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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL MESTRADO EM GEOCIÊNCIAS ELIZABETH DA COSTA ANHAIA METODOLOGIA PARA CAPTURA E ACONDICIONAMENTO DO RÁDIO PRESENTE NA MATRIZ INDUSTRIAL FOSFOGESSO. NITERÓI 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE …livros01.livrosgratis.com.br/cp153005.pdf · Dissertação apresentada no Curso de ... na matriz industrial fosfogesso. ... uma idéia

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS GERAIS

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOQUÍMICA AMBIENTAL

MESTRADO EM GEOCIÊNCIAS

ELIZABETH DA COSTA ANHAIA

METODOLOGIA PARA CAPTURA E ACONDICIONAMENTO DO RÁDIO

PRESENTE NA MATRIZ INDUSTRIAL FOSFOGESSO.

NITERÓI

2010

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

1

ELIZABETH DA COSTA ANHAIA

METODOLOGIA PARA CAPTURA E ACONDICIONAMENTO DO RÁDIO

PRESENTE NA MATRIZ INDUSTRIAL FOSFOGESSO.

Dissertação apresentada no Curso de

Pós-Graduação em Geoquímica

Ambiental da Universidade Federal

Fluminense, como requisito obrigatório

para a obtenção do Grau de Mestre em

Geociências.

Orientador: Prof Dr Alfredo Victor Bellido Bernedo.

NITERÓI

2010

2

A596 Anhaia, Elizabeth da Costa.

Metodologia para captura e acondicionamento do rádio presente

na matriz industrial fosfogesso. / Elizabeth da Costa Anhaia. –

Niterói, RJ : [s.n.], 2010.

f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Geociências – Geoquímica

Ambiental) - Universidadade Federal Fluminense, 2010.

Orientador: Prof. Dr. Alfredo Victor Bellido Bernedo.

1. Rádio. 2. Radioatividade. 3. Radioisótopo.

4. Produção Intelectual. 5. Título.

CDD 539.752

3

ELIZABETH DA COSTA ANHAIA

METODOLOGIA PARA CAPTURA E ACONDICIONAMENTO DO RÁDIO

PRESENTE NA MATRIZ INDUSTRIAL FOSFOGESSO.

Dissertação apresentada no Curso de

Pós-Graduação em Geoquímica

Ambiental da Universidade Federal

Fluminense, como requisito obrigatório

para a obtenção do Grau de Mestre em

Geociências.

Aprovada em 30 de Agosto de 2010.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Alfredo Victor Bellido Bernedo - Orientador UFF

___________________________________________________________________

Prof. Dr. John Edmund lewis Maddock UFF

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Wilson Thadeu Valle Machado UFF

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Luis Fernando Bellido Bernedo CNEN

NITERÓI

2010

4

“Para chegar à realidade, uma idéia começa por se apoderar do

espírito; que a partir desse momento, não vê diante de si se não o

objetivo a atingir. Por vezes, esse objetivo parece intangível: quanto

mais nos adiantamos, mais ele nos parece distante. Mas que importa?

Os escravos de uma idéia são incapazes de desanimar”.

Marie Curie

5

Dedico este trabalho a meus pais Elisa e Antônio pelo apoio integral

e irrestrito, e a meus filhos Ricardo Henrique, Gabriel,

Rafael e Camila, pela compreensão do tempo

não compartilhado durante o período

desta minha realização

profissional.

6

AGRADECIMENTOS Ao Meu Orientador Alfredo Victor Bellido Bernedo, pela orientação e confiança.

Ao Chefe do serviço de metrologia de radionuclídeos SEMRA-LNMRI-IRD José Ubiratan Delgado por ceder a solução padrão.

Aos Pesquisadores que colaboraram cedendo material de sua própria pesquisa José Marcus de Oliveira Godoy IQ-PUC-Rio (fibra acrílica).

Alexandre de Malta Rossi CBPF/CNPQ (hidróxiapatita). Carlos Bauer Boechat IQ-UFF (flúorapatita). Aos Pesquisadores e Professores da Pós-Graduação, em especial Luis Fernando e Sambasiva: pelas sugestões e pelo conhecimento. Rose Mary, Wilson e John: pelas correções e colaborações.

A todos com os quais cursei disciplinas ou não e que, compreendendo minhas limitações de trabalhadora, concederam dilatação do prazo para esta defesa. Aos Colegas da Pós-Graduação, em especial Renata: por ceder as amostras e participar sempre com inúmeras contribuições.

Marquinhos e Clarissa: por atenderem com carinho a todas as minhas solicitações. Augusto, Aline, Marina, Patrícia, Lívia, Vivi e Victor e a todos com quem convivi durante o curso: por dividirem as incertezas e as alegrias em todos os momentos.

Às Amigas de trabalho

Marília, Frida, Sandra, dentre outras: cujo apoio, entusiasmo e preocupações

foram estímulos constantes nos momentos difíceis.

Aos amigos Guto, Toninho, Mauro, Magno, Waldeck: pelos momentos de descontração. A Minha Amiga e Mentora Acadêmica Julie Barnes: por me pegar pela mão em todos os momentos de necessidade.

7

SUMÁRIO

Folha de Aprovação

Epígrafe

Agradecimentos

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Símbolos

Resumo

Abstract

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 18

1.1. PRESENÇA DE RÁDIO NOS DIVERSOS COMPARTIMENTOS

AMBIENTAIS ...............................................................................................

22

2. BASE TEÓRICA ............................................................................................ 25

2.1. O ELEMENTO QUÍMICO RÁDIO ............................................................... 25

2.1.1. Propriedades físico-químicas do rádio ................................................ 26

2.1.2. Absorção do rádio pelo corpo humano ............................................... 28

2.1.3. Impacto radiológico referente à presença do rádio no ambiente ...... 28

2.2. FOSFOGESSO ........................................................................................... 31

2.3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 33

2.3.1. Medida da atividade do 226Ra no fosfogesso ....................................... 33

2.3.2. Estudos do 226Ra no fosfogesso ........................................................... 33

2.3.3. Extração de metais com ácido oxálico e oxalato ................................ 36

2.3.4. Sorventes ................................................................................................ 37

2.3.5. Colunas trocadoras de íons ................................................................. 43

3. OBJETIVO ..................................................................................................... 44

8

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICO ......................................................................... 44

3.2. HIPÓTESE .................................................................................................. 44

3. 3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 45

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 46

4.1. MATERIAIS ................................................................................................. 46

4.1.1. Fosfogesso ............................................................................................. 46

4.1.1.2. Amostragem .......................................................................................... 46

4.1.2. Metodologia desenvolvida ..................................................................... 48

4.1.3. Materiais sorventes................................................................................. 49

4.1.4. Reagentes ............................................................................................... 50

4.2. MÉTODO .................................................................................................... 51

4.2.1. Espectrometria de radiação gama ........................................................ 51

4.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................... 56

4.3.1. Descrição do método ............................................................................. 56

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 63

5.1. ATIVIDADE RADIOATIVA NO FOSFOGESSO .......................................... 63

5.2. ATIVIDADE RADIOATIVA NA SOLUÇÃO EXTRATORA ........................... 65

5.3. COMPARAÇÃO DOS MATERIAIS SORVENTES ...................................... 66

5.4. COMPARAÇÃO DOS MATERIAIS SORVENTES NO RÁDIO EXTRAÍDO

COM ADIÇÃO DE PADRÃO .......................................................................

67

5.5. COLUNAS TROCADORAS DE ÍONS ........................................................ 68

5.6. ACONDICIONAMENTO EM HIDRÓXIAPATITA E FLÚORAPATITA ......... 69

5.7. CÁLCULO DAS RECUPERAÇÕES OBTIDAS ........................................... 70

5.7.1. Extração do 226Ra do fosfogeso ............................................................ 70

5.7.2. Sorção do 226Ra do extrato .................................................................... 70

9

5.7.3. Extração do 226Ra do sorvente .............................................................. 71

5.7.4. Sorção pelo acondicionamento do 226Ra ............................................. 71

5.7.5. Recuperação global no acondicionamento do 226Ra .......................... 73

5.8. EXTRAPOLAÇÃO DOS DADOS PARA ESTIMATIVA DA RECUPERA-

ÇÃO DO PASSIVO AMBIENTAL ................................................................

73

6. CONCLUSÕES .............................................................................................. 74

7. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 76

10

LISTA DAS FIGURAS

Figura 1. Elementos que compõem a série de decaimento do 238U com seus

períodos de meia vida .........................................................................

19

Figura 2. Elementos que compõem a série de decaimento do 232Th com seus

períodos de meia vida ................................................................. .......

20

Figura 3. Pilha de fosfogesso na Espanha ................................ ...................... 21

Figura 4. Principais compartimentos e rotas de exposição do 226 Ra e o 228 Ra

aos seres humanos ..................................................................

24

Figura 5. Relações entre risco, dose, exposição e concentrações dos

radionuclídeos na média ambienta .....................................................

30

Figura 6. Pilha de fosfogesso de Imbituba – SC ......... .................................... 33

Figura 7. Principais grupos químicos na superfície do carvão ativado ............ 40

Figura 8. Estrutura da resina chelex-100 ......................................................... 41

Figura 9. Estrutura da célula unitária da hidróxiapatita .................................... 42

Figura 10. Detalhe dos pontos de retirada de amostras de pilhas - seção e

vista de topo .....................................................................................

47

Figura 11. Amostrador “trier”, utilizado durante a coleta de amostras ............... 47

Figura 12. Esquema da metodologia desenvolvida nesta pesquisa .................. 49

Figura 13. Esquema do sistema de espectrometria gama do detector HPGe

Eg&G ORTEC .................................................................................

52

Figura 14. Espectro gama referente à medida de uma alíquota da solução

padrão contendo o 226 Ra ..............................................................

54

Figura 15. Fluxograma da caracterização radioativa das amostras de

fosfogesso para posterior extração do rádio ....................................

57

11

Figura 16. Fluxograma do processo utilizado na comparação da eficiência dos

sorventes na solução padrão ...........................................................

58

Figura 17. Fluxograma do processo utilizado na extração do rádio das

amostras de fosfogesso ...................................................................

59

Figura 18. Fluxograma do processo utilizado na comparação da eficiência dos

sorventes de 226Ra da solução extratora com a adição da solução

contendo o padrão ...........................................................................

60

Figura 19. Fluxograma da aplicação dos sorventes nas colunas trocadoras de

íons ..................................................................................................

61

Figura 20. Fluxograma da eluição do 226Ra pré-concentrado na coluna e

posterior sorção em hidróxiapatita ou flúorapatita ...........................

62

12

LISTA DAS TABELAS

Tabela 1. Valores referentes ao 226Ra ............................................................... 26

Tabela 2. Valores referentes ao 228Ra ............................................................... 27

Tabela 3. Normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear .......................... 31

Tabela 4. Energias gama e intensidades dos radionuclídeos analisados ......... 53

Tabela 5. Média da atividade radioativa do 226Ra nas amostras de fosfogesso 63

Tabela 6. Médias das concentrações de atividade gama para amostras de

fosfogesso de fabricantes brasileiros de ácido fosfórico de

diferentes procedências, citadas na literatura ..................................

64

Tabela 7. Análises realizadas com amostras de fosfogesso de diferentes

procedência internacionais, citadas na literatura .............................

65

Tabela 8. Eficiência média de extração do 226Ra das amostras de fosfogesso. 66

Tabela 9. Eficiência média de sorção do 226Ra presente na solução padrão,

nos materiais testados ......................................................................

66

Tabela 10. Eficiência média de sorção do 226Ra presente na solução extratora

com adição de padrão ......................................................................

67

Tabela 11. Eficiência de sorção do 226Ra presente nas soluções percoladas

pelas colunas ....................................................................................

68

Tabela 12. Eficiência de sorção pela Hidróxiapatita e pela Flúorapatita, do 226Ra pré-concentrado em colunas com carvão e com a resina

chelex-100 ........................................................................................

69

Tabela 13. Média de 226Ra presente nas etapas do experimento ...................... 70

Tabela 14. Média de sorção do 226Ra eluído durante o experimento ................. 71

Tabela 15. Recuperação global do processo no acondicionamento do 226Ra ... 72

13

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

α - Radiação alfa.

β - Radiação beta.

γ - Radiação gama.

ε - Eficiência.

λ - Constante de decaimento do radioisótopo

µL - Unidade microlitro.

µm - Unidade micrômetro.

a - Unidade ano.

A - Atividade específica do radionuclídeo.

A(0) - atividade da fonte padrão certificada no tempo t0.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ATSDR - Agência para Registro de Doenças por Substâncias Tóxicas.

Bq - Unidade Bequerel.

Bq/kg - Unidade Bequerel por quilograma.

Bq.kg -1 - Unidade Bequerel por quilograma.

Bq/L - Unidade Bequerel por litro.

Bq.L-1. - Unidade Bequerel por litro.

CBPF - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

Ci - Unidade Curie

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear.

14

cps - Unidade contagem por segundo.

ºC - Unidade grau Celsius.

d - Unidade dia.

dps - Unidade desintegração por segundo.

FS - Fissão espontânea

g - Unidade grama

h - Unidade hora.

HPGe - Germânio Hiperpuro.

I - Probabilidade de emissão da energia gama por desintegração.

IBF - Instituto Brasileiro de Física.

ICRP - Comissão Internacional de Proteção Radiológica.

IQ-UFF - Instituto de Química – Universidade Federal Fluminense.

IRD - Instituto de Radioproteção e Dosimetria.

IT - Transição Isomérica.

kBq - Unidade quilo Bequerel.

kBq.kg -1 - Unidade quilo Bequerel por quilograma.

keV - Unidade quilo elétron-volt.

kg - Unidade quilograma.

LET - Transferência Linear de Energia.

M - Unidade molar.

m - Massa da amostra analisada.

m - Unidade metro.

m² - Unidade metro quadrado.

MBq - Unidade mega Bequerel.

MBq.kg -1 - Unidade mega Bequerel por quilograma.

15

MeV - Unidade mega elétron-volt.

mL - Unidade mililitro.

mm - Unidade milímetro.

mol/L - Unidade mol por litro.

ms - Unidade microssegundo.

ms - Unidade milissegundo.

mSv - Unidade milisievert.

mSv.ano-1 - Unidade milisievert por ano.

NAS - Academia Nacional de Ciências.

NBR - Norma Brasileira Registrada.

NE - Normas Experimentais.

NN - Normas Nucleares.

NORM - Materiais Radioativos de Ocorrência Natural.

O - Oeste.

P - Área líquida do fotopico.

pH - Potencial Hidrogeniônico.

ppm - Unidade parte por milhão.

rpm - Unidade rotações por minuto.

S - Sul.

s - Unidade segundo.

SC - Santa Catarina.

Sv - Unidade sievert.

t - Tempo de contagem.

t0 - Tempo inicial.

t½ - Tempo de meia-vida.

16

TENORM - Materiais Radioativos de Ocorrência Natural Tecnologicamente

Incrementados.

UNSCEAR - Comitê Científico de Efeitos da Radiação Atômica das Nações

Unidas.

USEPA - Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

17

RESUMO

A redistribuição dos radioisótopos presentes em alguns rejeitos industriais, ao

provocar aumento na radioatividade natural, representa grave problema para a

saúde e para o ambiente. Na produção de ácido fosfórico, o radioisótopo 226Ra é

depositado preferencialmente no fosfogesso, resíduo gerado no processo por via

úmida. Atualmente, com a produção anual de cerca de 12 milhões de toneladas, há

um estoque estimado de mais de 80 milhões de toneladas de fosfogesso no Brasil.

O presente trabalho buscou determinar as concentrações do 226Ra presente em uma

amostra de fosfogesso, determinar um método de extração eficiente, desenvolver

uma metodologia para pré-concentração do 226Ra por sorção em colunas trocadoras

de íons e comparar a eficiência da hidroxiapatita e da flúorapatita no seu

acondicionamento, de forma a possibilitar a remediação do passivo ambiental da

indústria de fertilizantes por remoção do 226Ra, principal contribuinte de radiação de

meia vida longa no fosfogesso. A média das concentrações de atividade radioativa

encontrada para o 226Ra, na amostra de fosfogesso estudada, foi de 168±11 Bq.kg-1,

com eficiência de extração de (82±31)%. O carvão ativado apresentou desempenho

(32±3)% superior ao da resina chelex-100 na pré-concentração do 226Ra. Para seu

acondicionamento, tanto a hidróxiapatita quanto a flúorapatita, apresentaram

resultados satisfatórios, com eficiências globais similares, de (49±24)% e de

(52±28)%, respectivamente, a nível laboratorial. Se os valores encontrados fossem

extrapolados para a pilha de origem, com atividade estimada em (8,4±0,6)x1010 Bq o

acondicionamento, tanto na flúorapatita quanto na hidróxiapatita, poderia promover a

remoção de cerca de (4,5±2,6)x1010 Bq.

Palavras Chaves: Radioatividade; radioisótopos; hidróxiapatita; flúorapatita;

TENORM.

18

ABSTRACT:

The redistribution of radioisotopes found in some industrial by-products, by the

increasing of the natural radioactivity, represents a serious problem for the health

and for the atmosphere. The production of phosphoric acid from natural phosphate

rock by the wet process gives rise an industrial by-product called phosphogypsum

where the radioisotope 226Ra is preferentially deposited. There are an annual

production about 12 million tons and a stock of more than 80 million tons of

phosphogypsum in Brazil. The present work aims to determinate the 226Ra

radioactive activity present in a phosphogypsum sample, an efficient extraction

method, development of a methodology for pré-concentration of the 226Ra by sorption

in exchange ions columns and compare the global efficiency of the hydroxyapatite

and the fluorapatite in its packaging, in order to turn possible the removal of the 226Ra

from the phosphogypsum, by-product of the fertilizers industry. As results, the

average of the concentrations of radioactive activity found for the 226Ra in the

phosphogypsum samples was of 168±11 Bq.kg-1, with extraction efficiency of

(82±31)%. Activated charcoal presented sorption (32±3)% higher than the chelex-100

resin in the pré-concentration of the 226Ra. For its packaging, hydroxyapatite and

fluorapatite, presented satisfactory results, with similar global efficiencies around

(49±24)% and (52±28)%, respectively, at laboratory level. If the found values were

extrapolated to the original stack, with estimated activity of (8,4±0,6)x1010 Bq the

packaging, in any of both materials, could remove about (4,5±2,6)x1010 Bq.

Keywords: Radioactivity; radioisotopes; hydroxyapatite; fluorapatite; TENORM.

19

1. INTRODUÇÃO

Os materiais radioativos de ocorrência natural (NORM - Naturally occurring

radioactive materials) são parte integrante da composição do solo, de minerais e

rochas, distribuídos por todo ambiente. Porém a própria atividade humana é capaz

de alterar suas concentrações no ambiente, assim como ocorre na formação dos

rejeitos sólidos industriais, quando os radionuclídeos são redistribuídos e

acumulados com atividade radioativa aumentada, passando a formar o chamado

TENORM (technologically enhanced naturally occurring radioactive material),

constituído por radionuclídeos naturais tecnologicamente incrementados.

A radioatividade natural é originada, principalmente, pelas séries de

decaimento do 238U e do 232Th, presentes na crosta terrestre em concentrações em

torno de 4,2 a 12,5 ppm, respectivamente (SHAWKY et al., 2001). Nas rochas

fosfáticas o 238U está presente como constituinte traço (AUSTIN, 1982), e o 232Th

contribui com 5% da radioatividade natural (HUSSEIN, 1994).

As concentrações determinadas pela atividade radioativa do 238U e do 232Th,

podem identificar as características do mineral fosfático de origem. Os fosfatos

sedimentares contêm concentrações maiores de 238U e menores de 232Th, enquanto

que os fosfatos magmáticos apresentam concentrações menores de 238U e maiores

de 232Th. Portanto, o radioisótopo 226Ra é mais abundante nos fosfatos sedimentares

(RUTHERFORD et al., 1994).

Quando um material geológico que contém 238U e 232Th é deixado em repouso

por longos períodos de tempo, ocorre o chamado “estado de equilíbrio secular'', no

qual cada elemento das séries apresenta a mesma atividade radioativa. No entanto,

se um dos radionuclídeos (226Ra - da série do 238U de meia-vida igual a 1.600 anos)

20

é retirado da matriz e depositado em algum outro lugar, o “equilíbrio secular” deixa

de existir. As séries naturais de decaimento do 238U e do 232 Th são apresentadas

nas Figuras 1 e 2.

(Intervalos de tempo: a = ano; d = dia; h = hora; m = minuto; s = segundo; ms = milissegundo; µs = microssegundo. Tipos de radiação por decaimento: α = alfa; β- = beta. FS = fissão espontânea IT = isometric transition).

Figura 1. Elementos que compõem a série de decaimento do 238U com seus períodos de meia-vida

(BELLIDO, 2007).

21

(Intervalos de tempo: a = ano; d = dia; h = hora; m = minuto; s = segundo; µs = microssegundo. Tipos de radiação por decaimento: α = alfa; β- = beta).

Figura 2. Elementos que compõem a série de decaimento do 232Th com seus períodos de meia-vida

(BELLIDO, 2007).

22

Na produção de ácido fosfórico (para a indústria de fertilizantes fosfáticos) por

via úmida, um concentrado de rocha fosfática passa por ataque químico com ácido

forte que gera um gesso químico, resíduo sólido de sulfato de cálcio (CaSO4),

denominado de fosfogesso. A concentração de radionuclídeos na rocha fosfática

beneficiada é de duas a quatro vezes maior do que na rocha bruta e as espécies

químicas, tanto estáveis quanto radioativas, são redistribuídas entre o ácido fosfórico

e o rejeito gerado. O 238U, o 232Th e o 210Pb permanecem preferencialmente no

ácido, enquanto que o 226Ra e o 228Ra são encontrados em maiores percentuais no

fosfogesso (SANTOS, 2002).

Atualmente, a indústria brasileira de ácido fosfórico é responsável pelo

estoque de mais de 80 milhões de toneladas de fosfogesso, com tendência de

aumento, já que a indústria de fertilizantes tende a crescer. Sendo a produção anual

estimada em 12 milhões de toneladas (JACOMINO, 2008), o acúmulo de fosfogesso

representa um problema para a saúde e para o ambiente. A Figura 3 apresenta a

vista aérea de uma pilha de fosfogessoa localizada na Espanha.

Figura 3. Pilha de fosfogesso na Espanha (ABRIL, 2009).

23

O fosfogesso é depositado em terrenos próprios à Indústria ou em suas

proximidades, formando aterros de superfície, que ao fim de muitos anos de

deposição, sem planejamento adequado, se acumulam dando origem a graves

impactos ambientais. A redistribuição dos radioisótopos presentes, neste resíduo,

produz relativo aumento na radioatividade natural, em comparação com sua rocha

matriz, havendo necessidade de estocagem mais criteriosa.

Tentando contribuir para um desenvolvimento sustentável, vários estudos vêm

sendo conduzidos no sentido do aproveitamento do fosfogesso, tais como:

fertilizante na agricultura e na confecção de concreto, pavimentos, argamassas de

revestimentos na construção civil, apesar do risco radiológico ainda não ter sido

seguramente determinado.

1.1. PRESENÇA DE RÁDIO NOS DIVERSOS COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS

Os riscos ambientais, ocasionados pelo descarte de resíduos industriais a céu

aberto, não podem ser medidos diretamente, mas apenas estimados e os riscos

reais podem ser avaliados somente depois do aparecimento de efeitos adversos.

É fundamental para o benefício das futuras gerações que o uso dos recursos

naturais, sempre considere a visão de desenvolvimento sustentável, com a

preservação e não degradação do meio ambiente. Relacionando-se a intensidade de

poluição aos potenciais riscos à saúde humana e ao meio ambiente podem-se

identificar as áreas impactadas e as possíveis medidas de remedição (BIDONE,

2004).

A metodologia de avaliação de risco, recomendada pela USEPA (United

States Environmental Protection Agency), e denominada “Avaliação de Risco

Toxicológico à Saúde Humana e ao Meio Ambiente”, propõe avaliar dados

disponíveis sobre efeitos adversos agudos e crônicos dos poluentes em qualquer

compartimento ambiental (ar, solo, águas superficiais, águas subterrâneas, etc),

baseada em conhecimentos científicos consolidados, que relacionam a liberação de

24

substâncias químicas no meio ambiente aos seus teores nos compartimentos

abióticos com o risco potencial para os receptores biológicos (BIDONE, 2004).

A definição, a identificação ou o tamanho dos grupos críticos a serem

considerados numa modelagem ambiental para liberação de 226Ra, 228Ra ou de

qualquer outro radionuclídeo, são aspectos importantes.

Tanto o 226Ra quanto o 228Ra, presentes no ambiente com atividade natural,

podem ser facilmente transferidos de um compartimento para outro. Segundo

Morgan e Beatham (1990), um aumento na acidez do solo, devido à presença de

ácidos orgânicos, bem como elevada salinidade e baixa quantidade de oxigênio

dissolvido, podem aumentar muito a migração do 226Ra e do 228Ra para as águas

(BAKER e TOQUE, 2005).

Os compartimentos a serem considerados para a liberação do 226Ra e do 228Ra são essencialmente aquáticos (água superficial e subterrânea) e terrestres

(solo), e estão representados de forma simplificada na Figura 4.

A exposição à radiação direta só será relevante para o grupo localizado nas

proximidades onde o rádio é liberado ou residir próximo a solos ou sedimentos com

alta concentração acumulada. E só será considerada crítica a exposição direta à

liberação de TENORM de material não isolado ou utilizado, inapropriadamente,

como material de construção. Neste caso, então, em ambientes fechados, o 222Rn

também seria considerado, tanto quanto o 226Ra, um radionuclídeo crítico

(PASCHOA, 2002).

25

Figura 4. Principais compartimentos e rotas de exposição do 226 Ra e o 228 Ra aos seres humanos.

Adaptado (ICRP, 1979).

Assim como o desenvolvimento tecnológico é inevitável e imprescindível à

qualidade de vida Humana, o risco inerente ao aumento da radiação natural

associada a atividades específicas, não pode deixar de ser motivo de preocupação e

pesquisa.

26

2. BASE TEÓRICA 2.1. O ELEMENTO QUÍMICO RÁDIO O elemento químico rádio é um radionuclídeo natural presente em vários

compartimentos do ambiente: solo, rocha, fontes de água, e é responsável pela

radioatividade no ar, causada pelo gás nobre radônio 222Rn (t½= 3,82 dias), filho na

série de decaimento do 226Ra.

O radio pode ser encontrado em vinte e cinco formas isotópicas, dos quais os

principais são: 223Ra (t½= 11,4 dias), 224Ra (t½= 3,7 dias), 226Ra (t½= 1600 anos) e 228Ra (t½= 5,75 anos). Porém, somente os isótopos 226Ra e 228Ra são considerados

importantes para os estudos radioecológicos, pois os outros não possuem períodos

de meia-vida suficientemente longos para acumulação no ambiente. São produtos

das séries de decaimento natural dos radionuclídeos primordiais 238U (226Ra) e 232Th

(228Ra), existentes na crosta terrestre. O 226Ra decai emitindo partículas alfa,

enquanto que o 228Ra por emissão de radiação beta, ambos acompanhados por

emissão de raios gama.

O rádio é considerado um radionuclídeo muito importante do ponto de vista

radiológico. Por apresentar propriedades químicas semelhantes a outros elementos

alcalino-terrosos, compete com o cálcio e incorpora-se ao esqueleto, quando

ingerido juntamente com alimentos e/ou água. Devido a sua ‘muito alta

radiotoxidade’, a CNEN o classifica como um ‘radionuclídeo classe A’ (CNEN, 1984)

e a USEPA como um agente carcinogênico (ATSDR, 1990).

27

O 226Ra e seus produtos de decaimento são responsáveis pela maior fração

de dose interna recebida pelo homem, devido às fontes naturais. Quando ingerido

ou inalado, oferece alto potencial de risco à saúde, podendo induzir o aparecimento

de câncer (EISENBUD & GESELL, 1997).

Os limites ocupacionais de proteção radiológica para o caso de emissões

internas, são baseados no nível de segurança associado com a quantidade de

3,7kBq de 226Ra no corpo humano (MILLS, 1994). Este valor é dez vezes menor do

que aqueles encontrados nos ossos de mulheres que adquiriram câncer, em

decorrência da ingestão, quando afinavam o pincel com a língua ao pintar

mostradores de relógio com tinta luminescente à base de 226Ra e 228Ra, no período

de 1913 a 1926 nos Estados Unidos (ROWLAND et al., 1978).

2.1.1. Propriedades físico-químicas do rádio O 226Ra decai, com emissão de uma partícula alfa, para o 222Rn, com

liberação de 4,60 e 4,78 MeV de energia, suficiente para produzir ionização e

excitação nas moléculas do meio material. Essa alta energia numa distância muito

curta (LET – transferência linear de energia), causa danos severos aos sistemas

biológicos, cujas conseqüências são: (a) indução de câncer e (b) morte e mutação

das células (BEIR, 1998). Na Tabela 1 encontram-se destacados alguns valores das

propriedades mais importantes do 226Ra.

Tabela 1. Valores referentes ao 226Ra.

Propriedades Valores

Número atômico 88

Número de massa 226

Meia-vida 1622 anos

Constante de decaimento 4,3 x 10-4 por ano

Energia da partícula alfa 4,60 MeV (6%) e

4,78 MeV (94%)

Atividade específica 0.988 Ci.g-1

Obs.: Atividade específica é a relação entre a massa de material radioativo e a Atividade. Exprime-se pelo número de Ci ou Bq por unidade de massa ou de volume.

(1,0 Ci.g-1 ≈ 3,658 x 1013 Bq.kg -1). Fonte: CEPA (2006).

28

O 228Ra decai, com emissão de uma partícula beta, para o 228Ac, com

liberação de 14 keV de energia, suficiente para produzir ionização e excitação nas

moléculas do meio material. Portanto, também representando perigo à saúde

humana. Na Tabela 2 encontram-se destacados alguns valores das propriedades

mais importantes do 228Ra.

Tabela 2. Valores referentes ao 228Ra.

Propriedades Valores

Número atômico 88

Número de massa 228

Meia-vida 5,7 anos

Energia média beta 14 keV

Constante de decaimento 0,12 por ano

Energia máxima beta 55 keV

Atividade específica 275 Ci.g-1

(1,0 Ci.g-1 ≈ 3,658 x 1013 Bq.kg -1). Fonte: CEPA (2006).

Como um metal alcalino-terroso, o rádio apresenta propriedades químicas

muito semelhantes as dos outros elementos pertencentes ao grupo, principalmente o

bário e o cálcio (WILLIAMS & KIRCHMAN, 1990). Seus sais são moderadamente

solúveis em água e em solução, apresentam apenas o estado de oxidação Ra2+.

Sua remoção das amostras para análise pode ser feita por meio de reações

de hidrólise, adsorção, complexação, pela formação de sais insolúveis e em

presença de alto teor de sulfato este co-precipita com o Ba e pode ser removido na

forma dos cristais mistos de Ba(Ra)SO4 (WILLIAMS & KIRCHMAN, 1990). Também

pode co-precipitar com sais de cálcio, magnésio, manganês e ferro (MOLINARI &

SNODGRASS, 1990).

Cloretos, brometos ou nitratos de rádio são solúveis em água, porém suas

solubilidades decrescem com o aumento da concentração e a diminuição do pH

(MOLINARI & SNODGRASS, 1990).

29

O radioisótopo escolhido para ser pesquisado durante as etapas deste

experimento foi o 226Ra por apresentar meia-vida muito longa (1600 anos), sendo

muito perigoso ao meio ambiente. Por razões geoquímicas (combinado a minerais

do solo) o 226Ra, geralmente, não se encontra em equilíbrio radioativo com o 238U,

porém, estabelece esse equilíbrio com seus descendentes em amostras

hermeticamente fechadas (PAPP et al., 1997).

2.1.2. Absorção do rádio pelo corpo humano As informações radiotoxicológicas das consequencias agudas destes

radionuclídeos no metabolismo da estrutura óssea humana são razoavelmente

conhecidas, porém muito pouco se conhece do que ocorre nos seres humanos

expostos a baixas concentrações de 226Ra e 228Ra, durante períodos de 20 a 30

anos (SILVA, 2006).

Nos Estados Unidos, levantamento realizado pela ATSDR (1990) – Agency

for Toxic Substances and Disease Registry (Agência de Registro de Substâncias

Tóxicas e Doenças) mostrou que a bioacumulação de rádio no corpo humano pode

causar alterações deletérias irreversíveis, cuja causa principal é o câncer ósseo.

2.1.3. Impacto radiológico referente à presença do rádio no ambiente As indústrias que utilizam minérios associados a urânio e tório são

responsáveis, frequentemente, pela redistribuição de radionuclídeos nos vários

compartimentos do ecossistema. Suas atividades industriais produzem resíduos

sólidos, como os gerados nas indústrias de compostos fosfáticos (fosfogesso),

contendo radioatividade.

Tais indústrias, com seus resíduos estocados em pilhas a céu aberto, podem

contribuir com um incremento à atividade radioativa natural, tornando-se exemplos

de fonte potencial de radiação natural tecnologicamente enriquecida (TENORM -

technologically enhanced naturally occurring radioactive material). Portanto, o

30

conhecimento da dose e do risco inerente a qualquer atividade humana que envolva

TENORM, bem como o desenvolvimento de metodologias que visem minimizar a

disponibilidade, ao ambiente, dos radionuclídeos mais ativos, se fazem de suma

importância (SANTOS, 2002).

Compartilhando a mesma preocupação, em colher a informação científica

mais atualizada em um determinado momento, fixar e publicar recomendações

relativas à proteção contra radiação, em 1928 um grupo de cientistas independentes

criou, a “International Commission on Radiological Protection” (ICRP), que após a

Segunda Guerra Mundial, recebeu reconhecimento do mundo inteiro, como uma

organização internacional independente muito importante e necessária à nova “Era

Nuclear” (PASCHOA, 2002).

Em Nova York, a “United Nations Scientific Committee on the Effects of

Atomic Radiation” UNSCEAR e em Oxford, a “International Commission on

Radiological Protection” ICRP, na década de 1970, estimavam o valor médio de

dose efetiva de radiação anual para exposição à radiação natural, de fontes

cósmicas e terrestres, como equivalente a 1 mSv.ano-1 (UNSCEAR, 1977) e

introduzia conceitos distintos para “radiação natural normal” e “radiação natural

aumentada” (ICRP, 1977). Desde então, as atividades que redistribuem os materiais

radioativos naturais da litosfera para a biosfera, tem sido objeto de sucessivas

avaliações (UNSCEAR, 1977; 1982; 1988; 1993).

Inicialmente, a aplicação dos limites de dose de 1 mSv.ano-1 foi aplicado a

toda radiação ionizante de fontes cósmica e terrestre, natural ou tecnologicamente

aumentada pelo Homem (ICRP, 1993), com base na Conferência Internacional

sobre altos níveis de radiação natural de 1990 (SOHRABI e col, 1993).

A “National Academy of Sciences” (NAS), um conselho de pesquisa nacional

dos Estados Unidos, publicou um relatório com diretrizes para exposições a

TENORM (GOLDSTEIN, 1999), contendo um diagrama que relaciona risco, dose,

exposição e concentrações dos radionuclídeos presentes no ambiente, como

ilustrado na Figura 5.

31

Figura 5. Relações entre risco, dose, exposição e concentrações dos radionuclídeos na média

ambiental. (GOLDSTEIN, 1999).

No Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), apresenta as

Normas Experimentais (NE) e Normas Nucleares (NN) cujas características são

relacionadas a seguir na Tabela 3.

� CNEN-NE-6.02- “Licenciamento de Instalações Radioativas” (CNEN, 1984);

(Submetido à consulta pública em 2008 - Projeto de Norma NN-6.02).

� CNEN-NN-6.05- “Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações

Radioativas” (CNEN, 2006);

� CNEN-NN-6.09- “Critérios de Aceitação para Deposição de Rejeitos

Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação” (CNEN, 2002);

32

� CNEN-NN-3.01- “Diretrizes Básicas de Radioproteção” (CNEN, 2005);

� CNEN-NN-4.01- “Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para

Instalações Mínero-Industriais” (CNEN, 2005).

Tabela 3. Normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Isenta de licença as instalações com atividade inferior a:

100 Bq.g-1 (qualquer radionuclídeo)

3,7 MBq.g-1 (radionuclídeos da Classe A – muito alta radiotoxidade)

(Classes A não isentos: 226 Ra e 232Th.)

37 MBq.g-1 (radionuclídeos da Classe B - alta radiotoxidade)

370 MBq.g-1 (radionuclídeos da Classe C - relativa radiotoxidade)

CNEN-NE-6.02 *

3700 MBq.g-1 (radionuclídeos da Classe D - baixa radiotoxidade)

CNEN-NE-6.05 Determina atividade específica inferior a 75 Bq.g-1 para descarte em

lixo urbano.

CNEN-NN-6.09

Estabelece critérios para aceitação de rejeitos radioativos de baixo e

médio níveis de radiação - emissores Beta e Gama com meia-vida

da ordem de 30 anos, com quantidades de emissores Alfa iguais ou

inferiores a 3,7 x 103 Bq.g-1 - para a deposição segura em

repositório, a fim de assegurar a proteção dos trabalhadores, da

população e do meio ambiente contra os efeitos nocivos das

radiações ionizantes.

CNEN-NN-3.01

Estabelece limites de exposição à radiação ionizante para

trabalhadores e membros do público em instalações nucleares e

radioativas.

CNEN-NN-4.01

Estabelece limites de exposição para trabalhadores e membros do

público em instalações minero-industriais que manipulam,

processam e armazenam: minérios, matérias-primas estéreis,

resíduos, escórias e rejeitos contendo radionuclídeos das séries

naturais do urânio e do tório.

* As unidades foram modificadas para padronização.

33

2.2. FOSFOGESSO

Espécie de gesso químico é um resíduo sólido de sulfato de cálcio, com

propriedades semelhantes ao gesso natural (gipsita), gerado como rejeito da

indústria de ácido fosfórico (SANTOS, 2002). É produzido juntamente com ácido

fosfórico e fluoreto de hidrogênio por cristalização, durante o ataque da rocha

fosfática (fluorapatita) com ácido sulfúrico e água, no processo por via úmida,

conforme demonstrado na reação, a seguir.

(TAYIBI, 2009).

Dependendo das condições da reação pode-se obter o fosfogesso semi-

hidratado (CaSO4.1/2H2O) ou dihidratado (CaSO4.2H2O). Enquanto a razão molar

entre o fosfogesso e o ácido fosfórico é de 5.3, a razão de massa é de

aproximadamente 3:1, isto é, em torno de 3 toneladas de fosfogesso são geradas

para cada tonelada de ácido produzida (HULL & BURNETT, 1996).

No município de Imbituba, no estado de Santa Catarina, cerca de 3,5 milhões

de toneladas de fosfogesso foram deixadas em duas pilhas, parte de uma delas

ilustrada na Figura 6, no pátio da Engessul. Essas pilhas representam risco

radiológico potencial por exposição ocupacional individual bem como ao ambiente

circunvizinho.

34

Figura 6. Pilha de fosfogesso de Imbituba – SC.

A metodologia desenvolvida neste trabalho utilizou amostras retiradas do topo

de uma destas duas pilhas, de um ponto cujo georreferenciamento é 28° 13,852' S

e 48° 39,858' O.

2.3. REVISÃO DE LITERATURA

2.3.1. Medida da atividade do 226Ra no fosfogesso

Vários autores mediram a atividade radioativa do 226Ra em amostras de

fosfogesso nacional (MAZZILLI et al., 2002; PALMIRO et al., 2001; SANTOS et al.,

2002; SILVA et al., 2001) e outros em amostras de fosfogesso de origem estrangeira

(AZOUAZI et al., 2001; BORREGO et al., 2007; BURNETT et al., 1996;

RUTHERFORD et al., 1995; SCHOLTEN & TIMMERSMANS, 1996).

A atividade radioativa do 226Ra em amostras de fosfogesso analisado por

espectrometria gama é, comumente, determinada pelas atividades dos seus filhos

35

214Pb e 214Bi (MAZZILLI et al., 2002; PALMIRO et al., 2001; RUTHERFORD et al.,

1995; SANTOS et al., 2002; SILVA et al., 2001).

2.3.2. Estudos do 226Ra no fosfogesso

Azouazi et al. (2001), mediu, por espectrometria gama de alta resolução, o

conteúdo de radionuclídeos naturais (actínio urânio e tório série), em amostras de

rocha fosfática sedimentar. Estudou o potencial de lixiviação dos radionuclídeos

de rocha fosfática sedimentar durante a produção industrial do ácido fosfórico e

o processo de lixiviação de radioisótopos do fosfogesso. Desenvolveu um método

com contagem alfa direta do 226Ra por deposição de camada fina de solução aquosa

em filmes de óxido de manganês em suportes de polivinil, para aplicação na

determinação do 226Ra em amostras naturais de água. Os resultados obtidos

mostraram que apenas a amostra de água da área da mina revelou a presença de 226Ra em um nível de cerca de 0,2 Bq.L-1.

Cañete et al. (2008), estudou o 226Ra presente no fosfogesso e o 226Ra

lixiviado através do solo para as águas subterrâneas às lagoas de Isabel, município

localizado na ilha de Leyte nas Filipinas. Encontrou uma ampla faixa de atividade

radioativa de 91,5 a 935 Bq.kg-1 distribuída no fosfogesso e apurou que até 5% do 226Ra poderia ser lixiviado com água deionizada. Experimentos in vitro de lixiviação

sugeriram que o solo na área da planta de fertilizantes fosfatados seria capaz de

impedir a intrusão de 226Ra no lençol freático e indicaram não haver contaminação

por 226Ra trazido pelas lagoas da área do fosfogesso, nas águas subterrâneas em

Isabel.

Haridasan et al. (2002), estudou as características da dissolução do 226Ra do

fosfogesso, por sua lixiabilidade em água destilada, em água de chuva, em

diferentes condições, tais como: tempo de contato, razão sólido/líquido e simulação

de condições naturais. Encontrou uma variação de atividade radioativa para o 226Ra

lixiviado de 0,07 a 0,53 Bq.L-1. Os estudos indicaram que a lixiviação do rádio pode

ser lenta nas condições do campo nas proximidades das pilhas de fosfogesso.

36

Hull & Burnett (1996), conduziu análise de amostras de rocha fosfática da

Flórida e encontrou uma variação de atividade para 238U de aproximadamente 250 a

2000 Bq.kg-1, com 234U, 230Th, 226Ra, 210Pb e 210Po em equilíbrio radioativo

aproximado. Determinou que durante a produção do ácido fosfórico, em torno de 90-

100% do 226Ra, 210Pb e 210Po da rocha fosfática é fracionada para o fosfogesso e

que na maioria dos casos, a atividade do 226Ra, 210Pb e 210Po do fosfogesso é direta

ou preferencialmente proporcional a atividade da rocha fosfática de origem. Estudos

sobre as relações de desequilíbrio em 74 amostras do fosfogesso da Flórida

mostraram que o 226Ra é relativamente imóvel na porção aeróbica e insaturada

daquelas pilhas. O 210 Pb pareceu ser remobilizado preferencialmente em relação ao 210Po ou 226Ra e soluções percoladas através das de pilhas da Flórida adicionaram 210 Pb a algumas amostras de fosfogesso.

Mazzilli et al. (2002), determinou a atividade dos radionuclídeos naturais 226Ra, 210Pb, 210Po e dos isótopos de urânio e tório, no fosfogesso brasileiro e

rochas de origem. Os resultados mostraram que 226Ra, 210Pb, 210Po e isótopos de

tório se encontram preferencialmente no fosfogesso com percentagens encontradas

de 90% para o 226Ra, 80% para o 232Th e 230Th, 100% para 210Pb e 78% para 210Po. A distribuição dos isótopos de tório parece depender diretamente dos

processos químicos, pois sua concentração relativa no fosfogesso (80%) foram

maiores do que o esperado a partir da literatura disponível. Os isótopos de urânio

foram predominantemente incorporados ao ácido fosfórico, na forma de fosfato de

uranila, sulfatos ou fluoretos complexos. Concluiu que as variações nas atividades

encontradas para 226Ra (22 - 695 Bq.kg-1), 210Pb (47 - 894 Bq.kg-1), 210Po (53 - 677

Bq.kg-1) e 232Th (7 - 175 Bq.kg-1), no fosfogesso brasileiro são amplas, mas estão

em boa concordância com os resultados encontrados na literatura para o

fosfogesso de outros locais.

Rutherford et al. (1994), discutiu as principais preocupações associadas ao

fosfogesso presente no ambiente: (i) movimento de fluoretos, sulfatos, sólidos

dissolvidos de elementos traço e radionuclídeos das séries de decaimento do 238U

nas águas subterrâneas sob as pilhas de fosfogesso; (ii) exalação do 222Rn

37

representando risco de saúde para os trabalhadores e público que habita nas

proximidades da pilha; (iii) acidez e (iv) exalação do 222Rn do solo no interior das

residências quando terra agrícola tratada com fosfogesso é convertida para uso

residencial. Para entender o impacto total do fosfogesso no ambiente, estudou a

geoquímica e os processos hidrológicos que controlam a composição das espécies

lixiviadas que penetram no solo.

Rutherford et al. (1995), investigou as concentrações de 226Ra, Ba, e Sr

lixiviados de fosfogesso gerado de rocha fosfática do Togo, pais africano. Realizou

30 extrações do fosfogesso com água destilada e deionizada, durante 30 dias. A

extração do 226Ra foi máxima (0,55 Bq L-1) no 1º dia e manteve-se relativamente

constante entre o 2º e 30º dias. A extração do 226Ra mínima (0,23 Bq L-1) ocorreu no

30º dia, mas mesmo assim excedeu ao valor considerado tolerável para o consumo

de água potável, pelos padrões americanos. O 226Ra na fase sólida, cresceu entre o

dia 0 (850 Bq.kg-1) e o dia 30 (1120 Bq.kg-1). Observou que a razão 226Ra/Ba na fase

sólida e na fase líquida extraíveis foram praticamente iguais ao longo da última

metade do período de extração. E concluiu que, se essa relação for válida para

outros fosfogessos, então a atividade da solução de 226Ra pode ser estimada se a

razão 226Ra/Ba na fase sólida for conhecida e a concentração da solução de Ba for

conhecida ou estimada.

Santos et al. (2006), avaliaram a biodisponibilidade de radionuclídeos (226Ra, 210Pb e 232Th), elementos terras raras e Ba para o sistema aquático através da

aplicação seqüencial de lixiviação de amostras de fosfogesso de produtores de

ácido fosfórico do Brasil. Os resultados da extração seqüencial mostraram que a

maior parte do rádio e do chumbo estão localizado na fração de óxido de ferro e não

no CaSO4, principal componente do fosfogesso, e que só 13 e 18% destes

radionuclídeos estão distribuídos na fração mais lábil. O Th, Ba e os elementos

terras raras foram encontrados predominantemente na fase residual, que

corresponde a uma pequena fração da rocha fosfática ou monazita que não reagiu e

como sulfatos, fosfatos e silicatos, que são compostos insolúveis. Concluíram que,

apesar de todos estes elementos estarem enriquecidos nas amostras de fosfogesso

agrícola, não estando associados ao CaSO4 não representam ameaça para o meio

ambiente aquático.

38

2.3.3. Extração de metais com ácido oxálico e oxalato

Afonso et al. (1997), apresentou um estudo da recuperação de metais

contidos em catalisadores usados em hidrotratamento (CoMo/Al2O3 ou NiMo/Al2O3),

usando ácido oxálico e oxalatos, devido ao potencial reconhecido destas espécies

para a extração de metais de matrizes sólidas. Concluiu que a lixívia do Ni, Co e do

Mo é máxima para a mistura hidróxido + oxalato de amônio, sendo maior que a

soma das recuperações obtidas com os reagentes isolados, devido à presença

simultânea de dois complexantes NH4+ e C2O4

2-. Traços de Ni(Co) e Mo foram

detectados, conjuntamente com quantidades moderadas de íons oxalato. A extração

do Fe com H2C2O4 se situou na faixa 60-80% p/p, enquanto que a solubilização do

Ni-Co-Mo atingiu 20-50% p/p do total desses metais.

Silva et al. (2001), determinou diferentes formas físico-químicas dos metais

traço Cd, Pb e Cu em amostras de solo, utilizando cloreto de bário, pirofosfato de

sódio e os solventes ácido oxálico/oxalato de amônio e conclui que, enquanto os

perfis de concentração de Pb e Cu dependem do extrator utilizado, os perfis de

concentração do Cd exibiram a mesma tendência para os três extratores.

Kummer (2008), desenvolveu estudos químicos e mineralógicos do solo nas

proximidades das pilhas de resíduos deixada a céu aberto, no município de

Adrianópolis (PR), por uma empresa responsável pela atividade de mineração e

metalurgia de chumbo, ao final de mais de 50 anos de atividades. Utilizou extrações

com oxalato de amônio 0,2 M + ácido oxálico 0,2 M na determinação dos teores e da

composição química dos óxidos de Fe de baixa cristalinidade e óxidos de Fe mais

cristalinos, concluindo que, na análise mineralógica, seus baixos teores estão

relacionados à pobreza dos materiais de origem da região em minerais primários

ferromagnesianos. No solo 6 o efeito do material de baixa cristalinidade na retenção

de Pb (extração com oxalato de amônio) foi intensificado devido aos seus baixos

teores de matéria orgânica e argila. A pequena contribuição do Zn presente na

fração dos óxidos de alumínio mais cristalinos e caulinita, possivelmente, deve-se a

remoção prévia dos óxidos de Fe e Al mais reativos com oxalato de amônio. Para

determinação da fração de metais pesados reativos ligados aos óxidos de Fe,

normalmente, usa-se soluções diluídas de oxalato de amônio.

39

Conceitualmente, os metais contidos em um material sólido podem ser

fracionados em formas geoquímicas específicas, e podem ser seletivamente

extraídos pelo uso de reagentes apropriados (LÃ et al, 2003).

2.3.4. Sorventes

Muitos autores utilizam sorventes, na retirada de metais de soluções aquosas,

tais como: o carvão ativado (AL-MUHTASEB et al. 2008; CHAKRAPANI et al. 1998;

GONÇALVES, 2006; SOUZA et al. 2009), a resina chelex-100 (GODE & MORAL,

2008; KIPTOOA et al., 2009) e a hidróxiapatita (ARNICHA et al. 2003; CORAMI et al.

2008; MAVROPOULOS, 1999). Porém, até a presente data não foram encontrados

artigos que comparassem o carvão ativado com a resina chelex-100, nem artigos

que utilizassem flúorapatita como sorvente de metais.

A sorção é um fenômeno físico-químico que consiste na transferência de

massa de componentes em fase fluída, chamados sorvatos, para a superfície de

outro componente em fase sólida, chamado sorvente. A migração dos componentes

de uma fase para outra tem como força motriz a diferença de concentrações entre o

fluido e a superfície do sorvente. Em técnicas de pré-concentração de amostras,

usualmente o sorvente é composto por partículas que são empacotadas em um leito

fixo, como em colunas, por onde passa a fase fluida. Como o sorvato concentra-se

na superfície do sorvente, dependendo da polaridade e da área de contato, quanto

maior for esta superfície, maior será a eficiência da sorção. Por isso geralmente os

sorventes são sólidos com partículas porosas (BORBA, 2006).

Segundo Letterman (1999); a sorção de moléculas pode ser representada

como uma reação química: A + B ↔ A.B, onde A é o sorvato, B é o sorvente e A.B

é o composto sorvido. Os compostos permanecem sorvidos pela ação de Ligações

de Hidrogênio, Interações Dipolo-Dipolo ou, ainda, Forças de London ou Van der

Waals. Quando as moléculas de sorvato presentes na fase fluída atingem a

superfície do sorvente, a força residual, resultante do desequilíbrio das forças de

Van der Walls que agem na superfície da fase sólida, cria um campo de forças que

40

atrai e aprisiona as moléculas. Essa interação é de natureza puramente eletrostática

entre as partículas e os átomos superficiais do sólido que é originada pela atração

entre dipolos permanentes ou induzidos, sem alteração dos orbitais atômicos ou

moleculares das espécies. A remoção das moléculas a partir da superfície do

sorvente é chamada dessorção (MASEL, 1996).

Recentes estudos apontam o uso de carvão ativado na remoção de metais

presentes em águas. Estudos com carvão vegetal e carvão de osso, tem despertado

grande interesse na hidrometalurgia, devido a capacidade de adsorção de variados

íons metálicos (GONÇALVES, 2006). Chakrapani et al. (1998) propuseram um

método para determinação de elementos traços em níveis de ppb, em conexão a

exploração hidrogeoquímica do urânio. Destaca-se neste trabalho o estudo do efeito

do pH na capacidade de adsorção do carvão ativado e definição de seu ótimo em

5,5, obtendo-se uma remoção de até 92% dos metais Cu, Cr, Cd, Co, Ni, Pb e V nas

águas testadas. Al-Muhtaseb et al. (2008) testou e comparou a taxa de adsorção do

alumínio presente em soluções aquosas em dois tipos de carvão ativado diferentes e

concluiu que ambos apresentaram capacidades máximas de adsorção de alumínio

em pH 4, valor que adotou como ótimo em todas as análises do seu trabalho. Souza

et al. (2009) estudou a adsorção de Cr (VI) em soluções diluídas preparadas a partir

de dicromato de potássio em solução com pH entre 3,0 e 6,0, e também relatou a

melhor eficiência de sorção do carvão ativado em pH ácido.

O carvão ativado, representado na figura 7, é considerado um trocador iônico

natural (HELFFRICH, 2004). Apresenta em sua superfície tanto cargas negativas

(aniônicas) quanto cargas positivas (catiônicas) que atraem íons livres em solução

(JANKOWSKA, et al. 1991). Suas propriedades físicas dependem da área superficial

específica e porosidade, enquanto que as propriedades químicas dependem da

presença ou ausência de grupos ácidos ou básicos sobre sua superfície (MORENO-

CASTILLA, 2004). Quando na forma de pó finamente dividido, com elevada área

superficial, tem a vantagem da possibilidade de ser regenerado, ou seja, é possível

descontaminar o carvão e adquirir novamente seu poder de sorção, por isso é

considerado um produto de alta capacidade de sorção e utilizado em muitos

processos onde há necessidade de se obter uma alta eficiência de remoção

(CASAS, 2004). A interação sorvato/sorvente na sorção física é uma função da

41

polaridade da superfície do sólido (YING et al., 2007). O fato do rádio analisado estar

na forma de sais polares com íon bivalente (Ra2+) justifica a excelente sorção

observada.

Figura 7. Principais grupos químicos na superfície do carvão ativado (BRENNAN, 2001).

Já a resina chelex-100 é um agente quelante, muito utilizado em técnicas de

coluna em estudos de especiação de metais.

Kiptooa et al. (2009), compara a capacidade da resina c-100 com outros dois

quelantes na separação do metal cobre em soluções padrão, com diferentes valores

de pH. Os valores de recuperação dos íons de cobre extraído pela resina chelex-

100, em todas as soluções foram superiores a 95%. Gode & Moral (2008),

estudaram a extensão de remoção do Cr (III) e Cr (VI) em colunas de adsorção com

a resina chelex-100 e outros três materiais. Na resina chelex-100 a quantidade

adsorvida do Cr (III) aumentou com a redução do pH 5,0-2,0, em contrapartida a

quantidade de Cr (VI) adsorvido diminuiu com a diminuição do pH 5,0-2,0. Os

resultados experimentais indicaram que o método de colunas com a resina chelex-

100 pode ser utilizado com sucesso para a adsorção de Cr (III) e Cr (VI) em

soluções aquosas, se for considerado que a extensão de remoção é

consideravelmente determinada pelo pH.

42

A resina chelex-100, representada na figura 8, é composto por resinas de

copolímeros de estireno divinilbenzeno com íons iminodiacetato emparelhados. O

iminodiacetato age como quelante de íons de metal polivalente. Tem seletividade

pelos cátions de metais pesados divalentes, tais como Ca2+, Mn2+, Mg2+

(CHELEX® 100), justificando assim, sua eficiência na sorção encontrada para o

Ra2+.

Figura 8. Estrutura da resina chelex-100 (CHELEX® 100, http://www.nfstc.org/pdi/Subject03/pdi_s03_m03_01.htm).

Na área ambiental, a hidróxiapatita, Ca10 (PO4)6(OH)2, cuja estrutura é

representada na figura 9, vem sendo amplamente utilizada na remediação de águas

poluidas por sua habilidade em reter íons metálicos divalentes tais como: Pb2+, Cd2+,

Cu2+, Zn2+, Co2+, Fe2+, Sr2+, Ni2+ e Sb2+ (CORAMI et al., 2008). Por apresenta alta

capacidade em remover metais pesados por sorção, não só de águas e solos

contaminados, como também de dejetos industriais (MA et al, 1993), sua aplicação

tem sido objeto de grandes investigações devido ao alto grau de toxidez proveniente

desses metais, aliado ao fato de ser um material de baixo custo, podendo, desta

forma, ser usado no controle da poluição ambiental (MAVROPOULOS, 1999).

A hidróxiapatita ocorre raramente na natureza, porém sua estrutura é similar a

da flúorapatita (LOGAN et al, 1995). Esses minerais ocorrem como constituintes de

várias rochas ígneas e metamórficas, especialmente em calcários cristalinos

(ELLIOT, 1994). Sua estrutura permite substituições catiônicas e aniônicas

43

isomorfas com grande facilidade (GAUGLITZ, 1992; MA et al, 1993,1994). O Ca2+

pode ser substituído pelos metais divalentes anteriormente citados

(MAVROPOULOS, 1999), bem como pelo Ra2+, metal alcalino-terroso com

propriedades físico-químicas semelhantes as do Ca2+.

Quando o flúor substitui os grupos OH, torna sua estrutura mais hexagonal,

mais estável e menos solúvel. Exceto pela posição do grupo OH, todas as outras

posições atômicas na hidróxiapatita [Ca10(PO4)6OH2], são essencialmente iguais às

da flúorapatita [Ca10(PO4)6F2] (MAVROPOULOS, 1999).

Figura 9. Estrutura da célula unitária da hidróxiapatita (KAY et al, 1964).

Arnicha et al. (2003), estudou a utilização da hidróxiapatita para a remoção do

chumbo da água, devido à sua capacidade de imobilizar o metal por precipitação. A

hidróxiapatita se mostrou eficaz na imobilização de chumbo em uma forma insolúvel

(piromorfite), após a troca iônica entre os íons Ca2+ da apatita e íons Pb2+ em

44

solução. Corami et al. (2008), investigou a remoção de Cu de soluções aquosas por

sorção em hidroxiapatita e concluiu que a hidroxiapatita é eficaz na imobilização de

cobre em soluções aquosas através de um mecanismo de duas etapas que

envolvem complexação de superfície de Cu2+ no sítio ≡ POH da HA e troca iônica

com Ca2+, resultando na formação de hidroxiapatita contendo cobre com a fórmula

CuxCa10-x(PO4)6(OH)2.

2.3.5. Colunas trocadoras de íons

Entende-se por troca iônica, a transferência de íons específicos de uma

solução aquosa pouco concentrada para outra mais concentrada, por meio de uma

resina, quando postas em contato. Por ser capaz de extrair da solução aquosa

(lixívia) apenas o íon do metal de interesse, a possibilidade de se efetuar o

enriquecimento de soluções diluídas torna a troca iônica um processo importante

quando o objetivo é a separação. A transferência dos íons entre a lixívia e a resina é

chamada de carregamento e a sua transferência, dessa para a solução aquosa final,

de eluição.

Uma resina pode ter grupos aniônicos ou catiônicos fracamente ligados a ela.

No mecanismo de troca iônica, os íons metálicos presentes na solução podem

deslocar os íons da resina tomando o seu lugar. Se uma resina fortemente trocadora

de cátions for imersa numa solução contendo cátions metálicos M+, pode ocorrer a

troca entre os íons H+ e M+, tal como: RH + M+ ↔ RM + H+, até que o equilíbrio seja

alcançado (HECK, 2007).

As ordens de seletividade ou forças de ligação de cátions em relação a

trocadores mais comuns são bem conhecidas para os íons dos metais alcalino-

terrosos, cuja ordem é a seguinte: Mg2+ < Ca2+ < Sr2+ <Ba2+. De acordo com essa

ordem, o bário, com maior afinidade pelo trocador na família, é sorvido mais

fortemente por possuir um raio de hidratação menor (MELOAN, 1999). Sendo o

rádio o último elemento deste grupo, com número atômico maior do que o do bário e

consequentemente com raio de hidratação menor, o Ra2+ é ainda mais fortemente

sorvido pelo trocador do que o bário.

45

3. OBJETIVO Esta pesquisa tem como objetivo geral a determinação de uma metodologia

para acondicionamento do radionuclídeo rádio (226Ra) oriundo de amostras de

fosfogesso, em estruturas de apatitas, com cristais estáveis o suficiente para

acondicioná-lo de forma segura ao ambiente por tempo suficiente ao seu

decaimento a formas elementares mais estáveis.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

� Determinar a atividade do 226Ra presente nas amostras de fosfogesso;

� Determinar uma solução extratora eficiente para o 226Ra do fosfogesso;

� Comparar a eficiência de sorção do 226Ra, contido na solução extratora do

fosfogesso, em carvão ativado e na resina chelex-100;

� Comparar a eficiência na pré-concentração do 226Ra, em colunas trocadoras

de íons, com carvão ativado e na resina chelex-100;

� Comparar as eficiências da hidróxiapatita e da flúorapatita no

acondicionamento do 226Ra extraído do fosfogesso.

3.2. HIPÓTESE

Possibilitar a remediação do passivo ambiental da indústria de fertilizante, o

fosfogesso, por meio da remoção do 226Ra, principal contribuinte de radiação de

meia-vida longa nesta matriz.

46

3.3. JUSTIFICATIVA

As substâncias radioativas não podem ser destruídas e permanecem em

atividade, dependendo do seu período de meia vida, durante milhares e até milhões

de anos. Despejos no mar e na atmosfera já são proibidos há décadas, mas até hoje

não existem formas absolutamente seguras de armazenar essas substâncias. As

mais recomendadas são tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova

de radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis. Essas

precauções, no entanto, nem sempre são cumpridas e os vazamentos são

frequentes. Em contato com o ambiente, as substâncias radioativas interferem

diretamente nos átomos e moléculas que formam os tecidos vivos, podendo

provocar alterações genéticas e câncer.

Diante deste quadro, o radionuclídeo de maior interesse no desenvolvimento

desta pesquisa foi o 226Ra, pois dentre todos os radionuclídeos naturais de meia-vida

longa, é o mais crítico e importante do ponto de vista radiológico, por sua meia-vida

de 1600 anos e por ser precursor do 222Rn, radionuclídeo gasoso de fácil inalação,

fato preocupante quando presente em ambientes fechados.

47

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS 4.1.1. Fosfogesso As amostras de fosfogesso utilizadas no desenvolvimento desta metodologia,

cedidas de um experimento concomitante no laboratório de radioquímica1, foram

coletadas da pilha localizada no pátio da Engessul, no município de Imbituba, no

estado de Santa Catarina, com 500.000 toneladas de fosfogesso, ocupando uma

área de 10 hectares e altura em torno de 10 metros, cujo georreferenciamento é 28°

13,852' S e 48° 39,858' O.

4.1.1.2. Amostragem

A amostragem foi realizada em acordo com a regulamentação da Norma

Brasileira Registrada da Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR-ABNT

10007, 2004), que consiste na retirada de amostras de três seções da pilha do

resíduo (topo, meio e base). Em cada seção, foram coletadas alíquotas

equidistantes, com profundidades de 0,0 a 0,2 m; 0,2 a 1,0 m e 1,0 a 2,0 m,

penetrando obliquamente as pilhas com amostrador similar ao ilustrado na Figura

10.

1 Coleta, amostragem, fotos do fosfogesso e informações gentilmente cedidas do experimento da

doutoranda da Geoquímica Ambiental IQ-UFF engenheira agrônoma Renata Coura Borges.

48

Figura 10. Detalhe dos pontos de retirada de amostras de pilhas - seção e vista de topo. (NBR-ABNT-10007,

2004).

O amostrador “trier” utilizado, ilustrado na Figura 11, é feito com um tubo

longo de aço inox e possui uma parte chanfrada em quase todo o seu comprimento.

A ponta e as bordas do chanfro são afiadas para permitir que o material a ser

amostrado seja cortado quando o amostrador girar no interior da massa de resíduos.

Figura 11. Amostrador “trier”, utilizado durante a coleta de amostras.

Para cada ponto de amostragem, o amostrador foi introduzido no fosfogesso,

girado uma ou duas vezes para cortar o material e retirado vagarosamente com sua

abertura para cima. Cada amostra foi transferida para um frasco de amostragem,

com o auxílio de uma espátula, tampado, identificado e preservado em recipiente

próprio para transporte até o laboratório.

49

Ao chegar ao laboratório, todas as amostras foram, inicialmente, submetidas a

um pré-tratamento, que consistiu na secagem (temperatura de 40ºC) e maceração,

seguida por homogeneização até a passagem por peneira de 2,0 mm.

Posteriormente, foram pesadas e dispostas em frascos de polietileno, seladas

hermeticamente e mantidas em repouso por um período superior a 28 dias, para

assegurar que o equilíbrio radioativo entre 226Ra e 222Rn fosse atingido, antes da

contagem.

4.1.2. Metodologia desenvolvida Esta metodologia foi desenvolvida com o propósito de determinar a atividade

e extrair o 226Ra presente nas amostras de fosfogesso, selecionar o material mais

adequado na sorção desse metal, para sua pré-concentração em coluna trocadora

de íons, com posterior eluição e captura para acondicionamento em material de

estrutura cristalina estável, por tempo suficiente para possibilitar o decaimento do 226Ra a formas elementares mais estáveis e segura ao ambiente. O esquema do

método é apresentado a seguir, na Figura 12.

O método foi desenvolvido seguindo as seguintes etapas:

� Determinação da atividade radioativa do 226Ra nas amostras de

fosfogesso analisadas;

� Comparação da eficiência dos materiais empregados na sorção do 226Ra presente na solução com padrão certificado;

� Comparação da eficiência dos materiais empregados na sorção do 226Ra extraído do fosfogesso com adição do 226Ra da solução com

padrão certificado;

� Pré-concentração do 226Ra em colunas trocadoras de íons;

� Eluição do 226Ra concentrado e acondicionamento do 226Ra em

material de estrutura estável.

50

Figura 12. Esquema da metodologia desenvolvida nesta pesquisa.

Como os processos de retenção do 226Ra ocorreram tanto por adsorção

quanto por absorção, dependendo da natureza de cada material utilizado, foram

adotados genericamente os termos “sorção”, “material sorvente” e

“acondicionamento”, mais adequados à descrição das etapas realizadas.

51

4.1.3. Materiais sorventes

Para os testes de sorção e pré-concentração, os materiais sorventes

utilizados foram o carvão ativado (em pó) e a resina chelex-100 (50-100 mesh

sodium).

Para o acondicionamento do 226Ra, os materiais de estrutura cristalina

estáveis utilizados, foram a hidróxiapatita2 e a flúorapatita3.

4.1.4. Reagentes

A calibração do sistema de contagem foi realizada com solução padrão

contendo o 226Ra de atividade radioativa conhecida de 3.915 ± 2,74 kBq.kg-1,

certificada4 pelo IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria). Todos os reagentes

utilizados foram de grau analítico e as soluções preparadas com utilização de água

destilada e deionizada.

Para determinação da melhor solução para extrair o rádio da amostra natural

selecionada, vários ensaios foram realizados, em acordo com a literatura (AZOUAZI

et al., 2001; CAÑETE et al., 2008; HARIDASAN et al., 2002; HULL & BURNETT,

1996; MAZZILLI et al., 2000; RUTHERFORD et al., 1994; RUTHERFORD et al.,

1995; SANTOS, 2006; SILVA et al., 2001). Desta forma, para o teste de extração do 226Ra das amostras de fosfogesso, foram preparadas soluções de ácido oxálico

(H2C2O4 – 0,2M) / oxalato de amônio [(NH4)2C2O4 – 0,2M] (SILVA et al., 2001). Para

a eluição do 226Ra pré-concentrado nas colunas foi utilizado ácido clorídrico (0,1M).

2 Gentilmente cedida pelo professor Dr. Alexandre de Malta Rossi, CBPF/CNPQ. 3 Gentilmente cedida pelo professor Dr. Carlos Bauer Boechat, IQ-UFF. 4 Gentilmente cedida por José Ubiratan Delgado, Chefe do serviço de metrologia de radionuclídeos

SEMRA-LNMRI-IRD

52

Para o primeiro teste de sorção, foram diluídos 0,183 g da solução padrão

contendo o 226Ra em 10 g de água deionizada, para posterior adição de 1 g dos

diferentes sólidos sorventes, em cada recipiente. Para a extração do 226Ra do

fosfogesso, foi preparada a “solução tampão” [ácido oxálico (H2C2O4 – 0,2 M) /

oxalato de amônio [(NH4)2C2O4 – 0,2 M]]. Para o segundo teste de sorção, foram

preparadas soluções contendo 2 g da solução com padrão (idêntica a anterior) em

10 g de solução tampão; para posterior adição de 1 g dos diferentes sólidos

sorventes, em cada recipiente. Para a eluição do 226Ra pré-concentrado, foi utilizada

solução de HCl 0,1 M. Nas etapas de separação do fosfogesso das soluções

extratoras por filtração, foi utilizado papel de filtro com diâmetro de 150 mm e poro

0,45 µm.

4.2. MÉTODO

Os materiais utilizados nas análises deste estudo foram previamente lavados

em água corrente, com detergente e escova. Foram enxaguados com água destilada

e deixados imersos, durante um período mínimo de dois dias, em banho de ácido

nítrico (HNO3) 5%. A seguir, após novo enxágue em água destilada, foram secos em

estufa, por 24 horas, a temperatura constante de 40ºC. A manipulação do material

radioativo foi realizada com luvas plásticas descartáveis, com utilização de bandejas

forradas com papel absorvente, sobre as bancadas. Tais procedimentos visam

diminuir possíveis contaminações durante todas as etapas de processamento das

amostras, desde a amostragem até o momento final da análise.

Este estudo foi desenvolvido com enfoque na determinação da atividade

radioativa, dos radionuclídeos de interesse, através da espectrometria de radiação

gama.

53

4.2.1. Espectrometria de radiação gama

A seletividade do método é assegurada pelo valor da energia liberada pela

emissão de radiação gama, que é característico de cada elemento radioativo.

O sistema de detecção empregado na medição radioativa das amostras é

formado por um detector de radiação gama mantido a temperatura de nitrogênio

liquido, semicondutor coaxial de germânio hiperpuro HPGe Eg&G ORTEC, modelo

número 092X-007, e um sistema integrado SPECTRUM MASTER 92X, composto

por uma fonte de alta tensão, um pré-amplificador, um amplificador, um conversor

analógico digital, um analisador multicanal, com 8192 canais, e um registrador,

gerenciado por software MAESTRO, cujo esquema é apresentado na Figura 13.

Figura 13. Esquema do sistema de espectrometria gama do detector HPGe Eg&G ORTEC.

O raio γ ao incidir no detector produz um pulso elétrico proporcional à sua

energia perdida ao atravessar o cristal. Esses pulsos são então amplificados e

armazenados, pela altura, em diferentes espaços de memória do computador,

produzindo um espectro na faixa de 50 keV a 3000 keV em energia dos raios γ

incidentes, possibilitando a identificação de cada elemento radioativo cadastrado no

sistema.

54

Para a calibração da escala de altura do pulso nos 8192 canais, foi utilizada

uma fonte padrão contendo o 60Co, certificado pelo IRD, que possui um raio γ de

1173.238 keV e outro de 1332.501 keV.

Após leitura no detector, a atividade do 226Ra nas soluções preparadas a partir

do padrão certificado, foi determinada através da razão entre a integral do pico de

energia 185,99 keV e o tempo de contagem de 4000 segundos.

Para as amostras de fosfogesso e as extrações provenientes das mesmas,

que apresentaram baixa atividade, o 226Ra foi determinado através da média das

atividades referentes aos três fotopicos dos seus nuclídeos filhos: dois do 214Pb e um

do 214Bi, cujas energias gama e intensidades de desintegração são apresentadas na

Tabela 4. O tempo de contagem adotado foi de 86.000 segundos.

Tabela 4. Energias gama e intensidades dos radionuclídeos analisados.

Nuclídeos Energia gama (keV) Intensidade (%)

295,21 18,7 214Pb

351,93 35,8

214Bi 609,32 45,0

(SANTOS, 2002).

O programa MAESTRO foi utilizado para aquisição e gravação dos dados

obtidos na medida das amostras por espectrometria gama e os espectros, assim

obtidos, foram analisados pelo programa APTEC.

O espectro obtido no APTEC, referente à medida por espectrometria gama de

uma alíquota da solução padrão contendo o 226 Ra, é apresentado na Figura 14.

55

Figura 14. Espectro gama referente à medida de uma alíquota da solução padrão contendo o 226 Ra.

56

A atividade especifica do radionuclídeo foi calculada pela expressão a seguir:

Equação 1.

Onde:

A = Atividade específica do radionuclídeo na amostra (Bq.kg-1 – Bequerel

por quilograma);

P = Área líquida do fotopico (cps – contagem por segundo);

ε = Eficiência da contagem (cps/dps – contagem por segundo por

desintegração por segundo);

t = Tempo de contagem (s – segundo);

m = Massa da amostra analisada (kg – quilograma);

I = Probabilidade de emissão de energia gama por desintegração (%/100).

(SANTOS, 2002).

A eficiência de contagem (ε), associada às características de construção do

aparelho de detecção de raios gama, é dada em função da fonte de radiação, do

meio e da geometria de medição.

Equação 2.

Onde:

Equação 3.

57

Equação 4.

Onde:

A(0) = atividade da fonte padrão certificada no tempo t0.

λ = constante de decaimento do radioisótopo (λ=ln2/t1/2).

t = tempo decorrido.

t1/2 = tempo de meia-vida do radioisótopo.

(KELLER, 1981).

4.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Todos os cálculos foram realizados com base nas massas referentes a cada

solução e alíquota trabalhada, de forma a minimizar os erros. A balança analítica

utilizada foi da marca MARTE, modelo AL-500. A partir da segunda etapa, todas as

amostras foram acondicionadas em frascos próprios à centrifugação.

4.3.1. Descrição do método

As amostras coletadas do ponto já referenciado anteriormente, previamente

homogeneizadas, subdivididas e secas em estufa, foram preparadas com 150

gramas de fosfogesso e acondicionadas em frascos de polietileno. Após os 28 dias

de repouso, foram levadas ao aparelho de espectrometria gama para a contagem da

atividade radioativa do radioisótopo de rádio de meia-vida mais longa, o 226Ra. Esta

etapa está representada no fluxograma da Figura 15.

58

Figura 15. Fluxograma da caracterização radioativa das amostras de fosfogesso para posterior

extração do rádio.

A fim de comparar a eficiência dos materiais na sorção do 226Ra extraído das

amostras de fosfogesso, foram testados o carvão ativado e a resina chelex-100, em

solução contendo rádio, fornecida pelo IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria)

com atividade radioativa conhecida de 3.915 ± 2,74 kBq.kg-1.

A partir de uma alíquota da solução padrão contendo o 226Ra, foram

preparadas três soluções de igual volume, duas para testar os sorventes e uma para

ser usada como branco para futura comparação de resultados. As soluções

problema foram preparadas adicionando-se pequena massa do padrão, em torno de

0,183 g, a 10 g de água destilada e deionizada e em seguida cada frasco recebeu

1,0 g de cada sorvente.

Após terem sido deixadas em agitação por 24 horas, foram centrifugadas,

com aceleração de 5000 rpm por 10 minutos (centrífuga CELM, modelo LS-3 plus).

Em seguida foi retirada uma alíquota de 5,0 g para que cada frasco gerasse uma

amostra de sobrenadante e, assim pudessem ser levadas ao aparelho de

59

espectrometria gama para leitura e posterior comparação de resultados. A

quantidade de rádio sorvida em cada substância foi estimada através da diferença

entre as atividades medidas na solução denominada “branco” e no sobrenadante,

processo representado no fluxograma da Figura 16.

Figura 16. Fluxograma do processo utilizado na comparação da eficiência dos sorventes na

solução padrão.

A seguir, para extração do rádio, 150 g de fosfogesso foram misturados a 1

litro de uma solução de oxalato de amônio 0,2 M e ácido oxálico 0,2 M. Após

60

agitação por 24 horas à temperatura ambiente (SILVA et al., 2001), a solução foi

filtrada e levada à leitura em espectrometria gama, dando origem à solução aqui

denominada “solução extratora tampão”. O processo de extração é representado no

fluxograma da Figura 17.

Figura 17. Fluxograma do processo utilizado na extração do rádio das amostras de fosfogesso.

Nesta etapa, as soluções foram preparadas adicionando-se aproximadamente

2,0 g da solução padrão, usada como “branco” no teste anterior, a 10 g da solução

tampão com a adição de 1,0 g de carvão ativado ou da resina chelex-100, em

frascos diferentes. Também foram preparadas duas outras soluções a partir da

solução tampão para serem usadas como “branco com padrão” e “branco sem

padrão”, para posterior comparação de dados. O procedimento para determinação

da atividade radioativa nas amostras desta etapa foi exatamente o mesmo da etapa

anterior, e está representado no fluxograma da Figura 18.

61

Figura 18. Fluxograma do processo utilizado na comparação da eficiência dos sorventes de 226Ra da solução extratora com a adição da solução contendo o padrão.

Foram preparadas três colunas preenchidas com massas em torno de 3,0 g

da resina chelex-100 e outras três com massas em torno de 3,0 g de carvão ativado

para que as extrações I, II e III fossem percoladas. Em cada coluna foi passada 1

litro de solução tampão, de forma a pré-concentrar o rádio, etapa representada no

fluxograma da Figura 19.

62

Figura 19. Fluxograma da aplicação dos sorventes nas colunas trocadoras de íons.

Posteriormente, o 226Ra pré-concentrado foi eluído das colunas por uma

alíquota de 100 ml de solução de HCl 0,1M, percolados em cada uma delas.

Para a última etapa do experimento, foram preparadas seis amostras

contendo massas em torno de 0,5 g de hidróxiapatita, três com 100 ml da solução

HCl 0,1 M contendo o rádio de cada extração oriunda das colunas recheadas com a

resina chelex-100 e outras três com 100 ml de HCl 0,1 M provenientes de cada

extração oriunda das colunas recheadas com carvão ativado. Outras seis amostras

foram preparadas com as mesmas características das primeiras, apenas com a

substituição de 0,5 g de hidróxiapatita por 0,5 g de flúorapatita.

Após agitação por 48 horas, todas as amostras foram centrifugadas com

aceleração de 5000 rpm por 10 minutos, o sobrenadante de cada uma, retirado com

pipeta e o sólido levado à leitura no aparelho de espectrometria gama, para que a

eficiência de sorção na hidróxiapatita (HA) e na flúorapatita (FA) fossem avaliadas, e

63

o 226Ra retido para acondicionamento, quantificado. Esta etapa é representada no

fluxograma da Figura 20.

Figura 20. Fluxograma da eluição do 226Ra pré-concentrado na coluna e posterior sorção em

hidróxiapatita ou flúorapatita.

64

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. ATIVIDADE RADIOATIVA NO FOSFOGESSO

A Tabela 5 apresenta a média dos níveis de atividade radioativa do 226Ra nas

amostras de fosfogesso pesquisadas.

Tabela 5. Média da atividade radioativa do 226Ra nas amostras de fosfogesso.

AMOSTRA FOSFOGESSO

226Ra

168 ± 11 ATIVIDADE (Bq.kg-1 ± σ) (*)

(INTERVALO) (155 – 176)

(*) valor médio (n=3); σ = estimativa do desvio padrão absoluto.

Nas Tabelas 6 e 7 estão os dados colhidos na literatura, como referenciado

nas mesmas, que demonstram uma grande variação na concentração de atividade

radioativa do 226Ra, tanto nas amostras de fosfogesso de procedência nacional

quanto nas amostras de origem estrangeira, para servir de base às comparações.

Os trabalhos com dados nacionais foram realizados com amostras cedidas

pelos quatro maiores fabricantes brasileiros de ácido fosfórico (Copebrás, Ultrafértil,

Fosfértil e Serrana), sendo mostrados na Tabela 6.

65

Tabela 6. Médias das concentrações de atividade gama para amostras de fosfogesso de fabricantes brasileiros de ácido fosfórico de diferentes procedências, citadas na literatura.

INDÚSTRIAS PROCEDÊNCIA ATIVIDADE do 226Ra

(Bq.kg-1) REFERÊNCIA

890 ± 210 MAZZILI et al., 2000.

693 ± 50 PALMIRO, 2001.

590 ± 80 SILVA, 2001.

Copebrás Ltda Catalão (GO)

850 ± 240 SANTOS, 2002.

270 ± 20 MAZZILI et al., 2000.

22 ± 0,4 PALMIRO, 2001.

270 ± 80 SILVA, 2001.

Ultrafértil S.A. Jacupiranga (SP)

360 ± 120 SANTOS, 2002.

Fosfértil Fertilizantes Fosfatados S.A. Catalão (GO) 100 ± 4

Serrana Fertilizantes Tapira (MG) 265 ± 31

PALMIRO, 2001.

Na Tabela 7, com amostras de fosfogesso de diferentes procedências

internacionais, se observa uma grande variabilidade nas médias de concentrações

de atividade radioativa para o 226Ra que chega a duas ordens de grandeza, de 85

Bq.kg-1 (China) a 4800 Bq.kg-1 (Carolina do Sul).

Comparando os resultados obtidos no presente trabalho com os dados

apresentados nas Tabelas 6 e 7 percebe-se que a atividade radioativa do 226Ra nas

amostras de fosfogesso coletadas em Imbituba-SC é menor que a encontrada por

diferentes autores em regiões do Brasil como: Catalão (GO), Jacupiranga (SP) e

Tapira (MG). E ainda uma ordem de grandeza inferior às encontradas por Scholten

& Timmermans (1996); Azouazi et al. (2001) e de Rutherford et al. (1994), em

amostras coletadas na Flórida, Carolina do Sul e Marrocos, respectivamente. Os

resultados obtidos na Flórida, Carolina do Sul e Marrocos, referem-se a atividade em

fosfogesso proveniente do processamento de rocha fosfática sedimentar

(SCHOLTEN & TIMMERMANS,1996; AZOUAZI et al., 2001) , cujo minério de fósforo

é o fosforito. Já o fosfogesso produzido no Brasil é proveniente de rochas

66

magmáticas, cujo minério de fósforo é a apatita (SANTOS et al., 2002). Essa

diferença nos resultados pode ser atribuída ao processamento de rochas de

diferentes origens, o que resulta na produção de resíduos com diferentes

radioatividades (SANTOS et al., 2002).

Tabela 7. Análises realizadas com amostras de fosfogesso de diferentes procedência internacionais, citadas na literatura

PAÍS DE ORIGEM

REFERÊNCIA ORIGEM DA ROCHA FOSFÁTICA

ATIVIDADE do 226Ra (Bq.kg-1)

Espanha BORREGO

et al., 2007 Marrocos 620

China BURNETT

et al., 1996 Keiyan 85

Índia BURNETT

et al., 1996 Vadorado 510

Egito BURNETT

et al., 1996 Rocha do Vale do Nilo 100

Flórida RUTHERFORD

et al., 1994 Flórida Central 1140

EUA SCHOLTEN &

TIMMERMANS,1996 Carolina do Sul 4800

Marrocos AZOUAZI et al.,

2001 Marrocos 1700

5.2. ATIVIDADE RADIOATIVA NA SOLUÇÃO EXTRATORA

A Tabela 8 apresenta o valor da eficiência média de extração do 226Ra com

ácido oxálico / oxalato de amônio 0,2 M (pH = 4,0) (SILVA et al., 2001; AFONSO et

al., 1997; KUMMER, 2008), de aproximadamente 84%, calculada pelos valores

médios das atividades radioativas do 226Ra presente na solução extratora (Tabela 8)

e do 226Ra presente no fosfogesso (Tabela 5).

67

Tabela 8. Eficiência média de extração do 226Ra das amostras de fosfogesso.

SOLUÇÃO EXTRATORA ATIVIDADE MÉDIA DO 226 Ra

(INTERVALO) (Bq.kg-1 ± σ) (*)

% MÉDIA DE

EXTRAÇÃO

DO 226Ra (**)

141 ± 61 Ácido oxálico / oxalato de amônio

0,2 M (81 – 204) 84 ± 36

(*) = Bq.kg-1 = Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3).

(**) = Calculado sobre os valores médios das atividades de 226 Ra no fosfogesso e na solução extratora.

As altas percentagens observadas no desvio padrão dos valores

apresentados, se deve à baixa atividade do 226Ra nas amostras estudadas.

5.3. COMPARAÇÃO DOS MATERIAIS SORVENTES

Para comparação, foram realizados testes de sorção com carvão ativado e

resina chelex-100 através da imersão de 1,0 g de cada sorvente em 10,0 g de

solução contendo 0,183 g do padrão 226 Ra, cujos resultados são apresentados na

Tabela 9, a seguir.

Tabela 9. Eficiência média de sorção do 226Ra presente na solução padrão, nos materiais testados.

ATIVIDADE (INTERVALO) (MBq.kg-1± σ) SORVENTES

SOBRENADANTE (*) SORVIDO (**)

% MÉDIA DE

SORÇÃO (***)

carvão ativado ---- 1,16 ± 0,08

(1,06 – 1,22) 100 ± 7

resina chelex – 100 0,008 ± 0,003

(0,005 – 0,012)

1,15 ± 0,07

(1,05 – 1,21) 99 ± 6

ATIVIDADE NA SOLUÇÃO PADRÃO (MBq.kg-1± σ) (*) = 1,16 ± 0,08

(INTERVALO) (1,06 – 1,22)

(*) = MBq.kg-1 = Mega Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3); σ = estimativa de desvio padrão absoluto.

(**) = Calculado pela diferença entre as atividades da solução e do sobrenadante.

(***) = Calculado sobre os valores médios das atividades de 226 Ra sorvido.

68

Observamos que, com o 226Ra na forma mais pura (padrão), os resultados

demonstram uma ótima sorção para os dois reagentes. O tempo de contagem foi de

4.000 segundos para os dois materiais. A resina chelex-100 apresentou erros em

torno de 39% nas medidas (Tabela 9), em razão da quantidade remanescente do 226

Ra no sobrenadante ser irrisória.

No presente estudo, também foi obtida uma ótima taxa de sorção para 226Ra

com o carvão ativado como sorvente na solução padrão (pH = 4,0), chegando sua

taxa de sorção a atingir os 100% percentual.

5.4. COMPARAÇÃO DOS MATERIAIS SORVENTES NO RÁDIO EXTRAÍDO COM

ADIÇÃO DE PADRÃO

Em virtude da baixa atividade nas amostras de fosfogesso, para chegar aos

valores apresentados na Tabela 10, foram utilizadas quantidades iguais, tanto da

solução tampão, extratora do rádio do fosfogesso (10g) quanto da solução padrão

(2g), para os testes com cada um dos sorventes utilizados na etapa anterior, como

esquematizado na Figura 18.

Tabela 10. Eficiência média de sorção do 226Ra presente na solução extratora com adição de padrão.

ATIVIDADE (INTERVALO) (kBq.kg-1± σ) SORVENTES

SOBRENADANTE (*) SORVIDO (**)

% MÉDIA DE

SORÇÃO (***)

carvão ativado ---- 260,98 ± 31,78

(232,40 – 290,60) 100 ± 12

resina chelex – 100 0,50 ± 0,06

(0,44 – 0,56)

260,47 ± 31,73

(231,96 – 290,03) 99 ± 12

ATIVIDADE NA SOLUÇÃO TAMPÃO COM PADRÃO = 260,98 ± 31,78

(INTERVALO) (kBq.kg-1± σ) (*) (232,40 – 290,60)

(*) = kBq.kg-1 = Quilo Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3); σ = estimativa de desvio padrão absoluto.

(**) = Calculado pela diferença entre as atividades da solução e do sobrenadante.

(***) = Calculado sobre os valores médios das atividades de 226 Ra sorvido.

69

Observamos que, com a solução contendo o 226Ra extraído com adição de

padrão, os resultados demonstram ainda, mais de 99,80% de eficiência média de

sorção para os dois sorventes.

5.5. COLUNAS TROCADORAS DE ÍONS

Os valores na Tabela 11 representam as medidas realizadas com alíquotas

da solução tampão sem adição de padrão.

Tabela 11. Eficiência de sorção do 226Ra presente nas soluções percoladas pelas colunas.

ATIVIDADE (INTERVALO) (Bq.kg-1± σ) SORVENTES

SOBRENADANTE (*) SORVIDO (**)

% MÉDIA DE

SORÇÃO (***)

carvão ativado 5 ± 2

(4 – 7)

135 ± 59

(77 – 196) 96 ± 42

resina chelex – 100 40 ± 19

(21 – 58)

101 ± 42

(59 – 145) 72 ± 30

ATIVIDADE NA SOLUÇÃO TAMPÃO = 141 ± 61

(INTERVALO) (Bq.kg-1± σ) (*) (81 – 204)

(*) = Bq.kg-1 = Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3); σ = estimativa de desvio padrão absoluto.

(**) = Calculado pela diferença entre as atividades da solução e do sobrenadante.

(***) = Calculado sobre os valores médios das atividades de 226 Ra sorvido.

Pelos resultados obtidos, tanto nas etapas onde o 226Ra se apresentava na

forma mais pura (padrão) quanto na solução onde o 226Ra se apresentava na forma

complexada a outros elementos (extração), o carvão ativado foi o sorvente que

apresentou o melhor desempenho com eficiência média de 96,28% na adsorção

(pH = 5,0) e a resina chelex-100 apresentou eficiência média de adsorção de

71,82% (pH = 5,0) para o 226Ra extraído do fosfogesso. Para a etapa de pré-

concentração se utilizou tanto o carvão ativado quanto a resina chelex-100.

70

5.6. ACONDICIONAMENTO EM HIDRÓXIAPATITA E FLÚORAPATITA

A seguir, na Tabela 12, são apresentadas as taxas de sorção em

hidróxiapatita e flúorapatita, do 226Ra pré-concentrado em carvão ativado e resina

chelex-100.

Tabela 12. Eficiência de sorção pela Hidróxiapatita e pela Flúorapatita, do 226Ra pré-concentrado em colunas com carvão e resina chelex-100,

COLUNAS

(PRÉ-CONCENTRAÇÃO) SORVENTES

ATIVIDADE NO SÓLIDO

(INTERVALO)

(Bq.kg-1± σ) (*)

% MÉDIA DE

SORÇÃO (**)

Hidróxiapatita 75 ± 24

(50 – 98) 88 ± 28

carvão ativado

Flúorapatita 78 ± 22

(68 – 92) 92 ± 26

Hidróxiapatita 53 ± 25

(28 – 79) 83 ± 39

resina chelex-100

Flúorapatita 52 ± 24

(28 – 75) 81 ± 37

ATIVIDADE DO 226 Ra PRÉ-CONCENTRADO (INTERVALO): (Bq.kg-1± σ) (*)

NO CARVÃO: 85 ± 28 – NA RESINA CHELEX-100: 64 ± 19

(59 – 114) (44 – 81)

(*) = Bq.kg-1 = Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3); σ = estimativa de desvio padrão absoluto.

(**) = Calculado sobre os valores médios das atividades de 226 Ra sorvido.

De acordo com os resultados obtidos na Tabela 12, o carvão ativado

apresentou desempenho (32±3)% superior à resina chelex-100 na pré-concentração

do 226 Ra e tanto a hidróxiapatita quanto a flúorapatita apresentaram desempenho

muito satisfatório com eficiência de sorção muito próxima.

71

5.7. CÁLCULO DAS RECUPERAÇÕES OBTIDAS

A Tabela 13 apresenta os percentuais médios de 226Ra obtidos no fosfogesso,

na solução extratora, sorvido no carvão ativado e na resina chelex-100, e eluído do

carvão ativado e da resina chelex-100.

Tabela 13. Média de 226Ra presente nas etapas do experimento.

ETAPAS ATIVIDADE MÉDIA

(Bq.kg-1) (*) % MÉDIA DE

226Ra

Medida no fosfogesso 168 ± 11 100 ± 7

Medida na solução extratora 141 ± 61 84 ± 36

Sorção no carvão ativado 135 ± 59 96 ± 42

Sorção na resina chelex-100 101 ± 42 72 ± 30

Eluído do carvão ativado 85 ± 28 63 ± 21

Eluído da resina chelex-100 64 ± 19 63 ± 19

(*) = Bq.kg-1 = Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3).

5.7.1. Extração do 226Ra do fosfogeso

Concentração no fosfogesso: [Ra]f = 168 ± 11 Bq.kg-1.

Concentração no extrato: [Ra]e = 141 ± 61 Bq.kg-1.

Recuperação da extração: Re = (141 ± 61 /168 ± 11) x 100 ≈ (82 ± 31)%.

5.7.2. Sorção do 226Ra do extrato

Concentração no carvão ativado: [Ra]ca = 135 ± 59 Bq.kg-1.

Concentração na resina chelex-100: [Ra]ch = 101 ± 42 Bq.kg-1.

Recuperação da sorção:

No carvão ativado: Rs-ca = (135 ± 59 / 141 ± 61) x 100 ≈ (95,5 ± 0,5)%.

Na resina chelex-100: Rs-ch = (101 ± 42 / 141 ± 61) x 100 ≈ (72,5 ± 1,5)%.

72

5.7.3. Extração do 226Ra do sorvente

Concentração do rádio eluído:

Do carvão ativado: [Ra]el-ca = 85 ± 28 Bq.kg-1.

Da resina chelex-100: [Ra]el-ch = 64 ± 19 Bq.kg-1.

Recuperação na eluição:

Do carvão ativado: Rr-el-ca = (85 ± 28 / 135 ± 59) x 100 ≈ (66,5 ± 8,5)%.

Da resina chelex-100: Rr-el-ch = (64 ± 19 / 101 ± 42) x 100 ≈ (67 ± 9)%.

A Tabela 14 apresenta os percentuais médios obtidos na sorção, pela

flúorapatita e pela hidróxiapatita, do 226Ra eluído do carvão ativado e da resina

chelex-100.

Tabela 14. Média de sorção do 226Ra eluído durante o experimento.

SORÇÃO DO 226Ra ELUÍDO ATIVIDADE

MÉDIA (Bq.kg-1) (*)

% MÉDIA DE 226Ra

Sorção pela flúorapatita 78 ± 22 88,5 ± 0,5 Eluído do carvão ativado

Sorção pela hidróxiapatita 75 ± 24 93 ± 5

Sorção pela flúorapatita 52 ± 24 78 ± 16 Eluído da resina chelex-100

Sorção pela hidróxiapatita 53 ± 25 77 ± 15

(*) = Bq.kg-1 = Bequerel por quilograma - Valor médio (n=3).

5.7.4. Sorção pelo acondicionamento do 226Ra

Concentração do rádio pré-concentrado no carvão ativado:

Na flúorapatita: [Ra]FAca = 78 ± 22 Bq.kg-1.

Na hidróxiapatita: [Ra]HAca = 75 ± 24 Bq.kg-1.

73

Recuperação no acondicionamento do rádio pré-concentrado no carvão ativado:

Na flúorapatita: [Ra] r-FAca = (78 ± 22 / 85 ± 28) x 100 ≈ (93 ± 5)%.

Na hidróxiapatita: [Ra] r-HAca = (75 ± 24 / 85 ± 28) x 100 ≈ (88,5 ± 0,5)%.

Concentração do rádio pré-concentrado na resina chelex-100:

Na flúorapatita: [Ra]FAch = 52 ± 24 Bq.kg-1.

Na hidróxiapatita: [Ra]HAch = 53 ± 25 Bq.kg-1.

Recuperação no acondicionamento do rádio pré-concentrado na resina chelex-100:

Na flúorapatita: [Ra] r-FAch = (52 ± 24 / 64 ± 19) x 100 ≈ (77 ± 15)%.

Na hidróxiapatita: [Ra] r-HAch = (53 ± 25 / 64 ± 19) x 100 ≈ (78 ± 16)%.

A Tabela 15 apresenta os percentuais obtidos na recuperação global do

processo no acondicionamento do 226Ra pré-concentrado, na flúorapatita e na

hidróxiapatita.

Tabela 15. Recuperação global do processo no acondicionamento do 226Ra.

ACONDICIONAMENTO DO 226Ra % RECUPERAÇÃO GLOBAL

flúorapatita 52 ± 28 Pré-concentrado no carvão ativado

hidróxiapatita 49 ± 24

flúorapatita 36 ± 23 Pré-concentrado na resina chelex-100

hidróxiapatita 36 ± 23

5.7.5. Recuperação global no acondicionamento do 226Ra

Do rádio pré-concentrado no carvão ativado:

Na flúorapatita:

(0,82 ± 0,31) x (0,96 ± 0,01) x (0,67 ± 0,09) x (0,93 ± 0,05) x 100 ≈ (52 ± 28)%.

74

Na hidróxiapatita:

(0,82 ± 0,31) x (0,96 ± 0,01) x (0,67 ± 0,09) x (0,89 ± 0,01) x 100 ≈ (49 ± 24)%.

Do rádio pré-concentrado na resina chelex-100:

Na flúorapatita:

(0,82 ± 0,31) x (0,73 ± 0,02) x (0,67 ± 0,09) x (0,77 ± 0,15) x 100 ≈ (36 ± 23)%.

Na hidróxiapatita:

(0,82 ± 0,31) x (0,73 ± 0,02) x (0,67 ± 0,09) x (0,78 ± 0,16) x 100 ≈ (36 ± 23)%.

5.8. EXTRAPOLAÇÃO DOS DADOS PARA ESTIMATIVA DA RECUPERAÇÃO DO

PASSIVO AMBIENTAL

Pelos cálculos realizados, a eficiência global obtida na retenção do 226Ra em

cada material, demonstra valores similares para a capacidade de acondicionamento

da flúorapatita e da hidróxiapatita.

Em 1,0 kg de fosfogesso com atividade média inicial, relativa a presença do 226Ra, de 168 ± 11 Bq.kg-1 e o carvão ativado como melhor sorvente na sua pré-

concentração, as eficiências globais de (52 ± 28)% e (49 ± 24)% corresponderiam a

uma atividade de 90 ± 53 Bq em flúorapatita e 85 ± 46 Bq de atividade em

hidróxiapatita.

Se os valores encontrados para 1,0 kg de fosfogesso fossem extrapolados

para a pilha de origem com 500.000 ton, a atividade total referente à presença do 226Ra seria equivalente a (8,4 ± 0,6) x 1010 Bq. Em tese, considerando a eficiência

global obtida para o acondicionamento em cada material, a atividade radioativa que

poderia ser retirada, desta pilha de fosfogesso, seria da ordem de (4,5 ± 2,6) x 1010

Bq.

75

6. CONCLUSÕES A partir dos estudos realizados e dos resultados obtidos nesta pesquisa,

chegou-se as seguintes conclusões:

• Quanto à atividade e à extração do 226Ra das amostras de fosfogesso:

Ainda que as amostras analisadas durante o desenvolvimento da metodologia

não apresentassem atividade radioativa muito alta, o ácido oxálico / oxalato de

amônio 0,2 M, utilizado como solvente, apresentou uma eficiência de (82 ± 31)% na

extração do radionuclídeo 226Ra do fosfogesso.

• Quanto à eficiência de sorção do 226Ra:

O carvão ativado foi o material sorvente de melhor resposta ao método, tanto

na sorção do 226Ra do padrão quanto do extraído das amostras.

• Quanto à pré-concentração do 226Ra, em colunas trocadoras de íons:

Considerando que a atividade radioativa, nesta etapa, foi determinada pela

atividade na solução eluente, idêntica para todas as colunas, o carvão ativado foi o

sorvente com melhor resultado, apresentando uma eficiência (32 ± 3)% superior

àquela apresentada pela resina chelex-100, na pré-concentração do 226Ra extraído

do fosfogesso.

76

• Quanto ao acondicionamento do 226Ra:

Ambos os materiais estudados se mostraram satisfatórios no

acondicionamento do radionuclíneo 226Ra extraído do fosfogesso, com eficiências

globais de retenção, calculadas no processo, muito similares: (49 ± 24)% para a

hidróxiapatita e (52 ± 28)% para a flúorapatita.

• Quanto à implantação:

Desta forma se conclui que, o método desenvolvido apresentou boa resposta,

a nível laboratorial, para o emprego do tampão ácido oxálico / oxalato de amônio

(0,2 M) como solução extratora do rádio do fosfogesso, do carvão ativado como

material adsorvente para sua pré-concentração e da hidróxiapatita e/ou flúorapatita

como material no seu acondicionamento.

Estes valores levam a crer na possibilidade de implantação da metodologia

desenvolvida, para remoção do principal contribuinte de radiação de meia vida longa

no fosfogesso, a nível piloto industrial.

77

7. REFERÊNCIAS

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