133
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO PEDRO PAULO SILVEIRA FELICÍSSIMO DIMENSÕES ESTRATÉGICAS PARA PROPOSIÇÃO DE UM ÍNDICE DE VALOR ADICIONAL SUSTENTÁVEL DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE RECICLAGEM DE ALUMÍNIO Niterói 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA …app.uff.br/riuff/bitstream/1/3556/1/Dissert Pedro Paulo Silveira... · Figura 19 Base de Regras: Social ... GM - General Motors GRI G4 -

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO

PEDRO PAULO SILVEIRA FELICÍSSIMO

DIMENSÕES ESTRATÉGICAS PARA PROPOSIÇÃO DE UM ÍNDICE DE VALOR

ADICIONAL SUSTENTÁVEL DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE RECICLAGEM

DE ALUMÍNIO

Niterói

2016

PEDRO PAULO SILVEIRA FELICÍSSIMO

F314 Felicíssimo, Pedro Paulo.

Dimensões estratégicas para proposição de um índice de valor

adicional sustentável de avaliação de projetos de reciclagem de

alumínio / Pedro Paulo Felicíssimo. – Niterói, 2016.

133 p. : il. ; 30 cm.

Orientador: D. Sc. Gilson Brito Alves Lima.

Dissertação (Pós-Graduação Strictu Sensu Mestrado Profissional em

Sistemas de Gestão - Área de Concentração: Organizações e Estratégia)

Universidade Federal Fluminense, 2016.

Bibliografia: p. 114-120.

1. Reaproveitamento (sobras, refugos, etc.). 2. Alumínio – Materiais -

Reaproveitamento. I. Felicíssimo, Pedro Paulo. II. Título.

CDD 673.7220286

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus, essa força criadora que nos inspira, anima e admoesta no

caminho do bem, nos direcionando para a realização de ações com o objetivo de contribuir para

um mundo melhor, mais solidário e equitativo.

Ao meu orientador Gilson Brito Alves Lima, em particular pela admoestação e orientação

incansável, proporcionando a mim a realização de um excelente trabalho de pesquisa, o qual

veio a complementar um caminho profissional que percorro há uma década.

A todos os meus professores do mestrado pelo apoio incondicional ao estudo e permanente

incentivo para a conclusão do Mestrado,

A minha esposa Ana Márcia Fonseca Ramires por ser paciente e incentivadora nas diversas

horas de pesquisa e consolidação deste trabalho.

A todo o universo de pesquisadores acadêmicos, cuja luta incansável nos estudos e contra todas

as adversidades possíveis, torna realidade um Brasil melhor, em especial, ao grupo de trabalho

coordenado pelo professor Luiz Gavião, o qual muito me auxiliou neste trabalho.

RESUMO

Este trabalho de pesquisa apresenta uma avaliação das dimensões estratégicas para proposição

de um índice de valor adicional sustentável para avaliação de projetos de reciclagem de

alumínio. Para este propósito, utilizou-se as metodologias do tipo qualitativa com revisão da

literatura sobre os modelos, dimensões e indicadores de sustentabilidade mais utilizados por

empresas, aplicando-se a pesquisa quantitativa, a partir das análises dos relatórios de

sustentabilidade e das práticas reais de benchmarking do mercado de reciclagem de alumínio.

O método difuso complementa a pesquisa na observação e comprovação dos comportamentos

dos indicadores ambientais, econômicos, sociais e normativos, frente às adições crescentes de

conteúdo reciclado no produto final. As conclusões da aplicação dos métodos qualitativo,

quantitativo e difuso, sinalizam um papel preponderante da dinâmica da dimensão social do

modelo para a adição de valor e de sustentabilidade aos processos da logística reversa do

alumínio. O acréscimo da dimensão normativa ao modelo proposto, permite aos pesquisadores,

questões e perspectivas de futuros estudos para a identificação de estratégias, padrões e

parâmetros das empresas na inclusão da reciclagem ao final do ciclo de vida dos produtos.

Palavras-chave: sustentabilidade, reciclagem, modelos, dimensões, indicadores, ecoeficiência,

eco social eficiência, ciclo de vida do produto, valor adicional sustentável, lógica fuzzy.

ABSTRACT

This research presents an assessment of the strategic dimensions to propose an index of

sustainable additional value for the evaluation of aluminum recycling projects. For this purpose,

methods of qualitative type was used with literature review of models, dimensions and

sustainability indicators most used by companies, to applying quantitative research, from the

analysis of sustainability reports and the actual practices of benchmarking aluminum recycling

market. The fuzzy method complements research on observation and verification of the

behavior of environmental indicators, economic, social and normative, front of increasing

additions of recycled content in the final product. The conclusions of the application of

qualitative methods, quantitative and fuzzy, signal an important dynamic role of the social

dimension of the model for adding value and sustainability to the processes of reverse logistics

aluminum. The addition of the normative dimension to the proposed model, allows researchers,

questions and prospects of future studies to identify strategies, standards and parameters of the

companies in the inclusion of recycling at the end of life product cycle.

Keywords: sustainability, recycling, models, dimensions, indicators, eco-efficiency, social

eco-efficiency, life cycle analysis, sustainable additional value, fuzzy logic.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 Evolução dos índices de reciclagem de PET no Brasil.............................. 14

Figura 1 Diagrama de produção de nova embalagem PET....................................... 15

Gráfico 2 Reciclagem de latas de alumínio no mundo............................................... 16

Figura 2 Fluxograma do Ciclo de Vida do Produto com Reciclagem ao Final de

Vida.............................................................................................................

40

Figura 3 Modelo Base dos 3 P.................................................................................. 47

Figura 4 Indicadores SEE Balance de Impactos Ambientais.................................... 64

Figura 5 Gráfico de Pareto de Ecoeficiência............................................................ 66

Figura 6 Indicadores SEE Balance de Ecosocial Eficiência..................................... 68

Figura 7 Cubo Ecosocial Eficiência......................................................................... 70

Figura 8 Interface Gráfica de Criação e Controle do SIF......................................... 81

Figura 9 Sistema de Inferências Fuzzy do Modelo................................................... 86

Figura 10 SIF Ambiental............................................................................................ 87

Figura 11 SIF Econômico........................................................................................... 88

Figura 12 Base de Regras: Ambiental........................................................................ 89

Figura 13 Base de Regras: Econômico........................................................................ 89

Figura 14 Funções de Pertinência da Dimensão Ambiental....................................... 89

Figura 15 SIF Social................................................................................................... 91

Figura 16 Funções de Pertinência da Dimensão Social - Associativismo.................. 91

Figura 17 Funções de Pertinência da Dimensão Social - Cooperativismo................. 92

Figura 18 Funções de Pertinência da Dimensão Social – Ecosocial Eficiência.......... 92

Figura 19 Base de Regras: Social ............................................................................... 93

Figura 20 Ecosocial Eficiência – superfície tridimensional........................................ 93

Figura 21 SIF Normativo........................................................................................... 94

Figura 22 Funções de Pertinência Normativa: Conteúdo Reciclado.......................... 94

Figura 23 Funções de Pertinência Normativa: Conformidade.................................... 95

Figura 24 Base de Regras: Normativa ....................................................................... 95

Figura 25 Função Conteúdo Reciclado versus Grau de Conformidade....................... 96

Figura 26 SIF Valor Adicional Sustentável............................................................... 96

Figura 27 Base de Regras: VAS.................................................................................. 97

Figura 28 SIF do Alumínio Primário com Reciclagem de 46%................................. 99

Figura 29 SIF da Sucata de Alumínio com Reciclagem de 46%................................. 101

Figura 30 SIF do Alumínio Primário com Reciclagem de 80%................................. 104

Figura 31 SIF da Sucata de Alumínio com Reciclagem de 80%................................. 106

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Atividades de processamento e recuperação de materiais......................... 38

Quadro 2 Etapas da ACV com reciclagem e reaproveitamento industrial................. 41

Quadro 3 Quadro teórico referencial de dimensões do modelo................................. 46

Quadro 4 Quadro teórico referencial de indicadores do modelo............................... 60

Quadro 5 Relação entre GRI G4, Legislação Brasileira e Indicadores Fuzzy.......... 71

Quadro 6 Levantamento bibliográfico...................................................................... 130

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Geração de resíduos globais.......................................................................... 16

Tabela 2 Receita global com a logística reversa.......................................................... 18

Tabela 3 Nível de emprego no setor de reciclagem - Brasil........................................ 18

Tabela 4 Linha de base: categorias e indicadores para emissões atmosféricas............. 64

Tabela 5 Linha de base: categorias e indicadores para emissões na água..................... 65

Tabela 6 Alumínio primário com abordagem de corte ............................................. 100

Tabela 7 Alumínio primário com reciclagem de 46%............................................... 100

Tabela 8 Sucata de alumínio com abordagem de corte ............................................ 102

Tabela 9 Sucata de alumínio com reciclagem de 46%............................................... 102

Tabela 10 Alumínio primário com abordagem de corte ............................................. 105

Tabela 11 Alumínio primário com reciclagem de 80%............................................... 105

Tabela 12 Sucata de alumínio com abordagem de corte ............................................ 107

Tabela 13 Sucata de alumínio com Reciclagem de 80%............................................... 107

Tabela 14 Emissões do alumínio primário e sucata de alumínio abordagem cut-off... 122

Tabela 15 Comportamento das emissões com 46% de reciclagem............................. 123

Tabela 16 Comportamento das emissões com 80% de reciclagem............................. 123

Tabela 17 Custos do alumínio primário e sucata de alumínio abordagem cut-off....... 125

Tabela 18 Comportamento dos custos com 46% de reciclagem................................. 126

Tabela 19 Comportamento dos custos com 80% de reciclagem................................. 127

Tabela 20 Ecoeficiência com abordagem cut-off....................................................... 128

Tabela 21 Ecoeficiência com 46% de reciclagem..................................................... 128

Tabela 22 Ecoeficiência com 80% de reciclagem..................................................... 129

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

3 P – People, Planet and Profit

4 R – Reciclagem, Redução, Reutilização, Reeducação

ABAL - Associação Brasileira do Alumínio

ABIPET - Associação Brasileira da Indústria do pet

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública

ACV - Análise do Ciclo de Vida

BMW - Bayerische Motoren Werke

BNDES- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CH4 – Metano

CO2 – Dióxido de Carbono

DIN - Deutsches Institut für Normung e.V.

EN - European Normative

EoL - End of Life

GM - General Motors

GRI G4 - Global Reporting Initiative

GWP – Global Warming Potential

HP - Hewlett-Packard

ICV - Inventário do Ciclo de Vida

IPCC – Intergovernmental Panel Climate Change

ISO - International Organization for Standardization

LME – London Metal Exchange

NBR - Norma Brasileira

ONU - Organização das Nações Unidas

P&D&I – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

P+L - Produção mais Limpa

PET – Polietileno Tereftalato

PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel

PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

PRM – Product Recovery Management

SEE – Social Eco Efficiency

SIF – Sistema de Inferências Fuzzy

SIBR - Sistema Integrado de Bolsa de Resíduos

VAS - Valor Adicional Sustentável

VEA - Valor Econômico Adicional

VERA - Valoração Econômica de Recursos Ambientais

VS - Valor de Spread

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12

1.1 Contextualização do tema.............................................................................. 12

1.2 Formulação da situação-problema................................................................. 17

1.3 Objetivos da pesquisa.................................................................................... 19

1.4 Questões da pesquisa..................................................................................... 21

1.5 Delimitação e importância da pesquisa........................................................... 21

1.6 Organização da pesquisa................................................................................ 24

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 28

2.1 Logística reversa............................................................................................ 29

2.2 A responsabilidade social e ambiental das empresas e o conceito de

sustentabilidade..............................................................................................

33

2.3 O reaproveitamento industrial de materiais e resíduos.................................... 35

2.4 Análise e inventário do ciclo de vida do produto.......................................... 38

2.5 Dimensões da sustentabilidade....................................................................... 45

2.6 Indicadores da sustentabilidade...................................................................... 59

2.7 O modelo difuso.............................................................................................. 76

3 METODOLOGIA........................................................................................ 82

3.1 Classificação científica.................................................................................. 82

3.1.1 Quanto aos fins.............................................................................................. 83

3.1.2 Quanto aos meios........................................................................................... 85

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 98

5 CONCLUSÕES............................................................................................. 109

5.1 Questões e perspectivas.................................................................................. 111

REFERÊNCIAS........................................................................................... 114

APÊNDICES................................................................................................ 121

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do tema

Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável surgem como temas de debates nos fóruns

internacionais a partir da década de 60. Afirma Cardoso (2011), que o foco principal estava

centrado inicialmente nos problemas do esgotamento dos recursos naturais e do crescimento

populacional como causas da degradação ambiental.

Conforme o autor (op. cit.), soluções iniciais propostas como controle das taxas de natalidade

e monitoramento dos modelos de desenvolvimento econômico de países em desenvolvimento,

causaram grandes controvérsias e questionamentos, incluindo do Brasil, nos quais se viam

conceitos de perpetuação de um modelo econômico e industrial de subordinação ao capital dos

países mais desenvolvidos.

Segundo Oliveira et. al. (2012), até 1972 os estudos sobre o tema tinham como base uma série

de modelos matemáticos de previsões da relação entre crescimento populacional, processo de

industrialização, produção de alimentos e esgotamento dos recursos naturais.

Diante do acelerado processo de degradação ambiental e do agravamento dos problemas

econômicos mundiais em anos subsequentes, Guerra (2005), afirma que diversas alternativas

estratégicas e de maior consenso foram surgindo e sendo aperfeiçoadas na busca de uma

intermediação entre a preservação dos recursos naturais e meio ambiente com um modelo de

desenvolvimento econômico e industrial mais sustentável.

A publicação do Report of the World Comission on Environmental and Development,

conhecido como o Relatório Brundtland nas Organizações das Nações Unidas em 1987, tornou-

se um marco na discussão de um novo modelo de sustentabilidade ao dividir as questões

socioambientais em três grupos, contribuindo para facilitar a abordagem e a busca por soluções

de forma compartilhada (ONU, 1987):

13

Poluição Ambiental;

Redução dos Recursos Naturais;

Problemas de Ordem Social

Sobre este documento, popularmente conhecido como “Nosso Futuro Comum”, Cardoso

(2011) afirma que o conceito de desenvolvimento sustentável é inicialmente formulado e

apresentado como um modelo que buscava satisfazer as necessidades atuais de urbanização,

industrialização e crescimento econômico com o comprometimento de manutenção desta

capacidade para as próximas gerações.

Descreve Demajorovic (1995) que ao final dos anos 60 até o início da década de 90 vão se

incorporando ao debate sobre sustentabilidade, questões relacionadas à gestão e a destinação

final dos resíduos. Estes resíduos, gerados em sua maioria por atividades de consumo à medida

que progredia a renda per capita das populações, aumentava mais que proporcionalmente às

soluções para seu descarte adequado, proporcionando novos questionamentos ao problema

socioambiental: como realizar o descarte adequado, promovendo a recuperação e

reaproveitamento industrial de materiais e resíduos?

Assim surge, conforme o autor (op. cit.), a reciclagem como um componente importante a mais

na análise do ciclo de vida do produto (ACV), sugerindo um sistema circular em lugar de um

sistema linear para a gestão ambiental, onde as quantidades de materiais desperdiçados no

processo produtivo e descartados posteriormente no meio ambiente, adquirem tendências a

reduções gradativas, à medida que quantidades cada vez maiores de materiais e resíduos são

coletados, tratados e reaproveitados nos seus respectivos processos industriais ou em outros

processos como, por exemplo, na incineração para a produção de energia.

Seara; Gonçalves; Azevedo (2013), afirmam que surgem neste período como uma resposta das

empresas e contraposição importante a este cenário, fortes tendências dos mercados à uma

imposição de padrões de consumo massivos e sempre crescentes aos mercados, decorrentes do

processo de globalização e acirramento da concorrência, tendência que se mantém atualmente.

Desta forma, conforme os autores (op. cit.), em um ambiente de contradições, cada vez mais

acentuadas, produtos são fabricados com menores ciclos de vida em busca de menores custos,

o que influencia a qualidade e agrava o problema socioambiental com uma disposição elevada

14

dos resíduos ao final de vida (EoL), tornando crítica a capacidade dos sistemas tradicionais

existentes de absorção de materiais e resíduos. Emerge então uma necessidade de busca por

novas alternativas para a gestão de resíduos, como forma de minimizar os impactos

socioambientais cada vez mais crescentes e graves, sendo uma das soluções tornar viável

econômica e tecnicamente, a logística reversa.

Tendência crescente ao reaproveitamento industrial de materiais e resíduos pós ciclo de vida no

Brasil, pode ser observado no gráfico 1, obtido do 9º Censo da Reciclagem do Polietileno

Tereftalato (PET) realizado pela Associação Brasileira da Indústria do pet, que apresenta

índices de reciclagens crescentes nas duas últimas décadas (ABIPET, 2013).

Gráfico 1 – Evolução dos índices da reciclagem de PET no Brasil. Fonte: ABIPET (2013) – adaptado pelo autor.

Pode-se relacionar a evolução e o desenvolvimento crescente do mercado de reciclagem e

reutilização industrial de PET às determinadas condições consideradas favoráveis do mercado,

que estimulam a coleta, tratamento, beneficiamento e comercialização destes recicláveis? Se

verdadeira esta afirmativa, como as dimensões econômicas, ambientais, sociais e normativas

influenciam estrategicamente as avaliações positivas do setor e quais indicadores melhor

expressariam estas avaliações?

15

A figura 1 aponta para uma nova estratégia com uma base tecnológica nestas avaliações de uma

empresa multinacional no mercado de refrigerantes a partir do reaproveitamento do PET e tendo

como aditivo um outro componente, um polímero desenvolvido a partir da biomassa da cana

de açúcar.

PET Padrão

PET Plant Bottle

=

Figura 1 – Diagrama de produção de nova embalagem PET.

Fonte: COCA-COLA (2015) – desenvolvido pelo autor.

Outro exemplo significativo da tendência no mercado brasileiro para o reaproveitamento de

materiais pós ciclo de vida útil, pode ser verificado no gráfico 2, o qual apresenta com base no

Relatório de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Alumínio para o ano de 2012, a

evolução da reciclagem das latas de alumínio nos mercados globais e no Brasil, incluindo este

último como líder neste mercado (ABAL, 2012).

Componente A

70%

Componente B

30%

Resina do PET

Componente A

70%

Material a base de biomassa da

cana de açúcar + etanol

30%

Resina do PET

16

Gráfico 2 - Reciclagem de latas de alumínio no mundo.

Fonte: ABAL (2012) – adaptado pelo autor.

Laurent et. al. (2014) afirmam que a disposição de resíduos em todo o mundo vem se elevando

mais que proporcionalmente às soluções apresentadas para sua disposição final adequadas e

volumes de reaproveitamento industrial. A tabela 1 a seguir apresenta o volume estimado em

2014 e a previsão para os próximos 30 anos:

Tabela 1- Geração de resíduos globais.

Ano

Volume de Resíduos Sólidos Globais (T/ano)

2014

17bi T/a

2050

27bi T/a

Fonte: LAURENT ET. AL. (2014) – desenvolvido pelo autor.

Esta constatação nos leva a formulação das três situações-problemas que são descritas a seguir.

17

1.2 Formulação da situação-problema

O primeiro problema que se apresenta para resolução pela pesquisa é como a ampliação dos

volumes para reciclagem e reaproveitamento industrial de materiais e resíduos pós ciclo de vida

útil, a logística reversa, pode ser viável técnica e economicamente para as empresas.

Conforme descreve Dowlatshahi (2000), a logística reversa vem ganhando uma maior

importância estratégica para as empresas, sendo apresentada como um negócio lucrativo e que

proporciona uma imagem de sustentabilidade ao mercado. Empresas que atuam no mercado

brasileiro como HP, GM, BMW, DuPont, Delphi e outras, realizam processos de logísticas

reversas já alguns anos para o reaproveitamento industrial de peças, componentes e materiais

de seus próprios produtos.

Para Pitta Junior et. al. (2009), entretanto, a logística reversa na empresa só adquire uma forte

sustentabilidade, quando a soma de todos os custos das operações necessárias à reversibilidade

dos produtos e materiais e dos processos para seu reaproveitamento, são menores ou apresentam

tendências futuras a serem menores do que os custos da matéria prima e do processo original.

Sendo assim, os custos logísticos reversos, os quais são os custos que envolvem as operações

de coleta seletiva, transporte, separação, armazenagem, tratamento e beneficiamento dos

materiais recicláveis, devem apresentar menores custos do que os valores de comercialização

final do novo produto com conteúdo reciclado.

Estes autores (op. cit.) concluem que as operações de logística reversa, realizadas em sua

maioria por cooperativas de catadores, devem proporcionar economias de escala, sendo

necessário que as empresas invistam ao longo das diversas etapas que compõem a cadeia

reversa para a agregação de valor, tornando-se assim um caminho adequado para a

sustentabilidade do sistema.

A segunda situação problema é exposta por Gutberlet (2012) e está relacionada às receitas

adquiridas pelas empresas com a reciclagem e o reaproveitamento industrial de materiais e

resíduos. Estas receitas, extremamente significativas e com tendências a serem crescentes nas

duas próximas décadas, estão sendo incorporada diretamente aos lucros das empresas e não

18

reinvestidas na base dos stakeholders da empresa relacionados a estas operações. Promover o

direcionamento destes recursos principalmente às cooperativas de reciclagem ao longo das

etapas fundamentais: educação ambiental, coleta seletiva, disponibilidade de tecnologias e

equipamentos para seleção, tratamento e beneficiamento dos materiais recicláveis é uma das

situações que a pesquisa busca resolver.

Na tabela 2 abaixo, podemos verificar as receitas estimadas no ano de 2012 e as projeções para

as duas próximas décadas.

Tabela 2 - Receita global com a logística reversa.

Ano Receita Global

2012

US$ 800 mi/ano a US$ 2 bi/ano

2020 - 2030

US$ 5 bi/ano

Fonte: GUTBERLET (2012) – desenvolvido pelo autor.

Uma terceira situação-problema situa-se na dimensão social e estratégica do modelo proposto

pelo trabalho: a geração de emprego e renda no setor atual de reciclagem e a promoção da

inclusão social e econômica do catador de recicláveis no mercado formal de trabalho.

Para o autor (op. cit.), apesar do mercado brasileiro de reaproveitamento industrial de materiais

e resíduos movimentar anualmente uma receita significativa, sendo o meio de trabalho e de

sustento de 1% da população brasileira, ou seja, 2.000.000 de pessoas vivem da reciclagem,

50% desta mão de obra atua na informalidade, sendo a renda per capita em média deste

trabalhador de um salário mínimo.

O potencial para implantação de políticas públicas para a geração de emprego e renda a partir

do setor de reciclagem e reaproveitamento de materiais, pode ser visto na tabela 3 a seguir.

Tabela 3 - Nível de emprego no setor de reciclagem - Brasil.

Total do nº de empregados nas atividades de

recuperação de materiais no Brasil (2012)

Nº de empregados informais nas atividades de

recuperação de materiais no Brasil (2012)

1% da população brasileira ou 2.4 milhões de pessoas 50% ou 1.2 milhões de pessoas

Fonte: GUTBERLET (2012) – desenvolvido pelo autor.

19

A respeito da formação de economias de escalas e geração de emprego e renda a partir da

reciclagem e reaproveitamento de materiais, Jacobi e Besen (2011) quanto Gutberlet (2012)

afirmam que a formação de acordos setoriais para planejamento e execução de operações de

logísticas reversa com a inclusão das cooperativas de catadores nos processos, proporcionam

uma ótima condição para a ampliação das metas de responsabilidade social das empresas,

principalmente em torno do conceito de empresa sustentável, criando uma imagem positiva da

empresa junto ao mercado. Ao mesmo tempo, a geração de trabalho e renda para populações

estigmatizadas pelo mercado de trabalho informal, atuaria como fator de potencialização de

políticas públicas de combate à pobreza e à marginalidade.

1.3 Objetivos da pesquisa

O objetivo principal é analisar as dimensões estratégicas para proposição de um índice de valor

adicional sustentável de avaliação de projetos de reciclagem de alumínio.

Conforme descrito por Amaral (2003), as dimensões estratégicas devem ser representativas dos

diversos interesses das partes que compartilham os riscos do negócio (stakeholders), sendo

definidas, a partir de modelos já consagrados pelas empresas de avaliação de projetos de

responsabilidade socioambiental.

Tomando como base o modelo Triple Bottom Line, recomendado pela ONU e descrito em Lima

(2007) e Oliveira et. al. (2012), trabalha-se a questão do valor adicional sustentável à partir da

sustentabilidade nas três dimensões: econômica, ambiental e social, acrescidas de uma quarta

dimensão, a normativa, dada a observação de que a percepção de um valor adicional sustentável

pela empresa e partes interessadas, sugerem que a adição de conteúdo reciclado ao novo

produto, obteve conformidades com as normas ambientais e a qualidade de aceitação pelo

mercado.

20

Os objetivos secundários da pesquisa são:

Comparar, demonstrar e comprovar pela modelagem difusa, a hipótese de que a reciclagem e a

utilização industrial crescente de conteúdo reciclado na fabricação de novos produtos, altera

significativamente o comportamento dos impactos ambientais e valores econômicos adicionais,

respectivamente, as emissões e custos do alumínio primário e da sucata de alumínio,

consequentemente, afetando a ecoeficiência do produto final com conteúdo reciclado, tornando

menos atraente a sua utilização do ponto de vista ambiental, econômico, social e normativo

para a empresa.

Conforme definido por Talmasky; Tavares (2012), a responsabilidade socioambiental para as

empresas sempre será uma conjugação harmoniosa entre uso eficiente dos capitais,

produtividade e lucratividade, dada uma disponibilidade atual dos recursos naturais. No caso

da reciclagem e utilização de conteúdo reciclado em seus produtos, do ponto de vista da

responsabilidade socioambiental da empresa, requer o desenvolvimento de tecnologias e

investimentos significativos, os quais conduzem à uma reavaliação dos processos industriais e

tecnológicos e à uma reestruturação nos procedimentos gerenciais, técnicos e de recursos

humanos, mudanças culturais significativas nos ambientes internos e externos da empresa e que

conforme afirmam Figueiredo; Moynier; Rocha, (2013), requer a imersão da logística reversa

no seu planejamento estratégico.

Isto conduz o trabalho aos objetivos secundários de demonstrar que a aplicação da modelagem

difusa sob uma ótica estratégica na dimensão social é capaz de provocar modificações

significantes no comportamento final do sistema, tornando mais atraente para as empresas a

reciclagem e a utilização de conteúdo reciclado, anteriormente limitados pela ecoeficiência e

pelos impactos ambientais e custos econômicos adicionais.

A avaliação da responsabilidade social da empresa no desenvolvimento do novo produto com

conteúdo reciclado, demonstra que investimentos em tecnologias e inovações e, na base dos

seus stakeholders, contribuem para um maior Valor Adicional Sustentável final.

21

1.4 Questões da pesquisa

A primeira questão que a pesquisa busca responder diz respeito a definição de um modelo de

sustentabilidade que reflita as avaliações das empresas na implementação da logística reversa e

na utilização de conteúdos recicláveis em seus respectivos processos industriais.

Segundo Maia; Romeiro; Reydon (2004), um modelo de sustentabilidade tem como condição

necessária, fornecer informações consistentes ao mercado sobre as relações interdependentes

entre o desenvolvimento econômico, uso dos recursos naturais e o estágio atual dos impactos

socioambientais da empresa.

Uma segunda questão, diz respeito à criação de indicadores e métricas na busca por um Valor

Adicional Sustentável final, atribuindo valores econômicos a uma hipotética eficácia

socioambiental das ações de logística reversa implementadas e da utilização de conteúdo

reciclado pelas empresas.

Conforme descrevem Medeiros; Mello; Campos Filho (2007), as avaliações das dimensões

social e ambiental da empresa sobre os reais impactos ambientais, econômicos e sociais

adicionais são cercadas por subjetividades e incertezas, sendo expostos a diferentes juízos de

valor e mudanças de contextos ao longo do tempo de maturação dos projetos.

1.5 Delimitação e importância da pesquisa

Na abordagem da logística reversa, a pesquisa foi delimitada as análises da Reciclagem e da

Reutilização de conteúdo reciclado no novo produto, não aprofundando-se em questões mais

complexas referentes à disposição e reaproveitamento de conteúdo reciclado de materiais e

resíduos realizados em sistemas e circuitos abertos ou fechados, o que influencia, segundo

Nicholson et. al. (2009), nas mensurações e alocações dos impactos ambientais adicionais sobre

22

o ICV dos produtos. Não são abordadas questões sobre a Reeducação do Consumo, ou seja, a

Educação Ambiental, nem questões referentes a reutilização de peças e componentes por

desmontagem e upgrades dos produtos.

A utilização como referenciais das Análises de Ciclo de Vida (ACV) e de Inventários do Ciclo

(ICV), foram delimitadas na consideração por parte das empresas de uma abordagem

estratégica com Reciclagem ao Final de Vida, conforme descrito em Vogtländer; Brezet;

Hendriks (2001) e utilizado por Frischknecht (2010) no desenvolvimento de suas análises e

funções determinísticas.

Os indicadores da dimensão ambiental estratégica, ficaram delimitados na mensuração de

energia e emissões, normalizados por kg CO2 eq- por kg de material, conforme recomendado

por Kratena (2004) de realizar uma abordagem biofísica. As emissões normalizadas foram

utilizadas por Frischknecht (2010) para demonstrar o comportamento das variáveis econômicas

e ambientais, frente as adições crescentes de reciclagem e utilização de conteúdo reciclado para

fabricação do novo produto.

O indicador na dimensão econômica de forma estratégica, seguiu as recomendações de Figge;

Hahn (2004) e Figge; Hahn (2005), delimitando-se a uma abordagem sob o ponto de vista da

avaliação do custo de oportunidade de ambos os materiais, com ou sem conteúdo reciclado

considerando como custos internos relevantes, segundo Shonnard; Kicherer; Saling (2003) para

a comparação de produtos, os preços de comercialização nos respectivos mercados.

Não foram considerados os custos com a logística reversa do conteúdo reciclado, tomando

como base as afirmações de Daher; Silva; Fonseca (2006) de que estes podem ser abordados de

forma agregada ao Custeio do Ciclo de Vida Total do novo produto.

Esta delimitação foi reforçada pela complexidade de se analisar custos sob um efeito “cascata”,

conforme descrito por Vogtländer; Brezet; Hendriks (2001), idas e vindas do produto e do

conteúdo reciclado no interior dos ciclos de vida e dos inventários próprios ou de terceiros

produtos.

As atividades do final de vida do produto, como as atividades de reciclagem e de

destinação final do resíduo, tais como o tratamento, transporte e destinação final, ou

seja, a logística reversa, se causam impactos ambientais e custos, devem ser atribuídos

23

a qual produto na cascata de fabricação e utilização?1 (VOGTLÄNDER; BREZET;

HENDRIKS, 2001).

Também não foram considerados os potenciais custos de produção do novo produto com

conteúdo reciclado, considerando as afirmações de Dowlatshahi (2000) de que a tendência

inicial da empresa é utilizar tecnologias de produção já existentes para a redução de custos e

como forma de aprendizado na P&D&I de novos produtos.

Na abordagem da dimensão social do modelo, a ecosocial eficiência final do produto está

relacionada a Responsabilidade Social da empresa, conforme descreve Schaffel (2010),

sofrendo os indicadores comparações em busca de similaridades mas com mudanças

significativas em relação ao recomendado para indicadores sociais por modelos existentes,

como o Global Report Initiative (GRI G4, 2015) e o SEE Balance (BASF, 2015), dado o foco

da pesquisa analisar somente os impactos sociais associados a implementação de acordos

setoriais para o desenvolvimento de ações de logísticas reversas e ao cooperativismo,

principalmente, os potencias e positivos efeitos destes dois indicadores sobre a formação de

economias de escala e para a redução de custos para as empresas com a geração de emprego e

renda no setor de reciclagem.

Desta forma, a inclusão dos indicadores de Associativismo e Cooperativismo partiu do

estabelecimento de uma similaridade entre os indicadores sociais propostos pelo SEE Balance

da BASF e as recomendações do GRI G4 e a Lei 12.3005 de 2010 que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil.

Os indicadores na abordagem da dimensão normativa estratégica do modelo, foi delimitada ao

estabelecimento de uma correlação entre os padrões e requisitos mínimos recomendados pelas

normas ABNT NBR ISO 14040 – 14044 para a ACV e ICV e o novo produto com conteúdo

reciclado com o objetivo de identificar parâmetros e referenciais estratégicos da empresa para

a inclusão de uma abordagem de Reciclagem ao Final do Ciclo de Vida e fornecer subsídios

para futuros estudos e pesquisas sobre o tema proposto por este trabalho (ISO, 2001).

1 Tradução livre do autor.

24

Na definição do Valor Adicional Sustentável, a relação entre economia e meio ambiente,

apresentou uma dicotomia sobre qual variável deveria ser fixada no denominador da expressão

para o cálculo da ecoeficiência, segundo o método recomendado por Zhang et. al. (2008):

Quando quer se avaliar a alocação eficiente dos recursos ou a utilização de

determinada tecnologia, o correto é utilizar no denominador da relação entre

economia e meio ambiente, o valor econômico adicional (ZHANG et. al., 2008).2

Posterga-se assim a estudos subsequentes, uma análise integrada da ecoeficiência sobre os dois

focos, econômico e ambiental.

1.6 Organização da pesquisa

O referencial teórico inicia apresentando um panorama resumido da problemática de gestão dos

resíduos sólidos em todo o mundo e introduz dois instrumentos conceituais básicos para o

desenvolvimento do tema da pesquisa: a Logística Reversa e a Análise do Ciclo de Vida

(ACV).

O subcapítulo 2.1 analisa a logística reversa em suas fundamentações legais, os requisitos para

uma gestão integrada e problemas existentes ao longo das etapas do processo reverso sendo

apresentadas para discussão as condições fundamentais para alcance da sustentabilidade frente

ao posicionamento atual das empresas e potenciais incentivos para o desenvolvimento,

implementação e eficácia da logística reversa.

O subcapítulo 2.2 esclarece como evoluiu o debate das questões sobre Meio Ambiente e

Sustentabilidade para a questão da Responsabilidade Social e Ambiental das Empresas.

O subcapítulo 2.3 descreve os diversos modos de reaproveitamento industrial de materiais e

resíduos e os potenciais econômicos da reciclagem sob as formas de produção de energia,

economia com custos de aquisições de matérias primas e redução de desperdícios, além da

2 Tradução livre do autor.

25

contribuição positiva para a imagem da empresa de responsabilidade social e ambiental junto

ao mercado.

O subcapítulo 2.4 aborda a Análise e Inventário do Ciclo de Vida do Produto sob a perspectiva

dos 4 R da Logística Reversa, análise crítica de algumas soluções existentes para o problema

de destinação final dos resíduos, apresentando a Reciclagem ao Final de Vida como a solução

estratégica e potencial mais adequada do ponto de vista ambiental, econômico, social e

normativo para as empresas e para a sociedade. Descreve também a complexidade que envolve

o levantamento de dados para o Inventário do Ciclo de Vida (ICV) dos produtos e seus reflexos

na análise de sustentabilidade o sistema final.

O subcapítulo 2.5 inicia a abordagem para a obtenção de um Índice de Valor Adicional

Sustentável com a inclusão da Reciclagem ao Final de Vida, a partir das interações do modelo

Triple Bottom Line e suas dimensões: ambiental, econômica e social, acrescida de uma quarta,

a normativa ou de conformidade a ser exigida ao novo produto com conteúdo reciclado.

A dimensão ambiental é apresentada inicialmente sob a perspectiva de utilização das fontes de

energia, renováveis e não renováveis para demonstrar o desgaste dos modelos atuais de

produção sob a ótica do conceito de sustentabilidade e a necessidade de trabalhar o conceito

este mesmo conceito em busca de novos processos e produtos.

A análise da dimensão econômica apresenta as diversas formas de capital atuante da empresa e

a sua busca por alocações mais eficientes dos recursos sob a perspectiva de avaliação do custo

de oportunidade. A inclusão da reciclagem e utilização de conteúdo reciclado são descritas

como uma forte estratégia de busca pelas empresas por sustentabilidade no médio e longo prazo.

A dimensão social aborda inicialmente severas críticas ao tecnicismo atual de soluções

apresentadas para a resolução das questões de gestão de resíduos, que relegam a um segundo

plano as dimensões sociais e seus impactos de implementação, tais como a incineração.

Defende-se assim um novo pacto social em torno do associativismo das empresas e da inserção

das cooperativas de reciclagem nos processos logísticos reversos para definição de um modelo

de avaliação da sustentabilidade com base no conceito de Economia Solidária e geração de

26

emprego e renda em torno da reciclagem e do reaproveitamento de materiais e resíduos ao final

dos seus ciclos de vida.

A reciclagem é apresentada como uma poderosa ferramenta no apoio à implantação de políticas

públicas de geração de emprego e renda nas camadas mais pobres da população e na reversão

do grave quadro de degradação social e ambiental atual. Busca-se assim posicionar a hipótese

de que a responsabilidade social proporciona um valor adicional sustentável final para as

empresas.

A análise da dimensão normativa do modelo tem por objetivo proporcionar ao pesquisador uma

ferramenta para a obtenção de dados, padrões e parâmetros técnicos, econômicos, ambientais e

sociais que justifiquem a utilização de conteúdo reciclado pela empresa nos processos

industriais de fabricação de novos produtos.

Em 2.6 apresenta-se a estratégia de definir inicialmente unidades funcionais de benefícios aos

clientes para obtenção dos indicadores de sustentabilidade. Os indicadores ambientais

apresentam como base e referência o modelo SEE Balance da BASF cuja metodologia passa a

ser descrita para permitir posteriormente a compreensão da análise do comportamento das

métricas de fluxos normalizados de energia e emissões, frente a reciclagem e utilização de

conteúdo reciclado no processo de fabricação do alumínio.

São também descritos os indicadores sociais de associativismo e cooperativismo, cujas métricas

tem como base checklists desenvolvidos e validados por especialistas para a mensuração do

grau de efetividade dos acordos setoriais na viabilização de ações de logística reversa e do grau

de inserção e especialização das cooperativas de reciclagem nas diversas etapas que compõem

esse processo, permitindo compreender a importância da dimensão social e do indicador de

responsabilidade social para a obtenção de um valor adicional sustentável final para a

reciclagem e utilização industrial de conteúdo reciclado pelas empresas.

O indicador e métrica normativos são descritos para estabelecer uma relação entre a utilização

de determinado percentual de conteúdo reciclado do novo produto e a conformidade técnica,

econômica, ambiental e social exigida pela legislação e mercado, a partir de um checklist,

desenvolvido para a pesquisa e validado por especialistas com base nos padrões e requisitos

mínimos das normas ABNT NBR ISO 14040-14044.

27

Em 2.7 é apresentado a metodologia fuzzy ou difusa, suas características e funcionalidades,

assim como a contribuição proporcionada pela sua aplicação à pesquisa.

O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada na pesquisa com 3.1 apresentando a classificação

científica: quanto aos fins e quanto aos meios, as bases teórico-conceituais da pesquisa

qualitativa, as bases de dados utilizados na pesquisa quantitativa e o método utilizado na

aplicação da modelagem fuzzy.

Os resultados e discussões da aplicação da modelagem difusa são apresentadas no capítulo 4.

O capitulo 5 apresenta as conclusões do trabalho com 5.1, descrevendo as questões em aberto

para futuros estudos e análises.

O capítulo 6 apresenta as referências bibliográficas utilizadas no trabalho.

O capítulo 7 apresenta nos Apêndices A, B e C as funções determinísticas que serviram de base

na modelagem difusa para as dimensões ambiental e econômica do modelo proposto. No

Apêndice D é apresentado um quadro do levantamento bibliográfico realizado pelo pesquisador

e no Apêndice E a ficha técnica do sistema de inferência fuzzy utilizado no trabalho.

28

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo Laurent et. al. (2014), atualmente a geração de resíduos sólidos totais por ano em todo

o mundo ultrapassa 17 bilhões de toneladas, sendo que 1.3 bilhões são produzidos no meio

urbano à partir da geração de bens de consumo. A estimativa é que o total de resíduos gerados

até a metade do século XXI alcance 27 bilhões de toneladas/ano, tornando-se um sério problema

ambiental a sua gestão e destinação final de forma adequada.

Dento deste contexto, a reciclagem e a produção industrial com conteúdo reciclado passa a ser

abordada como uma solução, estabelecida sobre a base de dois instrumentos conceituais

importantes: a Logística Reversa, a qual, conforme Daher; Silva; Fonseca (2006), conceituam

são todas as operações relacionadas com a reintrodução de produtos e materiais aos ciclos

produtivos e as Análises do Ciclo de Vida do Produto (ACV).

Para Figge; Hahn (2004), Figge; Hahn (2005) e Frischknecht (2010) ao incluírem a Logística

Reversa ao Ciclo de Vida do Produto, as empresas visam o custo de oportunidade de manterem

estoques de capitais naturais, críticos e estratégicos, na busca por uma forte sustentabilidade

para seus negócios.

Desta forma, o Valor Adicional Sustentável final, perceptível para as partes que compartilham

o risco do negócio da empresa, sua base de stakeholders, tem como foco um valor econômico

adicional sob a forma sustentável para todas as dimensões estratégicas do modelo (FIGGE;

HAHN, 2005):

A dimensão econômica é abordada sob a ótica do custo de oportunidade (FIGGE;

HAHN, 2004);

A dimensão ambiental sobre a análise dos fluxos líquidos de energia e emissões

normalizados em kg CO2 eq- (FRISCHKNECHT, 2010);

A dimensão social relacionando a responsabilidade social da empresa aos investimentos

sociais em sua base de stakeholders, em busca da ecosocial eficiência (SCHAFFEL,

2010);

29

A dimensão normativa, referente as adequações e conformidades às normas legais e

ambientais de certificação e aceitação pelo mercado do novo produto. (FINKBEINER,

2006).

2.1 Logística reversa

Guerra (2005), afirma que o princípio do Poluidor Pagador no Direito Ambiental veio

demonstrar às empresas que não podem atuar no mercado sem restrições de forma a não

responder pelos impactos ambientais, sociais e econômicos de suas atividades, adotando

práticas industriais e econômicas em detrimento da qualidade do meio ambiente.

Desta forma, tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, devem arcar com os custos adicionais

necessários para eliminar ou reduzir os impactos ambientais em suas atividades econômicas,

incluindo as atividades de consumo. Uma gestão integrada e sustentável para o problema dos

resíduos sólidos, deve ter como foco o modelo dos 4 R: redução na extração de matérias primas

com a reutilização de conteúdo reciclado de materiais, reutilização de peças, componentes e

materiais, partes do produto, que são então reintegrados ao processo produtivo, a reeducação

do consumo por meio da educação ambiental e a reciclagem como estratégia na disposição ao

Final do Ciclo de Vida do Produto (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001).

Segundo Daher; Silva; Fonseca (2006), as diversas operações de um fluxo reverso, compõem

o que se denominou de PRM – Product Recovery Management ou Gestão de Recuperação de

Produtos, definida como sendo uma responsabilidade compartilhada, social e ambiental da

empresa pelo ciclo de vida do seu produto, seja sob a forma contratual, legal ou sob outro

qualquer formato de gerenciamento dos seus produtos, componentes (inclusas as embalagens)

e materiais (inclusos resíduos), utilizados e descartados ao final de vida ou pós consumo.

A este propósito, a Lei Federal 12.305 de 2010, regulamentada pelo Decreto Federal 7.404/10

que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tornou obrigatória a disposição

adequada de materiais e resíduos descartados ao final do ciclo de vida útil, fortalecendo os

30

princípios da gestão integrada, propondo a formação de sistemas de responsabilidade

compartilhada entre produtores e consumidores, incluindo acordos setoriais com participação

das cooperativas de reciclagem (BRASIL, 2010).

Entretanto, como afirmam Jacobi e Besen (2011), a etapa fundamental para a efetividade do

processo reverso, a qual é a coleta seletiva, apresenta dificuldades para uma coordenação

integrada entre as diversas partes que compartilham o risco da empresa (sua base de

stakeholders) e os diversos canais de distribuição reversos.

Um dos fatores para esta afirmativa, segundo Gutberlet (2012), é a não inclusão social e

econômica pelas empresas no interior dos processos das cooperativas de reciclagem,

responsáveis pela maior parte dos volumes coletados e a ausência de investimentos públicos e

privados, necessários para uma viabilização técnica e operacional.

O importante mecanismo para eficácia da ação integrada na abordagem da logística reversa, a

inclusão das cooperativas de catadores de materiais recicláveis nos acordos setoriais, é

recomendada juridicamente pelo Decreto Federal 7.405 de 23 de dezembro de 2010 que criou

o Programa Pró Catador (BRASIL, 2010).

O principal objetivo do Programa Pró Catador é tornar a atividade um mecanismo gerador de

empregos, renda e inclusão social do catador no interior dos processos de logísticas reversas

(BRASIL, 2010).

Para Giovannini; Kruglianskas (2008), a logística reversa deve atender algumas condições

fundamentais para obter sustentabilidade no médio e longo prazo:

Agregação de valor em todas as etapas do ciclo reverso do produto;

Seleção e tratamento de forma adequada de materiais e resíduos de forma a alcançar

padrões de qualidades exigidos para os fins industriais a que se destinam;

Economias de escala, ou seja, volumes que justifiquem uma atividade de cunho

empresarial compatível com os seus custos logísticos;

Demanda estável do mercado para os recicláveis.

31

Tanto Jacobi; Besen (2011) quanto Slivnik; Falvo; Sato (2012), concordam que dentre os

maiores obstáculos para esta efetividade, está o de manter a viabilidade econômica e gerencial,

ou seja, agregação de valor, economia de escala e capacidade de geração de renda interna,

proporcionando a sustentabilidade exigida.

Deriva daí a importância de se avaliar no indicador social, o nível de inserção e especialização

das cooperativas de reciclagem no interior dos processos de logística reversa ao longo das

diversas etapas operacionais que compõe a cadeia de reaproveitamento de materiais.

A importância da logística reversa e a criação de um mercado estável para os conteúdos

recicláveis, pode ser entendido a partir do surgimento das Bolsas de Resíduos, iniciativas das

Federações de Indústrias em diversos Estados brasileiros, as quais têm o intuito de contribuir

de atuar como intermediadoras nas negociações entre cooperativas, empresas beneficiadoras e

empresas industriais, compradoras finais do produto (SIBR, 2015).

Shibao; Moori; Santos (2010), afirmam que o setor empresarial vem despertando grande

interesse para o controle sobre os ciclos de vida dos seus produtos (ACV) e da logística reversa.

O controle da produção até a destinação final das embalagens e resíduos gerados pós-consumo

e o seu reaproveitamento industrial, estão sendo considerados métodos para economia de custos

com matérias primas ou de geração de energia nos processos. Ao mesmo tempo, a empresa

busca um reconhecimento no mercado como empresa de responsabilidade social e ambiental,

contribuindo este fator para ampliação do market share (SHIBAO, MOORI E SANTOS, 2010).

Giesta (2009), esclarece quais conceitos, teorias e práticas são discutidas como prioridades em

relação ao tema socioambiental no interior das empresas:

Desenvolvimento de tecnologias limpas de produção (P+L);

Sistemas de controle da poluição, tipo end of pipe, ecodesign de produtos e embalagens,

marketing verde e logicamente, a certificação ambiental no cumprimento dos requisitos

legais.

A não inclusão da logística reversa como prioridade nas empresas, pode ser explicado em

Dowlatshahi (2000) e Figueiredo; Moynier; Rocha (2013), quando afirmam que as operações

32

de logísticas reversas à medida que se tornam mais usuais e complexas, impactam diretamente

no planejamento estratégico em todos os setores da empresa, influenciando a Supply Chain

Management dos fluxos convencionais, tornando assim necessária a sua inserção no

planejamento estratégico.

Estudos de casos comprovam que o controle e o planejamento da capacidade normal da empresa

não são capazes de gerir com eficiência as necessidades que se originam dos volumes de

material recuperado e reutilizado, podendo ocorrer incertezas no fornecimento, transporte e

armazenamento, sendo estas as áreas que mais necessitam de estudos de reengenharia

(DOWLATSHAHI, 2000).

Portanto, faz sentido defender que estas etapas logísticas fiquem a cargo das cooperativas de

reciclagem através de investimentos sociais na base de stakeholders das empresas

(SCHAFFEL, 2010).

Figge; Hahn (2004) e Figge; Hahn (2005), concluem que um simples ato de apoio das empresas

à reciclagem pode ocultar estratégias de distanciamento entre o conceito de sustentabilidade e

reais práticas operacionais da empresa no mercado.

A importância de se analisar a logística reversa sobre a perspectiva da sustentabilidade e da

responsabilidade socioambiental das empresas, pode ser justificada por:

...ao se ampliarem os volumes de reciclagem e seu reaproveitamento industrial, os

volumes de produção da indústria podem vir a ser estimulados como consequência da

elevação das margens de lucro, fenômeno nomeado como “efeito rebote”, anulando

desta forma os benefícios socioambientais do reaproveitamento do material ou

resíduo.3 (FIGGE; HAHN, 2004 e FIGGE; HAHN, 2005).

3 Tradução livre do autor.

33

2.2 A responsabilidade social e ambiental das empresas e o conceito de sustentabilidade

Segundo Schaffel (2010), o Relatório Brundtlant em 1987 consagrou a ideia de que crescimento

econômico e proteção ambiental não seriam incompatíveis. Em 1992, a Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ocorrida no Rio de Janeiro foi um marco para

o movimento de Responsabilidade Social Corporativa. Surge então o conceito de ecoeficiência

proposto basicamente por empresas e para empresas.

No entanto, do ponto de vista da dimensão social, Figueiredo; Moynier; Rocha (2013), afirmam

que um maior acesso à informação, proporcionado pelo processo de globalização e os avanços

no setor de comunicações nas três últimas décadas, trouxe como consequência uma sociedade

mais preparada, exigente e consciente quanto ao consumo de recursos naturais e aos impactos

sociais e ambientais decorrentes do processo de industrialização crescente e do modelo de

desenvolvimento econômico atual.

A responsabilidade social e ambiental que passou a ser exigida às empresas, conduziram os

processos de gestão não apenas a uma preocupação com os problemas existentes, mas também

ao desenvolvimento de programas e ferramentas em torno do conceito de sustentabilidade

(FIGUEIREDO; MOYNIER; ROCHA, 2013).

Em Pedrini (2008), encontramos os cinco eixos orientadores da empresa na implementação e

gestão de projetos de responsabilidade social e ambiental:

Criação de um valor adicional;

Busca pela ecoeficiência;

Atuação em todas as etapas do Ciclo de Vida do Produto;

A realização de investimentos sociais;

A promoção da educação ambiental.

Ao se defender a incorporação da responsabilidade social no planejamento estratégico e no

gerenciamento de projetos, busca-se reduzir a distância entre a empresa e a base de stakeholders

da sociedade mais afetada pelos seus negócios (FIGUEIREDO; MOYNIER; ROCHA, 2013).

34

Para Selig; Ávila Lerípio; Viegas (2012), as empresas assumiram um papel proativo e

estratégico ao realizarem mudanças em suas avaliações do ponto de vista das dimensões social

e ambiental. Antes centrada apenas na metodologia de avaliação dos impactos ambientais e nos

relatórios de sustentabilidade, passaram a uma abordagem centrada no processo de cisório e

voltada a objetivos específicos, adquirindo um caráter de interatividade, a partir do pressuposto

de que somente a informação técnica não exerce influência positiva sobre o processo de tomada

de decisão, mas sendo acrescida de outros aspectos, tais como, o conflitos de valor,

significativos níveis de incertezas, subjetividade, relações de poder assimétricas, cultura

política e negociações na base dos stakeholders direta ou indiretamente afetados por estas

decisões.

Para Figueiredo; Moynier; Rocha (2013), segundo a Teoria das Externalidades, existe um efeito

externo quando uma empresa produz ou quando o consumo de seus produtos afetam o padrão

de vida da sociedade. No que se refere ao reconhecimento deste fenômeno enquanto atuante

sobre a gestão das empresas, também se reconhece a responsabilidade social frente as demandas

atuais por sustentabilidade.

Schaffel (2010) e Mamede (2013) concordam que diversas são as vantagens econômicas para

as empresas da implementação da responsabilidade social e ambiental em busca da

sustentabilidade com foco de investimentos na base de seus stakeholders:

Aumentar o conhecimento das expectativas das partes interessadas e da empresa em

relação ao tipo de projeto ou negócio;

Melhorar a gestão de riscos e imagem da empresa no mercado;

Construir relações de confiança e fidelização do mercado;

Potencializar as decisões e ações das partes interessadas que têm impacto nas

organizações e na sociedade;

Permitir reunir recursos (conhecimento, pessoas, fundos e tecnologia) para a resolução

conjunta de problemas;

Contribuir para um desenvolvimento mais equitativo e sustentável, dando oportunidade

de expressar a sua opinião àqueles que de outra forma seriam silenciados.

Giacchetti; Giacchetti; Monken (2014), afirmam que nos últimos anos foram criados diversos

modelos, metodologias e técnicas no apoio à avaliação da sustentabilidade. Entre as principais

são relacionadas:

35

Modelos que incorporam os fluxos biológicos ao processo econômico, denominado de

capitalismo natural;

Modelos de Economia Verde;

Ecossocialismo;

Modelos de Economia Solidária.

Segundo Schaffel (2010) e Gutberlet (2012) um modelo com foco no social com base no

associativismo entre as empresas e cooperativismo entre os trabalhadores na busca de soluções

integradas para a questão da gestão e destinação dos resíduos sólidos sob a forma da reciclagem

e reaproveitamento de materiais, se constitui em uma importante ferramenta para políticas

públicas de geração de emprego e renda.

2.3 O reaproveitamento industrial de materiais e resíduos

Afirmam Singh et. al. (2014) que os materiais e resíduos pós consumo de produtos (embalagens

em sua maioria), eram considerados até alguns anos, desperdícios, custos e problemas para as

empresas. Com o processo de globalização e o acirramento da concorrência por mercados,

passaram a ser percebidos como fonte de redução dos custos de extração e produção,

reaproveitamento na fabricação de novos produtos ou como fontes geradoras de energia, através

da incineração nos processos.

Entre exemplos da nova visão, dados pelos autores (op. cit.) estão:

A energia recuperada em determinados processos térmicos de reciclagem de materiais,

a qual reduz o custo energético de tecnologias convencionais de produção;

A reciclagem e a reutilização de materiais como, por exemplo, alumínio e plásticos, as

quais podem conter a expansão desenfreada na extração de matérias primas e na

produção de polímeros a partir de combustíveis fósseis.

Para Maia; Romeiro; Reydon (2004), diversos modelos de avaliação como o VERA –

Valoração Econômica de Recursos Ambientais, têm sido utilizados para elaborar estatísticas

36

consistentes, capazes de fornecer informações e evidências para a empresa da relação entre

meio ambiente e desenvolvimento econômico com base no valor de uso ou da opção de não uso

dos recursos naturais. O processo de reciclagem de latas de alumínio representa uma das

aplicações do modelo VERA, visto que considera os conceitos de valor de uso e valor de não

uso dos recursos naturais em suas avaliações.

Segundo Shibao; Moori; Santos (2010), a reciclagem do alumínio, significa um ganho em

eficiência energética para o setor, devido em grande parte à razão das empresas manterem-se

presentes e atuantes sobre todo o ciclo de vida deste produto.

A utilização de conteúdo reciclado nos processos de fabricação, proporciona um consumo de

apenas 5% de energia elétrica, não considerando as demais fontes de energia e ao processo de

extração da bauxita, quando comparado ao processo tradicional de fabricação do alumínio

primário. A redução no consumo de energia proporcionada pela reciclagem do alumínio, daria

para iluminar uma cidade como o Rio de Janeiro durante um mês (ABAL, 2012).

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública, o Brasil reciclou

em 2012, 508 mil toneladas de alumínio, volume correspondente a aproximadamente 35% do

consumo doméstico registrado neste mesmo ano. Dado que a média mundial, tendo como base

o ano de 2011, girava em torno de 30%, este indicador garantiu ao país uma posição de destaque

em eficiência energética e competitividade no custo de produção, obtido através da logística

reversa do setor (ABRELPE, 2014).

Neste mesmo ano, a taxa de reciclagem no Brasil alcançava 97,9% das embalagens produzidas,

no entanto, a utilização e conteúdo reciclado na produção a liga de alumínio gira atualmente

em torno de 46% (NOVELIS, 2015).

A reciclagem e o reaproveitamento industrial do alumínio, torna-se assim um modelo

importante e significativo de logística reversa para a avaliação nesta pesquisa das dimensões

estratégias na proposição de um índice de valor adicional sustentável para o setor.

Ainda à respeito da redução do consumo de energia, proporcionada pela utilização de conteúdo

reciclado nos processos de fabricação de novos produtos, Goldemberg (2009) afirma que a

produção de energia domiciliar e industrial nos dois últimos séculos é totalmente dominada

37

pelos combustíveis fósseis, fontes de energia não renováveis e altamente poluentes. Carvão,

petróleo e gás respondem por mais de 80% da geração de energia no mundo e apenas 1,91%

estão sob formas modernas de produção de energia sustentável.

Consequentemente, a produção de energia a partir do reaproveitamento de biomassas residuais

ou de materiais e resíduos descartados pós ciclo de vida útil, apresenta uma excelente relação

custo/benefício para as indústrias. Outra razão além da redução na extração e uso dos recursos

naturais é proporcionada pelo enorme potencial teórico de conversão energética de alguns

materiais como, por exemplo, os plásticos ou polímeros (FORLIN; FARIA, 2002 e

GOLDEMBERG, 2009).

O potencial econômico e social existentes no reaproveitamento de materiais e resíduos através

da reciclagem, reutilização ou incineração, são também explicitados em Seara; Gonçalves;

Azevedo (2013) quando se referem a uma pesquisa sobre os volumes gerados na cidade de São

Paulo em 2010: cerca de 10 mil toneladas diárias de resíduos sólidos urbanos domiciliares, uma

média de 1,338 kg/hab./dia. Papéis, plásticos, vidros e alumínio, representaram mais de 30%

do composite do total destes materiais e resíduos. Destes, cerca de 80% seriam recicláveis,

podendo vir a ser reutilizados em processos produtivos, representando um ganho significativo

em energia e custo em economia de matérias primas para as empresas.

Casos atuais de atuação empresarial no setor de reaproveitamento de materiais estão sempre

presentes na mídia: Coca Cola na utilização da biomassa da cana de açúcar, Klabin na

reciclagem de papéis, Saint-Gobain na reciclagem de vidro e Latasa na reciclagem das latas de

alumínio, realizam há alguns anos o reaproveitamento industrial para composites na fabricação

de novos produtos com um real valor adicional sustentável economicamente (SEARA;

GONÇALVES; AZEVEDO, 2013).

As atividades atuais existentes de processamento e recuperação de materiais e resíduos pós

consumo são listadas no quadro 1:

38

Atividades de

Processamento e

Recuperação

Incineração Energia Elétrica

Compostagem Queima Simples

Reutilização Compostos Orgânicos (Húmus)

Aterros Controlados

Reuso, Remanufatura, Reciclagem

Biogás e Coleta de Chorume

Quadro 1 - Atividades de processamento e recuperação de materiais

Fonte: SEARA; GONÇALVES; AZEVEDO (2013).

Laurent et. al. (2014), observam que as composições dos resíduos variam não só entre países,

mas também entre regiões e cidades, estando estreitamente relacionados à situação econômica,

produtiva e cultural, local ou regional. Conforme Singh et. al. (2014), a situação econômica e

produtiva local e a composição dos resíduos, impacta diretamente na coleta, volume e na

disposição final, estimando-se que por razões que incluem também a complexidade da

composição destes resíduos, em todo o mundo, 70% do total estejam disponibilizados

landfilled, ou seja, fora dos sistemas tradicionais de coleta e tratamento, tais como lixões e

aterros sanitários. Pereira (2013) acrescenta que ocorre também uma complexidade, decorrente

de somatório de elementos sociais, políticos, éticos e culturais, o que dificulta a elaboração de

políticas públicas na gestão de materiais e resíduos a níveis locais e regionais.

A fabricação de produtos com conteúdo reciclado deve ser compatível com a estratégia global

que a empresa adota para seus produtos usuais. Segundo Dowlatshahi (2000), produtos de má

qualidade afetam a imagem de mercado, ou seja, produtos fabricados com material ou insumos

reciclados ou recuperados têm de ter a mesma qualidade que os produtos originais

correspondentes. Descreve Mamede (2013), que o objetivo da proposta da reciclagem e do

reaproveitamento industrial de materiais e resíduos é agregar volume e valor econômico

adicional ao produto frente ao mercado.

Entretanto, custos, questões ambientais normativas e de conformidade do produto inerentes à

qualidade e, outros problemas decorrentes da viabilização técnica, econômica e ambiental,

remete a necessidade de internalização do processo de logística reversa no planejamento

estratégico da empresa e na ACV e ICV (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001),.

39

Por sua vez, a inclusão de uma abordagem da ACV e ICV com Reciclagem ao Final de Vida

dos produtos só pode vir a ocorrer a partir da percepção de um valor adicional sob a forma

sustentável para todas as partes que compartilham os riscos do negócio (FIGGE; HAHN, 2004;

FIGGE; HAHN, 2005).

A inclusão da logística reversa e do reaproveitamento de materiais e resíduos na ACV e no ICV

da empresa e suas implicações para este estudo, são analisados no tópico seguinte.

2.4 Análise e inventário do ciclo de vida do produto

Koroneos; Nanaki (2012), Talmasky; Tavares (2012) e Laurent et. al. (2014), afirmam que a

Análise de Ciclo de Vida do Produto (ACV) e o Inventário do Ciclo de Vida (ICV) têm diversas

aplicações, permitindo as empresas mapearem os tipos e as quantidades de materiais utilizados

na composite de seus produtos, as fontes e quantidades de energia consumidas nos processos,

quantificar os efluentes e as emissões atmosféricas durante as diversas etapas de produção desde

a extração da matéria-prima, fabricação, transporte e consumo, até a quantidade e a qualidade

dos resíduos na disposição final. Permite assim à empresa obter uma visão holística de todas as

suas atividades, necessárias ao seu planejamento estratégico.

Conforme assinalam Shibao; Moori; Santos (2010), as atividades de logísticas reversas podem

ser relacionadas a atuação das empresas sobre o ciclo de vida de seus produtos. A abordagem

da Reciclagem ao Final de Vida na ACV e no ICV é desta forma uma ferramenta que maximiza

técnica, gerencial e economicamente a Supply Chain Management, incorporando um closed-

loop supply chain ou uma cadeia de suprimentos em circuito fechado. Desta forma, segundo

Daher, Silva e Fonseca (2006), a inclusão da logística reversa proporciona a empresa obter uma

Cadeia de Suprimentos Integral.

Giovannini; Kruglianskas (2008) afirmam que a presença de uma grande empresa, atuante no

Ciclo de Vida do produto e compondo a ACV de forma a inserir a reciclagem ao final de vida

e a reutilização de conteúdo reciclado, impõe ao mercado, padrões técnicos, comportamentais

40

e de segurança às demais partes que compartilham o risco do negócio, proporcionando a

sustentabilidade necessária.

Apoiando e investindo em infraestrutura, processos, equipamentos e transferência de

tecnologias, a empresa passa em contrapartida, a ser uma referência ou benchmarking do setor.

Um modelo de ACV com Reciclagem ao Final de Vida em acordo com as normas ABNT NBR

ISO 14040 - 14044 (ISO, 2006) é apresentado no fluxograma da figura 2:

Figura 2 - Fluxograma do ciclo de vida do produto com reciclagem ao final de vida.

Fonte: VOGTLÄNDER, BREZET E HENDRIKS (2001) – adaptado pelo autor.

De acordo com Vogtländer; Brezet; Hendriks (2001), as alocações de custos e impactos

ambientais aos produtos devem refletir uma relação causa-efeito, tendo como base a ciência

física de materiais e no fluxograma foi dividida em dois subsistemas A e B em acordo com a

ABNT NBR ISO 14041. Os custos e os impactos ambientais do subsistema B são atribuídas ao

Final de Vida (EoL) do produto antigo, que pode ser o produto virgem ou primário, enquanto

os custos e impactos ambientais do subsistema A são atribuídos à fabricação do produto

secundário ou o novo produto com conteúdo reciclado.

41

As novas etapas com a introdução da Reciclagem ao Final de Vida e o reaproveitamento de

materiais e resíduos nos processos produtivos vão fornecer os dados ambientais adicionais para

o levantamento do Inventário do Ciclo de Vida (ICV), estando descritas no quadro 2:

Quadro 2 - Etapas da ACV com reciclagem e reaproveitamento industrial.

Fonte: VOGTLÄNDER, BREZET E HENDRIKS (2001) – adaptado pelo autor.

Observa-se pelo fluxograma que as cooperativas de reciclagem ocupam um papel estratégico

no extremo da cadeia ao Final de Vida do Produto (EoL) e que determina também o marco

inicial do ciclo logístico reverso.

A este respeito, Carmo (2009) afirma, entretanto, que as cooperativas de reciclagem não contam

com tecnologias, infraestrutura em equipamentos ou mesmo locais para armazenagens que

adicionem valor econômico aos produtos recicláveis.

Consequentemente a qualidade, o volume e os preços praticados no mercado, acabam sendo

insatisfatórios para estas partes que compartilham o risco do negócio e consequentemente

comprometem a sustentabilidade do ciclo reverso. O papel da iniciativa privada torna-se assim

fundamental para a eficiência e a eficácia do processo de reciclagem e de reutilização industrial

de conteúdo reciclável, através de investimentos ao longo das diversas etapas operacionais da

cadeia logística reversa (CARMO, 2009).

A respeito dos processos de incineração com ou sem geração de energia constantes do

fluxograma, Koroneos; Nanaki (2012), observam que estas soluções tradicionais de tratamento

1 – Prolongamento da vida útil do produto;

2 – Renovação do produto;

3 – Reutilização de componentes (partes) do produto;

4 – Reutilização de materiais;

5 – Aplicação útil de resíduos;

6 – Imobilização com aplicação útil;

7 – Imobilização sem aplicação útil;

8 – Incineração com recuperação de energia;

9 – Incineração sem recuperação de energia;

10 – Aterro.

42

e eliminação de resíduos, atualmente em voga no Brasil para implementação, sofrem críticas

por especialistas em ACV por produzirem e liberarem quantidades significativas de metano

(CH4) e outras substâncias na atmosfera.

O CH4 além do CO2 e outros compostos nocivos à saúde, produzidos em lixões e aterros

sanitários em todo o mundo, contribuem entre 3% a 4% para as emissões de gases do efeito

estufa de todas as atividades humanas.

Sobre a incineração, Gutberlet (2012), reafirma que o enorme potencial de produção de energia

por este método, principalmente dos materiais plásticos, apresenta sérias controvérsias, quando

avaliados os impactos socioambientais, principalmente os relativos às emissões poluentes.

Esta solução tem como feedback uma maior emissão de poluentes na atmosfera, tais como o

ácido clorídrico, o monóxido de carbono, o óxido de nitrogênio, metais pesados e dioxinas,

cujas presenças são cada vez maiores na composite dos diversos tipos de produtos, materiais e

resíduos, estes dois últimos dispostos de forma conjunta ao final de vida útil em lixões e aterros

sanitários (GUTBERLET, 2012).

Afirmam Nicholson et. al. (2009) que o perfil ambiental de um produto é condicionado por sua

carga ambiental. Matérias primas e insumos apresentam composites cada vez mais complexas

nos produtos, tornado também complexas a ACV e o ICV a estes relacionados.

Desta forma, Laurent et. al. (2014), afirmam que a ACV e o levantamento dos impactos

ambientais para o ICV são duas das fases de maiores custos e trabalhos para as empresas, dado

esta heterogeneidade na composição dos produtos.

Também contribuem para estas dificuldades, as diferentes qualidades de fluxos de materiais e

resíduos finais que são dependentes da existência de coleta seletiva na fonte, dos sistemas

aplicados para esta coleta e da necessidade de rastreamento dos poluentes. Por sua vez o

rastreamento dos poluentes, depende do tipo de destinação final e da própria abordagem no ICV

adotada pela empresa para estimativa das emissões no longo prazo (LAURENT et. al., 2014).

Kicherer; Aktiengesellschaft (2007), também afirmam que a complexidade da ACV,

compromete o desempenho de diversas variáveis na contabilidade do ICV, distorcendo-os,

43

particularmente, na alocação dos valores e impactos para cada fase do produto. Matérias primas

e insumos são atualmente utilizados na fabricação de uma multiplicidade de produtos (exemplos

são os diversos tipos de plásticos) com diferentes tempos de ciclo de vida distintos entre as

datas de fabricações e os períodos estimados para suas respectivas reciclagens.

Segundo Singh et. al. (2014) a crescente complexidade atual nas composites dos produtos

também comprometem os resultados da ACV e ICV, visto que os sistemas atuais de produção

agem como sistemas de diluição de recursos, promovendo mudanças nas composições físicas e

químicas e nas propriedades biológicas dos materiais, o que tornam as suas reciclagens e

reaproveitamentos industriais do ponto de vista técnico e tecnológico, um processo

extremamente complexo, levando a necessidade excessiva no uso de energia, insumos e

aditivos, consequentemente acarretando custos elevados.

Aos fatores da complexidade da composição dos produtos, devem-se adicionar outras questões

em aberto (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001) (KICHERER;

AKTIENGESELLSCHAFT, 2007):

Se a ACV e o ICV foram realizados para Circuitos Abertos ou para Circuitos Fechados

de Reaproveitamento;

Se a disposição ao final do ciclo de vida útil (EoL) foi realizado em Sistema Aberto ou

Sistema Fechado. A ACV e as alocações dos impactos ambientais para o ICV, constitui-

se em um problema em sistemas de tratamentos abertos, como os aterros sanitários em

que os materiais e resíduos de um produto se misturem aos materiais e resíduos de outros

produtos.

Sob a perspectiva econômica, Frischknecht (2010) descreve que a opção estratégica da empresa

de inserir a Reciclagem ao Final de Vida do Produto na ACV e ICV, objetiva que materiais e

resíduos recicláveis ao serem reutilizados industrialmente, determinem o montante de matérias

primas não requeridas na reposição dos inventários dos respectivos estoques primários.

Como se defende em Figge; Hahn, (2004) e Figge; Hahn, (2005), ao centrarem-se a análise de

inserção da Reciclagem ao Final de Vida do Produto na ACV e ICV sob a ótica deste custo de

oportunidade para a empresa, observa-se que não ocorre uma substituição de capital natural por

capital self made man, como descreve em seu trabalho Frischknecht (2010), mas uma

compensação econômica do capital natural, relacionado a uma busca por alocação mais

44

eficiente de recursos de um capital estratégico com o propósito de dar a maior contribuição

possível para o lucro dos acionistas, tendo como consequência, uma maior contribuição para a

sustentabilidade do negócio.

Em termos de sustentabilidade, a reciclagem e a reutilização de materiais e resíduos em

processos industriais, passam a ser um fator estratégico para manter no longo prazo, estoques

críticos de capital natural (matérias primas), mantendo ao mesmo tempo a ecoeficiência do

produto por meio de créditos ambientais de emissões evitadas, com aumento da competitividade

no mercado e consequente elevação dos lucros (FIGGE; HAHN, 2004 e FRISCHKNECHT,

2010).

Singh et. al. (2014) afirmam que os problemas na ACV e no ICV dos produtos é na verdade

complexo, pois muitas das políticas estratégicas implementadas pelas grandes empresas sob a

ótica da sustentabilidade, devido ao processo de globalização, resultaram na criação de novos

problemas socioambientais.

Exemplos são os processos de internacionalização com deslocamentos geográficos das etapas

de produção mais poluentes para os países em desenvolvimento das diversas etapas e que

compõem a ACV dos produtos como, por exemplo, os processos de extração e produção. A

atratividade do fenômeno são os menores custos de mão de obra e regulamentos ambientais

menos rigorosos e as principais consequências são também o deslocamento dos passivos

ambientais dos países mais desenvolvidos para países menos desenvolvidos, sob a forma de

poluição industrial e geração de resíduos (SINGH et. al., 2014).

Segundo Laurent et. al. (2014), este fenômeno também serve de justificativa para a

apresentação de inconsistências e não conformidades nos Relatórios de Sustentabilidade,

incluindo de empresas de setores estratégicos analisados por este estudo.

As Análises de Ciclos de Vida de Produtos (ACV) e dos Inventários Ambientais (ICV),

apresentam para os países mais desenvolvidos, baixas taxas na geração de resíduos nas etapas

fundamentais de extração e produção, as mais poluentes. Em contrapartida apresenta altas taxas

para as atividades de consumo. Os dados se invertem quando apresentados dos países em

desenvolvimento, ainda que as taxas de consumo estejam crescentes a cada ano, devido as

melhorias da renda per capita de diversos países. Há aqui uma clara comprovação de que existe

45

uma relação estreita entre níveis elevados de renda e de consumo e a geração excessiva de

resíduos (SINGH et. al., 2014).

Em pesquisas sobre ACV e ICV realizados em empresas estratégicas de países em

desenvolvimento como o Brasil, apontam para inconsistências que envolvem desde a ausência

na abordagem de parâmetros de avaliação dos impactos sociais da atividade industrial e

econômica, tais como, sobre a saúde ocupacional, a coleta informal e a reciclagem, assim como

a existência de não conformidades em acordo com as recomendações e requisitos mínimos das

normas ABNT NBR ISO 14040-14044, ao se omitirem abordagens sobre as medidas de

prevenção de impactos socioambientais e de composição de materiais e resíduos dos produtos

(DIAS; SOEKHA; SOUZA, 2010).

Uma análise da aplicação e da efetividade das normas ABNT NBR ISO 14040-14044 que

disciplinam os requisitos mínimos para a ACV e o ICV é capaz de proporcionar uma clara visão

da estratégia e comprometimento da empresa com a sustentabilidade e atuação no ciclo de vida

do produto, ao incluir a abordagem de Reciclagem ao Final de Vida (VOGTLÄNDER;

BREZET; HENDRIKS, 2001).

No entanto, fabricado com conteúdo reciclado ou não, os produtos sempre conduzem em si os

encargos ambientais de produção do material primário. Os reciclados por ainda utilizarem

estoques secundários das matérias primas originais. Desta forma, a utilização de conteúdo

reciclado nos processos industriais de fabricação de novos produtos está limitada a um

determinado percentual estratégico, uma limitação técnica e econômica que só poderá vir a ser

superada pela atuação social da empresa de forma estratégica (NICHOLSON et. al., 2009).

2.5 Dimensões da sustentabilidade

As dimensões da sustentabilidade foram analisadas a partir da revisão bibliográfica, segundo o

quadro 3:

46

Dimensões

Bibliografia (ano)

Ambiental Econômica Social Normativa

Dowlatshahi (2000)

Noal (2000)

Vogtländer, Brezet e Hendriks (2001)

Saling et. al.(2002)

Amaral (2003)

Shonnard, Kicherer e Saling (2003)

Barbieri (2004)

Figge e Hahn (2004)

Hart e Milstein (2004)

Kratena (2004)

Van Bellen (2004)

Figge e Hahn (2005)

Dowlatshahi (2000)

Vianna (2006)

Kicherer e Aktiengesellschaft (2007)

Medeiros, Mello e Campos Filho (2007)

Zhang et. al (2008)

Carmo (2009)

Guerra (2009)

Hopewell, Dvorak e Kosior (2009)

Nicholson et. al. (2009)

Dias, Soekha e Souza (2010)

Frischknecht (2010)

Schaffel (2010)

Cardoso (2011)

Valim (2011)

Gutberlet (2012)

Koroneos e Nanaki (2012)

Loureiro (2012)

Noal (2012)

Oliveira et al (2012)

Selig, De Ávila Lerípio e Viegas (2012)

Slivnik, Falvo e Sato (2012)

Talmasky e Tavares (2012)

Figueiredo, Moynier e Rocha (2013)

Mamede (2013)

Pereira (2013)

Giacchetti, Giacchetti e Monken (2014)

Teixeira (2014)

Laurent et al (2014)

Uribe-Saldarriaga (2014)

Quadro 3 – Quadro teórico referencial de dimensões do modelo.

Fonte: AUTOR (2016).

O modelo Triple Bottom Line, foi inicialmente definido para obtenção das dimensões

estratégicas na proposição de um índice de valor adicional sustentável para a reciclagem do

alumínio. O Triple Bottom Line nasce do conceito de sustentabilidade interdependente dos 3 P:

People, Planet and Profit ou Pessoas, Planeta e Lucro. Entre as diversas interpretações, as

análises das interseções duas a duas das dimensões, resultando em equações a serem

respondidas pela empresa sobre o projeto a ser implementado: é viável? É equitativo? É

47

suportável? Como representado na figura 3, a interseção entre as três dimensões, apresenta

como resultado a sustentabilidade em médio e longo prazo do projeto (OLIVEIRA et. al.,

2012):

.

Figura 3 – Modelo base dos 3 P.

Fonte: PLANET (2015) – adaptado pelo autor.

Para Hart; Milstein (2004), ocorre sempre nas avaliações dos projetos, uma forte interação entre

as ações de sustentabilidade propostas pela empresa e a criação de valor para os acionistas, ou

seja, para as partes que compartilham o risco do negócio. Também ocorrem sobre as avaliações:

Um fenômeno de simultaneidade ao ter a empresa de manter níveis altos de

lucratividade ao mesmo tempo que deve criar tecnologias com olhar futuro no mercado;

Situação paradoxal de ter de destruir portfólios de produtos antigos para recriar novos

portfólios.

Mamede (2013), afirma que uma das formas de avaliar estas questões controversas nos

processos decisórios, é analisá-las sob uma ótica da interdependência entre as dimensões do

modelo.

O modelo Triple Bottom Line busca um equilíbrio entre lucratividade e sustentabilidade, através

da integração entre os subsistemas (MAMEDE, 2013):

Econômico, com a criação de valor econômico adicional, mas de forma sustentável no

longo prazo;

Social, através de inclusão de ações de responsabilidade social nos projetos, tanto no

ambiente interno quanto externo da empresa;

Ambiental nas diversas operacionalizações da produção;

Conformidade de processo e produto com as normas legais de qualidade, ambiental e

aceitação pelo mercado.

48

Para Oliveira et. al. (2012) e Dias; Soekha; Souza (2010), embora muitas empresas tenham

incluído a busca por sustentabilidade em seus discursos mercadológicos, são raras as que

realmente a implementam em suas operações, processos e produtos. Este fato é devido em

grande parte a inexistência de um modelo que integre o conceito de sustentabilidade ao

planejamento estratégico da empresa, o que inclui a percepção de um Valor Adicional

Sustentável final, ou seja, com a predominância do econômico, conforme corroboram Hart e

Milstein (2004), ao analisarem os impactos da dimensão social da sustentabilidade sobre a

dimensão econômica do modelo.

O aumento dos ritmos populacional e a desigualdade de renda, exercem fortes e crescentes

pressões sobre o desempenho econômico das empresas, onde devido aos decréscimos nos

padrões e níveis de consumo, ocorre a perda do poder aquisitivo de compra, contrastando com

potenciais investimentos das empresas necessário em adequações às normas de qualidade e

ambientais dos novos processos e produtos, criando assim um processo de estagnação entre as

dimensões do modelo (HART; MILSTEIN, 2004).

Para Amaral (2003), a ausência de uma metodologia integradora entre as dimensões do modelo

Triple Bottom Line faz com que os indicadores existentes para medir a sustentabilidade, sofram

justaposição nas informações sem propiciar uma visão sistêmica. Cada uma das dimensões do

modelo, gera na empresa expectativas e incertezas em múltiplos enfoques, perspectivas e

abordagens, que diferem de setor para setor e de empresa para empresa. Este fato decorre da

existência de um estímulo natural ao lucro com consequente expansão no mercado.

No entanto, como descrevem Hart; Milstein (2004), a inclusão da ótica de dimensão social no

modelo demonstra importância para o equilíbrio final do sistema de sustentabilidade: os

investimentos empresariais em recursos humanos, treinamentos e capacitações na base dos

stakeholders das empresas, podem vir a contribuir para integrar as dimensões do modelo em

torno da questão estratégica da lucratividade, ou seja, a obtenção de um valor econômico

adicional final sob a forma sustentável.

Há ainda uma grande parcela de stakeholders, formadores de opiniões e ativos politicamente,

assumindo o papel de monitores e disciplinadores de padrões e comportamentos

socioambientais, pressionando as empresas por adequação às normas legais e o mercado por

incentivos ao consumo responsável (OLIVEIRA et. al., 2012).

49

A dimensão ambiental do modelo Triple Bottom Line, relacionada à busca por sustentabilidade,

demonstra maior relevância, quando o foco da análise é observado a partir da perspectiva futura

da produção e uso das diversas fontes de energia do planeta, renováveis ou não e as respectivas

emissões (NOAL, 2012).

Um exemplo é o paradoxo global que cerca a utilização de fontes não renováveis de energia,

principalmente o petróleo e seus derivados:

A população dos EUA, representada por apenas 5% da população mundial, responde

pelo consumo de 30% da energia produzida em todo o mundo. Por outro lado, 50%

da população mundial é ainda extremamente dependente do uso intensivo do carvão

vegetal e da queima da madeira como fontes de energia para o seu desenvolvimento.

Como consequência desta distorção, têm-se dois grandes problemas: o agravamento

do desmatamento mundial e a degradação do meio ambiente (NOAL, 2012).

Sobre a importância de um modelo de avaliação da sustentabilidade de projetos de reciclagem

e utilização industrial de conteúdo de reciclados, Hopewell; Dvorak; Kosior (2009), observam

que cerca de 4% do petróleo mundial e da produção de gás de fontes fósseis são utilizados como

matérias primas na produção de plásticos e mais 3% a 4% são as fontes de energia para suas

fabricações.

Isto permite concluir que a reciclagem e reaproveitamento industrial dos polímeros plásticos

como ocorre no Brasil com o Polietileno Tereftalato (PET), oferecem as oportunidades para

reduções consideráveis no uso destes recursos não renováveis e para as reduções nas emissões

de dióxido de carbono na atmosfera, além de reduções também nas disposições de volumes

significativos de resíduos de forma inadequada no meio ambiente (HOPEWELL; DVORAK;

KOSIOR, 2009).

Afirma Uribe-Saldarriaga (2014), que sob o ponto de vista da dimensão ambiental dos modelos,

a busca pelas indústrias por matérias primas ou recursos energéticos na forma de economia ou

utilização de fontes de recursos renováveis, encontra sempre dificuldades para sua

implementação e ampla aceitação pelo mercado, devido a necessidade de conciliar a dimensão

ambiental com conceitos como o de utilidade econômica e uso social do produto, ou seja,

conciliar a dimensão ambiental com as dimensões econômica e social.

Um exemplo da campanha desenvolvida pela empresa multinacional Ecopetrol na Colômbia

entre 2008 e 2010 no lançamento do diesel “limpo”, combustível derivado do petróleo, mas

50

com baixo teor de enxofre. Considerado pela empresa como um avanço no uso de energia, este

produto enfrentou fortes resistências de aceitação no mercado com questionamentos sobre a

real eco eficiência, legislação ambiental rigorosa e pressões de grupos ambientalistas (URIBE-

SALDARRIAGA, 2014).

Em 2014, a Petrobrás lançou produto semelhante no mercado brasileiro sem grandes impactos

na redução de custos ou mesmo ambientais.

Com o programa do biodiesel brasileiro, ocorre e ainda persiste problema semelhante. Apesar

de ser uma alternativa mais econômica e social eficiente, pois além de eliminar as emissões de

óxido de enxofre e reduzir as emissões de dióxido de carbono, inclui a agricultura familiar no

processo de produção e fornecimento de matérias primas, enfrentou sérios questionamentos

sobre questões de interação entre as dimensões econômica, ambiental e social, dado que as

matérias primas para sua produção (plantas oleaginosas como o milho e o girassol por

exemplos) são também fontes de alimentação das pessoas (VIANNA, 2006).

Para Noal (2012), muitas tecnologias atuais e os impactos ambientais e sociais, derivaram de

decisões políticas, tecnológicas, econômicas e sociais que não foram cuidadosamente

analisadas sob esta ótica de interação entre as dimensões econômica, ambiental, social e

normativa de modelos de sustentabilidade.

Alguns exemplos: as emissões de dioxina na atmosfera na produção de papel, a combustão de

produtos à base de cloro na fabricação de plásticos, a chuva ácida no processo de mineração em

céu aberto, a radiação das torres transmissoras de energia e de sinal celular, as adições químicas

na produção dos alimentos e a escassez dos recursos hídricos (NOAL, 2012).

Como observado anteriormente, para Schaffel (2010) uma avaliação pelas empresas dos

projetos do ponto de vista econômico e ambiental, portanto, uma avaliação da ecoeficiência,

torna-se insatisfatória como única contribuição para a sustentabilidade, sendo necessária a

inclusão nos modelos da responsabilidade social.

Para Saling et. al. (2002) e Barbieri (2004), a ecoeficiência de um produto é definida pela

relação entre o valor econômico adicional obtido e o correspondente custo e impacto ambiental

adicional gerado pelo produto. O impacto ambiental adicional pode ser avaliado pela

51

quantidade total de energia e emissões medidas ao longo de todas as fases do ciclo de vida do

novo produto.

Para Frischknecht (2010), a ecoeficiência é percebida pela empresa como melhor à medida que

a relação US$/kg CO2 eq- aumenta ou kg CO2 eq-/US$ decresce, dependendo do ponto de vista

de abordagem da análise, ambiental ou econômica, respectivamente (ZHANG ET. AL., 2008).

Há aqui um ponto interessante a ser observado sobre a expressão para cálculo da ecoeficiência

utilizado neste trabalho:

...ainda se constitui em objeto de controvérsias, estudos e análises como exatamente

determinar o denominador e o numerador da relação entre economia e meio ambiente

no desenvolvimento de um indicador sustentável4 (ZHANG et. al., 2008).

Isto significa que quando a análise tiver como foco a alocação eficiente dos recursos

econômicos ou a dimensão econômica do modelo, o correto é utilizar no denominador o valor

econômico adicional (VEA) conforme a expressão 1 a seguir.

Se o foco da empresa é a avaliação da dimensão ambiental decorrente das modificações nos

processos ou produtos, o correto é utilizar a unidade de impacto ambiental adicional no

denominador, conforme a expressão 2 abaixo:

Como o objetivo deste trabalho é obter um Valor Adicional Sustentável final para as quatro

dimensões do modelo proposto com predominância da dimensão econômica, foi utilizada a

expressão 1 na avaliação da ecoeficiência entre o alumínio primário e a sucata de alumínio, de

forma que quanto menor for a relação entre a influência ambiental e o valor econômico de um

produto maior será a sua ecoeficiência.

4 Tradução livre do autor.

(2) Ecoeficiência = Valor Econômico Adicional

Impacto Ambiental Adicional

(1) Ecoeficiência = Impacto Ambiental Adicional

Valor Econômico Adicional

52

Em Figge; Hahn (2004) e Figge; Hahn (2005) é proporcionada uma interessante visão holística

da atuação das empresas sobre o modelo de sustentabilidade Triple Bottom Line:

Diversas são as formas de capital atuante das empresas que estão relacionadas as dimensões do

modelo de sustentabilidade adotado:

Capital econômico;

Natural ou ambiental, representados pelo acesso e utilização dos recursos naturais;

Self made man ou o capital produzido pelo trabalhador: bens e produtos, inclusive

representados ao final do seu ciclo de vida;

Capital social, representado pelas relações com o mercado, instituições, grupos de

trabalho e a sociedade em geral.

Poderia se acrescentar diversas outras formas de capital atuante ou dimensões ao modelo de

sustentabilidade: tecnológico, institucional, normativo e outros. As diversas formas da empresa

se apropriar, utilizar e realizar intercâmbios entre as diversas formas de capital atuante,

condicionam a sua estratégia de busca por sustentabilidade (FIGGE; HAHN, 2005).

Se uma empresa atua com um determinado tipo de capital estratégico ou dimensão do modelo

e ela encontra dificuldades de intercambiá-lo por outro tipo de capital ou dimensão de atuação

quando está obtendo um mau desempenho no mercado, ela busca então por uma forte

sustentabilidade em suas ações e projetos. Inversamente, se a empresa atua com equilíbrio no

mercado entre as diversas formas de capital ou dimensões, apresentando facilidades de

compensar um mau desempenho em um tipo de dimensão ou capital por um bom desempenho

em outro, ou seja, substituindo facilmente um capital por outro então seus projetos e ações são

em uma base fraca de sustentabilidade (FIGGE; HAHN, 2004).

Há uma percepção inicial para o pesquisador de que a reciclagem e a utilização de conteúdo

reciclado pelas empresas estariam situadas em uma base fraca de sustentabilidade já que

ocorreria uma substituição do capital natural (recursos naturais) por capital self made man ou

produtos reciclados ao final do seu ciclo de vida útil (FRISCHKNECHT, 2010).

Entretanto, Figge; Hahn (2005), afirmam que a reciclagem e a utilização de conteúdo reciclado

pelas empresas, constituem uma base de busca por uma forte sustentabilidade nos negócios,

quando avaliado os investimentos sob a perspectiva econômica do custo de oportunidade. Não

53

há uma substituição real de capital natural, mas uma compensação econômica do mesmo pelas

empresas com o objetivo estratégico de manter estoques de capital crítico na dimensão do

modelo onde apresenta uma maior atuação e consequente maior vulnerabilidade, pois o mesmo

não é intercambiável por outros tipos de dimensões ou capitais.

A busca pelas empresas por um valor adicional sustentável final ou uma forte sustentabilidade

em seus negócios, passa necessariamente pela percepção em sua base de stakeholders de um

valor adicional econômico sob a perspectiva de análise de todas as dimensões do modelo

proposto. Perceptível sempre que os benefícios de implementação sob a ótica de análise do

custo de oportunidade do projeto, excedam os seus custos internos e externos, estes últimos os

impactos ambientais, sociais, normativos, ou seja, os custos de externalidade do projeto

(FIGGE; HAHN, 2004).

Na modelagem difusa para definição dos custos internos relevantes, seguiu-se a orientação de

Shonnard; Kicherer; Saling (2003) para a comparação de produtos: o preço final de

comercialização do alumínio e da sucata de alumínio em seus respectivos mercados.

Não foram considerados os custos de processamento para a inclusão de conteúdo reciclado no

novo produto, considerando as afirmações de Dowlatshahi (2000) de que torna-se preferível

técnica e economicamente para a empresa utilizar processos de fabricação atuais e já

comprovados, desde que o conteúdo de utilização não comprometa a qualidade do produto final,

o que elimina a necessidade de reinventar processos.

A vantagem da utilização dos processos originais, além da redução de custos é a de permitir a

identificação de possíveis deficiências na fabricação dos novos produtos, através do método de

tentativa e erro, além das reduções de inventários de materiais com defeito e de refugos e,

melhorias nas tecnologias de processos (DOWLATSHAHI, 2000).

Não foram considerados também os custos de implementação da logística reversa da sucata de

alumínio. Daher; Silva; Fonseca (2006), afirmam que estes custos com a logística reversa,

podem vir a ser abordados posteriormente de forma conjunta com outros custos no Custeio da

ACV do novo produto.

54

Sob o ponto de vista da intersecção entre as dimensões ambiental e social do modelo triple

bottom line, Noal (2012) e Loureiro (2012) criticam o tecnicismo aplicado nos projetos das

empresas ou as soluções puramente tecnológicas, defendidas como meios eficazes para a gestão

dos recursos naturais e das disposições finais dos produtos, materiais e resíduos aos finais dos

seus ciclos de vida como, por exemplo, os processos de incineração

O conflito entre o ambiental e o social é sempre um embate entre interesses públicos e privados,

orbitando sobre questões de propriedade e utilização de espaços e recursos naturais. Este fato

posiciona a questão ambiental entre os campos social e político-econômico, conforme

descrevem Guerra (2005), Cardoso (2011) e Gutberlet (2012), ajudando a confirmar a alta

subjetividade destes indicadores e a necessidade de internalização da responsabilidade social

no planejamento estratégico das empresas e nos modelos de sustentabilidade (FIGUEIREDO;

MOYNIER; ROCHA, 2013).

Desta forma, a reciclagem no Brasil de produtos como o polietileno tereftalato (PET) e o

alumínio das latas, deveriam passar necessariamente por uma análise dos impactos sociais e

econômicos da atividade sobre as cooperativas de reciclagem. O objetivo seria de planejar uma

integração entre indústrias – empresas beneficiadoras – cooperativas – consumidores finais com

apoio do poder público para manter no longo prazo a sustentabilidade do processo, incentivando

e incrementando o desenvolvimento da logística reversa, principalmente através de

investimentos ao longo de todas as etapas das cadeias desses produtos (SLIVNIK; FALVO;

SATO, 2012).

Pereira (2013) afirma que as atividades de coleta seletiva, transporte, armazenagem e

tratamento de materiais e resíduos descartados ao final de vida útil que constituem-se nas etapas

da logística reversa de materiais e resíduos pós ciclo de vida útil são desenvolvidas por

cooperativas em sua maioria, constituídas por trabalhadores com baixos poder aquisitivo e nível

de educação formal, desta forma, apresentam uma alta vulnerabilidade, social e

economicamente.

Sendo assim, o apoio do setor privado com interesses na implementação das ações de logística

reversa e reaproveitamento industrial de materiais e resíduos, torna-se fundamental para a

eficácia do processo em todas as etapas (PEREIRA, 2013).

55

Assim também afirma Gutberlet (2012) de que as atividades de logística reversa quando

conjugadas com o reaproveitamento industrial para a produção com conteúdo reciclado,

fornecem do ponto de vista social, um enorme potencial para formulação de políticas públicas

de geração de empregos e renda para as camadas mais pobres da população, sendo capazes de

reverter o quadro crítico de pobreza, desemprego e de degradação ambiental que se acentua

cada vez mais no entorno das grandes cidades.

Reafirma Schaffel (2010) que um exemplo do reconhecimento da importância da inclusão da

responsabilidade social nos modelos de avaliação da sustentabilidade, são as aplicações de

indicadores sociais ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – PNPB no Brasil.

O programa exige das empresas fornecedoras o Selo Combustível Social. Este selo condiciona

as participações das empresas nos leilões de comercialização do biodiesel às aquisições de

cooperativas ou da agricultura familiar de 40% das matérias primas (oleaginosas), a serem

utilizadas nos processos de produção de biodiesel (BRASIL, 2015).

Conclui Gutberlet (2012), que as práticas metodológicas de análise da sustentabilidade sob

óticas puramente econômicas e ambientais diferem das práticas metodológicas com inclusão da

responsabilidade social, dado o potencial do trabalho associativo e cooperativo na busca pelas

empresas por uma forte de sustentabilidade. Este potencial serve às empresas para lidar com o

enfraquecimento do capital econômico e social nas periferias das grandes cidades e no interior

dos mercados, pois o desemprego e a pobreza são ameaças que comprometem a renda e o

consumo no longo prazo e, consequentemente, afetam os resultados econômicos das empresas.

Assim, para Carmo (2009), os investimentos sociais devem ser direcionados pelo setor público

e privado às cooperativas de reciclagem, através de metas de capacitação técnica e gerencial,

dotação de recursos, financeiros, tecnológicos e infraestruturas, objetivando a inserção das

mesmas nos acordos setoriais do setor privado para potencializar os processos de logísticas

reversas, principalmente no fornecimento de materiais recicláveis em volumes e qualidades

necessários para obtenção de economias de escalas e consequente redução de custos das

empresas, fato que só recentemente começou a ser implementado no Brasil.

De acordo com Slivnik; Falvo; Sato (2012), com o intuito de contribuir para o desenvolvimento

de políticas públicas nas gerações de emprego e de renda a partir do setor de logística reversa,

a Lei 12.305 de 2010 reafirma o princípio da Responsabilidade Compartilhada pelo ciclo de

56

vida dos produtos, recomendando a formação de acordos setoriais para a potencialização das

ações de logística reversa com a inclusão das cooperativas de reciclagem, inserindo-as nos

processos, estratégia que é reforçada pelo Decreto 7.404 de regulamentação e Decreto 7.405 de

23 de dezembro de 2010 que criou o Programa Pró Catador (BRASIL, 2010).

Diversos acordos setoriais no âmbito do Ministério do Meio Ambiente para viabilização das

operações de logísticas reversas estão atualmente em fases gradativas de maior ou menor

implementação (BRASIL, 2015):

Descarte de medicamentos;

Embalagens em geral;

Embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos;

Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e luz mista;

Eletroeletrônicos.

Paralelamente, Bolsas de Resíduos foram formadas nas Federações de Indústrias para viabilizar

e auxiliar os acordos setoriais em suas respectivas operações de logística reversa, procurando

criar e disciplinar desta forma, um mercado na negociação de materiais e resíduos recicláveis

(SIBR, 2015).

Sobre a importância da responsabilidade compartilhada e da gestão integrada na

potencialização dos processos reversos, Valim (2011), cita o projeto de expansão de uma planta

industrial de reaproveitamento de plásticos, instalada na cidade de Nova Santa Rita, Estado do

Rio Grande do Sul que valida esta conjugação positiva entre o setor privado, cooperativas de

reciclagem e apoio do setor público.

Este projeto obteve sucesso ao integrar uma empresa industrial do setor de plásticos, recursos

captados na linha de financiamento do BNDES Pró Plástico, empresas recicladoras e

cooperativas de catadores em torno do reaproveitamento industrial de polímeros, demonstrando

a viabilidade técnica e econômica desta forma de investimento, cooperativo e integrado em três

dimensões: econômica, ambiental e social e consequentemente, atendendo a uma quarta, a

normativa ou legal (VALIM, 2011).

Acerca da abordagem da dimensão normativa no modelo proposto Teixeira (2014), afirma que

a estratégia de aplicação dos 4 R na gestão de resíduos, envolvem:

57

Redução na utilização de matérias primas virgens nos processos de fabricação;

Reutilização de materiais, peças ou componentes;

Reciclagem;

Recuperação de materiais e resíduos nos processos industriais, incluindo os processos

de incineração para produção de energia.

Os 4 R consistiriam assim na implementação de um conjunto de normas institucionais e

aplicações tecnológicas, associadas às fases de produção, recolhimento, transferência,

transporte, armazenamento, controle, valorização e disposição final dos materiais e resíduos

(com ou sem reaproveitamento) ao longo de todo o ciclo de vida do produto, ou seja, a aplicação

de uma dimensão normativa ao modelo de sustentabilidade do sistema logístico reverso segue

a ACV (TEIXEIRA, 2014).

Quando se incluem a reciclagem e o reaproveitamento de materiais, predominam parâmetros

que condicionam e proporcionam uma maior ou menor eficiência ao processo logístico reverso:

(a) as quantidades produzidas e suas respectivas densidades, (b) a composição qualitativa dos

materiais, incluindo seus aditivos e (c) taxas de variações de conteúdo reciclado adicionado ao

processo industrial original (HOPEWELL; DVORAK; KOSIOR, 2009).

Estas características apontam para a necessidade de adequações da empresa na normatização

dos processos e conformidade dos produtos que vão utilizar conteúdo reciclado. A busca por

padrões de normatização e conformidade de novos produtos, podem ser assim associadas

diretamente aos requisitos técnicos mínimos que regem as Análises de Ciclo de Vida (ACV) e

os respectivos Inventários Ambientais (ICV) fornecem os indicadores necessários à empresa

para adição de um conteúdo estratégico de material reciclado, dado, certamente o limite do

estágio atual de desenvolvimento tecnológico da empresa (HOPEWELL; DVORAK; KOSIOR,

2009).

A dimensão normativa do modelo toma assim como referência, as Normas da Série ABNT

NBR ISO 14.000, particularmente as da Série ABNT NBR ISO 14040 - 14044, as quais

abordam especificamente, padrões e requisitos mínimos para as Análises dos Ciclos de Vidas

dos Produtos (ACV) e para o levantamento de dados dos Inventários Ambientais (ICV),

recomendando critérios mínimos para a sua aprovação (ISO, 2006).

58

O checklist validado por especialistas tem o objetivo de conduzir o pesquisador para uma

análise da ACV e ICV do novo produto com conteúdo reciclado em busca de parâmetros

técnicos, econômicos e ambientais das empresas que se utilizam da reciclagem ao final da vida

útil de seus produtos. Ao verificar os graus de consistência e de aderência da ACV e do ICV do

novo produto às normas ABNT NBR ISO 14040-14044 ACV, estabelece-se uma linha de base

para futuros análises no reaproveitamento de outros materiais.

Atualmente a utilização de conteúdo reciclado no setor de alumínio gira em torno de 46%, tendo

um target estimado de utilização de 80% para o ano de 2020 (NOVELIS, 2015).

Segundo Frischknecht (2010), duas abordagens estratégicas são mais utilizadas pelas empresas

ao considerarem a ACV e o ICV de seus produtos: (a) Cut-off ou uma abordagem de Corte em

que o material primário e o conteúdo reciclado tem seus custos econômicos e impactos

ambientais avaliados separadamente e (b) Abordagem com Reciclagem ao Final de Vida, em

que custos e impactos são considerados como interdependentes, interagindo e influenciando na

avaliação da ecoeficiência final de ambos os produtos, material primário e conteúdo reciclado.

Na abordagem de corte, ocorre a opção da empresa por uma clara aversão ao risco do passivo

ambiental ser ou não reaproveitado futuramente. Desta forma este tipo de abordagem assume

que a cada produto, primário ou reciclado, só devem ser atribuídos os impactos ambientais

diretamente gerados por ele. Não existe interesse da empresa por uma substituição do capital

natural (matéria prima) por créditos ambientais ou capital self made man, produtos ao final de

seu ciclo de vida (FRISCHKNECHT, 2010).

Para entender melhor a abordagem Cut-off e as suas implicações sobre os impactos ambientais

adicionais no ICV do produto, utilizamos a explicação dada por Nicholson et. al. (2009):

A produção e a carga ambiental do material primário (V1) é atribuída ao ciclo de vida

(L1) para o produto (P1). A reciclagem e a carga do material secundário (R1)

associado com o produto (P1) é atribuída ao ciclo de vida (L2) do produto (P2). A

reciclagem e a carga (R2) associado ao Produto (P2) é atribuída ao ciclo de vida (L3)

do produto (P3) e assim sucessivamente até o ciclo de vida (Ln) do produto (Pn) que

59

é o último produto e assume os encargos associados ao tratamento de resíduos final

(Wn)5 (NICHOLSON ET. AL., 2009).

Na abordagem com Reciclagem ao Final de Vida útil do produto, a empresa ao contrário,

concede a si mesma, créditos ambientais, mas os quais podem vir a ocorrer somente em 10, 20

e até 50 anos, assumindo o risco deste crédito ocorrer ou não ocorrer e de estar ou não preparada

para pagá-los, se esta última opção vier a acontecer por algum motivo (FRISCHKNECHT,

2010).

A questão estratégica que se coloca então para a empresa é: deve assumir ou não o risco

ambiental ao se utilizar da reciclagem e de conteúdo reciclado em seus produtos? (FIGGE;

HAHN, 2005)

Por esta razão torna-se importante a inclusão da dimensão normativa ao modelo de

sustentabilidade para permitir a empresa verificar o grau de conformidade ambiental, social e

econômica do novo produto em relação aos padrões e requisitos mínimos exigidos pelo

mercado e legislações específicas (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001).

Van Bellen (2004) e Giacchetti; Giacchetti; Monken (2014), afirmam que se faz essencial que

o modelo de sustentabilidade e de gestão adotados sejam complementados por indicadores que

avaliem o comportamento dos impactos ambientais, econômicos, sociais e normativos

adicionais sobre o desempenho organizacional da empresa para uma real implementação e

efetividade no médio e longo prazos.

2.6 Indicadores da sustentabilidade

Na definição dos indicadores e métricas para cada dimensão do modelo proposto tomou-se

como base uma revisão da literatura segundo o quadro 4:

5 Tradução livre do autor.

60

Indicadores

Bibliografia (ano)

Impacto

Ambiental

Adicional

Valor

Econômico

Adicional

Associativismo

Cooperativismo

Conteúdo

Reciclado

Vogtländer, Brezet e Hendriks (2001)

Saling et al.(2002)

Amaral (2003)

Shonnard, Kicherer e Saling (2003)

Figge e Hahn (2004)

Kratena (2004)

Van Bellen (2004)

Figge e Hahn (2005)

Kicherer e Aktiengesellschaft (2007)

Medeiros, Mello e Campos Filho (2007)

Zhang et al (2008)

Nicholson et al. (2009)

Frischknecht (2010)

Schaffel (2010)

Gutberlet (2012)

Koroneos e Nanaki (2012)

Selig, De Ávila Lerípio e Viegas (2012)

Slivnik, Falvo e Sato (2012)

Talmasky e Tavares (2012)

Giacchetti, Giacchetti e Monken (2014)

Laurent et al (2014)

Quadro 4 – Quadro teórico referencial de indicadores do modelo.

Fonte: AUTOR (2016).

De acordo com Saling et. al. (2002), Shonnard; Kicherer; Saling (2003) e Kicherer;

Aktiengesellschaft (2007), uma condição estratégica inicial para o desenvolvimento de

indicadores nos modelos de comparação de alternativas para avaliação de projetos de

responsabilidade socioambiental das empresas é a indicação de unidades funcionais dos

benefícios que serão criados para os clientes ou para as próprias empresas.

Para Van Bellen (2004), os indicadores devem ser amplos e abrangentes, relacionando o

objetivo de alcance da sustentabilidade com as dimensões do modelo proposto, possibilitando

assim uma aproximação da realidade e da teoria em torno do planejamento estratégico da

empresa. Dimensões e indicadores devem então cumprir funções de:

Análise e interpretação a partir do cruzamento de dados;

Estabelecer uma comunicação entre a empresa, sua base de stakeholders e o mercado;

Servir de padrões e parâmetros para a empresa em suas relações com a sociedade;

Coordenar e integrar as diversas áreas da empresa em torno do seu planejamento

estratégico

61

Amaral (2003), afirma que indicadores são descritivos e normativos. Os primeiros refletem as

condições reais e atuais do meio ambiente, da economia, das relações sociais e da legislação

entre outras e o segundo, comparam estas condições reais e atuais com parâmetros ou condições

referenciais.

Os indicadores de sustentabilidade também devem ter como base condições referenciais que

permitam avaliações e ajustes, devendo levar em consideração para análise: (i) a intensidade no

uso de materiais; (ii) intensidade no uso de energia; (iii) consumo dos recursos e a (iv) dispersão

de poluentes em relação aos seus custos e potenciais valores adicionais para a empresa

(AMARAL, 2003).

Para Laurent et. al. (2014) em análises de projetos de reciclagem e de reutilização industrial de

materiais e resíduos, quatro classes de unidade funcional podem vir a ser observadas: (i)

utilização de métricas unitárias como, por exemplo, administrar uma tonelada de resíduos; (ii)

utilização de métricas geradas a partir de uma linha de base, por exemplo, uma determinada

quantidade de resíduos é disponibilizada em um aterro sanitário em um determinado período

de tempo; (iii) utilizar indicadores com base no input ambiental, por exemplo, x quantidades de

valores residuais entram em uma determinada instalação versus a capacidade instalada de

absorção desta instalação; (iv) utilizar indicadores tendo como base os resultados esperados

como, por exemplo, definir os desperdícios em subprodutos, quantidades y de energia

recuperada ou z de material reciclado. Na maioria dos estudos de ACV e ICV, utilizam-se

medidas unitárias.

Uma vez definidas, as unidades funcionais devem estar presentes no foco de análise em todas

as etapas da ACV para levantamento dos custos e impactos ambientais do ICV do produto. Os

fluxos funcionais são os fluxos físicos exigidos pelos sistemas para cumprir a unidade

funcional, ou seja, para fornecer ou obter o serviço, devendo estar bem claros e delineados e

em acordo com o recomendado pelas normas ABNT NBR ISO 14040- 14044 (LAURENT et.

al., 2014).

Como foi observado anteriormente, Frischknecht (2010) em uma comparação entre a produção

com material primário e a produção com conteúdo reciclado, elege para avaliação do indicador

ambiental, uma normatização dos fluxos de energia e emissões, uma mensuração dos impactos

62

ambientais adicionais através dos fluxos de carbono emitidos e evitados, utilizando a unidade

funcional kg de CO2 eq- por kg de material utilizado.

Na aplicação da modelagem difusa a este trabalho, as unidades funcionais de kg CO2 eq- por

kg do alumínio primário e por kg da sucata de alumínio para avaliação do impacto ambiental

adicional da ACV com reciclagem ao final de vida, tiveram seus valores extraídos da base de

dados da Ecoinvent (2015).

De maneira similar, as unidades funcionais de US$/kg de alumínio primário e US$/kg de sucata

de alumínio, foram utilizadas para mensurar o valor econômico adicional da ACV com

reciclagem ao final de vida, tendo, respectivamente, seus valores econômicos extraídos da

Bolsa de Commodities da London Metal Exchange - LME (2015) e no endereço eletrônico da

Associação Brasileira do Alumínio - ABAL (2015).

Estas duas unidades funcionais serviram à demonstração da ecoeficiência de ambos os materiais

frente à inclusão da reciclagem e utilizações do conteúdo reciclado, obedecendo ao

recomendado para as expressões de cálculo de Zhang et. al. (2008) para a relação entre meio

ambiente e economia.

A partir das unidades funcionais definidas, diversas hipóteses se tornaram implícitas no trabalho

de pesquisa, sendo capaz de contribuir no desenvolvimento de futuros estudos e análises.

(FIGGE; HAHN, 2004):

Se a decisão da empresa de produzir com material primário ou compor o produto com

um percentual de conteúdo reciclado, obedeceu a uma estratégia pré-definida de

avaliação dos custos econômicos e dos impactos ambientais adicionais

(FRISCHKNECHT, 2010);

Se o percentual ótimo e estratégico de conteúdo reciclado utilizado, obedeceu a

princípios técnicos e normativos da ISO 14040 – 14044 (VOGTLÄNDER; BREZET;

HENDRIKS, 2001);

Em qual dimensão do modelo de sustentabilidade ocorreu a percepção de um maior

valor adicional para os stakeholders (FIGGE E HAHN, 2005);

Quais parâmetros e normas regem a conformidade produto reciclado a partir da ACV e

ICV do novo produto (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001).

63

A pesquisa que definiu os indicadores de avaliação dos impactos ambientais adicionais tomou

como referência o método SEE Balance da BASF, usualmente aplicado por diversos setores e

empresas na mensuração e comparação da ecoeficiência entre produtos. Este método tem a

vantagem de utilizar o modelo Triple Bottom Line e um sistema de análises, indicadores e

inferências de dados muito compatível ao SIF aplicado a este trabalho (BASF, 2015).

Inicialmente, o método SEE Balance está em conformidade com as regras da DIN EN ISO

14040 a 14044, as quais definem os padrões e requisitos mínimos para a ACV e o ICV do

produto, sendo o resultado de um estudo cooperativo realizada entre os anos de 2002 e 2005

entre a BASF SE e várias instituições de pesquisas acadêmicas, incluindo o Institute for

Geography and Geoecology of Karlsruhe University, Ökoinstitut e.V. and Jena University,

sendo parte do projeto de pesquisa “Sustainable Aromatics Chemistry”, financiado pelo

German Federal Ministry of Education and Research (BASF, 2015).

Em segundo lugar, os indicadores SEE Balance demonstram uma boa aderência as

recomendações do Global Reporting Initiative (GRI G4, 2015), as quais por sua vez servem de

base aos Relatórios de Sustentabilidade de diversas empresas do setor de alumínio, pesquisadas

neste trabalho, como os das empresas benchmarking do setor no Brasil (ALCOA, 2014) e

mundial (NOVELIS, 2015) e utilizadas para a definição de indicadores e métricas na aplicação

final da modelagem difusa.

A análise da ecoeficiência de produtos no método SEE Balance BASF é dividida em sete

indicadores, conforme é apresentado na figura 4 (BASF, 2015):

Consumo no uso de água:

Empobrecimento dos recursos abióticos;

Consumo cumulativo de energia;

Uso do solo;

Emissões;

Potencial de toxicidade;

Doenças ocupacionais e acidentes.

64

Figura 4 - Indicadores SEE Balance de impactos ambientais.

Fonte: BASF (2015) – adaptado pelo autor.

De acordo com Saling et. al. (2002) e Shonnard; Kicherer; Saling (2003), os valores das

emissões são calculados inicialmente separadamente: ar, água e solo (resíduos), incluindo

emissões por consumo de energia, mensurados em todas as etapas da ACV do produto.

As categorias de impactos para emissões atmosféricas e os respectivos valores são subdivididas

e agrupadas para formar uma linha de base. A tabela 1, mostra a inter-relação entre dados e

valores de categorias e indicadores a serem preenchidos e comparados com valores de

referência, conforme a tabela 4, a seguir:

Tabela 4 - Linha de base: categorias e indicadores para emissões atmosféricas.

Categorias

De

Emissões

Atmosféricas

CO2 SO2 NOx CH4 HC* Halogen

HC*

NH3 N2O HCI HF

GWP

ODP

POCP

AP

Fonte: SALING et. al. (2002) – adaptado pelo autor.

As categorias de emissões atmosféricas são:

GWP = Potencial de Aquecimento Global;

ODP = Potencial de Destruição de Ozônio;

POCP = Potencial de Criação Fotoquímica do Ozônio;

65

AP = Potencial de Acidificação.

O GWP está relacionado às emissões de dióxido de carbono, metano, hidrocarbonetos

halogenados e ao óxido nitroso (SALING et. al., 2002).

Na mensuração das emissões no meio hídrico, utiliza-se o método de volumes críticos ou limites

críticos para descarga em águas de superfície, indicado nos planos de regulamentação nacional

para águas residuais, valores que são específicos de cada região ou país. Quanto maior o perigo

do contato de uma substância com o meio hídrico, menor deverá ser o seu limite de

concentração para descarga (SALING et. al., 2002).

Consideram-se os indicadores a serem preenchidos conforme a tabela 5 abaixo:

Tabela 5 - Linha de base: categorias e indicadores para emissões na água.

COD Demanda química de oxigênio

DBO Demanda biológica de oxigênio

N-tot Nitrogênio Total

NH4+ Amônio

PO4 3- Fosfato

AOX Orgânicos absorvíveis halogenados

HMS Metais Pesados

HC Hidrocarbonetos

SO4 2- Sulfato

Cl Cloreto

Fonte: SALING et. al. (2002) – adaptado pelo autor.

Na mensuração dos impactos do uso do solo, a disposição em terra dos resíduos sólidos, os

resultados são combinados a partir de três categorias: resíduos especiais, resíduos que se

assemelham a lixo doméstico e entulho/restolho (materiais e resíduos provenientes da

construção civil). Os potenciais de impactos são ponderados com base nos custos médios para

a eliminação destes resíduos (BASF, 2015).

As emissões são calculadas em relação a uma linha de base (valores de referência que variam

de país para país e de região para região) para todas as alternativas e normalizadas de forma a

serem comparadas, sendo dado à alternativa menos favorável, o valor 1 e as outras alternativas

66

são alinhadas num eixo de 0 a 1 em termos relativos de modo a formar um ranking (BASF,

2015).

Após o levantamento do ICV, os dados ambientais passam por uma normalização em relação

as linhas de base tomadas como referências pela empresa, sendo então ponderados de acordo

com a sua criticidade. Os resultados obtidos para cada uma das sete categorias de impacto são

resumidos em um único indicador médio ponderado. Os custos econômicos ambientais (custos

internos e externos) também são auferidos e normalizados ao longo de todas as etapas da ACV

para a análise final do custo – efetividade (SALING et. al., 2002).

O método do SEE Balance analisa então os impactos ambientais na proporção custo-efetividade

para a avaliação da ecoeficiência final dos produtos.

Os dados então são plotados em um gráfico de Pareto como apresentado na figura 5, onde os

custos são demonstrados no eixo horizontal e os impactos ambientais no eixo vertical.

Figura 5 - Gráfico de Pareto de Ecoeficiência.

Fonte: BASF (2015) - adaptado pelo autor.

Neste caso, a alternativa 1 apresenta em seu desenvolvimento maior ecoeficiência em relação,

por exemplo, a alternativa 4 que apresenta um mau desempenho econômico e ambiental.

67

Tanto Saling et. al. (2002) quanto Kratena (2004), afirmam que a utilização de valores relativos

entre impactos ambientais e custos adicionais para análise da efetiva contribuição do produto,

ajuda na resolução de uma questão crucial no debate sobre indicadores de sustentabilidade e de

contabilidade ambiental: o problema de como realizar a avaliação econômica da degradação

ambiental resultante da atividade econômica ou seja, como mensurar custos ambientais.

Em relação a simplificação do método de levantamento dos dados sobre os impactos ambientais

adicionais para cálculo da ecoeficiência, Kratena, (2004), recomenda a abordagem biofísica

com base nos fluxos de entrada e saída de energia e emissões, considerando serem esses os

indicadores mais relevantes, permitindo assim deduzir-se os valores dos fluxos líquidos.

Argumenta a favor dessa abordagem que como a meta de sustentabilidade é buscar um

equilíbrio entre os fluxos de carbono emitidos para a atmosfera e os fluxos de carbono emitidos

pelos sumidouros ou vazadouros de lixo de modo que a concentração atmosférica de carbono

não se eleve, permite assim que os fluxos de energia e emissões dos produtos sejam

normalizados em kg CO2 equivalentes (KRATENA, 2004).

Em um modelo de avaliação da sustentabilidade, Van Bellen (2004) e Selig; Ávila Lerípio;

Viegas (2012), reconhecem os diversos problemas na definição de indicadores sociais, visto

que refletem contextos culturais, históricos e políticos de uma realidade local atual sujeito a

mudanças no tempo, bem como juízos de valor, ou seja, apresentam um alto grau de

subjetividade, sendo difícil alcançar um consenso entre as partes que compõem a base de

stakeholders da empresa.

Para Schaffel (2010), quando se inclui uma dimensão social no modelo, a definição de

indicadores e métricas proporciona uma avaliação sob uma ótica do que denominou de

ecosocial eficiência final do produto, criando assim uma maior aderência ao conceito de

sustentabilidade e de responsabilidade social da empresa.

A pesquisa procurou ao definir os indicadores sociais, alcançar um consenso com os indicadores

do método SEE Balance (BASF, 2015), as recomendações da Global Reporting Initiative (GRI

G4, 2015) para a dimensão social dos relatórios de sustentabilidade, correlacionando-os

também às normas e recomendações da Lei 12.305 de 2010 que instituiu a Política Nacional de

Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010).

68

Um indicador de ecosocial eficiência no método SEE Balance, inicia-se com uma consulta às

partes que compartilham os riscos do negócio, onde vão emergir questões e interesses comuns

ou conflituosos entre a empresa e sua base de stakeholders (SCHAFFEL, 2010).

A estas questões são atribuídas um maior ou menor grau de risco, podendo assim ser agrupadas

por fatores de criticidade, dando origem a indicadores mensuráveis e que são então

considerados para a elaboração de matrizes de riscos e oportunidades, compartilhadas entre os

interesses de ambas as partes, empresa e base de stakeholders (SCHAFFEL, 2010).

Segundo Kicherer e Aktiengesellschaft (2007), os impactos sociais no método SEE Balance são

agrupados conforme a figura 6 em cinco categorias de indicadores para a realização das

consultas às partes:

Condições de Trabalho para Empregados;

Comunidade Internacional;

Gerações Futuras;

Consumidor;

Comunidade Local e Nacional.

Figura 6 – Indicadores SEE Balance de Eco social Eficiência.

Fonte: BASF (2015) - adaptado pelo autor.

69

As categorias são avaliadas como:

Positivas (maior-melhor);

Negativas (menor-melhor).

Por exemplo, quanto maiores os salários, melhor para os trabalhadores ou quanto menor o

número de acidentes de trabalho, melhores as condições de trabalho (KICHERER;

AKTIENGESELLSCHAFT, 2007).

Assim como no cálculo da ecoeficiência dos produtos por este método, os impactos sociais

passam por uma normalização em relação a uma referência (benchmarking) no mercado, no

qual a empresa espera alcançar a ecosocial eficiência de seu processo ou produto e, então são

ponderados de acordo com a sua criticidade. Os resultados obtidos para cada uma das cinco

categorias de impacto social são resumidos em um indicador médio (BASF, 2015).

Similarmente explicam que ao se avaliarem cada uma das alternativas e o seu comportamento

correspondente a cada uma das categorias é dado a categoria menos favorável valor 1 e as outras

categorias alinhadas num eixo de 0 a 1 em termos relativos, de modo a formar um ranking.

Neste método, além da condição estratégica inicial de definir uma unidade funcional de

benefício ao cliente é exigido que todos as categorias sociais estejam em um indicador

mensurável sobre o volume de produção. Por exemplo, doenças ocupacionais por kg de material

(SALING et. al., 2002; KICHERER; AKTIENGESELLSCHAFT, 2007)

Na obtenção do indicador de ecosocial eficiência se utilizam vários bancos de dados estatísticos,

avaliados em conjunto, para obter-se um quociente das categorias sociais para determinadas

quantidades de produção. A avaliação realizada sob esta forma, pode vir a apresentar

alternativas avaliadas simultaneamente de forma favorável em uma categoria e desfavorável

em outra categoria (SALING et. al., 2002).

O resultado final do SEE Balance para as dimensões ambiental, econômica e social, surge na

forma de um cubo tridimensional conforme a figura 7. Sua principal contribuição está no apoio

às tomadas de decisões nos setores de P&D&I, planejamento estratégico e marketing,

facilitando desta forma o fluxo de informações no interior da empresa e desta com sua base de

stakeholders e a identificação das inter-relações causas-efeitos entre as dimensões econômica,

ambiental e social (BASF, 2015).

70

Figura 7 – Cubo Ecosocial Eficiência.

Fonte: BASF (2015) – adaptado pelo autor.

Por sua vez, o modelo SEE Balance adota em sua concepção as recomendações do Global

Reporting Initiative (GRI G4, 2015) para a abordagem da dimensão social nos relatórios de

sustentabilidade das empresas.

As Diretrizes GRI G4 para os Relatórios de Sustentabilidade constituem uma referência

internacional, pois são desenvolvidas em conformidade com documentos internacionalmente

reconhecidos, oferecendo um conjunto de princípios, conteúdos e um manual de implementação

para que as empresas realizem a elaboração de seus relatórios de responsabilidade social. Os

objetivos dos relatórios de sustentabilidade são promoverem a divulgação de informações sobre

a forma de gestão da empresa, seus desempenhos ambiental, social e econômico, relacionados

aos impactos de curto e de longo prazo, diretos, indiretos, positivos e negativos sobre a base de

seus stakeholders em níveis local, nacional e global (GRI G4, 2015).

As Diretrizes oferecem subsídios valiosos na elaboração de estudos e análises, inclusive para a

criação de indicadores, pois são desenvolvidas por meio de processos que envolvem diversos

stakeholders, entre os quais representantes de empresas, trabalhadores, sociedade civil e os

mercados sendo, conforme defendido por Schaffel (2010) para uma análise da

Responsabilidade Social, produto de um intenso diálogo entre empresa e sociedade.

Na definição dos indicadores sociais desta pesquisa: grau de associativismo das empresas

(formação de acordos setoriais para implementação de ações da logística reversa) e grau de

cooperativismo no setor de reciclagem (grau de inserção e especialização das cooperativas de

71

reciclagem nas diversas etapas que compõem a logística reversa), procurou-se estabelecer uma

relação entre o método SEE Balance de avaliação da ecosocial eficiência, as diversas

recomendações do GRI G4 para os relatórios de sustentabilidade das empresas e a Lei 12.305

de 2010 que instituiu no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos, conforme descrito no

quadro 5 a seguir:

GRI G4 PR3 Legislação Brasileira SIF Modelagem Difusa

Product Responsibility Lei 12.305 de 2010 Índice de Associativismo

Ref.: Procedimentos

organizacionais para

Informações sobre

Produtos e Serviços -

Disposição final do

Produto e seus Impactos

Ambientais e Sociais

Art. 3º. Parágrafo XVII

Ref.: Responsabilidade

Compartilhada pelo

Ciclo de Vida do

Produto;

Art. 15º Parágrafo I

Ref.: Acordos Setoriais.

Formação de Acordos

Setoriais para viabilização

das operações de logística

reversa.

Checklist:

Não existência;

Em

implementação;

Em execução.

Society Lei 12.305 de 2010 Índice de Cooperativismo

Porcentagem das

operações implementadas

com engajamento

comunitário local,

avaliação de impactos e

desenvolvimento de

programas – Referentes a

organizações de

trabalhadores, conselhos

de segurança e saúde

ocupacional e outros

grupos de representações

para lidar com os

impactos.

Art. 3º. Parágrafo XII

Ref.: Logística Reversa;

Art 23º. Parágrafo IV

Ref.: Requisitos dos

Acordos Setoriais.

Inserção e Especialização

das Cooperativas de

Reciclagem.

Checklist:

Coleta Seletiva;

Transporte;

Armazenagem;

Seleção;

Tratamento;

Fardamento;

Beneficiamento;

Comercialização.

Quadro 5 - Relação entre GRI G4, Legislação Brasileira e Indicadores Fuzzy.

Fonte: AUTOR (2016).

72

Os indicadores sociais recomendados pelo GRI G4 que mais se aproximam da Lei 12.305 de

2010 são : (i) PR3 (Product Responsibility): Informações dos Tipos de Produtos e Serviços

Requeridos pelos Procedimentos Organizacionais para Informações e Rotulagem de Produtos

e Serviços - Disposição final do Produto e seus Impactos Ambientais e Sociais e (ii) SO1

(Society): Porcentagem das operações implementadas com engajamento comunitário local,

avaliação de impactos e desenvolvimento de programas - Referentes a organizações de

trabalhadores, conselhos de segurança e saúde ocupacional e outros grupos de representações

para lidar com os impactos (GRI G4, 2015).

A Lei 12.305 de 2010 em seu artigo 3º parágrafo XVII consagra o princípio da

Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida do Produto. Em seu artigo 15º parágrafo I

recomenda a formação de Acordos Setoriais para implementação e potencialização de ações de

logística reversa, recomendando no artigo 3º parágrafo XII que trata da logística reversa e no

artigo 23º parágrafo IV que trata dos requisitos dos Acordos Setoriais, a inclusão das

cooperativas de reciclagem nos processos a serem implementados. (BRASIL, 2010).

A definição dos indicadores sociais: associativismo e cooperativismo, também seguiu as

recomendações de Schaffel (2010), Valim (2011), Gutberlet (2012) e Slivnik; Falvo; Sato

(2012) de que existe a necessidade de um associativismo entre setor público e privado e inserção

das cooperativas de reciclagem e de manejo de resíduos nos processos e nas decisões de

investimentos na cadeia de logística reversa como forma de reduzir custos, implementar e

potencializar economias de escala, obter qualidade, gerar emprego e renda e formular políticas

públicas de combate à pobreza e degradação ambiental.

Na modelagem difusa forma elaborados checklists validados com ajuda de especialistas para

verificação do grau de associativismo na formação de acordos setoriais para logística reversa e

de especialização das cooperativas de reciclagem nas diversas etapas que compõem o ciclo de

reversibilidade a reaproveitamento do produto.

Sobre a definição do indicador normativo, a busca no mercado por certificações ABNT NBR

ISO 14000 , apesar de se constituírem na principal motivação para as ações de responsabilidade

social das empresas, vieram a contribuir de forma global, sensivelmente para a propagação e

aceitação dos atuais princípios, estruturas, requisitos técnicos e orientações relativas a gestão

73

ambiental, entre as quais incluem-se a reciclagem e a reutilização industrial de materiais e

resíduos ao final de ciclo de vida útil (FINKBEINER et. al., 2006).

Especificamente, as Normas ABNT NBR ISO 14040 a 14044, contém os padrões e requisitos

mínimos para as Análises do Ciclo de Vida (ACV) do produto e levantamento de dados para

Inventário do Ciclo de Vida (ICV), atuando como direcionadores para a opção estratégica da

empresa por uma abordagem de inclusão da Reciclagem ao Final de Vida e consequentemente,

a responsabilidade pela reintrodução do produto, material ou resíduo ao seu ciclo produtivo.

(VOGTLÄNDER; BREZET E HENDRIKS, 2001; ISO, 2006).

A este respeito, Nicholson et. al. (2009), observa que existe uma grande dificuldade no caso da

reintrodução de produtos, materiais e resíduos reciclados ao ciclo produtivo na elaboração da

ACV e do ICV do novo produto.

Como atribuir os custos e os impactos ambientais adicionais ou créditos ambientais e suas

cargas. Se a mesma ocorre em circuitos abertos, como os lixões e os aterros sanitários, a

dificuldade é maior pela moisture de materiais, suas composites e emissões durante todo o

tempo de ocorrência do processo de degradação do material. Outro problema são as idas e

vindas do produto com conteúdo reciclado no interior do ciclo de vida, conhecido como efeito

cascata do produto (NICHOLSON et. al., 2009).

Também, como bem observado por Vogtländer; Brezet; Hendriks (2001), o material reciclável

sofre uma perda de qualidade que exige um certo nível de atualização (upgrading) ou uma

composição com a matéria prima de origem, para que realize a mesma função do produto

original.

A contestação do fato da perda da qualidade, reflete-se no custo de tratamento e de adequações

dos processos de fabricação e de conformidade final do produto, influindo técnica e

economicamente na decisão de reutilizar ou não conteúdos reciclados ou mesmo nos

percentuais a serem utilizados (VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001 e

NICHOLSON et. al., 2009).

Desta forma é marcante para a empresa, a importância que a Análise de Ciclo de Vida do

Produto (ACV) e do Inventário do Ciclo (ICV) têm nas suas decisões de inclusão da Reciclagem

74

ao Final de Vida do Produto e de utilização de conteúdo reciclado ao permitir mapear os tipos

e as quantidades de materiais utilizados no produto, as fontes e quantidades de energia

consumidas nos processos e ao longo de todas as etapas do ciclo de vida, a quantificação dos

efluentes e das emissões, permitindo as empresas obterem uma visão holística do produto e das

atividades necessárias ao planejamento estratégico de mercado e aos projetos de

responsabilidade socioambiental (KORONEOS; NANAKI, 2012 e TALMASKY; TAVARES,

2012 e LAURENT et. al., 2014).

Para Frischknecht (2010), a determinação da empresa de utilizar um percentual de conteúdo

reciclado na fabricação de seus produtos, envolve estratégias não só de percepção de valores

econômicos adicionais, aversão ou não ao risco e ecoeficiência que se quer demonstrar ao

mercado, mas também de adequação às normas ambientais legais e conformidade do novo

produto, estas últimas, conforme Vogtländer; Brezet; Hendriks (2001), avaliadas pela ACV e

ICV do novo produto.

Conforme afirmam Van Bellen (2004) e Giacchetti; Giacchetti; Monken (2014) há uma

dificuldade de encontrar um método de consenso, com normas e indicadores para avaliação da

sustentabilidade organizacional, sendo assim necessário estabelecer padrões e referências

adaptadas à realidade de cada empresa e seu negócio.

Na definição do indicador normativo, seguiu-se as recomendações das normas ISO 14040-

14044 (ISO, 2006) para a ACV e ICV do novo produto, padrões e requisitos mínimos,

relacionados à utilização de um determinado percentual de conteúdo reciclado.

- 1º Definição de objetivo;

- 2º Definição do escopo e requisitos mínimos:

A unidade funcional;

O sistema de produto a ser estudado;

As fronteiras do sistema de produto;

Procedimentos de alocação;

Tipos de impacto e metodologia de avaliação de impacto e interpretação subsequente a

ser usada;

Requisitos dos dados;

Suposições;

75

Limitações;

Requisitos da qualidade dos dados iniciais;

Tipo de análise crítica, se aplicável;

Tipo e formato do relatório requerido para o estudo;

- 3º Estrutura da avaliação do ciclo de vida;

- 4º Análise de inventário (ICV);

- 5º Avaliação dos impactos.

Para as empresas, avaliar a sustentabilidade de um projeto socioambiental, envolve avaliar não

só cada dimensão individualmente do modelo Triple Bottom Line, mas avaliar também a

interdependência entre as dimensões: as relações custos e benefícios dos impactos econômicos

sobre as dimensões sociais e ambientais e o resultado final econômico do projeto em cenários

de sustentabilidade a médios e longos prazos (MEDEIROS; MELLO e CAMPOS FILHO,

2007).

Desta forma, um Valor Adicional Sustentável final é representado para a empresa em termos

monetários como um valor econômico adicional obtido após os ajustes em sua ecosocial

eficiência, mantidas todas as outras formas de capital mais ou menos constantes (FIGGE;

HAHN, 2004 e FIGGE; HAHN, 2005).

Esta afirmação está em acordo com a regra econômica do capital constante, visto que para se

alcançar a sustentabilidade final do sistema é necessário manter todos os demais estoques de

capital mais ou menos constantes ao longo do período e maturação do projeto (FIGGE; HAHN,

2004; FIGGE; HAHN, 2005).

Ao se multiplicar o Valor de Spread do Capital i (VSi) obtido pela Quantidade de Capital i (Ki),

empregado pela empresa, obtém-se o Valor Econômico Adicional, sustentável, no entanto,

apenas para a utilização daquele determinado capital i:

Ao se considerar um modelo de sustentabilidade com n = 4 formas de capital, o Valor Adicional

Sustentável Final (VAS), seria determinado por:

VAS Ki = VSi * Ki

76

2.7. O modelo difuso

Garcia et. al. (2007), afirmam que a metodologia mais adequada e usual nas empresas para a

avaliação da sustentabilidade em projetos de responsabilidade socioambiental é aquela que

permite avaliar não somente cenários ex-ante, mas também cenários ex-post, devendo também

considerar os impactos somatórios ou dos resultados finais na formação dos fenômenos

socioambientais, principalmente com foco na origem dos indicadores utilizados nestas

avaliações.

Para Medeiros; Mello; Campos Filho (2007), o atual desenvolvimento e utilização pelas

empresas de modelos de avaliação da sustentabilidade em projetos, cuja características

subjetivas dos indicadores, envolvem juízos de valor e natureza não linear dos problemas,

acarreta uma alta subjetividade e imprevisibilidade aos diversos agentes sociais e ambientais

(stakeholders), partes envolvidas nestes projetos, direta e indiretamente, trazendo

consequentemente, altos graus de incertezas sobre a sustentabilidade e seus resultados

econômicos finais, mostrando-se assim insatisfatórios para a visualização de possíveis cenários

ex-post, ou seja, após as suas reais implantações.

O objetivo de avaliação das empresas pela implementação ou não de um projeto socioambiental

é precisamente o de reduzir incertezas e riscos de insucesso, os quais possam vir a acarretar

prejuízos financeiros ou danos à imagem da empresa e ao produto no mercado (MEDEIROS;

MELLO; CAMPOS FILHO, 2007).

Conforme descrevem Cornelissen et. al. (2001), o conceito de sustentabilidade é difuso e a

aplicação da lógica fuzzy permite a atuação sobre múltiplos valores, oferecendo assim uma

estrutura matemática não formal.

VAS = ¼ ∑ VAS K𝑖 𝑛=4𝑖=1

77

Sua característica e contribuição principal na avaliação da sustentabilidade é permitir a

avaliação do projeto no campo intermediário ou zona difusa, entre o estritamente sustentável e

o estritamente insustentável com a imprecisão descrevendo o grau em que a sustentabilidade

ocorre. É então aplicada sob a forma de regras if-then (se...então), obtendo-se ao final no

módulo de defuzzificação, um valor crisp para a sustentabilidade final do sistema

(CORNELISSEN et. al., 2001).

Para Toledo (2003), a principal contribuição da aplicação da modelagem difusa aos modelos de

avaliação dos projetos de responsabilidade social e da sustentabilidade é tornar a análise mais

abrangente e próxima da realidade, integrando às pesquisas de caráter qualitativo e quantitativo

sob uma mesma perspectiva de avaliação, ou seja, gerando resultados quantitativos a partir de

dados qualitativos.

A noção de sustentabilidade pela modelagem difusa, envolve trade-offs entre os custos de

oportunidades das diversas dimensões e os trade-offs por sua vez, interferem diretamente sobre

o conceito final do que é ou não sustentável, definindo qual a alocação mais eficiente do capital

estratégico para a empresa (CORNELISSEN et. al., 2001 e FIGGE; HAHN, 2005).

Cornelissen et. al. (2001) afirmam que uma avaliação eficaz da sustentabilidade de um projeto

pela modelagem difusa dependerá das dimensões e dos indicadores propostos. A seleção dos

indicadores para o modelo, definirá o quanto se sabe sobre a sustentabilidade do mesmo, ou

seja, a quantidade de informação disponível e o quanto não se sabe sobre esta mesma

sustentabilidade, ou seja, a quantidade de informação que não está disponível. Desta forma, a

certeza sobre a sustentabilidade de um projeto com o uso da lógica difusa, dependerá de

informações completas e coerentes.

Para reduzir a incerteza sobre a sustentabilidade do projeto para um nível maior de controle e

para se obter um modelo viável é, portanto, necessário, reduzir a quantidade dos indicadores.

Torna-se racional este procedimento, segundo o autor (op. cit.), pois informações incompletas

são uma característica fundamental de conceitos complexos como o conceito de

sustentabilidade. As informações também são sempre inconsistentes e mutáveis, pois,

expectativas sociais ou humanas, alteram-se ao longo do tempo em função de oportunidades,

portanto, dependentes do contexto ou período de análises. Portanto, o modelo é flexível e

mutável ao longo do tempo.

78

Phillis e Andriantiatsaholiniaina (2001) afirmam que as informações obtidas para um

tratamento de dados consistente deve conter: (i) abordagem de todas as dimensões do modelo

proposto; (ii) indicação clara se o objetivo será cumprido; (iii) poderem ser expressos

quantitativamente; (iv) serem compreensíveis para não especialistas e (v) conterem parâmetros

para uma avaliação no longo prazo.

Para Kachba et. al. (2010), a abordagem da modelagem matemática da lógica difusa difere da

lógica tradicional booliana, a qual verifica simplesmente o fato do elemento pertencer ou não a

um determinado conjunto. A lógica difusa avalia o grau de pertinência de um determinado

elemento em relação a um dado conjunto também difuso.

O grau de pertinência assume valores entre 0 e 1, sendo que os extremos representam,

respectivamente, a exclusão total ou a total pertinência do elemento em relação ao conjunto:

Sendo µA (x) a função de pertinência do elemento x no conjunto A cujo domínio é X

e o contra domínio o intervalo de [0;1], um conjunto nebuloso A em x é um conjunto

de pares ordenados dado pela equação:

A = {(x, µA(x)) | x ϵ X} (KACHBA et. al., 2010).

O grau de pertinência não é uma medida provável, mas sim compatível ao conjunto analisado.

Desta forma existe uma diferença conceitual importante entre as funções de uma distribuição

probabilística, onde a probabilidade determina a ocorrência ou a chance de uma variável

assumir um determinado valor e a distribuição fuzzy, a qual trabalha com a incerteza ou o grau

de possibilidade da variável assumir um determinado valor (KACHBA et. al., 2010).

Toledo (2003), cita um exemplo para a distinção entre a lógica fuzzy e os modelos estatísticos:

Imaginemos que um indivíduo sedento deve optar pela escolha entre duas garrafas A

ou B, contendo líquidos e exista um subconjunto L de todos os líquidos potáveis. Os

rótulos informam que o grau de pertinência (µ) fuzzy da garrafa A em relação a L é

dado por:

L: µ (A ϵ L) = 0,91

E que o a probabilidade da garrafa B pertencer ao subconjunto L é dado por:

Prob (B ϵ L) = 0,91

Uma leitura fuzzy nos indica que o conteúdo de A é muito similar a água potável

(poderia conter por exemplo, água da pia, água de um pântano, mas nunca ácido

clorídrico, por exemplo). A leitura estatística no rótulo da garrafa B, no entanto, nos

79

informa que existe uma possibilidade de 9% de seu conteúdo ser inadequado a saúde

humana ou mesmo ser um veneno.

Portanto, a lógica fuzzy dá a indicação correta ao consumidor de escolher e consumir

o conteúdo da garrafa A (TOLEDO, 2003).

Outra diferença entre a lógica difusa e a lógica booleana é a utilização de variáveis linguísticas

(exemplos: limitada, ampla, isolada, média, boa, ruim, etc.) em substituição às variáveis

numéricas, respectivamente. No método fuzzy a utilização de variáveis linguísticas é

denominada de Módulo da Base de Regras.

As variáveis linguísticas definem os graus de intensidade das interações entre os indicadores.

O módulo da Base de Regras é definido por quatro itens: (i) indicadores; (ii) os seus respectivos

valores linguísticos (iii) as funções de pertinência destes valores linguísticos e (iv) o domínio

físico sobre o qual a variável toma valores quantitativos (PHILLIS;

ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, 2001).

As relações entre as variáveis linguísticas de entrada e saída são descritas pelo Módulo de

Inferências (preposições e conectivos) que modela a Base de Regras, tais como:

SE; ENTÃO;

Ex.: SE x ϵ A E y ϵ B ENTÃO z ϵ C

E (grau de pertinência mínimo)

Ex.: x ϵ A ᴧ y ϵ B = min {µA (x), µB (y)}

OU (grau de pertinência máximo)

Ex.: x ϵ A ᴠ y ϵ B = max {µA (x), µB (y)}

Os resultados obtidos com a aplicação das diversas inferências fuzzy são então agregados,

considerando os valores máximos (conectivo OU) para os graus de pertinência da variável de

saída em relação a um determinado conjunto fuzzy.

Ocorre então a formalização por meio da representação de um dado número não fuzzy

(denominado de número crisp) resultante da aplicação das diversas inferências para o gráfico

do conjunto fuzzy agregado, trazendo-o assim para o modo discreto através do módulo de

defuzzificação. Comumente utiliza-se para a defuzzificação, o método de cálculo do baricentro

ou centro de gravidade.

80

Um exemplo da aplicação da lógica nebulosa está a seguir adaptado de Phillis e

Andriantiatsaholiniaina (2001), onde uma determinada empresa que busca avaliar a

sustentabilidade de um processo de fabricação de um novo produto utiliza as variáveis

linguísticas para os valores econômicos: “muito”, “pouco” e para os valores sociais e

ambientais: péssima”, “insuficiente”, “satisfatória” e “ótima” No módulo de defuzzificação,

“péssima”, “insuficiente”, “satisfatória” e “ótima” vão fornecer um único valor crisp ou discreto

para a avaliação da sustentabilidade do projeto.

SE a empresa tem “muito” lucro e polui “pouco”, ENTÃO ela é “ótima” em

Sustentabilidade.

SE a empresa tem “muito” lucro e polui “muito”, ENTÃO ela é “insuficiente” em

Sustentabilidade.

SE a empresa tem “pouco” lucro e polui “pouco”, ENTÃO ela é “satisfatória” em

Sustentabilidade.

SE a empresa tem “pouco” lucro e polui “muito”, ENTÃO ela é “péssima” em

Sustentabilidade6 (PHILLIS; ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, 2001).

A figura 8, ilustra as potencialidades da interface gráfica do MATLAB para a criação e controle

dos sistemas de inferência fuzzy.

6 Tradução e adaptação livre do autor.

81

Figura 8 – Interface gráfica de criação e controle do SIF.

Fonte: MATHWORKS E WANG (1998)

82

3 METODOLOGIA

Inicialmente foi realizada uma abordagem qualitativa, utilizando a metodologia teórica

conceitual com revisão de literatura. Dado que conforme afirma Flick (2012), este tipo de

abordagem pode envolver pouco ou nenhum contato direto com a realidade, foi acrescentada

uma pesquisa quantitativa, realizada a partir de análises das práticas reais de mercado e de

benchmarking de setores mais relevantes para a análise da reciclagem e utilização de conteúdo

reciclado como o setor de plásticos (especificamente o polietileno tereftalato) e de alumínio.

Com o objetivo de comprovar ou diferenciar o método de pesquisa teórico conceitual e do

estado de arte atual do método quantitativo, o qual envolvia diversas variáveis subjetivas,

sujeitas a juízos de valor e alterações no contexto ao longo do tempo, foi realizada uma

aplicação da lógica difusa para comparar e validar aspectos metodológicos e hipótese utilizadas

na pesquisa.

3.1 Classificação científica

Segundo Vergara (2005), dois critérios podem ser utilizados para classificação científica de

uma pesquisa: (a) quanto aos fins e (b) quanto aos meios.

83

3.1.1 Quanto aos fins

A pesquisa em sua abordagem qualitativa é descritiva, conforme descreve Flick (2012), onde

as práticas sociais, culturais e do meio ambiente, interagem sobre os diversos agentes dos

processos sob análise e são então descritas com o principal objetivo de explorar novos aspectos

para as questões propostas. A partir destes novos pontos se desenvolvem hipóteses e teorias

necessárias ao alcance do objetivo principal do estudo.

A pesquisa também é exploratória pois define metas a serem alcançados pelas empresas em

busca da sustentabilidade em seus negócios, no entanto, estabelecendo limites e desafios a

serem ainda superados no rumo desta mesma sustentabilidade.

No caso, o objetivo principal da pesquisa é propor a partir do foco em análises das dimensões

econômica, ambiental, social e normativa de um modelo difuso, um indicador de valor adicional

sustentável para reciclagem do alumínio e sua reutilização industrial.

A pesquisa também é metodológica e aplicada, pois o objetivo do pesquisador ao escolher a

abordagem qualitativa, descrevem Vergara (2005) e Gray (2012) é obter uma perspectiva mais

profunda, intensa e holística sobre os métodos escolhidos pelas empresas, no caso específico

deste trabalho para análise de seus projetos de responsabilidade socioambiental.

Na promoção da sustentabilidade, método e interação entre empresa e stakeholders são

confrontados com as práticas reais de mercado, no caso específico, as relações comerciais da

empresa com seus colaboradores, consumidores, grupos formadores de opinião, comunidades

e organismos públicos e privados em torno da decisão de aplicação de uma dinâmica social para

inclusão da logística reversa reciclagem e utilização de conteúdo reciclado na fabricação de

novos produtos.

Em relação a aplicação da abordagem quantitativa à pesquisa, Flick (2012) afirma que a mesma

é caracterizada pelo procedimento de partir de conceitos previamente expressos sob formas de

teorias ou hipóteses, os quais foram extraídos da pesquisa qualitativa, para a formulação de

84

indicadores e operacionalizações, buscando na mensuração por métricas, as comprovações

necessárias.

No caso desta pesquisa, buscou-se comprovar pela modelagem difusa as hipóteses de

Frischknecht (2010) de que a partir de um determinado ponto de equilíbrio entre o impacto

ambiental adicional e valor econômico adicional da matéria prima original e do conteúdo

reciclado, a ecoeficiência de ambos os tipos de materiais se invertem, tornando assim menos

atraente para as empresas a inclusão da reciclagem ao final de vida útil dos seus produtos.

A partir da exploração bibliográfica dos conceitos teóricos fundamentais da Logística Reversa

e da Análise do Ciclo de Vida dos Produtos e de hipóteses que levariam a empresa a

implementar a reciclagem e a utilização de conteúdo reciclado em seus processos industriais, a

pesquisa buscou investigar modelos e aplicações consagradas pelas empresas para as avaliações

de ecoeficiência, ecosocial eficiência ou responsabilidade social e da conformidade final de

produtos com conteúdo reciclado.

Devido a razão do conceito de sustentabilidade ser fragmentado, não podendo ser bem definido

devido a um grande número de componentes individuais, ou seja, indicadores e métricas, cuja

síntese é quase impossível de se alcançar, a teoria da probabilidade com base na teoria clássica

dos conjuntos e da lógica de dois valores, obtidos por tentativa e erro ou mesmo, uma

abordagem matemática formal, tal como a análise de custo-benefício ou algébrica para definir

a sustentabilidade ou a não de um projeto, tornam-se insatisfatórias, pois alguns fatores de

natureza subjetiva, sujeita a juízos de valor, acabam por se situarem fora destas avaliações.

A aplicação da lógica nebulosa a pesquisa tem a finalidade, conforme definido por Toledo

(2003), de tornar a análise subjetiva mais abrangente e próxima do mundo real, integrando as

pesquisas de caráter qualitativo e quantitativo sob uma mesma ótica de avaliação, ou seja,

gerando resultados quantitativos econômicos a partir de dados qualitativos sociais, ambientais

e normativos.

85

3.1.2 Quanto aos meios

Quanto aos meios, a pesquisa qualitativa com revisão da literatura, tomou como referência,

analisar cada dimensão do modelo proposto triple bottom line

A pesquisa quantitativa ao definir as dimensões, indicadores e métricas, seguiu as

recomendações de Oliveira et. al. (2012) de buscar como proposta um modelo de alinhamento

dos princípios de sustentabilidade às estratégias organizacionais das empresas

Recomendações da Global Reporting Initiative (GRI G4, 2015) são utilizadas na pesquisa

quantitativa para definição dos indicadores sociais, seguindo as recomendações de Lima (2007)

de que o estabelecimento de metas e diretrizes socioambientais de maior amplitude,

proporcionam um desafio para as empresas, contribuindo assim para o desenvolvimento e o

aperfeiçoamento dos modelos de sustentabilidade.

O modelo SEE Balance, desenvolvido pela empresa BASF da Alemanha (BASF, 2015), tornou-

se uma das referências para delinear o formato da modelagem difusa por ser utilizado em muitas

empresas para cálculo da ecoeficiência e da ecosocial Eficiência na comparação de produtos e

devido as observações de Schaffel (2010) de que devido a sua dinâmica e flexibilidade, o

modelo SEE Balance poderia vir a ser adaptado para aplicação na quase totalidade de setores,

incluindo na reciclagem e no reaproveitamento industrial de materiais e resíduos.

Nesse ponto, a pesquisa é experimental ao aliarmos o modelo SEE Balance, o GRI G4, a Lei

12.305 de 2010 e os Relatórios de Sustentabilidades das empresas benchmarking do setor de

alumínio no Brasil (ALCOA, 2014) e no mundo (NOVELIS, 2015) para identificar o estado da

arte atual e target para o setor de reciclagem e reutilização de conteúdo reciclado de alumínio,

proporcionando assim as contribuições na definição das métricas para a aplicação da

modelagem difusa.

Na simulação do modelo difuso aplicado a pesquisa, o Sistema de Inferência Fuzzy (SIF) é

apresentado sendo composto por quatro subsistemas: ambiental, econômico, social e normativo.

86

A sustentabilidade global é avaliada através do Índice de Valor Adicional Sustentável (VAS),

sendo uma função de integridade de cada subsistema individual, concebido através da lógica

difusa, conforme a figura 9:

(p , q)

(1-p , 1-q)

(p , q)

(1-p , 1-q)

Figura 9 – Sistema de inferências Fuzzy do modelo.

Fonte: AUTOR (2016).

O Sistema de Inferências Fuzzy (SIF) SUGENO foi aplicado às dimensões ambiental e

econômica do modelo de sustentabilidade. A aplicação do SIF SUGENO é característica

quando existem funções determinísticas que podem ser inseridas na modelagem.

As funções determinísticas foram extraídas dos estudos de Frischknecht (2010), sobre o

comportamento das variáveis ambiental e econômica frente a uma abordagem da empresa da

ACV e ICV com Reciclagem ao Final do Ciclo de Vida. Ilustrações destas análises podem ser

consultadas nos Apêndices A, B e C da pesquisa.

p é uma variável, representada pelo percentual de alumínio primário na liga ou produto final

q é uma variável, representada pelo percentual de sucata de alumínio na liga ou produto final

O SIF Ambiental no editor de regras é representado pela figura 10 a seguir:

Ambiental (Emissões)

Eco

Eficiência

Econômica (Custos)

Conteúdo Reciclado

FIS Sugeno

Normativa

VAS

Associativismo

C

CCooperativismo

Social

FIS Mamdani

FIS Mamdani

87

Figura 10 – SIF ambiental.

Fonte: AUTOR (2016)

Com base nas análises desenvolvidas por Frischknecht (2010) para avaliação do

comportamento dos impactos ambientais adicionais (normalizados em emissões) do alumínio

primário e na sucata de alumínio com a inclusão da reciclagem ao final de vida, as funções

determinísticas aplicadas nas entradas ou inputs do SIF Ambiental estão descritas abaixo:

Emissões em kg de CO2 eq-/kg do Alumínio Primário c/ Reciclagem

Emissões em kg de CO2 eq-/kg da Sucata de Alumínio c/ Reciclagem

Onde

p é uma variável, representada pelo percentual de alumínio primário na liga ou produto final

q é uma variável, representada pelo percentual de sucata de alumínio na liga ou produto final

c1, constante, representada pelas emissões do alumínio primário

c2, constante (emissões da Sucata de Alumínio)

O SIF Econômico no editor de regras está representado na figura 11 abaixo:

p*c1 + q*c2

(1-p)*c1 + (1-q)*c2

88

Figura 11 – SIF Econômico.

Fonte: AUTOR (2016).

Da mesma forma, as análises desenvolvidas por Frischknecht (2010) para avaliação do

comportamento dos valores econômicos adicionais do alumínio primário e da sucata de

alumínio com a inclusão da reciclagem ao final de vida, forneceram as funções determinísticas

a serem aplicadas nas entradas ou inputs do SIF Econômico:

Custo em US$/kg do Alumínio Primário c/ Reciclagem

Custo em US$/kg da Sucata de Alumínio c/ Reciclagem

Onde

p, variável (percentual de Alumínio Primário na Liga)

q, variável (percentual de Sucata de Alumínio na Liga)

k1, constante (custo do Alumínio Primário)

k2, constante (custo da Sucata de Alumínio)

A base de regras para a dimensão ambiental é apresentada na figura 12:

p*k1 + q*k2

(1-p)*k1 + (1-q)*k2

89

Figura 12 – Base de Regras: Ambiental.

Fonte: AUTOR (2016).

A base de regras para a dimensão econômica é apresentada na figura 13:

Figura 13 – Base de Regras: Econômico.

Fonte: AUTOR (2016).

As funções de pertinência para o SIF Ambiental e o SIF Econômico apresentam o mesmo

comportamento e portanto a mesma configuração gráfica pode representá-las como na figura

14.

Figura 14 – Funções de Pertinência da Dimensão Ambiental.

Fonte: AUTOR (2016).

90

Os inputs ou entradas dos SIF Ambiental e Econômico, partem sempre dos percentuais situados

no range entre 0 e 1 (correspondendo a 0% a 100%) de material primário (p) e do material

reciclado (q) utilizados na composição do produto final.

No caso da dimensão ambiental o output ou saída é o Impacto Ambiental Adicional,

representado pelas emissões normalizadas em kg CO2 eq-/kg de material utilizado. No caso da

dimensão econômica o output ou saída é o Valor Econômico Adicional (VEA) em US$/kg de

material utilizado.

Observa-se nas funções de pertinência ambiental e econômica que há um parâmetro [0.0 0.5]

que define uma zona difusa a partir do ponto onde emissões e custos passam por uma inflexão

em suas tendências de altas e baixas com a consequente inversão das ecoeficiências finais de

cada tipo de material. Ilustrações das análises determinísticas de Frischknecht (2010), sobre

estas inversões podem ser consultadas nos Apêndices A, B e C da pesquisa.

A relação entre meio ambiente e economia é representada pelo cálculo da ecoeficiência. A

ecoeficiência é expressa em um valor relativo entre o Impacto Ambiental Adicional e o Valor

Econômico Adicional do produto final (ZHANG et. al., 2008).

Como o foco da pesquisa é a avaliação segundo Figge; Hahn (2005) de um Valor Adicional

Sustentável com a inclusão da Reciclagem ao Final de Vida do produto e consequentemente a

utilização de um determinado conteúdo reciclado, a expressão que define o valor relativo da

ecoeficiência do produto final, conforme recomenda Zhang et. al. (2008) é apresentada a seguir:

Desta forma, quanto menor for a relação entre as emissões em kg CO2 eq-/US$ de valor

adicional obtido pela empresa por kg de material a ser utilizado no processo de fabricação,

maior será a ecoeficiência em sua utilização.

O Sistema de Inferências Fuzzy (SIF) MAMDANI foi aplicado às dimensões social e normativa

do modelo. A aplicação do SIF MAMDANI é característica quando não há funções

determinísticas que possam vir a ser aplicadas. As dimensões e os indicadores apresentam

elevados graus de subjetividade, sujeitos a julgamento de valor pelos stakeholders, sendo difícil

(1) Ecoeficiência = Impacto Ambiental Adicional

Valor Econômico Adicional

91

a sua mensuração ou atribuição por valores discretos, consequentemente não podendo ser

expressas através de métodos tradicionais como, por exemplo, o método probabilístico.

O SIF Social no editor de regras é descrito na figura 15 a seguir:

Figura 15 – SIF Social.

Fonte: AUTOR (2016).

Os indicadores de Associativismo e Cooperativismo estão representados no editor de funções

de pertinências e são descritos a seguir:

A figura 16, apresenta as funções de pertinência para o grau de associativismo do setor,

representado por um checklist de não existência, implementação ou execução de acordos

setoriais para ações de logística reversa.

Figura 16 – Funções de Pertinência da Dimensão Social – Associativismo.

Fonte: AUTOR (2016).

Observa-se nas funções de pertinência social - associativismo que o parâmetro [0.0 0.15] define

uma zona difusa de baixo associativismo do setor, onde os acordos setoriais são inexistentes ou

ainda não estão totalmente na fase de implementação.

92

A figura 17, apresenta as funções de pertinência para o grau de cooperativismo do setor,

representado por um checklist da inserção e especialização das cooperativas de reciclagem nas

diversas etapas que compõem a logística reversa do produto: coleta seletiva, transporte,

armazenagem, seleção, tratamento, beneficiamento, fardamento e comercialização finais.

Figura 17 – Funções de Pertinência da Dimensão Social – Cooperativismo.

Fonte: AUTOR (2016).

Observa-se nas funções de pertinência social - cooperativismo que o parâmetro [0.0 0.5] define

uma zona difusa de baixa inserção e especialização das cooperativas de reciclagem nos

processos logísticos reversos, resumida às etapas de coleta seletiva, transporte, armazenagem e

seleção do produto reciclado.

No caso da dimensão social o output ou saída é um indicador de ecosocial eficiência

apresentado na figura 18 e que reflete a responsabilidade compartilhada ou comprometimento

social da empresa com a ACV do produto e sua reciclagem ao final de vida.

Figura 18 – Funções de Pertinência da Dimensão Social – Ecosocial Eficiência.

Fonte: AUTOR (2016).

A base de regras da dimensão social é descrita na figura 19:

93

Figura 19 – Base de Regras: Social.

Fonte: AUTOR (2016).

A ecosocial eficiência do produto final no visualizador de superfícies é apresentada abaixo na

figura 20.

Figura 20 – Ecosocial Eficiência – superfície tridimensional.

Fonte: AUTOR (2016).

O SIF Normativo é representado no Editor de Regras pela figura 21:

94

Figura 21 – SIF Normativo.

Fonte: AUTOR (2016).

As funções de pertinência para o conteúdo reciclado do novo produto estão representadas no

editor de funções de pertinências abaixo.

A figura 22 representa a entrada ou input de percentuais de conteúdo reciclado em um range [0

a 0.8] correspondente a 0% e 80% respectivamente com base nas informações dos relatórios de

sustentabilidade da Novelis (2014) que apontam para um estado da arte atual de 46% de

utilização da sucata de alumínio e um target estimado de 80% desta utilização para o ano de

2020.

Figura 22 – Função de Pertinência Normativa - Conteúdo Reciclado.

Fonte: AUTOR (2016).

A figura 23, representa a saída ou output da conformidade exigida para o novo produto com a

utilização de um percentual de conteúdo reciclado.

95

Figura 23 – Função de Pertinência Normativa - Conformidade.

Fonte: AUTOR (2016).

A base de regras da dimensão normativa é apresentada na figura 24:

Figura 24 – Base de Regras: Normativa.

Fonte: AUTOR (2016).

Observa-se nas funções de pertinência ambiental e econômica que há um parâmetro [0.0 0.5]

que define uma zona difusa a partir do ponto onde ocorre uma inflexão nas relações entre

percentual de conteúdo reciclado e conformidade exigida para o novo produto: de diretamente

proporcionais para inversamente proporcionais.

O gráfico desta função é apresentado na figura 25, mostra a relação entre o percentual de

conteúdo reciclado no produto e o grau de conformidade exigido.

96

Figura 25 – Função: conteúdo reciclado versus grau de conformidade.

Fonte: AUTOR (2016).

O Valor Adicional Sustentável do produto final é avaliado no SIF a partir das funções de

integridade de cada subsistema individual: o SIF 1 da ecoeficiência obtida na relação entre

impacto ambiental adicional e valor econômico adicional do novo produto com conteúdo

reciclado, o SIF 2 da ecosocial eficiência ou inclusão da Responsabilidade Social da empresa

com o ciclo de vida do produto e o SIF 3 do grau de conformidade exigido em acordo com o

conteúdo reciclado, sendo ilustrado na figura 26 a seguir.

Figura 26 – SIF Valor Adicional Sustentável.

Fonte: Fonte: AUTOR (2016).

A base de regras definida para o VAS está demonstrada na figura 27:

97

Figura 27 – Base de regras VAS.

Fonte: AUTOR (2016).

O VAS então é um valor crisp relativo que demonstra a relação entre os custos e impactos

socioambientais adicionais do novo produto com conteúdo reciclado e o valor econômico

adicional obtido pela empresa (já descontado o custo de oportunidade) ao optar pela Reciclagem

e Reutilização ao Final de Vida (PHILLIS; ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, 2001 e

SALING et. al., 2002 e KRATENA, 2004 e FIGGE; HAHN, 2005).

98

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na simulação da modelagem fuzzy aplicada à pesquisa, foram consideradas as seguintes

métricas para comparações e avaliações da dinâmica de comportamento dos indicadores

ambientais, econômicos, sociais e normativos definidos e a obtenção do VAS final do produto

para cada tipo de material utilizado na composição do produto final:

As constantes de emissões para o alumínio primário de 11.8 kg CO2 eq-/kg de material

e da sucata de alumínio 0.41 kg CO2 eq-/kg de material em uma abordagem inicial Cut-

off ou sem a inclusão da reciclagem (FRISCHKNECHT, 2010; ECOINVENT, 2015).

As constantes de custos para o alumínio primário de US$ 1.5/kg de material e da sucata

de alumínio US$ 1/kg de material em uma abordagem inicial Cut-off ou sem a inclusão

da reciclagem (ABAL, 2012; LME, 2015).

0.54 ou 54% de utilização de alumínio primário (p);

0.46 ou 46% de estado da arte atual na utilização atual de conteúdo reciclado de

alumínio na produção da liga (q = 1-p) (NOVELIS, 2015);

0.46 ou 46% de conteúdo reciclado para análise e obtenção de conformidade e

adequação do novo produto ao mercado;

0.5 ou 50% de associativismo para um status atual do acordo setorial em implementação

do setor de embalagens e recipientes em geral, incluindo as latas de alumínio (BRASIL,

2015);

0.75 ou 75% para o grau de inserção e especialização das cooperativas que reciclam

alumínio. Etapas de coleta seletiva, transporte, armazenagem, seleção, tratamento e

fardamento (ABAL, 2012).

Na figura 28 a seguir, observa-se na simulação com a inclusão de um conteúdo reciclado de

46%, o comportamento das emissões, custos, ecoeficiência, ecosocial eficiência e do VAS final

para o alumínio primário:

99

Figura 28 - SIF do alumínio primário com reciclagem de 46%.

Fonte: AUTOR (2016).

100

Os resultados observados no comportamento dos indicadores do alumínio primário e que

refletiriam o estado atual da arte são apresentados na tabela 6 com a abordagem de corte

inicial e na tabela 7 com a reciclagem de 46% e demais índices:

Tabela 6 – Alumínio primário com abordagem de corte.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Primário 1.50 11.8 7.87

Fonte: AUTOR (2016).

Tabela 7 – Alumínio primário com reciclagem de 46%.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Primário 1.301 6.148 4.727

Fonte: AUTOR (2016).

Índice de Conformidade: 4.98

Índice Social: 5.569

Índice VAS: 2.542

A figura 29 a seguir, observa-se na simulação com a inclusão de um conteúdo reciclado de 46%,

o comportamento das emissões, custos, ecoeficiência, ecosocial eficiência e do VAS final para

a sucata de alumínio:

101

Figura 29 - SIF da sucata de alumínio com reciclagem de 46%.

Fonte: AUTOR (2016).

102

Os resultados observados no comportamento dos indicadores da sucata de alumínio e que

refletiriam o estado atual da arte são apresentados na tabela 8 com a abordagem de corte

inicial e na tabela 9 com a reciclagem de 46% e demais índices:

Tabela 8 – Sucata de alumínio com abordagem de corte.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Sucata 1.00 0.41 0.41

Fonte: AUTOR (2016).

Tabela 9 – Sucata de alumínio com reciclagem de 46%.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Sucata 1.297 6.062 4.673

Fonte: AUTOR (2016).

Índice de Conformidade: 4.98

Índice Social: 5.569

Índice VAS: 2.537

Como os índices de Conformidade e Social são os mesmos para o alumínio primário e para a

sucata de alumínio e essa ainda permanece mais ecoeficiente do que aquela, a obtenção de um

VAS final menor para a sucata de alumínio pode ser interpretada como ocasionada diretamente

pelo aumento das suas emissões em CO2 e dos seus custos de aquisição no mercado. O aumento

das emissões da sucata de alumínio é atribuído ao “efeito cascata” do produto, descrito como o

retorno do conteúdo reciclado ao ciclo produtivo na composição do novo produto, o qual pode

ocorrer inúmeras vezes até se tornar um resíduo final (VOGTLÄNDER; BREZET;

HENDRIKS, 2001).

O aumento nos custos de aquisição da sucata de alumínio é atribuído as leis econômicas de

oferta e procura e de equilíbrio dos mercados sob uma análise do custo de oportunidade

(FIGGE; HAHN, 2004 e FIGGE; HAHN, 2005 e SPINACÉ; PAOLI, 2005 e HOPEWELL;

DVORAK; KOSIOR, 2009).

103

Para efeitos de comparações e avaliações da dinâmica de comportamento dos indicadores

ambientais, econômicos, sociais e normativos definidos e a obtenção do VAS final do produto

para cada tipo de material utilizado na composição do produto, frente a elevação do percentual

de conteúdo reciclado para 80%, foram consideradas as seguintes métricas para simulação no

modelo fuzzy:

As constantes de emissões para o alumínio primário de 11.8 kg CO2 eq-/kg de material

e da sucata de alumínio 0.41 kg CO2 eq-/kg de material em uma abordagem inicial Cut-

off ou sem a inclusão da reciclagem (FRISCHKNECHT, 2010; ECOINVENT, 2015);

As constantes de custos para o alumínio primário de US$ 1.5/kg de material e da sucata

de alumínio US$ 1/kg de material em uma abordagem inicial Cut-off ou sem a inclusão

da reciclagem (ABAL, 2012; LME, 2015);

0.20 ou 20% de utilização de alumínio primário (p);

0.80 ou 80% de estado da arte atual na utilização atual de conteúdo reciclado de

alumínio na produção da liga (q = 1-p) (NOVELIS, 2015);

0.80 ou 80% de conteúdo reciclado para análise e obtenção de conformidade e

adequação do novo produto ao mercado;

1 ou 100% de associativismo para um status atual do acordo setorial em execução do

setor de embalagens e recipientes em geral, incluindo as latas de alumínio;

1 ou 100% para o grau de inserção e especialização das cooperativas que reciclam

alumínio. Todas as etapas de coleta seletiva, transporte, armazenagem, seleção,

tratamento, fardamento, beneficiamento e comercialização a indústria.

Na figura 30 a seguir, observa-se na simulação com a inclusão de um conteúdo reciclado de

80%, o comportamento das emissões, custos, ecoeficiência, ecosocial eficiência e do VAS final

para o alumínio primário:

104

Figura 30 - SIF do alumínio primário com reciclagem de 80%.

Fonte: AUTOR (2016).

105

Os resultados observados no comportamento dos indicadores do alumínio primário e que

refletiriam a meta da empresa benchmarking mundial no setor de reciclagem de alumínio da

empresa (Novelis, 2015) para o ano de 2020 são apresentados na tabela 10 com a abordagem

de corte inicial e na tabela 11 com a reciclagem de 80% e demais índices:

Tabela 10 – Alumínio primário com abordagem de corte.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Primário 1.50 11.8 7.87

Fonte: AUTOR (2016).

Tabela 11 – Alumínio primário com reciclagem de 80%.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Primário 1.147 2.162 1.885

Fonte: AUTOR (2016).

Índice de Conformidade: 5.908

Índice Social: 8.367

Índice VAS: 2.59

A figura 31 a seguir, observa-se na simulação com a inclusão de um conteúdo reciclado de 80%,

o comportamento das emissões, custos, ecoeficiência, ecosocial eficiência e do VAS final para

a sucata de alumínio:

106

Figura 31 - SIF da sucata de alumínio com reciclagem de 80%.

Fonte: AUTOR (2016).

107

Os resultados observados no comportamento dos indicadores da sucata de alumínio e que

refletiriam a meta da empresa benchmarking mundial no setor de reciclagem de alumínio

(Novelis, 2015) para o ano de 2020 são apresentados na tabela 12 com a abordagem de corte

inicial e na tabela 13 com a reciclagem de 80% e demais índices:

Tabela 12 – Sucata de alumínio com abordagem de corte.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Sucata 1.00 0.41 0.41

Fonte: AUTOR (2016).

Tabela 13 – Sucata de alumínio com reciclagem de 80%.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg Ecoeficiência

kg CO2 eq-/US$

Sucata 1.451 10.05 6.927

Fonte: AUTOR (2016).

Índice de Conformidade: 5.908

Índice Social: 8.367

Índice VAS: 2.885

Com um percentual de reciclagem maior de 80%, os índices de Conformidade e Social

continuam sendo iguais para o alumínio primário e para a sucata de alumínio, mas agora

observa-se que alumínio primário se torna mais ecoeficiente, devido a redução das suas

emissões e custos de aquisição no mercado.

A obtenção de um índice de VAS final maior para a sucata de alumínio pode ser interpretada

como ocasionada diretamente pelo aumento dos índices de Conformidade e Social para a liga

de alumínio com 80% de conteúdo reciclado e 20% de alumínio primário.

A análise do ponto de vista estritamente econômico e ambiental na utilização de um conteúdo

reciclado de 80% na fabricação da liga de alumínio, ou seja a análise da ecoeficiência final do

produto, sinaliza para a empresa a opção de custos e impactos socioambientais menores na

utilização do alumínio primário. No entanto, uma análise com inclusão das dimensões sociais

108

e normativas, no entanto, apontam para um maior índice de VAS final para a utilização

industrial do conteúdo reciclado.

109

5 CONCLUSÕES

Uma primeira conclusão da pesquisa é a validação de Frischknecht (2010), sobre o

comportamento dos impactos ambientais e valores econômicos adicionais do material primário

e da sucata, advindos do aumento dos percentuais de reciclagem e de adição crescente de

conteúdo reciclado à produção da liga de alumínio, consequentemente da ecoeficiência do

produto final.

Há uma percepção da empresa e da base de seus stakeholders de que a inclusão da Reciclagem

ao Final de Vida na ACV e no ICV dos seus produtos, obedece a um determinado percentual

estratégico de reutilização, relacionado as análises de seus indicadores de impactos nos custos

e emissões adicionais. Uma análise do ponto de vista estritamente econômico e ambiental dos

materiais utilizados no processo de fabricação e consequentemente da viabilidade do novo

produto.

Impactos ambientais e valores econômicos adicionais de ambos os materiais, alumínio primário

e sucata de alumínio, tendem inicialmente a convergir a uma determinada taxa de reciclagem e

utilização de conteúdo reciclado (em torno de 50%) para um ponto de equilíbrio, econômico e

ambiental.

A partir deste ponto, o comportamento econômico e ambiental de ambos os materiais se inverte,

tornando menos ecoeficiente a reciclagem e a utilização de conteúdo reciclado.

A aplicação da modelagem difusa na avaliação da ecoeficiência de ambos os materiais vem

então comprovar as observações de Frischknecht (2010) ilustradas nos Apêndices A, B e C

desta pesquisa.

A segunda conclusão importante da pesquisa é sobre a necessidade do modelo de avaliação dos

projetos de responsabilidade socioambiental das empresas, incluírem dimensões e indicadores

normativos e sociais para a avaliação da sustentabilidade no médio e longo prazo,

110

principalmente ao avaliarem a opção por uma abordagem de Reciclagem ao Final de Vida a ser

incluída na ACV e no ICV de seus produtos.

Investimentos sociais na base de stakeholders das empresas, como por exemplo, os indicadores

escolhidos neste trabalho: associativismo do setor para a implementação e potencialização das

ações de logística reversa e a inserção e especialização das cooperativas no interior destes

processos, contribui para a obtenção de um maior valor adicional sustentável (VAS) final para

os projetos.

No caso específico da reciclagem e utilização de conteúdo reciclado nos processos de

fabricação de novos produtos, os investimentos sociais na base dos stakeholders da empresa,

principalmente ao longo dos diversos elos que compõem a cadeia de logística reversa,

proporcionam a formação de economias de escala com aumento dos volumes de material e da

qualidade exigida para seu reaproveitamento com consequente redução dos custos industriais.

Do ponto de vista comercial, as empresas ao se utilizarem da logística reversa, cumprem o

aspecto normativo e legal da responsabilidade social e compartilhada pelo ciclo de vida dos

seus produtos. As boas práticas de fabricação melhoram a imagem da empresa no mercado e,

consequentemente, potencializam seus marketshares, tornando-se assim referência para o setor

em que atuam (benchmarking).

Ao se utilizarem de conteúdo reciclado em seus processos industriais de fabricação de novos

produtos, as empresas reduzem a sua curva de aprendizagem no mercado e ampliam os limites

impostos pelas análises reducionistas das dimensões ambiental e econômica de seus modelos

na busca por sustentabilidade em seus negócios. Ao se tornarem referência, provocam um efeito

linkage em todo o setor de atuação ampliando assim o benefício socioambiental para toda a

economia.

Uma terceira conclusão refere-se a contribuição da abordagem de inclusão da Reciclagem ao

Final de Vida na ACV e ICV dos produtos das empresas para análise da sustentabilidade. A

pesquisa dá uma importante contribuição a respeito da dimensão normativa do sistema, visto

que proporciona ao pesquisador identificar padrões e parâmetros estratégicos ambientais,

econômicos, sociais e normativos para a conformidade de produtos que utilizam ou venham a

utilizar conteúdo reciclado em suas composições, através de uma simples checklist de

111

verificação na ACV e ICV do novo produto de acordo com os padrões e requisitos mínimos

descritos pelas normas ISO 14040-14044.

Conforme afirma Gutberlet (2012), faz sentido defender a formulação de um novo contrato

social de forma a envolver e integrar todos os agentes e fatores econômicos, ambientais, sociais

e tecnológicos em torno das questões socioambientais, ou seja, defender uma gestão integrada

e globalizada em busca de soluções abrangentes e eficazes.

Os encontros e cúpulas entre países de todo o mundo em 2016 para discutir o aquecimento

global é um exemplo da busca por alcançar um novo contrato social em torno das questões

socioambientais sob um ponto de vista focado no econômico. Busca-se assim quantificar

economicamente, os impactos ambientais e sociais adicionais, sem deixar de levar em conta os

custos de adequação e normatização das empresas e países.

No entanto, concordamos com Singh et. al. (2014) quando afirmam que a conscientização e a

educação ambiental desempenham papéis primordiais no desenvolvimento de uma sociedade

sustentável, onde um modelo de consumo responsável, inclui o descarte de forma adequada e

sustentável dos recursos utilizados na produção de bens e produtos ao final do ciclo de sua vida

útil.

A participação das pessoas de forma a consumir conscientemente é fundamental e a pobreza é

um agravante social, tornando ambos os fatores, os processos de reciclagem e o

reaproveitamento de materiais e resíduos, ineficientes e ainda sendo confrontados a soluções

duvidosas do ponto de vista ambiental como, por exemplo, os aterros sanitários controlados e

a incineração de materiais e resíduos como os plásticos para a geração de energia.

5.1 Questões e perspectivas

As questões deixadas em aberto pelo trabalho dissertativo têm como objetivo estimular o debate

entre empresa, academia e sociedade sobre a questão da reciclagem e do reaproveitamento

112

industrial de materiais e resíduos, principalmente no que concerne aos seus reais impactos

socioeconômicos e ambientais e as implicações técnicas, normativas e das decisões de

investimentos no âmbito dos planejamentos estratégicos das empresas ao optarem pela

reutilização industrial de materiais e resíduos pós ciclo de vida dos seus produtos

A primeira questão em aberto está relacionada as análises mais detalhadas sobre o “efeito

rebote” sobre a economia e o meio ambiente. Este efeito é descrito como o aumento de produção

da empresa que se utiliza de conteúdo reciclado, provocado pela redução dos seus custos e

expansão das receitas.

Uma segunda perspectiva de estudo é sobre a questão relacionada ao “efeito cascata”

anteriormente abordado e seus efeitos sobre a ecoeficiência final dos materiais e produtos. O

“efeito cascata” é definido como o número de vezes em que o produto percorre o circuito

reciclagem-produção -reciclagem.

Uma terceira questão está relacionada a expressão de cálculo para a ecoeficiência e a escolha

do denominador da relação entre economia e meio ambiente. Conforme é decidido qual

denominador deve ser utilizado: se o valor econômico adicional ou os impactos ambientais

adicionais, altera-se significativamente a análise e a percepção econômica e ambiental para a

empresa e sua base de stakeholders sobre qual material, primário ou reciclado, apresenta maior

ecoeficiência à medida que as taxas de reciclagem e de utilização e conteúdo reciclado

aumentam.

Zhang et. al. (2008), defendem que o cálculo de ecoeficiência para os modelos de

sustentabilidade no reaproveitamento industrial de materiais e resíduos, devem levar em conta

uma análise integrada sob as duas perspectivas.

Uma quarta e última questão deixada em aberto na pesquisa é sobre as ACV e ICV em Circuitos

e Sistemas, tanto Abertos quanto Fechados.

As normas ISO 14040 a ISO 14044 não abordam explicitamente os procedimentos para a

contabilidade ambiental para o ICV com Reciclagem ao Final de Vida em circuitos abertos,

onde o material reciclado é reaproveitado no interior de outros sistemas de produção,

apresentando mudanças em suas composições e propriedades iniciais, o que representa sérias

113

dificuldades metodológicas para as alocações de custos e impactos (NICHOLSON et. al.,

2009).

As Análises do Ciclo de vida (ACV) e de alocações para o Inventário do Ciclo (ICV),

constituem-se em problemas complexos em sistemas de tratamento abertos como, por exemplo,

os aterros sanitários em que os materiais e resíduos de um produto se misturam aos materiais e

resíduos de outros produtos. Como estratégias na resolução destes problemas, recomenda-se

abordá-los sob a ótica das três perspectivas mais utilizadas de olhar para o Final de Vida de um

produto: o ciclo deste produto, a sua cadeia de logística reversa e o “efeito cascata”

(VOGTLÄNDER; BREZET; HENDRIKS, 2001).

114

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO Brasileira do Alumínio. Reciclagem: preço da sucata. Disponível em:

<http://www.abal.org.br/sustentabilidade/reciclagem/preco-da-sucata/?hc_location=ufi>.

Acesso em: 22 dez. 2015.

_____________. Relatório de sustentabilidade 2012. Disponível em:

<http://www.abal.org.br/downloads/Rel_Sust_ABAL_web.pdf>. Acesso em: 06 set. 2015.

ASSOCIAÇÃO Brasileira da Indústria do Pet. 9º CENSO da Reciclagem de PET – Brasil: o

ano 2012. Disponível em: <http://www.abipet.org.br/index.html?method=mostrarDownloads

&categoria.id=3>. Acesso em: 19 out. 2015.

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Empresas de Limpeza Pùblica. Panorama dos resíduos sólidos

no Brasil. 2014. Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf.

Acesso em: 19 out. 2015.

ACOSTA, B.; WEGNER, D.; PADULA, A. D. Logística reversa como mecanismo para

redução do impacto ambiental originado pelo lixo informático. RECADM, v. 7, n. 1, p. 1-12,

2008.

ALCOA. Relatório de Sustentabilidade 2014. Disponível em: <https://www.alcoa.com/brasil

/pt/resources/pdf/relatorios_sustentabilidade/Alcoa_RS2014.PDF>. Acesso em: 06 set. 2015.

AMARAL, S. P. Estabelecimento de indicadores e modelo de relatório de sustentabilidade

ambiental, social e econômica: uma proposta para a indústria de petróleo brasileira. Tese

de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2003

BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. In: Gestão

ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.

BASF. SEE Balance. Disponível em: <https://www.basf.com/us/en/company/sustainability

/management-and-instruments/quantifying-sustainability/seebalance.html>. Acesso em: 05 set.

2015.

BANCO Central do Brasil. Taxas de câmbio. Disponível em: <http://www4.bcb.gov.br/pec/

taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao>. Acesso em: 22 dez. 2015.

BASF. Eco-Efficiency Analysis. Disponível em: <https://www.basf.com/en/company/

sustainability/management-and-instruments/quantifying-sustainability/eco-efficiency-

analysis.html>. Acesso em: 18 fev. 2015.

115

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 12.305,

de 2 de agosto de 2010. Política nacional de resíduos sólidos. 2010. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 19 out.

2015

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto

7.404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamentação da Lei 12.305. Logística reversa. 2010.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7404.htm.

Acesso em: 19 out. 2015.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto

7.405, de 23 de dezembro de 2010. Programa Pró Catador. 2010. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7405.htm. Acesso em:

19 out. 2015.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Acordos Setoriais. Logística reversa. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/images/editais_e_chamadas/SRHU/mma_edital_de_chamamento_em

balagens.pdf. Acesso em 19 out. 2015.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Produção e Uso do

Biodiesel. 2015. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/

programa/objetivos_diretrizes.html>. Acesso em: 23 out. 2015.

CARDOSO, A. L. Trajetórias da questão ambiental urbana: da Rio 92 às Agendas 21 locais.

Revista Paranaense de Desenvolvimento-RPD, n. 102, p. 51-69, 2011. ISSN 2236-5567.

CARMO, S. A semântica do lixo e o desenvolvimento socioeconômico dos catadores de

recicláveis: considerações sobre um estudo de caso múltiplo em cooperativas na cidade do Rio

de Janeiro. Cad. EBAPE. BR, v. 7, n. 4, p. 591-606, 2009.

COCA-COLA. Plant bottle-technology. Disponível em: <http://www.coca-colacompany.com

/plantbottle-technology>. Acesso em: 20 out. 2015.

CORNELISSEN, A. et al. Assessment of the contribution of sustainability indicators to

sustainable development: a novel approach using fuzzy set theory. Agriculture, ecosystems &

environment, v. 86, n. 2, p. 173-185, 2001.

DAHER, C. E.; SILVA, E. P. D. L. S.; FONSECA, A. P. Logística reversa: oportunidade para

redução de custos através do gerenciamento da cadeia integrada de valor. Brazilian Business

Review. v. 3, n. 1. Vitória-ES, Brasil - Jan/Jun 2006. p. 58-73.

DEMAJOROVIC, J. Da política tradicional de tratamento do lixo à política de gestão de

resíduos sólidos. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, p. 88-93, 1995.

DIAS, L. N. d. S.; Soekha, L. D. O.; Souza, E. M. V. d. Estudo de caso do balanço social da

Albrás: de relatórios internos ao modelo GRI. Sociedade, contabilidade e gestão, v. 3, n. 1,

2010.

116

DOWLATSHAHI, S. Developing a theory of reverse logistics. Interfaces, v. 30, n. 3, p. 143-

155, 2000.

ECOINVENT. Database. Emissions. Aluminium and waste aluminium. Disponível em:

http://www.ecoinvent.org/database/database.html. Acesso em: 22 jul. 2015.

FIGGE, F.; Hahn, T. Sustainable value added—measuring corporate contributions to

sustainability beyond eco-efficiency. Ecological Economics, v. 48, n. 2, p. 173-187, 2004.

________________. The cost of sustainability capital and the creation of sustainable value by

companies. Journal of industrial ecology, v. 9, n. 4, p. 47-58, 2005.

FIGUEIREDO, E.; MOYNIER, R. M. L. A.; ROCHA, M. H. P. da. Gerenciamento de projetos:

a ISO 26000 como norteadora da proposta de inserir a responsabilidade social como área de

conhecimento. IX Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 20, 21 e 22 de Junho de

2013.

FINKBEINER, M. et al. The new international standards for life cycle assessment: ISO 14040

and ISO 14044. The international journal of life cycle assessment, v. 11, n. 2, p. 80-85, 2006.

FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Penso Editora,

2012.

FORLIN, F. J.; Faria, J. d. A. F. Considerações sobre a reciclagem de embalagens plásticas.

Polímeros: ciência e tecnologia, v. 12, n. 1, p. 1-10, 2002.

FRISCHKNECHT, R. LCI modelling approaches applied on recycling of materials in view of

environmental sustainability, risk perception and eco-efficiency. The International Journal

of Life Cycle Assessment, v. 15, n. 7, p. 666-671, 2010.

GARCIA, K. C. et. al. Concepção de um modelo matemático de avaliação de projetos de

responsabilidade social empresarial (RSE). Revista Gestão & Produção, v. 14, n. 3, p. 535-

544, 2007.

GIACCHETTI, P. L. N.; GIACCHETTI, M. C. M.; MONKEN, S. F. Análise dos grupos de

indicadores de sustentabilidade para identificar a sua aplicação nas organizações. Anais

do II SINGEP e I S2IS – São Paulo – SP – Brasil – 07 e 08/11/2013 2014.

GIESTA, Lílian Caporlíngua. Educação ambiental e sistema de gestão ambiental em

empresas. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de

Administração, Programa de Pós-graduação em Administração, 2009.

GIOVANNINI, F.; KRUGLIANSKAS, I. Fatores críticos de sucesso para a criaçăo de um

processo inovador sustentável de reciclagem: um estudo de caso. Revista de Administração

Contemporânea, Curitiba, v. 12, n. 4, p. 931-951, 2008.

GOLDEMBERG, J. Biomass and energy. Química nova, v. 32, n. 3, p. 582-587, 2009.

GRI G4. Global Reporting Initiative. Sustainability reporting guidelines. Disponível em:

https://www.globalreporting.org/standards/g4/Pages/default.aspx. Acesso em: 19 out. 2015.

117

GRAY, David E. Pesquisa no mundo real. 2. ed.- Porto Alegre: Penso, 2012.

GUERRA, Sidney César Silva. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2005.

GUTBERLET, J. Informal and cooperative recycling as a poverty eradication strategy.

Geography Compass, v. 6, n. 1, p. 19-34, 2012.

HART, S. L.; MILSTEIN, M. B. Criando valor sustentável. RAE executivo, v. 3, n. 2, p. 65-

79, 2004.

HOPEWELL, J.; DVORAK, R.; KOSIOR, E. Plastics recycling: challenges and opportunities.

Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 364, n. 1526, p.

2115-2126, 2009.

ISO, N. 14040. Gestão ambiental–Avaliação do ciclo de vida–Princípios e estrutura. Rio de

Janeiro: ABNT, 2001.

JACOBI, P. R.; BESEN, G. R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da

sustentabilidade. Estudos Avançados, v. 25, n. 71, p. 135-158, 2011.

KACHBA, Y. R. et al. Investigação apreciativa e lógica Fuzzy: uma proposta de modelo para

análise de cooperação em redes de empresas. P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v.

8, n. 3, p. 144-152, 2010.

KICHERER, A.; AKTIENGESELLSCHAFT, B. SEEbalance für Biodiesel. Klimafaktor

Biokraftstoff, p. 51, 2007.

KORONEOS, C. J.; NANAKI, E. A. Integrated solid waste management and energy

production-a life cycle assessment approach: the case study of the city of Thessaloniki. Journal

of Cleaner Production, v. 27, p. 141-150, 2012.

KRATENA, K. ‘Ecological value added’in an integrated ecosystem–economy model—an

indicator for sustainability. Ecological Economics, v. 48, n. 2, p. 189-200, 2004.

LAURENT, A. et. al. Review of LCA studies of solid waste management systems – Part I:

Lessons learned and perspectives. Waste management, v. 34, n. 3, p. 573-588, 2014.

___________. Review of LCA studies of solid waste management systems – Part II:

Methodological guidance for a better practice. Waste management, v. 34, n. 3, p. 589-606,

2014.

LIMA, A. M. Instrumentos de reporte de sustentabilidade (Triple Bottom Line). XXVII

Encontro Nacional de Engenharia de Produção. A energia que move a produção: um diálogo

sobre integração, projeto e sustentabilidade. Foz do Iguaçú, PR, Brasil. 09 a 11 de outubro de

2007.

LME. London Metal Exchange. Official Prices. Aluminium. Disponível em:

http://www.lme.com/metals/non-ferrous/aluminium/. Acesso em: 22 jul. 2015.

118

LOUREIRO, C. F. B. Teoria social e questão ambiental: pressupostos para uma práxis crítica

em educação ambiental. In: Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. 7.

ed. - São Paulo: Cortez, p. 17-54, 2012.

MAIA, A. G.; ROMEIRO, A. R.; REYDON, B. P. Valoração de recursos ambientais–

metodologias e recomendações. Texto para Discussão, Instituto de Economia/UNICAMP,

n. 116, 2004.

MAMEDE, P. M. F. Medição da sustentabilidade empresarial. Dissertação de Mestrado em

Gestão. Faculdade de Economia. Universidade de Coimbra. Portugal. 2013.

MATHWORKS, I.; WANG, W.-C. Fuzzy Logic Toolbox: for Use with MATLAB: User's

Guide. Mathworks, Incorporated, 1998.

MEDEIROS, S.; MELLO, R. d.; CAMPOS FILHO, P. Análise de projetos para unidades de

conservação, usando lógica fuzzy. Production Journal, v. 17, n. 2, p. 317-329, 2007.

NICHOLSON, A. L. et. al. End-of-life LCA allocation methods: open loop recycling impacts

on robustness of material selection decisions. Sustainable Systems and Technology, 2009.

ISSST'09. IEEE International Symposium on, 2009, IEEE. p.1-6.

NOAL, F. d. O. Os ritmos e os riscos: considerações sobre globalização, ecologia e

contemporaneidade. In: Sociedade e meio ambiente: a educação ambiental em debate. 7 ed. -

São Paulo: Cortez, 2012, p. 69-87.

NOVELIS. Sustainability Report 2015. Disponível em:

http://2gjjon1sdeu33dnmvp1qwsdx.wpengine.netdna-cdn.com/wp-

content/uploads/2015/12/Novelis-2015-full-report.pdf. Acesso em: 05 set. 2015.

OLIVEIRA, Lucas Rebello et. al. Sustentabilidade: da evolução dos conceitos à implementação

como estratégia nas organizações. Produção, 2012. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/prod/2011nahead/aop_0007_0245.pdf. Acesso em: 19 out. 2015.

ONU. Report of the World Commission on Environmental and Development. Our

Common Future. Disponível em: http://www.un-documents.net/our-common-future.pdf.

Acesso em: 20 out. 2015.

PEDRINI, A. de Gusmão. Educação ambiental empresarial no Brasil. São Paulo: RiMa,

2008.

PEREIRA, C. M. C. Análise socioambiental da cidade de Juazeiro do Norte: subsídios para

a construção da Agenda 21 local. Tese de Doutorado.. Universidade Estadual Paulista. Instituto

de Geociências e Ciências Exatas. Campus de Rio Claro, São Paulo. 2013.

PHILLIS, Y. A.; ANDRIANTIATSAHOLINIAINA, L. A. Sustainability: an ill-defined

concept and its assessment using fuzzy logic. Ecological Economics, v. 37, n. 3, p. 435-456,

2001.

119

PITTA JUNIOR, O. S. R. et. al. Reciclagem do óleo de cozinha Usado: uma contribuição para

aumentar a produtividade do processo. International Workshop. Advances in Cleaner

Production. Key elements for a sustainable world: energy, water and climate change. São

Paulo, Brazil, 2009.

PLANET Profit. Workshops: green economy - how to profit. Disponível em:

http://www.planetprofit.co.uk/workshops/. Acesso em: 18 dez. 2015.

SALING, P. et. al. Eco-efficiency analysis by BASF: the method. The International Journal

of Life Cycle Assessment, v. 7, n. 4, p. 203-218, 2002.

SCHAFFEL, S. B. Em busca da eco-sócio eficiência no caso da agricultura familiar voltada

para a produção de biodiesel no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de

Janeiro. 2010.

SEARA, A. K. T.; GONÇALVES, M. A.; AZEVEDO, A. Amedomar de. A destinação final

dos resíduos sólidos urbanos: alternativas para a cidade de são paulo através de casos de

sucesso. Future Studies Research Journal: Trends and Strategies, v. 5, n. 1, p. 96-129,

2013.

SELIG, P. M.; DE ÁVILA LERÍPIO, A.; VIEGAS, C. V. Avaliação ambiental estratégica: um

conceito, múltiplas definições. VIII Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 8 e 9 de

Junho de 2012.

SHIBAO, F. Y.; MOORI, R. G.; SANTOS, M. A logística reversa e a sustentabilidade

empresarial. Seminários em administração, v. 13, setembro de 2010.

SHONNARD, D. R.; KICHERER, A.; SALING, P. Industrial applications using BASF eco-

efficiency analysis: perspectives on green engineering principles. Environmental science &

technology, v. 37, n. 23, p. 5340-5348, 2003.

SIBR. Sistema Integrado de Bolsa de Resíduos. Disponivel em:

http://www.sibr.com.br/sibr/index_cni.jsp. Acesso em: 20 out. 2015.

SINGH, J. et. al. Progress and challenges to the global waste management system. Waste

Management & Research, v. 32, n. 9, p. 800-812, 2014.

SLIVNIK, A.; FALVO, J. F.; SATO, N. K. Cooperativas de manejo de resíduos sólidos

urbanos: apontamentos para uma política de geração de trabalho e de renda. Revista da ABET,

v. 11, n. 1, 2012.

SPINACÉ, M. A. da Silva; DE PAOLI, M. A. A tecnologia da reciclagem de polímeros. Quim.

Nova, v. 28, n. 1, p. 65-72, 2005.

TALMASKY, E. M.; TAVARES, J. M. R. Eco-eficiência produtiva: qualidade ambiental e

inovação tecnológica. EMEPRO 2012-VIII Encontro Mineiro de Engenharia de Produção,

2012.

TEIXEIRA, S. C. M. Estratégias de gestão de resíduos sólidos urbanos. Dissertação de

Mestrado. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Portugal. 2014.

120

TOLEDO, O. M. Um caso de aplicação da Lógica Fuzzy: o modelo Coppe-Cosenza de

Hierarquia Fuzzy. XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção-Anais, v. 1, 2003.

URIBE-SALDARRIAGA, C. M. Mercadeo verde de una empresa dorada. Estudios

Gerenciales, v. 30, n. 130, p. 95-100, 2014.

VAN BELLEN, H. M. Indicadores de sustentabilidade: um levantamento dos principais

sistemas de avaliação. Cadernos eBAPe. Br, v. 2, n. 1, p. 01-14, 2004.

VALIM, R. M. Projeto de expansão de empresa de reciclagem de plásticos com apoio do

BNDES. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Administração. Departamento em

Ciências Administrativas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011.

VERGARA, Sylvia C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005.

VIANNA, F. C. Análise de ecoeficiência: avaliação do desempenho econômico-ambiental

do biodiesel e petrodiesel. Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da Universidade de

São Paulo. 2006.

VOGTLÄNDER, J. G.; BREZET, H. C.; HENDRIKS, C. F. Allocation in recycling systems.

The international journal of life cycle assessment, v. 6, n. 6, p. 344-355, 2001.

ZHANG, B. et. al. Eco-efficiency analysis of industrial system in China: a data envelopment

analysis approach. Ecological Economics, v. 68, n. 1, p. 306-316, 2008.

121

APÊNDICE A - IMPACTO DA RECICLAGEM SOBRE O IMPACTO ADICIONAL DO

PRODUTO FINAL

Com a finalidade da comprovar apenas o comportamento ambiental do fluxo de emissões de

ambos os materiais com a abordagem de inclusão da Reciclagem ao Final de Vida,

consideraram-se as hipóteses em Spinacé; Paoli (2005) e Hopewell; Dvorak; Kosior (2009) ao

estudarem o reaproveitamento industrial dos polímeros plásticos de que os valores econômicos

de ambos os materiais a um dado percentual de utilização de conteúdo reciclado, convergem

para um valor de equilíbrio no mercado.

Vamos considerar para ambos os materiais, alumínio primário e sucata de alumínio um Valor

Econômico Adicional de 1 US$ por kg de material.

Visto que desejamos avaliar o impacto ambiental adicional, dado a hipótese de valor econômico

adicional constante e igual para ambos os materiais, segue-se a recomendação de Zhang et al

(2008) de utilizar a relação (1) para a avaliar a ecoeficiência.

Frischknecht (2010), realiza uma comparação entre duas abordagens: (i) Cut-Off ou de Corte e

(ii) Reciclagem no Final de Vida o alumínio primário e a sucata de alumínio, realizando uma

análise do comportamento de ecoeficiência dos dois tipos de materiais à medida que se

acrescenta um maior conteúdo reciclado.

A abordagem do tipo Cut-off ou de Corte, considera o indicador do fluxo de emissões nos dois

tipos de materiais separadamente. A abordagem com Reciclagem ao Final de Vida considera

os indicadores ambientais de emissões de ambos os materiais, como interdependentes e

interagindo para o desempenho ambiental do produto final.

(1) Eco eficiência = Impacto Ambiental Adicional

Valor Econômico Adicional

122

Os dados com abordagem Cut-off são apresentados na tabela 14:

Impactos ambientais do alumínio primário;

Impactos ambientais da sucata de alumínio:

Ecoeficiências do alumínio primário e da sucata de alumínio.

Tabela 14 - Emissões do alumínio primário e sucata de alumínio abordagem cut-off.

Alumínio US$/kg *kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq- /US$

Primário 1 11.8 11.8

Sucata 1 0.41 0.41

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

* banco de dados da Ecoinvent em http://www.ecoinvent.org/database/database.html. Acesso em: 22 jul. 2015.

Observa-se que na abordagem de Corte, considerando as emissões do alumínio primário e da

sucata separadamente, a percepção inicial para os stakeholders sob a perspectiva ambiental é

que sucata de alumínio apresenta maior ecoeficiência do que o alumínio primário.

Na abordagem com Reciclagem ao Final de Vida, considerando o estado da arte atual da

utilização de um percentual de 46% de conteúdo reciclado no processo industrial de fabricação

da liga de alumínio (Novelis, 2015), temos:

Carga Ambiental Evitada sobre as emissões do alumínio primário:

Carga Ambiental Evitada sobre as emissões da sucata de alumínio:

As emissões e a ecoeficiências finais do alumínio primário e da sucata de alumínio com a taxa

de reciclagem de 46% passam a ser conforme apresenta a tabela 15:

(1 – 0.46) * 11.8 kg CO2 eq-/kg + 0.46* 0.41 kg CO2 eq- /kg

0.46 * 11.8 kg CO2 eq-/kg + (1 – 0.46) * 0.41 kg CO2 eq-/kg

123

Tabela 15 - Comportamento das emissões com 46% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq-/US$

Primário c/ reciclagem 1 6.56 6.56

Sucata c/ reciclagem 1 5.65 5.65

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

Como observado, a sucata de alumínio continua sendo mais ecoeficiente. No entanto,

Frischknecht (2010), avalia que os resultados com a abordagem de Reciclagem ao Final de

Vida, demonstram que as emissões do alumínio primário vão sendo substancialmente reduzidas

em contraposição as emissões da sucata de alumínio, as quais vão se tornando cada vez mais

elevadas. Ambos, impactos ambientais e ecoeficiências finais vão convergindo para um ponto

de equilíbrio sob um determinado percentual de reciclagem e de reaproveitamento da sucata.

Vamos considerar agora a taxa de reciclagem de 80%, target estabelecido pela empresa Novelis

(2015), a ser alcançado até o ano de 2020 na utilização e conteúdo de reciclados, dado

assinalado no Relatório de Sustentabilidade da empresa.

Carga Ambiental Evitada sobre os impactos ambientais do alumínio primário:

Carga Ambiental Evitada sobre os impactos ambientais da sucata de alumínio:

A ecoeficiência do alumínio primário e da sucata de alumínio com a taxa de reciclagem de 80%

passam a ser conforme apresenta a tabela 16:

(1 – 0.80) * 11.8 kg CO2 eq-/kg + 0.80* 0.41 kg CO2 eq-/kg

0.80 * 11.8 kg CO2 eq-/kg + (1 – 0.80) * 0.41 kg CO2 eq-/kg

124

Tabela 16 - Comportamento das emissões com 80% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq-/US$

Primário c/ reciclagem 1 2.69 2.69

Sucata c/ reciclagem 1 9.52 9.52

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

A esta taxa de reciclagem e reutilização de conteúdo de reciclados, a sucata de alumínio passa

a ser menos eco eficiente para a empresa do que o alumínio primário, desestimulando sua

utilização do ponto de vista ambiental da empresa.

125

APÊNDICE B – IMPACTO DA RECICLAGEM SOBRE O VALOR ECONÔMICO

ADICIONAL DO PRODUTO FINAL

Com a finalidade de comprovar apenas o comportamento econômico dos custos de ambos os

materiais com a abordagem de inclusão da Reciclagem ao Final de Vida, vamos considerar a

hipótese de Nicholson et al. (2009) com base na segunda lei da termodinâmica de que os

Impactos Ambientais Adicionais de ambos os materiais, convergem para um equilíbrio térmico,

a um dado percentual de utilização de conteúdo reciclado.

Vamos considerar para ambos os materiais, alumínio primário e sucata de alumínio o valor de

1 kg de CO2 eq-/kg de material de impacto ambiental adicional.

Visto que desejamos avaliar o valor econômico adicional, dado a hipótese de impacto ambiental

adicional constante e igual para ambos os materiais, conforme recomenda Zhang et. al. (2008)

utilizaremos a relação (2) para cálculo da Ecoeficiência.

Os dados com a abordagem Cut-off são apresentados na tabela 17:

Custo do alumínio primário;

Custo da sucata de alumínio;

Ecoeficiências do alumínio primário e da sucata de alumínio.

Tabela 17 - Custos do alumínio primário e sucata de alumínio abordagem cut-off.

Alumínio *US$/kg kg CO2 eq-/kg US$/kg CO2 eq-

Primário 1.50 1 1.50

Sucata 1.00 1 1.00

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

* Preço médio obtido para o alumínio primário no dia 23.12.2015 no site da London Metal Exchanges (LME)

http://www.lme.com/metals/non-ferrous/aluminium/. Preço médio de janeiro de 2015 obtido para a sucata de

alumínio no dia 23.12.2015 no endereço eletrônico da ABAL:

(2) Ecoeficiência = Valor Econômico Adicional

Impacto Ambiental Adicional

126

http://www.abal.org.br/sustentabilidade/reciclagem/preco-da-sucata/?hc_location=ufi. Taxa de Câmbio utilizada

para o preço da sucata no mercado interno foi do dia 22.12.2015: 1 US$ = R$ 3,977 no site do Banco Central do

Brasil em http://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao

Observa-se que na abordagem de Corte, considerando o alumínio primário e a sucata de

alumínio separadamente, a percepção inicial para os stakeholders quando avaliada sob uma

perspectiva econômica é de que a sucata de alumínio apresenta maior ecoeficiência do que o

alumínio primário

Ao se considerar o estado da arte atual no mercado de um percentual de 46% de conteúdo de

reciclado no processo industrial de fabricação do alumínio (NOVELIS, 2015):

Encargos Econômicos Evitados sobre o preço do alumínio primário:

Encargos Econômicos Evitados sobre o preço da sucata de alumínio:

A ecoeficiência do alumínio primário e da sucata de alumínio com a taxa de reciclagem de 46%

passam a ser conforme apresenta a tabela 18:

Tabela 18 - Comportamento dos custos com 46% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg US$/kg CO2 eq-

Primário c/ reciclagem 1.27 1 1.27

Sucata c/ reciclagem 1.23 1 1.23

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

Como observado, a sucata de alumínio continua sendo mais ecoeficiente. No entanto, como

bem observa Frischknecht (2010), os resultados com a abordagem de Reciclagem ao Final de

Vida, demonstra que o preço do alumínio primário vai sendo substancialmente reduzido em

contraposição ao preço da sucata de alumínio, o qual vai se tornando cada vez mais elevado.

(1 – 0.46) * US$ 1.50 + 0.46 * US$ 1.00

0.46 * US$ 1.50 + (1 – 0.46) * US$ 1.00

127

Vamos considerar agora a taxa de reciclagem de 80%, target estabelecido pela empresa Novelis

(2015) a ser alcançado até o ano de 2020 na utilização de conteúdo reciclado, dado assinalado

no Relatório de Sustentabilidade da empresa.

Encargos Econômicos Evitados sobre o preço do alumínio primário:

Encargos Econômicos Evitados sobre o preço da sucata de alumínio:

A ecoeficiência do alumínio primário e da sucata de alumínio com a taxa de reciclagem de 80%

passam a ser conforme apresenta a tabela 19:

Tabela 19 - Comportamento dos custos com 80% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg US$/kg CO2 eq-

Primário c/ reciclagem 1.10 1 1.10

Sucata c/ reciclagem 1.40 1 1.40

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

A esta taxa de reciclagem e reutilização de conteúdo de reciclados, a sucata de alumínio passa

a ser menos ecoeficiente para a empresa do que o alumínio primário, desestimulando sua

utilização do ponto de vista econômico da empresa.

(1 – 0.80) * US$ 1.50 + 0.80 * US$ 1.00

0.80 * US$ 1.50 + (1 – 0.80) * US$ 1.00

128

APÊNDICE C – IMPACTO DA RECICLAGEM SOBRE A ECOEFICIÊNCIA DO

PRODUTO FINAL

Como segundo Figge; Hahn (2004), a empresa busca obter Valor Adicional Sustentável final

em todas as dimensões do modelo a ser aplicado, utilizaremos segundo recomendações de

Zhang et. al. (2008), a relação (1) para determinar o indicador de Ecoeficiência no exercício de

Frischknecht (2010) e comparar com os valores de indicador de saída idêntico, obtido pelo

sistema de inferências Sugeno na aplicação da modelagem difusa à pesquisa.

Na abordagem de Corte, a percepção inicial é que a sucata apresenta uma maior ecoeficiência

do que o alumínio primário conforme apresenta a tabela 20:

Tabela 20 - Ecoeficiência com abordagem cut-off.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq-/US$

Primário 1.50 11.8 7.87

Sucata 1.00 0.41 0.41

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

Com a abordagem de reciclagem ao final de vida de 46%, temos conforme apresenta a tabela

21:

Tabela 21 - Ecoeficiência com 46% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq-/US$

Primário c/ reciclagem 1.27 6.56 5.17

Sucata c/ reciclagem 1.23 5.65 4.59

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

Com a abordagem de reciclagem ao final de vida de 80%, temos na tabela 22:

(1) Ecoeficiência = Impacto Ambiental Adicional

Valor Econômico Adicional

129

Tabela 22 - Ecoeficiência com 80% de reciclagem.

Alumínio US$/kg kg CO2 eq-/kg kg CO2 eq-/US$

Primário c/ reciclagem 1.10 2.69 2.45

Sucata c/ reciclagem 1.40 9.52 6.80

Fonte: FRISCHKNECHT (2010) - adaptado pelo autor.

A demonstração comprova que as elevações nos percentuais de Reciclagem ao Final de Vida e

utilização de conteúdo reciclado são acompanhadas por elevações dos valores econômicos e

impactos ambientais adicionais do material reciclável e por reduções nos valores econômicos e

impactos ambientais adicionais do material primário, consequentemente atuando sobre a

Ecoeficiência final do produto com conteúdo reciclado, tornando mais ou menos atraente para

a empresa a inclusão da logística reversa de materiais para utilização industrial na fabricação

de novos produtos (FRISCHKNECHT, 2010).

130

APÊNDICE D – LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Fontes e bases de

dados

Número de publicações

Scielo 09 (nove) artigos

Elsevier 08 (oito) artigos

Research Gate 08 (oito) artigos

Springer Science 01 (um) artigo

Biblioteca do Porto 02 (dois) artigos

Royal Society 01 (um) artigo

Biblioteca do MIT 01(um) artigo

Biblioteca da FGV 02(dois) artigos

Livro 08 (oito) livros

Tese 04 (quatro) teses

Dissertação 03 (três) dissertações

TCC 01 (um) trabalho de conclusão de curso

Google Acadêmico 23 (vinte e três) artigos em periódicos científicos

01 (um) texto para discussão

WEB

06 (seis) Documentos Oficiais Públicos

04 (quatro) Relatórios de Empresas

04 (quatro) Bases de Dados

02 (dois) sites de empresas

02 (dois) Estudos de Mercado

01 (uma) consulta ao site do governo

01 (um) site institucional privado

Quadro 6 - Levantamento bibliográfico.

Fonte: AUTOR (2016).

131

APÊNDICE E – FICHA TÉCNICA DO SISTEMA DE INFERÊNCIA FUZZY

[System] Name='Emissões.CO2' Type='sugeno' Version=2.0 NumInputs=2 NumOutputs=1

NumRules=3 AndMethod='prod' OrMethod='probor' ImpMethod='prod' AggMethod='sum'

DefuzzMethod='wtaver'

[Input1] Name='Percentual.ALU' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

[Input2] Name='Percentual.Sucata' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

[Output1] Name='Emissões.CO2' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'constant',[0.41]

MF2='Medio':'constant',[6.105] MF3='Alto':'constant',[11.8]

[Rules]

1 3, 1 (1) : 1

2 2, 2 (1) : 1

3 1, 3 (1) : 1

[System] Name='Custo_da_Liga' Type='sugeno' Version=2.0 NumInputs=2 NumOutputs=1

NumRules=3 AndMethod='prod' OrMethod='probor' ImpMethod='prod' AggMethod='sum'

DefuzzMethod='wtaver'

[Input1] Name='Percentual.ALU' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

[Input2] Name='Percentual.Sucata' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

[Output1] Name='Custo.da.Liga' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'constant',[1.08]

MF2='Medio':'constant',[1.299] MF3='Alto':'constant',[1.518]

132

[Rules]

1 3, 1 (1) : 1

2 2, 2 (1) : 1

3 1, 3 (1) : 1

[System] Name='Social' Type='mamdani' Version=2.0 NumInputs=2 NumOutputs=1

NumRules=6 AndMethod='min' OrMethod='max' ImpMethod='min' AggMethod='max'

DefuzzMethod='centroid'

[Input1] Name='Associativismo' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.15]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.15 1] MF3='Alto':'trimf',[0.15 1 1]

[Input2] Name='Cooperativismo' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

[Output1] Name='Índice Social' Range=[0 10] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 5]

MF2='Medio':'trimf',[0 5 10] MF3='Alto':'trimf',[5 10 10]

[Rules]

1 0, 1 (1) : 2

0 1, 1 (1) : 2

2 0, 2 (1) : 2

0 2, 2 (1) : 2

3 0, 3 (1) : 2

0 3, 3 (1) : 2

[System] Name='Normativo' Type='mamdani' Version=2.0 NumInputs=1 NumOutputs=1

NumRules=3 AndMethod='min' OrMethod='max' ImpMethod='min' AggMethod='max'

DefuzzMethod='centroid'

[Input1] Name='Conteudo.Rec' Range=[0 1] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 0.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 0.5 1] MF3='Alto':'trimf',[0.5 1 1]

133

[Output1] Name='Conformidade' Range=[0 10] NumMFs=3 MF1='Baixa':'trimf',[0 0 5]

MF2='Medio':'trimf',[0 5 10] MF3='Alto':'trimf',[5 10 10]

[Rules]

1, 1 (1) : 2

2, 2 (1) : 2

3, 3 (1) : 2

[System] Name='VAS' Type='mamdani' Version=2.0 NumInputs=3 NumOutputs=1

NumRules=9 AndMethod='min' OrMethod='max' ImpMethod='min' AggMethod='max'

DefuzzMethod='centroid'

[Input1] Name='SIF.1' Range=[0 8] NumMFs=3 MF1='Baixa':'trimf',[0 0 4]

MF2='Medio':'trimf',[0 4 8] MF3='Alto':'trimf',[4 8 8]

[Input2] Name='SIF.2' Range=[0 10] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 5]

MF2='Medio':'trimf',[0 5 10] MF3='Alto':'trimf',[5 10 10]

[Input3] Name='SIF.3' Range=[0 10] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 5]

MF2='Medio':'trimf',[0 5 10] MF3='Alto':'trimf',[5 10 10]

[Output1] Name='VAS' Range=[0 5] NumMFs=3 MF1='Baixo':'trimf',[0 0 2.5]

MF2='Medio':'trimf',[0 2.5 5] MF3='Alto':'trimf',[2.5 5 5]

[Rules]

1 0 0, 1 (1) : 2

0 1 0, 1 (1) : 2

0 0 1, 1 (1) : 2

2 0 0, 2 (1) : 2

0 2 0, 2 (1) : 2

0 0 2, 2 (1) : 2

3 0 0, 3 (1) : 2

0 3 0, 3 (1) : 2

0 0 3, 3 (1) : 2