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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA LABORATÓRIO DE GEOLOGIA MARINHA - LAGEMAR KLEVERSON ALENCASTRE DO NASCIMENTO CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS NAS FALÉSIAS DA PONTA DO RETIRO, LITORAL NORTE DO RJ. Niterói - RJ 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

LABORATÓRIO DE GEOLOGIA MARINHA - LAGEMAR

KLEVERSON ALENCASTRE DO NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS

NAS FALÉSIAS DA PONTA DO RETIRO, LITORAL NORTE DO RJ.

Niterói - RJ 2006

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KLEVERSON ALENCASTRE DO NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS

NAS FALÉSIAS DA PONTA DO RETIRO, LITORAL NORTE DO RJ.

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Geologia e Geofísica Marinha da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Geologia e Geofísica Marinha.

Orientador: Prof. Dr. CLEVERSON GUIZAN SILVA.

Niterói 2006

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KLEVERSON ALENCASTRE DO NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS

NAS FALÉSIAS DA PONTA DO RETIRO, LITORAL NORTE DO RJ.

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Geologia e Geofísica Marinha da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Geologia e Geofísica Marinha.

Aprovada em Março de 2006

BANCA EXAMINADORA

Dr. Cleverson Guizan Silva Orientador

Universidade Federal Fluminense - UFF

Dra. Maria Augusta Martins da Silva

Universidade Federal Fluminense - UFF

Dra. Jacqueline Albino Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Niterói 2006

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p___ Nascimento, Kleverson Alencastre do

Caracterização do processo erosivos nas falésias da Ponta do Retiro, litoral norte do RJ. Kleverson Alencastre do Nascimento. – Niterói: [s.n.], 2006.

___f.,__ cm. Dissertação (Mestrado em Geologia e Geofísica

Marinha) – Universidade Federal Fluminense, 2005.

Bibliografia: f. __-___.

1. __________

CDD ________

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- MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

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IV

AGRADECIMENTOS

Ao professor. Cleverson Guizan Silva, pelas oportunidades concedidas, pela

experiência com que me conduziu, pelos conhecimentos transmitidos e por aceitar o

“desafio”! Meu muito obrigado!

Ao Lagemar e à CAPES pelo apoio e pela infraestrutura disponibilizada.

Aos professores Alberto Garcia Figueiredo Jr. e Maria Augusta Martins da

Silva que durante os seminários me orientaram e me incentivaram. Professores que

demonstraram interesse pela continuidade do trabalho e sempre apresentaram

valorosas contribuições. Suas análises na pré-banca foram importantes na

construção deste trabalho.

À Divisão de Previsão Numérica-DHN, na pessoa do Capitão-de-Corveta

Rodrigo de Souza Obino, pela disponibilização dos dados do modelo WAM.

À professora e amiga Jacqueline Albino. Trabalhando com ela que foi possível

iniciar-me como pesquisador e meu primeiro contato com aquele que viria ser meu

orientador. Toda viagem à Vitória representava a oportunidade de uma boa conversa

sobre meus trabalhos e minhas atividades em Niterói. E sempre a par do que

acontecia em minha vida me ajudou o quanto pôde. A ela sou eternamente grato!

A todas as de pessoas que formam o LAGEMAR. Aos professores com quem

trabalhei diretamente, em cada disciplina, ou indiretamente, seja nas conversas pós

palestra ou no café sempre foram atenciosos e acompanharam meu trabalho a cada

seminário. Aos laboratoristas, em especial ao Mário que sempre foi uma pessoa a

somar nos trabalhos de campo, difícil imaginar os campos sem a ajuda dele. Valeu

Mário!

Á minha turma no curso, o Yeto (esse é malandro), N’Landu Landau (meu

gente), André Augusta, Beatriz Elena Serrano Suarez, Ricardol (tá me devendo uma

forra), Manoel, Nuno, Fábio, Alexandre (cadê a tese?), Marcela, Baiana (a

nervosinha), Maitê (gente boníssima!) e Albano (família!). A turma do doutorado,

Chesterfield, DeividSam, Lazarus, Fred Nosferatus, Valdenira e Rainha.

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V

Ao pessoal do NiteróiRC e, principalmente, da UFF Rugby, um grupo especial

aqui em Niterói.

Àqueles que, de alguma forma, cederam o seu tempo e seu espaço durante

esse período.

Aos meus amigos de Vitória, que sempre me deram muita força (e até mesmo

grana quando estava sem bolsa!). Pessoas que sempre me incentivaram e que me

acompanham desde a graduação...verdadeiros amigos, Dari, Luís, Galeto, Rizzolino,

Saco Furado, Laura Palmer, Giseli Girardi, Giselinha, Muleque, Zé Bedeu, Zé Frávio,

Tarcísio, Schumig, Jeromeu, Maionese, Cométi, Suelem, Mônica, Jojoba e outros

que por hora me fogem a memória (sempre falha!!)...meu muito obrigado!

Não poderia esquecer Thiagão, Preulão, Annelise, Márcio (primeira base no

RJ) e Marcelo...irmãos para mim!

À minha família, pela confiança, apoio irrestrito, pelas saudáveis cobranças e

por tudo aquilo que vocês representam para mim. Vocês foram um motivo especial

para terminar essa dissertação. Minha Mãe (a quem chamo de carinhosamente de

Minha Velha), Giulei, Tini, Veruska...e meu Pai..com certeza orgulhoso de mim lá em

cima!

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VI

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.........................................................................................................IV

LISTA DAS FIGURAS.......................................................................................................VIII

LISTA DE ANEXOS...........................................................................................................XI

RESUMO..............................................................................................................................XII

ABSTRACT .........................................................................................................................XIII

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................1

1.1. Objetivos.....................................................................................................................4

2. ÁREA DE ESTUDO.......................................................................................................5

2.1. Localização ................................................................................................................5

2.2. Aspectos geológicos - geomorfológicos ..........................................................7

2.2.1. Planície Quaternária Costeira................................................................................7

2.2.2. Tabuleiros costeiros da Formação Barreiras ......................................................7

2.3. Aspectos climáticos e oceanográficos...............................................................11

2.3.1. Aspectos climáticos.................................................................................................11

2.3.2. Clima de ondas ........................................................................................................11

2.3.3. Maré ...........................................................................................................................12

3. EROSÃO COSTEIRA EM FALÉSIAS........................................................................14

3.1. Perfil de uma costa de falésia ...............................................................................15

3.2. Fatores envolvidos na evolução das falésias costeiras ................................16

3.2.1. Ondas ........................................................................................................................16

3.2.2. Processos erosivos .................................................................................................20

3.2.3. Dinâmica erosiva .....................................................................................................23

3.2.4. Alterações no perfil da falésia................................................................................22

4. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................26

4.1. Reconstrução das antigas linhas de costa........................................................26

4.2. Levantamento de dados nas falésias da Ponta do Retiro .............................26

4.2.1. Monitoramento da Falésia ......................................................................................27

4.2.1.a. Recuo da face da falésia.....................................................................................27

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VII

4.2.1.b. Pinos de erosão....................................................................................................27

4.3. Praia..............................................................................................................................30

4.4. Dados meteorológicos e oceanográficos ..........................................................31

4.4.1. Cartas sinóticas........................................................................................................31

4.4.2. Ondas e maré ...........................................................................................................32

4.4.3. Período de recobrimento........................................................................................33

4.5. Descrição de aspectos sedimentológicos do material da falésia ...............33

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................34

5.1. Descrição das estações..........................................................................................34

5.2 Aspectos sedimentológicos da falésia................................................................35

5.3. Histórico do recuo da costa no período entre 1976 e 2002...........................40

5.4. Análise dos dados meteorológicos.....................................................................42

5.5. Análise dos dados oceanográficos .....................................................................43

5.6. Pinos de erosão.........................................................................................................45

5.7. Perfis topográficos e espessura do pacote sedimentar ................................49

6. CONCLUSÕES...............................................................................................................56

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................59

ANEXOS

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VIII

LISTA DAS FIGURAS

Figura 1: Configuração do litoral Leste ou Oriental.......................................................5

Figura 02: Localização da Ponta do Retiro no Rio de Janeiro ....................................6

Figura 3: Geologia da área de estudo.............................................................................8

Figura 4: Fácies da Formação Barreiras na Ponta do Retiro (adaptado de MORAIS,

2001).....................................................................................................................................10

Figura. 5: Fatores que afetam o processo erosivo das falésias (adaptado de

SUNAMURA, 1992)............................................................................................................13

Figura 6: Perfil de uma costa de falésias com suas principais feições (adaptado de

Sunamura, 1992). ...............................................................................................................14

Figura 7: Modelo de formação da plataforma de abrasão proposto por Emery e Kuhn

(1980)....................................................................................................................................15

Figura 8: Principais parâmetros de uma onda...............................................................16

Figura 09: Os quatro tipos de arrebentação definidos por Galvin (1968,).................16

Figura 10: Tipos de onda atuantes na face da falésia e pressão dinâmica exercida.

(modificado de SUNAMURA, 1992).................................................................................18

Figura 11: Evolução temporal de um corte, obtida em experimento em tanque de

ondas (modificado de SUNAMURA, 1975). ...................................................................20

Figura 12 Construção da plataforma de abrasão e de uma praia da a partir do recuo

da falésia. .............................................................................................................................20

Figura 13: Ação da quebra de ondas sobre o sopé das falésias e a configuração dos

cortes (notches) em função das diferentes pressões exercidas (adaptado de

SUNAMURA, 1975)............................................................................................................21

Figura 14: Principais tipos de movimentos de massa em falésias (modificado de

SUNAMURA, 1992)............................................................................................................23

Figura 15: O escorregamento é gerado pela instabilidade da falésia em função do

desenvolvimento de um corte no sopé. (modificado de SUNAMURA 1992)............23

Figura 16: Localização das estações do monitoramento da Ponta do Retiro ...........25

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IX

Figura 17: Equipamento de topografia, e esquema representando como foram

obtidos os dados de topografia da face da falésia ........................................................27

Figura 18: Malha com os pinos de erosão fixados na face da falésia. ......................28

Figura 19: Área abrangida pelo pino de erosão para estimativa de perda de volume

da base da falésia...............................................................................................................29

Figura 20: Mensuração do pacote de sedimentos sobre a plataforma de abrasão.30

Figura 21: As variações da maré sobre a plataforma de abrasão..............................32

Figura 22: Localização das estações na área e croqui dos perfis..............................34

Figura 23: Croqui com a representação dos perfis estudados. Associando os perfis

com o modelo de EMERY & KUHN (1980), ...................................................................35

Figura 24: Face da falésia na Ponta do Retiro, apresentando três camadas bem

definidas...............................................................................................................................35

Figura 25: Formação Barreiras na base da falésia apresentando concreções........36

Figura 26: Depósito arenoso quaternário, de cor castanho amarelada a

avermelhada, sobre a Formação Barreiras ....................................................................37

Figura 27: Vista frontal das estações 03 e 04 e das estações 07 e 08 .....................37

Figura 28: Camada arenosa, com material muito friável e mais recuado em relação à

Formação Barreiras............................................................................................................38

Figura 29: Vista frontal da estação 01.............................................................................39

Figura 30: Vista lateral da estação 02.............................................................................39

Figura 31: Depósito arenoso sobre a falésia, resultante da erosão eólica na estação

02...........................................................................................................................................39

Figura 32: Recuo das falésias no período entre 1976 e 2002. O recuo mais

acentuado ocorre nas falésias não precedidas por praia .............................................41

Figura 32: Nível de precipitação máxima nos meses compreendidos no período de

fevereiro/2004 até fevereiro/2005 e número de frentes frias observadas a partir de

carta sinótica no mesmo período.....................................................................................32

Figura 33: Média de altura de ondas do ano 2004 gerada pelo modelo WAM, bóia

virtual Itaoca-ES..................................................................................................................43

Figura 34: Gráficos de altura, direção e período de onda no período de maior

incidência de ondas de sul e sudeste (maio a agosto).................................................44

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X

Figura 35: Gráficos de onda do período de maior incidência de ondas de nordeste e

leste (setembro a dezembro)............................................................................................45

Figura 36: Média de exposição dos pinos na face da falésia ao final do

monitoramento entre abr/2004 e fev/2005.. ...................................................................46

Figura 37: Representação da malha de pinos e a comparação entre o volume

erodido entre uma estação................................................................................................47

Figura 38: Variação do volume erodido por período monitorado................................48

Figura 39: Recuo total da crista da falésia ao final do monitoramento......................49

Figura 40: Recuo da crista da falésia por período monitorado e gráfico de ondas e

frentes frias no ano de 2004 .............................................................................................50

Figura. 41: Perfil da estação 01........................................................................................51

Figura 42: Perfis das estações 03 e 04...........................................................................52

Figura 43: Perfil da estação 05.........................................................................................53

Figura 44: Perfil das estações 06 e 07............................................................................54

Figura 45: Perfil da estação 08.........................................................................................55

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XI

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I – Fichas descritivas

ANEXO II – Descrição do material da falésia

ANEXO III – Gráficos de exposição dos pinos de erosão

ANEXO IV – Estatística de ondas do modelo WAM, bóia virtual Itaoca-ES

ANEXO V – Fotos

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XII

RESUMO

No período de abril/2004 a fevereiro/2005 foram monitoradas, por

levantamentos topográficos e pinos de erosão, as taxas de recuo e o volume de

sedimentos erodidos das falésias vivas e os fatores associados na erosão na Ponta

do Retiro, litoral norte do Rio de Janeiro. Foram aplicadas cartas topográficas e

imagens de satélite, para uma comparação das linhas de costa de 1976 e 2002 e

construir um breve histórico de recuo das falésias na área.

Os processos marinhos são os mais atuantes e os principais responsáveis

pelas grandes perdas de material das falésias através do desenvolvimento de cortes

na base da falésia e posterior colapso da face. A atuação das ondas ocorre apenas

na preamar, sendo a abrasão a principal forma de erosão promovida pelas ondas. A

passagem de frentes frias, que ocasionam chuvas, acentuam o efeito erosivo dos

processos subaéreos.

A atuação de processos subaéreos é expressiva no recuo das porções

superiores, quando estas são compostas por material mais friável que a base das

falésias em Ponta do Retiro. Em algumas campanhas foi observado nos horizontes

superiores um recuo maior do que na face da falésia exposta à ação marinha.

Ao fim do monitoramento os dados topográficos indicaram valores médios de

recuo de 2,5m/ano. A perda, em volume de sedimentos, variou entre 0,5 e 6m3,

sendo que as estações mais erodidas apresentaram ao fim do monitoramento uma

perda de aproximadamente 10m3. Apresentando maiores perdas as estações

sujeitas à intensa erosão marinha na base e movimentos de massa; as menores

perdas estão associadas aos processos subaéreos, menos eficazes.

A partir dos dados históricos, estima-se que entre 1976 e 2002 foram

mobilizados para a praia 26.000m3 de sedimentos das falésias.

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XIII

ABSTRACT

Between April 2004 and February 2005 the retreat rates, eroded sediments

volume from coastal cliffs and another factors related with the erosion in Ponta do

Retiro, North Littoral of Rio de Janeiro State; were monitored by topographic surveys

and erosion pins. To build a brief review of the cliff’s retreat in the area, a comparison

between the coast lines in 1976 and 2002 was made with topographic charts and

satellite images.

The marine processes are the most active and important factor related with

the huge material losses of the cliffs through the development of notches in the cliff’s

base and later face collapses.

The waves action happens only in the high tide, being the abrasion the main

erosion way promoted by the waves. The arriving of cold fronts, bringing rains,

increases the erosive effects of the sub-aerial processes. These sub-aerial processes

are expressive in the cliff’s superior parts retreat when these are composed by more

friable materials than the cliff’s base. were observed sometimes a higher retreat in

the superior parts of the face than in that base that were exposed to the marine

action.

In the end of the monitoring period the topographical data indicates average

retreat rates of 2.5 m/year. The loss, in sediments volume, varies between 0.5 and

6.0 m 3, reaching about 10 m3 in the most eroded points. The higher losses happened

in the points submitted to intense marine erosion in the base and mass movements;

and the lower losses were related with the less effective sub-aerials processes.

Based in the historical data, is estimated that between 1976 and 2002,

26,000m3 of cliff’s sediments were moved to the beach.

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1

1. INTRODUÇÃO

As falésias são feições comuns no ambiente costeiro e são freqüentemente

fontes importantes de sedimentos para estuários e praias (TRENHAILE, 2002). As

falésias costeiras compõem o que geólogos e geomorfólogos classificam como costa

rochosa. O termo costa rochosa, aqui aplicado, é calcado nos textos de Pethick

(1983), Trenhaile (1987) e Sunamura (1992), e é utilizado para caracterizar as

costas que possuem falésias, escarpas de material consolidado ou semi-

consololidado.

Bloom (1972) designa as costas que apresentam falésias vivas como costas

abruptas/altas, as quais podem estar sob ação permanente de ondas, ou podem

apresentar uma praia que, não tendo sedimento suficiente para deter a onda, é

facilmente transposta pelas mesmas.

De acordo com Suguio (1992), falésia é definida como “acantilado de faces

abruptas formado pela ação erosiva das ondas sobre as rochas”. Quando a falésia

se encontra em processo de erosão contínua pode-se falar em falésia marinha viva,

enquanto que quando cessa a erosão tem-se a falésia marinha inativa.

Suguio (1992) define costa rochosa (rocky coast) como uma costa aonde

falésias chegam ao mar, podendo apresentar a sua frente terraço de abrasão por

ondas (wave-cut terrace), plataforma de abrasão (wave-cut platform) e blocos

caídos. A sua composição pode estar associada a rochas vulcânicas, calcárias,

cristalinas ou depósitos sedimentares, como no caso da Formação Barreiras. Na

literatura podem ser encontrados termos como uncohesive shoreline, non rock, soft

rock para se referir às costas rochosas de material inconsolidado ou de menor

resistência/coesão.

A literatura sobre a erosão em falésias (costas rochosas) está, em grande

parte, baseada nos estudos realizados por Sunamura e Trenhaile que realizaram

experimentos em laboratório e trabalhos de campo, e são as principais referências

bibliográficas para o estudo da geomorfologia de costas rochosas.

Os trabalhos mais recentes a respeito dos processos erosivos sobre falésias

costeiras têm sido produzidos pelos estudiosos de engenharia costeira, em sua

maioria nos Estados Unidos, Canadá, Japão e Inglaterra. A realização de obras de

engenharia costeira em costas rochosas tem gerado informações úteis para

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2

geógrafos, geomorfólogos, geólogos e demais especialistas interessados no

assunto.

Existem alguns modelos desenvolvidos, como o CLIFFPLAN e o

CLIFFSCAPE dentre outros métodos probabilísticos (HALL et al. 2000; HALL et al.

2002; WALKDEN et al., 2001; WALDKEN et al., 2000; LEE et al., 2001). Alguns

tendem a apresentar o fenômeno como um evento linear, onde a erosão tende a um

crescimento constante, o que é um equívoco uma vez que, o desenvolvimento de

um depósito arenoso ante a falésia minimiza o efeito das ondas e, em longo período,

pode cessar a erosão marinha. Ainda assim tais modelos podem ser vistos como

uma importante ferramenta para demonstrar o potencial de variação da ação erosiva

das falésias.

Emery e Kunh (1980) utilizaram fotografias aéreas para estudo de erosão das

falésias em La Jolla, Califórnia. Sallenger Jr et al.(2002) estudaram o processo

erosivo em falésias marinhas no litoral da Califórnia, durante o período de 1997-

1998, baseando-se em material cartográfico e estudo das ondas atuantes. Wright

(1970) fez uso da topografia, estudo de ondas e maré para reconhecer o nível da

junção entre a falésia e a plataforma de abrasão. Vallejo e Degrot (1988) utilizaram a

cartografia associada a dados de onda para estudar a resposta das falésias.

De fato, para o estudo dessa feição costeira são necessárias algumas

adaptações dos métodos tradicionalmente utilizados nos estudos de dinâmica

costeira em praias arenosas, bem como a integração com outros campos do

conhecimento, como a pedologia, engenharia, geologia e hidrodinâmica. O uso de

conceitos e conhecimentos de mecânica dos solos, por exemplo, são usados para

compreensão dos processos e do comportamento do material que compõe a falésia

que está sob ação erosiva.

No Brasil são encontradas falésias de diversas litologias, porém considerando

a extensão da Formação Barreiras na região costeira, é possível considerar esse

depósito sedimentar a principal componente das falésias ao longo do litoral Nordeste

e Leste ou Oriental brasileiro (SILVEIRA, 1964). O fato desses depósitos de

sedimentos inconsolidados possuírem uma susceptibilidade erosiva maior que

falésias compostas por rochas mais resistentes (basalto, por exemplo), faz com que

seu estudo seja mais interessante e possa oferecer maior contribuição para o

desenvolvimento dos estudos costeiros no Brasil, uma vez que a erosão da

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3

Formação Barreiras fornece volumes consideráveis de sedimentos que vão

posteriormente alimentar as planícies costeiras.

Atualmente no Brasil são poucos os estudos dos processos costeiros sobre

falésias. Tal lacuna pode ter explicação na pequena extensão de falésias em contato

direto com o mar ao longo da costa brasileira ou mesmo por uma tradição voltada

para os estudos de dinâmica de praias arenosas.

Muehe (2001) discutindo o estabelecimento de um limite de orla para fins de

gerenciamento costeiro, com base em critérios morfodinâmicos, afirma que a

aplicação da lei de Bruun (1962) para identificação de uma faixa de segurança é

difícil para costas altas. Uma vez que ocorra elevação do nível do mar, a resposta -

erosão e recuo da falésia, se dá em um grande lapso de tempo e o ideal é o estudo

caso a caso.

Meirelles (1999) discute a erosão de falésias vivas como indicadores de uma

variação do nível relativo do mar e apresenta uma descrição da dinâmica erosiva

sobre as falésias, sem entrar necessariamente na caracterização e quantificação da

atividade erosiva.

Santos e Silva (2000) apresentam como metodologia de monitoramento e

mensuração de erosão em falésias vivas o método de pinos de erosão de DePloey e

Gabriels (1980 apud GUERRA, 1994), método originalmente proposto para

monitoramento de erosão laminar em encostas. Os autores aplicam este método

para estudar a erosão marinha na falésia da Formação Barreiras, na Ponta do Retiro

litoral norte do Estado do Rio de Janeiro.

Essas referências citadas, dentre outras, formam o escopo teórico e

metodológico que norteiam o trabalho.

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1.1. Objetivos

Foram definidos como objetivos gerais conhecer os processos atuantes e o

ritmo do recuo espacial e temporal das falésias vivas na Ponta do Retiro, litoral norte

do Rio de Janeiro. Pretende-se, também, identificar o período de maior e menor

atividade erosiva ao longo de um ano de monitoramento e caracterizar os processos.

Como objetivos específicos:

• caracterização dos processos de erosão marinha e de perda de material da falésia;

• mensuração do volume de material retirado nas estações e o recuo espacial das

falésias;

• identificação dos trechos mais vulneráveis e associação aos processos erosivos

atuantes;

• caracterização sedimentológica do material que compõe a face da falésia para

inferir sobre a resistência aos processos erosivos marinhos;

• conhecer as variações sazonais do perfil topográfico emerso e submerso que

antecede as falésias;

• caracterizar e mensurar as variações do pacote sedimentar depositado sobre a

plataforma de abrasão defronte à falésia.

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2. ÁREA DE ESTUDO

2.1. Localização

De acordo com Silveira (1964) o litoral brasileiro pode ser dividido em cinco

grandes regiões geográficas: Norte, Nordeste, Leste ou Oriental, Sudeste e Sul.

Neste contexto a área em estudo localiza-se na região Oriental ou Leste (Fig.1), que

se estende de Salvador ao Cabo Frio.

Figura 1: Configuração do litoral Leste ou Oriental. Fonte: DHN – Miniatura de Cartas Náuticas. (MUEHE, 1998)

Ponta doRetiro

Ponta do Retiro

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Ainda, segundo Silveira (1964), o litoral nesta região apresenta o relevo

tabuliforme da Formação Barreiras, de maneira descontínua, onde se distinguem

três segmentos (macrocompartimentos) definidos pela presença de importantes

desembocaduras fluviais, como a dos rios de Contas, Jequitinhonha, Doce e

Itabapoana.

Na extremidade norte do compartimento do macrocompartimento Bacia de

Campos, que se estende do rio Itabapoana, no Espírito Santo, ao cabo Frio, no

estado do Rio de Janeiro a Formação Barreiras aparece junto ao litoral formando

falésias vivas. Mais para sul inicia-se a planície costeira do Paraíba do Sul, onde as

planícies construídas por esse rio deixaram a Formação Barreiras distante do mar

em maior parte desse trecho do litoral fluminense. Geomorfologicamente a área está

situada na Unidade dos Tabuleiros de São Francisco do Itabapoana (CPRM, 2000).

Os tabuleiros dessa parte do Rio de Janeiro assemelham-se aos tabuleiros costeiros

que abrangem grandes extensões em direção ao norte, nos estados do Espírito

Santo e Bahia. Quando junto à linha de costa há ocorrência de falésias-vivas,

podendo atingir mais de 10m de altura junto à localidade da Ponta do Retiro.

A Ponta do Retiro está localizada no município de São Francisco do

Itabapoana, no extremo norte do litoral do Estado do Rio de Janeiro (Fig. 2). A linha

de costa possui uma orientação SSO-NNE, ficando assim bem exposta tanto às

frentes de onda oriundas de ventos NE como ventos do quadrante S.

Figura 02: Localização da Ponta do Retiro no Rio de Janeiro

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2.2. Aspectos geológicos - geomorfológicos

2.2.1. Planície Quaternária Costeira

As planícies costeiras são superfícies relativamente planas, baixas, e cuja

formação é resultante da deposição de sedimentos marinhos e fluviais (MUEHE,

1994). Sua distribuição ao longo do litoral do Estado do Rio de Janeiro se dá de

forma descontínua, separadas por maciços, colinas e tabuleiros (GATTO et al.,

1983)

Suguio & Tessler (1984) em estudo realizado na parte central do litoral

brasileiro indicam como os principais fatores atuantes na formação das planícies

arenosas costeiras: fontes de sedimento, correntes de deriva litorânea, variações do

nível relativo do mar e armadilhas para retenção de sedimentos. Considerando as

características geológicas e geomorfológicas da área de estudo, podem ser

apontados como potenciais fontes de sedimento para a construção da planície

costeira a Formação Barreiras, o aporte fluvial e a pla taforma continental interna.

Estudando o litoral norte do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, Martin et al.

(1997) dividem esse trecho do litoral brasileiro em 8 setores, considerando somente

o grau de desenvolvimento dos depósitos quaternários costeiros. A área estudada

está localizada no Setor 5, que é caracterizado por fraco desenvolvimento, de

depósitos quaternários nos sopés das falésias entalhadas nos sedimentos da

Formação Barreiras.

2.2.2. Tabuleiros costeiros da Formação Barreiras

O termo Barreiras foi indicado para designar as camadas de composição

variegada que afloram nas diversas barreiras ao longo da costa, assumindo

gradativamente o sentido de um termo estratigráfico, sem uma definição certa ou

inidicação de uma localidade típica (MABESSONE et al. 1972). Engloba sedimentos

clásticos, de cores vivas, de idade terciária, distribuindo-se do Cenozóico inferior até

o Pleistoceno (PETRI & FÚLFARO, 1983; GATTO et al. 1983).

Suguio (1992) considera Barreiras como uma unidade estigráfica de

sedimentação em ambiente continental, composto de argilas variadas e lentes

arenosas localmente conglomeráticas.

A partir dos aspectos texturais (granulometria, seleção, caráter morfoscópico

e morfométrico) e mineralógicos, caracterizam-se tais sedimentos depositados por

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águas correntes, principalmente em ambiente fluviais. Os grãos são subangulosos,

enquanto que a matriz argilosa encontra -se geralmente sem orientação na massa

(MABESOONE et al., 1972).

No Nordeste do Brasil uma série de trabalhos tratam esses depósitos

terciários como Grupo (Bigarella & Andrade, 1964; Mabessone et al. 1972; Campos

e Silva, 1966).

Bigarella & Andrade (1964) designaram esses depósitos sedimentares

terciários pouco consolidados como de origem continental, às vezes subaquáticos,

mas quase sempre subaéreos, que estão dispostos em estreita faixa ao longo da

área costeira desde o Estado do Rio de Janeiro até o Pará, invadindo ainda o vale

do rio Amazonas. No estado do Rio de Janeiro, de acordo com Silva e Cunha

(2001), os depósitos afloram na região de Carapebus -Quissamã, próximos às

cidades de Búzios e Macaé, mas têm a sua maior expressão no limite a oeste do

Complexo Deltaico do rio Paraíba do Sul. A partir da Ponta Buena a Formação

Barreiras atinge a costa (Fig. 3).

A Formação Barreiras é considerada como derivado de um paleoambiente

deposicional continental (BIGARELLA e ANDRADE, 1964, MABESOONE et al.,

1972 dentre outros autores), entretanto Alheiros et al. (1988), Arai et al. (1988,

1994) e Rossetti et al. (1989, 1990) sugerem, baseados em análises fáciológicas, a

Tb - Terciário/ Barreiras

Qha - Quaternário/Depósito Colúvio-Aluvionar

Figura 3: Geologia da área de estudo (adaptado de http://www.cprm.gov.br/geo/geologia.html)

10 5 0 10Km

41º 00`W

21 30` Sº

Escala

Qha

Ponta doRetiro

OceanoAtlântico

Tb

Tb

TbQha

Qha

N

Rio

Itabapoana

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influência de ambientes fluvio-lagunares e planícies de marés, como parte da origem

dos sedimentos nas porções mais distais desses depósitos sedimentares.

De acordo com Morais (2001) a Formação Barreiras no Litoral Norte

Fluminense apresenta fácies de ambiente fluvial entrelaçado arenoso distal,

podendo variar para um modelo fluvial entrelaçado arenoso de alta energia, com

fluxos gravitacionais associados.

No modelo de evolução da planície costeira proposto por Martin et al. (1997),

para o litoral norte do Estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, a sedimentação

da Formação Barreiras ocorreu provavelmente durante o Plioceno, quando o clima

era semi-árido, sujeito a chuvas esporádicas torrenciais. Houve a formação dos

leques aluviais no sopé das encostas constituídas pelas rochas do embasamento

(GHIGNONE, 1979 apud MARTIN et al., 1997).

Com um nível do mar 10 a 200m mais baixo que o nível atual, os sedimentos

foram acumulados sobre a plataforma continental então exposta (Amador, 1982). O

que permite a existência desses depósitos na área da plataforma continental

submersa pela trangressão holocênica, que ocasionou o processo de erosão e recuo

da porção mais externa da Formação Barreiras, dando origem às falésias.

A superfície da Formação Barreiras apresenta-se inclinada para o mar; tal

inclinação e a ocorrência ao longo do litoral de falésias abruptas de até 6m de

altitude acima do nível da baixa-mar, indicam uma continuidade destes sedimentos

na plataforma continental, demonstrando assim seu truncamento em um período de

elevação do nível do mar (GATTO et al., 1983). Ainda de acordo com esses autores

as falésias podem ser precedidas por terraços de abrasão marinhos que, por sua

vez, se apresentam recobertos por areias remobilizadas da linha de praia, formando

em alguns casos pequenas dunas

Os tabuleiros da Formação Barreiras são uma das unidades mais expressivas

do litoral Oriental. Na área de estudo, as falésias são de altura moderada, entre 3 e

10m (de acordo com critérios de TAYLOR, 2000).

Os sedimentos da Formação Barreiras são mal selecionados, com grãos

muito grossos a sedimentos finos. Observam-se arenitos grossos arcoseanos e

quartzosos e intercalações lenticulares de argilitos. Os depósitos apresentam em

geral fraca litificação, mas há casos de grãos parcialmente cimentados por sílica

criptocristalina. Os grãos de quartzo apresentam-se subangulosos (BIGARELLA,

1975)

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Morais (2001) realizou um estudo faciológico da Formação Barreiras do Rio

de Janeiro entre Maricá e a Ponta do Retiro. Com base nas análises estratigráficas e

faciológicas, classificou a seção da Ponta do Retiro como depósitos constituídos

basicamente por lamitos. Na seção da Ponta do Retiro (Fig.4) foi observado que

sobre a Formação Barreiras, há depósitos marinhos e eólicos que, segundo a

autora, são provavelmente quaternários.

Dias (1981) atesta que seixos de corais sobre as concreções limoníticas,

asociadas a uma plataforma de abrasão marinha a 1,5m acima da maré alta atual,

formam um contexto que afirma aqueles depósitos arenosos como pós Formação

Barreiras

La2: Lamito arenoso, maciço, com grânulos e seixos de quartzo e feldspato alterado dispersos na matriz caulínica. Cores variando de branca acinzentada a arroxeada, devido à ferruginização e apresentando forte mos queamento Am : areias médias a grossas, maciças ou sem estrutura aparente, com grãos angulosos a sub-angulosos, mal selecionados, quartzosos e feldspáticos. Geralmente possui matriz caulínica, apresentando, em algumas situações, seixos de quartzo, feldspato e, por vezes, litoclastos dispersos; estes seixos freqüentemente ocorrem localizados em pequenos níveis ou na base das camadas. A cor é freqüentemente cinza esbranquiçada a arroxeada, devido à ferruginização Cch: Cascalhos sustentados pelos clastos, com estratificação horizontal pouco definida e clastos comumente imbricados. Possuem geometria lenticular extensa; seixos arredondados a sub-arredondados, quartzozos, com cerca de 10 a 15 cm de eixo maior, podendo variar a blocos. Podem ocorrer, também, seixos de feldspato e de litoclastos aliterados. Aca: areias grossas a muito grossas, pouco selecionadas, com grãos de quartzo e de feldspato alterado. Podem apresentar concentrações de cascalho na base das camadas e, por vezes, observa-se intraclastos de argila. Apresenta -se, geralmente, bastante ferruginizada, com cores predominantemente avermelhadas. Figura 4: Fácies da Formação Barreiras na Ponta do Retiro (adaptado de MORAIS, 2001)

200

Cch

Aca

La2

Am

0

100

300

370(cm) PERFIL 1

Form

ação

Ba

rreira

s

FormaçãoBarreiras

SW NE

LEGENDA

Depósitos arenosos, origem marinhaquaternários

Depósitos da Formação Barreiras

Cch, Aca, Am, La1 e La2 - Fácies sedimentares

Depósitos quatern eólicaário arenoso, origem

0 3 6 m

PERFIL 1

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2.3. Aspectos climáticos e oceanográficos

2.3.1. Aspectos climáticos

Nimer (1989) reconhece quatro sistemas atmosféricos atuantes na região

Sudeste do Brasil. O sistema Tropical Atlântico (Ta), o sistema Tropical Continental

(Tc), o sistema Polar Atlântico (Pa) e o sistema Equatorial Continental (Ec). Na área

de estudo a maior influência, no entanto, é dada pelo sistema Tropical Atlântico (Ta).

O sistema Tropical Atlântico (Ta) provém do anticiclone semifixo do Atlântico Sul.

Apresenta atividade constante todo ano. É úmido, com tendência de emissão anti-

horária. Toda a região Sudeste é constantemente atravessada pela Ta, através de

correntes de nordeste, seguidas pelas de leste. De acordo com a classificação de

Köppen, o clima da região em estudo é classificado como AW, isto é, clima quente e

úmido com estações secas (outono-inverno) de abril a setembro, e estações úmidas

(primavera-verão), com a maior porcentagem das c huvas, de outubro a março.

Os ventos são caracterizados como persistentes e predominantemente de

nordeste, ventos do quadrante sul ocorrem por ocasião de passagem de frentes frias

(BARBIÉRE, 1984).

2.3.2. Clima de ondas Segundo Muehe e Valentin (1998) o clima de ondas para o trecho do litoral

Oriental está condicionado pelas mudanças nas condições de vento, associado à

passagem de frentes frias, e a constante presença de marulho (swell), gerado por

tempestades nas altas latitudes do Atlântico Sul e dissociadas do vento local,

caracterizando assim uma alternância entre tempo bom e tempestade. Em

condições de tempo bom chegam ao litoral ventos e ondas de nordeste, enquanto

sob condições de tempestade chegam ventos e ondas do quadrante sul.

Pinho (2003) observando dados direcionais de ondas e dados de ventos no

período de março de 1991 a junho de 1995 na Bacia de Campos (dados não

totalmente contínuos e disponibilizados pela PETROBRAS), classificou as condições

do mar de acordo com os principais sistemas meteorológicos que dominam a

circulação atmosférica na região. Assim, foram classificados quatro tipos de

condições de mar:

• situação de Bom Tempo, caracterizado por ondas de N, NE e E (principalmente

NE) que ocorre quando o sistema de alta pressão do Anticiclone do Atlântico Sul

domina a circulação;

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• situação de Bom Tempo com marulhos de sul;

• situação de Mau Tempo de SW, caracterizado por ondas de SW e S gerados

sempre que há a passagem de uma frente fria seguida de um ciclone

extratropical; e

• situação de Mau Tempo de SE, quando após a passagem de uma frente fria, um

anticiclone polar domina a circulação na região.

Em suma, os ventos de NE são dominantes e tornam-se intensos antes da

passagem de uma frente fria, mas que não necessariamente geram ondas grandes

de NE. Eventos típicos de tempo bom registraram ondas significativas de 1 a 2m.

Como as ondas apresentam direção principal associadas à direção do vento,

com a entrada da frente fria chegam as ondas de SW (algumas vezes as ondas

surgem poucas horas antes da entrada da frente - vento SW- em forma de marulhos

de SW).

No inverno tem-se um pequeno aumento nos valores das maiores alturas

significativas, que ficam em torno 2,5m (durante a passagem de um ciclone

extratropical em 1994 foram registradas ondas significativas de 4m).

2.3.3. Maré

A área de estudo está sob um regime de micro-maré (classificação de

Davies,1964) do tipo semidiurna, sendo o intervalo de tempo entre uma preamar e a

baixa-mar consecutiva de pouco mais de 6 horas. Segundo a Diretoria de Hidrografia

e Navegação (DHN) a amplitude de maré do litoral deste trecho pode chegar até

1,7m e apresenta nível médio de 0,75m. Foram adotados os dados da tábua de

maré do Terminal de Ubu, referência mais próxima da Ponta do Retuiro (DHN –

www.dhn.mar.mil.br).

A morfologia das praias de micro-marés é determinada basicamente por

processos da zona de espraiamento e da zona de surfe, portanto a amplitude de

maré será pouco atuante nas mudanças na morfologia da praia (WRIGHT & SHORT,

1983). Entretanto, apesar da pequena amplitude, a topografia suave da praia (faixa

arenosa de aproximadamente 50m na baixa-mar) defronte à falésia permite que as

ondas transponham a praia a cada preamar. Logo, as marés são importantes para a

compreensão do processo de erosão marinha nas falésias.

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3. EROSÃO COSTEIRA EM FALÉSIAS

A origem das falésias pode estar associada à ajuste tectônico ou à variação

de nível do mar em história geológica recente, além de ser também produto da

erosão marinha e/ou subaérea. Tais processos erosivos são igualmente importantes,

na formação e transformação da linha de costa onde há falésias. A geologia da

falésia e os processos erosivos são os elementos responsáveis pela diferenciação

das falésias costeiras ao longo do litoral (SUNAMURA, 1992; GREGGS &

TREHNHAILE, 1994).

As costas em erosão (Davies, 1964) são mais facilmente identificadas quando

aparecem falésias vivas, como é o caso da Ponta do Retiro no litoral norte do Estado

do Rio de Janeiro.

O perfil de uma costa de falésias vivas possui algumas particularidades se

comparado às costas de praias arenosas. Uma costa com falésias de material

consolidado pode apresentar taxa de erosão da ordem de milímetros/ano enquanto

falésias de material semi-consolidado podem apresentar taxas da ordem de

centímetros ano, ou até mesmo em função de eventos episódicos na ordem de

m/ano (CARTER, 1988).

Sunamura (1992) apresenta um esquema (Fig.6) que representa os

elementos necessários à compreensão do processo erosivo das falésias.

Figura. 5: Fatores que atuantes o processo erosivo das falésias (adaptado de SUNAMURA, 1992)

Nesta síntese é possível observar a importância da litologia da falésia, bem como se

destaca a interação entre a litologia do material da falésia e a ação das ondas.

Material da falésia

Ondas

Energia da ondaCaracterísticas da ondana base da falésia

Sedimentos na praia

Nível do mar

Litologia For a/resitênciamecânica

ç Resistência domaterial da fal siaéFr

Descontinuidades

Fatores biológicos

Amecânica

ãoç

Ahidr

ãoáulica

ç

Erosão

Não

Não

Sim

Sim

Topografia da praia e dazona submarina próxima

Intemperismoe fadiga

For a das ondasFw

ç

Fw Fr >

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Os aspectos litológicos da face da falésia, como composição, coesão dos

sedimentos e estrutura, irão conferir maior ou menor resistência ao ataque das

ondas. A ação das ondas aparece condicionada pela topografia da praia/plataforma

de abrasão e a presença de sedimentos. Fatores que refletem na energia (altura)

com que a onda chega até a base da falésia e o tipo de ação por esta exercida.

O balanço sedimentar (relação entre o aporte e retirada de sedimentos) da

área defronte à falésia influencia indiretamente o processo erosivo das falésias. A

variação da espessura do pacote sedimentar nessa área interfere na energia das

ondas que chegam à falésia (SUNAMURA, 1976)

Em síntese, o processo erosivo das falésias vivas, que envolve perda de

material, movimentos de massa e recuo das falésias está relacionado às características

do material que compõe a falésia, ao clima de ondas atuante e à existência de uma faixa

de areia disposta defronte à falésia viva e na zona da plataforma rasa. O processo

erosivo também deve ser entendido em conjunto com as alterações da plataforma de

abrasão e depósitos arenosos sobre a mesma. Estes aspectos são descritos com maior

detalhe a seguir.

3.1. Perfil de uma costa de falésia

Antes de iniciar uma discussão a respeito dos fatores que influenciam na

erosão de uma falésia e da dinâmica dos processos erosivos atuantes, é necessário

uma caracterização do perfil de uma falésia.

As feições de uma costa de falésias (são apresentadas na figura 06,

adaptada de SUNAMURA, 1992).

Figura 6: Perfil de uma costa de falésias com suas principais feições (adaptado de Sunamura, 1992).

Corte(notch)

Topo

Face da falésia

BasePlataformade abrasão

Preamar

Baixa-marPraia

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Concavidades ou convexidades nos perfis das falésias costeiras são

controlados pelas taxas de erosão marinha e subaérea, bem como a distribuição dos

estratos mais resistentes da falésia (EMERY & KUHN, 1980).

Emery e Kuhn (1980) classificaram os perfis das falésias, baseando-se na

erodibilid ade da base e do topo associada com o grau de homogeneidade da

litologia da falésia. Considerandos os processos marinhos e os processos subaéreos

atuantes (como ventos e chuva), a classificação de Emery & Kuhn (op cit.),

apresenta perfis que correspondem ao processo dominante associado à

heterogeneidade ou não da composição da falésia (Fig. 7)

A formação das plataformas de abrasão pelo ataque das ondas, varia

segundo a relação entre a ação das ondas e a propriedade/coesão dos sedimentos

(CARTER, 1988). Considerando-se que a plataforma de abrasão é resultado do

processo recente de erosão e recuo das falésias. 3.2. Fatores envolvidos na evolução das falésias costeiras 3.2.1. Ondas

As ondas estão entre os fatores diretamente envolvidos com a erodibilidade

das falésias (SUNAMURA, 1975). Uma onda é caracterizada por apresentar: altura (H, tamanho dado pela

distância entre a cava e a crista da onda), comprimento (L, distância entre duas

cristas de onda) e período (T, o intervalo de tempo para a passagem de duas cristas

por um ponto fixo), parâmetros representados na figura 08.

Figura 7: Modelo de formação da plataforma de abrasão proposto por Emery e Kuhn (1980). As letras M e Sa representam respectivamente processos erosivos marinhos e subaéreos.

M>>Sa

M>Sa

M=Sa

M<Sa

HomogêneoResitente na base Resitente no topoResistente na base Resistente no topo

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À medida que a onda se aproxima do litoral, a diminuição da profundidade

afeta a geometria da mesma, que se torna mais alta e mais curta, a esbeltez

aumenta até que a onda arrebente (MUEHE, 1994), ou seja, a onda arrebentará

quando a profundidade for mais ou menos igual à altura da onda.

Galvin (1968) classificou a arrebentação das ondas incidentes considerando a

declividade da praia, a altura e o comprimento da onda (Fig. 09).

Velocidade da onda C

N.m

Figura 8: Principais parâmetros de uma onda

Deslizante

Mergulhante

Frontal

Ascendente

Figura 09: Os quatro tipos de arrebentação definidos por Galvin (1968,)

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§ progressiva ou deslizante (spilling), ocorre em praias de baixa declividade, nas

quais a onda gradualmente empina-se para então deslizar pelo perfil, dissipando

sua energia através de uma larga faixa (zona de surfe);

§ mergulhante (plunging), ocorre em praias de declividade moderada a alta. A

onda empina-se abruptamente ao se aproximar da costa e quebra violentamente

formando um tubo, dissipando sua energia sobre uma pequena porção do perfil,

através de um vórtice de alta turbulência;

§ frontal (collapsing), ocorre também em praias de pendente abrupta e é

considerado um tipo intermediário entre o mergulhante e o ascendente; e

§ ascendente (surging), ocorre em praias de declividade tão alta que a onda não

chega a quebrar propriamente, ascendendo sobre a face praial e interagindo com

o refluxo das ondas anteriores

A capacidade de uma onda mobilizar sedimentos, logo influenciar na

morfologia do prisma praial, depende de sua energia.

O valor da energia da onda na arrebentação pode ser obtido empregando-se

a equação: Onde:

r = densidade da água (1,020g/cm3)

g = aceleração gravitacional (9,81 m/s2)

Hb = altura da onda na arrebentação

A altura da onda é a única variável na equação, sendo assim a energia de

uma onda se dará em função de sua altura na arrebentação.

A topografia da zona submarina, obstáculos próximos e a própria

irregularidade da linha de costa são fatores que influenciam as ondas que atingem a

costa e, conseqüentemente, uma distribuição desigual das alturas na arrebentação,

e a ocorrência de zonas de convergência e de erosão preferencial.

O tipo de onda que chega até à falésia depende do ponto de quebra da onda

e profundidade da água defronte à mesma (Figura. 10). Sunamura (1975) classifica

três tipos de ondas, a respeito da atuação dessas na face da falésia:

Ondas estacionárias (standing waves): ocorridas na reflexão das ondas pela

falésia, são caracterizadas pelo movimento up-and-down da água na face da falésia

Ondas em quebra (breaking waves): ondas que quebram diretamente sobre a

falésia, exercem grande pressão, esta decrescendo à medida que a profundidade

aumenta

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Ondas arrebentadas (broken waves): após a quebra da onda, uma massa d’água

turbulenta percorre, com velocidade, a zona de surfe, atingindo a falésia.

O impacto das ondas no sopé da falésia exercerá duas forças, uma é a força

normal (pressure), perpendicular à face da falésia e a outra é a força tangencial

(shearing ), exercida durante o processo de refluxo. Essas forças atuam de forma

cíclica na natureza. As cargas de força normal envolvem quantidades grandes de

repetições da carga da energia e freqüências baixas, a força tangencial atua

posterior à força normal. Esta força é a responsável pela remoção dos materiais

erodidos e depositados no sopé (VALLEJO & DEGROT 1988; SUNAMURA, 1975,

SUNAMURA, 1992).

A figura 10 mostra a relação tempo-pressão para cada tipo de onda, baseada

nos estudos de Hom-ma et al. (1962 apud SUNAMURA 1992) em laboratório onde

se trabalhou com profundidade de 5cm e declive uniforme (relação 1/15).

Observa-se que a maior pressão exercida sobre a face da falésia é no contato

das ondas em quebra.

O tempo para que tenha início a alteração na geometria do sopé depende das

características do material que recebe a energia, ao passo que a magnitude da

Figura 10: Tipos de onda atuantes na face da falésia e pressão dinâmica exercida. (modificado de SUNAMURA, 1992)

N.M.

N.M.

B) Ondas em quebra ( )breaking waves

C) Ondas de arrebentação ( )broken waves

a) Ondas estacionárias ( )standing waves

N.M.

Pre

ssão

Tempo

(B)

Pre

ssão

Tempo

(C)

Pre

ssão

Tempo

(A)

0

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19

pressão dinâmica sobre as falésias varia de acordo com o tipo de onda atuante

(SUNAMURA 1975).

3.2.2. Processos erosivos

Shepard e Grant (1974) apresentam uma relação dos fatores que são

reguladores do processo erosivo das falésias pelas ondas: a dureza da rocha,

fragilidade estrutural, solubilidade da rocha, altura da falésia e a energia da onda.

Segundo Carter (1988), a erosão das falésias é proporcional à força aplicada pela

onda. Há quatro formas das ondas atacarem as falésias (KING, 1972): corrosão,

abrasão, atrito e ação hidráulica.

A abrasão é a forma de erosão mais efetiva da face da falésia (GRIGGS e

TRENHAILE, 1994). O sedimento disponível é movimentado na direção da falésia

pelas ondas, causando abrasão da base da falésia. A ação, relativamente rápida,

sobre as falésias de material semi-consolidado, tem como resultado imediato o

desenvolvimento de entalhes/cortes (notches) que causam instabilidade e

movimentos de massa. De acordo com Sunamura (1982) a espessura de pelo

menos 10cm de sedimento sobre a plataforma de abrasão é suficiente para que

essas partículas sejam efetivas no processo erosivo.

A ação hidráulica ocorre quando as ondas batem na face da falésia. Há uma

força compressiva que atua perpendicularmente à face da falésia. O ar existente

entre fraturas é comprimido, quando a onda recua, dá-se um processo de

descompressão. A fadiga gerada por esse processo leva à fragmentação e perda de

material (Sunamura, 1992, usa o termo quarrying, para se referir à perda de material

por esse processo). O refluxo da onda, momento em que ocorre a descompressão,

exerce papel importante que ajuda ainda a transportar os materiais desagregados.

3.2.3. Dinâmica erosiva

O ataque das ondas sobre as falésias acontece em dois momentos: primeiro

ocorre uma erosão superficial e rebaixamento da superfície de contato, segundo a

remoção dos detritos para o sopé da falésia.

A variação temporal entre a taxa de erosão e o aumento da espessura da praia foi

demonstrada por Sunamura (1975, 1976, 1977) em um tanque de ondas (Fig. 11). À

medida que a falésia é erodida, a areia depositada no sopé inicia a formação de uma

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praia, e a elevação desse depósito atuou como elemento redutor da ação erosiva

das ondas.

Segundo Sunamura (op cit.) os sedimentos mobilizados pelas ondas exercem

um incremento na sua capacidade erosiva, atuando como agentes abrasivos junto

ao ataque das ondas sobre a superfície da face da falésia. Nesse momento os

cortes são desenvolvidos com grande velocidade. Num segundo momento, com um

depósito arenoso desenvolvido, as areias atuam amortizando a ação das ondas,

dissipando a energia e minimizando o contato do mar com a falésia. Há uma

redução da velocidade de desenvolvimento dos cortes. (Fig 11).

De acordo com King (1974), é a partir da ação das ondas nas falésias que se

formam as plataformas de abrasão. Feição esta que é uma evidência do recuo das

falésias, ou seja, vão sendo construídas a partir do recuo da falésia ao longo do

tempo (Fig. 12).

Falésia

Falésia

Plataforma de abrasão

Terraço submerso

Corte

Figura 12 Construção da plataforma de abrasão e de um praia da a partir do recuo da falésia.

10hs

20hs30hs

40hs50hs60hs70hs

N.M.80hs

10

10

5

5Cm

Figura 11: Evolução temporal de um corte, obtida em experimento em tanque de ondas (modificado de SUNAMURA, 1975). São conhecidos três momentos: . início da atividade erosiva, com pequena velocidade; . um segundo momento onde o material disponibilizado incrementa o poder erosivo das ondas (efeito abrasivo); . por fim uma situação onde os sedimentos depositados atuam como amortizador da ação erosiva

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Um pacote sedimentar pode cobrir em parte ou totalmente a plataforma de

abrasão. A continuidade dessa dinâmica e a litologia da falésia originam o recuo

diferenciado da encosta.

Em eventos de maior energia o ataque das ondas proporciona a retirada das

areias existentes provocando o afloramento da plataforma de abrasão e tornando-o

exposto à ação erosiva das ondas (MEIRELES, 1999).

Sunamura (1983 apud CARTER, 1998) apresenta prováveis taxas de erosão

para os sedimentos terciários em 10 -1 a 1m/ano -1, não especificado quais as

condições a que as falésias estariam expostas.

A resistência da falésia ao ataque das ondas pode ser desigual também na

superfície do depósito. Pontos mais frágeis/expostos são susceptíveis ao surgimento

de cortes (notches) na base da falésia. A forma como a onda chega à falésia é

representada por Sunamura (1975) na figura 13.

3.2.4. Alterações no perfil da falésia

É a partir da instabilidade gerada pela erosão no sopé das falésias que são

desencadeados movimentos de massa que causarão mudanças significativas, e em

curto período de tempo, no perfil da falésia (SUNAMURA, 1975, 1976, 1977, 1992;

Figura 13: Ação da quebra de ondas sobre o sopé das falésias e a configuração dos cortes (notches) em função das diferentes pressões exercidas (adaptado de SUNAMURA, 1975).

Relação entre a erosão no sope (evolução do notch) e a ação erosiva/pressão excercida(modificado de Sunamara, 1975)

N.M.

N.M

N.M.

N.M

Notch após5 horas

Notch após5 horas

Geometria do notch Distribuição vertical da pressão

Pressão

Pressão

A. Ondas em quebra (breaking waves)

B. Ondas de arrebent (b

açãoroken waves)

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EMERY & KUHN, 1988; VALLEJO & DEGROT, 1988; PETHICK, 1983). Além disso

os processos subaéreos também podem desencadear movimentos de massa.

São complexos os mecanismos e causas dos movimentos de massa

(FERNANDES e AMARAL, 1996). Podem ser destacados fatores como litologia,

características estratigráficas, geotécnicas, resistência da rocha. Os movimentos de

massa podem ser classificados como: Fluxos (flows), Escorregamentos (planar

slide – rotational slide), Queda de blocos (fall) (fig. 14).

• Fluxos (flows): são movimentos rápidos nos quais os materiais se comportam

como flu idos. Estão associados à concentração de águas superficiais e

deflagração de um processo de fluxo contínuo de material. Esse processo pode

ser observado em falésias de material pouco coeso, ou mesmo ter seu início na

desintegração de um material originalmente deslocado por escorregamento.

• Escorregamentos : caracterizam-se por movimentos rápidos, de curta duração,

com plano de ruptura definido a ponto de ser possível distinguir o material

deslizado e aquele não movimentado. São, geralmente, divididos com base na

forma do plano de ruptura - identificados então como translacionais (termo em

português adotado para planar slides) e rotacionais (rotational slides); e no tipo

de material movimentado – que pode ser solo, rocha ou uma mistura de ambos.

o translacional é mais freqüente. Possui superfície de ruptura com forma

planar e são geralmente compridos e rasos

o rotacional possui uma superfície de ruptura curva, côncava para cima, ao

longo da qual se dará o movimento rotacional do material, tem seu início

associado a cortes na base

• Queda de blocos (fall) são movimentos rápidos de blocos (de solo coeso ou

rocha, dependendo do material da falésia) caindo pela ação gravitacional sem a

presença de uma superfície de deslizamento (queda livre).

As falésias tendem a apresentar um perfil suavizado e com relativa

estabilidade após os movimentos de massa. O material que é depositado junto ao

sopé da falésia é removido pelas ondas, que passam novamente a atuar sobre a

base da falésia, tornando-a íngreme e instável (SUNAMURA, 1992).

A velocidade dos ciclos de erosão-recuo das falésias depende das

características das falésias e da energia das ondas.

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Um dos modelos que mais se adequam aos processos de movimentos de

massa na área de estudo é o estabelecido por Sunamura (1992) para o recuo de

falésias com desenvolvimento de cortes (fig. 15). A evolução/tamanho do corte

(notch) e o ângulo formado entre este e a face da falésia definirão o plano sobre o

qual ocorrerá o colapso da falésia.

Hutchinson (1972 apud SUNAMURA, 1992) trabalhou com falésias de 15m de

altura em Joss Bay (Inglaterra), onde cortes de 0,5m de profundidade tornavam a

falésia susceptível a rupturas.

N.m

3

1 e 2: shallow-seated

3: deep-seated

Escorregamento ( )rotational slide

Plano de falhainclinado

Queda de bloco ( )fall Fluxo ( )flow

Escorregamento (planar slide)

2

1

Figura 14: Principais tipos de movimentos de massa em falésias (modificado de SUNAMURA, 1992). Os movimentos de massa estão associados, além dos processos erosivos atuantes, a composição da falésia.

Figura 15: O escorregamento é gerado pela instabilidade da falésia em função do desenvolvimento de um corte no sopé. (modificado de SUNAMURA 1992)

Notch

Plano destress

Falésia

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Embora não seja o foco principal do trabalho, vale ressaltar que os processos

subaéreos também podem imprimir alterações ao perfil da falésia. Ainda mais se

estes estão associados ao escoamento superficial e o subsuperficial:

• escoamento superficial: ocorre nos eventos de chuva, quando não há mais

capacidade de infiltração, (GUERRA, 1994). Hudson (1961 apud GUERRA, 1994)

reconhece que apesar do aumento da erosão à medida que os totais de chuva

aumentam, este parâmetro deve ser levado em conta apenas para dar uma idéia da

relação entre chuva e erosão, uma vez que vários outros fatores estão envolvidos.

Quando a face da falésia é desprovida de cobertura vegetal aumenta o impacto das

gotas (efeito splash), que desagregam o material, aumentando os efeitos erosivos do

escoamento superficial.

• escoamento subsuperficial: esse processo pode desencadear uma ação

erosiva quando corre em fluxos concentrados provocando o colapso da superfície

acima (GUERRA 1994). No caso da Ponta do Retiro o topo da falésia é ocupado por

um material mais permeável, favorecendo a infiltração da água e, no contato com o

material menos permeável na base, o movimento lateral dessa água. Este processo

gera instabilidade e favorece o fluxo, conseqüentemente há a perda de material e

um recuo diferenciado da face da falésia (FERNANDEZ E AMARAL, 1996, EMERY e

KUHN, 1980; DIAS e NEAL, 1992).

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4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Reconstrução das antigas linhas de costa

Através da leitura e interpretação de material cartográfico (mapas, cartas

topográficas e fotografias aéreas) é possível ter conhecimento do histórico do recuo

da linha de costa no local de estudo.

Foi considerado um período de vinte e oito anos, a partir do material

disponível. O material cartográfico utilizado foi:

• Carta topográfica IBGE, 1976

• Imagem de satélite Landsat*, 1984, bandas 3R 4G 5B, resolução30x30

• Imagem de satélite Spot*, 2002, bandas 3R 4G 5B, resolução 10x10m *Imagens georeferenciadas, pela base cartográfica do IGBE, cedidas pelo Instituto Estadual de Meio

Ambiente – IEMA,

A análise desses documentos sobrepostos permite identificar e quantificar o

recuo das linhas de costa.

Para estimar o volume erodido das falésias, foi adotado o seguinte

procedimento: a linha de costa foi retilinizada e considerada uma altura de 4m para o

trecho precedido por praias e 1,5m para o trecho sob ação direta das ondas. Tais

valores foram estipulados a partir das observações de campo.

4.2. Levantamento de dados nas falésias da Ponta do Retiro

Foram definidas oito estações amostrais, perfazendo aproximadamente 240m

(fig 16), para levantamento de dados durante cinco campanhas de campo realizadas

nas datas abaixo:

1ª campanha – 29/04/04 – 30/04/04

2ª campanha – 30/06/04– 01/07/04 3ª campanha – 05/10/04 – 06/10/04

4ª campanha – 17/12/04 – 18/12/04

5ª campanha – 25/02/05 – 26/02/05

OceanoAtlântico

N

01

75m 75m 150m0

02

0403

08070605

Ponta doRetiro

Figura 16: Localização das estações do monitoramento da Ponta do Retiro

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A primeira campanha foi para reconhecimento da área, definição das

estações de monitoramento e fixação de marcos e pinos de erosão. As campanhas

seguintes foram para monitoramento e coleta de material.

A descrição do local foi realizada com ficha (Anexo I) desenvolvida de forma

que fosse observada a exposição da falésia, as feições observadas defronte à

falésia e outras características.

A erosão da falésia foi acompanhada de duas formas: a primeira através do

de levantamentos topográficos e a segunda pelo acompanhamento da evolução dos

cortes (notches) pelo monitoramento dos pinos de erosão.

4.2.1. Monitoramento da Falésia

4.2.1.a. Recuo da face da falésia

O monitoramento topográfico é uma das ferramentas mais utilizadas nos

trabalhos que envolvem o ambiente praial. A técnica aplicada ao monitoramento da

falésia na Ponta do Retiro é similar ao desenvolvido por Carter & Guy Jr. (1988) em

estudo no Lago Eire. Foi utilizado um nível topográfico e uma mira de sete metros

para realizar o trabalho de monitoramento do recuo da falésia e topografia da praia.

O monitoramento em cada estação foi iniciado sobre a falésia e estendido até

o máximo recuo das ondas. Quando as condições em campo, como a altura da

maré, permitiram, o perfil foi estendido até a zona submarina.

Para a topografia da face da falésia (fig. 17) foi adotado o seguinte

procedimento:

• foi medida uma distância horizontal da crista da falésia até um ponto

conhecido próximo ao sopé da falésia ( d ) e a altura vertical da crista da falésia ao

sopé ( H ).

• As distâncias d, d’ são as distâncias horizontais a partir da mira em direção à

face da falésia. As diferenças entre D e d são anotadas para posterior plotagem no

eixo X do perfil topográfico

• Os pontos do eixo Y do perfil são obtidos a cada 0,30m da base (h, h’,... )

Cada distância D-d tem sua altura H-h que permite a construção do perfil

topográfico

A comparação entre os perfis é feita sobrepondo-se os resultados das

campanhas

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O levantamento topográfico dos perfis foi feito, nas condições de baixa-mar,

para representar a praia em sua maior extensão. O ajuste da topografia pela maré é

feito de acordo com Bigarella et al. (1961), partindo de uma cota arbitrária e usando

os valores da tábua de maré do Terminal de Ubu (DHN – www.dhn.mar.mil.br). De acordo com a tábua de maré o nível médio do mar local situa -se a 0,75m acima

do nível de redução. No levantamento topográfico a cota do máximo recuo foi medida

e anotado com registro de dia e a hora, para adequação às previsões da tábua de

marés.

Durante o trabalho de topografia foi, inicialmente, definida uma cota arbitrária de 6m,

que seria ajustada pela maré pelo procedimento acima. A partir desta cota arbitrária

foi obtida a cota do máximo recuo da onda.

O valor de correção da cota foi obtido pela diferença entre o valor da maré observada

no Terminal de Ubu (ES)e a cota arbitrária do máximo recuo.

Subtraindo esse valor de correção da cota arbitrária chega-se ao valor da cota que

será referência para o perfil topográfico.

4.2.1.b. Pinos de erosão

No monitoramento do processo erosivo das falésias foi utilizado o método dos

pinos de erosão (DePLOEY & GABRIELS, 1980), método proposto para

monitoramento de processo erosivo em encostas, já utilizado por Santos e Silva

(2000) para mensuração do processo erosivo em falésias marinhas.

Dh̀

Dd̀

Dh

DDd

H

D-dD-d`

H-hH-h̀

Hor. Vert.

Topografia

Dh̀

Dd̀

Dh

DDd

H

D-dD-d`

H-hH-h̀

Hor. Vert.

Topografia

Figura 17: Equipamento de topografia, e esquema representando como foram obtidos os dados de topografia da face da falésia

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Foram fixados em cada estação 12 pinos de 0,50 m, dispostos em quatro

séries de três pinos (Fig. 18). Uma distância horizontal de 2,00 m separa os pinos e

a primeira série está disposta à 0,50m da base da falésia, as demais distantes 0,50m

de cada. Cada uma das oito estações de monitoramento recebeu esse tratamento.

Sendo assim é possível conhecer a resposta da falésia aos processos erosivos.

À medida que o corte (notch) vai evoluindo, expõe os pinos e a quantificação

dessa exposição dentro de um período indica quanto material foi retirado e o recuo

espacial do sopé da falésia a cada monitoramento. Quando o pino está muito

exposto ele é novamente empurrado para dentro da falésia para medições

posteriores. Esse acompanhamento da evolução dos cortes também permite uma

leitura da situação da falésia no momento que antecede os movimentos de massa

na continuidade do processo erosivo nessas feições costeiras.

Para estimativa do volume foi admitido que cada pino representasse um cubo

de superfície de 1m2(Fig. 19) cuja altura era definida a partir da exposição causada

pela perda de material. A partir do dado de exposição dos pinos de erosão a cada

campanha foi conhecido, ao fim do monitoramento, o recuo total da base da falésia.

Assim foi estimado o total do volume erodido na base da falésia.

0,30m

0,50m

0,50m

2,00m

(a) Vista frontal da malha de pinos no sopé da falésia

Pinos deerosão

Falésia

(b) Evolução dos notches e exposição dos pinos que possibilitam a leitura do processo erosivo.

Figura 18: Malha com os pinos de erosão fixados na face da falésia. (a) Representação de como os pinos estão dispostos na face da falésia. (b) Os procecssos erosivos vão removendo o material da falésia e expondo os pinos.

topo base

topo base

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4.3. Praia

4.3.1. Topografia

De acordo com as alternâncias entre tempo bom (engordamento) e

tempestade (estreitamento) a praia adapta seu perfil. Considerando que a praia

defronte à falésia é uma importante proteção desta à ação do mar, o

acompanhamento das variações que o perfil praial apresenta permite inferir o ritmo

da ação erosiva.

A topografia da praia, associada aos dados da maré, foi utilizada para

conhecer o período de recobrimento da praia.

A partir dos dados de topografia foi possível, também, conhecer as variações

do pacote de sedimentos sobre a plataforma de abrasão.

A espessura do depósito pode variar com o tempo. Em eventos de maior

energia o depósito arenoso desaparece expondo a plataforma de abrasão, tornando

a falésia mais susceptível à ação das ondas.

O levantamento para a obtenção da espesura do depósito arenoso foi feito na

parte emersa com o uso de trado. A sondagem a trado é feita até que se atinja uma

camada de material semi-consolidado, relativo à Formação Barreiras. Após escavar

com o trado, faz-se a medição da espessura da camada arenosa (Fig.20)

A sondagem foi realizada no alinhamento do perfil topográfico, concomitante

ao primeiro levantamento topográfico. A partir deste levantamento a sobreposição

dos perfis também informará, a espessura do pacote arenoso e suas variações.

O levantamento foi realizado até onde as condições em campo permitiram ou

até 21 metros do sopé da falésia.

2,0m

Pino de erosão

Distânciaentre os pinosna malha

Área estipulada para ocálculo da estimativade perda de material

0,5m1,0m1,0m

0,25m

0,25m

Figura 19: Área abrangida pelo pino de erosão para estimativa de perda de volume da base da falésia.

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4.4. Dados meteorológicos e oceanográficos

4.4.1. Cartas sinóticas

As cartas sinóticas são cartas ou mapas nas quais são representados

elementos meteorológicos selecionados, sobre uma vasta área em um dado horário

(Glossário Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN, www.dhn.mar.mil.br). As

cartas sinóticas permitem conhecer, num dado momento, as condições de tempo de

uma área. Desde janeiro de 2004, a cada dois dias, foram obtidas cartas no sítio da

DHN, para conhecer um número aproximado de frentes frias que atingiram a área.

A DHN assim define uma frente fria: “Movimento onde uma massa de ar mais

fria substitui uma mais quente. A passagem de uma frente fria normalmente

caracteriza-se na superfície da Terra por queda de temperatura e mudança na

direção do vento”.

As frentes frias proporcionam uma alteração no clima de ondas e

conseqüentemente na ação do mar sobre as falésias. O acompanhamento da

situação meteorológica possibilita inferir sobre a situação encontrada a cada

monitoramento. A anotação da exposição dos pinos no sopé da falésia foi associada

às condições meteorológicas observadas, mais precisamente a respeito da

passagem de frentes frias, entre uma campanha e outra.

Para a leitura da coleção de cartas sinóticas, fez-se uso do material

disponibilizado no sítio da DHN (glossário e simbologia) e do curso de meteorologia

sinótica (sítio do IAG-USP, www.iag-usp.br).

Figura 20: Mensuração do pacote de sedimentos sobre a plataforma de abrasão. Após atingir a plataforma de abrasão com o trado foi possível determinar a espessura do pacote de sedimentos sobre a plataforma de abrasão

Falésia Trados

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Uma observação simples da carta sinótica, associada com as condições

encontradas em campo permitiu deduzir se a passagem ou não de frentes

interferiram nos processos erosivos, intensificando a ação destes sobre as falésias.

4.4.2. Ondas e maré

A tábua de previsão de maré adotada foi a do Porto de Ubu, considerada,

dentre as disponíveis no sítio da Marinha do Brasil, mais próxima da área de

trabalho. Foram observadas as máximas e mínimas previstas tanto para as marés

de sizígia como de quadratura, bem como o nível médio da maré. Os dados da

maré, sua amplitude, altura média e maré no momento da observação foram

importantes para estimar o período de recobrimento (period of water cover) e ajuste

topográfico do perfil.

Sendo as ondas um parâmetro importante para avaliação dos efeitos da

erosão marinha sobre a falésia, o fenômeno foi observado de duas formas: através

dos dados gerados por modelo de previsão de ondas e a observação em campo.

Alves e Menegais (2005) realizaram um estudo baseado no tratamento

estatístico dos resultados de um modelo numérico de geração e propagação de

ondas e sua comparação com dados observados. As comparações entre as

previsões e as observações evidenciaram que os dados observados com o

ondógrafo e os parâmetros de onda calculados pelo modelo WAM (Wave Model -

modelo de previsão de ondas de 3ª geração) foram assaz concordantes, o que torna

possível o seu uso para aumentar o conhecimento da agitação marítima ou mesmo

suficiente na ausência de dados observacionais. Na ausência destes dados foram

então utilizados aqui os dados disponíveis da bóia virtual Itaoca-ES (a mais próxima

da Ponta do Retiro) referente ao ano de 2004. Segundo os autores esse dados são

representativos.

No campo, a medida da altura das ondas na arrebentação (Hb) é realizada

com uso da Baliza de Emery (MUEHE, 1994). A baliza é fixada no máximo recuo da

onda e alinha-se o topo da onda no momento da arrebentação com os valores da

baliza. O valor registrado é anotado na ficha de campo. Os dados de altura da onda

na arrebentação foram obtidos em cada campanha, bem como a observação do tipo

de arrebentação e de ondas que chegam até ao sopé da falésia.

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4.4.3. Período de recobrimento

Robinson (1977) definiu como período de recobrimento (period of water cover)

como o tempo durante o qual a plataforma de abrasão/praia fica coberta pela água

possibilitando o contato direto das ondas sobre a face da falésia.

O período de recobrimento foi estimado com base no perfil topográfico e na

tábua de maré. Assim foi possível inferir sobre o período (tempo) em que as ondas

exercem a ação erosiva no sopé da falésia, ou seja, o tempo de exposição da falésia

aos processos marinhos.

Os dados de valores máximos e mínimos da tábua de marés foram utlizados

pra conhecer o alcance da maré sobre o perfil e, a partir desse dado inferir a que

nível a maré começa a favorecer a ação das ondas na base da falésia.

Por exemplo, no dia 25/02/2005 os dados previstos para a maré eram

Baixa-mar Preamar

09:56 – 0,2m 15:34 – 1,5m

-Diferença, em tempo, entre a baixa-mar e a preamar– 338’ -Variação da maré de 1,3m

Com estes dados obtemos a variação de: 130cm/338min = 0,38cm/min

A partir do máximo da baixa-mar a cada 1h, a maré eleva-se 0,23m até atingir

1,3m.

A partir do dado de ritmo de elevação da maré, é estimado o momento em

que ela atinge o sopé da falésia e o tempo que a maré permanece em um nível que

permita o contato das ondas com a falésia (Fig. 21)

Baixa-mar

Preamar

Maré atingindo a falésia

Maré sem contato com a falésia

PLATAFORMA DEABRASÃO

FALÉSIA

Figura 21: As variações da maré sobre a plataforma de abrasão. A atuação das ondas sobre a falésia é iniciada a partir do momento em que a maré atinge uma elevação que permita a submersão da plataforma de abrasão. Conhecendo o ritmo (variação em metros/minutos) dessa variação estima-se o tempo de exposição da falésia à ação marinha.

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33

4.5. Descrição de aspectos sedimentológicos do material da falésia

Foram considerados os aspectos sedimentológicos do material segundo as

características macroscópicas prontamente perceptíveis. A sedimentologia além de

importante para caracterizar o material da falésia oferece elementos para deduções

como susceptibilidade erosiva, compactação, permeabilidade etc (LEPSCH, 2002).

As características observadas no trabalho são:

• Espessura e número das camadas

• Transição entre as camadas

• Cor

• Consistência

• Ocorrência de concreções

• Textura

A descrição da sedimentologia do material que compõe a falésia segue os termos

convencionais descritos no Manual de descrição e coleta de solo no campo (LEMOS

e SANTOS, 1999).

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34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Descrição das estações

Na primeira campanha foi feita a descrição morfológica das estações de

monitoramento. Dentre as informações presentes nas fichas descritivas (anexo I)

estão a altura da falésia, evidências de atividade erosiva, existência ou não de uma

praia, a localização e orientação do perfil para a obtenção dos perfis topográficos. A

figura 22 mostra um croqui com a configuração dos perfis, representando diferentes

situações como presença de cortes na base, recuo diferenciado da face dentre

outras observações realizadas na primeira campanha.

A comparação entre os perfis observados e os perfis do modelo de Emery &

Kuhn (1980) permite inferir que há uma heterogeneidade na composição da face da

falésia, com o material mais resistente localizado na base, e que as falésias estão

sujeitas a atuação de processos não-marinhos (subaéreos) como vento e erosão por

escoamento d’água superficial (fig 23).

Essa heterogeneidade na composição da face das falésias confere uma

susceptibilidade distinta face a cada um dos processos erosivos atuantes.

Uma análise preliminar aponta para as estações 02, 07 e 08 como as mais

sucpetíveis aos processos subaéreos, enquanto uma relativa homogeneidade na

composição das estações 01, 03, 04, 05 e 06 confere a estas um perfil mais íngreme

e mais sujeitas às alterações por erosão marinha. As taxas de recuo pela erosão

marinha são definidas pela composição da falésia e pela exposição às ondas.

E04

E08

E03

E07

E02

E06

E01

E05

OceanoAtlântico

N

01

75m 75m 150m0

02

0403

08070605

Ponta doRetiro

Figura 22: Localização das estações na área e croqui dos perfis.

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35

5.2 Aspectos sedimentológicos da falésia

Em todas as estações foram identificadas três camadas compondo a face da

falésia. O contato entre as camadas é de clara distinção (Fig. 24).

A Formação Barreiras compõe a base da falésia, geralmente aparecendo

como uma camada aflorante de 1 a 2,5m de espessura, sob camadas compostas de

sedimentos quaternários semi-consolidados (MORAIS, 2001). Essa camada é

composta por lamito argiloso, maciço, de cor branca acinzentada com concreções de

limonita de cor roxa. (fig. 25). A consistência do material da base varia de dura a

extremamente dura, sendo que a ocorrência de concreções de limonita confere

extrema dureza ao material. Nas estações 01, 02, 07 e 08 as concreções são

dominantes, enquanto que nas demais estações ocorrem de maneira esparsa.

Figura 23: Croqui com a representação dos perfis estudados. Associando os perfis com o modelo de EMERY & KUHN (1980), é possível reconhecer a atuação de processos marinhos e subaéreos em diferentes níveis.

M>>Sa

M>Sa

M=Sa

M<Sa

Homogêneo Resitente na base Resitente no topo

Figura 24: Face da falésia na Ponta do Retiro, apresentando três camadas bem definidas.

E04

E08

E03

E07

E02

E06

E01

E05

Formação Barreiras

Depósito quaternário

Depósito quaternário

1m

M – Marinho As – Subaéreo (adaptado de Emery e Kuhn (1980)

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36

A textura dos sedimentos da base da falésia (Formação Barreiras) é argilosa,

com grau de plasticidade entre plástico a extremamente plástica, que confere menor

permeabilidade, maior coesão e resistência à pressão .

A Formação Barreiras é a única camada em contato direto com as ondas, que

atingem a base da falésia após transpor a praia.

Os depósitos quaternários são compostos por areias finas a médias, argilosas

maciças, com grânulos e seixos angulosos de quartzo e de concreção ferruginosa

dispersos. Apresentam geralmente cor castanho-amarelada a avermelhada. (fig. 26)

É dividido em duas camadas. Uma de textura argilo-arenosa, em contato

direto com a Formação Barreiras e maior teor de argila, que confere a esta

consistência dura a muito dura e plasticidade; e outra, no topo da face da falésia, de

textura arenosa a areno-argilosa, friável e não-plástica. Exceção observada nas

estações 03 e 04, onde a camada do topo apresenta igual textura argilo-arenosa.

O aumento da altura da falésia em direção ao norte, é acompanhado pelo

aumento da espessura das camadas quaternárias. As camadas de material arenoso

atingem as maiores expressões nas estações 07 e 08, com espessura de até 4m,

conferindo maior susceptibilidade aos processos erosivos subaéreos. Nas estações

03 e 04, o depósito quaternários apresenta textura argilo-arenosa e não supera 2,5m

de espessura (fig. 27).

Figura 25: Formação Barreiras na base da falésia apresentando concreções. Observar também os cortes na base causados pela ação das

FORMAÇÃO BARREIRAS

Cortes causado pela ação das ondas

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37

Figura 26: Depósito arenoso quaternário, de cor castanho amarelada a avermelhada, sobre a Formação Barreiras. Observar, fixados na face da falésia, os pinos de erosão utilizados no monitoramento do recuo da face da falésia

OceanoAtlântico

N

01

75m 75m 150m0

02

0403

08070605

Ponta doRetiro

Figura 27: Vista frontal das estações 03 e 04 e das estações 07 e 08. Observa-se um aumento da espessura do depósito quaternário arenoso em direção a estação 08.

Formação Barreiras

Depósito arenoso

04 03

07 08

Formação Barreiras

Depósitos quaternário arenoso,origem marinha com retrabalhamento eólico

Depósitos quaternário arenoso,origem marinha

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38

A camada no topo da falésia é altamente friável e fragmenta-se facilmente à

pressão. O que confere alta erodibilidade à ação da chuva (efeito splash - impacto

das gotas de chuva) e do vento. Uma vez retirado da falésia, esse material chega ao

sopé como sedimentos inconsolidados, facilmente retirados pela ação das ondas

(fig. 28).

Por ser permeável, a infiltração de águas pluviais até a camada impermeável

(Formação Barreiras) ocasiona perda de material por escoamento subsuperficial.

As estações 01 e 02 apresentam aspectos particulares. A estação 01 possui a

menor altura dentre todas as estações monitoradas. A face da falésia é dominada

por concreções extremamente duras envoltas por lamitos de textura argilosa e de

característica plástica. A camada do topo, inferior a 1m de espessura, é composto

por material arenoso, de baixa consistência e não plástico. Mesmo nessa camada

arenosa há ocorrência de concreções, que aparecem como cascalhos (Fig. 29).

A Formação Barreiras aparece em camada na base com menos de 1m de

espesura. A face da praia e a base da falésia são dominadas por seixos e

concreções. Esse material é retirado por moradores locais e utilizado na construção,

atividade que prejudicou o monitoramento por pinos de erosão nessa estação.

A estação 02 possui a base composta por lamito argiloso, maciço, de cor

branca. Muito consistente/duro e muito plástico.

A partir de 1,5m a face da falésia é recuada aproximadamente 1m. Essa face

é atingida pelas ondas por “sobrespraiamento”, onde parte da onda é refletida pela

Figura 28: Camada arenosa, com material muito friável e mais recuado em relação à Formação Barreiras Baliza de Emery

(1,5m)

Camada de textura arenosa

Camada argilosa e com presença de concreções

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falésia e outra espraia sobre a camada superior, camada esta que apresenta textura

areno argilosa, consistência dura a ligeiramente dura e ligeiramente plástica, de

maior susceptibilidade erosiva (fig. 30). Sobre a Formação Barreiras há um depósito

de sedimentos inconsolidados, de origem marinha e eólica (fig. 31).

Figura 29: Vista frontal da estação 01. Os seixos na base são oriundos da erosão e recuo da face da falésia

Figura 30: Vista lateral da estação 02. Sedimentos inconsolidados de origem marinha e eólica sobre a Formação Barreiras.

Figura 31: Depósito arenoso sobre a falésia, resultante da erosão eólica na estação 02. Ação que resultou em um depósito no reverso da crista da falésia.

Estação 02

Baliza de Emery (1,5m)

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5.3. Histórico do recuo da costa no período entre 1976 e 2002

O material cartográfico utilizado para o estudo de recuo da linha de falésias

da Formação Barreiras na área compreendeu o período de 26 anos, entre 1976 e

2002 (Fig. 32)

Nas falésias não precedidas por uma praia os valores encontrados para o

recuo foram mais altos, superiores a 80m, em alguns trechos atingindo mais de

100m, uma média aproximada de 3m/ano. A superfície de recuo total nas falésias

não precedidas por praia foi de aproximadamente 21.000m2, média de 769m2/ano.

Ao norte da Ponta do Retiro, falésias precedidas por praia apresentaram

recuos menores, na ordem de 30 a 35m, aproximadamente 1,2m/ano.

Representando, nesse trecho, uma perda, em superfície, de aproximadamente

26.900m2 (1.034m2/ano). O volume mobilizado superior às falésias não precedidas

por praia está associado a um maior trecho de litoral com tais características.

Nas falésias precedidas por praia o volume erodido foi estimado em

100.000m3, o que, entre 1976 e 2002, confere uma média de 3.890m3/ano. Nas

falésias não precedidas o valor total foi de 32.500m3, uma razão de 1.250m3/ano.

O recuo da crista das falésias ao norte da Ponta do Retiro foi acompanhado

por um recuo da faixa arenosa. Este tipo de comportamento foi também observado

ao sudoeste da Ponta do Retiro.

Ao longo de 1,5km de falésias expostas à ação erosiva, principalmente,

marinha, estima-se que ao final de 26 anos foi erodida uma área de 47.000m2 da

Formação Barreiras.

A irregularidade no recuo da linha de falésias é resultado do distinto grau de

exposição à ação marinha e à heterogeneidade do material da falésia ao longo da

linha de costa. No detalhe das fotos (Fig. 30) é possível notar um recuo acentuado

da camada arenosa, inclusive com perda de patrimônio.

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41

Em 2002 a Ponta do Retiro apresentou locais com pequeno desenvolvimento

de praia defronte à Formação Barreiras, o que contrasta com a praia ao norte, onde

atinge até 30m de largura mesmo na preamar. Assim é possível afirmar que o

processo de erosão marinha na Ponta do Retiro ainda é bastante ativo.

Figura 32: Recuo das falésias no período entre 1976 e 2002. O recuo mais acentuado ocorre nas falésias não precedidas por praia. No detalhe da foto é possível observar que a erosão em 23 anos resultou no recuo da linha de falésia e na retirada do material arenoso sobre a Formação Barreiras, causando perda de patrimônio.

OceanoAtlântico

OceanoAtlântico

OceanoAtlântico

Formação Barreiras

Formação Barreiras 2002

Formação Barreiras 2002

Formação Barreiras 1976

Casa

Planície costeira 2002

Planície costeira 2002

Planície costeira 1976

2002

1976Planície costeira

Pta. DoRetiro

N

NN

0

metrosM

100 200

Foto:GTM Dias, 1980

Foto do autor, 2003

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42

Frente fria x Pluviosidade

0

1

2

3

4

5

6

F/04 M/04 A/04 M/04 J/04 J/04 A/04 S/04 O/04 N/04 D/04 J/05 F/05

Fre

nte

fria

0

50

100

150

200

250

300

350

(mm

)

Nº de frentesfrias

Pluviosidademáxima (mm)

5.4. Análise dos dados meteorológicos

A partir do mês de fevereiro de 2004, durante um ano, foram coletadas a cada

dois dias as cartas sinóticas do Brasil disponibilizadas pela DHN. No mesmo

período, no sítio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (www.cptec.inpe.br),

foram coletadas as informações relativas a pluviosidade total na região de São

Francisco do Itabapoana (fig. 32).

Fonte: Dados pluviosidade disponível no sítio: www.cpetec.inpe.br Fonte: Cartas sinóticas obtidas no sítio da DHN (www.dhn.mar.mil.br)

A análise da figura 32 permite conhecer os períodos chuvosos e inferir que

nos períodos de maior pluviosidade há uma maior atuação dos processos subaéreos

sobre as camadas superiores das falésias. A partir de outubro, o período mais

úmido, foram registrados recuos significativos na parte superior dos perfis

topográficos das estações 05, 06, 07 e 08. Estas estações possuem material mais

friável na camada superior, e não são atingidas pelas ondas e apresentaram

alterações no perfil causadas pela ação de ventos e chuvas.

A passagem de frentes frias não apresentou uma correlação perfeita com o

nível de pluviosidade, porém considerando que a passagem de uma frente fria

representa uma maior intensidade dos ventos estas tiveram suas respostas na

erosão eólica sobre as falésias e incremento na altura das ondas. E esse aumento

na altura de onda possui correlação com os momentos de maior erosão na base da

falésia

Figura 32: Nível de precipitação máxima nos meses compreendidos no período de fevereiro/2004 até fevereiro/2005 e número de frentes frias observadas a partir de carta sinótica no mesmo período.

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43

5.5. Análise dos dados oceanográficos

Os dados de ondas obtidas no modelo WAM para valores médios obtidos a

cada dez dias mostraram uma altura média, no período de observação, de 1,6m (fig.

33). Os gráficos com dados mensais estão no Anexo IV.

No ano de 2004, de janeiro a junho, a altura se manteve na maior parte do

tempo abaixo da média e foram observados eventos, evidenciados com picos no

gráfico de ondas na figura 33, que elevaram a altura para 2,0m. No segundo

semestre, a altura significativa mantem-se acima da média, nesse período foram

registradas as maiores ondas significativas. Foram observados de julho a novembro

sete eventos que elevaram a altura para valores entre 1,8 e 2,2m, com maior

freqüência de ondas de sudeste.

De janeiro à março há uma predominância de ondas de leste, com altura

inferior a 2m. Em abril há um equilíbrio entre as ondas de leste e de sudeste. A

maior incidência das ondas de sul e sudeste foi registrada a partir de maio até

agosto (fig. 34).

Média de altura a cada dez dias

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

jan-04 fev-04 mar-04 abr-04 mai-04 jun-04 jul-04 ago-04 set-04 out-04 nov-04

Alt

ura

(m

)

Altura média

Altura média 2004

Figura 33: Média de altura de ondas do ano 2004 gerada pelo modelo WAM, bóia virtural de Itaoca-ES (fonte DHN – www.dhn.mar.mil.br).

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Ondas de leste e nordeste tornam-se mais freqüentes, novamente, a partir de

setembro até o mês de dezembro, com alturas entre 1 e 2m (fig.35)

A estação 02, situada em uma ponta, está totalmente exposta às ondas de

sul/sudeste e de leste/nordeste. A difração das ondas de sul e sudeste na estação

02 provoca uma forte atividade erosiva à jusante (estações 03 e 04).

As ondas de leste e nordeste atingem uniformemente toda a extensão da

área de monitoramento. As ondas de sul e sudeste são mais destrutivas, porém, na

observação entre as ondas e o volume erodido, estas ondas têm sua ação reduzida

em direção ao norte.

As alturas das ondas na arrebentação, medidas durante as campanhas, que

foram realizadas em condições de tempo bom, ficaram entre 0,30 e 0,50m. São

ondas do tipo deslizantes, formando uma zona de surfe que varia entre 50m

(preamar) e 100m (na baixa-mar). As observações de campo permitiram caracterizar

a praia como de estado morfodinâmico dissipativo.

Figura 34: Gráficos de altura, direção e período de onda no período de maior incidência de ondas de sul e sudeste (maio a agosto).

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A atuação marinha sobre as falésias se dá por ondas arrebentadas, exceção

feita à estação 02, que na subida da maré passa da atuação de ondas arrebentadas

para a atuação de ondas arrebentadas e ondas estacionárias.

O poder erosivo das ondas arrebentadas é incrementado por atingirem a base

da falésia carregando sedimentos da praia.

5.6. Pinos de erosão

O monitoramento dos pinos na estação 01 foi prejudicado. Os pinos fixados

na face foram retirados por moradores locais que utilizam as concreções

ferruginosas da falésia para a construção de casas na região.

A exposição dos pinos aos processos erosivos marinhos e subaéreos de

forma diferenciada resultou na identificação de dois setores definidos por uma maior

atuação dos processos marinhos e uma outra por maior atuação dos processos

Figura 35: Gráficos de onda do período de maior incidência de ondas de nordeste e leste (setembro a dezembro

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subaéreos.

Nas estações 02, 03, 04 os pinos mais expostos estão localizados na base da

falésia, área de contato direto com as ondas. A maior exposição desses pinos, na

altura da base de 0,5m acabou por refletir nos pinos localizados a 1m e 1,5m da

base.

Existe uma tendência à amortização do processo erosivo marinho em direção

ao norte, consequentemente à menor exposição dos pinos. Na figura 36 os pinos

sob ação marinha estão situados na faixa de 0,5m, e é possível observar uma

redução na média em direção ao norte a partir da estação 05. Entre as estações 05,

06, 07 e 08 os maiores valores de exposição dos pinos estão situados a partir de

1,0m de altura a partir da base da falésia. Tal fato pode ser explicado pela grande

ocorrência de concreções, que são mais resistentes, na base das falésias e aumento

da camada de sedimentos quaternários nesse sentido.

Na figura 37 compara-se o volume erodido na base das falésias nas estações

04 e 07. A estação 04, sob maior atuação de processos marinhos, apresenta maior

erosão na base. Essa erosão acaba por refletir nas camadas superiores em

decorrência de criação de instabilidade ocasionando movimentos de massa. Na

estação 07 é observada uma maior erosão à 1m e 1,5m da base, parte da face da

falésia onde não há atuação de ondas; porém a alta friabilidade desse material

resulta em uma susceptibilidade erosiva aos processos subaéreos.

E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

Média de exposição dos pinos 90-100

80-90

70-80

60-70

50-60

40-50

30-40

20-30

10-20

0-10

Figura 35: Média de exposição dos pinos na face da falésia ao final do monitoramento entre abr/2004 e fev/2005. As cores indicam os valores médios de exposição considerando-se os pinos de erosão instalados nas diferentes alturas (0,5 m; 1,0 m e 1,5 m) em cada estação de medição ( E2 a E8).

1,5m

1,0m

0,5m

N

média (cm)

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As p erdas mais significativas foram registradas nas estações ao sul - 02, 03 e

04, principalmente no período entre junho e dezembro, período em que as ondas

estavam acima da média o que resultou em forte atividade erosiva na base. Entre as

campanhas de dezembro e fevereiro houve uma relativa uniformidade na taxa de

erosão, exceção feita à estação 08, sempre abaixo de 1m3 desde o início do

monitoramento (fig. 38)

Na única estação sob ação direta de ondas arrebentadas e ondas

estacionárias a cada preamar, a estação 02, foram mensurados recuos superiores a

10cm em todos os pinos fixados. Os pinos das camadas superiores atingiram

médias de exposição maiores do que a base. Após a quebra das ondas na base da

falésia, ocorre o espraiamento que atinge um degrau superior (a 1m de altura do

sopé) da falésia, causando erosão da camada superior que é mais arenosa e mais

friável.

Entre as campanhas de junho e outubro, perdas entre 4 e 5m3 aconteceram

em decorrência de movimentos de massa ocorridos nas estações 03 e 04, estações

estas que apresentaram uma tendência a perda de material, principalmente, por

ação marinha. Essa perda de material na base ocasionou os recuos na crista da

falésia registrados no período de outubro a dezembro.

0,5m

1,0m

1,5m

Estação 07100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

0,5m

1,0m

1,5mEstação 04

Figura 37: Representação da malha de pinos e a comparação entre o volume erodido entre uma estação com maior exposição aos processo marinhos (estação 04) e aos processo subaéreos (estação 07).

Volume erodido m3

.Pino de erosão

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No período de junho a outubro foram registrados os maiores picos de altura

de onda. O volume erodido mostra que as estações que mais foram atingidas por

esse evento foram as estações 03 e 04.

O acúmulo de sedimentos da praia e material oriundo de deslocamentos de

massa depositados no sopé, em algumas ocasiões tornaram os pinos localizados à

0,50m da base da falésia protegidos da ação marinha.

O tempo necessário para que o material deslocado por movimento de massa

seja totalmente erodido pela ação marinha só pôde ser parcialmente estimado, uma

vez que em um intervalo de dois meses entre os levantamentos, quase todo o

material deslocado já havia sido erodido, sobrando apenas blocos e concreções

ferruginosas, onde este material estava presente. Assim sendo, estima-se que, no

máximo de dois meses, estes depósitos são totalmente remobilizados.

Figura 38: Variação do volume erodido por período monitorado. As estações 03 e 04, ao final do monitoramento, apresentaram os maiores valores de volume erodido entre junho e outubro.

Fev/Abr Abr/Jun Jun/Out Out/Dez Dez/Fev

8

7

6

5

4

3

2

Período observado

Estaçõ

es

Volume erodido

(m3)5,5-6

5-5,5

4,5-5

4-4,5

3,5-4

3-3,5

2,5-3

2-2,5

1,5-2

1-1,5

0,5-1

0-0,5

N

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Apenas na estação 06 foi observado, entre outubro e dezembro, um

movimento de massa com significativa perda de material. A figura de perda do

volume (Fig. 38) mostra que as estações 07 e 08 apresentaram as maiores perdas

entre outubro e dezembro, período onde foi registrado um aumento da pluviosidade

e o maior número de frentes frias.

O volume erodido na base da falésia tem reflexo no recuo das cristas das

falésias. Quando os volumes erodidos atingiram valores entre 4 e 6m3 (exposição

dos pinos da base superiores a 10cm) na campanha seguinte foram observados

movimentos de massa, provocando o recuo das cristas das falésias.

5.7. Perfis topográficos e espessura do pacote sedimentar

As observações relativas aos dados de topografia em associação com es

levantamentos com os pinos de erosão evidenciaram que o recuo da crista acontece

em curto lapso de tempo, sendo resultado de desmoronamentos. A perda de

sustentação, pela erosão marinha na base, possui um ritmo diferenciado resultante

de sucessivos ataque de ondas sobre a face da falésia, ação de longo período que

desencadeará movimentos de massa. As figuras 39 e 40 mostram o total recuado

das cristas e o recuo observado por período de monitoramento.

Recuo da crista da falésia(abr/2004 - fev/2005)

01234567

E3 E4 E5 E6 E7 E8Estações

Rec

uo (m

)

Crista da falésia

Figura 39: Recuo total da crista da falésia ao final do monitoramento. A remoção de marcos e material da falésia na estação 01 e as limitações naturais da estação 02 impossibilitaram um comparativo de recuo do perído exposto.

N

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50

Figura 40: Recuo da crista da falésia por período monitorado e gráfico de ondas e frentes frias no ano de 2004

A estação 02 não foi monitorada por topografia em função da limitação do

equipamento, uma altura maior do que os sete metros da mira topográfica.

Uma análise geral mostra uma maior erosão nas estações 03, 04, 05 (f igs. 42

e 43). São estações que apresentaram maior volume erodido e, conseqüentemente,

apresentaram na topografia um maior recuo da linha de falésias. Estas estações têm

abr/jun jun/out out/dez dez/fevE3

E4

E5

E6

E7

E8

Período observado

Estações

metros

3,5-4

3-3,5

2,5-3

2-2,5

1,5-2

1-1,5

0,5-1

0-0,5

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uma base com pouca ocorrência de concreções e uma praia que é transposta pelas

ondas a cada preamar, fatores que a tornam altamente susceptíveis à ação abrasiva

das ondas e formação de cortes (notches).

As estações 03 e 04 apresentaram significativo recuo nos períodos de abril a

dezembro e principalmente entre as campanhas de junho/outubro. No período entre

junho e outubro foi observada uma série de ondas que elevou a média de altura

acima de 1,6m. Tal fato, associado a uma maior erosão na base das falésias nestas

estações, evidencia a importância das ondas para as alterações ocorridas no

período. Cabe ressaltar que o maior recuo da base da falésia nas estações 03 e 04

ocorreu no período de junho a outubro, como demonstra o gráfico de variação de

volume da base da falésia (fig. 37). Isto demonstra que existe um intervalo entre o

recuo da crista e da base da falésia, caracterizando inicialmente a erosão da base,

que cria instabilidade e resulta posteriormente em queda e recuo da crista da falésia.

As estações ao norte (06, 07 e 08), apresentaram os pequenos recuos na

crista da falésia. Nestes perfis, as principais alterações ocorreram na face não

atingida pelas ondas, uma camada composta por sedimentos arenosos. Entre as

campanhas de dezembro/2004 e fevereiro/2005, o período mais úmido na área,

foram registradas as principais alterações, caracterizando nestas estações uma

maior susceptibilidade aos processos subaéreos. No mesmo período a base pouco

recuou.

A ação das ondas sobre o pacote de sedimentos foi refletida de forma distinta

entre as estações. No período entre junho e outubro, cinco eventos levaram as

Fig. 41: Perfil da estação 01. Falésia de menor altura e material relativamente homogêneo, com face dominada por concreções. A retirada do material da falésia por moradores locais prejudicou o acompanhamento nas campanhas iniciais.

OceanoAtlântico

0807

0506

03

02

01

04

N

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ondas a permaneceram longos períodos acima da média com predomínio de ondas

de sul e sudeste. Foi observada uma redução da camada arenosa na praia nas

estações 03 e 04 (fig 42) enquanto na estação 08 essa camada foi acrescida. Nas

estações 06 e 07, o volume de areia na praia manteve-se no mesmo nível (fig 44).

Isso pode ser explicado por um transporte preferencial para norte ou, mesmo, um

efeito de difração favorecendo a ação das ondas sobre as estações próximas a parte

mais saliente da área.

A atuação de processos subaéreos é expressiva nas estações 06, 07 e 08,

onde foi observado nas camadas superiores um recuo maior do que na face da

falésia exposta à ação marinha (base da falésia). As concreções dominam a base

das falésias nas estações 07 e 08, proporcionando forte resistência à erosão

marinha.

OceanoAtlântico

0807

0506

03

02

01

04

N

Figura 42: Perfis das estações 03 e 04. Estações que apresentaram alterações significativas ao longo do monitoramento em decorrência grande erosão na base e movimentos de massa.

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Na estação 07 os menores recuos foram registrados. Uma base dominada por

concreções e uma larga faixa de praia resultam em uma menor suscetibilidade

erosiva desse ponto. As camadas superiores, de material friável, foram erodidas por

processos subaéreos, vento e chuvas. Nem todo material erodido era depositado, de

imediato, no sopé da falésia, patê fica retida em “degraus” resultantes do recuo

diferenciado da face da falésia. O material depositado no sopé da falésia é

facilmente removido pela ação das ondas.

A estação 08 (fig.45) mostrou-se mais exposta aos processos subaéreos e

marinhos. Porém com forte desenvolvimento de notches apresentou maiores recuos

do que a estação 07. A exemplo da estação 07, os maiores volumes erodidos estão

entre os meses de junho e outubro/2004, enquanto que a crista da falésia pouco

variou, recuando apenas no período entre dezembro/2004 e fevereiro/2005.

A ação das ondas sobre o pacote de sedimentos foi refletida de forma distinta

entre as estações. No período entre junho e outubro, onde cinco eventos

mantiveram as ondas por longo período acima da média, notou-se uma redução da

camada arenosa nas estações 03, 04 e 05 (figs. 42 e 43), enquanto na estação 08

essa camada foi acrescida.

Nas estações 06 e 07 a camada arenosa manteve-se no mesmo nível. Isso

pode ser explicado por um transporte preferencial para norte ou, mesmo, um efeito

de difração favorecendo a ação das ondas sobre as estações próximas à parte mais

saliente da área (fig. 44).

Fig. 43: Perfil da estação 05. Estação com grande exposição aos processos marinhos, porém as caracterísicas da falésia neste ponto, com material mais friável próximo à crista, conferiu um recuo acentuado da camada exposta à processos subaéreos

OceanoAtlântico

0807

0506

03

02

01

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N

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Para conhecer o período de recobrimento foram utilizados os perfis da

primeira campanha, por serem os mais longos, e da penúltima campanha, que foi a

última que possibilita a comparação entre um perfil anterior e um posterior.

Com exceção da estação 2 (atingida a cada preamar e sempre com a

plataforma de abrasão exposta) os demais perfis eram atingidos pelas ondas por

um período de 4 a 5 horas durante a maré de sizígia, onde os máximos valores da

preamar atingiam valores de até 1,5m (em média 1,2m). Na maré de quadratura os

valores máximos observados na tábua de maré prevista atingiam valores entre 1,0 e

1,1m, essa menor altura atingida resulta em um tempo de recobrimento menor, logo

uma exposição menor à erosão marinha, período de 2 a 3 horas.

O depósito arenoso defronte às falésias, cobre boa parte da plataforma de

abrasão. Na preamar o depósito arenoso não é removido pelas ondas, sendo

facilmente transposto pelas ondas atingindo assim o sopé da falésia. De acordo com

Robinson (1977) isso indica que o principal processo erosivo desencadeado pela

Figura 43: Perfil das estações 06 e 07. Estações suceptíiveis às alterações impressas por processos erosivos subaéros. O mês de abril, primeira campanha, apresentou problemas na obtenção dos dados.

OceanoAtlântico

0807

0506

03

02

01

04

N

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ação marinha no sopé da falésia é o abrasivo, isto é, as partículas de areia

mobilizadas pelas ondas atuam como agente abrasivo, erodindo o sopé e

desenvolvendo os notches que tornarão a falésia instável.

Fig. 45: Perfil da estação 08.

OceanoAtlântico

0807

0506

03

02

01

04

N

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6. CONCLUSÕES

Para o acompanhamento do recuo da face da falésia na região da Ponta do

Retiro, a topografia, com as adaptações necessárias, mostrou-se uma boa

ferramenta, porém limitada à altura da mira topográfica. Os pinos de erosão

ofereceram uma estimativa de volume retirado na base da falésia, e permitiram

reconhecer os diferentes processos marinhos e subaéreos atuantes sobre a face das

falésias.

Dentre os processos erosivos observados nas falésias em estudo, os

processos marinhos são os mais eficazes e os principais responsáveis pelos

grandes volumes de sedimentos que são retirados da falésia e depositados na

praia., A ação das ondas no sopé da falésia desenvolve os cortes que

desestabilizam a face da falésia e a tornam susceptível à perda de sedimentos por

movimentos de massa.

A ação das ondas é limitada ao período da preamar. As ondas arrebentadas

mobilizam os sedimentos da praia contra a face da falésia favorecendo a abrasão,

que é a principal forma de erosão promovida pelas ondas. A ação hidráulica da

onda, atingindo diretamente a face da falésia em praia dissipativa mostrou-se pouco

eficaz.

Os maiores recuos estão associados aos escorregamentos e a queda de

blocos, movimentos de massa mais recorrentes. São eventos de curto período e os

principais alteradores do perfil da falésia.

A atuação de processos subaéreos é expressiva. Em algumas campanhas foi

observado nas camadas superiores um recuo maior do que na face da falésia

exposta à ação marinha, principalmente no período de maior pluviosidade, período

entre os meses de outubro a fevereiro.

Nas camadas de sedimentos de textura agilosa a argilo-arenosa os

movimentos de massa ( queda de blocos e escorregamentos) são mais freqüentes.

Os sedimentos mais friáveis, presentes na camada junto ao topo estão

sujeitos a fluxos de sedimentos, movimentos de massa superficiais que mobilizam

um pequeno volume de sedimentos, que podem, ou não, ser depositados junto ao

sopé da falésia.

A ocorrência de concreções nos níveis basais das falésias confere uma maior

resistência à erosão marinha.

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O depósito arenoso defronte às falésias cobre parcialmente a plataforma de

abrasão, com maior exposição próxima ao máximo recuo das ondas. A espessura do

pacote de sedimentos apresenta maiores variações próximas a base da falésia.

Esse depósito arenoso apresenta uma tendência a tornar-se mais extenso em

direção ao norte, favorecendo o isolamento e a perda do contato das falésias com o

mar. Exceção feita nas proximidades do pináculo existente na área.

As praias existentes ante as falésias atuam diferentemente ao longo da área

de monitoramento. Nas estações 03, 04 e 05, as praias atuam como um elemento

que potencializa a ação erosiva das ondas. Em cada uma destas estações o volume

erodido foi próximo a 10m3, perdas associadas à intensa erosão na base da falésia e

movimentos de massa.

Nas estações 05, 06, 07 e 08, as praias possuem maior extensão e

espessura, atuando então como agente amortizador da ação das ondas. O volume

erodido mensurado na estação 08 foi inferior a 1m3 em todas as campanhas. Na

estação 06 o maior volume erodido, entre outubro e dezembro de 2005 foi inferior a

3m3.

Na estação 02 as observações em campo mostraram que a estação é

precedida por uma plataforma de abrasão, sempre exposta, e a cada preamar sofre

a ação de ondas estacionárias e arrebentadas. Ao longo do monitoramento os

volumes erodidos mantiveram-se entre 1 e 2m3. A face da falésia nesta estação é

composta dominantemente por concreções e argilas.

A espessura do pacote arenoso variou ao longo do monitoramento, sempre

apresentando maior espessura na parte central da faixa arenosa e delgada nas

proximidades do sopé e do máximo recuo da onda. Considerando uma média de

0,4m e uma faixa arenosa de 50m (condição observada na baixa-mar) o volume do

pacote arenoso emerso, sobre a plataforma de abrasão, pode ser estimado em

26.000m3, distribuídos ao longo de 1.300m de planície costeira limitada pela

Formação Barreiras na Ponta do Retiro.

As taxas históricas do recuo da linha de falésias baseadas em material

cartográfico relativo ao período entre 1976 e 2002, estimadas em 3m/ano, são

similares ao estudo de Moreira e Silva (2005). Os dados relativos ao monitoramento

em campo mostraram valores médios de recuo de 2,5m/ano, indicando assim uma

coerência entre as medidas históricas e as de curto período.

As falésias da Formação Barreiras, reconhecidas fonte de sedimentos no

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litoral Nordeste do Brasil, representam, na área de estudo, um significativo estoque

de sedimentos arenosos que, após serem erodidos das falésias são incorporados às

praias e planícies costeiras. Areias, em maior parte, de granulometria média a

grossa são depositadas na praia e redistribuídas pelas correntes litorâneas. As

areias muito finas e argilas são facilmente trabalhadas pelas ondas e

disponibilizadas para a zona submarina e para o transporte longitudinal a cada

preamar, onde há submersão parcial ou total da praia.

A importância da Formação Barreiras na construção da planície costeira pode

ser observada na comparação entre os valores de volume de areia estimado para o

pacote arenoso com a quantidade de areias disponibilizadas pelas falésias

Formação Barreiras.

Levando-se em conta os dados históricos, estimou-se que em um perído de

26 anos foram retirados das falésias cerca de 130.000 m3 de sedimentos.

Considerando-se uma percentagem mínima de 50% de areias, isto corresponde a

65.000 m3 de sedimentos arenosos que foram incorporados às praias neste período,

levando a um valor médio estimado de 2.500 m3 de sedimentos por ano.

Supondo que o pacote arenoso tenha sido construído como um evento de

progressão linear, com média de crescimento de 1.000m3/ano, tem-se então uma

perda de 1500m3 do total disponibilizado pela falésia no mesmo período, sendo esse

volume representado por areias muito finas e finas. Porém, a existência de um

pacote arenoso tende, com o seu desenvolvimento, minimizar a ação das ondas

sobre a falésia.É possível, então, afirmar que essa perda tende a ser reduzida até

que se iniba o processo erosivo e a falésia se torne, então, isolada do contato com o

mar.

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ANEXO I

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Universidade Federal Fluminense Instituto de Geociências

Laboratório de Geologia Marinha Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_01_ Coordenadas_ 296583,977/ 7636664,140 __orientação 222º SW Referência_marca 1(M1): 24,90m a partir do muro branco, lado norte do portão; M2: 15m da M1; 3º: 25m da estaca M2 FALÉSIA Altura da Falésia 1,75m [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock (X ) non-rock Falésia precedida ( X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa ( X ) extensão falésia mx recuo 50m Blocos ( )

Plataforma de abrasão ( )

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa -------- tipo_escorregamento ( ) blocos na praia ( X) vegetação suspensa ( ) notches outras observações: Voltada para sul, +/- abrigada, seixos no sopé da falésia, na preamar ondas chegam ao sopé da falésia. Plataforma de abrasão exposta na antepraia.

Universidade Federal Fluminense

Coord. UTM / datum WGS84

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Instituto de Geociências Laboratório de Geologia Marinha

Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_02_ Coordenadas 296633,466/ 7636658,872__orientação 142º SE Referência_Marca perto da árvore na reta do portão (cruz. c/ linha 1); M1: perto da árvore; M2 21m de M1; M3: 19m de M2____ FALÉSIA Altura da Falésia __1,37m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock ( X ) non-rock Falésia precedida ( ) S ( X ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa ( ) extensão falésia mx recuo ______

Blocos ( )

Plataforma de abrasão ( X )

Evidencias de erosão da falésia ( ) movimento de massa -------- tipo_______________________ ( ) blocos na praia ( ) vegetação suspensa ( X ) notches outras observações: Sem vegetação; na preamar a falésia fica em contato com o mar (sem praia); erosão diferenciada (camadas superiores recuados aprox. 1,00m / altura total 1,95m; laterita e caulim na falésia.Camada arenosa bastante erodida por ventos.

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Universidade Federal Fluminense Instituto de Geociências

Laboratório de Geologia Marinha Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_03 Coordenadas_ 296594,054/ 7636722,030__orientação 120º SE Referência_”toco de cimento” ao lado do muro branco,; M1 12m do “toco”; M2 19,50m FALÉSIA Altura da Falésia __2,97m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock ( X ) non-rock Falésia precedida ( X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa (X ) extensão falésia mx recuo 32,13m

Blocos ( )

Plataforma de abrasão (X) Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa -------- tipo_queda de blocos__ (X) blocos na praia (X )vegetação suspensa (X ) notches outras observações: Na parte superior da falésia material mais arenoso, na base da falésia (até 1,0m material argiloso); defronte a falésia praia de 32m seguida de platafroma de abrasão de 21m de extensão. Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas. Plataforma coberta parcialmente por sedimentos.

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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Geociências Laboratório de Geologia Marinha

Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_04_ Coordenadas__ 296588,342/ 7636760,313__orientação 114º SE Referência_Ao lado do “X” marcado no muro branco (face norte), ao lado da quina; entre M1 e M2: 10m; de M2 a M3: 7,5m FALÉSIA Altura da Falésia __3,00m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock (X ) non-rock Falésia precedida (X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa ( X ) extensão falésia mx recuo Blocos (X )

Plataforma de abrasão (X) <plataforma semi-coberta por are ia>

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa -------- tipo_desabamento______ (X) blocos na praia (X) vegetação suspensa (X) notches outras observações: Na parte superior da falésia ocorre material mais arenoso (a partir de 2m), na base da falésia notch de 0,65m em material argiloso com presença de laterita; defronte a falésia praia de 30m seguido de plataforma de abrasão de 17m de extensão. Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas. Plataforma de abrasão parcialmente coberta por sedimentos

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Laboratório de Geologia Marinha Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_05_ Coordenadas__ 296584,576/ 7636779,898__orientação 104º SE Referência_Ao lado do risco “K” no muro branco; M1 a M2: 9,96; M2 a M3:13m FALÉSIA Altura da Falésia __3,25m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock ( X ) non-rock Falésia precedida (X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa (X X ) extensão falésia mx recuo Blocos (X )

Plataforma de abrasão (X)

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa -------- tipo_queda de blocos (X) blocos na praia (X) vegetação suspensa (X) notches outras observações: Na parte superior da falésia material mais arenoso (a partir de 1,5m), na base da falésia notch de 0,50m em material argiloso com presença de laterita; defronte a falésia praia de 29m seguida de plataforma de abrasão (parcialmente coberta) de 22m de extensão, após plataf. abrasão mais um depósito arenoso. Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas.

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Instituto de Geociências Laboratório de Geologia Marinha

Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_06__ Coordenadas_ 296573,431/ 7636804,116__orientação 100º SE Referência__M1 a M2 6,82; M2 a M3: 8,72 FALÉSIA Altura da Falésia __4,00m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock ( X ) non-rock Falésia precedida (X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa (X X ) extensão falésia mx recuo Blocos (X )

Plataforma de abrasão ( )

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa ----- tipo_escorregamento / queda de blocos_

(X) blocos na praia (X) vegetação suspensa (X) notches outras observações: Na parte superior da falésia material mais arenoso (a partir de 2m), na base da falésia notch de 0,80m em material argiloso (caulin) com presença de laterita; observado dois patamares, o segundo mat. arenoso é recuado aprox. 0,50m da crista do primeiro de material mais consistente. Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas.

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Instituto de Geociências Laboratório de Geologia Marinha

Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_07_ Coordenadas__ 296567,226/ 7636826,168__orientação 96º SE Referência_M1 a M2 6,75m_ FALÉSIA Altura da Falésia __5,00m__ [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock ( X ) non-rock Falésia precedida (X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa (X ) extensão falésia mx recuo Blocos (X )

Plataforma de abrasão ( )

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa ----- tipo_escorregamento / queda de blocos_

(X) blocos na praia (X) vegetação suspensa (X) notches outras observações: Na parte superior da falésia material mais arenoso (a partir de 1,7m), na base da falésia notch de 0,70m em material argiloso (caulin) com presença de laterita; observado dois patamares, o segundo mat. arenoso é recuado da crista do primeiro de material mais consistente; defronte a falésia praia de 60m. Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas.

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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Geociências Laboratório de Geologia Marinha

Ficha descritiva para trabalho de campo. Localização e descrição dos pontos de amostragem Ponto_08_ Coordenadas__ 296561,257/ 7636846,654__orientação 92º SE Referência__M1 a M2 4,70; M2 a M3 6,95 FALÉSIA Altura da Falésia 4,10m [ alta >10m, moderada 3-10m, baixa<3m ] Tipo de material que compõe a falésia ( ) rock (X ) non-rock Falésia precedida (X ) S ( ) N

Cordão arenoso vegetado ( ) extensão falésia mx recuo ______

Praia arenosa (X ) extensão falésia mx recuo 70,30m

Blocos ( )

Plataforma de abrasão ( )

Evidencias de erosão da falésia (X) movimento de massa -------- tipo_escorregamento______ (X) blocos na praia (X) vegetação suspensa (X) notches outras observações: Na parte superior da falésia material mais arenoso (a partir de 2m), na base da falésia notch de 0,70m em material argiloso (caulin) com presença de laterita; observado dois patamares, o segundo mat. arenoso é recuado da crista do primeiro de material mais consistente (o material observ. no sopé da falésia é arenoso). Na preamar o sopé da falésia é atingido pelas ondas.

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ANEXO II

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ANEXO III

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0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 02110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

Gráficos com a exposição total, em centímetros, dos pinos de

erosão ao final do período de monitoramento (abr/2004 – fev/2005). A

cada campanha os valores de exposição dos pinos foram anotados (recuo

da face da falésia) e a soma desses valores representam o recuo total dos

pinos ao fim do monitoramento

Os gráficos mostram a face da falésia, onde os pinos foram fixados.

Três sequencias de quatro pinos a partir de 0,5m da base até 1,5m.

cm

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0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 04 110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 03 110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 05 110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

cm

cm

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0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 07110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 08 110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

0,5m

1,0m

1,5m

altura em relação à base

Estação 06110-120100-11090-10080-9070-8060-7050-6040-5030-4020-3010-200-10

cm

cm

cm

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ANEXO IV

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Estatística dos dados gerados pelo modelo WAM, bóia virtual Itaoca (ES), no

ano de 2004 (ALVES e MENEGAIS , 2005)

Dados disponibilizados pela Divisão de Previsão Numérica – DHN/Marinha do Brasil

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ANEXO V

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Notch

Seixos

Fissura

A perda de material nabasedeixaavegetação suspensa

Foto1:Entre as estações 04 e 05apresenta características deerosão mariha na base (pelodesenvolvimento de notches) ede por processos não-marinhos.A camada impermeável relativaa Formação Barreiras, sob acamada arenosa, favorece ap e r d a d e m a t e r i a l p o rescoamentosubsuperficial.

Campanhaoutubro

Foto3: CampanhaoutubroSeixos remanescentes de um movimento de massapróximo a estação 04. É possível ver um emevolução e uma fissura na falésia, indicação deinstabilidade e de localização do material susceptívelaomovimento.

notch

Foto2: CampanhaoutubroFace da falésia na estação 07 com os diferentescamadas. A camada superior, de material maisfriável, mais recuada. Fora do alcance das ondasessa camada é moldada por processos subaérosemovimentosdemassa.

OutubroAbril

Notch bemdesenvolvido

Material resultantede queda

Material resultantede fluxo de sedimentos

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Foto4: Campooutubro

A base da falésia, mais sujeita aosprocessos marinhos, apresenta umaconcavidade, que pode chegar a mais60cmapartirdafaceeemmédia50cmdealtura a partir da base (antes domovimentodemassa).

Notch

Perfil da falésiacomdiferentesníveis de recuo

Depósitode fluxo

Notch

Pino de erosão fixado aoblococaído da falésia

Baliza 1,5m

Vegetaçãosuspensa

Foto6: Campanhaoutubro

Movimento de massa na estação 07. Blocoscaídos junto ao material arenoso que desceapós a perda da sustentação. Os fluxos aquiestãoassociadosàquedadeblocosocorrida.Aperdadospinosdeerosãoindicaumaperdadematerialsuperiora50cm(tamanhodospinos).

Foto5: CampanhaoutubroPerifil da falésia e algumas evidências deerosão:vegetação suspensa, cortes nabaseematerialmobilizadoedepositadonosopé.Aheterogeneidadedafacedafalésiaé refletida no recuo diferenciado dacamada junto ao topo da falésia (materialmuitofriável).

Blocos

Material depositadopor fluxo

Material depositadopor queda

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Foto7: CampanhadezembroDiferentes ritmos de recuo da face da falésia emfunção da composição do material e dos processoserosivos atuantes. Na base um bemdesenvolvido tornando a falésia susceptível aodesmoronamento.

notch

Material semsustentação

Notch

Foto9:CampodeAbril

Movimentode massa na estação03, uma das mais ativas. Omaterial mobilizado e depositadono sopé irá proteger a base dafalésiadaerosão marinhaatéqueesteseja parcialmente/totalmenteerodido.

Foto8:Campanhadeabril

Evidênciasdemovimentosdemassanasproximidades das estações 03 e 04. Nosegundo plano a estação 02 em contatocomomar

03

04

02

Material depositadopor movimentode massa

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Foto10CampodeAbril

Plataforma deabrasão exposta em frente aestação02. O primeiro horizonte, apesar damaior exposição às ondas é de materialm a i s r e s i t e n t e q u e o h o r i z o n t esuperior,menos exposto e mai recuado. Najanela pino exposto com recuo da face dafalésia.

Foto11CampodeAbril

Aconcavidadebemdefinida e profundamostraum bem desenvolvido no perfil daestação04.

notch

Foto12CampanhadeAbril

Uso do trado na estação 04.Procedimentoutilizadopara conhecer aespessura do pacote de sedimentossobreaplataformadeabrasão.

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