54
UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL GRADUAÇÃO EM DIREITO DANILLA TAVARES DOS SANTOS PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR São Caetano do Sul 2016

UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1104/2/SANTOS, D. T... · O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de junho

  • Upload
    lamthuy

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL

GRADUAÇÃO EM DIREITO

DANILLA TAVARES DOS SANTOS

PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR

São Caetano do Sul

2016

DANILLA TAVARES DOS SANTOS

PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR

Trabalho Interdisciplinar apresentado ao Programa de Graduação em Direito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.

Orientador

Prof. Alexandro Rudolfo de Souza Guirão

São Caetano do Sul

2016

DANILLA TAVARES DOS SANTOS

PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO CÓDIGO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR

Trabalho Interdisciplinar apresentado ao Programa de Graduação em Direito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.

Área de Concentração: Direito

Data da Defesa:

Resultado:____________________________.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Alexandro Rudolfo de Souza Guirão ____________________________

Universidade Municipal de São Caetano do Sul

Prof. ____________________________

Universidade Municipal de São Caetano do Sul

Prof. ____________________________

Universidade Municipal de São Caetano do Sul

DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS

Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Marcos Antonio Biffi

GESTOR DO CURSO DA ESCOLA DE DIREITO

Prof. Dr. Robinson Henriques Alves

Agradecimentos

Gostaria de começar agradecendo aos meus pais, Marisa e

Miton, meus maiores exemplos. Obrigada por cada incentivo e

orientação, pelas orações em meu favor, pela preocupação

para que estivesse sempre andando pelo caminho correto.

Ao meu irmão Guilherme, e minha cunhada Marcella, todo

amor e carinho. Aos meus tios, tias, que sempre estiveram

presentes. Ao meu namorado, Gustavo, por todo amor, carinho,

paciência e compreensão que tem me dedicado.

Ao professor Alexandro Guirão que, com muita paciência e

atenção, dedicou seu valioso tempo para me orientar neste

trabalho. A todos os professores pela contribuição na minha

vida acadêmica.

Aos meus colegas de classe, em especial Ana Carolina,

Audrey, Nathalia e Sandra a quem aprendi a amar e construir

laços eternos. Obrigada por todos os momentos em que fomos

estudiosas, brincalhonas, atletas, músicas e cúmplices. Porque

em vocês encontrei verdadeiras irmãs. Obrigada pela

paciência, pelo sorriso, pela mão que sempre se estendia

quando eu precisava. Esta caminhada não seria a mesma sem

vocês.

Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto

contribuíram para a conclusão desta etapa e para a Danilla que

sou hoje.

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo estudar a publicidade ilícita, com enfoque na

publicidade enganosa e abusiva, demonstrando suas principais características de

acordo com do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). Diante do aumento

da oferta, a publicidade tem um papel de suma importância em propagar

informações aos consumidores, e com isso surge à necessidade de sua

regulamentação com alicerce nos princípios da publicidade e direitos básicos do

consumidor regidos pelo referido Código.

Palavras-chaves: Publicidade ilícita. Publicidade. Regulamentação

Abstratc

This work aims to study the illegal advertising, focusing on misleading and abusive

advertising, showing its main characteristics according to the Consumer Protection

Code (Law 8.078 / 90). In the face of increased supply, advertising has a role of

paramount importance in spreading information to consumers, and with that comes

the need for its regulation with foundation in the principles of advertising and

consumer basic rights governed by the Code.

Key-words: Illegal advertising. Advertising. Regulation

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 RELAÇÃO DE CONSUMO ..................................................................................... 10

2.1 Definição de Consumidor .................................................................................... 11

2.2 Definição de Fornecedor ..................................................................................... 16

2.3 Definições de Produto e Serviço ......................................................................... 17

2.4 A Vulnerabilidade do Consumidor diante das Estratégias de Marketing ............. 20

3 A OFERTA E A PUBLICIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ... 24

3.1 Oferta e Publicidade: A importância da publicidade e das estratégias de

marketing para as relações de consumo ................................................................... 24

3.2 Diferenciação entre publicidade e Propaganda ................................................... 25

3.3 Princípios que regem a publicidade .................................................................... 26

3.4 Formas de controle da publicidade ..................................................................... 29

4 A PUBLICIDADE ILÍCITA NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ............ 32

4.1 Publicidade Enganosa ......................................................................................... 32

4.2 Publicidade Abusiva ............................................................................................ 34

5 IMPACTO DA PUBLICIDADE NAS PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS

PREVISTAS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ................................... 37

5.1 Práticas Comerciais Abusivas ............................................................................. 38

5.1.1 Práticas abusivas definidas pelo artigo 39 do CDC .......................................... 40

5.1.1.2 Recusa de atendimento à demanda do consumidor ..................................... 41

5.1.1.3 Entrega sem solicitação do consumidor ........................................................ 42

5.1.1.4 Aproveitamento da hipossuficiência do consumidor ...................................... 43

5.1.1.5 Vantagem excessiva ..................................................................................... 43

5.1.1.6 Serviços sem orçamento e autorização do consumidor ................................ 44

5.1.1.7 Produto ou serviço em desacordo com as normas técnicas ......................... 45

5.1.1.8 Elevação do preço sem justa causa .............................................................. 46

5.1.1.9 A inexistência ou deficiência de prazo para cumprimento da obrigação ....... 47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 49

9

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, com o sistema capitalista, a publicidade ganha espaço de grande

importância já que é utilizada como uma ferramenta de convencimento e fomento

para atrair os consumidores e, dessa maneira, se torna imprescindível a criação de

variadas formas de regulamentação da atividade publicitária.

O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de junho de 1990,

contém a fundamentação básica de proteção em favor do consumidor: regula a

publicidade no Capítulo III, tratando dos direitos básicos do consumidor, no Capítulo

V, Seção I, trata do consumidor equiparado, na Seção III, trata exclusivamente da

publicidade e na Seção IV das práticas abusivas.

Para a elaboração deste trabalho, foi feita uma pesquisa sobre as técnicas de

marketing utilizadas de maneira agressiva contra os interesses do consumidor, em

linha com o direito a informação assegurado no Código, de modo que o consumidor

entenda a mensagem que está sendo transmitida, não o induzindo ao erro, pois ele

é a parte mais vulnerável da relação de consumo.

Estudaremos a publicidade ilícita, com enfoque na publicidade enganosa e

abusiva, demonstrando suas principais características de acordo com do Código de

Defesa do Consumidor. É direito assegurado ao consumidor ter acesso à

informação, assim como o fornecedor tem o dever de informa-lo de forma clara e

precisa, de modo que iniba as práticas abusivas.

Baseado nos princípios do Código de Defesa do Consumidor e da

publicidade, no presente trabalho serão identificados os desvios de fornecimento

que resultam das formas indevidas de publicidade, objeto da regulamentação

Código de Defesa do Consumidor.

10

2 RELAÇÃO DE CONSUMO

Relação de consumo é aquela relação jurídica existente entre um sujeito de

direitos considerado consumidor e um outro fornecedor, ligados, normalmente, pela

aquisição de um produto ou prestação de um serviço. Em regra, portanto, necessário

que estejam presentes esses três elementos: dois subjetivos (o consumidor e o

fornecedor) e um dos dois elementos objetivos (o produto ou o serviço).

Em regra, ainda, há uma especialidade a ser observada na aquisição do

produto ou do serviço: ambos o devem ser em favor do consumidor que assuma a

qualidade de consumidor final do produto ou do serviço. Isso quer dizer que nenhum

produto ou serviço adquirido como fator ou elemento de produção ou de prestação

de serviços de outro produto ou serviço (como um insumo), passa pelo crivo de uma

relação de consumo.

Mas a “massificação da economia” fez surgir novas técnicas de

comercialização de produtos e serviços. Isso proporcionou um processo de mudança

nas práticas comerciais, pois os avanços impuseram uma nova realidade de

produção (maior que o consumo).

Assim, as relações de consumo se tornaram protegidas ainda no plano de sua

preparação ou concepção, antes mesmo de se concretizarem, num plano que se

pode chamar de “virtual” ou “potencial”.

Neste momento da relação de consumo (que ainda não se concretizou, ou

mesmo que possa nem vir a se concretizar), o que o fornecedor pretende é atrair o

consumidor, transformá-lo de um “potencial consumidor” num “consumidor efetivo”.

Como é evidente, então, nesse momento nem mesmo o consumidor sabe ou

imagina que será, ou poderá ser consumidor.

Felizmente, temos uma legislação reconhecida como de vanguarda, que

regulamente a atividade publicitária com objetivo de melhor proteção do consumidor:

a Lei 8.078 do ano de 1990.

Nessa perspectiva, consumidor e fornecedor tem de estar presentes para que

se concretize a relação de consumo, ainda que o consumidor não saiba que é alvo

(ou vítima) de uma estratégia de comunicação que se presta exclusivamente para

atraí-lo para o consumo. Então a importância de conceitua-los.

11

2.1 Definição de Consumidor

Consumidor, à luz do artigo 2º, caput da Lei 8.078/90, é “toda pessoa física ou

jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final”. Na

opinião de Rizzatto Nunes:

Temos dito que a definição de consumido do Código de Defesa do

Consumidor começa no individual, mais concreto (art.2º, caput), e termina

no geral, mais abstrato (art. 29). Isto porque, logicamente falando, o caput

do art.2º aponta para aquele consumidor real que adquire concretamente

um produto ou um serviço, e o art.29 indica o consumidor do tipo ideal, um

ente abstrato, uma espécie de conceito difuso, na medida em que a norma

fala da potencialidade, do consumidor que presumivelmente existia, ainda

que possa não ser determinado. (NUNES, 2008, p. 72).

Como visto, a definição de consumidor não se encerra no art. 2º do Código de

Defesa do Consumidor. Necessário integrar os conceitos dos artigos 17 e 29 do

mesmo Codex.

No capítulo em que o Código reservou à proteção dos consumidores que são

potenciais vítimas de defeitos que revertem em riscos à saúde e à segurança dos

consumidores (Capítulo IV Seção II Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do

Serviço), o art. 17 dispõe que “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos

consumidores todas as vítimas do evento”. E no art. 29, iniciando o capítulo que

aborda as Práticas Comerciais, o legislador afirma que “Para os fins deste Capítulo e

do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou

não, expostas às práticas nele previstas”.

Analisando, então, os dispositivos em questão, encontramos uma evolução do

conceito de consumidor, que vai da clássica definição (quando há uma relação de

consumo formalizada no modelo clássico) até a que reconhece nas vítimas de

eventos de que o sujeito nem mesmo participou ativa/passivamente a qualidade de

consumidor.

Quatro, portanto, são os desdobramentos da definição legal que serão

destacados para melhor compreensão do que seria Consumidor na égide da lei: (a)

“toda pessoa física ou jurídica”; (b) “adquire ou utiliza”; (c) "um produto ou serviço";

(d) destinatário final. Os três primeiros são de rápida compreensão, diferentemente

do último.

12

Primeiro, o legislador entendeu que a pessoa jurídica também pode ser

enquadrada como consumidor, desde que seja consumidora final, ou seja, que o

produto ou serviço não integre sua cadeia de produção ou de prestação de serviços

(que não seja insumo delas).1

Segundo, para se consumar a relação de consumo (ou mesmo para justificar

a proteção que o código estabeleceu em favor do sujeito que se apresenta como se

consumidor fosse, como se verá adiante), não é necessário utilizar o produto ou

serviço, o simples fato de adquiri-lo, enseja responsabilidade se algum dano ocorrer

a quem o adquire.

Terceiro, o dispositivo menciona produto ou serviço, restando superado o

conceito ultrapassado de que somente a compra de bens geraria uma relação de

consumo.

Quarto, o conceito sobre o que seria destinatário final é um pouco complexo,

a doutrina chama o destinatário final de o “elo final da cadeia produtiva”. Nesse

sentido vale destacar os ensinamentos de Cláudia Lima Marques (1998) ao

comentar duas grandes tendências consumeristas quando falamos em destinatário

final: a dos finalistas e a dos maximalistas.

Para os finalistas, o destinatário final mencionado no respectivo artigo é

aquele que retira o produto do mercado e dá a ele uma destinação final de uso, ou

seja, o produto ou serviço é consumido para uso próprio ou de sua família.

De outro lado, para os maximalistas, o destinatário final é aquele que apenas

retirou o produto do mercado.

No entanto, apesar das duas correntes citadas anteriormente, a dificuldade de

se conceituar destinatário final fez surgir uma 3ª corrente chamada de teoria finalista

mitigada, que nada mais é do que a corrente finalista mais desenvolvida e adaptada,

essa corrente reconhece a pessoa jurídica como consumidora se, no caso concreto

houver vulnerabilidade. Heloísa Carpena (2005, p. 182) menciona que o princípio da

vulnerabilidade “ilumina” o conceito de consumidor. Nas palavras da Autora, “a

vulnerabilidade é o cerne do consumidor”.

1 Merece destaque a lição de Antônio Carlos Morato, que assim defende: “Analisando o conceito

legal, não há qualquer possibilidade de restrição à proteção da pessoa jurídica, seja ela qual for, já

que inexiste na sequência do artigo ou na própria lei mencionada hipótese de restrição ao tipo legal”.

(MORATO, 2008, p. 99).

13

Nesse sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

A relação jurídica qualificada por ser "de consumo" não se caracteriza pela

presença de pessoa física ou jurídica em seus polos, mas pela presença de

uma parte vulnerável de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de

outro. Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da

hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa-jurídica

consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio

entre as partes. (STJ 3º Turma Resp. 476.428/SC Rel. Min. Fátima Nancy

Andrighi j.19.04.2005)

Vale ressaltar que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já oscilou

entre as três correntes explicitadas anteriormente, no início houve uma tendência de

se adotar a teoria maximalista, porém, esse posicionamento se enfraqueceu ao

longo dos anos. No entanto a teoria finalista mitigada tem ganho espaço nos

referidos julgados, como se destaca abaixo:

Uma interpretação sistemática e teleológica do CDC aponta para a

existência de uma vulnerabilidade presumida do consumidor, inclusive

pessoas jurídicas, visto que a imposição de limites à presunção de

vulnerabilidade implicaria restrição excessiva, incompatível com o próprio

espírito de facilitação da defesa do consumidor e do reconhecimento de sua

hipossuficiência, circunstância que não se coaduna com o princípio

constitucional de defesa do consumidor, previsto nos arts. 5º, XXXII, e 170,

V, da CF. Em suma, prevalece a regra geral de que a caracterização da

condição de consumidor exige destinação final fática e econômica do bem

ou serviço, mas a presunção de vulnerabilidade do consumidor dá margem

à incidência excepcional do CDC às atividades empresariais, que só serão

privadas da proteção da lei consumerista quando comprovada, pelo

fornecedor, a não vulnerabilidade do consumidor pessoa jurídica. - Ao

encampar a pessoa jurídica no conceito de consumidor, a intenção do

legislador foi conferir proteção à empresa nas hipóteses em que,

participando de uma relação jurídica na qualidade de consumidora, sua

condição ordinária de fornecedora não lhe proporcione uma posição de

igualdade frente à parte contrária. Em outras palavras, a pessoa jurídica

deve contar com o mesmo grau de vulnerabilidade que qualquer pessoa

comum se encontraria ao celebrar aquele negócio, de sorte a manter o

desequilíbrio da relação de consumo. A "paridade de armas" entre a

empresa-fornecedora e a empresa-consumidora afasta a presunção de

fragilidade desta. Tal consideração se mostra de extrema relevância, pois

uma mesma pessoa jurídica, enquanto consumidora, pode se mostrar

vulnerável em determinadas relações de consumo e em outras não. (STJ –

3 Turma – RMS – 27.512/BA – Relatora Nancy Andrighi, DJ de 23.09.2009).

14

Dessa forma, para se analisar a relação de consumo entre uma pessoa

jurídica e uma pessoa física, vale analisar a vulnerabilidade existente entre elas,

prevista no art. 4º, I, do Código de Defesa do Consumidor.

Mais uma vez, nos casos em que existe uma dificuldade de interpretação,

como o caso do art. 2º, caput, a interpretação deve se dar em função do princípio da

vulnerabilidade, pois, o objetivo do diploma legal em análise é justamente proteger o

vulnerável, sendo ele pessoa física ou pessoa jurídica.

Ainda sobre o conceito de consumidor, o parágrafo único do artigo 2º, bem

como, os artigos 17 e 29 do Código de Defesa do Consumidor, trazem a figura dos

consumidores equiparados, que segundo Antônio Herman de Vasconcellos

Benjamim (2001, p. 208) são “aquelas pessoas estranhas à relação de consumo,

mas que sofreram prejuízo em razão dos defeitos intrínsecos ou extrínsecos do

produto ou serviço”.

Começando pelo parágrafo único do artigo 2º, Código de Defesa do

Consumidor que dispõe: “Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,

ainda que indetermináveis que haja intervindo nas relações de consumo”. O objetivo

desse dispositivo é proteger a coletividade que possa ser afetada por determinada

relação de consumo, nesse caso, o Código de Defesa do Consumidor conseguiu

viabilizar uma rede protetora dos interesses difusos e coletivos da massa

consumidora, dotando os órgãos que detenha legitimidade para atuar em sua

defesa, de mecanismo de prevenção para obtenção de uma justa reparação para a

eventualidade de existência de dano.

O artigo 17 do mesmo diploma legal dispõe: “Para os efeitos desta seção,

equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”. É a proteção que a

legislação criou para as vítimas, por exemplo, de um acidente de consumo, mais

uma vez, o objetivo do dispositivo é proteger o patrimônio e a integridade física de

determinadas pessoas que, a priori, não participavam de uma relação de consumo,

mas que foram atingidas por esta. Acerca desse tema, Roberto Senise Lisboa diz

que:

(“...) além do próprio consumidor, o terceiro prejudicado recebeu a atenção

do legislador, ante o dano sofrido decorrente da relação de consumo da

qual não participou” (...) estendeu-se a proteção concedida pela lei ao

destinatário final dos produtos ou serviços, em favor de qualquer sujeito de

direito, inclusive daquele que ordinariamente não seria consumidor na

relação de consumo a partir da qual ocorreu o prejuízo (LISBOA, 2001).

15

A regra contida no art. 17 do Código de Defesa do Consumidor protege o

terceiro que não faz parte da relação direta de consumo. Logo se conclui que, se do

acidente de consumo, restou prejuízo para qualquer pessoa, mesmo aquelas que

não estariam enquadradas no conceito de consumidor, o dever de indenizar estará

presente.

A título de exemplo podemos mencionar um acidente da Tam, ocorrido em

17/07/2007, com um AIRBUS A320 que vinha de Porto Alegra para São Paulo (voo

JJ 3054), que tragicamente deslizou na pista e colidiu contra vários prédios (inclusive

da própria TAM) matando diversas pessoas. Os familiares que perderam seus entes

queridos, acionaram judicialmente a Companhia Aérea pleiteando a reparação de

danos. Sabemos que o valor da indenização eventualmente recebida será irrisório

diante das perdas ocorridas. Mas, ao que nos importa, esse é um exemplo da

incidência do art. 17, que estende os direitos de consumidor àqueles que não

firmaram uma relação jurídica de consumo com a companhia a Companhia Aérea.

(http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/acidentecongonhas/ultnot/2007/07/27/ult52

58u401.jhtm)

E por fim, o último conceito de consumidor equiparado, elencado no artigo 29

menciona que: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos

consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas as práticas nele

previstas”, este artigo protege a coletividade que está exposta às práticas comerciais

abusivas e enganosas. Nesse sentido explica o professor Luís Antônio Rizzatto

Nunes (2000) “trata-se aqui, de uma espécie de conceito difuso de consumidor, vez

que todas as pessoas são consumidoras e estão sujeitas às diferentes práticas

comerciais”.

Percebe-se que a abrangência do art. 29 do Código de Defesa do

Consumidor é bem maior que os já tratados (art. 2°, § único e art. 17), pois, basta

que a relação seja de consumo, para que a proteção consumerista seja estendida a

qualquer pessoa, independentemente da conceituação legal de consumidor.

Evidente que a equiparação de qualquer pessoa à condição de consumidor,

no sentido de que a mesma possa ser beneficiária da legislação consumerista, há

que decorrer de uma relação de consumo, isto é, é preciso haver num dos polos um

fornecedor, seja de serviços seja de produtos e, de outro um consumidor como alvo

16

a ser atingido pelo apelo do fornecedor. Se assim não for, não há que se falar em

consumidor por equiparação porque nem mesmo relação de consumo haverá.

Nesse sentido, pode-se concluir que, conforme cita Antônio Herman de

Vasconcelos e Benjamin:

‘(...) consumidor é, então, não apenas aquele que adquire ou utiliza

produtos (art. 2°), mas igualmente as pessoas ‘expostas às práticas’

previstas no Código (art. 29)... no primeiro caso impõe-se que haja ou que

esteja por haver a aquisição ou utilização. Diversamente, no segundo, o que

se exige é a simples exposição à prática, mesmo que não se consiga

apontar, concretamente, um consumidor que esteja em vias de adquirir ou

utilizar o produto ou serviço. (BENJAMIN, 1996, p. 172/173).

Para os fins do presente trabalho, ainda é necessário aprofundar outro

aspecto inerente ao consumidor vítima de práticas abusivas ou enganosas: o

consumidor vulnerável, que será melhor analisado num capítulo próprio.

2.2 Definição de Fornecedor

Outro polo da relação de consumo é o fornecedor de produtos ou serviços

que recebe conceituação legal no artigo 3º, do CDC:

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,

importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou

prestação de serviços.

Nota-se que o legislador quis ser o mais abrangente possível, tentando

englobar em um único dispositivo todas as espécies de fornecedor, com o objetivo

de ensejar uma responsabilidade solidária nas relações de consumo de todos os

corresponsáveis por eventuais vícios e defeitos de produtos e serviços.

Analisando o artigo sob um ponto de vista econômico, fornecedor seria aquele

que exerce determinada atividade com a característica de profissionalidade

juntamente com a habitualidade, logo, excluem-se de tal conceito aqueles que

realizam eventualmente algum contrato privado tanto no oferecimento de bens

quanto no oferecimento de serviços, sem o objetivo de se manter na atividade

17

empresarial. Incluem-se nesse grupo aqueles que não visam lucro com essa

atividade.

No que tange a questão da profissionalidade, esta não está diretamente

ligada à ideia de profissão, logo, quem fornece bens ou serviços, mesmo por um

tempo ilimitado, com a característica de habitualidade será considerado fornecedor.

2.3 Definições de Produto e Serviço

Vale lembrar que, considerando o objetivo do presente trabalho, importante

afirmar que a publicidade não é um fim em si mesma. Portanto é utilizada com um

propósito, qual seja, a adesão do consumidor a uma ideia de necessidade de

aquisição de um produto ou da contratação de um serviço. Essa a razão de definir

nessa passagem o que seja produto e serviço.

Disposto no artigo 3°, parágrafo 1° da Lei 8.078/1990, o legislador afirmou

que produto é: “... qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.

Conforme o texto legal mencionado acima, o conceito de produto foi

estabelecido com um intuito generalizador, ao prescrever que pode se referir a

qualquer espécie de bem, desde que destinado ao fornecimento através de uma

relação de consumo.

Também inclui de forma expressa bem móvel ou imóvel, limitando qualquer

interpretação limitativa, abrangendo inclusive relações de consumo de residências,

terrenos, apartamentos, as massificadas vendas de imóveis na planta, objeto de

fortes tendências abusivas verificáveis nas estratégias de marketing para atração de

consumidores (tema que será tratado no item 5.1.1.9).

Seguindo o texto legal, o produto pode ser material ou imaterial, ou seja, não

restou dúvida de que o Código de Defesa do Consumidor inovou corretamente em

mais essa afirmação.

Certo é que a maioria dos produtos que tem materialidade é corpóreo,

permitindo ter entre suas mais importantes características, a possibilidade de poder

ser visto tocado, examinado, experimentado, o que facilita em muito o exercício do

direito de escolha pelo consumidor.

De outra sorte, os produtos imateriais, a exemplo dos ligados à informática,

como um programa de computador, permitem uma menor esfera de contato do

18

consumidor com ele, antes da efetiva aquisição, de modo que é de extrema valia a

proteção estabelecida pelo Código.

Toda essa análise mostrou o quanto o Código de Defesa do Consumidor foi

considerado avançado para sua época, assim, mesmo o bem imaterial pode ser

considerado produto, para fins de integrar a relação de consumo como um de seus

elementos principais, ainda mais, porque sem a transferência de um bem mediante

remuneração direta ou indireta, ela não pode existir.

Segundo Gianpaolo Poggio Smanio, produto:

É qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, objeto da relação de

consumo. Bens econômicos suscetíveis de apropriação, que podem ser

duráveis, não duráveis, de conveniência, de uso especial etc. (SMANIO,

2006, p. 62).

Produtos, portanto, destinam-se a satisfazer as necessidades do consumidor,

e são adquiridos mediante remuneração, logo, excluem-se da alçada do Código de

Defesa do Consumidor os produtos adquiridos de forma gratuita, com exceção das

“amostras-grátis”.

Mas pelo potencial lesivo aos consumidores vulneráveis (que acreditam que

foram premiados com o recebimento da amostra), há regulação específica dessa

prática.

O envio de “amostras grátis”, muito comum (infelizmente), é considerado uma

técnica de marketing, logo, é uma prática comercial e está subordinada à aplicação

do Código de Defesa do Consumidor. Assim, mesmo que o consumidor não venha a

adquirir, mediante remuneração posterior, determinado produto, e este for

considerado “amostra-grátis”, este consumidor estará amparado pelo Código de

Defesa do Consumidor, para pleitear qualquer dano que essa “amostra-grátis” tenha

lhe causado. Inclusive a desoneração de ter que pagar por um produto ou serviço

que lhe foi enviado sem que ele o tivesse solicitado (tema que será tratado no item

5.1.1.3).

Agora, necessário enfrentar a definição de serviço.

A noção do que seria serviço nos remete a uma ideia muito vaga, de

atividades remuneradas oferecidas no mercado de consumo. Estarão presentes

sempre que a relação jurídica de consumo prever uma obrigação de fazer.

19

Como dito acima, a publicidade não é um fim em si mesma e, portanto,

transmite uma mensagem, qual seja a de que o consumidor assuma a necessidade

de aquisição de um serviço, de uma obrigação de fazer oferecida no mercado.

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 3º, §2º conceitua serviço

da seguinte forma:

Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante

remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e

securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Analisando a letra da lei, é possível dizer que o serviço protegido por ela, são

aqueles contratados mediante remuneração seja de forma direta ou indireta,

Leonardo Roscoe Bessa menciona que:

O consumidor pagará ao fornecedor aquisição do produto ou utilização do

serviço. Esta contribuição econômica, por sua vez, nem sempre será

efetivada de modo direito, a partir de um ato de entrega de dinheiro. A

doutrina e a jurisprudência do STJ têm admitido que há hipóteses nas quais,

apesar de não existir um desembolso direto do consumido, o serviço por ele

utilizado é remunerado indiretamente, como é o caso da utilização de uma

conta de e-mail gratuita oferecida por qualquer provedor de acesso a

internet. (BESSA, 2014, p. 87).

Vale salientar que os serviços públicos remunerados mediante tributo, não

estão sujeitos também à incidência do Código de Defesa do Consumidor. Todavia,

Rizzatto Nunes (2009, p. 102) entende que “qualquer serviço público tem a

incidência do Código de Defesa do Consumidor, com exceção dos serviços sem

remuneração ou custo”.

De acordo com os conceitos mencionados acima, chegamos à conclusão que

estará perfeitamente formada uma relação de consumo quando, de um lado,

tivermos a figura de um fornecedor, e de outro, a de um consumidor, sempre ligada

por um produto ou serviço.

Mais verificou-se que, mesmo quando não há uma relação jurídica formada

antecedentemente, é possível se estabelecer em favor da vítima de um evento ou de

um potencial consumidor, uma proteção legal.

20

Assim, mesmo que o consumidor seja atraído ao consumo, por uma

publicidade, sem nenhuma dúvida estará protegido pelo Código de Defesa do

Consumidor.

Para isso importante verificar-se o conceito de vulnerabilidade do consumidor.

2.4 A Vulnerabilidade do Consumidor diante das Estratégias de Marketing

O Código de Defesa do Consumidor visa amparar aquele consumidor que

está em nítida posição de inferioridade diante do fornecedor, pois ele detém todas as

informações sobre o produto ou serviço oferecido ao consumidor.

O princípio da vulnerabilidade de que trataremos neste trabalho está

intimamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Para iniciarmos o estudo sobre o princípio da vulnerabilidade do consumidor,

presente no Código de Defesa do Consumidor, importante reproduzir traz os

ensinamentos de Paulo Valério Dal Pai Moraes:

O princípio da vulnerabilidade representa a peça fundamental no mosaico

jurídico que denominamos Direito do Consumidor. É lícito até dizer que a

vulnerabilidade é o ponto de partida de toda a Teoria Geral dessa nova

disciplina jurídica (...). A compreensão do princípio, assim, é pressuposto

para o correto conhecimento do Direito do consumidor e para a aplicação da

lei, de qualquer lei, que se ponha a salvaguardar o consumidor (MORAES,

1999, p. 10).

Sendo assim, o Código de Defesa do Consumidor prioriza a proteção do

vulnerável independente do tipo de consumidor, por se tratar da parte mais frágil da

relação de consumo estando suscetível a sofre ataques diante das práticas abusivas

que demonstra sua desigualdade e fragilidade.

Leonardo Roscoe Bessa (2014, p. 80) divide a vulnerabilidade em tipos, para

melhor compreensão.

A vulnerabilidade técnica existe porque o consumidor por mais inteligente e

sofisticado não tem conhecimentos específicos do serviço ou produto, estando assim

suscetível de ser enganado pelas falsas promessas do fornecedor.

A vulnerabilidade fática, ao passo que o consumidor depende da prestação

oferecida pelo fornecedor, fica evidente sua impotência e seu desnível comparando

forças.

21

A vulnerabilidade jurídica se instala na dificuldade que o consumidor enfrenta

na hora de litigar com o fornecedor, se baseando no fato que este já conta com um

assessoramento jurídico prévio, enfraquecendo então a figura do consumidor frágil e

leigo. A posição de Cláudia Lima Marques (2002, p. 271-272), sobre a

vulnerabilidade jurídica é que esta, “é a falta de conhecimentos jurídicos específicos,

conhecimentos de contabilidade ou de economia”.

A vulnerabilidade psíquica ou biológica, diz respeito aos apelos contidos na

publicidade que influenciam no momento de escolher aquele produto ou serviço que

mais se encaixa em aspirações pessoais, com situações de prazer, alegria,

contando com a presença de pessoas felizes e saudáveis no seu discurso induzindo

o consumidor a comprar, promovendo o consumismo, banalizando o consumo,

fortalecendo a vulnerabilidade do consumidor.

Podemos dizer que o princípio da vulnerabilidade busca estabelecer um justo

equilíbrio na relação de consumo.

Luiz Antonio Rizzatto Nunes confirma esse raciocínio:

(...) o consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa

fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: um

de ordem técnica e outro de cunho econômico. O primeiro está ligado aos

meios de produção, cujo conhecimento é monopólio do fornecedor. E

quando se fala em meios de produção não se está apenas referindo aos

aspectos técnicos e administrativos para a fabricação de produtos e

prestação de serviços que o fornecedor detém, mas também ao elemento

fundamental da decisão: é o fornecedor que escolhe o que, quando e de

que maneira produzir, de sorte que o consumidor está à mercê daquilo que

é produzido. (NUNES, 2011, p.193).

É importante destacar que o consumidor, não tendo conhecimentos do

produto ou serviço, terá mais dificuldade de conseguir provas que o favoreça numa

eventual defesa de seus direitos. Por isso outro elemento de proteção foi

reconhecido em seu favor, ele também pode ser considerado hipossuficiente. A

diferença entre vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor precisa, então, ser

delineada.

A vulnerabilidade do consumidor é presunção absoluta disposta, mais

especificamente no art. 4º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, é

uma característica inerente a todo consumidor.

22

Já a hipossuficiência, é uma característica pessoal de determinados

consumidores, que será medida pelo juiz a depender do caso concreto, conforme

disposto no art. 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor que assim

dispõe:

São direitos básicos do consumidor: VIII a facilitação da defesa de seus

direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no

processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou

quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.

Percebemos a diferença entre os termos apresentados, visto que não são

sinônimos, se assim fossem interpretação entenderia que todo o consumidor teria

direito ao princípio da inversão do ônus da prova.

O autor Antônio Hermam de Vasconcelos Benjamim em sua obra entende

que:

A vulnerabilidade é um traço universal de todos os consumidores, ricos ou pobres, educadores ou ignorantes, crédulos ou espertos. Já a hipossuficiência é marca pessoal, limitada a alguns - até mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores. (BENJAMIM, 2001, p. 325).

Há um consenso e estudos avançados por todo o Brasil, em especial no Rio

Grande do Sul, onde nasceu à teoria, acerca do que se convencionou chamar de

Super Endividamento do Consumidor. (MARQUES, 2016)

O consumidor vulnerável e hipossuficiente é o mais propenso a se tornar

vítima da publicidade que propaga a necessidade de aquisição de produtos e

serviços sem qualquer utilidade, levando-o ao Super Endividamento exacerbado.

A publicidade que imputa uma “falsa urgência”, a “solução de problemas” e a

“oportunidade única”, que acaba influenciando o consumidor que, com poucos

recursos financeiros (ainda mais em tempos de crise) se torna impossibilitado de

pagar suas dívidas de consumo que por muita das vezes o leva a solicitar créditos

em bancos comprometendo seu orçamento, a gastar todos seus recursos financeiros

e a dilapidarem seu próprio patrimônio transformando essa prática numa compulsão

exacerbada, na ânsia pela aquisição de novos produtos e serviços.

Diante das diversas opiniões sobre a visível diferença entre vulnerabilidade e

hipossuficiência, temos que o princípio da vulnerabilidade, na sua essência, que

busca a aplicação do princípio da igualdade entre consumidores e fornecedores,

haja vista que a desigualdade existente entre essas duas partes já foi reconhecida

23

pela lei, que busca mecanismos jurídicos práticos que visem mais uma vez a

proteção plena do consumidor e o equilíbrio das relações de consumo.

Essas características, reunidas num só consumidor, tornam-no mais

suscetível às práticas comerciais abusivas.

Por isso necessário vislumbrar em que contexto as estratégias de

comunicação entre fornecedor e consumidor, afetadas pela vulnerabilidade e pela

hipossuficiência deste último, são impactantes para a definição das estratégias de

proteção que o Código estabeleceu em favor dos consumidores.

24

3 A OFERTA E A PUBLICIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR

3.1 Oferta e Publicidade: A importância da publicidade e das estratégias de

marketing para as relações de consumo

Como forma de expandir as relações de consumo, o marketing foi o meio pelo

qual os fornecedores encontraram para difundirem orientações e informações sobre

seus produtos e serviços, atingindo assim uma quantidade expressiva de clientes,

porém com essa prática fez com que consumidor e fornecedor se afastem ainda

mais, propiciando a utilização dessa fermenta de modo inadequado, imputando

necessidades que muitas vezes o consumidor não precisa.

Em linhas gerais, segundo Claudia Limas Marques (citando Bonatto e Moraes

2003, p. 43), para “impor produtos e serviços, os agentes econômicos usam de

técnicas muito bem estudadas pelo marketing, as quais induzem o expectador a

realizar condutas previamente determinadas, sem que a pessoa perceba”.

O Código de Defesa do Consumidor impõe limites para que a publicidade

cumpra com o que foi ofertado, fazendo seus controles para que ela arque com as

suas obrigações, mais também identificando os deveres do consumidor.

Atualmente, com o grande número de empresas voltadas para as vendas e

para o marketing, cresce a importância das técnicas de comunicação, bem como

também das técnicas de marketing e de vendas.

Uma das primeiras coisas que devem ser aprendidas é justamente a

mobilização, que é importante e não pode ser negligenciada. Mobilizar significa

trazer as pessoas para o seu lado, engajar pessoas, e para conseguir ótimos

resultados neste sentido, é essencial fazer com que as pessoas acreditem no que

estão ouvindo. E o melhor jeito de conseguir isto é por meio da geração do

entusiasmo. As técnicas publicitárias antes de vender o produto ou o serviço,

promovem a geração do entusiasmo no consumidor.

Depois, é necessário reter o consumidor. Para a retenção, o fornecedor

precisará desenvolver suas habilidades e possibilitar essas técnicas com o cliente. A

abordagem é uma técnica que tem por finalidade aproximar o cliente do agente.

Trata-se de uma etapa importante que vai poder abrir "as portas" do diálogo com o

25

cliente, fazendo com que ele esteja mais receptivo em receber as orientações e

informações sobre produtos e serviços.

Para isso, a persuasão é uma técnica de muita importância utilizada pela

publicidade. A maneira mais efetiva de influência e persuasão não está relacionada

apenas com linguagem corporal ou outras técnicas, mas também com a ideia de

compreender as motivações das pessoas, exercer a empatia; perceber como o outro

é como o outro sente e como o outro está, enfim, sintonizar-se com quem você quer

persuadir. Empatia é o ponto básico sobre o qual pode se exercer e construir a

persuasão.

A boa técnica publicitária, então, atrai o consumidor para seu produto ou

serviços se utilizando das técnicas acima.

O Código de Defesa do Consumidor não se prestou ao papel de estudar as

técnicas de marketing, as ditas “boas práticas”. Mas os desvios é que são objeto da

proteção legal estabelecida.

O Capítulo V, do Código de Defesa do Consumidor é destinado somente às

práticas comerciais, e traz uma seção específica para tratar da publicidade (Seção

III), e é aí que se estabelecem os princípios que regem esta matéria, além de

conceituar expressamente o que chama de publicidade enganosa ou abusiva, das

quais trataremos adiante.

3.2 Diferenciação entre publicidade e Propaganda

Não há menção no Código de Defesa do Consumidor sobre a diferença entre

publicidade e propaganda, então irei brevemente conceitua-los para melhor

compreensão.

Nas palavras de Fábio Podestá “a publicidade é um meio de veiculação de

ofertas e tem o propósito de promover conceitos, ou ideias, e incentivar a aquisição

de um produto ou a utilização de um serviço.” (PODESTÁ, 2010, p. 187).

Publicidade visa comércio, vendas e negócios. Já propaganda possui o

escopo político, ideológico, econômico, social, valores éticos e com objetivos

religiosos.

Já disse Jorge Maranhão, “a propaganda é uma atividade voltada pra difusão

de uma ideia, ao passo que a publicidade é uma atividade voltada para a difusão de

uma mercadoria específica”. (apud Mário Guerreiro, 1988, p. 12).

26

Dito isso, não podemos utilizar publicidade e propaganda como tendo o

mesmo sentido.

3.3 Princípios que regem a publicidade

Com a suma finalidade de defender os consumidores, o Código de Defesa do

Consumidor apontou os princípios norteadores para o regramento da publicidade,

dos quais seguem abaixo:

a) Princípio da identificação da publicidade

De acordo com este princípio, que está elencado no artigo 36 do CDC toda e

qualquer publicidade necessita de sua identificação clara e positiva pelo consumidor,

não sendo aceito nenhum tipo de publicidade clandestina e subliminar.

Cláudia Lima Marques aponta que este princípio:

Tem sua origem justamente no pensamento de que é necessário tornar o

consumidor consciente de que ele é o destinatário de uma mensagem

patrocinada por um fornecedor, no intuito de lhe vender algum produto ou

serviço. Este princípio serve, por um aspecto, para proibir a chamada

publicidade subliminar, que no sistema do CDC seria considerada prática de

ilícito, civil e mesmo penal. (MARQUES, 2006, p. 529)

A publicidade atinge diversos públicos, o que é o seu objetivo, mas para isso

a mensagem transmitida tem de ser de fácil e rápido entendimento, sem que o

consumidor tenha que ter algum tipo de conhecimento mais apurado acerca do que

está sendo veiculado. Acima de tudo, ela tem de ser correta.

b) Princípio da vinculação contratual da publicidade

Podemos observar no artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor que

esse princípio impõe a obrigação do fornecedor cumprir estritamente o que foi

veiculado na publicidade.

De acordo com Ada P. Grinover (2007, p.328) “o consumidor pode exigir do

fornecedor o cumprimento do conteúdo da comunicação publicitária”.

27

A oferta que está sendo veiculada integra-se a um contrato, pois a partir do

momento que o consumidor capta a mensagem, as suas expectativas têm de ser

atendidas, e no momento em que ele manifesta sua aceitação pelo serviço ou

produto, essa publicidade integra-se ao contrato que possa vir a ser celebrado.

c) Princípio da veracidade da publicidade:

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo. 37, § 1º, do CDC define o

que é publicidade enganosa.

Esse princípio, se não é o mais importante, é um dos principais. Ele visa à

igualdade, vai de encontro com mensagens publicitárias que, de alguma maneira,

induzem o consumidor a erro, proibindo que em seu conteúdo haja falsidades, sejam

elas total ou parcial.

João Batista Almeida (2006, p.88) explica “A publicidade enganosa vicia a

vontade do consumidor, que, iludido, acaba adquirindo produto ou serviço em

desconformidade com o pretendido. A falsidade está diretamente ligada ao erro,

numa relação de causalidade”.

A informação inverídica, distorcida, então, reflete diretamente na

manifestação de vontade por parte do consumidor, que não está escolhendo de

forma livre e autônoma.

A autonomia da vontade privada, protegida pelos princípios acima (em

especial este em comento), que reequilibram a relação de consumo, não está

presente. É como se um preposto ou representante do fornecedor estivesse diante

do consumidor, o estimulando indevidamente a consumir algo que ele sabe, em

certa medida, que não é verdadeiro.

d) Princípio da não abusividade da publicidade

Nos termos do art. 37, §2º, do CDC, o princípio define a publicidade abusiva.

Esse princípio ao contrário da enganosidade não está ligado ao prejuízo

econômico do consumidor, ele busca coibir as mensagens que de alguma maneira

agridam os princípios e valores que a sociedade pretende proteger, reprimindo os

desvios publicitários.

28

Maria Luiza de Sabóia Campos afirma que: “abusiva é aquela mensagem que

quer obter vantagens sobre as fraquezas e medos humanos. A abusividade tem

caráter coercitivo, intimatório e manipulador.” (CAMPOS, 1996, p. 225).

Abusiva é toda mensagem que tenha em seu conteúdo algum tipo de

discriminação e que induza o consumidor a agir de forma que o prejudique ou que

vá lhe causar algum perigo, seja ele qual for.

Ada P. Grinover (2007, p. 328) diz: “na maior parte das vezes, ao revés do

que se dá com a publicidade enganosa, a abusiva não afeta diretamente o bolso do

consumidor, limitando-se a agredir valores tidos como importantes pela sociedade

de consumo”.

e) Princípio da inversão do ônus da prova

Esse princípio decorre do objetivo maior do Código de Defesa do

Consumidor, que busca proteger o consumidor, reconhecendo-o como parte mais

frágil da relação de consumo, impondo ao fornecedor o ônus da prova.

Nesse sentido, o artigo 38, do CDC, in verbis: “O ônus da prova da

veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as

patrocina”.

f) Princípio da correção do desvio publicitário

Nossa legislação trata de corrigir os desvios impondo sanções aos infratores

da ordem legal. Esse é o reflexo do princípio em comento em nossa legislação,

especialmente no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor.

Analisando o referido artigo, percebemos que as sanções administrativas são

divididas em três modalidades. Temos as sanções pecuniárias, representadas como

o próprio nome diz, pelas multas aplicadas em virtude do inadimplemento de um

dever. Temos as sanções objetivas, que envolvem bens ou serviços e que se

caracterizam pela apreensão, inutilização, cassação do registro ou suspensão do

fornecimento de produtos ou serviços, e por fim temos as sanções subjetivas,

referentes à atividade comercial, dos fornecedores de bens ou serviços, essas

sanções equivalem à suspensão temporária da atividade, cassação da licença do

29

estabelecimento ou da atividade, interdição total ou parcial do estabelecimento, obra

ou atividade, intervenção administrativa e a contrapropaganda.

No artigo 56, XII, do CDC, está prevista a sanção da contrapropaganda, que

tem por objetivo impedir e fazer cessar os efeitos de determinada publicidade

enganosa ou abusiva que foi veiculada.

A contrapropaganda seria então, o equivalente ao oposto da divulgação

publicitária, assumindo caráter de pena administrativa, que pode ser imposta pelas

autoridades administrativas (PROCON’S e demais órgãos componentes da esfera

administrativa de defesa do consumidor).

Muito comum, por exemplo, que supermercados lancem encartes com suas

ofertas da semana e que, nele, haja informações inverídicas. Sob pena de vincular a

oferta (e, logo, integrar o contrato de consumo) os supermercados costumam lançar

“erratas”, que demonstram efetiva correção do desvio publicitário, praticado por dolo

ou culpa.

Importante frisar que a divulgação da contrapropaganda não exclui as

consequências no âmbito penal2 e civil previstas em lei (e que não serão aqui

tratadas por não contemplar o objeto do presente trabalho).

No próximo item analisaremos como se dá o controle da publicidade em

nosso sistema.

3.4 Formas de controle da publicidade

2 Crimes envolvendo publicidade: Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação

relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho,

durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

§ 2º Se o crime é culposo;

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor

a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:

Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

30

A publicidade exerce um papel de suma importância na sociedade atual,

transmite ofertas de diferenciados produtos e serviços e contribui para a informação

do consumidor. Mas como nenhuma atividade está isenta de controle, a publicidade

não é a exceção. Esse controle rígido, ao mesmo tempo, inibe também a

concorrência desleal, e garante que ambos os polos dessa relação de consumo

fiquem satisfeitas e não seja enganada.

Reconhecemos como sistema de controle aquele exercido pelo Estado,

chamado Sistema de Controle Legal.

Nesse sistema é apenas o Estado detentor de ditar as normas de controle da

publicidade, sem nenhuma participação dos atores publicitários.

Mas ainda coexiste o Sistema Autorregulamentar, que deixa de ser um

sistema onde o Estado intervém, e quem assume o papel regulador são os entes

privados.

Esse sistema foi constituído por publicitários e profissionais de diversas áreas.

Mas não vincula todos os publicitários e anunciantes, somente aqueles que aderem

espontaneamente a essa modalidade de controle que, com o intuito de melhor

regulamentar a tal “liberdade de expressão comercial” de uma forma que respeite os

direitos dos consumidores, estabelece uma maior proteção daquele consumidor

vulnerável diante dos perigos e falhas que a publicidade feita de maneira impensada

representa, baseando-se no que o ordenamento e a constituição permitem.

No Brasil esse sistema é exercido pelo CONAR - Conselho Nacional de

Autorregulamentação Publicitária, uma entidade privada que busca um melhor

atendimento e tratamento das denúncias feitas pelos consumidores, ou pelos

próprios associados.

O CONAR estabelece um código de ética publicitária que deve ser seguido

pelos associados e, efetivada alguma denúncia, trabalha como uma espécie de

Tribunal Arbitral, mas vale ressaltar que não tem nenhum vínculo com o Poder

Judiciário.

As denúncias são apreciadas e julgadas pelo Conselho de Ética. Se restar

comprovado que o denunciado infringiu as normas do Código de Ética, o Conselho

tem a prerrogativa determinar que a publicidade seja alterada ou pode ainda

suspender a veiculação do anúncio, se achar necessário. O publicitário que se

associar a esse sistema tem de estar ciente que, caso descumpra regras do Código

de Ética, poderá sofrer punições.

31

Mas, nas palavras de Antônio Benjamin “há sempre um momento em que

nem os incentivos do mercado, nem os seus substitutivos privados funcionam,

configurando-se, então, a necessidade de intervenção estatal.” (BENJAMIN, 2007, p.

313).

Por isso nem sempre somente o sistema privado de autorregulamentação é

suficiente para reprimir as publicidades que afetam a proteção do consumidor e do

concorrente.

Assim, o Sistema Misto, que é a junção dos dois sistemas mencionados

acima, surge como uma forma de se estabelecer pesos e contrapesos para o

mercado publicitário: garante-se certa autonomia da liberdade de comunicação, que

se não for respeitada sujeitará o infrator ao controle legal (que pode mesmo ser

acionado independentemente da atuação da autorregulação.

Como forma de melhor efetividade e melhor proteção dos direitos do

consumidor, o Brasil adota esse sistema considerando-o como modelo ideal.

O Sistema Misto visa se aproximar da “perfeição” da regulamentação da

publicidade, no sentido de que o Estado garante a tutela dos direitos do consumidor,

enquanto o ente privado trabalha no combate contra a publicidade ilícita, como uma

forma de complementar a regulamentação, ambos atuando simultaneamente.

32

4 A PUBLICIDADE ILÍCITA NO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR

Crescemos ouvindo a expressão popular que afirma que a “publicidade é a

alma do negócio”. Assim, as diversas estratégias e métodos adotados pelas

empresas para potencializar seu lucro, levam ao abuso da publicidade que, de

maneira ilícita fere a lei, na ânsia de aumentar a clientela (aumentando

expressivamente suas vendas). Invariavelmente deixam para trás o respeito e a

proteção do consumidor.

Tanto isso é verdade que as empresas destinam altos valores, grande parte

de seus faturamentos para gerar mais faturamento. Veja-se, abaixo, alguns

exemplos de valores que algumas empresas destinaram à publicidade

recentemente:

Por exemplo, a Casas Bahia foi o maior anunciante do país em 2012,

destinando à propaganda naquele ano R$ 1,324 bilhão, segundo o ranking Agências

e Anunciantes, cruzamento dos dados do Projeto Inter-Meios e do Ibope Media.

Outro exemplo foi a Unilever, em segundo lugar, com investimento de R$ 1,46

bilhão. (http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2013/05/casas-

bahia-unilever-e-caixa-sao-os-maiores-anunciantes-do-pais.html)

Em função disso, preservando os interesses do consumidor, o legislador fez

incluir no ordenamento brasileiro quatro formas de publicidade ilícita, porém iremos

abordar somente duas3: a enganosa, e a abusiva, que são objeto do referido

trabalho e que estão reguladas no artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor em

seu caput, que afirma: “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva”.

4.1 Publicidade Enganosa

A publicidade é disciplinada na lei, sendo proibida qualquer forma de

publicidade que induzir o consumidor a erro.

No § 1º temos a definição de publicidade enganosa in verbis:

3 A publicidade dissimulada e aquela objeto de proibição específica, não serão tratadas no referido

trabalho.

33

É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter

publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,

mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da

natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,

preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

O artigo acima, quer dizer que toda oferta veiculada ao consumidor tem de

ser clara, que o consumidor entenda a mensagem que o fornecedor deseja

transmitir, caso não seja estará descumprindo uma proibição legal.

A mensagem enganosa tem o poder de influenciar no comportamento

econômico do consumidor, porém a situação seria diferente se ele estivesse bem

informado sobre o produto e suas características.

O efeito da publicidade enganosa é induzir o consumidor a acreditar numa

falsa verdade, que não corresponda à realidade do produto ou serviço contratado,

ou que tenha relação com o preço, forma de pagamento, ou até mesmo a garantia.

Rizzatto Nunes então diz “as formas de enganar variam muito, uma vez que

nessa área os fornecedores e seus publicitários são muito criativos. Usa-se de

impacto visual para iludir, de frases de efeito para esconder, de afirmações

parcialmente verdadeiras para enganar”. (NUNES, 2008, p. 492)

Nos dias atuais há diversos meios de comunicação pelos quais pode ser

veiculada a publicidade, seja pelo rádio, pela TV, nas redes sócias e sites de venda

online, o que facilita ainda mais o engano do consumido, é diferente quando o

consumidor não tem contato com o produto ou serviço.

Porém nas palavras de Rizzatto Nunes, “É possível detectar um anúncio

enganoso sem nem sequer verificado o produto ou serviço, concretamente. É

suficiente que do próprio texto, da imagem, do som do anúncio etc. se extraia

enganosidade”. (NUNES, 2008, p.494).

Cabe então analisar cautelosamente o conteúdo da publicidade: se induzir o

consumidor a erro por conter uma informação que se considerava verdadeira, porém

é falsa, estará nitidamente caracterizada a publicidade enganosa.

Essa publicidade tem duas modalidades: por omissão, e por comissão.

É considerada por omissão aquela publicidade em que não informa dado

importante que determina a decisão do consumidor para aquisição sobre o produto

ou serviço, se ele tivesse tal conhecimento não seria induzido ao erro, ou seja, não

consumiria.

34

Um exemplo que se encaixa nessa publicidade “é a oferta de televisores de

plasma, cuja imagem em alta definição somente poderia ser obtida se o aparelho

estivesse ligado a um conversor/decodificador de sinal ou a aparelho de DVD.”

(Revista do Advogado, 2016, p.71). Se esta informação, imprescindível para a

tomada de decisão do consumidor for veiculada, muitos desistiriam da compra.

De outro lado, será considerada publicidade enganosa por comissão aquela

que o fornecedor afirmar algo que na verdade não é, porém o consumidor presumirá

que a informação é sim verdadeira, por não ter conhecimento suficiente sobre o

produto ou serviço, sendo novamente induzido ao erro.

Podemos citar como exemplo, uma cabeleireira que faz publicidade de um

creme que tem por objetivo alisar os fios, sendo que na verdade ele não alisa, só

traz brilho e maciez a eles. Ela faltou com a verdade em uma característica do

produto, sendo caracterizada a publicidade enganosa por comissão.

4.2 Publicidade Abusiva

A Publicidade abusiva é tratada no § 2º do artigo 37 do Código de Defesa do

Consumidor in verbis:

É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza

que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da

deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores

ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de

forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

Conforme o artigo citado acima, a abusividade não tem caráter

exclusivamente em relação ao produto ou serviço ofertado, mais sim com algum mal

ou constrangimento ao consumidor, que são os efeitos que ela pode ocasionar.

A publicidade abusiva viola valores éticos e sociais levando o consumidor a

se comportar de maneira que ele não se comportaria se não tivesse sido induzido ou

influenciado pela má publicidade, podendo causar perigos a sua saúde ou

segurança.

É importante frisar que, para se caracterizar a natureza abusiva de um

anúncio, não precisa que efetivamente tenha ocorrido um dano real ou uma ofensa

de fato ao consumidor, basta que seja evidenciado o perigo de existir a ocorrência

35

desse dano, ou dessa ofensa. A abusividade deve sempre ser avaliada tendo em

vista a potencialidade do anúncio em causar algum mal, de preferência antes de ser

veiculado o anúncio.

O Código de Defesa do Consumidor traz, em um rol exemplificativo, algumas

hipóteses de publicidade abusiva, como veremos abaixo.

A Publicidade DISCRIMINATÓRIA é aquela que transmite ideias distorcidas

ao consumidor sobre o preconceito, por exemplo.

Muitas pessoas não sabem lidar com a diferença do outro; apesar da

evolução do mundo, há mentalidades que ainda não o acompanham, e com esse

tipo de publicidade, só se agrava a situação. São publicidades que incentivam a

tratar as pessoas de modo desigual, fazendo com que nasça um sentimento de

inferioridade. Todos somos iguais perante a lei, não sendo admitido essa distinção,

seja ela de raça, sexo ou classe social.

Publicidade que incita à VIOLÊNCIA é aquela que, de alguma forma, incentiva

o consumidor a agredir o outro com palavras, gestos, fisicamente, seja contra

animais ou pessoas. Esse tipo de publicidade só agrava conflitos sociais, visto que

estamos em um mundo onde as pessoas acham que a violência é um meio de

solucionar conflitos, portanto a lei veda esse tipo de prática.

Publicidade que EXPLORE O MEDO OU SUPERSTIÇÃO é aquela que

transmite algum tipo de temor aos consumidores, que são levados a consumir para

não sofrer as consequências que direta ou subliminarmente são transmitidas na

mensagem publicitária (alguma espécie de mal a ser causado ao consumidor). Não

é preciso provar a existência do fato que amedronte o consumidor, basta conter

recursos suficientes que prove a prática ilegal.

Publicidade dirigida a crianças, por exemplo, é uma forma de endereçar-se

aos hipossuficientes, é a aquela que usa de meios ardilosos para se aproveitar das

pessoas que não tem conhecimentos suficientes para detectar a abusividade da

oferta.

Publicidade que desrespeita valores ambientais é a aquela que incita ou

influencia o consumidor a agredir de qualquer maneira o meio ambiente em que vive,

sem se dar conta do mal que está fazendo para si, é considerada uma publicidade

ilícita.

Publicidade que induz o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou

perigosa a sua saúde e segurança é aquela que está ligada ao bem estar do

36

consumidor. Como exemplo, é vedada a veiculação que influencie, de algum modo,

o uso exagerado seja de medicamentos, cigarro, álcool, etc.

Com tudo isso se vê que a publicidade, seja ela enganosa ou abusiva, tem

grande relevância na vida do consumidor e, portanto, independentemente do que for

veiculado terá que estar em conformidade com a lei. O fornecedor e o seu

publicitário deve se comportar de modo consciente e se preocupando com o

consumidor, pois ele poderá sofrer a influencia da publicidade de diversas maneiras,

levando sempre em consideração seus direitos que o protegem.

Mas como a publicidade não é um fim em si mesma, como dito acima, há que

se considerar que ela pode impactar diretamente em práticas comerciais e, portanto,

no próximo capítulo, demonstraremos como a publicidade pode refletir em práticas

comerciais que revelam abusos aos consumidores.

37

5 IMPACTO DA PUBLICIDADE NAS PRÁTICAS COMERCIAIS

ABUSIVAS PREVISTAS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor traz em seu Capítulo V normas

referentes às práticas comerciais, tendo sempre em vista a proteção do consumidor

antes e depois da contratação, disciplinando dessa forma a oferta de produtos e

serviços, além de elencar em rol exemplificativo as práticas abusivas, e, portanto,

vedadas.

As normas do art. 30 e seguintes guardam perfeita relação com os Princípios

da Política Nacional de Defesa do Consumidor e com os Direitos Básicos dos

Consumidores, que se encontram estabelecidas nos artigos, 4º e 6º do citado

diploma legal.

No art. 4º do Código de Defesa do Consumidor, encontramos diretrizes da

Política Nacional de Relações de Consumo, que tem o objetivo de atender as

necessidades dos consumidores, bem como, o respeito a sua dignidade, segurança,

saúde, proteção dos seus interesses econômicos e a melhoria da sua qualidade de

vida, observados de maneira constante o princípio da boa-fé e o princípio da

vulnerabilidade do consumidor, que, como dito anteriormente, não tem controle dos

meios de produção e do mercado, logo, não pode ser tratado de forma igual ao

fornecedor.

Já no art. 6º o Código de Defesa do Consumidor, estabelece os direitos

básicos do consumidor, e entre os mais importantes podemos mencionar o direito a

informação adequada e clara sobre determinado produto ou serviço, a proteção

contra práticas e cláusulas abusivas que trataremos mais detalhadamente a seguir,

e a efetiva proteção e reparação de danos patrimoniais e morais individuais,

coletivos e difusos.

Para que haja transmissão da informação, é necessário um processo de

comunicação em que o emitente (fornecedor de produtos e serviços) transmite

mensagem através de um veículo de comunicação ao destinatário, no caso o

consumidor.

O processo de comunicação destina-se à compreensão pelo destinatário da

linguagem que o emitente se utiliza. A codificação é a forma que o emitente

38

transforma a mensagem em sinais linguísticos para que seja decodificada pelo

destinatário.

Porém, ao longo desse processo podem ocorrer intercorrências que

atrapalham a comunicação, acarretando a não compreensão da mensagem pelo

destinatário. Ou a compreensão viciada, o que é pior, já que a ideia de adesão do

consumidor é importante para a formação da relação de consumo, pouco importa se

consciente ou não em alguns casos. Daí a importância da regulamentação da

publicidade.

O direito à informação foi inserido já na Constituição Federal e também no

Código de Defesa do Consumidor, de modo a proteger o consumidor, passando de

ente despersonalizado, como elo final da cadeia de produção e distribuição; o sujeito

titular de direitos constitucionalmente protegidos.

Mas mesmo após a mensagem publicitária transmitida (ou ainda

independentemente dela) há momentos propícios para a ocorrência de desvios

(influenciados pela má comunicação). Por isso, o art. 39 introduz no nosso sistema

de proteção do consumidor, outros elementos que, influenciados ou não pela

publicidade abusiva ou enganosa, refletem em interesses dos consumidores.

5.1 Práticas Comerciais Abusivas

As práticas abusivas estão previstas no artigo 39 do Código de Defesa do

Consumidor, essas práticas nada mais são do que condições irregulares e vedadas

de negociação nas relações entre o consumidor e o fornecedor, que estão em

desconformidade com a boa conduta em relação ao consumidor. As práticas

abusivas podem constituir infração administrativa e paralelamente até mesmo algum

tipo de ilícito penal.

Nos ensinamentos de Eduardo Gabriel Saad práticas abusivas são:

... essenciais, ao desenvolvimento normal das relações de consumo, a boa-

fé e a lealdade do fornecedor e do consumidor. De outra parte, terão de

obedecer – como natural – às prescrições deste Código e da legislação

extravagante, conforme o caso. Nessa ótica, é abusiva a prática que

desatender a esses princípios e normas (SAAD, 1999, p. 363).

39

As práticas abusivas não estão elencadas apenas no artigo 39 do Código de

Defesa do Consumidor, mas encontram-se espalhadas nos demais artigos do

Código, como exemplo: artigo 10, CDC (colocação no mercado de produto ou

serviço com alto grau de nocividade ou periculosidade); artigos 18, § 6º e 20, § 2º do

CDC (comercialização de produtos e serviços impróprios), artigo 21 (o não emprego

de peças de reposição adequadas); artigo 32, CDC (falta de componentes e peças

de reposição); artigo 36 e 37, § 2º, CDC (veiculação de publicidade clandestina e

publicidade abusiva); artigo 42, CDC (cobrança irregular de dívida de consumo);

artigo 43, CDC (arquivo de dados sobre o consumidor em desrespeito aos seus

direitos de conhecimento de acesso e de retificação); artigo 51, CDC (utilização de

cláusula contratual abusiva), como mencionado o rol do artigo 39, é meramente

exemplificativo, pois, qualquer prática que contrariar princípios, decretos,

regulamentos e leis, será considerada como prática abusiva.

Ainda nesse sentido o artigo 7º, caput, do CDC, esclarece que os direitos

previstos no CDC, não excluem outros decorrentes da legislação interna ordinária,

sendo assim vale ressaltar que os direitos resguardados no CDC, também não

excluem outros advindos de regulamentos expedidos pelas autoridades

administrativas competentes.4

De acordo com a jurista Ada Pellegrini Grinover:

Não poderia o legislador, de fato, listar, a exaustão, as práticas abusivas. O

mercado de consumo é de extremada velocidade e as mutações ocorrem da

noite para o dia. Por isso mesmo é que buscamos, no seio da comissão,

deixar bem claro que a lista do artigo 39 é meramente exemplificativa, uma

simples orientação ao interprete. (GRINOVER, 2007).

No que tange as sanções, quando praticada uma conduta abusiva, caberá

indenização pelos danos causados, nos termos do artigo 6º inciso VII do CDC, pois,

essas práticas caracterizam sem nenhuma dúvida o excesso de poder, bem como o

abuso de direito por parte do fornecedor.

4 Como exemplo a Lei 12.529/2011 que reformulou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência e

dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, que revogou as

figuras criminais da Lei 8.137/90, estabelecendo como infrações punidas com multa civil ou

administrativa, entre elas a de “exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos

meios de comunicação de massa” (art. 36, § 3º, VI da Lei 12.529/2011).

40

Como já mencionado o artigo 39 do CDC, elenca práticas consideradas

abusivas dispostas em seus treze incisos, e que são vedadas ao fornecedor, da qual

comentaremos cada uma a seguir.

A importância dessa abordagem está em que as práticas a seguir dispostas

normalmente decorrem de uma oferta maliciosa ou viciada, da publicidade abusiva

ou enganosa, de forma a induzir o consumidor à ideia de regularidade.

5.1.1 Práticas abusivas definidas pelo artigo 39 do CDC

5.1.1.1 Venda casada

A chamada “venda casada”, objeto do inciso I do artigo 39 do Código, nada

mais é do que o condicionamento do fornecimento de produto ou serviço à aquisição

de outro produto ou serviço, bem como a limites quantitativos, sem justa causa, o

que viola flagrantemente o direito de livre escolha do consumidor. Condicionar a

venda de um produto com outro não é proibido. Proibido é não dar outra opção ao

consumidor que não seja adquirir este produto juntamente com outro no qual não

possui interesse.

Rizzatto Nunes traz alguns exemplos de venda casada, tais como:

O lojista não é obrigado a vender apenas a calça do terno. Da mesma

maneira, o chamado ‘pacote’ de viagem oferecido por operadoras e

agências de viagem não está proibido. Nem fazer ofertas do tipo ‘compre

este e ganhe aquele’. O que não pode o fornecedor fazer é impor a

aquisição conjunta, ainda que o preço global seja mais barato que a

aquisição individual, o que é comum nos ‘pacotes’ de viagem. Assim, se o

consumidor quiser adquirir apenas um dos itens, poderá fazê-lo pelo preço

normal (NUNES, 2004, p. 514).

No inciso I do art. 39, em sua parte final, há menção à vedação de limitação

de quantitativos. Essa passagem não tem a ver com a venda casada, é outra prática

abusiva. Mas vale ressaltar e esclarecer que a proibição de limitação quantitativa

mencionada do referido inciso não é absoluta, ela é permitida se houver justa causa

por parte do fornecedor, admitindo-se desse modo um limite máximo na venda de

um determinado produto, se este estiver escasso, mais uma vez Rizzatto Nunes

(Ibidem, p. 542) cita como exemplo “... há falta de óleo no mercado. É aceitável que

o supermercado venda uma ou duas latas por pessoa”.

41

Citando mais um exemplo, é comum nos supermercados encontrar produtos

como sabonetes e esponja sendo vendidos conjuntamente, shampoo e condicionar,

entre outros produtos. Esse ato feito pelo fornecedor não é proibido, o que se veda é

a impossibilidade do consumidor adquirir apenas um dos produtos quando não tiver

interesse de levar ambos. Assim, o fornecedor deverá ter os produtos também

separados para que o consumidor possa escolher. E a informação publicitária deve

dar conta de informar isso expressa e corretamente ao consumidor.

Dado importante a ser destacado são as infrações à Ordem Econômica

estabelecidas como infrações civis/administrativas instituídas pela Lei 12.529, de

2011, em seu artigo 36, quando pretendam limitar, falsear ou de qualquer forma

prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa do consumidor, especialmente

(reforçando a infração da venda casada no § 3º, inciso XVIII.

E a publicidade ajuda a atrair o consumidor a essa ideia de que a venda

casada é legítima sempre (o que não é verdade), sem informar os direitos do

consumidor.

5.1.1.2 Recusa de atendimento à demanda do consumidor

O inciso II do artigo 39 do CDC reforça o disposto nos artigos 30 e 35 do

mesmo diploma legal, e exige que o fornecedor atenda a demanda dos

consumidores, sendo assim o fornecedor não poderá recusar atender as demandas

dos consumidores na exata medida de suas disponibilidades de estoque e ainda de

conformidade com os usos e costumes.

Por exemplo: o fornecedor faz uma publicidade massiva de um produto, atrai

milhares de consumidores, mas não identifica quantos produtos integram essa

oferta. Se não identificou quantos produtos estavam na promoção, não pode se

recusar a vender a quem procura por ele.

Esse inciso objetiva impedir que o fornecedor, mesmo possuindo estoque, se

recuse a fornecer o produto. Nesse sentido, a Lei n.º 8.137/90, em seu artigo 7º,

inciso VI, tipifica como crime nas relações de consumo, “sonegar insumos ou bens,

recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente

ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação”.

Vale ressaltar que são irrelevantes as razões alegadas pelo fornecedor em

recusar-se a atender a demanda do consumidor. Podemos citar como exemplo o

42

caso do comerciante que se recusa a vender o produto exposto na vitrine por não

dispor de outro para substituí-lo. Se o comerciante atrai o consumidor para seu

estabelecimento, utilizando técnicas de comunicação, seja qual for (mesmo a

exposição de produtos na vitrine), precisa estar pronto para cumprir a oferta.

5.1.1.3 Entrega sem solicitação do consumidor

A remessa de produto sem solicitação do consumidor, vedada no inciso III é

prática conhecida e frequente. E constitui uma técnica de abordagem do

consumidor.

Combinado de forma brilhante com o parágrafo único, ambos contido no

artigo 39, este, equipara os produtos e serviços enviados sem solicitação do

consumidor à “amostra-grátis”, minimizando dessa forma essa conduta abusiva por

parte dos fornecedores, pois, nesse caso, não haverá obrigação de pagamento por

parte do consumidor ainda que utilizado o produto ou serviço.

Temos como exemplo, o envio pelo fornecedor de um livro ou revista, se

envia um ingresso para um show, todos da mesma maneira serão considerados

gratuitos.

Há serviços fornecidos sem a solicitação do consumidor que correspondem a

graves violações aos seus direitos, violando também a sua imagem e sua

privacidade como é o caso de muitas instituições financeiras que difundem os seus

serviços através de marketing agressivo.

Muitas empresas com intuito de auferir alta lucratividade enviam produtos ou

serviços aos consumidores sem prévia solicitação ou anuência, como por exemplo,

cartões de crédito.

Nesse sentido, com fundamento no inciso II do art. 39 do Código de Defesa

do Consumidor, o Superior Tribunal de Justiça editou a súmula 532 com o seguinte

enunciado: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem

prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e

sujeito à aplicação de multa administrativa”.

De acordo com o disposto no parágrafo único do art. 39, supracitado, o

produto ou serviço não solicitado pelo consumidor, enviado a ele como estratégia de

marketing visão a imposição da contratação de produtos ou serviços, não será

passível de qualquer cobrança pelo fornecedor, logo será considerado grátis.

43

Conclui-se que todo e qualquer produto ou serviço remetido ao consumidor

pelo fornecedor sem a solicitação prévia daquele será considerado gratuito.

5.1.1.4 Aproveitamento da hipossuficiência do consumidor

Analisando o inciso IV que espelha o princípio da vulnerabilidade do

consumidor, se encontram vedadas as chamadas vendas por impulso, que são

justamente as vendas que se aproveitam da vulnerabilidade seja ela social, cultural

ou técnica do consumidor, como exemplo, podemos citar as vendas por telefone,

vendas de porta-em-porta e etc..

Como cita o dispositivo “é defeso ao fornecedor se aproveitar da fraqueza ou

ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento, ou

condição social, para vender seus produtos ou serviços”.

Ainda que não expressamente mencionadas, podemos incluir neste inciso a

vulnerabilidade dos idosos devido à expressão “fraqueza” relacionada à idade, visto

que a própria jurisprudência brasileira já identificou que a igualdade de direitos entre

consumidores jovens e consumidores idosos não estaria sendo alcançada nos

contratos de consumo, daí a necessidade em proteger de forma especial esse grupo

vulnerável.

São vários os exemplos de instituições financeiras que exploram a

publicidade voltada especialmente para os vulneráveis, como idosos, vendendo a

eles as facilidades dos “créditos consignados”, aos funcionários públicos, aos

endividados com o “nome sujo”, que podem obter crédito sem problemas. Ou seja, o

vulnerável é grande alvo das estratégias de marketing.

5.1.1.5 Vantagem excessiva

O inciso V veda a simples exigência de vantagem excessiva ao consumidor,

não sendo necessária que esta se concretize.

O artigo 51, § 1º, em seus incisos, define de forma clara quando haverá

vantagem excessiva. Desse modo, a vantagem será exagerada quando:

1 Ofender os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

44

2 Restringir direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do

contrato, de tal modo a ameaçar seus objeto ou equilíbrio contratual;

3 Se mostrar excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-

se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias

peculiares ao caso.

Este dispositivo é o grande “coringa” de toda a legislação consumerista e cai

bem para a coibição da publicidade abusiva ou enganosa.

A conjugação do art. 39, V com o § 1º do art. 51 permitem que quaisquer

estratégias de negócios, especialmente as estratégias de marketing que induzam o

consumidor à aquisição de produtos ou serviços, se depois considerados prejudiciais

a ele, podem ser enquadradas nesse conceito de vantagem excessiva.

5.1.1.6 Serviços sem orçamento e autorização do consumidor

No inciso VI, do artigo 39 temos que a prestação de serviços pelo fornecedor

depende de prévio orçamento e mesmo assim a simples apresentação do orçamento

não implica em autorização do consumidor para que determinado serviço seja

realizado, ou seja, é necessária a autorização expressa do mesmo, para que o

fornecedor possa dar início à execução dos serviços.

De um modo análogo podemos utilizar o parágrafo único do artigo 39 do

CDC, pois, se não houve expressa aprovação do consumidor e o serviço foi

realizado, conclui-se que esse serviço não foi solicitado, considerando-se amostra

grátis. Existe uma exceção com relação à obrigatoriedade de elaboração do

orçamento, é o caso, por exemplo, do consumidor pessoa jurídica que manda os

carros de seus diretores para revisão na concessionária e que acerta o serviço

realizado posteriormente a sua feitura.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se posicionou nesse

sentido, no que diz respeito quando a autorização do orçamento for parcial, ou seja,

quando envolve apenas alguns itens do orçamento prévio.

O artigo 39 VI do Código de Defesa do Consumidor determina que o serviço

somente possa ser realizado com a expressa autorização do consumidor.

Em consequência, não demonstrada à existência de tal autorização, é

imprestável a cobrança, devido, apenas, o valor autorizado expressamente

pelo consumidor. (STJ- Resp. 332.869/RJ- Rel min.Carlos Alberto Menezes

Direito- j.24.6.2002 v.u.).

45

É necessário um orçamento prévio para a realização de serviço, sendo que

este orçamento deve ser requisitado pelo consumidor, caso contrário será

considerado gratuito.

Não necessariamente há ou haverá serviço sem publicidade. Aqui se trata de

um vício na formação da relação jurídica de consumo que desconsidera a

necessidade da oferta de um serviço, o orçamento nada mais é do que isso, uma

oferta, a qual o consumidor adere ou não, de acordo com sua conveniência ou

convencimento.

5.1.1.7 Produto ou serviço em desacordo com as normas técnicas

A comercialização de produtos em desacordo com as normas expedidas

pelos órgãos oficiais viola o inciso VIII do artigo em comento, além disso, essa

conduta é relevante também no âmbito penal, tipificando-se conforme o caso os

tipos previstos nos art. 7º da Lei nº 8.137/90 em seus incisos II e IX.

O objetivo de tal norma é melhorar a qualidade de vida do brasileiro,

melhorando a qualidade dos produtos que são consumidos e dos serviços que são

colocados á sua disposição.

Por isso muitos produtos regulados tem sua publicidade também regulada.

Por exemplo, os medicamentos, que precisam ser acompanhados de

informações obrigatórias. A Constituição Federal, em seu artigo 220, parágrafos 3º e

4º, determina que compete à lei federal regular e estabelecer as regras e restrições

para a publicidade de medicamentos, por isso a Anvisa (Agência Nacional de

Vigilância Sanitária) tem emitido várias resoluções e regulamentos a serem

observados pelos laboratórios farmacêuticos e agências de publicidade.

Paralelamente, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar)

também exerce uma fiscalização rígida através da observância do Código Brasileiro

de Autorregulamentação Publicitária. Mesmo antes da promulgação da Constituição

Federal de 1988, a legislação pertinente à área de medicamento, Lei 6.360/1976,

assim como o Decreto 79.094/1977, que a regulamentou, já continham algumas

normas básicas a serem obedecidas na publicidade de medicamentos, de insumos

farmacêuticos e correlatos.

46

Essas regras se aplicam tanto aos produtos cuja venda dependa de

prescrição médica, os chamados produtos éticos, como também aos chamados

“produtos OTC” - Over-the-counter, que podem ser vendidos nos balcões das

farmácias sem a necessidade de receita médica.

As regras que regulamentam a publicidade desses produtos estão listadas

nos artigos da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa nº 102/2000, sempre

com a preocupação de não estimular o uso indiscriminado de medicamentos pelo

público em geral.

Também se instituiu, com o mesmo objetivo, frases de advertência que

deveriam constar nas mensagens publicitárias desses produtos, como, por exemplo,

“Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado”.

Tal controle constitui, portanto, um reflexo da Política Nacional das Relações

de Consumo, que condiciona toda e qualquer publicidade a seus termos, mesmo as

de produtos essenciais, mas que estejam sendo regulados por Agências

Governamentais.

5.1.1.8 Elevação do preço sem justa causa

Em se tratando de preços tabelados ou controlados, o consumidor poderá

questionar o aumento abusivo, como prevê o artigo 41 do CDC, podendo também

optar pelo desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

O fornecedor pode, sem prejuízo nenhum estabelecer um preço hoje e outro

amanhã (desde que em consonância com o CDC), mas deverá anunciar claramente

o novo preço estabelecido para que o consumidor tenha conhecimento.

Porém ele não poderá diminuir a quantidade ou o volume das embalagens de

seus produtos que não seja acompanhada da correspondente redução nos preços,

sem notificar devidamente o consumidor sobre tal prática, sem informar o

consumidor de forma clara e expressa.

Também não poderá: (i) elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens

ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais; (ii) deixar

de avisar acerca da inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na

prestação dos serviços originariamente; (iii) deixar de informar a junção de bens ou

serviços comumente oferecidos à venda em separado; (iv) deixar de informar a

divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto

47

e alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como

denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição,

volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço. Previsões do artigo 7º da

Lei 8137/90.

A proteção do consumidor se completa com o disposto no inciso X do artigo

51 do CDC, que nesse sentido dispõe que é nula a cláusula contratual que permita

ao fornecedor, individualmente, variar o preço do produto ou serviço. Normalmente

essas práticas são antecedidas de falta de informação ou comunicação. Aqui está

um exemplo da ausência da publicidade ou da informação (ou ainda da devida

comunicação) como forma de constituir prática abusiva.

A comunicação utilizada na oferta ou na publicidade que atrai o consumidor

deve, na mesma medida, ser utilizada para garantir o acesso às informações que

alteram as condições e características do produto ou serviço anteriormente

contratado.

5.1.1.9 A inexistência ou deficiência de prazo para cumprimento da obrigação

O referido inciso menciona que o fornecedor terá de estabelecer quando irá

cumprir sua obrigação, ou seja, quando deverá entregar o produto e ainda quando

terá início a sua obrigação.

Esse dispositivo diz respeito aos princípios do contrato de consumo, ou seja,

o fornecedor deverá dizer quando começará o serviço ou quando deverá entregar o

produto. Como exemplo de uma prática abusiva enganosa, se encontram as

construtoras que prometem entregar o edifício de apartamentos em uma

determinada data, sendo que essa entrega se prolonga por meses após o prazo.

Desta forma, demonstrado está que o dispositivo legal é claro, ou seja, todos

os contratos de consumo devem estabelecer o prazo para cumprimento das

obrigações do fornecedor.

Assim, a publicidade de um produto ou serviço, deve perfeitamente indicar as

condições e o prazo para cumprimento de uma obrigação por parte do fornecedor,

sob pena de ser considerada enganosa, já que transparece que a obrigação pode

ser exigida imediatamente.

Isso é comum, por exemplo, em empreendimentos imobiliários, nos quais a

indicação do prazo de conclusão da obra é muito importante para a perfeita

48

identificação de direitos do consumidor, especialmente nos casos em que a

construtora fixa no contrato um prazo de tolerância para a eventualidade de

acontecimentos que atrasem a conclusão do empreendimento.

49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Resta concluir que a publicidade tem forte influência na vida do consumidor,

seja ela para ofertar produtos ou oferecer serviços, com seu objetivo maior que

COMUNICAR, sem se desviar do que a lei permite ou veda. Nos dias atuais com o

capitalismo em alta, a todo o momento com novidades, pode ocorrer a veiculação de

peça publicitária com uma mensagem distorcida daquilo que deveria transmitir. Ela

passa de um meio ou instrumento informativo, para assumir um caráter persuasivo.

A publicidade possui diversas táticas para atrair o consumidor, e ele em meio

a esse turbilhão de informações, acaba se tornando um alvo fácil de se deixar levar

por uma publicidade enganosa ou abusiva. Com isso ele fica muito suscetível e

vulnerável, pois é a parte mais fraca dessa relação.

Com o aumento das empresas no ramo de venda e marketing, aumenta-se

também a oferta dos produtos e serviços dessas empresas. Então surge a

importância de utilizar as técnicas de comunicação que cada vez mais estão sendo

aprimoradas, pois é a sua melhor estratégia na busca de novos clientes. Essas

técnicas, diversas vezes são utilizadas de maneira ilegal, porém o Código de Defesa

do Consumidor não se preocupou em regulamentar essas boas práticas, mais sim

os desvio que advém delas.

Esses desvios podem acontecer pela publicidade enganosa, que de acordo

com o art. 37 §1º do CDC, que nada mais é do que aquela que de alguma maneira

consegue induzir o consumidor a erro, podendo ser por comissão quando o

anunciante der uma informação falsa sobre o produto ou serviço, e a por omissão

que é quando o fornecedor deixa de dizer algo de extrema importância que se o

consumidor soubesse, não adquiriria o produto ou serviço.

Já a publicidade abusiva elencada no art. 37 §2º do CDC, não se relaciona

exclusivamente com o produto ou serviço, e nem que possa acarretar em um

prejuízo econômico ao consumidor, mas sim viola valores éticos considerados

essenciais a sociedade, influenciando o consumidor a se comportar de maneira

diferente.

Cabe lembrar que não podemos confundir o termo publicidade e propaganda,

um tem um objetivo totalmente comercial, e o outro de transmitir ideias, com

finalidade política, social ou religiosa, respectivamente.

50

A publicidade, ao ofertar algum tipo de produto ou serviço deve se basear em

seus princípios estabelecidos pelo CDC para assim preservar a figura do

consumidor, trazendo para a relação harmonia e transparência.

Como já dito, a atividade publicitária como todas as atividades, tem de ser

controlada para melhor efetividade, contendo três sistemas:

O Sistema de Controle Legal, que é exercido pelo Estado onde é apenas ele

que dita às normas, sem nenhuma participação dos publicitários.

O Sistema de Autorregulamentação conta com a fiscalização daqueles

anunciantes e publicitários que o aderem para um melhor controle. O CONAR é um

ente privado, que busca coibir as publicidades ilícitas tendo o poder de solicitar a

alteração ou suspender a veiculação do anúncio. O associado desse ente que

descumprir regras do código de ética sofrerá punições, então eles se fiscalizam

entre si, daí o nome de autorregulamentação.

O Sistema Misto, que é a composição dos dois sistemas, que visa uma

melhor efetividade no controle, aplicando juntamente as normas estatais e o código

de ética, sendo adotado pelo Brasil por ser considerado um modelo ideal, de melhor

efetividade e melhor proteção dos direitos do consumidor.

Apesar de toda a regulamentação criada para coibir a prática de publicidade

abusiva ou enganosa, e de todo o sistema de proteção dos interesses dos

consumidores, ainda há reflexo da publicidade ilícita em práticas comerciais e, por

isso, cumprindo o seu papel, o Código de Defesa do Consumidor elenca uma séria

de práticas comerciais também ilegais, abusivas, das quais, por vezes, os

fornecedores que contrataram e aprovaram uma publicidade ilegal, se beneficiam.

51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, João Batista de. Manual de direito do consumidor. 2ª edição. São Paulo:

Saraiva, 2006.

Associação dos Advogados de São Paulo. Revista do Advogado. Ano XXXVI agosto

de 2016, n.º 130.

BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos. Código Brasileiro de Defesa do

Consumidor Comentado pelos autores do anteprojeto, 4ª edição, Rio de Janeiro: Ed.

Forense Universitária, 1996.

______. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do

Anteprojeto, obra coletivo, 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.

______. et al. Código de Defesa do Consumidor Comentado pelos autores do

anteprojeto. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

BESSA, Leonardo Roscoe; et al. Manual de Direito do Consumidor. 4ª edição,

Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.

BONATTO, Cláudio e MORAES, Paulo de Valério Dal Pai e MORAES. Questões

controvertidas no Código de Defesa do Consumidor: principiologia, conceito,

contratos. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 4ª ed., 2003.

52

CAMPOS, Maria Luiza de Sabóia. Publicidade: responsabilidade civil perante o

consumidor. São Paulo: Cultural Paulista, 1996.

CARPENA, Heloisa. O consumidor no Direito da Concorrência. Rio de Janeiro:

Renovar, 2005.

Disponível em: http://www.conar.org.br/. Acesso em: 12 de nov. 2016.

GRINOVER, Ada Pellegrini, et al. Código de Defesa do Consumidor Comentado

pelos autores do anteprojeto. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

Disponível em: http://g1.globo.com/economia/midia-e-

marketing/noticia/2013/05/casas-bahia-unilever-e-caixa-sao-os-maiores-anunciantes-

do-pais.html. Acesso em: 14 de nov. 2016.

LISBOA, Roberto Senise. Responsabilidade civil nas relações de consumo, São

Paulo; Ed. Revista dos Tribunais, 2001.

MARANHÃO, Jorge, apud Mário A.L. Guerreiro, A arte da publicidade: estética,

crítica e kitsch, Campinas, Papirus, 1998.

MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. 3ª ed.

São Paulo: RT, 1999.

53

______. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das

relações contratuais. 4º ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

______. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor, 2ª ed., Revista dos

Tribunais, 2006.

______. Revista de Direito do consumidor. Ano 25-104 Março/Abril, Editora Revista

dos Tribunais, 2016.

MORAES, Paulo Valério dal Pai. Código de defesa do consumidor: no contrato, na

publicidade, nas demais práticas comerciais. Porto Alegre: Síntese, 1999.

MORATO, Antônio Carlos. Pessoa Jurídica consumidora. São Paulo: Revista

dos Tribunais, 2008.

______. Os Princípios Gerais do Código de Defesa do Consumidor, in Direito do

Consumidor nº 3, 1994.

Disponível em:

http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/acidentecongonhas/ultnot/2007/07/27/ult525

8u401.jhtm. Acesso em: 15 de nov. 2016.

NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor.

1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

54

______. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 6.ed. São Paulo:

Saraiva,2011.

______. Curso de Direito do Consumidor com exercícios. 3ª ed. São Paulo: Saraiva,

2008.

______. Curso de Direito do Consumidor com exercícios. São Paulo: Saraiva, 2004.

PODESTÁ, Fábio Henrique, et al. Código de defesa do Consumidor comentado. São

Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2010.

SAAD, Eduardo Gabriel. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor: 4º ed.

São Paulo. 1999.

SMANIO, Gianpaolo Poggio. Interesses Difusos e Coletivos. 8. ed. São Paulo: Atlas,

2006.