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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO MARCO ALEXANDRE TERLIZZI MODELO DE GESTÃO DE RISCOS PARA PROJETOS DE SOFTWARE NO SETOR BANCÁRIO São Paulo 2014

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE … · foi possível contribuir com a evolução do processo atual de gestão de riscos de projetos da organização, destacando suas forças,

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

MARCO ALEXANDRE TERLIZZI

MODELO DE GESTÃO DE RISCOS PARA

PROJETOS DE SOFTWARE NO SETOR BANCÁRIO

São Paulo

2014

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Marco Alexandre Terlizzi

MODELO DE GESTÃO DE RISCOS PARA

PROJETOS DE SOFTWARE NO SETOR BANCÁRIO

RISK MANAGEMENT MODEL FOR

SOFTWARE PROJECTS IN THE BANKING SECTOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Universidade Nove

de Julho – UNINOVE, como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre em Administração.

ORIENTADOR: PROF. DR. CÉSAR AUGUSTO

BIANCOLINO

São Paulo

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Terlizzi, Marco Alexandre.

Modelo de gestão de riscos para projetos de software no setor bancário.

/ Marco Alexandre Terlizzi. 2014.

251 f.

Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São

Paulo, 2014.

Orientador (a): Prof. Dr. César Augusto Biancolino.

1. Gestão de riscos. 2. Estrutura Analítica de Riscos. 3. Projetos de

software. 4. Setor bancário.

I. Biancolino, César Augusto. II. Titulo

CDU 658.012.2

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MODELO DE GESTÃO DE RISCOS PARA

PROJETOS DE SOFTWARE NO SETOR BANCÁRIO

Por

Marco Alexandre Terlizzi

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração – PPGA da

Universidade Nove de Julho – UNINOVE, como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre

em Administração, sendo a banca examinadora

formada por:

___________________________________________________________

Prof. Dr. Bruno Meirelles Salotti – Universidade de São Paulo – FEA/USP

___________________________________________________________

Prof. Dr. César Augusto Biancolino – Universidade Nove de Julho – UNINOVE

___________________________________________________________

Profa. Dra. Sonia Francisca Monken de Assis – Universidade Nove de Julho – UNINOVE

São Paulo, 04 de dezembro de 2014.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a Cynthia Izumi

Yamauchi Terlizzi.

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AGRADECIMENTO

Agradeço minha esposa Cynthia e minhas filhas Giovanna e Rafaela, pelo carinho,

apoio, estímulo e compreensão pela ausência durante o tempo desprendido para a realização

do curso de mestrado.

Aos meus pais, Vicente e Fátima, e meus irmãos Marco Antonio e Marco Aurelio

por serem exemplo de vida e fonte de amor incondicional. Ter uma família unida e com

valores sólidos ajudou a construir meu caráter e me tornou persistente em alcançar meus

objetivos.

Ao meu orientador, Prof. Dr. César Augusto Biancolino, por me aceitar como seu

orientando, por me acompanhar e incentivar durante o curso.

A Profa. Dra. Sonia Francisca Monken de Assis que participou da banca de

qualificação e defesa contribuindo com melhorias para a dissertação.

Ao Prof. Dr. Marcirio Silveira Chaves que participou da banca de qualificação e ao

Prof. Dr. Bruno Meireles Salotti que participou da banca de defesa, ambos dedicando seu

precioso tempo para avaliação do estudo.

Aos demais professores da Uninove do Mestrado em Gestão de Projetos, pelo

compartilhamento do conhecimento e por mostrarem os rumos da vida acadêmica.

Aos colegas da turma de mestrado pela amizade, companheirismo e momentos de

discussão e diversão. Em especial ao Heverton, Vagner, Airton e Irapuan.

E aos amigos, de longe e de perto, que compreenderam as ausências sem deixar de se

fazer presentes em minha vida.

Muito obrigado!

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RESUMO

A gestão de risco operacional, de crédito, de imagem e de liquidez são áreas muito

desenvolvidas no setor bancário; entretanto, a gestão de riscos em projetos nesta área

necessita de constantes investimentos em pesquisas e treinamentos para proporcionar a sua

evolução. As ferramentas e técnicas de gestão de riscos foram desenvolvidas para melhorar o

sucesso dos projetos; porém, muitos projetos de desenvolvimento de software no setor

bancário brasileiro ainda são executados sem o uso de metodologias, podendo causar perdas

financeiras superiores ao seu orçamento. Em 2013 o setor bancário brasileiro investiu R$ 20,6

bilhões em projetos de tecnologia, mesmo assim, observa-se que o país ainda tem carência de

bases históricas sobre os riscos que afetam estes projetos. Esta pesquisa tem como objetivo

propor um modelo de gestão de riscos aplicável a projetos de software no setor bancário

brasileiro, permitindo identificar e priorizar os principais riscos do portfólio. Pode ser

classificada como exploratória-descritiva, de caráter qualitativo, abordada por meio do

método de estudo de caso único em um dos maiores banco privados do Brasil. Utilizou-se a

técnica de análise de proposições teóricas e os dados foram coletados por meio de entrevistas,

documentos internos e bases de dados. Como resultado, utilizando-se a base histórica de

riscos dos projetos da organização, foi possível agrupá-los em uma Estrutura Analítica de

Riscos conforme a taxonomia sugerida pelo Software Engineering Institute, além de

identificar que os principais riscos em projetos de software na organização são os mesmos

apresentados na literatura: escopo instável, premissas de prazo e custo irreais; e falta de

técnicas adequadas de gestão. Na conclusão propõe-se um modelo de gestão de riscos

aplicável ao portfólio de projetos de software no setor bancário. O modelo STOp permite

orientar a gestão de riscos a partir do inter-relacionamento entre os diversos níveis

hierárquicos: estratégico – executivos avaliam os principais riscos do portfólio e autorizam

soluções corporativas; tático – equipes de governança estruturam políticas e processos para

garantir a implantação das soluções; e operacional – equipes de desenvolvimento atuam nos

riscos individuais que podem impactar os objetivos do projeto ou produto. Com base no

modelo proposto e na análise dos dados coletados, em contraponto com o referencial teórico,

foi possível contribuir com a evolução do processo atual de gestão de riscos de projetos da

organização, destacando suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.

Palavras-chave: Gestão de Riscos, Estrutura Analítica de Riscos, Projetos de

Software; Setor Bancário.

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ABSTRACT

The management of operational risk, credit risk, image risk and liquidity risk are

very developed areas in the banking sector; however, the risk management of projects in this

area needs constant investment in research and training to provide its evolution. The tools and

risk management techniques have been developed to improve the success of projects; though,

many software projects in the banking sector are still executed without the use of

methodologies, and this may cause financial losses greater than the project budget. In 2013

the Brazilian banking sector invested US$ 7.9 billion on technology projects, even so, it is

observed that the country still has lack of historical databases about the risks that affect this

type of projects. This research aims to propose a risk management model applicable to

software projects in the Brazilian banking sector, allowing to identify and prioritize the main

risks of the portfolio. It can be classified as exploratory, descriptive and qualitative, using the

unique case study method in one of the largest private bank in Brazil. It used the analysis of

theoretical propositions technique and data were collected through interviews, internal

documents and databases. As a result, using the organization historical database of project

risks, it was possible to group them into a Risk Breakdown Structure as suggested by the

taxonomy of the Software Engineering Institute, and identify that the main risks of the

software projects in the organization are the same existing in the literature: unstable scope,

unrealistic cost; and lack of appropriate management techniques. In conclusion we propose a

risk management model for the portfolio of software projects in the banking sector. The STOp

model guide the management of risks between the various hierarchical levels: strategic -

executives assess the main risks of the portfolio and authorize enterprise solutions; tactical -

governance teams prepare policies and processes to ensure the implementation of the

solutions; and operational - development teams work on individual risks that may impact the

project or product objectives. Based on the proposed model and data analysis, as opposed to

the theoretical framework, it was possible to contribute with the evolution of the project risk

management process existing in the company, highlighting its strengths, weaknesses,

opportunities and threats.

Keywords: Risk Management, Risk Breakdown Structure, Software Projects;

Banking Sector.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... XII

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... XIV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ......................................................................... XV

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

1.1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 17

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA ......................................... 21

1.3 OBJETIVO DA PESQUISA .................................................................................... 26

1.4 RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA .................................................... 26

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................... 30

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 32

2.1 GESTÃO DE PROJETOS DE TI ............................................................................. 32

2.1.1 Conceitos e Histórico .............................................................................................. 32

2.1.2 Sucesso em Projetos ................................................................................................ 33

2.1.3 Tipologia de Projetos .............................................................................................. 36

2.1.4 Modelos de Referência em Gestão de Projetos .................................................... 39

2.1.4.1 PMBOK – Project Management Body of Knowledge ............................................. 40

2.1.4.2 PRINCE2 – Projects in a Controlled Environment ................................................. 42

2.1.5 Modelos de Maturidade em Gestão de Projetos .................................................. 47

2.1.5.1 PMI – OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model) ................... 49

2.1.5.2 OGC – P3M3 (Portfolio, Programme and Project Management Maturity Model) . 50

2.1.6 Metodologias de Desenvolvimento de Software ................................................... 53

2.1.6.1 Scrum ........................................................................................................................ 55

2.1.6.2 Modelo V .................................................................................................................. 57

2.2 GESTÃO DE RISCOS DE TI .................................................................................. 58

2.2.1 Conceitos e Histórico .............................................................................................. 58

2.2.2 Categorização dos Riscos ....................................................................................... 60

2.2.2.1 Categorização dos Riscos Corporativos ................................................................... 60

2.2.2.2 Categorização dos Riscos de Projetos ...................................................................... 62

2.2.3 Riscos em Projetos .................................................................................................. 65

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2.2.4 Riscos em Projetos de Software ............................................................................. 70

2.2.5 Gestão de Riscos em Projetos ................................................................................ 73

2.2.6 Gestão de Riscos em Projetos de Software ........................................................... 75

2.2.7 Modelos de Referência em Gestão de Riscos........................................................ 78

2.2.7.1 Modelo de Referência em Gestão de Riscos da ISO – ISO 31000........................... 79

2.2.7.2 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Projetos do PMI ............................ 84

2.2.7.3 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Software do SEI ............................ 87

2.2.7.4 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Software do Boehm ...................... 91

2.2.8 Identificação dos Riscos ......................................................................................... 92

2.2.8.1 Listas de Verificação ................................................................................................ 94

2.2.8.2 TBRI – Taxonomy-Based Risk Identification ........................................................... 96

2.2.8.3 GTAG12 – Global Technology Audit Guide 12: Auditing IT Projects .................... 98

2.2.8.4 Registro de Riscos .................................................................................................... 99

2.3 GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI ......................................................................... 100

2.3.1 Conceitos e Histórico ............................................................................................ 100

2.3.2 Alinhamento Estratégico de TI e Negócios ........................................................ 102

2.3.3 Governança de TI ................................................................................................. 106

2.3.3.1 Gestão de Projetos .................................................................................................. 108

2.3.3.2 Gestão de Riscos ..................................................................................................... 109

2.3.4 O Setor Bancário Brasileiro................................................................................. 110

2.4 SÍNTESE DO REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................... 114

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................... 122

3.1 ABORDAGEM E CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................ 122

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ...................................................................... 126

3.2.1 Questões de Estudo ............................................................................................... 129

3.2.2 Proposições de Estudo .......................................................................................... 130

3.2.2.1 Premissa 1 e Proposições Associadas ..................................................................... 132

3.2.2.2 Premissa 2 e Proposições Associadas ..................................................................... 134

3.2.2.3 Premissa 3 e Proposições Associadas ..................................................................... 136

3.2.3 Unidade de Análise ............................................................................................... 137

3.2.4 Vinculação dos Dados às Proposições ................................................................. 139

3.2.5 Critérios para a Interpretação dos Achados do Estudo .................................... 141

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS .......................... 142

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3.3.1 Etapas da Pesquisa ............................................................................................... 143

3.3.2 Fontes de Evidências ............................................................................................ 144

3.3.2.1 Entrevistas .............................................................................................................. 145

3.3.2.2 Registros em Arquivos ........................................................................................... 146

3.3.2.3 Documentação ........................................................................................................ 147

3.3.3 Caracterização da Organização .......................................................................... 148

3.3.4 Procedimentos de Coleta de Dados ..................................................................... 148

3.3.5 Procedimentos de Análises de Dados .................................................................. 150

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................. 152

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................. 154

4.1 COLETA DE DADOS ........................................................................................... 154

4.2 ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES .......................................................................... 157

4.2.1 Premissa 1 .............................................................................................................. 158

4.2.1.1 Proposição 1 ........................................................................................................... 158

4.2.1.2 Proposição 2 ........................................................................................................... 168

4.2.1.3 Proposição 3 ........................................................................................................... 173

4.2.2 Premissa 2 .............................................................................................................. 180

4.2.2.1 Proposição 4 ........................................................................................................... 181

4.2.2.2 Proposição 5 ........................................................................................................... 186

4.2.2.3 Proposição 6 ........................................................................................................... 198

4.2.3 Premissa 3 .............................................................................................................. 205

4.2.3.1 Proposição 7 ........................................................................................................... 205

4.2.3.2 Proposição 8 ........................................................................................................... 212

5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 219

6 CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA ........................................................... 229

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 236

ANEXO 1 – VISÃO GERAL DA TBRI (TAXONOMY-BASED RISK

IDENTIFICATION) ............................................................................................................. 245

ANEXO 2 – VERSÃO REDUZIDA DA LISTA GTAG12 ............................................... 248

APÊNDICE 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA ................................................................ 250

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Resultado dos projetos de tecnologia no período de 2004 a 2012. ........................... 18

Figura 2. Gastos com tecnologia no setor bancário. ................................................................. 20 Figura 3: Tipo de gastos com tecnologia no setor bancário. .................................................... 21 Figura 4: Avaliação do sucesso do projeto no tempo. .............................................................. 34 Figura 5: Projetos categorizados por finalidade. ...................................................................... 37

Figura 6: Modelo diamante....................................................................................................... 38 Figura 7: Grupos de processos do PMBOK. ............................................................................ 41 Figura 8: Os cinco níveis de maturidade do CMMI. ................................................................ 47

Figura 9: Modelo de maturidade OPM3. .................................................................................. 50 Figura 10: Modelo de maturidade P3M3. ................................................................................. 53 Figura 11: Visão geral do Scrum. ............................................................................................. 56 Figura 12: Relacionamento entre atividades no Modelo V. ..................................................... 57

Figura 13: Modelo V aplicado de forma incremental............................................................... 58 Figura 14: Exemplo de uma estrutura analítica de riscos. ........................................................ 63 Figura 15: Distribuição de riscos seguindo a taxonomia de riscos do SEI............................... 64

Figura 16: O nível de exposição ao risco diminui ao longo do projeto. ................................... 67 Figura 17: Dimensões da gestão de riscos. ............................................................................... 68

Figura 18: Fatores críticos de sucesso para a gestão de riscos em projetos. ............................ 70 Figura 19: O espectro da incerteza. .......................................................................................... 74

Figura 20: Passos da gestão de riscos em projetos de software proposto por Boehm. ............. 77 Figura 21: Linha do tempo da história da ISO. ........................................................................ 80

Figura 22: Modelo de referência para a gestão de riscos da ISO (ISO 31000). ....................... 83 Figura 23: Hierarquia dos recursos oferecidos pelo PMI para a gestão de riscos. ................... 84 Figura 24: Processo de gestão de riscos. .................................................................................. 90

Figura 25: Estrutura da TBRI. .................................................................................................. 97 Figura 26: Cinco áreas chave para análise dos riscos. .............................................................. 98

Figura 27: Bancarização dos países. ....................................................................................... 112 Figura 28: Número de agências por 100 mil adultos bancarizados ........................................ 113 Figura 29: Etapas do estudo de caso. ...................................................................................... 126

Figura 30: Construindo teorias a partir de um estudo de caso................................................ 128 Figura 31: Modelo teórico. ..................................................................................................... 132 Figura 32: Etapas da pesquisa. ............................................................................................... 144 Figura 33: Amostra da base de dados de projetos. ................................................................. 147

Figura 34: Encadeamento de evidências. ............................................................................... 149 Figura 35: Cronograma de atividades para desenvolvimento da dissertação. ........................ 153 Figura 36: Atividades do processo Identificar e Analisar Riscos. .......................................... 161 Figura 37: Como cadastrar um novo risco. ............................................................................ 162 Figura 38: Exemplo de registro de riscos utilizando template antigo da metodologia........... 163

Figura 39: Exemplo de boletim de projetos............................................................................ 164 Figura 40: Projetos cadastrados. ............................................................................................. 165 Figura 41: Riscos cadastrados. ............................................................................................... 166 Figura 42: Projetos ativos que possuem registro de riscos. .................................................... 167

Figura 43: Tela de cadastro do risco. ...................................................................................... 171

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Figura 44: Campos disponíveis na base de dados de riscos ................................................... 172 Figura 45: Matriz de probabilidade x impacto dos riscos do projeto. .................................... 173

Figura 46: Visão geral dos processos da metodologia de gestão de projetos. ........................ 179 Figura 47: Macro fluxo do processo de gestão de demandas. ................................................ 184 Figura 48: Categorização dos projetos – distribuição por tipo. .............................................. 185 Figura 49: Principais riscos reportados pelos entrevistados. .................................................. 193 Figura 50: Pesquisa interna realizada pela área de qualidade. ............................................... 194

Figura 51: Processo de gestão de riscos. ................................................................................ 195 Figura 52: Cálculo do nível de exposição ao risco. ................................................................ 195 Figura 53: Visão gerencial do projeto. ................................................................................... 196 Figura 54: Riscos vencidos e exposição ao risco. .................................................................. 196 Figura 55: Gráfico de nuvem da frequência de palavras. ....................................................... 198

Figura 56: Gráfico de distribuição dos riscos conforme a taxonomia do SEI. ....................... 202 Figura 57: Estrutura analítica dos riscos do portfólio de projetos selecionados. ................... 204

Figura 58: Critérios de sucesso dos projetos de software. ...................................................... 209 Figura 59: Manual de desempenho dos projetos. ................................................................... 210 Figura 60: Indicador de desempenho dos projetos. ................................................................ 211 Figura 61: Seção riscos e problemas do status report do programa A. .................................. 214

Figura 62: Seção riscos e problemas do status report do programa B. .................................. 215 Figura 63: Seção riscos e problemas do status report do programa C. .................................. 216

Figura 64: Indicadores corporativos de gestão de projetos de software. ................................ 217 Figura 65: Modelo STOp de gestão de riscos para projetos de software. .............................. 219 Figura 66: Análise SWOT. ..................................................................................................... 229

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Perdas operacionais significativas no sistema financeiro. ........................................ 23 Tabela 2: Notícias sobre falhas nos sistemas de instituições financeiras brasileiras................ 24 Tabela 3: Principais categorias de riscos que serão gerenciadas e divulgadas em 2014. ......... 29 Tabela 4: Fatores de sucesso em projetos pequenos

a. ............................................................. 35

Tabela 5: Principais associações de gestão de projetos e seus modelos. .................................. 39

Tabela 6: Síntese dos sete princípios do PRINCE2. ................................................................. 43

Tabela 7: Síntese dos sete temas do PRINCE2. ....................................................................... 44

Tabela 8: Síntese dos sete processos do PRINCE2. ................................................................. 45 Tabela 9: Lista dos modelos de maturidade em gestão de projetos.......................................... 48 Tabela 10: Algumas das principais metodologias de desenvolvimento de software. .............. 54 Tabela 11: Sugestão de categorias de riscos em uma instituição financeira. ........................... 61 Tabela 12: As incertezas podem impactar o sucesso de um novo produto (exemplos). .......... 66

Tabela 13: Principais riscos em projetos de TI......................................................................... 71

Tabela 14: Exemplo de monitoramento dos principais riscos de um projeto de software. ...... 92 Tabela 15: Exemplo parcial de uma lista de verificação utilizando EAR como referência. .... 96 Tabela 16: Principais facilitadores e inibidores do alinhamento estratégico.......................... 104

Tabela 17: Critérios para avaliação da maturidade do alinhamento entre TI e negócios. ...... 104 Tabela 18: Definições de governança de TI. .......................................................................... 107

Tabela 19: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI. . 114

Tabela 20: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE PROJETOS DE TI. .. 116

Tabela 21: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE RISCOS DE TI. ........ 118 Tabela 22: Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa. .................................. 124 Tabela 23: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 1). ................ 133

Tabela 24: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 2). ................ 134 Tabela 25: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 3). ................ 136

Tabela 26: Tipos de projetos para estudos de caso. ................................................................ 138 Tabela 27: Pontos fortes e fracos das fontes de evidências utilizadas no estudo. .................. 140 Tabela 28: Vinculação dos dados às proposições. .................................................................. 140 Tabela 29: Perfil dos entrevistados e dados das entrevistas. .................................................. 155

Tabela 30: Respostas à pergunta 1. ........................................................................................ 158 Tabela 31: Respostas às perguntas 2a e 2b. ............................................................................ 168

Tabela 32: Respostas às perguntas 3a e 3b. ............................................................................ 174 Tabela 33: Status dos Projetos. ............................................................................................... 180 Tabela 34: Respostas às perguntas 4a e 4b. ............................................................................ 181 Tabela 35: Respostas às perguntas 5a, 5b e 5c. ...................................................................... 187 Tabela 36: Frequência de palavras. ........................................................................................ 197

Tabela 37: Respostas à pergunta 6. ........................................................................................ 199 Tabela 38: Distribuição dos riscos conforme a taxonomia do SEI......................................... 201 Tabela 39: Respostas à pergunta 7. ........................................................................................ 205 Tabela 40: Respostas à pergunta 8. ........................................................................................ 212 Tabela 41: Análise SWOT. ..................................................................................................... 231

Tabela 42: Visão geral da TBRI – Taxonomy-Based Risk Identification. .............................. 245 Tabela 43: Lista de assertivas sugeridas pelo GTAG12. ........................................................ 248

Tabela 44: Parte 1 – Dados do entrevistado. .......................................................................... 250 Tabela 45: Parte 2 – Roteiro de entrevista. ............................................................................. 250

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BACEN: Banco Central do Brasil

CCTA: The Central Computer and Telecommunications Agency

CMM: Capability Maturity Model

CMMI: Capability Maturity Model Integration

CMN: Conselho Monetário Nacional

CPI: Cost Performance Index

CRO: Chief Risk Officer

IEC: International Electrotechnical Commission

IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers

ITGI: Information Technology Governance Institute

FEBRABAN: Federação Brasileira de Bancos

GTAG12: Global Technology Audit Guide 12: Auditing IT Projects

IBGC: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa

IIA: Institute of Internal Auditors

IPMA: International Project Management Association

ISACA: Information Systems Audit and Control Association

ISO: International Organization for Standardization

MDS: Metodologia de Desenvolvimento de Software

MGP: Metodologia de Gestão de Projetos

OGC: The Office of Government Commerce

OPM3: Organizational Project Management Maturity Model

ORX: Operational Riskdata eXchange Association

PwC: PricewaterhouseCoopers

P3M3: Portfolio, Programme and Project Management Maturity Model

PMBOK: Project Management Body of Knowledge

PMI: Project Management Institute

PRINCE2: Projects in a Controlled Environment

SEI: Software Engineering Institute

SUSEP: Superintendência Nacional de Seguros Privados

SPI: Schedule Performance Index

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TBQ: Taxonomy-Based Questionnaire

TBRI: Taxonomy-Based Risk Identification

TI: Tecnologia da Informação

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1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

A gestão de projetos é uma disciplina recente no campo da administração. As primeiras

associações e instituições surgiram na década de 1960, mas foi a partir da década de 1990 que foi

observado um crescimento expressivo no número de seus associados, fato que colaborou com a

expansão dos estudos acadêmicos e profissionais na área (Carvalho & Rabechini, 2011).

Turner (2009) comenta que 30% da economia global é baseada em projetos. Segundo

pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers (2012), em que participaram 1.524 gerentes e

executivos envolvidos com a gestão de projetos, programas e portfólio de 38 países, foi

verificado que 97% dos respondentes concordam que o gerenciamento de projetos é crítico para o

desempenho do negócio, crescimento e sucesso da organização; ou seja, as organizações

percebem que o gerenciamento adequado de projetos é uma estratégia para se manterem

competitivas.

Os conceitos de gerenciamento de projetos, apesar de relativamente modernos, vêm

sendo amplamente aplicados em diversos setores e organizações, tais como defesa, construção,

indústrias farmacêutica e química, setor bancário, hospitais, contabilidade, publicidade, direito,

governos e Nações Unidas (Kerzner, 2013).

Gerentes de projetos experientes entendem que nem todos os projetos podem ou devem

ser gerenciados da mesma forma, pois o setor da indústria, o tipo de organização e os requisitos

são únicos para cada projeto (Project Management Institute [PMI] & Institute of Electrical and

Electronics Engineers [IEEE], 2013). Mais especificamente com relação aos projetos de

tecnologia, o The Standish Group International publica anualmente o relatório CHAOS

Manifesto, que utiliza para sua análise uma base de dados com mais de 50.000 projetos de

tecnologia. O gráfico na Figura 1 apresenta a evolução desses projetos de 2004 a 2012, e, como

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pode ser observado, nesse período menos da metade dos projetos de tecnologia foi concluído com

sucesso.

Apesar da taxa de sucesso ter aumentado nos últimos anos, em 2012, por exemplo, nota-

se que somente 39% dos projetos foram concluídos com sucesso (entregues no prazo, dentro do

orçamento, com a qualidade esperada e funções necessárias), 43% apresentaram algum tipo de

problema (atraso, estouro do orçamento, falta de qualidade e/ou não entrega de todas as funções

necessárias) e 18% falharam (foram cancelados antes da conclusão ou nunca foram utilizados).

Figura 1. Resultado dos projetos de tecnologia no período de 2004 a 2012.

Fonte: The Standish Group International, 2013.

A gestão de riscos é uma disciplina essencial para a tomada de decisões eficazes e

comunicação dos resultados dentro das organizações (International Organization for

Standardization [ISO] & International Electrotechnical Commission [IEC], 2006). Seu uso foi

incorporado à gestão de projetos na década de 1980, com a sua utilização em projetos norte-

-americanos de equipamentos de defesa, na construção civil e em indústrias de petróleo (Santos,

2007).

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Rabechini e Carvalho (2013) realizaram uma pesquisa em quatro estados brasileiros com

415 profissionais de gerenciamento de projetos no período de 2008 a 2009 e identificaram que a

gestão de riscos em projetos influencia a percepção de sucesso dos projetos. Nesse estudo, a

percepção de sucesso do projeto estava relacionada com: (1) entregar o escopo planejado;

(2) garantir a qualidade do produto final; (3) atender às expectativas do cliente; e (4) satisfazer a

equipe de projeto.

A gestão de riscos orienta a tomada de decisões, da alocação da riqueza à salvaguarda da

saúde pública, da condução da guerra ao planejamento familiar e da contratação de um seguro ao

uso do cinto de segurança. A capacidade de definir o que poderá acontecer no futuro e de optar

entre várias alternativas faz parte do cotidiano das pessoas e das organizações (Bernstein, 1997).

Em instituições financeiras, gerir riscos é um processo muito desenvolvido,

principalmente em bancos e companhias seguradoras (Salles, Soler, Valle, & Rabechini, 2010).

Para um banco, a análise de risco é um componente fundamental para garantir a competitividade

e continuidade dos negócios. Por exemplo, para aprovar a concessão de um crédito para um

cliente, o banco deve prever, por meio de modelos matemáticos, qual a real possibilidade de

recebimento desse crédito e, para isso, utiliza robustos sistemas computacionais que analisam o

perfil do cliente em conjunto com dados históricos de variáveis mercadológicas.

Desde 1992 a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) realiza estudos com as

principais instituições financeiras com o objetivo de mapear o estágio da tecnologia bancária no

País e suas tendências. A pesquisa publicada em 2014 revelou que os gastos com tecnologia no

setor bancário brasileiro continuam crescendo em ritmo acelerado, 9% ao ano, em média, desde

2009 (Figura 2), somando R$20,6 bilhões em 2013. Em 2013 o Brasil gastou R$114,4 bilhões em

tecnologia, isso significa que os gastos realizados pelo setor bancário correspondem a 18% dos

gastos de tecnologia no Brasil e mantém o País como personagem relevante no cenário

internacional do setor de tecnologia bancária, superando outros mercados emergentes, como Índia

e México, e próximo a países desenvolvidos, como França e Alemanha (Federação Brasileira de

Bancos [FEBRABAN], 2014).

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Figura 2. Gastos com tecnologia no setor bancário.

Fonte: FEBRABAN, 2014.

As despesas com software aumentaram em 20% no período de 2009 a 2013. Em 2013

passaram a representar 40% do total gasto com tecnologia, ou seja, R$8,2 bilhões (Figura 3). Isso

significa que 7,2% dos gastos com tecnologia no Brasil em 2013 foram investidos em projetos de

software no setor bancário. A aquisição e o desenvolvimento de softwares constituem a categoria

de gastos que mais cresceu, refletindo o aumento da demanda do negócio para ofertar produtos e

serviços aos clientes através de internet banking e mobile banking (FEBRABAN, 2014).

A crescente representatividade dos gastos com software é um indicativo da evolução do

setor e de sua contribuição para o desenvolvimento do mercado interno, gerando demanda por

profissionais especializados, com capacidade de estruturação e raciocínio lógico, conhecimento

em diversas plataformas de desenvolvimento, linguagens de programação, gestão de projetos e

gestão de riscos. Dentre os gastos de desenvolvimento de software, os novos

desenvolvimentos/manutenção evolutiva representam 65% dos gastos em 2013, seguido pela

manutenção corretiva/sustentação, representando 20% dos gastos (FEBRABAN, 2014).

Em 2013 as instituições financeiras anunciaram uma série de iniciativas visando às

melhorias de eficiência. Algumas delas até mesmo assumiram compromissos de metas nesse

sentido. Em geral, os programas de eficiência estabelecidos pelos bancos têm foco em redução de

custos, mudanças nas estruturas organizacionais, diminuição nos quadros de pessoal, ampliação

do nível de terceirização e reforço das estruturas de gestão de riscos (FEBRABAN, 2013b).

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Figura 3: Tipo de gastos com tecnologia no setor bancário.

Fonte: FEBRABAN, 2014.

Segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers (2013), tais iniciativas são novas fontes

de riscos para o setor bancário e corroboram a necessidade de se investir cada vez mais em gestão

de riscos. A pesquisa apresenta diversas situações que ocorrem no dia a dia das empresas e são

fontes de novos riscos para a organização; entre elas destacam-se: (1) uma grande mudança:

crescimento, reestruturações ou novos mercados, produtos e parceiros criam novos riscos;

(2) maior complexidade na estrutura operacional: contratar novos prestadores de serviços ou

outros parceiros pode criar novos riscos ao negócio; e (3) maior dependência de tecnologia: o

uso de novas tecnologias e investimentos pode criar riscos associados com as interações internas

e externas.

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA

Uma instituição financeira está sujeita a diversos tipos de riscos, entre eles: risco de

crédito, risco de imagem, risco de liquidez, risco de subscrição, risco estratégico, risco

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operacional, risco socioambiental e risco de projeto (Marshall, 2002; McNally, 2013). Até o

momento, os órgãos reguladores dos sistemas financeiros internacional e nacional não criaram

uma normativa específica para a implantação de uma estrutura de gestão de riscos de projetos nas

instituições financeiras. Para tais órgãos, a classificação de risco mais próxima para os riscos de

projetos de software é o risco operacional (Deloitte, 2014).

A gestão de riscos é essencial para garantir a solidez de uma instituição financeira;

contudo, somente os riscos identificados podem ser analisados e monitorados adequadamente. Se

uma operação bancária está sujeita à regulamentação de órgãos externos, tais como CMN

(Conselho Monetário Nacional), Banco Central do Brasil (Bacen) e auditorias externas, e esses

órgãos devem, entre outras funções, monitorar como os bancos estão controlando seus riscos, é

factível que os riscos de projetos de software que envolvem bilhões de reais também sejam

monitorados.

A Resolução do CMN nº 3.380, de 2006, que está em linha com a definição do Acordo

de Capitais Basileia II, define que risco operacional é a possibilidade de ocorrência de perdas

resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de

eventos externos. Entre os eventos de risco operacional podem-se destacar falhas em sistemas de

tecnologia da informação e falhas na execução, no cumprimento de prazos e na gestão das

atividades na instituição. A estrutura de gestão do risco operacional deve prever identificação,

avaliação, monitoramento, controle e mitigação do risco operacional (Aaltonen, 2012).

Marshall (2002, p. 270) esclarece como a gestão de riscos de projetos diferencia-se da

gestão de risco operacional:

A gerência de projeto está se tornando mais importante dentro das empresas de serviços

financeiros à medida que um maior número de atividades se tornam únicas e não repetidas e à

medida que as empresas se direcionam à habilitação individual e organizações mais

horizontalizadas. Um aspecto crítico da gerência de projeto é a avaliação dos riscos do projeto,

necessária sempre que a empresa se vê frente a novos procedimentos ou processos, mudanças

gerenciais, mudanças de pessoal, programas novos ou únicos ou mudanças no padrão dos

problemas. Infelizmente, a gerência dos riscos de projetos se torna especialmente difícil por sua

natureza de execução única. Ela envolve tarefas não familiares com riscos não familiares,

muitas vezes com pessoas não familiarizadas uma com as outras e uma estrutura organizacional

com metas de projeto mal definidas. Tudo isto se combina para exacerbar os riscos. Mais ainda,

a identificação e a medição podem ser mais difíceis para riscos de projeto do que para os riscos

operacionais continuados. Existem duas razões para isto. A primeira, a ausência de dados

históricos torna a análise detalhada não confiável. A segunda, a ordem das atividades no projeto

faz diferença no nível de risco do projeto. Isto raramente é verdade nos processos operacionais,

para os quais podemos pressupor um estado estável, baseado em uma longa experiência com o

processo.

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A Tabela 1 apresenta algumas perdas operacionais significativas que ocorreram nos

últimos anos no sistema financeiro internacional.

Tabela 1: Perdas operacionais significativas no sistema financeiro.

Classificação Ano Instituição

financeira

Valor

(US$ milhões) Descrição

Fraude interna 2008 Societé Generale 6.750

Manipulação dos registros de

negociação de operações ocultou perdas

no mercado de futuros, que se

acumularam.

Fraude interna 1995 Barrings 1.298

Manipulação dos registros de

negociação de operações ocultou perdas

no mercado de derivativos, que se

acumularam.

Fraude externa 1999 Republic New York 611 Fraude cometida por cliente de custódia.

Falhas em

sistemas 2004 Sumitomo Mitsui 350

Uso de key-logger, programa capturador

do que se digita para acesso a senhas e

desvio de recursos.

Demandas

trabalhistas 2004 Merril Lynch 250

Acordo extrajudicial por discriminação

a mulheres no trabalho.

Danos a ativos

físicos 2001 Bank of New York 140

Danos monetários pelo atentado de 11

de setembro.

Nota. Fonte: Aaltonen, 2012.

A Operational Riskdata eXchange Association (ORX – Bolsa Internacional de Troca de

Dados de Perdas Operacionais) é uma organização sem fins lucrativos dedicada ao avanço da

mensuração e gestão do risco operacional no mercado financeiro global. Foi fundada em 2002

com o objetivo principal de criar uma plataforma para a troca segura e anônima de dados de alta

qualidade sobre perdas com riscos operacionais e é controlada por 66 bancos de 20 países, entre

eles: Banco Bradesco S.A., Banco do Brasil S.A., Banco Votorantim S.A., Itaú Unibanco S.A. e

Grupo Santander (http://www.orx.org, recuperado em 9 novembro, 2014). A ORX divulgou que

o valor médio das perdas operacionais registradas entre 2002 e 2007 por falhas de sistemas e

gestão inadequada de atividades nos bancos correspondeu a 0,6% do total de suas receitas brutas

(Superintendência Nacional de Seguros Privados [SUSEP], 2012).

Muitos projetos no Brasil são desenvolvidos sem que haja o adequado uso de

metodologias e/ou modelos de gestão de risco. A não utilização de uma gestão de riscos eficaz

pode causar inúmeras perdas nos projetos, de caráter financeiro e de recursos, com intensidade e

impactos variáveis (Rovai, 2005).

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Na Tabela 2 encontram-se algumas notícias publicadas nos jornais sobre falhas nos

sistemas de instituições financeiras brasileiras.

Tabela 2: Notícias sobre falhas nos sistemas de instituições financeiras brasileiras.

Jornal Data Notícia

Terra 27/01/2012 IPVA: troca de bancos e falha em sistema gera confusão no RJ. Troca

de bancos para emissão de guias, do Itaú para o Bradesco, e a posterior

falha na migração do sistema via Detran do Imposto sobre a Propriedade

de Veículos Automotores (IPVA), no Rio de Janeiro, trouxeram

problemas para os contribuintes que quiseram deixar em dia a

documentação do carro (Naddeo, 2012).

Portal T1 Notícias 09/03/2013 Por falhas em sistema de banco, cartões de servidores continuam

bloqueados. Os 1.645 servidores públicos do Estado de Tocantins que

contraíram empréstimos consignados no Banco Bonsucesso tiveram seus

cartões bloqueados; isso porque, devido a uma falha no sistema do banco,

mesmo o Estado tendo feito o desconto em folha, o pagamento não foi

creditado (Pereira, 2013).

Folha de São Paulo 26/08/2013 Brechas em sites do Bradesco e do Banco do Brasil expõem milhões de

clientes. Diferentes brechas de segurança encontradas nos sites do Banco

do Brasil, do Bradesco, do serviço de pagamentos Moip e da Boa Vista

Serviços (administradora do cadastro de devedores SCPC) expuseram

recentemente dados privados de milhões de pessoas (Gonzaga, 2013).

Folha de São Paulo 10/12/2013 Falha em aplicativos do Banco do Brasil expõe contas de clientes. Uma

falha na implantação de um aplicativo do Banco do Brasil para iPhone e

Android em 09/12/2013 permitiu que usuários tivessem acesso a extratos e

a dados de outros clientes que também estivessem usando o aplicativo no

mesmo momento (Gonzaga, 2013).

Sindicato dos

Bancários Bahia

16/12/2013 Nova falha no sistema do Banco do Brasil. No dia 15/12/2013 os caixas

eletrônicos e o internet banking ficaram fora do ar, impossibilitando a

realização de operações (Sindicado Bancários Bahia, 2013).

Portal IG 02/01/2014 Problema no Itaú gerou cobrança em dobro na véspera do Ano Novo. Um problema no sistema de processamento do Itaú gerou duplicidade de

algumas compras feitas com cartão de débito por clientes do banco

(Almeida, 2014).

Valor Econômico 24/09/2014 Pane derruba faturamento da Allianz no país. A seguradora alemã

Allianz perdeu quase 40% do faturamento de seguros de sua operação

brasileira no primeiro semestre decorrente de problemas na troca de seu

sistema operacional no começo deste ano. Clientes ficaram sem

atendimento e corretores não conseguiam fazer negócios (Folego, 2014).

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Alberts e Dorofee (2012), com a equipe de engenheiros do Software Engineering

Institute (SEI), identificaram que, embora a maioria das organizações utilize a gestão de riscos

durante o desenvolvimento de projetos de software críticos, falhas evitáveis continuam a ocorrer

em um ritmo alarmante. Em muitos casos, as causas dessas falhas podem ser atribuídas às

deficiências nas práticas de gestão de risco utilizadas pelos gestores dos projetos e suas

organizações. Por exemplo, por meio de avaliações independentes os autores observaram que

diversos riscos significativos não são levados ao conhecimento dos tomadores de decisão.

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Quando os tomadores de decisão não têm conhecimento dos riscos, eles são incapazes de tomar

medidas para mitigá-los.

Entre os processos de gestão de riscos, o processo de identificação de riscos é a origem

de todo o processo e exige um elevado grau de conhecimento e criatividade, demandando a

opinião de especialistas (Chapman & Ward, 2004; Chapman, 1990). Uma ferramenta muito útil

que pode ajudar os gerentes de projetos a serem mais assertivos na identificação de riscos é a

utilização de uma lista com os riscos de maior probabilidade e impacto gerados a partir de bases

históricas de sua organização e/ou ramo de atividade (Holzmann & Spiegler, 2011).

Existem listas genéricas com o principais riscos de projetos de software (Boehm, 1991;

Koolmanojwong & Boehm, 2013). Entretanto, Holzman e Spiegler (2011) demonstraram que

organizações que possuem bases de dados históricas podem gerar suas próprias listas com os

maiores riscos desses projetos, ou seja, são listas específicas que refletem, além das

características do tipo de projeto, a realidade da organização e/ou de um setor.

Os projetos de software em uma instituição financeira são utilizados como instrumento

para materializar a estratégia da organização, sendo assim, o sucesso desses projetos é

fundamental para garantir o avanço da organização a um novo patamar de serviços e produtos.

Apesar de sua importância estratégica, observa-se na mídia e na pesquisa do The Standish Group

International que diversos projetos de software fracassam tanto em organizações financeiras

quanto em outros tipos de organizações.

Para melhorar o sucesso dos projetos de software, é necessário aplicar os processos de

gestão de riscos de forma contínua e metodológica ao longo de todo o ciclo de vida do projeto. O

uso adequado desses processos é fundamental na fase de planejamento, pois os riscos

identificados logo no início do projeto são insumos importantes para garantir estimativas de custo

e prazo reais, além de determinar a viabilidade econômico-financeira do projeto (Rovai, 2005).

Depreende-se que um dos desafios dos gestores de projetos de software, não é apenas

entregar os projetos, mas entregá-los com qualidade cumprindo o planejamento de custo, escopo

e prazo. Para isso torna-se necessária a utilização de técnicas e ferramentas de gestão de riscos

adaptadas à realidade desses profissionais.

A fim de direcionar a realização do estudo, foi formulada a seguinte questão de

pesquisa:

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– Como deve ser estruturado um modelo de gestão de riscos que seja aplicável a projetos

de software no setor bancário brasileiro?

1.3 OBJETIVO DA PESQUISA

Esta pesquisa tem como objetivo principal propor um modelo de gestão de riscos que

seja aplicável a projetos de software no setor bancário brasileiro.

Como objetivos específicos destacam-se os seguintes:

a) Definir os critérios necessários para agrupar os riscos identificados e armazenados em

bases históricas de projetos de software.

b) Agrupar os riscos dos projetos de software permitindo identificar e priorizar os

principais riscos.

c) Apresentar aos executivos uma visão estratégica dos principais riscos de projetos de

software.

1.4 RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA

Segundo Boehm and DeMarco (1997), gerenciar o risco de projetos de software faz

muito sentido, mas divulgar seus resultados para o mercado pode ter sérias implicações para uma

organização. Se um software falha, a existência de um plano formal de gestão de riscos que

reconhecia a possibilidade de tal falha poderia complicar, e até mesmo comprometer legalmente,

a organização e seus representantes. Esta é umas das razões que justifica a ausência de

publicações com dados históricos de riscos de projetos de software.

O objetivo desta dissertação é propor um modelo prescritivo, porque, de acordo com

Martins e Theóphilo (2009), o modelo é uma explicação da teoria. Trata-se de uma forma de

caracterizar as ideias fundamentais da teoria com o auxílio de conceitos conhecidos. Um modelo

tem as seguintes funções: (a) seletiva – permite que fenômenos complexos sejam visualizados e

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compreendidos; (b) organizacional – classifica os elementos da realidade segundo um esquema;

(c) fertilidade – evidencia outras aplicações em distintas situações; (d) lógica – permite explicar

como ocorre o fenômeno; (e) normativa – permite prescrições; e (f) sistêmica – orienta os

procedimentos de forma sequencial e estruturada.

Modelos prescritivos são aqueles que indicam padrões a serem seguidos ou que relatam

as melhores práticas (Laurindo, Shimizu, Carvalho, & Rabechini, 2001), ou seja, definem um

conjunto prescrito de elementos organizados em um fluxo de trabalho previsível (Pressman,

2011, p. 59). Mesmo quando o que acontece for sem precedentes, em um modelo prescritivo, os

acontecimentos são valorizados por sua similaridade com o sistema constituído, trazendo ordem

ao caos existente (Sahlins, 1990, p. 13).

As questões referentes à gestão de riscos em projetos de software são um assunto

relativamente novo no Brasil, e frequentemente causam confusão e mal entendido entre os

profissionais brasileiros (Schmitz, Alencar, & Villar, 2007). Cada projeto tem suas características

únicas e é executado em um ambiente específico; logo, não existe um catálogo de riscos-padrão

que atenda a todos os tipos de projeto. Torna-se necessário que cada organização ou setor

desenvolva seu próprio catálogo para garantir maior assertividade na gestão de riscos. Os

problemas mais comuns em projetos dizem respeito a objetivos mal definidos, planejamento de

má qualidade, proposta malfeita, falhas na execução, má organização e também falta de técnicas

de controle empregadas pelo gerente do projeto (Maximiano, 2010).

Silva, Chamon e Camarini (2006) realizaram uma pesquisa na região do Vale do Paraíba

– SP. Foram entrevistados 16 profissionais (gerentes e coordenadores) que atuavam em projetos

de software. A amostra estava inserida em 11 organizações distintas operando nos setores da

indústria, serviços e governo. Foi verificado que os gerentes realizam o gerenciamento de risco

de modo intuitivo e informal, por meio dos mecanismos de controle usados para gerenciar outras

dimensões do projeto, como escopo, custos, prazos e aquisições. Entre as dificuldades para a

realização de um gerenciamento efetivo de riscos, os participantes da amostra indicaram os

prazos curtos, a falta de recursos e a falta de cultura e de conhecimento sobre a gestão de risco.

Percebeu-se, também, que alguns gerentes entendem o gerenciamento de risco como uma

auditoria similar àquelas realizadas pela área da qualidade.

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Silva (2011), com o objetivo de selecionar artigos brasileiros e suas considerações sobre

o tema de riscos em projetos de sistemas de informação, realizou uma pesquisa on-line em 15

importantes periódicos nacionais. A pesquisa foi realizada utilizando-se o termo “risco” para a

busca e, na sequência, foi realizada a análise dos artigos apresentados no resultado da busca para

avaliar se estavam relacionados ao tema de riscos em projetos de software. Como resultado dessa

pesquisa constatou-se que não há artigos relevantes sobre o tema nos periódicos selecionados.

Leopoldino e Borenstein (2011) revisaram a literatura e não identificaram nenhum

trabalho no Brasil sobre a identificação de categorias de riscos em projetos de software. Sendo

assim, realizaram uma pesquisa com 81 profissionais brasileiros que atuavam em projetos de

software e, com base nos riscos identificados, sugeriram uma estrutura de riscos com sete

categorias.

A gestão de riscos dos negócios é algo que já faz parte da realidade das empresas

brasileiras – especialmente as que participam de setores regulados ou têm ações negociadas em

bolsa. A pesquisa “O estágio atual da gestão de riscos – estratégias e ações para o crescimento

sustentável”, realizada pela Deloitte (2014) com 84 empresas, sendo sete instituições financeiras

e a maioria das empresas de grande porte com faturamento anual acima de R$1 bilhão, dispõe-se

a mensurar o estágio de maturidade das práticas de gestão de riscos das empresas que atuam no

Brasil.

A pesquisa revelou que, apesar da falta de categorização dos riscos em projetos por parte

dos órgãos reguladores do setor financeiro, as organizações começaram a se preocupar com essa

categoria de riscos. Conforme pode ser observado na Tabela 3, a categoria “Investimentos e

projetos” passou a ser considerada uma das principais categorias de riscos que serão gerenciadas

pelas empresas em 2014, mas seus resultados não serão reportados ao mercado, pois não estão

relacionados a nenhuma lei ou regulamentação vigente. As categorias de riscos estão

classificadas por ordem de importância para os entrevistados.

A complexidade do mercado financeiro e suas regulamentações aumentam o desafio da

gestão de riscos em um banco. A complexidade é tamanha que 83% dos bancos brasileiros já

apresentam executivos na função de Chief Risk Officer (CRO) reportando-se diretamente ao

Presidente. O CRO é o executivo responsável pela área de gestão de riscos de uma empresa, algo

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que envolve a identificação, a análise e a mitigação de ameaças internas e externas aos negócios

(FEBRABAN, 2013a).

Tabela 3: Principais categorias de riscos que serão gerenciadas e divulgadas em 2014.

Riscos gerenciados internamente Riscos reportados ao mercado

Aderência a regras Condições econômicas e tendências de indústria

Tributário e fiscal Mercados

Trabalhista Leis e regulamentações

Ética, fraude e canal de denúncia Concorrência

Fluxo de caixa Geopolítica

Reputação e imagem Ambiental, saúde e segurança

Segurança da informação Compliance legal e regulatório

Concorrência e mercado Gestão de contratos

Alçadas de aprovação Litígios e resolução de conflitos

Gestão de contratos Perigos e perdas catastróficas

Investimentos e projetos Reputação e relacionamento com as partes interessadas

Nota. Fonte: Deloitte, 2014.

Considerando a importância do setor bancário para o Brasil, a ausência de informações e

normativas sobre riscos em projetos no setor, a necessidade que esse tipo de organização tem de

gerir os riscos adequadamente e os altos investimentos em projetos de software, este estudo busca

auxiliar tanto pesquisadores quantos profissionais da área, contribuindo com a formação de uma

base de dados histórica sobre os riscos desses projetos.

Segundo Martins e Theóphilo (2009), uma questão de pesquisa pode ser motivada por

circunstâncias profissionais e esta foi justamente a fonte de inspiração para este estudo: a

dificuldade do autor em identificar riscos comuns aos projetos de software no ambiente de

trabalho. Esse interesse foi reforçado pelo artigo de Thamhain (2013), o qual explica que é

possível destacar três grupos de variáveis inter-relacionadas que devem ser consideradas na

gestão de riscos: grau de incerteza, complexidade e impacto. Entender essas variáveis é

importante para selecionar o modelo de gestão de riscos mais adequado, além das pessoas e

organizações necessárias para lidar eficientemente com a situação de risco específica.

Em síntese, os fatores que contribuíram para o interesse no desenvolvimento do tema

desta dissertação são os seguintes:

– Os modelos de referência desenvolvidos por renomados autores e instituições

internacionais não são específicos para o setor bancário brasileiro;

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– Em uma instituição financeira a gestão de riscos é tão complexa e importante que

possui uma área executiva responsável por esse assunto;

– Em 2013, os valores investidos em projetos de software no setor bancário

representaram 7,2% dos gastos com tecnologia no Brasil (R$ 8,2 bilhões);

– O Brasil tem carência de estudos e bases históricas sobre riscos de projetos de

software.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Além deste capítulo introdutório, a dissertação está estruturada da seguinte forma:

– Capítulo 2 – Referencial Teórico.

Este capítulo contém a revisão da bibliografia organizada da seguinte forma:

. Gestão de Projetos de TI (Tecnologia da Informação) – conceitos, histórico, sucesso

em projetos de software, tipologia de projetos, modelos de referência em gestão de projetos,

modelos de maturidade em gestão de projetos e metodologias de software.

. Gestão de Riscos de TI – conceitos, histórico, categorização de riscos, riscos em

projetos, riscos em projetos de software, gestão de riscos em projetos, gestão de riscos em

projetos de software, modelos de referência em gestão de riscos e identificação dos riscos.

. Gestão Estratégica de TI – conceitos, histórico, alinhamento estratégico de TI e

negócios, governança de TI e o setor bancário brasileiro.

. Síntese do Referencial Teórico – resumo do referencial teórico organizado por tema,

subtema, autor e aspectos relevantes.

– Capítulo 3 – Metodologia da Pesquisa.

Neste capítulo apresentam-se os procedimentos metodológicos que orientaram a coleta e

análise de dados, bem como as limitações da pesquisa.

– Capítulo 4 – Análise e Interpretação dos Resultados.

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31

Este capítulo apresenta a descrição dos achados da pesquisa e a verificação das

proposições realizadas.

– Capítulo 5 – Conclusões.

Este capítulo apresenta as conclusões e reflexões acerca dos dados analisados, sempre

considerando o referencial teórico existente e respondendo a questão de pesquisa.

– Capítulo 6 – Contribuições para a Prática.

Este capítulo apresenta uma Análise SWOT da organização estudada com base no

modelo proposto.

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32

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GESTÃO DE PROJETOS DE TI

2.1.1 Conceitos e Histórico

De acordo com o Project Management Institute (PMI, 2013a) um projeto pode ser

definido como um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado

exclusivo e a gestão de projetos pode ser definida como a aplicação do conhecimento,

habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos.

Segundo o OGC (The Office of Government Commerce [OGC], 2009) um projeto pode

ser definido como uma organização temporária que é criada com o objetivo de entregar um ou

mais produtos de negócios em conformidade com o caso de negócios aprovado e a gestão de

projetos pode ser definida como o planejamento, delegação, monitoramento e controle de todos

os aspectos do projeto, e a motivação dos envolvidos, para alcançar os objetivos do projeto dentro

das metas de desempenho esperadas para o tempo, custo, qualidade, escopo, benefícios e riscos.

As últimas décadas têm sido caracterizadas por mudanças significativas. Nos anos 60 o

foco era a produção em massa onde as empresas de manufatura se esforçaram para aumentar a

produção com a introdução de novos métodos e sem grandes preocupações com a qualidade.

Durante os anos 70 o objetivo principal era produzir com qualidade e mantendo a alta

produtividade, impondo para isso uniformidade e restringindo a variedade de produtos. Nos anos

80 foi dada ênfase na variedade de produtos, pois os clientes queriam produtos diferenciados,

para isso as empresas introduziram sistemas flexíveis de manufatura enquanto mantinham a

qualidade e alta produção. Nos anos 90 os clientes queriam novidades, ao comprar um produto

novo não queriam um modelo antiquado e o tempo de desenvolvimento de produtos e sua via útil

no mercado encolheu requerendo que novos produtos fossem introduzidos rapidamente e de

maneira eficiente (Turner, 2009).

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Agora os consumidores querem novas funcionalidades, um celular, por exemplo, não faz

somente ligações telefônicas, serve para enviar mensagens, e-mails, acessar internet, tocar

música, jogar jogos, tirar fotografias e outras coisas. As empresas precisam adotar estruturas

flexíveis para responder as mudanças do ambiente e para ganhar competitividade devem manter-

se em constante processo de melhoria de seus processos de negócios. Muitos clientes esperam

que todo produto seja feito sob medida e todo produto seja um mini projeto (Turner, 2009).

Acompanhando as mudanças que ocorreram nas organizações nas últimas décadas, a

gestão de projetos também tem evoluído. Foi a partir da década de 60 que surgiram as primeiras

associações dedicadas ao estudo do gerenciamento de projetos, como o PMI e o International

Project Management Association (IPMA). Na década de 70 surgem softwares de apoio à Gestão

de Projetos que se consolidam na década seguinte. Nas décadas de 80 e 90 se consolidam as boas

práticas de gestão de projetos, inclusive na segunda metade da década de 90 observa-se um

crescimento acentuado das associações e instituições de gerenciamento de projetos. Em 1996

surgiu a primeira edição do Project Management Body of Knowledge (PMBOK) que é o guia de

conhecimento em gerenciamento de projetos publicado pelo PMI. Ainda na década de 90 os

gerentes de projetos aprenderam a desenvolver seus empreendimentos, administrando

isoladamente escopo, prazo, custos e qualidade. A partir da virada do milênio observa-se que é

necessário aprimorar algumas áreas de conhecimento, como é o caso da gestão de riscos em

projetos (Carvalho & Rabechini, 2011).

2.1.2 Sucesso em Projetos

Bakker, Doonstra e Wortmann (2010) estudaram a evolução do conceito de sucesso para

projetos de software. De acordo com suas pesquisas bibliográficas, o conceito tradicional de

sucesso de projeto utilizando os critérios de custo, prazo e escopo é frequentemente utilizado em

publicações que estudam a relação entre a gestão de riscos e o sucesso dos projetos de software.

Entre as 26 publicações analisadas no período de 1997 a 2009, todas utilizando dados empíricos,

aproximadamente dois terços ainda utilizam a tríplice restrição para avaliar o sucesso do projeto.

O sucesso em projetos é um assunto que gera bastante discussão, pois o sucesso de um

projeto pode ser avaliado por diversas perspectivas. Cada pessoa ou organização envolvida no

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projeto pode ter um critério diferente para avaliar o sucesso do projeto, e muitas vezes, ao atender

o critério de uma pessoa ou organização específica, a avaliação dos demais grupos pode sofrer

impacto negativo (Carvalho & Rabechini, 2011).

O conceito mais tradicional para avaliar o sucesso em um projeto está baseado no

"triângulo de ferro", denominação da tríplice restrição: custo, prazo e escopo (também conhecida

como desempenho técnico). Dessa forma, para que um projeto seja considerado um sucesso, deve

ser realizado dentro do orçamento planejado, cumprir o cronograma estabelecido e entregar um

produto ou serviço conforme as especificações solicitadas pelas partes interessadas. Entretanto,

tal conceito de sucesso em projetos é ambíguo, pois por um lado existem projetos concluídos

dentro prazo e orçamento planejados que foram considerados um fracasso e, por outro lado

também existem projetos concluídos acima do prazo e orçamento planejados que foram

considerados um sucesso (Pinto & Slevin, 1988).

Figura 4: Avaliação do sucesso do projeto no tempo.

Fonte: Pinto & Slevin, 1988.

Pinto e Slevin (1988) abordam a importância de avaliar periodicamente o sucesso do

projeto, pois determinar seu sucesso ou fracasso somente ao final do projeto pode ser desastroso.

Conforme Figura 4, os autores organizam no tempo o sucesso do projeto em duas perspectivas:

(1) projeto – são os fatores internos ao projeto – custo, prazo e escopo – que determinam sua

eficiência, ou seja, o projeto é realizado pela equipe conforme planejado; e (2) cliente – são os

fatores externos ao projeto que determinam a eficácia do produto ou serviço gerado pelo projeto,

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ou seja, o resultado do projeto gera os benefícios esperados pelo cliente. Os fatores externos são:

uso – o projeto será ou está sendo utilizado adequadamente pelos clientes; satisfação – o cliente

está satisfeito com as entregas intermediárias e finais do projeto; e eficácia – os benefícios

esperados serão ou estão sendo colhidos.

O Standish Group acompanha a evolução do sucesso dos projetos de software desde

1985 utilizando as variáveis da tríplice restrição como fatores de sucesso. Na publicação de 2013

observa-se um aumento no número de projetos pequenos e ágeis e diminuição dos projetos

maiores que utilizam metodologias de desenvolvimento de software em cascata

(desenvolvimento sequencial onde as entregas são realizadas somente ao término do projeto).

Para acompanhar esta mudança no ambiente de desenvolvimento de software e respeitar as

características dos projetos ágeis, o Standish Group criou uma versão especial dos fatores de

sucesso para estes projetos. A Tabela 4 descreve estes fatores e seu respectivo peso no cálculo da

taxa de sucesso do projeto.

Tabela 4: Fatores de sucesso em projetos pequenos a.

Fator de sucesso Descrição Pontos

Suporte do executivo

A pessoa mais importante em um pequeno projeto é o patrocinador (executivo),

sendo assim, o patrocinador é o principal responsável pelo sucesso ou fracasso

do projeto.

20

Envolvimento do

usuário

As pesquisas demonstram claramente que os projetos que não possuem o

envolvimento adequado do usuário apresentam baixo desempenho. A

participação do usuário tem um papel fundamental na resolução de problemas.

15

Desempenho Escopo de trabalho pequeno, bem definido e com baixa complexidade permite

entregas rápidas com sucesso. 15

Recursos qualificados Um projeto é feito de pessoas e a equipe do projeto é peça chave para garantir o

sucesso do projeto. 13

Experiência em gestão

de projetos

O controle do progresso dos pequenos projetos é essencial para garantir a

colaboração entre a equipe do projeto e os usuários. 12

Processos ágeis

Utilização da filosofia dos projetos ágeis e adequada utilização dos processos

para garantir o envolvimento do usuário, suporte do executivo e outros fatores

de sucesso.

10

Outros Objetivos do negócio claros; maturidade emocional; execução; e ferramentas e

infraestrutura. 15

Nota. Fonte: adaptado de The Standish Group International, 2013. a Projetos pequenos são aqueles onde o custo com a força de trabalho é inferior a US$ 1milhão e projetos grandes são

aqueles onde o custo com a força de trabalho é superior a US$10 milhões.

Segundo Agarwal and Rathod (2006) o sucesso é um fenômeno relativamente raro no

mundo dos projetos de software. Os autores realizaram uma pesquisa e identificaram que existe

uma grande diferença na percepção do significado de sucesso nas mentes das pessoas que

avaliam o desempenho do projeto de software. Os stakeholders externos ao projeto entendem que

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realizar o custo e prazo planejados significa o sucesso do projeto; entretanto, para os stakeholders

internos (desenvolvedores, gerentes de projeto e gerentes de conta) o mais importante é entregar

o escopo solicitado com a qualidade necessária.

Para o PMI (2013a) o sucesso do projeto deve ser medido em termos da sua conclusão

dentro das restrições de escopo, tempo, custo, qualidade, recursos e risco, conforme aprovado

entre os gerentes de projetos e a equipe sênior. Para garantir a realização dos benefícios do

projeto empreendido, um período de teste pode ser parte do tempo total do projeto antes da sua

entrega para operação permanente. O sucesso do projeto deve referir-se às últimas linhas de base

aprovadas pelas partes interessadas autorizadas.

2.1.3 Tipologia de Projetos

Patah (2010) descreve a importância da classificação dos projetos:

Com o objetivo de avaliar e comparar o sucesso nos projetos é necessário classificá-los segundo

critérios pré-definidos. Além do próprio levantamento dos critérios, é necessário identificar os

projetos e as informações relacionadas aos mesmos que permitam a aplicação dos critérios.

Crawford, Hobbs e Turner (2006) explicam que as organizações que realizam muitos

projetos precisam identificar seus tipos de projetos e criar um sistema de categorização de

projetos adequado a sua realidade, pois dessa forma é possível descrever e comparar os projetos

entre si. Para isso criaram um modelo que permite às organizações examinarem seus sistemas de

categorização de projetos existentes, entenderem melhor como eles funcionam e orientar como

estes sistemas podem ser reorganizados. As principais razões para isso são:

– Garantir o alinhamento estratégico: priorizar os melhores projetos para maximizar o

retorno do investimento do portfólio de projetos; e controlar a eficácia dos investimentos em

projetos;

– Desenvolver as competências corretas: conhecer suas áreas de atuação estratégica;

desenvolver as competências necessárias para realizar o projeto com sucesso; alocar os recursos e

fornecer as ferramentas adequadas para o projeto;

– Diferenciar os projetos das operações rotineiras;

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– Diferenciar projetos, programas e portfólio de projetos;

– Fornecer uma linguagem comum;

– Criar uma cultura de gestão de projetos.

Segundo Padovani (2007), uma forma bastante simples de classificar os projetos dentro

de uma organização é organizá-los conforme sua finalidade, por exemplo: manutenção,

infraestrutura de P&D, informática ou engenharia. Segundo pesquisa realizada por Castro e

Carvalho (2010) com 31 participantes de diversas empresas brasileiras, identificou-se que 74%

das organizações pesquisadas adotam a categorização de projetos por finalidade, com destaque

para os projetos de desenvolvimento de tecnologia e de sistemas de informação, conforme

apresentado na Figura 5. É importante destacar que existe uma concentração de respostas

oriundas de empresas do setor financeiro (26%).

Figura 5: Projetos categorizados por finalidade.

Fonte: Castro & Carvalho, 2010.

Shenhar e Dvir (2007) fazem uma crítica ao modelo processual tradicional de gestão de

projetos e sugerem uma abordagem contingencial que considere as diferentes características dos

projetos. A Figura 6 apresenta graficamente o modelo. O modelo NTCP (Novidade, Tecnologia,

Complexidade e Passo), também conhecido como modelo Diamante, sugere que o estilo de

gestão de projetos deve ser adaptado ao tipo de projeto. Para isso os autores sugerem que os

projetos sejam classificados de acordo com quatro dimensões:

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Figura 6: Modelo diamante.

Fonte: Shenhar & Dvir, 2007.

(1) novidade – representa as incertezas do objetivo do projeto e do mercado. Busca

medir se os produtos ou serviços resultantes do projeto são novos para os clientes, usuários ou

mercado em geral, além do nível de clareza dos requisitos do produto na fase de planejamento do

projeto. O tempo disponível para concluir os requisitos do produto e a acurácia e confiabilidade

dos dados de mercado determinam a estrutura de gestão necessária para conduzir o projeto;

(2) tecnologia – representa o nível de incerteza existente na tecnologia necessária para

desenvolver o projeto, ou seja, quanto mais nova a tecnologia, maiores os riscos para o projeto e

maior a quantidade de controles necessários para garantir o sucesso do projeto. O tempo

disponível para concluir o desenho do projeto e a intensidade das atividades técnicas determinam

as habilidades técnicas necessárias tanto para o gerente do projeto quanto para a equipe;

(3) complexidade – representa não apenas a complexidade do produto, mas também os

processos, tarefas e organização do projeto. Afeta a organização do projeto e o nível de

burocracia e formalidade necessária para realizar a gestão conforme esperado;

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(4) Passo – representa a urgência do projeto, ou seja, quanto tempo disponível existe

para completar o trabalho. Impacta o tempo disponível para as fases de planejamento e revisões, a

autonomia da equipe do projeto, e os projetos mais urgentes exigem maior envolvimento da

gerência sênior.

Rabechini e Carvalho (2009) realizaram uma revisão da literatura para analisar o

relacionamento entre os fatores críticos de sucesso e as tipologias de projeto. A proposição da

pesquisa sugeria que os fatores críticos de sucesso não são absolutos, mas sim relativos às

contingências dos projetos, ou seja, alguns fatores seriam mais significativos para o sucesso,

conforme a tipologia de projeto. Verificou-se com este estudo que a abordagem contingencial de

gestão de projetos tem crescido; entretanto, o relacionamento entre a literatura de fatores críticos

de sucesso com a abordagem contingencial não se apresentou consolidada.

2.1.4 Modelos de Referência em Gestão de Projetos

Segundo Patah (2010), existem diversos modelos de referência de gestão de projetos

disponíveis para utilização por profissionais e organizações. Os modelos mais difundidos são

disponibilizados por institutos e associações dedicados ao estudo de projetos e podem ser

observados na Tabela 5.

Tabela 5: Principais associações de gestão de projetos e seus modelos.

Instituto Modelo País de

origem Foco Website

PMI – Project

Management Institute

Project Management Body

of Knowledge (PMBoK)

EUA Gestão geral de

projetos

www.pmi.org

IPMA –International

Project Management

Association

ICB – IPMA Competence

Baseline

União

Europeia

Gestão geral de

projetos

www.ipma.ch

AIPM – Australian

Institute of Project

Management

AIPM – Professional

Competency Standards for

Project Management

Austrália Gestão geral de

projetos

www.apm.org.uk

OGC – Office of

Government Commerce

PRINCE2 – Projects in

Controlled Environments

Reino

Unido

Gestão de

projetos de

sistemas de

informação

http://www.prince-

officialsite.com

JPMF – Japan Project

Management Forum

ENAA Model Form-

International Contract for

Process Plant Construction

Japão Gestão de

projetos de

construções

www.enaa.or.jp

Nota. Fonte: Patah, 2010.

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Nesta dissertação serão abordados o modelo do PMI que é a instituição com maior

número de associados no Brasil e o modelo do OGC que tem foco em projetos de software.

2.1.4.1 PMBOK – Project Management Body of Knowledge

O PMI (Project Management Institute) foi criado nos EUA em 1969, é uma instituição

sem fins lucrativos dedicados ao avanço do gerenciamento de projeto contando com um conjunto

de normas direcionadas a esse tema. Em 1987, o PMI publicou a primeira versão do PMBOK,

documento que busca fornecer uma referência básica do conhecimento das práticas de

gerenciamento de projetos. Atualmente, o mesmo encontra-se em sua quinta edição, publicada

em 2013. Este documento é aceito pela ANSI (American National Standard Institute) (Patah,

2010).

O PMBOK fornece diretrizes para o gerenciamento de projetos individuais e define os

conceitos relacionados com o gerenciamento de projetos. Ele também descreve o ciclo de vida de

gerenciamento de projetos e seus respectivos processos, assim como o ciclo de vida do projeto. O

PMI e o IEEE Computer Society firmaram uma parceria e elaboraram o guia Software Extension.

Este guia complementa o PMBOK e fornece diretrizes para os gestores de projetos de software

(PMI, 2013a; PMI & IEEE, 2013).

O PMBOK (2013a) descreve 47 processos necessários para a gestão de projetos. Cada

processo possui entradas, ferramentas ou técnicas e gera uma ou mais saídas. Os processos estão

organizados em cinco grupos de processos e 10 áreas de conhecimento. A Figura 7 apresenta o

relacionamento entre os grupos de processo:

(1) iniciação – são os processos executados para definir um novo projeto ou uma nova

fase de um projeto existente através da obtenção de autorização para iniciar o projeto ou fase;

(2) planejamento – são os processos necessários para definir o escopo do projeto, refinar

os objetivos e definir a linha de ação necessária para alcançar os objetivos do projeto;

(3) execução – são os processos realizados para executar o trabalho definido no plano de

gerenciamento do projeto e satisfazer as especificações do projeto;

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(4) monitoramento e controle – são os processos necessários para acompanhar, analisar e

controlar o progresso e desempenho do projeto, identificar as áreas onde serão necessárias

mudanças no plano, e iniciar as mudanças correspondentes;

(5) encerramento – são os processos executados para finalizar todas as atividades de

todos os grupos de processos, fixando encerrar formalmente o projeto ou fase.

Figura 7: Grupos de processos do PMBOK.

Fonte: PMI, 2013a.

As dez áreas de conhecimento estão organizadas da seguinte forma:

(1) integração – descreve os processos e atividades necessários para identificar, definir,

combinar, unificar e coordenar os vários processos e atividades dentro dos grupos de processos.

Inclui características de unificação, consolidação, comunicação e ações integradoras que são

essenciais para a execução controlada do projeto até a sua conclusão, a fim de gerenciar com

sucessos as expectativas das partes interessadas, e atender aos requisitos;

(2) escopo – descreve os processos necessários para assegurar que o projeto contemple

todo e somente o trabalho requerido para completar o projeto com sucesso;

(3) tempo – descreve os processos necessários para assegurar a conclusão do projeto no

prazo definido;

(4) custo – descreve os processos envolvidos em planejamento, estimativas, orçamentos,

financiamento, gestão e controle dos custos, para assegurar que o projeto se encerrará dentro do

orçamento aprovado;

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(5) qualidade – descreve os processos e as atividades da organização executora que

determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as responsabilidades, de modo que o projeto

satisfaça às necessidades para as quais foi empreendido.

(6) recursos humanos – descreve os processos que organizam, gerenciam e guiam a

equipe do projeto para assegurar o melhor desempenho possível;

(7) comunicação – descreve os processos necessários para assegurar que as informações

do projeto sejam planejadas, coletadas, criadas, distribuídas, armazenadas, recuperadas,

gerenciadas, controladas, monitoradas e finalmente dispostas de maneira oportuna e apropriada;

(8) riscos – descreve os processos necessários para planejamento, identificação, análise,

planejamento de respostas e controle dos riscos do projeto;

(9) aquisições – descreve os processos necessários para aquisição de bens, serviços e

resultados externos à equipe do projeto;

(10) partes interessadas – descreve os processos necessários para identificar todas as

pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou serem impactados pelo projeto, analisar

as expectativas das partes interessadas e seu impacto no projeto, e desenvolver estratégias de

gestão apropriadas para o engajamento eficaz das partes interessadas nas decisões e execução do

projeto.

2.1.4.2 PRINCE2 – Projects in a Controlled Environment

PRINCE2 é um método baseado em processos para garantir a efetiva gestão de projetos.

Utilizado extensivamente pelo Governo do Reino Unido, o PRINCE2 é amplamente reconhecido

e utilizado internacionalmente pelo setor privado. Trata-se de um método de domínio público que

oferece um guia com as melhores práticas em gestão de projetos. As principais características do

método são: foco na justificativa do negócio; estrutura organizacional definida para o time de

gestão de projetos; abordagem do planejamento baseada no produto; ênfase na divisão do projeto

em estágios gerenciáveis e controláveis; e flexibilidade que pode ser aplicada a qualquer tipo de

projeto (http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=PRINCE2&oldid=37562711, recuperado em 7

março, 2014).

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O método foi criado em 1989 com o nome PRINCE. Desenvolvido pela The Central

Computer and Telecommunications Agency (CCTA) que posteriormente passou a chamar-se The

Office of Government Commerce (OGC). Foi originalmente baseado no método de

gerenciamento de projetos PROMPT criado em 1975 pela Simpact Systems Limited e adotado

pela CCTA em 1979 como método padrão a ser utilizados em todos os projetos de sistemas de

informação do Governo do Reino Unido. A primeira versão do PRINCE2 foi publicada em 1996

com a contribuição de um consórcio de 150 organizações europeias e a última revisão foi

publicada em 16 de junho de 2009 pelo OGC com o nome PRINCE2:2009 Refresh. PRINCE2 é

uma marca registrada da AXELOS Limited que é uma joint venture entre o Gabinete do Governo

do Reino Unido e a empresa CAPITA (http://www.axelos.com, recuperado em 15 novembro,

2014).

A estrutura do PRINCE2 é composta por um conjunto de princípios, um conjunto de

temas de controle, um ciclo de vida do processo e orientações para combinar o método para o

ambiente do projeto. O ciclo de vida do processo é composto por um conjunto de atividades

necessárias para direcionar, gerenciar e entregar um projeto (Murray, 2011; OGC, 2009).

Tabela 6: Síntese dos sete princípios do PRINCE2.

Princípio Descrição

Justificativa contínua

do negócio.

A justificativa para início do projeto deve ser aprovada, documentada e manter-se válida até

o término do projeto.

Aprender com a

experiência.

A equipe do projeto aprende com as experiências anteriores. No início do projeto as lições

aprendidas em projetos anteriores devem sem revistas, durante o projeto as melhorias

devem ser aplicadas e ao término do projeto devem ser documentadas na base histórica da

organização.

Papéis e

responsabilidades

definidos.

Os papéis e responsabilidades no projeto devem ser definidos e acordados para atender os

interesses dos patrocinadores, usuários e fornecedores.

– Patrocinadores são as pessoas e/ou organizações que aprovam os objetivos do projeto e

garantem o dinheiro necessário para o investimento.

– Usuários são as pessoas e/ou organizações que utilizarão o produto após o término do

projeto.

– Fornecedores são as pessoas e/ou organizações (internos ou externos) que proveem os

recursos e conhecimentos necessários para o projeto.

Gestão por estágios. O projeto é planejado, monitorado e controlado estágio por estágio.

Gestão por exceção.

Deve ser definido um plano de alçadas de autorização para aprovação dos desvios nos

objetivos do projeto. Os seis objetivos são: tempo, custo, qualidade, escopo, riscos e

benefícios.

Foco no produto. Foco na definição e entrega dos produtos, principalmente nos requisitos de qualidade.

Adequação ao

ambiente do projeto.

A metodologia deve ser adequada ao ambiente do projeto: tamanho, complexidade,

importância, capacidade e risco.

Nota. Fonte: adaptado de OGC, 2009.

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Os princípios são as boas práticas obrigatórias que um projeto deve seguir. São

derivados de lições boas e ruins que afetam o sucesso do projeto. Os princípios fornecem um

framework de boas práticas para as pessoas envolvidas no projeto, garantido que o método seja

aplicado na medida certa para garantir o sucesso do projeto e não seja de forma demasiadamente

prescritiva. A Tabela 6 sintetiza os sete princípios do modelo (OGC, 2009).

Os temas descrevem os aspectos da gestão de projetos que devem ser continuamente

endereçados durante todo o projeto. Os temas são integrados para garantir a efetividade dos

processos de gestão do projeto. Todos os temas devem ser aplicados no projeto, respeitando a

flexibilidade do método em relação ao projeto. A Tabela 7 resume os temas (OGC, 2009).

Tabela 7: Síntese dos sete temas do PRINCE2.

Temas Descrição

Business Case

Por quê?

O projeto se inicia com uma ideia com potencial de gerar benefícios para a organização.

Este tema define como a ideia será desenvolvida em uma proposta de investimento viável

para a organização e como os objetivos da organização serão monitorados no decorrer do

projeto.

Organização

Quem?

Este tema descreve como a equipe do projeto será estruturada dentro da organização e os

papéis e responsabilidades de seus integrantes.

Qualidade

O que?

Explica como os requisitos do projeto serão desenvolvidos de modo que todos os

participantes entendam os atributos de qualidade dos produtos a serem entregues. Dessa

forma é possível planejar como a entrega será garantida.

Planos

Como?

Quanto?

Quando?

Os projetos prosseguem com base em uma série de planos aprovados. Este tema descreve as

etapas necessárias para o desenvolvimento dos diversos planos do projeto e as técnicas a

serem aplicadas.

Riscos

E se?

Os projetos geralmente possuem mais riscos do que as atividades operacionais do dia a dia.

Este tema define como os gerentes devem gerenciar as incertezas em seus planos e no

ambiente do projeto como um todo.

Mudanças

Qual o impacto?

Problemas, solicitações de mudança ou falhas de qualidade podem impactar as tarefas

concluídas, em andamento ou planejadas. Ou seja, as mudanças podem impactar a linha de

base do projeto e comprometer seus objetivos. Este tema descreve como as mudanças serão

gerenciadas.

Progresso

Onde estamos?

Para onde vamos?

Devemos continuar?

Este tema trata da governança do projeto para garantir seu contínuo progresso. Explica o

processo de tomada de decisões na aprovação de planos, no monitoramento do desempenho

efetivo e no processo de reportar adequadamente os problemas aos níveis hierárquicos

superiores.

Nota. Fonte: adaptado de OGC, 2009.

O método fornece um modelo de processos, onde são descritas as atividades necessárias

para direcionar, gerenciar e entregar o projeto. Um processo é um conjunto estruturado de

atividades desenhadas para atender um determinado objetivo. A Tabela 8 sintetiza as principais

características dos processos do PRINCE2.

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Tabela 8: Síntese dos sete processos do PRINCE2.

Processos Descrição

Preparando um

projeto

Este processo evita que os projetos sem um motivo claro para execução sejam iniciados. As

atividades deste processo devem ser limitadas a verificar se o projeto é viável em termos

financeiros, técnicos e operacionais. As atividades são:

– Definir o executivo responsável pelo projeto e o gerente do projeto;

– Buscar experiências anteriores;

– Estruturar e definir a equipe de gestão do projeto;

– Preparar o Business Case;

– Definir a abordagem do projeto e montar o sumário do projeto;

– Planejar o início do projeto.

Direcionando um

projeto

Este processo descreve as atividades de gerenciamento do comitê executivo. Após a

aprovação do Business Case o comitê executivo deve eleger o gerente do projeto que dará

início ao projeto. O papel do comitê executivo do projeto é acompanhar o projeto através de

relatórios e controles, atuando em algumas tomadas de decisão. Qualquer situação fora

deste contexto deve ser direcionada pelo gerente do projeto. Para que este processo ocorra

sem grandes percalços, é fundamental que as alçadas de decisão dentro do projeto estejam

claramente definidas. As atividades são:

– Autorizar o início do projeto;

– Autorizar o plano das fases;

– Tomar decisões críticas quando necessário;

– Determinar o fim do projeto.

Iniciando um

projeto

Este processo descreve as atividades que o gerente de projetos deve realizar para

estabelecer uma base sólida para o início do projeto. A principal entrega é o documento de

iniciação do projeto que contém uma visão geral do plano do projeto e define as linhas de

bases com as metas de desempenho dos seis objetivos do projeto: tempo, custo, qualidade,

escopo, riscos e benefícios. As atividades são:

– Elaborar a estratégia de gestão de riscos do projeto;

– Elaborar a estratégia de gestão de execução do projeto;

– Preparar a estratégia de gestão de qualidade do projeto;

– Preparar a estratégia de comunicação do projeto;

– Determinar os controles de progresso do projeto;

– Criar o planejamento do projeto;

– Revisar o caso de negócio;

– Documentar o processo de início do projeto.

Gerenciando as

fases do projeto

Este processo descreve as atividades necessárias para prover o comitê executivo com

informações suficientes para a tomada de decisões. O comitê executivo deve avaliar o

sucesso do estágio atual do projeto, aprovar o início do próximo estágio, revisar o plano do

projeto, avaliar se os riscos continuam aceitáveis e confirmar se a justificativa do projeto

continua válida. O gerente de projeto deve garantir que a atenção do projeto está voltada

para a entrega dos produtos. As atividades são:

– Autorizar o início das atividades;

– Monitorar progresso das atividades;

– Revisar se os produtos entregues atendem os objetivos do projeto;

– Reportar os pontos de atenção ao comitê executivo;

– Gerenciar riscos e problemas;

– Tomar as ações corretivas.

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46

Processos Descrição

Gerenciando a

entrega de produtos

Este processo está voltado para as atividades diárias dos líderes da equipe necessárias para

garantir a entrega dos produtos e garantir a conexão entre o gerente do projeto e as equipes.

As atividades são:

– Solicitar aprovação de início do desenvolvimento de novos produtos ao gerente de

projeto;

– Criar um planejamento interno para controle dos responsáveis por atividade dentro da

equipe;

– Garantir que os produtos estão sendo desenvolvidos de acordo com o especificado em

termos de escopo e no padrão de qualidade solicitado;

– Obter a validação e aceite dos produtos finalizados.

Gerenciando a

transição entre os

estágios

Um projeto, seja ele grande ou pequeno, deve garantir que seus produtos proporcionarão os

benefícios esperados à organização. O monitoramento do escopo do projeto deve assegurar

isto, especialmente durante a transição entre as fases do projeto. As atividades são:

– Garantir que todos os produtos previstos na fase anterior foram entregues;

– Preparar o planejamento da próxima fase;

– Revisar a documentação do projeto produzida até o momento;

– Registrar possíveis lições aprendidas para serem utilizadas em outras fases do projeto e

até em outras iniciativas dentro da organização;

– Solicitar autorização para início da próxima fase.

Encerrando um

projeto

O projeto encerra-se após a entrega de todos os produtos previstos. O encerramento do

projeto tem os seguintes objetivos:

– Verificar a aceitação dos produtos entregues junto aos usuários;

– Garantir que existe uma estrutura para suporte do produto após a desestruturação do

projeto;

– Revisar o desempenho do projeto de acordo com os cronogramas estipulados.

Nota. Fonte: adaptado de OGC, 2009.

Um dos sete princípios do PRINCE2 diz que a metodologia deve ser adequada ao

ambiente do projeto. Adequar significa que as medidas necessárias para a aplicação da

metodologia devem ser adequadas às características individuais do projeto, garantindo que a

estrutura de governança, planejamento e controle seja apropriada. Ou seja, a estrutura não pode

ser muito onerosa para um projeto simples nem muito informal para um projeto grande ou

complexo. Tanto a organização quanto o gestor do projeto possuem a responsabilidade de aplicar

o princípio da adequação ao ambiente do projeto (OGC, 2009).

As responsabilidades da organização são de caráter amplo e genérico: definir as

responsabilidades pelos processos; definir as regras de escalada de problemas; definir os

templates padrão; treinar e desenvolver as pessoas; integrar os processos de negócios; fornecer as

ferramentas necessárias; e garantir a avaliação do processo. As responsabilidades do gestor do

projeto são específicas para o projeto: adaptar os temas por meio das estratégias e controles;

incorporar termos específicos; revisar as descrições do produto; revisar as descrições de funções;

e ajustar os processos (OGC, 2009).

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47

2.1.5 Modelos de Maturidade em Gestão de Projetos

O principal objetivo de um modelo de maturidade é permitir que a organização avalie

suas capacidades e se compare com as melhores práticas disponíveis no mercado. Dessa forma, a

organização identifica seus pontos positivos e negativos, o que lhe permite traçar um plano de

ação de melhoria. Os modelos de maturidade são aplicados a uma vasta gama de capacidades,

desde a gestão de riscos e gestão de conhecimento até a completa gestão de projetos e gestão de

portfólio. Geralmente, os modelos de maturidade propõem níveis de capacidade em sequência

onde cada nível é atingido quando a organização atende a uma lista de critérios que são

considerados as melhores práticas de mercado. Também é importante destacar que tais modelos

incluem indicadores e outros elementos como estrutura organizacional, treinamento e

comunicação (Killen & Hunt, 2009, 2013).

Figura 8: Os cinco níveis de maturidade do CMMI.

Fonte: Eugênia et al., 2006.

O Capability Maturity Model Integration (CMMI) é o modelo de maturidade

desenvolvido pelo Software Engineering Institute (SEI) em 1991 para integrar as melhores

práticas no campo da engenharia de software. É uma evolução do Capability Maturity Model –

CMM e serviu de base para criação de diversos modelos de maturidade em gestão de projetos e

portfólio. Este modelo está estruturado por meio de um conjunto de áreas de processos relativas a

várias disciplinas (engenharia, gestão de projetos, etc.) que são distribuídas ao longo de cinco

níveis de maturidade: (1) inicial – os processos são imprevisíveis, pouco controlados e reativos;

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(2) gerenciado – os processos são caracterizados por projetos e as ações são frequentemente

reativas; (3) definido – os processos são caracterizados para organizações e são proativos; (4)

quantitativamente gerenciado – os processos são medidos e controlados; e (5) otimização – foco

contínuo na melhoria dos processos (Eugênia, Volkmer, & Vasques, 2006). A Figura 8 apresenta

como estão organizados os cinco níveis de maturidade do CMMI.

Existe uma variedade de modelos para avaliação de maturidade em gestão de projetos,

conforme apresentados na Tabela 9.

Tabela 9: Lista dos modelos de maturidade em gestão de projetos.

Nº Acrônimo Nome Proprietário

1 OPM3 Organizational Project Management

Maturity Model

Project Management Institute (PMI)

2 P3M3 Portfolio, Programme, Project Management

Maturity Model

Office of Government Commerce (OGC)

3 P2M Project & Program Management for

Enterprise Innovation (P2M)

Project Management Association of Japan

(PMAJ)

4 PMMM Project Management Maturity Model PM Solutions

5 PPMMM Project Portfolio Management Maturity

Model

PM Solutions

6 PMMM Programme Management Maturity Model Programme Management Group

7 PMMM Project Management Maturity Model KLR Consulting

8 (PM)2 The Berkeley Project Management Process

Maturity Model

Department of Civil Engineering University

of California at Berkeley

9 ProMMM Project Management Maturity Model Project Management Professional Solutions

Limited

10 MINCE2 Maturity Increments IN Controlled

Environments

MINCE2 Foundation

11 PPMM Project and Portfolio Management Maturity PriceWaterhouseCoopers (PWC) Belgium

12 CMMI Capability Maturity Model Integration Software Engineering Institute (SEI)

13 SPICE Software Process Improvement and

Capability dEtermination

Software Quality Institute Griffith

University, Australia

14 FAA-iCMM Federal Aviation Administration -

Integrated Capability Maturity Model

US Federal Aviation Administration

15 Trillium Trillium Bell Canada

16 EFQM EFQM Excellence Model European Foundation for Quality

Management (EFQM)

17 COBIT Control Objectives for Information and

related Technology

Information Systems Audit and Control

Association (ISACA)

18 INK INK Managementmodel Instituut Nederlandse Kwaliteit (INK)

19 ProjectProof VA Volwassenheidsmodel Van Aetsveld

20 PAM Project Activity Model Artemis

21 Project

Excellence

Model

The Project Excellence Model Berenschot

22 PMMM Project Management Maturity Model International Institute for Learning (IIL)

H. Kerzner

Nota. Fonte: Man, 2007.

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49

Segundo Man (2007), um modelo de maturidade para projetos possui dois componentes

básicos: (1) um modelo de referência de maturidade; e (2) um método de avaliação. O modelo de

referência de maturidade é uma descrição dos requisitos que uma organização deve atender a fim

de atingir um grau de maturidade desejado incorporado pelo modelo de maturidade. O método de

avaliação explica o que deve ser feito para avaliar se um requisito é cumprido e se uma

organização alcançou um nível de maturidade. Os níveis de maturidade em gestão de projetos

variam de 3 a 8 (Neverauskas & Čiutienė, 2011), sendo que não há um conceito unânime sobre o

conteúdo de cada nível entre os diversos modelos.

Esta dissertação aborda os modelos do PMI, a instituição com maior número de

associados no Brasil e do OGC que tem foco em projetos de software.

2.1.5.1 PMI – OPM3 (Organizational Project Management Maturity Model)

O modelo de maturidade OPM3 é um padrão criado pelo PMI em setembro de 2003,

resultado de estudos iniciados em 1998 e com a contribuição de mais de 800 profissionais de 35

países. O modelo foi atualizado em 2013 e propõe uma gestão sistemática de projetos, programas

e portfólio em alinhamento com os objetivos estratégicos das organizações e baseia-se na ideia da

correlação entre as capacidades organizacionais em gestão de projetos, programas e portfólio e

sua efetividade na implantação da estratégia corporativa (PMI, 2013b).

Este modelo está organizado fisicamente em três partes relacionadas a três elementos

para aplicação nas organizações. O primeiro elemento é conhecido como “Conhecimento” e pode

ser definido como o momento em que a organização irá adquirir os conhecimentos necessários

para o entendimento do conteúdo do modelo, compreendendo todo o escopo de melhores

práticas, glossário, ferramenta de auto avaliação, conceitos e metodologia do OPM3.

O segundo elemento é chamado de “Avaliação” e está relacionado ao processo de

avaliação do grau de maturidade da organização na gestão de portfólio, programas e projetos.

Esta avaliação ocorre por meio de comparação das características do estado atual de maturidade

da organização contra o modelo de referência descrito pelo modelo.

No terceiro elemento conhecido como “Melhoria”, as organizações que decidem ir

adiante com a implantação de ações para aumentar sua maturidade utilizam o resultado da

avaliação para planejar e implantar as ações de melhoria na maturidade de gestão de portfólio.

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Estes três elementos estão organizados em um ciclo contínuo de cinco passos: (1) preparar–se

para a avaliação; (2) realizar a avaliação; (3) planejar melhorias; (4) implantar melhorias; (5)

repetir o processo.

As melhores práticas e capacidades do padrão OPM3 estão mapeadas em dois fatores

principais: domínios e estágios. Os domínios do modelo referem-se à Gestão de Projetos, Gestão

de Programa e Gestão de Portfólio. Já os estágios referem-se aos processos de uniformizar,

medir, controlar e melhorar continuamente os processos de gestão. Dentro da construção do

modelo OPM3 estão combinados os cinco grupos de processos: iniciação, planejamento,

controle, execução e encerramento interagindo com cada um dos domínios de forma progressiva

através dos estágios de melhoria de processos. A Figura 9 apresenta o modelo de construção do

OPM3 (PMI, 2013b).

Figura 9: Modelo de maturidade OPM3.

Fonte: PMI, 2013b.

2.1.5.2 OGC – P3M3 (Portfolio, Programme and Project Management Maturity Model)

O P3M3 foi desenvolvido pela OGC em 2006 sendo uma evolução do modelo de

maturidade em gestão de projetos da OGC que por sua vez foi baseado nos processos do modelo

de maturidade do CMM. Possui cinco níveis de maturidade e integra três modelos individuais

para a gestão de portfólio (PfM3), programas (Pgm3) e projetos (PjM3). Estes modelos estão

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conectados, mas são independentes. Complementando sua estrutura, o modelo P3M3 é composto

de perspectivas de processos e atributos (OGC, 2010).

Os cinco níveis de maturidade do modelo P3M3 para a gestão de portfólio podem ser

descritos da seguinte forma:

(1) Consciência do Processo – neste nível o executivo da organização reconhece

programas e projetos assim como mantém uma lista informal de seus investimentos em cada um

deles. Pode não haver controle formal e processo de documentação.

(2) Processos Repetitivos – a organização assegura que cada um dos programas e/ou

projetos em seu portfólio seja conduzido com seus próprios processos e procedimentos com um

mínimo de padrão especificado. Existe consistência ou coordenação limitada.

(3) Processos Definidos – significa que a organização tem seus próprios processos de

programas e portfólio, que são definidos, documentados e controlados centralmente, sendo que

estes programas e projetos podem ter flexibilidade dentro destes processos de forma a

adequarem-se a cenários específicos.

(4) Processos Gerenciados – caracterizado pela organização que obtém e mantém as

métricas específicas de gestão em todo o seu portfólio de programas e projetos, como forma de

prever o desempenho futuro. A organização avalia a sua capacidade para gerir programas e

projetos, assim como priorizá-los adequadamente.

(5) Processos Otimizados – é possível identificar evidências de melhoria contínua dos

processos de forma proativa. Os processos são claramente otimizados com controles bem

definidos e comportamentos que possibilitam a entrega dos objetivos estratégicos da organização

por meio de uma variedade de processos e ferramentas. Existe uma gestão ativa da

interdependência entre os planos dos programas e projetos do portfólio e os planos de negócios.

Para os três modelos de avaliação (portfólio, programa e projetos) o modelo P3M3 foca

em sete perspectivas de processos que podem ser revisadas de forma individual ou agrupadas. A

Figura 10 representa o modelo de maturidade P3M3.

As sete perspectivas do modelo são:

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52

(1) Controle de Gestão – está relacionado com os controles internos de uma iniciativa e

como sua direção será mantida ao longo do ciclo de vida por meio de pontos de controle que

possibilitem a parada ou o redirecionamento se necessário.

(2) Gestão de Benefícios – processo que está ligado a garantia de que os resultados das

mudanças de negócio desejados sejam claramente definidos, medidos e entendidos por meio de

uma abordagem estruturada.

(3) Gestão Financeira – procura assegurar que os prováveis custos da iniciativa sejam

capturados e avaliados dentro de um business case e que os mesmos sejam categorizados e

gerenciados durante o ciclo de vida do investimento.

(4) Engajamento de Partes Interessadas – é reconhecido como chave para o sucesso e

inclui o planejamento da comunicação, identificação e uso de diferentes canais de comunicação

assim como outras técnicas que possibilitem atingir os objetivos de engajamento.

(5) Gestão de Riscos – tem como objetivo manter o balanceamento entre as ameaças e

oportunidades com a gestão apropriada das ações para minimizar ou eliminar a probabilidade de

ocorrência de ameaças identificadas, ou minimizar os impactos assim como maximizar as

oportunidades de forma proativa.

(6) Governança Organizacional – tem como foco verificar como as entregas das

iniciativas estão alinhadas com a direção estratégica da organização, olhando como fatores

externos que impactam as iniciativas são controlados, e como maximizar o resultado final.

(7) Gestão de Recursos – está relacionado com o planejamento, priorização e execução

da gestão de todo o tipo de recursos requeridos para a entrega de uma iniciativa e inclui: recursos

humanos, equipamentos, instalações, fornecedores, informações, ferramentas e times de suporte.

A auto avaliação do modelo P3M3 consiste em nove questões que endereçam

capacidades dos processos e provê informações sobre o nível de maturidade da organização em

relação à gestão de portfólio, programas e projetos. A auto avaliação provê uma visão geral da

organização com relação à maturidade em gestão de portfólio, programas ou projetos e pode ser

utilizada para identificação das forças e fraquezas em relação a esses processos de gestão (OGC,

2010).

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Figura 10: Modelo de maturidade P3M3.

Fonte: OGC, 2010.

2.1.6 Metodologias de Desenvolvimento de Software

Atualmente é amplamente entendido que a utilização de uma adequada Metodologia de

Desenvolvimento de Software (MDS) melhora a eficiência e eficácia do produto final. Ao longo

dos últimos 25 anos muitas metodologias foram propostas (Cascata, Modelo V, Espiral, Scrum,

XP, etc.). No entanto, cada projeto tem uma característica única e isso significa que uma MDS

pode ser adequada para um projeto e não ser adequada para outro. Escolher a MDS errada pode

atrasar o cronograma do projeto e gerar retrabalho desnecessário. Portanto, muitas vezes a equipe

do projeto enfrenta a difícil tarefa de selecionar a MDS mais adequada (Guntamukkala, Wen, &

Tarn, 2006).

Não existe um critério empírico estabelecido para selecionar a MDS mais adequada para

conduzir um projeto ao sucesso. As equipes de projeto preferem as metodologias Cascata e

Modelo V quando: (a) os requisitos são claros; e (b) é esperada manutenção futura frequente do

software. Por outro lado, as equipes de projeto preferem as metodologias Scrum e XP quando: (a)

os requisitos mudam constantemente; (b) a equipe é pequena; (c) os riscos são desconhecidos; e

(d) o prazo é restrito (Guntamukkala et al., 2006).

A escolha de qual MDS utilizar deve ocorrer logo na fase de planejamento do projeto,

pois tal decisão pode impactar o custo, cronograma e alocação de recursos. Na Tabela 10

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encontra-se uma breve descrição de algumas das principais metodologias de desenvolvimento de

software.

Tabela 10: Algumas das principais metodologias de desenvolvimento de software.

Metodologia Características Autor(es)

Codificar e Consertar

(Code and fix)

No final dos anos 60 o desenvolvimento de software era considerado

uma arte e não existia um processo formalmente estabelecido. Neste

modelo os programadores simplesmente codificavam com base em

conversas com os usuários e depois se reuniam para testar e consertar os

erros em conjunto (Guntamukkala et al., 2006).

Não há

Cascata (Waterfall) Nos anos 70 com a necessidade de desenvolver grandes sistemas

computacionais, o autor propôs a criação de um processo organizado

sequencialmente com diversas fases bem definidas, são elas: Requisitos

do Sistema, Requisitos do Software, Análise, Desenho do Programa,

Codificação, Testes e Operação. O autor nunca chamou seu modelo de

“cascata”, este nome foi popularizado posteriormente devido ao formato

de cascata de seu diagrama, onde a fase seguinte do processo somente

pode ser executada após o término da fase anterior (Royce, 1970).

Winston W.

Royce

Modelo V

(V-Model)

Este modelo é uma variação do modelo cascata e foi originalmente

desenvolvido pelas Forças Armadas da Alemanha em 1979. Seu objetivo

principal é relacionar as atividades de desenvolvimento de software com

as atividades de garantia da qualidade (Bucanac, 1999).

Forças Armadas

da Alemanha

Espiral

(Spiral)

Processo de desenvolvimento de software orientado a risco criado em

1988. Seu autor propõe uma espiral onde cada ciclo da espiral representa

uma fase distinta do processo. Dessa forma, o ciclo mais interno está

preocupado com a Viabilidade do Sistema, o ciclo seguinte com a

Definição dos Requisitos, o ciclo seguinte com o Desenho do Sistema e

assim por diante. A cada novo ciclo as atividades de gerenciamento de

risco são revisitadas (Boehm, 1988).

Barry W.

Boehm

Scrum Concebido inicialmente em 1990 por Jeff Sutherland, evoluiu

posteriormente com a contribuição de Ken Schwaber e Mike Beedle. Os

princípios do Scrum são consistentes com o manifesto ágil e são usados

para orientar as atividades de desenvolvimento dentro de um processo

iterativo, onde cada ciclo do processo é chamado de Sprint. Enfatiza o

uso de um conjunto de padrões de processos de software que provaram

serem eficazes para projetos com prazos de entrega apertados e

requisitos críticos de negócio (Pressman, 2011).

Jeff Sutherland,

Ken Schwaber

e Mike Beedle

RUP – Rational

Unified Process

(Processo Unificado

da Rational)

Modelo proprietário da empresa Rational, adquirida pela IBM, que foi

criado originalmente em 1996 por Ivar Jacobson e vem sendo

continuamente aperfeiçoado ao longo do tempo por outros autores. É um

modelo iterativo com quatro fases distintas: Iniciação, Elaboração,

Construção e Transição. No entanto, ao contrário do modelo em cascata,

onde as fases estão diretamente relacionadas com a parte técnica, no

RUP as fases estão estreitamente relacionadas aos negócios

(Sommerville., 2011).

Ivar Jacobson,

Grady Booch,

James

Rumbaugh e

Philippe

Kruchten

XP – Extreme

Programming

(Programação

Extrema)

O trabalho seminal sobre o tema foi escrito em 1999. Emprega uma

abordagem orientada a objetos como seu paradigma de desenvolvimento

preferido e envolve um conjunto de regras e práticas constantes no

contexto de quatro atividades metodológicas iterativas: Planejamento,

Projeto, Codificação e Testes. O autor define um conjunto de cinco

valores que estabelecem as bases para todo trabalho realizado como parte

da XP: Comunicação, Simplicidade, Feedback, Coragem e Respeito

(Pressman, 2011).

Kent Beck

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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55

Nesta dissertação serão abordadas com maior profundidade as metodologias Scrum e

Modelo V, pois são as metodologias homologadas na empresa objeto do estudo de caso.

2.1.6.1 Scrum

Com o objetivo de encontrar melhores maneiras de se desenvolver softwares, dezessete

renomados desenvolvedores assinaram em 2001 o “Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de

Software”. Esse documento contempla um conjunto de valores e princípios em que se valorizam

indivíduos e interações acima de processos e ferramentas, softwares funcionais acima de

documentação, colaboração com o cliente acima de negociação de contrato e respostas às

mudanças acima de seguir um plano (http://www.agilemanifesto.org, recuperado em 15

novembro, 2014).

O Scrum é fundamentado no empirismo, o qual define que o conhecimento vem das

experiências e tomadas de decisões baseadas no que é conhecido. O empirismo é baseado em três

pilares: transparência, inspeção e adaptação. A transparência requer que os principais aspectos do

processo estejam visíveis e padronizados para que os interessados tenham o mesmo

entendimento, tal como, a definição de uma linguagem comum e o que se entende como algo

concluído. A inspeção deve ocorrer frequentemente para detectar indesejáveis variações e deve

ser realizada, de preferência, por um especialista. A adaptação significa que o processo ou

produto deve ser adaptado quando o especialista identificar um desvio ou produto inaceitável

(Schwaber & Sutherland, 2013).

O Scrum é considerado uma metodologia ágil e é um framework estrutural dentro do

qual é possível empregar vários processos ou técnicas. O Scrum aplica uma abordagem

incremental e iterativa para melhorar a previsibilidade e o controle de risco (Schwaber &

Sutherland, 2013).

As equipes do Scrum consistem do Dono do Produto, Scrum Master e Time de

Desenvolvimento. O Dono do Produto é a única pessoa responsável pelo gerenciamento do

backlog do produto, o Scrum Master é o responsável por garantir que o Scrum está sendo

aplicado corretamente e o Time de Desenvolvimento é uma equipe disciplinar responsável por

realizar a entrega com tamanho ideal de três a nove integrantes (Schwaber & Sutherland, 2013).

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56

O Scrum usa eventos de tempos pré-definidos (time-box) para criar regularidade e evitar

perda de tempo. O coração do Scrum é o Sprint, um time-box de duas a quatro semanas em que

uma entrega concluída e utilizável é criada. O Sprint consiste de cinco eventos: Planejamento do

Sprint, Daily Meeting, Execução do Sprint, Revisão do Sprint e Retrospectiva do Sprint.

No Planejamento do Sprint, que dura aproximadamente oito horas, o Dono do Produto

apresenta os itens do backlog do produto priorizados de acordo com os objetivos organizacionais.

É importante destacar que o backlog do produto nunca está pronto e os primeiros

desenvolvimentos apenas estabelecem os requisitos inicialmente entendidos e melhores

entendidos. Em seguida, o Time de Desenvolvimento estima o escopo que poderá ser

desenvolvido no Sprint e como o trabalho será executado. Os itens do backlog selecionados em

conjunto com o plano para desenvolvê-los são chamados de Sprint Backlog. O Daily Meeting é

uma reunião diária de 15 minutos para inspecionar a evolução das atividades e criar um plano

para as próximas 24 horas. A Figura 11 apresenta resumidamente a visão geral do framework

Scrum (Schwaber & Sutherland, 2013).

Figura 11: Visão geral do Scrum.

Fonte: adaptado de Schwaber & Sutherland, 2013.

Na Execução do Sprint o time de desenvolvimento analisa, codifica e testa os itens

selecionados. Na Revisão do Sprint, as equipes do Scrum e os stakeholders se reúnem para

verificar o que foi e o que não foi entregue, os desafios enfrentados, as lições aprendidas, bem

como redefinir o backlog do produto a partir dos itens antigos e dos novos que venham a surgir.

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57

A Retrospectiva do Sprint é uma reunião feita pela equipe para inspecionar o último Sprint e

propor adaptações para buscar melhorias no próximo Sprint (Schwaber & Sutherland, 2013).

Equipes ágeis funcionam melhor quando alocadas no mesmo espaço físico, pois além de

facilitar a comunicação e colaboração, se provou ser um meio eficaz de aumentar a produtividade

da equipe (Lalsing, Kishnah, & Pudaruth, 2012).

2.1.6.2 Modelo V

O Modelo V é um processo prescritivo e tradicional que fornece um roteiro de

atividades pré-estabelecidas razoavelmente eficaz para as equipes de desenvolvimento de

software. É um método prescritivo porque prescreve um conjunto de artefatos, atividades

encadeadas logicamente e mecanismos de controle de mudanças que objetivam garantir a

qualidade esperada do produto final. É um método tradicional porque é uma variação do modelo

cascata, também conhecido como ciclo de vida clássico e sugere uma abordagem sequencial e

sistemática do início ao fim do projeto de software (Pressman, 2011).

O Modelo V representado na Figura 12 foi originalmente desenvolvido pelas Forças

Armadas da Alemanha. Seu objetivo principal é relacionar as atividades de desenvolvimento de

software com as atividades de garantia da qualidade (Bucanac, 1999).

Figura 12: Relacionamento entre atividades no Modelo V.

Fonte: adaptado de Bucanac, 1999.

Este tipo de modelo funciona bem quando os requisitos do sistema são bem desenhados,

documentados e compreendidos por todos os envolvidos no projeto. Por outro lado, pode gerar

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58

interrupções no processo, pois a fase posterior somente pode ser iniciada após o término da fase

anterior (Pressman, 2011).

A dinâmica atual dos negócios bancários exige que o desenvolvimento de software seja

cada vez mais rápido, eficaz e eficiente. Sendo assim é importante utilizar uma das variações do

Modelo V que consiste em dividir o escopo total do projeto em funcionalidades menores,

gerenciáveis e controláveis. Conforme apresentado na Figura 13, o encadeamento dessas

funcionalidades permite realizar entregas parciais do software de forma incremental, melhorando

a previsibilidade e o controle do risco.

Figura 13: Modelo V aplicado de forma incremental.

Fonte: adaptado de Pressman, 2011.

2.2 GESTÃO DE RISCOS DE TI

2.2.1 Conceitos e Histórico

A palavra risco deriva, originalmente, do italiano antigo risicare, que quer dizer ousar

(Bernstein, 1997) e, no sentido de incerteza, deriva do latim risicu e riscu. Ou seja, risco pode ser

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interpretado como um conjunto de incertezas que podem ocorrer ao ousar fazer algo (Salles et

al., 2010).

Na linguagem cotidiana e em várias disciplinas especializadas os termos risco e

incerteza são usados de muitas maneiras diferentes. Ao consultar o dicionário Michaelis de

Língua Portuguesa nota-se a diferença entre os conceitos: risco é a possibilidade de perigo,

incerto mas previsível, que ameaça de dano a pessoa ou a coisa, isto é, situação em que há

probabilidades mais ou menos previsíveis de perda ou ganho como, por exemplo, em um jogo de

azar ou em uma decisão de investimentos; e incerteza é a falta de certeza, hesitação, dúvida ou

indecisão (Melhoramentos, 2011).

Existem evidências sugerindo que a gestão de riscos utilizando negociação de futuros de

commodities já era praticada na Índia por volta de 2000 a.C.; entretanto, os princípios básicos da

gestão de riscos datam da época da Grécia Clássica e do Império Romano, onde, a partir dos anos

1100 d.C. os vendedores em feiras medievais assinavam contratos prometendo entrega futura dos

itens que vendiam (Ramirez, 2008).

Cicco (1990, p. 25)1 apud (Silva, 2011) apresenta a gestão de riscos pelo ponto de vista

dos profissionais de mercado: para os profissionais da área de seguros, trata-se da ciência que se

ocupa dos chamados riscos seguráveis e de redução dos custos de seguro; para os profissionais da

área financeira, consiste no uso de técnicas de proteção de ativos financeiros e no manejo

adequado de taxas de juros; para muitos políticos e analistas sociais, representa o controle de

situações que podem afetar o meio ambiente e são decorrentes do avanço tecnológico crescente e

desordenado; e para trabalhadores da saúde, pode significar o mesmo que garantia da qualidade

dos serviços prestados aos pacientes.

Uma definição de risco e gestão de riscos genérica para o ambiente corporativo pode

ser encontrada na norma ISO 31000 – Gestão de Riscos – que esclarece que todas as atividades

de uma organização envolvem risco: risco é um desvio positivo e/ou negativo em relação aos

objetivos, que podem ter diferentes aspectos (tais como metas financeiras, de saúde e segurança e

ambientais) e aplicar-se em diferentes níveis (tais como estratégico, em toda a organização, de

1 Cicco, F. M. G. A. F. de (1990, outubro). O gerenciamento dos riscos empresarias nos anos 90. Revista do Instituto

de resseguros do Brasil, Ano 51(254), 25-26.

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projeto, de produto e de processo); e gestão de riscos são as atividades coordenadas para dirigir e

controlar uma organização no que se refere a riscos (ISO, 2009).

Uma definição de risco e gestão de riscos específica para projetos pode ser encontrada

no PMBOK: risco é um evento ou uma condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito

positivo (oportunidade) ou negativo (ameaça) nos objetivos do projeto tais como custo, escopo,

prazo ou qualidade; e gestão de risco é o conjunto de processos, técnicas e ferramentas

necessários para aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e diminuir a

probabilidade e o impacto de eventos negativos no projeto (PMI, 2013a). A partir desta definição,

fica claro que o risco somente existe quando impacta positiva ou negativamente o objetivo do

projeto, ou seja, para que a gestão de riscos seja aplicada com sucesso é fundamental definir

claramente quais são os objetivos do projeto e sua importância para a organização (PMI, 2009).

Com relação aos projetos de software a norma ISO/IEC 16085 – Systems and software

engineering—Life cycle processes—Risk management (2006) define a gestão de riscos da

seguinte forma:

A gestão de riscos é uma disciplina chave para a tomada de decisões eficazes e comunicação

dos resultados dentro das organizações. O objetivo do gerenciamento de risco é identificar

potenciais problemas gerenciais e técnicos antes que eles ocorram, de modo que possam ser

tomadas ações antecipadas para reduzir ou eliminar a probabilidade e/ou impacto destes

problemas caso eles ocorram. É uma ferramenta fundamental para determinar continuamente a

viabilidade dos planos de projetos, para melhorar a busca e identificação de potenciais

problemas que podem afetar as atividades do ciclo de vida e da qualidade e desempenho dos

produtos e para a melhoria da gestão ativa dos projetos (tradução livre).2

2.2.2 Categorização dos Riscos

2.2.2.1 Categorização dos Riscos Corporativos

Estabelecer uma hierarquia de categorias de risco dentro de uma organização é muito

útil porque permite agrupar os riscos comuns à organização facilitando o prognóstico, prevenção,

2 Risk management is a key discipline for making effective decisions and communicating the results within

organizations. The purpose of risk management is to identify potential managerial and technical problems before

they occur so that actions can be taken that reduce or eliminate the probability and/or impact of these problems

should they occur. It is a critical tool for continuously determining the feasibility of project plans, for improving the

search for and identification of potential problems that can affect life cycle activities and the quality and performance

of products, and for improving the active management of projects.

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controle e redução do risco. Embora as classificações dos diferentes tipos de risco a que se expõe

uma instituição financeira sejam diversas, a Tabela 11 sugere um possível agrupamento dos

riscos (Fortuna, 2013; Marshall, 2002).

Tabela 11: Sugestão de categorias de riscos em uma instituição financeira.

Tipo de Risco Descrição

Risco de Crédito

Risco de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas

respectivas obrigações financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de

crédito decorrente da deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos

ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação;

Risco de Imagem Risco de danos à reputação da instituição junto a clientes, concorrentes, órgãos reguladores,

parceiros comerciais, entre outros, acarretando impactos no valor da marca;

Risco de Liquidez

Risco de ocorrência de desequilíbrios entre ativos negociáveis e passivos exigíveis –

"descasamentos" entre pagamentos e recebimentos – que possam afetar a capacidade de

pagamento da instituição, levando-se em consideração as diferentes moedas e prazos de

liquidação de seus direitos e obrigações;

Risco de Mercado

Risco da flutuação adversa do valor de ajuste diário de mercado de um portfólio financeiro

(seja dentro ou fora do balanço patrimonial) durante o período necessário para liquidar o

portfólio.

Risco de País Risco político que cerca investimentos, projetos, empréstimos ou ativos da empresa mantidos

em um país estrangeiro.

Risco de Projeto

Os autores destacam que os dois principais riscos de um projeto são não cumprir o prazo e

custo planejados e sugere utilizar a definição do PMI como referência para o conceito de

risco.

Risco de

Subscrição

Risco oriundo de uma situação econômica adversa que contraria tanto as expectativas da

sociedade seguradora no momento da elaboração de sua política de subscrição quanto as

incertezas existentes na estimação das provisões;

Risco de

Tecnologia

Risco potencial de falhas associadas a hardware, software e dados de computadores e

comunicações.

Risco Estratégico Risco de implementar uma estratégia malsucedida ou ineficaz que fracasse em alcançar os

retornos pretendidos;

Risco Legal Risco de não cumprimento da regulamentação do negócio.

Risco Operacional

Risco de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos,

pessoas e sistemas, ou de eventos externos. Inclui o risco legal, associado à inadequação ou

deficiência em contratos firmados pela instituição, bem como a sanções em razão de

descumprimento de dispositivos legais e a indenizações por danos a terceiros decorrentes das

atividades desenvolvidas pela instituição;

Nota. Fonte: Fortuna, 2013; Marshall, 2002.

Silva e Hein (2012) realizaram uma pesquisa bibliométrica no Brasil para identificar o

volume de produção científica nos periódicos de contabilidade listados no qualis/capes sobre

gestão de risco. Identificou-se que os tipos de riscos mais mencionados são: crédito (14,5%);

mercado (9,3%); operacional (7,2%); legal (3,1%) e país (3,12%).

Para Leopoldino e Borenstein (2011) a categorização de variáveis de riscos permite uma

maior compreensão das suas relações e a possibilidade do tratamento das mesmas em um nível

mais alto, lidando com fatores de maior grau de abrangência ao invés de se pulverizar esforços

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controlando muitas pequenas variáveis simultaneamente. Sendo assim, realizaram uma pesquisa

no Brasil com profissionais da área de desenvolvimento de software e agruparam os riscos em

sete categorias: gerência de projetos; equipe de desenvolvimento; escopo e requisitos;

conhecimento e incerteza tecnológica; relacionamento com o ambiente externo; relacionamento

com o cliente/usuário; e valor/ importância atribuídos ao projeto.

2.2.2.2 Categorização dos Riscos de Projetos

Os diferentes níveis hierárquicos dentro de uma organização exigem visões de riscos

distintas, pois suas responsabilidades, habilidades e horizonte de tempo são completamente

diferentes. No nível operacional os engenheiros observam principalmente os riscos técnicos, no

nível tático os gerentes se preocupam com o custo, prazo, requisitos, qualidade e desempenho, e

no nível estratégico os executivos analisam os riscos que podem impactar a rentabilidade,

qualidade e prazo esperado de um ou diversos projetos (Higuera & Haimes, 1996).

Uma lista de riscos identificados pode ser priorizada para determinar quais riscos devem

ser endereçados primeiro, mas isso não permite compreender a estrutura de riscos do projeto.

Uma EAR permite identificar temas recorrentes e áreas de concentração de riscos, além de servir

como um guia para o processo de gestão de riscos. A melhor maneira de lidar com uma grande

quantidade de dados é estruturar a informação para facilitar a compreensão. A EAR facilita a

comunicação, a comparação com outros projetos e também serve como um documento de lições

apreendidas para futuros projetos (Hillson, 2003).

A EAR é uma técnica que permite agrupar possíveis causas de riscos. Podem ser usadas

várias abordagens como, por exemplo, uma estrutura baseada nos objetivos do projeto por

categoria. A estrutura analítica dos riscos ajuda a equipe do projeto a considerar muitas fontes a

partir dos quais os riscos podem surgir em um exercício de identificação de riscos. Diferentes

estruturas analíticas de riscos serão apropriadas para diferentes tipos de projetos. A EAR é uma

representação hierárquica dos riscos, de acordo com suas categorias de riscos (PMI, 2013a). A

Figura 14 apresenta um exemplo de uma EAR.

Considerando o impacto estratégico que os projetos têm nos negócios, a adequada gestão

de portfólio torna-se uma vantagem competitiva da organização, pois potencializa os efeitos

positivos da inovação de novos produtos/serviços. Além de garantir que o portfólio de projetos

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está alinhado com a estratégia da organização, é fundamental que os melhores projetos sejam

conduzidos e seus riscos e progressos adequadamente monitorados desde a concepção até o pós-

lançamento do produto/serviço (Killen & Hunt, 2009, 2013).

Figura 14: Exemplo de uma estrutura analítica de riscos.

Fonte: PMI, 2013a.

Para aquelas empresas que já possuem uma base histórica de projetos, Holzman e

Spiegler (2011) criaram um processo metodológico para identificar os riscos de um portfólio a

partir dos registros dos projetos. O método utilizado foi o seguinte: (1) seleção dos registros de

riscos dos projetos que seriam analisados; (2) leitura dos documentos e categorização dos riscos

por meio da análise de conteúdo; e (3) clusterização dos dados para organizar os riscos em uma

EAR. O objeto de estudo foi uma empresa Israelense de desenvolvimento de software.

Holzman e Spiegler (2011) ainda mencionam que na indústria de software já existe uma

EAR disponível e que é muito utilizada e poderia ser aplicada em seu método. Trata-se da TBRI

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(Taxonomy-Based Risk Identification) do SEI que categoriza os riscos em três classes: engenharia

do produto; ambiente de desenvolvimento e restrições do programa.

A TBRI acompanha todo o ciclo de vida do desenvolvimento de software e oferece um

framework para organizar os dados e as informações. Trata-se de um questionário e um processo

organizado de entrevistas para sua aplicação. A taxonomia organiza os riscos de projetos de

software em uma estrutura hierárquica de categorias. O questionário é uma ferramenta elaborada

para garantir que todas as áreas de riscos sejam sistematicamente endereçadas, enquanto o

processo de entrevistas é desenhado para garantir que todas as questões sejam respondidas tanto

pelos engenheiros quanto pelos gestores de maneira a produzir os melhores resultados (Higuera

& Haimes, 1996).

Figura 15: Distribuição de riscos seguindo a taxonomia de riscos do SEI.

Fonte: Higuera & Haimes, 1996.

A falta de bases de dados com informações históricas de riscos de projetos é um

problema enfrentado pelos gestores de projetos que o SEI procura solucionar oferecendo uma

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base de dados com suas lições aprendidas. Na Figura 15 pode-se observar o resultado deste

trabalho que apresenta os riscos consolidados utilizando-se a Taxonomia de Riscos do SEI

(Higuera & Haimes, 1996).

Importante observar que a distribuição dos riscos ocorre de maneira uniforme entre as

três categorias, sendo 30% engenharia, 33% desenvolvimento e 37% restrições (Higuera &

Haimes, 1996).

2.2.3 Riscos em Projetos

Os riscos de um projeto devem ser considerados em dois grandes níveis: (1) riscos do

projeto ou risco geral do projeto; e (2) riscos no projeto. Geralmente os gestores de projetos

consideram somente os riscos no projeto que são os riscos individuais identificados e registrados

no Registro de Riscos. Raramente são considerados os riscos do projeto que são os riscos

associados com o escopo e benefícios do projeto onde se procura avaliar qual o impacto do

projeto para a organização (Hillson, 2013b).

Embora os riscos existam em praticamente todo o subsistema organizacional, é

especialmente notável como eles são relevantes nos projetos de desenvolvimento de novos

produtos devido ao envolvimento de diversas áreas e funções dentro da empresa. Os riscos que

aparentemente afetam apenas o projeto do novo produto podem se propagar por toda a empresa,

ampliando seu impacto nos recursos, cronogramas e desempenho da organização. A Tabela 12

ilustra alguns exemplos de riscos do projeto que impactaram não apenas o resultado do projeto,

mas todo o resultado da organização (Shenhar, Milosevic, Dvir, & Thamhain, 2007).

Os riscos do projeto devem ser considerados antes mesmo do início do projeto, isto é,

durante a fase de concepção do projeto (elaboração do business case). Neste momento, quando os

objetivos, investimentos e benefícios do projeto estão sendo esclarecidos, é fundamental que

também sejam avaliados os riscos que o projeto apresenta para a organização. Com base nestas

informações, os executivos estarão aptos a avaliar se o projeto está dentro do nível de risco

tolerado pela organização e alinhado com a estratégia organizacional. Neste nível, o risco do

projeto é avaliado com base no escopo proposto, estrutura necessária e contexto do projeto dentro

do cenário econômico (Hillson, 2013b).

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Tabela 12: As incertezas podem impactar o sucesso de um novo produto (exemplos).

Descrição do Fato

Novo CD player ultra portátil falhou no mercado devido ao custo unitário de produção superior ao esperado.

Lançamento de novo produto de fundo mútuo foi um fracasso, pois as necessidades dos investidores e condições

econômicas mudaram.

Desenvolvimento de nova droga foi cancelado durante a fase de testes clínicos, pois a aprovação do FDA foi

negada.

Desenvolvimento de um satélite de telecomunicações resultou em uma grande perda financeira devido ao retrabalho

resultante de alterações regulatórias.

Atraso de dois anos na operação piloto de uma nova refinaria de óleo devido a descoberta de novas preocupações

ambientais.

Nota. Fonte: Shenhar et al., 2007.

O projeto é aprovado e se inicia após criteriosa avaliação do risco geral do projeto. Neste

momento os processos tradicionais de identificação e análise individual dos riscos podem ser

utilizados pela equipe do projeto (Hillson, 2013b).

Chapman e Ward (2007) esclarecem que as incertezas de um projeto estão presentes

durante todo o ciclo de vida de desenvolvimento do projeto, mas durante o início do projeto estas

incertezas são mais evidentes. Os dois principais fatores de incerteza de um projeto estão

relacionados com: a variabilidade em relação às medidas de desempenho do projeto, tais como

custo, prazo e qualidade; e a ambiguidade associada à falta de clareza dos requisitos, a falta de

dados e ignorância sobre a quantidade de esforço que deveria ser investido para esclarecer a

situação. As principais incertezas de um projeto podem ser organizadas em cinco grandes áreas:

(1) Variabilidade associada à estimativa de parâmetros do projeto – falta de

especificações claras, de experiência, complexidade, inter-relacionamentos de atividades, análise

limitada do processo envolvido na atividade, além da possibilidade de ocorrência de alguns

eventos que produzem efeitos nos objetivos;

(2) Incertezas sobre a base da estimativa – a qualidade das estimativas é questionável,

pois depende de quem realizou as estimativas, quais técnicas e parâmetros foram utilizados e se

os riscos “conhecidos desconhecidos” e “desconhecidos desconhecidos” foram considerados;

(3) Incertezas sobre o desenho e a logística – nos estágios de concepção de um projeto a

natureza das entregas e do processo para produzi-las é fundamentalmente incerto;

(4) Incertezas sobre objetivos e prioridades – uma das formas para melhorar o

desempenho de um projeto é ter clareza dos seus objetivos e da importância relativa entre eles.

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Por exemplo, se a prioridade relativa de prazo, custo e desempenho não estiverem claros, a

incerteza associada a estes fatores será bem relevante.

(5) Incertezas sobre o relacionamento entre os envolvidos no projeto – uma fonte de

incertezas é a multiplicidade de pessoas, organizações e unidades de negócio envolvidas no

projeto. O relacionamento entre as partes muitas vezes é complexo e aumenta as incertezas.

Conforme pode ser observado na Figura 16, o nível de exposição ao risco de um projeto

é alto no início e diminui à medida que o projeto progride ao seu término, pois conforme a

quantidade de informações sobre o projeto aumenta, as incertezas diminuem. A gestão de riscos

trata as incertezas assumidas nas premissas e estimativas iniciais do projeto, permitindo estimar

uma reserva de contingência para cobrir as ações de resposta aos riscos conhecidos e uma reserva

gerencial para os custos desconhecidos. O objetivo das reservas é garantir com certo grau de

segurança as variações de custo e prazo que podem ocorrer ao longo do projeto (PMI, 2009).

Figura 16: O nível de exposição ao risco diminui ao longo do projeto.

Fonte: adaptado de PMI, 2013a.

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Segundo Thamhain (2013) é possível destacar três grupos de variáveis inter-

relacionadas que devem ser consideradas na gestão de riscos e podem ser observadas na Figura

17. Entender estas variáveis é importante para selecionar o modelo de referência para a gestão de

riscos mais adequada, além das pessoas e organizações necessárias para lidar eficientemente com

a situação de risco específica:

Figura 17: Dimensões da gestão de riscos.

Fonte: adaptado de Thamhain, 2013.

(1) Grau de incerteza pode ser dividido em quatro categorias: (a) Variações das

variáveis conhecidas do projeto, tais como custo, prazo ou requisitos. Podem ser controladas de

forma eficiente pelas ferramentas convencionais de planejamento, execução e monitoramento do

projeto; (b) Contingências são os eventos conhecidos que podem ocorrer e afetar negativamente o

desempenho do projeto. Alguns métodos analíticos tais como PERT (Project Evaluation and

Review Technique) e simulações ajudam a antecipar a materialização estes eventos; (c) Acidentes

são eventos possíveis de serem identificados, mas a probabilidade e impacto são muito difíceis de

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serem previstos; e (d) Desconhecido-desconhecido são eventos vistos como impossíveis de

acontecer dentro do contexto do projeto e passam a ser conhecidos pela equipe do projeto

somente quando ocorrem.

(2) Complexidade do projeto: existem diversos estudos que ajudam a classificar a

complexidade de um projeto, sendo que o foco principal está baseado em dois aspectos: a

“complexidade no projeto” que foca o ambiente organizacional, social e político e a

“complexidade do projeto” que foca a dimensão do porte (tamanho) do projeto sendo este mais

comumente utilizado e referenciado neste modelo como Projeto, Programa e Portfólio.

(3) Impacto do risco no projeto e organização: apesar de projetos complexos serem

susceptíveis a apresentar um impacto maior na organização, projetos pequenos podem também

impactar grandes segmentos do negócio. Sugerem-se quatro categorias de riscos baseadas no

impacto que estes podem gerar: (1) categoria I são os riscos que podem ser identificados e

tratados antes mesmo de afetar o desempenho do projeto; (2) categoria II são os riscos que podem

ser tratados e impactam um grupo de tarefas específico dentro do projeto; (3) categoria III são os

riscos que impactam o desempenho do projeto, tal como atraso no prazo final e estouro do

orçamento; e (4) categoria IV são os riscos cujo impacto extrapola o impacto no projeto e

impacta a operação da organização.

A atitude das organizações e das partes interessadas em relação aos riscos pode ser

influenciada por dois importantes fatores: apetite ao risco, que é o grau de incerteza que uma

entidade está disposta a aceitar, na expectativa de uma recompensa; e tolerância a riscos, que é o

grau, a quantidade ou o volume de risco que uma organização ou indivíduo está disposto a tolerar

(PMI, 2009).

A Figura 18 apresenta os critérios genéricos para o sucesso da gestão de riscos em

projetos na visão do PMI (2009): reconhecer o valor da gestão de riscos – investir na gestão de

riscos significa investir em uma valiosa disciplina que gera retorno positivo para a gestão

organizacional, para a gestão de projetos e para todos os envolvidos no projeto;

responsabilidade e compromisso individual – todos os participantes e envolvidos no projeto

devem entender e aceitar sua responsabilidade pela realização de atividades relacionadas à gestão

de riscos; comunicação aberta e sincera – qualquer ação ou atitude que envolva a omissão ou

dificulte a comunicação de riscos do projeto, reduzem a eficácia do processo de tomada de

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70

decisões; compromisso organizacional – o compromisso organizacional somente pode ser

estabelecido se a gestão de riscos estiver alinhada com os objetivos e valores da organização. A

gestão de riscos em projetos pode exigir um nível mais elevado de apoio gerencial do que outras

disciplinas de gestão de projetos, pois muitas vezes os riscos exigem aprovação ou respostas de

pessoas que estão em níveis hierárquicos superiores ao do gerente de projeto; esforço compatível

com o projeto – o esforço e custo dispendido com as atividades de gestão de riscos devem ser

compatíveis com o valor potencial de seus benefícios tanto para o projeto quanto para a

organização; e integração com a gestão de projetos – a gestão de riscos em projetos não pode

ser realizada de forma isolada, pois seu sucesso depende da adequada execução dos demais

processos de gestão de projetos.

Figura 18: Fatores críticos de sucesso para a gestão de riscos em projetos.

Fonte: adaptado de PMI, 2009.

2.2.4 Riscos em Projetos de Software

Os riscos em projetos de software podem ser decorrentes de vários fatores, sendo os

mais comuns: mudanças de requisitos, falta de conhecimento, tecnologias defeituosas, Gold

Plating e cronogramas de projetos irreais. Em relação à mudança de requisitos é comum existir

pequenos ajustes quando não se tem uma visão clara do projeto. A falta de conhecimento ocorre

quando não se tem experiência sobre uma determinada tecnologia e, consequentemente, o projeto

estoura o prazo e orçamento, pois não considera o tempo necessário para aprendizado da equipe.

As tecnologias defeituosas são aquelas que ainda não estão maduras o suficiente e a equipe se

depara com um problema de viabilidade. O risco de Gold Plating refere-se a grandes alterações

de requisições de um item que era demasiadamente pequeno. Os cronogramas de projetos irreais

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advêm de subestimar o tempo de desenvolvimento que a equipe necessitará para concluir o

projeto (Suresh Babu & Srivatsa, 2011).

Miorando (2010) organizou a Tabela 13 com um resumo dos principais riscos em

projetos de TI encontrados na literatura.

Tabela 13: Principais riscos em projetos de TI.

Categoria de Risco Fator de Risco Descrição

Custos

Incerteza quanto à

conclusão do projeto dentro

dos custos projetados.

Atendimento ao

orçamento

Quão bem os custos e contingências do projeto estão

estimados?

Exposição financeira Até que ponto o projeto permite abordagens de

contingência para eventos inesperados?

Estimativas e

contingências

Quão seguro é o projeto quanto às estimativas de custos e

contingências

Benefícios

Incerteza quanto à completa

realização dos benefícios

esperados.

Clareza dos benefícios Quão claro estão descritos os benefícios do projeto?

Necessita-se de algum trabalho adicional para alcançar os

benefícios?

Confiabilidade dos

benefícios

Quão confiável é a lógica que liga os benefícios

esperados com os resultados do projeto?

Validação dos benefícios Até que ponto os benefícios planejados foram validados?

Plano de realização dos

benefícios

Até que ponto é possível medir os benefícios do projeto?

Métricas e alvos Existem métricas e alvos estabelecidos para os benefícios

chave?

Processo de captura dos

benefícios

Existem processos para capturar e alavancar os

benefícios inesperados que forem descobertos?

Habilidades e experiência

Incerteza sobre a existência

das habilidades em TI e

experiência necessária para

realização do projeto.

Habilidades em TI A equipe de TI envolvida no projeto possui as qualidades

técnicas necessárias?

Habilidade na área de

negócios

A equipe envolvida no projeto possui a experiência

necessária na área de negócios do projeto?

Habilidades em gestão

de projetos

Quão experiente é a equipe na gestão de projetos?

Tamanho e complexidade

Incerteza devido ao

tamanho e complexidade do

projeto.

Tamanho do projeto Quão grande é o trabalho de TI no projeto?

Complexidade do projeto Quão complexo é o projeto em relação a outros projetos

realizados pela empresa?

Dependência de outros

projetos

Quão dependente é o projeto do sucesso de outros

projetos ou iniciativas de negócios?

Dependência de

indivíduos

Quão dependente é o projeto da habilidade e experiência

de um time específico de membros?

Arquitetura e desempenho

Incerteza sobre a

estabilidade da arquitetura,

do suporte de infraestrutura

e desempenho esperado para

o projeto.

Alinhamento da

arquitetura

Quanto a tecnologia proposta está alinhada com a

arquitetura de TI da empresa?

Segurança Quanto o projeto está compatível com as políticas de

segurança da empresa?

Ponto crítico de

desempenho

Quanto os benefícios são dependentes de um alto nível

de desempenho dos produtos do projeto?

Cronograma

Incerteza sobre a conclusão

do projeto dento do

cronograma projetado.

Prazos de

desenvolvimento

Os prazos projetados no cronograma são suficientes para

o desenvolvimento do projeto?

Interrupção do

desenvolvimento

Até que ponto os benefícios podem ser alcançados se o

projeto for terminado em um estágio intermediário?

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Categoria de Risco Fator de Risco Descrição

Clareza de escopo

Incerteza sobre o escopo de

investimento.

Clareza do estado futuro A situação futura foi claramente antecipada,

compreendida e declarada no planejamento?

Clareza dos resultados Quão claros estão os resultados e suas relações com a

realização dos benefícios do projeto?

Clareza de foco nas áreas Até que ponto as áreas chaves foram incorporadas no

planejamento do projeto?

Suporte organizacional

Incerteza sobre o suporte

organizacional oferecido por

patrocinadores, gerentes,

unidades de negócio e

usuários.

Envolvimento das áreas

de negócio

Quanto às áreas de negócio estão envolvidas com o

projeto?

Suporte das áreas

impactadas pela

mudança

Quanto dos impactados pelas mudanças apoiam o

projeto?

Disposição do

patrocinador

Quão pronto, disposto e apto é o patrocinador para fazer

do programa um sucesso?

Patrocinadores Quanto à área de negócios está comprometida em

patrocinar o projeto?

Compromisso da fonte

de recursos

Existem recursos disponíveis vindo das áreas de negócio

afetadas pelo projeto?

Suporte de operações

computacionais

Quão comprometido é o pessoal de TI para fornecer

suporte durante o projeto?

Envolvimento da alta

gerência

Quanto à alta gerência da área de negócios está

comprometida com o projeto?

Impacto da mudança

Incertezas sobre a

habilidade das unidades de

negócio gerenciarem as

mudanças

Extensão das mudanças Quão extenso é o impacto do projeto?

Capacidade de mudança O pessoal impactado pelo projeto tem capacidade e

habilidade para assimilar as mudanças implantadas pelo

projeto?

Ambiente de negócio

Incerteza quanto à

instabilidade e

previsibilidade do ambiente

de negócio.

Adaptação às mudanças

de negócio

Quanto dos benefícios projetados serão realizados se as

prioridades de negócio mudarem?

Sensibilidade do

ambiente de negócio

Quanto os benefícios são contingentes na estabilidade do

ambiente de negócios?

Mudança das

necessidades dos clientes

Os benefícios poderão ser alcançados se as necessidades

dos clientes mudarem?

Maturidade tecnológica

Incerteza sobre a

maturidade da tecnologia

implantada.

Maturidade de TI Quão madura é a tecnologia a ser implantada pelo

projeto?

Sofisticação da TI Até que ponto as áreas afetadas estão familiarizadas com

a tecnologia utilizada no projeto?

Gestão de riscos

Incerteza sobre a adequação

do projeto e sua gestão de

riscos.

Planejamento das

diretrizes

Quanto o planejamento está adequado às boas práticas de

gestão de projeto?

Garantia da qualidade Existe garantia do processo de qualidade planejado para

o projeto?

Tomada de decisão Existe um processo efetivo para tomada de decisão no

projeto?

Nota. Fonte: Miorando, 2010.

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2.2.5 Gestão de Riscos em Projetos

Segundo a International Organization for Standardization – ISO (ISO, 2009) a gestão

de riscos pode ser aplicada a toda uma organização, em suas várias áreas e níveis, a qualquer

momento, bem como a funções, atividades e projetos específicos.

A gestão de riscos pode ser justificada em quase todos os projetos. O nível de

formalização pode variar de projeto para projeto, dependendo de fatores como tamanho, tipo de

projeto, quem é o cliente, requisitos contratuais, a relação com o plano estratégico corporativo e a

cultura corporativa. É particularmente importante quando as apostas globais são altas e/ou

quando há uma grande dose de incerteza. A gestão de riscos obriga a equipe do projeto a se

concentrar no futuro, em que existe incerteza, e desenvolver planos adequados de ação para evitar

que questões potenciais se tornem problemas e impactem negativamente o projeto (Kerzner,

2013).

Segundo Lockyer and Gordon (2005), diferentemente da maioria das atividades

industriais, onde se lida com contextos conhecidos e relativamente estáveis, projetos se

preocupam com as mudanças e lidam com incertezas consideráveis. Assim, os riscos em

indústrias tendem a ser pequenos e aceitáveis enquanto que, em projetos, a situação é bem

diferente.

O objetivo da gestão de riscos em projetos é: (1) identificar eventos que possam

impactar os objetivos do projeto relacionados ao custo, escopo, prazo e qualidade; (2) quantificar

o impacto provável de cada evento; (3) definir uma referência para os eventos não controláveis

do projeto; e (4) mitigar os impactos, exercendo influência sobre os eventos controláveis do

projeto. Também é possível delimitar o escopo da atividade de gestão de riscos que se encaixa

entre a total certeza (a probabilidade de o evento ocorrer é de 100%) e a total incerteza (evento

que ninguém consegue imaginar), conforme apresentado na Figura 19 (Wideman, 1992).

Em 2002 Raz, Shenhar e Dvir (2002) diziam que as ferramentas e técnicas de gestão de

riscos foram desenvolvidas para melhorar o sucesso dos projetos; entretanto, os autores já

mencionavam que tais ferramentas ainda estaria na sua infância e investimentos em pesquisas e

treinamentos eram necessários. Segundo Alberts and Dorofee (2012) o problema continua, muito

projetos ainda falham devido à falta de maturidade das organizações em gestão de riscos. Os

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problemas identificados são: falta de padronização na prática da gestão de riscos entre as diversas

áreas da organização; falta de integração entre a gestão de riscos dos projetos e as políticas da

organização; e aumento da complexidade dos ambientes empresariais.

Figura 19: O espectro da incerteza.

Fonte: Wideman, 1992.

Quanto mais complexo o projeto, maior a necessidade de gerenciar os riscos de forma

estruturada e organizada. Um gestor de projetos experiente consegue gerenciar os riscos de

projetos pouco complexos utilizando apenas seu conhecimento individual, análises e

experiências; entretanto, quanto mais complexo o projeto, maiores são os riscos técnicos e não

técnicos (custo e prazo), e mais robustos devem ser os controles. Ou seja, devem-se utilizar

métodos, ferramentas e processos adequados de gestão de riscos para garantir a realização dos

objetivos do projeto (Higuera & Haimes, 1996).

O nível de detalhe, a sofisticação das ferramentas, e a quantidade de tempo e recursos

aplicados devem ser proporcionais às características do projeto e sua importância para a

organização. Ou seja, teoricamente, um grande projeto com muitos benefícios deveria dispender

mais esforços na gestão de riscos do que um pequeno projeto (PMI, 2009).

A maioria das perspectivas de gestão de riscos envolve análise do contexto,

identificação, análise e avaliação de riscos, tratamento, monitoramento e conferência. No entanto,

para ser efetivo, um método de avaliação de riscos deve considerar os aspectos tecnológicos,

mercadológicos, financeiros, operacionais, organizacionais e de negócio, relacionando-os ao ciclo

de vida do projeto. Dessa forma, as possibilidades de estratégias para a gestão de riscos baseiam-

se em duas formas possíveis: uma objetiva a redução das circunstâncias de riscos e a outra cuida

do tratamento dos riscos após o seu surgimento (Aloini, Dulmin, & Mininno, 2007).

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O passo inicial para uma boa gestão de riscos em projetos é planejar quais abordagens

serão utilizadas durante o projeto. Para isso é importante observar a singularidade de cada

organização, evidenciando-as nas abordagens de gestão de risco escolhidas. Não existem

soluções-padrão, pois cada corporação tem seu próprio limiar de exposição ao risco que deve ser

respeitado. Algumas empresas possuem padrão corporativo para o planejamento do risco, o que

facilita a tarefa do gestor de projetos e da equipe de risco, pois esta precisa apenas customizar o

padrão ao projeto em andamento (Carvalho & Rabechini, 2011).

2.2.6 Gestão de Riscos em Projetos de Software

A gestão de risco em projetos de software tem objetivos fundamentalmente diferentes:

prevenir riscos; mitigar e corrigir riscos; e garantir a falha segura do sistema. Para alcançar estes

objetivos devem ser considerados os seguintes princípios: (1) visão compartilhada do produto

com foco em resultado; (2) trabalho em equipe para atingir um objetivo comum; (3) reconhecer o

valor das oportunidades e o impacto dos efeitos adversos; (4) visão prospectiva para antecipar as

incertezas; (5) comunicação aberta entre todos os níveis envolvidos no projeto; (6) gestão

integrada ao garantir que a gestão de riscos seja uma parte importante da gestão do projeto; e (7)

processos contínuos para identificar e gerenciar os riscos rotineiramente durante todo o ciclo de

vida do projeto (Higuera & Haimes, 1996).

Durante o desenvolvimento de um software, existem diversas possibilidades para que

algo dê errado. A equipe que desenvolve o software espera realizar uma implantação segura e

completa e o cliente espera que não haja problemas com as transações no ambiente produtivo.

Mas, infelizmente, é crescente o número de casos em que os softwares são implantados e

apresentam consequências negativas para os usuários. Isto é mais significante quando os

softwares são utilizados nas áreas chave das organizações, pois uma falha gera impacto direto no

resultado do negócio. Ou seja, ao implantar um novo software ou realizar manutenções nas

versões existentes, a organização assume um grande número de riscos (Maguire, 2002).

A atividade de desenvolvimento de software é complexa e imprevisível. Isso significa

que os riscos devem ser controlados para garantir o sucesso do projeto. A probabilidade e o

impacto no desempenho do projeto devem ser considerados para o desenvolvimento de uma boa

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estratégia de gestão de riscos. Isso significa que a gestão de riscos em software implica em

quantificar e priorizar os riscos por meio de uma adequada análise de probabilidade e impacto.

Quanto melhor o entendimento sobre os riscos envolvidos no projeto de software, melhor será o

resultado tanto do projeto quanto do produto final (Han & Huang, 2007; Huang & Han, 2008).

A gestão de riscos em um projeto de software deve abordar questões como a análise dos

requisitos funcionais, o estabelecimento do escopo, a identificação das funcionalidades

vulneráveis a falhas, a identificação dos eventos de risco, a análise do risco, o desenvolvimento

de um plano de gestão de risco e o controle de risco. Quando uma gestão de riscos é realizada de

forma correta, o projeto é concluído com sucesso, satisfazendo o cliente, realizando os objetivos

propostos e melhorando o desempenho financeiro da organização (Dey, Kinch, & Ogunlana,

2007).

A gestão de riscos será mais eficiente se sua prática for moldada ao tipo de projeto e

aderente aos processos, políticas e cultura organizacional (PMI, 2009). O guia Software

Extension to the PMBOK Guide apresenta a gestão de riscos em projetos de software e descreve

os riscos e estratégias de mitigação de riscos mais importantes para este tipo de projeto (PMI &

IEEE, 2013):

Cada projeto de software tem diferentes incertezas, riscos e oportunidades, porque cada projeto

de software é uma combinação única de requisitos, arquitetura e construção, resultando em um

produto de software diferente. Os riscos do projeto de software e os riscos técnicos de software

afetam todos os envolvidos. A gestão de riscos tem a intenção de aumentar a probabilidade de

atingir as metas do projeto, enquanto a gestão de oportunidades tem a intenção de superar as

metas do projeto. A gestão de oportunidades é geralmente praticada na gestão de projetos de

software, especialmente em projetos de adaptação que têm a oportunidade de responder

rapidamente às mudanças solicitadas pelo cliente, aplicar uma nova tecnologia, ou aceitar

recursos adicionais. O processo de gestão de riscos é um processo contínuo para a identificação

sistemática, análise, tratamento e monitoramento de risco em todo o ciclo de vida de um

produto ou serviço. Riscos que ocorrem geralmente em projetos de software incluem

engenharia, cronograma, custo, qualidade (por exemplo, segurança e disponibilidade), equipes e

fatores de risco dos envolvidos. Os possíveis tratamentos de risco incluem aceitar, evitar,

transferir ou mitigar o risco (tradução livre). 3

3 Each software development project has different uncertainties, risks, and opportunities because each software

project is a unique combination of requirements, design, and construction, resulting in a distinct software product.

Software project risks and software technical risks affect every stakeholder. Software risk management aims to

improve the probability of achieving the project goals; software opportunity management aims to exceed the project

goals. Opportunity management is commonly practiced in software project management, especially in adaptive

projects that have the opportunity to rapidly respond to customer-requested changes, apply new technology, or accept

additional resources. The risk management process is “a continuous process for systematically identifying,

analyzing, treating, and monitoring risk throughout the life cycle of a product or service”. Commonly occurring

risks for software projects include technical, schedule, cost, quality (e.g., security, safety, availability), team

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Um dos primeiros livros publicados sobre gestão de riscos em projetos de software foi

escrito por Barry Boehm em 1989 e apresenta diversas técnicas para avaliação e controle dos

riscos em projetos de software divididos em seis passos: identificação, análise, priorização,

planejamento, solução e monitoramento (Boehm, 1989).

O modelo proposto por Boehm (1991) organiza os processos da gestão de riscos em dois

passos primários e cada um destes passos em três passos auxiliares com diversas técnicas

associadas. A Figura 20 apresenta de forma sumarizada a maioria dos passos e técnicas

envolvidas na gestão de riscos em projetos de software.

Figura 20: Passos da gestão de riscos em projetos de software proposto por Boehm.

Fonte: adaptado de Boehm, 1991.

dynamics, and customer/stakeholder risk factors. Risk treatments include accepting, avoiding, transferring, or

mitigating risk.

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Zwikael (2009), após pesquisa envolvendo 783 participantes de diversos países, sendo

que 241 (30%) participantes eram profissionais da indústria de software, concluiu que a área de

conhecimento do PMBOK relacionada a risco em projetos, é a segunda mais importante na

determinação do sucesso de um projeto durante a fase de planejamento. Apesar da importância, o

autor observou uma baixa utilização dos processos de gestão de riscos, principalmente devido à

falta de disponibilidade dos gerentes funcionais durante a etapa de identificação de riscos e da

falta de prática na utilização das ferramentas e formalização dos riscos.

De acordo com Boehm (1991), apesar da diversidade de técnicas e ferramentas, os

gestores de projetos devem ter discernimento e focar nos fatores críticos de sucesso, mas por

diversas razões, alguns gestores esquecem este conceito básico e preocupam-se com questões

irrelevantes. O julgamento humano ainda é o item mais importante para o sucesso de um projeto

de software; entretanto, o modelo conceitual e as técnicas de avaliação de risco e controle podem

fornecer as competências necessárias para melhorar o julgamento humano.

2.2.7 Modelos de Referência em Gestão de Riscos

As empresas se utilizam de modelos de referência para organizar seus processos

gerenciais organizando assim seus modelos de gestão (Cardoso, 2008) e a bibliografia apresenta

diversos modelos de referência para gestão de riscos. Ao analisar os processos de alguns destes

modelos desenvolvidos ao longo do tempo por renomados autores e instituições internacionais,

observa-se que o processo de identificação de riscos é imprescindível em todos os modelos

estudados e destaca-se pela sua importância.

Os modelos são apresentados do mais genérico para o mais específico: o modelo da ISO

é de utilização genérica e atende qualquer segmento de mercado; o modelo do PMI é específico

para gestão de projetos, mas o PMI elaborou uma versão adaptada para projetos de software que

foi elaborada em conjunto com o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers); e o

modelo do SEI é específico para o desenvolvimento de projetos de software.

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2.2.7.1 Modelo de Referência em Gestão de Riscos da ISO – ISO 31000

Para as organizações, as normas internacionais facilitam o comércio mundial e a

penetração em novos mercados, pois garantem que os produtos e serviços são seguros, confiáveis

e de boa qualidade. Além disso, são ferramentas estratégicas que ajudam a tornar a indústria mais

eficiente e eficaz, porque reduzem os custos, minimizam os erros e aumentam a produtividade

(http://www.iso.org, recuperado em 6 março, 2014).

A ISO é a maior desenvolvedora de normas internacionais voluntárias do mundo. Foi

fundada em 1947 e já desenvolveu mais de 19.500 normas abrangendo diversos aspectos de

tecnologia e negócios. Tais normas são desenvolvidas por meio de um consenso entre

especialistas de todo o mundo e oferecem o estado da arte em especificações de produtos,

serviços e boas práticas. Atualmente sua sede está localizada em Genebra na Suíça, possui 150

pessoas trabalhando em tempo integral e conta com membros de 162 países e 3.368 órgãos

técnicos para cuidar do desenvolvimento de padrões (http://www.iso.org, recuperado em 6 março,

2014).

A sigla ISO é uma referência mundial. Como o nome International Organization for

Standardization teria diferentes siglas em diferentes línguas (IOS em inglês, OIN em francês para

Organisation Internationale de Normalisation) decidiu-se pela sigla ISO que é derivada da

palavra grega isos e significa “igual” (http://www.iso.org, recuperado em 6 março, 2014).

A Figura 21 apresenta alguns dos principais acontecimentos na história da ISO: em 1960

foi publicada a ISO 31 (Sistema Internacional de Unidades), atual ISO 80000, para garantir a

uniformidade nas unidades de medida, por exemplo, metro para distância e segundos para tempo;

em 1987 foi publicada a família ISO 9000 de normas de gestão da qualidade que é amplamente

utilizada nas empresas ao redor do mundo; em 1996 foi lançada a ISO 14001, trata-se de uma

norma de gestão ambiental com ferramentas que ajudam as organizações a identificar e controlar

seus impactos ambientais; em 2005 foi publicada em conjunto com a IEC (International

Electrotechnical Commission) a ISO/IEC 27001, projetada para garantir a seleção adequada de

controles de segurança das informações da organização e tornou-se uma das mais populares

normas da instituição; em 2009 foi publicada a ISO 31000 que estabelece princípios e diretrizes

para a gestão de riscos nas organizações e será discutida em detalhes nesta dissertação; e em

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2010 foi lançada a ISO 26000 que contém orientações sobre como as organizações podem operar

de uma maneira socialmente responsável (http://www.iso.org, recuperado em 6 março, 2014).

O modelo de referência em gestão de riscos da ISO foi lançado em 2009 e batizado

como “ISO 31000 – Gestão de riscos – Princípios e diretrizes”. Trata-se de um modelo genérico

aplicável a qualquer tipo de organização e qualquer tipo de risco, ou seja, pode ser aplicado em

uma empresa do setor bancário e tratar riscos de projetos.

Figura 21: Linha do tempo da história da ISO.

Fonte: elaborado pelo autor.

Segundo a ISO (ISO, 2009), embora o risco seja sempre gerenciado em algum grau, a

norma estabelece onze princípios que devem ser atendidos para tornar a gestão de riscos eficaz.

Adicionalmente sugere que as organizações elaborem, implantem e melhorem continuamente um

framework que integre o processo de gerenciamento de riscos com os demais processos existentes

na organização.

A ISO (ISO, 2009, p. 1) assim detalha o escopo da norma:

Esta norma fornece princípios e diretrizes genéricas para a gestão de riscos.

Esta norma pode ser utilizada por qualquer empresa pública, privada ou comunitária,

associação, grupo ou indivíduo. Portanto, esta Norma não é específica para qualquer indústria

ou setor.

Esta norma pode ser aplicada ao longo da vida de uma organização e a uma ampla gama de

atividades, incluindo estratégias, decisões, operações, processos, funções, projetos, produtos,

serviços e ativos.

Esta norma pode ser aplicada a qualquer tipo de risco, independentemente de sua natureza, quer

tenha consequências positivas ou negativas.

Embora esta norma forneça diretrizes genéricas, ela não pretende promover a uniformidade da

gestão de riscos entre organizações. A concepção e a implementação de planos e estruturas para

gestão de riscos precisarão levar em consideração as necessidades variadas de uma organização

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específica, seus objetivos, contexto, estrutura, operações, processos, funções, projetos,

produtos, serviços ou ativos e práticas específicas empregadas.

Pretende-se que esta Norma seja utilizada para harmonizar os processos de gestão de riscos

tanto em normas atuais como em futuras. Esta norma fornece uma abordagem comum para

apoiar Normas que tratem de riscos e/ou setores específicos, e não substituí-las.

Para uma gestão adequada de riscos, a organização deve considerar os seguintes

princípios: (a) criar e proteger valor – contribuir com a realização dos objetivos e melhoria do

desempenho da organização; (b) ser parte integrante dos processos organizacionais – a gestão

de riscos deve estar presente em todos os processos organizacionais, incluindo o planejamento

estratégico, gestão de projetos e gestão de mudanças; (c) ser um componente do processo de

tomada de decisões – os riscos avaliados ajudam na tomada consciente de decisões e priorização

de ações; (d) endereçar a incerteza – os riscos dever ser identificados e declarados para que

sejam gerenciados; (e) desenvolver-se de uma forma sistemática, estruturada e contínua –

dessa forma é possível obter resultados consistentes, comparáveis e confiáveis; (f) basear-se nas

melhores informações disponíveis – considerar dados históricos, previsões e opiniões de

especialistas, mas sempre considerando as limitações de tais fontes de informação; (g) moldar-se

à organização – considerar as características internas e externas da organização, além de seu

apetite ao risco; (h) considerar fatores humanos e culturais – reconhecer as capacidades das

equipes internas e externas e como isso afeta à realização dos objetivos da organização; (i) ser

transparente e inclusiva – envolver adequadamente os tomadores de decisão em todos os níveis

da organização para que suas opiniões sejam consideradas e a gestão de riscos mantenha-se

atualizada; (j) ser dinâmica, iterativa e adaptável às mudanças – acompanhar as mudanças dos

ambientes internos e externos para manter os principais riscos sempre atualizados; (k) facilitar a

melhoria contínua da organização – investir constantemente na melhoria da maturidade em

gestão de riscos da organização (ISO, 2009).

O framework proposto pela ISO 31000 (2009) orienta o adequado gerenciamento de

riscos por meio do uso do processo de gestão de riscos que pode ser aplicado em diferentes níveis

da organização. Para as organizações que já possuem um processo formal de gestão de riscos,

sugere-se que a norma seja utilizada como referência para avaliar a suficiência e eficácia deste

processo. O framework é divido em cinco componentes:

(1) Mandato e comprometimento – para que a gestão de riscos seja adequadamente

introduzida e mantida na organização é necessário constar no planejamento estratégico da

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organização e garantir o comprometimento dos executivos em todos os níveis. A administração

da organização deve: aprovar uma política de gestão de riscos alinhada com os objetivos da

organização; criar indicadores de desempenho; garantir a conformidade legal; e garantir recursos

para execução das tarefas.

(2) Concepção do framework organizacional – define como o sistema de gestão de riscos

deve ser implantado, monitorado e revisado dentro da organização. Para isso são necessárias

algumas etapas: entender o contexto externo e interno no qual a organização está inserida;

estabelecer uma política de gestão de riscos clara e divulgá-la de forma apropriada; garantir a

responsabilidade, autonomia e competência tanto para os responsáveis pela manutenção do

framework quanto para os responsáveis pelo gerenciamento dos riscos; integrar a gestão de

riscos aos processos organizacionais existentes; garantir os recursos necessários para a realização

das atividades (pessoas, métodos, ferramentas, processos, sistemas e treinamento); estabelecer os

mecanismos de comunicação interna; e estabelecer os mecanismos de comunicação externa

para atender os clientes, fornecedores, acionistas e órgãos reguladores.

(3) Implantação da gestão de riscos: definir a estratégia e o melhor momento para

implantar o framework e o processo de gestão de riscos, garantindo a adequada comunicação,

orientação e treinamento de todos os envolvidos no processo.

(4) Monitoramento e análise crítica do framework: medir o desempenho da gestão de

riscos por meio de indicadores e garantir a avaliação e contínua do framework.

(5) Melhoria contínua da estrutura: com base nos indicadores, definir ações para

melhorar a política, o plano e o framework de gestão de riscos.

Por fim, a norma detalha o processo de gestão de riscos, apresentado na Figura 22, que

são as atividades coordenadas para dirigir e controlar o efeito das incertezas nos objetivos da

organização.

(1) Comunicação e consulta: elaborar um plano de comunicação e consulta contínuo às

partes interessadas garantindo que seus interesses sejam compreendidos e considerados na

identificação, avaliação e tratamento dos riscos;

(2) Estabelecimento do contexto: definir a metodologia e o apetite ao risco da

organização orientando o escopo e critérios dos demais processos. Deve considerar os objetivos,

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o contexto externo (ambiente cultural, social, político, legal, regulatório, financeiro, tecnológico,

econômico e competitivo) e interno da organização (governança, estrutura organizacional,

políticas, sistemas, cultura e estratégia);

Figura 22: Modelo de referência para a gestão de riscos da ISO (ISO 31000).

Fonte: ISO, 2009.

(3) Identificação de riscos: gerar uma lista abrangente de riscos baseada nas incertezas

que possam criar, aumentar, evitar, reduzir, acelerar ou atrasar a realização dos objetivos;

(4) Análise dos riscos: determinar as causas e fontes de riscos, suas consequências

positivas e negativas nos objetivos da organização, a probabilidade de que essas consequências

ocorram, a eficácia e eficiência dos controles atualmente existentes e a interdependência entre os

riscos. A análise pode ser qualitativa, sem quantitativa ou quantitativa;

(5) Avaliação de riscos: priorizar os riscos analisados considerando sua probabilidade,

impacto, tolerância aos riscos assumida para o processo e o contexto estabelecido;

(6) Tratamento de riscos: avaliar o nível do risco residual e tratá-lo quando este não for

tolerável. Existem várias alternativas para tratamento do risco: aumentar o nível do risco para

aproveitar uma oportunidade, eliminar a fonte de risco, alterar a probabilidade, alterar as

consequências ou compartilhar o risco com outra parte;

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(7) Monitoramento e análise crítica: manter checagem ou vigilância regular para garantir

que os controles sejam eficazes e eficientes no projeto e na operação, além de identificar riscos

emergentes e avaliar o resultado do tratamento.

Pode-se notar que a norma é genérica e orientativa, ou seja, é uma referência para que as

organizações produzam seu próprio framework de gestão de riscos e muitos trabalhos ainda

devem ser desenvolvidos utilizando-se a ISO 31000 como guia. Em 2010 o IIA (Institute of

Internal Auditors) elaborou um manual explicando como a norma poderia ser utilizada pelos

auditores internos (MacLeod et al., 2010) e em 2012 Ernawati, Suhardi e Nugroho (2012)

propuseram um framework para gestão de riscos em tecnologia baseado na ISO 31000.

2.2.7.2 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Projetos do PMI

Para entender o modelo de referência em gestão de riscos do PMI é importante

compreender a relação entre suas diversas publicações utilizada neste estudo. A Figura 23

apresenta a relação entre a Prática-padrão para o Gerenciamento de Riscos em Projetos, Guia

PMBOK, livros didáticos, manuais e cursos.

Figura 23: Hierarquia dos recursos oferecidos pelo PMI para a gestão de riscos.

Fonte: PMI, 2009.

O PMI descreve essa relação da seguinte forma (2009, p. 1):

Práticas-padrão são guias para o uso de uma ferramenta, técnica ou processo identificado no

Guia PMBOK® ou outros padrões do PMI. As práticas-padrão são direcionadas aos públicos

que participam do gerenciamento de projetos. Isto inclui gerentes de projeto, a equipe do

projeto, a equipe contratada, supervisores e outros envolvidos no projeto.

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Uma prática-padrão do PMI descreve processos, atividades, entradas e saídas para uma área de

conhecimento específica. A prática-padrão fornece informações sobre os processos, ferramentas

e técnicas significantes, o que fazem, por que são importantes, quando devem ser executados e

quem são os responsáveis. Uma prática-padrão não prescreve a forma como o processo deve ser

implantado, deixando esse assunto para outros fóruns, como manuais, livros didáticos e cursos.

O objetivo da prática-padrão para Gerenciamento de Riscos em Projetos é: (a) fornecer aos

profissionais de gerenciamento de projetos e outras partes interessadas um padrão que define os

aspectos da Gestão de Riscos em Projetos reconhecidos como uma boa prática na maioria dos

projetos e na maior parte do tempo e; (b) fornecer um padrão que é globalmente aplicável e

consistentemente aplicado (tradução livre). 4

Segundo o guia PMBOK (2013), a gestão de riscos do projeto não é uma atividade

opcional, trata-se de uma atividade essencial para atingir o sucesso da gestão do projeto. Os

objetivos da gestão de riscos do projeto são aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos

positivos e diminuir a probabilidade e o impacto de eventos negativos no projeto. Para atender

esses objetivos foram desenvolvidos os seguintes processos: planejar o gerenciamento dos riscos,

identificar os riscos, realizar a análise qualitativa dos riscos, realizar a análise quantitativa dos

riscos, planejar as respostas aos riscos e controlar os riscos.

A gestão de risco continua a agregar valor ao projeto à medida que o planejamento

avança e mais informações tornam-se disponíveis sobre diversos aspectos, tais como clareza dos

interesses dos envolvidos, detalhamento do escopo, estimativas de tempo e custo mais assertivas

e premissas e restrições revisadas. Durante a execução do projeto, os processos de gestão de risco

monitoram as mudanças do projeto para identificar, analisar e elaborar adequados planos de

resposta aos novos riscos encontrados, além de revisar os riscos que não são mais plausíveis. A

gestão de riscos do projeto tem um papel fundamental na elaboração de estimativas realistas para

4 Practice standards are guides to the use of a tool, technique, or process identified in A Guide to the Project

Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide) or other PMI standards. Practice standards are targeted at

audiences who participate in the management of projects. This includes project managers, project personnel, contract

personnel, supervisors, and other project stakeholders.

A PMI practice standard describes processes, activities, inputs, and outputs for a specific Knowledge Area. It

provides information on what the significant process, tool, or technique is, what it does, why it is significant, when it

should be performed or executed, and, if necessary for further clarification, who should perform the process. A

practice standard does not prescribe how the process is to be implemented, leaving that subject for other forums such

as handbooks, manuals, and courses.

The purpose of the Practice Standard for Project Risk Management is to: (a) provide a standard for project

management practitioners and other stakeholders that defines the aspects of Project Risk Management that are

recognized as good practice on most projects most of the time and; (b) provide a standard that is globally applicable

and consistently applied.

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as datas de conclusão e os custos do projeto. Finalmente, durante a fase de encerramento do

projeto, as lições aprendidas são revisadas, documentadas e armazenadas em local apropriado.

Dessa forma, o conhecimento adquirido pode ser disseminado pela organização, contribuindo

com o processo de aprendizagem e melhoria contínua da gestão de riscos (PMI, 2009).

Os processos envolvidos na gestão de riscos de projetos (PMI, 2009, 2013a; PMI &

IEEE, 2013):

Planejar o gerenciamento dos riscos – define o escopo e objetivos dos processos de

gestão de riscos, e garante que o processo de risco está integrado aos demais processos de gestão

do projeto. O principal benefício deste processo é que ele garante que o grau, tipo, e visibilidade

do gerenciamento dos riscos sejam proporcionais tanto aos riscos quanto à importância do projeto

para a organização. O plano de gerenciamento dos riscos é vital na comunicação, obtenção de

acordo e apoio das partes interessadas para garantir que o processo de gerenciamento dos riscos

seja apoiado de maneira efetiva;

Identificar os riscos – identifica e documenta as características do maior número

possível de riscos relevantes que podem afetar o projeto;

Realizar a análise qualitativa dos riscos – prioriza os riscos para análise ou ação

adicional por meio da avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto. O

principal benefício deste processo é habilitar os gerentes de projetos a reduzir o nível de incerteza

e focar os riscos de alta prioridade;

Realizar a análise quantitativa dos riscos – analisa numericamente o efeito dos riscos

identificados nos objetivos gerais do projeto. O principal benefício deste processo é a produção

de informações quantitativas dos riscos para auxiliar a tomada de decisões e reduzir o grau de

incerteza dos projetos. Permite avaliar o efeito combinado dos riscos sobre o resultado geral do

projeto;

Planejar as respostas aos riscos – determina apropriadas ações e respostas estratégias

para cada risco individual e para o risco geral do projeto, além de integrá-los em um plano de

gerenciamento de projeto consolidado. Permite aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças

aos objetivos do projeto. O principal benefício deste processo é a abordagem dos riscos por

prioridades, adicionando recursos e atividades no orçamento, no cronograma e no plano de

gerenciamento do projeto, conforme necessário;

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Controlar os riscos – é o processo de implantação de planos de respostas aos riscos,

acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais, identificação de

novos riscos e avaliação da eficácia do processo de riscos durante todo o projeto. O principal

benefício deste processo é a melhoria do grau de eficiência da abordagem dos riscos no decorrer

de todo o ciclo de vida do projeto a fim de otimizar continuamente as respostas aos riscos. É da

natureza dos projetos que as circunstâncias mudem durante seu planejamento e execução. A

quantidade de informação disponível sobre os riscos normalmente irá aumentar à medida que o

tempo passa. Alguns riscos ocorrem e outros não, novos riscos surgem ou são descobertos, e as

características daqueles que já foram identificados podem mudar. Por isso o processo de

identificação e análise dos riscos deve ser revisitado periodicamente e o progresso dos planos de

ação devem ser monitorados e ajustados sempre que necessário.

É fundamental que as saídas do processo de gerenciamento dos riscos do projeto sejam

consideradas nos demais processos de gerenciamento de projetos, pois podem impactar, por

exemplo:

– As estimativas dos requisitos de recursos, custo ou duração;

– A avaliação do impacto das mudanças de escopo propostas;

– O planejamento ou replanejamento da estratégia futura do projeto;

– A alocação de recursos para tarefas; e

– Os relatórios de progresso distribuídos aos envolvidos no projeto.

2.2.7.3 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Software do SEI

O SEI é um centro de pesquisa e desenvolvimento financiado pelo governo federal dos

Estados Unidos por meio de seu Departamento de Defesa e operado pela Universidade Carnegie

Mellon em Pittsburgh. O SEI trabalha em estreita colaboração com as organizações de defesa,

governo, indústria e academia para melhorar continuamente os processos relacionados a

engenharia de software e segurança de dados. Seu principal objetivo é ajudar as organizações a

melhorar as suas capacidades de engenharia de software e desenvolver ou adquirir o software

correto, livre de defeitos, dentro do orçamento e no tempo necessário. O SEI divulga suas

tecnologias para a comunidade global de engenharia de software por meio de seus cursos

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públicos, conferências, relatórios técnicos e parceiros (http://www.sei.cmu.edu, recuperado em 6

março, 2014). O SEI tem conduzido pesquisas sobre a gestão de riscos desde a década de 90 e

diversas soluções foram desenvolvidas, testadas e implantadas nas organizações. Diversas

avaliações de risco em software já foram aplicadas utilizando a Taxonomia de Riscos e

continuam válidas até hoje (http://www.sei.cmu.edu/risk, recuperado em 3 abril, 2014).

Higuera e Haimes (1996, p. 2) explicam que o modelo de gestão de riscos não é apenas

teórico, trata-se de um modelo de sucesso que é amplamente utilizado pelas organizações e o

descrevem da seguinte forma:

Ampla literatura existe sobre o processo de avaliação e gestão de risco. A maioria destas

literaturas, no entanto, é dedicada a teorias e metodologias que não foram submetidas para o

teste final da prática. Este artigo apresenta teorias e processos desenvolvidos no SEI que foram

implantados com sucesso e testados em campo por numerosos clientes.

O objetivo do Programa de Riscos do SEI é capacitar engenheiros, gestores e outros tomadores

de decisão a identificar com antecedência suficiente, os riscos associados com a aquisição de

software, desenvolvimento, integração e implantação para que apropriadas estratégias de gestão

e mitigação possam ser desenvolvidas em tempo hábil. O tempo é crítico e o objetivo é agir o

mais cedo possível, antes que uma fonte de risco evolua para uma grande crise. Em outras

palavras, ser principalmente reativa em mitigação de riscos e controle ao invés de proativa na

prevenção e controle de risco é o coração de uma boa gestão de risco (tradução livre).5

Segundo Higuera and Haimes, a gestão de riscos é continua e deve ser aplicada durante

todo o ciclo de vida do projeto de software. O framework da metodologia possui três dimensões:

(1) Dimensão temporal – significa que os riscos devem ser entendidos e monitorados

conforme a evolução do projeto no tempo. A primeira fase de um projeto de software é a

Definição dos Requisitos, e é nesta fase onde se encontra a principal fonte de riscos críticos de

um projeto, pois quando os requisitos são mal definidos, as entregas não atendem a expectativa

do cliente e o projeto fracassa. O ciclo de vida do projeto, excetuando-se a fase de Definição de

Requisitos, é apresentado em duas visões distintas: micro visão – visão gerencial do gestor de

projetos; e macro visão – visão técnica dos engenheiros de software;

5 Ample literature exists on the process of risk assessment and management. The majority of this literature, however,

is devoted to theories and methodologies that have not been subjected to the ultimate test of practice. This paper

presents comprehensive theories and processes developed at the SEI that have been successfully deployed and tested

in the field by numerous clients.

The goal of SEI Risk Program is to enable engineers, managers, and other decision makers to identify, sufficiently

early, the risks associated with software acquisition, development, integration, and deployment so that appropriate

management and mitigation strategies can be developed on a timely basis. Time is critical and the goal is to act early

before a source of risk evolves into a major crisis. In other words, being mainly reactive in risk mitigation and

control rather than proactive in risk prevention and control is at the heart of good risk management.

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(2) Dimensão metodológica – as metodologias utilizadas para compor o framework

permitem uma abordagem estruturada da avaliação e gestão dos riscos associados com o processo

de desenvolvimento de software. De uma forma geral a gestão de riscos ocorre em duas etapas: a

avaliação de riscos e a análise de risco. Por um lado, a avaliação de riscos permite identificar,

medir, quantificar e avaliar as consequências e impactos dos riscos ao responder três perguntas:

(1) O que pode dar errado? (2) Qual a probabilidade de dar errado? (3) Quais as consequências do

erro? Por outro lado, a análise de risco permite tomar decisões ao responder outras três

perguntas: (1) O que pode ser feito? (2) Quais as opções disponíveis? (3) Quais os impactos de

cada uma das opções?

(3) Dimensão humana – aborda os riscos originários da intensa atividade intelectual

necessária para o desenvolvimento de software em quatro perspectivas: (1) o indivíduo é uma

ampla fonte de riscos para o projeto, pois pode ocorrer a falta de treinamento, conhecimento,

habilidade, atitude, comprometimento com o projeto e lealdade à organização; (2) a equipe é um

grupo de indivíduos com habilidades complementares que trabalham de forma integrada para

alcançar o mesmo objetivo, ou seja, a equipe é a peça chave que vai garantir a adequada gestão

de riscos do projeto; (3) os gestores existem em diversos níveis hierárquicos (operacional, tático e

estratégico) e cada nível possui um escopo de atuação e nível de responsabilidade diferente,

sendo assim, a gestão de riscos do projeto deve possuir mecanismos que facilitem a análise de

riscos de forma detalhada e consolidada; (4) stakeholders são indivíduos ou organizações

internos ou externos que possuem interesses no projeto, por isso é importante entender seu papel

no projeto e quais ameaças ou oportunidades podem trazer ao projeto.

A metodologia do modelo de referência do SEI está fortemente apoiada no processo

contínuo de avaliação de riscos, na Taxonomia de Riscos que é um método para estruturar e

organizar os riscos, e na ferramenta TBQ (Taxonomy-Based Questionnaire) para identificação de

riscos (Higuera & Haimes, 1996).

O processo está representado na Figura 24, onde o círculo enfatiza que a gestão de riscos

é um processo contínuo, as setas apresentam o fluxo lógico da informação e a comunicação é

centro do processo para garantir a integração entre as atividades, pois este geralmente é o maior

obstáculo da gestão de riscos (Higuera & Haimes, 1996).

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Figura 24: Processo de gestão de riscos.

Fonte: Higuera & Haimes, 1996.

As atividades do processo são:

– Identificar os riscos: relacionar os riscos do projeto;

– Analisar os riscos: significa converter os dados dos riscos em informações para a

tomada de decisões. Os riscos identificados precisam ser priorizados, mas antes devem ser

analisados para que suas causas e consequências sejam determinadas;

– Planejar a resposta aos riscos: identificar os responsáveis e elaborar um plano de ação

para cada um dos riscos. Dessa forma é possível integrar e priorizar as ações necessárias para

tratar os riscos. As ações podem ser mitigar (reduzir o impacto), evitar (não permitir que o risco

se materialize) ou aceitar o risco (caso ocorra, aceitar as consequências);

– Monitorar os riscos: acompanhar periodicamente a situação dos riscos e ações

necessárias. O uso de métricas de riscos é importante para facilitar a gestão do gerente de projeto;

– Solucionar os riscos: significa corrigir os desvios das ações planejadas, ou seja,

monitorar os gatilhos para garantir que os planos sejam acionados no momento correto e avaliar

se a solução foi satisfatória;

– Comunicar os riscos: para que os riscos sejam analisados e gerenciados corretamente é

necessário que estes sejam comunicados no momento oportuno para as pessoas certas, sejam

estes engenheiros, gerentes, executivos, clientes ou fornecedores.

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2.2.7.4 Modelo de Referência em Gestão de Riscos de Software do Boehm

O modelo de referência proposto por Boehm está organizado em seis passos:

(1) identificação de riscos – produz uma lista com os riscos que podem comprometer o

sucesso do projeto. Neste passo é recomendável a análise do histórico de riscos de projetos

anteriores da organização. Para aperfeiçoar este processo recomenda-se que a organização

mantenha uma lista atualizada dos dez riscos de maior probabilidade e impacto.

(2) análise de riscos – avalia a probabilidade e impacto da perda gerada para cada um

dos riscos identificados, além de avaliar os riscos relacionados e seu efeito cascata. A acurácia

das estimativas é fundamental para garantir uma adequada priorização dos riscos.

(3) priorização de riscos – produz uma lista classificada com os riscos identificados e

analisados. A fase de priorização dos riscos é essencial para a adequada gestão de riscos, pois um

dos maiores problemas que deve ser evitado pelos gestores de projetos é gerar uma lista de riscos

tão grande que se torne ineficiente. O nível de exposição (Probabilidade * Impacto) deve ser

calculado para cada um dos riscos e dessa maneira será possível decidir quais os principais riscos

que devem ser solucionados e monitorados.

(4) planejamento da gestão de riscos – ajuda o gerente de projetos na tratativa de cada

um dos riscos identificados, por exemplo, por meio da coleta de informações, prevenção de

riscos, transferência de riscos, ou redução de riscos. Considera a coordenação dos diversos planos

de ação individuais e sua integração com o plano geral do projeto. Em primeiro lugar é necessário

desenvolver um plano com todas as ações necessárias que permitam manter os riscos sobre

controle, ou seja, definir como será realizado o monitoramento dos riscos, qual sua periodicidade

e quais os responsáveis.

(5) resolução de riscos – executar os planos de ação definidos para eliminar ou

solucionar os riscos. Uma das melhores soluções para reduzir a incerteza sobre determinados

requisitos de software é construir um protótipo, pois dessa forma é possível coletar informações

sobre seu desempenho.

(6) monitoramento de riscos – controlar periodicamente a execução, evolução e

efetividade dos planos de ação, além de tomar medidas corretivas quando necessário. Uma das

melhores técnicas para esta função é criar uma lista de controle do progresso dos dez riscos mais

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significantes do período. Este tipo de controle é eficaz e eficiente, pois permite que a equipe do

projeto concentre-se nas questões realmente importantes. A Tabela 14 apresenta um exemplo de

uma lista de monitoramento de riscos para um projeto de um software para satélite. Os riscos que

estão se movendo para o topo da lista devem receber atenção especial. Os riscos que estão se

movendo para fora da lista devem continuar sendo monitorados, mas não são os itens prioritários.

Tabela 14: Exemplo de monitoramento dos principais riscos de um projeto de software.

Risco

Classificação

Progresso da solução Atual Anterior

meses

Substituição do desenvolvedor do

sensor de controle. 1 4 2 Candidato selecionado indisponível.

Atraso na entrega planejada do

hardware. 2 5 2

Atraso no processo de formalização

do contrato.

Formato do sensor de dados

indefinido. 3 3 3

Atuação da equipe de sensores

replanejada para próximo mês.

Ausência da equipe de testes. 4 2 3 Testadores comprometidos.

Tolerância a falhas pode

comprometer o desempenho. 5 1 3 Protótipo concluído.

Mudanças solicitadas no banco de

dados. 6 – 1

Agendar reunião com Analista do

Banco de Dados.

Definições dos testes de interface

com sistema de energia. 7 8 3 Tarefa atrasada; reuniões replanejadas.

Indefinições na interface do

usuário. 8 6 3 Protótipo concluído.

Novos requisitos de operação. – 7 3 Solucionado.

Incerteza na reutilização do

componente de monitoração. – 9 3

Pequenos ajustes necessários já

concluídos.

Nota. Fonte: adaptado de Boehm, 1991.

2.2.8 Identificação dos Riscos

A total desinformação só existe até que as coisas aconteçam pela primeira vez. A partir

daí, deixa de ser desconhecida, porque passa a existir informação histórica. A identificação de

riscos é o início do processo de gestão de riscos e pode ser desenvolvido em três etapas: analogia

com projetos anteriores; categorização de riscos; e identificação de novos riscos (Salles et al.,

2010).

A analogia com projetos anteriores significa buscar informações históricas sobre

projetos de natureza semelhante que já foram realizados externamente ou internamente à

organização; entretanto, observa-se que não existem bancos de dados históricos que permitam a

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analogia externa. Dessa forma, a correta identificação e documentação dos riscos é importante

não apenas para o projeto, mas também para criar uma base histórica interna que servirá como

fonte de consulta para novos projetos e gerará padrões para a organização (Salles et al., 2010).

Segundo Hillson (2013a), os riscos somente são gerenciáveis quando identificados e

documentados de forma clara e precisa; entretanto, a identificação de riscos produz apenas uma

grande lista de riscos que é difícil de entender ou gerenciar.

A categorização de riscos consiste em agrupar os riscos por afinidade ou tipo e pode ser

representada por meio de uma EAR. Por fim, depois de organizadas as informações sobre o

projeto, a identificação de novos riscos é realizada utilizando-se diversas ferramentas e técnicas

(Salles et al., 2010).

A identificação e pré-avaliação dos riscos são os processos mais importantes da gestão

de riscos, isto porque o seu resultado tem um forte impacto sobre a precisão das análises

posteriores dos riscos. O processo é iterativo e deve estar presente em todo o ciclo de vida do

projeto (Chapman, 1998). De acordo com Kerzner (2013), os métodos para se identificar os

riscos são numerosos, e é comum classificá-los conforme suas fontes de informação ou pesquisa,

podendo ser objetivos ou subjetivos. O que se espera deste processo é a obtenção de uma lista de

riscos, devidamente registrados e categorizados, para que os processos posteriores do

gerenciamento de riscos do projeto possam ser realizados de forma plena e completa.

Segundo a ISO (2009), o processo de identificação de riscos é extremamente crítico,

pois um risco que não é identificado nesta fase não será incluído em análises posteriores, ou seja,

um risco somente pode ser analisado, planejado, monitorado e solucionado quando devidamente

identificado. É essencial que o risco seja identificado antes que este se torne um problema

(Higuera & Haimes, 1996). Além de identificar o que pode acontecer, é importante considerar

possíveis causas e cenários que mostrem quais consequências podem ocorrer. Convém que a

organização aplique ferramentas e técnicas de identificação de riscos que sejam adequadas aos

seus objetivos, capacidades e riscos enfrentados, além de envolver pessoas com conhecimento

adequado sobre os riscos (ISO, 2009);

O principal benefício do processo de identificação de riscos é a documentação dos riscos

existentes e o conhecimento e a capacidade que ele fornece à equipe do projeto de antecipar os

eventos. Trata-se de um processo iterativo porque novos riscos podem surgir ou se tornar

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evidentes durante o ciclo de vida do projeto. Os riscos devem ser especificados de forma

consistente para garantir que cada risco seja compreendido claramente e sem equívocos para

permitir a análise e o desenvolvimento de respostas eficazes, além de permitir a comparação entre

o efeito relativo dos riscos (PMI, 2009, 2013a; PMI & IEEE, 2013).

2.2.8.1 Listas de Verificação

As revisões históricas são boas fontes de referência para identificar fatores de riscos, a

partir daí, surgem as técnicas de identificação de riscos a partir de listas de verificação (Keeling,

2000). Diversos estudos realizados desde 1981 geraram listas com os principais riscos

identificados em projetos de software. Ao comparar algumas destas listas, observam-se sete

riscos similares: (1) falta de entendimento dos requisitos; (2) falta de comprometimento e suporte

dos gerentes; (3) ausência do adequado envolvimento do usuário; (4) falta de comprometimento

do usuário; (5) falha no gerenciamento das expectativas do usuário; (6) mudanças de requisitos; e

(7) falta de uma metodologia de gestão de projetos efetiva (Arnuphaptairong, 2011).

As listas de verificação para identificação de riscos de projetos de software são comuns

tanto na literatura quanto na prática, pois é uma técnica simples, rápida e de baixo custo para a

equipe do projeto. No entanto, como existem diversas listas disponíveis, é difícil escolher qual

lista é a mais adequada para determinado projeto. Adicionalmente, a percepção dos riscos em um

projeto de software varia muito conforme o grupo de pessoas envolvidas, a cultura da empresa e

os estágios do ciclo de vida do projeto (Bannerman, 2008).

Segundo o Google Acadêmico a lista do Boehm é a mais citada com 1.456 citações e os

dez principais riscos em projetos de software foram atualizados em 2010, são eles: (1) arquitetura

complexa; (2) falta de pessoal; (3) restrições de prazo e orçamento; (4) software pronto (COTS –

Commercial Off-The-Shelf); (5) coesão entre as equipes do cliente, desenvolvedor e usuário; (6)

volatilidade dos requisitos; (7) incompatibilidade com a interface do usuário; (8) processo de

garantia da qualidade; (9) incompatibilidade dos requisitos; e (10) incompatibilidade dos

processos de aquisição e contratação (Koolmanojwong & Boehm, 2013).

Estas listas podem servir como um direcionamento para entender o cenário geral dos

principais riscos em projetos de software, porém deve-se considerar os fatores de divergência

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entre as listas: (1) dimensão do tempo – está relacionada com a distância no tempo em que as

pesquisas foram conduzidas. Com o passar dos anos muitos fatores relacionados a tecnologia e

educação mudaram e os processos de gestão de projetos e gestão de riscos evoluíram; (2) cultura

– está relacionada com o país onde as pesquisas foram realizadas. Como os respondentes

possuem culturas diferentes, talvez os riscos mais comuns em um país não se apliquem nos

outros países; (3) áreas de aplicação – somente dois estudos definiram sua área de aplicação, ou

seja, os riscos podem variar conforme a área de aplicação do software; e (4) Método de Pesquisa

– alguns estudos utilizaram o método Delphi e outros utilizaram questionários eletrônicos, ou

seja, os constructos utilizados nas pesquisas podem ter sidos diferentes (Arnuphaptairong, 2011).

Para as organizações que ainda não possuem uma gestão de riscos madura, é possível

utilizar como referência as listas disponíveis na literatura; entretanto, para evitar os fatores de

divergência, recomenda-se que as organizações ou setores específicos elaborem suas próprias

listas de riscos baseadas na experiência dos projetos anteriores (Arnuphaptairong, 2011).

O PMBOK (PMI, 2013a) também sugere o uso de listas de verificação como uma das

possíveis técnicas de identificação de riscos no projeto:

As listas de verificação de riscos são desenvolvidas com base nas informações históricas e no

conhecimento acumulado, a partir de projetos anteriores semelhantes e outras fontes de

informações. O nível mais baixo da EAR também pode ser usado como uma lista de verificação

de riscos. Embora uma lista de verificação possa ser rápida e simples, é impossível criar uma

lista completa, e deve ser tomado todo o cuidado para assegurar que a lista de verificação não

seja usada para evitar o esforço de identificação adequada dos riscos. A equipe também deve

explorar os itens que não aparecem na lista de verificação. Além disso, a lista de verificação

deve ser revisada de vez em quando para remover ou arquivar itens relacionados. Essa lista

deve ser revisada durante o encerramento do projeto para incorporar as novas lições aprendidas

e ser aprimorada para uso em projetos futuros.

Os principais pontos positivos desta técnica são: captura a experiência prévia; e

apresenta uma lista de riscos detalhada. Os principais pontos negativos são: a lista de verificação

pode ficar muito extensa; os riscos que não estão na lista serão esquecidos; e geralmente

considera somente as ameaças e esquece as oportunidades. Os fatores críticos de sucesso para sua

aplicação efetiva: manter a lista atualizada; e utilizar uma estrutura analítica de riscos como

referência (PMI, 2009).

A literatura existente sobre o assunto tem caráter conceitual, como convém a modelos de

gerenciamento, carecendo de detalhes e resultados de implementações específicas. As listas de

verificação são frequentemente citadas para verificação de riscos, mas a única ferramenta

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existente para levantamento consistente de riscos na área de projetos de software é o TBRI

(Taxonomy-Based Risk Identification), desenvolvido pelo SEI em 1993. Mesmo nesse caso, o

TBRI é um roteiro de identificação sistemática de riscos associados ao desenvolvimento de

projetos de software. Roteiros da mesma natureza para riscos em outros tipos de projeto não

foram encontrados na literatura (Silva et al., 2006).

As listas de verificação são compiladas para capturar a experiência de projetos anteriores

e utilizá-la em projetos similares. É possível estruturar a lista de verificação de riscos utilizando a

estrutura analítica de riscos da organização, conforme exemplo parcial demonstrado na Tabela

15. É útil apresentar a lista de verificação como um conjunto de riscos para que a equipe decida

quais são relevantes para o projeto (PMI, 2009).

Tabela 15: Exemplo parcial de uma lista de verificação utilizando EAR como referência.

Categoria Subcategoria Exemplo de Risco Afeta o projeto?

(Sim, Não, NA)

1. Risco

Técnico

1.1. Definição

de escopo

Mudanças de escopo podem ocorrer durante o

projeto Não

Escopo redundante pode ser descoberto. Sim

Etc. NA (não se aplica)

1.2. Interfaces

Técnicas Etc. NA (não se aplica)

Nota. Fonte: PMI, 2009.

2.2.8.2 TBRI – Taxonomy-Based Risk Identification

O TBRI é um método de identificação de riscos baseado em uma lista de verificação e

elaborado pelo SEI para projetos de software. Auxilia na identificação dos riscos conhecidos e

desconhecidos e é baseado nas seguintes premissas: os riscos de software são geralmente

conhecidos pela equipe técnica, mas são mal comunicados; um método estruturado e repetitivo de

identificação de riscos é necessário para garantir a gestão de riscos eficiente; e uma identificação

de riscos eficaz deve cobrir todo o ciclo de vida do projeto (Carr, Konda, Monarch, Walker, &

Ulrich, 1993).

A aplicação de uma lista de verificação no formato de um questionário semiestruturado

(TBQ – Taxonomy-Based Questionnaire) orienta o gestor na coleta sistemática dos riscos junto à

equipe do projeto. Os dados coletados são organizados e formam uma estrutura analítica de riscos

padronizada e organizada em três classes principais: (1) engenharia de produto – são os aspectos

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técnicos do projeto relacionados a hardware, software e toda a documentação necessária; (2)

ambiente de desenvolvimento – são os métodos, procedimentos e ferramentas utilizados para

desenvolver o software; e (3) restrições do programa – são os fatores contratuais, organizacionais

e operacionais externos ao projeto que estão fora da alçada do gestor, mas podem gerar impacto

no sucesso do projeto (Carr et al., 1993).

Figura 25: Estrutura da TBRI.

Fonte: elaborado pelo autor.

A TBRI é organizada em três níveis: Classe; Elemento e Atributo. A Figura 25 apresenta

os dois primeiros níveis e o ANEXO 1 – VISÃO GERAL DA TBRI (TAXONOMY-BASED RISK

IDENTIFICATION) – apresenta a estrutura completa.

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2.2.8.3 GTAG12 – Global Technology Audit Guide 12: Auditing IT Projects

O IIA elaborou a série GTAG (Global Technology Audit Guide) que consiste em 17

diferentes guias contendo boas práticas para a equipe de auditoria sobre questões relacionadas à

gestão de tecnologia da informação, risco, controle e segurança (https://na.theiia.org/standards-

guidance/recommended-guidance/practice-guides/Pages/Practice-Guides.aspx, recuperado em 3

abril, 2014). Dentre os 17 guias, o GTAG12 é um guia específico para avaliar riscos em projetos

de TI, ou seja, trata-se de um interessante instrumento para identificar tanto os riscos no projeto

quanto os riscos do projeto de TI (Wegrzynowicz & Stein, 2009).

Figura 26: Cinco áreas chave para análise dos riscos.

Fonte: Wegrzynowicz & Stein, 2009.

O GTAG12 foi elaborado em 2009. Possui técnicas para identificar e avaliar os riscos

relacionados aos projetos de TI e pode ser utilizado por auditores, gestores de projetos e

escritórios de projeto. Conforme pode ser observado na Figura 26, o guia orienta a identificação

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de riscos com foco em cinco áreas chave: (1) gestão de projetos para garantir aderência à

metodologia de gestão de projetos da organização e utilização de boas práticas de mercado; (2)

alinhamento estratégico para garantir que o projeto está alinhado com a visão e missão da

organização; (3) Metodologia de Desenvolvimento de Software para garantir, durante todo o

ciclo de vida do projeto, aderência à metodologia definida que pode ser da própria organização,

da consultoria contratada ou do vendedor do pacote de software; (4) mudança organizacional para

garantir baixo impacto nas mudanças dos processos organizacionais geradas pela implantação do

projeto e, também na forma como as pessoas trabalham no dia a dia; e (5) pós implantação para

garantir suporte, estabilidade e segurança do software em ambiente produtivo (Wegrzynowicz &

Stein, 2009).

Para auxiliar no processo de identificação de riscos, o guia disponibiliza uma lista de

verificação que pode ser utilizada na identificação e avaliação dos riscos e controles do projeto.

Esta lista está agrupada de acordo com as áreas chave proposta pelo guia, com exceção da área de

gestão de projetos que permeia todas as áreas. Uma versão reduzida da lista de verificação é

apresentada no ANEXO 2 – VERSÃO REDUZIDA DA LISTA GTAG12.

2.2.8.4 Registro de Riscos

Um registro de riscos é uma ferramenta valiosa para compreender e gerenciar os riscos

da organização, pois como não é possível gerenciar o que não se pode medir, o registro de riscos

fornece um quadro com métricas que auxiliam a tomada de decisões com base em informações.

Os principais benefícios de um registro de riscos são: a discussão em torno dos riscos relevantes

que abrangem toda a organização; o registo é escrito usando linguagem interna para garantir que

ele se relaciona com a organização em questão; e a consequência e probabilidade são mensuradas

projeto a projeto (Mutton, 2012).

O registro dos riscos é o documento em que os resultados da análise dos riscos e o

planejamento das respostas aos riscos são registrados (PMI, 2013a). Geralmente os softwares de

gestão de projetos possuem funcionalidades específicas para registro e monitoramento de riscos,

mas também é possível organizar um documento de registros de riscos contendo as seguintes

informações: número do risco, descrição do risco, categoria, causa, consequência, probabilidade,

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impacto, ação (evitar, mitigar, transferir ou aceitar), descrição do plano de ação, custo do plano

de ação, evento que aciona o plano de ação e responsável (Mutton, 2012).

Por mais útil que seja o registro de riscos, este instrumento não garante o sucesso do

projeto se a ferramenta não for utilizada de forma adequada, e pode até mesmo prejudicar o

desempenho do projeto. Três boas práticas que devem ser consideradas: (1) começar cedo: a

capacidade de gerenciar e mitigar o risco do projeto é mais fácil no início de um projeto, pois

uma vez que o projeto já tenha se iniciado e decisões tomadas, fica mais difícil e mais caro fazer

mudanças; (2) durante a identificação dos riscos a contribuição de pessoas de diversas áreas

(jurídico, vendas, tecnologia, recursos humanos, finanças, etc.) é muito valiosa, pois agrega

diferentes perspectivas na avaliação dos riscos; e (3) visitar e reavaliar os riscos regularmente,

pois os riscos não são estáticos do início ao fim do projeto, os riscos são dinâmicos e podem

mudar de um dia para outro (Guyer, 2012).

2.3 GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI

2.3.1 Conceitos e Histórico

O que é gestão estratégica de TI (Tecnologia da Informação)? Para responder a esta

questão é importante entender os termos TI e estratégia.

Laurindo, Shimizu, Carvalho e Rabechini introduzem o conceito de Tecnologia da

Informação da seguinte forma (2001, p. 160):

O conceito de Tecnologia da Informação é mais abrangente do que os de processamento de

dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware

e software, pois também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais (KEEN,

1993)6.

Alguns autores, como ALTER (1992)7, fazem distinção entre Tecnologia da Informação e

Sistemas de Informação, restringindo a primeira expressão apenas aos aspectos técnicos,

enquanto que a segunda corresponderia as questões relativas ao fluxo de trabalho, pessoas e

6 KEEN, P.G.W.: “Information Technology And The Management Theory: The Fusion Map”. IBM Systems Journal,

v.32, n.1, p.17-38, 1993. 7 ALTER, S.: Information Systems: a management perspective. Addison-Wesley Publishing Co. Massachusetts,

1992.

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informações envolvidas. Outros autores, no entanto, usam o termo tecnologia da informação

abrangendo ambos aspectos, como é a visão de HENDERSON & VENKATRAMAN (1993) 8.

Hitt, Ireland e Hoskisson (2014) explicam que estratégia é um conjunto integrado e

coordenado de compromissos e ações definidos para explorar competências essenciais e obter

vantagem competitiva (concorrentes não conseguem copiar ou acham custoso demais para

imitar). Quando definem uma estratégia, as empresas escolhem alternativas para competir. Nesse

sentido, a estratégia definida indica o que a empresa pretende e o que não pretende fazer.

Em grande parte da literatura os termos estratégia e gestão estratégica são utilizados sem

distinção. Entretanto, no meio profissional, a palavra estratégia é comumente associada somente

com a etapa de formulação da estratégia ou com o processo de tomada de decisão estratégica. Por

esse motivo, é mais frequente o uso do termo gestão estratégica que representa uma abordagem

mais ampla do que o termo estratégia (Pedroso, 2010).

A palavra estratégia foi inicialmente utilizada no âmbito militar, entendida como grande

tática, centrada na força. A partir do século XX, a estratégia passou a significar a seleção de

meios e objetivos, privilegiando fatores psicológicos em detrimento da força (Bethlem, 1981).

Chandler define estratégia como (1962, p. 13):

A determinação das metas e objetivos básicos e de longo prazo de uma empresa, e a adoção de

ações e alocação de recursos necessários para atingir esses objetivos (tradução livre).9

Segundo Mintzberg (1987) a estratégia é um conjunto de definições caracterizadas por

cinco Ps: (1) plano – um conjunto de diretrizes ou tipo de ação conscientemente pretendido; (2)

pretexto – uma tática, uma manobra para superar um concorrente; (3) padrão – sequência de

ações padronizadas que refletem um comportamento consistente, cujos resultados podem ser

pretendidos ou não; (4) posição – localiza a organização em seu ambiente; assim, a estratégia é

uma força mediadora ou uma combinação entre organização e ambiente, ou seja, entre o contexto

interno e externo; e (5) perspectiva – seu conteúdo reflete não somente uma posição escolhida,

mas também uma maneira de perceber o mundo, ou seja, a estratégia é para a organização assim

como a personalidade é para o indivíduo.

8 HENDERSON, J.C. & VENKATRAMAN, N.: “Strategic Alignment: Leveraging Information Technology For

Transforming Organizations”. IBM Systems Journal. v.32, n.1, p.4-16, 1993. 9 The determination of the basic long-term goals and objectives of an enterprise, ande the adoption of course of

action and the allocation of resources necessary for carrying out these goals.

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102

De acordo com Porter (1997) a estratégia é baseada em uma posição competitiva única

da organização, cujo conjunto de atividades deve ser coerente e alinhado à estratégia; a estratégia

envolve a escolha clara de objetivos conflitantes; e a eficiência operacional é necessária, mas não

suficiente para competir no mercado (Porter, 1997).

No ambiente da tecnologia da informação, onde as mudanças são constantes, as

vantagens competitivas tornam-se temporárias e não mais sustentáveis por um longo período de

tempo, obrigando as organizações a desenvolverem estratégias sustentadas por projetos cada vez

mais rápidos, baratos e melhores. Isso significa que é necessário reduzir o ciclo de vida do

projeto, diminuir seus custos e entregar um produto/serviço com um nível de qualidade percebido

pelo cliente cada vez maior (Hitt et al., 2014).

2.3.2 Alinhamento Estratégico de TI e Negócios

A tecnologia da informação transcendeu seu tradicional papel operacional e evoluiu para

um papel estratégico com potencial de não apenas suportar as estratégias de negócios, mas

também participar ativamente do planejamento estratégico da organização (Henderson &

Venkatraman, 1993).

Henderson e Venkatraman (1993) propuseram um Modelo de Alinhamento Estratégico

que apresenta a importância estratégica da TI dentro das organizações. O modelo é baseado em

quatro pilares: estratégia de negócios, estratégia de TI, infraestrutura e processos organizacionais

e infraestrutura e processos de TI.

Os autores explicam que a estratégia da organização pode definir a estratégia de TI, mas

o inverso também é possível, ou seja, a estratégia de TI pode influenciar a estratégia da

organização. Com base no modelo, são propostas quatro principais perspectivas de alinhamento

estratégico:

− Execução da estratégia: nesta perspectiva a estratégia de negócios atua como

impulsionadora da infraestrutura organizacional e de TI. Esta é a perspectiva mais comumente

utilizada e entendida, pois corresponde à clássica visão de gerenciamento estratégico. O critério

de desempenho para a definição do uso da TI são fatores financeiros;

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103

− Transformação tecnológica: nesta perspectiva a implantação da estratégia de negócios

ocorre pela estratégia adequada de TI articulada com os necessários processos e infraestrutura de

TI. Neste caso a infraestrutura de TI não é restringida pela infraestrutura da organização dos

negócios. O critério de desempenho tem como base a liderança tecnológica para o

posicionamento da empresa no mercado de TI;

− Potencial competitivo: nesta perspectiva a administração explora como uma nova

competência na área de TI pode permitir novas estratégias de negócios com consequentes

implicações na infraestrutura organizacional. A escolha da estratégia de negócios decorre de uma

nova estratégia de TI adotada. O critério de desempenho é a liderança nos negócios.

− Nível de serviço: esta perspectiva foca em como construir uma organização de

serviços de TI de “classe mundial”. Isto requer um entendimento das dimensões externas de

estratégia de TI com adequação dos processos e infraestrutura internos. Este ajuste de estratégia

de TI cria as competências necessárias para atender as necessidades dos clientes. O critério de

desempenho é a satisfação do cliente.

Apesar da importância de garantir o alinhamento estratégico entre TI e negócios, a

dificuldade encontrada pelos executivos para o seu gerenciamento e uso na estratégia empresarial

é adotada como uma questão bastante crítica. A falta de habilidade das empresas em

compreenderem como a TI pode contribuir para os negócios deve-se, em parte, à ausência de

coordenação e alinhamento com as estratégias de negócios (Henderson & Venkatraman, 1993).

Conforme pode ser observado na Tabela 16, Luftman, Papp and Brier (1999)

identificaram os principais inibidores e facilitadores do alinhamento estratégico de TI e negócios.

Muitos destes inibidores são enfrentados pelos executivos em suas respectivas organizações,

interferindo de forma decisiva nos benefícios obtidos a partir da implantação de projetos de TI,

bem como no tempo de retorno desses investimentos.

O alinhamento estratégico de TI corresponde à aplicação da TI de uma forma apropriada

e em harmonia com as estratégias, objetivos e necessidades organizacionais. Um alinhamento

maduro envolve um relacionamento onde a TI e as outras áreas de negócios adaptam suas

estratégias conjuntamente. Termos como harmonia, junção, fusão, ajuste e integração são

frequentemente usados como sinônimos desse alinhamento (Luftman, 2000).

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104

Tabela 16: Principais facilitadores e inibidores do alinhamento estratégico.

Facilitadores Inibidores

1. Apoio da alta gerência à área de TI. 1. Falta de relacionamento próximo entre a área de TI e

as demais.

2. Envolvimento da área de TI no desenvolvimento da

estratégia corporativa.

2. A área de TI não prioriza bem seus projetos.

3. A área de TI conhece os negócios da empresa. 3. A área de TI falha no cumprimento de seus

compromissos.

4. Parceria entre a área de TI e as demais. 4. A área de TI não entende dos negócios da empresa.

5. Projetos de TI são bem priorizados. 5. A alta gerência não apoia a área de TI.

6. A área de TI demonstra liderança. 6. Falta de liderança à área de TI.

Nota. Fonte: Luftman et al., 1999.

Luftman (2003) propõe a busca da maturidade do alinhamento de forma gradual. Seu

modelo de alinhamento estratégico baseia-se nos conceitos do CMM (Capabilyty Maturity

Model), porém com foco em práticas de negócios mais estratégicas. O modelo foi testado em

mais de 50 empresas internacionais e tornou-se uma ferramenta de benchmarking. Seu objetivo

principal é identificar recomendações específicas para melhorar o alinhamento de TI com o

negócio por meio de uma ferramenta que avalia seis critérios de maturidade, conforme Tabela 17.

Tabela 17: Critérios para avaliação da maturidade do alinhamento entre TI e negócios.

Critério de avaliação Descrição

1. Maturidade das comunicações Consiste no claro entendimento das questões referentes ao que importa para a

estratégia de sucesso nos negócios.

2. Maturidade na mensuração de

valor/competências

Corresponde ao estabelecimento de métricas comuns e claras do valor e

desempenho da TI e dos negócios.

3. Maturidade de governança Avalia se a responsabilidade pelos recursos, riscos, resolução de conflitos e

responsabilidade por TI são compartilhados entre parceiros de negócios, gestão

de TI e provedores de serviços, além de discussões sobre seleção, priorização e

balanceamento de projetos no portfólio.

4. Maturidade de parcerias Avalia o relacionamento existente entre TI e as áreas de negócios e como cada

organização percebe a contribuição de cada uma das partes.

5. Maturidade da tecnologia Avalia se TI é capaz de ir além do seu papel operacional e assume um papel de

suporte para todos os parceiros e clientes. Considera-se se TI aplica tecnologias

emergentes de forma eficiente, se direciona processos de negócios e estratégias

como um padrão e se prove soluções para as necessidades dos clientes.

6. Maturidade de habilidades Envolve todas as considerações acerca das pessoas para a organização e verifica

se TI vai além das considerações tradicionais de salário, treinamento e

desempenho, incluindo o ambiente social e cultural.

Nota. Fonte: adaptado de Luftman, 2003.

Laurindo et al (2001) comentam que embora exista um grande número de artigos

voltados à análise da relação entre TI e estratégia dos negócios, este é um tema que está em

constante evolução devido ao dinamismo do setor de tecnologia e das novas estratégias de

mercado. Alguns pontos que permeiam as diversas abordagens existentes na literatura:

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105

– Necessidade de uma visão estratégica clara para o negócio e para a TI e visão da TI

como vantagem competitiva para o negócio e voltada para o mercado e para o usuário TI.

– Vantagem competitiva vinda da gestão da TI e de seu alinhamento estratégico com o

negócio e não de aplicações específicas de TI.

– Importância de serem considerados tanto os aspectos técnicos (incluindo

acompanhamento da evolução das disponibilidades do mercado de TI) como os organizacionais.

– Busca de eficácia e não somente da eficiência.

– Necessidade de relacionamento intenso e próximo entre executivos de TI e do negócio.

– Critérios variados de avaliação conforme a aplicação (aspectos técnicos,

organizacionais e estratégicos).

– Gestão dinâmica e flexível da TI. A gestão do planejamento estratégico da TI deve ser

um processo contínuo.

Garantir o alinhamento das estratégias de TI aos objetivos e estratégias da organização é

um dos principais objetivos da governança corporativa. O alinhamento estratégico é apresentado

como um dos principais meios de garantir que os investimentos realizados em tecnologia

agreguem valor à organização (Grembergen, 2004).

Por um lado a gestão de TI concentra-se no fornecimento efetivo interno dos serviços e

produtos de TI, e no gerenciamento das suas operações atuais, por outro lado, a governança de TI

é mais ampla e concentra-se na execução e na transformação da TI para atender as demandas

presentes e futuras dos negócios (foco interno) e dos clientes desses negócios (foco externo). Tal

fato não diminui a importância e a complexidade da gestão de TI, mas indica que a governança

de TI é orientada interna e externamente e considera tanto o tempo presente quanto o tempo

futuro. Outra diferença fundamental está relacionada com o uso da informação, pois enquanto a

gestão de TI está focada nas tecnologias que manipulam a informação, a governança de TI está

focada na aplicação dessas informações nos negócios (Peterson, 2004).

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106

2.3.3 Governança de TI

A governança corporativa teve origem na década de 1930, com o desenvolvimento dos

mercados de capitais, responsáveis por boa parte do financiamento e consequente crescimento

das empresas. Ainda que o termo não existisse até o final dos anos 1970, suas características

principais foram apresentadas em 1932 por Berle e Means, ao apresentarem o problema da Teoria

da Agência, que trata dos inevitáveis conflitos de interesses entre acionistas, gestores, credores e

funcionários de uma empresa (Silveira, 2002).

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa descreve o conceito de governança da

seguinte forma (2009, p. 19):

É o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os

relacionamentos entre proprietários, Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle.

As boas práticas de Governança Corporativa convertem princípios em recomendações

objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização,

facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade.

Segundo Hitt, Ireland and Hoskisson (2014), a governança corporativa é uma relação

entre as partes interessadas, utilizada para definir a direção de uma empresa e controlar o seu

desempenho. A forma como as empresas monitoram e controlam as decisões e ações de seus

gerentes de alto nível afeta a implantação das estratégias. Uma governança eficaz, que alinhe as

decisões da alta gerência aos interesses dos acionistas, pode ajudar a produzir uma vantagem

competitiva. Há três estratégias internas de governança na empresa moderna:

– concentração da propriedade: os proprietários e investidores contratam executivos de

alto nível para tomar decisões que maximizem o valor da empresa. Com percentuais

significativos de participação acionária, os investidores influenciam e monitoram as atitudes e

decisões estratégicas dos altos executivos.

– conselho de administração: composto por membros internos e externos, é um controle

de governança do qual se espera representação dos interesses coletivos dos acionistas. Com a

criação da lei Sarbanes-Oxley, se espera que o número de membros externos seja superior ao

número de membros internos, pois os membros externos são mais independentes da alta gerência

de uma empresa.

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107

– remuneração de executivos: é um mecanismo de governança altamente visível e

frequentemente criticado. Salários, bônus e incentivos de longo prazo são usados para fortalecer o

alinhamento entre os interesses dos executivos e acionistas. O conselho de administração é

responsável por definir a eficácia do sistema de remuneração dos executivos.

Como forma de coibir e dificultar a manipulação de informações financeiras por parte

das organizações, diferentes medidas têm sido adotadas no mundo todo, especialmente para

garantir maior credibilidade aos investidores. A preocupação por parte de vários órgãos

reguladores com a governança corporativa tem levado à introdução de leis, acordos (como os

acordos de Basiléia II e Basiléia III, específicos para o setor bancário) e regulamentações que

venham garantir maior transparência e responsabilidade das organizações quanto às informações

divulgadas, cabendo a aplicação de penas e multas pesadas àqueles que não as cumprirem

(Lunardi, 2008).

Lunardi (2008) ainda esclarece que a TI aparece como o principal meio de garantir que

as informações (tanto financeiras quanto operacionais) sejam precisas, confiáveis e atualizadas,

além de estarem prontamente disponíveis quando solicitadas. Assim, percebe-se como as

decisões inerentes à TI precisam ser bem definidas, gerenciadas e supervisionadas pela alta

administração da empresa e não apenas pela área tecnológica, sendo a governança um importante

instrumento de gerenciamento. A Tabela 18 apresenta algumas definições de Governança de TI.

Tabela 18: Definições de governança de TI.

Definição Autor(es)

Os mecanismos de governança de TI referem-se aos padrões de autoridade necessários para as

atividades chave de TI em empresas de negócios, incluindo infraestrutura de TI, uso da TI e

gestão de projetos.

(Sambamurthy

& Zmud, 1999,

p. 261)

A governança de TI é composta pela liderança, estrutura organizacional e processos necessários

para garantir que a as atividades de TI sustentem e expandam os objetivos estratégicos da

organização.

(Grembergen,

2004, p. 1)

Governança de TI é a estrutura de relacionamento e processos para dirigir e controlar a empresa

de modo a atingir os objetivos corporativos, adicionando valor por meio do balanceamento do

risco versus retorno obtido pela TI e seus processos.

(ISACA, 2002,

p. 5)

Governança de TI é de responsabilidade do Conselho de Administração e da alta administração.

É uma parte integral da governança corporativa e é composta pela liderança, estrutura

organizacional e processos necessários para garantir que a as atividades de TI sustentem e

expandam os objetivos estratégicos da organização.

(ITGI, 2003, p.

10)

Governança de TI especifica a estrutura de responsabilidades e direitos necessários para a tomada

de decisões em TI.

(Weill, 2004)

Governança de TI descreve a distribuição das responsabilidades e direitos entre as pessoas da

organização quanto às decisões de TI, e define os mecanismos e procedimentos necessários para

monitorar as decisões estratégicas relacionadas à TI.

(Peterson, 2004,

p. 7)

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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108

A governança de TI é de fundamental importância para a organização, mas a questão

sobre como implantá-la na prática é um desafio tanto para os profissionais quanto para os

executivos. A simples elaboração de um modelo não significa necessariamente que a governança

de TI esteja realmente funcionando na organização é necessário adotar alguns mecanismos que

garantam a adequada governança (Grembergen, 2004). A seguir apresentam-se alguns dos

mecanismos de governança de TI adotados pelas organizações:

2.3.3.1 Gestão de Projetos

Quando a organização desenvolve projetos de forma esporádica, não há a necessidade de

desenvolver de forma sistemática habilidades para as iniciativas de projetos. Entretanto, se uma

organização dedica grande parte de sua energia à implantação de projetos, uma abordagem não

estruturada e disciplinada do seu gerenciamento conduz a ineficiências que podem ser danosas à

organização. O papel do escritório de projetos é desenvolver e fazer cumprir padrões e

procedimentos para projetos e programas dedicados à TI. Como busca monitorar o uso e a

aderência dos padrões da tecnologia, também tem a tarefa de coletar e relatar o progresso e o

desempenho dos projetos em andamento (Rau, 2004).

Weill (2002)10

apud Van Grembergen (2004, p. 18) identificou um conjunto de práticas

de gerenciamento capaz de auxiliar os executivos na busca por maior obtenção de valor por meio

da TI. São elas:

– Gestão de projetos: por meio da presença de um escritório de projetos, métodos de

padronização, engajamento de gerentes de negócios, definição de um patrocinador de negócios,

reuniões frequentes entre stakeholders e definição dos responsáveis pelos resultados obtidos.

– Clarificações de valor: por meio da revisão pós-implementação, acordos de nível de

serviço, justificativa de projetos e avaliação de desempenho que considere os custos, benefícios e

progressos em direção ao valor obtido esperado;

– Governança de TI: por meio do comitê diretivo de TI, comitê de estratégia de TI e da

definição de prioridades;

10

Weill, P. (2002). Research Briefing. MIT Sloan, 2(2) 1-10.

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109

– Padronização da tecnologia: por meio de serviços compartilhados, aplicações

empresariais, arquitetura de TI, centralização da área de TI, conselhos de TI para estabelecer e

monitorar padrões e arquiteturas.

A adequada gestão dos projetos é um fator fundamental para garantir o sucesso dos

projetos de TI, mas para que esta relação se sustente, é necessário que os gestores de projetos

estejam preparados para assumir esta função. As habilidades necessárias para este tipo de

profissional assumiram novas dimensões e isto é uma grande mudança para a maioria dos

profissionais de TI, pois as habilidades técnicas sempre foram suas características dominantes.

Para suprir esta demanda as organizações e os profissionais de TI precisam incluir em sua grade

de treinamentos cursos de comunicação, marketing, negociação e gestão de pessoas (Luftman &

Brier, 1999).

2.3.3.2 Gestão de Riscos

A maior dependência da TI por parte das organizações tem feito com que os riscos

referentes à tecnologia e a sua utilização venham se tornando cada vez mais visíveis e

significantes. Brechas ou falhas na internet ou nos sistemas computacionais utilizados pelas

organizações podem causar sérias crises nos negócios, incluindo danos de reputação e imagem,

perda de negócios e até mesmo danos de responsabilidade legal (Hughes, 2006).

Cada vez mais, percebe-se que os riscos relacionados à TI e aos seus projetos estão

ficando maiores, especialmente porque estes são difíceis de serem identificados e,

constantemente, modificam-se ao longo do tempo. Diferentemente dos demais campos da

administração, a gestão do risco da TI constitui-se num novo tema de interesse, onde nem sempre

a tradicional gestão do risco se aplica (Hughes, 2006).

O rápido desenvolvimento das tecnologias, juntamente com o aumento da variedade e

complexidade é um desafio à gestão de projetos de TI. Isso tem aumentado o risco dos projetos

obterem menos benefícios do que o estimado, ou ainda ultrapassarem o orçamento e os prazos

previstos, fazendo com que os custos de adoção da TI aumentem drasticamente. Fica claro

entender por que os executivos querem uma resposta para a seguinte questão envolvendo os

riscos da TI: “como diminuir drasticamente o risco e melhorar o retorno sobre os investimentos

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realizados em sistemas de informação?”. A resposta para essa questão está na necessidade de

realizar a gestão de riscos da TI como parte dos riscos da organização (Hughes, 2006).

Com a utilização dos computadores em diversas organizações, as informações

começaram a se concentrar em um único lugar e o grande volume dessas informações passou a

ser um problema para a segurança. Os riscos aumentaram com o uso dos microcomputadores, a

utilização de redes locais e remotas, a abertura comercial da Internet e a disseminação da

informática para diversos setores da sociedade. Boa parte dos dados que são importantes ao

negócio da empresa está armazenada em computadores, o que torna as organizações dependentes

da confiabilidade de seus sistemas baseados em TI; se a confiança nesses dados for destruída, o

impacto pode ser comparável à própria destruição da organização (Silva & Silveira, 2007).

Enquanto que a entrega de valor por meio da TI está focada na criação de valor ao

negócio, a gestão de risco está focada na preservação do valor do negócio (Grembergen, 2004).

2.3.4 O Setor Bancário Brasileiro

O modelo bancário trazido ao Brasil pelo Império foi o europeu. Entendiam-se como

atividades básicas de um banco as operações de depósitos e empréstimos, sendo que outros

serviços praticamente inexistiam. Os bancos sempre guardaram uma característica

excessivamente nobre. Um exemplo desse rigor eram as próprias gerências operacionais, as quais

obrigatoriamente deveriam manter contato com o público e ficavam situadas no fundo das

agências, com suas portas muito bem trancadas, por onde poucos ousariam entrar. Essa situação

estendeu-se até a metade do século XX, quando então, começaram as grandes transformações

provocadas pelo progresso e pela euforia do pós-guerra (Fortuna, 2013).

A partir dos anos 1950, propagaram-se os bancos e, com eles, os primeiros sintomas de

uma fraca capacidade empresarial para administrá-los. Mais de 500 matrizes bancárias

funcionavam na ocasião. Em 1945, por meio do Decreto-Lei 7.293, foi criada a Sumoc

(Superintendência da Moeda e do Crédito) que tinha como objetivo exercer o controle do

mercado monetário. Este decreto também criou o depósito compulsório que é um instrumento de

controle do volume de crédito e dos meios de pagamento que existe até os dias atuais. Nessa

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época inúmeros bancos encerraram suas atividades ou desapareceram em fusões e incorporações,

saneando e solidificando o Sistema Financeiro Nacional (Fortuna, 2013).

A estrutura atual básica do sistema financeiro é derivada da reforma institucional de

1964 e 1965, que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil, além da

regulamentação das diferentes instituições de intermediação, entre as quais o SFH (Sistema

Financeiro da Habitação). Posteriormente, em 1976, foi incorporada ao quadro institucional do

sistema a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) (Fortuna, 2013).

Ainda hoje a principal função de um banco é intermediar transações financeiras, ou seja,

captar recursos de pessoas e empresas com sobras de caixa (superavitárias), remunerando-as por

isso, e emprestando e cobrando juros a pessoas e organizações com falta de caixa (deficitárias). A

diferença entre os juros cobrados dos agentes deficitários e os juros pagos aos agentes

superavitários é o chamado spread bancário. Este montante não representa apenas o lucro dos

bancos, mas envolvem também os impostos, inadimplência dos tomadores de crédito, despesas

administrativas, etc. O lucro dos bancos é o resultado de todos os processos e decisões de

negócios, mas não é a única forma de medir seu desempenho. Para manterem-se competitivas,

estas instituições financeiras também vivem os desafios das grandes corporações modernas:

relações complexas com todos os seus stakeholders, necessidade de capacidade financeira para

ampliar mercados e ações que aumentem a satisfação e a segurança de seus clientes (Moraes,

2012).

Além disso, a estrutura de governança deve ser robusta para garantir a aderência a

normas e evitar transações fraudulentas ou de alto risco que possam comprometer seus ativos e a

poupança de seus correntistas. Diversas crises mundiais que ocorreram nas décadas de 1980 e

1990 aliadas a uma cultura inflacionária no Brasil, fizeram com que os bancos que operam no

País tivessem que se adaptar a uma situação constante de instabilidade. Essa situação começou a

se alterar com a estabilização monetária trazida pelo Plano Real, que encerrou um longo período

de inflação elevada e permitiu que a economia brasileira se organizasse e voltasse a crescer. A

constante instabilidade e os sucessivos planos econômicos dos Governos exigiram que o sistema

de regulação dos bancos adotados pelo Banco Central do Brasil torna-se rígido e reconhecido

internacionalmente, fato este que contribuiu para que a crise internacional de 2008 não causasse

os graves efeitos encontrados em outras economias mundiais (Moraes, 2012).

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Ao longo dos últimos anos, o cenário econômico tem favorecido a expansão do sistema

financeiro brasileiro e ampliado os índices de bancarização da população economicamente ativa.

A estabilidade macroeconômica e monetária, aliada ao crescimento da renda e ascensão social,

acelerou a procura por crédito, investimentos e meios de pagamento. Como consequência desse

cenário, é possível perceber que o setor financeiro continua se desenvolvendo. Desde 2009 o total

de ativos da indústria bancária vem crescendo a taxas de dois dígitos, somente de 2012 para 2013

o total de ativos da indústria bancária aumentou em 12%, passando de R$ 5,6 trilhões para R$ 6,3

trilhões, ou seja, este é um dos indicadores da evolução constante e uniforme dos bancos

(FEBRABAN, 2014).

A taxa de bancarização de 56%, conforme apresentado na Figura 27 equipara o Brasil a

outras nações emergentes – Turquia e Índia, por exemplo. No entanto, ainda fica abaixo dos

níveis registrados pelas economias desenvolvidas como EUA, Alemanha e Reino Unido, que

apresentam taxas de bancarização em torno de 97%. Isso representa um grande potencial de

expansão para os bancos de varejo, o que permite afirmar que a manutenção das taxas de

crescimento é sustentável para os próximos anos, caso o setor desenvolva mecanismos e produtos

voltados para a população que ainda não ingressou no mercado bancário (FEBRABAN, 2014).

Figura 27: Bancarização dos países.

Fonte: FEBRABAN, 2014.

O crescimento consistente da oferta de serviços financeiros para a população de forma

geral só pode ocorrer, no entanto, se houver um aumento da capilaridade dos pontos de

atendimento. Assim, reconhecendo essa necessidade, os bancos continuaram a investir no

aumento da presença dos pontos físicos, ampliando o número de agências e Postos de

Atendimento Bancário (PABs – dependências instaladas no interior de entidades de

administração pública ou empresas privadas) e por Postos de Atendimento Eletrônicos (PAEs –

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áreas exclusivas de equipamentos de autoatendimento). Somados, os dois últimos canais tiveram

uma expansão de 3% no período de 2009 a 2013 (FEBRABAN, 2014).

Conforme pode ser observado na Figura 28, ao comparar o Brasil com benchmarks

internacionais e desconsiderando as fortes diferenças geográficas, demográficas, econômicas e

socioculturais, é possível observar que o Brasil, com 30 agências bancárias por 100.000 adultos

bancarizados, possui um índice de agências por adultos bancarizados acima de mercados

emergentes, como México e a Índia. O número nacional se aproxima mais de países

desenvolvidos, como, por exemplo, os EUA, que possuem agências mais compactas e com perfil

de atendimento diferenciado pelo maior índice de agências/adulto. Com relação ao número de

caixa eletrônico por população adulta, o Brasil ultrapassou países como Estados Unidos,

Alemanha e Reino Unido, contando com 220 caixas eletrônicos para cada 100 mil adultos

bancarizados (FEBRABAN, 2014).

Figura 28: Número de agências por 100 mil adultos bancarizados

Fonte: FEBRABAN, 2014.

Os diversos indicadores mostram que o sistema financeiro brasileiro é sólido e vive um

momento de expansão, tanto na oferta quanto na demanda. Ao mesmo tempo em que mais

brasileiros estão em busca de crédito, investimentos e meios de pagamento, o setor bancário tem

sido bem-sucedido em ampliar sua oferta de produtos e serviços juntamente com a abrangência

de sua atuação, aumentando assim pontos de atendimento, autoatendimento e qualidade dos

meios virtuais como internet e mobile banking (FEBRABAN, 2014).

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2.4 SÍNTESE DO REFERENCIAL TEÓRICO

Foram elaboradas três tabelas para sintetizar o referencial teórico estudado:

– Tabela 19: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI.

– Tabela 20: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE PROJETOS DE TI.

– Tabela 21: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE RISCOS DE TI.

Cada uma das tabelas apresenta os principais aspectos relevantes do tema (eixo teórico) organizados por subtema e autor(es).

A partir da síntese do referencial teórico são construídas e sustentadas as premissas e proposições deste estudo.

Tabela 19: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO ESTRATÉGICA DE TI.

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Conceito (Hitt et al., 2014) Estratégia é um conjunto integrado e coordenado de compromissos e ações definidos para explorar competências

essenciais e obter vantagem competitiva.

Categorização (Crawford et al., 2006) As organizações que realizam muitos projetos precisam categorizar seus projetos para compará-los entre si e

garantir o alinhamento estratégico.

Gestão de

Projetos

(Hitt et al., 2014) No ambiente de TI as mudanças são constantes e as vantagens competitivas temporárias, obrigando as

organizações a desenvolverem estratégias sustentadas por projetos cada vez mais rápidos, baratos e melhores.

(Luftman et al., 1999) Um dos principais facilitadores do alinhamento estratégico de TI e negócios é a adequada priorização dos

projetos.

(Turner, 2009) As empresas precisam adaptar-se as mudanças do ambiente e constantemente melhorar seus processos. Os clientes

esperam que os produtos sejam sob medida e todo produto seja um mini projeto.

(Weill, 2002) A gestão de projetos utilizando métodos padronizados é uma das práticas que auxiliam os executivos na obtenção

de valor por meio da TI.

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115

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Gestão de

Riscos

(Alberts & Dorofee, 2012) Falhas evitáveis em projetos de software continuam a ocorrer, pois diversos riscos significativos não são levados

ao conhecimento dos tomadores de decisão.

(Hughes, 2006) Para diminuir drasticamente os riscos da TI e melhorar o retorno sobre os investimentos realizados em projetos de

software é necessário realizar a gestão de riscos da TI como parte dos riscos da organização.

(Luftman, 2003) Alinhamento estratégico maduro entre TI e negócios significa que a governança é realizada de forma adequada e a

responsabilidade pelos riscos e recursos é compartilhada com os parceiros de negócios.

(Maguire, 2002) Diversos riscos são assumidos ao implantar ou alterar um software em uma área chave da organização, pois uma

falha gera impacto direto no resultado do negócio.

(PMI, 2009) O risco somente existe quando impacta positiva ou negativamente o objetivo do projeto, ou seja, para que a gestão

de riscos seja aplicada com sucesso é fundamental definir claramente quais são os objetivos do projeto e sua

importância para a organização.

A gestão de riscos deve estar alinhada com os valores organizacionais, pois muitas vezes os riscos exigem

aprovação ou respostas de pessoas que estão em níveis hierárquicos superiores ao do gerente de projeto.

(Shenhar et al., 2007) Os riscos que aparentemente afetam apenas o projeto podem se propagar por toda a empresa.

Gestão de TI (Henderson &

Venkatraman, 1993)

A TI transcendeu seu papel operacional e evoluiu para um papel estratégico com potencial de não apenas suportar

as estratégias de negócios, mas também participar ativamente da estratégia da organização.

(Laurindo et al., 2001) Para garantir o alinhamento estratégico entre TI e negócios é necessária a busca de eficácia e não somente da

eficiência.

(Peterson, 2004) A gestão de TI está focada nas tecnologias que manipulam a informação e a governança de TI está focada na

aplicação dessas informações nos negócios.

Governança

(Lunardi, 2008) A TI é o principal meio de garantir que as informações sejam precisas, confiáveis e atualizadas. As decisões

inerentes à TI precisam ser gerenciadas pela alta administração e a governança é um importante instrumento de

gestão.

(Grembergen, 2004)

O alinhamento estratégico é apresentado como um dos principais meios de garantir que os investimentos

realizados em tecnologia agreguem valor à organização.

A governança de TI é composta pela liderança, estrutura organizacional e processos necessários para garantir que

as atividades de TI sustentem e expandam os objetivos estratégicos da organização.

Modelos (Killen & Hunt, 2009,

2013)

O principal objetivo de um modelo de maturidade é identificar os pontos positivos e negativos da organização

comparada às boas práticas de mercado. Os modelos de maturidade são aplicados desde a gestão de riscos e

gestão de conhecimento até a completa gestão de projetos e gestão de portfólio.

(OGC, 2009) O tema Business Case do PRINCE2 garante que o projeto seja viável, esteja alinhado com os objetivos da

organização e garante o monitoramento e captura dos benefícios.

O tema Progresso do PRINCE2 trata da governança do projeto para garantir a aprovação dos planos, o

monitoramento do desempenho e a comunicação adequada dos problemas aos níveis hierárquicos superiores.

(PMI, 2013b) O modelo OPM3 propõe uma gestão sistemática dos projetos em alinhamento com os objetivos estratégicos das

organizações.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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116

Tabela 20: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE PROJETOS DE TI.

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Conceito (PMI, 2013a) Um projeto pode ser definido como um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou

resultado exclusivo.

A gestão de projetos pode ser definida como a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às

atividades do projeto para atender aos seus requisitos.

Categorização (Castro & Carvalho, 2010) 74% das organizações pesquisadas, principalmente as do setor financeiro, adotam a categorização de projetos por

finalidade, com destaque para os projetos de desenvolvimento de tecnologia e de sistemas de informação.

(Padovani, 2007) Uma forma bastante simples de classificar os projetos é organizá-los conforme sua finalidade, por exemplo:

manutenção, infraestrutura de P&D, informática ou engenharia.

(Shenhar & Dvir, 2007) Os projetos devem ser classificados de acordo com quatro dimensões: novidade, tecnologia, complexidade e

passo.

Gestão de

Riscos

(Alberts & Dorofee, 2012) Muitos projetos ainda falham devido à falta de maturidade das organizações em gestão de riscos.

(Carvalho & Rabechini,

2011)

A partir da virada do milênio observa-se que é necessário aprimorar a gestão de riscos em projetos.

(Higuera & Haimes, 1996) A gestão de risco em projetos de software tem como objetivos: prevenir riscos; mitigar e corrigir riscos; e garantir

a falha segura do sistema.

(Hughes, 2006) O rápido desenvolvimento das tecnologias, juntamente com o aumento da variedade e complexidade é um desafio

à gestão de projetos de TI. Isso tem aumentado o risco dos projetos obterem menos benefícios do que o estimado

ou ultrapassarem o orçamento e os prazos previstos.

Cada vez mais, percebe-se que os riscos relacionados à TI e aos seus projetos estão ficando maiores,

especialmente porque estes são difíceis de serem identificados e, constantemente, modificam-se ao longo do

tempo.

(Lockyer & Gordon,

2005)

A maioria das atividades industriais lida com contextos conhecidos e relativamente estáveis, mas os projetos

lidam com mudanças e incertezas consideráveis.

(PMI & IEEE, 2013) Cada projeto de software tem diferentes incertezas, riscos e oportunidades, pois são uma combinação única de

requisitos, arquitetura e construção, resultando em um produto de software diferente.

(PMI, 2009) A gestão de riscos deve estar integrada com a gestão de projetos, pois seu sucesso depende da adequada execução

dos demais processos de gestão de projetos.

A gestão de riscos do projeto tem um papel fundamental na elaboração de estimativas realistas para as datas de

conclusão e os custos do projeto.

(Babu & Srivatsa, 2011) Riscos em projetos de software mais comuns: mudanças de requisitos, falta de conhecimento, tecnologias

defeituosas, Gold Plating e cronogramas de projetos irreais.

Governança (Sambamurthy & Zmud,

1999, p. 261)

Os mecanismos de governança de TI referem-se aos padrões de autoridade necessários para as atividades chave de

TI, incluindo-se infraestrutura de TI, uso da TI e gestão de projetos.

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117

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Modelos (Guntamukkala et al.,

2006)

As metodologias Cascata e Modelo V são preferíveis quando os requisitos são claros e é esperada manutenção

futura do software. As metodologias Scrum e XP são preferíveis quando os requisitos mudam constantemente, a

equipe é pequena, os riscos são desconhecidos e o prazo é restrito.

(OGC, 2009) A metodologia de gestão de projetos deve ser adequada às características individuais do projeto, garantindo que a

estrutura de governança, planejamento e controle seja apropriada.

(Patah, 2010) O modelo de gestão de projetos do PMI é o mais divulgado no Brasil e o modelo do OGC (PRINCE2) tem foco

em projetos de software.

(PMI, 2013a; PMI &

IEEE, 2013)

O PMI e o IEEE Computer Society elaboraram o PMBOK Software Extension para fornecer diretrizes específicas

para os gestores de projetos de software.

(PMI, 2013a) A gestão de projetos pode ser definida como a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às

atividades do projeto para atender aos seus requisitos.

(Rau, 2004) Se uma organização dedica grande parte de sua energia à implantação de projetos, uma abordagem não

estruturada e disciplinada da sua gestão conduz a ineficiências que podem ser danosas à organização.

Sucesso (Agarwal & Rathod, 2006) Nos projetos de software os stakeholders externos entendem que sucesso é realizar o projeto dentro do custo e

prazo planejados e os stakeholders internos (equipe do projeto) entendem que sucesso é entregar o escopo

solicitado com a qualidade necessária.

(Carvalho & Rabechini,

2011)

Cada pessoa ou organização envolvida no projeto pode ter um critério diferente para avaliar o sucesso do projeto.

(Guntamukkala et al.,

2006)

A utilização de uma adequada metodologia de desenvolvimento de software (MDS) melhora a eficiência e

eficácia do produto final.

(Luftman & Brier, 1999) A adequada gestão dos projetos é um fator fundamental para garantir o sucesso dos projetos de TI, mas para que

esta relação se sustente, é necessário que os gestores de projetos estejam preparados.

(OGC, 2009) A gestão de projetos pode ser definida como o planejamento, delegação, monitoramento e controle de todos os

aspectos do projeto para alcançar seus objetivos dentro das metas de desempenho esperadas para o tempo, custo,

qualidade, escopo, benefícios e riscos.

Os princípios do PRINCE2 fornecem um framework de boas práticas para garantir o sucesso do projeto.

(Patah, 2010) Para avaliar e comparar o sucesso nos projetos é necessário classificá-los segundo critérios pré-definidos.

(Pinto & Slevin, 1988) O sucesso do projeto deve ser avaliado pela perspectiva da eficiência (custo, prazo e escopo) e eficácia (o

produto/serviço gerado pelo projeto deve atender os benefícios esperados pelo cliente).

(Rabechini & Carvalho,

2013)

Sucesso do projeto está relacionado com: entregar o escopo planejado; garantir a qualidade do produto final;

atender as expectativas do cliente; e satisfazer a equipe de projeto.

(The Standish Group

International, 2013)

Um projeto de TI concluído com sucesso significa que foi entregue no prazo, dentro do orçamento, com a

qualidade esperada e com as funções necessárias.

O Standish Group acompanha a evolução do sucesso dos projetos de software desde 1985 utilizando as variáveis

da tríplice restrição (custo, escopo e prazo) como fatores de sucesso.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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Tabela 21: Síntese do referencial teórico sobre o tema GESTÃO DE RISCOS DE TI.

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Conceito (PMI, 2013a) Risco é um evento ou uma condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo (oportunidade) ou

negativo (ameaça) nos objetivos do projeto tais como custo, escopo, prazo ou qualidade.

Gestão de risco é o conjunto de processos, técnicas e ferramentas necessários para aumentar a probabilidade e o

impacto dos eventos positivos e diminuir a probabilidade e o impacto de eventos negativos no projeto.

Categorização (Fortuna, 2013; Marshall,

2002)

Estabelecer uma hierarquia de categorias de risco dentro de uma organização é muito útil porque permite agrupar

os riscos comuns à organização facilitando o prognóstico, prevenção, controle e redução do risco.

(Higuera & Haimes, 1996) Os diferentes níveis hierárquicos dentro de uma organização exigem visões de riscos distintas, pois suas

responsabilidades, habilidades e horizonte de tempo são completamente diferentes.

(Hillson, 2003) A melhor maneira de lidar com uma grande quantidade de dados é estruturar a informação para facilitar a

compreensão, para isso a EAR (Estrutura Analítica de Riscos) permite identificar temas recorrentes e áreas de

concentração de riscos.

(Hillson, 2013b) Riscos do projeto são os riscos associados com o escopo e benefícios do projeto onde se procura avaliar qual o

impacto do projeto para a organização. Riscos no projeto são os riscos individuais identificados e registrados no

Registro de Riscos.

(Holzmann & Spiegler,

2011)

A TBRI (Taxonomy-Based Risk Identification) é uma EAR disponível e que é muito utilizada para categorizar

projetos de software.

(Kerzner, 2013) O nível de formalização necessário para a gestão de riscos depende da cultura corporativa, da relação do projeto

com a estratégia da organização e o tamanho e tipo de projeto.

O que se espera do processo de identificação de riscos é uma lista de riscos categorizados para que os processos

posteriores possam ser realizados de forma plena e completa.

(Leopoldino & Borenstein,

2011)

A categorização de variáveis de riscos permite uma maior compreensão das suas relações e a possibilidade do

tratamento das mesmas em um nível mais alto, lidando com fatores de maior grau de abrangência.

(Miorando, 2010) Principais categorias de riscos de TI encontradas na literatura: custos, benefícios, habilidades e experiência,

tamanho e complexidade, arquitetura e desempenho, cronograma, clareza de escopo, suporte organizacional,

impacto da mudança, ambiente de negócio, maturidade tecnológica e gestão de riscos.

(PMI & IEEE, 2013) Riscos que ocorrem geralmente em projetos de software incluem engenharia, cronograma, custo, qualidade e

equipes.

(PMI, 2013a) A EAR permite agrupar possíveis causas de riscos e ajuda a equipe do projeto a considerar na fase de

identificação de riscos.

(Salles et al., 2010) A categorização de riscos consiste em agrupar os riscos por afinidade ou tipo e pode ser representada por meio de

uma EAR.

Gestão de TI (Hughes, 2006) A maior dependência da TI por parte das organizações tem feito com que os riscos referentes à tecnologia e a sua

utilização venham se tornando cada vez mais visíveis e significantes.

(Grembergen, 2004) Enquanto que a entrega de valor por meio da TI está focada na criação de valor ao negócio, a gestão de risco está

focada na preservação do valor do negócio.

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119

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Governança (ISACA, 2002, p. 5) Governança de TI é a estrutura de relacionamento e processos para controlar a empresa de modo a atingir os

objetivos corporativos, balanceando o risco versus retorno obtido pela TI e seus processos.

(ISO, 2009) Uma adequada gestão de riscos deve considerar: criar e proteger valor, ser parte integrante dos processos

organizacionais, ser um componente do processo de tomada de decisões e moldar-se à organização.

Identificação (Arnuphaptairong, 2011) Diversos estudos realizados desde 1981 geraram listas com os principais riscos em projetos de software. Ao

comparar estas listas, observam-se alguns riscos similares: falta de entendimento dos requisitos; falta de

comprometimento dos gerentes e usuários; e falta de uma metodologia de gestão de projetos.

As organizações podem utilizar como referência as listas disponíveis na literatura, mas recomenda-se que sejam

elaboradas suas próprias listas de riscos baseadas na experiência dos projetos anteriores.

(Boehm, 1989) Identificação de riscos é o primeiro passo para a adequada gestão de riscos em projetos de software.

(Bannerman, 2008) As listas de verificação para identificação de riscos de projetos de software são comuns tanto na literatura quanto

na prática, pois é uma técnica simples, rápida e de baixo custo para a equipe do projeto.

(Boehm & DeMarco,

1997).

A existência de um plano que reconhecia a possibilidade de falha do software poderia comprometer legalmente a

organização e seus representantes. Esta é umas das razões que justifica a ausência de publicações com dados

históricos de riscos de projetos.

(Boehm, 1991) Uma das melhores técnicas para o monitoramento dos riscos é criar uma lista de controle do progresso dos dez

riscos mais significantes do período.

(Chapman & Ward, 2004) Dentre os processos de gestão de riscos, a identificação de riscos é a origem de todo o processo e exige um

elevado grau de conhecimento e criatividade, demandando a opinião de especialistas.

(Chapman & Ward, 2007) As incertezas de um projeto estão relacionadas com a variabilidade das medidas de desempenho (custo, prazo e

qualidade) e com a ambiguidade associada à falta de clareza dos requisitos.

(Carr et al., 1993) O TBRI é um método de identificação de riscos para projetos de software baseado na premissa de que os riscos

são geralmente conhecidos pela equipe técnica, mas são mal comunicados.

(Guyer, 2012) O registro de riscos deve ser utilizado desde o início do projeto, receber a contribuição do maior número de

stakeholders possível e ser reavaliado regularmente durante todo o ciclo de vida do projeto.

(Higuera & Haimes, 1996) A falta de bases de dados com informações históricas de riscos de projetos é um problema enfrentado pelos

gestores de projetos.

(Hillson, 2003) Uma lista de riscos identificados pode ser priorizada para determinar quais riscos devem ser endereçados

primeiro, mas isso não permite compreender a estrutura de riscos do projeto.

(Hillson, 2013a) Os riscos somente são gerenciáveis quando identificados e documentados de forma clara e precisa.

(Holzmann & Spiegler,

2011)

Organizações que possuem bases de dados históricas podem gerar suas próprias listas com os maiores riscos de

projetos de software.

Os autores estruturaram um método para identificar os principais riscos de um grupo de projetos a partir de seus

registros de riscos.

(Keeling, 2000) As revisões históricas são boas fontes de referência para identificar fatores de riscos, a partir daí, surgem as

técnicas de identificação de riscos a partir de listas de verificação.

Page 120: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE … · foi possível contribuir com a evolução do processo atual de gestão de riscos de projetos da organização, destacando suas forças,

120

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Identificação (Koolmanojwong &

Boehm, 2013)

Alguns dos principais riscos em projetos de software: arquitetura complexa; falta de pessoal; restrições de prazo e

orçamento; software pronto; coesão entre os stakeholders; e volatilidade dos requisitos.

(Marshall, 2002) A ausência de dados históricos torna a análise detalhada não confiável.

(Maximiano, 2010) Não existe um catálogo de riscos padrão que atenda a todos os tipos de projeto. Torna-se necessário que cada

organização ou setor desenvolva seu próprio catálogo de riscos.

(Mutton, 2012) Um registro de riscos é uma ferramenta valiosa para compreender e gerenciar os riscos da organização, pois como

não é possível gerenciar o que não se pode medir, o registro de riscos fornece um quadro com métricas que

auxiliam a tomada de decisões com base em informações.

(PMI, 2009) As listas de verificação permitem capturar a experiência prévia e apresentar uma lista de riscos detalhada.

(PMI, 2013a) O registro dos riscos é o documento em que os resultados da análise dos riscos e o planejamento das respostas aos

riscos são registrados.

(Chapman, 1998) A identificação e pré-avaliação dos riscos são os processos mais importantes da gestão de riscos, isto porque o seu

resultado tem um forte impacto sobre a precisão das análises posteriores dos riscos.

(Salles et al., 2010) A identificação de riscos é o início do processo de gestão de riscos e pode ser desenvolvido em três etapas:

analogia com projetos anteriores; categorização de riscos; e identificação de novos riscos.

(Silva et al., 2006) As listas de verificação são frequentemente citadas para verificação de riscos, mas a única ferramenta existente

para levantamento consistente de riscos na área de projetos de software é o TBRI.

(Wegrzynowicz & Stein,

2009)

O GTAG12 do IIA possui uma abrangente lista de verificação para avaliar riscos em projetos de TI.

(Zwikael, 2009) Os processos de gestão de riscos são poucos utilizados nos projetos de software devido à indisponibilidade dos

gerentes funcionais na etapa de identificação de riscos e da falta de prática da equipe no uso das ferramentas e

formalização dos riscos.

Modelos (Boehm, 1988) O modelo em espiral é orientado a risco, pois a cada novo ciclo do projeto as atividades de gestão de risco são

revisitadas.

(Boehm, 1991) O julgamento humano é o item mais importante para o sucesso de um projeto de software, mas o modelo

conceitual e as técnicas de avaliação de risco fornecem as competências necessárias para melhorar o julgamento.

(Ernawati et al., 2012) Os autores propuseram um framework para gestão de riscos em tecnologia baseado na ISO 31000.

(Higuera & Haimes, 1996) O modelo de gestão de riscos do SEI é específico para projetos de software.

A gestão de riscos é continua e deve ser aplicada durante todo o ciclo de vida do projeto de software.

(ISO, 2009) O modelo de gestão de riscos da ISO é de utilização genérica e atende qualquer segmento de mercado.

(MacLeod et al., 2010) O IIA elaborou um manual explicando como o modelo de gestão de riscos da ISO pode ser utilizada pelos

auditores internos.

(Marshall, 2002) A ordem das atividades no projeto faz diferença no nível de risco do projeto.

(OGC, 2009) O tema Riscos do PRINCE2 define como os gerentes devem gerenciar as incertezas em seus planos e no ambiente

do projeto como um todo.

(OGC, 2010) A perspectiva de Riscos do modelo P3M3 tem como objetivo manter o balanceamento entre as ameaças e

oportunidades dos projetos.

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121

Subtema Autor(es) Aspectos relevantes

Modelos (PMI & IEEE, 2013) O modelo de gestão de riscos do PMI é específico para gestão de projetos, mas o PMI elaborou uma versão

adaptada para projetos de software que foi elaborada em conjunto com o IEEE.

(Rovai, 2005) Apesar de sua importância, muitos projetos no Brasil são desenvolvidos sem que haja o adequado uso de

metodologias e/ou modelos de gestão de risco.

(Schwaber & Sutherland,

2013)

O Scrum aplica uma abordagem incremental e iterativa para melhorar a previsibilidade e o controle de risco.

(Thamhain, 2013) Para selecionar o modelo de referência para a gestão de riscos mais adequado é importante considerar o grau de

incerteza do projeto, o tamanho do projeto e o impacto do risco no projeto e organização.

Sucesso (Bakker et al., 2010) O conceito tradicional de sucesso de projeto utilizando os critérios de custo, prazo e escopo é frequentemente

utilizado em publicações que estudam a relação entre a gestão de riscos e o sucesso dos projetos de software.

(Dey et al., 2007) Quando a gestão de riscos é adequada, o projeto de software é concluído com sucesso, satisfazendo o cliente,

realizando os objetivos propostos e melhorando o desempenho financeiro da organização.

(Han & Huang, 2007;

Huang & Han, 2008)

Quanto melhor o entendimento sobre os riscos envolvidos no projeto de software, melhor será o resultado do

projeto quanto do produto final.

(Higuera & Haimes, 1996) Quanto mais complexo o projeto, maior a necessidade de gerenciar os riscos de forma estruturada e organizada

para garantir a realização dos objetivos do projeto.

(ISO & IEC, 2006) A gestão de riscos é um fator chave de sucesso para a gestão de projetos de software.

(PMI, 2009) O nível de detalhe, a sofisticação das ferramentas, e a quantidade de tempo e recursos aplicados devem ser

proporcionais às características do projeto e sua importância para a organização.

(PMI, 2013a) Sucesso do projeto deve ser medido em termos da sua conclusão dentro das restrições de escopo, tempo, custo,

qualidade, recursos e risco.

(Rabechini & Carvalho,

2013)

A gestão de riscos em projetos influencia a percepção de sucesso dos projetos.

(Raz et al., 2002) As ferramentas e técnicas de gestão de riscos foram desenvolvidas para melhorar o sucesso dos projetos.

(Schmitz et al., 2007) No Brasil existem poucas pesquisas envolvendo riscos de projetos de software relacionados ao sucesso de

projetos.

(Shenhar & Dvir, 2007) Quanto mais nova a tecnologia, maiores os riscos para o projeto e maior a quantidade de controles necessários

para garantir o sucesso do projeto.

(Wideman, 1992) O objetivo da gestão de riscos em projetos é identificar eventos que possam impactar os objetivos do projeto

relacionados ao custo, escopo, prazo e qualidade.

(Zwikael, 2009) A área de conhecimento do PMBOK relacionada a risco em projetos é a segunda mais importante na

determinação do sucesso de um projeto de software durante a fase de planejamento.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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122

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

O método de pesquisa é peça fundamental na pesquisa científica. Martins e Theóphilo

(2009, p. 37) esclarecem os conceitos de método e metodologia:

O objetivo da metodologia é o aperfeiçoamento dos procedimentos e critérios utilizados na

pesquisa. Por sua vez, método é o caminho para se chegar a determinado fim ou objetivo. A

metodologia é equiparada a uma preocupação instrumental: a ciência busca captar a realidade; a

metodologia trata de como isso pode ser alcançado.

Contemporaneamente, o entendimento é de que a expressão método científico é enganosa, pois

pode induzir a crer que consiste em um conjunto de regras exaustivas e infalíveis. Na verdade,

não existem tais receitas para investigar. O que se tem são estratégias de investigação científica

com técnicas gerais e particulares, e métodos especiais para diversas tecnologias e ciências. O

método científico não é, nem mais nem menos, senão a maneira de se construir boa ciência:

natural ou social, pura ou aplicada, formal ou factual.

Uma pesquisa parte de uma dúvida ou problema e busca uma resposta ou solução

usando um método científico. É o método que revela a ordem imposta aos diferentes processos

necessários para atingir o resultado desejado (Bervian, Cervo & Silva, 2002). Sendo assim, uma

vez definida a questão de pesquisa – “Como deve ser estruturado um modelo de gestão de

riscos que seja aplicável a projetos de software no setor bancário brasileiro?” – faz-se

necessária a definição de um método adequado para respondê-la. Este capítulo apresenta o

método, estratégias e técnicas de pesquisa utilizados para responder esta questão.

3.1 ABORDAGEM E CONTEXTUALIZAÇÃO

A pesquisa empírica realizada neste estudo pode ser classificada como exploratório-

descritiva, qualitativo-quantitativa, positivista, indutiva, e foi abordada por meio do método de

estudo de caso.

A pesquisa exploratória tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o

problema a fim de torná-lo evidente e a pesquisa descritiva, juntamente com a exploratória,

habitualmente é realizada por pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática (Gil,

2010).

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123

Segundo Martins & Theóphilo (2009), as investigações científicas podem contemplar

simultaneamente avaliações quantitativas e qualitativas. As pesquisas quantitativas são aquelas

em que os dados e as evidências coletados podem ser quantificados e mensurados, ou seja, os

dados são filtrados, organizados e tabulados. As pesquisas qualitativas são aquelas que exigem

interpretações e análises de informações, fatos, ocorrências e evidências que não são expressas

por números.

A perspectiva positivista acredita que o mundo está em conformidade com as leis de

causalidade, as quais poderiam ser testadas de forma objetiva. Por outro lado, a perspectiva

interpretativista acredita que múltiplas realidades existem devido a construções subjetivas da

mente e o mundo já está socialmente construído, além disso, tenta compreender os fenômenos

por meio da análise de significados atribuídos pelas pessoas (Vries, 2005). Martins e Theóphilo

(2009, p. 41) explicam o positivismo:

O princípio da verificação é colocado como um dos pontos principais do positivismo lógico.

Segundo esse princípio, um enunciado é considerado verdadeiro somente se passível de

confronto do enunciado com a observação empírica. [...] O positivismo possui a crença na

unidade metodológica. Os métodos das ciências naturais são tomados como modelos também

nas ciências sociais, por considerar-se que tanto os fenômenos da natureza quanto os fenômenos

sociais são regidos por leis invariáveis.

Os métodos de pesquisa podem ser indutivos ou dedutivos. Os dedutivos buscam a

solução de um problema a partir de uma lei ou teoria, já os indutivos procuram respostas para um

problema a partir de constatações particulares que podem evoluir para generalizações (Mattar,

2005, p. 26)11

apud (Biancolino, 2010, p. 127). Os estudos de caso são generalizáveis a

proposições teóricas e não a populações ou universos. Nesse sentido, o estudo de caso, como

experimento, não representa uma amostragem e, ao fazer isso, seu objetivo é expandir e

generalizar teorias e não enumerar frequências, realizando uma análise “generalizante” e não

particularizante (Lipset et al.,1956, p.419-420)12

apud (Yin, 2010, p. 36).

Quanto à abordagem metodológica, os estudos exploratórios podem ser

operacionalizados a partir de cinco estratégias diferentes e as pesquisas na área das ciências

sociais aplicadas podem ser classificadas em experimental, de levantamento, de análise de

arquivos, pesquisa histórica e estudo de caso. A definição da abordagem mais adequada exige a

11

MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. (6a. ed.), São Paulo: Atlas, 2005. 12

Lipset, S.M., Trow, M., Coleman, J. (1956). Union democracy: the inside politics of the international

typographical union. New York. Free Press.

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124

observação da forma da questão de pesquisa, a avaliação do controle sobre os eventos

comportamentais e o foco temporal (contemporâneo) da pesquisa. Assim, é importante definir,

em primeiro lugar, o problema a ser pesquisado para, depois, encontrar o procedimento de

pesquisa adequado (Yin, 2010, p. 29). A Tabela 22 apresenta as situações relevantes para

diferentes métodos de pesquisa.

Tabela 22: Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa.

Método Forma de questão de

pesquisa

Exige controle dos eventos

comportamentais?

Enfoca eventos

contemporâneos?

Experimento Como, por quê? Sim Sim

Levantamento

(survey)

Quem, o quê, onde, quantos,

quanto? Não Sim

Análise de arquivos Quem, o quê, onde, quantos,

quanto? Não Sim/Não

Pesquisa histórica Como, por quê? Não Não

Estudo de caso Como, por quê? Não Sim

Nota. Fonte: Yin, 2010, p. 29.

Martins e Theóphilo (2009, p. 61) explicam o método estudo de caso da seguinte forma:

A estratégia de pesquisa Estudo de Caso pede avaliação qualitativa, pois seu objetivo é o estudo

de uma unidade social que se analisa profunda e intensamente. Trata-se de uma investigação

empírica que pesquisa fenômenos dentro de seu contexto real (pesquisa naturalística), onde o

pesquisador não tem controle sobre eventos e variáveis, buscando aprender a totalidade de uma

situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso

concreto. Mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objeto delimitado – problema da

pesquisa -, o Estudo de Caso possibilita a penetração na realidade social, não conseguida

plenamente pela avaliação quantitativa.

De um modo geral, pode-se afirmar que avaliações quantitativas são mais adequadas ao

processo de testar teorias, enquanto as avaliações qualitativas são mais aplicáveis em situações

onde se deseja construir teorias (Grounded Theory), enfoque de pesquisa orientada por um

Estudo de Caso.

O estudo de caso conta com muitas técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas

acrescenta duas fontes de evidência que usualmente não são incluídas no repertório de um

historiador: observação direta dos eventos que estão sendo estudados e entrevistas das pessoas

neles envolvidas. Nestes termos, o método de estudos de caso é indicado quando se procura

responder a questões iniciadas com os termos “como” e “por que”, quando o evento estudado é

contemporâneo ao pesquisador e quando o mesmo não possui nenhum poder de inferência sobre

o objeto estudado. Nestes casos, as questões formuladas geralmente lidam com questões

operacionais que necessitam ser acompanhadas ao longo do tempo, ao invés de uma análise

pontual de eventos que podem ser analisados via quantificação de frequência ou de incidência

(Yin, 2010, p. 32).

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125

Sarker, Xiao e Beaulieu (2012) avaliaram as tendências e padrões atuais de 85 artigos

utilizando análise qualitativa sobre sistemas de informação publicados no período de 2001-2011.

Os artigos foram selecionados a partir de quatro periódicos da Association for Information

Systems que não declararam explicitamente sua preferência por pesquisas qualitativas, são eles:

Management Information Systems (MISQ); Information Systems Research (ISR); Journal of

Management Information Systems (JMIS); e Journal of the Association for Information Systems

(JAIS). A pesquisa revelou:

(1) 71% dos artigos endereçavam questões iniciadas com o termo “como” e 18%

endereçavam questões iniciadas com o termo “o que”. Surpreendentemente, a pesquisa revelou

que uma proporção significativa (33%) dos artigos endereçava questões iniciadas com o termo “o

que” ou “qual”, por exemplo, “O que significa colaboração...”;

(2) Mais da metade dos artigos (54%) utilizaram estudo de caso único;

(3) A técnica mais comum de coleta de dados encontrada foi a entrevista, sendo 38 o

número médio de entrevistas conduzidas (máximo 145 e mínimo 6), ressaltando que não existe

um número recomendado de entrevistas;

(4) 64% gravaram e transcreveram as entrevistas, e quando não é possível gravar,

sugere-se explicar o motivo que não permitiu a gravação;

(5) 60% reportaram o uso de alguma forma de documento para complementar as

entrevistas;

(6) 88% contextualizam o caso antes da análise e interpretação dos dados;

(7) 37% apresentaram as contribuições na forma de um modelo e 26% na forma de uma

tabela.

Ainda no âmbito da tecnologia da informação, o método de estudo de casos vem sendo

utilizado com frequência na avaliação de suas aplicações. A adequação da abordagem de estudos

de caso à área de tecnologia da informação justifica-se através dos seguintes pontos (Benbasat,

Goldsteins, & Mead, 1987):

(1) Permite identificar o estágio atual de desenvolvimento da tecnologia e construir

teorias a partir das práticas verificadas;

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126

(2) O objetivo da pesquisa é o de investigar aspectos de gestão e não os aspectos

técnicos;

(3) É frequente o surgimento de novos aspectos de TI que merecem ser estudados;

(4) O uso de estudos de caso é adequado para capturar o conhecimento dos profissionais

da área de TI e construir teorias a partir deste.

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Yin (2010, p. 46) esclarece o que é um projeto de pesquisa da seguinte forma:

O projeto de pesquisa é a lógica que vincula os dados a serem coletados (e as conclusões a

serem tiradas) às questões iniciais do estudo. Todo estudo empírico tem um projeto de pesquisa

implícito, se não explícito. A articulação da “teoria” sobre o que está sendo estudado e o que

deve ser aprendido ajuda a operacionalizar os projetos de estudo de caso e torná-los mais

explícitos.

Ainda segundo Yin (2010, p. 48):

Coloquialmente, um projeto de pesquisa é um plano lógico para chegar daqui até lá, onde aqui

pode ser definido como o conjunto inicial de questões a serem respondidas e lá é algum tipo de

conjunto de conclusões (respostas) sobre essas questões. Entre “aqui” e “lá” pode ser

encontrado um número de passos importantes, incluindo a coleta e a análise de dados

relevantes. [...] O projeto da pesquisa é muito mais do que um plano de trabalho. A principal

finalidade do projeto é ajudar a evitar a situação na qual a evidência não aborda as questões

iniciais da pesquisa. Nesse sentido, um projeto de pesquisa trata de um problema lógico e não

de um problema logístico.

Figura 29: Etapas do estudo de caso.

Fonte: adaptado de Gil, 2010.

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127

Não existe um consenso por parte dos pesquisadores quanto às etapas a serem seguidas

no desenvolvimento de um estudo de caso, porém, conforme apresentado na Figura 29, é possível

definir um conjunto de etapas que podem ser seguidas na maioria dos estudos de caso (Gil,

2010):

(1) Formulação do problema – constitui a etapa inicial da pesquisa e decorre de um

longo processo de reflexão e de imersão em fontes bibliográficas adequadas. O estudo de caso

não é adequado para mensurar o nível de correlação entre variáveis ou verificar hipóteses causais.

Sua principal utilização ocorre em estudos exploratórios e descritivos.

(2) Definição da unidade-caso – refere-se a um indivíduo num contexto definido,

podendo ser ampliado para um grupo social, uma organização, um processo social, uma

comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura. Os casos também podem ser definidos do

ponto de vista temporal, por exemplo, um evento ou um projeto.

(3) Determinação do número de casos – o estudo pode ser constituído tanto de um único

quanto de múltiplos casos. A utilização de múltiplos casos é a situação mais frequente nas

pesquisas sociais, pois proporciona evidências inseridas em diferentes contextos exigindo uma

metodologia mais apurada e mais tempo para coleta e análise dos dados. Costuma-se utilizar um

único caso quando o acesso a múltiplos casos é difícil e o pesquisador tem possibilidade de

investigar um deles com profundidade devido ao acesso privilegiado aos dados.

(4) Elaboração do protocolo – documento que não apenas contém o instrumento de

coleta de dados, mas também define a conduta a ser adotada para sua aplicação. Constitui uma

das melhores formas de aumentar a confiabilidade do estudo de caso.

(5) Coleta de dados – utiliza-se sempre mais de uma técnica para conferir validade ao

estudo e evitar a subjetividade do pesquisador. Os resultados devem ser provenientes da

convergência ou da divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos de coleta

que podem ser: análise de documentos, entrevistas, depoimentos pessoais, observação

espontânea, observação participante e análise de artefatos físicos.

(6) Avaliação e análise dos dados – como são utilizados diversos procedimentos de

coleta de dados, é esperado que sejam utilizados diferentes modelos de análise; entretanto, é

natural admitir que a análise dos dados seja de natureza predominantemente qualitativa.

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128

(7) Preparação do relatório – existe um grau de formalidade menor em relação a outros

métodos de pesquisa, porém, verifica-se a tendência em apresentar os estudos de caso de maneira

semelhante aos demais relatórios de pesquisa (apresentação do problema, metodologia utilizada,

resultados obtidos e conclusões).

Eisenhardt (1989) descreve o processo para construção de teoria a partir de uma

pesquisa de estudo de caso. A Figura 30 apresenta o passo a passo do processo: (1) Iniciar –

definição da questão de pesquisa e organização dos constructos; (2) Selecionar casos – definição

do conceito da população do estudo para determinar o conjunto de entidades que participarão da

amostra; (3) Criar protocolos – definição dos diferentes métodos de coleta de dados, além das

possíveis combinações de dados quantitativos e qualitativos; (4) Trabalhar em campo – nesta fase

ocorre a sobreposição das fases de coleta de dados e análise, além disso, é possível flexibilizar os

métodos de coleta para aproveitar eventuais oportunidades identificadas; (5) Analisar dados –

utilizar diferentes técnicas de análise de dados permite olhar as evidências de forma profunda e

complementar; (6) Criar hipóteses – tabular e organizar as evidências de forma lógica e

estruturada para cada um dos constructos; (7) Comparar literatura – comparar as análises com as

literaturas similares e conflitantes de forma a validar e generalizar a teoria; e (8) Encerrar –

finalização do processo de construção da teoria a partir do momento em que ocorre a saturação,

ou seja, quando novas evidências não trazem novidades.

Figura 30: Construindo teorias a partir de um estudo de caso.

Fonte: adaptado de Eisenhardt, 1989.

Ainda segundo Eisenhardt (1989), esta abordagem possui algumas forças e fraquezas.

Forças: existe a probabilidade de geração de uma nova teoria; a teoria emergente pode ser testada

a partir de constructos mensuráveis e hipóteses validáveis; e a teoria resultante é empiricamente

válida. Fraquezas: complexidade devido ao grande volume e variedade de informações; e a teoria

construída pode ser estreita e idiossincrática, ou seja, uma teoria que só tem importância ou

significado para o autor e não para a comunidade científica.

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129

O estudo deve apresentar detalhadamente os procedimentos realizados evidenciando

isenção da opinião do pesquisador. O estudo de caso deve revelar análises em profundidade, não

em extensão. A apresentação deve ser clara e concisa, evitando a inclusão de informações de

apoio em demasia, como por exemplo, histórico da organização. A fronteira entre o fenômeno

que está sendo estudado e seu contexto deve ser claramente delimitado. O estudo deve mostrar de

maneira convincente que foram coletadas e avaliadas as evidências relevantes e que seu

encadeamento é criativo e lógico. É importante que o pesquisador demonstre que a questão de

pesquisa foi tratada com rigor científico e seus objetivos alcançados (Martins & Theóphilo,

2009).

Um projeto de pesquisa utilizando o método estudo de caso deve conter cinco

componentes: (1) as questões do estudo; (2) as proposições, se houver; (3) as unidades de análise;

(4) a lógica que une os dados às proposições; e (5) os critérios para interpretar as constatações.

Yin (2010, p. 57) explica que:

Embora o atual nível de desenvolvimento não proporcione orientação detalhada sobre a

vinculação dos dados às proposições e critérios para interpretação dos achados, o projeto

completo de pesquisa deve indicar quais os dados a serem coletados – como indicado pelas

questões de estudo, suas proposições e suas unidades de análise. O projeto também deve dizer o

que deve ser feito após os dados serem coletados – como indicado pela lógica que vincula os

dados às proposições e aos critérios para a interpretação dos achados.

3.2.1 Questões de Estudo

A adequada definição da questão de pesquisa é peça-chave em qualquer estudo

científico. Caso seja escolhido um estudo de caso único é importante a autorização prévia da

direção da organização para os propósitos do pesquisador (Martins & Theóphilo, 2009).

Yin (2010, p. 49) explica que a o método do estudo de caso é mais apropriado para

questões do tipo “como” e “por que” e sugere três estágios para a elaboração de uma questão de

pesquisa relevante:

No primeiro, tente usar a literatura para estreitar seu interesse para um ou dois tópicos-chave,

sem preocupar-se com qualquer questão de pesquisa específica. No segundo, examine de perto

alguns estudos-chave sobre seu tópico de interesse. Identifique as questões nesses poucos

estudos e verifique se elas concluem com novas questões ou lacunas para a futura pesquisa.

Elas podem estimular, então, seu próprio raciocínio e imaginação e você pode se descobrir

articulando suas próprias questões potenciais. No terceiro estágio, examine outro conjunto de

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130

estudos sobre o mesmo tópico. Eles podem proporcionar apoio para questões potenciais ou

mesmo sugerir maneiras de aperfeiçoá-las.

No contexto deste estudo, considerando-se que a tecnologia bancária é uma peça chave

na estratégia de um banco para garantir sua vantagem competitiva, encontra-se o desafio deste

tipo de organização em gerenciar adequadamente os riscos de seus projetos de software para

garantir seu sucesso, não apenas na perspectiva da eficiência (custo, prazo e escopo), mas

também na perspectiva da eficácia (o produto ou serviço gerado pelo projeto deve atender os

benefícios esperados pelo cliente).

3.2.2 Proposições de Estudo

Yin (2010, p. 50) elucida que as proposições tem a função de direcionar o escopo do

estudo. A questão de pesquisa é a essência do que se busca responder; entretanto, isoladamente

não aponta o caminho que deve ser estudado. O estabelecimento das proposições obriga o

pesquisador a refletir sobre o conteúdo teórico e sugerir uma direção para seu estudo.

Martins e Theóphilo (2009, p. 65) explicam o objetivo das proposições:

As proposições, no contexto de um Estudo de Caso, refletem explicações teóricas formuladas a

partir de algum conhecimento do caso e reflexões do pesquisador. As proposições podem ser

entendidas como uma teoria preliminar, criada pelo autor, que buscará, ao longo do trabalho,

defender e demonstrar.

Proposições orientam corretamente o estudo, contribuindo para a objetividade do trabalho.

Quanto mais proposições específicas um estudo contiver, mais ele permanece dentro de limites

exequíveis. No planejamento e condução de um Estudo de Caso as proposições substituem os

objetivos e as hipóteses normalmente formuladas nas pesquisas convencionais.

Nestes termos, a partir da revisão bibliográfica e objetivos específicos da pesquisa,

foram formuladas premissas e proposições associadas, de forma a propor um modelo acerca da

problematização da pesquisa e de suas questões recorrentes.

Martins e Theóphilo (2009, p. 29) assim explicam o que é um modelo:

A teoria constitui o núcleo essencial da ciência, sem a qual não se consegue avançar. Além dos

elementos básicos da visão clássica de teoria – cálculos e regras de correspondência –, os

estudiosos introduziram um terceiro elemento nas teorias: o modelo. Os modelos, segundo esse

entendimento, caracterizam as ideias fundamentais da teoria com auxílio de conceitos

familiarizados, antes da elaboração da teoria. [...] Não é único o conceito de modelo, cuja

significação dependerá da finalidade com que será utilizado. [...] Sob outro ponto de vista,

alguns autores entendem que modelo e interpretação são sinônimos, ou seja, os modelos são

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131

compreendidos como interpretações de uma teoria. [...] Outro entendimento se dá pela

consideração de modelo como uma explicação de uma teoria. Assim é que o modelo como

interpretação e o modelo como explicação podem coexistir, favorecendo análises mais precisas

e claras. [...] Um modelo de um sistema ou processo é construído com poucas variáveis-fatores

manejáveis, de tal sorte que as relações mais significantes possam ser identificadas e estudadas.

Os autores também explicam o valor e limites do uso de modelos (Martins & Theóphilo,

2009, p. 29):

No campo das ciências fáticas, os modelos são considerados válidos se resistirem ao confronto

com os fatos, isto é, se forem verificados. A modelagem – construção de um modelo – é

posterior à clara definição do problema sob investigação, e, particularmente, das variáveis,

atributos e características do objeto que se deseja conhecer/explicar/prover. [...] Os modelos não

são verdadeiros nem falsos, são apenas mais ou menos adequados para certos usos. O valor e a

significância de um modelo não são dados por algo intrínseco: dependerão do campo no qual

vão ser aplicados, isto é, não serão verdadeiros nem falsos, mas sim úteis ou inúteis.

Um modelo tem as seguintes funções: seletiva – permite que fenômenos complexos

sejam visualizados e compreendidos; organizacional – classifica os elementos da realidade

segundo um esquema; fertilidade – evidencia outras aplicações em distintas situações; lógica –

permite explicar como ocorre o fenômeno; normativa – permite prescrições; e sistêmica – orienta

os procedimentos de forma sequencial e estruturada (Martins & Theóphilo, 2009).

As etapas para a construção de um modelo são: conceitualização – investigação de

teorias que ajudem a explicar o fenômeno representado. Depende da capacidade do pesquisador

em identificar problemas relevantes ao conhecimento da realidade sob investigação; modelagem

– processo de ajuste e evolução por meio da elaboração de representações mais simples e

analogias com estruturas teóricas consolidadas; solução do modelo operacional – relacionamento

entre o modelo operacional do sistema e a solução proposta; implantação – aplicação dos

resultados obtidos pela solução do modelo operacional; e validação – capacidade de explicação e

de previsão do modelo (Martins & Theóphilo, 2009).

Conforme pode ser observado na Figura 31, a revisão bibliográfica apresenta a Gestão

de Riscos de TI e a Gestão de Projetos de TI como Mecanismos de Governança de TI, ou seja,

são instrumentos que garantem a implantação das estratégias da organização. A Gestão de Riscos

é um agente catalizador do sucesso da Gestão de Projetos que, por sua vez, é um fator crítico de

sucesso para o desempenho, crescimento e sucesso da organização.

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132

Figura 31: Modelo teórico.

Fonte: elaborado pelo autor.

A partir desses conceitos entende-se que uma organização complexa como um banco

pode utilizar sua base de dados de riscos de projetos de software para gerar diferentes visões de

riscos para diferentes níveis hierárquicos. Desta forma, é possível auxiliar tanto os executivos na

tomada de decisões estratégicas relacionadas aos riscos dos projetos (riscos que impactam a

organização), quanto os gerentes de projetos na gestão dos riscos nos projetos (riscos que

impactam os objetivos dos projetos).

3.2.2.1 Premissa 1 e Proposições Associadas

Premissa 1: Definir os critérios necessários para agrupar os riscos identificados e

armazenados em bases históricas de projetos de software.

Para a elaboração das proposições de pesquisa associadas à premissa 1, foram utilizados

os aspectos relevantes identificados no referencial teórico e relacionados na Tabela 23:

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133

Tabela 23: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 1).

Referencial teórico e

empírico Aspectos relevantes

Proposição 1 – Registro de Riscos

(Higuera & Haimes,

1996)

A falta de bases de dados com informações históricas de riscos de projetos é um problema

enfrentado pelos gestores de projetos.

(Hillson, 2003) Apenas uma lista de riscos identificados não permite compreender a estrutura de riscos do

projeto.

(Holzmann &

Spiegler, 2011)

Organizações que possuem bases de dados históricas podem gerar suas próprias listas com

os maiores riscos de projetos de software.

(Maximiano, 2010) Não existe um catálogo de riscos padrão que atenda a todos os tipos de projeto. Torna-se

necessário que cada organização ou setor desenvolva seu próprio catálogo de riscos.

(PMI, 2013a) O registro dos riscos é o documento em que os resultados da análise dos riscos e o

planejamento das respostas aos riscos são registrados.

(Silva et al., 2006) As listas de verificação são frequentemente citadas para verificação de riscos, mas a única

ferramenta existente para levantamento consistente de riscos na área de projetos de software

é o TBRI.

Proposição 2 – Categorização de Riscos

(Carr et al., 1993)

O TBRI é um método de identificação de riscos para projetos de software e baseado na

premissa de que os riscos são geralmente conhecidos pela equipe técnica, mas são mal

comunicados.

(Fortuna, 2013;

Marshall, 2002)

Estabelecer uma hierarquia de categorias de risco dentro de uma organização é muito útil

porque permite agrupar os riscos comuns à organização facilitando o prognóstico,

prevenção, controle e redução do risco.

(Higuera & Haimes,

1996)

Os diferentes níveis hierárquicos dentro de uma organização exigem visões de riscos

distintas, pois suas responsabilidades, habilidades e horizonte de tempo são completamente

diferentes.

(Hillson, 2003) A melhor maneira de lidar com uma grande quantidade de dados é estruturar a informação

para facilitar a compreensão, para isso a EAR (Estrutura Analítica de Riscos) permite

identificar temas recorrentes e áreas de concentração de riscos.

(Holzmann &

Spiegler, 2011)

A TBRI (Taxonomy-Based Risk Identification) é uma EAR disponível e que é muito

utilizada para categorizar projetos de software.

(Leopoldino &

Borenstein, 2011)

A categorização de variáveis de riscos permite uma maior compreensão das suas relações e

a possibilidade do tratamento das mesmas em um nível mais alto, lidando com fatores de

maior grau de abrangência.

Proposição 3 – Processos Imaturos de Gestão de Riscos

(Alberts & Dorofee,

2012)

Muitos projetos ainda falham devido à falta de maturidade das organizações em gestão de

riscos.

(Luftman & Brier,

1999)

A adequada gestão dos projetos é um fator fundamental para garantir o sucesso dos projetos

de TI, mas para que esta relação se sustente, é necessário que os gestores de projetos

estejam preparados.

(Rovai, 2005) Apesar de sua importância, muitos projetos no Brasil são desenvolvidos sem que haja o

adequado uso de metodologias e/ou modelos de gestão de risco.

(Kerzner, 2013) O nível de formalização necessário para a gestão de riscos depende da cultura corporativa,

da relação do projeto com a estratégia da organização e o tamanho e tipo de projeto.

(Zwikael, 2009) Os processos de gestão de riscos são poucos utilizados nos projetos de software devido à

indisponibilidade dos gerentes funcionais na etapa de identificação de riscos e da falta de

prática da equipe no uso das ferramentas e formalização dos riscos.

(Chapman & Ward,

2004)

Dentre os processos de gestão de riscos, a identificação de riscos é a origem de todo o

processo e exige um elevado grau de conhecimento e criatividade, demandando a opinião de

especialistas.

(OGC, 2009) A metodologia de gestão de projetos deve ser adequada às características individuais do

projeto, garantindo que a estrutura de governança, planejamento e controle seja apropriada.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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134

Proposição 1: O registro de riscos, quando adequadamente utilizado, é uma importante

ferramenta para a gestão de riscos. Constitui a base histórica dos riscos e planos de ações

identificados e analisados durante o projeto e permite gerar um catálogo de riscos para a

organização.

Proposição 2: A categorização dos riscos em uma Estrutura Analítica de Riscos

utilizando a TBRI permite agrupar uma grande quantidade de riscos comuns de projetos de

software e gerar diversas visões para diferentes níveis hierárquicos na organização.

Proposição 3: Dentre os processos de gestão de riscos, a identificação de riscos é o

processo mais importante, porque somente os riscos identificados podem ser gerenciados.

Entretanto, em organizações imaturas muitos projetos de software são desenvolvidos por

profissionais despreparados que não utilizam as metodologias disponíveis e, consequentemente,

não registram os riscos dos projetos.

3.2.2.2 Premissa 2 e Proposições Associadas

– Premissa 2: Agrupar os riscos dos projetos de software permitindo identificar e

priorizar os principais riscos.

Para a elaboração das proposições de pesquisa associadas à premissa 2, foram utilizados

os aspectos relevantes identificados no referencial teórico e relacionados na Tabela 24:

Tabela 24: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 2).

Referencial Teórico e

Empírico Aspectos relevantes

Proposição 4 – Categorização de Projetos

(Castro & Carvalho, 2010) 74% das organizações pesquisadas, principalmente as do setor financeiro, adotam a

categorização de projetos por finalidade, com destaque para os projetos de

desenvolvimento de tecnologia e de sistemas de informação.

(Crawford et al., 2006)

As organizações que realizam muitos projetos precisam categorizar seus projetos

para compará-los entre si e garantir o alinhamento estratégico.

(Luftman et al., 1999) Um dos principais facilitadores do alinhamento estratégico de TI e negócios é a

adequada priorização dos projetos.

(Padovani, 2007) Uma forma bastante simples de classificar os projetos é organizá-los conforme sua

finalidade, por exemplo: manutenção, infraestrutura, informática ou engenharia.

(Patah, 2010) Para avaliar e comparar os projetos é necessário classificá-los segundo critérios pré-

definidos.

(Shenhar & Dvir, 2007) Os projetos devem ser classificados de acordo com quatro dimensões: novidade,

tecnologia, complexidade e passo.

(Thamhain, 2013) Para selecionar o modelo de referência para a gestão de riscos mais adequado é

importante considerar o grau de incerteza do projeto, o tamanho do projeto e o

impacto do risco no projeto e organização.

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135

Referencial Teórico e

Empírico Aspectos relevantes

Proposição 5 – Riscos em Projetos de Software

(Arnuphaptairong, 2011) Diversos estudos realizados desde 1981 geraram listas com os principais riscos em

projetos de software. Ao comparar estas listas, observam-se alguns riscos similares:

falta de entendimento dos requisitos; falta de comprometimento dos gerentes e

usuários; e falta de uma metodologia de gestão de projetos.

(Hillson, 2013b) Riscos do projeto são os riscos associados com o escopo e benefícios do projeto

onde se procura avaliar qual o impacto do projeto para a organização. Riscos no

projeto são os riscos individuais identificados e registrados no Registro de Riscos.

(Hughes, 2006) Cada vez mais, percebe-se que os riscos relacionados à TI e aos seus projetos estão

ficando maiores, especialmente porque estes são difíceis de serem identificados e,

constantemente, modificam-se ao longo do tempo.

(Koolmanojwong & Boehm,

2013)

Alguns dos principais riscos em projetos de software: arquitetura complexa; falta de

pessoal; restrições de prazo e orçamento; software pronto; coesão entre os

stakeholders; e volatilidade dos requisitos.

(Miorando, 2010) Principais categorias de riscos de TI encontradas na literatura: custos, benefícios,

habilidades e experiência, tamanho e complexidade, arquitetura e desempenho,

cronograma, clareza de escopo, suporte organizacional, impacto da mudança,

ambiente de negócio, maturidade tecnológica e gestão de riscos.

(PMI & IEEE, 2013) Riscos que ocorrem geralmente em projetos de software incluem engenharia,

cronograma, custo, qualidade e equipes.

(PMI & IEEE, 2013) Cada projeto de software tem diferentes incertezas, riscos e oportunidades, pois são

uma combinação única de requisitos, arquitetura e construção, resultando em um

produto de software diferente.

(Shenhar et al., 2007) Os riscos que aparentemente afetam apenas o projeto podem se propagar por toda a

empresa.

(Suresh Babu & Srivatsa,

2011)

Riscos em projetos de software mais comuns: mudanças de requisitos, falta de

conhecimento, tecnologias defeituosas, Gold Plating e cronogramas de projetos

irreais.

Proposição 6 – Lista de Riscos

(Arnuphaptairong, 2011) As organizações podem utilizar como referência as listas disponíveis na literatura,

mas recomenda-se que sejam elaboradas suas próprias listas de riscos baseadas na

experiência dos projetos anteriores.

(Boehm, 1989) Identificação de riscos é o primeiro passo para a adequada gestão de riscos em

projetos de software.

(Bannerman, 2008) As listas de verificação para identificação de riscos de projetos de software são

comuns tanto na literatura quanto na prática, pois é uma técnica simples, rápida e de

baixo custo para a equipe do projeto.

(Hillson, 2003) Uma lista de riscos identificados pode ser priorizada para determinar quais riscos

devem ser endereçados primeiro.

(Hillson, 2013a) Os riscos somente são gerenciáveis quando identificados e documentados de forma

clara e precisa.

(Keeling, 2000) As revisões históricas são boas fontes de referência para identificar fatores de riscos,

a partir daí, surgem as técnicas de identificação de riscos a partir de listas de

verificação.

(Kerzner, 2013) O que se espera do processo de identificação de riscos é uma lista de riscos

categorizados para que os processos posteriores possam ser realizados de forma

plena e completa.

(PMI, 2009) As listas de verificação permitem capturar a experiência prévia e apresentar uma

lista de riscos detalhada.

(Wideman, 1992) O objetivo da gestão de riscos em projetos é identificar eventos que possam

impactar os objetivos do projeto relacionados ao custo, escopo, prazo e qualidade.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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136

Proposição 4: Os projetos devem ser categorizados e agrupados por finalidade e

tamanho/complexidade para que seja possível compará-los.

Proposição 5: Os principais riscos em projetos de software na organização estudada são

os mesmos apresentados na literatura: escopo instável, premissas de prazo e custo irreais,

tecnologia complexa e falta de habilidades em gestão de projetos.

Proposição 6: Os bancos devem ter a sua própria lista de verificação de riscos, pois é

uma importante fonte de referência para o processo de identificação de riscos.

3.2.2.3 Premissa 3 e Proposições Associadas

– Premissa 3: Apresentar aos executivos uma visão estratégica dos principais riscos de

projetos de software.

Para a elaboração das proposições de pesquisa associadas à premissa 3, foram utilizados

os aspectos relevantes identificados no referencial teórico e relacionados na Tabela 25:

Tabela 25: Aspectos relevantes identificados no referencial teórico (premissa 3).

Referencial Teórico e

Empírico Aspectos relevantes

Proposição 7 – Sucesso em Projetos

(Agarwal & Rathod, 2006) Nos projetos de software os stakeholders externos entendem que sucesso é realizar

o projeto dentro do custo e prazo planejados e os stakeholders internos (equipe do

projeto) entendem que sucesso é entregar o escopo solicitado com a qualidade

necessária.

(Bakker et al., 2010) O conceito tradicional de sucesso de projeto utilizando os critérios de custo, prazo e

escopo são frequentemente utilizados em publicações que estudam a relação entre a

gestão de riscos e o sucesso dos projetos de software.

(ISO & IEC, 2006) A gestão de riscos é um fator chave de sucesso para a gestão de projetos de

software.

(Pinto & Slevin, 1988) O sucesso do projeto deve ser avaliado pela perspectiva da eficiência (custo, prazo e

escopo) e eficácia (o produto/serviço gerado pelo projeto deve atender os benefícios

esperados pelo cliente).

(PMI, 2013a) Sucesso do projeto deve ser medido em termos da sua conclusão dentro das

restrições de escopo, tempo, custo, qualidade, recursos e risco.

(Rabechini & Carvalho, 2013) A gestão de riscos em projetos influencia a percepção de sucesso dos projetos.

(Raz et al., 2002) As ferramentas e técnicas de gestão de riscos foram desenvolvidas para melhorar o

sucesso dos projetos.

(The Standish Group

International, 2013)

Um projeto de TI concluído com sucesso significa que foi entregue no prazo, dentro

do orçamento, com a qualidade esperada e com as funções necessárias.

(Zwikael, 2009) A área de conhecimento do PMBOK relacionada a risco em projetos é a segunda

mais importante na determinação do sucesso de um projeto de software durante a

fase de planejamento.

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137

Referencial Teórico e

Empírico Aspectos relevantes

Proposição 8 – Visão Estratégica de Riscos

(Alberts & Dorofee, 2012)

Riscos para Tomada de

Decisão

Falhas evitáveis em projetos de software continuam a ocorrer, pois diversos riscos

significativos não são levados ao conhecimento dos tomadores de decisão.

(Boehm, 1991) Uma das melhores técnicas para o monitoramento dos riscos é criar uma lista de

controle do progresso dos dez riscos mais significantes do período.

(Boehm, 1991) O julgamento humano é o item mais importante para o sucesso de um projeto de

software, mas o modelo conceitual e as técnicas de avaliação de risco fornecem as

competências necessárias para melhorar o julgamento.

(Grembergen, 2004) A governança de TI é composta pela liderança, estrutura organizacional e processos

necessários para garantir que a as atividades de TI sustentem e expandam os

objetivos estratégicos da organização.

(Hitt et al., 2014) No ambiente de TI as mudanças são constantes e as vantagens competitivas

temporárias, obrigando as organizações a desenvolverem estratégias sustentadas por

projetos cada vez mais rápidos, baratos e melhores.

(Hughes, 2006) Para diminuir drasticamente os riscos da TI e melhorar o retorno sobre os

investimentos realizados em projetos de software é necessário realizar a gestão de

riscos da TI como parte dos riscos da organização.

(ISACA, 2002, p. 5) Governança de TI é a estrutura de relacionamento e processos para controlar a

empresa de modo a atingir os objetivos corporativos, balanceando o risco versus

retorno obtido pela TI e seus processos.

(Lunardi, 2008) As decisões inerentes à TI precisam ser gerenciadas pela alta administração e a

governança é um importante instrumento de gestão.

(PMI, 2009) A gestão de riscos deve estar alinhada com os valores organizacionais, pois muitas

vezes os riscos exigem aprovação ou respostas de pessoas que estão em níveis

hierárquicos superiores ao do gerente de projeto.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Proposição 7: A adequada gestão de riscos é um fator chave para o sucesso dos projetos

de software, garantindo que estes sejam concluídos dentro do prazo, dentro do orçamento, com a

qualidade esperada e com as funções necessárias.

Proposição 8: Os principais riscos dos projetos de software devem ser apresentados em

uma visão estratégica para permitir a adequada análise e tomada de decisão pelos executivos da

organização.

3.2.3 Unidade de Análise

No método estudo de caso, os termos unidade de análise e “caso” são sinônimos.

Indivíduos, pequenos grupos, organizações e parcerias são casos concretos e de fácil delimitação.

Na sociologia, por exemplo, o indivíduo é a unidade primária de análise, onde a informação

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138

relevante sobre este indivíduo é coletada e vários desses indivíduos formam um estudo de casos

múltiplos (Yin, 2010).

Yin (2010, p. 51) explica a importância das questões e proposições no direcionamento

do estudo junto à unidade de análise:

No estudo de caso clássico, por exemplo, o “caso” pode ser um indivíduo. (...) Você ainda

precisaria de questões e proposições de estudo para ajudar a identificar a informação relevante a

ser coletada sobre este indivíduo ou indivíduos. Sem essas questões e proposições, você seria

tentado a cobrir “tudo” sobre o(s) indivíduo(s), o que é impossível fazer. (...) Quanto mais um

estudo de caso contiver questões e proposições específicas, mais ele permanecerá dentro dos

limites viáveis.

Naturalmente, o “caso” também pode ser algum evento ou entidade, além de um único

indivíduo. Os estudos de caso têm sido realizados sobre decisões, programas, processos de

implementação e mudança organizacional.

Após definir a unidade de análise é importante delimitar o tempo, ou seja, o começo e o

fim do caso. Dessa forma é possível determinar o escopo da coleta de dados e distinguir os dados

sobre o sujeito do estudo de caso (o “fenômeno”) dos dados externos ao caso (o “contexto”) (Yin,

2010).

Yin (2010) aborda as características gerais do desenho de estudos de caso, partindo do

princípio que os casos podem ser únicos ou múltiplos, podendo também ser, simultaneamente,

holísticos (com uma unidade de análise) ou integrados (várias unidades de análise). Desta

combinação resultam quatro tipos diferentes de projetos para estudos de caso, apresentados na

Tabela 26.

Tabela 26: Tipos de projetos para estudos de caso.

Estudo de caso único Estudo de casos múltiplos

Holístico

(unidade única de análise) Caso único holístico Casos múltiplos holístico

Integrado

(unidades múltiplas de análise) Caso único integrado Casos múltiplos integrado

Nota. Fonte: adaptado de Yin, 2010.

Neste estudo será realizado o estudo de caso único integrado, recomendado para

aprender a totalidade de uma situação e descrever, compreender e interpretar um caso concreto

(Martins & Theóphilo, 2009).

O estudo de caso único justifica-se quando se trata de um caso representativo ou o

pesquisador tem acesso a uma situação inacessível à observação científica (Yin, 2010). A

organização estudada é representativa, pois se trata de um dos maiores bancos brasileiros e o

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139

pesquisador, como funcionário da organização, possui acesso e permissão para utilizar os dados

disponíveis na ferramenta de gestão integrada de tecnologia, tais como custo, escopo, prazo e

riscos.

O estudo de caso único também se justifica pelo objetivo da pesquisa de propor práticas

que melhorem os processos utilizados na organização analisada, em consonância com a Portaria

Normativa n. 17, de 28 de dezembro de 2009, do Ministério da Educação, que dispõe as diretrizes

para mestrados profissionais no Brasil e coloca como objetivos destes a transferência de

conhecimentos para melhoria da eficácia, eficiência, competitividade e produtividade de

organizações públicas e privadas por meio da solução de problemas e geração e aplicação de

processos de inovação apropriados.

A unidade integrada de análise neste estudo é o projeto de software, pois Yin (2010, p.

73) explica que “o caso único pode ser um programa público que envolve um grande número de

projetos financiados – que seriam, então, as unidades integradas”. Como serão analisados

diversos projetos de software executados na organização, esta dissertação pode ser classificada

como um estudo de unidades múltiplas de análise.

O período analisado será delimitado pela base de dados de projetos disponível para

extração eletrônica, ou seja, os projetos de software iniciados no período de 01/01/2012 a

31/08/2014.

3.2.4 Vinculação dos Dados às Proposições

Segundo Yin (2010, p. 56), o objetivo da vinculação dos dados às proposições é

determinar com antecedência quais os passos da análise de dados e, dessa forma, garantir a coleta

de dados na medida exata para que não faltem dados nem sejam coletados dados em demasia. O

autor comenta:

As técnicas analíticas combinação de padrão, construção de explanação, análise de séries

temporais, modelos lógicos e síntese de casos cruzados, representam as formas de vinculação

dos dados às proposições. As análises reais exigirão que você combine ou calcule seus dados de

estudo de caso como um reflexo direto das proposições iniciais do estudo. Por exemplo, o

conhecimento de que algumas ou todas as suas proposições cobrem uma sequência temporal

significa que, eventualmente, algum tipo de análise de série temporal pode ser usada. A

observação desta forte probabilidade, durante a fase de projeto, chama sua atenção para a

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necessidade de garantir a existência de procedimentos suficientes para coletar os marcadores de

tempo, como parte de seus planos de coleta de dados.

Na Tabela 27, Yin (2010, p. 129) explica os pontos fortes e fracos das fontes de

evidência utilizadas no estudo.

Tabela 27: Pontos fortes e fracos das fontes de evidências utilizadas no estudo.

Fonte de evidência Pontos fortes Pontos fracos

Documentação . Estável – pode ser revista repetidamente.

. Discreta – não foi criada em consequência

do estudo de caso.

. Exata – contém nomes, referências e

detalhes exatos de um evento.

. Ampla cobertura – longo período de tempo,

muitos eventos e muitos ambientes.

. Recuperabilidade – pode ser difícil de

encontrar.

. Acesso – pode ser negado deliberadamente.

Registros em

arquivo

. [Idem à documentação].

. Precisos e geralmente quantitativos.

. [Idem à documentação].

. Acessibilidade devido a razões de

privacidade.

Entrevistas . Direcionadas – focam os tópicos do estudo

de caso.

. Perceptíveis – fornecem inferências e

explanações causais percebidas.

. Parcialidade da resposta.

. Incorreções devido à falta de memória.

. Reflexividade – o entrevistado dá ao

entrevistador o que ele quer ouvir.

Nota. Fonte: Yin, 2010.

Para garantir a coleta dos dados na medida exata, a Tabela 28 apresenta como as três

fontes de dados devem ser relacionadas às proposições: entrevistas; registros em arquivos; e

documentação.

Tabela 28: Vinculação dos dados às proposições.

Proposições Dados coletados por fonte de evidência

a

Entrevistas Registros em arquivo Documentação

Proposição 1

Registro de Riscos

. 1 – Como os riscos de projetos

são documentados na

organização?

. Base de Dados de Riscos

. Base de Dados de

Projetos

. Processos da

Metodologia de Gestão de

Projetos

. Processos da

Metodologia de

Desenvolvimento de

Software

. Documentos dos

Projetos: requisitos, mapa

de stakeholders,

cronogramas, atas de

reuniões, boletins, etc.

Proposição 2

Categorização de

Riscos

. 2a – Os riscos são

categorizados?

. 2b – Em caso positivo, quais são

as categorias de risco utilizadas?

Proposição 3

Processo Imaturo

de Gestão de

Riscos

Para os projetos sem riscos

documentados:

. 3a – Por que os riscos não são

documentados na ferramenta de

gestão integrada de tecnologia?

. 3b – Como os riscos são

gerenciados neste caso?

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Proposições Dados coletados por fonte de evidência

a

Entrevistas Registros em arquivo Documentação

Proposição 4

Categorização de

Projetos

. 4a – Como os projetos são

categorizados?

. 4b – Como os projetos são

priorizados?

Proposição 5

Riscos em

Projetos de

Software

. 5a – Quais os principais riscos

dos projetos de software?

. 5b – Como são planejadas as

respostas aos riscos?

. 5c – Como os riscos são

monitorados?

Proposição 6

Lista de Riscos

. 6 – Como os riscos são

identificados?

Proposição 7

Sucesso em

Projetos

. 7 – Quais os critérios utilizados

para avaliar o sucesso do projeto?

Proposição 8

Visão Estratégica

de Riscos

. 8 – Como os riscos dos projetos

são apresentados aos executivos?

Nota. Fonte: elaborado pelo autor. a As fontes de evidência estão detalhadas na seção 3.3.2 – Fontes de evidências

3.2.5 Critérios para a Interpretação dos Achados do Estudo

Com relação aos critérios para interpretação dos achados, Yin (2010, p. 57) explica:

As análises estatísticas oferecem alguns critérios explícitos para essas interpretações. Por

exemplo, por convenção, a ciência social considera que um nível p menor do que 0,05

demonstra que as diferenças observadas eram “estatisticamente significativas”. Entretanto,

muitas análises de estudos de caso não contarão com o uso da estatística e, portanto, voltam a

atenção para outras maneiras de pensar sobre esses critérios.

Yin destaca que no estágio de projeto da pesquisa, o desafio é antecipar e enumerar os

rivais importantes, para que se incluam informações sobre eles como parte da coleta de dados.

“Se pensar sobre as explanações rivais somente após a coleta estar completa, começara a

justificar e projetar um estudo futuro, mas não ajudara a completar seu estudo de caso atual.”

(Yin, 2010, p. 57).

Podemos concluir que um projeto bem estruturado fornece uma base sólida para a coleta

de evidências de confiabilidade e validade dos achados da pesquisa, condição essencial para a

elaboração de um adequado estudo científico. Entretanto, a pesquisa de estudo de caso configura-

se como um dos tipos mais difíceis de pesquisa a serem realizados devido à ausência de

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142

procedimentos de rotina (Yin, 2010). Os critérios para a interpretação dos achados serão

detalhados na seção 3.3 – Procedimentos de Coleta e Análise de Dados.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Segundo Martins e Theóphilo (2009, p. 66), o protocolo é um instrumento que direciona

a condução da estratégia de pesquisa e é assim definido:

O ponto central do protocolo, que deve ser construído a partir do início do projeto, é um

conjunto de questões que, de fato, refletem a investigação real. As questões são feitas ao

próprio pesquisador e funcionam como um checklist para que o investigador fique atento e se

lembre de todas as ações para condução do trabalho, particularmente, no levantamento das

informações que precisam ser coletadas e as razões de coletá-las. As questões e prévios avisos

registrados no protocolo ajudam o pesquisador a se manter no rumo correto à medida que a

coleta avança. Cada questão deve vir acompanhada de uma lista de prováveis fontes de

evidências e do instrumento de coleta que poderá ser utilizado, como, por exemplo: nomes de

possíveis entrevistados, tipos de documentos a serem consultados, roteiros de entrevistas,

planilhas de coleta de dados etc.

De acordo com Yin (2010, p. 106), o protocolo deve conter as seguintes seções:

(1) Uma visão geral do projeto do estudo de caso: objetivos e patrocínios do projeto,

assuntos do estudo de caso e leituras relevantes sobre o tópico sendo investigado.

(2) Procedimentos de campo: apresentação de credenciais, acesso aos locais do estudo

de caso, linguagem pertencente à proteção dos participantes, fontes de dados e advertências de

procedimentos.

(3) Questões de estudo de caso: questões específicas de estudo de caso que o

investigador deve ter em mente na coleta de dados, estrutura das tabelas com título, cabeçalho e

categorias para séries específicas de dados e potenciais fontes de informação para responder a

cada questão.

(4) Um guia para o relatório do estudo de caso: esboço, formato para os dados, uso e

apresentação de outa documentação e informação bibliográfica.

Gil (2010) explica que o processo de coleta de dados no estudo de caso é mais complexo

que em outras modalidades de pesquisa, pois utiliza diferentes técnicas de obtenção dos dados de

forma complementar. Após a definição da unidade-caso e da determinação do número de casos a

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serem pesquisados, recomenda-se a elaboração de um protocolo, que se constitui no documento

que não apenas contém o instrumento de coleta de dados, mas também define a conduta a ser

adotada para sua aplicação. O protocolo desenvolvido para este estudo foi organizado em cinco

seções: (1) etapas da pesquisa; (2) fontes de evidências; (3) caracterização da organização; (4)

procedimentos de coleta de dados; e (5) procedimentos de análise de dados.

3.3.1 Etapas da Pesquisa

A Figura 32 apresenta as etapas da pesquisa.

(1) Apresentação e problematização: introduz o tema, identifica e explicita os problemas

existentes.

(2) Questão de pesquisa, objetivos gerais e específicos: define a questão de pesquisa e os

objetivos do estudo.

(3) Relevância do tema e justificativa: explica a relevância do estudo e suas justificativas

apresentando quais suas contribuições à sociedade.

(4) Referencial teórico: revisão da teoria existente sobre o tema estudado. Sua revisão é

constante durante todo o desenvolvimento da dissertação.

(5) Premissa e proposições: são as reflexões sobre o referencial teórico e tem a função de

direcionar o escopo do estudo.

(6) Seleção da unidade de análise: descreve o objeto de análise delimitando as fronteiras

do estudo.

(7) Protocolo de pesquisa: descrição dos procedimentos que serão executados durante as

fases de coleta e análise de dados.

(8) Coleta e análise de dados: execução dos procedimentos definidos no protocolo,

podendo sofrer eventuais ajustes após a análise exploratória dos dados.

(9) Conclusões: conclusão do estudo e recomendação de temas para futuras pesquisas.

(10) Contribuições para a prática: descrição da aplicação prática dos achados do estudo.

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(11) Publicação do estudo: aprovação do estudo e publicação para consulta futura de

outros pesquisadores.

Figura 32: Etapas da pesquisa.

Fonte: elaborado pelo autor.

3.3.2 Fontes de Evidências

O planejamento é fundamental para orientar a análise dos dados e evidências levantadas.

A confiabilidade de um estudo de caso poderá ser garantida pela utilização (triangulação) de

várias fontes de evidências, possibilitando um estilo corroborativo de pesquisa. Para isso o

pesquisador deve organizar um encadeamento de evidências, ou seja, demonstrar lógica e

sintonia entre os elementos do plano, da execução e das conclusões da pesquisa (Martins &

Theóphilo, 2009). Nesse sentido, este estudo foi fundamentado nas seguintes fontes de

evidências: entrevistas, registros em arquivos e documentação.

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3.3.2.1 Entrevistas

Yin (2010, p. 133) explica o uso das entrevistas no estudo de caso:

Uma das fontes mais importantes de informação para o estudo de caso é a entrevista. [...] As

entrevistas são conversas guiadas, não investigações estruturadas. [...] Um tipo de entrevista de

estudo de caso é a entrevista em profundidade. Você pode perguntar aos respondentes-chave

sobre os fatos de um assunto, assim como suas opiniões sobre os eventos. A entrevista pode

ocorrer durante um longo período de tempo e não em uma única ocasião. O entrevistado

também pode sugerir outras pessoas para serem entrevistadas, assim como outras fontes de

evidência. [...] Um segundo tipo de entrevista de estudo de caso é a entrevista focada, na qual a

pessoa é entrevistada durante um curto período de tempo. Nesses casos, as entrevistas até

podem permanecer abertas e assumir uma maneira conversacional, mas é maior a probabilidade

de ser seguido um determinado conjunto de questões derivadas do protocolo do estudo de caso.

Por exemplo, uma finalidade importante dessa entrevista pode ser simplesmente a de corroborar

determinados fatos que você já considera estabelecidos. [...] Ainda um terceiro tipo de

entrevista acarreta questões mais estruturadas, na linha de um levantamento formal. Esse

levantamento poderia ser projetado como parte de um estudo de caso integrado e produzir

dados quantitativos como parte da evidência do estudo de caso. [...] mesmo ao relatarem esses

eventos ou explicarem como ocorreram, as respostas dos entrevistados estão sujeitas aos

problemas comuns de parcialidade, má lembrança e articulação pobre ou inexata.

Neste estudo será utilizado o tipo de entrevista focada, pois o objetivo das entrevistas é

confrontar os dados coletados por meio de registros em arquivos e documentações e

complementar a identificação do nível de sistematização do processo de gestão de riscos dentro

da organização analisada. Para aqueles projetos que não possuem registros de riscos cadastrados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia, busca-se identificar junto aos gerentes dos

projetos por que os riscos não são cadastrados e como é realizada a gestão de riscos neste cenário.

As questões para as entrevistas semiestruturadas estão alinhadas com as proposições e descritas

na seção 3.2.4 – Vinculação dos Dados às Proposições, adicionalmente, no Apêndice 1 encontra-

se o roteiro detalhado utilizado para coletar os dados.

De acordo com Sarker (2012), não existe um número recomendado de entrevistas a ser

realizado, porém sugere-se que o número de entrevistas seja reportado no estudo. Dessa maneira,

serão convidados inicialmente 20 colaboradores envolvidos com projetos de software da

instituição objeto de estudo. As entrevistas serão realizadas até ocorrer a saturação do tema, ou

seja, até o momento em que as respostas tornarem-se repetitivas e nenhum conhecimento

adicional for agregado. Se necessário, o número de entrevistados pode ser ampliado durante a

fase de análise e interpretação dos dados. Para permitir uma visão ampla e geral do processo de

gestão de riscos de projetos de software na instituição, serão entrevistados colaboradores com

diversas funções: gestores de programas (executivos); gestores de projetos; analistas de sistemas;

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146

analistas do escritório de projetos; e o superintendente responsável pela priorização do portfólio

de projetos de tecnologia para entender especificamente qual o critério de priorização de projetos

adotado pela instituição.

3.3.2.2 Registros em Arquivos

Yin (2010, p. 132) explica o uso dos registros em arquivos no estudo de caso:

Para muitos estudos de caso, os registros de arquivo – que frequentemente tomam a forma de

arquivos e registros computadorizados – também podem ser relevantes. [...] Para alguns

estudos, os registros podem ser tão importantes que se tornam objeto de recuperação extensa e

de análise quantitativa. Em outros estudos, eles podem ser apenas de relevância passageira.

Quando a evidência de arquivo for considerada relevante, o investigador deve ter o cuidado de

confirmar as condições sob as quais ela foi produzida, assim como a sua exatidão. [...] A

maioria dos registros de arquivo é produzida para uma finalidade específica e para um público

específico que não a da investigação do estudo de caso, e essas condições devem ser avaliadas

na interpretação da utilidade e da exatidão desses registros.

A pesquisa documental utiliza fontes primárias de dados, tais como documentos e bases

de dados de entidades privadas, com o objetivo de contribuir para a análise dos problemas

(Martins & Theóphilo, 2009).

Uma das fontes de evidências deste estudo de caso são duas bases de dados extraídas

eletronicamente da ferramenta de gestão integrada de tecnologia da instituição estudada.

A Figura 33 apresenta uma amostra da base de dados de projetos que contém as

seguintes variáveis: Código do Projeto, Nome do Projeto, Data da Criação, Fase do Projeto,

Situação do Projeto, Data de Início Planejada, Data de Término Planejada, Quantidade de Horas

Planejadas, Data de Início Realizada, Data de Término Realizada, Quantidade de Horas

Realizadas, Percentual Realizado, Indicador de Risco, CPI (Cost Performance Index) e SPI

(Schedule Performance Index).

A base de dados de riscos contém as seguintes variáveis: Número da Solicitação do

Risco, Código do Projeto Relacionado, Responsável pelo Cadastramento do Risco, Data de

Cadastramento do Risco, Descrição do Risco, Semáforo do Risco (verde, amarelo ou vermelho),

Probabilidade de Ocorrência do Risco, Impacto do Risco, Índice de Exposição ao Risco, Status

do Risco, Estratégia de Resposta ao Risco, Solução Proposta, Plano de Contingência, Data do

Gatilho do Risco, Data para Solução, e Responsável pelo Monitoramento do Risco.

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Figura 33: Amostra da base de dados de projetos.

Fonte: relatório da ferramenta de gestão integrada de tecnologia do Banco Alfa.

3.3.2.3 Documentação

Yin (2010, p. 128) explica o uso da documentação no estudo de caso:

A informação documental é, provavelmente, relevante para todos os tópicos de estudo de caso.

Esse tipo de informação pode tomar várias formas e deve ser o objeto de planos explícitos de

coleta de dados. Por exemplo, considere a seguinte variedade de documentos: correspondência

eletrônica, minutas de reuniões, documentos administrativos, estudos formais do mesmo “local”

que está estudando e notícias que aparecem na mídia. [...] Os documentos são úteis mesmo que

não sejam sempre precisos e possam apresentar parcialidades. [...] Para os estudos de caso, o

uso mais importante dos documentos é para corroborar e aumentar a evidência de outras fontes.

[...] providenciar acesso para examinar os arquivos de qualquer organização sendo estudada [...]

muitas pessoas criticam a potencial confiança excessiva nos documentos na pesquisa de estudo

de caso. Isto ocorre provavelmente porque o pesquisador casual presume, erradamente, que

todos os tipos de documentos – inclusive as propostas para projetos ou programas – contêm a

verdade indubitável. [...] Devido à abundância de materiais disponíveis é importante focar a

informação mais pertinente. Uma sugestão seria separar ou realizar a triagem dos materiais de

acordo com sua aparente centralidade à investigação. Depois, passar mais tempo lendo ou

revisando o que parece central e eliminando outros materiais menos importantes, para uma

leitura ou revisão posterior.

Utiliza-se neste estudo documentos dos projetos e dos processos organizacionais.

Algumas informações dos projetos não podem ser extraídas eletronicamente, pois são

informações descritivas (desestruturadas) que estão armazenadas em documentos no formato

word, excel, power point e pdf. Os principais documentos dos projetos que estão neste formato

são: requisitos, mapa de stakeholders, cronogramas, atas de reuniões e boletins. Com relação aos

processos organizacionais, buscam-se os documentos relacionados aos processos da metodologia

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148

de gestão de projetos e riscos, processos da metodologia de desenvolvimento de software e

governança de TI. Estes documentos servem para entender como os processos de gestão de

projetos e riscos são disseminados na organização, além de permitir aprofundar as informações

de determinados projetos quando necessário. Também são fontes de evidências para este estudo

as informações disponibilizadas na internet e intranet desta organização.

3.3.3 Caracterização da Organização

A organização não autorizou a divulgação de seu nome, sendo assim, será referenciada

neste estudo como Banco Alfa.

O estudo foi realizado em uma empresa privada, multinacional de capital nacional

presente em 22 países além do Brasil, atuante no setor bancário de varejo e atacado desde 1943,

possui atualmente mais de 90.000 colaboradores, valor de mercado estimado em US$ 81 bilhões

e conta com 5.000 agências e PABs no Brasil e exterior.

A área de tecnologia do Banco Alfa possui investimentos previstos no valor de R$ 11,1

bilhões entre 2012 e 2015, conta com aproximadamente 6.000 colaboradores, um Escritório de

Projetos de Tecnologia implantado e uma Área de Metodologia e Qualidade de Software que

determina os padrões de processo a serem seguidos pelas equipes de desenvolvimento de

software. As metodologias de desenvolvimento de software disponíveis tanto para as equipes de

desenvolvimento internas quanto externas é o Scrum e o Modelo V.

3.3.4 Procedimentos de Coleta de Dados

Yin (2010, p. 141) explica que o processo de coleta de dados para o estudo de caso é

mais complexo do que os usados nos outros métodos de pesquisa e explica três princípios que,

quando usados apropriadamente, podem ajudar a tratar dos problemas de estabelecimento da

validade do constructo e da confiabilidade da evidência do estudo de caso:

(1) Usar múltiplas fontes de evidência: o uso de apenas uma fonte de evidência não é

recomendado para a condução de um estudo de caso, pois a triangulação de dados originados de

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diversas fontes é um dos pontos fortes desse método. Ao utilizar múltiplas fontes de evidência o

pesquisador aborda uma variação maior de aspectos históricos e comportamentais e consegue

desenvolver um processo corroborativo de linhas convergentes de investigação.

(2) Criar um banco de dados do estudo de caso: os dados coletados foram organizados e

documentados de forma que sejam facilmente recuperáveis. A falta de um banco de dados formal

é um defeito que precisa ser corrigido, pois uma base de dados aumenta notavelmente a

confiabilidade de todo o estudo de caso. Os quatro componentes que compõem a base

comprobatória de dados são: notas – anotações do pesquisador resultantes de entrevistas ou

análise de documentos; documentos – materiais utilizados para análise que devem ser

armazenados e indexados por uma bibliografia comentada; tabelas – dados quantitativos que

podem ser armazenados em arquivos computadorizados; e as narrativas – gravações ou atas das

entrevistas.

(3) Manter o encadeamento das evidências: permite que um observador externo siga a

derivação de qualquer evidência das questões de pesquisa iniciais para finalizar as conclusões do

estudo de caso, ou seja, deve ser possível relacionar as conclusões às questões iniciais de

pesquisa ou vice versa, conforme apresentado na Figura 34.

Figura 34: Encadeamento de evidências.

Fonte: adaptado de Yin, 2010.

Com relação aos registros em arquivos, a extração será realizada por meio dos relatórios

existentes na ferramenta de gestão integrada de tecnologia que permitem exportar os dados

selecionados para planilhas. Com relação as evidências documentais, estas serão coletadas

diretamente da intranet da organização, da ferramenta de gestão integrada de tecnologia, ou

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150

recebidas dos entrevistados. As entrevistas foram realizadas pessoalmente no pólo administrativo

de trabalho dos entrevistados em São Paulo em uma sala de reuniões. Quando permitido, as

entrevistas foram gravadas em áudio, caso contrário haverá mais um participante colaborador do

autor para registrar a entrevista em uma ata de reunião.

3.3.5 Procedimentos de Análises de Dados

Como não há um roteiro para se analisar os resultados de um estudo de caso,

recomenda-se que a maior parte da avaliação e análise de dados seja realizada paralelamente ao

trabalho de coleta (Martins & Theóphilo, 2009).

Martins e Theóphilo (2009, p. 69) comentam o processo de análise dos dados:

De modo geral, a análise de dados consiste em examinar, classificar e, muito frequentemente,

categorizar os dados, opiniões e informações coletadas, ou seja, a partir das proposições, teoria

preliminar e resultados encontrados, construir uma teoria que ajude a explicar o fenômeno sob

estudo. O uso de técnicas quantitativas – estatísticas – é menos frequente. Não se deve também

esquecer o uso do material bibliográfico e de outras naturezas que compõem a plataforma

teórica do estudo, para sustentar análises, comentários, classificações, categorizações,

teorizações e conclusões.

A análise de um Estudo de Caso deve deixar claro que todas as evidências relevantes foram

abordadas e deram sustentação às proposições que parametrizaram toda a investigação. A

qualidade das análises será notada pelo tratamento e discussão das principais interpretações

concorrentes, bem como pela exposição dos aspectos mais significativos do caso sob estudo e

de possíveis laços com outras pesquisas assemelhadas.

De acordo com Yin (2010, p. 154) “a análise dos dados consiste no exame, na

categorização, na tabulação, no teste ou nas evidências recombinadas de outra forma, para tirar

conclusões baseadas empiricamente”. O procedimento de análise deve deixar claro que todas as

evidências relevantes foram abordadas dando sustentação às proposições que parametrizaram a

investigação. A qualidade das análises realizadas será notada pelo tratamento e discussão das

principais interpretações – linhas de argumentação concorrentes, bem como pela exposição dos

aspectos mais significativos do caso (Martins & Theóphilo, 2009).

Adicionalmente, Yin (2010) aponta quatro estratégias para tratar evidências de forma

imparcial com produção de conclusões analíticas robustas e explica que as estratégias não são

mutuamente exclusivas, podendo ser combinadas entre si:

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151

(1) Proposições teóricas: proposições que embasaram os objetivos originais, refletindo

um conjunto de questões de pesquisa, revisões da literatura e novas proposições e/ou hipóteses.

(2) Desenvolvimento da descrição do caso: desenvolvimento de uma estrutura teórica

para a organização do estudo de caso, sem a definição de proposições teóricas iniciais.

(3) Uso de dados qualitativos e quantitativos: mesmo com o foco principal do estudo de

caso na análise qualitativa a inclusão de dados submetidos a análises estatísticas fortalecem a

estratégia analítica.

(4) Explanações rivais: tenta definir e testar explanações de hipóteses rivais, estruturas

descritivas rivais ou condições rivais a serem examinadas.

Neste estudo, a estratégia analítica geral utilizada foi a de proposições teóricas

combinada com o uso de dados qualitativos e quantitativos. A estrutura da pesquisa está aderente

a uma ligação entre a questão de pesquisa, a revisão bibliográfica, o estabelecimento de

premissas e a definição das proposições teóricas do estudo. Além disso, será utilizada uma base

com dados quantitativos fortalecendo assim a análise dos dados.

Além das estratégias para análise dos dados, Yin (2010, p. 164) define cinco técnicas

analíticas destacando que “nenhuma das técnicas analíticas deve ser considerada fácil de usar e

todas necessitarão de muita prática para serem utilizadas com eficácia.” No entanto, sua prática

culminará com estudos de casos robustos e de qualidade. São elas:

(1) Combinação de padrão: compara um padrão baseado empiricamente com um padrão

previsto, ou vários padrões alternativos.

(2) Construção da explanação: os dados do estudo de caso são analisados e uma

explanação sobre o caso é construída.

(3) Análise de séries temporais: condução de uma análise de séries temporais.

(4) Modelos lógicos: técnica analítica que consiste em combinar eventos empiricamente

observados com eventos teoricamente previstos.

(5) Síntese cruzada dos casos: análise realizada pelo cruzamento das descobertas entre

vários casos.

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152

Considerando que as proposições foram elaboradas com base em eventos teoricamente

previstos, este estudo utilizará a técnica de modelos lógicos do nível organizacional, pois será

proposto um modelo de gestão de riscos para melhorar um processo observado na organização.

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Martins e Theóphilo (2009, p. 62) explicam as limitações do método estudo de caso:

Uma das maiores limitações da estratégia de pesquisa de um Estudo de Caso é a possibilidade

de contaminação do estudo pelas “respostas do pesquisador”, isto é, a forte possibilidade de o

pesquisador ter uma falsa sensação de certeza sobre suas próprias conclusões. Como o

pesquisador, em geral, conhece profundamente o fenômeno em estudo, ou melhor, pensa que o

conhece totalmente, poderá, deliberadamente, enviesar os dados e evidências de forma a

comprovar suas pressuposições iniciais. Reforçando: um dos maiores riscos da condução de um

Estudo de Caso é utilizar a investigação para comprovar posições preconcebidas.

Eisenhardt (1989, p. 547) descreve as fraquezas da construção de teorias a partir de

estudos de casos:

Algumas características consideradas como pontos fortes na construção de uma teoria a partir

de estudos de casos também podem ser consideradas pontos fracos. Por exemplo, o uso

intensivo de evidência empírica pode gerar uma teoria que é excessivamente complexa. A

referência para uma teoria adequada é a parcimônia, mas dado o volume normalmente

impressionante de dados, há uma tentação de construir uma teoria que tenta capturar tudo. [...]

Outro ponto fraco é que a construção de uma teoria a partir de estudos de casos pode resultar

em uma teoria estreita e idiossincrática, pois trata-se de uma abordagem de baixo para cima de

modo que as especificidades de dados produzam as generalizações da teoria. Os riscos são de

que a teoria descreva um fenômeno muito peculiar ou que o pesquisador seja incapaz de elevar

o nível de generalidade da teoria (tradução livre). 13

Os principais fatores limitantes para este estudo são:

– Utilização dos dados de apenas uma empresa do setor bancário, dificultando a

generalização do modelo para empresas de outros setores;

– Restrição de recursos disponível para a coleta de dados (somente o autor);

13

Some characteristics that lead to strengths in theory building from case studies also lead to weaknesses. For

example, the intensive use of empirical evidence can yield theory which is overly complex. A hallmark of good

theory is parsimony, but given the typically staggering volume of rich data, there is a temptation to build theory

which tries to capture everything. […] Another weakness is that building theory from cases may result in narrow and

idiosyncratic theory. Case study theory building is a bottom up approach such that the specifics of data produce the

generalizations of theory. The risks are that the theory describes a very idiosyncratic phenomenon or that the theorist

is unable to raise the level of generality of the theory.

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153

– A base de dados dos riscos dos projetos de software da organização não possui

categorização, sendo necessário interpretar individualmente a descrição dos riscos para conseguir

categorizar conforme o catálogo de riscos da TBRI;

– Restrição do tempo disponível para o desenvolvimento e conclusão do estudo,

conforme cronograma apresentado na Figura 35.

Figura 35: Cronograma de atividades para desenvolvimento da dissertação.

Fonte: elaborado pelo autor.

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154

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Conforme definido na metodologia, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com

profissionais da instituição, análise de evidências documentais e análise das bases de dados de

projetos com o objetivo de responder a questão de pesquisa: “Como deve ser estruturado um

modelo de gestão de riscos que seja aplicável a projetos de software no setor bancário

brasileiro?”.

O estudo de caso único foi utilizado para buscar respostas à questão de pesquisa. Com

base em evidências obtidas com a revisão bibliográfica o estudo buscou descobrir por meio de

observações empíricas a experiência de especialistas em projetos de software envolvendo a

gestão de riscos. Este capítulo está estruturado em:

– Coleta de Dados: explica como as entrevistas foram realizadas, como as bases de

dados foram extraídas e como as evidências documentais foram obtidas;

– Análise das Proposições: contém os dados organizados e interpretados de acordo com

as premissas estabelecidas para este estudo, e ao final verifica se as proposições foram atendidas,

atendidas parcialmente ou não atendidas face às práticas encontradas na organização.

4.1 COLETA DE DADOS

As entrevistas foram agendadas em Ago-14 e as entrevistas realizadas no período de Set-

14 a Out-14. A extração eletrônica de dados foi realizada no dia 07/09/14 e a evidências

documentais foram coletadas ao longo do período de análise e interpretação dos dados.

Todos os entrevistados trabalham na Área de Tecnologia da Informação da organização

estudada, possuem mais de dez anos de experiência profissional e estão diretamente envolvidos

com projetos de software. O questionário foi enviado previamente para os entrevistados para

permitir reflexão prévia sobre o assunto e garantir uma reunião eficiente e produtiva.

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155

Segundo Martins e Theóphilo (2009) o uso de gravador pode ser utilizado quando

houver aquiescência do entrevistado, sendo assim, a entrevista realizada com o Gerente e

Superintendente da Área de Planejamento de Demandas foi gravada em áudio e todas as demais,

por solicitação dos entrevistados, foram redigidas. Para evitar a perda de detalhes importantes do

depoimento do entrevistado as reuniões contaram com a participação de um colaborador do

pesquisador para registrar a entrevista em uma ata de reunião. As atas foram compartilhadas via

e-mail com os entrevistados para validação e complemento.

Para tornar a apresentação das informações extraídas da entrevista num formato mais

objetivo e lógico, somente os trechos mais significativos foram transcritos para este estudo. Além

disso, de modo a preservar o anonimato dos entrevistados e da organização analisada, houve a

supressão dos nomes dos entrevistados nas transcrições.

A Tabela 29 apresenta o perfil dos entrevistados e dados das entrevistas.

Tabela 29: Perfil dos entrevistados e dados das entrevistas.

Entrevistado Função

Data e hora

da entrevista Ambiente da entrevista

# Sigla

1 AC Gestor de Projetos 01/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

2 PJ Auditor de Projetos 01/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

3 AF Gestor de Projetos 03/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

4 SR Gestor de Projetos 03/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

5 AS Gestor de Programa 04/09/2014

07:30

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

6 RC PMO de Programa 04/09/2014

17:30

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

7 RS Gestor de Projetos 05/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

8 CT Gestor de Projetos 05/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

9 LB Coordenador da Área

de Qualidade

08/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

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156

Entrevistado

Função Data e hora

da entrevista Ambiente da entrevista

# Sigla

10 EO Analista de Sistemas

Sênior

08/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

11 DB Analista de Sistemas

Sênior

10/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

12 LS Analista de Sistemas

Sênior

10/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

13 RM Gestor de Programa 12/09/2014

08:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

14 DM Analista de Sistemas

Sênior

12/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

15 FS Analista de Sistemas

Sênior

15/09/2014

09:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

16 FT Analista de Sistemas

Sênior

15/09/2014

10:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista.

17 TS

Gerente de

Planejamento de

Demandas 16/09/2014

18:00

A entrevista foi realizada em São Paulo em uma pequena

sala de reuniões da empresa. O ambiente demonstrou-se

neutro e adequado para a entrevista. O gerente e

superintendente solicitaram realizar a entrevista em

conjunto. 18 PM

Superintendente de

Planejamento de

Demandas

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Também foram convidados outros dois colaboradores para participação no estudo.

Porém não foi possível conciliar a agenda em data hábil para inclusão neste estudo.

A extração eletrônica foi realizada pela área de Planejamento de Demandas que é

responsável pela manutenção da ferramenta de gestão integrada de tecnologia. Foram extraídas

duas bases de dados: (1) base de dados com 19.225 projetos cadastrados no período de 01/01/12 a

31/08/14, nas situações ativo, cancelado, suspenso e concluído; e (2) base de dados com 1.540

riscos cadastrados no período de 01/06/12 a 31/08/14.

Com relação às evidências documentais, os templates e documentos utilizados neste

estudo foram obtidos na intranet, junto aos entrevistados ou capturados diretamente na ferramenta

de gestão integrada de tecnologia da organização.

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157

4.2 ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES

Segundo Yin (2010, p. 50), a questão de pesquisa isoladamente não aponta o caminho

que deve ser estudado, por isso é necessário que o pesquisador organize seus estudos

bibliográficos e elabore proposições, pois dessa forma é possível refletir sobre o conteúdo

teórico e sugerir uma direção para o estudo.

Sendo assim, após a formulação da questão de pesquisa e a partir da revisão

bibliográfica e objetivos específicos da pesquisa, foram formuladas premissas e proposições

associadas, de forma a propor um modelo acerca da problematização da pesquisa. Foram

elaboradas três premissas e oito proposições para guiar este estudo durante a fase de análise e

interpretação dos dados, os quais foram coletados a partir das entrevistas, evidências documentais

e bases de dados.

Uma vez determinada a lógica de análise, a estrutura utilizada para efetuar o cruzamento

das informações colhidas na empresa com base na aplicação do protocolo de pesquisa segue a

seguinte ordenação:

a) Apresentação da proposição de estudo;

b) Apresentação das questões expostas aos entrevistados;

c) Relato das informações colhidas em pesquisa de campo;

d) Análise das evidências documentais relacionadas à proposição;

e) Análise das informações extraídas das bases de dados de projetos;

f) Interpretação dos dados, incluindo a citação de eventuais novos conceitos não

relacionados anteriormente;

g) Verificação da proposição com base nas práticas encontradas na organização

(atendida, atendida parcialmente ou não atendida).

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4.2.1 Premissa 1

Com base nos objetivos principal e específicos deste estudo foi elaborada a seguinte

premissa 1: “Definir os critérios necessários para agrupar os riscos identificados e

armazenados em bases históricas de projetos de software”.

4.2.1.1 Proposição 1

Para atender a premissa 1 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 1: “O registro de riscos, quando adequadamente utilizado, é uma importante

ferramenta para a gestão de riscos. Constitui a base histórica dos riscos e planos de ações

identificados e analisados durante o projeto e permite gerar um catálogo de riscos para a

organização”.

Para entender como os riscos de projetos de software são organizados e armazenados na

instituição, durante as entrevistas foi realizada a seguinte pergunta: “1 – Como os riscos de

projetos são documentados na organização?”. As respostas a esta pergunta são apresentadas na

Tabela 30, juntamente com as demais perguntas realizadas no decorrer da entrevista.

Tabela 30: Respostas à pergunta 1.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Na nossa equipe os riscos de projetos são documentados no mapa de riscos utilizando o template

padrão da metodologia de gestão de projetos.

Entrevistador: E onde vocês armazenam o mapa de riscos? Por que não utilizam a funcionalidade

de gestão de riscos disponível na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Nós armazenamos o mapa de riscos na pasta da rede do projeto. Como este não é um item

obrigatório da ferramenta de gestão integrada de tecnologia, preferimos utilizar uma planilha,

pois dessa forma conseguimos reaproveitar os documentos dos projetos anteriores. Para falar a

verdade, não sei como reaproveitar os riscos dos projetos anteriores na ferramenta de gestão

integrada de tecnologia, talvez esta funcionalidade exista, mas nunca me informei. Foi boa esta

nossa conversa, vou me informar melhor sobre como utilizar a ferramenta de gestão de riscos.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

2 PJ

Nos projetos que audito não vejo um padrão com relação aos documentos de riscos. Algumas

áreas elaboram uma planilha bem detalhada com os riscos e atualizam este documento de forma

periódica. Outras áreas não possuem nenhum tipo de documentação de riscos do projeto. Tem

também aquelas áreas que apresentam os riscos de forma macro e nunca atualizam e quando

auditamos esses projetos, os responsáveis dizem que preenchem apenas para respeitar a

documentação obrigatória exigida pela metodologia, mas assumem que não fazem uma gestão

efetiva de riscos. Apesar disso, tenho percebido que no decorrer deste ano, cada vez mais

encontramos casos de sucesso onde os riscos são corretamente armazenados e gerenciados pela

ferramenta de gestão integrada de tecnologia. Resumindo, apesar da metodologia de gestão de

projetos orientar o preenchimento do registro de riscos na ferramenta de gestão integrada de

tecnologia, ainda encontramos falta de aderência a esta diretriz em diversos projetos, mas minha

percepção é que este cenário vem melhorando.

3 AF

Eu utilizo a ferramenta de gestão integrada de tecnologia para armazenar os riscos dos projetos,

pois é a orientação da metodologia de gestão de projetos. Antigamente utilizava o template padrão

em planilha, mas atualmente, quando você consulta o manual da metodologia, verá que o template

não está mais disponível e a área de metodologia recomenda o uso da ferramenta de gestão

integrada de tecnologia.

4 SR

Utilizo planilhas para documentar os riscos.

Entrevistador: E onde você armazena essas planilhas? Por que não utiliza a funcionalidade de

gestão de riscos disponível na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

No meu caso eu trabalho com projetos pequenos de até 500 horas e de curta duração, entre um e

três meses. Por isso entendo que não é necessário documentar os riscos dos projetos. Por meio de

boletins semanais eu consigo controlar os riscos, pois no final do boletim tenho uma lista de

pendências.

5 AS

Os riscos dos projetos são descritos em documentos específicos da metodologia de gestão de

projetos. Podem ser utilizadas planilhas ou a própria ferramenta de gestão integrada de

tecnologia.

6 RC

A gente utiliza a ferramenta SAP Solution Manager®

que faz todo o controle do projeto,

mapeamento dos processos e depois, controle daquilo que será desenvolvido e testado. Esta

ferramenta tem um módulo específico para controle de riscos e issues e funciona da seguinte

forma... imagine que alguém da equipe identifique um novo risco ou issue, o líder dessa frente faz

o cadastro na ferramenta com o máximo possível de detalhes, identifica o responsável, a

probabilidade e impacto do risco ou issue para que a ferramenta calcule a criticidade. Ao final do

cadastramento, quando o líder submete, a ferramenta armazena e notifica o responsável pela ação

enviando um e-mail. O responsável analisa e monitora esse risco. Quando o responsável finaliza o

tratamento e encerra o risco/issue, quem abriu o registro é notificado e somente esta pessoa pode

autorizar o encerramento do risco. Dessa forma garantimos que a pessoa que abriu o

risco/problema/issue está satisfeita com a resolução.

7 RS

Eu particularmente utilizo a ferramenta de gestão integrada de tecnologia para armazenar os

riscos, mas aqui na equipe algumas pessoas ainda utilizam os templates antigos da metodologia de

gestão de projetos.

8 CT Não sei responder como são armazenados na organização, mas aqui na nossa área temos o hábito

de utilizar diretamente o registro de riscos na ferramenta de gestão integrada de tecnologia.

9 LB

A orientação é documentar os riscos na ferramenta de gestão integrada de tecnologia utilizando o

registro de controle de riscos onde é cadastrada a descrição do risco, a data de identificação, o

plano de resposta, a data limite para o plano de resposta e os aprovadores do plano, juntamente

com o fechamento do risco após a eliminação do mesmo.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

10 EO

Interessante esta pergunta, pois justamente no mês passado fiz o treinamento da metodologia de

gestão de projetos e aprendi a utilizar a ferramenta de registro de riscos da ferramenta de gestão

integrada de tecnologia. Eu tenho o hábito de fazer a gestão de riscos no próprio boletim de

projetos, mas agora que fiz o curso, vou começar a utilizar a ferramenta de gestão integrada de

tecnologia.

11 DB

Os riscos não documentados na nossa área. Eventualmente uma ata de alguma reunião de

fechamento ou de homologação contém algum ponto referente a um risco encontrado e tratado,

mas não existe uma base ou registro específico.

Entrevistador: Você entende que o fato de não documentarem os riscos pode impactar o bom

andamento do projeto?

Para ser sincero entendo que não impacta. Como nossa área tem a cultura de gerenciar

problemas e pendências e não documentar riscos, nós geralmente ―apagamos incêndios‖ quando

os problemas aparecem. Mas também tem o outro lado da moeda, não gastamos tempo

procurando por problemas antes que eles aconteçam. Sinceramente não sei dizer se o fato de

tratar as incertezas com antecedência evitaria alguns problemas, tenho minhas dúvidas.

12 LS Os riscos devem ser reportados na documentação do projeto e apresentados à área solicitante,

principalmente durante a fase de elaboração e desenho da solução.

13 RM

Os riscos são documentados na matriz de riscos. Como os projetos que gerencio são em sua

maioria terceirizados, cada fornecedor tem uma planilha diferente para gerenciar os riscos e

pendências do projeto. Na verdade não acompanho onde os documentos são armazenados, mas

nos comitês de evolução dos projetos exijo que os riscos e pendências façam parte da reunião e o

histórico destas pendências seja apresentado enquanto não é solucionado.

14 DM

Os riscos são colocados em planilhas e ―esquecidos‖ na rede. Ainda não vi nenhum projeto com

os riscos identificados na ferramenta de gestão integrada de tecnologia. Onde possam ser

discutidos em um fórum e avaliadas se as respostas realmente são eficientes.

15 FS Os riscos são documentados nos reportes do PMO e apresentados nos comitês dos projetos onde

estão presentes representantes de todas as frentes dos projetos.

16 FT Os riscos, juntamente com as pendências dos projetos são documentados em reportes

disponibilizados e acompanhados em comitês pelo PMO.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Com base nas entrevistas foi possível identificar as diretrizes da organização

relacionadas à documentação dos riscos nos projetos de software e também como esses

documentos são utilizados na prática pelas equipes dos projetos. A diretriz atual indica que deve

ser utiliza a ferramenta de gestão integrada de tecnologia (Changepoint da Compuware) para o

registro de riscos, porém como a organização vem passando por um período de aculturamento no

uso da ferramenta, algumas vezes ainda são utilizados outros tipos de documentos.

Segundo os entrevistados, algumas justificativas para a falta de aderência total às

diretrizes da organização são:

– Falta de obrigatoriedade do uso do registro de riscos da ferramenta de gestão integrada

de tecnologia;

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– Utilização de templates antigos da metodologia de gestão de projetos;

– Em projetos pequenos os riscos são documentados e gerenciados diretamente no

boletim de evolução semanal do projeto, juntamente com os problemas e pendências;

– Ausência de auditoria de qualidade dos documentos exigidos pela metodologia de

gestão de projetos com caráter punitivo;

– Em projetos terceirizados são utilizados os templates dos fornecedores;

– Em projetos acompanhados pelo escritório de projetos, os riscos são documentados

diretamente nas fichas de reporte do projeto que são apresentadas nos comitês;

– Para projetos concluídos, cancelados e suspensos, a ferramenta de gestão integrada de

tecnologia não permite consultar o histórico de riscos do projeto, ou seja, não é possível

reaproveitar as lições aprendidas no processo de identificação de riscos dos novos projetos.

Figura 36: Atividades do processo Identificar e Analisar Riscos.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

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A Figura 36 apresenta as principais atividades envolvidas no processo de Identificar e

Analisar Riscos de acordo com o manual da metodologia de gestão de projetos, com destaque

para o artefato de saída que é o Registro dos Riscos. A responsabilidade pela elaboração da lista

de riscos é do gestor de projetos que deve envolver a equipe e os demais stakeholders do projeto

neste processo. Os principais insumos para o processo são a lista de stakeholders e os requisitos

do projeto já contemplando a solução técnica e suas principais entregas, pois dessa forma é

possível dimensionar o tamanho e complexidade do projeto que são importantes para determinar

o nível de risco.

Ao término desta etapa cada um dos riscos registrados terá um responsável pelo

acompanhamento, sua probabilidade e impacto avaliados, seu potencial de exposição calculado e

o plano de resposta elaborado.

Figura 37: Como cadastrar um novo risco.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

Observa-se na Figura 37 as orientações de preenchimento dos novos riscos na

ferramenta de gestão integrada de tecnologia, ou seja, o repositório oficial para registro dos riscos

de projetos de software da instituição. Apesar da figura não apresentar a totalidade dos campos

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163

necessários para o cadastro do risco, fica evidente que a diretriz da organização é utilizar a

ferramenta de gestão integrada de tecnologia e não planilhas auxiliares. Cada um dos riscos

registrados na ferramenta é identificado por um código único associado ao projeto e ao sistema

aplicativo, também é permitido avaliar sua criticidade e até mesmo anexar documentos que

suportem a análise e plano de ação.

Entretanto, dada a dimensão da instituição, observou-se que não existe aderência

completa às diretrizes corporativas, uma vez que algumas áreas não utilizam a ferramenta de

gestão integrada de tecnologia como repositório oficial do registro de riscos dos projetos de

software. Além do registro de riscos oficial, observou-se que, para documentar os riscos dos

projetos, também são utilizados documentos de fornecedores, documentos antigos da

metodologia de gestão de projetos ou o próprio boletim de comunicação do projeto.

A Figura 38 apresenta um exemplo de template antigo da metodologia de gestão de

projetos preenchido e que era utilizado pela instituição antes da implantação da ferramenta de

gestão integrada de tecnologia. São duas planilhas separadas, porém interdependentes.

Figura 38: Exemplo de registro de riscos utilizando template antigo da metodologia.

Fonte: entrevistado número 7 – RS.

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164

A primeira planilha é a Lista de Riscos. Nesta planilha se identifica o projeto, o gestor, a

descrição do risco, a avaliação da probabilidade de ocorrência (alta, média e baixa) e impacto

(alto, médio e baixo). A planilha calcula automaticamente a exposição ao risco por meio de uma

fórmula previamente configurada (baixa, alta, média ou crítica). Também possui um campo de

status (aberto, fechado pendente de aprovação e fechado), motivo de fechamento (eliminado,

confirmado e expirado) e espaço para comentários adicionais.

A segunda planilha é o Plano de Resposta a Riscos. Nesta planilha também se identifica

o projeto, o gestor e novamente a descrição do risco. As possíveis estratégias de resposta aos

riscos estão alinhadas aos conceitos descritos no PMBOK que são: aceitar, eliminar, mitigar ou

transferir. Também possui um campo para a descrição da solução proposta, o nome do

responsável e a data limite para implantação do plano de ação.

Figura 39: Exemplo de boletim de projetos.

Fonte: entrevistado número 4 – SR.

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165

A Figura 39 apresenta um exemplo de boletim de projetos preenchido que é utilizado em

projetos de pequeno porte. Trata-se de uma planilha que possui diversas finalidades: (1)

comunicar o desempenho do projeto; (2) controlar a evolução do cronograma; (3) monitorar a

quantidade de replanejamentos; e (4) documentar e monitorar o andamento dos riscos, problemas

e pendências.

Mais especificamente com relação ao registro de riscos que é o foco dessa análise,

observa-se que é possível descrever o risco/problema/pendência, identificar seu status por meio

de um semáforo (alerta crítico, alerta, sob controle, não iniciado e finalizado), e cadastrar a data

de início real e data de conclusão real. Além disso, permite descrever o plano de ação, determinar

o responsável e a data limite para execução do plano.

O gráfico da Figura 40 apresenta a evolução da quantidade de projetos cadastrados na

ferramenta de gestão integrada de tecnologia ao longo do período de Jan-12 a Ago-14 sem

considerar o porte do projeto, ou seja, são projetos pequenos, médios ou grandes analisados de

forma conjunta que totalizam 19.225 projetos com 14,6 milhões de horas/homem de trabalho

previstas. Todos os projetos de software da organização criados neste período estão contidos

nessa análise, pois tal ferramenta funciona como controle corporativo garantindo que somente os

projetos aprovados são executados pela equipe de tecnologia.

Figura 40: Projetos cadastrados.

Fonte: elaborado pelo autor.

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166

Figura 41: Riscos cadastrados.

Fonte: elaborado pelo autor.

O gráfico da Figura 41 apresenta a evolução da quantidade de riscos cadastrados ao

longo do período de Jun-12 a Ago-14 também desconsiderando as características de seus projetos

associados. O número de riscos registrados é inferior ao número de projetos cadastrados, pois

como foi identificado nas entrevistas, existem outras fontes de registro de riscos de projetos de

software que estão armazenados de forma descentralizada pela rede da organização e não foi

possível sua captura para análise nesse estudo. A base de dados analisada possui 1.540 riscos.

Segundo a percepção de alguns entrevistados, o uso da ferramenta de gestão integrada

de tecnologia se intensificou em 2014. Essa percepção é corroborada ao analisar conjuntamente

os gráficos das Figura 40 e Figura 41, pois percebe-se que, apesar do número de cadastramento

de novos projetos apresentar uma linha de tendência estável no período de Jan-12 a Ago-14 (linha

azul da Figura 40), mais de 70% dos riscos cadastrados na ferramenta ocorreu nos oito primeiros

meses de 2014 (linha verde da Figura 41) com uma linha de tendência de crescimento

exponencial (linha azul da Figura 41). A partir dessa leitura pode-se interpretar que o uso da

ferramenta se intensificou em 2014.

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167

Porém, ao analisar o gráfico da Figura 42 que desconsidera os projetos suspensos,

cancelados e concluídos que não possuem riscos cadastrados, a interpretação é diferente. Ao

analisar somente os projetos ativos com registro de riscos associados, percebe-se que em Jan-14 e

Fev-14 houve o uso intenso do registro de riscos na ferramenta de gestão de tecnologia, porém

essa tendência não se manteve ao longo dos demais meses de 2014. Sendo assim, pode-se inferir

que a percepção dos entrevistados de que o uso da ferramenta intensificou-se é verdadeiro

somente para um período específico de dois meses em 2014. Ou seja, a partir de Mar-14, a

melhora significativa no uso da ferramenta voltou ao mesmo patamar de 2013, demonstrando que

a mudança de cultura dos profissionais, no que tange à documentação de riscos de projetos de

software, não se sustentou.

Figura 42: Projetos ativos que possuem registro de riscos.

Fonte: elaborado pelo autor.

Observa-se que a proposição 1 foi atendida face às práticas encontradas na organização.

A análise e interpretação dos dados revelou que, apesar de não haver um modelo único de

registro de riscos, a organização optou recentemente pelo uso de uma ferramenta corporativa para

gestão integrada de projetos de software e vem passando por um processo de aculturamento do

seu uso. A metodologia de gestão de projetos homologada educa e incentiva o uso do registro de

riscos explicando que este documento deve ser gerado durante a fase de Identificação de Riscos.

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4.2.1.2 Proposição 2

Para atender a premissa 1 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 2: “A categorização dos riscos em uma Estrutura Analítica de Riscos

utilizando a TBRI permite agrupar uma grande quantidade de riscos comuns de projetos de

software e gerar diversas visões para diferentes níveis hierárquicos na organização”.

Para entender como os riscos de projetos de software são categorizados na instituição,

durante as entrevistas foram realizadas as seguintes perguntas: “2a – Os riscos são categorizados?

2b – Em caso positivo, quais são as categorias de risco utilizadas?”. As respostas para estas

perguntas são apresentadas na Tabela 31, juntamente com as demais perguntas realizadas no

decorrer da entrevista.

Tabela 31: Respostas às perguntas 2a e 2b.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Aqui na instituição os riscos são categorizados em Alto, Médio e Baixo.

Entrevistador: Alto, Médio e Baixo significa o índice de exposição ao risco baseado no cálculo de

probabilidade e impacto. Categoria é o tipo de risco, por exemplo, segundo o PMI os riscos podem

ser categorizados em Riscos Técnicos, Riscos Externos, Riscos Organizacionais ou Riscos de

Gestão.

Entendi. Neste caso, não sei responder como categorizamos os riscos. Eu nunca categorizei.

2 PJ Durante as auditorias de projeto que realizo aqui na organização nunca observei um projeto que

categorizasse os riscos.

3 AF

Entendo que os riscos deveriam seguir a categorização sugerida pelo PMI: técnica,

organizacional, externa e de gerenciamento do projeto. Entretanto, na prática, aqui na equipe

nunca vi alguém utilizar essas categorias de risco.

4 SR

Os riscos são classificados em Alto, Médio e Baixo.

Entrevistador: Alto, Médio e Baixo significa o índice de exposição ao risco baseado no cálculo de

probabilidade e impacto. Categoria é o tipo de risco, por exemplo, segundo o PMI os riscos podem

ser categorizados em Riscos Técnicos, Riscos Externos, Riscos Organizacionais ou Riscos de

Gestão.

Creio que aqui na instituição não categorizamos os riscos.

5 AS Os riscos não são categorizados.

6 RC

No SAP Solution Manager os riscos são apenas classificados conforme sua criticidade, mas não

são categorizados. A ferramenta é customizável e permitiria criar mais um campo com a categoria

do risco, mas até hoje não identificamos essa necessidade. Além disso, a equipe de consultoria que

nos auxilia com a gestão do projeto nunca mencionou essa prática.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

7 RS

Os riscos são classificados e priorizados de acordo a probabilidade e impacto, da seguinte forma:

a: probabilidade de acontecer (3:alta, 2:média, 1:baixa);

b: impactos de acontecer (3:alta, 2:média, 1:baixa).

c: exposição ao risco: através da fórmula = probabilidade x impacto, se (9:crítico, 6:alto, 3 ou

4:médio, 1 ou 2:baixo).

Entrevistador: Correto. Essa é a forma como os riscos são classificados, mas existe algum tipo de

categoria de riscos? Por exemplo: risco técnico, risco gerencial, risco de terceiros, etc.?

Acredito que não, mas podemos consultar o manual da metodologia de gestão de projetos... [após

consultar o manual] ... realmente o manual comenta que existem as seguintes categorias:

operacional, institucional, incerteza e externo. Mas isso não adianta, pois não temos esse campo

para preenchimento na ferramenta de gestão integrada de tecnologia.

8 CT Desconheço. Acho que aqui na instituição os riscos não são categorizados.

9 LB

Sim. Nos projetos que gerencio eu categorizo os riscos de acordo com o efeito que pode gerar no

projeto. Utilizo as categorias de prazo, custo e escopo. Apesar de não haver um campo específico

para categorizar o risco na ferramenta de gestão integrada de tecnologia eu procuro descrever o

risco utilizando a recomendação do PMI (Se UMA CAUSA existe, o EVENTO pode ocorrer,

levando ao EFEITO).

10 EO

Os riscos são categorizados em alto, médio e baixo.

Entrevistador: Entendo que essa é a forma como os riscos são classificados. Vocês agrupam os

riscos em técnicos, de gestão ou terceiros, por exemplo?

Não. Não organizamos os riscos dessa forma. Desconheço esse tipo de agrupamento de riscos.

11 DB

Sim. Crítico, alto, médio e baixo

Entrevistador: Essa é a forma como os riscos são classificados. Vocês agrupam os riscos em

técnicos, de gestão ou terceiros, por exemplo?

Não. Somente classifico pela probabilidade e impacto.

12 LS

Sim, os riscos devem ser categorizados com potencial impacto baixo, médio ou alto.

Entrevistador: Essa é a forma como os riscos são classificados. Vocês agrupam os riscos em

técnicos, de gestão ou terceiros, por exemplo?

Bom, se esse é o conceito para classificar riscos, então acho que não temos categorias. Eu não me

lembro de ter utilizado uma categoria de risco.

13 RM

Com certeza. Em uma matriz de probabilidade de ocorrer (alto, médio, baixo) x impacto (alto,

médio e baixo) resultado em um risco alto, médio ou baixo.

Entrevistador: Conceitualmente, essa é a forma como os riscos são classificados. Vocês agrupam

os riscos em técnicos, de gestão ou terceiros, por exemplo?

Não. Somente classifico. Seguindo esse conceito, entendo que os riscos não são categorizados aqui

na instituição.

14 DM

Não categorizamos os riscos. A metodologia de gestão de projetos menciona quatro categorias de

risco (operacional, institucional, incerteza e externo), porém, na prática, nunca vi ninguém

utilizar.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

15 FS

Sim, em geral consideramos um risco tudo o que pode causar algum obstáculo ao projeto. Risco,

issues e pendências.

Entrevistador: Entendi. Mas quando você descreve os riscos, vocês os agrupa de alguma forma?

Por exemplo em riscos técnicos, de gestão ou custos, por exemplo?

Geralmente quando atualizo os riscos do projeto com o PMO não especificamos o tipo de risco,

mas entendo que pela descrição do risco é possível identificar e agrupar os riscos semelhantes

16 FT Eu não categorizo os riscos e pelos materiais que observo da equipe, entendo que aqui na nossa

área ninguém categoriza.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Com base nas entrevistas foi possível identificar que existe uma diretriz da metodologia

de gestão de projetos da organização indicando que os riscos podem ser categorizados em

operacional, institucional, incerteza ou externo. Porém, percebe-se que essa diretriz não está

disseminada pela organização, pois a grande maioria dos entrevistados a desconhecia. Para os

entrevistados que conheciam essas diretrizes, eles entendem que apesar do manual mencionar

quatro categorias de riscos, não existe um campo na ferramenta de gestão integrada de tecnologia

que oriente esse preenchimento, ou seja, os riscos dos projetos de software não são categorizados

na organização.

Também falta clareza sobre o conceito de categorização de um risco, pois a grande

maioria dos entrevistados confundia tal conceito com o índice de exposição (alto, médio e baixo)

que é gerado a partir da análise de probabilidade e impacto. Outro tipo de categorização

identificado foi com relação ao efeito que o risco poderia causar aos objetivos de prazo, custo e

escopo do projeto, mas também é um tipo de categorização isolada de apenas um gestor de

projeto e não um conceito amplamente utilizado na organização.

A Figura 43 apresenta a tela de cadastramento dos detalhes do risco na ferramenta de

gestão integrada de tecnologia, onde observa-se que realmente não existe o campo “categoria de

risco” para preenchimento. Segundo o manual de metodologia de gestão de projetos as categorias

de riscos são descritas da seguinte forma:

– Operacional: tecnologia e riscos técnicos, conhecimento e competências, equipe,

liderança e gestão, implantação;

– Institucional: políticas empresariais, legal e contratual, ambiental e social, cultural;

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171

– Incerteza: força maior, crises sociais, acidentes ou desastres, desconhecimento; e

– Externo: regulatório e governo, economia, mercado e concorrência.

Apesar da organização não categorizar os riscos de projetos de software conforme

estudado no referencial bibliográfico, é possível analisar a descrição dos riscos e categorizá-los

com base em um catálogo pré-estabelecido.

Figura 43: Tela de cadastro do risco.

Fonte: tela da ferramenta de gestão integrada de tecnologia do Banco Alfa.

Ao analisar os campos disponíveis na base de dados de riscos extraída da ferramenta de

gestão integrada de tecnologia observa-se que o campo “categoria de risco” não existe, ou seja a

instituição não possui um catálogo de riscos (Figura 44). Os campos disponíveis na base de

dados de riscos estão agrupados da seguinte forma:

– Identificação são os campos chave para relacionamento do registro com as demais

bases de dados, sendo: (1) Número da solicitação – código único gerado automaticamente pela

ferramenta para identificar o registro na base de dados; (2) Projeto Relacionado – código único

do projeto a qual o risco pertence; (3) Criado por – código único do usuário que registrou o risco

na ferramenta; e (4) Criado em – data de registro do risco na ferramenta.

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Figura 44: Campos disponíveis na base de dados de riscos

Fonte: relatório da ferramenta de gestão integrada de tecnologia do Banco Alfa.

– Detalhes são as informações descritivas resultantes da análise do risco, sendo: (1)

Título – descrição detalhada do risco; (2) Probabilidade de Ocorrência – avaliação qualitativa do

usuário com relação a probabilidade de materialização do risco, sendo que as notas possíveis são

1-baixa, 2-média, e 3-alta; (3) Impacto do Risco – avaliação qualitativa do usuário com relação ao

impacto que a materialização do risco pode causar aos objetivos do projeto, sendo que as notas

possíveis são 1-baixo, 2-médio e 3-alto; (4) Índice de Exposição ao Risco – calculado

automaticamente pela ferramenta pela multiplicação das notas de probabilidade x impacto e

podem resultar em 1, 2, 3, 4, 6, e 9, permitindo plotar o risco nos quadrantes da matriz de

probabilidade x impacto, conforme Figura 45;

– Plano de Resposta são as informações descritivas resultantes da estratégia de resposta

ao risco, sendo: (1) Estratégia de Resposta ao Risco – identifica uma das possíveis ações sobre o

risco que são eliminar a probabilidade e/ou impacto, mitigar a probabilidade e/ou impacto,

transferir o risco para um fornecedor, ou aceitar as consequências do risco caso este se

materialize; (2) Solução Proposta – descrição do plano de ação; (3) Contingência – descrição da

ação de contingência caso o plano de ação não funcione corretamente; (4) Data do Gatilho do

Risco – data de acionamento do plano de ação; (5) Data para Solução – data limite para

encerramento do risco; e (6) Responsável – colaborador responsável pelo monitoramento do risco

até seu encerramento.

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Figura 45: Matriz de probabilidade x impacto dos riscos do projeto.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

Observa-se que a proposição 2 não foi atendida face às práticas encontradas na

organização. A análise e interpretação dos dados revelou que os riscos de projetos de software

não são categorizados na organização. Existe uma oportunidade de melhoria neste sentido, pois

tanto a ferramenta de gestão integrada de tecnologia quanto a metodologia de gestão de projetos

não possuem um catálogo de riscos que oriente as equipes a tipificar o risco no momento do

cadastramento. Tal fato ficou evidente durante as entrevistas, pois as equipes desconhecem tal

conceito e seu objetivo.

4.2.1.3 Proposição 3

Para atender a premissa 1 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 3: “Dentre os processos de gestão de riscos, a identificação de riscos é o

processo mais importante, porque somente os riscos identificados podem ser gerenciados.

Entretanto, em organizações imaturas muitos projetos de software são desenvolvidos por

profissionais despreparados que não utilizam as metodologias disponíveis e, consequentemente,

não registram os riscos dos projetos”.

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Para entender como são gerenciados os riscos de projetos de software não

documentados, durante as entrevistas foram realizadas duas perguntas. “Para os projetos sem

riscos documentados: 3a – Por que os riscos não são documentados na ferramenta de gestão

integrada de tecnologia? 3b – Como os riscos são gerenciados neste caso?”. As respostas a estas

perguntas são apresentadas na Tabela 32, juntamente com as demais perguntas realizadas no

decorrer da entrevista.

Tabela 32: Respostas às perguntas 3a e 3b.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Entendo que os principais infratores para a ausência de documentação de riscos são a falta de

tempo ou a falha no levantamento dos riscos. No caso da falta de tempo, muitas vezes os projetos

estão atrasados e a equipe foca nas atividades técnicas para garantir a entrega do sistema

deixando de lado as atividades de gestão. Com relação a falha no levantamento dos riscos, acho

que falta um checklist na organização para ajudar na identificação de riscos recorrentes, pois as

equipes não têm a cultura de consultar os documentos de projetos anteriores para reaproveitar as

lições aprendidas.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

O que ocorre nesta situação é que não existe o gerenciamento de riscos, ou seja, as ações deixam

de ser tratadas de forma preventiva para evitar problemas e passam a ser tratadas de forma

reativa quando os problemas aparecem.

2 PJ

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Isso de fato ocorre por diversas vezes. Em vários projetos que audito observo a falta de cultura

dos gestores do projeto em dispensar mais tempo na fase de planejamento. Além disso, muitos

projetos já iniciam com atraso, ou seja, alguns passos do processo de gestão de projetos são

desconsiderados para que o prazo seja cumprido. A equipe entende que gerenciar riscos é uma

atividade supérflua e segue com o projeto sem as devidas análises.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Neste caso a gestão de riscos é nula. A equipe passa a gerenciar os problemas quando estes se

materializam.

3 AF

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Na nossa equipe temos a cultura de seguir a metodologia de gestão de projetos e documentar os

riscos. Não sei dizer ao certo se ainda temos muitos projetos na instituição sem documentação de

riscos. Se ainda existem, talvez seja a falta de cultura em gestão de projetos, ou seja, o jeito antigo

dos analistas de sistemas desenvolverem sistemas sem as técnicas adequadas de gestão,

pincipalmente no mainframe que é uma tecnologia mais antiga.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Ao meu ver, se os riscos não são documentados, os riscos não são gerenciados, pois não é possível

gerenciar aquilo que não existe. Neste tipo de situação, o que ocorre é o bom e velho "apagar

incêndio", ou seja, quando os problemas aparecem damos um jeito.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

4 SR

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Na minha opinião é muito claro que muitas vezes os riscos não são documentados por falta de

processos e ferramentas simples e claras. Além disso não são documentados por falta de

obrigatoriedade. Se não existir uma área que, de alguma forma, obrigue as equipes de projetos a

documentarem os riscos, sempre teremos projetos sem documentação de riscos. Acho que aqui na

instituição as equipes deveriam ser mais cobradas com relação a qualidade da documentação dos

projetos de sistemas.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Se os riscos não são documentados, só podem ser gerenciados de uma forma: pela experiência dos

membros da equipe do projeto. Ou seja, fica tudo na cabeça do gestor do projeto e da equipe. Se a

equipe muda, leva todo o histórico junto.

5 AS

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Este é um dilema que sempre existiu e continua existindo nos projetos aqui na instituição. Estamos

sempre atrasados e pela pressão em garantir a execução mais rápida do projeto, somada à falta

de compreensão sobre os benefícios dessa prática, o resultado é ignorar esse processo na gestão

do projeto.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

A consequência disso é que os problemas são tratados conforme aparecem, e é necessário

deslocar a equipe das atividades planejadas para resolver as questões urgentes. E o fato de

deslocar a equipe, significa que atividades que estavam avançando em um bom ritmo podem

atrasar. Ou seja, o fato de não gerir os riscos corretamente cria imprevistos e os problemas no

projeto vão aumentando e vai virando um caos, é uma ―bola de neve‖. No final das contas,

ninguém realmente sabe dizer que a causa dos problemas é a falta de acompanhamento dos riscos.

6 RC

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Essa é uma questão difícil de responder. Realmente diversos issues aparecem durante o projeto

sem que os envolvidos tenham identificado aquilo previamente como um risco. Talvez seja o

otimismo das pessoas que faz com que elas entendam que aquela incerteza nunca vai ocorrer e

ignoram o risco. Ou talvez porque realmente ninguém visualizou um possível problema em

determinada situação.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

No nosso programa optamos por tratar riscos e issues juntos. Inclusive semanalmente temos um

comitê específico para tratar desse assunto. Acho que deixa o processo mais simples e flexível,

pois tanto um risco como um issue precisam de um dono, de um plano de ação com uma data para

resolução e de acompanhamento.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

7 RS

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Vejo isso acontecer com frequência. Simplesmente porque os gestores de projeto negligenciam ou

ignoram este importante item. E olha que não é por falta de orientação hein! A metodologia é

muito clara neste aspecto, o registro de riscos é um documento obrigatório tanto na metodologia

de gestão dos projetos grandes quanto pequenos.

Entrevistador: Se é um item obrigatório, por que mesmo assim alguns gestores negligenciam o

processo?

Se você quer seguir a metodologia de gestão de projetos da instituição, esse é um item obrigatório.

Mas na prática, não existem nenhum tipo de punição caso o documento não seja preenchido. Às

vezes acho que a metodologia é mais para "inglês ver". Deveria ter um processo mais rigoroso

para garantir a execução dos processos. Talvez eu seja muito radical neste aspecto porque já

trabalhei em uma empresa de tecnologia mundial que era CMMI 5, lá vinha um auditor de

qualidade averiguar se a gente tinha seguido todos os processos e queria ver a documentação do

projeto armazenada no lugar correto.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Não são. Se você não documenta não gerencia. Resolve quando o "pepino" aparece.

8 CT

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

O prazo dos projetos é sempre muito curto e as pessoas ignoram aspectos gerenciais. As equipes

de sistema focam nos aspectos técnicos para entregar o sistema codificado. Como tenho a função

de multiplicadora da metodologia de desenvolvimento de sistemas, vejo que até mesmo os roteiros

e evidências de testes algumas vezes são desconsiderados ou tem baixa qualidade para garantir as

entregas em produção. Se esses profissionais são assim tão confiantes que entendem que não é

preciso testar o sistema, devem pensar que gestão de riscos é uma ―bobagem‖.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Os riscos não são gerenciados e por isso o projeto sofre diversas mudanças em prazo, custo e até

mesmo no escopo para conseguir resolver os problemas que aparecem.

9 LB

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Acredito que os riscos identificados são sempre documentados; porém, é comum ocorrerem falhas

na análise de riscos e nesses casos, os riscos não são identificados nem documentados.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Infelizmente, não são gerenciados. Se não registra é impossível tomar medidas mitigatórias para

evitar o risco. Também não dá para atribuir um responsável para um risco que não foi declarado

e risco que não tem dono não serve para nada.

10 EO

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Porque normalmente os gestores de projetos esquecem de mapear todos os possíveis riscos e

planos de ação. Normalmente os gestores acreditam que os riscos podem ser resolvidos sem

documentação e sem mapeamento. Somente no momento em que ocorre.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Através de reuniões e alinhamentos com a hierarquia. Apesar de não estarem formalizados,

durante os comitês dos projetos, os riscos e problemas são tratados.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

11 DB

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Realmente nem todos os riscos são documentados na ferramenta de gestão integrada de

tecnologia. Por mais que a equipe se esforce para identificar riscos, sempre existem aqueles riscos

que não foram previstos e ocorrem repentinamente e extraordinariamente.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

A diferença em relação aos riscos já identificados e documentados é que devem ter tratamento

tempestivo para gerenciamento e mitigação/eliminação dos mesmos, pois como o risco já se

concretizou, não existe mais tempo hábil para uma ação preventiva, tem que ser reativa mesmo.

Como dizem de forma vulgar, tem que "estancar o sangue".

12 LS

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Existem riscos que dependem de condições adversas, como doenças em membros da equipe e ou

indisponibilidade de condições que permitam a locomoção dos envolvidos até seu local de

trabalho, porém, são riscos contornáveis que já são previstos em todos os projetos, mesmo não

sendo reportados na documentação.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

O gestor do projeto deve elaborar alternativas para tais situações, de forma que os impactos

possam ser facilmente contornáveis e reajustados.

13 RM

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Ao meu modo de ver, quando isso acontece é devido à falta de disciplina e/ou credibilidade na

efetividade pelo gestor de projeto. No caso da falta de disciplina, entendo que esse profissional

não incorporou a gestão de riscos em sua rotina diária de trabalho, e com relação a credibilidade,

quero dizer que o profissional não acredita que a gestão de riscos vai ajudá-lo a entregar um

projeto de forma mais eficiente.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Os riscos são gerenciados pelo feeling do gestor. Sua experiência vai determinar onde e quando

ele deve atuar em situações de risco.

14 DM

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Sim, essa é uma situação que observo com certa frequência. Vejo que alguns colaboradores não

dedicam um tempo para o planejamento de projetos e identificação de riscos, geralmente

ocorrendo problemas e causando impactos em prazo ou escopo.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

Os riscos não são gerenciados e quando um problema acontece, muitas vezes é necessário rever o

escopo do projeto. Dessa forma tenta-se eliminar requisitos não essenciais para não impactar o

prazo da entrega final combinada com o nosso cliente e registrada nos nossos contratos de metas.

15 FS Não vejo casos assim na área em que trabalho.

16 FT

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são documentados

na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

Existem riscos que sempre podem ocorrer em todos os projetos, por exemplo: saída de funcionário,

greve e licença médica. São riscos recorrentes conhecidos por todos que automaticamente não são

reportados.

Entrevistador: Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

São tomadas ações quando necessário. No momento em que um risco acontece, identifica-se uma

forma de resolver a situação.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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178

Baseado nas entrevistas observa-se que os profissionais possuem clareza sobre a

importância da documentação e gestão de riscos e, adicionalmente, a metodologia de gestão de

projetos da organização é bastante clara com relação a obrigatoriedade do documento de registro

de riscos.

Todavia, apesar de sua importância para uma gestão de projetos adequada, a ausência da

documentação de riscos é uma realidade por diversos motivos: (1) estimativas de prazos de

projetos irreais pressionam os profissionais a realizar as entregas de software em um período

muito curto e, consequentemente, os processos necessários para a gestão de riscos são

negligenciados e ignorados; (2) ausência de um checklist para auxiliar na identificação dos riscos

mais comuns e recorrentes, de forma a aproveitar as lições aprendidas com projetos anteriores;

(3) falta de cultura dos profissionais em focar seu tempo planejando detalhadamente o projeto

antes de iniciar a execução; (4) ausência de controles que garantam a obrigatoriedade do

preenchimento do registro de riscos com qualidade; (5) otimismo dos profissionais envolvidos no

projeto que, apesar de conhecerem os riscos, ignoram sua gestão, pois julgam que tais situações

nunca vão acontecer; e (6) falta de técnicas e ferramentas adequadas que facilitem e estimulem a

identificação dos riscos desconhecidos.

A consequência da falta de documentação de riscos é muito clara para todos

profissionais entrevistados. Se os riscos não são identificados e documentados, a gestão de riscos

se transforma em uma gestão de problemas, ou seja, conforme os problemas ocorrem ao longo do

projeto as equipes se deslocam de suas atividades principais do projeto para solucioná-los. O fato

dessas equipes se deslocarem para resolver problemas urgentes podem impactar o bom

andamento de suas atividades e prejudicar os objetivos do projeto, tais como prazo e escopo.

Alguns entrevistados também mencionaram que, apesar da falta de documentação, em

algumas situações a gestão de riscos ocorre de uma forma não estruturada utilizando-se da

experiência do gestor. Quando a gestão de riscos é conduzida dessa forma, o projeto se torna

dependente de pessoas chaves e restringe a participação dos demais envolvidos.

A Figura 46 apresenta uma visão geral dos processos da metodologia de gestão de

projetos de software homologada na instituição, onde o registro de riscos é um artefato

obrigatório que está inserido nos processos “Identificar e analisar riscos” e “Monitorar e controlar

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179

os riscos e problemas”. Constata-se que a diretriz da organização é bastante clara e específica

com relação a esse entregável de um projeto de software, mas o aculturamento dos profissionais e

os controles que garantem a formalização desse processo podem ser aperfeiçoados para garantir

maior aderência.

Figura 46: Visão geral dos processos da metodologia de gestão de projetos.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

Ao analisar a base de dados de projetos, observa-se que 328 (6,5%) dos 5.036 projetos

ativos possuem registro de riscos associados na ferramenta de gestão integrada de tecnologia,

conforme Tabela 33. Como foi observado nas entrevistas, tal fato não significa que os demais

4.708 (93,5%) projetos ativos não possuem riscos associados, pois como a ferramenta ainda não é

utilizada em sua plenitude para todos os projetos de software da instituição, alguns projetos ainda

utilizam planilhas não armazenadas no repositório oficial.

Os projetos cancelados, concluídos e suspensos não possuem riscos associados, pois

nesta situação não apresentam risco tanto para os objetivos do projeto quanto para a organização.

Porém, constatou-se que, como os riscos e planos de ação não ficam mais disponíveis para

consulta, os profissionais não conseguem reaproveitar os riscos mapeados em projetos anteriores.

Tal fato confirma a declaração do entrevistado “1-AC” que prefere utilizar planilhas para o

registro de riscos, pois dessa forma é possível reaproveitar o documento facilitando a

identificação de riscos em projetos futuros.

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180

Tabela 33: Status dos Projetos.

Status dos

projetos

Quantidade de

projetos

Quantidade de

projetos com registro

de riscos

Descrição do status

Ativo 5.036 328 Indica que o projeto foi aprovado e

iniciado.

Cancelado 3.865 0

Indica que o projeto foi finalizado por

ação do gestor do projeto antes da

conclusão de todo o escopo planejado.

Concluído 9.957 0

Indica que o encerramento do projeto foi

efetivado após a formalização do aceite de

término do projeto e desmobilização da

equipe.

Suspenso 367 0

Indica que o projeto foi interrompido

inesperadamente por decisão estratégica

ou de força maior, tais como: mudança de

prioridade; estratégia de negócio; ou

reavaliação orçamentária

TOTAL 19.225 328

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Observa-se que a proposição 3 foi atendida parcialmente face às práticas encontradas

na organização. A análise e interpretação dos dados revelou que tanto os profissionais

entrevistados quando as diretrizes apresentadas reconhecem a importância do processo de

identificação de riscos para a adequada gestão dos projetos, ou seja, se os riscos não são

identificados e documentados, a gestão de riscos se transforma em uma gestão de problemas que

é muito mais crítica e árdua para as equipes. Apesar da consciência de sua importância, observou-

se que na prática o processo é muitas vezes negligenciado devido à falta de tempo dos

profissionais, ausência de ferramentas simples como um checklist, falta de cultura, ausência de

controle de obrigatoriedade, e otimismo dos profissionais que julgam que os riscos nunca serão

materializados.

4.2.2 Premissa 2

Com base nos objetivos principal e específicos deste estudo foi elaborada a seguinte

premissa 2: “Agrupar os riscos dos projetos de software permitindo identificar e priorizar os

principais riscos”.

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181

4.2.2.1 Proposição 4

Para atender a premissa 2 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 4: “Os projetos devem ser categorizados e agrupados por finalidade e

tamanho/complexidade para que seja possível compará-los”.

Para entender como os riscos de projetos de software são categorizados e agrupados na

instituição, durante as entrevistas foram realizadas duas perguntas: “4a – Como os projetos são

categorizados? 4b – Como os projetos são priorizados?”. As respostas a estas perguntas são

apresentadas na Tabela 34, juntamente com as demais perguntas realizadas no decorrer da

entrevista. Para entender esta questão foram entrevistados o gerente e superintendente da Área de

Planejamento do portfólio de projetos de tecnologia da instituição.

Tabela 34: Respostas às perguntas 4a e 4b.

Entrevistado Resposta

# Sigla

17

e

18

TS e

PM

Entrevistador: Como os projetos são categorizados?

Os projetos de desenvolvimento de sistemas são categorizados segundo seu tipo e tamanho. Antes

de serem aprovados, os projetos são considerados apenas ideias e utilizamos o conceito de

demanda, ou seja, cada ideia sugerida por um gestor de negócios é considerada uma demanda.

Com relação ao tipo as demandas são classificadas em quatro grandes grupos: Projeto, Caixa

Rápido, Fast Track ou Sustentação. Com relação ao tamanho, as demandas são classificadas de

acordo com a estimativa de horas, ou seja, o esforço homem/hora (porte) planejado para

desenvolvimento da solução, sendo: PP (Muito Pequeno), P (Pequeno), M (Médio), G (Grande) e

GG (Muito Grande).

Entrevistador: Poderia explicar as diferenças entre as demandas de Projeto, Caixa Rápido, Fast

Track e Sustentação?

São conceitos bastante simples e estão diretamente relacionados com a urgência daquela

necessidade para a organização.

. Demanda de Projeto: são as demandas de desenvolvimento ou de melhorias de sistemas que

possuem esforço e/ou complexidade relevantes e obrigatoriamente seguem o fluxo de gestão de

demanda trimestral.

. Demanda Caixa Rápido: são demanda urgentes que não seguem o ciclo trimestral de aprovação

da carteira de projetos; entretanto, para evitar abusos, possui regras bastante claras. Não tem

processo de priorização, usa o método FIFO (first in, first out), tem capacidade previamente

limitada a 15% da capacidade da área, podem ter no máximo 2.000 horas de desenvolvimento e

devem envolver somente um sistema da organização, ou seja, não pode ser um desenvolvimento

integrado entre vários sistemas. Este tipo de demanda é utilizado geralmente para pequenas

evoluções, correções, banners, etc.

. Demanda Fast Track: são demandas urgentíssimas que precisam da aprovação do vice-

presidente de tecnologia e do vice-presidente da área de negócios. Trata-se de uma exceção que é

atendida com análise prévia de impactos na carteira de projetos e demandas da área, pois passa

na frente de todos os outros projetos em andamento. Seu uso é bastante controlado e possui

controles bastante rígidos, geralmente são utilizados para demandas legais e oportunidades de

mercado com urgência de implantação.

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182

Entrevistado

Resposta # Sigla

17

e

18

TS e

PM

. Sustentação: são demandas simples que possuem um orçamento e equipe separados para não

concorrerem com a priorização dos demais projetos. Estão organizadas em: atendimento – são

aquelas demandas que exigem apenas suporte por telefone ou e-mail; ordem de serviço – são as

demandas esporádicas não estruturadas que exigem codificação de software e são usadas, por

exemplo, para extração eventual de relatórios, extração de dados e consultas de auditorias; e bug

– são demandas necessárias para correção de erros em produção e com caráter de urgência. Ou

seja, demandas de sustentação são consideradas atividades do dia a dia para manterem o

ambiente produtivo em pleno funcionamento e não podem ser caracterizadas como projetos.

Entrevistador: Poderia explicar os critérios utilizados para classificar uma demanda como PP, P,

M, G e GG?

Claro! O Ciclo de Gestão de Demandas é composto por seis etapas, sendo elas: (1) geração de

ideias; (2) estimativa de porte (Grau W a); (3) seleção de ideias; (4) orçamento (Grau Z

b); (5)

priorização; e (6) planejamento da carteira.

Na etapa 1 (geração de ideias) as ideias são geradas a qualquer momento pelos gestores dos

negócios dentro da instituição, ou seja, a ferramenta de gestão integrada de tecnologia fica

disponível 24 horas, 7 dias por semana para que os gestores cadastrem suas ideias.

A etapa 2 (estimativa de porte) ocorre a cada três meses, período em que as ideias cadastradas

são encaminhadas para os pontos focais na área de tecnologia que são responsáveis pela

estimativa grau W. Não se espera nesta fase uma estimativa muito precisa, porém com base na

descrição da solicitação e em conversas com o gestor do negócio, o ponto focal de tecnologia

consegue, por experiência, identificar de forma macro qual o esforço necessário de manutenção

dentro dos sistemas da instituição e estimar o porte da demanda: PP (Muito Pequeno) – até 40

horas; P (Pequeno) – de 41 a 500 horas; M (Médio) – de 501 a 2.000 horas; G (Grande) – de

2.001 a 5.000 horas e GG (Muito Grande) – acima de 5.000 horas. Apesar de não ser uma

estimativa precisa, é uma forma rápida de estimar o esforço necessário para as ideias e permitir

ao gestor de negócios decidir pela continuidade ou não daquela ideia. Também é importante

destacar que uma demanda, após aprovada, pode ser tratada como um projeto único, mas também

pode virar um programa com diversos projetos.

Entrevistador: Você comentou que o ciclo de gestão de demandas tem seis etapas e explicou as

duas primeiras (geração de ideias e estimativa de porte). Poderia explicar a etapa 3 – seleção de

ideias?

Na etapa 3 (seleção de ideias) os gestores de negócios, com base nas estimativas, decidem se o

projeto é viável. Caso o projeto seja viável, a demanda segue para a etapa 4 de orçamento, caso

contrário a demanda é cancelada.

Entrevistador: Poderia explicar a etapa 4 – orçamento (Grau Z)?

Na etapa 4 (orçamento) serão identificadas todas as áreas impactadas pela demanda para realizar

o orçamento detalhado utilizando a técnica bottom up, ou seja, o ponto focal da demanda na área

de tecnologia é responsável em alinhar o escopo do projeto com todos os sistemas impactados que

por sua vez devem orçar a quantidade de horas que serão gastas no projeto e o prazo. Todos os

orçamentos são consolidados e dessa forma a área de negócio terá o orçamento final que será

utilizado como insumo para a priorização da demanda.

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183

Entrevistado

Resposta # Sigla

17

e

18

TS e

PM

Entrevistador: Poderia explicar a etapa 5 – priorização?

Na etapa 5 (priorização), de posse do custo detalhado do projeto, o gestor de negócios atualiza o

business case do projeto e o submete para avaliação do Escritório de Investimentos que analisa o

fluxo de caixa, calcula o VPL (valor presente líquido) e determina a viabilidade econômico-

financeira do projeto no prazo máximo de cinco anos. A partir do VPL calculado as áreas de

negócio e tecnologia priorizam os melhores projetos com base em três critérios: maior vpl, retorno

mais rápido e menor vpl por hora/homem. Cada área de negócios (tecnologia, banco de atacado,

banco de varejo, cartões, seguros, etc.) possui seu orçamento próprio e a priorização de projetos

ocorre individualmente em cada área, ou seja, cada área possui sua carteira de projetos evitando

concorrência entre projetos de segmentos distintos.

Entrevistador: Poderia explicar a etapa 6 – planejamento da carteira?

Na etapa 6 (planejamento da carteira), as datas de início e fim dos projetos são planejadas de

acordo com a ordem de priorização dos projetos e dentro da capacidade orçamentária de cada

área.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor. a sigla derivada do inglês Wide (amplo), trata-se de uma estimativa preliminar dos custos do projeto.

b sigla derivada do inglês Zoom (detalhe), trata-se de um orçamento detalhado dos custos do projeto.

Com base na entrevista observa-se que o processo de seleção e priorização de projetos

está bem definido na organização. As carteiras de projetos são organizadas por áreas de negócio,

os projetos são categorizados por tipo (projeto, caixa rápido e fast track) e tamanho (PP, P, M, G

e GG), e a priorização é feita com base no retorno financeiro do projeto (VPL). As demandas de

sustentação possuem orçamento apartado e são consideradas BAU (business as usual), ou seja,

são atividades do dia a dia que não devem ser consideradas como projetos. Para corroborar essa

observação, os entrevistadores apresentaram a circular interna que estabelece as diretrizes do

processo de seleção e priorização dos projetos de tecnologia e determina os papéis e

responsabilidades das áreas, ressaltando que em projetos de tecnologia, é uma prática de mercado

comum referenciar-se ao processo de seleção e priorização de projetos como gestão de demandas.

A Figura 47 apresenta o macro fluxo do processo de gestão de demandas descrito pelos

entrevistados, desde o processo de cadastramento das ideias até o planejamento do projeto.

Dentro do processo de gestão de demandas, os papéis e responsabilidades estão assim

definidos:

– Gestor de Demandas (superintendente de negócios): responsável por estimar e planejar

as demandas das áreas de negócio que atua e garantir o envolvimento das demais linhas de

negócio impactadas pela demanda;

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Figura 47: Macro fluxo do processo de gestão de demandas.

Fonte: guia do processo de gestão de demandas do Banco Alfa.

– Executivo de Conta (superintendente de TI): responsável por centralizar e priorizar as

demandas da área de negócio que atende, garantindo o envolvimento de todas as áreas

impactadas pela demanda na área de tecnologia;

– Gestor de Recursos (gerentes, coordenadores e especialistas de TI): responsável pela

gestão do conhecimento versus as demandas da área em que atua, por meio de mapeamento de

habilidades e planejamento da capacidade, para os próximos 5 ou 6 meses, visando otimizar o

processo;

– Gestor do Projeto (analistas, coordenadores, especialistas de TI e gerentes):

responsável por planejar, administrar e tomar decisões visando reduzir riscos, solucionar conflitos

e mitigar impactos para gerar resultados que atendam aos objetivos e às expectativas previamente

acordadas;

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185

– Gestor de Sustentação (analistas, coordenadores e gerentes): responsável por

acompanhar as requisições de serviços, atendimentos e bugs, reportando mensalmente a

capacidade utilizada para manutenção.

Nas tabelas e gráficos da Figura 48 foram considerados somente os projetos com status

Ativos e Concluídos, pois os projetos Cancelados e Suspensos podem não estar aderentes ao

processo de gestão de demandas e distorcerem as análises. Observa-se que:

– Os projetos do tipo Caixa Rápido, apesar de representarem 58% do número total de

projetos cadastrados, possuem um custo médio de 210 horas e consomem apenas 16% do

orçamento. Por um lado, esta analise mostra que a circular interna está sendo cumprida com

relação ao orçamento, pois aproximadamente 15% do orçamento é consumido com projetos do

tipo Caixa Rápido. Por outro lado, nota-se que o maior projeto deste tipo possui mais de 71 mil

horas de trabalho, ou seja, não está aderente à circular interna apresentada onde menciona que os

projetos do tipo Caixa Rápido podem ter no máximo 2 mil horas de desenvolvimento.

Figura 48: Categorização dos projetos – distribuição por tipo.

Fonte: elaborado pelo autor.

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186

– Os projetos do tipo Projeto, representam 34% do número total de projetos cadastrados,

possuem um custo médio de 1.662 horas e consomem a maior parte do orçamento (73%). O

maior projeto possui 586 mil horas e trata-se de um projeto de atualização de versão de todos os

softwares básicos da organização (sistemas operacionais, banco de dados, linguagens de

programação, softwares de conectividade, etc.).

– Os projetos do tipo Fast Track, representam 9% do número total de projetos

cadastrados, possuem um custo médio de 954 horas e consomem 11% do orçamento,

demonstrando que seu uso é restrito conforme declarado pelos entrevistados.

Observa-se que a proposição 4 foi atendida face às práticas encontradas na organização.

A análise e interpretação dos dados revelou que os projetos de software são categorizados e

agrupados segundo sua finalidade e tamanho antes mesmo de serem aprovados, permitindo sua

comparação, priorização e ganho de eficiência no gerenciamento. Durante o processo de

estimativa as demandas são separadas segundo sua criticidade em quatro esteiras: Projeto, Caixa

Rápido, Fast Track ou Sustentação. Após as estimativas iniciais, as demandas são classificadas de

acordo com o tamanho em PP (Muito Pequeno), P (Pequeno), M (Médio), G (Grande) e GG

(Muito Grande). Por fim, as demandas são comparadas e os projetos selecionados e aprovados.

4.2.2.2 Proposição 5

Para atender a premissa 2 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 5: “Os principais riscos em projetos de software na organização estudada são

os mesmos apresentados na literatura: escopo instável, premissas de prazo e custo irreais,

tecnologia complexa e falta de habilidades em gestão de projetos”.

Para entender quais os principais riscos em projetos de software e como estes são

tratados na organização, durante as entrevistas foram realizadas as seguintes perguntas: “5a –

Quais os principais riscos dos projetos de software? 5b – Como são planejadas as respostas aos

riscos? 5c – Como os riscos são monitorados?”. As respostas para estas perguntas são

apresentadas na Tabela 35, juntamente com as demais perguntas realizadas no decorrer da

entrevista.

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Tabela 35: Respostas às perguntas 5a, 5b e 5c.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Entendo que os principais riscos para os projetos que desenvolvemos são o curto prazo estimado

para o projeto e a falta de mão de obra qualificada.

Entrevistador: por que você menciona curto prazo? Quem faz as estimativas? As estimativas não

são realistas?

As estimativas são realizadas por nós (gestores de projeto), mas dificilmente são respeitadas, pois

na maioria das vezes somos pressionados a finalizar o projeto em um tempo inferior ao estimado.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas de acordo com a probabilidade e impacto do risco. Os

riscos de baixa probabilidade e baixo impacto não me preocupam muito e eu mesmo planejo as

respostas, mas os demais discuto com a equipe e determino um responsável.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

São realizados acompanhamentos periódicos conforme a probabilidade/criticidade do risco pelos

responsáveis de cada um dos riscos.

2 PJ

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Acredito que os principais riscos são aqueles que afetam o custo, prazo ou qualidade do projeto.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

Na maioria dos casos os planos de ação são discutidos somente após a ocorrência de um

problema e não de forma preventiva como deveria ocorrer.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Pelo que tenho observado, na maioria das vezes o monitoramento dos riscos é substituído por

―monitoramento de problemas‖, ou seja, não há um monitoramento preventivo dos riscos.

3 AF

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Em primeiro lugar o planejamento ruim pode comprometer todo o projeto, entendo que este seja

um dos principais riscos para um projeto de desenvolvimento de sistemas, por esse motivo é

importante que o planejamento seja realizado com calma, em detalhes e por um profissional

experiente. Outros riscos que também ocorrem com frequência e possuem alto impacto para o

projeto são: perda de prioridade – quando um projeto perde prioridade aqui na organização e

trata-se de um projeto envolvendo a integração de vários sistemas, isso faz com que o gestor do

projeto perca sua força e não consiga os recursos necessários para concluir o projeto;

comunicação ineficaz – quando o canal de comunicação com os envolvidos não é bem

estabelecido, seja com os gerentes funcionais dos sistemas integrados ou seja com os usuários do

negócio, fatalmente o projeto terá problemas, por isso prezo por uma governança forte com o

estabelecimento de comitês e plano de escalada bem claro e transparente; evento externo -

algumas vezes ocorre algum evento externo que não temos como prever seu impacto no bom

andamento do projeto, por exemplo, quando o governo mudou as regras da poupança em um

prazo extremamente curto, tivemos que deslocar as equipes de diversos projetos para atuar nesta

medida legal, impactando o custo dos projetos, depois foram necessárias diversas horas extras

para recuperar os atrasos; e falta de conhecimento técnico - um projeto que envolve novas

tecnologias sempre é um desafio, pois como não conhecemos tecnicamente o projeto, isso gera

muitas incertezas e dificuldades para estimar o custo e prazo do projeto, além de exigir novas

habilidades que algumas vezes não temos na equipe.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

Para cada um dos riscos identificados o próprio responsável pelo acompanhamento do risco deve

cadastrar e o plano de ação, porém este tem a liberdade de discutir com qualquer membro da

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188

Entrevistado

Resposta # Sigla

equipe, inclusive discutir em nossas reuniões semanais, se necessário, quais as possíveis ações

para mitigar o risco.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Durante todo o ciclo de vida do projeto os riscos são monitorados. A ferramenta de gestão

integrada permite gerar relatórios dos riscos e problemas cadastrados. Periodicamente utilizamos

este relatório para discussão nas reuniões operacionais do projeto.

4 SR

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Difícil dizer quais os principais riscos, porque para mim é muito claro que o principal risco de um

projeto de manutenção de sistemas nesta organização é a indefinição sobre o escopo, funções e

objetivos do produto a ser entregue.

Entrevistador: por que?

Aqui na organização existe uma pressão muito grande para o estabelecimento do prazo de

implantação pela nossa hierarquia, principalmente porque trabalhamos com releases, então

quando um usuário demanda um projeto, já quer saber qual o mês de implantação. Quando a área

de tecnologia passa uma data prevista, mesmo que todos saibam que é uma data PREVISTA,

parece que esta data está escrita na pedra e esquecem que sem o escopo completamente definido,

não é possível gerar estimativas de prazo certeiras. Ao longo da minha carreira, esse tipo de

problema já aconteceu diversas vezes e continua acontecendo. Hoje mesmo estou tendo problema

com isso. Estamos desenvolvendo um projeto simples de unificação dos contratos de crédito dos

clientes em todos os canais de comunicação e quando passei o orçamento eram trinta contratos

que seriam unificados, mas em um passe de mágica, agora temos cinquenta e cinco contratos e

querem que o prazo seja mantido, mesmo eu explicando que quanto mais contratos, maior o custo

e prazo para as fases de análise, desenho, testes, homologação e implantação... desculpe pelo

desabafo!

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

Depende da probabilidade de ocorrência x impacto daquele risco, isso é feito no momento do

cadastramento do risco e deve ser validado pelo responsável pelo risco em conjunto com o gestor

do projeto e, se necessário com a equipe também. Após calculada a criticidade do risco é preciso

escolher uma ação sobre o risco, que na nossa ferramenta de gestão de projeto é igual ao

PMBOK: aceitar, eliminar, transferir ou mitigar. Ou seja pensar como criar ações preventivas

para minimizar a probabilidade e impacto antes que o problema ocorra, bem como planejar ações

de contorno para quando ocorrer, e um plano B, caso o plano anterior não funcione.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Durante todo o projeto e diretamente no boletim de acompanhamento do status do projeto, mas o

acompanhando sistemático do cronograma também me alerta sobre possíveis riscos de atraso que

não estão aparecendo no radar da equipe.

5 AS

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

O principal risco atrelado a um projeto é gerar uma entrega não conforme o desejado, devido aos

diversos fatores: um pedido mal feito, a não capacidade de extrair os detalhes por parte do

executor, problemas de comunicação, má administração de possíveis mudanças que aparecem

durante o projeto, etc.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

No momento da ocorrência do risco. Normalmente as ocorrências mais comuns tem planos já

traçados com base no histórico.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Não são monitorados. Caso se materializem são tratados como problemas.

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189

Entrevistado

Resposta # Sigla

6 RC

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Atualmente no caso da implantação do ERP aqui na organização o nosso principal risco é o não

atingimento dos resultados financeiros previstos, pois como o projeto teve atrasos consideráveis

devido à falta de integração entre as diversas consultorias atuantes no projeto, os custos previstos

do projeto quase superaram os benefícios.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são elaboradas pelo dono do risco e discutidas e planejadas nos comitês

semanais para aprovação.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

O monitoramento é de responsabilidade do dono do risco, mas também temos um comitê semanal

específico para acompanhamento dos riscos e issues.

7 RS

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Os principais riscos dos projetos de software são estimativas de custo incorretas; mudança de

estratégia da empresa; gerenciamento fraco de escopo, ou seja, um escopo que não contempla

todas necessidades do usuário ou é mal entendida pela equipe técnica do projeto, por exemplo,

determinado item subtende-se ou são transparentes, ou ainda não afetam diretamente o projeto,

mas interferem; interferência externa do projeto (ex: perda de prioridade com demais projetos,

demanda legal do BACEN, expectativa de inflação – esta pode ser positiva ou negativa que

influenciará diretamente no custo do projeto).

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas via governança (conversas ou reuniões) com os gerentes de

projetos mais experientes, que vivenciaram riscos semelhantes, no entanto, não temos respostas

para todos os riscos. Quando conhecemos o risco e temos a certeza da consequência é possível

planejar adequadamente uma ação para o risco; entretanto, quando não conhecemos as

consequências e nem a probabilidade e acontecer, tomamos como resposta apenas nosso ‗feeling‘.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Os riscos são monitorados via relatório de acompanhamento dos boletins semanais e também pela

verificação dos riscos com status ―em aberto‖ na lista de riscos.

8 CT

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

O principal risco de um projeto é a alteração do escopo, pois é a partir do escopo que todos os

controles do projeto são organizados. Se você inicia o projeto com um escopo simples, vai colocar

uma equipe não tão experiente e organizar controles de prazo, custo, comunicação e qualidade

simples, porém, se ao longo do projeto este escopo aumenta tornando o projeto complexo, todo o

seu planejamento e controles serão insuficientes e, fatalmente, o projeto não vai cumprir seus

objetivos.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

São planejadas pelo gestor em conjunto com a equipe técnica e usuários, por isso é muito

importante incentivar a identificação e cadastramento dos riscos.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

No caso de projetos pequenos e simples, o acompanhamento é informal e realizado pelo próprio

analista de sistema, mas os projetos grandes e complexos possuem espaço reservado na agenda

dos comitês para discutir e monitorar os riscos.

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190

Entrevistado

Resposta # Sigla

9 LB

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Os principais riscos são de custo (impacto no orçamento do projeto), prazo (atrasos) e escopo

(não atendimento a parte do escopo do projeto).

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

A resposta é definida conforme a matriz de probabilidade versus impacto, casos com baixa

probabilidade e baixo impacto podem até mesmo serem aceitos (risco assumido), casos de

probabilidade baixa, média ou alta de ocorrer juntamente com médio impacto, recebem um plano

individual de mitigação, este plano passa a fazer parte do plano do projeto. Os casos em que a

probabilidade de ocorrer e o impacto são altos devem ser eliminados para aceitação do plano do

projeto (ou o projeto pode não ser aprovado/iniciado até a eliminação do risco) ou, devem ser

efetuados ações para reduzir o impacto do risco ao menos para o nível médio.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Os riscos são controlados por meio das reuniões de checkpoint do projeto (conforme período

definido no plano de comunicação) e, status reports também definidos no plano de comunicação.

10 EO

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Os riscos que mais me preocupam são os extremamente críticos que podem paralisar o projeto e

sobre os quais tenho pouca margem de manobra.

Entrevistador: e quais seriam estes riscos?

São as mudanças estratégicas de prioridade interna ou eventos externos que podem afetar o

ambiente econômico fazendo com que o produto gerado pelo projeto não tenha mais necessidade

para o cliente ou mesmo seja proibido por algum órgão regulador.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

Com base na experiência da equipe.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Os riscos são publicados e monitorados semanalmente no boletim de acompanhamento do projeto.

11 DB

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Os principais que vem à minha mente são: recursos humanos sem conhecimento suficiente sobre o

negócio, sobre o funcionamento técnico do sistema e também em gestão de projetos; prazos

negociados por gestores sem o devido conhecimento da complexidade e envolvimento dos

analistas e especialistas nos sistemas; e projeto dominado por interesses políticos dentro da

instituição onde as pessoas estão mais preocupadas em aparecer para crescer do que efetivamente

em garantir uma entrega de qualidade e que gere benefícios.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas avaliando a criticidade e a probabilidade do risco ocorrer.

Devem ser aplicadas informações factíveis no planejamento de respostas aos riscos e não apenas

cadastrar ações e depois não usar para nada.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Existem relatórios que podem ser extraídos da ferramenta de gestão integrada de projetos, mas

para que a gestão seja efetiva é necessário expor e discutir os riscos, problemas e suas soluções

nas reuniões de posicionamento e depois comunicar para todos nos relatórios de status-report.

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191

Entrevistado

Resposta # Sigla

12 LS

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Posso mencionar os dois principais que são a elaboração do cronograma de acordo com

expectativas da área de negócios ao invés da realidade do projeto, e a alteração constante de

escopo durante o decorrer do projeto, devido à má definição e levantamento de premissas.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas no momento em que o risco é identificado e este é um

processo constante que ocorre durante todo o ciclo de vida do projeto.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Os riscos são monitorados durante todo o andamento do projeto, através do mapeamento e

comunicação a todos os envolvidos das situações de risco, para que dessa forma, em conjunto, os

envolvidos possam adotar a melhor solução minimizando ou mitigando os impactos do risco.

13 RM

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Na minha opinião o principal risco é a falta de habilidades e conhecimento em gerenciamento de

projetos das pessoas envolvidas, principalmente com relação ao gerenciamento do escopo que é a

essência de um projeto de sistemas. Um escopo fechado e claro permite um planejamento de custo,

prazo, garantia de qualidade e alocação das pessoas certas na hora certa, quero dizer, na minha

opinião é o principal fator de sucesso para o projeto.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas pela equipe do projeto em conjunto com os usuários, mas

infelizmente não vejo esse assunto ser bem tratado aqui na instituição, pois ocorrem muito

problemas durante o andamento do projeto que não foram mapeados como um risco

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

O monitoramento é de responsabilidade do gestor do projeto, mas para estimular a identificação e

gestão adequada de riscos, procuramos abrir um espaço nos comitês semanais operacionais e

quinzenais executivos para discutir os riscos e problemas.

14 DM

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

Na minha visão o principal risco de projeto que vem ocorrendo na organização são as datas

impostas pelas hierarquias de entregas inviáveis, prejudicando a qualidade, comprometendo o

escopo original solicitado, e até mesmo o retorno financeiro calculado inicialmente. Outros dois

riscos que vem se materializando com frequência: (1) indisponibilidade dos recursos necessários

no prazo previsto, pois estes são envolvidos em atividades que atrasam e não são liberados para

atuar no projeto conforme combinado; (2) planejamento de um cronograma irreal pelos gestores.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

Simplesmente são colocadas em planilhas e nunca recebem a devida atenção. Muitos gestores não

sabem nem como identificar um risco e como planejar ou confundem com pendências e problemas

identificados em tempo de construção ou até na fase de testes.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Não vejo os riscos sendo monitorados. Apenas são comentados nos comitês as pendências dos

projetos, ou seja, se existia um risco ele muitas vezes já aconteceu e agora é um problema que

deve ser tratado de forma emergencial.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

15 FS

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

O principal risco dos projetos de desenvolvimento e manutenção de sistemas que vejo aqui na

organização e que mais me incomoda é o planejamento inadequado, tanto do ponto de vista do

gestor do negócio que não analisa corretamente a real necessidade do produto ou serviço

resultante do projeto para o mercado atual, quanto do ponto de vista da área de tecnologia que

não estima corretamente o tempo necessário para garantir uma entrega de qualidade respeitando

toda as fases de nossa metodologia de desenvolvimento de sistemas. Dessa forma, temos uma

entrega que foca no cumprimento do prazo, mas não se preocupa com a qualidade, afetando a

entrega do projeto, a moral dos envolvidos que precisam resolver problemas em ambiente

produtivo e a imagem da organização que pode ser exposta negativamente na mídia e junto aos

clientes.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos são planejadas, sempre que possível, em conjunto com a equipe, mas

sempre é responsabilidade do dono do risco organizar essas discussões. Nossa diretriz é que a

resposta ao risco seja realizada de forma rápida, clara e objetiva, buscando na medida do possível

a eliminação do risco, mas caso isso não seja possível, este deve permanecer no radar de todos os

envolvidos no projeto.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Os riscos são acompanhados semanalmente nos comitês garantindo o envolvimento de todos,

principalmente dos gestores do negócio.

16 FT

Entrevistador: na sua opinião, quais os principais riscos dos projetos de software?

No meu ponto de vista, o maior risco ocorre quando o requisito não está bem definido e a análise

é pobre e sem qualidade. Estes itens podem gerar todos os problemas que o projeto pode ter, risco

de não entregar na data, risco de não entregar a funcionalidade esperada, risco de aumento de

custo e risco da necessidade de recursos adicionais.

Entrevistador: como são planejadas as respostas aos riscos?

As respostas aos riscos devem ser montadas e discutidas com várias pessoas da equipe ou mesmo

fora da equipe, de preferência pessoas que já passaram pelo problema ou presenciaram aquela

situação. Não vejo um risco ser tratado quando existe apenas uma pessoa trabalhando no assunto,

por isso a documentação de riscos é importante para permitir que as lições aprendidas em

projetos passados sejam utilizadas em projetos futuros.

Entrevistador: como os riscos são monitorados?

Após uma discussão bem feita sobre o risco e sendo de consenso da equipe que este deve ser

cadastrado, é importante ser o mais preciso possível ao determinar o gatilho e a data de gatilho

do plano de resposta ao risco, pois é com base nessa data que os riscos são monitorados. O

gatilho é uma situação que indica que o risco está prestes a ocorrer.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

O gráfico da Figura 49 foi elaborado com base nas entrevistas e observa-se que os

principais riscos (top of the mind) reportados pelos entrevistados são os mesmos identificados na

literatura, com exceção da tecnologia complexa que não aparece como risco relevante dentro da

organização. Sendo que os principais riscos são:

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193

– Escopo instável: significa que as definições das funcionalidades, necessidades,

comportamento e forma de utilização do sistema variam bastante durante a execução do projeto,

ou seja, devido a pressão pelo prazo, o projeto se inicia sem o entendimento completo dos

requisitos.

– Premissas de prazo e custo irreais: significa que os cálculos da estimativa de prazo e

esforço são baseados em um escopo incompleto, gerando o risco de não atingimento dos

objetivos estabelecidos e consequente replanejamento do projeto.

– Falta de habilidades técnicas e de gestão: significa que o gestor e/ou a equipe de gestão

não possuem experiência ou competências técnicas suficientes para controlar e monitorar de

forma adequada o projeto/programa, comprometendo os objetivos.

Figura 49: Principais riscos reportados pelos entrevistados.

Fonte: elaborado pelo autor.

O processo de planejamento de resposta aos riscos acontece geralmente no momento do

cadastramento do risco e é de responsabilidade compartilhada entre o dono do risco e a equipe. O

monitoramento dos riscos, de forma geral, ocorre semanalmente, sendo que nos projetos maiores

e mais estruturados o controle é realizado em discussões nos comitês, e nos projetos menores e

mais simples o controle é realizado diretamente no boletim de status em uma seção específica

para acompanhamento de riscos, pendências e problemas.

Em uma pesquisa realizada pela área de qualidade no período de 12/09/12 a 30/09/12

que contou com a participação de 670 analistas de sistemas da organização, foi possível

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194

identificar quais os itens que mais dificultam o sucesso nos projetos, conforme Figura 50.

Observa-se que os principais problemas são os mesmos reportados pelos entrevistados, ou seja,

falta de clareza e estabilidade do escopo, além de prazos de projeto irreais.

Figura 50: Pesquisa interna realizada pela área de qualidade.

Fonte: intranet do Banco Alfa.

O processo de gestão de riscos descrito na metodologia de gestão de projetos, conforme

pode ser observado na Figura 51, ratifica as declarações dos entrevistados e fica claro que a

ferramenta de gestão integrada de tecnologia possui adequado fluxo de trabalho para

identificação, análise, planejamento de respostas e controle dos riscos dos projetos de software.

Observa-se que todos os envolvidos no projeto podem cadastrar riscos, porém, somente

o gestor do projeto possui autonomia para aceitar o risco e todo o processo de gestão de riscos

está sob sua responsabilidade. Mesmo que os riscos tenham um dono, o gestor do projeto deve

criar mecanismos para garantir o monitoramento dos riscos, seja este por meio de comitês ou

boletins conforme capturados nas entrevistas. Também é importante destacar o papel da equipe

que apoia o gestor do projeto na mensuração do risco, identificação do plano de ação e execução

da resposta ao risco, garantindo o envolvimento de todo o time no processo.

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Figura 51: Processo de gestão de riscos.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

A Figura 52 apresenta o cálculo do nível de exposição ao risco que consiste na

multiplicação da nota de probabilidade e impacto realizada durante a fase de avaliação qualitativa

do risco.

Figura 52: Cálculo do nível de exposição ao risco.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

A Figura 53 apresenta a regras para composição dos semáforos do projeto. Nota-se que a

avaliação dos riscos influencia diretamente o status global do projeto, demonstrando sua

importância para o processo de gestão. Quando um projeto possui pelo menos um risco crítico ou

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196

risco alto vencido, o status global do projeto é apresentado com o farol vermelho, indicando a

necessidade de atuação imediata do gestor.

Figura 53: Visão gerencial do projeto.

Fonte: manual da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

Ao analisar a qualidade do tratamento dos riscos, observa-se no gráfico da Figura 54 que

84% dos riscos estão sendo monitorados adequadamente, por outro lado, 16% dos riscos estão

vencidos, indicando falta de acompanhamento. Dentre os riscos vencidos, 69% possuem

exposição ao risco alto ou médio e precisam de atuação imediata. Tal cenário confirma a

declaração dos entrevistados de que não há homogeneidade na gestão dos riscos dentro da

organização e em alguns projetos os riscos não são adequadamente gerenciados.

Figura 54: Riscos vencidos e exposição ao risco.

Fonte: elaborado pelo autor.

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197

É importante destacar que a metodologia de gestão de projetos da organização foi

elaborada utilizando como referência o guia PMBOK (2013), sendo assim, os riscos identificados

devem ser descritos com o maior número de detalhes possível e sugere-se utilizar a seguinte

estrutura de descrição dos riscos: “Se UMA CAUSA existe, o EVENTO pode ocorrer, levando ao

EFEITO”.

Utilizando-se o software NVivo da QSR foi gerada a Tabela 36 com a frequência das

palavras mais utilizadas na descrição dos riscos. Pode-se observar que a descrição de 435 riscos

(28%) mencionava a palavra “projeto” e 339 riscos (22%) mencionava a palavra “risco”,

demonstrando falta de padrão e objetividade na descrição dos riscos. Dessa forma, além de gerar

uma base histórica de lições aprendidas de baixa qualidade que dificulta pesquisas futuras,

também indica a ausência de diretrizes claras que suportem as equipes a descrever um risco de

forma clara, concisa e adequada.

Tabela 36: Frequência de palavras.

Palavra Contagem Palavras similares Palavra Contagem Palavras similares

Projeto 435 projeto, projetos homologação 86 homologação

Risco 339 risco, riscos plano 84 plano, planos

Atraso 311 atraso, atrasos poderá 67 poderá

entrega 178 entrega, entregas mudanças 58 mudança, mudanças

devido 144 devido, devidos problemas 58 problema, problemas

sistema 141 sistema, sistemas necessidade 57 necessidade,

necessidades

Testes 127 teste, testes, tests dados 57 dados

Falta 120 Falta impacto 56 impacto, impactos

escopo 101 Escopo recursos 56 recurso, recursos

Prazo 99 prazo, prazos requisitos 56 requisito, requisitos

Ambiente 98 ambiente, ambientes solução 56 solução

implantação 97 Implantação orçamento 55 orçamento

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

A Figura 55 apresenta um gráfico de nuvem que destaca as palavras utilizadas com

maior frequência na descrição dos riscos.

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Figura 55: Gráfico de nuvem da frequência de palavras.

Fonte: elaborado pelo autor.

Observa-se que a proposição 5 foi atendida face às práticas encontradas na organização.

A análise e interpretação dos dados revelou que apesar da baixa qualidade encontrada na

descrição dos riscos registrados na ferramenta de gestão integrada de tecnologia, observa-se que

os principais riscos reportados tanto pelos entrevistados quanto pela pesquisa prévia já realizada

pela área de qualidade da organização, são os mesmos identificados na literatura, com destaque

para o escopo instável e premissas de prazo e custo irreais. A tecnologia complexa não é um risco

relevante para a organização, pois os sistemas críticos da organização estão instalados no

mainframe que é uma plataforma segura, estável e de baixa complexidade para as equipes de

desenvolvimento.

4.2.2.3 Proposição 6

Para atender a premissa 2 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 6: “Os bancos devem ter a sua própria lista de verificação de riscos, pois é

uma importante fonte de referência para o processo de identificação de riscos”.

Para entender como ocorre o processo de identificação de riscos nos projetos de software

na organização foi realizada a seguinte pergunta: “6 – Como os riscos são identificados?”. As

respostas para estas perguntas são apresentadas na Tabela 37, juntamente com as demais

perguntas realizadas no decorrer da entrevista.

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Tabela 37: Respostas à pergunta 6.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Os riscos são identificados logo no início do projeto em conjunto com os usuários responsáveis

pelas definições do sistema. Durante a fase de planejamento do projeto ocorrem as reuniões de

entendimento do escopo proposto onde são mapeados os possíveis riscos tanto pela equipe técnica

quanto pela equipe da área de negócios.

2 PJ

Observo que na maioria das vezes os gestores de projetos não possuem a prática de identificar os

riscos do projeto durante a fase de planejamento conforme recomendado tanto pelas boas práticas

do PMBOK quanto pela metodologia de gestão de projeto. Na prática os riscos são identificados

durante a execução do projeto somente após a ocorrência de um problema, ou seja, quando isto

acontece não é possível planejar uma ação preventiva e o problema deve ser solucionado

imediatamente. Para resolver um problema, é necessário parar alguma atividade em andamento e

movimentar pessoas da equipe do projeto para resolver a questão, podendo impactar o prazo.

3 AF

Através de reuniões com os envolvidos aplicando a técnica de brainstorming é possível identificar

os riscos e planejar ações para mitigá-los, aceitá-los ou mesmo eliminá-los.

Entrevistador: quando ocorrem essas reuniões?

Não são reuniões específicas para falar sobre riscos, são reuniões onde se reúnem as equipes

técnicas dos diversos sistemas envolvidos com os gestores do produto para detalhar os requisitos

do aplicativo. Aproveitamos essas reuniões também para discutir eventuais riscos que possam

surgir durante as conversas. Na minha opinião, como o dono do produto está presente e

representa o sponsor, fica mais fácil já analisar os possíveis impactos em custo e prazo.

4 SR

Os riscos são identificados durante a fase de planejamento do projeto com base em minha

experiência e leitura que faço da situação atual do projeto. Quando vou preencher os riscos do

projeto procuro avaliar todos os envolvidos diretos e indiretos, sejam eles fornecedores de

produtos e serviços, usuários, ambiente onde será implantado o sistema, cenário

econômico, concorrentes e governos.

5 AS Não vejo os riscos sendo identificados com antecedência. Normalmente são identificados durante

a execução do projeto, conforme aparecem as situações específicas.

6 RC

Os líderes das diversas frentes do projeto têm acesso à ferramenta que utilizamos para

cadastramento de riscos ou issues. Quando este colaborador cadastra o risco ou issue, já

identifica um responsável para atuação e este responsável pode ser qualquer pessoa do projeto,

não precisa ser da sua equipe. Orientamos que a descrição do risco tenha detalhes suficiente para

fácil entendimento do responsável, além disso é necessário cadastrar também a probabilidade e

impacto para que a ferramenta calcule automaticamente a criticidade do risco. Ao término do

cadastramento a ferramenta dispara um e-mail para o responsável que deve cadastrar um plano

de ação com uma data de conclusão. Caso o responsável entenda que aquele risco não existe, deve

levá-lo para discussão no comitê semanal de riscos para e solicitar autorização para exclusão da

ferramenta.

7 RS

Entendo que as principais formas de identificação de riscos são:

(1) Levantamento do histórico de projetos anteriores, pois a documentação dos projetos

concluídos deveriam dar subsídios para evitar os riscos que se transformaram em issues; no

entanto, muitas vezes não divulgamos tais fatos em boas práticas para evitar que o projeto seja

entendido como malsucedido. Outro item importante que pode ser analisado nos projetos

anteriores são os relatórios de custo e prazo planejado e realizado, pois projetos de porte

semelhantes podem utilizar a variação ocorrida no passado como um indicador para o projeto

atual.

(2) A governança do projeto deve estimular a geração de ideias entre os participantes,

principalmente os gerentes de projetos mais experientes conseguem conduzir esse processo com

facilidade.

(3) Verificação do período de desenvolvimento do projeto. O projeto precisa considerar os

períodos de possíveis greves ou período de ‗freezing‘ não planejados devido a datas festivas ou

mesmo agora nas eleições quando o novo governo assumir pode mudar algumas regras como já

aconteceu em governos passados.

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200

Entrevistado

Resposta # Sigla

8 CT

Os riscos são identificados em primeiro lugar com base na experiência adquirida do gestor do

projeto, mas também devem ser consideradas as lições aprendidas em projetos anteriores e

brainstorming com as equipes envolvidas.

9 LB

Ao longo da etapa de planejamento são identificados os principais riscos do projeto pelos

analistas de sistemas para preenchimento da documentação inicial do projeto, mas vejo que esse

processo ocorre informalmente em reuniões de trabalho durante todo o ciclo de vida do projeto.

Tanto os riscos quanto os problemas são discutidos de uma forma única, sem muito critério para

conceituar a diferença entre risco, problema ou pendência.

10 EO

Os riscos de um projeto devem ser identificados o quanto antes no ciclo de vida do projeto, por

isso são mapeados e mensurados no planejamento. A metodologia de gestão de projeto e o PMO

sugerem que é o momento ideal para formalizar a documentação do projeto, mas durante todo o

desenvolvimento do projeto surgem naturalmente pela equipe novos riscos ou problemas.

11 DB

Pela experiência do gestor que avalia todas as variáveis que podem influenciar a qualidade e o

prazo do projeto. Isso significa monitoramento constante para garantir a entrega no prazo

previsto e com todos os requisitos solicitados, mas o mais importante é garantir a estabilidade dos

sistemas legados durante a implantação, esse eu entendo que é o principal risco de todo e

qualquer projeto de sistemas que desenvolvemos aqui na organização.

12 LS

Os riscos do projeto devem ser levantados durante as fases de análise do desenho físico e

levantamento de escopo, pois quanto mais tarde forem identificados, mais riscos trarão para o

sucesso do projeto.

13 RM

Os riscos são identificados por todos os envolvidos, mas principalmente pelo gestor do projeto que

é responsável pelo monitoramento dos riscos de modo a garantir o atingimento dos objetivos de

prazo, custo e qualidade do projeto. A forma de identificação mais comum é a experiência

adquirida pelos diversos membros da equipe.

14 DM

Geralmente os riscos não são identificados no planejamento do projeto. Não é dedicado um tempo

para o levantamento destes riscos. Muitas vezes são colocados riscos genéricos a todos os projetos

como falta de recursos e não se analisa todos os cenários para identificar e planejar respostas aos

riscos. Isso ocorre porque os analistas estão preocupados simplesmente em cumprir a

documentação exigida pela metodologia. Outro ponto importante é que mesmo tendo identificado

o risco de falta de recursos por exemplo, a empresa não direciona recursos adicionais para que,

caso o risco aconteça seja possível mitigá-lo, isso quer dizer que se um risco acontecer sempre vai

causar impacto no prazo do projeto.

15 FS

Para a correta identificação dos riscos deve ser seguido uma metodologia como padrão, de modo

que erros anteriores sejam percebidos mais facilmente nos projetos futuros. Eles são identificados

por acompanhamento e ampla comunicação entre todos os envolvidos. A análise deve chegar até

os mínimos detalhes, de modo que os riscos ao serem encontrados sejam mitigados e eliminados.

16 FT

Os riscos são identificados no momento em que todas as necessidades são mapeadas e a análise é

feita com qualidade, neste momento você tem a visão dos principais problemas que podem ocorrer

e onde estão os ―gargalos‖ do projeto.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

As entrevistas demonstram que os riscos são identificados na maioria das vezes durante

a fase de planejamento do projeto principalmente para garantir a formalização da documentação

exigida pela metodologia de gestão de projetos, mas durante todo o ciclo de vida novos riscos são

identificados sem necessariamente caracterizar a diferença entre riscos, problemas ou pendências.

A principal técnica utiliza é a troca de ideias em reuniões de trabalho entre o gestor, a equipe

técnica e os diversos envolvidos. Nota-se que a experiência do gestor é fundamental para garantir

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201

que esse processo seja realizado da melhor maneira possível, não havendo uma diretriz

corporativa clara explicando como o processo deve ser conduzido de forma a garantir sua

qualidade.

Segundo a metodologia de gestão de projetos da organização as fontes e técnicas de

identificação de um risco são: revisões de documentação; lições aprendidas de projetos

anteriores; análise de stakeholders; análise das restrições e premissas do projeto; questionários,

entrevistas, brainstorming; análises de causa-raiz (ex: diagrama de Ishikawa); e análise de listas

de verificação. Apesar da metodologia de gestão de projetos mencionar algumas fontes e

técnicas para identificação de riscos, não existe aprofundamento explicando como aplicar as

técnicas.

Foi observado anteriormente que as descrições dos riscos não possuem padronização,

sendo assim, para identificar os principais riscos dos projetos de software garantindo maior

acurácia na análise dos dados, a classificação dos 1.540 riscos foi realizada individualmente, ou

seja, cada um dos riscos foi lido, interpretado e categorizado conforme a taxonomia proposta pelo

SEI: (1) Engenharia: Requisito, Desenho, Código, Integração ou Especialidade; (2)

Desenvolvimento: Processo, Método, Gestor, Gestão ou Cultura; e (3) Restrição: Recursos,

Contrato ou Interface. Após categorizar todos os riscos foi possível agrupá-los na Tabela 38 que

apresenta a distribuição dos riscos conforme a taxonomia do SEI.

Tabela 38: Distribuição dos riscos conforme a taxonomia do SEI.

Categoria Qtd. %

A1) Engenharia > Requisito 361 23,4%

A2) Engenharia > Desenho 35 2,3%

A3) Engenharia > Código e Teste Unitário 5 0,3%

A4) Engenharia > Integração 133 8,6%

A5) Engenharia > Especialidade 34 2,2%

B1) Desenvolvimento > Processo 38 2,5%

B2) Desenvolvimento > Método 180 11,7%

B3) Desenvolvimento > Gestor 309 20,1%

B4) Desenvolvimento > Gestão 122 7,9%

B5) Desenvolvimento > Cultura 50 3,2%

C1) Restrição > Recursos 227 14,7%

C2) Restrição > Contrato 20 1,3%

C3) Restrição > Interface 26 1,7%

TOTAL GERAL 1.540 100%

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

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202

O gráfico da Figura 56 apresenta o histograma da distribuição com a indicação do valor

acumulado, permitindo assim, uma análise gráfica dos resultados do agrupamento.

Figura 56: Gráfico de distribuição dos riscos conforme a taxonomia do SEI.

Fonte: elaborado pelo autor.

A partir da categorização dos riscos observa-se uma grande preocupação (70% dos

riscos) das equipes de projetos de software com relação à Definição de Requisitos, Experiência

do Gestor, Restrição de Recursos e Métodos de Desenvolvimento. Por outro lado, as equipes

expressaram pouca preocupação relacionada à Codificação e Teste Unitário dos requisitos de

software.

Analisando-se em detalhes os registros de riscos contidos nas categorias em destaque

observa-se o seguinte:

(1) Definição de Requisitos: a codificação do software inicia-se mesmo com a falta de

clareza dos requisitos, premissas e restrições. Como consequência destes riscos as estimativas de

custo e prazo do projeto podem ser irreais e o software entregue pode não atender as expectativas

do cliente. É fundamental para o sucesso de um projeto de software que os requisitos sejam

estáveis, descritos de forma clara e completa, validados pelos desenvolvedores e tecnicamente

viáveis.

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203

(2) Experiência do Gestor: o principal risco identificado está relacionado com a

dificuldade de planejamento do cronograma junto aos demais gestores funcionais. Gestores

inexperientes podem ter deficiências em planejamento e comunicação e não devem ser líderes de

projetos complexos que possuam diversas interfaces com sistemas legados, pois neste tipo de

projeto é necessário negociar com os gerentes funcionais um cronograma adequado para todos os

envolvidos e que atenda a necessidade do projeto. Além disso, é necessário garantir que esse

cronograma se realize conforme planejado durante a execução do projeto.

(3) Restrição de Recursos: é recorrente o risco dos recursos humanos não estarem

disponíveis para o projeto no momento adequado. Quando este tipo de risco se materializa, o

atingimento do custo e cronograma planejado fica comprometido, principalmente quando o

recurso humano está alocado em uma tarefa que pertence ao caminho crítico do projeto. Por isso

é fundamental que nesta situação o plano de ação seja imediatamente acionado e a liberação ou

substituição do recurso imediatamente realizada.

(4) Métodos de Desenvolvimento: alto risco de instabilidade nos ambientes de teste

integrado e homologação, tanto com relação às versões dos programas quanto com relação a

baixa qualidade e baixo volume de dados para testes. As duas principais consequências deste

risco são: (a) atraso no cronograma e/ou aumento dos custos durante a fase de testes, pois como

os testes não podem ser realizados na velocidade necessária, uma das possíveis soluções é

aumentar o período de testes e/ou alocar mais recursos para realizar as tarefas desta fase; (b)

baixa qualidade ao implantar o software em produção com alto volume de erros e possíveis

prejuízos à organização.

Conforme pode ser observado na Figura 57, a partir do agrupamento dos riscos, também

é possível construir graficamente a Estrutura Analítica dos Riscos do portfólio de projetos

selecionado para o estudo. Utilizando-se como referência o semáforo vermelho para os riscos

elevados, amarelo para os riscos moderados e verde para os riscos baixos, obtêm-se uma EAR

que apresenta em um painel único as principais preocupações do portfólio de projetos, ou seja, os

principais riscos recorrentes que devem ser monitorados frequentemente.

Analisando o painel observa-se os quatro elementos onde estão concentrados os

principais riscos do portfólio de projetos de software da empresa:

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204

Figura 57: Estrutura analítica dos riscos do portfólio de projetos selecionados.

Fonte: elaborado pelo autor.

– Classe Engenharia / Elemento Requisito: definição das funcionalidades, necessidades,

comportamento e forma de utilização. Justificativa da viabilidade e estimativa de esforço;

– Classe Desenvolvimento / Elemento Método: ferramentas e equipamentos de apoio

usados no desenvolvimento, tais como simuladores, ferramentas, compiladores e plataformas;

– Classe Desenvolvimento / Elemento Gestor: experiência do gestor em planejamento e

controle da comunicação, custo, escopo, prazo e qualidade de um projeto de software;

– Classe Restrição / Elemento Recursos: restrições externas impostas com relação ao

prazo, orçamento ou pessoal.

Observa-se que a proposição 6 foi atendida parcialmente face às práticas encontradas

na organização. A análise e interpretação dos dados revelou que a organização não possui uma

lista de verificação própria e também não utiliza qualquer lista disponível na literatura. Observa-

se que a metodologia de gestão de projetos menciona a análise de listas de verificação como uma

das possíveis técnicas de identificação de riscos, porém não existe aprofundamento explicando

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205

como aplicar tal técnica. Os entrevistados mencionaram que a principal fonte de identificação de

riscos é a experiência da equipe e dos stakeholders. Apesar da falta de uso de uma lista de

verificação pelas equipes, foi possível comprovar empiricamente que a lista de verificação

proposta pelo SEI para projetos de software pode ser imediatamente adotada pela organização.

4.2.3 Premissa 3

Com base nos objetivos principal e específicos deste estudo foi elaborada a seguinte

premissa 3: “Apresentar aos executivos uma visão estratégica dos principais riscos de

projetos de software”.

4.2.3.1 Proposição 7

Para atender a premissa 3 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 7: “A adequada gestão de riscos é um fator chave para o sucesso dos projetos

de software, garantindo que estes sejam concluídos dentro do prazo, dentro do orçamento, com a

qualidade esperada e com as funções necessárias”.

Para entender qual a percepção de sucesso em projetos na organização, durante as

entrevistas foi realizada a seguinte pergunta: “7 – Quais os critérios utilizados para avaliar o

sucesso do projeto?”. As respostas para estas perguntas são apresentadas na Tabela 39,

juntamente com as demais perguntas realizadas no decorrer da entrevista.

Tabela 39: Respostas à pergunta 7.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Na minha opinião um projeto de sucesso é aquele que atende as necessidades solicitadas pelo

cliente, ou seja, entregue a totalidade dos requisitos definidos e aprovados durante a fase de

planejamento e análise do projeto. Além do mais, considero muito importante que a implantação

seja realizada de forma tranquila e sem impactos tanto para o usuário do sistema que no meu caso

geralmente é o cliente desta instituição, quanto para a área de tecnologia, isso significa uma

implantação com qualidade e baixíssimo nível de erros ou falhas em ambiente produtivo.

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206

Entrevistado

Resposta # Sigla

2 PJ

Acredito que a maioria dos gestores de projetos e programas, consideram o projeto um sucesso

quando este é finalizado dentro do prazo previsto. Porém na minha opinião devemos considerar

três itens principais: (1) o projeto é concluído dentro do custo previsto, isso significa que, além da

equipe elaborar um bom orçamento, também é competente no monitoramento dos custos

realizados. Este é um dos principais itens de preocupação na auditoria de projetos, pois no geral,

entendemos que o processo de estimativa e monitoramento de custos ainda precisa melhorar na

organização; (2) o projeto é concluído dentro do prazo. Talvez este seja o maior desafio dos

gestores dentro da organização, principalmente para os grandes projetos que se tornam muito

complexos a partir do momento que envolvem muitos sistemas e diferentes equipes com gerentes

funcionais distintos; e (3) o projeto é concluído com qualidade, tanto do ponto de vista de

codificação do sistema, ou seja, baixo índice de falhas em produção, quanto do ponto de vista da

documentação, ou seja, toda a documentação exigida pela metodologia de desenvolvimento de

sistemas e entregue durante as diversas fases do projeto esteja organizada, padronizada e

armazenada adequadamente para servir como lição aprendida em projetos futuros.

3 AF

Entendo que um projeto de sucesso cumpre basicamente cinco critérios: (1) atende os requisitos

definidos pelo cliente; (2) cumpre os prazos acordados; (3) cumpre os custos acordados; (4)

entrega um produto com qualidade; e (5) realiza uma comunicação eficaz ao longo do projeto.

Entrevistador: pode explicar um pouco mais em detalhes como você consegue mensurar se esses

cinco critérios foram atingidos?

(1) Atende os requisitos definidos pelo cliente – significa que durante toda o ciclo de vida do

projeto o cliente participa do projeto junto com a área de tecnologia sempre validando os

documentos intermediários. Basicamente isso quer dizer que o cliente especifica o sistema em

conjunto com a área de tecnologia, os protótipos de telas e relatórios são desenhados em conjunto,

os roteiros de testes são elaborados a quatro mãos, o sistema é testado e autorizado para

implantação. Tudo isso acontece sem surpresas, sempre atendendo as especificações e

expectativas do cliente.

(2) Cumpre os prazos acordados – no início do projeto a área de tecnologia entrega uma

estimativa de prazo do projeto e ao término da fase de escopo, antes do desenvolvimento, a

estimativa é revisada e gerado o cronograma final. Desde que não haja mudanças de escopo

relevantes durante a evolução do projeto, se espera que o cronograma seja cumprido por ambas

as partes.

(3) Cumpre os custos acordados inicialmente – o controle de custos sempre corre em paralelo ao

cronograma, no início é gerada uma estimativa e ao término da fase de escopo é gerado o

orçamento final já com os valores acordados com os fornecedores. Neste quesito, também se

espera que não ocorra variação até o término do projeto, garantindo que o fluxo de caixa

planejado seja cumprido e nenhum orçamento adicional tenha que ser aprovado pelo patrocinador

do projeto.

(4) Entrega um produto com qualidade – este é o item mais crítico, pois trabalho com manutenção

de sistemas legados críticos para a organização. No meu ponto de vista como gestor do projeto e

sendo da área de tecnologia, a minha maior satisfação é quando implantamos um novo produto e

não geramos impacto no legado. Quero dizer, se os erros em ambiente produtivo ocorrem nos

novos módulos, significa que temos controle da situação, pois geralmente trabalhamos com pilotos

em produção antes de liberar a versão para todos os clientes da organização. Entretanto, se os

erros acontecem nos módulos integrados impactando produtos ou serviços que já estavam estáveis

em produção isso é um sinal que nossos testes foram incompletos ou mal feitos e isso para mim é

um indicador que o controle de qualidade não foi efetivo.

(5) Realiza uma comunicação eficaz ao longo do projeto – não é somente ao final do projeto que

se mede seu sucesso ou fracasso, entendo que um projeto de sucesso é aquele que é bem

gerenciado do início ao fim, quer seja ele um projeto que enfrente problemas ou não. O importante

é sempre discutir a evolução do projeto com todos os envolvidos, pois isso, na minha opinião,

garante o envolvimento das pessoas certas no momento certo.

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207

Entrevistado

Resposta # Sigla

4 SR

Eu vejo um projeto de sucesso quando o básico é bem feito. Não acredito em controles

mirabolantes ou técnicas muito avançadas para gerenciar meus projetos. O projeto de sucesso é

aquele que entrega o produto solicitado, com as funcionalidades desejadas, cumprindo o prazo,

garantindo o preço estabelecido, e com a qualidade esperada pelo cliente. Em resumo, projeto de

sucesso é aquele que cumpre o que foi planejado e combinado com o cliente sem desvios. Por isso

é essencial que o escopo seja completamente aprovado pelo cliente nos mínimos detalhes, só

depois é possível planejar prazos e custos reais que possam ser garantidos pela equipe de

tecnologia e por todos os envolvidos no projeto.

5 AS

Em minha opinião um projeto de sucesso é aquele que entrega o que foi pedido pelo cliente, com

qualidade, dentro do prazo e custo estimado. Não basta apenas entregar um produto final

atendendo as especificações do cliente porém sem qualidade, com custo acima do previsto e fora

do prazo, ou seja, um projeto nestas condições não pode ser considerado um projeto de sucesso.

6 RC

Entendo que os critérios de sucesso variam de pessoa para pessoa, depende do papel que esta

exerce dentro do projeto. No meu caso, como PMO, sucesso para mim é terminar o projeto com

um desvio máximo de 10% em relação a data e custo planejados. Mas para o meu chefe

(patrocinador do projeto), tenho certeza que seu principal interesse é ter o SAP rodando

corretamente de modo que os sistemas legados de compras, viagens e pagamentos possam ser

desligados e o novo processo seja mais eficiente. Quero dizer, para o patrocinador o importante é

que após implementado o sistema, os benefícios que foram propostos no business case se

materializem.

7 RS

Entendo que um projeto de sucesso é aquele que atende as necessidades propostas no escopo,

contemplando todos os requisitos funcionais e não funcionais do sistema, com qualidade adequada

tanto durante a fase de desenvolvimento quanto no pós-implantação, dentro dos custos e prazos

planejados e refinados no término da fase de escopo.

8 CT Para dizer que um projeto teve sucesso é importante que ele seja implantado no prazo, dentro do

custo planejado e contemple todo o escopo solicitado pelo cliente.

9 LB

Na minha opinião o sucesso é verificado a partir do atendimento integral dos requisitos definidos

para o projeto com qualidade e dentro do custo. Por isso o entendimento do escopo é fundamental

para o avanço consistente do projeto do início ao fim, sem um escopo claramente definido e

entendido por todas as partes envolvidas no trabalho, não é possível elaborar um orçamento que

retrate de forma fiel o custo envolvido. Principalmente no que tange aos fornecedores, se estes

receberem um escopo mal definido podem ocorrer duas coisas: ou o fornecedor adiciona uma

―gorda‖ margem de erro na sua proposta para se resguardar de futuras mudanças de escopo, ou

no decorrer do projeto vai solicitar um aditivo e, com certeza estará respaldado para isso.

10 EO

Na minha opinião, projeto de sucesso é aquele que atende as expectativas e os benefícios

esperados que foram solicitados pelo cliente. Tem várias formas de avaliar o sucesso ou fracasso

de um projeto, mas uma boa técnica é a utilização do VPL (valor presente líquido) para calcular o

retorno sobre o investimento, inclusive é um dos critérios de priorização de projetos utilizados

aqui na empresa. Escuto dizerem que um projeto de sucesso é aquele que atende o prazo e custo

planejado. Realmente do ponto de vista do gerente do projeto, esse é um aspecto importante, mas

veja o exemplo do Itaquerão que eu estava lendo recentemente. Para construir o estádio do

Itaquerão em São Paulo deveriam gastar R$ 370 milhões, mas no fim gastaram R$530 milhões, ou

seja um desvio de mais de 40% sobre o planejado. Além disso, a data prevista de término era Dez-

13, mas terminou em Mai-14, ou seja, atrasou 5 meses. Apesar de estourar o prazo e orçamento,

podemos dizer que é um projeto de fracasso? Eu entendo que não, pois apesar dos problemas, o

estádio foi entregue e está gerando benefícios permanentes para a cidade de São Paulo,

principalmente para a comunidade local, ou seja, os benefícios superaram os atrasos e estouro do

valor orçado. É por esse motivo que a avaliação financeira de um projeto é um passo fundamental

para medir seu sucesso. Para mim, projeto de sucesso é aquele que entrega um produto que gere

valor para a instituição.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

11 DB

Um projeto de sucesso é aquele que atende a expectativa do sponsor quanto a qualidade e retorno

financeiro. O êxito do produto alvo do projeto e a ausência de gaps de projeto são critérios para

avaliação.

Entrevistador: entendo que retorno financeiro significa que o produto ou serviço gere benefícios

financeiros superiores ao investimento, mas o que significa ausência de gaps de projeto?

Aqui na organização quando um projeto enfrenta um problema e surge a possibilidade de estourar

o prazo, é comum cortar uma parte do escopo definido para garantir a entrega na data prevista.

Esse escopo descartado é o que eu chamo de gap de projeto. Aparentemente o projeto teve

sucesso, mas o que acontece na sequência é que surge um novo projeto para implantar no sistema

aquelas funções que haviam sido descartadas. Isso me parece uma forma de ―maquiar‖ a

ineficiência do projeto, pois um projeto é transformado em dois projetos, quando na verdade

deveriam ser apenas fases distintas do projeto.

Entrevistador: e por que os gaps de projetos são tratados dessa forma na organização?

Infelizmente é uma questão política. As pessoas fazem isso porque o projeto faz parte de suas

metas pessoais e acham um ―jeitinho‖ para cumprir as metas.

12 LS

Projeto de sucesso é aquele em que ocorre a condução e execução de acordo com o estimado e

planejado. Ter um bom planejamento, cumprimento do cronograma independente de adversidades

durante o decorrer do projeto e um líder que saiba estimular e obter o melhor desempenho do

time, sempre com qualidade.

13 RM

Um projeto bem conduzido com boa gestão de escopo e tempo. O sucesso do projeto deve ser

medido através de indicadores discutidos e combinados no início do projeto com todos os

stakeholders.

Entrevistador: você utiliza indicadores para monitorar os projetos? Pode citar alguns exemplos?

O principal indicador que utilizo é o percentual de avanço do escopo do projeto. Toda semana

faço questão de ser informado e informar todos os envolvidos no projeto sobre a evolução do

projeto, quer seja por meio de comitês ou boletins. Por isso digo que um projeto de sucesso é

aquele que tem uma boa gestão de escopo e tempo. Em primeiro lugar o escopo tem que ser

fechado, se tiver qualquer mudança de escopo, o impacto no prazo deve ser avaliado e aprovado

pelo sponsor antes que o projeto seja replanejado. Em segundo lugar a gestão de tempo é

essencial, qualquer atividade não pode durar mais do que quatro semanas, porque entendo que

nesse nível de granularidade fica fácil avaliar, mesmo que de forma subjetiva, qual foi o avanço

da atividade, quer seja uma entrega de software, uma entrega de um documento de especificação

ou um roteiro de teste.

14 DM

Um projeto com um planejamento real que possa ser executado conforme o planejamento. Com

levantamento de riscos e que tenhamos em mãos reservas financeiras caso o risco aconteça.

Que realmente passe pela análise de viabilidade previa. Um projeto que apresente retorno

financeiro à empresa e que não seja implantado a qualquer custo colocando em risco a saúde

física e emocional dos colaboradores. Resumindo, um projeto que respeite a metodologia de

gestão de projetos desenhada para nossa organização.

15 FS

Um projeto de sucesso é o que não cause ferimentos a integridade da empresa e das pessoas

envolvidas nele durante todo o seu processo, e que traga os benefícios sugeridos ao ser planejado.

Para avaliar o sucesso, tudo deve ser analisado, a curto e longo prazo de acordo com o que foi

proposto. Não deixando de lado o que ele trouxe de aprendizado para os envolvidos. Por exemplo:

trouxe o retorno financeiro que havia sido planejado? Melhorou o processo proposto? Os

possíveis erros ficaram de exemplos para lições aprendidas? Entendo que os projetos deveriam ser

analisados após sua entrega, principalmente com relação a formalização da documentação do

sistema e suas falhas em produção, porque isso é a essência de um sistema de qualidade, estável e

fácil de manter.

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209

Entrevistado

Resposta # Sigla

16 FT

Um projeto pode atender a sua expectativa e seus requisitos, mas considero um projeto de sucesso

quando atingimos os seguintes pontos: os riscos dos projetos são mapeados e estão sob controle;

os requisitos são bem definidos e fechados antes do início da construção; o projeto possui um

planejamento adequado e consegue segui-lo sem gerar esforço extra; e a equipe do projeto se

encontra em harmonia e existe um trabalho em equipe.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

O gráfico da Figura 58 foi elaborado com base nas entrevistas e observa-se que os

principais critérios de sucesso reportados pelos entrevistados são os mesmos identificados na

literatura para os projetos de software:

Figura 58: Critérios de sucesso dos projetos de software.

Fonte: elaborado pelo autor.

– 75% entendem que o principal critério de sucesso é entregar o escopo aprovado pelo

cliente;

– 63% comentaram que cumprir o custo e prazo planejados é fundamental, pois garante

que o planejamento foi bem feito e o projeto foi conduzido de forma adequada evitando desvios

significativos;

– 56% entendem que é muito importante entregar um produto ou serviço com qualidade,

garantindo que todas as documentações e entregas intermediárias do projeto tenham qualidade e

sejam aprovadas pelo cliente, não apenas o produto ou serviço final;

– 31%, menos da metade, mencionaram a captura dos benefícios financeiros como um

dos critérios de sucesso do projeto, mais uma vez, coerente com a literatura estudada, pois a

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210

maioria dos entrevistados faz parte das equipes do projeto de tecnologia e, geralmente o critério

de sucesso financeiro é a percepção de sucesso do patrocinador do projeto e não da equipe do

projeto;

– 13% apenas dos respondentes mencionaram que o fato de evitar riscos negativos por

meio de uma correta gestão de riscos influencia a percepção de sucesso do projeto.

A metodologia de gestão de projetos de software da organização esclarece seus

objetivos:

Esta norma estabelece a utilização da Metodologia de Gestão de Projeto (MGP) na área de

tecnologia e tem como principal objetivo orientar os colaboradores a iniciar, planejar, executar,

monitorar e controlar, e encerrar os projetos de forma estruturada e padronizada, aumentando

as condições favoráveis para o seu sucesso. Os objetivos da metodologia são:

– instituição de uma "linguagem comum" e das melhores práticas e padrões de gerenciamento

dos projetos;

– redução do nível de retrabalho e aumento de produtividade;

– antecipação de situações desfavoráveis e consequentemente redução dos imprevistos durante

a execução do projeto;

– elevação das condições para o sucesso dos projetos;

– transparência entre os envolvidos nos projetos;

– eficiência na comunicação;

– agilidade na identificação e solução de problemas, com base na análise de riscos;

– agilidade e assertividade na tomada de decisões, uma vez que as informações estão

estruturadas e disponibilizadas.

Pode-se observar que a metodologia de gestão de projetos menciona que seu uso

aumenta as condições favoráveis para o sucesso dos projetos de software, porém não foi explica

quais são esses critérios de sucesso. Tal fato demonstra que apesar não existirem critérios

formalmente estabelecidos, a percepção de sucesso em projetos dos entrevistados já faz parte da

cultura organizacional.

Figura 59: Manual de desempenho dos projetos.

Fonte: guia de indicadores da metodologia de gestão de projetos do Banco Alfa.

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Ao consultar o guia de indicadores da metodologia de gestão de projetos, conforme

Figura 59, verifica-se que a ferramenta de gestão integrada de tecnologia possui relatórios que

permitem acompanhar a evolução do custo e prazo do projeto, identificados durante as entrevistas

como dois importantes critérios de sucesso do projeto. Ou seja, projetos que evoluem sem desvio

do planejado são considerados projetos de sucesso.

Considerando que os riscos somente podem ser gerenciados quando identificados, pode-

se afirmar que os projetos que não possuem registro de riscos cadastrados não realizam gestão de

riscos. Sendo assim, conforme Figura 60, ao comparar os indicadores de desempenho de custo e

prazo dos projetos que possuem registro de riscos cadastrados com os projetos que não possuem

registro de riscos cadastrados, observa-se que o fato de gerir os riscos não melhora os indicadores

de sucesso do projeto. Enquanto 48,4% dos projetos sem registro de riscos não possuem desvios

do esforço realizado em relação ao planejado, somente 21,3% dos projetos com registro de riscos

não possuem desvios. O mesmo ocorre com relação ao indicador de desvio de prazo, enquanto

23,4% dos projetos sem registro de riscos não possuem desvios do prazo realizado em relação ao

planejado, somente 11,3% dos projetos com registro de riscos não possuem desvios.

Figura 60: Indicador de desempenho dos projetos.

Fonte: elaborado pelo autor.

Observa-se que a proposição 7 não foi atendida face às práticas encontradas na

organização. A análise e interpretação dos dados revelou que a percepção de sucesso de um

projeto de software na organização é o mesmo apresentado na literatura; entretanto, não foi

possível validar empiricamente que os projetos que fazem uso das ferramentas de gestão de riscos

possuem indicadores de sucesso melhores do que aqueles que não as utilizam.

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4.2.3.2 Proposição 8

Para atender a premissa 3 e com base no referencial teórico deste estudo foi elaborada a

seguinte proposição 8: “Os principais riscos dos projetos de software devem ser apresentados em

uma visão estratégica para permitir a adequada análise e tomada de decisão pelos executivos da

organização”.

Para entender como os riscos de projetos de software são apresentados aos executivos

para a tomada de decisão, durante as entrevistas foi realizada a seguinte pergunta: “8 – Como os

riscos são apresentados aos executivos?”. As respostas para estas perguntas são apresentadas na

Tabela 40, juntamente com as demais perguntas realizadas no decorrer da entrevista.

Tabela 40: Respostas à pergunta 8.

Entrevistado Resposta

# Sigla

1 AC

Os riscos dos projetos são apresentados e discutidos com os executivos nos comitês. A

periodicidade do comitê depende da relevância do projeto, geralmente os projetos menores não

possuem comitês e os riscos e problemas são reportados apenas no resumo executivo quinzenal

que possuem o status individual de todos os projetos que compõem a carteira de projetos da área.

2 PJ

São apresentados nos comitês de projeto ou comitês de portfólio, mas percebo que os executivos se

preocupam apenas com os problemas já evidentes, pois quando os riscos são apresentados fica a

sensação que são eventos sob controle.

3 AF

Na minha opinião muito pouco é mostrado aos executivos, apenas os riscos de projetos mais

comuns são comentados em uma reunião inicial ou de posicionamento. Outra fonte de riscos que é

apresentada aos executivos são os indicadores de projetos gerados semanalmente pela área de

qualidade. Apesar dos indicadores terem cara de problemas, pois mostram uma visão já ocorrida,

entendo que de alguma forma também são riscos para os projetos futuros, quero dizer que os

problemas que estão ocorrendo atualmente em trabalhos atuais, podem ser evitados nos próximos.

4 SR

Apesar da ferramenta de gestão integrada de tecnologia gerar relatórios com o status do projeto e

a situação dos riscos, o que vejo na prática é que são elaboradas apresentações onde são

destacados somente os riscos de maior impacto e probabilidade.

5 AS

Vejo os riscos serem apresentados aos executivos somente quando trata-se de programas

relevantes em que existe a atuação do PMO da área de tecnologia. Semanalmente, a equipe de

analistas do PMO coleta com os líderes técnicos o status dos projetos juntamente com os

problemas e possíveis riscos. Cada projeto possui uma ficha de projeto padrão que é organizada

em um sumário executivo e apresentado ao executivo no comitê do programa.

6 RC

Esse é um assunto bem sério. Todos os riscos que já foram aprovados no comitê operacional e

estão devidamente endereçados são passíveis de serem apresentados aos executivos. Entretanto,

como a reunião com o comitê executivo é de apenas uma hora, precisamos filtrar e elencar

somente os riscos com nível de exposição elevado que são os de alto impacto e alta probabilidade.

Durante o comitê os riscos devem ser apresentados em no máximo dez minutos já com sugestões

de planos de ação, pois é neste momento que são tomadas as decisões pelos executivos.

7 RS Os riscos são consolidados e apresentados aos executivos na reunião de kick-off do projeto.

8 CT

Entendo na maioria das vezes os riscos não são apresentados aos executivos. Pelo menos na nossa

área onde não temos projetos complexos, não temos o hábito de apresentar os riscos dos projetos

aos superintendentes e diretores.

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Entrevistado

Resposta # Sigla

9 LB

Os riscos são apresentados não apenas aos executivos, mas sim a todos os envolvidos. Em

primeiro lugar o status report possui um indicador da quantidade de riscos envolvidos no projeto

e, em segundo lugar, os riscos estão disponíveis para consulta na própria ferramenta de gestão

integrada de tecnologia e apresentam a descrição dos riscos, o status atual, o plano de ação e a

data prevista para conclusão.

Entrevistador: mas o fato de estar registrado na ferramenta você entende que os envolvidos

realmente fazem uso dessa informação?

Realmente ninguém consulta de forma proativa, por isso faço questão de destacar os riscos nas

reuniões.

10 EO Os riscos não são apresentados aos executivos.

11 DB

Em apresentações onde são demonstrados os riscos, a criticidade dos mesmos, as respostas e a

criticidade após o risco mitigado. Essas apresentações não devem ser em linguagem acadêmica

como em uma metodologia de gestão de projetos. Na prática, somente os projetos de maior

relevância são apresentados aos executivos e, muitas vezes os problemas são tantos e mais

urgentes que os riscos perdem prioridade na discussão.

12 LS

Os riscos devem ser apresentados através das reuniões e reportes, através das documentações

pertinentes a elaboração e evolução do projeto. Sempre devem informar o potencial impacto que

podem causar e possíveis caminhos para mitigar os mesmos.

Entrevistador: isso realmente acontece na prática?

Na prática não vejo isso acontecer aqui na gerência. Acho que não temos essa cultura.

13 RM

Os riscos são apresentados inicialmente no plano de projeto e na reunião de kick-off. Os riscos

críticos são apresentados nas reuniões de acompanhamento com o executivo e os demais são

tratados pelas equipes nas reuniões de trabalho.

14 DM Nas ferramentas atuais somente se apresenta a evolução dos projetos não existe apresentação dos

riscos.

15 FS

Nos comitês semanais do PMO com os executivos se apresenta a evolução do projeto e todas as

pendências com os envolvidos de todas as áreas, informando gravidade, e o plano de ação para a

solução.

16 FT Semanalmente os analistas do PMO atualizam a ficha de projeto com os gestores e apresentam no

comitê semanal para os executivos de tecnologia e da área de negócios.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Pelas entrevistas percebe-se que não existe um processo claro e definido para a

consolidação dos riscos dos projetos em uma visão executiva. Quando se trata de um programa

com o envolvimento do escritório de projetos de tecnologia o processo de registro, consolidação e

apresentação dos problemas, riscos e pendências nos comitês executivos é evidente. Por outro

lado, nota-se que os riscos de projetos menores não são levados para discussão com os

executivos.

Foram coletados junto aos entrevistados alguns exemplos de relatórios apresentados em

comitês executivos de grandes projetos ou programas e selecionadas as seções referentes a riscos,

problemas e pendências (Figura 61, Figura 62 e Figura 63). As apresentações executivas

confirmaram os depoimentos dos entrevistados e demonstraram que o tema gestão de riscos não é

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214

negligenciado nos grandes projetos e programas de desenvolvimento de software da organização,

ao contrário, este tema é tratado de forma transparente e adequada. Os riscos, problemas e

pendências críticos são levados de forma consolidada ao conhecimento dos executivos para a

tomada de decisões. A falta de padronização entre os diferentes relatórios confirma a ausência de

uma diretriz clara por parte da área de qualidade que é a responsável pela metodologia de gestão

de projetos; entretanto, mesmo sem um documento modelo que garanta a uniformidade dos

relatórios, nota-se o uso de boas práticas de gestão por parte dos líderes dos grandes projetos,

demonstrando experiência profissional e aculturamento da organização em relação a adequada

tratativa dos riscos dos projetos.

A Figura 61 apresenta a página de abertura do status report do “Programa A”. Como o

objetivo desta figura é exemplificar o uso dos relatórios de riscos, são apresentados apenas dois

dos cinco projetos envolvidos. Nota-se que de os riscos e problemas são tratados de forma

objetiva dando ciência aos executivos e permitindo a tomada de decisões quando necessário. Os

detalhes de cada um dos projetos estão inseridos no relatório e pode ser acessado ao clicar no

símbolo “i” ao lado do nome do projeto.

Figura 61: Seção riscos e problemas do status report do programa A.

Fonte: entrevistado número 5 – AS.

A Figura 62 apresenta a seção de indicadores de riscos e problemas do status report do

“Programa B”. Trata-se de um programa bastante amplo e complexo da organização que possui

diversas frentes, por esse motivo optou-se em apresentar os riscos e problemas de forma

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215

quantitativa. No comitê são discutidos em detalhes os riscos mais críticos que estão identificados

no quadro “Riscos por Projeto Top 10”.

Figura 62: Seção riscos e problemas do status report do programa B.

Fonte: entrevistado número 6 – RC.

A Figura 63 apresenta a seção de indicadores de riscos e problemas do status report do

“Programa C”. Do lado esquerdo da figura observa-se a página inicial do relatório com um

panorama geral do projeto sobre os temas cronograma, escopo, riscos, prazo, progresso,

problemas, esforço e orçamento. Os detalhes de cada um dos temas podem ser acessados ao clicar

no símbolo “i” ao lado do tema. No detalhe do lado direito da figura observa-se os indicadores de

risco do programa que também podem ser acessados em detalhes quando necessário.

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Figura 63: Seção riscos e problemas do status report do programa C.

Fonte: entrevistado número 13 – RM.

A Figura 64 apresenta alguns dos indicadores de gestão de projetos de software que são

publicados e distribuídos aos executivos semanalmente. Estes indicadores também são uma

importante fonte de informações para a tomada de decisões executivas, pois detectam riscos e

problemas na gestão dos projetos. Observa-se que no momento da geração do relatório em

10/10/2014 existiam 4.981 projetos ativos na organização e 740 projetos ativos na diretoria X. Os

indicadores têm o seguinte objetivo:

(1) Sem apontamento de horas há mais de 30 dias – detecta o risco de atraso no

cronograma do projeto devido à falta de alocação de recursos, pois como trata-se de um projeto

ativo que deveria ter atuação dos analistas de sistemas e respectivo consumo de horas de trabalho.

A falta de apontamento de horas somente se justifica para projetos concluídos, suspensos ou

cancelados.

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217

(2) Esforço realizado maior que planejado – detecta o risco de ineficiência na execução

do projeto, ou seja, o projeto está consumindo mais horas de trabalho do que originalmente

planejadas. As causas podem ser diversas, por exemplo: estimativas com premissas irreais,

alterações de escopo sem avaliação de impacto e replanejamento, tecnologia complexa, falta de

conhecimento da equipe técnica, etc. O importante deste indicador é que ele aponta um risco ou

problema que deve ser averiguado.

(3) Em execução sem baseline – detecta o risco de replanejamento fora das alçadas

competentes, pois os projetos que estão não estão congelados podem ter seu prazo e custo

replanejados pelos analistas de sistemas sem autorização do gestor do projeto.

Figura 64: Indicadores corporativos de gestão de projetos de software.

Fonte: indicadores da área de qualidade do Banco Alfa.

Observa-se que a proposição 8 foi atendida parcialmente face às práticas encontradas

na organização. A análise e interpretação dos dados revelou que atualmente os riscos dos

principais projetos de software da organização são gerenciados de forma adequada e apresentados

em comitês executivos, porém cada projeto apresenta seus riscos individualmente e não há uma

visão integrada dos principais riscos da organização. Uma importante iniciativa da área de

qualidade foi criar alguns indicadores corporativos de gestão de projetos que são discutidos com

os executivos da área de tecnologia, tais indicadores são importantes fontes de informação que

podem detectar tanto problemas quanto riscos crônicos dentro da instituição. Neste sentido, existe

uma oportunidade de aprimorar os indicadores existentes incorporando o monitoramento dos

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principais riscos da organização. É possível utilizar a estrutura analítica de riscos de projetos de

software proposta pelo SEI para viabilizar o monitoramento sugerido.

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219

5 CONCLUSÕES

Com base na literatura estudada e na análise e interpretação de dados do estudo de caso

único é possível responder à questão apresentada para este estudo: “Como deve ser estruturado

um modelo de gestão de riscos que seja aplicável a projetos de software no setor bancário

brasileiro?”.

Figura 65: Modelo STOp de gestão de riscos para projetos de software.

Fonte: elaborado pelo autor.

O modelo STOp propõe-se a orientar a gestão de riscos dos projetos de software de uma

organização do setor bancário a partir do inter-relacionamento entre os três níveis hierárquicos

existentes nesse tipo de empresa: Estratégico, Tático e Operacional.

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220

ESTRATÉGICO

Os riscos que aparentemente afetam apenas o projeto podem propagar-se por toda a

organização e afetar seus objetivos de longo prazo (Shenhar et al., 2007). Por esse motivo, é

fundamental a participação ativa da área de tecnologia da informação nas decisões estratégicas da

organização (Henderson & Venkatraman, 1993), garantindo que a gestão de riscos dos projetos

de software esteja alinhada com os valores organizacionais (PMI, 2009, 2013a; PMI & IEEE,

2013).

No nível estratégico, os executivos preocupam-se em avaliar os principais riscos do

portfólio de projetos de software e autorizar soluções corporativas que reduzam seus impactos

negativos. Ou seja, são decisões que envolvem grandes investimentos ou mudanças relevantes de

processos e estão acima da alçada das equipes de desenvolvimento.

ESTRUTURA ANALÍTICA DE RISCOS - EAR

A EAR é a melhor maneira de lidar com uma grande quantidade de dados, pois permite

estruturar a informação facilitando a compreensão e identificação de áreas de concentração de

riscos (Hillson, 2003). Para categorizar os riscos de projetos de software é recomendado utilizar a

Taxonomy-Based Risk Identification - TBRI, pois é uma EAR madura, desenvolvida em 1993

pelo Software Engineering Institute - SEI e amplamente utilizada até os dias de hoje (Holzmann

& Spiegler, 2011; Silva et al., 2006). A TBRI aborda tanto os riscos que podem impactar o custo,

escopo e prazo do projeto quanto os riscos operacionais que podem impactar o ambiente

produtivo da organização após a implantação do software (Hillson, 2013b; PMI & IEEE, 2013).

Uma EAR com base na TBRI fornece um painel gráfico executivo de apenas uma

página. Nesse painel é possível identificar visualmente onde estão localizados os principais riscos

do portfólio de projetos que merecem atenção, bem como aqueles que não preocupam as equipes

de desenvolvimento.

Neste estudo, a partir da base de dados histórica dos projetos de software, foi possível

interpretar individualmente a descrição dos riscos e categorizá-los conforme o catálogo proposto

pela TBRI. Na sequência, os riscos foram agrupados gerando o painel gráfico apresentado na

seção 4.2.2.3 e sinalizando as quatro categorias que concentravam as principais preocupações das

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221

equipes de desenvolvimento: definição de requisitos, experiência do gestor, restrição de recursos

e métodos de desenvolvimento. Conclui-se que o catálogo de riscos utilizado pode ser

imediatamente adotado pela organização.

PRINCIPAIS RISCOS

A gestão de riscos de projetos de software está focada na preservação do valor do

negócio (Grembergen, 2004). Percebe-se que tais riscos estão tornando-se cada vez mais

significativos, principalmente porque são difíceis de serem identificados e modificam-se ao longo

do tempo (Hughes, 2006). Por esse motivo, é importante compreender o relacionamento entre os

principais riscos, possibilitando seu tratamento em um nível hierárquico superior, lidando com

fatores de maior grau de abrangência (Leopoldino & Borenstein, 2011) e compartilhando a

responsabilidade com os parceiros das áreas de negócio que patrocinam os projetos (Luftman,

2003).

A EAR pode ser decomposta até seu menor nível, que é o risco individual de cada

projeto. Partindo desse princípio é possível avaliar em detalhes os principais riscos que compõem

as categorias críticas da EAR e entender suas principais causas e consequências.

Neste estudo ficou confirmada a facilidade de decomposição oferecida pela técnica e sua

aplicação prática para a organização. Analisando em detalhes os registros de riscos contidos nas

categorias em destaque foi possível concluir que as principais fragilidades da organização estão

em concordância com a literatura: (1) falta de clareza dos requisitos, das premissas e das

restrições gera estimativas de custo e prazo irreais; (2) gestores de projeto inexperientes atrasam

os projetos porque não articulam com os gestores funcionais a alocação dos especialistas no

momento correto; e (3) instabilidades nos ambientes de teste integrado e homologação geram

incidentes em produção com prejuízos financeiros. Os detalhes estão apresentados na seção

4.2.2.3.

SOLUÇÕES

Considerando o impacto estratégico que os projetos têm nos negócios, é fundamental

que seus riscos sejam monitorados desde a concepção até o pós-lançamento do produto ou

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222

serviço (Killen & Hunt, 2009 e 2013); entretanto, muitos projetos de software ainda falham

devido à falta de maturidade das organizações em gestão de riscos (Alberts & Dorofee, 2012).

Para reduzir drasticamente o nível de exposição ao risco desses projetos e melhorar o retorno

sobre seus investimentos é necessário gerir os riscos da área de tecnologia da informação de

forma corporativa (Hughes, 2006), permitindo analisar seus pontos positivos e negativos para

traçar um plano de ação de melhoria (Killen & Hunt, 2009 e 2013).

A partir dos principais riscos mapeados no portfólio de projetos de software é possível

estudar soluções que reduzam, ou até mesmo eliminem, os impactos negativos. Por exemplo:

(1) para a falta de clareza dos requisitos podem ser implantados processos de quality assurance

que garantam a qualidade dos artefatos de requisitos; (2) para a falta de experiência dos gestores

é possível ampliar a grade de treinamento desses profissionais e implantar um processo de

mentoring como uma das responsabilidades do PMO local de tecnologia; e (3) para as

instabilidades nos ambientes de teste integrado e homologação é necessária a criação de

ambientes apartados com estruturas idênticas ao ambiente produtivo, exigindo um grande

investimento financeiro. Entretanto, tais soluções são apenas sugestões que merecem estudos

detalhados para apresentação aos comitês executivos da organização.

TÁTICO

A governança de tecnologia é um importante instrumento de gestão (Lunardi, 2008)

composta pela liderança, pela estrutura organizacional e pelos processos necessários para garantir

que as atividades de tecnologia se sustentem e expandam os objetivos estratégicos da organização

(Grembergen, 2004).

No nível tático as equipes de governança preocupam-se em estruturar políticas e

processos para garantir que os riscos dos projetos e programas de software sejam adequadamente

comunicados aos executivos e as soluções corporativas sejam devidamente implantadas.

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223

PROCESSOS

Se uma empresa dedica grande parte de sua energia à implantação de projetos, uma

abordagem não estruturada e disciplinada da sua gestão conduz a ineficiências que podem ser

danosas à organização (Rau, 2004); por isso, as metodologias de gestão de projetos e riscos

devem ser adequadas às características da organização, garantindo que a estrutura de governança,

planejamento e controle seja apropriada (OGC, 2009). Apesar de sua importância, muitos

projetos no Brasil são desenvolvidos sem que haja o adequado uso de metodologias e/ou modelos

de gestão de risco (Rovai, 2005).

Os processos compreendem as normativas, as metodologias e os manuais relacionados à

gestão de projetos e gestão de riscos de software existentes na organização. Tais diretrizes

permitem a padronização e o controle dos processos da área de desenvolvimento de sistemas a

fim de melhorar a qualidade geral dos projetos e das entregas de software em ambiente produtivo.

Neste estudo ficou evidente que as diretrizes estabelecidas pela área de qualidade por

meio das metodologias de gestão de projetos e de desenvolvimento de sistemas são guias

fundamentais para as equipes da área de desenvolvimento. Também ficou claro que os processos

de gestão de demandas necessários para categorização, priorização e seleção de projetos estão

devidamente estabelecidos e são de conhecimento das equipes envolvidas.

Porém, quando os processos não são adequadamente divulgados e controlados, as

equipes perdem a referência, e as atividades passam a ser desenvolvidas de diferentes maneiras.

Foi observado que o processo de identificação de riscos ainda não é executado de forma

homogênea pelas diversas equipes, prejudicando a reutilização de informações históricas. Tal fato

corrobora a literatura, que orienta o uso de metodologias e processos padronizados na busca pela

excelência.

FERRAMENTAS

O uso de ferramentas, técnicas e processos adequados de gestão de riscos garante a

realização dos objetivos do projeto (Higuera & Haimes, 1996), melhora sua taxa de sucesso (Raz

et al., 2002; The Standish Group International, 2013) e fornece as competências necessárias para

melhorar o julgamento dos profissionais que atuam em projetos de software (Boehm, 1991).

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224

A área de qualidade deve determinar as ferramentas, as técnicas, o suporte e os

treinamentos necessários para que as equipes de desenvolvimento executem seus projetos de

software. Existem diversas ferramentas e técnicas para gestão de riscos disponíveis na literatura e

no mercado; porém, é preciso selecionar aquelas que mais se adaptam às necessidades da

organização.

O uso restrito de ferramentas e técnicas beneficia todas as áreas envolvidas no

desenvolvimento de software, pois a padronização do processo gera ganhos de eficiência. Além

disso, também permite a estruturação, a comparação e o reaproveitamento dos dados históricos.

Devido ao uso da ferramenta de gestão integrada de tecnologia pelas equipes de

desenvolvimento, foi possível extrair eletronicamente dados dos projetos para utilização neste

estudo e identificar os principais riscos atualmente existentes no portfólio. Conclui-se que é

importante tornar obrigatório o uso do registro de riscos na ferramenta, criar controles e métricas

para garantir seu uso e incorporar o catálogo de riscos da TBRI.

QUALIDADE

Um dos principais objetivos de um projeto é entregar um produto ou serviço com a

qualidade esperada (Wideman, 1992; Higuera & Haimes, 1996; Bucanac, 1999; Agarwal &

Rathod, 2006; Chapman & Ward, 2007; Rabechini & Carvalho, 2013; The Standish Group

International, 2013), e, para isso, é fundamental o papel da área de governança na definição dos

processos, das políticas, dos objetivos, das responsabilidades e dos controles, de modo que o

projeto satisfaça as necessidades para as quais foi empreendido (OGC, 2009; PMI, 2013a).

Um processo de gestão de riscos de qualidade é aquele que aumenta as chances de

sucesso do projeto, antecipando os problemas e as oportunidades, de modo que ações preventivas

possam ser realizadas com eficácia. Por isso, é fundamental a atuação da área de qualidade ao

estabelecer padrões por meio de manuais e normativas, além de garantir seu cumprimento por

meio de controles, indicadores e métricas. Adicionalmente, as áreas de compliance e auditoria

também desempenham papel importante nesse processo, validando a aderência e suficiência dos

controles estabelecidos.

Na organização estudada foi verificado que a estrutura proposta na literatura funciona

adequadamente. As áreas de governança mencionadas (qualidade, compliance e auditoria) têm as

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225

alçadas e ferramentas necessárias para garantir o estabelecimento do processo de gestão de riscos

de projetos e sua realização pelas áreas executoras.

COMUNICAÇÃO

A gestão de riscos é essencial para a tomada de decisões eficazes e comunicação dos

resultados dentro das organizações (ISO & IEC, 2006). Os diferentes níveis hierárquicos exigem

visões de riscos distintas, pois suas responsabilidades, habilidades e horizonte de tempo são

completamente diferentes. No nível operacional, os engenheiros observam principalmente os

riscos técnicos; no nível tático, os gerentes preocupam-se com o custo, o prazo, os requisitos, a

qualidade e o desempenho; e, no nível estratégico, os executivos analisam os riscos que podem

impactar a rentabilidade, a qualidade e o prazo esperado de um ou diversos projetos (Higuera &

Haimes, 1996); entretanto, percebe-se que falhas evitáveis em projetos de software continuam a

ocorrer porque diversos riscos significativos não são levados ao conhecimento dos tomadores de

decisão (Alberts & Dorofee, 2012).

A área de governança tem o papel de monitorar e comunicar aos executivos o

desempenho do portfólio de projetos, destacando eventuais desvios significativos.

Adicionalmente, deve garantir que as estratégias da organização sejam comunicadas às equipes

de desenvolvimento.

Este estudo revelou que cada um dos principais projetos e programas da organização

comunica aos executivos seus riscos relevantes; porém, não existe uma visão integrada dos riscos

do portfólio. Atualmente, a área de qualidade monitora diversos indicadores de desempenho do

portfólio de projetos e possui um fórum estabelecido com o comitê executivo para apresentação

dos resultados e a tomada de decisões. A EAR pode ser incorporada aos indicadores existentes

utilizando o canal de comunicação instituído. Conclui-se que a governança é peça chave na

comunicação entre os diversos níveis hierárquicos, e os fóruns já existentes podem ser

aproveitados para tratar os assuntos relacionados à gestão de riscos dos projetos de software.

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226

OPERACIONAL

Cada projeto de software tem diferentes incertezas, pois são uma combinação única de

requisitos, arquitetura e construção, resultando em um produto diferente (PMI & IEEE, 2013).

Devido ao rápido desenvolvimento das tecnologias, em conjunto com o aumento da variedade e

complexidade, a gestão desses projetos tornou-se um desafio, aumentando o risco de obterem

menos benefícios do que o estimado ou ultrapassarem o orçamento e os prazos previstos

(Hughes, 2006). Dessa forma, a utilização de métodos padronizados é uma prática que auxilia o

alcance dos objetivos (Weill, 2002).

No nível operacional, as equipes de desenvolvimento preocupam-se com os riscos

individuais que podem impactar os objetivos do projeto/programa (concluir dentro do prazo,

custo e qualidade planejados) e do produto/software (atender aos benefícios declarados no plano

de negócios).

IDENTIFICAÇÃO

Os riscos somente são gerenciáveis quando identificados e documentados em um

registro de riscos de forma clara e precisa (Hillson, 2013a). Entre os processos de gestão de

riscos, a etapa de identificação de riscos é a origem de todo o processo (Boehm, 1989) e também

a mais importante, pois tem um forte impacto sobre a precisão das análises posteriores

(Chapman, 1998). Para auxiliar nessa tarefa, o Taxonomy-Based Questionnaire - TBQ é uma

ferramenta para identificação de riscos em projetos de software com base na premissa de que os

riscos são geralmente conhecidos pela equipe técnica, mas são mal documentados e comunicados

(Carr et al., 1993).

Identificar os riscos significa gerar uma lista das incertezas que podem afetar os

objetivos do projeto, e, para isso, a metodologia de gestão de projetos da organização estudada

sugere algumas técnicas disponíveis na literatura, como, por exemplo: lições aprendidas; análise

das restrições e premissas; questionários, entrevistas e brainstorming; e listas de verificação,

entre outras. Entretanto, como não existe aprofundamento, foi observado nas entrevistas e na

análise das bases de dados que a falta do uso de técnicas adequadas gera registros de riscos de

baixa qualidade. Se a fase de identificação de riscos falhar, todo o processo de análise e

monitoramento fica comprometido.

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227

Para garantir que o processo de gestão de riscos cumpra seu objetivo, é necessário

selecionar apenas uma ferramenta e incentivar seu uso de forma ampla e padronizada por toda a

organização. No caso da organização estudada, foi concluído que é possível adotar o TBQ, pois é

uma ferramenta madura, amplamente utilizada, específica para projetos de software, e possui

ampla cobertura dos riscos durante todo o ciclo de vida do projeto.

ANÁLISE

Os dados dos riscos devem ser convertidos em informações para a tomada de decisões

(Higuera & Haimes, 1996). Isso significa complementar o registro de riscos avaliando a

probabilidade de o risco se materializar, o impacto da perda gerada, seu efeito cascata (Boehm,

1991) e suas causas (ISO, 2009), permitindo, assim, a adequada priorização da lista de riscos e o

planejamento das respostas que aumentam as oportunidades e reduzem as ameaças aos objetivos

do projeto (PMI, 2009, 2013a; PMI & IEEE, 2013).

Após identificado o risco é necessário categorizá-lo, avaliar sua probabilidade e impacto

e definir o plano de ação e o responsável. Na organização estudada foi verificado que tanto a

metodologia de gestão de projetos quanto a ferramenta de gestão integrada de tecnologia

garantem que o risco identificado siga todo o fluxo do processo de análise. Mais uma vez a

análise dos dados corroborou a literatura, demonstrando que a análise do risco é essencial para o

processo de gestão de riscos e deve ser executada pelas equipes de desenvolvimento.

MONITORAMENTO

O registro de riscos deve ser reavaliado regularmente durante todo o ciclo de vida do

projeto (Guyer, 2012). Isso significa monitorar as métricas de riscos (Higuera & Haimes, 1996),

garantir que os controles são eficazes e eficientes (ISO, 2009) e identificar novos riscos (PMI,

2009, 2013a; PMI & IEEE, 2013). Uma técnica sugerida é criar uma lista de controle do

progresso dos dez riscos mais significantes do período (Boehm, 1991).

Monitorar os riscos significa manter vigilância constante para garantir que os controles

estabelecidos são eficazes e eficientes, evitando a materialização dos riscos. Os processos de

monitoramento de riscos da organização estudada mostraram-se bastante sofisticados, pois a

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228

ferramenta de gestão integrada de tecnologia gera automaticamente indicadores e relatórios de

controle para acompanhamento da evolução dos riscos, planos de ação e planos de contingência.

O processo de monitoramento de riscos está alinhado às boas práticas descritas na literatura.

Foi concluído que o modelo proposto atende ao objetivo principal do estudo, pois é

sustentado integralmente pela literatura e sua implantação na organização estudada mostrou-se

viável. Por fim, a análise de aderência permitiu identificar algumas fragilidades no processo de

gestão de riscos de projetos de software da organização.

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229

6 CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA

Implantar processos em uma grande organização não é uma tarefa fácil, pois a cultura

organizacional já estabelecida impõe barreiras às mudanças. Sendo assim, antes de propor

mudanças é importante avaliar seus pontos positivos e negativos. Uma ferramenta muito útil que

pode ser utilizada nesse processo é a Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities e

Threats) apresentada na Figura 66.

Segundo Kotler (2000), a Análise SWOT contempla tanto a análise do ambiente interno

(forças e fraquezas) quanto a análise do ambiente externo (oportunidades e ameaças). A análise

do ambiente interno refere-se ao resultado de fatores controláveis pela organização, como

produtividade da mão de obra, inovação tecnológica, capacidade de autofinanciamento das

operações, imagem, amplitude da distribuição e localização, entre outros. A análise do ambiente

externo envolve forças macroambientais (econômicas, demográficas, tecnológicas, político-legais

e culturais).

Figura 66: Análise SWOT.

Fonte: adaptado pelo autor da Wikipédia.

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230

A análise dos dados sobre o processo de gestão de riscos em projetos de software na

organização estudada, em contraponto com o referencial teórico, permite analisar os principais

pontos positivos e negativos do modelo proposto. Para sintetizar esses resultados foi realizada

uma Análise SWOT, que evidenciou as forças (objetivos alcançados, benefícios e satisfação), as

fraquezas (dificuldades, fracassos e descontentamento), as oportunidades (capacidade não

explorada e ideias de melhorias) e as ameaças (contexto adverso, oposição e resistência às

mudanças) relativas ao processo atual.

Como se trata de uma organização do setor bancário, o avanço tecnológico de seus

sistemas computacionais é fundamental para garantir a segurança das operações atuais e sustentar

seu crescimento futuro. Nesse sentido, garantir a eficiência e eficácia dos projetos de software

torna-se uma questão estratégica que pode ser alcançada com a ajuda de uma adequada gestão de

riscos. A Tabela 41 apresenta o resultado dessa análise e também propõe algumas sugestões de

melhoria. O objetivo dessa análise é colaborar com a evolução do processo de gestão de riscos

em projetos de software da organização.

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Tabela 41: Análise SWOT.

Dimensão Elemento Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

Est

raté

gic

o

EAR . Não se aplica. . Atualmente a EAR não é

utilizada.

. Adotar a TBRI como

catálogo de riscos-padrão

para os projetos de software.

. Apresentar aos executivos o

piloto elaborado a partir da

base de dados de risco

atualmente existente, o qual

se mostrou viável.

. Necessário customizar a

ferramenta de gestão

integrada de tecnologia.

Principais

Riscos

. As equipes de

desenvolvimento expressaram

pouca preocupação com os

processos de Codificação e

Teste Unitário dos requisitos

de software. Isso demonstra

que a equipe possui sólidos

conhecimentos técnicos do

ambiente de

desenvolvimento.

. Os principais riscos

identificados neste estudo são

os mesmos da pesquisa

interna realizada pela área de

qualidade em setembro de

2012.

. Principais riscos: (a) escopo

instável; (b) premissas de

prazo e custo irreais; (c) falta

de habilidades técnicas e de

gestão; e (d) instabilidades

nos ambientes de teste

integrado e homologação.

. Apresentar aos executivos

os principais riscos crônicos

já conhecidos e propor

soluções definitivas ou

paliativas.

. Resistência às mudanças por

parte dos executivos, áreas de

negócios e equipes técnicas

envolvidas nos projetos de

software.

Soluções . Os principais riscos já estão

mapeados e os projetos

estruturantes possuem

orçamento reservado que

podem endereçar tais

questões.

. Nenhuma ação foi tomada

nos últimos dois anos para

melhorar o cenário

identificado em setembro de

2012.

. Avaliar se a pesquisa de

setembro de 2012 chegou ao

conhecimento dos executivos

e se foram propostas soluções

que podem ser

reaproveitadas.

. Alterações do ambiente

econômico e político podem

impactar a priorização das

soluções propostas.

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232

tico

Processos . Existência de uma

metodologia de gestão de

projetos de software baseada

no guia de boas práticas do

PMI e adaptada às

necessidades e ao nível de

maturidade da organização.

. As metodologias de gestão

de projetos e de software

fornecem diretrizes claras

sobre os processos e

fornecem os templates

necessários para execução das

atividades.

. Processo de gestão de

demandas maduro.

. Ausência de controles que

garantam aderência total ao

uso da metodologia por todos

os colaboradores.

. O processo de identificação

de riscos não é executado de

forma homogênea.

. Criar indicadores de

qualidade de aderência à

metodologia de gestão de

projetos atrelados ao contrato

de metas dos colaborares.

. Fornecedores que utilizam

metodologias próprias não se

adaptarem à metodologia da

organização, principalmente

os fornecedores de pacotes de

software.

Ferramentas . Disponibilidade de uma

ferramenta de gestão de

projetos corporativa de

mercado (Changepoint da

Compuware). A ferramenta

permite gerenciar os projetos

desde a concepção da ideia

até a implantação em

ambiente produtivo, passando

pelas fases de seleção,

priorização, aprovação,

planejamento, execução,

monitoramento, controle e

encerramento do projeto.

. Falta de obrigatoriedade do

uso do registro de riscos da

ferramenta de gestão

integrada de tecnologia.

. Possibilidade de utilizar

templates antigos da

metodologia.

. Em projetos acompanhados

pelo escritório, os riscos são

documentados diretamente

nas fichas de reporte que são

apresentadas nos comitês e

não na ferramenta de gestão.

. Não é possível consultar os

riscos de projetos concluídos,

cancelados e suspensos.

. Treinar as equipes no uso da

ferramenta de gestão de

projetos, principalmente a

funcionalidade de gestão de

riscos (identificação, análise e

monitoramento).

. Disponibilizar o TBQ na

ferramenta de gestão de

projetos.

. Permitir a consulta dos

riscos dos projetos

concluídos, cancelados e

suspensos.

. Criar um catálogo de riscos-

-padrão na ferramenta de

gestão de projetos.

. Ferramenta de gestão de

projetos pouco utilizada no

Brasil.

. Dependência de fornecedor

externo para manutenção da

ferramenta de gestão.

Dimensão Elemento Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

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233

tico

Qualidade . Existe uma base de dados

centralizada de riscos.

. A ferramenta de gestão

possui indicadores que

monitoram os registros de

risco incompletos ou

vencidos.

. As áreas de qualidade,

compliance e auditoria têm as

alçadas e ferramentas

necessárias para garantir tanto

o estabelecimento do

processo de gestão de riscos

de projetos quanto sua

realização pelas áreas

executoras.

. Nem todos os riscos são

documentados na ferramenta

de gestão.

. A auditoria de qualidade dos

documentos exigidos pela

metodologia de gestão de

projetos tem caráter

consultivo.

. Baixa qualidade na

descrição dos riscos.

. Criar indicadores específicos

para monitorar o volume do

uso do registro de riscos.

. Averiguar se os incidentes

em produção foram

previamente identificados

como riscos e devidamente

tratados.

. Alterar a abordagem da

auditoria de qualidade para

caráter punitivo.

. Padronizar a descrição de

riscos utilizando a sugestão

do PMBOK ―Se UMA

CAUSA existe, o EVENTO

pode ocorrer, levando ao

EFEITO‖.

. Novas tecnologias geram

novas incertezas que são

desconhecidas pelas equipes e

não são identificadas.

Comunicação . Cada um dos principais

projetos e programas da

organização comunica aos

executivos seus riscos

relevantes.

. Fluxo de comunicação

periódico já estabelecido

entre as áreas de governança

e o comitê executivo.

. Ausência de monitoramento

dos principais riscos do

portfólio.

. Incorporar a EAR aos

indicadores existentes.

. Não se aplica.

Dimensão Elemento Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

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234

Op

era

cio

na

l

Identificação . Existe definição dos papéis e

das responsabilidades. A

responsabilidade pela

elaboração da lista de riscos é

do gestor de projetos, que

deve envolver a equipe e os

demais stakeholders do

projeto nesse processo.

. Colaboradores possuem

clareza sobre a importância

da documentação e gestão de

riscos.

. Registro de riscos é um

documento de preenchimento

obrigatório de acordo com a

metodologia de gestão de

projetos.

. Houve uma melhora no uso

da ferramenta de registro de

riscos no período de janeiro a

fevereiro de 2014 que não se

sustentou.

. Ausência da documentação

de riscos devido a prazos de

projetos apertados que

obrigam os profissionais a

pularem etapas do processo.

. Falta de cultura em gestão

de riscos.

. Somente 6,5% dos projetos

ativos possuem registro de

riscos na ferramenta de gestão

de projetos.

. Tornar obrigatório na

ferramenta de gestão

integrada o preenchimento do

TBQ para os projetos acima

de 500 horas. Dessa forma,

fica garantido que o processo

de identificação será

contemplado no projeto.

. Organizar workshops

específicos sobre gestão de

riscos de projetos para educar

as equipes.

. A inexistência da gestão de

riscos faz com que a gestão

de problemas se torne o foco

principal, deslocando de

forma não planejada os

profissionais de suas

atividades do projeto para

solucionar questões urgentes.

Análise . Ferramenta de gestão

integrada garante que o risco

identificado siga todo o fluxo

de análise.

. A categorização de riscos é

um conceito desconhecido

pelas equipes, e a ferramenta

de registro de riscos não

permite categorizar os riscos.

. Devido ao excesso de

otimismo, os profissionais

julgam que os riscos nunca

serão materializados.

. Obrigar os colaboradores ao

preenchimento da categoria

do risco com base no

catálogo-padrão.

. Não se aplica.

Monitoramento . Todo os riscos devem ter um

responsável associado.

. A ferramenta de gestão

integrada possui sofisticados

controles e relatórios de

monitoramento de riscos.

. Não se aplica. . Não se aplica. . Não se aplica.

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

Dimensão Elemento Forças Fraquezas Oportunidades Ameaças

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235

A partir da interpretação dos dados deste estudo, aliada à Análise SWOT, é possível concluir que a organização tem avançado

na busca pela excelência em gestão de projetos, com investimentos em metodologias, ferramentas e treinamento de suas equipes;

porém, ainda há espaço para melhorar seus processos de gestão de riscos dos projetos de software.

Page 236: UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE … · foi possível contribuir com a evolução do processo atual de gestão de riscos de projetos da organização, destacando suas forças,

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ANEXO 1 – VISÃO GERAL DA TBRI (TAXONOMY-BASED RISK IDENTIFICATION)

A TBRI é organizada em três níveis: Classe; Elemento e Atributo. A Tabela 42

apresenta a visão geral.

Tabela 42: Visão geral da TBRI – Taxonomy-Based Risk Identification.

Classe / Elemento / Atributo

A. Engenharia

1. Requisito: definição das funcionalidades, necessidades, comportamento e forma de utilização.

Justificativa da viabilidade e estimativa de esforço.

a) Estabilidade – Os requisitos são estáveis?

b) Completude – Existem requisitos que deveriam estar nas especificações e não estão?

c) Clareza – É possível entender os requisitos da maneira como foram escritos?

d) Validade – O desenvolvedor e o cliente entendem a mesma coisa a partir dos requisitos?

e) Viabilidade – Existem requisitos tecnicamente difíceis de serem implementados?

f) Precedente – Existe algum requisito complexo?

g) Escala – O tamanho e complexidade do sistema são uma preocupação?

2. Desenho: tradução dos requisitos em um projeto eficaz respeitando as restrições.

a) Funcionalidade – Existe algum algoritmo especificado que pode não satisfazer os

requisitos?

b) Dificuldade – Alguma parte do modelo depende de premissas irreais ou otimistas?

c) Interfaces – As interfaces Software-Software e Software-Hardware estão bem definidas?

d) Desempenho – Existe alguma preocupação com o desempenho?

e) Testabilidade – Será fácil testar o software?

f) Restrições do hardware – O hardware limita sua habilidade para atender algum

requisito?

3. Código e Teste Unitário: tradução do desenho em código respeitando os requisitos em

unidades individuais.

a) Viabilidade – Os algoritmos e desenhos especificados são fáceis de implantar?

b) Teste – Os testes unitários especificados e o tempo disponível para sua realização são

suficientes?

c) Codificação/Implantação – As especificações dos desenhos estão suficientemente

detalhadas para a codificação?

4. Integração: integração das unidades em um sistema e garantia de que o software atende os

requisitos.

a) Ambiente – O ambiente de teste integrado/homologação permite simular cenários

realistas para demonstrar os requisitos?

b) Produto – Os critérios de aceitação e formalização foram acordados para todos os

requisitos?

c) Sistema – O software será integrado a outros sistemas existentes?

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Classe / Elemento / Atributo

5. Especialidade: requisitos do produto ou desenvolvimento que exigem conhecimentos

especializados, tais como segurança e confiabilidade.

a) Manutenção – A arquitetura, desenho ou código geram alguma dificuldade para a

manutenção?

b) Confiabilidade – Foram especificados requisitos de disponibilidade?

c) Segurança – Será difícil verificar a qualidade dos requisitos de segurança?

d) Usabilidade – Existe alguma dificuldade no cumprimento dos requisitos de usabilidade?

B. Desenvolvimento

1. Processo: definição, planejamento, documentação, adequação, aplicação e comunicação dos

procedimentos utilizados para desenvolvimento do produto.

a) Formalidade – Existe mais de uma metodologia de desenvolvimento de software (MDS)

sendo usada?

b) Adequação – Foi necessário adaptar a MDS para este projeto/programa?

c) Controle do processo – É possível mensurar se a MDS está cumprindo suas metas de

produtividade e qualidade?

d) Familiaridade – As pessoas estão familiarizados com a MDS?

e) Controle do Software – Há um mecanismo para rastreabilidade dos requisitos, desde a

especificação até a implantação?

2. Método: ferramentas e equipamentos de apoio usados no desenvolvimento, tais como

simuladores, ferramentas, compiladores e plataformas.

a) Capacidade – Há recursos suficientes para as fases de pico de demanda, tais como

construção e testes?

b) Usabilidade – As pessoas entendem que as ferramentas de desenvolvimento são fáceis de

usar?

c) Familiaridade – As pessoas já conhecem as ferramentas de desenvolvimento?

d) Confiança – As ferramentas de desenvolvimento são consideradas seguras?

e) Suporte – Existe suporte às ferramentas de desenvolvimento?

3. Gestor: experiência do gestor em planejamento e controle da comunicação, custo, escopo,

prazo e qualidade de um projeto de software.

a) Planejamento – O projeto/programa está sendo gerenciado de acordo com o planejado?

b) Organização do projeto/programa – As pessoas entendem seus papéis e dos outros

envolvidos no projeto/programa?

c) Experiência em gerenciamento – O projeto/programa possui gestores experientes?

d) Interfaces do projeto/programa – A gestão comunica os problemas nas alçadas

competentes?

4. Gestão: métodos e ferramentas de apoio para gerenciar o projeto, tais como gestão de projetos,

gestão de configuração, garantia de qualidade e gestão de pessoas.

a) Monitoramento – Há boletins de status periodicamente estruturados?

b) Gestão de pessoas – O pessoal está treinado de acordo com as competências requeridas

para o projeto/programa?

c) Garantia de Qualidade – Existem mecanismos definidos para assegurar a qualidade?

d) Gestão da configuração – Existe um adequado sistema de gestão das configurações?

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Classe / Elemento / Atributo

5. Cultura: cultura organizacional onde o trabalho será realizado, incluindo as atitudes das

pessoas e os níveis de cooperação, comunicação e moral.

a) Atitude de qualidade – O cronograma é suficiente para atender a qualidade esperada

pelo cliente?

b) Cooperação – As pessoas trabalham cooperativamente através das fronteiras funcionais?

c) Comunicação – Há boa comunicação entre os membros do projeto/programa?

d) Moral – Há algum problema em reter as pessoas que você precisa?

C. Restrição

1. Recursos: restrições externas impostas com relação ao prazo, orçamento ou pessoal.

a) Cronograma – Há dependências externas que podem vir a impactar o cronograma?

b) Equipe – Há alguma área em que as habilidades técnicas estão em falta (engenharia de

software, análise de requisitos, arquitetura, desenho físico, desenho lógico, linguagens de

programação, testes, gestão de configurações, garantia de qualidade, bases de dados,

domínio da aplicação ou análise de desempenho)?

c) Orçamento – Há recursos ou funções sendo excluídos para reduzir o custo?

d) Instalações – As instalações de desenvolvimento são adequadas?

2. Contrato: termos e condições do contrato do projeto.

a) Tipos de contrato – Quais os tipos de contrato existentes no projeto/programa (preço

fixo, custo + remuneração, etc.)?

b) Dependências – Há dependências de produtos externos ou serviços que podem afetar a

qualidade, orçamento ou cronograma?

3. Interface: relacionamento com os clientes, áreas corporativas e fornecedores.

a) Cliente – O tempo de aprovação do cliente é adequado? O mecanismo para chegar a

acordos com o cliente é efetivo?

b) Gestão executiva – A gestão do projeto/programa comunica os problemas para as alçadas

competentes?

c) Fornecedores – Existe confiança nos fornecedores para entrega de componentes críticos?

d) Política – As políticas da organização estão afetando o projeto/programa? Nota. Fonte: Carr et al., 1993.

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ANEXO 2 – VERSÃO REDUZIDA DA LISTA GTAG12

A Tabela 43 apresenta uma versão reduzida da lista.

Tabela 43: Lista de assertivas sugeridas pelo GTAG12.

Área-chave / Agrupamento / Assertiva

Alinhamento Estratégico

1. Business Case 1.1. Gestão do Business Case – As previsões de custos e benefícios são realistas.

1.2. Custos do projeto – Um método padrão de estimativa é utilizado para todos os

pacotes de trabalho.

2. Plano de Projeto

2.1. Objetivo e escopo – O escopo do projeto está claramente definido e possui nível de

detalhes suficiente.

2.2. Estimativas, cronograma e escopo – Entender se as estimativas têm mudado ao

longo do projeto e qual o motivo.

3. Comunicação e Coordenação do Projeto

3.1. Comunicação e gestão da mudança – Todos conhecem o objetivo do projeto e o

cronograma de eventos.

3.2. Organização – Os papéis na organização estão definidos.

MDS – Metodologia de Desenvolvimento de Software

4. Desenho do Processo

4.1. Escopo de negócios – As regras de negócios estão definidas e validadas.

4.2. Desenho do processo – O desenho do processo está documentado.

5. Configuração e Desenvolvimento

5.1. Protótipos – Telas, relatórios e customizações estão documentados.

5.2. Configuração – Configuração das tabelas críticas foram revistas e estão

documentadas.

6. Aceite do Usuário

6.1. Homologação – A área de negócios está adequadamente envolvida para garantir

testes realistas.

6.2. Lista de problemas – Todos os problemas identificados foram corrigidos e possuem

aceites.

7. Transição

7.1. Plano de conversão de dados – Os dados convertidos são reconciliados com os

dados dos sistemas legado.

7.2. Manutenção paralela de dados – Verificações são realizadas para garantir que a

manutenção paralela de dados é realizada corretamente.

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Área-chave / Agrupamento / Assertiva

8. Infraestrutura Técnica

8.1. Interfaces de usuário – Procedimentos de logon foram verificados.

8.2. Impressoras – Todas as impressoras foram configuradas e testadas no novo software.

Mudança Organizacional

9. Simulação de Negócios

9.1. Preparação – O ambiente técnico está disponível.

9.2. Completude – Todos os cenários de negócios críticos foram executados com

sucesso.

10. Manutenção de Dados e Pós Implantação

10.1. Usuários – Os usuários foram treinados.

10.2. Manutenção de Dados – Existem procedimentos para cada tipo de inclui/atualiza.

11. Papéis e Perfis

11.1. Perfis de acesso – Os perfis de acesso foram desenvolvidos e testados.

11.2. Riscos do negócio – Não existe nenhum problema relevante.

12. Treinamento do Usuário

12.1. Impacto – Todos os usuários entendem como seu trabalho será impactado pela

solução.

12.2. Treinamento – Os usuários foram treinados adequadamente.

Pós-implantação

13. Equipe Técnica

13.1. Competências – A equipe do projeto possui as competências técnicas necessárias.

13.2. Localização – A equipe do projeto é facilmente acessível.

14. Área de Negócios

14.1. Papéis – Cada área de negócios possui um ponto focal para o projeto.

14.2. Planejamento – Existe planejamento para treinamento, migração dos dados,

acompanhamento e encerramento do projeto.

15. Implantação em Ambiente Produtivo

15.1. Operação – Existe um plano para transferência do conhecimento.

15.2. Manutenção – Equipe de manutenção está preparada para receber o novo sistema.

16. Transição para o Suporte

16.1. Estratégia – A equipe de primeiro nível de suporte está devidamente treinada.

16.2. Correções em Produção – O processo para aplicação de correções em ambiente

produtivo está formalizado.

17. Plano de Continuidade do Negócio

17.1. Plano de Continuidade – O processo de contingência está devidamente

formalizado. Nota. Fonte: Wegrzynowicz & Stein, 2009.

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APÊNDICE 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA

O roteiro para realização das entrevistas semiestruturadas está subdividido em duas

partes. A primeira parte pode ser observada na Tabela 44 e tem por objetivo a identificação dos

entrevistados, a obtenção de informações gerais sobre a atuação do mesmo na organização e a

coleta de impressões dos entrevistados sobre o tema.

Tabela 44: Parte 1 – Dados do entrevistado.

Dado do entrevistado Resposta

Nome

Área

Cargo/Função

Tempo na área

Tempo na empresa

Formação

Telefone

E-mail

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.

A segunda parte pode ser consultada na Tabela 45 e é constituída pelo conjunto de

questões elaboradas por meio da revisão da literatura sobre o tema abordado. A partir da coleta

destes dados buscar-se-á as evidências empíricas para corroborar as proposições elaboradas para

responder a questão de pesquisa.

Tabela 45: Parte 2 – Roteiro de entrevista.

Proposição Questões

1 – Registro de Riscos 1 – Como os riscos de projetos são documentados na organização?

R:

2 – Categorização de Riscos

2a – Os riscos são categorizados?

R:

2b – Em caso positivo, quais são as categorias de risco utilizadas?

R:

3 – Processo Imaturo de Gestão

de Riscos

3a – Para os projetos sem riscos documentados, por que os riscos não são

documentados na ferramenta de gestão integrada de tecnologia?

R:

3b – Para os projetos sem riscos documentados, como os riscos são gerenciados?

R:

4 – Categorização de Projetos

4a – Como os projetos são categorizados?

R:

4b – Como os projetos são priorizados?

R:

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Proposição Questões

5 – Riscos em Projetos de

Software

5a – Quais os principais riscos dos projetos de software?

R:

5b – Como são planejadas as respostas aos riscos?

R:

5c – Como os riscos são monitorados?

R:

6 – Lista de Riscos 6 – Como os riscos são identificados?

R:

7 – Sucesso em Projetos 7 – Quais os critérios utilizados para avaliar o sucesso do projeto?

R:

8 – Visão Estratégica de Riscos 8 – Como os riscos dos projetos são apresentados aos executivos?

R:

Nota. Fonte: elaborado pelo autor.