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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RUAN MAGNO OLIVEIRA DE FREITAS MODELAGEM DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DE PEÇAS COMPRIMIDAS EM ESTRUTURAS DE AÇO MOSSORÓ-RN 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO … · Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, Campus Mossoró, Departamento de Ciências Ambientais

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

RUAN MAGNO OLIVEIRA DE FREITAS

MODELAGEM DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DE

PEÇAS COMPRIMIDAS EM ESTRUTURAS DE AÇO

MOSSORÓ-RN

2014

RUAN MAGNO OLIVEIRAS DE FREITAS

MODELAGEM DE FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA O CÁLCULO DE

PEÇAS COMPRIMIDAS EM ESTRUTURAS DE AÇO

Monografia apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA,

Campus Mossoró, Departamento de Ciências

Ambientais e Tecnológicas para a obtenção do

título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. M. Sc. João Paulo Matos

Xavier – UFERSA

MOSSORÓ-RN

2014

O CONTEÚDO DESTA OBRA É DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE

SEUS AUTORES

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)

Setor de Informação e Referência

F732m Freitas, Ruan Magno Oliveira de.

Modelagem de ferramenta computacional para o cálculo de

peças comprimidas em estruturas de aço. / Ruan Magno

Oliveira de Freitas -- Mossoró, 2014.

72f.: il.

Orientador: Prof. M. Sc. João Paulo Matos Xavier.

Monografia (Graduação em Engenharia Civil) –

Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de

Graduação.

1. Dimensionamento de peças. 2. Estrutura de aço.

3. Ferramenta computacional. 4. Peças comprimidas.

I. Título.

RN/UFERSA/BCOT/586-14 CDD: 624.1821 Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa

CRB-15/453

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de conclusão do curso de

Engenharia Civil, àqueles que sempre

acreditaram na minha formação, meus pais,

irmãos, familiares, namorada e amigos, que de

muitas formas me incentivaram e ajudaram para

que fosse possível a concretização não apenas

deste trabalho, como também na conclusão do

meu curso de graduação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por todas as oportunidades que tive, por todas as pessoas que

colocou na minha vida, pela força para seguir em frente em todas as situações difíceis pelas

quais já passei e até mesmo pelos momentos mais críticos com os quais me fortaleci.

Aos meus pais, Ademir Freitas de Souza e Maria de Freitas Oliveira de Souza, por terem

sempre colocado meus estudos a frente de suas responsabilidades, em sempre pensar no meu

bem e dos meus irmãos, em fazer tudo o possível para que nossos sonhos se realizem mesmo

isso implicando no sacrifício do seu.

Aos meus irmãos, Rômulo Magno e Raíssa Maria, que seguem o mesmo destino do meu no

mundo acadêmico e souberam aproveitar as oportunidades que nossos pais nos deram.

A todos os meus parentes em especial minha tia, Gildecina, que me forneceu moradia durante

meus estudos, as demais tias que sempre me ampararam e me ajudaram durante esse percurso,

aos meus avós que sempre incentivaram a formação de seus netos.

A minha namorada, Auri Julicleide, pela paciência e compreensão nesses tempos de pressão e

estresse da faculdade, sem seu apoio a caminhada da minha formação seria mais dura e difícil.

Agradeço aos meus amigos, em especiais a Jonathas, Eric, Moreira, Udo, Angelina e Jéssica,

por serem companheiros tantos nos momentos difíceis como nos momentos de descontração.

A UFERSA pela a oportunidade de realizar meu sonho, e a todos os professores por

compartilharem seus conhecimentos e contribuírem para minha formação profissional.

Ao meu orientador, Prof. João Paulo Matos Xavier, pela paciência e orientação deste projeto

tão importante para minha formação em Engenharia Civil e por toda a dedicação para que

esse trabalho saísse da melhor maneira possível.

“É graça divina começar bem.

Graça maior persistir na

caminhada certa. Mas graça das

graças é não desistir nunca. ”

(Dom Hélder Câmara)

RESUMO

Em virtude do grande potencial das estruturas de aço, devido às diversas vantagens

que proporciona em soluções eficientes e arrojadas na construção civil, visou-se uma

necessidade de aprofundamento nos estudos de dimensionamento de estruturas de aço. Por

este motivo, buscou-se desenvolver um software na linguagem Java, através do NetBeans

IDE, que seja capaz de dimensionar peças submetidas a esforços de compressão em estruturas

de aço. Para isso, foi desenvolvido um software, denominado EstrutMetal. O programa

verifica o dimensionamento de perfis de aço, além de perfis comerciais e perfis com

dimensões definidas pelos usuários, dessa maneira, além da verificação o programa propicia o

dimensionamento da peça que satisfaça ao requisito de economia e segurança. Foi observado

que o software apresentou resultados satisfatórios com relação ao ganho em escala de precisão

e de tempo de resolução, uma vez que o programa mostrou resultados similares aos cálculos

manuais. Os resultados indicam que a utilização do programa é favorável, pois a capacidade

de determinar as resistências de projetos dos perfis com precisão e rapidez é indispensável em

um projeto.

Palavras-chave: Estrutura de aço. Dimensionamento de peças. Ferramenta computacional.

Peças comprimidas.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Diagrama tensão x deformação de aços dúcteis ....................................................... 19

Figura 2- Perfis Estruturais Laminados .................................................................................... 24

Figura 3- Exemplos de perfis em chapas dobradas .................................................................. 25

Figura 4- Perfis Soldados ......................................................................................................... 26

Figura 5- Peça comprimida sujeita a flambagem ..................................................................... 28

Figura 6- Fluxograma do programa .......................................................................................... 29

Figura 7- Tela de solicitações do programa.............................................................................. 31

Figura 8- Tela de Geometria e Materiais .................................................................................. 33

Figura 9- Tela de entrada dos apoios ........................................................................................ 34

Figura 10- Estrutura de decisões do algoritmo no dimensionamento de perfis........................ 39

Figura 11- Tela de análise de um perfil comercial ................................................................... 40

Figura 12- Tela de análise de um perfil definido pelo usuário ................................................. 41

Figura 13- Exemplo de uma coluna submetida à força de compressão ................................... 42

Figura 14 - Solução do programa no dimensionamento do perfil ............................................ 43

Figura 15- Solução do programa na análise de um perfil comercial ........................................ 48

Figura 16- Coluna em forma de perfil H .................................................................................. 49

Figura 17- Solução do programa na análise de um perfil definido pelo usuário ...................... 51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Constantes Físicas do Aço ........................................................................................ 22

Tabela 2- Propriedades mecânicas ........................................................................................... 23

Tabela 3- Valores dos coeficientes de ponderação das ações 𝛾𝑠 ............................................ 27

Tabela 4- Valores dos coeficientes de ponderação das resistências ......................................... 28

Tabela 5- Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados .................................. 34

Tabela 6- Valores de (b/t)lim ..................................................................................................... 35

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCEM Associação Brasileira da Construção Metálica

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AR Alta resistência

BR Baixa resistência

C Perfil C, também denominada de perfil U ou Canal

COR Maior resistência à Corrosão

CSN Companhia Siderúrgica Nacional

CS Perfil Coluna Soldada

CVS Perfil Coluna-Viga Soldada

DCAT Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas

ELS Estados Limites de Serviço

ELU Estados Limites últimos

EstrutMetal Denominação dado ao programa desenvolvido neste trabalho para cálculos de

compressão de Estruturas Metálicas

H Perfil H

HP Perfil H de abas paralelas e espessura constante

I Perfil I ou dublo Tê

IDE Ambiente de Desenvolvimento Integrado

L Perfil L ou Cantoneira, que podem ser de abas iguais ou de abas desiguais

MR Média resistência

NBR Denominação de norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

S (Standardbeam) perfil I de abas com faces internas inclinadas

T Perfil T

UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

VS Perfil Viga Soldada

W (Wide flange) perfil I de abas largas

LISTA DE SÍMBOLOS

𝑓 Tensão no material

𝑓𝑢 Tensão última

𝑓𝑦 Tensão de escoamento do aço

𝑓𝑝 Tensão de proporcionalidade

𝜀 Deformação específica

𝜀𝑢 Deformação específica quando ocorre a última tensão

𝜀𝑦 Deformação específica limite quando ocorre a tensão de escoamento

𝜀𝑝 Deformação específica quando ocorre a tensão de proporcionalidade

𝛼 Ângulo de inclinação da reta da região elástica

E Módulo de elasticidade tangente

νa Coeficiente de Poisson

G Módulo de elasticidade transversal

βa Coeficiente de dilatação térmica

𝜌a Peso especifico

𝛾𝑚 Coeficiente de ponderação da resistência no estado limite último

𝛾𝑎1 Coeficiente para estados limites último relacionado ao escoamento, flambagem e

instabilidade

𝛾𝑎2 Coeficiente para estados limites último relacionado à ruptura

𝑁𝑆𝑑 Força axial de compressão solicitante de cálculo

𝑁𝑅𝑑 Força axial de compressão resistente de cálculo

𝑄1 = Ação variável considerada principal para a combinação

𝛾𝑔 Coeficiente de ponderação da ação permanente

𝛾𝑞 Coeficiente de ponderação da ação variável

𝜒 Fator de redução associado à resistência à compressão

𝑄 Fator de redução total associada à flambagem local

𝐴𝑔 Área bruta da seção transversal da peça

𝐼𝑥 Momento de inércia em relação ao eixo x

𝐼𝑦 Momento de inércia em relação ao eixo y

𝑖𝑥 Raio de giração em relação ao eixo x

𝑖𝑦 Raio de giração em relação ao eixo y

E Módulo de elasticidade do aço

I Menor momento de inércia da peça

𝑘𝑙 Comprimento de flambagem da peça

𝑘 Coeficiente de flambagem por flexão

𝑙 Comprimento da peça comprimida

AA Placas enrijecidas com duas bordas longitudinais apoiadas

AL Placas não enrijecidas com uma borda apoiada e outra livre

𝑄𝑠 Fator de redução do elemento AL

𝑄𝑎 Fator de redução do elemento AA

ℎ0 Altura da alma

𝑡0 Espessura da alma, também chamada de 𝑡𝑤

𝑏𝑓 Largura do elemento comprimido

𝑡𝑓 Espessura do elemento comprimido

𝐴𝑔 Área bruta da seção

𝑏𝑒𝑓 Largura efetiva do elemento comprimido

𝑐𝑎 Coeficiente igual 0,34 para placas em geral e 0,38 para mesas ou almas de seção

tabulares ou quadrada

𝜎 Tensão que poder atuar no elemento analisado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 14

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ......................................................................... 15

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 15

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 16

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................ 16

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 18

2.1 ESTRUTURAS DE AÇO .......................................................................................... 18

2.2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO DE AÇO DÚCTEIS ........................... 19

2.3 PROPRIEDADES DOS AÇOS ................................................................................. 20

2.3.1 Ductilidade ................................................................................................................ 20

2.3.2 Fragilidade ................................................................................................................ 21

2.3.3 Resiliência e Tenacidade .......................................................................................... 21

2.3.4 Dureza........................................................................................................................ 21

2.3.5 Fadiga ........................................................................................................................ 22

2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO ESTRUTURAL .................................. 22

2.5 TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS ........................................................................... 23

2.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ESTRUTRAIS ....................................................... 23

2.6.1 Perfis Laminados ...................................................................................................... 23

2.6.2 Perfis de chapas dobradas ....................................................................................... 24

2.6.3 Perfis Soldados .......................................................................................................... 25

2.7 MÉTODOS DOS ESTADOS LIMITES .................................................................... 26

2.8 PEÇAS COMPRIMIDAS .......................................................................................... 28

3 IMPLEMENTAÇÃO DOS CÁLCULOS DE DIMENSIONAMENTO DE

PEÇAS COMPRIMIDAS ........................................................................................ 29

3.1 O PROGRAMA ......................................................................................................... 29

3.2 REQUISITOS PARA O DIMENSIONAMENTO..................................................... 30

3.3 CÁLCULO DA FORÇA AXIAL DE COMPRESSÃO SOLICITANTE 𝑁𝑆𝑑 ........ 30

3.4 CÁLCULO DA FORÇA AXIAL DE COMPRESSÃO RESISTENTE 𝑁𝑅𝑑 ........... 31

3.4.1 Fator de Redução 𝝌 .................................................................................................. 32

3.4.2 Comprimento de Flambagem .................................................................................. 33

3.4.3 Flambagem Local ..................................................................................................... 35

3.4.3.1 Elementos Comprimidos Não-Enrijecidos AL........................................................... 36

3.4.3.2 Elementos comprimidos Enrijecido AA..................................................................... 37

3.5 IMPLEMENTAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO DE PERFIS MAIS

ECONÔMICOS.......................................................................................................... 38

3.6 IMPLEMENTAÇÃO DE ANÁLISES DE PERFIS .................................................. 40

3.6.1 Análises de perfis comerciais ................................................................................... 40

3.6.2 Análise de perfis definido pelo usuário .................................................................. 41

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 42

4.1 VALIDAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DE PERFIS ........................................ 42

4.2 VALIDAÇÃO DA ANÁLISE DE PERFIS COMERCIAIS ..................................... 46

4.3 VALIDAÇÃO DA ANÁLISE DE PERFIS DEFINIDO PELO USUÁRIO ............. 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 52

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................... 53

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 54

Anexo A – Perfis W (Tipo I) .................................................................................... 56

Anexo B – Pefis W (Tipo H) e Perfis HP ................................................................ 59

Anexo C – Série CS para Colunas .......................................................................... 61

Anexo D – Perfis Soldados – Série CVS para vigas e colunas .............................. 65

Anexo E – Perfis soldados – série VS para vigas ................................................... 69

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A utilização de estruturas de aço na construção civil é uma tendência mundial das

últimas décadas, tendo em vista que as suas diversas vantagens proporcionam aos

engenheiros, arquitetos e construtores, soluções eficientes e arrojadas, com excelente

qualidade. A arquitetura de uma estrutura em aço é sinônimo de modernidade e sofisticação,

pois torna-se famosa por apresentar belíssimas obras e construções de grande porte.

O emprego de estruturas metálicas em escala industrial surgiu no século XVIII,

vindo despertar no Brasil no início do século XIX, com a implantação de grandes siderúrgicas

como a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, que utiliza a tecnologia na fabricação de

perfis de aço em larga escala. Com o passar do tempo, por meio do avanço da indústria com o

estudo de novas matérias e compósitos, verificou-se que o aço (compósito de ferro e carbono),

demonstrou grande eficiência quando aplicado na construção civil, tendo vantagem em

relação a outras ligas. Além disso, o aço estrutural tem como pré-requisitos propriedades que

incluem boa ductilidade, homogeneidade e soldabilidade, logo, possui uma adequada

combinação entre a tensão resistente e a tensão de escoamento (PFEIL, W.; PFEIL, M.,

2011).

A gama de funcionalidade que a estrutura metálica apresenta, possibilita sua

utilização em diferentes obras que podem ser encontradas nos centros urbanos como: pontes,

passarelas, viadutos, galpões, aeroportos, postos de gasolina, supermercados, shoppings,

torres de transmissão, ginásios esportivos e entre outras diversas construções. Isto se torna

possível graças às suas propriedades, pois permitem alcançar grandes vãos com estruturas

relativamente leves e resistentes, ideais para coberturas e estruturas de alto porte.

O processo construtivo da estrutura em aço apresenta características diferentes do

processo convencional de estruturas de concreto armado. Ao contrário do concreto armado,

que é moldado em formas, a estrutura de aço é composta de peças pré-fabricadas,

consequentemente possui prazo de construção bem menor, se comparado, a outro sistema.

Além disso, a utilização da estrutura em aço propicia ao projeto de execução maior precisão,

com tolerâncias milimétricas, permitindo inclusive adaptações, reforços e ampliações sem

grandes perturbações, pois suas ligações entre as peças são parafusadas e/ou soldadas.

Compete ressaltar ainda outras duas importantes características que somam como

grandes vantagens na escolha da utilização de uma estrutura de aço nas diversas construções:

15

a primeira deve-se ao fato da estrutura de aço ter bom desempenho mediante as ações

dinâmicas, por exemplo, impactos e terremotos. A segunda característica deve-se ao fato de

ser uma obra limpa, pois produz menos poeira e não gera entulhos devido à ausência de

detritos como resto de formas, escoramento e armaduras. Além disso, pode ser desmontada e

reaproveitada.

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

O uso de software na análise e soluções de problemas de engenharia está cada vez

mais frequente. A utilização desses programas tornou-se possível graças ao uso de

microcomputadores, que possuem capacidade de processamento cada vez maior.

A solução de problemas referentes ao dimensionamento de peças, frequentemente, é

feito por meio de soluções manuais, no entanto esta saída ocasionaria grande demanda de

tempo e até mesmo deficiência na precisão dos cálculos. A partir disso, surge à necessidade

do desenvolvimento de uma ferramenta computacional para cálculos específicos, com

recursos e métodos que possibilitem maior rapidez, facilidade, segurança e, inclusive

economia no projeto de dimensionamento de estruturas.

Diante de todos esses aspectos, este trabalho se justifica, pois foi desenvolvido um

software que auxiliará os alunos de graduação de engenharia civil, na disciplina de estruturas

de aço, como também possibilitará melhor compreensão sobre o assunto exposto.

Pretende-se com esse trabalho disponibilizar um software que possa ser gratuito,

com uma interface gráfica simples e de fácil entendimento, que propicie ao usuário, usufruir

de todas as funções e benefícios do mesmo.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um software na linguagem Java,

através do NetBeans, que seja capaz de determinar a resistência de projeto de um perfil

submetida a esforços de compressão, ou até mesmo dimensionar a peça ideal que suporte

esses esforços.

16

1.3.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos pretendem-se:

Apresentar o conceito de peças comprimidas, mediante a norma da ABNT

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) para elaboração de projetos de

estruturas de aço;

Desenvolver um código de programação em linguagem Java para cálculos de

peças comprimidas;

Oferecer um programa com interface gráfica bem definida que apresente toda a

análise de resultados no dimensionamento de peças, e que atenda aos requisitos de

economia e segurança em um projeto de estruturas de aço.

1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia consistiu no desenvolvimento de uma ferramenta computacional para

o dimensionamento de peças comprimidas de estruturas de aço, assunto corriqueiro na análise

de peças de uma treliça ou de uma coluna. Para isso fez-se uso do ambiente de

desenvolvimento integrado NetBeans IDE, programa gratuito de código aberto para

elaboração de programas nas linguagens Java e entre outros. O programa NetBeans IDE

oferece ainda ferramentas suficientes para desenvolver aplicativos e interfaces gráficas.

O trabalho proposto foi baseado em livros, artigos, teses e afins, relacionados ao

tema de estruturas de aço. O levantamento bibliográfico foi utilizado como referência para o

entendimento do dimensionamento de peças comprimidas, e inclusive, para o estudo de

programação, visando à implementação do software desenvolvido.

Na criação dos códigos, optou-se por aplicações diretas das equações adquiridas por

suas definições, sempre fazendo a análise e verificações para cada caso, tendo conhecimento

dos procedimentos que o programa deve seguir.

Para veracidade das informações prestadas por este, foram realizados cálculos

manuais, baseados em conhecimentos adquiridos na disciplina de Estruturas de Aço do curso

de Engenharia Civil. E por meio dos conhecimentos obtidos foi realizada uma análise

comparativa entre os resultados provenientes do programa em questão, com os resultados

adquiridos por intermédios de cálculos manuais, obtendo-se uma conclusão em termos de

funcionalidade e praticidade do mesmo.

17

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho encontra-se estruturado em cinco capítulos e cinco anexos com dados

complementares ao trabalho desenvolvido.

O Capítulo um, apresenta a introdução do trabalho, nele é abordado à importância

do estudo das estruturas metálicas. Apresenta os objetivos propostos por este trabalho, assim

como justifica os motivos que levaram a escolha deste tema. Discorre sobre a metodologia

utilizada para alcançar o êxito nos resultados deste trabalho.

No Capítulo dois, o referencial teórico, aborda uma revisão bibliográfica das

estruturas metálicas dando ênfase a peças comprimidas, baseadas nas diversas literaturas de

áreas afins e na norma da ABNT NBR 8800:2008, norma que regulamenta o projeto de

estruturas de aço no Brasil.

O Capítulo três, a implementação dos cálculos de dimensionamento de peças

comprimidas, está composto pela implementação dos cálculos de dimensionamento de peças

comprimidas, apresenta ainda formulações e as estratégias de programação utilizadas para o

dimensionamento e análise de perfis de aço comerciais ou perfis definidos pelo usuário do

programa, para cálculos de peças comprimidas.

No Capítulo quatro, análise dos resultados, compara os resultados do programa

desenvolvido neste trabalho com cálculos manuais e com exercícios resolvidos retirados dos

livros de literaturas de área afim.

No Capítulo cinco, considerações finais discutem os principais resultados obtidos

neste trabalho em relação ao tema de estudo e apresenta sugestões para trabalhos futuros.

Os anexos estão divididos em cincos partes, cada um deles apresenta uma tabela com um

tipo de perfil como descrito a seguir.

Anexo A, apresenta os perfis W tipo I.

Anexo B, apresenta os perfis W tipo H ou HP.

Anexo C, apresenta os perfis da série CS para colunas.

Anexo D, apresenta os perfis soldados da série CVS para vigas e colunas.

Anexo E, apresenta os perfis soldados da série VS para vigas.

18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ESTRUTURAS DE AÇO

O aço é um composto formado essencialmente pelo ferro e o carbono. No entanto,

em sua formação o aço pode conter outros elementos como fósforo, níquel, manganês,

enxofre, dentre outros compostos químicos que diferencia-o de uma grande quantidade de

propriedades e classes. “Os aços estruturais são fabricados conforme as características

mecânicas e/ou químicas desejáveis no produto final. A escolha do tipo de aço a ser utilizado

em uma estrutura, será determinante no dimensionamento dos elementos que o compõem”

(PINHEIRO, 2005, P. 6).

Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), a parcela de carbono no aço, aumenta sua

resistência, no entanto diminui a sua capacidade de se deformar. Sendo assim, os aços com

pouco teor de carbono têm menor resistência à tração, entretanto são mais dúcteis. Os autores

afirmam ainda, que nas estruturas as resistências à ruptura por tração ou compressão são

iguais.

O aço por garantir boa resistência à tração quanto à compressão, torna-se material

importante, pois suporta não somente, grandes esforços de flexão como também as cargas

axiais. Comparado com o concreto e a madeira, o aço é o mais forte entre os materiais

estruturais, por isso apresenta excelente desempenho nas grandes construções, como edifícios

altos e obras de grandes vãos como as pontes.

A Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM (2010) define estruturas

de aço, como o conjunto de elementos estruturais especificados e dimensionados. Por

exemplo, vigas (incluindo perfis soldados, laminados e de chapas dobradas);

contraventamentos permanentes; placas de base avulsas de colunas; aparelhos de apoio de

vigas, treliças ou pontes; estruturas de marquises, colunas, grelhas ou grades. Todas essas

estruturas desempenham papeis importantes e fundamentais, pois além de compor o corpo

rígido estrutural sustentam as cargas de projeto.

A norma responsável pela regularização de projetos de estruturas de aço e de

estruturas mistas de aço e concreto de edifícios é a ABNT NBR 8800:2008. Compete a esta

norma estabelecer os princípios básicos que conduzem os projetos, com base nos métodos de

estado limite.

19

2.2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO DE AÇOS DÚCTEIS

A representação gráfica do diagrama tensão-deformação do aço dúctil é determinada

pela relação entre tensão aplicada e a deformação resultante. Os valores deste diagrama são

obtidos através da aplicação de um esforço normal de tração a um corpo de prova de aço

estrutural na temperatura atmosférica (Figura 1). Esse ensaio auxilia na determinação das

propriedades mecânicas dos aços. “As mesmas propriedades são obtidas para compressão,

desde que esteja excluída a possibilidade de f1ambagem” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 2011, p.

13).

Figura 1- Diagrama tensão x deformação de aços dúcteis

Fonte: Pinheiro (2005)

Onde:

𝑓 - Tensão no material;

𝑓𝑢- Tensão última;

𝑓𝑦- Tensão de escoamento;

𝑓𝑝- Tensão de proporcionalidade;

𝜀- Deformação específica;

𝜀𝑢- Deformação específica quando ocorre a última tensão;

𝜀𝑦- Deformação específica limite quando ocorre a tensão de escoamento;

𝜀𝑝- Deformação específica quando ocorre a tensão de proporcionalidade;

𝛼- Ângulo de inclinação da reta da região elástica.

20

Na tensão de proporcionalidade (𝑓𝑝) ocorre uma fase elástica, onde a peça ao ser

tracionada sofre uma deformação proporcional ao esforço aplicado, caracterizando a famosa

lei de Hooke. Sua fase pode ser facilmente identificada no gráfico de tensão-deformação por

uma linha retilínea crescente. A constante de proporcionalidade desse diagrama é denominada

de módulo de elasticidade longitudinal.

Segundo Dias (2011), o limite de escoamento é a constante física mais importante

nos cálculos de estruturas de aço, pois o valor dessa tensão deve ser impedido de atingir as

seções transversais das peças, como forma de limitar sua deformação. O limite de escoamento

é determinado dividindo a carga máxima suportada pelo corpo-de-prova, pela sua seção de

área, antes da peça escoar. Já o limite de ruptura, é determinado pela tensão última, que é

calculada dividindo a carga máxima que o material suporta, pela sua seção de área inicial,

antes da sua ruptura.

2.3 PROPRIEDADES DOS AÇOS

No teste de resistência, quando a peça metálica é submetida a esforços de tração

crescente, seu comprimento aumentará devido à deformação progressiva. Graças a este

ensaio, podem-se tirar alguns conceitos e propriedades do aço apresentadas a seguir.

2.3.1 Ductilidade

Define-se ductilidade como a capacidade do material de deformar-se sob ação de

cargas, antes de se romper. Seu valor pode ser medido pela deformação ou pela redução da

seção transversal da área do corpo-de-prova. Quanto maior a ductilidade do aço maior sua

deformação e consequentemente menor sua seção de área.

Conforme definido por Bellei (1998), ductilidade é a capacidade que o metal tem de

deformar-se sem deixar fraturas na fase inelástica. Quando o aço é submetido a uma carga de

tração, em estado de tensão simples, ocorre um exato limite de escoamento sob uma tensão

somente superior ao limite elástico.

A ductilidade de acordo com Dias (2011), tem grande importância nas estruturas de

aço, pois permite uma redistribuição de tensões locais elevadas. Elementos estruturais de aço

dúctil sofrem grandes deformações antes de se romper, o que caracteriza-se na prática um

aviso que a estrutura está submetida a elevada tensão.

21

2.3.2 Fragilidade

O conceito de fragilidade é o oposto de ductilidade. Na propriedade fragilidade o

material é considerado um elemento não-dúctil, com ausência de deformação plástica antes de

romper-se, caracterizando assim, um comportamento de ruptura frágil. Por isso, pode

ocasionar, por exemplo, um colapso na estrutura sem nenhum aviso prévio. De acordo com

Pinheiro (2005), em temperaturas ambientais muito baixas, os aços podem ter características

de elementos frágeis.

O estudo das condições em que os aços se tornam frágeis tem grande

importância nas construções metálicas, uma vez que os materiais frágeis se

rompem bruscamente, sem aviso prévio. Dezenas de acidentes com navios,

pontes etc. foram provocados pela fragilidade do aço, decorrente de

procedimento inadequado de solda. (PFEIL, W.; PFEIL, M., 2011, p. 16)

2.3.3 Resiliência e Tenacidade

A resiliência é a capacidade que o material tem de absorver energia mecânica em

regime elástico, ou seja, a capacidade de resistir à energia mecânica absorvida.

Para Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), módulo de resiliência ou simplesmente resiliência é

a quantidade de energia elástica que pode ser absorvida por unidade de volume do metal

tracionado. Essa propriedade iguala a área do diagrama tensão-deformação até o limite de

proporcionalidade.

Tenacidade é a capacidade do material de absorver energia mecânica nos dois

regimes, elástica e plástica, até sua ruptura. Pode-se definir ainda como a energia total que um

material pode absorver por unidade de volume até que se rompa. “Em tração simples, a

tenacidade é representada pela área total do diagrama σ, ε.” (PFEIL, W.; PFEIL, M., 2011, p.

17).

2.3.4 Dureza

Dureza é definida como a propriedade mecânica do material que tem característica

de resistir ao risco ou abrasão. Sua análise é de fundamental importância nas operações de

estampagem de chapas de aços, pois essa propriedade permite que o aço resista às

deformações inelásticas sem que se frature, e ainda permite sustentar a fluência local durante

a construção e a fabricação dessas chapas.

Para Bellei (1998), dureza pode ser definida como uma combinação de resistência e

ductilidade. A capacidade do aço de resistir à deformação inelástica sem fraturar-se, também

22

permite-lhe sustentar a fluência local durante a fabricação e a construção. Logo, permite que

seja cisalhado, puncionado, flexionado e martelado sem danos aparentes.

2.3.5 Fadiga

Denomina-se de fadiga a propriedade de uma matéria de romper-se por esforços

repetitivos ou cíclicos. Os esforços geralmente são aleatórios e nos ensaios são adotados

ciclos de tensão ou deformação bem definidos.

Conforme Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), no dimensionamento de peças sob ações

dinâmicas, tais como peças de máquinas, pontes e etc. é de grande importância a

determinação da resistência à fadiga, pois os efeitos dinâmicos provocados por essas

estruturas podem caracterizar esforços repetitivos e provocar rupturas por tensões inferiores a

de projetos.

2.4 PROPRIEDADES MECÂNICAS DO AÇO ESTRUTURAL

As propriedades mecânicas do aço são de fundamental importância nos projetos e

execuções de estruturas de aço, visto que sua construção é baseada no seu conhecimento. Para

Dias (2011), essas propriedades definem o comportamento dos aços quando sujeitos a

esforços mecânicos, que determinam sua capacidade de resistir e transmitir os esforços as

quais estão submetidos, sem que se rompa ou tenha deformação excessiva.

Tabela 1- Constantes Físicas do Aço

CONSTANTE FÍSICA VALOR

Módulo de elasticidade tangente, E 200 000 MPa

Coeficiente de Poisson, νa 0,3

Módulo de elasticidade transversal, G 77 000 MPa

Coeficiente de dilatação térmica, βa 1,2 x 10-5°C-1

Peso especifico, 𝜌a 7 850 Kg/m³

Fonte: Adaptado da ABNT NBR 8800: 2008

A composição química do aço é o principal fator que influencia na classificação de

suas propriedades mecânicas. Em sua composição um desses elementos é o carbono, a

quantidade de carbono influencia em sua resistência, ductilidade e soldabilidade. Para valores

de cálculos, o item 4.5.2.9 da ABNT NBR 8800: 2008, estabelece os seguintes valores de

cálculo para as propriedades mecânicas apresentadas na Tabela 1.

23

2.5 TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS

Em decorrência da variedade de aplicações dos aços estruturais, há um grande

número de tipos de formas de aço, dessa maneira apresentam-se em constantes modificações

de acordo com suas utilidades e especificações exigidas pelo mercado. Assim, os critérios

determinantes abrangem desde sua composição química a sua propriedade mecânica requerida

(DIAS, 2011).

A ABNT NBR 7007:2011, item 4.1, regulamenta os aços para perfis laminados com

uso estrutural, classificando o grau do aço segundo suas propriedades mecânicas, dividindo

em: BR 190, MR 250, AR 350, AR 415 e AR 350 COR, no qual BR significa baixa

resistência, MR significa média resistência, AR significa alta resistência e COR significa

maior resistência à corrosão atmosférica, conforme apresentado na Tabela 2 retirada da

norma. Nela estabelece ainda os limites de escoamento mínimo (𝑓𝑦) e a resistência à tração ou

ruptura (𝑓𝑢) para cada tipo de aço.

Tabela 2- Propriedades mecânicas

Grau do aço

Limite de

escoamento mínimo

(MPa)

Resistência à

tração (MPa)

Alongamento mínimo

após ruptura Lo = 200

mm (%)

BR 190 190 mín. 330 22,0

MR 250 250 400-560 20,0

AR 350 350 mín. 450 18,0

AR 350 COR 350 mín. 485 18,0

AR 415 415 mín. 520 16,0

Fonte: Adaptado da tabela 3 da ABNT NBR 7007:2011

A norma brasileira admite-se ainda emprego de normas internacionais, que fornecem

diversos tipos de aço que podem ser usados nos projetos estruturais, entre elas podemos

encontra a ASTM A36, cujos valores de limite de escoamento e resistência à tração são

equivalentes ao aço MR250.

2.6 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ESTRUTRAIS

2.6.1 Perfis Laminados

Os perfis laminados são largamente utilizados em aplicações estruturais, sua

fabricação é obtida pelo processo de laminação de blocos provenientes do lingotamento

contínuo. As principais formas são comercialmente conhecidas por:

24

C – Perfil C, também denominada de perfil U ou Canal;

L – Perfil L ou Cantoneira, que podem ser de abas iguais ou de abas desiguais;

I – Perfil I ou dublo Tê;

H – Perfil H;

T – Perfil T

Nos Estados Unidos os perfis laminados são representados com letras latinas (Figura

2), sua feição é exemplificada abaixo conforme descrito Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), onde:

S – (Standardbeam): perfil I de abas com faces internas inclinadas;

W – (Wide flange): perfil I de abas largas;

HP – Perfil H de abas paralelas e espessura constante.

Figura 2- Perfis Estruturais Laminados

Fonte: Adaptado da Figura 1.18 do livro de Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011).

Os perfis laminados são designados com a simbologia que segue uma sequência com

a letra latina que representa-o. Sua altura em milímetros é seguida pela massa do perfil em

Kg/m. Por exemplo, um perfil W 200 x 15 corresponde a um perfil I laminado com altura de

200 mm e 15 Kg/m de massa.

2.6.2 Perfis de chapas dobradas

Os perfis de chapas dobradas são confeccionados em placas finas dobradas a frio e

tem maior usabilidade em estrutura de menor porte. A norma brasileira responsável por

projetos específicos para esse tipo de perfil é a NBR 14762, Dimensionamento de Estruturas

de Aço Constituídas de Perfis Formados a Frio, cuja versão mais recente é do ano de 2010.

De acordo com Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), a dobragem das chapas é feita em

prensas de gabarito especiais que determinam e limitam os raios internos de dobragem, afim

de evitar as fissuras nas dobras. O processo de fabricação permite uma grande variedade de

perfis, do mais simples com apenas uma dobra, até a mais complexa com diversas curvaturas.

25

Os perfis de chapas dobradas, segundo Pinheiro (2005) são designados como: Tipo,

altura, aba, dobra, espessura. Podendo ser acrescentado no final a designação “chapa

dobrada”, conforme mostrado na Figura 3.

Figura 3- Exemplos de perfis em chapas dobradas

Fonte: Pinheiro (2005)

Para casos de perfis e chapas laminados, as grandes siderúrgicas fornecem diversas

resistências. Sempre que pretende-se utilizar aço estrutural para posterior dobramento, é

necessário tomar cuidados especiais com a sua formabilidade, pois é importante contatar antes

de qualquer coisa o fornecedor, e verificar especialmente a adequação do material à operação

desejada e o sentido do dobramento. Uma vez que a anisotropia desse material é bem elevada,

decorrente do seu processo de fabricação. (SILVA; MEI, 2010)

2.6.3 Perfis Soldados

Perfis soldados são formados por um conjunto de chapas de aço estrutural ligados

entre si por meio de solda, eles modam-se conforme a necessidade do cliente, por isso

possibilita grande versatilidade de uso.

A norma Brasileira NBR 5884 padroniza séries destes perfis soldados segundo a

relação entre sua altura e largura da mesa (Figura 4):

CS – Perfil Coluna Soldada (𝑑/𝑏𝑓 ≅ 1)

26

VS – Perfil Viga Soldada (𝑑/𝑏𝑓 ≅ 2)

CVS – Perfil Coluna-Viga Soldada (𝑑/𝑏𝑓 ≅ 2)

A designação dos perfis soldados segue a mesma metodologia dos perfis laminados,

utilizando o símbolo do perfil (VS, CVS ou CS) seguido pela sua altura em milímetros e sua

massa em Kg/m. Por exemplo: CVS 500 x 250.

Figura 4- Perfis Soldados

Fonte: Andrade (1994)

Para Silva e Mei (2010), em perfis soldados há a necessidade de certifica-se da

capacidade do fornecedor de produzir soldas com nível de qualidade desejada do projeto e dos

seus métodos de inspeção. No entanto, nas aplicações de pouca importância o projetista deve

usar sempre o bom-senso nesse controle de vistoria, pois no emprego onde o fator

preponderante é a economia, não há sentido em se exigir inspeção das soldas, por exemplo.

2.7 MÉTODOS DOS ESTADOS LIMITES

Para o dimensionamento das estruturas de aço, a norma NBR 8800 usa o método dos

estados limites, onde parte do princípio que os esforços e as deformações devem ser inferiores

a certos valores limites, dependendo da estrutura e material adotado. Eles podem ser divididos

em dois estados:

Estados Limites últimos (ELU)

Estados Limites de Serviço (ELS).

27

Os estados de limites últimos estão relacionados ao colapso da estrutura devido a

cargas excessivas, como por exemplo: ruptura de uma ligação ou seção, ruptura por fadiga,

flambagem em regime elástico ou não, e perda de equilíbrio como corpo rígido. Já os estados

de limites de serviço ou utilização são atingidos sempre que a estrutura apresenta deformação

ou vibrações excessivas. O estado de limite último deve satisfazer a condição em que a carga

solicitada de projeto Sd, deve ser menor que a resistência Rd. Onde o valor da carga de

solicitação é obtido pelo somatório das forças atuantes, majorando-o cada um pelos seus

respectivos coeficientes de ponderação das ações, enquanto que a resistência de projeto ou de

cálculo é minorada pelo coeficiente de ponderação das resistências (PFEIL, W.; PFEIL, M.,

2011).

Para expressar a situação mais desfavorável da estrutura durante sua vida útil, a NBR

8800 leva em consideração um coeficiente de ponderação e fator de redução das ações no

estado limite de serviço γs, conforme apresentado na Tabela 3.

Os coeficientes de ponderação das resistências no estado limite último γm são

especificados no item 4.8.2 da ABNT NBR 8800: 2008, onde os coeficientes de ponderação

são dados em função da classificação das combinações de ações. No aço estrutural é definido

o coeficiente γa1 para estados limites último relacionado ao escoamento, flambagem e

instabilidade e o γa2 relacionados à ruptura (Tabela 4).

Tabela 3- Valores dos coeficientes de ponderação das ações 𝛾𝑠

Fonte: Adaptado da Tabela 1 da ABNT NBR 8800:2008

28

Tabela 4- Valores dos coeficientes de ponderação das resistências

Fonte: Adaptado da Tabela 3 da ABNT NBR 8800:2008

2.8 PEÇAS COMPRIMIDAS

As peças axialmente comprimidas têm distribuição constante de tensões normais, no

entanto, ao contrário das peças tracionadas, seu colapso deve-se principalmente à flambagem

que ocorre antes da peça atingir a resistência total. Sendo assim, seu dimensionamento deve

ocorrer de forma que resista a esses esforços de compressão e a ruína por flambagem global

ou local.

Segundo Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011), os deslocamentos laterais produzidos pelos

esforços de compressão compõem o processo conhecido como flambagem por flexão, neste

processo há redução da capacidade de carga da peça em relação ao caso de peça tracionada.

As chapas componentes de perfil podem estar sujeitos a flambagem local, pois caracterizam-

se pelo aparecimento de deslocamento transversal à chapa, como forma de ondulações, e sua

ocorrência depende da esbeltez da chapa (Figura 5).

Figura 5- Peça comprimida sujeita a flambagem

Fonte: Adaptado da Figura 5.1 do livro de Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011).

29

3 IMPLEMENTAÇÃO DOS CÁLCULOS DE DIMENSIONAMENTO DE PEÇAS

COMPRIMIDAS

3.1 O PROGRAMA

O programa implementado neste trabalho para o dimensionamento de peças

comprimidas foi nomeado de EstrutMetal, usando como referência às estruturas metálicas.

Além do dimensionamento de perfis de aço, o EstrutMetal tem a possibilidade de verificar

perfis comerciais ou perfis com dimensões definidas pelo usuário, variando o tipo de

vinculação/apoio, as cargas solicitantes e as propriedades do material conforme

esquematizado no fluxograma da Figura 6.

Para o dimensionamento e verificação de perfis, o EstrutMetal toma como referência

os perfis comercias apresentados nos anexos deste trabalho, no qual os mesmos estão à

disposição do usuário na forma de biblioteca na interface gráfica do programa.

Figura 6- Fluxograma do programa

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

30

3.2 REQUISITOS PARA O DIMENSIONAMENTO

Para o dimensionamento de peças comprimidas, o item 5.3 da ABNT NBR

8800:2008, estabelece para peças prismáticas submetidas à força axial de compressão que a

condição apresentada na Equação 1 deverá ser atendida:

𝑁𝑆𝑑 ≤ 𝑁𝑅𝑑 (1)

Onde:

𝑁𝑆𝑑 = Força axial de compressão solicitante de cálculo;

𝑁𝑅𝑑 = Força axial de compressão resistente de cálculo.

3.3 CÁLCULO DA FORÇA AXIAL DE COMPRESSÃO SOLICITANTE 𝑁𝑆𝑑

A determinação da força axial de compressão solicitante foi dada através do método

dos estados de limites últimos, não levando em conta neste trabalho se atende as condições de

estado de limite de serviço. A Equação 2 apresenta o modelo simplificado da solicitação de

cálculo no estado limite último para as combinações últimas normais conforme item 4.7.7.2.1

da ABNT NBR 8800:2008.

𝑁𝑆𝑑 = ∑ 𝛾𝑔

𝑚

𝑖=1

𝐺 + 𝛾𝑞𝑄1 (2)

Onde:

G = Ação permanente;

𝑄1 = Ação variável considerada principal para a combinação;

𝛾𝑔 = Coeficiente de ponderação da ação permanente;

𝛾𝑞 = Coeficiente de ponderação da ação variável.

Os coeficientes de ponderação das ações permanentes e variáveis são especificados

para o dimensionamento de peças à compressão conforme valores da Tabela 3 dependendo de

sua combinação. Já os valores das ações permanentes e variáveis são as cargas atuantes na

estrutura. Vale salientar que, nos cálculos de dimensionamento do programa não leva-se em

conta o peso próprio da estrutura nas cargas permanentes, desse modo permite-se mais

liberdade ao projetista no dimensionamento.

31

Os dados de entrada das solicitações no programa desenvolvido neste trabalho são

inseridos conforme ilustrado na Figura 7, os valores dos carregamentos (permanente e

variável) são dados em quilonewton (kN) e os coeficientes de ponderação podem ser

consultados na Tabela da norma clicando no ícone “Considerações de Norma”.

Figura 7- Tela de solicitações do programa

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

3.4 CÁLCULO DA FORÇA AXIAL DE COMPRESSÃO RESISTENTE 𝑁𝑅𝑑

O cálculo da força axial de compressão resistente de cálculo foi determinado pela

Equação 3, de acordo com item 5.3.2 da ABNT NBR:2008, no qual está associada aos estados

limites últimos de instabilidade por flexão, torção ou flexo-torção e de flambagem local.

𝑁𝑐,𝑅𝑑 =𝜒𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1 (3)

Onde:

𝜒 = Fator de redução associado à resistência à compressão;

𝑄 = Fator de redução total associada à flambagem local;

𝐴𝑔 = Área bruta da seção transversal da peça;

32

𝑓𝑦= Tensão de escoamento do aço (Tabela 2);

𝛾𝑎1= Coeficiente de ponderação das resistências (Tabela 4).

3.4.1 Fator de Redução 𝝌

O fator de redução associada à resistência à compressão é dado em função de outra

variável, o índice de esbeltez reduzido λ0, que é apresentada na Equação 6 conforme a ABNT

NBR 8800:2008, no item 5.3.3. Onde para valores do índice de esbeltez reduzido menores ou

iguais à 1,5, o fator de redução é dado pelo Equação 4 e para valores de índice de esbeltez

reduzido maiores que 1,5, o fator de é dado pela Equação 5.

𝜆0 ≤ 1,5: 𝜒 = 0,658𝜆02 (4)

𝜆0 > 1,5: 𝜒 = 0,877

𝜆02 (5)

𝜆0 = √𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝑁𝑒 (6)

Onde Ne é a força axial de flambagem elástica obtida pela Equação 7, conforme a

item E.1 do anexo da ABNT NBR 8800:2008, baseado na carga crítica de Euler determinada

pela investigação do equilíbrio de uma coluna comprimida na posição de deformada com

deslocamento lateral.

𝑁𝑒 =𝜋²𝐸𝐼

(𝑘𝑙)² (7)

Onde:

E = Módulo de elasticidade do aço;

I= Menor momento de inércia da peça;

𝑘𝑙= Comprimento de flambagem da peça.

No programa EstrutMetal, o módulo de elasticidade e a tensão de escoamento do aço

são inseridas na aba de materiais, cujas entradas de dados são inseridas de forma direta

segundo a propriedade do aço, conforme mostrado na Figura 8c.

A área da seção do perfil do aço pode ser um dado calculável caso o usuário deseje

definir a seção do perfil (Figura 8b), ou um dado de saída se o usuário desejar verificar ou

dimensionar um perfil comercial, no qual suas dimensões e propriedades encontram-se

33

tabelado nos anexos deste trabalho. O mesmo procedimento foi feito para a determinação do

momento de inércia.

Figura 8- Tela de Geometria e Materiais

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

3.4.2 Comprimento de Flambagem

De acordo com Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011) o comprimento de flambagem de uma

peça é o comprimento entre os pontos de momento nulo da peça comprimida. Seu valor é

determinado pela multiplicação do comprimento de flambagem pelo seu coeficiente

equivalente (Equação 8).

𝑙𝑓𝑙 = 𝑘𝑙 (8)

Onde:

𝑘= Coeficiente de flambagem por flexão;

𝑙= Comprimento da peça comprimida.

A ABNT NBR 8800:2008 item E.2, fornece os valores teóricos dos coeficientes de

flambagem por flexão (k) para seis condições de contorno de elementos isolados. No caso em

que não se possa assegurar a perfeição do engaste, a norma fornece valores recomendados

conforme apresentado na Tabela 5.

34

Tabela 5- Coeficiente de flambagem por flexão de elementos isolados

Fonte: Adaptado da Tabela E.1 da ABNT NBR 8800:2008

No programa EstrutMetal, os cálculos de peças comprimidas são realizados para os

dois eixos da peça, determinando o valor da força axial de compressão resistente nas duas

direções. Logo, é necessário o comprimento da peça nas duas direções e dos seus respectivos

coeficientes de flambagem, conforme mostrado na Figura 9.

Observa-se ainda na Figura 9- Tela de entrada dos apoios, que o EstrutMetal

proporciona ao usuário a escolha de contenção lateral em um dois eixos, executando o

dimensionamento da peça comprimida apenas no eixo que não estar contido lateralmente.

Figura 9- Tela de entrada dos apoios

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

35

3.4.3 Flambagem Local

As flambagens que ocorrem nas partes componentes dos perfis de aço, é denominada

de flambagem local. Para definição de cálculo a ABNT NBR 8800:2008 no item F.1,

classifica em duas modalidades: placas enrijecidas com duas bordas longitudinais apoiadas,

denominada de AA (apoio-apoio) e placas não enrijecidas com uma borda apoiada e outra

livre, denominada de AL (apoio-livre).

Tabela 6- Valores de (b/t)lim

Fonte: Tabela F.1 da ABNT NBR 8800:2008

36

Os elementos componentes da seção transversal das peças submetidas à força axial

de compressão nas quais possuem relação entre largura e espessura (b/t) maiores de (b/t)lim

dados na Tabela 6, têm o fator de redução 𝑄 igual a 1,00, caso contrário o fator de redução é

dado por:

𝑄 = 𝑄𝑠𝑄𝑎 (9)

Onde Qs e Qa são fatores de redução dos elementos AL e AA respectivamente, que

levam em conta a flambagem local.

3.4.3.1 Elementos Comprimidos Não-Enrijecidos AL

A determinação do Qs será necessária apenas quando os valores da relação largura

espessura forem superiores aos valores limites indicado na Tabela 6, para o grupo do

elemento AL ao qual pertence. A seguir são apresentadas as equações para a determinação do

fator de redução Qs para cada grupo AL de acordo com item F.2 do anexo da ABNT NBR

8800:2008.

a) Caso o elemento AL pertença ao Grupo 03 da Tabela 6, usa-se as Equações 10 e 11.

𝑄𝑠 = 1,340 − 0,76 𝑏

𝑡 √

𝑓𝑦

𝐸, para 0,45√

𝐸

𝑓𝑦<

𝑏

𝑡 ≤ 0,91√

𝐸

𝑓𝑦 (10)

𝑄𝑠 =0,53𝐸

𝑓𝑦 (𝑏

𝑡)

2 , para 𝑏

𝑡> 0,91√

𝐸

𝑓𝑦 (11)

b) Caso o elemento AL pertença ao Grupo 04 da Tabela 6, usa-se as Equações 12 e 13.

𝑄𝑠 = 1,415 − 0,74𝑏

𝑡√

𝑓𝑦

𝐸, para 0,56√

𝐸

𝑓𝑦<

𝑏

𝑡 ≤ 1,03√

𝐸

𝑓𝑦 (12)

𝑄𝑠 =0,69𝐸

𝑓𝑦 (𝑏

𝑡)

2 , para 𝑏

𝑡> 1,03√

𝐸

𝑓𝑦 (13)

37

c) Caso o elemento AL pertença ao Grupo 05 da Tabela 6, usa-se as Equações 14 e 15.

𝑄𝑠 = 1,415 − 0,65𝑏

𝑡√

𝑓𝑦

𝑘𝑐𝐸, para 0,64√

𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐)<

𝑏

𝑡 ≤ 1,17√

𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐) (14)

𝑄𝑠 =0,90 𝐸𝑘𝑐

𝑓𝑦 (𝑏

𝑡)

2 , para 𝑏

𝑡> 1,17√

𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐) (15)

Sendo o coeficiente kc dado pela Equação 16.

𝑘𝑐 =4

√ℎ/𝑡0

, sendo 0,35 ≤ 𝑘𝑐 ≤ 0,76 (16)

d) Caso o elemento AL pertença ao Grupo 06 da Tabela 6, usa-se as Equações 17 e 18.

𝑄𝑠 = 1,908 − 1,22𝑏

𝑡√

𝑓𝑦

𝐸, para 0,75√

𝐸

𝑓𝑦<

𝑏

𝑡 ≤ 1,03√

𝐸

𝑓𝑦 (17)

𝑄𝑠 =0,69 𝐸

𝑓𝑦 (𝑏

𝑡)

2 , para 𝑏

𝑡> 1,03√

𝐸

𝑓𝑦 (18)

Onde:

ℎ = altura da alma;

𝑡0 = espessura da alma;

𝑏 = largura do elemento comprimido AL;

𝑡= espessura do elemento comprimido AL.

3.4.3.2 Elementos comprimidos Enrijecido AA

A ABNT NBR 8800:2008 no item F.3 do anexo da norma, estabelecem a equação de

Qa das seções transversais com elementos comprimidos AA (Equação 19), quando os valores

da relação largura por espessura ultrapassem os valores limite indicados na Tabela 6.

38

𝑄𝑎 =𝐴𝑒𝑓

𝐴𝑔 (19)

Onde Aef é a área efetiva da seção transversal da peça dado pela Equação 20, cujo a

𝐴𝑔é a área bruta da seção, “b” e “t” são respectivamente a largura e a espessura do elemento

comprimido AA e o “bef” é a largura efetiva do elemento comprimido conforme a Equação

21.

𝐴𝑒𝑓 = 𝐴𝑔 − ∑(𝑏 − 𝑏𝑒𝑓) 𝑡 (20)

𝑏𝑒𝑓 = 1,92 𝑡√ 𝐸

𝜎 [1 −

𝑐𝑎

𝑏/𝑡√

𝐸

𝜎 ] ≤ 𝑏 (21)

Onde:

𝑐𝑎= 0,34 para placas em geral e 0,38 para mesas ou almas de seção tubulares ou

quadrada;

𝜎= tensão que poder atuar no elemento analisado tomando igual a σ = χ fy.

3.5 IMPLEMENTAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO DE PERFIS MAIS ECONÔMICOS

O dimensionamento do perfil mais econômico foi realizado com base na análise de

cada perfil comercial apresentados nos anexos deste trabalho, examinando o perfil de menor

área e que obedece à condição da norma representada pela Equação 1. Optou-se como critério

de seleção o perfil de menor área, pois terá o menor peso e consequentemente será o mais

barato.

A Figura 10 apresenta o esquema de estrutura de decisões do algoritmo no

dimensionamento do perfil mais econômico, onde o programa ler, linha por linha, os dados do

tipo de perfil escolhido das tabelas em anexo, tendo em vista que cada linha representa um

perfil. As tabelas dos perfis comercias estarão disponíveis para o programa em formato de

bloco de notas.

39

Figura 10- Estrutura de decisões do algoritmo no dimensionamento de perfis

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

A análise executada pela programação no dimensionamento, consiste na verificação

de cada perfil seguindo a sequência do seu posicionamento na tabela sempre confrontando-os

uns com os outros para garantir o perfil de menor área. Para isso, inicialmente é adotado o

primeiro perfil da sequência da tabela como o de menor área, em seguida é analisado se o

perfil atende as condições do esforço resistente ser maior ou igual ao esforço solicitado. Caso

atenda, a primeira linha da tabela terá inicialmente o perfil mais leve que irá ser

posteriormente comparado com o perfil seguinte. E caso não atenda, o programa irá ler a

próxima linha da tabela considerando a área inicial com um valor elevado a fim de garantir

que o próximo perfil analisado terá a menor área para reiniciar o procedimento comparativo.

No perfil seguinte, o programa irá avaliar se sua área tem dimensões menores que o

perfil anterior. Caso não atenda, o programa partirá imediatamente à análise da linha seguinte

40

da tabela. Caso contrário, será analisado se satisfaz a condição da Equação 1. Satisfazendo a

essa condição o segundo perfil será o mais econômico.

Vale salientar que a escolha do perfil é baseada na menor resistência entres os dois

eixos, dimensionando para o pior caso.

O EstrutMetal exibe ainda em seus resultados a eficiência do dimensionamento para

cada eixo, o qual é definida pela relação entre o esforço solicitante e o esforço resistente em

porcentagem.

3.6 IMPLEMENTAÇÃO DE ANÁLISES DE PERFIS

3.6.1 Análises de perfis comerciais

Assim como no dimensionamento, a análises de perfis comerciais é verificada em

torno de uma biblioteca de perfis a disposição do usuário, são eles: perfis W tipo I, H e HP,

perfis soldados série CS para colunas, série CVS para vigas e colunas, e série VS para vigas.

Na análise de perfil, ao selecionar seu tipo, o programa automaticamente abrirá uma

lista com todos os tipos de dimensões daquele perfil. Ao inserir os dados de entrada no

programa, verifica-se o perfil em todos os cálculos de compressão apresentados nesse

capítulo, informando se o perfil resiste ou não aos esforços solicitados, conforme apresentado

na Figura 11.

Figura 11- Tela de análise de um perfil comercial

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

41

3.6.2 Análise de perfis definido pelo usuário

No EstrutMetal o usuário tem a opção de definir seu próprio perfil, dando-o mais

liberdade na criação de novos perfis soldados para sua análise. Através da introdução das

dimensões da peça, o programa verifica se a peça em questão resiste ou não aos esforços

solicitantes, processo semelhante à análise de perfis comerciais. Dessa maneira, será

informado ao usuário se a peça não resiste ao processo de flambagem local, indicando em

qual elemento (mesa ou alma) e eixo do perfil a qual não resistiu.

A Figura 12 apresenta a tela o programa para uma análise realizada para um perfil

com dimensões especificado pelo usuário, onde cada dimensão do perfil é inserida conforme a

ilustração mostrada na tela do programa.

Vale salientar que os cálculos considerados para essa opção de análise é levando em

conta um perfil do tipo soldado, partindo do pressuposto que o calculista deseje produzir seu

próprio perfil soldado.

Figura 12- Tela de análise de um perfil definido pelo usuário

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

42

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A validação dos resultados obtidos no programa foi realizada através da verificação e

comparação com os valores obtidos manualmente através da resolução de exercícios

propostos de livros ou questões criadas para a apresentação de todo o potencial do software.

4.1 VALIDAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DE PERFIS

No dimensionamento de perfis, a validação do programa foi realizada pela

comparação de cálculos manuais na resolução do exercício elaborado a seguir.

Para a coluna da Figura 13, dimensionar o perfil W tipo I para resistir às forças

normais de compressões de 200 kN, oriunda do peso próprio de elementos construtivos

industrializados e 100 kN oriundo de carga variável decorrente do uso da estrutura. Considere

às forças centradas e sem momento. Utiliza-se aço ASTM A36.

Figura 13- Exemplo de uma coluna submetida à força de compressão

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Solução:

A verificação foi realizada analisando inicialmente o perfil escolhido pelo

EstrutMetal dos cálculos de compressão. A partir disto, verificou-se o perfil escolhido pelo

programa se atenderia ao requisito de economia, averiguando se tem a menor área de seção

transversal e se resiste ao esforço solicitado.

43

a) Verificação do perfil selecionado pelo programa

O perfil dimensionado pelo programa foi o W 200 x 26,6 kg/m, na qual está

apresentado na Figura 14 - Solução do programa no dimensionamento do perfil. Os dados do

perfil são encontrados na tabela do Anexo A e apresentados a seguir.

Alma b/t = 29,3 Mesa b/t = 7,9

ix=8,73 cm iy=3,10 cm

Ag=34,2 cm²

As dimensões da alma e da mesa do perfil são diferenciadas por “t0” e “h0” para

espessura e altura da alma respectivamente, e para a espessura e largura da mesa são

representados por “tf” e “b𝑓”.

Figura 14 - Solução do programa no dimensionamento do perfil

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Esforço solicitante de projeto:

O esforço solicitante de projeto é determinado pela Equação 2 e os coeficientes de

ponderação das ações são encontrados Tabela 3, cujo valor do coeficiente das ações

permanentes é 𝛾𝑔= 1,4 e das ações variáveis é 𝛾𝑞 = 1,5.

𝑁𝑆𝑑 = ∑ 𝛾𝑔

𝑚

𝑖=1

𝐺 + 𝛾𝑞𝑄1 = (200 𝑥 1,4 + 100 𝑥 1,5) = 430 𝑘𝑁

44

Comprimento de flambagem:

O valor do comprimento de flambagem é determinado pela Equação 8, onde o

coeficiente de flambagem para cada eixo do exemplo em questão é dado pela Tabela 5.

𝑙𝑓𝑙,𝑥 = 𝑘𝑥𝑙𝑥 = 1,0 𝑥 600 = 600 cm

𝑙𝑓𝑙,𝑦 = 𝑘𝑦𝑙𝑦 = 1,0 𝑥 300 = 300 cm

Teste da flambagem local, verificando a relação b/t pelos valores limite da Tabela 6.

Alma 𝑏/𝑡 = 29,3 < 42,1 Ok

Mesa b/t = 7,9 < 15,8 Ok

Como a relação de largura espessura foram menores que os valores limites de norma,

não há flambagem local no perfil e os valores dos fatores de redução “𝑄𝑠” e “𝑄𝑎” são iguais a

1,0.

Fator de redução:

Substituindo a Equação 7 na Equação 6 e sabendo que o Q=1, encontramos uma

forma simplificada do índice de esbeltez reduzido.

𝜆0,𝑥 = √𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝑁𝑒=

𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√𝑓𝑦

𝜋2𝐸=

𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√250

𝜋2200000=

600

8,73√

250

𝜋2200000= 0,7735 ≤ 1,5

𝜆0,𝑦 =300

3,10√

250

𝜋2200000= 1,0891 ≤ 1,5

𝜒𝑥 = 0,658𝜆0,𝑥2

= 0,7785

𝜒𝑦 = 0,658𝜆0,𝑦2

= 0,6087

Esforço resistente:

O cálculo do esforço resistente é determinado pela Equação 3, onde o coeficiente de

ponderação das resistências é encontrado na Tabela 4.

𝑁𝑅𝑑,𝑥 =𝜒𝑥𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,7785 𝑥 1 𝑥 34,2 𝑥 25

1,1= 605,0867 kN > 𝑁𝑆𝑑 = 430 kN

𝑁𝑅𝑑,𝑦 =𝜒𝑦𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,6087 𝑥 1 𝑥 34,2 𝑥 25

1,1= 473,1259 kN > 𝑁𝑆𝑑 = 430 kN

Verificou-se o perfil W 200 x 26,6 atende as condições.

45

Para comprovar que o perfil escolhido realmente é o mais econômico foi feita a

mesma análise para o perfil de área imediatamente menor que o escolhido.

b) Verificação do perfil com área imediatamente menor que o escolhido pelo

programa.

Dados:

Perfil W 250 x 25,3

Ag=32,6 cm² 𝑓𝑦 = 250 MPa

Alma b/t = 36,1 Mesa b/t = 6,1

ix=10,31 cm iy=2,14 cm

Comprimento de flambagem:

𝑙𝑓𝑙,𝑥 = 𝑘𝑥𝑙𝑥 = 1,0 𝑥 600 = 600 cm

𝑙𝑓𝑙,𝑦 = 𝑘𝑦𝑙𝑦 = 1,0 𝑥 300 = 300 cm

Teste da flambagem local, verificando a relação b/t pelos valores limite da Tabela 6.

Alma 𝑏/𝑡 = 36,1 < 42,1 𝑂𝐾

Mesa b/t = 6,1 < 15,8 𝑂𝐾

Não há flambagem local no perfil, sendo os valores dos fatores de redução “𝑄𝑠” e

“𝑄𝑎” iguais a 1,0.

Fator de redução:

𝜆0,𝑥 =𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√250

𝜋2200000=

600

10,31√

250

𝜋2200000= 0,6549 ≤ 1,5

𝜆0,𝑦 =𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√250

𝜋2200000=

300

2,14√

250

𝜋2200000= 1,5777 > 1,5

𝜒𝑥 = 0,658𝜆0,𝑥2

= 0,8357

𝜒𝑦 = 0,877

𝜆0,𝑦2 = 0,3524

Esforço resistente:

𝑁𝑅𝑑,𝑥 =𝜒𝑥𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,8357 𝑥 1 𝑥 32,6 𝑥 25

1,1= 619,1603 𝑘𝑁 > 𝑁𝑆𝑑 = 430 kN

46

𝑁𝑅𝑑,𝑦 =𝜒𝑦𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,3524 𝑥 1𝑥 32,6 𝑥 25

1,1= 261,0964 𝑘𝑁 < 𝑁𝑆𝑑 = 430 kN

Nota-se que o perfil no eixo y não resiste aos esforços solicitantes do projeto, e

sabendo que o programa dimensiona a peça sempre para o pior caso, ou seja, para o eixo com

menor resistência de projeto, o perfil W 250 x 25,3 não atende as condições requerida pelo

dimensionamento. Portanto o perfil que atende a todas as condições do projeto é realmente o

escolhido pelo programa, perfil W 200 x 26,6.

O programa EstrutMetal apresentou um resultado bastante satisfatório, não apenas na

escolha do perfil mais econômico, como também na precisão dos cálculos das resistências,

com valores variando apenas números de casas decimais se comparados com os resultados

dos cálculos manuais.

4.2 VALIDAÇÃO DA ANÁLISE DE PERFIS COMERCIAIS

Na validação dos resultados da implementação de análise de perfis comerciais optou-

se pela comparação do exercício resolvido do livro de Pfeil, W. e Pfeil, M (2011). Porém a

solução apresentada neste trabalho levou em consideração nos cálculos quatro casas decimais,

afim de conseguir melhor comparação dos resultados, enquanto que no livro leva em

consideração apenas duas casa decimais. Logo, há uma pequena variação dos valores dos

resultados do livro.

Abaixo segue o enunciado do exercício resolvido do livro de Pfeil, W e Pfeil, M.

(2011) na verificação de um perfil laminado submetidos aos esforços de compressão.

Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W 150 x 37,1

kg/m de aço ASTM A36 com comprimento de 3 m, sabendo-se que suas

extremidades são rotuladas e que há contenção lateral impedindo a

flambagem em torno do eixo y. Comparar com o resultado obtido para uma

peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y. (PFEIL,

W.; PFEIL, M., 2011, p. 138)

Os dados geométricos do perfil W 150 x 37,1 são retirados da Tabela do Anexo A.

Dados:

Ag=47,8 cm² 𝑓𝑦 = 250 MPa

Alma 𝑏/𝑡 = 14,7 Mesa b/t = 6,6

ix=6,85 cm iy=3,84 cm

l= 3 m 𝑘 = 1

47

E = 200. 000 MPa

Solução:

a) Peça com contenção lateral (flambagem em torno do eixo x)

Fator de redução:

Substituindo a Equação 7 na Equação 6 e considerando Q=1, encontramos uma

forma simplificada do índice de esbeltez reduzido aplicado por Pfeil, W. e Pfeil, M.

𝜆0,𝑥 =𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√250

𝜋2200000=

300

6,85√

250

𝜋2200000= 0,4929

𝜒𝑥 = 0,658𝜆0,𝑥2

= 0,9033

Teste da flambagem local:

Verificando a relação b/t pelos valores limite da Tabela 6, tem-se:

Alma 𝑏/𝑡 = 14,7 < 42,1 Ok

Mesa b/t = 6,6 < 15,8 Ok

Esforço resistente:

𝑁𝑅𝑑,𝑥 =𝜒𝑥𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,9033 𝑥 1 𝑥 47,8 𝑥 25

1,1= 981,3123 kN

b) Peça sem contenção lateral (flambagem em torno do eixo y)

Fator de redução:

𝜆0,𝑦 =300

3,84√

250

𝜋2200000= 0,8792

𝜒𝑦 = 0,658𝜆0,𝑦2

= 0,7236

Esforço resistente:

𝑁𝑅𝑑,𝑦 =𝜒𝑦𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,7236 𝑥 1 𝑥 47,8 𝑥 25

1,1= 786,0927 kN

48

Comparando-se a esbeltez em torno dos dois eixos, observa-se que a flambagem

ocorrerá no eixo y.

A Figura 15 apresenta a solução do programa para o mesmo problema exposto,

mostrando boa aproximação entre os resultados. A pequena diferença entre os resultados

apresentados pela ferramenta computacional e os resultados mostrados no exemplo deve-se a

imensa diferença de precisão nos cálculos, uma vez que no exemplo usaram-se apenas quatro

casas decimais, em quanto o software tem uma precisão maior.

Figura 15- Solução do programa na análise de um perfil comercial

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

4.3 VALIDAÇÃO DA ANÁLISE DE PERFIS DEFINIDO PELO USUÁRIO

Para a validação da análise de perfis a serem definidos pelo usuário optou-se pela

comparação dos resultados do exercício resolvido do livro de Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011) e

assim como na análise de perfis comerciais, a solução do exercício foi realizada com quatro

casas decimais de precisão nos cálculos para uma comparação mais eficaz dos resultados.

A seguir é apresentado o enunciado do exercício resolvido do livro de Pfeil, W. e

Pfeil, M. (2011) de uma coluna submetida aos esforços de compressão.

Uma coluna tem seção em forma de perfil H, fabricado com duas chapas 8

mm x 300 mm para as mesas e uma chapa 8 mm x 400 mm para a alma,

49

todas em aço ASTM A36. O comprimento de flambagem é kl = 9,8 m.

Calcular a resistência de cálculo para compressão axial, considerando

flambagem em torno do eixo mais resistente (x - x). Admite-se que a peça

tenha contenção lateral impedindo flambagem em torno do eixo de menor

resistência (y - y) (PFEIL, W.; PFEIL, M., 2011, p. 150).

Figura 16- Coluna em forma de perfil H

Fonte: Pfeil, W. e Pfeil, M. (2011).

Os dados geométricos do perfil são encontrados na Figura 16.

Solução:

Propriedades geométricas da seção:

𝐴𝑔 = 2 𝑥 0,8 𝑥 30 + 0,8 𝑥 40 = 80 cm²

𝐼𝑥 = 2 𝑥 0,8 𝑥 30 𝑥 20,4² + 0,8 𝑥 403/12 = 24.242,3500 cm4

𝑖𝑥 = √𝐼𝑥/𝐴 = 17,4077 cm

Fator de redução:

𝜆0 = 980

17,4077√

250

𝜋2200000= 0,6336

𝜒 = 0,658𝜆0,𝑥2

= 0,8453

Teste da flambagem local:

Verificando a relação b/t pelos valores limite da Tabela 6.

Alma 𝑏/𝑡 = 40/0,8 = 50 > 42,1 , ocorre flambagem local!

50

Mesa b/t = 15/0,8 = 18,75 > 13,6150, ocorre flambagem local!

𝑘𝑐 =4

√ℎ

𝑡0

=4

√40

0,8

= 0,5657

0,35 ≤ 0,5657 ≤ 0,76

0,64√𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐)= 0,64√

20000

(25/0,5657)= 13,6150

Verifica-se que ocorreu flambagem local tanto na alma como na mesa da peça, sendo

necessário determinar os valores de “Qs” e “Q𝑎”.

Coeficiente Qs:

Nota-se que o elemento AL pertence ao grupo 05 e verifica-se através da condição da

Equação 14 o valor de “Qs”.

0,64√𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐)<

𝑏

𝑡 ≤ 1,17√

𝐸

(𝑓𝑦/𝑘𝑐)

13,6150 < 18,75 < 24,8899

𝑄𝑠 = 1,415 − 0,65𝑏

𝑡√

𝑓𝑦

𝑘𝑐𝐸= 0,8421

Coeficiente 𝑄𝑎:

O cálculo do coeficiente de redução do elemento AA é realizado através da

determinação da largura efetiva da Equação 21 e posteriormente determinada pela Equação

19.

𝑏𝑒𝑓 = 1,92 𝑡√ 𝐸

𝜒 𝑓𝑦 [1 −

𝑐𝑎

𝑏

𝑡

√ 𝐸

𝜒 𝑓𝑦 ] ≤ 𝑏

37,3678 cm ≤ 40cm 𝑂𝑘

𝐴𝑒𝑓 = 2 𝑥 0,8 𝑥 30 + 0,8 𝑥 37,3678 = 77,8942 cm²

𝑄𝑎 =𝐴𝑒𝑓

𝐴𝑔=

77,8942

80= 0,9737

51

Parâmetro de flambagem local:

𝑄 = 𝑄𝑠𝑄𝑎 = 0,8421 𝑥 0,9737 = 0,8199

Índice de esbeltez reduzido considerando o valor do coeficiente de redução “Q”.

𝜆0 =𝑘𝑥𝑙𝑥

𝑖𝑥

√𝑄𝑥𝑓𝑦

𝜋2𝐸=

980

17,41√

0,8199 𝑥 250

𝜋2200000= 0,5736

𝜒 = 0,658𝜆0,𝑥2

= 0,8713

Esforço resistente de projeto:

𝑁𝑅𝑑,𝑥 =𝜒𝑥𝑄𝐴𝑔𝑓𝑦

𝛾𝑎1=

0,8713 𝑥 0,8199 𝑥 80 𝑥 25

1,1= 1298,8707 kN

Confrontando os valores obtidos do programa apresentados na Figura 17, no qual

proporciona o esforço resistente de projeto de 1.298,95 kN, com cálculos manuais com

esforço resistente de projeto de 1.298,8707 kN, verifica-se grande eficiência do programa em

termos de precisão, com uma aproximação dos valores de 99,9939%. A diferença deve-se a

grande margem de casas decimais utilizados nos cálculos do programa.

Figura 17- Solução do programa na análise de um perfil definido pelo usuário

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresentou todo o conceito de dimensionamento de peças

submetidas aos esforços de compressão mediante a norma da ABNT. Bem como suas

propriedades e coeficientes relacionados aos requisitos necessários ao dimensionamento.

Observou-se uma grande variedade de equações e de critérios para serem analisados, como o

tipo de geometria e o tipo do aço estrutural, tornando-se um problema a escolha correta da

equação a ser utilizada.

Em relação à ferramenta computacional desenvolvida, foram atingidos todos

objetivos esperados em seus resultados, em virtude da sua capacidade de determinar as

resistências de projetos dos perfis com muita precisão, como comprovado no Capítulo 5 deste

trabalho. Além disso, o software mostrou ser eficaz na determinação do perfil ideal de acordo

com as necessidades do usuário.

Quanto à apresentação do programa, encontra-se em uma interface gráfica simples de

boa aparência e com boa interatividade com o usuário, oferecendo as considerações a serem

tomadas de acordo com a norma de dimensionamento de perfis de aço, dessa maneira torna-se

seu uso agradável, facilitando a interpretação dos resultados. Destaca-se ainda, a presença de

bibliotecas dos perfis comercias usados no dimensionamento, deixando à disposição do

usuário.

O programa encontra-se na forma de um executável com opções para o

dimensionamento de perfis conforme o esforço atuante na peça, ou ainda, para a análise de

perfis à compressão segundo seu tamanho e vinculação, como também, pode ser utilizada a

opção na qual o usuário tem a liberdade de atribuir as dimensões do perfil para sua análise.

A utilização de recursos computacionais voltados para Engenharia Civil visa

proporcionar uma melhor maneira de resolver e facilitar a solução de problema, desse modo o

desenvolvimento do programa voltado para a solução de problemas como dimensionamento

de peças possibilita maior rapidez, facilidade, segurança e, economia no projeto de

dimensionamento de estruturas.

A necessidade de informações precisas e cada vez mais rápidas passou a ser

fundamental, além disso, as soluções de problemas mais particulares precisam de programas

específicos. Com esse intuito o EsrtutMetal fornece rapidez e adapta-se ao perfil do usuário.

53

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Embora o programa tenha atingido os objetivos desejados, sendo seu uso ainda

limitado aos cálculos de compressão para peças isoladas, indica-se como trabalhos futuros o

aprimoramento do programa com a criação de novos pacotes de dimensionamento, tais como:

Implementação de cálculos de análise e dimensionamento de peças tracionadas;

Implementação de cálculos de análise e dimensionamento de peças submetidas a

esforço de flexão;

Implementação de dimensionamento de perfis para pilares submetida a esforços de

flexo-compressão;

Implementação de dimensionamento de ligações com conectores;

Implementação de dimensionamento de ligações com solda;

Implementar um programa que faça a análise de uma estrutura como um pórtico, ao

invés de um elemento estrutural isolado.

54

REFERÊNCIAS

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Engenharia Aplicada Editora, 1994. 192p.

ASCENCIO, A. F. G.; CAMPOS, E. A. V. de. Fundamentos da programação de

computadores. Algoritmos, PASCAL, C/C++ (padrão ANSI), JAVA. 3 ed. São Paulo:

Pearson Prentice Hall, 2012. 569 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO METÁLICA – ABCEM. Execução de

Estruturas de Aço: Práticas Recomendadas. 1 ed. São Paulo, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7007: Aços-carbono e

microligados para barras e perfis laminados a quente para uso estrutural. Rio de Janeiro, 2011.

______ . NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

______ . NBR 14762: Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis

formados a frio. Rio de Janeiro, 2010.

______ . NBR 5884: Perfil I estrutural de aço soldado por arco elétrico — Requisitos gerais.

Rio de Janeiro, 2013.

______ . NBR 8800: Projeto e execução de estruturas de aço e de estruturas mistas aço e

concreto de edifícios. Rio de Janeiro, 2008.

BELLEI, I. H. Edifícios Industriais em Aço: Projeto e Cálculo. 2 ed. São Paulo: PINI, 1998.

489 p.

CHIAVERINI, V. Aço e Ferro Fundido. 7ªed. São Paulo: Associação Brasileira de Metais,

1996.

DEITEL, H. M.; DEITEL, P. J. Java: Como Programar. 8 ed. São Paulo: Pearson Prentice

Hall, 2010. 1114 p.

DIAS, L. A. de M. Estruturas de Aço: Conceitos, técnicas e Linguagem. 8 ed. São Paulo:

Zigurate Editora, 2011. 297 p.

DREHMER, G. A.; MESACASA JÚNIOR, E. Galpões para Usos Gerais. Instituto Aço

Brasil. 4 ed. rev. Rio de Janeiro: IABr/CBCA, 2010. 74 p.

HORSTMANN, C. S.; CORNELL, G. Core Java: Fundamentos. Tradução Carlos

Schafranski e Edson Furmankiewicz. 8 ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. v.1.

PFEIL, W.; PFEIL, M. Estruturas de Aço: Dimensionamento Prático. 8 ed. Rio de Janeiro:

LTC, 2011. 357 p.

PINHEIRO, A. C. da F. B. Estruturas metálicas: Cálculo, detalhes, exercícios e projetos. 2

ed. São Paulo: Blucher, 2005. 301 p.

55

PUGA, S.; RISSETTI, G. Lógica de programação e estrutura de dados: Com aplicações

em Java. 2ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. 262 p.

SILBERSCHATZ, A.; GALVIN, P. e GAGNE, G. Sistemas Operacionais com JAVA. 6 ed.

Rio de Janeiro: Campus, 2004.

SILVA, A. L. V. da C e; MEI, P. R. Aços e Ligas especiais. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2010.

646 p.

TANENBAUM, A. S. Sistemas Operacionais Modernos. 2 ed. São Paulo: Pearson Prentice

Hall, 2003.

56

ANEXO A – PERFIS W (TIPO I)

(Continua)

57

(Continuação)

(Continua)

58

(Continuação)

Fonte: Catálogo da Gerdau - Açominas apud Pfeil, W.; Pfeil, M., 2011.

59

ANEXO B – PEFIS W (TIPO H) E PERFIS HP

(Continua)

60

(Continuação)

Fonte: Catálogo da Gerdau - Açominas apud Pfeil, W.; Pfeil, M., 2011.

61

ANEXO C – SÉRIE CS PARA COLUNAS

(Continua)

62

(Continuação)

(Continua)

63

(Continuação)

(Continua)

64

(Continuação)

Fonte: Catálogo da Companhia Siderúrgica Nacional apud Pfeil, W.; Pfeil, M., 2011.

65

ANEXO D – PERFIS SOLDADOS – SÉRIE CVS PARA VIGAS E COLUNAS

(Continua)

66

(Continuação)

(Continua)

67

(Continuação)

(Continua)

68

(Continuação)

Fonte: Catálogo da Companhia Siderúrgica Nacional apud Pfeil, W.; Pfeil, M., 2011.

69

ANEXO E – PERFIS SOLDADOS – SÉRIE VS PARA VIGAS

(Continua)

70

(Continuação)

(Continua)

71

(Continuação)

(Continua)

72

(Continuação)

Fonte: Catálogo da Companhia Siderúrgica Nacional apud Pfeil, W.; Pfeil, M., 2011.