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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE GARANHUNS
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
Ialle Juliana Marques Andrade
AS HQs NA ESCOLA: DISSEMINANDO SABERES E COMPARTILHANDO
APRENDIZAGENS
Garanhuns 2019
AS HQs NA ESCOLA: DISSEMINANDO SABERES E COMPARTILHANDO
APRENDIZAGENS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Pedagoga pelo Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns.
Orientadora: Prof.ª M.ª Valdirene Moura da Silva
Garanhuns 2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Integrado de Bibliotecas da UFRPE
Biblioteca Ariano Suassuna, Garanhuns - PE, Brasil
A553h Andrade, Ialle Juliana Marques
As HQS na escola: disseminando saberes e compartilhando aprendizagens / Ialle Juliana Marques Andrade. - 2019.
68 f. : il.
Orientador(a): Valdirene Moura da Silva
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Pedagogia, Garanhuns, BR - PE, 2019.
Inclui referências e apêndices
1. Histórias em quadrinhos 2.Ambientes de sala de aula 3. Prática de ensino I. Silva, Valdirene Moura da, orient. II. Título
CDD 371.3
Ialle Juliana Marques Andrade
AS HQs NA ESCOLA: DISSEMINANDO SABERES E COMPARTILHANDO
APRENDIZAGENS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Pedagogia pelo Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns.
Aprovado em: / /
BANCA EXAMINADORA
Profa. Ma. Valdirene Moura da Silva UAG/UFRPE
Prof. Dr. Robson Santos de Oliveira UAG/UFRPE
Prof. Me. Robson da Silva Eugenio EDUMATEC
“Já que há mundos mais evoluídos, porquê eu tive que nascer justo neste?” (Mafalda)
https://kdfrases.com/frase/163134https://kdfrases.com/frase/163134https://kdfrases.com/autor/mafalda
AGRADECIMENTOS
Não poderia deixar de destinar os agradecimentos iniciais ao Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo. Sou imensamente grata, ao Senhor Deus, por todas
as noites desse árduo percurso de graduação em que fui dormir sobrecarregada e
acordei com a determinação renovada, pois me sustentasse e me fortaleceste. Por
todos os momentos em que fraquejei e me amparaste, por todos os momentos de
adversidade em que senti tua presença tão fortemente.
São tantos os nomes daqueles que torceram por mim, em especial ressaltarei
aqui, Maria Augusta Marques PorDeus (Maguta) in memorian. Vovó, obrigada por
tudo, por cada palavra, por me acolher em sua casa, por todo cuidado. A senhora foi
minha maior incentivadora, antes mesmo de ser discente da UAG, a senhora gestou
o sonho e me disse “vou morar bem perto da rural, porque quando você for estudar
lá, rapidinho consegue chegar em casa.” Não estás mais aqui fisicamente, mais
quero que receba toda minha gratidão e saiba que cada benção proferida foi
escutada por Deus.
Ao meu pai Luís Ivaldo, por todo apoio mostrado. A meu esposo Antônio,
pela parceria e companheirismo. A Izabelle filha amada, por toda compreensão,
pelos momentos em que não pude estar tão presente como gostaria. Por me
acompanhar nas aulas, mesmo tendo que acordar cedo durante as férias.
A Ianne por me sugerir o curso de Pedagogia, pois foi neste em que me
encontrei profissionalmente. Irmã, sou muito agradecida por tua mão sempre
estendida e disposta a me ajudar.
Aos meus familiares, destaco Ilma, Ivânia e Ivone, minhas tias que sempre
estiveram presentes, por me apresentarem permanentemente em suas orações.
A Maria Helena que além de companheira de curso, é uma amiga muito
especial que irei levar pra vida toda. Os laços estabelecidos na faculdade não serão
desfeitos, foram muitos momentos vividos, enfrentamos todos os percalços sempre
com apoio mútuo.
A minha orientadora Valdirene Moura da Silva, por me acolher e me mostrar
um caminho a seguir quando me sentia perdida na construção desse trabalho de
conclusão de curso. Obrigada professora, por todo estímulo, por cada palavra de
incentivo, por abraçar esse trabalho juntamente comigo.
As docentes que se dispuseram a fazer parte desta pesquisa, por toda
atenção empregada.
A todos que participaram direta ou indiretamente para a conclusão deste
trabalho.
RESUMO
A presente pesquisa traz como pergunta norteadora: De que maneira as HQs podem ser utilizadas como ferramentas nos processos de ensino e aprendizagem? A partir dessa inquietação, traçamos como principal objetivo contribuir metodologicamente para a utilização das HQs enquanto recurso didático. Alicerçando-se nas etapas de uma pesquisa-ação, buscamos alterar a situação inicial constada que se caracterizava pela ausência da utilização das HQs enquanto recurso didático/pedagógico, através de intervenções no formato de oficinas pedagógicas realizadas com professoras de uma escola em Garanhuns/PE. Desse modo, propomos as docentes reflexões sobre a linguagem dos quadrinhos enquanto instrumento aliado nos processos de ensino e aprendizagem. Com a finalidade de trazer contribuições metodológicas, considerando a potencialidade dinâmica e desafiadora das HQs propomos a execusão de um projeto intitulado “HQzando”. As ações desenvolvidas levaram a uma modificação de compreensão, possibilitando as docentes uma ampliação da forma com que concebiam as HQs passando a enxergar suas potencialidades para o campo educacional. A execusão do projeto proposto possibilitou a constatação de que é possível utilizar as HQs para abordar as mais variadas temáticas, configurando-se um forte recurso pedagógico. Palavras-Chave: Histórias em quadrinhos. Recurso pedagógico. Sala de Aula.
INDICE DE ILUSTRAÇÕES
IMAGENS
Imagem 1 - “The Yellow Kid”......................................................................................... 15
Imagem 2 - “As aventuras de Nhô- Quim ou Impressões de uma viagem à corte”.. 16
Imagem 3 - “Revista O Tico-Tico”. ................................................................................ 17
Imagem 4 - Capa da Revista “A Vida Fluminense”. .................................................... 18
Imagem 5 - Primeira edição de revista em quadrinhos com Super-Homem ..............19
Imagem 6 - Capitão American enfrenta Hitler. ............................................................. 19
Imagem 7 - Livro “A sedução do Inocente”. ................................................................. 21
Imagem 8 - Selo “Código de Ética dos Quadrinhos”. .................................................. 21
Imagem 9 - Comics Code Authority ............................................................................... 22
FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 - Apresentação do projeto “HQzando”..................................................... 35
Fotografia 2 - Roda de conversas ................................................................................ 36
Fotografia 3 - Leitura ..................................................................................................... 39
Fotografia 4 - Exploração do gênero textual ................................................................ 40
Fotografia 5 - Escrevendo a Narrativa........................................................................... 41
Fotografia 6 - Realização do esboço .............................................................................41
Fotografia 7 - Arte final .................................................................................................. 42
Fotografia 8 - I Mosta de HQs do quarto ano............................................................... 43
Fotografia 9 - Momento de leitura das obras para o grupo ......................................... 43
Fotografia 10 - Momento de apreciação ....................................................................... 44
Fotografia 11 - Marcadores ........................................................................................... 44
Fotografia 12 - Capa HQ com erros ortográficos ......................................................... 45
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 13
2.1 Vamos lá aprender um pouco mais sobre as HQs?............................................... 13
2.2- As HQs no espaço escolar? Presente .................................................................. 22
3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 28
4.1 Finalidade do estudo ............................................................................................... 28 4.2 Tipo de pesquisa ..................................................................................................... 28 4.3 Delimitação e local da pesquisa ............................................................................. 29 4.4 Fonte de informação ................................................................................................ 30 4.5 Técnica de coleta de dados ..................................................................................... 30
4. SISTEMATIZAÇÃO ANÁLISE E DISCURSÃO DOS DADOS .............................. 32
4.1 Os saberes compartilhados através das HQs ....................................................... 32
4.1 Vivenciando o projeto HQZANDO .......................................................................... 38
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 47
6. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 49
APÊNDICES ................................................................................................................... 53
Apêndice A - Questionário ............................................................................................. 53
Apêndice B - Entrevista ................................................................................................. 54
Apêndice C - Slides ....................................................................................................... 55
Apêndice D - Projeto HQzando..................................................................................... 58
Apêndice E - Termo de consentimento livre e esclarecido ......................................... 67
11
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Diante da realidade desafiadora que nos cerca, seja através da imersão das
tecnologias no contexto educacional ou pela rapidez com que as informações são
veiculadas, a sala de aula precisa ser um espaço oportuno para mediar o
conhecimento como afirma KENSKI (2006). Assim sendo, os alunos estão absortos
nos mais variados contextos o que acaba propiciando o contato com diferentes
formas de linguagem, seja ela verbal, não verbal ou mesmo mista. Ao se trabalhar
com essa diversidade em sala de aula oportuniza-se ao estudante uma apropriação
desse repertório, refletindo diretamente na capacidade comunicativa e
consequentemente em suas relações sociais.
O uso de diferentes linguagens é destacado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) como um dos objetivos de aprendizagens previstos para os alunos
do ensino fundamental (BRASIL, 1997, p. 5). A Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) esse importante documento que se caracteriza como o alicerce para a
construção curricular das escolas da rede pública do Brasil inteiro também enfatiza a
utilização de diferentes linguagens como competência geral a ser desenvolvida
enquanto direito de aprendizagem e desenvolvimento conjecturado tanto para
educação infantil como para o ensino fundamental (BRASIL, 2017).
Com respaldo nos documentos que norteiam a educação, mais
especificamente os anos iniciais do Ensino Fundamental, optamos pelo uso das
histórias em quadrinhos (HQs) para ser abordada nesse trabalho, por considerar
uma linguagem dinâmica que embora tenha um longo caminho a ser trilhado,
envolve vários aspectos essenciais no âmbito da língua portuguesa, tais como
coerência, coesão, pontuação, entre outros.
A experiência pessoal como docente foi o fator principal para a escolha da
temática, visto que foi possível perceber a ausência da utilização das HQs na sala
de aula e após verificar essa lacuna buscaram-se alternativas para que essas
fossem melhores aproveitadas nos processos de ensino e aprendizagem.
Frente a uma constante busca por transformações educacionais, as quais
geralmente estão atreladas às inovações de práticas docentes objetivando
enriquecer e dinamizar os saberes pedagógicos, o presente trabalho traz uma
12
inquietação que norteou a pesquisa realizada: De que maneira as HQs podem ser
utilizadas como ferramentas no processo de ensino e aprendizagem?
Face a isto, traçamos como objetivo geral da pesquisa realizada, contribuir
metodologicamente para a utilização das HQs enquanto recurso didático. Mais
especificamente, nos propomos ainda a identificar os saberes dos professores sobre
as HQs enquanto recurso didático; Realizar oficina pedagógica com os professores
como forma de trazer contribuições sobre a utilização das HQs em sala de aula; e,
por fim, não menos importante, avaliar as contribuições da oficina pedagógica para
os professores participantes da pesquisa.
Considerando os objetivos traçados e a pergunta norteadora da pesquisa,
sentimos a necessidade de mapear o contexto que pesquisa está inserida,
identificando os estudos e trabalhos já elaborados na área, com essa finalidade,
realizamos uma busca na BDTD1 (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e
Dissertações). Iniciamos a busca por trabalhos que tivessem a abreviação “HQs” no
título, que revelou nove resultados. Desses nove, em apenas um, as HQs foram
utilizadas como recurso didático-pedagógico, sendo este, uma dissertação da autora
Marta Cristina Goulart Braga intitulado “Estratégias on-line para capacitação de
professores em aprendizagem por meio das HQs: abordagem centrada na educação
através do design (EdaDe)” desenvolvida em 2007.
Ao realizar uma nova busca, utilizando as palavras chaves história em
quadrinhos, o banco apontou seiscentos e sessenta e dois trabalhos, após um
refinamento da averiguação e redirecionando o índice para uso das palavras chave
destacadas acima no título, foram apresentados cento e cinquenta e quatro
trabalhos. Ao especificar um pouco mais a busca para o campo educacional, foram
exibidos oito resultados, três desses utilizaram as HQs enquanto instrumento no
processo ensino-aprendizagem, são eles: A dissertação intitulada “História em
quadrinhos digital como estratégia de desenvolvimento da escrita em inglês”, autoria
de Izabel Silva Souza D’Ambrosio, se devolveu a partir da utilização do software
HagáQuê na produção escrita de histórias em quadrinhos para a disciplina de inglês,
esse trabalho conseguiu agregar recursos tecnológicos, as HQs e o objetivo
educacional. O outro trabalho, uma dissertação de Lupi Scheer Dos Santos
denominada “A Geometria da escola e a utilização de história em quadrinhos nos
1 http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acessado em 22 Out. 2018.
http://bdtd.ibict.br/vufind/
13
anos finais do Ensino Fundamental” buscou relacionar o ensino da matemática com
as HQs, usando à linguagem dos quadrinhos enquanto instrumento
pedagógicoassociando a história da matemática. Além do trabalho de Luciana de
Aguiar Silva nomeado “Histórias em quadrinhos na escola: contribuições da Turma
da Mônica em uma oficina de ciências”, neste as HQs também foram utilizadas como
recurso didático, assim sendo, utilizou-se as HQs disponíveis na escola para a
realização de uma oficina de ciências. Por fim, “Nem tudo é por Bhaskara”: a
aprendizagem significativa por meio da história em quadrinhos para o ensino da
equação do segundo grau que tem como executora Telma Fidelis Fragoso da Silva,
usando as HQs para trabalhar a história da equação de segundo grau através de
intervenção pedagógica em uma escola da rede particular ensino. Também
realizamos uma busca no portal de períodico CAPES2 de modo que ao selecionar
como assunto história em quadrinhos apresentou 449 resultados com as mais
diversas abordagens.
Portanto, considerando o cenário mapeado cujos trabalhos acadêmicos em
sua grande parte não abordam o uso das HQs em sala de aula, principalmente
envolvendo os anos iniciais do Ensino Fundamental, consideramos um interessante
campo de pesquisa, sobre o qual, lançamos mão de autores para construir o alicerce
teórico, ou seja, o embasamento científico, entre os quais podemos citar: Anselmo
(1975), Vergueiro (1998), Costa (2009), Goida (2001), Neves (2012), Dione (2007)
entre outros.
O presente trabalho está estruturado em seis capítulos: No capítulo dois
dialogaremos sobre as bases teóricas que envolvem as HQs, desde sua constituição
histórica até os dias atuais assim como abordaremos as características e
peculiaridades do gênero história em quadrinhos. Ainda como subtópico do
referencial teórico, abordaremos o uso das HQs na sala de aula, destacando suas
principais contribuições para o âmbito escolar.
No capítulo três focaremos na metodologia, identificando o tipo de pesquisa
realizado, destacando os instrumentos e sujeitos pesquisados. No capítulo quatro
iremos compartilhar a análise de dados, com base na análise de conteúdo proposta
por Moraes (1999) correlacionaremos com os elementos encontrados no campo
para responder as inquietações que originaram a pesquisa.
2 http://www.periodicos.capes.gov.br/ Acesso em 16 Fev. 2019.
http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_ffdb63dafc5388afd610bef4c8895f6ahttp://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_ffdb63dafc5388afd610bef4c8895f6ahttp://bdtd.ibict.br/vufind/Record/CAMP_ffdb63dafc5388afd610bef4c8895f6ahttp://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UGRI_e6673b161afc3aa026be6a7898619bf7http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UGRI_e6673b161afc3aa026be6a7898619bf7http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UGRI_e6673b161afc3aa026be6a7898619bf7http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UGRI_e6673b161afc3aa026be6a7898619bf7http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UGRI_e6673b161afc3aa026be6a7898619bf7http://www.periodicos.capes.gov.br/
14
Por fim, o capítulo cinco traz nossas considerações sobre o percurso
percorrido, possíveis respostas, reflexões, mas, sobretudo, direcionamentos para
futuras pesquisas.
15
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 VAMOS LÁ APRENDER UM POUCO MAIS SOBRE AS HQs?
Conhecer o percurso histórico das Histórias em Quadrinhos (HQs) é um
passo importante para compreender a relevância de trabalhá-las em sala de aula
como ferramenta pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. Então,
iniciaremos por suas denominações até chegar ao uso pedagógico.
Comics, bandes dessinées, fumetti, tegneserie, stripverhaal, historietas,
mangá, tebeos, histórias aos quadradrinhos e gibi são algumas das nomenclaturas
usadas para fazer referência às histórias em quadrinhos (HQs). Segundo Lânius
(2014) nos anos quarenta, no Brasil, o termo Gibi foi difundido a partir de uma revista
de grande popularidade e de mesma nomenclatura (Gibi).
Outras nomenclaturas também foram utilizadas para se referir as HQs, tais
como arte sequencial e nona arte. É válido salientar que, o termo arte sequencial foi
atribuído as HQs por Will Eisner, importante nome para a arte quadrinística. Eisner
concebia as HQs, ou como ele preferia chamar arte sequencial, como um meio
literário e artístico riquíssimo culturalmente (SIMÕES; NOLASCO, 2015). Esse
termo, usado por Eisner diz muito sobre as HQs, pois as imagens sequenciadas
dentro de um campo narrativo é um dos aspectos principais da linguagem dos
quadrinhos. Já sobre o status de nona arte destaca-se o reconhecimento enquanto
manifestação artística.
É nessa perspectiva, que alguns autores definem as HQs, iniciamos com
Klawa e Cohen apud Anselmo os quais afirmam:
Os quadrinhos são uma sequência. O que faz do bloco de imagens uma série é o fato de que cada quadro ganha sentindo apenas depois de visto o anterior; a ação contínua estabelece a ligação entre as diferentes figuras. Existem cortes de tempo e espaço, mais estão ligadas a uma rede de ação logicamente coerente. (1975, p. 33)
Portanto, embora conheçamos algumas dessas referências é importante
esclarecer o que caracteriza essas obras e para isso iremos usar a conceituação de
Vergueiro (1998, p. 120) onde esclarece que as HQs são:
16
[...] um meio de comunicação de massa que agrega dois códigos distintos para a transmissão de uma mensagem: o linguístico, presente nas personagens e na representação dos diversos sons, e o pictórico, constituído pela representação de pessoas, objetos, meio ambiente, ideias abstratas e/ ou esotéricas etc. Além desses dois códigos, as histórias em quadrinhos desenvolveram também diversos elementos que lhes são hoje característicos, como o balão, as onomatopeias, as parábolas visuais etc. (apud LANIUS, 2014, p. 19).
A relação entre o verbal e o visual estabelecida na linguagem dos quadrinhos
permite uma melhor assimilação sobre o que é tratado, até aqueles que não
dominam a decodificação do código escrito têm a oportunidade de interagir com as
HQs através de uma leitura das imagens que compõem a obra. Esse aspecto
evidencia que o código visual pode se sobressair ao código linguístico.
Sobre os elementos constituintes das HQs, Costa (2009, p. 02) destaca “[...]
podem ser utilizados das mais diversas formas no interior dessa linguagem com a
pretensão de auxiliar a narrativa de fatos e acontecimentos.” É pertinente frisar,
relativo aos elementos característicos desse gênero textual que estes foram sendo
incorporados gradativamente, mais adiante poderemos acompanhar os momentos
históricos relacionados ao gênero de maneira que será possível perceber como
foram se constituindo até chegar ao formato atual, aquele com o qual estamos
familiarizados.
Essa forma de comunicação em massa por muito tempo foi mal interpretada
mediante a pouca compreensão de seu potencial. Apesar de se estabelecer
inicialmente pela vertente do entretenimento não significa que esteja restrita a ela,
ao contrário, o aspecto prazeroso que atrai o público consumidor dessas obras pode
se tornar um grande e forte aliado na perspectiva de aproveitamento máximo dessa
linguagem no processo pedagógico.
O advento das histórias em quadrinhos (HQs) é motivo de discordância entre
os estudiosos, alguns autores defendem que o surgimento das HQs está relacionado
às representações pré-históricas. Pois, desde os primórdios os seres humanos se
expressavam através de imagens, ou seja, as pinturas rupestres que estampavam
certas cavernas foram as primeiras formas de se estabelecer uma narrativa através
de uma sequência de desenhos. Outros autores relacionam o surgimento das HQs
às ocorrências de consolidação das particularidades do gênero, de modo a levar em
consideração apenas as obras com características tal qual, conhecemos atualmente.
17
É importante destacar algumas personalidades que foram precursores no
processo de popularização da HQs, conforme ressalta Goida (2001):
Na Europa, no século XX, artistas como suíço Rodolphe Topffer, o alemão Wilhelm Busch (criador de Max und Moritz/Juca e Chico) e os franceses Caran D’ Ache e Christopher (pseudônimo de Georges Colomb) popularizaram a narrativa em imagens, prenunciando uma nova forma de comunicação visual. Embora muitas vezes estas imagens fossem cercadas, formando “quadrinhos”, o texto ficava sempre fora da ação desenhada. (apud LIMA; FLORES; AZEVEDO, 2015, p. 31).
O grande marco histórico das HQs ocorreu no dia 17 de fevereiro de 1985 nos
Estados Unidos, mais especificamente no suplemento dominical do Jornal New York
World onde foi publicada a primeira HQ com as características que conhecemos
atualmente. A partir da criação de Richard Fenton Outcault denominada de Yellow
Kid (O menino amarelo, imagem 1) os balões passaram a se tornar um dos
elementos que compõem os quadrinhos, embora nem sempre os balões fossem
utilizados, curiosamente, a camisola que fazia parte do figurino do personagem
principal chamado Mickey Dugan, por vezes era utilizada como suporte textual.
Imagem 1 – “The Yellow Kid”
Fonte: LOPES, 2017.
Após algum tempo da estreia, as venturas do menino dentuço de aparência
oriental passou a ser impressa em cores. Desse modo, Lucchetti (2001, p. 2)
evidencia que:
18
Os primeiros experimentos do World com as cores deram resultados que ainda hoje causam admiração. Nessas experiências, porém, uma cor não conseguiu ser impressa: o amarelo. Foi só no início de 1896 que os técnicos gráficos do World conseguiram as condições para imprimir essa cor. Então, escolheram o painel realizado por Outcault para fazer um teste. Ou melhor, dizendo, escolheram o camisolão usado pelo garoto com feições de chinês para fazer esse teste. A experiência foi realizada com sucesso; e, em 16 de fevereiro de 1896, o camisolão apareceu em amarelo, atraindo atenção dos leitores [...].
Todavia, é importante frisar que “Outcault, no entanto, não criou, não inventou
a história em quadrinhos, na verdade, ela já existia em estado latente e convergia
para o ponto de partida pelo trabalho de vários autores que estavam mais ou menos
no mesmo momento criativo.” É o que afirma Bibe- Luyten apud Lanius (2014, p. 23).
Não poderíamos falar sobre a história das HQs sem falar sobre Ângelo
Agostini (1843-1910) notável figura para a trajetória das HQs no Brasil, italiano,
naturalizado brasileiro publicou em 30 de janeiro de 1869 na revista Vida
Fluminense, a primeira HQ do Brasil intitulada: As aventuras de Nhô- Quim ou
Impressões de uma viagem à corte (imagem 2). O personagem principal do
quadrinho de Agostini era um caipira e a narrativa envolvia suas vivências na cidade
grande.
Imagem 2 - As aventuras de Nhô- Quim ou Impressões de uma viagem à corte
Fonte: NOGUEIRA, 2018.
19
Os quadrinhos desse contexto histórico que abrange o final do século XIX
eram publicados em jornais dominicais e em sua maioria apresentavam temas
cômicos e tinham o objetivo de impulsionar as vendas dos jornais. Dessa maneira,
as HQs dividiam a atenção dos leitores com mais variados seguimentos que
compunham os jornais da época.
No início do século XX, surge uma revista brasileira, com tiragens semanais e
que trazia em sua composição além das HQs: fábulas, curiosidades, passatempos,
entre outros conteúdos. Conforme salienta Patroclo (2015, p. 14) “O Tico-Tico é
considerada a primeira revista ilustrada infantil e a pioneira na publicação de
histórias em quadrinhos destinadas às crianças brasileiras”.
Imagem 3 - Revista “O Tico-Tico" (primeiro exemplar, publicado em 1905)
Fonte: PEREIRA, 2018.
O Tico-Tico (imagem 3) e a revista Vida Fluminense (imagem 4) foram o
ponto de partida para a propagação da arte dos desenhos nos país. Mais tarde,
quadrinistas como Maurício de Souza e Ziraldo iriam compor personagens
amplamente conhecidos como a Mônica e sua turma e o Menino Maluquinho.
.
20
Imagem 4 – Capa da Revista “A Vida Fluminense" (Número 01, de 04 de janeiro de
1868)
Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL, 2014.
Posteriormente, surgiram novas temáticas e consequentemente outros
gêneros de HQs são propagados, dentre eles os super-heróis, a ficção científica e o
horror. Em sua dissertação, Krakhecke (2009) esclarece que a história dos super-
heróis é divida em três “eras”, a era de ouro que é inicialmente evidenciada pelo
surgimento do Superman e que dura de 1938 a 1954. A era da prata que teve início
em 1956 e possivelmente se encerra em meados de 1970 se caracterizando como o
período em que ocorreu a reformulação das HQs de super-heróis. E por fim, a era
de bronze que se estendeu até o final dos anos 80 sinalizando o momento de
grande declínio de vendas do gênero.
A passagem de uma era para outra, respectivamente, está atrelada a um
momento de grande instabilidade, guerra e pós-guerra. Esse contexto relacionado
ao bloqueio criativo dos artistas levou a um significativo desinteresse dos leitores,
fato esse, que repercutiu diretamente no processo de criação e produção das HQs.
Como foi mencionado, o Superman (imagem 5) surgiu e gradativamente
outros super-heróis entraram em cena: Batman, Capitão América e Tocha Humana
também foram inseridos no contexto histórico da época.
21
Imagem 5 - Primeira edição de revista em quadrinhos com o Super-Homem
Fonte: SITE G1, 2014
A guerra também fez parte dos enredos das HQs nesse período, como
podemos observar na imagem 6 onde o capitão américa enfrenta o ditador nazista
Adolf Hitler.
Imagem 6 - Capitão América enfrenta Hitler (contexto histórico)
Fonte: SITE VERA CRUZ
22
Passando esse momento, no pós-guerra os enredos assumiram
características comuns com relação aos desfechos anteriores, isto acabou refletindo
negativamente na procura desse gênero, havendo assim uma significativa queda
nas aquisições. A partir disso, conforme destaca Krakhecke (2009, p. 59) “As
histórias de terror e mistério acabam invadindo as prateleiras, sendo a preferência
dos leitores adolescentes e adultos jovens”.
É nesse cenário atrelado ao aumento da delinquência infantil que as HQs
passaram por momentos sombrios. Guerra (2001, p. 14-15) descreve uma gama de
acontecimentos que representaram momentos de muita instabilidade para as
histórias em quadrinhos:
O advento da Guerra Fria e o surgimento no mundo da bipolaridade entre os Estados Unidos e a União Soviética fizeram eclodir na sociedade americana um forte sentimento anticomunista. O Macartismo disseminou o medo de um ataque soviético, especialmente nuclear, e acabou por disseminar um estado que beirava a paranoia, na qual se procuravam culpados pelos problemas da sociedade estadunidense. Neste sentido, durante este período conservador, houve o lançamento do livro Seduction of the Innocent - A Sedução do Inocente - do psiquiatra Frederic Wertham. Neste livro, ele considerou subversivas as histórias em quadrinhos, acusando-as de corromper os jovens, levando-os à delinquência. Muito embora os editores dos comics books argumentassem através de editoriais pró- quadrinhos que suas histórias estimulavam a leitura e que seus leitores eram inteligentes o suficiente para distinguir entre fantasia e realidade. Em 1954, o Subcomitê do Senado americano para Delinquência Juvenil começou uma investigação em cada edição publicada. Assim sendo, no ano seguinte, as empresas de quadrinhos se uniram para a criação de um sistema de controle interno, e daí surgiu o Comics Code Authority (CCA). O seu objetivo claro era impor uma autocensura nas histórias em quadrinhos antes que elas fossem para o seu público leitor. As capas das revistas passaram a exibir o selo do código, indicando que ela estaria livre de qualquer conteúdo considerado “subversivo”. (apud RIBEIRO, 2017, p.13)
O ambiente de suscetibilidade acabou sendo fomentado pelo psiquiatra
Wertham, ao iniciar uma forte e improcedente campanha contra as HQs. Através de
palestras em instituições de ensino e entrevistas em meios de comunicação,
Wertham, expunha seu ponto de vista a respeito das supostas perversidades que
eram desencadeadas pelo consumo das obras. Os mais diversos tipos de desvios
comportamentais eram atribuídos as HQs, o que ficou mais evidente em seu livro
intitulado “A sedução do inocente” (imagem 7) no qual era o meio de difusão de uma
23
pesquisa de cunho cientifico proveniente de práticas duvidosas.
Imagem 7 - Imagem "A Sedução do Inocente" Autoria de Frederic Wetham
Fonte: CHINEN, 2008
As historietas acabaram por ser censuradas e chegou a ter queimas coletivas
dessas obras em praça pública. É oportuno mencionar que como forma de
regulamentar e supervisionar o conteúdo difundido nas HQs foi instaurado o
chamado código de ética dos quadrinhos. Como podemos ver na imagem 08:
Imagem 8 - Código de Ética dos Quadrinhos
Fonte: NALIATO, 2015.
24
Nos EUA foi chamado de Comics Code Authority, quando uma HQ recebia o
selo do código significava que esta se enquadrava nos padrões estabelecidos. Como
podemos ver na imagem a seguir:
Imagem 9 - Comics Code Authority
Fonte: SARMENTO, 2018.
Na esfera educacional, Pizarro (2009, p. 01) destaca que “[...] os quadrinhos
eram vistos por pais e educadores como um risco e uma ameaça constante a
intelectualidade de seus filhos e alunos”, além dos aspectos citados anteriormente,
em que as HQs eram associadas a distúrbios comportamentais, a linguagem
coloquial e o uso predominante de imagens renderam críticas ferrenhas, concebiam
as histórias em quadrinhos como obras “pobres”, que nada tinham a acrescentar em
termos cognitivos.
Com o decorrer do tempo as HQs foram se reerguendo dentro da sociedade,
diante da inegável capacidade dessas obras de transmitir informações essas não
poderiam deixar de ser aproveitadas, desse modo, a linguagem quadrinizada trilhou
caminhos de superação desses preconceitos chegando até mesmo ao contexto
escolar.
2.2- AS HQs NO ESPAÇO ESCOLAR? PRESENTE!
Diante de um cenário pouco favorável à liberdade de expressão no âmbito
das HQs, há de se considerar que imaginá-las no espaço escolar seria no mínimo
audacioso demais. Entretanto, frente aos argumentos contrários a ideia de ameaça
das HQs, paulatinamente o preconceito gerado foi sendo atenuado até chegar a
serem inseridas em ambientes educacionais formais.
25
No percurso histórico até o âmbito educacional devemos destacar alguns
marcos, o principal deles foi as recomendações de uso das histórias em quadrinhos
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e posteriormente a inclusão dessas
obras no Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), só assim as HQs
passaram a ter representação nas bibliotecas escolares. Mediante esses aspectos,
gradativamente foi se reconhecendo o potencial pedagógico dessas obras.
Esses aspectos estão atrelados a uma desejada melhoria educacional que se
caracteriza em políticas públicas, essas por sua vez, afetam as práticas pedagógicas
desenvolvidas pelos professores nas salas de aula. Diante disso, os docentes estão
sempre em busca de instrumentos didáticos - pedagógico que os auxilie na difícil
tarefa de fazer os alunos se sentirem mais motivados além de garantir uma
aprendizagem mais significativa.
Relacionando essas questões ao local de prevalência a educação formal,
Neves, destaca:
A escola tem a responsabilidade de passar o conteúdo atraente para que leve o educando ao aprendizado. Para isso, incentiva o uso de recursos didáticos que favoreçam o intercâmbio entre o cotidiano do aluno e a aplicação dessas experiências no conhecimento em sala de aula. Objetiva-se, assim, derrubar o paradigma dos conteúdos sem atratividade. (2012, p. 09)
Esse paradigma muitas vezes está relacionado aos métodos tradicionais,
nessa linha de ensino o professor acaba privando o aluno de estar à frente do seu
processo de aprendizagem e o limita a se enquadrar nos padrões impostos de modo
que apenas reproduz o que lhe foi conferido. O intuito não é apontar essa
abordagem como maléfica, mais destacar que dentro do atual contexto educacional
esta apresenta desvantagens no quesito construção do pensamento crítico e
reflexivo, de modo que acaba se estabelecendo um paradigma na forma de se
constituir o conhecimento, isso ocorre por se desconsiderar os diferentes níveis de
aptidões e competências. Além disso, a forma com que os conteúdos são abordados
gera pouca motivação o que acaba levando ao desestímulo tanto de alunos como de
professores.
A partir disso, enfatizamos as contribuições das HQs enquanto recurso
educacional. Refletir sobre as HQs a partir de uma perspectiva educacional nos
permite traçar estratégias para a utilização dessas no processo educativo, mediante
essa perspectiva se faz essencial um planejamento das ações que serão
26
desenvolvidas. Frente a esse contexto, Palhares (2008, p. 12) destaca que além de
planejamento o uso das histórias em quadrinhos requer “[...] ajustamento do material
ao conteúdo a ser trabalhado e finalidade em seu uso. Assim, selecionar, analisar e
questionar as HQs é fundamental para o sucesso de seu emprego”.
Desse modo, o papel docente é crucial desde o planejamento onde terá que
levar em consideração seus objetivos e as peculiaridades do público alvo até o
momento de mediação das atividades propostas.
Conforme destaca Costa (2011, p. 13) “Na utilização das histórias em
quadrinhos na sala de aula, não existe regra específica, pode-se dizer que o único
limite para seu bom aproveitamento em qualquer sala de aula é a criatividade do
docente e sua capacidade de bem utilizá-la para atingir seus objetivos de ensino”.
Sendo assim, para que o professor consiga planejar e efetivar ações que envolvam
a linguagem dos quadrinhos é necessário uma apropriação, tornando-se assim um
conhecedor de sua estrutura e características, resultando em um melhor
aproveitamento do gênero.
Ressaltamos assim a linguagem dos quadrinhos como recurso capaz de
fornecer uma gama de possibilidades. Dentre elas Braz; Fernandes (2009, p. 01)
destacam:
(i) exemplificar o que foi ensinado; (ii) corrigir distorções conceituais; (iii) criar situações problemas; (iv) complementação para o tema discutido; (V) motivação para o tema a ser discutido ou (vi) desenvolver a crítica e a criatividade através da criação de quadrinhos pelos próprios alunos. (apud WOLF, 2013, p. 22)
Através das HQs os alunos podem fazer relações valiosas no processo de
construção do conhecimento, relações essas que envolvam o conteúdo estudado
com questões do meio em que estão inseridos, de modo a instigar a capacidade
crítica além de colocar em exercício a criatividade do educando.
Ainda sobre o aproveitamento pedagógico das HQs Neves (2012, p. 20)
enfatiza que “A história em quadrinhos pode ser um recurso didático que oferece
uma variação de metodologia para se trabalhar em sala de aula. [...] Atendendo a
disciplinas diversas, como História, Geografia, Artes, Matemática, Língua
Portuguesa entre outras.” Além de ser um instrumento pedagógico que pode ser
utilizado em diferentes disciplinas de modo a explorar conhecimentos dos mais
diversos campos, os quadrinhos possibilitam uma abordagem interdisciplinar de
27
modo a promover uma troca entre as áreas do conhecimento concomitantemente,
evitando assim uma aprendizagem compartimentada.
Também é importante frisar as contribuições das HQs para a construção ou
prevalência dos hábitos de leitura, pois proporcionam uma leitura prazerosa o que
acaba cativando o leitor. Essas contribuições poderão auxiliar na transformação de
cenário, pois a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil realizada em 2007 apontou
que crianças de 5 a 10 anos liam em média 6,9 livros por ano, já em de 2011
considerando a mesma faixa etária a média diminuiu para 5,4 livros. É oportuno
mencionar ainda que com relação ao público cuja faixa etária (11 a 13 anos), no ano
2007, marcava a média de 8,7 livros, também caiu em 2011, chegando ao
percentual de 6,9. O programa internacional de Avaliação de estudantes (PISA) nos
mostra a ausência do hábito da leitura nos alunos, a avaliação aplicada em 2015
mostrou que o Brasil no quesito leitura ocupa a 59ª colocação, vale ressaltar que o
ranking é formado por 65 países.
Esses dados nos levam a refletir sobre o papel da escola na formação de
leitores, pois mesmo em idade escolar as crianças e os adolescentes não se sentem
impulsionados a ler. Compreendendo a leitura como fator primordial na construção
de várias competências elencadas essenciais para formação do cidadão crítico,
embora essa prática não seja corriqueira entre as crianças e os adolescentes,
entendemos que as modificações podem surgir a partir de fatores motivacionais
gerados pelos aspectos lúdicos empregados pela linguagem dos quadrinhos na sala
de aula. Conforme apresenta Santos:
As HQs apresentam uma grande facilidade para que as crianças, em fase de alfabetização e início de escolarização, interessem-se e se estimulem com a leitura. Para a formação de leitores, é importante que a criança tenha contato com diferentes objetos de leitura e que estes tenham conteúdos de qualidade, proporcionando ao pequeno leitor capacidade para exercer leituras mais complexas gradativamente. (2010, p.13)
O conjunto de elementos constituintes das HQs oferta a esta linguagem um
diferencial, o que acaba refletindo diretamente no apelo ao leitor. Dentre os vários
elementos, ressalta-se a linguagem não verbal, a qual se apresenta como um
atrativo visual, além de favorecer a compreensão da mensagem transmitida pela
obra confere a oportunidade de trabalhar leitura de imagens com crianças desde a
28
tenra idade. Conforme destaca Neves (2012, p. 18) a HQ “encanta todas as idades
e é meio de comunicação de massa de grande penetração popular. Podemos
aproveitar a sua atratividade para trabalhar conteúdos diversos, no intuito de que o
aprendizado seja mais prazeroso”.
Dessa forma, é possível perceber que o trabalho com a linguagem dos
quadrinhos possibilita o desenvolvimento de atividades lúdicas, dentro do cotidiano
escolar a proposição de atividades aprazíveis gera além dos fatores motivacionais
uma maior interação entre professores - alunos e/ou alunos – alunos, promovendo
assim a sociabilidade. É importante destacar que nessas circunstâncias o discente
consegue construir o caminho do conhecimento de forma mais dinâmica, agradável
e efetiva.
Além desses aspectos, as histórias em quadrinhos geram em seus leitores
uma espécie de identificação, principalmente as crianças tendem a iniciarem um
processo de reconhecimento seja através dos personagens, do contexto e/ ou da
situação. O professor pode se valer desse processo para trabalhar conceitos básicos
para a formação cidadã, tomando como exemplo determinadas circunstâncias
ocorridas na narrativa e a atitudes de determinados personagens.
As HQs enquanto linguagem artística também auxilia no gerenciamento de
emoções, ao solicitar que os discentes expressem seus sentimentos de maneira a
canalizá-los para a linguagem quadrinística, o docente possibilitará que através
dessa expressividade empregada, os alunos consigam lidar com seus conflitos,
insatisfações e frustrações. Mediante esses aspectos, Ballmann (2009, p. 92)
destaca: “Dizer que os quadrinhos são uma arte é também apontar não apenas seu
valor como expressão, mas caracterizar os meios, expedientes artifícios próprios
dessa mídia”.
Essas demandas de ordem sentimental também se relacionam à afetividade
de modo que desempenham um papel crucial no processo de aprendizagem por
estar atrelada ativamente ao cognitivo. As relações afetivas estabelecidas entre o
leitor e o material a ser lido se desenvolvem na escola ou fora dela através de um
mediador, no caso da sala de aula o professor tem o papel de fazer esse intermédio
e dependendo da forma efetivada pode desencadear memórias afetivas expressivas
correlacionando assim a experiências futuras.
Diante desses aspectos, destaca-se a importância da afetividade no
relacionamento professor/aluno encarado como agente facilitador do processo
29
ensino e aprendizagem frente às importantes trocas que podem ser estabelecidas
mediante uma relação baseada em confiança.
Considerando todos esses aspectos citados anteriormente e atrelado ao baixo
custo, a grande facilidade de acesso além do favorecimento dos processos criativos
e imaginários faz das HQs um rico material pedagógico que pode e deve ser
utilizado para enriquecimento processo ensino e aprendizagem.
30
CAPÍTULO 3
PERCURSO METODOLÓGICO
3.1 FINALIDADE DO ESTUDO
A pesquisa se alicerçou no método indutivo, pois a partir de experiências
pessoais adquiridas como docente constatou-se a ausência da utilização das HQs
em sala de aula enquanto recuso didático/pedagógico para, posteriormente, procurar
aprofundamento teórico sobre esse fato. Xavier (2010, p. 37) ressalta que nessa
perspectiva “O pesquisador inicia a pesquisa sem levar em conta qualquer hipótese
ou teoria sobre o funcionamento e características de um determinado fenômeno
natural ou humano”.
A abordagem utilizada foi à qualitativa, segundo Minayo (2010, p. 57) o
método qualitativo:
[...] se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. [...] as abordagens qualitativas se conformam melhor a investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos.
Optou-se por essa abordagem a partir da necessidade de contribuir com
formas de como o professor poderá trabalhar as HQs no âmbito escolar.
3.2 TIPO DA PESQUISA
A pesquisa-ação foi o tipo de pesquisa selecionada, segundo Dionne (2007, p.
79) essa se caracteriza por uma intervenção realizada com o intuito de alterar
positivamente um ou mais aspectos da realidade.
Desse modo, ao identificar a escassez da utilização do gênero textual
histórias em quadrinhos buscamos propor intervenções com a finalidade de oferecer
aporte teórico e prático para que os professores possam perceber o potencial das
HQs no processo ensino aprendizagem. Essas fases são enfatizadas por Severino
31
(2013, p. 120) “[...] Assim, ao mesmo tempo em que realiza um diagnóstico e a
análise de uma determinada situação, a pesquisa - ação propõe ao conjunto de
sujeitos mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas.”
Então, partindo do planejamento e execução de ações no formato de oficinas
pedagógicas, buscamos propor alternativas para viabilizar a prática pedagógica
através do uso das HQs envolvendo harmonicamente os sujeitos participantes da
pesquisa.
3.3 DELIMITAÇÃO E LOCAL DA PESQUISA
O campo de pesquisa selecionado foi à Escola municipal Aprendendo e
Crescendo3 situada na zona urbana do município de Garanhuns – PE. Essa
instituição funciona nos turnos matutino e vespertino, com turmas de 1º ao 5º ano do
Ensino Fundamental. O critério de escolha foi o fato de já ter estagiado na escola em
turmas e turnos diferentes e ter acompanhado a metodologia de duas docentes da
instituição, constatando assim a ausência da utilização das HQs enquanto recurso
metodológico que pode e deve ser utilizado.
Em sua estrutura física, o estabelecimento de ensino dispõe de áreas de
convivências distribuídas em: seis salas de aula, uma sala de professores, uma
diretoria, uma secretaria, uma sala de leitura, uma sala de recursos didáticos, uma
cozinha, um refeitório, um banheiro acessível, quatro banheiro para uso exclusivo
dos alunos, um banheiro para uso exclusivo dos funcionários e um almoxarifado. O
quadro de funcionários é composto por quatro auxiliares de disciplinas (Pessoas
responsáveis por questões que envolvem tanto a supervisão dos alunos quanto
procedimentos disciplinares e atitudinais no âmbito escolar), cinco auxiliares de
serviços gerais, duas merendeiras e dezoito docentes sendo estes: um para a sala
de leitura, um para a sala de recursos, dez professoras regentes efetivas, quatro
regentes estagiárias e dois professores substitutos. O núcleo Gestor se constitui de
um gestor, uma coordenadora pedagógica e uma secretária escolar.
Sobre a comunidade escolar, esta é formada em sua grande maioria por
pessoas de classe social baixa alguns carecem dos recursos mais básicos. Os
3 Nome fictício para preservar a identidade dos sujeitos envolvidos na pesquisa.
32
alunos são oriundos dos bairros vizinhos e também de alguns sítios e comunidades
vizinhas.
3.4 FONTES DE INFORMAÇÃO
Os sujeitos da pesquisa foram professores da instituição que se voluntariaram
para participar das oficinas pedagógicas propostas a partir da apresentação dos
objetivos, percurso metodológico e demais aspectos da pesquisa em questão,
apresentados oportunamente na visita ao campo. As questões éticas da pesquisa
foram asseguradas através de TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido),
ao assiná-los as docentes ficavam cientes que a participação deveria ocorrer de livre
e espontânea vontade e que poderiam desistir quando desejassem. O termo visa
assegurar a confidencialidade dos dados e o anonimato dos sujeitos, garantindo
dessa forma a validação dos dados e a integridade dos sujeitos.
As docentes que participaram desse estudo serão nomeadas Professora 1 e
Professora 2, com a finalidade de garantir a preservação da identidade das mesmas.
Sobre a formação, tempo de atuação e vínculo institucional destas, destacamos que
a Professora 1 é psicopedagoga com dezenove anos de docência sendo permutada
de outro município. A professora 2 é licenciada em história com especialização na
mesma área, trabalha há doze anos como professora efetiva municipal, além de
possuir vínculo com outro município.
3.5 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
Para assegurar o cumprimento dos objetivos, foi necessária a utilização de
alguns instrumentos para coleta e, posteriormente análise de dados. Além da
observação, o questionário e a entrevista foram os selecionados (disponível nos
apêndices).
O primeiro foi utilizado a fim de aferir a situação inicial, buscando com este
questionário compreender a concepção dos professores sobre as HQs e sua
utilização no âmbito escolar. Segundo Gil (1999, p. 128) o questionário é uma “[...]
técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de
questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento
de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas
33
etc.”
Com o segundo instrumento, a entrevista, objetivou-se apreender as
alterações provocadas pelas ações da intervenção, de forma a grifar as principais
modificações constatadas pelos docentes, ou seja, os resultados provenientes da
intervenção. Conforme destaca Haguette (1997, p. 86) a entrevista é um “processo
de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por
objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado.” Optamos por
uma entrevista semiestruturada por fornecer ao entrevistado uma maior liberdade
para se expressar sobre a temática o que é benéfico para o entrevistador, pois
permite aprofundar aspectos que não foram satisfatoriamente explorados pelo
entrevistado.
Também nos valemos da observação, que de acordo com Ludke; André
(1986, p. 26), “a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador
com o fenômeno pesquisado, o que apresenta uma série de vantagens”. As
observações realizadas tiveram o intuito de acompanhar as ações desenvolvidas
pelas docentes a partir de um projeto proposto. Os dados coletados serviram de
referência para avaliar as contribuições proporcionadas pelas intervenções
realizadas.
34
CAPÍTULO 4
SISTEMATIZAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSÃO DOS DADOS
4.1 Os saberes compartilhados através das HQs
Os dados coletados foram examinados a partir da análise de conteúdo
proposta por Moraes (1999), esta técnica de pesquisa se baseia na descrição e
interpretação de conteúdos documentais e textuais, resultando assim em descrições
que colaboram para uma reinterpretação das mensagens, atingindo uma
compreensão mais profunda.
Partindo do momento de acolhida do projeto pelas professoras, aplicamos um
questionário a fim de fazer um levantamento das concepções das docentes sobre
uso das HQs no âmbito educacional.
Além de levantar dados sobre o perfil dos sujeitos da pesquisa, buscamos
com o questionário identificar quais os gêneros textuais eram utilizados pelas
docentes em sala de aula, ambas apontam vários gêneros, entretanto, as HQs não
estavam entre esses, como podemos perceber na descrição de suas respostas:
Poesia, Biografia, Humor, Parlendas, Receitas (Professora 1). Convite, Carta, Tirinha, Receita, Bilhete (Professora 2).
Embora não façam uso do gênero história em quadrinhos, não podemos
esquecer de mencionar sobre o uso desses diferentes gêneros (carta, bilhete,
receita entre outros), estando assim em consonância com o previsto nos PCN’s e na
BNCC. Atribuímos essa exclusão ao percurso histórico dessas obras, uma série de
acontecimentos resultou na marginalização do gênero conforme descreveu Guerra
(2001). Essa construção histórica também repercutiu no âmbito educacional de
forma negativa conforme destacou Pizarro (2009), a resistência por parte dos pais e
docentes em aceitar as HQs na educação formal naquele momento histórico reflete
até os dias atuais.
Gradativamente os preconceitos arraigados na sociedade com relação as
HQs foram sendo desmistificados, porém, não seremos ingênuos ao ponto de
35
pensar que as concepções errôneas sumiram de uma hora para outra, dessa
maneira, não descartamos a carga social imbuída refletindo assim na postergação
da abrangência das HQs nos ambientes educativos.
Ao serem questionadas a respeito do uso dos quadrinhos na escola, tanto a
Professora 1 quanto a Professora 2 afirmaram acreditar no potencial das HQs.
Reconhecem as possíveis contribuições das HQs, a docente 1 afirmou que: “Acho
muito interessante o que acaba prendendo muito a atenção”. A docente dois,
enfatiza que as HQs “podem ser bastante proveitosas no exercício das habilidades
de leitura”. Ao refletirem sobre as histórias em quadrinhos através de uma
perspectiva educacional, as docentes conseguiram vislumbrar, ainda que
insuficientemente, uma forma de aproveitamento para essas obras.
A compreensão das professoras sobre as contribuições das HQs giravam em
torno exclusivamente do incentivo a leitura, pois para elas por ser uma leitura
interessante, as HQs atraem o leitor, possibilitando nos alunos em fase escolar, um
aperfeiçoamento da capacidade de leitura. Essa concepção esta em concordância
com o entendimento de Santos (2010), o autor enfatiza as contribuições das HQs
para as crianças no contexto do interesse pela leitura.
Apesar de ser uma importante contribuição para o meio educacional, a
promoção dos hábitos de leitura não é o único aspecto em que as HQs contribuem
diretamente, são várias possibilidades de auxílio conforme destaca Braz; Fernandes
(2009) a linguagem dos quadrinhos pode ser aplicada para exemplificar a temática
trabalhada colaborando para o aumento dos fatores motivacionais, gestão de
situação problema além de instigar a capacidade crítica do aluno entre outros
aspectos. Essa limitação de percepção por parte das professoras se confere a falta
de um conhecimento mais profundo do gênero o que acaba assim restringindo as
HQs ao pretexto de aperfeiçoamento das práticas de leitura.
Os dados coletados nos deram subsídios para compreender as concepções
da Professora 1 e da Professora 2 sobre do uso das HQs na sala de aula, dessa
maneira, foi possível perceber as limitações das docentes a cerca da compreensão
das HQs enquanto instrumento didático/pedagógico. Traçamos assim, um conjunto
de ações que tinha como intuito proporcionar as docentes em questão uma
compreensão mais ampla sobre esse gênero textual e suas potencialidades para a
educação formal. Essa etapa é ressaltada por Dionne (2007, p. 85) como “[...] uma
das mais importantes da pesquisa-ação, na medida em que ela torna possível a
36
modificação da situação inicial. Além [...] de validar as operações de diagnóstico e
de orientações das ações das duas primeiras fases”.
Com o intuito de apresentar aspectos metodológicos mais concretos
preparamos um projeto intitulado “HQzando”, embasado teoricamente na abordagem
triangular idealizada pela professora e pesquisadora Ana Mae Barbosa, as ações
previstas se constituíram a partir de três eixos teóricos norteadores que se
relacionam, são eles: a produção artística, apreciação da obras e contextualização
histórica (BARROS, 2016).
A intenção não era planejar o projeto e propor sua realização sem conhecer a
fundo a realidade em que as docentes estavam inseridas. Diante desses aspectos,
deixamos a critério do professor várias questões, a intencionalidade girou em torno
de nortear o trabalho desenvolvido contando com a personalização de elementos por
parte das docentes, dessa forma, inserimos espaços em branco para que a
Professora 1 e a Professora 2 registrassem suas ideias, concepções e preferências,
levando em consideração os aspectos subjetivos que envolviam as turmas as quais
atuavam naquela instituição de ensino.
As atividades foram planejadas no formato de oficinas pedagógicas, sendo
estas distribuídas em quatro momentos realizados nos respectivos dias 31/10/2018,
07/11/2018, 14/11/2018 e 21/11/2018 nos turnos matutino e vespertino, conforme
disponibilidade das docentes.
O primeiro momento teve como enfoque o processo histórico da linguagem
dos quadrinhos destacando os seus principais mentores, os primeiros meios em que
foram publicados assim como os personagens pioneiros, através de uma
apresentação oral e visual (slides), evidenciamos assim com base em uma linha do
tempo os principais marcos históricos das HQs. Esse momento, também foi
destinado a apresentação do projeto “HQzando”4, sendo este bem recebido pelas
docentes, propomos que fossem efetuadas as modificações que julgavam
pertinentes e então direcionassem ao campo prático. Nesse momento, além das
duas docentes contamos com a presença da coordenadora da instituição que foi
bastante receptiva e se ofereceu para participar da oficina e auxiliar nesse primeiro
contato.
O momento retratado pela fotografia 1 registra-se a finalização da exposição
4 Projeto anexado nos apêndices
37
do processo histórico das HQs seguido pela apresentação do projeto “HQzando”,
recebido pelas docentes com grande receptividade.
Fotografia 1 - Apresentação do Projeto "HQzando"
Fonte: Autor, 2018.
No segundo momento de oficinas, apresentamos o gênero textual histórias
em quadrinhos, apontamos elementos básicos, principais características e suas
peculiaridades expondo o passo - a - passo para a construção dessa linguagem,
buscamos assim uma apropriação do gênero por parte dos sujeitos da pesquisa
facilitando sua utilização no processo ensino aprendizagem. Utilizamos alguns
exemplares de histórias em quadrinhos para realizar a exploração das
características do gênero o que viabilizou a identificação dos elementos abordados
simultaneamente a ocorrência da explanação.
O momento posterior foi designado para abordagem do uso das HQs na sala
de aula, através de uma roda de conversas destacamos questões sobre o uso da
linguagem dos quadrinhos enquanto dispositivo educativo, enfatizando assim os
principais motivos para utilização deste recurso em sala de aula além de suas
relevantes contribuições dentro de uma abordagem interdisciplinar e lúdica.
O momento apresentado visualmente através da fotografia 2 ilustra um
debate sobre o uso das HQs na sala de aula, de modo que nos apresenta o nível de
interação das docentes além de deixar clara a preocupação de como estava sendo
38
abordado o gênero, visto que ambas faziam anotações sobre as questões
levantadas com intuito de poder lançar mãos dessas informações posteriormente.
Fotografia 2 - Roda de Conversas ( O uso das HQs na sala de aula)
Fonte: Autor, 2018.
A ocasião final foi protagonizada pelas docentes, nesta etapa ressaltaram os
aspectos que tinham acrescentado ao projeto, justificando cada opção, nesse
momento, foi possível apreender características das turmas em que as professoras
estavam atuando na instituição. Através desse compartilhamento, conseguimos
traçar as melhores estratégias para cada um delas dentro do projeto proposto.
Também foi o momento designado para que elas avaliassem as contribuições das
oficinas pedagógicas para sua prática docente, utilizando como instrumento a
entrevista.
Através da fala das docentes, percebemos modificações nas concepções
iniciais sobre as HQs, dessa forma, buscamos aferir as contribuições proporcionadas
pelas intervenções. Assim sendo, o entendimento das professoras sobre as
contribuições das oficinas girou em torno das seguintes falas:
39
Foram momentos muito enriquecedores pra minha prática pedagógica o que reflete diretamente em minha desenvoltura na sala de aula. (Professora 1) As oficinas me permitiram enxergar novas possibilidades, as HQs enriquecem as aulas através de uma dinâmica diferenciada. (Professora 2)
É possível perceber através dos discursos apresentados pelas professoras 1
e 2 que ambas tiveram um significativo progresso, pois estas passaram a
compreender o potencial das HQs no âmbito escolar.
Sobre uma abordagem interdisciplinar a partir das HQs a Professora 2
ressaltou “Eu não tinha noção que a partir das HQs poderíamos abordar qualquer
temática de uma forma prazerosa e criativa.” Essa concepção esta atrelada ao que
enfatiza Neves (2012) sobre as diversas disciplinas que são atendidas pelas HQs.
Ainda sobre as compreensões apreendidas através da entrevista, notamos
uma modificação de pensamento em contrapartida à concepção inicial coletada
através do questionário. Anteriormente a professora 2 havia apontado que as
contribuições que conseguia vislumbrar sobre as HQs no âmbito educacional se
limitava ao âmbito da leitura, justaposta a essa questão a Professora 2 nos falou
sobre as possibilidades de utilização desse gênero, conforme destaca na seguinte
fala:
Agora consigo enxergar as várias possibilidades de utilização desse gênero textual, pra mim foi algo como uma reinvenção didática. (Professora 2)
Mais especificamente, sobre a principal contribuição das HQs para o âmbito
educacional as docentes ressaltaram que:
Creio eu que a principal contribuição seja uma aprendizagem mais significativa. (Professora 1) O que mais me cativou sobre o trabalho com as HQs foi o estímulo à criação artística. (Professora 2)
O entendimento da Professora 2 está diretamente associada a afirmação de
Ballman (2009) que os quadrinhos são arte, dessa maneira os processos criativos
que estejam associados a essa linguagem se caracterizaram por uma vertente
artística.
40
Sobre o projeto proposto:
O projeto foi muito pertinente na função de motivar os estudantes em geral com relação à leitura, escrita e interpretação de imagens, mais o que se sobrepôs foi à estrutura do projeto, aqueles espaços em que eu poderia colocar minhas contribuições, esse modelo deveria ser usado com mais frequência. (Professora 1)
A ocorrência de projetos que são impostos desconsiderando a participação
docente na constituição deixando apenas a aplicação para os professores acaba
ocasionando falas como a da professora 1.
A respeito da disponibilidade de exemplares de história em quadrinhos na
escola, as docentes destacaram que a escola não conta com esse material. A partir
disso, compreendemos que a instituição não possui biblioteca apenas sala de
leitura, o que acaba ocasionando a não contemplação de alguns acervos do PNBE.
4.2 VIVENCIANDO O PROJETO HQZANDO
Outra maneira de avaliar os frutos gerados pelas oficinas pedagógicas de
maneira mais prática, para a além do discurso, foram às observações efetuadas
durante a realização do projeto. O planejamento foi posto em prática pela Professora
1 em uma turma de quarto ano do Ensino Fundamental, turma essa em que era
regente na instituição. A professora 2 apesar de demonstrar interesse informou não
haver a possibilidade, pois estava sobrecarregada com outros projetos designados
pela secretária de educação do município.
Acompanhamos todo o percurso de realização, o qual foi posto em prática em
cinco momentos distintos. O assunto a ser abordado no projeto foi selecionado pela
docente, a temática natalina já havia sido sugerida no encerramento do ciclo de
oficinas, visto que a Professora 1 havia revelado que planejava trabalhar com essa
temática, porém, com a proposta do projeto percebeu uma forma de dinamizar e
enriquecer o processo de aprendizagem.
A decisão da professora de abordar a temática festiva a partir do uso das HQs
está relacionada com o que destaca Neves (2012) sobre o aproveitamento da
atratividade das HQs para trabalhar diversos conteúdos visando um aprendizado
mais prazeroso. Visto que as temáticas natalinas são abordadas com bastante
41
frequência levando a um desinteresse por parte dos alunos, dessa forma, ao
apresentar o tema através das histórias em quadrinhos acaba conferindo um
diferencial ao trabalho a ser desenvolvido.
As ações planejadas pela docente foram iniciadas com a contação de uma
versão pouco conhecida da estória do papai Noel. Na verdade, a figura do Papai
Noel seria oriunda de São Nicolau, bispo canonizado pela igreja católica. Após
esclarecer para a turma as questões que envolvem a história por trás da lenda do
Papai Noel a Professora 1 iniciou o trabalho com a linguagem dos quadrinhos.
Através de cópias de uma HQ da turma da Mônica intitulada “A história de Natal” foi
abordado diferentes enfoques da temática natalina, desde o surgimento das
celebrações no mês de dezembro perpassando pelas comemorações segundos
preceitos bíblicos, ainda abordando narrativas sobre a figura do bom velhinho, assim
como a primeira árvore de natal e a criação do presépio, momento que pode ser
vislumbrado na fotografia 3.
Fotografia 3 - Leitura (HQ turma da Mônica)
Fonte: Autor, 2018.
Valendo-se dos exemplares (fotografia 4), a docente abordou as
características do gênero, destacando o enredo, personagens, passagem temporal,
os diferentes tipos de balões e o uso das onomatopeias. Ao fazer menção ao criador
das Histórias em Quadrinhos da Turma da Mônica, o cartunista Maurício de Sousa,
a professora 1 realizou uma pergunta geradora para a classe sobre a nomenclatura
utilizada com aqueles que criam as HQs.
Desse modo, diante da falta de resposta dos alunos foi trazido para o cenário
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o cartunista Thomas Nast, responsável pela criação da imagem do Papai Noel com
roupas vermelhas e cinto preto. Foram apresentadas para os alunos imagens do
Papai Noel com roupas verdes, antes da criação de Nast, e o Papai Noel como
conhecemos nos dias de hoje, obra do cartunista alemão. Para finalizar, a docente
apresentou a proposta de construção de HQs de temática natalina, deixando a
critério dos alunos como iriam realizar a relação entre o trabalho individual e o
coletivo.
Tendo em mente que o projeto apenas norteou metodologicamente a
condução dos momentos, nas etapas descritas é possível perceber a preocupação
da docente com os materiais utilizados, conforme destaca Palhares (2008) a seleção
do material relacionado à análise e ao ajustamento deste aos objetivos de ensino é
essencial para o sucesso do uso das HQs. Desse modo, a docente procurou utilizar
uma obra que atendesse a seus objetivos, como foi o caso da escolha da história em
quadrinhos da “Turma da Mônica” que explorava tão bem a temática natalina.
Fotografia 4 - Exploração do Gênero Textual
Fonte: Autor, 2018.
Em outro momento foi esclarecida a necessidade de se preparar uma
narrativa (fotografia 5) enfatizando aspectos como a coesão que se apresenta na
estruturação inicio, meio e fim do relato. Destacou-se a importância de se situar
historicamente a narrativa, deixando claro em que época acontece às circunstâncias
relatadas. Subsequentemente solicitou-se a definição dos personagens, chamando a
atenção dos estudantes para as características físicas além da personalidade.
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Fotografia 5 - Escrevendo a narrativa
Fonte: Autor, 2018.
A realização do esboço (fotografia 6) foi feita com muito entusiasmo, mediante
a distribuição do material necessário (folhas de papel A4) a docente abordou alguns
pontos importantes como, por exemplo, a relação necessária entre o roteiro e o
desenho e o formato estabelecido, devendo ser executado da esquerda para a
direita, de cima pra baixo se atentando para as passagens temporais.
Fotografia 6 - Realização do Esboço
Fonte: Autor, 2018.
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O momento final ficou destinado para aperfeiçoamento dos traços do esboço
para em seguida ganhar um colorido (fotografia 7). As capas foram personalizadas
conforme as preferências dos alunos com a utilização de vários materiais (Cola
colorida, Lantejoula, Gliter, etc.).
Fotografia 7 - Arte final
Fonte: Autor, 2018.
Com o intuito de socializar as produções dos alunos foi realizada a I Mostra
de HQs do Quarto Ano. Um cantinho todo especial foi preparado pela docente
objetivando uma melhor socialização e apreciação das obras, além de um lugar
destinado aos autógrafos. Os acontecimentos se organizaram da seguinte forma
respectivamente: Socialização a partir de leitura em voz alta, apreciações grupais e
individuais das obras, lanche, momento de autógrafos e dedicatórias. Na fotografia 8
(a seguir ) podemos contemplar o espaço preparado pela docente com o intuito de
expor da melhor forma possivel as produções dos alunos.
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Fotografia 8 - I Mostra de HQs do quarto ano
Fonte: Autor, 2018.
O momento destinado à leitura das obras foi recebido como muito euforia
pelos alunos, vários se voluntariaram para realizar a leitura de suas obras ou mesmo
de colegas.
Fotografia 9 - Momento de Leitura das obras para o grupo
Fonte: Autor, 2018.
Também foi conferida aos estudantes a oportunidade de manusear as HQs
produzidas, de modo que pudessem desfrutar, fazendo a apreciação de algo
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construido por eles mesmos ou por seus colegas.
Fotografia 10 - Momento de apreciação
Fonte: Autor, 2018.
É importante destacar a abordagem da docente a partir de questionamentos a
cerca dos personagens escolhidos por ela para estampar alguns marcadores de
páginas confeccionados pela mesma (Fotografia 11). Por exemplo, a Malfada
personagem de autoria do cartunista argentino Quino. A turma não conhecia a
personagem e foi motivo de muita especulação até a professora apresentar
esclarecimentos para satisfazê-los.
Fotografia 11 - Marcadores (Mafalda)
Fonte: Autor, 2018.
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As obras produzidas pela turma embora fosse de temática natalina,
apresentavam os mais variados prismas: Presentes roubados, desejos a estrelas
cadentes, Noite Natal cheia de surpresas, brigas por presentes, pedidos para o
Papai Noel, entre outros. Os personagens que compunham o enredo eram os mais
diversos, desde autorais aos personagens de desenho animado e/ou personagens
de jogos.
Houve um importante envolvimento da turma fator decisivo para que a
execução do projeto acontecesse de forma satisfatória. Em linhas gerais, a docente
conseguiu lançar mão dos recursos trabalhados nas oficinas pedagógicas de modo
a explorar as principais questões propiciadas pelas HQs enquanto instrumento
didático do âmbito escolar. Ressalta-se um aspecto presente nesse processo,
merecendo esse ser retificado em futuras práticas desenvolvidas, pois apesar de se
valer de apenas um recurso, este não garante uma homogeneidade na constituição
dos conhecimentos. Foi possível constatar que alguns dos alunos estavam em um
processo de hipótese alfabética, ocasionando assim erros na ortografia, os quais
não eram explorados pela docente, não houve mediação nesse aspecto na
realização do projeto (Fotografia 12).
Fotografia 12 - Capa HQ com erros ortográficos (Max Steel em busca do presente)
Fonte: Autor, 2018.
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Sobre o projeto posto em prática, a professora 1 destacou:
Todo o processo desde a produção dos Gibis até a exposição para apreciação do grupo foi marcante, os alunos estavam extremamente motivados. (Professora 1)
Assim sendo, ao longo do trabalho desenvolvido pela professora 1 com as
HQs, considerando as ações previstas ou não no projeto evidenciamos o que afirma
Costa (2011) sobre a não existência de regras para a utilização das histórias em
quadrinhos, o autor relaciona o bom aproveitamento da linguagem a criatividade do
docente e a capacidade deste de utilizar as HQs para alcançar seus objetivos de
ensino. Sobre as ações prevista no Projeto “HQzando”, a utilização do software
Hagáquê não foi possível de concretizar, devido a não disponibilidade de recursos
tecnológicos (Computadores ou Tablets) na instituição de ensino, inviabilizando a
ocorrência deste momento.
Como foi mencionado anteriormente, a escola não dispunha de HQs em seu
acervo. Esse fato nos instigou a iniciar uma campanha de arrecadação com a
finalidade de doar para que os docentes tivessem respaldo ao tentar fazer uso do
gênero em sala de aula. Ao final do projeto, chegamos a uma quantidade
significativa de HQs, as quais foram entregues a responsável pela sala de leitura no
dia da culminância do projeto.
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CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho, buscamos estimular o uso das HQs enquanto ferramenta
pedagógica do processo educativo, considerando-as como instrumento que auxiliam
na constante busca por uma prática educativa dinâmica e desafiadora. Levando em
consideração o seu potencial relacionado às diversas contribuições dessas obras
para a educação formal, justificamos assim ao longo do trabalho a utilização das
HQs nos processos de ensino e aprendizagem.
A linguagem dos quadrinhos através de suas principais características que
envolvem aspectos visuais e escritos desperta nos educandos em fase escolar um
maior interesse pela leitura na medida em que torna o ato de ler prazeroso. Além
desse aspecto, destaca-se um desenvolvimento a nível interpretativo, seja texto ou
imagem, correlacionado a uma promoção da criticidade. Aliás, o trabalho
interdisciplinar também está no rol de possibilidades fornecidas pelas HQs.
Mediante essas questões, o papel dos docentes é decisivo, uma vez que o
aproveitamento do gênero esta relacionado a uma compreensão mais profunda da
linguagem quadrinista. Dessa maneira, recorremos a um conjunto de atividades
caracterizadas em oficinas pedagógicas com o intuito de proporcionar as
professoras alvo da pesquisa, um contato com o gênero história em quadrinhos por
um viés pedagógico.
As ações desenvolvidas a partir do projeto proposto possibilitaram a
constatação prática de que é possível utilizar as HQs para abordar as mais variadas
temáticas. Tomando como base os alunos executores das atividades propostas no
projeto, foi possível perceber que estavam motivados e ansiosos para colocar em
prática ações que envolviam o processo criativo.
Com base nos objetivos propostos nesse trabalho acreditamos que
conseguimos atingi-los face às atividades realizadas e gestadas por intermédio das
oficinas pedagógicas e do projeto “HQzando”. A forma de conduzir o projeto pela
professora 1 nos proporcionou subsídios para afirmar que conseguimos trazer
contribuições metodológicas para a utilização das HQs enquanto recurso didático.
Dessa forma, de maneira geral esse trabalho trouxe importantes contribuições
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para as docentes participantes da pesquisa-ação correlacionadas a uma melhoria
da prática pedagógica aliadas a fatores lúdicos, além de trazer experiências
enriquecedoras para nós enquanto pesquisadoras do campo educacional.
Por fim, destacam-se algumas questões que poderão ser retomadas
futuramente, frente a gama de possibilidades fornecidas pelas HQs, tais como: traçar
estratégias metodológicas de utilização das HQs mediante uma abordagem
interdisciplinar, trabalhando assim temáticas que contemplem duas ou mais
disciplinas. Outra possibilidade que merece ser explorada é o uso de recursos
tecnológicos aliados à linguagem dos quadrinhos, por exemplo, o Software
HagáQuê fornece a possibilidade de se aliar o exercício da linguagem escrita a
criação de HQs, entre outras possibilidades as quais o estudo despertou. Por fim, se
atitudes transformam o mundo, conseguimos modificar um pouco a realidade
educacional a qual estávamos inseridas.
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CAPÍTULO 6
REFERÊNCIAS
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BRAGA, M. C. G. Estratégia on-line para capacitação de professores em aprendizagem: abordagem centrada na educação através do design (EdaDe). 2007. 217 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia e Gestão do Conhecimento, Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, 2007, p. 18- 52.
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BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL. A VIDA FLUMINENSE: FOLHA JOCO-SÉRIA- ILLUSTRADA. Bndigital.bn.gov.br. 06/08/2014. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/artigos/a-vida-fluminense-folha-joco-seria-illustrada/ Acessado em: 07 out. 2018. COSTA, M. F. Os quadrinhos em sala de aula. 2011. 17f. TCC (Graduação em Letras) – Universidade Estadual da Paraíba. Guarabira, PB, 2011. COSTA, R. C. As histórias em quadrinhos como gênero discursivo. Anais do SILEL. Volume 1. Uberlândia: EDUFU, 2009. CHINEN, N. Seduction of the Innocent. Universohq.com. 19/12/2008. Disponível em: http://www.universohq.com/reviews/seduction-innocent/ Acessado em: 07 out 2018.
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