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Universidade Federal do Tocantins Campus de Gurupi Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal TAYNAR COELHO DE OLIVEIRA TAVARES ADAPTABILIDADE, ESTABILIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS GURUPI-TO 2015

Universidade Federal do Tocantins Campus de Gurupi Programa … COELHO DE... · 2020. 11. 11. · O Brasil é um dos principais produtores e consumidores de feijão do mundo, sendo

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  • Universidade Federal do Tocantins

    Campus de Gurupi

    Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

    TAYNAR COELHO DE OLIVEIRA TAVARES

    ADAPTABILIDADE, ESTABILIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE

    CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

    GURUPI-TO

    2015

  • 1

    Universidade Federal do Tocantins

    Câmpus de Gurupi

    Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

    TAYNAR COELHO DE OLIVEIRA TAVARES

    ADAPTABILIDADE, ESTABILIDADE E DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE

    CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

    Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação

    em Produção Vegetal da Universidade Federal do

    Tocantins como parte dos requisitos para a

    obtenção do título de Doutor (a) em Produção

    Vegetal.

    Orientador: Prof. Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis

    Co-orientador: Prof. Dsc. Hélio Bandeira Barros

    GURUPI-TO

    2015

  • 2

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins

    Campus Universitário de Gurupi

    Tavares, Taynar Coelho de Oliveira

    Título: Adaptabilidade, estabilidade e divergência genética entre cultivares

    de feijão comum no sul do Estado do Tocantins / Taynar Coelho de Oliveira Tavares. - Gurupi, 2015. 78f.

    Tese de Doutorado – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-

    Graduação em Produção Vegetal, 2015.

    Linha de pesquisa: Melhoramento Genético Vegetal.

    Orientador: Prof. Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis.

    1. Feijão comum. 2. Interação genótipos versus ambientes. 3. Dissimilaridade

    genética. I. Fidelis, Rodrigo Ribeiro (orientador) II. Universidade Federal do

    Tocantins. III. Título.

    CDD: 630

    Bibliotecária:

    CRB-2 / 1309

    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou

    por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos

    do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

    Universidade Federal do Tocantins

    Câmpus de Gurupi

    Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal

  • 3

    Defesa nº 2

    ATA DA DEFESA PÚBLICA DA TESE DE DOUTORADO DE TAYNAR

    COELHO DE OLIVEIRA TAVARES, DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-

    GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

    TOCANTINS

    Aos 02 dias do mês de março do ano de 2015, às 14:00 horas, no(a) Sala de 15 do

    Bloco II, reuniu-se a Comissão Examinadora da Defesa Pública, composta pelos

    seguintes membros: Prof. Orientador Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis do Câmpus

    Universitário de Gurupi/Universidade Federal do Tocantins, Prof. Dsc. Hélio Bandeira

    Barros do Câmpus Universitário de Gurupi/Universidade Federal do Tocantins, Prof.

    Dsc. Manoel Mota dos Santos do Câmpus Universitário de Gurupi/Universidade

    Federal do Tocantins, Prof. Dsc. Gil Rodrigues dos Santos do Câmpus Universitário

    de Gurupi/Universidade Federal do Tocantins, Prof. Dsc. Roberto Antonio Savelli

    Martinez do Câmpus Universitário de Tangará da Serra/Universidade do Estado do

    Mato Grosso sob a presidência do primeiro, a fim de proceder à arguição pública da

    Tese de Doutorado de Taynar Coelho de Oliveira Tavares, intitulada "Adaptabilidade,

    estabilidade e divergência genética entre cultivares de feijão comum no sul do Estado

    do Tocantins". Após a exposição, a discente foi arguida oralmente pelos membros da

    Comissão Examinadora, tendo parecer favorável à aprovação, habilitando-o (a) ao

    título de Doutora em Produção Vegetal. Nada mais havendo, foi lavrada a presente ata,

    que, após lida e aprovada, foi assinada pelos membros da Comissão Examinadora.

    Dsc. Hélio Bandeira Barros

    Primeiro examinador

    Dsc.Manoel Mota dos Santos

    Segundo examinador

    Dsc. Gil Rodrigues dos Santos

    Terceiro examinador

    Dsc. Roberto Antonio Savelli Martinez

    Quarto examinador

    Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis

    Universidade Federal do Tocantins

    Orientador e presidente da banca examinadora

    Gurupi, 02 de março de 2015.

    Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis

    Coordenador do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal

  • 4

    “Eis o que diz o Senhor que criou (a terra), que

    a modelou e consolidou e cujo nome é javé:

    Invoca-me, e te responderei, revelando-te

    grandes coisas misteriosas que ignoras”.

    Jeremias 33, 2-3

    “Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado,

    busquei abertamente a sabedoria na oração: pedia-

    a a Deus no templo, e buscá-la-ei até o fim de

    minha vida”.

    Eclesiástico 51, 18-19

    “Traze sempre na boca (as palavras) deste livro da

    Lei; medita-o dia e noite, cuidando de fazer tudo o

    que nele está escrito; assim prosperarás em teus

    caminhos e serás bem-sucedido. Isto é uma

    ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não

    tenhas medo, porque o Senhor está contigo em

    qualquer parte para onde fores”.

    Josué 1, 8-9

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pelo dom da minha vida e todas as oportunidades que me ofereceu nos

    últimos anos, incluindo esta conquista e outras imensas alegrias... Na certeza que o

    impossível Deus já realizou na minha vida.

    Aos meus pais (Antonia Coelho Soares e Marinho Ribeiro de Oliveira), minhas

    irmãs (Gardênia Coelho de Oliveira e Virgínia Coelho de Oliveira) e meu esposo (Marcos

    Antonio Matos Tavares) por todo amor, apoio, compreensão e companheirismo.

    A todas minhas amigas pela amizade, incentivo e consideração, especialmente

    Tatyuscia Pereira Resplandes Vargas, Lina Carvalho do Nascimento, Silmara Pimentel de

    Sousa, Maria de Jesus Dias Brito e Lívia Rodrigues Brito.

    À Universidade Federal do Tocantins, pela oportunidade concedida para a

    realização do curso de graduação e pós-graduação.

    À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela

    bolsa de estudo concedida.

    Ao meu orientador, Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis, pela orientação, competência,

    dedicação, incentivo e pelos valiosos ensinamentos.

    A todos os professores da Universidade Federal do Tocantins, em especial os

    professores Tarcisio Castro Alves de Barros Leal, Clóvis Maurílio Souza, Manoel

    Mota dos Santos, Gil Rodrigues dos Santos, Hélio Bandeira Barros, Rubens Ribeiro da

    Silva, Ildon Rodrigues do Nascimento e Joênes Mucci Pelúzio.

    Ao professor Roberto Antonio Savelli Martinez pela participação na banca

    examinadora e a colaboração com esta pesquisa.

    Agradeço a todos os integrantes do Grupo Fidelis (Marília, Leila, Carlos Henrique,

    Raphael, Danilo Veloso, Patrícia Mourato, Vanessa Santos, Ricardo, Fabiano, Justino e

    Flávia) que contribuíram para a execução desta pesquisa, especialmente Sérgio Alves de

    Sousa pela amizade, disponibilidade e parceria.

    A todos os amigos da pós-graduação, pela amizade e convívio.

    A todos os funcionários da Universidade Federal do Tocantins, especialmente a

    Erika de Araujo Menezes Borba.

    A todos que, de alguma maneira, contribuíram para a realização desta conquista.

    Obrigada!

  • 6

    RESUMO GERAL

    O Brasil é um dos principais produtores e consumidores de feijão do mundo, sendo

    que, seu cultivo ocorre em todas as regiões do país, podendo ser cultivada em

    diferentes épocas e sistemas de cultivos. Em decorrência das condições ambientais

    diversas que o feijoeiro comum é submetido espera-se que determinados genótipos

    apresentem comportamento diferenciado nos variados ambientes. O presente estudo

    foi dividido em três capítulos, sendo que no capítulo 1 avaliou-se a adaptabilidade e

    estabilidade de 10 cultivares de feijão comum em quatro ambientes, no sul do Estado

    do Tocantins. As análises de adaptabilidade e estabilidade foram obtidas pelo método

    Eberhart e Russel, Centróide e Annicchiarico, com base na produtividade de grãos. Os

    métodos possibilitaram selecionar cultivares de feijão para condições especificas

    (favorável e desfavorável). As cultivares IPR Juriti, IPR Colibri e IPR Corujinha

    foram recomendadas para ampla condição ambiental, sendo consideradas, produtivas,

    estáveis e adaptadas no período de entressafra. No capítulo 2, estudou-se a

    adaptabilidade e estabilidade de 6 cultivares de feijão comum em seis ambientes, na

    entressafra de 2010 a 2012 no sul do Estado do Tocantins. Os métodos utilizados para

    avaliar a adaptabilidade e estabilidade foram Eberhart e Russel (1966), Centróide e

    Annicchiarico (1992). As cultivares IAC Una e Princesa são indicadas para ambientes

    de condições gerais por serem produtivas, adaptáveis e estáveis na entressafra. Nas

    condições de ambientes favoráveis, as cultivares IAC Centauro, IAC Una e Princesa

    são as mais adequadas por responderem à melhoria do ambiente. Finalmente, no

    capítulo 3 avaliou-se a divergência genética de dezenove cultivares de feijão comum

    no sul do estado do Tocantins, por meio do método de agrupamento Tocher e

    Hierárquico (UPGMA). Conclui-se que existe variabilidade genética entre as

    cultivares estudadas. A variabilidade genética permitiu a identificação de cultivares

    divergentes, sugerindo os cruzamentos entre (IAC Boreal x IPR Chopim), (IAC Boreal

    x IAC Carioca Eté), (IAC Boreal x IPR Saracura), (IAC Boreal x IPR Corujinha),

    (IAC Boreal x IPR Colibri), (IAC Boreal x IAC Diplomata), (IAC Boreal x IAC Una),

    (IAC Boreal x IPR Juriti), (IAC Boreal x IAC Centauro) e (IAC Boreal x IAC

    Galante) visando à produtividade de grãos.

  • 7

    Palavras chave: interação cultivares x ambientes; dissimilaridade genética;

    melhoramento.

    GENERAL ABSTRACT

    Brazil is one of the main world’s bean producers and consumers, and its cultivation

    occurs in all the regions of the country, and it can be cultivated in different seasons

    and cropping systems. The national average productivity is still low in the country, a

    result of the technology used, climate conditions to which and the use of non-adapted

    genetic materials. Thus, due to the diverse environmental conditions the common bean

    is submitted, it’s expected that specific genotypes present different behaviors in

    different environments. This study was divided into three chapters, and in chapter 1 it

    was evaluated the adaptability and stability of 10 common bean cultivars in four

    environments, in the south of Tocantins State. The adaptability and stability analysis

    were obtained by the Eberhart and Russel method, Centróide and Anicchiarico, based

    as in grain productivity. The methods allowed provided to select bean cultivars for

    specific conditions (favorable and unfavorable). The IPR Juriti, IPR Colibri and IPR

    Corujinha cultivars were recommended for a wide environmental condition in the dry

    season period, being considered productive, stable and adapted. In chapter 2, the

    adaptability and stability of 6 cultivars of common bean in six environments, in the

    dry season of 2010 until 2012 in the south of Tocantins State was studied. The

    methods used to evaluate the adaptability and stability were Eberhart and Russel,

    Centróide and Annicchiarico. The IAC Una and Princesa cultivars are indicated to

    environments of general conditions for being productive, adaptable and stable in the

    dry season period. In conditions of favorable environments, the IAC Centauro, IAC

    Una and Princesa cultivars are the most suited due to respond to the environmental

    improvement. Finally, in chapter 3 the genetic divergence of nineteen common bean

    cultivars in the south of Tocantins State was evaluated, using the Tocher and the

    Hierarchica clustering methods (UPGMA). It was concluded that there is a genetic

    variability among the studied cultivars. The genetic variability allowed the

    identification of different cultivars, suggesting the crossing between (IAC Boreal x

    IPR Chopim), (IAC Boreal x IAC Carioca Eté), (IAC Boreal x IPR Saracura), (IAC

  • 8

    Boreal x IPR Corujinha), (IAC Boreal x IPR Colibri), (IAC Boreal x IAC Diplomata),

    (IAC Boreal x IAC Una), (IAC Boreal x IPR Juriti), (IAC Boreal x IAC Centauro) e

    (IAC Boreal x IAC Galante) aiming the grains productivity.

    Key words: cultivars interaction x environments; genetic dissimilarity; improvement

  • 9

    SUMÁRIO

    1 DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. 4

    2 AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... 5

    3 RESUMO GERAL ........................................................................................................................ 6

    4 ABSTRACT .................................................................................................................................. 7

    5 SUMÁRIO ..................................................................................................................................... 9

    4 INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................................. 10

    5 CAPÍTULO 1: ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO

    COMUM NO SUL ESTADO DO TOCANTINS ................................................................................... 15

    6 CAPÍTULO 2: ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DA PRODUTIVIDADE DE

    GRÃOS DE FEIJÃO COMUM ............................................................................................................. 36

    7 CAPÍTULO 3: DIVERGÊNCIA GENÉTICA DE CULTIVARES DE FEIJÃO COMUM

    CULTIVADO NO ESTADO DO TOCANTINS ................................................................................... 57

    8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 75

  • 10

    INTRODUÇÃO GERAL

    O Brasil vem se destacando como um dos principais produtores e consumidores

    de feijão do mundo, sendo que, seu cultivo ocorre em todas as regiões do país,

    podendo ser cultivada em diferentes épocas e sistemas de cultivo. O cultivo do feijão

    comum exerce importante função no aspecto socioeconômico, sendo na grande

    maioria cultivada por pequenos a médios produtores.

    No país, a produtividade média nacional ainda é baixa (1.082 kg ha-1

    ) comparando

    com as melhores regiões produtoras de feijão do Brasil como o Distrito Federal, Goiás

    e Paraná que atingiram rendimento superior a 1.835 kg ha-1

    na safra 2013/1014. Tal

    fato está relacionado com a tecnologia empregada, condições climáticas e utilização de

    materiais não adaptados. Assim, o melhoramento de plantas tem sido uma das

    estratégias determinantes para elevar a produtividade e atender a demanda interna do

    feijão.

    Em virtude das condições ambientais diversificadas as quais o feijoeiro é

    submetido, espera-se que determinados genótipos apresentem comportamentos

    diferenciado nos variados ambientes. Segundo Cruz et al. (2012) a interação do

    ambiente versus genótipos pode ser de natureza simples ou complexa, sendo que a

    indicação de cultivares não pode ser feita de forma generalizada quando detectada a

    existência da interação do tipo complexa. Além do mais, o conhecimento dessa

    interação esclarece sobre a necessidade de análises mais detalhadas como as análises

    de adaptabilidade e estabilidade que auxiliam na indicação de novo cultivar e também

    das cultivares existentes de acordo com as condições específicas do ambiente.

    Diversos estudos têm utilizado as análises de adaptabilidade e estabilidade para

    recomendação de cultivares de varias espécies, como feijão (RIBEIRO et al., 2008;

    PEREIRA et al., 2009a; PEREIRA et al., 2009b; DOMINGUES et al., 2013) arroz

    (RAMOS et al., 2011), soja (PELUZIO et al., 2008; BARROS et al., 2012; POLIZEL

    et al., 2013) e milho (CARVALHO et al., 2013).

    Para obtenção de novos cultivares são necessários estudos sobre divergência

    genética, para que possa se conhecer a variabilidade genética na população disponível.

    A escolha da população base e a identificação de cultivares mais promissoras em

  • 11

    diversos ambientes são uma das etapas fundamentais em um programa de

    melhoramento genético de plantas (PRADO et al., 2001; CRUZ et al., 2012).

    A escolha e seleção de genitores podem ser auxiliadas por várias análises

    multivariadas que orientam os melhoristas na tomada de decisão em um programa de

    melhoramento, dentre elas, pode-se destacar os métodos de agrupamentos. Dentre

    esses métodos mais utilizados estão os hierárquicos e os de otimização (CRUZ et al.,

    2012).

    O estudo da divergência genética é uma das etapas iniciais imprescindível em

    um programa de melhoramento genético, sendo importante para a escolha adequada

    dos progenitores com variabilidade genética e as possíveis combinações híbridas. A

    análise multivariada em estudos sobre divergência genética tem sido rotineiramente

    utilizada em pesquisas do feijoeiro (BONETT et al., 2006; COELHO et al., 2007;

    CABRAL et al., 2011; CORREA e GONÇALVES, 2012; GONÇALVES et al., 2014).

    Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo identificar os melhores

    cultivares de feijão comum para região sul do Estado do Tocantins. Os objetivos

    específicos foram: a) avaliar a adaptabilidade e estabilidade de 10 cultivares de feijão

    comum em quatro ambientes, nas entressafras de 2010 e 2012; b) obtenção de

    estimativas de parâmetros de adaptabilidade e estabilidade de 6 cultivares de feijão

    comum em seis ambientes, nas entressafras de 2010, 2011 e 2012 no sul do Estado do

    Tocantins; c) avaliar a divergência genética de 19 cultivares de feijão comum no sul

    do Estado do Tocantins.

  • 12

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BARROS, H. B.; SEDIYAMA, T.; MELO, A. V.; FIDELIS, R. F.; CAPONE, A.

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    feijoeiro comum coletado no estado do Paraná. Semina: Ciências Agrárias,

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    CARVALHO, E. V.; PELUZIO, J. M.; SANTOS, W. F.; AFFÉRRI, F. S.; DOTTO,

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    CORREA, A. M.; GONÇALVES, M. C. Divergência genética em genótipos de feijão

    comum cultivados em Mato Grosso do Sul. Revista Ceres, Viçosa, v. 59, n.2, p. 206-

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    COELHO, C. M. M.; COIMBRA, J. L. M.; SOUZA, C. A.; BOGO, A.; GUIDOLIN,

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    Rural, Santa Maria, v.37, n.5, p.1241-1247, 2007.

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    aplicados ao melhoramento genético. 4. ed. Viçosa: Editora UFV, v.1, 2012. 514p

  • 13

    DOMINGUES, L. S.; RIBEIRO, N. D.; MINETTO, C.; SOUZA, J. F.; ANTUNES, I.

    F. Metodologias de análise de adaptabilidade e de estabilidade para a identificação de

    linhagens de feijão promissoras para o cultivo no Rio Grande do Sul. Semina:

    Ciências Agrárias, Londrina, v.34, n.3, p.1065-1076, 2013.

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    tradicionais de feijoeiros. Bioscience Journal, Uberlândia, v.30, n.6, p.1671-1681,

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    PELÚZIO, J.M.; FIDELIS, R.R.; GIONGO, P.; SILVA, J.C. da; CAPPELLARI, D.;

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    C.; DIAZ, J. L. C.; RAVA, C. A.; WENDLAND, A. Comparação de métodos de

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    POLIZEL, A. C.; JULIATTI, F. C.; HAMAWAKL, O. T.; HAMAWAKI, R.L.;

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    PRADO, E. P.; HIROMOTO, D. M.; GODINHO, V. P. C; UTUMI, M. M;

    RAMALHO, A. R. Adaptabilidade e estabilidade de cultivares de soja em cinco

  • 14

    épocas de plantio no cerrado de Rondônia. Pesquisa Agropecuária brasileira,

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    RAMOS, L. M.; SANCHES, A.; COTES, J. M.; FILHO, A. C. Adaptabilidade e

    estabilidade de rendimento de genótipos de arroz mediante duas metodologias de

    avaliação na Colômbia. Acta Agronômica, Palmira, v.60, n.1, p.39-49, 2011.

    RIBEIRO, N. D.; ANYUNES, I. F; SOUZA, J. F.; PERSCHIRV, N. L. Adaptação e

    estabilidade de produção de cultivares e linhagens-elite de feijão no Estado do Rio

    Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.9, p.2434-2440, 2008.

  • 15

    CAPÍTULO 1

    ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO

    COMUM NO SUL ESTADO DO TOCANTINS

    Resumo: O feijão comum é um dos principais culturas cultivadas e consumida no

    país, sendo que os grãos apresentam excelentes fontes nutricionais. As condições

    climáticas diversificadas do país favorecem o cultivo do feijão durante todo o ano,

    podendo ser plantado em três épocas diferentes. O Estado do Tocantins apresenta

    potencial de exploração da cultura no período de entressafra, embora a sua

    participação na produção nacional de feijão ainda é baixa. Diante disso, objetivou-se

    com este estudo avaliar a adaptabilidade e estabilidade de 10 cultivares de feijão

    comum no sul do Estado do Tocantins, em quatros ambientes. O delineamento

    experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições. Os experimentos foram

    conduzidos na entressafra de 2010 e 2012, na estação experimental da Universidade

    Federal do Tocantins, campus Universitário de Gurupi. Para avaliar os parâmetros de

    adaptabilidade e estabilidade utilizaram-se os métodos de Eberhart e Russel, Centróide

    e Annicchiarico, com base na produtividade de grãos (kg ha-1

    ). Conclui-se que os

    métodos possibilitaram selecionar cultivares de feijão para condições especificas. As

    metodologias de Eberhart e Russell, Centroide e Annicchiarico apresentaram

    similaridade quanto à identificação das cultivares IPR Juriti, IPR Colibri e IPR

    Corujinha, sendo consideradas produtivas, estáveis e adaptadas, no período de

    entressafra. A cultivar IAC Una é indicada para ambientes favoráveis e as cultivares

    IPR Eldorado e IAC Carioca Eté são recomendadas para cultivo em condição

    desfavorável.

    Palavras chave: Phaseolus vulgaris L.; produtividade; interação cultivar x ambiente;

    cerrado.

  • 16

    ADAPTABILITY AND STABILITY OF COMMON BEAN CULTIVARS IN

    TOCANTINS STATE

    Abstract: The common bean crop is one of the cultural cultivated and consumed

    crops in the country, and the grains present excellent nutritional sources. The different

    climate conditions of the country are favorable for the bean productivity during the

    whole year, being possible to be planted in three different seasons. The Tocantins

    State present potential for the cultural exploration in dry season time, although the

    bean crop on the participation in national production is still low. Thus, this study

    aimed to evaluate the adaptability and stability of 10 common bean cultivars in the

    south of Tocantins State, on in four different environments. The experimental design

    was a randomized black desing, with four replications. The experiments were

    conducted in the season of 2010 until 2012, in the experimental campus station of the

    Tocantins Federal University, Gurupi. To evaluate the parameters of adaptability and

    stability the Eberhart and Russel, Centroid and Annicchiarico methods were used,

    based on grain productivity (kg ha-1

    ). It was concluded that the methods allowed

    selecting bean cultivars to specific conditions. The methodologies of Eberhart and

    Russel, Centroide and Annicchiarico presented similarity in relation to the

    identification of the IPR Juriti, IPR Colibri and IPR Corujinha cultivars, being

    considerated productive, stable and adaptable. The IAC Una cultivar is indicated to

    favorable environments and the IPR Eldorado and IAC Carioca Eté cultivars are

    recommended for the productivity in unfavorable conditions.

    Key words: Phaseolus vulgaris L., yield; productivity; cultivar interaction x

    environment; savannah.

  • 17

    INTRODUÇÃO

    O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) tem importante participação na dieta

    alimentar da população mundial, exercendo relevante função na segurança alimentar e

    nutricional da população. O Brasil vem se destacando como um dos principais

    produtores e consumidores de feijão comum do mundo, sendo que, seu cultivo ocorre

    em todas as regiões do país, podendo ser cultivado nas três safras. A produção

    brasileira de feijão na safra 2013/2014 foi de 3.384,5 mil toneladas, insuficiente para

    atender a demanda interna do feijoeiro comum de 3.450,0 mil toneladas (CONAB,

    2014).

    Atualmente, a participação do Estado do Tocantins na produção nacional de

    feijão é pouco expressiva, entretanto, apresenta potencial para elevar os índices de

    produção no país, principalmente, nos cultivos da 3º safra conhecida como safra de

    “inverno” ou “entressafra”, que atingiu produtividades de grãos de 1.635 kg ha-1

    na

    safra 2013/2014, sendo superior a média nacional de produtividade que é de 1.118 kg

    ha-1

    (CONAB, 2014).

    No Brasil, o feijão comum é cultivado em condições ambientais diversas, no

    entanto, existe a carência de informação quanto ao comportamento das cultivares

    quando submetidas a esses ambientes. O conhecimento da existência ou ausência da

    interação das cultivares versus ambientes e a predominância da natureza desta

    interação são fatores que contribuem para melhor identificação e seleção dos genótipos

    potencialmente superiores.

    Segundo Cruz et al. (2012) a interação pode ser de natureza simples ou

    complexa, sendo que a indicação de cultivares não pode ser feita de forma

    generalizada quando detectada a existência da interação do tipo complexa. Além do

    mais, o conhecimento dessa interação esclarece sobre a necessidade de estudos mais

    detalhadas para auxiliar na indicação de cultivares, como as análises de adaptabilidade

    e estabilidade que tem sido uma ferramenta usualmente empregada permitindo uma

    maior precisão na seleção e recomendação de cultivares.

    Diversos autores (OLIVEIRA et al., 2006; PEREIRA et al., 2009a; PEREIRA et

    al., 2009b; PERINA et al., 2010) relataram a importância de conhecer a adaptabilidade

    e estabilidade das cultivares, uma vez que fornecem as informações mais minuciosas

  • 18

    sobre o desempenho de cada cultivar referente às diversas variações ambientais em

    condições específicas ou amplas (CRUZ et al., 2012). Segundo Elias et al. (2007) a

    adaptabilidade refere-se à capacidade dos genótipos em responder à melhoria do

    ambiente, e a estabilidade é a capacidade dos genótipos terem comportamento

    previsível em decorrência às oscilações nas condições ambientais.

    Segundo Borges et al. (2000), aspectos como facilidade de análise e

    interpretação dos resultados devem ser considerados no momento da escolha dos

    métodos. Os principais métodos são baseados na regressão (FINLAY e WIKINSON,

    1963; EBERHART e RUSSEL, 1966 e; TAI, 1971), na análise não paramétrica

    (HUEHN, 1990; LIN e BINNS, 1988), nos componentes principais do Centróide

    (ROCHA et al., 2005) e na análise de variância (PLAISTED e PETERSON, 1959;

    ANNICCHIARICO, 1992).

    Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar a adaptabilidade e

    estabilidade de 10 cultivares de feijão comum, em quatros ambientes, no sul do Estado

    do Tocantins por intermédio das metodologias propostas por Eberhart e Russel,

    Centróide (Rocha et al., 2005) e Annicchiarico.

    MATERIAL E MÉTODOS

    Neste trabalho foram utilizados os dados de produtividade de grãos (kg ha-1

    ) de

    dez cultivares de feijão comum em quatro ambientes. Os ambientes foram

    caracterizados de acordo com a adubação e o ano de cultivo, sendo que o ambiente 1

    (120 kg ha-1

    de P2O5, 70 kg ha-1

    de K2O e 90 kg ha-1

    de N, em 2010), ambiente 2 (120

    kg ha-1

    de P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 90 kg ha-1

    de N, em 2012), ambiente 3 (20 kg ha-1

    de P2O5, 70 kg ha-1

    de K2O e 90 kg ha-1

    de N, em 2010) e ambiente 4 (20 kg ha-1

    de

    P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 90 kg ha-1

    de N, em 2012). A adubação de cobertura do

    nitrogênio foi realizada aos 20 dias após a emergência.

    O solo da área experimental era um Latossolo Vermelho - Amarelo distrófico,

    textura média (EMBRAPA, 2013). Os experimentos foram conduzidos na estação

    experimental da Universidade Federal do Tocantins - Campus Universitário de

    Gurupi, no período de entressafra, com plantio em julho de 2010 e junho de 2012. O

  • 19

    município de Gurupi localiza-se na região sul do Estado do Tocantins, 11º 43` 45``

    latitude sul e 49º 04` 07`` longitude oeste, 280m altitude.

    Para realização do estudo foram utilizadas cultivares do Instituto Agronômico de

    Campinas (IAC) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), sendo a IAC Centauro,

    IAC Galante, IAC Carioca Eté, IAC Una, IPR Juriti, IPR Colibri, IPR Eldorado, IPR

    Siriri, IPR Tiziu e IPR Corujinha. Na Tabela 1 encontram-se as informações referentes

    às principais descrições das dez cultivares de feijoeiro comum.

    Tabela 1: Principais características agronômicas e nutricionais de dez cultivares de

    feijão comum utilizadas no estudo de adaptabilidade e estabilidade no sul do Estado

    do Tocantins. Tocantins, 2014.

    Cultivares Classe comercial Arquitetura Ciclo Teor de proteínas (%)

    IAC Centauro Mulatinho Ereto 92 dias 22

    IAC Galante Rosinha Ereto 92 dias 22

    IAC Carioca Eté Carioca Ereto 95 dias 24,64

    IAC Una Preto Ereto 92 dias 24,1

    IPR Juriti Carioca Ereto 89 dias 22,4

    IPR Colibri Carioca Ereto 67 dias 22,68

    IPR Eldorado Carioca Semiereto 75 dias 21

    IPR Siriri Carioca Semiereto 85 dias 21

    IPR Tiziu Preto Ereto 89 dias 24,5

    IPR Corujinha Pintado Ereto 87 dias 25

    Informações retiradas do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

    O sistema de preparo de solo foi de forma convencional com aração e gradagem.

    Os ensaios foram conduzidos em delineamento experimental de blocos casualizados

    com quatro repetições. Cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de

    4,0 m de comprimento, espaçadas 0,45 m entre as fileiras. A área útil foi de 2,7 m2,

    considerando as duas linhas centrais com 3,0 m de comprimento cada, desprezando-se

    a 0,5 m das extremidades, sendo que a densidade final de plantas foi de 12 plantas por

    metro linear.

    Visualizam-se na Tabela 2 os dados da análise química e física do solo na

    camada de 0-20 cm antes da implantação dos experimentos.

  • 20

    Tabela 2: Resultados da análise química e física do solo das amostras coletadas a

    profundidade 0-20 cm, na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins-

    Gurupi, 2010-2012.

    Amostras

    P K Ca+Mg H+Al Al V M.O pH Areia Silte Argila

    Mehlich mg dm-3 ------ cmol dm-3 ----- ----- (%) ---- CaCl2 ---------- g kg-1 -----------

    Ambiente 1 4,9 25,5 1,1 1,4 0,0 45,1 1,5 5,1 737,9 26,1 236,0

    Ambiente 2 2,1 18,0 2,9 1,6 0,1 64,8 1,4 5,2 737,9 26,1 236,0

    Ambiente 3 4,9 25,5 1,1 1,4 0,0 45,1 1,5 5,1 737,9 26,1 236,0

    Ambiente 4 3,2 23,6 3,1 3,0 0,0 51,4 1,1 5,4 737,9 26,1 236,0

    Os tratos culturais foram realizados de acordo com a necessidade das plantas,

    controlando as plantas daninhas e pragas, sendo a aplicação de produtos químicos

    realizado conforme a recomendação da cultura. As doenças foram monitoradas e

    avaliadas durante o ciclo das plantas, observando-se que durante o cultivo não houve

    evolução significativa na incidência de doenças. O suprimento de água necessária foi

    disponibilizado pelo sistema de aspersão convencional com turno de rega de dois dias,

    com período de funcionamento de duas horas, seguindo a recomendação para Santo

    Antônio de Goiás - GO (CURI e CAMPELO JÚNIOR, 2001) (Figura 1).

    Dias após a semeadura

    Figura 1: Dados de precipitação (P), temperatura mínima (TºC Min), e máxima (TºC

    Max) durante o desenvolvimento do feijão comum na entressafra 2010 (A) e

    entressafra 2012 (B) (BDMEP, 2013).

  • 21

    A colheita foi realizada após estádio de maturação fisiológica (R9), onde se

    avaliou o rendimento de grãos da área útil da parcela em quilogramas, com correção

    para 13% de umidade, transformando os dados para kg ha-1

    .

    Os dados de produtividade de grãos foram submetidos à análise de variância,

    considerando-se o efeito de tratamentos como fixos e os demais como aleatórios. Em

    seguida, foi realizada a análise conjunta dos ensaios. Para isso, verificou-se a razão

    entre o maior e o menor quadrado médio do resíduo, constatando que este valor foi

    superior a sete, indicado por Pimentel-Gomes (2000), como limite mínimo para que as

    variâncias residuais não sejam consideradas homogêneas. Realizou-se o ajuste dos

    graus de liberdade da interação dos genótipos com ambientes, para análise adequada

    dos testes de hipóteses.

    As estimativas da parte complexa da interação foram obtidas por meio da

    metodologia proposta por Cruz e Castoldi (1991), em que a parte complexa é expressa

    por:

    Onde:

    Q1= maior quadrado médio entre genótipos nos dois locais;

    Q2 = menor quadrado médio entre genótipos nos dois locais;

    r = coeficiente de correlação simples entre genótipos nos dois locais.

    A decomposição da interação em partes complexa foi realizada em pares de

    ambientes sendo considerados locais divergentes aqueles que apresentaram

    percentagem da interação complexa acima de 50%. Após a verificação da existência

    da interação do tipo complexa, os dados foram submetidos às análises de

    adaptabilidade e estabilidade para melhor seleção e recomendação das cultivares.

    A análise de adaptabilidade e estabilidade das cultivares foi realizada pelos

    seguintes métodos: Eberhart e Russel (1966), Centróide (ROCHA et al., 2005) e

    Annicchiarico (1992).

    O método proposto por Eberhart e Russell (1966) fundamenta-se na análise de

    regressão linear simples, sendo que a adaptabilidade é fornecida pela estimativa do

    parâmetro de coeficiente de regressão (β1i) e pela produtividade média (β0i). Enquanto

    que, a estabilidade pela variância dos desvios da regressão (α2di), segundo o modelo:

    Yij= β0i + β1i Ij + αij + Ɛij

  • 22

    Onde:

    Yij: é a média do genótipo i no ambiente j;

    β0i: equivale à média geral do genótipo i;

    β1i: corresponde ao coeficiente de regressão linear, cuja estimativa representa a

    resposta do i-ésimo genótipo à variação do ambiente j;

    Ij: é o índice de ambiente codificado (Ʃj Ij =0), dado por

    para g genótipos e a ambientes;

    αij: equivale ao desvio da regressão;

    Ɛij: é o erro experimental médio.

    O método de Annicchiarico (1992) baseia-se no índice de confiança genotípico,

    estimado por: Wi(g) = û (g) – Z (1-α) α z I (r), em que û (g) é a média porcentual das

    cultivares; α z I (r), é o desvio padrão dos valores de Zij, associado ao i-ésimo genótipo;

    Z (1-α) é o percentil da função de distribuição normal padrão, sendo que o coeficiente

    de confiança adotado foi de 75%, ou seja, α = 0,25.

    O método do Centróide (ROCHA et al., 2005) consiste da comparação de

    valores de distância cartesiana entre as cultivares e quatro (I, II, III e IV) referências

    ideais (ideótipos), uma vez que os ambientes são classificados em favoráveis e

    desfavoráveis, segundo o índice ambiental proposto por (FINLAY e WILKINSON,

    1963).

    Com base nos dados experimentais, verifica-se que a máxima adaptabilidade

    geral (ideótipo I) é aquela que apresenta os valores máximos obtidos para todos os

    ambientes estudados. A máxima adaptabilidade específica a ambientes favoráveis

    (ideótipo II) são representados por máxima resposta em ambientes favoráveis e

    mínima resposta em ambientes desfavoráveis (ideótipo II), e máxima resposta em

    ambientes desfavoráveis e mínima em ambientes favoráveis (ideótipo III). O ideótipo

    de mínima adaptabilidade (ideótipo IV) é aquele que apresenta os menores valores

    obtidos no conjunto de genótipos estudados de acordo com metodologia recomendada

    por Rocha et al. (2005).

    Equação do índice ambiental:

  • 23

    Yij: média do genótipo i no ambiente j;

    Y..:total das observações;

    a: número de ambientes;

    g: número de genótipos.

    Todas as análises foram efetuadas com o auxílio do Programa Genes (CRUZ,

    2006).

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    O resumo da análise de variância conjunta para o caráter produtividade de grãos

    (kg ha-1

    ) encontra-se na Tabela 3, e nele observa-se a existência de diferenças

    significativas (P≤0,01) entre ambientes e para a interação cultivares versus ambientes.

    Percebe-se também a existência da interação G ×A em estudos com o feijão comum e

    outras espécies (BURATTO et al., 2007; ROCHA et al., 2010; PEREIRA et al., 2012;

    DOMINGUES et al., 2013; POLIZEL et al., 2013). Constatou-se ainda que a média

    geral de produtividade de grãos para todos os ambientes foi de 1.054,44 kg ha-1

    e o

    coeficiente de variação (CV) de 33,05%. Este valor de CV não é considerado como

    inadequado, pois, segundo Blum (1988) estudo englobando estresse mineral podem

    apresentar valores mais elevados de coeficiente de variação.

    Tabela 3: Resumo da análise de variância conjunta da produtividade de grãos (kg ha-1

    )

    de dez cultivares de feijão comum, cultivados em quatro ambientes. Gurupi, Tocantins.

    Fonte de variação GL QM F

    Blocos/amb 9 -------- ------

    Cultivares (C) 9 358060,03 1,33ns

    Ambientes (A) 3 7308643,47 60,15**

    C x A 21(1)

    268645,30 2,21**

    Resíduo 71 (1)

    121495,51 ------

    Média 1.054,44

    CV (%) 33,05

    ns não significativo;

    ** significativo para P ≤ 0,01;

    *Significativo para P ≤ 0,05 pelo teste F.

    (1) Graus de

    liberdade ajustado (Pimentel-Gomes, 2000).

  • 24

    As estimativas da parte complexa da interação foram determinadas acordo com o

    método de Cruz e Castoldi (1991) podendo ser visualizada na tabela 4. Percebe-se que

    cinco dos seis pares de combinações de ambientes apresentaram interação

    predominantemente do tipo complexa com valores acima de 50%, demonstrando

    assim que os genótipos tiveram desempenhos diferentes conforme as variações

    ambientais submetidas. Dessa forma, a indicação das cultivares é dificultada, havendo

    a necessidade de análises mais detalhadas para recomendação de acordo com as

    particularidades do ambiente. Assim, as análises da adaptabilidade e da estabilidade

    são necessárias, pois possibilita uma maior segurança na indicação de cultivares.

    Tabela 4: Combinações de ambientes e porcentagem da parte complexa da interação,

    de acordo com a metodologia de Cruz e Castoldi (1991), nos experimentos de feijão

    comum no sul do estado do Tocantins. Gurupi-TO, 2014.

    Pares de ambientes Parte complexa da interação (%)

    A1 x A2 95,58

    A1 x A3 57,98

    A1 x A4 101,70

    A2 x A3 38,75

    A2 x A4 73,00

    A3 x A4 67,50

    Quanto à produtividade de grãos em cada ambiente (Tabela 5), observam-se

    médias de 1.498,34; 1.333,04; 614,18 e; 772,21kg ha-1

    , respectivamente, para os

    ambientes A1, A2, A3 e A4. Verificam-se nos ambientes A1 e A2 maiores médias de

    produtividade de grãos, o que já era esperado, pois cultivo ocorreu em condição ideal

    de fósforo resultando em bom crescimento e desenvolvimento da cultura do feijoeiro,

    enquanto que, nos ambientes A3 e A4 o cultivo ocorreu sob estresse mineral de

    fósforo. Os coeficientes de variação (%) de cada ambiente (Tabela 4) oscilaram de

    14,36 % (A3) a 30,53 % (A4). Observa-se ainda que os ambientes foram classificados

    de acordo com o índice ambiental, sendo identificados como ambientes favoráveis (A1

    e A2) e ambientes desfavoráveis (A3 e A4).

  • 25

    Tabela 5: Média da produtividade de grãos (Yj), quadrado médio do resíduo (QM) e

    coeficiente de variação (CV) de dez cultivares de feijão comum, cultivados em quatros

    ambientes (A1, A2, A3 e A4) em Gurupi, Tocantins

    Ambiente Yj QM (resíduo) CV

    (%)

    Índice Classe

    A1 1.498,34 112066,37 22,34 443,89 Favorável

    A2 1.333,04 135848,58 27,64 278,59 Favorável

    A3 614,18 7787,98 14,36 -440,26 Desfavorável

    A4 772,21 55609,09 30,53 -282,23 Desfavorável

    Média geral 1.054,44

    Os dados de produtividade de grãos das cultivares em diferentes ambientes estão

    expostos na Tabela 6. Dessa forma, observa-se que a diferença de produtividade de

    grãos das cultivares pode ser um indicativo da existência de variabilidade genética.

    Considerando a média geral (Yij) das cultivares nos quatros ambientes, observa-se que

    a produtividade de grãos variou de 1.215,57 kg ha-1

    (IAC Una) a 766,53 kg ha-1

    (IAC

    Galante), sendo que as cultivares (IAC Una, IPR Eldorado, IPR Colibri, IPR Juriti,

    IPR Siriri e IPR Corujinha) apresentaram média de produtividade de grãos acima de

    1.000 kg ha-1

    . Rocha et al. (2010) avaliando 27 ambientes no estado do Paraná

    encontraram resultados semelhantes aos obtidos neste estudo para a produtividades de

    grãos dos cultivares IPR Colibri e IPR Juriti.

    Tabela 6: Média de produtividade de grãos (kg ha-1

    ) de dez cultivares de feijão comum

    em quatro ambientes, em Gurupi - TO.

    Cultivares

    Ambientes

    A1 A2 A3 A4 Média geral (Yi)

    IAC Centauro 1.481,15 1.306,08 663,14 489,48 984,96

    IAC Galante 1.388,07 1.045,4 416,98 215,66 766,53

    IAC Carioca Eté 1.400,57 1.004,69 546,93 1.115,85 994,51

    IAC Una 1.861,05 1.580,49 714,17 706,56 1.215,57

    IPR Juriti 1.586,33 1.560,51 687,25 795,75 1.157,57

    IPR Colibri 1.503,05 1.565,89 789,33 822,32 1.170,15

  • 26

    IPR Eldorado 1.124,31 1.776,27 528,14 1.347,42 1.194,04

    IPR Siriri 1.799,40 1.110,82 569,06 914,65 1.098,48

    IPR Tiziu 1.284,53 999,57 650,63 517,22 862,99

    IPR Corujinha 1.554,91 1.380,67 666,14 797,18 1.099,72

    Média geral 1.498,34 1.333,04 614,18 772,21

    Quanto à média geral dos ambientes, constata-se resultados de produtividade de

    grãos para ambiente 1 (1.498,34 kg ha-1

    ), ambiente 2 (1.333,04 kg ha-1

    ), ambiente 4

    (772,21 kg ha-1

    ) e ambiente 3 (614,18 kg ha-1

    ). Observa-se ainda que a IPR Juriti, IPR

    Colibri e IPR Corujinha apresentaram resultados superiores à média geral em todos os

    ambientes (Tabela 6).

    Os dados da adaptabilidade e estabilidade das cultivares obtida pelas

    metodologias proposto por Eberhart e Russell, Annicchiarico e Centróide (ROCHA et

    al., 2005) podem ser visualizados nas Tabelas 7, 8 e 9.

    Tabela 7: Estimativa de adaptabilidade geral e específicas (favorável e desfavorável)

    obtidas pela metodologia centróide (ROCHA et al., 2005), em Gurupi-TO

    Cultivares Média (kg ha-1

    ) Classe P (I) P (II) P (III) P (IV)

    IAC Centauro 984,96 IV 0,1875 0,2800 0,2009 0,3317

    IAC Galante 766,53 IV 0,1062 0,1800 0,1283 0,5854

    IAC Carioca Eté 994,51 III 0,2070 0,1604 0,4161 0,2165

    IAC Una 1.215,57 II 0,3014 0,3352 0,1785 0,1848

    IPR Juriti 1.157,57 I 0,3022 0,274 0,2176 0,2063

    IPR Colibri 1.170,15 I 0,3058 0,2484 0,238 0,2078

    IPR Eldorado 1.194,04 I 0,3227 0,1862 0,3079 0,1832

    IPR Siriri 1.098,48 I 0,2730 0,2304 0,2688 0,2278

    IPR Tiziu 862,99 IV 0,1464 0,1806 0,2192 0,4538

    IPR Corujinha 1.099,72 I 0,2665 0,2491 0,2494 0,2350

    Média geral 1.054,44

    Classe I: Adaptabilidade geral (++); Classe II: Adaptabilidade específica a ambientes favoráveis (+-); Classe

    III: Adaptabilidade específica a ambientes desfavoráveis (+-); Classe IV: Pouco adaptado (--).

  • 27

    A análise dos dados pelo método Centróide (Tabela 7) classificou cinco das 10

    cultivares como sendo de adaptabilidade geral (IPR Eldorado, IPR Colibri, IPR Juriti,

    IPR Siriri e IPR Corujinha). Já a cultivar IAC Una foi identificada como de

    adaptabilidade média a ambiente favorável e o IAC Carioca Eté como de

    adaptabilidade média a ambiente desfavorável. Por fim, as cultivares IAC Galante,

    IPR Tiziu e IAC Centauro foram classificadas como pouco adaptadas às condições de

    cultivo que foram submetidos.

    Com base na metodologia sugerida por Annicchiarico (Tabela 8), a estabilidade

    é avaliada pela superioridade da cultivar em relação à média em cada ambiente. Desta

    forma, calcula-se um índice de confiança (Wi) de um determinado cultivar, sendo

    considerada a cultivar mais estável aquela que apresentar valor superior à média, com

    índice de confiança (Wi ≥ 100), ou seja, apresentando assim resposta igual ou superior

    à média da cultivar.

    Tabela 8: Média geral da produtividade de grãos (kg ha-1

    ), Índice de confiança geral

    (Wi), Índice de confiança desfavorável (Wid) e Índice de confiança favorável (Wif)

    baseado pelo método Annicchiarico, em Gurupi-TO.

    Cultivares Média geral Wi Wid Wif

    IAC Centauro 984,96 86,67 77,06 98,24

    IAC Galante 766,53 59,12 40,18 82,78

    IAC Carioca Eté 994,51 87,93 95,89 80,92

    IAC Una 1.215,57 108,67 99,09 120,29

    IPR Juriti 1.157,57 107,75 105,76 109,30

    IPR Colibri 1.170,15 109,79 113,24 105,57

    IPR Eldorado 1.194,04 104,67 113,13 92,88

    IPR Siriri 1.098,48 98,58 100,56 94,60

    IPR Tiziu 862,99 78,79 78,92 78,27

    IPR Corujinha 1.099,72 104,08 104,83 103,63

    Alfa = 0,25; Z(1-alfa) = 0,2734

    Segundo o índice de confiança (Wi) recomendam-se o uso das cultivares IPR

    Colibri, IAC Una, IPR Juriti, IPR Eldorado e IPR Corujinha para as diversas

  • 28

    condições ambientais. Para os ambientes desfavoráveis (Wid) as cultivares IPR

    Eldorado, IPR Colibri, IPR Juriti, IPR Corujinha e IPR Siriri foram classificadas como

    sendo mais estáveis. Isso pode estar relacionado a uma possível tolerância desse grupo

    de cultivares as condições adversas do ambiente, podendo assim ser indicadas para os

    agricultores que utilizam baixo nível fósforo. Já, a IAC Una, IPR Juriti, IPR Colibri e

    IPR Corujinha tiveram valores de (Wi) superiores a 100, sendo, desse modo,

    consideradas adequadas para ambientes favoráveis (Wif) por apresentarem

    desempenho mais estável nessas condições (Tabela 8). Pereira et al. (2009b)

    recomendam o uso do método Annicchiarico para o feijoeiro comum, devido a

    facilidade de identificação dos genótipos mais estáveis e pela simplicidade da análise.

    Verifica-se a classificação dos quatros ambientes de acordo com o índice

    ambiental (favorável e desfavorável) descrito por ANNICCHIARICO (Tabela 8).

    Conforme a análise de adaptabilidade e estabilidade identificou com índice ambiental

    favorável para os ambientes A1 e A2; e índice ambiental desfavorável para os

    ambientes A3 e A4 (Tabela 4).

    Os resultados dos parâmetros de adaptabilidade e estabilidade como

    produtividade média de grãos (β0i), as estimativas dos coeficientes de regressão (β1i),

    desvios da regressão (α2di) e coeficiente de determinação (R

    2i), obtidos segundo o

    método de Eberhart e Russell (1966) encontram-se na Tabela 9.

    Tabela 9: Estimativa da produtividade média de grãos (β0i), coeficientes de regressão

    (β1i), desvios da regressão (α2di) e coeficiente de determinação (R

    2i) obtidos pelo método

    Eberhart e Russel (1966), de dez cultivares de feijão comum, em Gurupi-TO.

    Cultivares β0i β1i (1)

    α2di

    (2) R

    2i (%)

    IAC Centauro 984,96 1,07ns

    10339,06 ns

    91,31

    IAC Galante 766,53 1,20ns

    23963,11 ns

    90,11

    IAC Carioca Eté 994,51 0,70ns

    78793,93 **

    57,84

    IAC Una 1.215,57 1,37**

    -6490,55 ns

    97,45

    IPR Juriti 1.157,57 1,11ns

    -12217,41 ns

    97,77

    IPR Colibri 1.170,15 0,95ns

    -3587,57 ns

    93,85

    IPR Eldorado 1.194,04 0,69ns

    252907,76 **

    32,68

  • 29

    IPR Siriri 1.098,48 1,09ns

    54894,60 * 81,40

    IPR Tiziu 862,99 0,75ns

    2466,24 ns

    87,55

    IPR Corujinha 1.099,72 1,01ns

    -19759,88 ns

    99,91

    Média geral 1.054,44

    (1) ns

    não significativo; **

    significativo para P ≤ 0,01; *Significativo para P ≤ 0,05 pelo teste t. (2)

    ns não

    significativo; **

    significativo para P ≤ 0,01; *Significativo para P ≤ 0,05 pelo teste F.

    As cultivares IPR Juriti, IPR Colibri e IPR Corujinha apresentaram

    produtividade acima da média geral (β0i), coeficientes regressão estatisticamente igual

    a 1 (Β1i = 1) e desvio da regressão (α2di) não significativos, dessa maneira, foram

    classificadas com ampla adaptabilidade e alta estabilidade (Tabela 9). Além disso,

    apresentaram elevados (acima de 93%) coeficientes de determinação (R2i) indicando

    assim, ajustamento da equação. Segundo Cruz et al. (1989), um cultivar com

    desempenho ideal é aquele que apresenta alta produtividade, ampla adaptabilidade,

    alta previsibilidade, além do coeficiente de determinação acima de 80%. Pereira et al.

    (2009a) avaliando 16 genótipos em 45 ambientes da Região Central do Brasil

    consideraram a cultivar BRS Estilo aquela que apresentou uma performance ideal.

    Das dez cultivares analisadas seis obtiveram produtividade de grãos acima da

    média geral (1.054,44 kg ha-1

    ), sendo elas IAC Una, IPR Eldorado, IPR Colibri, IPR

    Juriti, IPR Corujinha e IPR Siriri, com produtividade de grãos 1.215,57 kg ha-1

    ;

    1.194,04 kg ha-1

    ; 1.170,15 kg ha-1

    ; 1.157,57 kg ha-1

    ; 1.099,72 kg ha-1

    ; 1.098,48 kg ha-

    1, respectivamente (Tabela 9). As cultivares IAC Centauro, IAC Galante, IAC Carioca

    Eté, IPR Eldorado, IPR Siriri, IPR Juriti, IPR Colibri, IPR Tiziu e IPR Corujinha

    apresentaram ampla adaptabilidade (Β1i = 1), podendo ser cultivadas tanto em

    ambientes favorável (sem estresse de fósforo) como desfavorável (com estresse de

    fósforo). Esses resultados corroboram os obtidos por Buratto et al. (2007) que

    utilizando a mesma metodologia encontraram resultados semelhantes dos parâmetros

    avaliados para a cultivar IPR Colibri, só diferiu na identificação por apresentar

    adaptabilidade para ambientes favoráveis. Por outro lado a cultivar IAC Una mostrou-

    se com adaptabilidade a ambiente favorável (B1 i>1).

    Considerando a estabilidade das cultivares estudadas, evidencia-se que IAC

    Una, IPR Colibri, IPR Juriti, IPR Corujinha, IAC Centauro, IAC Galante e IPR Tiziu

  • 30

    foram consideradas os mais estáveis, além do elevado coeficiente de determinação

    com valores oscilando de 87,55 a 99,91%.

    Comparando as três metodologias (Tabelas 7, 8 e 9), observa-se que os métodos

    foram concordantes na identificação das cultivares IPR Juriti, IPR Colibri e IPR

    Corujinha, como sendo as mais produtivas com ampla adaptabilidade e alta

    estabilidade. A cultivar IPR Eldorado apresentou ampla adaptabilidade e alta

    estabilidade nos métodos de Annicchiarico e Centróide, entretanto, a IPR Eldorado é

    considerada de baixa previsibilidade pelo método Eberhart e Russel.

    Avaliando os resultados de ambos os métodos para indicação das cultivares para

    ambiente com condições favoráveis, percebe-se a concordância entre as metodologias

    estudadas na classificação da IAC Una considerando adaptável e com alta

    previsibilidade para ambiente favorável. Quanto à classificação das cultivares com

    adaptabilidade para ambientes desfavoráveis, constata-se que a cultivar IAC Carioca

    Eté foi identificado pelo método Centróide e as cultivares IPR Juriti, IPR Colibri, IPR

    Eldorado, IPR Siriri e IPR Corujinha no método de Annichiarico.

    Dentre o grupo de cultivares estudadas, evidencia-se a similaridade nos

    resultados dos métodos (Centróide e Annicchiarico) na identificação das cultivares

    IPR Centauro, IPR Galante e IPR Tiziu como sendo de baixa adaptabilidade e pouco

    estáveis, além do IAC Carioca Eté classificado como pouco estável (Annicchiarico e

    Eberhert e Russel). Diversos são os trabalhos (BURATTO et al., 2007; RIBEIRO et

    al., 2008; PEREIRA et al., 2009a; PEREIRA et al., 2009b; ROCHA et al., 2010;

    DOMINGUES et al., 2013) que utilizaram duas ou mais metodologia para estimar

    adaptabilidade e estabilidades das cultivares de feijão comum com base na

    produtividade de grãos. Ribeiro et al. (2008) estudaram a estabilidade e a

    adaptabilidade da produtividade de grãos de 12 genótipos de feijão, avaliados em doze

    ambientes. Os autores evidenciaram concordância entre as metodologias de

    (EBERHART e RUSSEL, 1966; LIN e BINNS MODIFICADO).

    Pereira et al. (2009b) avaliando cinco métodos no estudo de adaptabilidade e

    estabilidade de feijão comum, recomendaram a utilização conjunta dos métodos

    complementares, aconselhando o uso de um método do grupo (Lin e Binns, Lin e

    Binns modificado e Annicchiarico) e outro entre os métodos de (Eberhart e Russel,

    Cruz e Ammi). Porém, resultados diferentes foram observados por Domingues et al.

  • 31

    (2013) que compararam diferentes metodologias na identificação de cultivares de

    feijão comum adaptável e estável, utilizando dados de 10 ambientes e 17 linhagens,

    concluíram que os métodos não são concordantes.

    CONCLUSÃO

    1. Os métodos possibilitaram selecionar cultivares de feijão para condições

    específicas, indicando as melhores cultivares para os ambientes estudados (favorável e

    desfavorável);

    2. As metodologias de Eberhart e Russell, Centróide e Annicchiarico apresentaram

    similaridade quanto à identificação das cultivares IPR Juriti, IPR Colibri e IPR

    Corujinha, classificando-as como estáveis, adaptadas e mais produtivas;

    3. A cultivar IAC Una é indicada para os ambientes favoráveis estudados e as

    cultivares IPR Eldorado e IAC Carioca Eté são recomendadas para cultivo em

    condição desfavorável estudados.

  • 32

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • 36

    CAPÍTULO 2

    ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS

    DE FEIJÃO COMUM

    Resumo: O feijoeiro comum é cultivado praticamente em todos os Estados do Brasil,

    nas diversas condições edafoclimáticas, em diferentes níveis tecnológicos, épocas de

    plantio e sistema de cultivo. A identificação de cultivares mais promissores em

    diversos ambientes é uma das etapas fundamentais em um programa de melhoramento

    genético de plantas visando à recomendação de cultivares. Objetivou-se com este

    trabalho avaliar a adaptabilidade e estabilidade da produtividade de grãos de feijão

    comum, cultivados em seis ambientes, no sul do Estado do Tocantins. Os ensaios

    foram conduzidos em delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em

    três entressafras, nos anos de 2010 a 2012. Para a realização das análises de

    adaptabilidade e estabilidade utilizou-se as cultivares tipo comercial preto (IAC Una e

    BRS Esplendor), carioca (Princesa e IPR Colibri), mulatinho (IAC Centauro) e

    roxinho (Safira). Os métodos utilizados para avaliar a adaptabilidade e estabilidade

    foram Eberhart e Russel, Centróide e Annicchiarico. Concluiu-se que as metodologias

    do Centróide, Annicchiarico e Eberhart e Russel, com base na produtividade de grãos

    tornaram possível à identificação de cultivares promissores para ambientes de

    condições gerais e especificas (favoráveis e desfavoráveis). A cultivar IAC Centauro é

    indicada para ambiente de condição geral por ser produtivo, adaptável e estável. Nas

    condições de ambientes favoráveis, a IAC Una é a mais adequada por responder a

    melhoria do ambiente.

    Palavras chave: Phaseolus vulgaris L.; interação cultivar x ambiente; melhoramento.

  • 37

    ADAPTABILITY AND STABILITY OF GRAIN PRODUCTIVITY OF

    COMMON BEAN

    Abstract: The common bean is cultivated in almost all the states of Brazil, in different

    climate conditions, in a different technological levels, planting season and cropping

    system. The identification of the most promising cultivars in different environments is

    one of the fundamental steps in a breeding plant program aiming the recommendation

    of cultivars. This study aimed to evaluate the adaptability and stabaility of grain

    productivity of common bean, cultivated in six environments, in the south of

    Tocantins State. The tests were conducted in a random block design, with four

    repetitions, in three intercropping dry seasons in the years of 2010 to 2012. To perform

    the adaptability and stability analysis, cultivars of black bean commercial type (IAC

    Una and BRS Esplendor), carioca (Princesa and IPR Colibri), mulatinho (IAC

    Centauro) and roxinho (Safira) were used. The methods used to evaluate the

    adaptability and stability were Eberhart and Russed, Centroid and Annicchiarico. It

    was concluded that the Centroid, Annicchiarico and Eberhart and Russel

    methodologies, based on grain productivity, have become possible to the

    recommendation of cultivars for environments of general and specific conditions

    (favorable and unfavorable). The IAC Una and Princesa cultivars are indicated for

    general environmental conditions due to being productive, adaptable and stable. In

    favorable environmental conditions, the IAC Centauro, IAC Una and Princesa

    cultivars are the most suitable due to answering environmental improvement.

    Key words: Phaseolus vulgaris L.; cultivar interaction x environment; improvement.

  • 38

    INTRODUÇÃO

    O feijão comum é cultivado pela maioria dos Estados brasileiros, nas diversas

    condições edafoclimáticas, em diferentes níveis tecnológicos, épocas de plantio e

    sistemas de cultivo. A identificação de cultivares mais promissoras em diversos

    ambientes é uma das etapas fundamentais em um programa de melhoramento genético

    de plantas (PRADO et al., 2001; CRUZ et al., 2012). Uma vez que, determinados

    genótipos podem apresentar comportamentos diferenciados nos variados ambientes.

    Segundo Borém e Miranda (2013) a mudança no desempenho relativo dos genótipos,

    está associada diretamente com as diferenças de ambientes, denominando assim

    interação genótipos e ambientes.

    O estudo da interação genótipos versus ambientes torna-se de grande relevância

    para o melhorista, principalmente, com a existência da interação. Cruz et al. (2012)

    relatam que a presença da interação está associada a dois fatores: o primeiro

    denominado natureza simples o qual é proporcionado pela diferença entre genótipos,

    podendo a recomendação ser feita de forma generalizada; o segundo denominado

    complexo é dado pela falta de correlação entre os genótipos, existindo assim a

    possibilidade de um melhor genótipo em um ambiente não ser em outro. Desta forma,

    torna-se mais difícil a seleção e recomendação, sendo necessárias as análises de

    adaptabilidade e estabilidade para indicação de cultivares de acordo com cada

    ambiente.

    Diversos são os métodos usados para estimar a adaptabilidade e estabilidade das

    cultivares. Entre eles o método tradicional proposto por Eberhart e Russel (1966) que

    se baseia na regressão linear simples, é a metodologia mais empregada nos estudos

    desses parâmetros nas principais culturas como feijão (BURATTO et al., 2007;

    RIBEIRO et al., 2008; PEREIRA et al., 2009a; PEREIRA et al., 2009b;

    DOMINGUES et al., 2013) arroz (RAMOS et al., 2011), soja (PELUZIO et al., 2008;

    BARROS et al., 2008; BARROS et al., 2012; POLIZEL et al., 2013) e milho

    (CANCELLIER et al., 2012; CARVALHO et al., 2013). De acordo com Eberhart e

    Russel (1966), o genótipo ideal é aquele que apresenta produtividade média elevada,

    adaptabilidade ampla e desempenho altamente previsível.

  • 39

    Outra metodologia que usualmente tem sido utilizada é a descrita por

    Annicchiarico (1992), que também fornece informações sobre os genótipos estáveis

    entre os mais produtivos, de ser de fácil utilização (PEREIRA et al., 2012).

    O método centróide é outra opção para analisar a adaptabilidade dos cultivares,

    pois baseia-se na comparação da resposta individual das cultivares com a resposta de

    quatro cultivares ideais, observando a máxima ou mínima resposta em relação ao

    conjunto de dados avaliados, representando os genótipos de máxima adaptabilidade

    geral, adaptabilidade específica (favoráveis ou desfavoráveis), além de identificar os

    de mínima adaptabilidade (ROCHA et al., 2005).

    Objetivou-se com este trabalho avaliar a adaptabilidade e estabilidade da

    produtividade de grãos de feijão comum, cultivados em seis ambientes, no sul do

    Estado do Tocantins através das metodologias de Eberhart e Russel, Centróide e

    Annicchiarico.

    MATERIAL E MÉTODOS

    Os ensaios foram conduzidos na área experimental da Universidade Federal do

    Tocantins- Campus Universitário de Gurupi, no período de entressafra, com plantio

    em 12/06/2010, 21/06/2011 e 02/07/2012, em Latossolo Vermelho - Amarelo

    distrófico, textura média (EMBRAPA, 2013). O município de Gurupi localiza-se na

    região sul do Estado do Tocantins, 11º 43` 45`` latitude sul e 49º 04` 07`` longitude

    oeste, 280m altitude.

    Para a realização do estudo utilizaram-se os dados da produtividade de grãos de

    seis cultivares de feijão comum em seis ambientes. Os ambientes foram definidos de

    acordo com a adubação aplicada e ano de cultivo, sendo Gurupi I (120,7 kg ha-1

    de

    P2O5, 50 kg ha-1

    de K2O e 120 kg ha-1

    de N – entressafra de 2010), Gurupi II (113,9 kg

    ha-1

    de P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 120 kg ha-1

    de N – entressafra de 2011), Gurupi III

    (114,92 kg ha-1

    de P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 120 kg ha-1

    de N – entressafra de 2012),

    Gurupi IV (120,7 kg ha-1

    de P2O5, 50 kg ha-1

    de K2O e 21,3 kg ha-1

    de N – entressafra

    de 2010), Gurupi V (113,9 kg ha-1

    de P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 20,1 kg ha-1

    de N –

    entressafra de 2011) e Gurupi VI (114,92 kg ha-1

    de P2O5, 60 kg ha-1

    de K2O e 20,28 kg

    ha-1

    de N – entressafra de 2012). As cultivares utilizadas têm tipo de grãos comercial

  • 40

    preto (BRS Esplendor e IAC Una), carioca (IPR Colibri e Princesa), mulatinho (IAC

    Centauro) e roxinho (Safira).

    O preparo do solo foi semelhante para todos os experimentos, consistindo de

    aração e gradagens. Os experimentos foram conduzidos em delineamento experimental

    em blocos ao acaso com quatro repetições. Cada unidade experimental foi constituída

    por quatro linhas de 4,0 m de comprimento, espaçadas 0,45m entre fileiras. Como área

    útil foram utilizadas as duas linhas centrais desprezando-se 0,50 m das extremidades

    de cada linha e eliminando as duas linhas laterais, sendo o total da área útil de 2,7 m2.

    Verificam-se na Tabela 1 os resultados da análise química e física do solo nos seis

    ambientes na camada de 0-20 cm antes da implantação dos experimentos.

    Tabela 1: Resultados da análise química e física do solo das amostras coletadas a

    profundidade 0-20 cm, na estação experimental da Universidade Federal do Tocantins-

    Gurupi, entressafra de 2010, 2011 e 2012.

    Amostras

    P K Ca+Mg H+Al Al V M.O pH Areia Silte Argila

    Mehlich cmol dm-3 ------ cmol dm-3 ----- ----- (%) ---- CaCl2 ---------- g kg-1 -----------

    Gurupi I 1,1 0,1 5,0 4,7 0,0 52,0 2,9 4,6 735,2 57,2 207,6

    Gurupi II 15,6 0,1 1,6 1,3 0,0 56,6 4,7 4,5 735,2 57,2 207,6

    Gurupi III 9,9 0,08 1,4 0,23 0,0 88,2 1,1 5,3 735,2 57,2 207,6

    Gurupi IV 1,1 0,1 5,0 4,7 0,0 52,0 2,0 4,6 651,9 123,9 224,3

    Gurupi V 17,9 0,1 1,9 1,7 0,0 54,0 5,1 4,7 651,9 123,9 224,3

    Gurupi VI 11,1 0,08 1,5 1,0 0,0 61,5 1,3 5,5 651,9 123,9 224,3

    O controle de plantas daninhas e pragas foram realizados com produtos químicos

    de acordo com o recomendado para a cultura. Embora, as doenças estivessem

    presentes nos experimentos, observou-se baixa incidência durante todo o

    desenvolvimento da cultura. A irrigação foi realizada de acordo com as necessidades

    da cultura e seguindo recomendação para Santo Antônio de Goiás - GO (CURI e

    CAMPELO JÚNIOR, 2001). Utilizou-se sistema por aspersão convencional com turno

    de rega de dois dias, tendo um período de funcionamento de duas horas. A vazão dos

    aspersores utilizados com pressão na base de 20 mca propiciou lâmina d’água de 5,2

    mm/hora. (Figura 1).

  • 41

    Tem

    per

    atu

    ra (

    °C)/

    Prec

    ipit

    açã

    o (

    mm

    )

    Figura 1: Dados de precipitação, temperatura (ºC) mínima e máxima, ocorridas

    durante o cultivo do feijão comum. (BDMEP, 2013).

    Os dados de produtividade de grãos foram submetidos à análise de variância

    individual e, posteriormente, a análise conjunta, considerando o efeito das cultivares

    como fixos e os demais como aleatórios. Na análise conjunta, verificou-se a existência

    da homogeneidade das variâncias residuais dos experimentos obtidas pela razão entre

    o maior e o menor quadrado médio do resíduo dos experimentos (4,57), inferior ao

    valor 7,0, indicado por Pimentel-Gomes (2000) como limite para ter consideradas as

    variâncias residuais homogêneas.

    As estimativas da parte complexa da interação foram obtidas por meio da

    metodologia proposta por Cruz e Castoldi (1991), em que a parte complexa é expressa

    por:

    Dias após o plantio

  • 42

    Onde:

    Q1= maior quadrado médio entre genótipos nos dois locais;

    Q2 = menor quadrado médio entre genótipos nos dois locais;

    r = coeficiente de correlação simples entre genótipos nos dois locais.

    A decomposição da interação em partes complexa foi realizada em pares de

    ambientes sendo considerados locais divergentes aqueles que apresentaram

    percentagem da interação complexa acima de 50%, sendo a análise efetuada por meio

    do programa Genes (CRUZ, 2006). Após a verificação da existência da interação do

    tipo complexa, os dados foram submetidos às análises de adaptabilidade e estabilidade

    para melhor seleção e recomendação das cultivares.

    A análise de adaptabilidade e estabilidade dos genótipos foi realizada pelas

    metodologias de Annicchiarico (1992), Centróide (ROCHA et al., 2005) e Eberhart e

    Russel (1966) com o auxílio do Programa Genes (CRUZ, 2006).

    a) Método de Annicchiarico (1992): baseia-se no índice de confiança genotípico,

    estimado por: Wi(g) = û (g) – Z (1-α) α z I (r), em que û (g) é a média porcentual das

    cultivares; α z I (r), é o desvio padrão dos valores de Zij, associado ao i-ésimo genótipo;

    Z (1-α) é o percentil da função de distribuição normal padrão, sendo que o coeficiente

    de confiança adotado foi de 75%, ou seja, α = 0,25.

    b) Método de Centróide (ROCHA et al., 2005): consiste da comparação de valores

    de distância cartesiana entre os genótipos e quatro (I, II, III e IV) referências ideais

    (ideótipos), uma vez que os ambientes são classificados em favoráveis e desfavoráveis,

    segundo o índice ambiental proposto por (FINLAY e WILKINSON, 1963).

    Com base nos dados experimentais, verifica-se que a máxima adaptabilidade geral

    (ideótipo I) é aquele que apresenta os valores máximos obtidos para todos os

    ambientes estudados. A máxima adaptabilidade específica a ambientes favoráveis

    (ideótipo II) são representados por máxima resposta em ambientes favoráveis e

    mínima resposta em ambientes desfavoráveis (ideótipo II), e máxima resposta em

    ambientes desfavoráveis e mínima em ambientes favoráveis (ideótipo III). O ideótipo

    de mínima adaptabilidade (ideótipo IV) é aquele que apresenta os menores valores

  • 43

    obtido no conjunto de genótipos estudado de acordo com metodologia recomendada

    por Rocha et al. (2005).

    Equação do índice ambiental:

    Yij: média do genótipo i no ambiente j;

    Y..:total das observações;

    a: número de ambientes;

    g: número de genótipos.

    c) Método de Eberhart e Russell (1966): fundamenta-se na análise de regressão

    linear simples, sendo que a adaptabilidade é fornecida pela estimativa do parâmetro de

    coeficiente de regressão (β1i) e pela produtividade média (β0i). Enquanto que, a

    estabilidade pela variância dos desvios da regressão (α2di), segundo o modelo:

    Yij= β0i + β1i Ij + αij + Ɛij

    Onde:

    Yij: é a média do genótipo i no ambiente j;

    β0i: equivale à média geral do genótipo i;

    β1i: corresponde ao coeficiente de regressão linear, cuja estimativa representa a

    resposta do i-ésimo genótipo à variação do ambiente j;

    Ij: é o índice de ambiente codificado (Ʃj Ij =0), dado por

    para g genótipos e a ambientes;

    αij: equivale ao desvio da regressão;

    Ɛij: é o erro experimental médio.

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Observa-se na Tabela 2 o resumo da análise de variância conjunta para a

    característica produtividade de grãos (kg ha-1

    ). Detectou-se efeito significativo

    (P≤0,01) pelo teste F para ambientes e para a interação cultivares versus ambientes,

    indicando assim que o grupo de cultivares estudado apresentou comportamento

  • 44

    diferenciado em, pelo menos, um dos ambientes analisados. Diversos estudos com o

    feijoeiro comum têm relatado a existência da interação genótipos x ambientes

    (OLIVEIRA et al., 2006; BURATTO et al., 2007; PERINA et al., 2010; ROCHA et

    al., 2010; PEREIRA et al., 2012; DOMINGUES et al., 2013), sendo utilizados nesses

    trabalhos metodologias de adaptabilidade e estabilidade para facilitar a indicação de

    genótipos de acordo com as condições especificas de cada ambiente.

    Evidencia-se que a média geral de produtividade de grãos para todos os

    ambientes foi de 1.614,38 kg ha-1

    , sendo superior a média nacional de produtividade

    que é de 1.118 kg ha-1

    (CONAB, 2014). Rocha et al. (2010) estudando um grupo de 20

    genótipos de feijão comum, no Estado do Paraná, encontraram média geral de

    produtividade de grãos 1.442,90 kg ha-1

    . Resultados semelhantes também foram

    observados por diversos autores (BURATTO et al., 2007; PEREIRA et al., 2012;

    DOMINGUES et al., 2013). Estudos realizados por Ribeiro et al. (2008) no estado do

    Rio Grande do Sul, Pereira et al. (2009b) nos Estado de Goiás, Tocantins, Mato

    Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e no Distrito Federal e

    por Oliveira et al. (2006) no Estado de Minas Gerais encontraram médias de

    produtividades de grãos acima de 2.000 kg ha-1

    .

    Tabela 2: Resumo da análise de variância conjunta da produtividade de grãos (kg ha-1

    )

    de seis cultivares de feijão comum, cultivados em seis ambientes em Gurupi, Tocantins.

    Fonte de variação GL QM F

    Blocos/amb 15 ---------- ----------

    Cultivares (C) 5 1505802,28 1,42 ns

    Ambientes (A) 5 12156499,45 55,94**

    C x A 25 1057069,32 4,84**

    Resíduo 90 217295,58 --------

    Média 1.614,38

    CV (%) 28,87

    ns não significativo;

    ** significativo para P ≤ 0,01;

    *Significativo para P ≤ 0,05 pelo teste F.

    Após a confirmação da significância da interação, quantificou-se a natureza

    dessa interação conforme o método de Cruz e Castoldi (1991). Constatou-se que três

    dos quinze pares de combinações de ambientes apresentaram interação

  • 45

    predominantemente de natureza complexa com valores acima de 50%, demonstrando

    assim que os genótipos tiveram desempenhos diferenciados nos ambientes de cultivo

    (Tabela 3). Deste modo, observa-se que a indicação das cultivares pode ser

    prejudicada (CRUZ e CASTOLDI, 1991), havendo a necessidade de análises mais

    detalhadas para indicação de cultivares de acordo com a peculiaridade de cada

    ambiente, tornando assim necessário as análises da adaptabilidade e da estabilidade,

    visando maior confiança na recomendação de cultivares. Pereira et al. (2010)

    observando os efeitos da interação, identificaram pares de ambientes com interação

    complexa e simples.

    Tabela 3: Combinações de ambientes e porcentagem da parte complexa da interação,

    de acordo com a metodologia de Cruz e Castoldi (1991), nos seis ambientes

    cultivados com feijão comum no sul do estado do Tocantins. Gurupi-TO, 2014.

    Pares de ambientes

    Parte complexa

    da interação (%)

    Pares de ambientes

    Parte complexa

    da interação

    (%)

    Gurupi I x Gurupi II 24,46 Gurupi II x Gurupi VI 39,56

    Gurupi I x Gurupi III 19,78 Gurupi III x Gurupi IV 21,78

    Gurupi I x Gurupi IV 43,58 Gurupi III x Gurupi V 62,17

    Gurupi I x Gurupi V 37,13 Gurupi III x Gurupi VI 8,67

    Gurupi I x Gurupi VI 56,34 Gurupi IV x Gurupi V 31,86

    Gurupi II x Gurupi III 27,24 Gurupi IV x Gurupi VI 66,38

    Gurupi II x Gurupi IV 6,45 Gurupi V x Gurupi VI 39,55

    Gurupi II x Gurupi V 35,94

    As médias de produtividade de grãos dos ambientes oscilaram de 2.852,80 kg

    ha-1

    (Gurupi II) a 1.097,00 kg ha-1

    (Gurupi IV) podendo ser visualizadas na Tabela 4.

    Os coeficientes de variação (%) oscilaram entre 40,92 % (Gurupi IV) a 19,37%

    (Gurupi II). Os ambientes foram classificados de acordo com o índice ambiental, como

    ambientes favoráveis (Gurupi I e Gurupi II) e ambientes desfavoráveis (Gurupi III,

    Gurupi IV, Gurupi V e Gurupi VI).

  • 46

    Tabela 4: Média da produtividade de grãos (Yj), quadrado médio do resíduo (QM) e

    coeficiente de variação (CV) de seis cultivares de feijão comum, cultivados em seis

    ambientes em Gurupi, Tocantins.

    Ambiente Yj QM (resíduo) CV (%) Índice Classe

    Gurupi I 2.096,66 281612,18 25,31 482,27 Favorável

    Gurupi II 2.852,80 305355,32 19,37 1238,41 Favorável

    Gurupi III 1.284,35 145831,54 29,73 -330,02 Desfavorável

    Gurupi IV 1.112,42 207305,52 40,92 -501,96 Desfavorável

    Gurupi V 1.242,70 107664,38 26,40 -371,68 Desfavorável

    Gurupi IV 1.097,00 66722,42 23,53 -517,01 Desfavorável

    A produtividade de grãos variou entre 4.322,13 kg ha-1

    (Gurupi II) a 601,61 kg

    ha-1

    (Gurupi V), representado uma diferença de 3.720,52 kg ha-1

    entre os ambientes de

    maior e menor produtividade de grãos (Tabela 5). As cultivares IAC Una, Princesa,

    IAC Centauro, IPR Colibri, Safira e BRS Esplendor apresentaram média geral de

    produtividade de grãos de 1.921,18 kg ha-1

    , 1.840,76 kg ha-1

    , 1.673,52 kg ha-1

    ,

    1.552,28 kg ha-1

    , 1.450,33 kg ha-1

    e 1.248,22 kg ha-1

    , respectivamente. Resultados

    semelhantes aos obtidos neste estudo foram encontrados para o cultivar IPR Colibri

    (BURATTO et al., 2007; ROCHA et al., 2010). Observa-se ainda que a média geral

    das cultivares IAC Una, Princesa e IAC Centauro apresentaram resultados superiores à

    média geral 1.614,38 kg ha-1

    (Tabela 2).

    Tabela 5: Média de produtividade de grãos (kg ha-1

    ) de cultivares de feijão comum em

    seis ambientes, em