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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO LUANNA PRISCILA DA SILVA GOMES Introdução à álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental: uma análise a partir da Teoria da Objetivação NATAL - RN 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

LUANNA PRISCILA DA SILVA GOMES

Introdução à álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental: uma análise a

partir da Teoria da Objetivação

NATAL - RN

2020

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LUANNA PRISCILA DA SILVA GOMES

Introdução à álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental: uma

análise a partir da Teoria da Objetivação

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Educação.

Orientadora: Profª Drª Claudianny Amorim Noronha. Coorientador: Prof. Dr. Luís Radford.

NATAL - RN

2020

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Dedico este trabalho à Maria de Lourdes, minha mãe, maior parceira e amiga.

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AGRADECIMENTOS

Nesta seção, faço menção principalmente às pessoas que contribuíram

diretamente na produção desta tese. Foi um percurso longo e difícil. No caminho, tive

a oportunidade de conviver com diversos amigos que indiretamente ajudaram a tornar

o trajeto mais leve, agradeço a cada um deles pela parceria e amizade! Contudo,

quero registrar aqui as parcerias acadêmicas, ou seja, aqueles que estiveram ao meu

lado nas discussões sobre a tese, nas leituras dos textos, nas traduções, nos

momentos de empolgação com a pesquisa e nas horas de desânimo, foram essas

parcerias que me deram força nos inúmeros momentos em que pensei em desistir.

A palavra parceria significa um agrupamento de pessoas que desejam

alcançar um mesmo objetivo, uma companhia. No decurso, Deus foi o meu maior

parceiro. Gratidão ao Senhor pela vida e por ter me escolhido para brilhar e abençoar

outras vidas, gratidão por fazer algo tão grande que só posso dizer: isto só pode ser

coisa de Deus! Que a finalização deste doutorado seja para demonstrar a Sua

bondade e o quanto vale a pena crer, lutar, agir e confiar em Ti. A Deus a minha mais

profunda Gratidão!

Sou grata à minha melhor amiga, meu amor, meu tudo, minha vida: minha

mãe, Lourdes! Só nós duas sabemos verdadeiramente o alto preço que paguei para

finalizar o doutorado. As horas de estudo, os momentos de desespero, os medos, as

angústias, os choros, as alegrias. Obrigada por tudo! Você sempre foi minha maior e

melhor parceria. Mãe, desde o início, tudo que fiz foi pensando na senhora, pois minha

maior alegria é te alegrar!

Agradeço também aos meus familiares, em especial, minha irmã Cinthia,

meus sobrinhos Raphael e Leonardo e minha Tia Vera que, por diversas vezes, me

acolheu em sua casa com tanto amor.

Gratidão ao meu melhor amigo, meu tradutor oficial de textos, meu principal

parceiro e interlocutor: meu namorado Celso Filho. Obrigada por me ouvir, me amar,

me fazer compreender quem eu sou e o quanto sou capaz. Você me entende e me

conhece até melhor do que eu mesma! Gratidão por tornar a minha vida melhor e mais

feliz!

Agradeço à parceira, amiga, professora e orientadora Claudianny Noronha.

São quase 10 anos ao seu lado. Desde o início você enxergou em mim um potencial

que eu não sabia que tinha. Obrigada pela confiança! Você me desafia, me acolhe,

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me ensina, me faz refletir, me maximiza, me levanta. Sua crença no meu potencial me

desafia a manifestar o melhor que há em mim. Nossa conexão me instiga, você é

minha inspiração! Sou grata por sua vida!

Sou muito grata à professora Tatyana Mabel pela parceria desde a graduação

em Pedagogia. Sua empatia, amizade, sabedoria, humanidade e acolhimento me

fascinam.

Gratidão ao Grupo Contar e a todos os seus membros pelos 10 anos de

aprendizagem, em especial Lucila Leite e Jussara Paiva. A palavra que mais define

o meu encantamento pelo Grupo Contar, suas temáticas, discussões e amizades

obtidas ao longo de tantos anos é felicidade. Sim, o Contar é um grupo feliz! O Contar

me faz feliz! Obrigada!

Agradeço à minha parceira acadêmica Mayara Larrys. Minha amiga, você é

tão incrível! Obrigada por me ensinar, me ouvir e me ajudar. Você é uma grande

referência para mim!

Gratidão às amigas que me acompanham desde a graduação: Simone Leite

e Danielle Oliveira. Obrigada por me incentivarem e por acreditarem em mim,

sempre!

Muita gratidão ao professor Luís Radford por me apresentar uma matemática

que considera os sujeitos integralmente. Obrigada pelas orientações, cavalheirismo e

pela ilustre presença na defesa do doutorado.

Agradeço ao querido professor Rodolfo Vergel por me receber e me acolher

na Colômbia, na Universidade Distrital Francisco José de Caldas. Gratidão pelas

discussões, orientações e amizade.

Aos professores que participaram da qualificação doutoral: Halana Garcez e

Pedro Franco Sá. Obrigada pelas ricas contribuições! À professora Bernadete Morey

por me ajudar na finalização da tese.

Aos professores que se disponibilizaram a contribuir na minha defesa: Halana

Garcez, Bernadete Morey, Luís Radford, Pedro Sá, Vanessa Moretti, Tatyana

Mabel e Fábio Alves. Muito obrigada!

Agradeço ao Núcleo de Educação da Infância (NEI-CAp-UFRN), sua equipe

gestora e todos os que fazem o NEI, obrigada pela parceria.

À Capes, pelo apoio no projeto “Linguagem e desenvolvimento sustentável:

integrando Ciências, Língua Portuguesa e Matemática” (Edital 049/2012).

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Ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN e todos os seus

membros pela parceria.

Por fim, gratidão aos meus alunos em 2017 e 2018, sujeitos desta pesquisa.

Obrigada por tantos aprendizados! Agradeço também aos pais e responsáveis que

permitiram a participação das crianças na presente investigação.

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RESUMO

A proposição desta investigação ocorre no contexto cultural brasileiro onde o ensino-aprendizagem sistemático da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental foi orientado de modo específico a partir da aprovação da Base Nacional Comum Curricular, no final de 2017. Assim, por ser uma demanda recente, verificamos, por meio de um levantamento realizado em materiais didáticos, em portais de periódicos e em documentos oficiais, orientações incipientes, principalmente no que concerne a abordagem da álgebra com foco na função do símbolo de igualdade em sentenças matemáticas com um termo desconhecido. No percurso investigativo, para conhecer, aprender e investigar o ensino-aprendizagem sistemático da álgebra nos anos iniciais, optamos por seguir a perspectiva sociocultural da Teoria da Objetivação, que considera o pensamento como forma de agir e refletir sobre o mundo. Para a referida Teoria, o pensamento algébrico é baseado em três vetores: a indeterminação, isto é, a presença do termo desconhecido e o tratamento dado a ele em situações matemáticas; a expressão semiótica, constituída no reconhecimento e referência ao indeterminado e a analiticidade, que consiste na operação dedutiva com o desconhecido. Desse modo, o objetivo geral da pesquisa é caracterizar, a partir da Teoria da Objetivação, estratégias de pensamento demonstradas por crianças 4º e 5º ano do Ensino Fundamental do Núcleo de Educação da Infância – Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no processo de introdução da álgebra, em tarefas que abordam sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido. Nesse sentido, como objetivo específico nos propomos a analisar indícios dos três vetores característicos do pensamento algébrico (analiticidade, expressão semiótica e indeterminação) nas estratégias de pensamento suscitadas pelas crianças. A pesquisa se delineia como qualitativa do tipo descritiva e interpretativa com o método de análise multisemiótico ou multimodal, característico da Teoria da Objetivação. Nossas análises sinalizam que, no processo de introdução à álgebra, as estratégias demonstradas pelas crianças evidenciam a presença latente da proto-analiticidade como uma característica que compõe esse processo. Ainda concluímos, a partir da análise das estratégias de pensamento demonstradas pelas crianças que: o pensamento algébrico apresenta uma ruptura ao pensamento aritmético, essa diferenciação pode ser demonstrada pela dificuldade das crianças em operar com o desconhecido; o emprego de estratégias aritméticas refinadas e o uso das propriedades de operações matemáticas colaboram no desenvolvimento e estruturação do pensamento algébrico; o pensamento aritmético ou algébrico pode ser expresso de múltiplos modos, por isso, é preciso proporcionar liberdade para as crianças resolverem problemas ao seu modo, bem como valorizar suas estratégias. Palavras-chave: Pensamento algébrico. Anos iniciais do Ensino Fundamental. Teoria da Objetivação.

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ABSTRACT

The purpose of this investigation occurs in the Brazilian cultural context where the systematic teaching-learning of algebra in the early years of elementary school was specifically oriented after the approval of the Common National Curricular Base, at the end of 2017. Thus, as it is a recent demand, we verified, by means of a survey carried out on didactic materials, on portals of journals and on official documents, incipient orientations, especially with regard to the approach of algebra with a focus on the function of the equality symbol in sentences mathematics with an unknown term. In the investigative path, to know, learn and investigate the systematic teaching-learning of algebra in the early years, we chose to follow the socio-cultural perspective of the Theory of Objectivation, which considers thought as a way of acting and reflecting on the world. For that theory, algebraic thinking is based on three vectors: indeterminacy, that is, the presence of the unknown term and the treatment given to it in mathematical situations; the semiotic expression, constituted in the recognition and reference to the indeterminate and the analyticity, which consists of the deductive operation with the unknown. So, the general objective of the research is to characterize, based on the Theory of Objectification, thinking strategies demonstrated by 4th and 5th grade children of Elementary Education at the Center for Childhood Education - Application College of the Federal University of Rio Grande do Norte, in process of introducing algebra, in tasks that address mathematical sentences in which one of the terms is unknown. In this sense, as a specific objective we propose to analyze evidence of the three characteristic vectors of algebraic thinking (analyticity, semiotic expression and indeterminacy) in the thinking strategies raised by children. The research is outlined as qualitative of the descriptive and interpretive type with the method of multisemiotic or multimodal analysis, the Theory of Objectification characteristic. Our analyses indicate that, in the process of introducing algebra, the strategies demonstrated by children show the latent presence of proto-analyticity as a characteristic that makes up this process. We also conclude, from the analysis of the thinking strategies demonstrated by the children that: algebraic thinking presents a break with arithmetic thinking, this differentiation can be demonstrated by the difficulty of children in operating with the unknown; the use of refined arithmetic strategies and the use of mathematical operations properties collaborate in the development and structuring of algebraic thinking; algebraic and / or arithmetic thinking can be expressed in multiple ways, so it is necessary to provide freedom for children to solve problems in their own way, as well as to value their strategies. Keywords: Algebraic thinking. Early years of elementary school. Objectification Theory.

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RESUMEN

La presentación de esta investigación ocurre en un contexto cultural brasileño donde el enseñaza-apredizaje sistemático de la álgebra en los años iniciales de la enseñaza primária se ha orientado de manera específica, a partir de la aprobación de la Base Nacional Comum Curricular, a finales de 2017. Así que, por tratarse de una demanda reciente, se observa por medio de una encuesta dirigida a los materiales de aprendizaje, en las páginas de los periódicos y en los documentos oficiales, orientaciones todavía muy iniciales, sobre todo en lo que se refiere a la aproximación de la álgebra, con un enfoque en función del signo de igualdad, en las sentencias de las matemáticas, con un término desconocido. En el curso de investigación, para conocer, aprender e investigar en la enseñanza y el aprendizaje sistemático de la álgebra en los primeros años, se optó por seguir con la perspectiva socio-cultural de la Teoría de la Objetivación que considera el pensamiento como una forma de actuar y de reflexionar sobre el mundo. Para esa Teoría, el pensamiento algebraico se basa en três vías: la indeterminación, esto es, la presencia de un término desconocido, y el tratamiento que se da en situaciones en las matemáticas; la expresión de la semiótica que consta en el reconocimiento, y la referencia a un desconocido y a la analiticidad, que consiste en una operación deductiva, con el desconocido. Así, el objetivo general de la investigación es caracterizar, a partir de la Teoría de la Objetivación, las estrategias de pensamiento demostradas por los niños de 4° y 5° año de Educación básica del centro de Educación Infantil del Colegio de la Aplicación de la Universidad Federal de Rio Grande do Norte, en el proceso de introducción de la álgebra en las tareas que se refieren a resoluciones de las matemáticas, en las que uno de los términos es desconocido. En este sentido, y como objetivo específico, se propone analizar los indicios de que los tres vectores característicos del pensamiento algebraico (analiticidad, la expresión de la semiótica y la indeterminación) en las estrategias de pensamiento que surjan por parte de los niños. Esa investigación se plantea como cualitativa, de tipo descriptivo e interpretativo, con el método de análisis multisemiótico o multimodal de la Teoría de la Objetivación. Nuestros análisis indican que, en el curso de introducción a la algebra, las estrategias mostradas por los niños, pone de manifiesto la presencia de la proto-analiticidad como una de las características que componen este proceso. Aunque a la conclusion de que, a partir del análisis de las estrategias de pensamiento demostradas por los niños en los que: el pensamiento algebraico presenta una ruptura con el pensamiento aritmético, esta distinción puede ser demostrada a través de la dificultad de los niños para operar con lo desconocido; el empleo de estrategias aritméticas refinado y el uso de las propiedades de las operaciones matemáticas colaboran en el desarrollo y estruturación del pensamiento algebraico; el pensamiento algebraico y/o de la aritmética se puede expresar de varias maneras, por lo tanto, es necesario proporcionar la libertad a los niños a resolver problemas, a su manera, así como valorar las posibles estrategias.

Palabras clave: Pensamiento algebraico. Educación básica primaria. La teoría de la Objetivación.

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LISTA DE IMAGENS

Figura 1 – Exemplo de tarefa da coleção 1 ............................................................... 39 Figura 2 – Proposta de livro didático com a balança de dois pratos ......................... 39 Figura 3 – Tarefa com o termo desconhecido da coleção 2 ...................................... 40 Figura 4 – Exemplo de tarefa da coleção 3 ............................................................... 40 Figura 5 – Exemplo de tarefa da 4ª coleção .............................................................. 41 Figura 6 – Tarefa da coleção 5 .................................................................................. 42 Figura 7– Representação do movimento de atualização do saber em conhecimento, por meio da atividade ................................................................................................ 75 Figura 8 – Processo dialético de ensino-aprendizagem na atividade ........................ 77 Figura 9 – Estrutura pedagógica da atividade ........................................................... 78 Figura 10 – Dinâmica pedagógica da atividade na perspectiva da TO ..................... 80 Figura 11 – Esquema do pensamento relacional ...................................................... 83 Figura 12 - Registro de alunos sobre o significado do símbolo de igualdade.......... 101 Figura 13 – Registro da sessão 4 ............................................................................ 103 Figura 14 - Gesto indicador do uso da operação inversa ........................................ 111 Figura 15 – Gesto indicando a operação inversa .................................................... 112 Figura 16 – Registro escrito do aluno CC....................................................... .........112 Figura 17 – Situação matemática e resolução do grupo ......................................... 116 Figura 18 – Situação (? + 12 = 16) apresentada no início da sessão 7 ................. 122 Figura 19 – Demonstração de peças do dominó de letras e números .................... 126 Figura 20 – Estratégia utilizada no dominó de letras e números pela aluna LC ...... 127 Figura 21– Estratégia utilizada pela aluna IN .......................................................... 130

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Objetivos de aprendizagem da álgebra no documento orientador do PNAIC .................................................................................................................................. 33 Quadro 2 – Habilidades para a unidade temática álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental na última versão na BNCC .................................................................. 36 Quadro 3 – Objetivos observados nos livros didáticos e utilizados na elaboração de nossas tarefas ........................................................................................................... 38 Quadro 4 – Primeira etapa do Processo de consultas por assunto ao Portal de Periódicos Capes ...................................................................................................... 45 Quadro 5 – Pesquisas sobre a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental no Encontro Nacional de Educação Matemática ............................................................ 51 Quadro 6 – Trabalhos identificados que utilizam a TO .............................................. 62 Quadro 7 – Textos de autoria de Luís Radford mais citados em pesquisas acadêmicas .................................................................................................................................. 64 Quadro 8 – Palavras-chave que sintetizam aspectos da fundamentação, da metodologia e os principais conceitos da Teoria da Objetivação .............................. 65 Quadro 9 – Publicações de Luís Radford que tenham o termo álgebra/algébrico no título .......................................................................................................................... 66 Quadro 10 – Pensamento aritmético e algébrico ...................................................... 84 Quadro 11 – Síntese - Vetores do pensamento algébrico segundo Radford (2010) . 85 Quadro 12 – Exemplo de resolução algébrica ........................................................... 88 Quadro 13 – Síntese das sessões 1, 2 e 3.............................................................. 100 Quadro 14 – Síntese das sessões 4 e 5.................................................................. 102 Quadro 15 – Síntese das sessões com jogos ......................................................... 104 Quadro 16 – Modelo organizador da transcrição .................................................... 107 Quadro 17- Vetores e indícios do pensamento algébrico no episódio de análise 1 114 Quadro 18 – Vetores e indícios do pensamento algébrico no episódio de análise 2 ................................................................................................................................ 119 Quadro 19 – Vetores e indícios do pensamento algébrico da aluna MT ................. 124 Quadro 20 – Vetores e indícios de aproximação ao pensamento algébrico da aluna LC ............................................................................................................................ 128 Quadro 21 – Vetores do pensamento algébrico da aluna IN ................................... 131

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RN – Rio Grande do Norte

TO – Teoria da Objetivação

NEI – Núcleo de Educação da Infância

CAp – Colégio de Aplicação

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

MEC – Ministério da Educação

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PNLD – Programa Nacional do Livro e do Material Didático

PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática

SBEM – Sociedade Brasileira de Educação Matemática

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

GLD – Guia do Livro Didático

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

1.1 Especificidades e objetivos da investigação ........................................................ 21

2 O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ÁLGEBRA NOS ANOS INICIAIS: PESQUISAS E ORIENTAÇÕES CURRICULARES ........................................................................... 26

2.1. A álgebra nos anos iniciais: orientações de documentos oficiais ....................... 27

2.1.2 A álgebra nos Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental .................................................................... 29

2.1.3 Álgebra no documento “Elementos Conceituais e Metodológicos para a definição dos Direitos de Aprendizagem e desenvolvimento do Ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental”. ................................................................................................... …….32

2.1.4 A álgebra no documento da Base Nacional Comum Curricular ....................... 34

2.1.5 A álgebra no Guia do Livro Didático de matemática – anos iniciais (2019) e em livros didáticos do 4º e 5º ano ................................................................................... 37

2.2. Estado da arte .................................................................................................... 42

2.2.1 Estado da Arte – álgebra nos anos iniciais – periódicos .................................. 44

2.2.2 Estado da arte – álgebra nos anos iniciais: Encontro Nacional de Educação Matemática…. ........................................................................................................... 50

2.3 Estado da arte - equivalência e símbolo de igualdade nos anos iniciais: portal de periódicos…… ........................................................................................................... 58

2.4 Estado da Arte da Teoria da Objetivação ............................................................ 61

3 TEORIA DA OBJETIVAÇÃO E OS CONCEITOS DE ATIVIDADE, SABER, CONHECIMENTO E ENSINO-APRENDIZAGEM ..................................................... 69

3.1 Atividade: um conceito central para a Teoria da Objetivação .............................. 71

3.2 Saber e conhecimento......................................................................................... 74

3.3 Processo de ensino-aprendizagem ..................................................................... 76

3.4 Especificidades pedagógicas do processo de ensino-aprendizagem em nossa investigação .............................................................................................................. 78

4 O PENSAMENTO ALGÉBRICO NA PERSPECTIVA DA TEORIA DA OBJETIVAÇÃO ......................................................................................................... 82

4.1 A analiticidade ..................................................................................................... 86

4.2 Indeterminação .................................................................................................... 89

4.3 Expressão semiótica ........................................................................................... 91

5 DESENHO DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................ 93

5.1 O lócus e sujeitos da investigação ...................................................................... 96

5.2 Organização das sessões e informações ........................................................... 97

5.3 Caracterização das tarefas .................................................................................. 99

5.4 Processo de constituição dos dados e especificidades da análise ................... 105

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6 ANÁLISE MULTIMODAL DE TAREFAS .............................................................. 109

6.1 Episódio de análise 1 - o emprego de estratégias aritméticas no processo de introdução à álgebra ................................................................................................ 110

6.2 Episódio de análise 2 - o termo desconhecido no processo de introdução à álgebra ................................................................................................................................ 115

6.3 Episódio de análise 3 - a proto-analiticidade no processo de introdução à álgebra ................................................................................................................................ 120

6.4 Episódio de análise 4 - a operação com o indeterminado no processo de introdução à álgebra ................................................................................................................. 126

6.5 Episódio de análise 5 - indícios da ruptura entre aritmética e álgebra no processo de introdução à álgebra ........................................................................................... 130

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 133

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 138

APÊNDICES ............................................................................................................ 150

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1 INTRODUÇÃO1

Uma tese não é uma produção estritamente pessoal, ela se constitui em face

de um percurso histórico que envolve aspectos pessoais, profissionais e acadêmicos.

Assim, neste capítulo introdutório, apresento inquietações suscitadas desde a

graduação em Pedagogia, que justificam a escolha do estudo acerca da álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental.

Por se tratar de um estudo que envolve o ensino-aprendizagem2 da

matemática, inicialmente, esclareço minha concepção de Educação Matemática,

proposta por Luís Radford3 (2017a), o autor

Considera o objetivo da Educação Matemática como um esforço dinâmico, político, social, histórico, cultural, que busca a criação dialética de sujeitos reflexivos e éticos que se posicionam criticamente em práticas e discursos matemáticos constituídos histórico e culturalmente, discursos e práticas em constante evolução4 (RADFORD, 2017a, p. 97, tradução nossa)

Assim, a concepção de Educação Matemática adotada nesta tese é de uma

matemática que não se detém ao que é meramente cognitivo, individual, simbólico e

abstrato. Mas de uma matemática formativa, que contribua no desenvolvimento

integral dos sujeitos.

No trajeto de aprender como fazer/ser uma professora que preza por uma

Educação Matemática formativa, como graduanda de pedagogia, iniciei minha

participação no Grupo de Pesquisa e Ensino em Matemática e Língua Portuguesa –

1 Na contextualização da trajetória como pesquisadora e docente, utilizamos a primeira 1ª do singular. A partir do ponto 1.1 tratamos sobre as especificidades da investigação, assim, utilizamos a 1ª pessoa do plural.

2 Consideramos o ensino e a aprendizagem como um processo único, que não pode ser separado

(RADFORD, 2017a, 2017b, 2017c), por isso, no decorrer do trabalho utilizamos o termo “ensino-aprendizagem”.

3 Luís Radford é autor da Teoria da Objetivação e nosso coorientador. É um teórico sociocultural,

baseado na escola de pensamento histórico-cultural de Lev Vygotsky e na epistemologia de Evald Ilyenkov, a partir das quais desenvolve a Teoria da Objetivação. Professor da Faculdade de Educação da Université Laurentienne, em Sudbury, Ontário, Canadá. Atualmente, é vice-presidente da Comissão Internacional de Instrução Matemática (ICMI). Fonte: Noronha e Barbosa (2018, p. 312). Para maiores informações sobre o pesquisador, acessar: < http://luisradford.ca/>.

4 Texto original: “La teoría de la objetivación considera la meta de la educación matemática como un esfuerzo dinámico, político, social, histórico y cultural que busca la creación dialéctica de sujetos refexivos y éticos que se posicionan críticamente en discursos y prácticas matemáticas que se constituyen histórica y culturalmente, discursos y prácticas que están en permanente evolución”.

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CONTAR, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em meados de

2009. O Grupo possui duas linhas de pesquisa, a primeira trata sobre linguagens e

integração nas diferentes áreas de conhecimento. A segunda se refere a políticas

públicas de leitura e formação de professores. Em face disso, iniciei a trajetória de

pesquisadora no final da graduação.

A pesquisa de conclusão de curso sobre a produção de textos nas diferentes

áreas de conhecimento por meio da análise do Parâmetros Curriculares Nacionais,

sob a orientação da professora Doutora Tatyana Mabel Nobre Barbosa, em 2010, deu

início a uma investigação que valoriza o conhecimento, a análise de documentos

oficiais que repercutem diretamente nas práticas de sala de aula e a integração das

diferentes áreas por meio do estudo da linguagem.

Buscando um aprofundamento dessa perspectiva, cursei especialização na

UFRN em Teorias e Estudos sobre a linguagem. Contudo, me chamou atenção o foco

dos estudos em leitura, escrita e gêneros do discurso voltados predominantemente

para a área da língua portuguesa. Assim, a monografia e os estudos do curso de

especialização fomentaram um olhar investigativo e crítico sobre a matemática e a

linguagem como interação, bem como a valorização do conhecimento acerca das

políticas públicas e documentos parametrizadores que balizam o cotidiano escolar.

No âmbito profissional, como professora da rede privada e em seguida como

docente da rede pública Estadual do Rio Grande do Norte, me questionava acerca da

relação matemática e linguagem. Nesse sentido, a continuidade no Grupo Contar

possibilitou a realização de estudos teóricos e vivências acadêmicas que se

desdobraram na prática como professora do Estado. Por isso, no mestrado, sob

orientação da professora Doutora Claudianny Amorim Noronha, tratei sobre o

letramento matemático e realizei um projeto de letramento que tinha como

fundamentação a perspectiva de uma educação crítica e emancipatória (GOMES,

2015).

No mestrado, na busca de contribuir com a aprendizagem das crianças,

realizei uma pesquisa-ação com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental na turma

em que atuava como professora efetiva da Rede Pública Estadual/RN com foco no

letramento matemático. A dissertação (GOMES, 2015) promoveu o aprofundamento

em uma perspectiva pedagógica do letramento (KLEIMAN, 1995) que concebe os

alunos como agentes e não meros participantes, onde o ensino-aprendizagem é um

processo colaborativo e situado sócio e historicamente.

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Nesse percurso, o envolvimento em um grupo de pesquisa possibilitou a

conexão do âmbito acadêmico com o profissional, posto que, além das publicações

científicas, organização de eventos e reuniões de estudo me vinculei, inicialmente,

como bolsista-professora da rede pública no projeto da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), intitulado “Leitura e escrita:

recortes inter e multidisciplinares no ensino de Matemática e Português” (Edital

038/2010), vinculado ao Observatório da Educação. Posteriormente, me vinculei ao

projeto “Linguagem e desenvolvimento sustentável: integrando Ciências, Língua

Portuguesa e Matemática” (Edital 049/2012).

Contudo, profissionalmente percebia a necessidade de me aprofundar ainda

mais nos estudos específicos da matemática, posto que, no âmbito pessoal, desde

criança, sentia dificuldade na referida disciplina e, ao me tornar professora de crianças

e pesquisadora, conheci uma matemática instigante, que me despertou prazer e

curiosidade, experiência formativa relatada em Gomes (2014).

Desta maneira, me aprofundar na matemática se configuraria como um

desafio pessoal, profissional e acadêmico, porém, necessário para uma melhor

atuação como professora da rede pública. Por isso, as leituras suscitadas no Grupo

Contar acerca das políticas públicas e seus documentos regulamentadores,

(BARBOSA; NORONHA, 2014; ARAÚJO; BARBOSA, 2014), a participação em

eventos científicos e a publicação de artigos, a escrita da monografia, com foco nas

orientações sobre a produção de textos nos Parâmetros Curriculares Nacionais das

diferentes áreas do Ensino Fundamental (GOMES, 2010), além dos estudos

realizados no âmbito do Contar com pesquisas de análise direta em livros e materiais

didáticos (LEITE; BARBOSA, 2014; NORONHA, 2012), bem como a dissertação

(GOMES, 2015) com foco no letramento matemático representam uma busca

constante, como professora-pesquisadora, em contribuir para uma educação pública

de qualidade, em razão de que os estudos do Grupo enfatizam materiais e temáticas

que repercutem na rotina escolar.

Desde o início da vida profissional, compreendi que esse movimento

colaborativo para uma educação pública qualitativa se constituía no posicionamento

de professor reflexivo, que almeja a melhoria da prática de sala de aula, como também

no posicionamento crítico a respeito de documentos e políticas públicas e na

divulgação das considerações produzidas coletivamente no Grupo de pesquisa, por

meio da publicação de artigos em eventos científicos e na ministração de cursos de

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formação continuada para professores da rede pública. As ações de ensino, pesquisa

e extensão realizadas como membro do Contar e docente da Rede Estadual foram

ampliadas posteriormente com a posse, em 2017, como professora efetiva do Colégio

de Aplicação da UFRN, o Núcleo de Educação da Infância (NEI-CAp-UFRN).

Após a imersão, no mestrado, em uma perspectiva de educação que valoriza

a cultura e o pensamento crítico proposta por Freire (1987). No movimento contínuo

de ensinar-aprender a ser professora-pesquisadora, conheci a Teoria da Objetivação

(TO). A TO propõe uma educação que se coaduna com os Estudos do letramento em

aspectos que envolvem a noção de sujeito, trabalho colaborativo e conhecimento

como forma de agir criticamente.

Radford, idealizador da TO, enfatiza que o encontro com o saber ocorre na

atividade, denominada por ele de labor conjunto, num processo de cooperação em

que professor e aluno são agentes culturais. O referido autor também destaca a

relação da linguagem, política e alteridade no campo da matemática (RADFORD,

2018d) ao preconizar que a fala e o pensamento são formas de agir sobre o mundo.

Nesse processo de aprofundamento, no âmbito do Grupo Contar, a respeito

da linguagem matemática e da investigação em materiais didáticos e documentos de

orientação curricular que são utilizados em práticas escolares, me deparei com uma

nova demanda para o pedagogo: a inserção da álgebra como um eixo de ensino para

os anos iniciais do Ensino Fundamental, no documento normativo da Base Nacional

Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017).

A BNCC orienta práticas pedagógicas desde sua aprovação pelo Ministério

da Educação brasileiro, no final de 2017. Os livros didáticos, por exemplo, são um dos

instrumentos mais utilizados pelo professor no cotidiano escolar (PEREZ, 2016), a

produção dos mesmos e de outros materiais didáticos é realizada a partir das recentes

orientações da BNCC. A Base indica o uso de sentenças matemáticas com a presença

de uma incógnita (termo desconhecido) como parte do eixo que pretende desenvolver

o pensamento algébrico.

Radford (2011) elucida que, em 1997, houve uma mudança nos documentos

de orientação curricular em Ontário/Canadá, com a inserção de um campo de estudo

sistemático sobre a álgebra e os processos de padronização. Com isso,

questionamentos a respeito do que seria inerente da álgebra e da aritmética foram

suscitados. Semelhantemente, a alteração curricular normativa no Brasil também

gerou inquietações sobre o novo campo da matemática, denominada pela BNCC de

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álgebra. Então, a discussão referente à álgebra no Ensino fundamental é uma

temática atual, abordada à nível nacional, em âmbitos municipais, estaduais e

federais, uma vez que a Base Nacional Comum Curricular, aprovada em dezembro

de 2017, indica o fomento sistemático ao desenvolvimento do pensamento algébrico

com crianças a partir dos 6 anos de idade, ou seja, desde o 1º ano do Ensino

Fundamental.

Com base no exposto, me questionei sobre as especificidades do pensamento

algébrico, posto que, situações algébricas, no senso comum, são concebidas a partir

da presença de uma incógnita, denominada pela BNCC de termo desconhecido.

Assim, me indaguei sobre como se caracterizariam, a partir dos estudos socioculturais

da TO, estratégias de pensamento suscitadas pelas crianças ao lidarem com

sentenças matemáticas com a presença de um termo desconhecido, conforme

orientado pela Base. Tal questionamento é pertinente à medida que o foco do Ensino

Fundamental, até então,era o trabalho com números conhecidos.

Em suma, os estudos com foco nas políticas públicas no Grupo Contar, a

inserção da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental na BNCC, a perspectiva

defendida pela TO de pensamento como uma forma de agir e refletir sobre e no

mundo, e a atuação em pesquisa, ensino e extensão como docente em cursos de

formação continuada, bem como em turmas de 4º e 5º ano do Ensino Fundamental

no Núcleo de Educação de Infância, Colégio de Aplicação da UFRN me levaram ao

seguinte questionamento: no processo de introdução à álgebra, o que caracteriza, a

partir da TO, as estratégias de pensamento suscitadas por crianças do 4º e 5º ano do

Ensino Fundamental do NEI/CAp-UFRN, em tarefas que abordam sentenças

matemáticas em que um dos termos é desconhecido?

1.1 Especificidades e objetivos da investigação

Após a exposição do percurso investigativo, apresentamos o objetivo geral

da pesquisa que consiste em caracterizar, a partir da Teoria da Objetivação,

estratégias de pensamento demonstradas por crianças 4º e 5º ano do Ensino

Fundamental do NEI/CAP-UFRN, no processo de introdução da álgebra, em tarefas

que abordam sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido. Nesse

sentido, como objetivo específico nos propomos a analisar indícios dos três vetores

característicos do pensamento algébrico (analiticidade, expressão semiótica e

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indeterminação) nas estratégias de pensamento suscitadas pelas crianças. À vista

disso, nesta tese de doutorado, temos como objeto de estudo características do

pensamento algébrico nas estratégias de pensamento demonstradas pelas crianças

do 4º e 5º ano do NEI/CAp-UFRN, no processo de resolução de tarefas introdutórias

da álgebra.

A investigação se desenvolveu com base na perspectiva da TO acerca do

pensamento algébrico (RADFORD, 2010, 2013, 2018a) assim, para nós, pensar

algebricamente ocorre com a presença de três vetores:

(1) Indeterminação: a indeterminação diz respeito ao uso de termos

desconhecidos em uma sentença matemática

(2) Expressão semiótica: A indeterminação deve ser reconhecida e nomeada

por meio dos diferentes meios semióticos

(3) Analiticidade: Ação de agir de modo analítico-dedutivo com o

indeterminado como se o mesmo fosse determinado

Além disso, nos baseamos na Teoria da Objetivação, principalmente no que

diz respeito à organização estrutural de nossa intervenção, no que concerne ao papel

ativo e colaborativo de cada participante e na análise das tarefas. Assim como

apresentado por Bednarz, Radford, Janvier e Lepage (1992), nosso intuito não se

deteve ao simbolismo matemático e sim em compreender e caracterizar o modo como

as crianças resolvem sentenças com a presença de um termo desconhecido. Os

autores reiteram que são poucas as investigações que focam na análise da maneira

como crianças resolvem problemas matemáticos.

Esclarecemos que em nossa investigação, concebemos a atividade como

nossa unidade de análise, posto que, para a TO, é pela e na atividade que o sujeito

encontra e se familiariza com o saber algébrico. Assim, organizamos nossa atividade

em 10 sessões com alunos do NEI/CAp-UFRN. Em cada sessão realizamos tarefas,

que consistiam em problematizações orais ou escritas na perspectiva da introdução à

álgebra. Em suma, as tarefas compunham a atividade.

A pesquisa se delineia como qualitativa (LUDKÉ; ANDRÉ, 1986) do tipo

descritiva e interpretativa (VERGEL, 2016a) com o método de análise multisemiótico

ou multimodal, característico da TO (RADFORD; SABENA, 2015; RADFORD, 2015;

RADFORD et al., 2017; VERGEL, 2014).

Por nos basearmos na Teoria da Objetivação, nosso objeto de análise

metodológico foi a atividade, que, conforme já elucidado, aconteceu em 10 sessões

com a turma em que atuávamos como professora titular, em 2017 – 4º ano (3

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sessões) e em 2018 – 5º ano (7 sessões) no Núcleo de Educação da Infância –

Colégio de Aplicação da UFRN. Assim, realizamos uma apreciação multimodal da

atividade (RADFORD; EDWARDS; ARZARELLO, 2009; RADFORD, 2006c), posto

que o pensamento pode se manifestar de múltiplos modos.

A organização da intervenção se baseou na estrutura defendida por Radford

(2015), contudo, o perfil das tarefas aplicadas se justificam a partir de orientações

presentes na BNCC (BRASIL, 2017) para o 4º e 5º ano e de materiais de orientação

ao professor como Van de Walle (2009), Smole e Diniz (2016) e Souza, Silva e Rufino

(2004), dentre outros. Considerando que o ensino-aprendizagem sistemático da

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental ainda é muito recente no Brasil,

optamos por seguir, inicialmente, as orientações da Base quanto ao trabalho com o

símbolo de igualdade no 4º e 5º ano, já que éramos professora dessas turmas. Nossa

preocupação não consistiu em atender criteriosamente o que diz a BNCC, mas por

ser algo incipiente no país, nosso foco se deu em conhecer, aprender e investigar a

estratégia indicada principalmente por esse documento para o trabalho de introdução

à álgebra, à medida que materiais didáticos estão sendo produzidos a partir das

orientações da Base.

No que concerne à organização do trabalho, ele se divide em 7 capítulos. Na

Introdução (capítulo 1), apresentamos as características gerais da investigação.

Assim, explicitamos a justificativa, problemática, as motivações de estudo e nosso

percurso como professora-pesquisadora atuante em escola pública e participante do

grupo de pesquisa em ensino de Matemática e Língua Portuguesa – CONTAR, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Abordamos a questão de estudo, objetivos gerais e específicos de nossa

investigação e apresentação sintética da pesquisa em seus aspectos teóricos e

metodológicos. No 1º capítulo, apresentamos reflexões sobre a nova demanda a nível

nacional para professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental: o ensino

sistemático da álgebra. Esclarecemos que, em nossa investigação, buscamos

aprofundar e problematizar o que seria o pensamento algébrico e como ele se

caracteriza, afinal, no senso comum, há a ideia e disseminação de que o trabalho com

a álgebra se baseia principalmente na presença de um termo desconhecido

(incógnita).

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No capítulo 2 apresentamos investigações que tratam acerca da álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental. O levantamento foi realizado em documentos

parametrizadores, em portais de periódicos e em eventos de Educação matemática.

Verificamos também como livros didáticos recém aprovados pelo Ministério da

educação brasileiro apresentam tarefas com foco no símbolo de igualdade e o termo

desconhecido. No mesmo capítulo, descrevemos uma sondagem de trabalhos

acadêmicos que tratam específicamente sobre o símbolo de igualdade como noção

de equivalencia algébrica. E ainda compartilhamos a investigação sobre o

pensamento algébrico na perspectiva da Teoria da Objetivação.

No capítulo 3, tratamos a respeito da Teoria da Objetivação e dos conceitos

de atividade (labor conjunto), saber, conhecimento e processo de ensino-

aprendizagem. No capítulo 4, discutimos o pensamento algébrico na perspectiva da

TO. No 5º capítulo, abordamos o desenho da investigação, que são os aspectos

metodológicos e sua organização. No 6º capítulo, descrevemos, interpretamos e

analisamos tarefas realizadas com nossos alunos do 4º e 5º ano do NEI/CAp-UFRN.

O 7º capítulo traz uma síntese dos resultados, desdobramentos, dificuldades,

contribuições e considerações finais da pesquisa.

A referida investigação foi produzida e organizada com o intuito de

defendermos a tese de que, na introdução à álgebra, a partir da abordagem da Teoria

da Objetivação, a proto-analiticidade se constitui como uma característica do processo

pedagógico de introdução à algebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

A proto-analiticidade, definição proposta por nós, se configura como uma

aproximação à principal característica do pensamento algébrico – a analiticidade

(RADFORD, 2018a). O pensamento analítico designa 1) a ação com um número

indeterminado como se ele fosse determinado 2) tal operação é baseada em

premissas dedutivas, ou seja, em uma sucessão de certezas. Assim, quando uma

criança opera ora com uma característica da analiticidade ora com outra, afirmamos

que há uma proto-analicidade.

Por ser uma demanda recente para o pedagogo atuante em escolas no Brasil,

pretendemos, com o estudo específico da álgebra, contribuir com as práticas

pedagógicas e esclarecer, a partir do que defende a Teoria da Objetivação, o que é e

como se caracteriza a álgebra e o pensamento algébrico.

Nacarato, Mengali e Passos (2009) reiteram a dificuldade do pedagogo em

ensinar matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As autoras destacam

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que é um “desafio ensinar o que nem sempre se aprendeu” (NACARATO; MENGALI;

PASSOS, 2009, p. 15), posto que, em algumas ocasiões, a falta de uma formação

sólida faz com que professores reproduzam o modo como foram ensinados no período

de escolarização, com destaque a procedimentos e regras simbólicas. Isso ocorre

justamente porque muitas vezes a formação inicial não garante uma fundamentação

sólida no que concerne à didática e ao conteúdo da matemática.

Em face disso, aspiramos valorizar e compreender as estratégias de

pensamento utilizadas pelas crianças e colaborar com o entendimento do que é a

álgebra e como se caracteriza o pensamento algébrico no processo de introdução à

álgebra, na perspectiva da TO, frente a um público de professores graduados em

Pedagogia, que de acordo com Nacarato, Mengali e Passos (2009) e reiterado por

nós em Gomes (2014), apresentam dificuldades, sentimentos, crenças e

representações negativas quanto aos conteúdos, procedimentos e natureza da

matemática.

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2 O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ÁLGEBRA NOS ANOS INICIAIS: PESQUISAS

E ORIENTAÇÕES CURRICULARES

Este capítulo apresenta abordagens sobre o ensino-aprendizagem da álgebra

nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Inicialmente, fizemos um levantamento no

conteúdo de documentos oficiais do Ministério da Educação brasileiro acerca da

temática, priorizando aqueles que orientam as práticas escolares, entre os quais

temos: os Parâmetros Curriculares Nacionais, o documento orientador do Pacto

Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, a Base Nacional Comum Curricular e o

Guia do Livro Didático (GLD). A abordagem desse último, foi complementada, para

fins de exemplificação sobre como o GLD se concretiza, com uma breve apresentação

de como livros didáticos de Matemática dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental

abordam sentenças matemáticas com um termo desconhecido com a exploração do

símbolo de igualdade.

Em seguida, apresentamos o levantamento do tipo Estado da arte, em

periódicos nacionais e nos anais do Encontro Nacional de Educação Matemática, que

se configura, na atualidade, como um dos maiores eventos da área. Nesse

levantamento buscamos fazer um panorama a respeito de pesquisas cuja temática

versava sobre o pensamento algébrico e, de modo global, conhecer sua intenções,

objetos de pesquisa, base teórico-metodológica, dentre outros.

Por fim, expomos uma investigação acerca da Teoria da Objetivação,

organizada em duas etapas: a primeira voltada para o mapeamento de publicações

que abordam essa Teoria e a segunda com enfoque na relação entre a Teoria e o

pensamento algébrico.

Os levantamentos descritos neste capítulo nos permitiram conhecer

diferentes perspectivas relativas à álgebra, seja na orientação da prática escolar ou

do seu processo de desenvolvimento.

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2.1. A álgebra nos anos iniciais: orientações de documentos oficiais

Iniciamos nosso processo investigativo sobre a álgebra nos anos iniciais pela

análise de alguns documentos oficiais brasileiros. Essa apreciação foi realizada com

o propósito de sinalizar e conhecer como o tema é apontado de forma geral em

documentos de orientação curricular.

A pesquisa inicial acerca do ensino-aprendizagem da álgebra nos anos iniciais

do Ensino Fundamental, deu-se no que Laville e Dione (1999) denominam como

pesquisa de base documental em publicações de organismos, ou seja, pesquisa nos

documentos que “definem orientações, enunciam políticas, expõem projetos”

(LAVILLE; DIONNE, 1999, p.166).

A análise em documentos oficiais de âmbito nacional que apresentam

orientações e diretrizes curriculares foi o ponto de partida de nossa investigação, a

medida que se desdobram diretamente na sala de aula e subsidiam práticas

educacionais, considerando as discussões pedagógicas de cada época. As

orientações documentais dessa natureza repercutem no perfil do livro didático, no

currículo, planejamento, objetivos, formação dos professores e na elaboração do

Projeto Político Pedagógico em instituições escolares públicas e privadas.

Apesar do foco da nossa pesquisa ser a caracterização de estratégias de

pensamento suscitadas em crianças do 4º e 5º ano, no processo de resolução de

tarefas que abordam sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido,

realizamos a leitura de documentos orientadores sobre a álgebra no Ensino

Fundamental em três principais ciclos: 1º ciclo (1º, 2º e 3º anos) conhecido como ciclo

de alfabetização, 2º ciclo (4º e 5º anos), foco desta pesquisa e o ciclo final do Ensino

Fundamental (6º ao 9º ano). A leitura global aconteceu com vistas a mapear e

conhecer orientações curriculares, indicações de continuidades e rupturas entre um

ciclo e outro no trabalho pedagógico com a álgebra, a fim de que tais orientadores nos

ajudassem a elaborar nossa proposta de intervenção e também analisar suas relações

com o pensamento algébrico nos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, na perspectiva

da TO.

A análise inicial partiu dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN de

Matemática (BRASIL, 1997, 1998) dos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental.

A análise desses documentos se justificou porque os PCN, durante cerca de 20 anos,

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ocuparam um espaço relevante no cenário educacional brasileiro. Suas orientações

repercutiram diretamente nas práticas escolares, na formação de professores e

orientaram o desenvolvimento de pesquisas em diferentes áreas de conhecimento.

Em um segundo momento, a análise se deu sobre o “Elementos conceituais

e metodológicos para definição dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento do

Ciclo de alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2012).

Esse documento orientou o planejamento de políticas educacionais e o ensino no ciclo

de alfabetização, possibilitando-nos compreender as indicações curriculares quanto

ao ensino-aprendizagem da álgebra para esse período da Educação Básica.

Em seguida, investigamos as indicações da 3ª versão da Base Nacional

Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017) para o ensino da álgebra nos anos iniciais

do Ensino Fundamental. Esse documento normativo, em vigor desde 2017, é a

principal diretriz de orientação curricular do Ministério da Educação - MEC brasileiro.

O novo documento ainda está em fase de apropriação pelas escolas e instituições

formadoras de professores, embora seja alvo de críticas quanto à estratégia adotada

para a sua elaboração e às questões curriculares, a exemplo das referentes a relação

entre práticas pedagógicas e políticas, o que abrange o tratamento e enfoque dado

aos conteúdos de ensino, a concepção de competência adotada, a abordagem de

temáticas de interesse de diferentes grupos sociais, dentre outros (CURY, REIS,

ZANARDI, 2018). Apesar das discussões, nossa apreciação se justifica pela

relevância do documento no cenário nacional e por apresentar uma unidade temática

específica sobre a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Posteriormente, verificamos o documento que orienta a escolha de livros

didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação brasileiro para as escolas públicas

de todo país. O Guia do Livro Didático das obras de matemática, anos iniciais do

Ensino Fundamental (BRASIL, 2018) aprovadas pelo Programa Nacional do Livro e

Material Didático – PNLD, edição 2019. Esse documenta objetiva orientar professores

na escolha de livros didáticos, com resenhas dos materiais aprovados pelo PNLD,

responsável em avaliar e distribuir os livros. Para complementar a análise do Guia,

verificamos também 5 coleções de livros didáticos de matemática, com exemplares

na versão de divulgação, do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, com o fim de

conhecer como o Guia se concretiza e de verificar como esses materiais, que são

utilizados rotineiramente nas escolas, abordam a temática da álgebra, com foco no

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símbolo de igualdade e na presença de um termo desconhecido em sentenças

matemáticas.

Apresentamos, nos próximos tópicos, as especificidades verificadas em cada

documento analisado. Ressaltamos que a leitura dos documentos objetivou o

mapeamento investigativo, para conhecermos globalmente as orientações de

documentos curriculares oficiais quanto ao ensino-aprendizagem da álgebra.

2.1.2 A álgebra nos Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática dos anos

iniciais e finais do Ensino Fundamental

Os PCN apresentam uma série de direcionamentos e objetivos curriculares

quanto às diferentes áreas de ensino. É um documento de natureza aberta e flexível,

não apresentado como uma imposição, e sim como orientações, indicações ao

desenvolvimento de melhorias curriculares para instituições escolares de todo o

território brasileiro.

A origem dos PCN se deu a partir da participação do Brasil na Conferência

Mundial de Educação para Todos, em 1990. Essa participação se desdobrou em

compromissos assumidos na busca pela qualidade da Educação, dentre eles, a

elaboração do Plano Decenal Educação para Todos (1993-2003). Um dos objetivos

do Plano foi a elaboração de diretrizes curriculares nacionais já indicada na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação - Lei Federal n. 9394/96 – (BRASIL, 1996), assim

como no Artigo 210 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), em resposta a

essa demanda é lançado, em 1997, pelo MEC.

Esse documento vigorou até 2017, quando um novo orientador oficial do

Ministério da Educação brasileiro entra em vigor, que é a BNCC. Contudo, conforme

já esclarecido, consideramos a apreciação dos PCN relevante, visto que suas

orientações curriculares vigoraram no Brasil por cerca de 20 anos.

Nossa leitura investigativa aconteceu baseada no seguinte questionamento

geral: o que dizem os PCN de matemática sobre o ensino-aprendizagem da álgebra

nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Assim, no processo de leitura investigativa,

procuramos palavras-chave no documento, como álgebra e/ou algébrico. Para facilitar

o procedimento de análise, ao identificarmos essas palavras, selecionamos as

citações, copiamos e organizamos em um quadro, construído em um processador de

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textos. Nesse processo, nos PCN dos anos iniciais, localizamos apenas 5 ocorrências

com as palavras-chave álgebra e a/ou algébrico. Após a leitura e análise das citações,

voltamos ao texto dos PCN e realizamos a leitura do tópico completo em que a citação

selecionada estava inserida.

Identificamos em nossa análise que o documento dos anos iniciais apresenta

dois principais aspectos ao tratar sobre a álgebra: o primeiro diz respeito ao

posicionamento favorável de introdução ao ensino-aprendizagem da álgebra nos

primeiros anos do Ensino Fundamental, esse trabalho pedagógico é denominado pelo

documento como pré-álgebra; o segundo é o fato de que esse documento não

apresenta orientações e nem objetivos específicos acerca da abordagem do ensino-

aprendizagem da álgebra. Isso acontece porque, de acordo com o documento, o

trabalho sistemático com a álgebra deve ser realizado apenas nos anos finais do

Ensino Fundamental, demonstrando, assim, um parecer contrário à formalização

algébrica com crianças dos anos iniciais, por isso a denominação de pré-álgebra.

Em suma, apesar de demonstrar-se favorável à introdução da álgebra, o

documento dos anos iniciais isenta-se quanto às orientações pedagógicas mais

específicas, detendo-se a explicar que o trabalho com esse conteúdo deve se dar de

modo a estabelecer relações com a geometria, com o estudo do números e operações

e das grandezas e medidas. Os PCN de matemática dos anos iniciais ressaltam que

o conhecimento matemático (aritmético, algébrico, estatístico, geométrico, métrico,

combinatório e probabilístico) deve ser utilizado para fazer, observar, organizar,

produzir informações de maneira analítica e crítica (BRASIL, 1997).

Embora não exponha orientações específicas acerca de objetivos, conteúdos,

abordagens metodológicas e práticas pedagógicas para o trabalho com a álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental, o posicionamento firmado quanto à necessidade

de relacionar a álgebra a outros eixos da matemática, desde os anos iniciais do Ensino

Fundamental, torna esse documento um ponto de partida importante para a discussão

curricular de ensino-aprendizagem da álgebra nesse nível de ensino.

Diante dos apontamentos dos PCN anos iniciais, julgamos necessário

investigar também a abordagem trazida nos Parâmetros Curriculares Nacionais dos

anos finais do Ensino Fundamental de matemática (BRASIL, 1998), referente ao

ensino-aprendizagem da álgebra com crianças, especialmente quanto à relação

dessa abordagem com aquela suscitada para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

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Os PCN dos anos finais do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998), fomentam

a reflexão sobre o ensino-aprendizagem da álgebra. Esse documento enfatiza a

dificuldade existente quanto a tornar a álgebra significativa e explica que nessa etapa

de ensino é preciso enfatizar o processo de generalização e que ele seja fomentado

e desenvolvido de diversas formas. O documento ainda destaca o uso de gráficos e

tabelas como fundamentais nesse processo.

Os PCN anos finais (1998) demonstram posicionamento quanto à álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental, destacando que

Os adolescentes desenvolvem de forma bastante significativa a habilidade de pensar abstratamente, se lhes forem proporcionadas experiências variadas envolvendo noções algébricas, a partir dos ciclos iniciais, de modo informal, em um trabalho articulado com a Aritmética. Assim, os alunos adquirem base para uma aprendizagem de Álgebra mais sólida e rica em significados. Embora se considere importante que esse trabalho chamado de pré-álgebra aconteça nas séries iniciais, ele deve ser retomado no terceiro ciclo para que as noções e conceitos algébricos possam ser ampliados e consolidados (BRASIL, 1998, p. 117).

Segundo os PCN (BRASIL, 1998), nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

a álgebra pode ser desenvolvida sem uma formalização sistemática de procedimentos

para resoluções de equações com uma linguagem simbólica. Os fundamentos da

álgebra que precisam ser desenvolvidos nos anos iniciais, como dito anteriormente,

são os processos de generalização, regularidade e equivalência. Tais processos, para

os PCN, constituem a chamada pré-álgebra.

Outro aspecto que os PCN de matemática dos anos finais do Ensino

Fundamental destacam é a articulação da álgebra com a aritmética. A aritmética, com

seu foco nas operações, é priorizada nos anos iniciais do Ensino Fundamental, no

entanto, o documento aponta a relevância de uma prática pedagógica integrada entre

álgebra e aritmética desde os anos iniciais.

Danco continuidade à busca de mapear o que documentos do Ministério da

educação brasileiro apontam sobre a álgebra nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, apresentamos na próxima seção, a consulta realizada em um

documento que orientou práticas escolares específicas para crianças na faixa etária

de 6 a 8 anos de idade.

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32

2.1.3 Álgebra no documento “Elementos Conceituais e Metodológicos para a

definição dos Direitos de Aprendizagem e desenvolvimento do Ciclo de

alfabetização do Ensino Fundamental”

Outros documentos oficiais apresentam especificações curriculares para os

anos iniciais do Ensino Fundamental, é o caso do “Elementos Conceituais e

Metodológicos para a definição dos Direitos de Aprendizagem e desenvolvimento do

Ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental” (BRASIL, 2012) que foi elaborado no

contexto da política do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), um

programa do Ministério da Educação extinto em 2018 que apresentou diversas ações

para alcançar a meta de alfabetizar crianças até, no máximo, oito anos de idade.

Embora o documento apresente orientações curriculares apenas para os três

primeiros anos do Ensino Fundamental consideramos pertinente verificar seus

principais eixos estruturantes. Conhecê-lo possibilitou um maior embasamento na

elaboração de nossa proposta de intervenção, a qual priorizou objetivos de ensino

para a álgebra com o 4º e 5º ano do Ensino Fundamental.

O documento, proposto pelo Ministério da Educação brasileiro, apresenta

especificações curriculares para os 1o, 2o e 3o anos do Ensino Fundamental, o

denominado Ciclo de Alfabetização. O conteúdo do documento aparenta representar

um avanço quanto ao que propunha os PCN, pois se refere à álgebra como um eixo

estruturante chamado “Pensamento algébrico”. Nos PCN, a álgebra não foi tratada

como um eixo de ensino-aprendizagem, ela apenas foi mencionada, mas não houve

uma discussão específica sobre a mesma.

Relativo a esse eixo, o documento orientador do PNAIC aponta a

compreensão de padrões e relações, a partir de diferentes contextos, como principal

objetivo para a aprendizagem da álgebra e que compreende o alcance de três “direitos

de aprendizagem”5, que circulam como objetivos mais específicos e que devem ser

desenvolvidos ao longo dos três primeiros anos do Ciclo de Alfabetização.

5 O termo “direitos de aprendizagem”, segundo o Ministério de Educação brasileiro, se refere aos objetivos de aprendizagem elencados para cada área e ano de ensino. Os objetivos são assim denominados com o fim de indicar um compromisso coletivo, de modo a buscar a garantia de aprendizagens essenciais na área e ano de ensino indicados, como um direito básico da criança.

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33

Conforme demonstrado no Quadro 1, para cada ano de ensino (1º, 2º e 3º

anos) são propostos, nesse documento, os “direitos de aprendizagem” e em que ano

esses devem ser iniciados (I), aprofundados (A) ou consolidados (C).

Para o primeiro ano do Ensino Fundamental, por exemplo, é indicado o

seguinte objetivo “estabelecer critérios para agrupar, classificar e ordenar objetos,

considerando diferentes atributos” (BRASIL 2012, p. 77), esse direito deve ser

aprofundado no 2º e consolidado no 3º ano. Sendo assim, o documento orientador do

PNAIC apresenta, de forma mais detalhada do que nos PCN, o que pode ser

priorizado nos três anos do ciclo de alfabetização e letramento. Vejamos:

Quadro 1 – Objetivos de aprendizagem da álgebra no documento orientador do PNAIC

Eixo estruturante pensamento algébrico - Objetivos de aprendizagem

1º ano 2º ano 3º ano

Compreender padrões e relações, a partir de diferentes contextos.

Estabelecer critérios para agrupar, classificar e ordenar objetos, considerando diferentes atributos.

I I/A A/C

Reconhecer padrões de uma sequência para identificação dos próximos elementos, em sequências de sons e formas ou padrões numéricos simples.

I I/A A/C

Produzir padrões em faixas decorativas, em sequências de sons e formas ou padrões numéricos simples.

I I/A A/C

LEGENDA: I – Introduzir; A – Aprofundar; C – Consolidar.

Fonte: (BRASIL 2012, p. 77)

Conforme demonstrado no Quadro 1, o documento orientador curricular do

PNAIC (BRASIL, 2012) ressalta o fomento ao pensamento algébrico desde o 1º ano

do Ensino Fundamental. De acordo com o documento, o aluno deve chegar ao final

do 3o ano com os três objetivos consolidados. Pelos objetivos de aprendizagem

apresentados, conforme o documento “Elementos conceituais e metodológicos”, o

foco dos três primeiros anos do Ensino Fundamental, quanto ao eixo da álgebra, deve

ser o trabalho pedagógico com padrões e sequências.

Na próxima seção, apresentamos um documento normativo com orientações

para as etapas e modalidades da Educação Básica, contudo, nosso foco se deu em

conhecer, em tal documento, a abordagem da álgebra para os anos iniciais, do 1º ao

5º ano.

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2.1.4 A álgebra no documento da Base Nacional Comum Curricular

A Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017) passou a vigorar

como documento oficial de caráter normativo do Ministério da Educação brasileiro em

2017. Esse documento orienta o currículo para a Educação Básica nacional nos

seguintes níveis de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio,

substituindo assim os PCN e o documento que orienta o PNAIC, então extinto.

Ao longo do processo de construção da BNCC, três versões do documento

foram disponibilizadas no Portal6 destinado para consulta pública, o objetivo, segundo

o MEC, era que a população pudesse sugerir, criticar e opinar acerca do conteúdo

proposto na BNCC, embora não haja clareza de como as contribuições da sociedade

civil foram incorporadas ao documento. Para conhecer as orientações sobre a álgebra

nos anos iniciais do Ensino Fundamental, analisamos a 3ª versão disponibilizada on

line.

A consulta pública da primeira versão foi realizada entre outubro de 2015 e

março de 2016. A segunda versão foi examinada, sistematizada e reorganizada no

ano de 2016. Em abril de 2017, o MEC divulga a terceira e última versão da BNCC.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), e indica conhecimentos e competências que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN), a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 2017, p. 7).

No que se refere à Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a

BNCC apresenta alterações em relação aos PCN nas unidades temáticas de ensino,

uma vez que, assim como o documento do PNAIC, traz a álgebra como uma nova

unidade temática específica, junto com as unidades: números, geometria, grandezas

e medidas, probabilidade e estatística. De acordo com as orientações da BNCC, na

6 Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br> Acesso em: 15 fev. 2018.

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35

unidade Álgebra, o foco do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental não deve ser a

formalização de regras e fórmulas e sim o desenvolvimento do pensamento algébrico,

nos processos de regularidade, generalização e equivalência.

Diferentemente dos PCN, a BNCC traz de modo mais sistemático orientações

específicas sobre o ensino da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

limitando esse ensino a um processo intuitivo de elementos da álgebra formal, como

os processos de generalização, reconhecimento e estabelecimento de critérios,

denominando a unidade temática de Álgebra.

Quanto ao desenvolvimento do pensamento algébrico no Ciclo de

alfabetização e letramento (1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental), o foco de ensino

orientado pela BNCC é a organização de sequências de figuras por atributos e cores,

na organização em ordem crescente e decrescente por meio de diversas estratégias,

com o fim de desenvolver a generalização e perceber regularidades. Contudo, o

documento da BNCC indica o trabalho com o símbolo de igualdade desde o 3º ano do

Ensino Fundamental, apresentando assim, um avanço quanto ao documento do

PNAIC, que focou apenas no trabalho pedagógico com sequências e padronizações.

Para os 4º e 5º anos, o foco das orientações da BNCC, com relação aos

objetivos para o desenvolvimento do pensamento algébrico, encontra-se nas noções

de equivalência, nas habilidades de identificação de um termo desconhecido e no uso

das quatro operações matemáticas para resolver e elaborar situações-problema.

Nesta pesquisa, por exercermos a docência em turmas de 4º e 5º ano, optamos por

focar nas orientações de ensino sobre a noção de equivalência e o símbolo de

igualdade.

Para a nossa investigação com os 4º e 5º anos, baseamo-nos na última versão

da Base que apresenta habilidades (Quadro 2) para a unidade temática álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental. Destacamos em negrito, no Quadro 2, objetos

de conhecimento e habilidades que utilizamos em nossa proposta. Reiteramos que

não fazemos uso do que orienta a BNCC de modo ortodoxo, porém consideramos

importante reconhecer o que a mesma sinaliza e aborda para o ensino-aprendizagem

da álgebra.

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Quadro 2 – Habilidades para a unidade temática álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental na última versão na BNCC

Ano Objetos de conhecimento Habilidades

4º ano

Sequência numérica recursiva formada por múltiplos de um número natural.

Identificar regularidades em sequências numéricas compostas por múltiplos de um número natural.

Sequência numérica recursiva formada por números que deixam o mesmo resto ao ser divididos por um mesmo número natural diferente de zero.

Reconhecer, por meio de investigações, que há grupos de números naturais para os quais as divisões por um determinado número resultam em restos iguais, identificando regularidades.

Relações entre adição e subtração e entre

multiplicação e divisão.

Reconhecer, por meio de investigações, utilizando a calculadora quando necessário, as relações inversas entre as operações de adição e de subtração e de multiplicação e de divisão, para aplicá-las na resolução de problemas.

Propriedades da igualdade.

Reconhecer e mostrar, por meio de exemplos, que uma igualdade não se altera quando se adiciona ou se subtrai um mesmo número a seus dois termos; Determinar o número desconhecido que torna verdadeira uma igualdade que envolve as operações fundamentais com números naturais.

5º ano

Propriedades da igualdade e noção de

equivalência.

Concluir, por meio de investigações, que uma igualdade não se altera ao adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus dois membros por um mesmo número, para construir a noção de equivalência; Resolver e elaborar problemas cuja conversão em sentença matemática seja uma igualdade com uma operação em que um dos termos é desconhecido.

Grandezas diretamente proporcionais

Resolver problemas que envolvam variação de proporcionalidade direta entre duas grandezas, para associar a quantidade de um produto ao valor a pagar, alterar as quantidades de ingredientes de receitas, ampliar ou reduzir escala em mapas, entre outros; Resolver problemas envolvendo a partilha de uma quantidade em duas partes desiguais, tais como dividir uma quantidade em duas partes, de modo que uma seja o dobro da outra, com compreensão da ideia de razão entre as partes e delas com o todo.

Fonte: (BRASIL, 2017, p. 286, 290, grifo nosso)

De acordo com o verificado no Quadro 2, a BNCC organiza e apresenta suas

orientações curriculares por meio da exposição de habilidades a serem asseguradas

aos alunos em cada ano de estudo. Todas as áreas de ensino possuem as suas

unidades temáticas, ou eixos, que se estruturam em torno de habilidades cognitivas

que se relacionam a objetos de conhecimento – conteúdos, conceitos e processos

(BRASIL, 2017).

Para o 4º ano, a Base Nacional Comum Curricular orienta, quanto a unidade

da álgebra, a utilização da adição, subtração, divisão e multiplicação, seja para

perceber regularidades dos múltiplos numa sequência, numa divisão com restos

iguais ou ainda reconhecer as relações inversas da adição e subtração e multiplicação

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e divisão, com o uso de calculadoras e situações-problema. Ainda para este ano, a

Base sugere o reconhecimento das propriedades de igualdade, ou seja, que uma

igualdade permanece a mesma quando se adiciona ou se subtrai uma mesma

quantidade aos seus dois termos. Dentro da competência das propriedades da

igualdade, o documento orienta, ainda para o 4º ano, o trabalho com o número

desconhecido por meio de desafios e situações-problema com números naturais.

Para o 5º ano do Ensino Fundamental, a Base propõe que seja dada

continuidade às noções de igualdade e de equivalência, elaboração e resolução de

situações-problema e ainda a introdução à ideia multiplicativa da proporcionalidade,

bem como o trabalho com um termo desconhecido em sentenças matemáticas.

Considerando tais apontamentos, na próxima seção, apresentamos a

investigação específica sobre a álgebra e o trabalho com o símbolo de igualdade no

Guia do livro didático e, de modo complementar, em livros de matemática do 4º e 5º

ano, recém distribuídos para escolas públicas pelo Ministério da Educação brasileiro.

2.1.5 A álgebra no Guia do Livro Didático de matemática – anos iniciais (2019) e

em livros didáticos do 4º e 5º ano

Verificamos o Guia do Livro Didático (2019) das obras de matemática, anos

iniciais, aprovadas pelo Ministério de Educação brasileiro por meio do Programa

Nacional do Livro e Material Didático (PNLD), edição 2019. Esse programa visa avaliar

e distribuir livros e materiais pedagógicos para escolas públicas de todo país. O Guia

apresenta uma contextualização acerca do ensino da matemática nos anos iniciais do

Ensino Fundamental e, além disso, traz resenhas das obras aprovadas pelo PNLD

com o objetivo de auxiliar o professor na escolha do material didático.

O documento ressalta que um dos critérios para avaliação e aprovação dos

livros foi a apreciação com fundamento nas orientações da BNCC. De modo sintético,

o documento explica que a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental compõe

os outros eixos da matemática. Em face disso, o Guia esclarece que das 16 coleções

aprovadas, a maioria apresenta foco no trabalho com sequências e padrões e destaca

que

Em poucas coleções, há ênfase no desenvolvimento de habilidades para reconhecer relações de igualdade entre dois termos, as noções

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de equivalência, de proporcionalidade direta e a determinação de números desconhecidos em igualdades envolvendo as operações fundamentais. Entretanto, mesmo nessas coleções são propostas poucas tarefas que mostram, por exemplo, que a relação de igualdade não se altera ao se somar ou subtrair o mesmo número em ambos os lados da igualdade, bem como que em uma adição, se subtrair-se um número da primeira parcela e acrescentar-se o mesmo número na segunda parcela, a soma não se altera (BRASIL, 2018, p. 28)

Esse parecer reafirma o trabalho incipiente com o símbolo de igualdade em

livros didáticos. À vista disso, julgamos pertinente realizar uma apreciação sintética

em livros na versão de divulgação, do 4º e 5º ano, em 5 coleções expostas no Guia

2019. O foco da investigação global se deu nos objetivos expostos no Quadro 3, uma

vez que na elaboração de nossas tarefas utilizamos tais habilidades como

norteadoras.

Quadro 3 – Objetivos observados nos livros didáticos e utilizados na elaboração de nossas tarefas

Objetos de conhecimento Habilidades

Propriedades da igualdade

(EF04MA15) Determinar o número desconhecido que torna verdadeira uma igualdade que envolve as operações fundamentais com números naturais

Propriedades da igualdade e noção de

Equivalência

(EF05MA11) Resolver e elaborar problemas cuja conversão em sentença matemática seja uma igualdade com uma operação em que um dos termos é desconhecido

Fonte: (BRASIL, 2017, p. 286, 290, grifo nosso)

Com base no exposto, investigamos no material de divulgação, que apresenta

um formato reduzido, as tarefas fundamentadas nesses dois objetivos. O quadro geral

com a referência completa das 5 coleções encontra-se no Apêndice A. Ao tratar sobre

cada coleção, apresentamos uma síntese dos objetivos de aprendizagem, como

também a exposição de uma tarefa para fins de exemplificação.

Destacamos que, nosso objetivo não é analisar amplamente cada coleção,

mas apenas conhecer globalmente como cada uma propõe o trabalho com os

objetivos elencados no Quadro 3.

A coleção 1 – Ligamundo matemática do 4º e 5º ano apresenta foco no

trabalho com as operações inversas para encontrar o termo desconhecido de

expressões numéricas. A Figura 1 exemplifica o perfil de uma tarefa que compõe tanto

o livro do 4º quanto do 5º ano da referida coleção.

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39

Figura 1 – Exemplo de tarefa da coleção 1

Fonte: (REAME, 2017a, p. 42)

A autora esclarece que tal tarefa procura desenvolver noções algébricas a

partir da busca do valor do termo desconhecido pelo uso da operação inversa ou da

ideia de completar quanto falta para chegar ao resultado. O principal objetivo, de

acordo com a coleção, é a exploração das propriedades de igualdade e noção de

equivalência. Com foco no 1º objetivo exposto no Quadro 3.

O livro também aborda situações com o uso da balança de dois pratos.

Figura 2 – Proposta de livro didático com a balança de dois pratos

Fonte: (REAME, 2017a, p. 37)

Nas orientações para o professor, a autora explica que a tarefa apresentada

na Figura 2 é fundamentada na habilidade proposta pela BNCC de “Determinar o

número desconhecido que torna verdadeira uma igualdade que envolve as operações

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40

fundamentais com números naturais” (BRASIL 2017, p. 286) exposta no Quadro 3 e

também utilizada em nossas tarefas.

Na versão da coleção 2 – Bem-me-quer (BORDEAUX et. al., 2017a, 2017b),

destacamos tarefas com ênfase na determinação do termo desconhecido. Para as

autoras, o tipo de situação da Figura 3 “é fundamental para desenvolver as bases do

pensamento algébrico” (BORDEAUX et al., 2017a, p. 43).

Figura 3 – Tarefa com o termo desconhecido da coleção 2

(BORDEAUX et al., 2017a,p. 43)

Assim como Reame (20171a, 2017b) o livro do 4º ano da 2ª coleção também

aborda situações com a metáfora da balança e ressalta que tarefas como essa são

importantes por “favorecerem o desenvolvimento do raciocínio algébrico”

(BORDEAUX et al., 2017a, p. 213).

Da mesma forma, a 3ª coleção – Ápis (DANTE, 2017a, 2017b) versa sobre a

unidade temática álgebra com tarefas que retratam as operações inversas e a

presença do termo desconhecido, baseadas nos objetivos apresentados no Quadro

3.

Figura 4 – Exemplo de tarefa da coleção 3

Fonte: (DANTE, 2017a, p. 116)

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41

Na tarefa da Figura 4, o autor destaca a exploração da álgebra em itens como

o da letra b, que segundo Dante (2017a, p. 116) reiteram a busca do número

indeterminado, sendo este uma das parcelas da adição e não o resultado da operação.

O autor utiliza questões como as que apresentamos na coleção 1, no perfil

“Que número pensei” e explica que para solucioná-las é essencial que se faça o

“caminho inverso”, ou seja, a utilização de operações inversas. No livro do 4º ano, por

exemplo, para o trabalho com a operação inversa da adição, e na exploração dos

termos dessa operação, emprega o jogo do quadrado mágico, onde cada linha, coluna

e diagonal devem resultar em um mesmo número, fazendo uso, assim, do termo

desconhecido.

Seguindo a mesma tendência para a exploração dos termos desconhecidos e

o símbolo de igualdade, a 4ª coleção (GIOVANNI JÚNIOR, 2018a, 2018b) apresenta

tarefas com as operações inversas para o desenvolvimento da unidade temática da

álgebra, a partir do que é proposto pela Base Nacional Comum Curricular (Quadro 3).

Figura 5 – Exemplo de tarefa da 4ª coleção

Fonte: (GIOVANNI JÚNIOR, 2018a, p. 58)

A proposta apresentada na Figura 5 nos chamou atenção por propor uma

situação-problema e a exposição da escrita da sentença matemática, a partir das

informações explicitadas no enunciado. O livro utilizou um quadrado e a interrogação

para representar o termo desconhecido.

Na busca de conhecermos globalmente a forma que os livros didáticos

aprovados pelo PNLD 2019 exploram e apresentam as orientações da BNCC acerca

dos objetivos elencados no Quadro 3, verificamos, por fim, a versão reduzida da

coleção 5,

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42

Figura 6 – Tarefa da coleção 5

Fonte: (RIBEIRO; PESSÔA, 2017b, p. 39)

Conforme observado, a tarefa da coleção 5 segue a caracterização das

coleções anteriores, posto que, mesmo com a presença de uma indeterminação, o

foco das tarefas e orientações encontra-se na manipulação e operação com os termos

conhecidos, por meio da operação inversa e não com foco no símbolo de igualdade

como indicação de equivalência.

Em suma, destacamos que quanto à quantidade de tarefas propostas,

concordamos com o Guia ao afirmar que há poucas recorrências para o trabalho com

a ênfase no símbolo de igualdade. Além disso, a abordagem da álgebra ainda é

recente e incipiente no contexto cultural brasileiro dos anos iniciais, como se pode

observar no levantamento dos documentos oficiais de orientação curricular já tratados,

o que se constata com as poucas e elementares orientações presentes nos livros

didáticos. Esse fator foi um dos motivadores na opção tomada para fins dessa

pesquisa, em que se destaca a abordagem da álgebra com foco na função do símbolo

de igualdade em sentenças matemáticas com um termo desconhecido.

2.2. Estado da arte

O Estado da arte consiste no levantamento e análise crítica de dados

bibliográficos acerca de temas de pesquisa específicos, um mapeamento sobre o quê

se discute academicamente sobre determinado tema, como se discute e quem

discute, de modo que as informações coletadas permitem estabelecer uma

caracterização geral da temática. Teixeira (2006, p. 60) defende que o Estado da arte,

também denominado por ela de Estado do conhecimento “procura compreender o

conhecimento elaborado, acumulado e sistematizado sobre determinado tema, num

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período temporal que, além de resgatar, condensa a produção acadêmica numa área

de conhecimento específica”. Sendo assim, é um processo dinâmico que exige do

pesquisador postura investigativa, capacidade de sistematização e apreciação dos

dados.

No desenvolvimento de nossa tese, o processo de Estado da arte contribuiu

no sentido de estabelecer e reafirmar o nosso objeto de estudo, uma vez que nos

permitiu conhecer por meio dos trabalhos identificados, inicialmente, elementos que

compõem o ensino-aprendizagem da álgebra para, em seguida, investigarmos as

estratégias de pensamento utilizadas pelas crianças na introdução da álgebra, em

sentenças matemáticas com um termo desconhecido. O Estado da arte permitiu

verificarmos algumas pesquisas já realizadas e, assim, perceber lacunas, de modo a

instigar a busca de novos dados ou novas formas de levantamento de dados, em

busca da garantia do ineditismo da pesquisa em nível de Doutorado7.

Romanowski e Ens (2006) discutem a importância do Estado da arte na área

de Educação, em decorrência da intensificação de publicações em periódicos,

eventos, teses e dissertações nessa área. Para os autores, o Estado da arte possibilita

ao pesquisador conhecer as singularidades do seu campo de estudo. É interessante

que esse levantamento de dados seja uma das primeiras ações na realização de uma

pesquisa, no sentido de situar o trabalho no campo acadêmico, mapeá-lo, assim como

para justificar sua relevância.

Os autores reiteram que o advento da ciência e tecnologia provoca intensas

e rápidas mudanças e reconhecem que o Estado do conhecimento do tema a ser

pesquisado é primordial para que o desenvolvimento da pesquisa acompanhe as

mudanças, inovações e rupturas sociais, científicas e tecnológicas.

Em nossa investigação, o levantamento do tipo Estado da arte foi realizado

com o objetivo de inventariar pesquisas sobre a álgebra e o pensamento algébrico

nos anos iniciais do Ensino Fundamental e consistiu em três etapas: em periódicos

disponíveis no Portal de Periódicos Capes; nos anais do Encontro Nacional de

Educação Matemática (ENEM); e a última etapa se refere a Teoria da Objetivação e

foi organizada em dois momentos: o primeiro diz respeito a investigação de teses e

7 Não analisamos todos os trabalhos relacionados ao tema, contudo, a investigação nos permitiu obter

uma visão panorâmica acerca das pesquisas relacionadas a nossa temática.

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dissertações que utilizam a Teoria e, em seguida verificamos de modo específico,

sobre a concepção de pensamento algébrico de acordo com a Teoria da Objetivação.

2.2.1 Estado da Arte – álgebra nos anos iniciais – periódicos

O levantamento de periódicos foi desenvolvido no Portal de Periódicos da

Capes8, com buscas feitas por assunto, a partir de palavras-chave variadas e relativas

aos objetivos apresentados no Quadro 3. Após a identificação dos artigos pelo Portal,

realizamos uma pré-análise dos mesmos, por meio da leitura atenta de seus

respectivos resumos. Posteriormente, ao identificar a relação do trabalho com a

pesquisa, o texto foi separado para uma análise mais detalhada. Nessa seção,

apresentamos parte dessa análise.

Destacamos que as primeiras experiências no Portal de Periódicos foram

exercícios de aprendizado teórico e metodológico acerca do nosso tema, pois nos

fizeram refletir sobre os conceitos, os teóricos, as teorias, implicações e

desdobramentos de nosso objeto, além do próprio amadurecimento quanto ao

processo de busca no Portal de Periódicos da Capes.

Houve dificuldade em encontrarmos pesquisas por assunto nesse âmbito no

Portal de Periódicos da Capes, isso demonstra que ainda são incipientes as

investigações que relacionem a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O

que reafirmou ainda mais nosso interesse, pois, os trabalhos, em sua grande maioria,

ao tratarem sobre a álgebra, referem-se geralmente aos anos finais do Ensino

Fundamental e Ensino Médio.

Na primeira experiência de pesquisa de artigos no Portal de Periódicos Capes,

utilizamos o termo “Álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental”. O Portal

identificou apenas um artigo, intitulado “Discussões sobre o ensino da álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental” (LUNA; SOUZA, 2013).

Na segunda consulta adotamos o termo “Álgebra na infância”, com o fim de

reconhecer quais as perspectivas que as pesquisas traziam acerca do ensino-

aprendizagem da álgebra para crianças. Não foram encontradas ocorrências.

Posteriormente, inserimos o termo “álgebra para crianças”, para o qual também não

foi encontrado artigo.

8 Disponível em: <http://www.periodicos.capes.gov.br> Acesso em 20 abr. 2017.

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Quadro 4 – Primeira etapa do Processo de consultas por assunto ao Portal de Periódicos Capes

Consultas Assunto Termo utilizado

Total de artigos Artigos utilizados após a leitura do

resumo

Consulta 1 Álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental

1 1

Consulta 2 O ensino e aprendizagem da álgebra na infância

Álgebra na infância

0 -

Consulta 3 O ensino e aprendizagem da álgebra na infância

Álgebra para crianças

0

-

Consulta 4 Desenvolvimento do pensamento algébrico em crianças

Pensamento algébrico

11 3

Fonte: Elaborado pela autora

Com o termo “Pensamento algébrico”, o Portal encontrou onze artigos

identificados, dos quais apenas três foram selecionados após a leitura atenta do título

e resumo do trabalho. Os outros oito artigos tratavam sobre temas como “Pensamento

algébrico com alunos surdos”, “conceito de função”, “arte e matemática” ou temáticas

mais específicas no tocante aos conceitos algébricos. Contudo, nosso interesse nesse

momento foi apenas conhecer, de forma geral, o quê e como pesquisas acerca da

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental se desenvolvem para, a partir dessa

verificação, investigar acerca do pensamento algébrico na introdução da álgebra na

escola.

Com relação aos três artigos lidos, verificamos que as pesquisas apontam que

mesmo sem a aquisição da linguagem simbólica algébrica, os estudantes podem

desenvolver o raciocínio algébrico por meio de situações-problema que integrem a

aritmética e a álgebra, conforme citado em documentos oficiais, já apresentados

anteriormente.

Em relação aos aspectos teóricos e metodológicos, o primeiro artigo

“Discussões sobre o ensino da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental”

(LUNA; SOUZA, 2013), apresenta uma análise documental sobre o quê e como o

ensino da álgebra pode ser abordado do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. O

segundo artigo “Caracterizações do pensamento algébrico em tarefas realizadas por

estudantes do Ensino Fundamental I” (SILVA; SAVIOLI, 2012) apresenta outro tipo de

abordagem metodológica. As autoras realizaram uma pesquisa com alunos do 5º ano,

a fim de identificar e analisar as características do pensamento algébrico. Para a

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interpretação de dados, utilizaram a análise de conteúdo. Para Silva e Savioli (2012)

não existe um consenso no meio acadêmico sobre a concepção de pensamento

algébrico, assim, as autoras optaram por concebê-lo como um modo de pensar que

interliga diversos conteúdos e conceitos matemáticos.

O terceiro texto, intitulado “Pensamento algébrico ao longo do ensino básico

em Portugal” (CYRINO; OLIVEIRA, 2011), demonstra uma pesquisa realizada com

alunos do 4º, 6º e 9º anos do Ensino Fundamental. O objetivo do trabalho foi

“relacionar os tipos de pensamento algébrico mobilizados e os objetivos de

aprendizagem presentes nos documentos oficiais vigentes em Portugal” (CYRINO;

OLIVEIRA, 2011, p. 99). Para esses autores, o pensamento algébrico se conceitua

como um tipo de reflexão compreensiva acerca dos significados dos elementos e

conceitos da álgebra.

As poucas ocorrências com os termos utilizados no Portal de Periódicos da

Capes, fizeram-nos refletir acerca de outras possibilidades de investigação do Estado

da arte, seja na utilização de outros termos, ou na escolha de filtros mais específicos

que nos ajudassem a mapear de forma mais aprofundada nossa temática no âmbito

acadêmico e digital. Sendo assim, buscamos textos atualizados de autores

localizados em nossa primeira busca no Portal de periódicos, como o de Silva e Savioli

(2014), Silva, Savioli e Passos (2015) e Fernandes e Savioli (2016), como também

buscamos indicações bibliográficas, a partir das leituras realizadas, de outros autores

que também tratam acerca do pensamento algébrico (ALMEIDA; SANTOS, 2017;

COELHO; AGUIAR, 2018).

Apesar de termos nossa definição de pensamento algébrico já definida pela

perspectiva da TO, sentimos a necessidade de verificar a abordagem defendida por

outros autores com o fim de apresentarmos um panorama mais amplo e atualizado

sobre o pensamento algébrico, já que nossa pesquisa de Estado da arte com as

palavras-chave utilizadas resultou em poucos trabalhos de nosso interesse.

Para continuarmos a apresentação de outras perspectivas, verificamos

pesquisas de Silva e Savioli (2014), que se baseiam no programa de introdução à

álgebra com crianças na cidade americana de Boston, chamado Early Álgebra. Para

essas autoras, como já apresentado (SILVA; SAVIOLI, 2012) a definição de

pensamento algébrico é complexa e ainda não apresenta um consenso no meio

acadêmico, contudo é possível identificar características desse tipo de pensamento

nas crianças, que são

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formulação de conjecturas; estabelecimento de relações; utilização de diferentes notações para uma mesma tarefa; estabelecimento de regularidades; algum processo de generalização; compreensão de propriedades matemáticas importantes, como a comutatividade na adição; agrupamento, classificação, ordenação, justificação e validação de ideias; etc. (SILVA; SAVIOLI, 2014, p. 154)

As autoras enfatizam o estabelecimento de relações como um ponto chave

que caracteriza o pensar algébrico, no entanto, esclarecem que não é uma tarefa

específica que determina ou desenvolve o pensamento algébrico e sim “algo interno

ao estudante” (SILVA; SAVIOLI, 2014, p. 149) que pode ocasionar uma resolução que

indique a presença de características desse tipo de pensamento.

Para a TO, o saber algébrico já está instituído culturalmente, não é algo

puramente interno ao estudante, mas um saber histórico em potencial, que pode ser

alcançado por meio de um trabalho conjunto e interativo dos sujeitos, denominado por

Radford de Labor conjunto. Nesta investigação, inserimos as crianças em práticas

pedagógicas com o intuito de fomentar o pensamento algébrico, assim, estratégias

demonstradas pelos alunos (e captadas por nós) permitiram a análise da presença do

vetor da analiticidade, a principal característica do pensamento algébrico, para a TO.

Silva, Savioli e Passos (2015) sintetizam os estudos sobre o pensamento

algébrico ao reafirmarem a relevância dos processos de generalização, percepção de

regularidades e padronizações, bem como o uso pelos alunos de diferentes

estratégias representativas para expressar-se matematicamente em uma situação-

problema.

Fernandes e Savioli (2016) apresentam de modo mais detalhado tarefas

analisadas a partir do que, para elas, seriam características do pensamento algébrico.

As autoras focam em 7 categorias: relação funcional, de igualdade ou equivalência,

de regularidades, relação de comparação de grandezas, formação de conjectura e

validação da mesma, interpretação de gráficos e tabelas e generalização.

Demonstram assim, uma gama de especificidades sobre o que compõe o pensamento

algébrico, contudo, não se referem a ação analítica com o indeterminado e reafirmam

que esse tipo de pensar é algo interno ao indivíduo.

Além de conhecermos o posicionamento dessas autoras sobre a concepção

de pensamento algébrico, verificamos também de que modo outros autores se

referem a esse tipo de pensamento. Almeida e Santos (2017) argumentam que, de

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acordo com suas pesquisas, não existe uma definição consensual acerca do

pensamento algébrico no meio acadêmico, contudo os autores refletem sobre a

concepção de alguns pesquisadores e apresentam uma caracterização do

pensamento algébrico. Para eles, o pensar algébrico consiste na “capacidade de

estabelecer relações, modelar, generalizar, operar com o desconhecido como se

fosse conhecido e a construir significado para os objetos e a linguagem algébrica”

(ALMEIDA; SANTOS, 2017, p. 58). Nessa caracterização, verificamos o

estabelecimento de relações e a presença do desconhecido como elementos chave.

Para Radford, no percurso de generalizar é possível pensar algebricamente com a

presença de uma indeterminação, uma referência ao indeterminado e ações por meio

de premissas dedutivas, em suma, não basta apenas criar uma regra geral para uma

determinada situação ou perceber seu padrão, para a TO é necessário principalmente

agir baseado em certezas e não por tentativa e erro, pois tal estratégia é considerada

por Radford como aritmética.

Para Coelho e Aguiar (2018), o pensamento algébrico se define de modo

histórico e cultural. Os autores apontam que na História do ensino da álgebra, o foco

se deu na manipulação de técnicas e, para eles, essa postura ainda se faz presente

nas aulas de álgebra. Coelho e Aguiar (2018) defendem uma aprendizagem voltada

para a compreensão dessa forma de pensar. Reiteram, conforme argumentam outros

pesquisadores da área, que ainda não existe uma homogeneidade no que concerne

a definição do pensar algébrico, no entanto, apresentam uma aproximação ao que

seria essa definição

a Álgebra pode corroborar se, em seu ensino, o enfoque for o de desenvolver no estudante um pensamento que o auxilie na busca de padrões e analogias quando enfrentar problemas cotidianos. A isso, poderíamos chamar, em uma primeira aproximação, de pensamento algébrico. No entanto, se nos aprofundarmos, torna-se difícil definir, claramente, o que é de fato o pensamento algébrico. Seria esse uma forma de pensar a partir de um conhecimento algébrico? Quais seriam, então, as habilidades e as características que permeariam indubitavelmente tal pensamento? Não existe um consenso na literatura a respeito do que significa o pensamento algébrico e o pensar algebricamente (COELHO; AGUIAR, 2018, p. 178)

Acerca da definição de pensamento algébrico como uma forma de

generalização, esclarecemos que Radford, Bardini e Sabena (2006) não ignoram a

relevância de generalizar. Para eles o processo de generalização provoca a

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investigação, reflexão, percepção, sistematização acerca de uma determinada

situação.

Nessa perspectiva, Radford, Bardini e Sabena (2006) ressaltam que

generalizar é perceber propriedades matemáticas que não são vistas diretamente.

Para os autores, não é apenas o sentido corporal da visão que colabora para a

identificação da regularidade, outros sentidos corporais, sinais matemáticos e

artefatos culturais também fazem parte dessa percepção multimodal. Identificar a

generalização é perceber que algo permanece e ao mesmo tempo algo se modifica.

Radford (2010) também aponta que generalizar algebricamente é perceber padrões,

regularidades e diferenças para, então, construir uma regra, sistematizar o que foi

identificado pela e na observação, interação e gestos.

Em suma, a partir das leituras realizadas, reafirmamos nossa opção pela

perspectiva da Teoria da Objetivação, em virtude de que a mesma apresenta um foco

mais epistemológico, no sentido de considerar a natureza do saber algébrico, o modo

que esse saber pode ser alcançado pelos indivíduos, as relações dos sujeitos nesse

processo, as problematizações e a valorização do tipo de raciocínio utilizado pelos

estudantes. Para alguns autores, o pensamento algébrico se define, por exemplo, no

estabelecimento de relações e identificação de padrões, para a TO, é importante

considerar de maneira mais específica, a forma e o modo de raciocínio (analítico ou

não) que a criança demonstra no estabelecimento dessas relações. Por isso, nesta

investigação nos propomos a analisar estratégias de pensamento suscitadas pelos

alunos. Nosso olhar investigativo se dá com a fundamentação dos três vetores

defendidos pela TO: o indeterminado, a expressão semiótica e a analiticidade

(RADFORD, 2018a).

Na próxima seção, apresentamos a pesquisa realizada nos anais do Encontro

Nacional de Educação Matemática – ENEM com foco no ensino-aprendizagem da

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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50

2.2.2 Estado da arte – álgebra nos anos iniciais: Encontro Nacional de Educação

Matemática

Nesta etapa do Estado da arte, optamos por pesquisar nos anais9 do Encontro

Nacional de Educação Matemática (ENEM), uma vez que esse evento científico é um

dos maiores da área de Educação Matemática vinculados a Sociedade Brasileira de

Educação Matemática (SBEM) e realizados no Brasil.

O I ENEM aconteceu em 1987 e até 2019 foram realizadas 13 edições desse

evento que, atualmente, ocorre com frequência trienal. O levantamento de dados ora

apresentado compreendeu da 1ª à 12ª edição pelo motivo de que, até a finalização da

escrita desta seção, a equipe organizadora da 13ª edição, ocorrida em Julho de 2019,

ainda não havia disponibilizado os anais do XIII ENEM.

O levantamento foi feito com o objetivo de adquirirmos uma visão global sobre

a quantidade e o conteúdo de trabalhos acerca da álgebra e pensamento algébrico

nos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de nos permitir explorar pontos mais

específicos, como os referenciais teóricos mais utilizados, estratégias para a análise

de dados, objetivos gerais e específicos que nortearam os trabalhos e o público alvo

abrangido pelas pesquisas.

É importante explicarmos que os anais do Encontro Nacional de Educação

Matemática disponibilizam, da primeira à sétima edição, apenas o título dos trabalhos

e/ou o resumo e, da oitava à décima segunda edição do ENEM, os trabalhos

completos tornam-se acessíveis ao público. Sendo assim, ao identificarmos uma

pesquisa de nosso interesse, realizamos a leitura investigativa a fim de verificarmos

os referenciais teóricos utilizados, a metodologia proposta, os objetivos, assim como

pontos convergentes e divergentes com o nosso trabalho.

Cada edição do evento tinha um perfil diferente na exposição dos anais, os

primeiros não tinham site, a página da SBEM apenas digitalizou o caderno de anais

até a sétima edição. Da oitava à décima segunda edição do evento, por exemplo,

verificamos que alguns sites, de acordo com a comissão de organização, separavam

as pesquisas por temas, outras apenas pela modalidade de apresentação (pôster,

comunicação científica, palestra). A organização da exposição on line dos trabalhos

9 Os anais de todas as edições encontram-se no seguinte endereço eletrônico: <<http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/anais/enem>> Acesso em 15 nov. 2019.

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facilitou ou dificultou nosso processo de busca, foi um processo longo que nos

proporcionou crescimento como pesquisadora, na busca de conhecermos e nos

aprofundarmos em nosso objeto de estudo.

A fim de sistematizarmos melhor nossos dados, optamos por organizar o

Quadro 5 com os eventos ocorridos dentro do ENEM, que são as sessões de

comunicação científica, relatos de experiência, minicursos e sessões de pôster e

sinalizar se os mesmos, a partir da leitura do título e resumo, se relacionam com a

temática do ensino-aprendizagem da álgebra nos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

Quadro 5 – Pesquisas sobre a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental no Encontro Nacional de Educação Matemática

Edição Minicurso Comunicações científicas

Comunicações de experiência

Pôster

I ENEM

(1987) - - - -

II ENEM (1988)

- 1 - -

III ENEM (1990)

2 - - -

IV ENEM (1992)

- - - -

V ENEM (1995)

- 1 - -

VI ENEM (1998)

1 1 - -

VII ENEM (2001)

- - - -

VIII ENEM (2004)

1 1 - -

IX ENEM (2007)

- 1 - -

X ENEM (2010)

- - 1 -

XI ENEM (2013)

- 1 2

XII ENEM (2016)

1 2 1 -

Fonte: Elaborado pela autora

O Quadro 5 demonstra que a maior parte dos trabalhos apresentados do 1º

ao 12º ENEM, com o tema da álgebra/pensamento algébrico nos anos iniciais do

Ensino Fundamental, pertenciam à modalidade de comunicação científica, em

segundo lugar, minicurso, em seguida, relato de experiência e por fim, a modalidade

de pôster. Iniciamos, então, nossa busca nos anais do I ENEM, com o fim de mapear

como a álgebra e o pensamento algébrico nos anos iniciais do Ensino Fundamental

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52

foram tratados nos trabalhos acadêmicos apresentados nesse evento com foco na

Educação Matemática.

O I ENEM aconteceu em 1987 na Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo. Primeiramente, fizemos uma leitura do índice dos anais no site, a fim de

verificar se havia algum trabalho que tratasse sobre a álgebra nos anos iniciais. Pela

leitura dos títulos, não identificamos ocorrências, apenas um minicurso tratava sobre

a álgebra, mas com foco no ensino médio.

Os anais do I ENEM não apresentam os títulos das sessões coordenadas,

mesas redondas e outras modalidades, exibem apenas as discussões, conclusões e

recomendações suscitadas em cada sessão. Na análise do conteúdo desse material

não identificamos publicações referentes ao ensino-aprendizagem da álgebra nos

anos iniciais do Ensino Fundamental.

Concluímos que os anais do 1º ENEM, ocorrido em 1987, não apresentam

nenhuma publicação referente ao ensino-aprendizagem da álgebra nos anos iniciais

do Ensino Fundamental.

Quanto ao II ENEM, que ocorreu em 1988, na Universidade Estadual de

Maringá, Paraná, iniciamos a pesquisa no caderno de resumos, pela leitura dos títulos

das comunicações apresentadas nas exposições e das mesas redondas. Não

localizamos pesquisas que se vinculem especificamente à álgebra nos anos iniciais.

Contudo, os anais do II ENEM apresentam o resumo dos trabalhos, o que nos permitiu

selecionar os que tratavam sobre temáticas que envolvem a álgebra e verificar se os

mesmos se dirigiam ao ensino-aprendizagem com crianças. Um dos trabalhos, da

categoria comunicações científicas, tratou sobre as equações e apresenta como título

“Ensino de equações: uma tentativa do emprego de um método de ensino ativo”, no

resumo explicita que “foi apresentado às crianças uma série de problemas concretos,

na forma de jogos para se chegar a elaboração da sentença matemática” (SOUZA

JÚNIOR, 1988, p. 54), o que nos permitiu inferir que tal comunicação trata sobre o

ensino e aprendizagem da álgebra com crianças. Por meio desse ocorrido,

verificamos a importância da leitura dos resumos e não apenas do título dos trabalhos

para o Estado da arte. Os minicursos não apresentaram temáticas relacionadas ao

nosso foco de estudo.

Nos anais da terceira edição do evento, ocorrido em 1990, na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, identificamos dois minicursos relacionados à álgebra

com crianças. O primeiro com o título “O ensino da álgebra: conteúdo e forma”

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(LOPES, 1990, p. 21) problematizou o conteúdo e forma do ensino da álgebra desde

a 5ª série (atual 6º ano do Ensino Fundamental). O minicurso apresentou uma

proposta de ensino-aprendizagem da álgebra de forma lúdica, com jogos

matemáticos, materiais manipuláveis e modelagem.

Identificamos outro minicurso, intitulado “Introdução à álgebra” (VIANNA,

1990, p. 37), voltado para professores das então 1ª a 8ª séries que, atualmente,

corresponde ao período do 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Teve como objetivo

explicitar uma proposta de ensino-aprendizagem das noções iniciais do conteúdo

algébrico. Não localizamos trabalhos de outra categoria científica que tratassem do

tema buscado.

Não localizamos trabalhos específicos sobre nosso tema na quarta edição do

ENEM, ocorrida em 1992, na Universidade Regional de Blumenau, em Blumenau, em

Santa Catarina.

No V ENEM, ocorrido em 1995, na Universidade Federal de Sergipe,

encontramos apenas uma comunicação científica intitulada “Propriedades das

operações fundamentais na passagem da aritmética à álgebra” (FARIAS; BARBOSA;

DIAS, 1995, p. 209-210), que aponta a relevância de um ensino significativo da

álgebra desde a infância. O trabalho destaca que a dificuldade dos alunos quanto à

álgebra é consequência de um ensino formal, com ênfase nos procedimentos e

algoritmos e não no significado das operações.

O VI ENEM aconteceu em 1998, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos,

em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Identificamos nos anais dessa edição o

minicurso denominado “Pensando algebricamente antes da 7ª série” (OLIVEIRA,

1998), que fomenta a reflexão sobre a necessidade de introduzir conceitos algébricos

desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. O resumo explicita que o objetivo do

trabalho é investigar como os alunos da 5ª série, atual 6º ano do Ensino Fundamental,

desenvolvem o pensamento algébrico. A proposta do minicurso foi de discutir e

problematizar a necessidade da introdução da álgebra antes da 5ª série (atual 6º ano),

ou seja, em turmas com crianças que atualmente compõem os anos iniciais do Ensino

Fundamental.

É importante destacarmos que ao fazermos a leitura dos títulos e

identificarmos a palavra-chave álgebra, líamos o resumo (quando este era

disponibilizado), mesmo que não tratasse especificamente sobre o ensino-

aprendizagem da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Essa leitura

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investigativa nos levava a perceber alguns pontos específicos sobre os conteúdos,

abordagens, metodologias, principais dificuldades dos docentes e discentes. Uma

delas, como destacado anteriormente, é a relação que os pesquisadores apontaram

entre a álgebra e a geometria como estratégia para tornar a álgebra mais significativa.

Nas comunicações orais, o VI ENEM ofereceu um bloco temático sobre

educação algébrica. Dos treze trabalhos apresentados, pela leitura do título

selecionamos apenas duas comunicações científicas, porém, ao lermos o resumo,

apenas uma tratava sobre a álgebra com crianças, intitulada “É possível desenvolver

o pensamento algébrico no Ensino Fundamental?” (LIMA; FALCÃO, 1998, p. 510-

512). Na investigação, os autores abordaram a relevância do enfoque aritmética-

álgebra como um continuum na introdução de problemas algébricos com crianças a

partir de seis anos de idade.

O VII ENEM aconteceu na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2001.

Dos títulos que apresentavam a palavra-chave álgebra, nenhum trabalho tratava sobre

o ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Partimos então para

a busca de trabalhos na oitava edição do evento.

O VIII Encontro Nacional de Educação Matemática ocorreu em Recife, no ano

de 2004. Da oitava edição, analisamos apenas o grupo de trabalho voltado para os

anos iniciais do Ensino Fundamental, no qual identificamos uma comunicação

científica intitulada “Lógico-histórico: uma perspectiva para o ensino da álgebra”

(MOURA; SOUSA, 2004), cujas autoras também ministraram um minicurso sobre a

mesma temática. Com a leitura dos trabalhos desse Grupo de Trabalho, verificamos

que as autoras apresentaram uma visão filosófica acerca da álgebra. Embora

inseridos no Grupo dos anos iniciais, as conclusões desses trabalhos aplicam-se a

qualquer nível de ensino, pois problematizam a abstração da álgebra e tratam sobre

a necessidade de (re)significar o seu ensino a partir da realidade dos alunos.

Em 2007, o IX ENEM aconteceu na Universidade de Belo Horizonte, em Belo

Horizonte, Minas Gerais. Dentre as comunicações científicas, localizamos a seguinte:

“Crianças de séries iniciais pensando em álgebra: uma comparação entre o uso de

ambientes computacionais e manipulativos” (FREIRE; FILHO, 2007). O texto

apresenta uma pesquisa de mestrado, na época, em andamento, que realizou

atividades para desenvolver, intuitivamente, os conceitos de incógnita, equivalência,

igualdade e desigualdade com alunos do 3º ano e 5º ano do Ensino Fundamental. Os

pesquisadores responsáveis pelo trabalho fizeram uso do método clínico piagetiano,

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com perguntas que se modificam de acordo com as respostas dos participantes. A

pesquisa utilizou uma balança interativa de dois pratos que, como um jogo, tinha o

objetivo de fazer com que os alunos descobrissem o peso desconhecido para

equilibrar a balança. A análise se focou não no desempenho final dos estudantes, mas

nas estratégias no processo de resolução das situações-problema.

O X ENEM ocorreu em Salvador, no ano de 2010. O site do X ENEM organizou

os anais por eixos temáticos, dos quais investigamos apenas dois, que são: ensino-

aprendizagem em álgebra e Educação Matemática nos anos iniciais. No primeiro eixo,

encontramos apenas o trabalho de Porto at al. (2010), que se configura como um

relato de experiência. O texto apresenta uma experiência realizada com duas turmas

do 1º ano do Ensino Fundamental. As atividades desenvolvidas se focaram em

desafios para que as crianças vivenciassem situações de fomento à álgebra. No

segundo eixo, por sua vez, não foi encontrado trabalho com a temática de nosso

interesse.

O XI ENEM, ocorrido na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em

Curitiba, aconteceu no ano de 2013. No site do XI ENEM, pesquisamos por eixo

temático, os eixos escolhidos foram: formação de professores, pesquisa em educação

matemática e práticas escolares.

Identificamos um relato de experiência no eixo práticas escolares, que tratou

sobre a forma lúdica de desenvolver o pensamento algébrico, com o título “Clube da

matemática: atividades lúdicas para o ensino de álgebra” (OLIVEIRA; SILVA, 2013).

O texto relata a experiência de um Clube da matemática, realizado com alunos do

Ensino Fundamental em uma escola pública e destaca a aprendizagem por meio de

tarefas lúdicas como jogos e brincadeiras. De acordo com os autores, os alunos

precisam compreender o processo de construção das ideias matemáticas e não

apenas decorar procedimentos. Dessa forma, os estudantes participavam uma vez

por semana de um Clube da Matemática, as tarefas desenvolviam o conceito de

função, representações simbólicas e ideias intrínsecas ao conceito de equação.

Na modalidade Pôster, localizamos a publicação “Caracterização do

pensamento algébrico nos anos iniciais” (BONI; FERREIRA; GERMANO, 2013) que

teve como base as atividades do programa Early álgebra10, posto que professores do

10 Disponível em: <http://ase.tufts.edu/education/earlyalgebra/about.asp> Acesso em: 10 fev. 2017.

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Ensino Fundamental resolveram e adaptaram situações-problema com ênfase na

interpretação e compreensão de símbolos.

Outro trabalho na modalidade pôster, identificado no eixo formação de

professores, foi “O desenvolvimento do pensamento algébrico com crianças do Ensino

Fundamental” (PIRES; DARIVA, 2013). O trabalho explica o que é álgebra, o que

significa pensamento algébrico e enfatiza que nos anos iniciais é preciso que os

alunos compreendam os símbolos, identifiquem generalizações e construam regras a

partir dessa percepção. As autoras realizaram oficinas com as atividades do programa

Early álgebra com professores do Ensino Fundamental, em seguida, os docentes

escreveram os objetivos das atividades respondidas, adaptaram os desafios para os

alunos do 3º e 4º ano. A última etapa ainda não tinha sido realizada na época da

publicação do texto, mas os autores pretendiam realizar as atividades com as

crianças. Podemos destacar nesse trabalho a ideia defendida pelos autores sobre a

reflexão acerca da relevância do desenvolvimento do pensamento algébrico e sua

colaboração no raciocínio lógico matemático. O foco dos pesquisadores acerca do

pensar algébrico se encontra principalmente na percepção, identificação de

regularidades, padrões e processo de generalização.

O XII ENEM aconteceu no ano de 2016, na Universidade Cruzeiro do Sul, em

São Paulo. Em seus anais verificamos apenas duas comunicações científicas de

nosso interesse, intituladas “Indícios de generalização da linguagem algébrica

simbólica por estudantes do clube de matemática” (OLIVEIRA; CEDRO, 2016) e “Um

mapeamento de teses e dissertações que abordam o ensino e a aprendizagem da

álgebra no ensino fundamental no Brasil” (RODRIGUES, 2016).

O primeiro objetiva apresentar indícios de generalização da linguagem

algébrica. Os autores realizaram atividades dentro de um Clube da Matemática com

doze crianças do Ensino Fundamental, em uma escola municipal de Goiânia. Os

pesquisadores utilizaram o registro escrito, oral, gravações audiovisuais, rodas de

conversa e diário de campo dos pesquisadores como instrumentos de análise. As

tarefas objetivavam que as crianças percebessem a necessidade de compreender a

linguagem algébrica no cotidiano e dos conceitos de equivalência e variável de forma

lúdica, com trilha, boliche, ludo e outros jogos e brincadeiras.

A segunda comunicação científica aborda o ensino-aprendizagem da álgebra

no Ensino Fundamental no Brasil (RODRIGUES, 2016). O trabalho apresentou o

resultado de uma pesquisa que objetivou demonstrar o Estado da arte no Portal de

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Periódicos da Capes sobre a álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os

resultados da investigação demonstraram que há carência de trabalhos com a

temática voltada para os primeiros ciclos do Ensino Fundamental, pois a maior parte

das pesquisas identificadas possuíam como foco os anos finais e o Ensino Médio.

Na modalidade de relato de experiência, identificamos um trabalho intitulado

“Mapeamento de trabalhos sobre pensamento algébrico nos anos iniciais

apresentados nos ENEM (1998 – 2013)” – (LIMA, 2016). A pesquisa analisou os anais

do VI ao XI ENEM, enquanto a nossa investigação foi realizada nos anais do I ENEM

ao XII ENEM. O estudo de Lima (2016), assim como o nosso, assinala poucas

recorrências de pesquisas sobre o pensamento algébrico nos anos iniciais no

Encontro Nacional de Educação Matemática. O autor ainda aponta a importância de

levantamentos de Estado da arte em eventos como o ENEM, visto que, além de

conhecer globalmente os estudos apresentados no evento, possibilita a identificação

de lacunas, convergências e divergências dos trabalhos dentro de uma mesma

temática.

O pesquisador destacou o papel da álgebra no desenvolvimento do raciocínio

lógico-matemático. Além disso, assim como nós, refletiu sobre o destaque dado nos

novos documentos oficiais acerca da álgebra para crianças, como o documento da

Base Nacional Comum Curricular e o orientador dos direitos de aprendizagem do ciclo

de alfabetização.

Na modalidade de minicurso, identificamos um trabalho que trata sobre a

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental, intitulado “O pensamento algébrico

nos anos iniciais do Ensino Fundamental” (SANTOS; MOREIRA, 2016). O texto

apresenta seis tarefas realizadas com alunos dos anos iniciais do Ensino

Fundamental, o trabalho possibilitou a reflexão sobre as diferentes estratégias

possíveis para desenvolver o ensino-aprendizagem da álgebra, dentre elas o uso de

tarefas com foco na identificação de regularidades.

Ao finalizarmos na XII edição do ENEM, concluímos que a realização do

Estado da arte nos anais do evento foi de suma importância, pois possibilitou a

construção de uma visão global sobre o ensino-aprendizagem da álgebra no Brasil,

nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Em síntese, verificamos pelas leituras dos

textos, que as pesquisas concentram suas intervenções com foco na identificação de

padrões e regularidades e as tarefas são baseadas em:

● Abordagens lúdicas, como jogos e brincadeiras e

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● Situações-problemas.

Que relacionam a álgebra com os conteúdos:

● Da geometria e

● Da aritmética.

As tarefas propostas para os alunos são organizadas da seguinte forma:

● Em grupos e

● Após a realização da tarefa, existe um momento de discussão e

retomada das atividades executadas.

Embora nossa proposta abranja alguns pontos identificados no levantamento

do Estado da arte, seu diferencial inclui o fato de ser uma abordagem com base na

Teoria da Objetivação (TO), no que diz respeito a estrutura organizacional da atividade

e análise da mesma, assim como na concepção de ensino-aprendizagem, saber,

conhecimento, aluno e professor.

Realizar o Estado da arte nos documentos, no Portal de Periódicos e nos

anais do ENEM, foi importante para delinearmos nosso foco de investigação.

Verificamos, por exemplo, que muitas pesquisas, ao abordarem a álgebra com

crianças, tratam sobre o trabalho com padrões e sequências, sendo assim, optamos

por apresentar outro diferencial: explorar a ideia de equivalência e o símbolo de

igualdade em turmas de 4º e 5º ano com a presença de uma incógnita (termo

desconhecido), conforme apresentado em materiais que se concretizam diretamente

em práticas escolares, como a BNCC e livros didáticos de matemática. Para isso,

iniciamos uma nova etapa no processo de Estado da arte, apresentada na próxima

seção.

2.3 Estado da arte - equivalência e símbolo de igualdade nos anos iniciais: portal

de periódicos

A partir do levantamento de dados acerca da álgebra nos anos iniciais do

Ensino Fundamental realizado nos anais do ENEM - da primeira à décima segunda

edição do evento, verificamos que são poucas as investigações com foco no trabalho

com a noção de equivalência e o símbolo de igualdade, por isso, optamos por explorar

em nossa atividade, o símbolo de igualdade a fim de investigar a caracterização, a

partir da Teoria da Objetivação, de estratégias de pensamento suscitadas em tarefas

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que abordam sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido, no

processo de introdução da álgebra com crianças de 4º e 5º ano do Ensino

Fundamental. Assim, iniciamos uma nova etapa no processo de Estado da arte:

verificar pesquisas que tratam sobre a noção de equivalência e o símbolo de igualdade

nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

A princípio, apontamos o que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,

2017) aponta sobre o nosso foco investigativo e identificamos que a BNCC orienta

acerca da necessidade de um trabalho sistemático com as noções de igualdade e

equivalência desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, de acordo com o

documento,

A relação de equivalência pode ter seu início com atividades simples, envolvendo a igualdade, como reconhecer que se 2 + 3 = 5 e 5 = 4 + 1, então 2 + 3 = 4 + 1. Atividades como essa contribuem para a compreensão de que o sinal de igualdade não é apenas a indicação de uma operação a ser feita (BRASIL, 2017, p. 226).

Como apontado pela BNCC, o símbolo de igualdade representa no senso

comum apenas a indicação do resultado de uma operação, contudo, o Documento

destaca que o símbolo representa mais do que uma operação a ser realizada e nos

chama atenção para o trabalho com a noção de equivalência. Kieran, em 1981, já

realizava pesquisas sobre esse assunto. A autora investigou sobre o significado do

símbolo de igualdade com crianças e, em suas análises, percebeu que a maioria das

crianças, até mesmo as de 12 a 14 anos reconheciam o símbolo de igual apenas como

“sinal de fazer algo” (KIERAN, 1981, p. 321).

Van de Walle (2009), ao tratar sobre a Matemática no Ensino Fundamental,

também destaca a relevância da compreensão acerca do sinal de igualdade,

primeiramente porque os alunos precisam compreender que o sistema numérico é

marcado por diversos tipos de relações e o sinal de igualdade expressa relações a

partir das ideias de propriedades numéricas, como a distributiva, por exemplo. Em

segundo lugar, Van de Walle (2009) também aponta que dificuldades na compreensão

das diversas possibilidades do sinal de igualdade refletem na aprendizagem de

expressões algébricas.

Trivilin (2014) destaca que a compreensão do símbolo da igualdade a partir

de contextos diversos é fundamental para que as crianças dos anos iniciais do Ensino

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Fundamental façam uso do raciocínio de natureza algébrica, mesmo sem operar com

equações.

Falkner, Levi e Carpenter (1999) abordam o conceito de igualdade e explicam

que a sua compreensão é crucial para o desenvolvimento do pensamento algébrico

em crianças e a compreensão de equações. Ainda enfatizam a discussão nas aulas

como um elemento chave no desenvolvimento do pensamento algébrico e sua relação

com a aritmética, visto que

Tais discussões sobre sentenças numéricas deram às crianças um contexto importante para discutir a igualdade durante todo o ano letivo. À medida que avançou, discussões sobre igualdade se integraram a discussões sobre outros conceitos aritméticos algébricos11 (FALKNER, LEVI E CARPENTER, 1999, p. 235, tradução nossa)

Sendo assim, optamos, nesta pesquisa, pelo foco na noção de equivalência e

símbolo de igualdade. Nessa perspectiva, realizamos o Estado da arte no Portal de

Periódicos da Capes, a fim de conhecermos e nos aprofundarmos nos conceitos

referentes ao estudo do referido símbolo.

Dos nove trabalhos localizados com o termo “noção de equivalência”, após a

leitura do resumo, selecionamos dois que tratavam sobre o estudo da equivalência

matemática na álgebra. No primeiro artigo, Hummes, Breda e Meneguetti (2018)

apontam que muitas das dificuldades em equações dos alunos no Ensino Médio,

devem-se a um ensino não significativo na álgebra no Ensino Fundamental, por isso,

os autores propõem um trabalho sistemático com o uso da balança de dois pratos com

o objetivo de propiciar o aprofundamento de conceitos relacionados ao estudo das

equações de 1º grau.

O segundo artigo selecionado, de autoria de Trivilin e Ribeiro (2015), aponta

questões relacionadas à formação do professor quanto ao ensino da matemática, com

foco nas diferentes ideias do símbolo de igualdade. O artigo nos chama atenção para

a necessidade dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental se formarem

continuamente nos conhecimentos de conteúdo, pedagógico e curricular.

11 Texto original: “Such discussions about number sentences gave the children an important context for discussing equality throughout the school year. As the progressed, discussions about equality became integrated with discussions about other algebraic arithmetic concepts”.

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61

Ressaltamos que no Portal de Periódicos foram localizados poucos trabalhos

com os termos mencionados, porém, os artigos encontrados possibilitavam o

conhecimento de diversos referenciais sobre o tema.

Em um segundo momento, utilizamos o termo “símbolo de igualdade” no

Portal de Periódicos das Capes e o único trabalho localizado não tratava de modo

específico sobre tal símbolo.

Inserimos outros termos, como por exemplo, “símbolo de igual”, mas não

foram localizados trabalhos relacionados ao ensino da matemática. Com a palavra

“igualdade matemática”, o portal identificou três artigos e um livro que não continham

relação direta com nosso trabalho. Ainda tentamos com os termos “equações com a

balança”, “balança e equações”, mas não foram encontradas nenhuma ocorrência.

Em suma, após nossa investigação no Portal de periódicos da Capes,

verificamos um número limitado de pesquisas acerca do tratamento ao símbolo de

igualdade e noção de equivalência, com os termos utilizados na busca.

Partimos, então, para a busca de pesquisas com a Teoria da Objetivação,

uma vez que essa Teoria baliza nossa investigação no aspecto estrutural da

metodologia e nas análises das tarefas. Verificamos inicialmente as pesquisas no

catálogo de teses e dissertações da Capes12. Em seguida, buscamos no site13 de Luís

Radford pesquisas desse autor que tratam sobre a álgebra e o pensamento algébrico.

2.4 Estado da Arte da Teoria da Objetivação

Nesta pesquisa, considerando os aspectos mencionados na introdução e nos

tópicos anteriores, optamos por caracterizar, a partir da Teoria da Objetivação,

estratégias de pensamento demonstradas por crianças 4º e 5º ano do Ensino

Fundamental do NEI/CAP-UFRN, no processo de introdução da álgebra, em tarefas

que abordam sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido. A

Teoria da Objetivação – TO (RADFORD, 2017a, p. 97) é uma teoria sociocultural que

Baseia-se na ideia fundamental de que a aprendizagem é tanto saber quanto tornar-se. Em outras palavras, a aprendizagem não pode se limitar ao eixo do conhecimento, mas deve também abordar o eixo do ser: o eixo dos sujeitos. A Teoria da Objetivação considera o objetivo

12 Disponível em: < http://catalogodeteses.capes.gov.br> Acesso em 10 fev 2018.

13 Disponível em: <http://luisradford.ca/publications/> Acesso em: 20 mar 2018.

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da educação matemática como um esforço dinâmico, político, social, histórico e cultural que busca a criação dialética de sujeitos reflexivos e éticos que se posicionam criticamente em discursos e práticas matemáticas que se constituem histórica e culturalmente, discursos e práticas que estão em constante evolução14 (RADFORD, 2017a, p. 97, tradução nossa).

De acordo com seu mentor, Luís Radford, a Teoria da objetivação (TO) é uma

teoria de ensino-aprendizagem que se preocupa com fenômenos relativos ao

processo de ensinar-aprender. Uma teoria de ensino-aprendizagem basicamente se

constitui para responder o quê, o porquê, como e quem aprende, ou seja, atenta para

os aspectos ontológicos (essência dos objetos de conhecimento) e epistemológicos

(como os objetos de conhecimento são aprendidos). Nesta teoria, os conceitos de

saber, conhecimento, aluno, professor, ensino-aprendizagem são ressignificados,

tendo como base a perspectiva sociocultural15.

Nosso processo de verificação inicial do Estado da Arte da TO foi registrado

em Gomes, Paiva e Noronha (2018). Fizemos um levantamento de teses e

dissertações produzidas no Brasil, que utilizam a TO como referencial teórico.

Buscamos trabalhos no catálogo on-line de teses e dissertações da Capes. No total,

localizamos as seguintes ocorrências.

Quadro 6 – Trabalhos identificados que utilizam a TO

Ano Tipo de Pós Autor Título Instituição

2008 Doutorado FERNANDES, Solange Hassan Ahmad Ali

Das experiências sensoriais aos conhecimentos matemáticos: uma análise das práticas associadas ao ensino e aprendizagem de alunos cegos e com visão subnormal numa escola inclusiva.

Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo

2010 Mestrado MARTINS, Elen Graciele.

O papel da percepção sonora na atribuição de significados matemáticos para números racionais por pessoas cegas e pessoas com baixa visão.

Universidade Anhanguera de

São Paulo

14 Texto original: “Se basa em la ideia fundamental de que el aprendizaje es tanto conocer como devenir. En otras palavras, el aprendizaje no puede ser limitado al eje del conocimiento sino que debe abordar también el eje del ser: el eje de los sujetos. La teoria de la objetivación considera la meta de la educación matemática como un esfuerzo dinâmico, político, social, histórico y cultural que busca la creación dialéctica de sujetos reflexivos y éticos que se posicionam criticamente en discursos y prácticas matemáticas que se constituyen histórica y culturalmente, discursos y prácticas que están em permanente evolución”.

15 No capítulo 3, explicamos com um maior detalhamento sobre a TO e as concepções de atividade, saber, conhecimento e ensino-aprendizagem.

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2012 Mestrado SERINO, Ana Paula Albieri.

Uma abordagem inclusiva para transformações geométricas: o caso de alunos cegos.

Universidade Anhanguera de

São Paulo

2012 Mestrado VELLOSO, Débora Silva

O desenvolvimento do pensamento e da linguagem algébrica no Ensino Fundamental: Análise de tarefas desenvolvidas em uma classe do 6º ano.

Universidade Federal de Ouro

Preto

2013 Mestrado CARRILHO, Ronaldo

O micromundo ritmática: uma abordagem multissensorial para os conceitos de razão e proporção.

Universidade Anhanguera de

São Paulo

2016 Mestrado BISSI, Tiago Álgebra e História da Matemática: análise de uma proposta de ensino a partir da matemática do antigo Egito.

Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

2016 Mestrado DONADO, Cristiano Campos

Vozes das mãos e sons dos olhos: discursos algébricos de surdos usuários da Língua Brasileira de Sinais – Libras.

Universidade Anhanguera de

São Paulo

2016 Doutorado SILVA, Filardes de Jesus Freitas da

Do campo para sala de aula: experiências matemáticas em um assentamento rural no oeste maranhense.

Universidade Federal do Pará

2016 Doutorado MINISINI, Emigudrud

A evolução do sentido para a noção de função afim para um grupo de estudantes de Licenciatura em Matemática.

Universidade Anhanguera de

São Paulo

2016 Doutorado GOMES, Severino Carlos.

Teorias de aprendizagem em matemática: um estudo comparativo à luz da Teoria da Objetificação.

Universidade Federal do Rio

Grande do Norte

Fonte: Gomes; Paiva e Noronha (2018, p. 6)

Dos trabalhos localizados, consideramos apenas os 10 que foram expostos

no Quadro 6, visto que, em nossa consulta inicial, ao analisarmos os títulos e resumos,

verificamos ocorrências repetidas e alguns apenas citam Luís Radford, mas não

utilizam a Teoria da Objetivação em seu marco teórico.

É possível evidenciar, pelo que foi demonstrado no Quadro 6, que 50% dos

trabalhos foram publicados no ano de 2016. Ainda destacamos em nosso artigo

(GOMES; PAIVA; NORONHA, 2018), que 60% dos 10 trabalhos selecionados utilizam

a Teoria da Objetivação como um dos principais fundamentos teóricos. Os principais

textos de Luís Radford citados nessas pesquisas foram:

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Quadro 7 – Textos de autoria de Luís Radford mais citados em pesquisas acadêmicas

Referências citadas nos trabalhos

RADFORD, L. Elementos de una teoría cultural de la objetivación, Relime - Revista latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa, Número Especial. 2006. 103-129.

RADFORD, L. Cognição matemática: história, antropologia e epistemologia. Organização e tradução de Bernadete Morey e Iran Abreu Mendes. São Paulo: Livraria da Física, 2011.

RADFORD, L. Introducción Semiótica y Educación Matemática. Revista Latinoamericana de Investigación in Matemática Educativa (Relime), número especial. 2006. p.7-21.

Fonte: Adaptado de Gomes; Paiva e Noronha (2018, p. 9)

Os textos mais citados, conforme evidencia o Quadro 7, são aqueles que

tratam principalmente da fundamentação da Teoria da Objetivação, que inclui a base

filosófica e epistemológica, o aspecto semiótico e os elementos concernentes ao

ensino-aprendizagem na perspectiva da TO.

Como já citado anteriormente, a busca dos textos nos possibilitou visualizar,

de forma geral e direta, alguns trabalhos que tenham relação com a Teoria que

embasa o aspecto teórico e metodológico do nosso estudo, de modo a permitir um

mapeamento ao consultar os títulos, resumos, trabalhos completos, metodologia e

referências.

É importante elucidarmos que nosso objetivo foi apenas conhecer quais

pesquisas estavam registradas no banco de teses e dissertações em um determinado

período com o fim de uma investigação geral, para podermos verificar em que medida

poderíamos contribuir com a disseminação da Teoria da Objetivação na pesquisa

brasileira. Tal justificativa é relevante, pois no site de Luís Radford, estão disponíveis

todas as publicações do autor, tanto as pesquisas em língua portuguesa quanto em

outros idiomas. Optamos, então, por pesquisar apenas com o intuito de conhecermos

pesquisas acadêmicas que utilizavam Radford e sua Teoria da Objetivação como

principais referências.

De acordo com as leituras dos textos localizados em nossa pesquisa de

Estado da Arte da Teoria da Objetivação, produzimos e registramos em Gomes, Paiva

e Noronha (2018, p. 11) o conteúdo do Quadro 8, que sintetiza as principais palavras-

chave que fundamentam a TO, são elas:

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Quadro 8 – Palavras-chave que sintetizam aspectos da fundamentação, da metodologia e os principais conceitos da Teoria da Objetivação

Fonte: Adaptado de Gomes; Paiva e Noronha (2018, p. 11)

Nossa pesquisa inicial de Estado da arte da Teoria da Objetivação permitiu

evidenciarmos que os trabalhos fundamentados com essa Teoria ainda possuem um

quantitativo mínimo, com poucas publicações registradas no catálogo de teses e

dissertações da Capes. Contudo, pelo que foi verificado em nosso levantamento,

destacamos que o número de trabalhos cresceu a partir de 2016.

O Quadro 8 apresenta uma síntese dos principais conceitos abordados pela

TO quanto à metodologia, fundamentação teórica e principais palavras-chaves para

estudo relacionado a essa Teoria. Trataremos sobre alguns desses conceitos no

capítulo 3, que caracteriza a TO.

Como mencionado anteriormente, no site16 de Luís Radford são

disponibilizadas várias publicações dea sua autoria e coautoria. Sendo assim, após

realizarmos buscas no catálogo de teses e dissertações da Capes, partimos para a

16 Disponível em: < http://luisradford.ca/> Acesso em: 10 jul 2019.

Palavras-chave quanto a

Fundamentação teórica da TO

Hegel

Marx

Vygotsky

Palavras-chave quanto aos aspectos metodológicos da TO

Alteridade

Atividade

Professor-colaborador

Conceitos-chave da TO

Cultura

Pensamento

Semiótica

Ensino-aprendizagem

Saber

Conhecimento

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busca de textos no site do autor que apresentam o termo álgebra ou algébrico no

título.

Quadro 9 – Publicações de Luís Radford que tenham o termo álgebra/algébrico no título17

Título Ano da publicação

Teaching and learning (algebra or something else): Working together to make sense of similarities and differences between theories (and understanding oneself).

2018

The emergence of symbolic algebraic thinking in primary school. 2018

The progressive development of early embodied algebraic thinking. 2014

On the development of algebraic thinking. 2012

Early algebraic thinking: Epistemological, semiotic, and developmental issues. 2012

Embodiment, perception and symbols in the development of early algebraic thinking. 2011

Elementary Forms of Algebraic Thinking in Young Students. 2010

Algebraic thinking from a cultural semiotic perspective. 2010

Signs, gestures, meanings: Algebraic thinking from a cultural semiotic perspective. 2010

Iconicity and Contraction: A Semiotic Investigation of Forms of Algebraic Generalizations of Patterns In Different Contexts.

2008

Perceiving the General. The Multi-Semiotic Dimension of Students’ Algebraic Activity.

Coautoria: Cristina Seabra

2007

Syntax and Meaning as Sensuous, Visual, Historical Forms of Algebraic Thinking.

Coautor: Luis Puig

2007

Perceptual semiosis and the microgenesis of algebraic generalizations.

Coautores: Caroline Bardini e Cristina Sabena

2006

The Cultural-Epistomological Conditions of the Emergence of Algebraic Symbolism. 2006

Algebraic Thinking and the Generalization of Patterns: A Semiotic Perspective. 2006

Narratives, expressions algébriques et calcul formel : de la constitution à la transformation du sens.

2003

Algebra as Tekhnē: Artefacts, Symbols and Equations in the Classroom. 2002

Crafting an algebraic mind: intersection form history and the contemporary mathematics classroom.

2002

The historical origins of algebraic thinking. 2001

17 Os trabalhos são de autoria de Radford e alguns textos foram escritos em coautoria. Apresentamos os coautores abaixo do título principal dos textos, no Quadro 9.

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67

Factual, Contextual and Symbolic Generalizations in Algebra. 2001

Students’ processes of symbolizing in algebra. A semiotic analysis of the production of signs in generalizing tasks.

2000

Signs and meanings in students’ emergent algebraic thinking: A semiotic analysis 2000

El aprendizaje del uso de signos en álgebra. Una perspectiva post-vigotskiana. 1999

The roles of Geometry and Arithmetic in the Development of Elementary Algebra: Historical Remarks from a Didactic Perspective.

1996

Some Reflections on Teaching Algebra Through Generalization. 1996

Entre les idées, les choses et les symboles. Une séquence d’enseignement d’introduction à l’algèbre.

1996

On the dialectical relationships betweensymbols and algebraic ideas.

Coautora: Monique Grenier

1996

Quadratic equations: Re-inventing the formula. A teaching sequence based on the historical development of algebra.

Coautor: Georges Guérette

1996

L’émergence et le développement conceptuel de l’algèbre [The emergence and conceptual development of algebra].

1995

Before the other unknowns were invented: didactic inquirieson the methods and problems of medieval Italian algebra.

1995

L’algèbre comme outil de démonstration 1993

Le raisonnement algébrique: une réflexion épistémologique. 1993

Arithmetical and Algebraic Thinking in Problem-Solving

Coautores: Nadine Berdnarz, Bernadette Janvier e André Lepage

1992

Diophante et l’algèbre pré-symbolique 1992

Le raisonnement algébrique dans la résolutionde problèmes écrits: un modèle d’interaction de représentations

1992

Sen 2° y los numeros algebraicos en el sentido de abel. 1990

Fonte: Produzido pela autora

Na página virtual localizamos 3618 trabalhos que possuíam o termo álgebra e

algébrico no título. Esse levantamento demonstrou que o autor possui grande

interesse na temática, pois, suas primeiras publicações registradas no site já se

18 A página ainda apresentava outros dois títulos, mas como não exibia o trabalho na íntegra, optamos

por registrar no quadro apenas as publicações que continham o acesso ao texto completo.

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68

relacionavam ao ensino-aprendizagem da álgebra, pelo que observamos no título dos

artigos.

A página on line expõe e organiza as publicações do autor anualmente. Os

primeiros textos expostos são da década de 80, assim, verificamos artigos sobre a

álgebra com referência registrada nos anos de 1982, 1988 e 1989. Quanto à década

de 90, o site apresenta publicações de 1992 a 1999. A partir dos anos 2000,

verificamos publicações do ano de 2000 a 2019 que apresentam o termo

álgebra/algébrico no título. Dos 36 textos selecionados, nenhum foi escrito no idioma

português, apenas em espanhol, inglês e francês.

Apenas pela leitura dos títulos é possível sinalizar que Radford destaca em

seus textos a relação da álgebra com os meios semióticos, salienta o desenvolvimento

do pensamento algébrico com crianças principalmente relacionado as generalizações

de padrões numéricos e geométricos. Ressaltamos que não identificamos no

levantamento inicial, artigos de Radford que tratem especificamente sobre a noção de

equivalência e o símbolo de igualdade relacionados à álgebra.

Após este mapeamento geral, no próximo capítulo especificaremos aspectos

teóricos fundamentais da Teoria da Objetivação para a presente investigação.

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69

3 TEORIA DA OBJETIVAÇÃO E OS CONCEITOS DE ATIVIDADE, SABER,

CONHECIMENTO E ENSINO-APRENDIZAGEM

No presente capítulo, abordamos elementos fundamentais da Teoria da

Objetivação para esta investigação. Iniciamos apresentando nossa definição da TO e,

em seguida, discutimos acerca das concepções de atividade, saber, conhecimento e

processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Radford (2020), a TO é uma teoria de ensino-aprendizagem

sociocultural que se foca no eixo do aprender e do ser (tornar-se). Esta Teoria se apoia

fortemente na semiótica e tem como base estudos de Marx, Hegel e Vygotsky. A TO

se baseia nesses estudiosos no que diz respeito principalmente a noção de homem e

cultura como consubstanciados, por isso, a Teoria da Objetivação se insere numa

perspectiva sociocultural. Ou seja, é pela e na cultura que os sujeitos se formam e se

desenvolvem integralmente. Para a TO, o homem é um ser integral, que não pode ser

concebido e desenvolvido aquém da cultura na qual está inserido, destarte, o

processo de ensino-aprendizagem é cultural e social.

Vergel (2014, p. 37, tradução nossa), ao tratar sobre a caracterização da

cultura, esclarece que a mesma é um

complexo que serve para nomear a acumulação de conhecimentos, conceitos, técnicas, atividades, crenças e valores, expressos em símbolos e práticas, que caracterizam qualquer grupo humano, e que é geralmente transmitido - embora não mecanicamente - no tempo (de uma geração para outra) e no espaço (de um lugar para outro)19.

O papel da cultura é um aspecto central na TO, uma vez que, como destacado

anteriormente, é pela e na cultura que os seres humanos se desenvolvem e atribuem

significados. Considerando isso, a TO concebe o ensino-aprendizagem como um

processo cultural e atenta para os elementos que envolvem o movimento de encontro

dos indivíduos com os objetos matemáticos. Nesse contexto, a TO se preocupa com

aspectos referentes ao o quê, como e para que se educa. Além disso, atenta para o

ser (tornar-se), ou seja, não foca apenas no eixo da cognição, posto que assume a

19 Texto original: “complejo que sirve para nombrar el cúmulo de conocimientos, conceptos, técnicas, actividades, creencias y valores, expresados en símbolos y prácticas, que caracterizan a cualquier grupo humano, y que suele transmitirse aunque no mecánicamente- en el tiempo (de una generación a otra) y en el espacio (de un lugar a otro)”.

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70

Educação Matemática como “um esforço político, social, histórico e cultural dirigido a

criação dialética de sujeitos reflexivos e éticos que se posicionam criticamente em

práticas matemáticas constituídas histórica e culturalmente20” (RADFORD, 2020, p.

16, tradução nossa). Assim, a TO propõe uma matemática que considera os modos

culturais de pensar e agir no mundo e os elementos semióticos implicados no

processo de encontro e familiarização com os objetos matemáticos já constituídos

histórico e socialmente. Nesse sentido Morey (2020, p. 67) destaca que a TO é uma

teoria de abordagem semiótica, isto é,

os pressupostos básicos da TO são definidos em termos que recorrem aos signos. Os signos, por sua vez, desempenhando o papel de comunicação e expressão, participam de todo o processo de ensino e aprendizagem: no processo de refinamento das formas de pensar e agir que levam à constituição do saber; no labor conjunto que conduz à materialização do saber em conhecimento, no esforço para objetivar as formas culturais de pensamento e ação; nos processos de objetivação e subjetivação (MOREY, 2020, p. 67)

No processo de conhecer (objetivação) e ser (subjetivação), a Teoria da

Objetivação faz uso dos signos/registros semióticos, não limitando esses a meras

representações, mas compreendendo-os como estruturas dotadas de significações

culturais. Para Radford (D’AMORE; RADFORD; BAGNI, 2017), a matemática pode

ser expressa através de signos, como os símbolos matemáticos escritos, mas também

por meio de palavras faladas, ações, gestos que refletem modos de pensar e agir

sobre o mundo.

Sendo assim, podemos dizer que a TO é uma teoria de ensino-aprendizagem

que (1) concebe e ensino e a aprendizagem como um único processo que implica

tanto o saber como o ser; (2) se apoia em uma base filosófica, que é o materialismo

dialético, e na escola de pensamento de Vygotsky, no sentido de considerar homem

e cultura como consubstanciados; (3) tem uma abordagem semiótica.

Fundamentados nessa perspectiva, objetivamos caracterizar, a partir da TO,

as estratégias de pensamento suscitadas em crianças do Ensino Fundamental (4º e

5º ano do NEI/CAp-UFRN) no processo de introdução da álgebra. Para realizar a

referida caracterização tomamos como base as concepções teóricas de atividade

20 Texto original: “un esfuerzo político, social, histórico y cultural dirigido a la creación dialéctica de sujetos reflexivos y éticos que se posicionan críticamente en prácticas matemáticas constituídas histórica y culturalmente”.

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71

(labor conjunto), saber, conhecimento, bem como da definição de processo de

ensino-aprendizagem propostas pela TO, abordagem utilizada na organização e na

análise das tarefas.

A compreensão de tais categorias deu-se no intuito de embasar nossa

abordagem teórica e metodológica, já que utilizamos a TO na organização (aspecto

estrutural e na concepção relacional dos sujeitos) e na análise das tarefas. Nas

próximas seções abordamos, em detalhes, o significado de atividade para a TO, assim

como das concepções de saber e conhecimento para, discutir e esclarecer sobre o

significado do processo de ensino-aprendizagem pela vertente desta teoria.

3.1 Atividade: um conceito central para a Teoria da Objetivação

A atividade para a TO é denominada de labor conjunto. A ideia de labor

decorre de Leóntiev (1978) e tem relação com o papel da prática, da objetivação, do

concreto e da coletividade no processo de atualização do saber em conhecimento.

Diferentemente da concepção subjetivista, que enfatiza o pensamento e a razão ao

invés do que é material, a TO se fundamenta em Marx, que defende que o homem é

determinado pelos processos de vínculos reais e vice-versa (LEÓNTIEV, 1978).

Em suma, a atividade para a TO fundamenta-se na noção de que o ser

humano é parte da natureza e satisfaz suas necessidades através da atuação no meio

social. Portanto, para a TO, a atividade humana não é considerada meramente

instrumental, mecânica e nem uma série de ações coordenadas, mas é dinâmica, um

meio de expressar a vida.

No processo de ensino-aprendizagem, a atividade não se resume a um

momento de realização de uma simples tarefa escolar. Para a TO, a atividade possui

um conceito mais amplo, que contém objetivos e estratégias para se alcançar o fim

pretendido e ainda, em seu conceito, enfatiza o papel cultural, dos signos e de seu

uso pelos sujeitos. No labor conjunto acontece uma série de ações mobilizadoras

(discussões orais entre alunos-alunos, alunos-professores, registros escritos, uso de

gestos, dentre outros), de diferentes naturezas (social, cognitiva, dentre outras) que

fomentam o encontro dos envolvidos com o saber matemático.

Assim, para a TO, a aprendizagem acontece na atividade, isto é, no labor

conjunto (RADFORD, SABENA, 2015). Por isso, a Teoria da Objetivação legitima a

atividade como um conceito-chave, apresentando-a como um conceito central no

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processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, na presente investigação, nos

baseamos em Radford (2006a, 2013, 2017c) para afirmarmos que o encontro,

reconhecimento e familiarização dos sujeitos com o saber algébrico, isto é, o ensino-

aprendizagem da álgebra, ocorre na atividade ou labor conjunto. Para Radford

A atividade deve ser vista como uma fonte de vida; um esforço conjunto em que passamos a agir, pensar e sentir juntos [...]. Minha tese, para resumir, é que devemos conceber a atividade como um esforço conjunto, e o trabalho conjunto, como um trabalho de estudantes e de professores e alunos trabalhando lado a lado, protegidos em formas não individualistas de cooperação humana e formas comunitárias de produção de saberes (RADFORD, 2017c, p. 156, tradução nossa21).

Ou seja, ensinar-aprender é eminentemente social. Considerar o processo de

ensino-aprendizagem como social significa dizer que ele não ocorre de modo

espontâneo. Para Vygotsky (2008), a aprendizagem ocorre através da relação entre

o sujeito e o objeto de conhecimento, essa relação ocorre por meio de instrumentos,

ou seja, o instrumento é um mediador. Contudo, quanto à função mediadora dos

instrumentos, Radford (2018a) e Radford e Sabena (2015) defendem que os

instrumentos semióticos não são simplesmente mediadores, mas que fazem parte do

processo de materialização do conhecimento. Na atividade, os meios semióticos

compõem o pensamento algébrico e não apenas o mediam. Vergel e Rojas (2018)

recorrem à TO para enfatizar que pensar é um modo de agir e refletir, essa ação-

reflexão sobre o mundo ocorre por artefatos, pelo corpo, com o uso de gestos, de

movimentos, dentre outros. Dessa forma, a atividade é semiótica, uma vez que

considera os significados culturais dos diferentes recursos/meios semióticos no

processo de objetivação, ou seja, no processo de ensino-aprendizagem, como

demonstra Vergel e Rojas (2018).

Outro aspecto importante a ser ressaltado neste tópico, é o papel do outro,

destacado por Radford (2017c) ao denominar a atividade de labor conjunto. Na

perspectiva da TO, o outro tem um papel essencial no processo de objetivação

(conhecer). A sala de aula se define como uma rede de relações coletivas e

21Texto original: “La actividad debe ser vista como una fuente de vida; una labor conjunta en que llegamos a actuar, pensar y sentir juntos [...]. Mi tesis, para decirlo brevemente, es que debemos concebir la actividad como labor conjunta, y la labor conjunta como una labor de estudiantes, y de docentes y estudiantes que trabajan hombro con hombro, amparados en formas no individualistas de cooperación humana y formas comunitarias de producción de saberes”.

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colaborativas. Assim, o professor e os alunos assumem papeis de agentes, com foco

não em um resultado final, mas no processo de produzir colaborativamente algo

(RADFORD, 2018b) com uma postura de relações horizontais entre professor-aluno,

aluno-professor e aluno-aluno, sem dicotomias ou superioridade. No ambiente de

aprendizagem a TO enfatiza que não se deve atentar apenas para a aquisição e

internalização de habilidades como um produto final, mas para o papel dos

participantes, suas diferentes linguagens, posicionamentos críticos e postura ao lidar

com diversas situações e os meios/recursos semióticos demonstrados pelos sujeitos.

Assim, nosso foco de ensino-aprendizagem encontra-se em fatores mais

amplos do que os aspectos puramente internos (cerebrais, cognitivos) dos sujeitos,

posto que a aprendizagem ocorre no labor conjunto. O labor, conforme esclarecido,

não se limita a uma série de procedimentos técnicos para o alcance de um objetivo,

mas se constitui como uma rede de relações colaborativas que considera

principalmente o processo e não apenas o produto, num contexto em que o saber não

é exclusivo do professor e nem do aluno. Nas relações éticas do labor conjunto “não

há linha divisória entre eu e o outro, há espaço para um compromisso verdadeiro entre

os participantes da atividade22” (RADFORD, 2017c, p. 140, grifo do autor, tradução

nossa).

Essa proposição de atividade como um trabalho conjunto e colaborativo na

TO, se coaduna com a perspectiva freireana da pedagogia crítica. Nela, o aluno não

é concebido como um ser indiferente e apático que apenas recebe conteúdos do

professor, como se este fosse o único detentor de saberes. A ênfase na obtenção de

capacidades não é o foco da TO, pois a Teoria da Objetivação vai de encontro a uma

educação bancária, isto é, aquela em que

O educador é o que educa; os educandos, os que são educados; o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem; o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; o educador é o que diz a palavra, os educandos, os que as escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição; o educador é o que atua; os educandos, os que tem a ilusão de que atuam, na atuação do educador; o educador escolhe o conteúdo programático, os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que põe antagonicamente à liberdade dos

22 Texto original: “No hay línea divisoría entre yo y el otro, hay espacio para un compromiso verdadero entre los participantes de la actividad.”

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educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, mero objetos (FREIRE, 1987, p. 34).

Em suma, por considerar aspectos que não se detém apenas ao eixo da

cognição e por tratar o saber como algo democrático, que não é próprio apenas do

professor, julgamos pertinente, no próximo tópico, esclarecer acerca dos conceitos de

saber e conhecimento segundo a Teoria da Objetivação.

3.2 Saber e conhecimento

Para a TO, o saber é algo que está em potencial, ou seja, ainda não se

concretizou e nem foi visualizado materialmente. Referir-se ao saber algébrico como

uma potencialidade implica diretamente, de acordo com Radford (2017a), a remeter-

se ao saber não como um objeto de contemplação, mas como algo que pode ser

acessado por meio da atividade, que põe tal saber em movimento e o atualiza em

conhecimento.

A ideia é considerar o saber não como um objeto que é construído ou transmitido, mas como uma possibilidade, isto é, algo potencial que emerge da atividade humana e que é imbricado em um processo de movimento - de tornar-se, para ser mais preciso, materializar ou expressar-se em conhecimento23 (RADFORD, 2017a, p. 100, tradução nossa)

O conhecimento, então, é a atualização do saber. Ou seja, saber e

conhecimento são distintos, uma vez que o saber é potencialidade e o conhecimento

é a concretização, ou atualização do saber. Radford (2017a) ilustra o processo de

atualização do saber em conhecimento por meio de uma remissão aos instrumentos

musicais, os quais possuem potencialmente capacidade de emitir sons, contudo,

sozinhos, não emitem ruídos. Isso porque necessitam que alguém os coloque em

movimento e produzam os sons de uma melodia, concretizando o que estava em

potencial.

23 Texto original: “La idea es considerar el saber no como objeto que se construye o se transmite, sino como posibilidad, es decir, algo potencial que emerge de la actividad humana y que se imbrica en un proceso de movimiento — de devenir, para ser más precisos — para materializarse o expresarse en conocimiento”.

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No que concerne ao ensino-aprendizagem, a atualização do saber (S) em

conhecimento (C) é um processo eminentemente dinâmico. A Figura 7, apresentada

por Radford (2017a, p. 110), representa a dinamicidade desse processo por meio da

atividade, registrada pelas setas. Nesse processo, destacamos que o saber (S) se

ressignifica e pode se desdobrar em um novo saber (S’).

Figura 7– Representação do movimento de atualização do saber em conhecimento, por meio da atividade

FONTE: Radford (2017a, p. 110)

Essa ideia de uma movimentação constante do saber específico, cultural e

histórico em conhecimento (Figura 7) advém do materialismo histórico dialético. Sobre

essa perspectiva, chamamos atenção para o fato de que Marx e Engels (POLITZER,

1984), diferentemente da vertente idealista que prioriza a realidade subjetiva,

concebiam os aspectos objetivos e materiais como fator importante na formação e

estruturação social, como meio de um desenvolvimento humano condicionado às

interações e relações sociais.

No materialismo dialético, não se analisa e nem se concebe algo de forma

isolada, pois, nesta perspectiva, a visão estática não é utilizada, mas prioriza-se a

ideia de movimento, dinamicidade, relação social e cultural (POLITZER, 1984). Por

essa razão, a atividade humana é considerada pela TO como um sistema complexo,

muito além de uma sequência de ações, visto que, é por meio da atividade que o

homem se constiui, expressa sua vida, atua e produz sua existência.

Essa movimentação dinâmica do conhecimento (Figura 7) como uma

atualização do saber é um dos principais pilares para compreender nossa estrutura

investigativa, uma vez que o saber algébrico se atualiza em conhecimento algébrico,

sendo assim, nesse processo, pretendemos verificar e caracterizar quais estratégias

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de pensamento as crianças utilizam no processo de ensino-aprendizagem da álgebra,

visto que, o pensamento é uma forma de agir e refletir sobre o mundo. Na próxima

seção, apresentamos nosso posicionamento acerca do que é ensinar-aprender para

a Teoria da Objetivação e, para concluir, especificamos de modo detalhado os

elementos que compõem o processo de ensino-aprendizagem nesta investigação.

3.3 Processo de ensino-aprendizagem

A Teoria da Objetivação trata a aprendizagem concebida a partir de dois

principais eixos. O primeiro diz respeito a compreendê-la como indissociável do

ensino, ou seja, o ensino-aprendizagem são partes de um mesmo processo cultural e

social que ocorre na atividade ou labor conjunto. O segundo eixo concebe a

aprendizagem sob uma perspectiva que vai além da formação, internalização ou

interiorização de conhecimentos, com foco na obtenção de um produto final, um

conceito científico, por exemplo. Ensinar-aprender, então, é um processo não

individualista que ocorre na atividade e que promove a formação do saber e do ser, já

que no labor conjunto os sujeitos produzem subjetividades e se constituem como

sujeitos. Em suma,

A educação em geral e o ensino-aprendizagem, em particular, não lidam apenas com o saber. A educação em geral e o ensino-aprendizagem, em particular, lidam com os saberes e os seres [...]. No ensino-aprendizagem, devem ser estudados tanto o conhecimento em questão (isto é, promover o "conhecimento" dos alunos), como também a formação do estudante como sujeito humano (isto é, a transformação ou "tornar-se", isto é, a perpétua transformação do sujeito)24. (RADFORD, 2014, p. 135, grifo do autor, tradução nossa)

Por esse motivo, nossa concepção de ensino-aprendizagem parte de um

princípio educativo que vai de encontro a uma concepção individualista com foco na

internalização ou interiorização de conceitos científicos pelo sujeito. Visto que, para a

24 Texto original: “La educación en general y la enseñanza y aprendizaje en particular no tratan de saberes únicamente. La educación em general y la enseñanza y aprendizaje en particular tratan de saberes y de seres [...] en la enseñanza y aprendizaje deben estudiarse tanto los conocimientos en juego (es decir, el conociendo o “knowing” de los alumnos), como la formación del alumno en tanto que sujeto humano (es decir, el volviéndose o “becoming,” esto es, la transformación perpetua del sujeto)”.

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TO, o ensino-aprendizagem se preocupa com o processo de encontro,

reconhecimento e familiarização dos objetos matemáticos e de que forma tais objetos

repercutem na formação dos sujeitos. A aprendizagem, nesse sentido, “é um encontro

com o saber e sua transformação subjetiva” (RADFORD, 2017b, p. 118). Assim, o

processo dinâmico de objetivação (conhecer) e subjetivação (tornar-se), definem o

ensino-aprendizagem na perspectiva da TO.

Em suma, ensinar-aprender para Radford não se baseia em uma perspectiva

dualista com dois sistemas ou leis psicológicas: o interno e o externo. É um processo

dialético de fusão, de encontro entre indivíduos e os objetos de conhecimento

(RADFORD, 2017b). A Figura 8 a seguir ilustra o movimento dialético de ensino-

aprendizagem que ocorre na atividade ou labor conjunto.

Figura 8 – Processo dialético de ensino-aprendizagem na atividade

Fonte: Radford (2014, p. 135, traduzido e adaptado por nós)

De acordo com a Figura 8, a atividade ou labor conjunto tem um papel central

na TO, uma vez que é nela que o processo de ensino-aprendizagem acontece.

Diferentemente das abordagens individualistas e puramente construtivistas que

consideram o sujeito como autônomo, em nossa investigação, consideramos o papel

da cultura e dos diferentes meios e recursos25 semióticos como elementos que

constituem o pensamento algébrico. Vergel (2014) explica que para Radford os meios

semióticos são gestos, artefatos, recursos linguísticos, corporais ou quaisquer outros

signos utilizados pelos sujeitos que expressem significado e demonstrem uma

intencionalidade dentro de práticas sociais.

25 No decorrer deste trabalho, meio e recurso semiótico são utilizados como sinônimos. Meios são as diferentes formas culturais utilizadas para e na obtenção de um objetivo (RADFORD, 2006b).

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Portanto, para a TO, o ensino-aprendizagem da álgebra não acontece apenas

ao fazer uso do simbolismo ou signos algébricos em tarefas com incógnitas e

variáveis, mas acontece no labor conjunto, que possibilita o encontro e

reconhecimento dos sujeitos com formas de ação e reflexão algébricas constituídas

histórica e culturalmente (VERGEL; ROJAS, 2018). Esse encontro é possível porque

para a Teoria da Objetivação o saber não é apenas um objeto de contemplação,

inalcançável, ele existe potencialmente e pode ser alcançado por meio da atividade.

Em síntese, ensinar-aprender para a TO se define como: 1) conhecer algo

(objetivação) e 2) de que forma tal conhecimento repercute na formação dos sujeitos;

(tornar-se) 3) a aprendizagem acontece na atividade (labor conjunto), 4) num

movimento dinâmico em que os sujeitos são considerados como agentes que atuam

e refletem sobre o mundo.

3.4 Especificidades pedagógicas do processo de ensino-aprendizagem em

nossa investigação

Nesta seção, esboçamos as intenções e especificidades pedagógicas de

nossa investigação, uma vez que compreendemos que qualquer prática realizada no

âmbito escolar apresenta um propósito, uma intencionalidade. Assim, a estrutura

pedagógica de nossa atividade é apresentada figurativamente (Figura 9), com base

em Radford (2018c, texto inédito).

Figura 9 – Estrutura pedagógica da atividade

Fonte: Elaborada pela autora, baseado em Radford (2018c, texto inédito)

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Radford (2018c, texto inédito) caracteriza a atividade como um projeto

didático, a partir de seu propósito pedagógico. Para o autor, o percurso da atualização

do saber em conhecimento possui um caráter flexível, porém, é fundamentado em

uma relação intencional/pedagógica denominada objeto-objetivo-tarefa. Em nossa

investigação, pretendemos caracterizar as estratégias de pensamento demonstradas

pelas crianças. Assim, na atividade (labor conjunto), ou seja, nas 10 sessões

realizadas, nossa intenção pedagógica era que as crianças do 4º e 5º ano do NEI

pensassem algebricamente a resolução de sentenças matemáticas (objeto

pedagógico), para isso, apresentamos sentenças matemáticas com um termo

desconhecido para os alunos resolvessem (objetivo pedagógico). Nosso intento era

que o objeto fosse alcançado no decorrer das sessões e, para isso, o objetivo foi um

orientador, à medida que também se configurou como uma meta, a partir da realização

das sessões.

No decorrer desse processo, apesar de termos objetivos investigativos e

pedagógicos claramente definidos, assumimos uma postura de natureza flexível na

atividade ou labor conjunto, acerca disso, Radford explica que

A natureza dialética em que se desenvolve a atividade pode ser melhor compreendida se lembrarmos que a atividade é um processo localizado no espaço e no tempo que, apesar de afetada pelo projeto didático, não pode ser determinada antecipadamente. Os professores e pesquisadores podem ter uma ideia, mas o processo não é mecânico ou determinista. A forma como a atividade ocorre depende da forma como os alunos e professores se envolvem na atividade, como eles respondem uns aos outros, suas relações dinâmicas com o saber em geral e com instituições, etc. (RADFORD, 2018c, p. 7, texto inédito).

Por isso, a natureza essencialmente dinâmica de nossa atividade nos permite

realizar um desenho metodológico fundamentado não em técnicas e procedimentos

fixos. Radford (2015) destaca que a ênfase não se encontra em etapas pré-

determinadas, mas na vivência do labor conjunto. O autor ilustra uma situação,

apresentada na Figura 10, que representa a dinâmica pedagógica de uma atividade

na perspectiva da TO.

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Figura 10 – Dinâmica pedagógica da atividade na perspectiva da TO

Fonte:(RADFORD, 2015, p. 556)

Conforme demonstrado na Figura 10, a atividade apresenta algumas

especificidades no que concerne a relação dos sujeitos como, por exemplo, a ênfase

na organização das crianças em grupos e a discussão coletiva permeando a resolução

das problematizações, que podem ser geradas tanto pelo professor quanto pelos

alunos.

Assim, estruturamos pedagogicamente as 10 sessões com as crianças do 4º

e 5º ano do NEI, baseados na intencionalidade da atividade, apresentada na Figura

9, bem como na configuração relacional dos sujeitos, proposta por Radford (Figura

10). Reiteramos que no decorrer da atividade, é preciso atentar para alguns pontos

essenciais:

a) Levar em consideração o que os alunos sabem; b) são interessantes do ponto de vista dos alunos; c) Abrir um espaço de reflexão e interação crítica através da discussão em pequenos grupos, entre discussões em pequenos grupos e discussões gerais; d) Tornar significativos conceitos matemáticos alvo em níveis conceituais profundos; e) Oferecer aos alunos a oportunidade de refletir matematicamente de diferentes maneiras (não apenas através das lentes da matemática dominante); e f) São organizados de tal forma que existe um fio conceitual orientado para problemas de crescente

complexidade matemática26 (RADFORD, 2015, p. 554-555, tradução nossa).

26Texto original: “a) Take into consideration what the students know; b) Are interesting from the students’ point of view; c) Open up a space of critical reflection and interaction through small groups discussion, between small groups discussions, and general discussions; d) Make meaningful the target mathematical concepts at deep conceptual levels; e) Offer the students the occasion to reflect mathematically in different ways (not only through the lenses of dominant mathematics); and f) Are

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Em suma, a fundamentação de nossas sessões considerou o processo de

ensino-aprendizagem como pedagógico e intencional. No labor conjunto, o saber é

posto em movimento e atualizado em conhecimento, como o saber não se atualiza de

maneira espontânea, as 10 sessões de nossa atividade promoveram momentos de

discussões e desafios matemáticos com o fim de colaborar para o alcance do objeto

e objetivo pedagógicos elencados.

organized in such a way that there is a conceptual thread oriented towards problems of increasing mathematical complexity”.

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4 O PENSAMENTO ALGÉBRICO NA PERSPECTIVA DA TEORIA DA

OBJETIVAÇÃO

No presente capítulo, tratamos sobre a caracterização do pensamento

algébrico na perspectiva da Teoria da Objetivação (TO). Primeiramente, julgamos

pertinente esclarecer que nesta investigação adotamos uma concepção de

pensamento que não se limita a uma atividade puramente mental. Baseados em

Radford (2006a), afirmamos que pensar é uma prática social multimodal. Segundo o

autor, a Teoria da Objetivação se opõe a estudos racionalistas e idealistas, visto que

a TO evidencia o movimento “entre uma realidade histórica e culturalmente constituída

e um indivíduo que a refrata (e modifica) de acordo com as interpretações subjetivas

e os sentidos subjetivos27” (RADFORD, 2006a, p. 108, tradução nossa). Logo, a

cultura e seus significados constituem a nossa forma de pensar/agir, posto que o

homem e a cultura são consubstanciados, não há dicotomias entre o exterior e interior

humano, há um movimento dialético do saber em potencial em conhecimento

materializado.

Para Radford, considerar o pensamento como uma prática social e multimodal

implica visualizá-lo materialmente de diferentes formas. Por exemplo, uma criança

pode expressar o pensamento algébrico sem necessariamente fazer uso simbólico de

equações e incógnitas. Assim, nossa concepção de álgebra e pensamento algébrico

não se detém apenas a uma manipulação simbólica e abstrata.

Vergel e Rojas (2018) apontam que historicamente a álgebra apresentou

diversas concepções, essas visões foram definidas principalmente pela relação

cultural da álgebra com a aritmética. Há, por exemplo, conceitualizações da álgebra

como um estudo de procedimentos para resolução de problemas, de relações entre

quantidades e verificação de estruturas, dentre outros. A adoção de cada uma dessas

concepções, que associa o conceito de álgebra e pensamento algébrico a partir de

sua relação com a aritmética, se desdobra nos objetivos, abordagem e caracterização

metodológica do processo de ensino-aprendizagem da álgebra.

27 Texto original: “entre una realidad constituída histórica y culturalmente y un indivíduo que refracta (y la modifica) segun las interpretaciones y sentidos subjetivos própios”.

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No que concerne à relação aritmética-álgebra, destacamos duas principais

vertentes. A primeira diz respeito a uma continuidade entre aritmética e álgebra

(KAPUT, 2000; BLANTON et. al, 2018), ambas tratadas como uma questão

ininterrupta, de filiação e transição.

Para autores como Molina (2006), Castro e Molina (2007), Fernández e Ivars

(2016), a perspectiva que aproxima o pensamento aritmético do algébrico parte de um

viés que enfatiza as relações entre os números e operações. Essa tendência foca no

denominado pensamento relacional (MOLINA, 2006), que permite a aproximação

entre aritmética e álgebra por meio do uso das propriedades dos números e

operações.

Figura 11 – Esquema do pensamento relacional

Fonte: Elaborado pela autora

Como observado na Figura 11, o pensamento relacional compõe o

pensamento algébrico e inter-relaciona este com o aritmético. Pensar de modo

relacional, implica “Considerar as expressões e equações aritméticas em sua

totalidade, e usar as propriedades das operações aritméticas para relacionar a

transformação de expressões aritméticas”.28 (FERNÁNDEZ; IVARS, 2016, p. 14,

28 Texto original: “considerar las expresiones aritméticas y ecuaciones en su totalidade, y utilizar las propiedades fundamentales de las operaciones aritméticas para relacionar o transformar las expresiones aritméticas”.

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tradução nossa). Nessa tendência, o uso pelos sujeitos de propriedades dos números

e operações funciona como uma estratégia facilitadora no processo de resolução de

uma equação, indica uma ação compreensiva ao invés de mecânica, com significado,

ao contrário da aplicação automática de uma regra ortodoxa.

Em nossa tese, consideramos como pertinente o uso das propriedades dos

números e operações, uma vez que os alunos utilizam procedimentos aritméticos para

solucionar problemas com números conhecidos e desconhecidos. Reiteramos que o

uso das operações e suas propriedades colaboram no desenvolvimento e

estruturação do pensamento algébrico.

Contudo, nosso foco está na segunda tendência, que consiste na concepção

de uma ruptura entre o pensamento algébrico e aritmético (BEDNARZ et al., 1992;

FILLOY, ROJANO, 1989; FILLOY, ROJANO, PUIG, 2008; RADFORD, 2013). Essa

vertente destaca o pensamento analítico como o principal diferencial entre a aritmética

e a álgebra (RADFORD, 2013).

Para o referido autor, existe uma ruptura, um “corte” entre o pensamento

algébrico e aritmético (RADFORD, 2013), dessa forma, mesmo considerando as

operações, os números e suas propriedades aritméticas, o processo de introdução à

álgebra não ocorre diretamente pelo caminho do aprofundamento em procedimentos

aritméticos. Assim, para a TO, a aritmética colabora no desenvolvimento do

pensamento algébrico, mas há distinção entre eles, não uma continuidade com

caminhos alternativos, como o uso de propriedades das operações. No Quadro 10,

sintetizamos o que caracteriza de modo específico o pensar aritmético e algébrico.

Quadro 10 – Pensamento aritmético e algébrico

Pensamento aritmético

- Concebe quantidades desconhecidas como indeterminadas. E elas não são tratadas em primeiro plano; - Considera métodos baseados em raciocínios com números conhecidos (e não com quantidades indeterminadas), como o método de “tentativa e erro”, de proporcionalidade, dentre outros; - O indeterminado pode ser nomeado por meio de diferentes linguagens.

Pensamento algébrico

- Concebe quantidades desconhecidas como se fossem conhecidas, isto é, há um sentido ao indeterminado; - Não considera a “tentativa e erro” e outros métodos aritméticos na resolução de problemas;

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- Faz uso de premissas, em um processo dedutivo-analítico; - O indeterminado pode ser nomeado por meio de diferentes linguagens; - Não pode ser alcançado por caminhos indiretos; - A incógnita é tratada em primeiro plano.

Fonte: elaborado pela autora

Consoante o Quadro 10, a indeterminação e a representação semiótica,

isto é, a nomeação ao indeterminado (RADFORD, 2010) compõem o pensamento

algébrico, mas também podem estar presentes no pensamento aritmético. Sendo

assim, o principal vetor que caracteriza o pensar algébrico é a analiticidade, que

consiste em dois principais elementos: a) a ação com o indeterminado como se fosse

determinado e b) o uso de premissas para a resolução de problemas, com a utilização

da dedução. Sintetizamos o Quadro 10 com a proposição do Quadro 11.

Quadro 11 – Síntese - Vetores do pensamento algébrico segundo Radford (2010)

Pensamento algébrico

- Analiticidade - Representação semiótica - Indeterminação

Pensamento aritmético

- Representação semiótica - Indeterminação

Fonte: elaborado pela autora

Compreender diferenciações e aspectos específicos da álgebra e da

aritmética é imprenscindível para professores dos anos iniciais do Ensino

Fundamental, em razão de que, em conformidade com Radford (2008; 2013), não

podemos ensinar aritmética julgando ser álgebra, ou vice-versa.

Esboçamos cada uma dessas especificações e caracterizações nas próximas

seções.

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4.1 A analiticidade

A analiticidade é a principal característica do pensamento algébrico. Deste

modo, é o que distingue a aritmética da álgebra, de acordo com a Teoria da

Objetivação.

A analíticidade se fundamenta em dois vetores, o primeiro é que a mesma

apresenta ações com o desconhecido como se fosse conhecido e assim o faz por

meio da dedução, sendo assim, a analiticidade não pode ser alcançada por intermédio

de relações aritméticas entre os números. A dedução é uma estratégia de pensar a

partir de premissas, desta forma, não faz uso da “tentativa e erro”, pois se fundamenta

em uma sequência ou ordem de certezas.

A TO se baseia em René Descartes, que explicita um tratamento analítico ao

não diferenciar quantidades explícitas e implícitas em cálculos que envolvem a

geometria analítica (RADFORD, 2013). Descartes relaciona álgebra à geometria e

aproxima a matemática da filosofia ao tratar sobre o processo minucioso de resolução

de problemas baseado em premissas.

Para Descartes, o método filosófico para resolver problemas por intermédio

da dedução e racionalismo consiste em:

[...] nunca aceitar como verdadeira nenhuma coisa que eu não conhecesse evidentemente como tal; isto é, em evitar, com todo o cuidado, a precipitação e a prevenção, só incluindo nos meus juízos o que não se apresentasse de modo tão claro e distinto a meu espírito, que eu não tivesse ocasião alguma para dele duvidar. O segundo, em dividir cada uma das dificuldades que devesse examinar em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê-las. O terceiro, em conduzir por ordem meus pensamentos, iniciando pelos objetos mais fáceis de conhecer, para subir, aos poucos, gradativamente, ao

conhecimento dos mais compostos, e supondo também, naturalmente, uma ordem de precedência de uns em relação aos outros. E o quarto, em fazer, para cada caso, enumerações tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de não ter omitido nada. (DESCARTES, 2002, p.31-32)

Assim, quando o aluno utiliza procedimentos intuitivos, sem um argumento

lógico que justifique suas ações por meio de premissas, apenas mediado pela

espontaneidade e instinto, não utiliza um processo de raciocínio dedutivo, visto que

não é baseado em um pensamento analítico e sim aritmético. Acerca disso, Radford

(2013) explica que a diferença entre aritmética e álgebra é de natureza

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epistemológica, posto que a presença de uma indeterminação não é o único fator que

envolve o pensar algébrico. Por esse motivo, o matemático François Viète nomeia a

álgebra como a arte analítica (RADFORD, 2013, p. 259).

Nossa investigação considera o pensamento como um processo multimodal,

esse, envolve diversos elementos e constitui-se na cultura, por isso, não nos

propomos a analisar os limites exatos entre o pensamento algébrico e aritmético e sim

as estratégias de pensamento demonstradas pelas crianças na introdução da álgebra,

dando relevância a analiticidade. Ressaltamos também que a presença de uma ou

mais incógnitas em uma sentença matemática não é o fator que determina o

pensamento algébrico, mas compreendemos que a estrutura das sentenças

matemáticas no processo de introdução à álgebra é importante, uma vez que a

presença de termos desconhecidos ajuda o sujeito a se familiarizar com situações que

contenham indeterminâncias.

Radford (2008) enfatiza a importância da analiticidade ao esclarecer que uma

resolução matemática pode ser alcançada corretamente por meio de palpites, porém,

essa estratégia é caracterizada como aritmética, pois não parte de uma proposição

específica.

Deixe-me considerar a equação 2x + 2 = 10 + x. Na perspectiva do pensamento algébrico que estou delineando aqui, uma solução por tentativa e erro não seria considerada como algébrica, mesmo que a tarefa inclua números indeterminados e os alunos estejam trabalhando com notações. Em uma solução baseada em tentativa e erro, os alunos estão recorrendo apenas a conceitos aritméticos. Por outro lado, se os alunos deduzirem 2x + 2 = 10 + x que 2x = 8 + x (subtraindo 2 de ambos os lados da equação), etc., podemos dizer que os alunos estão pensando algebricamente. Eles estão trabalhando através das consequências de assumir que 2x + 2 é igual a 10 + x (RADFORD, 2018a, p. 9, tradução nossa)

No exemplo apresentado por Radford, pensar algebricamente levaria o aluno

a agir a partir do símbolo de igualdade como indicação de equivalência, uma vez que

realizaria uma subtração de mesma quantidade em ambos os termos da equação,

conforme demonstrado no Quadro 12.

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Quadro 12 – Exemplo de resolução algébrica

Ação 1: (-2) 2x + 2 = 10 + x (-2)

Ação 2: (-x) 2x= 8 + x (-x)

Ação 3: x = 8

Fonte: elaborado pela autora, com base em Radford (2018, p. 9)

Esse procedimento, baseado na relação de equivalência é genuinamente

algébrico. Um exemplo de resolução aritmética seria realizar várias tentativas de

encontrar um valor conhecido para X, até se chegar a uma igualdade, ou ainda

fazendo uso direto das operações inversas. No entanto, ao assumir a igualdade de 2x

+ 2 = 10 + x como uma premissa, todas as ações subsequentes devem manter a

igualdade de ambos os termos, o que implica a visualização da equação em sua

totalidade, bidirecionalmente, por intermédio do símbolo de igualdade.

Em função disso, em nossas análises, refletimos acerca da relevância da

analiticidade como principal vetor que caracteriza o pensamento algébrico, buscando

identificar nas estratégias demonstradas pelas crianças, indícios de pensamento

analítico ou proto-analítico em crianças do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental no

NEI/CAp-UFRN. A proto-analiticidade consiste em uma aproximação ao pensamento

analítico, posto que, conforme explicado anteriormente, a analiticidade tem duas

principais vertentes: agir com o indeterminado como se fosse determinado e a ação

por meio da dedução. Assim, em algumas ocasiões, os dois vetores não aparecem

concomitantemente. Então, quando há o uso de uma ou outra vertente, afirmamos

que houve uma proto-analiticidade.

Ressaltamos que a relação entre aritmética e álgebra não pode ser alcançada

por caminhos alternativos. Ou seja, ainda que o aluno possua habilidades

desenvolvidas na aritmética, para a TO, é o pensamento analítico que diferencia a

álgebra da aritmética.

Assim, no processo de investigação, utilizamos sentenças matemáticas com

indeterminações, de modo que averiguamos nas estratégias demonstradas pelos

alunos, indícios e aproximações ao pensamento analítico-dedutivo. Buscamos

identificar e analisar em sentenças matemáticas, ocorrências em que percebemos

uma aproximação à analiticidade, onde se busca tratar o desconhecido como

prioridade, e se procura manipular o indeterminado como se tal quantidade fosse

conhecida, o que para Radford consiste em pensar analiticamente, “ou seja, é preciso

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considerar as quantidades indeterminadas como se fossem algo conhecido, como se

fossem números específicos29” (RADFORD, 2013, p. 259, tradução nossa).

Intentamos também verificar nas estratégias demonstradas pela crianças, se

as mesmas tratavam o termo desconhecido como primeiro plano, isso significa que,

buscamos situações em que os estudantes manipulassem os números

desconhecidos, pois, ao manipular apenas quantidades conhecidas, sinalizam tratar

os números conhecidos em primeiro plano, conferindo, assim, prioridade a eles.

Elucidamos que nossa concepção para o trabalho pedagógico com a álgebra

não se limita a uma situação de inserção de um termo desconhecido em uma

expressão numérica, geralmente representado por uma letra, símbolo ou desenho.

Apenas a presença do desconhecido não garante que a criança pense

algebricamente, nesta investigação, concebemos a analiticidade no processo de

introdução à álgebra, como o principal diferencial entre a operação com números

conhecidos e desconhecidos. Assim, operar algebricamente é reconhecer, refletir e

analisar tais indeterminações, como se as mesmas já fossem conhecidas (RADFORD,

2013), estabelecendo um sentido ao indeterminado e agindo baseado em premissas,

num processo de raciocínio analítico-dedutivo.

4.2 Indeterminação

Com relação às características do pensamento algébrico, de acordo com

Radford (2013), a indeterminação se constitui como a utilização de variáveis e

incógnitas em sentenças matemáticas. Versa no aspecto mais disseminado e

ressaltado nas discussões acerca da álgebra: o indeterminado.

Porém, a álgebra não se limita apenas ao uso de indeterminações. A adoção

dessa premissa limita a álgebra e o pensamento algébrico a uma concepção vinculada

ao senso comum, com foco apenas no seu aspecto sintático - no que se refere às

regras e manipulação mecânica e abstrata dos símbolos. O dicionário Aurélio

(FERREIRA, 2010, p. 33), na perspectiva do senso comum, enfatiza essa concepção

29 Texto original: “That is, one has to consider the indeterminate quantities as if they were something known, as if they were specific numbers”.

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ao apresentar a álgebra como “uma parte da matemática que estuda as leis e os

processos formais de operações com entidades abstratas”.

De acordo com Lins e Gimenes (1997), a álgebra é vista, no senso comum, a

partir de uma concepção letrista, ou seja, “cálculo com letras” em uma situação-

problema, com foco apenas em uma indeterminação. Lins e Gimenes (1997) apontam

que a nova perspectiva, tanto para álgebra como para a aritmética, deve basear-se

no sentido numérico, na aproximação com o significado e não com ênfase nas

técnicas e procedimentos. Radford (2018a) esclarece que alguns estudiosos

consideram uma situação algébrica apenas se houver a presença de um simbolismo.

Para a TO, “tal exigência pode revelar-se muito limitante, em particular às abordagens

da álgebra inicial. Tal exigência pode levar ao fracasso em reconhecer formas não-

simbólicas de pensamento como genuinamente algébrico30” (RADFORD, 2018a, p. 6,

tradução nossa).

Assim, mesmo que um aluno não utilize um simbolismo numérico explícito,

pode pensar algebricamente, uma vez que a Teoria da Objetivação considera as

múltiplas formas de pensamento e linguagem. Por isso, a TO se baseia no sentido do

indeterminado e não apenas na presença de uma indeterminação, incógnita ou

variável.

A caracterização do pensamento algébrico, então, não é apenas a habilidade

de construir e solucionar equações com indeterminâncias, mas também a

compreensão ao sentido do termo desconhecido, como parte conhecida do problema

(RADFORD, 2013) com o raciocínio analítico.

Quando nos referimos apenas ao indeterminado, este pode apresentar um

caráter aritmético ao ser solucionado em equações por meio de tentativa e erro.

Conforme já apontamos, o uso de processos intuitivos na resolução de problemas não

consiste em uma dedução-analítica. O diferencial, então, está no tratamento dado ao

indeterminado.

A indeterminação apresenta um caráter algébrico quando não se distingue

entre quantidades conhecidas e desconhecidas. E opera-se com o indeterminado

como se este fosse determinado de modo analítico-dedutivo, conferindo, então,

sentido ao indeterminado.

30 Texto original: “Such a requirement may lead to the failure to recognize non-symbolic forms of thinking as genuinely algebraic. Such a requirement may also lead to the attribution of an algebraic nature to forms of thinking that are in fact arithmetic”.

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4.3 Expressão semiótica

A expressão semiótica também é considerada por Radford (2010) como uma

característica do pensamento algébrico. O autor da Teoria da Objetivação defende

que ensinar-aprender a linguagem algébrica vai além de nos remetermos a um

simbolismo sintático e mental, ela abrange elementos de análise multimodais, que

ultrapassam medições exatas. Por isso, a expressão semiótica se remete à forma, tipo

ou qual meio semiótico os alunos utilizam para nomear o indeterminado de uma

equação.

A valorização dos meios/recursos semióticos empregados pelos estudantes

ocorre porque para Radford, o pensamento algébrico não consiste apenas no que é

mental, mas é formado também por componentes externos e corporais, se

constituindo como multimodal. Ele diz que é possível o sujeito pensar com e através

do corpo, por isso, pondera a relevância dos meios semióticos manifestos pelos

alunos para se referirem ao indeterminado, o que requisita uma análise multimodal

por parte do professor-pesquisador (RADFORD, 2013). Ao adotar tal posicionamento,

Radford valoriza o papel das diferentes formas de manifestação da linguagem e

aborda o pensamento como uma unidade dinâmica.

D’Amore, Pinilla e Iori (2015) explicam que a Teoria radfordiana parte de uma

concepção de cultura como manifestação de significados, dando à mesma um caráter

dinâmico e simbólico. Sendo assim, na TO, o conhecimento matemático e sua

representação está ligada a um contexto cultural específico e é produzido

socialmente, então, para essa concepção, os signos possuem um significado cultural.

Nesse sentido, partindo dos estudos da TO, Vergel (2014) aponta que os

meios e recursos semióticos constituem o processo de objetivação, porque fazem

parte da produção de significados dos objetos matemáticos. No caso do pensamento

algébrico, em suma, o papel dos diversos meios semióticos, como os gestos, a voz e

as palavras, são essenciais para a TO, pois, baseado numa perspectiva materialista

e simbólica, a Teoria da Objetivação defende que o pensamento matemático não se

limita aos aspectos cerebrais, mas também inclui os gestos e ritmos dos sujeitos. O

pensamento, então, possui múltiplas formas.

Gomes (2016) também ressalta o valor cultural atribuído pela TO para os

meios e recursos semióticos. Conforme o autor, o pensamento como prática social

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atribui aos meios semióticos um caráter central e não periférico, pois, pensar é um

movimento dialético que pode ser visualizado por meio do corpo e dos artefatos por

ele utilizados, e que se desdobra em mudanças no indivíduo. Gomes ainda acrescenta

que os significados atribuídos aos meios e recursos semióticos dependem de seu

contexto de utilização, sendo assim, é possível utilizar o mesmo signo, artefato ou

instrumento que, dependendo do contexto, pode adquirir um significado diferente

(GOMES, 2016).

Em nossa investigação, concebemos que o pensamento apresenta múltiplas

formas e modos de manifestação, por isso, no processo de caracterizar as estratégias

de pensamento demonstradas pelos alunos no processo de introdução à álgebra,

interessa-nos identificar, inicialmente, indícios de quais meios/recursos semióticos os

estudantes utilizam ao se referirem ao indeterminado. Tal expressão semiótica é um

componente essencial do pensar algébrico, para Radford.

No capítulo seguinte, abordamos as especificidades metodológicas da

presente investigação.

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5 DESENHO DA INVESTIGAÇÃO

No presente capítulo, tratamos sobre os aspectos metodológicos da

investigação. Inicialmente abordamos a fundamentação metodológica para, em

seguida caracterizar o lócus e o público. Posteriormente, explicamos a organização

das sessões e por último, elencamos o processo de constituição dos dados de

pesquisa e as especificidades da análise de dados. Essa organização se baseou em

Vergel (2014, 2016).

Nossa investigação se caracteriza como qualitativa (LUDKÉ; ANDRÉ, 1986),

do tipo descritiva e interpretativa (VERGEL, 2014, 2016), fazemos uso do método

multisemiótico/multimodal (RADFORD; EDWARDS; ARZARELLO, 2009; RADFORD;

SABENA, 2015) baseado na Teoria da Objetivação. Consideramos como objeto de

análise a atividade, por meio de uma apreciação multimodal (RADFORD; EDWARDS;

ARZARELLO, 2009; RADFORD, 2006c).

Ludké e André (1986) reiteram que na abordagem qualitativa o pesquisador

não é um mero observador, mas um participante ativo, que reflete, atua e intervém na

realidade. Nesse sentido, o percurso, sua caracterização e desdobramentos são mais

importantes que o produto. Uma vez que o processo educativo é complexo e não

linear, o foco da abordagem qualitativa se encontra nos significados dos diferentes

acontecimentos, elementos, sujeitos e componentes que envolvem o ensino-

aprendizagem. Essa significação deve ser interpretada e descrita detalhadamente

pelo pesquisador. Por isso, nossa investigação promoveu, assim como em Vergel

(2016), a interpretação e descrição dos fatos, bem como dos elementos que envolvem

o ensino-aprendizagem no processo de introdução da álgebra.

À vista disso, nossas reflexões investigativas visaram descrever, interpretar e

caracterizar, na introdução da álgebra, estratégias de pensamento manifestadas por

crianças do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, anos iniciais do NEI/CAp-UFRN.

Radford e Sabena (2015) esclarecem que o método não se restringe a procedimentos

e ações técnicas, uma vez que é um “esforço reflexivo e crítico, uma prática filosófica”

(RADFORD; SABENA, 2015, p. 159, tradução nossa). Assim, em nossa investigação,

consideramos que o pensar acontece de múltiplos modos: pelas ações, oralidade,

linguagem escrita, gestos, dentre outros, consequentemente, utilizamos o método

multisemiótico/multimodal de análise, que consiste na consideração reflexiva acerca

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da maneira que os sujeitos utilizam e interpretam os diferentes meios semióticos na

atividade ou labor conjunto. Como já esclarecido, o ensino-aprendizagem não é um

processo puramente mental, mas envolve aspectos culturais, sociais e históricos,

desta forma, coerentemente com nosso referencial teórico, atentamos para a

utilização de diversos meios semióticos para expressão de significados.

Acerca disso, Radford e Sabena (2015) afirmam que o objeto de estudo da

semiótica são os significados atribuídos e comunicados por meio de múltiplos modos

e representações/registros, como as palavras e os gestos. Então, atentamos para as

diferentes maneiras que os sujeitos utilizam os meios semióticos e expressam

significados. A compreensão/significação é uma característica do movimento de

ensinar-aprender ocorrido na atividade. Desse modo, o labor conjunto é

essencialmente uma atividade de significação (RADFORD; SABENA, 2015).

No processo de interpretação e descrição dos significados acerca da maneira

como os sujeitos utilizam os meios e recursos semióticos, utilizamos a análise

multimodal,

O termo multimodalidade é frequentemente utilizado para sublinhar tanto a relevância como a coexistência de uma gama de diferentes funções cognitivas, físicas e sensitivas (por exemplo, perceptivo, auditivo, tátil) modalidades ou recursos desempenhando um papel nos processos de ensino-aprendizagem e, mais, em termos gerais, na produção de significados matemáticos: “estes recursos ou modalidades incluem tanto a comunicação simbólica escrita, bem como desenho, gesto, a manipulação física e artefatos eletrônicos e vários tipos de movimento corporal31” (RADFORD et al. 2017, p. 10 tradução nossa, grifo do autor)

Em suma, a análise multimodal consiste em considerar, na atividade (labor

conjunto), os diversos meios e recursos semióticos utilizados como forma de

expressar reflexões e ações culturais. Os recursos podem ser de diferentes naturezas,

como por exemplo, os textos escritos e/ou falados, os gestos corporais e seus

significados, uso de instrumentos, dentre outros. Sendo assim, o corpo dos sujeitos e

31 Texto original: “The term multimodality is often used to underline both the relevance and mutual coexistence of a range of different cognitive, physical, and sensuous (e.g., perceptual, aural, tactile) modalities or resources playing a role in teaching-learning processes and, more broadly, in the production of mathematical meanings: “These resources or modalities include both oral and written symbolic communication as well as drawing, gesture, the manipulation of physical and electronic artifacts, and various kinds of bodily motion”.

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seus elementos gestuais e sensoriais são elementos chave para a análise, pois, na

TO, eles fazem parte do processo de objetivação (VERGEL, 2014), uma vez que o

pensamento não é apenas algo interior, mas pode ser materializado corporalmente.

No processo de análise, definimos o gesto como um meio de ajudar o sujeito

a produzir ideias (ARZARELLO, 2006). À vista disso, consideramos e reafirmamos

que outros meios e recursos semióticos, ao se integrarem aos gestos, colaboram

também na apreensão de significados e comunicação de sentidos. Ocorrendo, dessa

maneira, um movimento dinâmico de associação de meios e recursos semióticos na

atividade. Para a interpretação e descrição reflexiva acerca da visão e maneira das

crianças operarem esses recursos/meios semióticos no fomento ao encontro com o

saber algébrico, filmamos as 10 sessões.

Radford et al. (2017, p. 1) reiteram que a elucubração semiótica na

perspectiva da Teoria da Objetivação constitui o processo de ensino-aprendizagem

porque os “gestos, postura corporal, ações cinestésicas, artefatos e sinais em geral

são considerados uma série de recursos a serem levados em conta ao investigar como

os alunos aprendem e como os professores ensinam32”, assim, os autores fazem

referência e defendem uma concepção de pensamento ou mente multimodal nas

práticas ocorridas na atividade.

Dessa maneira, nossa análise, fundamentada na Teoria da Objetivação,

investiga a ação dos sujeitos na atividade ou labor conjunto e suas distintas formas

de manifestação de estratégias de pensamento, procurando deduzir: como, o quê e

porque os indivíduos atuam de determinada maneira; o que utilizam, como e porquê

o fazem no processo de introdução a álgebra. Consideramos, então, os meios

semióticos como partes do pensamento, num processo de valorização dos modos de

ação e reflexão manifestados pelas crianças.

32 Texto original: “Gestures, body posture, kinesthetic actions, artifacts, and signs in general are considered a fruitful array of resources to be taken into account when investigating how students learn and how teachers teach”.

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5.1 O lócus e sujeitos da investigação

As sessões foram realizadas nas turmas em que atuávamos como

professora titular, sendo 3 sessões em 2017, na turma do 4º ano do Ensino

Fundamental do NEI/CAp-UFRN e na mesma turma, no 5º ano, em 2018, com 7

sessões. Cada sessão tinha, em média 1 hora de duração.

O NEI33 é o Colégio de Aplicação da UFRN, fundado em 1979 para atender

os filhos de alunas, funcionárias e docentes da Universidade. Contudo, atualmente a

Escola atende o público em geral e não mais apenas pessoas com vínculo com a

UFRN. A inserção na Instituição é realizada por meio da publicação de um edital em

que as crianças são inscritas e participam de um sorteio público.

O Núcleo de Educação da Infância propõe um trabalho voltado para o ensino,

pesquisa e extensão, tendo a criança como centro do planejamento curricular, isto

significa que as ações desenvolvidas tanto na Educação Infantil quanto no Ensino

Fundamental consideram a criança como

[...] sujeito histórico e de direitos que se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. Nessas condições ela faz amizades, brinca com água ou terra, faz-de-conta, deseja, aprende, observa, conversa, experimenta, questiona, constrói sentidos sobre o mundo e suas identidades pessoal e coletiva, produzindo cultura (BRASIL, 2013, p. 86)

Considerar a criança como centro do planejamento curricular, sujeito histórico

e de direitos implica pensar numa escola que atente para as especificidades da

criança, seus gostos, histórico de vida e práticas culturais, concebê-la como cidadã,

que produz cultura e nela é produzida. Dessa forma, como professora titular da

Instituição, em nossa intervenção de ensino-aprendizagem no processo de introdução

à álgebra, consideramos a concepção de criança e infância como fundamento em

todas as ações, na organização do tempo, espaço e na avaliação.

Em 2017, a turma do 4º ano era composta por 21 crianças, sendo 10 meninas e

11 meninos, na faixa etária entre 9 e 10 anos de idade. Desse grupo, 1 criança faz

parte do público alvo da Educação Especial, apresentando a Síndrome de Crouzon,

33 Maiores informações: disponível em <http://www.nei.ufrn.br> Acesso em 13 ago 2019.

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doença rara que causa deficiência no desenvolvimento do crânio e da face. Nas

sessões de pesquisa, realizamos atividades sensoriais com esse aluno, a fim de que

o mesmo adquirisse noções espaciais como dentro-fora, em cima-embaixo, grande-

pequeno, fino-grosso, longe-perto, pesado-leve, com o uso da balança de dois pratos,

assim como o reconhecimento pelo tato de materiais concretos que rolam e não rolam.

Contudo, nem sempre foi possível realizar as atividades, pois o aluno algumas vezes

apresentava excessiva sonolência, consequência da rotina de tratamento e

acompanhamento extra-escolar. Portanto, embora tenhamos a permanência do aluno

na classe durante as sessões que envolveram conceitos matemáticos, haja vista que

essa ocorreu no horário regular das aulas e com toda a turma, não incluímos esse

aluno como sujeito da pesquisa, a medida que não foi possível incluí-lo na realização

dos objetivos gerais e específicos da nossa investigação acerca do pensamento

algébrico.

O planejamento das sessões foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética

da UFRN em 2017. A direção do NEI/CAp-UFRN aceitou a realização da pesquisa e

os alunos da turma e seus respectivos responsáveis legais aceitaram participar. Todos

assinaram um termo de assentimento que elucidava os objetivos e estratégias

utilizadas.

Utilizamos uma linguagem informal na elaboração dos seguintes documentos:

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE que informava aos pais das

crianças o objetivo da pesquisa, assim como a solicitação para gravação e utilização

de imagem e voz com fins acadêmicos (Apêndice B) e o Termo de Assentimento Livre

e Esclarecido – TALE, em que as crianças foram convidadas a participar

voluntariamente da pesquisa (Apêndice C). No processo, a direção do Núcleo de

Educação da Infância assinou o documento de anuência (Apêndice D) e concessão

(Apêndice E) de autorização para a realização da investigação. Obtemos assim, a

aprovação (Apêndice F) do Comitê de Ética da UFRN.

5.2 Organização das sessões e informações

No desenvolvimento das 10 sessões com nossa turma, utilizamos a filmagem

para a coleta de dados, de modo que pudéssemos, na medida do possível, analisar a

interatividade nas discussões, as falas e os gestos dos alunos e da professora no

andamento das aulas. Além disso, em todas as sessões, foram entregues tarefas

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impressas, nas quais possibilitavam aos discentes registrar por escrito suas respostas

e entendimentos. Quanto à organização do tempo, cada sessão possuiu, em média,

1 hora de duração.

Quanto à organização do espaço, a sala de aula é dividida em ambientes com

funções pedagógicas específicas, como: o “cantinho da leitura”, que dispõe de livros

de literatura infantil, acessíveis aos alunos para a leitura deleite; o “cantinho das artes”

com materiais (papel, lápis colorido e pincéis) para tarefas de produção artística; e o

“canto dos jogos” com diversos jogos educativos. Por ser um espaço relativamente

pequeno, não comporta dois ou mais equipamentos de filmagem com seus

respectivos profissionais. Por isso, optamos pela contratação, com apoio financeiro

da CAPES (Edital 049/2012), de um profissional que, junto ao seu auxiliar,

movimentou-se na sala no decorrer das sessões e registrou o desenvolvimento das

mesmas.

As filmagens foram realizadas por apenas uma câmera e alternavam o foco

das gravações, ora o profissional filmava o grupo inteiro, ora duplas ou grupos

pequenos de até 4 componentes. Optamos em contratar um profissional de filmagem

que já possuía vínculo de estagiário com a Instituição e com o qual as crianças já

conviviam, com vistas a dirimir o estranhamento dos alunos. Mas, mesmo com esse

cuidado, no início da primeira etapa, algumas crianças ficaram um pouco tímidas

devido à filmagem, outras demonstraram preocupação em aparecer na filmagem e

acenavam para a câmera. Foi necessário um diálogo com a turma sobre a importância

daquele profissional para o cumprimento de nossos objetivos de pesquisa, logo em

seguida, as crianças foram se habituando e passaram a agir naturalmente.

Elucidamos que as sessões se pautaram em uma perspectiva discursiva, ou

seja, os questionamentos das tarefas e da professora tinham o objetivo de

proporcionar aos alunos a participação em discussões orais com todos os membros

da turma, com os pequenos grupos e com os professores. Possibilitamos o uso de

tarefas impressas para que crianças fizessem uso da linguagem escrita e

registrassem conclusões matemáticas, conforme orientado por Radford e apresentado

na Figura 10.

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5.3 Caracterização das tarefas

Neste tópico, esclarecemos a caracterização das tarefas realizadas nas 10

sessões da atividade. O perfil das tarefas se justifica pelo fato de que no Brasil, o

trabalho pedagógico com a álgebra do 1º ao 5º ano ainda é recente e novos

documentos oficiais como a BNCC indicam o uso de um termo desconhecido

(incógnita) nas sentenças matemáticas, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Por sermos professora da referida turma no período de dois anos

consecutivos (em 2017, atuamos no 4º ano e em 2018 no 5º ano), na elaboração das

tarefas, consideramos o fato de que essas crianças não tinham vivência com situações

matemáticas em que o símbolo de igualdade indicava uma relação de equivalência e

nem tinham a prática de solucionar problemas com um termo desconhecido. Assim,

nas sessões, o foco pedagógico, conforme apresentado na Figura 9, estava em iniciar

um processo pelo qual as crianças seriam instigadas a: a) conceber o símbolo de

igualdade como indicação de uma relação de equivalência entre os termos de uma

equação b) resolver sentenças matemáticas com a presença de um termo

desconhecido, de acordo com o que vem sendo disseminado no cotidiano escolar por

meio de documentos como a BNCC. Concebemos assim, nesta investigação, tais

inserções como o processo de introdução à álgebra.

A elaboração das tarefas adotadas na pesquisa considerou as orientações da

Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), expostas no Quadro 3, e a

abordagem da álgebra na perspectiva de materiais didáticos de orientação ao

professor, adaptadas de Van de Walle (2009), Smole e Diniz (2016) e Souza, Silva e

Rufino (2004). Em ambos, buscamos conhecer, entre outros, a estrutura das tarefas

voltadas para a introdução à álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

chegando à conclusão que predominavam a indicação do trabalho com sentenças

matemáticas com um termo desconhecido.

Dessa forma, esclarecemos que, apesar de termos ciência da utilização de

sentenças matemáticas com dois termos desconhecidos no processo de introdução à

álgebra para crianças dos anos iniciais (FILLOY; ROJANO, 1989), optamos por utilizar

nesta pesquisa, tarefas com sentenças matemáticas com um termo desconhecido,

conforme orientado na BNCC. Nossa intenção com essa escolha não foi utilizar como

regra a indicação da BNCC, mas priorizar o tipo de sentença disseminado nas escolas,

a medida que a Base se destaca como um documento que sistematiza o trabalho

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100

pedagógico com a álgebra desde o 1º ano do Ensino Fundamental e orienta a

elaboração de materiais didáticos adotados para o ensino, especialmente o livro

didático.

Para uma melhor apresentação e caracterização das tarefas da atividade,

organizamos a síntese das sessões em 3 quadros. O Quadro 13 expõe o resumo das

sessões 1, 2 e 3, estas, enfatizaram a concepção dos símbolos de igualdade e

desigualdades. O Quadro 14 expõe de modo sintético, as sessões 4 e 5. Nelas,

destacamos o trabalho com a metáfora da balança de dois pratos como indicação de

equivalência. O Quadro 15 apresenta a síntese das sessões 6, 7, 8, 9 e 10 em que

utilizamos jogos para o trabalho com o termo desconhecido.

Alicerçados nas orientações indicadas pela BNCC, realizamos três tarefas

piloto no final do ano de 2017, com o fim de um diagnóstico inicial. Para o trabalho

com a igualdade, partimos do reconhecimento da desigualdade, com os símbolos de

“maior que” e “menor que”.

Quadro 13 – Síntese das sessões 1, 2 e 3

Sessões Síntese

Sessão 1 – Os símbolos da desigualdade

A primeira sessão, ocorrida em novembro de 2017, teve como intuito compreender o significado dos símbolos “maior que” e “menor que”, por meio da análise de expressões numéricas. A tarefa (Apêndice G) disponível em uma folha xerografada apresentava expressões com o uso dos símbolos da desigualdade. Assim, os alunos se organizaram em dupla e, após a discussão, alguns estudantes socializaram com a turma suas conclusões.

Sessão 2 – Símbolo de igualdade como indicação de equivalência

Esta sessão, ocorrida em novembro de 2017, teve como meta a compreensão do símbolo de igualdade como indicação de equivalência por meio do uso da balança de dois pratos. As crianças, em duplas, resolveram situações com o uso de calculadoras que, pelas orientações da tarefa, estavam com algumas teclas “quebradas”. Então, deveriam criar expressões com a calculadora “quebrada” para que a balança representada ficasse equilibrada ou desequilibrada. Os alunos registraram suas conclusões em uma tarefa xerografada (Apêndice H). Também socializaram oralmente com o grupo suas considerações finais.

Sessão 3 – Símbolo de igualdade como indicação de equivalência e elaboração de

situações-problema

Na terceira sessão, ocorrida em novembro de 2017, continuamos com o intuito de compreender o símbolo de igualdade como indicação de equivalência por meio da representação do uso da balança de dois pratos (Apêndice I). Porém, nesta sessão, as crianças, em dupla, deveriam criar problemas com a calculadora “quebrada” e trocar com outro grupo para que estes

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solucionassem, utilizando equações. Ao final da sessão, as crianças socializaram suas estratégias com toda a turma.

Fonte: elaborado pela autora

As tarefas das três primeiras sessões foram adaptações de materiais de

orientação ao professor expostas em Van de Walle (2009) e Smole e Diniz (2016).

Nesses encontros, as crianças foram inseridas em práticas em que o símbolo de

igualdade indicava uma equivalência em ambos os termos de uma expressão. Ao

serem questionados sobre o significado do referido símbolo, a maior parte da turma

registrou da seguinte forma:

Figura 12 - Registro de alunos sobre o significado do símbolo de igualdade

Fonte: acervo da autora

Conforme exposto na Figura 12, mesmo após a realização da tarefas nas

sessões 1, 2 e 3, os alunos do 4º ano, ao final de 2017, registraram por meio da

linguagem escrita, ênfase na compreensão do sinal de igualdade como a indicação

de um resultado.

Assim, na segunda etapa de nossa atividade, com a mesma turma, compondo

o 5º ano em 2018, continuamos o trabalho de familiarização com o símbolo de

igualdade como uma indicação de equivalência entre os dois termos de uma

expressão numérica. Para isso, utilizamos diversas estratégias como o uso da

metáfora da balança e o estudo das frações equivalentes. Nesse momento, nosso

foco pedagógico se deu no fomento à percepção de que o olhar para uma equação

não deve ser unidirecional, da esquerda para a à direita, para a indicação de um

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resultado e sim bidirecional, com a indicação de uma relação entre os termos, a partir

do símbolo de igualdade (MOLINA, 2006). No Quadro 14, expomos a síntese das

sessões 4 e 5.

Quadro 14 – Síntese das sessões 4 e 5

Sessão Síntese

Sessão 4 – Símbolo de igualdade e noção de equilíbrio

A quarta sessão ocorreu em julho de 2018. As crianças se organizaram em grupos de 4 componentes para equilibrar diferentes pesos em uma balança produzida com materiais recicláveis (Apêndice J). Em seguida, criaram equações que representassem o equilíbrio da balança e registraram de diversos modos na tarefa xerografada (com desenhos ou equações). No segundo momento, foram desafiadas a analisar representações de balanças de dois pratos a fim de verificar os pesos adequados para seu equilíbrio. Por fim, socializaram suas conclusões.

Sessão 5 – Símbolo de igualdade com as frações equivalentes

A quinta sessão, ocorrida em agosto de 2018, teve como principal meta compreender a noção de equivalência por meio da comparação de frações. Utilizamos as réguas de frações, produzidas pelas próprias crianças, que se organizaram em grupos de 4 pessoas para empregar a noção de equivalência ao comparar frações a partir do símbolo de igualdade e da representação com a balança de dois pratos (Apêndice K). Os alunos registraram suas conclusões em uma tarefa xerografada e alguns grupos socializaram suas respostas.

Fonte: elaborado pela autora

Na sessão 4, nos baseamos nas orientações de Van de Walle (2009, p. 292),

ao explicar que “a balança de dois pratos ajuda a desenvolver os significados de =, <

e >”. Essa percepção é importante no processo de introdução à álgebra, já que a ideia

de equilíbrio e desequilíbrio emitida por ela faz referência à igualdade e desigualdade

implicadas em equações e inequações algébricas. Buscamos, então, de forma lúdica,

combinar quantidades de objetos para equilibrar a balança, sem o foco no valor e sim

na percepção do equilíbrio. Nesse sentido, buscou-se uma preparação à álgebra

formal, visto que de modo intuitivo, ou seja, sem o uso de simbolismo ou regras,

fomentou o desenvolvimento de conceitos utilizados na formalização da álgebra.

Rojano (2010) reitera o uso da balança de dois pratos como um modelo

concreto no ensino-aprendizagem de propriedades matemáticas no processo de

introdução à álgebra. A referida autora defende que o uso de tal metáfora colabora

para que os alunos compreendam conceitos matemáticos de modo significativo, visto

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que, esse modelo possibilita dinamicidade e interação para que posteriormente, os

alunos utilizem os conceitos apreendidos na balança em situações com o simbolismo

formal da álgebra.

Figura 13 – Registro da sessão 4

Fonte: acervo da autora

Conforme explicado anteriormente, nosso foco pedagógico com a tarefa

apresentada na Figura 13 foi o fomento à ideia da relação de equilíbrio entre os termos

de uma equação, uma vez que as crianças não tinham familiaridade com a percepção

do símbolo de igualdade indicando uma relação de equivalência. Os alunos

registraram por meio de desenhos e escritas com letras e números, as possibilidades

de equilíbrio da balança.

Na sessão 5, aprofundamos esse estudo ao abordarmos as frações

equivalentes com o uso da régua de frações, ainda com o foco na balança de dois

pratos e sua ideia de equivalência. Situações semelhantes foram identificadas nas

coleções apresentadas no item 2.1.5. Entretanto, o diferencial de nossa tarefa

consistiu na manipulação concreta de uma balança produzida com materiais

reutilizáveis como embalagens plásticas e caixa de fósforo (Figura 13). Na ocasião,

as crianças manusearam pequenas caixas com pesos e cores diferentes com o fim

de obter o equilíbrio.

A partir da sessão 6, realizamos tarefas com jogos que incluíam a noção de

termo desconhecido, com incógnitas ou variáveis.

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Quadro 15 – Síntese das sessões com jogos

Sessão Síntese

Sessão 6 – Noção de equivalência e termo desconhecido

Em agosto de 2018, desenvolvemos um jogo adaptado de Souza, Silva e Rufino (2004), denominado “Jogo do quadrado mágico”, no qual, os grupos de 4 componentes deveriam resolver e criar problemas em que um dos termos da operação é desconhecido. A folha xerografada (Apêndice L) continha um quadrado com números que, ao somados, as linhas, colunas e diagonais deveriam ter o mesmo resultado. Em um segundo momento, as crianças deveriam compor o quadrado com números que, ao combinar a soma de linhas, colunas e diagonais, deveriam resultar em 15. As conclusões foram registradas oralmente e por escrito na folha xerografada.

Sessão 7 – Noção de equivalência e termo desconhecido

Realizada em agosto de 2018, os grupos de 4 componentes jogaram o “Qual número digitei?”, adaptado de Smole e Diniz (2016). Buscamos verificar indícios das estratégias utilizadas pelos alunos para solucionar a equação a partir de uma sentença matemática indicada no enunciado, com a presença de um termo desconhecido. Nesta tarefa (Apêndice M), focamos em situações com as operações de adição e subtração. Os alunos registraram suas respostas em uma folha xerografada e os grupos socializaram suas conclusões para a turma.

Sessão 8 – Noção de equivalência e termo desconhecido

Realizada em agosto de 2018, os grupos de 4 componentes jogaram novamente o “Qual número digitei?”, adaptado de Smole e Diniz (2016). Intentamos verificar indícios de estratégias utilizadas pelos alunos para resolver equações a partir de sentenças matemáticas com operações de adição, subtração, multiplicação e divisão indicadas no enunciado, com a presença de um termo desconhecido. As crianças socializaram suas respostas oralmente e na atividade xerografada (Apêndice N).

Sessão 9 – Noção de equivalência, termo desconhecido e ideia de incógnita

Organizados em duplas, as crianças brincaram com o dominó de letras e números. O jogo (Apêndice O) consistia em um dominó com equações contendo termos desconhecidos em que era necessário utilizar a noção de incógnita para localizar a resposta adequada. O jogo apresentava situações com as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão. As peças foram distribuídas para cada grupo e, em seguida, os mesmos registraram suas conclusões em uma folha xerografada.

Sessão 10 – Noção de equivalência, termo desconhecido e ideia de incógnita

Em grupos de 4 componentes, as crianças jogaram novamente o dominó de letras e números. Contudo, nesta sessão, os alunos criaram situações-problema com as equações apresentadas no jogo. Em seguida socializaram suas produções com o grande grupo e registraram suas respostas na folha xerografada (Apêndice P).

Fonte: elaborado pela autora

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105

As sessões apresentadas no Quadro 15, abordaram a noção de termo

desconhecido com jogos adaptados para a turma do 5º ano do NEI/CAp – UFRN.

Apesar da BNCC indicar, para os anos iniciais do Ensino Fundamental, o não

uso das letras como representação de quantidades em equações, inserimos esse tipo

de abordagem por meio de jogos nas sessões 8 e 9, com o “Dominó de letras e

números”.

A perspectiva da Teoria da Objetivação defende que o encontro com o saber

algébrico acontece na atividade. Por isso, uma simples tarefa não é a responsável em

promover a atualização do saber em conhecimento. Esse encontro ocorre no labor

conjunto. Porém, as tarefas compõem e fazem parte da atividade. Assim, no

planejamento das tarefas consideramos que a abordagem da álgebra nos anos iniciais

no Brasil ainda é recente e, de modo geral, são poucas e elementares as orientações

acerca do trabalho com o símbolo de igualdade e o termo desconhecido, por isso,

optamos por utilizar tarefas considerando as indicações da BNCC, uma vez que as

orientações esse documento repercutem nacionalmente.

5.4 Processo de constituição dos dados e especificidades da análise

Para a organização da coleta de informações, adaptamos as etapas

elencadas por Vergel (2016, p. 85) e adotamos as seguintes fases:

Fase 1: Gravação em vídeo de todas as sessões.

Fase 2: Transcrição de todos os vídeos

Fase 3: Análise dos vídeos

Conforme já mencionado, a gravação das 10 sessões ocorreu com apenas

um equipamento, com foco nas discussões acerca das tarefas que estavam sendo

desenvolvidas no decorrer das sessões. Ora o profissional filmava os pequenos

grupos, ora o ângulo da câmera focava o grande grupo. Contamos com apenas um

profissional com seu respectivo equipamento de filmagem. Uma vez que as salas de

aula do NEI/CAp – UFRN são ambientes com tamanhos limitados, sendo assim, não

comportaria, por exemplo, um número maior de profissionais com seus equipamentos.

Contudo, a sala de aula é um ambiente dinâmico e complexo, por isso, ao

iniciar o processo de transcrição e análise, verificamos que a presença de somente

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uma câmera filmadora não contemplou diversos momentos de discussão que

poderiam sinalizar estratégias de pensamento ou indícios do pensamento algébrico e

os meios semióticos utilizados pelos alunos.

Constatamos que, em diferentes situações, não foi possível realizar o

processo de saturação teórica, isto é, o aproveitamento de um acúmulo de

informações (filmagem, registro escrito, registro oral, gestos, etc.) que, aportados no

referencial teórico da TO, ganhariam significado para compor nossos dados analíticos.

Assim, em nosso processo de análise, trabalhamos com dados captados através de

uma única câmera filmadora.

A dificuldade na análise com apenas um instrumento de gravação se deu

principalmente porque, em todas as sessões, os alunos trabalhavam em pequenos

grupos. Então, em discussões específicas de um grupo, ou ao identificarmos registros

escritos que poderiam sinalizar indícios de pensamento algébrico de um determinado

grupo, não foi possível, em algumas ocasiões, realizar a saturação teórica dos meios

semióticos utilizados pelas crianças.

Conforme explicitado anteriormente, nossa unidade de análise não é limitada

ao visual ou escrito, uma vez que adotamos a atividade ou labor conjunto como

unidade de análise, buscamos descrever e interpretar quais e como os meios

semióticos são utilizados pelos alunos para manifestação do pensamento.

Constituindo, assim, uma análise complexa, principalmente por envolver uma

amálgama de elementos semânticos.

Rose (2002, p. 345) aponta que “em vez de procurar uma perfeição

impossível, necessitamos ser muito explícitos sobre as técnicas que nós empregamos

para selecionar, transcrever e analisar dados”. Considerando tal apontamento,

organizamos nosso processo de análise, não a partir de uma técnica, e sim mediados

pela compreensão de que nosso olhar investigativo acerca das informações contidas

nos vídeos, notas de aula, transcrições e registros escritos dos alunos, mesmo com

algumas limitações, seriam transformados em dados analíticos ao atribuirmos sentido

a partir dos seguintes pontos: identificar a) a existência do indeterminado; b) a

referência a indeterminação por meios semióticos; e analisar c) se as estratégias

demonstradas pelas crianças apresentavam características do pensamento analítico,

de acordo com a TO.

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107

No processo de caracterizar as estratégias de pensamento demonstradas

pelos alunos para investigar indícios do pensamento analítico, assistimos as

gravações e realizamos as transcrições das sessões na íntegra, indicando a

participação oral de cada criança com as iniciais do nome e sobrenome. Os turnos de

fala são identificados após cada diálogo transcrito, pela identificação do tempo exato

da fala, expressa em horas, minutos e segundos, entre colchetes.

Para a realização e organização das transcrições, adaptamos o modelo

apresentado por Queiroz, Zanelato e Oliveira (2008) e Larrys (2019).

Quadro 16 – Modelo organizador da transcrição

Símbolo Significado

( ) Incompreensão de palavras ou segmentos

(hipótese) – Hipótese do que se ouviu

/ Truncamento na fala

MAIÚSCULA Entonação enfática

sí-la-ba Silabação

... Qualquer pausa

((minúscula)) Descrição de ações e/ou gestos relevantes ao estudo

-- -- Comentários que mudam a sequência temática da ideia em exposição

[ Superposição, simultaneidade de vozes

(...) Indicação de que a fala foi tomada ou interrompida

“ ” Citações literais de textos durante a gravação

{ } Indicação de fala de participante não identificado

[conversa paralela] Diálogo não relacionado às discussões em pauta

#@!% Palavra de baixo calão

Aluno(a) e iniciais do nome e sobrenome

Identificação dos participantes da pesquisa

Professora Professora

A Assistente de gravação

Fonte: adaptado de Queiroz, Zanelato e Oliveira (2008) e Larrys (2019)

O modelo adaptado para a organização das transcrições se fundamenta na

prioridade em expressar a interação e proximidade entre os participantes da situação

(QUEIROZ, ZANELATO, OLIVEIRA, 2008).

Nas análises exibimos apenas trechos das transcrições que possam indicar a

presença do indeterminado e a referência a ele por meio da expressão semiótica, com

isso, verificamos nas tarefas xerografadas o registro escrito discutido naquele turno

de fala e descrito na transcrição. Assim, tentamos verificar por meio da imagem, da

fala do aluno e do registro escrito o modo que ele utilizou os meios semióticos, a fim

de investigar a presença ou não da analiticidade.

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Ressaltamos que nem sempre foi possível integrar filmagem (áudio, imagem)

e registro escrito da tarefa, uma vez que, conforme já explicado, os turnos de fala

aconteciam simultaneamente nos pequenos grupos, e a presença de apenas uma

câmera prejudicou a captação e discussão de algumas estratégias das crianças.

Assim, no próximo capítulo apresentamos a análise multimodal de tarefas

realizadas na atividade ocorrida com nossos alunos do NEI/CAp-UFRN.

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109

6 ANÁLISE MULTIMODAL DE TAREFAS

A presente investigação objetiva responder ao seguinte questionamento: No

processo de introdução à álgebra, o que caracteriza, a partir da TO, as estratégias de

pensamento suscitadas por crianças do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental do

NEI/CAp-UFRN, em tarefas que abordam sentenças matemáticas em que um dos

termos é desconhecido? Para isso, buscamos analisar indícios de pensamento

analítico na atividade de crianças do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental, no NEI/CAp-

UFRN. Consideramos o pensamento como “uma forma de refletir sobre o mundo34”

(D’AMORE; RADFORD; BAGNI, 2017, p. 174, tradução nossa), à vista disso, é

relevante conhecer, valorizar e compreender como as crianças expressam o

pensamento no processo de introdução à álgebra.

Logo, no presente capítulo, descrevemos e interpretamos situações ocorridas

nas sessões, em que, por meio das filmagens, transcrições e registros escritos

produzidos pelos alunos, identificamos a) a existência do indeterminado; b) a

referência a indeterminação por meios semióticos; e analisamos c) se as estratégias

demonstradas pelas crianças apresentavam características do pensamento analítico.

Nossa análise, então, se baseia nos três vetores do pensamento algébrico indicados

por Radford (2010, 2013, 2018a).

Em decorrência do volume de produções para a análise, optamos por priorizar

as situações com jogos (Quadro 15) em que a presença do indeterminado se fez mais

evidente, bem como dar enfoque aos registros em que as filmagens e produções

escritas permitiam uma visualização relativamente detalhada das estratégias de

pensamento com o indeterminado, apresentadas pelos estudantes. Optamos por não

analisar os registros em que não foi possível identificar as estratégias de pensamento

dos alunos, seja em decorrência da objetividade na produção escrita ou da deficiência

no processo de captação dos momentos em que essas estratégias se evidenciavam.

Da mesma forma, não foram analisados registros cuja a estratégia se assemelhava

aquelas já analisadas.

34 “Texto original: “Una forma de reflexión sobre el mundo”.

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6.1 Episódio de análise 1 - o emprego de estratégias aritméticas no processo de

introdução à álgebra

A presente tarefa ocorreu na sessão 8 que, conforme apresentamos em nosso

desenho de investigação, teve como meta pedagógica a resolução de sentenças

matemáticas com operações de multiplicação e divisão em que um dos termos é

desconhecido. Esta tarefa compõe nossas análises com o objetivo de possibilitar a

reflexão sobre a iniciação da álgebra, no sentido de reconhecer que nesse processo

as crianças empregam estratégias aritméticas na resolução de problemas, como, por

exemplo, a utilização de operações inversas.

No entanto, reiteramos, a partir de nossa investigação que, mesmo que um

aluno tenha um conhecimento aritmético refinado, esse refinamento é apenas um dos

aspectos que colabora no desenvolvimento e estruturação do pensamento algébrico.

Para a TO, o aspecto-chave é a analiticidade.

A tarefa consistia no jogo “Qual número digitei?”, adaptado de Smole e Diniz

(2016) e foi realizada com 3 grupos de 4 e um de 5 componentes. Em nossa estrutura

de objeto-objetivo-tarefa (Figura 9), apresentamos nosso objetivo - a resolução de

sentenças matemáticas com um termo desconhecido, a partir da noção de

equivalência. Por isso, possibilitamos diversas vivências para que, em um labor

conjunto, o saber se atualizasse em conhecimento (RADFORD, 2017b), a medida

que, é na atividade que o objeto matemático de pensar algebricamente a resolução

de equações se torna acessível; um saber alcançável.

Na atualização do saber em conhecimento, ensino-aprendizagem são

tratados como um continuum. Por isso, são muitos os elementos envolvidos. Um deles

é o que denominamos de aprendizagem não linear. Isso significa dizer que o processo

de introdução à álgebra não acontece no simples contato com uma tarefa com um

termo desconhecido. No processo, há rupturas, “idas e vindas”, erros e acertos,

dúvidas, reflexões, questionamentos, conclusões e inconclusões. Ou seja, a

introdução da álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental e o desenvolvimento

do pensamento algébrico não é algo considerado simples e espontâneo, é um

processo de tensão, que envolve aspectos cognitivos, corporais, culturais, sociais e

afetivos.

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Para exemplificar, em nossa sessão 8, deparamo-nos com a seguinte

situação, adaptada de Smole e Diniz (2016), “Pensei em um número, somei com 1125

e multipliquei por 2. Resultando em 2590. Que número pensei?” Com esse enunciado

pretendíamos verificar, primeiramente, de que modo os alunos interpretariam as

informações apresentadas no enunciado e como as organizariam em uma sentença

matemática (? + 1125 x 2 = 2590) e em segundo lugar, reconhecer qual a estratégia

para a resolução e quais os meios semióticos utilizados.

Ao verificarmos a filmagem, chamou-nos atenção a explicação do aluno CC,

que sinalizou por meio da combinação do recurso semiótico linguístico e corporal, a

compreensão de que a multiplicação e divisão são operações inversas, bem como a

adição e subtração. Vejamos o seguinte trecho da transcrição:

Professora Luanna: CC, explique para seus colegas como você fez [20:00;

20:01]

Aluno CC: Eu simple/ eu simplesmente fui fazendo tudo ao contrário

((balançando a cabeça e apontando o dedo para a expressão da folha com um

movimento rápido do dedo do início para o final da expressão, e do final para o início))

[20:02; 20:07]

O aluno CC combinou os meios semióticos da expressão linguística, numérica

e gestos com as mãos para justificar o uso da operação inversa. Uma vez que

movimentou rapidamente o dedo indicador na horizontal, sinalizando que a parte

inicial da equação (+1125 x 2), antes do símbolo de igualdade (Figura 14), com seus

números e sinais das operações, após o símbolo de igualdade, seriam o inverso ou

“contrário” (:2 – 1125), como demonstrado nas Figuras 14 e 15.

Figura 14 - Gesto indicador do uso da operação inversa

Fonte: arquivo da autora

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Figura 15 – Gesto indicando a operação inversa

Fonte: arquivo da autora

Aluno CC: Eu fui, né? 2590 x 2 aí você ((aponta para o 2590 dividido por 2))

dividido por 2 menos 1125 aí deu 170. ((O aluno escreve que o valor do quadrado é

170)) [20:06; 20:29]

Então, ao manifestar, por meio da expressão linguística e gestual, o “fui

fazendo tudo ao contrário”, o aluno utiliza a operação inversa para reconhecer,

comunicar e fazer referência ao indeterminado, uma vez que indica compreender que

o desconhecido seria o resultado de “fazer ao contrário”. O aluno CC realizou o

seguinte registro numérico:

Figura 16 – Registro escrito do aluno CC

Fonte: arquivo da autora

Inicialmente, o diálogo e registro numérico apresentados nos chamou atenção

pelo fato de que o aluno justifica sua ação ao relatar que “foi fazendo tudo ao

contrário”, indicando que o mesmo fez uso da adição-subtração e divisão-

multiplicação como operações inversas. Ou seja, utilizou a seguinte propriedade com

relação a adição e subtração

Se a + b = c

logo, c – b = a

ou

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113

c – a = b

Quanto à multiplicação e divisão, “o contrário” para o aluno é o mesmo que

Se a x b = c

logo, c : b = a

ou

c : a = b

Após identificarmos o uso da operação inversa e o seu resultado como um

indício de reconhecer e se referir ao indeterminado, partimos para um segundo

momento analítico, que consistia na busca do sentido da indeterminação e do

processo de dedução, componentes do principal elemento do pensamento algébrico,

a analiticidade. Nosso olhar investigativo se baliza nos três vetores acerca desse

pensamento sustentados por Radford (2010, 2013, 2018a) e legitimados por Vergel

(2016) e Vergel e Rojas (2018), que são: representação semiótica, o indeterminado e

a analiticidade.

Ao nos debruçarmos sobre o registro escrito e a transcrição, concluímos que

o aluno separou o desconhecido no primeiro membro da expressão e fez operações

apenas no segundo membro para descobrir o valor do desconhecido, ou seja, ao fazer

(? = 2590 : 2 – 1125) indica não agir com o indeterminado como se fosse determinado,

uma vez que o mesmo não utilizou o símbolo de igualdade como equivalência e sim

como a indicação direta de um resultado.

Em suma, na utilização do símbolo de igualdade como equivalência, as

operações do primeiro membro da expressão deveriam resultar no valor do segundo

membro, isto é, (2590 = 2590). A ação inicial do aluno de isolar o termo desconhecido

para calcular o seu valor, manipulando apenas os números conhecidos, não

corresponde a uma ação de agir com o indeterminado como se o mesmo fosse

determinado, uma vez que o símbolo de igualdade foi utilizado como indicação de

operação imediata. Portanto, não conferiu sentido ao indeterminado.

No procedimento abaixo, por exemplo, considera-se a indicação das autoras

do jogo “Qual número digitei?”, adaptado por nós (SMOLE; DINIZ, 2016), quanto ao

uso do parêntese ou da compreensão de que, no caso apresentado, o procedimento

adequado seria realizar a multiplicação (1125 x 2 ) no primeiro membro. Assim,

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? + 1125 x 2 = 2590

? + 2250 = 2590

? = 2590 – 2250

? = 340

Deste modo,

340 + (1125 x 2) = 2590

340 + 2250 = 2590

2590 = 2590

Ao invés disso, o aluno agiu a partir da concepção do símbolo de igualdade

como a indicação direta de um resultado, porque sua primeira ação, expressa pelo

meio semiótico da escrita, foi separar o desconhecido e agir apenas com o que era

conhecido (? = 2590 : 2 – 1125). Ou seja, o indeterminado não se manteve em

primeiro plano, dado que a prioridade foi a manipulação de números conhecidos.

Na apresentação desta tarefa, nosso objetivo não foi verificar se a criança

errou ou acertou o resultado e sim identificar as estratégias e os meios semióticos

usados no processo introdutório da álgebra, para poder analisar a presença ou não

da analiticidade. O pensamento analítico se caracteriza na operação com o

indeterminado e no processo de dedução.

Na situação apresentada, o aluno CC empregou recursos linguísticos e

corporais para expressar o conhecimento acerca das operações inversas e fazer

referência ao indeterminado. Contudo, o mesmo não operou com o desconhecido

como se fosse conhecido, assim, não apresentou indícios do pensamento analítico,

conforme sintetiza o Quadro 17.

Quadro 17- Vetores e indícios do pensamento algébrico no episódio de análise 1

Vetores do pensamento algébrico Indícios

Indeterminado O valor do termo desconhecido “?”

Expressão semiótica Ao utilizar a expressão linguística “fui fazendo tudo ao contrário”e o gesto para demonstrar seu raciocínio (Figuras 14 e 15), o aluno CC utilizou propriedades das operações para comunicar e reconhecer que o indeterminado seria o resultado da operação inversa.

Analiticidade Agiu apenas com números conhecidos, por isso, não manifestou indícios de analiticidade.

Fonte: Elaborado pela autora

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115

Demonstrou ainda um erro matemático na solução, visto que escreveu 170

no resultado, ao invés de 340. Entretanto, consideramos que erros matemáticos fazem

parte do processo de introdução e desenvolvimento do pensamento algébrico com

crianças. Na presente tarefa, por exemplo, o aluno não tinha vivência culturais com

situações em que o símbolo de igualdade indica uma relação de equivalência, por

isso, fez uso da transposição direta de números e operações dos membros da

expressão para utilizar apenas números conhecidos e obter o resultado.

A partir dessas considerações, concluímos que no processo de introdução à

álgebra, o aluno utilizou procedimentos aritméticos para a resolução de problemas,

por isso, não desconsideramos a relevância da aritmética uma vez que ela colabora

na estruturação e desenvolvimento do pensamento algébrico, contudo, destacamos

que para a Teoria da Objetivação, a analiticidade é o principal vetor que caracteriza o

pensamento algébrico.

6.2 Episódio de análise 2 - o termo desconhecido no processo de introdução à

álgebra

A exposição desta tarefa acontece no sentido de 1) valorizar a liberdade de

ação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e 2) refletir acerca da presença

da indeterminância em uma tarefa, no sentido de que, no processo de introdução à

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental, apenas a presença de um número

desconhecido em uma sentença matemática não garante que o sujeito, ao resolvê-la,

desenvolva o pensamento algébrico.

A presente tarefa fez parte da sessão 7 que objetivou que as crianças

vivenciassem em grupos a organização e resolução de sentenças matemáticas com

operações de adição e subtração utilizando o termo desconhecido. Assim, os grupos

se reuniram para ler o enunciado, discutir, organizar as informações em uma sentença

matemática e escolher a melhor estratégia para propor sua resolução.

Cada um dos 4 grupos recebeu uma situação matemática diferente. Nosso

papel como professor no decorrer da tarefa era o de ajudar a promover um ambiente

colaborativo para que, no labor conjunto, o saber fosse posto em movimento, por isso,

observamos e questionamos acerca dos métodos de resolução escolhidos pelos

componentes dos grupos a fim de que eles explicassem as estratégias para solucionar

o problema.

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116

As situações do jogo “Qual número digitei?” consistiam em possibilitar as

crianças vivências matemáticas com a presença do termo desconhecido, como no

seguinte exemplo: “Digitei um número na minha calculadora. Subtraí 29 e somei 52,

encontrando 100 como resultado. Que número digitei?” (SMOLE; DINIZ, 2016). O jogo

realizado na sessão 7 foi adaptado de Smole e Diniz (2016), as autoras explicam que

situações como a do “Qual número digitei?” são relevantes para que as crianças

participem de práticas que fomentem o pensamento algébrico. Conforme Radford

(2018b, texto inédito), o saber algébrico é uma potencialidade imersa na cultura, na

qual os indivíduos se familiarizam e atualizam esse saber em conhecimento cultural

ao participar de práticas sociais. Tal encontro com o pensamento algébrico é

denominado por Radford de objetivação.

O processo de objetivação do saber algébrico não é viabilizado apenas pelo

simples contato com tarefas com termos desconhecidos. O encontro com as formas

de pensamento e ações culturais ocorre na atividade, denominada por Radford e

explicado no capítulo 3 de labor conjunto. Conforme a estrutura pedagógica

apresentada na Figura 9, nosso intuito era que as crianças pensassem

algebricamente sobre a resolução de sentenças matemáticas. Assim, possibilitamos

que as mesmas vivenciassem situações com diferentes estratégias em que o termo

desconhecido estivesse presente. Porém, a tarefa por si mesma não atualiza o saber

em conhecimento algébrico, pois é na atividade e em todos os elementos que a

envolvem, que ocorre o processo de objetivação. A atividade, segundo Radford

(2017d), não se limita a apenas uma interação entre pessoas e tarefas. Mas é uma

forma de expressar a vida, que contém elementos emocionais, corporais, afetivos e

intelectuais; é nela que os sujeitos aprendem.

Assim sendo, no decorrer de nossa investigação, propomos a seguinte tarefa,

adaptada de Smole e Diniz (2016).

Figura 17 – Situação matemática e resolução do grupo

Fonte: acervo da autora

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117

A tarefa foi realizada em grupo e nos chamou atenção a estratégia de

resolução utilizada por seus componentes e registrado por escrito na tarefa

xerografada (Figura 17). Para resolver a situação (? – 29 + 52 = 100), de acordo com

o que é demonstrado na Figura 17, os alunos escreveram um número aleatório (82),

ao concluir que (82 – 29 + 52) resulta em 105, os alunos subtraem (82 – 5) para chegar

ao resultado indicado no enunciado (100). Assim, utilizou o processo de

compensação.

O aluno CC explicou a estratégia do grupo, sendo o representante dos colegas

para descrever o raciocínio utilizado pela equipe. É interessante ressaltar que o aluno

registrou pelo meio semiótico gráfico, o desenho da seta a fim de apresentar e justificar

as etapas do processo de resolução, ou seja, por meio do desenho de uma seta tentou

demonstrar a sequência e organização do seu pensamento para solucionar a

situação, mobilizando o recurso semiótico gráfico para expressar o seu pensamento

e explicar o seu raciocínio. Além disso, ressaltamos a integração de diversos recursos

e instrumentos no decorrer do processo, como a calculadora, o registro escrito pela

linguagem matemática, o desenho da seta e a explicação via oral e o uso de gestos

que caracterizam o pensamento como multimodal. Conforme explicitado no diálogo:

Aluno CC: Achei! ACHEI! Achei! ((o aluno manipula a calculadora e mostra o

resultado nela)) [22:43; 22:45]

Professora Luanna: você achou quanto? [22:46; 22:47]

Aluno CC: ( ) A gente vai aqui... Eu pensei em setenta e sete ((apontando

para a interrogação da expressão ? – 29 + 52 = 100 )) menos vinte e nove, aí dá

quarenta e oito ((apontando para a expressão apresentada na mesa)). Aí mais

cinquenta e dois... [22:48; 22:59]

[

Professora Luanna: você fez “chutando” foi? Você “chutou? ” [23:01]

Aluno CC: FOI! [23:02]

[

Alunos do grupo, em coro: Não! Não! Não! [23:03]

Aluno AU: Não! Ó, ((o aluno)) PD falou assim oitenta e dois ... Aí deu cento e

cinco ((mostrando a quantidade 5 com a mão aberta)) Diminua 5 números e deu 77...

Entendeu? [23:04; 23:13]

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118

Por meio do relato e da Figura 17, é possível verificar que o grupo de alunos

fez uso de tentativa e erro e não de um processo de dedução, pois colocou um número

provisório (82) para substituir o termo desconhecido. Tal ação se caracteriza como

uma prática essencialmente aritmética, já que os alunos operaram com números

concretos e não com o desconhecido. Pelo relato de AU (no trecho 23:04; 23:13),

verificamos que, inicialmente, o sujeito PD foi o primeiro do grupo a tomar a atitude de

colocar um número provisório. Então, o aluno PD compartilhou sua estratégia com os

outros membros do grupo e o sujeito CC socializou e respondeu aos questionamentos

da professora.

A estratégia utilizada pelo grupo é a mesma registrada em um antigo

documento da matemática grega, o papyro Rhind. O método de cálculo é denominado

de “falsa posição” (SERRÃO, 2014). Para Medeiros e Medeiros:

o método de falsa posição consiste, basicamente, em uma tentativa de resolver um problema matemático através da adoção inicial de uma solução provisória e conveniente a ser, posteriormente, modificada através de um raciocínio envolvendo proporções (MEDEIROS; MEDEIROS, 2004, p. 553)

O aluno CC, ao explicar o raciocínio do grupo, demonstra que agiu

diretamente com números concretos. Consideramos que a indeterminação na tarefa

consistiu, inicialmente, na busca da diferença entre o resultado final (105) do cálculo

da sentença com o número aleatório (82) com o resultado final já indicado no

enunciado (100), assim:

82 – 29 + 52 = 105. Contudo o resultado deveria ser 100, por isso,

105 – 100 = 5

Em seguida, para poder encontrar o valor correto da incógnita, o aluno

subtraiu o número aleatório 82 – 5, que resultou em 77.

Nesse sentido, apesar de conter a indeterminação, a estratégia apresenta um

caráter aritmético de “tentativa e erro”. Na situação, não verificamos o critério de

analiticidade, que distingue a aritmética da álgebra. Sendo assim, não observamos,

de acordo com a TO, indícios de pensamento algébrico na estratégia demonstrada

pelo aluno CC e seu grupo. Para Vergel e Rojas (2018, p. 50, tradução nossa)

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119

Uma solução através do método de tentativa e erro não é considerada algébrica. Os estudantes podem mobilizar signos alfanuméricos, mas isto não é o que faz faz distinção do pensamento algébrico; Em vez disso, baseia-se em conceitos aritméticos.35.

Dos três vetores indicados por Radford (2018a) para a caracterização do

pensamento algébrico, verificamos apenas a presença da indeterminância. Não

localizamos indicativos de trabalho com a nomeação semiótica para se referir ao

indeterminado e nem a indícios da presença da analiticidade. Isso ocorre porque o

aluno CC, ao explicar o raciocínio do grupo, demonstrou operar somente com números

conhecidos e todo pensamento centrado em números conhecidos, é característico do

pensamento aritmético. Vejamos a síntese no Quadro 18.

Quadro 18 – Vetores e indícios do pensamento algébrico no episódio de análise 2

Vetores do pensamento algébrico Indícios

Indeterminado A diferença de 82 – 5, que resultou em 77.

Expressão semiótica Não localizamos indicativos de nomeação semiótica para se referir ao indeterminado.

Analiticidade O grupo agiu somente com números conhecidos, portanto, não houve indícios de analiticidade.

Fonte: Elaborado pela autora

Outro aspecto a ser destacado na situação da Figura 17 e do diálogo

apresentado é o segmento da atividade, na qual foi possível observar diversos pontos

de vista por parte das crianças. Isto é, o labor conjunto (RADFORD, 2017b) em que,

mesmo considerando que os alunos estão com um objetivo em comum, há espaço de

tensão no diálogo apresentado, principalmente quando o aluno CC diz ter acertado

apenas por colocar o 77 no lugar do termo desconhecido. De imediato, o grupo e o

aluno AU discordam do sujeito CC explicando que o grupo chegou ao resultado 77 a

partir da estratégia aritmética pensada e socializada por outra criança do grupo.

Julgamos relevante dar destaque a esta tarefa em nossas análises, uma vez

que é importante valorizarmos a liberdade de ação das crianças no processo de

ensino-aprendizagem para compreendermos suas estratégias. Na tarefa

apresentada, o aluno CC apresentou a estratégia não convencional do grupo, que era

semelhante a utilizada pelos antigos egípcios, e a partir do método manifestado pelo

35 Texto original: “Una solución a través del método de ensayo-error no la consideramos como algebraica. Incluso los estudiantes pueden movilizar signos alfanuméricos, pero esto no es lo que hace distintivo el pensamiento algebraico; esto, más bien, descansa en conceptos aritméticos”.

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120

aluno CC e seu grupo, foi possível refletirmos que, na situação apresentada, houve

operação somente com números concretos, pois, conforme explicado por CC, o grupo

fez uso de um número provisório para substituir o indeterminado e trabalhar apenas

com quantidades conhecidas. De acordo com Radford (2018a), quantidades

indeterminadas podem ser manifestas com um simbolismo matemático, mas também

com outras formas de representação semiótica, sendo assim, a presença de uma

indeterminação matemática com um simbolismo explícito, bem como procedimentos

aritméticos refinados não se desdobram diretamente em um pensar algébrico, e sim

a estratégia analítico-dedutiva.

Portanto, concluímos que, nesta investigação, no processo de introdução à

álgebra nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os alunos utilizam diferentes

estratégias para agir com números conhecidos, como o que foi manifestado na tarefa

ora apresentada, portanto, visando melhorar nossa prática pedagógica no que

concerne ao ensino-aprendizagem da álgebra, é preciso conhecermos e analisarmos

o raciocínio da criança, valorizando-a e considerando-a como um sujeito integral, que

age e atua no mundo.

6.3 Episódio de análise 3 - a proto-analiticidade no processo de introdução à álgebra

Nesta sessão, a exposição desta tarefa tem o intuito de ressaltar que no

processo de introdução à álgebra no Ensino Fundamental, de acordo com nossa

investigação, podem ocorrer situações em que as crianças apresentam estratégias

que se aproximem à deduções, na perspectiva adotada na TO, mas ainda assim não

demonstram operar com o indeterminado, visto que atuam apenas com números

conhecidos.

A tarefa apresentada neste tópico compunha a sessão 7 que, conforme

mencionamos no desenho investigativo, possibilitou aos alunos vivenciarem em

grupos a resolução de sentenças matemáticas com operações de adição e subtração

com a presença de uma incógnita, denominada de termo desconhecido. Propomos,

em sessões anteriores, oportunidades para que os alunos se familiarizassem com

práticas culturais dessa natureza. Ao retomarmos oralmente esses momentos de

vivência com o termo desconhecido, a estudante MT explica que:

Aluna MT: Os problemas normais já dá... É... tipo... Já dá... é... é... Quanto é

2 ((risos da aluna)) mais 4... é só um exemplo, mas aí a gente tinha que simplesmente

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121

só somar. E ((na sessão anterior)) a gente tinha um desses quadrados ((se referindo

a sessão anterior em que, na situação, os alunos já tinham o resultado 15 e a parcela

com o numeral 10 da adição. Precisavam descobrir dois termos desconhecidos que,

somados ao 10, resultassem em 15)). A gente já tinha o resultado, a gente só

precisava descobrir como chegar [1:40; 2:05]

Dessa forma, conforme o relato da aluna, o grupo estava sendo introduzido

na familiarização de situações matemáticas que, para MT, não eram “normais”, visto

que os problemas denominados por MT de “normais”, são aqueles como (2 + 4 =). Ou

seja, a turma estava iniciando a vivência de situações como a mencionada pela aluna

(? + 10 + ? = 15), em que o símbolo de igualdade não indica diretamente uma

operação a ser realizada e sim denota o sentido de equivalência, conforme explicam

Castro e Molina (2007), é importante que as crianças convivam com expressões em

que o símbolo de igualdade indique outros sentidos, além de apenas uma indicação

de resultado.

Após essa discussão, conforme a Figura 18, a seguinte situação foi

apresentada, dando continuidade ao trabalho com o termo desconhecido:

Professora Luanna: Eu pensei num número, certo? Não vou dizer que

número eu pensei ((cola na cartolina uma caixinha com uma interrogação escrita)).

Vocês vão tentar descobrir. Cada grupo vai receber um desafio diferente... Aí o que

foi que eu fiz? Eu adicionei a esse número ((cola na cartolina uma caixinha com o sinal

de adição escrito)) doze... ((cola na cartolina uma caixinha com o número doze

escrito)) Certo? E resultou... ((cola na cartolina uma caixinha com sinal de igual)) em

dezesseis. Olhe só {aluno fala_ não compreensível} calma, qual número eu pensei?

[4:42; 5:20]

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122

Figura 18 – Situação (? + 12 = 16) apresentada no início da sessão 7

Fonte: arquivo da autora

Ao propor coletivamente uma discussão acerca das estratégias de resolução,

iniciou-se o seguinte diálogo:

Professora Luanna: Alguns já falaram a resposta porque coloquei número

pequeno. NÉ? Aí está fácil! ((se referindo a situação exposta no quadro)) Mas, como

vocês pensaram para chegar ao resultado? Quem poderia / [6:57; 7:09]

[

Aluna IN: Fui do doze que vai dar 16. Fui indo do doze até chegar no 16. ((se

referindo a sentença: ? + 12 = 16)) [7:10; 7:15]

Professora Luanna: IN usou a ideia de completar, ela foi partindo do doze até

chegar ao dezesseis, aí faltava quatro. Diga AU. [7:16; 7:22]

Aluno AU: Eu... diminuí. [07:23; 07:24]

Professora Luanna: Diminuiu o quê? [07:25; 07:26]

Aluno AU: doze menos dezesseis ((apontando para o quadro)) [07:27; 07:28]

Alunos em coro: ((corrigem o aluno AU)) dezesseis menos doze! [07:29;

07:30]

Professora Luanna: dezesseis menos doze! E você MT? ((a aluna estava com

a mão levantada, esperando a vez de falar)) [07:31; 07:34]

Aluna MT: Eu fiz a mesma que AU... Só que para ficar mais fácil eu separei as

dezenas. [07:35; 07:38]

A fala da aluna MT, no turno de fala das 07:35 às 07:38, chamou-nos atenção

por apresentar um indício de referência ao indeterminado pelo reconhecimento de que

o mesmo poderia ser explicitado ao utilizar a decomposição de dezenas e unidades.

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123

Ao interpretarmos o relato da aluna MT de “separar as dezenas”, verificamos

um indício da utilização da seguinte propriedade:

a + b = c

logo a = c – b

b = c – a

A separação entre dezenas e unidades relatada pela aluna indica um vestígio

de que para a mesma a expressão inicial (? + 12 = 16) se constitui como uma verdade

e a partir dela, é possível fazer deduções. A fala da estudante indica que ela agiu por

etapas ao subtrair a mesma quantidade em ambos os termos da expressão até chegar

a uma solução. Conforme Radford (2018a), deduzir é uma ação de analisar e agir

sobre o desconhecido com base no que é conhecido. A analiticidade consiste em: 1)

operar com o indeterminado e 2) fazer uso de deduções nessa operação. Na situação

apresentada, há indícios da utilização de uma premissa dedutiva, contudo, a aluna

não aponta agir com o desconhecido, não conferindo, assim, sentido ao

indeterminado.

Então, na presente tarefa, podemos concluir que há uma aproximação ao

pensamento analítico, uma proto-analiticidade, posto que há a indicação da presença

de um vetor da analiticidade: a dedução, pois ela não agiu por “tentativa e erro”, no

entanto, não visualizamos a ação com quantidades indeterminadas. Para melhor

refletirmos sobre esta situação, podemos interpretar e inferir matematicamente a

conclusão de MT da seguinte forma:

? + 12 = 16

? + 12 + ( -10) = 16 + (-10)

? + 2 = 6

6 – 2

4

Assim, apesar da produção de MT não evidenciar explicitamente a retirada da

dezena em ambos os lados. Nossas análises indicam, a partir do relato da aluna, que

ao separar as dezenas e restar as unidades, fez um processo de compensação,

concebendo a expressão de modo bidirecional, a partir do símbolo de igualdade como

uma equivalência uma referência ao indeterminado por meio da operação aritmética

(6 – 2).

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124

? + 12 = 16

Logo ? = 16 – 12 (para MT 6 – 2, pois subtraiu a dezena em ambos os membros)

? = 6 - 2

MT fez uso do recurso linguístico ao oralizar “eu separei as dezenas” para

expressar sua estratégia de pensamento e entendimento de que é possível decompor

ou “separar” dezenas de unidade, como 16 em (16 - 10 = 6) e 12 em (12 – 10 = 2).

Vergel (2016b, p. 24) aponta a relevância dos meios semióticos de objetivação, como

os gestos e o ritmo e seu papel central na atualização do saber em conhecimento.

Acrescentamos também o recurso linguístico, como o utilizado por MT ao dizer que

“separou as dezenas”, como uma forma de materialização e exposição da estratégia

de pensamento.

A partir do indício da indeterminância e expressão semiótica, partimos para um

segundo momento e verificamos indicativos de proto-analiticidade nesta tarefa.

Sintetizamos nossas considerações acerca dessa situação no Quadro 19.

Quadro 19 – Vetores e indícios do pensamento algébrico da aluna MT

Vetores do pensamento algébrico Indícios

Indeterminado O resultado de 6 – 2 No decorrer do processo, utiliza a operação inversa e age a partir da retirada da dezena

? + 12 = 16 ? + 12 + ( -10) = 16 + (-10) ? + 2 = 6 6 – 2 4

Expressão semiótica Reconhece e se refere ao objeto indeterminado a partir de uma operação e propriedade aritmética ao dizer “separar as dezenas” – utilizou o recurso linguístico

Analiticidade Demonstra indícios de proto-analiticidade, pois há uma aproximação ao pensamento analítico. A estudante indica operar a partir da premissa (? + 12 = 16) e, a partir disso, subtrai a mesma quantidade em ambos os termos da expressão. No processo, vai passando de uma expressão para a outra, sucessivamente até chegar a uma solução. Dessa forma, aparenta conceber a expressão de modo bidirecional (atentando para os dois termos) com base no símbolo de igualdade como indicação de equivalência. No entanto, não operou com a incógnita, já que trabalhou apenas com números conhecidos

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125

? + 12 = 16 ? + 12 + ( -10) = 16 + (-10) ? + 2 = 6 6 – 2 4

Fonte: Elaborado pela autora

Consoante a Radford (2018a), o critério de analiticidade é o que distingue a

álgebra da aritmética. Isso acontece porque na ação algébrica o trabalho com o

desconhecido é realizado a partir do que é conhecido, como em um “passo a passo”,

que se baseia em uma certeza e considera suas consequências (RADFORD, 2018a).

Verificamos, então, que MT reconhece e se refere ao indeterminado ao

expressar a “separação das dezenas” como uma estratégia facilitadora para se chegar

a resolução. Estratégias de decomposição como o que foi manifestado pela aluna MT,

por exemplo, sugerem que a mesma agiu compreendendo seu procedimento

matemático. A aluna fez uso do princípio aditivo e da propriedade da decomposição

do Sistema de Numeração Decimal para ajudar na resolução da situação aritmética.

Contudo, MT não operou com a incógnita, uma vez que não agiu com o

indeterminado como se fosse determinado. Assim, conforme apresentado no Quadro

19, na introdução à álgebra, de acordo com nossa investigação, a criança nem sempre

demonstrará explicitamente uma analiticidade algébrica. Na tarefa apresentada neste

tópico, por exemplo, de acordo com a base teórica da Teoria da Objetivação, há

indícios, visualizados por meio das estratégias demonstradas pela aluna, de uma

aproximação ao pensamento analítico, já que a aluna indicou agir por deduções, no

entanto, concluímos que o tipo de sentença matemática com apenas uma incógnita

não suscitou a operação com o desconhecido, diante disso, problematizações com

mais de uma incógnita ou questionamentos orais com outras possibilidades e

situações poderiam ter fomentado, no labor conjunto, a ação das crianças com o

indeterminado, contudo, tais reflexões não foram suscitadas pelo professor (ou por

alunos).

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126

6.4 Episódio de análise 4 - a operação com o indeterminado no processo de

introdução à álgebra

O objetivo de apresentarmos a presente tarefa consiste em refletirmos acerca

da operação com o indeterminado, pois, para ser considerado algébrico, de acordo

com a TO, é necessário operar de modo analítico-dedutivo com o termo desconhecido

como se ele fosse determinado, para que a incógnita se configure como o primeiro

plano da equação em todo o processo e não apenas na busca do seu resultado, mas

na sua manipulação como a representação de uma quantidade.

A tarefa foi desenvolvida na sessão 9, em que os alunos vivenciaram o dominó

de letras e números, adaptado de Martins e Santos (2012). O dominó possuía

equações com as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão e

apresentava termos desconhecidos em que era necessário utilizar a noção de

incógnita para localizar a resposta adequada. Para exemplificar, a Figura 19

demonstra algumas peças do dominó, que continha no total 28 peças, distribuídas

igualmente para cada grupo de 2 alunos.

Figura 19 – Demonstração de peças do dominó de letras e números

Fonte: Martins; Santos (2012)

A atividade de nossa investigação promoveu diversas possibilidades de

fomento ao encontro e familiarização das crianças com situações contendo números

desconhecidos. Porém, ressaltamos que apenas a presença de letras em equações,

conforme apresentado na tarefa da Figura 19, não garante o desenvolvimento do

pensar algébrico.

Seguindo as orientações de Radford (2015, p. 556) expostas na Figura 10,

inicialmente, explicamos a tarefa e apresentamos alguns exemplos de equações em

que os números eram representados por letras, nesse momento, foi possível construir

a regra do jogo com as crianças. Em seguida, os alunos vivenciaram o dominó em

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127

grupos de 2 componentes para, por fim, fazer o registro em uma tarefa xerografada e

socializarem suas conclusões.

Para iniciar nossa análise da sessão 9, buscamos as informações contidas ao

assistirmos ao vídeo da sessão, na leitura da transcrição e na conferência das tarefas

xerografadas. De acordo com as orientações de Vergel (2016), as informações se

tornam dados de análise quando atribuímos significado para elas, embasados pela e

na Teoria da Objetivação. Então, conforme já explicitado, buscamos inicialmente

registros que indicavam, pelos diversos meios semióticos, o indeterminado e a

referência a ele, conferindo assim, significado para tais informações apresentadas na

tarefa, filmagem e/ou transcrição. Para, em seguida, analisarmos se tais registros

sinalizavam a presença da analiticidade, ou uma aproximação a ela, ou seja, uma

proto-analiticidade.

Assim, a resposta da criança, apresentada na Figura 20, se configurou como

um dado de pesquisa porque a aluna, no decorrer de sua explicação por meio da

linguagem escrita, fez referência e reconheceu o indeterminado em todo o processo.

Figura 20 – Estratégia utilizada no dominó de letras e números pela aluna LC

Fonte: Arquivo da autora

A resposta apresentada na Figura 20 indica que a mesma fez uso da

propriedade comutativa, ao explicar que 6 x 5 era o mesmo que 5 x 6 para encontrar

o resultado.

Por meio da análise da resposta da aluna LC, verificamos um indício de

pensamento relacional, uma vez que ela operou com a propriedade comutativa da

multiplicação e também fez uso da operação inversa divisão-multiplicação com o

objetivo de facilitar o processo de resolução (FERNÁNDEZ; IVARS, 2016; CASTRO;

MOLINA, 2007). A presença do pensamento relacional com o uso de propriedades de

operações aritméticas colabora na estruturação e desenvolvimento do pensamento

algébrico, contudo, conforme esclarece Radford (2018a), a presença da analiticidade

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é o que diferencia o pensamento algébrico do aritmético. No quadro 20, sintetizamos

nossa análise da presente tarefa.

Quadro 20 – Vetores e indícios de aproximação ao pensamento algébrico da aluna LC

Vetores do pensamento algébrico Indícios

Indeterminado O valor de “C” na equação 30 : c = 6

Expressão semiótica Se refere ao objeto indeterminado como “C”

Analiticidade Indica uma proto-analiticidade, ou seja, uma aproximação ao processo dedutivo, posto que sinaliza agir baseada na premissa 30 : c = 6, e não por tentativa e erro, por saber que 5 x 6 é 30 e 6 x 5 é 30

Fonte: Elaborado pela autora

Quanto ao primeiro vetor, verificamos a presença do indeterminado. É

possível depreender também, por meio da Figura 20 e na síntese do Quadro 20, que

a aluna fez uso da expressão semiótica ao se referir ao indeterminado como “C”

durante todo o processo. O modo que o indivíduo menciona o indeterminado, seja

pela linguagem oral, escrita ou por outro meio, sinaliza o vetor da expressão semiótica

defendida por Radford (2018a) quanto à caracterização do pensamento algébrico. No

início de nossas intervenções, os alunos apresentaram dificuldade para compreender

que culturalmente um número pode ser representado por meio de um simbolismo ou

uma letra. Mas, na escrita da aluna LC, registrada na Figura 20, é possível perceber

indícios de que a mesma reconhece o símbolo “c” como uma quantidade.

Além disso, verificamos indícios, a partir de nossa análise multimodal, de um

recurso linguístico pelo uso do “Eu sei”. Ao demonstrar que sabia, por meio do artefato

cultural da tabuada, a criança comunicou a estratégia de pensamento matemático,

indicando o não uso da tentativa e erro, mas uma aproximação ao processo de

dedução, baseada em etapas, a partir da premissa de que

30: c = 6, logo

30: 5 = 6

Porque, de acordo com o registro escrito do signo numérico feito pela aluna,

6 x 5 é 30 e 5 x 6, a partir da propriedade comutativa da multiplicação, apresenta o

mesmo resultado, isto é, 30.

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Por não termos uma amálgama de elementos semióticos nas filmagens,

transcrição e tarefa xerografada que reafirmem de modo direto a dedução e a

operação com o desconhecido, concluímos que na situação houve uma proto-

analiticidade, uma aproximação ao pensamento analítico, em razão de que a aluna

sinalizou operar a partir de uma premissa.

Por fim, esclarecemos que tarefas como o “Dominó de letras e números”

promovem a familiarização de crianças do 4º e 5º ano para lidar futuramente com a

álgebra formal, já que apresentam a noção de incógnita.

Filloy e Rojano (1989, p. 19) explicam que equações como as que

apresentamos no presente tópico podem ser solucionadas por intermédio de

operações inversas, contudo, no processo de resolução, não é necessário operar

diretamente com o desconhecido. Porquanto, os referidos autores elucidam que

equações como Ax + B = Cx + D não devem ser resolvidas apenas com a inversão de

operações, em virtude de que a incógnita está presente nos dois termos.

Apesar da consideração de Filloy e Rojano (1989), nossa investigação propõe

tarefas que possibilitem um contato inicial e familiarização cultural dos alunos com

situações em que as incógnitas sejam introduzidas em sentenças matemáticas, num

processo de preparação à álgebra.

Outra razão de optarmos por equações com apenas uma incógnita é o fato de

que a BNCC, materiais de orientação ao professor e livros didáticos aprovados pelo

PNLD, como discutido no capítulo 2, indicam sentenças matemáticas semelhantes.

Autores de materiais didáticos justificam que tais situações fazem parte da nova

tendência de introdução à álgebra no Brasil, a partir das orientações da BNCC. Esses

materiais didáticos, como os livros, repercutem diretamente nas práticas escolares,

assim, por ser algo tão recente no contexto dos anos iniciais, optamos em fazer uso

de tarefas com situações similares.

Em suma, destacamos que, de acordo com a Teoria da Objetivação, para

pensar algebricamente é necessário operar de modo analítico fazendo uso de

deduções. A análise da tarefa ora apresentada demonstra que houve uma

aproximação ao que seria operar com premissas dedutivas, constituindo, assim, uma

proto-analiticidade.

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6.5 Episódio de análise 5 - indícios da ruptura entre aritmética e álgebra no processo

de introdução à álgebra

A apresentação desta tarefa objetiva refletir acerca da ruptura entre aritmética

e álgebra. De acordo com Filloy e Rojano (1989), esse “corte” é indicado com o fato

de que os alunos, mesmo com habilidades aritméticas refinadas, sentem dificuldade

de operar com o desconhecido. A apresentação da tarefa também se deve ao fato de

fomentar a reflexão sobre o reconhecimento e a referência ao indeterminado. Posto

que, conforme evidencia a Figura 21, a aluna IN faz uso da expressão semiótica ao

se referir ao termo desconhecido, todavia, não opera com o indeterminado e não faz

uso de premissas para solucionar a equação.

Figura 21– Estratégia utilizada pela aluna IN

Fonte: acervo da autora

Assim como na tarefa do tópico anterior, a presente tarefa também ocorreu na

sessão 9, na vivência com o jogo “Dominó de letras e números”, adaptado de Martins

e Santos (2012). A partir do registro escrito foi possível verificar a estratégia de

pensamento da aluna, a mesma reconheceu e se referiu ao indeterminado e indicou

compreender que a letra “y” representa uma quantidade numérica. Consideramos isso

um avanço, uma vez que os alunos no início das sessões demonstraram dificuldade

com a prática cultural matemática de considerar quantidades por meio da

representação simbólica de letras. Contudo, apesar desse reconhecimento, a aluna

não conferiu sentido ao indeterminado, pois não operou com ele como se o mesmo

fosse conhecido.

A estudante indica fazer uso da “tentativa e erro”, ao escrever que “fui vendo”

qual número somado com 4 resultaria em 7. A expressão linguística destacada

expressa uma ação contínua, ou seja, não partiu de uma premissa, uma vez que é

possível inferir que a criança foi testando qual número poderia substituir a letra. A

análise multimodal privilegia não apenas o resultado final, mas o processo de

resolução, sendo assim, atentar para a explicação linguística da criança pela

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linguagem escrita nos fez perceber o uso sutil da “tentativa e erro”, constituindo-se

como uma estratégia aritmética.

Para a Teoria da Objetivação, a analiticidade é o que diferencia a aritmética

da álgebra, ela se configura com duas principais características, a primeira diz respeito

à ação com o indeterminado como se o mesmo fosse determinado e a segunda é que

tais ações devem partir de uma premissa. Ou seja, um processo onde um raciocínio

inicial gera outro e assim, sucessivamente, até solucionar o problema matemático.

Sintetizamos nossa análise desta tarefa no Quadro abaixo.

Quadro 21 – Vetores do pensamento algébrico da aluna IN

Vetores do pensamento algébrico Indícios

Indeterminado É identificado e reconhecido como “Y”

Expressão semiótica Reconhece e se refere ao “Y” como “número desconhecido” por meio do registro escrito

Analiticidade Não demonstra analiticidade, uma vez que fez uso da “tentativa e erro” e não operou com o desconhecido como se fosse conhecido

Fonte: elaborado pela autora

Como evidenciado no Quadro 21, há indícios de que a aluna IN não operou

com o desconhecido. Filloy e Rojano (1989) reiteram que para o estudante agir com

o indeterminado, em um certo momento ele deve ir além de práticas aritméticas. Em

suma, o mesmo deve agir com a incógnita em primeiro plano, isso significa que a

utilização de procedimentos aritméticos, como o uso das operações inversas, por

exemplo, não garante que o indeterminado seja visto como determinado.

Porém, situações com a presença de apenas uma incógnita, como a da tarefa

ora apresentada, podem ser solucionadas diretamente com o uso de operações

inversas. Acerca disso,

Considere o conceito de equação. Em termos aritméticos, o lado esquerdo da equação corresponde a uma sequência de operações realizadas em números (conhecidos ou desconhecidos); o lado direito representa a consequência de ter realizado tais operações. Isso é o que poderíamos chamar de noção "aritmética" de igualdade. De tal noção, equações como Ax + B = C podem ser resolvidas simplesmente desfazendo, uma a uma, as operações dadas na sequência da mão esquerda, começando com o número C. Esse é um tipo de equação "aritmética". A noção aritmética não se aplica a uma equação da forma Ax + B = Cx + D; sua resolução envolve operações extraídas de fora

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do domínio da aritmética, isto é, operações no desconhecido36 (FILLOY; ROJANO, 1989, p. 19, grifo do autor, tradução nossa)

Assim, o tipo de equação representado em alguns livros didáticos aprovados

pelo PNLD 2019 são denominados por tais autores como equações aritméticas.

Reconhecemos que os procedimentos com números e operações conhecidas são

relevantes, porém, para Filloy e Rojano, pensar algebricamente requer um nível de

abstração maior, posto que se atenta para o desconhecido e se opera com ele de

modo dedutivo. A noção do símbolo de igualdade como uma relação entre os termos

de uma equação colabora nesse processo.

A partir da caracterização das estratégias de pensamento demonstradas pela

aluna IN (Figura 21), reiteramos, baseados na Teoria da Objetivação, que a dificuldade

de operar com números desconhecidos evidencia a ruptura entre aritmética e álgebra

e, com a reflexão da tarefa ora apresentada, concluimos que apenas o

reconhecimento e referência ao termo desconhecido não significa que o pensamento

algébrico está sendo desenvolvido.

36 Texto original: “Consider the concept of equation. In arithmetical terms, the left side of the equation corresponds to a sequence of operations performed on numbers (known or unknown); the right side represents the consequence of having performed such operations. This is what we might call the “arithmetical” notion of equality. From such a notion, na equation such as Ax + B = C can be solved by merely undoing, one by one, the operations given in the left hand sequence, starting with the number C. We shall call this type of equation “arithmetical”.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos propomos a caracterizar, a partir da Teoria da Objetivação, estratégias

de pensamento demonstradas por crianças 4º e 5º ano do Ensino Fundamental do

NEI/CAP-UFRN, no processo de introdução da álgebra, em tarefas que abordam

sentenças matemáticas em que um dos termos é desconhecido. Neste capítulo,

tratamos sobre os resultados sinalizados pela análise das tarefas descritas e

interpretadas no capítulo 6 e dos possíveis desdobramentos investigativos, a partir

deste estudo, assim como das contribuições.

A proposição desta pesquisa ocorreu em um contexto cultural em que no

Brasil, o ensino-aprendizagem sistemático da álgebra foi orientado a partir da

aprovação no final de 2017, da 3ª versão do principal documento normativo de

orientação curricular nacional, a Base Nacional Comum Curricular. Assim, a partir

dessa aprovação, surge uma nova demanda pedagógica: a inserção da denominada

álgebra escolar no cotidiano das salas de aula em todo país.

Com essa nova demanda inserida na comunidade escolar, nos questionamos,

como pedagogos em busca de melhorar nossa prática pedagógica, acerca do que

caracterizaria o pensamento algébrico, posto que livros didáticos e de orientação aos

professores trazem tarefas com um termo desconhecido indicando “desenvolver o

pensamento algébrico”.

No percurso investigativo, optamos por seguir a perspectiva da Teoria da

Objetivação (RADFORD, 2018a) no que concerne a organização estrutural e na

análise das sessões. Tal posicionamento se deu porque essa Teoria evidencia uma

Educação Matemática que não se detém apenas aos aspectos cognitivos, mas éticos,

históricos e sociais e concebe o saber como algo democrático, que não pertence

apenas ao professor. Esse saber pode ser alcançado e materializado em

conhecimento por meio de um trabalho colaborativo, denominado por Radford de labor

conjunto. A TO também defende que o pensamento é uma forma de agir e refletir

sobre o mundo, por isso, optamos nesta investigação por valorizar e analisar as

estratégias demonstradas pelas crianças na busca de melhor compreender sobre algo

tão recente no Brasil - o trabalho pedagógico com a álgebra nos anos iniciais do

Ensino Fundamental.

Assim, realizamos 10 sessões no Núcleo de Educação da Infância – Colégio

de Aplicação da UFRN, sendo 3 sessões na turma do 4º ano, em 2017, e 7 na mesma

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turma, compondo o 5º ano, em 2018. Organizamos as 10 sessões em três blocos,

visando a ideia de equivalência com a presença de um termo desconhecido, de acordo

com as orientações da BNCC.

A elaboração das tarefas e sua intenção pedagógica (Figura 9) se deu a partir

de dois principais objetivos expostos na BNCC, que diziam respeito à noção de

equivalência e o trabalho com o termo desconhecido. O que subsidiou a análise das

tarefas foi a concepção acerca da álgebra, defendida pela Teoria da Objetivação

(RADFORD, 2018a). Para Radford, o pensamento algébrico se constitui com três

vetores: a indeterminação, isto é, a presença do termo desconhecido e o tratamento

dado a ele em situações matemáticas; a expressão semiótica, constituída no

reconhecimento e referência ao indeterminado e a analiticidade, que consiste na

operação dedutiva com o desconhecido.

Além disso, baseados na TO, realizamos nossas análises com um olhar

multimodal, atentando para as diversas formas de expressar uma estratégia de

pensamento. Posto que para Radford, o pensamento é multimodal e pode ser

expresso e visualizado de múltiplas formas. Verificamos, assim, desde os gestos até

as representações escritas realizadas pelas crianças.

Diante das informações apresentadas nos materiais de análise, conferimos

sentido e compomos nossos dados analíticos a partir da perspectiva da Teoria da

Objetivação (VERGEL; ROJAS, 2018) ao selecionarmos situações em que

percebíamos a presença, o reconhecimento ou referência ao indeterminado.

As 10 sessões foram organizadas em 3 blocos e, ao verificarmos os vídeos,

transcrições e tarefas xerografadas, percebemos que a referência ao indeterminado

se deu principalmente nas últimas sessões, no bloco de trabalho com jogos

matemáticos. Nesse processo, nossas maiores dificuldades na análise das tarefas se

deram no fato de que, por contarmos com apenas uma câmera filmadora, muitos

registros orais e visuais foram perdidos. Outra dificuldade foi a falta de um registro

detalhado na escrita das crianças, posto que os alunos, na maioria das ocasiões,

apenas registravam a resposta final na folha xerografada, sem escrever cálculos ou

registros do processo de resolução das equações, dificultando, então, a compreensão

dos procedimentos e estratégias por eles utilizadas.

Nossas análises sinalizam que, no processo de introdução à álgebra, as

estratégias demonstradas pelas crianças evidenciam a presença latente da proto-

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analiticidade como uma característica que compõe esse processo. Ainda concluímos,

a partir da análise das estratégias de pensamento demonstradas pelas crianças, que:

o pensamento algébrico apresenta uma ruptura ao pensamento

aritmético, essa diferenciação pode ser demonstrada pela dificuldade

das crianças em operar com o desconhecido;

o emprego de estratégias aritméticas refinadas e o uso de propriedades

das operações colaboram no desenvolvimento e estruturação do

pensamento algébrico;

o pensamento algébrico e/ou aritmético pode ser expresso de múltiplos

modos, por isso, é preciso proporcionar liberdade para as crianças

resolverem problemas ao seu modo, bem como valorizar suas

estratégias.

Assim, a partir desses resultados, defendemos a tese de que, a partir da

abordagem da Teoria da Objetivação, a proto-analiticidade se constitui como uma

característica do processo pedagógico de introdução à álgebra.

Nossas análises, baseadas na TO, elucidam que o que a BNCC, livros

didáticos do PNLD 2019 e materiais de orientação ao professor trazem como álgebra,

são, na verdade, uma pré-álgebra, visto que, de acordo com a Teoria da Objetivação,

não promoveram, nesta investigação - a partir das estratégias demonstradas pelas

crianças, o desenvolvimento do pensamento algébrico, mas fomentaram noções

importantes para a estruturação do trabalho com a álgebra formal, como o conceito

do símbolo de igualdade como uma relação de equivalência.

Essa constatação se deu na verificação de que para as crianças operarem

algebricamente, precisam transpor a concepção aritmética de operar com termos

conhecidos (FILLOY; ROJANO, 1989). Assim, a chamada “introdução da álgebra

escolar” nos anos iniciais do Ensino Fundamental, apresentada nesta investigação,

seria, na perspectiva da TO, uma pré-álgebra.

Contudo, o trabalho com a pré-álgebra é relevante, na medida em que, com

tais tarefas, no labor conjunto, as crianças entram em contato e se familiarizam com

conceitos que serão utilizados na formalização da álgebra.

Concluímos também que cabe ao professor, como sujeito mais experiente,

ampliar as posibilidades para o alcance do saber algébrico. Em nossa atividade, por

exemplo, a ação do professor no labor conjunto poderia ter facilitado o encontro dos

alunos com o pensamento algébrico, posto que apenas a aplicação de uma

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determinada tarefa não promove a atualização do saber em conhecimento. Mesmo

com objetivos claros no que concerne a estrutura da atividade e no modo que

conceber os sujeitos, consideramos que a ação do professor no labor conjunto desta

investigação foi limitada, uma vez que, poderia ter levantado discussões sobre a ação

com o indeterminado como se fosse determinado. Conforme apontado por Radford

(2017e)

O conceito de professor e de estudante que a TO traz consigo não é o conceito de seres autossuficientes e feitos por si próprios, que já conhecem seus assuntos. Professores e estudantes são conceitualizados como subjetividades em elaboração, ou como projetos de vida. Em vez de serem considerados como algo já dado, como fontes de saber e intencionalidade, eles são considerados como abertura para o mundo. A TO concebe os professores e os estudantes como seres humanos em fluxo, como projetos inacabados, em busca de si mesmos, empenhados num mesmo esforço onde sofrem, lutam e encontram satisfação juntos (RADFORD, 2017e, p. 241-242)

Nesta investigação, de fato, as especificidades da álgebra nos anos iniciais

do Ensino Fundamental, mais detalhadamente no 4º e 5º, foram aprendidas junto com

os alunos, no decorrer do processo. Concretamente, o saber não se configurou como

algo nosso (do professor) e sim uma produção coletiva, erramos e aprendemos juntos,

no labor conjunto.

A partir das reflexões dos erros e acertos, constatamos que um possível

desdobramento, suscitado deste estudo, seria a investigação com tarefas que,

segundo Filloy e Rojano (1989) seriam genuinamente algébricas. Tais situações

seriam compostas de equações como Ax + B = Cx + D, uma vez que, para tais autores,

nesse tipo de situação, é preciso transpor procedimentos aritméticos de agir apenas

com números determinados. Contudo, concluímos a tese com o seguinte

questionamento: será que o uso de duas incógnitas realmente facilitaria a ação com

o desconhecido como se fora conhecido?

Por ora, esta tese contribui no sentido de esclarecer o que é e como se

caracteriza o pensamento algébrico, principalmente para pedagogos, visto que, estes

apresentam dificuldades e crenças negativas em relação à matemática (NACARATO;

MENGALI; PASSOS, 2009), devido a uma formação inicial deficitária, bem como de

experiências pragmáticas na escolarização estudantil.

Sendo assim, esclarecer por meio desta investigação baseada na TO, o que

é específico da álgebra, como o pensamento analítico, tem o objetivo de reverberar

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na melhoria de nossa prática de professora da rede pública e de professores que estão

iniciando o processo de introdução à álgebra, a partir da aprovação da BNCC no final

de 2017. O estudo contribui também no sentido de fomentar pesquisas científicas na

área.

A busca em melhorar nossa prática pedagógica consiste na ação reflexiva

com fundamento em uma Educação Matemática que vise a formação crítica dos

sujeitos, incluindo o próprio professor, que não deve limitar a sua ação a uma tarefa

apresentada em um livro ou material didático, posto que, é no labor conjunto, nas

ações colaborativas e críticas, na problematização e reflexão que o encontro com o

saber acontece.

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<http://www.sbembrasil.org.br/files/viii/pdf/05/MC02708804456.pdf> Acesso em: 25 jul 2018. TEIXEIRA, Célia Regina. O Estado da arte: a concepção de avaliação educacional veiculada na produção acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo (1975-2000). In: Cadernos de Pós-Graduação – educação, São Paulo, v. 5, n. 1, 2006, p. 59-66. Disponível em: <https://periodicos.uninove.br/index.php?journal=cadernosdepos&page=article&op=view&path%5B%5D=1845> Acesso em: 25 jan 2018.

TRIVILIN, Linéia Ruiz. Conhecimentos de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental para o ensino dos diferentes significados do sinal de igualdade, 2014. Dissertação de mestrado. Universidade Federal do ABC. Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História de Ciências e Matemática.

TRIVILIN, Linéia Ruiz; RIBEIRO, Alessandro Jacques. Conhecimento matemático para o ensino de diferentes significados do sinal de igualdade: um estudo desenvolvido com professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Bolema, Rio Claro (SP), v. 29, n. 51, p. 38-59, abr. 2015. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/bolema/v29n51/1980-4415-bolema-29-51-0038.pdf> Acesso em 27 set. 2018.

VAN DE WALLE, John A. Matemática no ensino fundamental: formação de professores e aplicação em sala de aula. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

VERGEL, Rodolfo. Formas de pensamiento algebraico temprano em alunos de cuarto y quinto grados de Educación Básica Primaria (9-10 años). Tese de Doutorado. Universidad Distrital Francisco José Caldas. Bogotá, 2014. VERGEL, Rodolfo. Sobre la emergência del pensamento algebraico temprano y su desarrollo em la educación primária. Bogotá: Editora Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2016. VERGEL, Rodolfo; ROJAS, Pedro Javier. Álgebra escolar y pensamento algebraico: aportes para el trabajo em el aula. Bogotá: Editora Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2018. VIANNA, Carlos Roberto. Introdução à álgebra. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 3., 1990, Natal, Anais... Natal: UFRN Editora Universitária, 1990, p. 37. Disponível em: <http://www.sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/anais/enem> Acesso em: 02 abr 2017.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Livros didáticos em formato reduzido para avaliação - 4º e 5º ano

do Ensino Fundamental

Coleção Referência

Coleção 1 – Ligamundo

REAME, Eliane. Ligamundo matemática 4º ano. São Paulo: Saraiva, 2017a REAME, Eliane. Ligamundo matemática 5º ano. São Paulo: Saraiva, 2017b

Coleção 2 – Novo bem-me-quer

BORDEAUX, Ana Lúcia et al. Novo bem-me-quer matemática 4º ano. São Paulo: Editora do Brasil, 2017a BORDEAUX, Ana Lúcia et al. Novo bem-me-quer matemática 5º ano. São Paulo: Editora do Brasil, 2017b

Coleção 3 – Ápis

DANTE, Luís Roberto. Ápis matemática 4º ano. São Paulo: Ática, 2017a DANTE, Luís Roberto. Ápis matemática 5º ano.São Paulo: Ática, 2017b

Coleção 4 – A conquista da matemática

GIOVANNI JÚNIOR, José Ruy. A conquista da matemática 4º ano.São Paulo: FTD, 2018a GIOVANNI JÚNIOR, José Ruy. A conquista da matemática 5º ano.São Paulo: FTD, 2018b

Coleção 5 – Novo Pitanguá

RIBEIRO, Jackson; PESSÔA, Karina. Novo Pitanguá matemática 4º ano. São Paulo: Moderna, 2017a RIBEIRO, Jackson; PESSÔA, Karina. Novo Pitanguá matemática 5º ano. São Paulo: Moderna, 2017b

Fonte: elaborado pela autora

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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGED COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFRN-CEP/HUOL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Vimos solicitar a você a autorização para que o menor pelo qual você é responsável participe

da pesquisa: Ensino e aprendizagem da álgebra na perspectiva do Letramento nos anos iniciais do

Ensino Fundamental, que tem como pesquisador responsável a Profa. Luanna Priscila da Silva Gomes.

Esta pesquisa pretende analisar aspectos do ensino e aprendizagem da álgebra nos anos

iniciais do Ensino Fundamental mobilizados a partir do trabalho com a leitura e a escrita na perspectiva

do letramento em uma turma do 4º ano do Ensino Fundamental.

O motivo que nos leva a fazer este estudo decorre da necessidade de se buscar alternativas

eficazes para o ensino de álgebra nos anos iniciais do ensino fundamental, uma vez que o seu ensino

é recomendado em documentos oficiais que orientam o currículo escola, desde os Parâmetros

Curriculares Nacionais de Matemática (BRASIL, 1997), como, na atualidade, a Base Curricular Comum

Nacional (2017). Dentre as alternativas de ensino buscadas neste estudo, destaca-se a sua articulação

com o desenvolvimento das competências de leitura e escrita da língua materna e da linguagem

matemática, também essenciais para a formação do sujeito letrado.

Durante o desenvolvimento e aplicação do estudo, o aluno deverá participar de oficinas

matemáticas sobre conteúdos algébricos no horário normal de aula, com gravação de voz e/ou imagem.

Utilizaremos nomes fictícios na análise da pesquisa, garantindo a confidencialidade da investigação.

Quanto aos possíveis riscos, são considerados mínimos, visto que as atividades acontecerão

dentro do horário escolar dos alunos, sem prejuízo dos estudos dos demais assuntos curriculares,

contudo, o risco que a criança corre é semelhante aquele sentido em um exame físico ou psicológico

de rotina. Pode acontecer nos momentos de registros da imagem ou na gravação da voz um

desconforto por meio de algum sentimento de constrangimento na exposição de dúvidas, conflitos

dentro do grupo por discordar de algum colega, dificuldade de trabalhar em grupo, vergonha em expor

sentimentos devido à gravação sonora e imagética. Os possíveis riscos citados serão minimizados com

o auxílio constante da professora pesquisadora e dos demais profissionais da escola. No momento da

oficina, a professora fará a intervenção de grupo em grupo, auxiliando os alunos nas questões

individuais e coletivas. Os participantes serão beneficiados, pois as oficinas fomentarão o estudo da

matemática em grupo, ajudando-os a desenvolver a atitude de trabalho coletivo, de contar com o apoio

da professora e dos colegas, de respeitar a opinião do outro, argumentar e discutir ideias.

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152

Tendo em vista o caráter confidencial que será dado as informações coletadas, bem como a

garantia de privacidade no que diz respeito ao anonimato dos participantes, sedo identificados com

nomes fictícios.

Caso tenha dúvidas na ocasião de assinatura do Termo de Autorização ou durante todo o

período da pesquisa, você poderá ligar para a pesquisadora Luanna Priscila da Silva Gomes (84-99652-

9726).

Você tem o direito de recusar sua autorização, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum

prejuízo para você e para ele(a).

Os dados que o estudante irá nos fornecer terão sua divulgação restrita apenas a congressos

ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa identificá-lo(a).

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Não haverá despesas no decorrer da pesquisa.

Se ele(a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, ele(a) será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato com o CEP

HUOL, Endereço: Av. Nilo Peçanha, 620, 1º Andar do Prédio Administrativo, Espaço João Machado,

Petrópolis, Natal/RN - Telefone (84) 3342-5003 - E-mail: [email protected].

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com a pesquisadora

responsável Luanna Priscila da Silva Gomes.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, _____________________________________________________, representante legal do

menor _____________________________________________________, autorizo sua participação na

pesquisa “Ensino e aprendizagem da álgebra na perspectiva do Letramento nos anos iniciais do Ensino

Fundamental”.

Esta autorização foi concedida após os esclarecimentos que recebi sobre os objetivos,

importância e o modo como os dados serão coletados, por ter entendido os riscos, desconfortos e

benefícios que essa pesquisa pode trazer para ele(a) e também por ter compreendido todos os direitos

que ele(a) terá como participante e eu como seu representante legal.

Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por ele(a) em congressos e/ou

publicações científicas, desde que os dados apresentados não possam identificá-lo(a).

Natal, _____ de __________________ de 2017.

_________________________________________

Assinatura do representante legal

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “Ensino e aprendizagem da álgebra na perspectiva

do Letramento nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, declaro que assumo a inteira

Impressão datiloscópica do representante

legal

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153

responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodológicos e os direitos que foram

esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade

sobre a identidade do mesmo. Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora

assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho

Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, _____ de __________________ de 2017.

_____________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável

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APÊNDICE C – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido – TALE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – PPGED

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFRN-CEP/HUOL

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

Você está sendo convidado a participar da pesquisa que será coordenada pela

professora Luanna Priscila da Silva Gomes, telefone: (84) 996529726. A pesquisa será

realizada com crianças que têm de 9 a 10 anos de idade e que fazem parte da turma do 4º

ano vespertino do Núcleo de Educação da Infância – NEI/CAp/UFRN.

Nesta pesquisa, a professora procura saber como ensinar matemática de modo que

os alunos aprendam mais e melhor sobre esta matéria. Para isso, ela vai desenvolver na sala

de aula várias atividades e jogos em grupo. Estas atividades incluem leitura, escrita e os

conteúdo de matemática e também o uso de projetor multimídia (disponibilizado pelo NEI), do

livro de matemática que você já está utilizando, de papel, lápis, borracha, coleção e cartolinas

que serão doados pela professora. Além disso, toda a sua participação na pesquisa será

filmada.

Seus pais já permitiram que você participe. Mas, você só participará se quiser. É um

direito seu escolher se vai participar ou não e não terá nenhum problema se desistir.

Todas as atividades da pesquisa são consideradas seguras, e podem lhe ajudar a

aprender novos conteúdos da matemática, a melhorar na leitura e na escrita, a trabalhar em

grupo com os colegas, a expor sua opinião de forma mais clara, a ajudar, ouvir e se colocar

no lugar do outro. Mas, também é possível que você sinta vergonha para expor sua opinião

devido à filmagem que acontecerá durante a aula, também pode acontecer de você sentir

dificuldade de trabalhar em grupo e entre em conflito com algum colega ou mesmo que você

se sinta mal por ter dificuldade em realizar a atividade. Caso isso aconteça, você pode solicitar

ajuda da professora, que estará bem próximo para ajudar no que você precisar. Caso

aconteça algo errado e que você perceba fora do horário da aula, você pode entrar em contato

com a professora pelo telefone que foi informado no começo do texto.

A pesquisa será realizada no mesmo horário da sua aula, não tendo prejuízo

dos conteúdos que você deveria aprender e também não gerando gastos com transporte para

deslocamento em outro turno.

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As imagens e as atividades feitas por você durante a pesquisa vão ser

publicados apenas nos trabalhos de doutorado da professora Luanna e em revistas de

divulgação de pesquisa. Mas, não se preocupe, porque seu nome e outras informações sobre

você não serão divulgadas pra ninguém. Ninguém saberá que você está participando da

pesquisa. Não falaremos a outras pessoas, nem daremos a estranhos as informações que

você nos der.

============================================================

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu _________________________________________________________ aceito

participar da pesquisa da professora Luanna sobre Educação Matemática.

Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer.

Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento,

posso dizer “não” e desistir e que ninguém vai ficar com raiva de mim e nada vai acontecer.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus

responsáveis.

Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar

da pesquisa.

Natal, ____de _________de __________.

_______________________________

___

Assinatura do menor

_______________________________

___Assinatura do pesquisador

Impressão

datiloscópica do

menor

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APÊNDICE D – Carta de Anuência

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157

APÊNDICE E – Termo de concessão

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APÊNDICE F – Parecer de aprovação do Comitê de Ética

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APÊNDICE G – Tarefa da sessão 1

Vamos resolver esta atividade em dupla?

1. A professora Luanna colocou a seguinte expressão no quadro

Em seguida pediu para seus alunos explicarem qual o significado da expressão. E

você? O que responderia?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2. Crie uma expressão utilizando os sinais >, =, ou <.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3. Pense em quais números poderiam substituir o quadradinho e escreva todas as

possibilidades para que a sentença abaixo seja verdadeira.

< 9

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4. Escreva V para verdadeiro e F para falso. Em seguida, corrija as expressões falsas.

2 x 3 > 3 – 2

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a) 5 + 4 < 2 + (6 : 3) ( )

b) 3 – 1 > 1 – 1 ( )

c) 8 – 6 < 7 + 2 ( )

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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APÊNDICE H – Tarefa37 da sessão 2

1. Siga as regras e resolva os desafios em dupla, utilizando a calculadora. O

objetivo é sempre manter a balança em equilíbrio.

Desafio 1: a tecla 9 está quebrada. Escreva, no prato em branco,

pelo menos duas possibilidades de sequência de teclas para que a

balança continue equilibrada.

Desafio 2: a tecla 7 está quebrada. Escreva, no prato em branco,

pelo menos duas possibilidades de sequência de teclas para que a

balança continue equilibrada.

37 As imagens foram retiradas nos seguintes sites, na sequência:

http://rotadosconcursos.com.br/questoes-de-concursos/raciocinio-logico-analise-combinatoria/513680

https://rachacuca.com.br/jogos/calculadora-quebrada/

http://topensandoemler.blogspot.com.br/2017/02/to-pensando-em-contos-marvin-e-balanca.html

5

x 9

8

x 7

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Desafio 3: Você tem 5 minutos para encontrar os números abaixo,

porém, só pode usar as teclas indicadas na imagem abaixo, não

esqueça de registrar as operações.

o 7______________________________________________

o 15_____________________________________________

o 50_____________________________________________

Desafio 4: Para que a balança fique desigual, pense em sequências

com a calculadora sem o botão 8.

8

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APÊNDICE I – tarefa da sessão 3

1. Desafie seus colegas elaborando dois resultados a serem obtidos com as teclas

indicadas. Você deve ter no mínimo uma expressão para cada um dos resultados que

você irá produzir. Troque o desafio com outro grupo e depois que terminarem, destroque

para correção.

Teclas Resultados Expressões

2

x

=

+

3

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2. Agora, crie uma situação para desafiar os colegas. Escolha os números e teclas a serem

utilizados. Você deve ter no mínimo uma expressão para cada um dos resultados.

Troque o desafio com outra dupla.

Teclas Resultados Expressões

3. Converse com sua dupla e escreva qual o significado do símbolo =. Cite exemplos.

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APÊNDICE J – tarefa da sessão 4

1. Registre, da forma que preferir, as possibilidades encontradas pelo seu grupo

para equilibrar a “balança”.

2. Resolva, com seu grupo, os problemas da balança38:

a) Qual forma pesa mais? Qual pesa menos? Explique.

b) Quanto cada forma pesa?

38 Atividade adaptada: VAN DE WALLE, John A. Matemática no ensino fundamental: formação de

professores e aplicação em sala de aula. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

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166

Situação 1:

Cálculos

Situação 2:

Explicação:

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167

Cálculos

Explicação:

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168

APÊNDICE K – tarefa da sessão 5

1. Em nossas últimas aulas, exploramos a noção de equivalência e o símbolo de

igualdade. Agora, utilize a régua de frações para encontrar frações

equivalentes às destacadas abaixo e registre-as por meio da representação

numérica.

a) 2/3

b) 3/4

c) 2/5

d) 1/3

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2. Pensei em uma fração, multipliquei o numerador e o denominador pelo dobro

de 2. Obtive a fração 8/16. Que fração pensei para que a balança continue

equilibrada?

Cálculos

3. Pensei em uma fração, dividi o numerador e o denominador pela metade de 6

e obtive a fração 3/6. Que número pensei para que a balança continue

equilibrada?

Cálculos

O que acontece quando você multiplica ou divide o numerador e denominador

pelo mesmo número?

8

/16

3

/6

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4. Well e dois amigos comeram 21/28 pedaços de pizza. Encontre a fração

equivalente, registre-a por meio do desenho e representação numérica.

5. Registre possibilidades de fatiar uma pizza em frações equivalentes a ½.

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APÊNDICE L – tarefa da sessão 6

Junte-se a mais dois colegas e tente descobrir o segredo do quadrado mágico abaixo.

Caso seja necessário, você pode utilizar a calculadora como um recurso auxiliar.

2

7

6

9

5

1

4

3

8

Qual a conclusão do grupo? Explique como vocês chegaram a essa resposta.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Faça outras combinações para que a soma das linhas, colunas e diagonais

resultem em 15.

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172

1

5

Utilize o espaço abaixo para rascunho e registro de cálculos.

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173

3. Agora, preencha o quadrado mágico de modo que as linhas, colunas e

diagonais resultem em 30.

10

Utilize o espaço abaixo para rascunho e registro de cálculos.

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174

APÊNDICE M – tarefa da sessão 7

Vamos continuar o estudo sobre a noção de equivalência? Hoje em nosso

desafio, você e seu grupo descobrirá “qual número digitei”.

GRUPO 1:

DIGITEI UM NÚMERO NA MINHA CALCULADORA. SOMEI 52 E

SUBTRAÍ 35, ENCONTRANDO 100 COMO RESULTADO. QUE NÚMERO

DIGITEI?

2. Agora é sua vez! Produza com seu grupo uma situação tal como a atividade

anterior – “Qual número digitei”. Você pensa em um número e faz duas operações

(adição e subtração) a partir dele para encontrar um resultado. Escreva a expressão

com o resultado no espaço abaixo, depois, o grupo deve elaborar um texto como os

da questão 1 “Digitei um número...” e em seguida desafiar outros grupos.

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DESAFIO MATEMÁTICO

Grupo 1 desafia o

grupo:________________________________________________________

Situação:

Digitei um número

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Cálculos

Resposta:_________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

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APÊNDICE N – tarefa da sessão 8

Na última aula, jogamos o “Qual número digitei?”, algumas crianças sugeriram

que as situações apresentassem também as operações de multiplicação e divisão.

Por isso, hoje, jogaremos novamente com as variações recomendadas pelos colegas.

1. Vamos elaborar coletivamente uma lista de dicas para ajudar a solucionar os

problemas com o termo desconhecido?

DIGITEI UM NÚMERO NA MINHA CALCULADORA. SOMEI 1125 E MULTIPLIQUEI

POR 2, ENCONTRANDO 2590 COMO RESULTADO. QUE NÚMERO DIGITEI?

COLABORADOR:____________________________________________________

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177

DIGITEI UM NÚMERO NA MINHA CALCULADORA. SOMEI 1130 E MULTIPLIQUEI

POR 5, ENCONTRANDO 6590 COMO RESULTADO. QUE NÚMERO DIGITEI?

COLABORADOR:____________________________________________________

DIGITEI UM NÚMERO NA MINHA CALCULADORA. SUBTRAÍ 200 E DIVIDI POR

100, ENCONTRANDO 5000 COMO RESULTADO. QUE NÚMERO DIGITEI?

COLABORADOR:____________________________________________________

DIGITEI UM NÚMERO NA MINHA CALCULADORA. SOMEI 2125 E MULTIPLIQUEI

POR 2, ENCONTRANDO 6590 COMO RESULTADO. QUE NÚMERO DIGITEI?

COLABORADOR:____________________________________________________

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178

DESAFIO MATEMÁTICO

Situação:

Digitei um número

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Resposta:_________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Cálculos

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179

APÊNDICE O – tarefa da sessão 9

1. Registre as regras do jogo “dominó de letras e números”.

2. Explique qual estratégia você utilizou para descobrir o valor dos termos

desconhecidos nas expressões abaixo:

a) 30 : c = 6

b) y + 4 = 7

3. A peça de Ana Helena apresentava 5 – a = 3, Caio possuía a peça a=8, ele

poderia utilizá-la? Justifique sua resposta.

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4. Crie três situações em que Caio poderia utilizar a peça a=8.

5. Qual sua opinião sobre o jogo? Quais as dificuldades? O que você aprendeu?

Quais mudanças você sugere para melhorá-lo?

6. Crie uma lista de dicas para ajudar colegas a jogar o “dominó das letras e

números”.

Situação 1 Situação 2 Situação 3

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181

APÊNDICE P – tarefa da sessão 10

Jogamos o “Dominó das letras e números” em dupla e em grupos de quatro

pessoas. Agora, crie situações-problema com expressões do jogo e registre-as no

espaço abaixo.

Expressão:

Valor do termo desconhecido:

Expressão:

Valor do termo desconhecido:

Expressão:

Valor do termo desconhecido:

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182

Expressão:

Valor do termo desconhecido:

Expressão:

Valor do termo desconhecido: