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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social ROSIANE SIMONE MORO MENSURAÇÃO DE RESULTADOS EM REVISTAS CUSTOMIZADAS Uma análise de métricas e metodologias São Bernardo do Campo, 2018

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E

HUMANIDADES

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

ROSIANE SIMONE MORO

MENSURAÇÃO DE RESULTADOS EM REVISTAS

CUSTOMIZADAS

Uma análise de métricas e metodologias

São Bernardo do Campo, 2018

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E

HUMANIDADES

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

ROSIANE SIMONE MORO

MENSURAÇÃO DE RESULTADOS EM REVISTAS

CUSTOMIZADAS

Uma análise de métricas e metodologias

Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências

do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da

Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção

do grau de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias

Co-orientadora: Prof. Dra. Valéria de Siqueira Castro Lopes

São Bernardo do Campo, 2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

M828m Moro, Rosiane Simone

Mensuração de resultados em revistas customizadas: uma

análise de métricas e metodologias / Rosiane Simone Moro.

2018.

145 f.

Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) --Escola

de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade

Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2018.

Orientação de: Luiz Alberto de Farias.

Coorientação de: Valéria de Siqueira Castro Lopes.

1. Revistas customizadas 2. Conteúdo de marca 3.

Comunicação empresarial I. Título.

CDD 302.2

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A dissertação de mestrado sob o título “Mensuração de resultados em revistas

customizadas: uma análise de métricas e metodologias”, elaborada por Rosiane Simone

Moro foi defendida e aprovada em 30 de outubro de 2018, perante a banca examinadora

composta pelos professores Dr. Luiz Alberto de Farias (Universidade Metodista de São

Paulo), Dra. Valéria de Siqueira Castro Lopes (Universidade de São Paulo) e Dr. Roberto

Chiachiri (Universidade Metodista de São Paulo).

Declaro que o(a) autor(a) incorporou as modificações sugeridas pela banca examinadora, sob

a minha anuência enquanto orientador(a), nos termos do Art.34 do Regulamento dos Cursos

de Pós-Graduação.

___________________________________________

Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias

São Bernardo do Campo, 21 de janeiro de 2019.

___________________________________________

Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias

Coordenador do Programa de Comunicação Social

da Universidade Metodista de São Paulo

Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social

Área de concentração: Processos Comunicacionais

Linha de Pesquisa: Comunicação Institucional e Mercadológica

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Ao meu querido pai, que não pôde esperar.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, professor Luiz Alberto de Farias, pelos ensinamentos, conselhos

acolhimento e compreensão neste fim de jornada. E, principalmente, por me mostrar que a

pesquisa e a vida pessoal podem e devem conviver harmoniosamente.

À minha co-orientadora, professora Valéria de Siqueira Castro Lopes, por me receber de

braços abertos, pela análise crítica, pelas ótimas ideias e excelentes discussões sobre

mensuração de resultados.

Ao meu primeiro orientador, Wilson da Costa Bueno, pelo carinho e por me encorajar a

seguir em frente mesmo diante das maiores dificuldades.

À professora Marli dos Santos pela paciência em orientar e guiar meu retorno ao mundo

acadêmico.

Ao professor Kleber Markus (in memoriam) por incentivar minha pesquisa, pelas inúmeras

cobranças, pelas doces críticas aos meus artigos e humor impagável.

Aos meu colegas de jornada que sempre me presentearam com conselhos, ótimas conversas,

troca de experiências e ombro amigo: Katia Bizan, Katia Perez, Valeria Amoris, Fabiana

Moreira, Carlos Ferreira, Valmir Araujo, Vinicius Ferraz, Isabel Marques Meo, Cleide

Rodrigues, Barbara Melo, Rafael Martins e Jessica Collado.

Ao meu marido, Sidnei Henrique, e o meu filho, Rafael Moro Henrique, pelo

companheirismo, amor e por suportarem minha falta de tempo, meu cansaço e meu desespero

na finalização do trabalho.

Às amigas de longa data Raquel Alves e Regina Ramoska pelo apoio incondicional e por

doarem tempo e atenção para discutir, aconselhar e revisar os meus textos.

À minha irmã Maria Angélica Moro, por me fazer entrar de cabeça nessa jornada e aplacar

minhas incertezas em relação ao mundo acadêmico. Sem ela, esse trabalho jamais teria

existido.

À minha irmã Edileuza Célia Moro Rezende, por sempre incentivar, ajudar e apoiar as minhas

iniciativas e, principalmente, me substituir nos difíceis momentos em que não pude estar

presente.

À minha irmã Neuza Aparecida Moro Prado, que mesmo distante e extremamente ocupada,

sempre se dispôs a ajudar.

Ao meu cunhado João Massucci, por garimpar todos os livros e artigos que eu nunca

encontrava.

Às editoras e jornalistas por abrirem as portas e compartilharem suas experiências para a

minha pesquisa de campo.

Ao CNPq por acreditar no tema da minha pesquisa e proporcionar a minha formação.

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Você nunca sabe que resultados virão da sua ação.

Mas se não fizer nada, não existirão resultados

(Mahatma Gandhi).

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MORO, Rosiane Simone. Mensuração de resultados em revistas customizadas: uma

análise de métricas e metodologias. 2018. 145 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação

Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.

RESUMO

O aumento da produção de conteúdo pelas empresas e a crescente busca dos profissionais de

comunicação pela comprovação de resultados fez surgir no mercado a necessidade de maior

conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação se propõe a analisar o processo

de mensuração e avaliação em revistas customizadas com o objetivo de reunir métricas e

metodologias que possam ser usadas no dia a dia pelas editoras. O percurso metodológico

utilizado foi dividido em três partes. A primeira apresenta a revisão de literatura por meio de

pesquisa bibliográfica com o intuito de reunir os métodos de mensuração propostos por

pesquisadores das áreas de marketing, comunicação e relações públicas. A segunda parte traz

uma pesquisa de campo de natureza qualitativa, por meio de estudo exploratório e entrevistas

semiestruturadas realizadas com seis editoras brasileiras. Na terceira parte foi realizado um

estudo documental para averiguar o processo de mensuração de 35 revistas customizadas

produzidas na Inglaterra. Os resultados demonstram que as editoras brasileiras ainda não

incorporaram a mensuração de resultados em suas atividades, desconhecem as métricas e não

possuem profissionais especializados no assunto. Já as editoras inglesas encontram-se em um

estágio mais avançado: realizam a mensuração com regularidade, porém utilizando pouca

variedade de métricas.

Palavras-chave: Revistas customizadas. Métricas. Mensuração e avaliação de resultados.

Conteúdo de marca. Comunicação empresarial.

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ABSTRACT

The increase in content marketing production by companies and the increasing search of

communication professionals for the proof of results have raised the need for more knowledge

regarding measurement techniques. This dissertation proposes to analyze the process of

measurement and evaluation in custom publishing with the objective of gathering metrics and

methodologies that can be used day by day by publishers. The methodology used was divided

in three parts. The first one presents literature review through a bibliographical research with

the purpose of gathering the methods of measurement proposed by researchers in marketing,

communication and public relations areas. The second part presents a field research

of qualitative nature, through a exploratory study and semi-structured interviews with six

Brazilian publishing houses. In the third part, a documentary study was carried out to

investigate the measurement process of 35 custom magazines produced in England. The

results show that the Brazilian publishers haven’t incorporated the measurement of results in

their activities, aren’t aware of the metrics and don’t have professionals specialized in the

subject. The English publishers are in a more advanced stage: they carry out the measurement

regularly, but using little variety of metrics.

Keywords: Custom publishing. Metrics. Measurement and evaluation of results. Branded

content. Business communication.

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RESUMEN

El aumento de la producción de contenido de marca por las empresas y la creciente demanda

de los profesionales de comunicación por la comprobación de resultados hizo surgir en el

mercado la necesidad de mayor conocimiento sobre las técnicas de medición y evaluación.

Esta disertación se propone analizar el proceso de medición y evaluación en revistas

personalizadas con el objetivo de reunir métricas y metodologías que puedan ser usadas en el

día a día por las editoriales. El recorrido metodológico utilizado fue dividido en tres partes. La

primera presenta la revisión de la literatura por medio de investigación bibliográfica con el

propósito de reunir los métodos de medición y evaluación propuestos por investigadores de

las áreas de mercadeo, comunicación y relaciones públicas. La segunda parte trae una

investigación de campo de naturaleza cualitativo, por medio de estudio exploratorio y de

entrevistas semi-estructuradas realizadas con seis editoriales brasileñas. En la tercera parte se

realizó un estudio documental para averiguar el proceso de medición de 35 revistas

personalizadas producidas en Inglaterra. Los resultados demuestran que las editoriales

brasileñas aún no incorporaron la medición de resultados en sus actividades, desconocen las

métricas y no poseen profesionales especializados en el tema. Las editoriales inglesas se

encuentran en un estadio más avanzado: realizan la medición con regularidad, pero utilizando

poca variedad de métricas.

Palabras clave: Publicación personalizada. Métricas. Medición y evaluación de resultados.

Contenido de marca. Comunicación empresarial.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 1: Capas revista Souza Cruz .................................................................................. 25

Imagem 2: Miolo revista Souza Cruz .................................................................................. 25

Imagem 3: Capa nova edição revista Souza Cruz ............................................................... 26

Imagem 4: Capas revista Colors sobre Aids, religião e raça .............................................. 28

Imagem 5: Capas Rev. Nacional ........................................................................................

Imagem 6: Capas revista S/Nº ...........................................................................................

Imagem 7: Capa revista 3 .................................................................................................

30

30

31

Imagem 8: Capa revistas Living, O e Ronnie Von ............................................................. 32

Imagem 9: Capas revistas Airbnb, Think Quaterly (Google) e Grow (Facebook) ............. 33

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Objetivos da comunicação ............................................................................... 51

Quadro 2: Plataformas comuns de comunicação .............................................................. 53

Quadro 3: Etapas e funções do planejamento estratégico em comunicação .................... 54

Quadro 4: Modelo Yardstick ............................................................................................ 68

Quadro 5: Quadro de avaliação integrada ........................................................................ 74

Quadro 6: Métricas de avaliação e mensuração ............................................................... 77

Quadro 7: Avaliação de aderência ................................................................................... 79

Quadro 8: Plataforma de ativação .................................................................................... 79

Quadro 9: Avaliação de conteúdo ..................................................................................... 80

Quadro 10: Escala comum de cinco pontos ...................................................................... 83

Quadro 11: Técnicas de amostragem ................................................................................ 93

Quadro 12: Relação de casos de editoras inglesas ............................................................ 117

Quadro 13: Relação de métricas das editoras inglesas ..................................................... 125

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo administrativo .................................................................................. 48

Figura 2: Novo modelo do processo administrativo ...................................................... 49

Figura 3: Processo de planejamento de relações públicas e interconexões ................... 50

Figura 4: Modelo de Curta Duração ............................................................................... 69

Figura 5: Modelo Contínuo ............................................................................................ 70

Figura 6: Princípios de Barcelona e versão 2.0 .............................................................. 72

Figura 7: Etapas do processo de mensuração ................................................................. 73

Figura 8: Fórmula CPPA ................................................................................................ 78

Figura 9: Hierarquia dos efeitos ..................................................................................... 81

Figura 10: Fórmula NPS ................................................................................................ 83

Figura 11: Fórmula margem unitária ............................................................................. 84

Figura 12: Fórmula ponto de equilíbrio ......................................................................... 84

Figura 13: Fórmula vendas baseadas no lucro ............................................................... 85

Figura 14: Fórmula taxa de experimentação .................................................................. 85

Figura 15: Fórmula de aquisição e retenção ................................................................... 86

Figura 16: 7 dimensões do RepTrak® ........................................................................... 90

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABERJE – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

ABRAPCORP – Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e

Relações Públicas

AMEC – Internation Association for Measurement and Evaluation of Communication

ANATEC – Associação Nacional de Editores de Publicações Técnicas Dirigidas

Especializadas

ANER – Associação Nacional de Editores de Revistas

CEACOM – Centro de Estudo de Avaliação e Mensuração em Comunicação e Marketing

CIPR – Chartered Institute of Public Relations

CMA – Content Marketing Association

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CPM – Custo por mil

CPPA – Custo por Público Ponderado Atingido

CRM – Customer Relationship Management

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICCO – International Communications Consultancy Organziation

IPR – Institut for Public Relations

IVC – Instituto Verificador de Comunicação

KPI – Key Performance Indicator (Indicadores-Chave de Desempenho)

NPS – Net Promoter Score

OTS – Opportunty to See (Oportunidade de contato)

PII – Modelo de Percepção, Implementação e Impacto

Pnad C – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

PRCA – Public Relations Communications Association

PRSA – Public Relations Society of America

ROI – Retorno sobre Investimento

RP – Relações Públicas

SOPCOM – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16

1. REVISTAS CUSTOMIZADAS ................................................................................. 21

1.1 Breve histórico das publicações customizadas ........................................................... 21

1.2 Emoção, consumo e comunidade ............................................................................... 34

1.3 Conteúdo de marca x publicidade .............................................................................. 40

2. A AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS NO CONTEXTO

ORGANIZACIONAL ....................................................................................................

44

2.1 Delimitação de conceitos ............................................................................................ 45

2.2 Interface com a administração .................................................................................... 48

2.3 Interface com o marketing .......................................................................................... 51

2.4 Interface com a comunicação ..................................................................................... 52

2.5 Interface com a economia e finanças .......................................................................... 55

3.TEORIA E PRÁTICA DA AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE

RESULTADOS ...............................................................................................................

58

3.1 A demanda pela mensuração ...................................................................................... 60

3.2 A concepção das métricas ........................................................................................... 64

3.3 A contribuição de relações públicas ........................................................................... 65

3.3.1Quadro de avaliação integrada .............................................................................. 71

3.4 O viés do marketing .................................................................................................... 75

3.4.1 Foco na aplicação .................................................................................................. 81

3.5 Métricas intangíveis .................................................................................................... 88

3.6 Pesquisa de opinião e marketing ................................................................................. 91

3.7 Analisando as métricas ............................................................................................... 94

4. PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................ 96

4.1 Metodologia de pesquisa ............................................................................................ 96

4.2 Amostragem da pesquisa ............................................................................................ 99

4.3 Pesquisa editoras brasileiras ....................................................................................... 101

4.3.1 Conclusões editoras brasileiras ............................................................................. 113

4.4 Pesquisa editoras inglesas ........................................................................................... 116

4.4.1 Conclusões editoras inglesas................................................................................ 125

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 128

CONSTRIBUIÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ............................................... 131

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 132

APÊNDICE A .................................................................................................................. 139

ANEXO A ........................................................................................................................ 140

ANEXO B ........................................................................................................................ 143

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INTRODUÇÃO

Diante da multiplicidade de canais de comunicação e a crescente disseminação de

informações está cada vez mais difícil para as empresas se destacarem no meio da multidão e

atraírem a atenção do consumidor. A publicidade tradicional não funciona mais, o ambiente

digital é dispersivo, e-mail e mala direta vão para o lixo sem serem abertos e os clientes não

querem mais perder tempo com conteúdos meramente comerciais. Em um cenário de

complexo acesso ao consumidor, as revistas customizadas acabaram ganhando

representatividade e várias empresas investiram pesado na produção de títulos próprios.

Em tempos de economia aquecida, forte lucratividade e verbas fartas, as customizadas

proliferaram por conta do conteúdo atrativo, fotos de primeira qualidade, material gráfico

luxuoso e altas tiragens. Mas bastaram os primeiros sinais de crise para os títulos começarem

pouco a pouco a desaparecer, assim como vários outros produtos de comunicação. Para

liberar as verbas para antigos e novos projetos, as empresas passaram a exigir a comprovação

de resultados e essa nova realidade do mercado trouxe à tona uma problemática que envolve

praticamente toda a produção de conteúdo de marca na atualidade: como justificar a eficácia

de um produto de comunicação.

Apesar de a exigência ser recente, o debate em torno do tema não é novo. É possível

encontrar uma crescente quantidade de estudos, pesquisas, livros e artigos produzidos nos

últimos anos tanto por profissionais de mercado quanto por acadêmicos e pesquisadores. Por

outro lado, mesmo amplamente debatida e pesquisada, a prática da mensuração de resultados

ainda é vista com reservas pelos profissionais de área e conta com vários obstáculos,

principalmente entre os produtores de revistas customizadas. O primeiro deles é a falta de

profissionais com conhecimento no assunto, que saibam explorar a diversidade das métricas e

empregá-las de acordo com as estratégias da publicação. O segundo, é a necessidade de verba

extra, uma vez que qualquer tentativa de quantificação de resultados requer a contratação de

empresas ou especialistas para a sua execução. Em terceiro, está o fato de que os profissionais

de comunicação, principalmente jornalistas, não têm o hábito de apresentar resultados de seus

trabalhos porque muitos dos atributos imputados à atividade são considerados erroneamente

como intangíveis. Soma-se a isso, a inabilidade numérica, que dificulta a compreensão das

métricas advindas das áreas administração, finanças e marketing, e o receio de uma punição,

como demissão ou fim da ação, por conta de resultados negativos, e temos um cenário hostil à

mensuração.

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De nada adianta compor resistências à mensuração. O problema é real e precisa ser

enfrentado cedo ou tarde. E, ao contrário dos que muitos imaginam, a mensuração não é um

modismo passageiro. Exemplos vindos de outros países apontam que a prática é uma

exigência das grandes empresas e não mais uma opção.

Portanto, mostrar os resultados da revista customizada transformou-se em questão de

sobrevivência. De um mercado extremamente aquecido, fomos surpreendidos com títulos

sendo sumariamente cancelados ou com periodicidade e tiragens reduzidas. Outros migraram

integralmente para a versão digital. Sinal de que as empresas enxergam a revista como

despesa ou commodity, além de não compreenderem sua função tática de trazer retorno para a

organização (LUDWIG, 2005, p.171).

O problema não atinge apenas o Brasil. O mercado na Inglaterra, outro foco de estudo

deste trabalho por apresentar uma ampla gama de publicações customizadas e a prática

regular de técnicas de mensuração, também vem registrando baixas. Segundo artigo do diretor

da agência inglesa Cedar Communications, publicado no 4º Relatório da Content Marketing

Association (CMA)1, a quantidade de revistas customizadas em circulação naquele país sofreu

uma queda de 9% entre os anos de 2013 e 2016 e a possível causa para o cancelamento dos

investimentos está na “falta de mensuração e validação em ROMI (Return On Marketing

Investment)”.

É importante reforçar que a queda de produção de revistas customizadas não está

atrelada apenas à dificuldade de mensuração de resultados. O mercado de revistas impressas

em geral têm passado por uma crise e apresenta números cada vez mais inexpressivos2, com

uma redução de 16% registrada em 2017. Em sua tese de doutorado, Crepaldi (2008, p. 24)

apontou que existiam no Brasil 459 títulos auditados pelo Instituto de Verificação de

Circulação (IVC). Dez anos depois, temos apenas 62 títulos3. Situação que pode ser atribuída

aos problemas econômicos do país e também ao crescimento do mundo digital. Segundo

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilados na Pesquisa

1 Associação inglesa que reúne os principais produtores de conteúdo da Inglaterra. Disponível em

<http://effectivenessreport.the-cma.com/report/>. Acesso em: 15 mar. 2018.

2 Apesar da queda geral, revistas crescem em digital. Matéria veiculada no Meio e Mensagem, em 19 de março

de 2018, disponível em <http://www.meioemensagem.com.br/home/ultimas-noticias/2018/03/19/apesar-de-

queda-geral-revistas-crescem-em-digital.html>. Acesso em: 23 abr. 2018.

3 <www.ivcbrasil.org.br/#/auditorias>. Acesso em: 28 jun. 2018.

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Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), em 2016, 116 milhões de pessoas

estavam conectadas à internet no país, ou seja, 64,7% da população acima de 10 anos, o que o

que pode ser o indício do desinteresse por títulos impressos na atualidade.

Entretanto, o que impressiona no caso das revistas customizadas é o fato de a queda de

tiragens, de periodicidade e até de circulação ocorrer justamente no momento em que as

empresas necessitam aumentar o volume de vendas, conquistar novos consumidores e

fidelizar clientes antigos, reforçando a tese de que os empresários as enxergam apenas como

custo para a marca, uma espécie de presente dado aos clientes, que pode ser cortado sem

qualquer prejuízo à lucratividade da organização.

É com o intuito de tentar introduzir as customizadas no universo da mensuração que

realizamos este estudo. Nosso objetivo é reunir métricas de avaliação que possam ser

utilizadas no dia a dia pelas empresas ou editoras de revistas. Não pretendemos, portanto,

incluir na nossa abordagem outros produtos de comunicação; tampouco, avaliar os resultados

da área de comunicação dentro das empresas.

O interesse em lançar um olhar mais aprofundado sobre o tema nasceu de uma

problemática vivenciada pelo próprio pesquisador ao ver o cancelamento de vários títulos

customizados em sua agência de trabalho e também em agências concorrentes, a partir de

2013. De acordo com Deslandes (2009, p. 37), é diante de um problema real advindo da

experiência do pesquisador que surge grande parte dos objetos de pesquisa.

Dessa forma, esta pesquisa pretende responder à seguinte pergunta problema: “Como

avaliar e mensurar os resultados em revistas customizadas?”. O foco do nosso estudo são as

editoras contratadas pelas empresas proprietárias dos títulos, uma vez que são raras as

organizações que editam as publicações internamente. Como ponto de partida tínhamos a

hipótese de que a mensuração de resultados não fazia parte da estratégia de trabalho das

editoras e sequer era considerada no projeto inicial das revistas, sendo feita somente sob a

exigência dos clientes, provavelmente por conta dos custos e do tempo dispendido para a sua

realização.

Nosso objetivo geral era averiguar a existência de métricas aplicáveis à mensuração de

resultados em publicações customizadas, bem como sua aceitação ou formas de resistência

pelas editoras e seus respectivos clientes. E tínhamos com objetivos específicos:

a) Analisar as causas de as editoras de conteúdo de marca não utilizarem técnicas de

mensuração de resultados;

b) Elencar as métricas, no caso de alguma editora utilizar a mensuração como ferramenta

de trabalho;

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c) Pesquisar métricas de mensuração de resultados aplicáveis às revistas customizadas

tanto para objetivos tangíveis quanto intangíveis;

d) Apurar as dificuldades e as vantagens dos processos de mensuração de resultados;

e) Pesquisar métricas de mensuração de resultados utilizadas por editoras na Inglaterra.

A metodologia para o desenvolvimento deste estudo foi composta por diferentes

estratégias, como pesquisa bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental.

Começamos pela pesquisa bibliográfica no intuito de verificar o que foi publicado e estudado

sobre o mensuração em livros e artigos das áreas de comunicação e marketing, além de sites

especializados. A obtenção de embasamento teórico foi fundamental para respaldar o objeto

da pesquisa, elaborar os estudos de campo necessários para a coleta de evidências e facilitar a

análise dos dados apurados, além de contribuir para a construção das reflexões finais do

estudo em questão (ALVES-MAZZOTTI & GEWANDSZNAJDER, 1998, p. 182).

Nossa estratégia metodológica baseia-se na pesquisa qualitativa ancorada em estudo

exploratório associado a entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de seis

editoras brasileiras especializadas na produção de revistas customizadas. A escolha dessa

estratégia deve-se ao fato de que a mensuração de resultados em revistas empresariais é uma

prática relativamente recente e é recomendável o estudo empírico de como as editoras e seus

clientes lidam com essa temática.

A amostra para o estudo empírico foi retirada do ranking das 500 maiores e melhores

empresas do Brasil, divulgada pela revista Exame. Após uma análise das publicações

disponíveis no mercado e a relação de empresas da revista chegamos ao número de 10 títulos,

produzidos por nove editoras, sendo que desse total seis editoras aceitaram o convite para

participar na pesquisa.

Além da pesquisa de campo com as editoras brasileiras, também realizamos uma

pesquisa documental utilizando como base os dados de 207 estudos de caso apresentados no

site da Content Marketing Association. Desse total, conseguimos elencar 35 publicações

customizadas, formando assim o corpus de análise desta segunda fase da pesquisa. A

metodologia completa sobre estudo de campo está exposta no capítulo 4.

Na primeira parte da dissertação, fazemos uma incursão sobre a trajetória das revistas

customizadas, apresentamos como as organizações se apropriaram do vínculo emocional do

objeto revista para criar um relacionamento mais próximo com os clientes e retratamos a

controversa relação entre jornalismo e publicidade, uma linha tênue (ou não!) presente nesse

tipo de produção de conteúdo.

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O segundo capítulo contextualiza o papel das revistas customizadas e a mensuração de

resultados dentro das organizações, mostrando suas relações com as áreas de administração,

marketing e comunicação.

O terceiro capítulo traz um apanhado de métricas de mensuração de resultados

oriundas das áreas de comunicação, marketing e relações públicas. Para construir esse

referencial teórico nos baseamos na experiência do pesquisador para selecionar as métricas

passíveis de utilização na mensuração de revistas customizadas. Entre os autores pesquisados

estão Yanaze, Senise e Freire (2013), Galerani (2006), Farris et al. (2012), Klubeck (2012),

Hubbard (2015) e Almeida (2005).

Por fim, o quarto capítulo contempla nossa metodologia de pesquisa, os resultados da

pesquisa de campo realizada com as seis editoras brasileiras e o estudo documental das 35

revistas customizadas publicadas pelas editoras da Inglaterra. Fechando a dissertação, estão as

considerações finais, a contribuição para pesquisas futuras, apêndice e anexos.

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1. REVISTAS CUSTOMIZADAS

Metade do dinheiro que eu gasto com publicidade é desperdiçado.

O problema é que eu não sei qual metade

(John Wanamaker, varejista americano)

Estudar as revistas customizadas é adentrar em um universo híbrido. Ao optarem pelo

lançamento de um veículo próprio como canal de comunicação com seus clientes, as

empresas acabam incorporando em um único produto várias vertentes das ciências sociais.

Começa essencialmente pelo uso do jornalismo para dar corpo, forma e sustentação à

publicação, agrega os conceitos da comunicação mercadológica para atingir objetivos de

vendas, usa princípios sociológicos para construir o senso de identidade e comunidade com os

leitores e busca na psicologia as estratégias de sedução do consumidor.

Este capítulo foi elaborado com foco na interdisciplinaridade e multifuncionalidade

das revistas customizadas. O objetivo é, antes de entrar nos detalhes da mensuração de

resultados, objeto principal desta pesquisa, mostrar como surgiu a produção de títulos

próprios dentro das empresas, quais são os seus objetivos, a evolução ao longo dos anos e sua

aproximação, jornalisticamente falando, com a mídia de massa. Também serão abordadas as

estratégias racionais e emocionais que fazem com que empresas dos mais variados ramos de

negócios invistam parte de suas verbas de marketing na produção de títulos customizados,

passando pelo consumo e a construção da identidade do cidadão-consumidor.

Por fim, será analisado o contraponto entre a produção jornalística e a produção

publicitária, tema extremamente importante uma vez que as revistas customizadas são vistas

ora sob o viés da comunicação mercadológica, ora sob o viés jornalístico.

1.1 Breve histórico das publicações customizadas

Há tempos as empresas utilizam as mais variadas formas de comunicação para se

relacionar com seus públicos de interesse, impulsionar a comercialização de seus produtos e

serviços e marcar presença na vida dos consumidores. A necessidade de propagar seu discurso

e ter autonomia sobre as mensagens fez com que as organizações investissem parte de suas

verbas na criação de seus próprios veículos de divulgação e apostassem na eficácia das mídias

tradicionais para montar seu portfólio comunicacional, composto, inicialmente, por revistas

customizadas, publicações internas e rádios e TVs corporativas. Com a evolução tecnológica

e a chegada da internet houve também a apropriação do universo digital, ampliando o rol de

mídias com a criação de sites, blogs, podcasts e, mais recentemente, de webséries, além da

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maciça utilização das redes sociais, como Facebook, YouTube, Instagram, Twitter e Snapchat.

Dentro do cenário da produção de conteúdo próprio, as revistas customizadas possuem

papel de destaque, ganhando, inclusive, representatividade no mercado editorial com o

surgimento de editoras voltadas exclusivamente para a produção de conteúdo de marca. Até

gigantes do ramo editorial de massa, como as editoras Globo, Abril, Estado de S.Paulo e

Folha de S.Paulo, só para citar alguns, criaram departamentos específicos para a produção de

conteúdo de marca.

Apesar da representatividade conquistada no mercado, o volume de revistas

customizadas em circulação não é estatisticamente contabilizado no Brasil. Nem mesmo as

associações de classe, como a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), a

Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a Anatec (Associação Nacional de

Editores de Publicações Técnicas Dirigidas Especializadas), a Abrapcorp (Associação

Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas) e o próprio

IVC (Instituto Verificador de Comunicação) possuem dados sobre o segmento. Rego (1984,

p. 29) observa que a quantificação de títulos empresariais sempre foi um problema do setor,

tendo a Aberje investido várias frentes nessa empreitada entre os anos de 1967 e 1975, porém

todas sem sucesso.

Mesmo sem números específicos é possível afirmar empiricamente, após uma visita

aos sites das editoras nacionais, que o segmento de revistas customizadas possui uma

variedade de títulos em circulação, sendo boa parte deles lançados entre os anos 1980 e 2015.

A eclosão dessas publicações pode até ser recente, mas a iniciativa não. A trajetória das

revistas customizadas no Brasil está intrinsecamente relacionada ao crescimento da

comunicação organizacional, surgida no início dos anos 1900 com publicações voltadas para

o público interno, porém massificadas a partir dos anos 1940 por conta da industrialização e

aumento da capacidade de produção da imprensa (REGO, 1984, p. 27), dando origem ao que

hoje é entendido como jornalismo empresarial. Kunsch (2003, p. 168) define o jornalismo

empresarial como uma “subárea da comunicação organizacional”, que “forma, com relações

públicas e propaganda, o tripé clássico das informações sobre as organizações”. E mostra que

a trajetória das publicações empresariais começa com simples boletins até chegar à atual

produção de revistas sofisticadas, que “constituem hoje ferramenta de primeira grandeza das

organizações, nos Estados Unidos, na Europa, em todo lugar, e mesmo nos países socialistas”.

Apesar de o histórico da comunicação organizacional mostrar que as publicações

empresariais surgiram com foco no público interno, esse segmento não será abordado nesta

pesquisa. Aqui, iremos tratar apenas das publicações, mais especificamente das revistas,

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voltadas para o público externo. Segundo Fischer (2013, p. 30), as publicações corporativas

existem no Brasil desde o século XIX. “O Velocípede, da Casa Comercial Bazar 65, na Bahia,

lançada em 1875 é a pioneira no país [...]. Em 1904, surgiu a Antarctica Ilustrada, uma

revista semanal, literária, comercial e esportiva editada pela cervejaria Antarctica”. Como não

existem mais exemplares disponíveis para consulta, não é possível fazer uma análise sobre o

conteúdo dessas publicações, nem saber se possuíam viés meramente publicitário ou os

objetivos de comunicação das customizadas da atualidade, que é levar informação,

entretenimento e o posicionamento de marca das empresas que representam, como observa

Marques, em artigo apresentado no V SOPCOM Comunicação e Cidadania, em Portugal:

As chamadas revistas customizadas são publicações de circulação direcionada,

cujo objetivo principal é cativar o público externo (nomeadamente os clientes e

consumidores) a partir da oferta de conteúdos informativos e de entretenimento,

sem apelar ostensivamente para divulgação da marca da empresa (é preciso levar

em conta que elas não podem funcionar como catálogos de venda). O maior

segredo dessas publicações está justamente no fato de jamais escamotearem o fato

de estarem subordinadas aos interesses de marketing das marcas e/ou empresas que

representam – ao mesmo tempo em que procuram fazer uma divulgação indireta do

espírito e dos valores que essas empresas e marcas procuram defender em seus

nichos de mercado (MARQUES, 2007, p. 342).

Outra boa explicação do que é um título customizado vem dos pesquisadores alemães

Denner, Koch e Himmelreich (2017, p. 2). Segundo eles, as revistas customizadas são

publicações de empresas usadas como ferramenta de comunicação com os clientes,

apresentadas com estilo jornalístico, publicadas periodicamente e, em geral, distribuídas

gratuitamente. Além disso, são produzidas por uma equipe interna ou por editoras

contratadas, sendo que algumas ainda possuem versões online ou aplicativos. São editadas

com o objetivo de estabelecer e fortalecer os laços com os clientes, divulgar interesses

próprios, construir uma imagem positiva da organização e influenciar a opinião dos leitores a

favor da empresa.

Os estudos e a literatura disponíveis sobre as revistas customizadas são tão raros que é

comum encontrar classificações errôneas sobre o tema até mesmo em livros. Alguns

exemplos: são publicações feitas para circular apenas em um evento, tratam apenas de um

assunto, não possuem periodicidade. Na prática, encontramos o oposto. As customizadas

possuem periodicidade regular e trazem assuntos variados desde que foram criadas. Prova

disso é a edição da revista Souza Cruz, um dos primeiros títulos customizados do mercado

brasileiro. Recentemente, a publicação teve seus exemplares compilados em uma antologia

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dividida em fascículos temáticos e disponibilizados para leitura na internet4, com direito à

exposição e patrocínio do Governo Federal, via Lei Rouanet. A publicação, editada de 1916 a

1935, teve 211 edições e atingiu a tiragem de 70 mil exemplares, portanto, merece destaque

neste estudo justamente por apresentar um formato bastante parecido com as publicações

atuais. Criada por Albino Souza Cruz, fundador da maior empresa de tabaco da América

Latina, o conteúdo da revista, de acordo com o editorial da primeira edição datada de 30 de

novembro de 1916, contemplava os mais diversos assuntos: “artes, ciência, literatura,

indústria, comércio, estatísticas, entretenimentos infantis, conselhos de economia doméstica,

advertências de elegância e de moda”. Em relação ao público-alvo não fazia muita distinção

entre os leitores, sendo indicada para o “sábio e o operário, a dona de casa e as crianças”5 .

Os textos assinados por renomados escritores da época, como Manuel Bandeira, Olavo

Bilac, Cecília Meireles e Augusto dos Anjos, e ricamente ilustrados por artistas famosos,

como Di Cavalcanti, traziam conteúdo e design gráfico bem similar às revistas culturais de

massa da época, como a Careta, Selecta, Fon Fon, Cigarra e Revista da Semana. Também era

comum a inserção de anúncios, não só da empresa patrocinadora, mas de segmentos diversos.

Assim, é possível ver nas páginas da Souza Cruz publicidade da Ford, produtos de beleza e de

moda, máquinas e equipamentos e até medicamentos, como o icônico Elixir de Nogueira,

Salsa, Caroba e Guaiaco, que curava desde espinhas e inflamações no útero até dores no peito

e tumores nos ossos.

A temática do cigarro aparece ostensivamente nas capas, às vezes com a reprodução

literal das embalagens ou “encaixadas” dentro de outras ilustrações. No miolo, os maços de

cigarro saltam sem o menor critério entre os blocos de texto, não importando o assunto

retratado, podendo ser um conto de Manuel Bandeira ou um artigo sobre os direitos das

mulheres.

4 Dividida em sete fascículos, a antologia está disponível no site <www.revistasouzacruz.com.br>. Acesso em:

15 ago. 2017.

5 Disponivel em <http://www.revistasouzacruz.com.br/primeira-edicao/>, p. 13. Acesso em: 15 ago 2017.

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Imagem 1: Capas revista Souza Cruz

Fonte: site <www.revistasouzacruz.com.br>

Imagem 2: Miolo revista Souza Cruz

Fonte: site <www.revistasouzacruz.com.br>

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Como a coletânea não reúne todos os exemplares editados nos 19 anos de existência

da publicação, não é possível afirmar se o seu conteúdo editorial fazia apologia ao fumo. Há,

porém, na primeira edição um artigo em formato de manifesto contra uma emenda

apresentada no Senado para acabar com o monopólio do cigarro praticado pela Souza Cruz.

Como a data da emenda refere-se a 1917, é provável que a empresa tenha lançado a revista

como uma espécie de porta-voz contra tal movimento. Vale ressaltar que há claramente outros

objetivos de comunicação embutidos na publicação. Conhecido como um amante das artes e

da literatura, Albino Souza Cruz utilizou a publicação para reunir suas maiores paixões e, ao

divulgar esses movimentos artísticos, fez da revista um importante retrato da sociedade

brasileira da época, principalmente porque as edições acompanharam um momento crucial da

cultura do país: a Semana de Arte Moderna.

Para comemorar o aniversário de 115 anos, a Souza Cruz lançou, em abril de 2018,

uma edição especial da revista para apresentar o novo posicionamento da marca, que celebra

as diferenças e a pluralidade cultural. O conteúdo foi pautado na diversidade sexual, cultural,

de gênero, de raça e de religião, servindo de sustentação ao novo slogan da marca: A

diferença faz a gente. E a gente faz a diferença.

Imagem 3: Capa nova edição revista Souza Cruz

Fonte: site <www.revistasouzacruz.com.br>

Mesmo com viés publicitário e interesses comerciais intrínsecos, as revistas

customizadas possuem também essência educativa. No mercado internacional, o título

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customizado de maior relevância é o The Furrow , lançado em 1895 e editado até hoje, ou

seja, soma mais de 120 anos em circulação (HEITLINGER, 2016, p.23; PULIZZI, 2016, p.

14; NIEKERK, 2018, p. 1). A publicação financiada pela fabricante de máquinas agrícolas

John Deere nasceu com o objetivo de ensinar os fazendeiros a terem maior rentabilidade no

campo e chegou a alcançar, segundo matéria veiculada no site contently.com6, 4 milhões de

consumidores em 1912, volume tão representativo que motivou a empresa a comprar sua

própria rotativa para imprimir a publicação. Revolucionário para a época, o equipamento

imprimia em duas cores e tinha capacidade para tirar 50 mil exemplares em apenas oito horas.

Atualmente, a publicação possui tiragem de 1,5 milhão de exemplares, é distribuída para 40

países e traduzida para 14 idiomas.

Outra marca que se apropriou das publicações customizadas para difundir o uso de

seus produtos foi a americana Jell-O, fabricante de gelatina. A revista trazia várias receitas e

tinha o claro objetivo de transformar um produto simplório e sem apelo gourmet em uma

sofisticada sobremesa no início dos anos 1900 (HEITLINGER, 2016, p. 26). Clássico também

é o exemplo do Guia Michelin, que apesar de ter um formato diferenciado atualmente, pode

ser considerado em sua origem como uma publicação customizada, sendo que

logo na primeira página, revelava o seu objetivo: ‘este livro tenta fornecer aos

motoristas que viajam pela França informações úteis sobre os serviços de

assistência técnica e de reparação para o seu automóvel, além de informação sobre

onde encontrar alojamentos, restaurantes e serviços, como os de correio, telégrafo

ou telefone’. Mas, ao mencionar a frase: ‘Este guia nasceu com o século e durará

tanto quanto ele’, nem mesmo os seus criadores – os irmãos André e Edouard

Michelin – imaginariam que o Guia Michelin se tornaria a mais respeitada e temida

referência mundial em gastronomia – disponível, atualmente, em 13 versões, que

cobrem 21 países (HEITLINGER, 2016, p. 34).

Na lista de publicações customizadas de relevância mundial não pode faltar menção à

Colors7, produzida pela marca italiana Benetton e editada desde 1991 com o intuito de firmar

o posicionamento questionador da empresa por meio de conteúdo editorial polêmico. Com o

slogan “Uma revista que fala sobre o resto do mundo”, Colors rompeu com o conceito de

revista customizada ao abordar assuntos controversos, como racismo, religião, aborto,

homossexualidade, Aids, guerra, violência, miséria e fanatismo, temas geralmente evitados

por publicações de marca. Editada pelo fotógrafo Oliviero Toscani e pelo designer gráfico

6 Site: <www.contently.com/strategist/2013/10/03/the-story-behind-the-furrow-2/>. Acesso em: 15 ago. 2017. 7 Disponível em <http://www.colorsmagazine.com/about/>. Acesso em: 18 ago. 2017.

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Tibor Kalman, o periódico também se destacava pelo layout inovador e imagens marcantes. A

edição número 13, por exemplo, foi produzida sem palavras em uma espécie de tributo à

Kalman, logo após a sua morte. Teve também uma edição com a capa em braile, miolo em

preto e branco e textos gravados em CD para abordar a temática da cegueira.

A publicação chegou a ser “considerada um dos 25 objetos de design mais importantes

do mundo, pelo London Design Museum e incluída na lista de melhores revistas de todos os

tempos, da Good” (HEITLINGER, 2016, p. 12). Atualmente, a Colors não possui mais sua

versão impressa, apenas uma edição online feita de forma colaborativa, com textos e fotos

enviados pelos próprios autores. A publicação que se intitulava nômade, sendo cada exemplar

produzido em um canto do mundo, hoje é editada dentro da Fabrica, importante centro de

pesquisa de comunicação mantido pela Benneton, em Treviso, na Itália.

Imagem 4: Capas revista Colors sobre Aids, religião e raça

Fonte: <www.colorsmagazine.com>

A falta de memória sobre as publicações customizadas no Brasil é um dos maiores

obstáculos para os pesquisadores do tema. Nem mesmo as publicações que se determinaram a

resgatar a trajetória das revistas no país reuniram material histórico relevante. Em A revista no

Brasil, livro comemorativo do cinquentenário da editora Abril no país, as revistas

empresariais sequer são citadas no conteúdo, apesar de duas delas terem suas imagens

reproduzidas na publicação: uma é a primeira edição da revista Souza Cruz, sob a temática de

revistas culturais (p.114); e a outra é a revista da Goodyear (p.135), exemplificando as boas

soluções visuais de capas de revistas. Já no livro História revista, produzido pela ANER em

alusão aos 25 anos da entidade (1986 a 2011), aparecem algumas customizadas entre os

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lançamentos apontados ano a ano na edição, como as revistas Ícaro (Varig), TAM, Bunge,

Santista, Almanaque Fantástico, Cyrela, Charlô, Centauro, Fapesp, entre outras, mas sem

qualquer referência sobre o aquecimento desse mercado, sua forma de produção ou conteúdo.

Diante da falta de registros sobre as publicações, é possível deduzir que há um grande

intervalo de tempo entre os registros das primeiras customizadas no Brasil e a proliferação

dessas publicações a partir dos anos 1980. Datam dessa época duas importantes revistas que

merecem distinção pelo requinte editorial e, principalmente, por impulsionarem o boom das

customizadas na década seguinte: a primeira é a revista da Goodyear, editada por cinco anos e

com produção editorial de primeira linha, com destaque para os textos e imagens de

jornalistas e fotógrafos renomados. A segunda é a revista Ícaro, da Varig, primeira revista de

bordo do país, editada pela RMC por longos 23 anos (FISCHER, p. 6).

Ao analisar o montante de publicações customizadas surgidas a partir da década de

1990 é possível destacar a presença de reportagens especiais produzidas por um time de

profissionais renomados no mercado editorial, fato raro na época até para a imprensa

tradicional devido ao alto custo dessas produções jornalísticas. O time de profissionais da Sua

Boa Estrela, publicação da Mercedes Benz, por exemplo, chegava a passar um mês em campo

apurando uma matéria, fato somente possível por conta do aporte financeiro da empresa.

Humberto Werneck, Renato Pompeu, Xico Sá, Geraldo Mayrink, Nirlando Beirão, Ricardo

Kotscho, Zuenir Ventura, Ana Marina Bahiana, Ruy Castro, Regina Echeveria e Lucia

Guimarães são alguns exemplos de profissionais que atuam ou atuaram nessas mídias, assim

como um time seleto de fotógrafos, composto por Araquém de Alcântara, Murilo Meirelles,

Evandro Teixeira, João Farkas, Ed Viggiani, Cristiano Mascaro, Claudio Edinger, Nana

Moraes, J.R. Duran, Bob Wolfenson e Jorge Bispo, sendo os três últimos possuidores de seus

próprios títulos customizados. Duran edita a Rev. Nacional; Wolfenson, a S/Nº; e Bispo, uma

publicação que usa como título o número de sua edição em circulação.

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Imagem 5: Capa Rev. Nacional

Fonte: site <www.revnacional.com.br>

Imagem 6: Capas Revista S/Nº

Fonte: site <www.snbrasil.com>

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Imagem 7: Capa Revista 3

Fonte: site <www.facebook.com/jorge.bispo.fotografia>

A migração dos grandes nomes do jornalismo para as revistas customizadas pode estar

relacionado à crise no mercado jornalístico iniciada na década de 1980 e que se estende até

hoje, com o fim da produção de várias revistas e demissão em massa de jornalistas. Fischer

(2013, p. 9) alertava para o fato ao comentar que em um primeiro momento os profissionais

demitidos buscavam recolocação nas assessorias de imprensa e, posteriormente, na produção

de revistas customizadas:

Um estudo feito pela subseção do Dieese no Sindicato dos Jornalistas Profissionais

do Estado de São Paulo, em 1995, revelou que naquela época cerca de um terço

dos jornalistas profissionais com carteira assinada atuava fora das redações. No

Brasil, o número dos que trabalhavam extrarredação era ainda maior. Quase duas

décadas depois, a estimativa é de que 60% dos jornalistas atuam no país fora das

redações, em áreas relacionadas à comunicação organizacional, e o mercado está

em expansão (FISCHER, 2013, p. 9).

A falta de vagas na grande imprensa pode ter contribuído para a profissionalização dos

títulos empresariais e é possível até associá-la ao crescimento do mercado de customizadas a

partir dos anos 2000, com lançamento de títulos nos mais variados segmentos de negócios, de

supermercados a times de futebol, de universidades a bancos e seguradoras, de fabricantes de

louças sanitárias a indústria automotiva. Até mesmo celebridades aderiram ao movimento e se

tornaram logomarca editorial, caso de Oprah, com a O Magazine; e Martha Stewart, com a

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Living, ambas editadas nos Estados Unidos. No Brasil, a editora RMC fez uma tentativa

similar ao lançar em 2012 a revista Ronnie Von, porém não há qualquer registro de que a

publicação tenha chegado ao número 2.

Imagem 8: Capas revistas Living, O e Ronnie Von

Fonte: <www.marthastewart.com> / <www.oprah.com> / <www.dinap.com.br>

Um fato peculiar das revistas customizadas na atualidade é que até mesmo empresas

pertencentes ao universo digital recorrem às publicações impressas para divulgar seus

conteúdos. Um caso recente é o da Airbnb, que lançou em setembro de 2017, nos Estados

Unidos, sua revista de banca com foco em turismo, editada pela Hearst, um conglomerado de

comunicação composto por canais de TV, internet, jornais e mais de 300 títulos de revistas,

entre elas a Elle, Harper’s Bazaar e Car and Driver. No editorial da primeira edição8, o CEO,

Brian Chesky, justifica sua intenção ao usar a mídia:

Por que uma empresa de tecnologia faz uma revista? Por dois motivos. Primeiro,

examinamos as revistas de viagem existentes e percebemos que a maioria não tinha

pessoas. Descobrimos que é estranho, porque, em nossa experiência, a verdadeira

magia das viagens vem da reunião e conexão com as pessoas. Queríamos uma

revista que festejasse esse tipo de viagem. E o segundo motivo: em um mundo que

é cada vez mais digital e transacional, criar algo que você pode segurar em suas

mãos, e que os anfitriões podem colocar sobre suas mesas de centro e compartilhar

com seus convidados, é algo especial (tradução nossa).

Outras empresas do universo digital também assinam títulos customizados. O

Facebook lançou em junho de 2018 seu primeiro título impresso, a revista Grow by

8 Disponível em <www.airbnbmag.com>. Acesso em: 21 ago. 2017.

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Facebook9. Mesmo com a frase “revista trimestral para líderes de negócios” (tradução nossa)

impressa na capa, a empresa afirma que não se trata de uma revista e sim de uma espécie de

plataforma de marketing, composta por eventos e conteúdo online. Além do mailing de

empresários, a revista é distribuída gratuitamente em salas vips dos aeroportos e estações de

trem. A explicação para adoção de uma mídia impressa pela gigante digital está em seu site:

“sabemos que os líderes de negócios têm tempo limitado para longas leituras no trabalho, por

isso também criamos uma versão física pensando nas viagens” (tradução nossa).

Já o Uber tem uma publicação mensal no México, disponível para os passageiros

durante as viagens. A capa da publicação é sempre a mesma, fundo preto com a logomarca da

empresa, mudando apenas o mês e ano da publicação. A companhia também possui uma

revista dirigida aos 150 mil motoristas das cidades de Boston, Nova York, Chicago, Ohio,

Oklahoma e São Francisco, chamada Momentum. A IBM edita a revista Think e até o Google

teve seu título, a Think Quarterly10, fora de circulação no momento, mas com exemplares

disponíveis para leitura na plataforma de visualização de revistas Issuu. A empresa segue com

o título, mas somente na versão online.

Imagem 9: Capas revistas Airbnb, Think Quaterly (Google) e Grow (Facebook)

Fonte: <www.airbnbmag.com> / www.issuu.com/thinkquarterly > / <www.mediapost.com>

A falta de periodicidade é um dos maiores problemas das revistas customizadas.

Como são financiadas por empresas não midiáticas, esses títulos costumam desaparecer sem

aviso prévio aos leitores em decorrência da própria gestão das empresas, que cancelam os

9 Disponível em <https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2018/06/novidade-do-facebook-uma-revista-

de-papel.html>. Acesso em: 07 ago 2018.

10 Disponível em <https://issuu.com/thinkquarterly>. Acesso em: 21 ago. 2017.

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títulos por falta de verbas, mudança de diretoria ou reposicionamento da marca. Da mesma

forma que deixam de circular, a cada dia surgem novos títulos no mercado. Esse vaivém de

lançamentos mostra a fragilidade das estratégias nas quais esses títulos são criados, revela o

quanto as organizações são movidas por modismos, falta de planejamento de comunicação e

desconhecimento sobre os meandros da produção de conteúdo, resultando em desperdício de

verbas. A situação acima revela a falta de objetivos concretos das empresas ao lançar seus

títulos customizados e cabe muito bem no que Heitlingler (2016, p. 233) elenca como os sete

pecados mortais das customizadas: (1) falta de estratégia, (2) falta de personalidade

tipográfica, (3) falta de integração com a identidade corporativa, (4) falta de usabilidade, (5)

falta de conteúdos adequados, (6) falta de boas imagens e (7) não fazer revista customizada.

Vários pontos citados pelo autor referem-se ao apelo visual das publicações. Sem

dúvida, uma revista com fotos bem produzidas, layout atrativo e papel de qualidade

impressionam o leitor e servem de impulso para a leitura. Porém, é importante destacar que o

conteúdo exerce papel fundamental no engajamento com o público e ter uma estratégia bem

definida, de acordo com o posicionamento da marca, é fundamental para o sucesso da

publicação. Em tempos em que o impresso está perdendo espaço para o digital e as revistas

comerciais enfrentando uma crise sem precedentes, é importante as revistas customizadas

estarem atentas ao mercado. Tourino (2018, n.p.), ao analisar o momento de dificuldade das

revistas no país, sinaliza que os títulos morrem por falta de engajamento e não se refere

apenas a conteúdo relevante, mas sim conteúdo que seja “acessado, lido, comentado,

compartilhado e, se tudo der certo, remixado”, dica que pode ser aproveitada pelas

customizadas que enfrentam um momento delicado pelo corte de verbas das empresas. Em

relação ao último item da lista de Heitingler, o não fazer revista ser um erro, é exagero do

autor. Cada marca precisa analisar a melhor estratégia para divulgar seus produtos e manter o

relacionamento com os clientes de forma isenta, levando em conta todas as ferramentas de

marketing e comunicação possíveis, sendo que a revista jamais poderá ser considerada um

modelo universal para todas as marcas.

1.2 Emoção, consumo e comunidade

A mídia revista não foi escolhida ao acaso para ser o carro-chefe da entrega do

conteúdo de marca de tantas empresas na atualidade. Entre as diversas plataformas

disponíveis, algumas até mais ágeis e econômicas, como o ambiente digital, a revista foi

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selecionada como o veículo para levar sua mensagem até os clientes justamente por carregar

uma série de atributos, que vão desde aspectos práticos até cognitivos.

Entre suas funcionalidades destacam-se a facilidade de carregar, manusear e

colecionar, a durabilidade e a longevidade e também o compartilhamento, podendo serem

lidas e relidas por várias pessoas dentro da mesma casa (SCALZO, 2003, p.12). É também

adaptável aos mais variados ambientes: circula sem cerimônia entre a sala de estar, o

banheiro, a mesa de trabalho e o dentista.

Em relação ao conteúdo, as revistas “entretêm, trazem análise, reflexão, concentração

e experiência de leitura” (SCALZO, 2003, p. 13). No editorial do livro comemorativo da

ANER, o presidente da instituição Roberto Muylaert (2011, p.12), afirma que a revista já foi

considerada o “xodó das mídias, porque o leitor é dono da publicação e interage com ela”,

sendo que “a publicidade, por complementar as informações editoriais, não tem rejeição do

leitor [...], ao contrário do que ocorre com outras mídias”. Analisando os meios de

comunicação com exposição de publicidade, a revista realmente tem a facilidade de “virar a

página” no momento em que o leitor desejar, sem necessidade de interromper a leitura por

conta dos anúncios. Como são segmentadas trazem publicidade mais aderente ao público

leitor, o que pode estimular a leitura. Por outro lado, é inegável que os anúncios produzem

um hiato na leitura e, em excesso, apesar de ser raridade no momento, podem causar

desconforto, desinteresse pela publicação e até a sensação de que a revista não traz conteúdo.

Mas são nos aspectos cognitivos que a mídia revista concentra os atributos de maior

interesse das empresas. São eles: relação intimista com os leitores, vínculo emocional com o

consumo e sensação de pertencimento a uma comunidade. Associados, esses atributos criam o

ambiente ideal para as marcas conversarem com seu rol de clientes, fazendo com que as

mensagens sejam entregues de forma mais leve, lúdica e digestiva em comparação à

publicidade, folhetos e informativos geralmente utilizados para falar com os públicos de

interesse das organizações.

O primeiro aspecto a ser analisado é a interação intimista e envolvente que a revista

mantém com o leitor, a ponto de tratá-lo como “você” (SCALZO, 2003, p. 15). Ao trazer essa

informalidade para o seu discurso, abre-se a porta imaginária para a construção de um diálogo

e cria-se, então, uma conexão simbiótica capaz de fazer com que o “eu” e o “tu” embutidos

nessa ação comunicativa desempenhem papéis indissociáveis e reversíveis

(MAINGUENEAU, 2001, p. 11), com um participando da construção do outro, como

descrevem Tavares e Schwaab, ao analisar o processo de produção da revista:

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[...] mesmo envolta por lógicas e práticas profissionais e materiais, [a revista]

reconhece o indivíduo para o qual se dirige e, ao mesmo tempo, o convoca a todo

momento para o interior de seu processo de feitura. Uma produção atenta para as

maneiras como a sua audiência, seu público leitor, dialoga e recontextualiza esse

processo, inaugurando e compondo uma troca permanente. E a circularidade dessa

ambiência diz de um jogo entre produção e recepção, avistando essa última como

partícipe fundamental, mas também da configuração de uma circulação midiática

que perpassa um ordenamento de ofertas de âmbito simbólico e material, bem

como uma negociação ampla de sentidos e significados (TAVARES e

SCHWAAB, 2013, p. 38).

Esse entrelaçamento de posições inerentes à revista está presente no contrato de

comunicação, descrito por Charaudeau (2015, p. 68), onde existe uma espécie de “acordo

prévio entre os parceiros da troca linguageira”, exatamente o que as empresas buscam ao

colocar um título customizado no mercado: proximidade, empatia e o despertar de sensações.

Afinal, não é fácil para as marcas entrarem de forma não invasiva na casa do cliente,

passarem longos minutos entre seus braços, manterem em uma conversa olho no olho e

exporem seus produtos com um discurso ditado por ela mesma, com a presença de vários

“recursos sinestésicos”, como descreve Benetti (2013, p. 54): “Há toda sorte de prazeres

provocados, como as imagens que evidenciam texturas quase palpáveis, as fotos que atiçam o

paladar e as narrativas que estimulam o olfato”. Além disso, Heitlinger (2016, p. 102) prega

que a sensação tátil e prazerosa proporcionada pelo papel, somada ao conteúdo, podem, ao

longo do tempo, ter um impacto impressionante na fidelização dos clientes.

O fato de ter um público ainda mais segmentado em comparação às revistas de

mercado e conteúdo dirigido facilita a conversa com o leitor e faz com que o discurso entre as

partes ocorra, hipoteticamente, de forma fluída. Hipoteticamente porque sabemos que o

enunciador não tem controle sobre a enunciação dependendo exclusivamente da forma como

o enunciatário irá receber essa mensagem. Portanto, é impossível afirmar que um discurso irá

seduzir todos os leitores da mesma maneira e ao mesmo tempo, principalmente porque no

momento da entrega da publicação, o cliente pode estar em litígio com a marca patrocinadora,

não por conta do conteúdo da revista, mas por problemas em relação ao produto adquirido, ao

não cumprimento de cláusulas do contrato ou mau atendimento. Não raro as editoras

funcionam como uma espécie de “call center”, recebendo reclamações dos clientes de seus

clientes, apesar de serem pessoas jurídicas totalmente independentes. Por outro lado, a

ausência de muros entre as duas instituições reforça o vínculo criado pela revista, capaz de

unir sob o mesmo guarda-chuva a marca e o consumidor, sem “revelar” os intermediários

desse processo.

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Desse modo, entender o que se passa na cabeça do consumidor no momento da leitura

de uma revista customizada é algo que vai além dos estudos de recepção, uma vez que essa

avaliação, segundo Charaudeau (2015, p. 84), decorre de dois fatores essenciais: a

compreensão, que depende do grau de interpretação do leitor em relação ao conteúdo da

revista, e a motivação, associada a desejos e necessidades psicológicas do público, duas

situações sujeitas a variações e mutações constantes.

Se a relação intimista da revista com seu público ocorre em um plano figurado, o

oposto sustenta a relação das revistas com o consumo, afinal quem nunca desejou comprar

determinado produto, fazer uma viagem a um local paradisíaco ou conhecer um novo

restaurante após folhear as páginas de uma revista? É exatamente essa relação onírica e

libidinosa que as empresas por meio de seus títulos customizados buscam estabelecer com

seus leitores/consumidores, ou seja, levando-os a lugares inimagináveis, apresentando-os a

pessoas incríveis e mostrando um estilo de vida que eles provavelmente sequer sabiam que

existia. Tudo devidamente planejado por meio de uma criteriosa seleção de conteúdo, sendo

que no processo de produção de revista:

O leitor passa a ser visto como consumidor potencial e o editor torna-se um

especialista em grupos de consumidores. Um especialista que encontrou a fórmula

editorial capaz de atrair, no mercado nacional, o grupo de consumidores que

determinados anunciantes pretendem atingir. Uma vez encontrada, essa fórmula

tende a se repetir, mês após mês, ano após ano (MIRA, 2001, p. 11).

Talvez essa fórmula de produção de conteúdo calcada na publicidade e no calendário

comercial, como Natal, Dia das Mães, Dia dos Pais etc., com uma constante repetição

temática, seja o responsável pelo desinteresse dos leitores pela revistas e talvez um ponto

positivo para as customizadas, afinal sem o compromisso de atrair publicidade – muitas

publicações só trazem anúncios da própria marca –, o conteúdo pode ter um papel bem mais

surpreendente.

O fato de as revistas serem edificadas na prática do consumo não significa, porém,

que estabeleçam uma relação incestuosa com o leitor, afinal, ao receber tais publicações, o

consumidor sabe de antemão o que esperar delas. Não é um ser passivo, sendo catequisado

inocentemente. Ele deseja ser transportado para esse mundo e, conforme Prado (2010, p.65), o

leitor não busca uma revista pura e simplesmente para se informar e sim para:

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[...] se localizar, para ter narrativas de enquadramento no mundo, para saber qual é

o meu mundo, como ele funciona, como eu posso pertencer melhor a esse que já é

o meu mundo. Que realidade é essa à qual pertenço e devo pertencer como ser em

devir que sou? Como eu me transformo para melhor ser esse que eu gostaria de

ser? Como entendo melhor o mundo? Tais questões implicam em modalizações de

ser, de saber, de fazer, de poder, modalizações tais que não são formatadas somente

a partir do dado bruto da informação jornalística, mas segundo regimes de

visibilidade e de atenção, ancorados em fortes estratégias de passionalização, ou

seja, no apelo passionalizado para captar a atenção do leitor. [...] Porém, a

atividade do enunciador atual implica em convocar o leitor para esse aprendizado,

ancorado em valores de consumo, dos quais a informação é somente um dos níveis.

O leitor convocado torna-se um iniciado em um aprendizado em valores de

consumo, que se lança ao mundo para tornar-se mais eu, um você S/A

empreendedor de si mesmo (PRADO, 2010, p.65).

Essa questão é ainda mais forte dentro das customizadas exatamente porque utilizam

ao mesmo tempo duas vertentes do contrato de comunicação: a versão midiática e a versão

publicitária. Do lado midiático entram as funções de informar, em primeiro lugar, seguida

pela de seduzir. Já na visão publicitária o objetivo da sedução está em primeiro plano e o de

informar em segundo. No caso das customizadas, a linha que separa essa dualidade de

objetivos é bastante tênue porque nem todo o conteúdo divulgado por ela possui intenção

comercial, afinal para uma rede de supermercados, por exemplo, tanto faz, economicamente

falando, se o leitor comprar ou não a viagem para o Caribe apresentada na seção de turismo

da revista. Nesse caso, o que está em jogo é o despertar do desejo, afinal a “viagem virtual” às

praias paradisíacas do Caribe oferecida pela marca da revista. Pelo lado econômico, o que

faria realmente a diferença para o supermercado é o leitor adquirir os ingredientes citados na

receita daquela bela torta mousse de chocolate.

É preciso compreender também que as relações de consumo mudaram bastante ao

longo dos anos. Atualmente, o discurso de que a massa é instigada a consumir não é mais

verdadeiro. Canclini (2001, p.76), afirma que os processos de consumo são “mais complexos

do que a relação entre os meios manipuladores e as dóceis audiências”. Não existe mais a

função impositiva, uma vez que o consumidor é um ser racional e decide de livre arbítrio o

que deseja ou não consumir.

Canclini (2001, p. 15) também ressalta que é preciso mudar a compreensão sobre o

consumo, deixando de ser visto como “cenário de gastos inúteis e impulsos irracionais, mas

como espaço que serve para pensar, onde se organiza grande parte da racionalidade

econômica, sociopolítica e psicológica nas sociedades”. Baseado nisso, pode-se dizer que o

ato de consumir está bem distante de uma relação passional e que existem anseios maiores na

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ação de compra, como, por exemplo, a definição da própria identidade. O restaurante onde

almoço, o carro que uso, as roupas que compro, as mídias que consumo, meus hobbies e os

lugares que frequento me fornecem credenciais para pertencer a determinados grupos sociais.

Aqui entra em análise a terceira particularidade das revistas customizadas, que, na verdade, é

uma consequência direta das duas anteriores, pois ao inserir o leitor em um mundo de

fantasia, consumo e prazer e afastá-lo da sua realidade cotidiana, a revista traz a ilusão de ele

pertencer a uma comunidade. É uma espécie de ponto de encontro entre leitor e editor, como

descrito por Scalzo (2003, p.12), estabelecido por “um fio invisível que une um grupo de

pessoas e, nesse sentido, dá sensação de pertencer a um determinado grupo”.

Portanto, o grande desafio das revistas customizadas é transformar sua massa

heterogênea de clientes, em maior ou menor densidade dependendo do segmento de atuação,

em uma comunidade e mostrar a eles o privilégio de pertencer a um seleto rol de pessoas. É o

conceito de formação de tribos defendido por Maffesoli (2008, p. 101), onde as tradições, os

ritos, o confinamento do grupo criam um determinado conjunto de regras e comportamentos

seguidos pelo grupo. Na prática, não significa que essa identidade seja real, desde que a

sociedade enxergue o indivíduo como pertencente a essa ou aquela comunidade.

Por outro lado, Maffesoli (2008, p.238) cita que pertencer a um grupo diversificado de

comunidades não faz o indivíduo mudar de personalidade, uma vez que é impressionante a

diversidade de grupos que um mesmo indivíduo pode pertencer, sendo que estar inserido em

um nada o impede de participar de outro, sem que resulte em perda de identidade.

O termo “indivíduo”, já o disse, não é mais de actualidade. Em todo caso, não é de

actualidade no seu sentido estrito. Talvez fosse necessário falar, no caso da pós-

modernidade, de uma pessoa (persona) que desempenha diversos papéis nas tribos

às quais adere. A identidade fragiliza-se. As identificações múltiplas, em

contrapartida, multiplicam-se (MAFFESOLI, 2011, p. 22).

O indivíduo passeia entre um grupo e outro para satisfazer sua necessidade de

pertencimento e diferenciação. Ser aceito em tal comunidade, porém, não significa que

determinada pessoa seja fiel a esse grupo, uma vez que o desejo de aceitação o faz frequentar

grupos cultural e economicamente conflitantes. É o simbolismo de comunidade que faz o

indivíduo ser integrante da mesma. Neste caso, as revistas customizadas constroem

simbolicamente, por meio do seu conteúdo editorial, a noção de conectividade e identidade

social. Assim, um leitor da revista Mitsubishi por mais que use seu veículo apenas na cidade,

irá enxergar-se como integrante do mundo off-road. Da mesma forma, o leitor da revista da

Harley Davidson não precisa incorporar na prática o estilo de vida dos “harleyros” para

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sentir-se como tal.

Esse conjunto de atributos emocionais que permeiam as revistas customizadas faz as

marcas acreditarem que ao possuir um título estarão próximas de seus clientes, serão

lembradas no momento da compra e terão presença garantida em rodas de amigos ao

comentarem uma outra ou matéria da publicação, tudo embalado no produto revista. Se na

prática as revistas cumprem ou não o que prometem, só mensurando os resultados para saber.

1.3 Conteúdo de marca x publicidade

Por mais que as revistas customizadas desejem transmitir uma imagem de produção

independente, é inegável o vínculo que mantêm com as empresas patrocinadoras. Ao mesmo

tempo em que parte do conteúdo traz uma produção editorial caprichada, feita por jornalistas

renomados, que poderiam pertencer a “revistas de banca”, a outra parte é focada em

transmitir, de forma elegante e usando a linguagem jornalística, os interesses das

organizações. Até títulos livres de amarras comerciais e morais, como o caso da revista

Colors, jamais trarão um texto ou fotografia que possa comprometer a imagem da instituição

mãe. Na visão de Nassar (2009, p. 128), por mais que queiram “reivindicar uma

independência técnica, estética e ética”, o uso das narrativas jornalísticas pelas empresas faz

com que essas produções abram mão de “princípios como objetividade e criticidade”.

É bem coerente a avaliação do autor quanto aos critérios de objetividade e criticidade,

mas nem todo conteúdo das customizadas pode ser enquadrado dessa forma. Se pensarmos

nas grandes revistas de entretenimento, por exemplo, podemos dizer que algumas matérias

divulgadas nas customizadas estão praticamente em pé de igualdade em termos de linguagem

jornalística com tais publicações. Afinal, qual a grande diferença entre uma matéria turística

veiculada na revista da Gol ou na extinta Viagem e Turismo, da editora Abril? A mesma

análise se aplica às entrevistas com personalidades ou matérias sobre gastronomia, cultura ou

tecnologia. Também é preciso destacar que mesmo as mídias tradicionais estão a serviço de

um grupo empresarial e possuem, como qualquer empresa do mercado, interesses financeiros.

É claro que os princípios éticos, morais e estéticos e o compromisso com o leitor, conceitos

básicos do bom jornalismo, devem sempre vir em primeiro lugar, mas não dá para afirmar que

eles são praticados em sua essência mais pura por algum veículo de massa da atualidade.

Para compreender o quanto as revistas customizadas utilizam ou não as premissas

jornalísticas em seu conteúdo, o pesquisador Reineck (2011, apud DENNER; KOCH;

HIMMELREICH, 2017, p. 3), analisou as diferenças e semelhanças entre quatro revistas

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customizadas e quatro revistas comerciais na Alemanha. Os resultados apontaram que as

revistas customizadas são menos críticas, apresentam mais tópicos com viés positivo e a favor

da marca, usam menos fontes e são menos propensas a apresentar opiniões contraditórias em

suas matérias.

Resultado semelhante advém da pesquisa de Rau e Andres (2011), ao analisar o

conteúdo de 51 publicações pertencentes a 17 empresas alemãs, levando em consideração 22

tópicos apontados como preceitos do bom jornalismo. Os resultados, porém, mostraram que

apesar da qualidade gráfica e da presença de profissionais gabaritados em sua produção, esses

títulos ainda estão longe de serem considerados veículos jornalísticos. Entre os itens

apontados pelos autores estão: baixa objetividade, matérias atemporais, fator noticioso sempre

ligado à marca proprietária, ausência de crítica e baixa transparência das fontes. Caso a

mesma pesquisa foi replicada no Brasil, é bem provável que teríamos resultados semelhantes,

o que nos leva a concluir que, apesar da profissionalização da produção, as revistas

customizadas ainda prescindem de credibilidade como fonte de informação.

Partindo do princípio de que as revistas customizadas são veículos criados com o

intuito de valorizar a marca patrocinadora, vale, neste momento, trazer à tona a visão

mercadológica que vem envolvendo a produção de conteúdo pelas empresas. Algumas delas

intencionam ocupar nichos das mídias de massa, como é o caso da Red Bull, com seu

conglomerado de comunicação composto por revista impressa, canal de televisão, produtora,

gravadora e até um banco de imagens e vídeos usado para abastecer a grande imprensa. É

Pulizzi (2016) quem explica a nova dinâmica do mercado:

As organizações de marketing estão agora percebendo que podem criar conteúdo

cuja qualidade é igual ou superior ao daquele que muitas empresas de mídia

produzem. Além disso, elas estão vendo que podem entregar benefícios concretos

para clientes atuais e futuros ofertando conteúdo relevante que ajuda a produzir

soluções para alguns dos problemas mais difíceis que seus potenciais compradores

enfrentam. Ao entregar conteúdo vital e relevante para seu mercado-alvo, você

começará a assumir um papel importante na vida de seus clientes. Isto se aplica às

comunicações on-line, impressas e pessoalmente. E este é o mesmo papel que

jornais, revistas, televisão, rádio, conferências, workshops e sites da web

desempenharam no passado. Agora é o momento de sua organização desempenhar

esse papel (PULIZZI, 2016, p.20).

Essa mudança acontece porque está cada dia mais difícil para as empresas se

destacarem no mercado, uma vez que a oferta de produtos e serviços virou commodity e as

inovações são copiadas rapidamente pelos concorrentes. Além disso, a linguagem superficial

do marketing e da publicidade não surtem mais efeito em uma era em que o consumidor está

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mais consciente de seu papel na sociedade e busca nas marcas que consome

[...] soluções para satisfazer seu anseio de transformar o mundo globalizado num

mundo melhor. Em um mundo confuso, eles buscam empresas que abordem suas

mais profundas necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua

missão, visão e valores. Buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas

também satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem (KOTLER;

KARTAJAYA; SETIAWAN, 2010, p. 4).

Para serem reconhecidas, as marcas não podem apenas serem fabricantes de um

determinado produto. O consumidor contemporâneo exige que elas sejam organismos vivos

regidos por valores éticos e sustentáveis. Para J. B. Pinho (1996, p. 14), uma marca incorpora

“um conjunto de valores e atributos tangíveis e intangíveis [...] que contribuem para

diferenciá-la daquelas que lhe são similares”, pois junto com o produto o cliente quer adquirir

também seu conjunto de valores, formalizando assim uma relação bilateral: a marca tanto

ganha quanto empresta valor. O que pode ser confirmado nas palavras de Bueno:

As organizações já não podem mais, na chamada nova economia, viver em função

da prática restrita de vendas, porque ela não atende à nova demanda dos

consumidores. A reduzida diferenciação dos produtos (poucos dos quais são

verdadeiramente inovadores), a concorrência acirrada e a nova postura do cliente,

que sabe que o compromisso da venda não termina com a transferência do bem

adquirido, obrigam as empresas a buscar um relacionamento, se possível de longo

prazo (BUENO, 2003, p.52).

O desafio do momento é fazer as empresas agregarem valor a produtos

industrializados e conseguir transformar bens intangíveis em algo real aos olhos do

consumidor, sem com isso usar os artifícios da publicidade, vista pela maioria dos

consumidores como uma inverdade.

A produção de conteúdo pelas empresas torna-se então uma importante moeda de

troca com o consumidor. A americana General Eletric é uma das marcas que consegue gerar

valor com suas pesquisas científicas voltadas aos mais variados segmentos da economia. A

empresa fala com propriedade sobre temas diversos que vão desde a produção de energia

eólica e funcionamento de hidrelétricas até pesquisas médicas, envolvendo seus equipamentos

hospitalares. A ideia, segundo Pulizzi (2016, p. 27) é que “ao presentear o cliente com

informações, ele acabará indiretamente recompensando a empresa com mais lealdade e

negócios”.

A GE também acerta ao dividir o conteúdo divulgado entre os seus públicos de

interesse. Existem publicações voltadas para os consumidores de massa e existe uma

publicação voltada para pesquisadores e cientistas, com temáticas mais aprofundadas e o uso

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de termos técnicos. O próprio site da publicação avisa: “se você não for pesquisador ou

cientista, esse conteúdo não é para você”. Para ter acesso a ele é preciso fazer um pré-

cadastro. A mensagem pode até soar antipática, mas a empresa deseja dialogar com um

público específico, colocando em prática um dos princípios básicos do marketing de

conteúdo: “se você não entender os desejos e necessidades de seu público, não há como ter

sucesso com o seu conteúdo” (PULIZZI, 2016, p. 101).

Ao entregar conteúdo ao consumidor, ter uma postura mais ética e transparente diante

da sociedade, não pode ser deixado de lado que todo esforço aplicado na construção do

conteúdo editorial tem como objetivo obter resultados, sejam eles intangíveis, como a

fidelização e reforço de imagem, quanto tangíveis, como a venda de um produto ou serviço.

Nesse aspecto, a produção de conteúdo surge, então, como a solução para um antigo problema

das organizações, que é compreender que os esforços em comunicação institucional e

mercadológica precisam caminhar juntos: “[...] marca, produto e imagem de uma empresa,

como se sabe, compartilham o mesmo DNA empresarial. Logo, não se justifica pensar, para

uma empresa ou entidade, a implementação ou a manutenção de estruturas e/ou filosofias

distintas para dar conta dessas vertentes” (BUENO, 2003, p. 9).

Dentro dessa nova lógica do uso da informação como ferramenta de venda, faz-se

necessário não perder de vista o consumidor como destinatário final da mensagem, portanto o

conteúdo precisa ser cuidadosamente lapidado para atender aos anseios desse público e não

ficar restrito aos objetivos de comunicação da empresa. Caso contrário, a produção de

conteúdo não passará de um discurso publicitário e estará longe de seu objetivo inicial de se

entregar informação relevante ao cliente.

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2. A AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS NO CONTEXTO

ORGANIZACIONAL

Embora possa parecer um paradoxo, toda ciência exata

se baseia na ideia da aproximação. Se um homem lhe

afirmar que conhece algo exatamente, você pode ter

certeza ao inferir que está falando com um homem inexato.

(Bertrand Russel, matemático e filósofo inglês)

Pesquisadores e profissionais de mercado têm atuado em várias frentes para desvendar

e descomplicar a avaliação e mensuração de resultados, porém não podemos negar que o

processo é complexo e requer conhecimentos específicos para ser colocado em prática.

Apresentamos neste capítulo alguns conceitos que contribuem para a compreensão sobre a

atual necessidade de avaliação de resultados dentro das organizações e onde as revistas

customizadas estão inseridas neste contexto. Para isso, vamos percorrer alguns caminhos de

áreas correlatas à comunicação. Conceitos advindos das áreas de administração, finanças e

marketing, somados ao trabalho desenvolvido por relações públicas, dão o suporte necessário

ao processo de mensuração nas organizações. Vamos entender também que muitos projetos

deixam de ter seus efeitos medidos por divergências internas, hierarquias verticalizadas e até

fobia numérica que acomete parte dos profissionais de comunicação.

A convergência de ideias e informações é uma prática muito usual dentro das

empresas na atualidade. É o que Crepaldi (2008, p. 63) chamou de

“transdepartamentalização”, ou seja, a necessidade prática das empresas serem administradas

de forma holística e irem além “dos limites impostos pelos departamentos”. O que requer que

todos os profissionais estejam abertos a adquirirem conhecimentos extra área de atuação,

como sabiamente explica Jenkins (2009, p. 28): “Nenhum de nós pode saber tudo; cada um de

nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos

nossas habilidades”. No caso da avaliação e mensuração de resultados, essa união de forças

fornece a retaguarda para a concretização da nossa temática de pesquisa ainda em fase de

experimentação e construção de conhecimento.

A seguir mostraremos os preceitos básicos de administração, marketing, finanças e

relações públicas usados na construção dos conceitos da mensuração de resultados voltados

especificamente para revistas customizadas, lembrando que outras atividades de comunicação

podem necessitar de conteúdos diferentes para embasar a comprovação de resultados.

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2.1 Delimitação de conceitos

Para melhor entendimento dos conteúdos apresentados a seguir, é importante

alinharmos o significado de palavras que permeiam o universo da avaliação e mensuração de

resultados. São expressões utilizadas em praticamente todo trabalho desta temática, porém

algumas vezes empregadas como sinônimos quando na verdade não são. Por exemplo,

mensuração e avaliação; métricas e indicadores; metas e objetivos; eficiência, eficácia e

efetividade.

Para Lindenmann (2003, p. 2) mensurar “é uma maneira de dar a um resultado uma

dimensão precisa, geralmente comparado a algum padrão e apresentado de forma

quantificável ou numérica”. A avaliação, o autor define como “o valor ou a importância de

um programa ou ação de relações públicas comparado a um conjunto de metas e objetivos

predeterminados”.

Yanaze (2013, p. 54) tem uma visão bem similar à de Lindenmann para avaliação,

porém difere do conceito de mensuração.

Mensurar é usar o sistema de informação (por meio de diversos tipos de pesquisa)

para levantar dados quantitativos (geralmente relacionados às metas) que sejam

úteis para a avaliação, processo mais subjetivo e abrangente, que considera outros

fatores (além dos números) para chegar a conclusões que levem à tomada de

decisões (YANAZE, 2013, p.54).

Hubbard (2015, p. 25) apresenta uma classificação mais simplista e de fácil

compreensão para o termo mensuração: é “um conjunto de observações que reduzem a

incerteza quando o resultado é expresso como uma quantidade”.

Galerani (2006, p. 37) percorre um longo caminho para justificar o conceito de

avaliação, que, segundo ela, é um processo permanente e contínuo, que começa no

planejamento e prossegue “no acompanhamento das ações em execução, com propostas para

as correções necessárias e procedimentos para verificar os resultados almejados.”

Peddy (2017, p. 8) diz que o problema da mensuração começa no momento em que os

profissionais confundem medir com avaliar: “Medição é sobre o que você deseja alcançar e

quais são os seus objetivos de negócios e comunicação. A avaliação é a análise de se você

atingiu esses objetivos”.

Lopes e Grandi (2009, p. 25), baseados em conceitos estabelecidos por Tavares

(2000), Oliveira (2002) e Watson (2010), propõem as seguintes definições para avaliação e

mensuração e acrescentam mais um termo à discussão por sentirem falta de uma palavra

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específica para demonstrar o retorno financeiro da atividade de comunicação: a valoração,

conforme segue:

Avaliação – etapa do processo de planejamento que verifica o desempenho de um

plano previamente estabelecido e que se dá ao longo de seu processo de

implementação em busca de possíveis ajustes.

Mensuração – processo conduzido com o intuito de demonstrar os resultados

obtidos por um programa, ou seja, de demonstrar que os objetivos inicialmente

propostos foram alcançados de fato.

Valoração – contribuição econômica que um determinado setor ou programa

traz à organização, isto é, seu retorno financeiro por meio da relação custo-

benefício.

Buscando facilitar a trajetória dos profissionais de comunicação no processo de

avaliação e mensuração de resultados vamos adotar neste trabalho os conceitos na íntegra

trazidos por Lopes e Grandi por concordarmos que a avaliação deve perder o estigma de

punição e ser vista como um procedimento de correções de atividades. Em relação à

mensuração, consideramos que a definição proposta pelos autores também está correta, mas

precisa contemplar a apresentação de um dado numérico, como proposto por Hubbard (2015)

e Yanaze (2011). Sendo assim, consideramos que a definição ideal seria: “processo conduzido

com o intuito de demonstrar resultados quantitativos obtidos por um programa, de acordo com

os objetivos inicialmente propostos”, afinal o desafio da mensuração está em apresentar dados

concretos que satisfaçam as necessidades das áreas de administração e finanças das empresas.

Metas e objetivos também apresentam significados distintos. Para Yanaze, Freire e

Senise (2013, p. 94) um depende intrinsecamente do outro, sendo que meta é “a quantificação

dos objetivos, ou seja, a tradução do que se pretende alcançar quanto a volume, valor e

tempo”. Já objetivos sem metas são “apenas uma intenção a se seguir, porém, sem parâmetros

e definições claras sobre aonde a organização quer chegar por meio do trabalho de

comunicação”.

Chiavenato (2000, p.195-197) apresenta uma diferenciação com foco em medida de

tempo e classifica metas como “alvos a atingir a curto prazo” e objetivos como “resultados

futuros que se pretende atingir”. Sendo assim, optamos pela definição de Yanaze, Senise e

Freire por considerá-la mais abrangente e por acreditarmos na convergência entre metas e

objetivos para o processo de avaliação e mensuração de resultados.

Encontramos poucas definições para métricas e indicadores. Farris et al. afirma que

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métrica é um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, uma dinâmica

ou uma característica. Em virtualmente todas as disciplinas, os praticantes usam

métricas para explicar fenômenos, diagnosticar causas, compartilhar descobertas e

projetar os resultados de eventos futuros (FARRIS et al., 2012, p. 1).

Por outro lado, Klubeck (2012, p. 38) contextualiza que “uma métrica conta uma

história completa usando dados, medidas, informações e outras métricas para responder a uma

questão-raiz”, sendo que neste caso, a questão raiz seria a pergunta que você deseja ver

respondida quando tiver em mãos o resultado da mensuração. Neste caso, ficamos com a

definição de Farris et.al por considerá-la mais abrangente e aderente às revistas.

Indicadores são vistos como moedas financeiras e não financeiras por Yanaze, Senise

e Freire (2013, p. 96), sendo os “indicadores financeiros [...] relacionados a custos e receitas”

e os indicadores não financeiros “relacionados a porcentagens, volumes, índices, graus,

quantidades etc., mas que podem ser convertidos em indicadores financeiros, direta ou

indiretamente”.

As definições encontradas para eficiência e eficácia são bem similares. Porém, Kunsch

(2003, p. 205) ao tratar dessa classificação de palavras fornece também o conceito para

efetividade, com uma abordagem de temporalidade, conforme segue:

Eficiência significa fazer bem-feito, de maneira adequada, com redução de custos,

desempenho competente e rendimento técnico.

Eficácia liga-se a resultados – em função dos quais é preciso escolher alternativas e

ações corretas, usando para tanto, conhecimento e criatividade para fazer o que é

mais viável e certo.

Efetividade relaciona-se com a permanência no ambiente e perenidade no tempo,

no contexto de obtenção dos objetivos globais (KUNSCH, 2003, p. 205).

Maximiano (2011, p. 9) segue a mesma linha de raciocínio de Kunsch, sendo que para

ele eficácia “indica que a organização realiza seus objetivos”. Eficiência “indica que a

organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos”. Chiavenato

(2014, p. 148) explica que os dois conceitos são complementares e, portanto, devem ser

utilizados simultaneamente, sendo “eficácia uma medida normativa do alcance de resultados,

enquanto eficiência é uma medida normativa da utilização dos recursos nesse processo”. Os

autores, porém, não entram no mérito da palavra efetividade.

O dicionário de Mensuração e Pesquisa em Relações Públicas e Comunicação

Organizacional (2006, p. 28), produzido por Don W. Stacks, da University of Miami,

descreve efetividade como o “grau no qual o resultado de um programa de relações públicas é

consoante com os objetivos gerais do programa, sendo avaliado por algumas medidas

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causais”. Kim e Yang (2015, p. 575) chamam a atenção para o uso dos termos eficácia e

avaliação como sinônimos, sendo que para eles a efetividade é um componente da avaliação

e, portanto, não representa o resultado final do programa. Inclusive, classificam essa confusão

como um dos principais problemas da mensuração de resultados. Portanto, por uma questão

de clareza e objetividade, adotamos aqui a definição proposta por Kunsch.

2.2 Interface com a administração

Apesar de não termos nenhum estudo atestando como a avaliação e a mensuração de

resultados chegaram até a área de comunicação, é provável que sua origem esteja relacionada

aos processos da administração (GALERANI, 2006, p. 28) devido à similaridade com a

estrutura do planejamento estratégico em comunicação.

Chiavenato (2000, p.191 ), baseado em dados da administração clássica feitos por

Fayol, Urwick e Gulik, explica que o processo administrativo é composto por quatro funções

básicas: planejar, organizar, dirigir e controlar. Cada função desempenha atividades

específicas, que podem ser atribuídas tanto ao macroambiente da organização quanto às

tarefas executadas por cada departamento, conforme abaixo:

Figura 1: Processo administrativo

Fonte: CHIAVENATO, 2000, p. 194

Yanaze (2011, p. 73), ao avaliar o comportamento das empresas e desenhar as funções

estratégicas do marketing, utiliza a mesma estrutura administrativa, mas acredita que o ciclo

só estará realmente completo com a inclusão de uma etapa adicional: a análise de viabilidade

Planejamento

Definir a missão

Formularobjetivos

Definir planos para alcancá-

los

Programar as atividades

Organizar

Divisão do trabalho

Atribuição de atividades

Alocação de recursos

Definição de atividades

Direção

Designarpessoas

Coordenaresforços

Motivar e comunicar

Liderar e orientar

Controlar

Definir padrões

Monitorar o desempenho

Avaliar o desempenho

Executar ação corretiva

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econômico-financeira, cuja função é avaliar antecipadamente se as ações a serem executadas

trarão lucro ou prejuízo à organização e se cabem dentro do fluxo de caixa da empresa. O

objetivo dessa nova etapa é avaliar o impacto financeiro de um projeto a longo prazo.

Figura 2: Novo modelo do processo administrativo

Fonte: YANAZE, 2011, p. 73

Faz todo o sentido, portanto, utilizar o modelo de Yanaze no processo de mensuração

das revistas customizadas, uma vez que os resultados advindos dessas publicações só podem

ser comprovados a médio e longo prazo, o que requer da organização recursos suficientes

para manter o projeto por um período prolongado.

Ao analisar as atividades do ciclo administrativo é possível afirmar que a avaliação,

procedimento da fase de controle, necessita estar presente em cada uma das etapas do

processo, afinal, na prática, as funções são interdependentes e retroalimentadoras, ou seja,

sem metas e objetivos estabelecidos é impossível dimensionar a equipe e os recursos

necessários para a execução de um projeto. Assim como, sem definir pessoas e atividades

torna-se impraticável estipular os rumos a serem tomados, estabelecer os resultados

alcançados e comparar com o fluxo de caixa da empresa. Da mesma forma, torna-se

impraticável definir equipe, objetivos e ações sem ao menos saber a disponibilidade de verba

para utilização no projeto.

Com base nesse entendimento das funções gerenciais, podemos observar que a

mensuração de resultados está diretamente relacionada à primeira etapa

(Planejamento), dada a necessidade de definição de objetivos e metas, e também

aos indicadores definidos no processo de Controle e aos Estudos de Viabilidade

Econômico-financeira [...]. No entanto, os processos de Organização e

Coordenação fornecem “moedas não financeiras” (exemplos: índice de

Planejamento

Organização

DireçãoControle

Viablidade econômico-financeira

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produtividade; grau de motivação; taxas de turnover e de absenteísmo etc.) que,

certamente, produzem “moedas não financeiras” (exemplos: investimentos,

receitas, custos, lucros, etc.). Ambas serão objeto da mensuração de resultados.

(YANAZE; SENISE; FREIRE, 2013, p. 52)

Assim como o marketing, o planejamento de relações públicas utiliza os conceitos do

ciclo administrativo para estabelecer suas etapas de atuação. Ao apresentá-lo em formato

circular, Kunsch ressalta a conectividade e continuidade entre uma etapa e outra.

Figura 3: Processo de planejamento de relações públicas e as interconexões

Fonte: Reprodução KUNSCH, 2003, p. 326

Podemos constatar, então, que novamente a mensuração de resultados está relacionada à

atividade de avaliação e embora esteja alocada na última etapa “faz parte de todo esse

percurso, pois permite um enquadramento, numa perspectiva crítica, do que vai sendo

planejado e, posteriormente, do que foi realizado e dos resultados obtidos” (KUNSCH, 2003,

p. 355). Também está fortemente relacionada com a atividade de controle e monitoramento

presente na etapa de implantação.

Analisando os três modelos de trabalho é possível ver facilmente a correlação entre as

funções listadas pela administração, marketing e relações públicas, com destaque nosso para a

função controle/avaliação, onde se enquadra a mensuração de resultados. Com estudos e

esquemas de trabalho tão assertivos fica difícil compreender porque a mensuração de

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resultados em comunicação demorou tanto tempo para ser efetivamente cobrada pelas

organizações e ainda hoje estamos debatendo a melhor forma de colocá-la em prática.

2.3 Interface com o marketing

Como as revistas customizadas são consideradas ferramenta de comunicação e

marketing, é preciso analisar também a influência do ambiente mercadológico em sua

composição, uma vez que um de seus objetivos é levar o leitor ao processo de compra. São

vários os autores que abordam a temática da jornada do consumidor, mas aqui usaremos o

modelo apresentado por Yanaze, Senise e Freire (2013, p. 82 et seq.) justamente por

desmembrar o percurso de compras em etapas mais detalhadas. São 14 ações distintas,

enquanto Kotler (1998, p. 532) contempla seis fases (consciência, conhecimento, simpatia,

preferência, convicção e compra); e Strong (1925, apud Kotler, 1998, p. 533) apresenta

apenas quatro, com seu conhecido conceito Aida (atenção, interesse, desejo e ação). Além

disso, como as revistas customizadas apresentam objetivos variados, de acordo com as marcas

representadas e os segmentos de atuação, uma listagem mais completa facilita a sua

adequação, conforme apresentado abaixo:

Quadro 1: Objetivos da comunicação

1. Despertar consciência

2. Chamar atenção

3. Suscitar interesse

4. Proporcionar conhecimento

5. Garantir identificação, empatia

6. e 7. Criar desejo e/ou suscitar expectativa

8. Conseguir preferência

9. Levar à decisão

10. Efetivar a ação

11. Garantir e manter a satisfação pós-ação

12. Estabelecer interação

13. Obter fidelidade

14. Gerar disseminação de informações pelos interlocutores

Fonte: YANAZE; SENISE; FREIRE, 2013, p. 82 et seq.

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Saber exatamente quais são os objetivos da publicação é o passo fundamental para a

mensuração de resultados, uma vez que somente com essas informações será possível traduzi-

los, mesmo objetivos intangíveis, em metas quantificáveis. Isso porque “se o profissional de

uma organização tem dificuldade em estabelecer e diferenciar os objetivos de comunicação,

ele compromete todo o processo, pois metas e indicadores estarão necessariamente,

equivocados” (YANAZE; SENISE; FREIRE, 2013, p. 86). Além disso, a ausência de

objetivos definidos expõe a falta de planejamento da atividade e sua desconexão com as

outras áreas, deixando de ser atrativa para os resultados organização.

Embora os objetivos sejam vistos como a base dos programas de comunicação,

dando sustentação para as etapas seguintes, essa tarefa ainda é uma das mais negligenciadas

pelos profissionais da área. Várias razões, no entanto, recomendam rever essa prática: (1) os

objetivos estabelecem as prioridades, (2) reduzem as disputas internas, (3) definem os

recursos para impulsionar o desempenho e a eficiência, (4) ajudam a criar programas de

sucesso, identificando áreas para mudança prescritiva e melhoria contínua, (5) definem o

estágio da avaliação, e (6) vinculam os objetivos da área ao objetivos do negócio

(ANDERSON et al., 2009, p. 4 e 5).

Vale lembrar que o uso de objetivos como guia para a realização de tarefas nasceu

dentro da área de administração. Chiavenato (2000, p. 272) explica que o termo administração

por resultados, também conhecido como APO, foi usado pela primeira vez por Peter F.

Drucker, em 1954. Surgiu por questões meramente financeiras “quando a empresa privada

norte-americana sofria pressões econômicas [...], quedas de suas margens de lucro e

necessidade de reduzir despesas e de se concentrar mais nos resultados do que em esforços

supérfluos e dispersivos”. A busca desenfreada por lucratividade acabou gerando uma

“administração por pressão”, sendo que os objetivos entraram em cena para tornar o ambiente

interno das organizações mais flexível e adaptável aos interesses de cada departamento.

2.4 Interface com a comunicação

Dentro do repertório da comunicação, as revistas customizadas costumam trafegar

entre as mais diversas áreas das organizações. Às vezes estão sob a tutela da imprensa e

relações públicas, outras vezes ocupam uma posição mais mercadológica, abaixo da área de

publicidade e promoção de vendas, mas há casos em que são da competência dos recursos

humanos, mesmo não sendo uma publicação voltada ao público interno. Por isso,

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consideramos correta a classificação de Kotler e Keller (2012), ao colocá-las como atividade

híbrida de relações públicas e publicidade, conforme quadro abaixo:

Quadro 2: Plataformas comuns de comunicação

Propaganda Promoção

de vendas

Eventos e

experiên-

cias

Relações

públicas e

publici-

dade

Marketing

direto e

interativo

Marke-

ting

boca a

boca

Vendas

pessoais

Anúncios

impressos e

eletrônicos

Embalagem

e encartes

Cinema

Folhetos e

manuais

Cartazes e

panfletos

Diretórios

Reimpressão

de anúncios

Painéis

Placas de

sinalização

Sinalização

de pontos

de venda

DVDs

Concursos, jogos,

sorteios e loterias

Prêmios e

presentes

Amostras

Feiras comerciais

Exposições

Demonstrações

Cupons e

descontos

Financiamento a

juros baixos

Bonificações de

troca

Programas de

continuidade

Merchandising

editorial

Esportes

Entreteni-

mento

Festivais

Artes

Causas

Visitas à

fábrica

Ativida-

des

ao ar livre

Kits de

imprensa

Discursos

Seminários

Relatórios

anuais

Doações de

caridade

Publica-

ções

Relações

com a

comuni-

dade

Lobby

Mídia de

identidade

Revista

corporativa

Catálogos

Mala direta

Telemarketin

g

Fax

Email

Correio de

voz

Blogs

corporativos

Sites

Interpes-

soal

Salas de

bate-

papo

virtual

(chat)

Blogs

Apresenta-

ções de

vendas

Reuniões

de vendas

Programas

de

incentivo

Amostras

Feiras

regionais

Fonte: KOTLER; KELLER (2012, p. 515). Grifo nosso.

O quadro acima revela o amplo leque de atividades que envolvem a área de

comunicação e o quanto elas estão conectadas com os mais diversos departamentos da

organização. Kunsch (2016, p. 38) reconhece que “ações isoladas das áreas de marketing e

relações públicas são insuficientes para fazer frente aos novos mercados competitivos” e para

atender às inúmeras demandas impostas pelos públicos de contato das organizações, o que faz

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com que a comunicação deixe de ter uma função tática e operacional para assumir uma

posição estratégica e integrada.

Entendemos por comunicação integrada uma filosofia que direciona a

convergência das diversas áreas, permitindo uma atitude sinérgica. Pressupõe uma

junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da

comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o mix, o

composto da comunicação organizacional. [...] A convergência de todas as

atividades, com base numa política global, claramente definida, e nos objetivos

gerais da organização, possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação

mais pensadas e trabalhadas com vistas na eficácia. (KUNSCH, 2003, p. 150)

Se a interdisciplinariedade é o aporte da comunicação integrada, podemos dizer que as

revistas customizadas atuam de forma holística dentro das organizações, ao atenderem aos

objetivos de diversas áreas da empresa. Por exemplo, uma matéria mostrando novos processos

de trabalho para a melhoria da qualidade do produto pode ter, à primeira vista, um viés

interno. Porém, se essa mudança traz conforto, comodidade, praticidade ou eficiência para o

produto automaticamente reporta-se ao público externo e ao ser publicada na revista

subentende a estratégia inovadora da marca, o investimento em tecnologia e a preocupação

com o cliente, ou seja, transita por vários ambientes e objetivos da empresa. Até mesmo os

funcionários podem desempenhar papéis diversos, ora como público interno, ora como cliente

da marca.

Particularmente, os executivos da área estão convictos de que os limites entre as

chamadas comunicação institucional ou corporativa e a comunicação dita

mercadológica, antes consideradas como conceitualmente distintas, são cada vez

mais tênues e difusos. Ou seja, a marca passa a definir-se efetivamente como

commodity e há uma relação indissolúvel entre imagem (reputação) da empresa e a

sua posição no mercado. Em outros termos, não há espaço para comunicação

empresarial que não esteja focada no negócio. Ao mesmo tempo, não é possível

imaginar uma organização que não esteja comprometida com o seu cliente e com a

sociedade em que se insere. (BUENO, 1999, p.14)

Para não se perder diante das diversas atribuições da área e atender aos objetivos da

organização, a comunicação utiliza-se do planejamento estratégico para ter um raio X de

todas as atividades a serem executadas, desde a sua concepção até a análise de resultados.

Galerani, (2006, p. 49) explica que “o planejamento é a condição primeira para desenvolver

programas de comunicação organizacional que pretendem apresentar resultados por meio de

avaliação”. Kunsch (2003) o divide em três etapas e detalha as atividades a serem exercidas

em cada uma delas , conforme quadro a seguir:

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Quadro 3: Etapas e funções do planejamento estratégico em comunicação

Etapas Pesquisa e

construção do

diagnóstico

Planejamento estratégico da

comunicação organizacional

Gestão estratégica

da comunicação

organizacional

Funções Identificação da

missão, da visão e dos

valores

Definição da missão, da visão

e dos valores da comunicação

Divulgação do plano

Definição do negócio Estabelecimento de filosofias e

políticas

Implementação

Análise do ambiente

externo, setorial e

interno

Determinação de objetivos e

metas

Controle das ações

Esboço das estratégias gerais Avaliação dos

resultados

Relacionamento dos projetos e

programas específicos

Montagem do orçamento geral

Fonte: KUNSCH, 2003, p. 248 et seq.

Apesar da necessidade de conhecer e empregar cada função do planejamento

estratégico, para a temática da mensuração vale ater-nos à função controle e avaliação dos

resultados, que representa

[...] uma visão crítica do que está sendo planejado e, posteriormente, do que foi

realizado e dos resultados obtidos. Analisar e verificar, por exemplo, se as

estratégias usadas foram corretas e eficazes, listar quais os pontos positivos e

negativos dos programas de comunicação elevados a efeito e ponderar se a

comunicação ocorreu de forma simétrica entre a fonte (organização) e os

receptores (públicos envolvidos). (KUNSCH, 2003, p. 271-272)

Ao inserir as revistas customizadas dentro dos planos de comunicação, com cuidado

para posicioná-las frente à comunicação integrada e adequá-las aos objetivos do planejamento

estratégico, conseguimos fazer com que elas passem de uma simples atividade operacional

para uma função tática, contribuindo para o alcance dos objetivos da organização. O status

tático automaticamente lhe confere valor; e se gera valor, gera resultado; e se tem resultado, é

passível de mensuração.

2.5 Interfaces com economia e finanças

Entre os requisitos conceituais que rondam a mensuração de resultados, a área de

economia e finanças é a mais nebulosa para os profissionais de comunicação. O intuito de

contemplar essa temática está no fato de que é preciso estabelecer um diálogo direto com os

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profissionais responsáveis pela atribuição das verbas dentro das empresas, usando, inclusive,

o vocabulário da área. Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 108) acreditam que compreender e

saber analisar alguns demonstrativos contábeis pode ser um diferencial na carreira do

profissional de comunicação. Segundo os autores, não é preciso ser economista, mas há de ter

um certo desembaraço para transitar por planilhas de fluxo de caixa, demonstrativo de

resultados e balanço patrimonial, os três itens vistos por eles como essenciais para iniciar um

diálogo à altura dos profissionais de finanças. “Conhecer significa saber o que os compõe e os

índices de análise que eles possibilitam. Por meio desse conhecimento poderá estabelecer

relações de como seu trabalho de comunicação influenciará (ou não) cada um desses

instrumentos”.

Shultz e Walters (1997, p. 5) compartilham da mesma crença e dizem que os

comunicadores precisam responder à seguinte pergunta: “o que conseguimos com o nosso

dinheiro?” e não adianta vir com respostas marqueteiras. O que os administradores e

investidores querem ouvir são dados de receitas e resultados.

A falta de entrosamento entre financistas e comunicadores também foi citada por

Crepaldi, (2008, p. 28), que relaciona o baixo aporte financeiro da área à inabilidade

comunicacional: “Na mesa dos executivos tomadores de decisão sobre investimentos, o que

se vê são planilhas e mais planilhas de números e os profissionais da área comunicam-se com

eles em palavras!”

É bem provável que a dificuldade em lidar com números e indicadores justifique a

falta de interesse dos profissionais de comunicação pela mensuração dos projetos editoriais.

Ter fluência numérica é fundamental para “quantificar oportunidades de mercado e ameaças

competitivas” (FARRIS et. al, 2012, p. 2) e não se trata de fazer “apologia aos números”

(YANAZE; SENISE; FREIRE, 2013, p. 154), mas entender que esses conhecimentos podem

ser facilmente convertidos em mapas de desempenho e aperfeiçoamento de projetos da área.

A necessidade por conhecimentos de áreas paralelas à comunicação demonstra o

quanto os profissionais precisam evoluir em termos de aprendizagem, o que inclui uma

revisão do currículo acadêmico, com a inclusão de disciplinas, como finanças, economia e

administração (LUDWIG, 2005, p. 173).

Também é preciso levar em consideração a dificuldade de acesso aos dados financeiros

das organizações, informação geralmente restrita à alta direção. No caso das revistas

customizadas, produzidas e gerenciadas por editoras contratadas, obter dados é ainda mais

complexo. Por isso, ter conhecimento sobre administração, marketing, finanças e economia

não só facilita a mensuração de resultados como também pode dar à área de comunicação o

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papel de destaque que tanto almejam. Kunsch (2003, p. 246) aborda muito bem essa questão

ao identificar a importância do profissional de comunicação em ocupar um lugar junto à

diretoria das empresas e participar das decisões estratégicas.

Segundo dados da European Communication Monitor, divulgados em artigo 11 na

revista Comunicação Empresarial, da Aberje, “menos de um terço (28,4%) dos profissionais

que exercem a função de diretor ou vice-presidente de marketing e/ou comunicação integram

o Conselho Executivo nas empresas privadas. A mesma pesquisa realizada na América Latina

apresentou resultados semelhantes”. A segregação vivida pela área só mostra o quanto é

urgente mudar a postura dos profissionais do setor. A necessidade de atribuir valor à

comunicação faz com que a mensuração de resultados seja cada vez mais estudada por

associações, entidades e universidades nos Estados Unidos, Europa e América Latina.

11 Artigo Mais controlling na comunicação, de Marcos Santos, disponível em <www.aberje.com.br/revista/mais-

controlling-na-comunicacao/>. Acesso em: 28 jun. 2018.

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3. TEORIA E PRÁTICA DA AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE RESULTADOS

É melhor estar vagamente certo do que precisamente errado.

(Sunil Gupta e Donald R. Lehmann,

professores da Columbia Business School)

O papel da comunicação como recurso para alcançar as metas das empresas de acordo

com sua missão, visão e valores geraram demanda por uma atuação mais estratégica da área,

focada em objetivos e resultados (KUNCH, 2003, p 103). Ao adotar o novo modelo de

trabalho proposto pelo mercado, profissionais da área viram-se diante do dilema da prestação

de contas de suas atividades. Essa necessidade fez com que em um primeiro momento dados

pouco confiáveis fossem apresentados como resultados, revelando o despreparo das equipes

de comunicação para lidar com essa nova realidade de mercado. A fragilidade dos relatórios

apresentados aos clientes como resultado era, na verdade, apenas a quantificação das tarefas

realizadas (LUDWIG, 2005; HON, 2005), sem conseguir justificar a eficácia da área. Falha

originada provavelmente na falta de planejamento estratégico, na ausência de definição de

objetivos, na incorreta ou inexistente proposta de avaliação e mensuração de resultados e na

desconexão entre os objetivos da área e os objetivos do negócio. Fato ainda presente dentro

das organizações na atualidade, conforme indica o estudo conduzido nesta dissertação.

Embora a realidade comprove que a prática da avaliação e mensuração de resultados

ainda é incipiente, o interesse dos comunicadores em atribuir valor às suas atividades vem de

longa data. Likely e Watson (2013) fizeram um levantamento dos estudos e metodologias

voltadas à área ao longo de 40 anos, entre 1973 e 2013, com o intuito de mostrar a evolução

das teorias no decorrer deste período. Apesar do aparente aperfeiçoamento dos métodos, a

pesquisa revela a complexidade do tema, sendo que vários acadêmicos ainda estão

debruçados em suas teorias tentando adaptá-las ao mercado.

Ao visitar os artigos mais recentes sobre o tema, podemos constatar que há duas

correntes em andamento. Uma parte deseja estabelecer padrões de avaliação para conectar a

teoria com a prática (LIKELY; BUHMANN; GEDDES, 2018) e a outra pretende avançar no

processo de mensuração associando os objetivos da área com os da organização (WATSON,

2013). O interessante desses trabalhos é que eles não são antagônicos, sendo as duas correntes

complementares e essenciais para o progresso da atividade de mensuração.

Apesar de tratarmos de um objeto de pesquisa específico, o momento vivido pelas

revistas customizadas não difere muito das outras atividades de comunicação, com resultados

sustentados por números pouco representativos qualitativamente, como quantidade de e-mails

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de leitores ou acessos (page views) ao conteúdo na internet. Por serem consideradas

imprecisas e/ou superficiais, as métricas meramente quantitativas não são bem recebidas pelos

profissionais da área financeira, responsáveis pela liberação das verbas para a produção das

revistas e demais produtos de comunicação. O papel correto dos profissionais de comunicação

é sair dessa atitude passiva e estabelecer por si próprio indicadores para serem medidos de

acordo com os objetivos de cada ação. Em 2005, Ludwig havia detectado que os métodos em

uso não são eficientes:

Os sistemas usados atualmente por boa parte das agências e departamentos de

comunicação externa são ineficazes. Percebemos que muitos clientes precisam de

metodologias mais claras de mensuração, ainda que não tenham descoberto isso ou

não estejam preparados para pagar por elas. Acreditamos que essas sejam as razões

pelas quais sistemas de mensuração mais desenvolvidos, que atendam

especificamente aos seus objetivos de comunicação, ainda não tenham se tornado

uma exigência. (LUDWIG, 2005, p.171)

A diferença daquela época até agora está no fato de que atualmente os pesquisadores

estão concentrados em apresentar mais propostas práticas do que conceitos metodológicos. Há

vários estudos com efeito prático em andamento, capitaneados principalmente pelas

instituições que começaram a pensar na avaliação e mensuração de resultados anos e anos

atrás, como o Institute for Public Relations, nos Estados Unidos; o Chartered Institute of

Public Relation (CIPR) e a International Association for the Measurement and Evaluation for

Communication (AMEC), na Inglaterra, além dos esforços de vários pesquisadores e

profissionais de mercado.

É baseado neste momento de convergência entre a teoria e a prática que estabelecemos

o recorte da nossa pesquisa. Nossa proposta consiste em analisar sob o critério da objetividade

e aplicabilidade as 107 opções de metodologias, métricas e conceitos encontrados nos

trabalhos de Galerani (2006), Yanaze, Senise e Freire (2013), Farris et al. (2012) e Hubbard

(2015). Apesar de não integrar o recorte acima, julgamos importante analisar também a

metodologia usada pelo Institute of Reputation, devido a sua tradição em análise de elementos

intangíveis. Outro estudo adicional é o Quadro de Avaliação Integrada, proposto pela AMEC,

incluído aqui pela acessibilidade e facilidade de uso. Por fazer parte da fase de coleta de

dados de várias métricas aqui apresentadas e por ser um método de avaliação de resultados

extremamente difundido e universal também incorporamos nesta seleção a pesquisa, porém

sem o intuito de nos aprofundarmos teoricamente nesta técnica devido a vastidão do tema e

trivialidade.

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Após o estudo das 107 opções de mensuração, encontramos 27 métricas que podem

ser utilizadas para medir as revistas customizadas. É importante destacar que a seleção das

métricas foi feita baseada na vivência e experiência de 20 de anos do pesquisador na produção

de revistas customizadas. Por ser um estudo empírico, não pode ser considerado definitivo e,

provavelmente, outro pesquisador da mesma área apresente um recorte diferenciado. A

adoção desse critério deve-se ao fato de que não há literatura contemplando a temática da

mensuração de resultados relacionadas ao nosso objeto de estudo.

Também não encontramos na literatura diferenciação em relação ao uso dos termos

metodologia, métrica, técnica e modelo. Pela própria acepção da palavra, entendemos que a

metodologia traz um caminho conceitual completo, já as métricas, técnicas e modelos são

formas de medição usadas para ações pontuais. Portanto, não faremos distinção entre uma

palavra e outra e usaremos a nomenclatura adotada por cada autor.

3.1 A demanda pela mensuração

Quando adotada de forma estratégica, a mensuração de resultados traz vários

benefícios não só para a atividade avaliada como também para a relevância da área de

comunicação, como apontam Adary e Volatier (2008, apud PANELLA, 2007, p. 283), ao

elencar as principais vantagens da mensuração:

a. provar a maturidade da função e o profissionalismo dos atores;

b. para justificar o orçamento investido, obter a prova do retorno sobre o

investimento;

c. para ver reconhecido e valorizado o trabalho realizado;

d. para otimizar a estratégia e suas ações de comunicação;

e. para apoiar a tomada de decisão e a avaliação de riscos.

Castillo Esparcia e Alvaréz Nobell (2015, p. VIII) reforçam a necessidade do uso da

avaliação e mensuração, principalmente com o advento da internet, que chegou ao mercado

com variadas formas de mensuração: “Conhecer os resultados, tanto positivos quanto

negativos, possibilita estabelecer prioridades, tomar decisões e previsões no planejamento e

definir parâmetros para novas medições” (tradução nossa).

Galerani (2006, p. 45) afirma que há uma demanda crescente pela apresentação de

resultados por conta da globalização, aumento da competitividade entre as empresas e da

necessidade de aprimorar o relacionamento com os clientes, o que resulta em maiores

investimentos na área de comunicação e, consequentemente, na necessidade de justificar os

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recursos empregados. Já Lopes (2005, p. 73) chama a atenção para a exigência dos

profissionais mostrarem o quanto a área de comunicação “auxilia as organizações no alcance

de seus objetivos de negócio, indicando seu valor econômico”. Peddy (2017, p. 8) reforça que

caso as agências não consigam comprovar resultados reais e tangíveis, relacionados a

objetivos claros, qualquer dado apresentado perde o valor e compromete a verba do projeto.

Portanto, se há a necessidade de comprovar resultados e se tal comprovação agrega

valor à comunicação, a mensuração precisa urgentemente ganhar representatividade dentro

do planejamento estratégico da comunicação e passar a utilizar métodos de análise mais

técnicos e profissionais. Só assim será possível acabar com o estigma de que a comunicação

não consegue apresentar dados confiáveis, como confirma Maio:

Ao se avaliar uma ação, um projeto, um programa ou um plano de comunicação os

profissionais terão consciência do que é efetivo e do que deve ser evitado.

Qualquer outra forma de se comprovar ou não a eficácia, eficiência e efetividade é

intuitiva (MAIO, 2012, p. 16).

Sair do discurso para a prática é fato outro apontado por Castillo Esparcia e Alvaréz

Nobell (2015, p. XIII) ao citar o estudo PR 2020: The Future of Public Relation, realizado no

Reino Unido pela CIPR, em 2011, que apresenta metas a serem atingidas até o final desta

década. Entre elas, estão importantes reflexões sobre o uso da avaliação e mensuração de

resultados, conforme abaixo:

Existe uma grande necessidade de melhorar os métodos de avaliação para

demonstrar o valor que as relações públicas proporcionam à organização.

Os objetivos de avaliação devem ser interrogativos para serem mais

significativos.

A importância da avaliação contínua deve ser reconhecida em favor de um

maior uso de ferramentas e situações.

Padrões e diretrizes de avaliação global reconhecidos pelo setor são

necessários para demonstrar a lucratividade das relações públicas; ocupar

cargos nos conselhos de administração e demonstrar que são fundamentais para

o negócio.

É necessário desenvolver um sistema integrado e um conjunto de ferramentas

significativas para medir o impacto e o valor das comunicações em relação aos

objetivos do negócio; e que um padrão conhecido por todos os profissionais e

suas equipes funcione.

Devemos ser capazes de quantificar a contribuição profissional para o PIB e a

economia.

A reputação deve ser identificada como um ativo do saldo de resultados.

O treinamento em mensuração e avaliação deve ser fundamental para as

Associações e para a Universidade.

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A indústria deve trabalhar com os órgãos de medição e avaliação para o

desenvolvimento de padrões. (Tradução nossa)

Os autores (2015, p. XVI) também explicam a necessidade de se criar uma agenda

para colocar a mensuração de resultados em prática, afinal vários artigos, livros e blogs

demonstraram os inúmeros benefícios para a área, faltando apenas ações mais efetivas para

concretizá-la. E usam como exemplo a lista de atividades propostas pelo presidente do

Institute for Public Relations, David Geddes:

Adotar um marco teórico conceitual comum e um conjunto de indicadores

confiáveis e válidos.

Estabelecer critérios e linhas de pesquisa em relações públicas, em mensuração

e avaliação.

Desenvolver mais e melhores modelos estatísticos.

Padronizar um conjunto de indicadores, índices e modelos.

Fundamentar nosso trabalho com base em experimentação e pesquisa.

Melhorar a qualidade dos dados avaliados.

Incentivar a formação profissional e a educação neste campo.

Cooptar um conjunto de princípios éticos para pesquisa em relações públicas.

Quebrar as barreiras que impedem a pesquisa de relações públicas.

Quantificar e avaliar o impacto das relações públicas.

As análises acima confirmam a urgência de adotar métricas de avaliação de acordo

com a realidade das atividades da área, apresentando casos de estudo reais sobre o tema.

Schultz e Walters (1997, p. 33) lembram que a maioria dos métodos de mensuração foram

criados entre as décadas de 1950 e 1960 e, portanto, não atendem mais às necessidades das

áreas de comunicação e marketing da atualidade. É óbvio que a utilização de processos

consagrados pela administração e marketing servem de subsídio e ponto de partida para o

desenvolvimento de novos processos de medição, mas uma metodologia própria, que consiga

lidar com a diversidade de ações da área, pode contribuir para a propagação das tarefas de

mensuração.

É preciso, porém, atentar para os problemas que o uso indiscriminado da

mensuração pode trazer, principalmente quando aplicada de forma errônea, como o risco de a

comunicação focar-se exclusivamente em “objetivos quantificáveis” e ficar limitada a um

nível tático e operacional (GALERANI, 2006, p.42), o alto custo do processo de medição

impossibilitar a execução do próprio projeto (HUBBARD, 2015, p.24) e a dificuldade de

isolar o item avaliado de outras ações de comunicação (HON, 2005, p. 104), ocasionando uma

leitura incorreta da atividade. Até mesmo o uso de uma metodologia específica tem

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controvérsias: “Pretender um procedimento ou modelo padrão que não seja maleável é

desrespeitar as lições que ensinam ser preciso adaptar as mensagens de comunicação à cada

situação vivenciada e às características de cada segmento de público” (GALERANI, 2006, p.

58), resultando na utilização de ações e projetos de prateleira.

Outro obstáculo é o uso da tecnologia e inteligência artificial como ferramenta de

medida para as atividades de comunicação. São programas padronizados que prometem

avaliar o impacto da comunicação apresentando índices e pontuações específicas. Para Harary

(2017, p. 14) essa premissa pode ser perigosa, uma vez que só a mente humana é capaz de

interpretar completamente os resultados e analisá-los no contexto e objetivos das

organizações.

A análise automatizada de sentimentos é um ótimo exemplo de que a experiência

humana é necessária para refinar, treinar, validar e aprofundar as informações

coletadas e transformá-las em insights úteis. Tecnologia e inteligência artificial

aprimoram o que fazemos, mas não podem substituir a necessidade de

conhecimento humano e pensamento crítico (HARARY, 2017, p.14, tradução

nossa).

Dentro desse contexto, consideramos irreversível o uso da tecnologia no processo de

mensuração, porém ele deve estar restrito ao seu papel operacional, auxiliando na

compilação e armazenamento de dados e na execução de cálculos e fórmulas. Já a

interpretação e análise sistemática dos dados deve ser realizada pelos profissionais da área.

Portanto a relação homem/máquina não deve ser vista como excludente e sim como

atividades complementares e interdependentes, uma vez que a tecnologia confere precisão e

rapidez às operações e contribui para a formação da base histórica, fornecendo a matéria

prima para a análise dos comunicadores.

Por último, temos a necessidade de desmitificar a prática da mensuração. Se por um

lado o trabalho requer o manuseio de fórmulas, dados matemáticos e demonstrativos

financeiros, do outro temos alternativas mais simplistas, conforme Hubbard (2015, p.36- 37):

“há todos os tipos de problemas a considerar quando queremos fazer estimativas ainda mais

precisas, mas devemos lembrar-nos que se uma observação nos ensinou algo que

desconhecíamos, isso já foi uma mensuração”. Adepto de técnicas de fácil compreensão e

aplicação, o autor criou em 1995 um método chamado Economia Aplicada às Informações,

fundamentado no uso sistemático de cinco perguntas, a serem respondidas no início do

processo de mensuração. São elas:

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1. Qual é a decisão que essa mensuração deve apoiar?

2. Que (sic), realmente, está sendo mensurado?

3. O que isso tem a ver com a decisão que se deve tomar?

4. Que (sic) você sabe sobre o assunto agora?

5. Qual é o valor de ampliar a mensuração do tema? (HUBBARD, 2015, p. 54)

O objetivo dos questionamentos é conseguir por meio das respostas dados que

possam indicar quais decisões e comportamentos serão afetados pelos resultados da

mensuração. Se ao final das indagações não for possível identificar efeitos concretos na

organização, simplesmente não há motivos para fazer a mensuração. A autoavaliação inicial

pode ser útil para evitar desperdícios de esforços, tempo e verbas. Embora pareça que a

técnica acima seja superficial e imprecisa, percebe-se na insistência do autor em adotar a

linguagem mais coloquial uma tentativa de reduzir o medo e quebrar as resistências dos

profissionais para os cálculos matemáticos e conhecimentos financeiros.

O autor ainda descontrói alguns dogmas da mensuração ao dizer que (1) seu

problema não é tão incomparável, (2) você tem muito mais dados do que pensa, (3) você

precisa de muito menos dados do que pensa, (4) há certa mensuração muito mais simples do

que você pensa e (5) a mensuração só não deve ser feita quando seu custo exceder seus

benefícios. Os pontos citados por Hubbard refletem bem a realidade do ambiente das

empresas e rebatem as principais justificativas dos profissionais para declinar da mensuração.

3.2 A concepção das métricas

Os itens apontados pelo Institute of Public Relations, dos Estados Unidos, no subtítulo

anterior, mostram a necessidade da criação de um referencial teórico comum e indicadores

confiáveis e válidos, uma vez que a diversidade de métricas e fórmulas de mensuração,

decorrentes da administração, economia e marketing, dificulta o trabalho de quem precisa

usá-las no dia a dia. Por outro lado, a variedade de ações de comunicação requerem métodos

de mensuração específicos, dificultando a simplificação da teoria. Como explica Maio:

Não existem fórmulas prontas para a escolha da metodologia mais adequada de

avaliação em comunicação organizacional. Para que os resultados sejam medidos é

fundamental testar, experimentar, aprender e aprimorar. O comunicador deve, no

entanto, conhecer as possibilidades e, se possível, combinar várias técnicas.

Metodologias quantitativas e qualitativas podem se complementar, unindo

credibilidade dos números à riqueza dos depoimentos e observações, por exemplo.

(MAIO, 2012, p. 22).

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Escolher as métricas mais adequadas para analisar um projeto é o grande desafio dos

profissionais de comunicação, principalmente porque não existe uma métrica única nem

perfeita (FARRIS et al., 2012, p. 3; YANAZE; SENISE; FREIRE, 2013, p. 95). Martin

Klubeck (2012, p. 37), consultor de estratégia e planejamento na universidade americana de

Notre Dame, defende que a seleção da métrica depende da descoberta da questão-raiz do

projeto, ou seja, o que realmente pretende-se saber. A partir daí será possível estabelecer a

melhor métrica, que, segundo o autor, deve ser composta por dados, medidas e informações,

formando o que o autor denomina de história completa do projeto.

A escolha da métrica representa apenas uma parte do caminho a ser percorrido pela

mensuração. Para ter a leitura completa sobre determinado projeto, Klubeck (2012, p. 113)

aponta a necessidade da interpretação correta dos dados, que pode, à primeira vista, não

refletir a realidade do projeto. Como exemplo, cita o caso de um funcionário do serviço de

atendimento ao consumidor de uma empresa com a menor quantidade de casos de clientes

solucionados de sua equipe. Ao analisar os motivos da baixa performance, descobriu-se que

tal funcionário, por ser o mais experiente da casa, ficava encarregado dos casos mais

complexos e com maior dificuldade de solução, ou seja, a métrica tempo x quantidade não era

a correta para avaliar o desempenho dessa equipe. “As métricas são uma ferramenta, um

indicador – elas não são a resposta e podem ter múltiplas interpretações. Ouvi (vezes demais

para o meu gosto) que as métricas devem ‘guiar’ decisões. Prefiro acreditar que as métricas

devem ‘informar’ decisões” (KLUBECK, 2012, p. 113).

Uma vez que uma métrica pode levar a resultados errados, o autor sugere o uso da

triangulação de informações, utilizando diferentes medidas, métodos, fontes de coletas e

perspectivas (KUBLECK, 2012, p. 164-171), o que requer conhecimentos específicos sobre

mensuração de resultados. Sendo assim, concluímos que as métricas funcionam apenas como

um referencial para se chegar a um dado, mas ao contrário do que Klubeck conceitua ela não

conta uma história completa. Essa análise final ainda é atribuição do avaliador.

3.3 A contribuição de relações públicas

Vem da área de relações públicas os maiores esforços de construção do referencial

teórico sobre avaliação e mensuração de resultados em comunicação. Em um dos primeiros

estudos realizados no Brasil, Galerani (2003) analisa em sua dissertação de mestrado,

transformada livro, em 2006, sete modelos de avaliação em comunicação organizacional,

selecionados pela pesquisadora em função de sua abrangência, desenvolvimento teórico e

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aplicabilidade. São trabalhos desenvolvidos por grandes pesquisadores da área de relações

públicas, como William Ehling, Yungwook Kim, Scott Cutlip, Allen Center, Glen Broom,

Tom Watson, Linda Childers Hon e James E Grunig. O texto da autora foi usado como

referência e ponto de partida da nossa pesquisa, porém buscamos informações adicionais no

trabalho original dos autores e em textos publicados por eles posteriormente. Embora os

modelos aqui apresentados tenham a intenção de mostrar os resultados da área de

comunicação, vale destacar que eles são estudos na esfera da avaliação e, portanto, não

podem ser considerados métricas de mensuração. A relevância está justamente na construção

do caminho a ser percorrido pela avaliação, com destaque para a correlação entre a definição

dos objetivos e o alcance dos resultados.

Os dois primeiros métodos apresentados por Galerani têm preocupação em atribuir

valores monetários aos programas de comunicação e os cinco restantes contemplam o lado

intangível da comunicação. O primeiro é o Modelo de Compensação Variável (p. 72),

idealizado por William Ehling, em 1992, pesquisador da Universidade de Syracuse dos

Estados Unidos. Nesta proposta, o objetivo é calcular o valor econômico das ações de

comunicação com base em um problema, ou seja, a empresa deve calcular o quanto terá de

prejuízo a médio e longo prazo diante de uma determinada situação e comparar

monetariamente com o investimento necessário para revertê-la. Caso o valor do prejuízo seja

menor do que o custo da ação reparadora, o autor aconselha não realizar a atividade. É um

método mais adequado à fase de implantação de um novo projeto ou para o gerenciamento de

uma crise, uma vez que parte de uma situação problema. Portanto, não consideramos a

proposta de Ehling válida para a mensuração de customizadas.

O segundo modelo apresentado por Galerani (2006, p. 77) é o Modelo de Duas Fases,

de autoria de Yungwook Kim, realizado em 1999, que atribui valor monetário à comunicação

por meio da reputação. Na época em que foi avaliado por Galerani, a autora considerou a

aplicação do método complexa demais por necessitar da ajuda de estatísticos e matemáticos

para sua compreensão. O modelo passou por uma nova avaliação na década de 2010

(KIM;YANG, 2015, p. 582) com o intuito de revalidar sua aplicação e testar o uso fórmulas

mais simples, porém os cálculos mostraram-se novamente de difícil utilização, sendo

descartado por não atender aos critérios de praticidade e aplicabilidade.

O terceiro exemplo, Modelo de Preparação, Implementação e Impacto (PII),

desenvolvido por Scott Cutlip, Allen Center e Glen Broom, em 1985, é um dos métodos mais

conhecidos e utilizados do mercado (Watson, 2001, p. 264) e está dividido em três fases,

sendo que todas as fases utilizam a pesquisa como fonte de informação para construção do

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passo a passo das atividades. Na fase de Preparação (1) faz-se o descritivo das ações a serem

realizadas e a definição do investimento, pessoas, processos e tempo de realização. Além

disso, estabelece-se os objetivos do projeto, formulados a partir de uma pesquisa simples, que

servirá de suporte para a análise das etapas seguintes. Na fase de Implementação (2) avalia-se

por meio de pesquisas de recepção se os esforços e as táticas usadas atingiram o público

correto, se as mensagens foram recebidas e se estavam de acordo como planejamento inicial.

O resultado da pesquisa irá definir a continuidade ou ajustes no processo de trabalho. Já na

fase de Impacto (3) verifica-se o retorno e os resultados das ações implementadas por meio de

pesquisa mais elaborada para saber se a ação conseguiu influenciar ou modificar o

comportamento da audiência (GALERANI, 2006, p. 80-81).

Consideramos esse modelo de fácil aplicação em revistas customizadas, podendo ser

utilizado com frequência. As etapas são bem similares às três primeiras fases do planejamento

de comunicação (pesquisa, planejamento e implantação, mostradas na página 49) e tem a

pesquisa, um método bem conhecido, como forma de avaliação de cada etapa. Watson (2001,

p. 264) afirma que esse método é um dos estudos mais relevantes da área por separar

claramente cada fase de desenvolvimento do projeto e por servir de modelo para o estudo de

outros pesquisadores.

O quarto modelo avaliado por Galerani (2006, p. 83) é o Yardstick também conhecido

como Régua da Efetividade. Criado por Walter Lindenmann, membro do Instituto de

Relações Públicas da Flórida (EUA), é visto como uma opção de fácil aplicação, ágil e de

baixo custo. É realizado em duas etapas, sendo a primeira a definição dos objetivos de

comunicação do projeto e a segunda de definição do nível de avaliação a ser realizada,

dividido em básico, intermediário e avançado (LINDENMANN, 1993, p.7). Esse método

utiliza variadas técnicas de pesquisas para coletar os dados necessários para a mensuração de

resultados, conforme descrito no quadro abaixo:

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Quadro 4: Modelo Yardstick

Nível Objetivo Avalia Como fazer

1. Básico Medir a quantidade e

qualidade dos

produtos de

comunicação

Público-alvo

Produção/Eventos

Inserções na mídia

Análise quantitativa dos

materiais/ações realizadas, como

folhetos, publicações, entrevistas

coletivas, quantidade e qualidade dos

eventos, pessoas atingidas, cartas, e-

mails, etc.

2.

Intermediário

Medir a atenção e

retenção das

mensagens

promovidas pelo

produtos de

comunicação

Retenção

Compreensão

Percepção

Recepção

Coleta de dados quantitativos e

qualitativos, por meio de grupos

focais, entrevistas em profundidade

pesquisa com a audiência

(presencial, telefone, e-mail)

3. Avançado Medir os efeitos e

resultados de

comunicação

organizacional no

comportamento dos

públicos estratégicos

Mudança de

comportamento

Mudança de atitude

Mudança de opinião

Por meio de testes pré e pós-

campanha, pesquisas experimentais,

coleta de dados moderados como

observação e participação, análise

psicográfica, análise de agrupamento

de fatores, entre outras

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de LINDENMANN (1993, p. 7 et seq.)

Trazendo a Régua de Efetividade para o campo das revistas customizadas, podemos

dizer que no nível básico são avaliadas a qualidade gráfica da publicação, tiragem e público

atingido. No nível intermediário, avalia-se o conteúdo, ou seja, se as matérias foram lidas, se

os leitores lembram de algum assunto específico da revista e se a publicação trouxe alguma

informação adicional sobre os produtos ou serviços da marca. No nível avançado, que tem

foco em comportamentos e atitudes, pode-se verificar se a publicação resultou em alguma

ação efetiva por parte do leitor, como visita a uma loja para conhecer o produto destacado em

uma matéria, o despertar do desejo ou a compra efetiva do produto.

O próprio autor reforça que a avaliação de relações não é processo simples e que a

metodologia de pesquisa usada no nível 3 (avançado) requer investimentos maiores, mas

coloca como referência o valor de US$ 35 mil como custo total do processo. Ao avaliar o

modelo, Lopes (2016, p. 343) apresenta como desvantagem o fato do resultado obtido estar

restrito à área de comunicação e não apresentar vínculos com a avaliação da organização.

Porém, como estamos abordando a mensuração apenas no contexto das revistas customizadas,

consideramos o método perfeitamente aplicável ao nosso universo.

Os próximos dois modelos foram desenvolvidos pelo pesquisador inglês Tom Watson,

em 1995, batizados como Modelo de Curta Duração e Modelo Contínuo. A proposta era

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apresentar um processo de trabalho simplificado, capaz de eliminar as objeções dos

profissionais em relação à avaliação, sem a necessidade de alto investimento e pouco tempo

para a execução. Como o próprio nome indica, o modelo de Curta Duração (WATSON, 2001,

266) avalia as ações realizadas em um período reduzido de tempo por meio de um processo de

execução linear e sem feedback. Sua função é saber basicamente se a ação funcionou ou não.

Útil para ser utilizada em atividades com objetivos simples, como, por exemplo, a divulgação

de um release (figura 4). Para mensurar a conquista dos objetivos usa-se a análise de mídia, o

resultado de vendas ou uma pesquisa por telefone. O sucesso do modelo depende da adequada

definição dos objetivos e o próprio autor alerta para o fato de que se forem utilizados

objetivos irreais, o resultado da análise será irrelevante.

Figura 4: Modelo de Curta Duração

Fonte: Adaptado de WATSON (2001, p. 267, tradução nossa)

O Modelo Contínuo pretende derrubar uma prática muito usual da área de só fazer a

avaliação no final do projeto. A proposta de Watson (1996, n.p.) é mostrar os resultados de

ações de longa duração, que possuem audiência segmentada e grande variedade de estratégias

e táticas, com resultados coletados por meio de pesquisas contínuas e consistentes. O

diferencial está no fato de a avaliação ser feita durante toda a vida útil da ação, gerando

indicadores que possibilitam a correção das estratégias ou até o seu cancelamento.

Sua implantação começa pela definição dos objetivos e resultados esperados, a partir

daí define-se as estratégias e táticas para alcançá-los. Ao longo do programa são feitas

análises formais e informais e dependendo dos resultados opta-se pela continuidade do

programa ou constata-se o seu sucesso.

Objetivo: conscientização

Estratégia e táticas de relacionamento

com a mídia

Análise de resposta do target

Análise da mídia

sim ou não

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Figura 5: Modelo Contínuo

Fonte: Adaptado de WATSON (2001, p. 268, tradução nossa).

Segundo o autor (2001, p. 267), a grande vantagem do modelo Contínuo é a

possibilidade de retroalimentação, que fornece dados para validar a pesquisa inicial e

possibilita a inclusão de novas informações no decorrer do processo para adequar objetivos e

estratégias, além de monitorar a continuidade da ação de acordo as mudanças de

comportamentos e atitudes do público de interesse. Assim como o modelo de Lindenmann, a

proposta de Watson é de fácil compreensão e aplicação. Como contempla projetos de longa

duração e variadas estratégias pode ser adaptado para as revistas customizadas, que

necessitam de avaliação permanente para a checagem dos objetivos e correções de rota.

Vemos como maior dificuldade o uso da pesquisa como forma de coleta de dados, um método

considerado dispendioso e demorado pelas empresas.

Outro estudo analisado por Galerani (2006, p. 90) é a Avaliação de Relacionamentos,

idealizado pelos pesquisadores norte-americanos Linda Childers Hon e James Grunig, em

1992. O diferencial deste conceito está na construção de sua base teórica focada no

alinhamento dos objetivos de comunicação com os objetivos da organização e na medição de

resultados baseada nos relacionamentos da empresa com seus públicos de interesse. Segundo

os autores, uma boa comunicação entre as partes é fundamental para a qualidade do

relacionamento, mas é um processo que leva um certo tempo para ser concretizado (HON;

GRUNIG, 1999, p. 10). O sucesso depende também da forma como as organizações escolhem

se relacionar com seus públicos, sendo que essa comunicação necessita ser aberta, de fácil

acesso, positiva, confiável, compartilhada e interativa.

Pesquisa

Escolha

das

estratégias

e táticas

Mantém

Resultados

Êxito

Definição

de

objetivos e

resultados

Múltiplos

formatos e

análise

informal

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A análise dos resultados fundamenta-se basicamente no uso da pesquisa, que pode ser

feita a nível do programa (atividade individual de comunicação), nível funcional (engloba

todas as atividades da área de comunicação), nível organizacional (contribuição da

comunicação para a organização) e nível social (contribuição da organização para a

sociedade) (GRUNIG, 2005, p. 51-59), sendo que cada nível deve ser avaliado em duas

frentes: processos e resultados. No caso das revistas customizadas, estamos falando de um

produto a nível de programa, sendo que a avaliação de seus processos inclui a frequência com

que as publicações são distribuídas e a assiduidade de leitura. Em relação aos resultados,

deve-se demonstrar os efeitos que a publicação causa a curto e longo prazo em termos de

conhecimento, atitude e comportamento dos públicos atingidos. A mensuração pode ser feita

a partir de pesquisas de opinião e banco de dados.

A proposta de Grunig é bem conceitual e mesmo os textos publicados posteriormente

não chega a demonstrar um modelo prático de mensuração, sendo válido apenas como

referencial teórico para quem desejar construir um método próprio de aferição de resultados

baseada nos relacionamentos.

O trabalho dos pesquisadores elencados por Galerani, e mesmo seus estudos

posteriores, não mostrou grandes avanços no campo conceitual, sendo que a dobradinha

objetivo/resultado é usada como ponto de partida na maioria dos processos de avaliação.

Entretanto, a perpetuação do referencial teórico confirma a assertividade desses modelos

como base para os novos estudos da atualidade. Por outro lado, apontamos a falta da

diversidade de técnicas de avaliação e grande dependência da pesquisa como coleta de dados,

uma proposta de alto custo de execução e complexidade de análise.

3.3.1 Quadro de Avaliação Integrada

Vem da AMEC a mais nova tentativa de tornar a mensuração de resultados mais

palpável aos olhos dos comunicadores. O modelo chamado, em tradução livre, Quadro de

Avaliação Integrada (Integrated Evalution Framework ou IEF, em inglês), lançado em 2015, é

uma ferramenta online, gratuita e traduzida para 17 idiomas (inclusive português de Portugal),

que apresenta o passo a passo das atividades de comunicação, incluindo as etapas de

planejamento, implementação e avaliação.

O modelo é considerado a aplicação prática dos 7 princípios de Barcelona, documento

lançado em 2010, em parceria com várias associações europeias e americanas, com objetivo

de destacar a eficácia da mensuração para as atividades de comunicação. Em 2015, os 7

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72

princípios foram atualizados e novo documento foi batizado versão 2.0. Segundo Rockland

(2015, p. 1), as principais mudanças foram a ampliação do programa, anteriormente limitado

a relações públicas, para todas as áreas de comunicação, o reforço sobre a importância da

atuação integrada e o foco na mensuração de objetivos qualitativos, conforme figura abaixo:

Figura 6: Princípios de Barcelona ( 2010, à esq.) e Versão 2.0 (2015, à dir.)

Fonte: <www.amec.org>. Traduzido pelo autor.

Portanto, o Quadro de Avaliação Integrada é uma tentativa de concentrar todos os

itens estabelecidos no protocolo acima, como veremos a seguir. Está dividido em seis

tópicos: (1) entradas/inputs (público-alvo e estratégias), (2) atividade (o que irá empreender

1. Importância na definição de metas de mensuração

1. Definição de metas e mensuração são essenciais para a

Comunicação e RP

2. É preferível medir o efeito sobre os resultados do que medir

os resultados em mídia

2. Recomenda-se a mensuração de resultados de comunicação

em vez de apenas a mensuração de saídas

3. O efeito sobre o resultado da empresa pode e deve ser medido

sempre que possível

3. O efeito sobre o desempenho organizacional pode e deve ser medido sempre que possível

4. A mensuração de mídia requer quantidade e qualidade

4. Mensuração e avaliação requerem métodos qualitativos e

quantitativos

5. Os valores equivalentes de publicidade (centimetragem) não

são os valores de RP

5. Centimetragem não é valor para comunicação

6. As mídias sociais podem e devem ser mensuradas

6. Mídias sociais podem e devem ser avaliadas consistentemente

junto com outros canais de mídia

7. Transparência e replicabilidade são primordiais na mensuração

7. Mensuração e avaliação devem ser transparentes,

consistentes e válidas

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73

ou já empreendeu), (3) saídas/outputs (conteúdo, material e atividades), (4) reações/out-takes

(como o seu público interagiu), (5) resultados/outcomes (os efeitos da comunicação sobre o

público-alvo, e (6) impacto (como a organização foi impactada pela companha). Para cada

item há informações adicionais orientando os usuários a preenchê-lo e também uma lista de

métricas possíveis, conforme quadro 10. No conteúdo do material é possível ver claramente a

contribuição conceitual dos modelos selecionados por Galerani, confirmando a declaração de

Watson (2011) de que os trabalhos iniciais de relações públicas fundamentaram os estudos

subsequentes. Se olharmos a estrutura do Quadro de Avaliação Integrada podemos ver que é

construído considerando três fases: a preparação, a implementação e a mensuração de

resultados, usando inclusive os termos estabelecidos por Watson, Lindermann e Cutlip et al.,

conforme exposto na figura e quadro a seguir:

Figura 7: Etapas do processo de mensuração

Fonte: : <www.amec.org>

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74

Quadro 5: Quadro de avaliação integrada

Est

ágio

Entradas

(inputs)

Atividades Saídas

(outputs)

Reações

out-takes

Resultados

outcomes

Impactos

Def

iniç

ão

O que você

precisa para

preparar a

comunicação

O que você faz para

planejar e produzir

a sua comunicação

O que você

levou ao

público-alvo

O que o

público faz

com/tira da

comunicação

Efeito da

comunicação no

público-alvo

Resultados causados

pela comunicação

Pa

sso

s ch

av

e

Objetivos

Orçamentos

Recursos

(funcionários,

agências,

instalações,

parcerias)

Pesquisa formativa

Planejamento

Produção (design,

redação, compra de

mídia, assessoria de

imprensa etc.)

Distribuição

Exposição

Recepção

Atenção

Conscienti-

zação

Compreensão

Interesse/pre-

ferência

Engajamento

Participação

Consideração

Aprendizado/

conhecimento

Mudança de

atitude

Satisfação

Confiança

Preferência

Intenção

Reputação

Relacionamentos

Compliance /

cumprimento de

ações

Mudança

organizacional

social / pública

Mét

rica

s e

ma

rco

his

tóri

co

Objetivos

SMART12

Metas / KPIs

Baseline/

benchmarks

(percepção atual)

Necessidades do

público/

preferências etc.

Plano estratégico

Plano de

avaliação Dados

pré-teste (conceitos

criativos)

Produção de

conteúdo (press

releases,

websites)

Relações com a

mídia

Volume de

publicidade

Alcance de

mídia

Impressões/

OTS

Share of voice

Tom/

favorabilidade

Posts, tweets e

e-marketing

Publicidade

Audiência

CPM

Cliques

Resposta a

eventos

Visitantes

únicos

Views

Resposta

(seguidores,

likes, tags,

compartilha-

mento,

retweets)

Recall

Comentários /

respostas posi-

tivas

Assinaturas

Aceitação de

mensagens

Níveis de

confiança ou

intenção

Apoio

Registros (lista

de doares de

órgãos)

Preferência de

marca

Reclamação

Satisfação de

funcionários

Suporte do público

Metas de adesão

(doações de sangue,

etc.)

Aumento das

vendas

Aumento das

doações

Economia de custos

Retenção de

funcionários e

cliente/ fidelização

Qualidade de vida/

melhoria do bem-

estar

Mét

od

os

de

Av

ali

açã

o

Análise

interna

Mapeamento

ambiental

Análise de

viabilidade

Análise de

risco

Análise de

metadados

(pesquisas

anteriores e

métricas)

Pesquisa de

audiência/mercado

(grupo focal,

entrevistas)

Estudos de caso

(boas práticas)

Análise SWOT

Painéis pré-teste

Revisão de

especialistas

Métricas de

mídia

(audiência,

impressões,

CPM)

Monitoramen-

to de mídia

Análise de

conteúdo

(quali e

quanti)

Análise de

mídias sociais

Relatórios de

atividades

Estatísticas da

web (views,

downloads)

Análise de

mídias sociais

Feedback

Etnografia

Netnografia

Pesquisas de

audiência

Análise de

mídias sociais

(quali)

Banco de dados

Etnografia

Netnografia

Pesquisa de

opinião

NPS

Registros de dados

(vendas e doações)

CRM

Dados de pesquisa da

equipe

Estudos de Reputação

Análise de custo-

benefício

ROI (se houver

objetivo financeiro)

Econometrics

Qualidade de vida e

bem-estar

Fonte: <www.amec.org> (tradução nossa).

12 Corresponde à sigla em inglês SMART, sendo S (specific/específico); M (measurable/mensurável); A

(attainable/atingível); R (realistic/realista); T (time-bound/oportuno).

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75

Para testar o uso da ferramenta fizemos uma simulação com um projeto de revista

customizada. Porém, o IEF funciona apenas como um mapa do projeto, uma vez que as

sugestões de métricas não são customizadas, ou seja, o que ele apresenta são possíveis

métricas para cada item, independentemente de ser a mensuração de uma ação de assessoria

de imprensa ou uma revista customizada. O que vale leitura detalhada é o documento

Taxonomia para padrões de avaliação13, que destaca um erro muito comum dos profissionais

de comunicação ao fazer a mensuração, que é a utilização da métrica errada, misturando, por

exemplo, métrica de saída (outputs) para avaliar resultado (outcomes), entre outros. Mesmo

que ainda não seja o documento de mensuração perfeito, a atitude da AMEC é louvável por

três motivos: primeiro, pela tentativa de elencar métricas para uma variada gama de produtos

de comunicação; segundo, pela oferta, alcance e compartilhamento do documento

gratuitamente; e terceiro, por revelar o quanto a área de comunicação empresarial depende da

comprovação de resultados.

3.4 O viés do marketing

Yanaze, Freire e Senise (2013) tratam a mensuração de resultados em comunicação

de forma bem didática, com metodologias e métricas desenvolvidas no Centro de Estudos de

Avaliação e Mensuração em Comunicação e Marketing (Ceacom), da Universidade de São

Paulo, mesclando pesquisas acadêmicas e experiências empresariais. O foco do trabalho dos

pesquisadores é a demonstração do retorno do investimento (ROI) nas mais diversas

atividades da área de comunicação e marketing, porém sem o viés puramente financeiro,

partindo do pressuposto de que investimento é a “soma total dos esforços de uma organização

para atingir algum objetivo”, sejam eles monetários ou não (YANAZE; FREIRE; SENISE,

2013, p. 247). Portanto, quando o assunto é mensuração de resultados pouco importa se o

objetivo a ser alcançado é tangível ou intangível, o importante é comprovar algum retorno

para a organização, contribuindo para a missão estratégica da comunicação. Portanto, os

autores acreditam que

[...] Quanto maior o nível de objetividade (valores quantificáveis) que

conseguirmos inserir no trabalho da comunicação dentro das organizações, mais

13 Disponível em <www.amecorg.com/amecframework/pt-pt/home/supporting-material/taxonomy/>.

Acesso em: 06 jun. de 2017.

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76

respeitados serão os comunicadores, ou seja, considerados menos táticos e

operacionais. Trata-se, também, de uma questão de capital político no âmbito

organizacional, ou seja, quanto mais o comunicador apresentar seus resultados de

forma que as demais áreas e seu corpo diretivo os apreendam objetivamente, maior

será a percepção de que seu trabalho é essencial para a consecução dos objetivos

gerais da organização. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 248).

Antes de iniciar qualquer trabalho de mensuração, os autores alertam sobre a

necessidade de criar uma “série histórica de resultados”, formando uma espécie de banco de

dados para os profissionais aperfeiçoarem os trabalhos em desenvolvimento e o conhecimento

em medição, ajudando a reduzir erros futuros. Também sugerem que a mensuração seja

realizada por profissionais sem envolvimento direto com a atividade analisada com o objetivo

de não influenciar a apuração dos resultados (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 158-

161).

Para a realização do processo de mensuração é preciso contemplar quatro plataformas

de monitoramento distintas: (1) Plataforma de Eficiência/ Eficácia/Efetividade, (2) Plataforma

de Integração das Ações de Comunicação; (3) Plataforma de Análise do Ambiente

Mercadológico/Situacional e (4) Plataforma de Informações dos Resultados de Marketing e

Comunicação e dos Indicadores de Performance.

A Plataforma de Eficiência/Eficácia/Efetividade analisa se ação foi corretamente

empregada e atingiu os objetivos propostos. Também facilita a identificação da ocorrência de

resultados insatisfatórios, muitas vezes difíceis de serem percebidos pelos gestores. Por

exemplo, um trabalho desenvolvido de “maneira equivocada, com prazos apertados ou

fornecedores despreparados” refere-se à falta de eficiência. O uso de uma ação inadequada é

considerada falta de eficácia e caso a mesma seja interrompida ou esteja fora contexto dos 14

objetivos de comunicação é falta de efetividade (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 160).

O quadro abaixo mostra as opções de métricas para avaliar cada caso. Consideramos que

todas as sugestões podem ser aplicadas para as revistas customizadas e a escolha de uma em

detrimento da outra depende dos objetivos de cada publicação.

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77

Quadro 6: Métricas de Avaliação e Mensuração

1. Métricas de

eficiência

Aderência aos objetivos de comunicação da empresa

Compatibilidade com os objetivos específicos da ação previamente

estabelecidos

Qualidade do conteúdo da mensagem

Qualidade da forma de apresentação

Adequação aos meios utilizados

Qualidade e adequação da execução

Cumprimento das etapas e prazos, utilização correta dos recursos, de

acordo com o previsto

Outras

2. Métricas de

eficácia

Quantidade de pessoas/públicos atingidos

Adequação das pessoas/públicos atingidos

Resultados da pesquisa de recall

Medição dos shares of voice, of mind, of heart, of power, of market etc

Avaliação e mensuração de moedas não financeiras relacionadas

Avaliação e mensuração de moedas financeiras relacionadas

Apuração dos índices econômicos, financeiros e patrimoniais

Outras

3. Métricas de

efetividade

Índice de continuidade da ação e comparativo dos resultados ao longo do

tempo

Pertinência em termos de: tempo de exposição, integração e sinergia com

outras ações de comunicação.

Grau de progressão ao longo do processo sistêmico de comunicação (14

objetivos)

Outras

Fonte: YANAZE; FREIRE; SENISE, p. 160

Já a Plataforma de Avaliação da Integração das Ações de Comunicação tem como

objetivo analisar se determinada ação atende aos objetivos da comunicação e também se está

integrada com outros projetos da empresa. Na Plataforma de Análise do Ambiente

Mercadológico/Situacional são mapeadas as variáveis que podem afetar positiva ou

negativamente uma ação, como dados referentes ao clima organizacional, mercado,

concorrência e públicos de interesse. A Plataforma de Informações dos Resultados de

Marketing e Comunicação e dos Indicadores de Performance pretende reunir dados das ações

de comunicação das empresas, incluindo as áreas administrativa, mercadológica e

institucional.

Na sequência, os autores apresentam uma série de metodologias para medir as mais

variadas atividades, desde relacionamento com a imprensa e eventos até campanhas de

publicidade, imagem corporativa e merchandising. Não entram, porém, no escopo das revistas

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customizadas, mas apresentam métricas para uma revista mensal dirigida ao público interno e

um relatório social.

Ao analisar todas as opções de avaliação empregadas nas mais diversas atividades,

conseguimos reunir algumas métricas que podem ser aplicadas nas revistas customizadas. A

primeira delas é o Custo por Público Ponderado Atingido/PPA, que atribui um peso para cada

tipo ou grupo de leitores de acordo com seu grau de importância para a empresa. Lembrando

que as revistas customizadas, além dos clientes, são distribuídas para jornalistas, agências de

publicidade, formadores de opinião e fornecedores, sendo este último geralmente anunciante

da publicação. A fórmula para o cálculo do CPPA é simples. Basta dividir o custo total da

publicação pela quantidade de leitores, atribuídos os pesos, e se chegará ao CPPA. Apesar de

sabermos que um exemplar é lido por mais de uma pessoa, aqui usa-se como referência o

mailing da publicação. Caso alguma pesquisa específica da publicação tenha detectado a

quantidade adicional de leitores, pode-se dar uma peso diferenciado a este adicional,

lembrando que o peso atribuído deve ser menor que o peso do principal destinatário da

publicação.

Figura 8: Fórmula CPPA

Fonte: YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 365

Outra métrica importante é a Avaliação de Aderência, ou seja, a análise do quanto a

ação atendeu aos objetivos estratégicos da empresa, aos objetivos específicos do setor

solicitante e aos atributos da imagem da empresa. Neste caso, a análise é feita por meio do

conteúdo da revista. Para isso, basta atribuir notas A (pouco), B (médio) e C (muito), para

cada objetivo traçado.

Custo por Público Ponderado Atingido = CUSTO*

PPA

* Custo Total da Publicação

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79

Quadro 7: Avaliação de aderência

Peso A

Pouco

B

Médio

C

Muito

Nota

ponderada

À identidade corporativa

Aos objetivos estratégicos

Aos focos estratégicos da

comunicação

Aos atributos de imagem

Índice Ponderado

Notas: A = 5; B = 7,5; C = 10

Fonte: YANAZE; FREIRE; SENISE (2013, p. 363)

No modelo exposto as notas são estanques, mas nada impede que elas sejam modificadas,

podendo incluir outras escalas e até outros objetivos. Uma das principais habilidades que o

profissional de mensuração deve ter é a facilidade em adaptar métricas ao seu objeto de

pesquisa.

A terceira opção é o Grau de Ativação/Integração, que “mede a capacidade de gerar

fatos comunicáveis por outras modalidades de comunicação realizadas pela empresa”. Por

exemplo, ao lançar um número da revista é possível fazer a divulgação para a imprensa,

promover um evento, fazer publicidade, divulgar o conteúdo nas mídias sociais, entre outros.

Ao expandir uma ação para outra plataforma, amplia-se a sua visibilidade e a quantidade de

público atingido aumentando o seu valor. Para facilitar a análise, pode-se atribuir notas aos

itens listados, como na avaliação de aderência.

Quadro 8: Plataforma de ativação

Pouco Médio Muito

Programas de

relacionamento

Site/ blog da empresa

Relacionamento com a

imprensa

Eventos

Publicidade/Promoção

Memória empresarial

Ações de mídia social

Patrocínios

Fonte: YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 366

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80

Também é possível fazer uma análise do conteúdo das matérias de cada edição,

consolidando as seguintes informações: valores da empresa, objetivos de comunicação

alcançados, eixos temáticos abordados, repercussões e avaliação das fotos. Os itens a serem

analisados em cada tópico devem ser listados de acordo com o foco de cada publicação, mas

abaixo apresentamos uma pequena compilação de informações que podem servir de

referência. Essa análise também é válida para os editores verificarem a diversidade do

conteúdo apresentado ao leitor, por exemplo, se existe uma variedade de gênero nas fotos,

variedade de valores da marca, variedade de produtos e departamentos contemplados, etc.

Quadro 9: Avaliação de conteúdo

Avaliação

das fotos

Valores da

empresa

destacados

Objetivos da

comunicação

alcançados

Eixos temáticos

abordados

Repercussões*

Por gênero Foco no

cliente

Consciência, atenção

e interesse

Solidez financeira Positivas

Faixa etária Inovação Conhecimento,

desejo e expectativa

Liderança Negativas

Etnia Compromisso

com as

comunidades

Preferência, decisão

e ação

Qualidade de produtos e

serviços

* Levantadas por

meio de pesquisas

informais,

questionário

online, entre outros

Nível

hierárquico

Transparência Satisfação e

interação

Inovação / tecnologia

Solidez Fidelização e

disseminação

Compromisso com

empregados e

comunidade

Qualidade Boa governança

Outros

Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de informações de YANAZE; FREIRE; SENISE (2013, p. 248 et

seq.)

O Retorno sobre Investimento (ROI) é uma das métricas mais conhecidas. Sua

fórmula é bem simples (ganho obtido – investimento). Nessa conta entram, por exemplo, o

montante arrecadado com a veiculação de publicidade e venda dos exemplares/assinaturas

(quando for o caso). Também é possível incluir na conta valores não monetários,

transformados em monetários, de acordo com as opções apresentadas acima. Por exemplo, é

possível verificar percentualmente o custo da publicação com o lucro líquido da empresa ou o

custo da publicação dividido pela quantidade de leitores. “[...] Sugerimos que esses índices

sejam usados para demonstrar que o investimento proposto será ínfimo se comparado com os

benefícios potenciais” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 361).

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Os autores abordam também a questão do valor da marca e sugerem algumas métricas

de mensuração, que contemplam os quatro pilares do patrimônio de uma empresa: financeiro,

socioambiental, de mercado e de imagem. Sabemos que o valor da marca é um dado

quantitativamente importante e, com certeza, exerce forte influência sobre os leitores

tornando-os mais receptivos (ou não) à publicação, dependendo da reputação da empresa

patrocinadora, mas diante da dificuldade de isolar este patrimônio dos atributos trabalhados

nas revistas customizadas não iremos entrar no mérito dessa avaliação. O resultado obtido não

estaria centrado exclusivamente nas publicações e sim no conjunto de atividades que

envolvem toda a organização, positiva ou negativamente.

3.4.1 Foco na aplicação

Farris et al. (2012, p. 11) fez um extenso de trabalho de apuração para reunir 65

métricas usadas para mensurar as atividades de marketing. O levantando foi realizado com

base no questionário respondido por 194 executivos de diferentes segmentos que pedia para

os participantes indicarem a utilidade de determinada métrica para o monitoramento e a

gestão do negócio. Com o resultado em mãos, os autores as dividiram em nove áreas distintas:

(1) participação em corações e mentes, (2) margens e lucros, (3) gestão de produtos e

portfólio, (4) rentabilidade do cliente, (5) gestão da equipe de vendas e do canal, (6) estratégia

de preços, (7) promoção, (8) propaganda e web e (9) marketing e finanças. Como as revistas

customizadas representam apenas uma ação no grande leque de atividades de marketing, a

maioria das métricas analisadas não tiveram adequação ao objeto da nossa pesquisa.

Das nove métricas apresentadas na Participação em Corações e Mentes, selecionamos

três opções. A primeira delas está relacionada ao que o autor denomina de hierarquia dos

efeitos, ou seja, “a suposição de que os clientes avançam por estágios sequenciais desde a

falta de conhecimento, passando pela compra inicial do produto e chegando à lealdade com a

marca” (FARRIS et. al., 2012, p. 51). As métricas de CAU (consciência, atitudes e uso),

proporcionam uma espécie de raio X da trajetória de compra dos clientes, podendo ser

divididas em dados quantitativos, geográficos, demográficos, hábitos, entre outros.

Figura 9: Hierarquia dos efeitos

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82

Fonte: FARRIS et al., 2012, p. 51

Sua apuração é baseada na coleta de dados por meio de pesquisa de opinião feita com

clientes (ou não, dependendo do foco a ser pesquisado) e procura levantar informações sobre

a marca e o produto de forma espontânea ou induzida. O objetivo é saber se os clientes

conhecem a marca, se recomendam o produto, se estão satisfeitos com ele ou se têm intenção

de comprá-lo. Para saber o grau de consciência são feitas pesquisas, como marca mais

lembrada, conhecimento sobre determinado comercial e conhecimento sobre

marca/produto.para atitudes, a mensuração é feita por meio notas escaladas (por exemplo de

1 a 5) e avalia gostos, atitudes, valor percebido do dinheiro, qualidade percebida, intenções de

compra. Para o uso são analisadas frequência de compras, satisfação e uso dos produtos da

concorrência.

Trazendo essa técnica para o universo das customizadas é possível verificar, em

primeiro lugar, o grau de conhecimento sobre a existência da publicação, principalmente em

locais de grande concentração de clientes, como supermercados, drogarias, feirão de

automóveis, aeronaves e/ou salas vip, shopping centers, entre outros. Em um segundo passo, é

possível avaliar a publicação, atribuindo notas quanto a qualidade editorial, valor/relevância

(é importante recebe-la ou não?) e intenção de compra (desperta o desejo?). A terceira fase, é

voltada para o uso do produto e não para publicação em si, mas pode trazer informações

importantes em relação ao público-alvo (formação do mailing), periodicidade e distribuição.

Neste caso, é interessante mensurar o uso do produto pelos clientes (índice de satisfação,

frequência de compra, posse de itens da concorrência) para saber se a revista pode servir de

instrumento para melhorar essa experiência.

Apesar de divididas em duas métricas distintas (satisfação do cliente/disposição para

recomendar e Net Promoter Score), as duas próximas opções de mensuração são bem

parecidas e tem como propósito checar o quanto a satisfação do cliente pode ser vista como

um indicador de intenção de compra futura e lealdade, fortes indutores do marketing boca a

Consciência

•Os clientes primeiro tomam conhecimento do produto, então...

Atitudes

• desenvolvem atitudes e crenças sobre o

produto e, finalmente...

Uso

• compram e experimentam o

produto

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83

boca. Essa métrica é feita por meio da escala Likert14, sendo que os dois quadrantes mais altos

representam o maior de grau de satisfação do consumidor, conforme abaixo:

Quadro 10: Escala comum de cinco pontos

Muito

insatisfeito

Parcialmente

insatisfeito

Nem satisfeito,

nem insatisfeito

Parcialmente

satisfeito

Muito

satisfeito

1 2 3 4 5

Fonte: FARRIS et al., 2012, p. 57

Nessa métrica, os autores reforçam que “ao pesquisar a satisfação, as empresas

costumam perguntar aos clientes se seu produto ou serviço atingiu ou excedeu as

expectativas” (p. 58). Essa pergunta é importante porque produtos ou serviços de maior valor

percebido possuem expectativas mais altas em relação aos produtos e serviços de baixo valor,

então tendem a classificar a experiência com a marca de forma ruim. Essa métrica também

expõe o grau de “tendenciosidade das respostas” uma vez que clientes insatisfeitos costumam

expor suas opiniões com maior frequência comparado aos clientes satisfeitos.

O Net Promoter Score (NPS) é uma métrica que tem por objetivo analisar o quanto os

clientes estão dispostos a recomendar a empresa a amigos e familiares, em uma escala de 10

pontos, dividindo-os posteriormente em três tipos (p. 60):

Promotores: cientes dispostos a recomendar a empresa a outras pessoas (deram

nota 9 e 10)

Neutros: clientes satisfeitos, mas não entusiasmados (deram notas 7 ou 8)

Detratores: clientes que não estão dispostos a recomendar a empresa a outras

pessoas (deram notas de 0 a 6).

Para saber o resultado faz-se o seguinte cálculo:

Figura 10: Fórmula NPS

Fonte: FARRIS et al., 2012, p. 60

14 A escala Likert, criada por Rensis Likert, é uma escala de cinco ou sete pontos, que oferece uma variedade de

opções de resposta: de uma extremidade a outra, como "Extremamente provável" a "Nem um pouco provável",

sendo que, normalmente, os pontos centrais são considerados neutros, sem influência no resultado da pesquisa.

Índice NPS = porcentagem de promotores (%) – porcentagem de detratores (%)

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No caso das revistas customizadas, este índice serve para avaliar a qualidade da

publicação, porém pode ser usado também para checar a possibilidade de ampliação da base

de leitores. Neste caso, o modelo comercial da publicação precisa oferecer outras opções de

acesso à publicação, como venda dos exemplares, assinatura ou conteúdo aberto na internet.

O próximo grupo de métricas de Farris et al. é o de margens e lucros, fundamentado

em sete métricas, sendo que desse total três foram selecionadas como aplicáveis às revistas

customizadas. Neste tópico, os autores trabalham mais com a formação de preço dos produtos

e suas respectivas margens de lucro, consideradas por eles como fontes de informações para

possíveis ações de promoção e vendas. Como algumas publicações customizadas são

comercializadas, convém avaliar se o preço de capa sugerido consegue cobrir os custos do

projeto, lembrando que neste caso dificilmente a empresa proprietária desejará obter lucro

com a publicação, uma vez que seu core business é outro, mas, sim, reduzir ou empatar o

investimento aplicado. Portanto, o resultado ideal seria igual a zero, ou seja, todo o valor

empregado na produção da revista é recuperado pela empresa.

A margem de um produto (ou revista) é calculada por meio da fórmula abaixo. Para

chegar a um valor correto convém certificar-se de que todos os custos foram realmente

computados, sendo possível definir o valor de cada exemplar a ser vendido:

Figura 11: Fórmula margem unitária

Fonte: FARRIS et al., 2012,p. 68

O resultado desse cálculo será utilizado também para avaliar o ponto de equilíbrio.

Nesse caso, a ideia é saber quantos exemplares precisam ser vendidos para a empresa não ter

prejuízo. Essa fórmula é importante porque muitas vezes existe um encalhe da publicação,

portanto se usarmos com referência a tiragem total podemos chegar a um número irreal:

Figura 12: Fórmula ponto de equilíbrio

Margem unitária ($) = preço de venda unitário ($) – custo unitário ($)

Ponto de equilíbrio ($) = volume de ponto de equilíbrio (unidades) (nº) x preço por unidade ($)

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Fonte: FARRIS et al., 2012, p. 101

Apesar de a produção de receitas não ser o objetivo principal das revistas

customizadas, alguns modelos de negócio podem necessitar que as publicações tenham lucro.

Isso acontece no caso das editoras que retiram os seus honorários da venda dos exemplares

e/ou comercialização de anúncios. Neste caso, é feita uma espécie de contrato de risco,

cabendo à empresa contratante cobrir os custos em caso de resultados negativos. Pode ser

medido por duas fórmulas distintas, sendo que o volume desejado (nº) é a quantidade de

vendas unitárias necessárias para atingir uma meta de ganhos. A receita desejada ($) é o valor

correspondente para as vendas em dinheiro.

Figura 13: Fórmula vendas baseadas no lucro

Fonte: FARRIS et al. 2012, p. 105

O bloco seguinte de métricas é o de gestão de produto e portfólio e contém sete

opções de mensuração, sendo que apenas uma pode ser aplicada na medição das

customizadas: métrica de experimentação, repetição, penetração e projeção de volumes.

Novamente vamos trabalhar com as publicações customizadas vendidas aos clientes. Essa

avaliação não é muito simples, pois depende de um rigoroso banco de dados, ou seja, para

saber se o cliente comprou a revista pela primeira vez ou se é um leitor regular é preciso ter

essas informações cadastradas em uma base, geralmente compilados por meio do CPF ou

carteirinha de cliente preferencial/clube, por exemplo, prática comum em supermercados,

onde é possível saber exatamente o que cada cliente comprou. Veja a fórmula abaixo:

Figura 14: Fórmula taxa de experimentação

* População total: quantidade total de leitores

Fonte: FARRIS et al., 2012, p. 112

Volume desejado (nº) = custos fixos ($) + lucro desejado

contribuição por unidade ($)

Receita desejada ($) = volume desejado (nº) x preço de venda por unidade ($)

Taxa de experimentação (%) = usuários pela primeira vez t (nº)

População total* (nº)

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Também é possível com os mesmos dados saber a taxa de repetição e calcular seus

percentuais, podendo usar essa medida para verificar a quantidade de vezes que o cliente

voltou a comprar, ou seja, quem comprou a revista pela segunda, terceira ou quarta vez em

diante. Para saber o volume total de revistas a serem produzidas pela primeira vez, somente

fazendo uma pesquisa de opinião nas lojas ou diretamente com o rol de clientes, podendo

conter cinco opções de respostas: (1) certamente comprará, (2) provavelmente comprará, (3)

pode ou não comprar, (4) provavelmente não comprará e (5) certamente não comprará. Os

autores alertam, que, apesar de aparentemente simples, essas métricas podem ser de difícil

execução. “Embora se tenha progredido na obtenção de dados dos clientes – através de

cartões de fidelidade do cliente, por exemplo – muitas vezes será difícil determinar se os

clientes são novos ou se estão repetindo a compra” (FARRIS et al, 2012, p. 120).

O item rentabilidade do cliente apresenta cinco métricas. Começa com a contagem de

clientes, a recência (data da última compra) e a taxa de retenção (FARRIS et al, 2012, p. 157).

Novamente para chegar a esse número é preciso ter um mapeamento da jornada de compra de

cada cliente. Este item pode ser usado para definir o quanto a revista estimula uma nova

compra (recência). Por exemplo, após a distribuição da publicação pode-se fazer um

acompanhamento do aumento do número de vendas de algum produto/serviço destacado na

edição. Essa medida geralmente necessita de apoio extra, como um cupom de

desconto/convite para adquirir/testar determinado produto ou mapeamento no ponto de venda.

A taxa de retenção pode ser usada de duas maneiras. A primeira delas determina se o

cliente voltou a comprar dentro de um determinado período de tempo. Neste caso, é bem

complicado detectar quem é o “responsável” pela ação, uma vez que a empresa pode usar

outras estratégias de vendas, como promoções, publicidade, assessoria de imprensa, redes

sociais etc, sendo necessário novamente o uso de algum tipo de cupom/convite/código de

identificação. Mas vale lembrar que a técnica de cuponagem só é válida se trouxer algum

benefício para o cliente, caso contrário dificilmente o cupom será usado. A segunda opção,

pode ser aplicada diretamente para a revista, no caso de venda de assinaturas por meio da

contagem de renovações.

A segunda métrica possível é o custo de aquisição versus o custo de retenção.

Novamente uma métrica difícil de ser isolada do contexto geral da marca, mas vale a pena

conhecê-la uma vez que um dos grandes atributos da revista customizada é a retenção de

clientes. Seu cálculo é simples, mas dependente do banco de dados da marca.

Figura 15: Fórmula de aquisição e retenção

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Fonte: FARRIS et al, 2012, p. 131

Os autores lembram que é preciso definir muito bem o período a ser analisado no

cálculo da retenção, afinal “o custo para reter um cliente por um mês será menor do que o

custo para reter um cliente por um ano. Dessa forma, a definição de custo médio de retenção

exige a especificação do período associado com a retenção” (FARRIS et. al, 2012, p. 174).

No item gerenciamento da equipe e do canal de vendas, nenhuma das oito métricas

apresentadas pode ser adaptada para o modelo das revistas customizadas. O mesmo acontece

com as cinco métricas destinadas a tratar a estratégia de preços.

Das quatro métricas do item promoção, duas são aderentes à nossa proposta. A

primeira é o cálculo de vendas incrementais que tem por objetivo “selecionar uma base de

vendas em relação a qual as vendas incrementais e os lucros gerados pela atividade de

marketing possam ser avaliados” (FARRIS et. al, 2012, p. 262), mais conhecido por compra

por impulso. Esse cálculo é feito comparando os números de vendas básicas em um

determinado período com as vendas pós-impulso de marketing, que no nosso caso é a

distribuição de um novo exemplar da revista. Para fazer o cálculo basta diminuir o número de

vendas básicas do número total de vendas e assim chegar à quantidade de vendas

incrementais.

Outra métrica de promoção refere-se ao uso de cupons. Os códigos promocionais

facilitam a mensuração porque identificam facilmente a fonte da ação, além de seu cálculo ser

bem simplificado. Basta pegar o custo total dos cupons, incluindo custo de impressão,

distribuição e a taxa de resgate (quantidade de cupons resgatados dividido pela quantidade de

cupons distribuídos), e dividir pelo número de cupons regatados (FARRIS et al., 2012, p.

271).

As métricas de mídia e web possuem 15 alternativas de mensuração, sendo que desse

total seis referem-se a medição de publicidade e nove de internet (p. 283). Como a revista não

é considerada essencialmente uma propaganda e as métricas relacionadas a essa área são

quantitativas (custo por mil exposições, alcance, frequência de exibição), conclui-se que não

Custo médio de aquisição ($) = _despesa de aquisição ($)

nº de clientes adquiridos

Custo médio de retenção ($) = despesa de retenção ($)

nº de clientes retidos

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sejam apropriadas para nossa avaliação. As métricas de web não serão consideradas porque as

publicações online não integram o escopo deste estudo.

Como última contribuição, temos as métricas de marketing e finanças. Das cinco

opções listadas pelos autores, apenas uma é aplicável para as revistas customizadas. Trata-se

do tradicional ROI, demostrado no contexto das métricas elencadas por Yanaze, Freire e

Senise (2013).

3.5 Métricas intangíveis

Sabemos que a valoração de elementos intangíveis é um dos maiores problemas das

empresas na atualidade e também apresenta-se como o principal obstáculo para a mensuração

de resultados. À primeira vista, o tema é realmente complexo, mas vários pesquisadores

conseguiram criar métodos para quantificar objetivos intangíveis, como Yanaze, Freire e

Senise (2013), Hubbard (2015), Almeida, (2005) e Zanini e Migueles (2017), demonstrando,

inclusive, que grande parte do valor de uma marca é composto por valores não monetários.

Compreender o real significado do termo pode ajudar a quebrar os paradigmas que envolvem

o tema. Hubbard (2015) considera que a partir do momento que é possível mensurar um

determinado elemento automaticamente ele deixa de ser intangível:

Existem duas compreensões triviais da palavra intangível. Primeira, ela costuma

aplicar-se às coisas que, embora sejam literalmente não-tangíveis (isto é objetos

tocáveis, sólidos), mesmo assim, podem ser mensuradas. Coisas como tempo,

orçamento, propriedade de patentes e assim por diante são bons exemplos de coisas

que não se pode tocar, porém são mensuradas. [...] Mas a palavra “intangível”

também veio a significar totalmente imensurável sob todos os aspectos, direta ou

indiretamente. É nesse contexto que argumento que não existem intangíveis

(HUBBARD, 2015, p. 4, grifo do autor).

Caldas (2017), faz uma análise mais completa. Começa por explicar que existe uma

diferença entre elementos intangíveis e ativos intangíveis, classificando como elementos

intangíveis a ética, capital humano, nome fantasia, clima e cultura organizacional, marcas e

patentes, entre outros. Entretanto, para ser considerado um ativo intangível, é preciso que este

elemento traga algum benefício econômico e financeiro para a organização (CALDAS, 2017,

p. 99).

Domeneghetti e Meir (2009, apud LOPES, 2018, p. 600), partem do princípio de que o

capital intangível é composto por quatro categorias, sendo capital institucional (esforços da

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empresa em aumentar a percepção de seu valor), capital organizacional (estruturas que

sustentam a percepção de valor, como mídias de relacionamento), capital de relacionamentos

(valor percebido pelos públicos de contato) e capital intelectual (valor gerado propriedade

industrial e intelectual, direitos autorais, cultura corporativa, etc).

O ponto em comum das definições acima é que elas abrem a possibilidade de atribuir

um valor econômico para elementos intangíveis. Hubbard adota um método muito prático

para transformar itens intangíveis em tangíveis. A técnica consiste em ir decompondo o item a

ser avaliado, como satisfação do cliente, com perguntas sucessivas até chegar a um dado

palpável. Por exemplo: o que você quer dizer com ...?’, por que deseja saber isso?, e assim

por diante. Ao responder aos primeiros questionamentos e, a partir deles, desmembrar outras

perguntas é possível chegar a um dado passível de mensuração (HUBBARD, 2015, p. 30-53).

Outra proposta de Hubbard (2015, p. 65) para quem não sabe por onde começar a

mensuração de um bem intangível é a parametrização. Segundo o autor, é possível opinar com

90% de certeza sobre qualquer assunto, respeitando o conceito estatístico conhecido como de

Intervalo de Confiança (IC). O método consiste em atribuir um número mínimo e máximo

para quantificar algo a ser medido, não importando se este intervalo seja grande ou pequeno,

mas que esteja dentro da probabilidade de estar 90% correto. Para facilitar a compreensão,

vamos dar um exemplo: qual a velocidade média dos trens do metrô em São Paulo?. Você

pode não saber o número exato, mas pode dar uma resposta baseada em sua intuição,

propondo um intervalo em que você não corra o risco de estar errado. A partir do número

inicial é possível ir reduzindo esse intervalo, com novas informações, até chegar a um

intervalo de maior precisão. Para continuar no nosso exemplo, um dado adicional seria “ uma

pessoa demora uma hora para percorrer cinco quilômetros caminhando”. São avaliações

intuitivas, mas que podem trazer luz a quem tem total desconhecimento sobre determinado

assunto. É possível também conferir maior confiabilidade à técnica ao empregar cálculos

estatísticos mais elaborados. Em tempo: a velocidade média do metrô de São Paulo é de 32,4

km/h15.

O Reputation Institute, companhia americana de consultoria e pesquisa, presente em

mais sete países, criou a própria metodologia, em 2005, para medir a reputação das empresas:

a RepTrak®. A proposta desenvolvida pelos professores e pesquisadores Charles Fombrun e

Cees B. M. Van Riel consiste em pesquisas de opinião feitas com os stakeholders, ou seja, “o

15 Informação disponível em: <https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,velocidade-media-do-metro-e-4-

vezes-maior-do-que-a-dos-carros-em-sp-imp-,934425>. Acesso em: 01 ago. 2018.

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grupo de pessoas que mantém contato com a organização e pode afetar ou ser afetado por ela”

(ALMEIDA, 2017, p. 142). O método baseia-se no fato de que:

Quando a organização consegue construir percepções positivas junto aos diversos

stakeholders, ela adquire credibilidade, admiração e respeito, o que gera

comportamentos de apoio – compra de produtos e serviços, recomendação de

produtos e serviços, investimentos em ações, defesa pública, atratividade como

empregador, dentre outros – que lhe asseguram melhores resultados (ALMEIDA,

2017, p.142).

O processo está calcado na percepção das pessoas em relação ao comportamento das

empresas. Realizada anualmente por meio de questionários online, com cerca de 10 mil

participantes, a pesquisa aborda 23 atributos, divididos em sete dimensões: produtos e

serviços, inovação, ambiente de trabalho, governança, cidadania, liderança e desempenho

financeiro. O modelo retrata a relação emocional de cada participante com diferentes marcas,

dimensionando aspectos subjetivos, como admiração, confiança, empatia e estima, a partir de

um questionário construído com base na escala Likert de cinco pontos, variando de “não

descreve bem” a “descreve muito bem” (FOMBRUN, PONZI e NEWBURRY, 2015, p. 11).

Figura 16: 7 dimensões do RepTrak®

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Fonte: Reputation Institute Brazil.16

Apesar do método do Reputation Institute utilizar como métrica a pesquisa associada à

escala Likert, esse exemplo demonstra a flexibilidade e a possibilidade de adaptação das

metodologias e modelos de mensuração. Além disso, o método comprova como o simples uso

de perguntas corretas pode levar a resultados concretos, sendo possível sua utilização para

mensurar também as revistas customizadas, bastando adaptar as perguntas aos objetivos da

mensuração.

3.6 Pesquisa de opinião e marketing

16 Disponível em www.reputationinstitutebrasil.wordpress.com/metodologia-reptrak/

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Um dos métodos mais conhecidos e praticados para avaliar e mensurar resultados é a

pesquisa. Por ser utilizada como referência para quantificar estudos nos mais diversos campos

da ciência, a técnica, apesar de complexa aplicação e rigor metodológico, ganhou

popularidade por transformar dados diversos em informações tangíveis, apresentadas por

meio de números e gráficos. Várias métricas mostradas anteriormente, como os Modelo de

Curta Duração e Modelo Contínuo, de Watson (2001), a avaliação dos relacionamentos, de

Grunig e Hon (1999) o RepTrack®, do Intitute of Reputation, entre outros, utilizam a

pesquisa como fonte de informações, por isso, torna-se essencial incluí-la no rol de métricas

para a avaliação e mensuração de revistas customizadas.

Existe extensa bibliografia sobre o assunto e várias metodologias para aplicação da

pesquisa na área da comunicação. Como a escolha do método depende necessariamente do

objetivo de cada pesquisa e o assunto é extremamente longo, faremos aqui um recorte

mostrando metodologias e formas de aplicação apresentadas por Lopes e Penafieri (2011, p.

285) no campo do marketing e relações públicas. O estudo mostra a prática da pesquisa de

forma resumida, mas fornece embasamentos suficientes para a compreensão da técnica da

pesquisa. Para o uso, aplicação e análise de resultados aprofundados vale consultar o trabalho

completo de pesquisadores específicos da área, como Malhotra (2012), Cobra (2009), Mattar

(2014), Trujillo (2003), Godoi, Bandeira-de-Mello e Silva (2010), e Keller (2012) e Daymon

(2002).

O ponto de partida do trabalho das autoras é a análise da importância e da influência

que os públicos de contato exercem em uma organização e para sua aplicação elencam dois

métodos de investigação capazes de atender as demandas tanto da área de comunicação

quanto de marketing: a pesquisa pura e a pesquisa aplicada.

A primeira constitui-se na pesquisa científica e tem por finalidade aprimorar o

conhecimento do campo, motivo pelo qual é conduzida para comprovar, clarificar e

refinar objetivos e hipóteses teóricas. Já a pesquisa aplicada é conduzida com o

propósito de examinar e resolver problemas práticos, constituindo-se como

ferramenta de grande relevância para o processo de planejamento da área. (LOPES;

PENAFIERI, 2011, p. 286)

Também é preciso diferenciar a natureza da pesquisa. A qualitativa é usada para

identificar as características de um objeto pouco conhecido, realizada com pequenas amostras

e resultados não definitivos, e a abordagem quantitativa, de caráter conclusivo e ideal para

identificar como um fenômeno ocorre e quais são suas causas, utiliza grandes amostragens e

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os resultados estão baseados em estudos estatísticos. Em relação ao campo de atuação,

podemos considerar que as áreas de relações públicas e marketing possuem diferenças

significativas em sua essência, já que relações públicas está focada na construção de

relacionamentos e marketing baseado no consumo de bens e serviços, mas o modelo de

pesquisa pode ser aplicada a ambas atuações.

As pesquisas também utilizam diferentes métodos de coleta de dados, escolhidos de

acordo com o objetivo do pesquisador, o orçamento e prazo para execução. No caso da

pesquisa qualitativa, as autoras descrevem como técnica de coleta de dados o grupo de

discussão (formado por seis a doze participantes), a entrevista em profundidade e a

observação, dividida em oito tipos: observação disfarçada ou não disfarçada, quando o

participante tem ou não conhecimento sobre a pesquisa; observação humana (feita pelo

pesquisador) ou por instrumentos (equipamentos eletrônicos), natural (no ambiente do

pesquisado) ou de laboratório (ambiente criado para a pesquisa); e observação direta (análise

do fato no ato do acontecimento) ou indireta (fatos passados).

A amostragem da pesquisa quantitativa divide-se em probabilística, “determinada por

meio de cálculo amostral, possui representatividade no universo, requer uso de estatística para

regras de aleatoriedade e seu nível de confiança e margem de erro são conhecidos”; ou não

probabilística “definida segundo critérios do pesquisador, não há possibilidade de

extrapolação para o universo, tendo em vista que a margem de erro e o nível de confiança são

desconhecidos” (LOPES; PENAFIERI, 2011, p. 293) e para sua aplicação prática utiliza-se de

diferentes técnicas, conforme quadro elaborado pelas autoras baseadas em estudos de Mattar

(1999) e Zirmund (2006).

Quadro 11: Técnicas de amostragem

Técnicas amostrais probabilísticas

Técnicas amostrais não probabilísticas

Aleatória simples: todos os elementos do

universo têm chance de fazer parte da amostra,

por meio de um sorteio aleatório.

Conveniência: associada a questões de facilidade

para a seleção da amostra. Mais barata e rápida,

no entanto é pouco confiável.

Estratificada: A amostra é composta por

subgrupos que representam as características do

universo.

Julgamento (intencional): o pesquisador

seleciona os elementos que comporão a amostra

com base em critérios que ele julga pertinentes

aos objetivos da pesquisa.

Sistemática: a amostra é extraída de um pulo

sistemático, que pode ser feito com base em

listagens ou domicílios

Quotas: a amostra é selecionada nas

características do universo. A grande semelhança

com a técnica probabilística estratificada, no

entanto os elementos não são selecionados

usando-se os critérios de aleatoriedade.

Cluster (conglomerado): a unidade de Tráfego (pontos de fluxo): os elementos da

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amostragem não é mais o indivíduo, mas um

conglomerado – determinada região. Após a

seleção dos conglomerados, segue-se com a

técnica sistemática.

amostra são selecionados em pontos de grande

circulação de pessoas.

Área de multe estágios (etapas): geralmente

abrange grandes áreas. A seleção da amostra é

feita por etapas, selecionando-se primeiro as

grandes áreas, até chegar aos conglomerados e

por fim ao indivíduo, com o emprego da técnica

sistemática.

Bola de neve (autogerada): os elementos

adicionais da pesquisa são selecionados entre os

respondentes iniciais, tendo em visto a

dificuldade de acesso a determinado público.

Fonte: LOPES; PENAFIERI, 2011, p. 295

O uso da pesquisa também inclui a elaboração correta dos questionários, com cuidado

para a linguagem utilizada ser acessível ao público pesquisado, ter enunciado claro e

alternativas que contemplem um leque variado de opiniões. Em relação aos resultados as

pesquisas com metodologias qualitativas “devem gerar relatórios interpretativos, de certa

forma subjetivos, mas aprofundados com base no objeto pesquisado”. Para as pesquisas

quantitativas, as autoras sugerem que a análise do resultado seja decomposta em três passos.

O primeiro requer a tabulação das informações de forma manual ou eletrônica; o segundo, a

formatação gráfica dos resultados; e, o terceiro, a redação do relatório (LOPES; PENAFIERI,

2011, p. 299-300). No caso da utilização da pesquisa para avaliação e mensuração de

resultados, as autoras chamam a atenção para a importância da escolha de objetivos

mensuráveis no momento do planejamento da ação.

Em sua busca por alternativas práticas para a mensuração, Hubbard (2015, p. 34)

sugere a redução da amostragem, técnica apresentada como “norma dos cinco”. Para ele,

“existe uma probabilidade de 93% de que a média de uma população fique entre os valores

menores e os maiores de qualquer amostragem aleatória de cinco pessoas dessa população”.

Ou seja, para coletar os primeiros dados sobre um assunto a ser mensurado não é necessário

utilizar grande quantidade de pessoas para obter informações específicas, desde que a amostra

seja realmente aleatória.

3.7 Analisando as métricas

Entendemos que o apanhado de 26 modelos e métricas para a mensuração de

resultados em revistas customizadas apresentados acima não pode ser considerado um estudo

definitivo. O campo ainda está em desenvolvimento e o trabalho de pesquisa bibliográfica foi

baseado em um recorte específico de autores.

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Entretanto, essa seleção nos fornece importantes informações sobre o tema. Assim

como foi extremamente complexa a tarefa de selecionar o repertório adequado para as revistas

customizadas, acreditamos que este seja o primeiro obstáculo dos profissionais da área, pois o

arsenal de possibilidades dificulta o ponto de partida. A ampla gama de possibilidades de

mensuração também pode implicar no uso incorreto das métricas, por exemplo usar uma

métrica de output para avaliar out-take.

Também vimos como fator desencorajador, o uso de fórmulas, números e equações

matemáticas. É preciso dedicar algum tempo para compreendê-los, mas depois de vencida a

barreira inicial e assimilado o conteúdo, elas funcionam como uma espécie de manual para o

cálculo dos resultados e contribuem de forma significativa para a tarefa da mensuração. Ou

seja, é preciso deixar a resistência de lado e dedicar algum tempo em estudo, mas a aplicação

prática é perfeitamente viável.

Outro ponto a considerar é que a métrica deve ser vista apenas como uma ferramenta e

ao usá-la isoladamente não significa ter mãos o resultado final da ação avaliada, uma vez que

a análise completa precisa estar calcada no tripé objetivo/meta/resultado. Também

constatamos ser fundamental a utilização de várias métricas simultaneamente para dar conta

da avaliação completa da revista, sendo que cada métrica conta apenas um pedaço da história

e a reunião de vários dados pode dar mais respaldo e confiabilidade aos resultados.

Para finalizar, vale considerar que, por mais que exista um esforço de quantificar a

comunicação, a área sempre será refém da intangibilidade de suas atividades. Não saber onde

vai chegar não significa que o caminho não deva ser percorrido. Riscos, erros e acertos são

inerentes à qualquer profissão, mesmo aquelas calcadas em dados matemáticos. As métricas

tendem a diminuir incertezas, mas lidar com o imponderável será sempre o desafio e o

estímulo dos profissionais da área. E muito mais do que comprovar resultados ou revelar o

valor das atividades, as métricas servem para corrigir desvios, apontar novos caminhos e

revelar onde os projetos estão se distanciando de seus objetivos.

Portanto, um caminho saudável seria a introdução dessa temática nos cursos de

graduação e pós-graduação. Conforme dados apontados na pesquisa de campo mostrada a

seguir, a falta de conhecimento de métricas é um dos maiores obstáculos para a aplicação

prática da mensuração de resultados e existe uma grande demanda pela atividade, o que pode

nos levar a pensar na ampliação da atuação da natureza do campo de comunicação, assumindo

de vez sua interdisciplinariedade com outras ciências e ampliando seu potencial de

importância dentro das organizações.

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4. PESQUISA DE CAMPO

Nem tudo que pode ser contado conta,

e nem tudo que conta pode ser contado

(William Bruce Cameron)

Este capítulo apresenta as informações relativas à metodologia de estudo e pesquisa de

campo desenvolvida com o intuito de mostrar como a mensuração de resultados está inserida

na prática profissional das editoras. Na primeira parte, descrevemos a metodologia utilizada

no estudo de campo, as adaptações feitas no projeto inicial para contemplar o objeto de estudo

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diante das dificuldades de coleta de informações primárias na Inglaterra e os métodos usados

para a avaliação. Na segunda parte, expomos a seleção da amostragem da pesquisa. Na

terceira, mostramos os resultados obtidos nas entrevistas com as seis editoras brasileiras e, na

quarta parte, serão apresentados os resultados da análise documental sobre os métodos de

mensuração de 35 revistas customizadas editadas na Inglaterra.

4.1 Metodologia de pesquisa

A construção de um trabalho científico parte essencialmente da adoção de métodos,

técnicas e procedimentos formalizados por outros pesquisadores. Segundo Beau (1997, p. 63),

a pesquisa constitui-se como o “progresso dentro do conhecimento: seja ele um

esclarecimento novo sobre uma questão em debate, a reconstrução de um corpo explicativo ou

o aprofundamento da análise sobre um ponto importante.” Minayo (2016, p. 14) considera a

metodologia como “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da

realidade”, sendo composta por três partes: “a teoria da abordagem (o método), os

instrumentos de operacionalização (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua

experiência, sua capacidade crítica e sua sensibilidade)”.

Assim, o percurso metodológico desta pesquisa começa por uma revisão bibliográfica

em livros, artigos e sites, de acordo com a indicação de Stumpf (2009, p. 51), de que a

Pesquisa bibliográfica, num sentido amplo, é o planejamento global inicial de

qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção

de bibliografia pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto

sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou, de forma

a evidenciar o entendimento do pensamentos dos autores, acrescido de suas

próprias ideias e opiniões.

Para obter os dados necessários para a análise do objeto de estudo desta dissertação,

optamos pela pesquisa exploratória. Segundo Gil (2002, p. 27-28), existem três tipos de

pesquisas:

Exploratória: tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e

ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores.

Descritiva: tem como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre

variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma

das características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de

coleta de dados.

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Explicativas: têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou

que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais

aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

Diante disso, podemos considerar esta pesquisa de natureza exploratória, uma vez que

seu objetivo, conforme descreve Malhotra (2012, p. 58), é compreender um problema

enfrentado pelo pesquisador, com amostragem reduzida e não representativa. Também

podemos considerar que a pesquisa “responde a questões muito particulares”, uma vez que os

dados foram obtidos por meio de entrevistas com especialistas descrevendo uma “realidade

social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas por pensar sobre o que faz e por

interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes”

(MINAYO, 2009, p. 21). Com o intuito de compreender como o objeto deste estudo funciona

na vida prática, definimos as editoras brasileiras, responsáveis pela produção das revistas

customizadas, como nossa fonte de dados primários.

A pesquisa também está dividida em duas vertentes: qualitativa e quantitativa. Minayo

(2009, p. 22) explica que a diferença entre ambas é de “natureza e não de escala hierárquica”,

sendo a quantitativa voltada para a estatística, frequência e dados exteriores aos sujeitos, e a

qualitativa mergulhada “no mundo dos significados”. Sendo assim, podemos classificar o

nosso estudo de natureza qualitativa.

Em relação à sua constituição, Malhotra (2012, p. 36) descreve que a pesquisa

qualitativa é formada por informações obtidas com especialistas, análise de dados secundários

e estudos de casos. Dessa forma, selecionamos as entrevistas semiestruturadas para coletar as

informações de campo. A decisão por tal recurso metodológico se dá pelo fato de que é

possível “com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador recolher respostas a

partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja”

(DUARTE, 2012, p.62). Além de que

nesse percurso de descobertas, as perguntas permitem explorar um assunto ou

aprofundá-lo, descrever processos e fluxos, compreender o passado, analisar,

discutir e fazer perspectivas. Possibilitam ainda identificar problemas,

microinterações, padrões e detalhes, obter juízos de valor e interpretações,

caracterizar a riqueza de um tema e explicar fenômenos de abrangência limitada

(DUARTE, 2012, p.62).

O uso da entrevista semiestruturada, portanto, realizada a partir de um roteiro pré-

elaborado, será importante para evitar um leque muito aberto de respostas e facilitar a análise

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de dados. Para a análise dos dados, a estratégia utilizada será a construção de explanação, uma

vez que nosso intuito é explicar um fenômeno e “estipular um conjunto de elos causais em

relação a ele” (YIN, 2002, p.140). Para não incorrer no erro de construir a explanação baseada

apenas na cognição do pesquisador, comprometendo a confiabilidade do estudo, daremos total

atenção à relação com os aspectos teóricos e à elaboração do protocolo de pesquisa no intuito

de facilitar a análise das entrevistas, criando assim evidências capazes de ajudar na

interpretação do fenômeno objeto desse estudo.

Como também desejamos incluir a experiência das editoras inglesas nesta pesquisa

pensamos, à princípio, em usar o mesmo procedimento metodológico aplicado às editoras

brasileiras, mas diante da dificuldade de contato e da negativa em participar da pesquisa,

optamos pela análise documental do material dos estudos de caso encontrados no site da

Content Marketing Association. Segundo Malhotra (2012, p. 80), os dados secundários trazem

inúmeras vantagens para a pesquisa, mesmo que não sejam capazes de fornecer todas as

respostas para um problema e hipóteses.

Para Gil (2002, p. 52), a diferença da pesquisa documental em relação à pesquisa

bibliográfica é que a primeira “analisa fontes que ainda não receberam tratamento analítico”,

podendo ser reelaborada de acordo o objeto da pesquisa. O autor ainda reforça que pesquisas

realizadas a partir de documentos são valiosas “não porque respondem definitivamente a um

problema, mas porque proporcionam melhor visão desse problema”. Entre as vantagens

apontadas estão a facilidade de acesso e o baixo custo. Como desvantagem, o autor cita a

baixa representatividade, que pode ser contornada pela quantidade da amostragem e

subjetividade da análise, difícil de ser eliminada, mas presente em toda pesquisa social. Essa

foi a alternativa encontrada para não deixarmos de lado a experiência prática fora do Brasil. A

ideia, contudo, não é promover um estudo comparativo com os dados coletados nos dois

países, mas sim acrescentar informações a um campo de conhecimento ainda em construção.

Desta forma, entendemos que a partir da metodologia utilizada será possível

compreender o atual cenário da mensuração de resultados em publicações customizadas, bem

como apontar as métricas e técnicas que estão sendo utilizadas pelas empresas, além de

checar sua adequação ao referencial teórico aqui apresentado.

4.2 Amostragem da pesquisa

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A seleção da amostragem de uma pesquisa é parte primordial para atingir os objetivos

do objeto em estudo. Segundo Malhotra (2012, p. 271-274) as pesquisas exploratórias de

natureza qualitativa, costumam utilizar amostras pequenas e seu processo para elaboração

compreende cinco etapas: definição da população-alvo, determinação do arcabouço amostral,

escolha técnica da amostragem, tamanho da amostragem e execução do processo de

amostragem. Pode ser dividida em probabilística, escolhida de forma aleatória pelo

pesquisador, e a não-probabilística, em que o pesquisador escolhe sua amostra por julgamento

pessoal. Neste contexto, podemos afirmar que a amostra selecionada para compor as duas

partes desta pesquisa é não-probabilística por julgamento e conveniência.

Para selecionar nossa amostra de pesquisa referente às editoras brasileiras utilizamos

como ponto de partida a relação das 500 maiores empresas do Brasil, divulgada pela Revista

Exame17. Para detectar quais empresas, dentre as listadas pela revista Exame, possuíam títulos

customizados realizamos uma visita aos sites das instituições e procuramos informações sobre

a publicação. Das 500 organizações pesquisadas, conseguimos identificar 10 empresas com

produção de revistas impressas para clientes, sendo que duas publicações eram realizadas pela

mesma editora.

Partimos, portanto, para o nosso estudo de campo com uma amostragem de nove

editoras. Após contato telefônico com cada um dos possíveis entrevistados, seis aceitaram

participar do estudo, uma editora não foi localizada (não havia site e os números de telefone

para contato estavam incorretos) e duas não aceitaram participar. Os tópicos abordados na

entrevista foram: a prática da mensuração de resultados, as métricas de avaliação utilizadas, a

importância para o desenvolvimento de projetos customizados, as dificuldades para a sua

realização, o envolvimento do cliente e as ações tomadas para o aperfeiçoamento do projeto

em função da mensuração de resultados.

Para contemplar a experiência das editoras da Inglaterra neste estudo, nossa proposta

inicial consistia igualmente no uso da entrevista semiestruturada. Após uma análise de 207

estudos de caso referentes a conteúdo de marca relatados no site da CMA18, envolvendo os

mais diversos produtos de comunicação, como sites, publicações, publicidade, vídeos e

webséries, conseguimos selecionar 51 casos envolvendo revistas customizadas. Desse total,

descartamos 16 publicações pelo fato de seus estudos não apresentarem nenhum resultado que

17 Veiculada em 11 de agosto de 2017, disponível em <www.exame.abril.com.br/revista-exame/500-maiores-

empresas/>. Acesso em: 12 fev. 2018.

18 Disponível em <www.the-cma.com/casestudies>

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pudesse ser analisado na pesquisa ou por apresentarem apenas informações da versão digital.

Dessa forma, nossa amostragem foi fundamentada em 35 publicações impressas, produzidas

por 15 editoras. Após contato inicial por telefone e e-mail, encaminhamos o convite de

participação a todos os selecionados. Imediatamente quatro editoras o recusaram, cinco

aceitaram participar da pesquisa, porém somente por e-mail, e as outras seis não responderam

às nossas inúmeras tentativas de contato. Para as cinco editoras que aceitaram colaborar com

o estudo, foram encaminhados os questionários e o Termo de Consentimento Livre

Esclarecido (TCLE) para assinatura, sendo que apenas uma cumpriu o acordo e retornou as

respostas.

A falta de dados primários do mercado britânico nos obrigou a procurar outra

alternativa para a coleta de informações. Assim, optamos por fazer uma pesquisa documental

baseada nos 35 casos previamente selecionados.

A presente pesquisa atende aos critérios estabelecidos pela Plataforma Brasil19, base

nacional e unificada de registros envolvendo seres humanos, e, portanto, os dados coletados

estão protegidos sob o princípio da sigilosidade, não podendo ser revelado o nome dos

participantes, a empresa em que trabalham e os títulos editados por eles devido a sua

facilidade de identificação. Os participantes assinaram o TCLE e a pesquisa está registrada na

Plataforma Brasil sob o número CAAE: 84270118.0.0000.5508.

4.3 Pesquisa editoras brasileiras

A pesquisa com as editoras brasileiras foi realizada durante os meses de maio, junho e

julho de 2018 de forma presencial nas quatro empresas estabelecidas em São Paulo e por

telefone com as duas empresas instaladas no sul do país. O material foi gravado com a

autorização dos entrevistados e a transcrição das 6h13 de gravações feita pelo próprio autor.

Como as entrevistas estão sob contrato de sigilosidade, as editoras foram identificadas por

pseudônimos. Por se tratar de um objeto de estudo impresso, a classificação escolhida foram

os tipos de papéis disponíveis no mercado, sendo assim nosso estudo abrangeu entrevistas

com as editoras Reciclato, Kraft, Couché, Supremo, Offset e Vergê.

19 A Plataforma Brasil é um sistema eletrônico nacional e unificado criado pelo Governo Federal para

sistematizar o recebimento de projetos de pesquisa envolvendo seres humanos.

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Os entrevistados são proprietários das editoras ou profissionais que ocupam cargos de

diretoria. Todos têm formação em jornalismo e possuem mais de 15 anos de experiência na

edição e produção de revistas customizadas. As editoras são de grande e médio porte e editam

em média sete títulos cada. Algumas possuem também títulos próprios vendidos em bancas.

As publicações selecionadas de acordo com a lista da revista Exame pertencem a setores de

mercado diversos, como automotivo, saúde, alimentício, transporte aéreo, varejo e bens de

consumo. Porém, devido a experiência dos entrevistados abranger também a edição de títulos

pertencentes a outros clientes, não incluídos na lista da Exame e essa vivência ser de grande

interesse para o nosso objeto de estudo, não descartamos durante as entrevistas informações

advindas desses títulos, deixando os entrevistados comentarem casos relativos a outras

publicações da casa. Sendo assim, as declarações aqui retratadas contemplam a experiência

em mais de 30 publicações customizadas, o que aumenta o nosso leque de setores de atuação

para os segmentos de moda, serviços, educação, tecnologia e turismo.

Pelo fato dos títulos pertencerem a segmentos distintos, a forma de mensuração varia

de empresa para empresa, dificultando a unificação das declarações por tópicos. Por isso,

iremos mostrar as impressões colhidas nas entrevistas de forma descritiva, intercaladas por

depoimentos dos entrevistados, deixando para a síntese final a análise de cada tópico do

roteiro de entrevista.

Editora Reciclato

A editora Reciclato tem modelo de negócio diferente das outras empresas pesquisadas.

Os proprietários se consideram sócios dos clientes dos títulos produzidos por eles e, portanto,

a publicação precisa atender ao mesmo tempo os anseios do cliente e da própria editora.

Segundo nosso entrevistado, o objetivo não é apenas produzir uma revista, mas sim entregar

um conteúdo que promova a qualidade de vida e o bem-estar dos leitores, além de produzir

algum impacto social. Dessa forma, a editora escolhe algumas empresas que partilham dos

mesmos valores e oferece a parceria no projeto editorial, sendo as publicações vendidas no

ponto de venda do cliente. Juntas, as duas empresas selecionam uma instituição social sem

fins lucrativos a ser beneficiada com a venda dos exemplares. O conteúdo editorial, portanto,

precisa estar alinhado com os objetivos das duas empresas, ou seja, a editora e o cliente.

Pelo fato da revista ser vendida nas lojas do nosso parceiro, por usar a força de

vendas deles e por carregar um objetivo social alinhado com a área de investimento

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social deles não dá para o projeto ser tocado sem o envolvimento do cliente. Mas

prezamos muito pela isonomia editorial porque ao contrário da maioria das

customizadas nossa revista é vendida e sabemos que conteúdo institucional não

vende.

As publicações da editora Reciclato foram as únicas encontradas em nossa pesquisa

que são mensuradas passo a passo. O motivo é simples: como envolve a doação financeira

para uma instituição assistencial, para ter validade e confiabilidade todo o processo deve ser

transparente e estar documentado e auditado. Os dados, inclusive, ficam disponíveis na

internet para quem quiser consultá-los e um relatório com o descritivo financeiro é publicado

a cada edição.

Funciona assim: o cliente que detém nominalmente a publicação compra toda a

tiragem produzida pela editora. Nesse caso, estamos falando de duas publicações bimestrais

com tiragens de 239.240 exemplares para a revista “A” e 158.650 exemplares para a revista

“B”. O custo de cada publicação é de R$ 4,20, sendo que desse total R$ 2,13 ficam com a

editora para pagar os custos de produção, R$ 0,32 referem-se ao imposto sobre a venda de

cada exemplar e R$ 1,75 é o valor doado à instituição escolhida. Segundo o entrevistado, 80%

da tiragem é vendida no primeiro mês e 20% no segundo. Fazendo os cálculos, a revista “A”

fatura R$ 1.004.808,00 por edição e a distribuição dessa verba é feita seguinte forma: R$

509.581,20, são da editora; R$ 76.556,80, pagam os impostos; e R$ 418.670,00, são doados.

Já a revista “B”, arrecada R$ 666.330,00, sendo R$ 337.924,50 para a editora; R$ 50.768,00,

referentes a impostos; e R$ 277.637,50, seguem para doação.

Os clientes parceiros da publicação abrem mão do lucro em prol da instituição social.

Apesar de os títulos serem autossustentáveis, a operação é complexa. Um funcionário da

editora trabalha nas instalações do cliente e monitora o andamento das vendas. De acordo

com o entrevistado são 780 pontos de vendas, espalhados pelo Brasil, mas é possível saber a

quantidade de revista vendida em cada loja, o que contribui para a eficiente distribuição da

tiragem.

Trabalhamos para não ter sobra de tiragem e como temos um funcionário exclusivo

para o mapeamento das vendas, conseguimos fazer um estudo de índice de

sazonalidade. Pegamos as vendas das revistas dos últimos cinco anos em todas as

lojas da rede, mais o número de atendimentos por loja e traçamos uma mediana.

Assim conseguimos saber em qual época do ano as vendas sobem ou caem e

estudar a melhor distribuição das revistas nas lojas. O estudo foi tão interessante

que o próprio parceiro usa as nossas informações para fazer o planejamento do

fluxo de mercadorias deles.

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Editadas há 10 anos, as revistas não apresentam queda de vendas, mas deixaram de

crescer.

O que no nosso caso é bem emblemático porque abriram novos pontos de vendas.

O que a gente nota não é que o cliente não quer a revista, mas o nosso parceiro está

sofrendo mais para atingir as metas deles e com isso a revista deixa de ser

prioridade e de ser oferecida no caixa. É o inevitável fogo amigo.

Em relação aos objetivos, o entrevistado diz que as grandes empresas têm seus

valores, missão e visão bem definidos, portanto é fácil casar os objetivos da revista com os

deles. Já clientes menores dificilmente têm seus propósitos estabelecidos e, neste caso, a

própria editora os ajuda a formalizar um.

O mesmo modelo de negócio das revistas “A” e “B” é usado para outros títulos e

produtos da empresa. Todos, inclusive, focados no setor de varejo porque os exemplares são

vendidos no checkout do parceiro. A mensuração de resultados e o acompanhamento

detalhado da cadeia de produção das revistas são vistos pelo entrevistado como a base de

sustentação das publicações, uma vez que ao envolver doações financeiras, a credibilidade e a

transparência são fundamentais para atrair a confiança dos clientes e dos leitores.

Apesar de ter a cadeia, da produção à venda, mapeada, a mensuração de resultados da

editora Reciclato está restrita a dados quantitativos, não tendo nenhuma análise que

contemple a qualidade editorial da revista, muitos menos pesquisas para saber se o cliente

compra a revista pelo seu conteúdo ou pelo apelo social. Vale destacar ainda que as

associações beneficiadas pelos projetos são instituições de renome e legitimadas pelo

excelente trabalho que executam, o que contribui significativamente para a venda da

publicação, ou seja, o bom desempenho comercial não pode ser visto como um atestado de

qualidade do título.

Editora Vergê

A editora Vergê atua há 32 anos na produção de revistas customizadas de vários

segmentos de mercado. O título analisado é uma publicação trimestral produzida para um

cliente do setor de varejo de alimentos, com tiragem de 20 mil exemplares, vendidos nas lojas

da rede de supermercados, ao preço de capa de R$ 4,90 e editada há 20 anos. Para se adequar

aos objetivos da marca, a editora tem como missão transformar os valores da empresa em

conteúdo editorial.

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O perfil do nosso cliente está firmado na qualidade do atendimento, dos seus

produtos e das suas instalações. Nosso objetivo desde o início foi reforçar o

vínculo do público com a marca e oferecer um mimo para os clientes, que apesar

de ser vendido tem um preço de capa simbólico, custando cerca de 1/3 de uma

revista do mesmo padrão. Além disso, a publicação não fala da marca, no máximo

traz um anúncio. Nosso conteúdo contempla matérias de interesse geral, como

gastronomia, viagem, decoração, comportamento.

Para reduzir os custos do projeto, a revista é aberta a anunciantes, mas os valores

arrecadados (venda nas lojas + anúncios) não chegam a atingir o break even da publicação.

Também não há venda de assinaturas, uma vez que a intenção da empresa é fazer o cliente ir

até a loja comprar o seu exemplar. Segundo a editora, é raro ter encalhe, sendo que os poucos

exemplares recolhidos são enviados a formadores de opinião e empresas parcerias do cliente.

De acordo com a entrevistada, além dos dados quantitativos, não há outra mensuração

formal da publicação. O cliente até faz pesquisas de opinião eventuais para saber o grau de

satisfação dos clientes, mas nada exclusivo para a análise de resultados da revista. A editora

realiza uma espécie de mensuração informal, acompanhando dados e comentários sobre a

publicação nas redes sociais da empresa.

Nosso cliente tem mais de 1 milhão de seguidores e cerca de 900 mil engajados,

então a internet acaba sendo um termômetro muito bom porque eles divulgam as

matérias nas redes sociais e sempre com muito retorno.

Para a entrevistada, o cliente e os anunciantes têm interesse na mensuração de

resultados porque fazem um alto investimento, principalmente em impressão, mas nenhum

dos 10 títulos editados na casa têm um trabalho de mensuração instituído ou profissionais

atentos ao assunto.

Acho que os clientes têm interesse na mensuração sim, mas não vejo as empresas

investindo em pesquisas formais atualmente. Assim como o mercado da

comunicação está passando por modificações, as marcas também estão trabalhando

com a mensuração informal. O que significa que eles não querem fazer

investimento, ou seja, o cliente gostaria de ver o resultado, mas não quer pagar por

isso. São as mágicas que todo mundo quer que a gente realize hoje em dia.

A entrevistada também acredita que oferecer a mensuração de resultados no projeto da

revista não vai atrair mais clientes para ela. Primeiro porque julga não ser a fonte certa para

isso e, segundo, porque aumentaria os custos dos projetos. Pela longa experiência de mercado,

a editora aposta na customizada como uma das ferramentas mais eficazes de comunicação

com os clientes, diz que as empresas confiam neste tipo de iniciativa e estão acostumadas a

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investir nesses projetos. A editora alega que não perdeu nenhum cliente em função da crise,

mas alguns títulos passaram por mudanças, como redução da tiragem, transição do impresso

para o digital e periodicidade mais elástica.

O caso da editora Vergê retrata bem a realidade da mensuração de resultados nas

editoras. Apesar de existir um interesse por dados, não há qualquer movimento concreto para

adquiri-lo. Outra informação importante é a questão do conhecimento sobre as técnicas de

mensuração, sendo que a empresa considera que não possui expertise suficiente para

desenvolver esse trabalho internamente e quem deve assumir o estudo é o próprio cliente. As

respostas apresentam contrapontos interessantes, como a aposta na eficácia do meio revista,

mas sem qualquer comprovação de resultado; a redução das verbas em momentos de crise,

justamente quando a empresa mais necessita estar perto dos clientes; e a dificuldade de

assumir a responsabilidade pela mensuração, sempre atribuindo a tarefa ao cliente.

Editora Supremo

Nos últimos cinco anos a editora Supremo perdeu alguns projetos impressos, mas de

acordo com a entrevistada, a saída de clientes não pode ser atribuída exclusivamente à crise. É

preciso levar em consideração as mudanças sofridas pela área de comunicação, como a

chegada da internet e a migração da verba do cliente para outras mídias. Alguns títulos da

casa tiveram a periodicidade alterada, mas nenhum saiu de circulação. Para cobrir o intervalo

entre as edições, a editora produz conteúdo online. Inclusive, a revista da empresa constante

da lista da Exame, aqui intitulada como revista “C”, deixou de circular recentemente. Porém,

pela longa trajetória e experiência da profissional somada ao fato de a editora produzir no

momento a revista customizada de maior tiragem do Brasil, com 1,6 milhão de exemplares,

achamos importante mantê-la em nossa amostragem.

A entrevistada afirma que a mensuração de resultados é importante para o cliente e,

portanto, deve ser realizada pelo mesmo. Justifica a afirmação explicando que a editora não

tem acesso aos dados financeiros da marca, impossibilitando a sua mensuração. Por outro

lado, afirma não conhecer métodos de mensuração que poderiam ser usados para avaliar as

revistas, apesar de achar bem interessante a possibilidade de comprovar o sucesso dos

periódicos. No caso da maior publicação editada por eles, aqui chamada de revista “D”, a

marca proprietária afirma que 80% das vendas da empresa advêm da revista, mas não

apresentam nenhuma métrica ou métodos específicos de como chegam a este resultado. Como

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todos os produtos divulgados na edição saem com o seu respectivo código de vendas, a

entrevistada acredita que a mensuração pode ser feita por esse método.

Antes de elaborarmos a pauta da edição, fazemos um encontro com clientes e não

clientes da marca e formadores de opinião para saber os assuntos de maior

interesse dessas mulheres. Também mostramos alguns produtos para detectar os de

maior aceitação e, a partir daí, construir o nosso editorial. É praticamente um grupo

focal, com depoimentos gravados e, posteriormente, apresentados ao cliente. Essa

prática funciona como um espécie de termômetro pra gente também porque dá para

saber o que elas gostam ou não na revista.

Em relação à revista “C”, a métrica informal usada pela editora era o tempo em que a

publicação permanecia em loja. Segundo a entrevistada, a tiragem de 600 mil exemplares

esgotava-se em apenas três dias. Novamente temos como método de mensuração a

distribuição da tiragem, porém com a diferença de que essa revista é gratuita, então

hipoteticamente é possível dizer que o cliente tinha algum interesse pelo conteúdo, mas sem

qualquer comprovação em relação à qualidade do conteúdo editorial. Essa publicação também

fez a tentativa de oferecer cupons de descontos em alguns produtos, mas a estratégia não teve

o retorno desejado.

O brasileiro não tem o hábito do cupom e isso não é só por uma questão cultural. O

problema é que quando você ganha um cupom, tem um determinado valor de

desconto, mas nas letrinhas embaixo diz que você precisa gastar um valor absurdo,

então toda a ação perde a credibilidade. Por que o cupom funciona lá fora? Porque

o desconto é real, é tão barato que a gente chega a duvidar de que seja verdade.

No tocante aos objetivos, a entrevistada diz ser fundamental a publicação apresentar

os valores da marca e toda vez que uma empresa faz um reposicionamento de imagem, eles

automaticamente remodelam o editorial. Como possuem muitos clientes no segmento de

varejo, um dos principais objetivos da revista é a venda.

É claro que eles querem fidelizar o cliente, mas o objetivo final é a venda. Nossas

revistas do segmento de moda, por exemplo, fazem vários editorias para mostrar os

produtos da coleção e despertar o desejo de compra. Todos querem vender, mas os

clientes entendem que a revista tem uma função bem diferente de um catálogo.

Outro ponto que reforça o foco em vendas é nossa periodicidade ser seguida pelo

calendário comercial, com as revistas entregues antes do Dia das Mães, Dia dos

Pais, Dia das Crianças e Natal. É vender, mas é uma forma bacana, entregando um

pacote de entretenimento e informação.

Apesar de não ser usada como fonte oficial de mensuração, a editora acompanha a

movimentação das redes sociais, sites e blogs de seus clientes para monitorar a opinião dos

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clientes e a visibilidade da marca, mas com o intuito de avaliar o produto para balizar ações

futuras e ajustar o conteúdo.

A maioria dos clientes da Supremo são varejistas do segmento de moda, beleza e

shoppings center. Todos com o objetivo claro de venda, porém não mensurados. De forma

empírica sabem que os produtos apresentados na revista têm maior saída nas lojas, mas não há

quantificação financeira do retorno, nem o cálculo para saber o quanto a empresa gastaria

para conquistar esse cliente, caso a revista não existisse. Também podemos perceber que a

editora acredita que a mensuração deve ser feita pelo cliente por não terem acesso ao dados

comerciais dos clientes, o que indica uma necessidade por um trabalho de parceria, ou seja,

clientes e editoras envolvidos conjuntamente na mensuração de resultados.

Editora Couché

Ao contrário das outras empresas pesquisadas, as revistas customizadas não são a

principal fonte de receita da editora Couché. Com 18 anos de atividades, o entrevistado

classifica o mercado das customizadas como instável. Não raro participa de cotações que

nunca viram realidade e chegou a fazer títulos encerrados após o primeiro número. Por conta

disso, acredita que a mensuração de resultados possa ser importante para trazer maior

credibilidade para os projetos, embora não saiba como usá-la na prática. Diz que as empresas

atualmente têm sido seduzidas pelo digital justamente pela possibilidade de mensuração que o

impresso não proporciona, apesar de suas tentativas online não terem funcionado para os

clientes da casa.

O principal título da editora é uma revista trimestral, do setor de tecnologia

automotiva, industrial e de serviços, com tiragem de 9 mil exemplares. Desde que foi criada

em 2004, o cliente realizou três pesquisas voltadas exclusivamente para a publicação. Na

primeira versão, tiveram cerca de 900 respostas; na segunda, 600 retornos; e, na última,

realizada no início deste ano, apenas 230. Para impulsionar a participação dos leitores, a

empresa proprietária do título oferece um brinde. Para o entrevistado, a pesquisa é a forma

mais simples de mensurar o retorno de uma publicação, mas faz ressalvas quanto à sua

eficácia.

Por mais que exista uma metodologia de análise por trás da pesquisa, sou cético em

relação à sua legitimidade. Primeiro porque a empresa oferece um brinde em troca e isso

pode gerar uma dúvida na cabeça do leitor: ‘se eu falar mal, será que vou ganhar o

brinde?’. O tipo de brinde também pode influenciar as respostas, uma vez que a oferta de

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109

uma ferramenta, por exemplo, pode atrair mais leitores homens do que mulheres e isso

alterar o resultado. Compreendo que para conseguir respostas espontaneamente é difícil,

mas atrelá-las ao brinde também tem consequências.

O entrevistado aponta outros problemas da pesquisa, como o universo reduzido de

respostas comparado ao total de leitores e a tendência das respostas estarem balizadas pela

edição que o leitor tem em mãos e não pelo conjunto da obra. Também é categórico em

afirmar que a avaliação tem sentido apenas em termos de recepção.

Saber se o cliente gosta ou não da revista é interessante, mas não revela se a

publicação é realmente boa para o negócio ou se o valor que o cliente vê na revista

é o suficiente para mantê-la em circulação. Essa é a informação que a mensuração

precisa trazer. No caso do meu cliente, por exemplo, se alguém decidir comprar

algo porque viu uma matéria na revista, não acredito que esse dado chegue até o

marketing para ser atribuído à revista. Essas informações se perdem pelo caminho,

principalmente porque os clientes de customizadas são de grande porte e,

consequentemente, com restrita comunicação entre as áreas.

Por outro lado, o editor afirma que a publicação já deixou de ser cortada por conta de

uma boa avaliação na pesquisa e que algumas mudanças de conteúdo foram realizadas a partir

do retorno dos clientes, como a eliminação de seções e a manutenção de outras que julgavam

desinteressantes. Um exemplo claro de que a pesquisa de opinião é usada para a avaliação do

produto e não para a mensuração de resultados, o que comprova que apenas uma métrica não

é suficiente para contar toda a história de um projeto.

Em relação aos objetivos, todas as matérias precisam dar destaque para algum

atributo da marca, entre eles a diversidade de produtos, inovação e preocupação com a

sustentabilidade. Segundo o entrevistado, a venda não é o foco da publicação, mas tem

certeza de que o cliente adoraria saber que ela contribui para o negócio. Em relação ao

processo de mensuração, diz que a iniciativa deve partir do cliente, uma vez que não poderia

ser imparcial ao analisar um produto feito pela própria empresa, mas vê algumas barreiras

para a sua execução. Em primeiro lugar, saber o que precisa ser mensurado, ou seja, o que

pode ser relevante para demonstrar o valor da publicação. Segundo, que métricas usar para

conseguir esse resultado e como obter essas informações.

Na editora Couché temos um caso bem interessante porque eles usam a pesquisa para

fazer a mensuração de resultados, mas o entrevistado questiona a relevância dos dados.

Percebe-se uma preocupação em checar resultado, mas talvez a empresa esteja utilizando as

métricas ou as perguntas erradas. Pode ser também que o objetivo da pesquisa também esteja

errado e, como apresentado no referencial teórico, se você não fizer as perguntas certas vai

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obter respostas erradas. Não há também um paralelo entre os objetivos da publicação e a

pesquisa com os leitores e a situação fica ainda mais complexa quando o entrevistado diz que

não sabe o que precisa ser mensurado, ou seja, a publicação precisa adequar-se primeiramente

à função estratégica da comunicação, estabelecendo seus objetivos, metas e resultados a

serem alcançados.

Editora Kraft

A editora Kraft faz duas publicações da lista da Exame. Uma referente ao setor de

transporte aéreo de passageiros (revista “E”), mensal, com 115 mil exemplares, e outra do

segmento de alimentos (revista “F”), trimestral, com 200 mil exemplares. Nosso entrevistado

conta que ao longo dos últimos cinco anos perderam sete títulos, sem renovação de portfólio.

Por conta disso, acha fundamental apresentar resultados, principalmente por ter recebido

recentemente questionamentos quanto à eficácia dos títulos editados pela empresa, chegando

a ser aventada a possibilidade de descontinuidade da publicação. Apesar de enxergar a

importância da mensuração e desejar ter algo efetivo para mostrar ao cliente, a editora não

possui nenhuma ferramenta de medição simplesmente pelo fato de não saber como utilizá-la.

Como o cliente gosta muito da editora, fizeram uma conta para manter a revista

comparando o quanto gastariam para comprar inserções em mídia impressa para ter

a mesma presença e atingir a mesma quantidade pessoas e o resultado foi que a

revista era mais barata, porém, é um dado provisório e nos revela um

comportamento recorrente hoje em dia que é o cliente perder a percepção de valor

do papel.

No caso da revista “E”, o cliente é sócio da editora no projeto, sendo que os lucros da

operação de venda de publicidade são compartilhados entre os dois. Além da revista, a editora

comercializa espaços nas aeronaves e salas vip dos aeroportos. A parceria, apesar de ser

considerada benéfica pela editora, às vezes gera conflitos de interesse, por exemplo, permuta

de produtos distribuídos como cortesia aos passageiros durante a viagem, mas que não geram

receita para a editora. Além do valor arrecadado com a comercialização de anúncios, não

existe uma estratégia formal de mensuração de resultados. A revista até faz parte de uma

pesquisa realizada com os clientes sobre a experiência com a marca, mas são apenas duas

perguntas avaliando se ele lê a publicação e se gosta dela ou não. Também não há nenhum

estudo para saber se o passageiro leva a revista para casa. A única avaliação feita pela editora

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é o acompanhamento das redes sociais (o cliente faz um post no Facebook a cada nova

edição), para ver os comentários dos internautas e se algum influenciador comentou ou

compartilhou as matérias da edição.

Um PDF da revista também fica disponível no site da empresa para visualização,

porém a editora não sabe a quantidade de acessos e diz considerar essa métrica irrelevante e

inconsistente para o projeto. Até o momento, a revista consegue pagar-se integralmente com a

venda de publicidade, mas o número de anunciantes vem caindo ao longo dos últimos anos e

a previsão da editora é que num prazo de dois anos esse modelo de negócio não será mais

sustentável.

Sempre trabalhamos de forma confortável porque a margem de lucro desse modelo

de negócio sempre foi boa, mas já estamos antevendo que a situação vai mudar em

breve e nossa dúvida é se o cliente enxerga valor no projeto para bancá-lo do

próprio bolso. Sem um investimento adicional não teremos condições de manter o

mesmo padrão de qualidade e aí será que o cliente vai aceitar receber um produto

inferior? É uma questão que precisamos resolver.

O entrevistado esclarece que nunca desenvolveu uma ação com voucher ou cupom de

desconto para a revista, mas diz que alguns anunciantes usaram a estratégia e tiveram bons

resultados, caso da Arezzo. O que pretende fazer nos próximos meses é desenvolver um

cronograma de divulgação de destinos que coincida com o calendário de promoções das

passagens, sincronizando o conteúdo da revista com os objetivos de vendas da companhia.

A revista “F” faz parte de uma espécie de clube de clientes e, portanto, a empresa

realiza pesquisas regulares com os leitores (anual ou bienal), sempre condicionando as

respostas à continuidade do envio da publicação. Recentemente, o cliente chegou a questionar

a relevância da revista impressa e pediu para incluir anunciantes no projeto para reduzir

custos, o que não é visto com bons olhos pela editora pelo fato de que está cada vez mais

difícil vender publicidade no mercado editorial.

Sempre tenho receio quando o cliente deseja reduzir custos com publicidade e vejo

isso como uma espécie de xeque-mate. O cliente disse que se nós afirmamos que a

revista é eficiente e que é uma mídia que conversa com as pessoas, então era pra

gente achar anunciantes no mercado que concordassem conosco. O que complica

ainda mais nossa situação é essa marca ser uma gigante do setor e qualquer

empresa que anunciar na revista será menor do que ela e aí vem o impasse: por que

alguém vai bancar a revista de alguém que é bem mais rico do que ele?

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Em relação aos objetivos dos clientes estarem em consonância com os da publicação,

o entrevistado diz ser fundamental que a revista transmita o DNA da marca. Para isso, a

editora faz um estudo minucioso no início da contratação, avalia todo o material referente ao

mercado disponível para depois criar o escopo editorial. No caso da revista “E” mudaram

recentemente o projeto editorial para atender a uma mudança de posicionamento de marca do

cliente.

Podemos dizer que a editora Kraft é a que mais sente a cobrança dos clientes pela

apresentação de resultados. Estão defendendo os títulos ainda no discurso, sem apresentar

uma alternativa de mensuração efetiva, mas entendem que precisam mudar de postura, porém

ainda sem fazer nenhuma ação concreta neste sentido. A maior dificuldade é saber quais

métricas utilizar e quem seria o profissional responsável por desenvolver esse trabalho. A

falta de conhecimento teórico sobre os processos de mensuração têm levado a editora à

inércia, sem saber por onde começar a mensuração. A contratação de um profissional com

algum conhecimento na área pode ser uma alternativa para reverter rapidamente a situação.

Editora Offset

A editora Offset, criada em 1987, lançou mais de duas mil edições de revistas

customizadas e atualmente edita vários títulos no segmento de varejo, serviços e turismo. A

revista do setor de varejo de alimentos, aqui denominada como “G”, tem tiragem de 106 mil

exemplares, periodicidade trimestral e possui várias páginas de anúncios comercializados pela

marca proprietária da revista. Segundo o entrevistado, a editora não costuma fazer

mensuração de resultados das publicações e considera a distribuição, a qualidade e a

quantidade de anunciantes como a melhor forma de analisar o sucesso de uma revista para

clientes.

A maioria das revistas que eu edito são custeadas pela publicidade, então o cliente

não tem muita preocupação com os resultados porque o maior montante do

investimento não é dele. O que eu considero mais relevante para a mensuração é a

distribuição. Saber se ela chegou na mão do cliente é o mais importante. Depois,

considero a qualidade da publicação. E se conseguirmos juntar tudo isso em uma

receita só, podemos dizer que é uma revista de sucesso.

Para ele, a maior dificuldade de mensurar resultados está no fato de que os atributos

emocionais dessas publicações são subjetivos demais e desconhece meios para torná-los

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tangíveis aos olhos dos clientes. Além disso, não há nenhuma cobrança por resultados por

parte dos clientes ou dos anunciantes.

Estou nesse mercado há 40 anos e nunca um cliente pediu para eu apresentar

resultados. E, entre todos os clientes que já passaram por aqui, apenas um realizou

uma pesquisa de opinião com leitores. É muito caro. O que acontece com maior

regularidade é o próprio leitor elogiar a revista para o cliente ou para nós mesmos.

No tocante aos objetivos, o entrevistado diz que as revistas customizadas nasceram

com objetivos universais pré-definidos: manter um bom relacionamento com os clientes e

com os anunciantes e oferecer entretenimento, por meio de um produto bonito e de qualidade.

A adequação da revista aos objetivos do cliente acontece na seleção do conteúdo editorial

focado no ramo de atuação da marca patrocinadora. O entrevistado também acredita que o

conteúdo da revista deve ater-se ao entretenimento porque informação o leitor busca em outro

lugar.

Podemos dizer que a editora Offset foi a que apresentou mais objeções ao uso da

mensuração. A longa experiência na área do proprietário, o fato de nenhum cliente ou

anunciante ter solicitado por comprovação de resultados, a dificuldade de medir atributos

intangíveis e a descrença de que isso possa gerar alguma ideia de valor para o cliente faz com

que ele considere a prática dispensável. O entrevistado também atribui um objetivo único para

as revistas customizadas, sendo que o objetivo do cliente é deixado totalmente de lado. É um

modelo de negócio que contraria totalmente o referencial teórico coletado neste estudo e de

acordo com o nosso ponto de vista de difícil sobrevivência no mercado de comunicação da

atualidade.

4.3.1 Conclusões editoras brasileiras

A pesquisa de campo revelou uma grande diferença de modelos de negócio,

impactando diretamente na forma de mensuração dos títulos. Vimos também que a cobrança

por resultados está diretamente ligada ao montante investido pelo cliente. Como forma de

categorização das entrevistas usamos os tópicos do roteiro de entrevista (disponível no anexo

A).

1) O processo de mensuração de resultados das editoras

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Durante a pesquisa de campo encontramos apenas uma editora com processo de

mensuração estabelecido, porém voltado integralmente para o modelo de negócio daquela

publicação e meramente quantitativo. A maioria dos entrevistados diz ser importante

apresentar resultados para o cliente, mas esbarram na falta de conhecimento para implantar o

processo. Contraditoriamente, afirmam que a responsabilidade pela mensuração deve partir do

cliente, o que os eximem de ter uma estrutura voltada para tal atividade dentro das editoras.

Não encontramos também indícios de que a mensuração fizesse parte do briefing

inicial da publicação e, nas poucas vezes em que aparece, é usada somente no final do

processo, procedimento totalmente contrário ao apontado em nosso referencial teórico, que

estabelece como ponto primordial para a mensuração a definição de objetivos e resultados

esperados na concepção do periódico. Apesar de não aplicarem qualquer método de avaliação

e não conhecerem modos práticos de utilização, nenhum entrevistado mostrou

desconhecimento sobre o termo mensuração e discorreram sobre o assunto de forma

consciente e correta.

2) Técnicas de mensuração utilizadas e em que momento são definidas

Em decorrência da não utilização de métodos de mensuração não conseguimos elencar

as métricas usadas pelas editoras. Apenas a pesquisa de opinião foi citada, mas quando

realizada advém de uma iniciativa do cliente. Também apresentam como resultado a

quantificação de alguns dados, como tiragem e venda de publicidade. Esse ponto mostra o

quanto as editoras ainda precisam avançar no assunto, principalmente em épocas de crise,

uma vez que um processo de avaliação e mensuração de resultados consistente pode

minimizar o impacto dos cortes no segmento de customizadas.

3) Frequência das mensurações, média de tempo empregado e profissional responsável

Com exceção da editora Reciclato, nenhuma outra apresentou dado de frequência para

a mensuração de resultados e quando realizada é feita de forma esporádica. Também não há

um profissional focado nessa atividade e todos foram categóricos em afirmar que nunca

pensaram em contratar alguém para essa função, além de não saberem quais seriam as

habilidades necessárias para tal cargo.

4) Participação do cliente no processo

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De modo geral, os clientes não têm o hábito de solicitar a apresentação de resultados

para as editoras, revelando falta de interesse pela mensuração, o que nos leva a acreditar que

esse comportamento não está restrito às revistas customizadas e estende-se aos outros

produtos de comunicação.

No caso da editora Couché, o cliente até faz pesquisas de opinião com certa

regularidade por conta própria e solicita à editora outros métodos de mensuração. O cliente da

editora Kraft, que pediu pela comprovação de resultados, percebe-se claramente o intuito de

saber se deve dar continuidade ao título e não para fazer alguma correção de percurso.

Coincidentemente, os dois títulos são financiados integralmente pelos clientes, o que

nos faz concluir que quanto maior o investimento na publicação, maior é o interesse pela

mensuração de resultados. Os clientes das editoras que contam com o subsídio dos custos por

conta da venda dos exemplares e/ou publicidade não solicitam qualquer análise de resultado.

5) Análise da eficácia das ferramentas de comunicação

Neste item, a pesquisa de campo não forneceu informações sobre a eficácia das

métricas pelo fato dos entrevistados não terem regularidade na aplicação da mensuração. O

que podemos afirmar empiricamente é que no caso da editora Couché, o entrevistado tem

sérias restrições ao uso da pesquisa como fonte fidedigna de resultados, porém os comentários

deixam claro que a pesquisa está sendo utilizada apenas para avaliar o produto e não os

resultados do projeto como um todo, o que demonstra a necessidade de utilização de métricas

conjuntas do processo de mensuração.

Os entrevistados também não consideram a internet como fonte de dados. Até utilizam

as informações provenientes das interações dos leitores para desenvolver insights sobre o

conteúdo, porém não quantificam as métricas digitais, como visualização de páginas, curtidas

e compartilhamentos, nem usam esses dados formalmente. Apesar da descrença e das

métricas online não serem foco deste estudo, a interatividade dos leitores com o conteúdo das

revistas nas redes sociais pode trazer insights valiosos para os projetos e não devem ser

menosprezadas.

6) Dificuldades para a implantação dos métodos de mensuração

Os entrevistados citaram três itens como os maiores empecilhos para a mensuração. O

primeiro é a falta de conhecimento sobre as métricas. Inclusive, percebemos que, ao contrário

da mensuração, o termo métrica causa um certo desconforto nos entrevistados, provavelmente

por conta do desconhecimento e falta de habilidade para discorrer sobre o tema.

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O segundo ponto abordado é o custo. As editoras foram unânimes em dizer que seria

necessário cobrar um valor adicional do cliente para incluir essa proposta, algo que não veem

com bons olhos porque encareceria os projetos, diminuiria a margem de lucro e dificultaria a

negociação. Por último, citam a dificuldade de contratação de um profissional com

conhecimento sobre processos de mensuração para assumir tal função dentro da editora.

O conteúdo das entrevistas também mostram uma clara disposição das editoras em

passar a responsabilidade pela mensuração de resultados aos clientes e quando perguntados

qual atitude tomariam caso os clientes passassem a exigir pela demonstração de resultados,

estariam dispostos em investir na contratação de um profissional, uma vez que poderiam

cobrar pelo serviço por ser uma exigência da empresa patrocinadora do projeto.

7) Ações tomadas de acordo com os resultados obtidos

Como não realizam qualquer trabalho de medição, as editoras não conseguiram

atribuir resultados à mensuração. Somente a Couché disse ter realizado alteração pontual no

projeto e, de acordo com o entrevistado, uma vez a publicação deixou de ser extinta devido à

boa avaliação na pesquisa com os leitores.

8) Percepção de valor das publicações pelas editoras

As editoras são unânimes em afirmar que a revista ainda é uma boa fonte de

comunicação com os clientes. Quando solicitadas para discorrer sobre o que consideram

como valor para a revista, descrevem vários atributos, como proximidade com o cliente,

fidelização, manutenção de relacionamento, incremento de vendas, brinde simpático, melhora

na imagem da marca, comunicação não invasiva, entrega de conhecimento e entretenimento,

fortalecimento dos valores da marca, possibilidade de interação com outras mídias e

divulgação de portfólio. Porém, as argumentações estão sustentadas em discursos, sem dados

que confirmem que os títulos realmente cumprem essas funções.

Também costumam apontar os itens acima como os principais objetivos da

publicação, mas não fazem qualquer conexão entre eles e os resultados, tampouco fazem um

alinhamento com os objetivos dos clientes ou estabelecem metas para atingi-los.

4.4 Pesquisa editoras inglesas

Optamos por incluir as editoras inglesas nesta pesquisa pelo fato do país possuir

grande quantidade de revistas customizadas em circulação e a mensuração de resultados fazer

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parte da realidade das empresas. De acordo com dados do Audit Bureau of Circulations

(ABC) da Inglaterra, divulgados na Magforum20, alguns títulos de marca superam a tiragem

das principais revistas de consumo do país, chegando a ocupar lugar de destaque no ranking

das dez maiores revistas em circulação na Inglaterra. Caso das customizadas National Trust,

Tesco e Asda, que possuem tiragem entre 1,7 milhão e 2,3 milhões de exemplares,

respectivamente, números superiores à tiragem da revista TV Choice, com 1,2 milhão, por

exemplo. Já a campeã em circulação do país é a Sky The Magazine, com 7 milhões de

exemplares, distribuídos mensalmente aos assinantes do canal via satélite.

O país também demonstra cuidado e atenção com a mensuração de resultados de

conteúdo de marca. Em dezembro de 2017, o Content Marketing Association lançou um

dossiê21 com artigos produzidos pelos principais editores do país, abordando a temática da

mensuração. O material apresentou o resultado de uma pesquisa realizada com profissionais

da área onde apontam a dificuldade da escolha das métricas, a relevância da mensuração, os

diferentes produtos avaliados, entre outros (a pesquisa está reproduzida integramente

Apêndice A).

Em meados deste ano, a associação lançou uma nova pesquisa com o intuito de

elencar as principais métricas de mensuração usadas tanto pelas editoras quanto pelos clientes

das editoras. O formulário (reproduzido no Anexo B) ficou disponível para respostas online

de julho a setembro de 2018. Tentamos contato com a diretoria da associação solicitando uma

entrevista, mas a resposta foi que só poderiam nos atender após a tabulação dos resultados da

pesquisa, data posterior ao encerramento deste estudo.

Abaixo mostramos a análise dos casos relatados no site da CMA22, pesquisados no

período de 9 a 13 de abril de 2018. Foram desconsiderados os casos que só envolviam

publicações digitais e outros projetos de comunicação, como propagandas, vídeos e ações de

internet. Após a seleção das 35 revistas e respectivas editoras, fizemos uma análise dos casos,

sendo usado como forma de seleção das informações os objetivos da publicação, os resultados

obtidos e as métricas utilizadas. Como nosso foco de estudo são as formas de mensuração de

resultados, usamos como categorização para esta pesquisa as métricas utilizadas pelas

editoras, conforme abaixo:

20 Disponível em <http://www.magforum.com/ukmagazines.htm#cus>. Acesso em: 23 jul 2018. 21 Disponível em <http://the-cma.com/research/cma-industry-reports/the-cma-measuring-effectiveness-industry-

report/>. Acesso em: 16 maio 2018.

22 <www.the-cma.com/case-studies>

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118

Quadro 12: Relação de casos editoras inglesas

Publicação Editora Objetivo Resultados Métrica

1. Revista

Economia

Cliente:

Institute of

Chartered

Accountants

Progressive

Content

Engajar os

membros do The

Institute of

Chartered

Acconunts in

England and

Wales (ICAEW)

A pesquisa mostrou tempo médio

de leitura de 53 minutos (contra

média nacional de 24 minutos),

qualidade do conteúdo com

aprovação de 84% a 91% dos

cliente. O site recebe 90 mil

visitantes únicos e 100 mil

visualizações por mês, com

crescimento do tráfego de 39% ao

ano

Pesquisa com

leitores

+ dados da

web

2.British

Eventing

Life (revista)

+ BETV

(web)

Cliente:

British

Eventing

Dialogue Atrair

participantes para

os cursos e a

prática da

equitação

Aumento de 42% nas matrículas

para os cursos de treinamento.

Nos dois primeiros meses de

funcionamento, a BETV lançou

mais de 50 vídeos com amplo

alcance demográfico

Crescimento

no número de

inscritos +

alcance

regional dos

vídeos

3. Christie’s

International

Real Estate

Magazine

Cliente:

Christie’s

August

Media

Engajar

compradores,

vendedores e

representantes

estrangeiros

A conta cresceu de uma revista

impressa trimestral para uma

proposta multicanal, com a

produção de um livro e site de

conteúdo

Ampliação de

portfólio

4. Nikon Pro

Cliente:

Nikon

Cedar Engajar

fotógrafos e

entusiastas da

marca; inspirar os

leitores ao

mostrar o

portfólio de

outros

profissionais;

posicionar a

Nikon como líder

de tecnologia

Pesquisa mostrou tempo médio de

leitura de 55 minutos; 89% dos

leitores avaliam a revista como

informativa; 85% classificam a

publicação como divertida; 38%

compraram equipamentos da

Nikon como resultado da leitura

da revista

Pesquisa com

leitores

(realizada pela

Nikon)

5. Sense

Magazine

Cliente: RBS

Offshore

Bank

John

Brown

Media

Engajar clientes;

aumentar o

conhecimento

sobre os produtos;

reforçar o

profissionalismo

da instituição

Os clientes aprovam a revista e a

iniciativa da empresa. 87% dizem

que a revista é uma boa maneira

para conhecer os produtos da

instituição

Pesquisa com

os leitores

6. Shubh

Yatra

Magazine

Cliente: Air

India

Maxposure

Media

Reforçar a

posição global da

Air India, após

fusão com aérea

doméstica.

Manter conexão

com o mercado

A revista atrai anunciantes , como

o governo indiano, marcas locais,

empresas internacionais. A versão

online aumentou a popularidade e

a base de leitores

Volume de

anunciantes +

dados da web

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119

indiano

7. Strategies

for Growth

Cliente:

Grant

Thornton

Seven C3 Criar conteúdo

multiplataforma

que forneça aos

empreendedores

de empresas de

médio inspiração

para gerir e

otimizar o

negócio.

Pesquisa com os leitores mostrou

que 80,23% consideram a revista

como boa ou muito boa; 45,28%

compartilham as histórias

mostradas na revista; e 26,42%

discutem os assuntos publicados.

O site da publicação teve um

aumento de 80% no número de

visitantes em um ano

Pesquisa com

leitores +

dados da web

8. Impact

Magazine

Cliente:

Market

Research

Society

(MRS)

CPL inspirar e revelar

aos membros da

MRS os

benefícios da

pesquisa; mostrar

a liderança da

empresa

A revista tornou-se um benefício

para os membros da MRS e

atrativo para novos associados; a

resposta dos leitores ao conteúdo

e design foram positivas, 20 mil

visualizações do conteúdo no site

da empresa

Manifestação

espontânea

dos leitores +

dados da web

9. Bentley

Magazine

Cliente:

Bentley

Seven C3 Mostrar o mundo

luxuoso dos

proprietários da

Bentley,

recompensar a

lealdade;

incentivar novas

compras; atrair

novos clientes

A revista é o principal canal de

comunicação com os clientes;

84,9% dos leitores a consideram

disseram boa ou excelente; 91,7%

elogiaram o design; 42,6% de taxa

de abertura de e-mail (sendo 24%

a média do setor)

Pesquisa com

leitores + taxa

de abertura de

e-mail

10. John

Lewis

Edition

Cliente:

John Lewis

John

Brown

Media

Mostrar a

variedade de

produtos e

departamentos;

destacar-se da

concorrência;

incentivar a

compra de novos

produtos

Ultrapassou a revista feminina de

moda de maior circulação da

Inglaterra, a Glamour (484.991 de

exemplares) com a tiragem de

817.010 exemplares; tempo de

leitura de 30 minutos; 89% dizem

tomar alguma ação após a leitura

da revista; 70% dizem estar

prontos para visitar novos

departamentos da loja e website;

superação da meta de venda de

anúncios em 49%; 67% de

aumento de vendas após 10

edições

Dados de

circulação +

pesquisa com

leitores +

crescimento

de vendas +

volume de

publicidade

11. Broccoli

and Brains

Magazine

Cliente:

LighterLife

Made by

Sonder

Criar uma

publicação para

gerar

conscientização e

debate sobre a

obesidade usando

mídia impressa e

digital

5 milhões de visualizações dos

tweets em dois meses; 1% de taxa

de engajamento no Twitter; 845

seguidores no Twitter; 21.073

visitantes únicos no blog; tiragem

de 8 mil exemplares da revista

impressa; 20 matérias espontâneas

nos principais veículos de

comunicação, gerando um valor

de £ 561.960 em RP

Dados da web

+ tiragem +

publicidade +

valor

monetário

assessoria de

imprensa

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120

12. Shelf

Magazine

Cliente:

Maersk Oil

UK

Whitelight

Media

Produzir uma

revista de

conteúdo mais

atrativo e

inteligente em

relação às

publicações dos

concorrentes;

comunicar e

influenciar os

leitores

Resposta positiva dos leitores Manifestação

espontânea

dos leitores

13. CIBSE

Journal

Cliente:

CIBSE

CPL Criar uma revista

mensal, que

forneça notícias,

análises,

comentários,

artigos técnicos e

ferramentas de

aprendizado

necessários para

os profissionais

da área de

construção

Pesquisa com os leitores mostrou

que 86% dos entrevistados

classificaram a revista como

"boa" ou "excelente". Quase 70%

leem a revista ao menos por meia

hora e 25% mais de uma hora.

As três primeiras versões online

geraram a média de mais de 2.000

visitantes únicos e média de

13.500 visualizações de página

Pesquisa com

leitores +

dados da web

14.Food-

service

Consultant

Magazine

Cliente:

FCSI

Progressive

Content

Desenvolver

conteúdo

multiplataforma

para os membros

mundiais e

executivos do

setor de bebidas e

alimentos, além

de hotéis e

restaurantes

Pesquisa com leitores mostrou

tempo médio de leitura de 31

minutos (a média do setor é de 23

minutos), 82% classificam o

design como excelente e muito

bom, 73% classificaram o

conteúdo editorial como excelente

e muito; os anúncios geraram

lucro de seis dígitos no primeiro

ano

Pesquisa com

leitores +

faturamento

com

anunciantes

15.

Financial

Management

Magazine

Cliente:

CIMA

Seven C3 Conteúdo

relevante para 227

mil membros

espalhados em

179 países, com a

possibilidade de

monetizar a

distribuição.

Produção de

revista +

aplicativo

90% dos membros e alunos da

CIMA estão satisfeitos com a

revista FM; 50% dos leitores

gastam de 30 a 60 minutos lendo

a revista; 78% dos membros

classificam a FM Magazine como

a publicação mais útil do ano

(2014/5); 72% dos alunos avaliam

o FM Magazine App como o mais

útil do último ano (2014/5); App

baixado mais de 200 mil vezes

Pesquisa com

leitores +

dados

aplicativo

16. Tesco

Real Food

Magazine

Cliente:

Tesco

Cedar Ampliar a

percepção dos

clientes de que o

supermercado

oferece não

apenas ótimos

preços como

também alimentos

de qualidade e

sempre frescos

Clientes familiarizados com a

revista são 2,4 vezes mais

propensos a ver a Tesco como

uma autoridade em alimentação.

O site tesco.com/realfood.com

alcança mais de 400 mil visitantes

únicos por mês

e está entre os 10 principais sites

de comunidades de alimentos

Pesquisa com

clientes +

dados da web

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121

17. Appoint

Magazine

Cliente:

Reed

Redactive

Media

Group

Mostrar a Reed

como marca

global e destacar

seus valores;

promover vendas

cruzadas;

conteúdo

relevante para ser

compartilhado;

captura de dados

e geração de leads

Aumento de 12% no número de

candidatura a empregos; mais de

mil leads gerados por meio da

distribuição da revista em eventos

e pela internet. Produção de

edições especiais temáticas

Monitora-

mento de

vendas +

contatos

gerados pós

distribuição da

publicação em

eventos e via

internet

18. Ocado

Life

Cliente:

Ocado

August

Media

Fazer uma revista

que mostrasse a

rede como uma

marca premium;

atrair clientes em

busca de

comodidade, sem

serem guiados por

preço; ser a

fachada física da

empresa

Os produtos mostrados na

publicação tiveram bom volume

de vendas no site e a pesquisa

com leitores mostrou 75% dos

clientes leram a revista recebida e

52% adicionaram produtos em

suas compras após ler a

publicação

Acompanha-

mento das

vendas +

pesquisa com

os leitores

19. Weight

Watchers

Cliente:

Weight

Watchers

Seven C3 Remodelar o

conteúdo da

publicação para

aumentar as

vendas em banca

e atrair mais

anunciantes

Aumento de 40% nas vendas de

anúncios; 80% do volume de

publicidade são de novos

negócios; aumento de 51% no

número de assinantes

Acompanha-

mento das

vendas +

volume de

anunciantes

20.

Midwives

Magazine

Cliente:

Royal

College of

Midewives

Redactive

Media

Group

Remodelar

conteúdo da

publicação

tornando-a mais

atrativa. Produzir

conteúdo online

Pesquisa com leitores mostrou

que 83% dos membros estão

satisfeitos com a revista; 94% das

parteiras leem a publicação

regularmente; 87% gastam 30

minutos de leitura; 98% acreditam

que as parteiras atendem bem aos

membros da RCM; 93% gostam

do conteúdo do site; o site atrai

40 mil visitantes únicos por mês;

aumento de 67% na receita

publicitária

Pesquisa com

leitores +

dados da web

+ receita

publicitária

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122

21. What’s

next

magazine

Cliente:

Sappi

John

Brown

Media

Promover os

valores da marca;

promover a linha

de papéis

premium;

promover debate

e informações

sobre o futuro da

mídia impressa;

ajudar na escolha

do papel mais

apropriado

65% dos leitores se sentem mais

informados sobre a indústria de

mídia impressa depois de ler a

revista; 33% sentem-se atraídos

pela marca; 28% optaram por

receber a revista regulamente após

quatro edições; 11.100 visitas ao

site da publicação; 25% dos

leitores lembravam do conteúdo

da última edição; tempo médio de

leitura de 35 minutos; 87% dos

leitores leram mais da metade da

revista e 21% passaram a revista

para outros leitores

Pesquisa com

leitores +

dados da web

22. Plumb

Parts

Magazine

Cliente:

Plumb

Center and

Parts Center

Redactive

Media

Group

Comunicação

com clientes;

aumentar

engajamento e

fidelidade;

posicionar a

marca como uma

autoridade da

indústria;

aumentar a venda

de produtos e

cursos; reduzir a

produção de

material de ponto

de venda; capturar

dados e gerar

leads; gerar

receita

publicitária; abrir

canal online

Após quatro edições, a revista

passou de 36 para 68 páginas

devido a resposta positiva dos

clientes; tempo de leitura de 24

minutos; número de 100 mil

leitores (2 por edição); 89%

acham as informações valiosas

para o trabalho; 94% acham o

design atraente; 95% acreditam

que a revista os ajudam a manter-

se atualizados; 73% acham a

marca uma autoridade no

segmento

Pesquisa com

leitores +

aumento de

páginas da

publicação

23. English

Heritage

Members’

Magazine

Cliente:

English

Heritage

Immediate

Media

Branded

Content

Informar os

membros sobre as

atividades da

associação, atrair

novos membros

por meio de

conteúdo online e

reter os

associados

O envolvimento com a revista é o

principal impulsionador da

renovação dos associados; 83%

leem a revista regularmente; o

relançamento da edição para

crianças aumentou em 442% as

visitas ao site (um aumento de

53.885 visitas) na semana

seguinte à entrega da publicação

Pesquisa com

leitores +

dados da web

24. Womem

in Stem

Magazine

Clientes:

ação com

apoio de

várias

empresas, de

indústria a

escolas

Media

Planet

Incentivar as

meninas a

seguirem carreira

na área de

ciências,

tecnologia,

engenharia e

matemática

Distribuição de conteúdo

impresso em feiras e escolas. Na

Airbus, por exemplo, atingiram

1.959.522 pessoas ao produzir

bate-papo via mídias sociais, 622

compartilhamentos de conteúdo;

tempo médio de permanência na

página de 70 segundos e

profundidade de rolagem de 67%

Dados da web

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123

25. Gridline

Magazine

Cliente:

National

Grid

Made by

Sonder

Mostrar o

trabalho da

National Grid aos

donatários das

terras por onde

passam os postes

e oleodutos da

empresa; fornecer

conteúdo para

melhor uso das

terras

Pesquisa mostrou que 8 entre 10

leitores leem a totalidade ou a

maior parte da revista; 97%

tiveram maior conhecimento

sobre as atividades da marca; 80%

disseram sentir-se parte da

comunidade de donatários de

terras; 85% classificaram a revista

como boa ou muito boa e 13%

como excelente; boa parte do

conteúdo da revista é retratada

nos programas rurais da BBC

tempos depois

Pesquisa com

leitores +

pesquisa

empírica na

BBC

26. HOG

Magazine

Cliente:

Harley

Owners

Group

Dialogue Produzir conteúdo

multicanal

(revista + site +

mídias sociais)

capaz de

impulsionar a

compra e reter

novos clientes

Aumentou o número de

associados ao clube; 62% dos

membros dizem ser incentivados a

participar dos eventos da marca; a

revista online tem uma taxa de

abertura de 49%; o aplicativo de

fotos teve cerca de 30 mil

downloads

Número de

associados +

dados da web

27. Scouting

Magazine e

Do.Share

Magazine

Cliente:

Scout

Association

Immediate

Media

Branded

Content

Melhorar o

relacionamento

com 150 mil

dirigentes de

grupos de

escoteiros

(Scouting

Magazine) e

parceiros

corporativos

(Make.Do.Share)

Pesquisa mostrou que 56% dos

leitores sentiram-se inspirados

após a leitura da revista; 43%

encontraram informações úteis;

40% sentiram-se prestigiados; a

receita publicitária aumentou em

50% e responde por 30% do custo

da revista. A revista Do.Share

trouxe novos patrocinadores para

as atividades dos grupos

Pesquisa com

leitores +

receita

publicitária +

aumento de

patrocínios

28.

Completely

London

Cliente:

Kinleigh

Folkard &

Hayward

August

Media

Mostrar a marca

como a maior

especialista em

propriedade da

cidade; superar

em qualidade as

revistas do

mesmo segmento

Aumento da tiragem em 50%;

eleita uma das principais marcas

de mídia pela Marketing

Magazine; vencedora de seis

prêmios da CMA, pesquisa

mostrou que 86% dos leitores

acham a revista melhor do que a

dos concorrentes

Crescimento

da tiragem +

contagem de

prêmios +

pesquisa com

leitores

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124

29. Hot Rum

Cow

Magazine

Cliente: Hot

Rum Cow

Whitelight

Media

Produzir uma

revista que falasse

sobre cerveja,

vinhos e bebidas

de forma inédita e

atrativa.

Posicionar a

marca como

moderna e atuante

Após três anos, a revista

multipremiada transformou os

negócios da marca. A revista está

a venda no Museu de Arte

Moderna de Nova York e nas

mais prestigiadas lojas de design

do mundo. A edição americana da

Esquire chegou a incluir o Hot

Rum Cow em sua lista de "oitenta

itens que definem o mundo de

hoje". Também atraiu novos

anunciantes e novas relações de

negócios com o aumento do

portfólio de produtos da marca

Aumento do

portfólio de

produto graças

ao novo

posiciona-

mento da

marca +

quantidade de

anunciantes

30. Candis

Magazine

Cliente:

Candis Club

Newhall

Publishing

Aumentar o nº de

assinantes e reno-

vações de assi-

naturas; atrair

marcas associadas

e recuperar assi-

nantes em débito

e ex-assinantes

Atingiram o marco de 110 mil

assinantes mensais

Contagem de

assinantes

31. The

planner

Cliente:

Royal Town

Planning

Institute

Redactive

Media

Group

Valorizar a

profissão dos

planejadores

urbanos; oferecer

conteúdo; atrair

novos

profissionais;

construir e

gerenciar um site

de empregos;

criar uma

newsletter

Pesquisa mostrou que 91% dos

membros avaliam a revista como

boa e excelente; 64% veem a

marca como dizem como

autoridade para falar sobre a

profissão; as mídias digitais

atraíram mais de 60 mil usuários

únicos desde o lançamento; a

taxa de rejeição do site é de

apenas 41%; a taxa de abertura

das newsletters é quase o dobro da

média do setor; site de empregos

Planner Jobs gerou receita de seis

dígitos no primeiro ano após o

lançamento

Pesquisa com

leitores +

dados da web

+ receita

publicitária

32. Money

Matters

Magazine

Cliente:

Sainsbury

Bank

Seven C3 Dobrar a

aquisição de

produtos

financeiros do

banco; aumentar o

índice de

confiança; criar

conteúdo

impresso + digital

Aumento de 10% nas vendas dos

produtos bancários voltados para

a família por meio da revista

impressa; aumento de 4% na

mesma categoria por meio do e-

mail marketing e versão online da

publicação; a publicação gera

mais de 60% das cotações e

vendas e a digital mais de 40%

comparado a outras ações do

banco; 450% de aumento no

tráfego no Facebook; 10 mil

visualizações no blog

Mapeamento

de vendas +

dados da web

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125

33. Audi

Magazine

Cliente: Audi

North star Trazer conteúdo

relevante para os

leitores em versão

impressa e digital;

humanizar a

marca; fidelizar

clientes;

promover vendas;

diferenciar-se dos

concorrentes

Prêmio de melhor título

automotivo; 60 mil vendas foram

atribuídas como comportamento

despertado pela revista, em 2013;

o ROI da revista é de 10:1; o

aplicativo teve 13.390 visitantes

únicos e seis mil assinantes; o site

gerou 1.761 test drive (0,5% do

público), 3.283 visitas ao

concessionário (1%) e 1.256

vendas (0,4%). 95% leem a

revista por mais de 30minutos;

95% acreditam que a revista

representa os valores de alta

qualidade e sofisticação técnica;

93% acreditam que a revista

representa os valores de estilo,

prestígio e desempenho da marca

Premiação +

mapeamento

de vendas +

dados da web

34. Public

Finance

Magazine

Cliente:

CIPFA

Redactive

Media

Group

Manter os

profissionais de

finanças públicas

atualizados;

aumentar a

participação em

economias

emergentes, como

Índia e Nigéria;

usar multicanais

(impresso +

digital)

A revista é classificada como o

benefício número um da CIPFA;

62% dos leitores não leem outra

revista sobre o setor público; mais

de 92% dos leitores concordam ou

concordam fortemente que as

notícias online atendem suas

necessidades; milhões de libras

em publicidade; prêmio

Excelência IoIC Awards, em 2015

Premiação +

pesquisa com

leitores +

receita

publicitária

35. Live

Magazine

Cliente: Ikea

August Produzir uma

revista impressa e

online que

inspirasse e

refletisse as

esperanças e

aspirações de

pessoas comuns

O tempo médio de permanência

online é 6,23 minutos por visita;

pesquisa com clientes mostrou

que 75 dos leitores são levados a

fazer compras depois de ler a

revista; 83% dos leitores

recomendariam o site a um

amigo; premiações diversas

Dados da web

+ pesquisa

com leitores +

premiação

Fonte: Site <www.the-cma.com>. Elaborado pelo autor

Após a compilação dos dados das 35 publicações, conseguimos reunir 13 métricas

diferentes, adotadas pelas editoras do Reino Unido, conforme exposto no quadro abaixo:

Quadro: Relação de métricas das editoras inglesas

Métricas usadas Quantidade de utilizações

Pesquisa com leitores 21

Dados da internet 17

Aumento de vendas do cliente 10

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126

Venda de publicidade 10

Aumento da tiragem 5

Ampliação do portfólio de produtos de

comunicação

5

Premiações 4

Manifestação espontânea dos clientes 2

Divulgação imprensa 2

Aumento do número de assinantes 1

Aumento da capilaridade geográfica 1

Aumento do portfólio de produtos do cliente 1

Fonte: elaborado pelo autor

4.4.1 Conclusões editoras inglesas

A análise dos dados acima possibilita importantes reflexões sobre a mensuração de

conteúdo de marca na Inglaterra. A primeira delas é a utilização de pouca variedade de

métricas. Com exceção da pesquisa com leitores e do mapeamento de vendas dos clientes, os

dados apresentados são apenas a quantificação de informações disponíveis, como o aumento

do números de assinantes, venda de publicidade, aumento de tiragem, dados de internet, entre

outros, demonstrando a necessidade de comprovar resultado, porém sem a utilização de

métricas mais elaboradas que pudessem apresentar resultados além da quantificação dos

dados. Por exemplo, é realmente o conteúdo da publicação que leva o leitor a comprar o

produto? Por outro lado, os dados revelam a boa aceitação do produto revista por trás do

incremento dos números, mas superficiais ao não entregar o real motivo da aparente

aprovação.

A pesquisa, a métrica mais utilizada pelos ingleses, consegue trazer dados concretos e

assertivos. Entre as principais informações coletadas estão: tempo médio de leitura da

publicação, qualidade do conteúdo, prestígio para o cliente, maior conhecimento sobre os

produtos e serviços da marca, compartilhamento e comentários sobre o conteúdo, benefício

para os associados de clubes de clientes, impulsionamento/desejo de compras, fonte de

inspiração e melhor imagem para a marca.

Nossa análise também mostrou que há uma tentativa direta de associar a publicação ao

incremento de vendas, como os dados apontados por revistas como a British Eventing, Nikon

Pro, John Lewis, Tesco Real Food, Ocado Life, entre outras. Com exceção de alguns dados

Page 127: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

127

coletados em pesquisa, a amostragem não revela como essas informações foram obtidas. Tem

o caso, inclusive, da revista da Audi, que chega a atribuir à publicação o impulsionamento da

venda de mais de 60 mil veículos, um dado, a nosso ver, bastante exagerado.

Outro ponto interessante é que a maioria das editoras utiliza mais de uma métrica para

avaliar a mesma publicação, sendo que temos 35 títulos para um elenco de 79 avaliações, uma

média de 2,2 métricas por título.

Apesar de não estarem diretamente relacionados, no estilo causa/efeito, todos os cases

destacavam primeiramente o objetivo da publicação e na sequência os resultados, o que

mostra o sentido de correlação entre os dois itens, ponto muito destacado no nosso referencial

teórico.

Mesmo sem ser relevante estatisticamente para o nosso estudo, vale citar algumas

considerações do único questionário respondido pela editora inglesa que retornou o nosso

contato. Primeiramente pela relevância da empresa: é uma das maiores produtoras de

conteúdo da Inglaterra, com filiais em sete países e cerca de 230 funcionários. Segundo, pelo

fato de terem um departamento exclusivo e profissionais dedicados à mensuração de

resultados.

Entre as principais métricas usadas pela editora estão: Net Promoter Score; alcance;

gasto médio, share of voice, audiência, aquisições e lealdade, digital analytics, teste AB,

engajamento nas mídias sociais e pesquisas quali/quanti. De acordo com a entrevistada, é

difícil para os clientes compreenderam o impacto das publicações customizadas, o que faz

com que a métrica preferida por eles seja o ROI. Em relação à frequência, alguns títulos da

casa são avaliados a cada edição, outros anualmente e outros ad hoc. Para ela, a maior

dificuldade do processo está em conseguir verba do cliente para a mensuração. Por último, diz

que na Inglaterra não há uma formação específica para o profissional responsável pela

mensuração, mas a editora considera essencial ter conhecimentos sobre estratégia de

negócios, objetivos de marketing e capacidade analítica para saber o que pode ser mensurado.

Importante frisar que o acesso aos dados dos clientes, uma dificuldade apontada pelas editoras

brasileiras, não é mencionado pela entrevistada, mostrando que há uma parceira entre os

envolvidos no processo pela identificação dos resultados.

Page 128: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

128

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi mostrar o processo de mensuração de resultados

realizado pelas editoras de revistas customizadas e também elencar métricas para serem

utilizadas na mensuração de resultados das revistas customizadas. A partir da análise de duas

realidades bem distintas chegamos a importantes conclusões. A primeira delas é que, apesar

de estar sendo estudado há mais de 20 anos, o processo de mensuração de resultados ainda

está em sua fase inicial. As editoras brasileiras, por exemplo, entendem a relevância do tema

para o desenvolvimento dos projetos, procuram reunir dados que possam comprovar algum

Page 129: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

129

resultado para justificar o investimento do cliente, mas ainda não estruturaram a empresa a

ponto da mensuração fazer parte do projeto inicial das publicações, procedimento

fundamental da mensuração.

As editoras inglesas estão em um estágio um pouco mais avançado da discussão: a

mensuração faz parte de suas rotinas produtivas, a definição dos objetivos é o ponto inicial de

todo o projeto, existe uma preocupação com a coleta dos dados e o indício da necessidade de

melhor conhecimento sobre as métricas, uma vez que a maioria dos resultados apresentados

estão restritos à pesquisa com leitores, dados da web e veiculação de anúncios.

Partindo da nossa pergunta problema “Como avaliar e mensurar os resultados em

revistas customizadas?”, podemos concluir que o conhecimento sobre o tema ainda está

restrito ao campo teórico. Encontramos vários estudos, pesquisas, metodologias e métricas

voltadas à mensuração de resultados, porém a prática não está presente no dia a dia das

editoras.

Entendemos que o motivo deste distanciamento está na falta de compreensão

estratégica do processo de avaliação e mensuração de resultados, a começar pela falta de

conhecimento dos objetivos e estratégias do cliente, dificultando a concepção do projeto

editorial e, consequentemente, a definição de quais resultados precisam trazer para a empresa.

Sem esse procedimento inicial é impossível definir o que precisa ser realmente mensurado,

fazendo com que os resultados apresentados não tenham o impacto desejado pelo cliente.

Aliás, a tarefa de definição de objetivos é considerada por Anderson et al (2005, p. 4 e 5),

como uma das mais negligenciadas pela área de comunicação, fato comprovado pela nossa

pesquisa de campo.

Em um segundo momento, há a dificuldade de compreensão das métricas, afinal não é

fácil entender a aplicação das fórmulas, muitas delas originadas na área de administração, mas

de fundamental importância para a conclusão do processo de mensuração. Como apresentado

no referencial teórico dessa dissertação, os procedimentos práticos para a aplicação da

avaliação e mensuração de resultados funciona de forma circular e uma tarefa está

intrinsicamente conectada à outra. Portanto, ao deixar de cumprir um elo da cadeia, o

profissional compromete o resultado de toda a atividade.

Em relação às metodologias, o foco está na avaliação da área de comunicação como

um todo, ou seja, mostram os caminhos para vincular os objetivos e estratégias da

comunicação com os objetivos e estratégias do negócio, não atuando diretamente nas

atividades de mensuração do projeto da revista. São usadas para demostrar os resultados

Page 130: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

130

macro da área de comunicação. Trazendo essa vertente para as revistas customizadas, as

metodologias servem de embasamento teórico para aplicação da mensuração de resultados.

Quanto à nossa hipótese, a pesquisa realmente confirmou que as editoras brasileiras

não fazem a mensuração e a única que está realmente preocupada com o tema é porque foi

cobrada pelo cliente. Por outro lado, o custo da mensuração e o tempo dispendido não

apareceram como impeditivo, provavelmente porque as empresas ainda não têm métodos de

avaliação formalizados, sendo o desconhecimento de métricas e a compreensão de que esse

trabalho deve ser feito pelo cliente e não pela editora apontados como os maiores empecilhos,

o que no nosso entender pode ser um grande erro, sendo que a mensuração de resultados deve

ter a sua execução compartilhada com todos os envolvidos no processo.

A questão do custo só apareceu nas entrevistas quando as editoras foram questionadas

se gostariam de oferecer a mensuração junto com o projeto. Também não houve qualquer

citação ao fato de que a mensuração de resultados pode ser uma alternativa ao complexo

momento vivido pelas revistas customizadas, com constante corte de verbas e de produtos.

Em relação às editoras inglesas, surpreendeu-nos o fato de a pesquisa apontar um

limitado arsenal de métricas, uma vez que a discussão em torno da mensuração está bem mais

avançada comparada ao Brasil. Inclusive, por exporem os resultados das publicações em seus

sites, podemos constatar que a mensuração de resultados tornou-se um diferencial competitivo

dentro daquele mercado, sendo que a maioria dos resultados apontados está relacionada a

recepção das mensagens (out-take) e seus efeitos no consumidor (outcome).

Diante disso, temos dois pontos fundamentais a tratar. Apesar dos estudos de métricas

terem avançado muito nos últimos tempos, a compreensão e utilização de suas técnicas ainda

são um problema para os profissionais de comunicação, o quer nos leva a real necessidade de

aplicação prática da lista proposta pelo presidente do Institute for Public Relations, David

Geddes, apresentada na página 62 deste estudo. Como visto no referencial teórico, o uso das

métricas exige um aprofundamento em cálculos e fórmulas matemáticas que, apesar de

algumas serem bastante simples e óbvias, ainda causa um certo mal estar nos profissionais.

Na pesquisa com as editoras brasileiras pode-se perceber que só o uso da palavra mensuração

assusta os entrevistados, tanto que todos começavam a entrevista dizendo que haviam

aceitado o convite, mas não tinham praticamente nada para falar sobre o assunto. O mesmo

acontecia quando o pesquisador usava a palavra métrica. O que reforça a necessidade de

maior conhecimento teórico sobre o assunto.

Outro ponto que precisa ser debatido é quem deve ser o responsável pelos custos da

mensuração, um dilema difícil de ser resolvido. De um lado, está o interesse das editoras em

Page 131: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

131

comprovar o valor das publicações como tática de comunicação para não perder os clientes; e

do outro, as verbas para produção das customizadas cada vez mais apertadas, o que dificulta a

inclusão de mais uma etapa de trabalho no processo como um todo.

Também percebemos que faltou um item muito importante no processo de

mensuração: as metas. Quando perguntadas sobre a relação entre objetivos e resultados todos

foram capazes de traçar um paralelo entre os dois assuntos, mas em nenhum momento os

entrevistados falaram de metas a serem atingidas, ou seja, a estratégia a ser percorrido para

chegar aos objetivos.

Esses entraves ainda fazem com que a mensuração de resultados seja vista como uma

meta difícil de ser alcançada, paradigma que só será derrubado a partir do momento em que se

tornar uma prática regular dentro das empresas e editoras. Como diria Hubbard (2015, p. IX),

“quando um executivo acredita que alguma coisa é imensurável, tentativas de mensurá-la não

serão sequer consideradas”. É exatamente isso que sentimos nas empresas. A mensuração é

vista como algo tão difícil de ser realizada que acabam deixando-a de lado.

CONTRIBUIÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Como o processo de mensuração de resultados em revistas customizadas ainda está

sua fase inicial, esse trabalho mostrou a necessidade de aprofundamento sobre o tema. Vemos

três possibilidades de dar continuidade ao estudo.

A primeira seria testar o uso das métricas apuradas no referencial teórico na prática,

aplicando o estudo em publicações de diferentes segmentos e acompanhando os resultados

pelo prazo mínimo de um ano. É um processo de difícil realização pois requer disponibilidade

Page 132: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE …tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1838/2/Rosiane Simone Moro.pdf · conhecimento sobre técnicas de mensuração. Esta dissertação

132

de tempo do pesquisador e também maior integração entre academia e mercado, o que pode

ser de grande dificuldade, sendo em alguns casos necessário abrir dados financeiros.

A segunda opção é promover um estudo comparativo entre as publicações

customizadas impressas e as de versão digital. Com a crescente migração de títulos para a

internet como forma de reduzir custos, é importante analisar se as duas versões produzem o

mesmo impacto no leitor. Instituições como a Two Sides, Print Power e a Pause your Day,

são categóricas em afirmar que há uma grande diferença em termos de eficiência no uso das

duas mídias, mas nenhum estudo prático que sustente tal afirmação.

A terceira opção seria fazer uma análise da revista customizada do ponto de vista do

cliente. Dessa forma, teríamos a possibilidade de testar não só o valor da publicação, mas

também a forma como ela contribuiu para os resultados da área de comunicação e os

objetivos da comunicação, conforme as metodologias propostas pelas relações públicas.

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APÊNDICE A

Roteiro de entrevista semiestruturada realizada com as editoras brasileiras

Tópicos abordados nas entrevistas:

1. Dados do entrevistado (cargo, experiência, formação)

2. Dados da publicação (tiragem, periodicidade, tempo de circulação)

3. O processo de mensuração de resultados dentro das editoras;

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4. Técnicas de mensuração utilizadas e em que momento são definidas;

5. Frequência das mensurações, média tempo empregado e profissional responsável;

6. Participação do cliente no processo (no caso, a empresa financiadora da publicação);

7. Análise da eficácia das ferramentas de mensuração;

8. Dificuldades para a implantação dos métodos de mensuração;

9. Ações tomadas de acordo com os resultados obtidos;

10. Percepção de valor das publicações pelas editoras.

ANEXO A

RESULTADO PESQUISA DE EFICÁCIA

O Measuring Effectiveness Report é um relatório produzido pela CMA sobre questões-chave

relativas ao marketing de conteúdo. O estudo, intitulado "O Relatório de Eficácia da

Medição", foi conduzido com profissionais de marketing de nível sênior, incluindo membros

da CMA de mais de 40 empresas, além de marcas, como Sainsbury’s Bank, Barclays UK e

British Gas, e agências de publicidade, como a Iris, Ogilvy e McCann.

1) Qual é a importância da mensuração para sua estratégia de marketing de conteúdo?

73% Muito importante

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27% Importante

0% Não é importante

0% Não sabe

2) Você acredita que é possível medir com precisão o ROI do marketing de conteúdo?

50% sim

20% Não

30% em dúvida

3) Quais são as medidas de curto prazo mais importantes para avaliar a eficácia do marketing

de conteúdo?

15 Views

20 tempo de relacionamento

19 Compartilhamento social

23 Açao (por exemplo, compra)

24 Interação

4) As métricas da eficácia do marketing de conteúdo também podem medir a saúde da marca

a longo prazo, como favorabilidade/simpatia, confiança, consideração e propensão a comprar?

91% sim

1% Não

7% Não tenho certeza

5) Os profissionais de marketing de conteúdo devem avaliar o envolvimento emocional?

68% sim

0% Não

16% É muito dificil

16% Não tenho certeza

6) Uma métrica universal é viável?

12% sim

35% Não

52% não sabe

7) Qual a porcentagem do seu orçamento de marketing de conteúdo você gasta em

mensuração?

38% – Menos de 5%

50% – De 6 a 15%

10% – De 16 a 30%

1% – De 31 a 50%

1% – 50% +

8) Você planeja aumentar o investimento em mensuração de sua estratégia de marketing de

conteúdo no próximo ano?

45% sim

11% Não

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142

44% Talvez

9) Seus clientes contribuem para o orçamento de mensuração?

40% – Não

35% – 0 - 20%

7 % – 21 - 50%

6% – 51 - 99%

11% – 100%

10) Quais tipos de conteúdo você está medindo?

61% Impressão

98% Digital

94% Social

9% Rádio

21% televisão

12% De outros

11) Você oferece automaticamente a medição como parte de seus serviços de marketing de

conteúdo?

56% sim

28% Não

16% Às vezes

12 Você normalmente terceiriza a medição do seu conteúdo?

9% sim

52% Não

39% Às vezes

13) Quais são os principais desafios na medição da eficácia do marketing de conteúdo?

40% Muito amplo

65% Acesso aos dados

45% Ferramentas ineficazes

35% Custo 43% Tempo

57% Nenhum sistema acordado

46% Precisão

24% Não acordado sistema

14) Quem você acredita que deve medir o ROI do marketing de conteúdo?

39% Cliente

61% Agência

15) Se agência: você acredita que os clientes levam a sério a avaliação?

29% Sim

17% Não

54% Às vezes

16) Se cliente: você acredita que as agências levam a sério a avaliação?

23% sim

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17% Não

60% Às vezes

17) Você acredita que os orçamentos irão migrar dos canais mais difíceis de medir ou aqueles

em que as métricas são de longo prazo para aqueles que são mais fáceis de medir ou de curto

prazo?

29% sim

17% Não

54% Não sabe

ANEXO B

Questionário de pesquisa usado pela Content Marketing Association para avaliar a

mensuração de resultados do conteúdo de marca produzido pelas agências, realizada

com as agências e clientes da Inglaterra no período de julho a setembro de 2018, online

via Survey.

1) Ao trabalhar com seu cliente, você sempre insiste que ele defina seus objetivos de

negócios, bem como objetivos de marketing / comunicação desde o início do projeto?

( ) sim

( ) não

( ) às vezes

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2) Em uma escala de 1 a 10, qual é a importância de acompanhar e medir os resultados

em termos de objetivos tangíveis, como aumento do tráfego do site, leads de negócios

e vendas?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3) Quais métricas os clientes solicitam com mais frequência?

( ) Likes, compartilhamento, visualizações

( ) Consciência da marca

( ) Saúde da marca

( ) Google analytics

( ) Ferramentas de medição online, como o Buzzumo

( ) Semrush / Moz

( ) Leads de vendas

( ) comércio eletrônico

( ) Outros

4) Com quais métricas gostaria que seus clientes fossem mais abertos? Por favor, dê

exemplos por canal, se apropriado

5) Em uma escala de 1 a 10, com que frequência seus clientes pedem para você mensurar

resultados de objetivos intangíveis, como o aumento da conscientização?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

O que você mede?

6) Se suas respostas estivessem abaixo de 6… Qual é a maior barreira para recomendar

isso?

( ) Tempo - meu cliente quer saber imediatamente se sua campanha está

funcionando ou precisa de adaptação

( ) Mão de obra

( ) Expertise interna

( ) Despesas

7) Os clientes são receptivos às suas sugestões de seleção de KPIs?

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145

( ) sim

( ) não

( ) às vezes

8) Como as atitudes na implementação de KPI diferem entre clientes B2B e B2C em sua

experiência?

9) Onde você acha que está a responsabilidade pelo alcance dos objetivos entre o cliente

e uma agência? Por exemplo, se os objetivos da campanha são atingidos, mas os

objetivos de negócios ficam aquém, onde está a falha?

( ) cliente

( ) Agência

( ) Ambos

10) Como você faz a mensuração de resultados no momento?

11) Você prefere colaborar com seu cliente ao escrever briefings e estabelecer objetivos?

( ) sim

( ) não

( ) às vezes

12) Durante a sessão de briefing, você recebe principalmente solicitações como:

( ) Eu quero criar conteúdo em torno de X

( ) Objetivo da campanha, ou seja, eu estou procurando alcançar X, mostre-me

como

( ) Campanha em canal específico, ou seja, campanha de mídia social para X

13) Você notou alguma métrica nova que sustente a mensuração do sucesso de campanhas

recentemente?

( ) sim

( ) não

Se sim especificar:

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