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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE ÉRICA DE OLIVEIRA RAINHO UTILIZANDO TRIGGER TOOL PARA RASTREAR EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA NITERÓI 2019

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE … · Diagrama de relação entre erros de medicação, eventos e reações adversas a medicamentos (Adaptado de MORIMOTO et al., 2004)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA

SAÚDE

ÉRICA DE OLIVEIRA RAINHO

UTILIZANDO TRIGGER TOOL PARA RASTREAR EVENTOS ADVERSOS A

MEDICAMENTOS EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA

NITERÓI

2019

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE … · Diagrama de relação entre erros de medicação, eventos e reações adversas a medicamentos (Adaptado de MORIMOTO et al., 2004)

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ÉRICA DE OLIVEIRA RAINHO

UTILIZANDO TRIGGER TOOL PARA RASTREAR EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA

Orientadora:

Profª Drª Sabrina Calil Elias

NITERÓI, RJ

2019

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a

Produtos para Saúde da Faculdade de

Farmácia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial à

obtenção de título de Mestre.

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3

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4

ÉRICA DE OLIVEIRA RAINHO

UTILIZANDO TRIGGER TOOL PARA RASTREAR EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

EM UMA CLÍNICA PEDIÁTRICA

Aprovada em _____/______/______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________

Profª Drª Sabrina Calil Elias - UFF

Orientadora

____________________________________________________________________

Profª Drª FabíoLa Giordani Cano - UFF

_____________________________________________________________________

Drª Maely Peçanha Fávero Retto - INCA

NITERÓI, RJ

2019

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Produtos para Saúde da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre.

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Dedico esse trabalho à minha querida filha Manu.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Universidade Federal Fluminense e a

Faculdade de Farmácia, minha segunda casa desde a graduação. Aos pacientes e

funcionários do Hospital Universitário Antônio Pedro. À Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo incentivo financeiro.

Agradeço também as professoras Carla Valéria Guilarducci Ferraz e a Sabrina Calil

Elias pela disponibilidade.

Agradeço também pela contribuição de Géssica Cazagrande e Verônica Paim. À

Layla Saba Darze pela sua enorme disponibilidade e generosidade de contribuir nessa

jornada.

À minha família pelo suporte. Em especial, meus pais, marido e filha pela

compreensão da minha ausência.

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"Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Mas nem todas as respostas cabem num adulto."

Arnaldo Antunes

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RESUMO

Introdução: Os eventos adversos a medicamentos (EAM) podem prolongar o tempo de internação ou contribuir para o óbito do paciente. Medir EAM tem como objetivo melhorar a segurança do paciente e promover melhorias da terapia medicamentosa. Objetivos: Rastrear a ocorrência de eventos adversos a medicamentos utilizando a metodologia trigger tool em uma clínica pediátrica de um hospital público universitário. Metodologia: Foram revisados por uma farmacêutica 89 prontuários da enfermaria pediátrica do ano de 2016 do Hospital Universitário Antônio Pedro através da metodologia trigger tool. Utilizou-se os rastreadores recomendados pelo Child and Health Corporation of America para detecção dos EAM. Todos os prontuários considerados suspeitos de eventos adversos a medicamentos foram revisados pela segunda revisora (médica). Os eventos identificados foram categorizados de acordo com a categoria de dano do índex NCCMERP. Resultados: Foram avaliadas 89 internações de 88 pacientes refletindo um total de 676 dias de internação avaliados. A média de permanência desses pacientes foi de 7,7 dias . A média de idade foi de 6,7 anos. Das internações analisadas 41 (46,1%) prontuários apresentaram rastreadores. Foram observados a ocorrência de 58 rastreadores. Onze EAM foram identificados, representando 12,4 EAM a cada 100 admissões. Destes, 9 foram identificados por pelo menos 1 rastreador e 2 por outras circunstâncias observadas durante a revisão secundária. Os 2 EAM encontrados não relacionados aos rastreadores utilizados corroboram com a necessidade de revisões multidisciplinares dos prontuários e que outros rastreadores sejam incluídos a metodologia como broncoespasmo e estridor. A classe de medicamentos mais relacionada a EAM foram os anestésicos gerais com prevalência de 58,3%. Seis EAM foram categorizados na categoria de dano E (dano temporário ao paciente e uma intervenção foi necessária)e 5 na categoria F (dano temporário ao paciente que proporcionou uma internação ou prolongamento da internação). Conclusão: Através da metodologia trigger tool foi possível detectar EAM em uma clínica pediátrica. Os resultados demonstram que existe a necessidade de se incluir mais rastreadores a ferramenta e da grande importância de que as revisões de prontuários sejam realizadas de maneira multidisciplinar. Palavras-chave: Efeitos Colaterais e Reações Adversas Relacionados a Medicamentos, Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde, segurança do paciente, pediatria.

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ABSTRACT

Introduction: Adverse drug events may prolong length of stay or contribute to patient death. Measuring drug adverse events aims to improve patient safety within health institutions and promote improvements in drug therapy. Goals: The study focused on tracking the occurrence of adverse drug events using the trigger tool methodology in a pediatric clinic of a public university hospital. Methodology: The primary review was carried out by a pharmacist of 89 charts of a pediatric clinic from the year 2016 using the trigger tool methodology. All records considered suspected of adverse drug events were reviewed by the second (pediatric phisician) reviewer. All the events identified were categorized according to the NCCMERP index. Results and discussion: Eighty-nine hospitalizations were evaluated from 88 patients, reflecting a total of 676 hospitalization days. The mean length of stay of these patients was 7.6 days with a median of 6. The mean age was 6.7 years with a median of 3.3. A total of 58 trackers were counted. A total of 11 ADE were identified, representing a rate of 12.4 ADE per 100 admissions. Of the 11 ADE found, 9 were identified by at least 1 tracer and 2 by other circumstances observed during the secondary review. These 2 ADE found unrelated to the trackers used corroborate the need for multidisciplinary reviews of medical records and that other trackers include the methodology such as bronchospasm and stridor. The class of medications most related to an ADE were general anesthetics with a prevalence of 58,3%. This fact demonstrates that pediatric surgical patients that will be exposed to this class of medications are at great risk of an ADE. Six events were classified in the category of harm E (an error occurred that may be have contributed to or resulted in temporary harm to the patient and an intervention was needed) and 5 in the category F ( an error occurred that may have contributed to or resulted in temporary harm to the patient and required inicial or prolonged hospitalization). Conclusion: Through the trigger tool methodology it was possible to detect ADE in a pediatric clinic. The results demonstrate that there is a need to include more triggers in the tool and the great importance of having the medical records reviewed in a multidisciplinary way. Key words: Drug-Related Side Effects and Adverse Reactions, Quality Indicators, pediatrics, patient safety.

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LISTA FIGURAS, QUADROS E TABELAS

Figura 1. Diagrama de relação entre erros de medicação, eventos e reações adversas a

medicamentos (Adaptado de MORIMOTO et al., 2004) p. 21

Quadro 1. Conceitos-chave da Classificação Internacional de Segurança do Paciente

da Organização Mundial da Saúde ( PROQUALIS, 2011) p.18

Quadro 2. Índex de categorização de erros de medicação do NCCMERP p.25

Quadro 3. Rastreadores preconizados pelo CHCA e suas justificativas de uso (CHCA,

2007) p.26-27

Tabela 1. Artigos que utilizaram a metodologia trigger tool para medir EAM em

pacientes de internação pediátrica. p.28

Tabela 2. Rastreadores aplicados durante a revisão dos prontuários. p.37

Tabela 3.Faixas etárias de puericultura dos prontuários selecionados dos pacientes do

estudo. p. 41

Tabela 4. Ordem decrescente da classe dos medicamentos administrados e o seu ATC

correspondente, a sua frequência e taxa de utilização segundo as informações das

prescrições das avaliadas. p. 42-43

Tabela 5. Frequência, número de rastreadores que identificaram eventos adversos a

medicamentos, valor preditivo positivo (VPP) com o intervalo de confiança de 95 %

dos rastreadores encontrados nos prontuários avaliados de uma enfermaria

pediátrica. p.44

Tabela 6. Breve relato dos EAM identificados, relacionando o motivo de internação do

paciente e os rastreadores encontrados nos prontuários. p.46-47

Tabela 7. Classe de medicamentos com o ATC correspondente, grau de severidade de

acordo com o índex NCC MERP e os rastreadores dos eventos adversos identificados

durante a realização do estudo. p.48

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS

ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

ATC - CÓDIGO ANATÔMICO TERAPÊUTICO

CEP - COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA

CHAI - CHILD HEALTH ACCONTABILITY INITIATIVE

CHCA- CHILD AND HEALTH CORPORATION OF AMERICA

CID - CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇA

EA - EVENTOS ADVERSOS

EAM - EVENTO ADVERSO A MEDICAMENTO

EFP - ENFERMARIA PEDIÁTRICA

EUA - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

FCM - FORMULÁRIO DE COLETA DOS MEDICAMENTOS

FDA - FOOD AND DRUG ADMINISTRATION

FREAM - FORMULÁRIO DE REVISÃO DE EAM

HUAP - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO

ICPS - INTERNATIONAL CLASSIFICATION FOR PATIENT SAFETY

IHI- INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT

IN - INSTRUÇÃO NORMATIVA

IOM - INSTITUTO DE MEDICINA

MS - MINISTÉRIO DA SAÚDE

NCCMERP - NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR MEDICATION ERROR

REPORTING AND PREVENTION

NSP - NÚCLEOS DE SEGURANÇA DO PACIENTE

OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

PNSP - PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE

PROQUALIS - CENTRO COLABORADOR PARA A QUALIDADE DO CUIDADO E A

SEGURANÇA DO PACIENTE

PTT - TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL

RAM - REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO

RDC - RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA

SNV - SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

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TADE - EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS IDENTIFICADOS PELO TRIGGER TOOL

VADE - EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS REPORTADOS VOLUNTARIAMENTE

VPP - VALOR PREDITIVO POSITIVO

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13

SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO 15

2. REFERENCIAL TEÓRICO 17

2.1 QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: A CULTURA DA

SEGURANÇA DO PACIENTE

17

2.2 EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS 19

2.3 UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM PEDIATRIA 22

2.4 A METODOLOGIA TRIGGER TOOL 23

2.5 ESTUDOS DE CONTABILIZAÇÃO DE EAM EM PACIENTES PEDIÁTRICOS INTERNADOS QUE UTILIZAM A TRIGGER TOOL PARA SUA DETECÇÃO 27

3. OBJETIVOS 33

4. METODOLOGIA 34

4.1 TIPO DE ESTUDO 34

4.2 CAMPO DE ESTUDO 34

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 35

4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 35

4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 35

4.6 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS 35

4.6.a) Triagem inicial dos prontuários dos pacientes 35

4.6.b) Análise das prescrições do período 36

4.6.c) Busca ativa dos rastreadores nas informações dos prontuários 36

4.6.d) Revisão dos prontuários e detecção de eventos adversos a medicamentos 38

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 39

4.8 ANÁLISE DOS DADOS 39

5. RESULTADOS 40

6. DISCUSSÃO 47

7. CONCLUSÃO 51

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52

ANEXO I - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DO HUAP 65

Página

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14

APÊNDICE I - FORMULÁRIO DE COLETA DE MEDICAMENTOS 68

APÊNDICE II - Roteiro de preenchimento do formulário de coleta dos

medicamentos

69

APÊNDICE III - FORMULÁRIO DE REVISÃO DE EAM 70

APÊNDICE IV - Roteiro para a extração dos Rastreadores 71

APÊNDICE V- Fluxograma do resumo da metodologia empregada no estudo.

72

APÊNDICE VI- Exemplo de coleta de frequência de medicamentos prescritos e administrados

73

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1. INTRODUÇÃO

Estima-se que 1 a cada 7 pacientes internados experimentam complicações por

eventos adversos a medicamentos (EAM) e que esses episódios podem prolongar o tempo

de internação ou contribuir para o óbito (DAVIES et al., 2009). Portanto os EAM apresentam

por si um enorme risco aos pacientes hospitalizados, demonstrando a importância de

identificá-los e preveni-los.

Os eventos adversos a medicamentos são um problema global no processo de

assistência em saúde. Com isso, políticas recentes sobre o uso seguro de medicamentos,

orientando a implantação de indicadores de monitoramento de erro de medicação com

estratégias de ferramentas de prevenção de EAM estão sendo estimuladas pela Organização

Mundial da Saúde (OMS), através do terceiro desafio global com o tema "Medicação segura"

que visa reduzir nos próximos 5 anos 50 % dos erros de medicação no mundo(OMS, 2017).

Historicamente um dos maiores problemas para se medir eventos adversos é a

subnotificação (ROMERO; MALONE, 2005; RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003). Logo, estimular

as notificações dos profissionais da saúde sobre eventos adversos, pode produzir aumento

das notificações, mas ainda são medidas insuficientes para o cálculo de estimativas válidas.

Sugere-se que o fato possa ser atribuído, especialmente, à falta de treinamento dos

profissionais de saúde onde centralizam principalmente essa atribuição a enfermagem e o

medo de repercussões punitivas (SIMAN; CUNHA; BRITO, 2017; GÜNER; EKMEKCI, 2019).

Dessa maneira, faz-se necessário outras formas de obtenção dessas informações que não

dependam de relatos espontâneos.

Como método de monitoramento de eventos adversos destaca-se o uso de bancos

de dados administrativos, que contém volume considerável de dados armazenados, cobrem

grandes populações e são de fácil acesso e de baixo custo, por já estarem instalados nas

instituições (ZHAN; MILLER, 2003). A identificação de EAM por meio desses bancos utiliza a

lista de códigos da Classificação Internacional de Doença (CID), a CID-9 (HOUGLAND et al.,

2006) ou a CID-10 (ROZENFELD, 2007). Embora essas informações sejam de fácil acesso

limitam-se seu uso, por serem incompletas, do ponto de vista clínico, pois foram criadas

para controles administrativos (BITTENCOURT; CAMACHO; LEAL, 2006).

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Outra forma de obtenção de dados sobre EAM é através da busca ativa da

informação nos prontuários dos pacientes internados, realizando a revisão retrospectiva ou

acompanhamento prospectivo da história clínica do paciente (OTERO; DOMINGUEZ, 2000).

Mas é uma abordagem dispendiosa de tempo e de recursos humanos, o que dificulta sua

execução (OTERO; DOMINGUEZ, 2000).

A fim de buscar-se uma alternativa para tornar a revisão de prontuários mais factível,

na atualidade, utiliza-se uma varredura prévia da história clínica, com seleção daqueles com

sinais suspeitos de ocorrência de EAM (IHI, 2004). A metodologia em questão foi desenhada

pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI) que desenvolveu uma técnica para criar um

sistema de medicação mais seguro e custo-efetivo, através do Trigger Tool for Measuring

Adverse Drug Events e forneceu a base para desenvolvimento posterior de outras

ferramentas que utilizam rastreadores para a busca de EAM (IHI, 2004).

Estudos que utilizam a metodologia trigger tool conseguiram contabilizar de 2 a 10

vezes mais EAM em pacientes pediátricos de internados (TAKATA et al., 2008a e KINKERDALL

et al., 2012) do que estudos que realizaram simples revisão de prontuários (KAUSHAL et al.,

2001 e HOLDSWORTH et al., 2003). Trazendo a tona a real dimensão, ou o potencial

problema existente frente a segurança dos pacientes pediátricos.

Com isso, detectou-se a ocorrência dos EAM em uma clínica pediátrica através da

metodologia trigger tool.

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17

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE: A CULTURA DA

SEGURANÇA DO PACIENTE

O conceito de segurança do paciente dentro das instituições de cuidado em Saúde

começou a ser desenhado baseado na publicação de 1999 de um relatório do Instituto de

Medicina (IOM) dos Estados Unidos da América (EUA), intitulado To err is human: Building a

safer health a system. Esse relatório estimou a grande mortalidade que os erros médicos

acarretavam. Contabilizou-se que as mortes nos EUA por causa de erros médicos poderiam

alcançar cerca de 98.000 por ano. E, ressaltou-se que a maioria desses erros poderiam ser

atribuídos a falhas nos processos dentro das instituições de saúde (KOHN; CORRIGAN;

DONALDSON, 1999).

O relatório também deixou evidente que esses erros representavam um grande

prejuízo financeiro para as instituições, não somente por conta do prolongamento do tempo

da internação e consequente aumento de custos de permanência desses pacientes, mas

também por conta de indenizações litigiosas. Os gastos anuais nos EUA com eventos

adversos (EA) foram estimados entre 17 e 29 bilhões de dólares por ano (KOHN; CORRIGAN;

DONALDSON, 1999).

Quando esses dados foram apresentados, as tecnologias em saúde (incluindo-se os

medicamentos) que antes eram vistas apenas pela ótica de aumento da longevidade de vida

da população, controle de doenças crônicas e cura de doenças, começaram a ser vistas como

potencialmente perigosas. Notou-se que esse aumento de complexidade das formas de

tratamento das doenças os tornaram mais efetivos, porém com potencial de maior risco

para os usuários (CHANTLER, 1999).

Em resposta, o governo federal americano emitiu um documento sobre a segurança

do paciente com propostas de ações para promover as recomendações do relatório

(QUALITY INTERAGENCY COORDINATION TASK FORCE, 2000).

Em sequência outros países desenvolveram estudos com metodologia semelhante

para verificar os seus índices, e também confirmaram uma alta incidência de EA. Ficou

constatado que em média 10 % dos pacientes internados experimentam pelo menos um EA

e cerca de 50% desses poderiam ter sido evitados (DE VRIES et al.; 2008).

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18

Com isso a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2005, apresentou a primeira

edição da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, com diretrizes para a construção

do programa de cuidado seguro e de qualidade para os usuários de medicamentos:

Programa de Segurança do Paciente (OMS, 2005). E mais adiante a OMS padronizou os

conceitos e definições sobre segurança do paciente na publicação da Classificação

Internacional de Segurança do Paciente (International Classification for Patient Safety – ICPS)

(OMS, 2009).

No Brasil, o Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do

Paciente, Proqualis, criado em 2009, traduziu os conceitos chave do ICPS para a língua

portuguesa conforme descrito no quadro 1 (PROQUALIS, 2011).

Quadro 1. Conceitos-chave da Classificação Internacional de Segurança do Paciente

da Organização Mundial da Saúde

Fonte: Adaptado de PROQUALIS, 2011

No Brasil, também existem outras iniciativas específicas no campo da segurança do

paciente, como por exemplo, a criação da Rede Sentinela. A rede foi criada como estratégia

nos moldes de farmacovigilância iniciada em meados do ano de 2001, com o objetivo de ser

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19

observatório ativo do desempenho e segurança de produtos de saúde regularmente usados.

Em 2014, a Rede passou a ser normatizada por duas legislações: a Resolução da Diretoria

Colegiada (RDC) da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) n° 51 de 2014 (Dispõe

sobre a Rede Sentinela para o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária) e a Instrução

Normativa (IN) da ANVISA n° 8 de 2014 (Dispõe sobre os critérios para adesão, participação

e permanência dos serviços de saúde na Rede Sentinela). A publicação das normas gerou

arcabouço legal para as atividades da Rede, além de critérios básicos de acompanhamento

das instituições credenciadas, para que a relação entre as instituições e o Sistema Nacional

de Vigilância Sanitária (SNVS) seja sempre a mais estreita e proveitosa possível (BRASIL,

2014c).

Outra iniciativa brasileira é o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP),

elaborado no ano de 2013 pelo Ministério da Saúde (MS) através da Portaria Nº 529 que

institui o tema como política de saúde no cenário brasileiro (BRASIL, 2013).

A partir do PNSP as instituições de saúde brasileiras passaram a ter que criar os

Núcleos de Segurança do Paciente (NSP), com isso aumentando a vigilância sobre a

prevenção e registro dos EA (BRASIL, 2013).

Os EA são os erros que podem resultar em dano para o paciente (temporários e/ou

permanentes), podem ser oriundos de procedimentos cirúrgicos, utilização de

medicamentos, procedimentos médicos, tratamento não medicamentoso, demora ou

incorreção no diagnóstico. E os eventos adversos a medicamentos (EAM) são responsáveis

por cerca de 20% do total de casos de EA observados, atrás apenas daqueles associados a

procedimentos cirúrgicos (MARTINS et al., 2011).

2.2 EVENTOS ADVERSOS A MEDICAMENTOS

A segurança dos medicamentos não é um conceito estático (OTERO; DOMÍNGUEZ,

2000). A percepção do que se considera seguro e as exigências de segurança modificaram-se

ao longo do tempo, conforme os avanços dos conhecimentos farmacológicos e, também,

graças a desastres terapêuticos que trouxeram consequências negativas derivadas do

emprego de medicamentos (SEVALHO, 2006).

Um exemplo de grave acidente foi o ocorrido nos Estados Unidos em 1937 levando

105 pessoas a morte ao utilizar o elixir de sulfanilamida Massengil, uma formulação líquida

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20

de sulfanilamida que continha dietilenoglicol (OTERO; DOMÍNGUEZ, 2000). Embora na época

os efeitos tóxicos do solvente fossem bem estabelecidos, eles eram desconhecidos pelo

fabricante. A partir desse acidente, em 1938 a Federal Food, Drug and Cosmetic Act

promulgou a primeira disposição legal de exigência de testes de toxicidade. Antes de 1938,

os testes de toxicidade eram somente requeridos para autorização de medicamentos novos.

Esse grave acidente também modificou a competência da Food and Drug Administration

(FDA), que era responsável em confiscar os alimentos e medicamentos adulterados, e a

partir de então passou a supervisionar a avaliação da segurança de novos medicamentos e

produtos sanitários (OTERO; DOMÍNGUEZ, 2000).

Outro acidente público e notório relacionado ao uso de medicamentos foi o da

tragédia da talidomida, ocorrida na década de 1960. A talidomida era utilizada por mulheres

grávidas para controle de enjoos matinais e, com o passar do tempo, se revelou causadora

de danos ao embrião humano (teratogenia), que até então se acreditava estar protegido

pela barreira placentária (DALLY, 1998). Essa catástrofe, além de promover os ensaios de

teratogenicidade, levou a promulgação de ensaios clínicos que são realizados para avaliar a

segurança e a eficácia de medicamentos novos destinados a serem usados em humanos. E

também levou ao desenvolvimento de uma nova ciência, a farmacovigilância (OTERO;

DOMÍNGUEZ, 2000).

A farmacovigilância é definida como a vigilância pós-comercialização de

medicamentos (SEVALHO, 2006). Os objetivos da farmacovigilância no Brasil são de

identificar reações adversas provocadas pelo uso de medicamentos e também de notificar à

ANVISA as queixas técnicas (desvios de qualidade e inefetividade) apresentadas pelos

medicamentos (CAPUCHO, 2008; NOTIVISA, 2017).

A notificação é um processo voluntário a qual contribui com a geração de novas

informações sobre a segurança dos medicamentos, até então desconhecidas ou pouco

descritas na literatura. Essa contribuição é fundamental para a formação de um banco de

dados de informações técnicas que possam subsidiar, através do acúmulo de informações,

ações regulatórias no mercado brasileiro (NOTIVISA, 2017).

Dos incidentes derivados da assistência em Saúde incluem-se as falhas na segurança

do uso dos medicamentos, que podem ocorrer em qualquer etapa do ciclo de utilização:

aquisição, prescrição, transcrição, dispensação, preparação, administração e adesão do

paciente (MIASSO et al., 2006).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE … · Diagrama de relação entre erros de medicação, eventos e reações adversas a medicamentos (Adaptado de MORIMOTO et al., 2004)

21

O termo evento adverso a medicamento é referente a danos leves ou graves,

evitáveis ou não, causados pelo uso de um medicamento (OMS, 2005). Os EAM devem

considerar tanto a eficácia como a segurança intrínseca do medicamento e podem ser

diferenciados de acordo com o tipo de problema relacionado a medicamento: reações

adversas a medicamentos (RAM) e erros de medicação. O primeiro é referente ao risco

inerente frente à utilização adequada de medicamentos, portanto, inevitáveis. E os erros de

medicação são entendidos como qualquer evento evitável, decorrentes do uso inadequado,

ou não; portanto, possivelmente relacionados com falhas nos procedimentos (ROSA; PERINI,

2003).

A figura 1 mostra a relação entre RAM, EAM e erros de medicação. O EAM e RAM são

caracterizados como eventos decorrentes da utilização de medicamentos que causaram

dano ao paciente, porém RAM são de natureza inevitável e os EAM referem-se tanto aos

evitáveis, como os não evitáveis. Importante notar que nem todos os erros de medicação

causam danos.

Figura 1. Diagrama de relação entre erros de medicação, eventos e reações adversas a medicamentos (Adaptado de MORIMOTO et al., 2004).

2.3 UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM PEDIATRIA

A utilização de medicamentos em pediatria tem sua origem na pesquisa desenvolvida

em adultos, de modo que o seu emprego em crianças resulta em adaptações desses

resultados, o que pode ocasionar falhas na terapêutica ou eventos adversos (PAULA et al.,

2011; KIPPER, 2016;).

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22

De acordo com o Ministério da Saúde os possíveis fatores que levam a indústrias

farmacêuticas a terem pouco interesse na produção de medicamentos para uso pediátrico

são: pequena população de pacientes, limitada e declinante; tratamentos breves; preço

limitado pela quantidade de fármaco utilizada na formulação; custos maiores relacionados

ao desenvolvimento das formulações, incluindo rotulagem, formulações e apresentação;

necessidade de ensaios clínicos específicos; estudos em múltiplas faixas etárias;

recrutamento mais difícil de voluntários para realização dos estudos; baixo preço de venda

do produto acabado; competição de outros produtos de maior valor agregado; além da

superação de barreiras clínicas como desenvolvimento dos órgãos-alvo, metabolismo, peso,

dieta, habilidades cognitivas, entre outros fatores (BRASIL, 2017).

Pela característica de dificuldade de deglutição de sólidos em crianças e falta de

disponibilidade no comércio de doses adequadas, são prescritos soluções ou suspensões

orais, mas nem sempre os serviços de saúde contam com disponibilidade de manipulação a

partir da substância ativa (PEREIRA et al., 2016). Não é incomum a obtenção da dose

necessária a partir de soluções/suspensões orais mais concentradas por diluição, através da

transformação de um injetável compatível com a administração oral ou a partir de trituração

de comprimidos ou mesmo a retirada do pó do invólucro da cápsula (PEREIRA et al., 2016).

Cabe ressaltar que essas alterações da forma farmacêutica, podem induzir a erros de dose,

consequentemente aumentando a probabilidade de falha terapêutica e/ou aparecimento de

eventos adversos, especialmente quando não são realizadas em ambientes seguros e por

profissionais farmacêuticos.

Existe também a problemática de falta de formulações injetáveis em concentrações

apropriadas, uma vez que são produzidas para atender a população adulta. Isso gera a

necessidade de realização de diversas operações e cálculos pela equipe de saúde, diluições

sucessivas, manipulação excessiva e administração de doses muito fracionadas, o que

predispõe a ocorrência de erros de medicação e a contaminação do medicamento. Tal

situação tem levado alguns pesquisadores a denominarem crianças como “órfãs de terapia

parenteral” (PETERLINI; CHAUD; PEDREIRA, 2003; BELELA; PEDREIRA; PETERLINI, 2011).

Tonello e colaboradores (2013) verificaram que, na prática do cuidado hospitalar pediátrico,

equívocos no processo de diluição das doses poderiam ser minimizadas pela disponibilização

de informações farmacêuticas a equipe de saúde. A implantação da unitarização da dose

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tende a reduzir esses problemas e facilitar a administração dos medicamentos (ARAÚJO;

SABATES, 2010).

Não se pode esquecer que os pacientes domiciliares, especialmente os de doenças

crônicas estão expostos a risco maior de erros de medicação (BRASIL, 2017). Tendo em vista

que em muitos casos, a adaptação de formas farmacêuticas precisa ser feita pelo

responsável, muitas das vezes em ambientes inadequados e sem as precauções necessárias,

essa prática de diluições repete-se diariamente e pode estender-se por muitos anos,

aumentando a probabilidade de erros (BRASIL, 2017).

A prescrição de medicamentos em crianças segue os mesmos princípios da que é

estabelecida em adultos, embora existam mais particularidades e muitas vezes menos dados

sistemáticos de comprovação científica (MELLO, 2006). Essas particularidades estão

relacionadas principalmente aos processos farmacocinéticos dos fármacos que ainda não

são totalmente conhecidos nas crianças, podendo acarretar toxicidade (MELLO, 2006).

Um estudo de Rosa e colaboradores (2013) mostrou que até 72,7% da população

pediátrica em um hospital de alta complexidade utilizou pelo menos uma apresentação

farmacêutica não licenciada para crianças.

Com isso há a necessidade de se medir os EAM como forma de preveni-los como

também evitá-los.

2.4 A METODOLOGIA TRIGGER TOOL

A notificação voluntária por parte dos profissionais de saúde é o método mais

tradicional para a detecção de eventos adversos a medicamentos (DIAS, 2013). Porém

calcula-se que apenas cerca de 5 a 10 % são reportados (RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003;

MALONE; ROMERO, 2005).

Em função da necessidade de medir os EAM, a busca ativa dessas informações faz-se

necessária, podendo ser utilizado o método trigger tool para esta detecção. O método

trigger tool utiliza-se de rastreadores (previamente estabelecidos) que sinalizam um possível

EA ocorreu. E com isso aprofunda-se na revisão clínica do paciente, a fim de se determinar a

ocorrência ou não do evento. Para a aplicação do método sugere-se uma amostra de 20

prontuários aleatórios por clínica por mês e que a revisão de cada prontuário deva ser

realizada no máximo em 20 minutos. Com isso torna a revisão retrospectiva de prontuários

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para busca ativa de EA mais custo-efetiva para os profissionais revisores e instituições

(RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003).

A metodologia trigger tool foi inicialmente desenvolvida pelo Institute for Healthcare

Improvement (IHI) para identificar apenas eventos adversos a medicamentos e, em seguida,

extrapolada para detectar qualquer EA (RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003; ROZICH; HARADEN;

RESAR, 2003; RESAR; SIMMONDS; HARADEN, 2006). O IHI, com o manual Global Trigger Tool

for Measuring Adverse Events, orienta como identificar eventos adversos através de

rastreadores de forma geral em pacientes internados, em qualquer etapa de assistência

(GRIFFIN; RESAR, 2009). O manual específico do IHI para detecção de EAM é o Trigger Tool

for Measuring Adverse Drug Events, o qual explica a metodologia trigger tool de detecção de

EAM através de rastreadores específicos para EAM (IHI, 2004).

Os triggers ou rastreadores podem ser resultados laboratoriais (por exemplo,

aumento da creatinina que pode sinalizar um efeito nefrotóxico, que pode ser causada por

uso de vancomicina) ou uso de medicamentos (como antialérgicos ou antídotos, naloxona

por exemplo que é um antagonista opiáceo), que servem como sinalizadores que um EA

possa ter ocorrido com o paciente e que uma revisão mais minuciosa deve ser feita do

prontuário para verifica-se se um EA ocorreu (RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003).

Segundo a metodologia do IHI (2004) a primeira etapa do trigger tool consiste que a

equipe de profissionais de revisão deve selecionar os rastreadores e adaptá-los de acordo

com as realidades de suas instituições. Como alguns rastreadores são medicamentos é

preciso saber se os mesmos estão contemplados na lista de padronização do hospital, por

exemplo, e o perfil dos pacientes que é internado na instituição para que se possa incluir

rastreadores mais específicos àquela população. O próximo passo é revisar uma amostra de

prontuários dos pacientes para validar a seleção dos rastreadores e padronizar o método.

Recomenda-se que a revisão seja feita por uma equipe multiprofissional com pelo menos um

médico, um farmacêutico e um enfermeiro, e que aconteça de forma efetiva, analisando as

áreas possíveis de encontrar rastreadores e associa-lós aos EAM.

Em seguida o IHI (2004) recomenda que ao detectar um EAM, este deverá ser

categorizado de acordo com o dano causado pelo índex do NCCMERP (National Coordinating

Council for Medication Error Reporting and Prevention) (NCCMERP, 2017). Essa ferramenta é

utilizada para classificar erros de medicação, e como os EAM são eventos que provocam

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dano ao paciente, os EAM são classificados dentro das categorias E a I (Quadro 2) do índex

NCCMERP.

Quadro 2. Índex de categorização de erros de medicação do NCCMERP

Fonte: Adaptado de NCCMERP, 2017.

Com os resultados obtidos da amostra de prontuários analisados, realiza-se a análise

estatística, calculando a porcentagem de pacientes internados que apresentou EAM,

número total de pacientes identificados com qualquer EAM, dividido pelo total de

prontuários revisados, multiplicado por 100. E calcular a quantidade de EAM contabilizados a

cada 1000 doses administradas, total de EAM identificados, dividido pelo total de doses de

medicamentos administradas a estes pacientes, multiplicado por 1000. É sugerido fazer o

acompanhamento dessas medidas ao longo do tempo para averiguar se as tomadas de

decisão para melhorias no sistema de medicação estão sendo efetivas ou não (IHI, 2004).

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Posteriormente a Child Health Accontability Initiative (CHAI) da Child Health

Corporation of America (CHCA), reconhecendo que os pacientes de internação pediátrica

diferem dos pacientes adultos em relação à manifestação dos EAM, desenvolveram

rastreadores específicos para a população pediátrica (CHCA, 2007). A partir dos rastreadores

adultos recomendados pelo IHI o CHCA construiu um grupo de trabalho que adaptou e

testou uma ferramenta nova, mensurando mais efetivamente os EAM do que os métodos

tradicionais (TAKATA et al., 2008a). Com essa nova ferramenta passou-se a recomendar 15

rastreadores específicos para detecção de EAM em população pediátrica internada em

hospitais que são extrapolados no Quadro 3 com a sua respectiva justificativa de uso.

Quadro 3. Rastreadores preconizados pelo CHCA e suas justificativas de uso (CHCA,

2007).

Rastreador Justificativa de uso

1. Difenidramina É usada frequentemente para controlar processos alérgicos causados por

medicamentos. Mas também pode ser utilizada como indutor do sono (sedativo) em

pré-operatório ou alergias sazonais. Se este medicamento tiver sido administrado é

necessário realizar a revisão do prontuário para determinar a causa de sua

prescrição.

2. Vitamina K É preciso determinar se esse medicamento foi utilizado como resposta ao tempo

prolongado de coagulação. Ou então verificar se os exames laboratoriais de

coagulação estão alterados, com valores elevados, ou se existem evidências de

sangramento. Procurar nos exames laboratoriais queda no hematócrito ou fezes

sanguinolentas. Checar na evolução evidências de hematomas excessivos ou

sangramento gastrointestinal. Checar também, derrame hemorrágico ou se ocorreu

hemorragia interna.

3. Flumazenil Este fármaco é antagonista de receptor de benzodiazepínicos, sendo utilizado para

casos de reversão do efeito destes, que pode estar associado à sedação prolongada

e hipotensão severa.

4. Antieméticos São usados para o tratamento de náuseas e vômitos provocados por superdosagem

de medicamentos ou de outras origens.

5. Naloxona É um antagonista opiáceo, seu uso indica provável superdosagem dessa classe de

medicamentos.

6. Poliestireno de sódio É utilizado no tratamento de hipercalemia, seu uso pode ser associado à

superdosagem de potássio administrado no paciente.

7. Tempo de

tromboplastina parcial

maior que 100 segundos

O tempo de tromboplastina parcial (PTT) acima de 100 segundos(>100 segundos)

pode indicar superdosagem de anticoagulantes, porém verificar se também ocorreu

algum sangramento junto com esse valor laboratorial anormal e avaliar com

especialistas se realmente condiz com um EAM.

8. Nível de creatinina

elevado

Pode indicar EAM causado por medicamentos que provoquem nefrotoxicidade. Tem

que ser avaliado se o dado laboratorial não está de acordo com os valores de

referências estabelecidos por causa de outros motivos que não sejam EAM.

9. Sedação excessiva,

letargia e quedas

Podem estar associadas à administração de sedativo, analgésico ou relaxante

muscular.

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Rastreador Justificativa de uso

10. Rash cutâneo Rash cutâneo ou erupção cutânea pode estar ligado ao uso de determinados

medicamentos, como por exemplo as penicilinas.

11. A interrupção abrupta

de algum medicamento

Pode indicar que o medicamento suspenso causou algum evento nocivo e por isso

teve que ser interrompido.

12. Hiperglicemia Procurar por evidências de utilização de medicamento que cause hiperglicemia

(glicose maior que 150 mg/dL) ou falhas na administração de medicamentos

hipoglicemiantes.

13.Hipercalemia

Ou aumento sérico de potássio. Deve-se procurar nos valores laboratoriais fora dos

valores de referência que podem identificar administração excessiva de potássio no

paciente ou desequilíbrio eletrolítico causado por algum medicamento.

14. Alerta de emergência

no leito do paciente

Deve-se procurar documentação de alerta, verificar se existe um formulário

especial para este tipo de alerta. Pode-se incluir nesse rastreador: parada cardíaca

e/ou respiratória, pacientes de unidade intensiva que requeiram intubação de

urgência.

15. Laxantes ou

amolecedores de fezes

Procurar pela evidência de utilização de laxantes ou enemas, que podem

caracterizar prisão de ventre devido ao uso de algum medicamento.

2.5 ESTUDOS DE CONTABILIZAÇÃO DE EAM EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS QUE UTILIZAM A TRIGGER TOOL PARA SUA DETECÇÃO

Antes do desenvolvimento da ferramenta trigger tool os estudos mais citados de

detecção de EAM em pacientes pediátricos internados são as publicações de Kaushal e

colaboradores (2001) e Holdsworth e colaboradores (2003).

Kaushal e colaboradores (2001) realizaram uma revisão de prontuários de todos os

pacientes admitidos entre abril e maio de 1999 na busca de evidências ou potenciais EAM.

Os autores observaram 2,3 EAM (26 eventos) em pacientes pediátricos internados a cada

100 admissões, sendo que dos eventos contabilizados, 5 foram considerados evitáveis.

Holdsworth e colaboradores (2003) publicaram um estudo com base na revisão de

prontuários de pacientes pediátricos hospitalizados, realizada por um farmacêutico na busca

de evidências de EAM, demonstrando uma taxa de 6 (76 eventos) EAM a cada 100

admissões, dos quais 61 % foram considerados evitáveis.

Alguns anos após a divulgação da metodologia trigger tool começaram a emergir

estudos de detecção de EAM em unidades de internação pediátricas, como os de Takata e

colaboradores (2008a), Takata e colaboradores (2008 b), Burch (2011) e Kirkendall e

colaboradores (2012). Porém mais de 15 anos após a divulgação da metodologia contabiliza-

se apenas 6 artigos específicos publicados sobre o assunto (Tabela 1). Isso demonstra a

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incipiência de conhecimento nessa área, ficando clara a real necessidade de que mais

autores dediquem-se ao tema.

Tabela 1. Artigos que utilizaram a metodologia trigger tool para medir EAM em

pacientes de internação pediátrica.

O primeiro estudo avaliado foi o de Takata e colaboradores (2008a). Os autores

tiveram como objetivo principal estabelecer pela CHCA rastreadores específicos para

detectar EAM na população pediátrica americana, a partir dos rastreadores estabelecidos

para adultos. Eles determinaram a taxa de EAM em crianças hospitalizadas de 12 hospitais

públicos dos EUA, identificando as características mais frequentes nos EAM. Esse trabalho

serviu de base para o desenvolvimento de uma estratégia coesa de prevenção proativa de

dano relacionado a utilização de medicamentos neste perfil de pacientes dos Estados

Unidos. Esse estudo revisou 960 prontuários, avaliando 6806 dias de internação. Desta

forma este trabalho foi o que avaliou maior número de pacientes e dias de internação,

dentre os seis artigos que utilizaram a metodologia trigger tool na área de pediatria.

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Takata e colaboradores (2008a) estabeleceram 15 rastreadores para serem utilizados

em pacientes pediátricos para detecção de EAM. A aplicação desses rastreadores nos

hospitais participantes da pesquisa identificaram 11,1 EAM a cada 100 admissões. Foram

observados no total, 107 EAM, sendo que 89 foram identificados pela ferramenta de

rastreadores, 4 por notificação espontânea e 18 por revisão dos prontuários. Observou-se

que os 4 EAM de notificação espontânea foram também detectados pela ferramenta de

rastreadores. Dos 107 EAM identificados nesse estudo, 104 foi classificado na categoria E do

NCCMERP índex (definido como dano que contribuiu ou resultou em dano temporário para o

paciente e uma intervenção foi necessária), apenas 3 foram categorizados como F do

NCCMERP índex (definido como dano temporário que contribuiu ou resultou para o

prolongamento da internação). Dos EAM encontrados 22 % foram considerados evitáveis. A

classe de medicamentos mais associada a EAM foram os opióides, representando 52 % dos

EAM. Takata e colaboradores (2008a) identificaram entre 1,8 a 4,8 vezes mais EAM do que

os trabalhos de Kaushal e colaboradores (2001) e Holdsworth e colaboradores(2003).

Em sequência cronológica Takata e colaboradores (2008b) publicaram um artigo

cujos objetivos foram identificar oportunidades de melhoria a partir das características dos

erros de medicação e EAM em hospitais que participam da Iniciativa de Segurança do

Paciente Pediátrico da Califórnia (CaPPSI). Foi um estudo multicentrico de 5 instituições.

Eles utilizaram os seguintes rastreadores: Difenidramina, vitamina K, flumazenil,

antiemético, naloxona, poliestireno de sódio, PTT>100 s, aumento da creatinina, sedação

excessiva, rash, suspensão abrupta da medicação, aumento da glicose >150 mg/dL,

hipercalemia, laxante ou catártico. Um total de 1669 rastreadores foram identificados em

todas as instituições participante com 53,9 % de pacientes apresentando um rastreador.

Foram identificados 11,2 EAM a cada 100 admissões, 22,3 EAM a cada 1000 dias de

internação e 5,4 EAM por 1000 medicações administradas. Em comparação com o trabalho

de Takata e colaboradores (2008a) houve ligeiro aumento na taxa de EAM a cada 100

admissões. Os medicamentos mais comumente associados aos EAM foram os analgésicos e

antipiréticos (37 %), antineoplásicos (24 %), antibióticos (13 %), hormônios sintéticos (9 %) e

anestésicos gerais (6%). Os opióides foram os medicamentos mais associados na categoria

de analgésicos e antipiréticos. Através dos relatórios de notificação de EAM voluntário foram

observada uma taxa de 1,7 a cada 1000 dias de internação e 0,57 para 1000 medicamentos

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administrados. Mostrando que o uso de rastreadores é mais efetivo na identificação dos

EAM.

Somente após 3 anos foi publicado um artigo na área por Burch e colaboradores

(2011), que teve como objetivo descobrir se as crianças em cenário de reabilitação

pediátrica em hospital terciário estavam em alto risco de EAM por conta da polifarmácia. A

revisão foi realizada por apenas uma farmacêutica com experiência em clínica pediátrica

utilizando a ferramenta de rastreadores do CHCA (CHCA, 2007). Foi um estudo de coorte

onde 3 períodos foram definidos, 20 prontuários para cada período foi analisado, resultando

em um total de 60 prontuários. Nessa publicação foram encontrados 76 rastreadores em 59

pacientes analisados. Foram 20 pacientes no primeiro e segundo período e 19 no terceiro

período. Um total de 17 eventos adversos encontrados em 14 pacientes. Medicamentos

mais associados com EAM foram ciprofloxacino (n=3), amoxicilina/clavulanato (n=2) e

desmopressina (n=2). O rastreador mais frequentemente encontrado foi parada abrupta da

medicação e utilização de laxantes ou amolecedores das fezes. Dos EAM contabilizados 16

foram classificados no índex NCCMERP como categoria E e 1 na categoria F (eritema por uso

de ticarcilina/ácido clavulânico e foi transferido para um nível mais elevado de cuidado). Dos

17 EAM contabilizados 5 foram considerados evitáveis. Os resultados de Burch (2011) na

categoria de dano acompanharam os resultados de Takata e colaboradores (2008a) os quais

notificaram que mais do que 97% dos EAM foram categoria E e 2,8% foram classificados na

categoria F.

No ano seguinte, Kirkendall et al.(2012) publicaram artigo que teve como objetivo

avaliar e caracterizar a utilidade da ferramenta global de rastreadores de eventos adversos

para adultos (GTT- Global Trigger Tool) em uma população pediátrica. Foi um estudo

realizado no Cincinnati Children's Hospital Medical Center (EUA). Foi selecionada uma

amostra de 20 prontuários por mês, do ano de 2009 ao acaso e foram triados para

rastreadores do GTT por enfermeiras, totalizando 240 prontuários. Quando os rastreadores

foram detectados procedeu-se uma investigação maior para decidir a ocorrência ou não do

evento adverso. A concordância com um revisor médico foi realizada em sequencia e o nível

de dano foi determinado (segundo NCCMERP).

Os rastreadores selecionados para detectar a ocorrência de EAM por Kirkendall et al.

(2012) foram 13, a saber: cultura positiva para Clostridium difficile, PTT>100 segundos,

INR>6, Glicose <50 mg/dL, Aumento do nível basal de ureia ou creatinina em duas vezes o

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valor basal(?), administração de vitamina K, uso de difenidramina, uso de flumazenil, uso de

naloxona, sedação excessiva ou hipotensão, uso de antiemético, parada abrupta de

medicação e outros ( que são os EAM detectados sem nenhuma relação com os rastreadores

anteriores). Foram detectados 25 EAM a cada 100 pacientes, relação superior do que a

apresentada por Takata et al. (2008a) e Takata et al.(2008b). Kirkendall et al.(2012)

justificam esse fato por terem incluído outros rastreadores, que são mais sensíveis e

detectam melhor os EAM. E outro diferencial é o perfil da população desse estudo, são

pacientes de longa permanência na unidade o que favorece maior número de intervenções.

Kirkendall et al. (2012) apresentaram 76% dos EA categorizados como E, 22 %

categoria F e 2 % categoria H. Mas como Takata et al.(2008a) utilizou outros rastreadores

para detectar apenas EAM e Kirkendall et al. (2012) não apresentaram os resultados de

categorização dos EAM de forma segregada.

No Brasil, existem poucos estudos publicados no assunto. Na revisão foram

encontrados apenas 2 artigos, do mesmo grupo de pesquisa, a saber: Silva et al. 2019a e

Silva et al. 2019b.

Silva et al. (2019a) apresentaram um estudo realizado em um hospital público

universitário de Goiás o qual utilizou a metodologia Delphi para adaptar os rastreadores de

detecção de EAM do IHI (GRIFFIN; RESAR, 2009) para população pediátrica. Dessa maneira

foi proposto pelo painel de especialistas 17 rastreadores: uso de antialérgicos

(dexclorfeniramina, loratadina, prometazina), uso de vitamina K, uso de flumazenil, uso de

antieméticos, uso de naloxona, uso de poliestireno sulfonato de sódio, uso de laxantes ou

amolecedores de fezes (lactulose, bisacodil, manitol, ducosato de sódio, óleo mineral), PTT >

100 segundos ou INR>5, administração de glucagon ou glicose > 10 %, aumento sérico da

creatinina (2 vezes o valor de normalidade), queda da hemoglobina ou hematócrito,

hipocalemia ou hipercalemia, queda ou aumento sérico dos níveis de sódio, aumento da

glicose >150 mg/dL (hiperglicemia), diminuição da glicose < 50 mg/dL(hipoglicemia), sedação

(letargia, quedas ou hipotensão) e parada abrupta da medicação.

Como resultado desse estudo Silva e colaboradores (2019a) obtiveram o valor

preditivo positivo do instrumento de pesquisa de 13,51 % e o rastreador anti-histamínico foi

o que apresentou maior valor preditivo positivo.

O segundo estudo brasileiro é a de Silva e colaboradores (2019b) a qual utilizaram os

rastreadores validados no artigo publicado por Silva e colaboradores (2019a) e os aplicou no

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mesmo hospital de Goiás para mensurar as taxas de EAM em 240 pacientes do ano de 2014.

Com isso detectaram 62 EAM que correspondem a 18,8 % dos pacientes analisados,

resultando em uma taxa de 25,83 de EAM a cada 100 admissões.

Observa-se taxa superior de EAM publicada por Silva et al. (2019b) quando

comparada por outros estudos (Takata et al.,2008a, Takata et al., 2008b e Kinkerdall et al.,

2012). O que pode ter sido devido a limitação do estudo de ter utilizado apenas um revisor

primário (farmacêutico ou estudante de farmácia) para o estudo.

É notório que as publicações mais consistentes foram as apresentadas por Takata et

al.(2008a) e Kirkendall et al.(2012), a primeira por ter sido multicêntrico e com maior

número de pacientes, e a segunda por ter conseguido fazer uma revisão com 2 revisores

primários e 1 secundário. Porém Kirkendall et al.(2012) utilizou os rastreadores para

detecção de EAM de adultos recomendando pelo IHI (GRIFFIN; RESAR, 2009), que

contabilizam o rastreador "outros" à ferramenta, o que aumenta seu poder de detecção mas

a torna pouco específica. Com isso, acredita-se que os resultados obtidos por Takata et al.

(2008a) sejam os referenciais de maior confiabilidade de força comparativa sobre o tema. E

os rastreadores por eles validados foram os escolhidos para serem aplicados no presente

trabalho.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Rastrear a ocorrência de eventos adversos a medicamentos na enfermaria pediátrica

do Hospital Universitário Antônio Pedro utilizando a ferramenta trigger tool durante o ano

de 2016.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Categorizar o grau de dano dos EAM identificados de acordo com o NCC MERP index;

-Medir a taxa de eventos adversos a medicamentos a cada 100 admissões;

-Identificar quais são os medicamentos ou classes de medicamentos mais relacionadas

a eventos adversos a medicamentos;

-Identificar a necessidade de adequação da lista de rastreadores para a unidade

pediátrica avaliada.

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4. METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

Foi realizado um estudo transversal, observacional.

4.2 CAMPO DE ESTUDO

O estudo foi realizado com os prontuários de pacientes internados na enfermaria

pediátrica (EFP), no ano de 2016, no Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP).

O Hospital Universitário Antonio Pedro é o hospital escola da Universidade Federal

Fluminense. Atualmente, o HUAP é a maior e mais complexa unidade de saúde da Grande

Niterói e, portanto, considerado na hierarquia do SUS um hospital de nível terciário e

quaternário (unidade de saúde de alta complexidade de atendimento).

O HUAP está localizado no município de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que

possui 487562 habitantes (IBGE, 2019). Atende a população da Região Metropolitana II que

engloba, além de Niterói, as cidades de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva

Jardim e Tanguá. Sua área de abrangência atinge uma população estimada em mais de 2

milhões de habitantes e, pela proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, atende também

parte da população desse município.

O HUAP conta com 14 unidades assistenciais e a Unidade de Atenção à Saúde da

Criança e Adolescente, a qual oferece os seguintes serviços: Serviço de Pediatria e Medicina

do Adolescente, Serviço de Cirurgia Pediátrica, UTI e UI Pediátrica e Programa de

Atendimento a Vítimas de Violência sexual. E dentro do Serviço de Pediatria e Medicina do

Adolescente encontra-se a enfermaria pediátrica (EFP) que é composta por 17 leitos ativos, a

qual foi a clínica eleita para se executar o presente estudo. Os pacientes pediátricos

internados no HUAP no ano de 2016 foram oriundos de complicações de pacientes

ambulatoriais, cirurgias eletivas de ou então de transferência ou encaminhamento do

Hospital Estadual Alberto Torres. O qual era o hospital público da região com emergência

pediátrica em funcionamento a época.

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35

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A amostra selecionada para o estudo foram todos os pacientes internados na

unidade Enfermaria Pediátrica do ano de 2016.

4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram considerados elegíveis os prontuários dos pacientes que foram internados na

enfermaria pediátrica no ano de 2016, por no mínimo 2 dias de permanência na unidade.

4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos os prontuários de pacientes que permaneceram por mais de 30 dias

consecutivos internados, que o motivo da internação tenha sido suspeita de evento adverso

a medicamento. Também foram excluídos os prontuários que foram considerados com falta

de informações (por exemplo, sem as prescrições ou sem as informações sobre a evolução

médica no período analisado.

4.6 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

4.6.a) Triagem inicial dos prontuários dos pacientes

Procurou-se nos prontuários o formulário de sumário de alta e internação do

paciente dentro do período sob investigação. Nesse sumário foram coletadas as informações

dos pacientes: data de nascimento, idade, motivo de internação e data de internação e de

alta. As informações que estavam de entrada e saída no sistema foram confrontadas com as

informações descritas no prontuário. Caso as informações do sistema fossem distintas das

que estavam no prontuário, as que estavam no prontuário foram consideradas como as

verdadeiras.

Em sequência leu-se o resumo da internação para se ter uma ideia geral da evolução

clínica do paciente, observando algum relato que pudesse sugerir a ocorrência de evento

adverso ou a ocorrência de algum rastreador.

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36

4.6.b) Análise das prescrições do período

Em sequência foram analisadas as prescrições do período de internação. Para

elaboração dessa verificação foram anotados os medicamentos administrados ao paciente

no formulário de coleta dos medicamentos (FCM) no Apêndice I de acordo com o roteiro

descrito no Apêndice II.

4.6.c) Busca ativa dos rastreadores nas informações dos prontuários

Os rastreadores selecionados para o estudo foram os recomendados pela ferramenta

rastreadores do CHCA (CHCA, 2007), adaptado e traduzido de acordo com a realidade da

instituição sob investigação (Tabela 2).

Em um primeiro momento a lista de rastreadores apresentada pelo CHCA foi avaliada

a fim de se verificar se todos os medicamentos rastreadores eram padronizados no hospital,

e todos eram. Foi verificado se todos os exames rastreadores eram de realização rotineira na

unidade e também eram. Os rastreadores “uso de difenidramina” foi adaptado para “uso de

antialérgicos”, e o “uso de laxantes” foi adaptado para “uso de laxantes ou reguladores

intestinais utilizados para quadros diarreicos”.

Considerou-se como rastreador o uso de antialérgicos por que qualquer outro

antialérgico utilizado poderia sinalizar a ocorrência de um EAM não simplesmente o uso do

antialérgico difenidramina.

A adaptação realizada no rastreador “uso laxantes” para “uso de laxantes ou

reguladores intestinais” ocorreu por que, segundo ZHANG e colaboradores (2013), os

quadros diarreicos são reações adversas a medicamentos muito comuns durante o uso de

antibióticos em crianças,os quais são a classe de medicamentos mais prescritos em

pacientes pediátricos.

A coleta de rastreadores procedeu-se, inicialmente, nas prescrições realizadas durante

os dias de internação de cada paciente. Depois fez-se busca de rastreadores nos exames

laboratoriais. Quando observado algum rastreador, buscou-se na evolução médica e de

enfermagem detectar a ocorrência do mesmo. Todos os rastreadores identificados nos

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prontuários foram registrados no formulário de revisão de EAM (FREAM) disponibilizado no

Apêndice III e as instruções de preenchimento estão disponíveis no Apêndice IV.

Tabela 2. Rastreadores aplicados durante a revisão dos prontuários.

Sigla Rastreadores

R1 Uso de Anti-histamínicos *

R2 Uso de Vitamina K

R3 Uso de Flumazenil

R4 Uso de Antiemético

R5 Uso de Naloxona

R6 Uso de Poliestireno de sódio

R7 PTT>100 segundos

R8 Aumento da creatinina

R9 Sedação excessiva

R10 Rash cutâneo

R11 Suspensão abrupta da medicação

R12 Aumento da glicose >150 mg/dL

R13 Hipercalemia

R14 Alerta de urgência no leito do paciente

R15 Uso de laxante ou catártico (enema) ou regulador intestinal

(fibras solúveis ou microrganismos ou sais para reidratação oral) *

Legenda: *rastreadores adaptados. Fonte: CHCA, 2007.

4.6.d) Revisão dos prontuários e detecção de eventos adversos a medicamentos

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A revisão dos prontuários foi realizada por duas profissionais. A primeira revisão dos

prontuários foi realizada por uma farmacêutica especialista em farmácia hospitalar, a qual

foi responsável em triar os prontuários que foram considerados suspeitos para EAM. Para

isso, foram preenchidos os formulários FCM (Apêndice I) e FREAM (Apêndice II), fazendo

considerações sobre a ocorrência do evento, seguindo as etapas de coleta de dados. Durante

a primeira revisão os prontuários com suspeita de EAM foram selecionados para a segunda

revisão.

A segunda revisão foi realizada por uma médica com especialização em pediatria, a

qual além do prontuário suspeito de EAM, tinha disponível os formulários preenchidos pela

primeira revisora e, com seu expertise opinava sobre a ocorrência ou não do evento. A sua

opinião foi registrada no mesmo formulário preenchido pela primeira revisora em caneta de

cor diferente. Observa-se no apêndice V um fluxograma com um resumo da metodologia

empregada para a busca de EAM.

No final das duas revisões a dupla entrou em consenso em relação a ocorrência ou

não do EAM e quanto a sua evitabilidade. Os EAM detectados foram classificados quanto ao

grau de dano provocado ao paciente segundo as categorias do NCCMERP (NCCMERP, 2017)

e qual medicamento estava relacionado ao EAM ou classe de medicamentos que foram

categorizados de acordo com o código anatômico terapêutico (ATC, 2019).

Utilizou-se como definição de EAM a preconizada pela Organização Mundial da Saúde

(2005) como qualquer dano, grave ou leve, causado pelo uso de um medicamento com a

finalidade terapêutica. Essa definição engloba reações adversas a medicamentos e erros de

medicação.

A proposta do estudo foi submetida à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)

do Hospital Universitário do Antônio Pedro e conforme parecer consubstanciado número

2368853 foi aprovado para execução (Anexo I).

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Realizou-se a estatística descritiva dos dados demográficos da população analisada. As

informações coletadas dos prontuários foram correlacionadas quanto a ocorrência dos

rastreadores pesquisados e a caracterização de um evento adverso a medicamento,

utilizando como teste de sensibilidade o valor preditivo positivo (VPP) os quais foram

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aplicados um intervalo de confiança de 95 %. O VPP é definido como o número de vezes que

um rastreador foi identificado independentemente de ter detectado um EAM dividido pelo

número de vezes que o rastreador identificou o EAM. Toda a análise estatística foi realizada

utilizando o Microsoft Excel®.

4.8 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados pelos formulários FCM (Apêndice I) e FREAM (Apêndice II) foram

compilados em uma planilha no Microsoft Excel® onde contabilzou-se o total de prontuários

analisados, o total de EAM identificados e o medicamento relacionado aos EAM com a sua

classificação do código anatômico terapêutico (ATC, 2019) correspondente.

Em um primeiro momento a partir do formulário FCM contabilizou-se dia-a-dia os

medicamentos prescritos para cada paciente. Cada medicamento prescrito e administrado

por via oral, injetável ou retal foi registrado em uma planilha no Microsoft Excel®. Dessa

maneira foi possível contabilizar todos os medicamentos prescritos e administrados por via

oral, injetável ou retal para todos os pacientes participantes do estudo. Um exemplo de

contabilização de como foi realizado o registro dos medicamentos prescritos e

administrados por ser observado no apêndice VI.

A partir da compilação dos resultados obtidos no formulário FREAM contruiu-se uma

tabela registrando as informações no Microsoft Excel® onde possibilitou-se calcular a taxa

de EAM a cada 100 admissões do período analisado e os medicamentos que foram

associadas aos EAM identificados.

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5. RESULTADOS

De acordo com a lista de internações deram entrada 118 pacientes na EFP no ano de

2016. Em seguida avaliou-se os prontuários quanto a sua participação no estudo, conforme

os critérios de inclusão e exclusão.

Dos 118 prontuários, 30 foram excluídos com isso 89 prontuários foram considerados

elegíveis para o estudo.

A maioria dos prontuários excluídos foi devido a um tempo de internação inferior a 48

horas (24). Três pacientes foram excluídos pelo motivo da internação ter sido uma suspeita

de EAM: um foi por intoxicação a antiepilético (ácido valpróico); outro foi por suspeita de

Síndrome Stevens-Johnson durante a utilização de analgésico (dipirona) e antibiótico

(ciprofloxacino); e o último foi abscesso por de um conta de suspeita de reação a vacina na

região glútea. E dois prontuários foram excluídos devido a falta de informações arquivadas.

As 89 internações elegíveis representaram 88 prontuários de pacientes distintos os

quais eram 47 meninos (52,8 %). A média de idade desses pacientes foi de 6,7 anos, com

mediana de 3,6 anos. A distribuição das faixas etárias dos pacientes selecionados pode ser

observado na tabela 3.

Tabela 3. Faixas etárias de puericultura dos prontuários selecionados dos pacientes do

estudo.

Faixa etária Número de

pacientes

Lactente (0-2 anos ) 34

Pré-escolar (2-4 anos) 18

Escolar ( 5-10 anos) 17

Adolescente (11-19 anos) 10

O tempo médio de permanência internado foi de 7,7 dias (Q1: 3 dias e Q3: 9 dias), com

mediana de 6,0 e o total de dias de internação revisados no estudo foi de 676 dias.

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A causa de internação mais prevalente foi devido a cirurgia eletiva, 32 (36 %) casos. Os

outros motivos de internação agrupados foram: tratamento de doenças infecciosas (29,2 %),

investigação de diagnóstico (21,3 %), complicação de doença crônica de base 9 (10,1 %)

casos e constipação intestinal com 3 (3,4 %) casos.

As duas classes de medicamentos mais prescritas e administradas de medicamentos

por via oral ou injetável foram os antimicrobianos e os anti-inflamatórios não esteroides

(Tabela 4).

Tabela 4. Ordem decrescente da classe dos medicamentos administrados e o seu ATC

correspondente, a sua frequência e taxa de utilização segundo as informações das

prescrições das avaliadas.

Classes dos medicamentos e o código anatômico terapêutico

correspondente

Medicamentos prescritos e administrados por via oral, injetável ou retal

Frequência Percentual

(%)

Anti-infecciosos de uso sistêmico (J)

Aciclovir, Amicacina, Amoxicilina associada a Clavulanato, Amoxicilina, Ampicilina associada a Sulbactam, Ampicilina, Azitromicina, Cefalexina, Cefazolina, Cefepime, Ceftriaxona, Cefuroxima, Ciprofloxacino, Claritromicina, Clindamicina, Fluconazol, Gentamicina, Metronidazol, Oxaciclina, Penicilina, Pirimetamina, Rifampicina, Sulfadiazina, Sulfametoxazol associada a Trimetropina, Vancomicina.

77 24.3

Produtos anti-inflamatórios e antirreumáticos não esteroides

(M01A)

Cetoprofeno, Dipirona associada a escopolamina, Dipirona, Ibuprofeno, Paracetamol.

70 22.1

Antieméticos e antináuseas (A04A)

Bromoprida, Ondasentrona. 21 6.6

Medicamentos para desordens gastrointestinais (A03A)

Domperidona, Simeticona. 20 6.3

Vitaminas (A11) Ácido Fólico, Cálcio associado a Vitamina D, Fitometadiona, Multivitamínico em gotas, Sulfato ferroso,.

19 6.0

Corticoides de uso sistêmico (H02)

Hidrocortisona, Metilpredinisona, Prednisolona, Prednisona.

18.0 5.7

Medicamentos para desordens de acidez gástrica (A02)

Omeprazol, Ranitidina. 18 5.7

Laxantes (A06AB) Bisacodil, Lactulona, Manitol, Solução retal de glicerina, Supositório de glicerina,

13.0 4.1

Opioides (N02A) Tramadol 11 3.5

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Classes dos medicamentos e o código anatômico terapêutico

correspondente

Medicamentos prescritos e administrados por via oral, injetável ou retal

Frequência Percentual

(%)

Anti-histamínicos de uso sistêmico (R06)

Dexclorfeniramina, Ebastina, Levocetirizina, Prometazina,

10 3.2

Produtos antiparasitários, inseticidas e repelentes (P)

Albendazol, Ivermectina. 7 2.2

Insulinas e análogos (A10A) Insulina glulisina, Insulina NPH, Insulina Regular,

7 2.2

Diuréticos (C03) Espironolactona, Furosemida 5 1.6

Antidiarreicos (A07) Sais de rehidratação oral 4.0 1.3

Antiepiléticos (N03) Ácido Valpróico, Carbamazepina, Fenobarbital, Vigabatrina,

4 1.3

Inibidores da enzima conversora de angiotensina

(C09AA) Captopril 3 0.9

Imunossupressores (L04A) Azitioprina, Hidroxicloroquina 3 0.9

Antagonistas de receptores de leucotrienos (R03DC)

Montelucaste 3 0.9

Ácidos biliares e derivados (A05AA)

Ácido ursodesoxicólico 2 0.6

Preparações antivertigem (N07CA)

Flunarizina 1 0.3

Medicamentos para incontinência e frequência

urinária (G04BD) Oxibutina 1 0.3

Total 317

Das internações analisadas 41 (46,1%) prontuários apresentaram rastreadores. Foram

observados a ocorrência de 58 rastreadores. Nos prontuários que apresentaram

rastreadores foram observados em média 1,4 rastreadores (DP= 0,7).

A tabela 5 mostra o desempenho de cada um dos rastreadores. Os rastreadores mais

frequentes foram: uso de antieméticos com 26 ocorrências, em seguida do uso de laxantes

ou catárticos com 13 ocorrências e o uso de anti-histamínicos com 8 ocorrências.

Tabela 5. Frequência, número de rastreadores que identificaram eventos adversos a

medicamentos, valor preditivo positivo (VPP) com o intervalo de confiança de 95 % dos

rastreadores encontrados nos prontuários avaliados de uma enfermaria pediátrica

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O rastreador que teve o melhor desempenho foi a suspensão abrupta da medicação

que teve valor preditivo positivo (VPP) de 100 % (IC 95% de 0.84-1.16). Durante a revisão

secundária foram revisados 32 prontuários que foram considerados suspeitos para a

ocorrência de EAM.

Foram identificados no estudo 11 EAM. Considerando todos os EAM identificados

obteve-se uma taxa de 12,4 EAM a cada 100 pacientes, destes 10,1 EAM por 100 pacientes

foram observados através dos rastreadores. Os EAM estão brevemente relatados na tabela

6.

Tabela 6. Breve relato dos EAM identificados, relacionando o motivo de internação do

paciente e os rastreadores encontrados nos prontuários.

Motivo Internação do paciente

Rastreadores apresentados no prontuário

Relato do EAM identificado

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Motivo Internação do paciente

Rastreadores apresentados no prontuário

Relato do EAM identificado

Glomerulonefrite difusa aguda após infecção estreptocócica em membros inferiores evoluindo para Insuficiência Renal Aguda pré-renal e Hipertensão Arterial Sistêmica

R8- aumento da creatinina

Aumento da creatinina devido ao uso de furosemida e captopril associada a uma leve desidratação do paciente.

Paciente transferido após tratamento de infecção com antibióticos em outro hospital. Internado para realizar acompanhamento com endocrinologista pediátrico a fim de ajustar tratamento ambulatorial de diabetes mellitus tipo 1.

R8- aumento da creatinina

Aumento da creatinina devido ao uso de vancomicina associada cefepime no hospital anterior. Na admissão ao HUAP suspende-se o tratamento e nota-se melhora da creatinina do paciente.

Nefrose em rim direito e pieloplastia em rim esquerdo devido a má formação congênita.

R4-bromoprida Paciente após cirurgia e anestesia geral evolui com estridor (edemas de vias aéreas). EAM parece devido a utilização de anestesia geral.

Otite média aguda associada a pneumonia crônica

R10- Rash cutâneo(03/03) R1-Antialérgicos (dexclorfeniramina, prometazina)

Exantema após utilização de amoxicilina associada a clavulanato. EAM devido a utilização de amoxicilina associada a clavulanato.

Tumor no couro cabeludo, internação para remoção cirúrgica do tumor

R4-Ondasentrona EAM devido a náusea após anestesia geral.

Retirada cirúrgica de cisto ósseo no fêmur

R10-Rash cutâneo R4-antiemético (ondasentrona)

EAM pós anestesia geral; hiperemia de face (hemiface) e tórax direito.

Cirurgia ortopédica de pé torto congênito

R4-Ondasentrona EAM pós anestesia geral: paciente apresentou broncoespasmo recebendo tratamento com hidrocortisona e nebulização com salbutamol.

Cirurgia ortopédica de pé torto congênito

R4-bromoprida EAM após anestesia geral; relato de náuseas e vômitos após anestesia geral.

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Motivo Internação do paciente

Rastreadores apresentados no prontuário

Relato do EAM identificado

Cirurgia de pieloplastia do rim direito, devido a má formação congênita.

R4- ondasentrona e bromoprida

EAM após anestesia geral; relato de náuseas e vômitos após procedimento cirúrgico mas também utilicou por conta de dor excessiva tramadol após cirurgia.

Complicação de infecção de impetigo associada a poliadenomegalia e febre persistente.

R1-Dexclorfeniramina R11-Susp de captopril R15- Uso de TRO(terapia de reidratação oral- regulador intestinal- soro em pó)

Paciente apresentou quadro diarreico após tratamento com clindamicina.

Cirurgia eletiva de gastrostomia devido a distúrbios de deglutição congênitos. E pneumonia comunitária associada a sinusite.

R4-Ondasentrona EAM após anestesia geral; relato de náuseas e vômitos pois o paciente após tratamento cirúrgico utilizou ondasentrona regular por dois dias consecutivos.

Dos 11 EAM contabilizados, 6 (54,5 %) foram classificados na categoria de dano E (dano

temporário ao paciente e uma intervenção foi necessária) e 5 (45,6 %) como categoria F

(dano temporário ao paciente que proporcionou uma internação ou prolongamento da

internação). Todos os eventos detectados foram considerados como não evitáveis, portanto

reações adversas a medicamentos (RAM).

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Tabela 7. Classe de medicamentos com o ATC correspondente, grau de severidade de acordo com o índex NCC MERP e os rastreadores dos eventos adversos identificados durante a realização do estudo.

*Legenda: Em destaque os sintomas que sinalizaram um EAM que não eram

rastreadores.

A classe de medicamento mais envolvida com EAM foram os anestésicos gerais

utilizados em procedimentos cirúrgicos, com prevalência de 58,3 %. Não foi possível

correlacionar especificamente qual anestésico geral foi envolvido no evento adverso, tendo

em vista que o protocolo da instituição é a realização da anestesia balanceada. As

prescrições realizadas durante os procedimentos de anestesia geral não tiveram os seus

medicamentos avaliados. Primeiro por que as anotações do procedimento de anestesia geral

das internações avaliadas são de difícil extração. E segundo por não estar definido na

metodologia do trabalho que essa contabilização seria realizada.

Outra classe de medicamentos de grande prevalência de EAM foram os

antimicrobianos, responsáveis por 25 % dos eventos detectados.

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06. DISCUSSÃO

Os resultados dos estudos que utilizam a metodologia trigger tool para detecção de

EAM em unidades de internação pediátrica conseguem detectar de 2 a 10 vezes mais EAM

(TAKATA et al., 2008a e KINKERDALL et al., 2012) do que os estudos que utilizaram revisão

simples e retrospectiva dos prontuários (KAUSHAL et al., 2001 e HOLDSWORTH et al., 2003).

Isto demonstra que as estimativas de ocorrência desses eventos nas populações pediátricas

podem ter sido subestimadas ao longo do tempo. Assim, mostra-se a necessidade de se

estudar a ocorrência desses eventos nessas populações como forma de se evita-los e

preveni-los.

A metodologia trigger tool preconiza que a avaliação dos prontuários seja realizada

por dois revisores primários (que podem ser médicos, enfermeiros ou farmacêuticos) e por

um revisor secundário (preferencialmente médico) (RESAR; ROZICH; CLASSEN, 2003;

GRIFFIN; RESAR, 2009). Porém diversos trabalhos publicados que utilizam essa metodologia

nem sempre são executados por uma equipe multiprofissional para revisão dos prontuários

em unidades pediátricas (BURCH, 2011; SILVA et al.,2019a; SILVA et al. 2019b).

No presente estudo observou-se que a revisão multidisciplinar trouxe olhares

distintos que enriqueceram a discussão e a triagem dos eventos. Nota-se também a

importância da multidisciplinaridade com a comparação dos resultados obtidos em estudos

anteriores. Percebe-se que os artigos que não utilizaram revisão multidisciplinar como os de

Burch (2011) e Silva e colaboradores (2019b) tiveram tendência a maior na taxa de EAM a

cada 100 admissões.

E Kirkendall et al. (2012) apesar de ter utilizado revisão multidisciplinar considerou

como rastreador a ocorrência de EAM não identificados por um rastreador específico a qual

foram identificados como "outros", o que fez aumentar em 30 % a sua taxa de EAM a cada

100 admissões. Esse rastreador são os EAM detectados sem relação com os rastreadores

utilizados, ou seja, são os EAM detectados durante o processo de revisão dos prontuários

mas que não foram sinalizados pelos rastreadores (GRIFFIN; RESAR, 2009). Isso gerou

aumento aparente de detecção pela lista de rastreadores. Portanto essa medida pelo

rastreador "outros" é inespecífica. Extraindo-se os resultados apresentados por Kinkendall et

al. (2012) esse rastreador "outros" foram contabilizados 20 vezes caracterizando 18 vezes

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um EAM. O total de EAM contabilizado pelos autores foram de 60, dessa maneira esses 18

EAM representam 30 % de todos os EAM identificados.

Soma-se a isso que a revisão multidisciplinar dos prontuários foi de fundamental

importância para a sugestão de que rastreadores devam ser acrescentados à ferramenta

(broncoespasmo e estridor). Tendo em vista que durante a revisão secundária a observação

desses sintomas sugeriram um possível EAM o qual posteriormente foi confirmado. Esses

sintomas são muito sugestivos de EAM durante procedimentos de anestesia geral e são

rastreadores utilizados por Sikdar e colaboradores (2010) e Taghon e colaboradores (2014)

para pacientes pediátricos. Apesar do presente trabalho não ter se aprofundado na revisão

da utilização específica dos medicamentos de anestesia geral foi possível notar que essa

prática foi a de maior risco para a ocorrência de EAM nos pacientes pediátricos.

Considerando-se que os medicamentos de maior prevalência de ocorrência de EAM foram

os anestésicos gerais. Estimativa que acompanha os resultados levantados por Habre e

colaboradores (2017) que constataram grande risco de ocorrência de EAM em pacientes

pediátricos durante procedimentos de anestesia geral.

Considera-se também importante salientar que a classe de medicamentos mais

frequentemente administrada na população de estudo foi a de anti-infecciosos de uso

sistêmico, onde se enquadra os antimicrobianos. Os antimicrobianos são a classe de

medicamentos mais prescritas para pacientes pediátricos nos EUA (ZHANG et al., 2013; CHAI

et al., 2012; CLARK et al., 2006). Esse tipo de informação não é muito bem estabelecida em

populações brasileiras. A alta incidência do uso de antimicrobianos no presente estudo

deve-se ao fato de as principais causas de internação serem devido a cirurgias e tratamento

de quadros infeciosos. No caso da cirurgia é protocolo no instituição avaliada a utilização de

antibióticos profilático.

Em revisões sistemáticas publicadas por Smyth e colaboradores (2012) e Cliff-Eribo e

colaboradores (2016) verificou-se que os anti-infecciosos são a classe medicamentosa mais

associada a RAM em pacientes pediátricos (ambulatoriais e internados). Adicionalmente os

estudos de Holdsworth e colaboradores (2003), Takata e colaboradores (2008a), Takata e

colaboradores (2008b), Sikdar e colaboradores (2009) e Burch (2011) detectaram que os

anti-infecciosos foram uma das três classes medicamentosas mais envolvidas em EAM em

populações pediátricas.

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Dessa maneira é de fundamental importância para se resguardar a população

pediátrica monitorar a utilização da classe dos anti-infecciosos, tanto para prevenção de

resistência microbiana quanto para a prevenção de ocorrência de EAM.

Outro fator importante que está relacionado com a grande prevalência de causa de

internação cirúrgica é a alta frequência do rastreador uso de antiemético. Os pacientes

cirúrgicos utilizam frequentemente os antiemético para a profilaxia de enjoos por conta da

anestesia (MARTIN et al., 2016). Portanto, isso pode justificar a sua alta frequência, porém

com baixo VPP, pois as náuseas e os vômitos foram prevenidos.

Uma classe medicamentosa frequentemente associada a EAM em pacientes

pediátricos é a dos opioides (HOLDSWORTH et al., 2003; TAKATA et al., 2008a).

Recentemente o FDA divulgou um comunicado de segurança para se proibir o uso de

tramadol e codeína em crianças menores de 12 anos e mulheres em fase de amamentação

(FDA, 2018). Um relato de caso publicado recentemente revelou que uma criança com um

genótipo de CYP2D6 ultrarápido e a síndrome da apneia obstrutiva do sono sofria de

depressão respiratória pós-operatória grave após tonsilectomia durante a utilização de

tramadol (ORLIAGUET et al., 2015). Esse último achado destaca a possível influência das

variações genéticas na eficácia (8 % a 10 % possibilidade de uma deficiência enzimática do

citocromo P450 incapacitar a metabolização do pró-fármaco tramadol no componente ativo

(M1)) e nos efeitos adversos na administração de tramadol, que são atualmente não

determinados em crianças. Para concluir, embora a administração do tramadol

aparentemente possa ser uma opção interessante, por exemplo, para dor pós-

amigdalectomia, as evidências atuais de segurança e eficácia são limitadas, e mais pesquisas

são necessárias para definir melhor o papel do tramadol para o tratamento da dor pós-

operatória em crianças (SCHNABEL et al., 2015).

A classe dos agentes cardíacos também é mencioanada na literatura como sendo

relacionada a EAM em crianças (HOLDSWORTH et al., 2003; TAKATA et al., 2008a; SIKDAR et

al., 2009). A falta de formas farmacêuticas adaptadas para administração facilitada em

pacientes pediátricos dessa classe de medicamentos pode estar favorecendo a ocorrência de

EAM. Essa falta de disponibilidade de apresentações comerciais dessa classe de

medicamentos para pacientes pediátricos já foi relatada por Marinho e Cabral (2014). Sendo

aqui uma oportunidade para o maior envolvimento do farmacêutico no desenvolvimento

farmacotécnico e na manipulação para administração dessa classe de medicamentos.

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É notória a preocupação da unidade de internação avaliada em prescrever para os

pacientes hospitalizados somente o essencial evitando dessa forma a polifarmácia. A

polifarmácia e as interações medicamentosas são consistentemente associadas a alta taxa

de EAM em pacientes tanto adultos como pediátricos (LAZAROU; POMERANZ; COREY, 1998;

IMPICCIATORE et al., 2001). Talvez até mesmo possa-se inferir que por conta disso os EAM

identificados foram nas categorias de dano mais brandas do índex NCCMERP. Mas também

possam ter sido mais brandos por se tratarem de uma população de pacientes de baixa

complexidade de tratamento. Porém não se pode afirmar categoricamente esses fatos

devido não terem sido medidos durante o estudo.

Dos rastreadores utilizados no estudo uns dos que foi de melhor rendimento foi o rash

cutâneo. O rash cutâneo foi uma das manifestações clínicas mais associadas a RAM em

pacientes pediátricos por Smyth e colaboradores (2012). No único estudo brasileiro que se

sugere uma lista de rastreadores para população pediátrica nacional foram excluídos os

rastreadores laxante ou de amolecedores de fezes e rash cutâneo (Silva et al., 2019a). Por

conta disso faz-se notar a importância de mais estudos com populações pediátricas

brasileiras.

Propõe-se que seria muito interessante um estudo multicêntrico para averiguar e

validar os rastreadores para populações pediátricas brasileiras, englobando-se pacientes de

clínicas de complexidades diversas. Dessa forma diferentes cenários seriam avaliados, ao

mesmo tempo, sendo possível uma validação robusta de fato.

Como limitações do estudo considera-se: por se tratar de estudo retrospectivo não é

possível detectar eventos que não foram relatados nos prontuários, não foi limitado o

tempo de revisão dos prontuários em 20 minutos (o que permitiria verificar a efetividade do

método), a baixa rotatividade da clínica (que não permitiu avaliar 20 prontuários ao mês,

conforme é preconizado pelo IHI), ter-se excluído os prontuários com mais de 30 dias de

internação e ter-se excluído os prontuários que faltam informações nos arquivos.

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51

7. CONCLUSÃO

Foi possível rastrear a ocorrência de EAM na enfermaria pediátrica do Hospital

Universitário Antônio Pedro com a ferramenta trigger tool.

Os EAM identificados foram classificados nas categorias mais brandas de dano

segundo a categoria de dano do índex NCC MERP.

Ressaltou-se que os pacientes cirúrgicos estão em maior risco para a ocorrência de

EAM, tendo em vista que a classe de medicamentos mais associada a EAM foram os

anestésicos gerais. E também frisou-se a importância de se realizar revisões

multidisciplinares a fim de que não ocorram superestimativas dos resultados contabilizados.

Identificou-se que existe a necessidade de se aprimorar a lista de rastreadores para a

unidade de internação pediátrica. Com isso, sugere-se que sejam incorporados pelo menos

mais dois rastreadores a ferramenta (broncoespasmo e estridor) para torná-la mais

eficiente.

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ANEXO I - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP HUAP

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APÊNDICE I

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APÊNDICE II

Roteiro de preenchimento do formulário de coleta dos medicamentos

1) Preencher o campo referente ao Número do Prontuário, a data de internação e a

data da alta para cada paciente. Observar que a alta deve ser no mês correspondente à coleta.

2) Os dias de internação devem ser preenchidos na primeira linha, dia a dia.

3) Transcrever os medicamentos prescritos no primeiro dia da internação. Em seguida acrescentar os nomes dos medicamentos prescritos nos dias subsequentes.

4) Quando um medicamento é prescrito e administrado durante o dia (24 h, a célula

deve ser preenchida com a letra S.

5) Quando um medicamento é prescrito se necessário (SN) e não foi administrado, pelo menos uma vez durante o dia (24 h), a célula deve ser preenchida com a letra “N”.

6) Quando um medicamento prescrito não foi administrado, em nenhuma vez durante o dia (24 h), por estar em falta na farmácia (Ex: NH na folha de prescrição, notas da enfermagem, etc), a célula deve ser preenchida com as letras “NH”.

7) Quando um medicamento prescrito não foi administrado, em nenhuma vez durante o dia (24 h), por razão desconhecida, a célula deve ser preenchida com as letras “NA”.

8) Quando um medicamento passa a não ser mais prescrito, a célula deve ser preenchida com as letras “NP” (Ex: término do tratamento, suspensão abrupta por EAM, suspensão por razão desconhecida, substituição, etc).

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APÊNDICE III

FORMULÁRIO DE REVISÃO DE EAM

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APÊNDICE IV

Roteiro para a extração dos rastreadores 1) Conferir a data da internação do prontuário para verificar se está dentro do período

selecionado.

2) Verificar a presença de rastreador (R) entre os exames laboratoriais.

3) Verificar a presença de R entre os medicamentos prescritos.

4) Verificar a presença de R nas notas de enfermagem e nas folhas de evolução médica e de enfermagem.

5) Anotar a data em que ocorreu um critério de rastreamento.

6) Não considerar R suspensão abrupta se ocorreu:

mudança de dose, substância ( um medicamento por outro da mesma classe terapêutica), via de administração, número de doses/dia

prescrição se necessário(SN ou SOS) não ministrada

final de tratamento (antimicrobiano por x dias)

razão administrativa (por exemplo, não há na farmácia, ausência de registro por alguns dias)

7) Quanto um EAM for identificado e não está relacionado a um rastreador ele deve ser anotado.

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APÊNDICE V

Fluxograma do resumo da metodologia empregada no estudo.

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APÊNDICE VI Exemplo de coleta de frequência de medicamentos prescritos e administrados

O prontuário exemplificado acima nota-se que existem 06 (seis) medicamentos

prescritos. Porém foram administrados 05 (cinco) medicamentos distintos a esse paciente

durante o percurso de internação. Portanto contabilizou-se 05 (cinco) medicamentos

distintos prescritos e administrados para esse paciente.