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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE FARMÁCIA
ANÉZIA LIMA CHAVES RIBEIRO
IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO
SIMULTÂNEA DE GLIFOSATO E AMPA (ACIDO AMINOMETILFOSFÔNICO) EM
ÁGUAS NATURAIS POR IC/CONDUTOMETRIA
NITERÓI-RJ
2011
ANÉZIA LIMA CHAVES RIBEIRO
IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO
SIMULTÂNEA DE GLIFOSATO E AMPA (ACIDO AMINOMETILFOSFÔNICO) EM
ÁGUAS NATURAIS POR IC/CONDUTOMETRIA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
graduação da Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal Fluminense, Como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. SILVANA VIANNA RODRIGUES
Niterói
2011
II
III
ANÉZIA LIMA CHAVES RIBEIRO
IMPLEMENTAÇÃO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO
SIMULTÂNEA DE GLIFOSATO E AMPA (ACIDO AMINOMETILFOSFÔNICO) EM
ÁGUAS NATURAIS POR IC/CONDUTOMETRIA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
graduação da Faculdade de Farmácia da
Universidade Federal Fluminense, como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área
de Concentração: Ciências Aplicadas a Produtos
para Saúde.
Aprovada em dezembro de 2011.
Niterói
2011
IV
Dedico todo o mérito deste trabalho a Deus, e
às pessoas que sempre estiveram ao meu lado
me encorajando nas horas difíceis: minha mãe
Dina, meus filhos Sarah, Amanda, Matheus e
ao meu esposo Sérgio por todo amor e carinho.
Amo vocês!
V
AGRADECIMENTOS
A Deus que me permitiu trilhar os caminhos da pesquisa e por ter me dado forças nos
momentos em que os obstáculos pareciam intransponíveis, transmitindo perseverança
e ferramentas para alcançar mais esta vitória em minha vida.
Ao meu esposo Sérgio pelo privilégio de tê-lo ao meu lado, pela compreensão, amor e
apoio em todos os momentos abdicando de seus projetos em favor dos meus. Eu te
amo meu querido!
Aos meus amados filhos Sarah, Amanda e Matheus pelo carinho, amor, e por tantas
alegrias proporcionadas, é um privilégio poder ser a mãe de vocês.
A minha mãe pelo apoio em todos os momentos difíceis de minha vida.
A minha querida orientadora professora Drª Silvana Vianna Rodrigues meu expressivo
agradecimento, que por duas vezes aceitou me orientar, me apoiou com todo o seu
conhecimento e confiança possibilitando a execução deste projeto.
À Juliana de Freitas colaboradora da Metrohm, pelo apoio e por todas as suas decisivas
participações na condução deste projeto, no planejamento e programação do gradiente,
a sua contribuição foi fundamental para que este trabalho pudesse ter sido realizado.
À Universidade Federal Fluminense, a Faculdade de Farmácia e o Departamento de
Química, pela oportunidade que me concedeu de realizar este trabalho.
À Coordenadora do mestrado querida professora Dra. Kátia pelo carinho e dedicação e
estímulo para que eu caminhasse com este estudo. A todos os docentes da pós-
graduação em especial à profª Drª Vilma Blondet e ao prof.Dr. Wilson da Costa Santos.
VI
À secretária da pós-graduação Adelina, pela delicadeza e carinho.
À Sueli Apati pelo apoio na condução deste trabalho.
Ao prof. Dr. Anderson Araújo Rocha, do Departamento de Química Analítica da
Universidade Federal Fluminense pela participação na execução do projeto.
Ao Professor Dr. Alberto Garcia Figueiredo Junior e sua equipe pelas coletas das
amostras de água superficial.
À Wânia Quintão e Lelo Coimbra pelo carinho, pela amizade e por me apoiar neste
projeto e oferecer-me oportunidades fundamentais, sem as quais, o meu sonho não
tornaria realidade.
As amigas da república: Percilene, Luciana, Carol, Adriana e Brígida, pela amizade
conquistada nestes dois anos, vocês foram durante o mestrado a minha “segunda
família”.
Aos colegas da farmácia do Hospital Antônio Bezerra de Farias, que me apoiaram e
não mediram esforços para me ajudar nas trocas de plantões; sem a colaboração de
todos vocês, eu não teria chegado até aqui, meus sinceros agradecimentos.
À Tânea, que não mediu esforços em me ajudar a finalizar este trabalho.
A equipe do laboratório de cromatografia da professora Silvana - UFF: Carlos, Dani,
Rafael, Cássia, Messias, Carol , Roberta e Jonas. Em especial ao Vinicius, pela
paciência, carinho, amizade, companheirismo e apoio incondicional nos momentos
difíceis. Você é muito especial!
A todos aqueles que de alguma forma também me apoiaram durante a execução deste
trabalho e cujos nomes não foram citados aqui. MUITO OBRIGADA!
VII
RESUMO
O glifosato é um herbicida organofosforado amplamente utilizado que constitui um poluente potencial do meio ambiente; ácido aminometilfosfônico (AMPA) é o seu principal metabólito. O objetivo deste estudo foi desenvolver um método direto rápido e sensível para a quantificação dos herbicidas, a fim de monitorar seus resíduos na água de diferentes fontes. Além disso, este estudo teve como objetivo elaborar um procedimento para a determinação simultânea de glifosato, AMPA e F-, Cl-, Br-, NO3
-, SO4
2- e PO43- na água. Em ambos os casos, foram usados a cromatografia de troca
iônica com detecção condutométrica. A determinação de glifosato pode ser realizada em modo isocrático (6,0 mmol L-1 Na2CO3 e 2,0 mmol L-1 NaHCO3), enquanto a separação simultânea de glifosato, AMPA e ânions foi realizada por gradiente com as seguintes fases móveis: A: 15,0 mmol L-1 NaOH + 1,0 mmol L-1 Na2CO3 e B : Na2CO3 -15,0 mmol L-1. A confirmação de espécies AMPA (m / z = 110) e glifosato (m / z = 168) foi realizada pelo IC-MS. A determinação do isótopo 31P por ICPMS permitiu a determinação indireta destas espécies e um teste de recuperação resultou em cerca de 105%. O método foi validado utilizando matrizes de agua ultrapura, agua superficial, mineral e água subterrânea. Por eluição isocrática, os limites de detecção (LODs) encontrados para o glifosato foram: 10 µgL-1 em água ultrapura , 54 µgL-1 em água subterrânea. Para a determinação simultânea de glifosato e AMPA, os LODs foram: 9,6 µgL-1 , 9,8 µgL-1 (água ultrapura), 9,5 µgL-1 , 60 µgL-1 (água mineral), 12,4 , 29,7 µgL-1 (agua superficial) respectivamente para glifosato e AMPA. A determinação de glifosato por IC/Condutimetria mostrou-se adequada à aplicação em águas naturais, alcançando valores de LD muito abaixo dos permitidos pela legislação vigente (500 µgL-1; Portaria MS 518 de 25/03/2004 e Resolução CONAMA 396 de 03/04/2008) e, também outros órgão internacionais como EPA, sem necessidade de preparação prévia da amostra como extração, pré-concentração e derivatização.
VIII
ABSTRACT
Glyphosate is a widely used organophosphorated herbicide, which constitutes a potential pollutant of the environment; aminomethylphosphonic acid (AMPA) is its main metabolite. The purpose of this study was to develop a direct, rapid and sensitive method for quantification of the herbicide in order to monitor its residues in water from different sources. Furthermore, this study aimed to draw up a procedure for the simultaneous determination of glyphosate, AMPA and F-, Cl-, Br-, NO3
-, SO42- and PO4
3- in water. In both cases, ion-exchange chromatography with conductimetric detection were used. The determination of glyphosate could be performed in isocratic mode (6.0 mmol L-1 Na2CO3 and 2.0 mmol L-1 NaHCO3), while the simultaneous separation of glyphosate, AMPA and anions was performed by gradient elution with the following mobile phases: A - 15.0 mmol L-1 NaOH + 1.0 mmol L-1 Na2CO3 and B - 15.0 mmol L-1 Na2CO3. Confirmation of species AMPA (m/z = 110) and glyphosate (m/z = 168) were carried out by IC-MS. The determination of the isotope 31P by ICPMS allowed the indirect determination of these species and a recovery test resulted in about 105%. The method was validated using ultrapure, river, mineral and groundwater. With isocratic elution, limits of detection (LODs) of 10 µg L-1 in ultrapure water and 54 µg L-1 in groundwater were found for glyphosate. For the simultaneous determination of glyphosate and AMPA, LODs were, respectively, 9.6 µg L-1, 9.8 µg L-1 (ultrapure water), 9.5 µg L-1, 60 µg L-1 (mineral water), 12.4 µg L-1, 29.7 µg L-1 (river water). The determination of glyphosate IC / Conductimetry proved to be suitable for application in natural waters, reaching LD values far below those allowed by legislation (500 µg L-1), MS portaria 518 of 25/03/2004 and CONAMA Resolution 396 of 03 / 04/2008), and also other international bodies such as EPA, without previous sample preparation and extraction, pre-concentration and derivatization.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3.1 - Estrutura dos compostos Glifosato e ácido aminometilfosfônico
(AMPA)
24
Figura 3.2 - Rotas de decomposição microbiológica do glifosato.......................... 26
Figura 3.3 -Constantes de dissociação ácida do glifosato. (modificada)............... 27
Figura 3.4 -Constantes de dissociação ácida do AMPA. (modificada)................... 28
Figura 5.1 - Equipamento de Cromatógrafo de íons Metrohm.............................. 41
Figura 5.2 - Localização dos pontos de amostragem de aguas superficiais......... 46
Figura 5.3 - Localização dos poços de monitoramento de água subterrânea........ 47
Figura 6.1 – Cromatograma obtido por eluição isocrática na técnica CI/condutimetria:
em preto água ultrapura, em vermelho padrão de glifosato 125 µg L-1
(Condições: T = 27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1
e NaHCO3 2,0 mmol L-1.).................................................................................
49
Figura 6.2 - Cromatograma obtido por IC/MS do padrão de glifosato 500 µg.L-1
(Condições: T= 27ºC, Vazão=0,8 mL.min-1, eluente: Na2CO3 6,0
mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1, n = 2)............................................
49
Figura 6.3 - Zoom do Cromatograma na faixa de tempo de retenção do
glifosato para padrões de glifosato 250 (verde); 500 (vermelho) e
1000 µg L-1 (preto). Condições: T = 27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1,
eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0mmolL-1...........................
50
X
XI
Figura 6.4 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (6),e dos ânions
na concentração de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3)
brometo e nitrato; (4) sulfato e (5) fosfato. (Condições: T = 27 ºC,
Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3
2,0 mmol L-1; Detecção: IC/condutometria)..........................................
51
Figura 6.5 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (7), e dos ânions
na concentração de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3) brometo
(4) nitrato; (5) sulfato e (6) fosfato. (Condições: T = 27 ºC, Vazão =
0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol
L-1; Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria.................................
52
Figura 6.6 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (8), e dos ânions
na concentração de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3, 4)
brometo; (5) nitrato; (6) sulfato e (7) fosfato. (Condições: T = 27 ºC,
Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 2,0 mmol L-1 e NaHCO3
2,0 mmol L-1; Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria)................
52
Figura 6.7 Cromatograma obtido por CI/condutimetria na determinação de
ânions (Fluoreto e cloreto 100 µgL-1 brometo, nitrato e sulfato 200
µgL-1 e fosfato 300 µgL-1) e glifosato (500 µg.L-1). Sinais: 1
fluoreto; 2 cloreto; 3 ou 4 brometo; 5 nitrato; 6 sulfato; 7 fosfato; 8
glifosato.................................................................................................
53
Figura 6.8 - Cromatograma obtido por CI/condutimetria na determinação de
ânions (Fluoreto e cloreto 100 µg gL-1 brometo, nitrato e sulfato 200
µg gL-1 e fosfato 300 µg gL-1) e glifosato (500 µg gL-1). Sinais: 1
fluoreto; 2 cloreto; 3 brometo; 4 nitrato; 5 sulfato; 6 fosfato; 7 glifosato
54
Figura 6.9 - Cromatograma de padrões de AMPA (5) e glifosato (8), ambos em
XII
500 µg L-1, e dos ânions (Fluoreto e cloreto 100 µ gL-1 brometo,
nitrato e sulfato 200 µ gL-1 e fosfato 300 µ gL-1): Sinais: (1) fluoreto;
(2) cloreto; (3) brometo (4) nitrato; (6) sulfato e (7) fosfato.
(Condições: T = 27 ºC; Vazão = 0,75 mL min-1; Coluna: 25 cm;
Detecção: IC/condutometria).
56
Figura 6.10 - Cromatograma obtido por IC-MS confirmando a presença de
AMPA (m/z= 110, 10 minutos) e glifosato (m/z= 168, 30 minutos) no
ensaio apresentado na figura 6.11........................................................
56
Figura 6.11 - Cromatograma obtido por IC/Condutimetria utilizando padrões de
glifosato e AMPA 300 µg L-1 em matriz de água ultrapura com as
seguintes condições cromatográficas: A - NaOH 15,0 mmol L-1 +
Na2CO3 1,0 mmol L-1 pH 12,09 e B - Na2CO3 15,0 mmol L-1 pH 11,4.
Sinais: A glifosato; B, AMPA; C, AMPA (1) e Glifosato (2)...................
57
Figura 6.12 - Ilustração da IC e acompanhamento do pH em diferentes pontos do
equipamento durante uma corrida cromatográfica...........................
58
Figura 6.13 - Curvas analíticas das moléculas AMPA e glifosato para a técnica
de ICP-MS.............................................................................................
60
Figura 6.14 - Curvas analítica para fósforo inorgânico em matriz aquosa na
técnica de ICP-MS................................................................................
60
Figura 6.15 - Determinação de fósforo em ICP-MS para eluição de AMPA e
glifosato (1 mg L-1)................................................................................
61
Figura 6.16 - Determinação de fósforo em ICPMS para eluição de: (1) AMPA, (2)
fosfato e (3) glifosato (1 mg L-1)..............................................................
62
XIII
Figura 6.17 - Recuperação, em termos de fósforo inorgânico (ICPMS), em
amostras de AMPA, glifosato e na mistura destes ...............................
63
Figura 6.18 - Cromatogramas obtido no método isocrático, em matrizes de água
subterrânea. Amostra isenta de glifosato (preto); amostra contendo
glifosato com fortificação de 125 µg.L-1(vermelho) (Condições T=
27ºC, Vazão=0,8 mL.min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e
NaHCO3 2,0 mmol L-1. Detecção: IC/Condutimetria)..........................
64
Figura 6.19 - Cromatogramas obtidos em matriz de água mineral: em preto, sem
fortificação e em vermelho fortificada com 300 µg L-1 de glifosato e
AMPA. (Condições: Condições: T = 27 ºC; Vazão = 0,75 mL min-1;
eluição; gradiente 3, Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria) ....
65
Figura 6.20 - Cromatogramas obtidos em matriz de água superficial: (Preto) no ponto
S6, sem fortificação; (vermelho) “pool” de águas dos pontos S1, S2, S3,
S4, S5 e S6, fortificado com 300 µg L-1 de glifosato e AMPA (sinal 1) e
glifosato e (sinal 2 ). Condições iguais às realizadas na figura 6.19..............
65
Figura 6.21 - Curvas analíticas de glifosato em matriz água ultrapura (A) e água
subterrânea (B), obtidas por eluição isocrática, detecção
condutométrica......................................................................................
67
Figura 6.22 - Curvas analíticas de glifosato nas matrizes: água ultrapura (A) água
mineral (B) água superficial (C), obtidas por eluição por gradiente,
detecção condutométrica. ....................................................................
68
Figura 6.23 - Curvas analíticas de AMPA nas matrizes: água ultrapura (A) e água
mineral (B), obtidas por eluição por gradiente, detecção
condutométrica .....................................................................................
69
XIV
Figura 6.24 - Curva analítica de AMPA na matriz de água superficial (C) obtida
por eluição por gradiente , detecção por condutometria....................
70
Figura 6.25 - Curva analítica de glifosato em matriz água ultrapura obtida por
eluição isocrática e IC-MS ...................................................................
70
Figura 6.26 - Cromatograma obtido para a amostra P7C1 nas seguintes
condições: T= 27ºC, Vazão=0,8 ml/min, Eluição isocrática: Na2CO3
6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1. Em vermelho, amostra pura
mostrando o pico do glifosato, em preto a mesma amostra fortificada
com padrão de glifosato 500 µg L-1......................................................
75
Figura 6.27 - Cromatograma obtido por IC/MS, modo SIM, m/z = 168, para a
amostra P7C1; sinal do glifosato aproximadamente em 11 minutos.
(Condições: T= 27ºC, Vazão=0,8 ml/min, Eluição isocrática: Na2CO3
6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1) ..................................................
75
XV
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 - Propriedades físico-químicas do glifosato…………………………… 27
TABELA 3.2 - Resumo das técnicas de análise dos compostos glifosato e
AMPA em água relatadas na literatura..............................................
37
TABELA 5.1 – Programa otimizado para eluição por gradiente dos componentes
glifosato, AMPA, F-, Cl-, Br-, NO3-, SO42- e PO43- por CI com
detecção condutimétrica.....................................................................
43
TABELA 6.1 - Determinação de fósforo nas moléculas orgânicas pela técnica
de ICPMS, usando como referência a curva analítica de P
inorgânico (figura 1)………………………………………………………
61
TABELA 6.2 - Concentrações testadas nas amostras submetidas ao teste de
recuperação de fósforo e determinadas no ICPMS...........................
63
TABELA 6.3 - Desempenho analítico do método proposto - Determinação do
glifosato por eluição isocrática............................................................
72
TABELA 6.4 Desempenho analítico do método proposto – Determinação
simultânea de glifosato e AMPA por eluição por gradiente................
72
XVI
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A1: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com glifosato obtidos por eluição isocrática.............................................
89
Apêndice A2: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva a analítica elaborada com matriz em água subterrânea fortificada m
com glifosato obtidas por eluição isocrática.........................................
89 Apêndice A3: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com glifosato obtidas por eluição isocrática, IC-MS.................................
90 Apêndice A4: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato, obtida por eluição por gradiente........................................................................
90
Apêndice A5: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato, obtida por eluição por gradiente.........................................................................
91 Apêndice A6: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água mineral, obtida por eluição por gradiente....................................................................
91
Apêndice A7: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água mineral, obtida por eluição por gradiente.........................................................................
92
Apêndice A8: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água superficial, obtida por eluição por gradiente.........................................................................
92 Apêndice A9: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva
analítica elaborada com matriz em água superficial, obtida por eluição por gradiente.........................................................................
93
XVII
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPA - Ácido Aminometilfosfônico
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APA - Área de Proteção Ambiental
HCl - Ácido clorídrico
H3PO4 - Ácido fosfórico
EDTA - Ácido etileno diamino tetraacético
NaHCO3 - Bicarbonato de sódio
Na2CO3 - Carbonato de sódio
CONAMA - Conselho Nacional do Meio ambiente
CEE - Comunidade Econômica Européia
CNBF - Cloro-3,5-dinitrobenzotrifluoreto
IC - Cromatografia de íons
CLAE - Cromatografia a líquido de alta eficiência
GC - Cromatografia a gás
DL50 - Dose letal
EFS/SPE - Extração em fase sólida
EPSPS - Enolpiruvil chiquimato-fosfato sintase
ELISA - Enzyme-linked immunosorcent assay
USEPA - Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação
FMOC-CL - Fluorenilmetilcloroformato
XVIII
HPLC - High Performance Liquid Chromatography
LD - Limite de Detecção
LQ - Limite de Quantificação
Na2HPO4 - Fosfato monobásico de sódio
NH4OH - Hidróxido de amônio
KOH - Hidróxido de potássio
NaOH - Hidróxido de sódio
NH4NO3 - Nitrato de amônio
POEA - Polioxietileneamina
RPM - Rotações por minuto
TFAA - Anidrido trifluor acético
TFE - Trifluoretanol
UV/vis - Ultravioleta/visível
XIX
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES……………………………………………………………… X LISTA DE TABELAS……………………………………………………………………..... XV LISTA DE APÊNDICES……………………………………………………………………XVI LISTA DE ABREVIATURAS……………………………………………………………….XVII 1 INTRODUÇÃO………………………………………................................................ 21 2 OBJETIVO………………………………………...…………………………………….. 23 3 REVISÃO DE LITERATURA………………………………………………………….. 24 3.1 O HERBICIDA GLIFOSATO...................................................................................... 24 3.1.1 Degradação do glifosato……………………………………………………. 25 3.1.2 Propriedades físico-químicas do glifosato………………………………... 26 3.1.3 Legislação............................................................................................... 29 3.1.4 Efeitos tóxicos do glifosato…………………………………………………. 29 3.2 CROMATOGRAFIA………………………………………………………………………… 31 3.2.1 Cromatografia de íons............................................................................ 31 3.3 MÉTODOS PARA A DETERMINAÇÃO DE GLIFOSATO E AMPA........................... 33 4 ÁREA DE ESTUDO
39
5 METODOLOGIA……………………………………………………………………….. 40 5.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES............................................................................ 40 5.2 DETERMINAÇÃO DE GLISOFATO E AMPA POR IC/CONDUTIMETRIA.................. 42 5.2.1 Eluição isocrática…………………………………………………………….. 42 5.2.2 Eluição por gradiente............................................................................... 43 5.3 ESPECTROMETRIA DE MASSAS............................................................................. 44 5.4 APLICAÇÃO EM AMOSTRAS DE ÁGUAS.................................................................. 44 5.4.1 Procedimentos de coleta das amostras…………………………………… 45 5.4.2 Locais de Amostragem……………………………………………………….. 45 5.4.2.1 Águas minerais....................................................................................... 45 5.4.2.2 Águas superficiais………………………………………………….……… 46 5.4.2.3 Águas subterrâneas……………………………………………………….. 47
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………………………………………. 48 6.1 DETERMINAÇÃO DE GLISOFATO EM ÁGUA COM ELUIÇÃO ISOCRÁTICA……. 48 6.1.1 Presença de ânions comuns (F-, Cl-, Br-, NO3-, SO42-,PO43-)…….… 50
XX
6.2 ELUIÇÃO POR GRADIENTE PARA OTIMIZAÇÃO DA DETERMINAÇÃO DE GLISOFATO...............................................................................................................
53
6.3 DETERMINAÇÃO DO PRINCIPAL METABÓLICO DO GLISOFATO: AMPA.............. 54 6.4 DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO POR ICPMS……………………………………….. 59 6.5 VALIDAÇÃO METODOLÓGICA…………………………………………………………. 64 6.6 6 Determinação de glifosato e AMPA em amostras de águas naturais.......... 74 7 CONCLUSÕES e PERSPECTIVAS…………………………………………………… 76 8 REFERÊNCIAS………………………………………………………………………… 78 9 APÊNDICES……………………………………………………………………………. 89
21
1 INTRODUÇÃO
Segundo a Organização para a Agricultura das Nações Unidas (FAO), pesticidas
são substâncias ou uma mistura destas, destinados ao uso nos setores de produção,
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção
de florestas nativas ou plantadas e de outros ecossistemas, cuja finalidade seja alterar
a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa dos seres
vivos considerados nocivos (BRASIL. Legislação Brasileira. Decreto nº 4074, 4 de
janeiro de 2002; OGA et al., 2008).
Definição semelhante à da FAO é usada na legislação brasileira, para
agrotóxicos, que substituiu o termo defensivo agrícola, para evidenciar a toxicidade
desses produtos para o meio ambiente e à saúde humana. Estes produtos também são
utilizados como desfolhantes, dessecantes, estimulantes e inibidores do crescimento
das plantas, além de serem também aplicados no combate a insetos domésticos e no
controle de vetores nos programas de saúde pública (OGA et al.,2008).
O homem vem interferindo nos ecossistemas por meio da aplicação direta destas
substâncias de acordo com seus interesses e necessidades.
A água é um recurso natural essencial para o desenvolvimento e manutenção da
vida na terra. É um bem social, indispensável à qualidade de vida da população, que
apresenta usos intensivos e diversificados; é vital para a manutenção dos ciclos
biológicos, geológicos e químicos que mantêm em equilíbrio os ecossistemas.
A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos aumenta
principalmente quando a água é usada para o consumo humano e, neste sentido, o
mesmo deve ser o foco das ações; sendo assim, o monitoramento de pesticidas no
22
ambiente é uma ferramenta importante no gerenciamento dos riscos ambientais
decorrentes do uso desses produtos, na identificação de áreas potencialmente
contaminadas e na avaliação da qualidade da água (RIBEIRO et al., 2007).
Muitas são as consequências indesejáveis do uso de pesticidas, dentre elas
podem ser citadas a presença de resíduos destas substâncias no meio ambiente, no
solo, água, alimentos, no leite materno, além da contaminação ocupacional (OGA et al.,
2008).
Além dos perigos aos seres humanos, nos aspectos ocupacionais, alimentares e
de saúde pública, Oga e colaboradores (2008), relatam que os pesticidas são
responsáveis por inúmeros casos de intoxicação.
O herbicida glifosato destaca-se como um dos principais agrotóxicos
empregados em toda agricultura brasileira e mundial (ARAÚJO et al., 2001). É relevante
que haja uma preocupação com os efeitos que os pesticidas causam aos seres
humanos, e há necessidade da definição de políticas públicas que levem em
consideração não só a questão econômica, mas principalmente, a saúde da população.
Conforme a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 196, “a saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos“. Com o entendimento que o
consumidor é o elo mais fraco na cadeia de consumo, ele encontra-se a mercê de uma
série de riscos. Cabe, portanto ao Estado monitorar e fornecer água com qualidade
sanitária para o consumo humano.
O controle dos resíduos de agrotóxicos no meio ambiente, principalmente na
água, é fundamental e, diante do exposto, é cada vez mais necessário o
desenvolvimento de métodos analíticos que permitam o monitoramento destas
substâncias, e que tais metodologias possam aliar rapidez e eficiência, dentre outras
características positivas.
23
2. OBJETIVO
A proposta deste estudo foi desenvolver um método analítico simples e de baixo
custo, além de rápido e com sensibilidade suficiente para ser aplicável à determinação
simultânea de glifosato e um metabólito deste (ácido aminometilfosfônico - AMPA),
destinado ao seu monitoramento no meio ambiente e na água para consumo humano.
Os objetivos específicos podem ser definidos como:
• Avaliar o comportamento de separação dos analitos glifosato e
AMPA em coluna de troca iônica para diferentes fases móveis;
• Desenvolver uma metodologia analítica para quantificação das
substâncias glifosato e AMPA em água por condutimetria, após separação
cromatográfica de íons;
• Validar a metodologia com auxílio da técnica de Espectrometria de
Massa e caracterizar as figuras de mérito do método;
• Aplicar a metodologia otimizada em amostras de água
(subterrânea, superficial e envasada para o consumo humano).
24
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 O HERBICIDA GLIFOSATO
O glifosato N-(fosfonometil)-glicina é um herbicida organofosforado não inibidor
da colinesterase, pertencente ao grupo químico das glicinas substituídas, o ácido
aminometilfosfônico (AMPA) é o seu principal metabólito (OGA et al., 2008). O glifosato,
que tem sido utilizado na agricultura durante os últimos anos, é um agrotóxico sistêmico
não seletivo, pós-emergente, com largo espectro de ação e excelente desempenho no
controle de uma variedade de ervas daninhas. Este composto apresenta forte retenção
sobre o solo, uma meia vida em torno de 47 dias e alta solubilidade em água. A
solubilidade em água indica a tendência de um pesticida de ser lixiviado
superficialmente do solo, por águas de chuva ou de irrigação e atingir águas superficiais
(QIAN et al., 2009). A fórmula estrutural do glifosato e do AMPA é mostrada na figura
3.1.
O
P
O
OH
OH NHOH
OH P
OH
O
NH2
Glifosato AMPA
Figura 3.1 - Estrutura dos compostos Glifosato e ácido aminometilfosfônico (AMPA).
25
Conforme OGA e colaboradores (2008), os organofosforados exercem sua ação
principalmente por inibição enzimática e a acetilcolinesterase constitui o principal alvo
da toxicidade destes pesticidas. A inibição da acetilcolinesterase leva ao acúmulo nas
terminações nervosas da acetilcolina, que é o mediador químico necessário para a
transmissão do impulso nervoso em todas as fibras ganglionares do sistema nervoso
autônomo.
Em vegetais, o glifosato é absorvido através de suas folhas e dos caulículos
novos, depois é transportado por toda a planta; atua como um inibidor da enzima 5-
enolpiruvil chiquimato-3-fosfato sintase (EPSPs), afetando a biossíntese de
aminoácidos aromáticos (triptofano, fenilalanina, e tirosina), considerados essenciais
para as plantas, provocando a redução da síntese proteica, a interrupção do
crescimento e morte celular. Esta via é um mecanismo exclusivo para os vegetais, os
sintomas de sua ação sobre as plantas incluem “amarelamento” dos meristemas,
seguido de necrose e morte em dias ou semanas. (AMARANTE JUNIOR et al., 2002).
3.1.1 Degradação do glifosato
A degradação de um pesticida ocorre quando há alteração na estrutura
molecular do composto e, para os que estão presentes no solo, este processo pode ser
devido a fatores abióticos ou bióticos. No caso do glifosato, o principal meio de
degradação é através da ação de microrganismos presentes no solo e na água.
A degradação do glifosato no solo pode seguir duas principais rotas de
biodegradação. A primeira via, consiste na clivagem da ligação C-P do glifosato, pela
ação da enzima C-P liase, produzida pela bactéria Anthrobacter atrocyaneus, gerando a
sarcosina, que entra no metabolismo destes microrganismos, se degradando. A
segunda rota envolve a clivagem da molécula produzindo AMPA, a partir da bactéria
Flavobacterium sp (AMARANTE JÚNIOR et al., 2002). As rotas de degradação
microbiológica estão representadas na figura 3.2.
26
O
P
O
OH
OHNH
OH
Glifosato
C-P liase
O
OHNH CH3
O
P
O
OH
OHNH
OH
Glifosato
Anthrobacter atrocyaneus Flavobacterium sp
NH2 P
O
OHOH
ácido aminometilfosfônico (AMPA)
NH2 CH3
Metilamina
Metilamina dehidrogenase
OH
H
Formaleído
C-P liase
Sarcosina
Figura 3.2 - Rotas de decomposição microbiológica do glifosato.
De acordo com Chen e colaboradores (2009), extratos de solos fortificados com
glifosato foram degradados a AMPA após 10 horas sendo que, em solos ácidos, os
quais apresentam maior concentração de matéria orgânica resultaram em menor
degradação do glifosato em relação a solos neutros.
3.1.2 Propriedades físico-químicas do glifosato
As propriedades físico-químicas e a classificação toxicológica do glifosato estão
descritas na tabela 3.1.
27
TABELA 3.1: Propriedades físico-químicas do glifosato
Propriedades Características
Aparência em condições ambientais Sólido cristalino
Nomenclatura IUPAC [N-(fosfonometil)-glicina]
Peso molecular 169,1 g/ mol-1
Solubilidade em água 12 g L-1 (20 °C)
Solubilidade em solventes orgânicos Insolúvel
Ponto de fusão 200 °C
Categoria iônica Anfótero
Classe toxicológica III
Segundo AMARANTE JÚNIOR et al., (2002), o glifosato é bastante estável em
presença de luz, inclusive em temperaturas superiores a 60 °C. Esta substância
apresenta as seguintes constantes de dissociação ácida: pK1 = 0,8; pK2 = 2,16; pK3 =
5,46 e pK4 = 10,14, como mostrado na figura 3.3. Em pH superior a 11,0, pode-se
considerá-lo como completamente dissociado.
P
OH
OH
O
N+
H2O
OH
pK1
0,8P
OH
O-
O
N+
H2O
OH
P
OH
O-
O
N+
H2O
OH
pK2
2,2 P
OH
O-
O
N+
H2O
O-
P
OH
O-
O
N+
H2O
O-
pK3
5,4 P
O-
O-
O
N+
H2O
O-
P
O-
O-
O
N+
H2O
O-
pK4
10,2 P
O-
O-
O
N
H O
O-
+ H+
+ H+
+ H+
+ H+
Figura 3.3 - Constantes de dissociação ácida do glifosato (adaptada de AMARANTE JUNIOR et
al., 2002).
28
O AMPA apresenta três constantes de dissociação ácida: pK1 = 1,8; pK2 = 5,4;
pK3 =10,0, e suas respectivas espécies pertencentes a estes equilíbrios são descritas
na figura 3.4.
pK1
1,8
P
OH
O-
O
H3N+
pK2
5,4
pK3
10,0
+ H+
+ H+
+ H+
P
OH
OH
O
H3N+
P
O-
O-
O
H3N+
P
O-
O-
O
H2N
P
O-
O-
O
H3N+
P
OH
O-
O
H3N+
Figura 3.4 - Constantes de dissociação ácida do AMPA (adaptada de CHEN et al., 2009).
Estes dois compostos, dependendo do pH, são ânions polivalentes e,
consequentemente podem ser fortemente retidos na coluna de troca iônica.
Como mostra a Figura 3.3, em pH abaixo de 0,8, a maior parte do glifosato se
apresenta com uma carga positiva, correspondente à protonação no grupo amino. Em
pH 0,8, valor da primeira constante, 50% das moléculas sofreram uma dissociação no
grupo fosfato e, por consequência, a molécula tem carga liquida zero. Acima do pH 2,2
é favorecida a dissociação no grupo carboxílico, conferindo uma carga negativa à
molécula. No pH 5,4, tem-se partes iguais das moléculas com uma e duas cargas
negativas e, a partir do pH 10,2, passa a predominar a molécula com 3 cargas
negativas, devido à desprotonação do nitrogênio.
29
3.1.3 Legislação
A regulamentação destas substâncias em água potável, superficial e subterrânea
tem atraído atenção considerável de órgãos governamentais em nível mundial; o seu
monitoramento é recomendado pela Agencia de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos - Environmental Protection Agency (EPA), que estabeleceu o limite de 700 µg L-
1 em água potável (BARCELÓ, 1993). Já a Comunidade Econômica Européia (EEC)
fixou o limite máximo individual de pesticidas 0,1 µg L-1 em água potável para a maioria
dos agrotóxicos, desde que a concentração total destas substâncias não ultrapasse 0,5
µg L-1 (Council Directive, 1998). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), através da Portaria MS 518 de 25/03/2004, fixou o limite máximo de glifosato
em 500 µg L-1 em água potável. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),
em sua resolução de número 396 (03/04/2008) estabeleceu um limite de 500 µg L-1
para a mistura glifosato e AMPA, em se tratando de água para o consumo humano.
3.1.4 Efeitos tóxicos do glifosato
Sob o ponto de vista toxicológico a classificação dos agrotóxicos é feita em
função do perigo que a substância representa. Conforme a dose letal (DL50) oral e
dérmica para ratos, os pesticidas podem ser classificados em quatro categorias. O
glifosato é classificado como classe III (BRASIL, 2002).
Segundo Garrido e Sonego (2003) o grau de toxicidade destas substâncias
também pode ser destacado com uma faixa colorida no rótulo das embalagens que
conforme a cor é indicada a classe toxicológica:
• Classe I - produtos extremamente tóxicos. Apresenta no rótulo do produto
uma tarja vermelha.
• Classe II - produtos altamente tóxicos. Apresenta no rótulo do produto uma
tarja amarela.
• Classe III - produtos moderadamente tóxicos. Apresenta no rótulo do produto
uma tarja azul.
30
• Classe IV - produtos pouco tóxicos. Apresenta no rótulo do produto uma tarja
verde.
Os poluentes, quando introduzidos no ambiente, podem causar dois tipos de
efeitos na saúde humana: a toxicidade aguda, ou efeitos imediatos resultantes da
exposição em curto prazo, e a toxicidade crônica, ou efeitos devido a exposições mais
prolongadas. Existe ainda a possibilidade da persistência de resíduos destas
substâncias no sangue, na carne, na urina e nas fezes de animais, levando à
recontaminação do solo (ROMANO et al.; 2009). Ainda segundo estes autores, este
herbicida pode levar a distúrbios reprodutivos e interferir no padrão hormonal dos
mamíferos, podendo afetar a síntese, a secreção, o transporte e o metabolismo dos
hormônios naturais do organismo, mesmo em quantidades mínimas.
A toxicologia do glifosato tem sido avaliada em uma variedade de organismos
incluindo mamíferos, pássaros, peixes, insetos e a microflora. Estudos in vivo e in vitro
em animais sugerem fortemente que estas substâncias podem ser teratogênicas,
mutagênicas e carcinogênicas (SUN et al., 2010). Testes realizados em ratos
demonstraram que ocorre diminuição de espermatozóides e do peso dos fetos, além de
aborto e tumores em vários órgãos. Diferentes sintomas têm sido observados mediante
a exposição ao glifosato: irritação da pele e dos olhos, depressão cardíaca, dor
gastrintestinal (COX, 1988 e 1995).
A absorção cutânea dos organofosforados é maior em temperaturas elevadas ou
quando existem lesões na pele. Estudos in vitro com tecidos humanos relatam que a
absorção cutânea do glifosato é menor que 2%. Após a absorção, os organofosforados
são biotransformados e distribuídos por todos os tecidos, sendo que no caso do
glifosato apenas 1% é biotransformado em AMPA. A excreção ocorre principalmente
através da urina e das fezes (OGA et al., 2008).
Não existe antídoto para o glifosato, o tratamento é sintomático e depende da
quantidade ingerida e da gravidade do quadro clínico, sendo importante o
monitoramento hemodinâmico, do balanço hidroeletrolítico, das funções respiratórias,
renal e hepática (OGA et al., 2008).
Pesquisas mostram que defensivos agrícolas comercializados à base de
glifosato apresentam substâncias inertes surfactantes (polioxietileneamina - POEA), que
31
podem ser mais tóxicas que o princípio ativo, e na maioria das vezes não são
especificadas no rótulo do produto. O surfactante serve para auxiliar a aderência e
penetração do herbicida na membrana celular das folhas pulverizadas. Há um
sinergismo na associação destas duas substâncias elevando a toxicidade final do
produto (VERA et al., 2010).
A exposição ocupacional e/ou ambiental e alimentar ao glifosato podem causar
inúmeros efeitos sobre a saúde. Diferentes sintomas têm sido observados:
desregulação endócrina, redução da enzima aromatase, responsável pela síntese de
estrógenos (ROMANO, et al., 2009). Dentre outros ainda podem ser citados, danos
hepáticos e renais, irritações sobre a pele, mucosas e olhos, depressão cardíaca, dor
gastrintestinal, hipóxia, hipotensão, hematúria, pneumonia, dermatite de contato,
necrose das membranas mucosas e melena (COX, 1995; OGA et al., 2008).
No Brasil tem sido detectada a presença de agrotóxicos no leite materno e em
vários alimentos como: alface, banana, batata, tomate, morango entre outros. Existe a
possibilidade de ocorrência de anomalias congênitas devido à exposição a estas
substâncias (BRASIL. Legislação Brasileira, 1997; 2008).
3.2 CROMATOGRAFIA
3.2.1 Cromatografia de íons
Cromatografia de íons (Ion Chromatograpy - IC) é um termo utilizado para as
várias técnicas de Cromatografia em fase líquida de Alta Eficiência - CLAE (HPLC, do
inglês: High Performance Liquid Chromatography) na qual especíes de analitos iônicos
ou substâncias que se dissociam facilmente na fase móvel, são separadas em sitios
catiônicos ou aniônicos da fase estacionária (PAPADOYANNIS ; SAMANIDOU, 2004).
Em 1975, Small e colaboradores introduziram a cromatografia de íons operada
sob altas pressões, combinada com um método químico de redução da condutividade e
detecção condutimetrica. Estes detectores se baseiam na mensuração da
condutividade. Como todos os íons são eletroquimicamente condutores, os detectores
de condutividade tem a vantagem de uma boa sensibilidade e detecção universal.
32
Os métodos de cromatografia de íons estão atualmente dentre os melhores
disponíveis, pois apresentam uma ampla faixa de aplicação, principalmente no
monitoramento de sistemas aquosos, amostras ambientais de água, solo e água
potável e também podem ser usados na investigação de aditivos alimentares, bebidas,
cosméticos, produtos farmacêuticos entre outros. A cromatografia de íons desempenha
um papel importante em análises abrangentes com técnicas de detecção hifenadas,
incluindo ionização a pressão atmosférica (API), plasma indutivamente acoplado (ICP),
espectrometria de emissão atômica (AES) e espectrometria de massa com plasma
indutivamente acoplado (ICPMS), (SARZANINI, 2002).
A detecção de íons pode ser feita utilizando vários detectores; as técnicas de
detecção podem ser subdivididas em três amplas categorias:
a) Detecção eletroquimica, usando condutividade, amperometria ou
potenciometria.
b) Detecção espectroscópica, utilizando ultravioleta/visível (UV/vis), índice de
refração, fluorescência, absorção atômica ou emissão atômica.
c) Técnicas baseadas em reações pós-coluna.
A medição da detecção por condutividade é dificultada pela alta condutividade do
eluente. Com o objetivo de eliminar a influência do eluente, dita condutividade de fundo
(background) e com isso aumentar a sensibilidade de detecção do analito, Small e
colaboradores (1975) propuseram o uso de uma segunda coluna de troca iônica. Assim
a técnica da cromatografia de íons pode ser dividida em: ”técnica de coluna simples”
(sem supressão) e “técnica de supressão” (PAPADOYANNIS; SAMANIDOU, 2004).
Na cromatografia de íons sem supressão química, a condutividade de fundo é
suprimida eletronicamente; o eluente deve ter a mais baixa condutividade possível. O
eluente contendo os analitos sai da coluna de separação e não é alterado
quimicamente (EITH et al., 2006; 2007).
Na técnica de supressão, também conhecida como cromatografia de íons
suprimida, o supressor é inserido entre a coluna de separação e o detector; o objetivo é
reduzir quimicamente a condutividade de fundo do eluente, e ao mesmo tempo
converter os analitos, quando possível, numa forma mais condutiva, para aumentar a
sua detectabilidade.
33
No caso da detecção de ânions a supressão é realizada com um trocador de
cátions na forma de H+ fortemente ácida. Se o eluente for, por exemplo, NaHCO3 e a
amostra contiver o íon cloreto, tem-se as seguintes reações:
R-SO3- H++ Na+ + HCO3
- � R-SO3
- Na+ + H2O + CO2 (1)
R-SO3- H++ Na+ + Cl- � R-SO3
- Na+ + H+ + Cl- (2)
Neste caso o eluente bicarbonato de sódio é neutralizado (equação 1), uma vez
que os íons sódio são substituidos por prótons e, com isso, a condutividade do eluente
diminui sensivelmente. O analito (Cl-) não é alterado (equação 2), mas seu contra-íon
Na+ é trocado por H+, que tem uma condutividade equivalente consideravelmente
maior. O efeito total observado é o de aumento da sensibilidade da detecção (EITH et
al., 2006-07).
3.3 MÉTODOS PARA A DETERMINAÇÃO DE GLIFOSATO E AMPA
A caracterização e o gerenciamento dos riscos ambientais do glifosato e do AMPA em
níveis de resíduo são grandes desafios analíticos devido às características peculiares
apresentadas por estas duas substâncias, como: elevada solubilidade em água, (QIAN
et al., 2009) alta polaridade (CORBERA et al., 2005), pouca solubilidade em compostos
orgânicos tais como acetona e etanol entre outros (AMARANTE JUNIOR et al., 2002),
caráter iônico, baixa volatilidade (COUTINHO et al., 2008) semelhanças químicas entre
as duas substâncias (SUN et al., 2010), tamanho reduzido da molécula (IBANEZ et al.,
2006; SUN et al., 2010; AMARANTE JUNIOR et al., 2002), complexação com íons
metálicos (IBANEZ et al., 2006) e sua estrutura zwitteriônica (PIRIYAPITTAYA et al.,
2008; HANKE et al., 2008; AMARANTE JUNIOR et al., 2001). Além disso, a ausência
de grupos químicos adequados, como cromóforos ou grupos fluoróforos em sua
estrutura, também dificulta a análise pelos sistemas convencionais de detecção, como
detectores UV-visível e fluorescência (COUTINHO et al., 2008) e exigem etapas iniciais
de derivatização a fim de obterem derivados que respondam a estes detectores (QIAN
34
et al., 2009; PIRIYAPITTAYA et al., 2008 ; HANKE et al., 2008; CHANG e WEI, 2005).
Vários fatores podem influenciar no processo de derivatização e diminuir a
recuperação do analito como: pH, temperatura, tempo, concentração do derivatizante, e
a quantidade de etapas envolvidas. Além disso, muitas vezes estas etapas são
complexas, envolvem uma variedade de produtos químicos, são demoradas e tediosas
(QIAN et al., 2009). A presença de cátions multivalentes na água, como cobre e ferro,
resulta na formação de complexos estáveis com glifosato e AMPA, que não são
derivatizados (HANKE et al., 2008).
Métodos de cromatografia a gás (GC) são aplicados após derivatização, com o
objetivo de transformar glifosato e AMPA em derivados menos polares, suficientemente
voláteis e termicamente estáveis para melhorar a sua detectabilidade (AMARANTE
JUNIOR et al.,(2002); SUN et Al.,(2010)). Existem trabalhos usando detecção por
fotometria de chama (KATAOKA et al.,1996) e por espectrometria de massa - MS
(BORJESSON; TORSTENSSON, 2000).
O caráter polar dos dois analitos, combinado com a compatibilidade da
realização de derivatização em amostras aquosas faz com que a cromatografia a
líquido seja preferível à cromatografia a gás (CORBERA et al., 2006).
As técnicas de HPLC/UV e HPLC/fluorescência têm sido usadas, com o auxílio
de derivatizantes (SUN et al., 2010; QIAN et al., 2009; PATSIAS et al., 2001;
PIRIYAPITTAYA et al., 2008 ; CORBERA et al., 2005). Obtém-se boa sensibilidade,
como por exemplo, na derivatização com CNBF (4-cloro-3,5-dinitrobenzotrifluoreto), que
é conhecida por ter boa atividade e seletividade por compostos contendo aminoácidos:
a reação se dá com aminas em baixa concentração, formando derivados estáveis
(QIAN et al., 2009). Porém, fatores adversos também são observados. HANKE et al.,
(2008) afirmam que, na derivatização com FMOC-CL (9-fluorenilmetil-cloroformato), o
derivatizante reage não só com os analitos e outras aminas, mas também com a água,
e ocorre a formação de 9,fluorenilmetanolcloro-formato (FMOC-OH), que é menos
solúvel na água que os analitos e pode precipitar na coluna, reduzindo a ionização e
afetando a sensibilidade do método. Alguns autores utilizam cromatografia de troca
iônica e derivatização pós-coluna com detecção por fluorescência (PATSIAS et al.,
2001; PIRIYAPITTAYA et al., 2008).
35
Patsias et al., (2001) determinaram glifosato e AMPA por cromatografia a líquido
e derivatização pós coluna. Entretanto estes autores relatam uma baixa recuperação
para o AMPA. Métodos LC-MS-MS, também tem sido utilizados, com separação em
fase reversa e uso de FMOC-Cl como derivatizante (IBÁNEZ et al., 2006; HANKE et al.,
2008).
O acoplamento da cromatografia de troca iônica (IC) com detector
condutométrico, amperométrico, coulométrico, ou a hifenação IC-ICP-MS são
alternativas que dispensam a etapa de derivatização e vem sendo utilizadas. ZHU et al.,
(1999) usaram detecção condutométrica, eliminação de compostos orgânicos da matriz
com diclorometano e pré-concentração no evaporador rotatório, obtendo então um LD
para o glifosato de 42 µg L-1. SÁNCHEZ-BAYO et al., (2010) concentraram as amostras
por extração em fase sólida em discos de poliestireno-divinil benzeno e, com detector
amperométrico alcançaram limites de detecção de: 0,3 µg mL-1 para o glifosato e 0,05
µg mL-1 para o AMPA. Os autores mantiveram o eluente NaOH 0,1M (pH 13,0) em
atmosfera de nitrogênio, para evitar a captura de CO2 do ar e formação de CO32-
evitando assim a diminuição do pH da fase móvel, que afeta a retenção dos analitos.
POPP et al., (2008), utilizando uma coluna de troca catiônica, e hifenação IC-ICP-DRC-
MS, alcançaram LDs operacionais de 42 e 33 µg L-1 respectivamente para glifosato e
AMPA; para atingir o limite de detecção de 0,1 µg L-1 estabelecido pela Comunidade
Européia os autores incluíram duas etapas de pré-concentração na análise.
Recentemente têm sido desenvolvidos métodos diretos de determinação por IC,
onde as amostras são analisadas sem pré-tratamento. COUTINHO et al, 2008.,
analisaram diretamente glifosato e AMPA em água, com detecção coulométrica,
atingindo limites de detecção de 38 e 240 µg L-1, respectivamente, sem pré-
concentração; a resposta eletroquímica obtida para o AMPA foi quase uma ordem de
grandeza inferior à do glifosato. Guo e colaboradores (2007), usando injeção de
grandes volumes (500 µL), analisaram glifosato, AMPA e mais dois outros compostos
por IC-ICP-MS, obtendo limites de detecção entre 1,1 e 1,4 µg L-1 respectivamente para
glifosato e AMPA. Segundo os autores, a hifenação com o ICP-MS tem a vantagem da
detecção de elementos específicos e uma boa sensibilidade, no entanto, a
determinação de fósforo em nível residual por essa técnica é um desafio, já que o P fica
36
apenas 35% ionizado no argônio. Há também a limitação decorrente de que fases
móveis contendo sódio não são interessantes, pois sua entrada constante pode
modificar a condição do plasma e também causar obstrução dos orifícios do cone de
amostragem e skimmer (GUO et al., 2007).
Também têm sido descritos na literatura métodos diretos para a determinação de
AMPA e glifosato por IC/condutometria (BAUER et al., 1999; MARQUES et al., 2009;
DIMITRAKOPOULOS et al., 2010). BAUER e colaboradores utilizaram IC-ES-MS na
análise de micropoluentes em água incluindo: EDTA, glifosato e AMPA. MARQUES et
al., (2009) determinaram apenas o glifosato em amostras de água superficial utilizando
IC/condutimetria com eluição isocrática usando solução de KOH 10,0 mmol L-1 até 5
minutos, seguido por gradiente entre 5 e 35 minutos com solução de KOH 35,0 mmol
L-1, retornando condição inicial entre 35 e 37 minutos; o tempo de retenção do
glifosato foi próximo de 27 minutos; atingiram o LD de 15,4 µg L-1 para o glifosato por
injeção direta da amostra. DIMITRAKOPOULOS et al., 2010, determinaram o glifosato e
AMPA condutimetricamente em água potável e de nascente , utilizando eluição
isocrática, tendo como fase móvel uma solução de KOH 14 mmol L-1; também por
injeção direta, atingiram o LD de 0,54 µg L-1 para o glifosato.
Outras técnicas também têm sido usadas na determinação de glifosato e AMPA:
eletroforese capilar - CE (SEE et al., 2010 e CHANG e WEI, 2005), ensaio
imunoenzimático - ELISA (RUBIO et al., 2003) e voltametria (GARCIA e
ROLLEMBERG, 2007).
A tabela 3.2 mostra um resumo das técnicas de análise dos compostos glifosato e Ampa em água relatadas na literatura.
37
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39
4. ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado no município de Itaboraí durante o ano de 2009 e 2011.
No entorno da área de estudo esta sendo construído um complexo petroquímico
formado por uma refinaria, onde ocorrerá a separação do petróleo em frações; e por
uma central petroquímica formada por unidades geradoras de produtos petroquímicos
de primeira geração como: eteno, propeno, butadieno, benzeno.
A escolha da área de estudo levou em consideração a possibilidade de um
impacto ambiental devido à construção de um complexo petroquímico, no entorno de
uma área urbana, e dos rios Macacu e Caceribu e, a cerca de 1 km de uma Área de
Proteção Ambiental (APA).
O complexo petroquímico ocupa uma área de 45 milhões de metros quadrados
no município de Itaboraí/RJ. Itaboraí está a 17 metros ao nível do mar, a uma distância
aproximada de 40 km da capital Rio de Janeiro, localizado próximo aos Portos de
Itaguaí (103 km) e dos terminais de Angra dos Reis (157 km), Ilhas d’Água e Redonda
(30 km).
O rio Macacu nasce na serra dos Órgãos, dentro dos limites do Parque Estadual
dos Três Picos, no município de Cachoeiras de Macacu, possuindo uma extensão de
74 km até a sua junção com o rio Guapimirim, cuja foz se encontra na Baía de
Guanabara, na APA de Guapi-Mirim.
40
5. METODOLOGIA
5.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES
Para a metodologia proposta utilizou-se um Cromatógrafo de íons marca
Metrohm® com módulo de supressão (833 IC), amostrador automático (838 IC),
degaseificador (837 IC), detector condutimétrico (819 IC) e Supressor de CO2 (Figura
5.1). Foram testadas duas colunas de troca iônica (aniônica): METROSEP A SUPP 5-
150 e METROSEP A SUPP 5-250, ambas da empresa Metrohm.
Para a determinação hifenada IC-MS utilizou-se um Espectrômetro de massa tipo
quadrupolo marca Agilent G 1956B MSD-SL, modo de ionização API-ES G 1948, faixa
de varredura de m/z 50 a 200 no modo full Scan; para o monitoramento seletivo de íons
no modo SIM utilizou-se m/z = 168 para o glifosato e m/z = 110 para o AMPA, com
polaridade negativa.
A determinação de fósforo no eluído foi realizada por Espectrometria de Massa
com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS). O equipamento utilizado foi um Agilent
7500 Series com nebulizador concêntrico e câmara de nebulização tipo Scott
(refrigerada à 2ºC, com sistema Peltier). Os parâmetros operacionais foram: potência
(W) 1500, gás do plasma 15 L min-1, gás nebulizador 0,9 L min-1, taxa de aspiração da
amostra 0,4 mLmin-1. A determinação do analito foi realizada a partir do isótopo 31P,
utilizando calibração externa (50 a 1000 µgL-1), cuja curva analítica foi preparada a
partir do padrão monoelementar de fósforo (Phosphorus, 1000 µgmL-1, CAS # H2O
[7732-18-5], P [7732-14-0], Perkin Elmer®).
41
Figura 5.1 – Equipamento de Cromatografia de Íons Metrohm®
No preparo de padrões e soluções eluentes foram utilizados micropipetas de
volume variável (Eppendorf®), tubos de polipropileno (TPP®), vidraria aferida (balões
volumétricos entre outros) e balança analítica com precisão 0,01 mg (CP225D,
Sartorius®). A filtração de soluções ou amostras foi realizada com membrana filtrante de
0,45 µm de acetato de celulose marca Millipore®.
Todas as soluções foram preparadas utilizando reagentes de grau analítico
(P.A.) e água ultrapura (Milli-Q Gradient, - MILLIPORE), sendo desgaseificadas antes
da aplicação, por 15 minutos em banho ultra-sônico.
Os reagentes Na2CO3, NaHCO3, NaOH e H2SO4 foram adquiridos da Merck®. Os
padrões dos ânions fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato foram adquiridos
da empresa Isosol®. Os eluentes necessários para a IC foram preparados pela
dissolução da quantidade adequada Na2CO3, NaHCO3 e NaOH em água ultrapura.
O padrão de glifosato CAS #:1071-83-6 foi adquirido da empresa Chem Service®
e o AMPA, da empresa Sigma Aldrich®, com purezas certificadas e rastreáveis de
99,5% e 99%, respectivamente. As soluções padrão de estoque preparadas foram
acondicionadas em frascos de vidro âmbar e armazenadas na temperatura de 5 ºC.
42
5.2. DETERMINAÇÃO DE GLISOFATO E AMPA POR IC/CONDUTIMETRIA
Do ponto de vista de separação cromatográfica, o trabalho pode ser dividido em
duas fases distintas. Inicialmente, foi desenvolvida uma metodologia de determinação
de glifosato em água, na presença de ânions comuns: fluoreto, cloreto, brometo, nitrato,
sulfato e fosfato. Em uma segunda fase, uma metodologia foi estudada para
determinação simultânea do glifosato e do seu principal metabólito o AMPA, além dos
ânions comuns acima citados.
5.2.1 Eluição isocrática
A metodologia foi utilizada sob condições cromatográficas otimizadas para
determinação do glifosato, sem interferência dos ânions comuns, com coluna
METROSEP A SUPP 5-150 e eluição isocrática com uma solução 6,0 mmol L-1 em
Na2CO3 e 2,0 mmol L-1 em NaHCO3 (Eluente 1). A supressão química foi realizada com
H2SO4 100 mmol L-1 e o experimento foi conduzido em temperatura controlada de 27°C.
A vazão do eluente foi fixada em 0,8 mL min-1, sendo a alça de amostragem de 100 µL.
O tempo total da corrida foi de 17 minutos.
A separação simultânea de glifosato e ânions comuns foi testada por separação
isocrática usando coluna METROSEP A SUPP 5-250. Dois experimentos foram feitos: o
primeiro, com a fase móvel já descrita e o segundo, com solução 2 mmol L-1 em
Na2CO3 e NaHCO3 , contendo 5% de acetona (Eluente 2), sendo a vazão fixada, em
ambos os casos, em 0,8 mL min-1.
5.2.2 Eluição por gradiente
Visto que a eluição isocrática, para separar os constituintes de interesse, resultou
43
num tempo de retenção muito alto para o glifosato, investiu-se na opção de eluição por
gradiente. Foram feitas várias tentativas com diferentes condições cromatográficas, até
se chegar a duas metodologias: a primeira foi capaz de separar simultaneamente tanto
os ânions comuns (fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato), quanto o
glifosato (Método Gradiente 1), e a segunda resultou na separação de todos os íons
anteriores e também do principal produto de degradação do glifosato: o AMPA (Método
Gradiente 2).
Em todos os casos, os parâmetros alça de amostragem (100 µL), temperatura
(27°C) e supressor químico (H 2SO4 100 mmol L-1) permaneceram inalterados com
relação ao aplicado na eluição isocrática. A supressão sequencial de CO2 foi utilizada.
Para eliminar efeitos do sistema cromatográfico, todos os cromatogramas foram
subtraídos de um obtido a partir de água ultrapura (“branco”), realizado no mesmo dia e
sob as mesmas condições de ensaio.
O Método Gradiente 2 foi resultado de pequenas variações testadas a partir das
fases móveis NaOH 15,0 mmol L-1 + Na2CO3 1,0 mmol L-1 pH 12,09 (A) e Na2CO3 15,0
mmol L-1, pH 11,41 (B) , até se chegar a uma separação satisfatória para determinação
simultânea do glifosato e AMPA. A tabela 5.1 resume a condição otimizada, realizada a
vazão de 0,7 mL min-1 e tempo total de 50 minutos.
Tabela 5.1 : Programa otimizado para eluição por gradiente dos componentes glifosato,
AMPA, F-, Cl-, Br-, NO3-, SO4
2- e PO43- por CI com detecção condutimétrica.
Tempo (min) % A % B
0 – 16 100 0
16 – 22 100 – 20 0 – 80
22 - 35 20 80
35 - 36 20 - 100 80 – 0
36 - 50 100 0
44
5.3. ESPECTROMETRIA DE MASSA
Com o objetivo de confirmar a presença das substâncias em questão (glifosato e
AMPA) na separação cromatográfica, foi utilizada a técnica de Espectrometria de
Massa, tanto para identificação das moléculas de forma direta, como de forma indireta,
pela determinação de fósforo, presente nas duas espécies.
Desta forma, a confirmação das massas molares equivalentes a AMPA (m/z =
110) e glifosato (m/z = 168) foi realizada pela hifenização IC-MS. Cabe ressaltar que a
detecção condutimétrica também foi realizada ao final da separação cromatográfica,
antes da amostra ser analisada pela espectrometria de massa.
A técnica de Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado
(ICP-MS) também foi aplicada para certificar a presença das moléculas, a partir da
determinação do elemento traçador destas, o fósforo (m/z = 31). Por questões de
logística, não foi possível hifenar a cromatografia e ICP-MS, pois os equipamentos
estavam em laboratórios distintos. Assim sendo, frações do eluído da CI foram
coletados em volume suficiente para posterior determinação do fósforo. A detecção
condutimétrica após a separação cromatográfica auxiliou na decisão das amostragens.
5.4. APLICAÇÃO EM AMOSTRAS DE ÁGUAS
As metodologias desenvolvidas foram aplicadas visando determinar os analitos
em amostras de água de diferentes origens: Subterrânea, Superficial, Água mineral
destinada ao consumo humano e água ultrapura.
O fato das amostras de água subterrânea pertencer a um projeto de pesquisa
alheio ao cronograma deste trabalho, a disponibilidade das mesmas ocorreu na época
em que a metodologia isocrática tinha sido otimizada e, desta forma, foi realizada a
determinação de glifosato e ânions, uma vez que o analito AMPA não foi separado na
eluição isocrática.
Com relação às demais amostras, foi possível realizar a metodologia de eluição
por gradiente e, portanto, a determinação de glifosato, AMPA e ânions comuns
(fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato).
45
5.4.1. Procedimentos de coleta das amostras
Todas as amostras ambientais foram coletadas em duplicata, acondicionadas em
frasco de vidro âmbar com capacidade para 60 mL, para evitar a quebra dos frascos, os
mesmo foram protegidos com plásticos. Após coletadas, as amostras foram mantidas
em gelo durante o transporte ao laboratório, onde foram armazenadas ao abrigo da luz,
e em freezer com temperatura próximo de -18ºC. As amostras foram preservadas com
Na2S2O3 para remover o cloro residual e eliminar perdas devido à degradação do
glifosato que ocorre em presença de cloro residual. Conforme método USEPA nº 547,
as amostras assim preservadas tem estabilidade de até 18 meses.
Os materiais e vidrarias utilizados na coleta foram criteriosamente limpos, sendo
previamente lavados com água/detergente (Extran), água destilada e água ultrapura.
Os materiais de vidro foram secos em estufa a 240ºC por 4 horas, enquanto que os de
plástico e Teflon foram secos a 105ºC por 1 hora.
Com o objetivo de monitorar possíveis interferências na metodologia, uma
amostra de água ultrapura, branco de campo, foi colocado junto aos frascos enviados
ao campo para submeter a possíveis interferências da amostra, durante o
armazenamento, transporte, conservação e em todos os procedimentos analíticos.
Uma alíquota de água ultrapura foi tratada exatamente como a amostra, definido
como reagente ‘branco’ de laboratório, incluindo exposição a todos os objetos de vidro,
equipamentos, solventes, reagentes, normas internas de descontaminação. Este foi
analisado diariamente com o objetivo de verificar interferentes no ambiente de
laboratório.
Todas as amostras foram filtradas através de membrana filtrante de 0,45 µm e,
utilizando alça de injeção de 100µL, foram estudadas em triplicata diretamente no
sistema de cromatografia de íons sem derivatização e sem pré-concentração.
5.4.2. Locais de Amostragem
5.4.2.1. Águas minerais
46
As amostras de água mineral foram selecionadas de forma aleatória; para esta
metodologia foram utilizadas três marcas diferentes de água mineral: A1 (fabricação:
28/02/2011, validade: 28/02/2012, lote: NW32F7CC4R); A2 (fabricação: 03/03/2011,
validade 03/12/2011, lote nº5), e A3 (fabricação: 25/01/2011, validade: 25/01/2012, lote
nº NWJPPC7PJJ); todas foram adquiridas no comércio local de Niterói /RJ no mês de
abril (04/04/2010).
5.4.2.2. Águas superficiais
Amostras de água superficial foram coletadas no mês de abril de 2011 em 6
pontos do Rio Macacu: S1, S2, S3, S4, S5, S6, (Figura 5.2).
Figura 5.2 - Localização dos pontos de amostragem das amostras superficiais.
47
5.4.2.3. Águas subterrâneas
As amostras de águas subterrâneas foram coletadas município de Itaboraí
durante o ano de 2009 e 2010. Foram feitas 4 campanhas: nos meses de novembro
(30/11/2009), janeiro (18/01/20100), maio (26/05/2010) e agosto (27/08/2010).
Os pontos amostrados foram: P1, P2, P3,P4,APA (Figura 5.3).
Figura 5.3 - Localização dos poços de monitoramento de água subterrânea.
48
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. DETERMINAÇÃO DE GLIFOSATO EM ÁGUA COM ELUIÇÃO ISOCRÁTICA
Após testes com diferentes fases móveis, usando uma coluna METROSEP A SUPP
5-150, chegou-se a uma metodologia otimizada para a eluição isocrática de glifosato,
usando como eluente uma mistura 6,0 mmol L-1 em Na2CO3 e 2,0 mmol L-1 em NaHCO3.
A injeção de uma solução padrão de glifosato 250 µg L-1 resultou no aparecimento de
sinais, nos tempos aproximados de 3, 6 e 12 minutos, sendo que este último
apresentou certa assimetria (Figura 6.1). Zhu e colaboradores (1999), usando como
fase móvel a mistura Na2CO3 (9 mmoL-1) e NaOH (4 mmoL-1), com detecção por
IC/condutometria, obtiveram cromatograma semelhante, também com 3 sinais e
assimetria, os dois primeiros sinais são comuns na água ultrapura, o glifosato foi
quantificado pelo último.
A detecção do glifosato por espectrometria de massa no modo negativo permitiu a
identificação do glifosato, no tempo de 11 minutos, pelo íon de m/z = 168, confirmando
o tempo de retenção determinado na detecção condutométrica, como pode ser
observado pela sobreposição de réplicas de injeção do padrão do glifosato 500 µg L-1
(Figura 6.2).
49
Figura 6.1 – Cromatograma obtido por eluição isocrática na técnica CI/condutimetria: em preto
água ultrapura, em vermelho padrão de glifosato 125 µg L-1 (Sinal 1= glifosato) (Condições: T =
27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1.).
Figura 6.2 - Cromatograma obtido por IC/MS do padrão de glifosato 500 µg.L-1 (Condições: T=
27ºC, Vazão = 0,8 mL.min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1, n = 2).
50
A determinação na técnica hifenada IC-MS foi realizada em duplicata e,
conforme pode ser verificado na figura 6.2 houve a confirmação da massa 168 no
tempo de 11 minutos. A partir desta referência, realizou-se por IC/condutometria a
injeção de padrões de glifosato a 250, 500 e 1000 µg L-1, confirmando a
reprodutibilidade dos tempos de retenção e a proporcionalidade das áreas com a
concentração (Figura 6.3).
Figura 6.3 – Zoom do cromatograma na faixa de tempo de retenção do glifosato para padrões
de glifosato 250 (verde); 500 (vermelho) e 1000 µg L-1 (preto). (Condições: T = 27 ºC, Vazão =
0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1.; Detecção:
IC/condutometria)
6.1.1. Presença de ânions comuns (F-, Cl-, Br-, NO3-, SO4
2-,PO43-)
Para verificar a possibilidade de comprometimento da determinação de glifosato
por parte dos ânions comumente encontrados na água, um estudo foi realizado através
da eluição cromatográfica de uma solução contendo glifosato, na concentração de 500
µg L-1, na presença de 1000 µg L-1 dos demais ânions comuns. A figura 6.4 apresenta o
cromatograma resultante.
51
Figura 6.4 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (6), e dos ânions na concentração
de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3) brometo e nitrato; (4) sulfato e (5) fosfato.
(Condições: T = 27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol
L-1.; Detecção: IC/condutometria).
Como constatado, demonstrou-se não haver interferências de ânions comuns
inorgânicos (fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato) na determinação do
glifosato em água. Entretanto, a resolução entre brometo e nitrato não foi adequada
(sinal 3 do cromatograma da figura 6.4).
Uma alternativa para aumentar a eficiência da separação é mudar o
comprimento da coluna e, neste raciocínio, optou-se então por usar uma coluna mais
longa, de 25 cm (METROSEP A SUPP 5-250), no lugar da coluna de 15 cm. As
condições experimentais foram mantidas e o resultado obtido é apresentado na figura
6.5. A eluição do glifosato se deu em cerca de 25 minutos, entretanto, a separação dos
ânions ainda não foi suficiente.
Novamente, com o objetivo de buscar uma boa separação no início da
cromatografia, diminuiu-se a força do eluente, usando como fase móvel uma mistura de
NaHCO3 e Na2CO3, ambos em 2 mmol L-1. O resultado (figura 6.6) foi uma boa
separação dos ânions fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e fosfato, mas o
glifosato foi eluído somente aos 72 minutos.
52
Figura 6.5 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (7), e dos ânions na concentração
de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3) brometo (4) nitrato; (5) sulfato e (6) fosfato.
(Condições: T = 27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol
L-1; Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria).
Figura 6.6 - Cromatograma do padrão de glifosato 500 µg L-1 (8), e dos ânions na concentração
de 1000 µg L-1: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3, 4) brometo; (5) nitrato; (6) sulfato e (7) fosfato.
(Condições: T = 27 ºC, Vazão = 0,8 mL min-1, eluente: Na2CO3 2,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol
L-1; Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria).
53
6.2. ELUIÇÃO POR GRADIENTE PARA OTIMIZAÇÃO DA DETERMINAÇÃO DE
GLIFOSATO
Uma vez que a eluição isocrática apresentou um tempo de eluição para o
glifosato relativamente longo (72 min), o estudo foi conduzido no sentido de usar uma
eluição por gradiente. Inicialmente, testou-se o gradiente binário: A - 2,5 mmol L-1 em
Na2CO3 e 2,0 mmol L-1 em NaHCO3 (pH = 10,3); B - 6,0 mmol L-1 em Na2CO3 e 2,0
mmol L-1 em NaHCO3 (pH = 10,5), a uma vazão de 0,75 ml min-1. A figura 6.7 apresenta
o programa de gradiente realizado e o cromatograma resultante.
Gradiente 1 A: Na2CO3 2,5 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1 pH: 10,3; B: Na2CO3
6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1 pH: 10,5 Programa de Gradiente t(min) % B 0-26 0 26-27 0-100 27-40 100 41-50 0
Figura 6.7 – Cromatograma obtido por CI/condutimetria na determinação de ânions (Fluoreto e
cloreto 100 µgL-1 brometo, nitrato e sulfato 200 µgL-1 e fosfato 300 µgL-1) e glifosato (500 µg.L-
1). Sinais: 1 fluoreto; 2 cloreto; 3 ou 4 brometo; 5 nitrato; 6 sulfato; 7 fosfato; 8 glifosato.
Com relação aos ânions, verifica-se uma boa separação destes e o tempo de
retenção do glifosato ficou em torno de 39 minutos. Em um segundo experimento, o
eluente A foi mantido (Na2CO3 2,5 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1) e alterou-se o
eluente B (Na2CO3,15 mmol L-1), visando o aumento de sua força iônica e diminuição
do tempo de retenção do glifosato. A vazão foi de 0,70 mL min-1. O programa de
gradiente e o cromatograma resultante são apresentados na figura 6.8. O tempo de
retenção do glifosato diminuiu aproximadamente para 32 minutos.
54
Gradiente 2 A: Na2CO3 2,5 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1 pH:10,3 B: Na2CO3 15,0 mmol L-1 pH:11,3 Programa de Gradiente
t(min) % B 0-16 0 16-22 80 22-35 80 35-36 0 36-50 0
Figura 6.8 – Cromatograma obtido por CI/condutimetria na determinação de ânions (Fluoreto e
cloreto 100 µgL-1 brometo, nitrato e sulfato 200 µgL-1 e fosfato 300 µgL-1) e glifosato (500 µgL-
1). Sinais: 1 fluoreto; 2 cloreto; 3 brometo; 4 nitrato; 5 sulfato; 6 fosfato; 7 glifosato.
6.3. DETERMINAÇÃO DO PRINCIPAL METABÓLITO DO GLIFOSATO: AMPA
Em função de sua instabilidade, o glifosato pode se converter a outras espécies,
sendo o seu principal metabólito o ácido aminometil fosfônico (AMPA). Caso a única
fonte deste composto seja o próprio herbicida, o AMPA pode se tornar um traçador do
glifosato. A separação simultânea e detecção de glifosato e AMPA tem sido feita
principalmente por métodos que envolvem derivatização pré-coluna, seja na separação
por cromatografia a gás (KATAOKA et al., 1996; BORJESSON e TORSTENSSON,
2000) ou, em métodos mais recentes, por cromatografia a líquido em fase ligada, com
detector UV (QIAN et al., 2009; SUN et al., 2009), de fluorescência (CORBERA et al.,
2006), ou com hifenação LC-MS-MS (HANKE et al., 2008, IBÁNEZ et al., 2006). A
separação por cromatografia de troca iônica, com derivatização pós-coluna e detecção
por fluorescência também foi testada, usando coluna de troca catiônica
(PIRIYAPITTAYA et al., 2008).
Assim sendo, é interessante verificar a possibilidade de uma determinação
simultânea, sem derivatização, destes compostos, por cromatografia de íons e detecção
condutométrica. Pelas características da molécula AMPA, o seu comportamento na
55
cromatografia de íons com troca aniônica é de apresentar menor afinidade à fase
estacionária e, portanto, ser eluída mais rápido do que o glifosato (GUO et al. ,(2005-
2007); MARQUES et al., (2009); COUTINHO et al., (2008); DIMITRAKOPOULOS et al.,
(2010)).
Um teste inicial com o objetivo de determinar AMPA na presença dos ânions
comuns foi conduzido com um gradiente já testado (A - 2,5 mmol L-1 em Na2CO3 e 2,0
mmol L-1 em NaHCO3 (pH = 10,3); B - 15,0 mmol L-1 em Na2CO3 (pH = 11,3) e não se
conseguiu detectar o analito.
A separação cromatográfica de compostos iônicos através de troca iônica é
dependente das afinidades entre os íons da fase móvel (tanto do eluente quanto do
analito) e os sítios iônicos da fase estacionária. A retenção dessas duas substâncias
(AMPA e glifosato) está condicionada tanto à força do eluente quanto a mudanças de
pH, já que ambas sofrem várias dissociações ácidas, além de formarem zwiterions. O
pH do eluente A (pH = 10,3) foi bem próximo ao pK da última dissociação do AMPA
(pK3 = 10,0). A elevação do pH deste eluente poderia favorecer a retenção deste
analito, garantindo que a maioria das moléculas tivessem carga -2. De fato, SÁNCHEZ-
BAYO e colaboradores (2010) usaram NaOH 0,1 mol L-1 (pH 13) e
DIMITRAKOPOULOS e colaboradores (2010), gradiente de KOH 12 – 40 mmol L-1, na
separação de glifosato e AMPA, usando respectivamente detecção amperométrica e
condutimétrica.
Testou-se, então, a substituição de NaHCO3 por NaOH (15 mmol L-1), cujo pH
ficou próximo de 12 e resultou na eluição do AMPA em 12,9 minutos, sem interferência
e com resolução para os ânions fluoreto, cloreto, brometo nitrato, sulfato e fosfato,
conforme pode ser constatado na figura 6.9. O glifosato, nesta mesma corrida
cromatográfica, foi eluído em 30 minutos.
56
Gradiente 3 A - NaOH 15,0 mmol L-1 + Na2CO3 1,0 mmol L-1 pH 12,1 B - Na2CO3 15,0 mmol L-1 pH 11,4
Programa de Gradiente
t(min) % B 0-16 0 16-22 80 22-35 80 35-36 0 36-50 0
Figura 6.9 - Cromatograma de padrões de AMPA (5) e glifosato (8), ambos em 300 µg L-1, e dos
ânions (Fluoreto e cloreto 100 µgL-1 brometo, nitrato e sulfato 200 µgL-1 e fosfato 300 µgL-1):
Sinais: (1) fluoreto; (2) cloreto; (3) brometo (4) nitrato; (6) sulfato e (7) fosfato. (Condições: T =
27 ºC; Vazão = 0,75 mL min-1; Coluna: 25 cm; Detecção: IC/condutometria).
A presença do AMPA e glifosato neste experimento foi confirmada pela técnica
IC-MS, conforme apresentado na figura 6.10, identificando o íon de m/z igual a 110 em
13 minutos e o íon de m/z igual a 168 em 30 minutos.
Figura 6.10 – Cromatograma obtido por IC-MS confirmando a presença de AMPA (m/z= 110, 10
minutos) e glifosato (m/z= 168, 30 minutos) no ensaio apresentado na figura 6.11.
Nestas condições glifosato foi observado apenas um sinal, tanto na IC como na
IC-MS, pode ser visto na figura 6.11.
57
Figura 6.11 - Cromatograma obtido por IC/Condutometria utilizando padrões de glifosato e AMPA 300 µg
L-1 em matriz de água ultrapura com as seguintes condições cromatográficas: A - NaOH 15,0 mmol L-1 +
Na2CO3 1,0 mmol L-1 pH 12,09 e B - Na2CO3 15,0 mmol L-1 pH 11,4. Sinais: A glifosato; B, AMPA; C,
AMPA (1) e Glifosato (2).
A
B
C
58
A inclusão do NaOH 15,0 mmol L-1, por ser um eluente fraco, ocasionou um
aumento moderado na força do eluente, entretanto a elevação do pH, por tornar o
AMPA totalmente dissociado, parece ter sido fundamental para a detecção deste
analito.
A presença do íon carbonato 15 mmol L-1, no eluente B do gradiente 3 (figura
6.11), além de aumentar a força de eluição, elevou o pH a 11,4 e garantiu que o
glifosato (pk3 = 10,2) ficasse totalmente dissociado. Entretanto, com o aumento da
força iônica do eluente B, a sua condutividade aumentou tanto que, para manter a
eficiência da supressão, foi necessária a inclusão de estágios de troca da unidade
supressora aos 21 e 39 minutos durante a corrida, e também a utilização da supressão
sequencial de CO2, que reduziu ainda mais a condutividade de fundo, permitindo uma
separação cromatográfica com melhor desempenho.
Como pode ser visto na figura 6.9, há um alargamento do sinal do AMPA,
fenômeno relatado também por Bauer e colaboradores (1999). Tais autores sugeriram a
hipótese de que o grupo amino do AMPA pudesse estar protonado no módulo
supressor, interagindo com ele. No presente trabalho mediu-se o pH em vários pontos
do sistema cromatográfico, conforme registrado na figura 6.12.
Figura 6.12 – Ilustração do CI e acompanhamento do pH em diferentes pontos do equipamento
durante uma corrida cromatográfica.
59
No tempo de retenção do AMPA, devido à troca de cátions Na+ por H+, o pH do
eluente ficou em torno de 5,5 na saída do módulo supressor de condutividade; após a
passagem pelo módulo supressor de CO2, o pH subiu para 6,5. Assim, no módulo do
supressor de condutividade, o pH é próximo ao pK2 do AMPA e, consequentemente,
coexistem aproximadamente em igual quantidade duas espécies, que podem ter
interações diferentes com supressor, alargando a zona de distribuição do analito. Após
passar pelo módulo de supressão de CO2, na entrada do detector, a um pH = 6,5, além
do alargamento do sinal também há perda de sensibilidade em relação ao glifosato, já
que neste pH parte do AMPA tem carga líquida igual a zero.
6.4. DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO POR ICP-MS
A quantificação das espécies AMPA e glifosato pode ser realizada também pela
determinação do elemento fósforo, comum em ambas as moléculas. Esta determinação
pode ser feita por ICP-MS, que apresenta como principal vantagem sua elevada
sensibilidade e como limitação a falta de capacidade de especiação entre fósforo
orgânico e inorgânico. Entretanto, a técnica de ICP-MS poderá ser usada pós-coluna
cromatográfica. Neste estudo, as determinações foram realizadas, em função da
logística, com as técnicas em separado, visto que os equipamentos se encontravam em
laboratórios distintos, impedindo a hifenação (IC-ICP-MS).
Inicialmente, uma curva analítica (figura 6.13) a partir de fósforo inorgânico em
matriz aquosa foi preparada e submetida à leitura no ICPMS. As figuras de mérito
obtidas neste cenário foram: Limite de detecção (LD = 3.σ10 leituras do branco . (tgα)-1) igual a
0,42 µg.L-1; Limite de quantificação (LQ = 3,3 . LD) igual a 1,39 µg.L-1; Concentração
equivalente ao background (BEC = CPSbranco . [P1] . (CPSP1)-1) igual a 3,60 µg.L-1.
Adicionalmente, a calibração apresentou um ótimo coeficiente de determinação.
60
y = 2608,2x - 10536R2 = 0,9998
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
0 200 400 600 800 1000 1200
[P, ug/L]
CP
S
Figura 6.13 - Curva analítica para fósforo inorgânico em matriz aquosa na técnica de ICP-MS.
Pelo fato do fósforo estar ligado a uma molécula orgânica tanto no AMPA como
no glifosato, curvas analíticas a partir de padrões destas moléculas foram preparadas e
submetidas à técnica de ICP-MS, a fim de avaliar o comportamento do fósforo. Na
ocasião, foram elaborados padrões variando de 10 a 500 µg.L-1 para as curvas
analíticas (figura 6.14).
y = 2166,1x - 2779,5
R2 = 1
y = 2357,1x - 9307
R2 = 0,9999
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
1400000
0 100 200 300 400 500 600
[P, ug/L]
CP
S
AMPA
Glifosato
Linear (AMPA)
Linear (Glifosato)
Figura 6.14 - Curvas analíticas das moléculas AMPA e glifosato para a técnica de ICPMS.
61
Pode ser verificado que a inclinação das curvas analíticas é bastante próxima
para as duas moléculas e, comparadas à de fósforo inorgânico, a perda de
sensibilidade é pouca significativa. Isto permite inferir que a fonte de fósforo não vem a
ser preocupante na técnica de ICPMS, o que pode ser explicado pela elevada
temperatura atingida no plasma. A tabela 6.1 resume as características analíticas
obtidas nos três casos.
Tabela 6.1: Características analíticas para as curvas analíticas preparadas a partir de
fósforo inorgânico, AMPA e glifosato para a técnica de ICPMS.
Características analíticas P inorgânico P AMPA P glifosato
Sensibilidade 2608 2166 2357
Coeficiente de correlação (R2) 0,9998 1,0000 0,9999
BEC - background equivalent concentration (µg.L-1) 3,60 4,24 7,32
Uma vez que os equipamentos CI e ICPMS não estavam em linha, um primeiro
experimento foi o de realizar coletas sucessivas do eluído da coluna cromatográfica, a
fim de correlacionar o sinal do analito no detector condutimétrico com a presença de
fósforo no coletado. Para garantir um volume mínimo de amostra a ser submetida ao
ICPMS, estipulou-se a coleta do eluente com a amostra a cada 2 minutos. A
determinação de fósforo por ICP-MS em função do tempo de amostragem é
apresentado na figura 6.15.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
tempo (min)
CP
S
Figura 6.15 - Determinação de fósforo em ICP-MS para eluição de AMPA e glifosato (1 mg L-1).
62
Pode ser verificado dois sinais distintos nos tempos de aproximadamente 15 e 31
minutos que, conforme sugestão dos resultados da cromatografia, podem ser inferidos
aos compostos AMPA e glifosato, respectivamente. Um segundo experimento foi
realizado adicionando-se fosfato à amostra original contendo as duas substâncias e
realizando a coleta sucessiva de forma equivalente. A figura 6.16 apresenta os
resultados obtidos.
Um terceiro sinal pode ser identificado, que sai entre os dois obtidos
anteriormente, equivalente ao fósforo inorgânico, eluído a aproximadamente 27
minutos, corroborado pela técnica de cromatografia de íons.
Figura 6.16 - Determinação de fósforo em ICP-MS para eluição de: (1) AMPA, (2) fosfato e (3)
glifosato (1 mg.L-1).
Uma vez identificado os tempos de amostragem fez-se um estudo de
recuperação quantitativa tanto de AMPA e glifosato em separado, como da mistura das
substâncias. O procedimento de separação cromatográfica foi realizado no modo
gradiente, em condições otimizadas previamente definidas, e as coletas realizadas nos
tempos de eluição de cada um, coletando 2,0 mL de amostra para submissão ao ICP-
MS. Os ensaios foram realizados em duplicata. A tabela 6.2 resume as concentrações
testadas e respectivos teores obtidos no ICP-MS, assim como a incerteza associada
63
nas replicatas. Na figura 6.17, são apresentados os percentuais de recuperação nos
ensaios.
Tabela 6.2: Concentrações testadas nas amostras submetidas ao teste de recuperação de
fósforo e determinadas no ICPMS.
AMPA Glifosato Mistura
[P, µg.L-1] amostra 1192 1129 2305
[P, µg.L-1] recuperado, Md ± SD 1266 ± 8,1 1184 ± 22,6 1255 ± 4,5 e 1211 ± 80
RSD % 0,6 1,9 0,4 e 6,6
Figura 6.17: Recuperação, em termos de fósforo inorgânico (ICPMS), em amostras de AMPA,
glifosato e na mistura destes.
O ensaio apresentou boa repetibilidade, com baixo desvio padrão relativo e os
percentuais de recuperação em todos os ensaios ficaram em torno de 105 %, o que
pode ser considerado muito bom dentro do número de etapas envolvidas no
procedimento completo.
64
6.5. VALIDAÇÃO METODOLÓGICA Para que um novo método analítico gere informações confiáveis e interpretáveis
sobre a amostra, há a necessidade de se mostrar a qualidade de medições químicas,
através de sua comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade (Ribani et al., 2004).
O objetivo de uma validação é demonstrar que o método é apropriado para a
finalidade que se destina, reproduzindo resultados confiáveis. Deve-se garantir, por
meio de estudos experimentais que o método atenda a exigências das aplicações
analíticas, assegurando confiabilidade dos resultados. Conforme a Resolução ANVISA
RE nº 899, de 29 de maio de 2003 deve apresentar: seletividade, linearidade, precisão,
sensibilidade, limite de quantificação e exatidão adequadas à análise.
Seletividade é a capacidade de um método quantificar com segurança o analito
na presença de interferentes existentes na amostra, sendo conveniente a utilização de
testes de pureza de pico, como por exemplo, com auxílio de detector de arranjo de
fotodiodos ou espectrometria de massas (PASCHOAL et al., 2008).
A figura 6.18 mostra dois cromatogramas obtidos em matrizes de água
subterrânea, pelo método isocrático. Observa-se uma amostra isenta de glifosato, em
preto, e em vermelho a mesma amostra fortificada com 125 µgL-1 de glifosato. O tempo
de retenção do glifosato é de aproximadamente 11 minutos e pode ser constatado que
não há interferência no sinal.
Figura 6.18: Cromatogramas obtido no método isocrático, em matrizes de água subterrânea.
Amostra isenta de glifosato (preto); amostra contendo glifosato(1) com fortificação de 125 µg.L-
1(vermelho) (Condições T= 27ºC, Vazão=0,8 mL.min-1, eluente: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3
2,0 mmol L-1,Detecção: IC/Condutimetria).
65
Para as amostras de água mineral e superficial, a metodologia empregada foi a
de gradiente e o estudo da seletividade foi realizado tanto para AMPA como para
glifosato. As figuras 6.19 e 6.20 mostram cromatogramas obtidos nestas matrizes sem e
com fortificação..
Figura 6.19: Cromatogramas obtidos em matriz de água mineral: em preto, sem fortificação e
em vermelho fortificada com 300 µg L-1 de AMPA (1) e glifosato (2). (Condições: Condições: T
= 27 ºC; Vazão = 0,75 mL min-1; eluição; gradiente 3, Coluna: 25 cm; Detecção:
IC/condutometria).
Figura 6.20: Cromatogramas obtidos em matriz de água superficial: (Preto) no ponto S6, sem
fortificação; (vermelho) “pool” de águas dos pontos S1, S2, S3, S4, S5 e S6, fortificado com 300
µg L-1 de AMPA (sinal 1) e glifosato e (sinal 2 ). Condições iguais às realizadas na figura 6.19.
66
Linearidade é a capacidade de um de um método analítico em fornecer
resultados que sejam diretamente proporcionais à concentração do composto de
interesse, dentro de uma faixa de concentração (INMETRO, 2003). Desta forma, para
avaliar a linearidade foram preparadas curvas analíticas nas matrizes de estudo, ou
seja, água subterrânea, água superficial, água mineral e água ultra pura.
Para a elaboração das curvas analíticas, uma solução estoque de 10.000 µg L-1
foi preparada para posterior preparo dos pontos da curva. Para cada nível de
concentração, três soluções-padrão independentes foram preparadas. Na metodologia
de determinação de glifosato por eluição isocrática IC/condut foram feitas fortificações
com padrão de glifosato em matriz de água ultrapura e de água subterrânea em vários
níveis de concentração: 40, 80, 100, 200, 300, 400 e 500 µgL-1 e 100, 200, 250, 400,
500, 1000 µgL-1, respectivamente, para as matrizes água ultrapura (Apêndice A1) e
água subterrânea (Apêndice A2). Para a determinação por IC-MS (Apêndice A3) foi
elaborada uma curva em matriz de água ultrapura nas concentrações de (50, 100, 200,
280, 300 e 500 µgL-1).
Para a construção das curvas analíticas da metodologia de separação
simultânea do glifosato e AMPA utilizando eluição por gradiente, foram preparadas
soluções em matrizes de: água ultrapura (Apêndice A4 e A5); água mineral (Apêndice A6
e A7) e água superficial (Apêndice A8 e A9) para glifosato e AMPA. No caso da matriz de
água ultrapura, foram adicionados, além de glifosato e AMPA, os ânions fluoreto e
cloreto a 100 µgL-1, brometo, nitrato e sulfato a 200 µgL-1 e fosfato a 300 µgL-1, para
melhor simular a composição de matrizes reais. Nas matrizes de água mineral e
superficial, só foi feita a fortificação com glifosato e AMPA, porque ânions como cloreto,
fosfato e sulfato costumam estarem presentes.
A linearidade foi avaliada por meio do coeficiente de determinação (R2). Neste
trabalho, foi possível identificar a influência do método de separação cromatográfica
(isocrática ou por gradiente) e do tipo de detecção (condutométrica ou MS) na figura de
mérito em questão.
No caso do glifosato, a detecção condutométrica, em todas as condições
67
cromatográficas e em todas as matrizes, resultou em um coeficiente de determinação a
0,99 (figuras 6.21 e 6.22, método isocrático e por gradiente, respectivamente). Para o
AMPA, foi observado um R2 superior a 0,99 para as matrizes de água ultrapura e água
mineral, conforme apresentado na figura 6.23.
Figura 6.21: Curvas analíticas de glifosato em matriz água ultrapura (A) e água subterrânea (B),
obtidas por eluição isocrática, detecção condutométrica.
68
Figura 6.22 - Curvas analíticas de glifosato nas matrizes: água ultrapura (A) água mineral (B)
água superficial (C), obtidas por eluição por gradiente, detecção condutométrica.
69
Figura 6.23 - Curvas analíticas de AMPA nas matrizes: água ultrapura (A) e água mineral (B),
obtidas por eluição por gradiente, detecção condutométrica.
Estes valores estão em conformidade com o esperado pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA 2003). Somente para duas curvas não foram obtidos
coeficientes de determinação superiores a 0,99: AMPA em água superficial (figura 6.24)
e glifosato na detecção por IC-MS (figura 6.25).
70
Figura 6.24- Curva analítica de AMPA na matriz de água superficial, obtida por eluição por
gradiente, detecção por condutometria.
Figura 6.25: Curva analítica de glifosato em matriz água ultrapura obtida por eluição isocrática
e IC-MS.
Pode ser verificado que em água superficial, na faixa de 30 a 300 µg L-1 de
AMPA não foi obtida linearidade adequada. Considerando-se a faixa de 80 a 300 µg L-1,
com uma curva analítica de 3 pontos, o coeficiente de determinação subiu para 0,998.
O fato deste efeito só ter sido observado na matriz de água superficial sugere se tratar
de um efeito de matriz, cuja compreensão necessita estudos mais aprofundados.
Na detecção por IC/MS, a linearidade para o glifosato no método isocrático não
foi adequada (R2 = 0,97 em água ultrapura). Uma possível explicação para a perda de
linearidade na detecção por IC/MS pode ser a ocorrência de fenômenos não
reprodutíveis na interface, principalmente a baixas concentrações.
71
Para o cálculo da repetitividade do método cromatográfico empregado, foi
avaliada a proximidade dos resultados obtidos nas réplicas de cada ponto utilizadas
para o cálculo da linearidade. A precisão do método analítico pode ser expressa pelo
desvio padrão relativo (RSD (%)) ou coeficiente de variação (CV) de uma série de
medidas (ANVISA, 2003). A ANVISA sugere que o RSD (%) entre as injeções seja
inferior a 5%. As áreas dos sinais das réplicas de cada ponto e o cálculo do desvio
padrão relativo (RSD (%)) são apresentados nos apêndices (Apêndice A1 a A9). O
RSD (%) encontrado para a maioria das réplicas de cada ponto foi inferior que 4%.
O Limite de Detecção (LD) é o menor sinal que pode ser detectado do analito na
amostra, enquanto que Limite de Quantificação (LQ) é a menor concentração que pode
ser determinada com confiabilidade, depois de ser submetida a todo o processo
analítico (INMETRO, 2007). Os LDs foram calculados por dois métodos: no método 1,
estimou-se a concentração do analito capaz de produzir um sinal cuja altura seja 3
vezes o valor do ruído da linha base; o LQ foi considerado como o sinal de altura igual a
10 vezes o ruído. O segundo método de cálculo foi baseado nos parâmetros da curva
analítica, segundo a fórmula: LD = 3,3.(sb/m), onde sb é o desvio-padrão do coeficiente
linear da reta e m, o seu coeficiente angular. O LQ neste segundo método foi calculado
como 10.(sb/m).
As tabelas 6.3 e 6.4 resumem o desempenho analítico dos métodos de eluição
isocrática e por gradiente. Como se pode observar, em matriz de água ultrapura, o
limite de detecção (LD) do glifosato com detecção condutométrica esteve entre 10 e 15
µg L-1, considerando os métodos isocrático e por gradiente. Pelo método de eluição por
gradiente, o LD em água mineral foi próximo ao da água ultrapura e, em água
superficial, foi aproximadamente duas vezes maior (12,4 - 20 µgL-1). Em matriz de água
subterrânea, só foi aplicado o método isocrático, que resultou num LD maior (54 - 63 µg
L-1).
Com relação ao AMPA, estudado nas matrizes de água ultrapura, mineral e
superficial, obteve-se um LD de 9,8 µg L-1 para a primeira matriz (equivalente ao
glifosato), enquanto que, em água mineral o limite de detecção foi de 60 µg L-1 e, para
água superficial, de 29,7 µg L-1, ambos pelo método 2.
72
TABELA 6.3: Desempenho analítico do método proposto - Determinação do glifosato por
eluição isocrática
Matriz Água
ultrapura
Água subterrânea Água ultrapura
Método IC – condut. IC- condut. IC-MS
Coeficiente de correlação R2 R2 = 0,9983 R2=0,9943 R2 = 0,9717
Faixa linear (µg L-1) 40 a 500 µg L-1 100 a 1000 µg L-1 50 a 400 µg L-1
Equação da reta Y = 439,33 x Y = 381,44 x - 12177 Y = 1826,2 x + 62784
Limite de detecção (LD) (µg L-1) 10a 15b 54a 63b - 71b
Limite de quantificação (LQ) (µg L-1) 35a 47b 181a 190b - 215b
Média dos RSD (%) 0,98 0,92 2,58
a: método 1; b: método 2
TABELA 6.4: Desempenho analítico do método proposto – Determinação simultânea de
glifosato e AMPA por eluição por gradiente.
Glifosato MATRIZ Água ultrapura Água mineral Água superficial
Coeficiente de correlação R2 R2 = 0,9986 R2 = 0,9992 R2 = 0,9978
Faixa linear (µg L-1) 30 - 300 µg L-1 40 - 300 µg L-1 30 - 300 µg L-1
Equação da reta Y = 860,7x - 257,15 Y=841,19 x-10946 Y=736,02x–1450,06
Limite de detecção (LD) (µg L-1) 15a 9,6b 9,8a 9,5b 20a 12,4b
Limite de quantificação (LQ) (µg L-1)
Média dos RSD (%)
50a 29b
3,0
33a 28,9b
3,0
67a 37,6b
3,3
AMPA MATRIZ Água ultrapura Água mineral Água superficial
Coeficiente de correlação R2 R2 = 0,9986 R2 = 0,9944 R2 = 0,9983
Faixa linear (µg L-1) 30 - 300 µg L-1 30 - 300 µg L-1 100 - 300 µg L-1
Equação da reta Y = 617,34x - 5710,8 Y=337,31x- 2831,3 Y= 208,2x – 1843,7
Limite de detecção (LD) (µg L-1) 13a 9,8b 60a 60b 37a 29,7b
Limite de quantificação (LQ) (µg L-1) 44 a 29,7b 138a 125a 90,2b
Média dos RSD (%) 4,1 2,9 3,4
a: método 1; b: método 2
73
Os LDs obtidos neste trabalho foram mais baixos que os obtidos por
IC/coulometria (COUTINHO et al. 2008), principalmente para o AMPA (38 e 240 µg L-1
para glifosato e AMPA em água mineral, por análise direta, após injeção de 20 µL de
amostra). O acoplamento IC/ condutometria, com análise direta foi feito por MARQUES
et al.(2009), mas apenas para a determinação de glifosato em água potável. O LD
obtido foi de 15,4 µg L-1, bem próximo ao deste trabalho. GARCIA e ROLLEMBERG
(2007) determinaram apenas glifosato em águas naturais por voltametria, obtendo LD
de 59 µg L-1. A determinação direta de glifosato e AMPA por IC/Condutometria foi feita
por DIMITRAKOPOULOS et al., 2010, que obtiveram um LD de 0,54 µg L-1 para o
glifosato em águas potáveis, graças à injeção de um volume (1 mL) de amostra 10
vezes maior que o usado neste trabalho. No entanto, a metodologia desenvolvida por
estes autores não permitiu a quantificação de AMPA; segundo os autores, que usaram
KOH como eluente, houve co-eluição do AMPA com carbonato presente nas matrizes
naturais e, apesar da presença de um supressor de CO2 no sistema, ainda haveria uma
quantidade de carbonato residual; o volume de injeção também interferiu na retenção
relativa AMPA – carbonato. No presente trabalho, no entanto, observou-se linearidade
na determinação de AMPA em matrizes de água ultra-pura e mineral, em
concentrações semelhantes às de DIMITRAKOPOULOS et al., 2010, apesar do eluente
usado conter carbonato.
Segundo Stalikas (2001), aproximadamente 60% do tempo total de uma análise
são gastos com a preparação e pré- tratamento da amostra, sendo que estas etapas de
preparação são as maiores fontes de erro em um procedimento analítico. As
metodologias apresentadas neste trabalho para a quantificação de glifosato e AMPA
não requerem qualquer preparação da amostra como reação de derivatização, etapas
de limpeza ou extração da amostra, apresentando a vantagem de um menor consumo
de produtos químicos e, por serem métodos diretos, tem reduzidos tempos totais de
análise. O equipamento utilizado é relativamente barato, o custo dos reagentes é baixo
(Na2CO3, NaHCO3 e NaOH), além de poluírem menos o ambiente ao serem
comparados com os métodos que usam derivatizantes. O único pré-tratamento foi a
filtração da amostra.
Cabe ressaltar ainda que os limites de detecção obtidos atendem à legislação
74
brasileira - Portaria MS 518 de 25/03/2004 e Resolução CONAMA 396 de 03/04/2008.
Outra vantagem da metodologia desenvolvida neste trabalho é que o método
implementado permite a detecção por IC-MS e a hifenação IC-ICP-MS, que é uma
alternativa para a obtenção de baixos valores de limites de detecção por permitir a
análise direta com injeção de grandes volumes. Guo e colaboradores (2007) obtiveram
limites de detecção entre 1,1 e 1,4 µg L-1, para glifosato e AMPA por análise direta,
usando injeção de grandes volumes (500 µL), e hifenação IC-ICP-MS. Neste trabalho, a
potencialidade do acoplamento IC-ICP-MS foi estudada em caráter exploratório.
6.6 Determinação de glifosato e AMPA em amostras de águas naturais
Águas subterrâneas
As amostras foram analisadas em triplicata. Foi encontrada a presença do
glifosato em água subterrânea, no ponto de monitoramento P7C1, na concentração de
239,7 µg L-1, com um desvio padrão de 3,69 determinada por IC/condutometria. A figura
6.26 mostra, em vermelho, o cromatograma obtido para a amostra; em preto vê-se a
mesma amostra fortificada com glifosato na concentração de 500 µg L-1. Observa-se
que houve um aumento no sinal do glifosato no mesmo tempo de retenção da amostra
pura. Esta análise foi avaliada por IC/MS, que também comprovou a presença de
glifosato na amostra, como pode ser visto por IC-MS utilizando monitoramento seletivo
de íons (SIM), no modo negativo, obtido através da amostra P7C1, na figura 6.27.
Os resultados encontrados estão dentro da faixa permitida pela legislação
brasileira vigente. Portaria MS 518 de 25/03/2004 e Resolução CONAMA 396 de
03/04/2008.
75
Figura 6.26: Cromatograma obtido para a amostra P7C1 nas seguintes condições: T= 27ºC,
Vazão=0,8 ml/min, Eluição isocrática: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1. Em
vermelho amostra pura mostrando o pico do glifosato, em preto a mesma amostra fortificada
com padrão de glifosato 500 µg L-1.
Figura 6.27: Cromatograma obtido por IC/MS, modo SIM, m/z = 168, para a amostra P7C1;
sinal do glifosato aproximadamente em 11 minutos. (Condições: T= 27ºC, Vazão=0,8 ml/min,
Eluição isocrática: Na2CO3 6,0 mmol L-1 e NaHCO3 2,0 mmol L-1)
Águas superficiais e minerais
Não foi detectada a presença de glifosato ou de AMPA nas amostras analisadas
Glifosato
76
7. CONCLUSÕES e PERSPECTIVAS
Ao atingir a significativa marca de 7 bilhões de pessoas ao redor do mundo, o
homem se depara cada vez mais com o desafio da alimentação e a busca por uma
agricultura mais produtiva vai de encontro ao uso, de forma crescente, de agrotóxicos.
Por outro lado, a aplicação destas substâncias químicas não pode ser feita de
forma indiscriminada e as entidades governamentais têm estabelecidos limites de
concentração toleráveis para o passivo ambiental. Desta forma, somente com um
monitoramento adequado é que será possível atingir metas de produção alimentícia
sem trazer efeitos colaterais ao meio ambiente.
Neste contexto, o presente trabalho se propôs a desenvolver uma metodologia
para quantificação residual da substância glifosato e seu principal metabólito, o ácido
metilênico fosfônico (AMPA), na presença de ânions comuns de águas superficiais de
baixa salinidade.
Estabeleceu-se a metodologia isocrática, que foi capaz de separar o glifosato e
sem a interferência dos ânions comuns: fluoreto, cloreto, brometo, nitrato, sulfato e
fosfato. O sinal do glifosato foi confirmado pela hifenação com IC-MS.
Estabeleceu-se a metodologia IC/condutometria por gradiente, que permitiu a
separação simultânea do glifosato, AMPA e dos ânions comuns. Para a metodologia
por gradiente os sinais do AMPA e glifosato foram confirmados pela hifenação IC-MS.
A metodologia isocrática foi validada em água ultrapura e água subterrânea.
A metodologia por gradiente foi validada em matrizes de água ultrapura, água
mineral e água superficial.
O método desenvolvido é eficiente na quantificação dos analitos, pois, mesmo
77
diante da extensa literatura a respeito, foram obtidos LQ e LD comparáveis aos da
literatura.
Demonstrou-se que a metodologia é adequada para a determinação dos dois
analitos (glifosato e AMPA) em uma mesma analise, representando uma relação
custo/beneficio. A metodologia para determinação do glifosato e AMPA por
IC/condutometria apresentou algumas vantagens sobre a detecção por métodos que
envolvem derivatização:
• Analise direta e rápida, ou seja, não são necessárias reações de
derivatização da amostra;
• Sem etapas de extração/limpeza da amostra;
• Sem a necessidade de pré-concentração.
Os estudos exploratórios com a técnica ICP-MS, onde se determinou o fósforo em
sua forma inorgânica demonstraram enorme potencial para a hifenização IC-ICPMS, o
que permitiria associar alta sensibilidade (ICP-MS) a especiação de espécies.
Considerando que esta metodologia é rápida e demonstrou atender a legislação
vigente a mesma poderá ser utilizada no monitoramento de água naturais.
78
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Apêndice A1: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com glifosato obtidos por eluição
isocrática.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7
Concentrações 40 80 100 200 300 400 500
Áreas 15356 30645 40178 85627 130061 180386 220873
Áreas 15721 30128 40483 84575 132217 179456 222896
Áreas 15756 30440 40717 84952 131804 179871 214196
Desvio Padrão 222 260 270 533 1144 466 4553 Média 15611 30404 40459 85051 131361 179904 219322
RSD % 1,4 0,9 0,7 0,6 0,9 0,3 2,1
Apêndice A2: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água subterrânea fortificada com glifosato obtidas por
eluição isocrática.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 100 200 250 400 500 1000
Áreas 24 883 50 970 89969 152796 179123 369977
Áreas 24279 50913 89402 155923 175497 367118
Áreas 24491 50326 88813 154488 175932 360325
Desvio Padrão 150 415 578 1565 1980 4958 Média 24385 50620 89395 154402 176851 365807 RSD% 0,6 0,8 0,6 1,0 1,1 1,4
90
Apêndice A3: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com glifosato obtidas por eluição
isocrática, IC-MS.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 50 100 200 280 300 400
Áreas 106080 303160 446560 568910 653420 755550
Áreas 93717 292480 397190 592670 641390 76003
Desvio Padrão 8742 7552 34910 16801 8506 3168 Média 99899 297820 421875 580790 647405 757790 RSD% 0,1 2,5 8,3 2,9 1,3 0,4
Apêndice A4: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com fluoreto, cloreto, brometo,
nitrato, sulfato e fosfato, obtido por eluição por gradiente.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 30 40 80 100 200 300
Áreas 23846 33401 69979 83730 159713 259916
Áreas 26244 36815 73433 86226 172313 260642
Áreas 24895 35258 71256 84978 166013 263279
Desvio Padrão 1202 1709 1746 1248 6300 1770
RSD% 4,8 4,9 2,4 1,5 3,8 0,7
Média 24995 35158 71556 84978 166013 261279
91
Apêndice A5: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água ultrapura fortificada com fluoreto, cloreto, brometo,
nitrato, sulfato e fosfato, obtido por eluição por gradiente.
Padrões de AMPA - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 30 40 80 100 200 300
Áreas 13269 18055 46189 53616 109730 182160
Áreas 14143 19855 42930 56848 111399 173052
Áreas 13856 19105 46448 55232 119068 191268
Desvio Padrão 445 904 1961 1616 4980 9108
RSD% 3,2 4,8 4,3 2,9 4,4 5,0
Média 13756 19005 45189 55232 113399 182160
Apêndice A6: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água mineral, obtida por eluição por gradiente.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5
Concentrações 40 80 100 200 300
Áreas 20049 56075 78452 156240 241116 Áreas 19047 54272 73580 158428 239061 Áreas 21051 57878 80324 154052 243171 Desvio Padrão 1002 1803 3481 2188 2055
RSD% 5,0 3,2 4,5 1,4 0,9 Média 20049 56075 77452 156240 241116
92
Apêndice A7: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água mineral, obtida por eluição por gradiente.
Padrões de AMPA - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 30 40 80 100 200 300
Áreas 8257 11315 23263 29740 64588 98830
Áreas 8045 10950 22500 29260 62293 94889
Áreas 8469 11680 24026 30230 66877 102771
Desvio Padrão 212 365 763 485 2292 3941
RSD% 2,6 3,2 3,3 1,6 3,5 4,0
Média 8257 11315 23263 29743 64586 98830
Apêndice A8: Concentrações do padrão de Glifosato que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água superficial, obtida por eluição por gradiente.
Padrões de Glifosato - µg/L
Padrões P1 P2 P3 P4 P5 P6
Concentrações 30 40 80 100 200 300
Áreas 19694 26833 62785 73331 140648 220351
Áreas 17760 24542 60646 70665 143616 230284
Áreas 19628 26124 64924 75997 137680 213418
Desvio Padrão 1675 1173 2139 2666 2968 8477
RSD% 0,1 4,5 3,4 3,6 2,1 3,8
Média 18694 25833 62785 73331 140648 221351
93
Apêndice A9: Concentrações do padrão de AMPA que compõem a curva analítica
elaborada com matriz em água superficial, obtida por eluição por gradiente.
Padrões de AMPA - µg/L
Padrões P1 P2 P3
Concentrações 100 200 300
Áreas 19478 38791 60117
Áreas 18805 37852 64172
Áreas 20151 39730 59062
Desvio Padrão 673 939 2698
RSD% 3,5 2,4 4,4
Média 19478 38791 61117