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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM TURISMO
JULIANA ALVES VASCONCELLOS
TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO: A EXPERIÊNCIA DOS
INTERCAMBISTAS DO CURSO DE TURISMO DA UFF
NITERÓI
2014
1
JULIANA ALVES VASCONCELLOS
TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO: A EXPERIÊNCIA DOS
INTERCAMBISTAS DO CURSO DE TURISMO DA UFF
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo.
Orientador: Prof. D.Sc. Ari da Silva Fonseca Filho.
NITERÓI
2014
2
TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO: A EXPERIÊNCIA DOS
INTERCAMBISTAS DO CURSO DE TURISMO DA UFF
Por
JULIANA ALVES VASCONCELLOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo.
Orientador: Prof. D.Sc. Ari da Silva Fonseca Filho
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Prof. D.Sc. Ari da Silva Fonseca Filho – Orientador – UFF
___________________________________________________________________
Prof. D.Sc. João Evangelista Dias Monteiro – Departamento de Turismo UFF
___________________________________________________________________
Profa. M.Sc. Erly Maria de Carvalho e Silva – Convidada
Niterói, maio de 2014
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus por me conduzir em todos os percursos da
minha vida, ajudando-me a passar por todos os desafios de forma vitoriosa.
Aos meus pais, Kátia e Saint-Clair, por serem meus fiéis e eternos amigos e
me tratarem com absoluto carinho, amor e respeito, estendendo-me às mãos
sempre que preciso, nunca me deixando fraquejar. Serei eternamente grata pelo
investimento que sempre fizeram em minha educação, a qual levarei por toda a
minha vida.
Ao meu namorado, Luzidanjo, que esteve ao meu lado me apoiando e me
ajudando durante toda a construção desse trabalho. Além de toda amizade e
solidariedade demonstrada ao longo da minha trajetória na universidade.
Ao meu orientador, Prof. D.Sc. Ari da Silva Fonseca Filho, que sempre esteve
à disposição para ajudar, sendo muito atencioso ao longo da minha pesquisa, além
de ter se mostrado mais do que um professor, um amigo que sempre me auxiliou no
que foi preciso. Sou completamente grata por tudo. Muito obrigada.
À todo corpo docente, especialmente a Profa. M.Sc. Erly Maria e Silva e a
Profa. D.Sc. Verônica Mayer, por todo o comprometimento e dedicação aos alunos,
estando sempre dispostos a ajudar, bem como, o vasto conhecimento que nos tem
transmitido.
À todas as participantes do Grupo Focal, pelos relatos e opiniões concedidas
durante a entrevista. A participação de cada uma foi de extrema importância para o
desenvolvimento desse trabalho. Meus sinceros agradecimentos.
Às minhas queridas amigas: Luiza, Daniela, Adriana, Marina, Rayane e
Evelyn, que fizeram com que a minha passagem pela UFF se tornasse inesquecível
e especial.
6
RESUMO
VASCONCELLOS, J.A. Turismo de estudos e intercâmbio: a experiência dos intercambistas do curso de Turismo da UFF. 2014. 106 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Turismo e Hotelaria, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2014.
O Turismo é uma atividade que se divide em vários segmentos, sendo o Turismo de Estudos e Intercâmbio um dos segmentos de cunho educativo que deslocam milhares de estudantes por um determinado período para um destino. Com a prática do intercâmbio se estabelecem cada vez mais as relações públicas e privadas, por meio de Estados, organizações e empresas, promovendo a integração plena do turismo nas relações internacionais. Baseado nesse fato, o presente trabalho tem por finalidade analisar a relação do turismo com as relações internacionais, bem como abordar a contribuição dos intercâmbios estudantis. O objetivo geral da pesquisa é realizar um estudo sobre o Turismo de Estudos e Intercâmbio, destacando as características do público, suas motivações e escolhas com relação à viagem de intercâmbio e o destino, respectivamente. O estudo de caráter exploratório teve a coleta de dados dividida em duas etapas, a primeira de natureza quantitativa e a segunda qualitativa, com aplicação de questionários a estudantes intercambistas brasileiros e estrangeiros e a realização de grupo focal. Os resultados revelam que existe uma relação visível entre o intercâmbio e a promoção de um destino turístico.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo. Relações Internacionais. Intercâmbio.
7
ABSTRACT
VASCONCELLOS, J.A. Tourism Studies and Exchange Programs: the experience
of exchange students of the Tourism course at UFF. 2014. 106 p. Monography
(Graduation) - Faculdade de Turismo e Hotelaria, Universidade Federal Fluminense,
Rio de Janeiro, 2014.
Tourism is an activity that is divided into several segments, and Tourism of Studies
and exchange programs is one of the segments of educational nature that moves
thousands of students for a certain period of time to a destination . With the
exchanges programs, public and private relations are more and more established
between states, organizations and companies, promoting the full integration of
tourism in international relations. Based on this fact, the present work aims to analyze
the relationship between tourism and international relations, as well as broach the
contribution of student exchanges programs in it. The overall objective of the
research is to conduct a study on Tourism Studies and Exchange Programs,
highlighting the features of the public, their motivations and choices regarding the
exchange program trip and the destination, respectively. The study was exploratory
and had data collection divided into two stages, the first one was qualitative and the
second one was quantitative, with questionnaires applied to Brazilian and foreign
exchange students and the conduction of a focus group. The results show that there
is a visible relationship between the exchange and the promotion of a tourist
destination.
Keywords: Tourism. International Relations. Exchange Programs.
8
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Fatores que determinam no âmbito pessoal o comportamento do turista..........................................................................................................................20
FIGURA 2 Fatores externos que determinam o comportamento do turista...............21
FIGURA 3 Fatores que influenciam a decisão relativa às férias................................23
FIGURA 4 Exemplos de segmentação a priori e a posteriori.....................................26
FIGURA 5 Renda familiar mensal dos intercambistas brasileiros..............................36
FIGURA 6 Fatores que influenciaram os intercambistas brasileiros na decisão de realizar um intercâmbio..............................................................................................37
FIGURA 7 Fatores que influenciaram os intercambistas brasileiros na escolha do destino........................................................................................................................38
FIGURA 8 Gasto médio do intercâmbio dos estudantes brasileiros..........................40
FIGURA 9 Grau de relevância do intercâmbio para a vida dos estudantes brasileiros...................................................................................................................41
FIGURA 10 Notas dadas para as escolas ou universidades onde os intercambistas brasileiros estudaram.................................................................................................42
FIGURA 11 Fatores que influenciaram os intercambistas estrangeiros na decisão de realizar um intercâmbio..............................................................................................45
FIGURA 12 Fatores que influenciaram os intercambistas estrangeiros na escolha do destino...................................................................................................................46
FIGURA 13 Gasto médio do intercâmbio dos estudantes estrangeiros.....................47
FIGURA 14 Grau de relevância do intercâmbio para a vida dos estudantes estrangeiros................................................................................................................48
FIGURA 15 Notas dadas para a universidade onde os intercambistas estrangeiros estudaram..................................................................................................................49
FIGURA 16 Atitudes que afetam a satisfação do turista............................................64
FIGURA 17 A qualidade total percebida segundo Christian Grönroos......................65
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
2 O SEGMENTO DE TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS.....................................................................................................13
2.1 TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO.......................................................19
2.1.1 Turismo de estudos e intercâmbio no Brasil................................................28
2.2 CONTRIBUIÇÃO DOS INTERCÂMBIOS ESTUDANTIS.....................................30
3 VISÃO DOS INTERCAMBISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS: SURVEY.....................................................................................................................33
3.1 INTERCAMBISTAS BRASILEIROS.....................................................................34
3.2 INTERCAMBISTAS ESTRANGEIROS................................................................43
3.3 ANÁLISE ENTRE INTERCAMBISTAS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS......50
4 VISÃO DOS INTERCAMBISTAS NACIONAIS: GRUPO FOCAL.........................55
4.1 BLOCO 1: MOTIVAÇÃO......................................................................................56
4.2 BLOCO 2: PLANEJAMENTO...............................................................................58
4.3 BLOCO 3: FINANCEIRO......................................................................................60
4.4 BLOCO 4: RELEVÂNCIA DO INTERCÂMBIO.....................................................66
4.5 BLOCO 5: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO INTERCÂMBIO..........70
4.6 ANÁLISE ENTRE A PESQUISA QUANTITATIVA E A QUALITATIVA................73
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................78
REFERÊNCIAS..........................................................................................................81
APÊNDICES...............................................................................................................85
ANEXOS...................................................................................................................100
10
1 INTRODUÇÃO
O turismo, visto como um produto de âmbito mundial, pode ser motivado por
diversos fatores, para isso, a atividade turística é dividida por segmentos. Uma das
atuais segmentações é o Turismo de Estudos e Intercâmbio, a qual visa movimentar
turistas através de atividades e programas de aprendizagem. A partir desses
intercâmbios estudantis, há promoção do destino, uma vez que os próprios
estudantes divulgam o local em seu país de origem.
Com essa corrente turística advinda dos intercâmbios estudantis, milhares de
estudantes passam a estabelecer a relação entre o turismo internacional e o turismo
de estudos. A partir das relações turísticas internacionais, determina-se uma série
de aspectos positivos, tais como: estabelecimento de acordos e convênios, controles
policiais e alfandegários, fomento da paz e a cooperação mundial, entre outros.
Outro ponto a ser analisado é o fato dos intercâmbios também promoverem trocas
culturais, pois a partir do momento em que o estudante sai do seu local de origem e
se desloca para outro destino, tem contato com hábitos e costumes distintos dos
seus.
Também se deve levar em consideração o fato dos intercâmbios não só
contribuírem, como também desenvolverem os destinos turísticos. O Turismo de
Estudos e Intercâmbio pode servir como uma das soluções para os períodos de
baixa temporada, bem como uma espécie de complemento para lugares que não
possuem atrativos turísticos significativos.
Diante dos aspectos apresentados, busca-se levantar como problema de
pesquisa: “Quais os fatores que influenciam os intercambistas a escolherem um
destino?”.
Assim, o objetivo geral desse trabalho é realizar um estudo sobre o Turismo
de Estudos e Intercâmbio, destacando as características do público, bem como suas
motivações e escolhas com relação ao destino. Os objetivos específicos são:
analisar o papel do turismo internacional e sua relação com o turismo de
intercâmbio; identificar quais os fatores motivam os estudantes do curso de Turismo
da UFF a terem o intercâmbio como experiência; reconhecer como o intercâmbio
11
estudantil pode promover um destino turístico a partir de relatos de alunos
intercambistas do curso de Turismo da UFF.
Tal análise permite investigar de forma mais complexa o Turismo de Estudos
e Intercâmbio, que pode ser compreendido como um segmento inovador e capaz de
promover um determinado local como destino turístico.
Em meio à globalização do século XXI, a troca de culturas é fortemente
exercitada, principalmente pela indústria do turismo. Com isso, os estudantes são
incentivados a viajar para outros destinos a fim de não só estudar, mas também,
conhecer novos hábitos e costumes. Dessa forma, o intercambista acaba por
promover o turismo na destinação escolhida para estudos, pois além de estudar,
esse tipo de turista busca conhecer os atrativos e as culturas locais.
O presente trabalho é de caráter exploratório e como forma de analisar os
intercambistas de forma minuciosa, optou-se por fazer uma coleta de dados dividida
em duas etapas, a primeira quantitativa e a segunda, qualitativa. Assim, aplicaram-
se questionários on-line aos estudantes brasileiros e estrangeiros do curso de
Turismo da UFF que já realizaram intercâmbio, através do programa Qualtrics, a fim
de obter resultados estatísticos. Além disso, realizou-se um grupo focal com quatro
intercambistas brasileiras, também do curso de Turismo da UFF, com o intuito de
obter informações mais detalhadas, possibilitando uma melhor análise.
De modo a abordar os assuntos aqui relacionados, o trabalho foi dividido em
cinco capítulos, sendo o primeiro de introdução, o qual destina-se às questões que
nortearam a pesquisa e à metodologia utilizada, e o último que refere-se às
considerações finais.
O segundo capítulo apresenta uma abordagem teórica a respeito do
segmento de Turismo de Estudos e Intercâmbio e das Relações Internacionais.
Essa parte aborda o fenômeno do turismo, bem como a influência das relações
internacionais nas atividades turísticas, além de discutir sobre a contribuição dos
intercâmbios para o desenvolvimento dos destinos turísticos.
O terceiro capítulo visa demonstrar o perfil tanto dos intercambistas
brasileiros que realizaram o intercâmbio por conta própria ou por intermédio da
Universidade Federal Fluminense, como dos estudantes estrangeiros que
estudaram na UFF por determinado período, através de convênios entre
12
universidades, além de demonstrar as características da viagem que vão desde o
planejamento até o momento da realização do intercâmbio. Ao final do capítulo, fez-
se uma análise comparativa entre resultados estatísticos obtidos através dos
questionários aplicados aos estudantes brasileiros e estrangeiros.
O quarto capítulo busca obter informações mais específicas a respeito das
opiniões e relatos das experiências dos intercambistas por meio do grupo focal, pois
assim, houve a possibilidade de realizar uma análise detalhada sobre o objeto de
estudo. A fim de que as perguntas do grupo focal fossem mais bem organizadas,
dividiu-se as questões em cinco blocos, os quais seguem as temáticas e respectivas
ordens das perguntas: Motivação; Planejamento; Financeiro; Relevância do
intercâmbio; Aspectos positivos e negativos do intercâmbio. Com o intuito de
relacionar os resultados da pesquisa quantitativa com a qualitativa, fez-se uma
análise comparativa das informações obtidas por meio dos questionários aplicados e
do grupo focal.
Assim, nota-se que tanto as abordagens teóricas quanto as pesquisas,
quantitativa e qualitativa, contribuíram para o aperfeiçoamento do entendimento a
respeito da importância e da contribuição do intercâmbio estudantil para o
desenvolvimento da atividade turística em um determinado destino.
13
2 O SEGMENTO DE TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO E
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O fenômeno do turismo é uma atividade que promove a interação constante
entre pessoas, começando pela interação entre os turistas e uma série de
prestadores de serviços diretos e indiretos. Segundo Barretto (2003, p. 2) “Turismo é
movimento de pessoas, é um fenômeno que envolve, antes de mais nada, gente. É
um ramo das ciências sociais e não das ciências econômicas, e transcende a esfera
das meras relações da balança comercial”.
Milhares de pessoas em todo o mundo se deslocam a todo o momento por
uma determinada motivação. Há diversos tipos de turistas, muitas motivações e
variados destinos para se escolher. Assim, Cohen (1979, p. 31-32) cria a seguinte
tipologia turística:
[...] subdivide os turistas em “peregrinos modernos” e “buscadores de prazer”. Os peregrinos modernos procuram uma experiência de vida, mais ligada a valores espirituais e culturais, e ao crescimento pessoal adquirido na viagem, ao passo que os buscadores de prazer privilegiam a evasão do cotidiano e a diversão descompromissada.
O fenômeno do turismo é compreendido como um dos “paradigmas da
globalização”, já que a atividade turística lida com pessoas de todo o mundo a todo
instante. Esse deslocamento de múltiplas correntes turísticas advindas de todos os
países, vinculadas às relações públicas (Estados e organizações) e privadas
(empresas particulares), faz com que o turismo se integre às relações internacionais.
Com isso, as atividades turísticas podem ser compreendidas como atividades
internacionais (MONTEJANO, 2001).
A partir daí, Montejano (2001, p. 29) conceitua as relações turísticas
internacionais como:
O conjunto de relações que estabelecem os estados soberanos com território próprio, reconhecidos segundo o direito internacional com a finalidade de realizar acordos de qualquer tipo, bilaterais ou multilaterais, tanto no âmbito público como no privado, ou com relação ao estabelecimento de paz e cooperação da comunidade internacional.
Embora a atividade turística possua representatividade tanto no âmbito
político, como no econômico e social, a influência das relações internacionais tem
14
sido pouco estudada pelo turismo e vice-versa. Os acontecimentos que ocorrem no
cenário internacional acabam por influenciar as atividades turísticas, positiva ou
negativamente. Pode-se citar como exemplo, o que ocorreu em 11 de setembro de
2001, quando houve o atentado ao World Trade Center, nos Estados Unidos. O
temor a novos ataques terroristas, que também poderiam ocorrer nos países da
Europa, ocasionou mudanças nos fluxos turísticos internacionais, visto que os
turistas passaram a optar por destinos menos expostos ao terrorismo. No Anexo A
(página 98), apresenta-se um quadro com as preocupações das Relações
Internacionais que ocasionam efeitos relacionados ao Turismo.
No que diz respeito ao vínculo do turismo com as relações internacionais, que
se apresenta cada vez mais intenso, Boër (1999, p. 298) afirma:
Os fluxos turísticos internacionais estão sujeitos a flutuações em virtude de fatores econômicos, políticos, étnicos e religiosos, os quais podem afetar significativamente esta importante atividade econômica e social, que é o
turismo.
Ainda que o turismo demonstre ser vulnerável perante os acontecimentos
político-econômicos internacionais, as alterações que ocorrem nos fluxos turísticos
podem ser compreendidas como uma espécie de termômetro, no que se refere às
relações entre as nações. Para Turner e Ash (1991, p. 389), “[...] o turismo é, quem
sabe, indicativo das tendências existentes nas relações internacionais”.
É válido ressaltar que da mesma forma com que as relações internacionais
refletem sobre o turismo, as atividades turísticas também as influenciam. A partir
disso, Matthews e Richter (1991, p. 123) reafirmam a influência derivada do turismo,
observando que “[...] as viagens e o turismo podem ser uma variável independente
ocasionando impacto em cada um dos campos [da cena internacional]”.
O fato de o turismo passar a ser utilizado, após a Primeira Guerra Mundial
(1919), como meio de estabelecer a paz e a cooperação, comprova a influencia da
atividade turística sobre as relações entre as nações. A partir desse período, houve
o aparecimento de diversas associações e organizações de turismo, tais como:
União Internacional de Hoteleiros (1921) que transformou-se na Aliança
Internacional de Hotelaria (1921); União Internacional de Estradas de Ferro (1922);
União Internacional de Organismos Oficiais de Turismo (1925) que desapareceu e
deu lugar à Organização Mundial do Turismo (1975); Associação Internacional de
15
Transporte Aéreo (1945), dentre outros organismos. Também foram assinados os
primeiros pactos internacionais sobre o transporte por meio de estradas de ferro
(1933), o tráfego marítimo internacional (1933) e aviação civil (Pacto de Varsóvia em
1929) (MONTEJANO, 2001).
Depois da Segunda Guerra Mundial, surge também uma série de
organizações, como a Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1945, com
o objetivo de promover a paz e cooperação internacional. Nesse sentido, em 1967, a
ONU declarou o Ano Internacional do Turismo, visto que o lema era “O Turismo é um
passaporte para a paz”.
Também deve-se levar em consideração o fato das atividades turísticas
internacionais estabelecerem acordos e convênios em áreas ligadas, direta e
indiretamente ao turismo, como controles policiais, alfandegários, monetários, de
segurança do cidadão, entre outros.
Além de muitos países se utilizarem da prática do turismo a fim de promover a
imagem do destino, e à medida que os turistas passam a viajar para o local, a nação
interessada passa a criar vínculo com outros países, ocasionando as relações
internacionais. Brown (1998, p.28) ressalta que “A criação da imagem leva à
promoção de somente aquelas áreas da sociedade que o governo quer que os
visitantes vejam”. Ainda com relação à imagem, Boër (1999, p. 306) lembra que
tanto os Jogos Olímpicos quanto a Copa do Mundo, além de impulsionarem a
indústria do turismo e seu entorno, podem significar, “[...] sob a ótica do Estado,
prestígio no cenário político e econômico internacional”.
Devido à escassez de estudos do papel do turismo nas relações
internacionais, Brown (1998, p. 12) retrata que:
A falta de atenção prestada ao turismo por cientistas políticos (dos quais os pesquisadores de Relações Internacionais podem ser considerados um setor) foi notada já em 1975 por Mathews e tem sido bem documentada por Richter (1983). Seu artigo enumera as características do turismo que mereceriam estudo devido à sua relevância política, e discutem os campos da política nos quais o turismo tem um papel. Estes seriam estudos de políticas, política comparativa, administração pública, pensamento político e Relações Internacionais propriamente; em resposta a um comentário sobre o seu artigo (Richter, 1984) ela sugere que incidentes como a derrubada de um avião da Korean Airlines, pelos soviéticos, poderia significar que o turismo pela primeira vez chega à agenda de estudos políticos, através das Relações Internacionais. Ainda, [...] a situação tem melhorado pouco nos últimos 15 anos. [...] um exame dos conteúdos dos assuntos das principais revistas de Relações Internacionais nos anos 1990 (Foreign Affairs, International Affairs e World Politcs) leva à mesma decepção. Sequer a New
16
Left Review [...] que frequentemente dá cobertura a questões de meio ambiente, feminismo e pós-modernidade, [...] tem tocado no assunto.
A carência de estudos sobre a perceptível correlação entre as Relações
Internacionais e o Turismo, justifica-se, conforme afirma Brown (1998) aos seguintes
fatos: as relações internacionais se preocuparem excessivamente com a “alta
política” (os feitos do governo) e com a segurança nacional; o turismo não ser
compreendido como sério em diversos grupos acadêmicos, por ser conhecido como
negócio da diversão ou “indústria do algodão doce”; o trade turístico estar formado
por diversas pequenas e médias empresas junto à megacorporações e dividido em
áreas especializadas, como transporte, marketing e alojamento, fazendo com que
cada departamento estude aspectos distintos da realidade social e com isso,
manterem-se isolados os estudos das áreas políticas e econômicas,
respectivamente.
Segundo Ferri e Ruschmann (2000, p. 25), o trade turístico pode ser
compreendido como um conjunto de agentes, operadores, hoteleiros,
transportadores e prestadores de serviços turísticos, utilizado também como
sinônimo de mercado ou de setor empresarial.
A fim de possibilitar o estudo das relações internacionais a partir de uma
perspectiva que permita analisar o fenômeno do turismo, o sociólogo das relações
internacionais, Marcel Merle (s.d. apud OLIVEIRA, 1999, p. 29) estabelece a
seguinte definição:
Conjunto de transações ou fluxos que atravessam as fronteiras ou apenas tendem a atravessar fronteiras [...] [Portanto] as relações internacionais podem ser definidas não em termos das fronteiras que as envolvem mas em termos das fronteiras que transgridem.
De acordo com Oliveira (1999), os fluxos mencionados na definição anterior
vão além das relações entre governos, já que são caracterizados pela relação entre
os indivíduos e os grupos públicos e privados de um lado a outro da fronteira.
O turismo internacional, que traz ao país receptor indivíduos que permanecem
por um determinando período no destino, é uma categoria da atividade turística que
se reflete no sistema monetário, através da entrada de moeda estrangeira no país,
denominada como divisas. Além disso, há arrecadação de impostos especiais
17
destinados aos estrangeiros, conhecidos como vistos ou capital inicial (BARRETTO,
1995).
Enquanto os países que recebem turistas apresentam entrada de divisas, os
que emitem as perdem e isso pode trazer como efeito o desequilíbrio na balança de
pagamentos, a qual possui a seguinte composição: balança comercial ou de
mercadorias; balança de serviços e balança de capital. É importante ressaltar que as
despesas turísticas podem ser incluídas em todas as balanças apresentadas
(BARRETTO, 1995).
De acordo com Barretto (1995), a aquisição de bens através dos turistas é
uma exportação, e por isso, o turismo é chamado de “exportação invisível”. Isso se
dá, pelo fato do turismo possibilitar que o turista compre produtos de qualquer
gênero e leve-os para seu país de origem, sem utilizar os serviços de exportação,
que em grande parte acontecem através dos portos. Com isso, os turistas adquirem
bens e acabam realizando uma espécie de exportação.
Segundo a Organização Mundial de Turismo (2003), o turismo internacional
ocorre quando o viajante cruza a fronteira de um país. No entanto, nem todo viajante
internacional pode ser considerado como um visitante, já que a viagem deve ocorrer
fora do ambiente habitual do indivíduo. Por exemplo, se trabalhadores cruzam a
fronteira de um país para irem até seus locais de trabalho, não podem ser
considerados como visitantes.
Um dos efeitos da globalização é o avanço tecnológico, em que indivíduos em
qualquer lugar do mundo podem se comunicar e trocar informações. Esse
fenômeno, entendido como catalisador do processo de internacionalização,
desencadeou um novo segmento na indústria do turismo. Esse segmento inovador é
denominado como turismo virtual, o qual pode ser compreendido como fruto do
turismo internacional, já que essa nova modalidade possibilita que pessoas de todo
o mundo viagem para qualquer destino, através da internet. Embora o conceito de
turismo internacional afirme que a sua realização só se concretiza quando o viajante
atravessa uma fronteira, o turismo virtual é um segmento que não apresenta
barreiras e limitações geográficas, por isso, o turista é capaz de realizar uma viagem
internacional. Assim, Keller (2002) afirma que a globalização faz com que o mundo
se torne menor, já que as distâncias e as diferenças estão sendo reduzidas.
18
Percebe-se que o turismo é fortemente influenciado pela globalização. Ainda
que grande parte da demanda turística seja internacionalizada, a oferta é afetada
principalmente pelas condições estruturais oferecidas pelo destino. Por isso, o
Estado tem como função zelar pelas atrações turísticas, já que atua como co-
produtor do turismo, ainda que o setor privado possua grande representatividade
sobre a indústria do turismo.
As atrações turísticas exercem um papel decisivo no momento da escolha do
destino, por isso, tanto o setor governamental quanto os moradores e os turistas
devem mantê-las preservadas, pois o local deve atender às expectativas para que
se mantenha competitivo perante o mercado turístico. A decisão de viajar pode ser
influenciada tanto pela motivação “estimulada” (as pessoas viajam para fugir da vida
cotidiana) quanto pela motivação por atração (turistas viajam para ver algo novo).
Baseado nisso, Keller (2002) afirma que as atrações são a matéria-prima do turismo.
Então, este só é desenvolvido de forma bem-sucedida quando apresenta atrações
que atraiam turistas. Com o intuito de atrair indivíduos ao destino, diversas atrações
são criadas, como centros de lazer e marinas (TRIGO, 2005).
Embora a globalização seja um aspecto positivo para a atividade turística, à
medida que encurta as distâncias entre os indivíduos, apresenta como
consequência, a padronização, que pode ser notada através de shoppings, redes de
fast-food, entre outros. Geralmente, os turistas viajam em busca de novidades, e
com isso, locais e produtos padronizados deixam de ser atraentes aos olhos destes.
Então, os destinos que apresentam atrações exclusivas se diferenciam. Um exemplo
de atração turística exclusiva é Foz do Iguaçu com suas Cataratas, localizada na
fronteira entre Brasil e Argentina. No entanto, a criação de uma marca líder requer
gastos enormes, uma vez que os custos aumentam com a diferenciação (TRIGO,
2005).
Segundo Beni (2011), o turismo é apontado como o segundo setor mais
globalizado, visto que os serviços financeiros se apresentam em primeiro lugar. Isso
se dá devido a alguns fatores, tais como: aumento da liberalização do comércio
mundial; incorporação de novas tecnologias; flexibilização do trabalho em diversos
setores; entre outros. Por isso, muitos países adotaram as relações econômicas
internacionais como prioridade na política externa, pois o turismo representa um
19
forte giro de capital no mundo, além de ser o mais importante setor da economia
mundial no que diz respeito ao total de bens e serviços de exportação.
2.1 TURISMO DE ESTUDOS E INTERCÂMBIO
Há dois fatores que influenciam o turista na compra de um determinado
produto turístico: os determinantes e os motivadores. O primeiro deles especifica até
que ponto o turista será capaz de adquirir o produto desejado, enquanto o segundo,
os motivadores, fazem com que o indivíduo tenha vontade de obter um produto
(SWARBROOKE; HORNER, 2002).
Os fatores determinantes podem ser divididos em dois tipos: os que
determinam se a pessoa poderá tirar suas férias ou não; os que definem o tipo da
viagem a ser realizada e se será possível entrar de férias (SWARBROOKE;
HORNER, 2002).
Segundo Swarbrooke e Horner (2002), o tipo de viagem a ser escolhida
apresenta uma gama de variáveis: a destinação; a data; o meio que será usado; a
duração; quem fará parte do grupo; o tipo de acomodação utilizado; atividades
realizadas pelos turistas durante o período de férias; e o quanto será gasto na
viagem. Além disso, os fatores determinantes podem ser subdivididos entre pessoais
e externos ao turista. Nas Figuras 1 e 2, seguem os quadros referentes à subdivisão
mencionada anteriormente, que servem para mostrar a variedade dos fatores
determinantes, respectivamente.
20
Figura 1: Fatores que determinam no âmbito pessoal o comportamento do turista. Fonte: Swarbrooke; Horner (2002, p.98).
Deve-se levar em consideração que alguns fatores determinantes podem
fazer com que o indivíduo deixe de viajar, como por exemplo, problemas
relacionados à saúde, a menos que a viagem tenha como finalidade a realização de
um tratamento que se configuraria em Turismo de Saúde.
É válido ressaltar que os fatores elencados na Figura 1 não possuem o
mesmo “peso” para todos os turistas a todo instante. Ainda que o indivíduo seja o
mesmo, à medida que o tempo passa, o “peso” dos determinantes também muda
devido à faixa etária, situação familiar e experiência como turista. Isso se dá pelo
simples fato dos turistas serem diferentes, além das culturas se diferirem entre si,
pois valores e costumes distintos fazem com que a influência dos fatores
determinantes sobre a viagem varie.
O preço é o melhor exemplo de como a indústria do turismo pode influenciar
um fator determinante. Esse aspecto pode impulsionar os turistas a viajarem, já que
21
muitos indivíduos se deslocam ou não para um determinando destino devido aos
custos. Além da realização de um bom negócio na obtenção de um produto,
considerado como status. Com isso, muitas empresas de turismo podem explorar
certos fatores a fim de se beneficiar, através, por exemplo, de descontos oferecidos
em pacotes e “seguros grátis”.
Geralmente, pessoas mais extrovertidas estão mais propensas a serem
influenciadas por determinantes externos, como as opiniões de amigos e parentes,
assim como também, indivíduos com alto nível cultural são influenciados por fatores
externos, já que se interessam por questões políticas, sociais e ambientais. No
entanto, pessoas introvertidas preferem confiar em suas próprias experiências
(SWARBROOKE; HORNER, 2002).
Figura 2: Fatores externos que determinam o comportamento do turista.
Fonte: Swarbrooke; Horner (2002, p.99).
A partir da Figura 2, percebe-se que os fatores podem ser divididos em
“subfatores”, como por exemplo: a) a mídia: direcionada às viagens, ou seja,
aspectos de viagens de férias divulgados na televisão, em jornais e em guias de
viagem; e não direcionada às viagens, ou seja, programas de televisão com
22
noticiários sobre viagens e outros sobre a vida selvagem. b) marketing de agências
de turismo: campanhas publicitárias de destinações no exterior; folhetos de
operadoras de viagens; promoções especiais de agentes de viagem
(SWARBROOKE; HORNER, 2002).
Conforme mencionado, assim como os turistas são influenciados por fatores
determinantes, também são pelos motivadores. Por isso, muitos turistas com
características sociodemográficas parecidas escolhem destinos turísticos distintos.
Quando os indivíduos decidem viajar é por alguma motivação, o que indica a
existência de uma causa e o possível desejo em alcançar um determinado fim.
Assim, pode-se afirmar que as decisões dos indivíduos dependem das suas
atitudes, percepções, personalidades e de suas experiências anteriores. Esses
aspectos relacionam-se às ideias particulares de cada consumidor, que acabam por
influenciar o processo de decisão.
Segundo Gilbert (1991), a Figura 3 apresenta tanto o número quanto o
alcance de alguns fatores relevantes que compõem o quadro estrutural do processo
de tomada de decisão do consumidor.
23
Figura 3: Fatores que influenciam a decisão relativa às férias. Fonte: Swarbrooke; Horner (2002, p.113).
No decorrer da viagem, o turista se depara com diversas decisões que devem
ser tomadas sobre o que fazer no destino turístico. Certas decisões, como escolher
alimentos e bebidas a serem consumidos, optar por certos tipos de atividades,
parecem ser simples, mas não são.
De acordo com Maslow (1943), as motivações são determinadas por uma
gama de necessidades que afetam as pessoas, as quais estão dispostas de forma
hierárquica, em ordem de preferência, a serem satisfeitas.
A partir da hierarquia delimitada por Maslow (1943), percebe-se que as
necessidades fisiológicas que se referem à fome, sede, frio, entre outras, quando
satisfeitas, deixam de ser relevantes para o indivíduo, ainda que apareçam como
novas motivações. Além da segurança que se refere ao estar livre do medo e da
ansiedade; o amor que se refere ao afeto, o ato de dar e receber, ser aceito e
querido pelo grupo social; estima que se refere ao sentimento de afeição por si
24
mesmo e pelos outros, também se relaciona ao status, já que leva-se em
consideração o posicionamento dentro da classe social; e a auto- realização que é o
estágio mais elevado, pois a partir do momento em que as necessidades estiverem
satisfeitas, o indivíduo só estará realizado e completo se conseguir fazer algo que
seja a sua verdadeira vocação, como por exemplo, um músico que faz composições.
Levando-se em consideração a universalidade da escala de Maslow, pode-se
afirmar que à medida que os países vão progredindo economicamente, as pessoas
passarão a igualar suas necessidades a partir do nível de estima, partindo do
pressuposto que as necessidades fisiológicas, de segurança e de amor estarão
satisfeitas.
As motivações de cada turista são diferentes e se dividem em diversas
tipologias, como é exposto no Anexo B (página 99), por meio do qual é possível
perceber que os mercados são compostos por consumidores distintos, que possuem
gostos, hábitos, desejos e necessidades das mais variadas possíveis. Com isso, as
empresas acabam por segmentar o mercado em diferentes grupos a fim de atender
às necessidades e preferências dos seus clientes. Dentro de cada grupo, há
indivíduos com características iguais ou parecidas. Dessa forma, fica mais fácil
agradar os gostos particulares de cada consumidor.
Cobra (2001, p. 160) define segmentação de mercado como:
Uma técnica utilizada para agrupar consumidores com comportamentos de compra semelhantes para, a partir daí, realizar esforços concentrados e especializados de marketing sobre esse segmento, ou seja, um segmento de mercado bem definido possibilita a eficácia da aplicação dos instrumentos de marketing, otimizando recursos de se observar o mercado para subdividi-lo da maneira mais adequada.
A segmentação no turismo é uma das estratégias de marketing a fim de
captar o maior número possível de consumidores de produtos e serviços turísticos. A
divisão do mercado turístico por segmentos é de grande importância para o
desenvolvimento dos destinos receptivos, uma vez que agradar aos clientes que
possuem gostos e necessidades parecidas ou iguais se torna mais fácil.
Devido às constantes mudanças ocasionadas pela globalização, o que é
consumido hoje pelos turistas, amanhã será considerado como obsoleto. Então,
como forma de reagir a essas transições, os mercados devem se atualizar a todo
instante, já que os produtos e serviços se transformam, assim como os desejos,
25
necessidades, motivações, decisões de compra, entre outras mudanças advindas
dos consumidores. Além disso, também há mudanças no que diz respeito à
comunicação e informação das empresas de turismo, como nos canais de
distribuição, na publicidade e no marketing. Por isso, a segmentação torna-se o meio
mais preciso para atingir o público que se almeja.
À medida que os consumidores conhecem e têm experiências, as exigências
aumentam a ponto de desejar e/ou exigir que suas vontades específicas sejam
atendidas. Por isso, há necessidade das empresas turísticas buscarem a
segmentação e a customização como estratégias.
Além dos fatores já mencionados, há outros que levam as empresas a
segmentarem o mercado, tais como: aumento da concorrência, que se apresenta de
forma cada vez mais completa e difícil de ser vencida; atingir o consumidor através
de um marketing diferenciado, que o conheça melhor; transformações contínuas do
comportamento, desejos e vontades do consumidor; necessidade de se destacar por
meio de estratégias criativas, visando às tendências sociais e econômicas
(PANOSSO NETTO; ANSARAH, 2009).
Os critérios mais frequentes que se utilizam para a segmentação são: critérios
geográficos (tamanho da população; tipo de clima); critérios sociodemográficos
(idade; sexo; tamanho da família; estado ou situação dentro da família); critérios
socioeconômicos (renda disponível; nível cultural e profissional); critérios por motivos
de viagem (lazer; negócios; outros); conforme as necessidades do consumidor
(motivo da escolha; estilo de vida; atitude frente ao produto; grau de fidelidade à
marca).
Segundo a World Tourism Organization (2007) e a European Travel
Commission (2007), pode-se apresentar de modo sintetizado, duas formas de
segmentação: a priori que se refere ao comportamento do consumidor e a posteriori
que diz respeito a “quem as pessoas são”, como apresentado na Figura 4:
26
Figura 4: Exemplos de segmentação a priori e a posteriori. Fonte: Panosso Netto; Ansarah (2009, p. 23).
A atividade turística apresenta uma gama de segmentos no turismo, como
Turismo Rural; Turismo de Lazer; Turismo de Praia; Turismo de Estudos e
Intercâmbio; entre outros. Com isso, nota-se que cada vez mais a indústria do
turismo tende a disseminar novos segmentos e produtos turísticos, justamente pelas
necessidades e desejos dos consumidores que se modificam dia a dia. No Anexo C
(páginas 100 a 104), há os segmentos em turismo segundo as bases de
segmentação.
O Turismo de Estudos e Intercâmbio é um novo segmento que se expande no
mercado turístico e que comprova que o turismo não se resume em apenas lazer e
fruição, já que por meio desse tipo de viagem é possível que o turista realize uma
comunicação intercultural, estude e desfrute de atrativos naturais e histórico-culturais
no destino.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2008, p. 15), o turismo de
estudos é definido da seguinte maneira:
Turismo de Estudos e Intercâmbio constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional.
Uma viagem de intercâmbio pode ser impulsionada por diferentes motivações,
como estudar parte do ensino médio ou superior, realizar uma pós-graduação, fazer
um curso de idioma, artes, entre outros fins. Normalmente, os intercâmbios que
visam cursar o ensino médio e o superior podem demorar mais de um ano para ser
27
concluído, no entanto, só será considerado turista de estudo aquele estudante que
permanecer, no máximo, um ano no destino.
O Turismo de Estudos e Intercâmbio pode ser receptivo que é quando um
país recebe intercambistas estrangeiros, ou emissivo que ocorre quando um país
emite estudantes para destinos no exterior. As universidades podem ser
exemplificadas como receptivas no Brasil, como a Universidade Federal Fluminense
que recebe estudantes estrangeiros a partir de convênios realizados com instituições
do exterior. Com relação ao emissivo, tem-se como exemplo o programa Ciência
Sem Fronteiras1, que tem por intuito promover a consolidação, expansão e
internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade
brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. Esse programa
contempla alunos de graduação e pós-graduação com bolsas a fim de que possam
se manter no exterior. Além disso, busca captar pesquisadores estrangeiros que
desejem permanecer no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores
brasileiros nas áreas priorizadas pelo programa e possibilitar que recebam
treinamento especializado no exterior. É importante ressaltar que esse programa é
uma iniciativa dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do
Ministério da Educação (MEC), através das instituições de fomento: Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Secretarias de Ensino
Superior e de Ensino Tecnológico do MEC (BRASIL, 2014a).
As viagens de estudos e intercâmbio ocorrem em todos os países, durante
todo o ano, independentemente das características geográficas e climáticas. Esse
tipo de segmento é muito relevante, pois o turismo de estudos pode ser a solução
para os períodos de baixa temporada, além de servir como recurso para lugares em
que não há atrativos turísticos significativos. Ademais, o Turismo de Estudos e
Intercâmbio é importante para a promoção do lugar, visto que os próprios estudantes
divulgam o local em seu país de origem.
1 Ciência Sem Fronteiras. Disponível em: <http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/home>.
Acesso em: 20 mar. 2014a.
28
A educação internacional se tornou essencial para as balanças comerciais de
alguns países, tais como: Austrália, Estados Unidos2, Nova Zelândia, Reino Unido e
Japão. Por isso, as estatísticas apontam que estudantes com ensino médio completo
que procuram uma instituição no exterior totalizam 1,5 milhão de pessoas,
movimentando US$ 30 bilhões por ano (BRASIL, 2006). Embora o turismo de
estudos e intercâmbio seja representativo no mercado turístico, consequentemente
na economia, é importante ressaltar que grande parte dos estudantes que realiza
esse tipo de viagem depende financeiramente de seus pais e isso faz com que a
atividade econômica seja “limitada”.
Devido à expansão significativa da educação internacional, o número de
instituições de ensino para intercambistas, principalmente para os que desejam
cursar um idioma, amplia-se cada vez mais, aumentando as possibilidades de
escolha dos estudantes. Assim, pode-se citar a Enforex3 como exemplo de uma
instituição voltada especificamente para o estudo do espanhol, a qual possui 24
escolas localizadas na Espanha e na América Latina. Ao longo do ano, a Enforex
recebe mais de 35 mil alunos em todas as escolas. Um dos diferenciais da
instituição é que o ensino do idioma é atrelado ao turismo, podendo o intercambista
estudar em qualquer escola, realizando viagens pela Espanha ou por determinado
país da América Latina, aprendendo sobre a cultura do local.
2.1.1 Turismo de estudos e intercâmbio no Brasil
No Brasil, o turismo de estudos e intercâmbio encontra-se em fase inicial.
Para que esse segmento se desenvolva, deve-se incentivar acordos entre empresas
para estágios e trabalho, firmando convênios com escolas e universidades. Além
disso, o país deve investir em infraestrutura, tanto do local aonde o estudante irá se
hospedar quanto da instituição de ensino. Embora o Brasil seja considerado uma
nação hospitaleira, há carência de programas capazes de oferecer a estrutura
2 Devido ao programa Ciência Sem Fronteiras, o Brasil e os Estados Unidos ampliaram o intercâmbio
educacional e científico. O interesse dos Estados Unidos em receber estudantes brasileiros é decorrente do financiamento seguro, já que as bolsas são disponibilizadas pelo governo. 3 ENFOREX. Disponível em: <http://www.enforex.com/espanhol/quem-somos.html>. Acesso em: 02
maio 2014.
29
adequada para continuar o estudo, mesmo fora da programação de aulas, como
bibliotecas, salas de informática, entre outros.
O Ministério do Turismo (BRASIL, 2008, p. 31) ressalta que:
A cultura brasileira e a receptividade do seu povo são fatores determinantes para a escolha do país como destino, mesmo para aqueles cuja motivação seja a educação formal. Dessa forma, integrá-lo por meio do aprendizado do idioma e das tradições o fará identificar-se mais rapidamente e criar vínculos com o País.
Devido à complexidade e a grande quantidade de atividades envolvidas nas
viagens educativas, no Brasil podem ser denominadas de diferentes maneiras:
Turismo Educacional, Turismo de Intercâmbio ou Turismo Educacional-Científico,
Turismo Universitário, Turismo Pedagógico, Turismo Científico e Turismo Estudantil.
É válido ressaltar que o termo adotado no trabalho é Turismo de Estudos e
Intercâmbio, ainda que haja outras denominações.
De acordo com levantamentos realizados pelo Ministério do Turismo (BRASIL,
2008), no Brasil há mais de 150 instituições públicas e privadas que trabalham com
o segmento de Turismo de Estudos e Intercâmbio, tanto na recepção quanto na
emissão de intercambistas brasileiros, tais como: agências de intercâmbio, escolas
de idiomas, universidades, entre outros intermediários.
O primeiro contato do estudante antes de realizar a viagem e chegar até o
destino é com o intermediário, por isso, deve-se verificar a integridade e a seriedade
da instituição ou empresa. A fim de transmitir confiança aos intercambistas, criou-se
uma associação denominada de Brazilian Educational & Language Travel
Association (BELTA), que apresenta um sistema de cadastramento e filiação de
empresas promotoras de intercâmbios estudantis, além de aderir o Bureau Brasileiro
de Intercâmbio. Essa associação define-se no seu estatuto social como uma
sociedade civil sem fins lucrativos. Assim como há a BELTA, há o Fórum de
Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais (FAUBAI)
que agrupa gestores/responsáveis por assuntos de educação internacional nos
níveis de graduação e pós-graduação. Além do Rotary International Brazil Office que
também é uma associação que visa reunir indivíduos que possuam interesse em
participar de ações voluntárias pelo mundo.
30
A fim de promover o Brasil no exterior, criou-se o Projeto Caravana Brasil4, do
Ministério do Turismo, que possui o padrão de uma viagem de familiarização para
conhecer e entrar em contato com os agentes e instituições do turismo local, por
meio de encontros de negócios. Além de apresentar aos diversos operadores de
turismo internacional os variados destinos turísticos brasileiros em uma única
viagem, já que o país possui uma grande extensão territorial diversificada, capaz de
oferecer produtos em diversos segmentos. Assim, o objetivo do projeto é ampliar a
gama de produtos brasileiros oferecidos internacionalmente (BRASIL, 2014b).
Além do Projeto Caravana Brasil, o país apresenta o Bureau Brasileiro de
Intercâmbio que visa organizar e consolidar o segmento de intercâmbio receptivo. O
bureau foi criado como uma parceria entre o Ministério do Turismo e a Associação
Brasileira de Operadores e Representantes de Programas Educacionais e Cursos no
Exterior, como também, universidades brasileiras, instituições de ensino
internacionais, companhias aéreas e empresas de serviços em geral. Esse projeto
tem como objetivo divulgar o produto brasileiro “turismo educacional receptivo”. Há
diversos bureaux, além de intercâmbio, tais como: bureaux de resorts, pesca
esportiva, turismo de golfe, ecoturismo, aventura e mergulho.
2.2 CONTRIBUIÇÃO DOS INTERCÂMBIOS ESTUDANTIS
O cliente intercambista é diferenciado, pois a compra do “produto intercâmbio”
parte de desejos e necessidades que determinam o que o indivíduo procura e a
maneira como deseja ser tratado pelo prestador de serviço, além disso, suas
escolhas são bem estudadas e planejadas. A partir das necessidades e desejos do
intercambista, criam-se expectativas no que diz respeito à sua viagem.
Baseando-se nas necessidades e desejos desenvolvidos pelo intercambista,
deve-se levar em consideração a importância da qualidade do serviço prestado, uma
vez que os clientes podem ficar satisfeitos ou não conforme suas expectativas.
4 Caravana Brasil Internacional. Disponível em:
<http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/Promover_os_produtos_turisticos/caravana_intl.html>. Acesso em: 03 abr. 2014b.
31
Segundo Karl Albrecht (1992), a qualidade em serviços pode ser entendida
como a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fator tenha para
satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer benefícios a alguém.
À medida que as empresas buscam a excelência nos serviços, os resultados tendem
a igualarem ou superarem as expectativas e com isso, haverá satisfação. Caso
contrário, haverá insatisfação e consequentemente, o turista fará o marketing do
boca a boca negativo, induzindo diversas pessoas a não frequentarem determinado
estabelecimento ou até mesmo, certo destino. Assim, nota-se a importância da
conquista da qualidade nos serviços, visto que propicia a satisfação do cliente que
consequentemente, irá repercutir por meio de conversas entre as pessoas.
A comunicação boca a boca, que também pode ser denominada como viral,
de relacionamento, pessoal etc, é um dos componentes fundamentais para o
desenvolvimento do marketing. Esse tipo de marketing faz com que informações
positivas ou negativas com relação à experiência obtida em determinado destino
turístico se disseminem através de conversas que se dão entre amigos, familiares e
conhecidos. O marketing de relacionamento pode tanto despertar quanto acabar
com o interesse do indivíduo em visitar um destino, uma vez que esse tipo de
comunicação possui forte influência no momento da tomada de decisão.
Com o avanço das tecnologias e o uso constante de aparelhos tipo
smartphones, o marketing viral se expande rapidamente como uma espécie de vírus,
por meio da troca de informações e opiniões em sites, redes sociais e aplicativos
que possibilitam esse tipo de comunicação, por isso, foi criada essa nova
denominação para o marketing boca a boca. Assim, através da internet é possível
que o indivíduo não só veja as opiniões dos outros, como também, faça o seu
julgamento.
Nota-se a influência dos meios de comunicação perante a percepção do
consumidor com relação à imagem criada de um destino turístico. Além do marketing
viral, a mídia também possui poder de persuasão sobre a opinião dos turistas.
Baseado nisso, The Express Tribune (2012) afirma que a mídia tem como função
criar imagem, gerando impacto sobre o turismo.
Segundo Král (2009), os meios de comunicação desempenham um papel
fundamental para influenciar e modificar a percepção de um país, uma vez que
combinam diversos fatores que tornam a mensagem de confiança aos
32
consumidores. Tanto a mídia quanto a imprensa, servem como intermediários na
divulgação de informações.
Em contrapartida, Fodness e Murray (1997 apud HALL, 2003), afirmam que
os meios de comunicação não só influenciam a opinião pública, como também
podem informar aos consumidores a respeito da imagem do destino, do transporte,
da segurança, entre outros aspectos. Além do fato da mídia poder fazer com que os
clientes leiam, ouçam ou assistam as informações, ou até mesmo, as adquira por
meio de conselhos dados por parentes e amigos através de conversas.
A imagem do destino turístico é um dos aspectos determinantes no processo
de tomada de decisão e por isso, os meios de comunicação divulgam informações
sobre o local como uma forma estratégica de marketing. Moraga, Artigas e Irigoyen
(2012) afirmam que a imagem dos destinos turísticos passou a ser utilizada como
uma importante ferramenta para estabelecer as estratégias de marketing e medir
seus efeitos no processo de eleição das pessoas.
De acordo com Crompton (1979 apud NEBRA; TORRES, 2010), a imagem
pode ser compreendida como a soma de crenças, ideias e impressões que uma
pessoa possui de um destino e pode corresponder em variação ao número de
sujeitos perguntados.
A partir do que foi abordado, nota-se que os intercâmbios estudantis
contribuem para o aquecimento da economia local, por meio do consumo de
variados serviços e produtos, como também colaboram para a divulgação da
imagem do destino. E à medida que os serviços do destino forem prestados com
mais qualidade, melhor será a percepção dos consumidores com relação à imagem
do destino, já que as experiências vão sendo compartilhadas através da mídia e
principalmente, da comunicação viral.
Com o intuito de investigar de forma mais específica os intercambistas
brasileiros e estrangeiros, o próximo capítulo relatará uma pesquisa quantitativa
realizada com o objeto de estudo por meio de questionários on-line.
33
3 VISÃO DOS INTERCAMBISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS:
SURVEY
A pesquisa exploratória tem como intuito proporcionar ao pesquisador uma
maior familiaridade com o problema em estudo (VIEIRA, 2002), realizando o
levantamento em fontes secundárias (bibliográficas, documentais), bem como,
levantamentos a partir de experiências. Nesse sentido, a pesquisa em questão é de
caráter exploratório e faz uso de técnicas oriundas da pesquisa quantitativa e
qualitativa para investigar o objeto de estudo: intercambistas brasileiros e
estrangeiros.
No que se refere à pesquisa quantitativa, pode-se citar o método de pesquisa
survey, que segundo Tanur (s.d. apud PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993, p. 77) é
conceituada como:
[...] a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário.
No aspecto quantitativo foi feito um levantamento com alunos brasileiros e
estrangeiros da Universidade Federal Fluminense que já realizaram intercâmbio,
fazendo uso de questionário disposto on-line, via Qualtrics, disponibilizado para
respostas no mês de outubro de 2013. O objetivo do questionário era coletar
informações a respeito da experiência vivida pelo intercambista desde o seu
planejamento até a sua concretização. Nos Apêndices D, E e F (páginas 86 a 92) há
os questionários em português, espanhol e inglês, respectivamente.
Como forma de conseguir a maior quantidade possível de respondentes, o
link do questionário foi divulgado através da rede social Facebook, além de ter sido
disponibilizado via e-mail para alguns estudantes. Outra forma de captar mais
intercambistas brasileiros do curso de Turismo da UFF foi procurá-los em salas de
aula perguntando se havia alguém que teria realizado intercâmbio, caso houvesse, o
Facebook e/ou e-mail era registrado e o estudante era informado a respeito da
disponibilização do link do questionário.
A maior limitação foi obter os nomes e os contatos (e-mail ou Facebook) dos
estudantes estrangeiros do curso de Turismo que realizaram intercâmbio por
34
intermédio da UFF. Como forma de conseguir essas informações, foi necessário
recorrer ao departamento de Relações Internacionais da Universidade em questão.
Por isso, elaborou-se um termo de consentimento, apresentada no Apêndice G
(página 95), para que as referidas informações pudessem ser coletadas. No entanto,
mesmo entrando em contato com os responsáveis pelos intercâmbios, pessoalmente
e via e-mail, não foi possível a obtenção de informações satisfatórias. Então, decidiu-
se procurar a Coordenação do curso de Turismo e assim, essa estratégia foi mais
positiva, pois o Coordenador e a Secretária tinham a relação de alguns nomes de
intercambistas brasileiros e estrangeiros. Com isso, pôde-se pesquisar na rede
social os alunos que haviam realizado intercâmbio, partindo-se dos nomes que
foram disponibilizados previamente pela Coordenação.
É necessário ressaltar que a pesquisa visa analisar intercambistas brasileiros
que realizaram intercâmbio por conta própria ou por meio da universidade, como
também, avaliar estudantes estrangeiros que realizaram intercâmbio por intermédio
da UFF. Assim, deve-se considerar que a quantidade de intercambistas estrangeiros
é pequena quando comparada com a de brasileiros, pois a mobilidade de alunos
estrangeiros, vindos de universidades do exterior, para o curso de Turismo, é
consideravelmente recente.
3.1 INTERCAMBISTAS BRASILEIROS
A parcela de intercambistas que preencheram o questionário corresponde ao
total de 105 estudantes, no entanto, apenas 56 respondentes o finalizaram, já que
alguns não responderam até o fim e outros não conseguiram prosseguir devido aos
filtros, os quais serão detalhados a seguir.
No questionário havia duas perguntas que selecionava o público que iria
respondê-lo: a primeira selecionava os estudantes que estão estudando ou já
estudaram no curso de Turismo da UFF, dos quais 85% disseram que sim, enquanto
15% responderam que não. Com isso, dos 85 alunos que haviam passado pelo
primeiro filtro, apenas 72 avançaram para a próxima questão. No segundo filtro, que
questionava se o respondente já havia feito algum tipo de intercâmbio, 78%
afirmaram que sim e 22% disseram que não.
35
Segundo os resultados da tabulação, pôde-se verificar que o número de
mulheres que fazem intercâmbio é superior à quantidade de homens, pois 75% do
público de intercambistas é feminino, enquanto que apenas 25% é masculino. Com
relação à faixa etária, 48,2% dos intercambistas possuem de 22 a 24 anos; 25% de
19 a 21 anos; 21,4% de 25 a 27 anos; 3,6% de 16 a 18 anos; e apenas 1,8%,
representado por um único respondente, está acima de 27 anos.
No que diz respeito ao estado civil dos intercambistas, tem-se que 96% dos
respondentes são solteiros, enquanto que apenas 2% viúvos; 2% casados e nenhum
divorciado. Ambos os estados civis, viúvo e casado, são representados por apenas
um respondente.
A situação profissional dos intercambistas aponta que 46% apenas estudam;
39% trabalham e estudam; 13% apenas trabalham; e apenas um indivíduo,
equivalente a 2% da pesquisa, marcou a opção ‘Outras’, sem especificá-la. Assim,
pode-se analisar que o fato da maioria dos intercambistas estar solteira e apenas
estudando, faz com que esses estudantes sejam impulsionados a realizarem um
intercâmbio, pois estão em uma fase com menos obrigações familiares e
profissionais, sendo isso um facilitador. Além disso, o ambiente universitário também
pode ser um fator tendencioso no que diz respeito ao estímulo de realizar o
intercâmbio, já que se convive com outros estudantes que passaram pela
experiência.
Com relação à renda familiar mensal, os respondentes se distribuíram do
seguinte modo:
36
Figura 5: Renda familiar mensal dos intercambistas brasileiros. Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a faixa de renda familiar das classes da Fundação Getúlio
Vargas (FGV)5, percebe-se na Figura 5 que a maioria dos respondentes,
representada por 50%, situa-se na classe C (de R$1.734,00 a R$7.475,00). A renda
familiar dos outros respondentes apresenta a seguinte situação: 21,4% situam-se na
classe B (de R$ 7.475,00 a R$ 9.745,00); 21,4% na classe A (acima de R$
9.745,00); 3,6% na classe D (de R$1.085,00 a R$ 1.734,00); 3,6% na classe E (até
R$ 1.085,00).
Com esses resultados, subentende-se que como a classe média é a que está
adquirindo cada vez mais poder de compra, os estudantes que pertencem a essa
faixa de renda passam a consumir mais, consequentemente, podem realizar mais
intercâmbios. Também deve-se levar em consideração que as facilidades de
pagamento, através de parcelamentos em cartões de crédito, por exemplo, servem
como alavancas para que os indivíduos viajem cada vez mais, seja para estudar,
fazer negócios, descansar, entre outras motivações. É válido ressaltar que no
questionário elaborado para os intercambistas estrangeiros, não há essa questão
referente à renda familiar mensal, devido à existência de diferentes moedas e
câmbios para cada país.
No que diz respeito aos fatores que influenciaram na decisão de realizar um
intercâmbio, os estudantes brasileiros se dividiram como mostra o gráfico:
5 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Centro de Políticas Sociais. Disponível em:
<http://cps.fgv.br/en/node/3999>. Acesso em: 08 de nov. de 2013.
37
Figura 6: Fatores que influenciaram os intercambistas brasileiros na decisão de realizar um intercâmbio. Fonte: Elaboração própria.
A partir da Figura 6, nota-se que estudar um idioma é considerado como um
fator ‘muito importante’ na decisão de realizar um intercâmbio, sendo representado
por 78,6%. O quesito considerado como ‘importante’ pelos intercambistas é visitar o
destino, eleito com 80,4%. No entanto, o aspecto considerado como ‘menos
importante’ é cursar o ensino básico ou médio, representado por 83,9%. De acordo
com os fatores mais e menos importante para os intercambistas, nota-se que
estudar um idioma é o fator mais relevante no momento da decisão de fazer um
intercâmbio. Além disso, percebe-se que os estudantes, no geral, não priorizam
tanto os estudos escolares ou universitários, como uma graduação no exterior,
quanto o estudo de um idioma.
No que se refere aos fatores que influenciaram na escolha do destino, os
intercambistas brasileiros se distribuíram do seguinte modo:
38
Figura 7: Fatores que influenciaram os intercambistas brasileiros na escolha do destino. Fonte: Elaboração própria.
Com relação aos fatores que influenciam na escolha do destino, percebe-se
na Figura 7 que as respostas foram diversificadas, fazendo com que as
porcentagens ficassem bastante equilibradas. Com 80,4%, a paisagem e a cultura
do lugar foram julgadas como o quesito de ‘maior influência’ na escolha do destino e
com 44,6%, os filmes, a TV, o rádio, os jornais, as revistas e a internet foram eleitos
como o fator de ‘média influência’. No entanto, os agentes de viagem foram
escolhidos como os que ‘menos influenciam’, representados por 71,4%, talvez a
influência desses profissionais seja menor devido o fato dos estudantes analisados
já serem da área de Turismo.
A partir dos resultados, percebe-se que embora a paisagem e a cultura do
lugar tenham sido selecionadas como os quesitos de maior influência, os meios de
comunicação, como TV, rádio e internet, também possuem grande
representatividade no momento da escolha do destino, já que uma das formas de se
obter conhecimento sobre um local ainda desconhecido é por meio da mídia. É
válido ressaltar que a mídia divulga informações, como também dita tendências e
modismos, visto que os conteúdos veiculados são pautados nas belezas das
39
paisagens e na cultura. Além disso, influências de familiares e/ou conhecidos
também podem despertar interesse por um destino.
Com os resultados da pesquisa, tem-se que 51,8% dos intercambistas
brasileiros viajaram para o continente europeu; 41% para o americano; 3,6% para o
africano; 1,8% para o asiático (representado por um intercambista); 1,8% para o
oceânico (eleito por um respondente). E com relação ao tempo de duração do
intercâmbio, 35,7% permaneceram no destino de 1 a 3 meses; 30,3% de 4 a 7
meses; 16,1% de 1 a 3 meses; 14,3% de 8 a 12 meses e 3,6% acima de um ano. É
válido ressaltar que não se questionou aos estudantes estrangeiros em qual
continente realizaram intercâmbio, já que se sabe que os respondentes
internacionais estudaram na UFF.
A partir das respostas dos respondentes, nota-se que o continente escolhido e
a duração da viagem se dão por dois fatores: o desejo de conhecer o destino; e os
custos da viagem. Com isso, grande parte dos intercambistas optou pelo continente
europeu e pelo americano, pois como os países desses continentes recebem um
grande fluxo de intercambistas, a quantidade de ofertas é maior, consequentemente,
a concorrência aumenta e assim, os preços tendem a baratear. Com uma variedade
de opções, a possibilidade por escolhas aumenta, como ocorre com a quantidade de
escolas para intercambistas, meios de hospedagem, entre outros. Além disso,
quanto mais tempo o indivíduo permanece no local, maiores serão os gastos, e por
isso, os respondentes permaneceram, em média, de 1 a 7 meses no destino.
No que diz a respeito à forma de financiamento do intercâmbio, 89%
responderam ter sido financiamento pessoal, ou seja, economia familiar ou própria, e
11% afirmaram ter sido subvencionado pelo governo, por meio de bolsas de estudo,
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), entre
outros.
Com relação ao gasto médio do intercâmbio, os estudantes brasileiros se
dividiram como mostra o gráfico da figura 8:
40
Figura 8: Gasto médio do intercâmbio dos estudantes brasileiros. Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a Figura 8, percebe-se que a maioria dos intercambistas,
representada por 26,8%, afirmou ter gasto durante o intercâmbio uma faixa média de
R$ 6.000,00 a R$ 10.000,00, enquanto apenas 1,8%, representado por um
intercambista, respondeu ter gasto menos de R$ 1.000,00. A partir desses
resultados, percebe-se que o gasto médio que se tem no intercâmbio, equivale
aproximadamente à renda média familiar mensal.
No que se refere ao grau de relevância do intercâmbio para a vida do
estudante, os intercambistas brasileiros se dividiram do seguinte modo:
41
Figura 9: Grau de relevância do intercâmbio para a vida dos estudantes brasileiros. Fonte: Elaboração própria
A partir da Figura 9, percebe-se que os estudantes consideram o intercâmbio
como bastante importante para as suas respectivas vidas, pois mais da metade dos
respondentes, representada por 60,7%, atribuiu 10 para o grau de relevância. Em
contrapartida, nenhum estudante considerou o intercâmbio como grau zero de
relevância. Assim, nota-se a satisfação dos estudantes em ter realizado uma viagem
de intercâmbio.
Com relação à nota dada para a escola ou universidade onde o respondente
estudou, os intercambistas brasileiros se distribuíram como mostra o gráfico:
42
Figura 10: Notas dadas para as escolas ou universidades onde os intercambistas brasileiros estudaram. Fonte: Elaboração própria.
No que diz respeito à nota atribuída para a escola ou universidade em que o
intercambista estudou, percebe-se na Figura 10 que as respostas estão distribuídas.
Assim, 25% dos estudantes deram nota 10 para a instituição onde estudaram,
enquanto 7,1% colocaram uma nota mínima (zero) para onde estudaram.
A partir desses resultados, pode-se analisar que para a grande maioria dos
respondentes o grau de relevância do intercâmbio é 10, no entanto,
comparativamente ao grau de satisfação com as escolas ou universidades, as
porcentagens ficam bastante divididas e apenas 1/4 dos respondentes atribuiu nota
10, além de 7,1% dos intercambistas terem escolhido nota zero. Embora estudar um
idioma seja o fator que mais influencia na decisão de fazer um intercâmbio, nota-se
que as escolas e universidades não atendem, no geral, às expectativas dos
estudantes como deveriam.
De acordo com a pesquisa, 50% dos intercambistas responderam que o
principal meio que divulgou o destino visitado foram as redes sociais; 46,4% por
meio de conversas com amigos, parentes, entre outros; 1,8%, representado por um
respondente, afirmou que foi através de blogs; e outro 1,8% não divulgou. Com isso,
percebe-se que, quase 100% dos intercambistas divulgam o destino de forma
positiva ou negativa, dependendo da sua experiência no destino. Além disso, o
43
número de pessoas que pode ser influenciada é muito grande, pois as redes sociais
possuem poder de propagação.
Com relação aos meios de hospedagem utilizados no intercâmbio, obteve-se
os seguintes resultados: 45% dos intercambistas se hospedaram em casa; 32% em
apartamento; 18% marcaram a opção ‘Outros’ e especificaram ter ficado em
alojamento estudantil; 5% ficaram em hostel. A maioria dos intercambistas hospeda-
se em casa de família para obter um maior contato com a cultura local, além de
transmitir um pouco mais de segurança, tanto para os estudantes quanto para os
pais que, no geral, custeiam a viagem.
Por meio da última pergunta do questionário, o intercambista poderia deixar
seu comentário ou sugestão com relação ao intercâmbio. Como a questão era
opcional, dos 56 estudantes brasileiros que responderam o questionário, apenas
quatro deixaram seu respectivo comentário.
Baseado nos comentários, apresentados no Apêndice H (página 96), é
possível perceber a importância do intercâmbio na vida dos estudantes. Como
mostra o comentário do respondente 3: “Muito além de ser um acréscimo no
currículo, o intercâmbio ajuda no crescimento pessoal do indivíduo [...]”. A partir
disso, nota-se que a experiência do intercâmbio é capaz de provocar tanto o
amadurecimento pessoal quanto profissional.
3.2 INTERCAMBISTAS ESTRANGEIROS
Como a mobilidade de estudantes do exterior para o curso de Turismo da
UFF é recente e a pesquisa só abarca alunos estrangeiros que fizeram intercâmbio
por intermédio da universidade, diferentemente dos intercambistas brasileiros, em
que a pesquisa abrange os estudantes que fizeram intercâmbio por conta própria ou
não, o total de respondentes é menor, 21 intercambistas, sendo essa uma
delimitação inicial da pesquisa. No entanto, apenas 15 questionários foram
respondidos até o final, pois alguns estudantes não o finalizaram e um intercambista
não foi além da pergunta filtro que selecionava os estudantes que já haviam feito
intercâmbio no curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense. Com isso,
44
94% responderam que sim e 6%, representado por um respondente, afirmou que
não.
No que diz respeito ao sexo dos intercambistas, os resultados apontam que
57% dos estudantes são mulheres e 43% são homens. Com relação à faixa etária
dos estudantes, 50% possuem de 22 a 24 anos; 35,7% de 25 a 27 anos; 14,3% de
19 a 21 anos.
No que se refere ao estado civil dos estudantes, a pesquisa aponta que 100%
dos respondentes são solteiros, não havendo nenhum casado, viúvo ou divorciado,
comprovando por unanimidade que o fato dos estudantes serem livres de qualquer
tipo de comprometimento faz com que estejam mais propícios a realizarem
intercâmbios. Outro aspecto que comprova que quando o estudante não possui
responsabilidades familiares ou profissionais que a tendência de realizar um
intercâmbio aumenta é a situação profissional, pois dos intercambistas participantes
da pesquisa, 79% dos intercambistas apenas estudam e 21% apenas trabalham.
Nota-se que, no geral, o único comprometimento dos intercambistas é estudar e
quando trabalham, não estudam, não havendo sobreposição de responsabilidades.
Com relação aos fatores que influenciaram na decisão de realizar um
intercâmbio, os estudantes estrangeiros se dividiram como mostra o gráfico:
45
Figura 11: Fatores que influenciaram os intercambistas estrangeiros na decisão de realizar um intercâmbio. Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a Figura 11, tem-se que o fator ‘mais importante’ no momento
da decisão de realizar um intercâmbio é estudar um idioma, eleito pelos
intercambistas com 78,6%. O quesito considerado como ‘importante’ pelos
estudantes é fazer uma viagem de intercâmbio para trabalhar, com 50% das opções.
Em contrapartida, cursar pós-graduação é visto como ‘pouco importante’ pelos
intercambistas, representado por 50%. Assim, percebe-se que se valoriza mais
estudar um idioma do que realizar uma graduação ou uma especialização fora do
seu país de origem.
No que se refere aos fatores que influenciaram na escolha do destino, as
respostas dos intercambistas estrangeiros se distribuíram do seguinte modo:
46
Figura 12: Fatores que influenciaram os intercambistas estrangeiros na escolha do destino. Fonte: Elaboração própria.
Segundo a Figura 12, os fatores de ‘maior influência’ no momento da escolha
do destino são a paisagem e a cultura do lugar, representado por 64,3%. Já com
relação ao aspecto considerado como ‘pouco influente’ houve empate entre a
qualidade da escola ou universidade, o custo da viagem, os professores, os filmes,
TV, rádio, jornais, revistas e internet, todos eleitos pelos intercambistas com 57,1%.
No entanto, os agentes de viagem ‘não influenciam’ no momento de eleger o local do
intercâmbio, representado por 57,1%. Nota-se que houve um equilíbrio entre os
fatores de média influência, visto que dos oito itens presentes nessa questão, a
metade foi votada igualmente.
No que se refere ao tempo de duração da viagem de intercâmbio 50%
permanecem de 8 a 12 meses no destino; 28,6% de 4 a 7 meses; 21,4% acima de 1
ano. A metade dos intercambistas estrangeiros permanece de 8 a 12 meses no
destino, devido ao fato desses estudantes terem que ficar por um prazo de 6 meses
ou 1 ano no local determinado, embora haja exceções, a regra para o intercâmbio
realizado entre o curso de Turismo da UFF e outras universidades do exterior é esta.
47
Com relação ao custeamento do intercâmbio6, 71% dos intercambistas
declaram ter sido por meio de financiamento pessoal, ou seja, economia familiar ou
própria, e 29% subvencionados pelo governo, via bolsas de estudos, Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), entre outros.
No que diz respeito ao gasto médio do intercâmbio, os estudantes
estrangeiros se dividiram como mostra o gráfico:
Figura 13: Gasto médio do intercâmbio dos estudantes estrangeiros. Fonte: Elaboração própria.
Baseando-se na Figura 13, é possível perceber que a maioria dos
intercambistas, representada por 28,6%, teve o gasto médio de menos de R$
1.000,00. Normalmente, pode-se supor que os gastos em uma viagem de
intercâmbio são maiores do que apontam os resultados dessa pesquisa, no entanto,
talvez isso se dê pelo fato dos intercambistas estrangeiros terem estudado na UFF
por meio de convênios entre universidades, assim, alguns alunos conseguiram
bolsas, e por isso, os custos seriam menores.
No que se refere ao grau de relevância do intercâmbio para a vida do
estudante, os intercambistas estrangeiros se dividiram do seguinte modo:
6 Não ficou evidente na pesquisa se o custeio do intercâmbio foi feito integralmente pelo intercambista
(economia familiar ou própria) ou se apenas parte desse gasto tem origem pessoal, com o restante subvencionado por outras fontes.
48
Figura 14: Grau de relevância do intercâmbio para a vida dos estudantes estrangeiros. Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a Figura 14, mais da metade dos intercambistas com 57,1%
afirmam que o grau de relevância do intercâmbio para suas respectivas vidas é 10.
Assim, nota-se o quanto a viagem de intercâmbio possui representatividade para os
estudantes, obtendo um alto nível de satisfação, visto que do grau 0 ao 5, não há
votação de nenhum intercambista.
Com relação à nota dada para a universidade onde o estudante estudou, os
intercambistas estrangeiros se distribuíram como mostra o gráfico:
49
Figura 15: Notas dadas para a universidade onde os intercambistas estrangeiros estudaram. Fonte: Elaboração própria.
Como pode ser visto na Figura 15, as notas dadas pelos intercambistas para
a UFF foram altas, a maior parte dos respondentes, representada por 42,9%, atribuiu
nota 8. No entanto, nenhum estudante deu nota de 0 a 5, consideradas como notas
baixas. Com isso, percebe-se que o grau de satisfação com o ensino foi bom,
quando comparado ao grau de relevância do intercâmbio para a vida do aluno, que
foi considerado como ótimo pela maioria que deu nota 10.
No que diz respeito ao principal meio que os intercambistas utilizaram para
divulgar o destino visitado, antes e durante à viagem, 50% dos estudantes
divulgaram o local por meio de conversas com amigos, parentes, entre outros;
42,3% através de redes sociais; 7,1%, representado por um respondente, foi por
meio de blogs.
No que se refere aos meios de hospedagem utilizados pelos intercambistas,
tem-se que 64% residiram em apartamento; 22% em casa; 14% marcaram a opção
‘Outros’ e especificaram terem se hospedado em kitnet ou conjugado e pensionato.
Mediante a última questão apresentada no questionário, em que o
intercambista poderia realizar um comentário ou sugestão com relação ao
intercâmbio, foi possível coletar opiniões particulares. Devido ao fato da pergunta ser
opcional, dos 15 estudantes estrangeiros que responderam o questionário, apenas
três deixaram seus respectivos comentários.
50
De acordo com os comentários, apresentados no Apêndice I (página 97),
nota-se que das três opiniões obtidas, apenas uma foi negativa, já que o estudante
demonstrou insatisfação no que diz respeito às pessoas que prestam serviços na
área de intercâmbio, além de ter se sentido desamparada no momento em que
esteve no Brasil. Por isso, o respondente 1 afirmou que as pessoas que trabalham
no setor de intercâmbio deveriam ser mais amáveis e cordiais, já que enfrentou
situações graves e não recebeu apoio. Em contrapartida, os outros dois comentários
indicam satisfação com a experiência do intercâmbio. Essas divergências se dão
pelo fato das experiências serem particulares, podendo ser positivas ou negativas.
3.3 ANÁLISE ENTRE INTERCAMBISTAS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS
Segundo os resultados obtidos através dos questionários direcionados para
os intercambistas brasileiros e estrangeiros, percebe-se a presença de aspectos
pertinentes para elucidar a problemática do presente trabalho. Com a presença de
dois perfis de respondentes, nacionais e internacionais, é possível fazer uma análise
de ambos os resultados, buscando pontos comuns e aspectos divergentes.
Com relação ao sexo dos intercambistas, percebe-se que a maioria dos
estudantes brasileiros e estrangeiros é constituída por mulheres, assim como, a faixa
etária predominante entre ambos os públicos é entre 22 e 24 anos. Ainda entre os
aspectos comuns, o estado civil predominante é o solteiro. A partir dessas
percepções comparativas, tem-se que, no geral, o perfil do intercambista é: do sexo
feminino; solteiro; com idade entre 22 e 24 anos, idade em que, geralmente, os
estudantes estão na universidade e por terem menos obrigações familiares e
profissionais, possuem mais facilidades para realizar um intercâmbio. Além disso,
outro fato que influencia é a troca de informações e experiências que ocorre no meio
acadêmico que estimula muitos indivíduos a desejarem fazer um turismo de estudos.
Normalmente, a maioria dos intercambistas, tanto brasileiros quanto
estrangeiros, apenas estuda e, por isso, facilita a realização da viagem de
intercâmbio. A partir do momento em que o indivíduo começa a trabalhar, a
disponibilidade de tempo se torna escassa, então, conciliar uma viagem de estudos
com os compromissos de um emprego se torna quase inviável.
51
Segundo Andrade (2002), as pessoas praticam o turismo de diversas formas,
já que há diferentes motivações que fazem com que os indivíduos deixem seu
cotidiano e sua residência para viajar. A prática de lazer e turismo é uma espécie de
fuga das atividades intensas e desgastantes da rotina de trabalho e afazeres
domésticos. Assim, há várias motivações que fazem com que os indivíduos viagem,
as principais são: desejo de evasão, necessidade de evasão, espírito de aventura,
aquisição de status, necessidade de tranquilidade, motivação cultural e motivação
comercial.
A partir das motivações apresentadas, tem-se que 78,6% dos intercambistas
brasileiros e estrangeiros consideram estudar um idioma como o principal fator para
a realização do intercâmbio, estando atrelado à motivação cultural. Em
contrapartida, os estudantes brasileiros divergem-se dos estrangeiros com relação à
motivação de importância média, visto que 50% dos estudantes internacionais
consideram trabalhar como um fator importante para fazer um intercâmbio e 80,4%
dos respondentes nacionais escolhem visitar o destino como fator importante. Já
com relação ao fator menos importante, 83,9% dos brasileiros optam por estudar o
ensino básico e médio enquanto que 50% dos estrangeiros elegem fazer pós-
graduação. Embora as opções sejam distintas há certa semelhança, já que isso
comprova que os estudantes, no geral, estão mais preocupados em concentrarem-
se em um curso de línguas do que qualquer outro estudo.
De acordo com Bignami (2002), a imagem do destino é um dos aspectos
determinantes no processo de decisão da compra do consumidor turístico. Isso se
dá pelo fato da imagem representar o imaginário criado pelo turista com relação a
um determinado destino, fazendo com que o indivíduo crie expectativas.
Devido à relevância da imagem do destino no momento de escolher um local
para viajar, é importante analisar os fatores que levam os intercambistas a
escolherem determinado lugar. Baseado nisso, detectou-se que tanto os estudantes
brasileiros quanto os estrangeiros elegeram a paisagem e a cultura do lugar como
fatores mais influentes na eleição de um destino, com isso, confirma-se a ideia de
que a imagem é um dos aspectos essenciais para a promoção do destino, já que
ambos os itens eleitos pelos estudantes criam o imaginário no turista com relação ao
local.
52
No que diz respeito ao fator que influenciou pouco na escolha do destino,
44,6% dos brasileiros apontam terem sido os filmes, a TV, o rádio, os jornais, as
revistas e a internet. No entanto, nos resultados dos estrangeiros houve um empate
entre vários fatores que influenciaram pouco, todos representados por 57,1%:
qualidade da escola ou universidade; custo da viagem; professores; filmes, TV,
rádio, jornais, revistas e internet. Com isso, percebe-se que embora os
intercambistas estrangeiros também tenham escolhido os meios de comunicação
como nível médio de influência, eles também analisam uma série de outros itens,
como os gastos na viagem. Da mesma forma que os brasileiros consideraram os
agentes de viagem, seguidos dos professores, como os que não influenciam na
escolha de um destino para a realização do intercâmbio, os estrangeiros também,
ainda que estes sujeitos, especialmente os agentes, sejam consultados para a
obtenção de mais informações sobre o local escolhido.
Enquanto a maioria dos brasileiros permanece de 1 a 3 meses no destino, a
metade dos estrangeiros reside de 8 a 12 meses no local do intercâmbio. Essa
diferença ocorre pelo fato dos estudantes vindos do exterior fazerem o intercâmbio
por intermédio das universidades e devido às regras de mobilidade, o aluno deve
permanecer entre 6 e 12 meses no destino, dependendo do acordo feito, no entanto,
há exceções de estrangeiros que ficam por menos tempo. Ainda que os alunos
estrangeiros façam o intercâmbio através de convênios entre universidades, tanto os
brasileiros quanto os estudantes vindos do exterior afirmam que o financiamento do
intercâmbio foi pessoal, por meio de economia familiar ou própria, enquanto que
apenas a minoria diz que os custeios da viagem foram subvencionados pelo
governo, através de bolsas de estudos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), entre outros.
À medida que o intercambista passa mais tempo no destino, maiores serão os
seus gastos. No entanto, os resultados das pesquisas apresentam o contrário, já que
grande parte dos brasileiros passa de 1 a 3 meses no destino e gastam de
R$6.000,00 a R$10.000,00, enquanto que a maioria dos estrangeiros permanece no
local de 6 a 12 meses e gastam menos de R$1.000,00. Nota-se que o consumo dos
brasileiros em viagens é alto, isso advém do maior poder de compra que a classe
média vem adquirindo e com as facilidades de pagamento, como parcelamentos em
cartões de crédito, assim, as compras aumentam ainda mais, e consequentemente,
53
há o aquecimento da economia local. Esse consumo excessivo se dá por meio da
efetivação de atividades consideradas turísticas que são proporcionadas pela
realização de estudos e intercâmbios, envolvendo a oferta de serviços,
equipamentos e produtos, tais como: operação e agenciamento; educação e
trabalho; transporte; hospedagem; alimentação; recepção; recreação e
entretenimento; eventos; outras atividades complementares (BRASIL, 2008). Em
contrapartida, os intercambistas estrangeiros gastam pouco no Brasil devido ao fato
do intercâmbio não ser realizado por conta própria e sim, pela universidade, e isso
acaba por influenciar no estilo de vida que esses estudantes levam no país.
Com relação ao grau de relevância do intercâmbio para a vida dos
estudantes, 60,7% dos brasileiros e 57,1% dos estrangeiros atribuem 10 no que diz
respeito à importância da viagem. Já no que se refere à satisfação dos estudantes
com a escola ou universidade em que estudaram, os brasileiros apresentam
respostas bem distribuídas, nas quais há eleição de notas baixas, como zero, ainda
que, praticamente 1/4 desses respondentes tenha dado nota 8. Os estrangeiros
apresentaram um grau maior de satisfação com relação à universidade, no caso a
UFF, uma vez que nenhum desses estudantes atribuiu nota de 0 a 5, além de 42,9%
ter dado nota 8.
Segundo Len Short (s.d. apud PETROCCHI, 2004), a comunicação viral e a
validação de relacionamentos pessoais são componentes essenciais do marketing.
O boca a boca visa promover e estimular conversas a fim de divulgar o destino
turístico (PETROCCHI, 2004). Por isso, os serviços devem ser prestados com
qualidade, pois caso o turista tenha uma visão negativa do local visitado, isso se
propagará para outras pessoas, fazendo com que a imagem do destino seja
compreendida como ruim. Assim, os resultados das pesquisas apontam que para os
intercambistas estrangeiros as conversas com amigos, parentes, entre outros, foi o
principal meio utilizado para divulgar o destino visitado, antes e durante a viagem,
comprovando a importância do marketing de relacionamento. Já a maioria dos
brasileiros afirma ter divulgado o local através, principalmente, das redes sociais.
Com relação ao meio de hospedagem utilizado durante o intercâmbio, grande
parte dos brasileiros se acomodou em casa, diferentemente dos estrangeiros, em
que a maioria se instalou em apartamento. Talvez a preferência dos brasileiros por
se hospedar em casa de família se dê pelo maior contato que se tem com a cultura
54
local quando se vive com pessoas nativas. Além disso, casas de família transmitem
maior segurança tanto para os intercambistas quanto para os pais que ficam
distantes de seus filhos. Já os estrangeiros ficam, na maioria das vezes, em
apartamento, provavelmente isso se dê pelo fato desses estudantes virem por
intermédio da universidade e não por conta própria, então, hospedam-se junto com
outros universitários, o que não deixa de ser uma experiência cultural interessante.
Com o intuito de fazer uma análise mais detalhada e específica com os
intercambistas nacionais, o próximo capítulo abordará a respeito do grupo focal
realizado com um público determinado, em que se pôde obter relatos e opiniões
particulares dos estudantes que já tiveram a oportunidade de realizar um
intercâmbio.
55
4 VISÃO DOS INTERCAMBISTAS NACIONAIS: GRUPO FOCAL
Além do aspecto quantitativo relatado no capítulo anterior, realizou-se uma
investigação qualitativa, para isso, aplicou-se a técnica de grupo focal com alunas do
curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense a fim de que pudessem
relatar suas respectivas opiniões sobre a experiência do intercâmbio.
No que se refere ao aspecto qualitativo, a investigação foi realizada com
intercambistas brasileiras, reunidas presencialmente em um grupo focal, no qual
procurou-se discutir mais especificamente esse processo de planejamento e
realização do intercâmbio. A técnica do grupo focal consiste em realizar uma
entrevista coletiva, de modo que o entrevistador apenas conduza a discussão
através de questões que levem ao objetivo da pesquisa. De acordo com Veal (2011,
p. 274), os grupos focais podem ser compreendidos da seguinte forma:
A ideia de entrevistar grupos de pessoas em conjunto em vez de individualmente está se tornando cada vez mais popular no mercado e na comunidade acadêmica. Com essa técnica, o entrevistador se torna mais um facilitador da discussão do que propriamente um entrevistador. O objetivo do processo é o mesmo que o da entrevista em profundidade, mas nesse caso, os “sujeitos” interagem entre eles tanto quanto com o pesquisador.
O grupo focal foi realizado no dia 30 de outubro de 2013, com duração de
aproximadamente uma hora, momento em que foi possível obter informações
relevantes à pesquisa. O grupo foi composto por quatro alunas do curso de Turismo
da UFF, visto que a quinta convidada não pôde comparecer, no Apêndice A (página
83) há um quadro com o perfil de cada participante. O horário em que ocorreu a
entrevista foi de 11 horas às 12 horas, pois como as quatro participantes tinham
compromisso com seus respectivos estágios, o encontro teve de acontecer nesse
período. A entrevista coletiva foi gravada por completa, com a permissão dos
participantes, fez-se anotações das falas ditas pelas participantes com o intuito de
auxiliar na transcrição das falas posteriormente. Para que as integrantes do grupo se
sentissem mais à vontade no momento de debater os assuntos, por questões éticas,
as identidades das entrevistadas foram mantidas em sigilo. Assim, as entrevistadas
do grupo focal foram identificadas da seguinte maneira: “PARTICIPANTE 1”,
“PARTICIPANTE 2”, “PARTICIPANTE 3” e “PARTICIPANTE 4”. O termo de
56
autorização distribuído às entrevistadas a fim de que as informações obtidas
pudessem ser expostas no trabalho, encontra-se no Apêndice B (página 84).
Com o intuito de facilitar a obtenção de dados, organizou-se as perguntas em
5 Blocos, os quais são: Bloco 1 – Motivação; Bloco 2 – Planejamento; Bloco 3 –
Financeiro; Bloco 4 – Relevância do intercâmbio; Bloco 5 – Aspectos positivos e
negativos do intercâmbio. O formulário com as questões divididas por blocos,
utilizadas no grupo focal, encontra-se disponível no Apêndice C (página 85).
4.1 BLOCO 1: MOTIVAÇÃO
O primeiro bloco referente à motivação, que possui a seguinte pergunta
norteadora: “Motivo pelo qual decidiu fazer um intercâmbio?”, revelou fatores
distintos, embora haja semelhanças em alguns pontos. Neste bloco, observou-se
que a participante 2 se expressou com brilho nos olhos e sorrindo quando falou do
Havaí, conseguindo expressar através de gestos certo carinho pelo lugar. Embora
tenha colocado em pauta a importância da troca de experiências e a oportunidade
em aprender o idioma, sua principal motivação foi o Havaí, por achar o local
paradisíaco. A duração do seu intercâmbio foi de três meses, de dezembro de 2010
a março de 2011.
A participante 1 se expressou de forma bem pontual e objetiva, afirmando que
sua motivação foi a possibilidade de poder praticar o inglês, pois como estaria
cercada por pessoas que falariam a língua, o contato com o inglês seria maior.
No depoimento da participante 3, diferentemente das outras participantes que
desejavam fazer o intercâmbio, ela diz que no primeiro momento foi influenciada
pela sua mãe, que dizia: “Você tem que ir, tem que ir, é importante para o seu
futuro”. E como tinha apenas 15 anos de idade, ainda não havia a percepção do
quanto isso seria bom para o seu futuro. Antes de ir para o intercâmbio, a
participante já havia feito cinco anos de curso de inglês e optou por permanecer 10
meses nos Estados Unidos a fim de praticar o inglês e concluir o ensino médio. Com
o intercâmbio ela pôde conhecer muitas pessoas e diversos lugares e isso despertou
a vontade de fazer outros intercâmbios, conhecer novos destinos e culturas.
57
Como forma de realizar seu sonho que sempre foi visitar Londres, a
participante 4 aproveitou sua motivação em conhecer o destino para estudar inglês,
pois teria contato direto com nativos. Além disso, considera o fato de ter o
intercâmbio como experiência muito importante para a área do turismo. A duração
da sua viagem foi de um mês, residindo em uma moradia estudantil com sua amiga
que também estudava Turismo na UFF. Em sua opinião, o ensino é totalmente
diferente porque toda explicação, por mais que houvesse dúvida, era em inglês,
além do contato com outras culturas, como por exemplo, a coreana.
A partir da análise feita sobre as motivações que levam os estudantes a
realizarem um intercâmbio, nota-se os diferentes desejos e necessidades que cada
turista apresenta, visto que duas participantes se motivaram pelo destino, a outra
pelo estudo de um idioma, enquanto que a terceira fez a viagem impulsionada pelos
pais. Então, como forma das empresas atingirem o maior número possível de
consumidores, já que suas motivações são distintas, as organizações recorrem a
uma estratégia de marketing denominada como segmentação do mercado.
Segundo o Ministério do Turismo (BRASIL, 2014c), que criou o Programa de
Estruturação dos Segmentos Turísticos, o turismo possui 11 segmentos, os quais
são: Cultural; Negócios e Eventos; Rural; Sol e Praia; Ecoturismo; Aventura; Pesca;
Saúde; Náutico; Estudos e Intercâmbio; Social. Assim, nota-se que as participantes
se enquadram em dois tipos de segmentos, os quais são: Turismo Cultural –
engloba as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos
significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, melhorando e
promovendo os bens materiais e imateriais da cultura; Turismo de Estudos e
Intercâmbio – constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e
programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de
conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional.
Embora o foco da pesquisa seja analisar o segmento de Turismo de Estudos
e Intercâmbio, através do grupo focal foi possível perceber que das quatro
participantes, apenas duas tinham o estudo de uma língua como sua principal
motivação. De modo geral, as outras foram estimuladas a viajarem devido ao destino
escolhido e o idioma passou a ser consequência.
Tanto a participante 2 quanto a participante 4, afirmam ter realizado o
intercâmbio devido ao lugar, citando os atrativos histórico-culturais e as paisagens.
58
A partir daí, deve-se considerar a relevância da paisagem para a prática do turismo e
para o próprio marketing turístico. Assim, paisagem pode ser compreendida como
algo percebido através do lance do olhar no espaço e no tempo, juntando
componentes histórico-culturais, além de sua interpretação depender
exclusivamente do observador.
Pode-se destacar que desde o início do turismo moderno e organizado, a
paisagem é considerada uma das principais atrações. Urry (1996, p.19-20) destaca
que:
[...] do ‘Grand Tour clássico’, baseado em observações e registros neutros de galerias, museus e artefatos altamente culturais, passou-se para o ‘Grand Tour romântico’, que presenciou a emergência do ‘turismo voltado para a paisagem’ e de uma experiência muito mais particular e apaixonada da beleza e do sublime.
Assim, pode-se perceber que a paisagem é capaz de desencadear muitas
emoções nos seres humanos, sendo essa uma das explicações para que as
participantes 2 e 4 tenham se expressado de forma tão encantadora quando citaram
o local para onde viajaram.
4.2 BLOCO 2: PLANEJAMENTO
O segundo bloco refere-se ao planejamento da viagem de intercâmbio, o qual
possui a seguinte pergunta norteadora: “Quais fatores influenciaram na escolha do
destino do intercâmbio?”. Para a participante 3, o que mais influenciou foi o fator
financeiro, pois para a quantidade de meses que iria durar seu intercâmbio, os
Estados Unidos seriam mais acessíveis.
Já a participante 2, tem o lugar como principal influência na sua escolha,
principalmente por ela gostar de fazer turismo e considerá-lo como o quesito mais
importante em uma viagem, além da paisagem natural e da cultura. No entanto,
antes de decidir que iria para o Havaí, havia decidido que iria para a Austrália, mas o
fato da moeda e do local em si apresentarem custos menores, fez com que a
segunda opção prevalecesse. Além disso, seus pais preferiram que o destino fosse
59
mais perto para caso acontecesse algo, no entanto, acabou escolhendo o Havaí que
embora esteja na América, também se encontra em um local distante.
A maior motivação para a participante 1 foi a influência de uma amiga, pois
seu principal objetivo era estudar inglês, talvez ela escolhesse um destino que
tivesse um custo menor do que Londres, como Austrália ou Vancouver, que era a
sua ideia inicial. No entanto, acabou gostando muito da cultura e da experiência em
Londres.
Para a participante 4, a maior influência no momento da escolha do destino foi
uma amizade que ela já tinha em Londres, que era o local que desejava conhecer,
pelas paisagens e pelo atrativos turísticos. Além disso, aproveitou a parte acadêmica
do intercâmbio.
Em análise dos fatores apresentados pelos participantes no momento da
escolha do destino, percebe-se que as participantes 1 e 4 optaram pelo local da
viagem por influência de terceiros. Enquanto a participante 2 fez sua escolha,
principalmente pela cultura e beleza do Havaí, embora houvesse outros fatores
secundários, como valor da moeda e custo de vida no país. Já a participante 3, teve
o custo da viagem como principal fator para a escolha do destino.
Segundo Lohmann e Panosso Netto (2012), há dois tipos de fatores, os
determinantes e os motivadores que podem explicar a compra ou não de um
determinado produto turístico. Com base no que foi dito anteriormente pelas
participantes, percebe-se que as escolhas dos seus respectivos destinos se deram
por causa dos fatores determinantes.
Os fatores determinantes podem se referir tanto aos facilitadores quanto às
resistências que o turista encontra no momento de viajar. Esses fatores podem ser
divididos em: caráter externo ao turista, como opiniões de amigos, marketing
turístico, mídia, fatores políticos, entre outros; âmbito pessoal, como renda, saúde,
compromissos familiares e profissionais, conhecimento dos destinos turísticos, entre
outros (LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2012). Com isso, nota-se que duas
participantes se encaixam nos fatores de caráter externo ao turista, enquanto que as
outras duas entrevistadas se identificam com os fatores de âmbito pessoal. É
importante ressaltar que os fornecedores se utilizam do preço como forma de
influenciar os fatores determinantes. Os fatores motivadores, que são aqueles que
60
impulsionam os turistas a viajarem, como a motivação cultural, já foram abordados
no bloco anterior.
Segundo Cho (2000) há cinco principais atratividades apresentadas por um
destino turístico, as quais são: atrações turísticas – naturais (cenários, clima, praias),
construídas (lugares históricos, parques de diversão), culturais (museus, galerias de
arte) e sociais (encontros com os habitantes locais); conveniências – infraestrutura
básica, meios de hospedagem, transportes, serviços de alimentos e bebidas,
entretenimento, entre outros; acessibilidade – facilidade de acesso que os turistas
possuem para chegar aos destinos e se locomover dentro deles; imagem – ideias e
impressões que os turistas possuem sobre um determinado destino, sendo um ponto
relevante do marketing turístico; preço – varia em função do tipo e da classe do
serviço (meios de hospedagem, transporte, atividades), da sazonalidade
(particularmente resorts costeiros e áreas recreacionais) e da distância do destino.
Dentre uma variedade de atratividades apresentadas por um destino, as
participantes, de modo geral, foram conquistadas pelas atrações turísticas devido
aos patrimônios histórico-culturais, as paisagens naturais, entre outros. Além do
preço, que possui grande representatividade no que diz respeito à escolha de um
destino, já que influencia na disponibilidade financeira de cada indivíduo.
4.3 BLOCO 3: FINANCEIRO
O terceiro bloco aborda o aspecto financeiro do intercâmbio e possui duas
perguntas norteadoras: “O valor gasto foi esperado?” e “O valor pago para realizar o
intercâmbio foi compensatório?”. Além dessas perguntas, há uma pergunta
secundária: “Houve facilidade de pagamento?”.
Este bloco iniciou-se de forma bem descontraída, pois quando a pergunta diz
respeito aos gastos, com exceção de uma participante, todas as outras afirmaram ter
gastado além do esperado com coisas que vão além das despesas necessárias.
A participante 2 afirma que gastou mais do que esperava, pois gastou com
coisas “fúteis”, como andar de bicicleta. No entanto, com os gastos básicos, como
61
alimentação e hospedagem, foi conforme planejado. Ao final, a participante afirma:
“Valeu a pena cada centavo gasto”.
No que diz respeito à facilidade de pagamento, a participante 2 afirma que a
agência ofereceu diversas possibilidades de pagamento, facilitando através de
parcelamentos. Embora a viagem tenha sido planejada com seis meses de
antecedência, os pais tiveram que tirar dinheiro da reserva que havia deixado para
caso fosse necessário. Para ela, o final do intercâmbio foi mais difícil, pois como os
gastos extras foram excessivos, a participante teve que reduzir os custos
desnecessários.
A participante 3 afirma ter gastado conforme planejado no que diz respeito ao
que estava incluído no pacote do intercâmbio. No entanto, gastou além do esperado
comprando produtos que desejava trazer para o Brasil para consumir. Além disso,
houve necessidade de acionar o seguro, pois acabou ficando doente nos Estados
Unidos, mas terminou tudo bem.
Os pais da participante 3 já estavam guardando dinheiro para o intercâmbio
há um ano e meio antes da viagem, pois como eles já tinham a experiência com a
filha mais velha, organizaram-se previamente. A única diferença da viagem da
participante com a da sua irmã foi que como havia uma nova agência em Piracicaba-
SP e o preço estava mais acessível, optaram por essa empresa. Como a
participante ainda era adolescente, não tinha noção dos valores, então, seus pais
que resolviam as questões financeiras e burocráticas, diziam a ela brincando: “Esse
dinheiro dá para comprar um carro, hein?”. Os pais preferiram quitar grande parte do
pagamento a fim de que as parcelas ficassem com um valor mais baixo, além disso,
tiveram que juntar uma quantia em dinheiro, pois como ela morou em uma Host
Family, ela deveria receber mesada.
Segundo a participante 4, por Londres ser a capital da Inglaterra e também
uma cidade europeia, o preço foi razoável, embora ela tenha gasto mais do que
esperava tanto no intercâmbio quanto com coisas que desejava comprar no destino.
Ela afirma que por mais que se planeje a viagem, acaba-se gastando além do
desejado, pois o câmbio é completamente diferente e sofre variações.
Como a participante 4 havia ganhado de presente uma certa quantia em
dinheiro e também já tinha aproximadamente 2% da viagem, aproveitou para
62
colaborar com os custos do intercâmbio. A agência era bem flexível, o que
proporcionou uma facilidade de pagamento, realizando o parcelamento do custo
total. A agência funcionava da seguinte forma: o indivíduo comprava, escolhia o
pacote e um mês antes da viagem, o comprador deveria estar com a sua viagem
quitada, caso contrário, o estudante não poderia fazer o intercâmbio. Tudo foi muito
bem planejado, bem antes do intercâmbio acontecer. Embora a participante tenha
encontrado agências bem mais acessíveis, pois como ela já estava procurando há
um bom tempo por conta de um amigo que tinha em Londres, ela optou por uma
agência conhecida no mercado, pensando na segurança.
Diferentemente das participantes anteriores, a participante 1 gastou o que
esperava, separou o que poderia ser gasto em Londres e se sentiu bem com o que
gastou. De acordo com a participante, talvez se tivesse mais tempo haveria
necessidade de mais dinheiro. Embora o intercâmbio tenha valido a pena, achou
caro, pois talvez pudesse ficar em outro lugar por mais tempo e pelo mesmo valor
que foi gasto em Londres ou pelo mesmo período, mas com custo inferior.
Tanto a participante 1 quanto a participante 4, planejaram toda a viagem com
um ano de antecedência, pesquisando agências, passagens aéreas e até mesmo os
passeios que seriam realizados em Londres. Embora tenha encontrado agências
mais acessíveis, no valor, por exemplo, de R$ 2.000,00 em um site de compras
coletivas, tanto a escola quanto o meio de hospedagem, segundo sua percepção,
não eram de qualidade, assim, preferiu montar uma planilha com o orçamento de
todos os elementos da viagem. Como houve certa exigência dos pais, cada detalhe
do intercâmbio teve que ser muito bem planejado, negociado e detalhado. Com
relação ao pagamento não houve problemas, foi parcelado pela agência, com certa
quantia de entrada. Como forma de ajudar a custear os gastos do intercâmbio, a
participante estagiou durante seis meses e ia guardando dinheiro que recebia a fim
de contribuir, mesmo que fosse com um valor mínimo.
Apesar do Turismo de Estudos e Intercâmbio visar à aprendizagem e às
vivências que possibilitem a qualificação, os turistas que se deslocam para outro
destino a fim de estudar, aproveitam para praticar o turismo. Por isso, como se
observa nos relatos das entrevistadas, com exceção da participante 1, os
intercambistas acabam gastando além do que foi planejado, já que determinados
63
gastos extras, como compra com roupas, não fazem parte do planejamento da
viagem.
Um dos pontos positivos do Turismo de Estudos e Intercâmbio é justamente
esse aquecimento da economia causado por este segmento, já que milhares de
intercambistas escolhem um determinado destino e consomem produtos e serviços
diversificados.
A viagem de um indivíduo é planejada com todo cuidado e de forma
minuciosa, pois a escolha de um determinado destino turístico desperta expectativas
relacionadas aos seus sonhos, desejos e necessidades. Por exemplo, se um
indivíduo escolhe Paris para viajar, provavelmente estará almejando conhecer um
atrativo famoso, como o conhecido rio Sena, belos monumentos, a cultura local,
entre outros. E essa expectativa pode ser ampliada a ponto do indivíduo se esforçar
para poder custear a viagem.
Como os serviços turísticos são constituídos por diversos processos que são
vivenciados de forma intangível, a preocupação com a qualidade no momento da
prestação dos serviços deve ser ainda mais cautelosa, pois como o turista foi atraído
pela promessa de satisfação e cheio de expectativas os serviços devem ser
oferecidos com qualidade total. Por isso, Petrocchi (2004, p. 62) afirma: “É um
confronto entre as promessas de satisfação e a realidade vivenciada. Ao interagir
com os atrativos turísticos e os serviços de apoio, cada turista se transforma em um
inspetor de qualidade”.
Assim, percebe-se que, a qualidade percebida pelos turistas no momento da
verdade, que é quando é essencial para que o indivíduo fique satisfeito. A Figura 16
apresenta diversas atitudes que afetam a satisfação do turista:
64
Figura 16: Atitudes que afetam a satisfação do turista.
Fonte: Petrocchi (2004, p.63).
Segundo Grönroos (1993), a boa qualidade percebida é obtida no momento
em que a qualidade experimentada atende às expectativas do consumidor, ou seja,
à qualidade esperada. O destino possui uma imagem construída por diversas ações
de marketing, podendo ser publicitárias, informações de mercado, quer sejam
resultantes do marketing viral. É importante ressaltar que a qualidade percebida do
serviço percebida pelo turista também é uma função das atividades de marketing.
Durante a visita ao destino escolhido, o turista faz a comparação entre a imagem
que existia no processo da compra, a satisfação prometida e a qualidade
experimentada no decorrer da viagem. A qualidade percebida divide-se em duas
dimensões: a dimensão O QUE, a qual refere-se ao que os turistas recebem em
suas interações com várias empresas no destino turístico e a dimensão COMO, que
relaciona-se com a forma como o turista recebe o serviço e vivencia o processo de
trabalho e consumo. A Figura 17 contém o que o indivíduo espera alcançar em um
destino:
65
Figura 17: A qualidade total percebida segundo Christian Grönroos. Fonte: Petrocchi (2004, p.68).
Um dos motivos de se preocupar em oferecer um serviço de qualidade ao
cliente é fazer com que o indivíduo consiga atingir suas expectativas. A partir do
momento em que essa satisfação é alcançada, ao retornar da viagem, o turista
divulga o destino turístico através do marketing viral. O costume de pedir
informações a outras pessoas faz com que o indivíduo poupe seu tempo, melhore a
qualidade de uma decisão e produza benefícios econômicos.
A partir do que foi dito anteriormente, pode-se fazer relação entre o fato da
viagem ter sido compensatória para o turista no que diz respeito aos custos e às
suas expectativas. Baseado nas afirmações das participantes, nota-se que todas
reconhecem que a viagem de intercâmbio foi válida e compensatória, pois apesar
dos gastos, “Valeu a pena cada centavo gasto!”, como afirma a participante 2. No
que diz respeito às expectativas, a participante 1 afirma que, embora tenha sido
válida a sua experiência, se ela tivesse viajado para um destino com os custos
menores, como Vancouver, poderia ter permanecido por mais tempo no país ou
poderia ter ficado por menos tempo no local e gastado menos. Assim, a sua viagem
seria mais proveitosa com relação aos seus gastos.
De acordo com as declarações das participantes foi possível perceber que
todas as viagens de intercâmbio realizadas por elas foram bastante planejadas.
Como as participantes 1 e 4 tinham que apresentar todos os planejamentos da
viagem para seus pais, pesquisaram vários orçamentos diferentes em diversas
66
agências. As viagens foram custeadas pelos pais das entrevistadas, pois como
todas não possuíam trabalho fixo e eram estudantes, não tinham como pagar os
gastos do intercâmbio, ainda que as participantes 1 e 4 tenham colaborado com uma
pequena quantia, através de trabalhos temporários. A fim de facilitar os pagamentos
às agências, os pais usaram parcelamento e foram pagando com antecedência.
Assim, percebe-se que o planejamento foi essencial, já que os pais das participantes
2 e 3 tiveram que dispor de uma quantia extra, para caso ocorresse alguma
eventualidade e para o pagamento da mesada que a intercambista deveria receber.
4.4 BLOCO 4: RELEVÂNCIA DO INTERCÂMBIO
O quarto bloco refere-se à relevância do intercâmbio que tem como pergunta
norteadora: “Qual a relevância do intercâmbio na contemporaneidade?”, além dessa,
houve uma pergunta secundária: “O intercâmbio é um privilégio do curso de
turismo?”.
Um dos motivos para que a participante 3 se interessasse pelo curso de
turismo foi justamente o intercâmbio, o que ela considera como muito bom. Na
época em que realizou o intercâmbio não queria fazê-lo, pois tinha um
relacionamento e por isso, não queria ir, mas hoje ela deseja fazer outros
intercâmbios. Ela considera ter sido muito bom para sua carreira profissional, devido
às experiências que obteve nos Estados Unidos, além do enriquecimento do seu
inglês. Atualmente, já faz planos para futuras viagens e afirma: “Agora só falta o
dinheiro (risos)”.
A participante 3 acredita ser interessante o fato das pessoas que trabalham
com turismo, dependendo em que área atuam, poder conversar com clientes ou
colegas de trabalho a respeito das experiências que obtiveram na viagem. O fato
também de poder opinar sobre os equipamentos e serviços do próprio turismo, como
em um aeroporto, também conta como diferencial, além de servir como auxílio na
carreira profissional. Além disso, afirma que o intercâmbio não é importante somente
para aqueles que estudam turismo, mas para profissionais de todas as áreas, pois
essa experiência também é responsável tanto pelo crescimento pessoal quanto
profissional.
67
Para a participante 2, o convívio social proporcionado pelo intercâmbio é
considerado como muito bom, mas o que considera ser fundamental é a troca de
experiências com pessoas de outras culturas, em um lugar, clima e educação
distintos do habitual, além de conviver com leis e regras distintas. Ao falar das
amizades que fez no intercâmbio, a participante diz: “Tenho amigos no mundo
inteiro, tenho muitas saudades e se eu pudesse, viveria tudo de novo”, a partir desse
argumento e da maneira como se reporta de suas lembranças, consegue-se
compreender o quanto um intercâmbio pode marcar a vida de quem teve essa
experiência.
A participante 2 também considera que hoje o intercâmbio não é apenas um
privilégio do turismo, embora tenha ressaltado que o estudante da área possui uma
curiosidade maior de sair do país. Além de enfatizar que atualmente o jovem “quer ir
embora”, quer conhecer outras culturas, outras pessoas, outros países, sendo essa
uma característica da juventude desta geração. Como há uma grande facilidade em
obter informações de maneira muito rápida, então, isso faz com que as pessoas
queiram conhecer outras culturas de perto, visto que o intercâmbio também pode ser
uma experiência de status.
Diferentemente dos pontos que foram levantados pelas demais, a participante
1 comenta sobre a sua experiência de ter passado por vários processos seletivos
que exigiam que os candidatos já tivessem feito intercâmbio, e isso, a influenciou em
querer realizar um. Com isso, optou por fazer uma viagem curta, de um mês, para
não atrapalhar o andamento da faculdade. A participante fez o seguinte comentário
com relação a impressão que teve do intercâmbio: “[...] eu não sei se foi o
intercâmbio de um mês, que é pouco, pois geralmente o pessoal fica seis meses ou
mais, ou se já está meio banal fazer inglês, eu queria fazer outras línguas [...]”. Com
a frase expressada pela participante 1, pôde-se analisar que, talvez o fato dela já ter
realizado intercâmbio faz com que haja a sensação de que estudar, principalmente o
inglês fora do seu país de origem, já seja algo muito comum, fazendo com que isso
não seja mais um diferencial no mercado de trabalho. Como já realizou seu desejo
de estudar inglês fora do Brasil, seus desejos passam a ser outros, por exemplo,
estudar francês na França, assim como foi cogitado por ela.
De acordo com a participante 1, o intercâmbio faz com que o indivíduo
obtenha um grande crescimento pessoal, espiritual e profissional, pois aprende-se a
68
varrer, lavar, dentre outras tarefas, além de aprender a conviver com pessoas
distintas e por isso ela afirma: “Não há dinheiro que pague!”. Profissionalmente, ela
acredita que um candidato não deixará de ser contratado pelo fato de não ter feito
um intercâmbio, pois serão analisados outros elementos que motivarão o
recrutamento no mercado de trabalho, como ter alguma especialização. Pelo fato de
já ter realizado diversas entrevistas de emprego e estágio, acredita que o
intercâmbio não seja um grande fator de contratação.
Na concepção da participante 1, o fato do intercâmbio ter se tornado tão banal
na área do turismo se dá por conta da facilidade em realizar uma viagem e da
demanda do mercado. Como forma de enfatizar o quanto é exigido o intercâmbio na
área do turismo, principalmente para estudar inglês, a participante comenta que: “[...]
exigem isso como se fosse a sua alfabetização”. Além de comentar que os alunos
que cursam turismo possuem uma impressão errônea com relação à prática do
intercâmbio ser exclusiva da área, embora não o seja.
Assim como no discurso anterior, a participante 4 concorda com o fato do
intercâmbio não ser mais um diferencial. Antes ela acreditava que, como cursa
turismo, o fato de ter feito um intercâmbio “pesaria” bastante no seu currículo e a
ausência dessa experiência faria com que ela perdesse várias oportunidades de
emprego. No entanto, hoje ela tem a impressão de que se coloca no currículo a
experiência do intercâmbio como enfeite, pois o que influencia na verdade é o saber
se comunicar no idioma ou não, como também acredita que o destino para onde
viajou não é de grande relevância. Com relação ao seu inglês, afirma ter enriquecido
duas vezes mais, além disso, ela sentiu ter amadurecido como pessoa, ainda que
tenha sido em um mês, pois como nunca tinha vivido sozinha, sem a presença dos
pais, teve que adquirir certas responsabilidades que habitualmente não tem, como
se preocupar em fazer compras domésticas. A participante diz: “No intercâmbio pude
ver um pouco da vida adulta e antes eu tinha uma visão, digamos, de criança da
vida”, a partir da frase dita por ela, pode-se notar um certo reconhecimento do
amadurecimento advindo do intercâmbio.
Segundo a participante 4, o intercâmbio não é um privilégio do curso de
turismo, até porque existem programas do governo que incentivam fazer
intercâmbio, no entanto, o fato de estudar na área faz com que a influência sobre os
estudantes seja maior. Como exemplo da influencia na área de turismo, ela cita o
69
primeiro dia de aula na Universidade, em que um professor do curso de Turismo fez
o seguinte questionamento: “Levanta a mão quem já fez intercâmbio.” e grande parte
da turma levantou a mão. A partir disso, passou a se dar conta da importância do
intercâmbio, até porque ela nunca havia viajado para o exterior, e assim, fez a
seguinte reflexão: “Nossa, eu preciso acordar para o mundo, preciso experimentar
com o que eu trabalharei, se eu não souber, como que vou poder vender aquilo para
uma pessoa, se eu mesma não sei do que eu estou falando”.
Assim como foi afirmado pelas participantes, o intercâmbio é relevante tanto
para a vida pessoal como profissional, pois além do intercambista ter a oportunidade
de estudar um curso ou uma especialização em outro país, obtêm-se experiências
singulares. Ainda que as participantes 1 e 4 enfoquem o fato do intercâmbio não ser
mais um diferencial no mercado, já que as possiblidades de vivenciá-lo aumentaram,
pode-se afirmar que o currículo se destaca perante diversos concorrentes que não
puderam ter essa experiência, principalmente por ser uma prática que renda altos
custos.
Segundo o Ministério do Turismo (BRASIL, 2008), o Brasil tem contado com
iniciativas privadas e governamentais a fim de desenvolver o segmento de Turismo
de Estudos e Intercâmbio, já que se encontra em fase inicial. O Brasil tem se
destacado em algumas áreas de conhecimento, tais como: Engenharia, Farmácia,
Belas-Artes, Ciências Humanas, entre outras. Além de outros destaques nacionais,
como esportes, design e arquitetura. Com isso, o país pretende explorar esses
potenciais de diversas áreas a fim de incentivar acordos com empresas para
estágios e trabalho, firmando acordos e convênios com escolas e universidades, em
cursos de longa e curta duração. Como também, conjugar os cursos com outras
atividades, tais como cursos de português, cultura brasileira, dança, esporte,
culinária, entre outras. Assim, o país terá mais possibilidades de atrair cada vez mais
turistas que se identifiquem com a cultura, o povo e a nação (BRASIL, 2008).
A partir da intenção do governo de explorar uma variedade de cursos em
múltiplas áreas, percebe-se que o intercâmbio não é uma prática exclusiva dos
estudantes do curso de turismo, já que o desejo é conquistar o maior número
possível de turistas para esse segmento, sem uma área específica. Com isso, é
possível confirmar opinião das participantes, em que todas acreditam que a
realização de um intercâmbio está ao alcance de qualquer interessado,
70
independentemente da sua área. Ainda que as participantes 2 e 4 acreditem que os
estudantes do curso de turismo são mais influenciados a realizarem um intercâmbio
do que aqueles que cursam algo distinto, já que o contato com a área é maior.
4.5 BLOCO 5: ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO INTERCÂMBIO
O quinto bloco refere-se aos pontos positivos e negativos do intercâmbio, os
quais foram citados pelas participantes de forma aleatória, começando pelos
aspectos bons. E ao final da entrevista, fez-se a seguinte pergunta: “Como o
intercâmbio estudantil pode promover um destino turístico?”.
De início, foram citados alguns aspectos do intercâmbio, como
reconhecimento da importância da família, independência, responsabilidade,
maturidade, experiências, trocas, possibilidade em conhecer novas culturas e
pessoas, aproveitar o lugar, passar a ter a “cabeça mais aberta” para uma visão de
mundo diferente. No decorrer das citações, a participante 2 comenta que o fato do
intercâmbio “abrir a mente das pessoas” faz com que no momento da viagem os
intercambistas tenham uma maior facilidade em se apegar aos outros que estão na
mesma situação, se entregando às novas amizades rapidamente. Isso se dá pelos
próprios intercambistas permanecerem sem a presença dos seus familiares e
amigos, ainda que seja por um pequeno período. Com isso, a participante 1
considera que o fato do ser humano precisar interagir, estar em um local hostil e em
um local com a língua diferente, faz com que as pessoas se aproximem facilmente,
por isso, ela faz a seguinte afirmação: “Qualquer pessoa vira uma coca-cola no
deserto”, ou seja, para os intercambistas a aproximação com qualquer indivíduo lhes
transmite acolhimento, já que estão distantes de seus conhecidos.
A participante 3 afirma ter aprendido a dar valor, por exemplo, aos gastos que
seus pais tiveram durante o seu intercâmbio. Além de ter percebido o quanto a
presença da sua família é importante, pois ficou 10 meses longe de casa. Com
relação às eventualidades da viagem, ela conta ter presenciado dois tornados e na
última semana do seu intercâmbio, a casa em que estava ficou três dias sem água e
sem luz.
71
Durante a viagem da participante 3, não houve problemas, o que ela ressalta
é que, assim como em toda viagem, o que ocorre são imprevistos. O que realmente
sentiu falta foi do calor humano, pois durante sua viagem de intercâmbio um de seus
familiares faleceu e ainda assim, não ganhou nenhum abraço que pudesse lhe
confortar, no entanto, consegue compreender os hábitos e costumes distintos devido
às diferenciações culturais.
De acordo com a participante 3, certamente o intercâmbio pode desenvolver
um destino, pois como seu irmão viajou para Taiwan (China), um intercambistas
chinês teve que se hospedar na sua casa e ele comentou que na China está virando
moda fazer intercâmbio para o Brasil para estudar português. Por meio da
comunicação viral, as pessoas vão divulgando o destino umas para as outras e com
isso, o local se populariza.
Para a participante 1, no intercâmbio os problemas se tornam menores pela
experiência, então, para atrapalhar o intercâmbio teria que acontecer uma tragédia
muito grave para fazer com que a experiência deixe de ser positiva. Ela diz que um
momento ruim, foi quando perderam o voo de Paris para Londres, com isso,
chegaram bem depois do esperado no destino e como era de madrugada, em pleno
feriado, tudo estava fechado, com uma temperatura de -2º. Por esses motivos não
conseguiam encontrar o hotel onde deveriam se instalar, então, o gerente noturno de
outro hotel ajudou, barateando a tarifa para que pudesse passar a noite. A
entrevistada faz uma análise sobre o que se torna interessante no intercâmbio, então
faz a seguinte afirmativa: “O legal do intercâmbio é te tirar da realidade que você tem
do cotidiano, então, quanto mais fora do cotidiano você estiver, de uma forma segura
e saudável, mais legal fica o intercâmbio, com certeza” (PARTICIPANTE 1).
Com relação aos aspectos negativos do intercâmbio, a participante1 afirma
que, a única coisa ruim são os gastos, pois você acaba gastando o dinheiro que já
não tem. Além disso, o problema é despender uma quantia que seus pais poderiam
gastar de outra maneira. Até porque, no intercâmbio gasta-se dinheiro rapidamente e
quando se retorna da viagem, nota-se que a única coisa que se trouxe de tangível
da viagem foram os souvenires.
A fim de expressar o potencial de um intercâmbio para promover um destino
turístico, a participante 1 cita a monografia apresentada por uma aluna do curso de
72
Turismo da UFF, em que o propósito do trabalho era investigar e demonstrar o
quanto as pessoas viajam para a Irlanda para realizar o intercâmbio.
A participante 2 relata o acidente que sua amiga sofreu no intercâmbio,
quando estava brincando em um touro mecânico, então, por ter quebrado o pé teve
que antecipar seu retorno e nem por isso, sua viagem se tornou ruim. Além da
participante ter presenciado um alerta de tsunami, em que teve que ir para a área
mais alta do local em que estava. Apesar desses episódios, ela afirma: “Os
problemas acabam tornando a viagem especial, pois se não houver aventuras, não
haverá o que contar.”
No que diz respeito aos pontos negativos, a participante 2 diz que não há
nada que tenha sido ruim. Embora tenha ressaltado um único ponto negativo que
ocorre com alguns brasileiros que vão estudar outra língua no exterior e acabam
fazendo amizades apenas com brasileiros e isso prejudica a prática do inglês, por
exemplo.
Para a participante 2, os estudantes escolhem determinados países devido à
facilidade de viajar para o destino, como por exemplo, Austrália e Irlanda, já que não
há tantos impecílios, sendo possível estender o tempo de estadia no país. No
entanto, há países como os Estados Unidos que dificultam a entrada dos
estudantes, através do visto.
Com relação aos seus sentimentos, a participante 4 teve uma grande
valorização da sua família e do seu lugar, já amava a sua cidade (Rio de Janeiro) e
voltou amando ainda mais. Além de passar a enxergar o Brasil com outro olhar,
sentiu saudade do sorriso e do jeito das pessoas do seu país. Os defeitos do Brasil
ficaram ainda mais claros, pois passou a perceber que muita coisa que achava bom
no país, no exterior é bem melhor, além de ter voltado com outra perspectiva.
A decepção que a participante 4 teve foi com relação ao estereótipo que havia
imaginado, que não aconteceu. A sua vontade era ter contato com a cultura local, no
entanto, como estudava em uma sala, em uma cidade totalmente cosmopolita, havia
muitos asiáticos e praticamente não se viam ingleses em Londres, na capital
Britânica.
A participante 4 concorda com tudo que foi dito pelas outras entrevistadas
com relação a promoção do destino turístico por meio do intercâmbio. Além de
73
complementar, afirmando que para idiomas mais comuns, como inglês e espanhol,
há uma grande diversidade de países para se escolher como destino. No entanto,
para línguas mais específicas, o intercâmbio incentiva bastante a promoção do
destino, já que o estudante, caso realmente queira estudar aquele idioma, será
“forçado” a viajar para aquele país, sem ter a possibilidade de escolha.
A partir do que foi abordado pelas entrevistadas, nota-se que há poucos
pontos negativos, já que, de forma geral, todos os acontecimentos que ocorrerem
durante a viagem fazem parte de uma história. Então, como foi mencionado pela
participante 1, para que o intercâmbio seja fracassado deve ocorrer uma tragédia,
caso contrário, não. Além disso, menciona-se em diversos momentos da entrevista o
fato do intercambista retornar de sua viagem com a “cabeça mais aberta” e com
“outra visão de mundo”, ou seja, percebe-se que o intercâmbio faz com que o
estudante adquira um olhar mais crítico com relação ao que já conhecia e o que
passou a conhecer, como também, tornar-se mais “maduro”, a ponto de reconhecer
a importância de seus familiares e dos investimentos realizados por seus pais. Por
isso, a participante 1 cita os gastos que seus pais tiveram como um ponto negativo,
já que esse dinheiro poderia ser investido em outras coisas.
Assim, como foi mencionado anteriormente, a imagem de um destino pode se
promover através do segmento de Turismo de Estudos e Intercâmbio, principalmente
por meio de indicações entre amigos e conhecidos, já que milhares de estudantes
viajam pelo mundo e quando atingem suas expectativas, passam a divulgar para
outras pessoas. Com isso, o destino passa a receber turistas não só com o intuito de
estudar, mas com outros fins e isso faz com que o local se desenvolva, visto que a
economia fica aquecida. Para as participantes, a ideia de promoção do destino por
meio do intercâmbio é possível e atualmente, já faz parte da realidade de diversos
países no mundo, que exploram a vontade de estudar uma língua distinta da sua,
por exemplo, para atrair cada vez mais turistas.
4.6 ANÁLISE ENTRE A PESQUISA QUANTITATIVA E A QUALITATIVA
A partir da aplicação dos questionários e do grupo focal, pode-se fazer uma
análise comparativa entre os resultados obtidos de ambas as pesquisas. Assim, com
74
relação ao perfil do intercambista, nota-se que tanto nos questionários quanto no
grupo focal verifica-se que a maioria dos intercambistas é do sexo feminino. Com
relação à faixa etária, percebe-se que nos questionários a idade predominante varia
entre 22 e 24 anos, já no grupo focal, das quatro participantes, duas possuíam 21
anos, enquanto as outras duas possuíam 22 anos. O estado civil predominante se
confirma tanto na pesquisa quantitativa quanto na qualitativa, já que grande parte
dos intercambistas se apresenta como solteiros.
No que diz respeito à situação profissional dos intercambistas, percebe-se
que a maioria dos respondentes dos questionários e das participantes do grupo de
foco, afirma que apenas estuda. É válido ressaltar que das quatro entrevistadas do
grupo focal, apenas uma possuía emprego fixo, uma vez que duas estavam apenas
fazendo estágio e a outra apenas estudando, pois já havia terminado seu período de
estágio. Com isso, confirma-se a ideia de que quanto menos obrigações familiares e
profissionais o indivíduo tiver, maiores serão as possibilidades de realizar um
intercâmbio, como é o caso da maioria dos intercambistas que são solteiros e
apenas estudam.
Segundo Petrocchi (2004), para que um indivíduo se desloque do seu local
habitual para outro desconhecido por um determinado tempo, é necessário que haja
uma motivação para que isso ocorra. As motivações são diversas: lazer, negócios,
tratamento de saúde, religião etc. Geralmente, a principal motivação é o lazer, visto
que as condições que motivam o deslocamento são os atrativos turísticos que só
possuem valor quando são devidamente estruturados como produtos e
adequadamente promovidos e comercializados.
Baseado nas motivações que cada indivíduo possui, é possível perceber que
a principal motivação apresentada pelos respondentes dos questionários para
realizar um intercâmbio foi estudar um idioma. Diferentemente dos resultados
apresentados pelos intercambistas que responderam os questionários, duas
participantes do grupo focal afirmaram que o fator principal para a realização do
intercâmbio foi o destino, enquanto que apenas uma foi motivada para cursar um
idioma e a outra para o concluir o ensino médio, aproveitando para também estudar
inglês. A partir do que foi dito e expressado pelas participantes do grupo focal, pode-
se supor que para as duas que afirmaram que a principal motivação foi o destino,
estudar um idioma acaba sendo utilizado como desculpa para que os pais permitam
75
o intercâmbio, pois caso fosse somente para lazer talvez a viagem não seria
aprovada, especialmente no caso de residir no local, que é uma viagem longa.
Assim, estudar um idioma acaba sendo consequência da viagem.
De acordo com Petrocchi (2004), a numerosa e variada oferta de destinos,
desperta uma forte competição na mente das pessoas com relação a que opção
escolher. Nesse contexto, a imagem é o fator determinante na hora da escolha de
um destino turístico.
A importância da imagem no momento da escolha do destino se confirma
através dos resultados da pesquisa quantitativa, visto que a maioria dos
intercambistas brasileiros e estrangeiros afirmou que a paisagem e a cultura do lugar
foram os fatores que mais influenciaram na escolha do destino da viagem. Já na
pesquisa qualitativa, duas entrevistadas escolheram o lugar por influência de
amigos, enquanto que uma teve o custo da viagem como principal fator e apenas
uma escolheu o local por conta da paisagem e da cultura.
No que diz respeito ao continente onde foi realizado o intercâmbio, grande
parte dos intercambistas brasileiros viajou para o continente europeu e em segundo
lugar, para o americano. Das quatro entrevistadas do grupo focal, duas foram para o
europeu e duas para o americano, ficando dividido entre os dois continentes mais
escolhidos pelos respondentes dos questionários.
Assim como o local da viagem influencia nos gastos, a duração do
intercâmbio também é relevante no que diz respeito aos custos. Talvez por isso
grande parte dos intercambistas escolha entre o continente europeu e o americano,
pois como a demanda tende a ser grande, a oferta passa a ser variada, aumentando
as possibilidades de escolha bem como, a concorrência e consequentemente,
diminuindo o preço dos serviços e produtos. Com isso, percebe-se que, no geral, os
intercambistas brasileiros permanecem de 1 a 3 meses no destino do intercâmbio,
visto que a maioria das entrevistadas do grupo focal permaneceu por esse período,
com exceção de uma, a qual sua viagem teve duração de 10 meses. No entanto, a
metade dos intercambistas estrangeiros permanece por mais tempo no destino,
ficando de 8 a 12 meses.
Com relação ao custeamento do intercâmbio, predominantemente a maioria
dos intercambistas afirmou que o financiamento da viagem foi pessoal, por meio de
76
economia própria ou familiar. É válido ressaltar que todas as participantes do grupo
focal tiveram seus respectivos intercâmbios financiados por seus pais. Ainda sobre
os custos do intercâmbio, tem-se que a maioria dos intercambistas brasileiros que
respondeu o questionário afirmou ter gasto de R$ 6.000,00 a R$ 10.000,00,
enquanto grande parte dos estudantes estrangeiros gastou menos de R$ 1.000,00.
Embora não se saiba o valor gasto pelas participantes do grupo focal, nota-se que a
viagem compensou todos os custos que tiveram ao longo do intercâmbio.
Dos respondentes dos questionários, mais da metade atribuiu 10 para o grau
de relevância do intercâmbio para a vida de cada um. No entanto, não se sabe o
grau importância que cada participante do grupo focal considera que a viagem tenha
para suas respectivas vidas. Por meio do que foi dito, pode-se notar o quanto o
intercâmbio representa para cada uma, já que consideram que a viagem faz com
que o indivíduo amadureça tanto como pessoa como profissional.
A maioria dos intercambistas brasileiros e estrangeiros que respondeu aos
questionários deu nota 8 para a escola ou universidade onde cada um estudou.
Embora as entrevistadas do grupo focal não tenham dado uma nota específica para
a instituição onde estudaram, declararam que um dos pontos positivos de se
estudar, principalmente um idioma, fora do seu país de origem é que o estudante é
obrigado a falar a todo instante na língua nativa dos moradores do local para se
comunicar, “forçando” de certa forma a aprendizagem.
Como não foi discutido durante o grupo focal o meio que os intercambistas
utilizaram para divulgar o destino visitado, não há resultados a respeito. No entanto,
através dos questionários aplicados, nota-se que a metade dos estudantes
brasileiros utilizou as redes sociais para divulgar o local, enquanto que a metade dos
estrangeiros foi por meio de conversas com amigos, parentes, entre outros. Além
dessa questão, também não foi abordado no grupo de foco o meio de hospedagem
que foi utilizado pelas participantes, como exceção de uma entrevistada que
declarou ter ficado em uma Host Family. Já por meio dos questionários foi possível
perceber que a maioria dos estudantes brasileiros se hospedou em casa, no entanto,
mais da metade dos estrangeiros se acomodaram em apartamento.
Nota-se que, a partir dos resultados obtidos através das pesquisas
quantitativas e qualitativas pôde-se perceber com maior clareza o perfil e as
77
características dos intercambistas brasileiros e estrangeiros. Além disso, foi possível
captar informações do planejamento até a concretização do intercâmbio.
78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Turismo de Estudos e Intercâmbio é um dos atuais segmentos da atividade
turística que propicia o deslocamento de milhares de estudantes a fim de realizarem
uma atividade ou um programa de aprendizagem. Com os deslocamentos advindos
dos intercâmbios aumenta-se cada vez mais a relação entre o turismo internacional
e o turismo de estudos. A partir da prática do intercâmbio a economia do local se
mantem aquecida, uma vez que os intercambistas consomem variados serviços e
produtos. Além disso, a captação de turistas aumenta, já que os próprios estudantes
divulgam o local visitado, contribuindo para o desenvolvimento do destino turístico.
Por meio dos estudos realizados foi possível detectar o quanto a experiência
do intercâmbio é relevante na vida de cada intercambista. No grupo focal, foi
possível perceber isso claramente, por meio de olhares, sorrisos e declarações, tais
como: “Valeu a pena cada centavo gasto!” e “Não há dinheiro que pague!”. Nos
questionários isso foi expresso na questão: “Indique de 0 a 10 o grau de relevância
do intercâmbio para sua vida”, na qual mais da metade dos respondentes atribuiu
nota 10.
Baseado na questão problema da pesquisa: “Quais os fatores que
influenciam os intercambistas a escolherem um destino?”. Foi possível perceber
através dos resultados da etapa quantitativa que mais da metade dos respondentes
(nacionais e internacionais) dos questionários apontou a paisagem e a cultura do
lugar como os fatores que mais influenciaram no momento da escolha do destino.
Com isso, comprova-se a importância da imagem da localidade turística para a
captação de turistas. No entanto, das quatro participantes do grupo focal, apenas
uma afirmou abertamente que a paisagem e a cultura foram os fatores de maior
influência, enquanto duas apontaram a influência de amigos como principal fator e
outra, o custo da viagem.
Outro ponto a ser ressaltado e que também faz parte do objetivo da pesquisa
é o fator que motivou os estudantes a realizarem um intercâmbio. A partir dos
resultados obtidos por meio dos questionários, tem-se que tanto para os estudantes
brasileiros quanto para os estrangeiros a principal motivação é estudar um idioma.
No entanto, das quatro entrevistadas no grupo focal, duas afirmaram que o fator
79
principal para a realização do intercâmbio foi o destino, uma foi motivada pelo
idioma, enquanto outra, pela finalização do ensino médio, aproveitando também,
para estudar inglês.
Como um dos pontos do objetivo do trabalho é destacar as características do
objeto de estudo, nota-se através das pesquisas realizadas que, no geral, o perfil do
intercambista é: do sexo feminino; solteiro; com idade entre 22 e 24 anos; apenas
estudam.
No que diz respeito à contribuição dos intercâmbios estudantis para o
desenvolvimento de um destino, é válido ressaltar que através dos resultados da
pesquisa quantitativa foi possível perceber que metade dos intercambistas
brasileiros divulgou o destino visitado por meio de redes sociais, enquanto que
metade dos estudantes estrangeiros divulgou conversando com amigos, parentes,
entre outros. Com a divulgação feita pelos intercambistas, através das redes sociais
ou do boca a boca, o destino tende a captar mais turistas e consequentemente,
acaba se desenvolvendo cada vez mais. Assim, nota-se que há uma relação visível
entre o intercâmbio e a promoção de um destino turístico.
Também é válido enfatizar que o fato dos intercambistas permanecerem em
determinado destino e consumirem variados produtos e serviços faz com que a
economia do local fique aquecida. Um dos serviços utilizados por esses estudantes
é o hoteleiro, já que todos devem se acomodar em algum meio de hospedagem.
Assim, os dois questionários aplicados, um para brasileiros e outro para
estrangeiros, apontam que a maioria dos estudantes brasileiros se hospedou em
casa, no entanto, mais da metade dos intercambistas estrangeiros se acomodou em
apartamento. A partir disso, percebe-se o quanto o segmento de Turismo de Estudos
e Intercâmbio pode contribuir, principalmente, na economia de um destino turístico.
A pesquisa apresentou como limitação a ausência de informações
satisfatórias com relação aos intercambistas brasileiros e estrangeiros que
realizaram intercâmbio ao longo dos processos de mobilidade no curso de Turismo
da UFF, realizados por intermédio da própria universidade.
Para pesquisas futuras, seria interessante que as averiguações sobre os
intercâmbios estudantis fossem ampliadas, analisando não só com estudantes do
curso de Turismo da UFF e sim, intercambistas no geral. Assim, seria possível
81
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85
APÊNDICE A
Perfil das estudantes entrevistadas no Grupo Focal
Perfil das entrevistadas do Grupo Focal
Participante 1 Sexo: Feminino Idade: 22 anos Estado civil: Solteira Curso/Período: Bacharel em Turismo – UFF / 7º Período Destino do intercâmbio: Londres - Inglaterra Duração do intercâmbio: 1 mês
Participante 2 Sexo: Feminino Idade: 22 anos Estado civil: Solteira Curso/Período: Bacharel em Turismo – UFF / 8º Período Destino do intercâmbio: Havaí – Estados Unidos Duração do intercâmbio: 3 meses
Participante 3 Sexo: Feminino Idade: 21 anos Estado civil: Solteira Curso/Período: Bacharel em Turismo – UFF / 7º Período Destino do intercâmbio: Michigan - Estados Unidos Duração do intercâmbio: 10 meses
Participante 4 Sexo: Feminino Idade: 21 anos Estado civil: Solteira Curso/Período: Bacharel em Turismo – UFF / 7º Período Destino do intercâmbio: Londres - Inglaterra Duração do intercâmbio: 1 mês
Fonte: Elaboração própria.
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APÊNDICE B
Grupo Focal – Termo de Autorização
Título: Turismo e Relações Internacionais: a contribuição dos intercâmbios
estudantis
Pesquisadora: Juliana Alves Vasconcellos
Orientador: Ari da Silva Fonseca Filho
Nome: _________________________________________________________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Idade: _________________________________________________________
Estado Civil: _____________________________________________________
Autorização do uso das informações coletadas
Eu,___________________________________________________ autorizo o uso
das informações coletadas no grupo focal para fins acadêmicos.
_________________________________________________
Participante do grupo focal
_________________________________________________
Pesquisadora
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APÊNDICE C
Grupo Focal – Formulário de Perguntas
Título: Turismo e Relações Internacionais: a contribuição dos intercâmbios
estudantis
Pesquisadora: Juliana Alves Vasconcellos
Orientador: Ari da Silva Fonseca Filho
Bloco 1 – Motivação
Motivo pelo qual decidiu fazer um intercâmbio?
Bloco 2 – Planejamento
Quais fatores influenciaram na escolha do destino do intercâmbio?
Bloco 3 – Financeiro
O valor gasto foi esperado? E foi compensatório?
Bloco 4 – Relevância do intercâmbio
Qual a relevância do intercâmbio?
Bloco 5 – Aspectos positivos e negativos do intercâmbio
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APÊNDICE D
Turismo e Relações Internacionais: a contribuição dos intercâmbios estudantis
Questão 1 - Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino Questão 2 - Faixa etária ( ) De 16 a 18 anos ( ) De 19 a 21 anos ( ) De 22 a 24 anos ( ) De 25 a 27 anos ( ) Acima de 27 anos Questão 3 - Estado civil ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo Questão 4 - Situação profissional ( ) Estuda ( ) Trabalha ( ) Trabalha e Estuda ( ) Outra ________________ Questão 5 – Renda Familiar Mensal ( ) De R$ 0,00 a R$ 1.085,00 ( ) De R$ 1.085,00 a R$ 1.734,00 ( ) De R$ 1.734,00 a R$ 7.475,00 ( ) De R$ 7.475,00 a R$ 9.745,00 ( ) Acima de R$ 9.745,00 Questão 6 – Quais foram os elementos que motivaram a fazer o intercâmbio? *Pouco importante *Importante *Muito Importante
( ) Estudar um idioma ( ) Estudar o ensino básico ou médio ( ) Estudar graduação ( ) Estudar pós-graduação ( ) Trabalhar ( ) Visitar o destino escolhido
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Questão 7 – Quais fatores influenciaram na escolha do destino? *Não Influenciou *Influenciou pouco *Influenciou muito ( ) Filmes, TV, rádio, jornais, revistas e internet ( ) Amigos e familiares ( ) Professores ( ) Curso de idioma ( ) Agentes de viagem ( ) Custo da viagem ( ) A paisagem e a cultura do lugar ( ) Qualidade da escola ou universidade Questão 8 – Qual foi o continente onde realizou o intercâmbio? ( ) África ( ) América ( ) Ásia ( ) Europa ( ) Oceania Questão 9 – Quanto tempo durou seu intercâmbio? ( ) De 1 a 3 semanas ( ) De 1 a 3 meses ( ) De 4 a 7 meses ( ) De 8 a 12 meses ( ) Acima de 1 ano Questão 10 – Como foi o financiamento do intercâmbio? ( ) Subvencionado pelo governo (bolsas de estudos, CAPES e outros) ( ) Financiamento pessoal (economia familiar ou própria) Questão 11 – Qual foi o gasto médio do intercâmbio? ( ) Menos de R$ 1.000,00 ( ) De R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00 ( ) De R$ 6.000,00 a R$ 10.000,00 ( ) De R$ 11.000,00 a R$ 15.000,00 ( ) De R$ 16.000,00 a R$ 20.000,00 ( ) Acima de R$ 20.000,00
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Questão 12 – Indique de 0 a 10 o grau de relevância do intercâmbio para sua vida: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 Questão 13 – Qual nota (de 0 a 10) você daria para a escola ou universidade onde estudou? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 Questão 14 Durante e após o intercâmbio, qual foi o principal meio em que divulgou o destino visitado? ( ) Conversando com amigos, parentes, entre outros ( ) Redes sociais ( ) Blogs ( ) Não divulgou ( ) Outro: ___________________ Questão 15 – Qual foi o meio de hospedagem utilizado no intercâmbio? ( ) Casa ( ) Apartamento ( ) Hostel ( ) Outro: _________________ Questão 16 – Comentários e sugestões: ____________________________
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APÊNDICE E Turismo y Relaciones Internacionales: la contribución de los intercambios de estudiantes Pregunta 1 - Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino Pregunta 2 - Edad ( ) De 16 a 18 años ( ) De 19 a 21 años ( ) De 22 a 24 años ( ) De 25 a 27 años ( ) Más de 27 años Pregunta 3 - Estado civil ( ) Soltero ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viudo Pregunta 4 - Situación profesional ( ) Estudio ( ) Trabajo ( ) Trabajo y Estudio ( ) Otro ________________ Pregunta 5 -¿Cuáles fueron los factores que motivaron a hacer el intercambio? *No es importante *Indiferente *Muy importante ( ) Estudiar una lengua ( ) Estudiar graduación ( ) Estudiar posgrado ( ) Trabajar ( ) Visitar el destino elegido
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Pregunta 6 - ¿Qué factores influyen en la elección del destino? *No es importante *Indiferente *Muy importante ( ) Películas, TV, radio, periódicos, revistas e internet ( ) Amigos y familia ( ) Profesores ( ) Curso de lengua ( ) Agentes de viaje ( ) Costo de la viaje ( ) El paisaje y la cultura del lugar ( ) Calidad de la escuela o universidad Pregunta 7 - ¿Cuánto tiempo duró el intercambio? ( ) De 1 a 3 semanas ( ) De 1 a 3 meses ( ) De 4 a 7 meses ( ) De 8 a 12 meses ( ) Más de 1 año Pregunta 8 - ¿Cómo fue la financiación del intercambio? ( ) Finanzas Personales (economía familiar o propia) ( ) Subvencionado por el gobierno (becas y otros) Pregunta 9 - ¿Cuál fue el costo medio del intercambio? ( ) Menos de R$ 1.000,00 (Menos U$ 458,63) ( ) De R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00 (De U$ 458,63 a U$ 2.293,16) ( ) De R$ 6.000,00 a R$ 10.000,00 (De U$ 2.751,79 a U$ 4.586,31) ( ) De R$ 11.000,00 R$ 15.000,00 (De U$ 5.044,95 a U$ 6.879,47) ( ) De R$ 16.000,00 R$ 20.000,00 (De U$ 7.338,10 a U$ 9.172,63) ( ) Más de R$ 20.000,00 (Más de U$ 9.172,63) Pregunta 10 – Indique de 0 a 10 el grado de importancia del intercambio para su vida ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10
93
Pregunta 11 - ¿Cuál nota (0-10) daría a la universidad donde estudió? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 Pregunta 12 - Durante y después del intercambio, cuál fue el principal medio en que ha divulgado el destino visitado? ( ) Charlando con amigos, familiares y otras personas ( ) Redes Sociales ( ) Blogs ( ) No divulgado ( ) Otro: ___________________ Pregunta 13 - ¿Qué tipo de alojamiento fue utilizado en el intercambio? ( ) Casa ( ) Apartamento ( ) Hostel ( ) Otro: _________________ Pregunta 14 - Comentarios y sugerencias: _______________________________
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APÊNDICE F Tourism and International Relations: the exchange student’s contribution Question 1- Gender ( ) Female ( ) Male Question 2- Age group ( ) From 16 to 18 years ( ) From 19 to 21 years ( ) From 22 to 24 years ( ) From 25 to 27 years ( ) Above 27 years Question 3- Marital status ( ) Single ( ) Married ( ) Divorced ( ) Widowed Question 4- Professional Situation ( ) Study ( ) Work ( ) Study and work ( ) Other:_______ Question 5- What were the elements that motivated to do an exchange program? * Very Unimportant * Neither Important nor Unimportant * Very Important ( ) Study a language ( ) Study graduate ( ) Study pos graduate ( ) Work ( ) Visit the chosen destination
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Question 6- What factors influenced the choice of destination? * Very Unimportant * Neither Important nor Unimportant * Very Important ( ) Movies, TV, radio, newspapers, magazines and internet ( ) Friends and family ( ) Teachers ( ) Language course ( ) Travel Agents ( ) Cost of travel ( ) The landscape and the culture of the place ( ) Quality school or university Question 7- How long did your exchange? ( ) From 1 to 3 weeks ( ) From 1 to 3 months ( ) From 4 to 7 months ( ) From 8 to 12 months ( ) Above 1 year Question 8- How did you financed it? ( ) Personal finance (family economy or own) ( ) Sponsored by the government (scholarship and others) Question 9 - What was the average cost of the exchange program? ( ) Less R$ 1.000,00 (Less U$ 458,63) ( ) From R$ 1.000,00 to R$ 5.000,00 (From U$ 458,63 to U$ 2.293,16) ( ) From R$ 6.000,00 to R$ 10.000,00 (From U$ 2.751,79 to U$ 4.586,31) ( ) From R$ 11.000,00 to R$ 15,000.00 (From U$ 5.044,95 to U$ 6.879,47) ( ) From R$ 16.000,00 to R$ 20.000,00 (From U$ 7.338,10 to U$ 9.172,63) ( ) Up to R$ 20.000,00 (Up to U$ 9.172,63) Question 10 - Indicate 0-10 the degree of relevance of the exchange program for your life: ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10
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Question 11 - Which note (0-10) would you give to university where you studied? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 Question 12 - During and after the exchange program, which was the main way in which released the visited destination? ( ) Talking to friends, relatives, and others ( ) Social Networks ( ) Blogs ( ) Not disclosed ( ) Other: ___________________ Question 13 - What was the means of accommodation used in the exchange program? ( ) House ( ) Apartment ( ) Hostel ( ) Other: _________________ Question 14 - Comments and suggestions: _______________________________
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APÊNDICE G
Niterói, 16 de outubro de 2013.
Prezado(a),
Gostaria de apresentar-lhe a aluna Juliana Alves Vasconcellos, do Curso de
Turismo da Universidade Federal Fluminense, que está desenvolvendo sob minha
orientação o Trabalho de Conclusão de Curso sobre o tema Turismo e Relações
Internacionais, focando na contribuição dos intercâmbios estudantis para a
promoção de um destino turístico e como parte de sua pesquisa necessita coletar
dados (ou informações) a respeito dos intercambistas estrangeiros que estudaram
na Universidade Federal Fluminense no curso de Turismo. Neste sentido solicito-lhe
permissão para que a referida aluna possa coletar informações.
Sua aquiescência e colaboração muito contribuirão para o êxito do trabalho
acadêmico.
Agradeço-lhe pela disponibilidade e auxílio.
Atenciosamente,
Professor Mestre Ari da Silva Fonseca Filho
Contatos:
21-82844778 (TIM RJ)
11-99209-8113 (TIM SP)
Prof. Assistente dos cursos de Hotelaria e Turismo
Departamento de Turismo
Campus Valonguinho
___________________________________________________
Orientador
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APÊNDICE H
Comentários de intercambistas brasileiros
Respondente 1
“O intercâmbio me mostrou uma realidade totalmente diferente da que estou
acostumada, e conviver com pessoas de todas as partes do mundo, praticar o
idioma (nesse caso o inglês) me deu muita segurança e confiança para lidar com
qualquer desafio que venha a surgir no futuro.”
Respondente 2
“O intercâmbio é fundamental para aprimorar seus estudos em um centro de
estudos diferente do seu, fazendo com que você veja seu campo de estudo de outra
forma que está acostumado. Além disso, é muito importante para seu crescimento
pessoal, pois você vive sem seus familiares e precisa criar suas próprias
responsabilidades.”
Respondente 3
“Muito além de ser um acréscimo no currículo, o intercâmbio ajuda no crescimento
pessoal do indivíduo. O lugar desconhecido faz com que a pessoa saia da sua zona
de conforto fazendo com que ela enfrente novos desafios. Em resumo, uma lição de
vida.”
Respondente 4
“Acho que a faculdade e o governo deveriam incentivar e oferecer bolsas ou auxílio
para os estudantes de Turismo porque poucas são oferecidas. É uma experiência
única na vida e maravilhosa e para o meio de Turismo é superimportante.”
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APÊNDICE I
Comentários de intercambistas estrangeiros
Respondente 1
“El personal que labora en el área de Intercambios sea más amable y cordial, me
enfrenté a situaciones graves y no recibí apoyo. Me trató mal la encargada de mi
proceso de intercambio. Fue una experiencia muy desagradable. Las personas
que están trabajando en esta área sean más amables y empáticas.”
Respondente 2
“Intercambio muda a vida da gente, abre a nossa cabeça, nos desafia, se aprende
muito em termos acadêmicos e pessoais, nos tornamos mais tolerantes com a
diferença. Adorei estudar na UFF, me apaixonei pelo Rio e quero voltar!”
Respondente 3
“Gosto muito do programa intercambista estrangeiro do curso de turismo da UFF.”
102
ANEXO C
Segmentos em turismo segundo as bases de segmentação
Fonte: Panosso Netto; Ansarah (2009, p. 26).
103
ANEXO C (CONTINUAÇÃO)
Segmentos em turismo segundo as bases de segmentação
Fonte: Panosso Netto; Ansarah (2009, p. 27).
104
ANEXO C (CONTINUAÇÃO)
Segmentos em turismo segundo as bases de segmentação
Fonte: Panosso Netto; Ansarah (2009, p. 28).
105
ANEXO C (CONTINUAÇÃO)
Segmentos em turismo segundo as bases de segmentação
Fonte: Panosso Netto; Ansarah (2009, p. 29).