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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCINCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUMICA
PROGRAMA DE PS GRADUAO EM CINCIAS BIOLGICAS
PURIFICAO E CARACTERIZAO ESTRUTURAL DE
HOMOGALACTANAS SULFATADAS ANTICOAGULANTES DA ALGA
VERDE Codium isthmocladum
DIEGO DE ARAUJO SABRY
Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha
Natal-RN
2010
i
PURIFICAO E CARACTERIZAO ESTRUTURAL DE
HOMOGALACTANAS SULFATADAS ANTICOAGULANTES DA ALGA VERDE
Codium isthmocladum
por
Diego de Araujo Sabry
Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha
Natal
2010
Dissertao apresentada ao Programa
de Ps-Graduao em Cincias
Biolgicas da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, como requisito
parcial obteno do ttulo de Mestre
em Cincias Biolgicas.
ii
Dedico esta Obra
A vida
iii
Dedico esta Obra
Aos meus pais, Hayd, Jos e Marinha, irmos, Gustavo, Rayner e Camila, por terem
me apoiado em tudo e me dado foras para perseverar, principalmente nos momentos
mais difceis.
iv
Dedico esta Obra
Ao meu orientador Hugo Alexandre de Oliveira Rocha pela fora, conselhos, apoio,
correes, confiana e amizade.
v
Dedico esta Obra
Aos meus verdadeiros amigos da VIDA pela fora, ajuda, solidariedade e
companheirismo.
vi
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero deixar registrado que esses agradecimentos no chegam
nem perto da gratido que tenho por essas pessoas e desde j peo desculpas por isso, e
caso tenha deixado algum de fora!
Agradeo a Deus, pelo simples fato de ter me colocado no caminho de pessoas
to especiais, e por sempre ter me guardado do mal.
Agradeo infinitamente aos meus pais, Jos e Hayd, que tanto lutaram para
me dar a melhor educao possvel. E me apoiaram nas minhas escolhas e me deram luz
para as decises mais difceis. Pelo amor incondicional e por sempre quererem o meu
bem, me aconselhando e me preparando para enfrentar esse mundo (s vezes cruel).
Obrigado por sempre estarem presente nos momentos bons, dividindo alegria, e nos
momentos ruins, me confortando. A despedida nunca fcil! Sei que nunca falo isso,
mas... EU AMO VOCS!! VOCS NO TEM IDEIA! OBRIGADO PELOS
CONSELHOS E PELO APOIO!! (Viver e no ter a vergonha de ser feliz! Cantar e
cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz! - Gonzaguinha)
vii
Agradeo ao meu irmo Guga, por todos os momentos alegres cheios de risadas e
pelas brigas que no fim serviram para nos aproximar ainda mais. Voc o irmo que eu
nunca poderia sonhar em pedir, e isso uma das maiores alegrias da minha vida! Voc
me fez tanta falta na minha sada de casa, mas o seu sambar me acompanhou em todos
os meus momentos difceis. Voc cativa as pessoas ao seu lado e pode ter certeza que eu
sou uma dessas pessoas. Sempre que precisar de mim, eu estou disposto a fazer de tudo
para te ajudar. VOC O CARA MAIS POMBO QUE EU CONHEO! E EU
TE AMO TANTO! OBRIGADO NO SER S UM IRMO DESTINADO PELA
GENTICA E SIM POR SER MUITO MAIS QUE QUALQUER IRMO!
BEIJO NA BOCHECHA NO, S UM ABRAO MESMO (PORQUE EU SOU
MACHO)!!! ( hoje o dia/ Da alegria/ E a tristeza/ Nem pode pensar em chegar! -
Caetano Veloso)
Agradeo ao meu prirmo Raineu, que trouxe a paz aqui para casa. Com seu
jeito nerd de ser, voc traz junto alegria e muita serenidade. Obrigado por me tirar de
casa e me levar para conhecer o mundo, que no se limita somente em festejar mas sim
te conhecer melhor e ver que o irmo mais velho que sempre quis ter. Mas voc poderia
ser menos puxa-saco (hehehe). OBRIGADO POR TODOS OS MOMENTOS
ALEGRES QUE VOC ME PROPORCIONOU! (Ando s, pois s eu sei/ Pra onde
ir, por onde andei/ Ando s/ Nem sei porqu/ No me pergunte o que eu no sei
Engenheiros do Hawaii)
Agradeo minha segunda me Marinha, que na ausncia da Hayd sempre me
guiou, me criou e me ensinou o certo e o errado na vida. Apesar de eu no dizer isso,
mas grande parte do que sou por causa de voc tambm! OBRIGADO POR
AJUDAR MINHA MAE EM ME TORNAR O QUE SOU!
Agradeo minha irmzinha Camiloca por ter renovado o nimo da casa.
Obrigado pelas danas, brincadeiras e discusses bestas. OBRIGADO POR SE
IMPORTAR COMIGO!!
viii
Agradeo Ruth que sempre me ajudou dividindo momentos maravilhosos bem
como momentos difceis. E sempre me incentivou a continuar lutando. Mesmo com
algumas briguinhas e vises diferentes, ela procurou me entender e me apoiar. No meu
tempo ausente, ela foi de fundamental importncia, pois era com ela que eu
desabafava, mesmo distante eu me sentia por perto. Partir to sofrido quanto ficar, a
diferena que quem fica sofre aos poucos constantemente e quem vai sofre
profundamente em vrias ocasies inesperadas. OBRIGADO POR SER VOC!!!
(One day, youll look to see Ive gone/ But tomorrow may rain, so, Ill follow the Sun...
Beatles)
Agradeo Dona Estelita por sempre me dar conselhos importantes e de apoiar
minhas convices. S no agradeo por me acordar cedo. LILIA, MUITO
OBRIGADO POR FAZER PARTE DA FAMLIA!!!
Agradeo tambm aos meus amigos Pica-pau (Raphael), Ngo (Renan), Modess
(Alcino), Melo (Fbio), Bilica (Fbio), Jebo (Daniel), No-Transante (Acarlton),
Lindo (Marcel), e Marreco (Pablo), pelos momentos de alegria descontrao e por
compartilharem os bons momentos, sem falar nos maus momentos! (TRISTE
DAQUELE QUE NO TEM AMIGOS!)
Agradeo galera de Cincias Biolgicas, tanto os professores quanto os alunos,
que me acolheram e me ensinaram muita coisa tanto dentro de sala quanto,
principalmente, fora dela.. MUITO OBRIGADO A TODOS!
Agradeo a Duda por, sem saber, ter aberto as portas do laboratrio. E assim eu
poder saber do que se trabalhava no BIOPOL, e quando fui entrevistado eu fazer o
marketing.
ix
Como no podia faltar quero agradecer a todos os que compem o BIOPOL, em
especial: Sara (pelos abraos), Mariana (por ser fofoqueira), Pop (pela alegria), Ivan
(pelas risadas), Nednaldo (pela amizade), Jailma (pela solidariedade), Leandro (pelas
conversas), Leonardo (ainda pelo salto no biotrio), Ruth (pelos ensinamentos),
Dayanne (por continuar no cantando), Gabriel (pela inocncia), Raniere (pela
aguinha), Railson (pelos pastis de Tangar), Arthur (por no ser to curioso) e aos
demais que passaram, fizeram e fazem parte dessa histria. BIOPOL, OBRIGADO
PELAS ALEGRIAS E ENSINAMENTOS!!!!!!
Agradeo especialmente ao meu orientador, amigo e conselheiro Hugo, por ter
me aceitado no laboratrio, por ter confiado na minha capacidade e no meu trabalho!
Sempre de bom humor, com um sorriso cativante e uma gargalhada contagiante. Mas
tambm sabe ser rigoroso e exigir quando sabe que ns podemos fazer mais! Sem ele no
conseguiria finalizar essa dissertao, muito menos aprender os primeiros passos do
pensamento cientfico. Hugo, apesar das nossas desavenas, voc muito importante
para mim. Desculpe pela sinceridade, mas era porque eu precisava ser. OBRIGADO
POR ABRIR TANTAS PORTAS PARA MIM!!!
Agradeo a Saroca pela amizade, pelo companheirismo, pelos fins de semana e
feriados ao som de Beach Boys, Creedence, Beatles, Chuck Berry, e pelo altrusmo,
pelas danas descontradas, pelos sinto muito e blusas justas. No agradeo pelos
tapas e belisces! Saroca, voc no tem idia de como voc especial para mim. Nunca
esquecerei do seu telefonema e das doces palavras que voc me disse! OBRIGADO
POR TODO CARINHO! (Wouldnt it be nice if we were older/ The we wouldnt have to
wait so long/ And wouldnt it be nice to live together/ In the kind of world where we
belong Beach Boys)
x
Agradeo a Nednaldo que sempre foi meu amigo, mas que no momento de
dificuldade no mediu esforos para me reerguer e me colocar no caminho, como se
tivesse sido enviado para me ajudar. Sei que vivo tirando onda contigo, mas s brinco
com quem eu gosto. OBRIGADO POR SER UM IRMO PARA MIM!! (Someone
told me long ago/ Theres a calm before the storm/ I knowI wanna know/ Have you ever
seen the rain? Creedence Clearwater Revival)
Agradeo a Profa. Helena Nader, por ter aberto as portas de seu laboratrio e
confiado em mim para realizar meus experimentos sem a interferncia de ningum.
Ainda no ncleo UNIFESP, agradeo a Marcelo e Duda, por terem aberto suas portas
em So Paulo e terem feito de So Paulo um pequeno pedao da amvel Natal.
Agradeo a Renan e Tarsis por serem to amigos e me ensinarem tanto sobre cincia e
sobre a vida! OBRIGADO POR ME ACOLHEREM TO BEM E POR SEREM
AMIGOS SEM SEREM OBRIGADOS A ISSO!!!
Agradeo ao Prof. Edvaldo por me receber na UFPR e me encaminhar para os
laboratrios que eu precisava ir. Agradeo a Profa. Dorli por me receber em seu
laboratrio e pelas roupas! :D Agradeo imensamente a Dani que me acolheu em seu
laboratrio (LME) e me apresentou os meus primeiros amigos na UFPR: Dilzete,
Fernando Japa, Olga, You, Val, Mari, Gabriel, Thiago, Fernanda, Luza, etc.
OBRIGADO POR ME FAZEREM ME SENTIR MENOS LONGE DE CASA E
DOS MEUS AMIGOS!
Agradeo ao Prof. Guilherme Sassaki por me receber e me deixar ficar em seu
laboratrio realizando parte dessa dissertao. E por nesse laboratrio eu conhecer
novos amigos: Lauro, Arquimedes, Fherzinha, Ferzona, Carol, Giovana (GG),
Daniel, Lorena, Nessa... OBRIGADO POR ME MOSTRAR QUE CINCIA
ALGO MAIOR QUE FICAR APENAS ESTUDANDO TRANCADO NO
LABORATRIO!!!
xi
Agradeo a Hugo, Nednaldo, Sara, Leonardo, Camila, Renan, Melo, Hayd,
Jos, Guga, Raineu e Ana Flvia pela ajuda num momento em que eu me perdi e
precisava de algum para me lembrar quem eu realmente sou. E sem eles no teria
concludo essa dissertao. MUITO OBRIGADO DE TODO O CORAO!!!
Agradeo aos vrios amigos do departamento (Ticiana, Norba, Phelippe Jack
Black, Rafinha, Roberta Belle de Jour, Virgnia) pelos diversos momentos bacanas
nos corredores e na ponte da Bioqumica.
MUITO OBRIGADO AOS DIVERSOS AMIGOS QUE FIZ PELO
CAMINHO! ESPERO REENCONTR-LOS!
Agradeo aos professores e funcionrios do Departamento de Bioqumica pelos
momentos compartilhados, em especial ao Seu Jonas, Seu Itamar, Seu Rogrio, Seu
Ricardo, Creuza, D. Margarita, Seu Marcos e D. ngela pelos momentos de
descontrao.
Agradeo ao Prof. Maurcio, Prof. Elizeu, Prof. Sueli e a Prof. Edda pelos
ensinamentos e pela confiana em meu trabalho.
Agradeo ao CNPq e CAPES pelo auxlio financeiro para a realizao desse
trabalho.
xii
Chorar no vai trazer de volta seu co, a no ser que suas lgrimas tenham cheiro de
rao. (Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)
Deus me enviou terra com uma misso. S Ele pode me deter, os homens nunca
podero. (Bob Marley)(Bob Marley)(Bob Marley)(Bob Marley)
So meus amigos aqueles que tem considerao por mim. (Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)(Vivian Medeiros)
A estima vale mais do que a celebridade, a considerao mais do que a fama, e a honra
mais do que a glria. (Chamfort)(Chamfort)(Chamfort)(Chamfort)
No tenho a pretenso de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu
faa a falta que elas me fazem. O importante pra mim saber que eu, em algum
momento, fui insubstituvel, e que esse momento ser inesquecvel. (Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)(Fernando Pessoa)
Do you remember lying in bed with your covers pulled up over your head? Radio
playin' so no one can see. We need change, we need it fast! (R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)(R.A.M.O.N.E.S.)
Existem trs frases curtas que levaro sua vida adiante: No diga que fui eu!, Oh,
boa idia chefe! e J estava assim quando cheguei. (Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)(Homer Simpson)
xiii
RESUMO Os polissacardeos sulfatados compem um grupo complexo de
macromolculas com uma gama de importantes atividades biolgicas, incluindo
atividade antiviral, anticoagulante, antiproliferativa, antitumoral e antioxidante.
Esses polmeros aninicos so amplamente distribudos em tecidos de
vertebrados e algas. As algas marinhas so as fontes, no-mamferas, mais
abundantes de polissacardeos sulfatados na natureza. Os mais conhecidos
extrados de algas vermelhas so homogalactanas, chamadas de
carragenanas, e de algas marrons so homo ou heteropolissacardeos,
chamadas de fucanas e fucoidanas, respectivamente, e os polissacardeos
sulfatados de algas verdes so compostas por polissacardeos contendo
galactose, glicose, arabinose e/ou cido glucurnico. H poucos estudos
descrevendo a presena de polissacardeos sulfatados em algas verdes. No
presente estudo, o extrato total de polissacardeos da alga verde Codium
isthmocladum foi obtido atravs de digesto proteoltica, e fracionado por
precipitao sequencial com acetona resultando em cinco fraes (F0,3V;
F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V). O teste de atividade anticoagulante de aPTT
mostrou que F0,5V desempenhou alta atividade anticoagulante. Esta foi,
posteriormente, fracionada por cromatografia de troca-inica em sete
polissacardeos: F0,3M; F0,5M; F0,7M; F1,0M; F1,5M; F2,0M e F3,0M. Os
polissacardeos eludos com F2,0M e F3,0M migraram como um nico
componente eletrofortico. No foi detectada contaminao protica. Anlises
qumicas mostraram que F2,0M e F3,0M so compostas por galactose. Esses
polissacardeos foram submetidos ao teste de aPTT, e mostraram alta
atividade anticoagulante com atividade maior que Clexane. Ambas
apresentaram um efeito dose-dependente. Anlises estruturais de F2,0M e
F3,0M mostraram que elas so homopolmeros ramificados constitudos de -
D-Galactopiranoses unidas por ligaes -1,6 (predominante) e -1,3. Alguns
resduos de galactose apresentam sulfatao em C4 ou em C6, e algumas
galactoses em posio no redutora apresentam piruvatao na forma de 3,4-
O-(1-carboxi)etilideno, cetal cclico com cinco membro.
Palavras chave: Homogalactana, aPTT, Chlorophyta, -D-Galactopiranose.
xiv
ABSTRACT
Sulfated polysaccharides comprise a complex group of macromolecules with a
range of important biological activities, including antiviral, anticoagulant,
antiproliferative, antitumoral and antioxidant activity. These anionic polymers
are widely distributed in tissues of vertebrates and algae. Seaweeds are the
sources, non-mammalian, most abundant sulfated polysaccharides in nature.
The best known extracted from red algae are homogalactans, called
carrageenan, and those from brown algae are homo or heteropolysaccharides,
called fucans and fucoidan, respectively, and sulfated polysaccharides of green
algae are composed of polysaccharides containing galactose, glucose,
arabinose and/or glucuronic acid. There are few studies describing the
presence of sulfated polysaccharides in green algae. In this study, the total
extract of polysaccharides of the green alga Codium isthmocladum was
obtained by proteolytic digestion and fractionated by sequential precipitation
with acetone resulting in five fractions (F0.3V, F0.5V, F0.7V, F0.9V and F1.2V).
Anticoagulant activity of aPTT showed that F0.5V exhibited high anticoagulant
activity. This fraction was then fractionated by ion exchange chromatography in
seven polysaccharides: F0.3M, F0.5M, F0.7M, F1.0M, F1.5M, F2.0M and
F3.0M. The polysaccharides eluted with F2.0M and F3.0M migrated as a single
electrophoretic component. Protein contamination was absent. Chemical
analysis showed that F2.0M and F3.0M are composed of galactose. These
polysaccharides were tested using the aPTT and showed high anticoagulant
activity with activity greater than Clexane . Both showed a dose-dependent
effect. Structural analysis of F2.0M and F3.0M showed that they are branched
homopolymers consisting of -D-galactopyranose linked by links -(13,6)-
(predominant), -(16) and -(13). Some residues of galactose are sulfated
in C4 or C6, and some galactose residues in non-reducing position present
pyruvate in the form of 3,4-O-(1'-carboxy)-ethylidene, a five membered cyclic
ketal.
Keywords: Homogalactan. aPTT assay. Chlorophyta. -D-Galactopyranose.
xv
SUMRIO
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS ................................................................ xviii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ xx
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xxi
LISTA DE ESQUEMAS.......................................................................................... xxii
1. INTRODUO ................................................................................................. 23
1.1. Algas verdes pertencentes ao gnero Codium......................................... 23
1.2. Alga verde Codium isthmocladum.. ............................................................. 25
1.3. Polissacardeos sulfatados de algas........................................................
1.4. Polissacardeos sulfatados extrados do gnero Codium............................
1.5 Galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium...................................
1.6 Relao entre estrutura e atividade anticoagulante de galactanas sulfatadas
1.7 Galactanas de Codium isthmocladum.........................................................
26
27
28
30
31
2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 35
3. MATERIAIS E MTODOS ................................................................................ 36
3.1 Materiais ......................................................................................................... 36
3.1.1 Material biolgico ......................................................................................... 36
3.1.2 Outros materiais .......................................................................................... 37
3.2 Mtodos .......................................................................................................... 39
3.2.1 Obteno dos polissacardeos sulfatados ............................................. 39
3.2.1.1 Digesto proteoltica (protelise) ............................................................... 39
3.2.1.2 Obteno do extrato total de polissacardeos ........................................... 39
3.2.1.3 Fracionamento com volumes crescentes de acetona .............................. 39
3.2.2 Eletroforese em gel de agarose ................................................................... 41
3.2.3. Cromatografias ............................................................................................ 41
3.2.3.1 Cromatografia lquida de troca-inica .................................................... 41
xvi
3.2.3.2 Cromatografia lquida de gel filtrao...................................................
3.2.3.3 Cromatografia lquida de alta performance (HPLC).................................
3.2.3.4 Cromatografia gasosa..........................................................................
3.2.3.5 Preparo das amostras para cromatografia gasosa acoplada a
espectrmetro de massa (CG-EM).........................................................................
42
42
43
44
3.2.4 Anlises qumicas ......................................................................................... 44
3.2.4.1 Quantificao de acares totais .............................................................. 44
3.2.4.2 Quantificao de sulfato ........................................................................... 45
3.2.4.3 Quantificao de protena ........................................................................
3.2.4.4 Dessulfatao por solvonlise....................................................................
3.2.4.4.1 Preparo do sal de piridina..................................................................
3.2.4.4.2 Solvonlise........................................................................................
45
45
45
45
3.2.5 Anlise estrutural por ressonncia magntica nuclear (RMN).....................
3.2.5.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional.............................
3.2.5.1.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de prton (1H).............
3.2.5.1.2 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de carbono (13C).........
3.2.5.2 Ressonncia magntica nuclear bidimensional......................................
3.2.5.2.1 Espectroscopia de correlao homonuclear (1H/1H) COSY..................
3.2.5.2.2 Espectroscopia de correlao homonuclear total (1H/1H) TOCSY..........
3.2.5.2.3 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H/13C) HSQC.................
3.2.5.2.4 Espectroscopia de correlao heteronuclear de ligao (1H/13C)
HMBC................................................................................................................
46
46
46
47
47
47
47
48
48
3.2.6. Atividade anticoagulante..........................................................................
3.2.7 Anlise estatstica .......................................................................................
49
49
4. RESULTADOS .................................................................................................. 50
4.1. Obteno e fracionamento do extrato total de polissacardeos da alga
Codium isthmocladum ......................................................................................
50
4.2. Eletroforese em gel de agarose e composio monossacardica da frao
F0,5V..............................................................................................................
50
4.3. Atividade anticoagulante da frao F0,5V.................................................. 52
xvii
4.4. Cromatografia lquida de troca-inica da F0,5V ......................................... 52
4.5 Atividade anticoagulante das fraes obtidas na cromatografia lquida de
troca-inica .......................................................................................................
54
4.6 Atividade anticoagulante dos polissacardeos F2,0M e F3,0M........................ 55
4.7 Cromatografia lquida de gel filtrao.........................................................
4.8 Cromatografia gasosa................................................................................
4.9 Anlises qumicas dos polissacardeos F2,0M e F3,0M...............................
4.10 Caracterizao estrutural de F2,0M e F3,0M por RMN e CG-EM.................
56
57
57
58
5. DISCUSSO ..................................................................................................... 68
6. CONCLUSES ................................................................................................. 74
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................. 75
xviii
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS
AC. GLU cido glucurnico
ARA Arabinose
ET Extrato total
F0,3M Frao da troca inica eluda com 0,3M de NaCl
F0,5M Frao da troca inica eluda com 0,5M de NaCl
F1,0M Frao da troca inica eluda com 1,0M de NaCl
F1,5M Frao da troca inica eluda com 1,5M de NaCl
F2,0M Frao da troca inica eluda com 2,0M de NaCl
F3,0M Frao da troca inica eluda com 3,0M de NaCl
F0,3V Frao precipitada com 0,3 volumes de acetona
F0,5V Frao precipitada com 0,5 volumes de acetona
F0,7V Frao precipitada com 0,7 volumes de acetona
F0,9V Frao precipitada com 0,9 volumes de acetona
F1,2V Frao precipitada com 1,2 volumes de acetona
GAL Galactose
GLI Glicose
HCl cido clordrico
MAN Manose
MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)2,5-diphenil tetrazolium bromide)
NaCl Cloreto de sdio
NaOH Hidrxido de sdio
PDA 1,3 diamino propano acetato
PS Polissacardeos sulfatados
COSY Correlation spectroscopy
xix
TOCSY Total correlation spectroscopy
HSQC Heteronuclear single-quantum correlation
HMBC Heteronuclear multiple bound correlation
CG-EM Cromatografia gasosa acoplada a espectmetro de massa
HPLC Cromatografia lquida de alta eficincia
xx
LISTA DE TABELAS
Tabela 01Tabela 01Tabela 01Tabela 01.... Relao das caractersticas qumicas de galactanas encontradas em
diversas espcies..............................................................................................
25
Tabela Tabela Tabela Tabela 00002222.... Anlise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato
presentes nas fraes cetnicas da alga C.
isthmocladum...............................................................................................
29
Tabela Tabela Tabela Tabela 03030303.... Anlise qumica e relaes molares dos acares da frao cetnica
F0,5V da alga C.isthmocladum.......................................................................
47
Tabela Tabela Tabela Tabela 04040404.... Composio qumica parcial e relao molar dos polissacardeos
sulfatados F2,0M e F3,0M obtidos da troca-inica da F0,5V da alga C.
isthmocladum................................................................................................
53
Tabela Tabela Tabela Tabela 05050505.... Deslocamentos qumicos de prton dos resduos de F2,0M............ 59
Tabela Tabela Tabela Tabela 06060606.... Deslocamentos qumicos de carbono dos resduos de F2,0M......... 60
Tabela Tabela Tabela Tabela 07070707.... Anlise da metilao das galactanas sulfatadas e suas preparaes
qumicas............................................................................................................
62
xxi
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Desenho esquemtico de um representante do gnero Codium
....................................................................................................................
19
Figura 02. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas da alga Codium
isthmocladum (Farias, 2006)........ .......................................................................
28
Figura 03. Viso geral da alga marinha verde Codium
isthmocladum.......................................................................................................
31
Figura 04. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas obtidas da alga
C. isthmocladum.....................................................................................................
46
Figura 05. Rendimento percentual dos polissacardeos obtidos da
cromatografia de troca-inica da F0,5V
...................................................................................
48
Figura 06. Comportamento eletrofortico dos polissacardeos obtidos da troca-
inica da F0,5V..............................................................................................
49
Figura 07. Atividade anticoagulante dos polissacardeos obtidos da
cromatografia lquida de troca-inica da F0,5V..............................................
50
Figura 08. Atividade anticoagulante das galactanas sulfatadas F2,0M e F3,0M.. 51
Figura 09. Espectro de ressonncia magntica unidimensional de prton (1H)
de F2,0M (A) e F3,0M (B)......................................................................................
54
Figura 10. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de correlao
prton/prton (1H/1H) COSY e TOCSY de F2,0M..............................................
56
xxii
Figura 11. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de correlao
prton/carbono (1H/13C) HSQC de F2,0M..........................................................
57
Figura 12. Espectro de ressonncia magntica bidimensional de ligao
prton/carbono (1H/13C) HMBC de F2,0M..........................................................
58
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 01. Obteno, purificao e anlise dos polissacardeos de Codium
isthmocladum............................................................................................................
40
Introduo 23
Diego de Araujo Sabry
1. INTRODUO
1.1 Algas verdes pertencentes ao gnero Codium
O gnero Codium exclusivamente marinho, constitudo por 125 espcies,
que se distribuem em todos os mares, com exceo das regies polares
(PEDROCHE; SILVA; CHACANA, 2002). Popularmente, seus representantes
so denominados como espaguete do mar (spaghetti grass), dedos de
homens mortos (dead mans fingers), erva daninha japonesa (japanese
weed) e ladro de ostras (oyster thief) (TROWBRIDGE, 1998).
Os representantes do referido gnero ocorrem desde a franja do mesolitoral
at regies mais profundas (200 m), fixando-se a vrios tipos de substratos,
como rochas, razes de mangue, conchas velhas e vivas de moluscos como
ostras e mexilhes, cascos de barcos, entre outros (PEDROCHE; SILVA;
CHACANA, 2002).
O gnero caracteriza-se por apresentar talo multiaxial, de consistncia
esponjosa (GRAHAM; WILCOX, 2000), em que os filamentos cenocticos se
entrelaam formando um corpo vegetal macroscpico de forma definida (Figura
01). Seus representantes possuem hbito ereto ou prostrado, com marcada
diversidade morfolgica, podendo apresentar talo aplanado, pulvinado,
digitiforme, globular, petalide, membraniforme ou cilndrico. Alm disso, os
ramos podem ser livres ou anastomosados (PEDROCHE, 2001).
A regio medular densamente entrelaada por filamentos cilndricos, que
se alargam na extremidade originando os utrculos, caracterizando a camada
cortical (Figura 01). Os utrculos esto dispostos radialmente, portando longos
plos hialinos e caducos (VAN DEN HOEK; MANN; JAHNS, 1995; GRAHAM;
WILCOX, 2000; PEDROCHE, 2001). A parede celular constituda
principalmente por monossacardeo (-1,4 D-manose) ou pelo polissacardeo
arabinogalactana sulfatada e no por celulose (VAN DEN HOEK; MANN;
JAHNS, 1995; GRAHAM; WILCOX, 2000). O gnero homoplastdico (VAN
DEN HOEK; MANN; JAHNS, 1995; BOLD; WYNNE, 1985) com numerosos
cloroplastos discides sem pirenides, situados nos utrculos (GRAHAM;
WILCOX, 2000).
Introduo 24
Diego de Araujo Sabry
Figura 01. Desenho esquemtico de um representante do gnero Codium (corte transversal do talo, adaptado de
Verbruggen, 2007).
Quanto importncia econmica, algumas espcies so utilizadas como
fonte de alimento para moluscos cultivados na Califrnia (USA)
(VERBRUGGEN et al., 2007). Esses mesmos autores tambm afirmam que
espcies de Codium so consumidas por seres humanos, entretanto no h
maior detalhamento sobre o assunto nesse artigo nem em outros que foram
pesquisados durante a produo deste texto. Alm disso, apesar de ainda no
serem utilizadas como fontes de matria prima, h um grande potencial
biotecnolgico para as algas desse gnero, pois grande o nmero de
publicaes que ressaltam a presena de molculas bioativas na composio
de algas do gnero Codium, tais como: glicoconjugado com atividade
anticoagulante (MATSUBARA et al., 2000), enzima com atividade fibrinoltica
(MATSUBARA et al., 1999), polissacardeos sulfatados com atividade
anticoagulante (COSTA et al., 2010) lipdeos com atividade antibitica
(SPAVIERI et al., 2009), compostos fenlicos com atividade antioxidante
(CELIKLER et al., 2009).
Introduo 25
Diego de Araujo Sabry
No gnero Codium, alguns representantes so considerados verdadeiras
pragas em vrios habitats marinhos da regio temperada, devido ao grande
potencial invasor, dada a sua rpida propagao e crescimento (RANUS, 1971;
BGIN; SCHEIBLING, 2003; CHAVANICH et al. 2006). Cita-se como exemplo,
C. fragile, nativa do Japo, sendo considerada a espcie mais invasiva do
mundo. Ela foi introduzida em vrias partes do mundo e atualmente, alm da
sia, encontrada na Europa, costa leste e oeste da Amrica do Norte,
Austrlia, Nova Zelndia e frica do Sul (TROWBRIDGE, 1998; PRINCE;
TROWBRIDGE, 2004). Essa espcie tambm tem gerado grandes impactos
econmicos sobre as indstrias de moluscos e ostras em Massachussets
(USA). Seu efeito nocivo se d quando o peso da alga ultrapassa o peso do
hospedeiro (molusco ou ostra), ambos boiaro e sero transportados pelas
correntes e mars (RANUS, 1971).
A maioria dos representantes de Codium encontra-se distribuda na zona
temperada e subtropical de vrios pases como o Japo (19 espcies), frica
do Sul (19 espcies), Austrlia (18 espcies) e na costa do Pacfico do Mxico
(13 espcies) (GOFF et al., 1992; PEDROCHE, 2001; PEDROCHE; SILVA;
CHACANA, 2002). Na flora tropical e subtropical do Atlntico Ocidental, est
representado por 11 espcies infragenricos (WYNNE, 2005). No Brasil esto
registradas as seguintes espcies: C. decorticatum (Woodw.) M. Howe, C.
intertextum Collins & Herv., C. isthmocladum Vickers, C. profundum Silva &
Chacana, C. repens P. Crouan ex Vickers, C. spongiosum Harv., C. taylorii P.
C. Silva e C. tomentosum Stackhouse (OLIVEIRA FILHO, 1977; PEREIRA et
al. 2002a, CHACANA et al. 2003, YONESHIGUE-VALENTIN et al., 2006;
PEREIRA et al., 2007).
1.2 Alga verde Codium isthmocladum
A alga verde C. isthmocladum, objeto de estudo deste trabalho,
caracterizada por apresentar talo ereto, colorao verde-oliva, com at 20 cm
de altura, se fixar ao substrato por um apressrio basal discide, possuir
ramificao predominantemente dicotmica regular, podendo ser espaada ou
curta, sendo os ramos cilndricos, ramificados at a dcima segunda ordem.
Filamentos medulares incolores medindo cerca de 30 m de dimetro, com
Introduo 26
Diego de Araujo Sabry
espessamento lenticular de, aproximadamente 27 m so caractersticos em C.
isthmocladum, assim como, utrculos individuais, clavados, cilndricos,
raramente piriformes, com aproximadamente 193 m de dimetro e
aproximadamente 623 m de comprimento. Os pices destes utrculos so
arredondados, truncados, espessados e lamelados, medindo por volta de 42
m de espessura e abaixo deles se encontram plos ou cicatrizes de plos,
que se distanciam entre si por aproximadamente 68 m. Gametngios
distribudos de 1 a 2 por utrculos, ovides, lanceovides a fusiformes, medindo
aproximadamente 83 m de dimetro e cerca de 199 m de comprimento,
distando em torno de 237 m do pice do utrculo (SILVA, 1960) (Figura 01).
1.3 Polissacardeos sulfatados de algas
Os polissacardeos sulfatados (PS) de algas so uma classe de compostos
que contm grupamentos sulfato hemi-ster ligados covalentemente a seus
resduos monossacardicos. O grau de substituio pode variar bastante, mas
sempre confere aos polissacardeos em questo, carter negativo. Essa
propriedade permite aos PS se associarem a diversas molculas bsicas,
incluindo protenas ou regies bsicas de protenas (BECKER et al., 2007). Os
PS possuem algumas funes em seus tecidos de origem, tais como
manuteno do equilbrio higroscpico e apresentam frequentemente uma
estrutura heterognea, o que torna muito difcil a determinao das
caractersticas estruturais sutis que cada polissacardeo pode apresentar
(MULLOY, 2005). Alm disso, muitas vezes, no possvel diferenciar se o
papel em processos fisiolgicos desempenhados pelos PS resulta de
interaes no-especficas entre os PS e regies bsicas de molculas,
principalmente protenas, ou se este papel fisiolgico consequncia de sutis e
especficas estruturas encontradas em cada polissacardeo (JONES; YAZZIE;
MIDDAUGH, 2004) ou um somatrio das duas alternativas anteriores.
Os diversos estudos de purificao e caracterizao estrutural dos PS de
algas sempre estiveram intimamente relacionados com as propriedades
farmacolgicas apresentadas por esses compostos, o que leva a um
conhecimento estrutural restrito desses polmeros, pois aqueles que no
apresentaram atividades nos estudos so na maioria das vezes descartados
Introduo 27
Diego de Araujo Sabry
em detrimento dos que possuam potencial farmacolgico (ROCHA et al.,
2005a;2005b). Contudo, o conhecimento adquirido at o momento levou vrios
pesquisadores a fazerem uma constatao: as algas marinhas de diferentes
txons sintetizam diferentes polissacardeos (SHANMUGAM; MODY, 2000;
HAYAKAWA et al., 2000; ROCHA et al., 2006): as algas vermelhas
(Rhodophytas) sintetizam homo e heterogalactanas sulfatadas (SOUZA et al.,
2007); as algas marrons sintetizam homo e heteropolmeros de fucose,
conhecidos como fucanas e fucoidanas, respectivamente (ROCHA et al., 2006;
LI et al., 2008); nas algas verdes (Chlorophyta) h uma maior heterogeneidade
de PS, sendo estes compostos de arabinose, glicose, xilose, galactose,
manose, rhamnose e/ou cido glucurnico (HAYAKAWA et al., 2000;
MATSUBARA, 2004).
Os PS de algas vermelhas e marrons so os mais amplamente estudados,
por outro lado, comparativamente, h poucos relatos sobre os polissacardeos
sulfatados de algas verdes (MAO et al., 2006). Contudo, alguns estudos vm
mostrando que PS extrados de algas verdes apresentam grande potencial
farmacolgico, tais como: atividade anticoagulante (FARIAS, 2006;
HAYAKAWA et al., 2000), anti-herptica (GHOSH et al., 2004), induo da
agregao plaquetria (CIANCIA et al., 2007), gastroprotetor (HWANG et al.,
2008) antioxidante (QI et al., 2005), anti-inflamatria (GUZMAN et al., 2003;
YUAN; WALSH, 2006), imunomodulatria (GUZMAN et al., 2003),
antiproliferativa (YUAN; WALSH, 2006).
1.4 Polissacardeos sulfatados extrados do gnero Codium
As algas marinhas pertencendo classe Chlorophyta so amplamente
distribudas nas guas costeiras. Destacando-se aquelas pertencentes aos
gneros Caulerpa, Ulva e Codium, que vm atraindo a ateno de
pesquisadores para seus polissacardeos sulfatados e suas respectivas
atividades. Para compreender melhor as atividades dos polissacardeos
sulfatados necessria uma descrio detalhada de sua estrutura. Apesar da
grande complexidade dessas molculas, so poucas as caracterizaes
estruturais. Alguns trabalhos interessantes foram publicados descrevendo a
estrutura das ulvanas, heteroglucanas sulfatadas, extradas de algas do gnero
Introduo 28
Diego de Araujo Sabry
Ulva (LAHAYE; BRUNEL; BONNIN, 1997; ROBIC et al., 2009). Por outro lado,
a estrutura dos polissacardeos de diversas outras espcies est longe de ser
detalhadamente caracterizada. No gnero Codium j foi relatada a presena de
glucana sulfatada, arabinana sulfatada, galactana sulfatada, arabinogalactana
sulfatada e galactana piruvatada e sulfatada em Codium fragile (OHTA et al.,
2009) e Codium vermilara (CIANCIA et al., 2007; ESTEVEZ et al., 2009).
Tambm foi relatada a presena de arabinana sulfatada e arabinogalactana
sulfatada em Codium dwarkense (SIDDHANTA et al., 1999); e ainda, foi
relatada a presena de arabinanas sulfatadas em Codium divaricatum, C.
adhaerence e C. latum (HAYAKAWA et al., 2000) e a presena de galactanas
sulfatadas em Codium cylindricum e galactanas sulfatadas e piruvatadas em
Codium yezoense (BILAN et al., 2007) e Codium isthmocladum (FARIAS et al.,
2008). Outros autores direcionam seus estudos para as propriedades
biolgicas desses polissacardeos extrados de Codium sp. Muitas dessas
atividades se assemelham quelas atribudas a polissacardeos de algas de
outros gneros (ver tpico 1.3). Destaca-se aqui, para o gnero Codium, as
atividades: anticoagulante (MATSUBARA et al., 2001), anti-angiogncia
(MATSUBARA et al., 2003), antioxidante (COSTA et al., 2010) e
antiproliferativa (COSTA et al., 2010; SABRY, 2008).
1.5 Galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium
Recebe a denominao de galactana, aquele polissacardeo que
apresenta galactose como monossacardeo predominante em sua estrutura. As
galactanas sulfatadas esto entre os polissacardeos sulfatados mais
abundantes encontrados na natureza. Eles ocorrem em altas concentraes
nas algas vermelhas (SILVA, 2010), em algumas espcies de algas verdes
(COSTA, 2010), no molusco Pomacea lineata (CRUZ et al., 2010), no ourio-
do-mar Glyptocidaris crenularis (CASTRO et al., 2009) e em angiospermas
marinhas (AQUINO et al., 2005) (Tabela 01). Nesse panorama as algas do
gnero Codium vm se destacando, pois apesar dos trabalhos no se deterem
especificamente na busca de galactanas sulfatadas, e sim se concentrarem na
busca de polissacardeos com potencial biotecnolgico/farmacolgico, eles
vm evidenciando a presena de diferentes galactanas sulfatadas em vrias
Introduo 29
Diego de Araujo Sabry
algas desse gnero (BILAN et al., 2007; CIANCIA et al., 2007 FARIAS et al.,
2008; ESTEVEZ et al., 2009; OHTA et al., 2009).
At o presente momento foram publicados apenas quatro trabalhos
descrevendo a estrutura de galactanas sulfatadas extradas do gnero Codium:
Codium fragile (OHTA et al., 2009), C. vermilara (CIANCIA et al., 2007), C.
yezoense (BILAN et al., 2007), e C. isthmocladum (FARIAS et al., 2008). Esses
trabalhos mostram que as espcies desse gnero sintetizam galactanas
sulfatadas, porm com caractersticas estruturais peculiares a cada espcie
(Tabela 01). E apenas Ohta e Ciancia exploraram o potencial biolgico dessas
galactanas, avaliando atividade antiviral e anticoagulante, respectivamente.
Na tabela 01 esto relacionadas as galactanas sulfatadas e/ou
piruvatadas obtidas de algas verdes do gnero Codium, do molusco Pomacae
lineata, do ourio Glyptocidaris crenularis e da angiosperma marinha Ruppia
maritima. A tabela contm as principais caractersticas dessas galactanas,
como a composio monossacardica, tipo de ligao, teor de sulfato e de
piruvato e peso molecular (PM). O massa molecular dessas galactanas variam
de 11 kDa (C. fragilea) a 2.500 kDa (P. lineata). Com relao composio,
todas as galactanas listadas apresentam galactose como monossacardeo
principal, podendo apresentar outros monossacardeos em sua estrutura, como
arabinose (C. fragile e C. vermilara) e n-acetilglucosamina (P. lineata). O tipo
de ligao presente em todas as galactanas listadas -1,3, podendo
apresentar tambm ligaes -1,6 (P. lineata) ou -1,4 (R. maritima) e
ramificaes do tipo -1,6 (C. fragile, C. yezoense, C.isthmocladum). Todas as
galactanas presentes na tabela apresentam grupamento sulfato em sua
estrutura, esse sulfato encontra-se, na maioria dessas galactanas, na posio
C4, porm pode acontecer tambm nas posies C2 e C6. Assim como o
grupamento sulfato, o grupamento piruvato est presente na estrutura da
maioria dessas galactanas, com exceo das espcies G. crenularis e R.
maritima. Na maioria das galactanas do gnero Codium na tabela, o piruvato
encontrado na forma de 3,4-O-(1-carboxi)etilideno, um cetal cclico com cinco
membros, com exceo de C. yezoense e P. lineata que apresentam o piruvato
ligado a C4 e C6.
Introduo 30
Diego de Araujo Sabry
Tabela 01. Relao das caractersticas qumicas de galactanas encontradas em diversas
espcies
Espcies Composio
Monossacardica
Tipo de
Ligao
Sulfato
(%)
Posio
do
Sulfato
Piruvato
(%)
Posio
do
Piruvato
PM
(kDa)
Codium fragilea Gal:Arab (3:1) 1,3 20,3 C4 5 3,4 11
Codium vermilarab Gal:Arab (1:1) 1,3 30,4 C4 1,4 3,4 66
Codium fragilec Gal 1,3 (1,6) 11 C4 12,3 3,4 140
Codium yezoensed Gal 1,3 (1,6) 28 C4 15 4,6 nd
Codium isthmocladume Gal 1,3 (1,6) nd C4 (C6) nd 3,4 14
Pomacae lineataf Gal:NAcGlu 1,3-1,6 nd C4 (C6) 0,5 4,6 2.500
Glyptocidaris crenularisg Gal 1,3 nd C2 - - 500
Ruppia maritimah Gal 1,3-1,4 10,3 C2-C4 - - nd
a ,b = Ciancia, 2007; c = Ohta, 2009; d = Bilan, 2007; e = Farias, 2008; f = Cruz, 2010; g = Castro, 2009; h = Aquino, 2005;
PM = peso molecular; nd = no descrito; Gal = galactose; Arab = arabinose; NAcGlu = N-Acetilglucosamina.
Apesar da ocorrncia de estudos propondo a estrutura de galactanas
sulfatadas de algas verdes do gnero Codium e de artigos descrevendo
atividades biolgicas para galactanas deste gnero, ainda no h relatos
publicados que descrevam correlao entre estrutura e atividade
farmacolgica.
1.6 Relao entre estrutura e atividade anticoagulante das galactanas sulfatadas
Com o crescimento das pesquisas de prospeco de polissacardeos
como novos frmacos, surgiu a necessidade no s de testar se determinado
polissacardeo apresenta uma determinada atividade farmacolgica, mas
tambm surgiu a necessidade de compreender como essa atividade
desempenhada. O grande desafio de se trabalhar com polissacardeos
sulfatados propor sua estrutura. Isso devido muito complexidade dessas
molculas. E ainda mais desafiador correlacionar a estrutura desse
polissacardeo com alguma atividade farmacolgica que ele possa
desempenhar como, por exemplo, a atividade anticoagulante.
Alguns trabalhos relacionam somente o peso molecular e o grau de
sulfatao com a atividade anticoagulante dos polissacardeos sulfatados. A
presena do sulfato indiscutvel para interao com protenas responsveis
Introduo 31
Diego de Araujo Sabry
pelo processo de coagulao, como mostram alguns trabalhos (MULLOY,
2005). Fucanas, polissacardeos sulfatados contendo -L-fucose, de mesmo
peso molecular apresentaram maior atividade anticoagulante em testes de
inibio de trombina por co-fator II da heparina (HC-II), quando continham
maior grau de sulfatao (NISHINO; NAGUMO, 1992). E quando esse grau de
sulfatao era menor que 20%, em fucanas de baixo peso molecular de
Ascophyllum nodosum, a atividade anticoagulante foi nula (HAROUN-
BOUHEDJA et al., 2000). Porm essa densidade de carga pela presena do
sulfato, isoladamente, no determinante para que um polissacardeo
apresente atividade anticoagulante (PEREIRA et al., 2002b). Alm da
distribuio de sulfato foi observado que as galactanas precisam apresentar
cadeias maiores que a heparina para inibirem o processo de coagulao, isso
indica que cada polissacardeo forma um complexo particular com proteases
plasmticas (MELO et al., 2004). Outra caracterstica estrutural importante a
ligao glicosdica, sendo -1,3 e -1,4 as mais relevantes para a observao
da atividade anticoagulante. Contudo a espcie monossacardica no influencia
a atividade (CHAIDEDGUMJORN, 2002).
1.7 Galactanas de Codium isthmocladum
H alguns anos, polissacardeos sulfatados da alga verde Codium
isthmocladum vm sendo objetos de estudo de um nico grupo de
pesquisadores, que atualmente se encontra no laboratrio Biotecnologia de
Polmeros Naturais, do Depto. de Bioqumica, da UFRN. Este grupo
demonstrou que possvel obter cinco fraes ricas em polissacardeos
sulfatados atravs de um fracionamento sequencial com acetona do extrato
bruto rico em polissacardeos. Estas fraes foram denominadas de F0,3V;
F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V (FARIAS et al., 2008).
Farias e colaboradores confirmaram a presena de polissacardeos
sulfatados nas fraes cetnicas por diversas tcnicas, como eletroforese em
gel de agarose (Figura 02). A composio monossacardica dessas fraes
tambm foi mostrada por esses autores: galactose, manose e arabinose foram
encontradas em todas as fraes, contudo suas propores entre as fraes
no foi semelhante, F0,3V e F0,5V apresentaram arabinose como constituinte
Introduo 32
Diego de Araujo Sabry
em maior quantidade, j em F0,7V e F0,9V manose foi majoritria, porm a
quantidade de galactose foi semelhantes de manose. Em F1,2V a quantidade
de arabinose foi bem maior do que a dos demais acares (Tabela 02)
(FARIAS, 2006).
Ensaios de atividade anticoagulante mostraram que as fraes F0,9V e
F0,5V eram, respectivamente, as que apresentavam a primeira e a segunda
melhores atividades (FARIAS, 2006). A frao F0,9V foi submetida a
purificao por cromatografia de troca inica e assim foi obtida uma populao
de -homogalactanas, que foi dividida em sub-populaes de galactanas
sulfatadas denominadas de Gal1 e Gal2. Estas so estruturalmente
semelhantes, a diferena entre elas est no fato de Gal2 ser mais sulfatada
que Gal1. Anlises estruturais mostraram que elas so compostas por
unidades de galactose sulfatadas na posio 4 e unidas por ligaes -1,3.
Porm, algumas unidades podem ser sulfatadas ou substitudas na posio 6.
Piruvato tambm foi identificado em alguns resduos, este forma um anel
externo a galactose ligando-se aos seus carbonos 3 e 4 (FARIAS et al, 2008).
F0,5V foi submetida purificao de seus polissacardeos sulfatados e
caracterizao parcial destes. Duas homogalactanas foram purificadas, e
apresentaram atividade antiproliferativa frente a linhagens celulares HeLa,
PC3, Panc1 e HL60 in vitro (SABRY, 2008). Contudo, suas estruturas no
foram determinadas nem sua atividade anticoagulante.
Introduo 33
Diego de Araujo Sabry
TABELA 02. Analise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato presentes nas fraes
cetnicas da alga Codium isthmocladum
Fraes Acar total % Protena
% Galactose1 Manose1 Arabinose1 SO3Na
2
F 0,3V 14,4 0,6 1 0,5 2,0 2,0
F 0,5V 44,7 1,3 1 5,0 8,5 3,0
F 0,7V 47,3 1,5 1 1,2 0,1 0,4
F 0,9V 56,9 1,1 1 1,2 0,2 0,5
F 1,2V 16,8 0,8 1 5,6 0,5 1,0
1 relao molar de acar, tendo a galactose como referncia 2 relao molar sulfato/acar (soma dos monossacardeos) Tabela retirada de Farias, 2006
Introduo 34
Diego de Araujo Sabry
CRU 0,3V 0,5V 0,7V 0,9V 1,2V
+
Or
Uma vez que Farias (2006) demonstrou que a frao cetnica F0,5V
apresentou uma alta atividade anticoagulante, seria importante isolar os
polissacardeos presentes na mesma frao e avali-los individualmente para
identificar o polissacardeo anticoagulante, e ento caracteriz-lo qumica e
estruturalmente esse polissacardeo anticoagulante.
Figura 02. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum (Farias, 2006). Alquotas de 5l (50g) das fraes provenientes do fracionamento com acetona foram aplicadas em laminas de agarose em tampo PDA 0,05 M, pH 9,0. Aps precipitao com CETAVLON as laminas foram coradas com azul de toluidina. CRU, extrato bruto de polissacardeos; Or, origem. (Figura extrada de Farias, 2006)
Introduo 35
Diego de Araujo Sabry
Diante do exposto nossos objetivos foram:
Objetivo Geral:
Purificar e caracterizar estruturalmente polissacardeos sulfatados com alta
atividade anticoagulante da alga verde Codium isthmocladum;
Objetivos especficos:
Obter um extrato rico em polissacardeos da alga verde C. isthmocladum e
a partir dele, utilizando a metodologia descrita por Farias (2006), fracionar este
extrato e obter a frao F0,5V;
Purificar os polissacardeos presentes na frao F0,5V;
Caracterizar quimicamente e estruturalmente esses polissacardeos;
Avaliar a atividade anticoagulante desses compostos.
Material e Mtodos 36
Diego de Araujo Sabry
3. MATERIAIS E MTODOS
3.1 Materiais
3.1.1 Material Biolgico
i) Alga Marinha
Para este estudo foi escolhida a alga marinha Codium isthmocladum
Vickers (Chlorophyta, Cordiaceae (Fig 03).
Gnero: Codium
Espcie: Codium isthmocladum
Figura 03. Viso geral da alga marinha verde Codium isthmocladum.
(http://www.mariculturetechnology.com/images/Codium.jpg)
Codium isthmocladum foi coletada em local de fcil acesso, na Praia de
Pirambzios (6L/35S), litoral sul do Estado do Rio Grande do Norte,
observando-se mars entre 0,0-0,3m e temperatura no intervalo de 25C a
32C. O material coletado foi armazenado em sacos plsticos e levado ao
laboratrio onde, foi descontaminado de incrustaes calcrias, epfitas e
pequenos invertebrados com gua corrente. Aps descontaminao, o material
foi desidratado em estufa aerada a 50C, triturado em liquidificador
Material e Mtodos 37
Diego de Araujo Sabry
convencional e submetido macerao com dois volumes de lcool etlico 96
durante 24 horas, para retirada de contaminantes lipdicos e pigmentos.
Decorrido este perodo, o material foi seco temperatura ambiente e o
resultante deste processo denominado, p delipidado (LEITE et al., 1998).
3.1.2 Outros materiais
i) Reagentes
1,3 diamino propano, da Aldrich Chemical Co. Inc. (Milwake, WI, EUA).
Acetona, metanol, etanol, acetato de etila, piridina, lcool isoproplico e CTV
da CRQ (Diadema SP).
cido actico, cloreto de sdio da VETEC (Rio de Janeiro RJ).
cido sulfrico, cido clordrico da QEEL (So Paulo SP).
Agarose da Bio Agency (So Paulo SP).
lcool 96, da Sertanejo (Natal RN).
Azul de toluidina, xido de deutrio, piruvato de sdio, vermelho de cresol,
coomasie blue R 250, D-galactose, D-glicose, D-manose, D-arabinose, cido
D-glucurnico, D- xilose e L-fucose da Sigma Chemical Company (St. Louis,
MO, EUA).
Maxatase (protease alcalina P 126), da BIOCON do Brasil Industrial Ltda ( Rio
de Janeiro, RJ, Brasil).
Meio DMEM da CUTILAB, Campinas-SP
Resina de troca-inica Lewatite da Bayer, gentilmente cedida por Acar
Guarani S/A (Olmpia, So Paulo, lote AD001, safra 95/96.
MTT (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide) da
Invitrogen (Carlsbad, Califrnia, USA)
Material e Mtodos 38
Diego de Araujo Sabry
Todos os demais materiais e reagentes utilizados foram da melhor
qualidade disponvel.
ii) Aparelhos
Agitador orbital modelo 255-B da FANEM Ltda (So Paulo, SP, Brasil);
Banhos e estufas de temperatura controlvel da FANEM Ltda (So Paulo, SP,
Brasil);
Cmara para eletroforese em gel de agarose, modelo desenvolvido por
Jaques (1968) (Tcnica Permatron Ltda., So Paulo, SP, Brasil);
Centrfuga refrigerada CR21 da Hitachi Koki Co. Ltda. (Tquio, Japo);
Espectrofotmetro Femto 700 plus da Femton Ind. Com. Instrumentos Ltda
(So Paulo, Sp, Brasil);
Cromatgrafo a gs (CG) Varian;
Fonte de corrente contnua regulvel desenvolvidas pelo Dr. H. Rzeppa,
Tcnica Permatron Ltda. (So Paulo, SP, Brasil);
Coagulmetro Drake (So Paulo, SP, Brasil);
Medidor de pH PHTEK, modelo Meter PHS 3B (Tquio, Japo);
Cromatgrafo lquido de alta eficincia da Merck;
Equipamento de Ressonncia Bruker, modelo DRX 400, srie AVANCE;
MestRec verso 4.9.9.9.
Equipamento de CG-EM da marca Varian (Palo Alto, CA), modelo Saturn
2000R.
Material e Mtodos 39
Diego de Araujo Sabry
3.2 Mtodos
3.2.1 Obteno dos polissacardeos sulfatados
3.2.1.1 Digesto proteoltica (protelise)
O p delipidado foi submetido a digesto proteoltica com enzima
maxatase, em soluo salina de NaCl 0,25 M com pH ajustado para 8,0, ento
a mistura foi deixada por 12h a 60C. Em seguida, a mistura foi submetida a
uma centrifugao, 10.000 x g, durante 15 minutos a 4C e o sobrenadante foi
filtrado. Ao final, o volume do sobrenadante foi registrado e reservado para ser
imediatamente utilizado no fracionamento com volumes crescentes de acetona.
3.2.1.2 Obteno do extrato total de polissacardeos
O sobrenadante obtido na etapa anterior foi dividido em alquotas e a
uma destas foram adicionados dois volumes de metanol, deixando-se esta
mistura temperatura de 4C durante 24 horas. Aps esse perodo, o material
foi centrifugado (10.000 x g, durante 15 minutos a 4C). O sobrenadante foi
descartado e o precipitado, denominado de extrato total de polissacardeos, foi
seco a presso reduzida, triturado, pesado e utilizado para os procedimentos
posteriores.
3.2.1.3 Fracionamento com volumes crescentes de acetona
Ao restante das alquotas obtidas na protelise foram adicionados
volumes crescentes de acetona. As fraes foram obtidas medida que se
adicionou a acetona e verificou-se a turvao da mistura. Para se obter as
fraes referentes, cada mistura foi mantida por 24 horas a 4C.
Posteriormente, foram centrifugadas (10.000 x g, durante 15 minutos a 4C) e
secas a presso reduzida (FARIAS et al., 2008). O fracionamento com acetona
proporcionou cinco fraes cetnicas correspondentes aos volumes de acetona
Material e Mtodos 40
Diego de Araujo Sabry
adicionados (F0,3V; F0,5V; F0,7V; F0,9V e F1,2V). A metodologia completa
est mostrada no Esquema 1.
Esquema 01. Obteno, purificao e anlise dos polissacardeos de Codium
isthmocladum
Codium isthmocladum
P de Alga
Protelise
Delipidao
F0,3M F0,5M F0,7M F1,0M F1,5M F2,0M F3,0M
Precipitado
Sobrenadante
F0,3V F0,5V F0,7V F0,9V F1,2V
Fracionamento com acetona
Lewatite
RMN
CG/CG-
HPL
Eletroforese em gel de agarose
Cromatografia lquida de gel filtrao
Anlises
Atividade anticoagulante
Material e Mtodos 41
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3.2.2 Eletroforese em gel de agarose
A agarose foi preparada na concentrao 0,6% em tampo 1,3 diamino
propano acetato (PDA) e colocado sobre lminas de vidro medindo 7,5 X 7,5 X
0,1. Cinco microlitros de cada frao na concentrao de 10 mg/mL foram
aplicados em canaletas no gel e submetidos a corrente contnua de 100V
durante uma hora, em cuba resfriada a 4C; a origem corresponde ao plo
negativamente eletrizado do tampo. Aps a corrida eletrofortica, os
compostos foram precipitados com CETAVLON 0,1% por no mnimo 2 horas, a
temperatura ambiente. Para revelao das bandas de migrao, o gel foi
submetido a uma corrente de ar quente contnua para ser desidratado
homogeneamente e posteriormente corado com azul de toluidina 0,1%, numa
soluo de cido actico 1% e etanol 50%. O excesso de corante foi removido
por uma soluo de cido actico 1% em etanol 50% (soluo descorante). A
revelao das bandas polissacardicas foi realizada devido capacidade do
azul de toluidina interagir com o sulfato presente nos polissacardeos e os
compostos ricos em sulfato desenvolverem uma colorao azul-violcea
caracterstica (DIETRICH, C; DIETRICH, S, 1977).
3.2.3 Cromatografias
3.2.3.1 Cromatografia lquida de troca-inica
Aps o fracionamento com acetona, os polissacardeos foram
purificados com a utilizao de cromatografia de troca inica. A resina Lewatite
foi previamente ativada com HCl 2M e NaOH 2M. Aps a ativao a resina
carregada positivamente, foi submetida a um processo de complexao com os
polissacardeos sulfatados, sob agitao durante 18 horas.
A frao F0,5V, obtida por precipitao com volumes crescentes de
acetona, foi complexada com a resina de troca-inica Lewatite na proporo de
10g da F0,5V/300mL de resina, em NaCl 0,25M. A eluio do material
complexado foi realizada por step wise utilizando molaridades crescentes de
NaCl (0,3M; 0,5M; 0,7M, 1,0M; 1,5M; 2,0M e 3,0M). As fraes obtidas foram
Material e Mtodos 42
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precipitadas com 4 volumes de metanol a 4C e coletadas por centrifugao
(10.000 x g, durante 15 minutos a 4C). Em seguida as fraes foram
precipitadas foram secas a presso reduzida, pesadas e submetidas a
anlises. Essas fraes obtidas foram denominadas de acordo com a
molaridade nas quais foram descomplexadas da resina.
3.2.3.2 Cromatografia lquida de gel filtrao
As massas moleculares de F2,0M e F3,0M foram determinadas por
cromatografia de gel filtrao. A fase estacionria utilizada foi o gel Sephadex
G-100. A fase mvel utilizada foi NaCl 150 mM em cido actico 200 mM. A
coluna (130 x 1 cm) foi calibrada utilizando padres de dextran com as
seguintes massas moleculares: 10, 40, 70, 147 e 500 kDa, e uma curva de
eluio (tempo de reteno versus massa molecular) foi construda e sua
equao foi utilizada para a determinao da massa molecular das amostras.
3.2.3.3 Cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC)
Esta tcnica foi utilizada para se quantificar o piruvato presente nas
amostras. Para tal, F2,0M e F3,0M foram hidrolizados com TFA 1M (120C,
6h). Aps o tempo de hidrlise o TFA foi evaporado, e ento ressuspendeu-se
o material com gua deionizada. Em seguida filtrou-se o material em filtros de
seringa de 0.22 m.
O material filtrado de F2,0M e de F3,0M foi submetido cromatografia
lquida de alta performance em coluna LiChroCART 250-4 LiChrospher 100
NH2 (10 m) e H2SO4 0,05M foi utilizado como fase mvel em um fluxo de 0,6
mL/min com monitoramento em 220 nm. Como padro de deteco foi utilizado
piruvato de sdio, a curva padro variou de 0,1 a 12,8mM (OHTA, 2009).
Material e Mtodos 43
Diego de Araujo Sabry
3.2.3.4 Cromatografia gasosa
Os monossacardeos constituintes, bem como as suas propores,
foram determinados utilizando-se essa cromatografia gasosa. Os
polissacardeos F2,0M e F3,0M foram submetidos a um processo de acetilao
descrito por Sassaki et al. (2008), para volatilizar as amostras, e ento
determinar a composio monossacardica. O material foi hidrolisado para a
liberao das unidades monossardicas, e em seguida adicionado NaBH4 (pH
8-9, 100C por 10min). Na sequncia, o material foi neutralizado com cido
actico e evaporado em fluxo direcionado e contnuo de ar, posteriormente
adicionou-se metanol (200 L), o material foi seco como descrito anteriormente.
Esse passo foi repetido, pelo menos, duas vezes.
O material seco foi solubilizado com piridina (100 L) seguida da adio
de anidrido actico (100 L). Aps solubilizao este material foi levado a
estufa por 30 min (100 C). Em seguida, adicionou-se clorofrmio (1 mL) e o
material foi lavado exaustivamente com sulfato de cobre para se retirar o
material polar restante na soluo. Ao final da lavagem com sulfato de cobre,
adicionou-se sulfato de sdio anidro (1 mg) e transferiu-se o sobrenadante para
um tubo, que l permaneceu secando temperatura ambiente.
O material acetilado foi ressuspendido em acetona e aplicado em
cromatgrafo a gs da marca Varian (Palo Alto, CA). A composio
monossacardica foi determinada pela comparao dos tempos de reteno
dos monossacardeos presentes na amostra com o tempo de reteno de
padres de monossacardeos, como: galactose, glucose, arabinose, manose,
fucose e xilose. As anlises de CG-EM foram realizadas no cromatgrafo
Varian 3800 em coluna capilar de slica fundida revestida com DB-225MS (30
mm 0,25 mm d.i.). O gs He foi utilizado como gs de arrasto a um fluxo de 1
mL/min.
3.2.3.5 Preparo das amostras para cromatografia gasosa acoplada a
espectrmetro de massa (CG-EM)
Essa metodologia foi utilizada como parte da caracterizao. Para tal os
polissacardeos F2,0M e F3,0M, e seus respectivos derivados dessulfatados,
Material e Mtodos 44
Diego de Araujo Sabry
foram inicialmente submetidos a um processo de metilao como descrito por
Ciucanu & Kerek (1984). Eles foram solubilizados em DMSO PA (15 mg/mL),
em seguida, adicionou-se iodeto de metila (1mL) e posteriormente, NaOH
pulverizado (30 mg). A soluo ficou sob agitao mecnica vigorosa por 30
min ou at se solidificar para ento repousar por 12 h. Em banho de gelo,
solubilizou-se o material com H2O e o pH bsico da soluo foi levado a
neutralidade com auxlio de cido actico, em seguida foi realizada uma dilise
para a retirada do DMSO. O retido na membrana foi liofilizado e solubilizado
em clorofrmio. Aps a metilao os polissacardeos foram submetidos a
hidrlise cida (c. frmico 45%, 15 h,100 C) seguida de adio de gua e
ento foram liofilizados. O material liofilizado foi acetilado como descrito acima
no item 3.2.3.4.
O material metilado e acetilado foi ressuspendido em acetona e aplicado
em aparelho de CG-EM da marca Varian (Palo Alto, CA), modelo Saturn
2000R.
3.2.4 Anlises qumicas
3.2.4.1 Quantificao de acares totais
A dosagem de acares totais foi realizada de acordo com Dubois et al.
(1956), mtodo fenol/cido sulfrico, utilizando como padro D-galactose,
sendo as leituras realizadas a 490 nm.
3.2.4.2 Quantificao de sulfato
O teor de sulfato total das fraes polissacardicas foi quantificado
atravs de teste de turbidimetria pelo mtodo de gelatina-brio (DODGSON;
PRICE,1962). Aps hidrlise cida (HCl 4N, 6 horas, 100C) e neutralizao na
presena de NaOH. Sulfato de sdio (1,0 mg/mL) foi empregado como padro.
Material e Mtodos 45
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3.2.4.3 Quantificao de protena
A quantidade de protena foi determinada pelo mtodo de Spector (1978)
com o reagente Comassie blue R 250 atravs das leituras realizadas a 595 nm.
3.2.4.4 Dessulfatao por solvonlise
3.2.4.4.1- Preparo do sal de piridina
O processo de solvonlise foi conduzido com os polissacardeos na
forma de sal de piridina. Este sal foi formado atravs da solubilizao das
fraes em gua e adio de resina catinica DOWEX 50x8 na forma H+, sob
agitao magntica a temperatura ambiente por 30 minutos. O pH do
sobrenadante ficou entre 1-2. O filtrado (obtido por filtrao presso reduzida)
foi neutralizado (em capela) com piridina, at pH 7,0 e liofilizado em seguida
(NAGASAWA; INOUE; TOKUYASU, 1979).
3.2.4.4.2 Solvonlise
O polissacardeo, na forma de sal de piridina, foi solubilizado em uma
mistura de dimetilsulfxido e metanol, cuja proporo foi de 9:1 v/v,
respectivamente, respeitando-se a relao de 10 mg de polissacardeo para 3
mL de mistura (NAGASAWA et al., 1979).
A soluo resultante foi mantida a 100 C durante 4 horas. Aps o
resfriamento, a frao solvonolisada foi submetida a dilise exaustiva contra
gua destilada e posteriormente liofilizada. O polissacardeo dessulfatado foi
submetido metilao conforme descrito no item 3.2.3.5.
3.2.5 Anlise estrutural por ressonncia magntica nuclear (RMN)
As anlises estruturais por ressonncia magntica nuclear uni e
bidimensionais foram realizadas em equipamento da marca BRUKER, modelo
DRX 400, srie AVANCE, em tubo (widebore probe) de 5 mm de dimetro
externo, em gua deuterada (D2O) 99%, a temperaturas que variaram de 25 a
Material e Mtodos 46
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70C. Os deslocamentos qumicos, expressos em (ppm), foram determinados
utilizando acetona como padro interno tanto para as anlises de 13C (d = 30,2
ppm) quanto para 1H (d = 2,224 ppm). Os seguintes experimentos
bidimensionais 1H-1H COSY, 1H-1H TOCSY, 1H-13C HMBC e 1H-13C HMQC
foram utilizados para o assinalamento dos deslocamentos qumicos dos
compostos isolados.
A maioria dos espectros, uni e bidimensionais, foram analisados
utilizando o software MestReC verso 4.9.9.9.
3.2.5.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional
3.2.5.1.1 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de prton (RMN 1H)
Para as anlises de RMN de 1H foi promovida a troca de hidrognios das
hidroxilas por deutrio e remoo das molculas de gua presentes atravs da
dissoluo das amostras em D2O, congelamento e liofilizao. Este processo
foi repetido por, no mnimo, 3 vezes. Os espectros foram obtidos na frequncia
base de 400,13 MHz, janela espectral de 8250,8 Hz, intervalo de aquisio de
4 s, intervalo entre os pulsos de 1 s, sendo realizadas, no mnimo, 16
aquisies. A resoluo dos espectros foi de 16K.
3.2.5.1.2 Ressonncia magntica nuclear unidimensional de carbono-13
(RMN 13C)
Os espectros de RMN de 13C, desacoplados de 1H, foram obtidos na
frequncia base de 100,61 MHz, janela espectral de 31750 Hz, intervalo de
aquisio de 0,6 s, intervalo entre os pulsos de 0,1 s, sendo realizadas, no
mnimo, 2000 aquisies. A resoluo dos espectros foi de 32 K.
Material e Mtodos 47
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3.2.5.2 Ressonncia magntica nuclear bidimensional
3.2.5.2.1 Espectroscopia de correlao homonuclear (1H/1H) COSY
(COrrelation SpectroscopY)
Esta uma tcnica homonuclear utilizada para correlacionar os
deslocamentos qumicos dos ncleos de 1H que esto acoplados um com o
outro. Assim, nos carboidratos, o H-1 de um monossacardeo apresenta
acoplamento com H-2 da mesma unidade, sendo possvel observar esta
interao na forma de um pico cruzado, e assim determinar o deslocamento
qumico de H-2 a partir de H-1. Dessa forma a partir do sinal de H-2 pode ser
determinado o H-3 e assim sucessivamente ao longo do anel, se as constantes
de acoplamento permitirem. Assim, como cada unidade monossacardica
apresenta um padro de constantes de acoplamento caractersticos, possvel
determinar o tipo de acar presente na estrutura. As condies de aquisio
dos espectros de COSY utilizadas foram conforme descritas no manual da
Bruker. A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x 1024 (F1) K, com janela
espectral de 4125,4 (F2) x 4125,4 (F1) Hz.
3.2.5.2.2 Espectroscopia de correlao homonuclear total (1H/1H) TOCSY
(TOtal Correlation SpectroscopY)
Nesta tcnica homonuclear os picos cruzados so gerados no s pelos
prtons vicinais, mas sim, por todos os ncleos do sistema spin acoplado.
Desta forma temos os picos cruzados correspondentes interao H-1 com H-
2, assim como, H-1 com H-3, H-1 com H-4 e assim sucessivamente, se as
constantes de acoplamento permitirem. As condies de aquisio dos
espectros de TOCSY utilizadas foram conforme descritas no manual da Bruker.
A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x 1024 (F1) K, com janela espectral
de 4125,4 (F2) x 4125,4 (F1) Hz.
Material e Mtodos 48
Diego de Araujo Sabry
3.2.5.2.3 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H-13C) HSQC
(Heteronuclear Single Quantum Correlation Spectroscopy)
Esta tcnica heteronuclear permite determinar quais tomos de
hidrognio esto ligados a qual tomo de carbono. No espectro observada a
correlao dos deslocamentos qumicos de prtons e carbonos que dividem
uma mesma ligao. As condies de aquisio dos espectros de HSQC
utilizadas foram conforme descritas no manual da Bruker. A resoluo dos
espectros foi de 1024 (F2) x 512 (F1) K, com janela espectral de 4085 (F2) x
15923 (F1) Hz.
3.2.5.2.4 Espectroscopia de correlao heteronuclear (1H-13C) HMBC
(Heteronuclear Multiple Bond Correlation)
Nesta tcnica heteronuclear pode-se observar o acoplamento escalar de 1H-13C sobre duas ou trs ligaes entre 0 e 10 Hz, comparvel com
acoplamento 1H-1H. No espectro observada a correlao dos deslocamentos
qumicos de prtons e carbonos que compartilham ligaes vicinais. As
condies de aquisio dos espectros de HMBC utilizadas foram conforme
descritas no manual da Bruker. A resoluo dos espectros foi de 1024 (F2) x
512 (F1) K, com janela espectral de 4085 (F2) x 15923 (F1) Hz.
3.2.6 Atividade anticoagulante
Para avaliar a atividade anticoagulante, utilizou-se uma curva de doses
crescentes com as seguintes massas: 1; 2,5; 5, 10 e 20 g de cada um dos
polissacardeos F2,0M e F3,0M. Os polissacardeos foram solubilizados em
plasma humano e ento submetidos ao teste de coagulao atravs de kits
comerciais de aPTT (tempo de tromboplastina parcialmente ativada) e PT
(tempo de protrombina). Os testes foram realizados em coagulmetro Drake.
Material e Mtodos 49
Diego de Araujo Sabry
3.2.7 Anlise estatstica
Os experimentos realizados so expressos como mdia desvio
padro. Para testar as diferenas entre as concentraes utilizadas, bem como
diferentes tratamentos do mesmo polissacardeo, foi utilizado o teste de anlise
paramtrica de anlise de varincia (ANOVA; GraphPad Instat 3.05, 32 bit for
Win95/NT; GraphPad Software Inc.) O teste de Student-Newman-Keuls (Nvel
de significncia de p
Resultados 50
Diego de Araujo Sabry
4. RESULTADOS
4.1 Obteno e fracionamento do extrato total de polissacardeos da alga
Codium isthmocladum
Como mostrado na Introduo, a alga Codium isthmocladum j foi objeto
de estudo do nosso grupo. Para dar continuidade aos nossos estudos com
essa alga foi necessrio reproduzir a metodologia de extrao de
polissacardeos utilizada anteriormente e avaliar se os dados obtidos se
assemelharam ao observado anteriormente. Para tal, obteve-se o extrato total
de polissacardeos por digesto proteoltica que foi submetido a um
fracionamento com volumes crescentes de acetona de acordo com o
estabelecido por Farias (2006). Com esse fracionamento foram obtidas cinco
fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum, denominadas: F0,3V; F0,5V;
F0,7V; F0,9V e F1,2V (Esquema 1).
4.2 Eletroforese em gel de agarose e composio monossacardica da
frao F0,5V
Para verificar se a migrao das fraes cetnicas foram semelhantes
quelas obtidas por Farias (2006) (Figura 02), foi realizada eletroforese em gel
de agarose em tampo PDA pH 9,0 (Figura 04). Cada uma dessas fraes
apresentou polissacardeos sulfatados. Entretanto a distribuio desses
polissacardeos no foi uniforme, observando-se a presena de bandas
eletroforticas em algumas fraes cetnicas que no so observadas em
outras fraes. Os polissacardeos sulfatados presentes em F0,3V e F1,2V
apresentam pouca metacromasia com azul de toluidina. Contudo as
semelhanas entre estas duas fraes limitam-se a isto. Enquanto os
polissacardeos de F0,3V apresentam um perfil bastante polidisperso, os
polissacardeos sulfatados de F1,2V apresentaram-se com uma banda
concentrada em uma regio da lmina. Um fato interessante que as fraes
F0,7V e F0,9V apresentam uma banda na mesma regio que a observada para
F1,2V. J os polissacardeos sulfatados de F0,5V apresentaram uma migrao
bastante polidispersa. Contudo, duas bandas de maior intensidade podem ser
Resultados 51
Diego de Araujo Sabry
observadas (Figura 04), indicando a presena de, pelo menos, duas famlias
polissacardicas nesta frao. Comparando-se a figura 02 com a figura 04
observa-se que so semelhantes.
Figura 04. Comportamento eletrofortico das fraes cetnicas obtidas da alga C. isthmocladum. Alquotas de 50g das fraes provenientes do fracionamento com acetona foram aplicadas em lminas de agarose em tampo PDA 0,05M pH 9,0. Aps a corrida, foram precipitadas com CETAVLON, secas e coradas com azul de toluidina 0,1%. Or = origem.
Outro passo utilizado para confirmar a identidade da frao F0,5V foi a
determinao da composio monossacardica desta frao. Os dados obtidos
podem ser observados na Tabela 03. A determinao da composio da F0,5V
realizada por duas tcnicas diferentes (cromatografia descendente em papel e
cromatografia gasosa) mostrou uma maior proporo de galactose em relao
aos outros dois monossacardeos encontrados (manose e arabinose). Estes
resultados so diferentes daqueles (Tabela 03, primeira linha) obtidos por
Farias (2006).
TABELA 03. Analise qumica e relaes molares dos acares e do sulfato presentes nas
fraes cetnicas da alga Codium isthmocladum
Or ET 0,3V 0,5V 0,7V 0,9V 1,2V
+