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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA NÍVEL: DOUTORADO RESTAURAR OS DENTES COM TRATAMENTO ENDODÔNTICO OU EXTRAÍ-LOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE BUCAL? VISÃO GERAL DE CIRURGIÕES DENTISTAS AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO. JULIA ITZEL ACOSTA MORENO VINHOLES Canoas - RS 2008

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA NÍVEL: DOUTORADO

RESTAURAR OS DENTES COM TRATAMENTO ENDODÔNTICO OU EXTRAÍ-LOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE BUCAL? VISÃO GERAL DE

CIRURGIÕES DENTISTAS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO.

JULIA ITZEL ACOSTA MORENO VINHOLES

Canoas - RS 2008

Livros Grátis

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JULIA ITZEL ACOSTA MORENO VINHOLES

RESTAURAR OS DENTES COM TRATAMENTO ENDODÔNTICO OU EXTRAÍ-LOS: UMA QUESTÃO DE SAÚDE BUCAL? VISÃO GERAL DE

CIRURGIÕES DENTISTAS

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO.

Tese apresentada ao programa de pós-graduação em Odontologia, nível Doutorado, da Universidade Luterana do Brasil, como pré-requisito final para a obtenção do título de Doutora em Odontologia.

Linha de Pesquisa: Material, instrumental e equipamentos

utilizados em Odontologia

Orientador: Prof. Dr. Luis Carlos Da Fontoura

Frasca

Co-orientador: Prof. Dr. Airton Pozo De Mattos

Canoas – RS 2008

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu esposo, BetoBetoBetoBeto,,,, e aos meus filhos, BonniaBonniaBonniaBonnia e

Alexandre, Alexandre, Alexandre, Alexandre, que sempre estiveram presentes quando precisei, apoiando- me

e incentivando-me nos momentos de fraqueza.

A vocês, que souberam compreender minhas ausências. Esta vitoria é

nossa.

Amo muito vocês.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me concedido a vida, dando-me fé para

que os obstáculos pudessem ser vencidos, amparando-me em cada queda e

fazendo com que cada dia fosse um novo recomeço.

Nenhum homem é uma ilha, por isso, agradeço a todos que de uma

forma ou outra me ajudaram na finalização deste trabalho:

Ao Prof. Dr. Luis Carlos Da Fontoura Frasca, pela orientação da

presente tese, pela confiança em mim depositada, pela oportunidade de

trabalharmos juntos e por ter compartilhado suas experiências e

conhecimentos. Meu mais sincero agradecimento.

Ao Prof. Dr. Airton Pozo De Mattos, pela oportunidade e confiança.

Agradeço pelas dúvidas solucionadas e pela importantíssima ajuda na

finalização de mais esta etapa. O senhor tem minha total admiração!

Ao Prof. Dr. Adair Stefanello Busato, pela amizade, ensinamentos e

bons momentos durante o curso de Pós-Graduação, seu exemplo de

dedicação e seriedade no ensino e na pesquisa muito me motiva.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação da Universidade

Luterana do Brasil, pela oportunidade de aprender com vocês!

Aos meus colegas das disciplinas de Clínica Integral II e Manutenção de

Saúde em Odontologia, do Curso de Odontologia da ULBRA – Campus Torres,

por todo o apoio prestado durante a realização deste estudo.

Aos meus colegas de Doutorado, pela oportunidade de conhecê-los e

pela amizade, fazendo com que as aulas ficassem muito mais divertidas; não

esquecerei as conversas no café, nem no pátio, nem nossas discussões

paralelas nos seminários integradores!

Às minhas queridas colegas Ivana e Naiara, que sempre correram de

volta a Porto Alegre para que eu não perdesse o ônibus para Pelotas. Vocês

são especiais!

Às minhas queridas alunas, monitoras da disciplina de Técnicas e

Materiais em Endodontia do Curso de Odontologia da ULBRA Campus Torres:

Aline, Eliza, Daniela, Graziela e Rosimara, pela ajuda prestada, pelo

estímulo, aprendizado e, principalmente, por me fazerem sentir que vale a pena

acreditar.

Ao Marcelo, por toda sua disposição e ajuda prestada. Meu muito

obrigada.

Ao Sr. Adroaldo, pelo auxílio prestado na realização dos ensaios.

Ao Prof. Reginaldo, pela ajuda na elaboração da análise estatística,

sem você seria mais complicado.

Ao Prof. Dr. Fabio Herrmann Coelho de Souza, pela ajuda e sugestões

para a realização deste trabalho

Ao Sr. Flavio de Almeida Zanotta, por toda ajuda e disposição

prestadas na manipulação da fórmula da resorcina. Meu muito obrigada.

RESUMO

RESUMO

Esta tese é apresentada sob forma de dois artigos. O primeiro foi realizado com o objetivo de conhecer de que maneira os cirurgiões dentistas clínicos gerais e os especialistas tratam os dentes submetidos a tratamento endodôntico e que são portadores de perfurações e, concomitantemente, de analisar qual é a situação da saúde bucal da população brasileira. Para isso, foi realizado um questionário respondido por cirurgiões dentistas especialistas e clínicos gerais, sendo a abordagem qualitativa com perguntas abertas e fechadas. Para se realizar o levantamento da situação atual da saúde bucal da população brasileira, foram utilizados os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde (Data SUS). As próprias Diretrizes da Política Nacional de Saúde dizem que a assistência pública odontológica no Brasil tem-se restringido quase que completamente aos serviços básicos e, ainda assim, com grande demanda reprimida. Os dados mais recentes indicam que, no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados correspondem a não mais que 3,5% do total dos procedimentos clínicos odontológicos. Percebeu-se que a formação odontológica tem-se revelado insuficiente e inadequada para fazer chegar a saúde bucal à maioria da população, já que infelizmente é muito acanhado o impacto social dos programas públicos. Ainda que a clínica privada possa suprir as necessidades individuais com qualidade técnica reconhecida, há um grande desafio em termos de abrangência entre o que é ensinado nos cursos de odontologia e a universalização do atendimento odontológico à realidade brasileira. O segundo artigo avaliou, in vitro, a resistência à fratura de molares tratados endodonticamente pela técnica da resinificação e com perfuração na região de furca. Foram utilizados 40 dentes molares humanos, extraídos e selecionados para o experimento, que foram divididos em quatro grupos. Essa divisão foi feita da seguinte forma: no grupo I foram executadas perfurações bem no centro do assoalho da câmara pulpar e seladas com MTA, após tal procedimento foi colocada uma base de cimento de ionômero de vidro modificado por resina e depois restaurado com Resina Composta; o grupo II foi restaurado com Cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina, mais Resina Composta; no grupo III os dentes só foram restaurados com Resina Composta; e, por fim, no grupo IV foram colocados pinos de fibra de vidro da marca Angelus® nos canais de maior volume e restaurados com base de cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina e Resina Composta (a resina é a Filtek Z350, 3M ESPE e o Ionômero de Vidro modificado por resina foi o Vitrimer, 3M ESPE). Os corpos de prova foram submetidos ao Teste de Resistência à Compressão, onde uma máquina de ensaio universal da marca Pantec® (modelo Versat 502) foi acionada com uma célula de carga de 500 Kg/f a uma velocidade de 5mm/min até ocorrer a fratura do conjunto dente/restauração. Os dados obtidos foram computados e submetidos à análise estatística para interpretação dos resultados, sendo utilizada a observação de variância e comparados através do teste de Tukey, podendo-se concluir que os dentes do grupo I e IV apresentaram maior resistência à fratura, com valores significativos em relação ao grupo II e III. A restauração de resina

composta pode ser considerada uma alternativa restauradora para dentes molares submetidos a tratamento endodôntico e com perfuração na região de furca.

Palavras-chave: artigo 1: saúde bucal, promoção de saúde, formação odontológica. artigo 2: tratamento endodôntico, perfuração, furca, resistência de materiais.

ABSTRACT

ABSTRACT

This thesis is introduced under two articles form. The first was realized with the purpose of knowing which way experts and general practitioner dentists had been treated teeth submitted to endodontic treatment carrier perforation. The aim was also to analyze the position of brazilian people buccal health. A questionary was made to be answered by experts and general practitioner dentists using qualitative approach with closed and opened questions. To make lifting of real position from brazilian people buccal health, we used provided data from Health Ministry ( DATA SUS ). The own guidelines of health national politics says that the odontological public attendance has been restricted almost completely for basic services with great repressed prosecution. In the SUS scope, recent data have showed that expert odontological services do reciprocate to 3,5% of total odontological clinical proceedings. The odontological forming has been improper and insufficient to give buccal health to majority of people. Unfortunately, it has made little impact of public programs. Even private clinic may supply individual needs with recognized quality technique, there is a big challenge between what has been taught in dentistry courses and the universality of odontological attendance for brazilian realness. The second article assessed, in vitro, fracture resistance of endodonticaly treated molars by resinificate resin technique with perforation in the furcation region. 40 molars human teeth were selected and divided in 4 groups. Group 1 was made perforations closed to the middle of pulp chamber floor and sealed with MTA. Further it was put a base with glass ionomer cement modified by resin and restored with composite resin. Group 2 was restored with glass ionomer cement modified by resin plus composite resin. Group 3 only was restored with composite resin. Group 4 was placed fiberglass pins mark Angelus in the canal having bigger content and further restored with a base of glass ionomer cement modified by resin and composite resin ( Filtek Z 350, 3M ESPE resin and Vitrimer, 3M ESPE glass ionomer modified by resin ). Proof bodies were submitted to compression and resistance test. An universal trial machine mark Pantec ( Versat 502 model ) was placed in action with a load cell of 500kg/f speed until occurring the tooth/restoration fracture. Data were computed and submitted to statistical analyze for results interpretations and variance analyze so compared through Tukey test. It is possible to conclude that the teeth of groups 1 and 4 presented bigger resistance to fracture with significant values if compared to groups 2 and 3. The restoration with composite resin can be considered a restorative alternation to endodontic treatment having perforation in the furcation region. Key-words:

Article 1: buccal health- health promotion- odontologic forming Article 2: endodontic treatment- perforation- furcation- materials resistance

SUMÁRIO

SUMÁRIO

RESUMO

9

ABSTRACT

12

SUMÁRIO

14

APRESENTAÇÃO

16

ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 18

REFERÊNCIAS

35

PROPOSIÇÃO

40

ARTIGO 1

ARTIGO 2

42

60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

78

ANEXOS 80

APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

A elaboração de teses estruturadas na forma de artigos é uma tendência

atual. Observada nos cursos de pós-graduação, tem por objetivo um maior

aproveitamento científico dos trabalhos, uma vez que estão prontos para serem

publicados. Assim, esta tese é composta por dois artigos, dentre os quais se

destaca o segundo, objetivo principal do estudo.

A restauração dos dentes tratados endodonticamente é uma tarefa que

desafia os cirurgiões dentistas há muitas décadas, pelas peculiaridades que a

mesma apresenta, normalmente associadas às grandes perdas de estrutura

dentária.

A idéia da realização do primeiro artigo surgiu de questionamentos

metodológicos importantes para a realização do segundo. Isso porque, para

facilitar a discussão e a relevância do estudo, muitas dúvidas foram surgindo e

muitas perguntas foram feitas. Devido à divergência da literatura e às

diferenças encontradas entre os cirurgiões dentistas clínicos gerais e os

especialistas, na aplicação do tratamento dado ao dente tratado

endodonticamente e com perfuração, surgiu a idéia do questionário. Somado a

isso, os dados obtidos através de um levantamento social acerca da população

brasileira, serviram como estímulo para que o artigo fosse escrito. Dessa

forma, o objetivo do primeiro artigo foi abordar um tema que possa levar à

reflexão e à tomada de atitudes que venham a beneficiar os indivíduos para

que estes tenham melhores condições de saúde bucal.

De maneira geral, a população está preocupada em preservar a saúde

de seus dentes e o tratamento endodôntico é uma maneira de preservar a

saúde, pois possibilita restabelecer os dentes a sua função no sistema

estomatognático, evitando a sua perda precoce. Com todos esses dados nas

mãos, desenvolveu-se a idéia principal desta tese, encontrada no segundo

artigo, que teve por objetivo avaliar, in vitro, se a resina composta como

material restaurador é capaz de devolver resistência, forma e função aos

dentes tratados endodonticamente e com perfuração na região de furca, o mais

semelhante possível a um dente hígido.

ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA

19

ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA

A cavidade de acesso ao canal radicular tem como função fornecer uma

via não obstruída ou retilínea ao forame apical. Apesar das variações na

configuração anatômica dos vários dentes, a câmara pulpar está localizada no

centro da coroa e o sistema pulpar está localizado no longo eixo do dente. O

tratamento do canal radicular, assim como alguns procedimentos da clínica

odontológica, está, algumas vezes, associado com situações adversas,

indesejáveis e imprevisíveis (chamadas coletivamente de acidentes de

procedimento). A falta de atenção com o grau de inclinação apical de um

dente, em relação aos outros dentes adjacentes, e com o osso alveolar, pode

resultar em socavamento ou perfuração da coroa e da raiz em vários níveis. Os

acidentes, tais como remoção excessiva da estrutura dentária ou perfuração,

ocorrem durante tentativas de localização de canais ou como resultado direto

da capacidade de se atingir um acesso direto aos canais radiculares

(VINHOLES, BUSATO; 2000).

O conhecimento dos fatores etiológicos dos acidentes de procedimentos

é essencial para que sejam prevenidos. Além disso, os métodos de

diagnóstico e tratamento, bem como os efeitos de tais acidentes sobre o

prognóstico, devem ser entendidos. É imperioso salientar que a melhor arma

para se evitar as falhas e acidentes é a prevenção, mas mesmo assim podem

surgir falhas e complicações, algumas vezes previstas e outras totalmente

inesperadas. Por isso, deve-se considerar que as técnicas e os homens,

mesmo com o conhecimento, são falíveis e as falhas e acidentes podem

acontecer. Portanto, caso ocorra o acidente, deve-se procurar a melhor solução

possível para manter a integridade e a saúde do paciente(VINHOLES,

BUSATO; 2000).

As perfurações radiculares, iatrogênicas ou não, representam uma

complicação ao tratamento endodôntico, tornando o prognóstico obscuro

(HARRIS, 1976). A comunicação artificial da câmara pulpar com o periodonto é

produzida comumente, tanto por desgaste excessivo e inoportuno da câmara

pulpar e/ou canal radicular, como também pelo emprego de instrumentos

endodônticos, especialmente os rotatórios, e por processos de reabsorção ou

cárie (SINAI, 1977).

20

A perfuração do assoalho da câmara pulpar, durante o tratamento

endodôntico, é um acidente que pode provocar a perda do dente. Quando

ocorre a comunicação da câmara pulpar com o sulco gengival, além de

inevitável comunicação, o epitélio juncional pode migrar para apical. Ambos os

fatores podem prejudicar ou impedir o reparo (MORAES, 2002).

A maioria dos autores é unânime ao afirmar que o prognóstico está

diretamente relacionado com a localização, tempo, tamanho, grau da injúria

periodontal e do material obturador. A maioria dos casos envolvendo a

bifurcação resulta em um processo inflamatório como resposta à injúria pela

perfuração do assoalho da câmara pulpar durante o preparo endodôntico. A

identificação exata do dano aos tecidos periodontais, ao redor dos dentes

multirradiculares, justifica-se pelo fato de apresentarem prognóstico sombrio

quando há envolvimento da bifurcação. O diagnóstico precoce favorece o

tratamento, enquanto que o não reconhecimento significa a evolução da

destruição periodontal. Nesses casos, a perda da inserção e a reabsorção do

osso alveolar condicionarão o aparecimento de defeitos ósseos angulares ou

horizontais. Luebke (1964) destaca o potencial de vedação marginal que o

material obturador da perfuração deve possuir para isolar o sistema de canais

radiculares do meio periodontal para obter-se o reparo da lesão.

A perfuração de furca guarda para si o pior prognóstico de todas as

outras, devido à proximidade do epitélio juncional e à possibilidade de migração

deste, criando uma bolsa periodontal, tornando ainda menores as chances de

reparação da região (KAKEHASHI et al, 1965), pois uma intensa inflamação

dos tecidos periodontais inviabiliza a recuperação do dente. O tratamento

endodôntico atua somente na porção radicular dos dentes, restando o

problema da restauração coronária para os mesmos voltarem ao sistema

estomatognático com sua função e estética (LEONARDO et al., 1997).

Logo, torna-se imperativo que os dentes portadores de perfuração de

assoalho da câmara pulpar, que apresentem as condições necessárias para

atingir o sucesso da terapia (selamento da perfuração e tratamento

endodôntico propriamente dito), sejam mais tarde restaurados, voltando a

exercer suas funções estéticas, funcionais e/ou fisiológicas.

Segundo Paiva e Antoniazzi (1991), a endodontia tem apresentado um

índice de sucesso muito alto, já que os dentes com necessidade de tratamento

21

endodôntico apresentam um prognóstico favorável em 95% dos casos. Para

que o prognóstico de elementos dentários com necessidade endodôntica seja

positivo, é necessário um correto tratamento restaurador. Sendo assim, tem-se,

atualmente, um prognóstico favorável no que tange à longevidade dos dentes

endodonticamente tratados, isso obviamente se, após a terapia endodôntica,

os mesmos forem corretamente restaurados, tanto sob aspectos fisiológicos

quanto morfológicos (LEONARDO et al., 1997; HELING, et al., 2002).

A restauração dos dentes tratados endodonticamente, tanto provisória

quanto permanente é crucial para o sucesso do tratamento, pois a restauração

provisória deve fornecer um bom selamento coronário para impedir a

contaminação bacteriana. A restauração final também deve fornecer um bom

selamento coronário só que permanente, proteger a estrutura dentária

remanescente, bem como restaurar a sua forma e devolver sua função.

A necessidade de uma restauração cuidadosa é refletida no fato de que

dentes tratados endodonticamente desenvolvem mais problemas ou são

perdidos com maior freqüência graças às dificuldades na restauração e nem

tanto por insucesso no tratamento do canal radicular propriamente dito. Hoje,

portanto, com os avanços na terapia endodôntica e o aumento da expectativa

de vida dos pacientes, os dentes despolpados mantêm-se em função oclusal e

estética por muito mais tempo que outrora. O tratamento endodôntico tem

preservado dentes que, de outra forma, estariam irremediavelmente perdidos.

Existe uma idéia muito difundida e geralmente apresentada pelos

pacientes de que os dentes com tratamento endodôntico tornar-se-iam mais

quebradiços quando comparados aos vitais. Tal idéia se justifica pelo fato de

que, dentes com grandes destruições, causada por cáries, ou por trocas

contínuas de restaurações, ou ainda por tratamentos endodônticos, têm uma

perda estrutural considerável, a qual deixaria o dente mais propenso à fratura,

ou até mesmo à outra perfuração.

Revisando a literatura, concorda-se com Scurria et al. (1995), quando

dizem que existe um grande número de pesquisas sobre as restaurações de

dentes despolpados, porém o custo e a complexidade de determinadas

técnicas têm feito com que os clínicos ainda optem pela simples restauração do

remanescente, de forma quase empírica ou então os tratando como se vitais

fossem, o que tem levado a inúmeros insucessos sejam esses fraturas ou

22

falhas de selamento, que diminuem a longevidade esperada do elemento

dental em questão.

A odontologia restauradora, em vista do apresentado, tem almejado uma

técnica simples, menos onerosa, eficaz e eficiente de repor tais dentes à

função e estética, fazendo com que as falhas sejam minimizadas e os

sucessos presentes nos tratamentos endodônticos estendam-se à odontologia

restauradora, uma vez que para este êxito ser verdadeiro depende desta

também.

Conforme Stock (1996), muito se tem pesquisado e escrito a respeito da

restauração de dentes endodonticamente tratados. Isso se deve ao fato de que

dentes com tratamento endodôntico, geralmente, apresentam danos extensos,

requerendo “maneiras novas e engenhosas” para restaurá-los.

O questionamento de como e com qual material se restaurará os dentes,

após endodontia, tem sido baseado nas preocupações com as alterações

físicas e mecânicas que a estrutura dental apresenta, em função da remoção

do órgão pulpar (CONCEIÇÃO et al., 2000).

Por exemplo, Scurria et al., em 1995, fizeram um levantamento sobre a

forma como os dentistas americanos executam suas restaurações em dentes

não vitais (tais dados foram obtidos através de uma pesquisa de epidemiologia

executada com 654 dentistas, em 45 estados americanos, entre junho de 1990

e maio de 1991). Os autores relatam que os tratamentos endodônticos subiram

de 6,2% dos procedimentos gerais em odontologia, em 1975, para 8,2% em

1989. Ao final dessa pesquisa, verificaram que os procedimentos restauradores

nesses dentes eram executados das seguintes formas:

A) dentes anteriores - 67% restaurações convencionais (com pinos -

15%, sem pinos- 52%) e 33% coroas protéticas.

B) pré-molares - 50% restaurações convencionais (com pinos -11%, sem

pinos- 39%), 50% coroas protéticas.

C) molares - 54% restaurações convencionais (com pinos -10%, sem

pinos- 44%), 46% coroas protéticas.

Alguns autores, como Bindslev e Mjör (1993), já comprovaram em

estudos clínicos que procedimentos restauradores vão gerar procedimentos

restauradores maiores e mais complexos. Já Mjör (1981) e Elderton (1983)

afirmam que as restaurações não são muito duráveis e normalmente terão de

23

ser substituídas, contudo sem definição certa quanto ao período que tal troca

se fará necessária.

Sabe-se, também, que se a prevenção pudesse preceder a endodontia e

a dentística operatória, talvez este tratamento cirúrgico fosse mínimo ou quase

inexistente. Portanto, hoje, dever-se-ia ter como principais objetivos a

prevenção e a promoção de saúde bucal, para assim alcançar sua

preservação.

É de grande importância que o profissional, antes mesmo de tentar

restaurar um dente despolpado, entenda as alterações ocorridas nos mesmos.

Alterações essas que os tornam diferentes sob o ponto de vista restaurador,

estético e funcional.

A maioria dos autores afirma que a dentina dos dentes não vitais pouco

ou nada difere da dentina dos dentes com vitalidade mantida (FUSAYAMA,

MAEDA, 1969; LEWESTEIN, GRAJOWER, 1981; HUANG, SCHILDER,

NATHANSON, 1992; SEDGLEY, MESSER, 1992; YANG, RIVERA, WALTON,

1995; CHRISTENSEN, 1996).

Huang, Schilder, Nathanson (1995) afirmam que a dureza da dentina,

por si só, em dentes despolpados seria aumentada, diminuindo, porém, sua

flexibilidade.

Observando-se as diferenças quanto ao conteúdo líquido (possível

desidratação que sofreria a dentina após endodontia) pode-se citar Papa, Cain

e Messer (1994), os quais relatam que a diferença entre a presença de líquido

na dentina dos dentes com e sem vitalidade seria de menos de 1%, mais

precisamente de 0,25%.

Embora as observações das características físicas e mecânicas, as

quais, praticamente, não demonstram diferenças significativas entre dentes

vitais e não vitais, tem-se, ainda, como já citado, a afirmação de que os dentes

despolpados são mais acometidos de fraturas, clinicamente, do que os dentes

vitalizados (GUTMANN, 1992). Tal conclusão “empírica’’ poderia ser mais bem

explicada com a mudança do prisma da busca, passando-se a relacionar

também a “friabilidade” da perda estrutural causada pelo acesso endodôntico e

pela instrumentação dos canais.

Alguns autores relatam que não é somente a remoção do teto da câmara

pulpar, mas também a própria instrumentação do canal radicular que levariam

24

a uma perda da estrutura dental, deixando o dente mais suscetível à fratura

subseqüente à restauração (REEH, DOUGLAS, MESSER, 1989; PAIVA,

ANTONIAZZI, 1991; SORNKUL, STANNARD, 1992). Pode-se, por fim,

acrescentar o trabalho de Reeh, Douglas e Messer (1989), os quais afirmam

que o tratamento endodôntico faz com que o dente perca em torno de 5% de

sua resistência.

Desde sempre se questionou a melhor maneira de se restaurar dentes

endodonticamente tratados (TRABERT, CAPUTO, ABOU-RASS, 1978;

STANDLEE, CAPUTO, HANSON, 1978; SIRIMAI, RIIS, MORGANO, 1999).

Dentes muito debilitados por destruição causada por cárie ou por contínua

troca de restaurações ou, ainda, por tratamento endodôntico, geram uma perda

estrutural considerável, o que deixaria o dente mais propenso à fratura (VALE

1959; FISCHER et al., 1975; MONDELLI et al., 1980; WATTS, WILSON e

BURKE, 1995).

A partir de 1955, com o desenvolvimento da técnica do condicionamento

ácido (BUONOCORE, 1955), o processo de restauração do tecido dentário

perdido passou por uma grande transformação. A adesão conseguida às

estruturas dentárias fez com que os conceitos restauradores se alterassem e

fosse buscada uma maior manutenção do tecido sadio, oferecendo alternativas

mais conservadoras dentro dos princípios restauradores.

Em 1980, Mondelli et al., estudando a resistência à fratura em dentes

humanos com cavidades preparadas, observaram que quanto mais a dentina e

o esmalte eram removidos, menor era o esforço requerido para a fratura dos

dentes. Nessa pesquisa, os dentes mais resistentes foram aqueles com

preparo de classe I mais estreitos, pois à medida que se aumentava o istmo da

cavidade, diminuía-se a resistência destes. Verificaram, ainda, que estes

preparos de classe I reduziam em menor grau a resistência dos dentes que os

preparos de classe II MO ou OD e com mesma largura de istmo, resultado esse

devido à perda das cristas marginais, as quais seriam responsáveis por boa

parte da resistência, tanto que cavidades classe II MOD apresentavam ainda

menor resistência.

Blaser et al. (1983) também compararam a resistência à fratura em

dentes com cavidades envolvendo as faces mesial, distal e oclusal com

diferentes dimensões. O resultado dessa pesquisa demonstrou que a

25

profundidade da cavidade tem uma influência significativamente maior na

diminuição da resistência à fratura que a largura da cavidade.

Navarro et al. (1983) executaram um trabalho com situações

semelhantes as já apresentadas, porém, em um dos grupos, foi executada a

remoção do teto da câmara pulpar e a resistência desses ficou 90% menor que

a dos dentes hígidos, sendo a carga exigida para fraturar os dentes sem

preparo de 175,35 Kgf. e 21,15 Kgf. a necessária para gerar a fratura dos sem

teto de câmara pulpar.

Oliveira, Denehy e Boyer (1987) compararam a resistência à fratura de

pré-molares endodonticamente tratados com diferentes materiais e técnicas

restauradoras. Observaram que dentes restaurado com compósitos e

condicionamento ácido, após a fratura normalmente, apresentavam resina junto

ao esmalte e necessitavam de uma carga maior para que ocorresse a falha, o

que seria clinicamente mais interessante. Os autores ainda afirmam que o

esforço apresentado pela resina composta era presente mesmo em preparos

cavitários maiores. Nessa pesquisa, os dentes restaurados com amálgama de

prata foram os menos resistentes.

Após estudarem a resistência à deformação de cúspides de pré-

molares debilitados por preparos cavitários sob cargas não destrutivas, Reeh,

Douglas e Messer (1989) observaram que os dentes restaurados com

amálgama de prata sofreram as maiores deformações, o que poderia equivaler

a uma menor resistência, se comparado aos demais grupos dessa pesquisa,

isto é, dentes íntegros, dentes despolpados com restauração metálica fundida

e proteção de cúspides, resina composta com condicionamento ácido total e

resina composta com condicionamento ácido somente em esmalte.

Em 1994, Hernandez et al., avaliaram a fratura de dentes humanos

através de restauração com diferentes materiais em cavidades com paredes

remanescentes de espessura padronizada. Os resultados demonstraram que

dentes restaurados, com sistema adesivo hidrofílico e resina composta,

apresentam uma maior resistência à deflexão quando comparados àqueles

sem aplicação do sistema adesivo.

Ausiello et al. (1997), estudaram a resistência à fratura de pré-molares

superiores, onde foram confeccionadas cavidades MOD e tratamento

endodôntico. Para restaurar estes preparos cavitários, foram utilizados: uma

26

marca de amálgama de prata em combinação com sistemas adesivos; três

marcas de cimento de Ionômero de Vidro e uma resina composta em

combinação; e três grupos com resinas compostas e adesivas. Os resultados

demonstraram que as resinas compostas, com seus respectivos sistemas

adesivos, forneceram resistência à fratura compatível com a do controle (dente

hígido).

Steele e Bradford, em 1999, relatam que um dente não pode ser

considerado endodonticamente tratado até que tenha sido restaurado. Tendo

em vista que as características físicas dos dentes não vitais são muito

semelhantes às dos dentes vitais, acreditam esses autores que a maior

suscetibilidade à fratura se deve à extensa perda estrutural. Nessa pesquisa in

vitro de resistência, os autores confirmaram que o acesso endodôntico custa

uma pequena perda de resistência no dente, visto que dentes com cavidades

complexas do tipo MOD apresentariam em torno de 50% menos resistência do

que os dentes não preparados. Ainda sugerem que qualquer tipo de

restauração aumentaria a resistência do dente, porém, nunca aos patamares

dos dentes intactos. Os autores acreditam e citam no corpo do trabalho que o

ensaio executado poderia ser criticado, pois se baseia em forças fisiológicas,

levando em consideração que as forças que fraturam os dentes, algumas

vezes, não são as fisiológicas e, sim, as patológicas.

O tratamento restaurador em dentes com essas condições de fragilidade

tem melhores resultados de resistência, normalmente, quando restaurados sob

a forma de procedimentos indiretos com a presença de pinos metálicos e

coroas com cobertura total (LOVDAHL, NICHOLLS, 1977; FRAGA et al., 1998).

De acordo com os autores que defendem esta técnica, o conjunto pino/coroa

tem como objetivos proteger o remanescente dentário contra a fratura,

melhorar a retenção da peça, distribuir o estresse gerado pelos esforços

mastigatórios, além de possuir longo controle clínico, sendo assim um método

tradicional e com sucesso comprovado (SHEETS, 1972; STANDLEE,

CAPUTO, HANSON, 1978; SORENSEN, MARTINOFF, 1984; MORGANO,

1996).

Pode-se citar o trabalho de Rosen (1961), em que este procurou

estabelecer diretrizes para a correta reconstrução de dentes fragilizados.

Através de uma revisão da literatura, o autor alerta para o risco de fratura em

27

dentes fragilizados e recomenda procedimentos que os reforcem, indicando a

confecção de núcleos metálicos fundidos e coroa protética prevenindo, assim,

a fratura e aumentando a longevidade do trabalho.

Trabert et al., (1978), afirmam que o alargamento do canal radicular para

receber pino deve ser o mais conservador possível, provendo o espaço

estritamente necessário para o mesmo, pois, com isso, a possibilidade de

fratura radicular ficaria extremamente diminuída.

A procura por técnicas mais conservadoras gerou o aparecimento dos

chamados pinos pré-fabricados, confeccionados em diferentes materiais, para

que sejam utilizados em diferentes tipos de restaurações de dentes tratados

endodonticamente. O desenvolvimento das técnicas adesivas, para

restaurações e cimentação, fez com que o uso de tais pinos tivesse um impulso

muito grande, pois essa associação mostrou-se extremamente vantajosa para

o profissional, por sua previsibilidade e facilidade de execução (DURET et al.,

1990; SIDOLI et al., 1997).

Yettram, Wright e Pickard, em 1976, analisaram a distribuição das

tensões em dentes naturais e restaurados com coroas protéticas, sob cargas

verticais e oblíquas, através de modelos matemáticos denominados modelos

finitos. Os autores concluíram que a remoção do esmalte e a colocação de uma

coroa protética resultaram em distribuição de tensões semelhantes às

apresentadas pelo próprio esmalte.

Com certeza a perda de estrutura dentária é um fator inerente ao

tratamento endodôntico. Com o intuito de que o canal fique bem instrumentado,

é removida uma grande quantidade de tecido dentário mineralizado, o qual

deverá ser reposto com materiais restauradores com propriedades físicas

semelhantes as dos tecidos dentários (DURET et al,1990; SORENSEN et al,

1988).

Diante da situação econômica que nosso país enfrenta hoje, para a

grande maioria da população, a saúde oral não é prioridade, uma vez que

grande parte do salário do brasileiro é gasto com alimentação, moradia,

educação e, por último, com a saúde. Logo, é necessário que sejam

encontradas alternativas econômicas e acessíveis de tratamentos

restauradores, como são as restaurações diretas, pois elas necessitam menos

tempo para serem confeccionadas, dispensam a fase de laboratório e seu

28

custo é mais baixo, fazendo com que aquelas pessoas que não possuem

recursos para pagar uma restauração indireta ou mesmo uma coroa de

porcelana tenham alternativas de tratamentos economicamente mais

acessíveis e ainda mantendo a exigência estética e funcional que os pacientes

querem em suas restaurações. Nos últimos tempos, a endodontia tem

alcançado um alto grau de sucesso, cujo índice situa-se em torno de 90%,

apesar disso o que o clínico geral encontra é um pouco desolador, já que os

dados disponíveis mostraram que a eficácia do tratamento endodôntico situa-

se em um patamar inferior, estabelecido em torno de 46%, quando realizado

por profissional não especializado.

O tratamento dos canais radiculares e principalmente do grupo de

molares requer do profissional que se dedica a esta prática um alto grau de

qualificação, habilidade e conhecimento científico. Além disso, o alto custo do

equipamento, material e instrumental faz com que, de uma forma geral,

somente seja realizado em clínica particular e por profissionais especialistas

em endodontia, fazendo com que uma pequena faixa da população seja

beneficiada com o tratamento.

Segundo De Deus (1992), a execução do tratamento convencional dos

canais radiculares tem sido um dos grandes entraves na prática da odontologia

comunitária, principalmente quando se tratam de comunidades carentes de

recursos. Passada mais de uma década, o quadro pouco mudou, uma vez que

grande parte da população brasileira não possui condições de ter acesso ao

consultório privado, este estudo pode proporcionar uma facilidade nesse

acesso da população ao tratamento endodôntico, pois o material em questão é

de baixo custo operacional e de fácil manipulação, reduzindo o tempo

operatório e, conseqüentemente, diminuindo o índice de dentes perdidos.

Portanto, quase que em sua totalidade, o uso da resorcina como material

obturador é voltado para a área social, possibilitando sua utilização em postos

de saúde, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e até mesmo em consultórios

particulares.

A endodontia consiste em um campo da odontologia responsável pela

prevenção, tratamento de agressões ao órgão pulpar, além de suas

repercussões nos tecidos periapicais. Em casos de pulpectomia, o preparo do

canal radicular visa à remoção do tecido orgânico e à criação de condições

29

morfológicas e dimensionais, a fim de que se possa proceder a uma correta

obturação. Já quanto as necropulpectomias, além de remover os restos

teciduais, dar forma e dimensões, cabe ainda ao preparo a responsabilidade de

eliminar ou reduzir o número de microrganismos presentes no sistema de

canais radiculares.

O reconhecimento das dificuldades para modelar corretamente o canal

radicular tem provocado o aparecimento de um grande número de técnicas que

recheiam e avolumam os textos especializados, entre as quais se destacam a

tradicional ou clássica, a escalonada e as no sentido coroa-ápice. Qualquer

que seja a técnica selecionada para modelar o canal é importante lembrar que

o êxito desse procedimento está alicerçado em alguns procedimentos básicos

que devem ser cuidadosamente obedecidos. Entre eles, salientam-se a

seleção adequada dos instrumentos, a determinação e a manutenção do

comprimento de trabalho para modelagem (SOARES; GOLDBERG, 2002).

O preparo biomecânico é realizado através da instrumentação dos

canais radiculares, complementado pela irrigação e aspiração, com soluções

anti-sépticas nos casos de necropulpectomias e, principalmente, com função

de limpeza mecânica, nas biopulpectomias. A irrigação e a aspiração

consistem em se fazer passar um líquido através das paredes do canal, com a

finalidade de remover restos pulpares, raspas de dentina conseqüentes da

instrumentação, microrganismos e outros detritos. Essa limpeza permite melhor

ação dos medicamentos tópicos, no caso de tratamento de dentes despolpados

e infectados, como também um contato perfeito do curativo de demora com o

coto pulpar e os tecidos vivos do sistema de canais radiculares, no caso de

dentes com vitalidade. Essa fase do tratamento contribuirá, também, para que

haja um melhor contato da substância obturadora com as paredes do canal

radicular. Em suma, a irrigação e a aspiração buscam: limpeza, desinfecção e

lubrificação do conduto radicular (LEONARDO; LEAL, 1998).

A obturação do canal radicular consiste no preenchimento do canal, de

forma completa e hermética, tanto no seu comprimento, como em largura, a fim

de garantir, com mais segurança, a reparação biológica do periápice. É a

sagração do tratamento, pois perpetua o estado de desinfecção conseguido

durante o preparo químico-mecânico (ALVARES, 1991).

30

A obturação do canal radicular pode ser realizada na mesma sessão em

que se conclui a modelagem. Entende-se, no entanto, que essa conduta não

pode ser desempenhada por quem não tem a necessária experiência clínica. A

obturação endodôntica deve preencher tridimensionalmente o canal modelado,

além de assegurar um ótimo selamento em todas as dimensões, bloqueando

as comunicações, sejam apicais ou laterais, do canal com o periodonto

(SOARES; GOLDBERG, 2002).

Uma das mais importantes finalidades da obturação é selar os

canalículos, ramificações e união cemento-dentina-canal, estruturas estas

suscetíveis à permanência de microrganismos, com o objetivo de impedir a

passagem dos mesmos que, porventura, tenham escapado da terapia

endodôntica, proliferando-se e voltando a irritar a região periapical. O que

também se almeja das obturações dos canais radiculares é que elas não

interfiram e, se possível, até estimulem o processo de reparo apical e

periapical, que deve ocorrer após as intervenções endodônticas (LEONARDO;

LEAL, 1998).

As discrepâncias morfológicas dos instrumentos entre si, entre

instrumentos e cones de guta-percha, somadas à variada anatomia dos canais

radiculares criam grandes dificuldades para obturação do sistema desses

canais com um único material. É assim que a obturação, para atingir o

preenchimento tridimensional, necessita da guta-percha complementada pelo

cimento endodôntico. A finalidade do cimento é ocupar os espaços entre a

guta-percha e as paredes do canal radicular, assim como aqueles entre os

próprios cones de guta-percha. Os cimentos endodônticos e os materiais de

obturação em geral, devem cumprir uma série de requisitos, entre os quais se

destacam: fácil aplicação no canal, boa estabilidade dimensional,

impermeabilidade e aderência, bom escoamento, adequada radiopacidade,

inalteração da cor do dente, ação antimicrobiana, suscetibilidade de remoção

parcial ou totalmente e biocompatibilidade. Assim, até que estudos propiciem o

aparecimento ou a confirmação da existência do material ideal, a obturação

poderá ser realizada com um material que – por suas propriedades físicas,

químicas e biológicas – propicie a obturação, condições para que ela atinja os

seus objetivos (SOARES; GOLDBERG, 2002).

31

Além da existência de um grande número de técnicas para preparo do

canal, também são muitas as técnicas de obturação, ora adequadas ao

material usado, ora de acordo com as condições do canal em tratamento.

Todavia, todas têm objetivos comuns: reunir qualidade com praticidade. Dentre

todas as técnicas a da Condensação Lateral da Guttapercha, por sua

simplicidade, baixo custo, é a mais utilizada universalmente (ALVARES, 1991).

Na China, a partir de 1958, os dentistas foram encorajados a propor

inovações que pudessem oferecer serviços dentários adequados e que

alcançassem um maior número de pessoas, com o objetivo de obter

procedimentos simplificados, diminuindo assim o tempo operatório, melhorando

a saúde e salvando o maior número possível de dentes. Para atender às

finalidades propostas, um grupo de dentistas da Faculdade de Estomatologia

do Colégio Médico de Pequim propôs a Técnica da Resinificação, cujos

estudos técnicos foram aperfeiçoados mais tarde, durante os anos 60, com o

objetivo de alcançar uma técnica de tratamento simples e efetivo, desde então

adotada por muitos dentistas na China.

Os introdutores da técnica de resinificação explicam que a resina

fenólica se apresenta em forma líquida quando introduzida nos canais

radiculares, tornando-se sólida após polimerização. Como líquido, pode

penetrar nos canalículos dentinários, canais acessórios, assim como nos

canais curvos e/ou atresiados. Durante o endurecimento a resina pode

preencher e selar tanto os canalículos como o canal principal. Durante esse

tempo, o tecido pulpar residual no canal, pode ser “resinificado”, isto é,

embebido pela resina, tornando-se assim inofensivo, de modo que os dois

juntos (resina + tecido pulpar residual) sirvam como material obturador do canal

radicular e permanecendo com propriedades anti-sépticas.

A resina fenólica não é simplesmente um material de obturação, mas

também um material terapêutico multifuncional (TSAO, TSAI-FANG, 1984).

Com esta terapia é desnecessário remover toda a polpa infectada, limpar e

alargar o canal, desinfetar o canal ou obturar o canal principal com qualquer

outro material, podendo ser os passos incorporados em um único, ganhando

tempo, bem como diminuindo o custo operacional, a resina fenólica custa R$

20.00 reais um frasco com 30ml. Resumindo, é possível evitar muitas

complicações comuns da terapia convencional do canal radicular, tais como

32

perfuração acidental, fratura de instrumentos, trauma aos tecidos apicais

através da instrumentação e da passagem forçada de bactérias, através do

forame, durante a preparação mecânica.

O método utilizado para a terapia resinificante é a seguinte: remoção da

cárie e abertura da câmara pulpar, remoção do teto e do tecido pulpar

coronário e penetração de 2/3 do canal radicular; os resíduos pulpares não

necessitam ser removidos do terço apical, preparo até a lima de n° 25, irrigação

e aspiração, secagem com cones de papel absorvente, preparo e aplicação do

agente resinificante, que é obtido por meio da mistura de três soluções, na

proporção 11:5:3 assim distribuídas: 11 gotas da solução 1; 5 gotas da solução

2; 3 gotas da solução 3; após homogeinizada, a solução é introduzida no

conduto com uma seringa de 3ml. Essa operação é repetida de duas a três

vezes, de forma a garantir o melhor preenchimento do canal; a solidificação da

solução dentro do canal deve se processar dentro de seis horas.

A fórmula do material utilizado na Terapia Resinificante é a seguinte;

solução 1: 62,0ml de formalina (38 – 40%), 12,0ml de tricresol e 6,0ml álcool.

solução 2: 45,0g de resorcinol e 55,0ml de água destilada.

solução 3: 1,0g de hidróxido de sódio e 2,0ml de água destilada (TSAO, TSAI-

FANG, 1984).

Basicamente, quatro ingredientes constituem a formulação da resina fenólica:

- A solução do Formaldeído (formalina) a 35% contém não menos de

34,5% (p/p) e não mais de 38,0% (p/p) de formaldeído, com quantidades

variáveis de metanol, aproximadamente de 9 – 15% (v/v) como estabilizante,

para evitar a polimerização para paraformaldeído. Apresenta-se como um

líquido límpido, incolor, de odor característico forte e irritante, sabor ardente e

com pH entre 2,8 a 4,0. Se exposto ao ar oxida lentamente em ácido fórmico. É

solúvel em água, álcool e acetona, sendo insolúvel em clorofórmio e éter e

incompatível com amoníaco, fenóis, agentes oxidantes, proteínas e metais

pesados; deve ser armazenado em recipientes hermeticamente fechados,

protegidos da luz e armazenados a uma temperatura de 15-25 °C, evitando o

contato com plástico. Trata-se de um desinfetante ativo frente a bactérias,

fungos e vírus, mas muito pouco efetivo contra esporas.

- O Tricresol, sendo um produto procedente do petróleo, é constituído

essencialmente por uma mistura de o-cresol, m-cresol, p-cresol, com

33

predomínio de m-cresol, contendo também outros fenóis. Apresenta-se de cor

amarelada, amarelo pardo, rosado ou incolor, que vai escurecendo aos poucos

com o tempo ou se exposto à luz. Possui cheiro característico semelhante ao

dos fenóis, é solúvel em 50 p. de água, tornando-se um líquido turvo, muito

solúvel em álcool, clorofórmio, éter e soluções de hidróxidos alcalinos. É

incompatível com clorpromacina; sua atividade antimicrobiana se reduz na

presença de surfactantes não iônicos. Trata-se de um anti-séptico de amplo

espectro com propriedades adstringentes ativo, frente a um grande número de

bactérias, tanto gram positivas quanto gram negativas, e tricomonas (ALIAGA,

2002).

- O Resorcinol (resorcina) pode se apresentar como um pó cristalino,

cristais incolores ou de cor cinza rosado-claro, que pode trocar a vermelho

quanto exposto ao ar e à luz, de odor característico e sabor doce e depois

amargo. É livremente solúvel em éter e glicerina e solúvel em 0,9 p. de água.

Incompatível com ácido e éter nitroso, clorofórmio, albuminas; dá lugar a uma

massa semilíquida ao misturar-se com cânfora, mentol, fenol e outras

substâncias afins. Por ser oxidável e sensível à luz, é indicada a utilização de

embalagens escuras. São usados topicamente por suas propriedades anti-

sépticas, antifúngicas, antipruríticas e esfoliativas em forma de loções,

pomadas e cremes no tratamento de acne, caspa e seborréia (ALIAGA, 2002).

- O Hidróxido de Sódio se apresenta como massas brancas de

estrutura cristalina em forma de lentilha, cilindros ou placas, que absorvem

facilmente a umidade e o dióxido de carbono transformando-se em carbonato

sódico. É um cáustico muito potente, fortemente corrosivo em tecidos animais e

vegetais e, devido a essa alta causticidade, é muito irritante para a pele e

membranas mucosas (ALIAGA, 2002).

Devido ao contraste da situação de saúde bucal no Brasil, observa-se

um amplo crescimento de oferta de dentistas, sem uma correspondente

melhora na condição econômica do povo. Isso acarreta uma situação

conflitante e, por sua vez, inusitada, pois de um lado grande parte da

população está marginalizada de qualquer tipo de atendimento odontológico e

de outro lado há um elevado número de profissionais buscando uma

oportunidade de trabalho. Tentando fazer frente a essa dimensão dos

problemas de saúde bucal que afeta a população compreende-se que

34

profundas mudanças, na prática, são necessárias para a odontologia brasileira

e baseando-se nesse quadro foi que se utilizou um método alternativo de

tratamento endodôntico e restauração de resina direta, já que diminui o tempo

operatório com procedimentos clínicos mais simplificados e que

economicamente sejam menos onerosos. Tudo isso tem o objetivo de

colaborar na indicação das mesmas e ao mesmo tempo oferecer um

tratamento que esteja ao alcance de todos, com baixo custo e que possa

manter com boa função ao maior número de dentes possível.

REFERÊNCIAS

36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1

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PROPOSIÇÃO

41

PROPOSIÇÃO

Artigo 1:

- Conhecer de que forma os cirurgiões dentistas clínicos gerais e os

especialistas tratam os dentes submetidos a tratamento endodôntico e

portadores de perfurações,

- Avaliar, de forma geral, por meio dos dados fornecidos pelo Ministério

da Saúde, qual é a situação da saúde bucal da população brasileira.

Artigo 2:

- Avaliar, in vitro, a resistência à compressão de dentes tratados

endodonticamente pela técnica da resinificação com perfuração na região de

furca e restaurados com resina composta. Analisar o padrão de fratura

resultante em cada grupo, e observar qual apresentou o melhor prognóstico de

reparo pós-fratura.

ARTIGO 1

43

Restaurar os dentes com tratamento endodôntico ou extraí-los: uma questão

de saúde bucal? Visão geral de cirurgiões dentistas

Restore the teeth with endodontic treatment or extract them: a question of oral

health? Overview of dentists

Julia Vinholes1; Airton Pozo de Mattos2; Luis Carlos da Fontoura Frasca3

1. Professora do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil-

campus-Torres

2. Professor do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil

3. Professor do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil-

Canoas e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Artigo formatado de acordo com as normas da Revista de Saúde Pública,

classificação Capes Qualis A Nacional.

Julia Itzel Acosta Moreno Vinholes

Email: [email protected]

Endereço: Rua Gonçalves Chaves 3320/402, Bairro: Centro

Telefones: (53) 3227-0825/ (53) 9105-4154

44

RESUMO

Este estudo tem por objetivo conhecer de que forma os cirurgiões dentistas clínicos gerais e especialistas tratam os dentes que são submetidos a tratamento endodôntico e que são portadores de perfurações. Concomitantemente analisou-se qual é a situação da saúde bucal da população brasileira. Para isso, foi elaborado um questionário respondido por cirurgiões dentistas especialistas e por clínicos gerais. A abordagem foi qualitativa com perguntas abertas e fechadas. Para se realizar o levantamento da atual situação da saúde bucal da população brasileira, foram utilizados dados fornecidos pelo Ministério da Saúde (Data SUS). As próprias Diretrizes da Política Nacional de Saúde dizem que a assistência pública odontológica no Brasil tem se restringido quase que completamente aos serviços básicos e, ainda assim, com grande demanda reprimida. Os dados mais recentes indicam que no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados correspondem a não mais que 3,5% do total dos procedimentos clínicos odontológicos. Assim, a formação odontológica tem se revelado insuficiente e inadequada para fazer chegar a saúde bucal à maioria da população, já que infelizmente é muito pequeno o impacto social dos programas públicos. Ainda que a clínica privada possa suprir as necessidades individuais com qualidade técnica reconhecida, há um grande desafio, em termos de abrangência, entre o que é ensinado nos cursos de odontologia e a universalização do atendimento odontológico à realidade brasileira.

Unitermos: saúde bucal, promoção de saúde, formação odontológica

ABSTRACT

The aim of this study was to know how general practitioner dentists and experts attended teeth which were submitted to endodontic treatment presenting perforation and also analyze the position of brazilian people buccal health. For this, it was realized a questionary answered by experts and general practitioners dentists. The approach was qualitative containing opened and closed questions, with the purpose of lifting the real position of brazilian people buccal health using several provided data from Health Ministry ( Data SUS ). The own guidelines of health national politics says that the odontological public attendance has been restricted completely for basic services with great repressed prosecution. In the SUS scope, recent data have showed that experts odontological services do reciprocate to 3,5% of the total odontological services proceedings. Odontological forming has improper and insufficient to give buccal health for people majority. Unfortunately, this had made little impact in public programs. Even private clinic can supply individual needs with recognized technique quality, there is a large challenge between what is taught in Dentistry Courses and the universality of odontological attendance to Brazilian realness. Uniterms: buccal health- health promotion- odontologic forming

45

“... eu sustento que a única finalidade da ciência está em aliviar a miséria da existência humana”.

Bertold Brecht

INTRODUÇÃO

Abordar um tema que possa levar à reflexão e à tomada de atitudes que

venham a beneficiar os indivíduos para que tenham melhores condições de

saúde bucal não é uma tarefa fácil. Também não se pretende criar parâmetros

ou códigos e sim olhar a saúde bucal dentro de um contexto mais universal e

mais humanitário, pois a importância da saúde de um ser humano é

indiscutível. As doenças bucais mediadas pela ação da placa bacteriana estão

entre aquelas que mais flagelam os seres humanos, afetando-lhes

severamente o bem estar e a qualidade de vida.

As limitações da concepção da prática odontológica que se propõem a

tratar dessas doenças e recuperar a saúde bucal das pessoas, dando

equivocada ênfase aos procedimentos cirúrgicos e restauradores, têm sido

exaustivamente denunciadas no mundo inteiro e, também, entre os

profissionais. O cirurgião dentista deve ter uma visão clínica ampla, cuja

autonomia e responsabilidade proporcionem saúde e bem estar ao seu

paciente. Surpreende que a odontologia tenha passado tantos anos sem se dar

conta de que a “extensão para prevenção” que Black propunha era

contraditória, pois preconizava a remoção antecipada de tecidos sadios para

evitar que estes viessem a sofrer um ataque da doença no futuro e que a

limpeza mecânica, praticada pelas próprias pessoas, nunca reuniu um corpo de

evidências clínicas aceitáveis para comprovar que tivesse capacidade de

interferir de maneira importante com a prevalência da cárie.

Segundo Wilkinson (1996) a idéia de promover saúde tem-se tornado

uma força vital no novo movimento de saúde pública, no qual a saúde é

concebida também como um fenômeno social que diz respeito à qualidade de

vida. A promoção de saúde tem sido definida como o processo que capacita a

população a exercer e aumentar o controle sobre sua saúde, sendo relativo ao

46

bem estar individual e coletivo (OMS, carta de Otawa, 1986).2 O movimento de

promoção de saúde veio, não para se opor, mas para preencher essa lacuna e

propor uma abordagem mais estruturalista ao modelo biomédico, em que a

prevenção e o tratamento das doenças, bem como a adoção de

comportamento e estilo de vida saudável requerem medidas de foro ambiental,

econômico, sócio-cultural e legislativo para sua efetivação (OMS, Carta de

Ottawa; 1986). A promoção de saúde implica um processo mais abrangente e

contínuo, que envolve prevenção, educação e a participação de diferentes

setores da sociedade na elaboração de estratégias que permitam a efetividade

da educação para a saúde. Dessa forma, a promoção transcende as atividades

e as decisões individuais para tornar-se uma atividade coletiva (MC DONALD,

1998).

De acordo com os preceitos da Carta de Ottawa, para se alcançar um

estado real de saúde são necessários vários pré-requisitos incluindo educação,

renda adequada, justiça social e eqüidade. Para que esses requisitos sejam

alcançados, o movimento de promoção de saúde tem que tornar a ação

intersetorial uma prática mais tangível. No Brasil, assim como em vários países

da América Latina, onde prevalecem as desigualdades socioeconômicas, a

promoção da saúde ainda tem pequena participação no desenvolvimento social

e econômico do país.

Em nosso país, devido à política econômica de concentração de renda,

somente 4% da população, ou seja, aqueles que ganham acima de 10 salários

mínimos, têm acesso à clínica particular. Para o restante da população, a

odontologia oferece uma resposta mutilatória, ou seja, a extração apresentada

como a prevenção de mal menor. Deve-se ressaltar que esta solução não é

dirigida ao problema em si, mas a sua manifestação (dor) é, portanto, uma

alternativa que não recupera a saúde e sim a agrava.

O projeto SB Brasil (Condições da Saúde Bucal da População Brasileira)

publicado pelo Ministério da Saúde (2005) relatou que, em média, uma criança

brasileira de 3 anos ou menos já possui, pelo menos um dente com experiência

de cárie dentária e que aos 5 anos este número aumenta para 3 dentes

atacados, cujo índice aumenta nas regiões Norte e Nordeste. As faixas etárias

2 Organização Mundial da Saúde, Carta de Otawa; 1986 (primeira Conferência Internacional em Promoção de Saúde sediada em Otawa - Canadá que resultou nesta carta).

47

de 12 e 15 a 19 anos apresentam, respectivamente, em média 2,8 e 6,2 dentes

com experiência de cárie, sendo que esta media é menor nas regiões Sudeste

e Sul e as mais elevadas foram encontradas nas regiões Nordeste e Centro-

Oeste. No que se refere aos adultos, a média aumenta para 20,1 dentes. Deste

grupo, 30 milhões de pessoas nunca foram ao dentista, sendo que 75% delas

têm entre 65 e 74 anos.

No Brasil, apenas 55% dos adolescentes têm todos os dentes. Entre os

adultos, a falta de dentes afeta 54% da população e 10% dos idosos. Ao todo,

são 30 milhões de brasileiros desdentados. Destes, oito milhões precisam de

prótese dentária completa.

Hoje, no Brasil, 45% da população não têm acesso a escovas de dente e

13% dos adolescentes nunca foram ao dentista. No caso dos adultos, o índice

é de 3% e chega a 6% entre os idosos. Na última década, embora nosso país

tenha avançado muito na prevenção e no controle da cárie em crianças, a

situação dos adolescentes, adultos e idosos está entre as piores do mundo.

Mesmo entre as crianças, problemas gengivais e dificuldades para conseguir

atendimento odontológico persistem. Todos esses dados são de uma pesquisa

sobre saúde bucal, feita pelo Ministério da Saúde nos anos de 2002 e 2003

(Ministério da Saúde, 2005). O trabalho mostrou que é alta a média nacional de

dentes cariados, obturados e perdidos, e que a população tem pouco acesso a

serviços odontológicos públicos.

Para mudar esse quadro, o Governo Federal criou a Política Nacional de

Saúde Bucal, Brasil Sorridente3, a qual reúne uma série de ações em saúde

bucal, voltadas para cidadãos de todas as idades. Até o lançamento do Brasil

Sorridente, em 17 de março de 2004, apenas 3,3% dos atendimentos

odontológicos feitos pelo SUS correspondiam a tratamentos especializados. A

porcentagem maior era de procedimentos mais simples, como extração

dentária, restauração, pequenas cirurgias e aplicação de flúor.

O Programa Brasil Sorridente está destinado a distribuir dois milhões de

kits com escovas de dente e creme dental, para 500 mil alunos da rede pública.

Com um investimento governamental orçado em R$1,2 bilhões, o programa

prevê a construção de 354 centros odontológicos, com laboratórios, em

3 http://bvsms.saúde.gov.br/bvs/publicações/política_nacional_Brasil_sorridente.Pdf; acesso 5/07/08

48

municípios estratégicos e deve entregar cerca de 560 consultórios para as

equipes de saúde bucal do Programa Saúde da Família.

Com a implantação do Brasil Sorridente, o número de equipes de saúde

bucal deve dobrar. Em 2003 eram seis mil equipes e a meta do programa é ter

16 mil pessoas trabalhando na área. Outro objetivo é levar a fluoretação a

todos os municípios que têm estações de tratamento e distribuição de água,

mas que ainda não utilizam o flúor. Segundo o Ministério da Saúde, essa

medida é simples e barata, uma vez que a adição de flúor na água encanada

custa apenas R$ 1 por habitante/ano e é capaz de reduzir em até 60% a

incidência de cárie dentária. Atualmente, somente 70 milhões de brasileiros

têm acesso a esse benefício.

Em 2001, eram extraídos 8,6 milhões de dentes permanentes. Em 2007,

o número caiu para 6,44 milhões. Em relação aos dentes de leite, o número

reduziu de 4,73 para 3,91 milhões no mesmo período (Data SUS)4.

Segundo Gilberto Pucca5, coordenador do programa Brasil Sorridente,

desde 2002, cerca de dois milhões de dentes deixaram de ser extraídos. Para

ele este é um importante indicador de saúde, que demonstra a melhoria da

qualidade na atenção à saúde bucal no país. As Diretrizes da Política Nacional

de Saúde, em seu capítulo de “Ampliação e Qualificação da Atenção

Secundária e Terciária”, afirmam que a assistência pública odontológica no

Brasil tem se restringido quase que completamente aos serviços básicos e,

ainda assim, com uma grande demanda reprimida. Os dados mais recentes

indicam que no âmbito do SUS, os serviços odontológicos especializados

correspondem a não mais que 3,5% do total dos procedimentos clínicos

odontológicos.

A prática odontológica que tenha como ideologia a promoção e a

manutenção de saúde bucal dependerá da nossa capacidade de organizar e

levar os novos referenciais ao maior número possível de dentistas. Essa nova

modalidade de atenção odontológica deverá ainda ser capaz de oferecer um

tratamento restaurador e protético com bases mais científicas e racionais,

comprometida, também, com a função e a estética.

4 DATASUS.GOV.BR 5 Saúde.gov.br

49

Atualmente sabe-se que a endodontia vem sofrendo constantes

evoluções técnicas e científicas, o que faz com que a taxa de sucesso no

tratamento venha aumentando. Porém, sabe-se que a terapia é

fundamentalmente biológica, mas depende, também, de fatores técnicos.

Para Mezzomo (1999) a natureza dinâmica da ciência modifica

conceitos, posturas e hábitos do ser humano, à luz de novas descobertas. Isso

também acontece na odontologia, onde o conceito científico e a tecnologia

disponível determinam o modelo sobre o qual se alicerça a prática

odontológica. Já para Omais e Yassumoto, (2001, p.499) “a odontologia deve

estar direcionada para as atuais necessidades do indivíduo”. Quando se fala

em odontologia integrada numa equipe multidisciplinar, trata-se o paciente

como um todo e não apenas a cavidade bucal.

As ações de saúde, tanto educativas quanto curativas, visam propiciar

ao indivíduo o mais alto grau de saúde, bem como permitir uma melhor

qualidade de vida (KRIGER et al., 1999). Mesmo quando a saúde não pode ser

alcançada e mantida, a predisposição ao progresso da doença deve ser o

objetivo do atendimento odontológico moderno. As capacidades de cooperação

do paciente no tratamento global determinam o conteúdo do tratamento

corretivo, além de melhorar a estética e a função. Para cada paciente o sistema

de acompanhamento deve ser planejado individualmente, além disso, esse

tratamento envolve o controle regular de promoção de saúde feita durante a

fase da terapia curativa (LINDHE et al.,1999).

Weine (2000) professa que, à medida que os dentistas se

conscientizarem de que o dente natural funciona mais satisfatoriamente do que

qualquer substituição descobrirão que vale a pena fazer esforços adicionais

para manter os dentes com problemas endodônticos. Na prática da

odontologia, o papel da endodontia alcançou, durante a década passada, uma

esfera maior, apesar de vários fatores terem contribuído para isso, tendo-se

como fundamento principal o alto índice de sucesso que o tratamento

endodôntico tem alcançado.

A endodontia é extremamente positiva porque a porcentagem de

sucesso adquirida provavelmente é uma das melhores encontrada em qualquer

uma das especialidades da odontologia. Tal porcentagem tem sido responsável

pela aceitação do tratamento pelos clínicos gerais, conscientes do importante

50

papel que o dente tratado endodonticamente tem para o desempenho da suas

funções dentro da cavidade oral.

Segundo Glickman (1997), a experiência e a pesquisa em evolução

levam ao avanço de materiais, técnicas e tecnologias que possibilitam

melhores tratamentos e serviços, favorecendo o sucesso em longo prazo. A

confiança integral nas técnicas tradicionais e a resistência às mudanças

restringem ou impedem que as mentes se espacem, o que é essencial para

que o profissional compreenda novos conceitos, novos produtos e novas

terapias.

Independente disso, o clínico deve reconhecer que, apesar de toda essa

tecnologia que chega ao mercado odontológico, nada deve tirar sua atenção

aos detalhes, nada deve superar os princípios biológicos básicos. Portanto,

nada substitui o conhecimento e a habilidade do profissional.

Hoje, todos os procedimentos, em suas variações, têm tirado a

odontologia da “era da amputação”, introduzindo-a na “era do acréscimo”, na

qual a prática clínica envolve as disciplinas tradicionais de saúde e função. As

cavidades são preparadas lançando mão de conceitos mais conservadores,

removendo-se apenas o tecido irreversivelmente comprometido, a fim de

conseguir sua geometria e mecânica, considerando as características físicas,

químicas, mecânicas e biológicas do material a ser utilizado.

Este estudo tem por objetivo conhecer de que forma os cirurgiões

dentistas clínicos gerais e os especialistas tratam os dentes que são

submetidos a tratamento endodôntico e que são portadores de perfurações.

Ao mesmo tempo, procura saber qual é a situação da saúde bucal da

população brasileira.

METODOLOGIA

Neste estudo foi utilizado o método de pesquisa qualitativa, que é

empregado quando se procura entender o contexto sobre um fenômeno. Tal

método propicia um conhecimento aprofundado de um evento e possibilita a

explicação de comportamentos, possibilitando o uso de outras técnicas de

coleta que complementem ou evidenciem novos fatos que possam emergir.

51

Para o levantamento de dados, utilizou-se um questionário, enviado por

correio eletrônico. Junto ao questionário estava o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, em que o entrevistado era informado dos objetivos da

pesquisa e de sua participação, sendo-lhes asseguradas a privacidade e a

confidencialidade de suas identidades. O instrumento de coleta de dados era

constituído por perguntas abertas e fechadas, as quais procuravam saber de

que forma são tratados os dentes que sofreram perfuração na região de furca.

A população de estudo foi constituída, no total, de 15 especialistas em

endodontia do Estado do Rio Grande do Sul e 15 clínicos gerais, cujas

informações foram obtidas através do Conselho Regional de Odontologia

(CRO-RS).

A avaliação dos dados obtidos através dos questionários foi realizada

empregando-se a Análise de Conteúdo de Bardin (1977) que tem por objetivo o

estudo da linguagem e que constitui um conjunto de instrumentos

metodológicos que asseguram a objetividade, sistematização e influência

aplicadas ao manifesto dos depoimentos dos entrevistados. A

operacionalização visa analisar o contexto e/ou significado de conceitos, bem

como caracterizar a sua influência social.

A organização da análise de dados coletado ocorre em três momentos:

a pré-análise; a exploração do material e os tratamentos dos resultados que

são apresentados.

Pesquisadores qualitativos utilizam também a amostragem por

saturação, isto é, o pesquisador encerra a coleta quando, após as informações

coletadas de certo número de participantes, as novas entrevistas passam a

apresentar uma quantidade de repetições de seu conteúdo (TURATO, 2003).

Pesquisas qualitativas ocupam-se com o processo e não com o produto

de intervenções do cientista, privilegiando os fenômenos como naturalmente

ocorrem. O processo é entendido como ato de proceder do objeto, seus

estudos, mudanças e forma de ocorrência, além de conhecer sua dinâmica

interna, transformação e compreender sua estrutura íntima (MARSHALL e

ROSSMAN, 1994; FLICK, 2004).

Apresenta-se, a seguir, o quadro resumo para melhor visualização dos

participantes e suas características:

52

Quadro 1. Resumo dos participantes da pesquisa

sexo idade Instuição

de ensino

Ano de

graduação

titulação Você costuma fazer endodontia

P1 M 45 PUC-RS 1987 outros sim

P2 F 29 ULBRA-

Canoas

2001 outros sim

P3 F 42 UFSM 1988 outros sim

P4 M 45 PUC-RS 1985 outros sim

P5 M 66 UFRGS 1967 outros sim

P6 M 60 UFRGS 1971 outros sim

P7 M 40 PUC-RS 1992 outros sim

P8 F 37 UFRGS 1993 outros não

P9 M 37 UFRGS 1995 outros sim

P10 M 36 ULBRA-

CANOAS

1995 outros sim

P11 M 34 UEPonta

Grossa

1999 outros sim

P12 M 35 ULBRA-

Canoas

1996 outros não

P13 F 28 UFRGS 2002 outros sim

P14 F 36 UMarilia 1994 outros sim

P15 M 68 UFSC

1962

outros sim

ANÁLISE DO QUADRO

A partir do quadro acima, pode-se observar o perfil dos participantes da

pesquisa, os quais possuem outra titulação além da de especialista, dez são

mestres e cinco são doutores, sendo que cinco são do sexo feminino e dez do

masculino; 26,6% estão na faixa de 25-35 anos; 53.3 % entre 36-45 anos e

20% entre 56-70 anos; 60% estudaram em Universidades Federais ou

Estaduais e 40% em particulares. Em relação ao ano de formatura, ficou

53

distribuído da seguinte forma: na década de 60- dois; na de 70 – um; na de 80-

três; na de 90- sete e na de 2000- dois. De todos os participantes, só dois não

realizavam tratamento endodôntico.

Quadro 2. Resumo dos participantes da pesquisa clínicos gerais

sexo idade Instuição

de ensino

Ano de

graduação

titulação Você costuma fazer endodontia

P1 M 62 UFPEL 1970 CD sim

P2 F 30 UNIVALI-

ITAJAI

2000 CD sim

P3 F 34 UFPEL 1995 CD sim

P4 M 46 UFPEL 1986 CD não

P5 F 61 UFPEL 1971 CD não

P6 M 36 UFPEL 1995 CD não

P7 F 25 ULBRA 2005 CD sim

P8 F 46 UFRGS 1983 CD sim

P9 F 37 UFPEL 1993 CD não

P10 M 36 UFSM 1995 CD sim

P11 M 34 UFRGS 1996 CD sim

P12 M 35 UFRGS 1995 CD sim

P13 F 28 UFRGS 2004 CD sim

P14 F 36 ULBRA 1993 CD sim

P15 M 54 UFPEL 1980 CD não

ANÁLISE DO QUADRO

Pode-se observar a partir do quadro acima que dos clínicos gerais,

destacam-se algumas diferenças no que se refere à idade. 40% dos

participantes estavam na faixa de 25-35 anos; 80% estudaram em

Universidade Federal; 66.6% realizavam tratamento endodônticos, desses 35%

não tinham critérios para a realização da restauração. Em relação ao tempo de

formado, a distribuição ficou equivalente e em relação ao sexo também.

54

ÁNALISE DAS PERCEPÇÕES DOS PARTICIPANTES: AS EMERGÊNCIAS DO TRATAMENTO DE DENTES TRATADOS ENDODONTICAMENTE E COM PERFURAÇÃO NA REGIÃO DE FURCA

Descrever as falas dos participantes desta pesquisa foi uma tarefa

desafiadora, pois se buscou um caminho interpretativo dentro das redes de

interações que emergiam ao longo da análise dos questionários e das

constantes leituras e re-leituras, ou ressignificações dos depoimentos e

acontecimentos.

Quando questionados sobre a técnica endodôntica utilizada no caso em

questão, os participantes assim se manifestaram:

Faço tratamento endodôntico através da técnica coroa ápice e com instrumentação mecanizada de rotação contínua e alternada. (P1) Técnica Manual no sentido cérvico apical. (P2) Normalmente utilizo a técnica manual coroa-ápice e também o sistema mecanizado com limas Protaper. (P3) Minha técnica de preparo do canal radicular é a cervico apical com recuo escalonado anatômico. (P4)

É possível afirmar, a partir das falas, que todos executam o mesmo

processo, ou seja, a mesma técnica conhecida como: Crown Down (coroa –

ápice)

No que se refere ao tratamento restaurador de dentes tratados

endodonticamente, os participantes procedem da seguinte maneira: ou eles

encaminham para o especialista realizar a restauração ou quando as realizam

são feitas com material adesivo e resina composta fotopolimerizável, cimento

de Ionômero de Vidro, pinos e prótese unitária. Isso deve acontecer porque a

resina e o Ionômero de Vidro são opções mais econômicas e podem ser

realizadas diretamente dentro da boca, já o mesmo não ocorre com as

próteses unitárias e os pinos.

Quando questionados sobre o tratamento dado à perfuração,

encontramos diferentes formas de tratamento, como as aqui dispostas:

Trato perfurações, no entanto, avalio o tamanho, localização e primeiramente procedo à desinfecção e trato a perfuração com MTA. (P1) Via de regra, faço selamento com MTA. Em alguns serviços públicos em que atendo, onde as condições de trabalho e o material fornecido não são ideais, coloco diretamente sobre a perfuração pó de Ca(OH)2 pró-análise, cubro com Dycal e ionômero de vidro. (P2) Dependendo da localização, tamanho e grau com hidróxido de cálcio. (P10) Selaria o mais breve possível MTA + CIV + resina. (P11) Encaminharia para um especialista. (P13)

55

Levando-se em consideração essas falas, pode-se dizer que a grande

maioria utiliza o Agregado de Trióxido Mineral (MTA) como material selador da

perfuração. Alguns colocam também cimento e/ou pó de Hidróxido de Cálcio

(Ca(OH)2), cimento de Ionômero de Vidro, resina fotopolimerizável, ou

encaminham para outro especialista. Fazendo esta análise, observa-se que o

selamento com Agregado de Trióxido Mineral é o mais utilizado pela maioria

dos participantes. Tal divergência também foi encontrada na literatura, pois há

uma grande preocupação que o material a ser utilizado seja compatível e de

aplicabilidade clínica.

No questionamento sobre como restaurariam o dente que sofreu uma

perfuração não houve grande diferença quando comparados com a

restauração de um dente tratado endodonticamente, pois também restaurariam

com materiais adesivos diretamente. A diferença encontrada é que alguns dos

participantes colocam cimento de Ionômero de Vidro como base depois do

selamento da perfuração, assim como o protocolo utilizado na pesquisa que

integra o segundo artigo.

DISCUSSÃO

O propósito, a natureza e os objetivos deste estudo são da análise do

conteúdo, que consiste em desmontar a estrutura de um texto e os elementos

dos mesmos para esclarecer suas diferentes características e extrair seu

significado.

Segundo Buischi (2005) a prevalência de cárie é apenas um dos

indicadores do estado de saúde da população e que, mesmo apresentando

melhoras em determinadas faixas etárias e em certas regiões do país, a saúde

bucal do brasileiro é extremamente precária. O projeto SB Brasil: Condições da

Saúde Bucal da População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde

relatou que 30 milhões de pessoas nunca foram ao dentista e que, além disso,

o país possui uma legião de desdentados, sendo que 75% delas têm entre 65 e

74 anos. Estes são dados alarmantes, já que a expectativa de vida aumentou

consideravelmente nestes últimos anos, quando a meta deveria ser viver mais

e com mais qualidade de vida.

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O último levantamento (2003) feito pelo Ministério, em relação à saúde

bucal do brasileiro, mostrou que 28% da população não tinham nenhum dente

na boca. O índice subia para 75% entre as pessoas que completavam 60 anos,

ou seja, a cada quatro idosos três não tinham nenhum dente na boca e,

desses, 36% não possuíam prótese.

Para minimizar os efeitos da extração total dos dentes realizada no país

até pouco tempo, 296 Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias foram

construídos. Em 2005 eram apenas 36, o que demonstra um aumento de 820%

dessas unidades no Brasil. Os laboratórios recebem até R$ 16,94 mil por mês

do Ministério da Saúde para pagamento dos serviços e dos equipamentos

necessários ao funcionamento. No Brasil, esse repasse de verba soma R$ 5,01

milhões mensais.

O Ministério da Saúde forneceu, em 2007, 75.707 próteses totais,

distribuídas nas seguintes regiões: 23.701 próteses na região Sul; 21.165 na

região Nordeste; 20.861 na região Sudeste e 5.612 na região Centro-Oeste. As

diferenças regionais, de acordo com o coordenador, não significam que uma

região precise mais ou menos de próteses, mas podem ser atribuídas ao

repasse das informações pelos Estados, que muitas vezes deixam de informar

sua produção. O próprio Ministério da Saúde propõe que, em 2010, se faça

nova pesquisa para mostrar o quanto este aspecto mudou após a criação do

programa. Frente a este contexto questiona-se: o que foi que mudou? Os

fatores socioeconômicos influenciam de forma significativa o processo saúde-

doença? O uso dos conceitos de classe social apresenta algumas dificuldades,

uma vez que os estudos epidemiológicos pouco têm se utilizado dos conceitos

de classe social como uma categoria importante no processo de saúde-doença.

Nos estudos que abordam as razões sobre as perdas dentárias, observa-se

que os indivíduos são classificados em classes, utilizando-se como critérios

apenas a renda e a escolaridade por estes apresentados.

Alguns estudos evidenciam a cárie como a principal razão biológica que

leva à extração dental, sendo influenciada pela condição socioeconômica

determinada pela precária condição de saúde bucal e diminuição do acesso

aos serviços. O conhecimento das razões pelas quais os dentes permanentes

são extraídos é necessário para organizar e efetivar estratégias adequadas

57

para prevenção e tratamento das doenças bucais, pois com esse conhecimento

será possível melhorar as condições de saúde bucal.

A perda dental fornece informações sobre a condição de saúde bucal do

ponto de vista da conservação dos dentes e do aproveitamento dos

tratamentos preventivos e curativos realizados. A manutenção da dentadura

natural por toda a vida dos indivíduos deve ser o ideal para os profissionais de

saúde, observando- se que a perda de dentes causa tanto transtornos psico-

sociais como dificuldade de relacionamento, insegurança e outros de ordem

sistêmica, como disfunções gastrointestinais, além de má nutrição.

A razão da extração dental associada à classe social tem sido pouco

avaliada nos estudos sobre perdas. As Diretrizes de Política de Saúde Bucal

dizem que é evidente a baixa capacidade de oferta de serviços de atenção

secundária e terciária. Isso compromete o estabelecimento de adequados

sistemas de referência e contra-referência em saúde e a expansão da rede

assistencial de atenção secundária e terciária não acompanhou, no setor

odontológico, o crescimento da ofertas de serviços de atenção básica.

Ao afirmar que a saúde é um direito de todos e que sua promoção é um

dever do Estado, a Constituição Brasileira, de 1988, tentou resgatar a

cidadania e instituir um caminho para a formulação de políticas sociais justas.

No entanto, este resgate legal da cidadania, por si só, não garantiu à

população o acesso aos avanços tecnológicos. A tecnologia por si só não

adianta se ela não chega ao tecido social, a ciência tem que chegar lá, uma

vez que seu fim é o bem supremo dos homens. Esta visão de saúde lança

vários desafios que precisam ser enfrentados para alcançar a integralidade e a

humanização das práticas de saúde bucal.

Em se analisando os dados dos questionários de forma qualitativa e

considerando-se o perfil dos entrevistados, pode-se dizer que há diferença

entre o grupo de especialista quando comparados ao dos clínicos gerais no

que se refere ao enfoque de como proceder em relação aos dentes tratados

endodonticamente. A grande maioria indicava a extração do dente afetado ou

alguns encaminhavam para o especialista, outros ainda indicavam a colocação

de um implante. Tais dados fazem refletir sobre o que está sendo ensinando

dentro das universidades: será que as disciplinas estão conseguindo realmente

passar o conceito de saúde, que vai além do técnico-científico? Onde está a

58

concepção psicossocial? No grupo de especialistas esta dicotomia não foi

maior, talvez porque o nível de titulação entre eles era praticamente igual, além

de que 50% dos participantes nesta categoria são professores universitários de

alguns dos cursos de odontologia do Estado.

Deve-se acreditar que a endodontia pode ser humanizada e que ela

pode restituir a dignidade perdida, fazendo com que todos tenham acesso a ela

e que os endodontistas devem ser fornecedores de práticas e saberes em

saúde bucal integral, humanizada e a favor da vida.

Conclusões

A política de saúde pública desenvolvida nestes últimos anos apresenta,

como característica principal, a ênfase na atenção básica, entre o conjunto de

ações e serviços desenvolvidos pelo SUS. De certo modo, essa estratégia não

é diferente daquela recomendada pelas agências internacionais e por

programas de cunho neoliberal, que priorizam as despesas de baixo custo e de

preferência focadas na população de baixa renda, não importando qual sejam

os argumentos que animem essas recomendações. Essa preocupação,

contudo, não exime o Estado brasileiro da responsabilidade de prover um

conjunto de ações e serviços que integrem os cuidados com a saúde. Em

outras palavras, o princípio da integralidade, que garante o acesso da

população a todos os níveis de atenção à saúde, não pode, em nome da

atenção básica, ser "esquecido" ou protelado.

Percebeu-se que a formação odontológica tem se revelado insuficiente

e inadequada para fazer chegar à maioria da população a saúde bucal, já que,

infelizmente, é muito modesto o impacto social dos programas públicos. Ainda

que a clínica privada possa suprir as necessidades individuais com qualidade

técnica reconhecida, há um grande desafio, em termos de abrangência, entre o

que é ensinado nos cursos de odontologia e a universalização do atendimento

odontológico à realidade brasileira.

59

REFERÊNCIAS

1. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, 1977.

2. BUSCHI, Y. Situação passada e atual de cárie dentária no Brasil. In: Atualização clínica em Odontologia: Prevenção/ pacientes especiais. São Paulo: Artes Médicas, 2005.

3. FLICK, U. Uma introdução a pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004

4. GLICKMAN,G. Novas Tecnologias em Endodontia. In: Princípios e Prática em Endodontia. São Paulo: Livraria Santos Editora, 1997, p.507-25.

5. KRIGER, L. et al. ABOPREV: promoção de saúde. 2. ed. São Paulo: Artes Médicas; 1999. p.11-5.

6. LINDHE, J. et al. Tratado de periodontia clínica e implantodontia oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

7. MARSHALL, C.; ROSSMANN, G.B. Designing Qualitative Research. 2ª Ed. Thousand Oaks: SAGE Publications Inc.,1994

8. Mc DONALD, TH. Rethinking health promotion: a global approach. London: Routledge, 1998.

9. MEZZOMO, Élio. Reabilitação oral para o clínico. 3. ed. São Paulo: Santos, 1999.

10. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Projeto SB Brasil: Condições de saúde Bucal da População Brasileira 2002-2003, resultados principais. Brasilia: MS, 2005.

11. OMAIS, S.; YASSUMOTO, L.M. Reanatomização e recontorno cosmético de dentes anteriores: relato de caso clínico. JBC - Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada. v. 5, n. 30, p. 499, nov./dez. 2001.

12. TURATO, E.R. Tratado de metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Rio de Janeiro: Vozes, 2003.

13. WEINE F. Tratamento Endodôntico. 5ed. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2000.

14. WILKINSON, RG. Unhealthy societies: the afflictions of inequality. London:Routledge, 1996.

ARTIGO 2

61

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE DENTES TRATADOS

ENDODONTICAMENTE: TESTE IN VITRO DE COMPRESSÃO.

EVALUATION OF THE STRENGTH OF ENDODONTICALLY TREATED

TEETH: IN VITRO TESTING OF COMPRESSION.

JIAM, VINHOLES; LCF, FRASCA; AP, MATTOS

Artigo formatado de acordo com as normas da revista Operative Dentistry

classificação Capes Qualis A Internacional.

62

RESUMO

Os dentes debilitados por tratamento endodôntico geram perda da estrutura dentária, deixando-os mais propensos à fraturas. Aliado a isto, a perfuração terminará por aumentar esse enfraquecimento. Essas perdas combinadas comprometem ainda mais a estrutura dentária, sendo necessário que o cirurgião dentista tenha um cuidado especial na sua restauração. Este estudo teve como objetivo avaliar a resistência à fratura de molares tratados endodonticamente pela técnica da resinificação, com perfuração na região de furca, e restaurados com resina composta. Foram utilizados 40 dentes molares humanos, extraídos e selecionados para o experimento e divididos em quatro grupos. Esta divisão foi feita da seguinte forma: no grupo I foram executadas perfurações bem no centro do assoalho da câmara pulpar e seladas com MTA. Após esse procedimento, foi colocada uma base de cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina e depois restaurado com Resina Composta; o grupo II foi restaurado com cimento de Ionômero de Vidro, modificado por resina, mais Resina Composta; no grupo III os dentes só foram restaurados com Resina Composta e, por fim, no grupo IV foram colocados pinos de fibra de vidro da marca Angelus® nos canais de maior volume e restaurados com base de cimento de Ionômero de Vidro modificado por resina e Resina Composta (a resina é a Filtek Z350, 3M ESPE e o Ionômero de Vidro modificado por resina foi o Vitrimer, 3M ESPE). Os corpos de prova foram submetidos ao Teste de Resistência à Compressão, onde uma máquina de ensaio universal da marca Pantec® (modelo Versat 502) foi acionada com uma célula de carga de 500 Kg/f a uma velocidade de 5mm/min até ocorrer à fratura do conjunto dente/restauração. Os dados obtidos foram computados e submetidos à análise estatística para a interpretação dos resultados, foi usada análise de variância e comparados através do teste de Tukey, podendo-se concluir que os dentes do grupo I e IV apresentaram maior resistência à fratura, com valores significativos em relação ao grupo II e III. A restauração de resina composta pode ser considerada uma alternativa restauradora para dentes molares submetidos a tratamento endodôntico e com perfuração na região de furca. Palavras chaves: tratamento endodôntico, perfuração, furca, resistência de materiais.

ABSTRACT

Weakened teeth by endodontic treatment produces a great loss of dental structure, this leaves tooth more inclined to fracture so perforation will increase weakness. These damages even more commit dental structure as dental surgeon must take special care to restore. The purpose of this study was to evaluate fracture resistance of endondontically treated molars by resinificate technique and with perforation in furcation region. 40 molars human teeth were used in this study, extracted, elected and divided in 4 groups: in the group 1 was made perforations right in the middle of pulp chamber floor and sealed with MTA. Further it was placed a base of glass ionomer cement modified by resin and restored with composite resin. Group 2 was restored with glass ionomer cement modified by resin plus composite resin. Group 3 was restored only with

63

composite resin. Group 4 was placed fiberglass pins mark Angelus in the canal with bigger content and further restored with a base of glass ionomer cement modified by resin and composite resin ( Filtek Z 350, 3M ESPE and Vitrimer, 3M ESPE glass ionomer modified by resin ). The proof bodies were submitted to compression and resistance test. An universal trial machine mark Pantec ( Versat 502 model ) was put in action with a load cell of 500kg/f in a 5mm/min speed until occurring the tooth- restoration fracture. Data were computed and submitted to statistical analyze for results interpretations and used variance analyze so compared to Tukey test. It was possible to conclude that the teeth of groups 1 and 4 presented bigger resistance to fracture with significant values related to groups 2 and 3. The restoration of composite resin may be considered one restorative alternation for molars teeth submitted to endodontic treatment and with perforation in the furcation region. Key-words: endodontic treatment-perforation-furcation- material resistance INTRODUÇÃO

A escolha do material restaurador empregado numa cavidade depende

da avaliação das condições do próprio dente, ou seja, o que interessa é o

remanescente dental. Baseado nisso, deve-se ter conhecimento das

propriedades dos materiais existentes, composição, desempenho e

características clínicas, para que se possa escolher o material restaurador

apropriado dentro das necessidades presentes no remanescente dental1.

Embora, raramente, os dentes íntegros sofram fraturas coronárias sob

função mastigatória normal, estas ocorrências são freqüentes com dentes que

tenham sido fragilizados por cáries e/ou preparos cavitários2-3. Também foi

enfatizada a importância da manutenção da estrutura dental para preservação

da resistência do dente, pois, em geral, quanto maior o envolvimento por cáries

ou preparos cavitários, mais fragilizado será o dente2.

As resinas compostas aparecem, nos dias atuais, como os materiais de

primeira escolha nos procedimentos que envolvam devolução da forma,

contorno e cor4-5. A grande variedade de materiais estéticos disponíveis

atualmente no mercado e as técnicas restauradoras vêm a facilitar o trabalho

do profissional em situações em que ocorrem alterações de cor, forma e textura

de superfície, comprometendo os elementos dentais, principalmente da região

anterior. Assim, as resinas compostas aparecem como aliadas, quando

associadas com a destreza artística do cirurgião dentista e podem fornecer a

este a capacidade de reabilitar o paciente estética e funcionalmente.

64

As resinas compostas são divididas em microparticuladas e micro-

híbridas, variando a quantidade de carga presente em cada uma. Esta

característica define a função do material restaurador, mimetizando a

restauração e, assim, assemelhando-a com a estrutura dental. Por possuírem

maior quantidade de carga, o que pode alcançar de 70 a 90% por peso, as

resinas micro-híbridas comportam-se melhor mecanicamente, revelando uma

melhor eficiência em locais de maior stress oclusal. Por outro lado, as resinas

microparticuladas possuem 50% de carga por peso, com partículas pequenas

que permitem que o feixe de luz atravesse a matriz orgânica, denotando a

translucidez do material6.

Em virtude do maior conhecimento da etiologia das doenças e do

reconhecimento da odontologia como área da saúde, houve uma mudança

considerável nos conceitos de tratamento. A “dentística tradicional”, que busca

apenas restabelecer a forma, função e, às vezes, a estética, vem sendo

substituída por uma dentística cada vez menos restauradora, que tem como

objetivos principais prevenir novas lesões, paralisar as já existentes e evitar as

recorrentes.

As mudanças conceituais, associadas ao desenvolvimento tecnológico e

científico, influenciam diretamente os procedimentos clínicos que visam à

promoção de saúde bucal. Esses procedimentos incluem - além de preparos

biomecânicos e restaurações fundamentadas no princípio de conservação da

estrutura dental - o tratamento da causa1-7. Na hora de estudar o caso, deve-se

ter em mente a maneira pela qual a futura restauração irá desempenhar suas

funções na boca do paciente, ou seja, como irá transmitir os esforços de

mastigação aos sistemas de suporte.

MATERIAIS E MÉTODO

O presente trabalho foi enviado ao Comitê de Ètica e Pesquisa da

Universidade Luterana do Brasil para avaliação, sendo aprovado sob parecer

de número CEP-ULBRA 2007-103 H.

Para a realização deste experimento foram utilizados 40 dentes molares

humanos superiores e inferiores adequados ao experimento, que foram

extraídos por razões terapêuticas (em anexo o Termo de Livre Consentimento

e Esclarecimento), tendo suas coroas e raízes medidas por um paquímetro

65

(Norfol) no sentido vestulo-lingual e mesio-distal, de modo que o tamanho das

coroas e raízes fossem semelhantes à padronização sugerida pelo Prof. Galán

Jr (1970)8, apresentando-se ao exame clínico, livres de fraturas, trincas ou

abrasões.

Antes de iniciar a parte experimental, os dentes utilizados para este

trabalho foram limpos e desinfetados através de imersão em solução de

glutaraldeído (manipulado em farmácia) por 24 (vinte quatro) horas, após foram

lavados em água corrente e hidratados com soro fisiológico.

Confecção das amostras:

Com o uso de pontas diamantadas, em alta rotação 1014 (KG

Sorensen®), foram realizadas as aberturas coronárias, iniciando-se pelas

superfícies oclusais até chegar à câmara pulpar. A complementação da

abertura coronária foi feita com broca “endo z’’ (Mailleffer®) em alta rotação. Os

resíduos de dentina, conseqüentes da ação dessas brocas, foram removidos

através de irrigação com Solução de Milton a 1%, com a finalidade de tornar

mais visível a área de bifurcação. A próxima etapa foi o preparo químico-

mecânico, feito no sentido coroa-ápice, com limas tipo K flexofile Mailleffer® de

pequenos calibres (25,20,15,10) até 4mm aquém do ápice radiográfico.

Também foi feita a irrigação com hipoclorito de sódio a 1% e EDTA a 17%,

alternadamente. Em seguida, os canais radiculares foram obturados pela

técnica da resinificação. Ao final, os dentes foram divididos em grupos.

Divisão dos grupos:

Os dentes foram divididos em quatro grupos: I, II, III e IV, contendo, cada

um, 10 (dez) componentes.

Grupo I: perfurado na região de furca. As perfurações foram executadas

com uma broca esférica nº4 (KG Sorensen®), bem ao centro do assoalho da

câmara pulpar. Após as perfurações, foi realizada a irrigação do trajeto

perfurado com soro fisiológico, secagem por meio de bolinha de algodão e

executado o selamento das perfurações com MTA (Angelus®) manipulado,

como orienta o fabricante, na proporção de 1:1, depois foram restaurados com

uma camada de Cimento de Ionômero de Vidro (Vitrimer, 3M ESPE) e Resina

Composta Fotopolimerizável Filtek Z350 de cor A3.5 (3M ESPE).

66

Grupo II: restaurado com uma base de Cimento de Ionômero de Vidro

(Vitremer, 3M ESPE) e Resina Composta Fotopolimerizável Filtek Z350 (3M

ESPE)

Grupo III: somente foi restaurado com Resina Composta

Fotopolimerizável Filtek Z350 (3M ESPE).

Grupo IV: neste grupo, após a inserção do agente resinificante, por meio

de duas injetadas, foi colocado um pino de fibra de vidro da marca Ângelus®

nos canal de maior volume; passados 30 minutos colocou-se a base de

Cimento de Ionômero de Vidro (Vitremer 3M ESPE) e Resina Composta

Fotopolimerizável Filtek Z350 (3M ESPE).

A base de Cimento de Ionômero foi de 3mm em todos os grupos e para

padronizar esta base foi utilizada, dentro da cavidade, uma sonda periodontal

milimetrada, preparada para este objetivo, o restante da cavidade foi

preenchida com Resina Composta fotopolimerizável. Os procedimentos

restauradores foram realizados pelo método direto, utilizando a técnica

incremental, que consiste em levar direto na cavidade pequenos incrementos

de resina, adaptando-a e aderindo-a às paredes cavitárias. O agente de união

utilizado para todas as amostras foi o Adper Single Bond (3M ESPE), sendo

todos os materiais utilizados de acordo com as instruções do fabricante.

Confecção dos corpos de prova:

Depois de realizadas as restaurações de todos os grupos, os espécimes

ficaram armazenados em água destilada por 90 dias, passado esse tempo,

foram confeccionados os corpos de prova. Com o objetivo de simular a

movimentação do dente no alvéolo, foi realizada a simulação do ligamento

periodontal, empregando um material elastomérico à base de poliéter

IMPREGNUM-F (3m ESPE). Os dentes foram marcados com caneta de

retropojetor distando 1mm da junção amelo-cementaria e a porção radicular foi

coberta com cera número 7 e, depois, incluídos em uma base de resina acrílica

de rápida polimerização, utilizando-se para isso tubos de PVC de ½ polegada.

Após as 24h de inclusão, os dentes foram removidos de seus alvéolos artificiais

e limpos com jato de bicarbonato e água morna; o material de moldagem

IMPREGNUM –F (3M ESPE) foi inserido no alvéolo com auxílio de uma seringa

plástica para elastômero e o dente introduzido sob pressão digital, até que a

67

marcação de 1mm do limite cemento-esmalte coincidisse com a base do

cilindro.

Ensaio Mecânico de Resistência à Compressão:

O Teste de Resistência foi realizado nos laboratórios de robótica do

Curso de Engenharia da Universidade Luterana do Brasil com uma máquina de

Ensaio Universal (Pantec, modelo Versat 502), em cuja porção superior foi

acoplada uma haste com uma esfera de 8mm de diâmetro e na sua base foi

acoplado um cilindro para evitar o deslocamento dos espécimes na hora do

teste. O contato da esfera era ajustado para que ocorresse o toque simultâneo

na porção oclusal.

A máquina trabalhou numa velocidade de deslocamento de 0.5mm/min

utilizando uma célula de carga de 500 kg/f até ocorrer à fratura do conjunto

dente/restauração, em que o próprio sistema apresentava a força (kgf) ocorrida

no momento da fratura do espécime.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados anotados no instrumento de coleta específico foram

analisados e serão posteriormente discutidos. A pesquisa envolveu quatro

grupos experimentais e, por essa razão, foi necessária a utilização da análise

de variância (Anova). Essa análise é reconhecida por sua capacidade de

identificar a variação entre e dentro de grupos9.

Como complemento à Anova, foi utilizado o procedimento de Tukey, que

visa identificar quais as médias que, tomadas duas a duas, diferem

significativamente entre si, com nível de significância de 5%.

Frente à avaliação da força máxima necessária para gerar uma fratura

do corpo de prova, têm-se os dados apresentados na tabela 1, a seguir.

68

RESULTADOS ESTATÍSTICOS

Tabela 1. Comparação da resistência entre os grupos de estudo Grupo Nº Casos Mínimo Máximo Média Desvio-padrão F p

Grupo 4 10 77,3 300,0 162,9A 63,3 7,521 0,000 Grupo 1 10 70,0 403,2 158,4A 93,4 Grupo 2 10 49,5 124,0 93,1B 22,6 Grupo 3 10 38,0 82,0 60,3B 14,8 Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente através da Análise de Variância complementado pelo Teste de comparações múltiplas de Tukey, em nível de significância de 5%.

Através dos resultados do teste Análise de Variância (ANOVA) verificou-

se que existe diferença significativa da resistência quando comparada entre os

grupos. Pelos resultados do teste de Tukey observou-se que os grupos 4 e 1

(que não diferem entre si) apresentam valores significativamente superiores

aos grupos 2 e 3 (que não diferem entre si).

Verificou-se, ainda, que os dentes restaurados com resina composta

fotopolimerizável (grupo 3), tiveram o pior desempenho, quando comparado

com os outros grupos, contudo, foi o grupo em que o desvio padrão foi o menor

de todos os outros.

É possível, através desta tabela, notar que os dentes com perfuração e

restaurados com base de Cimento de Ionômero de Vidro e resina composta e o

grupo com pinos de fibra de vidro apresentaram uma maior resistência à

compressão no ensaio, porém, não significativo estatisticamente entre eles.

Pode-se, por fim, afirmar que na situação experimental apresentada nesta

pesquisa, os grupos 1 e 4 foram superiores aos grupos 2 e 3 e que o grupo 3

foi o que apresentou pior resultado.

69

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Grupo 4 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Grupo

Méd

ia R

esis

tên

cia

Gráfico 1: Média dos valores da força máxima de fratura dos espécimes

ANÁLISE DO PADRÃO DE FRATURA

Após completarem-se o teste de resistência à compressão citado,

passou-se então a analisar o padrão de fratura dos espécimes. Para tanto,

utilizou-se um Lupa Estereoscópica (Leica Zoom 2000 model nº z45v) com

aumento de 20x sob correta iluminação, para que se identificassem os tipos de

fratura ocorridos no ensaio de compressão, os quais foram classificados de

acordo com a região onde ocorreu a fratura:

1. Fratura dentária: somente na estrutura dental

2. Fratura adesiva: rompimento da linha de união

3. Fratura coesiva: ruptura parcial do material restaurador

4. Fratura coronária: ruptura do material restaurador e estrutura dental

Quando analisados os padrões de fratura presentes, após o teste de

resistência à compressão, apresentam-se, a seguir, os resultados quanto ao

tipo de fratura.

70

Tabela 2. Padrão de fratura quanto ao envolvimento da região Tipo de fratura grupo I grupo II grupo III grupo IV Fratura dentária 6 7 7 6 Fratura adesiva - - - - Fratura coesiva 3 3 3 2 Fratura coronária 1 - - 2

Nota-se na tabela 2 que os grupos de uma forma geral tiveram os

mesmos tipos de fraturas; as fraturas dentárias incidiram na coroa, quando

ocorreram as fraturas coesivas, teve-se perda estrutural, afetando o conjunto

restaurador. Este ficou mais vezes preso à estrutura do dente, onde ficou retido

metade ou mais de material restaurador e, nas fraturas coronárias, o que houve

foi trinca do material restaurador.

DISCUSSÃO

Quando se avalia um trabalho “in vitro” tem-se a intenção de que os

resultados contenham uma relevância clínica para serem aproveitados como

indicação para um protocolo restaurador. Embora exista uma ampla discussão

sobre qual a melhor técnica restauradora para dentes não vitais10-11-12, optou-se

por usar restaurações adesivas diretas com e sem pinos, baseados em

trabalhos que demonstraram serem essas técnicas muito utilizadas pelo

clínico13, por apresentar efeitos positivos14 e por estar dentro de uma filosofia

de conservação de estrutura sadia e promoção de saúde, além de terem um

custo mais baixo e serem social e tecnicamente mais simples. Quanto aos

pinos, optou-se pelos de fibra de vidro, porquanto, segundo alguns autores,

esses apresentariam semelhanças físicas com a dentina, além de algumas

vantagens sobre os pinos metálicos pré-fabricados e, ainda, por apresentarem

um bom índice de sucesso clínico15-16-17.

A padronização dos espécimes era um problema com resolução

complexa, tendo em vista que, apesar de haver trabalhos normalizando as

dimensões do padrão dos dentes8, poder-se-ia ficar à mercê de alterações

intrínsecas na morfologia do dente.

Embora uma análise estatística com um número de amostras

considerável pudesse compensar tais limitações deste estudo in vitro, esse

elemento deve ser avaliado antes de iniciar qualquer trabalho de pesquisa, pela

71

grande dificuldade na obtenção dos dentes e outra porque todo trabalho in vitro

tem suas limitações, se comparado com os trabalhos in vivo.

Experimentos in vitro dificilmente reproduzem com fidelidade o

comportamento dos dentes na boca quando o ligamento periodontal está

presente. Vários estudos têm simulado o ligamento periodontal adicionando

uma fina camada de elastômeros. Alguns autores acreditam que esta situação

é relevante, já que se trata de estudo in vitro, porém, neste estudo, foi feita a

simulação, pois que se queria reproduzir da maneira mais fiel possível o que

acontece na boca.

Na revisão de literatura, autores relatam a importância de se manter a

estrutura dental para melhorar a resistência final em dentes bastante

debilitados e, ainda, que a profundidade da cavidade influenciaria na

resistência à fratura de uma forma mais significativa que a largura2-18-19-20.

Quando se fala de dentes tratados endodonticamente, não se pode diminuir

essa perda da estrutura dentária, tendo em vista que, para se ter acesso à

câmara pulpar, aumenta-se a profundidade da cavidade. Além disso, a perda

de resistência, ocasionada mecanicamente pela perda de estrutura dentinária,

ocorre tanto na coroa dental como na raiz.

Concorda-se quando autores destacam que alguns fatores podem

contribuir para a variação dos valores de resistência como: o grau de

calcificação do dente; a distância do limite amelo-cementário e as variações

das dimensões dos dentes e da morfologia dos canais, o que nesse caso

sustentaria as diferenças de forças que cada espécime obteve até o momento

da fratura21. Os autores também sugerem que se não houver necessidade de

retenção, os pinos poderiam ser dispensados, mesmo em reconstruções

protéticas, o que ficou demonstrado neste estudo.

No estudo de Ausiello et al.14, que testou a resistência à fratura de

dentes tratados endodonticamente e restaurados com resina composta e

Ionômero de Vidro, ficou demonstrado que as resinas compostas apresentaram

resistência à fratura compatível com a do dente hígido. Todavia, no presente

estudo o grupo que foi restaurado somente com resina composta foi o que teve

menor resistência à fratura, apresentando-se uma maior resistência quando

usada com uma base de Ionômero de Vidro. Este resultado é igual ao

encontrado por Vinholes, Corrêa e Acco22 em outro estudo semelhante.

72

Alguns trabalhos analisaram os tipos de fratura mostrando, ao final, que

a maioria destas ocorre na interface dente-restauração, com fratura de cúspide

na sua face23-24-25. Não foi o que aconteceu neste estudo, onde a maior parte

das fraturas ocorreu na estrutura dentária. Talvez não seja possível transpor

estes resultados, porque este trabalho foi realizado em dentes molares,

enquanto a literatura utiliza os dentes pré-molares. Assim, fica difícil fazer uma

comparação, uma vez que a literatura para dentes molares é escassa ou quase

inexistente.

Encontram-se trabalhos que ponderam que o benefício gerado pelas

restaurações adesivas em relação à resistência à fratura dental traduzidas pelo

remanescente dental sofre modificações com o passar do tempo13-26-27. As

restaurações adesivas mantidas em meio líquido por longos períodos de tempo

têm sua força de união reduzida, em decorrência da degradação hidrolítica que

atinge a interface substrato-adesivo. Uma revisão de literatura discute a

durabilidade adesiva aos tecidos dentários, em que os autores apresentaram

diferentes métodos de envelhecimento in vitro tais como: o armazenamento em

água, saliva artificial, a termociclagem, a ciclagem mecânica por carga oclusal

e a fadiga adesiva. Essa variedade é importante porque os autores expuseram

a degradação hidrolítica da resina e do colágeno como causa principal da

redução da qualidade adesiva e da longevidade da união interface dente-

restauração28.

O armazenamento em água dos espécimes é considerado pelos autores

como o melhor método in vitro de envelhecimento, sendo o mesmo utilizado

neste trabalho, onde os dentes ficaram armazenados em água destilada por 90

dias. É difícil saber quanto tempo se deve deixar armazenado os dentes para

poder produzir as condições da cavidade oral. Tal fato leva a acreditar que não

há evidências científicas sobre o real efeito do armazenamento sobre a

resistência à fratura.

Aliados à perda da estrutura, a perda dos mecanoceptores do tecido

pulpar delega somente aos proprioceptores do ligamento periodontal a

sensibilidade das cargas oclusais, alterando o limiar de excitabilidade destas

células. Dessa forma, o dente poderá sofrer cargas oclusais maiores do que

quando era vital29.

73

Coelho de Souza (2006) assinala que novos trabalhos devem ser

realizados já que é questionada a durabilidade da restauração com o passar do

tempo. Contudo, este fator pode ser reduzido se utilizarmos a técnica semi-

direta e a utilização de bisel, ponto este que diverge na literatura30.

O presente trabalho mostrou que a resistência à fratura perdida com a

realização das aberturas coronárias poderia ser restituída pelas restaurações

adesivas diretas, já que elas apresentaram um desempenho in vitro

significativamente superior, fato que foi demonstrado pelo teste de resistência à

compressão.

Fica evidente, contudo, a semelhança dos grupos I e IV o que é

comprovado pela análise estatística. Além disso, tal comportamento é

semelhante ao encontrado em trabalhos da revisão de literatura31-32-33, sendo

que as pequenas diferenças presentes não são significativas.

Faz-se necessário, neste momento, colocar em dúvida a capacidade dos

pinos pré-fabricados em reforçar e aumentar a resistência dos dentes

despolpados. Tendo em vista o exposto, fica questionada a real indicação dos

pinos nestes casos, já que se sabe que o objetivo das restaurações diretas em

situações como essas é a manutenção de estrutura sadia, o que a inserção dos

pinos não faz o que aumentaria o grau de dificuldade do procedimento clínico,

que a sua vez aumentaria o valor financeiro do trabalho, não tendo com isso

uma “real” indicação dessa técnica. Portanto, estes valores de resistência à

fratura, somados às considerações apresentadas, não justificariam o uso de

pinos em situações semelhantes a deste ensaio, ou seja, em dentes com

preparos extensos, porém com estrutura remanescente suficiente para reter

uma restauração adesiva21.

Acredita-se ser bastante importante avaliar não somente a quantidade

de força necessária para que ocorra uma fratura compressiva em uma técnica

restauradora, mas também de que forma tal falha possa ser posteriormente

restaurada, tendo em vista que aparentemente nenhum material restaurador ou

técnica restauradora direta substituiria a higidez do dente. Quando se pensa na

restauração de uma peça dentária, deve-se saber qual é a melhor forma no

sentido físico da terminologia para se colocar o dente em função e também

qual dessas “formas” geraria, em caso de falha, melhor prognóstico para a

74

futura solução restauradora. Ajuíza-se, assim, válido não só em odontologia

restauradora, mas também em odontologia de promoção de saúde.

Constatou-se, quando da análise das fraturas, que realmente os

resultados ficaram dentro das possibilidades previstas, sendo que algumas não

se mostraram presentes como, por exemplo, as fratura adesivas. As fraturas,

porém, nos diversos grupos foram relativamente semelhantes, sendo, na

maioria das vezes, favoráveis para nova intervenção e na maior parte das

vezes longitudinais (oblíquas), o que pode ser verificado também na literatura11-

32-34.

No entanto, assim como as resinas dominam a dentística operatória, o

entendimento e a execução de protocolos rígidos para a utilização deste

material também devem ser rigidamente seguidos. Os estudos mecânicos são

um bom indicador do desempenho dos materiais no meio bucal, mas não são

infalíveis nos resultados, porquanto a previsão do desempenho clínico difere

em muitos aspectos da situação laboratorial. Este estudo foi dirigido de

maneira a reproduzir outros ensaios semelhantes da literatura e proporcionar

um suporte importante que possam auxiliar na conduta clínica.

Os resultados conseguidos não chegaram a ser surpreendentes, visto

que na análise dos resultados de dois grupos do estudo houve aumento da

resistência à fratura, contudo, ficou claro que, apesar de aumentar a resistência

do remanescente dental, os materiais adesivos se mostraram incapazes de

evitar fraturas com implicações clínicas.

CONCLUSÕES:

De acordo com os dados obtidos nesta pesquisa, é possível concluir-se

que:

- O comportamento do grupo I e o grupo IV foram semelhantes em

relação à resistência à fratura e ao padrão de fratura, embora a presença dos

pinos tenha feito com que uma maior parte de material restaurador tenha se

mantido aderido à estrutura remanescente;

- Que o comportamento do grupo II foi superior ao do grupo III, mas

inferior ao do grupo IV

- Houve uma maior tendência a fraturas dentárias em todos os grupos;

75

- Baseando-se nos resultados desta pesquisa e somando-se a revisão

de literatura, dentes despolpados e com estrutura remanescente suficiente para

reter a restauração não necessitariam de pinos intracanais, os quais, nesta

pesquisa, mostraram-se inaptos a repor a resistência desses dentes de forma

mais eficiente que a resina composta direta tão somente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

79

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na prática clínica, muitos dentistas optam pela realização do tratamento

restaurador do remanescente dentário de forma simples e de forma quase

empírica ou como se eles fossem vitais. Isso tem levado a inúmeros

insucessos, sejam eles fraturas ou falhas de selamento, diminuindo a

longevidade do elemento dental.

Através dos resultados obtidos nos dois artigos que compõem esta tese,

somados aos avanços tecnológicos ocorridos na odontologia na última década,

pode-se considerar as resinas compostas e o Ionômero de Vidro modificado

por resina como um material estável e resistente à compressão. É, também,

importante ressaltar que tais resultados devem ser avaliados com cautela e as

conclusões devem ser observadas com cuidado, devido a todas as limitações

existentes em trabalhos in vitro, tanto no que tange às diferenças intrínsecas

dos dentes humanos extraídos, à forma como estes são armazenados e à

padronização das técnicas de preparo e restauradoras, e, ainda, à forma como

é executado o teste de compressão.

Portanto, simplesmente transportar os resultados e conclusões aqui

apresentadas para a realidade da clínica diária seria pouco científico. Esta

pesquisa é válida pela discussão e geração de evidência, as quais, somadas a

outros trabalhos, poderão auxiliar no momento da escolha, por parte do

cirurgião dentista clínico, a melhor forma de restaurar dentes não vitais.

Seria importante para a odontologia que mais trabalhos in vitro, com

diferentes formas de ensaio fossem executados, entretanto, sempre se

atentando para a melhor padronização da técnica restauradora e do preparo

cavitário, gerando assim mais evidências confiáveis. Seria válido, também, que

fossem executados trabalhos in vivo com acompanhamento clínico,

observando-se padrão de fratura, além da longevidade clínica.

ANEXOS

81

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Este documento de consentimento é obrigatório para a execução desta pesquisa, tanto

na fase do projeto, como de coleta de dados junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA e na CONEP (CEP – ULBRA 2007-103H). As diretrizes e normas para tal estão dispostas na resolução CNS 196/96, itens IV, IV. 1, IV.2 e IV. 3.

Título: Avaliação da resistência à compressão de molares tratados endodonticamente e com perfuração na região de furca, restaurados com resina composta fotopolimerizável.

Pesquisador responsável: Profª. Ms. Julia Itzel Acosta Moreno Vinholes Orientador: Prof. Dr.Luís Carlos da Fontoura Frasca Co-orientador: Prof. Dr. Airton Pozo de Mattos Esclarece este documento que a pesquisadora e proponente do trabalho JULIA ITZEL

ACOSTA MORENO VINHOLES, RG nº 2079805632 e CPF nº 690687710-00, residente na Rua Gonçalves Chaves, nº 3320 ap. 402, na cidade de Pelotas/RS, telefones (053) 32270825 ou (053) 91054154, e-mail: [email protected], doutoranda em Odontologia do programa de pós-graduação da Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS, objetiva reunir dados através de questionários individuais, compostos por perguntas fechadas e abertas e enviados por meio de correio eletrônico, para que sejam então respondidos. Este instrumento coletará a impressão de como é abordado o tratamento das perfurações e como é restaurado o dente após o selamento. Nesta pesquisa foi orientado e envolvido quanto ao que segue:

a) Os questionários e entrevistas elaborados pesquisam sobre a necessidade de restauração dos dentes com perfuração na região de furca.

b) Nenhum risco e desconforto serão imputados aos sujeitos da pesquisa.

c) O caráter confidencial dos dados coletados será garantido, sendo somente acessados pelo pesquisador, orientadores e sujeitos da pesquisa em qualquer fase desta.

d) A retirada do sujeito da pesquisa fica assegurada a qualquer momento desta, mediante solicitação ao pesquisador, sem qualquer implicação.

e) A metodologia empregada será de seleção de amostra e aplicação de questionário, sendo os dados reunidos e tratados qualitativamente para se obter uma aproximação da realidade de como são tratados os dentes com perfuração na região de furca. Serão envolvidos como sujeitos da pesquisa: Cirurgiões Dentistas Generalistas e Especialistas em Endodontia.

f) Considero que fui esclarecido sobre o envolvimento e objetivo desta pesquisa, sendo assim, autorizo a inclusão de minhas respostas neste trabalho. Eu,........................................................................, residente e domiciliado na ....................................................................., portador da cédula de identidade, RG ................................, e inscrito no CPF................................., abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário(a) da referida pesquisa.

Assino o presente documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma em minha posse. Local ____________, _______ de _____________________de______

________________________________________ Sujeito da pesquisa e/ou responsável (nome e assinatura)

82

Você está sendo convidado (a) participar do projeto citado acima. O documento abaixo contém

todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração

neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir, a qualquer momento, isso

não causará prejuízo a você.

QUESTIONÁRIO

1) Sexo: masculino feminino

2) Idade: ____ anos

3) Instituição de Ensino formadora: _________________________

4) Ano de graduação: ____________________

5) Titulação: cirurgião-dentista especialista outros

6) Você costuma fazer endodontia? Sim não

7) Caso responda afirmativamente a questão anterior, qual é a técnica utilizada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

8) Como você costuma restaurar os dentes endodonticamente tratados?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

9) Como você procederia frente a uma perfuração?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

10) Após tratada a perfuração, como você restauraria esse dente?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

______________________________________________________________

83

ANEXO 2

Figura 1 – Fotografia da haste e cilindro que foi acoplada à máquina de ensaio universal Pantec

Figura 2 – Fotografia da máquina de ensaio universal com o cilindro e

haste acopladas

Figura 3 – Representação gráfica do testes de compressão com força axial

84

ANEXO 3

Figura 3 – Lupa estereoscópica

Figura 4 – Tipos de Fratura

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