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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DE HOMOGALACTANAS SULFATADAS ANTICOAGULANTES DA ALGA VERDE Codium isthmocladum DIEGO DE ARAUJO SABRY Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha Natal-RN 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Primeiramente quero deixar registrado que esses agradecimentos não chegam nem perto da gratidão que tenho por essas pessoas e

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE BIOCINCIAS

    DEPARTAMENTO DE BIOQUMICA

    PROGRAMA DE PS GRADUAO EM CINCIAS BIOLGICAS

    PURIFICAO E CARACTERIZAO ESTRUTURAL DE

    HOMOGALACTANAS SULFATADAS ANTICOAGULANTES DA ALGA

    VERDE Codium isthmocladum

    DIEGO DE ARAUJO SABRY

    Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha

    Natal-RN

    2010

  • i

    PURIFICAO E CARACTERIZAO ESTRUTURAL DE

    HOMOGALACTANAS SULFATADAS ANTICOAGULANTES DA ALGA VERDE

    Codium isthmocladum

    por

    Diego de Araujo Sabry

    Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha

    Natal

    2010

    Dissertao apresentada ao Programa

    de Ps-Graduao em Cincias

    Biolgicas da Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte, como requisito

    parcial obteno do ttulo de Mestre

    em Cincias Biolgicas.

  • ii

    Dedico esta Obra

    A vida

  • iii

    Dedico esta Obra

    Aos meus pais, Hayd, Jos e Marinha, irmos, Gustavo, Rayner e Camila, por terem

    me apoiado em tudo e me dado foras para perseverar, principalmente nos momentos

    mais difceis.

  • iv

    Dedico esta Obra

    Ao meu orientador Hugo Alexandre de Oliveira Rocha pela fora, conselhos, apoio,

    correes, confiana e amizade.

  • v

    Dedico esta Obra

    Aos meus verdadeiros amigos da VIDA pela fora, ajuda, solidariedade e

    companheirismo.

  • vi

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente quero deixar registrado que esses agradecimentos no chegam

    nem perto da gratido que tenho por essas pessoas e desde j peo desculpas por isso, e

    caso tenha deixado algum de fora!

    Agradeo a Deus, pelo simples fato de ter me colocado no caminho de pessoas

    to especiais, e por sempre ter me guardado do mal.

    Agradeo infinitamente aos meus pais, Jos e Hayd, que tanto lutaram para

    me dar a melhor educao possvel. E me apoiaram nas minhas escolhas e me deram luz

    para as decises mais difceis. Pelo amor incondicional e por sempre quererem o meu

    bem, me aconselhando e me preparando para enfrentar esse mundo (s vezes cruel).

    Obrigado por sempre estarem presente nos momentos bons, dividindo alegria, e nos

    momentos ruins, me confortando. A despedida nunca fcil! Sei que nunca falo isso,

    mas... EU AMO VOCS!! VOCS NO TEM IDEIA! OBRIGADO PELOS

    CONSELHOS E PELO APOIO!! (Viver e no ter a vergonha de ser feliz! Cantar e

    cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz! - Gonzaguinha)

  • vii

    Agradeo ao meu irmo Guga, por todos os momentos alegres cheios de risadas e

    pelas brigas que no fim serviram para nos aproximar ainda mais. Voc o irmo que eu

    nunca poderia sonhar em pedir, e isso uma das maiores alegrias da minha vida! Voc

    me fez tanta falta na minha sada de casa, mas o seu sambar me acompanhou em todos

    os meus momentos difceis. Voc cativa as pessoas ao seu lado e pode ter certeza que eu

    sou uma dessas pessoas. Sempre que precisar de mim, eu estou disposto a fazer de tudo

    para te ajudar. VOC O CARA MAIS POMBO QUE EU CONHEO! E EU

    TE AMO TANTO! OBRIGADO NO SER S UM IRMO DESTINADO PELA

    GENTICA E SIM POR SER MUITO MAIS QUE QUALQUER IRMO!

    BEIJO NA BOCHECHA NO, S UM ABRAO MESMO (PORQUE EU SOU

    MACHO)!!! ( hoje o dia/ Da alegria/ E a tristeza/ Nem pode pensar em chegar! -

    Caetano Veloso)

    Agradeo ao meu prirmo Raineu, que trouxe a paz aqui para casa. Com seu

    jeito nerd de ser, voc traz junto alegria e muita serenidade. Obrigado por me tirar de

    casa e me levar para conhecer o mundo, que no se limita somente em festejar mas sim

    te conhecer melhor e ver que o irmo mais velho que sempre quis ter. Mas voc poderia

    ser menos puxa-saco (hehehe). OBRIGADO POR TODOS OS MOMENTOS

    ALEGRES QUE VOC ME PROPORCIONOU! (Ando s, pois s eu sei/ Pra onde

    ir, por onde andei/ Ando s/ Nem sei porqu/ No me pergunte o que eu no sei

    Engenheiros do Hawaii)

    Agradeo minha segunda me Marinha, que na ausncia da Hayd sempre me

    guiou, me criou e me ensinou o certo e o errado na vida. Apesar de eu no dizer isso,

    mas grande parte do que sou por causa de voc tambm! OBRIGADO POR

    AJUDAR MINHA MAE EM ME TORNAR O QUE SOU!

    Agradeo minha irmzinha Camiloca por ter renovado o nimo da casa.

    Obrigado pelas danas, brincadeiras e discusses bestas. OBRIGADO POR SE

    IMPORTAR COMIGO!!

  • viii

    Agradeo Ruth que sempre me ajudou dividindo momentos maravilhosos bem

    como momentos difceis. E sempre me incentivou a continuar lutando. Mesmo com

    algumas briguinhas e vises diferentes, ela procurou me entender e me apoiar. No meu

    tempo ausente, ela foi de fundamental importncia, pois era com ela que eu

    desabafava, mesmo distante eu me sentia por perto. Partir to sofrido quanto ficar, a

    diferena que quem fica sofre aos poucos constantemente e quem vai sofre

    profundamente em vrias ocasies inesperadas. OBRIGADO POR SER VOC!!!

    (One day, youll look to see Ive gone/ But tomorrow may rain, so, Ill follow the Sun...

    Beatles)

    Agradeo Dona Estelita por sempre me dar conselhos importantes e de apoiar

    minhas convices. S no agradeo por me acordar cedo. LILIA, MUITO

    OBRIGADO POR FAZER PARTE DA FAMLIA!!!

    Agradeo tambm aos meus amigos Pica-pau (Raphael), Ngo (Renan), Modess

    (Alcino), Melo (Fbio), Bilica (Fbio), Jebo (Daniel), No-Transante (Acarlton),

    Lindo (Marcel), e Marreco (Pablo), pelos momentos de alegria descontrao e por

    compartilharem os bons momentos, sem falar nos maus momentos! (TRISTE

    DAQUELE QUE NO TEM AMIGOS!)

    Agradeo galera de Cincias Biolgicas, tanto os professores quanto os alunos,

    que me acolheram e me ensinaram muita coisa tanto dentro de sala quanto,

    principalmente, fora dela.. MUITO OBRIGADO A TODOS!

    Agradeo a Duda por, sem saber, ter aberto as portas do laboratrio. E assim eu

    poder saber do que se trabalhava no BIOPOL, e quando fui entrevistado eu fazer o

    marketing.

  • ix

    Como no podia faltar quero agradecer a todos os que compem o BIOPOL, em

    especial: Sara (pelos abraos), Mariana (por ser fofoqueira), Pop (pela alegria), Ivan

    (pelas risadas), Nednaldo (pela amizade), Jailma (pela solidariedade), Leandro (pelas

    conversas), Leonardo (ainda pelo salto no biotrio), Ruth (pelos ensinamentos),

    Dayanne (por continuar no cantando), Gabriel (pela inocncia), Raniere (pela

    aguinha), Railson (pelos pastis de Tangar), Arthur (por no ser to curioso) e aos

    demais que passaram, fizeram e fazem parte dessa histria. BIOPOL, OBRIGADO

    PELAS ALEGRIAS E ENSINAMENTOS!!!!!!

    Agradeo especialmente ao meu orientador, amigo e conselheiro Hugo, por ter

    me aceitado no laboratrio, por ter confiado na minha capacidade e no meu trabalho!

    Sempre de bom humor, com um sorriso cativante e uma gargalhada contagiante. Mas

    tambm sabe ser rigoroso e exigir quando sabe que ns podemos fazer mais! Sem ele no

    conseguiria finalizar essa dissertao, muito menos aprender os primeiros passos do

    pensamento cientfico. Hugo, apesar das nossas desavenas, voc muito importante

    para mim. Desculpe pela sinceridade, mas era porque eu precisava ser. OBRIGADO

    POR ABRIR TANTAS PORTAS PARA MIM!!!

    Agradeo a Saroca pela amizade, pelo companheirismo, pelos fins de semana e

    feriados ao som de Beach Boys, Creedence, Beatles, Chuck Berry, e pelo altrusmo,

    pelas danas descontradas, pelos sinto muito e blusas justas. No agradeo pelos

    tapas e belisces! Saroca, voc no tem idia de como voc especial para mim. Nunca

    esquecerei do seu telefonema e das doces palavras que voc me disse! OBRIGADO

    POR TODO CARINHO! (Wouldnt it be nice if we were older/ The we wouldnt have to

    wait so long/ And wouldnt it be nice to live together/ In the kind of world where we

    belong Beach Boys)

  • x

    Agradeo a Nednaldo que sempre foi meu amigo, mas que no momento de

    dificuldade no mediu esforos para me reerguer e me colocar no caminho, como se

    tivesse sido enviado para me ajudar. Sei que vivo tirando onda contigo, mas s brinco

    com quem eu gosto. OBRIGADO POR SER UM IRMO PARA MIM!! (Someone

    told me long ago/ Theres a calm before the storm/ I knowI wanna know/ Have you ever

    seen the rain? Creedence Clearwater Revival)

    Agradeo a Profa. Helena Nader, por ter aberto as portas de seu laboratrio e

    confiado em mim para realizar meus experimentos sem a interferncia de ningum.

    Ainda no ncleo UNIFESP, agradeo a Marcelo e Duda, por terem aberto suas portas

    em So Paulo e terem feito de So Paulo um pequeno pedao da amvel Natal.

    Agradeo a Renan e Tarsis por serem to amigos e me ensinarem tanto sobre cincia e

    sobre a vida! OBRIGADO POR ME ACOLHEREM TO BEM E POR SEREM

    AMIGOS SEM SEREM OBRIGADOS A ISSO!!!

    Agradeo ao Prof. Edvaldo por me receber na UFPR e me encaminhar para os

    laboratrios que eu precisava ir. Agradeo a Profa. Dorli por me receber em seu

    laboratrio e pelas roupas! :D Agradeo imensamente a Dani que me acolheu em seu

    laboratrio (LME) e me apresentou os meus primeiros amigos na UFPR: Dilzete,

    Fernando Japa, Olga, You, Val, Mari, Gabriel, Thiago, Fernanda, Luza, etc.

    OBRIGADO POR ME FAZEREM ME SENTIR MENOS LONGE DE CASA E

    DOS MEUS AMIGOS!

    Agradeo ao Prof. Guilherme Sassaki por me receber e me deixar ficar em seu

    laboratrio realizando parte dessa dissertao. E por nesse laboratrio eu conhecer

    novos amigos: Lauro, Arquimedes, Fherzinha, Ferzona, Carol, Giovana (GG),

    Daniel, Lorena, Nessa... OBRIGADO POR ME MOSTRAR QUE CINCIA

    ALGO MAIOR QUE FICAR APENAS ESTUDANDO TRANCADO NO

    LABORATRIO!!!

  • xi

    Agradeo a Hugo, Nednaldo, Sara, Leonardo, Camila, Renan, Melo, Hayd,

    Jos, Guga, Raineu e Ana Flvia pela ajuda num momento em que eu me perdi e

    precisava de algum para me lembrar quem eu realmente sou. E sem eles no teria

    concludo essa dissertao. MUITO OBRIGADO DE TODO O CORAO!!!

    Agradeo aos vrios amigos do departamento (Ticiana, Norba, Phelippe Jack

    Black, Rafinha, Roberta Belle de Jour, Virgnia) pelos diversos momentos bacanas

    nos corredores e na ponte da Bioqumica.

    MUITO OBRIGADO AOS DIVERSOS AMIGOS QUE FIZ PELO

    CAMINHO! ESPERO REENCONTR-LOS!

    Agradeo aos professores e funcionrios do Departamento de Bioqumica pelos

    momentos compartilhados, em especial ao Seu Jonas, Seu Itamar, Seu Rogrio, Seu

    Ricardo, Creuza, D. Margarita, Seu Marcos e D. ngela pelos momentos de

    descontrao.

    Agradeo ao Prof. Maurcio, Prof. Elizeu, Prof. Sueli e a Prof. Edda pelos

    ensinamentos e pela confiana em meu trabalho.

    Agradeo ao CNPq e CAPES pelo auxlio financeiro para a realizao desse

    trabalho.

  • xii

    Chorar no vai trazer de volta seu co, a no ser que suas lgrimas tenham cheiro de

    rao. (Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)

    Deus me enviou terra com uma misso. S Ele pode me deter, os homens nunca

    podero. (Bob Marley)(Bob Marley)(Bob Marley)(Bob Marley)

    So meus amigos aqueles que tem considerao por mim. (Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)

    A estima vale mais do que a celebridade, a considerao mais do que a fama, e a honra

    mais do que a glria. (Chamfort)(Chamfort)(Chamfort)(Chamfort)

    No tenho a pretenso de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu

    faa a falta que elas me fazem. O importante pra mim saber que eu, em algum

    momento, fui insubstituvel, e que esse momento ser inesquecvel. (Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)

    Do you remember lying in bed with your covers pulled up over your head? Radio

    playin' so no one can see. We need change, we need it fast! (R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)

    Existem trs frases curtas que levaro sua vida adiante: No diga que fui eu!, Oh,

    boa idia chefe! e J estava assim quando cheguei. (Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)

  • xiii

    RESUMO Os polissacardeos sulfatados compem um grupo complexo de

    macromolculas com uma gama de importantes atividades biolgicas, incluindo

    atividade antiviral, anticoagulante, antiproliferativa, antitumoral e antioxidante.

    Esses polmeros aninicos so amplamente distribudos em tecidos de

    vertebrados e algas. As algas marinhas so as fontes, no-mamferas, mais

    abundantes de polissacardeos sulfatados na natureza. Os mais conhecidos

    extrados de algas vermelhas so homogalactanas, chamadas de

    carragenanas, e de algas marrons so homo ou heteropolissacardeos,

    chamadas de fucanas e fucoidanas, respectivamente, e os polissacardeos

    sulfatados de algas verdes so compostas por polissacardeos contendo

    galactose, glicose, arabinose e/ou cido glucurnico. H poucos estudos

    descrevendo a presena de polissacardeos sulfatados em algas verdes. No

    presente estudo, o extrato total de polissacardeos da alga verde Codium

    isthmocladum foi obtido atravs de digesto proteoltica, e fracionado por

    precipitao sequencial com acetona resultando em cinco fraes (F0,3V;

    F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V). O teste de atividade anticoagulante de aPTT

    mostrou que F0,5V desempenhou alta atividade anticoagulante. Esta foi,

    posteriormente, fracionada por cromatografia de troca-inica em sete

    polissacardeos: F0,3M; F0,5M; F0,7M; F1,0M; F1,5M; F2,0M e F3,0M. Os

    polissacardeos eludos com F2,0M e F3,0M migraram como um nico

    componente eletrofortico. No foi detectada contaminao protica. Anlises

    qumicas mostraram que F2,0M e F3,0M so compostas por galactose. Esses

    polissacardeos foram submetidos ao teste de aPTT, e mostraram alta

    atividade anticoagulante com atividade maior que Clexane. Ambas

    apresentaram um efeito dose-dependente. Anlises estruturais de F2,0M e

    F3,0M mostraram que elas so homopolmeros ramificados constitudos de -

    D-Galactopiranoses unidas por ligaes -1,6 (predominante) e -1,3. Alguns

    resduos de galactose apresentam sulfatao em C4 ou em C6, e algumas

    galactoses em posio no redutora apresentam piruvatao na forma de 3,4-

    O-(1-carboxi)etilideno, cetal cclico com cinco membro.

    Palavras chave: Homogalactana, aPTT, Chlorophyta, -D-Galactopiranose.

  • xiv

    ABSTRACT

    Sulfated polysaccharides comprise a complex group of macromolecules with a

    range of important biological activities, including antiviral, anticoagulant,

    antiproliferative, antitumoral and antioxidant activity. These anionic polymers

    are widely distributed in tissues of vertebrates and algae. Seaweeds are the

    sources, non-mammalian, most abundant sulfated polysaccharides in nature.

    The best known extracted from red algae are homogalactans, called

    carrageenan, and those from brown algae are homo or heteropolysaccharides,

    called fucans and fucoidan, respectively, and sulfated polysaccharides of green

    algae are composed of polysaccharides containing galactose, glucose,

    arabinose and/or glucuronic acid. There are few studies describing the

    presence of sulfated polysaccharides in green algae. In this study, the total

    extract of polysaccharides of the green alga Codium isthmocladum was

    obtained by proteolytic digestion and fractionated by sequential precipitation

    with acetone resulting in five fractions (F0.3V, F0.5V, F0.7V, F0.9V and F1.2V).

    Anticoagulant activity of aPTT showed that F0.5V exhibited high anticoagulant

    activity. This fraction was then fractionated by ion exchange chromatography in

    seven polysaccharides: F0.3M, F0.5M, F0.7M, F1.0M, F1.5M, F2.0M and

    F3.0M. The polysaccharides eluted with F2.0M and F3.0M migrated as a single

    electrophoretic component. Protein contamination was absent. Chemical

    analysis showed that F2.0M and F3.0M are composed of galactose. These

    polysaccharides were tested using the aPTT and showed high anticoagulant

    activity with activity greater than Clexane . Both showed a dose-dependent

    effect. Structural analysis of F2.0M and F3.0M showed that they are branched

    homopolymers consisting of -D-galactopyranose linked by links -(13,6)-

    (predominant), -(16) and -(13). Some residues of galactose are sulfated

    in C4 or C6, and some galactose residues in non-reducing position present

    pyruvate in the form of 3,4-O-(1'-carboxy)-ethylidene, a five membered cyclic

    ketal.

    Keywords: Homogalactan. aPTT assay. Chlorophyta. -D-Galactopyranose.

  • xv

    SUMRIO

    LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS ................................................................ xviii

    LISTA DE TABELAS ............................................................................................ xx

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xxi

    LISTA DE ESQUEMAS.......................................................................................... xxii

    1. INTRODUO ................................................................................................. 23

    1.1. Algas verdes pertencentes ao gnero Codium......................................... 23

    1.2. Alga verde Codium isthmocladum.. ............................................................. 25

    1.3. Polissacardeos sulfatados de algas........................................................

    1.4. Polissacardeos sulfatados extrados do gnero Codium............................

    1.5 Galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium...................................

    1.6 Relao entre estrutura e atividade anticoagulante de galactanas sulfatadas

    1.7 Galactanas de Codium isthmocladum.........................................................

    26

    27

    28

    30

    31

    2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 35

    3. MATERIAIS E MTODOS ................................................................................ 36

    3.1 Materiais ......................................................................................................... 36

    3.1.1 Material biolgico ......................................................................................... 36

    3.1.2 Outros materiais .......................................................................................... 37

    3.2 Mtodos .......................................................................................................... 39

    3.2.1 Obteno dos polissacardeos sulfatados ............................................. 39

    3.2.1.1 Digesto proteoltica (protelise) ............................................................... 39

    3.2.1.2 Obteno do extrato total de polissacardeos ........................................... 39

    3.2.1.3 Fracionamento com volumes crescentes de acetona .............................. 39

    3.2.2 Eletroforese em gel de agarose ................................................................... 41

    3.2.3. Cromatografias ............................................................................................ 41

    3.2.3.1 Cromatografia lquida de troca-inica .................................................... 41

  • xvi

    3.2.3.2 Cromatografia lquida de gel filtrao...................................................

    3.2.3.3 Cromatografia lquida de alta performance (HPLC).................................

    3.2.3.4 Cromatografia gasosa..........................................................................

    3.2.3.5 Preparo das amostras para cromatografia gasosa acoplada a

    espectrmetro de massa (CG-EM).........................................................................

    42

    42

    43

    44

    3.2.4 Anlises qumicas ......................................................................................... 44

    3.2.4.1 Quantificao de acares totais .............................................................. 44

    3.2.4.2 Quantificao de sulfato ........................................................................... 45

    3.2.4.3 Quantificao de protena ........................................................................

    3.2.4.4 Dessulfatao por solvonlise....................................................................

    3.2.4.4.1 Preparo do sal de piridina..................................................................

    3.2.4.4.2 Solvonlise........................................................................................

    45

    45

    45

    45

    3.2.5 Anlise estrutural por ressonncia magntica nuclear (RMN).....................

    3.2.5.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional.............................

    3.2.5.1.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de prton (1H).............

    3.2.5.1.2 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de carbono (13C).........

    3.2.5.2 Ressonncia magntica nuclear bidimensional......................................

    3.2.5.2.1 Espectroscopia de correlao homonuclear (1H/1H) COSY..................

    3.2.5.2.2 Espectroscopia de correlao homonuclear total (1H/1H) TOCSY..........

    3.2.5.2.3 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H/13C) HSQC.................

    3.2.5.2.4 Espectroscopia de correlao heteronuclear de ligao (1H/13C)

    HMBC................................................................................................................

    46

    46

    46

    47

    47

    47

    47

    48

    48

    3.2.6. Atividade anticoagulante..........................................................................

    3.2.7 Anlise estatstica .......................................................................................

    49

    49

    4. RESULTADOS .................................................................................................. 50

    4.1. Obteno e fracionamento do extrato total de polissacardeos da alga

    Codium isthmocladum ......................................................................................

    50

    4.2. Eletroforese em gel de agarose e composio monossacardica da frao

    F0,5V..............................................................................................................

    50

    4.3. Atividade anticoagulante da frao F0,5V.................................................. 52

  • xvii

    4.4. Cromatografia lquida de troca-inica da F0,5V ......................................... 52

    4.5 Atividade anticoagulante das fraes obtidas na cromatografia lquida de

    troca-inica .......................................................................................................

    54

    4.6 Atividade anticoagulante dos polissacardeos F2,0M e F3,0M........................ 55

    4.7 Cromatografia lquida de gel filtrao.........................................................

    4.8 Cromatografia gasosa................................................................................

    4.9 Anlises qumicas dos polissacardeos F2,0M e F3,0M...............................

    4.10 Caracterizao estrutural de F2,0M e F3,0M por RMN e CG-EM.................

    56

    57

    57

    58

    5. DISCUSSO ..................................................................................................... 68

    6. CONCLUSES ................................................................................................. 74

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 75

  • xviii

    LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

    AC. GLU cido glucurnico

    ARA Arabinose

    ET Extrato total

    F0,3M Frao da troca inica eluda com 0,3M de NaCl

    F0,5M Frao da troca inica eluda com 0,5M de NaCl

    F1,0M Frao da troca inica eluda com 1,0M de NaCl

    F1,5M Frao da troca inica eluda com 1,5M de NaCl

    F2,0M Frao da troca inica eluda com 2,0M de NaCl

    F3,0M Frao da troca inica eluda com 3,0M de NaCl

    F0,3V Frao precipitada com 0,3 volumes de acetona

    F0,5V Frao precipitada com 0,5 volumes de acetona

    F0,7V Frao precipitada com 0,7 volumes de acetona

    F0,9V Frao precipitada com 0,9 volumes de acetona

    F1,2V Frao precipitada com 1,2 volumes de acetona

    GAL Galactose

    GLI Glicose

    HCl cido clordrico

    MAN Manose

    MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)2,5-diphenil tetrazolium bromide)

    NaCl Cloreto de sdio

    NaOH Hidrxido de sdio

    PDA 1,3 diamino propano acetato

    PS Polissacardeos sulfatados

    COSY Correlation spectroscopy

  • xix

    TOCSY Total correlation spectroscopy

    HSQC Heteronuclear single-quantum correlation

    HMBC Heteronuclear multiple bound correlation

    CG-EM Cromatografia gasosa acoplada a espectmetro de massa

    HPLC Cromatografia lquida de alta eficincia

  • xx

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01Tabela 01Tabela 01Tabela 01.... Relao das caractersticas qumicas de galactanas encontradas em

    diversas espcies..............................................................................................

    25

    Tabela Tabela Tabela Tabela 00002222.... Anlise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato

    presentes nas fraes cetnicas da alga C.

    isthmocladum...............................................................................................

    29

    Tabela Tabela Tabela Tabela 03030303.... Anlise qumica e relaes molares dos acares da frao cetnica

    F0,5V da alga C.isthmocladum.......................................................................

    47

    Tabela Tabela Tabela Tabela 04040404.... Composio qumica parcial e relao molar dos polissacardeos

    sulfatados F2,0M e F3,0M obtidos da troca-inica da F0,5V da alga C.

    isthmocladum................................................................................................

    53

    Tabela Tabela Tabela Tabela 05050505.... Deslocamentos qumicos de prton dos resduos de F2,0M............ 59

    Tabela Tabela Tabela Tabela 06060606.... Deslocamentos qumicos de carbono dos resduos de F2,0M......... 60

    Tabela Tabela Tabela Tabela 07070707.... Anlise da metilao das galactanas sulfatadas e suas preparaes

    qumicas............................................................................................................

    62

  • xxi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01. Desenho esquemtico de um representante do gnero Codium

    ....................................................................................................................

    19

    Figura 02. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas da alga Codium

    isthmocladum (Farias, 2006)........ .......................................................................

    28

    Figura 03. Viso geral da alga marinha verde Codium

    isthmocladum.......................................................................................................

    31

    Figura 04. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas obtidas da alga

    C. isthmocladum.....................................................................................................

    46

    Figura 05. Rendimento percentual dos polissacardeos obtidos da

    cromatografia de troca-inica da F0,5V

    ...................................................................................

    48

    Figura 06. Comportamento eletrofortico dos polissacardeos obtidos da troca-

    inica da F0,5V..............................................................................................

    49

    Figura 07. Atividade anticoagulante dos polissacardeos obtidos da

    cromatografia lquida de troca-inica da F0,5V..............................................

    50

    Figura 08. Atividade anticoagulante das galactanas sulfatadas F2,0M e F3,0M.. 51

    Figura 09. Espectro de ressonncia magntica unidimensional de prton (1H)

    de F2,0M (A) e F3,0M (B)......................................................................................

    54

    Figura 10. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de correlao

    prton/prton (1H/1H) COSY e TOCSY de F2,0M..............................................

    56

  • xxii

    Figura 11. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de correlao

    prton/carbono (1H/13C) HSQC de F2,0M..........................................................

    57

    Figura 12. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de ligao

    prton/carbono (1H/13C) HMBC de F2,0M..........................................................

    58

    LISTA DE ESQUEMAS

    Esquema 01. Obteno, purificao e anlise dos polissacardeos de Codium

    isthmocladum............................................................................................................

    40

  • Introduo 23

    Diego de Araujo Sabry

    1. INTRODUO

    1.1 Algas verdes pertencentes ao gnero Codium

    O gnero Codium exclusivamente marinho, constitudo por 125 espcies,

    que se distribuem em todos os mares, com exceo das regies polares

    (PEDROCHE; SILVA; CHACANA, 2002). Popularmente, seus representantes

    so denominados como espaguete do mar (spaghetti grass), dedos de

    homens mortos (dead mans fingers), erva daninha japonesa (japanese

    weed) e ladro de ostras (oyster thief) (TROWBRIDGE, 1998).

    Os representantes do referido gnero ocorrem desde a franja do mesolitoral

    at regies mais profundas (200 m), fixando-se a vrios tipos de substratos,

    como rochas, razes de mangue, conchas velhas e vivas de moluscos como

    ostras e mexilhes, cascos de barcos, entre outros (PEDROCHE; SILVA;

    CHACANA, 2002).

    O gnero caracteriza-se por apresentar talo multiaxial, de consistncia

    esponjosa (GRAHAM; WILCOX, 2000), em que os filamentos cenocticos se

    entrelaam formando um corpo vegetal macroscpico de forma definida (Figura

    01). Seus representantes possuem hbito ereto ou prostrado, com marcada

    diversidade morfolgica, podendo apresentar talo aplanado, pulvinado,

    digitiforme, globular, petalide, membraniforme ou cilndrico. Alm disso, os

    ramos podem ser livres ou anastomosados (PEDROCHE, 2001).

    A regio medular densamente entrelaada por filamentos cilndricos, que

    se alargam na extremidade originando os utrculos, caracterizando a camada

    cortical (Figura 01). Os utrculos esto dispostos radialmente, portando longos

    plos hialinos e caducos (VAN DEN HOEK; MANN; JAHNS, 1995; GRAHAM;

    WILCOX, 2000; PEDROCHE, 2001). A parede celular constituda

    principalmente por monossacardeo (-1,4 D-manose) ou pelo polissacardeo

    arabinogalactana sulfatada e no por celulose (VAN DEN HOEK; MANN;

    JAHNS, 1995; GRAHAM; WILCOX, 2000). O gnero homoplastdico (VAN

    DEN HOEK; MANN; JAHNS, 1995; BOLD; WYNNE, 1985) com numerosos

    cloroplastos discides sem pirenides, situados nos utrculos (GRAHAM;

    WILCOX, 2000).

  • Introduo 24

    Diego de Araujo Sabry

    Figura 01. Desenho esquemtico de um representante do gnero Codium (corte transversal do talo, adaptado de

    Verbruggen, 2007).

    Quanto importncia econmica, algumas espcies so utilizadas como

    fonte de alimento para moluscos cultivados na Califrnia (USA)

    (VERBRUGGEN et al., 2007). Esses mesmos autores tambm afirmam que

    espcies de Codium so consumidas por seres humanos, entretanto no h

    maior detalhamento sobre o assunto nesse artigo nem em outros que foram

    pesquisados durante a produo deste texto. Alm disso, apesar de ainda no

    serem utilizadas como fontes de matria prima, h um grande potencial

    biotecnolgico para as algas desse gnero, pois grande o nmero de

    publicaes que ressaltam a presena de molculas bioativas na composio

    de algas do gnero Codium, tais como: glicoconjugado com atividade

    anticoagulante (MATSUBARA et al., 2000), enzima com atividade fibrinoltica

    (MATSUBARA et al., 1999), polissacardeos sulfatados com atividade

    anticoagulante (COSTA et al., 2010) lipdeos com atividade antibitica

    (SPAVIERI et al., 2009), compostos fenlicos com atividade antioxidante

    (CELIKLER et al., 2009).

  • Introduo 25

    Diego de Araujo Sabry

    No gnero Codium, alguns representantes so considerados verdadeiras

    pragas em vrios habitats marinhos da regio temperada, devido ao grande

    potencial invasor, dada a sua rpida propagao e crescimento (RANUS, 1971;

    BGIN; SCHEIBLING, 2003; CHAVANICH et al. 2006). Cita-se como exemplo,

    C. fragile, nativa do Japo, sendo considerada a espcie mais invasiva do

    mundo. Ela foi introduzida em vrias partes do mundo e atualmente, alm da

    sia, encontrada na Europa, costa leste e oeste da Amrica do Norte,

    Austrlia, Nova Zelndia e frica do Sul (TROWBRIDGE, 1998; PRINCE;

    TROWBRIDGE, 2004). Essa espcie tambm tem gerado grandes impactos

    econmicos sobre as indstrias de moluscos e ostras em Massachussets

    (USA). Seu efeito nocivo se d quando o peso da alga ultrapassa o peso do

    hospedeiro (molusco ou ostra), ambos boiaro e sero transportados pelas

    correntes e mars (RANUS, 1971).

    A maioria dos representantes de Codium encontra-se distribuda na zona

    temperada e subtropical de vrios pases como o Japo (19 espcies), frica

    do Sul (19 espcies), Austrlia (18 espcies) e na costa do Pacfico do Mxico

    (13 espcies) (GOFF et al., 1992; PEDROCHE, 2001; PEDROCHE; SILVA;

    CHACANA, 2002). Na flora tropical e subtropical do Atlntico Ocidental, est

    representado por 11 espcies infragenricos (WYNNE, 2005). No Brasil esto

    registradas as seguintes espcies: C. decorticatum (Woodw.) M. Howe, C.

    intertextum Collins & Herv., C. isthmocladum Vickers, C. profundum Silva &

    Chacana, C. repens P. Crouan ex Vickers, C. spongiosum Harv., C. taylorii P.

    C. Silva e C. tomentosum Stackhouse (OLIVEIRA FILHO, 1977; PEREIRA et

    al. 2002a, CHACANA et al. 2003, YONESHIGUE-VALENTIN et al., 2006;

    PEREIRA et al., 2007).

    1.2 Alga verde Codium isthmocladum

    A alga verde C. isthmocladum, objeto de estudo deste trabalho,

    caracterizada por apresentar talo ereto, colorao verde-oliva, com at 20 cm

    de altura, se fixar ao substrato por um apressrio basal discide, possuir

    ramificao predominantemente dicotmica regular, podendo ser espaada ou

    curta, sendo os ramos cilndricos, ramificados at a dcima segunda ordem.

    Filamentos medulares incolores medindo cerca de 30 m de dimetro, com

  • Introduo 26

    Diego de Araujo Sabry

    espessamento lenticular de, aproximadamente 27 m so caractersticos em C.

    isthmocladum, assim como, utrculos individuais, clavados, cilndricos,

    raramente piriformes, com aproximadamente 193 m de dimetro e

    aproximadamente 623 m de comprimento. Os pices destes utrculos so

    arredondados, truncados, espessados e lamelados, medindo por volta de 42

    m de espessura e abaixo deles se encontram plos ou cicatrizes de plos,

    que se distanciam entre si por aproximadamente 68 m. Gametngios

    distribudos de 1 a 2 por utrculos, ovides, lanceovides a fusiformes, medindo

    aproximadamente 83 m de dimetro e cerca de 199 m de comprimento,

    distando em torno de 237 m do pice do utrculo (SILVA, 1960) (Figura 01).

    1.3 Polissacardeos sulfatados de algas

    Os polissacardeos sulfatados (PS) de algas so uma classe de compostos

    que contm grupamentos sulfato hemi-ster ligados covalentemente a seus

    resduos monossacardicos. O grau de substituio pode variar bastante, mas

    sempre confere aos polissacardeos em questo, carter negativo. Essa

    propriedade permite aos PS se associarem a diversas molculas bsicas,

    incluindo protenas ou regies bsicas de protenas (BECKER et al., 2007). Os

    PS possuem algumas funes em seus tecidos de origem, tais como

    manuteno do equilbrio higroscpico e apresentam frequentemente uma

    estrutura heterognea, o que torna muito difcil a determinao das

    caractersticas estruturais sutis que cada polissacardeo pode apresentar

    (MULLOY, 2005). Alm disso, muitas vezes, no possvel diferenciar se o

    papel em processos fisiolgicos desempenhados pelos PS resulta de

    interaes no-especficas entre os PS e regies bsicas de molculas,

    principalmente protenas, ou se este papel fisiolgico consequncia de sutis e

    especficas estruturas encontradas em cada polissacardeo (JONES; YAZZIE;

    MIDDAUGH, 2004) ou um somatrio das duas alternativas anteriores.

    Os diversos estudos de purificao e caracterizao estrutural dos PS de

    algas sempre estiveram intimamente relacionados com as propriedades

    farmacolgicas apresentadas por esses compostos, o que leva a um

    conhecimento estrutural restrito desses polmeros, pois aqueles que no

    apresentaram atividades nos estudos so na maioria das vezes descartados

  • Introduo 27

    Diego de Araujo Sabry

    em detrimento dos que possuam potencial farmacolgico (ROCHA et al.,

    2005a;2005b). Contudo, o conhecimento adquirido at o momento levou vrios

    pesquisadores a fazerem uma constatao: as algas marinhas de diferentes

    txons sintetizam diferentes polissacardeos (SHANMUGAM; MODY, 2000;

    HAYAKAWA et al., 2000; ROCHA et al., 2006): as algas vermelhas

    (Rhodophytas) sintetizam homo e heterogalactanas sulfatadas (SOUZA et al.,

    2007); as algas marrons sintetizam homo e heteropolmeros de fucose,

    conhecidos como fucanas e fucoidanas, respectivamente (ROCHA et al., 2006;

    LI et al., 2008); nas algas verdes (Chlorophyta) h uma maior heterogeneidade

    de PS, sendo estes compostos de arabinose, glicose, xilose, galactose,

    manose, rhamnose e/ou cido glucurnico (HAYAKAWA et al., 2000;

    MATSUBARA, 2004).

    Os PS de algas vermelhas e marrons so os mais amplamente estudados,

    por outro lado, comparativamente, h poucos relatos sobre os polissacardeos

    sulfatados de algas verdes (MAO et al., 2006). Contudo, alguns estudos vm

    mostrando que PS extrados de algas verdes apresentam grande potencial

    farmacolgico, tais como: atividade anticoagulante (FARIAS, 2006;

    HAYAKAWA et al., 2000), anti-herptica (GHOSH et al., 2004), induo da

    agregao plaquetria (CIANCIA et al., 2007), gastroprotetor (HWANG et al.,

    2008) antioxidante (QI et al., 2005), anti-inflamatria (GUZMAN et al., 2003;

    YUAN; WALSH, 2006), imunomodulatria (GUZMAN et al., 2003),

    antiproliferativa (YUAN; WALSH, 2006).

    1.4 Polissacardeos sulfatados extrados do gnero Codium

    As algas marinhas pertencendo classe Chlorophyta so amplamente

    distribudas nas guas costeiras. Destacando-se aquelas pertencentes aos

    gneros Caulerpa, Ulva e Codium, que vm atraindo a ateno de

    pesquisadores para seus polissacardeos sulfatados e suas respectivas

    atividades. Para compreender melhor as atividades dos polissacardeos

    sulfatados necessria uma descrio detalhada de sua estrutura. Apesar da

    grande complexidade dessas molculas, so poucas as caracterizaes

    estruturais. Alguns trabalhos interessantes foram publicados descrevendo a

    estrutura das ulvanas, heteroglucanas sulfatadas, extradas de algas do gnero

  • Introduo 28

    Diego de Araujo Sabry

    Ulva (LAHAYE; BRUNEL; BONNIN, 1997; ROBIC et al., 2009). Por outro lado,

    a estrutura dos polissacardeos de diversas outras espcies est longe de ser

    detalhadamente caracterizada. No gnero Codium j foi relatada a presena de

    glucana sulfatada, arabinana sulfatada, galactana sulfatada, arabinogalactana

    sulfatada e galactana piruvatada e sulfatada em Codium fragile (OHTA et al.,

    2009) e Codium vermilara (CIANCIA et al., 2007; ESTEVEZ et al., 2009).

    Tambm foi relatada a presena de arabinana sulfatada e arabinogalactana

    sulfatada em Codium dwarkense (SIDDHANTA et al., 1999); e ainda, foi

    relatada a presena de arabinanas sulfatadas em Codium divaricatum, C.

    adhaerence e C. latum (HAYAKAWA et al., 2000) e a presena de galactanas

    sulfatadas em Codium cylindricum e galactanas sulfatadas e piruvatadas em

    Codium yezoense (BILAN et al., 2007) e Codium isthmocladum (FARIAS et al.,

    2008). Outros autores direcionam seus estudos para as propriedades

    biolgicas desses polissacardeos extrados de Codium sp. Muitas dessas

    atividades se assemelham quelas atribudas a polissacardeos de algas de

    outros gneros (ver tpico 1.3). Destaca-se aqui, para o gnero Codium, as

    atividades: anticoagulante (MATSUBARA et al., 2001), anti-angiogncia

    (MATSUBARA et al., 2003), antioxidante (COSTA et al., 2010) e

    antiproliferativa (COSTA et al., 2010; SABRY, 2008).

    1.5 Galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium

    Recebe a denominao de galactana, aquele polissacardeo que

    apresenta galactose como monossacardeo predominante em sua estrutura. As

    galactanas sulfatadas esto entre os polissacardeos sulfatados mais

    abundantes encontrados na natureza. Eles ocorrem em altas concentraes

    nas algas vermelhas (SILVA, 2010), em algumas espcies de algas verdes

    (COSTA, 2010), no molusco Pomacea lineata (CRUZ et al., 2010), no ourio-

    do-mar Glyptocidaris crenularis (CASTRO et al., 2009) e em angiospermas

    marinhas (AQUINO et al., 2005) (Tabela 01). Nesse panorama as algas do

    gnero Codium vm se destacando, pois apesar dos trabalhos no se deterem

    especificamente na busca de galactanas sulfatadas, e sim se concentrarem na

    busca de polissacardeos com potencial biotecnolgico/farmacolgico, eles

    vm evidenciando a presena de diferentes galactanas sulfatadas em vrias

  • Introduo 29

    Diego de Araujo Sabry

    algas desse gnero (BILAN et al., 2007; CIANCIA et al., 2007 FARIAS et al.,

    2008; ESTEVEZ et al., 2009; OHTA et al., 2009).

    At o presente momento foram publicados apenas quatro trabalhos

    descrevendo a estrutura de galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium:

    Codium fragile (OHTA et al., 2009), C. vermilara (CIANCIA et al., 2007), C.

    yezoense (BILAN et al., 2007), e C. isthmocladum (FARIAS et al., 2008). Esses

    trabalhos mostram que as espcies desse gnero sintetizam galactanas

    sulfatadas, porm com caractersticas estruturais peculiares a cada espcie

    (Tabela 01). E apenas Ohta e Ciancia exploraram o potencial biolgico dessas

    galactanas, avaliando atividade antiviral e anticoagulante, respectivamente.

    Na tabela 01 esto relacionadas as galactanas sulfatadas e/ou

    piruvatadas obtidas de algas verdes do gnero Codium, do molusco Pomacae

    lineata, do ourio Glyptocidaris crenularis e da angiosperma marinha Ruppia

    maritima. A tabela contm as principais caractersticas dessas galactanas,

    como a composio monossacardica, tipo de ligao, teor de sulfato e de

    piruvato e peso molecular (PM). O massa molecular dessas galactanas variam

    de 11 kDa (C. fragilea) a 2.500 kDa (P. lineata). Com relao composio,

    todas as galactanas listadas apresentam galactose como monossacardeo

    principal, podendo apresentar outros monossacardeos em sua estrutura, como

    arabinose (C. fragile e C. vermilara) e n-acetilglucosamina (P. lineata). O tipo

    de ligao presente em todas as galactanas listadas -1,3, podendo

    apresentar tambm ligaes -1,6 (P. lineata) ou -1,4 (R. maritima) e

    ramificaes do tipo -1,6 (C. fragile, C. yezoense, C.isthmocladum). Todas as

    galactanas presentes na tabela apresentam grupamento sulfato em sua

    estrutura, esse sulfato encontra-se, na maioria dessas galactanas, na posio

    C4, porm pode acontecer tambm nas posies C2 e C6. Assim como o

    grupamento sulfato, o grupamento piruvato est presente na estrutura da

    maioria dessas galactanas, com exceo das espcies G. crenularis e R.

    maritima. Na maioria das galactanas do gnero Codium na tabela, o piruvato

    encontrado na forma de 3,4-O-(1-carboxi)etilideno, um cetal cclico com cinco

    membros, com exceo de C. yezoense e P. lineata que apresentam o piruvato

    ligado a C4 e C6.

  • Introduo 30

    Diego de Araujo Sabry

    Tabela 01. Relao das caractersticas qumicas de galactanas encontradas em diversas

    espcies

    Espcies Composio

    Monossacardica

    Tipo de

    Ligao

    Sulfato

    (%)

    Posio

    do

    Sulfato

    Piruvato

    (%)

    Posio

    do

    Piruvato

    PM

    (kDa)

    Codium fragilea Gal:Arab (3:1) 1,3 20,3 C4 5 3,4 11

    Codium vermilarab Gal:Arab (1:1) 1,3 30,4 C4 1,4 3,4 66

    Codium fragilec Gal 1,3 (1,6) 11 C4 12,3 3,4 140

    Codium yezoensed Gal 1,3 (1,6) 28 C4 15 4,6 nd

    Codium isthmocladume Gal 1,3 (1,6) nd C4 (C6) nd 3,4 14

    Pomacae lineataf Gal:NAcGlu 1,3-1,6 nd C4 (C6) 0,5 4,6 2.500

    Glyptocidaris crenularisg Gal 1,3 nd C2 - - 500

    Ruppia maritimah Gal 1,3-1,4 10,3 C2-C4 - - nd

    a ,b = Ciancia, 2007; c = Ohta, 2009; d = Bilan, 2007; e = Farias, 2008; f = Cruz, 2010; g = Castro, 2009; h = Aquino, 2005;

    PM = peso molecular; nd = no descrito; Gal = galactose; Arab = arabinose; NAcGlu = N-Acetilglucosamina.

    Apesar da ocorrncia de estudos propondo a estrutura de galactanas

    sulfatadas de algas verdes do gnero Codium e de artigos descrevendo

    atividades biolgicas para galactanas deste gnero, ainda no h relatos

    publicados que descrevam correlao entre estrutura e atividade

    farmacolgica.

    1.6 Relao entre estrutura e atividade anticoagulante das galactanas sulfatadas

    Com o crescimento das pesquisas de prospeco de polissacardeos

    como novos frmacos, surgiu a necessidade no s de testar se determinado

    polissacardeo apresenta uma determinada atividade farmacolgica, mas

    tambm surgiu a necessidade de compreender como essa atividade

    desempenhada. O grande desafio de se trabalhar com polissacardeos

    sulfatados propor sua estrutura. Isso devido muito complexidade dessas

    molculas. E ainda mais desafiador correlacionar a estrutura desse

    polissacardeo com alguma atividade farmacolgica que ele possa

    desempenhar como, por exemplo, a atividade anticoagulante.

    Alguns trabalhos relacionam somente o peso molecular e o grau de

    sulfatao com a atividade anticoagulante dos polissacardeos sulfatados. A

    presena do sulfato indiscutvel para interao com protenas responsveis

  • Introduo 31

    Diego de Araujo Sabry

    pelo processo de coagulao, como mostram alguns trabalhos (MULLOY,

    2005). Fucanas, polissacardeos sulfatados contendo -L-fucose, de mesmo

    peso molecular apresentaram maior atividade anticoagulante em testes de

    inibio de trombina por co-fator II da heparina (HC-II), quando continham

    maior grau de sulfatao (NISHINO; NAGUMO, 1992). E quando esse grau de

    sulfatao era menor que 20%, em fucanas de baixo peso molecular de

    Ascophyllum nodosum, a atividade anticoagulante foi nula (HAROUN-

    BOUHEDJA et al., 2000). Porm essa densidade de carga pela presena do

    sulfato, isoladamente, no determinante para que um polissacardeo

    apresente atividade anticoagulante (PEREIRA et al., 2002b). Alm da

    distribuio de sulfato foi observado que as galactanas precisam apresentar

    cadeias maiores que a heparina para inibirem o processo de coagulao, isso

    indica que cada polissacardeo forma um complexo particular com proteases

    plasmticas (MELO et al., 2004). Outra caracterstica estrutural importante a

    ligao glicosdica, sendo -1,3 e -1,4 as mais relevantes para a observao

    da atividade anticoagulante. Contudo a espcie monossacardica no influencia

    a atividade (CHAIDEDGUMJORN, 2002).

    1.7 Galactanas de Codium isthmocladum

    H alguns anos, polissacardeos sulfatados da alga verde Codium

    isthmocladum vm sendo objetos de estudo de um nico grupo de

    pesquisadores, que atualmente se encontra no laboratrio Biotecnologia de

    Polmeros Naturais, do Depto. de Bioqumica, da UFRN. Este grupo

    demonstrou que possvel obter cinco fraes ricas em polissacardeos

    sulfatados atravs de um fracionamento sequencial com acetona do extrato

    bruto rico em polissacardeos. Estas fraes foram denominadas de F0,3V;

    F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V (FARIAS et al., 2008).

    Farias e colaboradores confirmaram a presena de polissacardeos

    sulfatados nas fraes cetnicas por diversas tcnicas, como eletroforese em

    gel de agarose (Figura 02). A composio monossacardica dessas fraes

    tambm foi mostrada por esses autores: galactose, manose e arabinose foram

    encontradas em todas as fraes, contudo suas propores entre as fraes

    no foi semelhante, F0,3V e F0,5V apresentaram arabinose como constituinte

  • Introduo 32

    Diego de Araujo Sabry

    em maior quantidade, j em F0,7V e F0,9V manose foi majoritria, porm a

    quantidade de galactose foi semelhantes de manose. Em F1,2V a quantidade

    de arabinose foi bem maior do que a dos demais acares (Tabela 02)

    (FARIAS, 2006).

    Ensaios de atividade anticoagulante mostraram que as fraes F0,9V e

    F0,5V eram, respectivamente, as que apresentavam a primeira e a segunda

    melhores atividades (FARIAS, 2006). A frao F0,9V foi submetida a

    purificao por cromatografia de troca inica e assim foi obtida uma populao

    de -homogalactanas, que foi dividida em sub-populaes de galactanas

    sulfatadas denominadas de Gal1 e Gal2. Estas so estruturalmente

    semelhantes, a diferena entre elas est no fato de Gal2 ser mais sulfatada

    que Gal1. Anlises estruturais mostraram que elas so compostas por

    unidades de galactose sulfatadas na posio 4 e unidas por ligaes -1,3.

    Porm, algumas unidades podem ser sulfatadas ou substitudas na posio 6.

    Piruvato tambm foi identificado em alguns resduos, este forma um anel

    externo a galactose ligando-se aos seus carbonos 3 e 4 (FARIAS et al, 2008).

    F0,5V foi submetida purificao de seus polissacardeos sulfatados e

    caracterizao parcial destes. Duas homogalactanas foram purificadas, e

    apresentaram atividade antiproliferativa frente a linhagens celulares HeLa,

    PC3, Panc1 e HL60 in vitro (SABRY, 2008). Contudo, suas estruturas no

    foram determinadas nem sua atividade anticoagulante.

  • Introduo 33

    Diego de Araujo Sabry

    TABELA 02. Analise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato presentes nas fraes

    cetnicas da alga Codium isthmocladum

    Fraes Acar total % Protena

    % Galactose1 Manose1 Arabinose1 SO3Na

    2

    F 0,3V 14,4 0,6 1 0,5 2,0 2,0

    F 0,5V 44,7 1,3 1 5,0 8,5 3,0

    F 0,7V 47,3 1,5 1 1,2 0,1 0,4

    F 0,9V 56,9 1,1 1 1,2 0,2 0,5

    F 1,2V 16,8 0,8 1 5,6 0,5 1,0

    1 relao molar de acar, tendo a galactose como referncia 2 relao molar sulfato/acar (soma dos monossacardeos) Tabela retirada de Farias, 2006

  • Introduo 34

    Diego de Araujo Sabry

    CRU 0,3V 0,5V 0,7V 0,9V 1,2V

    +

    Or

    Uma vez que Farias (2006) demonstrou que a frao cetnica F0,5V

    apresentou uma alta atividade anticoagulante, seria importante isolar os

    polissacardeos presentes na mesma frao e avali-los individualmente para

    identificar o polissacardeo anticoagulante, e ento caracteriz-lo qumica e

    estruturalmente esse polissacardeo anticoagulante.

    Figura 02. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum (Farias, 2006). Alquotas de 5l (50g) das fraes provenientes do fracionamento com acetona foram aplicadas em laminas de agarose em tampo PDA 0,05 M, pH 9,0. Aps precipitao com CETAVLON as laminas foram coradas com azul de toluidina. CRU, extrato bruto de polissacardeos; Or, origem. (Figura extrada de Farias, 2006)

  • Introduo 35

    Diego de Araujo Sabry

    Diante do exposto nossos objetivos foram:

    Objetivo Geral:

    Purificar e caracterizar estruturalmente polissacardeos sulfatados com alta

    atividade anticoagulante da alga verde Codium isthmocladum;

    Objetivos especficos:

    Obter um extrato rico em polissacardeos da alga verde C. isthmocladum e

    a partir dele, utilizando a metodologia descrita por Farias (2006), fracionar este

    extrato e obter a frao F0,5V;

    Purificar os polissacardeos presentes na frao F0,5V;

    Caracterizar quimicamente e estruturalmente esses polissacardeos;

    Avaliar a atividade anticoagulante desses compostos.

  • Material e Mtodos 36

    Diego de Araujo Sabry

    3. MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Materiais

    3.1.1 Material Biolgico

    i) Alga Marinha

    Para este estudo foi escolhida a alga marinha Codium isthmocladum

    Vickers (Chlorophyta, Cordiaceae (Fig 03).

    Gnero: Codium

    Espcie: Codium isthmocladum

    Figura 03. Viso geral da alga marinha verde Codium isthmocladum.

    (http://www.mariculturetechnology.com/images/Codium.jpg)

    Codium isthmocladum foi coletada em local de fcil acesso, na Praia de

    Pirambzios (6L/35S), litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte,

    observando-se mars entre 0,0-0,3m e temperatura no intervalo de 25C a

    32C. O material coletado foi armazenado em sacos plsticos e levado ao

    laboratrio onde, foi descontaminado de incrustaes calcrias, epfitas e

    pequenos invertebrados com gua corrente. Aps descontaminao, o material

    foi desidratado em estufa aerada a 50C, triturado em liquidificador

  • Material e Mtodos 37

    Diego de Araujo Sabry

    convencional e submetido macerao com dois volumes de lcool etlico 96

    durante 24 horas, para retirada de contaminantes lipdicos e pigmentos.

    Decorrido este perodo, o material foi seco temperatura ambiente e o

    resultante deste processo denominado, p delipidado (LEITE et al., 1998).

    3.1.2 Outros materiais

    i) Reagentes

    1,3 diamino propano, da Aldrich Chemical Co. Inc. (Milwake, WI, EUA).

    Acetona, metanol, etanol, acetato de etila, piridina, lcool isoproplico e CTV

    da CRQ (Diadema SP).

    cido actico, cloreto de sdio da VETEC (Rio de Janeiro RJ).

    cido sulfrico, cido clordrico da QEEL (So Paulo SP).

    Agarose da Bio Agency (So Paulo SP).

    lcool 96, da Sertanejo (Natal RN).

    Azul de toluidina, xido de deutrio, piruvato de sdio, vermelho de cresol,

    coomasie blue R 250, D-galactose, D-glicose, D-manose, D-arabinose, cido

    D-glucurnico, D- xilose e L-fucose da Sigma Chemical Company (St. Louis,

    MO, EUA).

    Maxatase (protease alcalina P 126), da BIOCON do Brasil Industrial Ltda ( Rio

    de Janeiro, RJ, Brasil).

    Meio DMEM da CUTILAB, Campinas-SP

    Resina de troca-inica Lewatite da Bayer, gentilmente cedida por Acar

    Guarani S/A (Olmpia, So Paulo, lote AD001, safra 95/96.

    MTT (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide) da

    Invitrogen (Carlsbad, Califrnia, USA)

  • Material e Mtodos 38

    Diego de Araujo Sabry

    Todos os demais materiais e reagentes utilizados foram da melhor

    qualidade disponvel.

    ii) Aparelhos

    Agitador orbital modelo 255-B da FANEM Ltda (So Paulo, SP, Brasil);

    Banhos e estufas de temperatura controlvel da FANEM Ltda (So Paulo, SP,

    Brasil);

    Cmara para eletroforese em gel de agarose, modelo desenvolvido por

    Jaques (1968) (Tcnica Permatron Ltda., So Paulo, SP, Brasil);

    Centrfuga refrigerada CR21 da Hitachi Koki Co. Ltda. (Tquio, Japo);

    Espectrofotmetro Femto 700 plus da Femton Ind. Com. Instrumentos Ltda

    (So Paulo, Sp, Brasil);

    Cromatgrafo a gs (CG) Varian;

    Fonte de corrente contnua regulvel desenvolvidas pelo Dr. H. Rzeppa,

    Tcnica Permatron Ltda. (So Paulo, SP, Brasil);

    Coagulmetro Drake (So Paulo, SP, Brasil);

    Medidor de pH PHTEK, modelo Meter PHS 3B (Tquio, Japo);

    Cromatgrafo lquido de alta eficincia da Merck;

    Equipamento de Ressonncia Bruker, modelo DRX 400, srie AVANCE;

    MestRec verso 4.9.9.9.

    Equipamento de CG-EM da marca Varian (Palo Alto, CA), modelo Saturn

    2000R.

  • Material e Mtodos 39

    Diego de Araujo Sabry

    3.2 Mtodos

    3.2.1 Obteno dos polissacardeos sulfatados

    3.2.1.1 Digesto proteoltica (protelise)

    O p delipidado foi submetido a digesto proteoltica com enzima

    maxatase, em soluo salina de NaCl 0,25 M com pH ajustado para 8,0, ento

    a mistura foi deixada por 12h a 60C. Em seguida, a mistura foi submetida a

    uma centrifugao, 10.000 x g, durante 15 minutos a 4C e o sobrenadante foi

    filtrado. Ao final, o volume do sobrenadante foi registrado e reservado para ser

    imediatamente utilizado no fracionamento com volumes crescentes de acetona.

    3.2.1.2 Obteno do extrato total de polissacardeos

    O sobrenadante obtido na etapa anterior foi dividido em alquotas e a

    uma destas foram adicionados dois volumes de metanol, deixando-se esta

    mistura temperatura de 4C durante 24 horas. Aps esse perodo, o material

    foi centrifugado (10.000 x g, durante 15 minutos a 4C). O sobrenadante foi

    descartado e o precipitado, denominado de extrato total de polissacardeos, foi

    seco a presso reduzida, triturado, pesado e utilizado para os procedimentos

    posteriores.

    3.2.1.3 Fracionamento com volumes crescentes de acetona

    Ao restante das alquotas obtidas na protelise foram adicionados

    volumes crescentes de acetona. As fraes foram obtidas medida que se

    adicionou a acetona e verificou-se a turvao da mistura. Para se obter as

    fraes referentes, cada mistura foi mantida por 24 horas a 4C.

    Posteriormente, foram centrifugadas (10.000 x g, durante 15 minutos a 4C) e

    secas a presso reduzida (FARIAS et al., 2008). O fracionamento com acetona

    proporcionou cinco fraes cetnicas correspondentes aos volumes de acetona

  • Material e Mtodos 40

    Diego de Araujo Sabry

    adicionados (F0,3V; F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V). A metodologia completa

    est mostrada no Esquema 1.

    Esquema 01. Obteno, purificao e anlise dos polissacardeos de Codium

    isthmocladum

    Codium isthmocladum

    P de Alga

    Protelise

    Delipidao

    F0,3M F0,5M F0,7M F1,0M F1,5M F2,0M F3,0M

    Precipitado

    Sobrenadante

    F0,3V F0,5V F0,7V F0,9V F1,2V

    Fracionamento com acetona

    Lewatite

    RMN

    CG/CG-

    HPL

    Eletroforese em gel de agarose

    Cromatografia lquida de gel filtrao

    Anlises

    Atividade anticoagulante

  • Material e Mtodos 41

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.2 Eletroforese em gel de agarose

    A agarose foi preparada na concentrao 0,6% em tampo 1,3 diamino

    propano acetato (PDA) e colocado sobre lminas de vidro medindo 7,5 X 7,5 X

    0,1. Cinco microlitros de cada frao na concentrao de 10 mg/mL foram

    aplicados em canaletas no gel e submetidos a corrente contnua de 100V

    durante uma hora, em cuba resfriada a 4C; a origem corresponde ao plo

    negativamente eletrizado do tampo. Aps a corrida eletrofortica, os

    compostos foram precipitados com CETAVLON 0,1% por no mnimo 2 horas, a

    temperatura ambiente. Para revelao das bandas de migrao, o gel foi

    submetido a uma corrente de ar quente contnua para ser desidratado

    homogeneamente e posteriormente corado com azul de toluidina 0,1%, numa

    soluo de cido actico 1% e etanol 50%. O excesso de corante foi removido

    por uma soluo de cido actico 1% em etanol 50% (soluo descorante). A

    revelao das bandas polissacardicas foi realizada devido capacidade do

    azul de toluidina interagir com o sulfato presente nos polissacardeos e os

    compostos ricos em sulfato desenvolverem uma colorao azul-violcea

    caracterstica (DIETRICH, C; DIETRICH, S, 1977).

    3.2.3 Cromatografias

    3.2.3.1 Cromatografia lquida de troca-inica

    Aps o fracionamento com acetona, os polissacardeos foram

    purificados com a utilizao de cromatografia de troca inica. A resina Lewatite

    foi previamente ativada com HCl 2M e NaOH 2M. Aps a ativao a resina

    carregada positivamente, foi submetida a um processo de complexao com os

    polissacardeos sulfatados, sob agitao durante 18 horas.

    A frao F0,5V, obtida por precipitao com volumes crescentes de

    acetona, foi complexada com a resina de troca-inica Lewatite na proporo de

    10g da F0,5V/300mL de resina, em NaCl 0,25M. A eluio do material

    complexado foi realizada por step wise utilizando molaridades crescentes de

    NaCl (0,3M; 0,5M; 0,7M, 1,0M; 1,5M; 2,0M e 3,0M). As fraes obtidas foram

  • Material e Mtodos 42

    Diego de Araujo Sabry

    precipitadas com 4 volumes de metanol a 4C e coletadas por centrifugao

    (10.000 x g, durante 15 minutos a 4C). Em seguida as fraes foram

    precipitadas foram secas a presso reduzida, pesadas e submetidas a

    anlises. Essas fraes obtidas foram denominadas de acordo com a

    molaridade nas quais foram descomplexadas da resina.

    3.2.3.2 Cromatografia lquida de gel filtrao

    As massas moleculares de F2,0M e F3,0M foram determinadas por

    cromatografia de gel filtrao. A fase estacionria utilizada foi o gel Sephadex

    G-100. A fase mvel utilizada foi NaCl 150 mM em cido actico 200 mM. A

    coluna (130 x 1 cm) foi calibrada utilizando padres de dextran com as

    seguintes massas moleculares: 10, 40, 70, 147 e 500 kDa, e uma curva de

    eluio (tempo de reteno versus massa molecular) foi construda e sua

    equao foi utilizada para a determinao da massa molecular das amostras.

    3.2.3.3 Cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC)

    Esta tcnica foi utilizada para se quantificar o piruvato presente nas

    amostras. Para tal, F2,0M e F3,0M foram hidrolizados com TFA 1M (120C,

    6h). Aps o tempo de hidrlise o TFA foi evaporado, e ento ressuspendeu-se

    o material com gua deionizada. Em seguida filtrou-se o material em filtros de

    seringa de 0.22 m.

    O material filtrado de F2,0M e de F3,0M foi submetido cromatografia

    lquida de alta performance em coluna LiChroCART 250-4 LiChrospher 100

    NH2 (10 m) e H2SO4 0,05M foi utilizado como fase mvel em um fluxo de 0,6

    mL/min com monitoramento em 220 nm. Como padro de deteco foi utilizado

    piruvato de sdio, a curva padro variou de 0,1 a 12,8mM (OHTA, 2009).

  • Material e Mtodos 43

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.3.4 Cromatografia gasosa

    Os monossacardeos constituintes, bem como as suas propores,

    foram determinados utilizando-se essa cromatografia gasosa. Os

    polissacardeos F2,0M e F3,0M foram submetidos a um processo de acetilao

    descrito por Sassaki et al. (2008), para volatilizar as amostras, e ento

    determinar a composio monossacardica. O material foi hidrolisado para a

    liberao das unidades monossardicas, e em seguida adicionado NaBH4 (pH

    8-9, 100C por 10min). Na sequncia, o material foi neutralizado com cido

    actico e evaporado em fluxo direcionado e contnuo de ar, posteriormente

    adicionou-se metanol (200 L), o material foi seco como descrito anteriormente.

    Esse passo foi repetido, pelo menos, duas vezes.

    O material seco foi solubilizado com piridina (100 L) seguida da adio

    de anidrido actico (100 L). Aps solubilizao este material foi levado a

    estufa por 30 min (100 C). Em seguida, adicionou-se clorofrmio (1 mL) e o

    material foi lavado exaustivamente com sulfato de cobre para se retirar o

    material polar restante na soluo. Ao final da lavagem com sulfato de cobre,

    adicionou-se sulfato de sdio anidro (1 mg) e transferiu-se o sobrenadante para

    um tubo, que l permaneceu secando temperatura ambiente.

    O material acetilado foi ressuspendido em acetona e aplicado em

    cromatgrafo a gs da marca Varian (Palo Alto, CA). A composio

    monossacardica foi determinada pela comparao dos tempos de reteno

    dos monossacardeos presentes na amostra com o tempo de reteno de

    padres de monossacardeos, como: galactose, glucose, arabinose, manose,

    fucose e xilose. As anlises de CG-EM foram realizadas no cromatgrafo

    Varian 3800 em coluna capilar de slica fundida revestida com DB-225MS (30

    mm 0,25 mm d.i.). O gs He foi utilizado como gs de arrasto a um fluxo de 1

    mL/min.

    3.2.3.5 Preparo das amostras para cromatografia gasosa acoplada a

    espectrmetro de massa (CG-EM)

    Essa metodologia foi utilizada como parte da caracterizao. Para tal os

    polissacardeos F2,0M e F3,0M, e seus respectivos derivados dessulfatados,

  • Material e Mtodos 44

    Diego de Araujo Sabry

    foram inicialmente submetidos a um processo de metilao como descrito por

    Ciucanu & Kerek (1984). Eles foram solubilizados em DMSO PA (15 mg/mL),

    em seguida, adicionou-se iodeto de metila (1mL) e posteriormente, NaOH

    pulverizado (30 mg). A soluo ficou sob agitao mecnica vigorosa por 30

    min ou at se solidificar para ento repousar por 12 h. Em banho de gelo,

    solubilizou-se o material com H2O e o pH bsico da soluo foi levado a

    neutralidade com auxlio de cido actico, em seguida foi realizada uma dilise

    para a retirada do DMSO. O retido na membrana foi liofilizado e solubilizado

    em clorofrmio. Aps a metilao os polissacardeos foram submetidos a

    hidrlise cida (c. frmico 45%, 15 h,100 C) seguida de adio de gua e

    ento foram liofilizados. O material liofilizado foi acetilado como descrito acima

    no item 3.2.3.4.

    O material metilado e acetilado foi ressuspendido em acetona e aplicado

    em aparelho de CG-EM da marca Varian (Palo Alto, CA), modelo Saturn

    2000R.

    3.2.4 Anlises qumicas

    3.2.4.1 Quantificao de acares totais

    A dosagem de acares totais foi realizada de acordo com Dubois et al.

    (1956), mtodo fenol/cido sulfrico, utilizando como padro D-galactose,

    sendo as leituras realizadas a 490 nm.

    3.2.4.2 Quantificao de sulfato

    O teor de sulfato total das fraes polissacardicas foi quantificado

    atravs de teste de turbidimetria pelo mtodo de gelatina-brio (DODGSON;

    PRICE,1962). Aps hidrlise cida (HCl 4N, 6 horas, 100C) e neutralizao na

    presena de NaOH. Sulfato de sdio (1,0 mg/mL) foi empregado como padro.

  • Material e Mtodos 45

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.4.3 Quantificao de protena

    A quantidade de protena foi determinada pelo mtodo de Spector (1978)

    com o reagente Comassie blue R 250 atravs das leituras realizadas a 595 nm.

    3.2.4.4 Dessulfatao por solvonlise

    3.2.4.4.1- Preparo do sal de piridina

    O processo de solvonlise foi conduzido com os polissacardeos na

    forma de sal de piridina. Este sal foi formado atravs da solubilizao das

    fraes em gua e adio de resina catinica DOWEX 50x8 na forma H+, sob

    agitao magntica a temperatura ambiente por 30 minutos. O pH do

    sobrenadante ficou entre 1-2. O filtrado (obtido por filtrao presso reduzida)

    foi neutralizado (em capela) com piridina, at pH 7,0 e liofilizado em seguida

    (NAGASAWA; INOUE; TOKUYASU, 1979).

    3.2.4.4.2 Solvonlise

    O polissacardeo, na forma de sal de piridina, foi solubilizado em uma

    mistura de dimetilsulfxido e metanol, cuja proporo foi de 9:1 v/v,

    respectivamente, respeitando-se a relao de 10 mg de polissacardeo para 3

    mL de mistura (NAGASAWA et al., 1979).

    A soluo resultante foi mantida a 100 C durante 4 horas. Aps o

    resfriamento, a frao solvonolisada foi submetida a dilise exaustiva contra

    gua destilada e posteriormente liofilizada. O polissacardeo dessulfatado foi

    submetido metilao conforme descrito no item 3.2.3.5.

    3.2.5 Anlise estrutural por ressonncia magntica nuclear (RMN)

    As anlises estruturais por ressonncia magntica nuclear uni e

    bidimensionais foram realizadas em equipamento da marca BRUKER, modelo

    DRX 400, srie AVANCE, em tubo (widebore probe) de 5 mm de dimetro

    externo, em gua deuterada (D2O) 99%, a temperaturas que variaram de 25 a

  • Material e Mtodos 46

    Diego de Araujo Sabry

    70C. Os deslocamentos qumicos, expressos em (ppm), foram determinados

    utilizando acetona como padro interno tanto para as anlises de 13C (d = 30,2

    ppm) quanto para 1H (d = 2,224 ppm). Os seguintes experimentos

    bidimensionais 1H-1H COSY, 1H-1H TOCSY, 1H-13C HMBC e 1H-13C HMQC

    foram utilizados para o assinalamento dos deslocamentos qumicos dos

    compostos isolados.

    A maioria dos espectros, uni e bidimensionais, foram analisados

    utilizando o software MestReC verso 4.9.9.9.

    3.2.5.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional

    3.2.5.1.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de prton (RMN 1H)

    Para as anlises de RMN de 1H foi promovida a troca de hidrognios das

    hidroxilas por deutrio e remoo das molculas de gua presentes atravs da

    dissoluo das amostras em D2O, congelamento e liofilizao. Este processo

    foi repetido por, no mnimo, 3 vezes. Os espectros foram obtidos na frequncia

    base de 400,13 MHz, janela espectral de 8250,8 Hz, intervalo de aquisio de

    4 s, intervalo entre os pulsos de 1 s, sendo realizadas, no mnimo, 16

    aquisies. A resoluo dos espectros foi de 16K.

    3.2.5.1.2 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de carbono-13

    (RMN 13C)

    Os espectros de RMN de 13C, desacoplados de 1H, foram obtidos na

    frequncia base de 100,61 MHz, janela espectral de 31750 Hz, intervalo de

    aquisio de 0,6 s, intervalo entre os pulsos de 0,1 s, sendo realizadas, no

    mnimo, 2000 aquisies. A resoluo dos espectros foi de 32 K.

  • Material e Mtodos 47

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.5.2 Ressonncia magntica nuclear bidimensional

    3.2.5.2.1 Espectroscopia de correlao homonuclear (1H/1H) COSY

    (COrrelation SpectroscopY)

    Esta uma tcnica homonuclear utilizada para correlacionar os

    deslocamentos qumicos dos ncleos de 1H que esto acoplados um com o

    outro. Assim, nos carboidratos, o H-1 de um monossacardeo apresenta

    acoplamento com H-2 da mesma unidade, sendo possvel observar esta

    interao na forma de um pico cruzado, e assim determinar o deslocamento

    qumico de H-2 a partir de H-1. Dessa forma a partir do sinal de H-2 pode ser

    determinado o H-3 e assim sucessivamente ao longo do anel, se as constantes

    de acoplamento permitirem. Assim, como cada unidade monossacardica

    apresenta um padro de constantes de acoplamento caractersticos, possvel

    determinar o tipo de acar presente na estrutura. As condies de aquisio

    dos espectros de COSY utilizadas foram conforme descritas no manual da

    Bruker. A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x 1024 (F1) K, com janela

    espectral de 4125,4 (F2) x 4125,4 (F1) Hz.

    3.2.5.2.2 Espectroscopia de correlao homonuclear total (1H/1H) TOCSY

    (TOtal Correlation SpectroscopY)

    Nesta tcnica homonuclear os picos cruzados so gerados no s pelos

    prtons vicinais, mas sim, por todos os ncleos do sistema spin acoplado.

    Desta forma temos os picos cruzados correspondentes interao H-1 com H-

    2, assim como, H-1 com H-3, H-1 com H-4 e assim sucessivamente, se as

    constantes de acoplamento permitirem. As condies de aquisio dos

    espectros de TOCSY utilizadas foram conforme descritas no manual da Bruker.

    A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x 1024 (F1) K, com janela espectral

    de 4125,4 (F2) x 4125,4 (F1) Hz.

  • Material e Mtodos 48

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.5.2.3 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H-13C) HSQC

    (Heteronuclear Single Quantum Correlation Spectroscopy)

    Esta tcnica heteronuclear permite determinar quais tomos de

    hidrognio esto ligados a qual tomo de carbono. No espectro observada a

    correlao dos deslocamentos qumicos de prtons e carbonos que dividem

    uma mesma ligao. As condies de aquisio dos espectros de HSQC

    utilizadas foram conforme descritas no manual da Bruker. A resoluo dos

    espectros foi de 1024 (F2) x 512 (F1) K, com janela espectral de 4085 (F2) x

    15923 (F1) Hz.

    3.2.5.2.4 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H-13C) HMBC

    (Heteronuclear Multiple Bond Correlation)

    Nesta tcnica heteronuclear pode-se observar o acoplamento escalar de 1H-13C sobre duas ou trs ligaes entre 0 e 10 Hz, comparvel com

    acoplamento 1H-1H. No espectro observada a correlao dos deslocamentos

    qumicos de prtons e carbonos que compartilham ligaes vicinais. As

    condies de aquisio dos espectros de HMBC utilizadas foram conforme

    descritas no manual da Bruker. A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x

    512 (F1) K, com janela espectral de 4085 (F2) x 15923 (F1) Hz.

    3.2.6 Atividade anticoagulante

    Para avaliar a atividade anticoagulante, utilizou-se uma curva de doses

    crescentes com as seguintes massas: 1; 2,5; 5, 10 e 20 g de cada um dos

    polissacardeos F2,0M e F3,0M. Os polissacardeos foram solubilizados em

    plasma humano e ento submetidos ao teste de coagulao atravs de kits

    comerciais de aPTT (tempo de tromboplastina parcialmente ativada) e PT

    (tempo de protrombina). Os testes foram realizados em coagulmetro Drake.

  • Material e Mtodos 49

    Diego de Araujo Sabry

    3.2.7 Anlise estatstica

    Os experimentos realizados so expressos como mdia desvio

    padro. Para testar as diferenas entre as concentraes utilizadas, bem como

    diferentes tratamentos do mesmo polissacardeo, foi utilizado o teste de anlise

    paramtrica de anlise de varincia (ANOVA; GraphPad Instat 3.05, 32 bit for

    Win95/NT; GraphPad Software Inc.) O teste de Student-Newman-Keuls (Nvel

    de significncia de p

  • Resultados 50

    Diego de Araujo Sabry

    4. RESULTADOS

    4.1 Obteno e fracionamento do extrato total de polissacardeos da alga

    Codium isthmocladum

    Como mostrado na Introduo, a alga Codium isthmocladum j foi objeto

    de estudo do nosso grupo. Para dar continuidade aos nossos estudos com

    essa alga foi necessrio reproduzir a metodologia de extrao de

    polissacardeos utilizada anteriormente e avaliar se os dados obtidos se

    assemelharam ao observado anteriormente. Para tal, obteve-se o extrato total

    de polissacardeos por digesto proteoltica que foi submetido a um

    fracionamento com volumes crescentes de acetona de acordo com o

    estabelecido por Farias (2006). Com esse fracionamento foram obtidas cinco

    fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum, denominadas: F0,3V; F0,5V;

    F0,7V; F0,9V e F1,2V (Esquema 1).

    4.2 Eletroforese em gel de agarose e composio monossacardica da

    frao F0,5V

    Para verificar se a migrao das fraes cetnicas foram semelhantes

    quelas obtidas por Farias (2006) (Figura 02), foi realizada eletroforese em gel

    de agarose em tampo PDA pH 9,0 (Figura 04). Cada uma dessas fraes

    apresentou polissacardeos sulfatados. Entretanto a distribuio desses

    polissacardeos no foi uniforme, observando-se a presena de bandas

    eletroforticas em algumas fraes cetnicas que no so observadas em

    outras fraes. Os polissacardeos sulfatados presentes em F0,3V e F1,2V

    apresentam pouca metacromasia com azul de toluidina. Contudo as

    semelhanas entre estas duas fraes limitam-se a isto. Enquanto os

    polissacardeos de F0,3V apresentam um perfil bastante polidisperso, os

    polissacardeos sulfatados de F1,2V apresentaram-se com uma banda

    concentrada em uma regio da lmina. Um fato interessante que as fraes

    F0,7V e F0,9V apresentam uma banda na mesma regio que a observada para

    F1,2V. J os polissacardeos sulfatados de F0,5V apresentaram uma migrao

    bastante polidispersa. Contudo, duas bandas de maior intensidade podem ser

  • Resultados 51

    Diego de Araujo Sabry

    observadas (Figura 04), indicando a presena de, pelo menos, duas famlias

    polissacardicas nesta frao. Comparando-se a figura 02 com a figura 04

    observa-se que so semelhantes.

    Figura 04. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas obtidas da alga C. isthmocladum. Alquotas de 50g das fraes provenientes do fracionamento com acetona foram aplicadas em lminas de agarose em tampo PDA 0,05M pH 9,0. Aps a corrida, foram precipitadas com CETAVLON, secas e coradas com azul de toluidina 0,1%. Or = origem.

    Outro passo utilizado para confirmar a identidade da frao F0,5V foi a

    determinao da composio monossacardica desta frao. Os dados obtidos

    podem ser observados na Tabela 03. A determinao da composio da F0,5V

    realizada por duas tcnicas diferentes (cromatografia descendente em papel e

    cromatografia gasosa) mostrou uma maior proporo de galactose em relao

    aos outros dois monossacardeos encontrados (manose e arabinose). Estes

    resultados so diferentes daqueles (Tabela 03, primeira linha) obtidos por

    Farias (2006).

    TABELA 03. Analise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato presentes nas

    fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum

    Or ET 0,3V 0,5V 0,7V 0,9V 1,2V

    +