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UNIVERSIDADE METODISTA DE ANGOLA Email: [email protected] - [email protected] 1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA – CONCEITOS BÁSICOS DOCENTE RESPONSÁVEL: MÁRIO DE CARVALHO APOIO - ASSISTENTE: DATA: MARÇO 2011 1. Conceitos Básicos de Microeconomia O que é microeconomia? É o ramo da Ciência Económica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e factores produtivos. 1 Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado. Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos, portanto o funcionamento da oferta e demanda na formação de preços. Pressupostos básicos da análise microeconómica Condição Ceteris Paribus Expressão em latim que significa que “tudo o mais permanece constante”, nos permitindo analisar um mercado específico. Somente utilizando esta condição sine qua non (necessária e imprescindível) é que se pode realizar a análise parcial e estática do mercado. Adoptando-se essa condição, torna-se possível o estudo de um determinado mercado seleccionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes económicos – consumidores e produtores – nesse mercado em particular, desconsiderando a influência de outros factores, que estão em outros mercados. Papel dos preços relativos Na análise microeconómica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Por exemplo se o preço do feijão cair em 10%, tudo o mais permanecendo constante (condição ceteris paribus), deve-se esperar um aumento na quantidade demandada de feijão, e uma queda na demanda dos demais produtos da cesta básica, que tiveram seus 1 Manual de Economia,

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA – CONCEITOS BÁSICOS

DOCENTE RESPONSÁVEL: MÁRIO DE CARVALHO APOIO - ASSISTENTE: DATA: MARÇO 2011

1. Conceitos Básicos de Microeconomia • O que é microeconomia? É o ramo da Ciência Económica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e factores produtivos.1 Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado. Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos, portanto o funcionamento da oferta e demanda na formação de preços. • Pressupostos básicos da análise microeconómica

Condição Ceteris Paribus Expressão em latim que significa que “tudo o mais permanece constante”, nos permitindo analisar um mercado específico. Somente utilizando esta condição sine qua non (necessária e imprescindível) é que se pode realizar a análise parcial e estática do mercado. Adoptando-se essa condição, torna-se possível o estudo de um determinado mercado seleccionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes económicos – consumidores e produtores – nesse mercado em particular, desconsiderando a influência de outros factores, que estão em outros mercados. Papel dos preços relativos Na análise microeconómica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Por exemplo se o preço do feijão cair em 10%, tudo o mais permanecendo constante (condição ceteris paribus), deve-se esperar um aumento na quantidade demandada de feijão, e uma queda na demanda dos demais produtos da cesta básica, que tiveram seus

1 Manual de Economia,

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preços inalterados. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto dos demais produtos no mercado, seu preço relativo aumentou quando comparado ao do feijão (que teve redução de preço). Racionalidade dos agentes económicos A grande questão da microeconomia reside na hipótese adoptada quanto aos objectivos dos agentes económicos. Pelo lado da demanda, o foco de estudo é o comportamento do agente família enquanto consumidor de bens e serviços. Assim, o consumidor será orientado por um comportamento racional, onde irá maximizar a satisfação das suas necessidades, mediante uma restrição orçamentária (renda disponível). Pelo lado da oferta, o foco de estudo é o comportamento do agente empresa enquanto ofertante de bens e serviços. Assim, o produtor será orientado por um comportamento racional e buscará maximizar seu objectivo de obter lucro. 2 A Metodologia e o Escopo da Ciência Econômica O que é economia? Poder-se-ia dizer: aquilo de que se ocupam os economistas. Hoje em dia isso inclui (e essa é uma lista não exaustiva), crime, descriminação, lei, marketing, finanças, recursos humanos, comportamento das famílias, etc., além das áreas mais tradicionais. Essa definição, portanto, não ajuda muito. Como, então, podemos saber se um artigo é um artigo em economia? Minha opinião pessoal é de que deve satisfazer a um dos dois critérios a seguir:

Tratar de assunto pertinente às áreas de actuação tradicionais dos economistas, ou;

Usar uma visão de economista de um problema pertinente a qualquer outra área. Para polemizar, costumo associar à satisfação do primeiro critério sem a satisfação do segundo a ’bad economics’. E o que é a ’visão de economista’? Chamo visão de economista (seguindo Lazear, 2000) à uma visão de uma questão na área das ciências sociais baseada em três ingredientes: i) otimização, ii) equilíbrio e iii) eficiência. 2.1 A Metodologia 2.1.1 Friedman (1953) Este é o artigo que estabeleceu a metodologia “oficial” da economia. O primeiro ponto elaborado por Friedman (e que é crucial para a sua análise) é a distinção entre a economia positiva e a normativa. Segundo ele, “positive economics is in principle independent of any particular ethical position or normative analysis”. Friedman argumenta que o objetivo final da economia é a previsão. Previsão para Friedman significa basicamente o resultado de exercícios de estática comparativa. Por essa definição, a economia não é nada mais do que uma área aplicada da estatística. Mas segundo ele, isso é o que torna a economia algo diferente de uma “matemática disfarçada”: a economia se preocupa com previsões e não com descrições das consequências de determinadas ações. Friedman raciocina como um estatístico clássico. Segundo ele, não se deve olhar para os dados antes de derivar as conclusões de uma teoria. Friedman também discute o problema da escolha de hipóteses alternativas. Um ponto evidente mas normalmente esquecido é o fato de que evidências finitas são incapazes de identificar uma entre virtualmente infinitas hipóteses alternativas.

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Interessante é que Friedman discute critérios para a escolha de hipóteses alternativas. Mas o único critério que jamais dever ser utilizado é o realismo das hipóteses (aqui no sentido de assumptions). Para ele, as teorias devem ser aceitas (não-rejeitadas) na medida em que suas previsões sejam corroboradas por evidências. O realismo subjetivo das hipóteses não desempenha nenhum papel nessa história.    2.1.2 Coase (1981) O artigo de Coase é uma crítica aberta ao artigo de Friedman. Segundo Coase, o artigo de Friedman não é positivo, “como a ciência econômica é feita”, mas sim normativo, “como ela deveria ser feita”. Coase argumenta por meio de exemplos que os economistas não seguem as recomendações de Friedman na escolha entre teorias. Na verdade, testes empíricos só são feitos para as teorias que são tidas como razoáveis para um grupo grande de economistas. Afinal, que jornal vai publicar um trabalho empírico rejeitando uma teoria em que ninguém acredita? Aqui vale comentar a contradição entre a proposta metodológica de Friedman e sua visão sobre o comportamento humano. De fato, a idéia de que os indivíduos agem por interesse próprio indica que só devem ser testadas teorias amplamente aceitas - pois isso é o que gera ’retorno’ do ponto de vista individual.        Conteúdo Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado

• Teoria Elementar da Demanda ou Procura • Teoria elementar da Oferta • Equilíbrio do Mercado • Elasticidade e suas implicações

Teoria da Firma

• Teoria da Produção • Teoria dos Custos de Produção • Teoria dos rendimentos

Análise das estruturas de mercado:

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Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado Teoria Elementar da Demanda A) Conceito Demanda: é a quantidade de um determinado bem que os consumidores estão aptos e dispostos a adquirir, em determinado período de tempo, aos diversos preços alternativos. Demanda – é o desejo, intenção, vontade de comprar e não sua realização ou compra propriamente dita (demanda = procura). B)Lei Geral da Demanda A quantidade demandada de um determinado bem é inversamente proporcional ao seu preço, tudo o mais permanecendo constante (ceteris paribus). O que quer dizer que: quanto mais se elevam os preços de um produto qualquer menores serão as quantidades desejadas a serem adquiridas e vice-versa (Preço Alto – Demanda Baixa). ↑P ↓Qd ↓P ↑Qd P: Preço Qd: Quantidade demandada ↑: Aumenta ↓: Diminui Representação da relação quantidade demanda/preço: 1)Escala de demanda

Alternativa de Preço ($) Quantidade demandada 10,00 200 20,00 100 30,00 50

2) Curva de Demanda

P

30 20 10 D 0

50 100 150 200 Q

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3) Função da Demanda

Qd = f (P) Qd = quantidade demandada de um determinado bem ou serviço, num dado período de tempo P = preço do bem ou serviço A expressão significa que a quantidade demandada, Qd, é uma função f do preço P, isto é, depende do preço P. A curva de demanda é negativamente inclinada devido a relação inversa entre preço e quantidade demanda, que resultam em dois efeitos: efeito substituição e efeito renda. Efeito substituição: significa que quando o preço de um determinado bem ou serviço ↑ e existe no mercado um outro produto ou serviço similar o consumidor substitui aquele que teve o preço aumentado (↓ demanda), passando a consumir o produto similar que teve o preço mantido constante tornando-se relativamente mais barato.

Produto A Produto B Quantidade ↓ ↑

Preço ↑ Constante Efeito renda: quando ↑ o preço de um bem e as renda do consumidor permanece a mesma a demanda ↓, porque o poder de compra (renda real) do consumidor diminui. C) Fatores ou aspectos determinantes da demanda: 1. Preço do bem 2. Preço dos outros bens (substitutos e complementares) 3. Renda do consumidor 4. Gosto ou preferência do indivíduo C.1) Preço do Bem: quando o preço do bem “x”aumenta, a quantidade demandada deste mesmo bem diminui (Lei Geral da Demanda) Qdx = f(px) Ceteris Paribus ↑Px ↓Qdx qdx

_____ < 0 Relação negativa (relação inversa) entre quantidade ↓Px ↑Qdx px demandada do bem “x” e preço do bem “x”.

OBSERVE que as setas (demonstram o movimento em preço e quantidade) estão em sentido CONTRÁRIO = RELAÇÃO INVERSA (Relação negativa). É isto que explica a INCLINAÇÃO NEGATIVA da curva de demanda. C.2) Preço de outros bens: Bens substitutos: São aqueles bens que atendem a necessidade do consumidor no mesmo nível de satisfação. Ex: bem “x” e “y”; feijão e lentilha; calça jeans e calça de sarja; entre outros. Assim, quando aumenta o preço bem do bem “y”, ocorre um

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aumento na quantidade procurada de bem “x” e vice-versa. Lembre-se que aumenta o preço de um dos bens e o preço do outro permanece constante. Exemplo: Feijão e Lentilha

Feijão (y) Lentilha (x) Qtde demandada ↓ ↑

Preço ↑ Constante Qdx = f(py) Ceteris Paribus ↑Py ↑Qdx qdx

_____ > 0 Relação positiva (relação directa) entre quantidade ↓Py ↓Qdx py demandada do bem “x” e preço do bem “y”.

OBSERVE que as setas (demonstram o movimento em preço do bem Y e quantidade demandada do bem X) estão no MESMO sentido = RELAÇÃO DIRETA (Relação positiva) entre preço de y e quantidade demandada de x. Demanda do Bem Y (Ex. Feijão) Demanda do Bem X (Ex. Lentilha) Py Px ↑py ⇒ ↓ qdy ↑qdx ⇒ ↑py P2............B . → . P1 ............................A P1....................A.........B . . . D1 . D2 | | | | qdy2 qdy1 Qdy qdx1 qdx2 Qdx Bens Complementares: São aqueles bens que dependem um do outro para satisfazer a necessidade do consumidor, são demandados em conjunto, necessariamente. Ex: bem “x” e bem “y”; arroz e feijão; jeans e camiseta; ténis e meia; entre outros. Assim, aumenta o preço do bem “y”e a quantidade procurada do bem “x” diminui e vice-versa. Lembre-se que aumenta o preço de um dos bens e o preço do outro permanece constante. Exemplo: Lapiseira e Grafite

Lapiseira (y) Grafite (x) Qtde demandada ↓ ↓

Preço ↑ Constante Qdx = f(py) Coeteris Paribus

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↑Py ↓Qdx qdx

_____ < 0 Relação negativa (relação inversa) entre quantidade ↓Py ↑Qdx py demandada do bem “x” e preço do bem “y”.

OBSERVE que as setas (demonstram o movimento em preço do bem Y e quantidade demandada do bem X) estão em sentido CONTRÁRIO = RELAÇÃO INVERSA (Relação negativa) entre preço de y e quantidade demandada de x. Px Py ↑px ⇒ ↓ qdx ↓qdy ⇒ ↑px P2............B . ← . P1 ............................A P1....................B.......... A . . . D2 . D1 | | | | qdx2 qdx1 Qdx qdy1 qdy2 Qdy Bens Independentes: aumenta o preço do bem “y”e a quantidade procurada do bem “x” não se altera e vice-versa. C.3) Renda do Consumidor: em geral quando a renda do consumidor aumenta a demanda de um bem ou serviço também aumenta, ↑ R ⇒ ↑ Qdx ↓R ⇒ ↓Qdx

Esta regra serve apenas para bens normais ou superiores. Quanto aos bens inferiores, com o aumento da renda a demanda tende a diminuir, um bom exemplo é a carne. Quando o consumidor consegue aumentar sua renda ele passa a consumir carne de 1ª em vez de consumir carne de 2ª. Assim, se o bem “x” for um bem inferior, teremos: ↑R ⇒ ↓Qdx e ↓R⇒ ↑Qdx C.4) Gosto ou preferência do indivíduo: A propaganda e a publicidade tem como objectivo aumentar a demanda de bens e serviços influenciando as preferências dos consumidores causando assim um deslocamento da curva de demanda para a direita ou para a esquerda de acordo com a mudança no gosto ou preferência do consumidor.

D) Distinção entre Demanda e Quantidade Demandada D.1) Demanda: toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades demandadas de um bem ou serviço. A demanda de um bem é

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alterada, provocando um deslocamento da recta de demanda para a direita (aumento de demanda) ou para a esquerda (redução da demanda), quando uma das variáveis ceteris paribus (preço do produto substituto ou complementar, renda ou gosto e preferência do consumidor) sofre alteração. Porém, o preço do bem em estudo permanece constante. Este deslocamento é explicado pelo efeito substituição. Alteração na Demanda Px → P1 ...........................A.......B . . . . . D1 D2 | | qdx1 qdx2 Qdx D.2) Quantidade demandada: é um ponto específico na curva relacionando um preço a uma quantidade demandada de um bem ou serviço. Sofre alterações somente quando é alterado o preço do produto que está sendo estudado. Assim, o consumidor se desloca para cima (↑P e ↓Qd) e para baixo (↓P e ↑Qd) ao longo da recta de demanda do produto. Este deslocamento é explicado pelo efeito total (efeito renda + efeito substituição). Alteração da Quantidade Demandada P P1 D1

P0 D0

Q1 Q0 Qdx Microeconomia é o ramo da ciência económica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo (indivíduos e famílias); ao estudo das empresas e ao estudo da produção de preços dos diversos bens, serviços e factores produtivos. Teoria elementar do funcionamento do mercado Costuma-se definir a procura, ou demanda individual, como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor estaria disposta a consumir em determinado período de tempo. É importante notar, nesse ponto, que a demanda é um desejo de consumir, e não sua realização. Demanda é o desejo de comprar.

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A Teoria da Demanda é derivada da hipótese sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. Essa procura individual seria determinada pelo preço do bem; o preço de outros bens; a renda do consumidor e seu gosto ou preferência. A Demanda é uma relação que demonstra a quantidade de um bem ou serviço que os compradores estariam dispostos a adquirir a diferentes preços de mercado. Assim, a Função Procura representa a relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada, mantendo-se todos os outros factores constantes. Quase todas as mercadorias obedecem à lei da procura decrescente, segundo a qual a quantidade procurada diminui quando o preço aumenta. Isto se deve ao fato de os indivíduos estarem, geralmente, mais dispostos a comprar quando os preços estão mais baixos. Relação de demanda para maçãs: Consumidores | Preço ($ por unidade) | Quantidade demandada (milhões/semana) A | 10,00 | 50 B | 08,00 | 100 C | 06,00 | 200 D | 04,00 | 400 Assim se torna fácil a observação de que as relações preço - quantidade são inversas. Enquanto a relação da demanda descreve o comportamento dos compradores, a relação da oferta descreve o comportamento dos vendedores, evidenciando o quanto estariam dispostos a vender, a um determinado preço. Os vendedores possuem uma atitude diferente dos compradores, frente aos preços altos. Se estes desalentam os consumidores, estimulam os vendedores a produzirem e venderem mais. Portanto quanto maior o preço maior a quantidade ofertada. A Função Oferta nos dá a relação entre a quantidade de um bem que os produtores desejam vender e o preço desse bem, mantendo-se o restante constante. Relação de oferta de maçãs: Fornecedor | Preço ($ por unidade) | Quantidade ofertada (milhões por semana) A | 10,00 | 260 B | 08,00 | 240 C | 06,00 | 200 D | 04,00 | 150 Pela tabela é possível perceber que as quantidades ofertadas aumentam à medida que os preços aumentam. São directas as relações preço - quantidade. O equilíbrio da oferta e da procura num mercado concorrencial é atingido com um preço que faz igualar as forças da oferta e procura. O preço de equilíbrio é aquele com o qual

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a quantidade procurada é precisamente igual à quantidade oferecida. Como se disse, a quantidade de um produto que os compradores desejam adquirir depende do preço. Porém a quantidade que as pessoas desejam comprar depende também de outros factores. Relação entre as quantidades demandadas e o preço dos bens: levando-se em conta apenas o preço do bem observa-se quando a demanda aumenta ocorreu uma diminuição no preço; quando ele diminui é um resultado de um aumento do preço. Relação entre a procura de um bem e o preço de outros bens: a. Aumento no preço do bem Y acarreta em aumento na demanda do bem X: isso significa que os bens X e Y são substitutos ou concorrentes. Um exemplo é a relação entre o chá e o café; b. Aumento do bem Y ocasiona a queda da demanda do bem X: os bens em questão, nesse caso, são complementares. São bens consumidos conjuntamente, como o café e o açúcar. Relação entre a procura de um bem e a renda do consumidor: a. Bem Normal: São aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta-se a renda; b. Bem de luxo: Ao se aumentar a renda a quantidade demandada aumenta em maior Proporção; c. Bem de primeira necessidade: Ao se aumentar a renda a quantidade demanda se Mantém inalterada pois, ao se tratar de algo de primeira necessidade já fazia parte das antigas aquisições do indivíduo; d. Bem inferior: São aqueles cuja quantidade demandada diminui quando a renda aumenta. Geralmente são vens para os quais há alternativas de melhor qualidade. Até agora se viu como os deslocamentos da demanda e oferta afectam os preços. O conceito de elasticidade - preço nos permite uma maior compreensão do sistema de preços e das reacções observadas no mercado. A elasticidade é a relação entre as diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das alterações verificadas em seus respectivos preços. Seguindo-se esse conceito as mercadorias podem ser classificadas em bens de demanda elástica ou inelástica. Os bens de demanda inelástica são os de primeira necessidade, indispensáveis à subsistência do consumidor. Os bens de demanda elástica são aqueles que não são indispensáveis à subsistência do consumidor. Assim são, geralmente, os bens de luxo. Alguns factores que influenciam a elasticidade da demanda da demanda seriam a existência de substitutos ao bem, a variedade de usos desse vem, o seu preço em relação ao uso global dos consumidores e o preço do bem em relação à renda dos consumidores.

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Para um vendedor faz realmente muita diferença o fato de ser elástica ou não a demanda com a qual ele se defronta. Se a demanda for elástica e ele reduzir o preço, obterá mais receita. Por outro lado se a demanda for inelástica e ele reduzir o preço obterá menos receita.

3.TEORIA DA DEMANDA E DA OFERTA

Mercado é o ambiente em que compradores (demanda) e vendedores (oferta) realizam transações.

3.1 A demanda

“A demanda ou procura é a quantidade de um determinado bem ou serviço, que um consumidor eventual está disposto a adquirir, por determinado preço e em determinado período de tempo, ceteris paribus1.”

A quantidade procurada de determinado bem varia na razão inversa da variação de seus respectivos preços, mantidas as demais variáveis constantes. Quanto maior o preço, menor será a quantidade demandada e quanto menor o preço, maior será a quantidade demandada, por cada indivíduo.

Existem outros fatores que também influenciam o indivíduo na demanda de por um bem:

• o preço do bem; • a renda do consumidor; • o preço dos bens substitutos; • o preço dos bens complementares; • preferências do consumidor; • as expectativas do consumidor quanto aos preços no futuro

A função demanda:

Dx = f (Px)

Dx = quantidade demandada do bem x

f = função

Px = preço do bem x

A curva de demanda individual

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Mostra a relação existente entre o preço de um bem e sua quantidade demandada, por parte de um indivíduo, durante um período de tempo determinado, ceteris paribus.

Preços por quilo

($)

Quantidade demandada

(milhares de quilos por semana)

10

7

4

2

1

20

50

80

110

130

Preço

Quantidade

A curva decrescente de demanda mostra que quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade demandada, desse, ceteris paribus. De maneira semelhante, quanto mais baixo o preço do bem, maior a quantidade demandada.

Efeito-substituição: é uma mudança no consumo que tem origem na mudança de preços relativos dos bens. Quando sobe o preço de um bem que você consome, esse bem se torna mais caro comparado a outros bens, induzindo você a consumir menos do bem que se tornou mais caro e mais dos outros bens.

Efeito-renda: é uma mudança no consumo que tem origem na mudança da renda real do consumidor. Quando aumenta o preço de um bem que você consome, sua renda real é reduzida porque você não consegue mais ter o mesmo nível de consumo. Pela mesma lógica, quando cai o preço de um bem que você consome, sua renda real aumenta.

A curva de demanda de mercado

Mostra a relação entre o preço do bem e a quantidade que todos os consumidores juntos estão dispostos a comprar desse problema.

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(1) (2)

(3)

Os gráficos 1 e 2 representam demandas individuais. O gráfico 3 representa a demanda de mercado que é igual a soma das demandas individuais de todos os consumidores.

3.2 A OFERTA

As empresas vendem bens aos consumidores (oferta).

A oferta mostra a relação entre o preço e a quantidade do bem ofertado pela empresa, ceteris paribus.

Quanto maior o preço de um bem, maior a quantidade ofertada, ceteris paribus. Da mesma forma, quanto menor o preço, menor a quantidade ofertada.

A oferta de um bem depende de um conjunto de variáveis, são elas:

• preço do bem; • custo dos insumos; • tecnologia disponível; • produtos concorrentes; • expectativa do produdor sobre os preços futuros; • impostos ou subsídios.

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A função oferta:

Ox = f (Px)

Qx = quantidade ofertada do bem x

f = função

Px = preço do bem x

A curva de oferta individual

Mostra a relação entre o preço de um bem e a quantidade ofertada por todos os produtores juntos, ceteris paribus.

Preço por quilo

($)

Quantidade ofertada

(milhares de quilos por semana) 10

7

4

2

1

150

120

80

40

20

Quantidade

Preço

A curva de oferta mostra como a quantidade oferecida aumenta junto com o preço, refletindo o comportamento dos produtores. Resulta do princípio, que afirma que, os preços mais altos constituem um estímulo ao incremento das quantidades que os produtores estarão dispostos a oferecer no mercado.

Equilíbrio de Mercado

Ocorre quando a quantidade demandada de um bem é igual a quantidade ofertada. Nesse caso não existe pressão para mudança de preço.

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p

Pe

Qe

q

• Excesso de demanda: o preço do bem está abaixo do preço de equilíbrio, ou seja os consumidores estão dispostos a consumir mais do que é ofertado pelas empresas. Essa situação fará o preço subir.

• Excesso de oferta: o preço do bem está acima do preço de equilíbrio, ou seja, a quantidade ofertada do bem é maior do que os consumidores desejam consumir desse bem.

O preço de equilíbrio

Ao colocar-se consumidores e produtores com suas respectivas curvas de demanda e oferta em um mercado, pode-se analisar a interação entre eles.

A curva de demanda e oferta isoladamente, não podem determinar até onde podem chegar os preços ou medir a compatibilidade entre produtores e consumidores.

Assim, deve-se analisar conjuntamente as duas curvas procurando para cada preço a compatibilidade entre quantidade ofertada e demandada.

Então, só no ponto de intersecção das curvas de demanda e oferta é que coincidem os planos dos demandantes e ofertantes e somente a um preço. Este é chamado preço de equilíbrio, e a quantidade demandada e ofertada denomina-se quantidade de equilíbrio.

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O preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores.

Preço por quilo

($)

Quantidade demandada

(1000/quilo)

Quantidade ofertada

(1000/quilo)

Situação de mercado

10

7

4

2

1

20

50

80

110

130

150

120

80

40

20

Excesso de oferta ou escassez de demanda

Equilíbrio de mercado

Excesso de demanda ou escassez de oferta

Escassez

Preço

Quantidade

Excedente

Equilíbrio

* A alteração do equilíbrio ocorre quando há um deslocamento da curva de demanda ou de oferta.

Os deslocamentos da curva de demanda

A curva de demanda mostra que a quantidade demandada de um bem muda em resposta ao preço, e apenas em relação ao preço.

Quando uma curva de demanda é desenhada, as rendas e todos os outros fatores (com exceção do preço) que podem afetar a quantidade demandada tem de ser mantidos constantes, ceteris paribus.

Variáveis responsáveis pelo deslocamento da demanda

1. A renda: um aumento de renda leva a um aumento de consumo (demanda) de um bem, deslocando a curva de demanda para a direita. De maneira semelhante, um queda na renda deslocará a curva de demanda para a esquerda.

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Quando o aumento de renda faz com que o consumidor reduza o consumo de feijão e batata e aumente o consumo de carne (bem de valor mais elevado), o deslocamento da curva de demanda por batatas é para a esquerda, então este bem é inferior.

“Bem inferior é aquele cuja quantidade demandada diminui quando aumenta a renda.”

“Bem normal é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta a renda.”

“Bem de primeira necessidade é aquele que ao aumentar a renda, a quantidade demandada do bem aumenta em menor proporção. Ex.: leite

“Bem de luxo é aquele que ao aumentar a renda, a quantidade demandada do bem aumenta em maior proporção. Ex.: Cd’s; automóveis esportivos.

2. Os preços dos bens relacionados: um aumento no preço de um bem pode causar um deslocamento na curva de demanda por outro bem.

Ex. 1: O preço da gasolina sobe, os consumidores tem vontade de possuir menos carros. A curva de demanda por carros se deslocará para a esquerda a cada aumento da gasolina

Os bens utilizados em combinação, de maneira que um aumento no preço de um deles leva a queda na demanda do outro se chama bens complementares.

Ex. 2: maças e bananas são substitutos. Com uma elevação no preço das bananas, os consumidores seriam incentivados a substituí-las por maças. Um aumento no preço das bananas provoca um aumento na demanda por maças. Esta relação mostra a presença de bens substitutos.

Outros exemplos: chá e café; manteiga e margarina; carne e galinha; óleo de soja e de milho, etc.

Os bens são substitutos se o aumento do preço de um deles eleva a quantidade demandada do outro, qualquer que seja o preço. Ex.: carne bovina e suína; chá e café.

Os bens são complementares se o aumento do preço de um deles reduz a quantidade demandada do outro.

2. Gostos: o tempo é responsável pela mudança de gostos. Os gostos e a demanda são bens voláteis para alguns produtos especialmente para as “manias”, “a moda”.

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Os deslocamentos da curva de oferta

O mercado representa uma interação entre consumidores e produtores, onde os vendedores respondem à vontade dos consumidores. A finalidade da curva de oferta é mostrar de que maneira a quantidade ofertada muda em resposta ao preço, e apenas em resposta ao preço. Aqui novamente aparece a hipótese ceteris paribus.

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Variáveis responsáveis pelo deslocamento da oferta

1. O custo de insumos: quando o preço de fertilizantes sobe, os agricultores estarão menos dispostos a produzir milho ao mesmo preço. A curva de oferta se deslocará à esquerda.

2. A tecnologia: Com uma melhoria importante na tecnologia, o custo de produção diminuirá. Com um custo menor por unidade, os produtores estarão dispostos a produzir mais, a qualquer preço. A curva de oferta se deslocará para a direita.

3. Condições climáticas: este fator é especialmente importante para a produção agrícola.

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4. Os preços dos bens relacionados: da mesma maneira que os bens podem ser substitutos ou complementares, no consumo, também podem ser na produção.

Ex. 1: o milho e a soja, são substitutos na produção. Um aumento no preço do milho, os agricultores reduzirão o plantio de soja e aumentarão o de milho.

Ex. 2: Carne e couro são complementares, ou produtos conjuntos. Quando o abate de gado aumenta em resposta a uma demanda maior de carne, a produção de couro aumenta.

5. Génese e Desenvolvimento das Economias de Mercado

Até cerca de 10.000 anos os homens eram, basicamente, caçadores e colectores. A Natureza oferecia-lhes todos os bens necessários à sua subsistência. Contudo, no Neolítico, a revolução agrícola veio alterar significativamente esta situação. As populações foram-se tornando gradualmente sedentárias, passando a ter como principais actividades as práticas agrícolas e a criação de animais domésticos. A revolução agrícola trouxe consigo importantes excedentes de produção. As populações passaram a produzir mais do que necessitavam para a sua subsistência e trocavam os seus excedentes. Parcialmente libertos da necessidade de produzir exclusivamente bens para suprir as necessidades alimentares, foram emergindo novas ocupações produtivas, como os artesãos, por exemplo. Estes grupos passaram a especializar-se na produção de bens e serviços para os quais tinham mais aptidões, isto é, a orientar toda a sua disponibilidade de recurso em factor trabalho para a realização de uma só actividade, ou um reduzido número de actividades necessárias à produção de um bem. O processo de afectação das pessoas, dos seus recursos em trabalho, a diferentes ocupações produtivas denomina-se especialização do trabalho, processo que tem constituído um dos principais vectores históricos de desenvolvimento económico e promoção do objectivo da eficiência económica na afectação dos recursos — o trabalho é, naturalmente, um recurso económico, a par das matérias-primas utilizadas para incorporar na produção de bens e serviços. Os “talentos” — isto é, as aptidões e qualificações no desempenho de uma dada actividade — diferem de indivíduo para indivíduo. A especialização produtiva permite que cada um se dedique à actividade em que pode obter maiores vantagens comparativas (especializar-se na produção de um bem ou serviço que produz com menores custos de oportunidade, em relação aos demais potenciais produtores, isto é, produzir e vender o bem ou serviço em que é relativamente mais produtivo) podendo depois trocar os excedentes no mercado. Por outro lado, ao especializar-se numa só actividade, a sua repetição — desenvolvendo um processo de acumulação de experiência — implica um domínio cada vez maior das tarefas inerentes a essa actividade, potenciando, eventualmente, e por essa via, melhorias tecnológicas no próprio processo produtivo. Tais melhorias tecnológicas podem acentuar o processo de vantagens comparativas na produção do bem em que está especializado e que se traduz,

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economicamente, no facto de ser capaz de produzir esse bem com produtividades médias crescentes para a mesma quantidade de trabalho empregue — uma forma de ver o efeito (positivo) da tecnologia na reinterpretação do próprio conceito de eficiência. Mas não vamos desenvolver esta questão neste texto. A existência de excedentes, resultantes de um processo de especialização produtiva generalizada, é um dos principais factores explicativos para a existência e disseminação de uma economia de troca. Nas sociedades mais primitivas a troca dava-se por um simples e mútuo acordo e era, basicamente, troca directa. Com o decorrer do tempo, a troca tornou-se o objecto central de lugares especiais, designados como mercados. Com efeito, a especialização produtiva, e a necessidade de recorrer à troca para vender os excedentes do bem produzido, tornou premente a organização de mercados para esses produtos, nomeadamente para permitir concentração da informação entre todos os interessados em vender e adquirir os produtos e, desse modo, tornar possível a satisfação das intenções de todos os intervenientes nessas actividades (intenções que têm a ver, simplesmente, com o desejo de vender uma determinada quantidade de um bem ou, do outro lado, com o desejo de comprar uma dada quantidade de um bem). Hoje, usamos a expressão economia de mercado para referir uma sociedade em que a população se especializa em actividades produtivas e satisfaz as suas necessidades através de trocas no mercado. O processo de especialização produtiva é acompanhada pela consolidação da troca como actividade nuclear no funcionamento da economia. As pessoas que produzem um, ou poucos, bem(ns) e serviço(s), têm necessidade de recorrer a outros mercados para, em troca dos seus excedentes, obter bens e serviços que necessitam e não produzem. Quando as trocas se tornam mais exigentes em número e qualidade, a troca directa revela múltiplas dificuldades (desde logo as que derivam da não existência de um equivalente geral que sirva de unidade de valor por forma a tornar consistentes os valores propostos por compradores e vendedores). Neste sentido, a existência de um meio de troca universalmente aceite, a moeda, veio simplificar significativamente as trocas e a especialização, acelerando a possibilidade de se efectuarem transacções na economia. A especialização, em termos globais, tem sido acompanhada por um processo de grande desenvolvimento (ou progresso) técnico que tem tornado mais eficientes a agricultura e a indústria e que, historicamente, tem aprofundado a especialização até níveis mais finos, quanto à estrutura de tarefas. Assim, no processo de produção de um dado bem ou serviço, cada processo de trabalho é dividido numa série de tarefas repetitivas em que cada trabalhador se especializa apenas num estádio da produção: é a chamada divisão do trabalho. É curioso notar que, actualmente, certas profissões (a ideia de “profissão” é um produto do processo histórico de especialização produtiva), em que o trabalhador faz todo o seu trabalho em casa, se aproximam, contudo, das situações dos artesãos que desenvolviam todas as tarefas e estádios da produção de um dado bem. Há, igualmente, formas de organização do trabalho interessantes em que cada trabalhador desenvolve apenas um estádio mas conhece todos os diferentes estádios da produção e pode mudar ou ajudar os colegas, a qualquer momento (“lean production”, no Japão) e satisfazer um dos actuais imperativos da economia do trabalho no sentido da disseminação de uma maior flexibilidade de gestão das tarefas e do tempo de trabalho, como métodos de reivenção

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de maiores produtividades e, logo, maior competitividade das actividades nos respectivos mercados. Em resumo: as modernas economias de mercado estão baseadas na especialização e divisão de trabalho e na necessidade de troca de bens e serviços. A troca tem lugar em mercados e é facilitada pelo uso da moeda. A microeconomia, como ramo da Ciência Económica, ocupa-se, em grande medida, de saber como se processam e coordenam as intenções e decisões independentes dos indivíduos nos mercados de bens e serviços, como agentes intervenientes nesses mercados. 4.2. — Os Agentes A afectação de recursos refere-se à utilização concreta dos factores de produção disponíveis entre os seus possíveis diferentes usos. Como é feita esta afectação? Quem a faz? Numa economia de mercado a afectação de recursos é o resultado de um infindável número de decisões independentes feitas pelos agentes consumidores individuais e agentes produtores individuais, todos (inter)agindo através dos múltiplos mercados de bens e serviços. Na maior parte das economias modernas, as decisões são tomadas por milhares de indivíduos, de um lado e doutro de múltiplos mercados. Por outro lado, para além dos produtores (empresas) e dos consumidores (famílias, ou agregados domésticos privados), intervém na Economia um outro importante agente — o Estado (governo). Como sabemos, o Estado tem a faculdade de intervir na economia de diversas formas. Por exemplo, o seu poder coercivo de cobrança de impostos, incidentes sobre um conjunto de fenómenos económicos, é porventura uma das mais significativas actividades económicas do Estado. Muito resumidamente, e apenas para nos referirmos ao conjunto mais importante de impostos existentes na economia, o Estado cobra impostos directos sobre os rendimentos dos agentes económicos (famílias e empresas) e cobra impostos indirectos sobre as transacções de bens e serviços na economia. Mas o Estado também se relaciona com as famílias e empresas através de transferências — basta pensar, por exemplo, nas prestações sociais pagas, por diversos motivos, às famílias, pelo sistema de segurança social ou a atribuição, em relação às empresas, de alguns subsídios concedidos para promover determinada produção para satisfazer determinado objectivo social (por exemplo, subsídio à produção de lotes de leite para distribuição à população escolar básica de todo o território). Para fazer um estudo sistemático da complexidade de fluxos e de relações económicas potenciais entre os diferentes agentes agregados de forma mais tratável, os economistas costumam categorizar três agentes agregados: famílias (ou agregados domésticos privados), empresas e Estado (ou governo) a que se deve juntar, ainda, o Exterior, considerando que, hoje, todos os Estados-nação têm uma economia aberta ao exterior e, em resultado disso, uma parte considerável da actividade económica dos agentes residentes mantém relações e fluxos económicos com outros agentes do exterior. Na figura representada na página seguinte, podemos ter uma ideia simplificada da

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representação da complexa teia de relações entre os agentes agregados de uma economia, evidenciando os principais fluxos que caracterizam as suas relações — um diagrama conhecido na literatura como o “circuito económico”. Encontramos representado no diagrama os três agentes agregados referidos. Caracterizemos um pouco melhor o significado de cada um dos agentes agregados referidos na figura.

Estado (Governo): No sentido geral, o Estado inclui todas as administrações, agências e corpos do governo e outras organizações, directa ou indirectamente, sob controle do Estado ou das administrações locais. Um dos seus principais papeis na economia tem a ver, como já vimos, com a capacidade de cobrança coerciva e legal de impostos. Em face disso, a existência de Estado representa um terceiro interveniente, para além de compradores e vendedores, no funcionamento dos mercados (de bens e serviços e de trabalho) e, em consequência, na formação dos preços vigentes nos diversos mercados (por via da sua influência ao nível dos impostos indirectos, que recaem sobre a transacção de bens e serviços). Não é fácil fazer uma listagem completa das várias funções do Estado (governo), mas é importante ter uma ideia geral da acção do governo, em geral, de coordenação económica, mas também de actividade produtiva, bem como da forma como exerce o poder legal e político e a capacidade de exercer, directa, ou indirectamente, algum controlo sobre as decisões dos indivíduos enquanto cidadãos e agentes económicos. O Estado não actua sempre de forma consistente: quer porque há vários níveis de conflitualidade na escala espacial da decisão: local/ regional/ nacional, quer porque os objectivos dos diferentes grupos que constituem a administração

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(funcionários públicos, legisladores, executivos, burocratas, etc.) são diferentes quer ainda porque existem grupos de pressão (lóbis) que têm algum poder de influência sobre a natureza das decisões das instâncias de poder público. Note-se, em especial, a importância do ciclo político electivo na tomada de decisões de grande parte destes grupos, especialmente aqueles cuja permanência no poder está dependente dos resultados eleitorais. Exterior: representa o “agente” agregado não residente com o qual agentes residentes — essencialmente as famílias e as empresas — mantêm fluxos económicos relevantes, quer nos mercados de produto (bens e serviços) quer relativamente ao mercado de trabalho. Em resumo: três grupos de agentes residentes tomam as decisões relevantes (famílias, empresas e Estado (governo)) e interagem entre si em múltiplos mercados. Por outro lado, enquanto as famílias procuram maximizar a sua utilidade no consumo de bens e serviços, as empresas procuram maximizar os seus lucros. O Estado, consoante o carácter da sua intervenção no funcionamento da economia, tem objectivos diversos.