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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA NATHÁLIA PEREIRA DIAS “ESTUDO DA MOLHABILIDADE DE MINERAIS E DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO” Niterói, RJ 11/2017

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … Nathália Pereira... · o deslocamento do óleo no interior da rocha em presença de ... Relação entre a polaridade e a solubilidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

NATHÁLIA PEREIRA DIAS

“ESTUDO DA MOLHABILIDADE DE MINERAIS E DO PROCESSO DE

ENVELHECIMENTO”

Niterói, RJ

11/2017

NATHÁLIA PEREIRA DIAS

ESTUDO DA MOLHABILIDADE DE MINERAIS E DO PROCESSO DE

ENVELHECIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Engenharia Química da Universidade

Federal Fluminense, como requisito

parcial para obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADORES

Prof. João Felipe Mitre de Araujo

Prof. Santiago Gabriel Drexler

Niterói, RJ

11/2017

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus e à espiritualidade por me guiarem durante todos esses anos. Minha

fé foi essencial para que eu conseguisse cursar meu caminho com sabedoria e enxergar os

desafios como oportunidades de crescimento, sem pensar em desistir.

Agradeço à Universidade Federal Fluminense, ao curso de Engenharia Química e aos

docentes por me concederem o título de Engenheira, me incentivarem a ser uma profissional

cada vez melhor e a aplicar meus conhecimentos em prol do desenvolvimento do país.

Aos meus pais, Mônica Pereira Dias e Aleci Paulo Dias, agradeço imensamente pela

paciência, pelo zelo, pelas palavras de incentivo, por jamais terem me deixado desistir, pelos

sorrisos quando eu só sabia derramar lágrimas de desespero. Enfim, por todo apoio e amor

incondicionais. Serei eternamente grata à Deus por ter me dado vocês como pais e amigos.

Aos familiares, presentes e ausentes, agradeço imensamente pelo amor, incentivo e,

principalmente, pela compreensão quando precisei estar ausente devido aos compromissos

ligados à faculdade. Agradeço aos meus amigos pela diferença que fazem na minha vida

todos os dias, por todos os momentos incríveis vividos até hoje e por estarem vibrando com

essa minha vitória.

Aos meus orientadores João Felipe Mitre de Araujo e Santiago Gabriel Drexler

agradeço pela paciência e pelo excelente papel que desempenharam, contribuindo para meu

crescimento profissional. Agradeço também aos professores Juliana Souza Baioco e Paulo

couto por aceitarem o convite de fazer parte da banca e me orientarem a fim de tornar o

presente trabalho ainda melhor.

À todos da equipe do Laboratório de Recuperação Avançada da UFRJ (LRAP)

agradeço por me receberem de braços abertos e me auxiliarem nesse desafio que é a pesquisa

em EOR. Obrigada pela oportunidade que me deram de ser parte desse trabalho.

Gostaria de agradecer à BG Brasil E&P, uma subsidiária da Shell Brasil, e ANP

(Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) pelo apoio em forma de

bolsa de iniciação científica no contexto do projeto BG-15 intitulado "Desenvolvendo

Capacitação para Pesquisa e Desenvolvimento em Recuperação Avançada de Óleo no

Brasil".

Gratidão a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que eu me tornasse

uma pessoa melhor e alcançasse meus objetivos.

RESUMO

A molhabilidade de rochas reservatórios é fundamental na aplicação eficiente de métodos de

recuperação avançada de óleo. No sistema água salina/rocha/óleo, a molhabilidade influencia

o deslocamento do óleo no interior da rocha em presença de água salina. Fatores externos

como pressão e temperatura do reservatório, as composições químicas da rocha e dos fluidos,

e o preparo da amostra em laboratório podem alterar o estado de molhabilidade. Este estudo

é motivado pela falta de informações sobre o procedimento experimental de envelhecimento

da rocha. O trabalho possui o objetivo de estudar a molhabilidade de rochas carbonáticas e

arenito por meio do método quantitativo de medição de ângulo de contato, padronizando, ao

final, o método mais adequado de envelhecimento em óleo bruto vindo de um campo do pré-

sal brasileiro. Com base nos resultados, foi possível observar que minerais carbonáticos

tendem a ser molháveis por óleo, enquanto o mineral arenito possui maior afinidade por água

salina. A variação do tempo de residência em óleo alterou as medições de ângulo de contato

para os três minerais, tendo os resultados 15 dias de envelhecimento sido mais

representativos. A imersão em óleo bruto ao longo de 15 e 30 dias deixou explícita a

influência do processo de envelhecimento da amostra na medição do ângulo de contato

devido à grande diferença entre as medições com relação às de 1, 3 e 5 dias. O método da

centrífuga teve menor impacto sobre as medições quando comparado ao método dos

solventes. Foram avaliados os cenários em que as medições de ângulos de contato

apresentaram maior coerência com a tendência do estado de molhabilidade considerando, de

acordo com a literatura, todos os fatores que podem alterá-la. Os resultados fornecem

informações importantes sobre o estado de molhabilidade dos minerais e o impacto de fatores

externos sobre sua caracterização. Para representar adequadamente a molhabilidade desses

reservatórios, o método de envelhecimento dos minerais foi padronizado.

Palavras-Chave: molhabilidade, ângulo de contato, minerais, envelhecimento, padronização.

ABSTRACT

The wettability of reservoir rocks is fundamental in the efficient application of advanced oil

recovery methods. In the salt water/oil/rock system, the wettability influences the

displacement of the oil within the rock in the presence of salt water. A series of external

factors - such as reservoir pressure and temperature, rock and fluid chemical compositions,

and sample preparation in the laboratory - can alter the wettability. This study is motivated

by the lack of information on experimental procedures of rock aging. The aims of this

research is to study the wettability of carbonates and sandstone by means of the quantitative

method of contact angle measurement. In the end, the most suitable method of aging in crude

oil from a Brazilian pre-salt field were standardizing. Based on the results, it was observed

that carbonate minerals tend to be oil-wet, while the mineral sandstone has a higher affinity

for salt water. The variation of the residence time in oil changed the contact angle

measurements for the three minerals, and the results of 15 days of aging were more

representative. The immersion in crude oil throughout 15 and 30 days explicitly showed the

influence of the aging process of the sample on the measurement of the contact angle due to

the great difference between the measurements from 1, 3 and 5 days. The centrifuge method

had less impact on the measurements when it is compared to the solvent method. The

scenarios in which the contact angle measurements showed greater coherence with the

tendency of the states of wettability were evaluated, considering, according to the literature,

all the factors that can change it. The results provide important information on the wettability

of minerals and the impact of external factors on their characterization. To properly represent

the wettability of these reservoirs, the mineral aging method was standardized.

Key-Words: wettability, contact angle, minerals, aging process, standardise.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Ilustração representativa das forças atrativas moleculares (a) no seio do fluido e

(b) na superfície. ................................................................................................................... 21

Figura 2: Representação da estrutura atômica da calcita. .................................................... 30

Figura 3: Estrutura cristalina hexagonal do mineral calcita com a posição dos planos de

clivagem com relação aos eixos do cristal. .......................................................................... 31

Figura 4: Disposição dos átomos de silício e oxigênio na molécula de dióxido de silício. . 32

Figura 5: Representação das tensões interfaciais envolvidas no sistema água

salina/rocha/óleo. .................................................................................................................. 38

Figura 6: (a) gota de óleo envolta por água sobre superfície molhável por água; (b) em uma

superfície com um grau de molhabilidade intermediária; (c) e em uma superfície molhável

por óleo. ................................................................................................................................ 39

Figura 7: Medição do índice de molhabilidade USBM. ....................................................... 42

Figura 8: Medidas de ângulos de contato aplicadas a diferentes materiais. ......................... 48

Figura 9: Tempo de estabilização das medições de ângulos de contato para o mineral

quartzo em tresidência igual a 3 dias e uso do solvente ciclohexano. ....................................... 52

Figura 10: Tempo de estabilização das medições de ângulos de contato para o mineral

dolomita em tresidência igual a 3 dias e uso do solvente ciclohexano. ..................................... 55

Figura 11: Ângulos de contato medidos sobre a calcita em diferentes tempos de

envelhecimento. .................................................................................................................... 57

Figura 12: Ângulos de contato medidos sobre a dolomita em diferentes tempos de

envelhecimento. .................................................................................................................... 57

Figura 13: Ângulos de contato medidos sobre o quartzo em diferentes tempos de

envelhecimento. .................................................................................................................... 58

Figura 14: Influência do uso de diferentes solventes na medição do ângulo de contato do

mineral calcita no tempo 1-3 de envelhecimento. ................................................................ 59

Figura 15: Influência do uso de diferentes solventes na medição de ângulo de contato do

mineral dolomita no tempo 1-3 de envelhecimento. ............................................................ 59

Figura 16: Influência do uso de diferentes solventes na medição do ângulo de contato do

mineral quartzo no tempo 1-3 de envelhecimento. .............................................................. 60

Figura 17: Gota de óleo sobre a superfície da calcita durante a medição de ângulo de

contato. ................................................................................................................................. 62

Figura 18: Gota de óleo sobre a superfície do quartzo durante a medição de ângulo de

contato. ................................................................................................................................. 62

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação entre a polaridade e a solubilidade de solutos e solventes. ..................... 22

Tabela 2: Classificação da molhabilidade quanto à medida de ângulo de contato. ............. 40

Tabela 3: Análise SARA, TAN e TBN para o óleo cru do Campo B. ................................. 45

Tabela 4: Composição química da água de formação proveniente do Campo B. ................ 46

Tabela 5: Resultados de ângulos de contato para o mineral quartzo envelhecido, sendo

tresidência igual a 3 dias em óleo e uso do solvente ciclohexano. ............................................ 51

Tabela 6: Resultados de ângulos de contato para o mineral dolomita envelhecida, sendo

tresidência igual a 3 dias em óleo e uso do solvente ciclohexano. ............................................ 53

Tabela 7: Ângulos de contato para diferentes tempos de envelhecimento. .......................... 56

Tabela 8: Ângulos de contato usando os métodos da centrífuga e dos solventes

(ciclohexano) no tempo 1-3 de envelhecimento. .................................................................. 61

LISTA DE SÍMBOLOS

𝑚 Massa

𝜌 Massa específica ou densidade do líquido

𝑉 Volume

𝑣 Volume específico

𝑐 Compressibilidade isotérmica

𝜕𝑉 Diferencial de volume

𝜕𝑝 Diferencial de pressão

𝜎 Tensão superficial ou interfacial

𝐹 Força

𝐿 Comprimento da superfície

𝑟 Raio

𝑔𝑐 Constante gravitacional universal

𝑑ℎ Diferencial de altura

𝜑 Porosidade da rocha

𝑉𝑃 Volume do poro

𝑉𝑡 Volume total de rocha

𝜎𝑂𝑆 Tensão interfacial óleo-sólido

𝜎𝐴𝑆 Tensão interfacial água-sólido

𝜎𝐴𝑂 Tensão interfacial entre água-óleo

𝜃 Ângulo de contato

Sor Saturação de óleo residual

Swi Saturação inicial de água

Vwsp Volume de água salina deslocada por embebição espontânea

Vosp Volume de óleo deslocado

Vwt Volume total de água deslocada

Vot Volume total de óleo deslocado

δw Razão de deslocamento utilizando óleo

δo Razão de deslocamento utilizando água

𝐴𝑤 Área formada pela curva de pressão capilar

𝐴𝑜 Área formada pela curva onde a pressão capilar é zero

t Tempo de residência do mineral em óleo

T Temperatura

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional de Petróleo

OOIP Original Oil In Place

E&P Exploração e Produção de Petróleo

IOR Improved Oil Recovery

EOR Enhanced Oil Recovery

KAA Forças intermoleculares de atração soluto-soluto

KBB Forças intermoleculares de atração solvente-solvente

SARA Análise de saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos

TAN Número Total de Acidez

TBN Número Total de Basicidade

IFT Tensão interfacial

IA-H Índice de molhabilidade de Amott-Harvey

USBM United States Bureau of Mines

DSA Drop Shape Analyzer

TDS Sólidos Totais Dissolvidos

DP Desvio Padrão

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16

1.1 Motivação .................................................................................................................... 17

1.2 Objetivos.................................................................................................................. ... 18

1.3 Organização do texto....................................................................................................19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................20

2.1 Propriedades dos fluidos ............................................................................................. 20

2.1.1 Massa específica .......................................................................................................... 20

2.1.2 Compressibilidade isotérmica ..................................................................................... 20

2.1.3 Tensão interfacial ........................................................................................................ 20

2.1.4 Polaridade dos solventes ............................................................................................. 22

2.1.5 Composição SARA ..................................................................................................... 23

2.2 Propriedades da rocha………………………………………………………………...25

2.2.1 Porosidade ................................................................................................................... 25

2.2.2 Permeabilidade absoluta……………………………………………………………...25

2.2.3 Mineralogia ................................................................................................................. 26

2.2.3.1 Minerais carbonatos ................................................................................................. 27

2.2.3.2 Minerais arenitos ...................................................................................................... 32

3. MOLHABILIDADE........................................................................................................35

3.1 Definição........................................................................................................................35

3.2 Classificação .................................................................................................................. 36

3.3 Métodos para medição ................................................................................................... 37

3.3.1 Ângulo de contato ...................................................................................................... 37

3.3.2 Índice de Amott .......................................................................................................... 40

3.3.3 USBM (United States Bureau of Mines) .................................................................... 41

3.4 Processo de envelhecimento da rocha ........................................................................... 42

3.5 Efeito da molhabilidade na recuperação do óleo ........................................................... 43

4.METODOLOGIA...............................................................................................................45

4.1 Caracterização do óleo…………...................................................................................45

4.2 Preparo da água salina ...................................................................................................45

4.3 Preparo da amostra ............................................................. ...........................................47

4.4 Medição de ângulo de contato - DSA ........................................................................... 47

4.4.1 Princípio de funcionamento ....................................................................................... 47

4.4.2 Condições de uso ....................................................................................................... 48

4.5 Análise dos resultados ................................................................................................... 49

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................51

5.1 Análise do tempo de estabilização…………………………………………………...51

5.2 Influência do método dos solventes e do método da centrífuga……………………...55

5.3 Avaliação do método dos solventes e do método da centrífuga...................................58

5.4 Avaliação da influência da composição do mineral no estudo de molhabilidade........61

6. CONCLUSÕES...............................................................................................................63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................65

16

1. INTRODUÇÃO

O petróleo representa a principal fonte de energia primária mundial, seguido do

carvão mineral e do gás natural (BARROS, 2007). Além de fonte energética não renovável,

é utilizado como matéria prima em diversos processos de produção, como, por exemplo,

gasolina, óleo diesel, querosene, asfaltos, solventes, lubrificantes, plásticos etc. (ANP, 2017).

Diante de todas essas vantagens, após o alcance de um nível de produção superior à demanda

de petróleo no ano de 2006, o Brasil tem investido bastante no setor de Petróleo e Gás,

impulsionando o desenvolvimento da economia do país e gerando mais empregos para a

sociedade (PETROBRAS, 2017).

Derivada do latim, a palavra petróleo significa “óleo da rocha” (petra = rocha; oleum

= óleo) que se refere à ocorrência de hidrocarbonetos em rochas porosas do tipo sedimentar

(conhecidas também por rochas reservatório) na forma de gases, líquidos, semissólidos ou

sólidos (SPEIGHT, 2006). Assim, sua composição química é constituída de uma mistura de

compostos hidrocarbonetos, geralmente com uma pequena quantidade de compostos de

enxofre, nitrogênio e oxigênio, e traços de compostos contendo íons metálicos (SPEIGHT,

2006). Cerca de 87% das bacias sedimentares existentes no mundo com alto potencial para

armazenar hidrocarbonetos são rochas do tipo carbonáticas (MAGOON e DOW, 1994),

seguidas pelos arenitos.

Em geral, apenas uma pequena porcentagem do volume de óleo originalmente contido

no reservatório (Original Oil In Place - OOIP), em torno de 20 − 40%, é explotado através

de técnicas convencionais de recuperação (AMARNATH, 1999). Centros de pesquisas que

apresentam atividades voltadas para o crescimento do setor de E&P (Exploração e Produção

de Petróleo) têm dado ênfase aos métodos de recuperação de petróleo, chamados IOR

(Improved Oil Recovery) e EOR (Enhanced Oil Recovery). Enquanto o método de

Recuperação Melhorada de Óleo engloba tanto a injeção de água e gás nos poços para

manutenção da pressão quanto fraturamento, estimulação, mudanças na malha de drenagem

entre outros; a Recuperação Aumentada de Óleo engloba, entre outras técnicas, a injeção de

químicos capazes de interagir com o óleo no sistema água salina/rocha/óleo, como, por

exemplo, a injeção de polímeros e surfactantes (DONALDSON et al., 1985). Atualmente,

mais de 50% das reservas de petróleo de campos maduros não são recuperadas. Com isso, os

métodos de EOR visam aumentar essa fração recuperada mediante a alteração das interações

fluido-fluido e rocha-fluido (DONALDSON et al., 1985).

17

Uma característica fundamental da rocha reservatório que é indispensável nos estudos

de recuperação avançada de óleo é a caracterização da rocha quanto à molhabilidade, a qual

impacta a localização e o deslocamento dos fluidos ao longo do meio poroso (FAERSTEIN,

2010). Entretanto, a falta de informações sobre a molhabilidade impede a correta

caracterização e modelagem do reservatório. Isto impossibilita a previsão do comportamento

e da produção do reservatório ao longo da exploração de forma correta. Isso ocorre porque a

molhabilidade é o parâmetro que traduz a tendência que o óleo possui de se aderir ou se

espalhar sobre a superfície da rocha reservatório em presença de outro fluido como água

salina e/ou gás carbônico (NUNEZ, 2011). Assim sendo, a caracterização da rocha quanto ao

seu estado de molhabilidade é fundamental para aumentar a eficiência da aplicação desses

métodos.

A molhabilidade da rocha e as forças envolvidas no sistema influenciam o

comportamento do reservatório de diversas maneiras (BUCKLEY et al., 2007). Para

Faerstein (2010), a molhabilidade é considerada um dos parâmetros que influencia

diretamente as atividades de produção e recuperação de petróleo pelo método de injeção de

água tanto em reservatórios carbonáticos como em reservatórios arenitos, e, com isso, passa

a influenciar também na economicidade dos projetos.

Dentre os diferentes métodos utilizados para avaliar a molhabilidade de uma rocha

reservatório, encontra-se o método quantitativo de medição de ângulo de contato entre as três

fases do sistema água salina/rocha/óleo, projetando-se uma gota de óleo sobre a superfície da

rocha.

A caracterização da molhabilidade só é possível se a rocha for levada às condições

iniciais do reservatório. Para isso, realiza-se um processo chamado de envelhecimento de

rochas. Atualmente, na literatura, não estão disponíveis metodologias padronizadas para a

realização desse procedimento em rochas usadas na medição do ângulo de contato. Desta

forma, se faz necessário o estudo da preparação das amostras de rochas para a determinação

da molhabilidade nas condições que representam adequadamente o reservatório.

1.1 Motivação

Os investimentos em pesquisa de métodos de recuperação avançada de petróleo

crescem cada dia mais no Brasil. Isto ocorre devido à necessidade de se aumentar o fator de

recuperação de campos produtores de petróleo onshore e offshore frente aos países

18

desenvolvidos. Esse fator relaciona o percentual extraído com o volume total estimado do

reservatório (ANP, 2017).

Atualmente, no Brasil, o fator de recuperação de petróleo está em torno de 20%. Em

países desenvolvidos como a Noruega, esse fator atinge 70% de recuperação do volume total

(ANP, 2017). Os dados da ANP mostram como o Brasil precisa avançar tecnologicamente

para que resultados como o aumento do fator de recuperação de petróleo sejam alcançados.

A queda na produção de campos maduros é tão preocupante que a ANP se propôs a

reduzir os royalties a fim de incentivar as grandes operadoras a investirem na revitalização

desses campos. Estima-se que a produção sofreu um decréscimo de cerca de 30%

(ORDOÑEZ, 2017).

Com isso, grandes empresas estão investindo em centros de pesquisas para evoluir

estudos acerca das técnicas de EOR e suas aplicações. Para que essas técnicas sejam

eficientes, é necessário o conhecimento prévio do estado de molhabilidade do reservatório.

Diante desse cenário, pretende-se que o presente trabalho contribua para melhor

caracterização do reservatório e, consequentemente, para o aumento da produção de petróleo

a partir da aplicação correta dos métodos de EOR.

1.2 Objetivos

Este trabalho se propõe a avaliar o efeito causado pelo processo de envelhecimento

em água de formação e óleo cru, ambos provenientes de um campo do pré-sal brasileiro, no

estudo da molhabilidade dos minerais puros calcita, dolomita e quartzo, a fim de definir o

mais representativo e padroniza-lo.

Para avaliar esse efeito, serão estudadas a influência do tempo do processo de

envelhecimento em minerais puros na afinidade do sistema água salina/óleo/mineral; a

influência dos solventes orgânicos ciclohexano, N-hexano, N-hexadecano e tolueno,

utilizados na lavagem do mineral após envelhecimento, nas medições dos ângulos de contato;

será feita a comparação dos resultados de ângulos de contato medidos a partir do método dos

solventes com os obtidos utilizando a centrífuga; e a avaliação da diferença da molhabilidade

de cada mineral devido à sua composição química.

19

1.3 Organização do texto

O presente trabalho está organizado em 6 capítulos. O primeiro capítulo é

introdutório, contextualizando o tema da pesquisa por meio de uma apresentação breve, além

de delimitar os objetivos que são considerados a base do estudo.

O segundo e o terceiro capítulos consistem na fundamentação teórica dos principais

conceitos envolvidos neste estudo. Com base na literatura, são abordados nestes capítulos

alguns parâmetros fundamentais da petrofísica, aspectos teóricos envolvendo a

molhabilidade, fatores que influenciam sua alteração com a utilização de diferentes fluidos,

a caracterização de minerais carbonatos e silicato usados para simular a rocha reservatório, a

importância do processo de envelhecimento para o estudo da molhabilidade e as propriedades

químicas do petróleo originado de um campo do pré-sal brasileiro.

O capítulo 4 descreve a metodologia experimental desenvolvida para o estudo da

molhabilidade e as condições em que os experimentos foram submetidos. Neste capítulo,

encontram-se o detalhamento das atividades experimentais (preparo da água salina e da

amostra de rocha), a descrição do princípio de funcionamento e condições de uso da técnica

instrumental utilizada para medir ângulos de contato, e, também, faz uma breve introdução

de como os resultados experimentais serão analisados posteriormente.

No capítulo 5 são apresentados os resultados obtidos experimentalmente ao longo

desse trabalho e realizadas algumas discussões a respeito da caracterização do estado de

molhabilidade dos minerais utilizados, ao se variar alguns parâmetros no processo de

envelhecimento da rocha, sustentadas com base na literatura.

As principais conclusões alcançadas e os comentários finais são abordados no capítulo

6, bem como sugestões para trabalhos futuros.

20

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Propriedades dos fluidos

2.1.1 Massa específica

A massa específica de um fluido ou de uma mistura líquida é definida pela razão entre

sua massa e seu volume. Aplicada ao sistema em estudo, a massa específica consiste na

relação entre a massa do óleo bruto e o volume utilizado, por exemplo. Tendo em vista que

o volume específico é definido pela razão entre o volume do fluido e sua massa, pode-se

atribuir à massa específica o inverso do volume específico (ROSA et al., 2006).

𝜌 =𝑚

𝑉=1

𝑣 (1)

Tal que 𝜌 é a massa específica do fluido, 𝑚 é a massa do fluido, 𝑉 é o volume do

fluido e 𝑣 é o volume específico do fluido.

2.1.2 Compressibilidade isotérmica

Compressibilidade isotérmica (𝑐) expressa a relação existente entre a variação

fracional de volume do fluido (𝜕𝑉) e a variação unitária de pressão (𝜕𝑝), como pode-se

observar na Equação (2). Nesta, a temperatura do fluido é considerada constante (ROSA et

al., 2006).

𝑐 =−1

𝑉(𝜕𝑉

𝜕𝑝) (2)

Sabendo que o volume do fluido (𝑉) é função da massa específica (𝜌) do mesmo,

pode-se obter a compressibilidade isotérmica também em função da massa específica (ROSA

et al., 2006):

𝑐 =1

𝜌(𝜕𝜌

𝜕𝑝)𝑇

(3)

Dessa forma, é possível calcular a compressibilidade isotérmica para qualquer fluido

(ROSA et al., 2006).

2.1.3 Tensão interfacial

Fluidos imiscíveis mantêm contato entre si por meio da formação de uma camada de

espessura molecular denominada interface. A interface é a região onde a solubilidade de cada

fluido encontra-se limitada, resultando na formação de duas fases distintas. Por não ser de

caráter homogêneo, as moléculas não se apresentam em estado de equilíbrio, concentrando

21

alta energia na camada de interface. Essa energia gera o que chamamos de tensão interfacial

(CURBELO, 2006).

Segundo Willhite (1986), a tensão interfacial é uma propriedade termodinâmica

existente na interface formada devido à imiscibilidade dos fluidos, podendo ser definida

como a energia necessária para aumentar a área da interface em uma unidade. Quanto mais

espessa for a interface, mais imiscíveis são os fluidos, maior será a quantidade de energia

livre nessa região, e, consequentemente, maior será a tensão interfacial. Donaldson e Alam

(2008) também afirmam que a tensão expressa a quantidade de energia livre existente na

superfície por unidade de área das interfaces formadas em sistemas do tipo gás-líquido, gás-

sólido, líquido-líquido e líquido-sólido.

No interior do fluido e afastado da interface e do entorno, as moléculas atraem umas

às outras em todas as direções. Assim, no intuito de minimizar os efeitos de superfície

causados pelo estado de não equilíbrio das moléculas, uma força atua direcionada para o seio

do fluido, tomando a forma de esfera, enquanto as moléculas criam uma espécie de filme

sobre a superfície devido à alta tensão resultante da quantidade de energia presente.

Figura 1: Ilustração representativa das forças atrativas moleculares (a) no seio do fluido e

(b) na superfície.

Fonte: Donaldson e Alam, 2008.

A força que impede o rompimento da superfície, por unidade de comprimento,

chama-se tensão superficial ou interfacial.

Por definição matemática, a tensão superficial (σ) é diretamente proporcional a uma

força F aplicada perpendicularmente sobre um elemento linear em determinada superfície e

inversamente proporcional ao comprimento do mesmo, cuja unidade de medida no SI é N.m-

1 (MARTINS FILHO, 2017):

22

𝜎 =𝐹

2𝐿 (4)

Onde 𝜎 é a tensão superficial, 𝐹 é a força e 𝐿 é o comprimento da superfície.

Considerando o equilíbrio entre a energia livre de superfície e a energia livre

necessária para aumentar o volume de líquido com densidade ρ até uma altura h em sentido

contrário à força da gravidade, a tensão superficial pode ser obtida pela seguinte expressão

(DONALDSON e ALAM, 2008):

𝜎 =1

2𝑟𝜌𝑔𝑐𝑑ℎ

(5)

Sendo 𝜎 a tensão superficial, 𝑟 é o raio, 𝜌 é a densidade do líquido, 𝑔𝑐 é a constante

gravitacional universal e 𝑑ℎ é o diferencial de altura.

2.1.4 Polaridade dos solventes

Os conceitos de polaridade e solubilidade estão atrelados à ação das forças

intermoleculares entre as moléculas de soluto e solvente, determinando, assim, a solubilidade

de ambos. Um soluto A é solúvel em um determinado solvente B quando as forças

intermoleculares de atração KAA e KBB são menores que as forças KAB existentes em solução.

A intensidade com que essas forças atuam nas moléculas de solutos e solventes, em separado,

traduz a polaridade: compostos com fortes interações são chamados de polares, e aqueles

com interações intermoleculares fracas são ditos não-polares (REICHARDT, 2003). Um

experimento foi realizado para avaliar as forças intermoleculares de atração entre o soluto A

e o solvente B e a solubilidade de A em B:

Tabela 1: Relação entre a polaridade e a solubilidade de solutos e solventes.

Soluto A Solvente B Interação

Solubilidade de A em B A-A B-B A-B

Não-polar Não-polar Fraco Fraco Fraco Pode ser alta

Não-polar Polar Fraco Forte Fraco Provavelmente baixa

Polar Não-polar Forte Fraco Fraco Provavelmente baixa

Polar Polar Forte Forte Forte Pode ser alta

Fonte: Adaptado de Reichardt (2003).

Um solvente orgânico é utilizado para remover o excesso de óleo retirado na

superfície do mineral após o processo de envelhecimento. Para a remoção, utilizam-se

23

solventes como, por exemplo, ciclohexano, N-hexano, N-hexadecano, e tolueno, pois esses

apresentam afinidade pelos componentes orgânicos presentes no óleo bruto. Entretanto, a

solubilidade e o grau de polaridade de cada um desses solventes explicam a maneira como

eles interagem na superfície do mineral, como foi exemplificado na Tabela 1, podendo

remover mais ou menos quantidade de óleo e influenciando na medição do ângulo de contato.

Associando o experimento à interação que ocorre entre o solvente orgânico e o óleo

na etapa de lavagem do mineral após o processo de envelhecimento, tem-se que: quanto mais

semelhante à polaridade do óleo for a polaridade do solvente, maior será a quantidade de óleo

que será carreado pelo mesmo da superfície do mineral, pois as forças intermoleculares de

atração no par soluto-solvente serão maiores que as forças internas existentes em cada um.

Além disso, partindo do princípio que semelhante dissolve semelhante, a solubilidade, neste

caso, será alta.

De acordo com suas constantes dielétricas, os solventes orgânicos citados

anteriormente podem ser organizados em ordem crescente de polaridade da seguinte forma:

N-hexano < N-hexadecano < ciclohexano < tolueno

Assim, o solvente que apresentar maior semelhança com relação a polaridade do óleo

resultará em ângulos de contato inferiores à 90°, pois menor será a quantidade de óleo

resultante na superfície do mineral, logo, menos aderida à superfície ficará a gota projetada

pelo equipamento. Entretanto, alcanos normais como N-hexano e N-hexadecano influenciam

na estabilidade de asfaltenos, ocasionando sua precipitação e, consequentemente, alteram a

molhabilidade do mineral em estudo (PUNASE et al., 2016).

2.1.5 Composição SARA

O petróleo é originado a partir da decomposição de matéria orgânica no fundo de

lagos e oceanos ao longo de milhares de anos. É encontrado no interior de rochas

sedimentares e sua composição varia de acordo com o tempo de formação e composição

química da rocha reservatório. Normalmente, é caracterizado de acordo com quatro grupos

de compostos, semelhantes em estrutura química e algumas propriedades, são eles os alcanos

normais e ramificados (parafinas); os cicloalcanos (naftenos); os aromáticos; e, o grupo das

asfaltas, asfaltenos e resinas. A predominância de algum desses grupos o caracteriza como

parafínicos, naftênicos, aromáticos ou asfálticos (TIAB e DONALDSON, 2004).

24

Para identificar as frações constituintes do petróleo, realiza-se uma análise SARA do

mesmo. Esta consiste em quantificar os componentes saturados, aromáticos, resinas e

asfaltenos que compõem o óleo em estudo, além dos números totais de acidez (TAN) e

basicidade (TBN) que correspondem à quantidade de componentes ácidos e básicos presentes

no óleo bruto.

Asfaltenos e resinas constituem a fração polar do óleo bruto devido a presença de

funções orgânicas como base fraca, fenóis e ácidos carboxílicos, principais grupos de

componentes. Saturados e aromáticos correspondem às frações não polares (apolares). Uma

maior concentração de componentes polares ou apolares resulta na polaridade geral do óleo

bruto (PUNASE et al., 2016). Em seu estudo, Muñoz (2015) afirma que a composição

química do petróleo e sua interação com a superfície da rocha influenciam diretamente na

alteração do estado de molhabilidade.

Asfaltenos tornam-se um grande desafio em estudos relacionados à caracterização de

reservatórios devido aos vários fatores que influenciam sua estabilidade e,

consequentemente, provocam sua precipitação. A interação entre os componentes SARA e o

uso de solventes orgânicos a base de alcanos simples constituem dois deles. Precipitado de

asfaltenos na superfície da rocha pode alterar a polaridade do óleo, influenciando diretamente

na molhabilidade da rocha reservatório (DONALDSON e ALAM, 2008).

Em um estudo sobre os tipos de interação que ocorrem entre os componentes do

sistema água salina/rocha/óleo, Buckley et al. (1998) considera que a precipitação superficial

de asfaltenos, reações ácido-base na interface e a ligação química entre os íons envolvidos

precisam ser avaliados. O óleo bruto contém compostos ativos em sua composição que

interage fortemente com as cargas positivas e negativas distribuídas ao longo da superfície

da rocha. Essa interação promove a adesão do óleo sobre a mesma e, quanto maior for a

afinidade rocha-óleo, mais molhável por óleo será a rocha reservatório. Além disso, os íons

presentes na água salina podem orientar as interações na interface rocha-óleo por meio de

interações eletrostáticas entre os compostos polares ativos no óleo e as cargas superficiais de

arenitos (negativas) e carbonatos (positivas).

Desta forma, é possível atribuir ao mineral o estado de molhabilidade preferencial ao

óleo devido à precipitação de asfaltenos na superfície do mineral por possuir baixa

solubilidade em alguns solventes orgânicos, seguido de uma adsorção ou reação eletrostática

com os compostos químicos ativos em sua superfície; e, devido às interações eletrostáticas

25

de compostos nitrogenados, sulfurados e oxigenados nas interfaces água-óleo e óleo-rocha.

Resumindo, a tendência de molhabilidade seguida pelo mineral é dependente da

insolubilidade e da concentração de compostos polares no óleo bruto (DONALDSON e

CROCKER, 1980; MORROW et al., 1994; BUCKLEY e LIU, 1998; e LEGENS et al., 1999).

2.2 Propriedades da rocha

2.2.1 Porosidade

Define-se como sendo o volume de rocha ocupado pelo espaço dos poros. É expressa,

na maioria das vezes, em termos de porcentagem. Geralmente, rochas reservatórios

convencionais apresentam cerca de 10 a 30% de porosidade, embora rochas contendo menor

porosidade possa também ser encontrada como reservatório de hidrocarbonetos. Para

determinar a quantidade de fluido contido no meio poroso, realiza-se o produto da porosidade

característica, área e espessura média do reservatório em estudo. A porosidade pode ser

determinada a partir da resistividade, velocidade acústica (sônica), densidade e “nêutron

logs” (TITTMAM, 1986).

Ahr (2008) define porosidade (𝜑) pela relação entre o volume do poro (𝑉𝑃) e o

volume total (𝑉𝑡) de rocha:

𝜑 =𝑉𝑃𝑉𝑡∗ 100 (6)

A porosidade efetiva é calculada pela razão entre o volume de poros interligados e o

volume total de rocha. Por sua vez, a porosidade residual é calculada pela razão entre o

volume de poros não interligados e o volume total de rocha. Por fim, a porosidade total é

calculada pela soma das porosidades efetiva e residual conhecidas previamente (AHR, 2008).

2.2.2 Permeabilidade absoluta

A propriedade física permeabilidade revela a facilidade com que determinado fluido

varre o meio poroso atravessando-o. Trata-se também do grau em que os poros de uma rocha

encontram-se interligados. Usualmente medida em Darcy (D), a permeabilidade de 1 D

permite o fluxo de 1 mL.s-1 do fluido de 1 cP de viscosidade por meio de 1 cm² sob o gradiente

de pressão de 1 atm.cm-1. Reservatórios comerciais apresentam geralmente variações de 1

mD (10-3 D) à 1 D de permeabilidade (TITTMAM, 1986).

A rocha porosa pode ter seus poros ocupados por mais de um tipo de fluido, como,

por exemplo, água salina e óleo bruto. Neste caso, quando se deseja obter a permeabilidade

da rocha com relação a um fluido particular, chama-se permeabilidade efetiva. Sendo assim,

26

a permeabilidade efetiva mede a capacidade que um meio poroso possui de transportar um

fluido em presença de outros (ROSA, 2006).

2.2.3 Mineralogia

Rochas reservatórios são formações geológicas que acumulam hidrocarbonetos por

milhares de anos e apresentam capacidade de armazenar fluidos em poros de diversos

tamanhos e formas. A maior parte das rochas reservatórios existentes no mundo são

sedimentares porosas, formadas a partir de fragmentos de outras rochas derivadas da

deterioração mecânica e química das rochas sedimentares ígneas, metamórficas e outras. As

características físicas das rochas estão relacionadas à composição dos minerais que a

compõem, sendo esses definidos como produtos químicos que ocorrem naturalmente na

natureza ou compostos formados a partir de processos inorgânicos (TIAB e DONALDSON,

2004).

De acordo com Press et al. (2006), mineral é “uma substância de ocorrência natural

com estrutura cristalina sólida, geralmente inorgânica e com composição química

específica”. Ou seja, encontra-se disponível na natureza, sua estrutura cristalina apresenta

átomos organizados em arranjo tridimensional ordenado e repetitivo, são predominantemente

inorgânicos e a composição química de cada mineral dependerá de como os elementos

químicos que o compõem estejam dispostos na estrutura do mesmo.

Tendo em vista que os minerais são classificados de acordo com sua composição, há

oito tipos de grupos possíveis, sendo os mais comuns os grupos dos silicatos, carbonatos,

óxidos, sulfetos e sulfatos, cujos ânions correspondentes são, respectivamente, SixOy, CO32-,

O2-, S2- e SO42-. Esses são ditos mais comuns devido ao fato de serem os principais

constituintes da maioria das rochas existentes na crosta terrestre, também chamados de

minerais formadores de rochas (PRESS et al., 2006). Neste trabalho, daremos ênfase aos

minerais carbonatos e silicatos, mais precisamente aos minerais carbonatos calcita e

dolomita, e ao mineral silicato quartzo.

O conhecimento das propriedades físicas e químicas de carbonatos e silicatos são

fundamentais na identificação da composição mineral de rochas reservatórios e,

consequentemente, de que forma serão realizadas as intervenções no campo. Essas

propriedades são apresentadas de forma simplificada a seguir (PRESS et al., 2006):

Dureza: medida da facilidade em que se risca ou arranha a superfície de

determinado mineral de acordo com a Escala de Mohs;

27

Clivagem: facilidade do mineral em se quebrar em losangos irregulares de

acordo com os planos que compõem a estrutura atômica do mesmo;

Fratura: refere-se à maneira como se rompem através de superfícies

irregulares;

Brilho: está relacionado ao tipo de luz que refletem;

Cor: a cor do mineral pode ser identificada pela luz refletida do mesmo ou

transferida por meio dos cristais, das massas irregulares ou pela coloração do

pó fino que o compõe;

Densidade: massa de mineral por unidade de volume de solução;

Hábito cristalino: consiste em caracterizar a formação ou crescimento de

cristais individuais ou aglomerados de cristais do mineral.

Para entender como a rocha reservatório se comporta em relação à molhabilidade, é

necessário conhecer os materiais básicos que compõem a rocha e a composição química dos

minerais associados às características petrofísicas das mesmas. A molhabilidade preferencial

da superfície de rochas reservatórios por água ou por óleo decorre da distribuição de cargas

existente na superfície (TIAB e DONALDSON, 2004). Sabendo que arenitos e carbonatos

apresentam composição química completamente distinta, a distribuição de cargas na

superfície de ambos diferenciará a caracterização dos minerais quanto a molhabilidade.

Além da distribuição de cargas ao logo da superfície da rocha, a porosidade também

influencia no estado de molhabilidade da mesma. A porosidade de rochas carbonáticas é do

tipo localizada, tanto lateral quanto verticalmente. Os poros de calcita e dolomita

(carbonatos) tendem a ser muito maiores que os poros de quartzo (arenito), além de estarem

interconectados na maioria dos casos, tornando a rocha reservatório altamente permeável.

Comparando calcita e dolomita, tem-se que dolomita tende a apresentar porosidade e

permeabilidade maior que a calcita, resultando em uma porcentagem ligeiramente superior

de reservatórios do tipo dolomito (SOARES, 2012).

No geral, acredita-se que rochas reservatório carbonáticas apresentam molhabilidade

preferencial por óleo quando comparadas a rochas reservatório siliciclásticos (FAERSTEIN,

2010).

2.2.3.1 Minerais carbonatos

Os minerais carbonatos são encontrados em rochas sedimentares as quais podem ser

formadas por meio de três processos naturais diferentes: sedimentação de partículas sólidas,

28

deposição de materiais biológicos ou por precipitação de substâncias em solução. Este último

processo dá origem às rochas sedimentares do tipo carbonatadas, denominadas

quimiogênicas (PRESS et al., 2006). Assim, derivadas da precipitação química de carbonato

de cálcio (CaCO3), as rochas carbonáticas porosas formam grande parte dos reservatórios de

petróleo encontrados atualmente no mundo, sendo consideradas depósitos de minerais

economicamente importantes.

Da estrutura física de carbonatos, tem-se que apresentam fissuras e poros que

influenciam na produtividade do reservatório, diferenciando-se dos arenitos. A porosidade e

a maneira com que os fluidos interagem entre si e com a superfície da rocha coordenam a

produtividade (DONALDSON e ALAM, 2008). Os compostos carbonatos mais comuns são

agrupados em famílias baseado em sua estrutura de rede cristalina, ou na disposição interna

dos átomos. As famílias são conhecidas pelos sistemas de cristal em que se formam chamados

de sistemas cristalográficos hexagonal, ortorrômbico e monoclínico (HURLBUT e KLEIN,

1977).

Tendo em vista que o processo de formação de rochas carbonáticas é a sedimentação

de precipitados, este é caracterizado como não uniforme e gera uma rocha com

permeabilidade heterogênea. Por este motivo, ao injetar fluidos para aumentar a fração de

óleo recuperada, os mesmos tendem a seguir caminhos preferenciais, não alcançando regiões

que apresentam restrição de fluxo (AUM, 2011). A baixa permeabilidade de rochas

carbonáticas resulta em um fator de recuperação de óleo na faixa de 2% a 3%. Para as rochas

areníticas, esse fator é aumentado para 30% por meio de métodos de recuperação tradicionais

(injeção de água e gás, por exemplo) (SOARES, 2012).

Quanto a composição química dos carbonatos, estes são compostos formados por

ligação iônica entre o ânion carbonato (CO32-) e cátions metálicos divalentes, como, por

exemplo, Ca2+ e Mg2+. Calcita e dolomita são os minerais carbonatos mais comercializados,

devido à alta aplicabilidade na indústria moderna, principalmente em construção civil.

Apresentam carbonato de cálcio e carbonato duplo cálcio e magnésio, respectivamente, em

sua composição, e compõem o sistema hexagonal de acordo com suas estruturas cristalinas

(PRESS et al., 2006). Calcita e dolomita são considerados os minerais carbonatos mais

abundantes na natureza, visto que juntas correspondem a cerca de 90% dos carbonatos

existentes na crosta terrestre (REEDER, 1983).

29

O íon carbonato apresenta ligação covalente forte entre os átomos de oxigênio e

carbono, tornando-o eletricamente estável. A nuvem eletrônica desse ânion o faz grande

suficiente para que a ligação entre o carbonato e os cátions divalentes seja fraca, visto que

cálcio e magnésio são íons pequenos e fortes. Assim, a superfície de rochas carbonáticas é

predominantemente positiva e, consequentemente, básica, devido à presença dos cátions

bivalentes Mg2+ e Ca2+ em sua composição química (DONALDSON e ALAM, 2008).

As cargas são estabilizadas quando completam a regra do octeto através da perda de

dois elétrons constituintes da camada de valência do átomo. Para se tornarem estáveis, os

cátions ligam-se aos íons carbonatos por meio de ligação iônica, em que há doação e

recebimento de elétrons, resultando na formação dos sais carbonatos de cálcio, magnésio ou

duplo. Entretanto, em presença de água, os sais tendem a se dissociar de acordo com as

equações de equilíbrio seguintes:

CaCO3 ⇌ Ca2+ + CO32- Reação 1

MgCO3 ⇌ Mg2+ + CO32- Reação 2

CaMg(CO3)2 ⇌ Ca2+ + Mg2+ + 2 CO32- Reação 3

A existência de uma superfície positiva, em pH neutro, torna a rocha neutra a

fortemente molhada por óleo. Substâncias polares contidas no óleo são atraídas pela carga

positiva na superfície da rocha, fazendo com que a mesma tenha maior afinidade pelo óleo

do que pela água salina. O ângulo de contato que expressa o grau de molhabilidade por óleo

deve resultar em medições acima de 90°. É importante destacar que calcita e dolomita

apresentam molhabilidade por óleo após passar pelo processo de envelhecimento. Além

disso, a dolomita apresenta ambos os cátions, cálcio e magnésio, em sua composição química,

logo, espera-se que as medições de ângulos de contato utilizando o mineral dolomita gerem

valores maiores que as medições utilizando o mineral calcita.

Calcita

O mineral calcita é o componente principal de rochas calcárias e de mármores com

elevado grau de pureza, além de estar presente também na composição de outras rochas

sedimentares e metamórficas, sendo considerado um dos minerais mais abundantes na

natureza (PRESS et al., 2006). Pode ser obtido por precipitação química, em meios com baixa

concentração de dióxido de carbono, visto que é apenas pouco solúvel em água sem CO2

(TIAB e DONALDSON, 2004). A obtenção de carbonato de cálcio ocorre por meio de

30

reações entre óxido de cálcio (CaO) e gás carbônico (CO2), a partir das reações de calcinação

(4), hidratação (5) e carbonatação (6):

CaCO3 → CaO + CO2 Reação 4

CaO + H2O → Ca(OH)2 Reação 5

Ca(OH)2+ CO2→CaCO3+ H2O Reação 6

A estrutura atômica da calcita é romboédrica onde o átomo de carbono encontra-se

localizado no centro da molécula e os átomos de oxigênio alocam-se nas três extremidades

formando um triângulo equilátero, como pode ser observado na Figura 2:

Figura 2: Representação da estrutura atômica da calcita.

Fonte: adaptado de ilustrações em Hurlbut e Klein, 1977.

Comumente encontrada na cor branca ou sem coloração expressiva, a calcita

apresenta estrutura cristalina trigonal da classe hexagonal escalenoédrica com clivagem

perfeita (facilidade do mineral em se quebrar em losangos irregulares de acordo com os

planos que compõem a estrutura atômica do mesmo), como pode ser observado na Figura 3;

dureza classificada em 3 pela Escala de Mohs, densidade relativa de 2,73 g/cm³, e alta

solubilidade em ácido clorídrico (HCl) (GUZZO, 2008).

31

Figura 3: Estrutura cristalina hexagonal do mineral calcita com a posição dos planos

de clivagem com relação aos eixos do cristal.

Fonte: Adaptado de ilustrações em Hurlbut e Klein, 1977.

Dolomita

O mineral dolomita é encontrado em áreas com escassez de água do mar, ou restrição

da mesma por alguma barreira natural como cerco de terra onde a concentração de sais é

aumentada devido ao processo de evaporação. O aumento da concentração de íons magnésio

em solução faz com que este íon reaja com a calcita que foi depositada para formar dolomita

(TIAB e DONALDSON, 2004). Dessa forma, a estrutura do novo mineral é igual à da calcita

(HURLBUT e KLEIN, 1977), visto que esse se origina a partir da transformação do calcário

em presença de íons magnésio na água salina de acordo com a reação seguinte:

2 CaCO3 + Mg2+ → CaMg(CO3)2 + Ca2+ Reação 7

O íon magnésio presente na solução em quantidades significativas substitui o cálcio

na rocha, agindo em poros e fraturas ocorridas na superfície do calcário. A medida que a

concentração de magnésio aumenta no meio, este reage com a calcita para formar o mineral

dolomita (TIAB e DONALDSON, 2004). Desta forma, os íons Mg2+ alternam com os íons

Ca2+ ao longo de todo eixo do átomo de carbono no centro da molécula (HURLBUT e

KLEIN, 1977). O volume iônico do magnésio é significativamente menor que o volume

iônico do cálcio, logo, a dolomita terá maior porosidade do que o mineral carbonato que a

originou. Se a reação de substituição for completa de cálcio por magnésio, a porosidade

relativa aumentará de 12-13% para a dolomita (TIAB e DONALDSON, 2004).

32

Ao final de sua formação, a dolomita apresenta estrutura cristalina hexagonal

romboédrica, análogo à calcita, com faces curvadas; dureza numa faixa de 3,5 a 4,0 pela

Escala de Mohs e densidade relativa de 2,87 g/cm³. Na natureza, é encontrada nas cores

branca e rosa (GUZZO, 2008).

2.2.3.1 Minerais arenitos

Assim como os carbonatos, os minerais silicatos são encontrados em rochas

sedimentares, porém, agora, formadas a partir da sedimentação de partículas sólidas oriundas

do processo de erosão de rochas ígneas ou metamórficas, sendo classificadas como elásticas

ou dentríticas. Apresentam como constituinte fundamental o ânion silicato (SiO42-) que se

encontra orientado na forma de um tetraedro, onde o átomo de silício assume o ponto central

do ânion e os átomos de oxigênio o rodeiam (PRESS et al., 2006). Os átomos de oxigênio,

por serem da família 6A e apresentarem carga -2, compartilham um de seus elétrons com o

íon tetravalente silício, restando uma carga negativa (excesso) na superfície de cada átomo

de oxigênio (DONALDSON e ALAM, 2008). Desta forma, a rocha cuja composição química

apresenta o ânion silicato em abundância apresenta carga superficial negativa, em pH neutro,

proveniente do arranjo do íon.

Figura 4: Disposição dos átomos de silício e oxigênio na molécula de dióxido de silício.

Fonte: Donaldson e Alam, 2008.

O silício é o segundo átomo mais abundante na crosta terrestre depois do oxigênio. A

ocorrência mais comum na natureza é na forma de dióxido de silício, composto predominante

no mineral silicato quartzo. Por apresentar carga 4+, esse íon confere tamanho pequeno

similar ao átomo de carbono, visto que compõem a mesma família, além de apresentar

propriedades semelhantes. Ao se ligar a átomos de oxigênio ou halogênios, o silício forma

ligações covalentes fortes, necessitando de um forte agente redutor e certa quantidade de

calor para alcançar sua forma reduzida (DONALDSON e ALAM, 2008).

33

Quanto à molhabilidade de arenitos, esta geralmente varia de neutra a fortemente

molhada por água. Entretanto, alguns reservatórios arenitos tornam-se molhados por óleo

devido à presença de compostos orgânicos polares com superfícies ativas presentes no óleo

bruto que migram para a interface rocha-óleo onde entram em contato física e quimicamente

com os componentes químicos da rocha arenítica. A grande área de superfície de contato

proveniente da alta permeabilidade de arenitos faz com que os componentes polares do óleo

bruto interajam mais facilmente com os componentes do mineral (DONALDSON e ALAM,

2008).

Devido à presença de íons silicatos na composição química de arenitos, a superfície

dos mesmos torna-se predominantemente negativa, em pH neutro, promovendo maior

interação com a água salina do que com o óleo bruto. Isso ocorre porque arenitos tendem a

se comportarem como ácidos fracos quando estão em contato com a água, repelindo

compostos polares ácidos presentes na composição química do óleo bruto e, por isso,

conseguem desenvolver uma superfície molhável preferencialmente por água

(DONALDSON e ALAM, 2008).

Quartzo

O mineral quartzo é da classe dos arenitos e são encontrados em abundância na

natureza. Está presente na composição química de rochas magmáticas, sedimentares e

metamórficas, como um monocristal (quartzo hialino, ametista, citrino, etc.), policristal

(quartzito, calcedônia e ágata) ou na forma amorfa (opala). À temperatura ambiente, a

estrutura mais estável do dióxido de silício (componente principal do mineral quartzo) é

denominada quartzo-α. Esta é bastante utilizada em aplicações da indústria, como, por

exemplo, em construções civis, fabricação de tintas, porcelanas, vidros convencionais e em

produtos de eletrônica (GUZZO, 2008).

A estrutura cristalina do quartzo é do tipo trigonal contendo dióxido de silício em

disposição tetraédrica. Além de SiO2, o quartzo natural também pode conter traços de alguns

metais como alumínio, manganês, boro, molibdênio, cálcio, níquel, magnésio, zircônio,

vanádio, ferro, titânio, cobre, fósforo, cromo e outros, ainda que seja considerado um mineral

de alta pureza (MARQUES, 2013).

Quanto às propriedades físico e químicas do quartzo tem-se que o mesmo apresenta

alto grau de dureza, classificado em O 7 pela Escala de Mohs cujo máximo é 10. É

considerado um mineral frágil e não possui planos de clivagem devido à cadeia

34

tridimensional de tetraedros de sílica interligados (GUZZO, 2008). Pode ser encontrado em

diversas cores na natureza, caracterizando-se como mineral alocromático (incolor, rosada,

amarela, marrom e cinza) e seu peso específico é aproximadamente igual a 2,65 N/m³. A luz

refletida ou transmitida por seus cristais varia, podendo apresentar caráter vítreo ou fosco de

acordo com seu brilho (KLEIN, 2002).

35

3. MOLHABILIDADE

3.1 Definição

O termo molhabilidade se refere à capacidade que um ou mais fluidos possuem de se

aderirem à superfície de um sólido. Aplicada ao sistema água salina/rocha/óleo,

molhabilidade traduz a tendência que um dos fluidos apresenta de se espalhar sob a superfície

intersticial da rocha em presença de outro fluido. A afinidade existente entre os componentes

desse sistema dependerá diretamente da composição da rocha reservatório, podendo ser

preferencial por água, óleo ou constituintes suspensos e dissolvidos nos fluidos, definindo,

consequentemente, o estado de molhabilidade da rocha (DONALDSON e ALAM, 2008).

Para Nunez (2011), o conceito de molhabilidade refere-se à tendência que o óleo possui de

se aderir ou se espalhar sobre a superfície da rocha reservatório em presença de outro fluido

como água salina e/ou gás carbônico.

A afinidade (ou interação) entre os fluidos imiscíveis e a rocha reservatório implica

em diferentes distribuições desses no interior dos poros e, também, nas propriedades dos

fluxos, corroborando numa melhor aderência de um dos fluidos sob a superfície sólida.

Define-se como fase molhante aquela mais fortemente atraída pela superfície, havendo a

formação de um filme sobre a mesma. A fase não molhante assume o formato de gota sobre

o filme de fase molhante por não apresentar alta afinidade pela composição da rocha

reservatório (CURBELO, 2006).

O preenchimento dos poros por um dos fluidos promove o deslocamento da fase não

contínua (não molhante). Se a afinidade da rocha for maior por água do que por

hidrocarbonetos (óleo), a água salina (fase molhante) irá ocupar os poros menores e a maioria

da superfície dos poros maiores, promovendo o deslocamento do óleo. Se a afinidade for

preferencial por óleo, a água salina (fase não molhante) será deslocada ao longo do meio

poroso (TIAB e DONALDSON, 2004).

A partir a avaliação das interações que ocorrem nesse sistema, a literatura aborda

quatro estados possíveis para avaliar a molhabilidade aplicada a sistemas do tipo água

salina/rocha/óleo, são eles: molhado por água (water-wet), molhabilidade fracional

(fractionally-wet), molhabilidade mista (mixed-wet) e molhado por óleo (oil-wet), as quais

serão definidas e contextualizadas no item posterior.

36

3.2 Classificação

Dentre os quatro estados de molhabilidade de uma rocha reservatório, a molhabilidade

por água ocorre quando água salina ocupa mais da metade da superfície da rocha por meio

da formação de um filme, preenchendo os pequenos poros e os sem saídas existentes no meio.

Dessa forma, a água salina atua como fase contínua que, ao preencher a rocha, provoca o

deslocamento da fase descontínua (óleo), alojado em forma de gota na superfície do filme de

água. Para sistemas em que a molhabilidade é preferencialmente molhado por óleo (oil-wet),

a disposição é invertida, passando o óleo a compor a fase contínua e a água, a fase

descontínua. Nesse caso, o óleo ocupa os pequenos poros e os sem saída, e a água se faz

presente no centro dos poros maiores sobre uma película de óleo (DONALDSON e ALAM,

2008).

A molhabilidade fracional é explicada por Brown e Fatt (1956) como a molhabilidade

do tipo heterogênea na superfície dos poros da rocha reservatório, onde a molhabilidade

preferencial ocorre de forma aleatória ao longo de todo o meio poroso. Isso se deve ao fato

da presença de diversos minerais, com uma grande variedade de propriedades químicas, na

composição da rocha. Assim, as áreas com molhabilidade preferencial à água salina ou ao

óleo encontram-se espalhadas pela rocha, fazendo com que não haja uma continuidade na

alocação do óleo no meio poroso (DONALDSON e ALAM, 2008).

Em casos em que a molhabilidade da rocha é considerada mista a disposição dos

fluidos é diferente. Segundo Salathiel (1973), a molhabilidade mista pode ser caracterizada

pela condição em que poros pequenos são molhados e saturados com água salina, enquanto

os poros maiores apresentam molhabilidade preferencial por óleo, em que o óleo se adere à

superfície dos poros formando um caminho contínuo ao longo da rocha reservatório

(DONALDSON e ALAM, 2008).

Dos reservatórios de petróleo encontrados no mundo, grande parte está localizada em

rochas sedimentares, mais precisamente em arenitos e carbonatos. Um estudo realizado por

Treiber et al. (1972) no Texas, revelou que dos 55 sistemas reservatório de óleo

cru/água/mineral que foram submetidos a medições de ângulo de contato, 27% apresentaram

molhablidade por água; 7%, molhabilidade intermediária e os 66% restantes foram

caracterizados como molháveis ao óleo. Nos sistemas em que os reservatórios eram do tipo

carbonatos, mais de 80% apresentaram maior afinidade pelo óleo bruto (molhados por óleo).

37

Dos reservatórios silicatos, 43% apresentaram molhabilidade por água; 50%, por óleo, e o

restante, molhabilidade intermediária.

Esses dados descrevem a tendência dos estados de molhabilidade que arenitos e

carbonatos seguem em campo. A molhabilidade de arenitos pode variar de neutra a

fortemente molhado por água. Entretanto, se o óleo cru apresentar componentes polares com

superfície ativa em sua composição química, os reservatórios arenitos tendem a ser mais

molhados por óleo, pois esses migram para a superfície interfacial existente entre a rocha

reservatório e o óleo, ligando-se fisico e quimicamente à superfície do arenito. As rochas

carbonatadas apresentam molhabilidade variando de neutra a fortemente molhada por óleo

(DONALDSON e ALAM, 2008).

Para a indústria do petróleo, o parâmetro molhabilidade auxilia a definição de

estratégias para aumentar a recuperação de óleo em campo. A molhabilidade tem grande

impacto na distribuição e fluxo de fluidos no interior do reservatório, e pode apresentar

variação de acordo com alguns fatores como a composição da água de formação e seu pH, a

composição química do óleo cru, a geoquímica da rocha e a temperatura do reservatório em

estudo (FACANHA et al., 2016). Portanto, o estado de molhabilidade da rocha reservatório

depende de interações complexas entre a rocha, a água salina e o óleo bruto, que devem ter

seus efeitos conhecidos.

3.3 Métodos para medição

3.1.1 Ângulo de contato

A medição de ângulo de contato (θ) é uma das técnicas quantitativas mais utilizadas

no estudo da molhabilidade aplicado ao sistema água salina/rocha/óleo. Inicialmente, é

preciso submeter a rocha às condições ideais de um reservatório: processo de envelhecimento

adequado, temperatura e pressão, a fim de tornar representativo o ângulo de contato medido

e, assim, identificar o estado de molhabilidade da rocha adequadamente. A maneira com que

os fluidos (água salina e óleo bruto) interagem com o sólido influenciará no ângulo de contato

a ser medido devido à ação da tensão interfacial.

Thomas Young afirmou em seus estudos que o equilíbrio das forças atrativas entre as

partículas do fluido e as do sólido faria com que o fluido formasse um determinado ângulo

de contato com o sólido. Todavia, a formação do ângulo de contato não estaria relacionada

somente ao equilíbrio de forças atrativas, mas também à quantidade de energia livre presente

na camada de interface. Assim, Willard Gibbs propôs que a linha trifásica entre um sólido

38

insolúvel e dois fluidos se deslocaria sobre a superfície sólida até que atingisse um ponto em

que qualquer deslocamento na linha criaria um acréscimo na energia livre, associada à linha

trifásica. Essa condição de equilíbrio ficou conhecida como Equação de Young (CURBELO,

2006).

𝜎𝑂𝑆 − 𝜎𝐴𝑆 = 𝜎𝐴𝑂𝑐𝑜𝑠𝜃 (7)

Onde 𝜎𝑂𝑆 é a tensão interfacial entre óleo e sólido, 𝜎𝐴𝑆 é a tensão interfacial entre água

salina e sólido, 𝜎𝐴𝑂 é a tensão interfacial entre água salina e óleo e 𝜃 é o ângulo de contato.

A ilustração abaixo mostra onde essas tensões interfaciais atuam no sistema água

salina/rocha/óleo:

Figura 5: Representação das tensões interfaciais envolvidas no sistema água

salina/rocha/óleo.

Fonte: Adaptado de Rosa et al., 2006.

Como pode ser observada na Figura 5, a medição do ângulo de contato é realizada a

partir da sobreposição de uma gota de óleo na superfície horizontal de uma rocha saturada

com água e da posição que essa admite sobre a superfície em estudo. O resultado da medição

traduz o estado de molhabilidade da rocha de acordo com o grau de espalhamento da gota

sobre a mesma, podendo espalhar-se completamente sobre a superfície (superfície

completamente molhada com óleo resultando num ângulo de contato nulo ou de 180°) até

um espalhamento parcial em que há formação de uma gota bem definida sobre o sólido. Nesse

intervalo, o ângulo de contato varia conforme a atuação da tensão interfacial água-óleo,

tangente à superfície da gota com seu componente horizontal, medido pela fase mais densa

do par. Ao alcançar o estado de equilíbrio, as forças envolvidas permanecem em equilíbrio

pelo IFT de uma camada de óleo adsorvido na superfície sólida que atua direcionando a força

do centro da gota para baixo (LOWELL e SHIELDS, 1981).

39

Portanto, pode-se inferir a partir da Equação de Young que:

Quando a tensão interfacial óleo-sólido é maior que a tensão água-sólido, a

tensão de adesão torna-se positiva (𝜎𝑂𝑆 − 𝜎𝐴𝑆 > 0), resultando num ângulo de

contato menor que 90°, logo, a rocha é caracterizada como molhada por água

(water-wet);

Quando a tensão interfacial água-sólido é maior que a tensão óleo-sólido, a

tensão de adesão torna-se negativa (𝜎𝑂𝑆 − 𝜎𝐴𝑆 < 0), resultando num ângulo

de contato maior que 90°, caracterizando a rocha como molhada por óleo (oil-

wet);

Se a gota se espalha completamente sobre a superfície da rocha, formando um

ângulo de 180°, significa que a rocha é completamente molhada por óleo. Se

o ângulo de contato medido apresenta um valor próximo de nulo, a rocha

reservatório é caracterizada como completamente molhada por água.

Ilustrativamente, pode-se compreender a definição de ângulo de contato, em função

do equilíbrio das tensões interfaciais fluido-fluido e rocha-fluido, a partir da Figura 6.

Figura 6: (a) gota de óleo envolta por água sobre superfície molhável por água; (b) em uma

superfície com um grau de molhabilidade intermediária; (c) e em uma superfície molhável

por óleo.

Fonte: Adaptado de Rosa et al., 2006.

Na pesquisa realizada por Treiber et al. (1972), foram adotadas as faixas de ângulo

de contato entre 0-75°, 76-105° e 106-180° para representar, respectivamente, os estados de

molhabilidade de arenitos e carbonatos: molhado por água, molhabilidade intermediária e

molhado por óleo. Neste trabalho, direcionaremos as análises para os casos de molhabilidade

por água e por óleo adotando a faixa de ângulos de contato abaixo (0-89°) e acima (91-180°)

de 90°.

40

Anderson (1986) também considera que os valores comunmente utilizados para

definir a molhabilidade da rocha a partir de medições quantitativas de ângulos de contato

encontram-se nas faixas descritas na Tabela 2.

Tabela 2: Classificação da molhabilidade quanto à medida de ângulo de contato.

Molhabilidade Molhável à

água

Molhabilidade

neutra

Molhável ao

óleo

Ângulo de contato (𝜃) mínimo 0° 60° a 75° 105° a 120°

Ângulo de contato (𝜃) máximo 60° a 75° 105° a 120° 180°

Fonte: Anderson, 1986.

Tendo em vista que o objetivo das intervenções em reservatórios é, em sua maioria,

aumentar a produção de poços maduros deslocando maior quantidade de óleo bruto, é

necessária a medição do ângulo de contato para avaliar o grau de afinidade rocha-óleo, pois

uma baixa afinidade implica em maior facilidade por parte da água salina de carrear o óleo

ao longo do meio poroso, sendo evidenciada por um ângulo de contato menor que 90° (rocha

molhada por água).

3.1.2 Índice de Amott

O índice de Amott é um método qualitativo de medição da molhabilidade de rochas

reservatórios que retrata a molhabilidade média da rocha. O teste é realizado com base na

embebição espontânea e no deslocamento forçado de óleo e água salina dos poros da rocha,

a partir de cinco etapas principais (TIAB e DONALDSON, 2004):

(1) O teste inicia-se na saturação de óleo residual (Sor), a qual é alcançada por meio

do processo de deslocamento forçado de óleo;

(2) A rocha é submetida ao contato com o óleo durante 20 horas por imersão, sendo

a quantidade de água salina deslocada por embebição espontânea de óleo

registrada como Vwsp;

(3) Água é deslocada por injeção forçada de óleo até que se atinja a saturação inicial

de água (Swi), e a quantidade total de água deslocada por meio do processo de

embebição espontânea de óleo e por deslocamento forçado é registrada como

Vwt;

41

(4) A rocha é imersa em salmoura durante 20 horas, e o volume de óleo deslocado,

se houver, por embebição espontânea de água é coletado como Vosp;

(5) O óleo remanescente na rocha é deslocado por injeção forçada de água até Sor e

a quantidade total de óleo deslocada (por embebição de água e por deslocamento

forçado) é registrada como Vot.

Os deslocamentos forçados de óleo até Sor são conduzidos, normalmente, com o uso

de uma centrífuga ou por um sistema de injeção de fluido, no qual se injeta água até que o

óleo atinja sua saturação residual. O mesmo pode ser feito para a água, porém, neste caso,

deseja-se realizar o deslocamento forçado até atingir Swi. Para isso, se injeta óleo até atingir

a saturação inicial de água (TIAB e DONALDSON, 2004).

O índice de molhabilidade de Amott_Harvey (IA-H) é expresso como a razão do

deslocamento realizado utilizando-se o óleo (Vosp/Vot = δw) menos a razão do deslocamento

realizado utilizando-se a água (Vwsp/Vwt = δo). Assim, pode-se considerar que o índice de

molhabilidade de Amott é um índice de molhabilidade relativo, segundo a Equação 8 (TIAB

e DONALDSON, 2004):

IA−H = 𝑉 𝑜𝑠𝑝 𝑉⁄ 𝑜𝑡 − 𝑉𝑤𝑠𝑝 𝑉⁄ 𝑤𝑡 = 𝛿𝑤 − 𝛿𝑜 (8)

A partir desta equação é possível avaliar o estado de molhabilidade da rocha

reservatório. Nos casos em que a rocha apresentar o valor do índice de Amott próximo a 1,0,

significa dizer que há um deslocamento maior de óleo do que de água no interior da rocha,

logo, a rocha apresentará molhabilidade preferencial à água salina. Por outro lado, quando a

razão de deslocamento utilizando água for maior, o índice assumirá valor próximo à -1,0 e a

molhabilidade da rocha será fortemente ao óleo. Nos casos em que essa diferença for próxima

de zero, a molhabilidade será caracterizada como neutra ou intermediária (TIAB e

DONALDSON, 2004).

3.1.3 USBM (United States Bureau of Mines)

Outro método para determinação do índice de molhabilidade de rochas é o método

qualitativo conhecido como USBM, obtido a partir de curvas de pressão capilar. Estas curvas

são obtidas com o auxílio de uma centrífuga, em que o deslocamento de óleo e água são

alternados em uma pequena amostra de rocha no interior da centrífuga. O deslocamento da

fase não molhante por uma fase de molhagem requer menos energia do que o deslocamento

de uma fase de molhante por uma fase não molhante, delimitando por curvas a quantidade de

42

trabalho termodinâmico requerido para deslocar uma das fases (TIAB e DONALDSON,

2004).

O experimento consiste em levar a amostra, inicialmente, à condição de saturação

irredutível de água (Swi) utilizando uma centrífuga e, à medida que a velocidade de

centrifugação vai aumentando, a amostra atinge a saturação de óleo residual (Sor) (TIAB e

DONALDSON, 2004). Para atingir uma nova saturação de água irredutível (Swi), é necessário

realizar o procedimento de maneira inversa. Com as velocidades de centrifugação e a

geometria da amostra obtém-se as pressões capilares, enquanto as saturações são obtidas com

os volumes medidos em provetas graduadas (MUÑOZ, 2015). Assim, o índice USBM pode

ser obtido pela razão logarítmica entre as áreas formadas pelas curvas de pressão capilar (𝐴𝑤)

e a pressão capilar zero (𝐴𝑜):

𝐼𝑈𝑆𝐵𝑀 = 𝑙𝑜𝑔10𝐴𝑤𝐴𝑜

(9)

De acordo com a Figura 7, pode-se avaliar que quando o IUSBM for maior que zero, a

rocha apresenta estado de molhabilidade preferencial por água; quando o mesmo apresentar

valor menor que zero, a rocha assume estado de molhável ao óleo. Próximo a zero, a rocha

apresenta molhabilidade neutra. Normalmente, os valores do índice podem variar de [+∞],

para rochas fortemente molháveis a água, e [-∞], para rochas fortemente molháveis ao óleo

(MUÑOZ, 2015).

Figura 7: Medição do índice de molhabilidade USBM.

Fonte: Tiab e Donaldson, 2004.

3.4 Processo de envelhecimento da rocha

43

O processo de envelhecimento dos minerais calcita, dolomita e quartzo consiste na

saturação desses com água salina e óleo bruto nas condições de temperatura e pressão do

campo em estudo. É realizado a fim de tornar representativas as medições de ângulo de

contato e, por fim, caracterizá-los corretamente quanto à molhabilidade, de acordo com o que

é relatado na literatura.

Estudos apontam que o aumento do tempo de envelhecimento de minerais saturados

com água salina e óleo bruto causa a redução da sensibilidade da molhabilidade pelos íons

presentes na composição da água salina e que a molhabilidade preferencial por óleo é mais

expressiva quando a salmoura apresenta alta concentração de cálcio (JADHUNANDAN e

MORROW, 1995). Além disso, o tempo de envelhecimento também afeta a reação de difusão

de compostos polares que ocorre na interface óleo-rocha, responsável pelo estado de

molhabilidade da rocha atingido após sua saturação com água salina e óleo bruto. Se o filme

de água entre o óleo e a rocha se mantém, a rocha assume estado de molhabilidade

preferencial por água. Se os compostos polares se difundem através do filme, a molhabilidade

é alterada para preferencial ao óleo (DONALDSON e ALAM, 2008).

Graue et al. (2002) realizou um estudo para avaliar o efeito do processo de

envelhecimento na molhabilidade e concluiu que o envelhecimento da rocha por longo tempo

pode causar condições de molhabilidade heterogêneas, o que torna fundamental a avaliação

do processo de envelhecimento aplicado ao estudo de molhabilidade de rochas reservatórios.

3.5 Efeito da molhabilidade na recuperação do óleo

A permeabilidade efetiva dos fluidos que compõem o sistema água salina/rocha/óleo

indica a facilidade que cada um deles terá de se deslocar no interior da rocha em presença de

outro fluido. A permeabilidade relativa de um fluido, por sua vez, é a razão entre a

permeabilidade efetiva do fluido e a permeabilidade absoluta do meio em que estão inseridos.

A permeabilidade relativa pode ser afetada por vários fatores, sendo a molhabilidade o mais

expressivo deles (DONALDSON e ALAM, 2008).

A molhabilidade revela como o óleo irá se deslocar através dos poros da rocha em

presença de água salina. A medida que a permeabilidade relativa do óleo aumenta, a

permeabilidade da água diminui, tornando a rocha mais molhável pelo óleo (DONALDSON

e ALAM, 2008). Rochas molhadas pelo óleo apresentam fortes atrações intermoleculares no

sistema rocha-óleo, implicando em uma baixa taxa de recuperação de petróleo. Para aumentar

44

essa taxa, é necessário um gradiente de pressão entre as fases imiscíveis decorrentes das

tensões interfaciais.

45

4. METODOLOGIA

O procedimento experimental realizado nesse estudo foi composto por três etapas

principais: preparo da salmoura na salinidade do campo em estudo, envelhecimento do

mineral puro a ser analisado e medição do ângulo de contato pela técnica instrumental Drop

Shape Analyzer (DSA).

4.1 Caracterização do óleo

O óleo bruto, extraído de um campo do pré-sal brasileiro, utilizado no procedimento

experimental deste trabalho apresenta a seguinte composição química:

Tabela 3: Análise SARA, TAN e TBN para o óleo cru do Campo B.

ID Saturados

(%)

Aromáticos

(%)

Resinas

(%)

Asfaltenos

(%)

TAN

(g KOH/g)

TBN

(g KOH/g)

Óleo

Campo B 58,82 21,38 16,07 3,73 0,40 4,5

Fonte: Facanha, 2016.

4.2 Preparo da água salina

Para simular o sistema salmoura/óleo/mineral sob condições controladas de

temperatura (60ºC) e pressão (1000 PSI) às quais um reservatório de petróleo está

constantemente submetido, é necessário o preparo de água de formação em escala

laboratorial, representativa do campo em estudo (Campo B). Para tal, foram utilizados sais

de cloreto e sódio com grau P.A. adquiridos com o fornecedor Sigma-Aldrich. Os sais dos

principais constituintes da água salina presente na rocha reservatório, comumente utilizados

em estudos como esse, são NaCl, KCl, MgCl2.6H2O, CaCl2.2H2O, BaCl2.2H2O, SrCl2.6H2O,

NaHCO3, Na2SO4 e NaAc.3H2O.

Utiliza-se uma planilha elaborada no programa Excel® para auxiliar no preparo da

salmoura. Faz-se necessário conhecer os dados de composição química (concentração dos

íons constituintes) e volume de água a ser preparada. Esses dados são inseridos na planilha,

o cálculo de massa teórica de cada sal a ser medida é realizado e, após finalizar o

procedimento, o operador insere a massa prática medida, obtendo a salinidade real da água

preparada.

46

A medição das massas dos sais foi realizada por meio de balanças analíticas (exatidões

0,1 mg e 0,01 mg, Mettler ToledoTM New Classic MS) com auxílio de béchers de vidro do

fabricante UNIGLAS. Feita a medição, acrescentou-se água ultrapura 0,05 µS/cma 25°C

(produzida a partir do sistema purificador de água osmose reversa da Gehaka® - modelo

OS10LXE) – previamente separada de acordo com o volume de salmoura desejado - e barra

magnética revestida de teflon aos recipientes para diluição. A fim de assegurar total

solubilização dos sais e homogeneização das soluções, os recipientes foram submetidos a

agitação com o auxílio do equipamento agitador magnético com aquecimento IKA®C-MAG

HS 7.

Finalizada esta etapa, as soluções foram recolhidas em um único recipiente e

submetidas novamente a um processo de homogeneização. Por fim, a solução resultante foi

armazenada em um balão de vidro devidamente identificado, com complemento de água

ultrapura até atingir o volume final desejado.

A água salina preparada e utilizada nos experimentos realizados no presente trabalho

apresentou a seguinte composição química:

Tabela 4: Composição química da água de formação proveniente do Campo B.

Íons em solução Concentração (ppm)

Na+ 57.584

Ca2+ 24.260

Mg2+ 2.121

K+ 1.201

Ba2+ 22

Sr2+ 1.269

SO42- 54

Cl- 139.900

HCO3- 0

Acetato 0

TDS [ppm] 226.401

47

4.3 Preparo da amostra

As amostras utilizadas para simular a rocha reservatório neste estudo foram os

minerais puros Calcita LS, Dolomita LS e Quartzo. O preparo da amostra é necessário para

assemelhar as características do mineral puro das características da rocha reservatório

presente no Campo B. Para isso, as amostras são submetidas ao processo de envelhecimento,

que consiste em manter o mineral em contato com salmoura e óleo do Campo B durante um

intervalo de tempo definido sob temperatura característica do reservatório, com o auxílio de

uma estufa.

O mineral foi colocado em um béquer de vidro contendo um volume de salmoura

suficiente para cobrir a amostra. Em seguida, o béquer foi levado à estufa (Nova Técnica –

NI1513i) a fim de submetê-lo à 60ºC durante o período de 24 (vinte e quatro) horas. Um

béquer contendo óleo do Campo B foi colocado na estufa simultaneamente para aquecimento.

Completado as 24 (vinte e quatro) horas em contato com a salmoura, o mineral é transferido

para o recipiente com óleo previamente aquecido. O tempo de residência em óleo irá variar

em 1 (um), 3 (três), 5 (cinco), 15 (quinze) e 30 (trinta) dias para método de avaliação.

Ao final do processo de envelhecimento, a amostra encontra-se banhada por óleo,

sendo necessário remover o excesso de óleo de sua superfície antes de levá-la até o DSA –

equipamento medidor de ângulo de contato (goniômetro). Para tal, foram utilizados quatro

solventes orgânicos e uma centrífuga. A limpeza com solvente orgânico foi padronizada

pingando-se 3 (três) gotas de solvente em cada lado do slab de mineral e, em seguida, banho

de salmoura. Os solventes orgânicos utilizados nessa etapa foram cicloexano, hexadecano,

hexano e tolueno, todos com 99% de pureza, adquiridos no fabricante Sigma-Aldrich. A

remoção do excesso de óleo por meio da centrífuga teve os parâmetros velocidade de rotação

e tempo ajustados em 3000 rpm e 20 min, respectivamente.

4.4 Medição de ângulo de contato – DSA

4.4.1 Princípio de funcionamento

A medição do ângulo de contato foi realizada através do equipamento Drop Shape

Analyzer (“Análise de Forma de Gota”) adquirido pelo fabricante Kruss modelo DSA 100HP

(High Pressure Measurements). Este é um método de análise de imagem capaz de realizar

medições precisas de ângulo de contato e tensões superficial e interfacial sob altas pressões

(até 1750bar) e temperaturas (-10 até 250°C), aplicado ao estudo de recuperação de petróleo

em campos maduros.

48

O ângulo formado na interface existente entre a gota de óleo e a superfície do

mineral é denominado ângulo de contato (θ). A medida de ângulo de contato realizada pelo

DSA expressa quanto um sólido está sendo molhado por um líquido. Como descrito no item

3.1.1, se a gota se espalhar completamente na superfície do mineral, o ângulo de contato é

considerado nulo ou de 180°; ângulo de contato inferior a 90° significa que o mineral em

estudo é mais molhado por água; e, quando θ for maior que 90°, o mineral é considerado mais

molhado por óleo. A Figura 7 ilustra os três cenários mencionados anteriormente:

Figura 8: Medidas de ângulos de contato aplicadas a diferentes materiais.

Fonte: Adaptado de KRUSS, 2017.

O valor do ângulo de contato é obtido a partir de uma linha tangente plotada pelo

equipamento, medindo a abertura com relação à superfície do mineral. Após a primeira

medição, a cada 10 minutos uma nova medição é realizada, sendo repetida até que o processo

seja interrompido devido à não variação expressiva dos valores obtidos.

Variações na composição do mineral e no processo de envelhecimento da amostra

promovem a formação de uma tensão interfacial entre o óleo e a superfície do mineral

diferente para cada caso. Essa diferença irá resultar em valores de ângulos de contato

distintos, propiciando a análise do grau de molhabilidade da rocha reservatório, simulada,

neste caso, pelos minerais puros, em condições extremas de pressão e temperatura.

4.4.2 Condições de uso

Para realizar a medição, é fundamental que o equipamento esteja devidamente limpo.

Para tal, certifique-se de que a pressão está em zero, as bombas estão desligadas e se todas as

válvulas existentes estão fechadas. A limpeza é realizada com o auxílio de uma linha de gás

nitrogênio para drenar todo o líquido restante na célula. Os solventes orgânicos tolueno

49

(pureza) e metanol (pureza) adquiridos no fornecedor Sigma-Aldrich são usados para limpar

as lentes de Safira que isolam a câmara onde é colocada a amostra de mineral puro. As

partículas sólidas geradas ao longo do processo na câmara também são removidas com os

solventes mencionados.

Após a etapa de limpeza, o equipamento encontra-se disponível para iniciar as

medições. Usa-se o programa do equipamento para dar os comandos e realizar os ajustes

necessários de acordo com o sistema que se deseja estudar, como, por exemplo, ajustes de

pressão e temperatura. A bomba deve ser conectada à célula de pistão contendo salmoura a

“Taxa Constante de Entrega” e o fluxo ajustado para 300 mL/h.

A câmara é preenchida com salmoura até que as primeiras gotas comecem a sair pela

linha de purga. Fecha-se a válvula e dá-se continuidade ao processo ajustando a temperatura

no Controlador de Temperatura. É preciso esperar a temperatura estabilizar para formar a

gota de óleo na superfície do mineral e dar início à medição. A segunda bomba deve estar

conectada à célula de pistão com óleo e sua pressão deve ser ajustada em 20 PSI acima da

pressão da salmoura.

Configurações de medição como o número de imagens, tempo de gravação dos dados,

local onde os resultados serão salvos e método de computação devem ser feitas por meio do

programa.

Ao voltar para a imagem da câmera, e com a temperatura estabilizada, faça a gota

sobre o substrato e ajuste a linha base em sua superfície com auxílio do zoom localizado na

parte superior do equipamento. Após, dá-se início às medições de ângulos de contato

sucessivas até o momento em que foi configurado anteriormente. É importante verificar se

os resultados estão sendo computados corretamente antes de avançar nas medições.

4.5 Análise dos resultados

A análise dos resultados de ângulos de contato obtidos neste trabalho é realizada a

fim de avaliar o efeito das variáveis, previamente estipuladas, no estudo de molhabilidade.

São comparados os efeitos causados pelo uso de minerais puros de composições químicas

diferentes para o mesmo tempo de envelhecimento e solvente de lavagem; a influência do

tempo de envelhecimento para um mesmo mineral e solvente de lavagem; o efeito causado

pelo uso de diferentes solventes orgânicos na remoção do excesso de óleo proveniente do

50

processo de envelhecimento para cada tipo de mineral separadamente; e comparar o método

da centrífuga com o método dos solventes orgânicos.

Ao final, a análise é utilizada como base para a padronização do método de

envelhecimento para este estudo, não havendo um método bem definido na literatura

atualmente.

51

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os ângulos de contato obtidos e as discussões das

análises acerca da influência de parâmetros experimentais na medição da molhabilidade dos

minerais, de acordo com a metodologia utilizada. São avaliados o tempo de residência do

mineral em óleo bruto durante o processo de envelhecimento, a utilização do método dos

solventes, a eficiência do método da centrífuga quando comparado ao método dos solventes

e a diferença de molhabilidade preferencial entre os minerais arenito e carbonatos devido à

composição química de cada um.

5.1 Análise do tempo de estabilização

Para avaliar os resultados das medições de ângulos de contato realizadas através do

goniômetro, é necessário estabelecer uma metodologia a partir da qual todos os casos

estudados experimentalmente foram avaliados, com o intuito de padronizar as análises. Como

apresentado na seção 4.4.1, o equipamento realiza medições sucessivas apresentando um

intervalo de 10 minutos entre uma medição e outra. A medida que as medições vão

acontecendo, observa-se a variação relativa entre a medição naquele momento e a anterior.

Arbitrariamente, foi escolhida uma variação aceitável de até 0,5% para definir o tempo de

estabilização das medições, onde o processo pode ser interrompido por apresentar valores de

ângulos aproximadamente constantes. A Tabela 5 mostra os resultados obtidos para o caso

do mineral quartzo até 30ª medição:

Tabela 5: Resultados de ângulos de contato para o mineral quartzo envelhecido, sendo

tresidência igual a 3 dias em óleo e uso do solvente ciclohexano.

Medição Tempo

(min) θesquerda [°] θdireita [°] θmédio [°] ∆θ = θ𝑖+1 − θ𝑖

∆𝜃

θ𝑖∗ 100

1 1 63,6 66,6 65,1

2 10 63,7 66,3 65,0 0,100 0,2

3 20 63,6 66,4 65,0 0,000 0,0

4 30 63,4 66,0 64,7 0,300 0,5

5 40 63,3 65,8 64,6 0,100 0,2

6 50 63,4 65,8 64,6 0,000 0,0

7 60 63,2 65,6 64,4 0,200 0,3

8 70 63,2 65,6 64,4 0,000 0,0

9 80 63,2 65,6 64,4 0,000 0,0

10 90 63,2 65,6 64,4 0,000 0,0

11 100 63,4 65,7 64,5 0,100 0,2

12 110 63,2 65,6 64,4 0,100 0,2

52

Medição Tempo

(min) θesquerda [°] θdireita [°] θmédio [°] ∆θ = θ𝑖+1 − θ𝑖

∆𝜃

θ𝑖∗ 100

13 120 63,1 65,5 64,3 0,100 0,2

14 130 63,1 65,5 64,3 0,000 0,0

15 140 63,1 65,5 64,3 0,000 0,0

16 150 63,2 65,5 64,4 0,100 0,2

17 160 63,1 65,4 64,2 0,200 0,3

18 170 63,2 65,5 64,4 0,200 0,3

19 180 63,0 65,4 64,2 0,200 0,3

20 190 63,1 65,5 64,3 0,100 0,2

21 200 63,1 65,4 64,3 0,000 0,0

22 210 63,0 65,4 64,2 0,100 0,2

23 220 63,0 65,4 64,2 0,000 0,0

24 230 63,0 65,4 64,2 0,000 0,0

25 240 62,9 65,2 64,0 0,200 0,3

26 250 63,0 65,3 64,1 0,100 0,2

27 260 63,0 65,3 64,2 0,100 0,2

28 270 63,0 65,3 64,2 0,000 0,0

29 280 63,1 65,4 64,3 0,100 0,2

30 290 63,0 65,4 64,2 0,100 0,2

Para este caso, o tempo de estabilização foi considerado a partir da primeira medição,

visto que não houve variação significativa no decorrer do experimento. A Figura 9 mostra

graficamente a tendência que o sistema apresentou ao longo do tempo.

Figura 9: Tempo de estabilização das medições de ângulos de contato para o mineral

quartzo em tresidência igual a 3 dias e uso do solvente ciclohexano.

Para o caso da dolomita, o tempo de estabilização não foi alcançado rapidamente quanto

para o quartzo. As primeiras medições de ângulos de contato apresentaram um erro percentual

relativo maior do que 0,5%.

63,5

64,0

64,5

65,0

65,5

0 200 400 600 800 1000 1200Ân

gu

lo d

e co

nta

to (

°)

Tempo de estabilização (min)

Quartzo

53

Tabela 6: Resultados de ângulos de contato para o mineral dolomita envelhecida,

sendo tresidência igual a 3 dias em óleo e uso do solvente ciclohexano.

Medição Tempo

(min) θesquerda [°] θdireita [°] θmédio [°] ∆θ = θ𝑖+1 − θ𝑖

∆𝜃

θ𝑖∗ 100

1 1 59,5 59,2 59,4

2 10 60,4 60,1 60,3 0,9 1,52

3 20 62,8 62,4 62,6 2,3 3,81

4 30 62,7 62,3 62,5 0,1 0,16

5 40 63,1 62,6 62,9 0,4 0,64

6 50 63,2 62,6 62,9 0 0,00

7 60 63,2 62,7 62,9 0 0,00

8 70 63 62,5 62,7 0,2 0,32

9 80 63,1 62,8 62,9 0,2 0,32

10 90 63,2 62,9 63 0,1 0,16

11 100 63,5 63,1 63,3 0,3 0,48

12 110 63,3 63,1 63,2 0,1 0,16

13 120 63,4 63,3 63,4 0,2 0,32

14 130 63,5 63,3 63,4 0 0,00

15 140 63,5 63,4 63,4 0 0,00

16 150 63,3 63,2 63,3 0,1 0,16

17 160 63,4 63,2 63,3 0 0,00

18 170 62,8 63,4 63,1 0,2 0,32

19 180 62,6 63,3 63 0,1 0,16

20 190 62,4 63,1 62,8 0,2 0,32

21 200 62,5 63,2 62,9 0,1 0,16

22 210 63,1 63,7 63,4 0,5 0,79

23 220 62,6 63,3 62,9 0,5 0,79

24 230 62,4 63,4 62,9 0 0,00

25 240 62,4 63,2 62,8 0,1 0,16

26 250 62,4 63,2 62,8 0 0,00

27 260 62,5 63,4 62,9 0,1 0,16

28 270 63,2 63,9 63,6 0,7 1,11

29 280 62,6 63,5 63 0,6 0,94

30 290 63 63,6 63,3 0,3 0,48

31 300 62,8 63,6 63,2 0,1 0,16

32 310 63,3 63,8 63,6 0,4 0,63

33 320 63,2 63,7 63,4 0,2 0,31

34 330 62,9 63,5 63,2 0,2 0,32

35 340 62,7 63,4 63 0,2 0,32

36 350 62,6 63,3 62,9 0,1 0,16

37 360 62,7 63,3 63 0,1 0,16

38 370 62,4 63,2 62,8 0,2 0,32

39 380 63,2 63,9 63,5 0,7 1,11

54

Medição Tempo

(min) θesquerda [°] θdireita [°] θmédio [°] ∆θ = θ𝑖+1 − θ𝑖

∆𝜃

θ𝑖∗ 100

40 390 62,9 63,4 63,1 0,4 0,63

41 400 62,9 63,4 63,2 0,1 0,16

42 410 62,6 63,2 62,9 0,3 0,47

43 420 63,3 63,7 63,5 0,6 0,95

44 430 63,2 63,7 63,4 0,1 0,16

45 440 62,8 63,3 63,1 0,3 0,47

46 450 63,6 63,8 63,7 0,6 0,95

47 460 62,9 63,5 63,2 0,5 0,78

48 470 62,6 63,2 62,9 0,3 0,47

49 480 63,3 63,7 63,5 0,6 0,95

50 490 62,9 63,7 63,3 0,2 0,31

51 500 63,7 64,2 63,9 0,6 0,95

52 510 63,7 64,1 63,9 0 0,00

53 520 63,6 64 63,8 0,1 0,16

54 530 63,4 64,1 63,8 0 0,00

55 540 63,5 64 63,7 0,1 0,16

56 550 63,5 63,9 63,7 0 0,00

57 560 63,7 64 63,8 0,1 0,16

58 570 63,7 64,1 63,9 0,1 0,16

59 580 64,1 64,2 64,2 0,3 0,47

60 590 63,9 64,3 64,1 0,1 0,16

61 600 63,5 64,1 63,8 0,3 0,47

62 610 63,2 63,7 63,5 0,3 0,47

63 620 64,1 64,4 64,3 0,8 1,26

64 630 64,1 64,4 64,3 0 0,00

65 640 64,1 64,3 64,2 0,1 0,16

66 650 63,7 64,2 63,9 0,3 0,47

67 660 63,7 64,2 63,9 0 0,00

68 670 63,8 64,2 64 0,1 0,16

69 680 63,6 64,1 63,9 0,1 0,16

70 690 63,4 63,9 63,7 0,2 0,31

71 700 63,6 64 63,8 0,1 0,16

72 710 63,4 63,9 63,7 0,1 0,16

73 720 63,7 64,1 63,9 0,2 0,31

74 730 63,3 63,9 63,6 0,3 0,47

75 740 63,9 64 64 0,4 0,63

76 750 64,1 64,1 64,1 0,1 0,16

77 760 63,6 63,9 63,8 0,3 0,47

78 770 63,7 63,9 63,8 0 0,00

79 780 63,4 63,7 63,5 0,3 0,47

80 790 63,6 63,7 63,7 0,2 0,31

55

A partir da Figura 10 pode-se observar que o tempo de estabilização foi alcançado

após 40 minutos de trabalho, aproximadamente.

Figura 10: Tempo de estabilização das medições de ângulos de contato para o mineral

dolomita em tresidência igual a 3 dias e uso do solvente ciclohexano.

A diferença no tempo de estabilização para o quartzo e a dolomita pode ser explicada

pelas interações intermoleculares que ocorrem no sistema rocha-óleo. O mineral quartzo

estabiliza mais rapidamente porque o óleo interage menos com a superfície do mineral

arenito. As interações entre o óleo e a dolomita são mais fortes devido à superfície

positivamente carregada do mineral carbonato. Essa mesma metodologia foi aplicada na

avaliação dos resultados do mineral calcita.

5.2 Influência do tempo de envelhecimento na medição de ângulos de contato

Para dar início aos estudos de molhabilidade de rochas reservatórios, foi preciso testar

diferentes tempos de envelhecimento dos minerais em óleo bruto a fim de verificar a

influência do mesmo na medição do ângulo de contato. Variando o tempo de residência em

óleo, foi utilizado o solvente ciclohexano para remoção do excesso de óleo da superfície de

minerais, sendo o ciclohexano um dos solventes aplicados pelo método dos solventes. Assim,

este item visa entender qualitativamente como a variação do tempo de residência em óleo

bruto pode representar significativamente a molhabilidade do reservatório em campo ou

acarretar em sua alteração.

Assim, para o estudo da influência do tempo de residência dos minerais em óleo bruto

durante 1, 3, 5, 15 e 30 dias, fixando o solvente, foram obtidos os seguintes valores de ângulos

de contato:

59

60

61

62

63

64

65

0 100 200 300 400 500 600 700 800Ângulo

de

conta

to (

°)

Tempo de estabilização (min)

Dolomita

56

Tabela 7: Ângulos de contato para diferentes tempos de envelhecimento.

Tempo de residência

em óleo bruto (dias)

Calcita Dolomita Quartzo

θmédio [°] (± DP) θmédio [°] (± DP) θmédio [°] (± DP)

1 58,73 ± 0,28 61,04 ± 0,31 44,68 ± 0,48

3 62,42 ± 0,08 82,58 ± 0,30 54,81 ± 0,33

5 60,31 ± 0,15 66,80 ± 0,29 56,24 ± 0,09

15 162,58 ± 0,15 93,59 ± 2,19 143,46 ± 0,45

30 111,76 ± 0,88 126,12 ± 0,83 137,52 ± 0,81

Os resultados experimentais confirmam a hipótese de que o tempo de envelhecimento

é um dos fatores que interferem na caracterização da rocha quanto ao estado de

molhabilidade. O envelhecimento em óleo bruto ao longo de um, três e cinco dias geraram

valores de ângulos de contato aproximadamente iguais, em média, para cada um dos

minerais. Os tempos de quinze e vinte dias apresentaram valores mais altos com relação aos

demais, o que é compreensível devido ao aumento do tempo em que a rocha é submetida ao

contato com o óleo.

Um tempo de residência maior faz com que o fluido consiga percorrer os poros da

rocha e se aderir fortemente à superfície por meio de forças de atração. Isso ocorre, pois, a

carga distribuída na superfície do mineral interage mais fortemente com os componentes

polares presentes no óleo bruto, favorecendo a adsorção desses durante o processo de

envelhecimento. A alteração do estado de molhabilidade da rocha é evidenciada pela variação

dos ângulos de contato de 45° a 162°, o que significa dizer que em tempos de residência

menores a molhabilidade dos minerais é preferencial à água, e, em tempos maiores,

preferencial ao óleo.

A escolha do tempo de residência que irá retratar o estado de molhabilidade mais

representativo do que é encontrado em campo é feita analisando os resultados obtidos para 1,

3 e 5 dias e, após, para 15 e 30 dias. No primeiro caso, os ângulos de contato apresentaram

valores próximos para os três diferentes tipos de minerais. Pode-se observar que os valores

de ângulos de contato comparando os tempos de um e três dias apresentam uma diferença de

até mais de 10°. Esta é reduzida entre os períodos de três e cinco dias de envelhecimento,

demonstrando maior veracidade dos resultados e, consequentemente, possibilitando a

caracterização representativa quanto à molhabilidade do mineral. Assim, opta-se pelo tempo

57

de residência em três dias no óleo, visto que o tempo de um dia é considerado insuficiente e

o tempo de cinco dias gera resultados muito semelhantes aos de tempo reduzido, resultando

em medições confiáveis para este estudo.

No caso de quinze e trinta dias, a diferença nas medições também não foi muito

expressiva, logo, não há necessidade em adotar o envelhecimento de trinta dias quando se

consegue obter os resultados esperados em tempo reduzido.

Figura 11: Ângulos de contato medidos sobre a calcita em diferentes tempos de

envelhecimento.

Figura 12: Ângulos de contato medidos sobre a dolomita em diferentes tempos de

envelhecimento.

0

50

100

150

200

1-1 1-3 1-5 1-15 1-30

Ân

gu

lo d

e co

nta

to (

°)

Tempo de envelhecimento (dias)

Calcita LS

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5

Ân

gu

lo d

e co

nta

to (

°)

Tempo de envelhecimento (dias)

Dolomita LS

58

Figura 13: Ângulos de contato medidos sobre o quartzo em diferentes tempos de

envelhecimento.

Pode-se observar também que o aumento do tempo de envelhecimento beneficiou os

minerais carbonáticos e causou alteração da molhabilidade do arenito (Figuras 11, 12 e 13).

Somado a isto, no aumento da pressão e da temperatura do sistema e a composição química

do mineral também estão influenciando nas medições de ângulos de contato apresentadas.

Rao (1996) concluiu em seu estudo que, em altas temperaturas, arenitos assumem estado de

molhabilidade preferencial por óleo e carbonatos tornam-se menos molháveis ao óleo.

O mineral quartzo, por exemplo, apresenta maior afinidade por água do que por óleo

devido sua superfície negativa. Porém, nota-se uma alteração brusca no estado de

molhabilidade do mineral quando o mesmo é submetido a um tempo de residência elevado.

Essa alteração ocorre pela alta permeabilidade da rocha, proporcionando maior superfície de

contato rocha-óleo e facilitando, dessa forma, a interação entre os componentes químicos do

óleo e a superfície da rocha. Além disso, a composição do óleo apresenta maior concentração

de TBN do que de TAN o que pode fazer com que os componentes básicos do óleo cru sejam

adsorvidos na interface água-óleo e, por atração eletrostática, o óleo pode alcançar o filme de

água salina que cobre a superfície da rocha, rompendo-o (FACANHA et al., 2016).

5.3 Avaliação dos métodos dos solventes e da centrífuga

O uso do método dos solventes demonstrou ser bastante peculiar, pois a polaridade

dos mesmos influi na medição de ângulo de contato. De acordo com o princípio da

solubilidade “semelhante dissolve semelhante”, quanto mais semelhante for a polaridade do

solvente com relação à polaridade do óleo, maior será a quantidade de óleo carreada da

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1 2 3 4 5

Ân

gu

lo d

e co

nta

to (

°)

Tempo de envelhecimento (dias)

Quartzo

59

superfície do mineral na etapa de lavagem, logo, a adesão da gota de óleo projetada pelo

goniômetro dependerá da quantidade de óleo restante na superfície.

O uso dos quatro tipos de solventes orgânicos gerou medidas de ângulos de contato

distintas para um mesmo mineral e tempo de envelhecimento (3 dias), afirmando que a

molhabilidade é suscetível também à interação solvente-óleo, que promove a caracterização

errônea do seu estado. Pode-se observar o efeito causado pelo uso do método dos solventes

a partir das Figuras 14, 15 e 16:

Figura 14: Influência do uso de diferentes solventes na medição do ângulo de contato do

mineral calcita no tempo 1-3 de envelhecimento.

Figura 15: Influência do uso de diferentes solventes na medição de ângulo de contato do

mineral dolomita no tempo 1-3 de envelhecimento.

51,81

77,19 71,1592,04

62,42

99,93

155,32

020406080

100120140160180

Ângulo

de

Conta

to (

°)

49,58

82,60

129,37

91,81

63,8752,87

67,77

0

20

40

60

80

100

120

140

Ângulo

de

Conta

to (

°)

60

Figura 16: Influência do uso de diferentes solventes na medição do ângulo de contato do

mineral quartzo no tempo 1-3 de envelhecimento.

Alguns picos de medição foram observados após o uso de n-hexano e n-hexadecano

no estudo da molhabilidade de dois dos três minerais utilizados. Isso ocorre pelo fato de

solventes de alcanos simples influenciarem na estabilidade de asfaltenos presentes na

composição do óleo bruto, ocasionando sua precipitação. A precipitação de asfaltenos, por

sua vez, viabiliza a molhabilidade preferencial por óleo, gerando ângulos de contato maiores

que 90°. Essa alteração na molhabilidade pode ser observada de forma mais expressiva nos

minerais dolomita e quartzo.

O método dos solventes adiciona algumas variáveis a mais no estudo da

molhabilidade de minerais a partir do método qualitativo de medição de ângulos de contato,

como, por exemplo, a influência da polaridade dos solventes, a precipitação de asfaltenos e a

interação solvente-óleo, além de depender de um operador para realizar manualmente o

processo de lavagem do mineral. Por isso, o uso do método da centrífuga é considerado mais

confiável por apresentar parâmetros padronizados (rotação de 3000 rpm durante 20 minutos)

e a quantidade de óleo que será removida ao longo do processo depende apenas da interação

rocha-óleo, decorrente da composição química de cada um.

81,5392,79

180

106,69

64,50 59,84 56,03

020406080

100120140160180200

Ângulo

de

Conta

to (

°)

61

Tabela 8: Ângulos de contato usando os métodos da centrífuga e dos solventes

(ciclohexano) no tempo 1-3 de envelhecimento.

Pelo método da centrífuga, os minerais calcita e quartzo seguiram a tendência

esperada de acordo com a literatura, apresentando ângulos de contato que revelam ser mais

molháveis por óleo e por água, respectivamente. Aplicando-se o método dos solventes nas

mesmas condições, pode-se perceber que este gera valores não condizentes ao que é

apresentado na literatura, implicando na caracterização errônea do estado de molhabilidade.

5.4 Avaliação da influência da composição do mineral no estudo de molhabilidade

Diante dos resultados apresentados nas seções 5.1 e 5.2, minerais arenitos e

carbonatos apresentam estados de molhabilidade diferentes. A composição química dos

minerais promove a interação dos mesmos com os fluidos água salina e óleo, devido à

distribuição de cargas na superfície do mineral.

Minerais carbonatos, por apresentarem carga superficial positiva, tendem a interagir

fortemente com os componentes polares presentes no óleo bruto, o que resulta numa força de

adesão rocha-óleo maior em carbonatos do que em arenitos. Essa interação provoca um

espalhamento da gota de óleo sobre a superfície do mineral, resultando em medições de

ângulos de contato acima de 90°, de acordo com o método de remoção de óleo de

envelhecimento utilizado, como foi visto nas seções anteriores.

Mineral Método da centrífuga Método dos solventes

θmédio [°] (± DP) θmédio [°] (± DP)

Calcita LS 155,13° ± 0,41 62,42° ± 0,08

Dolomita LS 63,31° ± 0,22 63,87 ± 0,21

Quartzo 56,03° ± 0,56 64,50 ± 0,13

62

Figura 17: Gota de óleo sobre a superfície da calcita durante a medição de ângulo de

contato.

Minerais arenitos tendem a interagir com a água salina devido à distribuição de cargas

negativas ao longo de sua superfície. Por isto, a gota de óleo adere menos à superfície,

gerando valores de ângulos de contato menores que 90°.

Figura 18: Gota de óleo sobre a superfície do quartzo durante a medição de ângulo de

contato.

Linha base

𝜃

Linha base

θ

63

6. CONCLUSÕES

O estudo da molhabilidade de rochas reservatórios é bastante relevante para a

indústria do petróleo e para as grandes empresas produtoras do país. A diminuição da

produtividade de poços devido ao longo tempo de exploração do campo afeta a lucratividade

das operadoras. O conhecimento acerca das interações que ocorrem no sistema água

salina/rocha/óleo possibilita a aplicação de métodos de recuperação avançada de maneira

eficiente. Esses métodos promovem o aumento da fração de óleo recuperada através da

alteração das interações fluido-fluido e rocha-fluido que influenciam no deslocamento do

óleo bruto no interior da rocha.

O objetivo deste trabalho era avaliar o efeito causado pelo processo de

envelhecimento nas medições de ângulos de contato e, consequentemente, no estado de

molhabilidade dos minerais puros calcita, dolomita e quartzo, caracterizando-o. Para isso,

foram variados parâmetros como o tempo de residência do mineral em óleo bruto, o método

utilizado na etapa de lavagem do mineral e o mineral em si, devido à diferença de composição

química. Os experimentos foram realizados em condições de temperatura e pressão

características de reservatório, além de terem sido utilizados água salina e óleo bruto

provenientes de um campo do pré-sal brasileiro.

Os resultados obtidos variando-se o tempo de residência de minerais em óleo bruto

indicaram que, em tempos de residência maiores, os minerais se tornaram mais molháveis ao

óleo do que em tempos reduzidos. Essa informação é importante pois indica a influência do

tempo de envelhecimento na caracterização do estado de molhabilidade dos minerais. Para

15 dias, a molhabilidade dos minerais foi mais representativa do que em 3 dias, pois o óleo

interagiu mais fortemente com a superfície da rocha. Ainda que arenitos sejam

preferencialmente molhados por água devido aos efeitos de distribuição de carga na

superfície, o quartzo torna-se mais molhável ao óleo sob condições elevadas de temperatura

e pressão somadas ao aumento do tempo de envelhecimento.

O método da centrífuga apresentou melhores resultados do que o método dos

solventes. A variação nas medições de ângulos de contato pelo método dos solventes deixa

explícita a influência da interação solvente-óleo na caracterização do mineral. Além disso, a

precipitação de asfaltenos e a semelhança quanto a polaridade do óleo bruto também

corroboram para a alteração do estado de molhabilidade. A minimização desses efeitos tem

um impacto significativo na molhabilidade dos minerais. Por meio da centrífuga, essas

64

interações são eliminadas, contando apenas com a interação rocha-óleo decorrente das

composições químicas de ambos os componentes.

Ao avaliar a influência da composição química dos minerais, os resultados

reafirmaram a tendência de minerais carbonatos serem mais molháveis ao óleo e minerais

arenitos, mais molháveis à água, de acordo com a literatura. Nessa seção, foram destacados

apenas os efeitos causados pela distribuição de cargas na superfície, onde cargas positivas

interagem mais com o óleo e cargas negativas apresentam mais afinidade pela água.

Por fim, os resultados apresentados neste estudo revelaram ser importantes para a

identificação do estado de molhabilidade dos minerais que simularam a rocha reservatório.

A padronização do processo de envelhecimento é fundamental para se obter ângulos de

contato condizentes com o que é esperado na literatura. A partir do conhecimento prévio da

molhabilidade do campo, é possível implementar estratégias de recuperação de petróleo

eficientes, contribuindo com o aumento de sua produtividade.

65

Referências Bibliográficas

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