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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO Maurício Felix Ely 00134360 Sport Club Internacional Porto Alegre, abril de 2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ... · estádio pode ser feito pela Avenida Padre Cacique, que liga o centro a zona sul de Porto Alegre ou pela Avenida Guaíba,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Maurício Felix Ely

00134360

Sport Club Internacional

Porto Alegre, abril de 2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Maurício Felix Ely 00134360

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Orientador do Estágio: Eng. Agr. Maristela Kuhn Tutor do Estágio: Eng. Agr. Ph.D. Gilmar Shafer COMISSÃO DE ESTÁGIO:

Prof. Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos - Coordenador

Prof. Fábio de Lima Beck – Núcleo de Apoio Pedagógico

Prof. José Fernandes Barbosa Neto – Depto. Plantas de Lavoura

Prof. Josué Sant’Ana – Depto. de Fitossanidade

Prof. Lair Angelo Baum Ferreira – Depto. de Horticultura e Silvicultura

Profa. Mari Lourdes Bernardi - Depto. de Zootecnia

Prof. Renato Borges de Medeiros – Depto. de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia

Porto Alegre, abril de 2011.

Sumário

Item Página

1. Introdução.................................................................................................1

2. Descrição do local de realização do estágio.............................................2

3. Descrição do meio físico e socioeconômico de Porto Alegre...................3

3.1 Caracterização da região....................................................................3

3.2. Caracterização do clima.....................................................................4

3.3. Caracterização da vegetação...........................................................5

3.4. Caracterização dos recursos hídricos...............................................6

3.5 Caracterização dos solos...................................................................6

4. Revisão bibliográfica dos gramados esportivos.......................................7

5. Atividades desenvolvidas durante o estágio...........................................10

5.1. Instalação do sistema de irrigação automatizada............................10

5.2. Corte e demarcação das linhas do campo.......................................14

5.3. Descompactação e aeração do solo................................................16

5.4. Adubação, topdressing e topsoil......................................................18

6. Outras atividades realizadas....................................................................20

6.1. Visitação à empresa Green Grass...................................................20

7. Considerações Finais..............................................................................25

8. Análise crítica...........................................................................................26

8.Referências bibliográficas.........................................................................27

LISTA DE FIGURAS

Página 1. Sede do Estádio Beira Rio..................................................................2 2. Localização da capital Porto Alegre....................................................4 3. Perfil do solo........................................................................................7 4. Operação de abertura mecanizada das valetas................................10 5. Sistema de correia para deslocamento do solo das valetas.............11 6. Sistema de funcionamento dos aspersores subterrâneos.................11 7. Motobomba e filtro de água...............................................................12 8. Painel de controle do sistema de irrigação automatizado.................13 9. Lâmina helicoidal da máquina de corte dos gramados.....................14 10. Corte do gramado do campo principal..............................................15 11. Corte do gramado do campo principal .............................................15 12. Pintura das linhas do campo.............................................................16 13. Equipamento para descompactação do solo....................................17 14. Técnica topdressing e topsoil no campo suplementar D...................19 15. Falhas de desenvolvimento do gramado no campo D......................19 16. Operação de colheita das leivas de grama.......................................21 17. Colheita e empilhamento das placas.................................................21 18. Profundidade de colheita das leivas..................................................22 19. Colheita de grama Santo Agostinho..................................................23 20. Operação de corte da parte aérea do gramado................................24 21. Sistema de irrigação com pivô central..............................................25

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1. Introdução

O estágio foi realizado no Sport Club Internacional de Porto Alegre tendo

início formal no dia 10 de janeiro e término no dia 30 de março, totalizando 300

horas.

As atividades realizadas no período de estágio tiveram como objetivo

acompanhar o monitoramento dos gramados e as práticas necessárias para

que os campos, tanto suplementar como o oficial, estejam em boas condições

para treinos e jogos. Nesse contexto, o presente trabalho aborda as espécies

cultivadas de gramas para fins esportivos e seus devidos manejos, como corte,

adubação, irrigação, thach, topdressing, topsoil, controle de pragas entre outras

atividades, visando colocar na prática os conhecimentos adquiridos na

Faculdade de Agronomia.

A área que engloba gramados é um nicho de mercado que tem grande

potencial para crescer, principalmente em países em desenvolvimento como o

Brasil. O crescimento econômico do país demanda reformas em infra-estrutura,

sejam em obras públicas ou privadas, que necessitam de coberturas verdes,

entre elas a grama. Além disso, empresários e empreendedores estão

investindo fortemente em esportes que tem como base ou meio de execução o

gramado. Dentro dessa mesma razão, são boas as perspectivas do futuro

desse ramo uma vez que o Brasil vai sediar a copa do mundo e as olimpíadas

que serão realizadas nos próximos anos, o que trará investimentos para os

gramados esportivos, fundamento desse trabalho.

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2. Descrição do local de realização do estágio

Localizado sobre o aterro feito na costa do “rio” Guaíba, está construído

o Estádio do Beira Rio de propriedade do Sport Club Internacional que é um

clube de futebol fundado em Porto Alegre (RS) no ano de 1909. O acesso ao

estádio pode ser feito pela Avenida Padre Cacique, que liga o centro a zona sul

de Porto Alegre ou pela Avenida Guaíba, que liga a zona sul ao centro (Figura

1).

Figura 1. Sede do estádio Beira Rio. (Alma colorada, 2011).

Junto com seu arqui-rival Grêmio, formam os dois maiores clubes de

futebol do Rio Grande do Sul e dois dos maiores clubes do Brasil. O clube tem

feitos históricos como tri-campeão brasileiro, bi da Libertadores da América,

campeão mundial entre outros.

Nos anos recentes a direção do clube tem buscado pessoas

especialistas para cada área a ser administrada, buscando trabalhar a entidade

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Internacional como uma empresa geradora de lucros, que busca por resultados

e desenvolvimento social.

Por ter sido escolhido pela FIFA um dos estádios sede para a copa do

mundo de 2014, o clube se encontra em reformas tanto em infra-estrutura da

engenharia civil como nos gramados dos campos que disponibiliza para treinos

e jogos.

Além do gramado principal dentro do estádio, onde são realizados os

jogos de futebol, o clube conta com quatro campos suplementares para treinos.

As dimensões do campo principal são 108 metros de comprimento por 73 de

largura, sendo estas dimensões iguais no campo suplementar “A”. O campo “B”

tem 101m x 65m e o campo “C”( atual campo de treino do time principal) tem

105m x 68m. As variedades de grama utilizadas são bermuda Tifton 419

(campo principal e campo “A”) e Tifgreen 328 (campos B e C). O clube ainda

conta com o campo “D”, onde foi feita uma recente reforma para as categorias

de base, e os campos adjacentes para treinos da escola rubra.

3. Descrição do meio físico e socioeconômico de Porto Alegre

3.1.Caracterização da região

A Região Metropolitana de Porto Alegre é a área mais densa do Estado

do Rio Grande do Sul concentrando 37% da população, em 32 municípios.

Nela encontram-se nove entre os 18 municípios do Estado com mais de 100

mil habitantes. A densidade demográfica da região é de 394,07 hab/km²

integrando municípios como Alvorada, Esteio e Porto Alegre que apresentam

as maiores densidades do Estado. Atualmente compreende 10. 097,186 km² e

possui 3.979.561 habitantes, sendo a quarta mais populosa do Brasil –

superada apenas pelas regiões metropolitantas de São Paulo, Rio de Janeiro e

Belo Horizonte, respectivamente – e também com o quarto maior PIB brasileiro

(IBGE, 2010).

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Figura 2. Localização geográfica de Porto Alegre. Fonte: IBGE (2010).

A região apresenta grandes disparidades quanto ao PIB per capita e aos

indicadores sociais, refletindo a distribuição desigual de agentes econômicos e

de equipamentos urbanos como transporte, saúde, educação, habitação e

saneamento (IBGE,2010),

Com uma população de 1.409.939 habitantes e área de 496,827

km²(IBGE,2010), a região onde situa-se Porto Alegre possui uma geografia

diversificada, com morros e baixadas. A ampla maioria do substrato rochoso é

de granitos e suas maiores altitudes atingem os trezentos metros (Wikipédia,

2011).

3.2.Clima

O clima de Porto Alegre, segundo a classificação de Köppen, é Cfa

subtropical úmido, tendo como característica marcante a grande variabilidade.

A presença da grande massa de água do lago Guaíba contribui para elevar as

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taxas de umidade atmosférica e modificar as condições climáticas locais, com a

formação de microclimas. O contínuo processo de cobertura da superfície do

terreno por edificações e calçamento também gera microclimas específicos,

observando-se até 4°C de variação térmica nas diferentes regiões da cidade

(Wikipédia, 2011).

As chuvas são bem distribuídas, com a média anual permanecendo em

torno de 1.300mm. O mês mais chuvoso é setembro com média de 132 mm e o

mais seco é novembro, com 79 mm. Janeiro e fevereiro têm a temperatura

média (31 graus) mais alta do ano e junho e julho (9 graus) a mais baixa. A

umidade relativa do ar média é de 76%.

3.3.Vegetação

Atualmente Porto Alegre preserva pouco de sua vegetação original.

Como ocorre em toda a região metropolitana, os ambientes naturais foram

extensamente modificados pelo homem. Mesmo tendo perdido grande parte de

seus ecossistemas originais, a zona urbana de Porto Alegre é uma das mais

arborizadas dentre as capitais do Brasil. Da cobertura verde original restam

hoje 24,1%, sendo 10,2% de campos e 13,9% de florestas. Entretanto, cerca

de 65% da área do município ainda não foi ocupada pela urbanização

propriamente dita (Wikipedia, 2011).

Estando localizada na zona limítrofe entre os biomas da Mata Atlântica e

do Pampa, a cidade apresenta características de ambos. Nos morros, já muito

desmatados, a vegetação é composta essencialmente por gramíneas e plantas

rasteiras. Sobrevivem algumas áreas de mata ou arbusto, sendo comuns a

crista-de-galo, cambuim, pitangueira, salsaparrilha, unha-de-gato, aroeira,

louro, cedro, cangerana, timbaúva, capororoca, figueira, batinga e ingazeira

(Wikipédia, 2011).

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3.4.Caracterização dos recursos hídricos

Na hidrografia local a formação mais importante é o lago Guaíba,

popularmente chamado "rio Guaíba", que limita a cidade a oeste e cujas

águas se acumulam no recesso de uma falha geológica que tem origem

na cidade de Osório e termina na região de Guaíba, e que são contidas

por uma barragem natural na altura da ponta de Itapuã. 82,6% da área

municipal se encontra na bacia do lago Guaíba, e o restante na bacia do

rio Gravataí. (Wikipédia, 2011).

3 .5. Caracterização dos solos do local de estágio

A classificação do solo do local do estágio, no caso onde situa-se a sede

do Beira Rio, não se inclui no sistema brasileiro de classificação de solos por

ser um aterro. Nesse caso são denominados por termos genéricos tais como

solos construídos, solos urbanos, solos tecnogênicos, tipos de terreno entre

outros. São áreas fortemente alteradas pela ação humana na forma de

empréstimos, terraplanagem, decapagem e aterros com materiais diversos.

Nessa situaçao o solo original foi parcial ou totalmente removido ou soterrado

pelo solo depositada (figura 3). Variabilidade espacial, estruturas alteradas pela

compactação, aeração e drenagem reduzidas e presença de contaminantes

são alguns exemplos das características desses solos construídos (Wikipédia,

2011).

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Figura Figura 3. Perfil do solo.

4.Revisão Bibliográfica

O termo grama é bastante genérico, incluindo um enorme número de

espécies de plantas. Contudo, a palavra GRAMA, tem sua origem na

denominação de uma Família botânica que engloba inúmeras espécies: é a

Família das Gramíneas/Gramineae (Itograss, 2004).

Nos países mais desenvolvidos, há uma intensa produção e comércio de

gramas cultivadas. Nos países em desenvolvimento esse processo é mais

recente. No Brasil, o modelo de gramado cultivado chegou por volta de 1974,

quando dois engenheiros agrônomos adaptaram o sistema de produção norte

americano à realidade brasileira, lançando as primeiras espécies cultivadas,

conhecidas como Zoysia ou Grama Coreana. Passados mais de 30 anos dessa

atividade, novas espécies foram sendo introduzidas e melhoradas no Brasil,

que tem mostrado que este é um setor em pleno crescimento (Itograss, 2004).

No final dos anos 80, segundo o engenheiro agrônomo Arthur Melo, a

maioria dos estádios foram substituindo os gramados nativos de seus campos

pela Grama Esmeralda (Zoysia japônica), a precursora de uma série de

melhorias nos gramados nacionais. A partir daí, novas técnicas e tecnologias

foram sendo implantadas conforme essas mudanças de gramados iam

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acontecendo e o mercado consumidor ia ficando mais exigente com a

qualidade, preço e a garantia de fornecimento. Somente a partir da década de

90 é que a grama bermuda híbrida, a mesma implantada no Beira Rio, foi

disponibilizada no mercado (Itograss, 2006).

Com essas novas espécies de híbridos, mais adaptáveis à prática de

esportes, a demanda por “tapetes verdes” aumentou. Com isso inúmeras

empresas, que antes ficavam restritas basicamente ao estado de São Paulo e

Paraná, passaram a se alojar nos demais estados do país, entre eles o Rio

Grande do Sul. Em 6 anos a área de produção aumentou em 10 mil hectares,

atingindo uma área de aproximadamente 17.000 ha (Itograss, 2006).

Nos últimos anos a área esportiva, foi responsável por 20 a 25% do total

de grama consumida, sendo este aumento atribuídos em grande parte à

construção de campos de golfe, que demandam aproximadamente 50 ha de

grama por campo (SIGRA, 2006).

As gramas cultivadas são comercializadas principalmente em tapetes de

0,40 x 0,625 a 1,25 m ou em rolos de 0,30 a 0,40 x 1,0 a 1,25 m. Outras formas

menos comuns são as bandejas (com 25 ou 64 plugs), estolões ou sementes.

Recentemente, duas empresas uma do Rio Grande do Sul e a outra de São

Paulo, iniciaram a comercialização também do chamados big roll, que são rolos

de grama com aproximadamente 1,0 a 1,2 m de largura e mais de 40 m de

comprimento (SIGRA, 2006).

Das gramas cultivadas no Brasil 80% é esmeralda ou japonesa (Zoysia

japônica), porém são também comercializadas a São Carlos ou Sempre-Verde

(Axonopus affinis), a Santo Agostinho ou Inglesa (Stenotaphrum secundatum) e

as Bermudas (Cynodon dactylon), mais utilizada em áreas esportivas. Cada

espécie apresenta características específicas como rusticidade, plasticidade,

resistência ao pisoteio, capacidade de desenvolvimento em áreas de pouca

luminosidade, capacidade de rebrota, etc. que permitem indicá-las para

diferentes usos e manejos (SIGRA, 2006).

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Pode-se classificar as gramas esportivas em dois grandes grupos:

Gramas de clima quente e gramas de clima frio. No Brasil as principais gramas

cultivadas são de estação quente e podem ser dividas em rizomatozas e

estoloníferas. Nas espécies rizomatozas a base do desenvolvimento vegetativo

se dá a partir de rizomas sub-superficiais. Nas estoloníferas a base do

desenvolvimento vegetativo se dá a partir de estolões superficiais. Essa

classificação é bastante importante pois é a partir dela que se define quais

espécies devem ou podem ser utilizadas nas diferentes situações (SIGRA,

2006).

Há variedades específicas para o frio, como é o caso da Rye Grass, uma

espécie de Lollium, que são utilizadas no sul do Brasil em semeadura no

começo do inverno, técnica de cobertura chamada overseed (Green Grass,

2010).

Para a finalidade esportiva, onde, normalmente, o gramado será

submetido a um pisoteio intenso e freqüente, segundo a empresa produtora

Green Grass, a grama Bermuda Tifway 419 é consagrada mundialmente no

uso esportivo. Esta é uma grama com enraizamento denso e profundo,

possuindo um intenso desenvolvimento estolonífero e rizomatoso, que lhe

confere uma maior resistência ao pisoteio. Apresenta, ainda, um intenso

crescimento lateral, que faz com que a recuperação, após a ocorrência do dano

mecânico, seja muito rápida. Além disso, esta é uma grama de características

estéticas desejáveis como a beleza de sua cor e sua textura suave, formando

um gramado de altíssima qualidade (Green Grass, 2010).

As utilidades da grama, porém, são infinitas vezes maior do que apenas

servir como palco para práticas de esportes. Segundo a Turfgrass Producers

International (2002), pesquisas científicas, apresentadas nos Estados Unidos,

documentam e concluem muitos outros benefícios de uma cobertura verde

para o meio ambiente: controle de erosão do solo, fixação de carbono

atmosférico, liberação de O2, refrigeração do ar, controle de poluição do solo

pelas raízes, embelezamento e valorização do imóvel.

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5. Atividades Desenvolvidas

5.1. Implantação do sistema automatizado de irrigação

O estagiário participou da implantação de um sistema de irrigação

automatizado, feito no campo suplementar “C”. A atividade foi acompanhada

desde a medição dos espaçamentos entre aspersores e abertura das valetas

para a passagem das tubulações (figuras 4 e 5), até o posterior funcionamento

do sistema como um todo.

Figura 4. Abertura mecanizada das valetas para passagem da tubulação

.

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Figura 5. Sistema de correia e rosca sem fim para deslocamento de solo.

Nesse sistema os aspersores, como seguem as figuras abaixo, ficam

totalmente coberto pelo gramado e só sobem à superfície quando acionados

pela motobomba (figura 7).

Figura 6. Sistema de funcionamento dos aspersores subterrâneos.

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Figura 7. Motobomba e filtro de água do sistema de irrigação automatizado.

A tubulação adutora (cano PVC) distribui a água para cinco tubulações

secundárias, onde cada setor possui sete dos 35 aspersores, que são ligados

intermitentemente, conforme o ajuste feito no controlador elétrico (figura 8), que

fica na casa de motobombas.

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Figura 8. Painel de controle e programação do sistema automatizado de irrigação.

Nos horários programados o controlador enviará os sinais elétricos para

as válvulas (cada um dos 5 setores tem uma válvula própria), comandando

sequencialmente a abertura e fechamento dos aspersores de cada setor e

também o funcionamento da motobomba, se necessário ou não para aquele

setor.

Caso chova enquanto o sistema está funcionando, há um sensor

posicionado ao lado do campo que indica a presença de água e logo o sistema

é desligado automaticamente, evitando o desperdício de água e energia.

Além desse sistema de irrigação diminuir os custos com mão-de-obra, o

controlador automatizado permite a aplicação de uma pequena lâmina de

água, várias vezes ao dia, de modo que a zona radicular da cultura

permaneça sempre úmida, favorecendo o melhor desempenho do gramado.

14

5.2 Cortes e demarcações das linhas do campo

A prática de corte é fundamental para se manter um bom gramado,

sendo que deve ser dada especial atenção aos equipamentos e a freqüência,

pois não se deve eliminar em um único corte mais de 30% da área foliar da

grama. Dessa forma, a altura que o gramado deve ser mantido fica em torno de

2,5 – 3 cm, que é para manter o gramado apto ao jogo sem prejudicar a

absorção de nutrientes pela planta provenientes da fotossíntese de suas folhas.

Somente se faz o corte mais profundo (0,5 - 1,0 cm) quando começa a esfriar,

por volta de maio, que é uma técnica necessária para aplicar a

sobresemeadura (overseed) da espécie Rye Grass, já citada anteriormente.

Os cortes nessas variedades de grama, no caso Bermuda Tifton 419 e

Tifgreen 328 que possuem crescimento mais acelerado, variam entre dois a

três cortes por semana (no verão) podendo chegar a 1000 Kg por corte em um

único campo.

Essa “poda” dos gramados é feita com uma máquina especial de lâmina

helicoidal (figura 9).

Figura 9. Sistema helicoidal de laminados para corte do gramado.

15

Para deixar o campo com a impressão de duas tonalidades de verde, o

corte é feito sucessivamente em dois sentidos contrários após as definições

dos espaçamentos entre as faixas (figuras 10 e 11).

Figura 10. Corte do gramado do campo principal.

Figuras 11. Corte do gramado em sentido contrário.

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Após o corte do gramado, o estagiário observou as demarcações das

linhas laterais, área do goleiro, meio campo etc. com tinta especial para

gramados (figura 12). Após essas práticas o campo está apto para jogo ou

treino.

Figura 12. Demarcação das linhas do campo com tinta especial.

5.3 Descompactação e aeração do solo

Um dos principais problemas que podem ser encontrados em um

gramado é a compactação decorrente do pisoteio excessivo do solo,

principalmente naquela área onde os goleiros mais atuam. Nesses pontos há

limitação da penetração do ar, água e nutrientes até o sistema radicular

dificultando o desenvolvimento da grama e a formação do colchão para o

melhor desempenho dos jogadores.

Umas das soluções para esse problema, além de uma drenagem

eficiente, são as operações de descompactação e aeração que são utilizadas

em programas de conservação de gramados esportivos, praticadas com a

máquina aeradora (figura 13).

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Figura 13. Aerador para descompactação de solo.

Essas operações contribuem para a diminuição do stress do campo,

atuando diretamente na saúde dos atletas e conferindo também maior

segurança para saltos, apoios, alavancas e demais mobilidades exigidas em

uma partida de futebol.

O estagiário participou dessa operação citada acima que utiliza hastes

(vazadores) que variam de 5 a 25 cm de comprimento, perfurando 100 a 200

vezes por m², de acordo com o equipamento. As hastes penetram e sacam as

frações do solo sem danificar a superfície do gramado. Após, é feita uma

limpeza dos tubetes que ficam expostos sobre o campo, podendo reutilizar

esse volume de terra para uma posterior cobertura (topsoil), como será

explicado no próximo capítulo.

18

A freqüência dessa prática vai depender da intensidade do uso do

gramado e do manejo adotado. Em um gramado bem monitorado essa

operação pode variar de uma a três vezes ao ano, conforme a necessidade.

5.4 Adubação, topdressing e topsoil

No período em que o estagiário esteve presente aconteceram diversas

reformas, principalmente nos campos suplementares “c” e “d”, em que foram

necessárias algumas atividades como plantio de leivas nas bordas do campo

“c” e plantio de leivas de gol a gol no campo “d”. Para tais operações foi

necessário preparar o solo aplicando sobre ele uma camada de 5 cm de

composto formado a partir de areia+húmus (livre de ervas daninhas) numa

proporção de 3:1- v:v, ou seja, para cada 3m3 de areia, 1m3 de húmus. Essa

técnica (topsoil) favorece a drenagem e o desenvolvimento do sistema

radicular, bem como o nivelamento do terreno.

Após essa operação foi feito o que se chama de topdressing, que nada

mais é que a aplicação de uma camada fina de areia (limpa) sobre as áreas

recém plantadas, nivelando posteriormente com a passagem de um rodo

(Figura 14). Essa operação permite que as leivas, com o passar dos dias, se

desenvolvam sem deixar “buracos” ou desnivelamento no campo.

19

Figura 14. Técnica topdressing e topsoil (à esquerda) sendo aplicadas no

campo suplementar D.

Também nesses mesmos campos foram feitas aplicações de adubo

NPK nas áreas que estavam com deficiência (algumas falhas perdidas no meio

do gramado) de desenvolvimento dos rizomas e estolões (campo D) e onde

foram abertas as valetas para passagem das tubulações para irrigação (campo

C), para melhor recuperação do gramado (Figura 15).

Figura 15. Falhas de desenvolvimento dos estolões e rizomas no campo D.

20

6. Outras atividades realizadas

6.1. Visitação à empresa Green Grass.

Localizada no município de Santo Antônio da Patrulha, a propriedade

Green Grass é uma das maiores produtoras de gramados do Brasil. Com uma

área de aproximadamente 200 ha de planta apenas no Rio Grande do Sul,

mais as áreas de São Paulo e agora no Rio de Janeiro, é uma empresa de

grande porte que prioriza a tecnologia avançada para oferecer o melhor no

quesito gramado, com produtos certificados internacionalmente.

A visita foi feita juntamente com a disciplina de floricultura no dia 6 de

abril de 2011, na qual foram observadas e justificadas algumas técnicas de

produção de gramados.

A seguir está representado a maneira como é feito a colheita das leivas,

feitas em média 1,5 a 2 vezes por ano. Existe uma lâmina paralela ao solo que

levanta a leiva e outra transversal que faz o corte, sempre na mesma medida

(figura 19).

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Figura 16. Trator modificado fazendo o corte e colheita das leivas.

A após, uma esteira carrega as leivas para trás do trator onde dois operários

fazem o empilhamento das mesmas (figura 20).

Figura 17. Empilhamento das leivas para posterior transporte.

A altura de corte é importante pois quanto mais profundo for, maior será

a proporção de solo que sai junto com a leiva (figura 21).

22

Figura 18. Profundidade de corte das leivas.

Isso, além de desgastar mais rapidamente o solo também torna o

produto para a comercialização mais pesado, fazendo com que as operações

de carregamento e frete se tornem mais caras.

Nas espécies estoloníferas-rizomatozas, como é o caso das bermudas e

zoysias, a colheita pode ser feita retirando 100% do material que está sobre o

solo pois através dos rizomas subsuperficiais a grama consegue rebrotar

mesmo sem nenhuma parte aérea. Nesse caso, em média 4-5 meses depois

ela estará apta a ser colhida novamente.

Já no caso das espécies estoloníferas (que se desenvolvem apenas

superficialmente), é necessário fazer uma colheita parcial do gramado,

deixando uma parte aérea para que após 6 meses, em média, o gramado

esteja novamente apto a ser colhido (figura 22).

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Figura 19. Sistema de colheita da espécie Santo Agostinho (desenvolvimento

estolonífero)

A cada colheita, segundo a engenheira agrônoma responsável, é feita

aplicação de calcário na base, elevando o pH do solo a índices próximos a 6-

6,5.

As operações de corte não são menos importante, sendo feitas em

média duas vezes por semana, variando conforme o hábito de crescimento das

diferentes espécies (figura 23).

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Figura 20. Maquinário especial, com lâminas horizontais, acoplado ao trator

para corte dos gramados.

As bermudas em geral necessitam cortes com maiores freqüências em

relação à Santo Agostinho e às zoysias (grama esmeralda), que são as três

espécies mais cultivadas na empresa.

Na empresa Green Grass, a irrigação aplicada sobre a lavoura é toda

através do sistema de pivô central (figura 24).

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Figura 21. Sistema de irrigação com pivô central.

7. Considerações finais

Como o estágio foi realizado em um clube de futebol, no caso o

Internacional, as operações de monitoramento e cuidados que se devem ter

com o gramado acontecem todas em menores escalas se comparadas com

essas mesmas operações em uma área de produção, como a visitada Green

Grass. Poderia-se dizer que no que se diz respeito a gramados, um clube de

futebol seria um dos topos da cadeia comercial de tapetes verdes, junto com

golf, pólo, tênis e demais esportes praticados sobre a grama e áreas como

obras civis (prédios, construções urbanas em geral), estradas etc.

Nesse contexto, seria interessante conhecer mais sobre o sistema de

produção de gramados para entender melhor a fisiologia da planta e as

práticas de manejo desde a fase inicial do seu desenvolvimento. Isso daria

26

maior segurança e precisão no momento de prestar alguma assistência

técnica, principalmente quando se trata de áreas esportivas, que demandam

por gramados de melhores qualidades e necessitam de maiores cuidados.

As atividades realizadas durante o estágio serviram, além de uma

experiência nova, em um ramo desconhecido até então pelo estagiário,

também como uma forma de complementar e ver na prática aquilo que se

aprende no curso (embora em poucas disciplinas) de Agronomia.

Foi importante perceber que existem outras formas de trabalhar como

engenheiro agrônomo, diferente daquela tradicional de “produzir comida”, e que

esta em tese é uma área de grande importância, pois os gramados são palcos

de muitos espetáculos e atividades rotineiras onde pessoas influentes colocam

seus pés. Assim, seja em um requisitado campo de golf ou em uma empresa

qualquer que tenha área com cobertura vegetal, cada vez mais será necessário

pessoas aptas para prestar os serviços e cuidados necessários que um

gramado necessita para ser vigoroso.

8. Análise crítica

A recepção e o tratamento dos funcionários com o estagiário foi

excelente. Demonstraram vontade de aprender sobre aspectos técnicos

agronômicos e ensinar as práticas de rotina de monitoramento do campos.

Outro aspecto importante é a forma de condução dos gramados que os

funcionários tentam manter, que é o mais próximo daquilo que a renomada

Engenheira Agrônoma contratada pelo clube, Maristela Kuhn, recomenda.

Talvez por isso o gramado do estádio Beira Rio esteja entre os melhores do

Brasil.

Foi fundamental a orientação dada pela Engenheira Agrônoma

Maristela ao estagiário, com intuito de fazer com que o aluno exercesse o

conhecimento adquirido na Faculdade de Agronomia e não apenas fizesse

trabalho braçal. Juntamente com isso foi importante o conhecimento e a

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experiência passada pela engenheira ao estagiário para aprimorar a sua

formação acadêmica, a responsabilidade e a ética profissional.

Em virtude do pouco tempo de estágio, não pode ser acompanhado

nenhum projeto de instalação de drenagem de gramados esportivos, técnica de

fundamental importância para que o campo comporte excesso de chuva e

pisoteio dos jogadores.

9. Referências Bibliográficas

IBGE,2010. População de Porto Alegre. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 20 mar. 2011. IBGE, 2010. Localização Geográfica de Porto Alegre. Disponível em: <http://library.kiwix.org:4213/I/280px-RioGrandedoSul_Municip_PortoAlegre.svg.png>. Acesso em: 20 mar. 2003. Turfgrass Producers International, 2002 Benefícios dos gramados. Disponível em: <http://www.turfgrasssod.org/>. Acesse em: 20 mar. 2011 WIKIPÉDIA, 2010. Vegetação de Porto Alegre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre>. Acesso em 20 mar. 2011. WIKIPÉDIA, 2010. Ragião Metropolitana de Porto Alegre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Porto_Alegre>. Acesso em: 20 mar.2011.

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Itograss, 2006.Cultivo de grama. Disponível em: <http://www.gramasparaiso.net/cultivo-grama.html> Acesso 23 mar. 2011

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Green Grass, 2010. Tipo de gramados para futebol. Disponível em: <http://www.greengrass.com.br/esportivos/ftiposf.asp>. Acesso em 25 mar. 2011.

Green Grass, 2010. Bermuda Tifway 419. Disponível em: <http://www.greengrass.com.br/gramas/dtl.asp?nome=Bermuda%20TifWay%20419>. Acesso em 25 mar. 2011.

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SIGRA, 2006. Produção, Implantação e Manutenção de Gramados. Disponível em: <http://www.yurigrass.com.br/sigra/sigra15.pdf>. Acesso em 20

mar. 2011.

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