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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL – UNIDERP MARCIO JORGE MANOEL PINTO INSETOS AQUÁTICOS INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO MONTALVÃO NO MUNICÍPIO DE MARACAJU-MS. CAMPO GRANDE – MS 2004

UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA … · Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e biológicas, nas quais foram analisadas:

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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL – UNIDERP

MARCIO JORGE MANOEL PINTO

INSETOS AQUÁTICOS INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO MONTALVÃO NO MUNICÍPIO DE MARACAJU-MS.

CAMPO GRANDE – MS

2004

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MARCIO JORGE MANOEL PINTO

INSETOS AQUÁTICOS INDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO MONTALVÃO NO MUNICÍPIO DE MARACAJU-MS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Orientação: Dr. Silvio Favero Dr. Ademir Kleber Morbeck Oliveira Dr. Silvio Jacks dos Anjos Garnés

CAMPO GRANDE – MS

2004

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Candidato: Márcio Jorge Manoel Pinto Dissertação defendida e aprovada em 17 de dezembro de 2004 pela Banca Examinadora: __________________________________________________________ Prof. Doutor Silvio Favero (Orientador) __________________________________________________________ Prof. Doutor Rodney de Arruda Mauro (EMBRAPA) __________________________________________________________ Profa. Doutora Mercedes Abid Mercante (UNIDERP)

_________________________________________________ Prof. Doutor Silvio Favero

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional

________________________________________________ Profa. Doutora Lúcia Salsa Corrêa

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIDERP

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iv

Dedico este trabalho aos meus pais, Márcio e Miroslava, pela dedicação e

incentivo, e o meu mais profundo reconhecimento pela educação e pelo amor

com que se dedicaram a mim.

À minha esposa, Carla, companheira que sempre me apoiou e incentivou

nos momentos difíceis.

E ao meu filho, que hoje ainda no útero materno, já é a razão da minha

árdua busca do conhecimento.

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v

AGRADECIMENTOS

Ao incentivo da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior), que durante dois anos investiu em meu crescimento profissional.

Ao professor e orientador Silvio Fávero, pelo acompanhamento e revisão

dos estudos, pelo companheirismo e compreensão.

Ao Professor Ademir Kleber Morbeck Oliveira, pelas críticas que

auxiliaram na construção do conhecimento e por sua tranqüilidade que me

ensinou a conter o entusiasmo.

Ao Professor Silvio Jaks dos Anjos Garnés, quem aprendi a admirar, pela

paciência e seus conhecimentos técnicos, que enriqueceram esta pesquisa.

À Professora Mercedes Adib Mercante, pela sua demonstração de

perseverança e disposição, auxiliando-me em todos os momentos que recorri a

ela.

À meus pais, que fizeram de mim o que sou hoje, não o filho ideal, mas um

que busca dar orgulho a seus pais.

À minha esposa Carla, que me acompanhou nos momentos de cansaço e

desânimo, pelo incentivo e amor a mim dedicado.

À todos, que direta ou indiretamente contribuíram para realização desta

pesquisa.

A Deus simplesmente por tudo.

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Localização dos pontos de amostragens da pesquisa no

Córrego Montalvão..................................................................................

29

Figura 02 – Ponto de coleta localizado na nascente do Córrego

Montalvão no município de Maracaju – MS............................................

31

Figura 03 – Ponto de coleta localizado após uma propriedade rural

onde há a suinocultura, no Córrego Montalvão no município de

Maracaju – MS........................................................................................

31

Figura 04 – Ponto de coleta localizado antes do perímetro urbano no

Córrego Montalvão no município de Maracaju – MS..............................

32

Figura 05- Ponto de coleta localizado após o perímetro urbano no

Córrego Montalvão no município de Maracaju – MS..............................

33

Figura 06 – Variação temporal das variáveis físicas e químicas obtidas

do mês de junho a novembro de 2003 no Córrego Montalvão no

município de Maracaju-MS......................................................................

42

Figura 07 – Dendograma das variáveis físicas e químicas obtidas no

período de estiagem em 2003 no Córrego Montalvão, município de

Maracaju-MS...........................................................................................

45

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vii

Figura 08 – Dendograma das variáveis físicas e químicas obtidas no

período de chuvas em 2003 no Córrego Montalvão, município de

Maracaju-MS...........................................................................................

45

Figura 09 – Dendograma das variáveis biológicas obtidas no período

de estiagem em 2003 no Córrego Montalvão no município de

Maracaju-MS...........................................................................................

46

Figura 10 – Dendograma das variáveis biológicas obtidas no período

de chuvas em 2003 no Córrego Montalvão no município de Maracaju-

MS.........................................................................................................

47

Figura 11- Dendograma, com as variáveis físicas, químicas e

biológicas obtidas no período das chuvas nos pontos de coletas

localizados no Córrego Montalvão, Município de Maracaju – MS.........

53

Figura 12- Dendograma, com as variáveis físicas, químicas e

biológicas obtidas no período das chuvas nos ponto de coletas

localizados no Córrego Montalvão, Município de Maracaju – MS..........

54

Figura 13 – Ordenação das variáveis bióticas (1 Chironomidae; 2

Ceratopogonidae; 3 Tricorythydae; 4 Heptagenidae; 5

Leptophlebiidae; 6 Caenidae; 7 Beatidae; 8 Coagenidae; 9

Libellulidae; 10 Perlidae; 11 Hypogasrutidae; 12 Haliplidae; 13

Elmidae; 14 Hydriphilidae; 15 Hydroptilidae; 16 Leptoceridae; 17

Hydropsychidae e 18 Hydrobiosidae) e abióticas (pH, condutividade,

velocidade da água, DBO, OD e vazão) obtidas no período das

chuvas nos pontos de coletas localizados no Córrego Montalvão,

Município de Maracaju – MS...................................................................

55

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Figura 14 – Ordenação das variáveis bióticas (1 Chironomidae; 2

Ceratopogonidae; 3 Tricortydae 4 Ephemerellidae; 5 Heptagenidae; 6

Leptophlebidae; 7 Caenidae; 8 Baetidae; 9 Calopterythidae; 10

Aeshnidae; 11 Libellulidae; 12 Perlidae; 13 Haliplidae; 14 Elmidae; 15

Hidriphilidae; 16 Hydropteridae; 17 Glossosomatidae; 18 Leptoceridae

e 19 Hydrobiosidae) e abióticas (pH, condutividade, velocidade da

água, DBO, OD e vazão) obtidas no período de estiagem nos pontos

de coletas localizados no Córrego Montalvão, Município de Maracaju

– MS.......................................................................................................

57

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ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Parâmetros estatísticos das análises físicas e químicas

das coletas do Córrego Montalvão, Município de Maracaju,

MS...........................................................................................................

38

Tabela 02 - Índice de biodiversidade da pontuação do BMWP, de

larvas coletadas no Córrego Montalvão, município de Maracaju, no

período de junho a agosto de 2003.........................................................

48

Tabela 03 - Índice de biodiversidade da pontuação do BMWP, de

larvas coletadas no córrego Montalvão, município de Maracaju, no

período de setembro a novembro de 2003.............................................

49

Tabela 04 - Dados biológicos, com Abundância Absoluta (A.A.),

Abundância Relativa (A.R.) e Índice de Shannon-Wiener, no período

de estiagem nos pontos de coleta do Córrego Montalvão, Município de

Maracaju – MS........................................................................................

50

Tabela 05 - Dados biológicos, com Abundância Absoluta (A.A.),

Abundância Relativa (A.R.) e Índice de Shannon-Wiener, no período

das Chuvas, nos pontos de coleta do Córrego Montalvão, Município

de Maracaju – MS...................................................................................

51

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x

LISTA DE QUADROS

Quadro 01- Quadro 01 – Qualidade da água, de acordo com os

resultados do BMWP adaptado por Brigante e Espíndola (2003)...........

34

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xi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................... vi

LISTA DE TABELAS............................................................................... ix

LISTA DE QUADROS............................................................................. x

RESUMO................................................................................................. xiii

ABSTRACT............................................................................................. xv

1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 17

2. REVISÃO DE BIBLIOGRÁFICA.......................................................... 19

2.1 Biomonitoramento............................................................................. 19

2.2 Características Físicas e Químicas................................................... 22

2.3 Legislação......................................................................................... 26

3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 28

3.1 Região de Estudo.............................................................................. 28

3.2 Descrição dos Locais de Coleta........................................................ 30

3.3 Coletas de Insetos............................................................................. 33

3.4 Análises Físicas e Químicas............................................................. 35

4. RESULTADOS.................................................................................... 38

4.1 Análise Física e Química................................................................... 38

4.1.1 Análise de Agrupamento das Variáveis Físicas e Químicas ......... 44

4.2 Análise dos Dados Biológicos........................................................... 46

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4.2.1 Análise de agrupamento................................................................ 46

4.2.2 Índice Biótico BMWP...................................................................... 47

4.2.3 Abundância e Índice de Shannon-Wiener ( H’) ............................. 49

4.3 Análise de Agrupamento das Varáveis Biológicas Físicas e

Químicas.................................................................................................

52

4.3.1 Análise de Componentes Principais das Variáveis Físicas,

Químicas e Biológicas.............................................................................

54

5. DISCUSSÃO....................................................................................... 58

6. CONCLUSÃO E SUGESTÕES........................................................... 61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 63

APÊNDICE.............................................................................................. 68

ANEXO.................................................................................................... 75

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água do

Córrego Montalvão no Município de Maracaju – MS, utilizando insetos como

indicadores em quatro pontos previamente demarcados, sendo estes, localizados

na nascente do córrego, após uma suinocultura, antes e após o perímetro urbano

onde as amostras foram realizadas mensalmente de junho a novembro de 2003.

Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e

biológicas, nas quais foram analisadas: DBO, OD, pH, condutividade, velocidade

da água, vazão e temperatura da água, além das famílias de insetos aquáticos.

Os insetos foram coletados por um novo método, no qual foi fixada uma rede

planctônica na calha central do Córrego e depois de dez minutos, a mesma foi

retirada e os espécimes coletados identificados. Para compreensão dos dados

obtidos foi feita a análise de grupamento utilizando a variável de Pearson, e a

análise de componentes principais (ACP), sendo que para analisar os dados

biológicos foram utilizados: o Índice de Shannon-Wiener (H’) e o Índice Biótico

BMWP (Biological Monitoring Working Party) além da abundância absoluta e a

abundância relativa. Conforme os dados obtidos pelo método proposto, a

nascente apresentou os melhores índices biológicos apresentando um total de 17

famílias entre os dois períodos sazonais, a passo que o ponto situado após o

perímetro urbano apresentou 4. Já os pontos da suinocultura e antes do perímetro

urbano apresentaram respectivamente 16 e 15 famílias. Durante a realização da

pesquisa se trabalhou com variáveis biológicas em conjunto com as variáveis

físicas e químicas, pois estas se correlacionam originando um trabalho mais

detalhado e com informações mais completas. O que se observou em

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decorrências das variáveis mencionadas, foi um declínio da qualidade da água

com a proximidade do perímetro urbano, onde a água da nascente se apresentou

com a melhor qualidade. Comparando o número de famílias e espécimes

encontrados na nascente e na região após o perímetro urbano, ficou constatada a

diminuição de biodiversidade após a passagem da água do córrego pela área

urbana, demonstrando a influência negativa da ação antrópica durante o processo

de urbanização. Os pontos da suinocultura e antes do perímetro urbano se

apresentaram em um estágio intermediário, com a qualidade da água entre o da

nascente e após o perímetro urbano, a ponto de indicar alguns índices de

contaminação.

PALAVRAS-CHAVE: Córrego Montalvão, Bioindicadores, Macroinvertebrados;

Bentos.

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ABSTRACT

To present research it had as objective evaluates the quality of the stream

Montalvão water in the Municipal district of Maracaju – MS, in four points

previously demarcated, being these located, in the East of the stream, after a

raising of pig, before and after the urban perimeter, the samples were

accomplished monthly of June to November 2003. For the analysis of the water

quality physical variables were used, chemistries and biological, in the which they

were analyzed: DBO, OD, pH, conductivity, water speed, flow and water

temperature, besides the families of aquatic insects. These were collected by a

new method, in which a net planctônica was fastened in the central gutter of the

Stream and after ten minutes, the same was removed and the collected

specimens, identified. For understanding of the obtained data she was made it

analyzes of groupment using the variable of Pearson, and analyze it of main

components (APC), and to understand the biological data they were used, the

Index of Shannon-Wiener and the Biotic Index BMWP (Biological Monitoring Party

-score) besides the absolute abundance and the relative abundance. According to

the obtained data, for the proposed method, the East presented the best biological

indexes, presenting a total of 17 families between the two seasonal periods, to

pass that the located point after the urban perimeter, presented 4. Already the

points of the raising of pig and before the urban perimeter they presented 16 and

15 families respectively. During the accomplishment of the research biological

variables worked together with the physical and chemistries variables, because

these she correlate originating a more detailed work and with more complete

information. What was observed in consequences of the mentioned variables, it

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was a decline of the water quality with the proximity of the urban perimeter, where

the water of the east came with the best quality. Comparing the number of families

and specimens found in the east and in area after the urban perimeter, the

biodiversity decrease was verified after the passage of the stream water by the

urban area, demonstrating it negative influences of the action antrópica during the

urbanization process. Already the points of the raising of pig and before the urban

perimeter it came in an intermediate apprenticeship, with the water quality

between the one of the east and after the urban perimeter, to the point of to

indicate some contamination indexes.

KEY – WORDS: Córrego Montalvão, Bioindicators, Macroinvertebrates and

Bentons

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1. INTRODUÇÃO

Industrialização e a urbanização acelerada levam à exploração de minérios

e a produção agrícola realizada em grande escala e com intenso uso de

agrotóxicos, os problemas ambientais vêm crescendo rapidamente nos países em

desenvolvimento. O homem vem modificando a natureza, porém a modificação

dos ecossistemas naturais vem causando problemas, como: oceanos e águas

continentais poluídas, destruição da camada de ozônio, formação de ilhas de

calor nos centros urbanos, efeito estufa, chuvas ácidas, desertificação, acúmulo

de resíduos sólidos, além de outros (Klumpp, 2001).

Dentre os ecossistemas atingidos pela poluição, as águas nos continentes

são um dos recursos mais afetados, pois áreas florestais têm sido desmatadas,

deixando desprotegidos os cursos d’água, que sofrem o impacto da ocupação

desordenada. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, refletem

os impactos da ocupação de áreas antes florestadas, onde o crescimento urbano

e a expansão populacional geraram grandes volumes de sedimentos, efluentes

industriais e intensificação da produção de esgotos domésticos, que são

transportados para os cursos de água. O caso mais divulgado de poluição é o do

Rio Tietê, que atravessa 64 municípios do Estado de São Paulo e recebe

diariamente cerca de 1.200 toneladas de dejetos, onde 25% destes são efluentes

industriais e 75% esgotos domésticos (Cleto Filho, 2003).

A degradação ambiental também gera problemas de saúde nas

populações circunvizinhas de corpos d’água poluídos, pois tais condições

favorecem a proliferação de doenças como amebíase, cólera, dengue,

esquistossomose, febre amarela, febre tifóide, hepatite, leptospirose, malária

entre outras (Cleto Filho, 2003). Segundo Moraes (2002), a poluição da água

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provoca cerca de 80% das moléstias que existem nos países em

desenvolvimento.

Os problemas relativos a qualidade da água não são exclusivos dos

grandes centros urbanos, pois em municípios no interior do país vêm ocorrendo

agressões semelhantes. No município de Maracaju, localizado no interior de Mato

Grosso do Sul, já existem problemas de recursos hídricos, um deles, por exemplo,

é refletido no Córrego Montalvão, que atravessa a região urbana. Segundo uma

das reportagens do jornal Maracaju Hoje (Veiga, 2003) no dia nove de dezembro

de 2003, o Córrego Montalvão transbordou devido a uma forte chuva, mobilizando

o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil no resgate de famílias (vinte pessoas das

quais dez eram crianças) que tiveram suas residências invadidas pelas águas. O

fato pode ter sido conseqüência, segundo Pinto et al., (2002, p.31) “da não

conclusão das obras de canalização do córrego” iniciadas em 1994.

Para se avaliar a qualidade de um ecossistema aquático, pode-se utilizar o

monitoramento de insetos aquáticos, organismos sensíveis a mudanças

ambientais, que fazem parte da estrutura trófica (produtores, consumidores e

decompositores) e que variam de acordo com o nível de poluição (Esteves, 1998),

indicando a ação de um ou mais agentes poluentes sobre o ecossistema,

fornecendo informações sobre as causas e os efeitos, demonstrando a

distribuição espacial e temporal do impacto (Buss, 2003).

Com o objetivo de contribuir para o conhecimento das variáveis que

indicam a degradação dos ecossistemas aquáticos, este trabalho utiliza uma

forma de avaliação da qualidade da água, com insetos aquáticos indicadores e de

características físicas e químicas da água, para a conservação de uma área

ecologicamente importante ao município de Maracaju, Mato Grosso do Sul.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 BIOMONITORAMENTO

O Biomonitoramento é o uso sistemático das respostas de organismos

vivos com intuito de avaliar alterações ocorridas no ambiente, sendo estas

normalmente produtos de ações antrópicas (Buss, 2003).

Na realização do biomonitoramento é necessário definir o bioindicador a

ser utilizado. Se observado que bioindicadores são organismos ou comunidades,

que reagem as alterações ambientais com a modificação de suas funções vitais

normais, sua composição química ou até mesmo com sua existência ou ausência,

em determinadas situações (Klumpp, 2001).

A bioindicação, no sentido ecotoxicológico, pode ser definida como o uso

de seres vivos para a verificação e avaliação dos efeitos da poluição ambiental. O

efeito causado por um poluente é encontrado no final de uma cadeia de eventos

que começa pela emissão do poluente, pela fonte emissora, seguida pela sua

dispersão no ambiente, sendo provocada por fatores climáticos como vento,

precipitação, terminando com os efeitos do poluente sobre animais e plantas.

Todos os seres vivos são bioindicadores, pois reagem a alterações ambientais,

modificando sua composição, suas funções vitais ou o número de indivíduos, que

pode aumentar ou ser reduzido até o desaparecimento de algumas espécies. A

alteração relatada é conhecida como agente poluente, que altera as condições de

um ecossistema (Klumpp 2001). Já Lima (2001) define bioindicação como o uso

de um organismo para se obter informações sobre a qualidade do seu ambiente

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ou parte dele. Organismos que são capazes de fornecer informações sobre a

qualidade do seu ambiente são chamados de bioindicadores, sendo que a

importância do biomonitoramento é a observação contínua de uma área com a

ajuda de bioindicadores, os quais neste caso devem ser chamados de

biomonitores.

A bioindicação permite a verificação do impacto da poluição, indicando se

um poluente realmente provoca efeitos na biota da área plausível de

contaminação (Buss, 2003).

Somente parâmetros físicos e químicos são insuficientes para inferir sobre

a saúde dos ecossistemas aquáticos, por isso se fazem necessários métodos

biológicos para complementar a análise de qualidade ambiental (Lopes et al.,

2003). Já o estudo do biomonitoramento isolado não é capaz de diagnosticar com

eficiência as alterações ambientais do ecossistema, assim sendo deve-se levar

em conta os fatores abióticos do local a ser pesquisado, sendo que as

correlações entre estes dois fatores podem diagnosticar mais precisamente a

qualidade ambiental do sistema, e ambas as informações são convergentes e se

completam (Brigante e Espíndola, 2003). A escolha do bioindicador é de grande

importância, visto que alguns podem não dar resultados expressivos, caso

ocorrido nos estuários do Rio Itanhaém (SP), onde copépodes (microcrustáceos)

planctônicos adultos não tiveram relações com variáveis abióticas (Pereira, 2003).

A utilização de bioindicadores se torna um importante instrumento na

avaliação de um ecossistema, portanto a cada dia aumenta os impactos sobre os

ecossistemas aquáticos, sendo o esgoto doméstico um dos mais evidentes nas

mais variadas regiões do Brasil. Pode ser citado o exemplo de Divinópolis (MG),

onde o Rio Itapecerica está poluído com o acúmulo de lixo e esgoto doméstico

(Fonseca et al., 2003), ou da cidade de Anápolis (GO), onde moradores lançam

os esgotos e o lixo de suas residências nos córregos, por não usufruírem, de uma

infra-estrutura capaz de suprir suas necessidades relacionadas ao saneamento

(Freitas, 2003).

Para a utilização de bioindicadores, devem ser tomadas algumas

precauções (Johnson et al., 2003), sendo que o bioindicador ideal deve:

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• ser taxonomicamente fácil de ser reconhecido não sendo necessária a

sua identificação por um especialista;

• ter uma distribuição geográfica bem ampla;

• ser de fácil coleta ou se apresentar em abundância;

• possuir um tamanho relativamente grande;

• apresentar capacidade de locomoção limitada e ciclo de vida longo;

• dispor de características ecológicas conhecidas e

• apresentar baixa variabilidade genética e ecológica.

No caso dos insetos aquáticos, pode-se incluir como importantes

bioindicadores as ordens: Ephemeroptera, Odonata, Coleoptera, Trichoptera e

Diptera ( Lara, 1992; Pérez, 1998):

Os Ephemeroptera são cosmopolitas, e seu nome serve para identificar

uma de suas características que é a sua vida curta na fase adulta. Vivem em

ambientes de águas correntes, bem oxigenadas, sendo que normalmente

evidenciam uma boa qualidade da água. São consumidores de primeira ordem,

isto é, se alimentam de vegetais, e servem de alimento para muitos peixes.

A ordem Odonata é representada por insetos conhecidos vulgarmente

como “libélulas” ou “lavadeiras”. Seu desenvolvimento é tido como hemimetábolo,

e se alimentam normalmente de pequenos dípteros. As larvas ou náiades vivem

em pântanos, nas margens de rios e lagos a pouca profundidade, necessitando

para o seu desenvolvimento de águas não poluídas.

A ordem Coleoptera é a que possui o maior número de espécies

conhecidas, cerca de 30.000. São conhecidos vulgarmente como besouros e seu

desenvolvimento é do tipo holometábolo. Os coleópteros vivem tanto em

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ambientes lóticos como em ambientes lênticos, e na teia alimentar podem ocupar

vários níveis tróficos, podendo ser carnívoros, herbívoros ou detritívoros.

A ordem Trichoptera tem seu desenvolvimento do tipo homometábolo,

sendo as pupas e larvas importantes fontes de alimento para os peixes de água-

doce. São insetos que se assemelham a mariposas, diferenciando-se destas pela

ausência de escamas nas asas. As larvas da ordem Trichoptera vivem em águas

correntes, limpas e bem oxigenadas, geralmente indicando águas oligotróficas.

A ordem Diptera é representada pelas moscas, pernilongos, borrachudos,

entre outros. Tem desenvolvimento do tipo holometábolo, tendo como

característica a presença de um par de asas. Os hábitats dos dípteros são muito

variados, encontrando-se em rios e lagos, nas mais diversas profundidades.

Existem algumas famílias que indicam águas limpas, como a Simuliide e outras

que indicam águas contaminadas, como Tipulidae e Chironomidae. São

cosmopolitas, sendo seus hábitos alimentares diversificados (algumas são

herbívoras e outras carnívoras).

2.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA

A “Lei” de Fatores Limitantes de Liebig (Odum, 1988), afirma que a

presença ou sucesso de um organismo ou grupos de organismos depende de

complexas relações com o meio em que vivem. Neste meio (hábitat) existem

variadas condições ou fatores, que caso venha a se aproximar ou exceder os

limites de tolerância, é uma condição ou fator limitante. Para melhor compreender

o que vem a ser um fator limitante, pode-se observar o peixe antártico

Trematomus bernacchi e o peixe do deserto Cyprinodon macularius que possuem

a temperatura como fator limitante, cujo T. bernacchi, possui um limite de

tolerância térmica de quatro graus, onde a temperatura pode variar de +2 à -2ºC,

inclusive quando a temperatura atinge +1,9º C o peixe torna-se imóvel, prostrado

pelo calor. Porém o C. macularius tolera temperaturas entre 10 e 40ºC, podendo

viver em água doce e até em água mais salgada do que a do mar. Portanto,

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observa-se que o peixe antártico não sobrevive a temperaturas superiores a +2ºC

e o peixe do deserto não sobrevive a temperatura abaixo de +10ºC, deixando

claro que a temperatura pode ser um fator limitante.

Dentre os fatores limitantes podemos citar as características físicas e

químicas de um hábitat, importantes para o biomonitoramento da sua qualidade

tais como: pH, OD, DBO, condutividade, temperatura da água entre outros (Buss,

2003).

O potencial hidrogeniônico (pH) consiste na concentração de íons

hidrogênio em uma solução, concentração observada em uma escala variando de

0 a 14, sendo ácida de 0 a 6,9 e básica de 7,1 a 14 (Hammer, 1979). A

concentração do íon hidrogênio pode estar relacionada com o complexo de

dióxido de carbono, conseqüentemente o pH pode ser um indicador da taxa de

metabolismo total de uma comunidade aquática, sendo que se o pH for baixo i.e.

ácido, apresenta deficiência em nutriente e baixa produtividade (Odum, 1988).

A quantidade de oxigênio dissolvido (OD) na água varia de acordo com a

pressão, temperatura e sais dissolvidos, pois este gás é pouco solúvel em água.

A concentração de oxigênio pode estar diretamente relacionada a adição de

matéria orgânica nos cursos de água, podendo-se desta forma, avaliar a poluição

orgânica pelo decréscimo da concentração de oxigênio dissolvido em um

determinado curso d’água (Valente, 1997).

A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) é obtida através da diferença

de concentração entre o oxigênio dissolvido e o oxigênio consumido durante um

período de cinco dias, período que a amostra fica em uma incubadora a uma

temperatura de 20ºC (Valente, 1997).

Segundo Ricklefs (1993), a elevação da Demanda Bioquímica de Oxigênio

é produto da poluição oriunda da quebra por oxidação de detritos por

microorganismos. Estes detritos surgem de esgotos in natura despejados a céu

aberto, isso pode deplecionar a quantidade de oxigênio das águas superficiais,

causando a morte por asfixia de peixe e outros organismos aeróbios, sendo

então, um dos fatores limitantes para alguns grupos de seres vivos.

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A condutividade elétrica representa a capacidade da água em conduzir

eletricidade por íons dissolvidos. Estes podem estar presentes em um rio ou

córrego em decorrência de processos metabólicos do meio, das condições

edáficas e atividades antrópicas. Com a análise da condutividade da água pode-

se obter subsídios em relação às fontes de poluição (Pereira Filho, 2003),

permitindo obter a informação do número de íons dissolvidos e assim, quanto

maior for o número de íons, maior será a condutibilidade, portanto mais

substâncias nutritivas para os vegetais. As águas com alta resistência elétrica

(baixa condutividade) são fatalmente pobres em substâncias dissolvidas

eletrolíticas e automaticamente não podem conter apreciável quantidade de

nutrientes (Kleerekoper, 1990).

O estudo da velocidade da água é de fundamental importância, sendo

responsável pelo maior ou menor tempo de permanência de partículas, pelo

transporte de materiais até o seu ponto de assimilação biológica, e pela

permanência em um determinado ponto de espécies animais e vegetais. A

variabilidade da velocidade da corrente reflete a natureza diversificada do relevo

(Brigante e Espíndola, 2003).

A temperatura também influencia na concentração de oxigênio dissolvido,

porque quanto maior a temperatura mais oxigênio é consumido pelos organismos

aquáticos. De acordo com Wildling apud Kleerekoper (1990), em uma pesquisa

feita com os peixes Hyborhyncus notatus, uma temperatura entre 7 e 12ºC na

concentração de 2,01 a 2,25 mg/L de O2, não asfixiou nenhum do exemplares.

Porém quando a temperatura foi elevada de 20,5 a 24ºC houve a morte de

43,75% dos espécimes. Existem organismos que buscam águas com

temperaturas baixas não pela necessidade de temperatura propriamente dita,

mas sim pela necessidade de diminuir o seu consumo de oxigênio.

Embora todos os seres vivos tenham uma certa tolerância com relação à

temperatura, sendo que alguns seres vivos podem ser euritérmicos (encontrados

nos mais variados climas térmicos) e estenotérmicos (que exigem condições de

temperatura bem específica) (Kleerekoper, 1990).

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A variação da temperatura influencia diretamente nos processos

metabólicos dos seres vivos, pois segundo Hathaway apud Keerekoper (1990),

alguns peixes consomem até três vezes mais alimento em água a uma

temperatura de 20ºC do que a 10ºC. Se observado um ecossistema temperado

onde a água tem uma temperatura de 15ºC, o animal pode possuir um

metabolismo até duas vezes mais lento que um ecossistema de águas tropicais a

uma temperatura de 25ºC.

Segundo Kleerekoper (1990), a densidade da água é produto da

temperatura, interferindo nos insetos coletados, no que se refere à facilidade de

flutuar ou afundar de acordo com a densidade.

O oxigênio é o gás que na maioria das vezes se encontra em maior

concentração na água doce, podendo ser oriundo de dois fatores: da atmosfera

ou do processo fotossintético dos vegetais clorofilados. O oxigênio obtido da

atmosfera é produto de ação mecânica, contando que, os ventos e o declive

influenciam na velocidade d’água e somados as formações edáficas, são

preponderantes para a quantidade de oxigênio dissolvido. Ressalta-se ainda, a

difusão como um processo onde ocorre a dissolução de oxigênio, ocorrendo em

águas lênticas, e por ser um processo lento às vezes é desprezado.

Na natureza o equilíbrio do oxigênio dissolvido pode ser mantido com o

auxilio de cascatas, pois segundo Ruttner (1937), as cascatas de até três metros

modifica em até 0,35 mg/L de O2 para 11,71 mg/L de O2. Outro fator a ser

observado em um ecossistema aquático, é a velocidade da água, na qual de

acordo com Brigante e Espíndola (2003), a velocidade da água em ambiente

lótico determina a permanência de partículas, pelo transporte de materiais até o

ponto onde será decomposta ou será assimilada biologicamente por animais e

vegetais. Quando um ponto de um determinado córrego possui uma velocidade

maior, isto determina uma maior oxigenação da água e uma influência positiva na

autodepuração do rio a jusante do mesmo. A velocidade da corrente é

fundamental pelo maior ou menor tempo de permanência de partículas animais e

vegetais, até o seu ponto de deposição.

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O segundo processo de fixação do oxigênio seria biológico (fotossíntese),

sendo indispensável para isso uma intensidade mínima de luz, porque no período

noturno a fotossíntese cessa, e as plantas começam a realizar o processo

respiratório consumindo parte do oxigênio produzido durante o dia. Os processos

de respiração, decomposição e oxidação de substâncias orgânicas diminuem

representativamente a quantidade de oxigênio dissolvido. Relata-se que, estes

processos podem causar um déficit na dissolução de oxigênio se os fenômenos

mecânicos não forem suficientes para oxigenar a água (Kleerekoper, 1990).

2.3 LEGISLAÇÃO

A Resolução do CONAMA Nº 20, de 18 de junho de 1986, publicada no

D.O.U. (Diário Oficial da União) de 30/07/86, divide as águas de ecossistemas

aquáticos continentais em quatro classes, que determinam sua utilização, onde:

Classe Especial – águas destinadas ao abastecimento doméstico sem

prévia ou com simples desinfecção e à preservação do equilíbrio natural das

comunidades aquáticas.

Classe 1 - águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento

simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato

primário (natação, esqui aquático e mergulho); à irrigação de hortaliças que são

consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam

ingeridas cruas sem remoção de película; à criação natural e/ou intensiva

(aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

Classe 2 – são as águas destinadas ao abastecimento doméstico, após

tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de

contato primário (esqui aquático, natação e mergulho); à irrigação de hortaliças e

plantas frutíferas; e à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies

destinadas à alimentação humana.

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Classe 3 - águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento

convencional; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e à

dessedentação de animais.

Classe 4 – tem suas águas destinadas à navegação; à harmonia

paisagística; e aos usos menos exigentes.

Para que a água possa ser enquadrada em uma dessas classes são

analisados fatores físico-químicos como, OD, DBO e pH.

Para que a água possa estar enquadrada na classe especial não pode

haver a contaminação por coliformes fecais. Já para estar na classe 1 pode haver

uma pequena quantidade de coliformes, sendo a quantidade específica

mencionada no artigo 26 desta mesma resolução, a DBO deve em qualquer

amostra estar em até 3 mg/L de O2 . O pH deve estar entre 6,0 e 9,0, e o OD em

qualquer amostra não ser inferior a 6 mg/L de O2 . Para que a água possa estar

na classe 2, o pH pode ser o mesmo da classe 1, mas a DBO pode ser até 5 mg/L

de O2 e o OD não pode ser inferior a 5 mg/L de O2. A classe 3 se diferencia da

classe 1 nas variáveis acima mencionadas por ter uma DBO em até 10mg/L de O2

e o OD não pode ser inferior a 4 mg/L de O2. Para que a água pertença a classe

4 o OD deve ser superior a 2,0 mg/L de O2 e inferior ao valor do encontrado na

classe 3, além de apresentar e possuir espumas não naturais visualmente

presentes, odor e aspectos não objetáveis, presença de óleos e graxas e

substâncias facilmente sedimentáveis que contribuam para o assoreamento de

canais de navegação.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O município de Maracaju situa-se na região centro sul do estado, a

sudoeste de Campo Grande, com sede geográfica localizada pelas coordenadas,

Latitude 21º00’00”S e Longitude 55º42’00” W. As temperaturas médias no verão

estão entre 25 e 27ºC, e as máximas ficam entre 32 e 33ºC. As temperaturas

médias no mês mais frio estão entre 14 e 15ºC, as mínimas durante o inverno

ficam entre 4 e 6ºC, com ocorrência de geadas. As precipitações variam de 1.500

e 1.700 mm anuais, com um período seco inferior a quatro meses. O relevo é

caracterizado como plano e suave ondulado, resultante de largos patamares

topográficos. A altitude varia de 300 a mais de 640 m. As menores altitudes estão

a sudeste e nordeste, e as maiores a oeste de Maracaju, figura 01 (Dias, 2000).

O município de Maracaju possui 26.219 habitantes, em uma área de

5.312,9 km² (IBGE, 2000), cerca de 1,48% do território do Estado, fazendo divisa

com os municípios de Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Anastácio, Nioaque,

Guia Lopes da Laguna, Ponta Porã, Dourados, Itaporã e Rio Brilhante. A

agropecuária é a principal atividade do município, desenvolvida em solos do tipo:

LATOSSOLO, GLEISSOLOS, de VERTISSOLO e NEOSSOLOS (EMBRAPA,

1999).

Por estar situada na Serra de Maracaju, divisor de águas das Bacias do rio

Paraná e Paraguai, a drenagem orienta-se para as duas bacias, possuindo rios

que servem de divisor de municípios como: Rio Brilhante e Santa Maria, além de

outros menores, como: Santo Antonio, Santa Gertrudes e o Córrego Cachoeira,

este último afluente do Córrego Montalvão.

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M

A

P

A

M

A

P

A

M

A

P

A

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De acordo com a carta topográfica Santa Sofia, Folha – SF 22XDI – V do

DSG, Diretoria de Serviço Geográfico (1985), o encontro do rio Brilhante e do rio

Vacaria forma o rio Ivinhema que deságua na bacia do rio Paraná. O córrego

Montalvão deságua no córrego Cachoeira, que por sua vez deságua no Rio

Brilhante, estando na micro-bacia do Córrego Cachoeira, sub-bacia do Rio

Brilhante, na bacia do Rio Paraná.

3.2 DESCRIÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA

O primeiro ponto (Figura 02), se encontra na nascente do córrego

Montalvão, na fazenda Erva que tem como atividade econômica a pecuária, onde

algumas áreas afastadas da nascente foram arrendadas para uso agrícola. No

ponto de coleta foi observada a presença de mata de galeria, formando um

corredor por onde passa o fluxo de água. As árvores encontradas são de grande

porte com poucos arbustos. A água se apresenta transparente e inodora,

podendo-se observar visivelmente a presença de pequenos peixes. O substrato

do córrego é composto por formações rochosas e restos vegetais. O solo é

argiloso, sendo a montante e a jusante do ponto caracterizado por meandros com

pequenas corredeiras.

O segundo ponto de amostragem (Figura 03), se localiza em uma pequena

propriedade rural, onde há o funcionamento de uma suinocultura. Nesta área

encontram-se também alguns tanques de piscicultura, dos quais saem algumas

valas que levam o excesso de água para o córrego. Existe a presença da mata de

galeria, composta por arbustos e árvores, com presença de arbustos mais intensa

que na área da nascente. O solo é mais arenoso se comparado com os outros

pontos, apresentando em seu substrato pequenos fragmentos rochosos.

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Pinto, agosto de 2003.

Figura 02- Ponto de coleta localizado na nascente do Córrego Montalvão

no município de Maracaju – MS.

Pinto, agosto de 2003.

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Figura 03- Ponto de coleta localizado após uma propriedade rural onde há

a suinocultura, no Córrego Montalvão no município de Maracaju – MS.

O terceiro ponto (Figura 04), está situado antes da região urbana, não

impactada diretamente pela urbanização, mas sim pela pecuária. Neste ponto não

se tem a presença de mata ciliar na margem esquerda, pois a pastagem cultivada

chega até as margens do córrego. Já a margem direita possui árvores e uma

grande quantidade de arbustos, embora não chegue a formar mata ciliar. O solo

desta região é quase tão argiloso quanto o encontrado na nascente, sendo o

substrato muito parecido com o que foi encontrado na região da suinocultura.

Pinto, agosto de 2003.

Figura 04- Ponto de coleta localizado antes do perímetro urbano no

Córrego Montalvão no município de Maracaju – MS.

O quarto ponto de amostragem (Figura 05), ao término da região urbana,

não apresenta vegetação nativa, pois casas foram construídas a menos de cinco

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metros das margens do córrego, que é utilizado como depósito de lixo urbano. O

solo e o substrato são argilosos, além disso, a canalização modificou a dinâmica

do córrego, uma vez que, avaliando o leito antigo, se observa a presença de

antigos meandros e poucas corredeiras. Já o processo de canalização deixou o

mesmo local com formato retilíneo, com algumas corredeiras provocando

turbulência na água e suspensão dos sedimentos, deixando a água com

coloração amarronzada.

Pinto, agosto de 2003.

Figura 05- Ponto de coleta localizado após o perímetro urbano no Córrego

Montalvão no município de Maracaju – MS.

3.3 COLETA DE INSETOS

A coleta dos insetos foi realizada em quatro pontos no período de junho a

novembro de 2003 mensalmente. Os insetos aquáticos foram coletados com o

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auxílio de uma rede planctônica. Fixou-se na região da calha central do córrego

um bastão de ferro no qual a rede ficou presa, sendo retirada após dez minutos; o

material coletado foi fixado em álcool 70%. A triagem de insetos foi realizada com

microscópio estereoscópico (Adrian et al., 1994), ao nível de família, ficando

depositados na coleção entomológica da UNIDERP.

Para cada ponto foi determinada a diversidade através do índice de

Shannon-Wiener, conforme equação abaixo (Krebs, 1989).

pipiH ∑−= 2log.'

H’ = Índice de Shannon-Wiener.

log2 = Logaritmo de base 2

pi = proporção de indivíduos de espécie i.

pi= n/N onde:

n= Número de indivíduos da espécie.

N= Total de indivíduos coletados.

Para melhor compreensão das variáveis obtidas foi realizada a análise de

agrupamento, de acordo com a sazonalidade, onde foi empregado o coeficiente

de correlação de Pearson, onde se buscou observar a similaridade entre os

pontos de coletas e suas variáveis físicas, químicas e biológicas.

Para a avaliação da qualidade da água do Córrego Montalvão também foi

utilizado o “Biological Monitoring Working Party Score System - BMWP” adaptado

por Junqueira et al.; (2002), que se fundamenta na comunidade de

macroinvertebrados, resultante na atuação destes como bioindicadores.

Originalmente há a necessidade da identificação destes organismos em nível de

família. Este índice foi formulado baseado em famílias de insetos norte-

americanas, em virtude disto, se utiliza aqui um índice adaptado. A pontuação

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para cada família encontrada é atribuída segundo a sua tolerância à poluição.

Graças a este método, as famílias mais sensíveis à poluição recebem maior

pontuação se comparadas as mais tolerantes (Brigante e Espíndola, 2003).

As pontuações quando somadas compõe o Índice do BMWP, e para cada

número obtido há uma determinada classe na qualidade da água, apresentada no

Quadro 01.

Quadro 01 – Qualidade da água, de acordo com os resultados do BMWP

adaptado por Brigante e Espíndola (2003)

Qualidade Pontuação Significado

Boa 150

101 -120

Águas muito limpas

Águas limpas, sem alteração ou

contaminação evidente.

Aceitável 61 - 100 Águas com alguns sinais de contaminação

Duvidosa 36 – 60 Águas contaminadas

Crítica 15 – 35 Águas muito contaminadas

Muito Crítica < 15 Águas fortemente contaminadas

Fonte: Brigante e Espíndola (2003).

3.3 ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS

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As coletas foram realizadas nas épocas de chuva (setembro, outubro e

novembro) e seca (junho, julho e agosto) para melhor analisar as variações físico-

químicas do ambiente.

Para obtenção dos valores de temperatura, oxigênio dissolvido e pH

próximo do sedimento, foi utilizada a garrafa tipo Van Dorn.

As coletas para todas as variáveis foram realizadas na região da calha

central do córrego. A DBO e o OD foram analisados no Laboratório de Química

Analítica da UNIDERP, na qual a coleta e o transporte foram realizados segundo

Souza (1995). A temperatura da água foi observada in loco, assim como o pH e a

condutividade. Na superfície foi utilizado condutivimetro digital para análise da

condutividade elétrica. Na obtenção da temperatura da água e do ar foi

necessário um termômetro digital e para o pH, um potenciômetro digital, sendo os

dados submetidos a análises para verificar a similaridade entre os pontos.

A vazão da água do córrego foi calculada no decorrer dos quatro pontos,

sendo utilizado o método do flutuador, no qual foram utilizadas as seguintes

equações (Borges, 1992):

V2

SSQ BA +=

onde:

Q = Vazão;

SA = Área da seção transversal A;

SB = Área da seção transversal B;

V = Velocidade média da água entre as seções A e B, sendo calculado por:

tmlV =

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sendo:

l = Distância entre as seções A e B;

tm = Intervalo médio de tempo para o flutuador percorrer o comprimento l.

Os dados ambientais foram analisados segundo duas técnicas de análise

multivariada: Análise de Agrupamento utilizando a correlação linear de Pearson

para cada período sazonal e Análise de Componentes Principais.

Foram determinados também o índice de diversidade de Shannon-Wiener

(H’), riqueza e abundância dos espécimes em cada ponto de coleta, além do

Índice Biótico BMWM (Brigante e Espindola, 2003).

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4. RESULTADOS

4.1 ANÁLISE FÍSICA E QUÍMICA

Com a finalidade de melhorar a visualização e comparação dos resultados

das variáveis físicas e químicas, montou se para as coletas de cada ponto suas

respectivas médias, desvios padrão, máximas e mínimas (Tabela 01).

A média da DBO se apresentou semelhante na nascente e após o

perímetro urbano, sendo a maior média encontrada no ponto de amostragem

antes do perímetro urbano. Este fato mostra a capacidade de autodepuração do

ecossistema em questão, quando após a área urbana, a média da DBO deveria

se maior, pois segundo Brigante e Espíndola (2003), em águas com níveis altos

de nutrientes como os esgotos domésticos, maior será a DBO. Na região após o

perímetro urbano, se observam fossas sépticas construídas a menos de vinte

metros do córrego e esgotos clandestinos canalizados diretamente para o fluxo de

água sem nenhum tratamento prévio. O que pode estar ajudando na

autodepuração da água é a velocidade da mesma, visto que, no perímetro onde o

córrego foi canalizado a velocidade da água é de 0,68 m/s, comparada com a

nascente (0,13 m/s) a velocidade na área localizada após o perímetro urbano é

considerada alta em decorrência da canalização.

Antes do perímetro urbano, a DBO se apresenta com a maior média,

desvio padrão, máxima mais elevada e a menor mínima. Este fato evidencia as

alterações ambientais em decorrência da ação da agropecuária, cujo neste ponto

a velocidade da água não interferiu como após a zona urbana. A velocidade da

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água na suinocultura é quase igual a do ponto localizado a jusante do perímetro

urbano (Suinocultura 0,32 m/s e antes do perímetro urbano 0,31m/s).

Tabela 01 – Parâmetros estatísticos das análises físicas e químicas das

coletas do Córrego Montalvão, Município de Maracaju, MS

Parâmetros

Físico e Químico

Nascente Suinocultura Antes da Área

Urbana

Após a Área

Urbana

DBO Mín. – Máx Desv. Pad.

1,66 (0,18 – 2,71)

1,19

1,19 (0,24 – 2,62)

0,93

2,44 (0,18 – 4,8)

1,91

1,65 (0,13 – 4,52)

1,67

OD Mín. – Máx. Desv. Pad.

5,81 (4,27 – 7,2)

1,14

6,44 (4,5 – 7,42)

1,15

6,79 (5,61 – 7,94)

0,85

5,93 (2,92 – 7,45)

1,76

Temperatura Mín. – Máx. Desv. Pad.

17,78 (15,5 – 19)

1,53

19,03 (17 – 21)

1,66

18,90 (16,3 – 21)

1,97

19,68 (18 – 21,1)

1,39

Condutividade Mín. – Máx. Desv. Pad.

0,01 (0,01 – 0,02)

0,01

0,02 (0,02 – 0,03)

0,01

0,02 (0,02 – 0,03)

0,01

0,07 (0,04 – 0,17)

0,05

pH Mín. – Máx. Desv. Pad.

6,76 (6,63 – 7,02)

0,15

6,588 (6,41 – 6,86)

0,16

6,583 (6,42 – 6,89)

0,16

6,52 (6,39 – 6,82)

0,15

Com a exposição de perfis do solo, frequentemente nota-se os horizontes

(camadas do solo), que se dividem em quatro: O, A, B e C. O horizonte O contém

a matéria orgânica e se encontra na superfíie do solo. Já o horizonte A se divide

em A1 e A2, e estes são ricos em húmus (Material orgânico parcialmente

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decomposto e misturado com solo mineral). No horizonte B os minerais de argila

e óxidos de alumínio e ferro lixiviados para fora do horizonte A são depositados

no horizonte B. O horizonte C é semelhante à rocha matriz (Ricklefs 1993). Como

o ponto antes do perímetro urbano recebe impacto direto da agricultura, e em

muitas áreas não se utiliza o plantio direto, o solo fica exposto e a matéria

orgânica e os microorganismos do solo são carreados para o córrego através da

erosão eólica e hídrica. A DBO é a diferença entre o oxigênio consumido e o

oxigênio dissolvido na água, portanto quanto maior a quantidade de matéria

orgânica e microorganismos, maior será a DBO (Valente, 1997).

Já o ponto da suinocultura apresentou-se mais constante não identificando

contaminação por matéria orgânica. A DBO não pode ser considerada um

parâmetro seguro de medida para fins de abastecimento, sendo adequada para

estudos ecológicos associada a outros parâmetros.

O OD na nascente apresentou uma diferença entre a mínima e a máxima

de 2,53 mg/L de O2. Após o perímetro urbano a diferença foi de 4,53 mg/L de O2,

a mais elevada. Esta amplitude pode ser efeito das atividades antrópicas

desenvolvidas no perímetro urbano, como os dejetos de esgoto in natura,

carreamento pelas galerias pluviais de substâncias utilizadas na limpeza de

residências e automóveis, além do lixo e animais mortos jogados no curso d’

água. A influência da concentração do OD na água interfere na distribuição de

muitas espécies, como também o aumento da temperatura dificulta a dissolução

do oxigênio, aumentando o seu consumo (Cleto Filho, 2003). Desta maneira os

resultados apresentados na Figura 06 deveriam ser diferentes, tendo em vista

que, a região após o perímetro urbano registrou as mais elevadas temperaturas

em todas as coletas e em alguns meses como junho e novembro, apresentou a

maior concentração de OD. O que interferiu nesse resultado foi a velocidade

d’água, porque se apresentou mais elevada (Figura 06) no ponto de coleta a

jusante da cidade, fato que justifica este ponto ter a maior temperatura e não ter

em todos os meses a menor concentração de OD. Segundo a Resolução 20 do

CONAMA (1996), os locais de amostragem que apresentaram médias para serem

classificados na classe 01 (águas destinadas ao abastecimento doméstico com

tratamento simplificado, aqüicultura, irrigação e proteção de comunidades

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aquáticas) são a suinocultura e antes do perímetro urbano, enquanto a nascente

e após o perímetro urbano se encontrariam na classe 02 (águas destinadas ao

abastecimento doméstico após tratamento convencional, se igualando a classe 01

para as demais utilizações). A velocidade da água pode estar relacionada com a

semelhança entre a média do OD encontrado na nascente e após o perímetro

urbano, já que na nascente a velocidade é bem menor, porque a dinâmica do

córrego, cheio de meandros, não deixa a água atingir uma velocidade como a que

é encontrada a jusante do perímetro urbano onde o rio foi canalizado e possui

forma retilínea. No decorrer dos outros meses, os trechos florestados e menos

impactados tiveram valores de OD superiores as áreas mais impactadas (Figura

06).

Os valores da média em condutividade elétrica tiveram um aumento a partir

da nascente até a foz do córrego Montalvão. Na nascente o córrego mostrou a

menor média na condutividade, a maior foi encontrada na região após o perímetro

urbano. Na suinocultura e antes do perímetro urbano a média foi igual, indicando

pequena variação se comparada com o ponto a jusante, que apresentou a maior

variação, pois sofre o impacto da ação antrópica. Um dos fatores que influenciam

na condutividade elétrica da água é a condição edáfica, através do processo de

lixiviação de minerais do solo, já que os mesmos possuem em sua constituição

íons que podem ser dissolvidos em água alterando a condutividade elétrica. Isso

pode ter ocorrido nos três primeiros pontos de coleta, no qual o último tem a maior

condutividade elétrica, provavelmente, devido à quantidade de substâncias que

são lançadas no córrego em decorrência da canalização das águas pluviais. Cleto

Filho (2003) afirma que os trechos mais poluídos apresentam maior condutividade

em decorrência da matéria orgânica e sais dissolvidos provenientes da urina e

detergentes. Além das substâncias acima citadas, existem alguns lava-jatos que

não possuem sistemas de tratamento de seus efluentes, os quais são lançados

diretamente no córrego Montalvão, podendo estar influenciando nesta alta

condutividade elétrica. Entre as substâncias encontram-se na composição

química os detergentes líquidos utilizados na limpeza externa de automóveis: o

amido, formol, hidróxido de sódio, tripolifosfato de sódio, ácido sulfônico, e

tensoativos biodegradáveis, água, corantes, natacilicato de sódio e tripolisfosfato

de sódio.

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42

Figura 06 – Variação temporal das variáveis físicas e químicas obtidas do mês de

junho a novembro de 2003 no Córrego Montalvão no município de Maracaju-MS.

Segundo a Tabela 01, a temperatura da água variou entre 15,5 e 21,1ºC

(agosto/04 e setembro/04). Observa-se um padrão sazonal em relação à

DBO

0

2

4

6

J J A S O N

Nascente

Suinocultura

Antes da ÁreaUrbanaApós a ÁreaUrbana

Oxigênio Dissolvido

02468

10

J J A S O N

Nascente

Suinocultura

Antes da ÁreaUrbanaApós a ÁreaUrbana

Temperatura

05

10152025

J J A S O N

ºC

Nascente

Suinocultura

Antes daÁrea UrbanaApós a ÁreaUrbana

Condutividade

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

J J A S O N

mS/

cm

Nascente

Suinocultura

Antes da ÁreaUrbanaApós a ÁreaUrbana

66,26,46,66,8

77,2

J J A S O

pH Nascente

Suinocultura

Antes da ÁreaUrbanaApós a ÁreaUrbana

Precipitação

0

50

100

150

J J A S O N

mm

Vazão

0

0,5

1

1,5

2

Nascente Suinocultura Antes da ÁreaUrbana

Após a ÁreaUrbana

Velocidade

00,20,40,60,8

Nascente Suinocultura Antes daÁrea Urbana

Após a ÁreaUrbana

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43

temperatura com estratificação entre o mês de agosto e setembro de 2004 (Pinto

Coelho, 1985), em um trabalho no lago Paranoá obteve uma amplitude térmica de

15ºC entre as horas mais quentes do dia e as mais frias da noite, fator que pode

ocorrer no córrego Montalvão, visto que, o mesmo tem profundidade máxima

1,35m, o que facilita a troca de calor com o ar atmosférico.

Este parâmetro apresentou uma amplitude de 5,6ºC, que é suficiente

para provocar alterações sazonais em processos ecológicos e comunidades

aquáticas. Na nascente, a temperatura encontrada foi a menor em decorrência do

surgimento de nascente e presença de mata de galeria. Segundo Bueno (2003), a

temperatura é influenciada pelo clima e pela extensão da vegetação marginal. Já

a área após o perímetro urbano apresentou a maior temperatura por receber

vários detritos oriundos do ambiente urbano de Maracaju, não possuir mata de

galeria, além da dinâmica do córrego ser diferente das demais, em decorrência da

canalização do mesmo, resultando em uma maior velocidade da água. Todos

estes fatores somados resultam na elevação da temperatura da água neste local.

Segundo a Resolução nº 20 do CONAMA, de junho de 1986, para que a

água possa ser enquadrada em qualquer uma das classes, o seu pH deve estar

entre 6,0 e 9,0 sendo que, desta forma poderá ser recomendada sua utilização

pelo homem. Como se observam, as amostras analisadas no decorrer de todos

os meses, a água foi classificada nas especificações do CONAMA, bem como a

maioria dos ambientes investigados possui leve acidez ou neutralidade (pH = 6 a

7). Após o perímetro urbano se observou maior acidez em praticamente todos os

meses, relacionado com a utilização de produtos nas residências para a limpeza

de calçadas ou carros que são captados pelas galerias de água pluvial e chegam

ao córrego. O sabão em pó que muitos utilizam na limpeza de calçadas contém

em sua composição química: tensoativos, enzimas, alcalinizantes, corantes e o

alquil benzeno sulfonato de sódio, outro produto utilizado é o detergente líquido

que possui em sua composição: aquil benzeno sulfanato de trietanolamina, luril

éter sulfato de sódio, sulfato de magnésio, formol entre outros. Estes produtos

lançados com regularidade no córrego podem estar modificando o pH da água,

entre outros fatores. O único mês que na área a jusante do perímetro urbano

registrou menor acidez que a montante foi em setembro, onde o aumento da

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precipitação pode ter influenciado, juntamente com a suinocultura, neste aumento.

Como durante este período a precipitação pluviométrica foi maior do que os

meses anteriores, e o proprietário da suinocultura, ao lançar no solo dejetos para

aumentar a fertilidade (lavoura de soja), a chuva pode ter carreado parte destes

dejetos para o leito do córrego.

4.1.1 Análise de agrupamento das variáveis físicas e químicas.

Para melhor analisar as diferenças e semelhanças entre os pontos de

amostragem, dividiu-se os períodos de coleta em seca ou estiagem e o das

chuvas. Na seca ou estiagem, caracterizada pela baixa precipitação pluviométrica

(meses de junho, julho e agosto), obteve-se uma média mensal de 15,18 mm. No

das chuvas, apresentou uma precipitação média de 116,33 mm (meses de

setembro, outubro e novembro).

Ambos os dendogramas mostram que a área após o perímetro urbano se

apresentou não similar as demais áreas. A área da nascente, da suinocultura e a

montante da cidade, possuem semelhanças entre si.

No período de estiagem (Figura 07), a nascente apresentou maior

similaridade com a suinocultura e ambas estão mais próximas da área à montante

da cidade, não apresentando similaridade com a área a jusante da área urbana.

No período das chuvas (Figura 08), a suinocultura se aproximou da área a

montante do perímetro urbano, e estas por sua vez se aproximaram mais da

nascente, apresentando abrupta diferença da área após o perímetro urbano.

Os dendogramas mostraram dois grupos distintos, um representado pelos

três pontos que antecedem o perímetro urbano e outro após a região que sofreu o

processo de urbanização.

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45

Nascente SuinoculturaApós o PerímetroUrbano

100,00

66,67

33,33

0,00

Similaridade

Perímetro UrbanoAntes do

Período de Estiagem

Figura 07 – Dendograma das variáveis físicas e químicas obtidas no período de

estiagem em 2003 no Córrego Montalvão, município de Maracaju-MS.

Nascente Antes do PerímetroUrbano

Após o PerímetroUrbano

100,00

66,67

33,33

0,00

Similaridade

Suinocultura

Período das Chuvas

Figura 08 – Dendograma das variáveis físicas e químicas obtidas no período de

chuvas em 2003 no Córrego Montalvão, município de Maracaju-MS.

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46

4.2 Análise dos Dados Biológicos

4.2.1 Análise de agrupamento

Foram montados dendogamas com as variáveis biológicas, separadas em

dois períodos de coleta, de acordo com a sazonalidade. O primeiro período foi

considerado o período de seca ou estiagem (Figura 09), sendo caracterizado pela

baixa precipitação pluviométrica. O segundo período foi o das chuvas (Figura 10),

que apresentou uma alta precipitação. Observou-se o agrupamento utilizando a

distância de Pearson, montados em dendogramas periódicos de acordo com a

sazonalidade.

Nascente Suinocultura Antes do PerímetroUrbano

Após o PerímetroUrbano

100,00

66,67

33,33

0,00

Período de EstiagemSimilaridade

Figura 09 – Dendograma das variáveis biológicas obtidas no período de estiagem

em 2003 no Córrego Montalvão no município de Maracaju-MS.

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Após o PerímetroUrbano

Antes do PerímetroUrbano

SuinoculturaNascente

0,00

33,33

66,67

100,00

SimilaridadePeríodo de Chuva

Figura 10 – Dendograma das variáveis biológicas obtidas no período de chuvas

em 2003 no Córrego Montalvão no município de Maracaju-MS.

Os dendogramas do período de estiagem e o do período de chuva

apresentam-se semelhantes, com dois grupos distintos, onde o primeiro é

representado pela nascente que não apresenta similaridade com o outro grupo.

Enquanto que, o segundo grupo está representado pela suinocultura, região antes

do perímetro urbano e após o perímetro urbano, sendo a região antes do

perímetro urbano e após o perímetro urbano similares, e a suinocultura, próxima

destas e distante da nascente.

4.2.2 Índice Biótico BMWP

Segundo o índice biótico BMWP, pode-se identificar a qualidade da água

de acordo com a pontuação proposta, onde se observou os pontos de coleta em

decorrência da sazonalidade (Tabela 02 e 03). No período de estiagem e das

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chuvas a nascente fica enquadrada na classe dois, onde a água apresenta alguns

sinais de contaminação, indicando uma água aceitável. Já na suinocultura e na

área que antecede o perímetro urbano, a água encontrou-se durante o período de

estiagem na classe dois e no período das chuvas, na classe três, contaminada e

com qualidade considerada duvidosa (Quadro 01). Na área após o perímetro

urbano apresentou-se fortemente contaminada, indicando qualidade muito crítica.

Tabela 02 - Índice de biodiversidade da pontuação do BMWP, de larvas

coletadas no Córrego Montalvão, município de Maracaju, no período de junho a

agosto de 2003

Períodos Pontos Famílias de Organismos Pontos

Nascente

Díptera: Chironomidae, Ceratopogonidae;

Ephemeroptera: Tricorythidae, Heptageniidae,

Leptophlebiidae, Caenidae, Baetidae; Coenagrionidae;

Odonata: Libellulidae; Plecoptera: Perlidae; Coleoptera:

Haliplidae, Elmidae; Hydrophilidae, Calopterythidae;

Trichoptera: Hydrobiosiosidae, Hydroptilidae,

Leptoceridae.

80

Suinocultura

Diptera: Chironomidae, Ephemeroptera: Ephemerellidae,

Heptageniidae, Leptophlebiidae, Caenidae, Baetidae;

Odonata: Aeschnidae, Libellulidae; Ceratopogonidae;

Coleoptera: Haliplidae Elmidae; Trichoptera,

Hydroptilidae.

65

Antes do

Perímetro

Urbano

Diptera: Chironomidae; Ceratopogonidae;

Ephemeroptera: Heptageniidae, Leptophlebiidae,

Tricorythidae, Baetidae; Odonata: Libellulidae;

Plecoptera: Perlidae; Coleoptera: Haliplidae, Elmidae;

Trichoptera: Glossosomatidae, Hydrobiosiosidae.

63

Período de

estiagem.

Meses:

Junho

Julho

Agosto

Após o

Perímetro

Urbano

Diptera: Chironomidae, Ceratopogonidae;

Ephemeroptera: Baetidae. 10

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Tabela 03 - Índice de biodiversidade da pontuação do BMWP, de larvas

coletadas no córrego Montalvão, município de Maracaju, no período de setembro

a novembro de 2003

Períodos Pontos Famílias de Organismos Pontos

Nascente

Diptera: Chironomidae, Heptageniidae; Ephemeroptera:

Leptophlebiidae, Caenidae, Baetidae Coenagrionidae;

Odonata: Coenagrionidae; Libellulidae Coleoptera:

Elmidae; Trichoptera: Hydroptilidae. Hydrophilidae,

Leptoceridae, Hydrobiosiosidae.

66

Suinocultura

Diptera: Chironomidae, Ceratopogonidae, Culicidae;

Ephemeroptera: Leptophlebiidae, Heptageniidae,

Tricorythidae, Baetidae; Coleoptera: Haliplidae,

Hydroptilidae. Trichoptera: Hydropsychidae,

Hydrobiosiosidae; Odonata: Libellulidae, Haliplidae.

57

Antes do

Perímetro

Urbano

Diptera: Chironomidae; Ceratopogonidae; Ephemeroptera:

Caenidae, Baetidae Plecoptera: Perlidae; Coleoptera:

Elmidae; Trichoptera: Leptoceridae.

51

Período de

Chuvas.

Meses:

Setembro

Outubro

Novembro

Após o

Perímetro

Urbano

Diptera: Chironomidae, Ceratopogonidae; Ephemeroptera:

Baetidae; Coleoptera: Haliplidae, Hydroptilidae,

Hydrobiosiosidae.

14

4.2.3 Abundância e Índice de Shannon-Wiener ( H’)

Na nascente foram encontradas 16 famílias totalizando 805 indivíduos,

durante o período de estiagem (Tabela 04), e este número equivale 18,17% do

total de indivíduos coletados. Já no período das chuvas (Tabela 05), foram

encontradas 12 famílias totalizando 581 indivíduos, representando 13,5% do total

da abundância relativa. A nascente apresentou não só o maior número de famílias

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50

de toda pesquisa, mas também, o maior número de indivíduos chegando a 1.386

organismos (Tabela 03).

Tabela 04 - Dados biológicos, com Abundância Absoluta (A.A.),

Abundância Relativa (A.R.) e Índice de Shannon-Wiener, no período de estiagem

nos pontos de coleta do Córrego Montalvão, Município de Maracaju – MS

Resumo

Sistemático

Nascente Suinocultura Antes do

Perímetro

Urbano

Após o Perímetro

Urbano

Famílias A.A AR A.A A.R A.A A.R A.A A.R

Chironomidae 713 88,5 689 92,8 849 95,2 255 98,8

Ceratopogonidae 8 0,99 4 0,54 6 0,67 1 0,39

Tricorythidade 2 0,25 - - 1 0,21 - -

Ephemerellidae - - 1 0,13 - - - -

Heptageniodae 24 2,98 6 0,81 10 1,12 - -

Leptophebiidae 19 2,36 14 1,89 1 0,11 - -

Caenidae 4 0,50 7 0,94 - - - -

Baetidae 14 1,74 7 0,94 6 0,67 2 0,78

Calopterythidae 1 0,13 - - - - - -

Aeschinidae - - 1 0,13 - - - -

Coagenidae - - - - - - - -

Libellulidae 3 0,37 6 0,81 1 0,11 - -

Perlidae 4 0,50 - - 4 0,41 - -

Hypogasrutidae - - - - - - - -

Haliplidae 4 0,50 1 0,13 4 0,45 - -

Elmidae 1 0,13 4 0,54 5 0,56 - -

Hidrophilidae 2 0,25 - - - - - -

Hydroptilidae 2 0,25 2 0,27 - - - -

Glossosomatida

e

- - - - 1 0,11 - -

Leptoceridae 2 0,25 - - - - - -

Hydropsychidae - - - - - - -

Hydrobiosidae 2 0,25 - - 3 0,34 - -

Total de Taxa 18,71% 17,24 20,71 6%

Índice de

Shannon Wiener

0,8805 0,5895 0,4198 0,1021

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51

A suinocultura durante o período de estiagem apresentou 742 indivíduos,

divididos em 12 famílias, que representam 17,24% de toda a amostragem. No

período das chuvas (Tabela 04), neste mesmo ponto os números foram menores,

com 476 indivíduos distribuídos em 11 famílias, representando 11,06% dos

indivíduos coletados.

Tabela 05 - Dados biológicos, com Abundância Absoluta (A.A.),

Abundância Relativa (A.R.) e Índice de Shannon-Wiener, no período das Chuvas,

nos pontos de coleta do Córrego Montalvão, Município de Maracaju – MS

Resumo

Sistemático

Nascente Suinocultura Antes do

Perímetro Urbano

Após o Perímetro

Urbano

Famílias A.A AR A.A A.R A.A A.R A.A A.R

Chironomidae 541 93,1 452 94,7 402 95,4 125 96,9

Ceratopogonidae - - 8 1,7 5 1,19 3 2,33

Tricorythidade - - 1 0,21 - - - -

Ephemerellidae - - - - - - - -

Heptageniodae 2 0,34 2 0,42 - - - -

Leptophebiidae 6 1,03 1 0,21 - - - -

Caenidae 11 1,89 - - 1 0,24 - -

Baetidae 3 0,52 3 0,63 2 0,48 - -

Calopterythidae - - - - - - - -

Aeschinidae - - - - - - - -

Coagenidae 2 0,34 - - - - - -

Libellulidae 4 0,69 - - 1 0,24 - -

Perlidae - - - - 5 1,19 - -

Hypogasrutidae - - 1 0,21 - - - -

Haliplidae - - 4 0,84 - - 1 0,78

Elmidae 1 0,17 - - 2 0,48 - -

Hidrophilidae 1 0,17 - - - - - -

Hydroptilidae 3 0,52 1 0,21 1 0,24 - -

Glossosomatidae - - - - - - - -

Leptoceridae 6 1,03 - - 1 0,24 - -

Hydropsychidae - - 1 0,21 - - - -

Hydrobiosidae 1 0,17 2 0,42 1 0,24 - -

Total de Taxa 13,5% 11,06% 9,78% 3%

Índice de

Shannon Wiener

0,5721 0,4545 0,0,4198 0,2246

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Na área que antecede o perímetro urbano durante o período de estiagem

foram encontradas 12 famílias, que somadas apresentam 891 espécimes,

possuindo o maior número de indivíduos, 20,71% dos organismos coletados e

identificados. Já durante o período das chuvas apresentou um dos menores

números de espécimes coletados (421), indivíduos distribuídos em 10 famílias,

superando apenas área após o perímetro urbano. Neste ponto foram encontrados

1.312 espécimes, sendo superada apenas pela nascente na abundância

absoluta.O ponto após o perímetro urbano durante o período de estiagem

apresentou 258 espécimes, distribuídos em 3 famílias, representando 6% dos

indivíduos identificados. O período das chuvas neste ponto apresentou o menor

número de indivíduos (129 espécimes), distribuídos em 3 famílias representando

apenas 3% dos indivíduos coletados e analisados.

A nascente, segundo o índice de Shannon – Winner, comparada aos

demais ponto de coleta, é o que apresenta água com a melhor qualidade.

4.3 Análise de Agrupamento das Variáveis Biológicas, Físicas e Químicas

Os dados obtidos indicam que a nascente não apresenta similaridade com

os demais pontos (Figura 11). Os pontos que se apresentaram mais semelhantes

são os encontrados antes do perímetro urbano e o após o perímetro urbano, com

uma similaridade de 31,22%, enquanto que estes dois se assemelham com a

suinocultura em 20,58%.

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Nascente Suinocultura Antes doPerímetro Urbano

Após o PerímetroUrbano

100,00

66,67

33,33

0,00

Período de ChuvaSimilaridade

Figura 11- Dendograma, com as variáveis físicas, químicas e biológicas obtidas

no período das chuvas nos pontos de coletas localizados no Córrego Montalvão,

Município de Maracaju – MS.

Durante o período de estiagem (Figura 12), se observa que os pontos de

coleta se distribuem em dois grupos distintos, onde o primeiro é composto pela

nascente e antes do perímetro urbano com uma similaridade de 25,48%, e entre a

suinocultura e o ponto encontrado após o perímetro urbano se obteve uma

similaridade de 24,88%.

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Nascente Antes do PerímetroUrbano

Suinocultura Após o perímetroUrbano

100,00

66,67

33,33

0,00

Período de EstiagemSimilaridade

Figura 12- Dendograma, com as variáveis físicas, químicas e biológicas obtidas

no período das chuvas nos ponto de coletas localizados no Córrego Montalvão,

Município de Maracaju – MS.

4.3.1 Análise de Componentes Principais das Variáveis Físicas, Químicas

e Biológicas

Foi analisada a matriz de correlação de 18 famílias da classe Insecta no

período das chuvas (Figura 13) e 19 no período de estiagem (Figura 14), que

representam as variáveis biológicas e das variáveis físicas e químicas. No período

de estiagem foram observados 27 variáveis e no período das chuvas 26, sendo

que a combinação linear avaliou dois componentes principais formando dois eixos

(X e Y).

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Figura 13 – Ordenação das variáveis bióticas (1 Chironomidae; 2

Ceratopogonidae; 3 Tricorythydae; 4 Heptagenidae; 5 Leptophlebiidae; 6

Caenidae; 7 Beatidae; 8 Coagenidae; 9 Libellulidae; 10 Perlidae; 11

Hypogasrutidae; 12 Haliplidae; 13 Elmidae; 14 Hydriphilidae; 15 Hydroptilidae; 16

Leptoceridae; 17 Hydropsychidae e 18 Hydrobiosidae) e abióticas (pH,

condutividade, velocidade da água, DBO, OD e vazão) obtidas no período das

chuvas nos pontos de coletas localizados no Córrego Montalvão, Município de

Maracaju – MS.

A nascente sofreu a influência do pH e de famílias que segundo Pérez

(1988) indicam águas não poluídas ou com pouca contaminação, onde foram

encontradas as famílias: Leptoceridae e Libellulidae.

Análise de Componentes Principais Período das Chuvas.

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

-0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4

916

6 8-14 Ph 5

15

1 7 4 2

OD

Temperatura Condutividade

Velocidade

Vazão

10

DBO

13

183-11-17

12

Suinocultura

*

*Nascente

Antes do Perímetro Urbano

*

* Após o Perímetro Urbano

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56

Na suinocultura durante o período das chuvas (Figura 13), apresentou

Tricópteras e Ephemeropteras, que indicam boa qualidade d’ água e ambiente

bem oxigenado, o que é confirmado pela concentração de OD.

A área que antecede o perímetro urbano foi influenciada pela ordem

Plecoptera, que indica águas limpas e oligotróficas (baixa produtividade) e pelas

variáveis físicas como: temperatura, velocidade da água, condutividade e vazão.

Após o perímetro urbano, a área sofreu influência das variáveis físicas

como: temperatura, velocidade, condutividade e vazão.

Nas áreas antes e após o perímetro urbano, tiveram a projeção contrária

de famílias que indicam boa qualidade da água como: Hydrobiosidae, Baetidae,

Hydroptilidae e Leptophlebidae.

A nascente durante o período de estiagem foi influenciada pelas Famílias:

Calopterythidae, Hydrophilidae, Leptoceridae, Baetidae, Leptophlebidae,

Hydropteridae e Libellulidae, (Figura 14), que segundo Pérez (1988), indicam

águas correntes e bem oxigenadas com pouca matéria orgânica, indicando baixa

produtividade. O pH encontrado nesta área teve a mínima de 6,63 e a máxima de

7,02, indicando uma média de 6,76 (Tabela 01).

As variáveis que se opuseram às anteriormente mencionadas foram:

condutividade e velocidade, sendo encontradas influenciando o ponto após o

perímetro urbano, que não apresenta variáveis biológicas, influenciando

positivamente.

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Figura 14 – Ordenação das Variáveis bióticas (1 Chironomidae; 2

Ceratopogonidae; 3 Tricortydae 4 Ephemerellidae; 5 Heptagenidae; 6

Leptophlebidae; 7 Caenidae; 8 Baetidae; 9 Calopterythidae; 10 Aeshnidae; 11

Libellulidae; 12 Perlidae; 13 Haliplidae; 14 Elmidae; 15 Hidriphilidae; 16

Hydropteridae; 17 Glossosomatidae; 18 Leptoceridae e 19 Hydrobiosidae) e

abióticas (pH, condutividade, velocidade da água, DBO, OD e vazão) obtidas no

período de estiagem nos pontos de coletas localizados no Córrego Montalvão,

Município de Maracaju – MS.

No ponto localizado antes do perímetro urbano, no período de estiagem

esteve correlacionado com a DBO e OD, e da presença de famílias que segundo

Pérez (1988), representam organismos que toleram pouca concentração de

matéria orgânica.

Na Suinocultura observa-se as famílias Ephemerellidae e Aeshnidae, que

vivem em águas limpas com pouca concentração de matéria orgânica.

Análise de Componentes Principais Período de Estiagem

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

-0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4

DBO 17

OD 19

14

12 13

3 12

5 9-15-18

8pH

6

16

11

74-10

Vazão Temperatura Condutividade

Velocidade

Antes do Perímetro Urbano

*

Nascente

*Suinocultura *

Após o Perímetro Urbano

*

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5. DISCUSSÃO

As análises físicas e químicas da água (Figura 06), mostram que a

nascente possui a melhor qualidade da água, pois possui o pH menos ácido, a

menor condutividade e temperaturas mais baixas. A DBO encontrados no ponto

após o perímetro urbano o deixa enquadrado na classe 2, segundo a Resolução

20 do CONAMA, porque apenas no mês de setembro passou de 3 mg/L de O2

não atingindo valor superior a 5 mg/L de O2, sendo que o ponto situado antes do

perímetro urbano apresentou relação semelhante divergido apenas no mês que

apresentou amostra entre 3 mg/L de O2 e 5 mg/L de O2 no mês de junho. A

análise da DBO não indicou alto índice de poluição nestes pontos, fato que

diverge da análise biológica. O OD classificou a água do Córrego Montalvão como

classe 3 nos pontos da nascente, suinocultura e antes do perímetro urbano. O

ponto que apresentou pior qualidade foi após o perímetro urbano, no qual o mês

de julho apresentou OD entre 2 e 4 mg/L de O2 . A DBO e o OD são influenciados

diretamente pela velocidade da água, além disso se apresenta maior no ponto

antes e após o perímetro urbano, interferindo no resultado destas duas variáveis.

Nos pontos da nascente e da suinocultura a DBO não se apresentou acima de 3

mg/L de O2 , que as enquadraria na classe 2.

A análise de similaridade das variáveis físicas e químicas entre os pontos,

revelou que o ponto de coleta após o perímetro urbano não se mostrou similar

aos demais, no período de estiagem, o ponto da nascente e suinocultura

apresentaram uma semelhança de 52,16% e este grupo se assemelhou em

34,12% a área antes do perímetro urbano (Figura 08). No período das chuvas o

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resultado teve uma pequena modificação, onde a suinocultura e o ponto antes do

perímetro urbano, se assemelharam em 47,78% e este grupo se assemelhou

mais com a nascente (23,46%), deixando o ponto a jusante da área urbana

isolada, não tendo semelhanças com os demais pontos de coleta. Esta análise

mostra que o ponto de coleta mais influenciado pela ação antrópica é o localizado

após o perímetro urbano, mostrando-se o mais poluído.

Os dendogramas das variáveis bióticas (Figuras 09 e 10) se mostraram

semelhantes, tanto no período de estiagem, quanto no período das chuvas. A

nascente não é semelhante aos demais pontos; os pontos que se apresentaram

semelhantes foram os localizados antes do perímetro urbano e aquele situado

após o perímetro urbano, inclusive se assemelharam em ambos os períodos com

o ponto da suinocultura. A nascente não se apresentou semelhante aos demais

pontos por não sofrer diretamente a ação antrópica, que permitiu neste ponto a

maior diversidade de famílias indicando um ambiente com menor índice de

poluição, enquanto o ponto após o perímetro urbano apresentou a menor

diversidade, isto é, apresentando as piores condições para o estabelecimento de

famílias de insetos que poderiam enriquecer a biodiversidade local.

O Índice Biótico BMWP mostrou que os pontos localizados na nascente,

suinocultura e antes do perímetro urbano, têm água com sinais de contaminação,

mas com uma qualidade aceitável, enquanto o ponto localizado após o perímetro

urbano, possui água fortemente contaminada com uma qualidade crítica (Quadro

2). Já durante o período das chuvas a qualidade da água caiu, então apenas a

nascente teve qualidade aceitável. Na suinocultura e antes do perímetro urbano

apresentaram qualidade duvidosa, ou seja, água contaminada. O ponto após o

perímetro urbano apresentou durante o período das chuvas água com qualidade

muito crítica, fortemente contaminada. Este declínio da qualidade da água do

período de estiagem para o período das chuvas pode estar relacionado com o

processo de lixiviação, contanto, no ponto da suinocultura e antes do período

urbano, existem várias lavouras e fazendas, onde os resíduos destas atividades

econômicas são carreadas para o leito do córrego, fazendo diminuir a qualidade

da água. Já na área localizada após o perímetro urbano, recebe resíduos de toda

cidade através da galeria de águas pluviais. Outro fator que pode ter influenciado

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60

neste resultado, foi que neste trabalho não foram utilizadas famílias de

oligochaetas e crustáceos presentes no quadro do BMWP.

O Índice de Shannon-Winer demonstrou que nos três primeiros ponto o H’

apresentou melhor qualidade no período de estiagem, na nascente 0,88, na

suinocultura marcou ,059, antes do perímetro urbano 0,45, enquanto no ponto

situado após o perímetro urbano registrou 0,22 no período das chuvas e 0,10 no

período de estiagem confirmando que este local apresenta a água mais poluída.

Na análise biológica foram encontradas 22 famílias de insetos aquáticos

que se distribuíram em dois períodos, o de estiagem ou seca e das chuvas, sendo

encontradas 18 e 19 famílias, respectivamente distribuídas por quatro pontos de

coleta. O total de espécimes coletados foi de 4.285 indivíduos, sendo 1.386

encontrados na nascente, registrando a maior diversidade no período de estiagem

com 16 famílias. Todavia a suinocultura apresentou 1.200 indivíduos ficando com

mesma diversidade do ponto localizado antes do perímetro urbano (12 famílias),

que teve 1.312 espécimes. O ponto de amostragem que se mostrou com a menor

diversidade foi o após o perímetro urbano, com o total de 4 famílias totalizando

387 indivíduos, indicando pequena biodiversidade, resultado do impacto negativo

da canalização do córrego somado aos dejetos lançados no curso d’água pela

área urbana.

As variáveis físicas, químicas e biológicas mostram oscilações entre os

dois períodos sazonais (Figura 11 e 12), existindo similaridade do ponto

localizado antes do perímetro urbano com o localizado após o perímetro urbano.

Estes se assemelham mais com o ponto da suinocultura e nenhum deles se

assemelha a nascente. O resultado obtido pode ser observado na análise de

componentes principais, onde o ponto antes da cidade e o após a cidade, são

influenciados pelas mesmas variáveis. No período de estiagem, tanto a análise de

agrupamento (Figura 13) quanto a análise de componentes principais (Figura 14),

indicam que a nascente e o ponto antes do perímetro urbano são semelhantes

pela diversidade biológica, enquanto a suinocultura e após o perímetro urbano

são semelhantes entre si e são influenciados pelas variáveis físicas e químicas.

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6. CONCLUSÃO E SUGESTÕES

Conforme análises realizadas pelo método proposto, pode se concluir

que a nascente possui parâmetros físicos e químicos mais adequados a

biodiversidade apresentada, cujo resultado foi comprovado pelo levantamento das

famílias de insetos, assim infere-se uma melhor qualidade da água para este

ponto. Comprovou-se também, que a área mais antropizada é de fato aquela

após o perímetro urbano, onde a qualidade da água neste ponto sob certos

aspectos é crítico, ao passo que confirmou-se ainda, um estágio intermediário

para os pontos situados antes do perímetro urbano e para suinocultura, com

qualidade da água prejudicada, indicando contaminação, a qual necessita de

tratamento para usos múltiplos.

A qualidade da água do Córrego Montalvão está tendo seu declínio em

decorrência de atividades antropogênicas, que não se adequaram a legislação

vigente, pois em muitas regiões, não existe mata de galeria, há esgotos

clandestinos que são carreados para o leito do rio e o crescimento desordenado

do perímetro urbano está fazendo com que casas, campos de futebol, prédios

comerciais, sejam construídos na Área de Preservação Permanente, contribuindo

para o declínio da qualidade da água do Córrego Montalvão.

O que se recomenda é o isolamento da área de Preservação Permanente

de todo o córrego para se evitar o assoreamento com intensa fiscalização da

vigilância sanitária do município, observado as ligações clandestinas de esgotos,

visto este fato pode gerar problemas de saúde, sendo que algumas pessoas

residentes nas proximidades do córrego utilizam esta água sem prévio

tratamento. A Secretaria de Obras do município deverá observar as questões

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ambientais antes da liberação de um alvará para a construção na área urbana.

Estas medidas que não oneram em grandes valores aos cofres públicos, podem

ser o inicio da conservação de uma área que poderá proporcionar as gerações

futuras, uma reserva de água com boa qualidade. O biomonitoramento desta área

poderá se de interesse para a comunidade científica, visto que, poderá ser

analisado o processo de sucessão ecológica que habitará o local que hoje está

degradado.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 68: UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA … · Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e biológicas, nas quais foram analisadas:

APÊNDICE

Apêndice A – Ordem Ephemeroptera da Família Caenidae, encontrada no

Córrego Montalvão, município de Maracaju – MS.

Apêndice B – Ordem Diptera da Família Chironomidae, encontrada no Córrego

Montalvão, município de Maracaju – MS.

Apêndice C – Ordem Odonata da Família Libellulidae, encontrada no Córrego

Montalvão, município de Maracaju – MS.

Apêndice D – Ordem Ephemeroptera da Família Leptophebiidae, encontrada no

Córrego Montalvão, município de Maracaju – MS.

Apêndice E – Degradação causada pela pecuária no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Apêndice F – Início da canalização realizada em 1994 do Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

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69

Apêndice G – Lixo e animais mortos encontrados no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Apêndice H – Degradação causada pela pecuária no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Apêndice I – Modificação do leito do Córrego em 1994 no Montalvão, município

de Maracaju – MS.

Apêndice J – Foto tirada do mesmo local do apêndice anterior, no ano de 2004,

no Córrego Montalvão no município de Maracaju.

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70

Pinto, junho de 2004.

Apêndice A – Ordem Ephemeroptera da Família Caenidae, encontrada no

Córrego Montalvão, município de Maracaju – MS.

Pinto, junho de 2004.

Apêndice B – Ordem Diptera da Família Chironomidae, encontrada no Córrego

Montalvão, município de Maracaju – MS.

Page 71: UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA … · Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e biológicas, nas quais foram analisadas:

71

Pinto, junho de 2004.

Apêndice C – Ordem Odonata da Família Libellulidae, encontrada no Córrego

Montalvão, município de Maracaju – MS.

Pinto, junho de 2004.

Apêndice D – Ordem Ephemeroptera da Família Leptophebiidae, encontrada no

Córrego Montalvão, município de Maracaju – MS.

Page 72: UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA … · Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e biológicas, nas quais foram analisadas:

72

Pinto,abril de 1995.

Apêndice E – Degradação causada pela pecuária no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Pinto, 2004.

Apêndice F – Início da canalização realizada em 1994 do Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

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73

Pinto,abril de 1995.

Apêndice G – Lixo e animais mortos encontrados no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Pinto, setembro de 2003.

Apêndice H – Degradação causada pela pecuária no Córrego Montalvão no

município de Maracaju – MS.

Page 74: UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA … · Para a análise da qualidade da água foram utilizadas variáveis físicas, químicas e biológicas, nas quais foram analisadas:

74

Pinto, 1994.

Apêndice I – Modificação do leito do Córrego em 1994 no Montalvão, município

de Maracaju – MS.

Pinto, abril de 2004.

Apêndice J – Foto tirada do mesmo local do apêndice anterior, no ano de 2004,

no Córrego Montalvão no município de Maracaju.

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ANEXO

Anexo A – Quadro 01- Método “Biological Monitoring Working Party (BMWP)”.

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Quadro 01- Método “Biological Monitoring Working Party (BMWP)”.

Famílias Pontuações

Siphlonuridae, Heptagenidae, Leptophebiidae, Potamanthidae,

Ephemeridae (Efemerópteros); Taenopterygidae, Leuctridae,

Capniidae, Perlodidae, Perlidae, Chloroperlidae (Plecópteros);

Aphelocheiridae, Phryganeidae, Molannidae, Beraeidae,

Odontoceridae, Leptoceridae, Goeridae (Tricópteros);

Lepidostomatidae, Brachycentridae, Sericostomatidae, Athericidae,

Blephariceridae

10

Astacidae; Lestidae, Calopterygidae, Gomphidae,

Cordulegasteridae, Aeschnidae, Corduliidae, Libellulidae

(Odonatas); Psychomyiidae, Philoptamidae, Glossosomatidae

08

Ephemerellidae (Efemerópteros); Nemouridae; Rhyacophilidae,

Polycentropodidae, Limnephilidae (Tricópteros)

07

Neritidae, Viviparidae, Ancylidae, Unionidae (Moluscos);

Hydroptilidae (Tricópteros); Corophiidae, Gammaridae (Moluscos);

Platycnemididae, Coenagriidae (Odonatas).

06

Oligoneuridae, Dryopidae, Elmidae, Helophoridae, Hydrochidae,

Hydraenidae, Clambidae (Coleópteros); Hydropsychidae

(Tricópteros); Tipulidae, Simulidae (Dípteros); Planariidae,

Dendrocoelidae, Dugesiidae.

05

Baetidae, Caenidae (Efemerópteros); Haliplidae, Curculionidae,

Chrysomelidae (Coleópteros); Tabanidae, Stratiomyidae,

Empididae, Dolichopodidae, Dixidae, Certopogonidae (Dípteros);

Anthomyidae, Limoniidae, Psychodidae, Sialidae; Piscicolidae;

Hidracarina (Ácaros)

04

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Mesoveliidae, Hydrometridae, Gerridae, Nepidae, Naucoridae,

Pleidae, Notonectidae, Corixidae, Hemíptera, Helodidae,

Hydrophilidae, Hygrobidae, Dytiscidae, Gyrinidae (Coleópteros);

Valvatidae, Hydrobiidae, Lymnaeidae, Physidae, Planorbidae

(moluscos); Bithyniidae, Bythinellidae, Sphaeridae; Glossiphoniidae,

Hirudidae, Erpobdellidae, Asellidae, Ostracoda (Crustáceos)

03

Chironomidae, Cullicidae, Muscidae, Thaumaleidae, Ephydridae

(Dípteros)

02

Classe Oligochaeta (todas as famílias) 01

Fonte: Brigante e Espíndola (2003)