saúde e prevenção de doenças,

nem mesmo para os agravos mais incidentes, como as enfermidades infecciosas ou

crônicas (JOB NETO et al, 2019).

As ações que são realizadas esbarram na perspectiva organizacional, tem-se

que os governos estaduais, responsáveis pelo sistema penitenciário, financiam e

realizam a contratação dos recursos humanos (NASCIMENTO; BANDEIRA, 2018).

Entretanto, em muitos casos, não há esclarecimento sobre as responsabilidades do

ente municipal e o serviço sofre com a falta de insumos.

Durante os tratamentos medicamentosos prescritos, os profissionais de saúde

enfrentam resistência significativa à adesão ao tratamento e tal situação implica em

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

43

agravamento da situação de saúde do coletivo, principalmente quando há ocorrência

de doenças infectocontagiosas (CORDEIRO et al, 2018).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

44

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

7.1 Caracterização do Estudo

Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo metodológico,

para a construção e a validação de objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o

ensino sobre saúde penitenciária.

Estudos classificados como metodológicos envolvem a construção, a

validação e avaliação de instrumentos e, por esse motivo, envolvem organização de

dados e rigorosidade em seu delineamento, a fim de que possam resultar em

produtos confiáveis para a sua posterior utilização (LIMA, 2011).

Para manter as etapas delineadas e a rigorosidade nos procedimentos para a

construção do OVA, foi adotado o método proposto por Pasquali et al (2010),

composto por três etapas específicas, realizadas sequencialmente, a saber:

procedimentos teóricos, empíricos ou experimentais e analíticos ou estatísticos. Tais

etapas foram adaptadas para a construção de um OVA, ao considerar que

originalmente o método proposto tem como objetivo a elaboração de escalas

psicométricas, que podem ser utilizadas para construção de variados testes

psicológicos (PASQUALI et al, 2010).

Durante os procedimentos teóricos, primeiramente, foram elencados os

conteúdos que compuseram o OVA e, posteriormente, foi construída a primeira

versão da hipermídia. Os procedimentos empíricos compuseram-se das etapas: a

validação de conteúdo realizada com experts e avaliação da usabilidade do material

educativo com o público alvo, ambas realizadas através de formulário eletrônico (via

Google Forms). Nos procedimentos analíticos ou estatísticos foram realizadas as

análises a partir da técnica Delphi, a fim de confirmar ou não a tese proposta,

referente a validade do OVA para apoiar o ensino sobre saúde penitenciária (Figura

4).

Os conceitos provenientes do Design Instrucional foram utilizados, a fim de

alinhar a perspectiva educacional e o uso da tecnologia para o alcance dos objetivos

pretendidos, ao considerar as necessidades do educando no processo de

aprendizagem (SOUZA et al, 2019).

Em todas as fases de construção, validação e avaliação do OVA foi

empregado o modelo ADDIE (Analysis, Design, Development, Implementation,

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

45

Evaluation), que se refere as etapas: Análise, Planejamento, Desenvolvimento,

Implantação e Avaliação (Figura 4).

Figura 4 - Método de Pasquali et al (2010) aplicado ao desenvolvimento do OVA para subsidiar o ensino sobre a saúde das pessoas privadas de liberdade, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

46

7.2 Procedimentos teóricos

Os procedimentos teóricos objetivaram definir os atributos e as informações

consideradas essenciais para o OVA e sua construção, para tanto compreendeu

duas fases: teórica (entrevistas com os profissionais, revisão de escopo ou Scoping

Review e planejamento do conteúdo) e construção do OVA (planejamento

operacional e desenvolvimento da primeira versão do OVA).

Os passos do modelo de ADDIE empregados nos procedimentos teóricos

foram a Análise, com o estabelecimento dos objetivos educacionais e levantamento

dos conteúdos necessários; o Planejamento, com a organização dos conteúdos e o

Desenvolvimento, com a construção da primeira versão do OVA.

7.2.1 Fase Teórica

Nesta fase, o passo denominado de Análise, proveniente do modelo de

ADDIE, foi empregado para o reconhecimento das necessidades em consonância

com a análise do contexto, levantamento preliminar do conteúdo do material

educacional (com a realização das entrevistas com os profissionais e a revisão de

escopo) e estimativa dos resultados aguardados.

7.2.1.1 Entrevistas com os profissionais

O passo referente às entrevistas com profissionais foi realizado através de

pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, com a EABP do estado da

Paraíba. As informações do último relatório do DEPEN, órgão do Ministério da

Justiça, apontam que no estado da Paraíba há 9.596 PPL (BRASIL, 2017),

distribuídas em diversas instituições prisionais e, entre as quais dezoito presídios e

uma penitenciária de Psiquiatria Forense (PARAÍBA, 2016), assistidas por dez EABP

implementadas em presídios masculinos e uma equipe em presídio feminino, de

acordo com os dados do CNES (BRASIL, 2016).

Para a seleção das EABP que participaram deste estudo foi elencado o

critério de inclusão, a saber: equipes que apresentavam composição básica

completa, conforme preconizado no PNAISP (BRASIL, 2014a). A amostra foi

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

47

composta por uma EABP que atua em presídio feminino e uma do presídio

masculino, sendo esta última selecionada através de sorteio.

Após a seleção das equipes, desenvolveram-se entrevistas individuais com os

todos os profissionais de saúde, de nível superior, cujo roteiro de coleta de dados foi

composto por duas partes: a primeira sobre o perfil sociodemográfico e profissional

dos sujeitos (Apêndice A); a segunda parte constou de questões abertas (Apêndice

B) relacionadas à compreensão do trabalho no âmbito prisional.

As entrevistas foram realizadas no mês de março/2017, nas unidades

prisionais, em dias e horários agendados com a direção dos presídios e profissionais

de saúde.

Antes das entrevistas eram prestadas informações sobre a pesquisa e

esclarecimento das dúvidas que porventura surgissem. Durante as entrevistas foi

utilizado gravador de voz (Apêndice C), a fim de tornar a coleta de dados dinâmica e

fidedigna. Todos os sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice D).

Para a formulação dos resultados, os dados que emergiram das entrevistas

foram analisados com auxílio do software Interface de R pour les Analyses

Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (Iramuteq), a partir da

utilização da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e análise de similitude

de palavras presentes no texto.

O corpus foi composto por dez textos, cuja retenção de segmento foi de 75%

e caracterizado pelas variáveis de interesse: categoria profissional e tipo de

penitenciária. Os critérios adotados para a inclusão dos elementos em suas

respectivas classes foram: frequência maior que a média de ocorrências no corpus e

associação com a classe determinada pelo valor de qui-quadrado igual ou superior a

3.84 e significância de 95%.

7.2.1.2 Scoping review

A Scoping review foi desenvolvida apoiada nas recomendações do Joanna

Briggs Institute Reviewer’s Manual, cujo embasamento teórico pertence a Arksey e

O’Malley (2005) e seguiu os preceitos estabelecidos no PRISMA-ScR para esse tipo

de estudo (TRICCO et al, 2018). O objetivo desse tipo de revisão é mapear o

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

48

conteúdo produzido sobre o tema de interesse, no qual sua organização envolve

seis etapas (ARKSEY; O’MALLEY, 2005):

1. A identificação da questão de pesquisa;

2. A identificação e busca de estudos relevantes;

3. A seleção dos estudos;

4. A extração de dados;

5. A separação, sumarização e relatório de resultados;

6. A divulgação dos resultados.

Para a etapa 1 – identificação da questão norteadora –recomenda-se que

seja utilizada a estratégia PCC, em que são identificados elementos essenciais

referentes à População, ao Conceito e ao Contexto (PETERS et al, 2017). Neste

estudo, a estratégia PCC foi: População – Profissionais de saúde; Conceito –

Práticas assistenciais; e Contexto – penitenciária/presídios/prisões. Assim, a

questão norteadora foi: Quais e como são realizadas as práticas assistenciais

desenvolvidas pelos profissionais de saúde no âmbito do sistema penitenciário?

Posteriormente, foram encontrados os Medical Subject Headings (MESH)

correspondentes aos termos da estratégia PCC, a saber: “Health Personnel”,

“Delivery of Health Care” e “Prisons”, respectivamente.

Na etapa 2, os MESH selecionados foram utilizados em uma busca inicial, no

portal PubMed e na base de dados Cumulative Index to Nursing and Allied Health

Literature (CINAHL) para identificação dos principais descritores e palavras-chave

empregados nos estudos que abordam a temática de interesse. Após essa etapa

houve a definição de estratégias de busca (Quadro 1).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

49

Quadro 1 - Estratégias de busca da scoping review, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

PCC

P –Health Personnel Health Personnel OR Correctional Facilities Personnel OR correctional nurses OR Health care workers OR health personnel OR Health Policy OR Healthcare providers OR Medical Care OR nursing specialties OR Nursing OR Patient Care Team OR Personal health OR Professional practice

AND

C –Delivery of Health Care Delivery of Health Care OR clinical practice OR Health care OR Correctional health OR correctional health care OR Correctional Health Services OR Delivery of Health Care OR Health care OR health care access OR Health Care Delivery OR Prison health OR prison health-care OR Process Assessment OR quality of health care OR Health in prison OR Health policy

AND

C –Prisons Prisons OR Correctional institutions OR Inmate OR Jail OR Prison OR Prisons OR correctional centers OR Correctional Facilities OR Correctional Services OR prison medicine OR Prisoners OR jails OR juvenile justice OR juvenile offenders OR Organizational Policies

Para a seleção dos textos que compuseram este estudo – Etapa 3 – não

houve delimitação temporal e foram incluídas pesquisas publicadas na íntegra na

língua portuguesa, espanhola, inglesa e/ou francesa, que tiveram como objeto de

investigação as práticas assistenciais exercidas pelos profissionais de saúde, no

âmbito do sistema penitenciário, e foram excluídos: editoriais, relatos de experiência,

ensaios teóricos, estudos de reflexão e revisões; e pesquisas que não apresentaram

abstract e texto online na íntegra.

A busca de dados foi realizada entre os meses de outubro/2016 e janeiro de

2017 por dois pesquisadores independentes, cujos resultados foram analisados por

um terceiro, que avaliou as concordâncias e as discordâncias identificadas. Para

essa etapa foram utilizadas as seguintes bases de dados: PubMed, Cumulative

Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Web of Science, Scopus,

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cochrane

CENTRAL, PsychINFO e Education Resources Information Center (ERIC).

A coleta de material também foi desenvolvida na literatura cinzenta: Catálogo

de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Brasil); The National Library of Australia’s Trobe (Austrália e Nova

Zelândia); Academic Archive Online (Suécia e outros países escandinavos); Digital

Access to Research Theses-Europe E-Theses Portal (Continente Europeu);

Electronic Theses Online Service (Reino Unido); Repositório Científico de Acesso

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

50

Aberto de Portugal (Portugal); National Electronic Theses and Dissertations Portal

(África do Sul) e Theses Canada (Canadá).

O processo de seleção de textos iniciou com a identificação de 123.562

textos, após o processo de elegibilidade 56 textos foram lidos integralmente e

destes, 25 compuseram a amostra final.

Na etapa 4, foram extraídas as variáveis de análise: título do artigo; ano de

publicação; país de origem do estudo; objetivo; ações descritas realizadas pela

equipe de saúde nas prisões; e identificação das facilidades e dificuldades para a

realização das ações de saúde. Todos os dados extraídos foram armazenados em

planilha no Microsoft Excel 2016.

A etapa 5 foi capaz de caracterizar os estudos incluídos na scoping review–

segundo: título, ano e país de publicação e objetivo do estudo através de estatística

simples – e descrever as ações realizadas pela equipe de saúde nas prisões e as

facilidades e dificuldades para suas realizações.

Na divulgação dos resultados – Etapa 6 – foi realizada a construção de

manuscrito, a ser encaminhado para publicação em revista pertencente à área da

saúde.

7.2.2 Fase Construção do OVA

Nesta fase, os passos do modelo de ADDIE utilizados foram o Planejamento,

com a formulação do material educacional,ao considerar os objetivos de

aprendizagem pretendidos, o contexto no qual estão inseridos os estudantes, bem

como as características desses sujeitos, definição de atividades, conteúdos e

referencias utilizadas, delineamentos de mídias digitais e abordagem pedagógica e o

Desenvolvimento, com a construção do material educacional.

7.2.2.1 Planejamento do conteúdo, Planejamento operacional e Primeira versão

do OVA

Para o planejamento do conteúdo foram compiladas todas as informações

provenientes das etapas anteriores e organizadas sob a luz da TAS, proposta por

Ausubel (2000).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

51

Nesse sentido, o OVA baseia-se na interação de novas informações sobre

saúde penitenciária com os subsunçores já presentes na estrutura cognitiva dos

sujeitos ou desenvolvidos no contato com telas iniciais do OVA (subsunçores pouco

elaborados), com o propósito de assimilar, diferenciar, elaborar e estabilizar o novo

conhecimento, ao transformar as ideias gerais de saúde em ideias específicas sobre

o tema de interesse, a partir da diferenciação progressiva.

Na fase de construção do OVA foram consideradas as 12 regras para

construção/elaboração de conteúdo de Pasquali et al (2010). Ressalta-se que estes

correspondem aos critérios empregados no processo de validação de conteúdo do

OVA (Quadro 2).

Quadro 2 - Critérios empregados no processo de validação do OVA, segundo Pasquali et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Ainda, ressalta-se que se contou com o apoio de profissionais da área de

designer e desenvolvimento de sistemas e programas computacionais. Nessa etapa,

para a construção da estrutura básica do OVA foram empregadas as seguintes

linguagens computacionais: HyperText Markup Language (HTML) 5, para a edição

de texto e marcações; Cascading Style Sheets (CSS), para modelar a aparência e

responsividade do website; e, por último, com o intuito de garantir dinâmica,

animação e interatividade com o usuário do OVA foi necessária a implementação de

algumas funções JavaScript.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

52

7.3 Procedimentos empíricos e analíticos

A Implantação e a Avaliação constituíram-se dos últimos passos do Modelo

ADDIE aplicado para a construção do OVA e foram utilizados para a realização dos

testes do material educacional referentes ao processo de validação de conteúdo e

da avaliação de usabilidade, respectivamente.

Salienta-se que a etapa de Avaliação é continuada, portanto, foi realizada

durante as etapas anteriores e terá prosseguimento ininterrupto, para regular

atualização das informações presentes no OVA.

7.3.1 Procedimentos empíricos

Nos procedimentos empíricos ou experimentais foram utilizadas rodadas de

avaliação conforme a Técnica de Delphi, a fim de operacionalizar a validação de

conteúdo (PE1) e avaliação da usabilidade do material educativo para o público alvo

(PE2). Essas etapas foram sequenciais e intercaladas pelos procedimentos

analíticos (Figura 5).

Figura 5 - Etapas de validação e avaliação durante os procedimentos empíricos, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

53

A seleção dos sujeitos que participaram dessa etapa foi proposital. Segundo

Turato (2011), essa forma de escolha pode ser traduzida como aquela em que o

pesquisador seleciona os sujeitos que considera relevantes para seu estudo e ainda

revela que o passo inicial desse processo é a criação de critérios gerais de inclusão.

Na validação de conteúdo (PE1) os sujeitos foram experts na área de saúde

penitenciária, neste trabalho denominados de juízes. Para a seleção dos

participantes foram adaptados os critérios de elegibilidade a partir do modelo

proposto por Fehring (1994). As adaptações dos critérios são referentes a mudança

de contexto, tendo em vista que originalmente objetivava a seleção de experts na

área de validação de diagnósticos em Enfermagem e, após adaptação, selecionou

juízes pertencentes à área de saúde penitenciária. Para a inclusão dos juízes no

estudo foi adotado um valor mínimo de 4 (quatro) pontos, conforme a distribuição no

quadro 3.

Quadro 3 - Critérios propostos por Fehring (1994) e suas respectivas adaptações, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Critérios Fehring (1994)

Pontos

Adaptação dos critérios

Adaptação dos

pontos

Ser mestre em enfermagem 4 Mestre em enfermagem 0

Mestre em enfermagem – dissertação na área de interesse

1 Mestre – com dissertação sobre saúde penitenciária e/ou desenvolvimento de ambiente virtual de aprendizagem

3

Pesquisa publicada com conteúdo relevante na área de diagnósticos

2 Pesquisa na área de Saúde penitenciária e/ou desenvolvimento de objeto virtual de aprendizagem

2

Artigo publicado sobre diagnóstico em periódico indexado

2 Artigo publicado na área de Saúde penitenciária e/ou desenvolvimento de objeto virtual de aprendizagem em periódico indexado

2

Doutorado em enfermagem – tese na área de diagnóstico

2 Doutor – tese sobre Saúde penitenciária e/ou desenvolvimento de objeto virtual de aprendizagem

3

Prática clínica, com duração de no mínimo um ano na temática estudada

1 Ter experiência profissional como membro da Equipe de Atenção Básica no Sistema Prisional de, no mínimo, um ano.

3

Certificado de Especialização em área clínica relevante ao diagnóstico

2 Cursos na área de Saúde penitenciária e/ou desenvolvimento de objeto virtual de aprendizagem, mínimo 60h.

1

Pontuação Máxima 14 Pontuação Máxima 14

A busca dos juízes procedeu-se na Plataforma Lattes de Currículos Lattes,

disponível no portal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) (http://lattes.cnpq.br/), com a utilização do campo “Assunto”

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

54

(Título ou palavra chave da produção) em que foi utilizado o termo “Saúde prisional”

para filtrar pesquisadora da área de interesse.

A partir dos critérios de inclusão propostos por Fehring (1994) e adaptados

para esta pesquisa foram selecionados e convidados os 50 primeiros pesquisadores

que atingiram a pontuação estabelecida para compor a amostra inicial.

O convite e demais contatos entre a pesquisadora e os participantes da PE1

foi digital, realizado através de correio eletrônico (E-mail). Assim, o convite, a

apresentação do estudo e o TCLE (Apêndice E) foram enviados e, aqueles que

aceitaram participar do estudo e devolveram o TCLE no tempo estabelecido, foram

incluídos nessa etapa.

A técnica Delphi consiste em rodadas de trabalho conjunto, realizadas por

experts em uma área, separados geograficamente e em anonimato, que são

capazes de oferecer contribuições individuais, a fim de obter um consenso sobre o

problema proposto pelo pesquisador (MARQUES; FREITAS, 2018).

Na área da educação tem sido empregada para construção ou melhoramento

de cursos ou dispositivos criados para fomentar a aprendizagem, ao considerar que

a cada rodada da técnica, em que são dispensadas avaliações e sugestões pelos

experts, o material educacional é aprimorado (MARQUES; FREITAS, 2018).

A operacionalização da técnica Delphi ocorreu em rodadas de aplicação dos

questionários para validação de conteúdo do OVA sobre saúde penitenciária. Cada

rodada de Delphi consistiu na disponibilização do OVA e no envio do instrumento

para avaliação do objeto virtual. Ao final de cada rodada, as respostas foram

contabilizadas e analisadas quanto ao consenso dos juízes, com o objetivo de

aprimorar o OVA.

Todo o material foi disponibilizado através da ferramenta Google Forms. A

primeira parte do questionário foi composta pela caracterização sociodemográfica

(idade, sexo e formação [graduação e pós-graduação]). A validação de conteúdo foi

realizada a partir dos critérios propostos por Pasquali et al (2010), descritos

anteriormente (Quadro 2), avaliados em inadequado, parcialmente adequado e

adequado, em que os juízes avaliaram o OVA integralmente e por tela que o

compõe. A primeira e segunda rodadas de validação de conteúdo (PE1)

acontecerem entre os meses de setembro/2018 e dezembro/2018 e participaram 11

e oito juízes, respectivamente.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

55

Na PE2 foi realizada a avaliação da usabilidade. De acordo com a

International Organization for Standardization (ISO) 9241 essa avaliação está

ancorada na análise de três eixos: a eficiência, que se relacione à realização da

atividade sem a ocorrência de erros; a eficácia, em que a atividade é executada com

a otimização dos recursos disponíveis e, satisfação, que se refere ao alcance das

expectativas pelos usuários (ABNT, 2011).

Dessa forma, a avaliação de usabilidade indica a facilidade em usar

determinado instrumento, nesta pesquisa o OVA. Portanto, foi realizada com o

público-alvo da proposta do dispositivo educacional – alunos de cursos da área da

saúde. Foram convidados para compor a amostra os alunos do curso de

enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que estavam

cursando o componente curricular Atenção Integral à Saúde II – que contempla a

área da Atenção Primária à Saúde – que totalizou 35 discentes. A amostra contou

com a participação de 20 alunos.

Em dia e horário agendados, previamente, no mês de fevereiro/2018, os

alunos foram conduzidos ao laboratório de informática da Escola de Saúde da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. De forma individual e simultânea, os

alunos tiveram acesso ao OVA, aos instrumentos para coleta de dados via Google

Forms – caracterização sociodemográfica, o System Usability Scale e o Suitability

Assessment of Materials (SAM) para avaliação da usabilidade do material educativo

– e ao TCLE (Apêndice F).

A escala System Usability Scale foi criada por John Brooke, em 1986, no

Reino Unido (BOUCINHA; TAROUCO, 2013). A aplicação dessa escala objetiva

uma avaliação global do usuário em relação a tecnologia, através de dez questões

respondidas em escala do tipo Likert, de 1 – discordo fortemente – a 5 – concordo

fortemente (TENÓRIO et al, 2010).

As questões presentes na escala System Usability Scale representam

aspectos referentes aos componentes de qualidade propostos por Nielsen (2003),

conforme quadro 4 (TENÓRIO et al, 2010).

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

56

Quadro 4 - Componentes de qualidade indicados por Nielsen nas questões da System Usability Scale, de acordo com Tenório et al (2010), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Componente de qualidade Questões/ System Usability Scale

Facilidade de aprendizagem 3, 4, 7 e 10

Eficiência 5, 6 e 8

Facilidade de memorização 2

Minimização dos erros 6

Satisfação 1, 4, 9

O SAM é composto por 22 itens, distribuídos em seis domínios – conteúdo,

exigência de alfabetização, ilustrações, layout e apresentação,

estimulação/motivação do aprendizado e adequação cultural. Neste estudo, foi

utilizada a versão validada para o idioma português (SOUSA; TURRINI; POVEDA,

2015), que passou por um processo de adaptação, a fim de adequá-lo à avaliação

de um objeto virtual de aprendizagem. Dessa forma, foi composto por 15 itens

distribuídos em cinco domínios – organização, estilo de escrita, aparência, layout e

motivação. Cada item foi avaliado em inadequado – 0, parcialmente adequado– 1 e

adequado – 2.

7.3.2 Procedimentos analíticos

Os procedimentos analíticos foram desenvolvidos após as etapas de PE1 e

PE2 e corresponderam às análises estatísticas que verificaram a validade de

conteúdo e a avaliação da usabilidade do OVA.

Na PE1 foi realizado o teste referente ao Coeficiente de Validade de

Conteúdo (CVC). O CVC corresponde ao consenso mínimo entre os juízes durante o

processo de validação de conteúdo. Neste estudo, utilizou-se o cálculo do CVC para

cada item proposto por Pasquali et al (2010) por tela do OVA e para o material

educacional completo.

O item foi considerado validado em seu conteúdo quando alcançou os

seguintes parâmetros: concordância igual ou superior de 80% e CVC > 0,8.

Para o cálculo para a System Usability Scale foram empreendidas as

pontuações referentes as questões, seguindo o que é preconizado para essa escala,

a saber: o valor das questões ímpares correspondeu ao valor assinalado na escala

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

57

menos um e para as questões pares o valor final foi cinco menos a marcação na

escala. Ao final, somou-se todos os valores transformados e este foi multiplicado por

2,5. Foram consideradas adequadas as pontuações iguais ou superiores a 70

pontos (SOUSA; TURRINI; POVEDA, 2015).

O cálculo para o SAM foi executado, conforme estabelecido, realiza-se uma

porcentagem de avaliação da adequabilidade, a partir do somatório dos escores

referentes aos itens e sua divisão pelo valor máximo possível. Neste estudo o valor

máximo possível foi de 30 pontos. Foram julgadas adequadas as porcentagens

iguais ou superiores a 80% (PASQUALI et al, 2010).

7.4 Aspectos Éticos

Em cumprimento aos princípios éticos estabelecidos pela Resolução Nº 466,

de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério

da Saúde, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas

envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012) a coleta de dados teve início após

autorização da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária na Paraíba

(SEAP-PB) (Anexo B) e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob CAAE 62825716.8.000.5537, nº

do parecer 1.959.665 (Anexo C).

Ainda, os participantes foram esclarecidos e livres para participarem da

pesquisa e do direito de interromper sua participação no momento que lhes convier.

O TCLE – em duas vias – foi assinado pela pesquisadora e pelo participante que

recebeu um termo. E, para que os profissionais de saúde não pudessem ser

identificados, receberam um código formado pela letra “P” e número arábico

sequencial correspondente a ordem da entrevista (Ex.: P1, P2, ...).

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

58

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo encontra-se estruturado de acordo com os passos referentes à

construção e validação de conteúdo do OVA – Saúde penitenciária e avaliação da

usabilidade.

8.1 Entrevista com os profissionais da EABP

8.1.1 Resultados

Entre os dez profissionais participantes da pesquisa a média de idade foi de

45 anos, nove são mulheres e, em relação ao estado civil, a maioria é solteiro (04).

Há dois profissionais de cada classe profissional, cuja média de tempo de formação

foi de 21 anos, sete cursaram pós-graduação, com ênfase para especialização (06)

há oito anos, em média (Tabela 1).

Apenas um profissional relatou que era o seu primeiro emprego, a maior parte

(05) ingressou no cargo por indicação, cujos regimes de trabalho predominantes são

prestação de serviço (03) e contrato individual (03). A média de tempo de atuação

na EABP é de 81 meses, com carga horária de 20 horas semanais e média salarial

de R$ 3.884,00.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

59

Tabela 1 - Caracterização da amostra de profissionais de saúde que atuam no sistema penitenciário da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019.

Descrição n %

Sexo Masculino 1 10 Feminino 9 90 Escolaridade Superior completo 3 30 Pós-graduação completo 7 70 Curso de graduação Medicina 2 20 Enfermagem 2 20 Psicologia 2 20 Serviço social 2 20 Odontologia 2 20 Forma de ingresso na EABP Concurso público 1 10 Seleção interna 4 40 Indicação 5 50 Regime de trabalho Estatutário 2 20 Contrato temporário 1 10 Prestação de serviço 3 30 Contrato interno 3 30 Outros 1 10

A análise do corpus derivada das entrevistas com os dez profissionais que

compõem as EABP demonstrou que houve 5.417 ocorrências de palavras,

difundidas em 1.090 formas, cuja média de ocorrência foi de 5,97 palavras para

cada forma.

A CHD analisou 152 segmentos de texto, com retenção de 75% do corpus,

que resultou na construção de seis classes e quatro partições (Figura 6).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

60

Figura 6 - Classes componentes do dendrograma do corpus textual das entrevistas com profissionais que compõem as EABP do estado da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

61

A partição 1, formada pelas classes 1 e 2 revela aspectos relacionados ao

processo de trabalho dos profissionais que atuam nas EABP e corresponde a 32,5%

do conteúdo analisado. Depreende-se o maior desenvolvimento de práticas

assistenciais direcionadas para as necessidades de saúde dos reclusos e de

aconselhamento.

A classe 1 (19,3%) informa que as atividades realizadas entre as EABP são

consultas, atendimentos e acompanhamentos que objetivam sanar problemas

emergentes dessa população e a enfermagem evidencia-se como categoria

profissional mais relevante (p<0,001).

O atendimento oferecido pretende atender às necessidades de saúde

emergentes das PPL e que se assemelham ao Estratégia Saúde da Família,

conforme os trechos a seguir:

A enfermeira atende as PPL e a equipe de saúde vê as necessidades deles (P5). Quando tem alguma necessidade no pavilhão, as PPL solicitam o atendimento aos chefes de disciplinas (P8). O processo de trabalho da equipe de saúde é de atenção primária, como um PSF e quando precisa ir para a UPA ou hospital a equipe de saúde daqui faz o encaminhamento (P10).

A classe 2 (13,2%) revela outra atividade importante no processo de trabalho

da EABP – o aconselhamento – principalmente relacionado ao Human

Immunodeficiency Virus (HIV), em que o serviço de psicologia tem se mostrado

presente (p<0,001) e é exemplificado pela fala do profissional.

Muitos apenados não querem receber diretamente na cela os medicamentos para HIV, então eu chamo para conversar e entregar a medicação e faço o aconselhamento (P3).

A partição 2 é formada pelas classes 3, 4, 5 e 6, que revelam aspectos acerca

do acolhimento realizado entre as PPL e suas famílias, as dificuldades percebidas

para a realização das ações e as sugestões para a formação profissional com vistas

na EABP.

A classe 3, apreende 14% do conteúdo do corpus analisado e aborda

aspectos relacionados à atividade de acolhimento direcionado para a PPL e para a

família dessas pessoas, em que os profissionais do serviço social tem participação

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

62

essencial na ligação entre esses eixos intra e extramuros (p<0,001), segundo as

falas:

Do reconhecimento a PPL é recebida pelo serviço social e a assistente social entra em contato com a família e procura informações sobre a família da PPL, se existe e se tem companheiros ou filhos e como estão esses filhos (P2). A PPL sofre por estar aqui, mas a família sofre muito mais, que paga por um ato que não cometeu, mas tem que estar perto da PPL, e, muitas vezes, a família não quer entrar aqui, tem medo de vir para cá, mas o assistente social trabalha no eixo da família, porque a família é prioritária para a PPL (P1).

A subpartição da classe 2, que contempla as classes 4 (15,8%) e 5 (20,2%),

corresponde a maior captação do texto analisado (36%) e aponta as dificuldades

relativas ao processo de trabalho desenvolvido pelos profissionais de saúde da

EABP. A classe 4 informa entraves pertencentes ao sistema penitenciário, como a

superlotação e a presença de apenas uma equipe de saúde, conforme o enunciado

dos entrevistados:

Pela demanda ser grande, o profissional precisa rodar rápido o paciente, não tem como você fazer uma assistência completa, não tem condição para ser feita e você aqui acaba fazendo uma coisa mais restrita à necessidade (P9). O atendimento da equipe de saúde pega as PPL prioritárias, porque não tem condição da equipe atender a todos como deveria (P1).

A classe 5 aborda as dificuldades referentes ao sistema prisional que incidem

negativamente no exercício profissional da EABP. Estas são referentes a aspectos

estruturais, como a falta de viatura e escolta para a realização da referência e

contrarreferência na RAS, a inadequação dos espaços físicos e a falta de materiais

e insumos, principalmente odontológicos, como destacado pelos profissionais:

Só tem uma viatura para transportar a PPL para a audiência e os demais serviços, então, muitas vezes, as consultas na rede são perdidas (P6). Eu sinto que o espaço físico é uma dificuldade, às vezes, os apenados precisam conversar com sigilo e infelizmente o espaço físico não dá essa liberdade (P3).

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

63

Outra dificuldade é a falta de insumos, falta material para restaurar, para fazer extração, às vezes, a equipe de saúde passa meses sem material, realizando as requisições (P7).

Com o objetivo de ampliar a discussão sobre o tema e, assim, contribuir para

o envolvimento dos atores com a saúde prisional, a partição 4, revelada na classe 6

(17,5%), refere-se à sugestão dos profissionais de assuntos e outros aspectos que

deveriam ser incluídos nos cursos de formação na área de saúde que contribuiriam

para a atuação junto as PPL. Destaca-se a inclusão de estágios curriculares no

interior dos presídios e temas transversais que deveriam ser abordados nos cursos,

como mencionado por P9 e P10.

Nas grades curriculares deveria ser abordada a legislação e incorporado o estágio prático, é primordial e importantíssimo ter contato direto com eles (P9). Fazer um estágio na penitenciária serviria para tirar esse estigma que existe e até para descobrir que quer trabalhar aqui (P10).

A análise de similitude (Figura 7) demonstra o conteúdo léxico resultante da

organização das palavras que refletem o processo de trabalho da EABP, em

consonância às classes anteriormente apresentadas.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

64

Figura 7 - Análise de similitude do corpus, João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2019.

A equipe de saúde emerge como eixo central do cuidado, no qual a forte

ligação com a palavra não, expressa pela linha de ligação larga, evidencia as

dificuldades percebidas pelos profissionais, como as necessidades referentes à

estrutura e processos, como a dificuldade relativa a escolta e a falta de inserção das

universidades nas unidades de saúde penitenciária. A ligação intensa da equipe de

saúde com o apenado, representada pelo traço espesso, demonstra a PPL como

centro da atenção dos profissionais.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

65

8.1.2 Discussão

A partir dos resultados depreende-se que o processo de trabalho da EABP

retrata a ênfase no desenvolvimento de atividades biologicistas, em detrimento das

práticas que visam à redução de danos. Tal situação corrobora com o que foi

verificado em outra pesquisa, em que a realidade se traduz em práticas de

promoção da saúde e prevenção de doenças incipientes, mesmo em face da

redução significativa de adoecimento observada entre as PPL que participam dessas

atividades (SANDER; LINES, 2016).

Percebeu-se que a inclusão das EABP é um dispositivo que funciona segundo

as diretrizes da APS, para ordenar os cuidados entre os privados de liberdade nas

redes de atenção, a partir da percepção das necessidades que emergem da

população que habita as prisões no País. Além de realizar toda a assistência que é

responsabilidade das equipes multidisciplinares, como promoção da saúde e

prevenção de agravos, tratamento de doenças e reabilitação, a fim de garantir a

integralidade da assistência (BRASIL, 2014a).

Outras ações realizadas foram relativas ao aconselhamento, principalmente,

referente ao HIV. Sabe-se que o estigma é fortemente sentido pelas pessoas que

sofrem com o Vírus da Imunodeficiência Adquirida, seja ele internalizado, percebido,

vicário ou promulgado. Contudo, a realização do aconselhamento por profissionais

capacitados gera efeitos positivos sobre as PPL contaminadas pelo vírus, pois

contribui para a aceitação da nova condição, atenua a sensação proveniente do

estigma e reduz o desconforto em relação ao tratamento (KEMNITZ et al, 2017).

O acolhimento desenvolvido pela equipe – essencialmente pelo serviço social

– é considerada uma das responsabilidades dos Estados e do Distrito Federal, por

meio da Secretaria Estadual de Saúde, a partir da criação, implantação e

implementação de protocolos de acesso e acolhimento, a ser utilizada como

estratégia que visa a detecção precoce de doenças e agravos, bem como seu

acompanhamento, para otimizar a resolutividade dos problemas de saúde (BRASIL,

2014a).

Assim, o acolhimento deve ser compreendido como eixo no processo de

trabalho em saúde prisional, uma vez que a privação da liberdade implica em

importantes mudanças na vida do apenado e de sua família, a partir da entrada em

um ambiente novo, que envolve alteração na autoestima, a pressão proveniente da

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

66

estigmatização criminal, a mudança de hábitos e demais alterações biológicas,

sociais e psicológicas que incidem negativamente sobre a saúde dos indivíduos e

seus familiares (SANCHEZ-ROIG; COLL-CAMARA, 2016).

De acordo com as falas dos profissionais, muitas são as dificuldades para a

realização das ações de saúde, entre as quais a superlotação. Esse problema

abrange penitenciárias em todo o mundo e esse cenário tem gerado efeitos

negativos em relação à saúde integral dos apenados e dos profissionais que atuam

junto a essa população (TOPP et al, 2016).

E a falta de profissionais de saúde, também apontada como dificuldade pela

EABP, tem incidido de forma negativa sobre a percepção do sujeito privado de

liberdade em relação às práticas assistenciais de saúde desenvolvidas nos interiores

das prisões, pois diminui a capacidade de atendimento (TOPP et al, 2016).

O pequeno contingente de recursos financeiros disponibilizados para a

prestação de serviços – que promove a deficiência de recursos humanos e materiais

– deve ser revertido, a fim de atender às necessidades de saúde da população

privada de liberdade, porquanto, um sistema de saúde eficiente e que acredita em

uma saúde prisional como prioridade (SANDER; LINES, 2016).

As questões referentes à estrutura, igualmente destacadas neste estudo, são

reconhecidamente um entrave no cenário prisional e essa situação resulta na

disseminação de doenças e na falta de acesso ao serviço de saúde (TOPP et al,

2016). Ao considerar a importância do ambiente para a saúde, a criação de locais

saudáveis nas prisões foi elencada como tema prioritário para a pesquisa sobre

saúde prisional (KOUYOUMDJIAN et al, 2016).

Outrossim, a privação de liberdade pode e deve ser entendida como uma

oportunidade desse sujeito – que geralmente se apresenta em estado de

vulnerabilidade socioeconômica e educacional – de ter acesso à assistência à saúde

e melhorar sua condição geral (SIDIBE et al, 2015). Para tanto, é essencial ressaltar

que deve haver respeito à autonomia do sujeito, a fim de contribuir para o seu

empoderamento.

O deficiente acesso à rede de atenção à saúde representa uma significativa e

complexa dificuldade entre as PPL, pois prejudica a resolutividade dos problemas de

saúde que emergem da população encarcerada e, ainda, desacredita o valor das

ações de saúde (TOPP et al, 2016). E a falta de adaptação dos protocolos de

segurança e transporte das pessoas, que se encontram no interior dos presídios,

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

67

resulta em restrições desse sujeito à assistência à saúde, assim, percebe-se que a

existência do serviço de saúde não implica o seu efetivo atendimento (SANDER;

LINES, 2016).

Ademais, depreende-se que o acesso pode ser regulado pela gravidade da

condição geral do paciente ou pela presença de doenças consideradas graves.

Dessa forma, apenados diagnosticados com a Síndrome da Imunodeficiência

Adquirida (SIDA) ou tuberculose são assistidos de maneira mais recorrentes,

quando comparados aos com condições clínicas mais favoráveis (TOPP et al, 2016).

Destarte, o grande desafio consiste no empreendimento de esforços entre as

autoridades penitenciárias – representadas pela direção geral da unidade e

coordenadores – que apresentam grande participação e influência sobre a prestação

dos serviços, para o envolvimento amplo e profundo com a atenção à saúde

correcional (SANDER; LINES, 2016).

Entre as possíveis soluções para a redução das iniquidades vivenciadas no

sistema penitenciário, os profissionais de saúde destacaram a ampliação da

discussão do tema e a inclusão da saúde penitenciária nos currículos dos centros de

formação de recursos humanos em saúde.

De acordo com a PNAISP é responsabilidade da União, por meio do

Ministério da Saúde, estimular e realizar ações para a formação e educação para a

difusão da política no País (BRASIL, 2014a). E ainda, as Diretrizes Curriculares

Nacionais para os cursos de graduação na área da saúde – publicadas em 2017 –

afirmam que a formação deve estimular habilidades e atitudes para o exercício

profissional em equipe e em consonância com os serviços de saúde e a comunidade

(BRASIL, 2018b).

Dessa forma, as instituições que formam profissionais de nível superior

devem assumir sua responsabilidade no que concerne à formação de profissionais

de saúde, para que estes sejam capazes de atuar em consonância com as políticas

públicas de saúde brasileiras, para fortalecer o SUS e suas diretrizes.

Sobre a atuação no cenário prisional, o profissional de saúde deve apresentar

grau de conhecimento que o possibilite atender a ampla complexidade referente ao

cuidado prestado a PPL, no que se refere a diversidade de doenças, agravos e

transtornos que acometem a população apenada. Portanto, exige-se o

desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para o tratamento das principais

necessidades de saúde percebidas e, ainda, as peculiaridades que envolvem o

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

68

exercício laboral nas instituições que visam à ressocialização (SANCHEZ-ROIG;

COLL-CAMARA, 2016).

A atividade do profissional de saúde no interior das prisões é permeada por

entraves do próprio SUS, como a escassez de profissionais, a falta de quantidade e

de qualidade dos atendimentos, a demora de atendimento em casos de emergência

e a precária ou inexistente distribuição de medicamentos, mas também por

peculiaridades do ambiente prisional, como a violência entre as PPL e estas com os

agentes de segurança penitenciária, que colocam em risco todas as pessoas que

habitam ou laboram nessas instituições (MINAYO; RIBEIRO, 2016).

Por fim, conforme descrito na análise de similitude, a equipe de saúde é o

eixo central do cuidado e apresenta forte vínculo com a PPL, que corrobora com a

política vigente. Contudo, muitas são as dificuldades vivenciadas para o exercício da

função.

A formação do vínculo profissional-usuário, demonstrado na análise de

similitude, é uma condição essencial para a atuação do trabalhador da área da

saúde nos princípios da APS e relaciona-se à escuta qualificada, em uma

perspectiva ampliada de atenção, criado a partir do acolhimento e compreensão das

singularidades, a fim de que a atenção seja capaz de sanar as necessidades de

saúde (ILHA et al, 2014).

A assistência à saúde à PPL deve apresentar a integralidade, a

intersetorialidade, a descentralização, a hierarquização e a humanização como eixos

estruturantes, com o propósito de garantir o acesso dessa parcela que habita o

sistema prisional ao cuidado integral (BRASIL, 2014a). Infere-se, dessa maneira,

que envolver adequadamente os apenados na rede assistencial contribui para a

saúde do indivíduo e da coletividade (SIDIBE et al, 2015).

Outrossim, embora as publicações oficiais informem que 100% dos estados

brasileiros encontram-se qualificados para receber os recursos referentes a

implantação e manutenção das EABP, a cobertura de saúde dessa população é de

apenas 30%, que indica a baixa velocidade de execução dos planos estaduais

referente ao PNSSP e PNAISP. Desse modo, é fundamental aumentar a agenda

orçamentária direcionada para esse plano, com o objetivo de melhorar os aspectos

estruturais e garantir recursos humanos e materiais adequados para a realização de

uma assistência universal, integral, resolutiva e contínua (SOARES FILHO; BUENO,

2016).

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

69

8.2 Scopping Review

8.2.1 Resultados

A busca realizada nas bases de dados e na literatura cinza resultou em

123.533 e 29 títulos, respectivamente, que totaliza 123.562 textos inicialmente. Após

a aplicação dos critérios de elegibilidade resultaram 56 estudos, destes dois foram

excluídos por apresentarem duplicidade. Dessa forma, 54 artigos foram lidos na

íntegra e 25 foram incluídos na amostra final (Figura 8).

Figura 8 - Fluxograma para a seleção dos textos dos estudos incluídos na scoping review (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2017.

O Quadro 5 informa sobre a caracterização da amostra na scoping review

segundo título, ano, país de publicação e objetivo da pesquisa. Observa-se que

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

70

houve apenas uma publicação sobre o tema entre os anos 2004 (4,4%), 2005

(4,4%), 2009 (4,4%), 2011 (4,4%) e 2012 (4,4%). Esse número cresceu em 2013

(26,1%) e manteve-se estável nos anos subsequentes.

Em relação aos países de origem dos textos incluídos nessa revisão,

depreende-se que os Estados Unidos da América (EUA) detiveram o maior número

de produção científica sobre saúde penitenciária (34,7%). No que se refere aos

temas abordados, percebe-se que saúde mental (21,7%), tuberculose (17,4%), vírus

da imunodeficiência humana (13,0%), saúde da mulher (13,0%) e drogas (13,0%)

são mais recorrentes.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

71

Quadro 5 - Caracterização dos estudos incluídos na scoping review segundo título, ano e país de publicação e objetivo do estudo (n=25), Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

N TÍTULO ANO PAÍS OBJETIVO

1

Art Therapy with Incarcerated Women Who Have

Experienced the Death of a Loved One 2004 Estados Unidos

Explorar os benefícios da arte-terapia com as mulheres sofrendo uma perda significativa na prisão

2

Preventive care for women in prison: a qualitative

community health assessment of the Papanicolaou

test and follow-up treatment at a California state

women's prison

2005 Estados Unidos

Investigar as experiências das mulheres na prisão com o Papanicolaou, o tratamento, as percepções dos médicos e dos prestadores de serviços e as recomendações para melhorias

3

Indonesian prisons and HIV: part of the problem, part

of the solution? 2009 Indonésia Analisar a prevenção e cuidados para o vírus da imunodeficiência humana na prisão

4 Primary medical care in Irish prisons

2010 Reino Unido

Descrever aqui a infraestrutura de cuidados médicos primários no Serviço Prisional da Irlanda

5

Care or custody? An evaluation of palliative care in

prisons in North West England. 2011 Reino Unido

Avaliar os pontos de vista dos profissionais de saúde sobre a prestação de cuidados paliativos nas prisões nos condados de Cumbria e Lancashire, no Noroeste da Inglaterra

6 Effects of Drug Treatment Unitsin Swedish Prisons

2012 Suécia Avaliar os cuidados prestados em unidades de tratamento de toxicodependentes em prisões suecas

7

Providing counseling for transgendered inmates: A

survey of correctional services 2013 Estados Unidos

Avaliar as necessidades atuais de avaliação, habitação e tratamento de saúde mental de reclusos transexuais

8

Benefits of selected physical exercise programs in

detention: A randomized controlled trial 2013 Brasil

Determinar se o treinamento cardiovascular supervisionado e o treinamento de resistência poderiam ser preferíveis à força de alta intensidade supervisionada, a fim de melhorar o estado de saúde do prisioneiro.

9

Safety and Effectiveness of a Nurse-Led Outreach

Program for Assessment and Treatment of Chronic

Hepatitis C in the Custodial Setting 2013

Reino Unido

Descreve a investigação da eficácia e segurança de um modelo de cuidados de enfermagem para os detentos com hepatite C crônica em três centros correcionais australianos

10

A randomized controlled trial of a smoking cessation

intervention conducted among prisoners 2013 Austrália Avaliar a eficácia da adição de Nortriptilina a uma intervenção multicomponente, envolvendo breve terapia cognitivo-comportamental e Nicotina Transdérmica Patch entre os prisioneiros do sexo masculino

11 X ray screening at entry and systematic screening for 2013 Brasil Medir o impacto do rastreamento através do exame de raio-X

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

72

the control of tuberculosis in a highly endemic prison associado à triagem sistemática para a prevalência e incidência de Tuberculose ativa no prisioneiro

12

The Effectiveness of Cognitive-Behavioral Training

on Increasing Self-Concept's Measure and the

Attitude Style Toward Narcotic Drugs in Tonekabon

Addicted Prisoners

2013 Irã Avaliar os efeitos do treinamento cognitivo-comportamental no aumento do autoconceito e do estilo de atitude em relação aos estupefacientes

13 Health Education Needs of Incarcerated Women

2014 Estados Unidos

Identificar as necessidades de educação de saúde de mulheres encarceradas em uma instalação de correções estaduais

14

Reducing risky relationships: a multisite randomized

trial of a prison-based intervention for reducing HIV

sexual risk behaviors among women with a history of

drug use

2014 Reino Unido

Examinar o impacto do vídeo RRR-HIV nos comportamentos sexuais desprotegidos

15

Evaluation of a comedy intervention to improve

coping and help-seeking for mental health problems

in a women’s prison 2014

Reino Unido

Avaliar o conhecimento e as atitudes dos prisioneiros em relação aos problemas de saúde mental e as intenções comportamentais relevantes antes e depois da intervenção psicoeducativa

16

Screening for Hepatitis C as a Prevention

Enhancement (SHAPE) for HIV: an integration pilot

initiative in a Massachusetts County correctional

facility

2014 Estados Unidos

Avaliar a viabilidade de integrar a triagem de Hepatite C em um programa de triagem para o vírus da imunodeficiência humana em um ambiente correcional e a eficácia de realizar entre os detentos positivos para anticorpos contra Hepatite C os cuidados clínicos após a liberação

17

Recidivism at the Kumasi Central Prison: A Look into

Guidance and Counselling Services 2015 Gana Identificar a adequação e eficácia dos serviços de orientação e aconselhamento oferecidos aos prisioneiros na prisão central de Kumasi, no Gana.

18

The Development of a Brief Jail-Based Cervical

Health Promotion Intervention 2015 Estados Unidos

Descrever o desenvolvimento e implementação de intervenção de promoção da saúde sobre o câncer cervical na prisão

19

Effect of active case finding on prevalence and

transmission of pulmonary tuberculosis in Dhaka

Central Jail, Bangladesh. 2015

Reino Unido

Avaliar o efeito da triagem ativa no controle da transmissão da tuberculose e também caracterizar as linhagens de Mycobacterium tuberculosis para investigar a dinâmica de transmissão em ambiente correcional

20

Screening for tuberculosis and testing for human

immunodeficiency virus in Zambian prisons 2015 Zâmbia Melhorar a implementação do Serviço de Prisão da Zâmbia no rastreio da tuberculose e no teste do vírus da imunodeficiência humana

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

73

21

Analysis of the implementation of the Tuberculosis

Control Program in Brazilian prisons 2015 Brasil Avaliar o grau de implantação do Programa de Controle da Tuberculose em unidades prisionais de dois estados brasileiros

22

From positive screen to engagement in treatment: a

preliminary study of the impact of a new model of

care for prisoners with serious mental illness 2016

Reino Unido

Descrever o impacto da implementação da via de rastreio, encaminhamento e avaliação na proporção de prisioneiros que recebem serviços de saúde mental especializados

23

Effect of directly observed antiretroviral therapy

compared to self-administered antiretroviral therapy

on adherence and virological outcomes among HIV-

infected prisoners: a randomized controlled pilot

study.

2016 Estados Unidos

Determinar a eficácia da Terapia Diretamente Observada (TDO) versus a Terapia Autoadministrada (TAD) no aumento da adesão ao Tratamento Antirretroviral (ARV) às 24 semanas.

24

Essential Elements of an Effective and Sustainable

Prison Hospice Program 2016 Estados Unidos

Descrever os fatores que o pessoal da Penitenciária do Estado de Louisiana, os presos e os agentes correcionais consideram essenciais para apoiar a prestação eficaz e sustentada dos cuidados paliativos

25

Key successes and challenges in providing mental

health care in an urban male remand prison: a

qualitative study. 2016

Reino Unido

Descrever o funcionamento de um serviço de saúde mental em prisão urbana masculina, explorando os principais desafios e sucessos, níveis de integração e colaboração com outros serviços.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

74

O Quadro 6 descreve as ações realizadas pela equipe de saúde nas prisões.

Destacam-se as atividades de promoção da saúde, prevenção de doenças e

empoderamento da população apenada, descritas em 34,5% dos artigos e os

exames de rastreio para doenças mais prevalentes no ambiente prisional, que foram

apresentadas em 27,6% dos textos.

Quadro 6 - Descrição das ações realizadas pela equipe de saúde nas prisões, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

N AÇÕES REALIZADAS PELA EQUIPE DE SAÚDE NAS PRISÕES

1 Realização de sessões individuais de arte-terapia para mulheres encarceradas deprimidas

2 Exames regulares de Papanicolau (Pap) e ações de promoção de comportamentos de saúde-consciente

3 As atividades de prevenção, aconselhamento e os testes para o vírus da imunodeficiência humana

4 Ações de vigilância de saúde e resposta a situações de emergência

5 Fornecimento de cuidados paliativos de fim de vida

6 O programa nas unidades de tratamento consiste em sessões de grupo, palestras, filmes e tarefas individuais para pessoas toxicodependentes

7 Cuidados integrais presos transgêneros

8 Realização de treinamento cardiovascular supervisionado e o treinamento de resistência

9 Foram desenvolvidos programas específicos de educação para reclusos sobre a hepatite

10 Tratamento para a cessação do tabagismo

11 Exame para rastreio de Tuberculose

12 Realização de um programa de treinamento cognitivo-comportamental treinamento para o aumento do autoconceito e do estilo de atitude em relação aos estupefacientes

13 Realização de educação em saúde para as mulheres encarceradas

14 Intervenções que visam o cuidado e autocuidado para o vírus da imunodeficiência humana

15 A intervenção psicoeducativa relacionada à saúde mental

16 Exames para a triagem para Hepatite C e vírus da imunodeficiência humana

17 Realização de serviços de orientação e aconselhamento para os presos

18 Avaliação do conhecimento da saúde cervical, conscientização e alfabetização em saúde entre as mulheres na cadeia

19 A triagem ativa para tuberculose pulmonar sintomática

20 Exame para rastreio de Tuberculose

21 Exame para rastreio de Tuberculose e teste antivírus da imunodeficiência humana

22 A triagem de saúde mental

23 Realizar tratamento antirretroviral a partir de doses diretamente observadas

24 Cuidados paliativos de enfermagem e outros cuidados especializados

25 Fornecimento de tratamento e apoio para problema de saúde mental, incluindo consulta para triagem

Entre as facilidades para a realização das ações de saúde entre as PPL que

mais emergiram entre os estudos destaca-se a presença de profissionais

capacitados – descritos em estudos provenientes da África, da Europa e da

Oceania–; o apoio institucional – apresentados em textos da América do Norte,

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

75

África e Oceania –; e a disposição das Redes de Atenção à Saúde (RAS) –

apontada nos artigos advindos da América do Sul, Ásia e Europa.

Acerca das dificuldades, os recursos e insumos insuficientes para a

realização das ações de saúde estiveram referidos em estudos de cinco continentes,

a saber: África, América do Sul e do Norte, Ásia e Europa. A inadequação da

estrutura física emergiu nos textos provenientes da África e América do Sul e do

Norte e a rotatividade foi retratada entre os artigos da América do Sul, Europa e

Oceania (Quadro 7).

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

76

Quadro 7 - Descrição das facilidades e dificuldades por continente para a realização da assistência à saúde das PPL, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

FACILIDADES DIFICULDADES

EUROPA – 9 PUBLICAÇÕES Presença de profissionais capacitados, motivados e comprometidos. Relações de respeito, atenção e confiança entre PPL e suas necessidades e os profissionais. Disposição da rede de atenção à saúde extramuros. Adesão das PPL.

Recursos/insumos insuficientes para realizar as ações de saúde. Rigidez dos protocolos de segurança. Entraves quanto a humanização e confidencialidade. Falta de adesão das PPL aos tratamentos. Rotatividade das PPL. Superlotação. Processos de trabalho inadequados.

AMÉRICA DO NORTE – 8 PUBLICAÇÕES

Flexibilização das regras de segurança para permitir ou apoiar atividades de saúde. Apoio institucional. Estrutura física inadequada para a realização dos atendimentos. Financiamento estatal adequado. Relações de respeito, atenção e confiança entre PPL e suas necessidades e os profissionais.

Estrutura física inadequada para a realização dos atendimentos. Recursos/insumos insuficientes para realizar as ações de saúde. Rigidez dos protocolos de segurança. Escassez de profissional de saúde. Pouco envolvimento dos profissionais. Falta de apoio institucional. Entraves quanto a humanização e confidencialidade.

AMÉRICA DO SUL – 3 PUBLICAÇÕES

Disposição da rede de atenção à saúde extramuros. Adesão das PPL. Recursos/insumos materiais disponíveis.

Estrutura física inadequada para a realização dos atendimentos. Recursos/insumos materiais disponíveis. Rigidez dos protocolos de segurança. Falta de recursos para o transporte das PPL para atendimento na rede de saúde. Rigidez dos protocolos de segurança. Falta de adesão das PPL aos tratamentos. Rotatividade das PPL. Superlotação.

ÁSIA – 2 PUBLICAÇÕES

Apoio institucional. Flexibilização das regras de segurança para permitir ou apoiar atividades de saúde. Disposição da rede de atenção à saúde extramuros.

Recursos/insumos insuficientes para. realizar as ações de saúde.

ÁFRICA – 2 PUBLICAÇÕES

Presença de profissionais capacitados, motivados e comprometidos.

Escassez de profissional de saúde. Estrutura física inadequada para a realização dos atendimentos. Recursos/insumos insuficientes para realizar as ações de saúde.

OCEANIA – 1 PUBLICAÇÃO

Apoio institucional. Presença de profissionais capacitados e envolvidos.

Rotatividade das PPL.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

77

8.2.2 Discussão

O aumento da produção científica sobre saúde penitenciária tem sido

verificado em diversos países, como é demonstrado neste estudo, e tal situação

encontra-se relacionada ao crescente número de pessoas encarceradas em todo

mundo. Esse aumento tem despertado o interesse da comunidade científica em

verificar como a privação da liberdade incide sobre a saúde destes indivíduos

(VANJANI, 2017).

Entre os temas de saúde mais recorrentes nos estudos selecionados para

esta scoping review, verificou-se a saúde mental. Pessoas com necessidade de

tratamento psiquiátrico ou psicológico são 15 vezes mais propensos ao atendimento

nas unidades de saúde prisional, principalmente aqueles apenados com transtorno

de humor e/ou ansiedade e, tal situação corrobora à necessidade de implementação

de atendimento integral para as PPL, incluindo assistencial biopsicossocial

(NOWOTNY, 2017).

Outros agravos à saúde, como HIV, tuberculose e hepatite C, mostraram-se

como assuntos, frequentemente, abordados entre os estudos que envolvem as PPL.

Entende-se que tais agravos são considerados problemas de saúde pública,

principalmente no âmbito do sistema prisional, onde a incidência e a prevalência são

superiores entre os apenados, quando comparados à população em geral

(SANDER; LINES, 2016).

Essa realidade encontra-se associada ao comportamento de risco adotado

entre os sujeitos privados de liberdade – mesmo anteriormente ao cumprimento da

pena – como prática sexual sem o uso de preservativo e uso de drogas injetáveis

com compartilhamento de seringas e agulhas; as condições insalubres de habitação;

a falta de atenção com a sua própria saúde; a superlotação e demais problemas

estruturais das penitenciárias, que colaboram para a disseminação de doenças

infectocontagiosas (SANDER; LINES, 2016).

Apreende-se que grande parte das pessoas que se encontra no ambiente

prisional foram detidas em função do uso de drogas. Contudo, o baixo número de

estudos que abordam o tema pode estar relacionado ao número limitado de ações

de saúde desenvolvidas pelas equipes de saúde prisional para o tratamento das

pessoas que objetivam cessar o uso de drogas (SANDER; LINES, 2016).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

78

Em relação aos aspectos direcionados à saúde da mulher, é fundamental que

estes sejam ainda mais explorados e a discussão fomentada, a fim de que

mudanças sejam empreendidas nas práticas assistenciais direcionadas para essa

população. Sabe-se que a população privada de liberdade do sexo feminino tem

aumentado nos últimos anos. Contudo, as ações de saúde têm se mostrado

fragmentadas e minimalistas, direcionadas apenas para as doenças crônicas

(hipertensão e diabetes) e doenças infeciosas, não garantindo a integralidade e

complexidade das usuárias dos serviços de saúde (SANTOS et al, 2017b).

No Brasil, no ano de 2014 foi criada a Política Nacional de Atenção às

Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional,

publicada por meio da Portaria Interministerial nº 210 em 2014. Tal iniciativa busca

garantir o direito à saúde com práticas humanizadas, além de ações relacionadas à

educação, alimentação, trabalho, segurança, proteção à maternidade, lazer, esporte,

assistência jurídica e demais direitos humanos, a fim de promover o respeito à

integralidade dessa mulher e melhorar a sua qualidade de vida e saúde (BRASIL,

2014b).

Outro tema recorrente nos estudos sobre o sistema penitenciário foi o cuidado

paliativo. Ao longo dos anos, percebeu-se a crescente necessidade de se pensar e

implementar ações relacionadas a esse aspecto, em virtude da necessidade dos

próprios apenados. Assim, prisões localizadas nos EUA e Europa iniciaram o

desenvolvimento de instalações apropriadas para a provisão de cuidados paliativos.

Entretanto, restrições pertinentes ao sistema prisional, como recursos financeiros e

humanos e protocolos de segurança, têm sido apontadas pelos profissionais de

saúde como entraves para a realização dessa assistência (TURNER; PEACOCK,

2017)

A rigidez nos protocolos de segurança – presente em textos oriundos dos

continentes da América do Sul e do Norte e Europa – também foi considerada um

fator que dificulta as ações do processo de trabalho dos profissionais de saúde junto

às PPL. Verifica-se que o tipo de penitenciária tem influenciado no acesso à

utilização dos serviços de saúde instalados na unidade prisional ou da rede

assistencial, de modo que prisões de segurança máxima, que recebem sujeitos com

maior nível de periculosidade e, por conseguinte, requerem rigidez nos protocolos de

segurança, apresentam médias de atendimentos de saúde realizados pela equipe de

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

79

saúde intramuros inferiores, quando comparadas às prisões de segurança média

(NOWOTNY, 2017).

Em relação às ações de saúde desenvolvidas pelos profissionais nos

presídios, essas estiveram relacionadas à promoção da saúde e prevenção de

doenças, exames de rastreio para doenças mais prevalentes no ambiente prisional e

atividades assistenciais. Esse resultado demonstra que a compreensão das

consequências do encarceramento para a saúde tem contribuído para embasar as

ações que visam promover a saúde da população privada de liberdade, de modo a

reduzir o adoecimento entre os apenados (VANJANI, 2017).

A valorização das atividades de promoção da saúde e prevenção revela um

avanço para a assistência à saúde prisional, pois demonstra a compreensão

ampliada do conceito de saúde dessa população pelos profissionais que atuam nos

presídios que, por conseguinte, contribui para a realização da atenção integral à

saúde, reduz o risco de adoecimento relacionado à privação de liberdade e torna as

ações articuladas com a realidade vivenciada por essa população (SANTOS et al,

2017a).

Outros aspectos como o apoio institucional, os recursos humanos e as

dificuldades de transporte foram referidas de forma frequente como facilidades ou

dificuldades pelos estudos, originados em vários continentes. Esses representam

aspectos fundamentais para o sucesso ou fracasso da assistência à saúde ofertada

à população privada de liberdade.

Depreende-se que os agentes penitenciários e a direção das unidades podem

se constituir como aspecto que facilita ou não a execução do trabalho da equipe de

saúde nos presídios, pois para que o atendimento seja realizado, é preciso que a

direção autorize que os agentes penitenciários façam a retirada do apenado da cela

e o encaminhe para o setor de saúde da instituição (FERREIRA et al, 2015).

Igualmente, o número insuficiente de agente penitenciário e profissionais de

saúde, concomitante à falta de recursos para realizar o transporte do apenado para

a continuidade do tratamento na rede assistencial, afetam sobremaneira o processo

de trabalho e a assistência à saúde (FERREIRA et al, 2015).

Sabe-se que o acesso à rede assistencial, elencado como facilidade para a

prática de saúde penitenciária entre os estudos da América do Sul, Ásia e Europa,

tem sido amplamente discutido e defendido pelos principais órgãos internacionais

que protegem os direitos humanos. A estes incluem-se entidades da área da saúde,

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

80

como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde

(OMS). Essas instituições têm criado recomendações internacionais que obrigam ou

estimulam os países membros a desenvolverem legislações específicas para a

garantia do acesso igualitário à todas as PPL aos serviços de saúde (SANDER;

LINES, 2016).

A inadequação da estrutura física de penitenciárias e a escassez de recursos

e insumos são problemas evidenciados em todo mundo, tornando-se um aspecto

que dificulta as ações de saúde. Sobre essa questão ressalta-se a deficiência no

saneamento, a ventilação inadequada, o acesso restrito à água potável, a falta de

consultórios adequados e equipados para o atendimento dos profissionais de saúde

(SANDER; LINES, 2016; FERREIRA et al, 2015).

A falta de estrutura física e de recursos humanos ainda comprometem as

ações de saúde, como o aconselhamento, o acolhimento e a escuta qualificada,

consideradas pelos profissionais de saúde como necessárias e eixos centrais para a

assistência à saúde integral e resolutiva (FERREIRA et al, 2015).

A insuficiência de recursos financeiros ou o não recebimento – relacionada à

insuficiência de insumos e de recursos humanos – trata de um fator que interfere

negativamente sobre as práticas de saúde desenvolvidas nas penitenciárias. No

entanto, ressalta-se que os países devem manter o acesso à saúde das PPL, e,

para tanto, cumprir, minimamente, suas obrigações sanitárias – mesmo em face de

dificuldades econômicas – conforme preconiza-se a legislação internacional sobre o

tema (SANDER; LINES, 2016).

É possível que a cultura estigmatizante referente à privação de liberdade,

apontada como um fator que dificulta o desenvolvimento das ações de saúde nesse

âmbito, seja a razão dos poucos investimentos realizados nessa área. Esse

problema emerge das concepções da população sobre o encarceramento e o

encarcerado, em que as pessoas com privação de liberdade são consideradas

inferiores ao restante da população, desse modo, não deveriam ter acesso aos

direitos básicos, como saúde e condições dignas de sobrevivência (VANJANI, 2017).

Ademais, o preconceito direcionado à população encarcerada pode também

ser a motivação para o não reconhecimento da prioridade na prestação da

assistência à saúde, representados pelos profissionais de saúde, diretores das

penitenciárias, agentes de segurança penitenciária e gestores das instâncias do

Estado. Dessa forma, torna-se essencial compreender que o apenado perde apenas

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

81

o direito à sua liberdade e não aos demais direitos, em que se inclui a saúde

(SANDER; LINES, 2016).

Estudo realizado nos Estados Unidos da América, evidenciou que, embora

seja resguardado o direito à saúde das PPL naquele país, a taxa de uso de serviços

de saúde no sistema prisional apresentou-se com grande variação entre as diversas

unidades prisionais, o que indica o não cumprimento da legislação, ou seja, os

apenados não são atendidos em suas necessidades de saúde (NOWOTNY, 2017).

A rotatividade dos apenados na instituição prisional e o interesse dessa

população no que concerne ao cuidado com sua própria saúde tem sido apontada

como entrave à execução das ações de saúde, como operacionalização para a

realização de exames, continuidade do tratamento estabelecido – principalmente

quando este é longo, como é o caso do tratamento para tuberculose – e mudança na

compreensão da importância de ações de promoção da saúde e prevenção de

doenças entre os apenados (OLIVEIRA; NATAL; CAMACHO, 2015).

8.3 Construção e validação de conteúdo do OVA – Saúde penitenciária

8.3.1 Resultados

Procedimentos teóricos

A revisão de escopo demonstrou que a maioria das ações desenvolvidas no

sistema penitenciário pela EABP está relacionada às atividades de promoção da

saúde, prevenção de doenças, empoderamento da população apenada e aos

exames de rastreio para doenças mais prevalentes no ambiente prisional, como as

infectocontagiosas e saúde mental.

No que se refere ao processo de trabalho desta equipe de saúde, as

entrevistas com os profissionais que atuam em instituições prisionais informaram

que o processo de trabalho das EABP integra: práticas assistenciais de cunho

biologicista – consultas e encaminhamentos – que objetivam suprir as necessidades

de saúde dos reclusos como eixo estruturante; também são desenvolvidas

atividades de aconselhamento, principalmente entre os portadores de HIV/AIDS; e

ações que visam o acolhimento direcionado para a PPL e sua família, conforme

preconiza o PNAISP.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

82

Assim, após essas etapas e o embasamento pedagógico da TAS, o OVA foi

estruturado em sete telas, a saber: apresentação, conceitos, aparatos legais,

sistema penitenciário, processo de trabalho, publicações e disposições

finais/créditos. As telas dispõem, além do título e apresentação das informações,

texto interativo, dicas de leitura para aprofundamento e sugestões de exercício. As

telas, seus objetivos e itens componentes encontram-se descritivamente expostas

no quadro 8.

Quadro 8 - Telas que compõem o OVA, segundo seu objetivo e itens componentes, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

TELA OBJETIVO ITENS COMPONENTES

Tela 1

Home/

Apresentação

Apresentar o Objeto Virtual de

Aprendizagem, incluindo seu conteúdo

e instruções para a navegação

Texto inicial com boas-vindas

Instruções de navegação e botões de

acesso às telas de conteúdo

Tela 2

Conceitos

Objetivo da aprendizagem:

Compreender e relacionar conceitos-

chaves sobre o tema saúde

penitenciária

Título

Apresentação da tela

Texto interativo

Proposta de exercício

Tela 3

Aparatos

Legais

Objetivo da aprendizagem:

Conhecer as legislações e publicações

sobre o tema saúde penitenciária

Título

Apresentação da tela

Texto interativo com hiperlinks

Dicas de leitura para aprofundamento

Proposta de exercício

Tela 4

Sistema

Penitenciário

Objetivo da aprendizagem:

Reconhecer as características do

sistema penitenciário brasileiro

Título

Apresentação da tela

Texto interativo com hiperlinks

Dicas de leitura para aprofundamento

Proposta de exercício

Tela 5

Processo de

trabalho

Objetivo da aprendizagem:

Identificar aspectos relacionados ao

processo de trabalho em saúde nas

penitenciárias.

Título

Apresentação da tela

Texto interativo com hiperlinks

Dicas de leitura para aprofundamento

Tela 6

Publicações

Elencar publicações nacionais e

internacionais sobre o tema saúde

penitenciária.

Título

Apresentação da tela

Texto interativo com hiperlinks

Tela 7

Disposições

finais

Créditos

Fornecer informações sobre as

disposições finais e apresentar

instituições e equipe responsável pelo

desenvolvimento do Objeto Virtual

Texto final com informações relevantes,

limitações do Objeto Virtual de

aprendizagem e informações das

instituições de produção, de

financiamento e equipe de construção.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

83

Procedimentos empíricos e analíticos

Participaram na primeira e na segunda rodadas de validação de conteúdo 11

e 8 juízes, respectivamente e foram realizadas as análises referentes a

concordância entre os juízes e o CVC. Todas as participantes da etapa de validação

de conteúdo foram do sexo feminino. A média de idade dos juízes na Delphi 1 foi de

41,2 anos e na Delphi 2 38,8 anos. Em relação à formação, a maioria apresentou

graduação em enfermagem e pós-graduação em nível de doutorado (Tabela 2).

Tabela 2 - Caracterização dos juízes quanto à formação em nível de graduação e pós-graduação, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Caracterização Delphi 1 Delphi 2

n % n %

Formação em nível de graduação Enfermagem 7 63,6 5 62,5 Psicologia 2 18,2 2 25 Medicina 1 9,1 1 12,5 Outros 1 9,1 - - Formação em nível de pós-graduação Doutorado 7 63,6 5 62,5 Mestrado 4 36,4 3 37,5

A tabela 3 informa sobre o nível de concordância e o CVC referente a

avaliação geral do OVA, nas rodadas de Delphi 1 e 2. Observa-se que houve

melhora nas duas avaliações de Delphi, que inclui a avaliação do CVC igual a 1 na

segunda rodada, equivalente ao valor máximo possível de ser alcançado.

Tabela 3 - Nível de concordância e CVC para a avaliação geral do OVA, a partir dos critérios de Pasquali et al (2010), nas rodadas Delphi 1 e 2, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019. Critério Concordância (%) CVC

Delphi 1 Delphi 2 Delphi 1 Delphi 2

Comportamento 91 96 1 1 Objetividade 85 100 0,91 1 Simplicidade 88 100 0,82 1 Clareza 88 92 0,91 1 Relevância 91 96 1 1 Precisão 91 92 1 1 Variedade 91 100 1 1 Modalidade 94 100 1 1 Tipicidade 94 100 1 1 Credibilidade 91 100 1 1 Amplitude 88 100 1 1 Equilíbrio 97 96 1 1

Média 90,7 97,6 0,97 1

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

84

O quadro 9 apresenta as sugestões elencadas pelos juízes na Delphi 1,

informando as alterações realizadas e as não realizadas, justificando-as. Percebe-se

que a maioria das sugestões ofertadas pelos juízes se mostraram relevantes e foram

acatadas pelos autores.

Quadro 9 - Sugestões dos juízes nos itens considerados parcialmente adequados e inadequados na etapa Delphi 1, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019. TELA 1 APRESENTAÇÃO

Sugestões de modificações realizadas Sugestões de modificações não

realizadas/justificativa

Inclusão da descrição dos ícones que

comtemplam os conteúdos do OVA;

Aumento do tamanho da fonte;

Padronização dos vocábulos em termos em

saúde nacionalmente publicitados.

Não foi inserido um espaço para esclarecimento de

dúvidas com o tutor, pois trata-se de um recurso

educacional aberto e os autores estão isentos de

se colocarem como tutores nesse processo;

Não foi colocada uma linha informando a

porcentagem de avanço entre as telas do OVA,

pois se trata de uma Hipermídia em que a

navegação é pessoal e não há obrigatoriedade de

perpassar todos os conteúdos dispostos.

TELA 2 – CONCEITO

Revisão dos conceitos já existentes, inclusão

de novos conceitos e referências para

aprofundamento.

Foi realizada alteração textual para que fique

claro o objetivo da atividade.

Nada a referir.

TELA 3 – APARATOS LEGAIS

Inclusão da resolução que estabelece

parâmetros de acolhimento de LGBT e das

pessoas portadoras de transtorno mental em

privação de liberdade;

Alteração realizada com mudança no nome

da seção para “Aparatos legais";

Texto revisado e alterado.

Não foram inseridos os textos referentes à criação

do SUS, pois nessa tela foram colocadas

legislações específicas para as pessoas em

privação de liberdade;

Não foi realizada alteração da atividade visando a

relação com o que é preconizado pelas políticas e

o que os profissionais vivenciem na prática, pois o

OVA foi pensado para alunos que desconhecem o

sistema penitenciário, dessa forma, é necessário

que as atividades sejam gerais.

TELA 4 - SISTEMA PENITENCIÁRIO

Toda a tela foi revista, incluindo revisão das

imagens e tabelas, a fim de favorecer a

leitura; e

Inclusão da explicação sobre a estrutura do

sistema penitenciário nacional e informações

sugeridas sobre tipo de delito (artigos),

idade, sexo, cor da pele.

Não foram inseridas estatísticas mundiais, pois o

objetivo do OVA é tratar sobre o sistema prisional

brasileiro;

Atividade reformulada, a fim de que seja utilizado

os dados que emergem do sistema de informação;

Não foram retirados os dados do INFOPEN, em

detrimento as informações provenientes de

pesquisa, pois o INFOPEN trata-se do sistema de

informação do sistema prisional, mesmo

apresentando possíveis falhas, retrata

nacionalmente o sistema prisional brasileiro.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

85

TELA 5 - PROCESSO DE TRABALHO

Inclusão das referências dos textos utilizados

e títulos nas figuras;

Revisto a colocação do trabalho em equipe e

a participação dos diferentes profissionais,

como o Agente de Segurança Penitenciária;

Todos os links foram revistos;

Alteração de cor de caixa de texto;

Revisão textual, a fim de padronizar os

termos utilizados;

Inclusão da assistência farmacêutica,

inclusive com um “saiba mais”.

Questões mais específicas, como o atendimento de

uma PPL algemada ou não, não se afetar para

atender presos com delitos de grande comoção,

foram abordadas de forma sutil neste OVA, sendo

aprofundadas de forma objetiva na leitura indicada

no “saiba mais”;

Tratar de forma específica sobre o processo de

trabalho de cada profissional não é objetivo deste

OVA.

TELA 6 – PUBLICAÇÕES

Inclusão de textos nacionais Nada a referir

TELA 7 - DISPOSIÇÕES FINAIS

Acrescentadas informações dos autores Nada a referir

A tabela 4 exibe os valores de concordância e CVC por tela do OVA.

Depreende-se a significativa melhora nos índices referentes às rodadas 1 e 2 de

Delphi. Ao final da Delphi 2 todas as telas obtiveram concordância superior a 97% e

CVC de aproximadamente 1.

Tabela 4 - Valores correspondentes as médias de concordância e CVC dos critérios de Pasquali et al (2010) avaliados pelos juízes nas rodadas de Delphi 1 e 2, por tela do OVA, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Tela Concordância (%) CVC

Rodada 1 Rodada 2 Rodada 1 Rodada 2

Apresentação 93,6 97,3 0,98 0,99 Conceitos 91,1 97 0,95 1

Aparatos legais 92,5 99,2 0,96 1 Sistema penitenciário 89,5 99,3 0,88 1 Processo de trabalho 89,5 98,6 0,98 1

Publicações 91,2 97,3 0,97 1 Disposições finais 98,5 100 1 1

Em ambas as rodadas de Delphi todos os juízes afirmaram que

recomendariam o OVA para o apoio ao ensino sobre a saúde das PPL.

8.3.2 Discussão

Os processos de construção e validação de materiais educacionais são

complexos e necessitam ser estruturados. Essa situação representa a

responsabilidade dos autores/criadores com o público que terá acesso ao conteúdo

didático disponibilizado.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

86

Dessa maneira, compreende-se que a organização do material que compõe o

OVA – Saúde penitenciária constituiu-se de uma etapa fundamental e criteriosa, que

culminou com a reunião sistemática de assuntos e textos usuais e atuais presentes

na literatura e, também, no cotidiano da assistência à saúde ofertada para as PPL.

Entende-se que a inclusão das informações presentes na literatura sobre o

tema, em conformidade com as pessoas que apresentam experiência na área, são

elementos essenciais para a formulação de um material educativo consonante com

a ciência e articulado com a realidade (BENEVIDES et al, 2016).

Sobre esse aspecto, ainda se estende a credibilidade do material

educacional. Assim, a relação entre o OVA e a literatura que o fundamenta é

refletida em sua confiabilidade, dessa forma, o aporte teórico deve ser atualizado e

apresentar compromisso com a qualidade (BRAGA et al, 2016).

Somado aos aspectos do conteúdo, têm-se os metodológicos. Para que o

OVA – Saúde penitenciária seja capaz de fomentar a aprendizagem autônoma e

ativa, sua construção necessitou estar pautada em teorias pedagógicas. Neste

estudo, o objeto virtual foi estruturado de acordo com a TAS.

Sua organização foi planejada em função de uma variável e duas condições

consideradas essenciais para que haja a aprendizagem significativa. Esses são,

respectivamente: o conhecimento prévio do aluno, o material com caráter

potencialmente significativo e a predisposição do aluno para aprender (AUSUBEL,

2002).

Isto posto, os conceitos, os temas e os assuntos foram organizados do geral

para o específico, que objetivou a diferenciação progressiva, a reconciliação

integradora e a formação ou reconhecimento de subsunçores – componentes da

estrutura cognitiva que possibilitam a ancoragem de novas informações (AUSUBEL,

2002).

Uma revisão, cujo objetivo foi investigar a concepção epistemológica, as

contribuições teóricas e as configurações organizacionais, metodológicas e

tecnológicas de instrumentos educacionais, demonstrou que a maioria do material

instrucional produzido apresentou a abordagem cognitivista para a sua construção,

incluindo a TAS, a fim de estimular a participação ativa do aluno em sua

aprendizagem (VENDRUSCOLO; BEHAR, 2016).

Após a construção do instrumento educacional, a validação de seu conteúdo

por experts foi essencial, o objetivo desse teste foi de verificar se o material

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

87

desenvolvido para fomentar a aprendizagem alcança seu propósito (SILVA et al,

2017). Neste estudo, de acordo com o referencial da psicometria, após a realização

das duas rodadas de técnica Delphi, depreende-se que todas as telas do OVA -

Saúde penitenciária foram avaliadas com concordância igual ou superior de 80% e

CVC > 0,8.

Sobre essa etapa é indispensável ressaltar a criteriosa escolha dos juízes, a

fim de garantir a participação de pessoas experientes na área de saúde

penitenciária, pois esses avaliadores devem ser capazes de contribuir sobremaneira

para a seleção e organização do conteúdo incluído no OVA (PEREIRA et al, 2016;

LIMA et al, 2017).

Além da avaliação quanto à adequabilidade dos itens que compuseram o

OVA – Saúde penitenciária, as considerações dos juízes também foram captadas

através da técnica Delphi, que se mostrou eficiente para a etapa da validação de

conteúdo.

Essa técnica permitiu a colaboração de diversos profissionais para a

construção adequada e o aperfeiçoamento do conteúdo disponibilizado no OVA,

pois a cada rodada as sugestões acatadas ou justificadas propiciaram a construção

de consensos entre os juízes (SALVADOR et al, 2018; TAVARES et al, 2018;

SCARPARO et al, 2012).

De acordo com os resultados, todos os juízes indicariam a utilização do OVA

para subsidiar o ensino de saúde penitenciária. A aplicação de TIC no âmbito da

educação é uma realidade crescente e inovadora, fato relacionado à possibilidade

de ambientes de ensino modernos e acessíveis, em que o processo de

aprendizagem se torna potencialmente atraente e dinâmico (PEREIRA et al, 2016).

Além disso, a incorporação de tecnologias na educação, em diferentes níveis,

é capaz de proporcionar o desenvolvimento de forma individualizada de ensino, em

que a apresentação do assunto facilita a compreensão dos temas abordados,

sobretudo ao considerar o ritmo assimétrico de aprendizagem entre os alunos

(SALVADOR et al, 2018).

Nesse sentindo, a utilização do OVA se adequa ao processo de mudanças no

cenário pedagógico, que se caracteriza pela descentralização do ato de ensinar,

com a potencialização da relação horizontal e maior interatividade entre aluno e

professor (PEREIRA et al, 2016).

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

88

Os OVAs, ainda, são qualificados para aprimorar o treino de habilidades, a

mobilização do conhecimento prévio e a articulação entre saberes e áreas de

conhecimento, a fim de melhorar a formação profissional (PARRA-ESQUIVEL;

PENAS-FELIZZOLA; GOMEZ-GALINDO, 2017). Nesse ínterim, a utilização dessas

ferramentas estimula a disseminação do conhecimento, de modo autônomo e sem

restrições relacionadas ao espaço geográfico e temporal (BRAGA et al, 2016).

Neste estudo, defende-se a inserção das tecnologias nos ambientes de

ensino tradicionais – Blended learning – em que os docentes assumem novas

funções e a aprendizagem é desenvolvida de modo colaborativo. No modelo híbrido

de ensino, a dinamicidade do processo educacional é potencializada por discussões

e reflexões que transitam entre o ambiente presencial e o virtual.

Dessa forma, os recursos digitais são aplicados como uma estratégia de

apoio ao ensino, com mediação do professor (PEREIRA et al, 2016). Para tanto, é

essencial que o docente esteja preparado para a integração entre os ambientes,

presencial e virtual, de ensino a partir de teorias pedagógicas consolidadas

(SALVADOR et al, 2018).

Estratégias híbridas de ensino podem favorecer a aprendizagem de assuntos

pouco difundidos nos cursos de formação de recursos humanos, como é a saúde

penitenciária. Além de potencializar a difusão do tema, o OVA fomenta a discussão

sobre o reconhecimento da complexidade que permeia a atuação dos profissionais

de saúde no ambiente prisional nacional (COSTA et al, 2014).

8.4 Avaliação da usabilidade do OVA – Saúde penitenciária

8.4.1 Resultados

Vinte alunos concluíram as etapas referentes ao processo de avaliação da

usabilidade do OVA – Saúde penitenciária. A média de idade foi de 23,9 anos,

sendo o valor mínimo 20 anos e o máximo 40 anos. Quanto ao sexo, 16 declararam

ser do sexo feminino e quatro masculinos. Entre a amostra, três informaram outra

formação (dois técnicos em enfermagem e um naturoterapêuta). E 16 negaram

conhecimento prévio sobre a temática.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

89

Acerca da avaliação da hipermídia, os alunos consideraram o OVA – Saúde

penitenciária como de usabilidade satisfatória, que corresponde ao Score para a

escala System Usability Scale com itens superiores a 70,0 (Figura 9). Neste estudo,

a média correspondente foi de 82,9.

Em relação aos componentes de qualidade da usabilidade, as avaliações

variaram entre boa e excelente, a saber: facilidade de aprendizagem (questões

3,4,7e10) – 86,9; eficiência (questões 5,6, e 8) – 83,9; facilidade de memorização

(questão 2) – 73,75; minimização dos erros (questão 6) – 80,0; e satisfação

(questões 1,4 e 9) – 80,0 (Figura 9).

Figura 9 - Score das respostas dos alunos aos itens da System Usability Scale, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

90

Os domínios referentes ao SAM foram avaliados como adequados, com

níveis de concordância acima de 80,0%, o que corresponde a adequação e

satisfação dos alunos no uso do OVA – Saúde penitenciária (Tabela 5).

Tabela 5 - Respostas dos alunos aos itens adaptados do SAM, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2019.

Item Score por

item Score por domínio

% %

1 Organização 1.1 A página inicial de apresentação e seus ícones está organizada e motiva a navegação no Objeto Virtual

82,5

90 1.2. A sequência do conteúdo está adequada 95

1.3 A estrutura do Objeto Virtual está adequada 92,5

2. Estilo de escrita 2.1 As frases são fáceis de entender 95

92,5 2.2 O conteúdo escrito é claro 95

2.3. O texto é interessante 87,5

3. Aparência 3.1 Os elementos gráficos são simples 87,5

80

3.2 Os elementos gráficos servem para complementar o texto

95

3.3 As páginas apresentam layout atrativo 60

4. Layout 4.1 O tamanho e fonte da letra favorece a leitura 92,5

86,8

4.2 As cores utilizadas no Objeto Virtual viabilizam a leitura 77,5

4.3 A disposição dos itens e das páginas é organizada 87,5

4.4 O número de páginas e o tamanho do material é coerente

90

5. Motivação 5.1 Em sua opinião, qualquer estudante da área da saúde, que conheça aspectos sobre atenção primária à saúde que acessar esse Objeto Virtual vai entender do que ele trata

100 92,5

5.2 Você se sentiu motivado a acessar todo o Objeto Virtual

85

8.4.2 Discussão

Neste estudo, a avaliação da usabilidade do OVA – Saúde penitenciária,

realizada através da System Usability Scale, foi exitosa e correspondeu a um score

de 82,9, que compreende um score considerado entre bom e excelente.

Assim, o dispositivo educacional em relação aos componentes de qualidade

que formam essa avaliação mostrou-se eficiente (83,9) e capaz de facilitar a

aprendizagem (86,9).

Esses elementos devem se manifestar entre os materiais educativos, por

meio de uma apresentação simples e clara, que valoriza os elementos essenciais

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

91

para a aquisição de informações, fomenta o desenvolvimento de um aprendizado

significativo e efetivo e oportuniza o acesso ao conhecimento (HORTENSE;

BERGEROT; DOMENICO, 2018).

Ademais, a elaboração do dispositivo educacional interfere sobremaneira em

sua capacidade de estimular a memorização e na minimização de erros durante o

seu uso entre seus usuários, por fomentar a associação entre os assuntos e as

informações abordadas (MEDEIROS et al, 2016).

E neste estudo, os demais componentes da qualidade referentes à

usabilidade, como a facilidade de memorização (73,75) e a minimização dos erros

(80,0), também obtiveram índices considerados entre bom a excelente.

Os alunos – participantes desta pesquisa – avaliaram a satisfação com OVA –

Saúde penitenciária em um índice correspondente a 80, que se refere a um valor

apreciado entre bom e excelente e indica a aceitação do sistema ofertado, ao

reconhecer nele os suprimentos de suas necessidades e adequação aos seus

interesses.

A boa avaliação da satisfação e dos demais itens que compuseram a escala

utilizada associa-se ao potencial que a tecnologia desenvolvida apresenta para

auxiliar no processo de ensino-aprendizado de forma dinâmica (PEREIRA et al,

2017), bem como a sua capacidade em adaptar-se às necessidades do aluno e, ao

mesmo tempo, valorizar o objetivo da aprendizagem proposto pelo tutor (SÁIZ-

MANZANARES et al, 2019).

O SAM, que avaliou outros aspectos relativos à organização do conteúdo,

estilo de escrita, aparência, layout e motivação, atingiu média de 88,36% de

concordância quanto a sua adequabilidade, acima do mínimo exigido. Essa

avaliação revela a adequação do material educativo em relação ao público-alvo e

denotou que o OVA – Saúde penitenciária oferece informações relevantes, dispostas

de forma clara e objetiva, com linguagem acessível que fomenta a motivação para

uso.

A avaliação realizada quanto à organização do conteúdo (90%), à adequação

da aparência (80%) e ao layout (86,8%) conquistaram resultados superiores ao

exigido.

Sabe-se que as informações inseridas na tecnologia educacional devem ser

indispensáveis e a organização pensada com o propósito de potencializar a

atratividade do material (CRUZ et al, 2016). Dessa forma, a identificação e

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

92

disposição dos conteúdos que compuseram a ferramenta mostrou-se como uma

etapa essencial para promoção da aprendizagem e, por conseguinte, para o êxito

dos resultados desta avaliação.

É possível que esses desfechos estejam pautados na teoria pedagógica

utilizada para organização e construção do OVA – Saúde penitenciária: a Teoria da

Aprendizagem Significativa.

Tem-se que o ensino mediado por tecnologia é uma realidade atual e

crescente e o desenvolvimento destes dispositivos digitais associados a teorias de

ensino e aprendizagem contribuem sobremaneira para a formação de profissionais

em diversas áreas de conhecimento (SOUSA et al, 2015).

Não obstante, instrumentos como o OVA, associados à TAS, favorecem a

apropriação dos diversos conteúdos que compõem o campo de conhecimento da

área da saúde, a partir de estratégias amplamente democráticas, que valorizam a

assimetria do aprendizado e caracterizam-se em modelos ativos e flexíveis

(TRONCHIN et al, 2015).

Somado aos aspectos supracitados, o estilo de escrita obteve avaliação

superior a 90%, que equivale à adequada utilização de termos, verificada pela

leitura/uso do material sem entraves linguísticos.

Considera-se que a apresentação textual necessita estar consonante com o

público-alvo, em que a linguagem deve ser acessível, prática e inteligível (CRUZ et

al, 2016).

O OVA, ainda, foi avaliado como pertinente para motivar sua utilização por

92,5% dos participantes da pesquisa. Sobre esse eixo, reforça-se a soma resultante

da apropriada organização do material educacional produzido e o desejo de

velocidade e acessibilidade que os alunos atuais – nativos digitais, caracterizados

pela aproximação natural com a tecnologia – almejam entre os componentes de seu

cotidiano, como a educação (RIBEIRO et al, 2016).

Nesse sentido, os discentes esperam por inovações no processo de ensino e

aprendizagem que possibilitem o maior acesso às informações e contextos sobre

temas diversos e pouco explorados (PEREIRA et al, 2019).

Por fim, ressalta-se que a escolha dos instrumentos utilizados e sua aplicação

com o público alvo foi essencial para detectar possíveis incongruências e outras

necessidades que emergem do produto tecnológico. Pois é possível que entraves

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

93

nesse sentido consigam interferir negativamente durante o uso dos dispositivos e

reduzam a adesão entre os alunos da área da saúde (TEO et al, 2019).

Todos esses aspectos avaliados, quanto ao conteúdo e a usabilidade, são

essenciais para favorecer a possível adesão dos alunos para o uso do material

educativo e, por conseguinte, potencializar o aprendizado ao constituir-se um

material útil e aplicável (PEREIRA et al, 2017).

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

94

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o OVA – Saúde penitenciária é válido para apoiar o ensino

sobre a saúde penitenciária, em seu conteúdo e usabilidade.

Os métodos propostos para a construção e validação de conteúdo

mostraram-se adequados para a criação do OVA, pois contribuíram para o

aprofundamento do material criado e fomento do seu objetivo de aprendizagem.

Ademais, colabora para o desenvolvimento de instrumentos para a aprendizagem

com rigor metodológico.

Nesse sentindo, ressalta-se a importância no que se refere as etapas iniciais

deste trabalho, realizado por meio de entrevistas com os profissionais de saúde que

atuam nos presídios e a revisão de escopo para o agrupamento do conteúdo

necessário para compor o OVA.

Assim, foi possível relacionar e aproximar aquilo que ocorre no processo de

trabalho das EABP e o que se encontra disponível na literatura oficial, científica e

cinza, em consonância com a Teoria da aprendizagem significativa. A inclusão de

uma teoria pedagógica reforça o reconhecimento da necessidade de adequabilidade

da tecnologia para fins educacionais.

Depreende-se que a avaliação expressiva quanto à usabilidade comprovou

que o objeto virtual apresenta características que fomentam a facilidade de

aprendizagem, eficiência, facilidade de memorização, minimização dos erros e

satisfação, bem como estimou outros aspectos essenciais, que verificaram a

adequabilidade do material educativo para o público-alvo, como organização, estilo

de escrita, aparência, layout e motivação.

Nesse sentido, o OVA – Saúde penitenciária representa uma inovação para a

formação de recursos humanos para a atuação no SUS e favorece a formação e

ampliação do ciberespaço sobre a saúde prisional, com potencialidade de extrapolar

os limites geográficos das salas de aulas tradicionais.

O OVA – Saúde penitenciária e sua utilização junto aos estudantes da área

da saúde pode contribuir para apoiar o ensino do tema nos cursos de graduação e

fomentam a discussão sobre a temática, que paulatinamente ganha espaço junto à

comunidade científica e acadêmica, a partir do reconhecimento dos direitos

humanos fundamentais da população que se encontra em privação de liberdade nos

presídios.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

95

Dessa forma, ressalta-se a necessidade da abordagem de temas transversais

– como os direitos da PPL e o trabalho no interior dos presídios – nos centros de

formação de ensino superior, através do apoio advindo do OVA – Saúde

penitenciária e da realização de estágios curriculares no interior dos presídios. O

tema pode ser abordado em componentes curriculares que abordam as políticas

públicas, o processo de trabalho na APS e, também, nos demais serviços que

formam a RAS e recebem as PPL para atendimento.

Os dados desta pesquisa, provenientes dos procedimentos teóricos, fornecem

informações relacionadas ao processo de trabalho desenvolvido em contextos

penitenciários diversos. Desse modo, pode contribuir para a solução de entraves

que atuam de modo negativo na assistência prestada.

Este trabalho apresenta limitações relacionadas à perda de juízes entre as

etapas da técnica de Delphi e ao número reduzido de repostas ao convite para

participação nessa etapa de validação de conteúdo. Ressalta-se, no entanto que o

número de juízes foi superior ao mínimo exigido, de acordo com o referencial

metodológico utilizado.

Por fim, apesar de o número de publicações sobre o sistema prisional

aumentar ao longo dos anos, ainda é incipiente o quantitativo de pesquisas e

tecnologias validadas que abordam a temática. Assim, recomenda-se o

desenvolvimento de mais estudos sobre o tema.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

96

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9241: (Parte 11): Orientações sobre Usabilidade. Rio de Janeiro: ABNT; 2011. ALVAREZ, A. G. Análise de qualidade de objeto virtual de aprendizagem para avaliação da dor em enfermagem. Revista Cubana de Enfermería, Havana, v. 34, n. 3, p. 1-15, jul./set. 2018. Disponível em: http://www.revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/1447/375. Acesso em: 31 mai. 2019. ARKSEY, H.; O’MALLEY, L. Scoping studies: towards a methodological framework. International Journal of Social Research Methodology, Londres, v. 8, n. 1, p. 19-32, fev. 2005. DOI: https://doi.org/10.1080/1364557032000119616. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1364557032000119616. Acesso em: 13 de set. 2016. AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos. Tradução: Lígia Teopisto. 1. ed. Lisboa: Paralelo, 2000. AUSUBEL, D. P. Adquisición y retención del conocimiento: una perspectiva cognitiva. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, 2002. AVELINO, C. C. V. et al. Desenvolvimento de um curso no Ambiente Virtual de Aprendizagem sobre a CIPE. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 69-76, jan./fev. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201600010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002016000100069&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 29 de jul. 2016. BARBOSA, M. L. et al. Atenção básica à saúde de apenados no sistema penitenciário: subsídios para a atuação da enfermagem. Revista da Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 586-592, dez. 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20140083. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452014000400586&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 29 de jul. 2016. BARBOSA, M. L. et al. Qualidade de vida no trabalho dos profissionais de saúde no sistema prisional. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, p. 1293-1302, abr. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018234.09292016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018000401293&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 fev. 2019. BENEVIDES, J. L. et al. Development and validation of educational technology for venous ulcer care. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 306-312, mar./abr. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000200018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342016000200309. Acesso em: 29 de jul. 2016.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

97

BEZERRA, C. M.; ASSIS, S. G.; CONSTANTINO, P. Sofrimento psíquico e estresse no trabalho de agentes penitenciários: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p.2135-2146, jul. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.00502016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000702135&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 09 de ago. 2017. BOUCINHA, R. M.; TAROUCO, L. M. R. Avaliação de Ambiente Virtual de Aprendizagem com o uso do SUS - System Usability Scale. Revista Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 11, n. 3, p.1-10, dez. 2013. DOI: https://doi.org/10.22456/1679-1916.44479. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/renote/article/view/44479/28223. Acesso em: 19 de jan. 2019. BRAGA, C. S. R. et al. Construction and validation of a virtual learning object on intestinal elimination stoma. Investigación y Educación en Enfermería, Medellín, v. 34, n. 1, p. 120-127, jan./abr. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.17533/udea.iee.v34n1a14. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-53072016000100014. Acesso em: 04 mar. 2019. BRASIL. [Lei de Execução Penal]. Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 13 jul. 1984. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 126, n. 191A, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação. Brasília, DF, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. 64 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. Política nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2008. 44 p. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Regulamenta as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 12 dez. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação de Saúde no Sistema Prisional. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014a. 60 p. BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria Interministerial nº 210, de 16 de janeiro de 2014. Institui a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

98

de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 12, 17 jan. 2014b. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/. Acesso em: 08 jan. 2016. BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de informações penitenciárias INFOPEN Mulheres. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopenmulheres/infopenmulheres_arte_07-03-18.pdf. Acesso em: 03 jan. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Agenda de Prioridades de Pesquisa do Ministério da Saúde – APPMS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018a. 26 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 569, de 8 de dezembro de 2017. Aprova o Parecer Técnico nº 300/2017, destinado a apresentar novos princípios gerais a serem incorporados nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de todos os cursos de graduação da área da saúde. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 38, p. 85-90, 26 fev. 2018b. BRITO, L. J. S. et al. Cotidiano e organização laboral de trabalhadores de saúde em presídio federal brasileiro. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 31, n. 3, p. 1-13, jul./ago. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v31i3.21834. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/21834/15079. Acesso em: 09 de ago. 2017. CORDEIRO, E. L. et al. Perfil epidemiológico dos detentos: patologias notificáveis. Avances en Enfermería, Bogotá, v. 36, n. 2, p. 170-178, mai./ago. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.15446/av.enferm.v36n2.68705. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-45002018000200170&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 17 de mar. 2019. COSTA, C. P. V.; LUZ, M. H. B. A. Objeto virtual de aprendizagem sobre o raciocínio diagnóstico em enfermagem aplicado ao sistema tegumentar. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 36, n.4, p. 55-62, out./dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2015.04.54128. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-14472015000400055&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 29 de jul. 2016. COSTA, G. M. C. et al. Perfil demográfico e das condições de trabalho: a realidade das equipes de saúde implantadas em unidades prisionais. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 16, n. 4, p. 13-22, out./dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.21722/rbps.v16i4.11169. Disponível em: http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/view/11169/7779. Acesso em: 29 de jul. 2016. CRUZ, F. O. A. M. et al. Validation of an educative manual for patients with head and neck cancer submitted to radiation therapy. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 24, p. 1-9, jun. 2016. DOI:

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

99

http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0949.2706. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692016000100337. Acesso em: 19 mai. 2019. FEHRING, R. J. Symposium on validation models: the Fehring model. In: CARROLL-JOHNSON, R. M.; PAQUETTE, M. Classification of nursing diagnoses: proceedings of the tenth conference. Philadelphia, EUA: Lippincott Company, p. 55-62, 1994. FERREIRA, A. C. R. et al. A cela não se abre no momento da dor: assistência de enfermagem em penitenciárias masculinas. Revista de Enfermagem UFPE OnLine, Recife, v. 9, n. 10, p. 9507-9515, out. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.5205/reuol.7944-69460-1-SM.0910201512. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10894/12153. Acesso em: 29 de mai. 2017. GALLO, P.; PINTO, M. G. “Professor, esse é o Objeto Virtual de Aprendizagem”. Revista Tecnologias na Educação, [s.l.], ano 2, n. 1, p.1-12, jul. 2010. Disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/kalinke/grupos-de-pesquisa/pde/pdf/professor_esse_e_o_OVA.PDF. Acesso em: 29 de jul. 2016. GEDIEL, A. L. B.; SOARES, C. P.; OLIVEIRA, C. L. R. O ambiente virtual como aliado no processo de ensino e aprendizagem da Libras. Revista (Con) Textos Linguísticos. Vitória, v. 10, n. 16. p. 24-37, jul. 2016. Disponível em: http://periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/13701/10800. Acesso em: 23 de set. 2016.

GOUDOURIS, E.; STRUCHINER, M. Aprendizagem Híbrida na Educação Médica: uma Revisão Sistemática. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 39, n. 4, p. 620-629, dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v39n4e01642014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbem/v39n4/1981-5271-rbem-39-4-0620.pdf. Acesso em: 09 de ago. 2017. GROSSI, M. G.; KOBAYASHI, R. M. A construção de um ambiente virtual de aprendizagem para educação a distância: uma estratégia educativa em serviço. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 47, n.3, p.756-760, jun. 2013. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420130000300033. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342013000300756&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 29 de jul. 2016. HINDS, P. S.; CHAVES, D. E.; CYPESS, S. M. Context as a source of meaning and understanding. Qualitative health research, [s.l.] v.2, n.1, p.61-74, fev. 1992. DOI: https://doi.org/10.1177/104973239200200105. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/104973239200200105. Acesso em: 02 fev. 2019.

HORTENSE, F. T. P.; BERGEROT, C. D.; DOMENICO, E. B. L. Construction and validation of clinical contents for development of learning objects. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 71, n. 2, p. 306-313, mar./abr. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0622. Disponível em:

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

100

http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n2/0034-7167-reben-71-02-0306.pdf. Acesso em: 17 de mar. 2019. ILHA, S. et al. Vínculo profissional-usuário em uma equipe da estratégia saúde da família. Revista Ciência e Cuidado em Saúde, Maringá, v. 13, n. 3, p. 556-562, jul./set. 2014. DOI: https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v13i3.19661. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/19661/pdf_229. Acesso em: 29 de mai. 2017. JOB NETO, F. et al. Health morbidity in Brazilian prisons: a time trends study from national databases. BMJ Open, Londres, v. 9, n. 5, p. 1-8, mai. 2019. DOI: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2018-026853. Disponível em: https://bmjopen.bmj.com/content/bmjopen/9/5/e026853.full.pdf. Acesso em: 30 de mai. 2019. KEMNITZ, R. et al. Manifestations of HIV stigma and their impact on retention in care for people transitioning from prisons to communities. Health and Justice, [s.l.], v. 5, n. 7, p. 1-11, dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.1186/s40352-017-0054-1. Disponível em: https://healthandjusticejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40352-017-0054-1. Acesso em: 18 de out. 2018. KOUYOUMDJIAN, F. G. et al. Using a Delphi process to define priorities for prison health research in Canada. BMJ Open, Londres, v. 6, n. 1, p. 1-7, jan. 2016. Disponível em: https://bmjopen.bmj.com/content/6/1/e010125. Acesso em: 29 de mai. 2017. LALIMA; DANGWAL, K. L. Blended Learning: An Innovative Approach. Universal Journal of Educational Research, [s.l.], v. 5, n. 1, p. 129-136, dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.13189/ujer.2017.050116. Disponível em: http://www.hrpub.org/download/20161230/UJER16-19508256.pdf. Acesso em: 18 de out. 2018. LANZI, L. A. C. et al. Tecnologias de Informação e Comunicação no cotidiano dos adolescentes: enfoque no comportamento e nas competências informacionais da ‘geração Google’. Informação & Informação. Londrina, v. 17, n. 3, p. 49-75, dez. 2012. DOI: https://doi.org/10.5433/1981-8920.2012v17n3p49. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/11308/pdf_1. Acesso em: 29 de jul. 2016. LERMEN, H. S. et al. Saúde no cárcere: análise das políticas sociais de saúde voltadas à população prisional brasileira. Physis, Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 905-924, jul./set. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312015000300012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312015000300905&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 18 de out. 2018. LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1998.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

101

LIMA, D. V. M. Desenhos de pesquisa: uma contribuição ao autor. Online Brazilian Journal of Nursing, Niterói, v. 10, n. 2, p. 1-20, out. 2011. Disponível em: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/3648/html. Acesso em: 28 dez. 2018. LIMA, M. B. et al. Construction and validation of educational video for the guidance of parents of children regarding clean intermittent catheterization. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, SP, v. 51, n.1, p.1-7 dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2016005603273. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342017000100462&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em: 18 de out. 2018. MARQUES, J. B. V.; FREITAS, D. Método DELPHI: caracterização e potencialidades na pesquisa em Educação. Pro-Posições, Campinas, v. 29, n. 2, p. 389-415, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1980-6248-2015-0140. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072018000200389&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 09 jul. 2019. MASSON, V. A et al. Construção de objetos virtuais de aprendizagem para o ensino da história em enfermagem. Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 18, n. 2. p. 764-769, jul./set. 2014. DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20140056. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/961. Acesso em: 09 de ago. 2017. MEDEIROS, J. R. R. et al. Validation of educational technology for care in hemodialysis. Revista de Enfermagem UFPE OnLine, Recife. v. 10, n. 11, p. 3927-3934, nov. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.5205/reuol.9881-87554-1-EDSM1011201614. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/11474. Acesso em: 19 mai. 2019. MINAYO, M. C. S.; RIBEIRO, A. P. Condições de saúde dos presos do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p. 2031-2040, jul. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.08552016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000702031&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 17 de mar. 2019. MOREIRA, M. A. ¿Al afinal, qué es aprendizaje siginificativo? Qurriculum, La Laguna, v. 1, n. 25, p. 29-56, mar. 2012. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/96956/000900432.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 17 jan. 2019. NASCIMENTO, L. G. do; BANDEIRA, M. M. B. Saúde Penitenciária, Promoção de Saúde e Redução de Danos do Encarceramento: Desafios para a Prática do Psicólogo no Sistema Prisional. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 38, n. 2, p. 102-116, abr./jun. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-37030002120 64. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932018000600102&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 17 de mar. 2019 NIELSEN, J. Usability 101: Introduction to usability. 2003. Disponível em:

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

102

http://www.useit.com/alertbox/20030825.html. Acesso em: 05 nov. 2018. NOWOTNY, K. M. Health care needs and service use among male prison inmates in the United States: A multi-level behavioral model of prison health service utilization. Health and Justice, [s.l.], v. 5, n. 9, p 1-13, jun. 2017. DOI: https://doi.org/10.1186/s40352-017-0052-3. Disponível em: https://healthandjusticejournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40352-017-0052-3. Acesso em: 17 de mar. 2019. OLIVEIRA, L. G. D.; NATAL S.; CAMACHO, L. A. B. Análise da implantação do Programa de Controle da Tuberculose em unidades prisionais no Brasil. Cadernos de Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, p. 543-554, mar. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00042914. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2015000300543&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 17 de mar. 2019. OLIVEIRA, K. R. V. et al. A saúde e sua relação com a ressocialização das presidiárias. Revista de Enfermagem UFPE Online, Recife, v. 13, n. 2, p. 541-5, fev. 2019. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963-v13i02a237989p541-545-2019. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/235921/31382. Acesso em: 17 de mai. 2019. PARAÍBA. Secretaria de Administração Penitenciária. 2013. Disponível em: http://www.paraiba.pb.gov.br/administracao-penitenciaria/a-secretaria. Acesso em: 28 jul. 2016. PARRA-ESQUIVEL, E. I.; PENAS-FELIZZOLA, O. L.; GOMEZ-GALINDO, A. M. Objetos virtuales para elaprendizaje autorregulado de estudiantes de terapia ocupacional. Revista de Salud Pública, Bogotá, v. 19, n. 6, p. 760-765, dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.15446/rsap.v19n6.62966. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0124-00642017000600760&lng=en&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 03 mar. 2019. PASQUALI, L. et al. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. Porto Alegre: Artmed, 2010. 568p. PEREIRA, M. C. A. et al. Ambiente virtual de aprendizagem sobre gerenciamento de custos de curativos em úlceras por pressão. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 16, n. 2. p. 321-329, abr./jun. 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v16i2.22161. Disponível em: https://www.fen.ufg.br/revista/v16/n2/pdf/v16n2a07.pdf. Acesso em: 29 de mai. 2017. PEREIRA, F. G. F. et al. Construção de um aplicativo digital para o ensino de sinais vitais. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 1-7, jun. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2016.02.59015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472016000200414&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 03 mar. 2019.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

103

PEREIRA, F. G. F. et al. Avaliação de aplicativo digital para o ensino de sinais vitais. Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 21, n.1, p. 1-6, jul. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20170044. Disponível em: http://reme.org.br/artigo/detalhes/1170. Acesso em: 19 de jan. 2019. PEREIRA, F. G. F. et al. Construção e validação de aplicativo digital para ensino de instrumentação cirúrgica. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 24, n. 1, p. 1-11, mar. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v24i0.58334. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/58334. Acesso em: 19 mai. 2019. PETERS, M. D. J. et al. Chapter 11: Scoping Reviews. In: AROMATARIS, E.; MUNN, Z. (ed.). Joanna Briggs Institute Reviewer's Manual. The Joanna Briggs Institute, [s.l.], 2017. Disponível em: https://reviewersmanual.joannabriggs.org/. Acesso em: 12 jan. 2018. RIBEIRO, R. L. et al. Desenvolvimento de objeto de aprendizagem para o ensino de Anatomia em Enfermagem. Revista Rene, Fortaleza, v. 17, n. 6, p. 886-873, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.15253/2175-6783.2016000600019. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/18851. Acesso em: 09.07.2019. SÁIZ-MANZANARES, M. C. et al. Does the Use of Learning Management Systems With Hypermedia Mean Improved Student Learning Outcomes?. Frontiers in Psychology, Bruxelas, v. 10, n. 88, p. 1-14, fev. 2019.Doi: https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.00088. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2019.00088/full. Acesso em: 17 de mar. 2019. SALVADOR, P. T. C. O. et al. Validation of virtual learning object to support the teaching of nursing care systematization. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 71, n. 1, p. 11-19, fev. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0537. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672018000100011. Acesso em: 05 ago. 2018. SANCHEZ, A.; LEAL, M. C.; LAROUZE, B. Realidade e desafios da saúde nas prisões. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p. 1996-1996, jun. 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232015217.08682016. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2016.v21n7/1996-1996/pt/. Acesso em: 17 de mar. 2019. SANCHEZ-ROIG, M.; COLL-CAMARA, A. Prison nursing and its training. Revista Española de Sanidad Penitenciaria, Barcelona, v. 18, n. 3, p. 110-118, dez. 2016. Disponível em: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1575-06202016000300005&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10 abr. 2018. SANDER, G.; LINES, R. HIV, Hepatitis C, TB, Harm Reduction, and Persons Deprived of Liberty What Standards Does International Human Rights Law Establish? Health and Human Rights, Boston, v. 18, n. 2, p. 171-182, dez. 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5395004/. Acesso em: 17 de mar. 2019.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

104

SANTOS, M. V. et al. Saúde mental de mulheres encarceradas em um presídio do Estado do Rio de Janeiro. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1-10, jun 2017a. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072017005980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf. Acesso em: 18 de out. 2018. SANTOS, M. V. et al. A saúde física de mulheres privadas de liberdade em uma penitenciária do estado do Rio de Janeiro. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 1-7, abr. 2017b. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170033. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452017000200205&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 18 de out. 2018. SCARPARO, A. F. et al. Reflexões sobre o uso da técnica delphi em pesquisas na enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 13, n. 1, p. 242-251, jan./fev. 2012. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/3803/3000. Acesso em: 29 de jul. 2016. SIDIBE, T. et al. Provider perspectives regarding the health care needs of a key population: HIV-infected prisoners after incarceration. Journal of the Association of Nurses in AIDS Care, [s.l.], v. 26, n. 5, p. 556–569, set. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jana.2015.05.001. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26279385. Acesso em: 18 de out. 2018. SILVA, A. S. R. et al. Validação de conteúdo e aparência de um curso online para a vigilância da influenza. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v.12, n. 2, p. 1408-1420, ago. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.21723/riaee.v12.n.esp.2.10065. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/10065/6692. Acesso em: 29 de mai. 2017. SILVA, V. A.; SOARES, M. H. F. B. O uso das tecnologias de informação e comunicação no ensino de Química e os aspectos semióticos envolvidos na interpretação de informações acessadas via web. Ciência & Educação (Bauru), Bauru, v. 24, n. 3, p. 639-657, jul./set. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1516-731320180030007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132018000300639&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 18 de out. 2018. SOUSA, C. S.; TURRINI, R. N. T.; POVEDA, V. B. Tradução e adaptação do instrumento “Suitability Assessment of Materials” (SAM) para o português. Revista de enfermagem da UFPE on line., Recife, v. 9, n. 5, p. 7854-61, 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.5205/reuol.6121-57155-1-ED.0905201515. Disponível https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10534/11436Acesso em 20 de jul. 2018 SOARES FILHO, M. M.; BUENO, P. M. M. G. Demografia, vulnerabilidades e direito à saúde da população prisional brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p. 1999-2010, jul. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.24102015. Disponível em:

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

105

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016000701999&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 29 de mai. 2017. SOUSA, A. T. O. et al. A utilização da teoria da aprendizagem significativa no ensino da Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 68, n. 4, p. 713-722, jul./ago. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2015680420i. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672015000400713&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 11 de nov. 2018. SOUSA, S. O.; SCHLÜNZEN JUNIOR, K. Blended Learning: reflexões sobre os atributos de uma aprendizagem mista. Revista Interacções, Lisboa, v. 14, n. 48, p. 98-121, jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.25755/int.12213. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/12213. Acesso em: 18 de out. 2018. SOUZA, A. M. C. et al. Design de experiência de aprendizagem: avaliação do modelo Addie e contribuições para o ensino a distância. Revista de Gestão e Avaliação Educacional, [S.l.], p. 1-9, jan. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2318133831922. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/regae/article/view/31922. Acesso em: 10 jul. 2019. TAMASHIRO, L. M. C.; PERES, H. H. C. Desenvolvimento e avaliação de objetos de aprendizagem sobre administração de medicamentos por via intramuscular. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 22, n. 5, p. 716-723, nov./dez. 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-1169.3647.2472. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v22n5/pt_0104-1169-rlae-22-05-00716.pdf. Acesso em: 29 de mai. 2017. TAVARES, P. A. J. et al. Construction and Validation of Educational Material for Children with Hydrocephalus and Their Informal Caregivers. World Neurosurgery, [s.l.] v. 114, n.1, p. 381-390, jun. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.wneu.2018.03.082. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1878875018305606?via%3Dihub. Acesso em: 11 de nov. 2018. TENÓRIO, J. M. et al. Desenvolvimento e Avaliação de um Protocolo Eletrônico para Atendimento e Monitoramento do Paciente com Doença Celíaca. Revista de Informática Teórica e Aplicada, Porto Alegre, RS, v. 17, n. 2, p.2-10, jul./dez. 2010. DOI: https://doi.org/10.22456/2175-2745.12119. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rita/article/view/rita_v17_n2_p210/11210. Acesso em: 29 de mai. 2017. TEO, C. H. et al. A Mobile Web App to Improve Health Screening Uptake in Men (ScreenMen): Utility and Usability Evaluation Study. JMIRM health and Uhealth, Toronto, v. 7, n. 4, p. 1-17, abr. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.2196/10216. Disponível em: https://mhealth.jmir.org/2019/4/e10216/. Acesso em: 17 de mar. 2019. TOPP, S. M. et al. Exploring the drivers of health and healthcare access in Zambian prisons: a health systems approach. Health Policy and Planning, [s.l.], v. 31, n. 9, p. 1250-1261, nov. 2016. DOI: https://doi.org/10.1093/heapol/czw059. Disponível

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

106

em: https://academic.oup.com/heapol/article/31/9/1250/2452995. Acessoem: 11 de nov. 2018. TRICCO, A. C. et al. PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Annals of Internal Medicine, [s.l.], v. 169, n. 7, p. 467-73, out. 2018. DOI: https://doi.org/10.7326/M18-0850. Disponível em: https://annals.org/aim/fullarticle/2700389/prisma-extension-scoping-reviews-prisma-scr-checklist-explanation. Acesso em: 17 de mar. 2019. TRONCHIN, D. M. R. et al. Desenvolvimento do curso de gerenciamento em enfermagem on-line: experiência exitosa entre Brasil e Portugal. Revista da Escola de Enfermagem da USP. São Paulo, v. 49, n. 2, p. 162-167, dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420150000800023. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342015000800162&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 29 de mai. 2017. TURATO, E. R. Tratado da Metodologia da Pesquisa Clínico-Qualitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. 685 p. TURNER, M.; PEACOCK, M. Palliative Care in UK Prisons: Practical and Emotional Challenges for Staff and Fellow Prisoners. Journal of Correctional Health Care, [s.l.], v. 23, n. 1, p. 56-65, jan. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1177/1078345816684847. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1078345816684847. Acesso em: 18 de out. 2018. VALIM, E. M. A.; DAIBEM, A. M. L.; HOSSNE, W. S. Atenção à saúde de pessoas privadas de liberdade. Revista Bioética, Brasília, v. 26, n. 2, p. 282-290, abr./jun. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422018262249. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bioet/v26n2/1983-8042-bioet-26-02-0282.pdf. Acesso em: 17 de mar. 2019. VANJANI, R. On Incarceration and Health - Reframing the Discussion. The New England Journal of Medicine, [s.l.], v. 376, p. 2411-2413, jun. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1056/NEJMp1702373. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMp1702373. Acesso em: 11 de nov. 2018. VENDRUSCOLO, M. I.; BEHAR, P. A. Investigando modelos pedagógicos para educação a distância: desafios e aspectos emergentes. Educação, Porto Alegre, v. 39, n. 3, p. 302-311, set./dez. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.15448/1981-2582.2016.3.20666. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/20666/15135. Acesso em: 18 de out. 2018. VIEGAS, S. M. F.; PENNA, C. M. M. As dimensões da integralidade no cuidado em saúde no cotidiano da Estratégia Saúde da Família no Vale do Jequitinhonha, Belo Horizonte. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 19, n. 55, p. 1089-1100, dez. 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0275. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832015000401089&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 01 mai. 2019.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

107

APÊNDICE A – Roteiro para coleta de dados sociodemográficos dos

profissionais de saúde a serem entrevistados

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM

PROJETO DE PESQUISA: OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA SUBSIDIAR O ENSINO SOBRE SAÚDE PENITENCIÁRIA AOS PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA DE

SAÚDE

CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO ________________

DADOS PESSOAIS

1) Idade: ___ anos

2) Sexo:

(1) Masculino (2) Feminino

3) Estado civil:

(1) Solteiro(a)

(2) Casado(a)/União estável

(3) Viúvo(a)

(4) Separado(a)/Divorciado(a)

4) Escolaridade:

(1) Ensino Fundamental incompleto (5)Ensino Fundamental completo

(2) Ensino Médio incompleto (6) Ensino Médio completo

(3) Ensino Superior incompleto (7) Ensino Superior completo

(4) Pós-graduação incompleto (8) Pós-graduação completo

5) Qual o seu curso de graduação?

(1) Medicina (2) Enfermagem (4) Psicologia

(5) Serviço Social (6) Odontologia (8) NSA

( ) Outro:

6) Há quanto tempo concluiu o 3º GRAU:__ __ (anos) (99) NSA

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

108

7) Você tem pós-graduação:

(0) Não (1) Sim (8) NSA

SE SIM; Qual área?

Especialização (00) Não (1) Sim: ____________________

Mestrado (00) Não (1) Sim: _____________________

Doutorado (00) Não (1) Sim: _____________________

8) Há quanto tempo concluiu a formação de mais alto grau?

__ __ anos (00) menos de 1 ano

9) Qual sua atividade profissional nesta Unidade de Atenção a Saúde Penitenciária?

(1) Medico (2) Enfermeiro

(3) Psicólogo (4) Assistente Social

(5) Odontólogo (6) Auxiliar de consultório Dentário

(7) Auxiliar de enfermagem (8) Outro _______________________

10) Este é seu primeiro emprego? (0) Não (1) Sim

SE NÃO: Qual(is) a(s) suas experiência(s)

anterior(es):__________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________

11) Você ingressou neste emprego através de:

(01) Concurso público

(02) Seleção interna na Instituição

(03) Seleção externa

(04) Indicação

( ) Outro______________________________________________________

12) Seu regime de trabalho neste emprego é:

(01) estatutário

(02) CLT

(03) Contrato temporário

(04) Cargo Comissionado

(06) Prestação de Serviços

(07) Cooperado

(08) Contrato Informal

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

109

( )

Outros______________________________________________________________

___

13) Tempo de serviço (em meses) na penitenciária em que você trabalha: ____

meses

14) Carga horária Contratada nesta Unidade de Atenção a Saúde Penitenciária: __

__ horas semanais

15) Qual a sua remuneração mensal bruta pelo trabalho aqui na Unidade de Saúde

(que recebeu no último mês)? R$ __ __ __ __

16) Além de seu salário, o município lhe paga algum outro valor como incentivo?

(0) Não (1) Sim

SE SIM, de que tipo? _____________________________________________

De que valor?____________________________(mensal)

17) Depois que você começou a trabalhar na Unidade de Atenção a Saúde

Penitenciária, fez algum dos cursos de capacitação?

(0) Não (1) Sim Qual/quais?

_____________________________________________________________

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

110

APÊNCICE B – Roteiro para entrevista – Profissionais de Saúde

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM

PROJETO DE PESQUISA: OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA SUBSIDIAR O ENSINO SOBRE SAÚDE PENITENCIÁRIA AOS PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA DE

SAÚDE

CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO ________________

1. Descreva seu processo de trabalho.

2. Quais são as facilidades e dificuldades que você reconhece para o desempenho

de sua função na unidade de saúde penitenciária?

3. Quais as sugestões para melhorar a realização desta atividade na Unidade de

Saúde Penitenciária?

4. Quais os conhecimentos necessários para a prática assistencial em uma Unidade

de Saúde Penitenciária?

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

111

APÊNDICE C –Termo de autorização para gravação de voz

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSO EM ENFERMAGEM

PROJETO DE PESQUISA:

OBJETO VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA SUBSIDIAR O ENSINO SOBRE SAÚDE PENITENCIÁRIA AOS PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA DE

SAÚDE

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

Eu, _________________________________________, depois de entender

os riscos e benefícios que a pesquisa intitulada “Objeto virtual de aprendizagem

para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e

estudantes da área de saúde” poderá trazer e, entender especialmente os métodos

que serão usados para a coleta de dados, assim como, estar ciente da necessidade

da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo, a pesquisadora

Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, a realizar a gravação de minha

entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte.

Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos

pesquisadores acima citados em garantir-me os seguintes direitos:

1. poderei ler a transcrição de minha gravação;

2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações

para a pesquisa aqui relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam:

revistas científicas, congressos e jornais;

3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação

das informações geradas;

4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser

feita mediante minha autorização;

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

112

5. os dados coletados serão guardados por 5 anos, sob a responsabilidade do

pesquisador coordenador da pesquisa Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, e

após esse período, serão destruídos e,

6. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer

momento e/ou solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista.

Natal/RN, ___ de ____________ de ____.

__________________________________________

Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos/

Pesquisador Responsável

___________________________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa

Impressão

datiloscópica do

sujeito da

pesquisa

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

113

APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para profissionais de saúde

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO ACADÊMICO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, que tem como pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, juntamente com sua orientanda Mayara Lima Barbosa.

Esta pesquisa pretende construir e validar um Objeto Virtual de Aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a carência de formação para o desenvolvimento de habilidades e competências para a assistência à saúde no âmbito penitenciário nacional, que podem ser minimizadas com a inserção da tecnologia no processo de ensino, entre os quais o Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA), uma ferramenta digital e interativa, reutilizável e que apoia o estudo em diversos níveis de formação.

Caso você decida participar, deverá participar de uma entrevista, com gravação de áudio e tempo de duração aproximado de 20 minutos, que abordarão o tema assistência à saúde penitenciária, em seus aspectos teóricos e práticos e, serão realizadas durante expediente de trabalho ou em locais, dias e horários de sua conveniência. Todas as respostas serão utilizadas como dado para o trabalho final. Poderá ainda ser apresentado em encontros de profissionais que estudam o assunto ou ainda ser publicado em uma revista científica.

É importante ressaltar que, para a participação nesta pesquisa, você não será submetido procedimentos clínicos ou realização de exames laboratoriais. Dessa forma, a previsão de riscos físicos é mínima. Contudo, destaca-se a possibilidade de haver níveis de constrangimento, em virtude das perguntas realizadas, tendo você o direito de se recusar a responder as perguntas.

Ao participar da pesquisa, você terá os seguintes benefícios: contribuir com elementos para o desenvolvimento da ciência, nos aspectos que se referem a assistência à saúde penitenciária, desde a formação de profissionais para a atuação na área, a gestão dos serviços de saúde, bem como a melhoria da qualidade de vida das pessoas privadas de liberdade.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

114

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para a Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, no endereço: Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Lagoa Nova, Natal/RN, CEP 59.072-970 ou pelo telefone (84) 3215-3837.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.

___________________________________ (Rubrica do Participante/Responsável legal)

___________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. Consentimento Livre e Esclarecido Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. _______________________, ______ de ____________de 2016. ____________________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e

Impressão

datiloscópica do

sujeito da

pesquisa

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

115

assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

_______________________, ______ de ____________de 2016.

____________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

116

APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para validação de conteúdo pelos juízes

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO ACADÊMICO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, que tem como pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, juntamente com sua orientanda Mayara Lima Barbosa.

Esta pesquisa pretende construir e validar um Objeto Virtual de Aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a carência de formação para o desenvolvimento de habilidades e competências para a assistência à saúde no âmbito penitenciário nacional, que podem ser minimizadas com a inserção da tecnologia no processo de ensino, entre os quais o Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA), uma ferramenta digital e interativa, reutilizável e que apoia o estudo em diversos níveis de formação.

Caso você decida participar, deverá responder um instrumento referente à caracterização sociodemográfica, a validação de conteúdo e de aparência do objeto virtual, enviado via Google Docs, para o julgamento das informações e o consenso entre as opiniões dos juízes. Esta fase denomina-se Técnica Delphi, e decorrerá em sucessivas rodadas de aplicação dos questionários para avaliação do OVA. Cada rodada consistirá no envio do questionário e disponibilização do OVA, para analise quanto ao consenso e discordância entre o grupo de juízes. Posteriormente, o OVA é aprimorado, de acordo com os resultados obtidos na rodada 1. E inicia-se uma nova rodada (rodada 2) similar a primeira.

É importante ressaltar que, para a participação nesta pesquisa, você não será submetido procedimentos clínicos ou realização de exames laboratoriais. Dessa forma, a previsão de riscos físicos é mínima. Contudo, destaca-se a possibilidade de haver níveis de constrangimento, em virtude das perguntas realizadas, tendo você o direito de se recusar a responder as perguntas.

Ao participar da pesquisa, você terá os seguintes benefícios: contribuir com elementos para o desenvolvimento da ciência, nos aspectos que se referem a assistência à saúde penitenciária, desde a formação de profissionais para a atuação na área, a gestão dos serviços de saúde, bem como a melhoria da qualidade de vida das pessoas privadas de liberdade.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para a Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, no endereço: Departamento de

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

117

Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Lagoa Nova, Natal/RN, CEP 59.072-970 ou pelo telefone (84) 3215-3837.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.

___________________________________ (Rubrica do Participante/Responsável legal) ___________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será

assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa,

você será indenizado. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. Consentimento Livre e Esclarecido Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. _______________________, ______ de ____________de 2016.

Aceito participar da pesquisa Não aceito participar da pesquisa

____________________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Impressão

datiloscópica do

participante

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

118

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

_______________________, ______ de ____________de 2016.

____________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

119

APÊNDICE F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Avaliação da usabilidade para os alunos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO ACADÊMICO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, que tem como pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, juntamente com sua orientanda Mayara Lima Barbosa.

Esta pesquisa pretende construir e validar um Objeto Virtual de Aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a carência de formação para o desenvolvimento de habilidades e competências para a assistência à saúde no âmbito penitenciário nacional, que podem ser minimizadas com a inserção da tecnologia no processo de ensino, entre os quais o Objeto Virtual de Aprendizagem (OVA), uma ferramenta digital e interativa, reutilizável e que apoia o estudo em diversos níveis de formação.

Caso você decida participar, deverá responder um instrumento referente à caracterização sociodemográfica edois relacionados aavaliação da usabilidade–o System Usability Scale e o Suitability Assessment ofMaterials(SAM) –enviados via Google Docs.

É importante ressaltar que, para a participação nesta pesquisa, você não será submetido procedimentos clínicos ou realização de exames laboratoriais. Dessa forma, a previsão de riscos físicos é mínima. Contudo, destaca-se a possibilidade de haver níveis de constrangimento, em virtude das perguntas realizadas, tendo você o direito de se recusar a responder as perguntas.

Ao participar da pesquisa, você terá os seguintes benefícios: contribuir com elementos para o desenvolvimento da ciência, nos aspectos que se referem a assistência à saúde penitenciária, desde a formação de profissionais para a atuação na área, a gestão dos serviços de saúde, bem como a melhoria da qualidade de vida das pessoas privadas de liberdade.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para a Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, no endereço: Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Lagoa Nova, Natal/RN, CEP 59.072-970 ou pelo telefone (84) 3215-3837.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

120

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de 5 anos.

___________________________________ (Rubrica do Participante/Responsável legal)

___________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será

assumido pelo pesquisador e reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa,

você será indenizado. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador responsável Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. Consentimento Livre e Esclarecido Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Objeto virtual de aprendizagem para subsidiar o ensino sobre saúde penitenciária aos profissionais e estudantes da área de saúde, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. _______________________, ______ de ____________de 2016.

Aceito participar da pesquisa Não aceito participar da pesquisa

____________________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano. _______________________, ______ de ____________de 2016.

____________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

Impressão

datiloscópica do

participante

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

121

APÊNDICE G – Instrumento para Validação de conteúdo – juízes

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO ACADÊMICO

Instrumento para Validação de conteúdo (utilizado no Google Forms)

I Etapa -> Caracterização dos juízes:

E-mail: _____________________________________________________________

Idade em anos: _____________

Sexo: Masculino ( ) ou Feminino ( )

Formação em nível de graduação: ________________________________________

Formação em nível de Pós-graduação: ____________________________________

II Etapa -> Critérios para a construção dos itens para validação de conteúdo,

segundo Pasquali (adaptado)

Tela 1 - Home/Apresentação

Adequado Parcialmente Adequado

Inadequado Sugestões

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 2 - Conceitos

Comportamental

Objetividade

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

122

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 3 – Aparatos legais

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 4 - Sistema Penitenciário

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 5 - Processo de trabalho

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 6 - Publicações

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

123

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Tela 7 - Disposições finais Créditos

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

III Etapa -> Critérios referentes ao conjunto dos itens (instrumento todo) para

validação de conteúdo, segundo Pasquali (adaptado)

Tela 1 - Home/Apresentação

Adequado Parcialmente Adequado

Inadequado Sugestões

Comportamental

Objetividade

Simplicidade

Clareza

Relevância

Precisão

Variedade

Modalidade

Tipicidade

Credibilidade

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

124

APÊNDICE H – Instrumentos para Avaliação de Usabilidade – Público-alvo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO ACADÊMICO

Instrumentos para Avaliação de Usabilidade - System Usability Scale e

Suitability Assessment of Materials (utilizado no Google Forms)

- System Usability Scale (SUS) aplicado para validação de usabilidade do OVA –

Saúde penitenciária.

Item 1

Discordo fortemente

2 Discordo

3 Neutro

4 Concordo

5 Concordo fortemente

1 Eu acho que usaria este Objeto Virtual

2 Achei o Objeto Virtual desnecessariamente complexo

3 Eu achei o Objeto Virtual fácil de usar

4 Acho que eu precisaria da ajuda de uma pessoa da área técnica para usar esse Objeto Virtual

5 Eu achei que as várias páginas do Objeto Virtual estavam bem integradas

6 Achei que havia muita inconsistência neste Objeto Virtual

7 Imagino que a maioria dos estudantes da área da saúde aprenderia a usar este Objeto Virtual rapidamente

8 Eu achei este Objeto

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

125

Virtual com muita dificuldade de usar

9 Me senti muito confiante usando este Objeto Virtual

10 Tive que aprender muitas coisas antes de conseguir usar este Objeto Virtual

Adaptado de: Brooke, J. (1996). SUS - A quick and dirty usability scale. Usability

Evaluation in Industry, 189(194), 4–7.

- Adaptação do “Suitability Assessment of Materials” (SAM) para avaliação do Objeto

Virtual de Aprendizagem – Saúde Penitenciária quanto a compreensão do material

educativo.

Item Inadequado Parcialmente

Adequado Adequado

1. Organização 1.1 A página inicial de apresentação e seus ícones está organizada e motiva a navegação no Objeto Virtual 1.2 A sequência do conteúdo está adequada 1.3 A estrutura do Objeto Virtual está adequada

2. Estilo de escrita 2.1 As frases são fáceis de entender 2.2 O conteúdo escrito é claro 2.3 O texto é interessante

3. Aparência 3.1 Os elementos gráficos são simples 3.2 Os elementos gráficos servem para complementar o texto 3.3 As páginas apresentam layout atrativo

4. Layout 4.1 O tamanho e fonte da letra favorece a leitura 4.2 As cores utilizadas no Objeto Virtual viabilizam a leitura 4.3 A disposição dos itens e das páginas é organizada 4.4 O número de páginas e o tamanho do material é coerente

5. Motivação 5.1 Em sua opinião, qualquer estudante

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

126

da área da saúde, que conheça aspectos sobre atenção primária à saúde que acessar esse Objeto Virtual vai entender do que ele trata 5.2 Você se sentiu motivado a acessar todo o Objeto Virtual

Adaptado de: SOUSA, C. S.; TURRINI, R. N. T.; POVEDA, V. B. Tradução e adaptação do instrumento “Suitability Assessment of Materials” (SAM) para o português. Revista de enfermagem da UFPE on line., Recife, v. 9, n. 5, p. 7854-61, 2015

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

127

ANEXO A – Ciberespaço para produção de conhecimento aos profissionais de saúde no Sistema prisional – Referencial Filosófico

Pesquisa, Teoria e Métodos

Ciberespaço para produção de conhecimento aos profissionais de saúde no Sistema prisional

Cyberspace to knowledge production of health professionals in prison system

Mayara Lima Barbosa1 Viviane Euzébia Pereira Santos1

1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo:A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional foi criada para sanar as lacunas ainda existentes na assistência à saúde penitenciária, com a continuação do trabalho das Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional. Contudo, é reconhecido que o sistema penitenciário brasileiro é caracterizado por um ambiente insalubre e inseguro, e tal condição interfere negativamente na motivação para o trabalho destes profissionais. Somada a esta realidade, há carência de capacitação adequada para exercício profissional, que contribui para a falta de trabalhadores com perfil para o sistema penitenciário. Com o objetivo de facilitar a formação, a implementação de meios virtuais tem se mostrado uma importante estratégia, entre os instrumentos empreendidos destacam-se os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA). Assim, este trabalho objetiva refletir sobre a teoria de sociedade da cibercultura e ciberespaço e relacioná-la ao processo de aprimoramento do conhecimento direcionado aos profissionais de saúde no âmbito do sistema penitenciário. O OVA garante que o aluno tenha autonomia no processo de aprendizagem, uma vez que as relações de ensino sofreram mudanças significativas após a inclusão de tecnologias de informação e comunicação. O filósofo Levy Pierre afirma que o progresso da sociedade depende do aumento do uso das tecnologias, para ele a virtualização das relações tem promovido alterações significativas no modo de viver – sociedade de cibercultura. É nesse sentindo que a virtualização pode contribuir para o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades e competências para a adequada atuação no cenário prisional, por meio da criação de ciberespaços voltados para a aprendizagem de saúde penitenciária, tendo em vista que representariam um avanço para a educação dos futuros profissionais em saúde, a fim de construir o que é denominado de inteligência coletiva. Palavras-chaves: Prisões. Tecnologia da Informação. Tecnologia Educacional. Capacitação de Recursos Humanos em Saúde Abstract: The National Policy for Integral Attention to the Health of Persons Deprived of Liberty in the Prison System was created to remedy the gaps still existing in prison health care, with the continuation of the work of the Primary Care Teams in the Prison System. However, it is recognized that the Brazilian penitentiary system is characterized by an unhealthy and insecure environment, and such a condition interferes negatively in the motivation for the work of these professionals. Added to this reality, there is a lack of adequate training for professional practice, which contributes to the lack of workers with a profile for the penitentiary system. In order to facilitate training, the implementation of virtual means has been shown to be an important strategy, among the instruments undertaken are Virtual Learning Objects (VLO). Thus, this work aims to reflect on the theory of society of cyberculture and cyberspace and relate it to the process of improvement of knowledge directed to health professionals within the prison system. The VLO guarantees that the student has autonomy in the learning process, since the teaching relationships have undergone significant changes after the inclusion of information and communication technologies. The philosopher Levy Pierre affirms that the progress of society depends on the increased use of technologies, for him the virtualization of relations has promoted significant changes in the way of living - cyberculture society. It is in this sense that virtualization can contribute to the development of knowledge, skills and competences for the adequate performance in the prison setting, through the creation of cyberspace aimed at the learning of penitentiary health, considering that they would represent an advance for the education of the prisoners. Future health professionals in order to build what is termed collective intelligence. Keywords: Prisons. Information Technology.EducationalTechnology.HealthHumanResource Training

1. Introdução

A atividade laboral dos profissionais de saúde no âmbito intramuros do sistema penitenciário brasileiro iniciou com a instituição do Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário (PNSSP),

Saúde & Transformação Social

Health & Social Change

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

128

pela Portaria Interministerial nº 1777, de 09 de setembro de 20031. Contudo, após a avaliação de 10 anos de sua publicação, percebeu-se a necessidade da construção de uma política pública de saúde que conseguisse abranger o itinerário carcerário, e fosse capaz de conectar os presídios à rede pública de atenção à saúde e assim, efetivar a inclusão das pessoas privadas de liberdade no Sistema Único de Saúde (SUS)2.

Para sanar as lacunas existentes após a implantação do PNSSP, foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), por meio da Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro de 20142. As Diretrizes gerais da PNAISP são a integralidade, a intersetorialidade, a descentralização, a hierarquização e a humanização, e seu objetivo geral é garantir o acesso às pessoas privadas de liberdade no sistema prisional aos cuidados integrais no SUS.

O acesso e a atenção à saúde são desenvolvidos por Equipes de Atenção Básica no Sistema Prisional (EABP), constituídas de acordo com alguns critérios, a saber: número de pessoas privadas de liberdade por unidade prisional; vinculação dos serviços de saúde a uma unidade básica de saúde no território e existência de demandas referentes à saúde mental2.

A EABP é formada por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal. A esta equipe pode ser acrescido um profissional de nível superior (fisioterapia, psicologia, assistência social, farmácia, terapia ocupacional, nutrição ou enfermagem) e/ou uma equipe de saúde mental, se necessário2.

Ao considerar os profissionais de saúde alocados nas penitenciárias, além dos problemas recorrentes aos trabalhadores do SUS, há a especificidade deste local, onde a falta de estrutura é recorrente e interfere negativamente, inclusive na biossegurança e segurança dos profissionais, pois há casos em que estes profissionais foram feitos reféns em rebeliões promovidas pelos apenados3.

O abandono, a falta de investimento e o descaso do poder público, a partir de meados do século XX, somado ao aumento da criminalidade no país provocaram o sucateamento das unidades prisionais brasileiras4. O próprio poder público admite a existência de um sistema penitenciário falido, pouco eficiente, oneroso, onde a saúde ainda não alcançou a importância que merece5.

É notório que as unidades prisionais, sob os cuidados do Estado, passam por um processo de superlotação ao longo dos anos e, por conseguinte, o sistema tem falhado em sua missão, que é recuperar e reintegrar o detento à sociedade após o cumprimento de sua pena, situação evidenciada pelos altos índices de reincidência6.

Em decorrência do cenário supracitado, as prisões no Brasil são consideradas locais insalubres, com iluminação e ventilação inapropriadas, alimentação inadequada e falta de espaço para as atividades diárias, como dormir e deambular6. Mediante esta realidade, a saúde no sistema penitenciário brasileiro necessita de atenção governamental e da sociedade.

Essa realidade deve ser considerada inquietante pelo Estado e pela sociedade, e somada à ausência de capacitação adequada e suporte psicológico e social para o trabalho nestes locais, resulta na insatisfação em relação ao exercício laboral nas penitenciárias brasileiras, este fato pode representar a causa da desmotivação para o trabalho7.

Se por um lado, as condições de trabalho que são disponibilizadas para os profissionais de saúde nas unidades prisionais são insalubres e necessitam de avaliação e comprometimento do Estado, a formação profissional adequada para este cenário é condição essencial para a efetivação das políticas públicas, pois os alunos, futuros profissionais, não se sentem preparados para a atuação nas prisões. Dessa forma, desenvolver estratégias educacionais voltadas para a saúde prisional, resultaria em profissionais com perfil para o desenvolvimento da atividade laboral no sistema penitenciário e, esta é uma realidade vivenciada em diversos países8.

Ante a esse cenário é fundamental fornecer capacitação adequada aos profissionais de saúde que atuam no sistema penitenciário, bem como preparar os graduandos da área de saúde para exercerem suas futuras ações neste âmbito. Nessa perspectiva, a utilização de ferramentas virtuais para a aprendizagem é uma importante faceta que pode subsidiar a construção do conhecimento desses atores e, por conseguinte das EABP.

A fim de facilitar a educação nos diversos cenários, novas estratégias no processo de aprendizagem são implementadas com sucesso, principalmente, aquelas que empregam o meio virtual. Estas exploram as potencialidades dos alunos envolvidos, a partir de relações multidirecionais de comunicação9 e contribuem para o intercâmbio de saberes, ao estabelecerem-se como uma alternativa e/ ou complemento para o ensino tradicional10.

Entre os instrumentos empreendidos para o ensino no âmbito virtual, destacam-se os Objetos Virtuais de Aprendizagem (OVA). Este recurso é midiático, empregado para a educação presencial ou não, que utiliza como base a tecnologia11. Seu envolve três princípios positivos: a flexibilidade, relacionada a reformulação de seus conteúdos, a baixos custos; a interoperabilidade, que permite seu

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

129

emprego em qualquer parte do mundo, através da uniformização dos sistemas de informatização e a reusabilidade, que se refere a possibilidade de repetição quando a sua utilização12.

A inserção das tecnologias virtuais no ensino corrobora com as reflexões desenvolvidas pelo filósofo Levy Pierre, um estudioso da tecnologia da informação, cujos trabalhos envolvem a virtualização, a cibercultura, o ciberespaço e a inteligência coletiva. A partir desses princípios, defende a ampliação das tecnologias como fundamental para o desenvolvimento da sociedade, principalmente em decorrência do uso crescente da internet e, consequentemente, a revolução cultural, que contribui para uma nova etapa da construção humana, a partir da virtualização das relações13.

A priori, é preciso discorrer acerca do ciberespaço, compreendido como uma infraestrutura digital para a comunicação, capaz de acolher os homens que permeiam e participam deste espaço. O seu crescimento inicial está relacionado à interconexão, entendida como um canal interativo e criação das comunidades virtuais, estabelecidas a partir das semelhanças de interesses e conhecimentos, em um processo de cooperação ou de troca14.

Assim, a inteligência coletiva é a somatória da produção de conhecimento do ciberespaço e abrange processos para “o estabelecimento de uma sinergia entre competências, recursos e projetos, a constituição e manutenção dinâmicas de memórias em comum, a ativação de modos de cooperação flexíveis e transversais”14.

A partir do conceito de ciberespaço e inteligência coletiva, surge a cibercultura, que se refere ao “conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente ao crescimento do ciberespaço”14. A existência do ciberespaço possibilita as relações interpessoais, sem considerar a distância geográfica e o tempo, de maneira a permitir a coordenação, cooperação e consulta a um banco de dados em comum e em tempo real14.

Nessa cultura contemporânea, compreendida como cibercultura, há ressignificação das relações sociais, como os processos educacionais estruturados a partir da utilização tecnológica e esse cenário é facilmente observado, pois o uso de equipamentos eletrônicos interligados a internet é cada vez mais verificável, e são considerados indispensáveis na atual conjuntura, em virtude da intrínseca relação entre a humanidade e a tecnologia15.

A cibercultura é complementar a uma tendência fundamental, denominada de virtualização. Esta deve ser entendida com base no conceito de virtual, que Lévy14 afirma ser “toda entidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular”.

Assim, ao ponderar que é imperativo repensar a adequação do sistema educacional, considerando o crescimento do ciberespaço e o avanço da cibercultura, as seguintes inquietações nortearam este estudo: Quais as interfaces entre a teoria de sociedade da cibercultura e do ciberespaço e a produção de conhecimento a profissionais de saúde no sistema penitenciário?

Assim, este trabalho objetiva refletir sobre a teoria de sociedade da cibercultura e ciberespaço e relacioná-la ao processo de aprimoramento do conhecimento direcionado aos profissionais de saúde no âmbito do sistema penitenciário.

Trata-se de estudo reflexivo, resultado da disciplina Filosofia e Epistemologia da Ciência, componente do curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 2. A sociedade da cibercultura e ciberespaço aplicada a aprendizagem na saúde penitenciária A virtualização e a cibercultura têm promovido mudanças significativas no modo de viver, trabalhar e estudar da humanidade, uma vez que possibilita a utilização de ferramentas que tornam o homem menos dependente de lugares predeterminados e horários fixos para a realização das atividades laborais, educacionais e de lazer. A formação e extensão de um ciberespaço têm contribuído para a aceleração das relações humanas, assim como da economia e da educação14.

Em relação aos conceitos descritos por Lévy14, pode-se observar a crescente abertura de um espaço de comunicação, o qual deve ser explorado em todas as suas potencialidades. Assim, a produção do conhecimento no ciberespaço é uma possibilidade real, que é iniciada com a informação, a disseminação e a ressignificação de materiais anteriormente postos neste espaço, bem como da inserção de novos elementos, que fomentam o exercício político do cidadão que constrói sua própria sociedade9.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

130

Para Lévy14 o homem pode ser responsável pelo impacto daquilo que desenvolve e a tecnologia é um instrumento para a constituição de conhecimentos, através de um processo de cooperação entre as comunidades virtuais. Nesta perspectiva, as relações de ensino e aprendizagem têm sofrido mudanças e a inclusão de tecnologias de informação e comunicação é uma realidade

Na abordagem teórica de uma sociedade da cibercultura e ciberespaço, “o saber não é mais uma pirâmide estática, ele viaja em uma vasta rede móvel de centros de pesquisa, de bancos de dados, de mídias, de dispositivos de gravação, e associa moléculas e grupos sociais, elétrons e instituições”16.

O avanço tecnológico, principalmente relativo à internet, permitiu que o modelo tradicional de ensino fosse repensado, assim como o conceito de sala de aula convencional e, surgissem novas opções para o processo de aprendizagem10. São exemplos dessa nova era a educação à distância, a produção de vídeos e de objetos virtuais de aprendizagem.

Os OVA permitem a utilização livre do aluno no ambiente virtual, bem como a independente apropriação dos conteúdos e, sua ampla utilização está relacionada a incorporação de recursos digitais, a sua capacidade de reuso, a incorporação de outras mídias em sua estrutura e a facilitação na problematização das temáticas abordadas12.

Ao considerar a falta de educação formal direcionada a saúde penitenciária no âmbito da graduação, o fomento de ações educacionais e a reflexão/aprofundamento sobre a temática devem ser estimulados nos centros para formação de recursos humanos para o SUS e nas instituições de ensino, bem como entre os profissionais que desejam atuar junto às pessoas privadas de liberdade, a fim de contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências para a adequada atuação no cenário prisional17.

A partir desse cenário supracitado é fundamental repensar os processos que contribuem para o processo de ensino e aprendizagem, pois, estes precisam estar em consonância com a realidade e convergentes com as necessidades dos alunos de graduação e profissionais da área da saúde. Dessa forma, a teoria da cibercultura – que subsidia a criação de ciberespaços – pode ser uma solução viável para sanar a lacuna existente na formação profissional para a atuação nas penitenciárias nacionais, a partir da virtualização das relações de aprendizagem.

A virtualização das relações de aprendizagem é capaz de integrar realidade e virtualidade para a aquisição de conhecimento, através de ferramentas digitais e interação de conteúdos e pessoas para a realização de atividades18. Nessa perspectiva, o intercâmbio de saberes entre estudiosos do tema, profissionais que laboram no sistema penitenciário, alunos e profissionais da área da saúde que desejam atuar nesses ambientes torna-se uma realidade viável e promissora para a educação.

Antes esse cenário, tem-se que criação de ciberespaços, a partir do intercâmbio entre os diversos atores, representa a flexibilidade e interação entre pessoas e conteúdos, sem considerar o tempo e espaço, onde a informação ganha velocidade e o conhecimento é construído a partir da colaboração e socialização entre todos os atores envolvidos em torno desse espaço digital19.

Os ciberespaços voltados para a aprendizagem de saúde penitenciária representariam um avanço para a educação dos futuros profissionais em saúde. Haja vista a possível interação entre diversas pessoas a fim de fomentar a ainda insipiente disseminação de informação e formação especifica para o processo de trabalho na perspectiva prisional20.

Os OVA podem representar uma forma adequada de garantir acesso à informação, assim como fomentar a problematização sobre a temática de saúde penitenciária, a fim de construir o que é denominado de inteligência coletiva – somatória do conhecimento produzido – sobre saúde penitenciária. Visto que, há o desenvolvimento do saber-aprender, das capacidades tecnológicas e da aplicabilidade dos ensinamentos em suas práticas, aspectos que relacionados, formam profissionais comprometidos10. Assim, possibilita melhorias no que concerne a realização das práticas dos profissionais de saúde, bem como fomenta o sentimento de empoderamento21.

Por fim, é importante ressaltar que a vasta produção e acumulação de informação, não são garantias para que a construção do conhecimento seja efetivada. Ademais, a mobilização para a formação adequada de competências frente a este novo cenário tecnológico, requer o estabelecimento de diversas conexões entre as variadas áreas de conhecimento, inter-relações de conceitos e a manutenção da educação continuada, a partir da utilização qualificada dos meios de comunicação tecnológicos9. 3. Considerações finais

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

131

A multiplicação dos ciberespaços e a sinergia entre toda a produção virtual acarretaria na produção da inteligência coletiva direcionada para a saúde penitenciária. E, assim, contribuiria para a formação e a atuação de profissionais de saúde no sistema penitenciário, a partir da inserção de tecnologias e objetos virtuais, que representam uma possível solução para a lacuna ainda existente acerca da temática.

A rápida transmissão de informação e a simultaneamente a uma grande quantidade de pessoas são características relacionadas a inserção destas tecnologias, que são capazes de informar sobre o processo de trabalho e fomentar a problematização específica das atividades laborais desempenhadas, situação que resulta na melhora da assistência oferecida as pessoas privadas de liberdade nos presídios.

Contudo, o emprego de ferramentas tecnológicas no ensino, como o OVA, deve ser realizado com cautela e atenção. Afinal, a grande quantidade de material disponível, bem como sua abrangente utilização não garante a aprendizagem, tão pouco que esta seja efetiva e de qualidade. Referências Bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. Brasília: Ministério

da Saúde; 2010. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas

de Liberdade no Sistema Prisional. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 3. Castro VD. (Dissertação). Saúde nas prisões: um estudo da implementação do programa de

controle da tuberculose em uma unidade do sistema penitenciário. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2011.

4. Machado ALB, Souza APR, Souza MD. Sistema Penitenciário Brasileiro – origem, atualidade e exemplos funcionais. RevCurDir 2013; 10(10): 201-12.

5. Reis CB, Bernardes EB. O que acontece atrás das grades: estratégias de prevenção desenvolvidas nas delegacias civis contra HIV/AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis Ciênc. saúde coletiva 2011; 16(7): 3331-8.

6. Andrade US, Ferreira FF. Crise no sistema penitenciário brasileiro: capitalismo, desigualdade social e prisão. RevPsicoDiver Saúde 2014; 1(24): 38.

7. Alves V, BinderMCP. Trabalhar em penitenciárias: violência referida pelos trabalhadores e (in)satisfação no trabalho. Rev. bras. Saúdeocup 2014; 39 (129): 50-62.

8. Fernandes LH, Alvarenga CW, Santos LL, Pazin Filho A. The need to improve health care in prisons. Rev. Saúde Pública 2014; 48(2): 275-83.

9. Santos E; Weber A. Educação e cibercultura: aprendizagem ubíqua no currículo da disciplina didática. Rev Dial Educ 2013; 13(38): 285-303.

10. Grossi MG, Kobayashi RM. A construção de um ambiente virtual de aprendizagem para educação a distância: uma estratégia educativa em serviço. Rev. esc. enferm. USP 2013; 47(3): 756-60.

11. Prado M. (Dissertação). EXPORTSCORM: módulo SCORM para exportar objetos de aprendizagem do módulo lição. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2011.

12. Masson VA. construção de objetos virtuais de aprendizagem para o ensino da história em enfermagem. Rev Reme 2014; 18(2): 764-9.

13. Silva RB, Carvalho AL. Amizade e a virtualização das relações humanas na sociedade contemporânea: reflexões a partir de ZygmuntBauman. Rev. Esp. Acad 2014; 153: 10-16.

14. Lévy P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34; 1999. 15. Pinheiro DS. (Dissertação). Potencialidades dos recursos educacionais abertos para a educação

formal em tempos de cibercultura. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. 16. Lévy P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola; 1998. 17. Barbosa ML, CelinoSDM, Oliveira LV, Pedraza DF, Costa GMC. Atenção básica à saúde de

apenados no sistema penitenciário: subsídios para a atuação da enfermagem. Esc. Anna Nery 2014; 18(4): 586-592.

18. Teixeira JMB, Agostinho TFS. TICs e a educação a distância: ferramentas do ambiente virtual de aprendizagem. Cad. Intersaberes 2012; 1(1): 83-92.

19. Teixeira MM, Silva MMT. Hiperligações no ciberespaço: interatividade, comunicação e educação. Ver. Tematica 2013; 9 (10).

20. Diniz RCM. (Tese). A formação dos trabalhadores da saúde do sistema penitenciário – Cartografias dos saberes e práticas. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011.

21. Alvarez AG, Dal SassoGTM. Objetos virtuais de aprendizagem: contribuições para o processo de aprendizagem em saúde e enfermagem. Acta paul. Enferm 2011; 24(5): 707-11.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

132

Artigo Recebido: 14.11. 2016 Aprovado para publicação: 05.09.2017 Mayara Lima Barbosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. RUA SANTO ANTONIO, 90, APTO 303 SANTO ANTONIO 58406-025 – Campina Grande, PB - Brasil Telefone: (83) 99623.3118 Email: [email protected]

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

133

ANEXO B – Aprovação da Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

134

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

135

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

136

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE...Natal-RN, o que equivale a uma volta e meia em torno do Planeta Terra, estou aqui para agradecer essa grande conquista, pois jamais conseguiria

137