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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS Wendell Eduardo Dos Santos Batista PROCESSOS CRIATIVOS NA ARTE DO MOSAICO: EXPERIÊNCIA (AUTO) FORMATIVA DE UM ARTISTA E ARTE/EDUCACADOR NATAL-RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me ... Argamassa Colante super potente, AC3. Centro Educacional

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Wendell Eduardo Dos Santos Batista

PROCESSOS CRIATIVOS NA ARTE DO MOSAICO:

EXPERIÊNCIA (AUTO) FORMATIVA DE UM ARTISTA E

ARTE/EDUCACADOR

NATAL-RN

2016

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Wendell Eduardo Dos Santos Batista

PROCESSOS CRIATIVOS NA ARTE DO MOSAICO:

EXPERIÊNCIA (AUTO) FORMATIVA DE UM ARTISTA E

ARTE/EDUCACADOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do

título de Licenciado em Artes Visuais.

Orientador: Prof. Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho

NATAL-RN

2016

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WENDELL EDUARDO DOS SANTOS BATISTA

PROCESSOS CRIATIVOS NA ARTE DO MOSAICO:

EXPERIÊNCIA (AUTO) FORMATIVA DE UM ARTISTA E

ARTE/EDUCACADOR

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado para o departamento de artes da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título

de licenciatura em Artes Visuais.

Aprovado em: ____ de _______ de _____.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Pedro Roberto – (honoris causa)

__________________________________________

Dr. (a) Evanir Oliveira Pinheiro - UFRN

__________________________________________

Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho - UFRN (orientador)

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Dedico esta pesquisa prática-teórica-artística aos parceiros que acreditaram na minha

capacidade educacional de desenvolver conhecimentos e aprendizados, na formação técnica

para a produção de obras de arte, nos formatos painéis e murais artísticos com a técnica do

mosaico. Agradeço ao meu orientador o Professor Doutor Vicente Vitoriano pelas conversas e

puxões de orelha. A todos os professores do Curso de Licenciatura em Artes Visuais, com os

quais tive contato. Um agradecimento especial aos meus pais Pedro Batista e Marlene Moreira

que sempre me deram muita força. A meu filho Tito Mariano que me faz seguir em frente.

Ofereço esta pesquisa para todos que tiverem curiosidade de saber um pouco mais sobre a arte

do mosaico e sobre o memorial das obras de arte geradas no decorrer das oficinas e dos cursos

de mosaico.

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É na minha disponibilidade permanente à vida a que me entrego de corpo

inteiro, pensar crítico, emoção, curiosidade, desejo, que vou aprendendo a

ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me

dou a experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças,

tanto melhor me conheço e construo meu perfil.

Paulo Freire, 1996.

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RESUMO

A pesquisa tem foco no registro da proposta educacional voltada para produção de obras de

arte, com a técnica do mosaico, que envolve teorias educacional de Ana Mae Barbosa (2012).

Discursões, contexto histórico e técnico para leitura das obras de artes musiva, fazendo a prática

se envolver com o entender e saber, fazer e aprender, caminhar lado a lado, em sintonia com as

vivências, Paulo Freire (1996). O desenvolvimento teórico, para o aprendizado na leitura das

obras de arte, teve como base Gombrich (2008), Mucci, (1962), Pereira (2006), utilizando os

relatos desses estudos, como pesquisa, com o objetivo de promover conhecimento, a partir das

conclusões, das experiências relatadas e conhecimentos adquiridos, durante as leituras, as

oficinas, os cursos, e principalmente, o Curso de Licenciatura em Arte Visuais, CLAV,

produzindo uma pesquisa sobre o ensino de arte e sobre as obras de arte, geradas nesses

processos de (auto)formação pelas narrativas (JOSSO, 2004). Desenvolvo alguns relatos

importantes das minhas vivencias como artista visual e estudante do curso de graduação em

Artes Visuais, no primeiro capítulo. No segundo, apresento uma parte da história do mosaico,

com apresentações de imagens das obras de arte que participaram do processo educacional. O

terceiro capitulo dediquei a metodologia da pesquisa e dos projetos desenvolvidos. O quarto

capítulo trago os relatos das oficinas e dos cursos, enfatizando a troca de experiência, a

introdução de uma proposta triangular e o desenvolvimento das teorias e práticas que ocorreram

durante as ações práticas-pedagógicas. Dedicando o último capítulo para trazer conclusões

sobre as experiências e sobre as obras de arte fixadas nos locais público.

.

Palavra-chave: Mosaico artístico. Arte musiva.

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LISTA DE IMAGEM1

Imagem 1: Clara Nunes a Musa da História. 1m². ................................................................................. 18

Imagem 2: Estandarte de Ur, cerca 3.500 a.C. localizado hoje no Museu Britânico, em Londres. ...... 23

Imagem 3: Decoração em mosaico feito de terracota. Templo de Eanna em Uruk, dedicado à deusa

da cidade Inanna. Suméria cerca 3000 a. C. Photo Scala, Florence/bpk, Bildagentur Fuer Kunst, Kultur

und Geschichte, Berlin. ......................................................................................................................... 24

Imagem 4: Portal de Ishtar. ................................................................................................................... 25

Imagem 5: Reconstrução do portal de ishtar em um museu no Iraque, mas a replica nunca foi

concluída. .............................................................................................................................................. 26

Imagem 6: Museu Pergamon, seção do Museu Antigo do Oriente Próximo, Berlim, Alemanha. ........ 26

Imagem 7: Basílica de São Vitale, Ravena. ............................................................................................ 28

Imagem 8: Assoalho em Piazza Armerina, Casale, Sicília. ..................................................................... 29

Imagem 9: “O biquíni”, pavimento da vila romana de Piazza Armerina, IV d.C. .................................. 30

Imagem 10: Jardim das Princesas no Palácio Imperial. ......................................................................... 32

Imagem 11: Detalhe do revestimento no Jardim das Princesas. .......................................................... 32

Imagem 12: Mosaicos geométrico, na cidade de Khirbat al-Mafyar em Jericó, Palestina. .................. 33

Imagem 13: Riscar ................................................................................................................................. 40

Imagem 14: Cortar ................................................................................................................................ 40

Imagem 15: Colar .................................................................................................................................. 40

Imagem 16: Produção do Painel artístico, E.E. Isabel Gondim ............................................................. 42

Imagem 17: Dimensão direita ............................................................................................................... 42

Imagem 18: Dimensão esquerda. ......................................................................................................... 42

Imagem 19: Homem tocando bateria. .................................................................................................. 45

Imagem 20: Coração. ............................................................................................................................ 45

Imagem 21: Sobre a corda bamba. ....................................................................................................... 45

Imagem 22: Mistura de ideias. .............................................................................................................. 45

Imagem 23: Menina brincando. ............................................................................................................ 45

Imagem 24: Paisagem. .......................................................................................................................... 45

Imagem 25: Polvo .................................................................................................................................. 45

Imagem 26: Homenagem a Sabotage. .................................................................................................. 45

Imagem 27: Rosa dos ventos, mesa com 2m de diâmetro. Localizada no DEART, UFRN, Brasil. ......... 46

Imagem 28: Grupo de mães produzindo uma rosa............................................................................... 48

Imagem 29: Cacos de Rosa, obra de arte musiva, 1,5m aproximadamente. Localizado na entrada do

CEUS, no Bairro Nova Natal, RN, BR. ..................................................................................................... 49

Imagem 30: Momento de empolgação com as tesselas. ...................................................................... 50

Imagem 31: Adaptação de uma mesa para riscar e cortar as cerâmicas. ............................................. 51

Imagem 32: Momentos de muita euforia para finalização das mesas. ................................................ 51

Imagem 33: As quatro mesas foram batizadas de Tabuleiros Energéticos, instalados a área interna do

CEUS, Natal, RN, BR. .............................................................................................................................. 52

Imagem 34: Pequenas produções individuais. ...................................................................................... 54

Imagem 35: “Arranjo” 0,86 x 3,12m. estilo floral. Assoalho. Artistas: Pedro Roberto e Wendell Batista.

Técnica, mosaico sobre o chão, assoalho ou tapete permanente. ....................................................... 54

Imagem 36: Cartaz do curso mosaico artístico para arquitetura. Feito pela Equipe do NAC. .............. 57

1 *As imagens das vivencias nas oficinas e nos cursos foram fotografadas pelo próprio artista,

e as outras figuras e imagens foram baixadas da internet, com as menções devidamente

referenciadas na lista de referência.

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Imagem 37: Início das atividades práticas individuais. ......................................................................... 61

Imagem 38: Primeiro exercício prático ................................................................................................. 62

Imagem 39: Mandalas subjetivas. ......................................................................................................... 62

Imagem 40: Proposta desenvolvida para se unirem ao mural artístico. .............................................. 62

Imagem 41: Princesa Teodora ............................................................................................................... 64

Imagem 42: Imperador Justiniano ........................................................................................................ 64

Imagem 43: Desenvolvimento criativo dos rostos. ............................................................................... 65

Imagem 44: Individualidade disposta para o coletivo. ......................................................................... 67

Imagem 45: Início da produção coletiva ............................................................................................... 67

Imagem 46: Momentos finais da montagem da obra de arte. ............................................................. 68

Imagem 47: Momentos finais da montagem da obra de arte. ............................................................. 69

Imagem 48: Preparação da parede ....................................................................................................... 70

Imagem 49: Montagem do mosaico Fractais na parede do CCHLA. ..................................................... 70

Imagem 50: Convite produzido pela equipe do NAC. ........................................................................... 71

Imagem 51: Cartaz Produzido pela equipe do NAC. ............................................................................. 72

Imagem 52: Fractais, 2,72x2,92 metros. Fixada no hall de entrada do CCHLA, UFRN. ........................ 73

Imagem 53: Cartaz para o CURSO MOSAICO ARTISTICO: SUBJETIVIDADE EM AÇÃO, produzido pela

equipe de design do NAC. ..................................................................................................................... 76

Imagem 54: Primeiras práticas, as linhas subjetivas. ............................................................................ 81

Imagem 55: Estudos pessoais do pavimento de Jerico. ........................................................................ 83

Imagem 56: Estudos referente ao pavimento de Jerico. ...................................................................... 83

Imagem 57: Vulva .................................................................................................................................. 85

Imagem 58: Mapa cósmico ................................................................................................................... 85

Imagem 59: Arabescos .......................................................................................................................... 85

Imagem 60: Seios .................................................................................................................................. 86

Imagem 61: Ambiguidade ..................................................................................................................... 86

Imagem 62: Montagem da produção coletiva. ..................................................................................... 89

Imagem 63: Amigos que ajudaram na produção. ................................................................................. 90

Imagem 64: Folder, parte externa, produzido pela equipe de design do NAC. .................................... 90

Imagem 65: Folder, parte interna, produzido pela equipe de design do NAC. .................................... 91

Imagem 66: Convite produzido pela equipe de design do NAC. ........................................................... 91

Imagem 67: Painel artístico “Viagem Cósmica”, 2,71x4,65 metros, 2016. ........................................... 92

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Acetato de Polivinila, PVA.

Argamassa Colante super potente, AC3.

Centro Educacional Unificados CEUS.

Centro de Ciências Humanas Letras e Artes, CCHLA.

Curso de Licenciatura em Artes Visuais, CLAV.

Centímetro, cm.

Departamento de Artes, DEART.

Equipamento de Proteção Individual, EPI.

Média Densidade de Fibra, MDF

Metro, m.

Milímetro, mm

Núcleo de Arte e Cultura, NAC.

Pró-reitoria de Extensão, PROEX.

Rio Grande do Norte, RN.

Trabalho de Conclusão de Curso, TCC.

União Nacional dos Estudantes, UNE.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 11

Processos criativos na arte do mosaico: Experiência (auto) formativa de um artista e

arte/educador. .................................................................................................................................. 11

CAPITULO I ......................................................................................................................................... 14

HISTÓRICO ..................................................................................................................................... 14

CAPÍTULO II ....................................................................................................................................... 21

HISTORIA DO MOSAICO .............................................................................................................. 21

CAPÍTULO III ...................................................................................................................................... 35

METODOLOGIA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 35

CAPÍTULO IV ...................................................................................................................................... 39

AS OFICINAS E OS CURSOS DE MOSAICO............................................................................... 39

O MOSAICO COM PREPARAÇÃO ARTÍSTICA PARA REVESTIR A ARQUITETURA 39

Desenvolvida para o SESC cidadão, da Vila de Ponta Negra, 2013. .................................. 39

INTERVENÇÃO URBANA ............................................................................................... 41

Ocorreu na Escola Estadual Isabel Gondim, no ano letivo de 2014, Estagio I e II. ............ 41

MOSAICO: REAPROVEITANDO E RECICLANDO ...................................................... 43

Realizada na VI Semana de Artes visuais, no DEART, UFRN, 2014. ............................... 43

CACOS DE ROSA.............................................................................................................. 47

Desenvolvida para o grupo de mães, Fé e Alegria, do Conjunto Lagoa Azul, no Bairro Nova

Natal, Zona Norte, 2014. ..................................................................................................... 47

REVESTIMENTO PARA TAMPOS DE MESA ............................................................... 50

Realizada para o grupo de mães, Fé e Alegria, do Conjunto Lagoa Azul, no Bairro, Nova Natal,

Zona Norte, 2014................................................................................................................. 50

OFICINA INDIVIDUAL .................................................................................................... 53

Propostas abertas ................................................................................................................. 53

CONCLUSÕES SOBRE AS OFICINAS DE MOSAICO .................................................. 55

CURSOS DE MOSAICO.................................................................................................................. 56

MOSAICO ARTÍSTICO PARA ARQUITETURA ............................................................ 57

Aula prática ......................................................................................................................... 59

Conclusões .......................................................................................................................... 75

MOSAICO ARTÍSTICO SUBJETIVIDADE EM AÇÃO.................................................. 76

História, percepção, Arte e ação prática .............................................................................. 79

Conclusão ............................................................................................................................ 94

CAPITULO V ....................................................................................................................................... 95

CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 95

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REFERÊNCIAS: ................................................................................................................................... 97

APÊNDICE ......................................................................................................................................... 102

Termo de doação da obra de arte “Fractais”. .................................................................................. 102

Termo de doação da obra de arte “Viagem Cósmica” .................................................................... 103

ANEXO ............................................................................................................................................... 104

EXERCÍCIO PARA O EXPECTADOR ......................................................................................... 104

FERRAMENTAS ........................................................................................................................... 105

MATÉRIA PRIMA ......................................................................................................................... 107

MATERIAIS DE SEGURANÇA ................................................................................................... 109

PROJETO DAS OFICINAS DE MOSAICO .................................................................................. 109

O MOSAICO COM PREPARAÇÃO ARTÍSTICA PARA REVESTIR À ARQUITETURA 110

PROJETO DO CURSO ................................................................................................................... 112

MOSAICO ARTÍSTICO PARA ARQUITETURA .......................................................... 112

MOSAICO ARTÍSTICO SUBJETIVIDADE EM AÇÃO................................................ 120

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INTRODUÇÃO

Processos criativos na arte do mosaico: Experiência (auto) formativa de um artista e

arte/educador.

A pesquisa tem como foco principal narrar o processo criativo da arte do mosaico, partindo

de experiências (auto formativa) na construção artística, técnica e docente, Josso (2004). A

experiência de formação, no ensino de arte, com as vivências nas oficinas “O mosaico com

preparação artística para revestir à arquitetura”, “Intervenção urbana”, “Mosaico

reaproveitando e reciclando”, “Cacos de rosa”, “Revestimento para tampo de mesa”, a “Oficina

individual” e com um maior desenvolvimento teórico, para as vivencias educacionais nos

cursos “Mosaico Artístico para Arquitetura” e “Mosaico Subjetividade em Ação” que tiveram

como objetivo principal o conhecimento histórico-crítico-visual da arte do mosaico e a

produção de uma obra de arte coletiva, embasadas na ‘Proposta Triangular’, Barbosa (2012) e

na ideia de que ‘Não há Docência sem Discência’, (FREIRE, 1996, p.21), para eternizar o fazer

subjetivo, compartilhado com os registros que agregam a composição coletiva. A fixação da

obra de arte na arquitetura constituiu a parte prática do aprendizado musivo, perpetuando-o

como memória e estudo evolutivo da minha formação para docência.

Entendo que as oficinas e os cursos de mosaico, como objeto de estudo a ser analisado,

trazem um novo direcionamento para a pesquisa no ensino de arte e para a observação crítica

das minhas práticas de ensino e de elaboração das aulas e projetos. Sempre com abertura para

inovações que possibilitaram novos aprendizados, pois “quem forma se re-forma ao formar e

quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (FREIRE, 1996, p. 23). Aprender com quem

está ensinando e ter ensinamentos com quem está aprendendo pode proporcionar um novo

direcionamento para o desenvolvimento e adequação de metodologias de ensino, possibilitando

com as análises uma ampliação nas ideias e dos conhecimentos aprendidos e vivenciados em

sala de aula para serem transformados em pesquisa.

Nos capítulos que decorrem utilizo o primeiro para escrever um histórico sobre minha

evolução artista, a partir de 2006, que evolui, para um estudo maior das artes, com meu ingresso

na UFRN 2011, e trago relatos de experiências acadêmicas, para minha formação artística e

educacional para chegar à docência.

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No capítulo seguinte falo da história do mosaico, com demonstrações de obras que fizeram

parte do processo de criação, durante a prática docente do ensino da arte. Trabalhei com Mucci

(1962), Pereira (2006) nos diálogos sobre a história e técnica do mosaico, fui buscar em Netto

(2009) e Mella (2004) conteúdo histórico dos povos antigos da região Mesopotâmia para

relacionar com as obras de arte estudadas. Tenho como relevância o estudo de leitura de obra

de arte, interpretado por Gombrich (2008), claro, o conhecimento de mundo e a relação que ele

tem com a obra de arte, enriquece-a muito mais do que eu poderia fazê-lo, mas, com as

possibilidades existências dos conhecimentos em questão, trago a obra para uma triangulação

interpretativa, partindo da história, para chegar nas técnicas e posteriormente analisar a estética,

para criar interpretações criativas para prática artística.

No quarto capítulo venho colocar a metodologia da pesquisa de Josso (2004) e a

fundamentação teórica de Barbosa (2012) e Freire (1996) que envolve os relatos das

experiências com o outro e a possibilidade de aprender com a troca de experiência e com a

interação visual das obras de arte.

No quinto escrevo um relato sobre as oficinas de arte musiva, sobre os trabalhos artísticos

produzidos e sobre as obras de arte que foram fixadas em espaços públicos. Faço críticas a falta

de um maior embasamento teórico para o fazer e entender. Mas a motivação gerada pela

inquietação, na busca do saber mais erudito, compreendendo o que se pode ver, para melhorar

com analises contextualizadas e interpretadas pelas vivencias nos momentos criativos, fez desta

observação um ponto importante para corrigir o erro, para que, com muitas mãos, passamos

fazer do individual, uma potência para juntar-se ao coletivo e crescermos o aprendizado juntos,

com a troca de saberes e fazeres. Continuo com os cursos, ao qual, potencializei melhor e

corrigir com erros e trazer os relatos sobre a atuação prática, histórica, observação das obras de

mosaico estudadas, e as críticas interpretativas das mesmas, valorizando o desempenho teórico

e histórico para leitura da obra de arte.

Trago no último capítulo conclusões com anotações sobre as exposições que ficaram para

o público, como uma obra permanente na arquitetura. E o estimulo cultural artístico para os

participantes e artistas musivos que idealizaram e produziram a obra de arte musiva, com

aprendizados históricos, técnicos, críticos interpretativos em relação as imagens dos mosaicos,

que foram vitais, para compreensão técnica, contextualização histórica e percepções visual e

trazer a (auto)formação com as experiências e relatos.

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O trabalho comporta um apêndice, com dois termos de doações, das obras geradas nos dois

cursos de mosaico e fixadas em uma exposição permanente, na área interna do CCHLA, e em

anexos: um exercício utilizado na exposição da obra “Viagem Cósmica”, escrevo sobre as

ferramentas e como utiliza-la durante cada etapa, as matérias-primas utilizadas e os

equipamentos de segurança necessários para produção. Trago o projeto das oficinas de mosaico,

que utilizei como base para todas as oficinas, fazendo algumas modificações no decorrer das

ações vivenciadas e os projetos dos dois cursos, “Mosaico Artístico para Arquitetura” e

“Mosaico Subjetividade em Ação”.

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CAPITULO I

HISTÓRICO

Desde 2006, antes do meu ingresso na UFRN, eu estava desenvolvendo práticas artísticas

com a técnica do mosaico e as suas possibilidades de fixação na arquitetura. Desempenhando

atividades de Artista Plástico, com cadastro na Fundação Capitania das Artes, na cidade de

Natal, no ano de 2008, tive o privilégio de desenvolver grandes painéis e murais com a técnica

do mosaico, que sempre me fascinou muito diante das possibilidades existentes para esta

técnica.

Este meu deslumbramento diante da técnica musiva foi o que me fez, depois de dez anos da

conclusão do 2° grau, resolver voltar aos estudos para ingressar na academia, no Curso de

Licenciatura em Artes Visuais, para desenvolver uma melhor contextualização das minhas

práticas. Estudar técnicas de pesquisa que possibilitam um enriquecimento do meu trabalho e

um melhor esclarecimento para minhas dúvidas e buscas. Aprender mais conteúdos históricos,

técnicos e críticas sobre os valores estéticos e iconográficos das obras de arte estudadas.

O CLAV proporcionou conteúdos satisfatórios para o desenvolvimento para docência,

como multiplicador das artes. As oficinas e cursos, voltados para o ensino da Arte do Mosaico,

são o início de um trabalho maior, que aos poucos vai adentrando nas comunidades com bases

teóricas e práticas. As expressões artísticas ajudam-me a desenvolver maneiras de elaborar

metodologias de ensino que solidificaram meus conhecimentos e que garantiram uma

contextualização feita por meio das obras musivas, pinturas, esculturas, xilogravuras, entre

muitas outras técnicas, de vários períodos da humanidade que são selecionadas para os estudos.

A aprovação no vestibular e o ingresso em 2011 abriram muitas perspectivas de

conhecimento técnico, histórico, político, além de práticas artísticas e pesquisas em arte e sobre

arte. Trago com relevância algumas experiências e vivências em sala de aula, com autores que

enriqueceram meu desenvolvimento artístico e educacional. Direcionei disciplinas que se

fizeram importantes para eu entender e compreender melhor períodos e movimentos históricos

e artísticos, respeitar e valorizar o ser subjetivo, suas diferenças, suas dúvidas, suas virtudes e

seus conhecimentos de mundo como conteúdo a mais para ser somado, como substancial

complemento das aulas.

No primeiro semestre do Curso, me matriculei em disciplinas como Fundamentos Sócio-

filosóficos da Educação, com o Professor João Valença, que trouxe autores com Morin (2000)

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e Saviani (2005), que me instruíram positivamente sobre as políticas educacionais, movimentos

que lutam por uma educação mais igualitária e digna e as conquistas dos educadores no país e

no mundo. A disciplina de Organização da Educação Brasileira, com Professor Onilson

Rodrigues, trouxe para discussão textos como o de Romanelli (1978), com pontos que me

fizeram refletir e adquirir conhecimentos que potencializaram minhas ações políticas como

arte/educador.

Ainda no primeiro semestre, vivenciei experiências artísticas com novos aprendizados

técnicos que ampliaram as possibilidades de implantar novos conceitos em sala de aula, com

práticas embasadas no conhecimento histórico. A disciplina Desenho de Observação,

ministradas pela Professora Verônica Lima, tinha na sua ementa a iniciação à teoria e à prática

do desenho artístico, com uma base muito forte, nos Estudos de desenhos humanos Picasso

(1927). Na disciplina Expressão Visual, a professora Socorro Evangelista desenvolveu

exercícios de criação e expressão com materiais convencionais e não convencionais para

aplicações pedagógicas desenvolvendo o lado direito do cérebro Betty (2007). A disciplina

História da Arte I, ministrada pelo Professor Everardo Ramos, tinha como conteúdo e base

teórica Gombrich (2008) que estudamos da arte pré-histórica à idade média.

A primeira disciplina do parágrafo anterior, respectivamente, inserindo técnicas de

observação e conhecimento sobre os cânones greco-romanos; a segunda, mostrando novas

possibilidades técnicas sobre práticas e experiências vivenciadas em sala de aula e a terceira,

com a história da arte, contextualizando períodos e movimentos artísticos voltados para pintura,

escultura e parte da arquitetura, que aumentaram meus valores críticos sobre o que já se fez e

as referências sobre o que se está fazendo nestas práticas.

Estes novos conhecimentos geraram um desafio sobre o que precisaria ser praticado para

trazer experiências que solidificaram a apreensão das técnicas adquiridas e experimentadas para

se fixarem no meu pensamento, com observações e conclusões sobre os ensaios, aumentando

as formas de fazer e criando novas perspectivas com críticas artísticas sobre este fazer artístico

que foram cada vez mais me motivando a pesquisar, escrever sobre as minhas práticas e

conclusões.

No decorrer dos semestres letivos, tive muita dificuldade de encontrar disciplinas que

possuíam em seus programas expressão referente à arte do mosaico enquanto técnica, história,

movimentos artísticos e críticas, da mesma maneira que foram explanadas ideias sobre as

pinturas, as esculturas e a arquitetura, no geral.

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O mosaico, desde o início da sua criação com os povos da região da Mesopotâmia, teve os

objetos e a arquitetura como suporte. A falta do conteúdo musivo, nos programas das disciplinas

História da Arte I, II e III, foi mais complicado a busca por teóricos e historiadores sobre o

mosaico com os processos histórico-artístico vivenciado e produzido pela humanidade há cerca

de cinco mil anos atrás até os dias atuais, pois, o mosaico aparece em várias culturas distintas e

em períodos que tiveram uma grande relevância para as sociedades do passado que floresceram

magistralmente com o revestimento da arte do mosaico nas suas arquiteturas, e, a preservação

destas obras que contam a história do passado que são de grande importância para a atual

sociedade perceber e compreender a arte e os povos antigos.

Os problemas diagnosticados me fizeram, mesmo, fazer valer os conhecimentos adquiridos

na disciplina Métodos e técnicas de pesquisa, ministrada pela Professora Nivaldete Ferreira,

que tinha como base o conhecimento científico e procedimentos da investigação científica. As

disciplinas Pesquisa em Artes Visuais e Pintura I, ministradas pelo Professor Vicente Vitoriano,

trouxeram a produção, apropriação e a difusão do conhecimento em Artes Visuais e foi quando

tive o privilégio de conhecer a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, de que me apropriei

e utilizo como base nas propostas dos cursos de mosaico. ; A disciplina História e Metodologia

do Ensino em Artes Visuais, ministrada pela professora Evanir Pinheiro, teve o

desenvolvimento dos estudos da história do ensino de arte na sua relação com os pensamentos

estéticos e pedagógicos, inspirados em Freire (1996), e a disciplina Arqueologia, ministrada por

Roberto Airon, desenvolveu metodologias sobre a História da Arqueologia, a arqueologia como

ciência, métodos e técnicas.

Estas disciplinas, cursadas em momentos distintos do Curso, mostraram-me formas

diferentes de se fazer pesquisa, como também novas possibilidades de ver a mesma coisa,

seguindo outras linhas de raciocínio.

As disciplinas Antropologia da Arte e Estética Filosófica, ministradas respectivamente por

Lisabete Coradini e Eduardo Pellejero, fizeram-se valer de reflexões sobre o ser humano e a

filosofia da arte, experimentadas através das escritas e obras de arte, com referência na realidade

vivida nos tempos atuais. A Antropologia, voltada para o estudo das culturas artísticas no

mundo e na minha região, fluiu muito com ideias de Platão, Aristóteles, o próprio Ranciere,

(2014). Com o livro do Espectador Emancipado, que me trouxeram reflexões sobre o professor

ignorante e a destreza do mestre. Ideias que abordam reflexões sobre nossas atuações como

arte/educadores e multiplicadores de ações culturais.

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As disciplinas Gravura I, Gravura II e Projeto Gráfico, ministradas por Laurita Salles, e

Representação Gráfica, pelo professor Juarez Torres, abriram as possibilidades da reprodução

técnica, nas minhas criações, partindo da monotipia para ferramentas cortantes para o entalhe

das xilogravuras, produções com revelação em telas e a geração de muitas produções, criações

e reproduções. Os projetos gráficos e as ferramentas disponíveis nos programas de

computadores serviram de base para solidificar alguns conceitos sobre reprodução, criação e

projetos com vetores. Ensinamentos que trouxeram conhecimentos teóricos e habilidades

manuais para desenvolver práticas em Arte/Educação, criar efeitos visuais, unindo a arte, a

tecnologia e o corpo. São mais opções de expressão que a arte contemporânea e a tecnologia

moderna estão agregando aos valores conceituais da obra em si, possibilitando a pesquisa

científica, com experiências de produzir novas metodologias de ensino de arte e tecnologia.

Tenho como referência, Benjamin (1955), que foi muito importante na contextualização sobre

a reprodutibilidade técnica da obra de arte.

Foi no fim de 2014, quando deveria ter concluído a Licenciatura, que resolvi desacelerar o

ritmo de estudos e reduzir o número de disciplinas para concluir a graduação em seis anos. Foi

quando a academia abriu as portas para que eu pudesse testar meus conhecimentos. Inscrevi um

projeto artístico para participar do 9° Salão de Artes Visuais, da 9° Bienal da UNE, no Rio de

Janeiro, evento no qual vi a oportunidade de apresentar o projeto “Musas Brasileiras”.

A aprovação do meu projeto, sobre a arte do mosaico, na modalidade de colagem sobre

superfície plana, na bienal da UNE, que tinha o tema ‘Vozes do Brasil’. O evento aconteceu de

1° a 6, de Fevereiro, de 2015. O evento foi realizado na Lapa, na Fundição Progresso Circo

Voador, no Rio de Janeiro.

Meu projeto, denominado “Musas Brasileira”, consistiu na representação de nove figuras

femininas, representantes da música brasileira que homenageei, eternizando suas imagens em

obras de arte, com a técnica do mosaico. As imagens foram representadas em mosaico por seu

canto e talento, que alimentam nossas vidas. Cantoras, mulheres, mães, personalidades

importantes na sociedade, outrora lembradas, eternamente na memória de quem as tem,

lembranças, boas lembranças. Algumas bastante conhecidas, outras desconhecidas, mas o que

elas têm em comum? É a música, com o dom de atingir o coração das pessoas, e foi com este

pensamento que resolvi fazer a referência com as musas do Olimpo.

A mitologia grega, que foi estudada em História da Arte I, conta que Zeus junto com

Mnemosine, a Deusa da memória, filha de Urano, o céu, e Gaia, a terra, conceberam nove musas

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que cantariam a vitória dos Deuses sobre os Titãs por toda a eternidade. Clio ou Kleio é a musa

da história representada por Clara Nunes, Calíope a musa da eloquência, representada por Rita

Lee, Erato é a musa da poesia romântica, representada por Virgínia Rodrigues, Euterpe a musa

da música, representada por Zabé da Loca, Melpômene é a musa da tragédia e alegria,

representada por Dona Militana, Polimnia é a musa da poesia lírica, representada por Glorinha

de Oliveira, Terpsícore é a musa da dança, representada por Elza Soares, Tália é a musa da

comédia representada, por Cássia Eller, Urânia é a musa da astronomia e da astrologia,

representada por Elis Regina. Das nove musas, só levei uma obra de arte para informar a ideia

das musas e representar o Rio Grande do Norte, com meu projeto artístico. A musa escolhida

para apresentação na 9° Bienal foi a “Musa Brasileira” Clara Nunes, representando Clio, a Musa

da História.

Imagem 1: Clara Nunes a Musa da História. 1m².

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O projeto me trouxe experiências e inspirações para materializar um curso de artes no qual

pudesse gerar uma obra de arte de grandes dimensões no espaço arquitetônico, público ou

privado. Era o que eu já vinha fazendo com os projetos das Oficinas, só que gerando obras de

arte em menor escala. Foi com este pensamento que voltei da Bienal. Assim, meu projeto

começou a ganhar mais corpo e já nos meses seguintes, a minha participação na 9° Bienal da

UNE me deu credibilidade junto aos gestores do CCHLA e do NAC que me deram voto de

confiança para realização do meu projeto de Curso e apoiaram minhas ideias de educador,

estudante, pessoa e artista.

No Brasil, ou especificamente no RN, não se conseguem material teórico, técnico e

ferramentas adequadas para o desenvolvimento da arte em mosaico e dentro da academia não

foi diferente, pois os conhecimentos que tenho hoje foram todos adquiridos mediante pesquisas

árduas na internet. Dissertações, livros, artigos e resenhas sobre a arte do mosaico, escritos em

português principalmente, foram me ajudando na pesquisa, trazendo cada vez mais referências

de autores que falavam sobre a história musiva, as técnicas milenares, artefatos arqueológicos

e imagens de obras em mosaico de vários períodos. Assim, foi possível fazer uma ponte na

linha do tempo da arte do mosaico presente na história da humanidade.

Com a pedra, o homem produziu armas para caçar; com a pedra riscada, aprendeu a fazer

fogo e a desenhar nas cavernas; com a pedra montada, construiu as moradias, com a pedra

talhada, criou as primeiras divindades na forma de esculturas; com as pedras fragmentadas,

criou outras formas e, com a subjetividade da mente, criou relações de compreensão sobre o

que foi feito, com o que se faz e o que se pensa. Hoje, há milhares de estudos sobre o universo,

sobre a relação humana com o cosmo e sobre a existência material e espiritual do ser. Estas

ideias foram e são buscas que elevaram e elevam o pensamento humano, criam a cada dia novas

perspectivas sobre a mesma coisa, transformando-as em outras coisas, possibilitando

aprendizados com a mistura da teoria com a prática, entre o real e o imaginário, a história e as

lendas, para obter uma formação crítica dos indivíduos participantes do curso.

Em meio a esta realidade de experiências, procurei desenvolver um curso de mosaico que

pudesse contemplar práticas artísticas, conteúdos histórico-técnicos, interpretação de imagens

fotográficas das obras de arte musiva, fixadas na arquitetura em várias regiões do mundo, como

das técnicas utilizadas a partir do visual estético dos mosaicos estudados. Inseri, com as imagens

fotográficas, obras em mosaico de vários períodos da humanidade que representam culturas

distintas, para formação crítico-visual.

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Para desenvolver metodologias que pudessem justificar meus relatos sobre as experiências

em sala de aula, busquei produzir o conhecimento científico baseado nos escritos e nas

vivências em sala e no ateliê, como também nas obras de arte que foram criadas nas oficinas e

nos cursos e nas ideias críticas construídas pela leitura das imagens históricas contextualizadas

e interpretadas pelas turmas.

O projeto Mosaico artístico: uma proposta pedagógica em arte/educação utilizou os relatos

das atividades subjetivas dos alunos, vivenciadas em sala de aula nos Cursos de Mosaico,

partindo do ponto que todo participante se integrou como um artista em desenvolvimento. Isto

porque os exercícios foram compondo outra obra de arte, de maior proporção, que foi construída

no momento da interação coletiva, na vivência de cada indivíduo, ocorrido durante o

aprendizado prático do aluno que trouxe suas experiências e conhecimento de mundo para o

aprendizado técnico-histórica-visual contextualizado com o que foi feito, dito e visto.

Os participantes fizeram algo importante para a comunidade em que transitam e para si

mesmos, levando-os a uma busca para melhorar e compreender as harmonias matemáticas, a

intercalação entre cores e números, para dar contrastes que brilham e formam sombras e luzes,

designando uma técnica específica de mostrar o claro e o escuro, de acordo com a intercalação

das tesselas.

Trazendo o conceito da intercalação de cores para o meio tecnológico, posso mostrar o

mosaico em cada imagem fotográfica e desenhos vetorizados feitos no computador, que são

formados por pixels, um fragmento tão minúsculo de cor que intercalado com outras cores

proporciona nossas imagens. Para que eu possa explicar melhor, vou dar um exemplo: se

tentarmos aumentar um pouco as dimensões de uma imagem qualquer no computador, ela

começa a perder qualidade e os pixels irão ficando cada vez mais perceptíveis e a imagem

começará a perder a definição das linhas figurativas para aparecer como quadrados justapostos,

com várias nuanças, seguindo agora linhas verticais e horizontais, muito próximas umas das

outras, para o claro e para o escuro também.

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CAPÍTULO II

HISTORIA DO MOSAICO

Preciso iniciar comentando que Mosaicos são obras de arte desenvolvidas a partir da

montagem de tesselas que são fragmentos riscados e cortados. Pedaços que podem ser de várias

matérias primas diferentes, ou de uma só, para o revestimento em tetos, paredes, pisos, tampos

de mesa, peças tridimensionais e peças móveis. Unir a arte com a arquitetura, fixando pequenos

pedaços de pedras cortadas, fragmentadas ou roladas, plásticos, vidros, cerâmica, azulejo,

mármores, com a utilidade de impermeabilizar e decorar o ambiente. Mas hoje se faz mosaico

com muito mais possibilidades, indo além do revestimento em paredes e pisos.

O reaproveitamento de entulhos, recicláveis e não recicláveis, transformou a cena para o

mosaico contemporâneo que, com pedaços diferentes de muitas coisas, fez perceber a arte do

lixo em grandes dimensões, com a criatividade nos volumes, na posição de linha, risco e corte,

definindo cada projeto. Colados uns ao lado dos outros ou sobrepostos. Formaram um mosaico

de possibilidades figurativas ou abstratas, este tipo de mosaico se eterniza muito mais como

imagens, fotografadas e filmadas são lançadas das redes virtual.

O surgimento desta nova maneira de expressar as cores e formas, mostra uma evolução na

técnica do mosaico, sempre surgindo novas ideias e conceitos. Mas o mosaico para arquitetura

também se renova com as possibilidades e o leque de material utilizado, venho pesquisando

esta técnica com bases histórica, artística e arqueológicas, expressando sempre um motivo único

na composição.

A palavra “Mosaico” é de origem grega e provém da forma antiga Movoaixov

(mosaicon) que significa “paciente, digna das Musas, no sentido de “obra

paciente, digna das Musas.” Paciente, porque requer muita paciência e muita

atenção para executá-la. Digna das Musas, porque se trata de trabalho de rara

beleza, feito com materiais que duram séculos e por isso tem um sentido de

eternidade, isso é, de divino (MUCCI, 1962, p.15).

Começaremos nossa viagem visual seguindo a linha do tempo desde os nossos ancestrais

humanos aqui na terra. Considerado como primeira civilização humana, os povos que habitaram

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a região mesopotâmica, há cerca de cinco mil anos atrás, viam no Crescente Fértil, entre os rios

Tigres e Eufrates, a possibilidade de crescimento humano e social. Ali encontraram barro e

argila, material necessário para fabricação de tijolos para alvenaria e potes artesanais. Eram

sábios conhecedores da natureza, dominavam a agricultura, pecuária e estudavam o espaço

cósmico. Criaram a primeira forma de escrita que temos conhecimento, a escrita cuneiforme.

Até hoje, muitas tradições desta antiga cultura que se disseminou pelo mundo se perpetuam

como uma tatuagem na humanidade (NETTO, 2009).

Um artefato de grande importância para tentar entender o passado foi feito

aproximadamente há 5.000 anos atrás. Foi encontrada no final do século XIX uma caixa

revestida com mosaico, com lápis-lazúli, pedra calcária, madrepérolas e pequenas conchas, em

um sítio arqueológico localizado na região da Mesopotâmia, no atual Iraque. O artefato estava

em um cemitério pertencente à antiga civilização suméria. É uma caixa que supostamente

transportava um instrumento musical, com cenas de combate de guerra e paz. Esta caixa ficou

conhecida como o Estandarte de Mosaico de Ur, uma das cidades-estados da civilização

sumeriana, considerada uma das primeiras cidades a possuir um desenvolvimento complexo e

intelectual.

De acordo com Mucci (1962, p. 20):

na antiga cidade de Ur, foram encontrados alguns mosaicos

sumerianos que, segundo Woolley, pertencem a um período de

aproximadamente 3.500 anos a.C. O assim chamado

“Estandarte de mosaico de Ur” compõe-se de dois painéis

retangulares de 55 cm de comprimento por 22,5 cm de largura,

e de mais dois outros, também retangulares, que supõe-se,

fixados em uma haste, serviam de estandarte para cortejos

rituais. Esses mosaicos, feitos de arenito avermelhado e lápis-

lazúli, representam cenas da vida sumeriana, com numerosos

figuras, carros, cavalos e guerreiros.

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Imagem 2: Estandarte de Ur, cerca 3.500 a.C. localizado hoje no Museu Britânico, em Londres.

A obra de arte conta uma história, uma caixa retangular, que nos dois maiores lados tem

três filas na horizontal, em um dos lados mostra na fila de baixo: poder do exército sumeriano

guerreando nos carros de batalha sobre os mortos, soldados conduzindo prisioneiros na fila do

meio e em cima os guerreiros seguem uma figura superior. Do outro lado da caixa, mostra

figuras humanas trabalhando com a retirada da lã das ovelhas ao som de uma lira, na fila de

cima. Na fila do meio, pessoas conduzindo caprinos e bovinos, mostram a cultura pecuarista e

na última fila mostra a colheita do trigo ou cevada, diagnosticando a atividade agrícola na região

entre os Rios Tigre e Eufrates.

O estandarte de Mosaico de Ur ganhou este nome por acharem que o artefato ficaria no alto

de um poste como se fosse uma bandeira. Estudiosos mais recentes acham que, na verdade, o

artefato é uma caixa de ressonância onde possivelmente era guardado um instrumento musical.

É importante lembrar o estilo artístico na representação simbólica da figura que é comum da

arte suméria: o corpo se apresenta de frente, o rosto, as pernas e os braços se mostrem de perfil;

o nariz, os olhos e as orelhas são bem acentuados, a cabeça com uma aparência gorda e os

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personagens com uma posição mais privilegiada são representados em maior tamanho do que

os outros personagens que representam membros das classes inferiores como os escravos,

empregados e guerreiros.

Pertencentes aos povos mesopotâmicos que por volta de 3.000 a. C. revestem colunas com

cones de argila e terracota, no templo de Eanna, em Uruk, e na construção do portal de Ishtar

por volta de 600 a.C, na cidade da Babilônia. Hoje as obras de arte pertencem ao Museu de

Pérgamo, Berlim. O templo foi construído em 3.000 a.C.

Imagem 3: Decoração em mosaico feito de terracota. Templo de Eanna em Uruk, dedicado à deusa da cidade Inanna. Suméria cerca 3000 a. C. Photo Scala, Florence/bpk, Bildagentur Fuer Kunst, Kultur und Geschichte, Berlin.

Há de perceber uma participação da matemática, com cálculos precisos e da geometria para

formação dos encaixes, com as tesselas e os cortes exatos, milimetricamente calculados, para

uma melhor formação do desenvolvimento artístico e criativo, na produção de uma obra de arte

em mosaico.

A prática do mosaico é uma, entre outras, da cultura sumeriana. Os sumérios eram povos

místicos, sábios construtores e executaram os primeiros projetos arquitetônicos para a

construção de templos em homenagem às divindades espaciais contempladas, os zigurates.

Eram povos politeístas e viviam em uma sociedade organizada. Possivelmente foram os

sumérios que criaram as primeiras leis estados. Foram eles que construíram a cidade da

Babilônia, ainda na primeira dinastia babilônica aproximadamente 600 a.C. (MELLA, 2004)

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Os mosaicos babilônios foram construídos de uma forma diferente das produções

posteriores ao seu período. Eles utilizavam a construção arquitetônica como composições

artísticas, as cores eram vitrificadas no próprio tijolo, e as formas dos animais aparecem de

acordo com a distância entre a montagem dos tijolos, que proporcionam um relevo que

garantiriam as formas figurativas, idealizadas pelos artistas. Quando construímos uma parede

os tijolos são alinhados no mesmo nível, nas construções babilônicas, para que surgissem as

figuradas, os tijolos eram postos mais para frente ou para trás, para que as figuras aparecessem,

com um pequeno relevo quase imperceptível, por causa do brilho vítreo, nas composições.

Os sumérios começaram o refinamento da técnica, revestindo peças moveis e templos, até

possivelmente a construção da cidade da Babilônia com representação vidradas nos tijolos.

Imagem 4: Portal de Ishtar.

Foi mais ou menos por volta de 605 a 562 a.C., no reinado de Nabucodonosor II, que a

Babilônia reencontrou seu apogeu, atingindo o status de maior cidade da antiguidade, com seus

jardins suspensos projetados com engenhosidade em partes elevadas da cidade por onde

passavam dutos de irrigação, com ligações diretas com o rio Eufrates.

A maior expressão artística, presente na arquitetura da Babilônia, sem dúvida, foi o portal

de Ishtar concluído por volta de 575 a.C., um dos oito portais construídos, este localizado no

lado norte da cidade. Era considerada a maior das oito portas de entrada da cidade. A gigantesca

estrutura do portal de Ishtar com tijolos vidrados, medindo 14 metros de altura e 30 metros de

largura, tem a argila queimada e esmaltada com uma coloração azul predominante na

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composição, possivelmente proveniente do lápis-lazúli em abundância na região (MOSCATI,

1978).

Imagem 5: Reconstrução do portal de ishtar em um museu no Iraque, mas a replica nunca foi concluída.

Imagem 6: Museu Pergamon, seção do Museu Antigo do Oriente Próximo, Berlim, Alemanha.

Agora, como forma de continuar com o entendimento histórico sobre a arte do mosaico,

seguiremos mais adiante no tempo na Grécia e Macedônia, onde o mosaico floresce nos

assoalhos de casas e pavimentação pública, um tapete permanente de cores, estilos e

possibilidades.

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Os Gregos aperfeiçoaram a arte e deram o nome de Mosaico, uma arte de paciência e divina,

segundo (PEREIRA, 2006, p. 12):

Acredita-se que foi no século VI a.C., em Pella, na Macedônia, que surgiram

os primeiros mosaicos importantes. Para pavimentar os pisos foram usados

inicialmente seixos rolados nas cores preto e branco, em formas geométricas.

As pedras de diferentes cores foram introduzidas no mosaico no final do séc.

V e começo do séc. IV a.C.

Durante o aprendizado do Curso não explorei os mosaicos gregos, nem macedônios por eu

não ter muitas referências sobre a época. Séculos depois, já na dominação romana por volta do

século IV ao XII d.C., no período Bizantino, em que o mosaico alcançou o esplendor na história

da humanidade, sendo erguido para cúpulas, tetos e paredes das grandes catedrais cristãs. Se

tornando uma obra de arte monumento, igual na Babilônia, em um passado mais distante. Os

mosaicos bizantinos, ricos em detalhes, serviram como uma forma de catequisar os fiéis que

não sabiam ler. Mas sem sombra de dúvidas são obras de arte que representam o poder do

divino.

Em 402, a sede do império romano do oriente foi transferida para Ravena,

nordeste da Itália, transformando a cidade com a construção de inúmeros

mosaicos como da Basílica de São Vitale, Mausoléo de Galla Placídia, S.

Apolinare in Classe, S. Apolinare nuivo, Battistero Neoniano, Cappella

Arcivescovile, Battistero degli Ariani, que permanecem magníficos até hoje

(PEREIRA, 2006, p.14).

Dentre estes locais citados, resolvi especificar o estudo da imagem em apenas uma das

diversas obras espelhadas por Ravena neste período, a obra de arte do teto da Basílica de São

Vitale.

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Imagem 7: Basílica de São Vitale, Ravena.

Os mosaicos bizantinos representaram cenas de poder hierárquico, com o apoio do império

e a hegemonia da igreja, a arte do mosaico floresce, como uma arte monumental, com

representações simbólicas de seres humanos e divindade, as expressões de espaços de

convivência como reflexo do que se via nos ambientes da época, e foram retratadas com

perfeição e um desenvolvimento técnico

O desenvolvimento do mosaico neste período aumenta com a criação da Escola de Mosaico

em Bósforo.

Para esses trabalhos monumentais existiam equipes onde o artista

(imaginarius) criava os motivos; o desenhista (pictor pirietarius) executava o

desenho e, por último os calceteiros (calciscoctor) finalizavam a obra. Não

esquecendo que os tesseleiros (lapidarius structor) já haviam preparado as

tesselas que foram cortadas nas formas em medidas próprias para o trabalho a

ser executado (PEREIRA, 2006, p.15).

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Imagem 8: Assoalho em Piazza Armerina, Casale, Sicília.

Os mosaicos do século IV d. C. próximos a cidade de Piazza Armerina, em Casale, na

Sicília. Pertencentes ao império romano, foram descobertos no século XX e é considerado por

arqueólogos, sendo o maior sítio, com decoração em mosaico, no assoalho, que revestem cerca

de 1.500 metros quadrados de extensão, pelas informações de hoje, sobre esta descoberta, é que

o espaço continua em processo de limpeza, pelos arqueólogos, e que a cada dia, novas tesseles

surgem por debaixo da poeira, encrostada pela erosão do tempo.

Estudar a expressão nas formas é uma maneira de perceber a obra de arte por um ângulo

diferente, observar os detalhes das cores entre o claro e o escuro, dos volumes, proporcionados

pelos movimentos das tesselas, visualizar as sequencias das linhas e a intercalação das

pedrinhas são valores que irão enriquecer o subjetivo dos participantes para conseguir entender

com mais clareza o andamento intercalado com as cores. A parte teórica e técnica sobre a

história, as obras em mosaico antigas e atuais, e as técnicas que foram inseridas no curso foram

teorizadas e baseadas nas ideias de Alfredo Mucci (1962) e Bea Pereira (2006). Mas recorri a

sites da internet para baixar as imagens de obras de arte musivas, referente aos estudos. O site

Mosaicos do Brasil faz um incrível trabalho de resgate do mosaico por grande parte das regiões

brasileiras.

Foi quando percebi a ligação dos mosaicos da Sicília, do século IV, que eu estava estudando,

com a primeira representação musiva feita no Brasil, por volta do ano de 1850, foi criado pela

Imperatriz Teresa Cristina, Mãe da Princesa Isabel, sendo a Imperatriz, filha do Rei da Sicília,

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ela deve ter contemplado muitos mosaicos, durante sua infância na Sicília. Muitos dos mosaicos

do passado que foram encontrados, como um legítimo espelho de originalidade, nos conduzem

a percepções dos níveis técnicos alcançados.

A técnica de andamento das tesselas é desenvolvida com sequências de pedrinhas, seguindo

as linhas determinadas para compor as curvas e os volumes da forma. A intercalação de cores

faz parte do estudo para proporcionar luz e sombra, e foram expressos, de acordo como segui

cada projeto.

Imagem 9: “O biquíni”, pavimento da vila romana de Piazza Armerina, IV d.C.

Brilhante exemplo de arte romana, livre de qualquer influência, onde se nota

a consciência de uma séria pesquisa pictórica tencionada a resolver problemas

artísticos, não por meio de formulas tradicionais acadêmicas e clássicas, mas

com o íntimo, sincero esforço de um profundo “sentir” plástico... Na

composição pictórica o artista representou as figuras com uma invejável

maestria impressionista, eliminando os elementos construtivos internos e

dando ao todo um sentido de volume geral extremamente vivo, dinâmico e

expressivo. (MUCCI, 1962, p. 34 e 35)

Interpretar uma obra de arte, ao observa-la, nos leva a uma percepção visual mais aguçada,

para ler a obra iconograficamente, entender o andamento e a intercalação das tesselas, que

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promovem volume, luz e sombra. Ter uma compreensão da obra, de acordo com a

contextualização histórica, que nos ajudam, com os motivos artísticos mas, a observação nos

detalhes é quem vai conduzir o artista para um parâmetro único de observação e concordância

que cada mente reproduz e interpreta.

De acordo com a obra “O biquíni” que foi produzida por volta do século IV d. C., mostra-

nos, com detalhes, os movimentos das tesselas, para se chegar a um entendimento mais pleno,

direcionado para criação prática.

Segundo (MOTTA e SALGADO, 1976, p. 14-15):

os gregos e romanos mantiveram a tradição dos processos que haviam

recebido de outros povos e de outras regiões e os estenderam, através dos

remanescentes da cultura helênica, a Bizâncio, dando início,

concomitantemente, ao grande surto de mosaico, herança cultural que os

orientais souberam elevar à perfeição. Os mosaicos passaram do chão à

parede, decorando igrejas e outros monumentos, com os mais ricos murais

executados.

Após o período Bizantino, quando o mosaico floresceu por todo domínio romano, perde

visibilidade no século XV e só volta ao foco das atenções nas produções do arquiteto Gaudi

(1852 a 1926), que utilizou o mosaico fragmentado como proposta de revestimento para seus

projetos, no início do século XX. Mas foi em meados do século XIX, antes mesmo do

nascimento de Gaudi, que o mosaico chega no Brasil, muito discretamente, uns cinquenta anos

antes do sucesso do arquiteto Gaudi. Surgiu no palácio imperial, nos Jardins das Princesas, o

revestimento nos bancos imperiais, produzidos com a técnica do mosaico, para o andamento

das tesselas, que foram adaptadas conchas, das praias do Rio de Janeiro e louças imperiais,

fixadas com um tipo de argamassa. Os revestimentos artísticos provavelmente foram feitos

pela princesa Teresa Cristina esposa de Dom Pedro II. (Fonte, Mosaico do Brasil, H. Gougon,

2011).

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Imagem 10: Jardim das Princesas no Palácio Imperial.

A princesa Tereza Cristina, vinda da Sicília, demostrou as tradições da cultura musiva, uma

herança romana trazida consigo, como uma tradição cultural que a princesa viveu em sua terra

natal. Considero, pelos meus estudos, que este revestimento no Jardins das Princesas pode ser

considerado o primeiro mosaico, na arquitetura, pois considero toda construção feita com tijolos

e cimentos, parte da arquitetura, e as poltronas construídas juntamente com o palácio imperial,

são parte dele na arquitetônica. Estes mosaicos produzidos em terras brasileiras, representam

um marco histórico para história da arte do mosaico no Brasil.

Imagem 11: Detalhe do revestimento no Jardim das Princesas.

Quando percebemos o revestimento artístico com mais detalhe, é fácil observar o

andamento das conchas com movimentos curvilíneos, fez-me perceber uma expressão técnica

usada para garantir que o espectador, ao perceber a arte estática, possa sentir uma agitação, nas

ondulação e círculos que se formam entre as louças do palácio imperial, movimentação com o

andamento técnico que trago como exemplo mais claro, para demonstrar como as pedrinhas

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poderão seguir linhas que garantam a expressão do volume, para ser desenvolvido durante as

práticas do revestimento.

A semelhança técnica da obra de arte “O biquíni” com o revestimento no Jardins das

Princesas, podemos perceber o andamento das tesselas seguirem movimentos predeterminados,

para valorizar a forma.

Imagem 12: Mosaicos geométrico, na cidade de Khirbat al-Mafyar em Jericó, Palestina.

Esta obra de arte faz parte de um estudo que tenho feito no decorrer das minhas experiências

artísticas e pedagógicas, com a arte do mosaico.

Expostos na arquitetura e pavimentos da época antiga, os mosaicos resplandeciam

encantamentos. Os romanos dominando a Grécia e a Macedônia onde já existiam mosaicos

esplendorosos desde Alexandre o Grande, que foi uma das suas marcas, serviu como obra

monumento, na decoração dos assoalhos, nos grandes palácios. No decorrer dos períodos,

muitas culturas absorveram a técnica do mosaico. Os gregos, os macedônicos, os romanos, até

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o período bizantino, desenvolveram obras de arte em mosaico que seguiram a imponência do

estilo monumental presentes na Arte babilônica. (PEREIRA, 2006)

Foi a partir do século III, que a arte do mosaico começa a ganhar características próprios da

cultura romana, que foram assimiladas, adaptadas e incorporadas à sua própria cultura, que

revestiram inicialmente os chãos dos palácios mais luxuosos, com um poder vibracional, na

composição dos mosaicos, que tinham fortes simbologias e abstrações geométricas.

Os mosaicos que estão sendo encontrados em pavimentos de casas e palácios, de períodos

anteriores ao Bizantino, nas regiões da Europa e da Ásia, fazem parte da arte produzida em

longa escala pelo Império Romano, em todas as regiões que foram conquistadas, e que foram

construídos palácios, tinham a referência dos pavimentos romanos, como demonstração de

conhecimento, riqueza e poder.

Na nossa época moderna surgiram novos tipos de criações artísticas com a arte do mosaico,

e as formações abstratas triunfaram com as combinações cromáticas e as formas praticamente

ilimitadas, para a produção artística.

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CAPÍTULO III

METODOLOGIA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A metodologia e fundamentação teoria, na qual abordo para pesquisa e formação, de acordo

com o processo que vem com as narrativas, de fora do sujeito que é a héteroformação,

autoformação e a ecoformação. O processo de formação que é elaborado pelo próprio sujeito

na interação com o mundo e com os outros, teorizado por Marie Christine Josso (2004), que diz

que, ‘a partir das narrativas e relatos, com a epistemologia da formação. A autoformação é a

conscientização do caminho para se e com o outro, num ato de partilha de significados consigo

mesmo e com o grupo’.

Privilegia a figura do artista que conta sua história e reavalia na sua vida sendo

o escritor e o interprete da mesma, trabalho que ela propõe que se faça em

conjunto com outros escritores-leitores de se e do outro. Esse trabalho da

narração é o trabalho da tomada de consciência de se mesmo no seu processo

de viver, das influencias contextuais, sociais e psicológicas, culturais, tendo em

vista que eles não são destinadores absolutos, suprimindo o sujeito. (JOSSO,

2004, p. 113).

A partir destra tríade, trago uma relação de ensino e aprendizado, embasados na

triangulação de Barbosa (2012) e leitura de imagem de Gombrich (2005). Foi utilizado a

proposta triangular para leitura de obras de arte, com a história, as técnicas, crítica visual e

práticas voltados para o conhecimento da arte do mosaico, que foram teorizadas por Mucci

(1962), Pereira (2006) e para reforça a parte histórica fui buscar nas leituras sobre história antiga

de Netto 2009, Mella 2004, que ajudaram a elucidar fatos históricos.

Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência

de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade (FREIRE 1996, p. 58).

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A héteroformação, autoforamção e a ecoformação citadas por Josso 2004, traz esta tríade

para contextualizar, uma formação para docência vivenciados e relatados para gerar

conhecimentos e aprendizados para minha formação para docência formando o outro para arte

musiva, estabelecendo conexões com Paulo Freire 1996.

O desenvolvimento crítico para a arte é o núcleo fundamental da sua

teoria. Para ele, a capacidade crítica se desenvolve através do ato de

ver, associado a princípios estéticos, éticos e históricos, ao longo de

quatro processos, distinguíveis mas interligados: prestar atenção ao que

vê, descrição; observar o comportamento do que se vê, analise; dar

significado a obra de arte, interpretação; decidir acerca do valor de um

objeto de arte, julgamento (BARBOSA, 2012, ps. 45 e 46).

O processo de aprendizagem para o conhecimento sobre o mosaico se desenvolve com a

capacidade cognitiva de cada indivíduo. Esta forma de pensar no aprendizado me fez pesquisar

autores que falam sobre o mosaico, mas que não o tinham como foco principal, como Moscati

(1978) ou como Gombrich (2008) que comenta um pequeno conteúdo sobre a história da arte

do mosaico. Entretanto, tais leituras foram de grande valia para o aprendizado técnico e para

desenvolver as leituras das obras de arte, com uma contextualização histórica que favoreceu o

entendimento. Outros dois autores que achei de grande importância, particularmente para a

disseminação da arte do mosaico no Brasil, foram Mucci (1962) e Pereira (2010), com livros

nacionais específicos sobre a arte do mosaico, trazendo técnicas, história e as imagens

fotográficas das obras que serviram para uma apreensão visual contextualizada.

A arte educação afeta a invenção, inovação e difusão de novas ideias e

tecnologias, encorajando um meio ambiente institucional inovador

(BARBOSA, 2012, p. 3).

Algumas Oficinas produziram obras permanentes, na arquitetura, outras produziram peças

moveis, com azulejo e EVA, mas o grande diferencial foram os Cursos que geraram painéis

permanentes em grandes dimensões, fixados na arquitetura. Tenho como relevância a minha

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interpretação sobre a proposta triangula de Barbosa (2012), que comecei a utilizar nas Oficinas,

mas consegui-a inserir com mais clareza nos cursos de mosaico.

A realização das oficinas, abriram precedentes para a formação de um Curso com uma carga

horária maior. As experiências nas oficinas me guiaram para que o projeto de Curso tivesse um

embasamento teórico, histórico e crítico visual, onde resgatei da disciplina de Pintura I, a

proposta do exercício de triangulação vivenciados em sala de aula, (CARVALHO 2010, p. 330)

que se baseou na proposta triangular de Ana Mae Barbosa. Ele afirma que:

a abordagem triangular, em suas potencialidades é um meio de organização

pedagógica capaz de oferecer respostas a muitas questões teórico-

metodológicas do Ensino de Arte, em face das mudanças efetivadas nos

universos artístico e educacional contemporâneo, inclusive absorvendo ou

descartando mudanças.

Esta triangulação é voltada para contextualização histórica, crítica visual e a produção

artística. No meu caso, história da arte do mosaico, crítica visual em relação às imagens

históricas de mosaicos, que foram estudadas, e, das práticas artísticas na produção e na busca

de um maior entendimento técnico, para fluir o impulso necessário, a uma ação subjetiva para

montar a própria obra de arte.

A formação técnica, as ideias dos teóricos e os artistas das obras de arte analisadas, muitas

vezes, só das obras de arte, quando tratamos da arte do mosaico, data de muito antigo. Estes

conhecimentos são importantes para elevar a consciência ao nível de percepção. Perceber a obra

no momento atual, para conseguir fazer análise sobre o momento vivenciado pelo artista e o

período a que pertenceu, contextualiza um maior entendimento sobre a obra de arte, enquanto

época.

Feito isso tentaremos compreender a essência da obra de arte, de acordo, com a iconografia

das imagens e dos símbolos, e pôr fim a parte estética da obra, que também é de grande

importância para compreender a cultura da época. Fazendo do outro ‘um ser aprendente que

aprende a aprender’ (JOSSO, 2004, p.113), com o outro e com sigo mesmo, dialogando com as

imagens dos mosaicos antigos, que foram apresentadas e contextualizadas para turma.

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Discutidos e utilizados como inspiração artística para o surgimento de uma obra de arte musiva

inédita.

O fazer arte...este fazer é insubstituível para a aprendizagem da arte e para o

desenvolvimento do pensamento, linguagem presentacional, uma forma

diferente do pensamento, linguagem discursiva, que caracteriza as áreas nas

quais domina o discurso verbal, e também diferente do pensamento das artes

plásticas, capta e processa a informação através da imagem (BABOSA, 2012,

p.35).

A prática artística traz a (auto) formação como peça chave para o ensino e aprendizado da

arte do mosaico, e como processo de aprendizado prático, trago as experiências existenciais, as

experiências acadêmicas e as experiências pedagógicas.

As experiências existenciais, venho falar da relação com o outro, a troca de conhecimentos,

minha relação com a academia, com a arte do mosaico, com as oficinas e cursos que venho

desenvolvendo no decorrer da minha jornada acadêmica.

As experiências acadêmicas eu trago as instruções, as técnicas do mosaico e os instrumentos que

me levaram a desenvolver esta técnica.

As experiências pedagógicas eu trago desde o meu Estagio I, na educação básica, na Escola Estadual

Isabel Gondin, trago minha relação pedagógica com estes alunos e com os participantes das oficinas e

dos cursos, com experiências que solidificaram minhas ações como docente.

Cada qual, interpreta a obra de arte no contexto subjetivo cultural de compreensão, depois

laçam as criações subjetivas sem uma medida, projetadas sobre uma mesa, no tamanho da base

arquitetônica, calculada para obra. A mesa para facilitar os fazeres individuais que se intercalam

ao coletivo e enriquece o contexto de compreensão. Estas misturas artísticas na mesma obra de

arte musiva, dimensionam as obras menores, para maiores proporções, trazendo discursões

interpretativas, sobre o fazer individual agregado ao fazer coletivo, na construção dos painéis e

tampos de mosaico artístico, que foram gerados.

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CAPÍTULO IV

AS OFICINAS E OS CURSOS DE MOSAICO

O MOSAICO COM PREPARAÇÃO ARTÍSTICA PARA REVESTIR A ARQUITETURA

Desenvolvida para o SESC cidadão, da Vila de Ponta Negra, 2013.

Nos dias 22 e 29 de outubro de 2013. A Oficina de Mosaico, contemplou o Projeto Cidadão

Vida na Vila, com a carga horaria total de 6 horas. Recebi o convite para ministrar uma Oficina

artístico manual, no SESC Cidadão da Vila de Ponta Negra, para crianças de sete aos doze anos

de idade, oriundas daquela comunidade.

Como minha primeira experiência ministrando uma Oficina Artística para crianças resolvi

utilizar a técnica do mosaico. O SESC disponibilizou uma sala de aula convencional, com mesas

e carteiras, a sala bastante arejada e iluminada deixaram as crianças mais tranquilas, nas

produções.

Para o desenvolvimento artístico, histórico e técnico, foram inseridas técnicas com EVA,

papel, tampas de garrafas e pequenos quebra-cabeças de bloco e de encaixe como forma de

estimular o processo mental e os valores intuitivos que foram se unindo às práticas de

aprendizado.

Inserir objetos que se transformam e objetos que se encaixam materializando outras formas.

Por exemplo, o papel pode se transformar em um avião e voar, como também pode ser cortado

e servir para colocar em uma figuração, compondo um revestimento para figura e os blocos de

montar que não variam suas formas, mas montados, os blocos se unem construindo uma nova

forma. Brincando com estas possibilidades, despertando conhecimentos e raciocínio

interpretativo das ações que estimularam a paciência, com a separação de cores, a montagem e

seus encaixes. Estes estímulos, no geral, ajudaram as crianças a perceberem melhor coisas no

nosso dia-a-dia e ganhar destreza e precisão nos movimentos, com melhorias na coordenação

motora e no desenvolvimento dos valores cognitivos, com apreensões que são ampliadas

através das práticas de produção.

Trabalhando com EVA com várias cores, desenvolvemos riscos e cortes utilizando lápis e

régua para fazer a marcação dos quadrados, retângulos e triângulos para cortar com a tesoura,

nas marcações estabelecidas por cada criança.

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Para termos sequências de movimentos, foram estabelecidos quadrados de 1cm para a

composição do exercício final, que era seguir as linhas de uma imagem impressa, simbolizada

por uma rosa, para facilitar o tempo curto que tínhamos e conseguir gerar o entendimento

desejado, sobre o andamento dos quadrados na sequência das linhas.

Imagem 13: Riscar

Imagem 14: Cortar

Imagem 15: Colar

A oficina desenvolvida no SESC foi finalizada com trabalhos de flores e rostos humanos,

mas infelizmente tive um problema com os arquivos e só consegui resgatar as imagens de parte

do processo. No fim, cada estudante participante da Oficina ficou com seus projetos finalizados.

As flores estão na imagem acima e os rostos feitos com EVA não tive como resgatá-los, mas

hoje, enquanto estou desenvolvendo essa escrita, posso falar de uma obra bem relevante nos

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meus procedimentos educacionais, feita bem depois na oficina do SESC Cidadão, mas

desenvolvida com a mesma ideia de aula, só que com outra matéria prima. Os rostos que

aparecem na obra de Arte Musiva “Fractais” produzida no Curso Mosaico Artístico para

Arquitetura, que falarei mais adiante no decorrer dos capítulos. A técnica do rosto faz menção

aos trabalhos desenvolvidos com as crianças da Vila de Ponta Negra.

A partir da finalização da primeira oficina percebi algumas coisas que não deram certo, para

melhorar e dar uma continuidade às oficinas cada vez mais técnico e com novas ideias e

ensinamentos que possam gerar modos e técnicas diferentes de fazer a mesma coisa, facilitando

cada vez mais o processo.

INTERVENÇÃO URBANA

Ocorreu na Escola Estadual Isabel Gondim, no ano letivo de 2014, Estagio I e II.

A Escola Estatual Isabel Gondin, está localizado no Bairro das Rocas, na zona leste de

Natal, o projeto contou com a participação dos alunos do sexto e sétimo ano, do ensino

fundamental II.

Unir a teoria com a prática, faz florescer nas minhas vivências no ensino de arte/educação,

a ideia do desenvolvimento criativo de uma obra de arte coletiva com a técnica do mosaico. A

partir dos meus estudos nos Estágio I e II, ministrados pela Professora Dra..Evanir de Oliveira

Pinheiro, tive a oportunidade de estagiar na Escola Estadual Isabel Gondim, no Bairro das

Rocas. O projeto contemplava atividades artísticas, voltados para Arte Urbana, Banksy (2012),

a parceria nos conduziu à Literatura de Mia Couto (2006), e fui buscar conhecimento sobre

paisagismo na leitura de arte urbana de Bergamini (2009). A experiência em parceria com a

direção da escola promoveu conhecimentos teóricos, literários e práticos, para o

desenvolvimento da pintura no espaço comum entre os alunos, a estética visual da composição

e conhecimentos sobre intervenção urbana com exposição de imagens fotográficas.

Trabalhar a subjetividade criativa com um dos contos do moçambiquenho, “O beijo da

palavrinha”, direcionando um pensar coletivo para o desenvolvimento prático de um painel

artístico, pintado em uma parede interna da escola, como parte decorativa para um paisagismo,

no convívio dos próprios estudantes.

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.

Imagem 16: Produção do Painel artístico, E.E. Isabel Gondim

Imagem 17: Dimensão direita

Imagem 18: Dimensão esquerda.

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A metodologia que utilizei, para trabalhar com esses autores foi a proposta triangular, de

Barbosa (2012) de usar a apreensão da história contada, para gerar contextualização e crítica

interpretativas, para as produções artística, que venho desenvolvendo na produção de uma arte

transformadora de ambientes, interdisciplinar por natureza. Efeito visual com conceitos

literários e técnicos. Enriquecida com o trabalho individual, que se integra ao coletivo para

formação da obra de arte conjunta, que se adapta na arquitetura como um marco e por se tornar

uma arte de grande visibilidade pública, surpreende até os que fizeram parte do processo

artístico, cria valores incomensuráveis e perspectivas mútuas de interações, estímulos sociais e

interpretações próprias, de acordo com o olhar cultural de cada espectador.

As oficinas e os cursos de mosaico foram elaborados a partir desta mesma temática, que nas

minhas práticas iniciaram com a pintura e posteriormente com o mosaico. Para expandir o

conhecimento sobre a arte musiva, com ideias teóricas, práticas e uma linha do tempo para

demonstrar uma parte histórica, marcando os principais acontecimentos que se passaram no

decorrer dos séculos em relação à arte do mosaico, de acordo com cada obra estudada e a

importância destas no cenário para o mundo da arte.

MOSAICO: REAPROVEITANDO E RECICLANDO

Realizada na VI Semana de Artes visuais, no DEART, UFRN, 2014.

A Oficina iniciou, dia 15 Abril, e só foi finalizada no dia 12 de junho 2014, iniciamos na

VI Semana de Artes Visuais, mas não estávamos na programação, contou com a participação

efetiva de 12 estudantes da UFRN e cerca 8 pessoas passante, da comunidade externa, que

contribuíram para formação do mosaico. A Oficina ocorreu embaixo das arvores, em um local

determinado pelos estudantes do DEART como Garden. A carga horaria foi de

aproximadamente 160 horas de atividades.

Realizar uma oficina para artistas foi um desafio que trouxe muitas perspectivas com a arte

do mosaico, que ganhou uma grande importância no envolvimento com pessoas que vivenciam

arte e respiram arte no seu dia-a-dia. Não que a Arte não tenha importância para as outras

pessoas que não têm um conhecimento prévio a seu respeito, mas trabalhar com quem entende

melhor a história da arte e os movimentos artísticos no mundo trouxe para a prática artística da

produção do mosaico uma grande possibilidade que se concretizou, com a adaptação das

técnicas antigas, inserindo a reciclagem e o reaproveitamento da matéria prima para fixação na

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arquitetura. No mais, a disposição dos artistas permitiu que a oficina fluísse e ganhasse uma

formação mágica pela sua empolgação e subjetividade.

Criar possíveis maneiras de fazer a mesma coisa, um raciocínio lógico, adquirido

principalmente pelo conhecimento de mundo dos participantes, veio se unir a ideias que se

fragmentaram como uma complementação das vivências individuais, trazendo para todos mais

leveza, relaxamento e reflexões sobre os fazeres e a realidade vivida, criando também novas

perspectivas de produção e valorização de todas as ações expressas.

A produção foi direcionada para a subjetividade em parceria com o coletivo, valorizando o

reaproveitamento das pedrinhas que foram resgatadas das sobras de outras obras de arte, do

meu ateliê. Fazendo destes fragmentos multicoloridos uma matéria-prima de muita qualidade,

o reaproveitamento contemplou também um carretel de fio com 2m de diâmetro e

aproximadamente 1,5 metros de altura, esquecido por alguma empresa, no lixo da UFRN.

O revestimento em mosaico do tampo do carretel surgiu como proposta para criar uma rosa

dos ventos com o fazer coletivo nos espaços entre os raios uma arte de cada participante

valorizando a subjetividade. O trabalho de paciência, na separação das pedrinhas, foi

imprescindível para que a obra acontecesse, o que gerou momentos de relaxamento.

Incrivelmente, as pessoas se sentiam atraídas para separar cacos das mesmas cores, presentes

em um monte de cacos de pedrinhas, com mais de trinta cores diferentes.

A Oficina, mesmo sendo na VI Semana de Artes Visuais, não conseguiu recursos para

acontecer, então os estudantes envolvidos conseguiram arrecadar alguns materiais e

equipamentos como régua, lápis grafite, massa corrida, rejunte cinza e cola branca.

Infelizmente, não conseguimos a cola certa para a obra se tornar duradoura. Expliquei aos

participantes que, com a chuva e a umidade, as pedrinhas começaram a cair com o tempo. Eu,

com minha experiência na produção de mosaicos, tinha juntado muitos cacos de diversas cores,

sobras de obras de arte que já tinha feito em outros momentos, um saco de estopa com

aproximadamente quinze quilos de fragmentos multicoloridos e, para finalizar, o carretel de

dois metros de diâmetro. Já de posse deste material, a oficina aconteceu voluntariamente em

baixo de uma mangueira e de um cajueiro, na parte externa do DEART, na UFRN.

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Imagem 19: Homem tocando bateria.

Imagem 20: Coração.

Imagem 21: Sobre a corda bamba.

Imagem 22: Mistura de ideias.

Imagem 23: Menina brincando.

Imagem 24: Paisagem.

Imagem 25: Polvo

Imagem 26: Homenagem a Sabotage.

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Imagem 27: Rosa dos ventos, mesa com 2m de diâmetro. Localizada no DEART, UFRN, Brasil.

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Esta oficina de mosaico foi a primeira que deixou uma obra de arte para o espaço onde foi

produzida. A oficina aconteceu sem nenhum apoio financeiro, sem o material necessário para

uma produção de qualidade, mas resolveu-se fazer a oficina mesmo assim, pois o conhecimento

seria o principal valor deixado.

A realização e formação técnica para montagem da obra de arte, com um material não

adequado para colagem em uma superfície de madeira para ambientes externos, acarretaria uma

rápida deterioração da obra de arte produzida durante a oficina, devido à chuva, ao vento, ao

sol e ao contato das pessoas, sobre a arte fixada na base de madeira com uma cola comum, não

daria muita resistência ao revestimento.

CACOS DE ROSA

Desenvolvida para o grupo de mães, Fé e Alegria, do Conjunto Lagoa Azul, no Bairro Nova

Natal, Zona Norte, 2014.

A Oficina foi realizada no mês de Setembro de 2014, contou com a participação de 18 mães

da comunidade. Foi realizada na sala, destinado para produção artística, na sede do Fé e Alegria

da Zona Norte, o espaço bem iluminado, mas não oferecia estrutura para montagem da obra de

arte, ao qual adaptamos algumas mesas para desenvolver o trabalho coletivo. A carga horaria

foi de 18 horas, para montagem e fixação da obra na arquitetura.

Convidado por Verônica Medeiros, estudante de Artes Visuais da UFRN que desenvolvia

um projeto extraordinário neste grupo de mães, fiquei muito contente com a parceria.

Desenvolvemos um trabalho com base no Projeto de Oficina “O Mosaico Com Preparação

Artística Para Revestir a Arquitetura”, com algumas modificações. Agora direcionado para

adultos, o processo metodológico se iniciou com uma introdução histórica. Durante os

momentos de separação das pedrinhas, a proposta de reaproveitamento de material me fez levar,

do meu ateliê, centenas de cacos de cerâmica de diversas cores, sobras de outras obras que eu

já havia produzido.

A oficina de arte musiva procurou trazer sempre ideias que fizessem alusão à vida de cada

indivíduo e às possibilidades e importância de cada existência. Mostrou-se para cada aluno a

seriedade do individual na produção coletiva, trazendo reflexões filosóficas sobre a nossa

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existência. Depois, a relação do encaixe das pedrinhas que foram montadas pelos participantes,

com a relação da obra de arte em um processo coletivo maior, que valorizou cada indivíduo,

fazendo-se perceber a importância de cada encaixe como um reflexo da vida de cada um.

Esta oficina foi feita com o intuito de desenvolver uma obra de arte para ser fixada na

arquitetura, com o desenvolvimento de uma base mais sólida para a conclusão da obra de arte

que é a fase mais difícil de concentração para um fazer artístico, dando um acabamento que

proporciona mais qualidade para o produto final da obra de arte.

Imagem 28: Grupo de mães produzindo uma rosa.

A apropriação praticada nas experiências de cada um torna cada estudo único, no seu

processo de aprendizado e produção. Fazendo destas vivências momentos de trocas de

conhecimento entre os participantes e o crescimento da autonomia a partir da importância da

produção de cada participante. Estes valores estudados e interpretados por mim trouxeram mais

perspectivas sobre o que poderia melhorar, sobre coisas que não deram certo e fazeres que

fossem importantes para a evolução da obra de arte musiva. Foram relatos estudados,

interpretados e analisados que gerou aprendizados pessoais para as próximas experiências.

Gerada uma obra de arte com o nome “Cacos de Rosa”, a mesma foi fixada na entrada do

Centro Educacional Unificados, CEUS. A proposta inicial era fixar a obra no Grupo de Mães,

mas as mães preferiram fazer a doação da obra para o CEUS. O nome do projeto da Oficina foi

o mesmo nome dado para a obra de arte.

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Imagem 29: Cacos de Rosa, obra de arte musiva, 1,5m aproximadamente. Localizado na entrada do CEUS, no Bairro Nova Natal, RN, BR.

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REVESTIMENTO PARA TAMPOS DE MESA

Realizada para o grupo de mães, Fé e Alegria, do Conjunto Lagoa Azul, no Bairro, Nova

Natal, Zona Norte, 2014.

Esta Oficina ocorreu nos dias 18 e 21 de Novembro de 2014, contou com a participação de

12 mães e mais 3 convidados que ajudaram nos cortes e na composição. A Oficina aconteceu

em dois momentos, o primeiro foi na sede do Fé e Alegria e o segundo se foi no espaço do

CEUS, com a carga horaria de 8 horas.

O convite para esta oficina partiu do grupo de mães intermediada por Verônica Medeiros,

do qual surgiu a possibilidade de revestir quatro mesas com 1,6m de diâmetro cada. O convite

foi feito ao grupo depois que as mães doaram a obra “Cacos de Rosa”, para ser fixada na

entrada do CEUS, localizado no mesmo Bairro.

Os cálculos, para dar tudo certo, é indispensável para a formação do mosaico no atelier onde

foram desenvolvidos quatro tabuleiros de dama, para serem aplicados nas mesas como

revestimento. Calculados e centralizados, os tabuleiros foram fixados nas mesas com

argamassa, e o restante do revestimento do tampo foi feito diretamente nas mesas, com técnicas

que representaram o estilo técnico da rosácea na composição.

Imagem 30: Momento de empolgação com as tesselas.

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As mulheres do grupo de mães, já com mais habilidade, aprenderam técnicas de produção

diferentes das que foram praticadas na primeira oficina. Quando tinha sido colocado um

trabalho de paciência e relaxamento. Neste segundo momento, elas experimentaram

ferramentas que proporcionam cortes, mostrando cálculos precisos para que a composição das

formas se adaptem aos espaços idealizados. Luciana e Deise, que não fazem parte do grupo de

mãe, mas colaboraram do processo dos riscos e cortes e Francisca que tem a liderança no grupo

foi de grande importância para que tudo pudesse ocorrer.

Imagem 31: Adaptação de uma mesa para riscar e cortar as cerâmicas.

As composições artísticas denominadas “Tabuleiros Energéticos” trazem a essência

concreta nos valores, responsabilidade, gratidão e criatividade presentes naquele grupo de

mães.

Imagem 32: Momentos de muita euforia para finalização das mesas.

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Imagem 33: As quatro mesas foram batizadas de Tabuleiros Energéticos, instalados a área interna do CEUS, Natal, RN, BR.

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OFICINA INDIVIDUAL

Propostas abertas

Nas oficinas de mosaico, desenvolvi uma proposta de oficinas particulares para serem

desenvolvidas nas residências, com pequenos grupos familiares ou com apenas uma pessoa,

trabalhos com propostas que surgem das necessidades visuais, estéticas e possibilidades

diversas que, mediante o diálogo entre as partes, proponente e contratante, florescem grandes

propostas artísticas que se materializam com as ideias e com o projeto de revestimento.

Trabalhei com uma aluna particular de 81 anos, artista consagrada na técnica do vitral. De

agosto a setembro de 2015, com um encontro por semana, contabilizando uma carga horária de

24 horas. Percebe-se que tudo vai ficando mais lento e mais difícil, nesta fase. O entusiasmo e

a motivação já não são mais os mesmos. O cansaço se dá com pequenas práticas, mas o

desenvolvimento de atividades práticas é importante para a cognição do idoso e o encaixe, a

variação de cores e o conhecimento de mundo fazem dos valores subjetivos uma importante

forma de contextualização prática. Nesta fase, a compensação da fragilidade da força física e

os reflexos já bem reduzidos têm na prática do mosaico artístico um estímulo para aliviar as

limitações impostas pelo tempo, trabalhando formas e encaixe que estimulam a desenvoltura

dos valores cognitivos, fazendo com que a pessoa idosa tenha uma melhora na qualidade de

vida e no raciocínio lógico.

Nesta fase da vida é importante que os projetos sejam desenvolvidos no local de moradia

do aluno. O planejamento das cores, dos cortes, das possibilidades de interação e da

participação no fazer técnico são prazerosos e revigorante para o idoso. A cerâmica é feita com

uma argila que deixa a matéria prima mais dura e pesada e pode ser trocada por azulejos, que é

feito com outro tipo de argila, deixando-as mais leves, que facilitam os cortes. Para um

desenvolvimento criativo com a técnica do mosaico, existem outras possibilidades que não exija

tanto impacto, como é o caso do mosaico fragmentado com estilhaçar de cerâmica ou azulejo,

proporcionada pela quebra e não pelo corte, para produção das obras de arte em mosaico.

O desenvolvimento da oficina individual é muito rico, pois dá para fazer direcionamentos

mais centralizados na pesquisa que foi proposta, podendo ser desde um revestimento no chão

(assoalho) a uma peça tridimensional ou um tampo de mesa, como possibilidade de desenvolver

painéis ou murais com a técnica do revestimento em mosaico, e ainda, pode proporcionar peças

utilitárias.

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Imagem 34: Pequenas produções individuais.

Tive o privilégio de desenvolver um assoalho para casa da mesma contratante da oficina. A

ideia Foi desenvolvida em parceria com o Professor Pedro Roberto. Que me proporcionou

conhecimentos de cálculo, simetria, história do mosaico. Tenho o professor Roberto como

referência pessoal. A Obra de arte aconteceu antes do desenvolvimento da oficina particular,

gerou uma excelente parceria e um trabalho artístico esplendoroso.

Imagem 35: “Arranjo” 0,86 x 3,12m. estilo floral. Assoalho. Artistas: Pedro Roberto e Wendell Batista. Técnica, mosaico sobre o chão, assoalho ou tapete permanente.

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CONCLUSÕES SOBRE AS OFICINAS DE MOSAICO

A proposta de aprendizado presente nas oficinas de mosaico tinha como objetivo

desenvolver obras de arte musiva para serem inseridas na arquitetura.

As Oficinas de Mosaico possibilitaram o aumento da percepção dos participantes,

trabalhando os dois lados do cérebro, mediante a utilização das cores, formas e estímulos que

foram melhorando os reflexos visuais e físicos, mexendo sempre com as duas mãos para ter

maior precisão dos movimentos e do encaixe nas formas, mostrando a importância de cada

produção individual no processo coletivo.

Assessorar na definição dos cortes e das linhas com as tesselas, mostrando o valor do

efêmero em comparação ao duradouro, enfatizando que todos são capazes, só basta acreditar

no potencial que está guardado dentro do próprio indivíduo, de ação e percepção do mundo, no

qual estão inseridos. Desenvolver obras de arte com a técnica do mosaico, para serem fixadas

na arquitetura urbana da comunidade, como a obra Cacos de Rosa fixada na entrada do CEUS

e Os tabuleiros energéticos que foram fixados e expostos para comunidade, onde os alunos

vivem e frequentam, elevaram a autoestima, com as obras presentes no meio comum dos

participantes e dos seus amigos, mediante a autorização de espaços públicos ou privados que

irão possibilitar um intercâmbio cultural de artistas, professores, leigos e estudantes, na

contemplação das mesmas.

No desenvolvimento de técnicas com riscos e cortes, o material vítreo como a cerâmica, é

muito importante o uso de equipamentos de proteção para garantir a segurança no trabalho e

bem estar dos praticantes. Durante o aprendizado prático é de extrema importância o uso de

máscaras, óculos e luvas para nos proteger da poeira, de fragmentos vítreos que possam nos

ferir e nos protege contra calos além de possíveis acidentes com cortes.

As aulas foram 70% práticas e 30% teóricas, foi feita uma auta avaliação das minhas

práticas pedagógicas que foram utilizadas nas oficinas, e percebi a falta de uma teoria da arte

voltada para contextualização histórica que poderia enriquecer ainda mais a proposta que vai

valorizar mais a arte musiva na contemporaneidade, como também aumentar as formas de

estímulos das pessoas para um melhor desenvolvimento técnico, crítico e histórico.

Feito isso tentaremos compreender a essência da obra de arte, de acordo, com a iconografia

das imagens e dos símbolos, e pôr fim a parte estética da obra, que também é de grande

importância para compreender a cultura da época.

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CURSOS DE MOSAICO

Os cursos de Mosaico foram elaborados, ministrados e coordenados por mim. Eu já tinha

feito algumas oficinas de mosaico, paralelas aos períodos letivos do Curso de Licenciatura em

Artes Visuais (CLAV), na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para

realização dos cursos, consegui uma parceria com o Núcleo de Arte e Cultura (NAC), que

concedeu seu ateliê para realização das aulas e a divulgação dos Cursos, mas para utilizar o

espaço teria que conseguir uma bolsa. A parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e

Artes (CCHLA) beneficiou-me com uma bolsa da Pro-Reitoria de Extensão (PROEX) para que

os Cursos fossem realizados no espaço do Ateliê do NAC e disponibilizou uma das paredes do

Centro para receber a doação da obra de arte gerada durante o curso, como contrapartida pela

bolsa.

As aulas práticas, teóricas e a montagem da obra de arte aconteceram no ateliê do NAC e

os cursos foram abertos para pessoas acima dos dezesseis anos, oriundas das comunidades

acadêmica e externa. O desenvolvimento do projeto de pesquisa Processos criativos na arte do

mosaico: Experiência (auto) formativa de um artista e arte/educador, com início no TCC I e

continuada no TCC II, teve e tem como recorte principal o conteúdo e as obras de artes que

foram vivenciados e produzidos nas oficinas e nos cursos de mosaicos. Tendo-os como

conhecimento prático, complementar para minha formação como docente.

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MOSAICO ARTÍSTICO PARA ARQUITETURA

Imagem 36: Cartaz do curso mosaico artístico para arquitetura. Feito pela Equipe do NAC.

As inscrições para o Curso foram abertas para pessoas acima dos dezesseis anos, oriundas

das comunidades acadêmica e externa. As aulas foram oferecidas nos dias de terças e quintas-

feiras à noite, com o início no dia 14 de abril e finalizando no dia 30 de julho de 2015. O Curso

contou com o apoio dos participantes: Álvaro Paraguai, Allyson Carvalho, Cristina Paiva,

Diana Campos, Françoise Valéry, Judite Cavalcanti, Letícia Barros, Raisa Santos e Raissa

Figueiredo. O desenvolvimento das aulas práticas e teóricas e a montagem da obra de arte

aconteceram no ateliê do NAC.

O objetivo do Curso era o de instruir para o conhecimento técnico, com as possibilidades

existentes no revestimento em mosaico, para composição de uma obra de arte que parte do

individual ao coletiva. Traz a montagem de imagens estabelecidas, para proporcionar o

aprendizado na produção técnica. Como também, o desenvolvimento de criações subjetivas, a

partir de projetos próprios ou do desenvolvimento cognitivo com as cores e as formas das

tesselas, unindo-as às peças geométricas para florescer um quebra-cabeças de ideias. Os

trabalhos individuais, expressos na composição coletiva, garantem o sentido denotativo que

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cada artista quis dar à sua obra, como também abrem novas conotações sobre a imagem que se

formou com a união das obras individuais para chegar até a composição final.

As possibilidades de produção musiva como revestimento são das mais variadas e ricas

possíveis, muitas vezes acabam sendo impossíveis de realizar pela falta de investimento, pois,

quando se trata de revestir na arquitetura, os materiais e ferramentas se tornam caros e o

investimento bastante alto, para que a materialização da obra de arte possa ocorrer, com êxito

e durabilidade.

O desenvolvimento da obra de arte no curso musivo foi barateada com o reaproveitamento

da matéria prima que foi encontrada em entulhos nos canteiros de obras arquitetônicas, com

pequenas doações que se espalharam ao longo da cidade ou dentro da própria UFRN. Sempre

sobram resíduos de materiais cerâmicos das construções com revestimentos. Esses restos são

de grande importância para o aumento da matéria-prima, na produção dos exercícios para

chegar a obras de artes. O material encontrado precisa passar por um tratamento de limpeza

pelos alunos durante as vivências para reutilização. Economia de dinheiro e alto rendimento na

produção e limpeza do material encontrado.

As obras de artes do passado são importantes para montar este enigma que vem tentando

ser construído, ao passar dos séculos. A apreciação traz inspirações para renovações técnicas,

na pintura, escultura, arquitetura, mosaico entre outras formas de expressar a subjetividade

manual.

Os mosaicos podem ser também, obras artefatos, por serem, muitas vezes achados

arqueológicos da antiguidade. A arqueologia estuda os objetos feito pelo ser humano do

passado, que forneceram sinais sobre o período em que foram desenvolvidos, possivelmente

construídos, como registro da passagem humana. Contendo referencial histórico, sobre uma

cultura do passado, são interpretadas a partir do período em que foram encontradas e

catalogadas por vários estudiosos, para tentar recriar aquele momento esquecido no tempo mas

firmado na essência do artefato histórico.

Obras de arte do passado abrem percepções sobre as culturas que viveram em tempos

antigos, que se perderam e possivelmente poderiam ser encontradas, nas memórias guardadas

nos artefatos que foram obras de arte na antiguidade. Analisadas e estudadas, por vários

ângulos e linhas de pensamentos diferentes, segue uma contextualização histórica sobre os

materiais encontrados e a possível civilização aos quais pertenceram, no tempo cronológico.

Geram pesquisas, resenhas, artigos, dissertações, teses que possibilitaram um entendimento

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maior sobre a obra e a cultura estudada. Todo este material enriquece ainda mais o contexto de

cada imagem estudada para inserir na proposta metodológica do curso de mosaico.

A expressão do conhecimento cultural e científico de cada obra de arte e civilização

estudada enriquece cada vez mais minha compreensão artística, histórica, estético-cultural,

filosófica e cronológica para o entendimento de práticas artísticas-educacionais.

Com base nas informações históricas, conteúdo técnico e visual, as afetações das imagens,

da obra, trazem críticas sobre cada uma destas três obras de arte da antiguidade, que foram

analisadas. A partir destas informações estaremos iniciando o processo criativo individual de

uma composição própria, inspiradas nestas três imagens, o Estandarte de Ur, o Templo de

Eanna e o Portal de Ishtar. Possivelmente, Ishtar é a releitura de Eanna, cultuada milênios depois

belos babilônicos.

Aula prática

Com base nas informações históricas, conteúdo técnico e visual, as afetações das imagens,

da obra, trazem críticas sobre cada uma destas três obras de arte da antiguidade, que foram

analisadas. A partir destas informações estaremos iniciando o processo criativo individual de

uma composição própria, inspiradas nestas três imagens, o Estandarte de Ur, o Templo de

Eanna e o Portal de Ishtar. Possivelmente, Ishtar é a releitura de Eanna, cultuada milênios depois

belos babilônicos.

O que é inspirado nessas três imagens trazidas de tempos anteriores a era cristã, são

consideradas as primeiras obras musivas da história da humanidade. O mosaico mais antigo

encontrado foi datado com cerca de 3.500 a.C. e desde esse período a arte do mosaico vem

evoluindo, junto com a história da arte e da arquitetura. A arte musiva como conteúdo a ser

levado para sala de aula é muito recente, mas o mosaico como formação artística faz parte da

nossa história há milênios. Não se sabe ao certo onde foram as primeiras manifestações

musivas. O estandarte de Ur com todo aquele acabamento com certeza não foi o primeiro

mosaico feito pelas mãos humanas, e nem o último a ser encontrado.

Foi adaptando conceitos usados em outras práticas que consegui, junto com os alunos,

discernir ideias a respeito das obras de arte musiva analisadas. Tais conceitos se relacionam à

formação técnica, na percepção visual de como as pedras foram colocadas e organizadas, para

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depois, serem analisadas com a contextualização histórica, para facilitar a compreensão da

cultura, do espaço-tempo e das técnicas desenvolvidas em cada período referenciado.

O conhecimento das artes tem lugar na interseção: experimentação,

decodificação e informação. Nas artes visuais, estar apto a produzir uma

imagem e ser capaz de ler uma imagem são duas habilidades inter-

relacionadas (BARBOSA, 1998, p.17).

Numa entrevista que Ernst Gombrich (2005, p. 30) concedeu a Ana Mae Barbosa, em

resposta à pergunta “qual a melhor maneira de desenvolver a percepção visual?”, ele respondeu:

“como você sabe a Bauhaus fez alguns esforços, através de Klee e outros, no sentido de

desenvolver a percepção da forma e da imagem etc., no que costumam chamar de cursos

preliminares. [...] Mas eu tentaria colocar juntos nuances e expressividade para tornar mais claro

o modo pelo qual acontece a resposta a um estímulo”

Estímulo e resposta é tudo de que precisamos para desenvolver práticas inspiradas nas obras

de arte musiva, que foram estudadas junto com o contexto histórico e suas representações para,

a partir daí, darmos início à leitura individual de cada obra. Isto se fez, não apenas observar e

reproduzir o que estávamos vendo, mas falar e escrever sobre estas experiências de ver, sentir,

inserir valores para si mesmo e para o próprio projeto artístico para o desenvolvimento prático

criativo e não para mimese.

Utilizo a técnica do mosaico para possibilitar uma integração interdisciplinar, com

conceitos históricos, matemáticos, crítico-visual e técnico-prático, onde as atividades práticas

individuais partem do subjetivo de cada participante que acompanha a formação técnico-visual.

Posteriormente as atividades individuais são inseridas no coletivo para, a partir daí, a obra de

arte começar a ganhar as dimensões da parede, cedida para fixação da arte musiva.

O desenvolvimento do ensino prático e teórico sobre a arte do mosaico traz o ensinar e o

aprender, o fazer e o entender lado a lado com a produção e a contextualização, aumento da

percepção visual e crítica em relação a estética das obras analisadas e produzidas. Quando

fazemos essas leituras é possível fazer entender melhor sobre períodos históricos da

humanidade que foram eternizados com a arte do mosaico, como também ter uma melhor

compreensão visual das técnicas praticadas.

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Imagem 37: Início das atividades práticas individuais.

Como primeiro exercício a ser praticado, fez valer a contextualização das obras em mosaico

da região mesopotâmica, que trouxeram ideias para enfatizar as memórias, a durabilidade da

obra em mosaico, além da história e da representação visual. Há possibilidade de cada

participante eternizar sua individualidade artística, como pedaços de algo que fará parte de uma

obra de arte maior, na união das práticas individuais distribuídas no coletivo, proporcionado

pela cultura de mundo em que cada qual vive.

Desafio de fazer suas próprias tesselas, com um conhecimento prévio sobre as ferramentas

manuais. As tesselas, serviram para desenvolve um mosaico, em um diâmetro de 21 cm, apenas

o conhecimento visual em relação das imagens dos mosaicos antigos. Para o desenvolvimento

desta circunferência, pedi que todos utilizassem o compasso e a régua, para que cada um dos

círculos medissem o mesmo tamanho, para que o pensamento criativo individual tivesse um

foco, também na interação com o coletivo.

A primeira atividade prática, se inicia com conhecimento técnico cobre as ferramentas, a

história contextualizada sobre três períodos distintos da humanidade, na antiguidade

mesopotâmica. Falas sobre as memorias, os benefícios de praticar atividades artísticas, ideias

sobre as mandalas e a interpretação cósmica do ser subjetivo, a relação da Matemática e da

Geometria, representadas como um estimulo para cálculos precisos para o espaço. Forma uma

criação única, com elementos simbólicos que referenciam as próprias experiências

interpretativas, e as relações conceituais expressas em cada prática desenvolvida.

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Dentre as artes, a arte visual, tendo a imaginar como matéria-prima, torna

possível a visualização de quem somos, onde estamos e como sentimos. A arte

na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante

instrumento para identidade cultural e o desenvolvimento (BARBOSA, 1998,

p. 16).

Imagem 38: Primeiro exercício prático

Imagem 39: Mandalas subjetivas.

Imagem 40: Proposta desenvolvida para se unirem ao mural artístico.

As dúvidas que se configuravam durante as experiências surgiram para somar e ampliar o

conhecimento presente com a interculturalidade.

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Desenvolvimento do projeto circular das mandalas, como exercício de autoconhecimento,

coordenação motora, adaptação das ferramentas procurando enfatizar a forma mais prática no

uso da torquês, lapidando as tentativas frustradas para melhora no andamento técnico que foram

ficando cada vez mais específicos, para cada procedimento técnico que foi realizado.

O desenvolvimento desta atividade como primeira proposta prática serviu para analisar a

destreza manual de cada participante, a interação com as ferramentas, a paciência, percepções

das cores, sequência e andamento das tesselas. As obras de arte musiva da região mesopotâmica

que foram estudadas serviram para dar inspiração para os participantes resgatarem a cultura

internalizada com as convicções de cada subjetividade. Autores como Betty (2007) serviram

para demonstrar ideias, que também podem ser utilizadas para técnica do mosaico, para

desenvolver experiências com os lados do cérebro e Freire (1996) com ideias que possam

engrandecer o valor subjetivo nas experiências de aprendizado, entre a teoria e a prática,

realizada com a interação com o outro, entre professor e estudantes, como uma troca

permanente de conhecimento.

A turma foi bem dedicada na produção das primeiras peças, que durou por volta de quatro

aulas para todos concluírem o desenvolvimento do projeto, a idealização dos cortes, e a

execução, na colagem das pedrinhas para formação das mandalas subjetivas.

A primeira atividade prática foi realizada com êxito e, a partir daí, se iniciam as conversas

sobre o que foi feito e qual relação cada trabalho teria com as experiências visuais que foram

analisadas, antes das práticas acontecerem. As conversas serviram para tirar dúvidas, que

surgiram para dar mais conteúdo as provocações, que foram colocadas na interação em grupo.

Diante destas imagens o que mais me chamou a atenção, para desenvolver como exercício

prático em sala de aula, foi a composição dos rostos, retirando todos os detalhes da obra de arte

e se detendo apenas aos rostos que destaquei o do Imperador Justiniano e o da Imperatriz

Teodora, como uma forma de estudar o andamento técnico das tesselas em relação ao

movimento do rosto e o sombreamento das imagens bizantinas.

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Imagem 41: Princesa Teodora

Imagem 42: Imperador Justiniano

O estudo de um rosto partiu com o princípio de desenvolvermos uma face neutra, a partir

do mesmo desenho, para cada um criar o movimento do rosto com as pedrinhas. Seguir linhas

de volumes e intercalar cor para proporcionar sombras e luzes, na formação da imagem, que

todos estariam dispostos a seguir para finalizarmos mais esta tarefa prática para o aprendizado

musivo. Para depois, anexar no processo coletivo de construção de uma obra de arte maior.

Todos os rostos tendo a mesma base como modelo para serem coloridos com a intercalação das

teselas e a percepção dos movimentos por onde as pedrinhas deveriam percorrer, eventualmente

um ou outro tinham dúvidas sobre o andamento das tesselas, entre o claro e o escuro, para

proporcionar as nuances nas formas do andamento das tesselas, para dar volume as bochechas

dos rostos, por exemplo. Dúvidas que serviram para todos que seguiram as instruções para

formação técnica.

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Tinha convicção que todos conseguiriam, mas nas duas primeiras semanas neste exercício

todos os participantes se achavam incapazes de desenvolver tal proeza. Tivemos algumas

conversas para iniciarmos esta atividade e passamos por volta de quase doze aulas para todos

concluírem e compreenderem a formação técnica, para transpor as cores e conseguir dar

movimento e volumes às pedrinhas.

Pensar em um aprendizado técnico, estimulado por uma expressão visual, para fortificar o

estudo da formação técnica e ter uma base para solidificar nossas ações práticas. Discutir a

imagem da obra, para depois proporciona uma prática artística, tendo um entendimento maior

sobre o conteúdo visual, que foi contextualizado e inserido nos estudos das imagens. Fazer uma

relação das imagens do passado com as expressões criadas nos dias de hoje, mostra o novo,

com fortes referências para se compreender outras culturas.

A interpretação das leituras das obras de arte do passado, referenciadas com o efeito criativo

dos artistas que se expressam no presente, com entendimento no que já tinha sido feito em

relação à arte musiva no mundo antigo e como a influência na contemporaneidade, com base

nos nossos estudos sobre estas obras que tem origem em tempos remotos das sociedades.

O desenvolvimento dos rostos, parte de duas bases: um rosto de frente e outro de perfil.

Durante todos os momentos vivenciados como Arte/Educador, estas composições dos rostos,

que já tinham sido usadas em exercícios anteriormente, com os alunos da Oficina do SESC

Cidadão, da Vila de Ponta Negra desenvolvidos com EVA. No fim a atividade com a cerâmica

foi bem mais trabalhosa, mas a formação dos rostos teve uma estética parecida com as dos

rostos feitos na Oficina “O Mosaico com Preparação Artística para Revestir a Arquitetura.

Imagem 43: Desenvolvimento criativo dos rostos.

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Durante o processo de explanação histórica, os alunos produziram pequenas obras baseadas

nas obras antigas, utilizando a percepção visual de acordo com sua compreensão, para uma

possível montagem da sua própria imagem. Este exercício teve como finalidade fazer um teste

sobre o que realmente os alunos estão percebendo nas obras antigas para entende-las enquanto

história, matemática, estética das imagens e a qual cultura elas pertenceram. Para depois

expressarmos nossos sentimentos com uma base previamente conceituada.

Durante o processo dos rostos, teve pessoas que terminaram mais rápido que outras e para

estas pessoas não ficarem sem fazer nada, foi colocada uma atividade paralela.

Exercício três, começar a criar percepções com os trabalhos que já estavam prontos para

tentar fazer uma ligação, resgatando o passado e expressando o novo, como momento atual e

possível criação de uma obra histórica para UFRN.

A produção da obra de arte em mosaico, no formato painel, utilizou a superfície da parede

que foi cedida pelo CCHLA. Esta foi a base métrica para obra de arte se desenvolver nas

vivencias do ateliê. Visualizar a superfície doada, onde o mosaico se instalou, fez parte de um

exercício que ocorreu ao final das produções individuais.

Conhecer previamente o local da obra de arte coletiva, já com alguns resultados prévios,

faz das individualidades mentais uma maneira de entender e tentar antecipar uma criação

coletiva, que ainda está fragmentada no individual. Neste caso, a criação nasce por cada

subjetividade e a coletividade se dá com as peças individuais que já estão prontas.

Atividade provocativa: cada um vai visualizar mentalmente as mandalas, os rostos e as

flores, e criar harmonia na parede observada. Após este exercício que durou cerca de uma hora

e trinta minutos, voltamos para o ateliê, para conversarmos sobre nossas criações individuais

se agregando ao coletivo, dimensionar o tecido de armação, como suporte prévio para o

mosaico, no tamanho exato da parede.

Os diálogos para o surgimento criativo e coletivo começaram com muitas ideias sobre

essência, vida, natureza, paz, respeito, fragmentação, herança de povos antigos e a história do

mosaico. Todas as falas estavam muito envolvidas com as ações mentais de criação e

surgimento de algo que talvez já estivesse na mente de cada participante ao ver a parede branca

e que estava se lapidando na interação com o outro.

Percebi que nestes momentos não existiam distinções entre estudante e professor, éramos

todos um conjunto de saberes culturais que estavam se entrelaçando com as ideias mútuas, sobre

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coisas diferentes relacionadas com as mesmas formas. Foi a partir destas apreensões que surgiu

a ideia de uma arvore com suas raízes ramificadas, nas heranças históricas de um passado

distante, que foram contextualizadas durante as aulas. A ideia de árvores como essência da vida,

da paz e do respeito à natureza, que estão presentes na vida de todos os participantes.

Imagem 44: Individualidade disposta para o coletivo.

A ideia que se firmou com todo o grupo foi que nossas mandalas se tornariam uma arvore

da subjetividade, representando a cultura que cada um dos participantes trouxe e eternizou na

formação mandálica com uma expressão própria.

O desenho foi traçado como rabisco sobre a malha para depois dar início à produção coletiva

da obra que já tinha um conceito formado e começava a ganhar cores.

Imagem 45: Início da produção coletiva

As mandalas se encaixaram muito bem com a ideia da árvore, a proposta dos florais, mas

os rostos ainda precisavam ser maiores e, enquanto a obra de arte ganhava corpo com o processo

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coletivo, os rostos foram se distanciando do painel, que agora estava composto por uma

paisagem com uma linha do horizonte ao fundo e uma possível demarcação de estrada.

A arvore idealizada por todos, foi destinada por unanimidade, que o desenho partisse pelas

minhas mãos, eu como professor e mosaicista, já tinha experiência suficiente para dimensionar

uma arvore imaginária. Como o tempo já estava curto e estávamos correndo contra o relógio

por que o curso tinha hora de data para terminar, resolvi, sim, desenhar a arvore, que acabou

surgindo outras linhas que determinaram o horizonte e uma estrada.

A arte começa a ganhar cores e os rostos foram ficando cada vez mais longe da obra, alguns

cogitaram até que eles não entrariam na obra de arte. Foi quando propus outra atividade

provocativa, para pensarmos em grupo como os rostos poderiam interagir com nossa obra de

arte.

Imagem 46: Momentos finais da montagem da obra de arte.

Surgiram algumas ideias, que não fizeram muito sentido e foram reprovadas pela maioria,

mas teve uma das alunas que após ouvir as ideias que foram importantes para o coletivo, mas

que não se encaixavam na obra, trouxe para o pensamento dela, que estava raciocinando sobre

os rostos e propôs que os mesmos se integrassem na obra de arte fazendo parte da moldura,

tirando o conceito de moldura e tornando-a parte do todo. Esta ideia foi comemorada, por toda

turma, como a melhor que tinha surgido naquela noite.

Foi decidido pela turma que os rostos ficariam na parte de fora da obra, fazendo com que a

moldura fosse obra de arte também. A composição dos nove rostos representados por cada

participante complementaria nossa arte, na parte da moldura que agora era arte também. Os

rostos se encaixaram nas dimensões exatas da parede concedida pelo CCHLA, para o

revestimento em mosaico.

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A arte finalizada sobre uma mesa, no ateliê do NAC, estava pronta para ser fixada na parede

que foi cedida pelo CCHLA. Como momento final do grupo no ateliê, resolvi tirar a obra da

mesa e coloca-la no chão, para que tirássemos uma fotografia, registrando o momento de

conclusão e a alegria dos participantes ao concluírem a criação artística.

Imagem 47: Momentos finais da montagem da obra de arte.

Resolvemos tirar uma fotografia da obra de arte para demostrar a possibilidade da nossa

obra de ser fixada no chão como um assoalho, se fosse a proposta. Na imagem acima estão

alguns dos artistas participantes do Curso, infelizmente faltaram neste dia Alvaro Paraguai,

Dianna P. e Alison Santos. Estão presentes na foto, da direita para a esquerda, Leticia Avelino,

Cris Paiva, em pé, ao fundo, estão Françoise Valery e Judite Pondofe e na esquerta estão

Wendell Batista, Raissa Figueiredo e Raisa Santos.

Depois desta foto, a obra de arte foi cortada em vários pedaços para ser conduzida até o

local da fixação. As placas foram todas numeradas e ficaram aguardando o preparo da parede

para sua colocação.

Quando a obra de arte ficou pronta, a parede do CCHLA ainda não estava, tivemos que

esperar uns quinze dias para deixarem a parede de acordo com o combinado para receber o

mosaico, e assim foi feito, o Centro conseguiu dois encarregados, funcionários de uma

empresara terceirizada, para preparar a parede para o revestimento.

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Tiveram que tirar todo o reboco que estava velho e fofo, depois, fazer um novo reboco para

garanti a fixação das tesselas com o intuito da durabilidade e da resistência da argamassa AC3

para aderência no cimento.

Imagem 48: Preparação da parede

Por fim, com a parede pronta, a parte final ficou com o grupo, que teve que aprender na

prática a fixação do painel em mosaico, com instruções práticas sobre as massas e o melhor

ponto para que a aderência acontecesse com técnica e precisão.

Imagem 49: Montagem do mosaico Fractais na parede do CCHLA.

A montagem da obra foi dividida em três etapas, a primeira a colagem na parede, utilizando

a colher de pedreiro para fazer a massa, a desempenadeira dentada para passar a massa na parede

e ir fixando a obra por placas, de baixo para cima, até fixar o ultimo pedaço.

A segunda foi a retirada do plástico adesivo, cerca de dois dias depois que a arte tinha sido

fixada, com a retirada do adesivo, começamos a preparação do rejunte, para impermeabilizar

as partes, entre a cerâmica e a argamassa. Foram utilizadas borrachas de sandálias para passar

o rejunte.

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A última etapa foi a limpeza final da obra de arte musiva. Com um olhar afiado para

perceber algum local que tenha ficado sem rejunte, este procedimento é muito importante para

que a impermeabilização da parede seja por completa.

A arte ficou pronta no ateliê, por volta do dia 30 de julho de 2015 e foi fixada na parede do

CCHLA, entre os dias 15 e 20 de agosto. A inauguração foi marcada para o dia 03 de Setembro

do mesmo ano. O NAC ficou responsável pela produção dos convites e dos cartazes para

divulgar a inauguração do painel, para o qual foi escolhido o nome de “Fractais”. Sendo

produzido pelo projeto Curso Mosaico Artístico para Arquitetura, que venho com muita

satisfação hoje, mais de um ano que está exposta na arquitetura pública da UFRN, publicar este

acontecimento no meu TTC final.

Todos estes pensamentos surgiram com a expectativa da inauguração da obra Fractais,

foram distribuídos convites entre os participantes para que cada um pudesse chamar seus

convidados, os cartazes foram colocados nos setores e espaços de convivência entre

professores, estudantes e servidores para divulgar a inauguração do mosaico artístico, foi criado

um evento on-line para ampliar o convite para comunidade externa prestigiar o evento, que

aconteceu no hall de entrada do CCHLA.

Imagem 50: Convite produzido pela equipe do NAC.

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Imagem 51: Cartaz Produzido pela equipe do NAC.

A arte do convide e do cartaz foi produzida pela equipe de design do NAC e as impressões

ficaram por parte do CCHLA, que imprimiu quinhentos convites em A5 e vinte cartazes em A3

para ajudar na divulgação da inauguração da obra de arte.

A TV Universitária da UFRN fez uma matéria de divulgação sobre a obra de arte e a

inauguração da exposição permanente “Fractais”, fazendo parte do calendário acadêmico de

eventos acontecidos em 2015, na instituição.

Os participantes do Curso musivo promoveram um lanche para o dia da inauguração, que

teve a contribuição de todo o grupo e do NAC que fez uma contribuição simbólica para ajudar

a comprar o que ainda estava faltando.

O grupo ficou encarregado por esta organização, eu propus colar os cartazes e entregar

muitos dos convites na UFRN, nos setores de aula e nas secretarias dos departamentos, convidei

professores, gestores, estudantes e a comunidade externa.

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Imagem 52: Fractais, 2,72x2,92 metros. Fixada no hall de entrada do CCHLA, UFRN.

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A obra de arte Fractais é fruto do conhecimento gerado no Curso de Mosaico Artístico para

Arquitetura que aconteceu no primeiro semestre de 2015 e contou com a participação inicial de

treze integrantes. Com o andamento do curso, quatro participantes desistiram por motivos

pessoais. A materialização da obra de arte foi concluída com os nove participantes que

permaneceram. A disposição da arquitetura como base para fixação dos painéis e a

subjetividade proporcionaram uma troca de experiências com o outro, possibilitando uma

educação mútua de conhecimento e aprendizado.

A técnica do mosaico como elemento transformador de uma sociedade mais vibrante e

colorida fez do Curso de Mosaico uma possibilidade única, para os participantes, de

desenvolverem uma arte duradoura, milenar, de uma beleza própria e exuberante. Os

participantes do Curso aprenderam o valor da arte que engrandece o ser humano enquanto

essência, fez com que a arte fosse além do fazer musivo, surgisse como elemento transformador,

para as estruturas arquitetônicas das cidades ou espaços públicos de convivência que envolvem

a sociedade no processo visual como um todo.

O mosaico surge na vida dos alunos como uma possibilidade de expandir as atividades e

conhecimentos sobre esta arte, mais que uma simples tarefa, foram as ações que geraram os

fazeres criativos individuais, que se uniram a intenção do coletivo e conseguiu seguir os

objetivos do projeto do Curso no decorre das aulas.

Tudo que foi produzido no individual, sem exceção, serviu para complementar a produção

no coletivo, que depois de pronta ficará exposta em um local público, por tempo indeterminado.

Espero que fique até quanto dure, pois morrerei e a obra permanecerá, se ninguém quiser

remover antes, poderá durar por várias gerações, ganhar novos significados, fazer parte da

história de algumas pessoas, muitos irão tentar interpreta-la, alguns saberão que foi parte de um

projeto e foi gerada durante um curso. Outros poderão admirar, mas nunca saberem o contexto

verdadeiro da obra de arte “Fractais” e possivelmente não saberão nem o nome que lhe foi dada.

Mas admirar uma obra de arte contemporânea vai além de uma compreensão simplista sobre

uma arte. Creio que o subjetivo cultural reflete na interpretação de uma obra de arte, que nos

guiam para os fins interpretativos que cada mente atua no individualismo cultural de suas ações

na vida.

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Conclusões

O painel em mosaico tem grande resistência ao tempo e é uma forma de fazer história, pois

os painéis de grande durabilidade se eternizarão como paisagens nas nossas paredes, talvez não

por mil anos, mas o período de uma vida pode ser considerado eterno para quem viveu e nunca

deixou de ver a obra artística, que foi feita por um grupo especifico onde suas ações se

eternizaram naquele painel musivo de grande resistência e de uma beleza única, que leva o valor

de eterno por ser de grande resistência.

A edificação como suporte para as manifestações artísticas tem inspirado muitos artistas de

várias cidades brasileiras e do mundo. As práticas criativas do ser subjetivo são muito antigas

e a pedra e a argila queimada têm servido como material de grande relevância na adaptação

humana ao meio e é este objeto que vem se transformando desde os seus primórdios, de acordo

com o fazer e perceber, as práticas de criação antecedem o sentir visual, como parte da essência

da arte, (READ, 1976, p. 36). Cita:

as artes plásticas visuais, operando através dos olhos, exprimindo e

transmitindo certo estado de sentimento. Se temos ideias a exprimir, o meio

próprio consiste na linguagem. Nada, porém, tem a ver com a apresentação de

tais ideias e sim com a comunicação da própria reação emocional por elas

causada.

A compreensão técnica, a história contextualizada, e a crítica visual que foram sendo vistas

editas sobre as obras de artes analisadas, por vários ângulos culturais e perceptivas diferentes,

fez o grupo compreender, além das obras a arte estudadas, com o foco não apenas no ver e sentir

a obra, mas saber compreender os códigos presentes, executando uma maior plenitude

intelectual existentes e exploradas durante as vivências.

Concluo a primeira experiência de um curso de seis meses, me sentindo gratificado com a

obra de arte gerada e fixada, em uma exposição permanente. As contribuições dos estudantes,

durante as aulas, foram indispensáveis para construção da arte final, e da qualificação para o

oficio de mosaicista, para montagem de painéis artísticos, em grandes dimensões, com a técnica

do mosaico.

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MOSAICO ARTÍSTICO SUBJETIVIDADE EM AÇÃO

Imagem 53: Cartaz para o CURSO MOSAICO ARTISTICO: SUBJETIVIDADE EM AÇÃO, produzido pela equipe de design do NAC.

O Curso Mosaico Artístico: Subjetividade em Ação iniciou no dia 30 de Setembro de 2015

com o apoio do CCHLA e do NAC. O Curso foi prolongado até o dia 22 de julho de 2016.

Contabilizando um total de nove meses de vivências, com três encontros semanais, nas

segundas, quartas e quintas-feiras, das 18 às 21horas. Rendendo mais de trezentas horas para

formação, amadurecimento e criação da obra de arte.

O curso foi inserido como obtenção de notas para o Estágio III, ministrada pela professora

recém-chegada na academia, Dra. Arlete Petry, o que foi de grande importância no

desenvolvimento educacional da proposta já existente.

Os participantes presentes foram Cris Paiva, Judite Pondofe, Françoice Valery, Magnos

Fidelis e Jotême, um senhor que só compareceu nas duas primeiras semanas e não veio mais.

Depois de algumas semanas, já com mais de um mês de curso, apareceu uma senhora com o

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nome de Marileide Mello, muito interessada em participar das aulas e montagem da obra de

arte, que se estabeleceu na turma e que foi muito bem recebida por todos.

Inicialmente, como ponto de partida, desenvolvo os conhecimentos prévios sobre as

ferramentas, ensinando como usa-las e qual a função de cada uma dentro do projeto. Os

materiais de proteção e a importância de utiliza-los nas produções práticas.

Falar sobre a integração da produção prática individual, que será anexada ao coletivo, para

o desenvolvimento da obra de arte e que possivelmente a obra individual ganhará outras

conotações, com o conjunto final da obra de arte, mas manterá a forma inicial, se agrupando a

uma ideia maior.

A proposta é que a obra ganhe suas características durante as vivências coletivas, adquiridas

com as teorias, com os aprendizados técnicos, com as provocações que estimulem a análise e a

crítica das representações visuais, focando tudo para um direcionamento prático, para

composição artística, podendo gerar um entendimento maior, com o perceber e fazer no

envolvimento da teoria, inseridas junto com a prática.

Trabalhar com este grupo foi um pouco diferente. Três dos cinco inscritos já tinham

participado do Curso anterior, mas como tinham pessoas novas, preferi começar dos primeiros

passos, não dificultar para ninguém. Dedicar-se ao fazer prático traz paciência e ajuda a

coordenação motora, nas partes que exigem mais precisão nos encaixes e podem fazer uma

grande diferença na composição da obra de arte e no desenvolvimento motor do praticante,

tendo uma maior facilidade com a produção artística no ateliê.

Cada exercício prático individual, parte sempre de discussões coletivas, em relação as obras

analisadas, para que tudo que for apresentado, seja aprendido e possivelmente este

compartilhamento das ideais pessoais, com a troca com o outro, possam possibilitar um maior

entendimento para sigo mesmo, gerando o aprendizado. Que flui mais plenamente com a troca

ativa de informações, focados para prática criativa, para gerar conhecimentos socializado pelo

grupo.

As dificuldades, as adaptações técnicas, que surgiram sobre o fazer e o entender foram

fatores determinantes para as vivências ganharem uma interação participativa maior de todos

os componentes que enriquecem as composições analisadas, discutidas, contextualizadas e

reinterpretadas pela turma.

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Para apresentação da obra de arte em mosaico, desenvolvi uma proposta com técnicas

milenares, adaptadas para contemporaneidade, com a montagem do mosaico artístico. A

adaptação de uma máquina de pregar botão facilitou a confecção das pedrinhas, a montagem e

o crescimento da obra de arte no ateliê, facilitou a produção. Sendo produzido sobre uma mesa,

da maneira direta, deixou a arte mais minuciosa para uma maior precisão nos encaixes, podendo

perceber a figuração, diminuir o esforço físico com a riscadora para fazer os riscos e os cortes,

para confeccionar as tesselas, utilizando técnica na colagem das formas para gerar o andamento

das tesselas. Trabalhar sobre uma malha foi o grande facilitador de todo processo de adaptação.

O processo individual de pensar no encaixe das pedrinhas, para seguir traços figurativos

feitos por cada indivíduo teve como apoio a triangulação das ideias expressadas como

conhecimento para o grupo e discutidas pelos participantes de acordo com cada cultura

existente na experiência educativa, para gerar práticas artísticas. De acordo com (BARRBOSA,

1998, p.36) “a proposta triangular designa ações como componentes curriculares: o fazer, a

leitura e a contextualização”. São o alicerce para as composições artísticas fluírem com a

essência da naturalidade dos indivíduos.

O desenvolvimento técnico tem uma interação diretamente relacionada com a matemática,

para calcular espaços e para definir os tamanhos das tesselas, no encaixe das formas. Calcular

as quantidades de materiais por área de produção, estão relacionados diretamente com as

percepções geométricas e visuais. Idealizar os cortes para formação dos triângulos, quadrados,

losangos e retângulos, são feitos com a riscadora, que mantem um padrão nos riscos e cortes,

facilitando os encaixes para distribuição no andamento.

O contato com a Matemática, a História e a Geometria, de maneira direta, dá um tipo de

consciência, para os espaços determinados, ajuda a entender as movimentações para inseri as

tesselas, na sequência da forma desejada, para conceber a ideia de volume com o movimento

das pedrinhas, exigindo um pouco mais de precisão para compor os detalhes das linhas,

sombreamentos, luzes e harmonia, presentes na formação artística. Garantiram o estudo

científico e artístico musivo no trabalho, com cálculos que foram inevitáveis, no

desenvolvimento prático-espacial da obra de arte musiva, como o entendimento da intercalação

das cores entre o claro e o escuro, determinando a sequência das tesselas.

As análises interpretativas das experiências com as imagens fotográficas das obras de arte

musiva de vários períodos da história da humanidade. Foram inseridas na proposta para

servirem como materiais de maior importância para serem analisadas, contextualizadas e feito

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um minucioso estudo técnico visual da expressão. Para só depois desenvolvermos nossas

próprias interpretações do subjetivo, para criarmos nossas formas.

O trabalho com a história do mosaico, foram relacionados com os primórdios da

humanidade e se tratar de uma arte muito antiga, envolve Arqueologia, Antropologia, Filosofia

e Arte com a multiculturalidade presente nos processos transdisciplinares da História e da Arte.

Que enriquecem cada vez mais a obra de arte a ser estudada, com estímulos para o entendimento

visual, codificado pelo cérebro e expressados posteriormente como exercícios provocativos,

entre a teoria e a prática nas ideias, nas cores e nas formas.

História, percepção, Arte e ação prática

Os momentos de produção técnica da arte do mosaico, com o impulso criativo cativado com

a pesquisa visual, que foram obtidos com as imagens fotográficas das obras em mosaico,

trouxeram uma empolgação misturada com a vontade e a ação de produção.

A arte de produzir um mosaico para arquitetura, dentro da proposta pedagógica do projeto,

parte de procedimentos de ensino voltados para demonstrações visuais de obras de arte musiva,

de vários períodos da história da humanidade, com discussões sobre a importância dessas obras

nos seus períodos respectivos e a importância das descobertas dessas obras para o mundo das

artes, salientando interpretações técnicas das formas geométricas e dos cortes que foram feitos

nas tesselas, sem esquecer da contextualização de cada trabalho artístico analisado.

Fui buscar nas metodologias de leitura de imagem em Ernest Hans Gombrich (2008),

técnicas que facilitariam o desenvolvimento crítico na leitura de obra de arte, com base em

conteúdos históricos, visuais, estéticos e iconográficos.

As técnicas e autores que ajudaram no conhecimento teórico-histórico-técnico gerados em

sala de aula serviram como fonte de conhecimento necessário para que se pudesse compreender

o contexto, as técnicas e o enquadramento que garantiram a didática, que foram usadas com a

leitura das obras em mosaico, que estão em Museus, sítios arqueológicos e que foram

contextualizadas historicamente e analisadas a partir de imagens fotográficas que não

representam as obras de artes, na sua essência, mas podem nos conduzir a interpretações

técnicas e estética da cultura existentes nestas expressões.

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Depois da demonstração, destas e de outras imagens que foram vistas em slides, foram

enfatizadas com observações em todos os detalhes das obras e das técnicas, que estavam sendo

expostas. Conversamos em grupo sobre cada individualidade para começarmos nos

procedimentos práticos, tendo estas obras como fonte de referência.

O primeiro exercício desenvolvido para estimular o subjetivo criativo e o entendimento

técnico, foi lançada uma proposta para que cada participante pudesse representar algum tipo de

sentimento relacionado as imagens que foram vistas e a partir daí criassem linhas curvas em

uma folha A3, posteriormente estas linhas desenhadas no papel, ficaram embaixo de um

plástico transparente, para depois vir uma manta de filó, por cima. Com esta armação feita, que

servirá como a base da tela para ser colorida com as tesselas.

Cada participante utilizou a sensibilidade artística para composição de linhas curvas que

pudessem representar e demonstrar sentimentos, nada difícil de fazer, surgiram, na grande

maioria, linhas fechadas com bastante curvas e apenas uma das propostas foi voltada para linhas

curvas e abertas. O revestimento destas linhas em mosaico serviu para que cada participante

pudesse demonstrar o conhecimento técnico, que tinha adquirido com as experiências visuais e

as minhas orientações, estas práticas o levaram a compreender como seguir o andamento e onde

cada pedrinha deverá ser cortada, para o encaixe técnico.

Trabalhamos com peças de 1cm, em cinco cores de cerâmica. Cada participante cortou e

quebrou suas próprias tesselas, para seguirmos uma a linha e depois a outra que foi se formando,

até fechar a forma, brincando com a possibilidade das cinco cores, que foram: azul escuro, bege,

branco, vermelho vinho, cinza escuro.

“O azul e o cinza na presença de pouca luz se confundem”, foi colocado por um dos

participantes e que fez uma diferença na composição de todos, os arranjos que estavam se

formando entre o azul e o cinza, de imediato, foram modificados e substituídos pelas outras três

cores. Entre o azul e vermelho, azul e branco, cinza e bege, que formaram linhas até

completarem todo espaço interno.

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Imagem 54: Primeiras práticas, as linhas subjetivas.

Quando compreendemos o andamento das pedrinhas que foram idealizadas, com riscos e

cortes, para ser nossa matéria prima de produção, os encaixes na composição para proporcionar

volumes, ou para dar movimento, foram integradas nas ondulações nas linhas, de acordo com

as formas.

As propostas seguiram a exigência do exercício, alguns participantes com mais habilidade

técnica, finalizaram a primeira parte do exercício e partiram para segunda parte, enquanto os

outros, concluíam os primeiros projetos.

No início de uma das aulas, comecei com explicações de como desenvolveremos a

sequência da obra, feitas inicialmente a partir de linhas, para compreender como funcionam o

andamento das pedrinhas na prática, e com finalização do preenchimento da área interna,

passaremos para o segundo momento, voltado para intercalação das tesselas. O auxílio do

computador e do projetor para contemplarmos os pavimentos de um palácio em Jerico

desenvolvido por volta do século IV a V pelo Império Romano.

A forma que os mosaicos de Jerico vibram para visão humana, demonstram o nível de

qualidade alcançado e habilidade adquirida, já naquele período, com mosaicos

milimetricamente calculados e estudados, que vibram com suas nuances e contrastes.

Há harmonia na intercalação de cores, que deixa visível a percepção do artista, a

intercalação de cores proporciona o surgimento de uma nova forma, que lembra pétalas de rosa.

A percepção visual, a partir das formas, das cores e das abstrações transparecem para cada

visão, uma compreensão individual, e depois, com as discussões sobre a obra de arte, para

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incrementar o que cada um observou no mosaico, fluindo outras perspectivas que podem mudar

ou ampliar a maneira como cada um perceberá novamente a mesma arte.

Um segundo olhar e percebemos que, na primeira visão, muita coisa tinha ficado para trás,

detalhes significantes que podem fazer uma grande diferença ao estudo da obra de arte. Pode

passar despercebido por uma visão não treinada.

O que tem sido de grande relevância para compreensão das artes e é de grande inspiração

para os artistas e pesquisadores das mais diversas áreas de conhecimento. A arte do mosaico

que está sendo encontrada, nos pavimentos da Sicília e de Jerico, ao qual demonstrei imagens,

estão sendo desencavados nos sítios arqueológicos, em um processo lento e delicado que pode

durar anos, e que a cada instante, novos motivos são desempoeirados e fotografados, como

registros históricos.

Mostrei, nas imagens para turma, alguns dos meus estudos que eu já havia praticado e

desenvolvido, com base nesta imagem do pavimento de Jerico. Utilizar esta proposta

demonstrativa visual, inclusive, o revestimento para as mesas no CEUS, que foram criadas pelo

Grupo de Mães, também fora mostrado no projetor, com imagens que pudessem relacionar, a

expressão técnica da intercalação. As propostas foram fundamentadas na proposta triangular

de Ana Mae Barbosa (2012), o valor e respeito ao subjetivo com o outro, expressados por Paulo

Freire (1996). Tiveram grande contribuição para potencializar as criações, que valorizaram a

ação artística de cada subjetividade.

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Imagem 55: Estudos pessoais do pavimento de Jerico.

Estes estudos partiram da minha experiência como artística musivo e que serviram como

base para um entendimento maior na intercalação, para chegar na forma. A existência dos

pavimentos de Jerico, que vibram com a distribuição das cores e linhas sinuosas, com contrates

que causam um impacto visual.

Foi a base visual que utilizei para criação. Os mosaicos de Jerico são feitos com tesselas no

formato quadrado, são tão pequenas que na imagem só conseguimos identificar triângulos, mas

no detalhe da imagem, nos slides, consegui mostra para turma os quadrados, com mais detalhes.

A proposta foi adaptada com os meus estudos, que utilizei os triângulos, para depois, ir

seguindo com quadrados ou losangos, até completar todo espaço destinado, para tentar chegar

à mesma forma de expressão do pavimento de Jerico.

Imagem 56: Estudos referente ao pavimento de Jerico.

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Estas várias demonstrações dos meus estudos artísticos serviram para que os participantes

compreendessem a técnica da intercalação, utilizando cálculos simples que serviram para

demarcar a distribuição das tesselas. Seguindo a proposta de cada projeto, com as mesmas cinco

cores iniciais, para fazer uma continuidade da expressão nas linhas, que seguiremos outra

orientação técnica, para o andamento das tesselas.

Dando continuidade à obra que o grupo já havia começado seguindo na parte externa,

arrodeando com triângulos no andamento das linhas, para depois, inserir os quadrados entre

cada triangulo, dispostos nas ondulações e assim complementar com sequencias de quadrados

por cada linha circulada. Saber determinar as cores, que intercaladas, formaram os efeitos

desejados.

Em alguns dos meus estudos eu usei losangos, mas nos estudos com a turma, nós

detenhamos apenas em seguir as linhas com triângulos e depois aproveitar os espaços entre os

triângulos para seguir uma lógica com a intercalação dos quadrados, sendo calculado o número

de quadrados por volta. Cada proposta individual precisa contar os espaços para inserir as cores

certas, por cada volta realizada com o andamento técnico, em cada proposta efetivada.

Utilizar a técnica, da maneira correta, abre um leque de possibilidade na produção

individual, para busca a formação desejada.

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Imagem 57: Vulva

Imagem 58: Mapa cósmico

Imagem 59: Arabescos

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Imagem 60: Seios

Imagem 61: Ambiguidade

O eu como criador da própria ação, embasados com teorias artísticas e históricas, com o

foco pedagógico na expressão visual, que faz tornar visível um indivíduo mais crítico e

materializador de suas próprias ideias, que são capazes de senti-las e desenvolve-las com

autonomia, conseguindo perceber as obras em mosaico sob ângulos diferentes e reinventa-las

mostrando referenciais interpretativos, nas técnicas e na maneira própria de fazer os encaixes.

A prática artística traz, na interdisciplinaridade da arte do mosaico, a história artística da

humanidade, a linguagem verbal e escrita, a Matemática com cálculos precisos, a Geografia

com as localizações territoriais referenciadas pelas imagens musivas expostas para turma, a

Geometria para arquitetar formas unificadas para os encaixes. Tudo se misturando com o

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envolvimento prático, que foram inseridos com a contextualizado, a partir da apreciação das

imagens.

As ferramentas tecnológicas, como suporte de apoio, facilitaram o aprendizado e ajudaram

com as apresentações das imagens fotográficas, dos mosaicos, e para fazer demonstração das

técnicas e do andamento das produções. O computador e a data show foram ferramentas

importantes neste processo, dando uma melhor qualidade visual na hora da exposição das

imagens e da explanação das ideias relevantes.

As observações dos projetos pessoais de cada aluno foram comparadas com as obras

artísticas em mosaico, da contemporaneidade e da antiguidade, que foram interpretadas, a partir

da contextualização, valores estéticos e significados simbólicos, que ajudaram a interpretação

dos estudantes que levantaram hipóteses sobre o propósito do fazer artístico para o expectador.

Durante o andamento do curso de mosaico, foram interpretadas ideais, que foram

referenciadas por historiadores, artistas, pedagogos, filósofos, críticos de arte que falam em arte

e sobre arte, que me instruíram com as leituras motivadas por disciplinas do Curso de

Licenciatura em Arte Visual, que ajudaram no desenvolvimento de metodologias de ensino

sobre a arte, que adaptei para arte do mosaico.

O artista ítalo-brasileiro Alfredo Mucci (1962), que escreveu o primeiro livro publicado no

Brasil sobre mosaico, contendo imagens de obras em mosaico, parte histórica e aprendizado

técnico, e Bea Pereira (2006) que lançou o livro “Mosaico sem segredos”, contando um pouco

da história, das técnicas sendo muito rico em imagens de obras em mosaico, com uma excelente

qualidade das imagens e um conteúdo bastante informativo sobre a história e origem do

mosaico. Estes autores têm uma relação muito forte com a proposta de conhecimento histórico,

técnico e visual que elaborei para ser inserido no processo de aprendizado.

O segundo momento do curso de mosaico aconteceu após o recesso do fim do ano e

reiniciamos no início do semestre de 2016, com uma proposta que surgiu ao perceber os

primeiros exercícios prontos, a ideia que surgiu foi a de que cada participante pudesse trazer

para aula uma imagem que poderia ser desenhada, ou apropriada com as referências

devidamente citadas. Estas imagens deveriam representar seres alados.

Todos os participantes trouxeram imagens da internet que ampliamos suas dimensões para

o tamanho da obra. O tucano veio deste site http://weheartit.com/entry/58203266; a arara veio

do site https://br.pinterest.com/pin/432064157981508485/; o cavalo foi encontrado no site

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http://desenhos-dos-utentes.colorir.com/cavalo-alado.html; o anjo negro foi encontrado no site

http://fanfics-for-us.blogspot.com.br/; e a baleia foi do site http://desenhos-pintar-colorir-

blog.blogspot.com.br/2014/04/desenhos-de-baleias-para-colorir.html, ao qual ganhou asas para

seguir a proposta do exercício. Essas imagens foram impressas e serviram de base para

formação dos personagens figurativos, na composição individuais.

Foram utilizados recursos tecnológicos de ampliação de imagem, impressas em várias

folhas A4, para baratear os custos da impressão. O mais importante para o grupo é a formação

das linhas, para seguir o andamento técnico, e proporcionar os volumes, luzes e sombras

presentes em cada imagem impressa.

A proposta se inicia com os cortes das tesselas, onde cada participante pudesse decidir as

cores e as formações geométricas, que foram inseridas em cada forma.

Retomei algumas imagens dos mosaicos da Sicília e da imperatriz, retomando ideias sobre

o andamento e as intercalações para que todos pudessem perceber novamente esta formação

para iniciarmos as figurações.

A minha interpretação da proposta triangular de (BARBOSA, 2012) foi fundamental na

compreensão visual das obras de arte estudadas, como também serviu para elevar o nível crítico

dos participantes, que conseguiram perceber as obras de arte a partir da história e por vários

ângulos diferentes, contextualizados por cada um participante.

O curso foi bastante longo e os participantes precisaram se ausentar em alguns momentos,

mas, com todas as formações individuais prontas, o crescimento da obra, no trabalho coletivo

com o grupo, ficou quebrado com a ausência da maioria. A obra já estava enquadrada nas

dimensões da parede, localizada na área interna no CCHLA, próximo aos auditórios A e B. Foi

quando resolvi inserir o curso de mosaico no meu processo de estagio III que poderia ser

desenvolvido no ateliê, foi quando aproveitei a oportunidade para tentar ganhar mais

conhecimento teórico e como poderia fazer para trazer novas metodologias de ensino

aprendizagem.

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Imagem 62: Montagem da produção coletiva.

Fiquei trabalhando basicamente com todos os participantes comparecendo na segunda-feira

e nos outros dois dias da semana, com uma ou duas pessoas, deixando o ensino mais focado

nas duvidas individuais, que surgiram no decorrer das vivências.

O curso com data e hora para terminar me deixou preocupado com a formação final da obra

de arte, recebi uma proposta, de um dos meus colegas que estava na disciplina de Estagio III

comigo, para estagiar no curso de mosaico. Vi como uma nova possibilidade de aprendizagem

e aceitei a proposta.

João Carlos se juntou ao grupo em meados de Abril, todos os participantes aceitaram a

entrada do rapaz que inicialmente ficou com a função de aprender todos os passos, para poder

ajudar o grupo, repassei durante algumas aulas, o aprendizado necessário para que o estudante

de graduação pudesse criar algumas metodologias de ensino que fossem ajudar os participantes

e enriquecer o Curso com algumas das suas práticas.

Tive o privilégio de receber duas amigas que ajudaram a colar pedrinhas, já na reta final,

foram Priscila Tinoco e Raissa Figueiredo. A primeira faz Biblioteconomia e a segunda, que

fez participou do Curso mosaico Artístico para Arquitetura faz Ecologia ajudaram a concluir a

obra de arte final.

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Imagem 63: Amigos que ajudaram na produção.

Imagem 64: Folder, parte externa, produzido pela equipe de design do NAC.

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Imagem 65: Folder, parte interna, produzido pela equipe de design do NAC.

Imagem 66: Convite produzido pela equipe de design do NAC.

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. Imagem 67: Painel artístico “Viagem Cósmica”, 2,71x4,65 metros, 2016.

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A obra de arte “Viagem Cósmica” foi batizada com este nome de acordo com a votação em

grupo. Sugiram nomes como viagem no espaço, cosmos, viagem astral, cosmo lunático, viagem

cósmica e alados. Todos os temas foram colocados em votação, e foram quatro votos para

viagem cósmica e um voto para Alados.

Todos os nomes representariam muito bem a obra de arte, mas viagem cósmica, realmente

leva o expectador a perceber a essência do trabalho artístico. No dia da inauguração da obra de

arte resolvi proporcionar uma atividade prática filosófica sobre o que estava explicito na obra

de arte, esta atividade foi desenvolvida na disciplina de Filosofia e Arte, ministrada por Eduardo

Pellejero. Perguntei ao professor se poderia desenvolver este exercício com os expectadores, na

exposição do mosaico “Viagem cósmica”. O processo era simples desenvolver comentários em

uma folha, com algumas linhas demarcadas com palavras e pontuações. O exercício está em

anexo, foi pedido que ninguém se identificasse.

Este exercício me ajudou a perceber novos detalhes sobre a obra de arte e ver a pluralidade

cultural existentes na concepção dos indivíduos participantes, com tudo, resolvi citar dois

exemplos, que na minha concepção, foram importantes para este entendimento pelo expectador.

Exemplo um: anônimo

“Há uma dinâmica entre as figuras e formas que captam o expectador de imediato (mas não

só). O mural sugere-me uma “anima”, um sopro vital. Lembro de histórias fantásticas, que se

desenrolam em mundos maravilhosos, seres que se tocam, se misturam, se transmutam. Nem

tudo, porém, podemos captar pela razão. Há sonhos delírios, pesadelos, o bem, o mal.

Perseguimos o sentido das coisas, mas nem sempre alcançamos. Resta-nos viver como disse o

poeta (Gullar): “uma parte de mim [...] pesa, pondera, outra parte delira! (o resto o guardo para

mim).”

Exemplo dois: anônimo

“Há figuras, formas e cores, dispersas e em conexão (mas não só). Um anjo: negro como a

noite se curva de joelhos e mãos no chão. Lembro de que da terra viemos e para ela retornaremos

e seremos sempre átomos da matéria cósmica. Nem tudo é breu no cosmo e tampouco na terra.

Há cores na natureza, alegria, luz e energia. Seres diversos, mas sem harmonia não há paz amor

e comunhão. Precisamos de todos para compor o cosmo (o resto eu guardo pra mim)”.

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Foram aproximadamente vinte pessoas que quiseram responder ao exercício, todas as

respostas foram muito importantes para perceber, o que o expectador estava observando e

quando deixava de perceber a obra de arte, para recordar um pouco da sua cultura, existente na

essência do subjetivo humano.

Conclusão

Como conclusão do ensino, do aprendizado, da formação de pessoas para produção de uma

obra de arte coletiva, o contato com o expectador, no mural de grandes dimensões, demonstrou

que quando trabalhamos em grupo e discutimos sobre o que estamos fazendo, tudo flui com

mais naturalidade. A prova disso foram os comentários dos expectadores, que não conheciam

o contexto da obra, mas foi perceptivo no exercício proposto que eles sentiram visualmente

aquilo que o grupo de mosaicistas, do Curso de Mosaico, quis passar e estava sendo mostrado.

Ficou clara nos exercícios com o expectador, as referências a várias culturas presentes na

mesma exposição, pessoas que vivem a mesma cultura erudita, na academia, mas que

internalizam sentimentos próprios, com muitas diferenças e interpretações, ver a mesma coisa,

só vai depender do referencial cultural de cada pessoa. Os valores serão inseridos de acordo

com o conhecimento e entendimento do mundo que cada qual traz com sigo, e que caracteriza

quem nós somos.

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CAPITULO V

CONCLUSÕES

Quero colocar essas experiências (auto) formativa em Arte/Educação Josso (2004), como

bases que solidificaram meus conhecimentos, fez-me perceber o outro com mais clareza e

respeito, aceitando novas opiniões e recebendo críticas, como uma forma de engrandecer a

minha existência como Arte/Educador e multiplicador artístico. Trago comigo as ideias

Barbosa (1998), Barbosa (2012), que foram de grande importância para desenvolver um maior

entendimento sobre a Proposta Triangular; Freire (1996) que me fez ser mais sensível na busca

com o outro; Ranciere (2014) me fazendo perceber erros como educador, Gombrich (2008),

que ajudou a melhorar a interpretação da leitura de uma obra de arte, e quando juntei a ideias

de Mucci (1962), Pereira (2006) e com todas as experiências desenvolvidas vivenciadas nas

Oficinas e nos Cursos, mas os exemplos expressados pelo expectador na exposição “Viagem

Cósmica”, provaram os valores presentes no outro, e as diferenças pensantes, perante uma

expressão visual, que tendem a interpretar e ter lembranças únicas, devido a jornada da vida,

que acontece para todos os seres de uma forma única.

Saber que não posso passar despercebido pelos alunos, e que a maneira

como me percebam me ajuda ou desajuda no cumprimento de minha

tarefa de professor, aumenta em mim os cuidados com o meu

desempenho (FREIRE, 1996, p.96).

As experiências de autoformação, heteroformação e ecoformação, Josso 2004, trabalharam

diretamente com os relatos das minha vivencia como docente, da troca com o outro e com os

espaços, o aprendizado gerado na academia e as experiências pedagógicas praticadas durante

estes seis anos de graduação, como discente para chegar à docência. As obras em mosaico que

foram fixadas nas paredes e tampos de mesas, estão em ótimo estado de conservação, com

exceção da Rosa dos ventos, que foi desenvolvida em um carretel de madeira, no DEART, e

sofre com a ação do tempo e das pessoas, gostaria muito que os gestores percebessem o valor

desta obra e investissem para que ela não se perdesse, estive analisando-a e creio que existe

ainda a possibilidade de restauração e remoção da mesma para um espaço que ficasse menos

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exposto a ação do tempo. Pois a mesma, foi feita em uma base de madeira e com alguns

materiais inapropriados para o ambiente externo.

Faço um apanhado, em relação as obras que estão fixadas até o momento atual desta escrita

e que foram desenvolvidos durante as oficinas e os cursos de mosaico, a obra “Cacos de Rosa”

fixada na entrada do CEUS, Zona Norte, em 2014; os “Tabuleiros Energéticos” que também

foram fixadas no CEUS, na área interna, no fim de 2014; a obra “Fractais”, em 2015, e “Viagem

Cósmica”, em 2016, que foram fixadas em paredes da área interna do CCHLA, na UFRN.

A metodologia utilizada para leitura de uma obra de arte varia de

acordo com o conhecimento anterior do professor, podendo ser

estética, semiológica, iconológica, princípios da Gestalt etc

(BARBOSA 2012, p.20).

Além do conhecimento do professor, que conduz as vivências, a participação do aluno é de

extrema importância para que exista o confronto das ideias comuns, com críticas,

questionamentos e dúvidas que possam acontecer para que aja abertura para o entendimento de

novas leituras técnicas e interpretativas da obra de arte.

Concluo que o Curso de Licenciatura em Artes Visuais forma não só professores de artes,

mas abre uma grande possibilidade, para formação de artistas visuais em vários seguimentos

das artes plásticas e da arte tecnológica. Hoje estou concluindo esta graduação em Artes Visuais

e tenho desempenhado ideias como artista visual e Arte/Educação, e vejo um futuro promissor

na minha carreira profissional, com a possibilidade de ir mais adiante na academia e me

especializar na área da educação, com a formação no mestrado em Educação, aqui na UFRN.

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https://ahistoriadoseculo.org/2015/04/28/o-incrivel-estandarte-de-ur/ (Set, 2015)

Ciência hoje no Tumblr – Arte mesopotâmica - disponível em:

http://cienciahoje.tumblr.com/post/81002324279/foto-da-semana-babil%C3%B4nia-3000-ac-uma-

cidade (Julho, 2005)

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Descobrindo a Sicília - mosaico da vila romana de Casale - disponível em:

http://descobrindoasicilia.com/2014/03/villa-romana-del-casale/ (Janeiro, 2016)

Blog Illustratus – História do mosaico – disponível em:

http://blogillustratus.blogspot.com.br/2010/03/mosaico.html (agosto, 2016)

REFERENCIAS DAS IMAGENS:

Imagem 2: História do século - Estandarte do mosaico de Ur – disponível em:

https://ahistoriadoseculo.org/2015/04/28/o-incrivel-estandarte-de-ur/ (acesso em: 11/04/2015).

Imagem 3: Medialibrary - Templo de Eanna – disponível em:

http://www.christies.com/medialibrary/images/features/articles/2015/01/15/history_art_media_8/articl

e_image_1_history_art_media_8.ashx?la=en ( acesso em: 20/04/2015).

Imagem 4: Wikipédia – Babilônia – disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Porta_de_Ishtar (acesso em: 11/05/2015)

Imagem 5: Gente na História – Babilônia – disponível em:

lhttp://gentenahistoria.blogspot.com.br/2016/06/6-ano-tesouros-da-mesopotamia-cidade-da.html

(acesso em: 11/05/2015).

Imagem 6: Blog spot – Portal de Ishtar – disponível em:

https://3.bp.blogspot.com/nOtrVvLMDRc/V5J5n3bFF9I/AAAAAAAAE_o/G8n5FYicSR8NrOXP00I

emTBAxl42VNzUgCLcB/s1600/Portal%2Bde%2BIshtar.JPG (acesso em: 11/05/2015).

Imagem 7: Smediacache - Basílica São Vitale, detalhe da imperatriz Teodora – disponível em:

https://smediacacheak0.pinimg.com/564x/68/df/6c/68df6cdb8a5506df3219f3c978b1c9b2.jpg

(acesso em: 20/05/2015).

Imagens 41: Tuitearte – Detalhe da Imperatriz Teodora – disponível em:

http://www.tuitearte.es/wp-content/uploads/2012/12/20121215-Justiniano-y-Teodora.jpg (acesso

em: 20/05/2015).

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Figura 42: Blog spot – Detalhe do Imperador Justiniano – disponível em:

http://1.bp.blogspot.com/_YC_DMwnhk9A/TFDPUZN1hFI/AAAAAAAAAmI/ecJbx6CfsjM/s400/sanvita

ljustiniano.jpg (acesso em: 20/05/2015).

Imagem 8: descobrindo a Sicília – Mosaico da Vila romana de Casale – disponível em:

http://descobrindoasicilia.com/2014/03/villa-romana-del-casale/ (acesso em: 15/04/2016).

Imagem 9: descobrindo a Sicília – Mosaico da Vila romana de Casale – disponível em:

http://descobrindoasicilia.com/2014/03/villa-romana-del-casale/ ( acesso em: 15/04/2016).

Imagem 10: Blog spot – mosaico do Brasil – acesso em:

http://1.bp.blogspot.com/_hvco_2ErDPk/S1XnKWXUj2I/AAAAAAAAA_U/IMrdLq7HcWg/s400/mosaic

o+3.jpg (acesso em: 15/04/2016).

Imagem 11: Blog spot – mosaico do Brasil – acesso em:

http://og.infg.com.br/in/10044600-7a4-e5d/FT1500A/550/Bastidores-do-Museu-Nacional.jpg

(acesso em: 15/04/2016).

Imagem 12: Paperblog – pavimento de jerico – disponível em:

http://m1.paperblog.com/i/28/287220/enorme-mosaico-expuesto-antigua-ciudad-jerico-L-Xa5yT-

.jpeg (acesso em: 10/10/2015).

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APÊNDICE Termo de doação da obra de arte “Fractais”.

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Termo de doação da obra de arte “Viagem Cósmica”

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ANEXO

EXERCÍCIO PARA O EXPECTADOR

Há_________________________________________________________________________

_______________________________.____________________________________________

____________________________________________________________________(mas não

só)._____________________________:___________________________________________

___________________________.Lembro_________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________.Nem tudo

___________________________________________________________________________

_____._______________,______________,_____________,____________________.______

_____________________________,mas__________________________________________

___________________________________________________________________________

___________ (o resto o guardo pra mim).

(Exercício desenvolvido na disciplina de filosofia e arte, vivenciado o último semestre do curso de

Arte Visuais, professor Eduardo Pellejero).

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FERRAMENTAS

As ferramentas para o andamento na parte prática do curso de mosaico são indispensáveis

na idealização das tesselas, proporcionando riscos e cortes. Especificamente na cidade onde

moro não consigo encontrar boas ferramentas para mosaico e muitas vezes tenho que

encomendar pela internet.

As principais ferramentas e máquinas manuais são considerados como facilitadores para o

corte da matéria prima.

O riscador de cerâmica é uma máquina manual que vem com um encaixe para um rodel de

8cm de comprimento, de aço carbono com ponta de tungstênio.

Que corre em dois braços de metal, para frente e para trás, facilitando o risco na parte

vidrada da cerâmica. Possui uma régua com 8cm para direita e 8cm para esquerda

proporcionando o cálculo para definição dos riscos na cerâmica, para os cortes das tesselas.

Algumas riscadoras trazem um quebrador na sua estrutura, que consegue quebrar pedaços

riscados a partir de 1,5cm. Tem alguns tipos de riscadoras que conseguem fazer riscos e cortes

circulares na cerâmica com até 15cm de diâmetro.

O quebrador adaptado é um equipamento que já existe há mais de Séculos, um processo de

adaptação de uma máquina manual de pregar botão, adaptada para cortar a cerâmica

manualmente com este quebrador, conseguimos quebrar tesselas a partir de 0,5cm.

Existe também um quebrador manual, no formato de um alicate para cortes a partir de 1cm.

Este quebrador manual é muito utilizado para facilitar a quebra das cerâmicas, com uma

pequena roldana de tungstênio na lateral da ferramenta que serve para riscar a parte vidrada da

cerâmica.

Os riscadores manuais servem para riscar cerâmica, vidros e azulejo. Este riscador possui

uma lâmina cortante de tungstênio que risca com facilidade a superfície vidrada da cerâmica.

A ferramenta torquês é um alicate, cujas extremidades podem ser afiadas para cortes. A

construção civil, os pedreiros, os azulejistas, as pessoas que trabalham com arames e fios, em

geral é utilizado também por artistas plásticos que praticam a técnica do mosaico. Quando faço

uma pesquisa no Google com o nome torquesa, as ferramentas que aparecem servem também

para fazer mosaico, mas não são as mais adequadas.

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A torquês para prática do mosaico tem uma diferença entre as demais, possuindo uma mola

para diminuir o impacto no corte e suas lâminas não encostam, ficando com uma abertura de 2

milímetros, esta abertura preserva por mais tempo o metal diamantado para o corte e a mola

ajuda a diminuir o impacto. As ferramentas torquês para fazer mosaico são mais leves, claro

podemos fazer mosaico com qualquer torquês mas quando temos contato com uma que foi

produzida para deixar o trabalho mais leve sentimos a diferença radicalmente. As torqueses

com lâmina cortante podem ser para cerâmica e azulejo, e as torqueses com roldanas servem

para cortar pastilhas de vidro.

Existem duas ferramentas utilizadas para cortes de pedras e cerâmicas, seguindo uma

técnica muito antiga que são a “martellina”, um pequeno martelo cortante com a lâmina bastante

afiada e o “tagliolo”, pequena talhadeira de ferro fixada em uma base de madeira. Estas

ferramentas foram a base dos cortes para as tesselas dos mosaicos antigos, da Macedônia,

Grécia, Roma e ainda é muito usada na região mesopotâmia, onde hoje estão localizados o

Iraque e uma parte da Síria, existe uma cultura muito forte de produção musiva nesta região.

Utensílios menores, mas não menos importantes, servem para definir a simetria dos espaços

existentes e o tamanho, definindo as formas ao qual o mosaico se fixará, com o enquadramento

necessário para não haver erros. As ferramentas de manuseios precisos, como a régua de 50cm

e 1m que servem para determinar os tamanhos das tesselas para os cortes, calcular pequenos

espaços dentro da obra, a trena, para definir o tamanho dos espaços, largura vezes altura, definir

com cálculos a quantidade de material que será utilizado para cada processo. O compasso para

definir circunferências exatas e o esquadro proporcionando ângulos exatos de 90° graus.

Existe uma pinça específica para produção do mosaico minucioso, técnicas que levam a

obra ao mais perfeito realismo, pedrinhas tão pequenas que só a ajuda de uma pinça para termos

a precisão e coordenação motora corretas para o encaixe no local indicado.

Para fixação do mosaico na arquitetura utilizamos ferramentas exclusivas para colagem das

obras como a colher de pedreiro, que vai nos ajudar para mexer a argamassa e o rejunte.

As espátulas de metal e de plástico cada uma com uma função diferente durante a montagem

do mosaico na arquitetura. A de metal tem a função de deixar a parede pronta para receber o

mosaico, fazendo a retirada da tinta se houver, já a de plástico maleável vem servir para nos

ajudar com a colocação do rejunte.

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A desempenadeira de madeira é utilizada para alisar a parede rebocada para receber a obra

de arte e para fazer o nivelamento das cerâmicas.

Já a desempenadeira dentada tem a função de aplicar a argamassa na superfície planejada.

O martelo de borracha também vai nos ajudar na fixação e no nivelamento da cerâmica na

arquitetura.

MATÉRIA PRIMA

Para produção do mosaico pode-se utilizar coisas inimagináveis para composição, mas para

formação de artistas musivos achei de bom grado trabalharmos com a cerâmica para

revestimento na arquitetura, no tamanho 10 x 10cm com diversas cores e diferentes nuances.

A formação técnica do mosaico para arquitetura, usando a sala de aula como infraestrutura

para o espaço de produção de ideias teóricas e práticas artísticas para arte do mosaico, me fez

pensar na formação das atividades para montagem da obra de arte, na sala, sobre uma mesa. Foi

preciso fazer uma pequena adaptação técnica, para facilitar e tornar um pouco mais acessível o

material e a produção em sala potencializam a arte, podendo ficar muito mais minuciosa,

complexa e delicada a produção artística.

Para produzir o mosaico sobre uma mesa, a primeira matéria prima que iremos precisar é

uma tela de tecido conhecida como filó, do tamanho do espaço destinado para colagem das

pedrinhas. O segundo material é um plástico transparente, do mesmo tamanho do filó, para que

as pedrinhas só se fixem na tela e não colem na mesa.

Para o uso desta técnica, utilizo sobre a tela a cola branca a base de PVA e, posteriormente,

quando a arte está pronta sobre a tela é preciso o uso de um adesivo sobre a arte, para facilitar

a fixação na parede, que é a base de argamassa AC3, e o rejunte para finalizar a

impermeabilização e o acabamento da obra de arte.

A cerâmica para revestir a arquitetura é a nossa tinta vitrificada na argila e fragmentada com

estilhaços ou com riscos e cortes para iniciar a composição técnica.

Gosto de trabalhar com a cerâmica 10 x 10cm para revestimento na arquitetura, pois na

cidade que moro esta cerâmica é a única que tem uma boa variação de cores.

Hoje, o mercado de material para construção civil produz uma variação de materiais em

cerâmica e as novas técnicas utilizadas para pigmenta-las, com maquinários e fornos que

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queimam sem parar em uma produção incessante de pastilhas vítreas, pastilhas de vidro,

cerâmicas para revestimento, azulejo para revestimento, pisos e porcelanatos. Já os processos

caseiros e manuais da queima dependem de cada região, pois em cada uma existe uma matéria

prima diferente, vários tipos de argila e uma técnica específica, com muitas semelhanças, para

queimar a argila na produção de telhas, tijolos e cerâmica.

Marcadores de superfícies lisas são bons para desenhar sobre a cerâmica na idealização dos

cortes com moldes. O lápis de grafite também é muito útil para marcações menores, esboços,

rabiscos que são necessários na formação da ideia para composição subjetiva dentro de um

determinado tema.

A cerâmica para revestimento passa por um processo de queima, sob temperaturas que

podem chegar a mais de 1.100 graus Celsius para fazer com que os pigmentos se fixem na argila

queimada, vitrificando-os e lhes dando grande durabilidade no ambiente externo.

O portal de Ishtar é um exemplo de um dos primeiros processos de vitrificar a argila na

história da arte monumental, presente nas construções arquitetônicas da antiguidade humana

que temos conhecimento. Faz menção desse acontecimento, registrado na Babilônia, no século

VII antes de Cristo, figurações que lembram animais distintos, com estrutura de faixas e a

coloração intensa e viva, causado pelo efeito vítreo do esmalte e pelas formas idealizadas.

Segundo Moscati (1978, p. 40-41), cita:

o relevo parietal, ou seja, executado sobre as paredes dos edifícios, foi

limitado aos palácios do novo império assírio, na fase inicial do I milênio.

Logo após a queda da Assíria, em 612 antes de Cristo, o ultimo florescimento

da dinastia babilônica assiste à afirmação de um gênero que provavelmente se

inspira no assírio, mas cuja aplicação prática resulta profundamente diferente.

Trata-se do relevo sobre tijolos vidrados, com os quais se ornamentavam na

Babilônia as portas e as grandes vias: era, pois, uma ornamentação de

exteriores e não de interiores, como a assíria. A ideia de recobrir os tijolos

crus, que constituíam a estrutura da construção, com tijolos cozidos e vidrados

devia constituir uma garantia de eternidade.

Os mesopotâmicos criaram muitas formas de arte e o cozimento da argila para fazer tijolos

e cerâmica para uso na construção civil são datados deste período em uma região que era escassa

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de pedras naturais para construção das moradias, fizeram com que estes povos desenvolvessem

estratégias para construção civil e foi com este pensamento que através da queima da argila e

do processo de pigmentação que se desenvolveu nas construções babilônicas, com tijolos feitos

com a argila queimada e vitrificada sobre a argila, fazendo com que as pedras pigmentadas

tivessem uma durabilidade muito grande no contato com a erosão natural.

MATERIAIS DE SEGURANÇA

São os EPI, Equipamento de proteção individual.

Fazer mosaico é relaxante, estimulante e pode ser perigoso se o praticante não estiver bem

protegido. Sinto que os estudantes se incomodam um pouco em ter que produzir usando

máscaras e óculos de proteção, para evitar a poeira que fica dos resíduos que se fragmentam

com os riscos e cortes.

A máscara nos protege contra a inalação da poeira da cerâmica e das minúsculas partículas

vidradas, que pode fazer mal para saúde dos nossos pulmões.

Os óculos de proteção vão nos proteger contra os estilhaços proveniente dos cortes e riscos,

os estilhaços e a poeira são micro partículas vítreas e de cerâmica de que temos que nos proteger

para não termos problemas.

As luvas, são importantes também mas para produção artística não se torna tão necessária

e o uso acaba sendo opcional. Mas servem para evitar calos e proteger as mãos contra cortes.

Todos os EPIs são importantes e obrigatórios, de acordo com os riscos que poderão ocorrer,

a cada atividade praticada.

Os Equipamentos de Proteção Individual são destinados para proteger a saúde e a

integralidade dos usuários. É obrigação das empresas protegerem a integridade física dos seus

funcionários principalmente contra os acidentes de trabalho.

PROJETO DAS OFICINAS DE MOSAICO

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O MOSAICO COM PREPARAÇÃO ARTÍSTICA PARA REVESTIR À ARQUITETURA

INTRUDUÇÃO

Esta Oficina foi desenvolvida para todas as faixas etárias, mas foi direcionada para crianças

de cinco a treze anos de idade, utilizando o EVA, que é um tipo de emborrachado, para

utilização da tesoura, para idealizar cortes e compreender como se manuseia uma régua, entre

outros conhecimentos necessários para desenvolver os fazeres indispensáveis para prática

artística do mosaico.

O projeto da oficina dispõe de metodologia, objetivo, justificativa, o material necessário

para o desenvolvimento da proposta musiva e das referências utilizadas durante as vivencias e

a construção do projeto.

METODOLOGIA

Um pouco de conhecimento histórico do mosaico, utilizar técnicas geométricas e numéricas

para fazer mosaico, trabalhos em grupos e individuais, utilizar slides como recurso tecnológico

transdisciplinar para facilitar o conhecimento histórico, Utilizar material reciclado para

desenvolver a matéria prima que será o pigmento da composição.

Rápido desenvolvimento sobre a história do mosaico antigo e o mosaico moderno brasileiro

dentro de um processo de revestimento na arquitetura pública e privada, e, desenvolver Práticas

de mosaico utilizando o recurso geométrico como formas primordiais para o desenvolvimento

criativo em coletividade e individualidade, da composição que se desenvolverá.

OBJETIVO

Através de uma produção individual sucedida de uma produção coletiva a utilização da

interdisciplinaridade como recurso do desenvolvimento técnico, materializa através da

subjetividade do indivíduo, dentro de um processo artístico de criação, objetivado com a ação

da composição livre desenvolvida através do conhecimento histórico. Temos como objetivo

final uma composição artística única e subjetiva, partindo de uma ação coletiva de interação e

uma individual de percepção crítica trazendo um entendimento a criação plástica através de sua

conclusão pessoal definida pelo autor do trabalho. Aprendizado sobre como revestir a

arquitetura.

JUSTIFICATIVA

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A oficina tem como pretensão desenvolver a arte de representar com fragmentos

geométricos, figurações ou abstrações, através da subjetividade do indivíduo num processo de

criação espontânea desenvolvida em grupos como uma forma de levá-los a uma interpretação

do que está sendo feito por eles mesmos coletivamente e individualmente.

MATERIAL

Régua, lápis, compasso, tesoura, cartolina branca grossa ou papelão, folha ofício, utilização

de material reciclado (tampas de garrafas com uma variação de cores desejadas ou EVA

multicores, etc.) dependendo da matéria prima saberemos com qual tipo de cola que vai ser

inserida no processo, trabalharemos com cola branca a base de PVA, precisaremos de um

aparelho de data show (passar slides) e um computador, para que as aulas sejam mais

dinâmicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MUCCI, Alfredo. A arte do mosaico: compendio histórico-técnico da arte musiva. Rio de

Janeiro: Ao livro técnico, 1962.

VICENTE, Mary Rosane, Abordagens do mosaico no ambiente escolar, Programa de

Desenvolvimento Educacional - PDE, secretaria de estado da educação e superintendência da

educação, Curitiba, PA, 2008.

HUMBERTO, Juscelino C. M. Junior, A experiência muralista brasileira como projeto de

construção do moderno enquanto cultura, 9º seminário docomomo Brasil, Brasília, 2011.

REFERÊNCIAS ARTÍSTICAS

Alfredo Mucci, ítalo-brasileiro / Antoni Gaudi, Espanha.

Claudio Tozzi, SP, Brasil / Di Cavalcante, SP, Brasil / Juarez Paraíso, BA, Brasil

Portinari, Brasil / Newton Navarro e Dorian Gray, RN, Brasil

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PROJETO DO CURSO

MOSAICO ARTÍSTICO PARA ARQUITETURA

I. INTRODUÇÃO

A arte tem uma linguagem própria com a capacidade de expressar o que possuímos na nossa

essência, interpretando sentimentos sobre experiências vividas pela humanidade, em culturas

distintas e períodos diferentes, contextualizados no dia-dia da modernidade, proporciona várias

possibilidades artísticas e interpretativas, pelo ser humano.

Estas interpretações são direcionadas para avaliações artísticas, crítica contextualizada nas

técnicas, estética e História do Mosaico. Não se limitando apenas nestes pontos, existem

pensamentos no mundo da arte, da filosofia, sobre o fazer artístico com a capacidade de

possivelmente ganhar funções importantes na vida das pessoas, os integrando dignamente a

sociedade, dando equilíbrio aos muitos aspectos no indivíduo praticante de atividades artísticas.

A proposta de inserir a arte do mosaico para fazer da atividade prática um aprendizado

individual, parte das vivências coletivas, do conhecimento de mundo de cada participante e das

interpretações que são feitas das obras musivas estudadas, este processo faz surgir as mais

diversas compreensões sobre a mesma obra. Fazendo destas leituras visuais um importante

passo para um desenvolvimento crítico dos alunos, sobre as imagens fotográficas dos mosaicos,

para se compreender as formações de linhas retas e curvas presente em cada imagem os alunos

podem inserir passos técnicos nos projetos desenvolvidos com as vivências, sendo que cada

processo individual se torna único na composição para gerar uma obra de arte maior.

O curso ‘Mosaico Artístico para arquitetura’ é um projeto elaborado para expandir o

conhecimento musivo e formar pessoas para a criação de painéis artísticos e produção critica

intelectual, utilizando a arquitetura como base para estes painéis se fixarem e a subjetividade

como uma troca mútua de conhecimento. A técnica do mosaico como elemento transformador

de uma sociedade mais vibrante e colorida faz do curso de mosaico uma possibilidade única de

desenvolver uma arte duradoura e de rara beleza.

II. OBJETIVO GERAL

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É um projeto elaborado para expandir o conhecimento musivo e formar pessoas para a

criação de painéis artísticos e produção critica intelectual, utilizando a arquitetura como base

para estes painéis se fixarem e a subjetividade como uma troca mútua de conhecimento.

III. OBJETIVOS ESPECIFICOS

Possibilitar o conhecimento histórico- técnico-visual sobre a arte do mosaico.

Desenvolver aulas para leitura da obra de arte em mosaico e práticas artísticas.

Estabelecer uma relação entre as técnicas históricas e as técnicas que praticamos em sala de

aula.

Auxiliar nos riscos e cortes, como também nas formações de linhas e movimentos técnicos.

Proporcionar, no termino do curso do mosaico, a junção dos trabalhos individuais,

proporcionando um painel ou mural coletivo, feitos na arte do mosaico, por todos os

participantes.

A prática do mosaico poderá ajudar a melhorar os reflexos físicos e visuais, como um

melhor desenvolvimento na coordenação motora.

Gerar relaxamento, bem estar e possivelmente um melhor autoconhecimento.

IV. JUSTIFICATIVA

O trabalho coletivo de produção artística, na prática do mosaico, é inserido no subjetivo

com um desenvolvimento teórico e histórico, nas técnicas musivas, o conhecimento histórico e

as formas de compreensão sobre as técnicas são anexadas nas práticas, unindo o que se faz com

o que se pensa na teorização.

As técnicas de fazer mosaico são muito antigas e datam das primeiras civilizações. O passar

dos milênios deixou muito conhecimento esquecido, mas muitos artefatos artísticos, escrituras

e arquitetura foram e são encontrados em pesquisas arqueológicas que têm ajudado

pesquisadores a recontar uma parte da história da humanidade que estava esquecida, desde um

momento no passado, com a extinção de certas culturas que desapareceram com as guerras e

com as catástrofes naturais.

Além de tudo, a ideia de trabalhar com a arte do mosaico, possibilitando alternativas para a

inclusão social, partindo de concepções do envolvimento dos alunos com a arte, auxiliando-o

no processo de interação, adaptação e integração no mundo em que vivem. Acreditando no

diálogo entre o indivíduo e a arte podendo impulsionar para autoestima, concentração,

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confiança em si mesmo, como também, um sentimento de realização. Estes são elementos

essenciais para trazer melhorias nas vidas das pessoas, pelo bem estar estando bem, com sigo

mesmo.

O início do curso de mosaico se deu com a apresentação artística e social de cada

participante como também, das habilidades técnicas e dos conhecimentos históricos sobre a arte

do mosaico, que cada um tinha demostrado, mediante um questionário elaborado para

desenvolver percepções visuais para um conhecimento técnico, sobre a arte do mosaico, que

serviu para os alunos ter um entendimento técnico inicial, para os que estão observando a

técnica do mosaico pela primeira vez, o questionário aborda a proposta triangular de Barbosa

que faz uma relação do fazer artístico, com contextualização histórica e a percepção visual dos

elementos da obra que foram feitas em períodos diferentes da humanidade.

A metodologia inserida no aprendizado das técnicas do mosaico como um processo de

arte/educação traz como embasamento teórico autores que falam sobra à história da arte, sobre

educação, filosofia e sobre arte/educação.

Pensando desta forma, lidei com a imprevisibilidade que o outro tem e apresenta com ações

reflexas que seguem um raciocínio mais claro para os movimentos e formas a se seguirem. As

formas mais detalhadas das produções exigem muita calma, paciência, nos tirando da zona de

conforto, proporcionando outro tipo de liberdade, onde nossa mente vê as formas e,

instintivamente, as completamos com a subjetividade do inconsciente, pela afetação, nos

trazendo a responsabilidade do fazer e uma constante onda de criatividade misturada com a

ação do fazer prático e imediato das coisas.

A produção do painel na arquitetura é muito valiosa, partindo do princípio de que a arte é

desenvolvida por um grupo de pessoas que, de certa forma, eternizaram suas ações em formas

artísticas na parede da UFRN, no hall do CCHLA uma parte interna da arquitetura publica, com

formas e com a assinatura de cada participante, abrindo a possibilidade de um enraizamento na

história da instituição, idealizada com cortes e riscos, fragmentada e encaixada uma a uma na

composição de uma nova forma.

Além do conhecimento histórico, técnico, matemático e geométricos adquiridos, entre

outros contatos que desenvolvemos durante as vivencias praticadas, como a filosofia presente

nos questionamentos sobre a arte do mosaico, introduziu um despertar de pensamentos

filosóficos sobre a vida, a fragmentação e o universo, foram comuns entre os praticantes. Com

base na prática artística através da técnica do mosaico, uma arte milenar, para alcançar um dos

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objetivos finais, que é a obra de arte como unificação de todo processo desenvolvido por cada

um. Na construção de um conjunto coletivo de ideias e formas que se encaixam no monumento

físico da arquitetura como um processo maior de finalização conjunta.

O desenvolvimento e foco principal da minha pesquisa sempre foi o mosaico, sua da

história, técnicas e apreciações visual das obras musivas vistas por gerações, séculos e até

milênio fascina-me, as descobertas arqueológicas foram de grande importância para a história

da humanidade, que foi recontada através dos resgates de artefatos históricos encontrados em

sítios arqueológicos que trazem leituras muito antigas de mosaicos, afrescos, esculturas

edificações, peças utilitárias, entre outros.

Nesta perspectiva, procuro visualizar o mosaico como uma forma prática em arte/educação,

inserindo as práticas, numa pedagogia interdisciplinar, contextualizando as interpretações

artísticas na esfera educacional, abrindo um leque de possibilidades.

Essas múltiplas opções de aprendizagem com a introdução artista da arte do mosaico se

desenvolve inicialmente com o conteúdo histórico e apreciação das imagens em mosaico, de

painéis, murais, assoalhos, peças escultóricas que retrataram várias culturas em períodos

diferentes da humanidade, possibilitando diversas formações técnicas através da exposição

visual.

V. METODOLOGIA

Pretende-se que as aulas de arte musiva sejam centradas nas técnicas de mosaico, se

baseando nas formações técnicas, das imagens das obras de arte em mosaico, inseridas no curso,

para desenvolver um conhecimento visual, sobre o que já tinha sido feito no passado sobre a

arte do mosaico e o que está sendo feito na atualidade.

Os exercícios propostos servirão para o acréscimo de um trabalho maior, no formato painel,

que inseridos um ao lado do outro, em uma proposta coletiva, vai está gerando um painel

artístico, para ser fixado na arquitetura, com uma proporção de maior tamanho e valor.

Contextualização histórica sobre a arte e as técnicas do mosaico, com possíveis

interpretações de leitura da obra de arte em mosaico.

Explorar as formas básicas do quadrado, do triangulo, do retângulo e do círculo no

desenvolvimento dos cortes, para elaboração das composições musivas.

Desenvolver as colagens das pedrinhas sobre uma malha, para ajudar na locomoção da arte

para o lugar idealizado para se fixar.

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A obra de arte pronta proporcionará uma exposição permanente no hall de entrada do

CCHLA.

O curso de mosaico para formação e produção de obras de arte musiva foi gerado para as

faixas etárias acima dos treze anos. Conforme a idade muda à matéria prima de produção e suas

ferramentas de apoio. Especificamente o curso Mosaico Artístico para Arquitetura foi

desenvolvido para receber pessoas acima dos dezesseis anos.

A arte do mosaico como uma prática pedagógica em arte/educação tem como objetivo geral,

decorar a paisagem arquitetônica sendo pública ou privada da cidade onde o curso estiver

acontecendo ou do espaço cedido pela instituição de ensino. Originando um ambiente de melhor

aceitação para comunidade, com um retorno social ao indivíduo, lhes dando autoestima, um

ideal de vida que vai estimular o aparecimento de novas obras de arte musiva na decoração

urbana das cidades.

A metodologia que utilizo, nos cursos de mosaico, geralmente é voltada para pessoas a cima

de dezesseis anos, o desenvolvimento de uma pedagogia baseada na prática triangular de

Barbosa sobre o fazer artístico, com ênfase nas críticas de arte e nos estudos visuais dos

mosaicos, com o objetivo de gerar uma obra de arte musiva a partir dos conhecimentos

históricos, técnicos e visuais que foram colocados em três etapas distintas: a primeira etapa com

um teor mais histórico com poucas práticas, mas muitas imagens das obras musivas para serem

debatidas e estudadas; a segunda etapa envolveu um desenvolvimento mais técnico sobre a arte

musiva que, também trouxe, a imagem das obras em mosaico como foco de pesquisa para o

desenvolvimento das possibilidades técnicas que foram inseridas nas obras individuais, fazendo

uma comparação das técnicas expressadas, com as imagens das obras estudadas e o período de

construção das mesmas, sendo que, cada obra que foi inserida, para fazer a releitura

interpretativa, no processo prático de cada indivíduo, fez com que o mesmo, procure referencias

da sua imagem escolhida e com isso foi enriquecendo o conhecimento e a contextualização do

que se tem feito, relacionando com técnicas especificas que foram vistas na leitura das imagens

fotográficas que estudamos; a terceira etapa está voltada exclusivamente para as práticas,

inserindo a interdisciplinaridade ao fazer artístico para ajudar a compreensão e ter exatidão nas

proporções trabalhadas.

➢ 1º etapa: apresentação sobre a história dos mosaicos encontrados na região mesopotâmica,

desenvolvidos por povos que ocupavam esta região, como os sumérios e babilônicos

construtores de cidades e impérios que posteriormente os gregos e os macedônicos absorveram

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esta cultura expandiram o conhecimento do mosaico com as conquistas de Alexandre o grande

e só depois os romanos dominaram e copiaram tudo que já existia até então e foi no império

bizantino o momento em que as obras em mosaico foram erguidas para as paredes e este

acontecimento foi importante para a igreja cristã, pois foram períodos que os mosaicos serviram

para catequisar os analfabetos, com a grandiosidade dos murais e painéis, mas os mosaicos

foram encontrados também em várias partes do mundo, peças ornamentadas dos astecas, incas,

a plumaria indígena brasileira que não são feitos com pedras, mas segui a mesma linha de

raciocínio e como o mosaico foi representado no período do renascimento à

contemporaneidade.

O curso disponibilizara o papel colorido e a cola branca como matéria prima, cartolina ou

papelão para usar como suporte, e como ferramentas utilizarão tesoura, lápis grafite, régua e

compasso, esta atividade pode ser desenvolvida para toda faixa etária.

➢ 2º etapa: nesta etapa valorizaremos o conhecimento técnico que é construído a partir do estudo

de imagens com crítica e explanações históricas e do estudo técnico que vem sendo

aperfeiçoada ao passar dos milênios por artistas que produzem o mosaico e um

desenvolvimento técnico que proporcionou práticas que são utilizadas na produção artística,

para criação de uma nova obra de arte, com EVA( Etil Vinil Acetato) de diversas cores, que

facilitará a prática proporcionando uma melhor agilidade aos participantes e consequentemente

ajudara os alunos na formação técnica de cada um e do coletivo.

Utilizaremos EVA de diversas cores e a cola branca como matéria prima, o suporte de madeira

pode ser compensado ou MDF (Medium Density Fiberboard). Como ferramentas, utilizaremos

a tesoura sem ponta, lápis grafite, lápis marcador, régua, esquadro e compasso, esta etapa pode

ser inserida com todas as faixas etárias.

➢ 3º etapa: a partir dos conhecimentos adquiridos nas etapas anteriores desenvolveremos práticas

com a cerâmica para revestimento na arquitetura, fazendo com que a criação artística se torne

cada vez mais presente nas formas e nos cortes das tesselas, deixando a produção cada vez mais

profissional, atrativa e duradoura. Fazendo uma relação do efêmero, com os materiais que são

colocados na vida de cada um e do eterno que vem com a compreensão que só o conhecimento,

suas vivencias e os valores que absorvemos, é o que realmente fica nas vidas de cada indivíduo.

O curso faz com que estes princípios se tornem presentes, nas atividades, nos diálogos, durante

as práticas e tentando fazer com que cada participante leve estes princípios para dentro da

própria arte, embasados nos movimentos artísticos, nos autores, nas imagens musivas estudadas

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e principalmente na criticidade adquirida por cada componente da turma mediante uma

contextualização crítica sobre o assunto.

O curso disponibilizara como matéria prima a cerâmica para revestimento na arquitetura 10x10

em várias cores, cola base de PVA (Poli Acetato de Vinilo), plástico transparente e filó, do

tamanho real do painel (para fazer a armação da obra). As ferramentas que utilizaremos são: a

riscadora de cerâmica, o alicate torquês, o alicate quebrador manual com lamina diamantada, a

tesoura, o lápis grafite, o lápis marcador, a régua, a trena, o esquadro, o compasso, a pinça e

para segurança no trabalho, temos que utilizar óculos de proteção, máscara e, se possível, luvas

para evitar a formação de calos. Nesta terceira etapa especifica materializaremos painéis

musivos e a faixa etária para acompanhar o desenvolvimento desta etapa é a partir da

adolescência e para trabalhar com faixa etária das crianças produziremos com fragmento

colorido de cerâmica o impulso necessário para criação artística dos pequenos.

Nesta última etapa do desenvolvimento artístico, geraremos uma obra de arte para ser fixada na

arquitetura e temos como ponto crucial para que a obra tenha conceito e que os participantes

compreendam e possam discernir criticamente sobre suas criações com respaldo teorizado sobre

a História da Arte do mosaico, sobre os fazeres técnicos que foram estudados e o

desenvolvimento crítico das leituras visuais.

O momento final do curso é voltado para fixação do painel em mosaico na parede, e é o

momento quando utilizamos argamassa para fixação do painel artístico na parede e o rejunte

para fazer o acabamento e o arremate final da obra de arte.

A obra de arte estala e fixada na parede é a conclusão de todo o processo de vivencia e

aprendizados mútuos entre o professor, os alunos e posteriormente a toda comunidade que

contemplara a obra de arte.

VI. CRONOGRAMA

Aulas realizadas duas vezes por semana, nas terças e quintas-feiras.

14 a 30 de Abril Teoria sobre a arte do mosaico, com pequenas demonstrações

práticas, valorizando o subjetivo do aluno.

05 a 28 de Maio Formação crítica visual, Proposta Triangular, com práticas

artísticas.

02 a 16 de Junho Práticas individuais.

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18 a 30 de Junho Práticas coletivas, inserir as produções individuais no coletivo.

02 a 30 de Julho Montagem do painel em mosaico, inserir as obras individuais na

produção coletiva e fazer a finalização da obra a deixando pronta

para fixação na parede do hall de entrada do CCHLA.

Agosto Mês destinado para montagem da obra, na parede do hall de

entrada do CCHLA, contemplando a preparação da parede, pela

infraestrutura da UFRN, depois a montagem da obra na parede e

para finalizar com o rejunte, dando um melhor acabamento para

obra de arte em mosaico.

03 de Setembro Inauguração do painel em mosaico, desenvolvido durante o Curso

‘Mosaico artístico para Arquitetura’, para ser fixado no hall de

entrada do CCHLA.

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MOSAICO ARTÍSTICO SUBJETIVIDADE EM AÇÃO

INTRUDUÇÃO

A arte tem uma linguagem própria com a capacidade de expressar o que possuímos na nossa

essência, interpretando sentimentos sobre experiências vividas pela humanidade, em culturas

distintas e períodos diferentes, contextualizados no dia-dia da modernidade, proporciona várias

possibilidades artísticas e interpretativas, pelo ser humano.

Estas interpretações são direcionadas para avaliações artísticas, crítica contextualizada nas

técnicas, estética e História do Mosaico. Não se limitando apenas nestes pontos, existem

pensamentos no mundo da arte, da filosofia, sobre o fazer artístico com a capacidade de

possivelmente ganhar funções importantes na vida das pessoas, os integrando dignamente a

sociedade, dando equilíbrio aos muitos aspectos no indivíduo praticante de atividades artísticas.

A proposta de inserir a arte do mosaico para fazer da atividade prática, um aprendizado

individual, parte das vivências coletivas, da experiência com as Oficinas adquiridas e com o

primeiro Curso ministrado que foi concluindo com a fixação do mosaico artístico ‘Fractais’,

estou convicto que o conhecimento de mundo dos participante são muito ricos e potencializam

as ideias deixando as interpretações, que são feitas das obras musivas estudadas, com uma

variação de ideias fazendo com que o grupo consiga compreender bem melhor a imagem

analisada.

Este processo faz surgir as mais diversas compreensões sobre a mesma obra. Fazendo destas

leituras visuais um importante passo para o desenvolvimento crítico dos alunos, em relação as

imagens dos mosaicos históricos. Para se compreender as formações de linhas retas e curvas

presente em cada imagem os alunos podem inserir passos técnicos nos projetos individuais

desenvolvidos de acordo com as vivências, sendo que cada processo individual se torna único

na composição, proporcionando interações de pensamentos para unir as propostas individuais

no coletivo, gerar uma obra de arte maior. Que poderemos contextualizar cada história ou

simplificar como jogo de ideias coletivas que se intercalam e ganham interpretações que nunca

antes poderiam de pensado.

O curso ‘Mosaico Artístico Subjetividade em Ação é um projeto elaborado para expandir o

conhecimento musivo e formar pessoas para a criação de painéis artísticos e produção critica

intelectual. Utilizando a arquitetura como base para estes painéis se fixarem e a subjetividade

como uma troca mútua de conhecimento para o coletivo e posteriormente com a interpretação

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do espectador. A técnica do mosaico como elemento transformador de uma sociedade mais

vibrante e colorida com pedrinhas vitrificadas já a milênios, faz do curso de mosaico uma

possibilidade única de desenvolver uma arte duradoura e de beleza única, a cada composição.

OBJETIVO GERAL

É um projeto elaborado para expandir o conhecimento musivo e formar pessoas para a

criação de painéis artísticos e produção critica intelectual, utilizando a arquitetura como base

para estes painéis se fixarem e a subjetividade como uma troca mútua de conhecimento.

OBJETIVO ESPECIFICO

Possibilitar o conhecimento histórico- técnico-visual sobre a arte do mosaico.

Desenvolver aulas para leitura da obra de arte em mosaico e práticas artísticas.

Estabelecer uma relação entre as técnicas históricas e as técnicas que praticamos em sala de

aula.

Auxiliar nos riscos e cortes, como também nas formações de linhas e movimentos técnicos

para melhor utilizar a matéria prima de reaproveitamento.

Proporcionar, no termino do curso de mosaico, a junção dos trabalhos individuais,

transformando cada pequena peça em um painel ou mural coletivo, feitos na arte do mosaico,

por todos os participantes.

A prática do mosaico poderá ajudar a melhorar os reflexos físicos e visuais, como um

melhor desenvolvimento na coordenação motora.

Gerar relaxamento, bem estar e possivelmente um melhor autoconhecimento.

Estimular a paciência e o bem está para os praticantes e para o espectador.

Finalização no curso com uma exposição para inaugurar a obra fixada na parede.

JUSTIFICATIVA

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O trabalho coletivo de produção artística, na prática do mosaico, é inserido no subjetivo

com um desenvolvimento teórico e histórico, nas técnicas musivas, o conhecimento histórico e

as formas de compreensão sobre as técnicas, são anexadas nas práticas, unindo o que se faz,

com o que se ler e pensa na teorização, para executar na prática.

As técnicas de fazer mosaico são muito antigas e datam das primeiras civilizações. As

guerras e saques ao passar dos milênios deixaram muito conhecimento esquecido, muitas ideias

se perderam, mas muitos artefatos artísticos, escrituras e arquitetura foram e são encontrados

em pesquisas arqueológicas que têm ajudado pesquisadores a recontar uma parte da história da

humanidade que estava esquecida, desde um momento no passado, com a extinção de certas

culturas que desapareceram com as guerras e com as catástrofes naturais.

Além de tudo, a ideia de trabalhar com a arte do mosaico, possibilitando alternativas para a

inclusão social, partindo de concepções do envolvimento dos alunos com a arte, auxiliando-o

no processo de interação, adaptação e integração no mundo em que vivem. Acreditando no

diálogo entre o indivíduo com a arte podendo impulsionar para uma melhor autoestima,

concentração, confiança em si mesmo, como também, um sentimento de realização. Estes são

elementos essenciais para trazer melhorias nas vidas das pessoas, pelo bem estar de se próprio

e do outro.

O início do curso de mosaico se deu com a apresentação artística e social de cada

participante como também, das habilidades técnicas e dos conhecimentos históricos sobre a arte

do mosaico, que cada um tinha demostrado, mediante um questionário elaborado para

desenvolver percepções visuais para um conhecimento técnico sobre a arte do mosaico, que

serviu para os alunos ter um entendimento técnico inicial, para os que estão observando a

técnica do mosaico pela primeira vez, o questionário aborda a proposta triangular de Barbosa

que faz uma relação do fazer artístico, com contextualização histórica e a percepção visual dos

elementos da obra que foram feitas em períodos diferentes da humanidade.

As metodologias inseridas no aprendizado das técnicas do mosaico como um processo de

arte/educação trazem como embasamento teórico autores que falam sobra à história da arte,

sobre educação, filosofia e sobre arte/educação.

Pensando desta forma, lidei com a imprevisibilidade que o outro tem e apresenta com ações

reflexas que seguem um raciocínio mais claro para os movimentos e formas a se seguirem. As

formas mais detalhadas das produções exigem muita calma, paciência, nos tirando da zona de

conforto, proporcionando outro tipo de liberdade, onde nossa mente vê as formas e,

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instintivamente, as completamos com a subjetividade do inconsciente, pela afetação, nos

trazendo a responsabilidade do fazer e uma constante onda de criatividade misturada com a

ação do fazer prático e imediato das coisas.

A produção do painel na arquitetura é muito valiosa, partindo do princípio de que a arte é

desenvolvida por um grupo de pessoas que, de certa forma, eternizaram suas ações em formas

artísticas na parede da UFRN, no hall do CCHLA em uma parte interna da arquitetura publica,

com formas e com a assinatura de cada participante, abrindo a possibilidade de um

enraizamento na história da instituição, idealizada com cortes e riscos, fragmentada e encaixada

uma a uma na composição de uma nova forma, o curso de mosaico tem a primeira obra fixada

no centro, em 2015, recebemos uma nova oportunidade para possibilidade de gerar outra obra

de arte em 2016.

Além do conhecimento histórico, técnico, matemático e geométricos adquiridos, entre

outros contatos que desenvolvemos durante as vivencias praticadas, como a filosofia presente

nos questionamentos sobre a arte do mosaico, introduziu um despertar de pensamentos

filosóficos sobre a vida, a fragmentação e o universo, foram comuns entre os praticantes. Com

base na prática artística através da técnica do mosaico, uma arte milenar, para alcançar um dos

objetivos finais, que é a obra de arte como unificação de todo processo desenvolvido por cada

um. Na construção de um conjunto coletivo de ideias e formas que se encaixam no monumento

físico da arquitetura como um processo maior de finalização conjunta.

O desenvolvimento e foco principal da minha pesquisa sempre foi o mosaico, sua da

história, técnicas e apreciações visual das obras musivas vistas por gerações, séculos e até

milênio fascina-me, as descobertas arqueológicas foram de grande importância para a história

da humanidade, que foi recontada através dos resgates de artefatos históricos encontrados em

sítios arqueológicos que trazem leituras muito antigas de mosaicos, afrescos, esculturas

edificações, peças utilitárias, entre outros.

Nesta perspectiva, procuro visualizar o mosaico como uma forma prática em arte/educação,

inserindo as práticas, numa pedagogia interdisciplinar, contextualizando as interpretações

artísticas na esfera educacional, abrindo um leque de possibilidades entre a prática e a teoria.

Essas múltiplas opções de aprendizagem com a introdução artista da arte do mosaico se

desenvolve inicialmente com o conteúdo histórico e apreciação das imagens em mosaico, de

painéis, murais, assoalhos, peças escultóricas que retrataram várias culturas em períodos

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diferentes da humanidade, possibilitando diversas formações técnicas através da exposição

visual que percebemos.

METODOLOGIA

Pretende-se que as aulas de arte musiva sejam centradas nas técnicas de mosaico, se

baseando nas formações técnicas, das imagens das obras de arte em mosaico, inseridas no curso,

para desenvolver um conhecimento visual, sobre o que já tinha sido feito, no passado, sobre a

arte do mosaico e o que está sendo feito na atualidade.

Os exercícios artísticos propostos servirão para o acréscimo de um trabalho maior, no

formato painel, que inseridos um ao lado do outro, em uma proposta coletiva, vai está gerando

um painel artístico, para ser fixado na arquitetura, com uma proporção de maior tamanho e

valor no mercado comercial.

Contextualização histórica sobre a arte e as técnicas do mosaico, com possíveis

interpretações de leitura da obra de arte em mosaico. As leituras serão feitas de variais formas

e ângulos interpretativos, sobre as cores, os materiais, as bases de fixação do mosaico, as

representações figurativas, a contextualização histórica sobre cada imagem, faz uma obra antiga

ganhar corpo e interpretação, com muitas explicações diferentes sobre a mesma imagem, foi o

que aconteceu no curso anterior, Mosaico Artístico para Arquitetura.

Explorar as formas básicas da geometria: o quadrado, o triangulo, o retângulo e o círculo

no desenvolvimento dos riscos e cortes, com as ferramentas certas, para elaboração das

composições em mosaico

Desenvolver as colagens das pedrinhas sobre uma malha, para ajudar na locomoção da arte

para o lugar idealizado para se fixar.

O curso de mosaico para formação e produção de obras de arte musiva foi gerado para as

faixas etárias de a partir dos cinco anos. Conforme a idade muda à matéria prima de produção

e suas ferramentas de apoio. Especificamente o curso Mosaico Artístico para Arquitetura e

Mosaico Subjetividade em Ação, foram desenvolvidos para receber pessoas acima dos

dezesseis anos.

A arte do mosaico como uma prática pedagógica em arte/educação tem como objetivo geral,

decorar a paisagem arquitetônica sendo pública ou privada da cidade onde o curso estiver

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acontecendo ou do espaço cedido pela instituição de ensino. Originando um ambiente de melhor

aceitação para comunidade, com um retorno social ao indivíduo, lhes dando autoestima, um

ideal de vida que vai estimular o aparecimento de novas obras de arte musiva na decoração

urbana das cidades.

A metodologia que utilizo, nos cursos de mosaico, geralmente é voltada para pessoas a cima

de dezesseis anos, pois trabalharemos com ferramentas de cortes e riscos, o desenvolvimento

de uma pedagogia baseada na prática triangular de Barbosa sobre o fazer artístico, com ênfase

nas críticas de arte e nos estudos históricos-visuais dos mosaicos, a produção de uma obra de

arte musiva, torna os participantes, em potenciais artistas e é a partir dos conhecimentos

históricos, técnicos e visuais que serviram para formação musiva de cada indivíduo.

Estas práticas são colocadas em três etapas distintas:

Primeira etapa com um teor mais histórico com poucas práticas, mas muitas imagens das

obras musivas para serem debatidas, contextualizadas, interpretadas e servindo de inspiração

para os estudos;

Segunda etapa envolve um desenvolvimento mais técnico sobre a arte musiva que, também

traz a imagem das obras de arte em mosaico, como foco de pesquisa para o desenvolvimento

das possibilidades técnicas que serão inseridas nas obras individuais. Fazendo uma comparação

das técnicas expressadas, com as imagens das obras estudadas e o período de construção das

mesmas, sendo que, cada obra que foi inserida, para fazer servir de inspiração interpretativa, no

processo prático de cada indivíduo. Faz com que o mesmo, procure referencias da sua imagem

escolhida para que ele possa contextualizar sua imagem, seu trabalho e a relação do original e

da releitura interpretativa, com isso enriqueceremos o conhecimento histórico sobre a arte do

mosaico, a contextualização sobre o porquê foi feito, relacionando a técnicas especificas que

compõe a imagem escolhida para cada proposta.

Terceira etapa está voltada exclusivamente para as práticas, inserindo contextualização,

conhecimento de mundo, perspicácia, habilidades manuais, mentais, desenvolvimento de uma

melhor coordenação motora com a interdisciplinaridade nos ajudando a superar os problemas

existentes no processo simétrico para ajudar na compreensão do fazer artístico e da exatidão

nas proporções trabalhadas para os espaços lineares na maioria das vezes. A Geografia, nos

ajudam, a entender melhor as localizações de regiões no espaço, tempo da história da

humanidade, a Matemática nos aproxima cada vez mais da certeza da exatidão, da origem, de

uma revelação maior através dos números e formulas geométricas. A Geometria traz

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ferramentas de esquadros que são necessárias para definir ângulos e para dar exatidão no

enquadramento lineares com angulação de 90° graus e também medir o diâmetro em reta, para

calcular materiais para circunferências etc. A Arte no geral se mistura a vida e as técnicas vão

se adaptando as necessidades e facilidade para cada nova composição.

➢ 1º etapa:

Apresentação sobre a história dos mosaicos encontrados na região mesopotâmica,

desenvolvidos por povos que ocupavam esta região, como os sumérios e babilônicos

construtores de cidades e impérios que posteriormente os gregos e os macedônicos absorveram

e manipularam esta cultura expandindo e refinando a arte como um todo.

A expansão do mosaico com as conquistas de Alexandre o Grande fizeram surgir grandes

assoalhos em mosaico, eram os tapetes que não desfiavam e não apagavam, cidades como Pella,

na Macedônia ganharam muitos revestimentos em casas e palácios, só depois com as guerras

os romanos dominaram, conquistaram e copiaram tudo que já existia até então nas culturas

dominadas.

Os romanos levantaram os mosaicos para as paredes, e, posteriormente, já no império

bizantino, séculos depois, que as obras em mosaico foram erguidas além das paredes, para tetos,

cúpulas das igrejas cristãs e fachadas, este acontecimento foi importante para a igreja cristã,

pois foram períodos que os mosaicos serviram para catequisar os analfabetos, com a

grandiosidade dos murais ou painéis e a perfeição nas curvas e detalhes, mas arte do mosaico

foi encontrada, também, em várias partes do mundo, peças ornamentadas dos astecas, incas, a

plumaria indígena brasileira que não são feitos com pedras, mas segui a mesma linha de

raciocínio e como o mosaico foi representado no período do renascimento à

contemporaneidade.

O curso disponibilizara o papel colorido e a cola branca como matéria prima, cartolina ou

papelão para usar como suporte, e como ferramentas utilizaremos tesoura, lápis grafite, régua e

compasso, esta atividade pode ser desenvolvida para toda faixa etária.

A partir daí surgiram as primeiras manifestações musivas com papel, a partir deste exercício

será possível perceber a desenvoltura de cada participante, para começarmos a trabalhar

individualmente cada dúvida e problema que ocasionalmente possa acontecer.

Ainda na primeira etapa começaremos a desenvolver o primeiro mosaico com pedras

vidradas, as cerâmicas para revestimento na arquitetura, 10x10cm, neste projeto seguiremos a

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proposta inicial de cada um, e faremos novamente o mesmo exercício, mas com outra matéria

prima, base e ferramentas.

2º etapa:

Nesta etapa valorizaremos o conhecimento técnico que foi construído a partir do estudo de

imagens, com uma contextualização crítica-visual, explanações históricas e do estudo técnico

que vem sendo aperfeiçoada ao passar dos milênios por artistas que produzem e socializam o

conhecimento sobre o mesmo. O desenvolvimento técnico proporcionará práticas que serão

utilizadas na produção artística, para criação de uma nova obra de arte, com EVA (Etil Vinil

Acetato) de diversas cores, que facilitará a prática proporcionando uma melhor agilidade aos

participantes e consequentemente ajudara os alunos na formação técnica de cada um e do

coletivo. Trabalhando com papel, EVA são possibilidades existentes como também o

reaproveitamento de tampas de garrafas, plásticos, no geral entre muitas alternativas de

fragmentação que se unindo mostra uma nova forma compositiva do der subjetivo.

Utilizaremos EVA de diversas cores e a cola branca como matéria prima, o suporte de

madeira pode ser compensado ou MDF (Medium Density Fiberboard). Como ferramentas,

utilizaremos a tesoura sem ponta, lápis grafite, lápis marcador, régua, esquadro e compasso,

com esta forma de trabalho poderemos inserir para todas as faixas etárias a partir dos cinco

anos.

Posteriormente, repetiremos todo processo com a Cerâmica, torques, riscadora, quebrador,

pinça, lápis marcador, compassa, régua, tesoura, esquadro e uma lamina de corte. Estas

repetições de tarefas, com uma matérias-primas menos maleável, fazem surgir outras maneiras

de pensarmos nos encaixes para formação da mesma ideia, podendo surgindo pequenas

adaptações para os riscos e cortes.

➢ 3º etapa:

A partir dos conhecimentos adquiridos nas etapas anteriores continuaremos desenvolvendo

práticas com a cerâmica para revestimento na arquitetura, fazendo com que a criação artística

se torne cada vez mais presente nas composições técnicas.

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A precisão para riscar e cortar as tesselas, para deixar a produção cada vez mais profissional

e inspiradora, possibilitando uma melhor apreensão técnica, como também, uma valorização da

história, teoria e o conteúdo técnica visual.

A relação do efêmero, com os materiais que são colocados na vida de cada um e do eterno

que vem com a compreensão que só o conhecimento, suas vivencias e os valores que

absorvemos são capazes de proporcionar e o que realmente fica na essência da vida de cada

indivíduo.

O curso faz com que estes princípios se tornem presentes, nas atividades, nos diálogos,

durante as práticas, tentando fazer com que cada participante leve estes princípios para dentro

da própria arte, embasados nos movimentos artísticos, nos autores, nas imagens musivas

estudadas e principalmente na criticidade adquirida por cada componente da turma e os valores

subjetivos que depositamos mediante uma contextualização histórica-técnica-crítica-visual,

sobre o assunto.

O curso disponibilizara como matéria prima a cerâmica para revestimento na arquitetura 10

x 10 em várias cores, a cola é a base de PVA (Poli Acetato de Vinilo), plástico transparente do

tamanho das propostas e filó do tamanho real do painel e das propostas individuais

desenvolvidas (para fazer a armação da obra). As ferramentas que utilizaremos são: a riscadora

de cerâmica, o alicate torquês, o alicate quebrador manual com lamina diamantada, a tesoura,

o lápis grafite, o lápis marcador, a régua, a trena, o esquadro, o compasso, a pinça e para

segurança no trabalho, teremos que utilizar óculos de proteção, máscara e, se possível, luvas

para evitar a formação de calos.

Nesta última etapa do desenvolvimento artístico, determinaremos como vai ficar a união

das produções individuais para montagem da obra coletiva, uma unificação de todos os

exercícios, a partir daí a obra de arte começa a ganhar dimensões reais do espaço que já foi

determinado para sua fixação. Temos como ponto crucial para que a obra tenha conceito, todo

conhecimento discutido nas aulas para que os participantes compreendam e possam discernir

criticamente sobre suas criações, com as devidas referencias e contextualização histórica e

crítica-visual.

O momento final do curso é voltado para fixação do painel em mosaico na parede, e é esta

ocasião que utilizamos argamassa para fixação do painel artístico na parede e o rejunte para

fazer o acabamento e o arremate final da obra de arte.

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Para esta fase precisaremos utilizar outras ferramentas necessárias para fixação do painel,

as ferramentas necessárias são: Colher de pedreiro, para mistura das massas, espátula,

desempenadeira dentada, desempenadeira de madeira e o martelo de borracha.

A obra de arte estalada e fixada na parede é a conclusão de todo o processo de vivencia e

aprendizados mútuos entre o professor e os participantes, entre o ensinar e aprender, a melhor

forma de aprender é ensinando, e é ensinado que se aprende. Posteriormente a fixação da obra

na parede faremos a inauguração da mesma e uma pequena comemoração convidando os

amigos e toda comunidade acadêmica e externa que contemplara a obra de arte e fará suas

próprias interpretações sobre o que vê.

A finalização com a exposição abre a possibilidade de propostas, das mais diversas áreas

do conhecimento e para repartições, comunidades carentes, grupos de mães, de idosos poderão

solicitar o curso de mosaico, como uma complementação na atividade e para construção

subjetiva de obras de arte musiva.

CRONOGRAMA

Aulas realizadas três vezes por semana, nas Segunda, Quartas e Sextas-feiras 2015 e 2016.

SETEMBRO Teoria sobre a arte do mosaico, com pequenas demonstrações

práticas, valorizando o subjetivo do aluno.

OUTUBRO Formação crítica visual, Proposta Triangular, com práticas

artísticas.

NOVEMBRO Práticas individuais.

DEZEMBRO Práticas coletivas, inserir as produções individuais no coletivo.

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MARÇO A MAIO

Montagem do painel em mosaico, inserir as obras individuais na

produção coletiva e fazer a finalização da obra a deixando pronta

para fixação na parede do hall de entrada do CCHLA.

JUNHO OU

JULHO

Mês destinado para montagem da obra, na parede do hall de

entrada do CCHLA, contemplando a preparação da parede, pela

infraestrutura da UFRN, depois a montagem da obra na parede e

para finalizar com o rejunte, dando um melhor acabamento para

obra de arte em mosaico.

AGOSTO Inauguração do painel em mosaico, desenvolvido durante o Curso

Mosaico artístico, Subjetividade em Ação, para ser fixado no hall

do CCHLA, próximo aos auditórios A, B e C.